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De volta para o futuro

Primeira resina plástica descoberta da história, aesina fenólica é amplamente usada em composites
devido à sua anti-inflamabilidade e alta

rA era dos plásticos começou com um plástico duro, tosco, que assumia cores gritantes ou extremamente
discretas e que era encontrado principalmente em aparelhos de rádio, luminárias, etc. Resina fenólica é o
nome genérico desse primeiro plástico.

Houve uma época em que as resinas fenólicas estavam em todo lugar. “Até a década de 80, praticamente
só haviam poucos fabricantes de resina fenólica, usada em inúmeras aplicações”, conta Manuel Munhoz
Filho, da divisão de resinas industriais da Schenectady Crios (Rio Claro, SP). Hoje, não. “As fenólicas
foram substituídas para uma série de aplicações pelas resinas poliéster”, diz Munhoz.
Passado o embate entre resinas, a poeira assentou. Tendo achado sua vocação (ou seja, aplicações anti-
inflamáveis ou de altíssima resistência à fricção e abrasiva, dentre outros usos especiais), as resinas
fenólicas cobrem um leque extremamente amplo de uso que não aparecem tanto quanto antigamente
mas que continuam imprescindíveis para diversas peças e aplicações (veja uma lista parcial de peças e
usos para as resinas fenólicas à pág. 28 e 29).

Em plástico reforçado/composites, as fenólicas são a opção natural, por exemplo, para plataformas de
petróleo. A esse respeito, o afundamento da P-36, em março de 2001, não deixa margem a dúvidas
quanto à urgência pela escolha do material mais adequado para construção desse tipo de estrutura. “Nos
Estados Unidos, as fenólicas são amplamente usadas em plataformas”, afirma Alexandre Coelho, gerente
de contas da Georgia-Pacific Resinas Internacionais (Jundiaí, SP).

Outra aplicação natural para as fenólicas, quando associadas a reforços como fibra de vidro, é como
pastilha e lona de freio para ônibus e caminhões, aplicações que requerem elevadíssima resistência
térmica e à ficção. Isso sem contar laminados, aplicações em filament winding (enrolamento filamentar) e
todo o leque natural de uso em plástico reforçado/composites acrescido de elevadíssima resistência
química e característica antiinflamável.

Plataformas de petróleo

Diversas são as resinas utilizadas para fabricação de perfis pultrudados em plástico


reforçado/composites. Algumas das mais comuns são as poliésteres insaturado isoftálicas, éster-vinílicas
e bisfenólicas, todas elas com opção de usar retardantes de chama, ou seja, aditivos que promovem uma
diminuição da intensidade do fogo na resina e, conseqüentemente, nos materiais usados como reforço e
enchimento. A questão é que, dentre todos os materiais poliméricos disponíveis, as únicas resinas com
natural característica antifogo (que dispensam retardantes de chama ou outros aditivos) são as resinas
fenólicas. Essa característica torna-as, se corretamente produzidas e transformadas, a melhor opção para
plataformas de petróleo e outras áreas de altíssimo risco em caso de incêndio.
“Todos os perfis utilizados nas próximas plataformas da Petrobras serão feitos com resinas fenólicas”,
afirma José Ruas, gerente comercial da Cogumelo (Rio de Janeiro, RJ), referindo-se a nada menos do
que seis plataformas completas (P-55 a P-60). Em produtos finais, essas seis plataformas contabilizam”
centenas de toneladas de perfis para diversas peças, especificações, formatos e ambientes.

Os perfis produzidos pela Cogumelo, segundo Ruas e os dados divulgados pela empresa, oferecem
resistência até 1000 °C, além de liberarem pouca fumaça e pouquíssima quantidade de gases tóxicos.
Tendo sido submetidos, no segundo semestre de 2004, a rigorosos ensaios de resistência nos Estados
Unidos, os perfis em resina fenólica da Cogumelo obedecem em ensaios realizados pela entidade para
aplicação em nível 2, ou seja, em rotas de fuga (veja mais sobre os ensaios e as normas no boxe “As
exaustivas normas para pultrudados”, à pág.”26). 

