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Dilemas
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NANCY FRASER
TRADUÇÃO: JULIO ASSIS SIMÕES
A “luta por reconhecimento” está rapidamen- tural” e “reconhecimento”? Essa virada repre-
te se tornando a forma paradigmática de con�ito senta um lapso de “falsa consciência”? Ou seria
político no �nal do século XX. Demandas por mais um meio de compensar a cegueira cultural
“reconhecimento da diferença” dão combustível de um paradigma marxista posto em descrédito
às lutas de grupos mobilizados sob as bandeiras pelo colapso do comunismo soviético?
da nacionalidade, etnicidade, “raça”, gênero e Nenhuma das duas posições é adequada,
sexualidade. Nestes con�itos “pós-socialistas”, a a meu ver. Ambas são demasiado abrangentes
identidade de grupo suplanta o interesse de clas- e sem nuanças. Ao invés de simplesmente en-
se como o meio principal da mobilização políti- dossar ou rejeitar o que é simplório na política
ca. A dominação cultural suplanta a exploração da identidade, devíamos nos dar conta de que
como a injustiça fundamental. E o reconheci- temos pela frente uma nova tarefa intelectual
mento cultural toma o lugar da redistribuição e prática: a de desenvolver uma teoria crítica
socioeconômica como remédio para a injustiça do reconhecimento, que identi�que e assuma
e objetivo da luta política. a defesa somente daquelas versões da política
Claro que esta não é toda a história. Lutas cultural da diferença que possam ser combi-
pelo reconhecimento ocorrem num mundo de nadas coerentemente com a política social da
exacerbada desigualdade material – desigual- igualdade.
dades de renda e propriedade; de acesso a tra- Ao formular esse projeto, assumo que a jus-
balho remunerado, educação, saúde e lazer; e tiça hoje exige tanto redistribuição como reco-
também, mais cruamente, de ingestão calórica nhecimento. E proponho examinar a relação
e exposição à contaminação ambiental; portan- entre eles. Isso signi�ca, em parte, pensar em
to, de expectativa de vida e de taxas de mor- como conceituar reconhecimento cultural e
bidade e mortalidade. A desigualdade material igualdade social de forma a que sustentem um
está em alta na maioria dos países do mundo ao outro, ao invés de se aniquilarem (pois há
– nos EUA e na China, na Suécia e na Índia, na muitas concepções concorrentes de ambos!)
Rússia e no Brasil. Ela também aumenta glo- Signi�ca também teorizar a respeito dos meios
balmente, de modo mais dramático, do outro pelos quais a privação econômica e o desrespei-
lado da linha que divide norte e sul. to cultural se entrelaçam e sustentam simulta-
Como, então, devemos ver o eclipse de um neamente. Exige também, portanto, esclarecer
imaginário socialista centrado em termos como os dilemas políticos que surgem quando ten-
“interesse”, “exploração” e “redistribuição”? E tamos combater as duas injustiças ao mesmo
o que devemos fazer com a emergência de um tempo.
novo imaginário político centrado nas noções Meu objetivo maior é ligar duas problemá-
de “identidade”, “diferença”, “dominação cul- ticas políticas atualmente dissociadas; pois é
reconhecimento assumem com freqüência a As coisas �cam mais turvas, porém, à medi-
forma de chamar a atenção para a presumida da que nos afastamos das extremidades. Quan-
especi�cidade de algum grupo – ou mesmo do consideramos coletividades localizadas na
de criá-la performativamente – e, portanto, região intermediária do espectro conceitual,
a�rmar seu valor. Desse modo, elas tendem encontramos tipos híbridos que combinam
a promover a diferenciação do grupo. Lu- características da classe explorada com carac-
tas de redistribuição, em contraste, buscam terísticas da sexualidade desprezada. Essas co-
com freqüência abolir os arranjos econômi- letividades são “bivalentes”. São diferenciadas
cos que embasam a especi�cidade do grupo como coletividades tanto em virtude da estru-
(um exemplo seriam as demandas feministas tura econômico-política quanto da estrutura
para abolir a divisão do trabalho segundo o cultural-valorativa da sociedade. Oprimidas
gênero). Desse modo, elas tendem a promo- ou subordinadas, portanto, sofrem injustiças
ver a desdiferenciação do grupo. O resultado é que remontam simultaneamente à economia
que a política do reconhecimento e a políti- política e à cultura. Coletividades bivalentes,
ca da redistribuição parecem ter com freqü- em suma, podem sofrer da má distribuição so-
ência objetivos mutuamente contraditórios. cioeconômica e da desconsideração cultural de
Enquanto a primeira tende a promover a di- forma que nenhuma dessas injustiças seja um
ferenciação do grupo, a segunda tende a de- efeito indireto da outra, mas ambas primárias
sestabilizá-la. Desse modo, os dois tipos de e co-originais. Nesse caso, nem os remédios de
luta estão em tensão; um pode interferir no redistribuição nem os de reconhecimento, por
outro, ou mesmo agir contra o outro. si sós, são su�cientes. Coletividades bivalentes
Eis, então, um difícil dilema. Doravante necessitam dos dois.
