Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Resenha Liberalismo e Sindicato No Brasil
Resenha Liberalismo e Sindicato No Brasil
peculiaridades e contradições. Para realizar tal análise o autor estuda a situação do mercado de
sua análise, o capitalismo brasileiro resultaria de uma da identidade entre oligarquia agrário-
exportadora e burguesia industrial. Ao introduzir o trabalho ele desenvolve uma série de conceitos
que caracteriza a concepção de mundo liberal, mas com a ampliação dos direitos à cidadania houve
dessa maneira admitia-se os sindicatos substituído a figura do contratante individual. Decorre que do
desigualmente proprietários pela força da norma legal e do imperativo ético. Tal cooperação se
egoístas, enquanto o segundo vive no interior de uma ordem cooperativa. Daí decorre a separação
entre o privado e o público. O homem público seria fruto da transferência dos direitos de cidadania
Para que o interesse privado se torne público é preciso que o interesse privado se aproprie do
autor demonstra como se dá tal apropriação: os mecanismos de reprodução de hegemonia não são
unicamente compostos dos meios de coerção, tais mecanismos buscam estabelecer o consenso.
Quando tal objetivo é atingido, se transforma em um “senso comum”. Para sua realização, o sistema
de hegemonia depende de um projeto integrador que articule o todo social. Para que isso ocorra é
necessário a emergência de um grupo social que se apresente como expressão universal. A
reprodução seria realizada nos ‘aparelhos ideológicos do Estado’, localizado fora do “aparelho
estatal”. Para deter o poder é necessário repô-lo, o que implica em um domínio “não-material”, sobre
A importância do “intelectual orgânico” está no fato de que a disputa de poder não se realiza
somente no “terreno político e militar”, mas também na maneira como as diferentes “frações de
classe” enxergam sua realidade. É o “intelectual orgânico” que as conduz a esse campo de batalha
especial.
Quando tal ação parte do Estado, pode vir qualificada como “comunitária” esse comunitarismo
atua sobre o “egoísmo” do homem liberal, reduzindo-o diante dos objetivos “públicos”, que visam
manter a “paz social”. As disputas sociais, a partir daí são reguladas por uma legislação, com o
objetivo de solidarizar seus componentes em um “todo orgânico”. O Estado busca a harmonia entre
os grupos sociais intervindo legalmente sobre todas as atividades presentes na sociedade civil. O
Decorre que o Direito do Trabalho, de conquista das classes subalternas, vira-se contra elas. A
forma mercantil que se preside a compra e a venda da força de trabalho é suprimida pela lei. Dessa
maneira a força de trabalho já não é mais reconhecida como mercadoria e seus proprietários estão
criação pelo Estado de novas instituições para canalizar novas demandas. Reconhecem-se os
sindicatos. A economia, se torna função do novo tipo de Estado. O privado, para manter seu status
precisa exercer funções de interesse público. Público e privado, separados pelo liberalismo clássico
No primeiro capítulo o autor analisa as tradições a respeito da criação das leis trabalhistas, a
primeira que tratava tais leis como que outorgadas pelo Estado, a segunda tratava a revolução de 30
como um divisor, em que a ‘questão social’ teria deixado de se tratar de um ‘caso de polícia’, em
burocrático das lideranças operárias emergentes. Deixava-se de lado que as leis trabalhistas
possuíam a intenção de restringir a ação e organização operária. Dessa maneira a legislação passou a
ser vista como a realização de um contrato celebrado entre o Estado e a classe operária organizada.
A legislação trabalhista antecede ao Estado de 30, Segundo Vianna afirmar que tais direitos
não têm vigência prática por descumprimento da lei e ausência de fiscalização não corresponde
inteiramente à realidade, já que eram conhecidas nos pólos dominantes do sistema. Segundo o autor
a diferença entre a legislação pré e pós 30 está no fato de que esta foi mais intervencionista que
aquela e que tal processo explicita o rearranjo da ordem que, de liberal, tornou-se corporativa.
da legislação social, estará no controle político e social das classes subalternas, essa se tornará uma
questão que afeta toda a sociedade. Após 1935, as dissidências entre as facções da classe dominante,
liberalismo político com a reavaliação da legislação trabalhista por parte das elites e classes
dominantes.
O autor sugere que os critérios de periodização do movimento sindical devem conter o sistema
acordo com sua proposta é importante considerar o movimento operário como um dado isolado do
sindical, na medida em que o movimento operário tem a possibilidade de agir por fora dos marcos
institucionais.
