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A predicação:
transitividade verbal
Construindo o conceito
Adão Iturrusgarai
(Folha de S. Paulo, 3/2/2003.)
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Conceituando
Psonha
“Conheci um rapaz na semana passada!”
“Ele é sensível, carinhoso, atencioso e sincero...”
Verbos de ligação
Adão Iturrusgarai
Estou apaixonada.
Ele é sensível, carinhoso, atencioso e sincero.
Eu continuo apaixonada por ele.
Predicativo do sujeito
Agora leia esta anedota:
Filipe Rocha
O pai nota que seus dois filhos estão muito quietos e vai verificar.
— O que vocês estão fazendo? — pergunta o pai.
— Encontramos uma moeda de 1 real — diz o mais velho. — Fizemos
uma aposta: aquele que contar a maior mentira ganha a moeda.
— Mas isso é muito feio! — diz o pai. — Quando eu era criança, NUN-
CA contava mentiras!
Os meninos se entreolham surpresos. O mais novo diz:
— Tudo bem, pai, a moeda é sua.
(Gabriel Barazal. Piadas para rachar o bico — Proibido para adultos.
São Paulo: Fundamento, 2010. p. 45.)
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Caveat
verbo, o enun-
dicativo do sujeito.
ciado fica mais
Seus dois filhos estão muito quietos. econômico e
sujeito predicativo do sujeito direto.
Eu era criança.
sujeito predicativo do sujeito
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Morfossintaxe do
feita por verbos de ligação:
predicativo do sujeito
O predicativo do sujeito pode ser repre-
sentado por:
• um substantivo ou uma palavra substan-
Seus dois filhos estão muito quietos.
tivada:
sujeito verbo de predicativo do
O coração da cidadezinha é a praça.
ligação sujeito
• um adjetivo ou locução adjetiva:
Ele permanecia agachado, de cócoras.
Eu era criança.
• um pronome:
sujeito verbo de predicativo do
O amor da minha vida é ela.
ligação sujeito
• um numeral:
Éramos seis.
• uma oração:
Minha maior mágoa é que você não me vê.
EXERCÍCIOS
1. Complete adequadamente as orações abaixo com um dos seguintes verbos de ligação.
(Níquel Náusea — Nem tudo que balança cai!. São Paulo: Devir, 2003. p. 45.)
a) Troque ideias com os colegas: O que a personagem quer dizer ao afirmar que o Lobo Mau é
daltônico?
Que ele tem uma anomalia visual que dificulta a distinção entre as cores, principalmente entre o vermelho e o verde.
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Madrugada
Meu canto é
Camila de Godoy
o grito,
o eco,
o cheiro,
e o desejo engolido.
Meu canto é
o gemido
nas águas
de nossos corpos suados.
Meu canto é
chuva
na pálpebra cansada.
Meu grito é
canto,
reza,
oferenda,
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zoom.
É vinho
na videira
maturada
em cada
um.
(Helena Carolina. Dúvidas, segredos e descobertas. São Paulo: Saraiva, 2004. p. 22.)
canto, grito
A função de sujeito.
b) Qual é o predicativo?
vinho
Verbos significativos
Verbos transitivos e intransitivos
Leia esta tira, de Fernando Gonsales:
1ª oração — sujeito: o meu tornozelo; predicado: No frio, incha; 2ª oração — sujeito: você (desinencial); predicado: Abaixe a meia.
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Fernando Gonsales
O ratinho ama meias de lã.
O ratinho gosta de meias de lã.
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Em ambas as orações, o verbo é transitivo, pois é acompanhado de complemento. Na
primeira oração, o complemento meias de lã se liga diretamente ao verbo, sem preposição.
Nesse caso, dizemos que o verbo é transitivo direto, e o seu complemento se chama ob-
jeto direto. Veja:
preposição
O ratinho gosta de meias de lã.
v. transitivo OI
indireto
Às vezes, um verbo pode estar acompanhado dos dois tipos de complemento. Nesse
caso, dizemos que ele é transitivo direto e indireto. Observe:
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(Set, nº 223.)