Fabricante de perfis pultrudados prestes a oferecer perfis pultrudados com resina fenólica para uso nas
plataformas marítimas, a CME Argentina (Buenos Aires, Argentina) está atualmente em fase final de
obtenção de certificação de perfis pultrudados feitos com essa resina, segundo Luis Tierno, diretor
industrial da empresa. “Temos a intenção de oferecer perfis com fenólica diretamente às empresas
responsáveis pela fabricação e gerenciamento de plataformas petrolíferas, o mercado por excelência para
esse tipo de resina”, afirma Tierno, segundo o qual já em novembro de 2005 a empresa terá em mãos o
certificado da Guarda Costeira Norte-americana, alcançado a partir de ensaios feitos naquele país. “Não
demora muito e ofereceremos nossos produtos ao mercado”.

Segundo Tierno, da CME Argentina, a grande vantagem das resinas fenólicas – sua natural resistência à
combustão por fogo – é, de certa forma, contrabalanceada, no caso do transformador, na hora de produzir
peças com ela, na medida em que causa alta emissão de fumaça e, por liberar alta quantidade de água
durante o processo, necessitar uma transformação cuidadosa. Segundo o consultor Francisco Carvalho,
do IBCom (Instituto Brasileiro de Composites), a liberação de água durante o processamento de resina
fenólica deve-se a que por meio de reações de policondensação, o processo de transformação da resina
libera água, o que por sua vez dificulta ainda mais o processamento dos perfis em plástico
reforçado/composites.

“É difícil trabalhar com fenólica. Nós mesmos levamos vários anos para conseguir”,
afirma Tierno, da CME Argentina. Com 7 anos de existência, a CME fabrica sua
própria resina fenólica na sede da fábrica, em Garín (Buenos Aires, Argentina).
Nelson Leite, diretor técnico da Rust (Diadema, SP), concorda com o executivo
argentino. “Não me referindo a pultrudados, processo que não conheço em
profundidade, as resinas fenólicas, além de serem mais caras, são muito rígidas
(muito mais que o epóxi), o que leva a trincamentos”, afirma. Segundo Leite, para
trabalhar com resina fenólica sem perder excessiva flexibilidade na aplicação é
necessário quase sempre partir para blendas que demandam muito cuidado para
serem alcançadas. Leite dá o exemplo da chamada belzona, resina epóxi fenol
modificada, que suporta até 140o C, em média, e pode ter amplo uso em
plataformas de petróleo como tinta. “Aplicada em demãos bem finas, a belzona
permite elevado rendimento, mas apesar dos cuidados tende também a trincar e por
isso demanda excessivas precauções por parte do formulador e especialmente do
aplicador”.

De olho na Petrobras, nem todos os fabricantes de perfis pultrudados optam,


contudo, por trabalhar com resina fenólica, embora em testes iniciais até
vislumbrem o seu uso. Uma dessas empresas é a CBMC (Passo de Torres, SC),
que apesar de testar perfis pultrudados feitos de resina fenólica em abril deste ano,
decidiu pesquisar e optar por tipos específicos de resina poliéster com alta taxa de
carga de retardantes de forma a atender as normas exigidas pela estatal.
“Compreendemos as vantagens das resinas fenólicas, mas as poliéster conseguem
atender às normas exigidas e possuem a vantagem do custo mais em conta”, afirma
Juliano Toniolo, diretor técnico da empresa, que ressalta, por exemplo, o
atendimento às normas relativas à geração de fumaça e ao nível de toxicidade dos
gases emanados com a queima dos perfis. “Na média ponderada dos gases
emanados, metodologia utilizada pela norma, as resinas poliéster que usamos
cumprem as exigências”, afirma. O diretor da CBMC não descarta, claro, o uso de
resinas fenólicas por parte dos transformadores. “Tendo-se dominado o processo de
produção, sabemos que é possível alcançar níveis altos de produtividade com shelf
of life (vida útil da resinas) relativamente alto”, afirma, citando processo norte-
americano, batizado de Accelera Cure, que permite alcançar tais patamares.
“O problema, contudo, passa a ser o custo”.

