15/08/2016

Até década de 70 risco de exposição ao benzeno

era subdimensionado, seja pelos empregadores,
sindicatos e Estado

Já havia desde 1932 restrição da exposição

Pós-Graduação em Engenharia de
ocupacional ao produto a mulheres e menores,
Segurança do Trabalho. porém não era seguido

Professor: Diogo Barradas Braz A partir de 70 iniciaram-se levantamentos –

diogo@essenciadaterra.eng.br estudos sobre o problema

Foram apresentados resultados de 74 amostras de

1978 com a Port. 3214 foram estabelecidos LTB
produtos adquiridos no mercado ou em locais de
trabalho
Pressões sindicais fizeram com o governo inicia-se
medidas de controle e avaliação da situação da
Observados produtos com teores de 70 até 90% da
exposição ao benzeno no país
composição com benzeno
Presença do benzeno em produtos acabados
Grande parte variando de 10 a 25%
FUNDACENTRO realiza pesquisa determinado teores de
Maior parte identificada como solvente Thinner, não
benzeno em solventes orgânicos industriais
havia indicação de composição do produto no rótulo, n.
comercializados no Brasil
de lote, etc...

Situações de trabalho acarretando riscos imponderáveis

Os produtos eram utilizados em diversas atividades com
em relação aos agravos que podem ser produzidos pela
exposição direta dos trabalhadores ao produto, havendo
exposição ao benzeno
manipulação direta do operador com o produto
Presença do benzeno nos produtos era presente em
Ex. de atividades observadas na pesquisa:restauração de
praticamente todos os Estados brasileiros – partiu-se
máquinas impressoras em setor de impressão em off-set
para investigação de como ocorria essa distribuição
gráfica; pintura de ônibus; limpeza de peças em oficina de
automóveis; pintura a revólver em indústria metalúrgica,
Pesquisa revelou presença de um setor intermediário
dissolução de tintas e vernizes em fabricação de móveis;
entre as fontes de produção do benzeno e os produtos
limpeza de telas de silk-screen em indústria de plásticos;
acabados, denominadas indústrias misturadoras de
etc...
solventes

