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As línguas indígenas e africanas entram na relação como línguas de povos

considerados primitivos a serem ou civilizados (no caso dos índios) ou


escravizados (no caso dos negros). Ou seja, não há lugar para essas línguas e
seus falantes. No caso da imigração, as línguas e seus falantes entram no
Brasil por uma ação de governo que procurava cooperação para desenvolver o
país. E as línguas que vêm com os imigrantes eram, de algum modo, línguas
nacionais ou oficiais nos países de origem dos imigrantes. Essas línguas são
línguas legitimadas no conjunto global das relações de línguas, diferentemente
das línguas indígenas e africanas.
Segundo o projeto Idiomas em Risco (The Endangered Languages
Project) cerca de 40% dos quase 7000 idiomas existentes no mundo correm o
risco de desaparecer.
Uma língua ameaçada é a língua que possui uma base de falantes cada vez
menor e geralmente não é mais a língua materna das crianças da região. A
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
(UNESCO) classifica as línguas como seguras, vulneráveis, definitivamente
ameaçadas, severamente ameaçadas, criticamente ameaçadas ou extintas.
Essas classificações ajudam os linguistas a decidir até que ponto uma língua
está ameaçada.
O Manual de Cambridge de Línguas Ameaçadas (The Cambridge Handbook of
Endangered Languages) afirma que o comprometimento das línguas é afetado
pelo seu número de falantes, os locais onde se pode utilizá-la e o apoio a favor
ou contra a língua.
Outros fatores que ocasionam prejuízos à língua incluem situações de
colonialismo (e variações), pressões econômicas, imigração, políticas
linguísticas, atitudes a favor ou contra uma determinada língua e
padronizações.
O Brasil possui mais de 200 línguas faladas no país e cerca de 180 dessas
línguas são indígenas. O número exato de línguas ameaçadas é incerto porque
frequentemente há uma imprecisão na documentação de línguas indígenas e
uma falta de clareza entre o que constitui um dialeto e o que constitui uma
língua.
Esta pesquisa usa os sites ELP (Endangered Languages
Project), o Ethnologue e o Atlas Unesco das Línguas do Mundo em Perigo para
saber quantas línguas estão ameaçadas no Brasil. Essas três bases de dados
mostram que há 172 línguas ameaçadas no Brasil.

A partir dos dados acima, verificamos que a maioria das línguas no Brasil são
de fato indígenas. Muitas dessas línguas estão ameaçadas, devido à sua
pequena base de falantes. A maioria dessas línguas é usada por menos de
1.000 pessoas e algumas até por menos de 100 indivíduos. Essa base
reduzida de falantes torna essas línguas particularmente vulneráveis.

No Brasil também se falam línguas afro-brasileiras como o Iorubá, línguas


crioulas na fronteira com o Suriname, línguas de sinais, como Libras e ainda
línguas de imigração, nas comunidades de imigrantes japoneses, poloneses,
venezuelanos, bolivianos e italianos.
A valorização e a preservação das línguas faladas no Brasil motivaram a
criação de políticas públicas, movimento que já era defendido há décadas
pelos especialistas da área e que foi institucionalizado em 2010 pelo Iphan com
o lançamento do Inventario Nacional de Diversidade Linguística (INDL).
O objetivo do INDL é pesquisar as línguas e reconhecê-las oficialmente como
patrimônio cultural, o que contribuiria para que elas não desaparecessem.
O trabalho, no entanto, está muito longe de terminar. Até o momento, das
centenas de línguas faladas no pais, o Brasil reconheceu oficialmente como
patrimônio cultural, sem considerar a Língua Portuguesa, apenas sete: a
línguas Asurini, cujos falantes habitam a Terra Indigena Trocará, em Tucurui
(PA), a língua Guarani M’bya, identificada como uma das três variedades
modernas da língua Guarani, as línguas Nahukuá, Matipu, Kuikuro e Kalapalo,
falada na região do Alto Xingu (MT), e o Talian, formado a partir do contato de
distintas línguas originarias da região do Vêneto, na Italia e presente no interior
dos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso e
Espirito Santo.
Outras línguas estão em processo de inventario e posterior reconhecimento,
como o Hunrusckisch falada por descendentes de imigrantes alemães e a
Lingua Pomerana, falada pelo povo pomerano, reconhecido como comunidade
tradicional.
Projetos financiados pelo governo:
I. Levantamento Socio-linguistico e Documentação da Lingua e das
Tradiçoes Culturais das Comunidades Indigenas Nahukwa e
Matipu do Alto-Xingu
II. Proponente: Museu Nacional/UFRJ, Bruna Franchetto

III. INDL – Inventario da Lingua Guarani-Mbya


Proponente: IPOL
IV. INDL – Inventario da Lingua Ayuru
Proponente: Museu Paraense Emilio Goeldi – MPEG

V. A Libras no Nordeste: um levantamento linguístico das variantes


usadas nas comunidades de surdos de João Pessoa-PB e Recife
–PE
Proponente: LAFE/UFPB E UNICAP

“A língua de um povo é a sua alma.”


Johann Gottlieb Fichte

Fontes

https://amazonialatitude.com/falar-e-existir-the-case-of-endangered-languages-in-brazil-and-
ecuador/

Línguas do Brasil, art. P 24,25,26

https://dialogosdosul.operamundi.uol.com.br/brasil/69385/com-190-linguas-em-risco-de-
extincao-riqueza-cultural-do-brasil-corre-risco-de-desaparecer-diz-unesco

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