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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE TECNOLOGIA

FACULDADE DE ENGENHARIA QUÍMICA

EQ01057 – Laboratório de Engenharia Química IV

PRODUÇÃO DE BIOPLÁSTICOS

Ianka Cristine Benício Amador

Patrick Souza de Alencar

Pablo Jony Vilhena da Silva

Belém / 2021
Ianka Cristine Benício Amador

Patrick Souza de Alencar

Pablo Jony Vilhena da Silva

PRODUÇÃO DE BIOPLÁSTICOS

Relatório apresentado à Faculdade de


Engenharia Química da Universidade Federal
do Pará como parte integrante das atividades da
disciplina Laboratório de Engenharia Química
IV, realizadas no 4º período de 2021.

Prof. Dr. Kleber Bittencourt Oliveira

Belém / 2021
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 4
2. METODOLOGIA EXPERIMENTAL ........................................................................................ 5
2.1. MATERIAIS E MÉTODOS ..................................................................................................... 5
2.1.1. Equipamentos .......................................................................................................................... 5
2.1.2. Reagentes ................................................................................................................................ 5
2.2. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL .................................................................................. 5
2.2.1. Objetivo ................................................................................................................................... 5
2.2.2. Preparo da gelatina .................................................................................................................. 6
2.2.3. Preparo das soluções de glicerina............................................................................................ 6
2.2.4. Preparo do bioplástico com as soluções (Branco) ................................................................... 6
2.2.5. Preparo das soluções de extrato de jatobá ............................................................................... 6
2.2.6. Preparo do bioplástico com as soluções (Com antifúngico) ................................................... 7
2.2.7. Análise do bioplástico formado............................................................................................... 8
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................................. 8
4. CONCLUSÃO ............................................................................................................................. 11
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................................. 12
1. INTRODUÇÃO

O interesse por embalagens biodegradáveis tais como os bioplásticos está aumentando


porque o uso de materiais e recursos renováveis contribui para a preservação ambiental. Entre
todos os biopolímeros, a gelatina está sendo pesquisada como um material com grande potencial
para elaboração de filmes biodegradáveis.

Nessa perspectiva, a produção de um bioplástico à base de matéria prima natural é uma


alternativa viável para produção de embalagens e o uso de colágeno (gelatina) pode ser
promissor para formação de um biopolímero. Todavia, é necessário o uso de plastificantes, ou
seja, aditivos que proporcionam mobilidade molecular e flexibilidade dos filmes em função da
interação com as cadeias moleculares. O glicerol é um dos plastificantes mais utilizados na
produção de filmes biodegradáveis (Garcia, 2016).

A gelatina é uma proteína de origem animal, derivada do colágeno e apresenta a propriedade de


formar géis termorreversíveis após ser aquecida, solubilizada e resfriada. O mecanismo de formação
envolve interligações iônicas entre grupos amino e carboxil dos aminoácidos, com a ajuda de pontes de
hidrogênio (Lajarim, 2014).

O glicerol é um composto com baixa massa molar e vem sendo amplamente utilizado no
processamento termoplástico de proteínas. Seu alto efeito plastificante é atribuído à facilidade que o
glicerol tem de se inserir e posicionar-se na rede proteica tridimensional, essa característica aumenta a
hidrofilicidade e permeabilidade ao vapor de água dos filmes plastificados (Silva, 2017).

O Jatobá é uma das plantas medicinais brasileiras de maior destaque, seja pelo uso da casca, da
entrecasca, das folhas ou do fruto, que são utilizados na forma de chá, infusão, decocção, lambedor e
xarope como indicação terapêutica da gripe, anemia e depurativo (Silva, 2012).

A seiva do Jatobá apresenta as mesmas propriedades que o chá elaborado a partir da casca, sendo
um fortalecedor do sistema imunológico. O extrato hidrocetônico de suas folhas após partição,
fracionamento e análise cromatográfica, mostrou-se rico em flavonoides (canferol, quercetina,
quercitrina e rutina). Foi observado que a fração orgânica apresentou, in vitro, atividade antifúngica para
Candida clodosporiodes e Candida spherospermum e atividade anticolinesterásica (Cipriano et al.,
2014).

