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© 2011 , Os autore s

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C759 Os contat os linguís ticos no Brasil / Helian a Mello,


Cléo V. Altenh ofen,
Tomm aso Raso, organi zadore s. - Belo Horizo nte
: Editor a UFMG ,
2011.
482 p. : il.

Inclui bibliog rafia .


ISBN: 978-85-7041-868-5

1. Linguí stica - Brasil. 2. Linguí stica - Histór ia. 1. Mello, Helian a.


li. Altenh ofen , Cléo V III. Raso, Tomm aso.

CDD: 410.9
CDU: 81 (81 )

Elabor ada pela DITTI - Setor de Tratam ento da Inform


ação
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COORDENAÇÃO EDITORIAL Danivi a Wolff


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Línguas indígenas 1

Denny Moore

1. Contexto histórico
A população indígena que atualmente vive no Brasil foi muito maior
no passado, com uma multiplicidade de sociedades e línguas. Segundo
Roosevelt (1994), a cerâmica mais antiga no Novo Mundo (6000-8000 anos
no passado) foi encontrada no Rio Amazonas, na planície aluvial na qual
populações densas moravam na época do primeiro contato europeu. Outras
regiões do Brasil, tais como o planalto central, o N ardeste semiárido e a
região meridional, eram igualmente habitadas por consideráveis populações
indígenas, muitas das quais foram destruídas ou absorvidas.
O contato europeu começou com a chegada da esquadra liderada
por Pedro Álvares Cabral em 1500. Ele encontrou alguns Tupinambás na
costa leste do Brasil. A imigração europeia foi relativamente limitada nos
dois primeiros séculos. O homem europeu frequentemente tinha esposas
indígenas e uma classe de mestiços foi produzida, fato que foi importante
no processo de colonização. Durante esse processo, um grande número
de nativos foi realojado e obrigado a aprender a língua do mestiço, Língua
Geral ou Nheengatú (Nhengatu), uma língua Tupí-Guaraní originalmente
falada na costa que foi modificada por efeitos do substrato e empréstimos
do português. Vários dialetos do Nheengatú ainda persistem na Amazônia.
Com a expulsão dos jesuítas em meados do século XVIII, o Estado assu-
miu o controle da maioria das comunidades do povo nativo transferido
às reduções. Nesse período a população já sofria um declínio devido às
doenças ocidentais.

217
As regiões do Brasil que foram ocupadas por mais tempo têm o menor
número de sociedades indígenas e menos línguas nativas, especialmente o
Leste brasileiro, onde poucos grupos indígenas ainda falam suas línguas.
Rodrigues (1993) estima que 75% das línguas indígenas foram extintas du-
rante os últimos 500 anos. A sobrevivência de grupos nativos está em maior
número em áreas remotas, especialmente na Amazônia, onde o contato
com a sociedade nacional foi mais recente e menos intenso. Ainda há grupos
nativos que vivem fora do contato com o mundo de fora. É comum grupos
recém-contata dos ainda perderem dois terços de suas populações devido a
doenças ocidentais - uma perda desnecessária, já que as doenças responsá-
veis por essas perdas de vida e língua são tratáveis e podem ser prevenidas.

2. O estudo das línguas nativas brasileiras


Alguns dos primeiros estudos descritivos de línguas indígenas do Novo
Mundo foram conduzidos por jesuítas no Brasil, por exemplo, Anchieta
(1595). Entretanto, essa tradição não continuou. Na metade do século
XIX e na primeira metade do XX, alguns não especialistas, principalment e
membros de expedições científicas, realizaram uma certa quantidade de
descrições linguísticas. Essas figuras incluem, notavelmente, Karl von den
Steinen, General Couto de Magalhães, Theodor Koch-Grünber g, Curt
Nimuendajú, Emilie Snethlage e João Capistrano de Abreu. Os estudos
científicos modernos começaram somente a partir da segunda metade do
século XX. Mattoso Câmara estabeleceu o Setor de Linguística do Museu
Nacional em 1961 e também escreveu um livro sobre línguas indígenas
(1965), apesar de não ter sido pesquisador de campo. Durante alguns anos,
a pesquisa brasileira com línguas indígenas foi principalment e feita pelo
Museu Nacional e pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). En-
tretanto, na segunda metade dos anos de 1980, o estudo de línguas nativas
se espalhou para outros centros, especialmente nas Universidades Federal
de Brasília (UnB), Goiás (UFG), Pernambuco (UFPE) e Pará (UFPA), além
da Universidade de São Paulo (USP) e o Museu Goeldi, que é um instituto
de pesquisa federal em Belém. Atualmente há linguistas em muitos estados
que são especializados em línguas indígenas.
Um acordo de cooperação foi estabelecido entre o Summer Institute
of Linguistics (SIL) e o Museu Nacional em 1956. Esse acordo foi desfeito
em 1981, mas vários linguistas do SIL se formaram na Unicamp durante a
década de 1980, usualmente orientados por Aryon Rodrigues. Atualmente