Pelo critério adotado a divisão seria feita em nove períodos, dispostos de acordo com a
variação institucional ocorrida na definição das organizações sindicais, combinados com o papel
primazia militar e jacobinismo de largos setores das camadas médias urbanas. A reação agrário-
Para organizarem o aparato estatal de acordo com seus interesses os estados que possuíam atividades
seus negócios só poderia conviver com o “Estado arbitral do liberalismo”. A fim de concentrar
recursos e expandir a acumulação tais estados necessitaram da ordem federativa. Caso contrário a
como afirma Vianna, ao não criar nenhum dispositivo que regule o mercado de trabalho deixa o
campo livre para a organização da sociedade civil e sua ação no campo das lutas sociais.
A única lei que atuava que sobre o mundo do trabalho, se referia à vida associativa operária,
através da qual todos os profissionais teriam livre direito de associação, de acordo com a lei tais
O autor demonstra que a questão sindical é o foco da discussão sobre as leis trabalhistas no
período de 1891 e 1919, já que o período é marcado pela “ortodoxia liberal” e o Estado pouco se
trabalho fez com que o operariado se organizasse em prol de seus direitos, tal movimentação tomou
dimensões que preocupavam o Estado e as “facções dominantes”, fazendo com que houvesse uma
mudança de atitude em relação ao mercado de trabalho, essa mudança de postura é marcada pelo
obrigação de se cumprir algumas recomendações a favor dos trabalhadores. Dessa maneira chegava
ao fim o princípio contratualista individualista, de acordo com o autor: retifica-se o pacto liberal por
Sobre o período de 1919 a 1930, o autor afirma que o Estado intervém no mercado de trabalho,
ainda através dos preceitos de “liberdade profissional” de 1891. A emenda 22 resolveu tal
contradição, delegando ao Congresso Nacional a competência para legislar sobre o trabalho, a partir
No segundo capítulo o autor nos mostra que existem três variações de posição da burguesia
industrial na década de 20 no que se refere à legislação trabalhista. A primeira, situada nos anos pré-
30, será caracterizada por um liberalismo extremo; a segunda será a incorporação consentida da
legislação pelos empresários; a terceira e última será sua identificação com o direito social, no
momento em que a estrutura corporativa e sindical se torna o projeto consensual das elites e classes
A hipótese do autor é que a posição da facção industrial não deve ser reduzida ao simples uso
da força, ele acredita que havia um compromisso real dos industriais com o liberalismo. O autor
agrários, mas o segredo de tal compatibilidade consiste no liberalismo ortodoxo que a oligarquia foi
capital. Para produzir o consenso, a fábrica adapta e integra a classe operária. A fábrica vai ao
trabalho, salários altos e bem-estar resumem a fórmula geral do fordismo. Ao combinar coerção e
O autor dedica o restante do capítulo ao estudo das críticas dos empresários feitas à lei de
férias, código do trabalho do menor e lei das caixas de seguros contra doenças. As críticas dos
empresários se baseiam nos princípios fordistas de “educação” do operariado, no aumento dos custos
da mão-de-obra.
No terceiro capítulo o autor afirma que o final dos anos 20 é marcado por uma crise que atinge
várias dimensões da vida social e uma adesão ao liberalismo. O fato de a burguesia agrária depender
do mercado externo, a impedia de atender às reivindicações dos setores envolvidos com a questão
interna. Decorre daí que a oligarquia agrária sustenta-se no seu liberalismo excludente, promovendo
pequenas alterações para romper seu isolamento. Se os interesses dos grupos emergentes se
acoplassem a ela, sem prejuízo das suas reivindicações, a elite oligárquica poderia realizar uma série
de reformas que atualizassem a política em curso aumentando o número de seus protagonistas. Para
reproduzir seus ganhos econômicos o setor agrário exportador não transferia seus recursos para as
demais frações de classe e mantinha seu regime excludente. O que evidencia a inviabilidade da
economia agroexportadora, na medida em que só podia se afirmar às custas dos demais setores
sociais e do controle oligárquico do Estado. Algumas tensões urbanas são atiradas para cima dos
Primeira República mal conteve no bloco dominante as facções oligárquicas não exportadoras,
Estado.