O objetivo deste estudo foi o preparo de plásticos biodegradáveis a partir de gelatina, glicerol e
extrato de jatobá, visando a diminuição do impacto ambiental gerado pelo descarte os plásticos
tradicionais não degradáveis no meio ambiente, a utilização de matérias primas renováveis e estudar
uma nova possibilidade aplicação do extrato natural com finalidades antifúngicas.
2. METODOLOGIA EXPERIMENTAL

2.1. MATERIAIS E MÉTODOS

2.1.1. Equipamentos
• Balança analítica;
• Funil;
• Proveta 100 mL, 50 ml
• Papel filtro;
• Béqueres de 100ml;
• Forno de micro-ondas;
• Pipetas de graduação;
• Baqueta de vidro;
• Pratos descartáveis;
• Espátula;
• Chapa com aquecimento;

2.1.2. Reagentes
• Gelatina incolor comercial;
• Água destilada;
• Pó de jatobá;

2.2.PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

2.2.1. Objetivo

Este procedimento experimental tem por objetivo preparar um bioplástico a partir de


gelatina utilizando glicerol como agente plastificante, verificar a influência da concentração de
glicerina na formação do bioplástico, além de testar a adição do pó de játoba como um agente
antifúngico natural e regional.

O procedimento experimental foi dividido em duas etapas, onde a primeira consiste em


apenas verificar a eficacia do glicerol como agente plastificante e observar os ataques fungicos
para definir a concentração otima de glicerol, na segunda etapa utilizando o melhor resultado
da etapa 1, ocorreu a adição do pó de jatopa em diferentes concentrações no intuito de inibir a
proliferação de fungos.
2.2.2. Preparo da gelatina

Inicialmente, distribuiu-se 8g de gelatina em béqueres separadamente e acrescentou- se


em cada um 20 ml de água destilada e homogeneizou-se a mistura bem e levar para o forno de
micro-ondas em potência alta, durante 15 segundos, para dissolver a gelatina.

2.2.3. Preparo das soluções de glicerina

Em seguida, preparou-se as soluções de glicerina e acrescentou-se, posteriormente, à


gelatina preparada. As soluções preparadas consistem em quatro etapas, indicadas nas tabelas
abaixo:

Tabela 1: Soluções para o Branco


Procedimento (Branco) Composição
Preparar 20 ml de uma solução de glicerina 5% (1 ml de glicerina + 19 ml de
(v/v) água)
Preparar 20 ml de uma solução de glicerina 10% (2 ml de glicerina + 18 ml de
água)
(v/v)
Preparar 20 ml de uma solução de glicerina 20% (4 ml de glicerina + 16 ml de
água)
(v/v)

2.2.4. Preparo do bioplástico com as soluções (Branco)

Após o preparo da gelatina e das soluções de glicerina, adicionou-se as soluções de


glicerina na gelatina e levou-se novamente a solução preparada para o forno de micro-ondas,
em potência alta, durante 15 segundos. Ao retirar-se do forno, misturou-se bem a solução
novamente e distribuiu-se em pratos descartáveis (moldes), e, por fim, deixou-se secando, e
tirou-se fotos após 14 dias.

2.2.5. Preparo das soluções de extrato de jatobá

Primeiramente com auxilio dos resultados dos teste com a adição apenas de glicerina,
definiu-se a porcentagem ideal de glicerina ou seja a que menos proliferou fungos logo para
essa segunda etapa a glicerina passou-se a ser um parametro fixo (5%). No intiuto de verificar
a efeciencia do pó de jatobá com agente antifúngico separamos o experimento em 3 etapas com
diferentes concentrações de extrato 5% ,7,5% e 10%.

Cada etapa foi composta de três testes variando a porcentagem de adição do extrato de
jatobá na solução 10%,20% e 30% as variações de concentração do extrato e das soluções estão
descritas na tabela 2.