218 Línguas indígenas


não há nenhuma ligação formal entre centros acadêmicos e organizações
missionárias. Além disso, missionários estrangeiros se tornaram menos in-
fluentes no estudo de línguas indígenas e seus lugares estão sendo tomados
por alguns missionários brasileiros e, principalmente, por uma quantidade
crescente de linguistas brasileiros profissionais. Nos últimos anos, uma parte
destes estudou no exterior e, com a conclusão de seus estudos, eles estão
fortalecendo a capacidade nacional na linguística científica, sobretudo na
linguística diacrônica, 2 na teoria e metodologia recentes e nas descrições
mais abrangentes de línguas indíviduais. A primeira gramática abrangente
de uma língua indígena em décadas foi escrita por uma linguista brasileira
sobre a língua Kamayurá, descrita por Seki (2000).
Internacionalmente, algumas informações modernas sobre línguas
brasileiras nativas apareceram em um trabalho geral no livro South Ame-
rican Indian Languages, organizado por Klein e Stark (1985). A Amazônia
passou a ser identificada como uma área de pesquisa dístinta em Linguística
com a publicação da série Handbook of Amazonian Languages, editada por
Derbyshire e Pullum (1986-1998), e com o compêndio edítado por Payne
(1990). Mais tarde, trabalhos gerais relevantes com o mesmo enfoque regio-
nal foram editados por Queixalós e Renault-Lescure (2000) e por Dixon e
Aikhenvald (1999). Esses trabalhos geralmente incluem línguas fora do que
é a Amazônia propriamente dita, por exemplo, as línguas do planalto do
Brasil. Nos anos recentes, volumes da série ILLA incluíram muitas línguas
brasileiras, por exemplo, os volumes edítados por van der Voort e van de
Kerke (2000) e por Crevels, van de Kerke, Meira e van der Voort (2002).
Periódicos como International]ournal of American Linguistics contêm muito
mais artigos sobre línguas sul-americanas atualmente do que há 15 anos.
Uma grande bibliografia de línguas da América do Sul, compilada por Alain
Fabre, está disponível na internet: <http://www.butler.cc.tut.f i / ~fabre /
BooklnternetVersio / Alkusivu.html>.
Em português, um tratamento geral das línguas brasileiras é apontado
por Rodrigues (1986) e dados sobre a situação das línguas nativas brasileiras,
em Rodrigues (1993 e 2006). Porém, nota-se nestes uma confusão entre
número de falantes e tamanho da população, o que resulta na subestima-
ção do grau de perigo de extinção, o que tem sido um problema geral. Por
exemplo, segundo Rodrigues (2006), a língua Yawalapití teria 220 falantes,
mas segundo Seki, 3 haveria somente 13 falantes (bem menos agora). Seki
(19996) e Franchetto (2000) oferecem um quadro das pesquisas das línguas

Denny Moore 219


-
indígenas no Brasil. Como periódico brasileiro dedicado exclusivamente
às línguas indígenas se tem Línguas Indígenas da América do Sul (LIAMES),
da Unicamp. O Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi contém artigos
de linguística nos números de antropologia. Artigos do mesmo tipo são
publicados nas revistas acadêmicas: Documentação de Estudos em Linguística
Teórica e Aplicada (D.E.L.T.A.), da Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo; Boletim da ABRALIN e Cadernos de Estudos Linguísticos, da Unicamp.
Das muitas ONGs que trabalham com grupos indígenas, a maior e a
mais envolvida com documentação é o Instituto Socioambiental (ISA),
cujo website (http://www.socio ambiental.org) é uma fonte valiosa de
informação e também publicações (incluindo mapas) que podem ser
adquiridos via internet. Há também um website e listserv (http: / / www.
etnolinguistica.org) organizado pelo Museu Antropológico, Universidade
Federal de Goiás, que é o principal meio de comunicação na internet entre
linguistas e outras pessoas interessadas nas línguas indígenas.

3. Línguas ameaçadas, documentação


e revitalização de línguas
A situação das línguas no Brasil, sendo que muitas línguas estão em
situações precárias, é típica da situação mundial. O movimento interna-
cional em torno de línguas em perigo de extinção se intensificou com a
publicação de um artigo pelo linguista Michael Krauss (1992), que estimou
que 90% das línguas do mundo estariam em perigo de extinção no século
XXI, se não fossem tomadas medidas preventivas. 1
A maneira tradicional de se descrever uma língua é elaborar uma
gramática da mesma (fonética, fonologia, morfologia e sintaxe), um di-
cionário e uma coletânea de textos. Nos anos recentes, com a ênfase nas
línguas em perigo de extinção, novos métodos de documentação foram
desenvolvidos, focalizados na gravação de amostras da língua, na digitali-
zação e anotação das gravações e no seu uso para revitalização linguística.
Essas gravações e as suas anotações têm de ser armazenadas em forma
digital permanentemente em arquivos linguísticos profissionais. Como
passo importante na capacidade brasileira de documentação linguística,
arquivos digitais modernos estão sendo montados no Museu do Índio e
no Museu Goeldi.
Nos últimos anos, dois grandes programas internacionais vêm pa-
trocinando projetos de documentação linguística no Brasil. O programa

