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LISBOA
1970
Filmoteca Ultramarina Portuguesa
Director A. DA SILVA REGO
Prof. do Instituto Superior de Ciências Sociais e Política Ultramarina
Pág.
Crónica 9
Sumariação do Livro das Monções n.° 51-A (1684-1686) 1
Sumariação do Livro das Monções n.o 51-B (1683-1686) 29
Sumariação do Livro das Monções n.o 52 (1686-1688) 43
Sumariação do Livro das Monções n.° 53 (1687-1689) 67
Transcrição do 6.o Livro dos Reis Vizinhos 107
Glossário (Apontamentos) 305
Índice Analítico do 6.o Livro dos Reis Vizinhos 311
Índice Onomástico, Geográfico e Ideológico 329
CRÓNICA
Mais uma vez razões orçamentais obrigaram a redução do nosso Boletim da Filmoteca
Ultramarina Portuguesa, compendiando num só 3 números.
Apresentam-se breves sumários de quatro Livros das Monções e a cópia integral do Sexto
Livro dos Reis Vizinhos.
diligência ordenada para se enviarem para o Reino árvores de pimenta e canela com as
devidas precauções (pág. 20).
Segue-se a sumariação do n.o 51-B, 1685-1686 devida à leitora-paleógrafa Dr.a D. Esther
Trigo de Sousa. Relaciona-se igualmente com o governo de D. Francisco de Távora (1681-
1686). Proibe-se a fundação de novos conventos, sem prévia autorização (pág. 31). Não
abundavam infelizmente as vocações, e várias, longe de serem sinceras eram inspiradas por
mero interesse. Por isso houve que lamentar, durante este século, tristes exemplos de
indisciplina religiosa.
A mesma leitora paleógrafa inventariou o n.o 52, 1686 no tempo de D. Rodrigo da Costa,
24.o governador, 1686-1690. Continua o cuidado de se enviarem para o Reino plantas de
canela e pimenta (págs. 46 e 59) e de mogarim (pág. 58). Prossegue a discussão sobre a
transferência da capital de Velha Goa para Mormugão, dividindo-se os pareceres (pág. 56).
O último Livro das Monções aqui sumariado é o n.° 53, 1687-1689, devendo a sua
sumariação a D. Maria de Lourdes Lalande. Sobressaem os mesmos assuntos. Os religiosos
de Goa, ao chegarem as armadas do Reino, convidavam os recém-chegados a entrar nas
suas Ordens. Tal abuso devia terminar. Quanto à transferência da capital para Mormugão,
El-Rei inclinava-se para tal medida, mas D. Rodrigo da Costa não dispunha de meios para
realizar esta mudança (pág. 91). Quanto às plantas enviadas da Índia não se haviam
adaptado ao clima de Portugal. El-Rei providenciou no sentido de elas continuarem a ser
enviadas, mas para se tentar algum clima brasileiro. Aliás já se tinha feito tal experiência, e
os resultados haviam sido satisfatórios (pág. 93).
Segue-se finalmente a cópia do Livro dos Reis Vizinhos n.o 6, 1693-1698 tendo-se dela
encarregado a leitora-paleógrafa Dr.a D. Maria Augusto Veiga e Sousa.
Convém notar que de 1690 a 1691 governou D. Miguel de Almeida 25.o governador. Faleceu
em Goa em Dezembro deste último ano. Sucederam-lhe, por virem nomeados na segunda via
de sucessão, D. Fernando Martim Mascarenhas de Lencastre e Luís Gonçalves Cota. Por
morte deste, entrou, em sua substituição o arcebispo D. Frei Agostinho da Anunciação.
Governaram até 28 de Maio de 1693, quando o conde de Vila Verde, D. Pedro António de
Noronha tomou posse do
XI
XII
forma «A minha comadre minhas lembranças e a minha afilhada deito a benção.» Recorde-se
que, nesta data, havia inimizade declarada entre franceses e ingleses. O conde de Vila-Verde
conseguiu manter-se neutral, apesar de várias dificuldades. Manteve-se igualmente o vice-rei
na posição portuguesa, quando comentava as diferenças que em Pequim havia entre jesuítas
portugueses e jesuítas franceses. Eram óptimas as relações do Vice-Rei com os Franceses e
regulares com os Ingleses e os Holandeses. Os Franceses comunicavam ao Vice-rei os
sucessos das suas armas na Europa. A correspondência com o Governador holandês de
Cochim eram sempre muito cordiais. Os Holandeses pareciam desinteressar-se bastante da
Índia meridional em 1698, desguarnecendo muito a fortaleza de Cochim, enviando gente e
armamento para Batávia. Fizeram o mesmo à fortaleza de Cananor reduzindo-a a simples
feitoria. Abandonaram a de Barcelor. E, mais significativo ainda, deixaram de defender o seu
monopólio da pimenta. Estas notícias foram naturalmente bem recebidas em Goa
Com Pondá, pelo contrário, as relações não chegavam a ser boas. Há várias quezílias,
provocadas pelo citado governador ou divão. Fazia ele o possível por malquistar os
Portugueses com o Grão-Mogol, a quem o vice-rei se referia sempre em termos de respeito e
consideração. Neste período decorria acesa a luta entre o Grão Mogol, Aurangzeb, e
Sambaji, rei dos Maratas. Os Portugueses, aliados do Grão-Mogol, combatiam assim o
inimigo comum. Observe-se que a capital marata se situava em Raigarth. Sambaji acabou
por ser capturado em Sagameshwar, a 25 milhas de Ratnagiri, em 11 de Fevereiro de 1689.
Por morte de Sambaji, sucedeu-lhe seu filho mais novo Rajaram que continuou a luta (1).
Pelo contrário, com o Samorim de Calicut as relações não eram boas, pois continuava
dominado pela influência dos Árabes. Apesar de tudo, solicitou ele a paz, por intermédio do
príncipe Ramorma, declarado amigo do Estado da Índia. Concedeu-se-lhe o que pedia, mas
com a condição de enviar embaixadores a Goa. O Vice-rei ainda em 1696 parecia não muito
interessado na sua conclusão. Mas, em Novembro
XIII
deste mesmo ano mostrou-se satisfeito por tal paz se ter assinado, louvando o P.e João
Ribeiro, jesuíta, por nela ter participado activamente. Era sua intenção até enviar alguns
portugueses para lá residirem possivelmente numa feitoria.
Os grandes inimigos do Estado da Índia, nesta época, eram Árabes. Ora, sendo os Persas
seus inimigos também, era de desejar uma aliança com o seu Xá: As relações luso-persas
eram cordiais, pois os Portugueses mantinham até no Golfo Pérsico a feitoria de Congo que,
até certo ponto, substituiria a praça de Ormuz conquistada por uma força anglo-persa em
1622. Havia lá um superintendente e um feitor. Desta posição avançada podiam os
Portugueses vigiar, mais ou menos, o movimento dos Árabes. O Vice-Rei enviou à Pérsia,
como seu embaixador, a Gregório Pereira a fim de firmar uma aliança com a Pérsia. A sua
missão decorreu normalmente, chegando até a discutir as bases em que tal aliança se
firmaria. A corte do Xá, porém, estava dividida em dois partidos, um chefiado por Tamandale
outro por Nazer, áulicos de importância. O primeiro favorecia, ao mesmo tempo, Árabes e
Holandeses. O segundo, pelo contrário, inimigo de Tamandale, favorecia os Portugueses. Os
Persas, de relações tensas com os Árabes, procuravam apoio em potência europeia. A missão
de Gregório Pereira era conseguir tal aliança. Mas os Holandeses também a ofereciam e o
Xá não se mostrava, aparentemente apressado na escolha. Em Dezembro de 1697 ainda não
havia a certeza se o soberano persa aceitava ou não a aliança holandesa ou a portuguesa
para a guerra que estava preparada contra os Árabes. Os Holandeses, nesta altura,
espalharam o boato de que iriam atacar Mascate a favor do rei da Pérsia. Mas seria apenas
boato? Nesta indecisão se vivia em Goa, tanto mais que neste mesmo ano os Árabes haviam
sido derrotados no mar pelos Portugueses.
São estes os principais assuntos que sobressaem neste Livro dos Reis Vizinhos. Outras
matérias há também de certa importância: relíquias do P.e João de Brito; uma interessante
carta a D. Pedro, rei do Monomotapa; referências a S. Tomé de Meliapor; boas relações com
Bombaim; desejo bem manifesto de se reaver Mascate, etc. Note-se ainda que em princípios
de 1697 o conde de Vila Verde escreveu ao P.e André Gomes, jesuíta provincial do Malabar
a encarregá-lo de conseguir dois lavradores ceilonenses, peritos em árvores de canela pois
desejava levá-los consigo a El-Rei, quando regressasse a Lisboa.
XIV
O códice encontra-se em mau estado, sendo impossivel a sua leitura, em muitas passagens. O
leitor observará ainda que os nomes próprios, quer sejam europeus, quer asiáticos, variam
bastas vezes de grafia.
Resta agradecer às três leitoras-paleógrafas acima citadas não só o seu trabalho mas
também a forma como o realizaram.
A. DA SILVA REGO
Livro das Monções N.° 51 - A (1684-1686)
1. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 6] 1-3 | 1-5 Índices das cartas de que se compõe este códice.
2. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 6] 3 | 5 Carta do rei [D. Pedro II] para o Conde de Alvor
vice-rei da Índia.
Lisboa, 30 de Março de 1685.
Pede-lhe que o informe das melhores medidas a tomar para resolução das cousas do Estado e
para isso manda-lhe que tome conselho com as pessoas que entender (fls. 8).
da Índia de que não tem nenhum conhecimento. Acha que estas pessoas não deviam ser
ouvidas, visto que as suas informações, falsas, só podem causar prejuízos ao serviço do
Estado, e pede até que vejam castigadas (fls. 24).
5. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 6] 4 | 3] c) [Parecer] Também ainda segue outro papel com
sugestões sobre as visitas do vice-rei às fortalezas do Norte e a resposta sobre isso.
9. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 6] 5-6 | 2-2 [Parecer] Sobre a má assistência dada aos
soldados nos seus despachos e ainda coartar-se a jurisdição que tem o vice-rei da Índia.
Este explica o que se passa com os conselheiros que têm de votar nos despachos citados e
quanto a coartar se a jurisdição dos vice-reis, acha que isso seria, juntamente com o diminuir
de autoridade o diminuir também o respeito que se lhe deve. Refere-se ainda à aplicação das
aldeias, que vagassem, no hospital dos conventos e desemprego da Fazenda Real. Termina
dizendo que é mais justo pagar dívidas do que fazer mercês.
Acha muito justo que os serviços devem ter prémio e portanto este seja o das aldeias, mas
limitar-se o poder não é conveniente porque é tirar as esperanças aos que servem na Índia.
10. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 6] 6-8 | 3-5 [Parecer] Pareceres dos conselheiros sobre as
matérias enviadas pelo rei à discussão e votos
11. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 6] 9 | Carta do rei [D. Pedro II] para o conde de Alvor,
vice-rei da Índia.
Lisboa, 19 de Março de 1685.
Sobre uma carta, enviada ao rei, pelo provedor-mor da Fazenda do Estado do Brasil,
Francisco Lamberto. Trata-se de plantas de canela e semente de pimenta mandadas para
aquelas partes a fim de serem semeadas e cultivadas. O rei ordena que enviem ao Brasil 8
casais de canarins que sejam bons trabalhadores para ensinarem e tratarem do cultivo
daquelas plantas. Manda mais que as sementes sejam enviadas em frascos de vidro e as
plantas e árvores em caixas grandes, a fim de melhor se conservarem. Faz ainda mais
recomendações sobre o tratamento e cultura daquelas plantas (fls. 29).
12. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 6] 9 | 2 Carta do vice-rei [da Índia, Francisco de Távora,
Conde de Alvor] para Sua Majestade.
Goa, 4 de Janeiro de 1685.
Anuncia-lhe o envio de uma carta (fls. 26).
13. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 6] 9 | 3 Carta do rei [D. Pedro II] para o conde de Alvor,
vice-rei da Índia.
Lisboa, 23 de Março de 1685.
Sobre uma petição do provincial da Ordem de S. João de Deus que já havia fundado o
Hospital de Moçambique e deseja fundar outros na Índia, para cura de soldados c moradores.
El-rei pede ao conde de Alvor lhe envie o seu parecer sobre o assunto (fls. 29).
Diz que escreveu às Câmaras de Baçaim e outras, para que concorressem com as côngruas
dos religiosos enquanto o rei daria a alimentação para os doentes, mas todas se escusaram
alegando várias impossibilidades (fls. 30).
16. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 6] 10 | 1 Carta do rei [D. Pedro II] para o conde de Alvor,
vice-rei da Índia.
Lisboa, 8 de Fevereiro de 1685.
Refere-se a um pedido recebido do padre Pantaleão Álvares de Oliveira, capelão da
Misericórdia de Lisboa, sobre a vinda, para o Reino, de dois netos seus que tinham ficado
órfãos. Deseja a sua vinda com o seus cabedais, ficando as «fazendas de raiz» para que mais
tarde as pudessem ir administrar e servir na Índia.
El-rei pede ao vice-rei que autorize a vinda das duas crianças, António Lobo da Silva e Maria
da Hora (fls. 34).
18. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 6] 10 | 4 Carta do rei [D. Pedro II] para o conde de Alvor,
vice-rei da Índia.
Lisboa, 10 de Março de 1685.
Sobre um empréstimo feito à Fazenda por Diogo da Fonseca e Silva. El-rei pede que seja
pago a Bento da Fonseca e Silva, para quem
também pede alguma aldea do Norte que esteja vaga ou qualquer cargo condizente com a sua
posição, dado que haja impossibilidade de ser feito o pagamento (fls. 38).
20. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 6] 10 | 1 Carta do rei [D. Pedro II] para o conde de Alvor,
vice-rei da Índia.
Lisboa, 8 de Fevereiro de 1685.
Pede ao vice-rei conceda licença a Francisco de Avelles para regressar ao Reino com sua
mulher. Refere-se aos muitos serviços que este prestou na Índia, principalmente nas lutas com
o Sambagy, procedendo sempre valorosamente (fls. 42).
22. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 6] 11 | 3-4 Carta do rei [D. Pedro II] para o conde de
Alvor, vice-rei da Índia.
Lisboa, 25 de Janeiro de 1684.
Encarrega o vice-rei de dar licença de regressar ao Reino a João de Lemos Brito para que
possa tratar-se e ao mesmo tempo assistir a alguns negócios importantes que tem ali (fls. 46).
23. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 6] 12 | 1 Carta do vice-rei [da Índia, Francisco de Távora,
Conde de Alvor] a Sua Majestade.
Goa, 24 de Janeiro de 1686.
Avisa que o próprio João Lemos de Brito que não quer usar a referida licença por ver que os
seus préstimos são muito necessários ao Estado. O vice-rei pede a Sua Majestade para lhe
agradecer a sua resolução (fls. 47).
24. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 6] 11 | 2-3 Carta do rei [D. Pedro II] para o conde de
Alvor, vice-rei da Índia.
Lisboa, 25 de Fevereiro de 1684.
Pede para que seja dada licença de regressar ao Reino a Jerónimo da Maia Sol, pois havia
servido durante muitos anos na Índia e agora necessitava ir ao Reino tratar de seus negócios
(fls. 50).
26. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 6] 11 | 5-1 Carta do rei [D. Pedro II] para o conde de
Alvor, vice-rei da Índia.
Lisboa, 13 de Março de 1685.
Refere-se ao Padre António de Sousa, que tendo sido nomeado sacristão da capela real dos
vice-reis se viu desapossado do seu cargo, antes mesmo da chegada da carta do rei,
confirmando-lho. El-rei envia a petição do dito padre, pedindo ao vice-rei esclareça o caso e o
informe (fls. 54).
28. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 6] 13 | 3 Petição do Padre António de Sousa, sobre a sua
nomeação para sacristão da capela real dos vice-reis (fls. 56).
29. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 6] 13 | 4-5 Carta do rei [D. Pedro II] para o conde de
Alvor, vice-rei da Índia.
Lisboa, 23 de Março de 1685.
Pede ao vice-rei dê licença para regressar ao Reino, a Baltazar Roiz Ferreira, em virtude da
sua muita pobreza e também de ter a mulher em Portugal (fls. 59).
31. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 6] 14 | 2-3 Carta do rei [D. Pedro II] para o conde de
Alvor, vice-rei da Índia.
Lisboa, 9 de Agosto de 1684.
Pede ao vice-rei conceda a licença de regressar ao Reino a Manuel Marques Cide, com sua
casa e família. Tem este no Reino três irmãs que necessitam imenso da sua assistência (fls.
63).
32. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 6] 14 | 4 [Carta do vice-rei da Índia, Francisco de Távora,
Conde de Alvor] Resposta do vice-rei a Sua Majestade.
Goa, 24 de Janeiro de 1686.
Acha o vice-rei que este homem pensa em tudo, menos regressar ao Reino. Mas, se ele o
pretender, deferirá o seu pedido, como melhor for para o serviço real (fls. 64).
33. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 6] 14-15 | 5-1 Carta do rei [D. Pedro II] para o conde de
Alvor, vice-rei da Índia.
Lisboa, 24 de Janeiro de 1685.
Pede ao vice-rei que favoreça Francisco Correia que deseja ocupar na Pérsia o lugar de
«língua do Estado», lugar deixado vago por seu irmão Joseph Correia (fls. ?).
35. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 6] 15 | 3-4-5 «Lista das cartas de Sua Majestade que Deus
guarde vindas pela Secretaria do Estado na monção de Setembro de 1685 a que o conde vice-
rei fez resposta no galeão «São Tiago», e na nau «Nossa Senhora dos Milagres» que partirão
para o reino em Janeiro de 1686.»
36. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 6] 16 | 1 Carta do rei [D. Pedro II] para o conde de Alvor,
vice-rei da Índia.
Sobre se formar na Índia uma companhia de homens de negócio como existe em outras
nações da Europa que ocupam parte da Índia. Pede pois ao vice-rei se informe como os
holandeses, franceses e ingleses têm formado as suas companhias, utilidades e danos delas,
etc., e se há alguns homens de negócio, na Índia, que dela queiram fazer parte. Deseja que de
tudo lhe seja enviada uma minuciosa informação assim como o seu parecer sobre o assunto
para depois se deliberar (fls. 73).
37. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 6] 16-18 | 2-1 [Carta do vice-rei da Índia, Francisco de
Távora, Conde de Alvor] Resposta do vice-rei a Sua Majestade.
Goa, 24 de Janeiro de 1686.
Começa o vice-rei por declarar que há muito queria propor esta matéria mas por ela ser tão
importante desejaria fazê-lo e explicá-la pessoalmente.
Informa que todas as companhias de França, Inglaterra e Holanda se encontram perdidas por
defeito de orientação.
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Todos, na Companhia, desde o presidente até ao último dos servidores contratam por si, de
maneira que há bastante desigualdade no modo de negociar, escolher drogas, empregar
cabedais, qualidade dos géneros, etc.
Refere-se à emulação havida entre as várias companhias levando-as a fazer contratos
desastrosos com diversas nações. Cita um exemplo passado com os holandeses.
Diz também que na compra dos géneros se emprega mais cabedal do que realmente há, de
maneira que estão estas companhias empenhadíssimas e cheias de dívidas, principalmente no
Malavar, em Surrate e em Bengala.
Por todas as razões apresentadas não vê o vice-rei que a companhia portuguesa (se chegar a
fundar-se) tenha que seguir orientações estranhas; antes pensa que terá de corrigir o que está
mal, o que será fácil, visto já se conhecerem os defeitos. Assim poderá seguir com cautela e
com muito mais segurança.
Principalmente deve o rei fazer parte da companhia para que se imponha mais temor e mais
respeito aos estrangeiros vassalos o que não aconteceria se não fosse assim. Para evitar os
desmandos que fazem o presidente e outros ministros das companhias estrangeiras, não
velando pelos interesses da companhia, é necessário que na portuguesa se forme uma junta
que assista em Goa para dar as ordens e vigiar tudo o que se faça.
A proibição de contratar deve estender-se a todos, desde o vice-rei e não haver as mercês das
fortalezas, visto os capitães delas serem agora mais mercadores que soldados.
É de opinião que os negócios da companhia se deviam limitar, durante os primeiros anos, só
nas terras portuguesas, para que se adquira mais força e experiência.
Refere-se à utilidade de el-rei entregar a esta companhia, para que as cobre directamente,
todas as rendas do Estado, salvo as das alfândegas, mediante certas condições:
1.a - A companhia é obrigada a fazer todas as despesas que a Fazenda faz.
2.a - Terá sempre nas praças e fortalezas habitações para portugueses e esta gente será
aumentada à medida que for preciso.
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3.a - Além dos presídios ordinários terá de efectivo dois mil homens divididos em 3 terços.
De princípio, para as armadas e segurança dos Estados, depois para outros fins que se
intentarem;
4.a - Povoar-se-ão os Rios enviando homens que poderão casar com as muitas mulheres que
lá existem, mas havendo necessidade, outras irão do Reino;
5.a - Terá que comprar ao rei não só todos os seus navios, como os que se estão fabricando
nos armazéns da Ribeira e Casa da Pólvora. Isto será muito útil porque impedirá muitas
discussões que possam surgir.
O vice-rei termina dizendo que nas coisas apontadas podem haver ainda muitos erros, erros
esses que só serão emendados depois da companhia estar em movimento. Sobre as
mercadorias a negociar acha que António Martins de Moura e a pessoa para dar informações e
que deve mandá-lo regressar de Paris e ir assistir na companhia, em Goa, ou Lisboa, porque é
homem cujo conselho deve ser ouvido. Acha que a fundação desta companhia será o único
remédio para os descalabros que vão na Índia (fls. 101).
38. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 6] 18 | 2-3 Carta do rei [D. Pedro II] para o conde de
Alvor, vice-rei da Índia.
Lisboa, 20 de Março de 1685.
Ordena que se executem as ordens dadas no sentido de não partirem para a China
missionários ou outros eclesiásticos que não tiverem saído do Reino para isso (fls. 81).
40. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 6] 18-19 | 5-1 Carta do rei [D. Pedro II] para o conde de
Alvor, vice-rei da Índia.
Lisboa, 24 de Março de 1685.
O rei dá ordens no sentido de todos os religiosos da Companhia que foram para Macau nas
naus do Reino, passem para a China, mesmo que tenham outras ordens em contrário. Isto,
porque foi informado que os missionários não podiam partir para a China sem fazerem um
juramento de obediência aos missionários franceses da Propaganda por ordem do geral da
Companhia (fls. 86).
42. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 6] 19 | 3-4 Carta do rei [D. Pedro II] para o conde de
Alvor, vice-rei da Índia.
Sobre reformas a fazer no regimento do cargo de vedor da Fazenda Geral. El-rei manda um
papel com várias advertências sobre o assunto, pede que sejam estudadas e apresentadas em
Conselho para se aprovarem ou rejeitarem. Quer ser informado da resolução que se tomar (fls.
89).
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44. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 6] 20-23 | 1-3 Advertências e emendas que se devem fazer
no novo regimento do vedor da Fazenda Geral do Estado da Índia (fls. 91-103).
45. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 6] 20-27 | 5-5 Respostas [Cartas] dos conselheiros do
Conselho do Estado da Índia, acerca do assunto citado acima (fls. 104-104).
46. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 6] 28 | 2-3 Carta do rei [D. Pedro II] para o conde de
Alvor, vice-rei da Índia.
Lisboa, 22 de Março de 1685.
El-rei felicita e agradece todos os bons serviços do vice-rei e o zelo que sempre pôs em tratar
e cuidar bem o Estado e os seus negócios.
Pede-lhe que se conserve mais tempo no Governo, apesar do seu tempo ter acabado, pois acha
que a sua presença é ainda muito necessária (fls. ?).
47. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 6] 28 | 4 [Carta do vice-rei da Índia, Francisco de Távora,
Conde de Alvor] Resposta do vice-rei a Sua Majestade.
48. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 6] 28 | 5 Carta do rei [D. Pedro II] para o conde de Alvor,
vice-rei da Índia.
Lisboa, 22 de Março de 1685.
Manda que se proiba aos prelados das Religiões aceitar soldados ou outras pessoas que
tenham partido para o Estado da Índia encarregados de outros serviços. Se não se respeitar
esta ordem, o vice-rei embarcará imediatamente os que a transgredirem e fá-los-á regressar ao
Reino (fls. ?).
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O vice-rei diz que mandou tirar cópias da carta régia para as enviar aos prelados de todas as
religiões que a devem respeitar. No entanto expõe a sua opinião, que é contrária e explica
porquê. Visto que o fim da entrada portuguesa na Ásia foi espalhar o lume da fé, acha que não
se deve impedir servir a religião tão rigorosamente tanto mais que os soldados nunca ficam
impedidos de combater - quando preciso - e ainda o fazem com mais zelo e amor como o
vice-rei já verificou em guerras passadas (fls. ?).
50. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 6] 29 | 2-3 Carta do rei [D. Pedro II] para o conde de
Alvor, vice-rei da Índia.
Lisboa, 22 de Novembro de 1684.
Sobre as guerras com o Sivagi e o Mogor e o socorro que o vice-rei pede, Sua Majestade
informa que fez ver em Conselho as notícias recebidas. Assim avisa que na próxima monção
partirão 5 embarcações que se começam a aprestar e gente de 2 terços e 11 companhias.
Também permitia a todos que quisessem partir o fizessem, e recomenda ao vice-rei para se
valer de tudo o que tocasse à Fazenda como cabedais e também a renda do tabaco, mas só em
grande urgência. De todas estas resoluções manda aviso por Frei Salvador da Madre de Deus,
que parte por terra, a fim de animar e agradecer a todos os vassalos que com ajuda de suas
pessoas e bens têm feito o possível para defender o Estado (fls. 151).
Explica que Frei Salvador da Madre de Deus não conseguiu chegar antes do socorro, devido a
muitas complicações que teve durante a viagem. Uma delas foi perder as cartas que trazia
para o vice-rei que ficaria ignorando as decisões e ordens do rei se, nas naus de socorros não
viessem duplicados. Há a sua opinião sobre a possibilidade de se servir das rendas do Estado
(fls. 132).
52. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 6] 30 | 1-2 [Relação dos oficiais e soldados] Relação de
todos os oficiais e soldados que vieram na armada de socorro composta por embarcações
15
54. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 6] 30-31 | 5-1 Carta do rei [D. Pedro II] para o conde de
Alvor, vice-rei da Índia.
Lisboa, 24 de Março de 1685.
Ordena que mande prender Manuel Vieira e Domingos (?) respectivamente mestre e
contramestre da nau «Sacramento» por terem enviado mós de moinhos em barcos, o que era
proibido (fls. 139).
Por falta de certos papéis, o vice-rei não pode proceder contra eles e, assim, limita-se a enviá-
los presos para o Reino, onde se decidirá a sua culpa (fls. 140).
56. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 6] 31 | 3-4 Cópia da lei proibindo a qualquer pessoa levar
âncoras, mós de moinhos e outras coisas sob certas penas.
Lisboa, 20 de Outubro de 1865.
57. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 6] 31-32 | 5-1 Carta do rei [D. Pedro II] para o conde de
Alvor, vice-rei da Índia.
Sobre o capitão da armada de socorro Manuel de Saldanha e ordens que levava (fls. 145).
16
Responde que Manuel de Saldanha nada pode fazer em relação às disposições da carta,
primeiro por nada ter sido necessário e depois porque ignorava de todo o que ela continha. Na
precipitação do embarque tinha deixado em terra o baú em que vinha guardada. O vice-rei
não deixa de elogiar este capitão, não só pelo bom ânimo com que embarcou mas também por
todas as complicações que sofreu durante a viagem (fls. 146).
59. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 6] 32 | 3 Carta com as instruções reais que foi dada a
Manuel de Saldanha (fls. 148).
Lisboa, 23 de Março de 1685.
60. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 6] 32 | 4 Carta do rei [D. Pedro II] para João Tristão de
Magalhães.
Lisboa, 23 de Março de 1685.
Manda-lhe uma carta para entregar ao vice-rei da Índia em caso de tudo correr bem na viagem
de Manuel de Saldanha. O vice-rei depois a enviará ao rei. Se houver a fatalidade do dito
Manuel de Saldanha falecer durante a viagem, ordena-lhe que abra a dita carta e obedeça a
tudo o que nela se manda. É pois uma 2.a via da carta entregue ao capitão Manuel de
Saldanha (fls. 150).
61. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 6] 32-33 | 5-1 Carta do rei [D. Pedro II] para o Conde de
Alvor, vice-rei da Índia.
Lisboa, 17 de Março de 1685.
Recomenda-lhe António de Oliveira que parte para a Índia a servir como ministro no Santo
Ofício (fls. 153).
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63. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 6] 33 | 3-4 Carta do rei [D. Pedro II] para o conde de
Alvor, vice-rei da Índia.
Lisboa, 23 de Março de 1685.
Participa-lhe a partida do irlandês Duarte Blont que vai servir como alferes e pede-lhe que
esteja atento aos seus serviços para o poder recompensar (fls. 157).
66. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 6] 34 | 1-2 Carta do rei [D. Pedro II] para o conde de
Alvor, vice-rei da Índia.
Lisboa, 24 de Março de 1685.
Avisa que André Marcos de Lima vai partir como capitão e que no fim de servir 6 anos tem
direito à licença para voltar ao Reino (fls. 160).
Embora a execução desta ordem não corra já no tempo do vice-rei, desde que fique arquivada
na secretaria será cumprida (fls. 160).
68. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 6] 34 | 5 Carta do rei [D. Pedro II] para o conde de Alvor,
vice-rei da Índia.
Lisboa, 24 de Março de 1685.
Recomenda-lhe muita atenção para com o fidalgo D. Manuel Mascarenhas, que em virtude
dos seus bons serviços é merecedor de mercês (fls. 165).
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Diz que conheceu o dito fidalgo já incapaz por estar doente e velho e participa o seu
falecimento (fls. 166).
70. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 6] 35 | 2-3 Carta do rei [D. Pedro II] para o conde de
Alvor, vice-rei da
Lisboa, 24 de Março de 1685.
Refere-se ao socorro grande que envia agora e em que vai João Tristão de Magalhães como
mestre de campo. Pede ao vice-rei que faça uma relação de todos os soldados e oficiais que
vão neste socorro para assim ficar fazendo ideia do seu valor (fls. 169).
Muito contente com o envio deste socorro tão necessário e, esperando que todos os homens
do terço sejam semelhantes ao seu mestre de campo João Tristão, cujo valor conhece já há
muito tempo (fls. 170).
72. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 6] 35-36 | 5-1 Carta do rei [D. Pedro II] para o conde de
Alvor, vice-rei da Índia.
Lisboa, 23 de Março de 1685.
Participa a próxima chegada de quatro missionários portugueses pedindo-lhe que faça chegar
à China três deles, António Pacheco, Manuel da Cruz e Manuel Osório, que vão já destinados
a esta missão (fls. 173).
Como o padre Manuel da Cruz morreu durante a viagem e os outros não tinham os estudos
completos para poderem partir para Macau, o vice-rei mandará outros em sua substituição
ficando assim cumprida a ordem do rei (fls. 174).
74. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 6] 36 | 3-4 «Lista das cartas que o vice-rei conde de Alvor
escreveu a Sua Majestade que Deus guarde no galeão
19
«São Tiago» e na nau «Nossa Senhora dos Milagres que partiram para o Reino em Janeiro
de 1686.»
79. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 6] 37-38 | 5-4 «Cópia do assento que se tomou na Junta
que fez o conde vice-rei sobre se nomearem ministros que
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21
84. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 6] 39-40 | 4 Lista dos capitães das fortalezas, fortes e
passos da Índia e seus domínios.
- Dom Fernando Marty Mascarenhas de Alencastre, capitão de Goa.
- Manuel Jorge de Oliveira, capitão da fortaleza da Aguada.
- Jorge da Silva de Vasconcelos, capitão da fortaleza de Mormugão.
- Baltasar de Castro Calheiros, capitão da fortaleza dos Reis Magos.
- Brás Rodrigues, capitão do forte de Nossa Senhora do Cabo.
- António Pereira de Berredos, capitão da fortaleza e Passo de Naroa.
- Amaro Simões Pereira, capitão da fortaleza de Rachol.
- Vicente Soares de Castel Branco, capitão do Passo de São Lourenço.
- Belchior de Meireles de Castro, capitão da fortaleza de Santiago.
- Pedro da Silva Peixoto, capitão do Passo de São Brás.
- Francisco Ribeiro, capitão do Passo de São João Baptista.
- Tomé Mateus de Noronha, capitão do Passo de Dangim.
- Luís Cardoso de Mendonça, capitão do Passo de Pangim.
- Francisco Soares de Castro, capitão da fortaleza de Chaul.
- António Correa Botelho, capitão do Morro de Chaul.
- Tristão de Melo de Sampaio, capitão da cidade de Baçaim.
- Luís Alves de Távora, capitão-mor do Campo de Baçaim, e Tranqueira de Saibana, morreu
ficando o lugar vago e ocupado de momento por Manuel de Brito de Albuquerque.
- Manuel Tavares da Gama, capitão da fortaleza de Damão, por renúncia de D. Francisco de
Noronha.
- Marçal Pereira d'Eça (de Sá?), na capitania de Trape.
- José da Fonseca Cidade, capitão de Maim.
- José de Melo de Castro, ocupa o posto de capitão-geral das terras de todas as fortalezas do
Norte.
- José Pacheco de Sá, capitão-mor da armada da enseada de Dio.
- João Serrano, capitão-mor da fortaleza de Nossa Senhora de Brotas da ilha de Angediva.
- João Antunes Portugal, capitão da fortaleza de Mombaça.
- Pascoal de Abreu Sarmento, castelão da fortaleza de Moçambique.
22
O vice-rei envia mais uma lista com os nomes de todos os prelados dos conventos assim
como informação do seu procedimento (fls. ?).
Sobre as doenças e o mal do clima que ataca fortemente a gente que vem do Reino e o que
aconteceu no socorro chegado, deixando-o muito enfraquecido. Também fala da necessidade
de se mudar a cidade para Mormugão apontando as razões porquê (fls. 203).
87. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 6] 40 | 4 «Lista das cartas que o conde vice-rei, capital
geral da Índia escreve pela Secretaria de Estado a Sua Majestade que Deus guarde no
galeão «São Tiago» e na nau «Nossa Senhora dos Milagres» que partirão para o Reino na
monção de Janeiro de 1686.»
88. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 6] 40-41 | 5-2 Carta do [vice-rei da Índia D. Francisco de
Távora] conde de Alvor para Sua Majestade.
Goa, 24 de Janeiro de 1686.
Sobre a guerra com o Sambagi que não respeitou as pazes que tinha feito com Portugal.
Refere-se ao cerco apertado que fez a este inimigo impedindo-o de receber reforços. Também
este inimigo foi divertido por outros ataques, e estando no Norte foi assediado pelo
23
capitão-geral daquelas terras J. de Melo de Castro que obedecendo às ordens do vice-rei lhe ia
conquistando alguns pastos. Esta guerra tem continuado e muitas esperanças há de a vencer
de todo. O vice-rei enalteceu imenso o valor do capitão do Norte. Refere-se mais a outros
movimentos de guerra contra a rainha de Pemba fls. ?).
89. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 6] 41 | 3-4 «Capitulações que se fizeram com o senhor
conde de Alvor vice-rei e capitão geral do Estado da Índia, Ramá Dalvy, Devá Saunto e
outros vassalos de Sambagi.»
90. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 6] 41-42 | 5-1 Carta do [vice-rei da Índia D. Francisco de
Távora] conde de Alvor para Sua Majestade.
Goa, 24 de Janeiro de 1686.
Sobre a armada do Estreito que se devia mandar para a Pérsia cobrar o que lá se devia a
Portugal e ainda por outras muitas razões. Refere-se ainda a uma viagem em que se embarcou
D. Rodrigo da Costa para o Congo onde obteve bom sucesso visto conseguir tudo aquilo de
que o tinham encarregado. De lá voltou à Índia com o dinheiro da alfândega e os cavalos das
pareas. O vice-rei acaba por pedir mercês e honrarias para este fidalgo (fls. ?).
Envia ao rei as três cartas que João Antunes Portugal, o príncipe de Ampaca, Banant Vali e
Bicharó lhe escreveram pedindo-lhe socorros urgentes. Apesar de ter muito pouca gente e
cabedais enviou-lhes duas fragatas bem providas de tudo o que era necessário, achando que se
deve ajudar e proteger estes homens pelo bem que daí pode provir. (fls. 213).
24
94. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 6] 43 | 4 Cópia das cartas do Príncipe dos Bagunhos, e
Bicharo.
96. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 6] 44-45 | 1-3 Carta de Pero Vaz de Sequeira para o vice-
rei.
Sião, 24 de Junho de 1684.
Relativa à embaixada para o rei de Sião e também aos embaixadores que deste reino partiram.
97. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 6] 45-46 | 4-2 Carta de Pero Vaz. de Sequeira para o vice-
rei da Índia.
Sião, 24 de Junho de 1684.
Trata de todas as diligências que fez, antes e depois da sua partida para o Reino de Sião, a fim
de que a embaixada enviada ao rei deste reino tivesse o êxito que Sua Majestade desejava.
Refere-se à sua acção junto de Constantino Falcão, o maior privado do rei de Sião e ao
reverendo padre Superior da Companhia de Jesus Manuel Soares, assim como ao capitão-mor
Francisco Barreto da Silva (fls.?)
98. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 6] 46-47 | 3-2 Carta de Pero Vaz de Sequeira para o vice-
rei da Índia.
Macau, 18 de Novembro de 1684.
Relativa ainda à mesma embaixada escrita já depois da sua chegada a Macau e enviando mais
pormenores importantes sobre a sua viagem ao Sião (fls. ?).
25
Relatando mais pormenores da mesma embaixada e dizendo da sua intervenção nela (fls. ?).
Sobre ordens recebidas do Vigário Geral acerca da ida, para Solor ou Timor, dos padres José
Correia e Pedro Mansor (?). Dificuldades apresentadas pelo rei de Sião acerca da partida deste
último, proibido de interceder, sob pena do rei mandar fechar as igrejas e fazê-lo ir para
Tenasserim, etc., etc. (fls. 233).
101. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 6] 48 | 3-4 Carta do capelão de Sião Frei Domingos de
Santa Anna, para o vice-rei da Índia.
Sião, 21 de Junho de 1684.
Descreve como o embaixador extraordinário Pero Vaz de Sequeira foi recebido pelo rei de
Sião e as honrarias que lhe foram prestadas (fls. ?).
102 . [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 6] 48-49 | 5-1 Carta de António da Fonseca para o vice-
rei da Índia.
Sião, 2 de Setembro de 1684.
Agradece a mercê que lhe foi feita, e entregue pelo embaixador Pero Vaz de Sequeira, da sua
nomeação para procurador dos ausentes. Refere-se à chegada do dito embaixador, dos
préstimos que lhe fez, ajudas, etc. Participa depois a sua prisão, ordenada por este mesmo
embaixador, logo que desembarcou, sem este ter dado causas para tal. Censura as intrigas e
calúnias que tenham levantado a seu respeito e afirma o seu desejo de continuar a servir bem,
como até ali (fls. ?).
103. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 6] 49 | 2-4 2.a via da carta acima citada.
Sião, 30 de Outubro de 1684.
26
104. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 6] 50 | 1-3 Carta de António da Fonseca para o vice-rei
da Índia.
Sião, 2 de Dezembro de 1684.
105. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 6] 50 | 4-5 Final de uma carta escrita da Cochinchina a 8
de Agosto de 1682 por João da Cruz, fundidor, que esteve muito tempo em Cambaia.
É dirigida ao vice-rei e nela queixa-se dos bispos e missionários franceses e pede que envie
uma embaixada ao rei para que os expulse e envie religiosos da Companhia. A esta carta se
respondeu em 10 de Maio com patente do capitão-mor e provisão para fazer a Cruz de Cristo.
106. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 6] 51 | 1 Carta do Padre (?) para o vice-rei da Índia.
Sião, 29 de Outubro de 1684.
Informa que recebeu as suas cartas e como nelas ordena, notificara o padre Fr. Pero Martins
para sair daquela terra e ir para Timor, mas duvida que esta ordem seja cumprida visto o
referido padre ter grande protecção naquela terra. Refere-se depois à morte do padre
governador do bispado de Malaca, muito admirado do cabido não ter deferido as suas cartas;
a uma embaixada que o rei de Sião vai mandar para cimentar a amizade com o rei de
Portugal, correndo até que os embaixadores irão mesmo ao Reino com um grande «saguate»,
indo por secretário o padre fr. Estêvão de Sousa; que o bispo capucho D. Frei Bernardo da
Igreja passou num barco chinês com mais 2 companheiros, com o fim de entrar naquele
império; que envia preso com os autos de suas
27
culpas, por via de Macau, hum clérigo, súbdito do bispado de Malaca, chamado Constancio
Jorge da Silva e que o não deseja ver mais naquela terra; fala da publicação da Santa Cruzada
que o tesoureiro dela não quer fazer, alegando não ter dinheiro para isso, e prejudicando
muito o rendimento das bulas que muitos não tirão; pede uma ordem que notifique o dito
tesoureiro a fazer publicação todos os annos; torna a referir-se à actuação dos bispos franceses
em consequência da falta da dita publicação e, quanto à jurisdição real escreverá mais tarde
(fls. 54 a 56 ?).
107. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 6] 51-52 | 5-1 Carta do Padre Manuel Soares para o vice-
rei.
Sião, 28 de Novembro.
Sobre o não cumprimento da ordem recebida para mandar o padre Fr. Pero Martins para
Timor. Era secretário do cabido do rei de Sião e assim, encontrou neste, grande apoio. Relata
acontecimentos passados naquela terra ligados com este caso (fls.?).
Compreende esta relação: uma carta para o Senado da Câmara de Macau e resposta dada por
Lourenço de Mello da Silva; uma para o capitão-geral; uma relação do embarque do
embaixador feito a 6 de Março de 1684; uma para o capitão-mor Francisco Barreto de Pina;
uma para o Barcalão; uma para o privado do rei de Sião Constantino Falcão; resposta deste
para o embaixador; um capítulo sobre «os pontos que se devem consultar na substância desta
embaixada conforme as ordens que trago»; parecer do padre Manuel Soares sobre os pontos
referidos; parecer do capitão-mor Francisco Barreto de
28
Pina sobre o mesmo assunto; um papel que o embaixador mandou a Constantino Falcão para
impedir a ida da nau e obter por intermédio da cidade de Macau, tudo o que lhe for necessário
da China (Feitoria 8 de Maio de 1684); «treslado do papel que os ministros del rey de Sião
aprezentarão ao Senhor embaixador das culpas do capitão-mor Francisco Barreto de Pina»;
consulta do embaixador sobre o ponto principal da embaixada; a expulsão dos religiosos
franceses do reino de Sião, feita ao padre Manuel Soares: «pontos de negócios que propoz o
senhor embaixador tocantes ao serviço do príncipe nosso senhor para serem aprezsentados a
el-rey de Sião»; resposta que o governador do reino, Barcalão, deu aos pontos acima
propostos e citados; «pontos do memorial que os ministros del rey de Sião da parte de seu rey,
aprezentarão ao senhor embaixador»; resposta que o senhor embaixador deu aos pontos acima
declarados que se aprezentarão por esta prezente del rey de Sião; «Lista da copa del rey de
Sião com que mandou dar o banquete ao senhor embaixador»; «papel que o procurador dos
auzentes do bandel dos portuguezes aprezentou ao senhor embaixador».
Livro das Monções N.° 51- B (1683-1686)
1. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 7] 1 | 2-3 Resumo de assuntos mais notáveis, como ordens,
registos, contas, cujas respostas seguiram no ano de 1687 (fls. 2 v.-3).
2. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 7] 1 | 4 «Livro das cartas de Sua Majestade que Deus
guarde vindas na monção de Setembro de 1686 escritas ao Senhor Conde de Alvor Francisco
de Tavora vicerey e capitão geral das India e das respostas que a ellas se fes em Dezembro
do dito anno por duas vias, de que foi a primeira na nao São Francisco de Borja em que se
embarcou, e a segunda na nao São Francisco Xavier que partio em Janeiro de 1687» (fls. 3
v.).
3. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 7] 1-2 | 5-5 [Lista das Cartas] «Lista geral das cartas que
estão neste livro de Sua Majestade que Deus guarde vindas pello Conselho Ultramarino e
pella Secretaria de Estado na monção
30
de Setembro de 1686 a que fes resposta o vice rey - Conde de Alvor, na nao São Francisco de
Borja em que foi embarcado e que partio para o Reino em 15 de Dezembro do dito anno»
(fls. 4-5).
Sobre as fortificações das praças da Índia, respectivas plantas que os engenheiros devem
apresentar e despesas (fls. 6).
31
Informação sobre a entrega à Câmara da cópia da carta de Sua Majestade, acima referida, a
qual a apresentou ao Senado. Esta inclui a resposta da dita Câmara em que manifesta
contentamento pela decisão de Sua Majestade em mandar construir o dito celeiro, de que todo
o povo receberá grande benefício (fls. 12-13 v.).
Ordem para que os governadores da cidade de Macau não deixassem o seu posto sem
pagarem as dívidas, tanto à Fazenda Real como aos moradores (fls. 17).
12. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 7] 6 | 2-3 Cópia do alvará sob forma de lei sobre os
capitães das fortalezas do Estado da Índia, seus feitores e servidores, não saírem dos seus
postos, acabado o seu tempo, de seus provimentos sem primeiro pagarem e repararem os
danos e perdas que tiverem feito à Fazenda Real (fls. 19-20).
Pangim, 9 de Novembro de 1686 (?).
Sobre se proibir a fundação de conventos sem licença de Sua Majestade (fls. 23).
14. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 7] 6-11 | 5-3 [Carta do vice-rei da Índia, Francisco de
Távora, Conde de Alvor] Resposta à carta acima.
Goa, 10 de Dezembro de 1686.
Envia inclusa a resposta dos provinciais das religiões sobre a fundação de seus conventos,
cuja maioria foram edificados sem licença de Sua Majestade. Seguem-se as referidas
respostas (fls. 24-43).
32
Ordem para se cumprir o alvará que se passou a João da Silva Guia, enviando a mesma ordem
ao vedor geral da Fazenda do Estado da Índia (fls. 53).
Informa que o dito João da Silva Guia tinha morrido e que sempre se cumpriu o dito alvará
(fls. 54).
33
Informa que Belchior do Amaral de Meneses acabou o seu tempo de governador de Macau
com bom procedimento, e lhe será entregue a carta de Sua Majestade (fls. 58).
23. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 7] 15 | 2 «Lista das cartas de Sua Majestade que Deus
guarde vindas pello Conselho Ultramarino na monção de Setembro de 1686 a que o conde
vice rey faz resposta na nao São Francisco de Borja que parte para o Reino em Dezembro do
dito anno» (fls. 61).
25. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 7] 13-14 | 4-2 [Carta do vice-rei da Índia, Francisco de
Távora, Conde de Alvor] Resposta à carta acima.
Goa, 10 de Dezembro de 1686.
34
26. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 7] 14 | 3-4 Carta [de D. Pedro II] n.o 2.
Lisboa, 16 de Março de 1686.
28. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 7] 15 | 1-2 Carta [de D. Pedro II] n.o 3.
Lisboa, 27 de Outubro de 1685.
Sobre a petição do provincial e reliogosos da Ordem de São Francisco em São Tomé da Índia
Oriental para que lhes fosse concedida uma mercê em dinheiro além da congrua que já
recebiam, pela pobreza em que ficaram depois da guerra com o Sambagi (fls. 73).
Informa que envia inclusa a lista das ordinárias que se pagam a esses religiosos, e embora
ache que poderão padecer algumas necessidades, não serão maiores que as que o Estado
padece, e que, São Francisco que a todos protege, não abandonará também os seus filhos da
Ásia (fls. 74).
31. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 7] 16 | 1 «Lista das ordinárias que vencem os religiosos de
Sam Francisco» (fls. 76).
32. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 7] 16 | 2 «Lista dos pagamentos que se fazem aos
religiosos da Ordem de Sam Francisco, em Baçaim e Chaul» (fls. 7).
35
Informa sobre as razões infundadas que António Álvares da Cunha apresentou na sua queixa
sobre a mercê que lhe fôra concedida (fls. 83).
35. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 7] 16-17 | 5-1 Carta [de D. Pedro II] n.o 5.
Lisboa, 16 de Março de 1686.
Sobre a licença que Diogo de Abreu e Lima pediu para regressar ao Reino (fls. 86).
37. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 7] 17 | 3-4 Carta [de D. Pedro II] n.o 6.
Lisboa, 28 de Janeiro de 1686.
36
Sobre o requerimento que D. Maria Pereira fez a pedir licença para que seu filho António
Rangel Pereira regressasse ao Reino (fls. 94).
41. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 7] 18 | 4-5 Carta [de D. Pedro II] n.° 8.
Lisboa, 10 de Dezembro de 1686.
Informa que José da Costa Azevedo não foi alvo de qualquer injustiça, mas também não se
lhe deu outro serviço por ainda não ter tido tempo para demonstrar as suas qualidades (fls.
99).
43. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 7] 19 | 2-3 Carta [de D. Pedro II] n.o 9.
Lisboa, 8 de Março de 1686.
44. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 7] 19 | 4 A resposta à carta acima não ficou na secretaria
(fls. 103).
37
45. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 7] 19-20 | 5-1 Requerimento de António Pereira Berredo
pedindo a mercê acima referida (fls. 104-105).
46. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 7] 20 | 2 Carta [de D. Pedro II] n.o 10.
Lisboa, 18 de Fevereiro de 1686.
Sobre o pedido de João de Figueiredo Pinto para se dar licença a seu filho Rafael Figueiredo
Pinto para regressar ao Reino (fls. 107).
48. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 7] 20 | 4-5 Carta [de D. Pedro II] n.° 11.
Lisboa, 20 de Março de 1685.
Sobre o regresso ao Reino de Francisco de Pinho Teixeira e sua família (fls. 111).
Informa que será cumprida a ordem sobre o regresso ao Reino de Francisco Pinho Teixeira
(fls. 112).
Apreciação sobre a sentença dada contra os gentios vanios moradores de Goa (fls. 113).
38
51. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 7] 21 | 4 Carta [de D. Pedro II] n.° 12.
Lisboa, 12 de Março (?) de 1683.
Sobre a sentença dada a favor de João Antunes Portugal contra os gentios vanios moradores
de Goa (fls. 116).
52. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 7] 21-22 | 5-1 Cópia do acórdão da sentença que se deu a
favor de João Antunes Portugal contra os gentios vanios
(fls. 117-118).
53. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 7] 22 | 2 [Lista das Cartas] Lista de sete cartas de Sua
Majestade para o vice-rei da Índia e respostas destes (fls. 121).
56. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 7] 22-23 | 5-1 Carta [de D. Pedro II] n.° 2.
Lisboa, 24 de Março de 1686.
Sobre se pagarem os ordenados a todos os inquiridores, deputados, seculares e notários da
Inquisição além do número ordinário (fls. 127).
39
58. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 7] 23 | 3-4 Carta [de D. Pedro II] n.° 3.
Lisboa, 22 de Março de 1686.
Sobre Manuel João Vieira ir do Reino para desempenhar em Goa o cargo de promotor da
Inquisição (fls. 129-130).
62. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 7] 24 | 4-5 Carta [de D. Pedro II] n.o 5.
Lisboa, 23 de Março de 1686.
Informa que o moço acima referido fugira para o Reino no ano anterior (fls. 140).
40
64. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 7] 25 | 2-3 Carta [de D. Pedro II] n.o 6.
Lisboa, 23 de Março de 1686.
65. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 7] 25-27 | 4-2 [Carta do vice-rei da Índia, Francisco de
Távora, Conde de Alvor] Resposta à carta acima.
Goa, 10 de Dezembro de 1686.
Pela informação, que segue com esta carta, do provedor-mor dos Contos, Sua Majestade
poderá ver com clareza os efeitos que se acharam em poder do dito Francisco de Pinho
Teixeira e as pessoas a quem ele diz que pertencem.
Segue a informação (fls.144-150).
66. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 7] 27 | 3-5 Carta [de D. Pedro II] n.° 7.
Lisboa, 18 de Março de 1686.
Recomenda Manuel de Melo Coutinho, reposteiro da Ordem de Cristo, que segue para a Índia
(fls. 159).
68. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 7] 28-31 | 3-3 Carta [do vice-rei da Índia, Francisco de
Távora, Conde de Alvor] n.° 1.
Goa, 10 de Dezembro de 1686.
Sobre a partida da charrua Nossa Senhora da Caridade com o socorro para a fortaleza de
Mombaça. Segue o assento que se fez e outros papéis (fls 166-178).
69. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 7] 31-32 | 4-2 Carta [do vice-rei da Índia, Francisco de
Távora, Conde de Alvor] n.o 2.
Goa, 10 de Dezembro de 1686.
41
Envia inclusa a lista das pessoas que ocupam os cargos de capitães das fortalezas da Índia.
Segue a lista (fls. 179-182).
70. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 7] 32 | 3-4 Carta [do vice-rei da Índia, Francisco de
Távora, Conde de Alvor] n.o 3.
Goa, 10 de Dezembro de 1686.
Envia inclusa a lista com os nomes dos prelados dos conventos da cidade de Goa com as
informações que obteve do seu procedimento.
Segue a lista (fls. 183-184).
71. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 7] 32 | 5 Lista das cartas que o vice-rei Francisco de
Távora escreveu a Sua Majestade pela Secretaria de Estado na monção de Dezembro de
1686 que foram para o Reino na nau São Francisco de Borja (fls. 185).
72. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 7] 33 | 1 Carta [do vice-rei da Índia, Francisco de Távora,
Conde de Alvor] n.° 1.
Goa, 10 de Dezembro de 1686.
73. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 7] 33 | 2 Carta [do vice-rei da Índia, Francisco de Távora,
Conde de Alvor] n.o 2.
Goa, 10 de Dezembro de 1686.
Sobre a perda da nau Nossa Senhora dos Milagres, cuja devassa envia (fls. 189).
74. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 7] 33-34 | 3-2 Carta do bispo frei Manuel Pereira para o
vice-rei da Índia.
Lisboa, 23 de Março de 1686.
Informa que Sua Majestade viu as cartas do vice-rei sobre as missões e religiões do Estado da
Índia, e se fez consulta na Junta que assiste no Reino sobre cada um dos pontos referidos pelo
vice-rei, e envia a cópia da dita consulta, indo à margem de cada capítulo a resolução de Sua
Majestade (fls. 192-195).
Livro das Monções N.° 52 (1686-1688)
1. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 8] 1 | 2-5 «Livro das cartas que escreveo a Sua Majestade o
Senhor Dom Rodrigo da Costa do seu Conselho Governador e capitão geral da Índia nos
annos de 1686, 1687, 1688, e das que Sua Magestade escreveo ao vice-rey Conde de Alvor
seu antecessor no governo, e ao mesmo senhor governador, e das respostas que fes a ellas.»
[Lista das Cartas] «Lista geral das cartas que D. Rodrigo da Costa governador e capitão
geral da Índia escreveo a Sua Magestade que vão nesta presente monção de Janeiro de
1687.»
«Lista das cartas que D. Rodrigo da Costa governador e capitão geral da Índia escreveo a
Sua Magestade que vão nesta presente monção de Janeiro de 1687
44
D. Rodrigo da Costa agradece a Sua Magestade a honra que lhe concedeu nomeando-o
governador do Estado da India (fls.1).
Informa que não pôde enviar notícias dos negócios do Estado pela nau S. Francisco de Borja
por esta ter partido a 15 de Dezembro e a via de sucessão se ter aberto a 13 do mesmo mês
(fls. 3).
Sobre as condições em que partiu para o Reino a nau S. Francisco Xavier (fls. 5).
6. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 8] 2-3 | 5-3 Carta [do vice-rei da Índia, D. Rodrigo da
Costa] n.° 4.
Goa, 24 de Janeiro de 1687.
45
Acha que estas viagens se devem fazer para que os ingleses não possam dizer que ali vão por
causa da indiferença dos portugueses.
Segue o referido capítulo e assento (fls.7-11).
Sobre o conde de Alvor ter respondido às cartas de Sua Majestade e seguir na nau S.
Francisco Xavier a segunda via delas (fls. 13).
Informa que foi tomada ao Sambagi a serra de St.a Cruz no Norte (fls. 15).
10. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 8] 4 | 2 Carta [do vice-rei da Índia, D. Rodrigo da Costa]
n.o 1.
Goa, 24 de Janeiro de 1687.
Sobre o estado miserável em que se encontra a Índia devido à guerra, e como Sua Majestade
poderia remediá-lo de momento (fls. 19).
11. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 8] 4 | 3-5 Carta [do vice-rei da Índia, D. Rodrigo da
Costa] n.o 2.
Goa, 24 de Janeiro de 1687.
Sobre as razões apresentadas pelo capitão de Baçaim, Tristão de Melo de Sampaio por se ter
retirado da empresa de Asserim.
Segue a cópia do capítulo da carta do dito capitão (fls. 21-23).
46
12. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 8] 5 | 1 Carta [do vice-rei da Índia, D. Rodrigo da Costa]
n.o 3.
Goa, 24 de Janeiro de 1687.
Sobre as plantas de canela e pimenta que envia nesta monção (fls. 25).
13. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 8] 5-6 | 2-1 «Lista das respostas que D. Rodrigo da Costa
governador e capitão geral da Índia faz na monção de Janeiro de 1688 na nao São Thiago
Mayor as cartas de Sua Magestade que vierão com ella pella secretaria do Concelho
Ultramarino.
Sobre se desempenhar a prata das igrejas quando dela se necessitou para auxílio da guerra
com o Sambagi (fls. 31).
Sobre se pagar a prata às igrejas, parece-lhe mais viável o meio apontado pelo conde de Alvor
(fls. 32).
Sobre a vantagem de os vice-reis visitarem todos os anos as fortalezas do Norte (fls. 35).
Apresenta as dificuldades que há para se fazer a visita às fortalezas do Norte como Sua
Majestade opina (fls. 36).
47
Sobre a carta de Coge Minas referente à falta de rendimentos da alfândega de Dio. Envia a
dita carta (fls. 47).
Informa que Coge Minas faleceu na fortaleza de Dio, tendo acabado a opressão que sofriam
os mercadores (fls. 48).
25. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 8] 8 | 3 Carta de Coge Minas para el-rei datada de Dio, 30
de Dezembro de 1685, sobre o assunto acima referido (fls. 50).
[Dio, 30 de Dezembro de 1685]
48
Sobre o alvará da confirmação do alvará passado por António de Melo de Castro referente aos
direitos que Coge Minas havia de pagar na alfândega, das fazendas que viessem de Surrate
nos seus barcos (fls. 52).
29. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 8] 9 | 1-3 Alvará [de D. Pedro II] de confirmação passado
por Sua Majestade, acima referido (fls. 55-56).
Pede a Sua Majestade lhe diga como poderá satisfazer aquele pagamento, pois não tem
dinheiro para o fazer (fls. 59).
Sobre a forma como deve ser informado do procedimento dos prelados dos conventos de Goa
(fls. 62).
49
34. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 8] 10 | 4 Carta do vice-rei da Índia [D. Rodrigo da Costa]
para o rei de Portugal.
Goa, 24 de Janeiro de 1688.
Sobre os religiosos designados para os lugares de bispos no Estado da Índia (fls. 64).
Informação sobre o procedimento dos capitães, João Antunes Portugal em Damão, Tristão de
Melo em Baçaim.
Segue: a) «Lista dos capitães das fortalezas e paços que actualmente ocupão nesta cidade,
Salcete, Bardes e mais fortalezas deste Estado.»
b) «Lista dos capitães mores e capitães de mar e guerra que actualmente exercitão neste
presente ano de 1688.» (fls. 69-77).
37. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 8] 13 | 1 Carta [de D. Pedro II] n.° 10.
Lisboa, 14 de Março de 1687.
Sobre se suspender a ordem para serem expulsos dos seus conventos os religiosos carmelitas
descalços (fls.78).
50
39. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 8] 13 | 3 Carta [de D. Pedro II] n.o 11.
Lisboa, 20 de Março de 1687.
Informa que deu resolução ao justo pedido de D. Leonor Bezerra, logo que tomou conta do
governo (fls. 83).
41. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 8] 13-14 | 5-1 [Alvará de D. Pedro II] «Alvará de lei
permitindo que as mulheres viuvas da terra casem com naturais e com portugueses,
obrigando-se a aprender a língua portuguesa no praso de tres anos» (fls.86-87).
Lisboa, 17 de Março de 1687.
42. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 8] 14 | 2 [Lista de Cartas] «Lista das respostas que Dom
Rodrigo da Cunha governador e capitão geral da Índia faz na monção de Janeiro de 1688 na
nao São Tiago Mayor às cartas de Sua Magestade que vierão sem ella pella secretaria do
Conselho Ultramarino» (fls. 88).
43. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 8] 14 | 3 Carta [de D. Pedro II] n.° 1.
Lisboa, 28 de Março de 1687.
Sobre as aldeias que Luís Gonçalves Costa, secretário do Estado da Índia, pediu de
aforamento (fls. 89).
51
Informa que Luís Gonçalves Costa é merecedor das honras que Sua Majestade lhe queira
conferir (fls. 91-92).
Informa que enviou pelo conde vice-rei a resposta à carta acima (fls. 95).
48. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 8] 16 | 16-1 Carta [de D. Pedro II] n.o. 3.
Lisboa, 10 de Março de 1687.
Sobre a confirmação que o escrivão da Câmara de Goa, Vicente Soares de Castel Branco
pediu de um xerafim por dia que a dita Câmara lhe havia concedido (fls. 99).
Informa que não concorda que Sua Majestade conceda a confirmação pedida por Vicente
Soares de Castel Branco (fls. 100).
50. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 8] 16 | 3-4 Carta [de D. Pedro II] n.o 4.
Lisboa, 20 de Março de 1687.
Recomenda Gomes Cid da Fonseca que vai partir para a Índia (fls. 103).
52
52. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 8] 17 | 1-2 Carta [de D. Pedro II] n.° 5.
Lisboa, 8 de Março de 1686.
Sobre conceder-se licença a Francisco Carvalho para regressar ao Reino com sua família (fls.
107).
54. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 8] 17 | 4-5 Carta [de D. Pedro II] n.o 6.
Lisboa, 10 de Março de 1687.
Assim que os procuradores de Francisco de Brito Freire requeiram a sua pretensão, lhe será
deferida (fls. 112).
56. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 8] 18 | 2-3 Carta [de D. Pedro II] n.o 7.
Lisboa, 20 de Março de 1687.
Sobre a petição feita pelo escrivão, tesoureiro e pelo porteiro do Hospital de Goa, cuja cópia
envia (fls. 113).
53
Informa sobre as razões por que se não deve levar em conta o referido pedido (fls. 116).
58. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 8] 18 | 5 Cópia da referida petição.
S/d.
Informa sobre o que recebem os referidos religiosos, apesar de não poderem possuir bens, e a
nova concessão só poderá ser dada após Sua Majestade receber esta e lhe responder (fls. 121).
61. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 8] 19 | 3-4 Cópia da petição referida na carta n.° 8.
63. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 8] 20 | 1-2 Carta [do vice-rei da Índia, D. Rodrigo da
Costa] Resposta à carta acima.
Goa, 24 de Janeiro de 1688.
Informa que sobre este assunto envia 2.a via da resposta que já fôra na monção do ano
anterior, dada pelo conde de Alvor.
54
64. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 8] 20 | 3-4 Carta [de D. Pedro II] n.o 10.