vou chamá-lo dilema da redistribuição-reco- Gênero e “raça” são paradigmas de coleti-
nhecimento. Pessoas sujeitas à injustiça cul- vidades bivalentes. Embora cada qual tenha
tural e à injustiça econômica necessitam de peculiaridades não compartilhadas pela outra,
reconhecimento e redistribuição. Necessitam ambas abarcam dimensões econômicas e di-
de ambos para reivindicar e negar sua especi�- mensões cultural-valorativas. Gênero e “raça”,
cidade. Como isso é possível? portanto, implicam tanto redistribuição quan-
[...] to reconhecimento.
As coisas são bem claras nas duas extremi- O gênero, por exemplo, tem dimensões
dades de nosso espectro conceitual. Quando econômico-políticas porque é um princípio
lidamos com coletividades que se aproximam estruturante básico da economia política. Por
do tipo ideal da classe trabalhadora explorada, um lado, o gênero estrutura a divisão funda-
encaramos injustiças distributivas que precisam mental entre trabalho “produtivo” remune-
de remédios redistributivos. Quando lidamos rado e trabalho “reprodutivo” e doméstico
com coletividades que se aproximam do tipo não-remunerado, atribuindo às mulheres a
ideal da sexualidade desprezada, em contraste, responsabilidade primordial por este último.
encaramos injustiças de discriminação negativa Por outro lado, o gênero também estrutura a
que precisam de remédios de reconhecimento. divisão interna ao trabalho remunerado entre
No primeiro caso, a lógica do remédio é acabar as ocupações pro�ssionais e manufatureiras de
com esse negócio de grupo; no segundo caso, ao remuneração mais alta, em que predominam
contrário, trata-se de valorizar o “sentido de gru- os homens, e ocupações de “colarinho rosa” e
po” do grupo, reconhecendo sua especi�cidade. de serviços domésticos, de baixa remuneração,
injustiça de gênero, portanto, é preciso mudar a e “supér�uo” que não vale a pena ser explorado
economia política e a cultura. e é totalmente excluído do sistema produtivo.
Mas o caráter bivalente do gênero é a fonte O resultado é uma estrutura econômico-políti-
de um dilema. Uma vez que as mulheres sofrem, ca que engendra modos de exploração, margi-
no mínimo, de dois tipos de injustiça analitica- nalização e privação especi�camente marcados
mente distintos, elas necessariamente precisam, pela “raça”. Essa estrutura constitui a raça como
no mínimo, de dois tipos de remédios analiti- uma diferenciação econômico-política dota-
camente distintos: redistribuição e reconheci- da de certas características de classe. Sob esse
mento. Os dois remédios pendem para direções aspecto, a injustiça racial aparece como uma
opostas, porém, e não é fácil persegui-las ao espécie de injustiça distributiva que clama por
mesmo tempo. Enquanto a lógica da redistri- compensações redistributivas. De modo mui-
buição é acabar com esse negócio de gênero, a to semelhante à classe, a injustiça racial exige
lógica do reconhecimento é valorizar a especi�- a transformação da economia política para que
cidade de gênero. Eis, então, a versão feminista se elimine a racialização desta. Para eliminar a
do dilema da redistribuição-reconhecimento: exploração, marginalização e privação especi�-
como as feministas podem lutar ao mesmo tem- camente marcadas pela “raça” é preciso abolir
po para abolir a diferenciação de gênero e para a divisão racial do trabalho – a divisão racial
valorizar a especi�cidade de gênero? entre trabalho explorável e supér�uo e a divisão
Um dilema análogo aparece na luta con- racial dentro do trabalho remunerado. A lógi-
tra o racismo. A “raça”, como o gênero, é um ca do remédio é semelhante à lógica relativa à
modo bivalente de coletividade. Por um lado, classe: trata-se de fazer com que a “raça” �que
ela se assemelha à classe, sendo um princípio fora do negócio. Se a “raça” não é nada mais do
estrutural da economia política. Neste aspec- que uma diferenciação econômico-política, a
to, a “raça” estrutura a divisão capitalista do justiça exige, em suma, que ela seja abolida.