220 Línguas indígenas


DOkumentation BEdrohter Sprachen (DOBES- Documentação de Línguas
Ameaçadas), da Alemanha, apoiou a documentação das línguas Kuikúro,
Trumái, Awetí, Kaxuyána, Bakairí, Mawé e Kaxinawá. O Endangered
Languages Documentation Programme (ELDP -Programa de Documen-
tação de Línguas Ameaçadas), da Inglaterra, patrocinou a documentação
das línguas Puruborá, Sakurabiát, Ayuru, Salamãy, Xipáya, Apurinã, Ofayé,
Kaduvéu, Káro, Enawené-Nawé, Wanáno e Waikhána (Piratapúya). A Fun-
dação Nacional para Ciência dos Estados Unidos apoiou a documentação
de Waikhána.
A tecnologia e metodologia de documentação linguística melhoraram
consideravelmente devido a esses programas, que fizeram questão de
apoiar linguistas brasileiros ou linguistas residentes no país. O interesse
em documentação não implica falta de empenho na análise e descrição
de línguas. Por exemplo, o Projeto Kuikúro, desenvolvido no bojo do pro-
grama DOBES, de 2001 a 2006, resultou em 45 participações em eventos
nacionais e internacionais, seis capítulos de livros, oito artigos em revistas
nacionais e internacionais, três livros didáticos bilíngues e uma exposição
no Museu do Índio, além de ter produzido um corpo de dados que pode
subsidiar muito mais estudos no futuro.
Um grande passo na documentação das línguas indígenas é o programa
ProDoc da FUNAI-Museu do Índio (Rio de Janeiro), que fornecerá recursos
para documentar línguas e criar acervos digitais, fortalecendo a pesquisa
e a participação das comunidades indígenas. Um outro grande passo no
futuro próximo será o levantamento de campo da situação atual das línguas
do Brasil - o Inventário Nacional da Diversidade Linguística - planejado
pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Com
estas medidas, o Brasil se afirma como um dos países mais progressistas na
questão da proteção da diversidade linguística.
Em casos em que há um número razoável de falantes da língua e
vontade de transmiti-la às crianças, existem várias metodologias de revita-
lização sendo utilizadas mundialmente.
• Ninho de linguagem: crianças pequenas (que aprendem línguas sem
esforço) passam tempo com os avós, que falam somente a língua ma-
terna.
• Mestre e aprendiz: um falante assume a responsabilidade de ensinar a
língua a um jovem.

Denny Moore 221


-
• Imersão: durante um certo período, a comunidade ou uma parte dela
fala somente na língua, e os não falantes têm de adquirir um mínimo
da língua para se comunicar.
• Alfabetização na língua materna: materiais escritos na língua geralmente
aumentam seu prestígio e chamam a atenção da geração mais jovem.
• Gravações de documentação: música, narrativas tradicionais e outros
materiais podem ser gravados e devolvidos à comunidade para fami-
liarizar os ouvintes, especialmente os jovens, com a língua e com as
tradições.

4. A situação das línguas nativas brasileiras


Focalizaremos a atenção aqui na situação das línguas nativas. Deve-se
enfatizar que as informações apresentadas abaixo são aproximadas, devido
à falta da coleta sistemática de dados sobre a situação das línguas indíge-
nas do Brasil. O número de falantes efetivos e o grau de transmissão não
são, em vários casos, conhecidos de maneira precisa. Todavia, a grande
maioria das línguas indígenas tem algum estudo e geralmente há alguém
que tem uma estimativa aproximada destes fatos. O que são consideradas
línguas diferentes às vezes são, de fato , dialetos de uma mesma língua,
frequentemente refletindo divisões étnicas e políticas. Por exemplo, na
família Mondé do tronco Tupí, a fala dos Gavião de Rondônia e a fala dos
Zoró são geralmente listadas como línguas distintas, enquanto, na verdade,
são dialetos tão próximos quanto o português de Salvador e o português
de São Paulo. Todos os critérios para agrupar dialetos em línguas têm as
suas limitações, mas linguistas comumente utilizam inteligibilidade mútua
como uma indicação prática. Embora o número de 180 línguas indígenas
brasileiras seja repetido com frequência, pelo critério de inteligibilidade
mútua o total dificilmente ultrapassa 150.
Muitas das informações apresentadas aqui são revisões das informações
apresentadas em Moore (2006), que tem como base um artigo de descrição
geral sobre as línguas em perigo de extinção nas terras baixas da América
do Sul, de Moore (2007), fundamentado em várias fontes, que incluem
Queixalós e Renault-Lescure (2000), Rodrigues (1993), Dixon e Aikhenvald
(1999), o mapa do Centro de Documentação Indígena (1987), o website do
Instituto Socioambiental, o próprio conhecimento do autor de várias regi-
ões e comunicações pessoais de muitos linguistas que estudam ativamente