Pastilhas e lonas de freio


Dentre as aplicações em que as resinas fenólicas reinam virtualmente sem
competidores estão as lonas e pastilhas de freio, além de discos de embreagem
e uma infinidade de outras aplicações que precisam conjugar enorme
resistência abrasiva com a manutenção das propriedades da peça em
altíssimas temperaturas (acima de 950o C, por exemplo). Fabricadas pelo
sistema de compressão em conjugação com reforços hoje em vias de
desaparecimento (o amianto, por exemplo) ou reforços já tradicionais de ainda
melhor desempenho, as lonas e pastilhas de freio utilizam resinas fenólicas de
tipo novolaca, pigmentadas ou não, especialmente para uso em caminhões e
ônibus pesados. Para se ter uma idéia das exigências que peças e aplicações
com fenólica precisam suportar, basta imaginar os esforços dos freios e lonas
de caminhões e ônibus em trechos de estrada com grande declive. Segundo
dados fornecidos por alguns fabricantes de resinas fenólicas, os freios e
embreagens desses veículos alcançam temperaturas de quase 1000o C (picos)
sob determinadas condições. “O diferencial das fenólicas não está somente em
suportar temperaturas tão altas, mas em não mudar de propriedades, ou seja,
manter a eficiência do freio e da embreagem sob tais condições”, afirma
Eduardo Smetana, da Schenectady Crios (Rio Claro, SP), multinacional norte-
americana fabricante de resinas fenólicas. Edouard Zurstrassen, líder de CSO
(Customer Support Organization) da Owens Corning (Rio Claro, SP), concorda
com o especialista da Schenectady Crios. “As resinas fenólicas são as matrizes
ideais para a fibra de vidro em lonas e pastilhas de freio para veículos pesados”,
afirma.

Segundo José Carlos Gomes, da Helexion (Curitiba, PR), empresa resultante


das gigantes Borden e Bakelite, o grande mercado das fenólicas, sem a menor
dúvida, é o de matérias para fricção. “Qualquer lona e pastilha precisa das
resinas fenólicas como aglomerante de alta resistência. Acontece que as lonas
usam mais matéria-prima e as pastilhas, menos”, afirma. A Hexion produz
fenólicas de tipo resol e novolac para todos os mercados, a partir de Curitiba
(PR).

... e outras aplicações

Em última instância, as resinas fenólicas não se distinguem das outras resinas para
aplicações em plástico reforçado/composites em termos de amplitude de uso ou
processos nos quais pode ser transformada. Mas algumas peças e aplicações
merecem destaque, especialmente no exterior. As resinas fenólicas são muito
interessantes em laminados para trens e vagões de metrô, em função de sua
natural característica anti-inflamável e baixíssima emissão de fumaça em caso
de incêndio. Isso não quer dizer, é claro, que somente as resinas fenólicas
sejam adequadas para uso em trens e vagões, dado que resinas de outros tipos
(poliéster insaturado, acrílicas, éster-vinílicas, etc.) podem, com a ajuda de
retardantes de chama, alcançar resultados tão bons ou melhores que as
fenólicas. “Sabemos da qualidade das resinas fenólicas, mas não optamos por
elas”, afirma Synesio Pinheiro da Silva Neto, engenheiro de manutenção sênior
da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). Segundo Silva Neto,
que há anos defende e explana as vantagens do plástico reforçado/composites
em trens e vagões internamente à CPTM e também para diversas empresas,
alguns transformadores que trabalham com outros polímeros conseguem
alcançar o nível de exigência natural associado às fenólicas - e é isso que
interessa à CPTM.
Mas o mercado ferroviário é apenas uma das muitas referências possíveis para
o uso de resinas fenólicas como material de plástico reforçado/composites.
Segundo Francisco Carvalho, consultor do IBCom, as resinas fenólicas, além de
indicadas para perfis pultrudados em plataformas e locais de alto risco, servem
também como uma luva para aplicações que requerem proteção ablativa, ou
seja, que se mantém após a absorção de muito calor originado de fonte externa.
“As resinas fenólicas absorvem o calor e transformam-se em fitas de carbono
polimérico, ou seja, um composite retorcido cujas moléculas são conectadas por
ligações covalentes, mais fortes que as normais”, afirma Carvalho, que já
desenvolveu aplicações com carbono vítreo e para fabricação de armas
utilizando resina fenólica em profusão.

