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Apostila Primeiros Socorros Senac PDF
Apostila Primeiros Socorros Senac PDF
© Senac-SP 2006
Gerência de Desenvolvimento
Claudio Luiz de Souza Silva
Coordenação Técnica
Rosângela Gonçalves Ribeiro
Ilustrações
Diogo Pace
Edição e Produção
Edições Jogo de Amarelinha
Primeiros Socorros
2006
Primeiros Socorros
SUMÁRIO
1. Introdução / 6
3. Reanimação Cardiopulmonar / 24
5. Emergências clínicas / 48
6. Ferimentos / 57
7. Queimaduras / 77
9. Intoxicações / 100
Bibliografia / 126
Sobre a autora:
Dicas da autora:
Boa sorte !
CAPÍTULO 1
Introdução
PRIMEIROS SOCORROS
Princípios
- Atendimento no local da ocorrência
- Avaliação da vítima
- Atendimento das prioridades (manutenção da vida)
- Impedir agravamento da situação
- Acionar serviço de emergência e/ou transportar com segurança
Os profissionais da saúde ou de outras áreas, quando treinados para esse tipo de atendi-
mento, tornam-se um importante elo na cadeia de sobrevivência da vítima e sua correta
atitude traz benefícios óbvios às pessoas, podendo significar a diferença entre a vida e a
morte.
No caso de vítima de trauma, até que a avaliação tenha terminado, não a movimente
mesmo que seja para colocá-la em posição mais confortável ou para fugir de condições
adversas (sol, chuva , terra, etc) e até mesmo para retirá-la da rua para favorecer o trânsito.
Nesse caso, também é válido lembrar que não se deve mobilizá-la para colocar travessei-
ros ou bolsas sob a cabeça, devido ao risco de leão desconhecida na coluna.
CAPÍTULO 2
Avaliação
Primária
da Vítima
IMPORTÂNCIA E OBJETIVOS
A execução da avaliação primária da vítima é o primeiro e principal passo dos primeiros
socorros. Seu objetivo é procurar e intervir em situações que coloquem a vida da
vítima em risco imediato.
Trata-se de uma seqüência óbvia de ações baseadas nas prioridades de vida e, portan-
to, sempre que você for chamado a prestar socorro, deverá iniciar a abordagem segundo
esta seqüência que também é conhecida por “avaliação inicial” ou Avaliação do ABC ou
Avaliação Inicial da Vítima.
O que é isso?
Por que ABC?
Em inglês, temos:
A= Airway = Vias aéreas
B=Breathing = Respiração
C= Circulation = Circulação
Durante a execução da avaliação primária, se for detectada uma alteração de vias aéreas,
respiração ou circulação, imediatamente deve-se intervir para a correção do problema.
Este é o princípio do Trate enquanto avalia. No texto, sempre que uma alteração for apre-
sentada, será informado o capítulo onde constam as intervenções pertinentes.
Ainda que as prioridades e a sequência de ações sejam sempre as mesmas, há diferenças
quando se trata de uma vítima em agravo clínico ou traumatico e ainda quando tais ações
são realizadas por leigos e por profissionais da saúde.
Leigos:
Crianças e jovens em idade escolar, Seguranças,
Professores, trabalhadores da indústria e
comércio etc.
Profissionais da Saúde:
Médicos, Enfermeiros, Técnicos e auxiliares
de enfermagem etc.
• Avaliação da cena
• Avaliação da consciência
• Avaliação da respiração
• Avaliação da circulação
⇒ Observe:
• Há riscos potenciais para você e a vítima, como fumaça, fiação elétrica caída? Chuva? Fogo?
• A vítima fala?
⇒ Ouça:
• a própria vítima
• as pessoas ao redor
Alguém pode dizer que a vítima rolou escada abaixo, ou então que teve fortes dores no
peito antes de se tornar inconsciente e cair pela escada. Isso pode lhe ajudar a direcionar
sua avaliação.
⇒ Perceba odores:
• medicamentos
• gases e fumaça
• combustível
• hálito da vítima
• etc.
Esta percepção lhe ajudará a perceber riscos potenciais e outros sinais importantes apre-
sentados pela vítima. O hálito com odor etílico pode significar intoxicação alcoólica, por
exemplo.
Assim que você conseguir estabelecer a ausência de riscos potenciais, inicie o contato com a vítima
partindo para os passos 2 a 5. Você não deve consumir mais que 20 segundos para executá-los.
Se o ambiente é seguro para você, chegue perto da vítima, ajoelhe-se a seu lado, próximo
da cabeça e do tronco, e comece checando a consciência.
Na descrição abaixo, considere que se trata de um caso clínico e portanto não há qual-
quer suspeita de trauma (queda ou outro tipo de acidente).
• Chame a vítima.
Posição de Recuperação:
Vítima lateralizada à esquerda, com braços e pernas
flexionados e apoiados na superfície.
Objetivo: favorecer a circulação, a respiração, o
conforto e a drenagem de secreções pela boca.
• Se a vítima não apresentar resposta, dizemos que a vítima está inconsciente. Nes-
se caso:
- Oriente para que alguém chame o serviço de emergência (192, 193 ou outro)
- Inicie o passo 3.
• Abrir as vias aéreas não é garantia de que o ar esteja realmente entrando e saindo.
Portanto, terminada essa fase, prepare-se para executar o 4o passo.
o Tosse?
o Se movimenta?
Para estes casos, alguns cuidados especiais são fundamentais para evitar lesões na coluna.
Caso você suspeite de uma queda ou outro tipo de trauma na vítima, execute a seqüência
prevista para a avaliação inicial. Porém, observe as seguintes regras:
• Peça à vítima para não se movimentar.
• Com suas 2 mãos, segure firmemente a cabeça da vítima, para impedir-lhe os
movimentos e promover a estabilização manual da cabeça (você pode pedir auxílio
a alguém para fazer isso).
• Não coloque a vítima em posição de recuperação.
• Se a vítima respira com facilidade não execute a manobra de inclinação da cabeça,
apenas a estabilização manual.
• Caso a vítima esteja inconsciente ou necessite de auxílio para respirar, execute a manobra
de inclinação como apresentado e prossiga com a avaliação primária. A necessidade de
permeabilização das vias aéreas é prioritária e não deve ser atrasada.
• Para a técnica de abertura de vias aéreas sem suspeita de trauma, a manobra de incli-
nação da cabeça não deve permitir a extensão excessiva do pescoço e sim apenas
uma leve extensão, pois a coluna cervical do bebê é bastante frágil. Para as manobras
de abertura de vias aéreas na suspeita de trauma, quando realizadas por leigos ou pro-
fissionais, são válidas as mesmas orientações dadas para o adulto.
CAPÍTULO 3
REANIMAÇÃO
CARDIOPULMONAR – RCP
4 a 6 minutos :
início do proces s o
de les ão cerebral
10 minutos :
morte biológica
PARADA RESPIRATÓRIA
É a interrupção súbita da função respiratória, cujo resul-
tado, em alguns minutos, é a parada cardíaca e a lesão
cerebral irreversível.
PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA
É a interrupção súbita da função cardíaca e respiratória,
cujo resultado, em alguns minutos, é a lesão cerebral
irreversível.
Corrente da Sobrevivência
Fonte: American Heart Association. Suporte básico de vida, 1999.
O treinamento de primeiros socorros para leigos se 3. Na cidade de São Paulo há uma lei
restringe prioritariamente aos 2 primeiros elos da de 2005, que obriga a existência de
DEA em locais com circulação de
cadeia. mais de 2.500 pessoas?
No entanto com a disseminação do uso do
desfibrilador externo automático, DEA,
têm sido comum que leigos e profissionais da saúde “não médicos”
recebam treinamento para a utilização desse recurso.
A seguir é apresentada a técnica de RCP para vítimas adultas de agravo clínico (sem
suspeita de trauma), quando realizada por socorristas leigos.
Assim como no capítulo anterior, ao final deste capítulo serão apresentadas as adequações
da técnica de RCP pertinentes aos profissionais da saúde, bem como as adequações de
acordo com a variação da idade da vítima e sobre o uso do DEA.
RECONHECIMENTO DA PCR
Método boca-a-boca
o Método boca-a-boca:
- Use 2 dedos da sua mão para apertar e “tampar” a extremidade das narinas.
