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9/5/23, 2:18 PM Línguas africanas – Wikipédia, a enciclopédia livre

Línguas africanas
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Existem várias línguas que pertencem a família de línguas não


africanas, como o malgaxe que é uma língua austronésia e o
africâner (que se pode considerar uma língua "nativa") que
pertence a família das línguas indo-europeias.

Línguas africanas
O continente africano impressiona por sua imensidão; extensão
geográfica, alta densidade demográfica, com uma população que
ultrapassa a marca de um bilhão de pessoas, distribuídas em
cinquenta e quatro países, e uma enormidade de desigualdades
sociais, étnicas; econômicas e políticas, além de magníficas
As línguas oficiais na África
riquezas naturais e um tesouro ainda maior quando se trata de
Afrikaans
cultura.
Árabe
Em termos linguísticos, a África é um continente muito rico, em Inglês
todo seu território são falados mais de dois mil idiomas, que Francês
corresponde a 30% dos idiomas de todo o planeta, (Afreaka) é Português
possível mesmo em áreas onde haja a prevalência de um idioma, Espanhol
pois ali também é possível a ocorrência de regiões onde se fale Swahili
outro idioma ou dialeto. Até mesmo grupos vizinhos podem falar outras línguas africanas
línguas distintas. (Geledés), tornando “o multilinguismo uma
característica medular do continente” (Afreaka). Porém, vale
ressaltar que o número de línguas pode variar até quase duas mil e quinhentas linguas, dependendo
das diferentes regiões e de diferentes estimativas, além dos quase oito mil dialetos. Em estudos
divulgados pela UNESCO constatou-se a inexistência de estados monolínguistas na África, havendo
países com duas ou três línguas e outros com mais de quatrocentas, como é o caso da Nigéria, o que
aponta para uma realidade muito complexa do ponto de vista do plurilínguismo, onde quase metade
dos países da África subsaariana possui uma língua que é tida como materna por mais de cinquenta
por cento da população e considerada segunda língua por outra parte dessa mesma população.
(UNESCO)

Ainda nesse contexto de multilínguismo, 56 línguas africanas são utilizadas pela administração
pública e outras 63, pelo menos, no sistema judiciário, uma vez que 26 dos países da África
Subsaariana autorizam o uso das línguas africanas em suas legislações. Na área comercial duzentas e
quarenta e duas línguas são utilizadas pelos meios de comunicação. Por não possuir alfabeto próprio,
algumas línguas africanas acabam sendo consideradas como dialetos e outras se utilizam do alfabeto
árabe, como é o caso do haussa e das línguas faladas na África do Sul e no Zimbábue, cujo ensino
fundamental é realizado em suas línguas nacionais e utilizam o alfabeto latino, usado na Língua
Inglesa.

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Conhecem-se mais de 1000 línguas africanas, que estão, atualmente, divididas nas seguintes quatro
famílias de línguas:

línguas afro-asiáticas
línguas khoisan
línguas nigero-congolesas
línguas nilo-saarianas

As Nigero-congolesas, considerada a maior por conta do número de falantes e de línguas, é a que


mais tem ligação com o Brasil, abrange grande parte da África ao sul do Saara, e tem o bantu entre
suas numerosas famílias linguísticas. A família afro-asiática ou Camito-semítica, predominante no
norte da África e estendendo-se até o sudoeste da Ásia e que abriga 240 línguas e 285 milhões de
falantes. A Nilo-Saariana, que surgiu no deserto do Saara antes da desertificação “No oeste
africano, a maior ramificação é a songai (que abrange diferentes línguas), com mais de três milhões de
falantes, presente na Argélia, Benim, Burkina Faso, Mali, Níger e Nigéria”. No leste africano, os
Maassai, que hoje habitam entre o Quênia e a Tanzânia, representam a ramificação de nome
homônimo e uma que pretende abranger os povos não negroides – os pigmeus, estes são do grupo
Coisan (khoi-Khoi e san, mais conhecidos como bosquímanos e hotentotes). (Geledés), possui cinco
ramificações. Os bosquímanos, um dos primeiros grupos habitantes do planeta, atualmente estão
localizados no sudoeste da África, na região do deserto de Kalahari, nos países Botsuana, Namíbia e
África do Sul; e pequenos territórios de Angola e Zâmbia. (Afreaka).

Línguas não-africanas faladas na África


Os grupos acima são as famílias de línguas originárias de África. No entanto, existem várias línguas
que pertencem a famílias de línguas não africanas, como o malgaxe que é uma língua austronésia e o
africâner (que se pode considerar uma língua "nativa", embora seja uma língua germânica) que
pertence à família das línguas indo-europeias, assim como o são, no léxico, a maioria das línguas
crioulas de África.

Para além disso, a maior parte dos países africanos adotou como, pelo menos uma das suas línguas
oficiais, uma língua europeia - o português nas ex-colônias portuguesas, o francês nas francesas, o
espanhol nas espanholas e o inglês nas inglesas - e, neste momento, estas línguas são faladas pela
população urbana desses países e, em geral, por todas as pessoas com uma escolaridade significativa.
A língua alemã e a língua italiana são ainda faladas por minorias respectivamente na Namíbia e
Camarões, que foram colônias alemãs, e na Somália, da qual uma parte foi colônia italiana.