Tabela 2: Soluções com extrato de jatobá


Concentração % do extrato Solução de Extrato (ml) Água Total
do extrato na solução glicerina destilada
(5%) ml
5% 10 % 1 ml 2 ml 17 ml 20 ml
20 % 1 ml 4 ml 15 ml 20 ml
30 % 1ml 6 ml 13 ml 20 ml
7,5 % 10 % 1 ml 2 ml 17 ml 20 ml
20 % 1 ml 4 ml 15 ml 20 ml
30 % 1 ml 6 ml 13 ml 20 ml
10 % 10 % 1 ml 2 ml 17 ml 20 ml
20 % 1 ml 4 ml 15 ml 20 ml
30 % 1 ml 6 ml 13 ml 20 ml

Para o preparo de 50 ml extrato de jatobá pesou-se a quantidade pó de jatobá referente


a cada uma das etapas em três beckers essa distribuição foi previamente caluclada com base na
quantidade de extrato que seria utilizada no experimento, as quantidades utilizadas de pó estão
descritas na tabela 3 a seguir:

Tabela 3: Soluções com extrato de jatobá

Concentração do extrato Quantidade de solução Massa de pó de jatobá


5% 50 ml 2,5 g
7,5% 50 ml 3,75 g
10 % 50 ml 5g

Com as quantidades pesadas, foi adionado 50 ml de água previamente fervida em uma


chapa de aquecimento para que ocorrece o processo de infusão por 5 minutos. A infusão em
geral é pela imersão de uma substância em água fria, quente ou a ferver. Após os 5 minutos o
extrato foi coado utilizando papel filtro e separado em beckers para que ocorre-se a preparação
conforme a tabela 2.

2.2.6. Preparo do bioplástico com as soluções (Com antifúngico)

Após o preparo da gelatina e das soluções de glicerina + extrato, adicionou-se as


soluções de glicerina na gelatina e levou-se novamente a solução preparada para o forno de
micro-ondas, em potência alta, durante 15 segundos. Ao retirar-se do forno, misturou-se bem a
solução novamente e distribuiu-se em pratos descartáveis (moldes), e, por fim, deixou-se
secando, e tirou-se fotos após uma semana.

2.2.7. Análise do bioplástico formado

Após o tempo descrito, realizou-se uma análise superficial de cada bioplástico formado,
verificando-se a flexibilidade, consistência e surgimento de fungos, notando-se as diferenças
entre a concentração do extrato de jatobá usado na solução de glicerina e as amostras do branco
no intuito de verificar a eficiencia do antifúngico regional.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A homogeneização neste estudo foi satisfatória, mesmo sendo simples com mistura feita
manualmente, seguida por aquecimento em forno micro-ondas. Para a primeira parte do
experimento cuja as películas foram feitas somente com gelatina glicerol e agua, os resultados
estão a seguir:

Figura 3.1 – Avaliação visual da atividade antifúngica e antibacteriana dos bioplásticos


produzidos sem extrato de jatobá na composição.

(1) Controle: 0% glicerol. (2) Experimento com 5% glicerol. (3) Experimento com 10% glicerol. (4) Experimento
com 20% glicerol.
Após o período de secagem, foi possível observar a obtenção dos bioplásticos, formados
pela proteína (gelatina) e o glicerol como agente plastificante. A análise tátil revelou que o
aumento da concentração 5% para 10% de glicerol atribuiu flexibilidade aos bioplásticos, ao
passo que o bioplástico de 5% e 0% estavam bastante rígidos, com o controle estando
quebradiço ao ser retirado do molde.

Este resultado pode ser explicado pela habilidade do plastificante glicerol em reduzir a
formação de ligações de hidrogênio entre as cadeias, aumentando a mobilidade molecular do
polímero, que consequentemente atribui flexibilidade e extensibilidade (MATHEW;
DUFRESNE, 2002; WANG et al., 2007). Em relação ao desenvolvimento de bactérias e fungos,
a hidrossolubilidade dos bioplásticos aumenta a velocidade de degradação (TOMIHATA,
1993). Dessa forma os resultados deveriam mostrar que as placas com maiores volumes de água
apresentam maiores desenvolvimento de bactérias e fungos, entretanto os resultados do
experimento não foram tão satisfatórios, e entre os principais erros ocorridos estão: a mudança
de temperatura do ambiente, um vez que é climatizado (entre 16°C e 20°C) durante o horário
de trabalho, entretanto no período noturno a temperatura fica em torno da temperatura ambiente,
o tempo de exposição à luz e fungos, haja vista que quanto maior o tempo, maior a degradação
do bioplástico (DE PAOLI, 2009) e os moldes ficaram em torno de 14 dias expostos, e por fim
o erro do operador, que é parte crucial para a produção do trabalho. Ademais seguimos com a
concentração de 5% de glicerol para a segunda parte do experimento.