- Execute a insuflação:
o Inspire normalmente e, abrindo bem sua boca, cubra toda a boca da vítima
com a sua, insuflando o ar de forma uniforme por apenas 1 segundo.
o O tórax da vítima deve se elevar indicando que o ar passou pelas vias aéreas e
alcançou os pulmões.
o Método boca-máscara:
A máscara descartável de plástico exige que se execute o fechamento das narinas como na
técnica boca-a-boca.
O segredo de ambas é a correta instalação na face do paciente:
- Execute a insuflação:
Lembre-se: Ao utilizar qualquer uma destas técnicas, o ar insuflado para dentro do pulmão
da vítima deverá provocar a elevação do tórax, caracterizando que o ar venceu as vias
aéreas e chegou aos pulmões. Caso encontre dificuldade para fazer a 1a. insuflação, antes
de executar a 2a. reposicione a cabeça, executando novamente a manobra de inclinação
da cabeça para abrir as vias aéreas de forma mais efetiva e alcançar o objetivo da elevação
do tórax. Se ainda assim houver dificuldade, assuma a existência de “obstrução das vias
aéreas”.
Posição do corpo
• Executar as compressões: Para maior eficácia, faça compressões fortes, rápidas e sem
parar, usando o peso de seu corpo e a articulação do quadril, para rebaixar o tórax em
cerca de 3,5 a 5,0 cm no adulto.
Essa compressão fará com que o coração expulse o sangue para a corrente circulatória.
Ao final, permita que o tórax volte totalmente a posição normal. Esta liberação provocará
o enchimento do coração com sangue novamente.
Mantenha o contato de
mãos com o tórax da ví
durante todo o temp
(compres s ões e liberaç
• CRIANÇAS DE 1 A 8 ANOS:
- Coloque 2 dedos (um ao lado do outro), cerca de 1 dedo abaixo da linha dos
mamilos, no centro do tórax (sobre o osso esterno)
o decapitação
o segmentação de tron co
o carbonização
• a situação não oferece segurança para você continuar (incêndio iminente, risco de ex-
plosão, aglomeração de pessoas com risco para a violência, etc.)
o Encaminhe e/ou acompanhe a vítima até uma unidade hospitalar (dê preferência para
o transporte por unidade do serviço de emergência de sua cidade)
• Não abrir as vias aéreas de forma suficiente, mantendo a cabeça pouco inclinada para
trás ou mesmo elevando pouco a mandíbula
• Fazer compressões bruscas ou sem força o suficiente para rebaixar o tórax até o ponto
desejado
Checar
consciência
Abrir as vias aéreas com a manobra de inclinação da cabeça (casos clínicos ou de trauma).
Vias aéreas
Respiração
2 socorristas:
Executar 15 compressões para
cada 2 ventilações.
Checagem da
A cada 5 ciclos.
respiração e
Se respiração ausente, reiniciar ciclos.
de sinais de
Manter até a chegada do sistema de emergência.
circulação
Executar ciclos de RCP até a
Executar ciclos de RCP até a
chegada do equipamento.
chegada do equipamento.
Ligar e instalar eletrodos para
adultos.
Ligar e instalar eletrodos para
Seguir comandos.
crianças (se ausente, usar
eletrodos para adultos).
Se PCR presenciada e DEA
DEA
disponível imediatamente, Não recomendado.
Mesmo na PCR presenciada,
preferir uso do DEA e em
executar 5 ciclos de RCP
seguida, se necessário,
antes do uso.
executar RCP.
Checar
consciência • Chamar e tocar a vítima. Se não houver resposta, chamar ajuda.
• Atenção para a caracterização de caso clínico ou de trauma.
Circulação
checagem
do pulso
• Checagem do pulso carotídeo (ou femural).
• Se ausente caracteriza-se a PCR.
• Checagem do pulso
• Iniciar RCP.
Braquial.
• No caso de hemorragias visíveis, executar
• Se ausente = PCR.
compressão direta da lesão.
• Iniciar RCP.
• Se hemorragias,
executar
compressão direta.
1 ou 2 socorristas: 1 socorrista: 1 socorrista:
Circulação Executar 30 Executar 30 compressões para cada 2 Executar 30
iniciar RCP compressões ventilações compressões para
para cada 2 cada 2 ventilações
ventilações. 2 socorristas:
Compressões “fortes, Executar 15 compressões para cada 2 2 socorristas:
rápidas e sem parar” ventilações. Executar 15
entre os mamilos, ao compressões para
centro do tórax ao Compressões “fortes, rápidas e sem parar” cada 2 ventilações
ritmo de 100/min. entre os mamilos, ao centro do tórax ao ritmo Compressões: com
de 100/min. 2 dedos (preferir 2
polegares), abaixo da
Opção para o uso de linha dos mamilos
1 ou 2 mãos.
CAPÍTULO 4
OBSTRUÇÃO
DAS VIAS AÉREAS
OB S T R UÇ Ã O L E V E
V ítima cons egue toss ir e falar
IMPORTÂNCIA E CONCEITUAÇÃO BÁSICA
O que fazer?
A obstrução das vias aéreas por um corpo estranho (OVACE) é o chamada de engasga-
• Mantenha-s e próximo
mento. Na maioria das vezes, é causada por alimentos, líquidos • ou pequenos
Incentive a tossobjetos
e
OB S T R UÇ Ã O L E V E
(próteses, tampinhas, etc.), que ficam presos nas vias aéreas e bloqueiam
V ítima cons egue toss ir e falar a passagem do ar.
O que fazer?
Você sabia que • Mantenha-s e próximo OB S T R UÇ Ã O G R A V E
V ítima tem dificuldades para
• Incentive a toss e
A maior causa de obstrução das vias aéreas na ví- tos sir e falar
tima inconsciente é a língua, que “cai” para trás O que fazer?
durante o relaxamento da musculatura da? Inicie a manobra de Heimlich
OB S T R UÇ Ã O G R A V E
V ítima tem dificuldades para
tos sir e falar
Esse bloqueio é extremamente grave pois impede a vítima de respirar normalmente po-
O que
dendo levar à morte por parada respiratória em fazer?minutos.
alguns
Inicie a manobra de Heimlich
A vítima consciente pode ter uma obstrução leve ou grave .
OB S T R UÇ Ã O L E V E
V ítima cons egue toss ir e falar
O que fazer?
• Mantenha-s e próximo
• Incentive a toss e
OB S T R UÇ Ã O G R A V E
V ítima tem dificuldades para
tos sir e falar
OBSTRUÇÃO LEVE
Neste tipo de obstrução, a vítima (adulto, criança ou bebê), ainda consegue respirar, tos-
sir e falar (ou balbuciar). Mesmo assim, precisa de acompanhamento, pois o quadro pode
se agravar repentinamente.
Nessa condição :
• Tente acalmá-la
OBSTRUÇÃO GRAVE
Se apesar das orientações anteriores a vítima não apresentar melhora ou se houver algum
dos sinais abaixo, prepare-se para intervir imediatamente:
• Parada respiratória
Nessas condições, inicie manobras de desengasgamento com compressões abdominais,
conhecidas como MANOBRA DE HEIMLICH.
MA NOB R A DE HE IML IC H
Método que utiliza c ompres s ões no
abdome para promover a s aída de
c orpos es tranhos das vias aéreas .
• Mantenha suas pernas levemente afastadas para amparar uma possível queda da víti-
ma;
• Passe os braços por baixo das axilas da vítima e envolva com eles a cintura;
• Feche uma das mãos em punho cerrado e encoste-a no centro do abdome da vítima
à altura da crista ilíaca (quadril);
• Com as duas mãos posicionadas, pressione o abdome com golpes rápidos e seqüen-
ciais, para dentro e para cima (em direção à cabeça) até a saída do objeto ou até a
vítima conseguir executar, sem ajuda, uma boa tosse;
Compressões torácicas
OBSERVAÇÕES:
• Se o ar não passar, vire a criança de bruços, sobre um de seus braços e/ou pernas, com
a cabeça mais baixa que o corpo;
• Retorne em posição dorsal (barriga para cima) e ainda com a cabeça mais baixa, aplique
5 compressões torácicas, iguais às realizadas na RCP;
Manobra de Heimlich:
• Compressões abdominais com golpes
rápidos e seqüenciais, para dentro e
para cima até a saída do objeto ou até
a vítima conseguir executar sem ajuda, 5 golpes no dorso
uma boa tosse.