exportadora se unir com a insatisfação do movimento operário e das classes médias urbanas. Por fim
o movimento operário ficará marginalizado de tal eixo, o que não imobilizará sua ação. A questão
central será a democratização da ordem liberal. Sobre o exército se depositarão as esperanças das
diferentes autores que abordam o movimento de 30, um que expressa o movimento de 30 como a
movimento das camadas médias. O estabelecimento de uma polêmica não encaminha para a eleição
de uma ou outra perspectiva. Dessa maneira o autor isola o campo conceitual em que esses estudos
se estruturam, ambos têm um terreno comum, discutem a passagem para a dominação burguesa no
Brasil, tomando 1930 como um marco decisivo, e confundem tal passagem com dominação política
da facção industrial sobre o aparato estatal. Quando tais estudos tratam as alianças entre os agrários-
1930, ligam a passagem para uma dominação burguesa à uma prévia existência de uma revolução
no mesmo território conceitual, o que varia é apenas o papel que é dado aos protagonistas da trama
social.
outras matérias primas exportáveis, que não o café. Tal dificuldade se enraíza em uma discussão
antiga que liga essa transformação a uma vitória do capitalismo sobre forças anticapitalistas. O que
O autor explicita que a partir do momento em que a Aliança Liberal assumiu o poder tinha
sistema político. Tais objetivos se tornaram incompatíveis. A fragilidade do novo governo impedia-o
subalternas.
qualquer um deles, nem lhes dava base de legitimação. Era necessário que o Estado fosse autônomo
para estabilizar o regime perante a diversidade dos interesses. Tal Estado atenderia exclusivamente
as oligarquias, exportadoras ou não. Vianna baseando-se em Marx, nos mostra que apesar de
Segundo Vianna, Gramsci explicita que esse tipo de Estado demonstra a necessidade das
promove coercitivamente novos arranjos institucionais. Tal autonomia é realizada para redistribuir as
posições relativas de cada fração burguesa, o que não significa dizer que será equânime a
poder. Boris Fausto nega a natureza modernizante do Estado pré-37, pois vê uma submissão dos
sido dificultado pelo encarecimento da importação de matérias primas para a indústria, Vianna
afirma que as “evidências empíricas” não fundamentam tal teoria. Já que tal visão afirma que o
vontade política dos dirigentes do Estado no pré-37, a forma corporativa do regime e a legislação
trabalhista não se relacionam com uma estratégia de acumulação capitalista. Entendem que são
medidas que regulam os conflitos entre as facções dominantes. Dessa maneira, a legislação
trabalhista não teria como objetivo favorecer a acumulação de capital, efetivando apenas o controle
político da classe operária a fim de mantê-la neutra diante da instabilidade do processo de
De acordo com a análise de Robert Rowland, o Estado pós-30 teria feito da agência de poder o
lugar de manipulação das tensões políticas das facções dominantes. O estabelecimento da nova
ordem trabalharia a favor da unidade e integração nacional, assim como a centralização do Estado,
seguindo a intenção política dos militares e das lideranças agrárias tradicionais. Sua conclusão é a de
que a industrialização teria sido realizada pelo Estado sem pressões da burguesia industrial, que teria
sido realizada de maneira indireta, pois a burguesia industrial não detinha o poder. Apesar de
critérios políticos dos quais ela ficou de fora. Vianna percebe que o corporativismo não é uma
individualistas dessa classe. É certo que o homem burguês não se submete ao Estado corporativo por
vontade própria. Sua adesão se dá à medida em que seus interesses de expansão da sua capacidade
De acordo com Vianna, Vargas rejeita o neoliberalismo que pautou a campanha presidencial.
Passa a defender a imposição do modelo corporativo para uniformizar a sociedade e evitar os atritos.
A fórmula corporativa ultrapassa o campo político. Para tal o Estado, de acordo com Vargas,
Vianna fala sobre o conceito de revolução “pelo alto” e modernização, para tal utiliza-se da
hipótese de Lênin sobre a formação do modo de produção capitalista, para ele que existem dois tipos
baseado na grande propriedade. Nesse caso o fim das antigas relações de propriedade no campo se
faz por meio de uma “adaptação progressiva ao capitalismo”. O modelo norte-americano em que a
capitalista. Uma variante estaria nas formas de propriedade camponesa que não enfrentam o tipo
feudal de apropriação de excedente e que o capitalismo se desenvolve independente de rupturas
revolucionárias.