Para a 2° parte do experimento, foi utilizado extrato da planta amazônica Jatobá que
possui atividade antifúngica e antibacteriana. O extrato foi feito sob concentrações de 5%, 7,5%
e 10% de volume em relação a água e de 10%, 20% e 30% em relação as soluções
experimentais. Os resultados estão na figura 4.2 a seguir.
Figura 4.2 – Avaliação visual da atividade antifúngica e antibacteriana dos bioplásticos
produzidos com extrato de jatobá na composição.

(1) Extrato 5% e Solução 10%. (2) Extrato 5% e Solução 20%. (3) Extrato 5% e Solução 30%. (4) Extrato 7,5% e
Solução 10%. (5) Extrato 7,5% e Solução 20%. (6) Extrato 7,5% e Solução 30%. (7) Extrato 10% e Solução 10%.
(8) Extrato 10% e Solução 20%. (9) Extrato 10% e Solução 30%.

Após o período de secagem, foi possível observar a obtenção dos bioplásticos, formados
pela proteína, glicerol e pelo extrato do jatobá. Analisando os resultados, nota-se que que o
extrato não foi capaz de inibir o crescimento de culturas de micro-organismos, vale ressaltar
que nem mesmo nos números 7, 8 e 9 da figura onde o extrato está em maiores quantidades o
jatobá não conseguiu conter a aparição de organismos.

Para próximo trabalho, poderiam ser testadas outras concentrações do extrato, dessa vez
em maior quantidade para confirmação de sua ação antifúngica, ou mudar a metodologia de
extração do mesmo, pois pelo modelo de infusão, o extrato talvez tenha perdido algumas de
suas propriedades antifúngicas ao entrar em contato com a água a certa temperatura. Além
disso, segundo (ALVES, 2016), o jatobá foi considerado inativo frente às bactérias testadas a
partir da extração hidroalcoólica do mesmo, o que pode a vim representar ação antifúngica
baixa uma vez que a literatura já o confirmou como agente antifúngico. Outra proposta valida
seria a troca do jatobá por óleos regionais como andiroba e jucá que segundo a literatura inibem
bem o crescimento de culturas de micro-organismos.

4. CONCLUSÃO

A prática realizada permitiu avaliar a gelatina como uma matéria-prima adequada para produção
de bioplásticos biodegradáveis, podendo ter uso industrial pela fácil sintetização. O uso de glicerol como
plastificante pode auxiliar no aumento homogeneização e estrutura do filme enquanto que a utilização
do extrato natural de jatobá necessita de mais estudos a fim de encontrar a melhor metodologia de
extração e potencializar sua atividade antifúngica na produção de bioplásticos. Assim, o
bioplástico tornar-se-ia uma ótima alternativa para reduzir parte dos problemas e preocupações
ambientais atuais e futuros relacionados aos ecossistemas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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do Extrato Hidroalcoólico de Jatobá-do-cerrado (Hymenaea stigonocarpa Mart. ex Hayne) e
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2016.

DE PAOLI, M. A. Degradação e Estabilização de Polímeros. 1 ed. São Paulo: Artliber, 2009.


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MATHEW, A. P.; DUFRESNE, A. Plasticized waxy Maize Strach:Effect of Polyols and


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TOMIHATA, K. Cross-linking and biodegradation of native and denatured colla- gen.


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Lajarim, C. N. Efeito da adição de gelatina nas propriedades termodinâmicas e nas
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Silva E.; M. Produção e caracterização de filmes biodegradáveis de amido de pinhão, Escola


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CIPRIANO, j.; MARTINS, L.; DEUS, M. S. M.; PERON, A. N. O gênero Hymenaea e suas
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