Manobra de de-
sengasgamento
(Heimlich)
OBS:
• Esteja atento para a ocorrência de inconsciência (desmaio).
Nesse caso, execute a técnica para desengasgamento de
inconscientes. 5 Compressões torácicas:
• Para vítimas obesas ou em gravidez adiantada, execute como na RCP
compressões torácicas semelhantes à RCP.
• Prosseguir como na técnica
descrita para menores de 1
ano inconscientes
Checar
consciência
Abrir as vias aéreas com a manobra de inclinação da cabeça (casos clínicos ou de trauma)
Vias aéreas
Respiração
1 ou 2 socorristas: 1 socorrista:
Executar 30 compressões para Executar 30 compressões para
cada 2 ventilações cada 2 ventilações
Compressões “fortes,
rápidas e sem parar” entre os 2 socorristas:
mamilos, ao centro do tórax Executar 15 compressões para
ao ritmo de 100/min. cada 2 ventilações
Manobras de 5 golpes no dorso
desobstrução Compressões “fortes,
rápidas e sem parar” entre os
mamilos, ao centro do tórax
ao ritmo de 100/min.
CAPÍTULO 5
EMERGÊNCIAS
CLÍNICAS
As emergências clínicas tratadas nesse capítulo serão: a convulsão, a dor no peito (de ori-
gem cardíaca) e o desmaio (inconsciência). Outras emergências clínicas já foram abordadas
como a PCR e a obstrução de vias aéreas.
CONVULSÃO
A convulsão ou crise convulsiva é ma desordem elétrica involuntária e repentina do cé-
rebro. Caracteriza-se por perda da consciência, acompanhada de contrações musculares
violentas. As causas mais comuns desse tipo de agravo são:
Lembre-se que...
Com a perda da consciência e o enrijeci-
mento dos músculos, a vítima tende a cair
ao chão e ferir-se gravemente. Esteja aten-
to e se possível ajude-a a não se ferir.
Cuidado!!!!
Se a vítima apresentar convulsões repetidas, sem voltar to-
talmente a consciência entre uma e outra, caracteriza-se o
estado epilético. Essa condição é grave pois o encéfalo pode
sofrer com a insuficiência respiratória progressiva.
A convulsão generalizada é a mais comum. Nela, todas as funções do encéfalo são atin-
gidas. Pode durar 2 a 5 minutos e a vítima apresenta:
o Perda da consciência;
o Enrijecimento da musculatura;
o Contrações involuntárias, repetidas e violentas dos músculos dos braços e pernas, le-
vando a movimentos abruptos e desordenados;
o Dificuldade respiratória;
o Salivação excessiva.
A maioria das vítimas de convulsão pode ser auxiliada apenas com medidas de manutenção
à vida. Porém, há muito preconceito em relação a elas. A crendice popular em torno da
epilepsia (doença) e a convulsão (seu principal sintoma) é enorme. Fala-se que o indivíduo
“enrola a língua”, que a “saliva é contagiosa” e que “epilepsia se pega” no contato com o
corpo da vítima em convulsão.
Na verdade, os músculos da língua sofrem contrações assim como todo o restante dos
músculos do corpo. Diante dessa contração ou mesmo quando a vítima relaxa ao final da
crise, a língua pode obstruir a passagem do ar pelas vias aéreas. Há ainda a possibilidade da
vítima morder a língua durante a crise e asfixiar-se com o sangue. Esqueça as crendices.
DURANTE A CONVULSÃO
o Afaste os curiosos.
Posição de recuperação
2. O que fazer para evitar convulsões em uma criança que apresenta febre alta?
As convulsões por febre alta em crianças são mais comuns até os 3 anos de idade. Se a tem-
peratura exceder 37,5ºC, retire o excesso de roupas, coloque-a em um ambiente arejado
e providencie um banho morno. Se não houver melhora, pode-se tentar outro banho ou
experimentar o uso de compressas frias. Providencie acompanhamento médico. O uso de
medicamentos deve ser restrito à orientação médica.
DOR NO PEITO
A dor no peito pode ser percebida em intensidade variável e suas características clássicas são:
o Localizada no centro do peito, podendo irradiar para o lado esquerdo, ombros, pesco-
ço, mandíbula, braços e mãos (geralmente do lado esquerdo);
o Pode ser acompanhada de dificuldade para respirar, náuseas, vômitos , palidez e su-
dorese.
Os idosos e diabéticos podem apresentar quadros semelhantes, porém sem dor ou com
uma mínima dor, difícil de caracterizar. São os chamados infartos silenciosos ou assinto-
máticos.
Existem ainda outras doenças que podem levar à dor torácica ou confundir-se com ela. Há
quadros de angina (dor, em latim), cuja dor pode melhorar simplesmente com o repouso
e “enganar” a vítima e o socorrista. Somente uma equipe especializada poderá fazer tal
diferenciação. Por isso, chame sempre o serviço de emergência.
É fato conhecido que quanto mais precoce for restabelecido o fluxo do sangue e oxigênio
para o coração, maiores serão as chances de sobrevivência da vítima. Logo, é preciso dimi-
nuir o tempo entre o início dos sintomas e o atendimento hospitalar.
DESMAIO
O desmaio é também conhecido como síncope e se caracteriza por um episódio repentino
de perda da consciência por um período curto. Por si só o desmaio não determina uma
doença, mas é um sinal de inúmeras delas.
Geralmente é causado por alterações no fornecimento de oxigênio e glicose para o encéfa-
lo, como por exemplo, na exposição prolongada a ambientes quentes, alimentação precá-
ria e exercícios físicos excessivos. Dor, medo e excitação são causas prováveis também.
Sinais e sintomas que caracterizam o desmaio:
o Perda da consciência (perda do contato com o ambiente).
o Relaxamento dos músculos.
o Palidez.
o Pele fria e úmida.
o Retomada rápida da consciência (1 a 2 minutos).
o Realize a avaliação primária da vítima (para determinar a inconsciência, abrir vias aéreas
e certificar-se que a vítima respira e têm circulação).
PASSO-A-PASSO
•T ranqüilizar a vítima;
• Impeça esforços e emoções, mesmo que mínimos;
•M antenha a vítima de preferência sentada, aquecida e confortável;
DOR NO PEITO •A rejar o ambiente e afrouxar roupas, cintos etc.;
•R ealize frequentemente a avaliação;
•E steja preparado para a ocorrência de PCR;
• S e DEA disponível, peça para alguém providenciar imediatamente.
•R
ealize a avaliação primária da vítima;
•M
antenha a vítima deitada e aquecida;
•E
leve os membros inferiores para facilitar a circulação cerebral;
DESMAIO •A
reje o ambiente e afrouxe roupas, cintos etc.;
•R
epita a avaliação primária;
•D
urante a retomada da consciência, não permita que a vítima se levante;
•A
cionar o serviço de emergência.
CAPÍTULO 6
FERIMENTOS
CONCEITOS BÁSICOS
Os ferimentos são lesões nos tecidos da superfície interna ou externa do corpo humano,
incluindo as diferentes camadas da pele, os músculos e os órgãos internos.
Existem inúmeros critérios para a classificação dos ferimentos. No entanto, em geral, eles
podem ser fechados ou abertos.
Nos fechados não há ruptura da pele e pode haver sangramento interno, já nos abertos há
ruptura da pele e possibilidade de sangramentos externos visíveis.
A gravidade de um ferimento é medida pela intensidade do sangramento e pelo local atin-
gido. Já a gravidade do sangramento varia pelo tipo de vaso sanguíneo atingido. Observe
abaixo:
Características do sangramento em relação ao tipo de vaso atingido
(apresentação de sangramento externo)
SANGRAMENTOS INTERNOS
Geralmente os sangramentos internos acontecem por um trauma contuso ou fechado
(chutes e socos, quedas, acidentes de trânsito etc.) que podem resultar até em fraturas e
lesões em órgãos internos.
Nesse caso, apesar de não existir lesão na parte externa da pele, os tecidos internos e os
vasos se romperam internamente, causando sangramento e como não é possível controlá-
lo, torna-se uma situação grave.
Lembre-se...
Em geral, o tratamento para estas lesões é apenas
intra-hospitalar e com cirurgia.
