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Primeiros Socorros

© Senac-SP 2006

Administração Regional do Senac no Estado de São Paulo

Gerência de Desenvolvimento
Claudio Luiz de Souza Silva

Coordenação Técnica
Rosângela Gonçalves Ribeiro

Assistente de Coordenação Técnica


Hernandes Antonio Oliveira da Cunha

Elaboração do Material Didático


Marisa Amaro Malvestio

Ilustrações
Diogo Pace

Edição e Produção
Edições Jogo de Amarelinha
Primeiros Socorros

2006
Primeiros Socorros

SUMÁRIO
1. Introdução / 6

2. Avaliação primária da vítima / 12

3. Reanimação Cardiopulmonar / 24

4. Obstrução de vias aéreas / 40

5. Emergências clínicas / 48

6. Ferimentos / 57

7. Queimaduras / 77

8. Lesões de ossos e articulações / 87

9. Intoxicações / 100

10. Acidentes com animais peçonhentos / 106

11. Transporte e movimentação de vítimas / 115

12. Materiais básicos de primeiros socorros / 124

Bibliografia / 126

Senac São Paulo 


Primeiros Socorros

Sobre a autora:

MARISA AMARO MALVESTIO é enfermeira, mestre e doutora em Enfermagem


pela Universidade de São Paulo (EEUSP). Enfermeira da Unidade de Suporte Avançado
do Serviço de Atendimento Móvel de Urgências (SAMU), de São Paulo, é também
professora universitária nas disciplinas de Pronto Socorro e Terapia Intensiva e instrutora
em suporte básico e avançado de vida pelo Department of Ambulances Services
Toronto/Canadá e pelo SAMU-São Paulo.

Dicas da autora:

Para o instrutor: O aprendizado dos procedimentos de primeiros socorros será mais


efetivo se forem utilizadas técnicas de dramatização em sala de aula. Incentive seus alunos a
participarem como vítimas (encenando os principais sinais e sintomas) e como socorristas,
na prestação dos cuidados preconizados. Avaliações práticas também são muito úteis e
solidificam o aprendizado. Recorra ao item “Revisão”, ao final de cada capítulo, para ratificar
o aprendizado das técnicas.

Para o Aluno: Participe ativamente das dramatizações e ensine os procedimentos mais


simples aos outros membros de sua família.

Boa sorte !

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CAPÍTULO 1
Introdução

IMPORTÂNCIA DO ATENDIMENTO DE PRIMEIROS SOCORROS


Ao longo das últimas décadas, os problemas do coração e da circulação e ainda os aciden-
tes e a violência interpessoal, têm sido fortemente relacionados às causas de doença e
morte em todo o mundo.
Seja nos grandes centros urbanos diante do estresse da vida e do trabalho ou nas áreas
rurais com materiais e instrumentos agrícolas, as pessoas estão expostas a doenças ou
acidentes, mesmo que de forma pouco percebida. Adultos e crianças estão sob risco até
dentro de suas próprias casas e durante os momentos de lazer, quando quedas, engasga-
mento e outros pequenos agravos e acidentes são comuns.
O que há de comum em todas estas circunstâncias é a iminência de risco para a vida a que
todos nós estamos expostos e a dependência do socorro imediato.
Sempre haverá alguém disposto a ajudar, mesmo que não tenha a menor idéia do que deve
ou não ser feito. Nessa disponibilidade encontramos 2 aspectos positivos: cidadania e soli-
dariedade, que são princípios fundamentais para a vida em sociedade. No entanto, é preci-
so mais que isso para salvar ou manter uma vida até a chegada de socorro especializado. É
preciso conhecimento de primeiros socorros.
Inúmeros estudos demonstram a importância dos primeiros socorros realizados de forma
correta pela pessoa mais próxima. Pode ser a secretária de um executivo, o colega traba-
lhando na máquina ao lado, a vizinha em um grande condomínio ou a equipe de brigadistas
e a equipe médica de uma grande indústria.
Olhe ao seu redor. Quem você vê? E se você precisasse de socorro nesse momento?
Este colega ou familiar pode lhe ajudar muito se dominar algumas informações e tiver trei-
namento prático. São heróis? Não. São pessoas preparadas.

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A proposta deste livro é apresentar de forma organizada e ilustrada os procedimentos de


primeiros socorros, em uma linguagem e formato acessível ao público leigo, de nível médio
ou técnico, servindo de apoio ao aprendizado prático dos procedimentos.
Seja você também uma pessoa preparada.
Sorte de quem estiver ao seu lado.

PRIMEIROS SOCORROS OU SUPORTE BÁSICO DE VIDA?


Primeiros socorros é o conjunto de medidas voltadas ao atendimento temporário e ime-
diato de um agravo à saúde ocorrido fora do ambiente hospitalar. São medidas simples, que
não exigem muitos conhecimentos ou materiais e que podem ser realizadas por qualquer
pessoa treinada.
Tais medidas são prestadas no local da ocorrência e englobam a avaliação e detecção
de situações de risco para a vida da vítima, além da realização de procedimen-
tos simples com o objetivo de manter a vida e evitar o agravamento da condição
inicial, incluindo o acionamento de um serviço de emergência ou até mesmo a
realização do transporte para uma unidade hospitalar mais próxima.