Lisboa, 10 de Março de 1687.
Sobre o regresso ao Reino de António Sodré Pereira, cujas razões apresentadas no seu
requerimento são de inteira justiça (fls. 131).
65. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 8] 20 | 5 Carta [do vice-rei da Índia, D. Rodrigo da Costa]
Resposta à carta acima.
Goa, 24 de Janeiro de 1688.
Informa que deu licença para António Sodré Pereira regressar ao Reino (fls. 132).
66. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 8] 21 | 1-2 Carta [de D. Pedro II] n.° 11.
Lisboa, 3 de Março de 1687.
Informa que a ordem acima referida foi muito oportuna (fls. 135).
69. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 8] 21-22 | 5-1 Carta [de D. Pedro II] n° 12.
Lisboa, 24 de Março de 1687.
Sobre a mercê de um lugar de conselheiro pedida por Manuel de Sousa de Meneses (fls. 139).
55
Informa sobre os serviços de Manuel de Sousa de Meneses, e que é digno de receber a mercê
que el-rei lhe deseja fazer (fls. 140).
71. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 8] 22 | 3-4 Carta [de D. Pedro II] n.o 13.
Lisboa, 13 de Março de 1687.
Sobre a petição de D. Fernando de Castel Branco referente à sentença que lhe foi dada pela
devassa que se lhe tirou (fls. 143).
72. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 8] 22 | 5 Carta [do vice-rei da Índia, D. Rodrigo da Costa]
Resposta à carta acima.
Goa, 24 de Janeiro de 1688.
Informa que as culpas de que foi acusado D. Fernando de Castel Branco são iguais às que
cometem todos os capitães de Dio, simplesmente teve a pouca sorte de se lhe tirar devassa
(fls. 144).
73. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 8] 23 | 1 [Petição do Capitão de Dio] Cópia da petição de
D. Fernando de Castel Branco, capitão de Dio, referida na carta n.o 13 (fls. 146).
74. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 8] 23 | 2 Outra cópia da carta n.o 13 (fls. 147).
75. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 8] 23 | 2 Outra cópia da petição acima referida (fls. 148).
56
78. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 8] 24 | 1-2 Carta [do vice-rei da Índia, D. Rodrigo da
Costa] n.° 15.
79. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 8] 24 | 3 [Lista de Cartas] «Lista das respostas que Dom
Rodrigo da Costa governador e capitão geral da Índia faz na monção de Janeiro de 688 na
nao Santiago Mayor as cartas de Sua Magestade que vierão sem ella pella secretaria do
Estado.»
80. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 8] 24 | 4-5 Carta [de D. Pedro II] n.o 1.
Lisboa, 22 de Março de 1687.
81. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 8] 25-34 | 1-1 [Carta do vice-rei da Índia, D. Rodrigo da
Costa] Resposta à carta acima.
Goa, 23 de Janeiro de 1688.
82. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 8] 34 | 2-4 Carta [de D. Pedro II] n.° 2.
Lisboa, 15 de Março de 1687.
Sobre serem notificados os prelados das religiões para se tratar de propagar a religião católica
e dilatar a doutrina evangélica (fls. 199-200).
57
83. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 8] 34-35 | 5-5 [Carta do vice-rei da Índia, D. Rodrigo da
Costa] Resposta à carta acima.
Goa, 24 de Janeiro de 1683.
Informa que transmitiu aos prelados das religiões a ordem de Sua Majestade, advertindo-os a
terem mais atenção nas suas obrigações, e que por escrito respondessem ao que Sua
Majestade ordenara.
Seguem as respostas (fls. 201-212).
Sobre serem favorecidos os soldados que vão servir na Índia (fls. 213).
86. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 8] 36 | 4-5 Carta [de D. Pedro II] n.o 4.
Lisboa, 25 de Março de 1687.
Sobre a Fazenda Real concorrer com a despesa necessária para se declarar o glorioso martírio
que os religiosos carmelitas descalços da província de Itália sofreram no reino do Achem (fls.
216-217).
88. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 8] 37 | 2-3 Carta [de D. Pedro II] n.o 5
Lisboa, 24 de Março de 1687.
Ordena que mande presos para o Reino o mestre de campo João Tristão de Magalhães e o
escrivão Manuel Pereira (fls. 221-222).
58
89. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 8] 37-38 | 4-3 Termos de entrega dos presos acima
referidos (fls.223-226).
Informa que logo que recebeu a carta de Sua Majestade mandou imediatamente prender os
ditos mestre de campo e o escrivão (fls. 229).
91. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 8] 38-39 | 5-2 Carta [de D. Pedro II] n.o 6.
Lisboa, 22 de Março de 1687.
93. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 8] 39 | 4-5 Carta [de D. Pedro II] n.o 7.
Lisboa, 18 de Março de 1687.
Informa que enviou as plantas de mogarim, e uma norma para ensino do seu cultivo (fls. 236).
95. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 8] 40 | 3-4 Carta [de D. Pedro II] n.° 8.
Lisboa, 21 de Março de 1687.
59
Sobre o envio para o Reino de plantas de canela de Ceilão e pimenta virgem (fls. 241).
96. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 8] 40-41 | 5-1 [Carta do vice-rei da Índia, D. Rodrigo da
Costa] Resposta à carta acima.
Goa, 24 de Janeiro de 1688.
Informa que envia as plantas e sementes que Sua Majestade pede, e envia a instrução do
modo como se deverá semear, transplantar, cultivar e conservar a pimenta de semente (fls.
242-243).
97. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 8] 41 | 2-3 Carta [de D. Pedro II] n.o 9.
Lisboa, 27 de Março de 1687.
Sobre a licença que concedeu a D. João de Mendonça para ir à Índia ver seus pais (fls. 247).
Informa que D. João de Mendonça é natural de Timor, e apresenta as razões por que terá
dificuldades em conseguir o seu desejo (fls. 248).
99. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 8] 41-42 | 5-1 Carta [de D. Pedro II] n.° 10.
Lisboa, 24 de Março de 1687.
Recomenda um soldado irlandês que embarcou voluntàriamente para a Índia (fls. 251).
Informa que o referido soldado irlandês tem o posto de capitão, e que pelo seu livre
procedimento irá singrando na sua carreira (fls. 252).
101. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 8] 42 | 3-4 Carta [de D. Pedro II] n.o 11.
Lisboa, 21 de Março de 1687.
Recomenda Lançarote de Seixas de Cabreira, fidalgo que serve na Índia (fls. 255).
60
Informa que já foi avisado Lançarote de Seixas de Cabreira que, logo que haja possibilidade,
lhe será dado um cargo (fls. 256).
103. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 8] 43 | 1-2 Carta [de D. Pedro II] n.o 12.
Lisboa, 24 de Março de 1687.
Recomenda Cosmo Roiz de Carvalho e Sousa para ser favorecido quando houver
oportunidade (fls. 254).
Informa que Cosmo Roiz de Carvalho e Sousa embarcou para o Reino em companhia do
conde de Alvor (fls. 260).
105. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 8] 43 | 4-5 Carta [de D. Pedro II] n.o 13.
Lisboa, 24 de Março de 1687.
Recomenda com muito interesse Pedro Joseph Vergé, para que o favoreça na primeira
oportunidade que houver (fls. 263).
Informa que Pedro Joseph de Vergé faleceu no tempo do conde de Alvor quando
desempenhava o cargo de capitão de companhia de infantaria (fls. 264).
107. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 8] 44 | 2-3 Carta [de D. Pedro II] n.o 14.
Lisboa, 22 (?) de Março de 1686.
Recomenda Domingos de Melo Coutinho, que partiu para a India, e informa sobre as suas
qualidades (fls. 267).
61
Informa que Domingos de Melo Coutinho foi para Pate assistir ao engenheiro que se ocupa da
obra da fortaleza, e que se mostrar qualidades, aí ficará a acabá-la (fls. 268).
109. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 8] 44-45 | 5-1 Carta [de D. Pedro II] n.o. 15.
Lisboa, ? de Março de 1687.
Recomenda Manuel Leite de Faria (fls. 271).
Será cumprido o que Sua Majestade deseja sobre Manuel Leite de Faria (fls. 272).
111. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 8] 45 | 4-5 «Lista das cartas que Dom Rodrigo da Costa
governador e capitão geral da Índia escreve a Sua Magestade nesta monção de Janeiro de
688 na nao Santiago Mayor pela secretaria do Estado.»
112. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 8] 46-48 | 1-3 Carta [do vice-rei da Índia, D. Rodrigo da
Costa] n.° 1.
Goa, 24 de Janeiro de 1688.
Sobre a tomada de Pate. Seguem-se: uma carta de João Antunes Portugal, capitão da fortaleza
de Mombaça, sobre o mesmo acontecimento, e as capitulações feitas com o rei de Pate e o
governador D. Rodrigo da Costa (fls. 272-284).
113. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 8] 48-49 | 4-4 Carta [do vice-rei da Índia, D. Rodrigo da
Costa] n.o 2.
Goa, 24 de Janeiro de 1688.
Sobre a recuperação da Serra de Asserim. Envia a cópia da carta de D. Vasco Luís Moutinho,
capitão de Baçaim, datada de 30 de Outubro de 1687, descrevendo o grande sucesso (fls. 287-
290).
62
114. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 8] 49-58 | 5-2 Carta [do vice-rei da Índia, D. Rodrigo da
Costa] n.° 3.
Goa, 24 de Janeiro de 1688.
Sobre os embaraços causados em Goa pela grande quantidade de moedas de basarucos que
andam a circular, não só as que se lavraram na Casa da Moeda como as que vieram da terra
firme fabricadas pelos gentios.
Segue-se: a) proposta sobre os bazarucos, cuja cópia se enviou a todas as entidades oficiais e
religiosas e a alguns fidalgos em particular, para darem a sua opinião; b) os respectivos
pareceres (fls. 291-318).
115. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 8] 58-59 | 3-4 Carta [do vice-rei da Índia, D. Rodrigo da
Costa] n° 4.
Goa, 24 de Janeiro de 1688.
Sobre as naus dinamarquesas que assistem na fortaleza de Trangabar e que chegaram a Goa a
pedir para fazerem aguada e meter mantimentos.
Envia a cópia da tradução da carta do capitão dinamarquês escrita em latim que era dirigida
ao conde de Alvor a pedir licença, e pareceres para que se concedesse a dita licença (fls. 319-
327).
116. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 8] 59-60 | 5-1 Carta [do vice-rei da Índia, D. Rodrigo da
Costa] n.o 5.
Goa, 24 de Janeiro de 1688.
Sobre as razões que o levaram a pôr verba na ordinária do convento dos frades de S.
Francisco da cidade de Goa, e ordem para que se a não levantasse sem ordem de Sua
Majestade (fls. 328-329).
Sobre os motivos que o levaram a mandar ao Norte o vedor geral da Fazenda João de
Sequeira de Faria (fls. 330).
63
Informa que João de Lemos Vale, provedor-mor dos Contos, ficou a exercer o cargo de vedor
geral da Fazenda durante a ausência de João Sequeira de Faria (fls. 332).
119. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 8] 60-75 | 4-4 Carta [do vice-rei da Índia, D. Rodrigo da
Costa] n.o 8.
Goa, 24 de Janeiro de 1688.
Sobre o rendimento das rendas reais da Índia, de que enuncia uma relação assim como das
despesas feitas (fls. 334-383).
120. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 8] 75-78 | 5-2 Carta [do vice-rei da Índia, D. Rodrigo da
Costa] n.o 9.
Goa, 24 de Janeiro de 1688.
Sobre o motivo por que mandou regressar do Norte o Dr. Paulo Lopes Ayres de Figueiredo
que ali fôra com o conde de Alvor para fazer o tombo das aldeias daquelas jurisdições.
Seguem-se cartas de algumas autoridades oficiais sobre o assunto (fls. 386-394).
121. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 8] 78 | 31-5 Carta [do vice-rei da Índia, D. Rodrigo da
Costa] n.o 10.
Goa, 20 de Janeiro de 1688.
Sobre a razão por que mandou D. Miguel de Almeida deixar o posto de capitão geral dos Rios
de Sofala.
Segue uma carta do dito D. Miguel de Almeida (fls. 402-404).
122. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 8] 78-79 | 1-2 Carta [do vice-rei da Índia, D. Rodrigo da
Costa] n.o 11.
Goa, 24 de Janeiro de 1688.
Sobre a fundação da cidade de S. Tomé. Seguem cartas dos seus moradores e uma lista dos
papéis que seguiram com esta carta sobre o mesmo assunto (fls. 407-413).
123. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 8] 80 | 3-4 Carta [do vice-rei da Índia, D. Rodrigo da
Costa] n.o 12.
Goa, 24 de Janeiro de 1688.
64
descalço, que segue para o Reino na intenção de justificar o seu procedimento (fls. 415-416).
Nota: Vêm duas cartas numeradas com o n.o 12, ambas sobre o dito padre.
124. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 8] 80-81 | 5-1 Carta [do vice-rei da Índia, D. Rodrigo da
Costa] n.o 13.
Goa, 24 de Janeiro de 1688.
Sobre uma causa sua que corria na Relação de Goa desde há três anos, e que fôra agora
sentenciada a seu favor, acha que deve ir ao Reino para ser revista, para que se não diga que a
sua actual posição de governador da Índia tenha tido influência no tribunal (fls. 421).
Sobre a chegada a Goa da armada do Norte, e notícias sobre os ingleses terem solto o pataxo
de Dio que tinham aprisionado (fls. 423).
127. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 8] 81-82 | 4-1 Carta[do rei D. Pedro II] n.o 16.
Carta do Rei de Portugal para o presidente e ministros da Junta das Missões do Estado da
Índia.
Lisboa, 22 de Março de 1687.
128. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 8] 82-83 | 2-4 Carta do Arcebispo Primaz para o rei de
Portugal.
Goa, 20 de Janeiro de 1688.
Em resposta à carta de Sua Majestade dá informações sobre o assunto nela referido, e seguem
cartas dos provinciais das religiões, justificando a acção dos missionários (fls. 417-437).
129. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 8] 83-84 | 5-2 Carta [do vice-rei da Índia, D. Rodrigo da
Costa] n.o 17.
Goa, 24 de Janeiro de 1688.
130. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 8] 84 | 3-5 Carta [de D. Pedro II] n.o 18.
Do rei de Portugal para o vice-rei da Índia, conde de Alvor, pela Junta dos Três Estados.
Lisboa, 22 de Fevereiro (?) de 1687 (?).
Sobre a execução da cobrança nos novos ofícios e fortalezas da Índia (fls. 444-445).
131. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 8] 85 | 1-2 Alvará régio [de D. Pedro II] passado pelo
Desembargo do Paço.
Lisboa, 5 de Dezembro de 1686.
Sobre a quantia que os juízes dos órfãos hão-de cobrar aos tutores dos órfãos (fls. 446-447).
132. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 8] 85 | 2 Carta do rei [D. Pedro II] para o presidente e
ministros da Juntadas Missões do Estado da índia.
Lisboa, 10 de Março de 1689.
Agradece o modo como satisfizeram a sua ordem para que os prelados trabalhassem com
mais fervor na conversão dos infiéis (fls. 448).
ARQUIVO HISTÓRICO DO ESTADO DA ÍNDIA
2. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 2-3 | 2-3 «Lista das cartas que estão neste livro de Sua
Magestade vindas pelo Conselho Ultramarino e pella Secretaria do Concelho na monção de
Setembro de 1688 a que fes reposta Dom Rodrigo da Costa governador e capitam geral da
India.»
1a
[Lista das Cartas] «Lista das repostas as cartas de Sua Magestade que vierão com ella pella
Secretaria do Concelho Ultramarino.»
3. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 3 | 3 «Lista das cartas da Rainha Nossa Senhora escritas
ao dito governador.»
68
4. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 3 | 4-5 «Lista das cartas de segunda via do serviço de Sua
Magestade escritas a Dom Rodrigo da Costa governador do Estado da India na monção do
anno de 1688.»
Sobre um empréstimo feito pelo Conde de Alvor com a prata das igrejas para fazer face às
despesas da guerra com o Sambagy. O rei quere e manda que este empréstimo seja pago,
valendo-se para isso da renda do tabaco (fl. 4).
Responde que todos os trabalhos das fortificações estão em andamento e se mais depressa não
vão é por falta de dinheiro. Refere-se aos trabalhos em curso em Mormugão e Cava de Tery -
os mais importantes no momento - a Rachol, Manora, Asserim, banqueira de Saibana, etc.
(fls. ?).
69
Sobre Essagi Patecar, a revolta que fez e as suas aldeias. Como este morreu, el rei manda que
se tire devassa para que os seus companheiros possam ser castigados (fls. 5).
Não tem descuidado este assunto que está entregue aos ministros respectivos. O presídio que
assiste no Sabaio continua sustentando-se com o rendimento das aldeias citadas que não
rendem o que deviam por estarem nas mãos de feitores (fls. ?).
11. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 5 | 3 Carta[do rei D. Pedro II] para o governador da
India.
Lisboa, 20 de Março de 1688.
Sobre diversas leis feitas pelo Conde de Alvor que devem guardar-se até serem confirmadas a
não ser que uma imperiosa necessidade o obrigue a pô-las em vigor. O rei pede informações
acerca desta matéria e a que título os vice-reis podiam estabelecer leis e intruções sem
passarem pela chancelaria. Manda que, de futuro, o não possam continuar a fazer (fls. ?).
Vão cumprir-se as ordens sobre esta matéria. O vice-rei explica que os alvarás de leis,
passados pelos vice-reis e governadores da India «mandando que valecem como cartas e não
paçassem pella chancelaria» só eram usados no que tocava ao serviço de Deus ou do Estado
(fls. ?).
13. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 5 | 5 [Relação das leis] Relação de algumas leis
passadas pelos seguintes vice-reis: D. Antão de Noronha, que mandou passar uma carta de
previlégio das aldeias das terras de Damão e também
70
um alvará de lei proibindo aos donos dos palmares de Goa que consentissem ladrões neles.
Matias de Albuquerque:
Passou um alvará proibindo aos moradores andar em palanquim sem sua licença; outro
perdoando a todas as pessoas que tivessem vendido as dívidas velhas que el rei lhes devia;
sobre proibir os «pagueis» que iam para Chaúl de passar a Chaúl de cima; sobre a proibição
de não se usar em Damão o dinheiro para qualquer obra destinado para as fortificações, por
estas ainda não estarem acabadas.
14. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 5-10 | 5-5 Relação das leis que tinham sido feitas pelos
vice-reis: D. Antão de Noronha, Matias de Albuquerque, D. Martim Afonso de Castro,
Arcebispo D. Frei Aleixo de Meneses, André Furtado de Mendonça, Rui Lourenço de Távora,
Luís de Mendonça Furtado, D. Pedro de Lencastre, António de Melo de Castro, Conde de S.
Vicente João Nunes da Cunha, do Conde de Lavradio Luís de Mendonça Furtado, António
Pais de Sande, do Conde de Alvor Francisco de Távora.
Esta relação tem a data de 25 de Outubro de 1688 e é assinada por Luis Gonçalves Cotta.
15. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 11 | 1 Carta[do rei D. Pedro II] para o governador da
India.
Lisboa, 20 de Fevereiro de 1688.
17. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 11 | 3 Carta[do rei D. Pedro II] para o governador da
India.
Lisboa, 25 de Março de 1688.
71
Para se formar regimento para os vedores da Fazenda o rei manda que lhe sejam enviadas
informações muito minuciosas sobre: as liberdades, preeminências, alçadas, poderes e
jurisdições de que usam os ditos vedores, ordem que os vice reis têm de poder dar renúncias a
merces, o regimento dos Contos e ordens sobre as liberdades dos capitães-mores, capitães de
viagens, oficiais e gente do mar das Naus da India (fls. 41).
18. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 11 | 4 [Carta do vice-rei da Índia, D. Rodrigo da Costa]
Resposta do governador à carta anterior.
Goa, 28 de Outubro de 1688.
Participa que envia uma relação feita pela Secretario do Estado assim como uma informação
feita pelo escrivão da Fazenda sobre a matéria pedida (fls. 42).
19. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 11-13 | 5-1 [Relação sobre renúncias de mercês]
Relação assinada pelo Secretário de Estado sobre a forma com que os vice-reis faziam as
renúncias das mercês das fortalezas, etc.
Goa, 25 de Outubro de 1688.
20. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 13 | 1 «Capitulo que se acha registado em hum livro da
Secretaria do Estado da India que se tirou de huma instrucção secreta que trouxe o vice rey o
Conde de Linhares no anno de 1629».
2.a
21. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 13 | 1-2 [Carta de Filipe III] «Copea de huma carta del
rey, escrita ao vice rey o conde de Lenhares no anno de 1632 por onde lhe concedeo
faculdade para obrigar aos providos nos officios menores a fazerem renuncia em outros
benemeritos, na mesma forma que lhe tinha concedido para as capitanias das fortalezas».
3.a
22. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 13 | 1-3 [Carta de Filipe III] «Copea da carta del rey
escrita ao vice rey o Conde de Linhares no anno de [1] 633 por onde declarou que
72
a aprovação das pessoas que havião de entrar na fortaleza de Dio, e nas mais do Estado da
India tocava ao vice rey para que na occazião das instancias podião peorar, ou melhorar os
providos.»
4.a
23. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 13 | 3 [Carta de D. Afonso VI] «Copea da carta del rey
escrita ao vice rey Antonio de Mello de Castro, no anno de [1] 662 em que lhe ordenou, que
as pessoas que entracem em merces proprias ou por renuncias focem examinadas, e
concorressem nella, as partes valor, e calladidades necessariaz para as servirem.»
5a
24. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 13 | 4 «Copea da provizão que se passou no anno de [1]
630 a instancia dos oficiaes da Camera da cidade de Goa por onde se concedeo aos
cidadoens della que pudecen renunciar as merces que tivecem por dotte denuncia ou por
qualquer outro respeito em seus filhos ou nas pessoas que lhe parecessem, e que os que
falecessem antes de entrar nas merces feitas por seus serviços pudecem testar em seus filhos
ou molheres na vagante dos providos.»
6.a
25. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 13-14 | 5-1 «Copea da provizão que se passou no anno
de [1] 670 a instancia dos officiaes da Camera de Goa por onde se confirmou a provizão de
630, e que os cidadoens della pudecem renunciar ou testar as merces que tivecem por todo o
tempo que durace a colleta.»
7.o
26. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 14 | 1«Copea da provizão que se passou no anno de [1]
675 a instancia dos officiaes da Camera de Goa por onde
73
se declarou que poderão os cidadoens della testar por sua morte das merces que tivecem o
favor de seus filhos ou molheres pello mesmo tempo e vagante em que as tivessem, mas não
em pessoas estranhas.»
8.a
27. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 14 | 2 [Alvará de Filipe I] «Copea de hum alvará del
Rey do anno de 1583 por onde ordenou aos vice reys e governadores da India que
pudedecem (sic) dotar as orphans que vinhão do Reino com feitorias e mais cargos menores
para seus cazamentos.»
9.a
28. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 14 | 3 [Alvará de Filipe I] «Copea de hum alvara del
Rey do anno de 1595 por onde ordenou aos V. reys e governadores da India que pudecem
dotar as orphans da mesma India filhas de homens nobres que morrerão em seu serviço com
cargos e officios para seus cazamentos.»
74
M.° 12
33. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 16-17 | 5-3 [Alvará de D. Pedro II] Alvará de el rei,
concedendo aos oficiais e gente do mar todas as liberdades, soldos, agazalhados e favores
que lhes tinham ja sido concedidos pelos reis seus predecessores. São depois todos
enumerados.
Lisboa, 25 de Março de 1688.
75
Sobre Manoel da Fonseca que está em Moçambique e a pouca serventia que tem. Pede
informação se a Fazenda Real lhe dá algum oficio e se assim não for o mandará retirar (fls. ?).
35. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 17 | 5 Carta[do rei D. Pedro II] para o governador D.
Rodrigo da Costa.
Lisboa, 20 de Fevereiro de 1683.
Sobre os hospitais que deviam existir nas praças da India e a falta de dinheiro na Fazenda
Real para sua manutenção e dos religiosos que lá deviam assistir. Refere-se a contribuição
pedida às Camaras para esse efeito de que só a de Baçaim foi cumpridora. Deseja que se
fundem 3 hospitais, em Dio, Damão e Chaul e para isso terão que recorrer aos rendimentos
das aldeias.
37. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 18 | 2-3 Papel entregue pelos religiosos ao governador
com a relação dos que assistem naquelas partes e como se fas essa assistência. Assinado pelo
comissario dos religiosos de S. João de Deus, Frei João do Nascimento. Refere-se a:
Moçambique, Baçaim, Dio, Goa.
Goa, 18 de Outubro de 1688.
38. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 18 | 4 Carta[do rei D. Pedro II] , para o vice-rei D.
Rodrigo da Costa.
Lisboa, 6 de Março de 1688.
76
39. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 18-19 | 5-1 Resposta [Carta] do governador D. Rodrigo
da Costa sobre este assunto.
Goa, 27 de Outubro de 1688.
Muito desanimado com a atitude dos moradores da dita cidade, atitude que ele acha ser a
única causa de todas aquelas queixas. Fala da situação da cidade e do auxílio que lhe tem
mandado. Anuncia a ida de Andre Coelho que vai informar-se da verdade dos
acontecimentos, informação que enviará logo que a receba (fls. ?).
40. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 19 | 2 Carta[do rei D. Pedro II] para o governador D.
Rodrigo da Costa.
Lisboa, 26 de Fevereiro de 1688.
Pede informações sobre um assunto que teve notícia pelos oficiais da Camara de Goa. Dizem
eles que estava grande parte do comércio de Goa, Baçaim, Dio e Chaúl gentios que
comerceavam indo dispender seus lucros comprando bens de raiz e casas, e distribuindo-os
com os seus, surgindo a colaborar nos donativos para as Camaras Gerais. Entende o rei que
estes gentios deviam concorrer com alguma percentagem por casas, mercancia por contrato e
dinheiro por ofícios que tivessem.
Sobre os gentios de Goa, todos têm concorrido sempre que há donativos nela. Dos das
fortalezas de Chaul, Baçaim Damão e Dio, sabe que nada entregaram até então. Com todo o
segredo se informará daqueles que ali fazem comércio para depois se poderem tomar as
devidas providências.
42. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 14 | 4 Informação assinada por Manoel Lopes de Sousa.
Goa, 12 de Dezembro de 1686.
Sobre as necessidades do Estado e inúmeras dificuldades que expõe. Pede agora para que seja
lançado um imposto, segundo os seus lucros e ofícios, a todos os gentios que fazem comércio
nas fortalezas
77
Sobre um cargo pedido por Rebelo da Fonseca para seu filho Gregório Rebelo da Fonseca.
45. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 20 | 2 Carta[do rei D. Pedro II] para o governador D.
Rodrigo da Costa.
Lisboa, 20 de Março de 1688.
Ordena que se pague a André Lopes de Sousa as propinas atrasadas e aquelas que for
vencendo no seu cargo. Mas mais nenhumas se pagarão a qualquer pessoa sem ordem
expedida pelo Conselho Ultramarino.
De acordo com o disposto se fará dali em diante e, sobre André Lopes de Sousa não haverá
mais descuidos no pagamento de seus ordenados.
47. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 20 | 4-5 [Lista das cartas] «Lista das repostas que Dom
Rodrigo da Costa governador e capitão geral da India faz na monção de Outubro de 688 na
nao Nossa Senhora da Conceição de que he capitão Antonio Roiz as cartas de Sua
Magestade que virão sem ella pela Secretaria do Conselho Ultramarino».
78
48. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 21 | 1 Carta[do rei D. Pedro II] para o governador D.
Rodrigo da Costa.
Lisboa, 20 de Março de 1688.
Ordena que se nomeiem ministros que façam diligência, cada um em seu tribunal, a fim de se
enviarem para o Reino os treslados dos regimentos, ordens e provisões antigas, que se
passaram para o Estado da India (fls. 21).
À margem - resposta do governador à carta anterior.
Goa, 28 de Outubro de 1688.
Chamou os ministros a quem o rei queria encarregar daquela diligência e em particular e cada
um por si, os informou do que deveriam fazer (fls. 21).
79
53. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 22 | 1 Carta[do rei D. Pedro II] para o governador e
vice-rei do Estado da India, D. Rodrigo da Costa.
Lisboa, 26 de Março de 1688.
Sobre a não execução dos breves e ordens passados em Roma ao Geral da Religião de S.
Francisco da Província de S. Tomé.
A margem a resposta do vice rei, incluindo uma exposição sobre o assunto.
Goa, 28 de Outubro de 1688
55. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 22 | 3 Carta[do rei D. Pedro II] para o governador da
India, D. Rodrigo da Costa.
Lisboa, 9 de Março de 1988.
Sobre Manuel Freire de Andrade que, devido a razões familiares, pede para regressar ao
Reino. Pede ao vice-rei que lhe conceda licença para embarcar.
A margem a resposta do governador que diz ter negado essa licença explicando porquê.
56. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 22 | 4 Carta[do rei D. Pedro II] para o governador da
India.
Lisboa, 16 de Outubro de 1687.
80
Sobre uma petição de José da Fonseca Coutinho, que está servindo nos Rios, mas por razões
de saúde deseja voltar para Goa, pedindo permissão para o fazer.
À margem, resposta do governador, explicando que nunca, por este homem, lhe foi pedida
licença para regressar pois se encontra rico e casado, em Sofala. Se o pedido vier, deferi-lo-á.
Goa, 27 de Outubro de 1688.
57. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 22 | 5 Carta[do rei D. Pedro II] para o governador da
India.
Lisboa, 14 de Novembro de 1687.
Sobre Henrique de Faria Leitão, que serve em Sofala, mas por razões familiares e de saúde
deseja voltar para o Reino.
À margem resposta do governador, informando sobre o procedimento deste homem que é
feitor em Sofala e muito necessário ali, pelos seus bons serviços. Como ainda não requereu
licença, o vice-rei espera e entretanto el rei mandará o que se deve fazer com ele.
58. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 23 | 1 Carta[do rei D. Pedro II] para o governador da
India, D. Rodrigo da Costa.
Lisboa, 15 de Março de 1688.
59. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 23 | 2 Carta[do rei D. Pedro II] para o governador da
India.
Lisboa, 22 de Março de 1688.
81
Recomenda lhe que proveja em algum cargo que lhe caiba, a José de Sequeira Pimentel, que o
pede.
O vice-rei responde que fará o que Sua Magestade diz.
Goa, 28 de Outubro de 1688.
60. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 23 | 3 Carta[do rei D. Pedro II] para o governador da
India.
Lisboa, 28 de Fevereiro de 1688.
Sobre a satisfação duma dívida da Fazenda Real a Bento da Fonseca e Silva. El rei deseja que
se lhe pague e ainda, ou lhe concedam uma aldeia do Norte que esteja vaga, ou o ocupem
nalgum cargo que possa desempenhar.
À margem o governador responde que para satisfazer esta dívida há um principal
impedimento: existir uma lei que proibe definir casos semelhantes a estes naquele Estado.
Para o resolver, seria pois necessário que esta lei fosse revogada.
Goa, 28 de Outubro de 1688.
61. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 23 | 4 Carta[do rei D. Pedro II] para o conde de Alvor,
vice-rei da India.
Lisboa, 13 de Março de 1687.
Sobre a licença que Francisco Avellez Ramires, por razões de doença e familiares, pede para
regressar ao Reino.
À margem o governador participa a entrega da carta escrita ao conde de Alvor mas parece-lhe
que não quer usar da licença concedida pelo rei; no entanto, se a quizer, será deferida.
Goa, 27 de Outubro de 1688.
62. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 23 | 5 Carta[do rei D. Pedro II] para o conde de Alvor,
vice-rei da India.
Lisboa, 3 de ? de 1687.
Sobre uma licença, para regressar ao Reino com sua casa e família, que pede Francisco de
Brito.
82
À margem o governador responde que não concorda com a licença, pois Francisco de Brito é
um homem de grande merecimento e que faz grande falta, na India.
Goa, 28 de Out. de 1688.
63. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 24 | 1 Carta[do rei D. Pedro II] para o governador da
India.
Lisboa, 29 de Março de 1688
Avisa da partida de José Domingos Banha que deve chegar à India e para quem pede a
protecção do vice-rei que o deve prover em qualquer posto a que tenha direito.
À margem o governador responde que obedecerá ao pedido.
Goa, 28 de Outubro de 1683.
64. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 24 | 2-4 [Lista das Cartas] «Lista das respostas que
Dom Rodrigo da Costa governador e capitão geral da India fas na monção de Outubro de
688 na Nao Nossa Senhora da Conceição de que he capitão Antonio Roiz, as cartas de Sua
Magestade, que vierão sem ella pella Secretaria de Estado.»
65. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 24 | 5 Carta[do rei D. Pedro II] para o governador da
India, D. Rodrigo da Costa. Lisboa, 26 de Janeiro de 1688.
Sobre pazes feitas com os árabes, que entende ser assunto de grande importância para tratar.
Assim se facilitaria o comércio.
Responde o governador que é realmente um assunto a tratar, sem perder tempo pois dessas
pazes virão grandes benefícios não só comerciais, mas até evangélicos.
Goa, 27 de Outubro de 1688.
66. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 25 | 1-2 Carta[do rei D. Pedro II] para o governador
da India, D. Rodrigo da Costa.
Lisboa, 23 de Março de 1688.
83
Sobre o naufrágio da nau S. Francisco Xavier, de que era capitão Domingos Luís de Oliveira.
Ordena-lhe que apreste a nau Nossa Senhora da Conceição, a sair da India, o melhor possível
com boas amarras, ancoras, gente e um lanchão grande que possa tomar a fazenda que levava
a nau S. Francisco Xavier e principalmente a artelharia que puder etc. etc. Para o apresto da
nao, assim como mantimentos para a gente poderá o vice-rei servir-se do cabedal real.
À margem: Resposta do governador D. Rodrigo da Costa.
Goa, 27 de Outubro de 1688.
Responde que só pela carta do rei teve notícia daquele naufrágio o qual lhe parece mais
propositado do que acidental, em vista da convivência que teve com o capitão da nau, homem
a quem a tripulação não tinha respeito. E havia tanta desorganização no trabalho que seria
fatal acontecer desastre. Pede que seja tirada devassa à gente que ia naquela nau. Envia o
capitão António Roiz procurar as fazendas deixadas na nau naufragada mas não acredita
muito que as encontre.
67. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 25 | 3-4 Copia duma petição de Domingos Luís de
Oliveira capitão da nau S. Francisco Xavier, para o governador e capitão geral da India.
S./d.
Explica todos os transes do seu naufrágio e como precaviu e guardou as fazendas, salitre e
pimenta que levava. Dá indicações sobre o melhor tempo em que a nau Conceição devia
partir a recuperar esta carga e também sobre a melhor maneira de o conseguir. A carga tinha
ficado guardada e protegida na ilha onde a nau S. Francisco Xavier tinha arribado e que era
junto da Ilha de S. Lourenço (Ilha Mascarenhas ou Maurícias).
68. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 25-26 | 5-1 [Assento] Copia dum acento em que se
determina a aparelhagem do navio Nossa Senhora da Conceição, para ir às ilhas
Mascarenhas buscar as fazendas que ali ficaram guardadas, quando do naufrágio da nau S.
Francisco Xavier.
Goa, 9 de Outubro de 1688.
84
69. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 26-30 | 2-2 Treslado dos termos, protestos e outros que
o escrivão da nau S. Francisco Xavier, André Pereira lançou no livro da Receita e Despesa
da nau assim como o registo do cabedal do rei e dos particulares. Confirma que tanto ele
como o mestre da nau tem uma chave do caixão onde todo o cabedal ficou guardado.
Contém também uma relação da vistoria que fizeram à nau os carpinteiros e calafetes, que
assistiram ao capitão de mar e guerra, assim como o mestre, piloto-mor e 2.o piloto, contra-
mestre e padre capelão.
Termo dos pareceres que os oficiais da nau deram depois de feita esta vistoria.
Ilha do Mascarenhas 7 de Julho de 1687.
70. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 30 | 3-5 «Auto de devassa que o capitão de mar e guerra
da nao S. Francisco Xavier Domingos Luis de Oliveira tira comigo escrivão Andre Pereira
dos procedimentos e disposições dos officiais, e mais pessoas da obrigação della nesta ilha
chamada do Mascarenhasde que se formarão os capitulos que ao diante vão escritos pera
por elles se perguntarem testemunhas.
Andre Pereira o escrevy.»
Segue-se a cópia dos capitulos.
71. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 31 | 1 Carta[do rei D. Pedro II] para D. Rodrigo da
Costa, governador da India.
Lisboa, 24 de Março de 1688.
Sobre as leis feitas pelo conde de Alvor. Sua Majestade, ordena que se mandem confirmar e
cumprir.
À margem. Resposta do governador à carta acima.
Goa, 27 de Outubro de 1688.
Fará o que lhe é ordenado.
85
72. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 31 | 2 Carta[do rei D. Pedro II] para o governador da
India, D. Rodrigo da Costa.
Lisboa, 20 de Março de 1688.
Deseja informações sobre as ordens mandadas para a India relacionadas, com a proibição
feita aos vedores da Fazenda de irem à Casa dos Contos, nem ter nela nenhuma jurisdição.
À margem, resposta do governador à carta anterior.
Goa, 29 de Outubro de 1688.
Encarregou o provedor-mor dos Contos de tratar deste assunto e o que se apurou manda ao rei
para que delibere sobre as disposições que se devem tomar.
73. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 31-32 | 3-2 «Tresllado de huma sentença que se deo em
Rela[ção e de] hum assento da Fazenda dos Contos de Sua Magestade desta cidade de Goa.»
74. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 32 | 3-5 «Auto de devassa que o capitão de mar e guerra
da nao S. Francisco Xavier Domingos Luis de Oliveira tira comigo escrivão Andre Pereira
dos procedimentos e disposições dos officiaes, e mais pessoas da obrigação della nesta ilha
chamada do Mascarenhas de que se formarão os capitulos que ao diante vão escritos pera
por elles se perguntarem testemunhas. Andre Pereira o escrevy. »
75. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 32 | 1-3 [Assento do vice-rei da Índia Aires de Saldanha]
«Tresllado de hum assento que o vice rey Aires de Saldanha fez sobre materiais dos Contos.»
76. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 32-33 | 4-2 [Carta de Filipe II] «Tresllado de hum
capitullo de huma carta de Sua Magestade escrita ao vice rey Aires de Saldanha feita em 19
de Fevereiro de 1603.»
[Alvará de Filipe II] «Tresllado do alvará de Sua Magestade per que manda que os vice reys
não dem suprimento nem hirem aos despachos dos Contos e o
86
77. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 33 | 3-4 Carta[do rei D. Pedro II] para D. Rodrigo da
Costa, governador da India.
Lisboa, 2 de ? de 1688.
Sobre os soldados que eram procurados, à chegada das naus, para entrar em religião. El rei
determina que se fizessem moderações nas leis que existiam sobre este assunto; que os
religiosos não procurassem os soldados porque além de fazerem falta no serviço do rei não
seriam uteis na religião mas muitas vezes prejudiciais; só deviam ser aceites pelos prelados as
pessoas que buscassem aquela vida por verdadeira vocação.
À margem, resposta do governador à carta anterior.
Goa, 27 de Outubro de 1688.
Participa que enviou aos prelados das religiões as novas ordens recebidas quanto à admissão
de religiosos, assim como os advertiu como deviam ter cuidado em observar bem as ditas
ordens.
«Reposta do dito Vigairo Geral, feita a margem da carta asima.» Convento de S. Thomas, 18
de Setembro de 1688.
87
Affonço da Companhia de Jesus Provincial da Provincia de Goa remetendo lhe tres cartas
que Sua Magestade lhe escreveo.»
Goa, 18 de Setembro de 1688.
Recibo do Padre Gaspar Afonso em como recebeu as ditas cartas.
Casa Professa, 19 de Setembro de 1688.
Sobre o governo dos Rios ir depender agora de D. Miguel de Almeida que para ele tinha sido
nomeado.
Encomenda socorros para aquelas terras.
À margem o governador responde à carta acima.
Goa, 28 de Outubro de 1688.
Participa que a nau chegou a Moçambique onde deixou 50 soldados mas D. Miguel ficou em
Goa onde pediu licença para regressar ao Reino. Esta licença foi recusada, embora D. Miguel
tenha dito que o rei lha dera. Espera ordens do rei sobre o assunto.
88
de Gouvea Provincial da Ordem de Santo Agustinho remetendo lhe huma carta de Sua
Magestade.»
Goa, 18 de Setembro de 1688.
«Reposta do dito Provincial feita à margem da carta asima». Santa Cruz, 18 de Setembro de
1688.
84. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 35 | 2-3 [Carta do Vigário Geral da Ordem de São
Domingos] «Copea da carta que o Padre Frey Antonio da Trindade vigario geral da Ordem
de Sam Domingos, escreveo ao governador e capitam Geral da India do estado em que se
achavão as missões da sua religião.»
Goa, Convento de S. Domingos, 29 de Outubro de 1688.
85. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 35-36 | 4 Carta[do rei D. Pedro II] para D. Rodrigo da
Costa governador da India.
Lisboa, 24 de Março de 1688.
Ordena que mande recomendar aos prelados de todas as religiões do Estado, o cuidado que
devem ter todos os religiosos, seus súbditos, na propagação da Lei Evangélica. Quer ser
informado, todos os anos, por uma relação minuciosa do progresso do seu trabalho.
À margem o vice rei responde, participando que deu os avisos do rei, sobre o assunto, a todos
os prelados.
Goa, 27 de Outubro de 1688.
86. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 35 | 5 «Copea da informação que deo o Padre Frey
Ignacio do Rosário Provincial da Provincia de Sam Thome
89
90. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 36 | 5 Carta do Secretário de Estado [da Índia] Luís
Gonçalves Cotta, para o Padre Gaspar Afonso provincia da Companhia de Jesus.
Goa, 23 de Outubro de 1688.
90
Avisa-o para dar conta ao Presidente da Junta das Missões, dos missionários que enviar para
elas dando referências dos seus nomes, idades, pátrias e qualidades.
Resposta do dito provincial à carta anterior, dizendo que cumprirá o que o governador
decidiu.
Casa Professa 24 de Outubro de 1688.
Participa que o Padre João Henriques Junior, natural da Enpara do Bispo, com 29 anos, bom
pregador teólogo, filósofo e com boas qualidades de religioso, vai encontrar-se no Canará
com o Padre Joseph Comune, tendo o projecto de entrarem, ambos, disfarçados de baneanes
no reino e missão de Mayssar.
Casa Professa 26 de Outubro de 1688.
91
94. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 37-38 | 2-3 «Copea da informação que deo o Padre
Dom Salvador Gallo Prefeito dos Padres clerigos regulares da Divina Providencia, dos
progressos que fazem nas missões o relligiozos da sua ordem».
Goa, 18 de Outubro de 1688.
Relata a obra feita por alguns missionários na região de Bengala, fazendo muitas conversões e
impedindo que muitos gentios, depois de católicos, se quizessem passar para os navios por
falta de sustento.
96. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 38-40 | 4-1 Petição feita pelo Provincial de Sto.
Agostinho, padre Simão de Gouvea, para que el rei lhe mande passar uma sentença de
justificação, que vem a seguir, passada por el rei D. Pedro.
97. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 40-44 | 2-1 «Copea da informação do Padre Frei Inácio
do Rosário provedor dos Capuchos da Madre de Deos da Provincia de Goa sobre as
missoens sugeitas a ella».
Convento da Madre de Deus de Goa, 21 de Outubro de 1680.
98. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 44 | 2 Carta[do rei D. Pedro II] para D. Rodrigo da
Costa, governador da India.
Lisboa, 18 de Março? de 1688.
Sobre a mudança da cidade de Goa para o monte de Mormugão. À margem o vice-rei
responde à carta acima.
Goa, 28 de Outubro de 1688.
Expõe as impossibilidades que vê para, de momento, poder cumprir a ordem do rei dada para
fazer tal mudança.
92
99. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 44 | 3 Carta[do rei D. Pedro II] para D. Rodrigo da
Costa, governador da India.
Lisboa, 23 de Março de 1688.
Pede informações, que serão tiradas na Secretaria do Estado, das aldeias sobre cartas, leis e
provisões que se fizeram para a sua administração. Pede-lhe também se informe junto de
pessoas idosas sobre o que sabem sobre esta matéria.
A margem responde o vice-rei.
Goa, 28 de Outubro de 1688.
Fez todas as diligências que el rei manda e do que apurou manda uma relação.
100. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 44-49 | 4-3 Relação sobre o que o vice-rei soube, com
fundamento da natureza das aldeas do reino da India como de princípio os reis começaram a
fazer mercê delas.
Goa, 25 de Outubro de 1688.
102. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 50 | 4 Carta[do rei D. Pedro II] para D. Rodrigo da
Costa, governador da Índia.
Lisboa, 26 de Março de 1688.
El rei deseja saber quantos dos oficiais do terço, que foi para a Índia a cargo do mestre de
Campo João Tristão de Magalhães, se encontram vivos e quais os postos que de momento
ocupam.
À margem responde o governador.
Goa, 28 de Outubro de 1688.
Envia informações pormenorizadas sobre o que lhe é pedido.
93
103. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 50-52 | 5-1 [Lista dos Oficiais] Lista, enviada pelo
governador dos oficiais existentes ainda e do lugar que ocupam.
Goa, 14 de Janeiro de 1680.
104. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 52 | 2 Carta[do rei D. Pedro II] para D. Rodrigo da
Costa, governador da Índia.
Lisboa, 11 de Março de 1688.
Sobre plantas que se tem enviado da India mas que se não dão bem no Reino; o rei ordena que
essas plantas se continuem a enviar - como a canela e pimenta - mas para serem entregues no
Brasil aos padres da Companhia, visto se ter provado, pela experiência, que podem resultar
naquele país.
À margem o governador responde.
Goa, 28 de Outubro de 1688.
Participa que todas as plantas que pode negociar vão entregues ao mestre para as levar à Baía.
105. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 52 | 3 Carta[do rei D. Pedro II] , para Dom Rodrigo
da Costa, governador da India.
Lisboa, 26 de Março de 1688.
Sobre o holandês Duarte Boloni, que recomenda ao vice-rei, a quem pede ocupação para ele.
À margem responde o governador.
Goa, 27 de Outubro de 1688.
Avisa que Duarte Boloni, de momento, vai como capitão de uma companhia para a ilha de
Caranjá e quando haja ocasião o beneficiará.
106. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 52 | 4 Carta[do rei D. Pedro II] para D. Rodrigo da
Costa, governador a India.
Lisboa, 29 ( ?) de Março de 1688.
94
Ordena que sejam separados dos outros soldados os seguintes militares, que em breve devem
chegar à India: Estevão André, João Batista, Bartolomeu Bandeira, José João e Pedro Gomes.
À margem responde o governador.
107. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 52 | 5 Carta[do rei D. Pedro II] para o governador da
India, D. Rodrigo da Costa.
Faz recomendações sobre Domingos Gomes Barbosa, para quem pede protecção especial
visto embarcar breve para a India.
À margem o governador responde que fará o que o rei ordena.
Goa, 27 de Outubro de 1688.
108. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 53 | 1 Carta[do rei D. Pedro II] para o governador D.
Rodrigo da Costa.
Lisboa, 11 de Março de 1688.
Recomenda Sebastião Martins de Carvalho, que volta a partir para a India, depois de ter
estado algum tempo no Reino. Frisa que é preciso favorecer bem os que vão livremente e com
gosto, servir na India.
À margem o governador respondeu que cumprirá estas ordens.
Goa, 28 de Outubro de 1688.
109. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 53 | 2 Carta[do rei D. Pedro II] para o governador D.
Rodrigo da Costa.
Lisboa, 26 de Março de 1688.
Pede para fazer certas advertências aos prelados da Ordem de S. Domingos, que não devem
deixar sair os religiosos, seus súbditos, sem expressa licença dos seus prelados, superiores.
À margem o governador responde que enviou esta ordem para o vigário de S. Domingos que
a leu e fez publicar, para que se cumprisse.
Goa, 28 de Outubro de 1688.
95
110. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 53 | 3 Cópia da certidão passada pelo religioso da
Ordem dos Pregadores Fr. João de Santa Rosa. Atesta que se leu a carta do rei, referente à
saída de religiosos, sem licença de seus superiores em todos os conventos da sua Ordem e
que tinha sido enviada pelo vice rei ao vigario geral da dita Ordem Fr. Antonio da Trindade.
Goa, Convento de Sto Tomas, 13 de Outubro de 1688.
111. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 53 | 4 Carta[do rei D. Pedro II] para o governador.
Lisboa, 20 de Março de 1688.
112. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 53 | 5 Carta[do rei D. Pedro II] para o governador da
India.
Lisboa, 26 de Março de 1688.
Recomenda muito Manuel de Sousa Meneses, sobrinho do arcebispo Primás, que vai servir no
Estado da India pedindo que o favoreça.
À margem o governador responde que cumprirá as ordens.
Goa, 28 de Outubro de 1688.
113. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 54 | 1 Carta[do rei D. Pedro II] para o governador da
India.
Lisboa, 9 de Fevereiro de 1688.
96
84. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 56-64 | 5-3 [Carta do Governador da Índia D. Rodrigo
da Costa] Resposta à carta acima.
Goa, 24 de Janeiro de 1690.
Informa sobre as diligências que fez para se constituir a companhia, e as dificuldades que lhe
oposeram.
Seguem junto os papéis referentes a este assunto com as razões que os homens da Índia
apresentaram para dificultarem a criação da dita companhia, declaração dos contratadores,
etc. (fls. 127-144).
85. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 64-65 | 5-1 Carta[do rei D. Pedro II] n.o 10.
Lisboa, 11 de Março de 1689.
Sobre se ajudar e favorecer o arcebispo de Goa na execução das ordens dadas a favor da
cristandade. Envia a cópia de um papel que recebeu de uma pessoa zelosa do serviço de Deus
(fls. 145).
87. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 66 | 2-3 Carta[do rei D. Pedro II] no 11.
Lisboa, 23 de Março de 1689.
Recomendando José Barros Cardoso, para lhe dar um cargo que vagar que possa
desempenhar (fls. 148).
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89. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 67 | 1-2 Carta[do rei D. Pedro II] n.o 12
Lisboa, 23 de Março de 1689.
Sobre a falta de missionários na China, necessidade de se enviarem os da Companhia de
Jesus, mas evitando que aí se introduzam missionários estrangeiros (fls. 150).
91. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 67-68 | 5-1 Carta[do rei D. Pedro II] n.o 13.
Lisboa, 24 de Janeiro de 1689.
Ordena que o bispo de Cochim governe o arcebispado de Goa, na falta do Arcebispo Primaz
(fls. 152).
Informa que o cabido não fez qualquer espécie de oposição à ordem de Sua Majestade (fls.
153).
93. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 68 | 4-5 Carta[do rei D. Pedro II] n.o 14.
Lisboa, 14 de Março de 1689.
98
124. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 58-60 | 5-1 [Carta do Capitão de Moçambique] Uma
carta de Manuel Vaz capitão de Moçambique para o governador D. Rodrigo da Costa,
dando-lhe notícias pormenorizadas do que se passa nas terras de Moçambique.
Sena, 28 de Junho de 1688.
Leva informação sobre os lugares de bispos que vagaram no Estado da India, assim como de
alguns clérigos e as nomeações que fez.
Goa, 28 de Outubro de 1688.
Sobre a licença que o bispo de Hieropolis, D. Custódio de Pinho pediu para ir para a Câmara.
Seguem-se os pareceres dos conselheiros sobre o assunto.
99
130. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 61 | 1-2 Mapa das companhias de infantaria que
constituiram o terço do Estado da India e de que era mestre de campo D. Vasco Coutinho.
Seguem-se informações sobre a armada que foi socorrer Pate, assinadas por Francisco de
Magalhães.
25 de Agosto de 1688.
131. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 61-70 | 3-1 Devassa tirada pelo Dr. Manuel Vicente
Mosa ouvidor geral do Crime e interrogatórios sobre a perda da cidade.
[Alvará do Governador da Índia D. Rodrigo da Costa] Alvará passado pelo governador ao
referido ouvidor para dar início à devassa.
Goa, 31 de Junho de 1688.
Sobre a perda da cidade de Pate, outros papéis relativos a esta matéria. seguindo-se a devassa
tirada a outros papéis relativos a esta matéria.
100
Sobre a licença pedida pelos dessais das terras do Sambagi que assistiam nas de Bardês para
irem servir o rei Mogor.
Juntos seguem os pareceres dos conselheiros acerca desta materia.
140. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 71-72 | 5-2 Proposta para os conselheiros do Estado
darem seus pareceres sobre a licença pedida pelos dessais Ghema Saunto, Ram de Dalvy e
outros que pedem para ir assistir ao rei Mogor.
Seguem-se os seguintes pareceres: de João de Lemos do Vale,
101
143. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 72-73 | 5-1 Carta do governador da India [D. Rodrigo
da Costa] para el rei.
Goa, 2 de Novembro de 1688.
Sobre as notícias dadas pelos padres Francisco Nogueira e Simão Martins, da Companhia de
Jesus assistentes em Macau, sobre as missões da China.
144. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 73 | 2-4 Copia da carta que o Padre Francisco
Nogueira da Companhia de Jesus, assistente em Macau, escreveu ao governador da India,
sobre assuntos referentes à sua religião naquelas partes.
Macau, 15 de Abril de 1687.
145. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 73-74 | 5-1 Cópia doutra carta escrita de Macau ao
governador, pelo padre Simão Martins.
Macau, 2 de Novembro de 1687.
146. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 74 | 2-5 Cópia de um papel sobre a cidade de Macau e
missões da China.
S. d.
147. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 75 | 1-4 Carta do Padre Francisco Nogueira, dando
notícia das coisas da China referentes a conversões e estado das missões que lá existem.
102
148. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 75 | 5 Lista das cartas que Dom Rodrigo da Costa,
governador e capitão geral da India, escreveu ao rei na monção de Outubro de 1688 na nau
Nossa Senhora da Conceição, que tinha como capitão António Roiz.
Goa, 30 de Outubro de 1688
152. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 77-79 | 2-1 «Lista dos capitães das fortalezas, paços, e
fortes e capitães mores, e capitães de mar e guerra das fragatas que autualmente exercitão
pella maneira abaixo declarados.»
Cidade de Goa, Aguada, Mormugão, Ponta de Gaspar Dias, Passo de S. Lourenço, Daugim,
Santiago, Nossa Senhora do Cabo, S. Bras, Varoa, Pangim, Rachol, S. João Baptista,
Anjediva, Chaúl, Macau, Baçaim, Damão, Diu, Mombaça, Moçambique, Tarapor, Morro de
Chaul, Forte dos Reis Magos de Tana, S. Jerónimo de Tana, S. Pedro de
103
154. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 79 | 4 «Lista das cartas que o Dom Rodrigo da Costa
governador e capitão geral da India escreveu ao rei na Monção de Janeiro de 1689 na Nau
Sacramento que levava como capitão de mar e guerra André da Silva.»
Goa, 26 de Janeiro de 1689.
Sobre algumas dúvidas que tiveram, assim como questões, os conselheiros que assistem, na
India, ao governador.
104
105
no Reino, assim como as respectivas instruções sobre a forma como se devem guardar.
164. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 81-82 | 5-1 Carta do governador da India, D. Rodrigo
da Costa, para o rei.
Goa, 26 de Janeiro de 1689.
Refere-se ao trabalho feito em S. Tomé pelos missionários que vieram com o Arcebispo,
trabalho que foi muito util. Mas pouco tempo depois, quizeram sair para o Brasil, sendo
inuteis todas as tentativas feitas para os dissuadir da partida. O governador mostra-se
aborrecido e descontente e pede que lhe sejam enviados mais religiosos vizinhos.
166. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 82 | 3 Outra lista de cartas, escritas pela rainha e
mandadas na Monção de Setembro de 1688 na nau Nossa Senhora da Conceição.
167. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 82 | 4 Carta da rainha[da rainha Maria Sofia Isabel de
Neuburgo] para o governador da India, D. Rodrigo da Costa.
Lisboa, 22 de Março de 1688.
168. [Ficheiro 3, Gaveta 3, Divisão 9] 82 | 5 Carta da rainha[da rainha Maria Sofia Isabel de
Neuburgo] para o Governador da India.
Lisboa, 20 de Março de 1688.
106
Encomenda-lhe que favoreça Leonardo Barreto de Azevedo, que está servindo na India,
cumprindo bem.
À margem em carta de 31 de Outubro de 1688 o governador responde dando novas do dito
Leonardo Barreto, dos serviços que presta e afirma que cumprirá os desejos da rainha.
Livro dos Reis Vizinhos N.° 6 (1693- 1698)
[1] [Copia] da carta que escreveo ... comendante olandes da costa de Mallavar, Canará e
Vimgurlla
Temos po[r] noticia certa em como... olandeses soldados obrigados ... panhia os fujões
chegarão e estão [e] m Goa principalmente hum fer ... fugiu chegou a Mangallor dahy
embarcou no barquo do capitão mor ...
em Barçallor e juntamente se foi para Goa, disendo que elle her... que havia morto hum
homem e que não he tal.
F[og] io por ser ladrão temmendo do castigo que lhe podia sobrevir. De todas ... temos
certidões da fé d ... virão. Porquanto Vossas Senhorias ... ão mandar a esses fujões na primeira
occasião segura para Cochim ... nos sera necessario represar os Portugueses legitimos que
chega ... em no primeiro barco de qualquer calidade que forem the que ven ... fujões mais
como de Vossas Senhorias não espero outra couza senã[o] ... ley da cortezia me não rellato
mais. Deos guarde
108
a Vossas Senhorias por fe ... annos. Fortalleza de Barçallor em 28 de Abril ... annos ...
A magestade del rey de Portugal meu senhor foi servida mandar me [por] vice rey deste
Estado, de cujo governo tomei poce a vinte e oito de Mayo proximo pa[ssado] que foi o
tempo, em que cheguei a esta cidade de Goa ... de Vossa Senhoria de 28 d'Abril em que pede
a este governo lhe remeta logo presos a ... huns soldados fujões dessas praças que nesta dis se
achão de prezente. E com ... embargo de que não saiba que estes aparecessem ate ago[ra] por
... vejo que nesta sua proposta de Vossa Senhoria, se conforma tão mal com o direito das gen
... das capitulações das pazes ajustadas entre os Estados ... vincias Unidas e a Coroa del rey
meu senhor. Não poço dar ... reposta nesta meteria, mais que ha de estar promptissimo ... tas
capitulações na mesma forma que nellas se contem sem ... alteração alguma, salvo no cazo em
que Vossa Senhoria como diz p ... ou reter por algum caminho os vassallos del rey meu
senhor ... nestes termos, serey obrigado a defender ... se lhes ... força, evitando com ella tudo
o que for contra ... contra aquelle direito que a todas as gentes he tão comum ... lhe não pode
Coroa alguma entregar aos crimino ... com o temor do castigo, e como ... ... ... [1 v] protestar
... por ultimo tudo ... seguir contra a boa pas que os Estados Gerais concervão [com] a Coroa
del rey meu senhor, assim na Europa como nestas partes da Azia. Deos guarde a Vossa
Senhoria. Goa 26 de Junho de 1693. O Conde de Villa Verde.
O encontro das ... francezas pudera causar me mais ... sucesso com que se me adiantarão,
porem
109
acomodão ... que estimo summamente a boa furtuna que lograrão ... pois vejo se antecipa o
seu primor em aplaudir a min ... tem Vossa Senhoria com huma vontade muy prompta para o
que for ... simo senhor rey de França, e se nos meus antecessores ... correspondencias muy
particulares finezas porque assym o ... nos cumunicamos em Europa. Com a de Vossa
Senhoria receby as cartas que ... e fico muito satisfeito de que a sua cortezia nesta remeça a p
... rinheiros que as abrirão que bem conheço o que hé e o que obra semelhan ... m tais
ocasioens como a referida.
Deos guarde a Vossa Senhoria. Goa 2 de Junho de 693 [O Conde de Vila Verde] .
Por outra que a Vossa Senhoria escrevy lhe agradecy ja o cuidado com que me fazia merce
nesta minha chegada e posse. Agora como se offerece novamente occazião me parece tãobem
... a repetição do meu agradecimento neste particular asegurando lhe a Vossa Senhoria que em
tudo o que lhe for de prestimo neste Estado se ha de verificar muito desta minha vontade e
animo. E como o que em Vossa Senhoria experimento he tão grande de força hei de
companhar esta com o emfado destas cartas inclusas que espero de Vossa Senhoria [que
pello] meyo mais seguro queira remeter me a Europa, ou por França ou por Inglaterra ou por
outra qualquer [via] por onde Vossa Senhoria fique ... poderão chegar com mais brevidade as
mãos das pessoas para quem vão.
Tão bem quisera me fizesse Vossa Senhoria favor de me avisar com brevidade se haveis ...
Agosto ... alguma embarcações (sic) para Percia ou qual sera o tempo em que partirão para ...
partes conhecendo por ultimo que sempre hei de saber conhecer e gratificar o bom ani ...
pessoa de Vossa Senhoria. Deos guarde muitos annos etc. Goa 5 de Junho de 693. O Conde
de Villa [Verde] .
110
Agradeço muito a Vossa Merce a vontade com que festejou a minha che[gada] a este Es ... o
que lhe tocar pois assim me manda el rey meu senhor que .... com aquella paz e amizade que
... ... ...
Tenho en[ten] dido da carta de Vossa Merce [que] recebi, a estimação que fez da minha
[che]gada a [este Esta]do, e dos parabens que me dá do governo delle, o que lhe agradeço
muito. Tãobem não me foi de peque ... ma a noticia que Vossa Merce me da de o estar
encarregado por el rey seu senhor do governo [e pode] Vossa Merce estar certo que não hei de
faltar na concervação da pas, e amisade, que ha [entre] as nossas coroas, com a mesma
correspondencia com que os meus antecessores tratarão. E assim o pode Vossa Merce segurar
ao dito rey. Muito antes de ter a carta de Vossa Merce o Amada Sarangue me tinha
manifestado a [v] ontade com que Vossa Merce concorrerá sempre em todos os particulares
que tocavão a este ... com ... ara para tudo o que se offerecer desta banda. Nosso Senhor etc.
Goa 8 de Julho de ...
111
Acho me com huma de Vossa Merce de 14 deste prezente mez de Agosto, e vejo o que nela
me dise e como ha poucos mezes que com o favor de Deus cheguei do Reino a este Estado,
não me offe[re] ceo occasião pera escrever a Vossa Merce, e estimo que Rama Raja e Rama
Chandra Pandito lhe [em] pedicem com o exercito pera castigar aos inimigos de que não tive
noticia senão a que Vossa Merce [me] mandou. Quando Sonagi Rama Raza me escreva sobre
alguns negocios não falta ... deffirir como for rezão e amisade der lugar. Nosso Senhor etc.
Goa 21 ... de 1693. O Conde de Villa Verde.
Da carta que receby do sardessay Qhema Saunto vejo o que nella diz em ordem de estar ... em
sua liberdade a molher de João Ribeiro ouvidor que foi de Baçaim e ja antes d ... a tinha me
dado o capitão das terras de Bardes, e agradeço muito ao sardessay Qhema Sa[unto] ... com
que se ouve neste particular e a boa vontade que mostra pera as cousas que tocarem ... com a
mesma me achara pera o que se offerecer desta banda. Nosso Senhor etc.a Goa 26 de Agosto
de [1693. O Conde] de Villa Verde.