Algumas vezes é possível observar estes sangramentos apesar de serem internos. É o caso
dos hematomas (manchas roxas) ou dos sangramentos que se exteriorizam pelas orelhas,
nariz, vagina, uretra, ânus e ainda dos ferimentos por arma de fogo e por faca, quando se
pode supor a existência de lesões internas.
Devemos estar atentos para a ocorrência de sangramentos internos nos casos de:
SANGRAMENTOS EXTERNOS
As causas mais comuns de sangramentos externos são: arranhaduras, ferimentos com
agentes pontiagudos (pregos), perfuro-cortantes (faca, tesoura etc.), mordedura de ani-
mais e ferimentos por arma de fogo, entre outros.
Apesar de muitas vezes os ferimentos terem uma aparência drástica e serem acompanha-
dos de muita dor, nem sempre são classificados de graves, a menos que estejam sangrando
de forma descontrolada ou comprometam a respiração (como no caso dos ferimentos das
vias aéreas, face, pescoço ou tórax).
Lembre-se que...
não devemos executar a pressão direta
sobre ferimentos com objetos encrava-
dos ou sobre ossos fraturados.
• Observar o curativo, não permitindo que fique ensopado de sangue. Neste caso, não
o remova, apenas coloque outro sobre ele reaplicando a pressão com a mão.
Sempre associada à compressão direta da lesão, essa é uma boa opção para ferimentos nas
extremidades do corpo (braços e pernas).
Com a elevação da parte afetada, há diminuição do fluxo de sangue para a lesão devido à
ação da gravidade, o que diminui o sangramento. Neste caso, basta elevar a região acima
do nível do coração.
Lembre-se que...
não devemos elevar extremidades em
caso de suspeita de fraturas, luxações e
mesmo no caso de objetos encravados.
Lembre-se que...
A técnica de compressão indireta não elimina a
necessidade de compressão direta e se possível
de elevação da parte afetada
A técnica consiste em aplicar uma pressão com os dedos, sobre pontos onde se perceba o
pulso de uma artéria, passando sobre uma superfície óssea. Esta técnica exige conhecimen-
tos anatômicos e habilidade do socorrista.
Os principais e mais fáceis pontos para compressão indireta são:
• Artéria radial para as lesões da mão (à altura do pulso, abaixo do dedo polegar).
• Providencie um pano fino (meia, pano de prato, camiseta, gazes, etc.), para colocar
entre o saco de gelo e a pele do local;
Lembre-se que...
deve-se proteger a pele da vítima com um tecido
fino, para evitar a queimadura dos tecidos pelo frio
ou pelo congelamento
TIPOS DE FERIMENTOS
1.FERIMENTO FECHADO
Lembre-se...
1. Avalie a segurança da cena.
2. A prioridade é a vida.Inicie sempre pela avaliação primária, principalmente na vítima
inconsciente.
3. S e possível use luvas ou outra barreira de plástico ou pano grosso.
4. L ave as mãos antes e após o cuidado com a vítima.
Lesão provocada por objeto contundente e rombudo que não provoca a abertura da
pele. Porém, nas camadas inferiores, leva a rompimento de tecidos e vasos com conse-
qüente extravasamento de sangue (sangramento interno). É o ferimento conhecido por
contusão.
Caracteriza-se pela formação de uma área arroxeada sob a pele íntegra e com contornos
definidos, chamados de hematomas.
Um hematoma pode ser uma indicação de lesão interna com sangramento, como no caso de:
Você sabia...
Que o famoso “galo” na cabeça é um hematoma no
couro cabeludo, e que seu nome técnico é hemato-
ma subgaleal?
O QUE FAZER?
2. FERIMENTOS ABERTOS
Quando a pele é rompida após um trauma, chamamos o ferimento de aberto e nesses
casos espera-se um sangramento de intensidade variável, de acordo com a profundidade,
local e tipo de vaso rompido.
Acompanhe a seguir a classificação mais usual dos ferimentos abertos:
• Incisão (ou corte): causadas por agentes cortantes e afiados que rompem a pele, ge-
ralmente provocando muito sangramento. Ex.: faca, estilete etc.
O QUE FAZER?
NAS ABRASÕES:
• Limpe o ferimento e a área do entorno com água e sabão sob leve fricção para retirar
a sujidade (areia, terra, etc.);
• Para pequenas áreas de abrasão, recomenda-se não fazer a cobertura com curativos.
Para áreas maiores, que entram em contato com as roupas, pode-se avaliar a possibili-
dade de cobrir com gazes limpas e secas ou curativo pronto. Neste caso, recomenda-
se a troca diária do curativo, após limpeza durante o banho.
• Se houver sujidades maiores e soltas (lascas, areia, vidros ou outros), retirar com um
pano seco ou gaze, através de remoção mecânica;
• Para as lesões com intenso sangramento ou de tamanho maior, não perca tempo com
limpeza, pois isto será feito no hospital em ambiente controlado. Nesse caso, execute
a compressão direta, procurando aproximar as bordas da lesão delicadamente, para
favorecer o controle do sangramento e a cicatrização;
• Cubra o ferimento com algum tecido limpo ou gazes e prenda as bordas do curativo
com esparadrapo ou enrolado ataduras ou bandagens triangulares;
NAS PERFURAÇÕES:
• Nos ferimentos por arma de fogo, pode haver mais de um orifício. Nesse caso, o
cuidados devem ser feitos para ambas as lesões igualmente, cobrindo-as com tecido
limpo ou gaze estéril.
3. FERIMENTOS ESPECIAIS
Considera-se alguns ferimentos como especiais em virtude das suas características, lo-
calização ou possibilidades de complicações e seqüelas. Na maioria dos casos eles com-
prometem funções vitais e as vítimas devem ser encaminhadas ao atendimento médico
imediato.
São considerados especiais os seguintes ferimentos:
• Ferimentos nos olhos: pelo comprometimento da visão.
• Ferimentos no pescoço: pelo comprometimento da respiração e pela alta possibilidade
de sangramento.
• Ferimentos no tórax: pelo risco representado para função respiratória.
• Ferimentos no abdome: pela possibilidade de sangramento interno.
• Amputações: pela possibilidade de perda da parte amputada, sangramento e
comprometimento a capacidade laborativa.
• Ferimentos na cabeça: pela possibilidade de comprometimento das funções
neurológicas.
• Ferimentos encravados: pela possibilidade de ferimentos internos e sangramento.
O QUE FAZER?
FERIMENTOS NO PESCOÇO:
• Conter sangramentos com compressão local direta.
OBS: Lembre-se que a pressão não deve ser exercida sobre a traquéia para não
comprometer a respiração e a circulação.
• No caso de objetos encravados, observe as considerações no tópico próprio;
• Atente para as 10 regras básicas de atendimento.
FERIMENTOS NO TÓRAX:
Você sabia...
Que uma vítima está em dificuldade respiratória quando,
dentre outros sinais, apresenta:
- falta de ar (dispnéia)
- respiração muito acelerada ou muito lenta
- dor ao respirar
- acúmulo de secreção nas vias aéreas?
• Cobrir o ferimento com um plástico ou gaze e fixar 3 pontas (ou lados) com fita
adesiva. Se o ferimento for por arma de fogo ou arma branca, observe se há mais
que 1 orifício (execute curativos com plástico em todos eles).
FERIMENTOS NO ABDOME:
Ferimento no abdome
Você sabia...
Que, após um trauma, a dor acompanhada de rigidez no abdo-
me pode significar lesões internas importantes, com presença de
sangramento?
Esta rigidez é chamada comumente de abdome em tábua!
Esteja atento também, para sangramentos por via vaginal, anal ou
uretral, pois também significam sangramento do abdome.
• Para os ferimentos fechados, com presença de hematomas, esteja atento para a infor-
mação de dor abdominal e para os sinais de choque (veja tópico adiante);
• Para os ferimentos com lesão aberta no abdome, se não houver exposição de vísceras,
faça moderada compressão da lesão;
o Lavar com água limpa ou soro fisiológico para retirar as sujidades e manter a umi-
dificação;
o Cobrir com compressas umedecidas com água limpa ou soro. No lugar das com-
pressas umedecidas, pode-se utilizar plástico limpo para a cobertura das lesões;
• Execute compressão direta da lesão e elevação do membro (se necessário, faça com-
pressão de pontos arteriais);
OBS: Jamais coloque a parte amputada em contato direto com o gelo ou água!