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mas
conv
ém
que
tenh
am
uma
subs
tânci
a
com
patí
vel
esp
ecial
. “O
vidr
o
não
é
um
mat
erial
de
fácil
com
pati
bilid
ade.
O
uso
de
com
pati
biliz
ante
s
esp
eciai
s
em
fibra
de
vidr
o
per
mite
sua
utiliz
açã
o
em
aplic
açõ
es,
ond
e
seu
emp
rego
não
era
poss
ível
no
pass
ado”
,
afir
ma
Anto
nio
Carl
os
Pap
es
Filh
o,
gere
nte
de
pes
quis
ae
des
env
olvi
men
to
da
Geó
rgia-
Paci
fic
Resi
nas
Inter
naci
onai
s
(Jun
diaí,
SP).
Nes
se
que
sito

fibra
s
indic
ada
s
esp
ecial
men
te
para
resi
nas
fenó
licas
-,
cont
udo,
o
mer
cad
o
bras
ileiro
está
bem
servi
do,
dad
o
que
os
dois
fabri
cant
es
de
fibra
de
vidr
o
sedi
ado
s no
País
(Ow
ens
Cor
ning
, de
Rio
Clar
o,
SP,
e
Sain
t-
Gob
ain
Vetr
otex
, de
Capi
vari,
SP)
poss
uem
fibra
s
esp
eciai
s
para
a
resi
na.
No
caso
da
Owe
ns,
a
fibra
indic
ada
(pic
ada)
éa
405
B, à
bas
e de
fibra
Adv
ante
xe
esp
ecial
men
te
indic
ada
para
peç
as
fabri
cad
as
por
BM
C ou
proc
esso
s
simil
ares
.
Lon
as e
pasti
lhas
de
freio
são
aplic
açõ
es
natu
rais.
Já a
fibra
indic
ada
pela
Sain
t-
Gob
ain
Vetr
otex
tam
bém
tem
uma
fibra
esp
ecial
para
fenó
licas
,
que
aca
ba
de
ser
naci
onali
zad
a
para
esp
ecial
uso
em
pultr
uda
dos.
“O
mer
cad
o
pro
met
ee

nos
prep
ara
mos
”,
diz
Ism
ael
Cor
azza
, da
Sain
t
Gob
ain
Vetr
otex
.

Tudo
tem
limit
es

Mas,
ape
sar
de
toda
s
suas
vant
age
ns,
as
resi
nas
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licas
poss
uem
tam
bém
cert
os
limit
es.
Tran
sfor
mad
ora
da
área
de
reve
stim
ento
s
com
amp
la
atua
ção
em
mer
cad
os
prior
itari
ame
nte
indu
striai
s, a
Rust
não
poss
ui,
por
exe
mpl
o,
nen
hum
uso
de
resi
na
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lica.
Os
moti
vos
são
bem
simp
les e
não
des
mer
ece
m
as
vant
age
ns
apre
goa
das
para
esse
tipo
de
resi
na.
“As
resi
nas
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licas
são
ótim
as
para
sup
ortar
altas
tem
pera
tura
s,
sup
erior
es a
140
o C,
ou
seja,
tem
pera
tura
s
com
as
quai
s
noss
os
reve
stim
ento
s
não
trab
alha
m”,
afir
ma.
“Ma
s
essa
vant
age
m
das
fenó
licas
tem
seu
preç
o.
Alé
m
das
resi
nas
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licas
sere
m
mais
cara
s,
elas
são
muit
o
rígid
as
(mui
to
mais
que
o
epó
xi),
o
que
leva
a
trinc
ame
ntos
”,
afir
ma.
Seg
und
o
Leit
e,
para
trab
alha
r
com
resi
na
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lica
sem
perd
er
exce
ssiv
a
flexi
bilid
ade
na
aplic
açã