Já no Norte da África, há uma grande predominância do idioma árabe como língua primária da
população (devido a influência de exploradores muçulmanos e árabes que colonizaram a região
originalmente), embora em alguns desses países, pelo menos uma língua de origem europeia também
seja falada, como por exemplo o francês na Argélia e o italiano na Líbia. Na Somália, Eritréia e
Etiópia, cada um dos seus respectivos idiomas oficiais são línguas semíticas.

Dos processos de colonização pelos quais passaram a maioria dos países africanos, os longos períodos
de exploração das nações invasoras se consolidaram em sua dominação por meio da comunicação.
Idiomas como o Francês, o Inglês, o Espanhol e o Português figuraram como base para a adoção de
idiomas oficiais, em parte considerável do continente.

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Diante disso, temos que de todos os 55 países africanos, 27 países apresentam apenas línguas
europeias como oficiais, enquanto que os outros 18 apresentam pelo menos uma língua europeia
como oficial. Alguns países como: Argélia, Líbia, Egito, Etiópia, Marrocos, Mauritânia, Saara
Ocidental, Somália e Tunísia apresentam uma presença linguística europeia praticamente nula (visto
que todos os países citados acima tem como idioma nativo línguas semíticas, tais como o árabe e
amárico, por exemplo). (Fonte: Conexão com África (portal Geledés).

Quando da independência dos países africanos, muitos optaram pela manutenção do uso dos idiomas
dos países colonizadores, com “a manutenção da memória das línguas originárias da África” e das
influências locais, que acabaram por formar novas línguas como o “crioulo”, em Maurício no Cabo
Verde e o “Pingin”, da Nigéria (Afreaka).

Influência das Línguas Africanas na Língua Portuguesa do


Brasil
Considerado por estudiosos um dialeto, resultado do desdobramento da Língua Portuguesa
desenvolvida nos territórios Português e Brasileiro, (Mendonça, 2012), o Português falado no Brasil
evoluiu sob as influências dos indígenas e dos negros que foram transportados do continente africano
para fins de escravização portuguesa ferentemente dos troncos linguísticos derivadas dos populações
indígenas, que obtiveram notoriedade na formação da Língua Portuguesa falada no Brasil, observou-
se, por parte dos estudiosos que se debruçaram sobre tal temática, que às línguas de origem africana
não se deu o mesmo valor como explica MENDONÇA (2012):

O tupi, como filho dileto, teve muito quem dele cuidasse, entre nós; desde o Império
que há indianólogos do vulto de Baptista Caetano e Couto de Magalhães, e os
africanismos encontraram só em Macedo Soares um precursor notável [...]

O autor esclarece que somente com a substituição da mão de obra indígena, praticamente
desaparecida a partir do século XVII, pelo trabalho dos negros escravizados, foi que se verificou a
influência do fator africano na língua portuguesa falada no Brasil.

[...] Na intimidade da família, na vida do campo bem como na cidade, o negro é uma
figura infalível. Esta transformação étnica reflete-se na esfera linguística, e a língua
acompanha a raça na sua evolução. Língua e raça formam dois elementos que têm
evolução paralela a ponto de serem muitas vezes confundidos. Como o negro fundiu
com o português e do consórcio resultou o mestiço, pareceria lógico que este mestiço
falasse um dialeto crioulo. (MENDONÇA, 2012)

Mendonça (2012) afirma, ainda, a possibilidade de ter havido dialetos crioulos no Brasil interiorano e
reforça a influência das línguas africanas, como a “nagô”, muito presente nos cultos religiosos e a
“mina”, no Estado da Bahia, fornecendo indícios dessa influência, como se constata na seguinte
afirmação:

O negro influenciou sensivelmente a nossa língua popular. Um contato prolongado de


duas línguas sempre produz em ambas fenômenos de osmose. Ao lado da
contribuição genérica e imprecisa que deu o africano para o alongamento das

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pretônicas e a elocução clara e arrastada, deixou sinais bem seus nos dialetos do
interior, principalmente. (MENDONÇA, 2012)

As influências mais evidentes remontam às de línguas como o fula e o sererê, originárias da região do
Sael africano; ao mandê, falado no Senegal, em Gâmbia e na Guiné-Bissau; o jeje; o fom; o hauçá; e o
canúri ou nifê, da família Nilo-saariana, dentre outras e de línguas da região sul da África como o
quicongo, o quimbundo e o umbundo. Outras pesquisas dão conta de que o Iorubá e o quimbundo
ganharam maior relevo, na Bahia e nas regiões Norte e Sul do Brasil, respectivamente. Apesar dessa
marcante e notória inserção, as descobertas sobre essa incidência linguística parecem caminhar a
passos lentos, dificultando o acesso a esse tesouro histórico tão relevante para a formação da
identidade cultural do povo brasileiro. Se formaram lacunas na busca pelo conhecimento acerca das
línguas africanas que tanto influenciaram a Língua Portuguesa falada no Brasil, muito provavelmente
estão relacionadas a ações do nosso passado não tão distante que foi a fase da colonização portuguesa
em território brasileiro, que coibiam revoltas, enfraquecendo os grupos linguísticos originários de
uma mesma região, bem como à visão “eurocêntrica e preconceituosa de recusar a participação do
africano e de seus descendentes na formação e construção do Brasil atual” (Afreaka, 2010).