Vianna interessa-se por recuperar a fórmula prussiana, ou ‘revolução pelo alto’, a fim de
debater sobre a modernização no pós-30. O objetivo do autor é descobrir se o Estado foi ou não
legislação social.
corporativos, eles disfarçam sua intenção modernizadora, a fim de obter apoio dos setores da
poder pelo setor não-exportador, o menos desenvolvido. A Revolução “pelo alto” pressupõe a
conservação do sistema político. Segundo Vianna de certo modo toda revolução “pelo alto” assume
subalternas, o Estado teria de liquidar suas organizações independentes, reprimir seus líderes. A
partir daí aplica a nova política, combinação de coerção e de manipulação do consenso através da via
corporativa.
desmobilizava, despolitizava e devia ser controlado pelo Estado, tudo com o objetivo de aumentar os
ganhos industriais. O poder estatal detido pela elite agrária, impedia o livre crescimento do mercado
diminuir os poderes detidos pelo Estado. A hipótese do autor está no fato de que o sindicalismo livre
e plural reivindicado pela Igreja, não passar de uma manobra para a realização de seu projeto
Trabalho enviará às “entidades classistas patronais” o anteprojeto de cada nova proposta a fim, de
sempre que possível obter soluções consensuais. Vianna observa, os empresário já não se justificam
grupo seriam mais importantes que os individuais, o indivíduo cederia lugar ao coletivo. Daí que a
concorrência daria lugar à cooperação, que se processaria pelos sindicatos, que seriam a
“constituição orgânica dos grupos sociais”, que seriam regulados e orientados pelo Estado.
Vianna, baseando-se em T.Harding, afirma que no que se refere à negação dos direitos
políticos dos líderes sindicais, o Estado Novo se iniciou em 35. Em 1934 a Lei de Segurança
Nacional, que caracterizava a greve como crime. Frente à vitalidade do movimento Sindical as
correntes liberais e da Igreja recuarão de suas posições pluralísticas. A Igreja, satisfeita com a
permissão do Estado ao acesso à educação religiosa na rede de ensino público, desiste de sua utopia
do controle direto das “classes subalternas” através de sindicatos católicos. Os liberais perceberão
que o preço da “paz social” seria a desistência de suas pretensões em tomar o aparelho de Estado.
Manobras como a do Plano Cohen resultarão em acabar com as chances da oligarquia retomar o
poder por via eleitoral em 1937, amedrontados com as classes subalternas, os liberais aderem ao
A partir da caça às bruxas realizada contra as lideranças sindicais, o Estado Novo constitui-se
como uma realidade de fato. A partir do momento em que o mercado estava livre do liberalismo
ortodoxo, marcava a adoção de um sistema autoritário para as relações entre o capital e o trabalho,
que desconhecia obstáculos institucionais ou legais para a melhoria das suas possibilidades de
violência pura utilizada nas duas primeiras décadas do século XX. A questão central do
corporativismo era um equilíbrio entre coerção e consenso no que se referia às classes subalternas,
que deveria ser atingido em termos de uma legislação que as protegesse nas suas relações de
Estado na medida em que este definisse os direitos de proteção ao trabalho e a respeito do salário
mínimo, os empresários deixavam claro que não aceitavam uma real colaboração com as classes
subalternas. O Estado legitimou tal perspectiva, quando abdicou do seu poder impositivo para
obrigar a realização dos contratos coletivos. Dessa maneira a forma como o modelo autoritário-
corporativo se manifestou, tornou-se impossível sem a mediação dos empresários que legitimavam o
autoritarismo e repudiavam o corporativismo, a não ser nos seus efeitos inibidores e coercitivos da
dissolve-se a fronteira entre sociedade civil e o Estado. O indivíduo ao ser absorvido pelo Estado se
despojava da consciência de si, daí que as classes subalternas deveriam se tornar um elemento de
colaboração com o capital. Além de o Estado Corporativo manipular as classes subalternas era
necessário se emergir como agente econômico, para cumprir seu princípio modernizante, uma vez
que o grande capital não era nacional e estava desinteressado das questões pioneiras. O Estado
A constituição de 1937 definia a iniciativa individual como fonte de riqueza nacional, o Estado
não deveria defender a igualdade social e sim expandir a produção e o poder econômico nacional.