Como ha poucos tempos que hey chegado não estou ainda assas informado dos negocios d ...
mente deste, que passou no tempo dos governadores meus antecessores, mas sendo ... Dio me
informarey do cazo que Vossa Merce me representa para firir como for justiça que os
Purtuguezes não fazião couza que encontrasse a rezão e faltas ... observadas entre el rey meu
senhor e Grão Mogor, e entendo que ... que Vossa Merce ... ção do mercador que da razão que
para isso hay. Nosso Senhor etc. Goa 28 de ... O Conde de Villa Verde.
112
Na carta que recebo de Vossa Merce tenho entendido o que nella diz, e quando o dess ...
particulares se vos ... como ate agora ... ... ... Goa 27 de Agosto [de 1693 O Conde de Villa
Verde]
Receby a carta de Vossa Merce e com ella noticia de varios particulares, e entre elles de que
Maharaza seu senhor tendo expedido a Xama Rao com exercito pera conquistar as terras de
Pondda te as de Sunda e tenho ente[n] dido o mais que Vossa Merce re[fere] , e quanto a diser
Vossa Merce que tem por noticia que tenho socorrido o Sarba[za Can] de polvora e ballas e
de outro provimento esta Vossa Merce muito mal informado porque ha poucos mezes que
cheguei a este Estado nos quais parece me que o dito Sarbaza Can não teve ocazião que o
obrigace mandar me pedir o tal socorro e no mais que Vossa Merce me encomenda não
faltarey [com o] que em mim estiver e amizade permitir. Nosso Senhor etc. Goa 21 de Agosto
de 16[93. O Conde de] Villa Verde.
Muito Reverendo Padre. Tres cartas tenho recibido de Vossa Paternidade, em as quais [me da
Vossa Paternidade os parabens] da minha chegada a este Estado, pello que rendo mil vezes as
graças, e espero m[erecer-lhe esta] lizonja como seguro de que apetesso ocaziões de lhe dar
gosto. Antonio Mach[ado de Brito como tão bom va] ssalo del rey meu senhor, e como pessoa
de tão grande calidade [he certo se não havia de esquecer] da sua obrigação, e sey eu que el
rey meu senhor lhe ha de estima[r ce da boa amizade] que sempre tiverão emtre sy as duas
coroas portuguezas e [francesa] .
No que toca a rellação da viagem de Vossa Paternidade e da sua
113
assistencia em S[urrate não] tenho [mais] que dizer lhe que como Francezes e vassalos del
Rey Christian[issimo se podem segurar] acharão em mym grande estimação a amizade e bom
acolhimen[to e isto que em] mym parecera inclinação não he senão perciza obediencia porque
[el rey meu senhor] foi servido mandar mo assym como mais amplamente direy ao [Padre
Caranton] ; mas no que pertence a Religião me não posso meter principalmen[te na da]
Companhia de Jesus que se governa por tal metodo que não permite que [os seculares entrem]
em suas negociações. Esta so pertence ao Padre [Provincial e a mim] so dezejar ter muitas
ocaziões em que mostre. Sou de Vossa Paternidade que guarde Deus a Vossa Paternidade.
Goa 2 de Setembro de 1693.
Bem vejo da vossa carta a vontade com que assistis as cousas que tocão a este Estado, e a
nas[ção] purtuguesa e me fica em lembrança o trabalho que tivestes nas guerras que ... em
Baçaim para não faltar nas occasiões que se offerecerem de vossos particulares [e agrad] eço
o perabens que me dais. Nosso Senhor etc. Goa 16 de Setembro de 1693. O Conde de Villa
Verde.
Recebi a carta de Vossa Senhoria com aquelle gosto e afecto que Vossa Senhoria me merece
por ... logro de sua saude e lhe agradeço a estimação que fez da minha chegada a este Estado
... se acha para a remissão dos dous maços das cartas que lhe mandey e estimo muito a noticia
que ... da embarcação que ha de partir para a Percia porque nella pretendo mandar pessoas
com cartas que seguem a Portugal a el rey meu senhor ... ...
[3] Se não os q ... que sempre houve netre as duas coroas, eu ousa ... a Vossa Senhoria ... que
no seu negocio esta acção que obrou nesse ...
114
A Lacala e a Vittola Camotim mandei logo segurar, que em tudo o que tocasse a con... me
acharião muito certo para os favorecer, e no mais que for do gosto de Vossa Senhoria
mostrarey sempre ... Deos guarde a Vossa Senhoria. Goa 7 de Setembro de 1693. O Conde de
Villa Verde.
Muito Reverendo Padre. Tres cartas tenho recebido de Vossa Paternidade em as quaes me da
Vossa Paternidade os parabens da mi[nha chegada] a este Estado pello que lhe rendo mil
vezes as graças e espero merecer lhe esta lizonja como segur[o de que apetesso] occaziões de
lhe dar gosto. Antonio Machado de Britto como tão bom vassallo del rey [meu senhor] e
como pessoa de tão grande callidade he certo se não havia de esquecer de sua obrigação e sey
[eu que el rey] meu senhor lhe ha de estimar o lembrar ce que teve da boa amizade que
[sempre tiverão emtre sy as duas coroas] purtugueza e francesa.
No que toca a rellação da viagem de Vossa Paternidade e da sua assistencia em Surrate não
[ten] ho mais que [dizer] a Vossa Paternidade que como Francezes e vassallos del Rey
Christianissimo se podem segu[rar] acharão em mym grande estimação amizade e bom
acolhimento e isto que em mim parecera inclinação não he senão percisa obediencia porque el
rey meu senhor foi servido mandar mo assim como mais amplamente direy ao padre
Caranton; mas no que pertence a Relligião me não posso meter, principalmente na da
Companhia de Jesus que se governa por tal metodo que não permite que os seculares entrem
em suas negociações. Esta so pertence ao Padre Provincial e a mim so desejar ter muitas
occaziões em que mostre. Sou de Vossa Paternidade que Deos guarde. Goa 17 de Fevereiro
de 1693. O Conde de Villa Verde.
Tenho entendido o que Vossa Merce me dis na carta que recebi sua e ja por vezes tenho
significa ... a vontade com que me achava pera concervar a pas que tem este Estado com el
rey Mogor
115
e ... della toda a boa correspondencia como Massanca Sinay lhe reprezentou, pois o mayor cui
... he trazer as terras dos amigos vesinhos em toda a quietação. Espero que a mesma
corresponden ... dito rey Mogor e seus ministros com o dito Estado. Nosso Senhor etc. Goa 22
de Setembro de 16[93. O Conde] de Villa Verde.
Tive por noticia que Sarbas Can governador de Pondda ass ... do dessay Qhema Saunto, e
sucedera passar pella vizinhança dessas ter ... Francisco Mira com vigilancia necessaria.
Tãobem Massanca Sinay me pedio ... pera o ... cobrança do que pertence a sua renda de
tabaco informe o capitão ... banda, e do que a ella ... segredo Nosso [Senhor etc. Goa ... de Se]
tembro de 1693. O Conde de Villa Verde.
Da sua carta de Vossa Senhoria fis muito particular estimação, tendo por grande fortuna a de
lograr este Estado de tão grande e bom vizinho como Vossa Senhoria asegurando lhe que do
seu affecto, e do que obrou pella nasção portugueza na paz e sucego das guerras passadas,
estou tão satisf[eito] , que não so o hei de fazer prezente a el rey meu senhor, mas tambem lhe
he[i de] sempre mostrar a Vossa Senhoria o [s] eu agradecimento em tudo o que for seu gosto
esperando que daqui em dian[te] continuara para comigo aquelle bom animo e amizade que
sempre uzou para com este Estado, para que assym tenha mais que lhe agradecer. Deus
guarde a vossa Senhoria etc. Goa 15 de Novembro de 1693. O Conde de Villa Verde.
Agradeço muito a Vossa Merce o favor desta sua carta, estimando igoalm ... com a nação
portugueza, pois dahy posso
116
colher que continuara Vossa Merce semp ... propria maneira com que vir lhe corresponde o
meu affecto, e atenção em tudo quanto ... de prestimo neste Estado. Deus guarde a Vossa
Merce etc.a Goa 15 de Novembro de 1693. O Conde de Villa Verde.
Receby a carta de Salamagi e lhe agradeço muito o bom animo com que re ... vinda a este
Estado sentindo que a sua queixa não possa dar aquelle remedio que quiz ... sucesso da
reprezalla não foy em meu tempo, e dos delinquentes, se não acha ja ... huns mortos, e outros
passados a outras partes me fica assy irremediavel a ... e justiça com que lhe dezejara difirir,
porem se em outra couza lhe for de prestimo ... me achar com grande atenção. Deus guarde a
Vosse Merce etc. Goa 15 de Novembro de 16[93. O] Conde de Villa Verde.
Receby a carta de Vossa Merce, e tenho entendido o que nella me diz, e bem tera Vossa
Merce sabido o quanto desejo de diffirir as partes com justiça que este he o mayor empenho
meu, e o fiz com o mesmo a estes mercadores se o chito (?) que elles aprezentão dos direitos
que pagarão, fosse de alfandega desta cidade, o que me atalha por ser elle d'alfandega das
terras de Salcete, e para que Vossa Merce entenda que não falto de minha parte, tenho
ordenado a hu[m] dos ditos mercadores que faça petição relatando todo o su[cesso] a qual
remeterey ao Concelho da Fazenda para que os ministros della a difirão como entenderem, e
for justiça. Nosso Senhor etc. Goa 26 de Setembro de 1693. O Conde de Villa Verde.
Tenho entendido o que me diz Vossa Merce na carta que receby sua, de terem tomado aos
mer[cadores] de Bicholim a roupa que
117
passava para essas terras, de que imforman[do me] achey que a lev ... sem pagarem direitos
nas alfandegas del rey de Portugal meu [senhor e con] forme as suas or[dens] não [posso]
dispor neste particular cousa alguma, sobretudo qu ... ditos mercadores ... sem terem pago os
ditos dereitos disporey na materia o que for justo. Nosso Senhor etc. Goa 27 de Setembro de
1693. O Conde de Villa Verde.
Acho me com huma ... me dis e sinto muito ... dessa boa ... ...
[4] para ... [No] sso Senhor etc.a 10 de Janeiro de 1694. [O Conde] de Villa Verde.
Bem tenho entendido da carta de Vossa Merce a vontade com que se acha, para as couzas que
tocarem a este Estado, e senty muito de não vir Vossa Merce a esta cidade, como me tinha
avizado, aonde [experi] mentaria do meu affecto todo o bom agazalho, com o qual não falt ...
a pessoa merecia, e por Vossa Merce me ter recomendado, a quem ouv ... couzas que me
propos difirindo a ellas com attenção que primitia a ami ... rey Mogor tem com este Estado, e
como Vossa Merce me diz que he chamado ... a ella possa hir a sua prezença, a quem
significara a boa correspondencia ... couzas experimentão da nasção portugueza, e ...
prezente, e o Estado lhe merece de maneira que o dito rey seja bem
imformado e eu tenha muito que lhe agradecer, e estimarey que quando Vossa Merce la cheg
... me dê novas suas. Nosso Senhor ettc.a
Goa 14 de Janeiro de 1[69] 4. O Conde de Villa Verde.
118
Que do nababo de Ponda, não tinha queixa nenhuma despois que chegou a este Estado, a ...
com boa correspondencia, e esperava que esta se continuasse, e que o nababo não faltace ...
ordens do rey Grão Mogor no seu tempo, e so os governadores passados davão algumas
queixas ... dizendo lhe que lhes havião feito algumas propostas cartas em nome del rey Mogor
falço ... não lhe mandado o dito rey taes ordens, porem espera elle o Conde Vice Rey que ...
babo se emende desta falta, e proceda de hoje em diante com fidelidade e que não de ... de
emfado ao Estado, e observe as ordens de seu rey.
Disse mais o dito Senhor Conde Vice Rey que no tempo do governo de Dom Rodrigo da ... el
rey Grão Mogor hum formão para que os Portuguezes que tinhão habi ... Thome tornassem
para ella a povoa la, e que isca (sic) hoje se queixão elles, de que os ... banda lhe não guardão
o dito formão, para que espera o rey mande novas ... nababos, para a observancia deste.
Que nas pazes que no Norte se fizerão havia mandado el rey Mogor aos ... desse dous leques
de rupias para satisfação ... e que o dito nababo, não so não satisfasia esta, mas de con ...
infalivelmente executara se se não achara falto de poder.
Disse mais o dito Senhor Conde Vice Rey que reparava muito em que o rey Mogor o ...
poderosos os Arabios no mar pois sendo a vinda destes a furtarem e roubarem ... amigos
como ... diz o comercio maritimo ... seus faquires .... ... ... ...
[4v] attendeo muito a segurança desta, pois te ... cossario dinamarca, havia roubado no
estreito de Mecca, os barcos de seu ... fragatas de guerra para prender o tal cossario, e cortar
lhe a cabeça.
Que aos dessays que se recolherão nas terras do Estado foy por serem inimigos de Sambagi,
como bem testemunhava, assym o princepe Xalama, como todos os mais cabos que vierão em
sua companhia,
119
e os que hoje se achão nas nossas terras não fazem nenhum dano as de Ponda que todas as
vezes que a ell[e] Conde Vice Rey lhe constar o contrario disto os ha de castigar logo, porque
o seu fim so he, e o que trouxe a India asegurar a pax nella, e que os que estão debaixo de seu
amparo não fação couzas mal feitas que deste modo espera elle Conde Vice Rey se continue a
boa amizade das duas coroas, pois o interece de ambas he egual.
Que no tempo do vice rey Francisco de Tavora lhe mandou el rey Mogor seu embaxador a dar
as boas vindas, e assym o fez a muitos
mais, continu ... Rodrigo da Costa, e espera elle não dever menos favor ao dito rey ... nenhum
na estimação e amor que tem a el rey Grão Mogor.
Espera o Conde Vice Rey que tanto que Mir Made chegue ao ar ... lhe de [noticias] suas de
sua saude, e daquillo que quizer destas terras achara se ... 13 ... [1] 694.
O Conde de Villa Verde.
Receby a carta de Vossa Merce e lhe agradeço a vontade com que procura novas minhas e
com a mesma me achara pera tudo o que tocar a Vossa Merce e del rey de Sunda por assy
permitir a paz e amizade que este Estado tem com o dito rey e estimey as novas dessas bandas
visto serem boas, como Vossa Merce diz. Quando Xiva Chaty Ganttio me manifeste couzas
que toque a dita paz difirirey a ellas
120
como for rezão. Nosso Senhor etc. Goa 12 de Fevereiro de 1694. O Conde de Villa Verde.
Recebi a carta de Vossa Merce e lhe agradeço o saguate das moções o que estimey muito e no
particular da licença que pede para o seu procurador Rama Xetty lhe remeter o termo da
messiva he nesse[çário que es] ta tome primeiro do tribunal de ... a qual avendo as não
faltarey de minha parte em lha conceder ... me a[chara] com a vontade ...
Deus guarde ...
Ao princepe Acabar filho do grande rey Mogor amigo e irmão em arma[s] ... de Portugal, eu
Dom Pedro Antonio de Noronha do Consselho de Estado do grande [monarca e rey de]
Portugal conde e senhor de Villa Verde e das grande villas de Asgueira de São M ... Salrey,
Pinheiro Bemposta e de [outr] as muitas senhor da grande caza de An[geja comenda] dor das
comendas de São Salvador e ... de Algejur ett.a tive no[ticia] que Vossa Alteza seg ... de que
havendo escrito aos governadores que antes de mim regerão este Estado, não tivera delles
reposta ... mando eu exacta noticia desta queixa, não achey na Secretaria deste Estado a dita
carta, nem pessoa al[guma que] soubece que Vossa Alteza a este Estado escrevece, porque a
ser asim não faltaria a reposta, porque nunca os Portugue[ses] faltarão com a boa
correspondencia aos principes seus amigos e aliados expecialmente aos filhos do grande rey
Mogor que tanto presão e amão com ... a experiencia dos muitos annos que assistem nesta
India [em amisa] de e pas que com o dito grande rey Mogor sempre tiverão e conservarão
beneficios e honra ... vassalos do dito rey fiserão, o que de novo significo a Vossa Alteza para
que asim o tenha entendido, e que ... ouver em que Vossa Alteza dependa deste Estado ha de
achar em mym todo aquelle amor e obsequio que pode ... assym o merecer no afecto que nos
mostra de que sempre achara
121
toda a boa correspondencia. Deus alumie [a Vossa Alteza em sua] divina graça. Goa 16 de
Fevereiro 1694. O Conde de Villa Verde.
Remeto ao superentendente do Congo esse masso de cartas que [logo] que o rece[ba] emviara
por hum patamar seguro que tomara para este effeito a [P] edro Bonifay ... em Alepo
advertindo ao dito superentendente que importa muito por todo o cuidado na brevidade da
expedição.
Fico esperando que o superentendente saiba procurar todas as noticias dos Arabios assym do
dano que receberão da nossa armada com que combaterão como dos designios que intentão
este anno. Fio do cuidado do superentendente sabera diligenciar tudo como delle espero.
Nosso Senhor ett.a Goa 5 de Agosto de 694. O Conde de Villa Verde.
Remeto a Vossa Merce o masso das cartas incluzo que ha de hir ao Congo para o
supe[rentenden] te na forma que lhe ordeno o emviar a Portugal para ... o emviará logo por
pessoa segura a Surrate a homem de confiança para que ... ocazião que de Surrate ouver para
o Congo o remeta. Não serve de mais. Deus guarde [a Vossa Merce] ett.a Goa 5 de Agosto de
694. O Conde de Villa Verde.
Receby o masso de cartas que Vossa Merce me enviou da Europa por via d ... theo Martim de
Marcelha, e lhe agradeço muito o cuidado com que m ... boa correspondencia que espero ter
com Vossa Merce e ... acompanha ... Europa um que ha de hir por via de Marc[elh] a ao a ...
por via de Liorne a Lourenço Genora Vossa Merce me fara fav[or d] e remeter ... segura e na
primeira occazião que tiver para essas partes. Fico cer ... e deligencia de Vossa Merce, e em
tudo o que se offerecer de seu serviço me ac ... vontade para
122
lhe dar gosto. Deus guarde a Vossa Merce. Goa 5 de Agosto de 694. [O Conde de Villa]
Verde.
O amigo Pedro Bonifay de Alepo me remeteo o masso de cartas da Europa que Vossa Merce
lhe emviou e lhe agradeço muito o cuidado e diligencia esperando huma boa correspondencia
e amizade entre ambos.
Com esta vay a reposta e fio de Vossa Merce pora t[o] do o cuidado na brevidade da sua
expedição para que cheg[ue] a mã[o] del rey de Po[r] tugal meu senhor com a segurança e
pr[omptidão] possível; e quando haja ocazião em que eu possa servir a Vossa Merce me
achara com toda a vontade para lhe dar gosto. Deus guarde a Vossa Merce muitos annos etc.a
Goa 5 de Agosto de 694. O Conde de Villa Verde.
O amor portuguez que em Vossa Merce reconheço e o dezejo que ... el rey de Portugal meu
senhor com a boa amizade que experimentey ... dos senhores irmãos (?) em Lisboa facelita a
occazião de lhe remeter este masso de cartas para me fazer favor de emviar com seguranca, e
a possivel brevidade a Lixboa, e quando elle chegue a mão de Vossa Merce em tempo que
possa antes de 25 de Março que ... entrega ... em Lixboa Vossa Merce me fará favor neste
cazo de emviar por hum ex .eu senhor a custa do secretario de Estado que fará satisfazer o
dispen ... esta India couza em que dey gosto a Vossa Merce me achara com toda a boa
v[ontade para] o servir. Deus guarde a Vossa Merce ett.a Goa 5 de Agosto de 694.
Nesta terra há varios paços em que se pagão direitos a el rey meu senhor, e ne ... que entra
nelles hé tão ignorante que não saiba, o que deve faser, a que entendo que se queixa es ...
123
porque os meus ministros sam tam cuidadosos na boa justiça que não se sabem faltar a ella e
quando o fise[ssem] não ficarião sem castigo, pois nisso ponho todo o cuidado, mas porque a
este homem [por] a intersseção de Vossa Merce lhe dezejo mostrar o favoreço no que me
pede, e tenho já mandado que me faça huma p[etiçam] para que vendo se no Conselho da
Fasenda se lhe difira o que for justiça. Nosso Senhor etc.a Panelym 7 de Janeiro de 1694. O
Conde de Villa Verde.
Chegando a Goa a governar este Estado, por ordem del rey nosso senhor, ti[ve] noticia que
nas partes desse Estreito andava hum cossario roubando as embarcações que delle sa[h] ião
enfestando os mares, e porque o fim com que os Portugueses sempre vierão à India foy a
segura los e limpar estes ladrões, e ordenar me el rey meu senhor castigasse todos que
fizecem dano nos portos de seus aliados e amigos, lembrado outrosy das pases que o general
Antonio de Mello de Castro fez com esse, ordeney que fosse esta fragata de guerra, com o
ca[pitão] de mar e guerra Cosmo Roiz [de Castro] a castigar este cossario, e juntamente
asegurar ... de boa paz [e] amisade que o Estado tem com elle, mostrando lhe que em tudo não
[tem] faltado no capitullado das ditas pases, e porque ora por Manuel Vaz Lobo vay
tra[tando] alguns negocios tocantes aos moradores de Goa, com os dessa terra, espero de
Vossa Senhoria lhe não falte com todo o favor e ajuda, e guardar lhe as ditas capitulações.
Deus alumie a Vossa Senhoria em sua divina graça. Goa 1.o de Fevereiro de 1694. O Conde
de Villa Verde.
Receby a [car] ta de Juliana Dias da Costa e bem vejo o afecto que mostra para as ... tes a este
Estado, o que lhe agradeç[o m] uito, e com o mesmo me achará ... e espero que Juliana Dias
da Costa favoreça a todos os christãos como me promete.
O padre fr. Matias do Rozario me informou de tudo, e esteja Juliana Dias da Costa certa [que
não] hei de faltar para o que se offerecer
124
desta banda, e por o meu secretário se achar doente ly a car[ta] que lhe vinha, e visto o que
nella referia em ordem os pedreiros e ferreiros e outros oficiais em que Juliana Dias da Costa
falla, para não serem aveixa[dos] pello [capitão] engenheiro mandey passar a ordem. Nosso
Senhor etc. Goa 10 de Março de 1694. O Conde de Villa Verde.
Muita estimação fiz da carta que receby de Vossa Senhoria por me asegurar nella o logro de
sua saude, de que lhe agradeço e juntamente do cuidado da remessa de ga ... ete que por ella
fiquey entendendo das novas de Europa dizendo havia dado noticia por outro da perda de
Pondonchay, a qual me não chegou, até agora, e o não aver tido esta nova por carta, foy a
causa de não ter dado a Vossa Senhoria os pesames della porque como somos bons amigos
dos Franceses sintimos que lhes faltace huma praça neste Oriente. Veja Vossa Senhoria se ha
desta banda cousa de seu gosto para lhe mostraro o meu afecto que Vossa Senhoria merece.
Deus guarde a Vossa Senhoria.
Goa 15 de Março de 1694. O Conde de Villa Verde.
Pella instrucção que será entregue ao superintendente do Congo ... lhe encarrega a compra dos
aljofres para a rainha nossa senhora para os quaes ha de dar o dinheiro nes[seçario o fei] tor
desse porto a quem vay ordem para isto. Espero que o supertendente faça este serviço ... de
sorte que eu tenha que lhe agradecer.
Nosso Senhor etc. Goa 26 de Fevereiro de 694. O Conde de V[illa Verde] .
[Carta do vice-rei da Índia, D. Pedro António de Noronha de Albuquerque, Conde de Vila
Verde] Para o Nababo de Surrate Hita Matacan
Recebi a carta de Vossa Senhoria e vejo o que nella me diz e no que toca aos Arabios o
remety a ... de Brito, para que constando lhe não serem do porto de Mascate onde alguns dos
nossos ... liberdade, mas que sendo fizesse troca com os nossos
125
christãos [que] lá estão e no que toca o l ... Vossa Senhoria que fora presa no tempo dos meus
antecessores e no de guerra (?) ... ja dado ... rey meu senhor disto não podia eu dispor couza
alguma de mais de que ... Mascate e trasia Arabios consigo pelejou com a nossa armada
mando lh ... isto hé o que posso dizer a Vossa Senhoria e sinto não poder fazer o contrario
pera lhe dar go ... desse isto motivo das desinquietação e não continuar a pas, não tenho por
tão ... rey Grão Mogor sempre que não conheça justiça com que esta presa foi feita quando
lhe ... e quando ella entrada pello ... Vossa Senhoria que he menos util a pas a ... Deus guarde
a Vossa Senhoria. Goa 5 de ... [16] 94. O Conde de Villa Verde.
Depois de haver chegado a este Estado tinha ordenado a Vissava Nata Naique sahisse pera
fora das nossas terras pello mao prossidim[en] to que me dizião havia tido nas occaziões que
passou pera essa, por eu não s[aber] que elle se achava oje de ... pois devia de vir escondido
não tenho castigado. Agora com o avizo que V[ossa Merce] me fas se fará toda a diligencia
pello prender e pode ficar serto que não se lhe ha de faltar com o castigo [que] meresser e que
en tudo o que for manter pás e a boa amizade que entre el rey meu senhor e o Grão Mogor há
não hei de faltar pera a continuação della.
A outra que Vossa Merce me escreveo, tocante a Ramagy Suryo Rao dessay de Bicholym ...
tem agora sahido donde estava e ja lhe ordeney que se passace a outra banda confederar se ...
o que ham de admitir mais na minha porctecção, e elle lhe implará (sic) para que Vossa
Merce lhe ... pedir he seu a todo [o] agravo que Vossa Merce lhe fizer me dará nisso muito
gosto. Nosso Senhor. Goa 13 de Abril de 16[94. O] Conde de Villa Verde.
Mandey prender a Vissava Nata o qual fogio e até agora se não pode pegar e [esteja Vossa]
Merce certo que se de[sta] banda o colher
126
mos não há de ficar sem castigo porque eu não favoreço se[não os que] procedem bem [e] não
aos velhacos.
No que toca a Ramagi Rao se me justificou de não haver mand ... os maleficios [que] Vossa
Merce me diz. Eu lhe tenho ja ordenado que por sua culpa se fizer a ... terras o hei de castigar
aspramente não consintindo nas minhas.
E no que toca as conviniencias da pas e boa amizade de minha parte não hei de haver falta e
Vossa Merce deve fazer o mesmo de sua porque tãobem lhe conve (sic). Panely 21 de Abril
de 694. O Conde de Villa Verde.
[Carta do vice-rei da Índia, D. Pedro António de Noronha de Albuquerque, Conde de Vila
Verde] Para o Padre João Gomes da Companhia de Jhesus em Tanor
Receby a de Vossa Paternidade e vejo o que nella me dis a que farey reposta na primeira
ocasião que se offerecer e no particular dos mastros vay Jozephe Pinheiro para tratar da
condução delles, porem hé nesseçario saber se de que grossura são e do seu comprimento.
Vossa Paternidade assista a isto, e me mande a claresa do que digo e o ajuste do preço para cá
se assentar com o dito Joseph Pinheiro, a forma e a condição com que se ha de fazer a
remessa porque sem preceder estas diligencias não se pode fazer nada. Espero de Vossa
Paternidade q ... neste negocio p[ara] que Sua Magestade fique bem servido. Deus guarde a
Vossa Merce. Goa 27 de Abril de 1694. O Conde de Villa Verde.
Com grande gosto receby a carta que Vossa Merce mostrando nesta acção lembrava [a b] oa
amizade que sempre [ou] ve entre el rey meu senhor com rey Gram Mogor.
De todos os serviços que Vossa Merce há feito ao Estado estou bem inteirado e com aquella
vontade com que Vossa Merce [na] quelle tempo socorreo a prasa de Chaul com a mesma me
ha de achar a mym quando se offeresse ocazião [de] lhe fazer igual serviço.
Fico com grande sentimento se não poder dar a Vossa Merce o gosto no que me pede tocante
a galliota por[que] como esta foi presa no tempo dos governadores meus antecessores e
julgada no Conselho
127
da Fazenda por perda por ser ... mente de Malla[mo Ibremo] mercador de Mascate e vir com
arabios e carga de cavallos de que [7] p ... segu ... e direitos que el rey meu senhor tem nos
mares e guer ... inimigos arabios ... consselheiros da Fazenda por perdida e neste ... rey meu
senhor pellos gouvernadores meus antecessores e como pellas ordens do dito ... alterar o que
elles hão feito, sem nova ordem me faz impossível o que muito dese ... gosto a Vossa Merce
segundo (sic) lhe que se esta presa fosse feita em meu tempo havia de vensser im ... sistir o
que me pidia. Nosso Senhor etc. Goa 30 de Abril de 1694. O Conde de Villa V[erde] .
Receby a carta de Vossa Senhoria com muito gosto por [nela] ver se lembra Vossa Senhoria
da boa amizade que deve haver entre nos pois esta hé de muitos annos entre el rey meu senhor
e o rey Gram Mogor.
Havera dois annos que Antonio da Cunha de Mello tomou huma galliota sahindo de Mascate
em a qual vinha Malemo Ibremo piloto mor daquela praça o qual vinha a Surrate a buscar a
nao grand[e] que o i[nimi] go tinha fabricado naquele porto e como o dito Antonio da Cunha
achasse esta galiota carregada de Arabios, e cavallos vinda de ... reprezou e trouxe para esta
cidade donde foi julgada no Consselho da Fazenda pellos ministros delle segundo as [ca]
pitulaçõns e direito que temos nos mares, e como isso soscedesse no tempo dos governadores
meus a[n] tesseçores de ... por esta cauza conta a el rey meu senhor desse facto e como as
ordens do dito senhor não dam lugar a que eu desface o que elles hão feito sem nova ordem
sua me fica o sintimento de n[ã] o poder dar a Vossa Senhoria o gosto neste particular
segurando lhe se fora no meu tempo havia de vensser todos os imp[os] siveis pera de algum ...
lhe mostrar a minha genoriozidade (sic) e estimação que fasso da sua amizade e por que da
minha parte não fique alguma dilligencia para fazer darey conta a el rey meu senhor da
pertenção de Vossa Senhoria e dos serv[iços] que há feito ao Estado e o que o dito senhor me
128
ordenar farey prezente a Vossa Senhoria a quem Deus guarde. Goa 30 de Abril de 1694. O
Conde de Villa Verde.
Receby a carta de Vossa Senhoria e pera lhe mostrar o dezejo que tenho de lhe dar gosto
remeto a ordem inclusa pera o capitão de Chaul e della vera Vossa Senhoria não falto ao que
m ... ciproca, e ordenar Vossa Senhoria aos seus capitães, e mais cabos, que fugindo algum
soldado [para] as suas terras nos fação a mesma restetuição porque de outro modo não fic[a]
bem estabalici[do este ne] gocio pois o capitão há de usar sempre igoalmente ao que Vossa
Senhoria fizer com os nossos. Deus guarde [a Vossa Senhoria. Goa] 1.o de Mayo de 1694. O
Conde de Villa Verde.
Como este Estado expirimentou sempre boa correspondencia de Vossa Alteza da pas e ami ...
com el rey de Portugal meu senhor estimarey que me de noticia de sua saude e muitas ... to
pera mostrar o affecto que tenho pera lho dar. Mando ao padre frey João de Pai ... dusir
alguma madeira em mastros de que nessecita esta Ribeira e p ... deve ... toda ajuda e favor
pera consiguir a dita condução e espero de Vossa Alteza que obrara neste particular ... que
tenha lugar pera haver entre ambos os estados huma reciproca correspondencia. Deus alumie
[Vossa Alteza] em sua divi[na] graça. Goa 4 de Mayo de 694. O Conde de Villa Verde.
Vay hum despacho do Conselho para que o feitor entregue o dinheiro dos cartases ao general
Antonio [Machado de] Brito e que vença logo que se ter (sic) passado dia de sua patente
passada em Lis ... Jozeph Pereira de Macedo para dar comprimento ao dito despacho. Nosso
... Março 1694. O Conde de Villa Verde.
129
Dou a Vossa Senhoria o parabem da boa vinda e desejo tenha chegado a essa praça com felix
susseço e boa viagem, e ja que Vossa Senhoria não quis dar me o gosto de tomar esta banda
para lhe faser significar o afecto com que estimo a sua boa [cheg] ada e aliviar em parte o
tedio de huma tam perlongada viagem com o r ... que o meu cuidado ... tinha prevenido.
Espero eu que Vossa Senhoria me de ocaziões com que dezempenhe esta minha vontade
dando lhe a conhecer quanto estimo a sua pessoa esperando della aquella correspondencia
riciproca com que tem (sic) agora conhecerão as nasções da Asia quanto sabe conservar a pas
que logrão Portugal e Inglaterra e por que fis do gosto de Vossa Senhoria de pontualidade da
execução conhe[cera a mi] nha vontade. Deus guarde a Vossa Senhoria. Goa 24 de Mayo de
1694. O Conde de Villa Verde.
[Carta do vice-rei da Índia, D. Pedro António de Noronha de Albuquerque, Conde de Vila
Verde] Para o Governador de Serra de Rairy vassallo del rey Mogor
Vy a carta de Vossa Senhoria com que receby grande contentamento porque a boa
c[orrespondenc] ia com que Vossa Senhoria trata as cousas deste Estado pedem em mym toda
a demonstração de afecto, esp ... continue com a mesma amisade para que ache em my novas
acções de agradecimento.
Ao general Antonio Machado de Brito tenho comonicado varias ma[terias que] ha de tratar
com Vossa Senhoria, e tudo o que lhe elle participar pode Vossa Senhoria admitir e ajustar
como se [fosse] minha pessoa porque para isso tenho dado poder bastante ao dito general,
espero de Vossa Senhoria ... o cuidado que merece o grande rey de Portugal meu senhor em
faser que Martaba Can ... os dous leques de rupias que seu irmão o grande rey Mogor lhe
mandou repor por elle o levar (?) roubadamente das terras deste Estado, por que nem hé
credito de hum tão grande rey não ficar obedecido de hum seu vassallo, que sem sua ordem, e
com tanta ambição fez guerra nem o grande rey de Portugal, meu senhor ficara doutro modo
satisfeito e os mal intencionados e que não forem amigos do grande rey Mogor, se não virem
restituir este dinheiro terão suspeita de que elle mandou faser a Martaba Can esta guerra, e
isto hé contra
130
aquella grande fama e onrras que o grande rey Mogor tem no mundo, de verdadeiro poderoso
e desinteressado com que emquanto se não faz a dita restituição dos dous leques de rupias
mais offença faz Martaba Can ao seu rey, em lhe tirar a fama, de que ao Estado em não lhe
satisfaser o roubo, e como Vossa Senhoria he tão grande vassallo, e amante de seu rey, ha de
punir pella sua offença. Eu fico conforme proposito de que querendo o grande rey Mogor que
eu tome por minha conta o castigo dos perversos inimigos seus por mar, faser lhe tanta
distrohição e dano que em muitos annos não possão cobrar forças nem serem nomeados no
mundo. Nosso Senhor etc. Goa 9 de Agosto de 1694. O Conde de Villa Verde.
Tenho me tem obrigado a urbanidade de Vossa Paternidade que não tenho mayor desempenho
para lhe remunerar o favor de dar me noticias suas que o afecto com que a recebo e o gosto
com que as estimo.
Agradeço a Vossa Paternidade as novas que me da dos felices e gloriozos progressos que de
novo fiserão na Europa as armas francezas que parece quer Deus dar a entender a seus
inimigos com as demonstrações das victorias quanto estima aquelle monarcha e aquelle reino.
A Vossa Paternidade como parte tão interessada nas prosperidades da nasção lhe dou os
parabens e pesso me participe todas as mais noticias que tiver dos sucessos futuros que
estimarey alcance nelles a França tanta gloria como nos passados e para o que ouver de gosto
de Vossa Paternidade experimentara em mym huma grande vontade. Deus guarde a Vossa
Paternidade. Goa 24 de Mayo de 1694. O Conde de Villa Verde.
Receby a de Vossa Senhoria e nella hum gosto muy particular de ter noticia sua que muito
estimo obrigado a que ... correspondencia com que Vossa Senhoria trata as cousas de
Portugal, o que
131
farey presente a ... para que elle o participe a Sua Magestade Cristianissima.
Não hé menor o contentamento com que ouvy as novas que Vossa Senhoria me deo do
glorioso ... sucesso, que em toda a Europa tiverão novamente as armas francesas, cuja ... se
faz tam estimavel nasção portugueza que tanto sabe aplaudir as felicidades presentes da
França, como dezejar lhe muitos e grandes progressos futuros que Deus queira dar aquella
monarchia. Deus guarde a Vossa Senhoria muitos annos. Goa 24 de Mayo de 1694. O Conde
de Villa Verde.
Recebi a de Vossa Alteza que achou em my aquella estimação que merece a boa amisade que
el rey Codorma irmão de Vossa Alteza teve sempre com este Estado, e o bom serviço que
Vossa Alteza lhe tem feito e estes motivos são tão forçozos que fazem perciza a concessão da
merce que me pede dos cartases dos barcos grandes que a el rey Codorma irmão de Vossa
Alteza se havia feito e assym lhe invio a ordem para os passar que he rezão seja a Vossa
Alteza igualado ao dito seu irmão por este Estado nos indultos ja que o sabe imitar tanto nos
serviços.
As causas por que movy ao rey Samorym a guerra são tão grandes e justificadas que se não
satisfas a minha indignação com o castigo que lhe hey dado, porque pede a offença mayor
satisfação, e hé certo que intento faser lhe toda a hostillidade que merece a pouca fé que
guardou a este Estado, e se elle quer pases deve as procurar, que eu só estou bem com elle,
estando em guerra, e se elle perde a Costa, mandando embaixador, eu de outro modo não hei
de admitir [proposição al] guma sobre esta meteria porque nem hei de cobrar a regallia desta
nem consintir q ... te ao uso praticado entre todas as nasções, e seguro a Vossa Alteza que este
rey em o [tomar por] mediator das pas acertou o milhor caminho que tinha para a poder
conceguir ... tervenção de Vossa Alteza só podia faser me inclinar a ouvir a sua proposta e d
... baixador, e ainda a conceder lhe propicio algumas condições que elle por nenh ... meyo de
mim alcanssará. Deus alumie a pessoa de Vossa Alteza em sua divina gra[ça] . Goa 28 de
Mayo de 1694. O Conde de Villa Verde.
132
Agradeço a Vossa Paternidade de dar me duplicados motivos de gosto as noticias que me ...
saude que logra, das gloriozas victorias que hão alcançado n[a] Europa as armas ... contra
seus inimigos; he certo que esta Portugal tam germanado com F ... tos que reputa para (?)
eplauso por propios os seus triumphos. Peço a Vossa Paternidade me contin ... este gosto
dando me parte dos mais sucessos de que tiver noticia porque todos hei[de] estimar com
aquellas demonstrações afectuozas com que se lerey (?) ... e para o que se offerecer do gosto
de Vossa Paternidade achara na minha vontade h ... execução. Deus guarde a Vossa
Paternidade etc. Panelym 24 de Mayo de [1694] . Conde de Villa Verde.
Mando a Jozeph de Araujo a buscar alguma madeira para a fabrica da Ribeira e espero de
Vossa Merce lhe de toda a boa passagem para a conduzir e juntamente favorece lo em tudo
que na mão de Vossa Merce estiver pello que lhe ficar[ei o] brigado.
O dessay de Bicholi fica prezo e a gente sua e esteja Vossa Merce certo que hei de saber
castigar tudo o que os dessais que estão nas nossas terras debaixo do meu patrocinio fizerem
contra a minha ordem e boa paz que ha entre nos esperando de Vossa Merce que da sua parte
fará o mesmo. Deus guarde a Vossa Merce. Goa 12 de Junho de 1694. O Conde de Villa
Verde.
Com muito contentamento receby a de Vossa Alteza e o saguate de que me fez merce q[ue
agrade] ço pellas demonstrações com que Vossa Alteza me significa o quanto estima a boa
amizade que ... te Estado e paz que sempre lhe prometeo guardar emquanto o merecer a sua
boa co[rrespon] dencia que sempre achou em Vossa Alteza este Estado e eu novamente desde
que o governo ex ... e tãobem rendo as graças a Vossa Alteza pelo cuidado com que
emcomendou
133
Receby a de Vossa Merce e lhe agradeço muito o cuidado com que exercitou a ordem do
grande rey de Sunda muito prezado amigo deste Estado pella boa correspondencia que sempre
com elle teve.
Ao Padre cometo o ajuste das madeiras e tudo o que elle tratar e consertar sobre este negocio
o haverei por bom fiando do cuidado de Vossa Merce que se haja nelle de sorte que eu tenha
mais que lhe agrad[ecer] .
Sobre os aljofres e mais pedras em que Vossa Merce me fala vindo os seus procuradores a
busca los [lhes] farei dar toda a boa expedição favorecendo os neste particular com aquelle
empenho que merecem as cousas del rey de Sunda.
E quanto a botica que Vossa Merce solicita nas terras deste Estado ainda que nella a não
podem ter os estrang[eiros] pelo dezejo que tenho de fazer a Vossa Merce graça farey que os
seus adgentes sejão aqui tratados como naturais e que paguem della somente as mesmas
penções e encargos que pagão os vassalos del rey meu senhor e tendo este negocio effeito
com os mesmos adgentes mandarey tratar a compra da pimenta que ha de chegar a quantia de
vinte té (?) trinta mil xerafins. Deus guarde a Vossa Merce ettc. Goa 12 de Junho de 1694. O
Conde de Villa Verde.
Pella que receby de Vossa Merce fiquei entend[en] do a boa vontade com que me corresponde
no ... mandou as ordens a seus capitães para da[rem] todo o favor e ajuda a condu[ção de
madeiras] ... de Vossa Merce faça continuar a diligencia de sorte que na brevidade de
expedição tenha eu mais [moti] vos para o meu agradecimento.
134
Quanto aos dessais tenho posto t ... para atalhar os seus insultos; a Suna que estava nas terras
do Estado tenho prezo; os mais he certo que não parecem nas minhas terras. Pare[cen]do
farey com a execução que Vossa Merce entenda quanto prezo as couzas del rey Mogor e
estimo a sua amisade. Nosso Senhor ettc. Panelym 26 de Junho de 1694. O Conde de Villa
Verde.
Estimey muito as novas de Vossa Merce e lhe agradeço o bem que se ouve com o padre frey
João de Paixão. Elle torna outra vez com os preços dos paos que ha de trazer e ainda vão
muito mais aventejados a valia que o mestre da Ribeira lhes dava, e como o dito padre ha de
falar mais largo a Vossa Merce nesta meteria lhe não repito. Nosso Senhor ettc. Panelym 16
de Julho de 694. O Conde de Villa Verde.
Estimey muito a carta de Vossa Merce, e muito mais as novas que me partecipa dos bons
sucessos que te[ve] no castigo que foi dar aos dessays e querera Deus dar lhe a Vossa Merce
tantas glorias como eu [espe] ro da estimação que faço do seu valor, e de todas as boas
ocaziões que Vossa Merce tiver estimarey sempre ter toda a noticia que assy pede a boa
amizade e correspondencia e creyo haveria Vossa Merce tãobem tido o mesmo gosto (?) do
castigo que este anno derão as armas del rey meu senhor assy aos Arabios na ... donde o
general Antonio Machado de Brito lhe matou muita gente e derrotou seus ... pondo os em
vergonhoza fugida.
No Sul tãobem mandey castigar o Samorym por haver [fal-] tado os capitu[los] das pazes que
havia feito com o Estado donde se lhe queimarão tres barcos em ... dou a Vossa Merce estas
noticias porque sei lhe han de dar muito gosto tendo eu igualmente de ... o que lhe toca a
Vossa Merce. Nosso Senhor ettc. Goa 17 de Julho de 694. O Conde de Villa [Verde] .
135
Remeto ao superentendente do Congo esse maço de cartas que logo que o receber enviara por
hum patamar seguro que tomar[a para] este effeito a Pedro Bonifay em Alepo advertindo ao
dito superentendente que importa muito por todo o cuidado na brevidade da expedição.
Fico esperando que o superentendente saiba procurar todas as noticias dos Arabios assy do
danno que c[ostumão] dar na armada com que combaterão como dos designios que intentão
este anno. Fio do cuidado do superentendente sabera diligenciar tudo como delle espero.
Nosso Senhor etc. Goa 5 de Agosto de 694. O Conde de Villa Verde.
Dey a Vossa Merce licença para que os seus cavalos passacem por nossas terr[as no que] lhe
não fiz pequeno favor o mandar lhe por seguros nas suas me não toca e so que [enquanto]
estiver nestas estejão com toda a segurança e resguardo. Nosso Senhor ettc. Goa 6 [de
Agosto] de 1694. O Conde de Villa Verde.
[Carta do vice-rei da Índia, D. Pedro António de Noronha de Albuquerque, Conde de Vila
Verde] Para o Nababo de Ponda
Alguns gancares de Coculim que fugirão das nossas terras por culpados na morte do padre
Francisco Pereira, e outros que os seguirão se acoitarão nas terras fronteiras as de Vossa
Merce, e dellas vem a fazer roubos e avexações aos mais moradores de Coculym. E como
estes estão escandalizados consto me que estão esperando aos auzentes para os castigarem e
porque a sua rezão os podera mover a fazer algum excesso e entrarem pelas terras de Vossa
Merce em seu seguimento suposto que tenho mandado por cobro nisso avizo a Vossa Merce
para que tãobem mande por vigias nas suas tranqueiras para impedirem que estes homens não
se acolhão a ellas a fazer dannos as nossas terras, porque a amizade que temos não o primite
nem me chegue a sua insolencia a fazer o que sou obrigado, e nascer daqui algum motivo que
nos perturbe. Nosso Senhor etc. Goa 4 de Setembro de 694. O Conde de Villa Verde.
136
Os moradores de Coculym se me queixão de que os gancares que fugirão daquela aldea pello
crime que cometerão na morte do padre Francisco Pereira estão acoitados nas terras de Vossa
Alteza e dellas vem a fazer lhes roubos e avexações. A boa paz que temos não primite que
Vossa Alteza consinta que das suas terras venhão estes homens a fazer nos danos por que isto
he faltar a fee e amizade que temos. Faço avizo a Vossa Alteza para que mande castigar a
estes homens por exemplo para que eu o não mande fazer fiando de Vossa Alteza que dara a
esta justa queixa a satisfação devida e que não ha de esperar que eu lhe mande dar o castigo
que merece a insolencia destes criminozos fugitivos. Deus guarde a Vossa Alteza. Goa 4 de
Setembro 694. O Conde de Villa Verde.
Com mui particular gosto receby a ultima de Vossa Paternidade com as ultimas noticias dos
gloriosos [sucessos] elas armas francezas expecialme[nte] o da preza de Charle Roy
Luxembourg, e derrota [da ar] mada do duque de Saboya porque toda a gloria del rey de
França acha em mym huma [gr]ande estimação. Peço a Vossa Paternidade me continue todas
as novas que de novo adquerir da Europa, e todas as que puder colher dos Arabios.
Pellas galvetas que daqui partirão [vai] reposta a Vossa Paternidade e creyo estara já entregue
das minhas letras em que lhe dava o parabem que agora repito das vitorias da França.
Rostomogi reconheço que he bom servidor del rey meu senhor e não faltarey em mostrar lhe a
vontade que tenho de favorece lo em toda a ocazião que ouver de hon ...
Ao Reverendo Padre Claranton escrevo. Vossa Paternidade me fara favor havendo
oportunidade enviar lhe a carta.
Aqui tive noticia de serem chegados dous padres francezes que estavão na Missão da China e
o reciproco affecto da nasção portugueza e franceza me obriga a dizer a Vossa Paternidade
que veja se os intentos desses dous religiozos carecem de mym em alguma couza porque
estou prompto para concorrer com tudo aquillo com que os puder
137
ajudar. Deus guarde a Vossa Paternidade muitos anos. Goa 10 de Julho de 1694. O Conde de
Villa Verde.
[Carta do vice-rei da Índia, D. Pedro António de Noronha de Albuquerque, Conde de Vila
Verde] Para o Padre Claranton
138
galiota nossa do capitão B ... de Almeida achando surtos em Panane do mesmo rey outros
dous barcos tãobem carregados hum delles bastante (?) grande lho queimou e fez dar outro a
costa que se perdeo a sua vista sem embargo de que os inimigos chegarão tanto os barcos a
terra que esteve a nossa galiota combatendo com a bateria de artelharia que em terra tinhão e
debaixo della lhe fez todo este dano, sem embargo de que alguns olandezes cavilozamente
comprados pella gente da terra vierão a bordo da nossa galiota dizendo que erão seus os
barcos em que puzerão bandeiras olandezas, mas o nosso capitão que estava muy bem
instruido da verdade pellas noticias que havia tomado nos portos da costa fez publicamente
aos Olandezes confeçar a mintira e lhe fez tirar as bandeiras ola[ndesas] antes de lhe combater
os barcos. Estes são os susceços das nossas armas. Espero por gr[andes] vitorias das da
França que Vossa Paternidade me comonicara por todas as vias que tiver. Deus guarde a
Vossa Paternidade. [Goa] ... de Julho de 694. O Conde de Villa Verde.
Com grande gosto receby esta carta de Vossa Merce e lhe dou parabem da sua boa vinda e da
grande elleição que o rey Grão Mogor fez de soldado tão valerozo para a praça de Ponda e
fico dezejando consiga a posse della com grandes felecidades para continuarmos na boa paz e
vizinhança que de Vossa Merce espero e expirimentará da minha amizade.
Antonio Godinho achara em mym todo o favor e patrocinio que merece por recomendado de
Vossa Merce e terey muito cuidado nas suas couzas para que Vossa Merce entenda faço
muito cazo da sua recomendação. Nosso Senhor etc. Goa 6 de Septembro de 694. O Conde de
Villa Verde.
[Carta do vice-rei da Índia, D. Pedro António de Noronha de Albuquerque, Conde de Vila
Verde] Ao Director Frances
Não quero perder a ocazião de procurar noticias de Vossa Senhoria que estimarey muito sejão
iguaes ao meu de[sejo] .
Nessa terra assiste Rostumogi Manessagi que hé hum bom servidor del rey meu senhor, e
pellos sirviços [que] faz a nasção portuguesa
139
me acho obrigado a recomenda lo muito a Vossa Senhoria para o favorecer naquillo em que ...
buscar a sua protecção.
Ao dito Rustumogi encomendo alguns negocios do serviço del rey meu senhor e lhe aviso que
se para o seu [serviço (?)] necessitar do poder de Vossa Senhoria ... pesso a Vossa Senhoria
que havendo ocazião em que elle de Vossa Senhoria ... aquelle patrocinio que a Vossa
Senhoria merece o seu (?) para afecto de minha e sua nasção. No que eu prestar [me] achara
Vossa Senhoria com grande vontade. Deus guarde a Vossa Senhoria. Goa 10 de Julho de 694.
O Conde de Villa Verde.
Receby a carta de Rustumagi de 3 de Junho e fico entendendo que Rustumogi ... deste Estado,
em todas as ocaziões que tiver de lhe faser honras, não me esquecerey de zel ... que
Rustumogi mostra a nasção portuguesa.
Encomendo muito a Rustumagi pru ... todo o cuidado as noticias verdadeiras do estrago e
danno que as nossas fragatas fiserão na armada dos Arabios, e juntamente os seus intentos
para este anno se hão de vir a Surrate com que poder o que detriminão e de tudo o que
Rustumagi souber neste particular me de logo parte por hum patamar averiguando com toda a
sertesa, se hão de vir [este] anno.
Com a noticia que teve de que em Surrate havia salitre refinado detrimino mandar faser hum
bom emprego nelle, encomendo muito a Rustumagi que com todo o cuidado procure este
negocio se ha o dito salitre o preço delles que quantidade se podera ti[rar] e em que tempo e
de tudo me faça logo aviso e podendo ser me mande do dito salitre huma amostra e se por este
negocio for nesseçario a Rustumagi valer ce do patrocinio do director da Companhia Francesa
eu lhe escrevo lhe dê todo o favor e ajuda asim para este negocio como para os particulares de
Rustumagi. Nosso Senhor etc. Goa 10 de Julho de 694. O Conde de Vila Verde.
140
Dezde que os Purtugueses entrarão neste Oriente nunca faltarão a fee e amizade dos reis
vizinhos sem elles lhes darem primeiro grandes cauzas e quem deve entender ma[is] esta
verdade hé o grande rey Mogor, e seus vassallos que per sy e seus antesseçores
experimentarão sempre da nasção portugueza todo o amor e boa correspondencia e notorio hé
a todos o antiguissimo control que todos os reis da Azia fizerão com o grande monarcha de
Portugal meu senhor para que nenhuma nasção navegasse sem seu cartas, nem trouxesse em
seus barcos cavallos nem [Arabios] nossos mayores inimigos. Isto mesmo aprovarão sempre o
grande rey Mogor prezente e todos os seus an[tecessores] que governarão aquelle dilatado
impirio (sic); supostas estas rezões estranho muito que o grande [rey Mogor] tão grande
amigo e irmão do meu grande rey e senhor em armas uze huma no[vidad] e queren ... o
contrato tão antigo, que se restetua hum barco que não hera seu, e que esta perdido por tres
cauzas [não] trazer cartaz virem nelle Arabios e cavallos e isto hé dar a entender que quer
buscar m ... para se queixar e não esta bem a fama que tem no mundo hum monarcha tão
grande e p ... se diga que com os seus mayores amigos quer elle fazer novidades quando lhe
não merece ... que sempre tivemos e o muito que o estimamos que uze connosco
differentemente no que uzarão [seus ante] cessores quando elle hé entre todos o de mayor
poder, e mais observador da justiça e da verd[ade] [11 v] O barco não trazia nem a outava
parte que [diz o] nacoda Hamadagi e basta que o diga hum vice rey da India para ser verdade
porque primeiro faltará o Sol no mundo do que falte a verdade a [hum] princepe portuguez
nem estes vierão a India a buscar riquezas senão a estender a gloria da [Relegião] com mayor
rezão que deixey tantas terras e tão grandes rendas e senhorios como tenho a minha [ilus] tre e
antiga caza e sinto muito pella amizade que devo a el rey Mogor que nacoda Hamadagi se
atreva a dizer a um monarcha tão grande huma tão notoria mintira que se alguem se atrevera a
cometer esta culpa contra o meu grande rey e senhor logo custaria a vida em castigo da sua
insolencia. Sem embargo de tudo isto eu bem dezejo fazer o gosto a Vossa Senhoria em
mandar restetuir este barco mas não posso porque como não foy toma[do] no meu tempo esta
ja incorporado
141
por sentença em a Fazenda Real e he nesseçario ordem del rey meu senhor que eu não tenho
[e não] poderá vir senão a seu tempo do Reino e eu já escrevi a Vossa Senhoria que daria
disso parte e conforme a ordem que receber farey asim avizo a [Vossa Senhoria] segur[ando]
lhe que hei de estimar muito o fazer lhe a vontade.
Isto não he cauza para que entre nos haja discordia salvo se da parte de Vossa Senhoria se
mover mas advirto lhe que a Surrate (?) convem muito, e mais do que ao Estado que
concervemos as pazes, e que eu hei de estimar mais de empregar as forças que o meu grande
rey e senhor me poz nas mão e o poder que este anno espero emprega lo em deffender as
couzas de Vossa Senhoria do que fazer hostelidade a Surrate porque sou muito grande amigo
de Vossa Senhoria. Deus guarde a Vossa Senhoria. Goa 15 de Setembro de 694. O Conde de
Villa Verde.
Recebi a carta de Rustumagi que estimey muito porque bem conheço a f[ideli] dade com que
serve a este Estado.
Com esta vay carta para o nababo que Rustumagi lhe entregara e me avisara do que delle
entende advertindo que eu só muito amigo do nababo porem com ameaças não hé bom
caminho para buscar a mi[nha] benevolencia e que mais importa a Surrate o ter me por seu
amigo do que a nacoda Amadagi.
Vay esta carta para o general que lhe remetera Rustumagi logo no cazo que ainda o ache no
Norte de h[onde] o mandey vir para esta corte porque hei de mister o seu vallor e prestimo
para mayores emprezas. Nosso Senhor etc. Goa 13 de Setembro de 694. O Conde de Vila
Verde.
Vejo o que Vossa Merce me diz na sua que receby sobre as pessoas que se auzentarão dessas
terras e mandarey logo fazer diligencia nestas e achando se as prenderey e avizarey a Vossa
Merce. Nosso Senhor etc. Goa 1.° de Fevereiro de 695. Rubrica do Senhor Governador na
auzencia do Senhor Conde vice rey e capitam general da India. Arcebispo Primas.
142
[Carta do vice-rei da Índia, D. Pedro António de Noronha de Albuquerque, Conde de Vila
Verde] [12] Para Alahaverdy Bega bacssy das terras de Ponda
Com muito gosto recebi a carta de [Vossa] Merce pelo affecto que nos merecem todos os
va[ssalos] del rey Mogor com quem corremos em tão boa paz.
Sinto muito que aja quem tome o pretexto da minha protecção para hir fazer roubos a essas
terras, porque a todos os meus cappitães tenho mandado que tenha todo o cuidado de evitar
que nas nossas terras não acolhão os que forem fazer danno as del rey Mogor, porque não
sofre a ley da boa amizade que temos que demos patrocinio a ladrões, nem levantados; Vossa
Merce me diz que Ramogi dessay de Bicholim fes este insulto, e eu tenho noticia que fizera
Haria Gaussu, e eu a qualquer dellez hei de castigar com todo o rigor, porem por que não
padeça o innocente, e fique livre o culpado, Vossa Merce se ... bem informar de quem
cometeu o delicto, porque justificando me qual foi o agressor hei de com toda a demostração
castiga lo sendo dos que estão nestas terras.
Hum dia destes vierão fogindo huns homens das terras do nababo para as nossas, e vindo tres
rajaputos em seu seguimento, forão tão atrevidos que entrarão pelas nossas terras te a aldea de
Corzuá, onde os nossos soldados os prenderão. Bem ve Vossa Merce o excesso que
cometerão o grande castigo que merecião. Eu suspendo e pela amizade que tenho com o
nababo lhos remeto prezos, para que elle os castigue de sorte que me conste, porque alias
havendo outra ocasião serei obrigado a evitar estas insolencias fazendo nos que (sic) prender
exemplo para o mais. Nosso Senhor. Goa 14 de Setembro de 1694. O Conde de Vila Verde.
Dom Pedro Antonio de Noronha conde de Villa Verde do Conselho de Estado de Sua
Magestade vice rey e capitam general da India ettc. senhor de muitas merces, e comendador
de muitas comendas, ao valoroso de Quelady Sadessiva Naique filho de Catexa Naique
principe do Canará.
Recebi a que Vossa Senhoria escreveo ao meu antecessor o senhor Dom Rodrigo da Costa e
tive [grande] gosto de ouvir suas novas; e lhe dou o parabem do bom agazalho que achou em
el rey Mogor e que
143
se ache já em Halialla, e do favor e ajuda que lhe manda da ... que Vossa Senhoria tome posse
de suas terras porque experimentará em mym toda amizade e [boa correspon] dencia que
sempre ouve entre os senhores vice reis deste Estado e os assecedentes de Vossa ... se
offereça occasião de eu mostrar a minha vontade em seu favor conhecera ... o muito que
dezejo as suas felecidades. Deus alumie a Vossa Senhoria em sua divina graça. de Agosto de
1694. O Conde de Villa Verde.
Recebi com grande gosto a carta de Vossa Merce e as noticias de sua boa saude que ...
juntamente que o rey de Sunda amigo deste Estado conheça o amor que ... [12 v] a nasção
portuguesa para que onramos ... amizade e correspondencia que sempre lhe concervou este
Estado.
Quanto a botica que Vossa Merce quer por nesta cidade, ja escrevy a Vossa Merce que levava
nisso muito gosto e que serião tratados os seus feitores e adgentes igualmente como os
vassallos do grande rey meu senhor, e que não paga[riã] o mais tributos nem penções do que
elles pagão e ainda que Vossa Merce me pede para confiança papel jurado não he custume
nos Portugueses porque a sua palavra he mais segura e firme que o juramento das outras
nasções, e quando hum vice rey da India da palavra de boca, quanto mais por escrito, debaixo
do seu sinal he mais facil faltar o mundo do que faltar a dita palavra assy que pode Vossa
Merce mandar quando quiser por a dita botica e se quiser para ella casas de aluguel achará
muitas sem nenhuma duvida e querendo comprar casas as achará tambem de todo o modo.
Sobre a madeira da teca e pimenta mandarey ordem ao padre ordem (sic) para o que ha de
ajustar com Vossa Merce nesta materia, e espero que Vossa Merce se aja com elle de sorte
que eu tenha que agradecer ao seu cuidado e amizade. Nosso Senhor ettc. Goa 25 de Agosto
de 694. O Conde de Villa Verde.
144
O general Antonio Machado de Brito me deo conta das ordens que o grande rey Mogor nosso
amigo avia ultimamente mandado para sermos ultimamente restituidos [dos] danos que nos
cauzou a guerra passada nesse Norte, e o mesmo general me participa o cuidado e diligencia
com que Vossa Senhoria procura o findar este negocio e agradecer lhe muito este dezejo, e
espero de seu poder e boa correspondencia que ponha fim neste negocio porque
experimentará em mym nas occasiões que se offere[cerem] de lhe dar gosto a mesma vontade
e diligencia.
Ao general Antonio Machado de Brito tenho cometido o ajuste deste negocio. Com elle o
pode Vossa Senhoria tratar porque tudo o que elle nesta meteria dispuser hei de eu comfirmar,
porem não pode sofrer este ajus[te] dilação, porque o muito poder que este anno for servido
remeter me o grande rey meu senhor me fas p ... xar pelo valor do general para algumas
empresas de mayor gloria, e assy ha de muy breve[mente] sahir do Norte por esta causa.
Mandey vir perante mym os guzarates que tem empenhadas as joyas de Vossa Senhoria, e he
certo (?) que o baneane a quem Vossa Senhoria cometeo o pagamento do empenho, não tem
dado de todo satisfa[ção] delle e assy está ainda devendo perto de novecentos xerafins, porem
ainda que elle falte com [ele] não faltarão a Vossa Senhoria as suas joyas na primeira
occasião segura que ouver, e eu terey cui[dado] de as mandar entregar avizando Vossa
Senhoria a pessoa que as ha de receber. Nosso Senhor ettc. Goa 30 de Settembro de 694. O
Conde de Villa Verde.
Com a noticia que tive de que este barco ingles era hum cossario tãobem ingles que andava
nestes [mares] , e nos havia roubado hum barco nosso que no anno passado vinha de Mecca
para Dio, mais estas duas galiotas que ... quando fosse o mesmo a repreza lo, chegarão as
galiotas a chegada ... barco as vias quando se fes a vella e esta ... aumentou no m ... Junho no
digo em tres e logo o perderão de vista dois a tres dias .... barco avizarão lhe as fortalezas que
surgisse debaixo da artelharia [13]
145
o barco o não qu[is fazer pelo] que se formou mao conceito delle, chegarão neste tempo as
galiotas ordeney [lhe] que o fossem reconhecer porque nas galiotas hia gente que vinha n[o
outro] barco de Dio que o cossario tinha roubado. Foi o barco fogindo e as galiotas fazen ...
de que sperasse, e como elle não obedecia, não duvido que lhe atirassem as galio[tas com]
pessas como erão obrigadas, porem era fazendo lhe sinal para por a capa, entrarão as g[a]
liotas por mais veleiras, e puserão [se em] falla, e como reconhecerão que não era aquella
co[ssario] que buscavão, mas hum barco que ja neste anno tinha estado surto na nossa barra,
lhe [fizerão] todo o bom tratamento, e cortezia. Assy me constou por hum escrito que deo o
mesmo capitam do barco inglez que me aprezentou o meu capitam, cabo, e assy mo certificou
toda a esquipage das galiotas. He certo que o capitam [nesta] queixa não diz verdade, e que os
meus cabos andão muy bem regulados com o temor do castigo. Nisto estou certificado, porem
imformar me ey de novo nesta materia e quando elle fisesse algum excesso, far lho ey sentir
com o castigo. Deus guarde a Vossa Merce. Goa 4 de Outubro de 1694. O Conde de Villa
Verde.