OBS: Não sendo possível o gelo e, estando a parte amputada bem coberta com
plástico, pode-se usar água gelada como alternativa. Não pode haver contato da
parte com o líquido.
o Identificar o recipiente de gelo com: nome, parte amputada, data e hora do acidente.
FERIMENTOS NA CABEÇA:
Você sabia...
Alguns sinais e sintomas que indicam comprometimento da função neurológica, após
um trauma, são:
- alterações do nível de consciência (desde a confusão e agitação até a apatia, o sono e
a inconsciência)
- perda da memória
- sangramento ou perda de líquido pela orelha e/ou nariz
- pupilas muito dilatadas ou muito pequenas e de tamanhos diferentes entre si.
- dificuldade motora, para falar e respirar e distúrbios visuais
- náuseas e vômitos
- dor de cabeça
- convulsões
- hematoma ao redor dos olhos e atrás da orelha
• Sempre que houver lesão na cabeça deve-se suspeitar de lesão na coluna cervical e
realizar a estabilização manual da cabeça;
• Para os ferimentos fechados, com presença de hematoma subgaleal, esteja atento para
os sinais de comprometimento da função neurológica (veja ao lado);
• Não tente impedir a saída de líquidos pela orelha e pelo nariz, apenas cubra com gaze
ou pano limpo para absorver o fluxo;
• Mantenha o repouso.
• Não tente quebrar ou encurtar o objeto, a menos que seu tamanho impeça o transporte.
ESTADO DE CHOQUE
Se o sangramento for intenso, o corpo humano pode não conseguir compensar a perda
desse volume de líquido e evoluir para o estado de choque.
O estado de choque é a falência progressiva do sistema cardiovascular, onde o corpo não
tem como distribuir sangue oxigenado para os tecidos. Em sua evolução, pode se tornar
um quadro irreversível, cujo evento final é a morte.
Existem inúmeras causas de choque, porém, em nosso caso, vamos comentar apenas so-
bre o choque causado pela perda sanguínea.
Identificar a instalação do estado de choque é a única maneira de intervir precocemente.
Veja no quadro abaixo os principais sinais e sintomas (e suas causas) que determinam a
instalação do estado de choque:
Diante de uma vítima de trauma com possibilidade de choque, tenha em mente os seguin-
tes cuidados de emergência:
• Coloque a vítima em posição dorsal (“barriga para cima”), com as pernas elevadas a 45o ou
30cm de altura, para favorecer a circulação cerebral;
• Se for impossível mantê-lo com as pernas elevadas, mantenha o decúbito dorsal apenas. No
caso de mulheres grávidas, o decúbito lateral esquerdo é mais indicado;
• Aqueça com cobertores ou com o que for possível (jornais, roupas, toalhas etc.), para que o
corpo não consuma suas energias, tentando promover seu próprio aquecimento.
• trauma craniano,
2. O que fazer no caso de um sangramento nasal, que não seja causado por trau-
ma na cabeça?
Esta situação é muito comum e pode ser decorrente da hipertensão arterial, excessivo
calor ou frio e atividades físicas muito intensas, dentre outras causas.
Nesses casos:
• Cubra as narinas com uma gaze apenas para não escorrer sangue sobre as vestes
• Se possível, aplique compressas frias na testa e às laterais do nariz, longe dos olhos
PASSO-A-PASSO
Princípios Fundamentais
⇒ 10 regras básicas
Contusão ou Hematoma
Cabeça
• estabilização da cabeça
• comprometimento neurológico?
• Aberto: leve compressão
• Fechado: compressas frias
CAPÍTULO 7
QUEIMADURAS
CONCEITUAÇÃO BÁSICA
A pele é o maior órgão do corpo e é a barreira natural de proteção contra agentes físicos
(calor e frio), agentes químicos (água, ácidos e outros) e agentes biológicos (bactérias,
fungos etc.), auxiliando ainda o controle da temperatura e a função sensitiva. Se a pele
sofrer uma agressão, essas capacidades são imediatamente alteradas.
As queimaduras mais comuns são as produzidas pelo sol ou pelo calor em ambiente
doméstico (fogo, objetos ou líquidos quentes).
A maioria das lesões é leve e atinge apenas a camada mais superficial da pele. No entanto a
queimadura pode alcançar estruturas ainda mais profundas como músculos, ossos, nervos
e vasos sanguíneos.
• O agente causador.
São as mais comuns. São produzidas pelo calor (fogo, vapor, líquidos
Térmica quentes, objetos aquecidos) e pelo frio (gelo).
PROFUNDIDADE CARACTERÍSTICAS
Lembre-se que uma lesão por queimadura não é uniforme. Podem ocorrer vários graus de
profundidade em uma mesma lesão.
Só para ilustrar, as comunidades científicas da área médica já estão usando uma nova classi-
ficação, dividindo melhor o 2º. e o 3º. grau e criando o 4º. grau. Tal classificação ainda não
será utilizada nessa apostila.
A análise da extensão é o fator de maior influência na avaliação de gravidade da queimadu-
ra. Quanto maior a extensão, maior o risco para a vida da vítima, pois pode haver perda
excessiva de líquidos do corpo, perda de temperatura e altíssimo risco para infecções. Em
primeiros socorros, o objetivo não é determinar a extensão e sim manter a vítima com
vida, prevenir danos adicionais e parar o processo de queimadura.
Quanto à localização, é preciso saber que algumas regiões do corpo tornam as queima-
duras muito críticas por favorecerem a contaminação da ferida ou por serem fatores de
• QUEIMADURAS LEVES: são aquelas de 1º. e 2º. graus e pequenas (menores que a
palma da mão).
• QUEIMADURAS GRAVES: são aquelas de 2º. e 3º. graus que envolvem face, pescoço,
tórax, mãos, pés, genitais e articulações em qualquer extensão. São graves também, as
extensas de 2º. e 3º. graus, além das químicas e elétricas.
Outros fatores que contribuem para a gravidade da queimadura são: idade da vítima (crian-
ças e idosos respondem mal a agressão) e a presença de outros traumas ou lesões associa-
das (diabetes, hipertensão etc.) que alteram a resposta corporal ao ferimento.
2. Trate a vítima e não a lesão. Sempre inicie o atendimento pela avaliação primária.
8. Promova aquecimento.
9. Procure saber: “O que causou a queimadura?”, “Houve outro trauma?”, “Houve in-
consciência?”, “Houve inalação de vapor, gazes ou fumaça?”.
3 Resfriar a área com muita água corrente ou imergir em água (cerca de 10 a 15 minutos).
4. No caso de mãos e pés, separar os dedos queimados com gaze ou tecido limpo ume-
decido para que não grudem. Caso já estejam grudados, não force a separação. Apenas
cubra com a gazes ou tecido limpo umedecido.
CUIDADO!!!
As queimaduras químicas são especialmente perigosas tanto para a vítima quanto para
o socorrista. Proteja-se da contaminação!
O segredo é...
Para substâncias em pasta ou em pó, primeiro remova o excesso com uma escova ou
tecido seco, para depois lavar com água. Isso evita que o produto escorra pelas roupas
ou pela pele, causando queimaduras por onde passa.
2. Lavar a região com muita água corrente por 15 a 20 minutos, utilizando se possível um
chuveiro.
Obs.: A seguir estão relacionadas algumas exceções, quando não se pode usar água.
o Cubra ambos os olhos com gazes umedecidas (mesmo que apenas um deles tenha
sido atingido).
Você sabia...
Que vários itens do mobiliário de uma casa soltam
fumaça altamente tóxica quando queimada?
Esse tipo de queimadura pode acontecer por inalação de fumaça proveniente da combus-
tão de produtos químicos e por gazes ou vapores aquecidos.
o Dificuldade respiratória;
o Tosse;
A inalação de vapores quentes leva a ressecamento e inchaço da mucosa do nariz e nas vias
aéreas em geral, tornando a respiração muito dificultada diante da obstrução. Esse edema
pode ser leve e imperceptível no inicio e se agravar com o passar do tempo. Por esta razão,
encaminhe sempre a vítima para o hospital para uma melhor análise.
Outros sinais que ajudam na identificação da queimadura por vapores quentes são:
o Queimaduras na face;
o Dificuldade respiratória;
4. Aquecer a vítima;
Você sabia...