trabalho. Ela estrutura a divisão dentro do Entretanto, a raça, como o gênero, não
trabalho remunerado, entre as ocupações de é somente econômico-política. Ela também
baixa remuneração, baixo status, enfadonhas, tem dimensões culturais-valorativas, que a
sujas e domésticas, mantidas desproporcional- inserem no universo do reconhecimento. As-
mente pelas pessoas de cor, e as ocupações de sim, a “raça” também abarca elementos mais
remuneração mais elevada, de maior status, de parecidos com a sexualidade do que com
“colarinho branco”, pro�ssionais, técnicas e ge- a classe. Um aspecto central do racismo é o
renciais, mantidas desproporcionalmente pelos eurocentrismo: a construção autorizada de
“brancos”. A divisão racial contemporânea do normas que privilegiam os traços associados
trabalho remunerado faz parte do legado his- com o “ser branco”. Em sua companhia está
tórico do colonialismo e da escravidão, que o racismo cultural: a desquali�cação genera-
elaborou categorizações raciais para justi�car lizada das coisas codi�cadas como “negras”,
formas novas e brutais de apropriação e explo- “pardas” e “amarelas”, paradigmaticamente
ração, constituindo efetivamente os “negros” – mas não só – as pessoas de cor. Esta depre-
como uma casta econômico-política. Atual- ciação se expressa numa variedade de danos
mente, além disso, a “raça” também estrutura sofridos pelas pessoas de cor, incluindo re-
o acesso ao mercado de trabalho formal, cons- presentações estereotipadas e humilhantes na
tituindo vastos segmentos da população de cor mídia, como criminosos, brutais, primitivos,
como subploretariado ou subclasse, degradado estúpidos etc; violência, assédio e difamação
em todas as esferas da vida cotidiana; sujei- classe, que ocupa uma das extremidades do es-
ção às normas eurocêntricas que fazem com pectro conceitual, e da sexualidade, que ocupa a
que as pessoas de cor pareçam inferiores ou outra, gênero e “raça” são bivalentes, implicados
desviantes e que contribuem para mantê-las ao mesmo tempo na política de redistribuição e
em desvantagem mesmo na ausência de qual- na política do reconhecimento. Ambos, conse-
quer intenção de discriminar; a discriminação qüentemente, enfrentam o dilema da redistri-
atitudinal; a exclusão e/ou marginalização buição-reconhecimento. As feministas devem
das esferas públicas e centros de decisão; e a buscar remédios que dissolvam a diferenciação
negação de direitos legais plenos e proteções de gênero, enquanto buscam também remédios
igualitárias. Como no caso do gênero, esses culturais que valorizem a especi�cidade de uma
danos são injustiças de reconhecimento. Por coletividade desprezada. Os anti-racistas, da
isso, a lógica do remédio também é conceder mesma maneira, devem buscar remédios eco-
reconhecimento positivo a um grupo especi�- nômico-políticos que dissolvam a diferenciação
camente desvalorizado. “racial”, enquanto buscam também remédios
A “raça” também é, portanto, um modo culturais que valorizem a especi�cidade de co-
bivalente de coletividade com uma face eco- letividades desprezadas. Como podem fazer as
nômico-política e uma face cultural-valorativa. duas coisas ao mesmo tempo?
Suas duas faces se entrelaçam para se reforça- Até aqui, apresentei o dilema da redistri-
rem uma à outra, dialeticamente, ainda mais buição-reconhecimento de uma forma que
porque as normas culturais racistas e eurocên- parece completamente intratável. Assumi que
tricas estão institucionalizadas no Estado e na os remédios redistributivos para a injustiça eco-
economia, e a desvantagem econômica sofrida nômico-política sempre diferenciam os grupos
pelas pessoas de cor restringe sua “voz”. Para sociais. Da mesma maneira, assumi que os
compensar a injustiça racial, portanto, é preci- remédios de reconhecimento para a injustiça
so mudar a economia política e a cultura. Mas, cultural-valorativa sempre realçam a diferen-
como ocorre com o gênero, o caráter bivalen- ciação do grupo social. Diante dessas posições,
te da “raça” é a fonte de um dilema. Uma vez é difícil ver como feministas e anti-racistas po-
que as pessoas de cor sofrem, no mínimo, de dem buscar redistribuição e reconhecimento ao
dois tipos de injustiça analiticamente distintos, mesmo tempo.
elas necessariamente precisam, no mínimo, de Agora, porém, quero complicar essas po-
dois tipos de remédios analiticamente distin- sições. Nesta seção, vou examinar concepções
tos: redistribuição e reconhecimento, que não alternativas de redistribuição, de um lado, e
são facilmente conciliáveis. Enquanto a lógica concepções alternativas de reconhecimento, de
da redistribuição é acabar com esse negócio de outro. Meu objetivo é distinguir duas grandes
“raça”, a lógica do reconhecimento é valorizar abordagens para corrigir a injustiça que atraves-
a especi�cidade do grupo. Eis, então, a versão sam o divisor da redistribuição-reconhecimento.
anti-racista do dilema da redistribuição-reco- Vou chamá-las de “a�rmação” e “transforma-
nhecimento: como os anti-racistas podem lu- ção”, respectivamente. Após apresentá-las gene-
tar ao mesmo tempo para abolir a “raça” e para ricamente, mostrarei como cada uma opera em
valorizar a especi�cidade cultural dos grupos relação à redistribuição e ao reconhecimento.
racializados subordinados? Por �m, a partir dessa base, vou reformular o
Gênero e “raça” são, em suma, modos di- dilema da redistribuição-reconhecimento para
lemáticos de coletividade. Diferentemente da uma forma mais aberta a uma resolução.