Com muito gosto recebi a carta de Vossa Senhoria pella grande estimação que faço de sua
amizade, valor, e boas partes, e dezejo ter occaziões de lhe mostrar por obras esta boa
vontade.
Quanto ao barco que se reprezou em Dio, ja respondi varias vezes que desde que os
Portugueses entrarão neste Oriente pelos beneficios que delles receberão o grande rey Mogor
e os mais vezinhos fiserão com elles pacto de que nenhuma nasção aziatica navegace estes
mares sem seu cartas, nem trouxessem cavalos nem Arabios em seus barcos. A tudo isto
faltou o barco que se reprezou em Dio, alem de que não foi em meu tempo reprezado, e ja
esta metido na Fazenda Real, e tem se dado conta a Sua Magestade a quem se remeteo o
mesmo barco para o Reino, e eu ja não posso restitui lo sem sua ordem, e sendo lhe dado
conta. Demais o barco não trazia a dessima parte do que dizem os Cem (?) Mamadagio. Fazer
duvida nesta materia he mostrar que a vontade de nos inquietar sem cauza, nem o grande rey
Mogor ha de vir nisso. Eu mais quisera empregar as muitas forças que o meu grande
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rey e senhor tem neste Estado e as tres armadas que me mandou este anno com tanta gente em
deffender ao grande rey Mogor de seus inimigos pois he com o meu grande rey e senhor
irmão em armas antes do que empregar este poder em fazer com elle hostelidades a seus
vassallos. Deus alumie a Vossa Senhoria em sua divina graça. Goa 4 de Outubro de 1694. O
Conde de Villa Verde.
Ainda que eu podia ficar muy queixoso contra Vossa Altesa de que no mesmo tempo em que
havia e[xpe] rimentado em mim o lance de bom amigo concedendo lhe os cartazes que me
pedio [para] os seus barcos aceitace o ser mediator da paz a instancia do Samorim de quem
temos experi[mentado] tão pouca fe pois tantas vezes tem faltado ao prometido. Comtudo o
amor que deve e ... aos princepes ascendentes de Vossa Alteza me faz suspender a queixa e
dar lugar a intre[seção de] Vossa Alteza concedendo a pas que o rey de Calecut me pede, e o
que mais nos fica devendo. mais inclinado ao Çamorim do que a este Estado, he admitir
tratado da paz sem o dito rey [enviar em] baxador seu a esta Corte. Mas fique Vossa Alteza
entendendo que se o dito rey não mand ... aos nossos barcos e para ahi se fazer o ajustamento
e confirmação da pas, concedendo lhe to ... que remeto ao Reverendo Padre João Ribeiro que
lhe hei de continuar a guerra, emquanto se não confirmar ... [13v] pelo dito rey seus regedores
e povo que não ... as hostellidades que intento fazer lhe ex ... para o que fico preparando a
Sanharcacolo. Deus guarde a Vossa Alteza. Goa 26 de Outubro de 1694. O Conde de Villa
[Verde] .
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buscar riquezas que disso não fazem cazo. So vierão a reduzir a ley de Jesus Christo os infieis
do Oriente ... nunca faltarão a fe que prometerão nem a palavra que derão e em Vossa Altesa
sempre experimentarão o contrario porque nunca foi seu amigo mas que ou pello temor das
nossas armas, ou pello amor da sua conveniencia, e veja Vossa Altesa se os Purtuguezes
pagão bem aos seus verdadeiros amigos pois so porque o princepe Ramorma me pede esta pas
me rezolvy a ouvir a Vossa Altesa contra o que tinha detriminado. Ao padre João Ribeiro
mando as condições do que Vossa Altesa e seus regedores e povos hão de prometer e guardar
para que ha de mandar seus inviados aos nossos barcos a fazer este ajustamento com a pessoa
que eu hei de mandar com o meu poder para isso e emquanto a pas não estiver confirmada de
todo não hei de parar com lhe fazer toda a hostellidade para o que fico preparando o grande
poder que tenho com que na mão de Vossa Altesa está o ter me muito tempo por seu inimigo.
Deus guarde a Vossa Altesa. Goa 26 de Outubro de 1694. O Conde de Villa Verde.
Recebi a de Vossa Paternidade de 7 de Junho em que me da conta da boa elleição que fez em
re[meter] para Tanor ao Reverendo Padre João Ribeiro que sobre as boas noticias que tenho
do seu tallento e virtude seguram [me o] bom sucesso que se pode esperar no negocio que
delle fio o haver sido escolha de Vossa Paternidade. E porque he tanto do serviço de Deos e
de Sua Magestade o tratado desta paz sera conveniente que o dito padre assista em Tanor te se
findar este ajustamento que então se podera recolher porque pedente (sic) esta negociação
sera perder o seu efeito com o retiro do dito padre.
Tenho noticia que ja Vossa Paternidade tem recolhido algumas relliquias do veneravel padre
João de Britto e suposto que ao padre procurador da Provincia tenho pedido o cutello de seu
martirio e alguma couza mais para emprego da minha veneração elle o duvida fazer sem
ordem de Vossa Paternidade a quem peço que lha mande porque alem de incitar muito a
minha devoção o ser este veneravel padre da Companhia afervora me mais o conhecimcnto e
amizade que com elle tive para dezejar muito as suas relliquias. Deus guarde a Vossa
Paternidade. Goa 20 de Outubro de 694. O Conde de Villa Verde.
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Recebi a de Vossa Senhoria de 25 de Julho e ja havia festejado a noticia que tive do Reino da
nomeação que Sua Magestade que Deos guarde fez em Vossa Senhoria para patriarcha de
Etiopia elleição que por ser do dito senhor e por ser Vossa Senhoria o elleito, se faz por todos
os titulos grande, dou a Vossa Senhoria os parabens da dignidade segurando lhe outras muito
mayores por parte do meu dezejo.
Estimo muito e agradeço a Vossa Paternidade a intervenção medi[neira (?)] em o Reverendo
Padre Provincial o mandar ao padre João Ribeiro para Tanor cuja assistencia sera ally perciza
ate se findar o negocio desta paz que espero rezulte em grande utillidade para o serviço de
Deos na segurança das missões e de Sua Magestade, no credito deste Estado e reputação de
suas armas e não faltarey eu em saber conhecer a parte que a vossa pessoa em tudo ha de
tocar nesta gloria para em todas as occaziões que se offerecerem lho saber agradecer. Deus
guarde a Vossa Senhoria. Goa 26 de Outubro de 694. O Conde de Vila Verde.
[Carta do vice-rei da Índia, D. Pedro António de Noronha de Albuquerque, Conde de Vila
Verde] Para o Padre João Ribeiro
Agradeço muito a Vossa Paternidade a pontuallidade de vir a Tanor para fazer a Deos hum
tão grande serviço como ha de resultar do ajuste desta paz que o Samorim pretende. E tendo
eu em Vossa Paternidade hum adgente de tanto talento não posso deixar de prometer me
conceguir este negocio com muito credito para o Estado e muita segurança para as missões
desse Reino que he o primeiro movel dos meus intentos neste tratado.
Remeto a Vossa Paternidade as condições que este Samory ... e suposto que todas dezejo
conceguir são comtudo as de ... empenho e de que não hei de ceder todas as que tocão ao
respeito de Deus e ... augmento das missões do enteresse ... não restringo a Vossa Paternidade
[14] e as cometo a seu arbitrio fiando da sua pru[den] cia e capacidade faze las acrescer ou
minorar ... tratar alguma como tão prático desse reino por cuja intervenção espero conceguir
todo o acerto ... e não detirmino suspender as hostellidades emquanto se não efectuar
149
esta pas e assym o escrevo ... princepe Ramorma porque como o Samorim o move o medo he
rezão que não para a guerra ... assym melhor e com mais brevidade vira elle nas ...
capitulações da paz.
Agradeço a Vossa Paternidade as noticias que [me] da do Mallavar e lhe peço mas continue e
me par[tici] pe as que tiver do Arabio por algum barco de Mascate sobre o danno que recebeo
o Ara ... da nossa armada e dos disignios deste anno se vem ao Norte e que poder tras. [Deus
guarde] a Vossa Paternidade. Goa 26 de Outubro de 694. O Conde de Vila Verde.
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se fazer absoluto contra os seus preceitos demenuindo lhe a fama e opondo se lhe as suas
ordens do que faz ao Estado em não lhe restetuir este dinheiro porque os Portuguezes não
vierão buscar a India riquezas deixando tantas na Europa e so dezejão a pax e boa amizade
com os principes do Oriente. A Vossa Senhoria como tão favorecido do rey Mogor lhe toca
acudir muito pella offença que este nababo lhe faz fazendo o cumprir os seus mandados para
que saiba o mundo conhecer a differença que delle vay a Vossa Senhoria e el rey Mogor lhe
agradeça este serviço que eu prometo mandar lhe fazer prezente.
Do nababo de Surrate vivo muy queixoso porque sendo elle nosso amigo prosiga (?) fa[vore]
cendo contra nos os Arabios vendendo lhe barcos e todos os petrechos de guerra, e isto ...
insolencias que elles o anno passado lhe fizerão em Surrate tratando com tanta soberba ...
vassallos de el rey Mogor que lhe davão tratamento de seus captivos, e disso se ga ... rate e eu
so por tomar satisfação destes agravos e das insolencias que em Surrate e no p ... mandey a
minha armada e o anno passado a dar lhe tão grande castigo. Veja Vossa Senhoria que a ... de
boa pax não consente que quem he meu amigo, de armas e petrechos de guerra contra ... meus
contrarios, nem entre os reis de Europa se permite esta ma correspondencia. Eu ... e poder
para dar a entender por todo o modo ao nababo de Surratte que não he verdadeiro amigo [dos
Por] tugueses, nem bom vassallo de el rey Mogor de quem somos irmãos em armas e b ... dia
eu ... socorros que tive este anno do Reino dar muito que sentir a este nababo mas a fe que os
Portugueses ... a todos me não deixa uzar deste meyo sem primeiro buscar os suaves, faço a
Vossa Senhoria ... elle procure remedio mais conveniente e para que vivamos em verdadeira
pax, e eu tenha que ... que Deus alumie. Outubro de 1694. [O Conde de Villa] Verde.
Vejo o que Vossa Merce me diz sobre a armada do Mung e ainda que eu nunca podia
prezumir que Vossa Merce havia ser tão infiel para o Estado que desse consentimento para
este furto expondo se as
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consequencias tão mas que dahy se lhe podião seguir, comtudo não deixo de conhecer que se
Vossa Merce o quizer fazer restituir que tem traça e poder para isso, e não lhe admito a
desculpa que dá sobre este particular; Veja Vossa Merce que lhe esta bem que por sua via nos
venha a mão este barquinho porque obrigara muito e[sta] acção ao Senhor Conde Vice Rei
para os seus particulares; e as couzas de Vossa Merce vão em estado que lhe importa muito te
lo de sua parte.
Do dito senhor não tive mais novas despois das que comoniquey a Vossa Merce de Zanguizar
e creyo que estara nos mesmos disignios se outras acções mayores o não divertirem. Receby
os dous merusinhos (?) que agradeço a Vossa Merce que Deus guarde. Goa 14 de Março de
695. Manuel Pereira Peres.
Não quero perder a ocazião de procurar noticias de Vossa Senhoria que estimarey muito sejão
iguais ao meu dezejo.
Nessa terra assiste Rostumogi Maneccagi que he hum bom servidor del rey [meu senhor] e
pelos serviços que faz a nasção portugueza me acho obrigado a recomenda lo muito a Vossa
Senhoria para o favorecer naquilo em que elle buscar a sua protecção.
Ao dito Rustumagi encomendo alguns negocios do serviço del rey meu senhor e lhe avizo que
se para o seu effeito necessitar do poder de Vossa Senhoria o busque. Pesso a Vossa Senhoria
que havendo ocazião em que elle de Vossa Senhoria se valha lhe de aquelle patrocinio que a
Vossa Senhoria merece o reciproco affecto de minha a sua nasção. No que eu prestar me
achara Vossa Senhoria com grande vontade. Deus guarde a Vossa Senhoria. Goa 20 de Julho
de 1694. O Conde de Villa Verde.
[Carta do vice-rei da Índia, D. Pedro António de Noronha de Albuquerque, Conde de Vila
Verde] Para o Padre Vigario de Tanor
Com esta remeto a Vossa Paternidade carta para o princepe Ramorma em resposta da que me
escreveo em que me fazia prezente que el rey Samorim queria pazes. Vossa Paternidade a fera
entregar com segurança ao dito principe.
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O Reverendo Padre procurador dessa provincia escreve a Vossa Paternidade e por ella vera as
justificações que lhe pede no que toca ao estado em que se acha o Bapa Borobu com a
Companhia Ollandesa e como eu fiz esta guerra com as informações que o dito padre
procurador e mais padres dessa provincia me derão sera preciso que Vossas Paternidades se
empenhem em verificar o que me afirmarão para podermos com testemunhos autenticos
refragar as queixas com que agora nos arguem os Olandeses de que o dito Bapa Porbu (sic) he
seu mercador da Companhia e bem sabe Vossa Paternidade que quando o capitão de mar e
guerra Bento Ferreira de Almeida queimou em Panane o barco do dito Baba Porbu foi com a
certeza de que Vossa Paternidade disse e segurou. Sobre este ponto fio do cuidado e de
intelligencia de Vossa Paternidade remetera estes papeis com a clareza necessaria e brevidade
possivel. Deos guarde a Vossa Paternidade. Goa 28 de Mayo de 1694. O Conde de Villa
Verde.
O salitre para este Estado e o que Sua Magestade pede para o Reino he tão preciso que
convem muito dilligencia lo por todas as vias e com todo o cuidado vay o paçaporte que
Lucas Luis me pede e fio de sua dilligencia que conciga eu por ella este dezejo e espero que
mande Lucas Luís de Oliveira barco dirigidamente (?) a este fim a Bengalla para que com a
brevidade possível venha desse (?) porto carregado de salitre em companhia da galliota do
capitam de mar e guerra Manoel Favacho que a este mesmo fim mandey a Bengalla a cuja
ordem han de estar os mais barcos que forem a condusir o dito salitre e do que neste particular
passar Lucas Luis de Oliveira me dara conta e estimarey muito achar na sua dilligencia
motivos para lhe agradecer este serviço. Nosso Senhor etc. Goa 28 de Mayo de 1694. O
Conde de Villa Verde.
Pella galliota do capitam de mar e guerra Manoel Favacho que mandey desta cidade a
Bengalla [para con]duzir salitre escrevi a Vossa
153
Senhoria e como se me offerece de novo esta occazião não quero perder a sollecitar novas de
Vossa Senhoria que estimarey sejão iguaes ao meu desejo.
Na dita galliota fiz prezente a Vossa Senhoria a fa[lta em] que ficamos de salitre para o
provimento do Estado [e para] satisfaser a ordem com que Sua Magestade que Deos guarde o
manda pedir com tanto empenho para o Reino ... Como os Ollandeses impidirão a Cosmo
Gomes com o pertexto de que o poderia vender aos Franceses como fez o anno passado he
necessario que vão barcos nossos dirigidamente a Bengalla a este intento, [Tor] no a
recomendar muito a Vossa Senhoria este negocio para que com a sua intervenção e respeito o
faça hir todos os barcos possiveis dessa costa a Bengalla para me conduzirem todo o salitre
que puderem carregar porque alem de ser assy util ao Estado aos donnos dos barcos sera de
toda a conveniencia porque han de ter muito bom preço e não han de pagar direitos alguns do
tal salitre. No prestimo (?) e dilligencia de Vossa Senhoria faço a mayor escora deste negocio
e creo que por sua via so hei de sahir bem deste empenho. Deus guarde a Vossa Senhoria.
Goa 28 de Março de 1694. O Conde de Villa Verde.
Ecalas Can governador de Ponda me deu noticia de que os gancares de Coculim que estão
fugidos para as terras de Vossa Altesa tinhão intelligencia com o inimigo Sivagi e os mais
capitães levantados que andão roubando as terras vizinhas e que lhe tinhão escrito que
viessem a dar nas nossas terras e fazer nos hostellidades. E do mesmo campo do inimigo me
escreverão espias muy certas que tenho que os ditos gancares chamavão esta gente que andão
roubando para darem nas terras de Vossa Altesa e lhe fazerem muitos roubos para que Vossa
Altesa, apartado destes dannos pedice pax aquelles capitães e elles lhe não concedesse (sic)
sem Vossa Altesa se empenhar comigo para eu admitir outra vez os ditos gancares nas nossas
terras e restetui los as suas fazendas, o que eu não hei de fazer em nenhum cazo.
Pello que me toca a mim não me da que venhão estes inimigos as minhas terras porque estou
muy bem previnido e tenho poder para lhe cortar a todos as cabeças e folgarey muito que elles
venhão meter ce
154
nisso. Porem pello que toca as terras de Vossa Altesa como sou seu amigo estou obrigado a
dar lhe parte desta treição. Vossa Altesa esta vendido destes gancares que depois de me serem
a mim falços querem ser a Vossa Altesa traidores por rezão dos seus intentos e não ha couza
nas terras de Vossa Altesa que elles não entreguem ao inimigo. A Vossa Altesa e a mim nos
importa castigar estes gancares, porque as minhas espias são do mesmo inimigo e hé certo
que me não emganão e quando Vossa Altesa não castigua estes infames eu mesmo hei de hir
tomar a satisfação do meu e do seu agravo. Deos guarde a Vossa Altesa. Goa 12 de
Novembro de 1694. O Conde de Villa Verde.
Pellas cartas que ha tempos tive de Vossa Merce e de Ramachandra Panditto e de Santogi
Gopal (?) entendi que Vossa Merce erão amigos deste Estado porque assym o significavão
todos e prometião nas ditas cartas porem vejo o contrario pois Vossa Merce entrou nas nossas
terras e deseo somente a fazer r ... com essas gentes dos Gattes. Esta acção hé muito má e tem
me enfadado de sorte que este ... ordem a Chaul para tomar a ilha Undry e não lhe deixar hir
mantimentos e mandar p ... todos os Maratas que se acharem nas nossas terras e hir aos seus
portos de mar queimar lhos [e destro] ir lhos porque para isso tenho muy poderosas armadas.
Porem como os Portuguezes ... com os seus amigos sem cauzas muy justificadas atalhou me
este intento e conciderar que p ... ser atrevimento dos soldados sem Vossa Merce saber disso,
nem ter culpa, e para averiguar esta ... lhe mando noteficar que declare se he amigo ou
inimigo e se quer guerra ou pax ... co, porque se quer guerra estou prompto para isso, darey
gosto aos meus soldados que tanto ... empregar se nella, e não terey ociozo o meu poder e as
minhas armadas v ... tire com toda a sua gente das nossas rayas sem aparecer hum soldado
nellas em ... paz, que sendo racional não a hei de engeitar, e lembro lhe que as forças com que
... que .... hão de dar muito que sentir a todos contra quem eu as mover. Deus guarde a Vossa
Merce ... de 1694. O Conde de Villa Verde.
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Antes de ter a carta de Vossa Merce mandey segurar ao adgente de Mamede Nascer em que
Vossa Merce me falla e fica prezo, mas porque a Vossa Merce lho reemeta me ha de cumprir
duas couzas a primeira que ha de mandar hum seguro em que prometa cobrar deste homem a
sua fazenda, mas não entender com a sua pessoa que se valeo de mym e hei de o ampa[rar] ; a
segunda que primeiro me ha de remeter Vossa Merce todos os fugidos das nossas terras que
tem nas suas porque se pede a restetuição deste homem deve observar o mesmo. Deos guarde
a Vossa Merce. Panellym 30 de Julho de 1695. O Conde de Villa Verde.
O home que Vossa Merce falla fica prezo, e ao Divão escrevo as duas condições que ha de
cumprir primeiro que lho mande entregar, e com isso sera restetuido logo. Deos guarde a
Vossa Merce. Panellym 30 de Julho de 1695. O Conde de Villa Verde.
Dom Pedro Antonio de Noronha conde de Villa Verde do Conselho de Estado do grande rey
de Portugal, vice rey, e capitão geral da India senhor de muitas terras, e de muitos vassalos
ettc.a A Dom Pedro rey de Manamotapa grande e respeitado na Africa entre [os] outros reys,
faço saber a Vossa Altesa o grande gosto que me cauzou a noticia que o meu capitão [mor]
dos Rios, e mais cabos me escreverão de que Vossa Altesa hia a restetuir ce do seu reino que
lhe tinhão injustamente tomado, e que os meus capitães e sua gente hião em seu favor e ajuda
a mete lo de posse por força de armas; o que espero terão ja conseguido e que Vossa Altesa
esteja seguro no seu trono, e tanto que eu tiver a nova certa de que esta restituido do seu reino,
e que tem tomado vingança dos seus inimigos hei de mandar grandes premios aos meus
capitães que o ajudarão porque merece Vossa Altesa que eu estime muito o seu bom sucesso
por ter hum rey christão, e
156
tão amigo dos Portuguezes. Agora mando por capitão geral dos Rios a Dom Estevão Joseph
da Gama que he hum senhor muito grande e muito poderoso no Reino, e lhe dey muitos
soldados, e muitas armas so para hir socorrer a Vossa Altesa e ajuda lo contra os seus
inimigos para que todos lhe tenhão grande medo e respeito, e lhe mando que tenha grande
amizade e boa correspondencia com Vossa Altesa porque espero que Vossa Altesa ja que nos
o ajudamos com tantas forças contra os seus inimigos, seja muito fiel a el rey de Portugal e
favoreça muito a todos os Portuguezes que estiverem nessas terras, não consentindo que
ninguem lhe faça guerra, e todos tenhão com elles boa paz e amizade porque assim me achara
Vossa Altesa sempre de sua parte como verdadeiro amigo. Deos guarde a Vossa Altesa. Goa
12 de Dezembro de 1694. O Conde de Villa Verde.
[16] Depois que el rey Mogor conquistou estas terras de Ponda sempre ouve nellas divão ...
nababos correndo se comnosco de parte a parte sem a menor desconfiança nem queixa ... que
das nossas terras fugissem para as suas criminozos e das suas viessem para as nossas alguns
fora ... nunca isto deo motivo a descordia nem desconfiança da parte a parte porque o direito
com ...
157
que em todo o mundo e entre todas as nações se pratica e se observa primete que os ... que de
hum reino fogem para outro achão nelle emunidade e seguro e sempre se tiver[am] por
emfames entre os princepes, e reis alguns, ainda que muy poucos que não guardavão este
previlegio aos que fugirão de outro reino e no seu se a[colhe]rão, sem embargo de toda esta
rezão pretende agora este divão de Ponda sego de sua ambição que eu não recolha nas nossas
terras os dessaes fugidos de suas obrigados das sem rezões que lá expirimentão e para este
fim diz o divão que são os dessaes inimiyos del rey Mogor, não reparando que ofende a
soberania e grandeza de seu rey e nomear por inimigos seus huns homens particulares e seus
vassallos, e para que mais claramente intervir ao nababo de quem são os dessaes e da pouca
rezão que o divão tem na queixa que faz de nos os recolhermos devendo antes agradece lo
pois lhe evitamos com isto os asaltos e roubos que havião de fazer nas suas terras se eu os não
trouxera tão repremidos e não mandace nelles com tanto cuidado.
São os dessaes humas cabeças de algumas aldeas os quaes ainda que tem alguma gente de
armas não negão nunca serem vassallos del rey Mogor e autualmente lhe pagão as rendas e
penções em que as suas aldeas forão lotadas, mas porque sucede querer o divão cobrar delles
mais do que devem pelo formão del rey Mogor, e elles com justa rezão o recusão o divão com
este pretexto lhe toma as terras os mete em prizões e os açoita como se ha feito varias vezes
elles para se livrarem destas aveixações e do perigo da vida se passão as nossas terras e dellas
fazem concertos com o divão para tornarem as suas e nos os recebemos sempre na
concideração de que sobre o pidir assym o direito commum dos reinos que assym vos disse
sera muito pior para os vassallos del rey Mogor se assym o não fizermos porque he certo que
estes se não acharem nas nossas terras abrigo com o sequito que tem fugirão para os matos
onde se farão levantados poderozos e ladrões roubando as terras do Mogor devastando as
como fuzem aquelles dessaes que não se acolherão aos nossos dominios porque como não
tem quem os sogeite roubão a sua vontade o que não fazem os que nas nossas terras assistem
porque com a minima queixa que tenho devão (sic) ou mandão fazer qualquer dano a terra
firme os castigo severamente.
Suposto pois que os dessais se não podem chamar inimigo de Mogor mas huns homens
particulares seus vassallos, por medo do divão
158
fugidos pella aveixaçaõ que lhes faz faltando as ordens do seu rey querendo lhe levar o que
lhes não deve, recolhendo ce as terras dos amigos de seu rey como nos somos para não
faltarem a fedelidade que lhe devem nem elles fazem mal e o soberano rey Mogor não só se
de[ve] mostrar obrigado a nos os recolhermos mas castigar ao divão pellas sem rezões que
lhes faz f[altando] lhe com os privelegios e merces que o mesmo rey lhe tem dado e quando o
divão pretender ... nos os não recebessemos havia de ser por termos cortezes e dignos da
nossa amizade f ... reciprocamente o mesmo e não receber os nossos criminozos e culpados
que fogem para as suas ... xemplo disso seja o não poder eu por esta cauza castigar os grandes
delictos de roubo e ... que em Goa no meu tempo tem sucedido, porque como ficão tão
proximas as terras apennas os diliquentes ... os crimes e no mesmo [estante] passão para a
terra firme de Ponda e sendo estes innumeraveis ... no meu tempo fugirão ... para Ponda com
grossos cabedaes que l ... desta cidade fugio hum [soldado] portugues que atirou com hum
bacamarte a um ministro ... dos matadores do general Antonio Machado de Brito e nestes dias
fugiram ... para Ponda e lá assistem que ... a hum fidalgo por nome Dom Antonio de Almeida
[16 v] Dom Miguel d'Almeida que foi governador deste Estado e assym estes como muitos
mais nunca os pidimos ... os emfadamos de que o divão e seus antecessores os recebem e se
isto assym de nossa parte, que re[zão] tem este divão para que não recolhamos nos os dessaes
que são huns vassallos do grande rey Mogor [a] quem elle contra as suas ordens aveixa e lhe
rouba as fazendas.
Isto hé o que haveis de dizer ao nababo de Surrate quanto a pertenção que o divão tem [de]
pidir os dessaes que estão nos nossos dominios.
E quanto a outra proposta que continha a carta do mesmo divão sobre a oferta que diz lhe [fa]
zião os Arabios para a noticiar a el rey Mogor para elle se unir com os ditos Arabios contra ...
direis ao nababo que nem a soberania do grande rey Mogor ha de admitir esta suplica, nem
h[e] credito de sua grandeza fazer liga com huma tão vil canalha tão imfiel e tão soberba
contra nos seus amigos tão fieis e tão antigos e vassallos de hum monarca de Portugal a quem
o grande rey Mogor e elle se chamão irmão em armas nem nos lhe havemos desmerecido toda
a boa correspondencia e os Arabios lhe hão
159
feito tantos agravos como bem sabe o mesmo nababo de Surrate nas insollencias que nesse
porto fazião com as suas armadas e nos danos que este anno fizeram aos barcos de Surrate e
de Cambaia e em levar ao inimigo Sambagi pello porto de Rajapor onde [destrusey] cavallos
polvora balla e mais petrechos da guerra demais que pela amizade que sempre tivemos [com]
el rey Mogor nasceo a cauza de rompermos com o Sivagi seu inimigo de que rezultou
fazermos tantas despezas, e estarmos ainda oje desunidos com elle, e todas estas rezões são
forçozas para que o grande rey Mogor castigue ao divão por admitir huma proposta e cometer
em hum tratado que sobreofende a sua grandesa a sua bondade e a sua sobreancia (?) da neste
o divão grande mostra de soberba e pou[ca] obidiencia e desatenção ao respeito de seu rey
que devia antepor a todo o seu interece que assym custumam fazer os Portuguezes com os
nossos monarcas.
Depois de vos ter escrito me chegou huma carta de meu capitam de Conculym remetendo me
a [carta] do divão de Ponda cuja copia vos remeto com que este divão cada vez vay fazendo
mais despropozitos envocando mais motivos para o seu castigo o que tambem fareis prezente
ao nababo.
Tãobem vos remeto a copea da carta que elle me mandou por seu enviado e a reposta que lhe
fiz para ficares mais enteirado deste negocio e agora pretende este nababo demais fazer
[huma] tran[queira] junto hum rio nosso onde nunca ouve e por aquelle meyo aveixar os
mercadores que vem para as nossas terras. Se elle continuar o intento me ha de ser forçozo
mandar lhe quebrar com que isto tudo lhe direis [ao] nababo mostrando lhe o quanto de nossa
parte dezejo não alterar em couza alguma porem que se alterar da parte do divão que sabe que
não sou encapaz de lhe sofrer e que nos os Portuguezes assym como somos bons amigos
tãobem ariscamos com boa vontade a vida e perderemos tudo so para se castigar a quem não
uza comnosco a fidelidade devida que elle nababo deve por remedio ... toda a boa
correspondencia que entre nos ha e utilidade de hum e outro estado e tãobem lhe direis o bom
trato e a fedelidade com que receby os barcos do seu porto assym pellas suas recomendações
como por serem de vassallos de Mogor o que testemunharão bem os seus mocadões. Nosso
Senhor etc. ... de Outtubro de 1695. O Conde de Villa Verde.
160
Espero em Deos haja Vossa Merce ja chegado ao Congo, e que tivece huma glorioza victoria
nos cabos porque o inim[igo] tendo noticia pella galiota que sahio de Surrate em como nos o
esperavamos naquelle citio se[guio] para o Sul em busca da nossa armada a qual tendo sahido
para Calecut não achou naquele porto e ficarão quatro sanguiceis neste porque estão tão
medrozos que sem avistarem o inimigo se puzerão fogo os [ditos] sanguiceis para se não fazer
a Vossa Merce este avizo porque não publiquem elles lá que foi mayor a perda pois foi tão
pequena como Vossa Merce podera conciderar da casta das embarcações.
[17] O inimigo emgolfou de Angediva a 10 de Abril. Receyo tenha muito ma viagem por [que
um] dos barcos que elle havia reprezado de Surrate arribou ja a Mangalor e dous dia ... bem,
mas não tenho a nova por certa, mas se elles fizerão a derrota e chegarem a Man ... tendo terá
Vossa Merce ja tido encontro com elle; querera Deos seja assym para que Vossa Merce nos
ch[egue] a esta barra com os triumphos que espero nos dar a Mãy de Deus e Santo Xavier.
Deus guarde [a] Vossa Merce ettc. Goa 16 de Mayo de 1695. O Conde de Vila Verde.
Espero na bondade divina sera ja chegada a armada a esse porto do Congo apezar de todas as
diligencias que o Arabio fez para que não passace o Estreito porque tendo a noticia de que eu
esperava em Surrate mudou o rumo e se fez para o Sul donde chegando e não estando lá a
nossa armada por ter p[assado] (?) a Calecut e ficando só em Barçalor quatro sanguichos de
cairel forão os cappitães delles tão fracos que sem verem ao inimigo puzerão fogo aos ditos
sanguichos e vendo o Arabio que a opozição que estes lhe podião fazer lhe empedia o entrar
no porto o fizerão roubando alguns parangues de arros e se forão a feitoria donde o feitor se
tinha ja auzentado e queimarão as palhotas em que morava e dahy passarão a dous pagodes da
rainha e os queimarão tãobem matando vacas nos ditos pagodes e untando com o sangue as
paredes, tudo com pretexto de que a rainha lhe faltava com o prometido. Levarão tãobem
dous barcos da rainha e
161
alguns de Surrate, e porque entendo que estes tãobem poderão la bublicar (sic) nos hão feito
grandes dannos me pareceo fazer esta ao superendente para que quando lá chegue a nova
saiba que o danno que experimentamos não foi mais que o dos quatro sanguichos e Joseph
Pereira bem sabe a má couza que são. Espero em Deus que a armada quando fosse para esse
porto ouvece encontrado o inimigo nos cabos e chegasse a elle com huma glorioza victoria e
como não serve de mais Nosso Senhor ettc. Goa 16 de Mayo de 1695. O Conde de Villa
Verde.
162
a lar ... manchuas com toda a sua carga, e sem ficar represado o mais minimo vallor de sua
importancia ... tregou ao dito barqueiro Joze da Cunha, que com tudo partio desta cidade.
Daqui vera Vossa Senhoria ... [17 v] do dito Baba Parbu, que em remuneração [da]
generosidade que uzei com elle levanta hum testemunho disendo lhe ficara huma das
manchuas, e o dinheiro della aqui represado, e desta sua falcidade me nasce nova cau[sa] para
elle experimentar novo castigo.
Quanto a segunda queixa que Vossa Senhoria me fas do barco do dito Baba Parbu que estava
de partida para Mecca e foi no porto de Panane queimado entre outros pelo capitam Bento
Ferreira d'Almeida, esperava eu que a nobre Companhia me agradecesse esta acção, e não que
se queixace della, porque me consta por pessoas muy fidedignas e m ... da mesma nasção
olandesa que o dito Baba Parbu está em total inimisade com a nobre Companhia por se ...
haver levantado com huma copiosa fazenda sem lhe querer dar satisfação, e que por esta
causa fogio de Cochim com [sua] casa e familia para Panane terra do Samorym que está com
el rey de Cochim em guerra, e que pella mesma rezão represou a nobre Companhia este anno
em Manar dous barcos do dito Baba Parbu, e lhe represara todos ... se os colhera, e quando
estas noticias são a todos patentes, bem podia Vossa Senhoria entender que a mym me não
havião ser occultas, para me inculcar por amigo, e mercador da Companhia o mayor contrario
della, porque se estas rasões me não fossem tão notorias, e eu entendece que o dito Baba
Parbu tinha alguma intervenção [e a] liança com a nobre Companhia he sem duvida que
favorecera todas as suas cousas com aquele affecto que pede a boa paz em que estas duas
nasções estão ha tantos annos, sem que os Portugueses cheguem a obrar cousa que desmin[ta]
daquella cinceridade, e lisura, com que sempre guardarão boa correspundencia a todas as
nasções com quem estão em amisade, quanto mais aos Olandeses que tanto estimão; e a vista
deste nosso proceder me [devo] (?) eu com muita rasão queixar de que o feitor olandez de
Panane deixace arvorar no dito barco a bandeira olandesa, e lhe metesse soldados olandeses
para simuladamente afectar que hera olandes o barco e querer comrromper com sincoenta mil
xerafins ao meu capitão de mar e guerra, para que deixace o dito barco apetre ... do dito Baba
Parbu, sendo que devia a advertir que os Portugueses não custumão vender por preço algum o
serviço de seu rey, e a sua fidelidade
163
e o mesmo feitor confessou publicamente que fazia estas diligencias por instancias do dito
Baba Parbu, e que a nobre Companhia nada tinha no dito barco, o que tambem certificou
huma sumaca que aly chegou.
Estes pretextos são muy dignos de estranhar ce porque não os acho licitos entre duas nasções
que vivem em pas e em tão boa amisade, e seguro a Vossa Senhoria que os Portugueses não
haviam primitir que tomace a sua vos, e a sua bandeira nenhum inimigo de Olanda, e se
algum vassallo del rey meu senhor ousadamente o fisece no dito senhor ... avia achar o
castigo de sua culpa e bem se verifica o respeito que o meu capitam (com grande gosto meu)
tem a nasção olandesa, que sem embargo de que o mesmo feitor olandes confeçou a sua
simullação, e que nada tinha a nobre Companhia no barco, foi elle tam attendido, que
emquanto se não tirou a bandeira da nobre Companhia e sahirão os Olandeses que no barco se
meterão, não quis elle combate lo.
Estas são as rasões que dou as queixas de Vossa Senhoria para que as faça prezentes a seus
mayores, e a todos lhe pro ... muito pellas pazes que ha entre estas duas nasções, e que estou
prompto para as guardar inviolavelmente e dar a nobre Companhia e a toda a nasção olandesa
toda aquela boa correspondencia que o ajuste da paz pede, e tão nobre nasção merece. Deus
guarde a Vossa Senhoria. Goa 24 de Mayo de 1695. O Conde de Villa Verde.
Com grande gosto receby esta carta de Vossa Merce, e lhe dou parabem da sua boa vinda e da
grande elleição que o rey Mogor fez do soldado tão valerozo para a praça de Ponda e fico
dezejando consiga a posse della ... fellicidades para continuarmos na boa paz e vizinhança que
de Vossa Merce espero e expirimentara da minha [amisa] de.
Antonio Godinho achara em mym todo o favor e patrocinio que merece por recomendado de
Vossa Merce e terey [mui] to cuidado nas suas couzas para que Vossa Merce entenda faço
muito cazo de sua recomendação. Nosso Senhor etc. Goa de Setembro 694. O Conde de Villa
Verde.
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[Carta do Secretário de Estado da Índia] [18] ... do Secretario do Estado ao Divão de Ponda
Mamede Rafy
Amada Sarangue me deo a de Vossa Merce que estimey muito e lhe dou o parabem de ... ja
com o sucego na posse dessas terras e convalecido das suas feridas. Os negocios que
co[moni] cou Amada Sarangue e Vossa Merce na sua carta hão de ser todos aceites pello
Estado co ... a boa correspondencia e paz em que [es] tamos e o Arcebispo (?) Primas escreve
sobre isso a Vossa Merce e em ... me achara sempre com boa vontade. Deos guarde a Vossa
Merce. Goa 30 de Março de 1695. Manuel [Pereira] Peres.
Quando os dias passados teve Vossa Merce a molestia das feridas lhe escrevy o sentimento
com que ficava daquelle sucesso e fiquey entendendo que não fora a mão de Vossa Merce a
carta e que Ecalas Cana a sumira. Hoje lhe dou o parabem de estar de posse de todas essas
terras, estimamos muito que el rey Mogor nos mandasse tão bom vizinho com quem terá este
Estado toda a boa paz amizade e correspondencia que sempre guardou as nasções amigas, e
muito mais ao grande rey Mogor a quem teve sempre tanto amor e fedelidade como ao
proprio rey natural a quem obedecemos; e para que Vossa Merce lhe conste a fedelidade com
que o tratamos lhe remeto esta carta que se achou em hum barco de Arabios que nos
rendemos da qual vera el rey Mogor a treição que Ramachandra Pandito lhe arma por meyo
dos ditos Arabios que isto he o que el rey Mogor tira de consentir esta infame nasção nos seus
portos alem das grandes injurias e sem rezões que estão fazendo a seus vassallos em Surrate
hindo elles emriquecer ce aqueles portos. Vossa Merce remeta ao dito rey Mogor esta carta
dizendo lhe que eu lha remety porque eu lhe escrevo por outra via que por via de Vossa
Merce lha mando para lhe chegar a mão com mais certeza, e se o dito rey quizer que nos
tomemos a satisfação desta offença de licença para que o façamos no porto de Surrate e vera
el rey Mogor como as armas do grande rey de Portugal são para o defender e ajudar. Amada
Sarangue me comonicou os negocios de Vossa Merce e todos me parecerão justos, e estou
prompto para ajustar as ditas
165
materias e o mesmo fara o Senhor Conde vice rey e tratarey de avizar aos nossos capitães e
cabos que não deixem entrar nas nossas terras pessoa alguma das de Vossa Merce sem lhe
mostrar ordem sua e Vossa Merce fará o mesmo com a nossa gente que para la for sem
licença deste governo e tãobem terey muito cuidado de guardar o mesmo que o Senhor Conde
vice rey tem ordenado aos nossos capitães que não consintão que pessoa alguma que viva nas
nossas terras va fazer dano as de Vossa Merce e que quando alguma o faça o prenda para ser
muy bem castigado; Vossa Merce guarde a mesma correspondencia e se algum dos nossos
que la assistem delinquir castigui o que o mesmo executaremos nos nos que cá temos. Nosso
Senhor etc.a Goa 30 de Março de 695. Arcebispo Primas.
Com muito grande sentimento me deixa pidir me Vossa Senhoria este socorro em ocazião que
não posso valer lhe porque as gali[otas] que me pede nem o Estado uza aquy destas
embarcaçoens senão no Norte e de algumas de particulares me foi precizo ... dias para mandar
huma pouca da gente em demanda de hum barco e ainda me faltarão muitas que me erão
ne[cessa] rias e quanto aos mil e quinhentos pagodes grandes que Vossa Senhoria pede foy
em tão má ocazião que me acho exau ... o thezouro porque como estes dias me chegarão
muitas armadas de remo com o grande poder que el rey meu senhor foi servido mandar a este
Estado se despendeo tudo quanto havia com a paga dos soldados que de novo vierão aos quais
se pagarão os soldos dezdo dia que sahirão do Reino e nisto se consumio o grande cabedal
com que me achava e o fui [pedin-] do emprestado a ganhos sobre penhores para o apresto
das armadas da costa do Sul Norte e contra os Arabios. No mais que Vossa Senhoria me
ocupar conhecera a vontade que tenho de o favorecer. Deus guarde a Vossa Senhoria. Goa 14
de Outubro de 694. O Conde de Vila Verde.
166
Receby o masso de cartas que Vossa Merce me enviou da Europa por via do amigo Matheo
Martin de Marcelha, e lhe agradeço muito o cuidado com que me enviou, e a boa
correspondencia que espero ter com Vossa Merce; esta acompanha a dous massos para
Europa, hum que ha de ir por via de Marcelha ao amigo Matheo Martin, o outro por via de ...
me a Lourenço Genore; Vossa Merce me fara favor de remeter hum, e outro por via segura, e
na primeira ocasião que tiver para essas partes. Fico certo do cuidado e diligencia de Vossa
Merce e em tudo o que se offerecer de seu serviço me achara com muy boa vontade para lhe
dar gosto. Deos guarde a Vossa Merce etc.
[Carta do vice-rei da Índia, D. Pedro António de Noronha de Albuquerque, Conde de Vila
Verde] Para Qhema Saunto
Receby a carta do sardessay Qhama Saunto, e tenho entendido o que nella me diz, e lhe
agradeço o cuidado da diligencia que mandou fazer em ordem o barco dos cossairos que
estava no rio de Rajapor, e bem sey o dezenterece com que o dessay Qhema Saunto serve a
este Estado, e nesta consideração o mimo que lhe mandey offerecer não hera para o sardessay,
senão aos Sivagis para os sobornar, a nos dar o dito barco dos cossarios e me pareceo dizer
lhe que os ditos Sivagis correndo com boa amizade connosco roubarão o anno passado huns
parangues deste porto, como tambem as suas galvetas andão fazendo corsso na costa, e
encontrando humas dellas os meus capitães lhe derão cassa e fugindo a encalhou em terra que
lhes obrigou a saltar nella e queimar lhe huma povoação. Se o sardessay tem alguma
correspondencia com algum dos capitães de Rajapor e Melondy, e das mais praças do dito
Sivagi lhes diga que aquillo foi huma amostra so do castigo que han de levar, e se quizerem
viver quietos, e em boa paz comnosco mande restetuir as embarcações que tomarão, e não
tenhão atrevimento para fazerem mais prezas em outros barcos, e que deste modo viverão
socegados, e merecerão o meu favor. Dou parabem ao sardessay da vitoria que alcançou, e
para o que lhe tocar me achara com boa vontade. Nosso Senhor etc.a Panellym 23 de Outubro
de 1694. O Conde de Vila Verde.
167
Amada Sarangue vay fallar com Vossa Merce para ajustar a forma em que se ha de dar neste
inimigo, e de ... ella ser o mandar me dizer com toda a certeza o citio onde elle esta alojado
para que a gente de Vossa Merce por huma parte, e a minha por outra darem lhe, e destruhir, e
para isto ha de ser necessario tambem que Vossa Merce avize as suas aldeas que se a minha
gente passar por ellas em busca do inimigo Vossa Merce ordene que tenha boa passagem e
lhe dem pagando a minha propria gente com o seu dinheiro, o que por ella lhe for pedido.
De Bardes me mandarão oje huns lascarins prisioneiros que se tomarão em hum assalto que se
deo ao inimigo ao qual se lhe matou tambem alguma gente, e se lhe tomou hum cavallo. Estes
se desculpão dizendo erão de seu antecessor de Vossa Merce Sarbas Can e que estavão em
Bicholim donde vierão fogidos ao tempo que os apanharão, porem a mym me parece traidores
que largando o serviço de Vossa Merce forão tomar o do inimigo. Amada leva o nome delles
para Vossa Merce la examinar a verdade, e eu lhe dar o castigo que elles merecerem, ou soltar
sendo de Vossa Merce. Nosso Senhor etc. Goa 12 de Novembro de 1694. O Conde de Villa
Verde.
Pellas cartas que ha tempo tive de Vossa Merce de Ramachandra Pandito, e do Santagi
Goddapade entendy que Vossas Merces erão amigos do Estado, porque assym o significavão
todos, e prometião nas ditas cartas [19] porem oje vejo o contrario, pois Vossa Merce entrou
nas nossas terras pareceo descer somente os Gates a fazer r ... esta acção he tão ma que a
tenho entranhado de sorte que a não ser a fe que os Portuguezes [costu]mamos observar,
tivera ja mandado ordem a Chaul para tomar o ilheo Colooa e Candry, e ... deixar hir
mantimentos para os ditos ilheos, e para os mais Maratos que se achão na nossa ...ça no Norte
que he certo que com pouco trabalho poderey fazer a Vossa Merce por aquellas partes, ou
p[or to] das as que tem maritimas grande danno, e assym deve Vossa Merce ter grande receyo
deste, porem [co]mo os Portuguezes
168
nunca quebrão com seus amigos sem cauzas muy justificadas, e parecer me [tam]bem que a
entrada que fizerão os seus cavallos nas terras de Bardes, seria alguma desordem dos
soldados, sem Vossa Merce saber de seu atrevimento, quis primeiro para averiguar esta
verdade, mandar [no] tificar a Vossa Merce para que declare se he amigo, ou inimigo, ou se
quer guerra ou paz comnosco, porque se quer a guerra estou prompto para isso, e darey gosto
aos meus soldados que tanto dezejão empregar ce nella, e não terey ociozo o meu poder e as
minhas armas e se quer a paz deve logo mostra lo com retirar promptamente a sua gente das
nossas rayas sem que apareça hum so soldado nellas, e mandar me pedir a paz que sendo
racional não a hei de engeitar lembrando lhe que a perda de todos os vezinhos das nossas
terras se originou sempre de a não conservarem comnosco, e agora a promete mais certamente
das grandes forças com que me acho, e dos grandes socorros que receby este anno de Europa.
Mando com esta Ramachrisna Chrisna Naique Barava que a Vossa Merce expressara mais
largamente o que deve fazer, e não encaresso muito. Goa 13 de Novembro de 1694. O Conde
de Villa Verde.
Remeto a Rama Chrisna Naique a fallar com Razi Sama Raza em serto negocio que elle ha de
tambem comunicar com Vossa Merce, e espero que Vossa Merce se ajunte com elle na rezão
de sorte que eu não fique de Vossa Merce queixozo, e entenda que por sua parte se não
desmancha o negocio que mando comunicar a Raze Sama Raza na sua carta pois Vossa
Merce na que me escreveo o tempo passado o dito Ramachandra Pandito se me inculcava tão
bom amigo do Estado, e me pedia paz que lhe concedy por este respeito. Nosso Senhor etc.
Goa 13 de Novembro de 694. O Conde de Villa Verde.
Aquy chegou este barco que me remeteo reprezado o meu capitão de Mombaça por
denunciação que lhe derão de que elle era cossario, e eu com menos exame do necessario, o
mandey libertar, e fazer ao
169
capitão aquelle bom tratamento que a nasção franceza nos merece, e elle fara prezente a
Vossa Senhoria a quem peço boas novas de sua saude, e que me participe como bom amigo
todas as noticias que tiver do Arabio assy do dano que o anno passado fizerão as nossas
fragatas na sua armada como dos disignios deste anno, se vem ao Norte, e com que poder, e
se de Damão pedirem os meus capitaens a Vossa Senhoria alguns petrechos de guerra, e
granadas lhe peço obre neste particular como eu, e a nasção portugueza lhe merecemos e para
o que se offerecer do serviço de Vossa Senhoria me achara sempre com muy [boa] vontade.
Deos guarde a Vossa Senhoria. Goa 13 de Novembro de 1694. O Conde de Vila Verde.
Receby a de Vossa Merce e sempre estimo as suas boas novas porque bem conhece a sua
fidelidade [e boa] correspondencia. Ao capitão dos Rios ordeney logo mandasse a ordem que
Vossa Merce me pede para pa ... a gente e o seu fatto, e elle assym o ordenou as barquinhas
da vigia com que pode Vossa Merce mandar ... vez que quizer que não achara impedimento.
[19v] Ao veedor da Fazenda ordeno que mande a Vossa Merce os parangues que pede porem
não serão todos porque andão occupados com o apresto das armadas e naos do Reino, e assym
não podem divertir se tantos que a não ser nesta ocazião logo mandara hir todos os que Vossa
Merce pede. Deus guarde a Vossa Merce. Goa 15 de Novembro de 694. O Conde de Villa
Verde.
Bem entendia eu pellas cartas que de Vossa Merce havia recebido dantes que a sua descida
dos Gates fora como amigo, porem pella noticia que me dão vejo o contrario pois a sua gente
entrou nas nossas terras roubou aos nossos moradores algum gado e suposto outra vez o
restetuirão foi cobrando dos moradores tres rupias por cada cabeça. Esta queixa mandey ja
fazer a Vossa Merce por [Ra]ma Crisna Naique e ainda que fico em duvida se os seus lascaris
fizerão isto sem concentimento
170
de Vossa Merce, comtudo so me certificarey de que o seu animo he de amigo fazendo Vossa
Merce com que a sua gente reponha logo os ditos rupias que levarão injustamente e que não
se atrevão a tornar a entrar nas nossas terras porque como isto são acções que se não
permitem entre os amigos conhecerey que Vossa Merce o não hé do Estado e o tratarey como
tal mas espero que Vossa Merce emende estes motivos porque bom he ter me de sua parte.
Deos guarde a Vossa Merce. Goa 15 de Novembro de 695. O Conde de Villa Verde.
Conforme ao que tinha dito a Amada Sarangue mandey mil homens de mosquete, e sincoenta
cavallos a Manerym, os quaes chegarão onte as dez oras ao sitio onde estava o inimigo, e
correrão o campo, aonde ja não acharão ninguem porque parece que tendo alguma espera que
vio abalar a minha grande consideração o grande poder que contra elle hia de madrugada se
tinha levantado, e fugido. Foi o meu capitão seguindo lhe os passos mais de duas legoas, e
quando cuidava conforme Vossa Merce me tinha escrito que a sua gente o tivesse impedido,
para ambos lhe darem, se achou sem o inimigo, e ser a gente de Vossa Merce, com que se
recolheo outra ves as terras com a gente bem molestada. E entendendo da falta de Vossa
Merce, ou não tinha gente para oppor ao inimigo ou queria molestar a nossa, com as marchas
dilatadas, que como são portuguezes reinões não gostam de as fazer sem o emprego de
pelejarem; agora me diz Vossa Merce que mande gente a Bichollym, e que seja com pressa,
couza que não he possivel fazer se, porquanto a tenho repartido por Salcete e Bardes, e he
necessario algum tempo para a juntar, e faço reparo que tendo Vossa Merce a sua mais perto,
e mais prompta, não faz nenhu[ma] opposição a este inimigo. Ordenarey a gente de Benastary
que não de molestia a gente de Vossa Merce e me parece que he falço a noticia que lhe derão
porque esta mesma noite, o proprio capitão mor dos Rios passou alguma no seu mesmo
ballão. Nosso Senhor etc. Goa 17 de Novembro de 1694. O Conde de Villa Verde.
171
[Carta do Secretário de Estado da Índia] [20] Para Qhema Saunto do Secretario do Estado
He sem duvida que toda a occazião que ouver em que eu possa patrocinar a Vossa Merce e
favorecer as [suas] couzas não hei de faltar lhe. Ao Senhor Conde vice rey fiz prezente a carta
de Vossa Merce, e elle se rem ... conferio, e comunicou com o seu inviado que dira tudo a
Vossa Merce, e quanto a polvora quando ... zião de necessidade se valha Vossa Merce do
capitão de Chapora que não ha de faltar em socorre lo, e para o que for serviço de Vossa
Merce me achara com toda vontade. Deos guarde a Vossa Merce. Goa 23 de Novembro de
169[4]. Manuel Pereira Peres.
Fico esperando com muito gosto o enviado do divão que receberey com todo o bom
tratamento e agrado devido a amizade, e boa correspondencia que tem o grande rey Mogor
com este Estado, e podera vir o dito emviado todas as vezes que lhe parecer.
A minha armada para o Norte ha de partir sabbado, querendo Miraly Acabar embarcar nella
tera embarcação para passar com segurança a Surrate, e dahy podera seguir a sua viagem a
Percia. Deus guarde a Vossa Merce. Goa 25 de Novembro de 1694. O Conde de Villa Verde.
172
Logo mandarey procurar Apagi Mabala, e achando o o remeterey a prezença de Vossa Merce,
porem ha de ter entendido que ha de ser com condição de que Vossa Merce me ha de remeter
tambem as pessoas que das terras deste Estado fugirem para as de Vossa Merce pedindo lhes
eu porque ja que de mim experimenta este favor he justo que eu ache a mesma
correspondencia. Deus guarde a Vossa Merce. Goa 25 de Novembro de 1694. O Conde de
Villa Verde.
Antes de eu receber esta carta de Vossa Merce havia tido noticia do dano de que se queixa
haver lhe feito o Sivagi junto a Caranja, e senty muito a perda que experimentou, e que o
capitam de Caranja não tivesse prevenção para evitar esse roubo se he que o podia fazer.
Depois que o Sivagi teve guerra comnosco no tempo que Vossa Merce sabe, nunca mais
tivemos com elle ajuste de tregoa ou pax, nem foi admetido em porto nosso, antes estamos
com elle em guerra viva, em todas as occaziões em que por mar, ou terra o encontrarmos, e
por huns parangues que elle nos tomou o anno passado lhe mandey eu agora fazer grande
destruição em hum porto seu, queimando lhe todos os barcos que nelle tinha, e toda huma
povoação com o seu pagode. Comtudo eu avizo ao capitão de Chaul que procure fazer lhe
toda a hostellidade e perda possivel para que elle obrigado de dano venha em restetuir a
Vossa Merce o que lhe roubou. Deos guarde a Vossa Merce. Goa 29 de Novembro de 1694.
O Conde de Villa Verde.
[Carta do vice-rei da Índia, D. Pedro António de Noronha de Albuquerque, Conde de Vila
Verde] Para Abadul Riza Cana governador de Rairy
Receby a de Vossa Merce com aquelle contentamento que merece a sua boa correspondencia
e amizade que tem com este Estado como bem mostra no cuidado e dilligencia com que
procura a restetuição que o grande rey Mogor manda, que Martaba Cana nos faça com os
dous leques de rupias em satisfação dos danos, e roubos que fez nas nossas terras, e quanto
mais Vossa Merce me segura que el rey manda entregar este dinheiro tanto mais me admiro ...
[20 v] monarcha tão grande seja tão pouco temido de seus vassalos que se atrevão a
desobedecer aos seus formões, e a não guardar as suas ordens.
173
Eu athe aqui não solicitey este negocio por outra via mas que pella de Vossa Merce e do
general Antonio Machado de Britto, entendendo que tem Vossa Merce emteligencia e puder
para o conseguir asim como o chegou a prometer, porem emquanto não vejo em minhas mãos
o formão del rey Mogor, sobre esta materia não faço firmeza alguma neste negocio; e por esta
rezão mandey vir desse Norte o general Antonio Machado de Britto, porque necessitava da
sua pessoa para outros negocios de mayor empenho, e mandey soceder lhe naquelle lugar a
Belchior de Amaral de Menezes fidalgo de grande vallor satisfação, e de muitos serviços de
quem eu tenho muito grandes esperanças, e estou serto que tera com Vossa Merce toda boa
amizade, e viverão muy satisfeitos da sua correspondencia os vizinhos, porem quando Vossa
Merce não queira tratar com elle este negocio dos leques de rupias, eu estou de caminho para
esse Norte, e a Chaul me pode mandar seus inviados para conferirmos o que se offerecer neste
particular, e quando seja necessario para se ajustar de todo este negocio hir Antonio Machado
ao Norte, o mandarey so para este motivo, porem ha de ser de sorte que com a sua hida fique
de todo findo, e o dito dinheiro cobrado porque não sera rezão que eu advirta das occazioens
para que o mandey chamar que são de muita importancia sem serteza de que se ha de
efectuar, e conseguir esta pertenção.
As joyas de Vossa Merce vão dezempenhadas na galiota capitania da armada como ja avizey
por outra a Vossa Merce e ao capitam de Chaul ordeno que mande chamar os seus adjentes
para a sua vista se lhe fazer a entrega, e como este negocio hera de Vossa Merce achou em
mym todo o cuidado que mostra o seu effeito e para o mais que se offerecer me achara com a
mesma vontade. Deus guarde a Vossa Merce ettc. Goa 29 de Novembro de 1694. O Conde de
Villa Verde.
Antes de eu receber esta carta de Vossa Merce havia tido noticia do dano de que se queixa
haver lhe feito o Sivagi junto a Caranja e senty muito a perda que experimentou, e o capitam
de Caranja não tivesse prevenção para evitar esse roubo se he que o podia fazer. Depois que o
Sivagi teve guerra comnosco no tempo que Vossa Merce sabe nunca mais tivemos com elle
ajuste de tregoa, ou paz, nem foi
174
admitido em porto nosso antes estamos com elle em guerra viva em todas as occazioens em
que por mar ou terra o encontrarmos e por huns parangues que elle nos tomou o anno passado
lhe mandey eu fazer agora grande destruição em hum porto seu queimando lhe todos os
barcos que nelle tinha, e toda huma povoação com o seu pagode. Comtudo eu avizo ao
capitão de Chaul que procure fazer lhe toda a hostellidade e perda possivel para que elle gado
do dano venha em retetuir a Vossa Merce o que lhe roubou. Deus guarde a Vossa Merce. 29
de Novembro de 1694. Conde de Villa Verde.
Xeque Mamede embaixador que foi del rey Mogor se me queixou de que o Sivagi lhe roubara
junto de Caranja huma pouca de fazenda, e joyas que lhe vinhão de Surrate, e como este
homem he nosso amigo, e procurou a minha proteção dezejava ter lhe (sic), encomendo a
Vossa Merce que procure por todos os [me] yos e intelligencias que tiver obrigar ao Sivagi
lhe restitua o que lhe furtou, e quando o não possa con[se] guir procure Vossa Merce fazer
alguma preza ao dito Sivagi para que na restetuição della possa pactuar que ele entregue o que
a este mouro furtou porem primeiro que Vossa Merce faça a dita restituição me dara conta.
Deus guarde a Vossa Merce etc. Goa 29 de Novembro de 694. O Conde de Villa Verde.
Receby a de Vossa Merce com aquelle contentamento que merece a sua boa correspondencia
e amizade [21] com este Estado como bem mostra no cuidado, e diligencia com que procura a
restituição que o grande rey Mogor manda que Martaba Cana nos faça com os dous leques de
rupias em satisfação dos [da] nos e roubos que fes nas nossas terras, e quanto mais Vossa
Merce me segura que el rey manda entregar [o] dinheiro tanto mais me admira que hum
monarcha tão grande seja tão pouco temido de seus [va]ssallos que se atrevão a desobedecer
aos seus formões, e a não guardar as suas ordens.
175
Eu ate aquy não solecitey este negocio por outra via mais que pella de Vossa Merce, e do
general Antonio Machado de Britto entendendo que tinha Vossa Merce intelligencia, e poder
para [o] conseguir assym como o chegou a prometer, porem emquanto não veyo em minhas
mãos o formão del rey Mogor sobre esta meteria não faço firmeza alguma neste negocio, e
por esta rezão mandey vir desse Norte o general Antonio Machado de Britto porque
necessitava da sua pessoa para outros negocios de mayor empenho, e mandey suceder lhe
naquelle lugar a Belchior de Amaral de Menezes fidalgo de grande vallor, satisfação, e de
muitos serviços, de quem eu tenho muitas grandes experiencias. Estou certo que tera com
Vossa Merce toda boa amizade, e viverão muy satisfeitos da sua correspondencia os vizinhos,
porem quando Vossa Merce não queira tratar com elle este negocio dos loques de rupias, eu
estou de caminho para esse Norte, e a Chaul me pode mandar seus inviados para conferirmos
o que se offerecer neste particular, e quando seja necessario para se ajustar de todo este
negocio hir Antonio Machado ao Norte o mandarey so para este motivo porem ha de ser de
sorte que com a sua hida fique de todo findo, e o dito dinheiro cobrado, porque não sera rezão
que eu o divirta das occazioens para que o mandey chamar que são de muita importancia sem
certeza de que se ha de efectuar, e conseguir esta pertenção.
As joyas de Vossa Merce vão dezempenhadas na galiota capitania da armada como ja avizey
por outra a Vossa Merce e ao capitão de Chaul ordeno que mande chamar os seus adgentes
para a sua vista se lhe fazer a entrega, e como este negocio era de Vossa Merce achou em
mym todo o cuidado que mostra o seu effeito, e para o mais que se offerecer me achara com a
mesma vontade. Deus guarde a Vossa Merce etc. Goa 29 de Novembro de 1694. O Conde de
Vila Verde.
[Carta do vice-rei da Índia, D. Pedro António de Noronha de Albuquerque, Conde de Vila
Verde] Para Eclas Cana general das terras do Concão
Prezente he a Vossa Merce a ordem que havia dado aos meus capitães para o hirem socorrer
com todo o empenho, e que chegarão estes a sahir athe o campo de Sivagi, sem Vossa Merce
aparecer com a sua gente, tendo eu tão grande dezejo de castigar o inimigo. Hoje me não he
possivel dar lhe socorro porque tenho embarcado a gente na minha armada que esta de
partida, e os soldados que me ficão são para
176
guarnição de minhas praças que não posso deixar desprovidas. Não faltará outra ocazião em
que logremos o intento que agora não logramos. Deus guarde a Vossa Merce. Panellym 14 de
Dezembro de 1694. O Conde [de] Villa Verde.
Crisna Rangana o mandey prender, por queixa e petição que me fez Eclas Cana para isso, que
eu contra elle não tenho couza alguma. Agora que Vossa Merce me pede que o solte, o mando
fazer, e Vossa Merce ficara obrigado a dar delle conta a Eclas Cana que he por cujo respeito o
tenho prezo. Deus guarde a Vossa Merce. Panellym 14 de Dezembro de 1694. O Conde de
Villa Verde.
O capitão da fortaleza de Sam Thiago solte a Crisna Rangana prezo por minha ordem.
Panellym 14 de Dezembro de 1694. Rubrica do Senhor Conde vice rey.