Que a corrente elétrica provoca 2 áreas de quei-
madura: uma no ponto de entrada da corrente e
outra no ponto de saída da corrente elétrica?
1. Não toque na vítima se ela ainda está ligada à corrente elétrica. Garanta sua segurança,
desligando a energia.
3. Cuidado com fios elétricos caídos sobre veículos. Ao tocar o carro, você pode ser
atingido pela corrente.
4. Não toque em objetos elétricos ligados à corrente elétrica ou que estejam molhados
ou em banheiras e baldes. Desligue a energia primeiro.
o Cabeça e pescoço = 9%
o Genitais = 1%
Para as crianças, a cabeça e pescoço equivalem a 18% e cada membro inferior é equiva-
lente a 13,5%.
A regra da palma da mão prevê que cada área de queimadura do tamanho da palma da mão
da vítima, seja correspondente a 1%. Em ambos as regras da somatória de todas as regiões
em percentuais corresponde ao percentual de área queimada.
PASSO-A-PASSO
Princípios fundamentais:
CAPÍTULO 8
LESÕES DE OSSOS
E ARTICULAÇÕES
CONCEITOS BÁSICOS
Os ossos e articulações e ainda, os músculos, tendões e ligamentos, fazem parte do Sis-
tema Músculo-esquelético. Esse sistema dá forma, sustentação, proteção e movimento
ao corpo humano.
As lesões envolvendo o sistema músculo-esquelético são muito comuns e variam de sim-
ples até as mais graves, como as de fêmur e coluna.
Dentre estas lesões, destacam-se :
• FRATURA: é a quebra do osso. Podem ser fechadas ou abertas (expostas). Nas fra-
turas fechadas não há rompimento da pele. Na aberta ou exposta, pontas de ossos
podem forçar a pele e rompê-la, caracterizando claramente a fratura.
• DISTENSÃO: é o estiramento dos músculos (com ou sem ruptura das fibras muscula-
res). Acontece quando os músculos são forçados além de sua capacidade ou quando os
músculos estão tensos e frios e são forçados repentinamente.
Não pense que será fácil diferenciar uma fratura de uma entorse ou de uma luxação ou
mesmo de outra lesão deste sistema, pois seus sinais são muito semelhantes. Suspeite ime-
diatamente de uma lesão deste tipo quando a vítima apresentar:
atÉ que se prove o contrário,
sempre trate as lesões com estas
características, como se fossem fraturaS!!!
• Dor ou sensibilidade anormais, (a vítima tende a segurar o local afetado, tentando pro-
teger-se da dor);
PRINCÍPIOS DE ATENDIMENTO
Diante da suspeita de uma lesão nos ossos e articulações, o socorro básico inclui:
PRINCÍPIOS DE IMOBILIZAÇÃO
Lembre-se...
Uma boa tala improvisada é aquela que:
• É larga
• É longa, o suficiente, para abranger uma articulação acima e outra abaixo da lesão.
Uma boa amarração/fixação improvisada de talas é aquela que:
• É longa
• É firme
Ex.: gravatas, cintos, camisetas e meias enroladas, etc.
Lembre-se....
1. Avalie a segurança da cena.
2. A prioridade é a vida. Avalie primeiro os ABC’s, principalmente na vítima inconsciente.
3. Se possível use luvas ou outra barreira de plástico ou pano grosso.
4. Lave as mãos antes e após o cuidado com a vítima.
5. Siga os princípios fundamentais de imobilização, sempre que for necessário improvisar o
atendimento de primeiros socorros.
5. Se não for possível visualizar a lesão, cortar a roupa que está sobre a parte afetada;
6. Proteger ferimentos abertos com gazes ou pano limpo, sem jamais colocá-los para
dentro do membro novamente.
10. Aplicar e fixar a tala sempre em uma articulação acima e outra abaixo do local afetado;
12. Não apertar excessivamente as amarrações, muito menos, fixá-las sobre o local afetado;
13. Acolchoar os espaços entre as talas e o corpo, utilizando toalhas, tecidos, etc.;
14. Utilizar amarrações bem largas para não garrotear e impedir a circulação;
16. Manter as pontas das mãos e pés descobertos, para avaliar a circulação e a sensibilidade.
o Faça nós bem firmes, sempre sobre as talas ou sobre o acolchoamento, para não
machucar a pele da vítima.
19. Transporte ou providencie transporte da vítima para uma unidade hospitalar, para os
exames de confirmação diagnóstica e o tratamento definitivo.
Lembre-se...
Para avaliar a sensibilidade, peça à vítima para, se
for o caso:
• Abrir e fechar as mãos ou esticar os dedos
• Mover os pés
Na avaliação da sensibilidade esteja atento para:
• Sensação de formigamento
• Paralisia
• Ausência completa de sensibilidade na região
Exemplos de imobilização
ANTEBRAÇO e PUNHO
Utilize uma tala de madeira, revista dobrada ou até um guarda-chuva fechado, sob o ante-
braço. Os dedos devem ficar expostos e em posição natural (sem esticá-los). Utilize uma
atadura ou material em tecido para fixar e improvise uma tipóia para que o braço não fique
abaixado.
BRAÇO (Úmero)
Respeite a posição na qual o braço foi encontrado. Caso esteja estendido ao longo
do corpo, imobilize-o junto ao corpo da vítima. Se dobrado sobre o abdome, utilize
materiais em tecido, fazendo uma tipóia para apoiar o braço, e em seguida, outras duas
amarrações, sendo uma acima e outra abaixo da lesão.
OMBRO e CLAVÍCULA
Utilize como tala o próprio corpo da vítima. Fixe o braço no tronco com um material em
tecido, sob a forma de tipóia, deixando os dedos visíveis. Se quiser intensificar a fixação,
utilize um segundo material em tecido, para fixar o braço no tronco, como no caso da
imobilização de braço.
COSTELAS E ESTERNO
Graves por causarem enorme dificuldade respiratória, devem ser imobilizadas como
os ombros e clavícula, respeitando-se o lado afetado, no caso das costelas. Transporte
imediatamente.
PERNA
Utilize talas firmes, que se estendam do joelho até além dos pés e fixadas com material
em tecido. Fixe bem as duas articulações (joelho e tornozelo), executando a amarração
em “8”, conforme será descrito nas imobilizações de pé e tornozelo a seguir. Na ausência
de talas firmes, utilize a perna sadia, para imobilizar.
PÉ E TORNOZELO
Para esta região, além da opção de imobilização semelhante à da perna, uma forma fácil e
rápida, é a utilização de toalhas ou travesseiros. Deve-se fixá-los com material em tecido,
acima e abaixo da lesão e para os pés, executar a figura em “8”.
JOELHO
O joelho pode ser encontrado estendido ou dobrado. Se dobrado, faça um apoio com
travesseiros, e utilize talas para impedir que se estendam. Se estendido, imobilize-o
como no caso do fêmur. O primordial é lembrar-se de JAMAIS, tentar corrigir uma lesão
trazendo-a de volta ao normal, pois este é um procedimento médico e de altíssimo risco
para a vítima.
FÊMUR
O fêmur pode ser imobilizado com talas longas, que se estendam do quadril até além do pé
ou até mesmo utilizando-se da perna sadia, como tala. Neste caso, antes de amarrar uma
perna na outra, acolchoe e utilize amarrações de tecido bem largas para não garrotear.
PELVE (Bacia)
Trata-se de uma imobilização difícil e que depende da ajuda de outras pessoas. Você pre-
cisará de uma madeira longa e forte o suficiente para acomodar uma pessoa e de talas de
madeira longa que se estendam das axilas até os pés da vítima. Como alternativa, o pró-
prio corpo da vítima servirá para imobilizá-la. Siga os passos:
o 3ºpessoa: passa uma fixação em tecido ou atadura para fixar os pés, outra para os jo-
elhos e outra para os quadris, nesta ordem. Lembre-se de colocar acolchoados entre
as pernas.
Em seguida, prepare a madeira longa, que servirá como maca, colocando-a perto da vítima,
que será rolada sobre a mesma, como um bloco único. Para transportar a vítima, antes de
levanta-la, devemos fixá-la na maca usando amarrações firmes como cintos de segurança,
para que ela não caia.
COLUNA
F igura 1
F igura 2
F igura 3
F igura 4
Primeiros Socorros
F igura 3
F igura 4
Figura n° 1: técnica com 4 socorristas onde o 1º faz a fixação da cabeça. Figuras nº 2 a 4: técnica de rolagem em 3 pessoas.