1. Observe o comportamento do público e interprete: Por que, na opinião do homem que fala, “o
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público anda meio entediado com as novidades do cinema”?
Porque o público não está interessado no filme, já que as pessoas se divertem com pipoca.
Observe o emprego do verbo andar nas frases a seguir. Depois associe o verbo a um dos sentidos
indicados e dê a predicação dele em cada situação.
4. Na parte de baixo do anúncio se lê: “Um cartão para todos os negócios, aonde quer que eles te
levem. O cartão é a chave”.
a) Que verbo está subentendido no trecho “Um cartão para todos os negócios” do enunciado?
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5. Na imagem do anúncio, vê-se, ao fundo, a Praça de São Marcos, em Veneza, cidade que é um
dos locais turísticos mais visitados do mundo. A imagem é constituída de várias peças, como um
quebra-cabeça.
Na parte verbal se lê: “O Cartão é a chave”. Logo, subentende-se que o cartão anunciado é o que dá acesso às viagens e ao
mundo do turismo.
c) Por que o lugar da peça que falta no quebra-cabeça situa-se na abertura da porta?
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Para reforçar a ideia transmitida pelo enunciado verbal de que “O Cartão é a chave”. Ou seja, o cartão completa o quebra-cabeça
e, assim, abre a porta que dá acesso ao mundo do turismo; ou abre a porta para o mundo em que os sonhos viram realidade.
6. Leia as frases a seguir, observando o sentido dos verbos destacados. Depois, classifique-os, usan-
do VS para verbo significativo e VL para verbo de ligação.
a) Apesar do barulho lá fora, a professora continuou a leitura do conto. ( VS )
b) O rapazinho continua doente. ( VL )
c) A torcida permanece otimista com o time, apesar das derrotas. ( VL )
d) A torcida permaneceu no estádio depois do torneio de futebol. ( VS )
e) A escola está oferecendo vagas a novos alunos. ( VS )
f) Nesta última semana, meu amigo andou desanimado. ( VL )
(Horizonte, nº 65.)
Professor: Aproveite para lembrar aos alunos que o ser humano também é considerado animal (racional).
b) Troque ideias com os colegas e levante hipóteses: Quais são os animais retratados no
anúncio?
Um macaco, um animal cuja pele tem valor comercial (talvez um urso ou uma raposa) e um ser humano.
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Objeto direto.
b) Nas três primeiras situações, quem está agindo contra os seres retratados?
O ser humano.
5. A quarta situação é a única que apresenta um texto verbal diferente. Para o ser humano,
o futuro previsto não é bom, mas existe uma esperança.
a) Que parte desse enunciado revela que ainda há esperança para o ser humano?
A oração “se continuar assim”.
Professor: Comente com os alunos que a oração estabelece uma condição para que o futuro da humanidade seja bom.
b) A oração “se continuar assim” introduz uma ideia de condição. Qual é a condição para
que o ser humano possa ter um futuro diferente do previsto?
A condição é que ele passe a respeitar o meio ambiente, representado pela fauna e pela flora.
Planeta Sustentável
c) Observe, abaixo do anúncio, a indicação de onde ele foi publicado. Que tipo de leitor
o anunciante tinha em vista?
Professor: Comente com os alunos o perfil da revista. Trata-se de uma revista que, como o nome sugere, se propõe a levar informações a pessoas
que desejam uma vida melhor em relação a vários aspectos: meio ambiente, trânsito, alimentação, saúde, etc. Logo, o anunciante supõe que esse
tipo de leitor tenha interesse na preservação do patrimônio arquitetônico da cidade onde vive.
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Planeta Sustentável
3. Observe as três frases que se destacam no anúncio:
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tem: VTD; OD: história / respeitar: VTD; OD: o passado / ajuda a construir: VTD; OD: o futuro / preserve: VTD;
• Troque ideias com os colegas e levante hipóteses: Qual é a razão do emprego, nos
enunciados, de verbos cuja transitividade é a que você identificou?