222 línguas indígenas


-
línguas indígenas em várias áreas geográf
icas . Algumas info rma çõe s fora m
adaptadas de Rodrigues (2006). Info rma
çõe s e sugestões fora m oferecidas
por Edu ardo Ribeiro, Hei n van der Voo
rt, Francisco Queixalós, Hen ri Ra-
mir ez, Filo men a Sandalo, Kristine Sten
zel, Pattie Epps, Bru na Fran che tto,
Stefan Die nst e Lin coln Alm ir Am aran
te Ribeiro. Eles não con cord am
nec essa riam ente com o con teúd o apre
sent ado . Um a versão ante rior da
tabela de línguas apre sent ada ao final
deste text o já foi publicada (Mo ore,
Galucio , Gabas Jr. 2008 ) e com entá rios
oferecidos por mui tos linguistas
fora m inco rpor ado s na part e brasileir
a do website inte rativ o do Atlas de
Línguas Ameaçadas da UNESCO (htt p: / /
ww w.u nesc o.or g / cult ure / ich / in-
dex.php?pg=00206 ). Mais atualizações
fora m incluídas na pres ente tabela.
Os nom es das línguas e sua classificação
gen étic a são ada ptad os do
que é apre sent ado no web site do Inst
itut o Soc ioam bien tal, que é uma
ada ptaç ão de 1997 das info rma çõe s de
Rodrigues (1986). Os núm eros de
pop ulaç ão são nor mal men te desse mes
mo website, e os núm eros de ou-
tras fontes são apre sent ado s entr e colc
hetes. A estimativa do núm ero de
falantes é de várias fontes; qua ndo mai
s de uma font e é usad a, a segu nda é
colocada entr e colchetes. Ond e a info rma
ção real é desconhecida, o espaço
é deixado em bran co. Já que mui tos
gru pos tribais abra nge m fronteiras
nacionais, é imp orta nte nota r que toda
s as estimativas são específicas para
o Brasil e excluem falantes de outr os gru
pos que vivem em outr os países,
por exemplo, Col ômb ia ou Venezuela.
Da mes ma form a , a estimativa da
quantidade de estudos se refere àqueles
realizados entr e os falantes no Brasil,
não em outr os países. Por exemplo, o
Mir ánh a não con ta com estu dos no
Brasil, mas é bem estu dad o na Colômb
ia. Essas estimativas são mui to apro-
ximadas e pod em mud ar rapi dam ente com
a publicação de novos trabalhos.
Línguas com pou ca ou nen hum a desc
rição científica significativa são
classificadas com o O em term os de estu
dos, aquelas com uma dissertação
de mes trad o ou vários artigos são clas
sificadas com o 1, aquelas com um
bom esbo ço geral ou uma tese de dou
tora do em algu m aspecto da língua
são classificadas com o 2 e aquelas com
descrição razo ave lme nte com plet a
são classificadas com o 3. A term inol ogia
usad a aqu i para agru pam ento s ge-
néticos de línguas (tro nco , famílias ) segu
e a tradição brasileira. As que stõe s
da classificação inte rna dos agru pam ento
s e a sua prof und idad e tem por al
são discutíveis e não tent arem os resolvê-
las ago ra. (Po r exemplo, por que
Tupí seria um tron co e Aruák, uma fam
ília? ) À luz do tam anh o reduzido das
com unid ade s de falantes das línguas indí
genas e suas condições precárias,

Denny Moore 223


todas as línguas são ameaçadas. Entretanto, é útil chamar atenção para os
casos de línguas que correm risco de desaparecimento no futuro próximo
e que não têm dialetos próximos, nem um número razoável de falantes em
um outro país. Esses casos, detectados na base do seu número de falantes
e seu grau de transmissão, são indicados com um ponto de exclamação na
última coluna das tabelas. Algumas línguas já podem estar extintas, mas
são listadas de qualquer maneira, visto que uma busca cuidadosa pode
encontrar às vezes falantes restantes em algum lugar. Se elas não fossem
listadas, a busca poderia ser abandonada prematuramente. Agrupamentos
maiores são apresentados primeiramente, seguindo a ordem alfabética
dentro do agrupamento.

5. Troncos linguísticos

Macro-Jê:Vários autores propuseram, em uma base ou em outra, agrupa-


mentos de línguas frequentemente consideradas hoje como Macro-Jê. É
importante confirmar cada uma das afiliações genéticas propostas, algumas
das quais não são óbvias. A família das línguas Jê, a maior, está concentrada
nas regiões de cerrado do Brasil das partes meridionais dos estados do Pará
e Maranhão e sul de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. As outras famílias
desse tronco hipotético geralmente ocorrem fora da Amazônia, principal-
mente no Leste e Nordeste do Brasil, mas com algumas na região central
do Brasil, mais para o oeste. Rikbaktsá foi considerado uma exceção,já que
seus falantes aparentemente viveram por um longo tempo no ambiente
amazônico ao norte do Mato Grosso. Entretanto, uma pesquisa recente
(Ribeiro e van der Voort, no prelo) indica que as línguas da famíliaJabutí
são Macro-Jê, como havia sido especulado por alguns autores, indicando
uma presença mais ampla e antiga também na Amazônia. O nomeJabutí
é uma modificação de Djeoromitxi, uma de suas línguas componentes. As
suas línguas encontram-se no sul de Rondônia. A inclusão de Chiquitáno
no tronco Macro-Jê está sendo investigada. Por causa do contato mais an-
tigo com os europeus, muitas das línguas Macro-Jê no Leste e Nordeste do
Brasil foram extintas, com ou sem alguma documentação. O último falante
de Umutína faleceu recentemente (Tabela 1).
Tupí: O tronco Tupí consiste de 10 famílias, uma das quais, Tupí-Guaraní,
estende-se por uma vasta área, com extensões na Argentina, Paraguai,
Bolívia, Peru e Guiana Francesa. As línguas dessa família foram estudadas

224 Línguas indígenas


durante séculos, mas com maior interesse pelos dialetos Tupí-Guaraní da
costa, estudados por jesuítas, que forneceram muitos empréstimos para o
português e alcançaram quase um status clássico no Brasil, onde a palavra
"Tupí" é às vezes usada para se referir a esses dialetos. Embora a familia
Tupí-Guaraní seja frequentemente considerada como sendo de alguma
forma mais central no tronco, não é especialmente típica. Awetí é aparente-
mente a familia mais relacionada estreitamente com a familia Tupí-Guaraní,
e essas duas juntas com a familia Mawé formam um subgrupo no tronco.
As familias Ramarama e Puruborá formam um subgrupo também; as
outras relações não são óbvias. A pesquisa nas familias Tupí do Estado de
Rondônia, frequentemente considerado o local original dos povos Tupí,
é relativamente recente. Dois falantes de Guarasú foram encontrados re-
centemente em Pimenteiras, Rondônia. Dois índios arredios contatados
em 1987 no Pará falam uma língua distinta e atualmente moram entre os
Guajá. Várias línguas importantes para os estudos comparativos do Tupí
estão em alto risco de extinção (Tabela 2).