O escrivão que fez a Vossa Merce esta carta não sabe o respeito que se deve aos vassalos do
muito alto e muito poderoso rey de Portugal de quem he estado a quem teme o mundo todo, e
a quem reconheço, por meu verdadeiro rey, e unico senhor, e Vossa Merce mande logo
castigar o dito escrivão para que não de outro erro, e mande carta na forma que deve se quizer
que lhe responda. Deus guarde a Vossa Merce. Panellym 14 de Dezembro de 1694. O Conde
de Villa Verde.
Agradeço o cuidado que muito tem no estado das couzas, e espero de sua fidelidade, o
continue na mesma forma para a observancia da boa correspondencia. Eu parto para o Norte
com huma poderosa armada com me acho (sic). Ca deixo o secretario do Estado, com quem
Vossa Merce se pode cartear, e escrever sobre os accidentes
177
que sucederem, e as grandes occupações com que nestes dias me acho do apresto da minha
armada, naos do Reyno, e para todos os portos me não derão lugar a responder lhe mais cedo.
Deus guarde a Vossa Merce. Panellym 14 de Dezembro de 694. O Conde de Villa Verde.
Agradeço a Vossa Merce a seguranca que me da na sua carta da amizade ficando certo a tera
no mesmo modo emquanto me detiver no Norte e durante a minha auzencia encomendo a
quem fica em meu lugar a mantenha com Vossa Merce a mesma correspondencia, e do mais
que Vossa Merce me pede mandarey dar as ordens necessarias. Nosso Senhor etc. Goa 24 de
Dezembro de 694. O Conde de Villa Verde.
Com esta remeto a Vossa Merce a ordem para os meus capitães darem passagem a Hagi
Mamede Massuma, Estagi Mamede Arifa para virem procurar as couzas que o Bacaxy
pretende, e mandarey aos corretores que lhes assistão as ditas compras com todo o cuidado.
Deus guarde a Vossa Merce. Goa 19 de Dezembro de 1694. O Conde de Villa Verde.
Tenho ordenado aos butiqueiros, e mocadães das galvetas vendão e conduzão os mantimentos
que Vossa Merce pede, porem não podera surtir bom effeito sem Vossa Merce mandar seus
adgentes para procurarem, e conduzirem para que Vossa Merce não entenda que a falta que
nisso pode haver, he da minha vontade, senão dos pocos mantimentos que por ora ha
emquanto não vem as armadas. Deus guarde a Vossa Merce. Goa 19 de Dezembro de 1694. O
Conde de Villa Verde.
Esta cidade esta agora muy falta de mantimento porque a poderosa armada com que sahio o
Senhor Conde vice rey levou grande quantidade alem da armada do Norte, e outros barcos
que partirão aos
178
portos fizerão no [dito] hum grande consumo. A cafilla de Sul esta de partida, e vindo ella
repartirey com Vossa Merce conforme a cantidade que ouver, e assym mo deixou
recomendado o Senhor Conde vice rey, e assy pede a boa amizade. Deus guarde a Vossa
Merce. Goa 24 de Janeiro de 1695. Arcebispo Primas.
Esta somana tomarão humas galvetas junto das prayas de Colla hum mumbo de Sua
Magestade [22] que estava surto, e aparalhado para hir levar avizo ao Norte, e o Senhor
Conde vice rey, e estava ainda sem soldados, porque se tinhão mandado buscar a instancia
para partir aquella menhã, e so tinha dentro alguns marinheiros pretos que se deitarão ao mar.
Aquy se sabe que entre as galvetas que andão na costa são algumas de Vossa Merce, e por
isto dizem muito[s que a] amizade de Vossa Merce com o Estado he fingida, e agora se faz
mais certo com a tomadia deste barquinho. A Vossa Merce lhe importa faze lo restetuir logo
porque se não ha de ter com o Senhor Conde vice rey hum gran[de] desgosto, e ha de vir com
os pedreiros, peça e 20 mosquetes que tinha, e não se desculpe Vossa Merce com dizer que
levou o Sivagi, porque quando assy seja Vossa Merce não lhe falta poder, e traça para o fazer
entregar, e advirto a Vossa Merce que porque conheço o natural vallor, e grande paixão do
Senhor Conde vice rey sey por este inimigo ha de empenhar o grande poder, e força com que
se acha, e que he certo que debaixo de todo o risco ha de asolar tudo. Veja Vossa Merce agora
se por tem pouco lhe convem [ris] car muito e que o Senhor Vice Rey desconfie contra Vossa
Merce porque para onde elle se inclinar com o seu poder ha de destruir tudo, e Vossa Merce
veja se ha de meter ao Senhor Vice Rey por sy ou se quer por inimigo.
Eu não lhe dou parte da tomadia do mumbo sem reposta de Vossa Merce porque espero que
queira Vossa Merce obrigar ao Senhor Conde vice rey com este serviço, e não quero que elle
saiba que eu digo tanto a Vossa Merce que Deus guarde etc. Goa 23 de Fevereiro de 1695.
Manoel Pereira Peres.
179
Vossa Merce me escreveo que queria que deste governo se passacem ordens aos capitães e
cabos delle para que não admitissem nas nossas terras os moradores das de Vossa Merce, que
viessem fugidos sem ordem sua ao que eu lhe respondy que estava prompto para o executar
uzando Vossa Merce o mesmo com os nossos moradores, e assym passey as ordens aos meus
capitaens, e cabos, mas vejo que Vossa Merce não guarda este contrato porque a somana
passada fugio dequi para Bichollym hum gentio guzarate por nome Natassa, que hera natural
desta cidade sem ter crime algum mais que querer levantar se com muita fazenda de varias
pessoas. Se Vossa Merce quer estar pelo que temos ajustado mande me entregar este home
logo e se não farey o mesmo com os que vierem para cá da terra firme. Deus guarde etc. Goa
21 de Abril de 1695. O Conde de Villa Verde.
Receby com grande gosto a de Vossa Merce em reposta da que lhe mandey por Amada
Sarangue, e estimey muito as suas boas novas, e a vontade que tem de querer conservar boa
amizade e paz com este Estado que sempre estimou muito a amizade do grande rey Mogor, e
assim o encomenda muito o grande rey de Portugal que sendo hum senhor tão grande, e tão
respeitado em todo o mundo dominando tanto na Azia, Africa, America e Europa, pois em
todas estas quatro partes do mundo tem tantos estados e reinos, pella qual rezão todos os reys
grandes da Europa estando em tão grandes guerras, so com elle estão em pax, e são as unicas
armas que hoje estão em toda a Europa respeitadas e temidas. E assim que procedendo Vossa
Merce comnosco com a fidelidade que promete, e nos esperamos achara em nos toda a
verdadeira lealdade, que todas as nasções do Oriente experimentarão na nasção portugueza
que nunca faltou a palavra, nem foi falça a seus amigos.
Estou prompto para ordenar a todos os capitães e cabos deste Estado para que não deixem
entrar nas nossas terras pessoa alguma das terras del rey Mogor sem chapa assignada por mão
de Vossa Merce, e o Senhor Conde vice rey por quem esperamos cada hora fara sem
180
duvida o mesmo, mas ha de ser com condição que Vossa Merce ha de ordenar na mesma
forma aos seus cabos que nenhuma pessoa das terras del rey de Portugal seja recebido nem
entre nas del rey Mogor sem chapa assignada pello vice rey, ou governador que for deste
Estado, e se lá se não faltar a este ajustamento nos o guardaremos com toda a pontualidade.
Porem se de la se quebrar primeiro nos não havemos guarda lo.
Aos dessays tenho dado licença para hirem a prezença de Vossa Merce, e assim haveis (sic)
ha dous dias ao filho de Dulba Naique que me pedio. No que toca a prizão do Botto como he
prizão pello Santo Officio tem suas dificuldades grandes porem fa lo hey soltar brevemente
por Vossa Merce me pedir e estes dias como [esti] ve fora não pude entender nisso, e logo o
farey dar a execução. Deus guarde a Vossa Merce. Goa [21] de Abril de 1695. O Conde de
Villa Verde.
Chegando a esta barra achey nella o barco Legieu da Companhia Real, e porque me disserão
havia ja feito avizo a Vossa Senhoria da sua chegada, e do combate que teve com os Arabios
não despachey logo embarcação a levar lhe a Vossa Senhoria esta nova, mas como tarda o
patamar que esperavamos faço esta a Vossa Senhoria para lhe segurar que de minha parte lhe
não faltarey em tudo o que for necessario para o dito barco, e juntamente a toda a esquipagem
com o que he demais offerecer me a Vossa Senhoria pois deve ter entendido que não terey
mayor gosto que o dar me muitas occaziões em que mostre o grande dezejo que tenho de o
servir, e de mostrar o quanto somos os Portuguezes bons amigos de França demais que as
ordens expressas que tenho del rey meu senhor para que sejão bem tratadas as embarcações
que del Rey Christianissimo chegarem a seus portos, e que não exprimentem diferença dos
mesmos da França, augmenta o meu dezejo. Vossa Senhoria tenha entendido que com tudo o
que ouver nos armazens reaes, e for necessario para o dito barco, se dara logo com toda a
promptidão, e como espero por instante por carta de Vossa Senhoria não sou mais largo, e so
passo a dar lhe os parabens do bem que combaterão o inimigo arabio os soldados deste barco
que me afirmão do Sul passarão os mortos dos inimigos de 40 em que
181
entrou hum sobrinho do general arabio. Espero em Deus que a minha armada no Estreito tera
castigado o seu atrevimento, e que não se livrarão della assym como o fizerão nesta costa
largando a derrota de Surrate, e fugindo para o Sul, e quando elles não hajão tido encontro no
Estreito confio no mesmo Senhor para o anno se passarem a esta costa terão o devido castigo
segurando me tambem este que se vierem fragatas de França unidas as suas forças com as
nossas os poderemos fazer bem arrepender da sua ouzadia. Se a Vossa Senhoria chegarem
algumas novas de Europa me fera graça manda las, e juntamente as que tiver do Estreito. A
minha comadre e afilhada mil reccados. Deus guarde a Vossa Senhoria etc. Goa 16 de Mayo
de 1695. O Conde de Villa Verde.
Cheguey a esta cidade com boa saude e porque sey que haveis de ter gosto disto vo lo quis
escrever.
Aquy soube como os Arabios forão ao Sul, e suponho se terão a estas oras encontrado com a
nossa armada em Mascate. Queira Deos dar lhe o sucesso que eu espero em sua Divina
Magestade. Todas as novas que souberes delle mas remetereis logo. Mando essa carta para o
Congo, a qual fareis muito para me remeter, e quando não haja agora embarcação para hir
para la me mandareis pella via do Sinde. Sobre a forma que se fez da compra das roupas da
Companhia e o quanto levou da corretagens e dereitos me mandareis huma memoria muito
clara na forma em que falamos em Manapacer.
Vay essa carta para o director da Companhia a qual mandareis logo, e como não serve de
mais Nosso Senhor etc. Goa 16 de Mayo de 1695. O Conde de Villa Verde.
182
alguns espiritos inquietos, mas espero em Deos que tudo se ha de acommodar em gloria do
Senhor pois para cujo serviço andão tantos relligiozos naquella missão.
[23] O reverendo padre Manoel de Sa que de la veo me disse remetera a Vossa Paternidade ja
as cartas do padre Bayard por onde Vossa Paternidade havera sabido a morte do reverendo
padre Spinula que para mym foi de grande sentimento pello grande amor [que] lhe tinha. O
padre Bayard fica ainda em Macao bem contra minha vontade porque o que eu tinha en ... era
que logo fosse para a missão e que em tudo [se] lhe desse a consolação que merece o seu
grande procedimento e ... todos os padres de la me escrevem procede elle de modo que eu
sempre esperey, e do grande concerto que fis de sua p[essoa] .
Do padre Fontaney tive tambem carta, e fica em prefeita saude.
Não posso encaresser a Vossa Paternidade a alegria que tive quando cheguey a este porto do
bem que se ouverão os soldados, e officiaes do navio Lejeu no encontro que tiverão com o
nosso inimigo arabio que depois deste de o ter atracado, o deitarão com singular valor fora,
matando lhe muita gente, e ferindo lhe outra, e me segurão do Sul ser hum dos mortos o
sobrinho do general arabio, e creo que se o capitam não tomara o combate surto lhe fizera
muito mayor damno. Espero em Deus vira tempo em que castiguemos bem esta insolencia, e
a soberba deste inimigo que tão ouzadamente tem jurado fazer a guerra a todos os que seguem
a ley de Christo Senhor Nosso, como respondeo o rey da Persia quando lhe mandou
restetuisse o barco dos armenios, mas o mesmo senhor defendera a sua causa, e buscara os
meyos para o castigo de sua soberba.
Monssiur Director na sua me diz aver escrito largo por Damão, e da a entender teremos novas
da Europa. Creo Vossa Paternidade me escreveria tambem, e como me não chegarão ate gora
nem huas, nem outras cartas estou com cuidado, e dezejo de as ver.
Com a chegada do Arabio ao Sul, e achando se nelle quatro manchuas nossas vendo a
impossibilidade de lhe rezistir pellos da terra lhe terem ja dado entrada nella se puzerão os
soldados o fogo por que não tirace o Arabio gloria de os haver combatido, porem foi este tão
fraco que sabendo estarem em Onor os barcos da China, e duas galiotas da guerra se não
atreveo a hi las buscar, antes ouvindo huma pessa de artelharia se embarcarão com toda a
pressa, e se fizerão a vella
183
para Mascate. Levarão dous barcos da Rainha reprezados, queimarão lhe dous pagodes,
matando lhe vacas nelles, e agora me escrevem do Sul tivera a dita armada huma tromenta
que a separou, e hum barco que elles havião tomado de Surrate tinha arribado a Barcelor sem
os mouros de Surrate, e cheyos de arabios como seu proprio. Dizem me levarão mais alguns
de Surrate, porem não tenho ategora noticia certa se elles chegarem ao Estreito. Espero seja a
tempo que se emcontrem com as minhas fragatas donde receberão o castigo merecido.
Entretanto veja Vossa Paternidade se tem alguma couza em que o possa servi lo porque me
achara com huma vontade muito prompta. Deus guarde a Vossa Paternidade etc. Panellym 21
de Mayo de 1695. O Conde de Villa Verde.
Pella galveta que veo de Verssava escrevy a Vossa Senhoria em reposta da sua, e agora o faço
segunda ves por repetir a Vossa Senhoria o bem que se ouve o navio Lejiu no combate contra
o nosso inimigo comum. Espero eu [em] Deus que passando este ao Estreito receba o castigo
merecido do seu atrevimento pella minha armada que nos cabos o havia de esperar.
Esta este barbaro tão insolente que parece quer fazer a toda Azia a guerra pois a todos os reys
de[la] tem reprezado barcos, e feito insultos. A rainha do Canara levou dous, de Surrate
reprezou tambem alguns dos quaes hum com huma tromenta que o separou, arribou ao Canara
sem os mouros de Surrate e [com] os Arabios. So tenho mandado saber nome do dito barco, e
de cujo mercador he para o avizar ao nababo e mostrar lhe o mal que se ha feito a esse porto
em consentir que o Arabio nelle fizesse embarcações de tanto porte. Parece me dar a Vossa
Senhoria este avizo porque podera servir para alguma negociação.
No que toca ao navio de Vossa Senhoria chegado a esta barra fique certo que não se lhe ha de
faltar em tudo aquilo que lhe for necessario. Ja tenho dito ao capitam La Barca que recorra ao
vedor da Fazenda a quem tenho ordenado lhe de tudo o que pedir. O dito navio fica ja
encorado junto dos nossos, e bem perto de [minha] caza.
[23 v] A Augusto Ribeiro, e ao capitam pareceo não remeterem a
184
Vossa Senhoria as cartas por não terem mais que hum paquete dellas, e perdido este por
algum accidente do tempo, embaraçaria muito a Vossa Senhoria nas disposições para a
segurança do inimigo e as levar daria eu huma manchua da guerra com ordem que tomando a
primeira praça do Norte fosse logo ... a Vossa Senhoria por pessoa de todo o cuidado mas não
se podia segurar a mudança do tempo com o proximo da invernada.
As cartas que Vossa Senhoria me escreveo pella manchua de Damão não são ainda chegadas,
e como Vossa Senhoria me dis na sua escrevece (?) largo nellas estou com grande cuidado e
dezejo de as ver, e com o mesmo de achar occasiões em que possa mostrar a Vossa Senhoria
o dezejo que tenho de lhe dar gosto, e a grande estimação que faço de sua pessoa. A Madame
Directrice minha comadre me recomendo na sua graça. Peço me de muitas occaziões de servi
la. Juntamente deito a minha afilhada a benção. Deos guarde a Vossa Senhoria. Goa 23 de
Mayo de 1695. O Conde de Villa Verde.
Pella manchua de guerra que vay para Chaul vos escrevy, e agora torno a repeti lo para vos
dizer em como tive certa nova de que hum barco que o inimigo arabio reprezou deste porto de
Surrate tem arribado a Barcelor por causa de huma tromenta que o separou da sua conserva. O
dito barco não trazia ja os mouros de Surrate, e so vinha em guarda delle 60 ou 70 arabios.
Dizem me reprezara mais alguns o que vos la podereis saber melhor, e hum pequeno que eu
encontrey vindo do Achem me disse o nacoda o trouxerão reprezados alguns dias, e matarão o
principal mercador delle. Por todas estas cauzas se mostra que este inimigo quer romper com
este porto de Surrate sendo o mesmo que lhe deo as azas para a sua soberba. Agora vera o
nababo o dano que se fez com o primitir fabricasse elle aly barcos e fizece tamanhas
negociações as quaes faltarão agora aos mercadores desse porto com o empedimento que este
inimigo lhe pura nos estreitos de Ormus, e Meca. Porem se o nababo e mercadores quizerem
despertar do seu letargo e valerem se das nossas armas com muy pouca despeza que fação lhe
darey meyos para que o seu negocio continue, e este inimigo se abata, e assim podeis praticar
com elles nesta materia porque
185
eu me acho com hum animo muy generoso, e com huma vontade muy grande de os ter
debaixo de minha protecção, e favorecer aos amigos. Com as novas que me vierem do Sul
escreverey mais largo e com a certeza do nome de mercadores do barco que os Arabios
represarão. Aquy se achão tres barcos deste porto que com a força de noroeste arribarão a
elle. Eu tenho mandado que se de todo o bom trato aos mercadores do dito barco, não lhe
levando direitos mais que das fazendas que venderem e as que lhe restarem poderem levar
livres; não he pequeno favor este porque pellas nossas leys e ordens reaes tanto que o barco
entra da barra para dentro he obrigado a pagar direitos de toda a sua carga. De (sic) algum dos
donos dos ditos barcos que assiste nesse Surrate a quizerem vender algum delles me avizareis
assim do preço, como da sua rezolução porque podera ser que o compre.
Creyo que estas horas se havera ja encontrado a armada do Arabio com a nossa. Espero em
Deus nos de boa fortuna e destruir a este inimigo que ja teve este anno muy bom açoute. Aos
Francezes o rebaterão tambem com grande valor no Sul, em cujo combate mais morreram de
10 Arabios entre os quaes entrou hum sobrinho do general.
De todas as novas que la tiveres me manday parte e juntamente vos não esqueçais mandar me
a lista de como Aridas comprou as roupas em Cambaia, e dos generos (?) que tirou dellas
tudo na forma que falamos no caminho de Manapacer. Nosso Senhor etc. Goa 23 de Mayo de
1695.O Conde de Villa Verde.
Tenho escrito a Vossa Senhoria por duas vias sobre o que toca ao navio Lejiu. De novo não
offerece couza [24] neste particular que dizer a Vossa Senhoria mais que o receyo que tenho
de que o mao clima da terra, e o pouco cuidado que tem em sy a marinhagem lhe cause o
morrer lhe muita gente, não por falta de tenente e escrivão que são moços de mui boa feição,
e poem todo o cuidado possivel na moderação e disciplina da marinhagem, ainda que como os
não ... da o capitam a bouca não podem fazer tudo com tanta pontualidade como dezejão, o
que p ... segurar a Vossa Senhoria he que da parte do escrivão, e capitam não ha falta que são
merecedo[res] de todo o emprego.
186
Fiz esta a Vossa Senhoria para lhe dar a noticia que tenho de que o nosso inimigo Arabio
tornou arribar a costa, d ... barcos ao Sul, e seis para Danda, Rajapor, e Surrate dos quaes ja
Vossa Senhoria tera sabido, não he pequena perda a que elles terão em invernar destas
bandas, e eu lhe considero com os mais barcos que tiverem em Mascate se se encontrarem
com a minha armada, querera Deos lembrar ce da sua causa para que de todo destruamos este
inimigo comum, e de nossa santa fee. A minha comadre minhas lembranças, e a minha
afilhada deito a benção. Deus guarde a Vossa Senhoria. Goa 11 de Junho de 1695. O Conde
de Villa Verde.
Duas vos tenho escrito. Não sey se haverão la chegado. Agora faço esta com as novas que tive
de que o Arabio arribara a costa da India, dos quaes barcos forão dous ao Sul, quatro a Danda,
onde o Sidy os não quis receber, e dous dizem forão para este Surrate. Os que forão a Danda
se levarão a 16 de Mayo com o vento sul. Suponho que se não forão a Bombaym tambem
tomarão Surrate. De tudo o que ouver nesta materia me mandareis logo noticia e juntamente
das novas que vierem do Congo, e se acazo ouver de partir algum barco para o Estreito logo
no principio do verão me fareis avizo porque tenho que escrever para a Europa, e para o
mesmo Congo.
Depois que vim me não chegarão cartas vossas. Suponho estarão em Damão, com as de
Monssiur Pilavoine. Nosso Senhor etc. Goa 11 de Junho de 1695. O Conde de Villa Verde.
[Carta do vice-rei da Índia, D. Pedro António de Noronha de Albuquerque, Conde de Vila
Verde] Para Ganessa Ragnato
Estimo muito a elleição que Ramachandra Pandito fez de Vossa Merce mandando o com o
governo dessas terras do Concão, e folgarey que Vossa Merce mostre nas suas acções que
quer amizade com o Estado, porque os Portuguezes sempre admitirão a todos os que quizerão
ser seus amigos, e assim o experimentara Vossa Merce mas não posso deixar de estranhar
muito que Ramachandra Pandito queira inculcar se amigo do Estado, quando em todas as
acçoens mostra
187
que o não he verdadeiro pois consente que as galvetas dos subedares que elle governa, em
quem tem dominio anda (sic) infestando os nossos mares, e fazendo prezas nos nossos
parangues, e deste modo não posso entender que quer amizade comigo quem me faz guerra. E
por esta rezão fuy ao porto de Rajapor buscar os Arabios, alem de que o principe Raza Rama
quer ser amigo nosso não ha de consentir nos seus portos os nossos contrarios porque não
guarda pax para comnosco quem se une com os nossos inimigos. Eu estou prompto para
admitir a amizade do princepe Raza Rama fazendo os seus capitaens e cabos as acçoens de
verdadeiros amigos. Mas no cazo que falte a fidelidade, e que as galvetas destes ladrões
continuem os seus roubos hei de lhe dar o castigo.
A Satragi Rane mandey prender, e castigar pello que fez nessas terras seu filho, porem depois
de eu ter prezo me foi forçozo suspender o castigo porque me custou (sic) que elle não
concorrera com o dito seu filho para aquelle dano antes que elle andace fugindo, e fora de sua
obediencia com que como elle lá assiste nas terras de Vossa Merce la o pode castigar. Nosso
Senhor etc. Panellym 15 de Junho de 1695. O Conde de Villa Verde.
Sinto que a morte de Rayagi Pandito atalhace os dezejos que tinha de o favorecer por Vossa
Merce mo pedir. Mas quando Vossa Merce mostre acções de amigo verdadeiro do Estado não
prometendo que os subedares que governa andem com suas galvetas infestando os nossos
mares, achara em mym huma boa amizade, e verda[deira] união porque nunca os Portuguezes
faltarão com a fé aos que procurarão a sua amizade. Nosso [Senhor etc.] Goa 15 de [Junho] de
1695. O Conde de Villa Verde.
Estimo muito a acção que Qhema Saunto obrou com as galvetas de Gumcunda Vissavanata, e
lhe dou parabem do bom sucesso que teve. Espero continue em fazer as hostellidades que
estes ladrões merecem porque assym se inculca verdadeiro amigo do Estado, e aviva
188
mais o dezejo que tenho de o favorecer. Nosso Senhor etc. Goa 15 de Junho de 1695. O
Conde de Villa Verde.
Folgarey muito de ver a carta de Vossa Merce, e sempre me achara com muy boa vontade
para favorecer todas as suas couzas, e todos os barcos desse porto o que lhe mostrara a
experiencia no tratamento que fis aos que encontrey nesta viagem.
A armada do Estreito por carta que tive do capitam mor della estava a 9 de Mayo no cabo de
Monsadão com felix viagem. Espero em Deos tenha obrado a favor del rey da Persia todas
aquellas acções de que vay o capitam mor encarregado, e me segura o seu valor.
Tenho noticia certa que esta no Sul arribado hum barco de Goga de Govanadasu Patelhe, e o
nome do barco se chama Rogoddo, e o nacoda delle Vittula Dessu, o qual arribou com
sincoenta arabios por causa de huma tromenta que a armada delles teve, e o levavão tomado
com outros desse porto. Vossa Merce deve escrever a el rey Mogor
189
deste roubo, e dos mais furtos que neste anno fizerão os Arabios nos barcos de seus vassalos,
e como se tem declarado cossarios no mar para que ordene não venhão a seus portos, e vindo
lhe dem o castigo que merecem por esta causa, e tambem por levarem cavallos ao Sivagi
inimigo del rey Mogor, e nosso, e assim se deve fazer pella boa paz e amizade que entre nos
ha. Nosso Senhor etc. Goa 6 de Julho de 1695. O Conde de Villa Verde.
190
Vossa Senhoria tiverão ja alguns delles levado o castigo que merecião a sua desatenção, e
pella mesma amizade que tenho com Vossa Senhoria, sou obrigado a dizer lhe o pouco
governo que tem este navio, e a doboxa (sic) continua em que todos elles andão muito em
dano da Companhia pella grande despeza que fazem. Não entra neste numero o escrivão por
ser moço muy sezudo, e não tomado do vinho como os mais, e posso asegurar a Vossa
Senhoria que a não ser o cuidado deste, e as reprehenções que elle dá aos cabos, e aos mais,
inda fora mayor desordem. Dia de S. Pedro sucedeo huma que não entender eu ser mais
causada do vinho, do que da vontade, não passara por ella sem hum exemplar castigo, e foi o
cazo que tendo querella o mestre do barco, e outros marinheiros com hum nosso que tambem
me parece que tinha tomado vinho naquelle dia, sahio o mestre do dito barco ferido, e vendo a
mais esquipagem o dito cazo, sairão do barco depois da pendencia extincta com as armas de
fogo, e partazanas, e como não vinhão muito em sy poderia suceder algum grande trabalho
[se] (?) não lhe sayr a encontro o mestre de campo Dom Vasco Luis Couttinho o qual fez
embarcar logo deixando socegado. Porem assym como Dom Vasco me veo dar parte e faltou
o seu respeito da sua presença chegou o tenente Bocefit com outro frances de Sião chamado
Xanoro, e como vinhão tambem de banquete começarão a fazer igual ruido, do qual o
escrivão advertio com lhe dizer que se me viessem queixar o que elles fizerão. Porem como
da doboxa vinhão tão perturbados, me não pareceo fallar lhe, por previnir o estarem fora do
seu natural sentido, e assym lhes mandey dizer pello secretario do Estado se recolhessem, e
socegassem que eu lhe faria justiça, porem como a festa durou todo o dia, e exercicio de beber
não parou, fizerão algumas perturbações no bairo defronte do navio. Eu lhe passey por esta,
attendendo a que não obravão elles com a liberdade propria, e oje se achão tão
emvergonhados do que hão feito, que não tem aparecido perante mym nem se atreverão a vir
se desculpar. So o pobre de escrivão faz por elles todos que he merecedor de que Vossa
Senhoria lhe de os agradecimentos do seu proceder. Por este lhes tenho mandado advertir não
cayão em segunda falta porque serão castigados por ella asperamente.
Tambem lhe tenho ordenado da queixa que tive do rendeiro de tabaco do muito que andavão
vendendo os marinheiros do navio, o não fizessem, que posto que até agora tenho dissimulado
com elles sem nenhuma emenda, e com a publicidade o andão vendendo. Tenho passado
191
ordem para que a qualquer que achar com elle o tomem, e o prendão, pois Vossa Senhoria
bem sabe que isto do estanco das rendas reaes, se não pode dispensar nellas, demais que ja
tenho bastantemente dissimulado nesta materia. Tudo isto digo a Vossa Senhoria polla
amizade, e confiança que com elle tenho que a ser outro que estiver neste lugar, nem havia de
fazer tanto, nem estes francezes do navio terião ja alguns delles escapado do castigo.
A carta que Vossa Senhoria me pede de favor para os por[tos] aonde estes for (?) nossos a
darey com toda a expressão, e os mais barcos que aqui vierem para a monção serão recebidos
com o mesmo agrado, sem embargo de com as cautellas do mao proceder destes. A minha
comadre minhas lembranças, e a minha afilhada envio minha benção. Deus guarde a Vossa
Senhoria etc. Goa 7 de Julho de 1695. O Conde de Villa Verde.
Todas as de que Vossa Senhoria me ha feito favor, hey recebido com summo gosto, e lhe
agradeço a repetição destas noticias que ainda que tudo lhe merece o meu affecto achão em
mim toda a estimação.
Do Congo tive cartas de fi[car] a minha armada em Angão fazendo agoada, e ainda que o
capitam mor della me não escreveo agora, de não se ter recolhido ao Congo, estando ja nelle
gente, da mesma armada infiro eu que anda o dito capitam mor ainda na pretenção de se
encontrar com o inimigo. Deus lhe dê bom sucesso, e nos traga boas novas da Europa asim
das armas da França como das couzas de Portugal. A minha afilhada, me recomendo muito.
Deus lhe dê muito vida, e guarde a Vossa Senhoria. Goa 5 de Setembro de 1695. O Conde de
Villa Verde.
192
Receby a carta de Vossa Merce em que me pede todo o favor para os nacodas dos barcos que
aquy invernarão desse porto. Elles imformarão do bom tratamento e protecção, que de mym
tem recebido, e o quanto eu os dezejo favorecer se mostra em não lhe haver faltado a tudo o
que me tem pedido porque dezejo não faltar a boa amizade e correspondencia que ha entre
hum e outro estado, ainda que fico queixoso, e com justo sentimento de que Mamede Rafican
divão deste Ponda sendo pessoa de tão pouca authoridade queira por seus intereces
particulares alterar a nossa boa correspondencia com pretextos frivolos nascidos de sua
ambição que o cega de maneira que não so nos falta a boa amizade, mas ainda peça a mayor
desatino tendo secretas negossiações com os Sivagis inimigos declarados do grande rey
Mogor, e pretende embaraçar a pax que há entre os seus amigos, como bem se vê da proposta
que me mandou na qual bem mostra como o cega o seu interesse Eu remeto a Vossa Merce a
copea de sua carta, e da reposta que lhe fiz a ella para que como o nababo desse porto queira
escrever asima fazendo prezente ao grande rey Mogor os procedimentos deste divão para que
elle tenha a reprehenção que merece, e em nos continue com augmento a amizade, e pella que
com Vossa Merce tenho me rezolvy a fazer lhe esta queixa que se funda na rezão que tenho
referido, e nas mais que Rastumo nosso procurador lhe fera prezente. Deus Guarde a Vossa
Merce. Goa 30 de Agosto de 1695. O Conde de Villa Verde (5).
A boa amizade e correspondencia que tenho com Vossa Senhoria, e antiguissima, e inviolavel
paz que tem o grande rey Mogor com o muito alto, e muito poderoso rey de Portugal meu
senhor, e juntamente a confiança, e estimação que faço da pessoa de Vossa Senhoria, e o
dezejo que em minha (sic) de que os generais de hum rey tão grande como o de Vossa
Senhoria não lhe deminuão por seus interesses
193
particulares a gloria de sua soberania me da motivo a que com a confiança do bom afecto que
em Vossa Senhoria tenho experimentado lhe de parte dos procedimentos de Mamede Rafcan
divão de Ponda remetendo lhe a carta que me escreveo por hum seu inviado para que Vossa
Senhoria a queira mandar a presença do grande rey Mogor juntamente com a reposta que lhe
fis, e as rezoens que fazem justa a minha queixa que tudo entregara a Vossa Senhoria
Rastumogi nosso procurador nesse porto, e ao mesmo grande rey lhe en ... muito o bem que
este Estado conserva a paz com os vassallos do mesmo rey castigando aos seus inimigos, e
aos que contra elle lhe dão socorro, como bem se vio este verão passado no castigo que
pessoalmente dey aos Arabios em Rajapor (?), os quais tinhão levado polvora, ballas e
cavallos ao Sivagi inimigo do grande rey Mogor fazendo lhe eu todo aquelle dano no mesmo
[26] porto do Sivagi, sem embargo de não estarmos em guerra com elle, e juntamente ando a
custa de groças despezas de nossas armadas, impedindo ao Sivagi que não emgrosse o seu
poder contra as terras do grande rey Mogor regeitando lhe eu varias conveniencias e
propostas que me está fazendo p[ara fir] mar comigo novamente a paz, sentido das opreçoens
que lhe faço, e danno que teme das minhas ... sem eu ate gora o querer admitir a entrara (sic)
comigo em tratado algum por não mostrarmos menos ... e amizade ao grande rey Mogor a
quem devemos tão boa correspondencia.
Tudo isto fera mais largamente prezente a Vossa Senhoria o dito Rastumo, e peço a Vossa
Senhoria que com [to] da a brevidade o participe ao seu grande rey segurando o que da nossa
parte se não pertende m[ais] que a conservação da pax pella grande recomendação que sobre
esta meteria me faz o meu grande rey e senhor obrigado so do afecto que o dito grande rey
Mogor mostrou sempre aos Portugueses, e na verdade que terey grande sentimento de que
este divão com seus despropositos pace a fazer o que o seu grande rey lhe não manda,
faltando lhe na fidelidade, e observancia de suas ordens, e ainda confederando ce como tenho
alcançado com os Sivagis buscando pretextos fingidos para quebrar comnosco, no qual cazo
me sera precizo rebate lo com toda a força. Espero de Vossa Senhoria que como tão grande
servidor de seu rey lhe saiba persuadir a minha queixa para que se atalhem estes dannos, e
tenha eu aqui que agradecer a Vossa Senhoria que Deus guarde. Goa 30 de Agosto de 1695. O
Conde de Villa Verde.
194
A carta que o nababo me mandou pello seu inviado Goria Sinay vinha tão fora dos termos que
pede a boa correspondencia que ouve sempre entre este Estado, e seus antecessores e era tão
alhea da boa amizade que o grande rey Mogor encomenda a seus cabos e generaes que
comnosco tenhão, e tão diferente da cortezia, e respeito com que Sarbasa Cana seu antecessor,
e Sidy Jacut Cana escreverão sempre que não so tive eu muita rezão para a minha queixa, mas
tambem deve Vossa Merce estranhar ao dito nababo esta dezatenção. Os Portuguezes sempre
venerarão as couzas do grande rey Mogor com todo o affecto, porque assym o merece a sua
grande soberania, e o amor que tem aos Portuguezes, e eu devo com mais rezão conservar
esta amizade pella particular recomendação que o grande monarcha de Portugal meu rey e
senhor me faz sobre esta materia, e querendo o divão observa la de sua parte, não ha de achar
da nossa a menor falta, nem o menor motivo de quebra, e assym lho pode Vossa Merce
segurar em meu nome quando elle não dê causas para o contrario. E agradeço a Vossa Merce
o querer ser mediator para esta composição, e esta boa vontade lhe saberey sempre merecer e
avendo occazioens de seu gosto, porque a nenhua hei de faltar. Nosso Senhor etc. Goa 10 de
Setembro de 1695. O Conde de Villa Verde.
195
Receby as ultimas de Vossa Paternidade com aquelle gosto que me merece o seu affecto, e
não posso dilatar lhe nesta quanto dezejava pella occupação do expediente dos negocios com
que fico com a chegada de duas naos do Reino.
Da Europa não vem mais novidades que lhe possa individuar mais que estarem as guerras
cada cez mais acezas, ser morto o marchal Senburg (sic) e fallecida a mulher do princepe de
Orange Guilherme reinante em Inglaterra. Deu nos Deus mais hum princepe. Chegou o
commissario que enviou Monsiur Pilavoine, e acho nelle tudo o que Vossa Paternidade me
significa. Favorece lo hey em tudo o que necessitar da minha protecção, e no mais o que for
do gosto de Vossa Paternidade me achara com toda a boa vontade. Deus guarde a Vossa
Paternidade. Goa 19 de Setembro de 1695. O Conde de Villa Verde.
Receby a carta de Vossa Senhoria com aquelle gosto devido a sua amizade, e nascido da que
com Vossa Senhoria tenho, estimando a sua saude para que sempre vá a nossa amizade em
augmento, e dure eternidades. Eu fico com muito dezejo de ter occazião em lhe dar gosto, e
servir a Vossa Senhoria, e juntamente agradecido a sua carta.
Vossa Senhoria me diz teve ordem do grande rey Mogor para se imformar da queixa que fez o
divão de Ponda Rafcan sobre se lhe impedir da nossa parte o passar mantimentos para as suas
terras alterando o uzo que sempre ouve em deixar passar, na qual queixa o dito divão o fez
tanto contra a verdade como elle costuma em todas as suas acçoens; porque no dizer que
sempre foi o uzo a passar mantimento das nossas terras para as suas he falço, porque como as
suas como mais dilatadas sempre abundão de mantimentos, e as nossas não lhe vindo do
Norte e Sul pella barra perecerião grandes fomes; e por essa rezão se pos sempre resguardo
desdo (sic) tempo de Idalxa a que não sahisse mantimento para fora de Goa, e so depois que
eu tomey posse deste Estado, assym pellas grandes recomendações que tive del rey meu
senhor para ter toda boa correspondencia com os vassallos del rey Grão Mogor, e juntamente
com a que sempre tive com os nababos
196
e divões deste Ponda por esta amizade deixey passar algum mantimento para aquellas terras;
o que se tem observado até o prezente; porem como o divão quer fazer negociação deste
mantimento, e estanca lo todo não so para o vender por alto preço aos vassalos do grande rey
Mogor seus sogeitos, mas ainda mandar grossas partidas delle para os alevantados Sivagis
que a poder de dinheiro e promeças frivolas lhe levavão, vendo o governo que deixey neste
Estado quando passey ao Norte, que deste modo perecião os nossos vassallos, e os do Mogor
não sentião menos fome pello estanco que lhes fazia o divão, e que demais havia o dito divão
impidido que das suas terras não viesse lenha para as nossas, ordenou o capitão geral dos Rios
puzesse resguardo, e não consentisse paçasse partidas de arros para outra banda. Mas como eu
cheguei logo que esta ordem se passou mandey passar outra em contrario, em que ordeney ao
capitam geral dos Rios que quando o arros fosse para a outra banda, e lhe constace que era
para os vassalos pobres do grande rey Mogor se sustentarem o deixasse passar, mas que
aquellas partidas se soubesse que erão para os atravessadores com a sua ambição tirarem o
sangue daquelles pobres mendigos com o estanque que fazião do arros e não deixace passar,
com o que nesta forma se seguio, e os pobres mo rogarão muito bem. O que vendo o divão,
me não escreveo sobre esta materia couza alguma porque sendo tem contra a rezão, e em bem
dos pobres, devia entender lho não havia de levar bem o grande rey Mogor que com a sua
mimoravel piedade que tanto favorece a pobreza.
Este divão faz tudo de sua parte quanto pode para romper comnosco o que ja os dias passados
escrevy a Vossa Senhoria e polla incerteza de chegarem as cartas remeto outra do mesmo
the[or] [27] a Vossa Senhoria. Por ellas lhe sera prezente o proceder do dito divão, e em
como tem negociações com os Sivagis, e Arabios ambos inimigos da Coroa e Estado do
grande rey Mogor, o Sivagi declarado como a Vossa Senhoria [sera] prezente, e o Arabio o
começa ja a ser assy no trabalho que tem dado aos barcos desse porto e ... Bengala, como em
hum tratado que tem feito da paz, com os Sivagis prometendo lhe o soco[rro] de cavallos,
polvora, e ballas, como bem mostrou a experiencia ja o anno passado que como ... porto de
Rajapor remderão 80. Tudo espero que Vossa Senhoria faça presente ao grande rey Mogor
com aq[uela] verdade que custuma, e amizade que comigo tem, asegurando lhe a fidellidade
desta, e a infide[lidade]
197
dos Arabios o quanto nos temos mostrado sempre, assy nos socorros que demos a Sidy de
Danda e o anno passado a Eclas Cana, e a guerra que tivemos com os Sivagis por serem
inimigos da Coroa do grande rey Mogor, e as perdas que nos seguirão desta guerra que ainda
oje, satisfazemos, e o empenho como tudo foi prezente a Vossa Senhoria, e eu o não faço por
extenso por hir esta por terra. Deus guarde a Vossa Senhoria. Goa 24 de Setembro de 1695. O
Conde de Villa Verde.
Com esta vos remeto as mesmas vias das cartas que pello patamar vos tinha escrito, e vão
nellas outras do mesmo teor, ao nababo e xabandar as quaes lhe dareis, e do que rezultar me
dareis parte.
Tambem vos tinha escrito aserca de me comprares duas colchas de Amadaba, e humas chitas
de Massulpatão pintadas de raminhos soltos, porque quizera mandar para o Reino nesta
monção, pello que logo que as comprares as remetereis a Damão ao capitão, ou ao feitor, a
quem ordeno, que nas galiotas, ou nas manchuas que andarem para Goa mas remeta, e a
Pascoal Gomes tenho dito que dos effeitos que ha de mandar para Surrate satisfaça o custo
destas encomendas quando ellas não cheguem com a brevidade que eu peço passar me letra
sobre Manuel Pacheco Soares, ou a Pascoal Gomes para satisfazer pontualmente.
De Dio me vierão mais gostozas novas de armada do Estreito, e que havia tido nelle muy
bons sucessos, e como estas não tive por vos as não dou credito. Nosso Senhor etc. Goa 8 de
Outubro de 1695.
198
O meu capitão e governador de Chaul me fez prezente a boa passagem que Vossa Senhoria
fez a esse barco portugues que invernou em Danda, e de como Vossa Senhoria o mandou
comboyar athe Chaul por os seus barcos. Agradeço a Vossa Senhoria este bom tratamento,
que este he o mayor sinal da boa paz, e verdadeira amizade que temos. O mesmo
experimentarão em mym os barcos dos vassallos do grande rey Mogor que este anno aquy
invernarão, a mesma vontade achara Vossa Senhoria em mym em todas as occazioens que
ouver de seu gosto. Guarde Deus a Vossa Senhoria. Goa 15 de Outubro de 1695. O Conde de
Villa Verde.
199
Faça me Vossa Senhoria graça de mandar me as novas que ouver sobre esta materia. A minha
comadre mando minhas lembranças e a benção a minha afilhada. Deus guarde a Vossa
Senhoria muitos annos. Goa 21 de Outubro de 1695. O Conde de Villa Verde.
Duas vossas receby, huma em que me dais as novas de ficar em guerra a nossa armada e o
Persa contra Mascate, e a outra com a noticia da alteração entre os Inglezes e os Mogores.
No que toca a primeira de Mascate me embarassa muito a certeza de que me escreveis que
tambem se me confirma por Dio, com as novas que do Sul me vierão, porque me dizem que
chegarão os barcos que o Arabio levou o anno passado da rainha do Canara, e que não dão
mais novidade em Mascate que ficar com grande fome por a nossa armada impedir que lhe
não entrem terraquim nem outra embarcação da Persia. Mas o tardar tanto a nossa armada me
deixa esperança de haver algum bom sucesso no Estreito.
No que toca a historia dos Inglezes tenho por notica que elles dizem que os barcos que
roubarão aos de Surrate não herão inglezes, senão dinamarcas, e cossarios, com que podeis
dizer de minha parte ao nababo que se estes ladrões não são inglezes ou outra nasção amiga
nossa que fico preparando a minha armada para os mandar castigar, e defender esse porto, e
alimpar os mares. Porem se os barcos são inglezes como dizem que bem sabe elle que eu não
posso quebrar com os Inglezes com quem temos pax, e ficarey so neutral sem ser por hum,
nem por outro, como estamos os Portuguezes na Europa. Mas que por esta, e por outras
cauzas que tem feito os ditos Ingleses, e outros estran[geiros] vera o dito nababo a diferença
que vay da boa amizade dos Portuguezes, as mais nascoens da Europa, e de tudo o que for
sucedendo me hireis fazendo logo avizo, e remetereis as cartas ao general do Norte, por que
nas galvetas mas envie. Nosso Senhor etc. Goa 21 de Outubro de 1695. O Conde de Villa
Verde.
200
Athe agora não derão lugar os negocios da expedição dos barcos do Reino a poder fazer [28]
reposta a Vossa Merce nem a poder admitir o seu inviado. Agora que estou livre deste
embaraço pode vir o dito enviado que eu receberey com toda a boa vontade, e afecto. Deus
guarde a Vossa Merce. Goa 21 de Dezembro de [1695] . O Conde de Villa Verde.
Receby a carta de Qhema Saunto com muito gosto, e lhe agradeço o affecto com que sentio o
meu achaque de que fico ja livre sem queixa alguma. A Pondilica Sinay dei audiencia, e elle
dira o que passou vocalmente. Nosso Senhor etc. Goa 21 de Dezembro de 1695. O Conde de
Villa Verde.
Em huma galiota de guerra que daquy mandey para o Norte esta semana escrevy a Vossa
Senhoria e lhe inviey as gazetas que receby da Europa. Agora lhe faço prezente o grande
sentimento com que fico pella morte de Mauricio Godpin que falleceo ontem deixando me
com grande penna pella afeição que lhe tinha tomado, assim pella recomendação de Vossa
Senhoria como pella sua boa feição, e talento, e juntamente porque vejo o grande desconserto
em que este barco fica com a sua falta, pella desunião dos officiaes e Monssiur Fet com quem
faley largamente nesta materia dira a Vossa Senhoria de polvora (sic) o que eu agora sinto.
Peço a Vossa Senhoria me mande participar as novas que nesse Surrate ouver do Estreito e
Mascate, e veja Vossa Senhoria em que lhe posso dar gosto que bem sabe a minha vontade. A
minha afilhada me recomendo muito. Deos guarde a Vossa Senhoria. Goa 13 de Outubro de
1695. O Conde de Villa Verde.
201
[Carta do vice-rei da Índia, D. Pedro António de Noronha de Albuquerque, Conde de Vila
Verde] Para o Padre Deusse
Não serve esta de mais que de solecitar novas de Vossa Paternidade que estimarey muito
sejão iguaes ao meu dezejo, e juntamente de lhe dar noticia em como em huma galiota de
guerra que daquy mandey esta somana emviey a Monssiur Pilavoine as gazetas que tive da
Europa. Dellas sabera Vossa Paternidade as novas, e juntamente lhe peço me participe as que
la ouver por essas partes. Deus guarde a Vossa Paternidade. Goa 13 de Outubro de 695. O
Conde de Villa Verde.
Tenho entendido o que me diz o dessay Qhema Saunto, e pella fidelidade com que se ha com
as couzas do Estado lhe mandey passar os passaportes que me pedio, e quanto a ordem em
que me falla bem sabe o dessay a causa e porque a não posso mandar passar, e no que toca a
polvora recorra ao capitão do forte de Chapora que provera conforme a minha ordem que elle
tem. Nosso Senhor etc. Goa 10 de Novembro de 1695. O Conde de Villa Verde.
Estes dias por estar fora não pude responder a Vossa Merce nem tratar da prizão do Botto, em
que me falla, e ainda que esta tem suas dificuldades grandes por ser feita pello Santo Officio,
logo lhe farey difirir, e o farey soltar por amor de Vossa Merce. Nosso Senhor etc.a
Novembro de 695. O Conde de Villa Verde.
Com a chegada da armada que Deos foi servido recolher nesta barra a salvamento o primeiro
de Dezembro me forão presentes as noticias desse esecito (?) e o estado em que ficavão as
cousas da Persia com a liga do que com el rey della ajustamos, e tambem tive pello capitam
mor inteira rellação de tudo o que Vossa Paternidade
202
havia obrado nestas negociações, e a grande parte que se lhe deve no seu ajuste. Agradeço a
Vossa Paternidade este cuidado e zello com que tem feito tão bom serviço a Deos, e a Sua
Magestade. De Deos seguro tem o premio, e de Sua Magestade por minha conta corre
solicitar lhe a remuneração.
Fico preparando a armada que intento parta daquy o primeiro de Março, e seguro a Vossa
Paternidade que ha de hir com o favor de Deos com muito mayor poder do que sera
necessario para a empreza e não tem que estar nisso dubios os Persianos, e porque por ora se
não offerece mais com a dita armada escreverey com mais extensão a Vossa Paternidade que
Deos guarde. Goa 5 de Dezembro de 1695. O Conde de Villa Verde.
A primeira que tive de Vossa Merce lhe fiz logo a reposta pello mesmo portador que me
trouxe a carta, e novamente dou a Vossa Merce o parabem da sua boa vinda, e se antes disso
tivesse noticia da sua chegada lhe mandara fazer prezente o contentamento que tenho de ler
tão honrrado governador por vizinho, e nas occaziões que se
203
offerecerem achara Vossa Merce em mym toda a boa correspondencia, e amizade. Nosso
Senhor etc. Goa 4 de Outubro de 1694. O Conde de Villa Verde.
Com muito grande contentamento receby esta segunda de Vossa Senhoria pello gosto que me
dão as suas novas. Estimo seja chegado com saude a essas terras, e havendo occazião em que
necessite do meu favor não lhe hei de faltar com aquelle empenho que Vossa Senhoria por sy
merece e por favorecido del rey Mogor a quem devemos tão boa paz e amizade. Guarde Deos
a Vossa Senhoria. Goa 4 de Outubro de 694. O Conde de Villa Verde
As duas galiotas que mandey em demanda de hum cossario que tive noticia andava por
[esses] mares toparão huma embarcação pequena e desconhecida, e fazendo lhe muitos sinais
para que arria[ssem] foi fazendo pouco cazo, e fugindo com que augmentou a desconfiança de
que era inimigo, porem se o não era devia ser muito ignorante das cortezias navais pois não
soube entender que sendo huma embarcação pequena, e vendo duas galiotas com huma
flamula de cabo que a seguião devia arriar, e esperar o que querião. Chegarão a falla, e
reconhecendo que era inglez não lhe fizerão o tratamento que merecia a sua descortezia, mas
o que costumão fazer os Portuguezes as nasções de quem são amigos. Assym me constou por
hum escrito que deo o capitam de Barlanda ao meu capitam cabo, e por imformação de toda a
esquipagem das galiotas, e o dizer elle que lhe pareceo bandeira de Olanda he affectado
porque no tope, e na quadra estava a bandeira del rey de Portugal meu senhor que nenhuma
aparecença tem com a de Olanda, e ao dito capitam devem os seus mayores estranhar muito
este mao termo qu eu novamente me informarey, e achando que os meus capitães fizerão
excesso o que duvido far lhes hey sentir o castigo. Deos guarde a Vossa Merce. Goa 4 de
Outubro de 1694. O Conde de Villa Verde.
204
O primeiro deste mez chegou a esta barra a nossa armada desse Estreito com as felices novas
do estado em que ficavão as cousas com el rey da Persia, e agradeço muito a Joseph Pereira
de Azevedo o cuidado com que serve a Sua Magestade, e diligencia que pos nestas
negociações. Fico entregue das alcatifas, mas ainda como não puderão desfazer os fardos, não
tive tempo de as ver, e por isso não difiro sobre ellas.
Senty os inconvenientes que ouve para a cobrança do dinheiro pella grande falta que cá me
faz. Encomendo muito ao superentendente Joseph Pereira me mande o dinheiro que tiver
cobrado por letras antes que daquy parta a armada, e não achando letras vira na armada.
A armada fico preparando com grande pressa para daquy alcançar o primeiro de Março e se
puder ser antes disso, e ha de hir com muito mais poder de que he necessario que a empreza.
Não se offerece por ora mais, e com a dita armada escreverey com mais largueza. Nosso
Senhor etc. Goa 5 de Dezembro de 1695. O Conde de Villa Verde.
Receby a carta de Vossa Merce, e mandey logo passar a ordem que Vossa Merce me pede que
vay com esta, e alem disso escreverey ao capitam mor de minha armada, e aos cabo das
manchuas de guerra que fação toda a boa passagem as duas galiotas de Vossa Merce, visto e
amizade que el rey Grão Mogor tem com este Estado. Nosso Senhor etc. Goa 12 de Janeiro de
1696. O Conde de Villa Verde.
Dom Pedro Antonio de Noronha conde de Villa Verde do Conselho de Estado de Sua
Magestade vice rey e capitam geral da India ettc. Porquanto Rafican divão de Ponda me
representou que queria mandar duas galiotas aos portos do Canara a cargo de Balla Goinda
hum dos seus sugeitos (?) [29 v] a conduzir mantimento para provimento das terras do dito
Ponda, e visto a amizade que el rey Grão Mogor tem com o Estado, ordeno ao capitam mor da
armada do Canara, e costa do Sul, e ao cabo das manchuas de guerra, que encontrando com as
205
ditas duas galiotas lhe fação toda a boa passagem assym da hida, como da vinda. Goa 12 de
Janeiro de [1] 696. O Conde de Villa Verde.
Receby a carta de Vossa Merce vinda por Mucunda Sinay, e bem sey eu que não ha de Vossa
Merce faltar em fazer presente ao grande rey Mogor a boa correspondencia do Estado, e o
muito que estimamos a sua amizade, sem embargo das justas rezoens da queixa que nos dão
alguns vassalos seus, como este inviado Isamael Bega, e agradeço a Vossa merce o bom
modo com que se ouve neste particular. O novo inviado ainda não he chegado. Vindo o
receberey com todo o bom tratamento, e espero me de Vossa Merce ocazioens de seu gosto
para que a nossa amizade va em augmento. Nosso Senhor etc. Goa 24 de Janeiro de 1696. O
Conde de Villa Verde.
[Carta do vice-rei da Índia, D. Pedro António de Noronha de Albuquerque, Conde de Vila
Verde] Para o Divão de Ponda
206
homem de capacidade para isso, e lhe seguro que se não fora a nossa boa amizade, e
correspondencia havia este home sentir o descomedimento com que se portou tanto contra a
pessoa de Vossa Merce como em faltar as leis de inviado em não vir a audiencia que elle
pedio, e eu lhe concedy mandando o conduzir publicamente. Nosso Senhor etc. Goa 20 de
Janeiro de 1696. O Conde de Villa Verde.
Muitos dias ha que não tive carta de Vossa Merce o que se não primite ... a nossa amizade
[30] e agora não quero perder a ocazião de saber as suas novas.
O divão desse Ponda me mandou aquy por seu inviado Isamael Bega, e depois de o mandar
agazalhar, e sagu[atiar] conforme o bom tratamento me pedio audiencia para ontem a tarde.
Concedy lha, e mandey conduz[i lo] pellos meus officiaes de guerra para lhe falar neste
palacio onde assisto, e aonde recebo [os] mais inviados, e ate os do general Sidy. O dito
Ismael Bega não quis vir fallar me por estar fora de sy embanguiado dizendo mil injurias
contra o mesmo divão q[ue] o mandou afirmando que elle era tão grande capitão como o
divão, e que quem era o divão para o mandar a elle por seu inviado, e tanto desproposito disse
que os seus mesmos lascarins se quizerão levantar contra elle, e por lhe evitar algum
dezacato, lhe mandey por soldados de guarda para lhe acudirem. Vossa Merce estranha ao
divão a ma elleição que teve em me mandar por inviado hum homem que perde juizo imcapaz
de se tratar com elle materias de importancia, que o mas mande comunicar por carta, ou que
invie homem de capacidade, e não este que eu (sic) afrontar, e falta ao seu respeito, e as leys
de inviado, e assim mande retirar, e o castique. Goa 20 de Janeiro de 1696. O Conde de Villa
Verde.
Terceira ves torno a conceder so por respeito de Vossa Alteza a paz ao el rey Samorym contra
a ultima rezollução que havia tomado de nunca a ajustar com elle tanto pellos motivos que
deu para o seu rompimento como por não a ajustar o anno passado mandando eu o
207
meu capitão mor a Callecut para esse effeito somente, e suposto que elle sahio desse porto a
buscar o inimigo Arabio, e acudir a sua cafilla, nos dias que nelle havia estado surto podia o
rey Samorym ter este negocio concluido, se estivessem ahy os seus regedores, pois
antecedentemente sabia que hia a minha armada a fazer este tratado. Ja o anno passado pella
intercessão de Vossa Alteza dizisty das condiçoens mais importantes que o Estado ao dito rey
propunha, e da em que pretendo obriga lo, a que as suas embarcações que navegão para o
Norte vão fazer dereitos a Dio, ninguem me podia obrigar a ceder mais que o empenho com
que Vossa Alteza me pede, e as rezões que me propoem de suas conveniencias no
ajustamento desta paz por estas causas me coarto nesta condição tanto, pois me contento que
o dito rey Samorym de cada anno sincoenta candins de pimenta ao Estado por tributo em
lugar da grande quantia que havião importar estes direitos, e seguro lhe que em o dito rey ter
em Vossa Alteza hum tão grande valledor, e tão amigo dos Portugueses, se pode chamar bem
afortunado, porque neste anno tinha eu rezolvido mandar infestar com a minha armada essa
costa para lhe represar quantos barcos sahissem de seus portos, e os que escapassem, ou no
Norte me cahirião na mão, ou no Estreito para onde mando huma poderosa armada a tomar a
barra de Mascate, e a castigar o Arabio pello atrevimento que o anno passado teve em
Mangalor, e pode Vossa Alteza seguramente affirmar ao rey Samorym que so a intercessão de
Vossa Alteza, lhe concedo esta pax, e que pello que a mym me toca, e ao Estado hei de
estimar muito que elle a não aceite. Deus guarde e alumie a Vossa Alteza. Goa 24 de Janeiro
de [1] 696. O Conde de Villa Verde.
Quando eu tinha ultimamente rezolvido não fazer a paz com Vossa Alteza, e a mandar lhe
este a[nno] fazer toda a possivel hostellidade, queimando, e represando lhe os barcos que
estivessem nesses portos [30 v] do Sul, e os que para o Norte navegassem, ou para o Estreito
para onde mando huma tão poderosa armada a tomar a barra de Mascate, e a castigar o Arabio
pello atrevimento que o anno passado teve em Mangalor, veio pedir me Vossa Alteza a pax
com tanta instancia, e mediar nella o princepe Ramorma com hum tão forçozo empenho.
208
E supposto que nenhuma conveniencia tem o Estado nesta pax assim pellos motivos que
Vossa Alteza pella sua pouca fidelidade me deo para lhe fazer guerra, como pello grande
lucro que tiraria de lhe reprezar os seus barcos são tão generosos os Portuguezes que por hum
amigo verdadeiro como he o principe Ramorma pella sua fidelidade, e de seus antecessores
não so perderão grandes riquezas, mas arriscarão pello ajudar e defender todo este Estado.
A sua intercessão deve Vossa Alteza haver eu desistido o anno passado das condiçoens em
que lhe pedia a restetuição da fortaleza de Arcora, do sino, artelharia, despeza da armada, e o
ceder de obrigar a Vossa Alteza a fazer as penitencias pello dezacato que aos sagrados
templos dos christãos os seus vassallos fizerão, e agora deve mais ao dito princepe, pois os
seus rogos me moverão a ceder de que os seus pagueis, e embarcações que forem para o
Norte vão fazer dereitos a Dio, porem ha de ser com condição de pagar Vossa Alteza a este
Estado cada anno sincoenta candins de pimenta por tributo. Nesta forma mando ao reverendo
padre João Ribeiro poderes para ajustar a pax, ou dar a Vossa Alteza o ultimo dezengano de
não a ter mais com os Portuguezes. Deus guarde e alumie a Vossa Alteza etc. Goa 24 de
Janeiro de 1696. O Conde de Villa Verde.
209
pello desacato que os Mouros aos templos dos christãos fizerão, e juntamente da ajuda que
lhe pediamos contra os inimigos do Estado para nos livrarmos da reciproca que elle nos
demandaria contra os Olandezes, porem da condição que propunhamos de que as suas
embarcaçoens que para o Norte navegassem hirião fazer dereitos a Dio, não se havia cedido,
nem eu nisto viera de nenhum modo por ser a unica conveniencia que tiravamos desta pax,
porem as rezoens de Vossa Paternidade, e as instancias do princepe Ramorma fazem largar
esse lucro pello pequeno tributo de sincoenta candins de pimenta que na decima condição do
dito rey Samorym lhe peço, e nesta forma ajustara Vossa Paternidade a pax com as mais
condiçoens que lhe remeto para o que vay a Vossa Paternidade o poder necessario para
concluir. Deus guarde a Vossa Paternidade etc. Goa 24 de Janeiro de 1696. O Conde de Villa
Verde.
Agradeço vos muito o cuidado de me mandares as novas que ha nesse Surrate e tod[as] as
mais que tiverdes de Mascate, e da certeza da morte do Imamo me remetereis logo.
Fico entendendo o estado em que ficavão nessa terra as couzas dos homens de chepeo. Eu
antevendo o embaraço que podião ter os nossos mercadores com a ocazião dos Inglezes,
ordeney ao capitam mor da armada a não metesse em Surrate sem primeiro vos mandar
chamar a Damão para saber as noticias do que havia, e entendo estara ja tudo acomodado
comnosco porque assym o pede a rezão.
Os Olandezes ja passarão para Cochim, e depois vierão a esta barra nos fins de Janeiro com
11 barcos, e daqui sairão dizendo que hião em demanda dos Francezes o que eu tenho por
patarata assym pellos não os haverem topado duas galvetas que ontem chegarão de Bombaim,
como porque elles quando aquy estiverão negarão serem os mesmos que vierão de Surrate. Os
Francezes já serão chegados a essa terra se acazo tiverem combate com os Olandezes. Do que
elles fizeram me fareis avizo.
Ja vos escrevy da liga que tenho feito com o Persa contra o Arabio, e neste anno mando huma
grossa armada para o Estreito, e como são muitos barcos não a pude aparelhar a tempo de
poder hir a esse porto de Surrate para levar os barcos em sua companhia e a roupa dos
Armenios
210
como ja dizeis, e ja vos escrevy tambem que se estes quezerem mandar aquy athe 10 de
Março hirão comboyados com a nossa armada.
Fico entregue das cartas do Congo que me remetestes, e sinto que a ordem que ahy ouve de
tirar as bandeiras fosse geral pello que toca aos Francezes com quem temos boa amizade, mas
entendo que com a sua chegada se tera tudo acomodado com aquella nasção.
Ao nababo desse Surrate agradecereis da minha parte o haver elle deixado de tirar o fatto para
os nossos barcos, e assym o devia elle fazer pella boa amizade que temos com o seu rey, e a
firmeza com que sempre della uzamos.
No que toca a repartição do marfim para esse porto se não tivestes nesta ocazião o lucro o
tereis nas fazendas da China que todas andem hir para esse porto em trazendo Deus os barcos
que esperamos. Nosso Senhor etc. Goa 13 de Fevereiro de 1696. O Conde de Villa Verde.