nec
essá
rio
qua
se
sem
pre
parti
r
para
blen
das
que
dem
and
am
muit
o
cuid
ado
para
sere
m
alca
nça
das.
Leit
e dá
o
exe
mpl
o da
cha
mad
a
belz
ona,
resi
nal
epó
xi
feno
l
mod
ifica
da,
que
sup
orta
até
140
o C,
em
méd
ia, e
pod
e ter
amp
lo
uso
em
plat
afor
mas
de
petr
óleo
com
o
tinta
.
“Apli
cad
a
em
dem
ãos
bem
finas
,a
belz
ona
per
mite
elev
ado
rend
ime
nto,
mas
ape
sar
dos
cuid
ado
s ela
tend
ea
trinc
ar e
por
isso
dem
and
a
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ssiv
o
cuid
ado
por
part
e do
form
ulad
or e
esp
ecial
men
te
do
aplic
ador
”.
Outr
o
asp
ecto
dest
aca
do
por
Leit

a
peq
uen
a
dim
ens
ão
do
mer
cad
o de
reve
stim
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s
em
plást
ico
refor
çad
o/co
mpo
sites
se
com
para
do
com
os
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cad
os
tradi
cion
ais
para
resi
nas
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licas
,
com
o os
de
fricç
ão e
abra
são.
“O
mer
cad
o
antic
orro
sivo,
em
se
fala
ndo
de
resi
nas
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licas
com
o
um
todo
,e
em
nível
mun
dial,
é
real
men
te
insig
nific
ante
.O
que
exist
e
são
tran
sfor
mad
ores
com
o
nós
que
busc
am
tirar
o
mai
or
prov
eito
poss
ível
de
dete
rmin
ado
s
pont
os
forte
s de
prod
utos
esp
ecífi
cos”
, diz
Leit
e.
Para
ele,
no
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esp
ecífi
co
dos
pultr
uda
dos
a
situa
ção
técni
ca
não
é
tão
grav
e
em
com
para
ção
com
os
reve
stim
ento
s.
“Os
pultr
uda
dos
utiliz
am
muit
o
vidr
o,
pou
ca
resi
na,
os
rovi
ngs
vão
num
únic
o
senti
do,
e as
peç
as
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maci
ças,
o
que
facili
ta o
trab
alho
”,
diz
Leit
e.

Durante
a
tran
sfor
maç
ão,
as
resi
nas
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licas
tam
bém
ofer
ece
m
cert
as
desv
anta
gen
s. “A
resi
na
liber
a
muit
a
fum
aça,
o
que
cria
prob
lem
as
no
mo
men
to
de
sua
man
ipula
ção,
alé
m
de
liber
ar
alta
qua
ntid
ade
de
águ
a
com
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resu
ltad
o da
poli
meri
zaçã
o”,
afir
ma
Toni
olo
da
CB
MC,
Luís
Tier
no
conc
orda
. “A
resi
na
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lica
requ
er
muit
os
cuid
ado
se
para
ser
prod
uzid
a
ade
qua
dam
ente
exig
e
bast
ante
pes
quis
ae
tem
po
de
trab
alho
alto”
,
afir
ma
Tier
no.
Toni
olo
acre
scen
ta
que,
na
med
ida
em
que
liber
am
muit
a
águ
a,
as
resi
nas
fenó
licas
pod
em
deix
ar
bolh
as
na
peç
a, o
que,
alé
m
de
não
ser
este
tica
men
te
conv
enie
nte,
afet
ao
des
emp
enh
o da
peç
a
final.
Por
últim
o,
fican
do

nos
prob
lem
as
mais
ime
diat
os,
a
resi
na
fenó
lica,
que
visu
alm
ente
apre
sent
a
uma
colo
raçã
o
ver
mel
ho
ama
rron
zad
a,
tam
bém
não
aceit
a
pig
men
taçã
o.
Que
m
exig
e,
prec
isar
á
arca
r
com
a
pint
ura
das
peç
as.
Outr
o
asp
ecto
rele
vant
e ao
com
para
r
resi
nas
diz
resp
eito
à
sua
man
use
abili
dad
e, o
que
env
olve
dive
rsos
fator
es,
com
o
por
exe
mpl
oo
shelf
of
life
(vid
a útil
da
resi
na),
que,
no
caso
das
fenó
licas

de,
em
méd
ia,
seis
mes
es,
o
que
dific
ulta
sua
imp
orta
ção
e
post
erior
reve
nda.