6. As grandes famílias linguísticas

Aruák: As línguas da familia Aruák, em seu sentido estrito, também desig-


nadas pelo termo Maipurean, foram há muito tempo reconhecidas como
relacionadas, apesar de as ligações genéticas propostas com outros grupos
linguísticos serem mais incertas. A suposta ligação com as línguas Arawá,
por exemplo, não possui base linguística. O trabalho de Noble (1965)
influenciou a arqueologia, mas é duvidoso em suas conclusões. As línguas
Aruák estão bastante espalhadas, do Caribe à Bolívia. No Brasil, elas estão
presentes no norte do Estado do Pará, nos afluentes do Rio Negro, no
noroeste, ao longo do Rio Purus, no oeste, nos afluentes do Rio Juruena,
no Mato Grosso, e ao longo do Rio Alto Xingu. Os Teréna, relativamente
numerosos, vivem no Mato Grosso do Sul e no Mato Grosso. Um falante
da língua Kaixána foi recentemente encontrado no Rio Japurá. As línguas
Aruák são polissintéticas e frequentemente possuem gênero e classificação
nominal. (Tabela 3)
Kan'b: A familia Karíb está centralizada no norte da América do Sul. As
línguas Karíb do Norte do Brasil são muito similares, apesar de o Waimirí-
-Atroarí ser mais distante. A língua chamada Galibi do Oiapoque entrou
na Guiana Francesa, onde é chamada de Kali'na (ou Caribe, no Suriname

Denny Moore 225


e Guiana). As línguas Karíb no ou próximas do Alto Xingu são bastante
diferentes das línguas do norte e também não constituem um único sub-
grupo consistente. Elas se dividem em dois agrupamentos distintos, um
composto por Arára-Ikpéng-Bakairí, o outro representado pelas variantes
da língua Karíb do Alto Xingu (Tabela 4).
Páno: A família linguística Páno não é muito diferenciada internamente.
Está presente no Peru, na Bolívia e no Brasil. É comumente considerada
como relacionada com a família Tacana da Bolívia. As línguas Páno brasi-
leiras estão nos estados do Acre e Amazonas, com exceção do Kaxararí em
Rondônia, e precisam de mais estudos (Tabela 5).
Tukáno: Das divisões da família Tukáno, Oeste, Leste e (para alguns auto-
res) Central, é principalmente o ramo Leste que ocorre no Brasil, apesar de
o Kubéwa (Cubeo ), do suposto ramo Central, também ocorrer lá. Exceto
o Arapaso, que aparentemente não tem falantes atestados no país agora,
cada uma das línguas Tukáno do Brasil é também falada na Colômbia, onde
elas receberam mais estudos. Fontes mais recentes duvidam que Yuruti
(Juruti) seja falada no Brasil. Essas línguas são conhecidas tipologicamente
pelo tom e acento tonal, nasalidade intrínseca de morfema e a codificação
obrigatória complexa de evidencialidade. As línguas são faladas nas regiões
dos rios Vaupés, Tiquié e Papurí. Os falantes de várias delas se referem a eles
mesmos como Yebá-masã (Yepé-masã). Muitas dessas línguas são vigorosas,
mas foram pouco estudadas no Brasil (Tabela 6).

7. Famílias linguísticas de tamanho médio


Arawá: As línguas Arawá são faladas em uma região relativamente circuns-
crita, centralizada no alto e médio rios Purus e Juruá. A manutenção delas
é no geral boa (Tabela 7).
Katukína: As línguas da família Katukína (não confundir com Katukína do
Acre, uma língua Páno) são faladas por grupos nos rios Javaí, Juruá e Jutuí
no sul do Amazonas. Recentemente, Adelaar (2000) apresentou a evidência
de que a família peruana Harakmbut é geneticamente relacionada com as
línguas da família Katukína. As três línguas listadas na tabela são, de fato,
dialetos de uma língua. Alguns relatos indicam a possível existência de
Katawixí arredios, cuja língua é possivelmente uma segunda língua desta
família (Tabela 8).

226 Línguas indígenas


Makú: As línguas Makú (não confundir com a língua Máku de Roraima)
são faladas por grupos caçadores-coletores principalmente na região do
Vaupés, embora os Nadeb vivam mais abaixo no Rio Negro. O nome Makú
é pejorativo, e uma alternativa está sendo discutida (Tabela 9).
Nambikwára: As línguas Nambikwára estão presentes no oeste do Mato
Grosso e sudeste de Rondônia, em uma região que inclui floresta tropical e
savana, centralizada nos afluentes dos rios Guaporé e Juruena (Tabela 10).
Txapakúra: As línguas Txapakúra existentes são faladas no Estado de
Rondônia (e na Bolívia). Torá, no Estado do Amazonas, é descrita por
visitantes recentes como já extinta por muitos anos. Etnógrafos estipulam
atualmente que o Urupá está extinto também. Os Moré, cuja língua foi
objeto de uma tese de doutorado, vivem na Bolívia, talvez com poucos
falantes no Brasil (Tabela 11).
Yanomámi: As línguas da família Yanomámi são faladas no Brasil e na
Venezuela, por grupos pouco aculturados. No Brasil, essas línguas estão
presentes no norte de Roraima e Amazonas, perto da fronteira com a Ve-
nezuela (Tabela 12).