Para preservar o patrimônio arquitetônico, é necessário agir. Como os verbos transitivos expressam ações, o emprego deles ajuda
a dar ideia da importância de agir em benefício da preservação do patrimônio histórico das cidades.
b) Por que a frase “O futuro a gente faz agora” se aplica à preservação do patrimônio
histórico?
Porque ela faz lembrar que, se não se começar a preservar o patrimônio arquitetônico agora, não haverá o que preservar no
futuro.
c) Você concorda com o ponto de vista expresso nessa frase? Ele se aplica a outros as-
pectos da vida em sociedade, na sua opinião?
Resposta pessoal. Espera-se que os alunos respondam que sim e que citem o meio ambiente como exemplo de outro
Soraia é bonita.
Soraia está bonita hoje.
Regência verbal
Leia esta tira, de Fernando Gonsales:
(Níquel Náusea — A vaca foi pro brejo atrás do carro na frente dos bois. São Paulo: Devir, 2010. p. 3.)
1. Na língua portuguesa, há verbos e nomes que, ao serem empregados em uma frase, exi-
gem a presença de outros termos. Na tira:
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b) Qual é o termo exigido pelo verbo comer na frase “Acho que comi uma minhoca alu-
cinógena!”? Que função sintática ele desempenha?
uma minhoca alucinógena, objeto direto
2. Interprete: Por que o peixe acha que comeu uma minhoca alucinógena?
Porque não acredita no que aconteceu, ou seja, ter sido capturado e devolvido para a água. Acha que está tendo delírios.
Agora vamos devolver ele para a água! / De acordo com a norma-padrão, teríamos vamos devolvê-lo.
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Professor: Lembre aos alunos que, na função de objeto, a norma-padrão recomenda o emprego de pronomes oblíquos.
Professor: Lembre aos alunos que, em situações formais, ou produzindo gêneros que envolvem formalidade, é necessário observar as regras da
norma-padrão.
Ao responder às questões anteriores, você pôde observar que há termos que exigem a
presença de outro. É o caso da locução verbal vamos devolver e do verbo comer na tira.
O termo — verbo ou nome — que exige a presença de outro chama-se regente ou
subordinante, e os que completam a significação do termo cha-
Fernando Gonsales
Lew’Lara\TBWA
pregado com o sentido de “presenciar” e, nesse
caso, é transitivo indireto. Já na segunda frase,
significa “prestar assistência” e, quando tem esse
sentido, é transitivo direto.
A regência é um dos aspectos da língua
em que se evidenciam claramente as diferen-
ças entre a norma culta e as demais varieda-
des. Mesmo entre os falantes que regularmente
usam a norma culta, é comum haver diferenças
no emprego da regência em situações de uso
da língua escrita e da língua oral.
Em situações em que há necessidade de
produzir textos que sigam a norma-padrão
formal, recomenda-se, para esclarecer dúvidas
quanto à regência, a consulta a dicionários co-
muns ou especializados em regência.
Apresentamos a seguir os casos mais co-
muns de regência, de acordo com as orienta-
ções da gramática normativa. (Folha Top Mind 2009, 29/10/2009.)
No anúncio, entender é transitivo direto e vocês é o objeto direto
do verbo. Se o enunciado fosse “Para cachorros que entendem de
Assistir cozinha”, o verbo entender seria transitivo indireto e de cozinha
teria a função de objeto indireto.
Chegar — Ir
Obedecer — Desobedecer
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• São transitivos diretos quando não são pronominais, isto é, quando não exigem o pro-
nome oblíquo:
EXERCÍCIOS
Leia a tira a seguir e responda às questões 1 e 2.
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(Fernando Gonsales. Com mil demônios. São Paulo: Devir, 2002. p. 10.)
1. Há, na tira, um verbo cujo emprego está em desacordo com a norma-padrão quanto à regência.
a) Qual é esse verbo?
esquecer
2. O verbo lembrar tem a mesma regência que o verbo esquecer. Reescreva a frase do 3º quadri-
nho, substituindo o verbo esquecer por lembrar e observando as regras da norma-padrão.