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Só no Est. De São Paulo estimou-se cerca de 100
empresas do ramo formulando produtos como diluentes,
dissolventes para formulação de produtos gráficos, colas,
removedores, tintas, vernizes, e solventes de limpeza em
geral
Formulavam inúmeros produtos diferentes, sendo uma
delas chegava a formular 2500 tipos diferentes de marcas
Com isso concluiu-se ser inviável o controle de exposição
ocupacional analisando-se produtos acabados
Já desde 1971 havia recomendação da OIT
para proibição de uso de benzeno como
solvente orgânico em produtos acabados
Analisou-se o fluxo de produção do
produto:
Benzeno(cerca de 480 mil T/ano)
Ficou evidente como poderia se obter o controle
Portaria interministerial 03/82
Proíbe o uso de benzeno com componente em
produtos acabados
A seguir a essa portaria novos estudos foram
realizados mostrando uma gradual retração no uso do
benzeno em produtos acabados permitindo um
melhor controle dos trabalhadores
Porém a atividade fiscalizadora deve continuar para o
cumprimento da legislação
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Estratégia de controle do risco
Controle produto a produto : impossível
O caminho – restrição ao uso do
benzeno pelo setor
Origem : petróleo – refinaria e ind.petroquímica
90% da produção
Destino – indústrias de transformação – benzeno
usado em síntese como matéria prima d
eprodução de outros produtos químicos(etil-
benzeno, estireno, ciclohexano,etc...)
Carvão mineral – siderúrgicas – coqueria
10% da produção
destino – destilarias de álcool
indústrias misturadoras de solventes
Fiscalização e vigilância médica dos outros grupos
ocupacionalmente expostos:
Destilação do álcool – indústrias de transformação –
siderurgia – refinarias de petróleo
Na década de 80 alterações hematológicas em
trabalhadores de uma siderúrgica paulista foi objeto de
investigação e aprofundamento sobre essa questão
Nas indústrias de síntese e transformação onde benzeno
é matéria prima de outros produtos a exposição é pouco
conhecida, sabendo-se que são poucas indústrias –
maior parte automatizadas e número pequeno de
trabalhadores envolvidos
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Em destilarias de álcool – benzeno foi
utilizado na desidratação do álcool –
sendo gradativamente substituído por
outros produtos ou outras tecnologias
Absorção, distribuição, bio-transformação,
mecanismo de ação e excreção:
Absorção por via respiratória e cutânea,
sendo mais importante a respiratória.
Distribui-se rapidamente pelos tecidos
atingindo maiores concentrações em tecidos
com alto teor lipídico
Eliminação é rápida, após a jornada de trabalho
em no máximo até 12 horas tudo foi eliminado
Concentração do fenol é proporcional a absorção,
porém devido a rapidez da eliminação a coleta da
urina para análise do fenol deve ser
imediatamente após a exposição – final da
jornada de trabalho
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Toxicologia da exposição ao benzeno:
Mielotoxicidade foi inicialmente observada na Suécia , já
em 1895 em fábrica de pneus de bicicleta – sendo
observado e descritas várias mortes de trabalhadores
por aplasia medular
Na década de 20 na Europa o produto começa a ser
relacionado ao aparecimento de leucemias e atualmente
o produto é classificado como substância
comprovadamente cancerígena ao ser humano
Cerca de 70% do produto absorvido é bio-
transformado em produtos mais hidrossolúveis
como o fenol(principal metabólito) e ainda
catecóis que são eliminados pela urina em forma
de conjugados com ácidos glicurônicos
Restante 30% eliminado sem alterações pela via
respiratória
Esse processo é o mais conhecido, podendo
haver outros não conhecidos, além de variações
indivíduo a indivíduo
Efeito tóxico do produto é atribuído a um dos
produtos da bio-transformação, o benzeno-epóxi
Benzeno - (enzima) – benzeno-epóxi –
(hidrólise) - fenol
Enzima AHH(aril hidrocarboneto hidroxilase)
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Benzeno-epóxi é uma substância instável e reage com
várias macro-moléculas orgânicas, inclusive o DNA,
como há a formação da substância em vários tecidos,
inclusive o hematopoiético, os efeitos ocorrerão nesse
tecido, sendo o mecanismo não esclarecido
Resposta dose-dependente
Há alguns casos relatados que no caso do benzeno isso
não ocorre e apenas poucas exposições já podem
produzir efeitos graves como aplasia e leucemia.
Efeitos neurológicos em geral são leves e
cessam com a interrupção a exposição
Porém após a uma exposição fica a
preocupação com a resposta mais tardia
como aplasias e leucemias
Evolução na população é muito variada podendo
não gerar qualquer efeito até o aparecimento de
aplasias e leucemias
Quadro pode iniciar a manifestação por uma
hipoplasia/displasia e iniciar por uma penia em
uma, duas ou as três séries hematológicas
Pode evoluir com piora progressiva chegando a
aplasia ou leucemia
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Efeitos:
Exposição aguda
Inalações de altas concentrações de benzeno trará
efeitos semelhantes ao de outros solventes – depressão
do SNC
Quadro – início euforia – tontura – dificuldade de
deambulação – e pode evoluir com sonolência –
incoordenação motora –estado de embriagues - se
persistir exposição a doses mais elevadas pode chegar a
coma – convulsão e morte por depressão cárdio-
respiratória
Exposição crônica:
Exposição crônica a baixas concentrações
por períodos prolongados – semanas –
meses – podem evoluir para clássica
mielotoxicidade com a manifestação da
doença profissional – benzenismo ou
benzolismo.
Há casos descritos de reversão dessas
hipo/displasias e alguns anos depois a
eclosão de uma aplasia e leucemia
Outros casos com exposição podem
apresentar avaliações do sangue normal
normal e após anos ( 5 a 15 anos conforme
autor) a ocorrência do benzolismo,
denominada aqui de hemopatia retardada
ao benzeno
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Leucemias provocadas por benzeno : vários tipos