8. Famílias linguísticas menores

Bóra: Alguns falantes do dialeto Miránha do Bóra vivem ao longo do Rio


Solimões no Brasil.
Guaikurú: Kadiwéu, uma das línguas da família Guaikurú (que tende a
ocorrer na região do Chaco do Paraguai e Argentina), é falada no Mato
Grosso do Sul no Brasil.
Múra: A língua dos Múra e a língua dos Pirahã parecem ter sido muito pró-
ximas e são agrupadas frequentemente sob um único nome (Murá-Pirahã).
Há eventuais relatos de falantes Múra idosos, embora os Múra geralmente
falem português ou um dialeto do Nheengatú (Tabela 13).

9. Línguas isoladas
Sete línguas não são conhecidas como sendo afiliadas com outras.
Dessas, Aikanã, Kanoê e Kwazá estão situadas na mesma região, no sul de
Rondônia. A língua dos Irántxe (lrântxe) e dos Mynky é falada próxima às

Denny Moore 227


cabeceiras do Rio Juru ena, no Mato Grosso.
Os Trum ái são considerados
com o recém-chegados no sistema regional do
Alto Xingu. Havia som ente
um falante de Máku, no Estado de Roraima, agor
a provavelmente falecido.
Os Tikúna são numerosos e vivem ao longo do
Rio Solimões, estendendo-se
para Colômbia e Peru. É um sinal de progresso
que, dessas línguas isoladas,
Kanoê, Kwazá, Mynky, Trum ái e Tikúna tenh
am recebido estudos intensos
nos últimos anos (Tabela 14).

1O. Línguas crioulas


Há dois grup os indígenas no nort e do Amapá,
o Galibí-Marwórno e
o Karipúna do Nort e, que viveram por mui to
temp o na Guiana Francesa
e falam línguas crioulas gran dem ente influenci
adas pelo crioulo baseado
no francês desse país (Tabela 15).

Tabela 1
Tronc o Macro-Jê · '
(Continua)
Unidade Diale tos, No.
linguística Grupos Falantes População Transmissão Estud os Urgen te
Familia Boróro
Borór o 500-900? 1392 varia 2
Familia Guató
Guató
5 [40] 344 baixa 2
Familia Jabútí
Djeor omitx í
(Jabuti) 30? 165 baixa 1 !
Arika pú
2 29 sem 1 !
FamiliaJê
Akwé n Xakriabá O? 7665 sem !
Xavánte maior ia 13 .303 alta 2
Xerénte maior ia 2560 alta 2
Apinayé maioria? 1525 alta? 2
Kaingáng Kaing ángdo 18.500·
Paran á 19.000 3 total
Kaingáng
Centr al 25000 total

Kaing ángdo
Sudoe ste

228 Línguas indígenas


(Continua)
Unid ade Dial etos, No.
lingu ístic a Grupos População Transmissão
Falantes Estu dos Urge nte
Kayapó
(Meb engo kre) Goro tire todos alta 2 total
Kararaô
Kokr aimo ro
5923 sem
Kubenkrankegn Xikrin
Men kran gnot i
Men tuktí re
(Txu kaha mãe)
Xikrin todo s 1343 alta
Pana rá
(Kren-ako re ,
todos 374 alta
Kren-akarore) 2
Suyá (Kisêdje) Suyá todo s 351 alta 2
Tapayúna
(Beiço-de-Pau) 58 ?
Timb íra Canela
Apaniekra 458 alta 2
Canela
Ram koka mekr a 1337 alta
Gavião do Pará
(Parkateyé, 10% 476 baixa 2
Kyikateyé )
Gavião do
Maranhão
494 ? 2
(Pukobiyé)
Krahô 2184 alta 1
Krikatí
(Krinkatí) 682
Xokl éng
< 100? 887 baixa
Familia Karajá 1

Karajá Javaé maio ria 1208 boa 1


Karajá 2400 2500 alta 1
Xambioá 10 269 sem o
Família Krenák
Krenák
8? 204 baixa
Familia Maxakalí
Maxakalí
maio ria? 1271 boa
Familia Ofayé
Ofayé (Opayé,
Ofayé-Xavante ) 12 61 baixa 2

Denny Moore 229


-
(Conclusão)

Unidade Dialetos, No.


População Transmissão Estudos Urgente
linguística Grupos Falantes
Familia Rikbaktsá
Rikbaktsá
metade? 1117 baixa
(Erikpaksá)
Família Yathê
Yathê (!atê,
90% 3659 boa 2
Fulniô, Carnijó)

Tabela 2
TroncoTupí
(Continua)

Unidade Dialetos, No.


População Transmissão Estudos Urgente
linguística Grupos Falantes
Familia Arikém
Karitiána todos 320 alta 2
Família Awetí
Awetí todos 140 alta
Família Jurúna
Jurúna
todos 362 alta 2
(Yuruna, Yudjá)
Xipáia (Shipáya) 2 595 sem 2 !
Família Mawé
Mawé
6219 9156 (8500] boa 2
(Sateré-Mawé)
Família Mondé
Aruá 12? 69 baixa o
Aruá , Cinta
Larga, Zoró,
Cinta-Larga and Gavião são todos 1440 alta 1
dialetos de uma
língua
Gavião (Ikolej) todos 523 alta 2
Salamãy (Mondé) 2 semi 10? sem o !
Suruí (Paíter) todos 1007 alta 1
Zoró (Pagyjej) todos 464 alta o
Família Puruborá
Puruborá 2 semi 62 sem 0-1
Família Mundurukú
Kuruáya 1
1? 129 sem 1 !
Mundurukú 1
maioria 10.065 boa 3
Família Ramaráma
Káro (Arara) maioria 208 boa 2