Graves e com grande possibilidade de seqüelas incapacitantes, estas lesões são normal-
mente originárias de grandes acidentes e traumas como, quedas de altura, atropelamen-
tos, colisões, acidentes de mergulho e até ferimentos por arma de fogo. Alguns sinais e
sintomas que são fortes indicativos de lesão na coluna são:
• dificuldade respiratória
o 2ª pessoa: Instalar o colar cervical do tamanho adequado, iniciando pela porção ante-
rior. Para checagem do tamanho é conveniente avaliar a altura existente entre o queixo
da vítima e o ombro.
Para improvisar um colar use uma camiseta ou pano de prato com revistas ou jornais do-
brados por dentro, ou dobre uma toalha de rosto no comprimento. Em ambos os casos,
as revistas, jornais e a toalha devem estar dobrados na altura correta, correspondente à
vítima.
o Um socorrista faz a fixação da cabeça com as 2 mãos, colocando atrás da vítima e fa-
zendo uma leve extensão e alinhamento, se necessário;
PASSO A PASSO
Princípios Fundamentais
⇒ Avaliação primária (prioridade da vida sobre a lesão)
⇒ Princípios fundamentais de imobilização
CAPÍTULO 9
INTOXICAÇÕES
• Ingestão (deglutição de substâncias por via oral) Ex.: Álcool, medicamentos, produtos
de limpeza etc.
• No caso da retirada de roupas ou lavagem com água corrente, esteja atento para a
ocorrência de hipotermia. Aqueça a vítima enquanto aguarda o socorro profissional;
o Leve junto à vítima, potes, frascos ou outros recipientes que contenham restos da
substância;
A ingestão de bebida alcoólica sofre grande influência da cultura de uma população e chega
a ser um comportamento socialmente aceito, como em nosso país. No entanto, há estreita
relação entre a ingestão excessiva de bebida alcoólica e a violência interpessoal, a ocorrên-
cia de acidentes e de doenças como pancreatite e problemas hepáticos.
O etanol (álcool contido nas bebidas mais comuns) é um líquido volátil, incolor, inflamável
e com alto poder de penetração no corpo humano. É absorvido no estômago (20%) e
nos intestinos (80%), sendo eliminado pelos rins e pulmões através da urina e expiração,
respectivamente.
O principal efeito do etanol é a potente depressão do sistema nervoso central. No entanto,
níveis baixos dessa substância no sangue levam a certa desinibição, euforia e aumento da
autoconfiança, além da fala arrastada, diminuição da coordenação motora e rubor facial,
que são efeitos muito bem toleráveis e que causam sensação de bem-estar. Níveis mode-
rados ou altos de álcool no sangue deprimem as funções do encéfalo e levam à sonolência,
à instabilidade emocional, à diminuição das respostas motoras e da consciência e até à
depressão do sistema respiratório, podendo evoluir para morte diante de complicações
respiratórias. A associação do etanol com drogas sedativas, anticonvulsivantes, antidepres-
sivas e até com analgésicos, pode potencializar tais efeitos.
Na abordagem em primeiros socorros da intoxicação aguda pelo álcool, siga os princípios
determinados anteriormente. Porém, esteja alerta para a ocorrência de dificuldades com
a respiração.
É importante ressaltar que a depressão do sistema nervoso central leva o indivíduo intoxi-
cado pelo álcool a alguns comportamentos que geram descaso e desprezo por parte das
outras pessoas. Nunca é demais lembrar que o Conselho Federal de Medicina considera
o alcoolismo agudo como uma enfermidade que leva à dependência física e psíquica do
usuário e não deve ser considerado simplesmente um vício. Não se deixe levar pelo com-
portamento usual. Seja diferente. Ajude. Preste socorro.
A cocaína é um pó fino e branco que pode ser aspirado via nasal ou injetado. Seu derivado
mais consumido é o crack que é encontrado em formato de cristais (como pequenas pe-
dras) e pode ser inalado como um cigarro.
Inicialmente o uso desse tipo de droga ilícita leva a certa euforia e instabilidade emocional
com agitação e alucinações. Em uma fase mais avançada, esses sinais se acentuam e podem
ser acompanhados do mais grave sinal que é o comprometimento das funções do coração
(incluindo a dor no peito e PCR) e até convulsões e coma.
Esse grupo de vítimas precisa de atendimento médico, psicológico e social em longo prazo
e na fase aguda, principalmente ajuda médica. Promova os cuidados de primeiros socorros
descritos e providencie transporte imediato ao atendimento definitivo. Na medida do pos-
sível, possibilite um ambiente confortável e tranqüilo, sem cobranças. Seja cooperativo.
PASSO-A-PASSO
1 Seguir as regras básicas de primeiros socorros
2 Ambiente arejado e seguro
3 Avaliação primária da vítima
4 Estar atento para a ocorrência de problemas respiratórios e cardíacos (PCR e dor no peito),
ocorrência de vômitos e alteração no comportamento habitual.
6 Aquecer a vítima
7 Enquanto aguarda o socorro posicione a vítima da seguinte maneira:
Vítimas inconscientes Vítimas conscientes
CAPÍTULO 10
ACIDENTES COM
ANIMAIS PEÇONHENTOS
OFIDISMO
Atenção
NÃO CABE AO SOCORRISTA IDENTIFICAR O TIPO DE
COBRA OU MESMO CAPTURÁ-LA.
A identificação pode ser feita através dos sinais e sintomas
da vítima e a captura deve ser realizada apenas por pessoal
especializado.
PRESTE SOCORRO À VÍTIMA.
Em nosso país os acidentes com cobras são comuns principalmente nos meses quentes
(novembro a abril) e durante o período diurno. As serpentes que mais causam aciden-
tes são:
• Coral (0,7%): Com halos de cores bem marcantes, têm hábitos noturnos e são pouco
agressivas.
É muito comum que a vítima não consiga dar informações suficientes sobre o animal, a
ponto de permitir sua identificação. Por essa razão, a observação dos sinais ou sintomas re-
feridos pela vítima pode ser fundamental para o médico durante o atendimento definitivo.
Outras
Tipo de cobra Ação do veneno Local da picada observações e
sinais
Com o objetivo de evitar acidentes com esse grupo de animais, observe alguns cuidados:
• Não coloque a mão em buracos na terra, em madeira oca ou qualquer local em que
não haja visibilidade;
• Antes de ultrapassar troncos caídos ou andar por barrancos ou margens de rios e lagos,
examine o local, antes de avançar.
ESCORPIONISMO
Atenção
NÃO CABE AO SOCORRISTA IDENTIFICAR O TIPO DE ESCORPIÃO
OU MESMO CAPTURÁ-LO.
A identificação pode ser feita através dos sinais e sintomas da vítima e a
captura deve ser realizada apenas por pessoal especializado.
PRESTE SOCORRO À VÍTIMA.
Os escorpiões são animais da família das aranhas (aracnídeos) que vivem junto ao lixo, en-
tulho, sujeira e umidade. Com hábitos noturnos, saem para caçar animais vivos, dos quais
se alimentam.
Alcançaram importância diante do alto número de acidentes ocorridos nas cidades e pela
gravidade dos sinais e sintomas, principalmente em idosos e crianças abaixo de 7 anos ou
desnutridas.
Os escorpiões que mais causam acidentes no Brasil são o escorpião amarelo e o marrom, sen-
do que o primeiro possui o veneno com a maior toxicidade e maior intensidade dos sintomas.
Os sinais e sintomas produzidos por esse tipo de acidente são:
o Dor e formigamento local
o Náuseas, excesso de salivação, diarréia e dor abdominal
o Alterações no ritmo do coração e alterações de pressão arterial
o Problemas pulmonares levando a dificuldade para respirar
o Hipotermia
o Dor de cabeça, escurecimento da visão, tonturas e coma
ARANEÍSMO
Atenção
NÃO CABE AO SOCORRISTA IDENTIFICAR O TIPO DE ARANHA
OU MESMO CAPTURÁ-LA.
A identificação pode ser feita através dos sinais e sintomas da vítima e a
captura deve ser realizada apenas por pessoal especializado.
PRESTE SOCORRO À VÍTIMA.