Pella armada do Norte nos escrevy, e espero tenhais ja recebido as cartas, e como parte este
barco que aquy arribou vindo de Mangalor me pareceo escrever vos para que façais logo
prezente ao nababo desse Surrate de pouco proposito que tem este divão de Ponda nas suas
couzas, porque mandando me ha poucos dias pedir licença para me mandar hum enviado
dizendo que tinha negocios de importancia comigo, lhe concedy a dita licença, e chegando o
dito enviado daly a poucos dias me mandou pedir audiencia. Concedy lha, e mandando o
conduzir como he uzo, e costume, o acharão os officiaes de guerra que o hião acompanhar
perdido de bebado dizendo muitas injurias, e imfamias contra o mesmo divão, e finalmente
[31] não quis vir perante mim com que me foi necessario mandar lhe que se recolhesse, e
escrevy ao divão dando lhe noticia deste sucesso, e que se tinha negocio que tratar comigo
mandasse sogeito capaz com quem o tratasse, com que elle mandou retirar o dito enviado,
escrevendo me que mandaria outro e certa pessoa de respeito do dito Ponda me avizou de que
o dito divão mandava sem negocio algum estes inviados, porque tudo erão desbarates quantos
negocios trazia, e assym me parece que o nababo de Surrate deve avizar a el rey Mogor de
todo este sucesso para que elle saiba o mao modo deste divão, e do que com elle passardes
211
me fareis avizo como tambem de toda a noticia que tiverdes de Mascate. E se ouver algumas
cartas para mym do Congo as enviareis logo ao general avizando que mas remeta com toda a
promptidão. Nosso Senhor etc. Goa 29 de Janeiro de 1696. O Conde de Villa Verde.
Chegou Mamede Sadaca enviado de Vossa Merce a quem ouvy todas as propostas que de sua
parte me comunicou, e lhes difiry conforme premitião os accidentes dos negocios que elle
trazia, e da sua rezollução entendera Vossa Merce que eu so procuro a observancia da boa pax
tão antiga entre estas duas coroas, e juntamente da nossa amizade que Vossa Merce
experimentara não menos verdadeira do que o nababo seu antecessor. O dito Mamede Sadaca
lhe fera presente com mais meudeza todas as circunstancias que confirimos, e espero de
Vossa Merce saiba de sorte conservar esta nossa correspondencia que entenda eu he amigo
verdadeiro do Estado, e fiel servidor do grande monarcha de Portugal meu senhor. Nosso
Senhor etc. Goa 11 de Fevereiro de 1696. O Conde de Villa Verde.
Com grande gosto receby a carta de Vossa Senhoria com as sua boas novas, e lhe agradeço o
affecto com que trata as cousas desse Estado de que experimentara sempre toda a boa
correspondencia e de mym toda a demonstração de amizade.
212
Logo mandey ao armenio Coja Min[a] s mostrace aos adgentes de Vossa Senhoria os dous
cavallos os quaes elles virão, e se não contentarão delles pellos sinais. Tambem lhe mandey
mostrar [32] todos os da minha cavallaria por ver se agradavão de algum aparece que elles
não acharão sinaes que elles dezejavão.
Agradeço a Vossa Senhoria o saguate que muito estimey por ser de sua mão, e os mesmos
portadores entre[garão] a Vossa Senhoria esta demonstração de minha amizade que mandara
receber dando me muitas o[ca] zioens do seu gosto que em todas experimentara em mym com
grande affecto. Deus alumie a [pessoa] de Vossa Senhoria em sua divina graça. Goa 13 de
Fevereiro de 1696. O Conde de Villa Verde.
O capitam mor da armada do Norte Manoel Tavares da Gama, me fez prezente o favor e
ajuda que achou em Vossa Senhoria mandando acodir a galiota que deo nessa restinga;
agradeço a Vossa Senhoria este cuidado que achara em mym toda boa correspondencia nas
occazioens que se me offerecerem de seu gosto. Deus guarde a Vossa Senhoria muitos anos.
Goa 13 de Fevereiro de [1]696. O Conde de Villa Verde.
Vy a carta do dessay Essoba Rao, e tenho entendido as noticias que nella me da e esteja certo
que os mesmos favores que experimentou dos meus antecessores achara em mym quando se
ofereça occazião. Nosso Senhor etc. Goa 16 de Fevereiro de 1696. O Conde de Villa Verde.
[Carta do rei da Pérsia] Coppea da carta que el rey da Percia escreveo ao capitam mor do
Estreito Francisco Pereira da Silva
Mandado do Altissimo Perfeito faço saber ao absoluto fiel e de todo credito e general de Sua
Magestade el rey de Portugal Francisco Pereira
213
da Silva, por merce infinita de toda a forte amicid (sic) prezente sua petiçam que os intentos
que nella me refere, com o zello e amor, e grande amizade, quando receby a petição fiquey
muito satisfeito seu procedimento que fica elle muito merecido achara que sobre elle han de
ser minhas merces em grao supremo, e todo o negocio e serviço que tiver não há mais que
com patamar me avizar com sua petição com favor e merce de Deos Nosso Senhor aos seus
dezejos não hei de faltar. A hera do Par[sio] o mez Zilhaayia o anno 10 606 [1696] que vem a
ser nossa hera.
Dom Pedro António de Noronha conde de Villa Verde do Conselho de Estado do muito alto,
e muito poderoso monarcha de Portugal, seu vice rey e capitam geral da India etc.
Ao muito alto e muito poderoso monarcha da Percia Xa Assan defençor e protector dos
mussulamanos, e herdeiro da dilatada, e sempre grande monarchia daquelle na fama sempre
immortal Xaabas etc.
Leva Gregorio Pereira fidalgo embaxador do grande rey meu senhor comissão real com
poderes que sua real grandeza me tem participado para tratar e conferir com Vossa Magestade
varias materias tocantes ao augmento de huma e outra coroa, união e firme confederação de
ambas as monarchias, e para expedição da guerra ajustada por mim, e Vossa Magestade na
liga que o anno passado fizemos contra o Imamo dos Arabios nosso inimigo commum, para o
que dara Vossa Magestade ao dito embaxador as audiencias necessarias, esperando de Vossa
Magestade mande difirir aos negocios que elle lhe ha de participar com a brevidade possivel,
e benevolencia devida aquella inviolavel paz, e affectuosa aliança que sempre ouve entre
estas duas monarchias. Guarde Deos a real pessoa de Vossa Magestade por muitos annos Goa
17 de Março de [1]696. O Conde de Villa Verde.
214
Dom Pedro Antonio de Noronha conde de Villa Verde do Conselho de Estado do muito alto e
muito poderoso monarcha de Portugal, seu vice rey e capitam geral da India etc.
Ao muito alto, e muito poderoso monarcha da Percia Xa Assan defençor e protector dos
massalumanes, e herdeiro da dilatada, e sempre grande monarchia daquelle na fama sempre
immortal Xa Abas etc.
Pella ordem que tenho do grande rey de Portugal meu senhor para mandar a prezença de
Vossa Magestade seu embaxador a dar lhe o parabem de sua fellix sucessão no Governo,
escolhy a Gregorio Pereira fidalgo que em nome do dito grande rey meu senhor significara a
Vossa Magestade o grande gosto que elle recebeo de sua gloriosa exaltação ao real trono, ao
qual embaxador mandara Vossa Magestade fazer o tratamento que elle merece pella pessoa
do grande rey meu senhor que representa, e como os mais embaxadores de Portugal receberão
dos gloriosos antecessores de Vossa Magestade cuja real pessoa guarde Deos por muitos
annos. Goa 17 de Março de 1696. O Conde de Villa Verde.
[Carta do vice-rei da Índia, D. Pedro António de Noronha de Albuquerque, Conde de Vila
Verde] [33] Carta para o Princepe Acabar
Dom Pedro Antonio de Noronha conde de Villa Verde do Conselho de Estado do muito alto,
e muito poderoso rey de Portugal, seu vice rey e capitam geral da India etc.
Ao princepe sultão Acabar filho do grande rey Mogor, antigo, e verdadeiro amigo dos
Portuguezes, e sempre delles amado e respeitado.
Receby a carta de Vossa Alteza com toda demonstração de alegria, e affecto pellas muitas
rezoens que ha para festejar as boas noticias de Vossa Alteza porque não deminue a nossa
amizade, nenhum accidente contrario da fortuna, assym o experimentara Vossa Alteza em
todo o tempo, e ao embaxador que ao grande rey da Percia envio, encomendo muito a boa
amizade, e correspondencia com Vossa Alteza
215
a quem Vossa Alteza deve ajudar nas negociações que lhe cometo, porque todas as que forem
em augmento deste Estado han de rezultar em bem e utellidade de Vossa Alteza que assym o
pede a nossa antiga amizade. Deos guarde a real pessoa de Vossa Alteza por muitos annos.
Goa 19 de Março de 1696. O Conde de Villa Verde.
Receby a carta de Vossa Alteza de que fis muita estimação, e todas as vezes que a tiver farey
o mesmo. Logo ordeney ao secretario do Estado paçasse os cartazes que Vossa Alteza me
pede para os dous barcos seus que os leva o portador, e ordenara Vossa Alteza aos capitaens
delles que não vão a Mascate pois os Arabios são nossos inimigos, e não he rezão que Vossa
Alteza falte as capitulações das pazes que assym dispoem, e faço a Vossa Alteza esta
advertencia porque mando este anno grossa armada para sitiar aquella barra com ordem para
tomar todos os barcos que forem aquele porto, e com o mesmo portador remeto o retorno do
sinal que Vossa Alteza mandou por assym primitir a amizade que ha entre ambos os estados,
e para tudo o mais que se offerecer de gosto de Vossa Alteza me tem muito serto. Deus
alumie a Vossa Alteza em sua divina graça. Goa 22 de Fevereiro de 1696. O Conde de Villa
Verde.
Receby a de Vossa Senhoria com o grande gosto que me dão as suas noticias e com aquella
estimação devida a nossa amizade, e boa correspondencia, e estimey muito os arcos e frechas
que me mandou assym pela sua galantaria como por ser saguate da mão de Vossa Senhoria e
lhe offereço estas duas pistollas por serem feitas por bom mestre, e capazes de se fazer nellas
confiança.
Muitos negocios tinha que encomendar a Vossa Senhoria em ordem ao bem de hum e outro
estado, porem a grande occupação que tive com o apresto desta armada do Estreito me
embaraçou [33 v] para lhe escrever logo tudo, o que farey com mais vagar, e por ora so lhe
posso dizer que faça Vossa Senhoria prezente ao grande rey Mogor
216
a fidelidade, e amor que sempre experimentou nos Portuguezes, e o quanto nos dezejamos a
conservação da pax, e da nossa antiga amizade, porem que o nababo de Biandy Martaba Can
pertende perturba la fingindo ordens falças do grande rey Mogor, e não dando comprimento
as que tem suas tão repetidas pellas quaes ordenando lhe o dito grande rey que nos satisfizece
a perda que nos deu com a guerra passada, o não tem feito athe agora mostrando se rebelde e
dezobediente aos mandados de seu senhor, e de prezente bem publicado que o disto grande
rey lhe ordena nos faça guerra posto que entendo ser falcissimo por não haver causa para isso,
nem costumar o dito grande rey faltar a fe e amizade que tem com seus amigos, e ao grande
afecto que lhe merece o grande rey de Portugal meu senhor, e ser irmão em armas, e de tudo
isto espero que Vossa Senhoria imforme ao dito grande rey para que elle castigue, e advirta ao
dito Martaba Can para que não ande com embrulhadas nem tome o seu nome em couzas que
elle não manda, porque he descredito de sua grandeza e soberania saber se no mundo que
sofre elle a hum vassalo que nem da comprimento as suas ordens, e que ofende o seu respeito
inquietando contra sua vontade os seus amigos. E para tudo o que ouver de gosto de Vossa
Senhoria me achara prompto com aquelle gosto que pede a nossa boa amizade. Deus alumie a
Vossa Senhoria em sua divina graça. Gosto (sic) 23 de Março de [1] 696. O Conde de Villa
Verde.
Dom Pedro Antonio de Noronha conde de Villa Verde do Conselho do Estado de Sua
Magestade vice rey e capitão geral da India etc.
Porquanto o dessay Qhema Saunto me representou que queria mandar hum barco seu para o
porto do Congo com mercancia, e visto o dito dessay ser amigo do Estado, hey por bem de
conceder licença e seguro ao dito seu barco por nome Usay Sanquiwy de porte de 150 candins
de que vay por nacoda Issadagi, pilloto Abadul Rahimana, e mais gente de sua navegação, e
para sua defença leva duas peças de artelharia sinco espinguardas, quatro espadas algumas
lanças polvora e ballas com declaração que hira em dereitura no (sic) porto do Congo, e não
ao de Mascate, e a outro qualquer do inimigo do Estado, e indo,
217
e escapando das armadas do dito Estado não podera navegar o dito barco em tempo algum, e
mando ao capitam mor da armada de alto bordo, e das de remo, e capitães de mar e guerra das
fragatas que encontrando com o dito barco lhe faça toda a boa passagem visto as rezoens que
para isso hay de que lhe mandey passar este passaporte que sera sellado com o sinete das
armas reaes. João Antonio Dias a fez em Goa a 7 de Fevereiro de [1] 696. O Conde de Villa
Verde.
Os dias atras escrevy a Vossa Senhoria agradecendo lhe o gosto que me havia dado com a sua
carta. Agora faço esta por terra só para lhe dar os parabens da chegada do barco Le Ponchatre
o qual a 26 deste chegou avistar esta barra porem cahido da parte do Sul, cauza porque não
pode tomar esta barra e na verdade me deu grande cuidado pello proximo que estava a
invernada e o citio em que estava surto, mas com o favor de Deos a 29 ... barra de Mormugão
aonde fica ja seguro. Nesta ha de invernar por não ser ja tempo de poder passar o banco da
Agoada. O capitão logo que avistou a barra me mandou aquy seu escrivão dar parte e eu
passey logo ordem (?) para que os pillotos fossem logo a bordo; a outro dia veo o comissario
e por elle entendy ... perigo que aly corria ao dito barco e pedindo me algumas couzas com
toda a promptidão lhe forão mandadas dar [34] e se deitarão os paros de Pangim e mais
embarcações para ajudar ao reboque. O dito barco invernou em Mossambique aonde lhe não
morreo gente alguma, furtuna não pequena para o mao clima daquella terra. Sahio a 13 de
Março e chegou aos que tenho dito com bastante gente doe[nte] de mal de Loanda do qual lhe
morrerão alguns que ate agora não sey o numero. Ao comissar[io disse] escrevesse a Vossa
Senhoria, e me trouxesse a carta para eu a remeter debaixo da minha cuberta por[em] como
ate agora não tem vindo por estar em Mormugão não quis retardar a Vossa Senhoria [esta]
nova, por saber o gosto que ha de ter nella e segurar lhe que em tudo o que toccar aos
vassallos d[el Rey] Christianissimo sempre me ha de achar com a vontade muy prompta como
tãobem para o que me ... de seu gosto. Deus guarde a Vossa Senhoria. Goa 31 de Mayo de
[1]696. O Conde de Villa Verde.
218
Recebi a carta do capitam Assan Can, e no que fala tocante aos moradores de nossas terras
hirem lavrar a outra banda, como nunca me pedião licença, tãobem nunca lhes prohiby, e se
agora lhe falta esta deve de ser pello estado eccleziastico cuja jurisdição me não pertence por
tratar só aquela de consiencia e observação da religião; o cobrar o capitam dellas achando os
nas suas terras fera muito bem porque nisto lhe não porey culpa, e este he o modo com que
pode cobrar. Nosso Senhor ett.° Goa 4 de Junho de 1696. O Conde de Villa Verde.
Receby as vossas cartas vindas pella armada do Norte e a ultima que por este patamar
mandastes em companhia da do feitor do Congo, e suposto que a primeira ja vos fiz reposta,
torno a repetir nesta o mesmo que vos dizia.
O capitam mor Manoel Tavares da Gama me informou muy bem do desvello com que
obrastes nesse Surrate sobre as couzas tocantes a este Estado, e tudo tendes feito a minha
satisfação e estimo muito que desempenheis o bom concerto que tenho de voz.
Sobre as noticias que me daiz das couzas tocantes a Companhia mandey advertir aos
deputados della para lhe porem o remedio e estarem de avizos sobre estas couzas, e he certo
que hão de mandar por cobro sobre esses descaminhos. Não chegou ca queixa do
superentendente contra vos e quando chegue terey cuidado de fazer averiguar a verdade com
toda a miudeza, e que se não creya logo a primeira informação.
No que toca a queixa que me fazeis he certo que a corretagem hé daquelle corretor que ajuste
o negocio da compra ou da venda, e assym que o marfim que se vende em Damão ha de ser a
corretagem daquelles que aly fizerem o ajuste assym como a fazenda da China de azougue
tutunaga e vermelhão com que hoje se acha a Companhia que passa de cem mil xerafins e ha
de mandar para Surrate vos ha de toccar a vos somente della, comtudo eu não hei de deixar de
ver se posso licitamente melhora (sic) a vossa condição mas a isto quero tempo e modo.
219
As mayorias das ropas da prezente monção creyo que ja estarão cobradas de Haridas, e não
lhe ha de valler a justificação falça.
Baga Vandas ja não pode entrar na Companhia para ser corretor della porque ja se lhe não
pode comonicar o lucro que tem a Companhia da sua primeira negociação. Se fallar a tempo
fizera por amor de vos com boa vontade.
Havendo novas do Estreito da chegada da nossa armada logo mas manday por hum patamar
porque a carta que este trouxe era muito antiga e não trazia couza de sua posição. Nosso
Senhor ett.a Goa 4 de Junho de [1]696.
Os dias atras vos escrevy remetendo vos huma carta para mandares Francisco Pereira da Silva
capitam mor do Estreito por via de Sinde. Se aquella vos não tem inda chegado a remetais a
que vay com esta pella mesma via com toda a brevidade.
Eu receby a carta de Vossa Paternidade feita em 28 de Setembro com tanto gosto quanto deve
tãobem ser o agradecimento em que lhe fico pello muito cuidado diligencia e zello com que
se ouve no particular das pazes do rey Samorym, e em a qualquer parte donde eu me achar
saberey sempre avaliar em muito preço a obrigação em que todos lhe devemos estar pello
incançavel affecto com que se ouve neste negocio ate o concluir com tão bom fim que eu não
posso deixar de o aclamar por bom, de o aprovar como tal ficando certo Vossa Paternidade se
havera com o mesmo zello em todas as ocaziões que se lhe offerecerem para boa conservação
desta paz pois a sua prudencia detre ... [34 v] . No que toca o feitor não me desviando do
parecer de Vossa Paternidade tãobem me parece que por hora he escuzado, e que o padre que
assistir em Callecut pode fazer tudo porem discurssando esta materia com mayor ponderação
tãobem me parece ser precizo que nestes primeiros mezes haja alguem que sirva de feitor
porque nesta forma nos ficamos empossando desta jurisdição e para que este seja com a
capacidade que he necessaria Vossa Paternidade faça diligencia por essas partes pro ver se
acha pessoa que se possa eleger para o dito ministerio porque achando a a podera ocupar nelle
conforme
220
a ordem que lhe envio, e então depois de assentada a igreja se podera fazer retirar outra vez a
dita pessoa de sorte que se intreduza no dito lugar aquella pessoa que mais for conveniente
assym ao credito deste Estado como a conservação da paz novamente celebrada e para tudo
Vossa Paternidade dispor rezolver e assentar igreja e passar os cartazes como melhor lhe
parecer vay a de ampla advertindo que esta meteria se deve tratar com o Samorym, com tanta
segurança e cautella que em cazo que para o tempo adiante por conveniencia deste Estado se
queira fazer a feitoria a não contradiga o rey Samorym com fundamento de alegar ter ce
dizestido do direito (?) e jurisdição della. Guarde Deus a Vossa Paternidade etc. Goa 7 de
Novembro de 1696. O Conde de Villa Verde.
Receby as vossas cartas assym as vindas por terra como por mar de 23 e 28 de Novembro e
pellas noticias que me daiz assym da armada como dos Arabios, e cuidado com que procurais
estas vos dou os agradecimentos esperando mas continueiz na mesma forma e posto que tive
ja pello barco de Damão cartas assym do capitão mor como do embaixador, e como por estas
me não vinha a total rezolução da armada invernar daquellas partes, e ate agora me falte o
segundo avizo que espero no barco de Baçaym fico com o cuidado da incerteza para a
dispozição e assym se vos chegarem algumas noticias de novo mas fareis prezentes com toda
a promptidão.
O socorro para Mombaça deitey a tão bom tempo que espero não só ha de chegar muito antes
da chegada do Arabio aquella praça mas se elle se rezolver a hir a ella experimentar o castigo
que merece de atrevimento passado, e tãobem o que souberes neste particular fareis avizo
delle.
A Junta Geral do Comercio detriminava fazer venda nesta terra das drogas que lhe tinhão
vindo da China, e eu fiz com que o não fizecem assym antes mandasse vender esta fazenda
nesse porto de Surrate no que só me empenhey para que vos tiveceis o lucro nas corretagens
della segurando aos ministros da Companhia que da vossa fidelidade e zello podião esperar se
fizece a venda com todo o cuidado e promptidão,
221
o que havieis de procurar os mayores avanços para ella. Espero de vos façais certo o que eu
disse a estes ministros e que achem estes hum prestimo em vos muy igual a minha
informação.
Pella armada detrimino remeter vos huma memoria para varias emcomendas que quero dessa
terra, e como então hei de fallar nellas o não faço nesta agora.
A minha comadre Madama Directrice Mariana Brandoa assistireis com todo o cuidado em
tudo o que lhe for necessario o que vos hey por summamente emcomendado obreis em tudo
que lhe toccar como couza particular minha.
Se com effeito o nababo e xibandar de Surrate derem licença aos Arabios para comprarem os
barcos ou de os deixarem hir para aquelle porto deveiz de protestar lhe ser isto contra a nossa
boa amizade e que o não devem fazer porque como nos por força havemos de impedir lhe em
Mascate o entrarem, e hirem aquelle porto não tenhão nunca queixa de que nos os tomamos, e
assym se lhes declara antes para que não aleguem ignorancia.
Tive novas de Calecut com cujo rey Samorym temos ja feito pazes em como hum barco
ingles que dizem ser cossario com os mais desta nasção entrara naquella barra, e reprezara
todos os barcos que nella estavão de Surrate, tirando dos ditos barcos as peças que lhe
parecerão e encravando outras e mandou dizer depois aos mercadores que se quizecem
resgatar os barcos lhe dessem huma quantia grande de rupias e porque logo não tiverão
reposta queimarão o barco grande do nababo de Surrate, e dahy a pouco outros maiz deixando
os que ficarão sem peças. Sinto esta noticia que he muito certa pello desgosto que sey ha de
ter o nababo de quem sou amigo mas por aquy verão elles a differença que vay de nasção a
nasção, e que nunca experimentarão nos Portuguezes estas rebaldarias.
Fico aprestando duas fermozas fragatas para hirem para o Estreito e tãobem as que forão para
Mombaça han de hir despoiz juntar ce no Congo com que faremos este anno la huma grossa
armada se Deos ajudar os meus designios, e se não for o empenho com que estamos na guerra
deste Arabio havia de mandar estas fragatas a Mecca só para resgatar os barcos de Surrate e
traze los a esse porto para mostrar aos Mogores que só os Portugueses na India sabem ser
amigos. Mas finda a negociação do Estreito ou por huma boa guerra, ou por huma boa paz se
eu me detiver neste Estado verá o nababo de Surrate o
222
quanto eu dezejo agrada lo, e ajuda lo com o meu poder a tudo o que lhe toccar.
Se puderes saber ate que tempo se dilatarão ahy esses barcos arabios e a certeza de se
comprarão ou não avizai me logo para eu despor nesta meteria. Nosso Senhor ett.a Goa 7 (?)
de Janeiro 1697. O Conde de Villa Verde.
Meu muito reverendo padre. Receby a carta de Vossa Paternidade de 30 de Novembro da qual
fiz toda a estima que merece a sua pessoa dezejando me continue Vossa Paternidade sempre
com novas suas que he o meu prin[cipal] empenho pellas que Vossa Paternidade me da de
nossos inimigos lhe rendo mil vezes as graças esperando [que assim] continue com o favor de
me fazer estes avizos.
As cartaz que recebi do Estreito sendo a do embaixador dos ultimos de Setembro me dizia
este que huma grande doença que padecera na sua viagem lhe impossibilitara o chegar ao
Asp[ão] com a brevidade que dezejava, mas que ficava trez dias de distancia daquella corte
aonde estando ja promptas todas as preparações para a sua entrada, mas ainda que se
dillatasse este tempo não pararão os padres nossos adjentes na negociação da guerra, e assym
me escrevem huns e outros ter ja recebido Callata o general perciano e o terem ja expedito da
corte. O capitão mor e tenente general da minha armada me diz tãobem fica por oras
esperando pello Perciano, e que havia recebido cartas do rey, e formões para todos os barcos
de seus vassallos.
...
[Carta do rei da Pérsia] [38] (6) Treslado da carta que el rey da Persia escreveo ao Senhor
Conde vice rey
Mandado do muito Alto e Perfeito, faço saber ao grande vice rey, capitão geral da India que o
não ouve semelhante, e toda a sorte
223
vitorioso governando as terras del rey de Portugal, Dom Pedro Antonio de Noronha que está
muito nomeado entre os reys. Vy pello termo honrrado, e carta de amizade que nesta ocazião,
com amor, e união que entre nos sempre se conservou que não ouve entre outros tão grande
amizade. Vy a carta de Vossa Excelencia, e os intentos que nella me refere, e nella, me vy
como em claro e limpo espelho que logo despachey tudo que Vossa Excelencia me propos
com a reposta que hera necessaria com grande dezejo e vontade, e digo mais que tudo quanto
Vossa Excelencia de mym quizer, não ha mais que avizar me que tudo hei de dar
comprimento. A hera do Parcio mez Zilha Asia o anno 10606 que vem a ser nossa hera e mez
de Junho de 1695.
[Aliança com o rei da Pérsia] Treslado dos capitulos que conthem o regamo del Rey da
Persia de liga que entre esta Coroa e as Armas Portuguezas tem feito o capitam mor do
Estreito Francisco Pereira da Silva contra o inimigo Arabio por ordem do Senhor Conde de
Villa Verde vice rey da India
Da sorte que contem os consertos que constão de onze capitulos, e das repostas conforme
abaixo se vê de que não ha de haver falta, nem engano.
1.o
Tragão vinte barcos.
Primeiramente pede visto o que fez o Arabio deve Vossa Magestade por todas as suas forças
para o extinguir para que se offerece para dar o socorro que for necessario.
2.°
Concedo.
Diz que todos os portos que do Arabio se tomarem por terra tudo sera de Vossa Magestade
224
que disso não queremos nada, comtanto que nos ha de dar lugar em todos elles da mesma
sorte que temos no Congo, e com os mesmos consertos.
3.o
Todas as vezes que o grande rey de Portugal senhor de che ... fizer o que aquy promete
trazendo socorro, tomando se o Mascate sera do mayor rey de Portugal.
Pede que visto Mascate antigamente ter sido del rey de Portugal, tomando se sera para sua
Coroa.
4.o
Mandarey ordem para que assim se faça
Pede mais que visto haver barcos em o Congo pertencentes a mercadores da Persia como
Abdul Xeque, e outros vassalos de Vossa Magestade pace ordem que sem duvida se ajuntem
com a armada dos Portuguezes, e nos lhe daremos cabos para que os instruão, com tanto que
todos han de seguir as ordens do general portugues.
[38 v]
5.o
Assim se faça.
Diz que todas as vezes que os barcos portuguezes juntos com os barcos de Vossa Magestade
tiverem encontro com os Arabios, os barcos que se tomarem serão del rey de Portugal, e do
fato repartiremos com a gente dos barcos de Vossa Magestade segundo nossas ordenações.
225
6.°
Com brevidade vem.
Tem o Senhor Conde Vice Rey mandado fazer seis embarcações para guarda do Congo.
7.o
Tenho dado ordem que ninguem lhe venda polvora e munições.
Diz que todos os franceses que em os portos de Vossa Magestade tem cazas e feitorias deve
Vossa Magestade mandar não vendão polvora, nem munições, o que não he bem que dando se
por amigos dem aos inimigos de Vossa Magestade ajuda, e se ajuntem com elles.
8.o
Dou minha palavra de fazer o que me pede.
Promete que emquanto Vossa Magestade não fizer pazes com Arabio as não fera, nem Vossa
Magestade as deve fazer emquanto os Portuguezes não vierem nellas.
9.o
Vindo o socorro do grande rey de Portugal ordenareys a todos os meus capitães e generais
dem ajuda necessaria.
Diz que para as guerras do Arabio não he necessario outro socorro, mais que del rey de
Portugal por mar, e de Vossa Magestade por terra.
226
10.o
Vindo os barcos darey ordem para que do Congo lhe dem toda a gente necessaria.
Pede que vindo os barcos del rey de Portugal lhe dem os vassalos da Persia toda a gente que
para serviço dos ditos barcos for necessario.
11.o
Concedo.
Pede todas as vezes que vier barcos para esta guerra durante ella, alem dos direitos que são
nossos mande Vossa Magestade dar todos os annos dous mil timões para consertos e paga da
gente dos ditos barcos.
[Carta do vice-rei da Índia, D. Pedro António de Noronha de Albuquerque, Conde de Vila
Verde] [39] Para o superentendente do Congo Joseph Pereira
Depois de ter escrito ao superentendente que remetesse os dous mil pardaos que o feitor
Francisco de Abr[eu de Cas] telbranco lhe entregou dos cartazes de Antonio Machado, se
tomou assento para que estes dous mil pardaos en[tre] gue o superentendente ao mesmo feitor
ou ao seu procurador ao que o superentendente dara cumprimento e do con[trario] sera
estranhado. Nosso Senhor etc. Goa 19 de Março de 1696. O Conde de Villa Verde.
Com esta repetição que Vossa Alteza me faz de suas noticias cresce em mym o gosto e o
dezejo das suas felicidades as quaez dera principio ajudando o com todo o poder e força a não
estar de premeyo a amizade e boa paz que temos com el rey Mogor, e não he rezão favorecer
a Vossa Alteza emquanto elle vivo, porque não costumão os Portuguezes faltar a fee dos
amigos com quem vivem aliados.
227
Assym o experimentou Vossa Alteza emquanto esteve no seu trono, e assym o tornaram a
experimentar se tornar a posse delle, e quando se rezolva a sahir desse lugar sempre ha de
conhecer que os Portuguezes a todos sabem socorrer e amparar, e com muito mayor rezão a
pessoa de Vossa Alteza porque não nos podemos esquecer do tempo passado, e da boa paz e
união que sempre tivemos com tão bom vizinho. Agradeço muito a Vossa Alteza o sagoate
por ser da sua mão e pella galantaria delle Vossa Alteza mandará aceitar esse cordão que he
huma marca de affecto, ja que o hir isto por terra com os riscos do caminho me não dá lugar
ao mais que eu dezejava. Deos alumie a pessoa de Vossa Alteza em sua divina graça. Goa 24
de Março de [1] 696. O Conde de Villa Verde.
Ontem vierão os inviados de Vossa Senhoria a esta minha caza de campo, aonde estou
passando o tempo das calmas a fallar me sobre a differença do marinheiro que está na Aguada
prezo, o qual se prendeo com a dilligencia que se fez por elle e pellos mais, e não se achando
os outros mandava entregar este a Vossa Senhoria, mas querendo o capitão da fortalleza fazer
a dita entrega desse o marinheiro que era catholico romano, e por esta cauza se retardou
aquella dilligencia pois como Vossa Senhoria sabe pella nossa ley os que apellidão a nossa
rellegião não podem ser entregues sem consulta dos nossos padres e do tribunal da Santa
Inquisição. E por em tudo dezejar dar gosto a Vossa Senhoria e mostrar a nossa amisade e
executar as ordens que para observar esta tenho del rey meu senhor disse ontem aos mesmos
inviados que consultaria os ditos padres, e ministros, e os mesmos inviados de Vossa
Senhoria forão boas testemunhas da dilligencia que eu fazia por prender os mais fogidos pois
ao tempo que se dispidião de mim me chegou hum aviso de hum dos meus capitães a quem
tinha encarregado a dilligencia da busca com dous prisioneiros estrangeiros apanhados em
huma passagem que ha nas terras de Bardez para as dos Mouros e chamando eu aos ditos
inviados para verem se os conhecião e lhos mandar entregar me disserão que não erão dos
seus navios e em embargo disso os mandey para a fortaleza de Aguada para que pudessem vir
outros officiais de Vossa Senhoria a examina los
228
e reconhece los e achando que algum era das suas embarcações se entregacem logo, porque
como hum confessou que era catholico appostolico, e não tinha a differença do primeiro que
dezia ser catholico romano podia logo sem duvida entregue por onde vera Vossa Senhoria que
quem lhe entregava hum lhe dera tambem o outro a não haver a duvida sobre a rellegião.
Hoje que são sinco de tarde chegarão dous capitães inviados por Vossa Senhoria com carta
sua em lingoa olandeza a qual não posso fazer reposta preciza por todos os capitulos della por
faltar me interprete, porque os que aqui havião forão par[ra a] Chinna porem hum dos
capitães fallava francez me disse que o que ella continha era hum protesto couza que me
deixou summamente sentido, porque havendo entre a Coroa [39 v] del rey meu senhor e os
Estados generosos de Ollanda hum (sic) inviolavel pax, e na India huma amizade reciproca
deviamos instruir este negocio so com ella, e não com indicios de a romper. Mas como de
minha parte quizesse mostrar a Vossa Senhoria não davamos a mesma cauza fis logo com o
Senhor Arcebispo Primas e com os mais ministros ecclesiasticos conselho e como me dessem
faculdade de poder obrar nesta meteria conforme o meu dezejo tive lugar para dar a Vossa
Senhoria o gosto mandando lhe entregar o marinheiro debaixo do salvo conducto que Vossa
Senhoria lhe deu, e porque este não especificava ainda sendo catholico romano me segurey
com os enviados de Vossa Senhoria os quais me disserão que o dito salvo conducto era
tambem para os que forem da nossa relligião. E como estes enviados sendo ministros publicos
segundo o direito das gentes tem tambem fe publica bastou me a sua palavra para me
certificar na segurança de que Vossa Senhoria não castigara o dito marinheiro e por elles me
dizerem parta Vossa Senhoria amenha por lhe tirar todo o ciume de que se não afectava a
demora de rezolução mandey logo chamar a conselho para a concluzão deste negocio. Essa
foi a cauza de retardar a reposta como elles bem virão.
Fica me o sentimento de que quando eu dezejava servir a Vossa Senhoria se não quizesse
valler de mym em nada nem destes armazens porque tudo esta a ordem de Vossa Scnhoria
que Deus guarde muitos annos. Goa 24 de Março de 1696. O Conde de Villa Verde.
229
O capitão da fortalleza de Aguada Belchior de Castro Soares, ou quem em seu lugar estiver
entregue logo aos officiais d'armada ollandeza mostradores desta ordem o marinheiro
ollandez que ahy está prezo e que dizia ser catholico romano cobrando recibo da entrega,
como tambem o outro ollandez deixando ficar o indeo a bom reccado. Goa 24 de Março de
1696. Rubrica do Senhor Conde vice rey.
Vy a carta de Vossa Paternidade e como o principal fundamento dos Sundas hera o cobrarem
as manchuas bem me parece que não han de ajustar outro negocio algum. No que toca a ser
certo o levarem arros aos Arabios não padece duvida alguma, porque asym o soube por
pessoa do mesmo reino de Sunda demais que a espriencia mostrou despois porque pedindo se
me cartases para os barcos que os não levarião os Arabios o fiserão pello contrario porque sey
que forão bastantes nos ditos barcos, e que sem embargo de tudo isto, de se terem julgado por
esta cauza por perdidas as ditas manchuas as mandara largar se na carta que me escreveo
pedindo as se não inculcara ameassos cujo motivo me obrigou logo a da las a quem as havia
tomado; pode Vossa Paternidade provar esta nossa resão com bom fundamento, porque neste
mesmo verão sucedeo tomar huma manchua nossa de guerra tres ou quatro de Sunda polla
causa de não trazerem cartases, e sendo esta bastante para serem perdidas as mandey largar
pela boa amisade e correspondencia que temos com este rey. Testemunha disto sera o padre
frey João de Paixão que andou aquy com este requerimento com os mocadões.
No que toca a entender elles com as boyadas creyo se não atreverão a querer romper huma
guerra comnosco e a perder hum grande enteresse que estas lhe segue com os direitos; e no
que toca a presseguição dos christãos como a causa hé de Deus, Elle nos ajudara a buscar lhe
os meyos para a ajudar. Encomende a Vossa Paternidade a Deus, e a mim que o guarde etc.
Goa 7 de Mayo de [1] 696. O Conde de Villa Verde.
230
Como nessa (?) dey licença aos corimbins para hirem trabalhar fora de nossas terras, tambem
lhes não pus prohibição agora a que fossem as de Vossa Merce; e informando me do que me
representa na sua achey que o tribunal do Santo Officio cuja jurisdição he separada da minha,
por ser eclesiastica, e tratar da segurança das almas e [das] conciencias dellas, havia prohibido
algus christãos que com protesto de lavrarem as terras hião fazer sacrificios e ritos seus aos
pagodes que nas de Vossa Merce se achão, e como este negocio pertence só aquelle tribunal
comforme as nossas leis não posso fazer por Vossa Merce outra couza mais que dar licença
aos corrimbins gentios que ouverem nas nossas terras para que possão hir fabricar nas de
Vossa Merce; e para o mais que for do seu gosto me tem muito certo. Nosso Senhor etc.
Panelim 22 de Junho de [1]696. O Conde de Villa Verde.
O dessay de Bicholim não assiste nas minhas terras. Nas de Vossa Merce anda onde pode
tomar satisfação delle do danno que lhe fez que se lhe fez (sic) que se elle ca assistira eu o
castigara como faço aquelles que assistindo nas nossas terras fazem nas del rey Mogor algum
danno nem eu nunca consenty o contrario porque os Portugueses ainda não são aleivosos e
menos a el rey Mogor de quem sempre forão fieis e verdadeiros amigos. Isto he o que
respondo a Vossa Merce sobre esta materia e sobre o ameasso da guerra torno lhe a responder
o que ja lhe mandey dizer em outra ocasião que Vossa Merce não tem poder algum para fallar
em guerra ou paz porque sey que el rey Grão Mogor não tem dado a Vossa Merce estes
poderes antes o contrario manda observar a pax e amizade. Deus guarde a Vossa Merce etc.
Goa 20 de Mayo de [1]696. O Conde de Villa Verde.
Não he pequena a saudade com que me deixa esta auzencia de Vossa Senhoria, e vivesse mais
o meu sentimento e a inpossibilidade
231
de não poder dar a Vossa Senhoria nesta despedida hum abraço porem ja que asim a dispoem
e o estado das couzas leve a Vossa Senhoria a salvamento e o recolha a sua patria com as
felecidades que lhe dezejo. No que toca a minha comadre e afilhada sinto que a distancia me
não da lugar para lhe assistir com aquelle cuidado que devo porem em toda a ocazião em que
me derem o gosto de ocupar me me acharão com todo o empenho de sua parte e com todo
aquelle affecto de que se me tem feito acredor a amizade de Vossa Senhoria e obrigações de
compadre. Deus guarde a Vossa Senhoria. Goa 26 de Mayo de 1696. O Conde de Villa
Verde.
Recebi a de Vossa Senhoria de 30 de Abril, e estimo muito as suas boas noticias em que me
dava da esquadra franceza a qual supponho não teve emcontro com os Olandezes porque aquy
estiverão te o primeiro deste mez surtos na abra com o mayor numero de seus barcos, e a ter
havido algum combate já haviamos ter recebido as novas por alguma via. Queira Deus que
Monsiur Pilavoine encontrasse a esquadra ja tenha determinado a sua partida.
Tendo Vossa Senhoria alguas novas de Europa faça me favor participar mas com muitas
ocaziões do seu gosto em que eu posso mostrar o que tenho de servir a Vossa Senhoria. Deus
guarde. Goa 26 de Mayo de [1]696. O Conde de Villa Verde.
Varias cartas vos tenho escrito em reposta das que tive suas. Persuado que por omissão dos
patamares se vos não tem ainda chegado
232
de que me pareceo remeter vos a segunda via da ultima em que contem alguns negocios.
Agradeço vos o cuidado das novas que me dais da armada do Estreito e as que ao diante
tiveres me fareis sabedor com toda a brevidade avisando me juntamente se ha de partir algum
barco desse porto para o Congo em Setembro e do mais que alcançares. Nosso Senhor etc.
Goa 3 de Julho de 1696. O Conde de Villa Verde.
Receby huma carta de Ratican avaldar de Ponda em que se me queixa dos procedimentos do
dessay Qhema Saunto contra as fortalezas do grande rey Mogor, e como em varias cartas que
o dito Rafican me tem feito de queixas con[tra] o dessai Qhema Saunto o desculpei sempre
pondo me de sua parte dizendo lhe que era fiel ao grande Mogor. Nesta ocagião como ouve ...
tão claras em tomar as suas praças não acho rezão para a desculpa, e assym me pareceo fazer
esta ao dessay para que busque o caminho de modo con que se ha de acomodar este negocio e
mostrar ao grande Mogor que em nenhuma couza falta a fedelidade e amizade que se deve, e
assy me dara gosto o dessay Qhema Saunto e me achara sempre fazendo nesta forma. Nosso
Senhor etc. Goa 19 de Julho de 1696. O Conde de Villa Verde.
233
tudo aq[ui] llo que for em segurança das terras do grande rey Mogor de que se confeça
vassallo, e que pera segurar do [Si] vagy hé que lhe metera a gente. Isto he o que diz Qhema
Saunto ao qual torney a escrever que por nenhum cazo se devia separar do grande rey Mogor,
e defender as suas terras até a ultima gota do sangue com o que torney a mandar o dito Amada
Sarangue, e quando Vossa Merce queira alguma cousa desta banda me achara prompto. Nosso
Senhor etc. Goa 19 de Julho de 1696. O Conde de Villa Verde.
A incerteza que ha neste tempo nas cartas enviadas por terra me obriga a repetir a Vossa
Senhoria segunda v[ez o] que por outra lhe
234
tenho ja participado em como a 27 de Mayo chegou aos ilheos de Mormugão o barco que [fal]
tava da sua companhia o qual envernou em Mossambique onde teve o bom tratamento e
agazalho que o capitam del[e fa] ra a Vossa Senhoria prezente e como este barco chegou muy
descaido para o Sul, e por detraz dos ilheos de Mormugão ell[e esta] va em grande perigo
porque não podia tomar a barra com os noroestes, e o inverno que ja estava pendente cauzava
grande receyo assym mandey logo meter lhe dentro e a todo o risco pillotos e toda a
mestrança e culles da Ribeira com ancoras e laustes para o trazerem a espea e lhe puz a bordo
todos os paros de Pangim para qualquer inccid[en] te. Fica dentro na barra de Mormugão que
hé a que neste tempo só pode tomar se. Tenho mandado franque[ar] o hospital para todos os
doentes que trazia, e [asse] vero a Vossa Senhoria que serão curados com toda attenção e a
mais gente assis[ti] da com todo o cuidado porque assym o manda el rey meu senhor por suas
ordens e o pede o affecto que tenho a nasção franceza. Veja Vossa Senhoria se há couza em
que lhe possa dar gosto nesta terra que me achara com muy boa vontade. Deus guarde a
Vossa Senhoria muitos annos. Goa 6 de Junho 1696. O Conde de Villa Verde.
Meu muito reverendo padre. Recebi a carta de Vossa Paternidade da qual fiz tão grande
estimação como me merecia o agrado afecto e amor com que Vossa Paternidade me falla
nella, e posso lhe assegurar que he muy reciproca a grande afeição e concideração que eu
tenho por singulares e exemplarissimas partes e vertudes de Vossa Paternidade em cuja
pessoa se acha muy unido o talento com o exemplo e o esperito com o desejo da propagação
da verdadeira ley evangelica. Crea Vossa Paternidade que não he este meu dizer em mym
afectado senão huma sincera e verdadeira narração da verdade.
Agradeço a Vossa Paternidade as novas que me manda da Europa, e espero que em Settembro
teremos muitas que nos dê gosto principalmente da paz univerçal da christandade.
O barco Le Ponchantien que era o que faltava da esquadra do Monssiur o conde de Serqueny
chegou a esta barra a 26 de Mayo despois de invernar em Mossambique. Não me deixou de
dar cuidado
235
com muito que tinha sahido para a parte do Sul que com o receyo da proxima invernada não
pudese tomar a barra sem grande risco com que logo lhe mandey com toda a promptidão
pillotos e praticos e aos 29 entrou na barra de Mormugão donde fica ja seguro e livre de todo
o cuidado. Na de Goa não pode entrar por o tempo ter ja fechado aquella barra mas na outra
não fica pior para a conservação da esquipagem.
Logo mandey ordens para o capitam daquela fortaleza e mais officiais lhe dessem tudo o que
for nesseçario e as mesmas ao vedor da Fazenda. Esta carta remeto ao padre Deuce para
enviar a Vossa Paternidade por não ter certesa aonde o achara pois pela certesa que tive de
Monssiur Martin e Pilavoine me indiccavão haver ce mudado a detriminação da viagem de
Bengala. Veja Vossa Paternidade se destas partes tem cousas de seu gosto porque me achara
com mais vontade para lho dar. Deus guarde a Vossa Paternidade. Goa 6 de Junho de [1]696.
O Conde de Villa Verde.
Huma recebi de Vossa Paternidade em que me dizia que tinha chegado de Amadaba, e como
agora se offerecia occasião de escrever a esse Surrate não quis faltar em lhe dar os
agradecimentos de me continuar com novas suas. Espero de Vossa Paternidade não falte em
me dar este gosto repetidas veses com muitas ocaziões de que no que for do seu me ocupar
pera o que me achara sempre com huma vontade muy eficax.
Como não sey se o reverendo padre Tachard ficou nesse Surrate, ou se passou para Bengalla,
não sey tãobem a parte aonde encaminharey a c[arta que] lhe [escrevo] , e assym a remeto a
Vossa Paternidade para que por sua via chegue as mãos do dito reverendo padre.
O barco Le Ponchantien que era da conserva do Monssiur conde Serqueny invernou na nossa
fortaleza de Mossambique e chegou a esta barra de Goa a 26 de Mayo adonde me deu
bastante cuidado o não poder entrar logo na barra ... tanto descahio a Sul m ... m[and] ando
lhe com toda a promptidão pillotos e officiais praticos ... com [41 v] o favor de Deus entrou
na barra de Mormugão aonde fica ja seguro. Não veo para esta da Agoada pello
236
banco ja não dar lugar poder entrar para dentro mas naquella não fica peor ao menos para a
concervação da esquipagem. Eu passey logo ordens para os cabos e officiaes daquella praça
para que tudo que fosse nesseçario ao capitão do dito barco lhe dessem.
Bem quizera mandar esta noticia ao Monssiur Serqueny, porque sey o cuidado que lhe dava
esta embarcação mas como não sey aonde estara por esta cauza lhe não remeto. Deus guarde a
Vossa Paternidade. Goa, 6 de Julho de [1] 696. O Conde de Villa Verde.
Remeto esta a Rostumo para que por via do Sinde a invie a Vossa Merce com toda a
brevidade porque como a Almiranta fica de arribada nesta cidade o cuidado da falta della lhe
não faça alterar as disposições. Tãobem me dizem que o Arabio sahio para Mombaça, porem
como nos chegou carta de Mossambique por hum navio frances que aly invernou esta não
trouxesse noticia do inimigo aparecer por aquellas bandas antes primeiro de que havião
chegado as embarcações de Mombaça, e que a terra estava farta de mantimentos ficam[os]
com mais sucego nesta parte. O que Vossa Merce la achar o tempo e ocazião lhe mostrara o
que ha de seguir se os negocios da Percia não forem igoais ao nosso dezejo quanto mais cedo
se Vossa Merce recolher para a costa da India será melhor pera toda a disposição. Deus
guarde a Vossa Merce. Goa 6 de Junho de 1696. O Conde de Villa Verde.
Receby a carta de Issacully e estimey muito por ella saber as suas boas novas desejando muito
em todas as occaziões que se offerecerem ma remeta porque sempre as hei de estimar.
Ainda que o padre frei Mathias me não imformace logo do serviço que ... fez na ocazião que o
nababo de Beundy invadio as terras do Norte, comtudo me [he presente] o bem que obrou e
espero ter ocazião de satisfazer lho. No que toca as novas da Europa do Arabio e Percia como
ate agora estão os mares fechados não tem vindo os
237
barcos a este porto não sabemos couza alguma. Cada hora esperamos por ellas e lhas (?)
remeterey asym como tiver.
Tãobem louvo muito o que obrou tocante os Ingrezes e o nababo de Surrate. O que lhe posso
certificar he que o dito nababo he homem muito de bem e que procede com toda a honrra e
entre my e elle há boa amizade e correspondencia e tãobem lhe seguro que nenhuma culpa
tem tido do que os Ingrezes fizerão. No que toca a Rafi Cana divão de Pon[da] parece me que
tem pouca cadencia para governar as terras e sempre anda em carias com os dessais. Elle ...
aqueles comigo, mas eu lhe disse que havia de escrever ao grande rey Mogor por pessoas a
quem desse mais [credi] to do que a elle com que oje está mais sucegado.
No que toca o seu negocio do baneane vay procedendo como escrevera o seu procurador e se
deteve alguma couza porquanto se queria concertar e dou algum dinheiro que sempre he bom
cobrar havendo alguma cousa de novo lhe escreverey. Nosso Senhor etc. Goa 13 de Agosto
de [1]696. O Conde de Villa Verde.
[Carta do vice-rei da Índia, D. Pedro António de Noronha de Albuquerque, Conde de Vila
Verde] Para Qhema Saunto
Muito estimey a noticia que me dá o dessay Qhema Saunto de tomada da fortaleza de Curalle
de que estava [apo] derado o inimigo Sivagi e nisto tem feito serviço ao grande rey Mogor
acção de hum honrrado vassallo para com seu rey e espero que o dessay Qhema Saunto
continue com esta fedillidade e me parecia bem que fizesse [logo] prezente ao dito rey para
ter entendido o que o dessay Qhema Saunto obra no seu serviço. Nosso Senhor etc. Goa 17 de
Agosto de [1]696. O Conde de Villa Verde.
Eu tenho tanta (?) atenção aos intereces do estado do grande rey Mogor pela amizade que ha
entre elle e a nação portuguesa que nunca me hei de descuidar em ajudar suas rez[oluções] em
tudo o que me for possivel e pera [esse] effeito pode [Vossa Merce] mandar pessoa a cuja
ordem vão as embarcações para a conducção da gente que ha de socorrer a Vengurlla e [isto]
tudo a mym me parece que seria mais
238
bem dirigido este negocio se Vossa ... as ditas ... O rio de Sal e ... [42] eleição delle aqui estou
para lhe mandar dar as ditas duas embarcações e o mais na forma [que] pede porque tudo
haverey por bem empregado sendo para augmento do estado do grande rey Mogor. [Goa] 30
de Agosto de [1]696. O Conde de Villa Verde.
Eu vivo tão lembrado da boa conrrespondencia que o grande rey Mogor e a nação portuguesa
tem [entre] sy que não posso deixar de o ajudar contra seus inimigos e por esta rezão escrevo
ao divão que pode mandar pessoa a cuja ordem vão as embarcações para a conducção da
gente para Vingurla, porque estimarey muito que o grande rey Mogor com a minha ajuda saya
nesta occazião vitoriozo de seus inimigos. Goa 30 de Agosto de 1696. O Conde de Villa
Verde.
Receby huma carta vossa com o aviso de aleança que com el rey Mogor tem feito as tres
nasções que me dizeis, e como esta noticia que me dais he nesseçario ajuntar ce a noticia da
forma em que se fez. Vos me avizay se a segurança que as tres nasções fizerão nos barcos del
rey Mogor comprehendeo as nasções da Europa ou se asegurou somente das nasções da Azia
como tãobem me avizareis de todos os mais particulares que sobre esta meteria tiverem
havido, ou forem sucedendo.
Sobre o vosso requerimento em que em vossa carta me falais eu terey cuidado de ajudar a
vossa causa tudo o que estiver em minha mão.
Tãobem tereis cuidado de a todo o tempo me dar avizo com toda a brevidade da noticia que
tiveres sobre os Arabios que dezejo saber as navegações que fazem e quaes sejão seus
intentos nas que emprenderem. Nosso Senhor ettc.a Goa 3 de Setembro de [1] 696. O Conde
de Villa Verde.
239
Duas de Vossa Paternidade chegarão a meu poder e dellas fiz a estimação que devia saber que
Vossa Paternidade tinha chegado a essa cidade com a boa disposição como eu sempre lhe
estou dezejando.
Nellas vejo as noticias que Vossa Paternidade me participa da Europa e se bem as estimey
muito por ser Vossa Paternidade quem mas dá e rezão por que merecem todo o credito e
estimarey que Vossa Paternidade me continue este favor com o cuidado de me hir
participando as que se lhe offerecerem.
Não me admiro do odio que como inimigos da fee tem os Arabios a Jesus Christo e aos
christãos porque este odio he muito inherente a sua pervercidade e maldita sua ley porem eu
espero em Deus que o Perça não ha de faltar a palavra que me tem dado porem ainda que
assym seja o mesmo senhor me dará forças e arbitrio para castigar a soberba daquela nasção e
a vaidade de sua ley.
Vossa Paternidade não me poupe em toda a occazião que queira servir ce do meu affecto
porque em todas me achará muito certo. Deus guarde a Vossa Paternidade. Goa 3 de
Setembro de [1]696. O Conde de Villa Verde.
Receby duas cartas de Vossa Paternidade de que fiz toda a estimação e muito especialmente
vindo nellas incluzas as do padre Charanton ao qual detrimino fazer reposta na primeira
ocazião que se me offerecer e a remeterey a Vossa Senhoria para que por sua via chegue as
suas mãos. Espero que Vossa Paternidade me continue o favor das letras suas porque com
ellas receberey grande gosto como em todas as occaziões que se me offerecerem do de Vossa
Paternidade. Deus guarde a Vossa Paternidade etc. Goa 3 de Setembro de [1] 696. O Conde
de Villa Verde. (8)
[43] ... para este effeito mas dezenganado de que ja as não queira mandey para o Norte e não
tenho mais [que] dizer a Vossa Merce que
240
estimarey a sua correspondencia sempre e boa amizade. Nosso Senhor ettc. Goa de Outubro
de 1696. O Conde de Villa Verde.
Com a chegada de Monssiur Pilavoine a esta corte fiquey entendendo o muito agradecimento
em que es[ta] a Vossa Senhoria pella boa passagem que por meu respeito fez ao dito
Monssiur Pilavone e he certo que nunca me esquecera a boa vontade com que Vossa Senhoria
assiste a meus particulares para eu com a mesma me haver em todos os [que] forem de Vossa
Senhoria.
De pouco tempo a esta parte vy nesta corte huas rupias de fabrica nova as quaes sendo
examina[das] se achou serem fabricadas em Bicholy e falças por ser a prata dellas de menos
toque que a das [ta] is rupias que se fabricão nas terras do grande rey Mogor e porque me
pareceo grande o excesso de quem se atreveo a fabricar nas terras do dito grande rey moeda
falça e juntamente pello prejuizo que a todo comercio se seguia se se deixassem correr as
ditas rupias as mandey logo prohibir assym por obviar o dito danno como por fazer este
obsequio ao grande rey Mogor, e porque entendendo se mal que por eu prohibir as ditas
rupias falsas prohebia todo o genero das rupias, logo declarey que a dita prohibição não hera
mais que das ditas rupias falçamente fabricadas mas antes eu estimarey muito que das que o
não são entre grande copea neste Estado adonde ficão correndo sem alteração alguma como
ate agora e porque tenho entendido que Rafican pretende meter alguma cisania com que
desabra os animos dizendo haver eu prohebido todo o genero de rupias não sendo com effeito
esta a verdade mas a que refiro. Espero que Vossa Senhoria não repute por grande trabalho
fazer aviso a corte ao grande rey Mogor e fazer lhe prezente que se fabricarão em Bicholym
as ditas rupias falças e que estas só forão as que eu prohiby para que nesta forma tenha
castigo aquele atrevimento e reconheça o grande rey Mogor que me fica em obrigação de eu
ocorrer a dita falcidade por ser indecente a sua coroa e consentimento della. Guarde Deus a
Vossa Senhoria etc. Goa a 18 de Outubro de [1] 696. O Conde de Villa Verde.
241
Vy a carta que por parte de Nossa Senhoria me foi entregue em que me pede licença para
mandar pessoa a esta corte a expor me algumas pretenções suas e como eu em as ouvir obro o
que por ley natural cada hum he obrigado pareceo me diser a Vossa Senhoria que pode
mandar aquella pessoa ou pessoas que lhe parecer porque com muita boa vontade ouvirey
tudo o que por parte de Vossa Senhoria me for exposto. Guarde Deus a Vossa Senhoria. Goa
18 de Outubro [1]696. O Conde de Villa Verde.
Eu não quis perder esta ocazião pois segundo o bom animo com que Vossa Merce me segura
assistira a meus particulares na corte do grande rey Mogor não posso deixar de o ter em conta
do meu confidente e como tal fazer de Vossa Merce em todos os meus negocios a confiança
que me merece que eu satisfarey com igual fedelidade e com toda a sinzeleza.
Esta mesma resão me convida a dar lhe conta a Vossa Merce que de pouco tempo a esta parte
chegarão a esta minha corte algumas rupias novas as quaes sendo examinadas se achou serem
falças por ser de menos toque a prata dellas e serem fabricadas novamente em Bicholym e
dezejando eu ocorrer ao grande danno que de correr a dita moeda falça se seguia a todo o
comercio publico (?) e querendo tãobem fazer justo obsequio ao grande rey Mogor atalhando
o menos credito que com a dita moeda falça resultava a sua coroa mandey prohebir as ditas
rupias falças e tomando desta prohibição fundamento Rafican tenho entendido que publica e
ainda [43 v] escreveo a corte do grande rey Mogor que eu tinha prohebido neste Estado todo o
genero de rupias para com esta sizania desabrir os animos que a paz e boa correspondencia
tem unido entre o grande rey Mogor e a nação portuguesa e eu entendo que o dito Rafican não
perdera a ocazião em que dessirva ao seu rey e desacredite a boa amizade com que eu trato
todos os seus particulares o que infiro não so pella maldade com que agora publica a
prohibição de todas as rupias sendo que a não ouve mais que das que fossem falças e
juntamente porque mandando
242
[me] este anno pedir embarcações para meter gente de socorro em Vingurlla em nome do grão
rey Mogor e avizando lhe eu [que] lhe daria as embarcações que lhe fossem nesseçarias as
quaes com effeito te o prezente tive promptas para condusirem o dito socorro elle esquecendo
se de que a tinha mandado pedir e do que eu lhe tinha prometido, e aproveitando ce de quem
hé menos confidente ao grande rey Mogor se não aproveitou das ditas minhas embarcações e
se valleo para o dito socorro das do Sivagi em o que com evidencia se ve que elle procede
com pouca singeleza com este Estado e com menos lealdade com o seu rey e porque dezejo
que todo o referido conste na corte do grande rey Mogor espero que Vossa Merce por cartas
suas o faça saber em toda [a] corte para que nella conste a aliança e fedellidade com que os
Portugueses dezejão conservar a amizade que tem com o dito grande rey e se la não ouver
quem entenda o Portugues me pode escrever em industan que cá tenho lingoa que entende
aquella letra e por esta causa vay esta traduzida. Guarde Deus a Vossa Merce etc. Goa 18 de
Outubro de [1]696. O Conde de Villa Verde.
Vy a carta de Vossa Merce, e nella o que pretende tocante ao dessay Qhema Saunto e se o
favorecy ate agora foi por ser vassallo do grande rey Mogor e por entender que servia este
com zello que faltando elle a este he certo não ha de ser admitido de mym e bem pudera
Vossa Merce conciderar assim pois pedindo me aqui em[bar] cações para hir contra elle lhas
mandey logo por promptas e tendo mais tres manchuas de guerra preparadas pera as
comboyarem estiverão neste rio sem que se aproveitace dellas ate que vindo a entender que
lhe não herão nesseçarias as mandey em busca dos piratas Sivagis, vassallos do Rama Rasi
unicos inimigos do gran[de] rey Mogor, e como Vossa Merce me dizia que Qhema Saunto
estava [so] bre a fortaleza de Vingurla lhe mandey logo escrever reprehendendo do
atrevimento de olhar para as praças do grande rey Mogor, e que se isso fosse assym e con[ti]
nuasse no fazer o mandaria logo castigar. Desculpa ce me Qhema Saunto dizendo que a sua
tenção não era outra mais que conservar as mesmas praças e terras do grande rey Mogor
contra a invasão que o inimigo Marrato (?) pretendião fazer nellas, mais que visto a minha
reprehenção
243
elle se retirava logo e que a experiencia mostraria se elle fallava verdade ou não. Assym o fez
e agora me consta que os Marratos andão com groças embarcações e esquadras dando os
saltos nas terras de Curalle roubando as, e infestando as e he certo que estas se elles tomarem
ficara o grande rey Mogor muito prejudicado. Tenho por certo se havera por mal servido. O
que me par[ece] mais conveniente por ora, hé tratarmos de que os Marratos não entrem nessas
terras, que os reduzir a esses dessays que Vossa Merce se chama inobidientes sera muy facil
de o fazer logo, e no que toca a amizade do grande rey Mogor pode Vossa Merce [fi] car certo
a sey eu melhor goardar que Vossa Merce servi lo. Isto por ora hé o que me pareceo
responder e não encareci muito. Nosso Senhor etc. Goa 22 de Outubro de [1]696. O Conde de
Villa Verde.
Recebi a vossa carta e me deixa com algum cuidado não me dares noticias do Estreito, [se
bem] que por outras vias tenho tido algumas noticias com alguma divercidade das que ate
agora me ... chegarão pello que ficay advertido para me avisares com toda a brevidade assy
das noticias [que] tiveres do Estreito como de Mascate e se os barcos dos Arabios chegarão a
esse porto ou se esperão por elles. Nosso Senhor etc. Goa 27 de Outubro de [1]696 O Conde
de Villa Verde.
Recebi a carta de Vossa Alteza e com ella o gosto de segurar me a constancia de sua amizade,
e verdadeira aliança com a nasção
244
portugueza, e sempre entendy que Vossa Alteza, se havia de alembrar em toda a ocazião da
amizade que os Portuguezes sempre tiverão com o seu Estado, porem hé certo que esta ultima
quebra foi tão pouco fundada em rezão que me deu bastante fundamento para não cuidar em
pazes com quem as quebrava com tanta facelidade porem advertindo o pezar que Vossa
Altesa se segnifica teve da dita quebra me fez entender vivia arespondido (sic) de haver
faltado a observancia das capitulações e isto junto ao propozito com que jura de observar as
prezentes nem se afastar dellas e juntamente sendo a mais especial cauza a intercessão do
princepe Ramorma, não duvidey aceitar, e confirmar as ditas pazes celebradas entre Vossa
Altesa e o padre João Ribeiro por este Estado, e confio de seu animo e boa resolução que
nellas tomou não haja daqui em diante da parte do Vossa Altesa motivo que as possa alterar
porque da parte deste Estado serão firmemente observadas emquanto não se lhe der muito
justa ocazião, o que eu não espero para as quebrar. No que toca aos ministros que eu hei de
mandar para assistir em Calecut, eu os proverey em tal forma que Vossa Altesa fique
satisfeito de minha eleição e do procedimento delles. Guarde Deus a Vossa Merce e alumie
em sua divina graça. Goa 7 de Novembro de 1696. O Conde de Villa Verde.
