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Trata-se simplesmente de um fenômeno de “empréstimo linguistico ”feito pelo português provocado por uma
situação de contato entre línguas e conceitos como “influência”, “crioulização” ou “semicrioulização”.
Empréstimos lingüísticos
Baseados em trocas bilaterais entre línguas africanas e o português aconteceram fora do Brasil; em Portugal,
primeiramente, na África Austral, principalmente em Angola e Moçambique.
O estoque lexical
O português teve uma convivência estreita com as línguas africanas, e o seu vocabulário enriqueceu-se nesse
contato. A predominância é das que têm origem no Quibundo, como angu,tutu,binga, milonga, mocanbo, etc.
Pedro Dias publicou em 1697 “Arte da Língua de Angola”. Esta obra trata-se de um levantamento dos termos
quibundos atestado no Brasil.
Está obra nasceu com intuito de proporcionar aos senhores de escravos um aprendizado desta língua para ser
utilizada no trato com os escravos. Foi uma obra fundamental para a época da exploração das minas.
Gruce: língua nigero-congolesa da subfamília gur, subgrupo grusi ou gurúns, falada no Tongo , Gana, Benim e
Burkina Faso: atestado 172 vocábulos;
Jeje: língua nigero-congolesa da subfamília cuá , grupo gbe, falada no Togo e no Benim: atestados 86
vocábulos;
Haúça: língua da família afro-asiática, subfamília chádica, falada na Nigéria: atestados 88 vocabulos;
Canúri: língua nilo-saariana, subfamília saariana, falada na Nigéria , Chade e Nínger: atestados 88 vocábulos;
Tapa: língua nigero-congolesa da subfamília benuê-congolesa, subgrupo nupóide, falada na Nigéria: atestado
60 vocábulos.
CUÁ
BANTO Família linguística africana à qual
Família linguística africana à qual
pertencem as seguintes línguas
pertencem as seguintes línguas
Vocabulário de base é um núcleo de vocábulos cujas noções simples e fundamentais são relativamente
estáveis e suscetíveis de ser traduzida por uma só palavra na maior parte das língua. Vocabulário comum além
de mais extenso é o mais aberto, ou seja, os seus vocábulos não pertencem a somente um domínio, já que
pode ser verificado em diferentes contextos do cotidiano. ( cf Bonvini, pp 117)
Vocabulário comum entende-se por um vocabulário que está aberto as todas as noções, não é limitado a uma
categoria de objetos e é constituído de termos que se poderiam designar aplicáveis aos diferentes contexro do
cotidiano. Por vocabulário de especialidade entende-se um conjunto de termos reservados a domínios
delimitados e específicos de conhecimento ou atividades e empregos. Por isso são exclusivos.
Português de Portugal - Historicamente, como a primeira temos a obra de Rafael Bluteau, “ Dicionário da
língua portuguesa”, data de 1912. Nela encontramos 91 termos, dos quais 15 são considerados pelo autor como
originários de Angola ( bumba, candonga, candogueiro, catinga, etc.). No Brasil os termos atestados são 7
( beiju, cacimba, maacuma, maribonda, mazombo/ muzombo, mocama’os e moleque). Logo a seguir temos a
obra de Antônio de Moraes Silva, “Dicionário da língua portuguesa” de 1789. É considerado o primeiro
monolíngue do português**. Na sua obra Moraes cita todos os vocábulos anteriormente atestados por Bluteau, e
acrescenta mais alguns ( bugiganga, cafuné, calhanbota, mamona, parapanda,etc).Temos que atentar ao fato
de que essas duas obras são do tipo de vocabulário de especialidade, já que trata-se de termos específicos,
colhidos na época da escravidão.
Português de Angola – com o trabalho de Heintze, 1622-1635, encontramos 105 termos, dos quais somente
16 são confirmados no Brasil ( casimba, fubá, ganga,infuca, libambo, macota, macuta, malafo, moleca,
moleque, pombeiro, querimbo quilombo, quitanda, senzala, tanga e zimbo). Outros autores de igual importância
são listados ( cf Bonvini, pp 118-121).
É fato que os vocábulos de origem africanas estão entre nós. O que nos importa saber é: esse empréstimo ao
chegar aqui manteve seu significado natural ou foi sedimentado, gerando nele um novo conceito?
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* Bibliografia
Fiorin, José Luiz - Petter, Margarida ( org ); África no Brasil. A formação da língua portuguesa.
** Histórias das idéias lingüísticas: Construção do saber metalingüísticos e a contituição da Língua Nacional. / organizadora :
Orlandi, Eni P – Campinas, SP: Editora Unemat – 2001.
*** O portugues da gente: a língua que estudamos a língua que falamos / Ilari, Rodolfo; Basso, Renato.2ª ed – SP :
Contexto,2009. ( cf pp 75 ).