– mielóide aguda, mielóide crônica, linfóide
aguda, linfóide crônica e eritroblástica. Benzeno Valores do fenol LTB até 50 mg/l
também associado a linfomas de vários tipos
Limite de exposição era 8 ppm
Monitoramento da exposição Nos EUA já era 1 e haviam propostas de 0,5
Hoje a proposta é a eliminação da
Fenol urinário – indicador indireto de exposição exposição
– reflete a absorção do produto naquele período
e não é indicador de efeito – logo que afastado a
exposição desaparece o fenol

Diagnóstico :
Alterações hematológicas e exposição ao agente
mediante inspeção no local de trabalho e/ou dados
epidemiológicos da exposição
Alterações hematológicas quando graves e
evidentes e confirmada exposição diagnóstico está
fechado – benzolismo/benzenismo
Quadro clínico podem ocorrer manifestações das
penias ex. plaquetopenia(epistaxes, sangramento
gengival, prolongamento da menstruação em
mulheres)
Série vermelha a penia pode s e manifestar por
anemia, fadiga, palidez cutâneo-mucosa e da
série branca em imunodeficiência com infecções,
principalmente oportunísticas

Alterações discretas dificultam diagnóstico

Exposição : fácil quando o produto é manuseado em

forma pura em siderúrgicas, petroquímicas e indústrias
químicas, até 82 também fácil devido altos teores nos Dados epidemiológicos:
produtos acabados

Atualmente é mais raro observar a exposição a produtos Alterações hematológicas significativas em

acabados, mas pode ocorrer observar contaminação por
benzeno em outros solventes além do limite de 1% em
Thinners , Toluol e Xilol e por isso deve-se investigar a
relação causal
vários trabalhadores de uma seção ou
empresa deve ser investigada possibilidade
de exposição ao benzeno

Lembrar das exposições passadas e a hemopatia

retardada ao benzeno

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Situação no Brasil
Se por um lado foi um avanço, por outro
Anos 80 siderúrgica com centenas de
desconsiderava outras alterações hematológicas,
trabalhadores com alterações hematológicas
não afastando doentes reais e por outro lado
gerou lutas entre sindicatos e empresa para o
afastando não doentes, seja por ser indivíduos
reconhecimentos dessas alterações como doença
dentro da extremidade da curva de normalidade,
profissional, próprio INAMPS(INSS), publicou
seja por leucopenias de origem diversa(viroses,
critérios de benzolismo com valores
desnutrição, uso de medicamentos como
hematológicos : leucócitos abaixo de 4000 ou
cloranfenicol,etc...)
neutrófilos abaixo de 2000 mais exposição se
caracterizaria benzolismo e conseqüente emissão
de CAT e afastamento do trabalho

Diagnóstico síntese:

Assim necessário comprovar exposição e associado a Caracterização do benzolismo é importante por 2

alterações importantes fecha-se o diagnóstico fatores

No caso da hipo/displasias não há exame clínico ou Prevenção – se observado um caso pode-se

toxicológico que possa evidenciar o nexo rastrear outros e intervir para eliminar o risco

Diagnóstico diferencial – causas imuno-alérgicas – uso INSS – feito o nexo o paciente passa a ter direito
de medicações – exposição a radiação ionizante – aos benefícios acidentários
doenças consuptivas e infecciosas, nutricionais e
heredo-familiares

Controle médico – avaliação hematológica

completa com contagem de plaquetas e frente
alteração afastar trabalhador de exposição a
qualquer solvente(risco de contaminação de
solventes pelo benzeno) e solicitar avaliação
hematogista, caso caracterizado alteração
caracterizar CAT e pedir mudança de função
Conclusões