Aceitar que nossa língua vigente é predominada de influências africanas, sejam elas
na morfologia, fonologia ou pronúncia, é reconhecer não apenas uma contribuição –
como algo apenas fragmentado – de África em nossa fala, mas uma participação
substancial e indispensável desta na constituição da identidade brasileira. (Afreaka)

Essas ações que buscaram “invisibilizar” a influência africana na construção da identidade brasileira,
é mais que evidente essa contribuição e esse “entranhamento”, observado não só no dicionário
brasileiro onde constam mais de mil e quinhentas palavras de origem africana (Afreaka), bem como
de modo mais expressivo nos diversos setores da Língua Portuguesa conforme analisou Yeda Pessoa
de Castro:

[...] tal influência vai além do dicionário: “Explicar o avanço do componente africano
nesse processo é ter em conta a participação do negro-africano como personagem
falante no desenrolar dos acontecimentos e procurar entender os fatos relevantes de
ordem socioeconômica e de natureza linguística que, ao longo de quatro séculos
consecutivos, favoreceram a interferência de línguas africanas na língua portuguesa,
no Brasil. Isso se fez sentir em todos os setores: léxico, semântico, prosódico, sintático
e, de maneira rápida e profunda, na língua falada”.

Nesse entendimento torna-se imperativo considerar que é evidente a contribuição das línguas
africanas para o Português falado no Brasil, e como a influência africana alterou a maneira de falar e
agregou relevantes valores à cultura brasileira, ampliando percepções e promovendo a
multiculturalidade e o respeito às diversidades.

O estudo das línguas africanas


Na Europa, existe um projeto em curso no sentido de criar um currículo comum em línguas e
linguística africana chamado EEQUALL (European Equivalences In African Languages And
Linguistics), que se pretende permitir que os estudantes tenham créditos de diferentes universidades.

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Nos Estados Unidos o ensino de línguas africanas atraem estudantes de herança africana e outros que
buscam uma educação multicultural. Infelizmente, muitos desses programas não têm os requisitos
básicos para funcionarem, pois faltam professores qualificados, instalações, financiamento público ou
privado, livros didáticos que por muitas vezes é o próprio professor que produz, além de aulas
regulares. As línguas africanas raramente fazem parte das ofertas regulares de línguas estrangeiras
institucionalizadas. Em algumas cidades, no entanto, os professores incentivam o ensino de idiomas
africanos e mobilizaram o apoio da comunidade, o envolvimento dos pais e os diretores das escolas.

No Brasil não temos línguas africanas sendo ensinadas nas escolas, temos apenas projetos
educacionais que ensinam sobre a história e cultura africana e afro-brasileira.

Línguas oficiais

Além das antigas línguas coloniais do Inglês, Francês, Português, e Espanhol, apenas algumas línguas
são oficiais a nível nacional. Estas são:

Árabe, na Argélia, Comores, Chade, Djibouti, Egito, Eritreia, Líbia, Mauritânia,[1] Marrocos,
Somália, Sudão, e Tunísia
Suaíli na Tanzânia, Quénia, Uganda, Burundi, e Ruanda
Nianja no Maláui
Amárica na Etiópia
Somali na Somália
Tigrínia na Eritreia (tecnicamente, uma língua de trabalho)
Quiniaruanda no Ruanda e intimamente relacionado ao Quirundi em Burundi
Sango na CAR
Suázi na África do Sul e Essuatíni
Malgaxe no Madagáscar
Crioulo de Seychelles nas Seicheles
Xona no Zimbábue
Afrikaans, Ndebele, Xossa, Zulu, Pedi, Soto, Tsuana, suázi, Venda, e Tsonga na África do Sul, o
único país multilíngue com estatuto oficial difundido para as suas línguas nativas, além do
Inglês.[2]

Ver também
Polyglotta Africana
Joseph H. Greenberg

Referências
1. CIA - The World Factbook (https://www.cia.gov/library/publications/the-world-factbook/geos/mr.htm
l)

https://pt.wikipedia.org/wiki/Línguas_africanas 5/6
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2. «Cópia arquivada» (https://web.archive.org/web/20110304001836/http://www.southafrica.info/abo


ut/people/language.htm#). Consultado em 23 de novembro de 2010. Arquivado do original (http://
www.southafrica.info/about/people/language.htm#) em 4 de março de 2011

Ligações externas
African Languages at the K-12 Level (http://www.ericdigests.org/1997-3/african.html) - estudo das
línguas africanas nas escolas gerais dos Estados Unidos
Africa Ethnologue - Línguas dos Países de África (http://www.ethnologue.com/country_index.asp?
place=Africa)

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