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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA (UNEB)

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E TECNOLOGIAS DCHT CAMPUS XVI


LICENCIATURA EM LETRAS, LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURAS

Resenha do livro
Linguística Africana: Passado e Presente

IRECÊ-BA
31 de setembro de 2023
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA (UNEB)
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E TECNOLOGIAS DCHT CAMPUS XVI
LICENCIATURA EM LETRAS, LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURAS

Paulo Pereira da Silva ¹

Resenha do livro

Linguística Africana: Passado e Presente

Resenha do livro Lingüística Africana: passado e


presente solicitada pelo o Professor Dr. Elias
Santos, discente da disciplina Língua e cultura
África na Universidade do estado da Bahia-UNEB
Campus XVI

Prof. Ms. Dr. Elias Santos.

IRECÊ-BA
31 de Setembro de 2023

Língua Africana: Passado e Presente


O livro Introdução à Linguística Africana, organizado pela professora Margarida
Petter e publicado pela Editora Contexto, preenche uma lacuna existente nos
cursos de Letras brasileiros e contribui para uma reflexão acerca da educação
linguística na Educação Básica. A pesquisadora da USP organiza uma obra
que trata das línguas africanas sob dois aspectos: as línguas que entraram em
contato com o português no Brasil e as línguas que são faladas na África.

O tráfico transatlântico de escravos transplantou centenas de llínguas


africanas para o Brasil. Embora a Lei 9394/96 (Diretrizes e Bases da Educação
Nacional) tenha sido alterada para incluir a história e as culturas africanas e
afro-brasileira (10.639/03 e 11.645/08), os nossos currículos escolares e livros
didáticos não abordam adequadamente o contato linguístico entre aquelas
línguas e a língua portuguesa. As influências culturais africanas ─ e uso o
plural para marcar a presença no Brasil de povos oriundos de diversos países
do continente africano ─ estão presentes na nossa culinária, na nossa música,
na nossa religião, mas parece haver um “esquecimento” acerca de sua
contribuição para a formação do portugues brasileiro.

O prefácio é escrito pelo professor José Luiz Fiorin, que analisa a formação da
identidade brasileira a partir dos elementos linguísticos e conclui que, em nosso
processo de colonização e de criação de uma identidade nacional, excluiu-se a
presença do elemento africano, como se o português brasileiro resultasse
apenas do contato da língua europeia com o tupi do novo mundo:

A língua falada no novo país é um reflexo, na pronucia,


santaxe e no léxico, das suavidade e asperezas de
natureza da América. Que é que isso significa
exatamente? Que se trata de um portugues que mescla
o idioma ás línguas do novo mundo, pricipalemente o
tupi. Mas uma vez, não se reconhece nenhum papel às
líguas africanas na construção do portugues Brasileiro.
(…) A linguística afeicana nuca teve, até recentemente
qualquer status oficial nas universidades do Brasil.
(PETTER, 2015, p. 10-11).

Além da introdução e do prefácio, o livro é composto por mais oito capítulos. O


primeiro (“Linguística africana: passado e presente”) apresenta a periodização
da história da Linguística Africana em quatro períodos: 1440 a 1600
(“descoberta” do continente africano); 1600 a 1800 (continente africano como
fonte de mão de obra); 1800 a 1900 (variedades linguísticas africanas como
obstáculo à “civilização”); 1900 a 2000 (diversidade de línguas e universalidade
da linguagem); 1980 a 2000 (internacionalização da pesquisa africanista e
reavaliação das pesquisas anteriores).
O segundo capítulo (“A classificação das línguas da África”) esclarece os
critérios de classificação das línguas: elementos estruturais comuns, relação
com uma mesma língua de origem e proximidade geográfica. Os autores desse
capítulo destacam dois grandes grupos linguísticos dentre os quatro
conhecidos: línguas nigero-congolesas (considerado o maior tronco linguístico
do mundo, com 1.524 catalogadas) e línguas afro-asiáticas. Os capítulos
seguintes (“Fonologia”, “Morfologia”, “Sintaxe e Semântica” e “As línguas no
contexto social africano”) abordam a descrição, análise linguística e as relações
entre língua e sociedade no continente africano. Os capítulos finais (“Línguas
africanas no Brasil” e “Línguas africanas no Candomblé”) abordam a
contribuição das línguas africanas para a constituição do português brasileiro e
a sua preservação nas religiões brasileiras de matriz africana. Com uma
história milenar, a língua africana é portadora de uma diversidade cultural e
identitária extremamente rica. Este artigo irá explorar alguns aspectos
fundamentais do seu passado, presente e futuro

Origens: A língua africana tem raízes que remontam à época pré-colonial. Ela
tem uma ancestralidade que mistura diferentes línguas e dialetos usados por
diferentes tribos do continente africano.

Expansão: No decorrer dos séculos, a língua africana se expandiu graças ao


comércio e a troca de ideias entre diferentes povos. Através do tráfico de
escravos, a língua africana foi levada para as Américas, onde se transformou
em uma língua franca da resistência à opressão e ao racismo.

A língua africana foi influenciada por uma série de fatores ao longo de sua
história. Entre eles, podemos citar a colonização europeia, que impôs línguas
como o inglês e o francês como oficiais em muitos países africanos. Além
disso, as línguas africanas foram marginalizadas e subestimadas, o que gerou
um processo de perda da identidade cultural através de gerações. A língua
africana ainda é muito presente na vida cotidiana de diversos países africanos.
Em muitas regiões, ela é usada como uma língua franca, permitindo a
comunicação entre diferentes tribos e grupos étnicos. A língua africana exerce
um papel fundamental na expressão da cultura e identidade dos povos
africanos. Ela é usada em manifestações artísticas, religiosas e sociais, como
forma de valorizar as tradições populares. A língua africana é uma expressão
viva da diversidade cultural do continente africano. Ela é uma ferramenta
essencial para a preservação e valorização da memória coletiva dos povos
africanos. Através dela, se transmitiram e ainda se transmitem histórias, mitos,
lendas e experiências existenciais.

Incentivo ao ensino e à pesquisa em línguas africanas em instituições de


ensino superior e pesquisa,valorização e promoção das artes e da cultura dos
povos africanos através de eventos, festivais e concursos, promoção da
integração regional através do ensino em todos os níveis de educação.

Embora a língua africana ainda enfrente muitos desafios, há motivos para ser
otimista quanto ao seu futuro. O interesse crescente pelo estudo das línguas
africanas e a valorização da diversidade cultural podem contribuir para sua
preservação e revitalização, como diz um provérbio africano: "Se você quer ir
rápido, vá sozinho. Se quer ir longe, vá em grupo". Isso se aplica tanto à
preservação quanto à promoção da língua africana.

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