Vou começar por uma breve distinção entre do substantivo, muito semelhante à etnicidade
a�rmação e transformação. Por remédios a�r- (ou à visão de senso comum desta). Assume-se
mativos para a injustiça, entendo os remédios que essa positividade subsiste em si e de si mes-
voltados para corrigir efeitos desiguais de arran- ma, necessitando somente de reconhecimento
jos sociais sem abalar a estrutura subjacente que adicional. A política queer, em contraste, trata
os engendra. Por remédios transformativos, em a homossexualidade como um correlato cons-
contraste, entendo os remédios voltados para truído e desvalorizado da heterossexualidade;
corrigir efeitos desiguais precisamente por meio ambas são rei�cações da ambigüidade sexual
da remodelação da estrutura gerativa subjacen- e são co-de�nidas somente uma em relação à
te. O ponto crucial do contraste é efeitos ter- outra. O objetivo transformativo não é conso-
minais vs. processos que os produzem – e não lidar uma identidade gay, mas desconstruir a
mudança gradual vs. mudança apocalíptica. dicotomia homo-hétero de modo a desestabili-
Pode-se aplicar essa distinção, primeira- zar todas as identidades sexuais �xas. A questão
mente, aos remédios para a injustiça cultural. não é dissolver toda a diferença sexual numa
Remédios a�rmativos para tais injustiças são identidade humana única e universal; mas sim
presentemente associados ao que vou chamar manter um campo sexual de diferenças múl-
“multiculturalismo mainstream”. Essa espé- tiplas, não-binárias, �uidas, sempre em movi-
cie de multiculturalismo propõe compensar mento.
o desrespeito por meio da revalorização das As duas abordagens são de considerável
identidades grupais injustamente desvalori- interesse como remédios para a ausência de
zadas, enquanto deixa intactos os conteúdos reconhecimento. Mas há uma diferença con-
dessas identidades e as diferenciações grupais siderável entre elas. Enquanto a política de
subjacentes a elas. Remédios transformativos, identidade gay tende a realçar a diferenciação
em contraste, são presentemente associados à de grupo sexual existente, a política queer tende
desconstrução. Eles compensariam o desrespei- a desestabilizá-la – no mínimo, ostensivamen-
to por meio da transformação da estrutura cul- te e no longo prazo. A observação vale para os
tural-valorativa subjacente. Desestabilizando as remédios de reconhecimento, de modo geral.
identidades e diferenciações grupais existentes, Enquanto os remédios de reconhecimento a�r-
esses remédios não somente elevariam a auto- mativos tendem a promover as diferenciações
estima dos membros de grupos presentemente de grupo existentes, os remédios de reconhe-
desrespeitados; eles transformariam o sentido cimento transformativos tendem, no longo
do eu de todos. prazo, a desestabilizá-las, a �m de abrir espaço
Para ilustrar a distinção, vamos considerar, para futuros reagrupamentos.
mais uma vez, o caso da sexualidade despreza- [...]
da. Remédios a�rmativos para a homofobia e Distinções análogas valem para os remédios
o heterossexismo são presentemente associados para a injustiça econômica. Os remédios a�r-
com a política de identidade gay, que visa a re- mativos para essas injustiças estão associados
valorizar a identidade gay e lésbica. Remédios historicamente ao Estado de bem-estar liberal.
transformativos, em contraste, são associados à Eles buscam compensar a má distribuição ter-
política queer, que se propõe a desconstruir a minal, enquanto deixam intacta a maior parte
dicotomia homo-hétero. A política de identi- da estrutura econômico-política subjacente. As-
dade gay trata a homossexualidade como uma sim, eles aumentariam a parte de consumo dos
positividade cultural, com seu próprio conteú- grupos economicamente desprivilegiados, sem
traduzido de
FRASER, Nancy. 2001. “From redistribution to recognition? Dilemmas of justice in a
‘postsocialist’ age”. In: S. Seidman; J. Alexander. (orgs.). 2001. �e new social theory
reader. Londres: Routledge, pp. 285-293.
Outra versão do artigo foi publicada na New Left Review (212: 68-93, 1995).
Recebido em 30/09/2006
Aceito para publicação em 30/11/2006