Mesmo com baixa mortalidade, esse tipo de acidente tem importância diante da possibi-
lidade de lesões graves. Acontecem mais em áreas urbanas, no período diurno e durante
todo o ano.
As aranhas que causam interesse diante do maior número de acidentes que provocam são:
a aranha armadeira (60,7% dos casos), a aranha marrom, a viúva-negra ou flamenguinha, a
aranha de jardim e as caranguejeiras.
Acompanhe, no quadro abaixo, algumas características desses animais e a ação de seu ve-
neno sobre o corpo humano:
Ação do
Tipo de aranha Local da picada Características gerais
veneno
Tóxico para Dor intensa, • Acidente mais comum.
o sistema inchaço e reações • Agressivas e grandes têm 5cm e
nervoso. locais que podem alcançam até 15cm de envergadura.
se irradiar para • Habitat: residências, folhagens de
outras partes bananeiras e de jardim.
Armadeira
próximas. • Normalmente só sinais locais.
• Casos graves podem evoluir com
tremores, distúrbios visuais e até
convulsões.
• Em crianças pode levar ao choque.
Destrói as Ausência de dor. • Comuns no sudeste do Brasil.
proteínas • Hábitos noturnos, vivem no interior
dos tecidos, das residências (atrás de móveis,
levando à em porões, sótãos, sapatos e outros
necrose. locais escuros e quentes).
• São mansas e pequenas, picam
Marrom
quando comprimidas contra a roupa.
• A ausência de dor no ato da picada
leva a vítima a não dar valor ou nem
perceber o acidente.
• A demora na busca de ajuda pode
produzir graves problemas locais e
até necrose.
Tóxico para Dor intensa com • Habitat: Regiões praianas.
o sistema irradiação. • Possuem o abdome de cor vermelha
nervoso. e preta.
Viúva-negra
• Leva à dor muscular intensa,
contraturas generalizadas e
convulsões.
Leve Dor local. • Menores que as armadeiras.
destruição • Não são agressivas.
Aranha de das proteínas. • Habitat: gramados próximos a
jardim residências.
• Possuem um desenho no formato de
uma seta no dorso.
Ação Coceira extrema. • São assustadoras.
urticante. • Não possuem peçonha.
• Lançam pêlos urticantes, situados no
Caranguejeiras dorso do abdome, causando reações
locais.
• Mal-estar, tosse e dificuldade para
respirar.
3. Acidentes com múltiplas e simultâneas picadas como num ataque por um en-
xame: Ex.: 300 ou mais picadas em um adulto de 55kg ou cerca de 30 picadas em uma
criança de menos de 2 anos. Caracteriza-se por dor e inchaço generalizado, agitação e
dificuldade respiratória que pode evoluir para parada respiratória e cardíaca.
Lembre-se que...
Idosos e crianças são mais susceptíveis ao efeito de venenos.
CONSIDERAÇÕES ESPECIAIS
1. Soro:
• Para os acidentes com cobras, escorpiões e algumas aranhas, está indicado o uso
de soro específico ou polivalente (anti-ofídico, anti-aracnídeo e anti-escorpiônico
respectivamente).
• O soro previne o agravamento das lesões mas não regenera o que já foi lesado.
2. Ofidismo:
• Nos acidentes com a cascavel, se a vítima chegar muito precocemente ao hospital ela
pode estar ainda sem sinais de gravidade. Isso pode confundir o atendimento e atrasar
a utilização do soro indicado. Se possível descreva o animal, na tentativa de facilitar o
diagnóstico.
• A área da picada pode ter um círculo mais claro, circundado por um halo averme-
lhado. O ferrão deve estar na área clara.
• Não use pinças, o dedo ou nada que comprima o ferrão e sua bolsa de veneno.
• O ferrão deve ser empurrado para fora com ajuda de movimentos rentes a pele e
de baixo para cima.
PASSO-A-PASSO
8 Providenciar transporte
CAPÍTULO 11
TRANSPORTE E
MOVIMENTAÇÃO
DE VÍTIMAS
Nas grandes cidades, o transporte de vítimas até o hospital mais indicado e próximo deve
ser realizado preferencialmente por serviços de emergência organizados, com ambulâncias
e pessoal treinado.
No entanto, em muitas situações, pode ser necessário transportar rapidamente a vítima
do local onde ela está para um local mais seguro ou mesmo para o hospital, no caso de
inexistência de serviços organizados para fazê-lo.
Contudo, a movimentação e o transporte mal realizados podem causar piora do quadro
da vítima. Para evitar que o transporte coloque em riso todo o atendimento prestado, é
preciso avaliar as condições da vítima, a distância a ser percorrida e as opções possíveis de
transporte.
Acompanhe abaixo algumas opções de formas de transporte.
DOIS SOCORRISTAS
• Transporte em rede
• Transporte na cadeira
3 OU MAIS SOCORRISTAS
• No mínimo 2 socorristas.
Obs: Considerar a hipótese de posicionar a vítima sobre a prancha com a técnica “a ca-
valeiro” que exige no mínimo 3 socorristas e um ajudante para posicionar a prancha.
• Fixar o paciente sobre a prancha com o auxílio de cintos de segurança. Ao fixar o pa-
ciente na prancha longa, os socorristas devem:
o Utilizar pelo menos 3 pontos de fixação com cintos de segurança, no sentido crâ-
nio-caudal (tronco, cintura pélvica e membros inferiores);
o Fixar o tronco com cintos de segurança para evitar o movimento da vítima para
cima ou para baixo ou para os lados;
• uma base fixada sobre a prancha longa, sobre a qual deverá ser colocada a cabeça da
vítima;
• 2 tiras ou faixas que servirão para a fixação de todo o conjunto. Uma colocada sobre
a fronte e a outra para segurar os blocos laterais, deve passar sobre o colar cervical à
altura do mento.
O fixador de cabeça deve ser aplicado somente após a fixação do tronco com cintos. Até
esse momento, é preferível utilizar a imobilização manual da cabeça. Somente após a ins-
talação do fixador, a imobilização manual poderá ser abandonada. Frascos de soro, lençol,
talas moldadas, toalhas, cobertores e outros recursos improvisados podem substituir o
recurso comercial e executar a fixação lateral da mesma forma.
O Comitê do Prehospital Trauma Life Support da Associação Nacional de Emer-
gências dos Estados Unidos, lembra que “...a imobilização completa não é uma experiência
confortável para a vítima. Quanto maior o grau e a qualidade da imobilização, menor será o
conforto do paciente... O uso desses recursos devem alcançar o equilíbrio entre proteger
e imobilizar a vítima e tornar essa experiência o mais tolerável possível ao paciente.”
CAPÍTULO 12
MATERIAIS BÁSICOS DE
PRIMEIROS SOCORROS
Uma vez que você já conhece os princípios e as técnicas fundamentais de primeiros socor-
ros, talvez sinta a necessidade de se preparar melhor para uma situação de emergência,
organizando itens básicos em uma caixa ou mesmo em um local predeterminado de seu
escritório ou residência. Estamos falando da famosa caixinha de primeiros socorros, en-
contrada em todos os lares brasileiros.
A proposição abaixo segue com rigor os princípios apresentados em toda a apostila. Por-
tanto, você não encontrará lista de medicamentos ou materiais muito elaborados.
Observe que há uma lista de itens que não podem faltar (fundamentais) e outra com itens
adicionais, que podem ser adquiridos conforme sua disponibilidade e nível de treinamento
e habilidades.
A quantidade proposta de cada item se baseia no princípio de atendimento a uma vítima de
cada vez, sendo necessário repor o material a cada utilização.
A maioria dos itens pode ser improvisada com materiais de sua casa ou adquirida na far-
mácia mais próxima.
Preocupe-se em observar os prazos de validade.
BIBLIOGRAFIA
1. American College of Surgeons- ACS. Committe on Trauma. Advanced Trauma
Life Support Manual. 6 ed.,1997.
3. Grant H, Murray RH, Bergeron JD. Emergency care. Colorado: Morton, 1989.
5. Hafen BQ, Karren KJ, Frandsen KJ. Primeiros socorros para estudantes. São
Paulo: Manole, 2002.
8. Higa EMS, Atallah AN, Schiavon LL, Kikuchi LOO, Cavallazzi RS. Guias de
Medicina Ambulatorial e Hospitalar. UNIFESP/Escola Paulista de Medicina.
Medicina de Urgência. São Paulo: Manole, 2004.