Como
tud
o
com
eço
u

As
resi
nas
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licas
são
o
prim
eiro
plást
ico
desc
ober
to.
Iden
tifica
das
gen
eric
ame
nte
(ma
s
erro
nea
men
te)
de
bak
elite
ou
baq
uelit
e
(no
me
herd
ado
pela
emp
resa
ale

Bak
elite,
do
grup
o
Hexi
on),
as
resi
nas
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licas
são
o
resu
ltad
o da
con
den
saçã
oe
poli
meri
zaçã
o de
um
alde
ído
com
um
feno
l
(nor
mal
men
te
form
alde
ído
e
hidr
oxib
enz
eno)
,
reaç
ão
estu
dad
a
em
prof
undi
dad
e
pela
prim
eira
vez
pelo
belg
a
Leo
Bae
kela
nd
(186
3-
194
4)
com
o
dinh
eiro
da
ven
da,
à
East
man
Kod
ak,
da
pate
nte
de
um
filme
gráfi
co
feito
com
essa
mes
ma
resi
na.
O
nom
e
bak
elite
está
erra
do
porq
ue
emb
ora
todo
bak
elite
seja
resi
na
fenó
lica
nem
toda
fenó
lica
(na
verd
ade
uma
min
oria
dela
s)
pod
e
ser
cha
mad
a de
bak
elite.

Invulneráveis ao fogo (antinflamáveis) e ao derretimento, as resinas fenólicas


apresentam-se em estado líquido (com viscosidade e acidez variáveis) ou
sólido (em pó ou não, chamadas de fenólicas novolac), fundindo entre 55 a
85o C mas curando somente após 150 a 250o C. Após curadas, as resinas
fenólicas tornam-se um material extremamente rígido, que apresenta alta
Isoladores elétricos (para construção civil e automóveis) e produtos industriais
pesados foram algumas das primeiras grandes aplicações para as resinas
fenólicas. Isso durou uns dez anos, até meados da década de 30. Foi então
que, com a coqueluche dos primeiros aparelhos de rádio (com transistores e
tudo), as resinas fenólicas ganharam as ruas sob as mais diversas formas.
Ainda hoje exemplares antigos de rádios que não funcionam são vendidos a
peso de ouro em antiquários. Todos esses aparelhos, normalmente fundidos
ou moldados, são feitos com resinas fenólicas. Mas não só rádios passaram a
ser feitos em fenólicas, mas aparelhos de telefone, puxadores, aquecedores,
pás de ventilador, brinquedos, fusíveis, brindes, filmadoras, máquinas de
calcular, aspiradores, aparelhos de passar roupa, secadores de cabelo,
bijuterias, porta-guardanapos, etc. Pode-se dizer, sem medo de errar, que a
primeira era de aparelhos domésticos não teria surgido sem a resina fenólica.
Tendo sido a primeira resina plástica, a resina fenólica foi, contudo, aos
poucos cedendo espaço aos concorrentes plásticos numa grande infinidade
de mercados. Isso porque os plásticos da segunda geração (PP, PVC, etc.)
eram, nessa época, mais baratos, fáceis de produzir e versáteis (ao menos
enquanto produtos formáveis) que quaisquer outros materiais, inclusive as
próprias resinas fenólicas. Isso fez, como é natural, com que os holofotes se
desviassem de aplicações em fenólicas, fundidas e com pigmentação
característica, para aplicações moldadas, injetadas, sopradas, etc., utilizando
uma infinidade de outros materiais plásticos. Como consequencia, hoje as
fenólicas, se não estão mais no centro do palco, ocupam as primeiras filas em
aplicações que requerem os maiores desempenhos térmicos, abrasivos,
aglomerativo e de fricção em quase todos os mercados.

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