230 Línguas indígenas


(Continua)
Unidade Dialetos, No.
linguística Grupos População Transmissão Estudos Urgente
Falantes
Família Tupari
Ajuru (Wayoró) 8? 94 baixa o !
Makuráp 381 med? 2
Sakurabiát
(Mekém Mekens) 25 84 [70] baixa 2 !
Tuparí maioria? 433 med 2
Akuntsú 6 6 alta 1 !
Família Tupí-Guaraní
Akwáwa Parakanã maioria · 900 alta 1
Suruí do
maioria 264 alta? 1
Tocantins
Asurini do
maioria 384 boa? 2
Tocantins
Amanayé há? 192 sem o !
Anambé 6? 132 sem 2 !
Apiaká 1 192 sem 1 !
Araweté maioria 339 alta 1
Asuriní do Xingu maioria 124 boa' 1
Avá-Canoeiro maioria? 16 2 !
Ex-arredios do
Aurê-Aurá 2 2 o
Pará !
Guajá todos 283 alta 2
Guaraní Kaiowá 20,000 alta 2 total
Mbyá 6,000
Nhandéva 10,000
Guarasú 2 ? sem o !
Kaapór (Urubu-
Kaapór) todos 991 alta 3
Kamayurá todos 492 alta 3
Kayabí 900-1500? 1619 boa 1
Kawahíb Parintintin 10 284
Diahói Oiahui) 1 88
Juma 5 5 sem
Karipúna 10 14
Tenharím 350 699 med 2 total
Amondáwa
(Uru-Eu-Wau - todos 83 alta
Wau)
Jupaú (Uru-Eu-
Wau-Wau) todos 87 alta

Denny Moore 231


(Conclusão)

Unidade Dialetos, No.


População Transmissão Estudos Urgente
linguística Grupos Falantes
Kokáma Kokáma 5? [786] 9000 baixa? 2 !
Omágua
(Kambéba)
poucos? 347 [240] baixa? o !

Língua Geral = Tupí-Guaraní


Amazônica alterado por > 6000? med l
(Nheengatú) contato
Tapirapé 564 alta 2
12.000-
Tenetehára Guajajára 19.471 2
18.000
Tembé 60-100 1425 baixa 2
Wayampí (Waiãpi,
maioria? 905 alta 2
Oiampi)
Xetá 3-8? 86 1 !
Zo'é (Puturú) todos 177 alta 1

Tabela 3
Família Aruák (Maipure)
(Continua)

Unidade Dialetos, No.


População Transmissão Estudos Urgente
linguística Grupos Falantes
Apurinã (lpurinã) 2000-3000 3256 med 2
Baníwa do Içana
(Kurripako, maioria 5811 alta 3
Kuripako)
Baré 2 semi 10.275 sem 1 !
Kaixána 1 505 sem o !
Kámpa
(Axíninka)
869 alta o
Kinikinau 11 250 sem 1 !
Mawayána < 10 [<10] sem? o !
Mehináku próx. Waurá todos 227 alta 1
Palikúr 1330 boa? 1
Paresí (Arití,
1000-1200 1416 boa 1
Haliti)
Píro Manitenéri 937 total boa o
Maxinéri o
Salumã
próx. Paresi todos 445 alta 2
(Enawenê-Nawê)
Yurupari- 1914
Tariána 100 baixa 3
Tapúya (lyemi)
Teréna (Tereno) 19.961 baixa? l

232 Línguas indígenas


(Conclusi

Unidade Dialetos, No.


População Transmissão Estudos Urgent,
linguística Grupos Falantes
Wapixána 3000-5000 7000 varia 1
Warekéna 20-40 806 2
Wauja (Waurá) próx. Mehináku todos 410 alta 2
Yawalapití 8 222 sem 1 !

Tabela 4
Família Karíb

Unidade Dialetos, No.


População Transmissão Estudos Urgent
linguística Grupos Falantes
Aparai (Apalaí) maioria 317 alta 2
Arára do Pará
maioria 271 alta? 1
(Ukarãgmã)
Bakairí maioria 950 boa 2
Galibí do
Oiapoque (Kaliíia) 66 baixa? o
Hixkaryána maioria 631 alta 3
Ikpéng (Txikão) todos 342 alta 2
Ingarikó (Kapóng,
maioria 1170 boa 2
Akwaio)
Kalapálo, Kuikúru,
Matipú, Nahukwá
Kalapálo todos 504 alta 1
são dialetos de uma
língua
Kaxuyána
Shikuyána é dialeto maioria 230 med 1
(Warikyána)
Kuikúru todos 509 alta 3
10.000-
Makuxí 23.433 med 3
15.000
Matipú 10 103 baixa o
Mayongóng
(Makiritáre, todos? 430 alta? o
Yekuána)
Nahukwá todos 124 alta 1
Taulipáng
(Pemóng) maioria 582 alta? 2

Tiriyó (Tirió, Trio) todos 1156 alta 3


Waimirí (Waimirí-
Atroarí) todos 1120 alta 2

Wai-Wai todos 2914 alta 2


Wayána maioria? 288 med? 2

Denny Moore 233


Tabela 5
Família Páno
Unidade Dialetos,
linguística No.
Grupos Falantes População Transmissão Estudos Urgente
Ar ára ,
Sh an en áw a,
Ar ára
Yamináwa,
(Shawãdawa )
Yawanawá talvez 9? 332
dialetos de um a 2
língua
Ka tuk ína do Acre
(K atu kín a Pá no ) maioria? 404
Kaxararí 2
ma ior ia 323
Kaxinawá l
(H an txa Kuin) 2000-4000? 4500 varia
Ko rúb o 2
tod os 250
Kulína (Kulíno) o
< 20 125
Ma rúb o
ma ior ia ?
1252 alta
Matís 2
tod os 322
Matsés alta 2
(M ay orú na )
1592 alta
Nu kin í 2
há? 600
Poyanáwa sem? o !
2 403 [180]
Sh an en áw a sem 1
maioria? !
Yamináwa 361 varia 2
(Jaminawa)
600? 855 bo a o
Yawanawá
519
2