Receby a carta de Vossa Altesa e juntamente com ella o gosto da estimação que faz da
amizade da nasção portugueza, porque he muito igoal ao affecto com que o estimo todos os
particulares de sua pessoa e estado e em continuação [des] ta verdade não posso offerecer lhe
mayor testemunho que o .... pases feitas com o rey Samorim o que p ... a Vossa Altesa que eu
estava tão detriminado ... que so o patrocinio e intercessão com que ... nellas pudera fazer mu
... movido do grande dezejo que tenho de que Vossa Altesa reconheça que se juntamente com
os seus antepaçados lealdade a amizade [44 v] dos Portuguezes, sabem estes tãobem merecer
lhe este affecto com outro não desigual, e este mesmo me segura que em nenhum tempo
havera entre o seu estado e este occazião alguma que altere a boa amizade em que vivemos.
Guarde Deus a Vossa Altesa e alumie em sua divina graça Goa 7 de Novembro de 1696. O
Conde de Villa Verde.
245
Em 10 de Outubro proximo passado escrevy a Vossa Merce a mesma carta incluza e como
conheço o impidimento que com as guerras se podia achar pellas estradas duvido se o patamar
as podia passar livremente e por esta cauza não chegaria a minha carta a mão de Vossa
Merce, rezão por que agora repito segunda vez. Juntamente lhe dou a noticia de que o divão
de Pondá quer entregar a fortaleza de Vingurla ao Sivagi com quem tem correspondencia e a
licença contra esta dispozição se tem oposto o dessay Quema Saunto que entendo se mostra
neste particular mais leal ao grande rey Mogor que o mesmo divão de Ponda e suposto que
este com a informação em contrario queira persuadir ao grande rey Mogor o contrario do que
digo informando ao dito Quema Saunto segure ce Vossa Merce que o que lhe refiro hé a
verdade liza sem que a faça duvidoza de que estimarey que Vossa Merce faça sabedor ao dito
grande rey Mogor. Deus guarde a Vossa Merce. Goa 17 de Novembro de [1]696. Avize me se
chegou la hum portuguez de S. Thome e assym for o ajude e favoreça no que puder. O Conde
de Villa Verde.
Receby a carta de Vossa Senhoria e com ella vejo o negocio que me trata o qual por sua
qualidade he de genero que não pode evitar ce lhe o correr e ficar a arbitrio da justiça a quem
esta encomendado o conhecimento delle nem a mym me fica receyo de que Tristão de Mello
obre acção alguma indigna da ley que profeça do rey a que serve, e ainda da sua pessoa.
Nosso Senhor ett.a Goa 12 de Outubro [1]696. O Conde de Villa Verde.
Receby a de Vossa Senhoria feita em 17 de Setembro e estimey p ... com que me deixou de
sua boa saude que lhe dezejo muito prospera.
Vejo as noticias que Vossa Merce me participa. As que lhe eu agora posso dar são que as naos
do Reino chegarão este anno a esta cidade
246
com prospera viagem, e as novas que por ellas tive de Europa participara a Vossa Senhoria
Monsiur de Pillavoine a quem eu as comoniquey pellas gazetas que da dita Europa me forão
emviadas.
Com esta vay incluza huma carta para Antonio Diogo Martins de Moura em Paris a qual
recomendo a Vossa Senhoria muito para que com todo o cuidado a queira emviar para Paris
na primeira occazião de sorte que possa passar nos barcos de Juda. Guarde Deus a Vossa
Senhoria etc. Goa 12 de Outubro de [1]696. O Conde de Villa Verde.
A carta de Vossa Paternidade de 22 de Julho receby com todo o affecto pella muita estimação
que faço de todas suas couzas principal pello mimo que me fez do livro que me enviou no
qual não tem lugar censura alguma, mas antes na parte que delle tenho lido noto a erudição de
Vossa Paternidade com a qual me tem saboriado o dezejo para o acabar de ler como vou
continuando em tudo e o que eu puder valer dos particulares de Vossa Paternidade e sua
provincia pode Vossa Paternidade certificar ce me achara com a mesma vontade que Vossa
Paternidade podera dezejar. Deos guarde a Vossa Paternidade. Goa 12 de Outubro de [1]696.
O Conde de Villa Verde.
Receby a carta de Vossa Merce a que não fiz logo reposta por estar com a expedição das naos
do Reino. Me parece que era excuzado a recomendação de Vossa Merce no que toca a nossa
boa amizade a qual da parte dos Portuguezes sempre foy observada e inalteravel, e se Qhema
Saunto tem achado algum agrado em nos he por se apelidar sempre
247
por vassallo do grande rey Mogor, e se acazo este cometer alguma falta creo sera ... emendar
se della pois sempre he subdito do grande rey Mogor. No que me parece d ... mayor cuidado
he nos Maratos que pretendem com dissimulação entrar nas terras rey Mogor que Vossa
Merce governa e como sey isto de certo, me pareceo fazer lhe este avizo para que ... com toda
a cautella, e mandando Vossa Merce Gurquy [45] Sinay a minha prezença o receberey como
Vossa Merce me pede e a este direy os negocios de mais importancia para o credito e
segurança de Vossa Merce e serviço do grande rey Mogor. No que to ... dano que Vossa
Merce concidera nas nossas terras estão ellas tão bem defendidas e providas ... soldados tão
valerozos que nem por maior sombra terá receyo de nada ficando certo que ... faltar aos
amigos e boa amizade com grande rey Mogor saberão castigar aos inimigos ... atreverem.
Nosso Senhor ett.a Goa 29 de Dezembro de [1]696. O Conde de Villa Verde.
Duas receby de Vossa Senhoria das quaez fiz aquella estimação que sempre farey da sua
pessoa segurando lhe que sempre em mym achara huma muy igual vontade a dar lhe gosto.
Monsiur Pilavoine partio daquy a 26 de Novembro e espero em Deos leve huma perfeita
viagem. Elle me deixou muito recomendado assym a Vossa Senhoria como a seus filhos e que
quando estes chegassem aquy como elle esperava lhos tornace a remeter a Vossa Senhoria
com aquelle cuidado que podia confiar de mym com o que fica Vossa Senhoria ja livre da
saudade que lhe ... acrescentar com a auzencia destes.
A Rostumo ordeno sirva a Vossa Senhoria em tudo que lhe mandar e espero não falte elle
nisso. As maiz recomendações para Monsiur Martym e para os padres da Companhia as faço
na forma que Vossa Senhoria me pede e quando elles faltem a isso o que eu não posso
conciderar e quando Vossa Senhoria se queira servir de vir para alguma das nossas terras
emquanto eu governar estas achara Vossa Senhoria a tudo prompto a seu gosto.
Agradeço a Vossa Senhoria as novas que me da dos Arabios, e em tudo o que for do gosto de
Vossa Senhoria me achara com grande vontade
248
para lhe obedecer. A minha afilhada deito a minha bençoa. Deos guarde a Vossa Senhoria.
Goa 9 de Janeiro de [1]697. O Conde de Villa Verde.
[Carta do vice-rei da Índia, D. Pedro António de Noronha de Albuquerque, Conde de Vila
Verde] Para o Padre Andre Gomes da companhia de Jesus provincial da provincia do
Mallavar
Das noticias que se me tem participado da boa saude que Vossa Paternidade logra nestas
terras faço toda a estimação e a farey igual quando Vossa Paternidade ma participe agora
iguais as que eu dezejo.
Sua Magestade que Deus guarde me recomenda em todas as monções lhe envie dous
cultivadores das arvores da canella e sem embargo de que eu summamente desejo como devo
executar o que o dito senhor me ordena comtudo ja tenho entendido que sera infrutifera esta
minha vontade se Vossa Paternidade com todo o seu poder, e intelligencia me não tirar deste
empenho para cujo effeito lhe peço queira com todo o cuidado buscar dous homens
intelligentes da criação daquellas arvores, e se elles puderem ser chingallas de Ceilão sera
muito melhor para os enviar ao dito senhor, lembrando a Vossa Paternidade que no custo e
conveniencia que elles pedirem e fizerem não repare. Eu haverey por bem acertado tudo o que
Vossa Paternidade ajustar de sorte que se consignar virem estes homens. Guarde Deos a
Vossa Paternidade. Goa 9 de Fevereiro de 1697. O Conde de Villa Verde.
Vy a carta que me escrevestes e o que nella me diseis me pareceo responder vos quanto ao
comboy da cafilla que ja mandey duas manchuas mais para o dito comboy e se a dita cafilla
fizer alguma dillação se achara tambem nesse porto huma fragata que ha de hir a elle; e
quanto aos aviamentos que pedis para a feitoria ajustando me com o vosso parecer tenho dado
ordem ao vedor geral da Fazenda para os (sic) enviar mil xerafins que dizeis são necessarios e
creyo se havera com dilligencia neste particular. Nosso Senhor etc.a Goa 9 de Fevereiro de
1697. O Conde de Villa Verde.
249
A minha presença veyo Dadecan subedar. Estimey muito ve lo assy por sua pessoa como
pellas boas noticias que de Vossa Alteza me participou que a todo tempo estimarey. Guarde
Deus a Vossa Altesa. Goa 28 de Fevereiro de 1697. O Conde de Villa Verde.
Com todo o encarecimento estim[ei] ver a carta de Vossa Merce, e he certo hei de fazer todo
meu forço (sic) por dar lhe gosto em tudo o que me for possivel.
Ao capitão geral do Norte tenho ja recomendado que tome conhecimento das queixas que
Vossa Merce me faz prezentes para que lhe ponha remedio prompto de sorte que evite as
queixas que Vossa Merce me diz, e eu entendo que elle obrara com todo cuidado, e
advertencia de sorte que me não seja necessario fazer lhe outra sobre este particular. Nosso
Senhor etc. Goa 2 de Março de [1]697. O Conde de Villa Verde.
250
o não se fazer a vista das rezões de Vossa Merce, cartas que escreveo o capitam mor e ordem
que mandou ao superentendente para intimar ao mesmo capitam mor segundo o que indo
mais provavel ficava sendo que a guerra se effectuava do que que (sic) he de sua jus[ti] cia
sendo esta ordem de Vossa Merce primeira de muito grande perjuiso pellos excessivos gastos
que ja se tinhão feito com o apresto da nova armada e ainda para entrar nella em pessoa. Bem
entendo que todas estas duvidas nascerião da doença de Vossa Merce que a não ser ella
entendo teriamos o desengano a bom tempo. E fazendo reposta a carta de Aspão pudera
Vossa Merce para hir a audiencia que el rey lhe queria dar na campanha usar da destreza de
hir a ella como incognito sem dar as cartas e guardando as para a audiencia publica que devia
fazer escuzando ce com el rey de que fizera aquella jornada com tanta preça icognito por não
retardar o chegar à sua presença, e que esperava que em chegando ao Aspão lhe desse
audiencia publica para fazer as serimonias da entrada e se Vossa Merce tivesse usado desta
pollitica podera ser que não se lhe retardace tanto a audiencia e se não viria juntamente que
Vossa Merce desgostava nisto a el rey motivado da rezolução que tomou.
Noutro (?) capitulo da mesma carta me não diz Vossa Merce couza alguma por suposição e so
da por certo e escreve a dificuldade que pos o general sobre os viveres e se el rey disse no
Mangeles ficasse a armada que elle mandaria pagar os gastos della não andou Vossa Merce
bem acertado em avisar ao capitam mor com tanto desengano para que se viese e so devia
fazer lhe aviso para que elle mo fizesse no estado em que estavão as cousas e depois da
audiencia mandaria o desengano pella certeza que me dis do secretario do Tomadala como
comprado pellos enemigos. E o posto do Nazer o qual lhe sugeria todas as noticias que lhe
dava so para ter ocasião de que saindo a armada do Estreito pudesse diser a el rey que o
tinhamos deixado ao mesmo tempo que lhe tinhamos prometido de assistir lhe e com este
secretario do Tomadala deve Vossa Merce ver ce com muita cautella porque me parece mais
espia contra nos do que querer nos fazer serviço por generosidade.
Vossa Merce não devia duvidar de que a armada havia de vir para Goa pellos avisos que fazia
e bem pudera não deixar em sillencio a pessoa que dis ser empenhada em se tirar a meya
alfandega e tãobem diser a forma em que se derão os trinta timões a frey Antonio e ...arme
251
esta noticia como outras por Surrate por pessoas intelligentes dessa corte que disem haver
[dado] a frey Antonio o lugar de enterprete del rey por vacatura do padre frey Raphael
capuchinho ... a levidão deste frade e o menos seguro [46] de seus informes conhecendo o
Vossa Merce como me diz devia trata lo com muita cautella não fazendo tudo o que elle disia
sendo desacerto nem assentando as suas propostas contra o que se lhe mand[ava] mas nem
por isso devia desprezar a sua intelligencia porque levado do seu pouco talento não sugirisse
[con] tra a nossa negoceação alguma desconfiança a qual me parece foi pello que me diz
sobre o que elle havia ... ao Tamadale que o embaixador e o general vinhão as suas ordens
deitado isto pello mesmo Tamandale e ... para assy conceguir a desconfiança que pretenderão
e suposto que eu tenho todo cabal conhecimento do procedimento de Vossa Merce e estou
certo não ha de faltar em nada do que se lhe tem ordenado e que teve razão particular [para]
se desavir com aquelle relligioso comtudo deve Vossa Merce advirtir que os ministros
publicos vencem muito m[ais] com a dissimulação e devem passar por algumas sem rezoins a
troco do que consigão os negocios a que são mandados.
Tãobem me deixa com grande perturbação diser me Vossa Merce as noticias que me da de
sorte que por huma parte se mostra estar desfeita a guerra, e por outra me diz que ha de fazer
todo o possivel por ajustar a dita guerra e fazer que o exercito esteja no Congo nos fins de
Mayo e Vossa Merce juntamente com elle e he notavel preplexidade e contrariedade de
supozições par ... ha de dispor sobre huma negociação tão ceria que porque se não perca de
todo mando outra vez a armada que se compoem de duas fragatas que hão de hir de Mombaça
e da nao Nossa Senhora da Gloria São Francisco Xavier e o Borllote todas embarcações de
força. Queira Deos que se conciga alguma cousa ou ao menos o desengano que he o que
Vossa Merce ha de procurar mostrando sempre que nos não pidimos mais que offerecemos
socorro e abreviar sua despedida porque estando a bordo das naos podera a armada com mais
dezafogo obrar e cobrar o dinheiro.
Eu não me poço queixar de Vossa Merce haver feito despezas porque quando o mandey para
esta viagem sempre as supus. O superentendente escreve ter feito nella vinte mil xerafins de
despeza. Como Vossa Merce chegar ao Congo deve ajustar esta conta e dar ballanço
252
trasendo tudo muito claro pois he muy provavel achar o lugar do vice rey occupado por outro
sogeito e deve Vossa Merce fazer toda a dilligencia para que la não fique dinheiro algum o
qual pode vir nas naos.
Vossa Merce não me falla no princepe Acabar se esta ou não nesta corte levando carta para
elle nem tão pouco na forma da dita corte e quem são os principaes ministros della que a
mandão e nos que nos são ... sopostos os parciaes das nasções estrangeiras os ministros
estrangeiros que assistem na dita corte e suas pertenções e estado de sua negociação do que
tudo Vossa Merce devia fazer huma individual narração pois pella mesma via de Surrate
soube aver duas parcealidades nessa corte huma de Tamandale e outra de Nazer ambos
inimigos hum de outro que o Tamandale he venal e está comprado pellos Ollandezes e feito
procurador dos Arabios que o Nazer mais por oposição que tinha a Tamandale que por amor
nosso se nos mostrava afecto.
Tambem se segurão que a viagem de olandes Totteambre que veyo abaixo não foi a buscar o
dinheiro que Vossa Merce supos mas a avizar a Betavia para que viesse groça armada
aquelles mares para mostrar o seu poder aconcelhado em tudo por Tamandale e que os ditos
Olandezes tinhão feito duas propostas ao mesmo huma em que se obrigavão a que o Arabio
desse toda a satisfação ao Perça pagando somas de dinheiro para serem admitidos, ou que
quando o Perça não quizece asseitar esta offerecerão os Olandezes o seu poder para o ajudar
contra os Arabios debaixo das mesmas condições que se nos tinha offerecido: quando estes
dous ministros estejão nesta divizão deve Vossa Merce haver ce com grande cautella nella e
fazer toda a lisonja ao nosso parcial para o asegurar nos nossos intereces, e hir com grande
reparo nas introducções que ha de fazer o contrario para omitir a desconfiança entre Vossa
Merce e elle.
Dos gastos que se tem feito ha tres annos com o engano desta guerra são a Vossa Merce bem
prezentes, e não hé possivel baldarem se mais, sem que tenhamos huma certeza infalivel de
que a guerra se faz e assym tenha Vossa Merce entendido que não principiando este anno a
passagem hei de entender o mesmo sucesso nos outros que se não ha de tornar a mandar
armada, e por esta rezão deve Vossa Merce obrar de sorte que não fiquemos padecendo a
menor duvida e quando ainda os Perças nos dilatem com a mesma destreza que tem feito até
agora
253
para de todo se declararem deve Vossa Merce fazer lhe a proposta que vay inclusa advertindo
porem o tempo e ocazião de a fazer não seja motivo com ella de se dilatar mais tempo porque
neste cazo, o que Vossa Merce ha de fazer hé pedir licença para se recolher a armada, porque
depois de embarcado se podera falar com mais liberdade, e teremos emtão lugar de fazer hum
manifesto para o que leva huma copea o capitão mor que na forma della junta com a desta
proposta se podera fazer de modo com que demos satisfação em publico de que não pidimos
ao Perça socorro mas que elle foy o que nos convidou para esta guerra, e porem se Vossa
Merce entender que a guerra se faz com effeito então deve fumentar a ... a proposta e sempre
fazer toda a dilligencia para se dispedir e vir para baixo porque em toda a alteração que ouver
sempre esta ... milhor, ficando livre do embarasso de se por em algum [46 v] desacato estando
Vossa Merce em Aspão, e creyo não tera Vossa Merce faltado em dar conta a el rey nosso
senhor por terra de tudo o que se tem passado.
Nesta ocazião vão duas vias para Portugal, as quaes Vossa Merce remetera com toda a
promptidão na primeira ocazião que achar.
Sem embargo de que recomendo a Vossa Merce nesta a brevidade com que se deve despedir
dessa corte comtudo Vossa Merce deve advirtir não hé rezão se balde e malogre tanta despeza
e trabalho quanto ja tem precedido por querer abreviar a sua partida, e porque assym não
suceda Vossa Merce uzara primeiro de todo seu esforço e de todas as dilligencias mais activas
para que a guerra tenha effeito não desesparando logo de que se possa conceguir e em cazo
que destas dilligencias lhe rezulte alguma esperança com a qual Vossa Merce creya que
moralmente e segundo a politica dessa corte a guerra se fara continue Vossa Merce esta
negociação fazendo a abreviar te com effeito se conciguir, e em caso ... estas ultimas
dilligencias e exforço Vossa Merce tenha a rezolução no que não ha de ter mais effeito que o
que ate agora tem Vossa Merce em tal cazo uzara da despedida na forma que em toda esta
carta lhe digo.
O capitam mor parte de Baçaym, e duas fragatas vão de Mombaça. Advirto a Vossa Merce
que assym o dito capitão mor como o cabo das ditas duas fragatas levão ordem para executar
os avizos que Vossa Merce lhes fizer sobre esta negociação.
O superentendente se queixa do mao tratamento que Vossa Merce lhe deo. Advirto a Vossa
Merce que o lugar que ao dito superentendente
254
devia dar hera supirior ao de gentilhomem e imediato abaixo de Vossa Merce a quem Deus
guarde etc. Goa 17 de Março de [1]697.
Receby a carta de Vossa Senhoria escrita em Cananor a 16 de Março, e chegada a este porto
de Goa a 4 de Abril, e como para a traducção della se não achara em Goa interprete que a
traduzice com toda a individuação o seu contexto, como foy prezente ao inviado por Vossa
Senhoria não poderey responder a todos os capitulos della com aquella clareza que dezejava a
demonstração da satisfação que Vossa Senhoria me dá da descarga que fez do barco Fatte
Mura das fazendas que entendeo pertencerem aos Francezes, suposto vinhão debaixo do
nome do capitão de Damão, e em barco que se cobria com a bandeira portugueza, cujo
capitão hera tãobem portuguez; vy tãobem todos os papeis que Vossa Senhoria me remeteo,
passaporte do capitão de Damão, instrucção e carregações feitas em seu nome, administradas
por dous directores da Companhia Franceza, remetido de Bengala para Surrate, e que na dita
embarcação vinha pilloto francez e mais tres marinheiros da mesma nasção, sendo este o
indicio que Vossa Senhoria diz teve para entender serem as fazendas pertencentes aos ditos
directores, e que o obrigou a tomar as carregações pertencentes aos ditos Francezes. Isto
suposto he o que podia entender da carta de Vossa Senhoria, e como Vossa Senhoria me pede
faça juizo da pertença da dita fazenda me não he possivel por ora sem primeiro me informar
do capitão da praça de Damão porque ainda que da parte de Vossa Senhoria se mostre alguns
indicios para se prezumir não ter o capitão de Damão nenhuma parte nessa fazenda comtudo
tãobem pella parte do dito capitão se ve as instrucções e carregações todas em seu nome, e em
barco que se diz ser seu, e sendo assym fica Vossa Senhoria obrigado a entregar as fazendas
como he premitido nas capitulações feitas com el rey meu senhor, e os Estados Geraez nas
quaes o capitulo 24 que he o que falla neste particular vay copiado com esta para ser prezente
a Vossa Senhoria, e posto que o barco seja de Surrate, e não tenha o capitão nelle mais que
alguma parte ou o tenha tomado a fretes, como com o porto de Surrate os senhores olandezes
não tenhão guerra sempre as fazendas devem ser restetuidas quando pertenção
255
ao capitam de Damão o que visto o barco ser do dito porto nelle se examinara mais
claramente a verdade e pertença do dito barco e fazendas protestando a Vossa Senhoria de
sempre ficar direito ao capitam da praça de Damão de requerer as suas fazendas, e a mym de
me queixar da dita preza quando seja injusta, pedindo a satisfação na forma do dito capitulo
24 e capitulo 17 das capitulações das pazes sem que a dilação dos ditos requerimentos nos
prejudique poiz so se dirige a melhor exame, e a que se apure a verdade.
Passando a responder aos mais capitulos da carta de Vossa Senhoria quanto ao em que se
espanta do capitam de Damão se meter em comercio com Francezes se o fez debaixo da capa,
ou com supocharia obrou mal, e sera castigado por mim porem se o fez clara e lizamente
comprando lhe ou vendendo lhe as fazendas o pode fazer e lhe he licito pois esse he o
beneficio da neutralidade de poder comerciar com humas e outras nasções e ainda levar as
suas fazendas nos barcos neutrais [47] , o que alem de ser do direito das gentes se mostra
tãobem pello dito artigo das capitulações sem que as taez nasções posto que andem em guerra
entre sy se offendão disso [an] tes são obrigadas pello dito dereito das gentes, e capitulações a
deixar passar seus bar[cos] livres, e ainda as fazendas da mesma nasção com quem estão em
guerra por hir em em[bar] cações do principe neutral, e só lhe prohibe o mesmo dereito das
gentes levarem pol[vora] e ballas e outras munições de guerra como fazendas de contrabando
que dereitamen[te] são para offender ou deffender alguma das partes e neste cazo ainda os
barcos ficão sempre livres, e só as fazendas como prejudiciais a huma das partes são
confiscadas o que se não [en] tende no prezente por que nem as fazendas erão de semelhante
natureza, nem hião para o por[to] de inimigo que estivesse citiado para ter a rezão de poderem
ser reteudas, mas nunca podião ser confiscadas, e assym só nestes dous ultimos cazos de levar
petrechos e munições de guerra ou de hir entrar em barra citiada se podem reter as fazendas e
em nenhum outro sem que se falte a fee publica capitulações das pazes, e a boa
correspondencia da neutralidade a qual he livre a fazer seus comercios e transportes pellos
lugares e portos com quem tem amizade e para onde costumão navegar e na mesma forma
estamos oje fazendo com os senhores olandezes pois assym em Goa, como [em ou] tras
praças nossas tem os ditos correspondentes a quem m[an] dão suas fazendas na mesma forma
que podia ter o capitam de Damão com os Francezes.
256
No que tocca a pedir me Vossa Senhoria ordene aos barcos de Bengala não vendão afião na
costa do Mallavar sey tão pouco de negocio mercantil que he a primeira vez que ouço fallar
em que elles fação tal comercio, e tragão semelhante genero, mas como Vossa Senhoria me
dizia ser este prohibido na dita costa, vendo as capitulações das pazes que entre el rey meu
senhor e os Estados Geraes se fizerão não acho cappitulo que em tal meteria falle, e só vy
muitos em que se retefica a liberdade do comercio entre huma e outra nasção para os portos
de Portugal e Olanda, e dos dominios de ambas as nasções, mas desta questão posso livrar a
Vossa Senhoria porque o que mando venha sempre de Bengala para os armazens reaes e só
salitre, e como deste genero necessito sempre grande abundancia não fica lugar aos barcos
para trazerem outros por virem abarrotados com o dito salitre.
Assym como da parte dos senhores olandezes que assistem na India se tem observado as
capitulações das pazes feitas com el rey meu senhor tãobem he certo que da nossa parte se
não tem faltado ate agora na observancia dellas em mym se não tem tãobem achado falta nella
pois na obediencia e execução das ordens tão exprecivas que tenho del rey meu senhor sobre
este p[articular] que me ordena não falte em tudo o que for para augmento da amizade que ha
entre Portugal e os Estados Gerais e Provincias Unidas de Olanda não só hei de igualar os
meus antecessores [que con] tinuarão na dita observancia (?) mas mostrar ainda que os
excedo pella affeição que tenho a dita nasção e por me ocorrer demais serem as capitulações
das pazes feitas pello Ex.mo S.or conde de Miranda, e marques de Arronches meu sogro e de
como assym o tenho mostrado hei de tomar a Vossa Senhoria por testemunha e aos mais
cabos da nasção olandeza que neste porto se acharão despois que governo este Estado, e
nestes proximos dous annos em que mais frequentarão esta costa as duas nasções inimigas de
Olanda, e França, com ambas tenho uzado tão igual neutralidade que não recebeo huma favor
que a outra o não experimentace igual, e sendo lhe a Vossa Senhoria isso tão prezente não
parece que igualmente corresponde em pretender ser de boa preza huma fazenda que por
tantos titulos se deixava prezumir pertencer a vassalo de Portugal.
Findo com segurar a Vossa Senhoria que neste particular hei de obrar com tanta exacção e
lizura que se achar certo o que Vossa Senhoria prezume de ser a carga dos Francezes sendo o
barco dos Mouros de Surrate não tendo o capitam de Damão assym nas ditas
257
fazendas como no barco parte e sendo tudo affectado como Vossa Senhoria prezume para
capear a fazenda de seus inimigos me não queixarey da reprezaria (sic) das ditas fazendas, e
pello contrario pertencendo estas ao capitão de Damão hei de pedir a Vossa Senhoria a
restetuição dellas, a qual se deve fazer sem controvercia, nem duvida pellas capitulações das
pazes pella liberdade da neutralidade fee publica do comercio, e direito das gentes.
Tenho respondido a Vossa Senhoria com toda a individuação e clareza aos pontos e
cappitulos de sua carta segundo a tradução que della se fez, e só me resta agora agradecer lhe
a satisfação que me deu, e mandar esta fragatinha só a fazer me prezente as rezões de sua
pretenção sobre as fazendas reprezadas com a prezumpção de serem dos Francezes, e assym
como nesta satisfação mostra Vossa Senhoria dezejo e tenção da boa correspondencia e
amizade espero eu que assym o continue na restetuição das fazendas quando pertenção ao dito
capitão de Damão ou por qualquer titulo ou via em que seja por onde se entenda serem livres
e mal reprezadas de cujo direito não cedo antes protexto de não prejudicar a reparação da dita
reprezaria qualquer acto que se haja feito em contrario, e ainda a dilação que haja no requerer.
Deus guarde a Vossa Senhoria etc.a Goa 7 de Abril de [1]697. O Conde de Villa Verde.
Receby a carta de Vossa Senhoria comjuntas as que me remeteo vindas da Perssia, e assim
por este cuidado como pello de me participar as novas de Europa lhe rendo a[s] graças. No
que toca ao negocio em que Vossa Senhoria me falla sobre o barco Fatimora e preza que nas
fazendas que elle trazia fizerão os Olandezes não posso dessimullar o sentimento hé justo ter
de que Vossa Senhoria em Monsiur Pilhavone me dessem motivo pera queixar me de suas
pessoas, porque sendo tão prezente a Vossa Senhoria como a Monsiur Pilhavone o quanto eu
devo observar a neutralidade buscarão motivo por que parecesse que eu hera menos
observante della do que se deve a fee publica dereito das gentes ao lugar que occupo e a
minha pessoa pois he certo que não sendo este barco nosso me não fica nenhuma acção pera
procurar as fazendas delle com lizura e muito mais não
258
sendo estas do capitam de Damão como Vossa Senhoria confeça suposto se cartiassem com o
seu nome porque sendo me a mym a verdade prezente como era força o fosse hé sem duvida
não podia prezumir se nunca de mym faltasse a ella e por esta cauza justamente fico queixozo
de que Vossa Senhoria pertencesse que inssistindo eu contra mesma ver[dade proce] desse
contra o que me devo a mym e contra a lizura com que devo observar e praticar a
neutrallidade.
Ao capitão de Damão não he premetido passar carta de crença a barcos que não sejão de seus
portos e só se lhe conssede passar cartazes aos estrangeiros e por haver eixedido a sua
jurisdição como por se intrometer em negocios de que se poderião seguir mayores
consequencias havia ter hum eixemplar castigo a não mediar a interceção de Vossa Senhoria
por respeito da qual lhe remito este.
No que toca aos interesses de Monsiur Pilhavone me fica o pezar da falta que pode fazer a sua
caza, porem querendo valler se de mym tendo alguma todo o meu cabedal esta prompto para
quando ella queira valler se delle o fazerem os Mouros de Surrate restetuir ao feitor francez
que vinha da Persia em navio dos Mouros o mesmo fizeramos nos se este barco fosse
portuguez e dos nossos portos nem os Olandezes se atreverião em tal cazo a despoja lo se
elles não soubessem por infalivel serteza que nos não mandamos barcos senão dos nossos
portos e se os Mouros fizerão em aquelle tempo o que Vossa Senhoria me diz tãobem o
poderão repetir agora pois tem o mesmo dereito e rezão de ser o barco do seu porto como eu
declarey aos mesmos Olandezes como Vossa Senhoria verá dos capitullos da carta que lhe
escrevy e com esta vão incluzos para que Vossa Senhoria fique emteirado da minha reposta e
veja por ella me não he po[ssive]l faltar ao que em a mesma prometo e me quarta tãobem todo
meyo por ter ja por terra dado conta deste particullar a el rey meu senhor. O que poderey por
hora fazer por Vossa Senhoria hé que emquanto os Olandezes me não requererem a verdade
deste negocio lha não declararey sem que ma pessão, porem pedindo ma he forçozo declarar
lha com aquella lizura com que obro em todas minhas acçoens, nem Vossa Senhoria se pode
sentir disto pois conhece que em os negocios publicos se não devem uzar de dollo, quanto
mais e merecendo lhe eu a Vossa Senhoria tanta estimação sey havia entender obraria eu
sempre assim porque suposto que em minha amizade para com Vossa Senhoria e todos os
vassallos de El Rey Christianissimo peza e me
259
incline a buscar lhe todo o utyl e mostrar lhe o quanto dezejo favorecer tudo o que lhe toca he
esta meteria em mym tão deliquada que não dá lugar a minha inclinação, nem ainda a uzar de
menor destreza em seu fraude (?).
Só o que quisera de Vossa Senhoria hé que ficasse entendendo que em tudo o que me for
possivel não hei de faltar a seu gosto porque só dezejo se me offereção muitas occazioens de
lho dar. Goa 18 de Junho de 1697.
Receby as cartas de Vossa Merce escriptas a dois de Mayo e com ellas tantas rezoens de
justamente indignar contra a sua pessoa e procedimento quantas são as regras das mesmas
cartas e hé sem duvida que a não me darem nesta occazião forçozas rezoens de estado
publicas e particulares e amisade e intercessão do Monssiur Martins Vossa Merce
esprementaria hum tão rigorozo castigo que servisse de exemplo não somente a sua mesma
pessoa para o tempo futuro mas ainda a todos os capitaens para que exprementacem em Vossa
Merce a satisfação que de todos se deve tomar quando procedão tão doloza e
fraudulentamente como Vossa Merce o tem feito, porem o castigo que pera outro tempo se
[48] differe não deixe de esperar a ocasião (?) em que se execute.
Vossa Merce devia saber que a sua juridição se limita somente a passar cartazes a barcos
estrangeiros e não cartas de crença a barcos de Mouros e se Vossa Merce não reconhece a sua
juridição e que a não pode exeder não hé digno no lugar que occupa e se reconhecendo a se
rezolveo a obrar com o dollo que na sua me declara passando carta de crença a barco que não
hera seu nem em sua carregação tinha parte não he merecedor ainda de ocupação da mais
inferior esfera pois em tudo mostra que o não teve discursso para reconhecer o empenho em
que podia meter este Estado com a dolloza carta de crença que passou ou reconhecendo o dá a
entender que pezou na sua opinião tão pouco o perigo em que o pos que o contrapezou com a
futilidade das cauzas que me dá pera ter passado a dita carta.
Não hé de menor offença ter (sic) a minha pessoa perssuadir se Vossa Merce que eu sou capas
de palliar enganos com especie d'aleivozia
260
porem depois que Vossa Merce se rezolveo a faltar a feé publica e a lizura com que deve
proceder pondo sua pessoa em tão mao predicamento logo lhe ficou sendo facil querer achar
em outra o que em sua pessoa tem exprementado.
Esta foy occazião em que Vossa Merce justamente mereceo acabar logo esse lugar com o
descredito igual a ella porem como a força de alguma[s] rezoens implica com esta execução
eu lhe seguro a Vossa Merce que ella fica tanto em minha memoria quanto hé rezão que o
esteja para não perder aquy agora suspendo. Guarde Deus a Vossa Merce. Goa 28 de Junho
de 1697.
Recebi a carta de Vossa Senhoria conjuntas as que me remeteo vindas da Persia e assim por
este cuidado como pello de me participar as novas da Europa lhe rendo as graças. No que toca
ao negocio em que Vossa Senhoria me falla sobre o barco Fatemura e preza que nas fazendas
que elle trazia fizerão os Ollandezes não posso dessimullar o sentimento que he justo ter de
que Vossa Senhoria e Monsieur Pillavone me dessem motivo para queixar me de suas pessoas
porque sendo tão prezente a Vossa Senhoria como a Monsieur Pillavone o quanto eu devo
observar a neutralidade buscarão motivo por que parece que eu hera menos observante della
do que se deve a fe publica direito das gentes ao lugar que occupo e a minha pessoa pois he
certo que não sendo este barco nosso me não fica nenhuma acçam pera procurar as fazendas
delle com lizura, e muito mais não sendo estas do capitão de Damão como Vossa Senhoria
confeça suposto se capeacem com o seu nome porque sendo me a mim a verdade tão prezente
como era força o fosse he sem duvida não podia presumir se nunca de mim faltace a ella, e
por esta cauza justamente fico queixoso de que Vossa Senhoria pertendece de que insistindo
eu contra a mesma verdade procedece contra o que me devo a mym e contra a lizura com que
devo observar e praticar a neutralidade.
Ao capitam de Damão não he premitido passar cartas de crença a barcos que não sejão de
seus portos e so se lhe concede passar cartazes aos estrangeiros e por haver excedido a sua
jurisdição como por se entrometer em negocios de que se poderião seguir mayores
consequencias
261
havia ter hum exemplar castigo a não medear a intercessão de Vossa Senhoria por respeito da
qual lhe remeto este.
No que toca aos interesses de Monssiur Pillavone me fica o pezar da falta que pode fazer a
sua casa, porem querendo valler ce de mym tendo alguma todo o meu cabedal esta prompto
para quando ella (sic) queira [48 v] valer ce delle o fazerem os Mouros de Surrate restetuir ao
feitor francez que vinha da Percia em navio dos Mouros o mesmo fizeramos nos se este barco
fosse portugues e dos nossos portos. Nem os Ollandezes se atreverião em tal cazo a despoja lo
se elles não soubessem por infalível certeza que nos não mandamos barcos senão dos nossos
portos e se os Mouros fizerão em aquelle tempo o que Vossa Senhoria me diz tãobem o
poderão repetir agora pois tem o mesmo direito e rezão de ser o barco do seu porto como eu
declarey aos mesmos Ollandezes como Vossa Senhoria verá dos capitullos da carta que lhe
escrevy que com esta vão incluzos para que Vossa Senhoria fique inteirado da minha reposta
e veja por ella me não he possivel faltar ao que em a mesma prometo e me quarta tãobem todo
o meyo o ter ja por terra dado conta deste particular a el rey meu senhor. O que por ora
poderey fazer por Vossa Senhoria he que emquanto os Ollandezes me não requerem a
verdade deste negocio lha não declararey sem que ma peçam. Porem pedindo ma he forçoso
declarar lha com aquella lizura com que obro em todas minhas acções. Nem Vossa Senhoria
se pode sentir disso pois conhece que em os negocios publicos se não deve uzar de dollo
quanto mais que merecendo lhe eu a Vossa Senhoria tanta estimação sey havia entender
obraria eu sempre assim porque suposto que a minha amizade para com Vossa Senhoria e
todos os vassallos de El Rey Christianismo pera que me incline a buscar lhe todo o utyl e
mostrar lhe o quanto dezejo favorecer tudo o que lhe toca, he esta meteria em mim tão
dellicada que não da lugar a minha inclinação nem ain[da a uzar] da menor destreza em seu
fraude (?) Só o que quizera de Vossa Senhoria he que ficasse entendendo que em tudo o que
me for possivel não hei de faltar a seu gosto porque so dezejo se me offereçam muitas
occazioens de lhos dar.
O barco Ponxatiem (?) se apartou da armada que foi a Mombaça na ... a qual fez boa viagem e
se apartou para se avançar nella e não perder a monção. Guarde Deus a Vossa Senhoria. Goa
18 de Junho de 1695. O Conde de Villa Verde.
262
Meu muito Reverendo Padre. Receby a carta de Vossa Paternidade da qual fiz toda a
estimação assy por saber novas suas como por ver quanto Vossa Paternidade se empenha nos
particullares de Monssiur Pillavone.
No que toca ao em que Vossa Paternidade me falla me fica grande sentimento de não poder
intrevir nelle pois ... sem perjuizo da neutralidade e fee publica a qual assym pella minha
pessoa como pello lugar publico que occupo não se podia esperar faltaria. Sinto que a caza de
Monssieur Pillavone tenha esta perda mas quando por ella padece a sua familia alguma
necessidade e se queira valler de mym me achara com toda a vontade para a socorrer com o
cabedal que lhe for necessario. Não menos sentimento me fica das noticias que Vossa
Paternidade me da de que os sentimentos de Madame Pillavone cheguem a tal estremo que
lhe fizessem perder o juizo. Mas se ... esta com viver na protecção de Vossas Paternidades
tera remedio esta falta com o cuidado que tomão na educação de seus filhos aos quais espero
e peço não falte Vossa Paternidade em continuar lhe com aquele cuidado que promete a sua
charidade e a mym me mande muitas occaziões de seu gosto. Deus guarde a Vossa
Paternidade. Goa 20 de Junho de 1697. O conde de Villa Verde.
Escrevy a Vossa Paternidade agradecendo lhe as memorias que me mandou de sua viagem
que fez por terra ao imperio da Chinna, e como não tive noticia se a minha grateficação
chegou as mãos de Vossa Paternidade torno a repetir esta dilligencia pera lhe assegurar o
particular gosto que tive em ler os trabalhos que Vossa Paternidade padeceo em huma tão
dillatada viagem. Mas como estes forão em ordem a missão e para que por todas as portas
entrace o Evangelho naquelle tão povado imperio não so sera agradavel ao mesmo Senhor
mas ainda a todos aquelles curiosos amantes de tageosgenofia (?) achando nesta de Vossa
Paternidade não so bem calculados os continentes, mas ainda ornada com historia. Findo com
dizer a Vossa Paternidade se quer
263
alguma couza destas partes me tem muito certo. Deus guarde a Vossa Paternidade. Goa 25 de
Maio de 1697. O Conde de Villa Verde.
Como ha muito tempo que não tenho noticia de Vossa Paternidade não quero deixar passar
esta occasião para lhe escrever ... sempre experimentou em mym em todas as ... Goa 24 de
Agosto de [1697]
Posto que se introduzice socorro a Mombaça se não desalojou o inimigo do sitio antes depois
de intro[duzi] do o nosso reforçou o inimigo o seu com que por esta cauza he necessario que
Vossa Merce se não dilate muito no ... Estreito, e com a mayor brevidade possivel em
recolher ce a India. Porem sempre passara a Dio pera ... se me parecer ter prevenida alguma
ordem a receba e siga, e esta mando por duas vias que alguma lhe ... gue. Deus guarde a
Vossa Merce. Goa 21 de Mayo de 1697. O Conde de Villa Verde.
Vão estas duas cartas pera o general Francisco Pereira da Silva as quaes lhe remetereis logo e
se ouver embarcação pera o Congo a remetereis huma via por mar e outra por terra e lhe
encomendo muito que não popeis dilligencia alguma pera que lhe chegue com a brevidade
por assym importar muito. Nosso Senhor etc.a Goa 21 de Março de 1697. O Conde de Villa
Verde.
Segundo a noticia que tenho por carta de Gregorio Pereira fidalgo elle se despidio ja de Aspão
e fazia viagem para o Congo, e por esta
264
rezão fico esperando por Vossa Merce se restetua a esta cidade com a mayor brevidade que
lhe for possivel.
... o porto de Dio o que for necessario de socorro para aquella fortaleza assym de polvora
balla como de gente Vossa Merce lhe dará, e nesta mesma forma tenho feito avizo ao
castellão della ao qual tãobem tenho encarregado em Vossa Merce chegando aquella fortaleza
me de conta por qualquer via que lhe for possivel, e Vossa Merce naquelle porto esperara por
ordem minha para saber o que ha de fazer e no avizo que me fizer me dara conta o estado em
que a armada chegou aquella fortaleza assym de gente como de todas as mais monções Deus
guarde a Vossa Merce ett.a Goa 28 de Junho de [1]697. O Conde de Villa Verde.
Receby a carta de Vossa Senhoria da qual tive grande gosto por saber de sua saude, e se
continuar aquela inalteravel amizade que sempre reconhecy em Vossa Senhoria a quem
agradeço o haver remetido os queixozos de Martabacan ao grande rey Mogor porque he certo
que chegando a prezença deste grande rey suas queixas lhe não ha de faltar com justiça, e tera
Martabacana mais cuidado em seus procedimentos.
Tristão de Mello he hum fidalgo muito honrrado, não pode faltar em proceder bem, nem eu
me presuadirey nunca a que elle falte ao que se deve como bom portugues. Em tudo o que
Vossa Senhoria me ocupar me achara com boa vontade. Nosso Senhor ett.a Goa 7 de Junho
de 1697. O Conde de Villa Verde.
Não (?) se offerece ocasião de escrever para o Norte e não quero perder segurar a Vossa
Paternidade a estimação que faço da continuação de suas cartas pedindo lhas muy repetidas, e
que me dê muitas ocasiões de seu gosto para o que me declaro sempre com huma vontade
muy prompta.
Sempre cuidey que neste Mayo tivecemos noticias de Europa mas parece me que a mesma
retardação [49 v] que ha por mar sucede por
265
terra. Deus no las traga com aquellas noticias que esperamos. Da China tive carta do
Reverendo Padre Bayart o qual me escreve ter vindo a Cantão a gracça de huma enfermidade
da qual me dis fica ja com melhoria, e tendo eu o gosto que Vossa Paternidade deve
conciderar desta noticia se continua ainda o sentimento de que a desunião da corte de Peckim
(?) não tenha ainda tomado o termo, e fica no mesmo estado, cousa na verdade para os que
somos amantes da Companhia de sumo pesar, por vermos os padres della, em que jamais se
conhecião diferença, se vejão oje tanto em publico desunidos, principalmente em huma terra
aonde para bem da Christandade se havia de ver a sociedade toda commυa para procurar o
fim de tão dilatadas e trabalhozas prigrinações se procura. Deus Nosso Senhor como causa
sua lhe ponha remedio.
Tambem tive carta de Bengalla do Reverendo Padre Taxar em que me dis parte para Sião e
me pede lhe queira mandar huma carta para o bispo de Milliapor em ordem a favorecer aos
reverendos padres que ficão em Bengalla, e na sua jurisdição. [Ja] (?) remety a carta na forma
que elle me pedio inclusa na que lhe fasia ao dito reverendo padre e em s ... se desse ao
superior daquela casa de Bengalla, porque o dito padre Taxart me disia que o dito bispo de
Milliapor havia encarregado em hum dos seus religiosos o curado das almas daquelle bandel,
com distinção só os que fossem franceses e seus servidores, o que era contra os estatutos da
Companhia pois se devia encarregar aquella incubencia ao superior da casa, e não a religioso
em particular; escrevy ao padre Taxart disendo lhe o como podia faser ce aquelle negocio que
assy como todos os bispados da India são nomeados pella regalia del rey meu senhor, tambem
lhe pertence o provimento das igrejas e se podia faser este aquelle collegio na mesma forma
que tem os reverendos padres as igrejas de Salcete. Eu promety ao dito reverendo padre
Taxart de o escrever assy a el rey nosso senhor e lhe pedir este provimento aquelle collegio e
pesa me não ter eu jurisdição para faser porque logo lhe avia de mandar. Ao Senhor Bispo de
Melliapor pertence sim o nomear parrochos emquanto Sua Magestade não prove e por isso
não quis faltar em lhe mandar a carta na forma que me pedia o reverendo padre Taxart. Deus
guarde a Vossa Paternidade. Goa 20 de Junho de 1697. O Conde de Villa Verde.
266
Vy a carta de Sonu Sinay e como me consta a fidelidade com que sempre tratou a este Estado
faço de sua pessoa toda a estimação, e dezejando mostra la com efeito lhe concedo de muito
boa vontade a licença que me pede para traser a estas terras suas molheres e familias, nas
quaes acharão todo o bom agazalho, e porem me fera a saber a aldea para onde quer mudar a
dita sua familia, e tambem podera Sonu Sinay avistar ce comigo todas as veses que lhe
parecer porque farey delle muita estimação.
Quanto o que me dis de Aria Gaunço eu não sou sabedor da conta que me da ate o prezente.
Nosso Senhor. Panellym 27 de Agosto de 1697. O Conde de Villa Verde.
Por saber que parte este patamar faço esta a Vossa Senhoria e nelle lhe faço sabedor em como
aos 12 de Agosto chegou a esta barra hum barco do Reino, e outro foi para Mossambique e
até agora não hé chegado a este porto. Sua Magestade que Deus guarde [em] toda ocazião fica
de saude, e o dito senhor me aviza de como tem avido alguma a ... na Propaganda sobre os
vigarios apostolicos quando alguns sejão ... cheguem a essa costa Vossa Senhoria me dará
parte logo, e fazendo muito p ... pero escrever lhe mais devagar para então deixo o mais. Deus
guarde [a Vossa Senhoria] ... 12 de Settembro de 1697. O Conde de Villa Verde.
Receby a carta de Vossa Senhoria feita em 13 do mes de Agosto, e com ella novas
occazi[ões] para festejar com todo o affecto sua boa saude que dezejo a Vossa Senhoria muito
cabal, e c[om] todaz as fellicidades.
Pella parte que a mym me tocou no sucesso do navio Fatimora quizera eu não tivesse Vossa
Senhoria sentimento ... porque alem de que este negocio para my ja está em esquecimento, ou
dezejo
267
que Vossa Senhoria tenha tantas occaziões de alivio que ainda que fosse a minha custa
quizera que Vossa Senhoria não tivesse a minima occazião que lhe perturbasse.
Pello que tocca a famillia de Monssiur Pilavoine eu vivo tão bem lembrado e seguro do
affecto com que elle me tratou que com toda a senceridade não duvidarey em tudo o que me
for possivel cuidar e obrar nos particullares de sua famillia, para que lhe sucedão muito
igualmente ao que elle podere dezejar.
Em Agosto chegou hum barco do Reino, e neste mez de Settembro outro a esta cidade e
ambos formosos baixeis bem providos assym de gente, como das mais couzas que por
negociação custumão vir daquelle reino, o qual fica em paz e em vesporas de ter mais hum
infante.
Estaz são as novas que a Vossa Senhoria por ora posso dar, e com ellas lhe peço me de muitas
occaziões em que mostre a boa vontade e affecto com que dezejo assistir e obrar em todos os
particulares que forem do seu agrado. Deus guarde a Vossa Senhoria. Goa 24 de Settembro de
1697. O Conde de Villa Verde.
Receby a carta de Vossa Merce, e assym della como da amizade e boa correspondencia que
com este Estado sempre teve faço toda estimação, e com esta mesma festejei a boa saude de
Vossa Merce que lhe dezejo muito aventejada, segurando me de que com ella continuara com
a mesma amizade que ate agora, e eu não faltarey em corresponder igualmente a ella em todas
as occaziões que se me offerecerem.
No particular em que me falla de Tristão de Mello de Sampaio não deixo de agradecer lhe a
boa vontade que mostra para com a nasção portuguesa, porem como o dito Tristão de Mello
se acha criminoso, não me he licito, conforme o estillo que há entre os Portugueses e lugar
que ocupo responder couza alguma, pelo que Vossa Merce me haja por escuzado neste
negocio e em todas as mais que se me offereceram de Vossa Merce obrar (sic) com toda a boa
vontade. Deus guarde a Vossa Merce. Goa 24 de Settembro de 1697. O Conde de Villa
Verde.
268
Receby a carta de Vossa Merce e a estimey com todo o affecto e amizade que espero se
augmente cada ves mais, pois Deus foi servido que eu me dillatace mais este anno neste
Governo o que tenho estimado por ter mais este tempo para lograr da boa amizade e
correspondencia de Vossa Merce cuja saude e fellicidade dezejo vá sempre em muito
augmento.
Sobre o que Vossa Merce me aviza de Raficana, supposto que eu tenha alguma rezão queixar
me delle, estimo tanto as couzas del rey Grão Mogor que hei de passar por tudo o que for
possivel, e dissimula las, principalmente emquanto Vossa Merce estiver nessas terras a quem
dezejo mostrar toda a es ... e bastava que Vossa Merce me pedisse a dissimulação nestez
particulares para que eu a ... a dar lhe gosto. Deus guarde a Vossa Merce. Goa 5 de Outubro
de 1697. O Conde de Villa Verde.
Receby a carta de Vossa Merce conjunta a do cappitam de mar e guerra Fernão Sodre e assy
pella promptidão com que me remeteo esta, como pello bom agasalho que fez a minha gente
lhe fico muy agradecido, segurando lhe que a mesma correspondencia achará em mym em
todas as occaziões que se offerecerem do seu gosto. Deus guarde a Vossa Merce. Goa 5 de
Outubro de [1]697. O Conde de Villa Verde.
Vy a carta de Vossa Merce, e a queixa que me fas do cappitam de mar e guerra da fragata São
Boaventura, o qual Vossa Merce me diz que obrou com excesso em mandar entrar nesse seu
rio. O dito cappitam fez só para mandar buscar o cartaz do barco que Vossa Merce diz ser do
Congo, e como da parte dos Arabios delle ouvesse excesso em não dar logo o dito cartaz e se
por contra as barquinhas atirando nellas primeiro alguns tiros, por isso os soldados quizerão
castigar, e se não fora o descuido de hum que motivou pegar o fogo na polvora, hé certo
269
o fiserão pois supunhão que erão inimigos, pois sendo não podia Vossa Merce recebe los
contra o que o seu rey me tinha prometido por seu embaixador. Visto Vossa Merce dizer que
elle tem cartaz o deve mandar mostrar para eu me asegurar da vontade, da amizade que Vossa
Merce promete debaixo de cuja fee mandey ja retirar a fragata dessa barra. O cartaz que aqui
me veio foi do barco de Surrate, e nestas materias se deve andar com toda a lisura, para que a
amizade se observe em bem dessas terras, advertindo a Vossa Merce que nos os Portugueses
não costumamos faltar a ella e sentimos que nos faltem.
Ao embaixador do seu rey de Vossa Merce tenho feito dizer o mesmo, e creyo que haverá ja
elle terá mandado vir o cartaz para mo aprezentar, e com este testemunho me fica lugar para
mandar castigar ao dito cappitam de mar e guerra. Nosso Senhor ettc. Goa 8 de Outubro de
1697. O Conde de Villa Verde.
Meu Muito Reverendo Padre. Muito estimey o ver me restituida as memoriaz de Vossa
Paternidade com suas cartas, sentindo juntamente se ouvessem perdido as que Vossa
Paternidade me reprezenta me haver feito agradecendo lhe a promeça que me fas, e em as
continuar segurando me serão sempre de my recebidas com igual gosto a estimação que faço
de sua pessoa.
Com grande cuidado estou ate oje que se contão 14 de Outubro não ter recebido novas n ... da
Percia, mas espero que Vossa Paternidade mas mandara com aquella certeza que me posso
prometer da sua prudência, amor e verdade com que me participa, não duvido que tenhão hido
alguma desaventagem os aliados contra a França, pois pellaz novas que tive de Portugal de
alguns meus amigos me segurão se trabalha fortemente a concluzão da paz que posto que esta
fisece alguma demora pella alteração que de novo se prometia a Europa com a doença del rey
de Castella, da qual se desconfiava da sua vida, e como o dito rey se melhorace se tornou a
continuar a mesma negociação, e como remeto ao padre Boulier as gasetas que este anno me
vierão, por ellas sera prezente a Vossa Paternidade as mais noticias, e entretanto fico prompto
para tudo o que for do seu gosto. Deus guarde a Vossa Paternidade. Goa 14 de Outubro de
1697. O Conde de Villa Verde.
270
Meu Muito Reverendo Padre. Com summo gosto receby a carta de Vossa Paternidade por
ficar entendendo della a sua boa saude.
As obras e memoriaz de Vossa Paternidade são tão proveitozas que não so não podem ser
nossivas ao tempo que me leva as muitas occaziões, mas antes muy uteis e proveitozas para
ellaz. E seguro a Vossa Paternidade que não só as tenho lido huma ves, mais floyadas (sic)
muitas e cada ves acho mais que louvar do trabalho de Vossa Paternidade tão util para os
cruyosos, como d'edeficação para os missionarios segurando a Vossa Paternidade que fico
com grande alvoroço da promeça que me fas em me participar os que de novo der a lux
dezejando juntamente que me de muitas occaziões de seu serviço em que lhe poça mostrar o
desejo que tenho de lhe dar gosto. Deus guarde a Vossa Paternidade. Goa 14 de Outubro de
1697. O Conde de Villa Verde.
O não ter feito reposta a Vossa Paternidade muito Reverenda até agora a sua carta, foi porque
nas occasiões que se offerecerão para esse Surrate em humas me achava indisposto com
achaque que me obrigou a levar oito sangrias, e noutras com recepção de duas naos do Reino
que chegarão a este porto, e como agora vay Fernão Manuel para esse Surrate não quis faltar
em agradecer a Vossa Paternidade attenção de suas novas pedindo lhe mas continue e
dezejando sejão sempre com aquella saude que lhe dezejo.
[51 v] Espero em Deos que nesta monção da China nos vinhão melhores noticias daquella
missão do que do anno passado e o mesmo Senhor se lembre della unindo seus missionarios
da forma que não cuidem noutra couza mais que no seu santo exercicio. Sobre esta materia de
Portugal tive avizo de ser ja chegado o padre Amaral aquella corte porem não me individuão
o estado em que ficão os negocios rezervando para a monção futura a rezolução delles
parecendo me tãbem que de novo fez alguma perturbação em Roma o padre frei Pedro Paulo
carmelita, e posto que tenho por certo não vencerá nada contra a regalia del rey meu senhor
comtudo foy bastante aquella inquietação a meu entender para dilatar o vir tudo este anno
rezuluto.
271
Creyo pello que vem não havera falencia, principalmente ao que toca a Companhia porque
espero se rezolva tudo o padre geral na congregação e que venhão os dous procuradores que
se acharão por hua e outra parte tão unidos como o deva ser na familia de Santo Ignacio com
que sempre foy esta a principal tenção.
A el rey meu senhor farey prezente o ... de Vossa Paternidade e afeição que mostra a nasção
portugueza querendo empregar ce n ... ões, e parece me que posso asegurar a Vossa
Paternidade achara na grandeza e piedade de Sua Magestade que Deos guarde e huma grande
estimação a este seu zello, e da minha parte lhe afirmo contrebuir, e para tudo que for do
agrado de Vossa Paternidade ou seja para a missão da China, ou para outra qualquer e creyo
que se tivesse ocazião de conferir com Vossa Paternidade estes particulares ficaria bem
presuadido que da parte del rey nosso senhor nem dos seus capitães nesta Azia ha alguma
negativa a nasção franceza nem ainda a outras com quem Portugal não tem tanta amizade, e o
que quero só he que Vossa Paternidade deve louvar que ha a sustentação da regalia. Bem
quizera eu ter lugar para nesta carta expender as muitas rezões que ha neste particular mas
como me falta este, e entendo acharão na provincia de Vossa Paternidade muitas mais para o
seguro de nosso dereito, não lhe quero tomar tempo com fazer mais dilatada esta carta.
Agora tive noticia em como o padre Taxar tornara para Bengala, e como aquy se achavão
huns patamares daquellas partes tive eu o gosto de lhe escrever e procurar suas novas. A
certeza da sua chegada aquella terra não na posso segurar pois a não tenho por carta de
Bengala. No negocio que toca ao barco Fatimura pode Vossa Paternidade estar certo que se
eu entendesse puder fazer mais alguma couza do que obrey o fizera. Deus guarde a Vossa
Paternidade. Goa 14 de Outubro de 1697. O Conde de Villa Verde.
272
Receby a carta de Vossa Merce e suposto que os Mouros, principalmente em que Vossa
Merce me falla não merece nenhum favor comtudo por Vossa Merce me pedir, e entender por
elle lhe mandarey restetuir a cotonia em que me falla. Nosso Senhor etc.a Goa 3 de Julho
[1697. O Conde de Villa Verde.
Por via do Congo me veio remetida a carta incluza para Vossa Paternidade dentro da minha
via a qual envio nesta ocazião que he a primeira que se me tem offerecido.
Na Percia não ha novidade que haja de participar a Vossa Paternidade mas que só a
restetuição dos padres carmelitas para a sua igreja e antiga liberdade do culto divino o que se
conceguio pella exacta intervenção com que neste negocio entrou o embaixador deste Estado
para o conceguir e com elle fica a experiencia mostrando de quanta importancia he a nossa
santa fee catholica a intervenção da nasção portugueza ainda para os interesses da
Propaganda. Guarde Deos a Vossa Paternidade. Goa 3 de Julho de 1697. O Conde de Villa
Verde.
Receby a carta de Fernão Manoel e lhe tenho entendido o que nella me diz agradecendo lhe o
cuidado de me dar conta de sua viagem, e os parabens que me dá das novas de Mombaça, e
como athe agora não tenho nenhuma me deixa com cuidado o que elle me diz sem me mandar
declaradas [52] que estimarey tenha effeito o negocio que lhe
273
encomendey para recomendar a Rostumo, e que agradeça a Antonio Ferrão o cuidado que
teve da minha doença, e attenção que teve de procurar por minha saude. Goa 30 de Dezembro
de 1697. O Conde de Villa Verde.
Sempre estimo com grande gosto as cartas de Vossa Paternidade e a noticia de passar com
boa saude; e todas as vezes que Vossa Paternidade me continuar a mesma noticia sera sempre
grande o meu contentamento e como na armada que ha de partir brevemente para o Norte, hei
de escrever então com a largueza que agora me não premitem as occupações e a preça com
que mando expedir o patamar. Deus guarde a Vossa Paternidade ett.a Goa 31 de Dezembro de
1697 O Conde de Villa Verde.
Mando a este citio o capitão Antonio Pereira Barreto para ajustar a compra de huns cavalos,
que me escreveo o mercador arabio os queria vender, e como tenho experimentado em Vossa
Merce tanta correspondencia espero queira ajudar a este capitão e favorecer este negocio em
tudo que lhe for possivel segurando da minha parte ao dito arabio que o que se assentar com
elle no negocio se não ha de
274
faltar, nem eu no que Vossa Merce me mandar do seu gosto. Deus guarde a Vossa Merce.
Goa 8 de Novembro de [1]697. O Conde de Villa Verde.
Mando a esse porto hum capitão meu para comprar alguns cavalos. Espero de Vossa Merce
lhe de toda a boa passagem, e juntamente na forma dos capitulos das pazes que tenho feito
com el rey de Sunda lhe dara Vossa Merce hum passaporte para que esses cavallos venhão
dessas terras com toda a segurança para as nossas, e fico certo que nesta meteria não ha de
Vossa Merce faltar e por isso não encareço mais. Nosso Senhor etc. Goa 8 de Novembro de
[1]697. O Conde de Villa Verde.
Pella carta de Vossa Merce fico entendendo os danos que o inimigo Sivagi custuma fazer
nessas partes de Mirzeo aos moradores dellas, tanto por mar como por terra, e porque não
fugice sem castigo o dito inimigo mandarey o socorro que Vossa Merce me pede porem
despois que Vossa Merce tiver as suas galvetas aparelhadas no tempo em que for conveniente
he necessario mandar me hum aviso para eu poder expedir algumas embarcações que sempre
estão promptas nesses rios, e isto mesmo mandey comunicar com Mirzan Mamede que trouxe
a carta de Vossa Merce e lhe mandey tambem passar o cartas que me pedia, e entregar huma
pessa em sinal de nossa amizade. Nosso Senhor etc. Panellym 28 de Novembro de 1967. O
Conde de Villa Verde.
O embaixador Hari Panta veo a minha presença que eu muito estimey com a carta de Vossa
Altesa de que fis grande estimação não so por sua pessoa, mas tambem pello meyo com que
procurou ratificar a amizade e antiga correspondencia que sempre ouve entre hum e outro
estado, e espero que Vossa Altesa na observancia dos capitulos
275
novamente ajustados com que ao dito embaixador se respondeo, tenha tanta observancia que
não haja lugar para a minima queixa ou quebra na amizade.
O mesmo embaixador leva os capitulos das ditas pazes assinados por minha mão, e com elles
[apre] sentara a Vossa Altesa o presente que lhe envio, que Vossa Altesa mandara . por
demonstração do amor e amizade que entre nos deve haver. Guarde Deos a Vossa Altesa e
alumie em sua divina graça etc. Goa 30 de Outubro 1697. O Conde de Villa Verde.
Vy a carta que Vossa Merce me escreveo, e recebi o embaixador Hari Panta com toda a
estimação, e a mesma faço de Vossa Merce também, e espero que de sua parte faça tudo o
que lhe for possivel para que os capitulos novamente ajustados da amizade se observem
pontualmente sem que a este Estado se de a minima occasião de queixa, ou quebra da dita
amizade. Nosso Senhor etc. Goa 30 de Outubro de [1]697. O Conde de Villa Verde.
Agradeço a Vossa Senhoria as novas que me tem dado suas, e estimarey mas continue com
noticia de que tem passado sempre com boa saude.