Após a desmobilização operária realizada em 1935, o objetivo do Estado era mobilizar a classe
operária no interior dos sindicatos, controlados pelo Ministério do Trabalho. Sua ação se limitava à
controlar a vida sindical, efetivando uma razoável fiscalização das leis trabalhistas. Os sindicatos se
Para comprovar a tese de que é em 1935 que se inicia o Estado Novo para os trabalhadores é o
fato de que os princípios da constituição de 1937 só foram aplicados dois anos mais tarde, durante
Mas a “publicização” dos sindicatos levou ao seu esvaziamento, logo foram designados aos
sindicatos papéis mais atrativos para a massa, foram criadas nessa época cooperativas de crédito e
consumo, escolas, assistência médica, entre outras. O problema seria realizar tais façanhas com seus
limitados recursos. Era perigoso que a massa assalariada se afastasse dos sindicatos, pois corria-se o
sério risco de tal classe debandarem para “organizações paralelas”, os sindicatos vazios não
cumpririam seu papel de intermediários entre Estado e classes subalternas. A solução encontrada
para tal dilema foi a criação do imposto sindical, que incidia sobre a folha de pagamentos de
afiliados ou não ao sindicato, dessa maneira os trabalhadores aparelhavam os sindicatos. O plano deu
Estado. Mas houve uma falha no plano, como as contribuições eram obrigatórias, a categoria não se
Apesar de constar da constituição de 1934, o salário mínimo só foi instituído em 1936, sua
primeira tabela sairá em 1940, durante esses seis anos os salários se fixaram por seu “valor de
mercado”. Para montar a tabela, foi levado em conta o somatório das despesas diárias de um
trabalhador adulto. Para os operários de São Paulo, o salário mínimo não resultará em um aumento
de seu padrão de vida, mas para os demais assalariados de outras áreas urbanas, o salário mínimo
consistiu em um aumento real nas condições de vida dessas populações. Além disso atendeu a uma
De acordo com o autor a consolidação das leis do trabalho (CLT) possuía o objetivo de retirar
do mercado a disputa entre capital e trabalho, reduzindo cada vez mais a autonomia das classes
subalternas. Sua principal característica é que concebe os conflitos entre classes como uma questão
de direito, ou seja, tais conflitos seriam interpretados pelo judiciário trabalhista, cuja principal
Segundo Vianna a decadência do Estado Novo se iniciou em 1943, Vargas desejava reorientar
a ordem institucional sob sua liderança. Mas sua queda estava próxima e em fevereiro de 1945
propõe uma ampla revisão constitucional. Para direcionar as pressões redemocratizantes do Estado a
seu favor, Vargas assumiu a liberalização do regime, mas não abriu mão do corporativismo do
A partir de 1944, as facções das classes dominantes abandonam o regime, e Vargas percebe no
movimento operário o melhor aliado para sua defesa, decorre daí a permissão para a organização do
MUT (Movimento Unificado dos Trabalhadores), tenta estabelecer uma comunicação direta com os
44 está na aliança do Estado com as classes subalternas contra alguns setores das classes dominantes.
À classe operária não restava muita escolha, já que suas opções eram redemocratização “pelo alto”
com Vargas ou se unir a uma conspiração à qual não era chamado a participar.
Até a aprovação da nova Constituição vigora a de 1937, cujas emendas permitem que o
presidente da República oriente o sentido geral da institucionalização, dessa maneira Dutra preserva
a CLT, com sua estrutura corporativa, proíbe o MUT, intervém e suspende as eleições nos sindicatos
na economia corporativismo.
“pelo alto” sem Vargas, saiu-se vitoriosa e impediu a autonomia sindical, restringiu o direito de
possibilidade de legitimação da Constituição anterior, desde que julgada compatível pelo judiciário
com a nova Carta. As Leis do Estado Novo acabam por se legitimar em uma ordem liberal. Além
disso a Carta de 1946 reafirmou o regime da CLT. Mas apesar da continuidade, o Estado pós-46
reformulou a relação Estado, capital e trabalho. O papel de ordenar e amparar a CLT que no Estado
Novo cabia ao Ministério do Trabalho, passa à Justiça do Trabalho na nova ordem. Em 1965 o
Estado suprime o papel normativo da Justiça do Trabalho, tirando-lhe o papel de árbitro das questões
salariais, passando tais questões para o foro do Estado. O efeito de tal política será o rebaixamento
dos salários reais, a partir de 1965 os salários passam a ter um movimento declinante. Isso se dará
em função da necessidade da aceleração da expansão do capital industrial. Outra questão será a lei
da estabilidade, acusada de ser responsável pela rigidez contratual, que freariam a capacidade
dinâmica das empresas. O poder regulador da Justiça do Trabalho será totalmente retirado com a
legislação sobre o Fundo de Garantia sobre o Tempo de Serviço (FGTS), que passou a orientar o
sistema político pluralista com organizações corporativas para as classes subalternas, mas no
momento em que a dominação burguesa libera as classes subalternas de uma ordem corporativa, sem
incluí-las no sistema liberal, necessita de um poder autocrático. Para mobilizar as classes subalternas
recorrem então ao projeto de “grandeza nacional”. Decorre que nem sempre o Estado será um