Lembrei-me de tirar a ferradura.
(Ziraldo. Almanaque Maluquinho — Pra que dinheiro?. São Paulo: Globo, 2011. p. 33.)
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Ziraldo
menos três deles.
A mesada dos colegas é maior. O preço das coisas de que ele gosta aumentou.
7. No penúltimo quadrinho, Junim se diz um “menino de família”. Essa denominação está em opo-
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sição a outra, que se aplicaria ao pai. Qual é ela e qual é seu significado?
8. No último quadrinho, Junim resume sua reivindicação dizendo: “Eu só gasto com o essencial!”.
a) Você concorda com o que ele diz, ou seja, considera que os gastos dele são mesmo “essenciais”?
Professor: Abra a discussão com a classe. Sugestão: Do ponto de vista dele, sim, mas, do ponto de vista do pai, provavelmente
b) Você acha que o pai vai atender às reivindicações do filho? Por quê?
Resposta pessoal. Provavelmente sim, pois o pai está se divertindo com essa história e achando o filho muito esperto.
Companheiros, o preço das coisas de que/das quais eu gosto aumentou, mas minha mesada não. /
Hoje, eu, um pobre menino de família, perdi o direito de ir ao cinema e vir dele.
Filipe Rocha
o bando do Menino Maluquinho, lá em cima da man-
gueira, pegando as mangas. E grita:
— Ei... vocês estão roubando as minhas mangas?
E o Maluquinho responde:
— Não, não. Nós pegamos algumas caídas no chão e
tamos botando no lugar.
(Ziraldo. O livro do riso do Menino Maluquinho. 3. ed.
São Paulo: Melhoramentos, 2000. p. 57.)
Filipe Rocha
braço na tipoia. Um dia, ele perguntou ao médico:
— Doutor, o senhor acha que depois que eu tirar o
gesso eu vou conseguir tocar piano?
— Claro, meu filho — respondeu o médico.
— Que bom — disse o Junim. — Antes eu não con-
seguia de jeito nenhum.
(Idem, p. 57.)
b) E na segunda anedota?
O garoto revelar que não sabia tocar piano.
Ao ler os textos e responder à questão 2, você pôde observar que há hiatos que são
acentuados e outros que não são. Veja por quê:
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Exceção: A vogal i de hiatos não é acentuada quando seguida de sílaba iniciada por nh:
ra-i-nha ba-i-nha ta-i-nha mo-i-nho
ATENÇÃO
Veja como ficam os casos seguintes, que podem causar dúvida.
Nas palavras paroxítonas, não é acentuado o u tônico que vem
depois de um ditongo:
fei-u-ra bai-u-ca
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não são acentuadas:
EXERCÍCIOS
1. Os acentos de algumas palavras das charadas a seguir foram propositalmente eliminados. Leia as
charadas, observando as palavras quanto à acentuação. Em seguida, reescreva aquelas cujo acento
gráfico é necessário, acentuando-as. Depois tente responder às charadas.
a) Sabe por que os biscoitos de agua e sal não são feitos de agua e sal?
água / Porque senão o mar seria um enorme biscoito.
país / Camarões.
e) Quem é que tem aneis e não tem dedos, corre e não tem pes?
anéis, pés / A cobra.
Fonte: Donaldo Buchweitz, org. Charadas para você quebrar a cabeça. Belo Horizonte: Leitura, 2002.
b) Identifique nos balões do 2º e do 3º quadrinho uma palavra oxítona e uma proparoxítona que
devem ser acentuadas e reescreva-as, acentuando-as adequadamente. filé, brócolis
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DIVIRTA-SE
Será que os dicionários enlouqueceram? Leia as definições do “Dicionário maluco” abai-
xo e depois dê sua contribuição, inventando sentidos malucos para os verbetes que ainda
estão sem explicação.
contribuir:dirigir-se a algum lugar com um grupo de índios. pressupor: anexar preço nos produtos.