Vay Fernão Manoel posto que da sua parte tem trabalhado muito no negocio do seu barco, me
não foi a mym possivel assym pello Concelho, como pello tempo e occazião diffirir lhe, nem
obrar outra couza mais do que tenho feito neste particular ficando certo que Vossa Senhoria
deve de entender que a poder eu obrar noutra forma o fisera.
Tambem fico sentidissimo da desgraça que sossedeo ao sibar que levava as fazendas de Vossa
Senhoria deste porto a cujo descaminho mandey prover como a Vossa Senhoria lhe será
prezente pello dito Fernão Manuel, e pellas cartas que lhe escrever Monssieur Flavet, e para
tudo o que se offerecer do servico de Vossa Senhoria me achará com grande gosto. Deus
guarde a Vossa Senhoria. Goa 17 de Outubro de [1]697. O Conde de Villa Verde.
276
Ha muitos diaz que não tenho cartas vossas que me dá cuidado, porem (?) supponho não terão
vindo novas da Percia, nem de Mombaça, porque a have las tenho por sem duvida mas aveis
de ler remetido. Nesta ocazião vay Fernão Manoel Tello para Surrate e vos emcomendo o
favoreçais em tudo que vos for possivel o seu requerimento advertindo vos [53] só que sobre
esta meteria do barco não fareis nenhum em nosso nosso (?). Tambem ao dito Fernão Manuel
emcomendo sete diamantes lavrados brilhantez por hum estrangeiro que veyo em companhia
de hum fulano Febo que assiste em Surrate, os quaes quero sejão de hum pezo de hum
mangelym até mangelim e meio a peça, advertindo vos que o lavor ... brilhante hé na forma
de huns diamantes que aquy mostrou Agostinho Ribeiro do [di] rector Martim, quando se
ache este lapidario vivo em Surrate, e que possa lavrar ... estas pedras nesta forma as
mandareis fazer que sejão bem limpas, assistindo ... com o custo dellaz, e para a satisfação
destes me passareis letras sobre Custodio Antonio da Gama ou Paschoal Gomez que logo aqui
satisfará pela conta que de lá vier.
Fiz com os deputados da Companhia que se vendesse o marfim de Damão aos mercadores
desse porto de Surrate, e trazendo vos este, e sendo a venda feita por vos fossem as delle
vossas, fazey todo o possível para que vão estes mercadores a Damão [e se] venda o marfim
por bom preço, por maneira que se dem por satisfeitos os ditos deputados da vossa industria ,e
da dita venda. Nosso Senhor etc. Goa 17 de Outubro de 1697. O Conde de Vila Verde.
Já na ocazião passada mandey responder, me não era necessario para o comboy as galvetas do
dessay Qhema Saunto, e sempre lhe agradeço muito o seu offerecimento ,e quando sejão
necessarias para certa acção que comunicarey com Pondolica e Vitu Saunto se fará avizo, que
tambem tenho já ordenado, que por evitar algum encontro ou queixa não passe as suaz
galvetas de Pondá da Agoada para baixo, e que só possão tomar parangues do Sul que forem
para o
277
Norte, e certamente forem prezas do Sivagi; que não convem premitir lhe que tirem de cada
corgea de fardos hum fardo por ser trebuto que se lhe impoem, o que não podemos fazer os
christãos, nem hé rezão que se tome aos mercadores que vem para Goa.
Querendo o dessay mandar em companhia de nossa armada alguns parangues ou galvetas
suas, ou seja para o Norte, ou para Sul, se lhe dará licença para isso, e vindo para os nossos
portos se lhe dará todo o bom agasalho e passagem.
Veyo o Vitu Saunto a fallar comigo, e folguey muito de o ver, e estimey o offerecimento de
Qhema Saunto, o que lhe agradeço, e como por ora me não são necessarias as galvetas o
remeto a Pondolica dira o mais de bocca. Nosso Senhor ettc. Goa 20 de Janeiro [1]698. O
Conde de Villa Verde.
Monssiur Jacut podera refferir a Vossa Senhoria o cuidado que eu tenho dos particularez de
Vossa Senhoria não fazendo pequena fineza no transporte das patacas, que a não entrar nesta
meteria o favor pudera ter algumas difficuldadez que todas quis eu se vencesse por dar gosto
a Vossa Senhoria, e da mesma sorte o farey sempre nas mais occaziões que se offerecerem.
Guarde Deus a Vossa Senhoria. Goa 2 de Fevereiro de 1698. O Conde de Villa Verde.
278
Aquy receby a noticia da residencia que Vossa Merce fazia nessa corte por parte da Senhora
Rainha da Gram Bretanha, e estimarey seja sempre com boa saude, e com todos os bons
sucessos. Remeto a Vossa Merce este maço das cartas para o mandar a Portugal na primeira
occazião que se lhe offerecer, e tambem para o que for do gosto de Vossa Merce o farey
sempre com muito boa vontade. Guarde Deus a Vossa Merce. Goa 2 de Fevereiro de 1698. O
Conde de Villa Verde.
Pellas naos que em Septembro passado chegarão de Portugal receby a reposta das cartas que
Vossa Merce tinha remetido, e eu lhe tinha emviado pella via da terra, e agradeço a Vossa
Merce o cuidado e dilligencia com que as mandou, e por experimentar em Vossa Merce em
huma e outra causa igoal pontualidade lhe remeto agora este masso para Vossa Merce o
encaminhar a Lisboa, agradecendo lhe o trabalho que toma por meu respeito.
Nessa cidade falleceo há poucos dias o padre Dom Antonio Santine, e por saber que Vossa
Merce poderia ter com elle alguns negocios, lhe dou esta noticia para que sendo necessario
nesta terra algum favor Vossa Merce me escreva, porque mandarei assistir a tudo com grande
vontade. Guarde Deus a Vossa Merce. Goa 2 de Fevereiro de 1698. O Conde de Villa Verde.
Receby a carta de Vossa Paternidade, da qual fis toda a estimação, e posto que haja
respondido outra de Vossa Paternidade não quis faltar nesta occazião em que vay esta fragata,
de lhe fazer esta, para lhe agradecer o cuidado com que Vossa Paternidade remeteo a carta da
Companhia Geral a Columbo. Queira Deus tenha effeito a nossa diligencia, e o trabalho de eu
mandar esta fragata, e nos traga os barcos a salvamento, e ordeno ao almirante de Estreito
tome esse porto, e de Vossa Paternidade os informes e noticia da costa e espero que Vossa
Paternidade lhas ... mais seguras.
279
Ao padre provincial ... Malavartinho encomendo os cultores da canella que Sua Magestade
que Deus guarde me ter emcocomendado assym, e como Vossa Paternidade vay para baxo lhe
peço, e queira lembrar esta dilligencia e de sua parte fazer a mesma dilligencia, e quando se
achem estimarey mos venhão a tempo que os possa levar em minha companhia para o Reino.
Deus guarde a Vossa Paternidade. Goa 8 de Fevereiro de 1698. O Conde de Villa Verde.
[Carta do vice-rei da Índia, D. Pedro António de Noronha de Albuquerque, Conde de Vila
Verde] [55] Para o Padre Deuse
Pella armada que brevemente detrimino expedir para o Norte escreverey a Vossa Paternidade
com mais exten[ção] e esta so serve de agradecer a Vossa Paternidade o cuidado e delegencia
de me fazer partecipante das novas que correm em Surrate de que o Olandez se empenha em
hir socorrer a el rey da Percia contra o Arabio, porem como a nação olandeza espalha muitas
novas menos verdadeiras esta cuido que tãobem entra no numero dellas. O embaixador
chegou em Novembro e a petição do socorro que me tinha pedido el rey da Percia contra o
Arabio ficou ainda da mesma maneira respondendo me el rey não podia naquele anno ... pella
falta da agoa que havia nos caminhos, e como o embaixador que passou por ... tou a mesma
fica sendo justa a desculpa e bem sabe Vossa Paternidade o que rezulta a palavra dos Mouros.
Deus guarde a Vossa Paternidade ettc.a Goa 31 de Dezembro de [1]697. O Conde de Villa
Verde.
Pella carta de Vossa Senhoria de 19 de Novembro receby ... de que passava com saude a qual
me deu grande contentamento, e agradeço a Vossa Senhoria o cuidado com que me participa
as novas que correm nessa cidade mas como os Olandezes as costumão sempre botar menos
verdadeiras, esta que agora dão de que vão contra Mascate em favor del rei da Percia, tãobem
he das que merecem menos credito. Comtudo eu estimo muito a diligen ... me bota estes
avizos e espero o faça de tudo o maes que se offerecer. Deus guarde a Vossa Senhoria. Goa
31 de Dezembro de [1]697. O Conde de Villa Verde.
280
Tenho visto o que Vossa Merce me diz na carta que receby sua e pellas informações que
tomey, me parece que o dessay Ramogi Rao tem deitado fora de seu serviço todos os lascarins
que tinha por os não poder sustentar visto não ter ainda Vossa Merce contrebuido com o
concerto. Comtudo mandarey tomar de novo melhores noticias sobre o que Vossa Merce me
reprezenta para por o remedio a isso e sem embargo disso se Vossa Merce entender que
alguns lasgarins (sic) seus fazem o maleficio nessas terras os mande apanhar la e cortar lhes a
cabeça e pera livrar a Vossa Merce de algum excruplo tenho mandado ao dito dessay retirar
de Naroá para hir morar muito distante da vizinhança dessas terras porque dezejo que ellas
estejão com todo o socego. Nosso Senhor ettc. Goa 18 de Janeiro de 1698. O Conde de Villa
Verde.
Fiz prezente ao Senhor Conde vice rey, o que Vossa Merce rellata na sua carta que receby e o
dito senhor foi servido de mandar retirar ao dito dessay de Naroa pera hir morar muy distante
da vizinhança dessas terras porem tãobem sey de serto que o dito dessay não tem lascarins
nenhuns no seu serviço porque todos tem deitado fora pellos não poder sustentar visto ainda
não ter Vossa Merce contrebui[do] o concerto e o Senhor Conde vice rey faz reposta a carta
de Vossa Merce. Nosso Senhor ettc. Goa 18 [de] Janeiro de 1698. Gregorio Pereira Fidalgo.
[Carta do vice-rei da Índia, D. Pedro António de Noronha de Albuquerque, Conde de Vila
Verde] [55 v] Para o Feitor do Congo Manuel Roiz d'Andrade
Receby a carta que me escrevestes, e a noticia que me deveis da lamentavel desgraça desse
relligioso que assistia no Haspão. Tenho advirtido ao provincial o modo com que se deve de
haver, e eu não cessarey em buscar remedio para que elle torne a ley verdadeira de Christo, e
deixe os falços erros da maumhetana.
Com esta vos mando remeter hum masso de cartas para o bispo de
281
Aspão enviar para Europa pelo que mandareis logo hum chauter ao
Aspão com as ditas cartas.
Pareceu me dizer vos que repar ... mandares na armada o ficyo (?) de ouro e os de prata de
que vos fes entrega emba ... vos advirto que as mais couzas que ficarão em vosso poder e que
se tinhão comprado para a função da embaxada lhe deis sahida vendendo as pelo melhor
preço que puderes, e todas as novaz que puderes colher de Mascate me mandareis sempre nas
ocazioens que se offerecerem. Nosso Senhor etc. Goa 3 de Fevereiro de 1698. O Conde de
Villa Verde.
Chegou a carta que me escrevestes depois que partio a armada, e com ella fiquey sabendo a
lamentavel desgraça desse religioso que assistia no Aspão cujo susseço lhe tinha o embaxador
pronosticado pelo que alcançou do seu p ... naquella corte aonde se em outro tempo tinha sido
justificado depois o mudou de sorte que [não s] ó elle, mas muitos rellegiosos extrangeiros (?)
lhe receavão semelhante precepicio, e extranhei vos muito o escre[veres] a alguas pessoas que
o dito relligioso faltara a fee por respeitos particulares quando não podia haver nenhuns que
pudessem ser cauza de tamanho absurdo mais que o seu mao procedimento e bem mostrastes
em escrever da dita maneira que obrava em vos mais a paixão que a pureza da verdade.
Tenho advertido ao seu prellado o como se deve haver neste acontecimento, e eu não hei de
faltar em lhe aplicar os remedios que puder.
No que tocca as encomendas não tenho duvida aquellas que estavão no rol que levou João da
Maya da Gama, e quando estas se recuperem me remetereis por algum barco que vier para o
porto de Surrate recomendadas a Rostamogy. Vay hum maço de cartas para o bispo de Aspão
o que remetereis logo por hum chauter. Nosso Senhor etc. Goa 3 de Fevereiro de [1]698. O
Conde de Villa Verde.
Receby a carta de Vossa Senhoria de que fiz muita estimação e farey o mesmo todas as vezes
que Vossa Senhoria mas continuar.
282
Fico entendendo o que Vossa Senhoria nella me diz em ordem d'estar encarregado de ambos
os governos assym dessa Serra como o do Concão, e agradeço a Vossa Senhoria a vontade
que mostra de ter toda a boa correspondencia com este Estado, e com a mesma me achara
para tudo o que lhe tocar.
Folgo que o general das fortalezas do Norte (?) tenha com Vossa Senhoria toda a boa
correspondencia, e eu lhe recomendo continue com a mesma não havendo de premeyo motivo
algum. Nosso Senhor ett.a Goa 12 de Abril de [1]698. O Conde de Villa Verde.
Vy a carta que Vossa Merce me escreveo e tenho mandado recolher ao dessay de Bichollym
para evitar toda a desconfiança que Vossa Merce tem delle e quando me conste que elle vay
fazer alguns dannos a essas terras detrimino bota lo fora [de] Goa para evitar toda a queixa. O
inviado podera fallar me quando quizer mandando me primeiro avizo e aca[ban] do o negocio
que vier tratar se tornar[a] a recolher a Ponda e chegando me a noticia de que vem mandarey
q[ue] o deixem passar pellos lugares por onde for necessario. Nosso Senhor etc. Goa 30 de
Janeiro de 1698. O Co[nde] de Villa Verde.
O Senhor Conde vice rey concede licença ao inviado para vir tratar com elle os negocios a
que o mandar o divão das terras [de Pon] da e acabados elles se ha de tornar a recolher e sobre
o dessay de que Vossa Merce se queixa usa ... respondeo que o mandaria recolher para a parte
donde se não prezumice que elle hia fazer nessas [terras grande] danno e que quando lhe
constace o fazia o mandaria botar fora de Goa e para o mais em que Vossa Merce me occupar
me achara com boa vontade. Nosso Senhor etc. Goa 30 de Janeiro de 1698. O Conde de Villa
Verde.
283
Recebi a carta de Vossa Merce da qual fiz muita estimação e todas as vezes que a tiver farey o
mesmo e tenho entendido o que nella me diz em ordem as duas manchuas que forão
apanhadas pellas galvetas dos Sivagins de que não tive noticia senão a que Vossa Merce me
da e lhe agradeço de ter largado huma dellas que os soldados de Vossa Merce a tinha
restaurada do poder dos ditos ladrões por entender ser das terras deste Estado na forma da
carta que lhe escreveo o capitam da fortalle[za] de Angediva. As armadas deste Estado que
navegão levão os cabos dellas ordens [para dar] todo o castigo aos ditos ladrões Sivagins para
não uzarem a fazer semelhantes roubos. E no particullar do mogor Acahuscena em que Vossa
Merce me falla que veyo a esta cidade não faltarey em o ajudar e favorecer em tudo no que
ouver lugar. Deus guarde a Vossa Merce. Goa 12 de Março de 1698. O Conde de Villa Verde.
As cartas de Vossa Paternidade e suas noticias são para a minha estimação tão dezejadas e so
sinto não as receber muy repetidas.
De grande gosto e não de menor vaidade me hé a aprovação de Vossa Paternidade no bem
que se ouve o embaixador Gregorio Pereira Fidalgo na embaxada a que o mandey a Percia e
seguro a Vossa Paternidade que estimey incomparavelmente mais o serviço que por meyo
desta embaxada se fez a Igreja Catholica Romana e a liberdade que se concedeo ao
christianissimo (sic) do que as utillidades e concequencias que podia tirar o Estado da
effectuação da guerra a qual nunca foi procurada por mym, sy so offerecido o nosso poder ao
Perça, em ajuda do seu desagravo, mas como esta nasção não cura do credito, nem teme o
perigo senão proximo falta sempre ao primeiro e o segundo considera dillatado polla distancia
que aquella corte está da marinha e assym sem acudir ao remedio que esta podera padecer,
nem attender a afronta que se lhe podera seguir com dillações vay entretendo a sua laxidão
boas para o regallo e comodidade dos seus grandes e noscivas para a grandeza do seu
princepe affecta desculpas parecendo lhe que com ellas encobre as mais patentes mentiras.
Isto tenho conhecido ser o genio daquella nasção e mo confirma as cartas que receby daquelle
rey, e o ultimo que respondeo ao embaixador cujas copeas
284
remeto a Vossa Paternidade assym para entreter a sua coriozidade como tãobem para que
vendo as visto ter tanto conhecimento daquele pais me queira dizer se acerto nas inferencias e
nos juizos que asima repito. Com estas vay tãobem a reposta que o Perça me fez ao favor que
lhe pedy para o bispo Dom Frey Elias na qual como não era em descomodo dos grandes forão
liberaes em asentir a elle.
Como Vossa Paternidade assistio naquelle pais alem das grandes noticias de que he dotado
conhecendo eu o quanto Vossa Paternidade se empenha em me dar gosto não sera temeridade
o valler me da sua sciencia para me participar a sua erudicção algumas memorias que estou
fazendo da corte da Percia, e como a ella tem vindo embaxadores de todos os soberanos de
Europa huns trazendo consigo o proprio caracter dado pelo seu princepe, outros em ... tidos
deste pella recepção (?) do Perça quesera que assym de huns como de outros de que ... Vossa
Paternidade haja tido noticias e com os quaes se achacem quando estava naquella corte m[e]
mandace hum epithome do negocio a que vierão as cartas dos seus soberanos e repostas
daquelle rey, tratamento que lhe foi feito na sua recepcção e como Vossa Paternidade segundo
a noticia que tive foi tambem hum dos embaxadores naquela corte [56 v] perciana por El Rey
Christianissimo quando o negocio que a ella o levou não fica outro mais que favorecer ce a
passagem da viagem que emprendia e quando na dita embaxada não haja meteria do segredo
espero de Vossa Paternidade que por esta me principie as noticias que lhe peço e com igual
efficacia os perdões de lhe dar este trabalho desculpando no quanto Vossa Paternidade me
tem mostrado a sua vontade.
O embaixador he certo havia de estimar muito o ter occazião de servir aos relligiosos da
Companhia que assistem na Percia pois sabia que todo o obsequio que fizece aos filhos desta
sagrada relligião era para mym a maior linzonja e me podia servir de maior agrado. Vossa
Paternidade me não deu nada no que escrevy sobre a sua pessoa a el rey meu senhor pois so
os deve Vossa Paternidade a sua pessoa que dotado de tantas vertudes não só se faz apetecida
para a missão mas muy necessaria nella Deus queira que as couzas venhão da Europa tão
conformes que metão a calma e ... da a diff ... que se siga huma união cujo fim não seja outro
mais ... christianissimo propagação do Evangelho e reducção do paganismo a verdadeira ...
verdade.
285
Dou a Vossa Paternidade os parabens do bom sucesso da fortalleza de Ath e quereria Deos
que a esta vistoria se sigão a paz universal e dezemganada a liga emende com ella o erro do
descurço com que entrou em huma guerra tão profiada. Deus guarde a Vossa Paternidade.
Goa 19 de Março de 1698.
O relligioso que Vossa Paternidade me encomendou fica advertido do seu prellado e aliviado
de toda a penna e visto ser favorecido de Vossa Paternidade terey toda attenção para o ajudar.
A nova do navio Consentren por todos os caminhos me parece ser falça e muy semelhante as
que de contin[uo] costumão deitar os Inglezes. O Conde de Villa Verde.
286
Com esta se vos remete o assento do Concelho da Fazenda para se remeterem para esta cidade
na galliota de que he senhorio Haria Parbú os cavallos que se deverem das pareas na forma
que se declara pelo mesmo assento que promptamente dareis a execução. Nosso Senhor ettc.
Goa 5 de Abril de 1698. O Conde de Villa Verde.
Receby a carta de Vossa Paternidade, e lhe agradeço o cuidado com que me dá as noticias
dessa banda as quaez comuniquey ao Senhor Arcebispo, e o [bis] po (?) de Cochim está
resoluto para hir a sua diocesi, sem embargo da sua repugnancia para o que mandey aprestar
huma fragata para elle hir nella, que sera brevemente; e espero de Vossa Paternidade que me
participe do mais que por la passar. Deus guarde a Vossa Paternidade. Goa 12 de Abril de
1698. O Conde de Villa Verde.
Receby a carta de Qhama Saunto a que não mandey fazer logo reposta por ter hido a
Murmugão, e vendo o que me dis sobre o empedimento da manchua, e tomadia que Qhema
Saunto fes da outra, e reparando muito na forma da sua carta, me pareceo adverti lo que se
alembre do que me deve, e a este Estado, que sempre foi o seu amparo, e o que deve conhecer
que eu não sey nunca faltar a justiça e rezão; a ordem que eu dey a Vitu Saunto subedar da
segunda armada foi que pudesse fazer preza nos barcos que passacem do sul para o norte da
barra de Goa, e por nenhum caso reprezace barcos que vinhão para esta cidade, e como a
parte requeira que a manchua tomada pello dito Vitu Saunto vinha para esta cidade, e fosse
feita preza por huas almadiaz na ponta da Agoada, lhes despachey que emquanto pella parte
de Qhema Saunto se não justificava pello contrario fosse a sua manchua tambem detida e
como para os diffirimentos semelhantez da justiça, os não faço sem ouvir ambas as partes, e
igualmente a destrebuo para o que hé necessario que Qhema Saunto mande seu
287
Ao feitor de Damão mando estranhar o procedimento que teve na passagem das patacas
porem pela conta que me deu o capitam daquela praça creyo que ja estara Vossa Merce
entregue dellas.
E estimarey muito que os Olandezes entreguem as fazendas do barco Fatemura, mas a Vossa
Senhoria he prezente o não embaraçar eu semelhantes negociações pela lezura com que
custumo obrar em tudo e assym não posso nesta parte fazer o que V[ossa Senhoria] me pede.
Quanto a repuzição dos q ... ceses tãobem não posso satisfazer ao gosto de Vossa Senhoria
pelas cauzas que ja lhe escrevy, antes sinto a continuar Vossa Senhoria com semelhante
proposta.
As novas que Vossa Senhoria me dá da paz de Europa estimey muito e Deus queira que ella
se ajuste para sucego universal de toda a christandade. Guarde Deus a Vossa Senhoria. Goa
24 de Mayo de [1]698. O Conde de Villa Verde.
Recebi a carta de Vossa Merce [e es]timo o castigo que me dis dera a gente do dessay de
Coroalle vencendo sua gente o que eu estimey pela ami[zade que h]a entre el rey meu senhor
e o rey Grão Mogor.
O valerozo Vaz[ir] Mamede me comonicou alguns ... quaes são de tanta importancia que
necessitavão de mais larga conferencia para o que o remety ao meu secretario do Estado, mas
como o dito Vazir Mamede foi chamado com preça não se pode findar a concluzão deste
negocio o que se fará brevemente e se cuidara o que for melhor para o serviço de ambas as
coroas.
288
Aos meus capitães e grandes das terras e fronteiros tenho dado ordens para que em tudo o que
lhe for pedido a favor dos vassalos del rey Mogor e capitães de Vossa Merce não faltem com
toda ajuda e socorro. Nosso Senhor ettc. Goa 28 de Maio de [1]698. O Conde de Villa Verde.
Receby a carta de Vossa Merce e assym por ella como pelas noticias que me deu o capitam
Mamede Vazir de que passava com saude tive muito contentamento e tudo aquilo que suceder
de bem e furtuna a Vossa Merce estimarey sempre.
Mamede Vazir me disse que tinha negocios de importancia que comonicar comigo para
conferir os quaes [re] mety ao secretario do Estado e como o dito Mamede foi chamado a essa
terra com preça se não pode concluir o negocio por ser de tanta importancia para hum e outro
estado sobre o qual o doutor Gregorio Pereira Fidalgo escrevera tãobem particularmente a
Vossa Merce e como não serve de mais Nosso Senhor ettc. Goa 28 de Mayo de [1]698. O
Conde de Villa Verde.
[58] [Carta] que o comedante (sic) de Cochim escreveo ao Senhor Conde vice rey
Ex.mo S.or
A my hé ordenado para dar agradecimento a V. Ex.a por a cortatisia (sic) e socorro que os
officiaes das naos e nossos maritimos tem recebido quando estavão com nossas armadas na
barra de Goa, porque o muy noblicimo Senhor Governador Geral, e os concelheiros da India
em Betavia meus senhores superiores e amo demonstrão que por o sobredito, extra[ordi]
nariamente ficão obrigados, por o nome da Companhia Olandesa e que tãobem por isso são
inclinados de gu ... Ex.a huma boa e verdadeira amisade por esta via esses noblissimos
acharão por bem de offerecer por ... ção de todas as fazendas e dinheiro, como por o
commendador Hon[ton] da nao Fattemurath forão tiradas, e ainda não obstante rezaoens
bastantes se achão por
289
o embargar estas fazendas senão inteiramente ligitimar e o menos tirar em disputa, porque o
passaporte desta nao tinhão (sic) varios erros entre outros, não era o nome da nao nem do
capitão do mesmo specificado no mesmo a carregação de algumas alfayas da casa do director
francês senhor Martinho, o conceder de passagem de Bengalla a Surrate; a molher do mesmo,
e outras criscunstancias (sic), mais que poderião de prezente ser alegados, por a justificação
da sobredita confiscação, derão motivo aos nossos para crer, e ao menos prezumir que os
Franceses nossos inimigos, se não fossem dono, ao menos participantes da nao e da mesma
carregação e por isso tãobem derão ocasião para deter. Mas ... ar todas estas disputas, e
concervar e guardar a amisade em seu inteiro; de presente hé offerecido a V. Ex.a por o nome
dos sobreditos meus senhorez e amos para emviar de Goa huma, o mais pessoas para quá,
para receber as sobreditas fasendas, e dinheiro conforme as mesmas que forão notadas e trasi
... sobredito commandador Honton, seja tal pessoa, e pessoas por V. Ex.a ficão calificadas
para ... aquy as ditas fasendas como asucra, seda, pimenta e cadamono, com algum ... as
mesmas que forão compradas sobre que praticaremos então [com] os emviados de V. Ex.a
vocalmente e mais tentaremos d'ambaz as bandaz desucitar toda a amisade imaginada, e
contentamento.
O portador desta hé o carmelita padre vigario fr. Angelo Francisco de Santa Theresa, de que
nos fes sabedor, de V. Ex.a em Goa ser chamado, com qual ocasião não podia deixar e faser a
V Ex.a este oferissimento a hum que sou informado que V. Ex.a mesmo reprovou os meneyos
do capitam que estava na nao Fatemurath - a saber - como a fama aquy corre. Em breve
spererey de V Ex.a a reposta, a quem dezejo a ajuda e benção de Deos etc.a Cochim na cidade
em 26 (?) de Fevereiro de 1698. S. N. De V. Ex.a humilde servo foi asinado Hendre Zuaau de
Crom.
Carta que Fernão Manoel Tello escreveo ao dito Senhor Conde vice rey
Em vinte e tres de Março pella fragata Nossa Senhora da Gloria escreve a V. Ex.a, e por
estarmos a vella, e eu muy indisposto forão as causas porque largamente não dey conta a V.
Ex.a da resão que tive
290
para faser esta viagem, mas como Manoel de Souza de Menezes seja ja nessa o terá feito.
Cheguey a esta aos vinte e outo de Março sempre com a penna de me não premitir o senhorio
do barco em que vim que tocace esse porto por mais dinheiro, e aventejado frete que lhe dava.
Achey no governo desta cidade a Suvar d Croon, o qual veyo a esta por ordem de Betavia
com titulo de comissario da costa do Malavar e Canará. Ao dito dey as cartaz que trazia do
comissario de Surrate e lhe mostrey as procurações que tenho de Manoel de Sousa de
Meneses, e de Sarmexenga Bora para poder receber suas fazendas, e dinheiro O dito
comissario me obrigou muito com grandes curtazias e honras que sempre me fes, e me dixe
havia escrito a [58 v] V. Ex.a em vinte de Fevereiro por hum padre carmelita descalsso e que
por oras esperava a reposta sendo que podia eu receber o que quisece, e porque elle na
suposição que eu seria em alguma viagem, havia pedido a V. Ex.a duas pessoas graves para
tomarem entregue de ditas fazendas, e dinheiro. Eu por entrar de poce tomey por então mil
tresentos outenta e seis venisianos com o dito comissario e comendador de Jafanapattão, e
acabou os negocios de sua comissão em 14 de Abril, partio para o dito lugar e deu ordem ao
comendador que governa esta para abrir a carta que V. Ex.a lhe mandar.
Parece me que falterey se não der conta a V. Ex.a da noticia que tenho de algumas cousas que
fes dito comissario. Primeiramente tirou a mayor parte da gente desta cidade assim da milicia
como do negocio, e os mandou para Betavia como tãobem tirou muita artelharia e munições e
o mesmo fes na fortaleza de Cananor reduzindo a huma feitoria. Largou de todo a feitoria de
Barcelor deixou o contrato de pimenta livre em toda esta costa para todos poderem comprar e
vender, de prezente val nesta hum candil posto a bordo rupias sincoenta e qy ... o comendador
que governa esta se chama Magnus Uvehcelman he belicimo home, e aqu ... e posso com
verdade diser que sua caza hé minha. O dito comissario foi com penna e o cer ... em de não
acharem té o prezente reposta de V. Ex.a
Como a mayor parte dos concelheiros sam meus amigos hey sabido o que o comissario a V.
Ex.a escreveo, e as ordens que tem de Betavia e assim o dizer elle na sua carta que pellas
obrigações em que estão a V. Ex.a em resão das merces que há feito a seus barcos são as
causas que os movem a não reparar em alguma criscunstancia (sic), como ter o barco por
nomem Fattemurad, e nelle haver fazenda
291
de Franceses. Isto he para ver se V. Ex.a fica sem lhe fallar em gastos e dannos, porque ter o
barco dito nome bem se sabem que não hé de Manoel de Sousa de Menezes e que hé de
Samerxenga Bora, e fretado em parceria pello dito Manoel de Sousa de Menezes e ainda que
ouvesse fasenda de Franceses em o dito barco nem por isso podia ser presa e aissim (sic)
pellos capitulos das pazes como p[ela publicação que os Estados de Olanda fizerão no
principio desta guerra a qual eu vy imprenssa na feitoria dos Olandezes em Surrate, que a
terem elles criscunstancias (sic) por donde pudesse pegar sam mercadores, e mais os havia
obrigar seus interesses, que o que a V. Ex.a devem por menos couza que esta se queixaram
elles a Sua Magestade que Deos guarde, de Cosmo Gomes, e tambem he de crer que ainda
que os Olandeses quisecem largar ... das e dinheiro, comendador Honton não havia querer
largar o que lhe cabia como comend ... sogeitar a repremção que dizem lhe deram elle foy
para Olanda deposto do cargo, e deixou na India huma grossa fiança para pagar o que contra
elle se pertencer. Sey com certesa haver ordem nesta para se pagar tudo o que V. Ex.a
ordenar.
Sempre o meu bem e de minha famillia dependeo das liberais mãos de V. Ex.a que tanto me
tem honrado, e feito merces, e hoje mais que nunca, e assim mando este patamar somente
para traser a carta de V. Ex.a para este home que com a dita carta eu me haverey com elles; e
peço a V. Ex.a lhe mande que no (sic) seus barcos que cada anno vão muitos para Surrate
levem elles as fasendas que assym he resão, e a elles isto lhe não custa nada. Tenho noticia
largarão os quatro francezes, os quaes disem forão para Bengalla. Comtudo muita merce me
fará V. Ex.a em lhe mandar o largem porque isto fas muito a meu negocio.
De Olanda partio em Novembro hum barco o qual chegou a Tutocurym com a nova da pax
geral. As capitulações entre Olanda e França vão com esta; os Olandeses estão
contentissimos.
El rey de Castella el rey de Polonia el rey de Suecia sam mortos, disem que o duque
Sabssonia hé rey da Polonia.
Creyo que Antonio Ferrão terá em boa altura a obra que V. Ex.a me fes merce emcomendar,
visto que eu não tive ventura para a faser.
Peça a V. Ex.a seja sirvido mandar por este patamar a carta a este comendador e nella honrar
me como criado que sou de [V.] Ex.a que
292
Nosso Senhor guarde para amparo desse Estado etc. Cochim 16 de Junho de 1698. Fernão
Manoel Tello.
[60] Desta folha em diante começa o registo das cartas que escreve o Ex.mo S.or Antonio
Luis Gonçalvez da Camara Couttinho almotace mor do reino de Portugal do Concelho de
Estado de Sua Magestade vice rey e capitão geral da India aos Reys Vizinhos e seus capitães
mayores e menores.
[Carta do vice-rei da Índia, António Luís Gonçalves da Câmara Coutinho] [61] Para Sivagi
Rao
Acho me com a carta de Sivagi Rao e tenho entendido o que nella me diz, e lhe agradeço a
vonta[de com] que me da os parabens da minha chegada a este Estado, e com a mesma me
achara com aquelle affecto que [ex] perimentou com o Senhor Conde de Villa Verde; e no
mais em que me falla tomarey a informação conveniente pera dispor [co] mo for justo, e fio
de Sivagi Rao que continue com a mesma correspondencia que diz com o Estado. Nosso
Senhor etc. Goa 30 de Settembro de 1698. Rubrica do senhor vice rey digo Antonio Luis
Gonçalvez da Camara Couttinho.
[Carta do vice-rei da Índia, António Luís Gonçalves da Câmara Coutinho] Para Haria
Gaunço
Receby a carta de Haria Gaunço, e tenho entendido o que nella me diz e bem pudera
considerar que he vassalo del rey Mogor com quem este Estado tem pazes e estar obrigado
obedecer a seus capitães e não rebellar ce contra elle. Os capitães portuguezes nunca se
costumão informar contra a verdade e assy se lhes deve dar muito credito no que dizem e por
considerar que Haria Gaunço não era pessoa para experimentar o rigor das armas portuguezas
pertendião manda lo buscar por huns cafres e tenha entendido que se não restetuir em dobro o
que tem levado furtivamente da aldea de Assonora experimentara hum riguroso castigo como
a sua ousadia merece alem de outras hostelli[dades que h] a de receber com que lhe digo que
não se atreva escrever me mais sem primeiro fazer a dita restetuição e dar obediencia ao dito
rey Mogor e se assy o fizer me obrigara a suspender
293
com o dito castigo. Nosso Senhor etc. Goa 4 de Outtubro de 1698. Antonio Luis Gonçalvez
da Camara Couttinho.
[Carta do vice-rei da Índia, António Luís Gonçalves da Câmara Coutinho] Para [os] dessais
Hirogi Rane e Haria Rusttna
Acho me com a carta dos dessais Hirogi Rane e Haria Rusttna (?) e tenho entendido o que
nella me dizem e lhes agradeço a vontade com que me dão os parabens e com a mesma me
acharão para tudo o que lhes tocar nos termos premetidos e no mais em que me fallão não
faltarey em concorrer no que lhes prometeo o Senhor Conde de Villa Verde meu antecessor
continuando os dessais com a mesma fedellidade no serviço do Estado. Nosso Senhor etc.
Panelim 7 de Outtubro de 698. Antonio Luis Gonçalvez da Camara Couttinho.
[Carta do vice-rei da Índia, António Luís Gonçalves da Câmara Coutinho] Para o Dessay
Qhema Saunto
Da carta que receby do dessay Qhema Saunto vejo o que nella me diz e lhe agradeço a
estimação que faz da minha chegada a este Estado. Nelle me tera para tudo o que lhe tocar
com aventejada correspondencia da que experimentou do meu antecessor tendo a mesma o
dessay Qhema Saunto e com a fedellidade que diz se há com as couzas deste Estado e me sera
sempre prezente por esta cauza para lhe não faltar com o favor que primitir. Nosso Senhor
etc. Panelim 11 de Outtubro de 1698. Antonio Luis Gonçalvez da Camara Couttinho.
[Carta do vice-rei da Índia, António Luís Gonçalves da Câmara Coutinho] Para o Feitor de
Curuar Thomas Pattle
Mui agradavel me foi a carta que receby de Vossa Merce por entender a estimação que fez da
minha chegada a este Estado e nelle me tem Vossa Merce para attender a todos os particulares
que tocarem a nasção ingleza e ao gosto de Vossa Merce a que não faltarey por assym
permitir a pas que tem entre as ambas as coroas. Veja Vossa Merce se ha desta banda em que
possa mostrar o meu agrado me tem muyto certo. Deus guarde a Vossa Merce. Goa 13 de
Outubro de 1698. Antonio Luis Gonçalvez da Camara Couttinho.
294
[Carta do vice-rei da Índia, António Luís Gonçalves da Câmara Coutinho] [61 v] Para o
Dessay Qhema Saunto
Tanto que tomey posse do governo deste Estado, fuy informado de que vindo hum sibar do
Norte para Goa carregado de trigo de hum guzarate chamado Quica Haridas, e que chegado a
altura de Chaporá fora reprezado pellas galvetas do dessay Qhema Saunto o que hé muito mal
praticado que os vassalos del rey de Portugal meu senhor padeção vexações, o que não hei de
premetir no tempo do meu governo; e assym trate o dessay de mandar logo restituir o dito
sibar com toda a fazenda que nelle vinha; e de contrario mandarey recuperar em dobro. Nosso
Senhor etc.a Goa 15 de Outubro de 1698. Antonio Luis Gonçalvez da Camara Couttinho.
[Carta do vice-rei da Índia, António Luís Gonçalves da Câmara Coutinho] Para Rostumagi
Manacagi corretor dos Portugues (sic) no porto de Surrate
Despois de tomar posse do governo deste Estado aonde cheguey a 15 de Settembro me forão
dadas duas cartas vossas em 14 do corrente, de 15, e de 23 de Settembro escritas ao Senhor
Conde de Villa Verde meu antecessor e vejo o que nellas dizeis, e vos agradeço o cuidado
com que dais as noticias e zello com que haveis na compra da carregação de rou[pa que] se
vos encomendou o feitor de Damão e superentendente da Companhia e das noticias que ...
mas participay com o mesmo cuidado com que até agora o tendes feito ficando a minha
vontade muy certa para vos ajudar e favorecer nos particulares que vos tocarem. Nosso
Senhor etc. Goa 15 de Outtubro de 1698. Antonio Luis Gonçalves da Camara Coutinho.
[Carta do vice-rei da Índia, António Luís Gonçalves da Câmara Coutinho] Para Pir Can
Receby a carta de Vossa Merce e vejo o que nella me diz e sinto as suas molestias porque
dezejo ver a todos vassallos del rey Mogor com sucego, e nesta concideração ficão as terras
do Estado e a minha vontade exposta para os amparar. O capitão mor dos Rios leva ordem
sobre a licença que Vossa Merce me pede, e para acomodar a Vossa Merce muito a seu gosto,
assy por ser Vossa Merce vassallo del rey
295
Mogor, como por mostrar sempre a sua fedelidade com as cousas do Estado, e para tudo o
mais que toccar a Vossa Merce me achará com todo o afecto. Nosso Senhor etc. Goa 21 de
Outubro de 1698. Antonio Luis Gonçalvez da Camara Couttinho.
Já tenho respondido a primeira carta que tive de Vossa Merce. Esta serve de reposta a
segunda que recebi sua, e lhe agradeço a estimação que fez de minha chegada a este Estado.
Nelle me tem Vossa Merce para tudo o que lhe toccar, visto a amisade que el rey Mogor tem
com este Estado a ser Vossa Merce seu vassallo. E sinto com as suas molestias. Tenho
ordenado ao capitão mor dos Rios para compor o que Vossa Merce me pede de maneira que
fique seguro da invazão do inimigo e para o mais que for me tem muito certo. Nosso Senhor
etc. Panelym 21 de Outubro de 1698. Antonio Luis Gonçalvez da Camara Couttinho.
[Carta do vice-rei da Índia, António Luís Gonçalves da Câmara Coutinho] [62] Para o
Dessay de Curalle Fondu Saunto
Acho me com huma carta do dessay Fondu Saunto, e vejo o que nella me diz em ordem o
castigo que quer dar ao alevantado Ha[ria] Gaunsso. Estima lo hey muito que assy o faça, e só
me fica o s[en] timento que tendo o dessay Fondu Saunto conhecimento da amisade com que
sempre correo com este Estado, e debaixo della ter ordenado a sua gente que entrasse na ilha
de Colvim em demanda de Pir Can que estava nella acotado debaixo do amparo deste Estado
para se livrar do perigo que o ameassava o que hé premitido contra toda a boa
correspondencia motivo para ella se alterar e so lhe digo que para ella ser reciproca hé
necessario que o dessay Fondu Saunto me de huma (?) satisfação com cauzas muy
justificadas que o obrigace a faser esta entrada conhecendo muito bem ... l rey de Portugal
meu senhor e restetuir os cavallos, e mais couzas que levara ... Pir Can, e do contrario terei
lugar para mandar obrar neste particular o que me parecer e for conviniente. Nosso Senhor
etc. Panelim 21 de Outubro de 1698.
296
E como este negocio hé de tanta importancia he necessario que o dessay Fondu Saunto
mandar huma pessoa sua confidente a minha prezença para o ajuste delle. Antonio Luis
Gonçalvez da Camara Couttinho.
[Carta do vice-rei da Índia, António Luís Gonçalves da Câmara Coutinho] Para Qhema
Saunto dessay de Curalle
Sabendo muito bem o dessay Qhema Saunto a paz que o Estado tem com el rey Mogor, e
nesta concideração o seu vassallo Pir Can se veo valer das nossas terras na ocasião presente, e
estando elle na ilha de Colvim o sobrinho do dessay Qhema Saunto Fondu Saunto que se acha
em Bicholym com a gente de guerra, mandou ao capitão Naga Dalvy com huma pouca de
gente entrar na dita ilha em demanda do dito Pir Can, aonde o matarão levando lhe mais de
trinta cavallos. E porque este cazo que cometeo o dito Fondu Saunto hé contra toda a boa
amizade e correspondencia que tem o dessay Qhema Saunto com o Estado, não he para
dissimular sem a demostração que requere, e para não chegar a estes termos, he necessario
que o dessay Qhema Saunto mande logo restetuir os ditos trinta cavallos, e entregar a minha
ordem o capitam Naga Dalvy que atreveo entrar na dita ilha porque semelhante atrevimento
não ha de o Estado dissimular nem parece de rezão que estando o dito Pir Can seguro debaixo
do nosso amparo seja morto e roubado pellos seus inimigos, e assy espero logo reposta do
dito dessay Qhema Saunto para dispor no cazo como me parecer mais conviniente porque a
nasção portuguesa tanto estima a pás como a guerra, ainda que seja do rey mais poderoso
quanto mais do dessay Qhema Saunto, que sempre o Estado o amparou em seus trabalhos que
em reconhecimento daquelle beneficio tem tão má correspondencia com elle. Nosso Senhor
etc. Panelym 22 de Outubro de [1]698. Antonio Luis Gonçalvez da Camara Couttinho.
[Carta do vice-rei da Índia, António Luís Gonçalves da Câmara Coutinho] Para Sonagi Rao
Boricar
Já Sonagi Rao terá entendido o sucesso que teve Pir Can com a gente de Fondu Saunto
sobrinho de Qhema Saunto. Tenho mandado faser diligencia para dar castigo aos que
cometerão este cazo por ser o dito Pir Can vaçallo del rey Mogor. Ficarão nas nossas terras
nove
297
cavallos do dito Pir Can, hum delles ferido, e alguns lascarins tambem feridos, a qual (?)
mandey entregar a seu cunhado de que me pareceo avisar a Sonagi Rao para diser a quem
toca a boa correspondencia que ex[prim] então da nasção portuguesa os vassallos del rey
Mogor. Nosso Senhor etc. Goa 22 de Outubro de [1] 698. Antonio Luis Gonçalvez da Camara
Couttinho.
[Carta do vice-rei da Índia, António Luís Gonçalves da Câmara Coutinho] [62 v] Para
Sonagi Rao
Receby a carta de Sonagi Rao em reposta da que lhe escrevy, e lhe agradeço a vontade que
mostra em conservar a correspondencia que tem com este Estado. Fez bem em manifestar ao
governador de Ponda o affecto e vontade que em mym acharão os vassallos del rey Mogor e a
mesma experimentarão em todas as occaziões que se offerecerem visto a amizade que o dito
rey tem com este Estado. Os cavallos que mandey entregar erão onze, e nenhum delles era
ferido afora os tres que chegarão. Por outra parte vay a ordem que o Sonagi Rao me pede.
Nosso Senhor ettc.a Goa 27 de Outubro de 1698. Antonio Luis Gonçalvez da Camara
Couttinho.
[Carta do vice-rei da Índia, António Luís Gonçalves da Câmara Coutinho] Ordem para a o
Capitam de Salcete
O capitam da fortaleza de Rachol ... a familia de Sonagi Rao com sete cavallos e vinte e sinco
homens que hão ... sua companhia e não consentira que entre mais gente de armas. Goa 27 de
Outubro de 1698. Rubrica do senhor vice rey.
[Carta do vice-rei da Índia, António Luís Gonçalves da Câmara Coutinho] Para Fonda
Saunto dessay
Receby a carta do dessay Fondda Saunto, em reposta da que lhe escrevy que me trouxe o seu
bragmane Ambagi Sinay e vejo o que nella me diz, e me não satisfaço com as rezões que o
dessay Fondda Saunto me dá por se não rezolver em couza nenhuma do que lhe escrevy,
porque a minha tenção toda he restetuir os cavallos que tomarão a Pir Can, esta[ndo deb] aixo
do amparo das terras do Estado, e mandar me o capitão que fez a entrada em ... em sinal de
298
huma satisfação para exemplo dos mais, e não se me dá das guerras que os Bonsullos fazem
aos vassalos del rey Mogor nas suas proprias terras, porque nellas o Estado se não acha com
empenho nenhum, e assym volta este bragmane, e por elle me mande o dessay Fondda Saunto
a reposta logo do que nesta lhe digo para confor[me a ella] rezolver o que me parecer
conveniente em ordem a reputação e credito do Estado ... hei de attender com todas as forças
para o conservar, e quando o dessay me não responda ... ficarey entendendo que não quer ter
correspondencia com a nasção portugueza. Nosso Senhor ettc.a Goa 27 de Outubro de [1]
698. Antonio Luis Gonçalvez da Camara Couttinho.
Receby a carta de Vossa Merce, e estimo muito tenha reconhecido na minha attenção o
quanto dezejo estabelecer aquella amizade que a magestade del rey Mogor e seus
governadores tiverão sempre com este Estado, e espero em Deos que no tempo do meu
governo não haja falencia na boa sociedade desta correspondencia e para lho dar a conhecer
assym estranhey a Qhema Saunto o excesso que cometeo com o Pir Can e mandey entregar os
cavallos que se acharão nas terras deste Estado ao cunhado do dito Pir Can, e juntamente
tenho ordenado se restituão os mais que se tomarão no comflicto, e por se não ter até o
prezente posto em execução esta ordem e remetido a minha prezença o capitão que cometeo
este excesso tenho mandado lançar bando para que os Bonsullos que se acharem nas terras
deste Estado se retirem dellas no termo de tres dias com penna de morte, e que não sejão
admetidos a entrarem nellas, e fico dispondo manda lo castigar como merece pello
atrevimento que teve em cometer este delicto nas terras deste Estado, e assym pode Vossa
Merce estar certo que para os vassallos da magestade del rey Mogor que a ellas quizerem
passar acharão sempre a entrada franca, e tudo o mais que de minha protecção se quizerem
valer, e aos cabos ordeno o executem assym e ponhão todo o cuidado e vigilancia para que se
impida a comonicação que os Bonsullos tinhão com este Estado, e delle se não possão valer
de nenhuma couza que lhe seja util para a guerra que emprehendem no que he sem duvida a
não experimentarão contra sy pequena, e só sinto que Vossa Merce
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se ache destetuido do poder necessario para conservar as terras e vassallos del rey seu senhor,
mas como me segura que em breves dias o espera inda podera chegar a tempo que rebata o
orgulho deste atrevimento, e eu pella minha parte lhe não faltarey, a lhe valer com tudo que
me for possivel.
Sobre os dessais que Vossa Merce me reprezenta serem os motores destas alterações quando
se achem incurços nellas como Vossa Merce me afirma os castigarey como merece a
gravidade desta culpa para que os mais não cometão outro delicto semelhante ao que se lhe
acumule. Nosso Senhor ettc. Goa 29 de Outubro [de] 1698. Antonio Luis Gonçalvez da
Camara Couttinho.
[Carta do vice-rei da Índia, António Luís Gonçalves da Câmara Coutinho] [63] Para Nagogi
Naique
Receby a carta que Nagogi Naique me escreveo com o parabem do bom sucesso com que
cheguey a esta ci[dade] e lhe fico muy agradecido a este bom [ter] mo e o que uza com o
governador de Ponda mostrando nelle s ... ao serviço da magestade del rey Mogor porque
como este Estado tem com elle toda a sociedade, e boa correspondencia estimo os meyos de
lhe ver em todos os seus particulares bom sucesso para o qual não faltarey a concorrer com
tudo aquillo que lhe for de prestimo, e na mesma forma a Nagogi Naique. Nosso Senhor etc.
Goa 29 de Outubro de 1698. Antonio Luis Gonçalvez da Camara Couttinho.
[Carta do vice-rei da Índia, António Luís Gonçalves da Câmara Coutinho] Para o Nababo de
Ponda
Receby a carta de Vossa Merce e vejo o que nella me dis em ordem a amisade que tem
experimentado deste Estado, a qual se conservara sempre reciprocamente; e esteja Vossa
Merce certo que as armas do muito alto muito poderoso rey de Portugal meu senhor sempre
mostrão lealdade com seus amigos quanto mais com o rey Mogor acudindo em todas as
occazioens dos apertos que seus vassallos se acharem.
Mandey lançar bando como tenho ... a Vossa Merce que todos os Bounssullos que estissem
(sic) nas terras do Estado saissem logo dellas com penna de morte natural recolhendo nellas
todos os
300
vassallos del rey Mogor com advertencia que passem logo a praça de Ponda para assistirem
ao serviço do dito rey Mogor, e nes[ta consi] deração digo a Vossa Merce que estou prompto
para acudir e socorrer a tudo que toccar ao dito ... m queira marchar com seu exercito ... por
terra contra os alevantados com ... deitarey todas as embarcações de guerra por mar só para
castigar ao (sic) ditos levantados e reduzi los a obediencia do dito rey Mogor e para este
effeito fuy ontem a tarde sondar os rios desta cidade que confinão com essas terras para ver a
paragem mais capaz para surgirem as embarcações que digo quando seja necessario e para
tudo o mais que se offerecer me tem muito certo visto a amisade que há entre os ambos
estados. Nosso Senhor ettc.a Goa 4 de Novembro de 1698 Antonio Luis Gonçalvez da
Camara Couttinho.
[Carta do vice-rei da Índia, António Luís Gonçalves da Câmara Coutinho] Para o Mesmo
Nababo
Esta serve de reposta a carta que me entregou o Amada Sarangue e como ja tenho respondido
a outra que tive de Vossa Merce, que contem a mesma materia não me pareceo conveniente
ser mais largo nesta e só lhe digo que me tem muito prompto para attender a todos os
particulares que tocarem ao rey Mogor e a seus vassallos, e receberey particular gosto que
chegue a Vossa Merce o exercito que diz para castigar ao levantado de tal maneira que sirva a
outros para não atreverem a cometerem semelhante desobediencia e no que tocca aos dessais
que estão debaixo do emparo deste Estado em pertencerem confederar com o dito alevantado
como Vossa Merce diz parece me que são informações vans que derão a Vossa Merce.
Comtudo ordenarey que se faça todas as dilligencias, e achando ser assym lhes mandarey dar
todo o castigo. Nosso Senhor etc. Goa 4 de Novembro de 1698. Antonio Luis Gonçalvez da
Camara Couttinho.
[Carta do vice-rei da Índia, António Luís Gonçalves da Câmara Coutinho] [63 v] Para
Sonagy Rao
Recebi a carta de Sonagy Rao e tenho entendido o que nella me diz e lhe agradeço a vontade
com que trata as couzas tocantes as couzas deste Estado e com a mesma me achara para
attender a todos
301
os particulares que tocarem ao rey Mogor visto mo ter assy recomendado o muito alto e muito
poderoso rey de Portugal meu senhor. E quando Sonagi Rao queira vir a minha prezença, e
pode fazer porque ca de mais perto trataremos sobre o negocio em que me falla para o que
vay a ordem incluza de que parte (sic) ao governador de Pondda não faltarey a sua familia que
mora em Lottolim no que de mim se valler. Nosso Senhor ettc. Goa 4 de Novembro de
[1]698. Antonio Luis Gonçalvez da Camara Couttinho.
O capitão de qualquer paço por ... Sonagi Rao a esta cidade o deixem passar com seis homens
de armas ... Novembro de [1]698. rubrica do senhor vice rey.
[Carta do vice-rei da Índia, António Luís Gonçalves da Câmara Coutinho] Alavrady Bega
bacaxy de Pondda
Receby a carta de Vossa Merce, e tenho entendido o que nella me diz e lhe agradeço a
estimação que fez da minha chegada a este Estado e nelle me tem Vossa Merce com a mesma
correspondencia da amizade que experimentou no meu antecessor, e pera attender a todos os
particulares que toccarem a el rey Mogor. E sou informado que Vossa Merce se ... serviço
com todo o zello, e folgarey que continue nelle com o mesmo. Nosso Senhor etc. Goa 6 de
Novembro de 1698. Antonio Luis Gonsalves da Camara Coutinho.
[Carta do vice-rei da Índia, António Luís Gonçalves da Câmara Coutinho] Para Hirogi Rane
Vejo o que me diz Herói Rane ... sua, e fez bem em retirar dos Bonsullos aos quaes pretendo
dar todo o castigo que for possivel pella ma correspondencia que tiverão com este Estado
principalmente o Qhema Saunto que esquecido do muito que devia a este Estado mandou por
sua gente fazer o excesso na ilha de Colvim, e advirto a Hirogi Rane que não faça danno
algum a Haria Gaunço te ordem minha, e se deixe estar nas suas terras deffendendo as da
invazão do alevantado acudindo a tudo o que toccar ao serviço do rey Mogor
302
e a mym me achara Hirogi Rane para o que lhe toccar. Nosso Senhor ettc. Goa 6 de
Novembro de 1698. Antonio Luis Gonsalves da Camara Couttinho.
[Carta do vice-rei da Índia, António Luís Gonçalves da Câmara Coutinho] Para Sidy
Abudula Fradu Cany
Receby a carta de Vossa Merce e tenho entendido o que nella me diz, e da assistencia que faz
nessa fortaleza de Dargaddy, e a correspondencia que tem com a gente das terras de Bardez e
a boa passagem que fez aos moradores dellas e lhe agradeço a vontade que mostra para as
couzas deste Estado, e quanto ao levantado Qhema Saunto e os mais dessais confederados
delle da pouca attenção que teve ao muito que devia a este Estado em entrar na ilha de Calvim
e nella matar a Pir Can que vivia debaixo do amparo das terras do mesmo Estado motivo hé
este que me obriga a tomar delle satisfação por todas as vias que me for possivel, e assym
estou preparando todos os pretrechos de guerra para este effeito e no que tocca o socorro que
Vossa Merce me pede tenho ordenado ao capitam de Bardes que quando se ache essa praça
apertada pelo dito alevantado o (sic) mande o que for possivel visto ella ser del rey Mogor
com quem o Estado tem pax e para tudo o que se offerecer me tem certo. Nosso Senhor etc.
Goa 6 de Novembro de 1698. Antonio Luis Gonçalvez da Camara Couttinho.
[Carta do vice-rei da Índia, António Luís Gonçalves da Câmara Coutinho] [64] Para o
Nababo de Ponda
Estimey muito a carta de Vossa Merce por me certificar nella que passa com saude, e
juntamente estar ... na boa correspondencia que tem experimentado do Estado, e fique Vossa
Merce certo que não hei de faltar a ella para tudo o que tocar a el rey Mogor e muito mais
estimara que ao dito rey Mogor fosse prezente o que tenho ob[ra] do e me acho com o mesmo
afecto para tudo o que se offerecer ao diante, e quisera que me significasse o dito rey por carta
sua para el rey de Portugal meu senhor ter noticia de tudo, e assym, que se me não achasse
autualmente com a expedição da armada de alto bordo, que vay de socorro a fortaleza de
Mombaça ja m ... campanha contra os inimigos do rey Mogor comtudo quando os Bonssullos
intente ... contra essa praça de Pondá com o aviso
303
de Vossa Merce lhe ira tudo quanto o de que necessitar, e como de prezente me pede Vossa
Merce sinco mãos de polvora e poucas ballas lhe remeto sinco barris della, e outras tantas
cunhete (sic) de balas, que he em tresdobro. Agradeço a Vossa Merce do offerecimento que
fas ao Estado das terras. Logo trataremos sobre este particular, e não convem por ora arrasar a
praça de Dargaddy porque não sera de credito entre esses levantados os quaes ja me pedem
misericordia, e quando elles se ajustem comigo se ha de ser restetuir tudo ao que tocca a el
rey Mogor e a seus vassallos; ao capitão de Bardes tenho ordenado que socorra a fortaleza de
Dargaddy, quando seja nesseçario, e o capitão della pedir. O Amada Sarangue me comonicou
tudo e o ... a Vossa Merce lhe dara inteiro credito. Nosso Senhor etc. Goa 10 de Novembro
[1] 698. E leva o dito Amada Sarangue ordens para passar a gente que Vossa Merce manda de
soccorro a dita fortaleza. Antonio Luis Gonçalvez da Camara Coutinho.
[Carta do vice-rei da Índia, António Luís Gonçalves da Câmara Coutinho] Para o mesmo
Nababo
Receby a carta de Vossa Merce, alem a (sic) que me trouxe o Amada Sarangue, o qual leva
sinco barris da polvora, e outras tantas cunhetes de ballas, e tudo o mais de que necessitar em
defença dessa praça com o aviso de Vossa Merce o mandarey.
A noticia que Vossa Merce diz teve de que o Qhema Saunto pertendia mandar me embaxador
hé vam, porque esta faculdade hé so premitada (sic) aos reis como he o rey Mogor e não as
pessoas particulares, quanto mais Qhema Saunto que hé muito vil, e fique Vossa Merce certo
que não ha de haver por parte do Estado, e da minha couza que encontre a amizade que o rei
Mogor tem com o Estado, e estimo que Vossa Merce lhe fizesse prezente, e folgarei que me
venha carta sua. Nosso Senhor ettc. Goa 10 de Novembro de 1698. Antonio Luis Gonçalvez
da Camara Couttinho.
[Carta do vice-rei da Índia, António Luís Gonçalves da Câmara Coutinho] Para o Bacaxy de
Pondá
Receby a carta de Vossa Merce e estimey muito por entender que passa com saude; e tenho
entendido o que nella me diz e esteja certo
304
que para todos os particulares que tocarem a el rey Mogor me tem com aquella (sic) affecto
que primite a amizade e nesta concederação tenho obrado nesta presente ocazião tudo o que
for possivel como he patente ao governador de Ponda a quem mandey polvora e ballas mais
do que elle me pedia e hei de socorrer todas as praças do dito rey Mogor quando for
necessario e quizera que tivece elle noticia disso e me significasse esta correspondencia com
carta sua para a ter el rey de Portugal meu senhor e afirmo a Vossa Merce que se não fora
minha prevenção tão publica contra os Bonossullos (sic) havião elles de hir infestar essa praça
de Pondá. Quando seu irmão de Vossa Merce vier a minha prezença achará em mym todo o
expidiente o negocios que trouxer. Nosso Senhor etc.a Goa 11 de Novembro de 1698.
Antonio Luis Gonçalvez da Camara Couttinho.
GLOSSÁRIO
Dão-se aqui os significados dos termos de mais difícil compreensão. Quase todos eles são de
origem asiática. Utilizou-se o magnífico Glossário Luso-Asiático, de Mons. Sebastião
Rodolfo Dalgado, 2 vols., impresso em Coimbra, na Imprensa da Universidade, 1919-1921.
Quando há referência a termos registados nos dicionários, servimo-nos do dicionário de
Cândido de Figueiredo.
307
3. Do vice-rei, conde de Vila Verde, para Luís Pilavoine, director-geral da Real Companhia
de França em Surrate.
Goa, 2 de Junho de 1693
108-109
12. Do mesmo para o padre Diusse, da Companhia de Jesus, em Surrate. Goa, 2 de Setembro
de 1693
112-113
13. Do mesmo para Rostomogi Manecagi, corrector dos Portugueses em Surrate.
Goa, 16 de Setembro de 1693
113
15. Do mesmo para o padre Diusse, da Companhia de Jesus, em Surrate Goa, 17 de Fevereiro
de 1693
114
314
315
41. Do mesmo para o padre João Gomes da Companhia de Jesus em Tanor. Goa, 27 de Abril
de 1694
126
48. Do mesmo para o governador da Serra de Rairy, vassalo do rei Mogor. Goa, 9 de Agosto
de 1694
129-130
316
83. De Manuel Pereira Peres, secretário do Estado para Qhema Saunto. Goa, 14 de Março de
165
150-151
84. Do vice-rei da Índia, conde de Vila Verde para o director da Real Companhia de França.
Goa, 20 de Julho de 1694
151
98. Do secretário de Estado, Manuel Peres para o divão de Pondá, Mamede Rafy.
Goa, 30 de Março de 1695
164
318
100. Do vice-rei da Índia, conde de Vila Verde para o príncipe do Canará. Goa, 14 de
Outubro de 1694
165
112. Do vice-rei da Índia, conde de Vila Verde para Bacaxy, ministro do rei Mogor.
Goa, 25 de Novembro de 1694
171
319
126. Do vice-rei da Índia, conde de Vila Verde para Mamede Rafi Can, divão de Pondá.
Goa, 21 de Abril de 1695
179
320
149. Do mesmo para Luís Pilavoine, director da Real Companhia de França em Surrate.
Goa, 9 de Outubro de 1695
197
155. Do mesmo para Luís Pilavoine, director da Real Companhia de França em Surrate.
Goa, 13 de Outubro de 1695
200
321
179. Cópia duma carta do rei da Pérsia para Francisco Pereira da Silva, capitão-mor do
Estreito.
s/d
212-213
180. Carta do vice-rei da Índia, conde de Vila Verde para o rei da Pérsia.
Goa, 17 de Março de 1969
213
322
193. Traslado dos capítulos do acordo feito entre o capitão-mor do Estreito, Francisco Pereira
da Silva e o rei da Pérsia
223-226
194. Carta do vice-rei da Índia, Conde de Vila Verde para José Pereira, superintendente do
Congo.
Goa, 19 de Março de 1696
226
198. Do mesmo para o padre Afonso Mendes, missionário jesuíta em Sunda. Goa, 7 de Maio
de 1696
229
323
324
325
326
283. Do vice-rei da Índia, conde de Vila Verde para o feitor do Congo, Manuel Roiz de
Andrade.
Goa, 3 de Fevereiro de 1698
280-281
297. Do comandante de Cochim, Hendre Zuaau de Crom para o conde de Vila Verde.
Cochim, 26 (?) de Fevereiro de 1698
288-289
328