Tabela 6
Família Tukáno
Unidade Dialetos, (Continua)
linguística No.
Grupos Falantes População Transmissão
Arapáso Estudos Urgente
O? 569
Bará (W aim ajã) o
todos? 21
Barasána o
todos? 34
De sán a o
pró x. Siriáno
500-600 2204
Yurutí (Jurití) me d 1
pró x. Tu yú ka
O? O? [50?]
'<.arapanã
tod os? 63
o

23 4 Lín gu as ind íge na


s
(Conclusã,
Unidade Dialetos, No.
linguística Grupos População Transmissão Estudos Urgente
Falantes
Kotiria (Waná no)
650 735 alta 2
Kubéwa
(Kube o, Cubeo ) 150-220 381 alta o
Makú na
(Yebá-masã) todos? 32 o
Siriáno todos? 71 o
Tukán o (Tuca no)
8000? 6241 alta 3
Tuyúk a
825 med o
Waíkana
(Pira-Tapúya ) próx. Kotiria 600-700? 1433 med o

Tabela 7
Família Arawá

Unidade Dialetos, No.


linguística Grupos População Transmissão Estudos Urgente
Falantes
Banawá-Yafí
todos? 100 alta 1
Dení todos? 875 alta 1
Jaraw ára
todos? 180 alta 3
Kulína (Madija)
2537 alta? 3
Paum arí
290 892 baixa 3
Jamam adí (Yamamadí,
Kanam antí) todos? 884 alta 1
Surua há (Zuru ahá)
todos 136 alta 1

Tabela 8
Família Katukína

Unidade Dialetos, No.


linguística Grupos Falantes População Transmissão Estudos Urgente

Kanam arí (3 dialetos de


uma língua) todos 1654 alta 1
Katuk ína do Rio Biá
(Pi:da Dyapa ) todos 450 alta 1
Txunh uã-Dj apá
(Tsoh om-D japá) 30? 100 o

Denny Moore 235


Tabela 9
Família Makú

Unidade Dialetos, No.


linguística Grupos Falantes População Transmissão Estudos Urgente
Dâw (Dow, Kamã) todos 120 alta 2
Hup (Hupda , ) próxYu húp [1900] [1900] alta 3
Nadeb (Guariba,
Xiruai) 350 [675] varia 1
Yuhúp todos [617] alta 1

Tabela 10
Família Nambi kwára

Unidade Dialetos, No.


linguística Grupos População Transmissão Estudos Urgente
Falantes
Nambi kwára do Norte
(Mamaindê, Latundê, [346]
323 med 2
Nagaro tê)
Nambi kwára do Sul todos (721] boa 2
Sabanê 3 [30] (140] sem 2 !

Tabela 11
Família Txapakúra (Chapakura)

Unidade Dialetos, No.


linguística Grupos População Transmissão Estudos Urgente
Falantes
Kujubím (Kuyubi) Moré 2? 55 sem o
OroW in 4 56 baixa !
Torá O? 312 sem o !
Urupá ?O [150] há? o !
Warí (Pakaanova) todos? 2721 boa 3

Tabela 12
Família Yanom ámi

Unidade Dialetos, No.


linguística Grupos Falantes População Transtnissão Estudos Urgente
\/inám (Yanam) 466 11700 total alta 2
lanumá 462 alta 2
fanomá m (Yanomae) 4000 alta 2
'anomá mi 6000 alta 3

236 Língua s indíge nas


Tabela 13
Famílias Menores

Unidade Dialetos , No.


linguística Grupos População Transmissão Estudos Urgente
Falantes
Família Bóra
Miránha dialeto de Bóra poucos? 836 sem? o
Familia Chiquíto
Chiquitá no 20-80? 737 (2000) baixa
Familia Guaikurú
Kadiwéu 1300-1600? 1629 [900] boa 2
Família Múra
Múra há? 9299 sem o !
Pirahã todos 389 alta 3
Família Samúko
Chamak óko 40 o

Tabela 14
Línguas Isoladas

Unidade Dialetos, No.


linguistica Grupos Falantes População Transmissão Estudos Urgente
Aikaná
(Masaká, Kasupá) 150 180 med? 2
Irántxe 8-10 326 total baixa
Irántxe
Mynky (dialect) maioria? boa? 2
Kanoê 5 95 baixa 2 !
Kwazá (Koaiá) 25 33 (40] baixa 3 !
Máku O? (O?] sem 1 !
Trumái 51 147 baixa 2 !
Tikúna maioria 35.000 alta 3

Tabela 15
Línguas Crioulas

Unidade Dialetos, No.


linguística Grupos População Transmissão Estudos Urgente
Falantes
Galibí Marwón o 2177 (860) o
Karipún a do Norte todos 2235 (672] boa 1

Denny Moore 237


Not as
1
A grafia dos nome s das línguas indígenas neste
texto é a do autor.
2
Ver, por exemplo, Meira; Fran chett o, 2005.
' Seki, 1999a , p. 420 .

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Denny Moore 239

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