PRIMEIROS SOCORROS
Princípios
- Atendimento no local da ocorrência
- Avaliação da vítima
- Atendimento das prioridades (manutenção da vida)
- Impedir agravamento da situação
- Acionar serviço de emergência e/ou transportar com segurança

Espera-se, assim, aumentar as chances de sobrevivência de uma pessoa, dando a ela a


oportunidade de chegar viva a um hospital e se beneficiar do cuidado especializado.
Sob influência internacional, as técnicas de primeiros socorros têm sido denominadas atu-
almente de técnicas de Suporte básico à vida (SBV), enfatizando sua característica prin-
cipal que é a manutenção da vida. No Brasil, essa denominação têm sido mais utilizada
quando os procedimentos são realizados por pessoal da saúde.
As técnicas de primeiros socorros têm sido amplamente divulgadas para os trabalhadores
da área da saúde, para militares e principalmente para leigos. São profissionais do turismo,
de segurança no trabalho, de segurança privada, professores, trabalhadores da indústria e
comércio e tantas outras áreas, que em comum possuem interesse pelo assunto, seja por
motivos legais, profissionais ou pessoais.

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Os profissionais da saúde ou de outras áreas, quando treinados para esse tipo de atendi-
mento, tornam-se um importante elo na cadeia de sobrevivência da vítima e sua correta
atitude traz benefícios óbvios às pessoas, podendo significar a diferença entre a vida e a
morte.

REGRAS BÁSICAS DE PRIMEIROS SOCORROS


1. Pedir ajuda. Sempre.
2. Saber acionar o serviço de emergência de sua cidade.
3. Cuidar da sua própria segurança e das pessoas ao seu redor.
4. Impedir aglomerações.
5. Avaliar a vítima dentro dos princípios de priorização.
6. Jamais oferecer medicamentos ou líquidos sem prescrição médica.
7. Zelar pelo conforto e privacidade da vítima.

1. Pedir ajuda. Sempre.


Em qualquer circunstância, solicite sempre a presença de outra pessoa para auxiliá-lo.
Seja para abrir uma janela, afrouxar roupas, cintos e sapatos ou realizar outro procedimen-
to qualquer, inclusive, acionar por telefone o serviço médico
da empresa ou diretamente o serviço de emergência de sua
cidade.
Se necessário, afaste-se brevemente da cena e vá buscar ajuda
rapidamente, retornando em seguida.
SAMU
Dis que
2. Acionar o serviço de emergência
O acesso rápido ao atendimento especializado é crucial para 192
a vida da vítima. Na maioria das capitais do país e nas cidades
de maior porte já está disponível o Serviço de Atendimento BOMBEIROS
Móvel de Urgência, SAMU, que atende vítimas de agravos clí- Dis que
nicos, traumáticos, cirúrgicos ou mesmo psiquiátricos.
O Corpo de Bombeiros executa prioritariamente o atendi-
193
mento às vítimas de traumas e/ou que necessitem de salva-
mento (incêndio, afogamentos, encarceramentos, etc.). O mais Sua Cidade
importante é saber que estes serviços geralmente atendem _________
por números telefônicos gratuitos e padronizados para todo o Dis que
Brasil: para o SAMU disque 192 e para os Bombeiros, 193. A
ligação é gratuita e não necessita cartão.
____

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Ao ligar, tenha em mente as seguintes informações para não perder tempo:

- Endereço exato do local onde está a vítima, com um ponto de referência.

- O que ocorreu e o que já foi feito.

- Seu nome e telefone para contato.


Se sua cidade não possui serviços desse tipo, busque saber a alternativa que a prefeitura
local têm para esses casos. Geralmente há um serviço de ambulâncias acionado dire-
tamente pelo telefone do hospital mais próximo. Nesse caso, aproveite para anotar o
número ao lado.

3. Segurança na cena do evento


Observe riscos potenciais como:
• Presença de fogo • Trânsito perigoso

• Cachorro bravo • Carro ligado

• Gás e/ou Fumaça • Vazamento de combustível

• Corrente elétrica ou fios desencapados • Ribanceira

• Produtos químicos • Perigo de desabamento

Muito cuidado ao se aproximar da vítima. Observe se a cena em que ela se encontra é


segura para você, para ela e para todos em volta. Garantir sua segurança deve ser sua
principal prioridade.
Peça ajuda aos bombeiros de sua cidade, informando-os sobre a
urgência e a gravidade dos acontecimentos.
Manobras
heróic as s ó
Se possível, utilize medidas de prevenção contra infecções, aumentam os
como lavar bem as mãos antes de iniciar os procedimentos ris c os e o número
de vítimas ,
e use luvas, máscaras e aventais, descartando-os no lixo ao inc luindo voc ê !
final do atendimento.
Na impossibilidade do uso de lu-
S e pos s ível, lave vas, evite contato direto com sangue e outras secreções.
bem as mãos
antes e depois do Se a vítima está agressiva ou hostil como no caso de tentativas
atendimento e
us e luvas !
de suicídio, portadores de armas ou de vítimas de violência
por terceiros (quando o agressor ainda se encontra na cena
do evento e não permite o acesso a/ou atendimento), acio-
ne imediatamente o socorro e informe a situação. Se a situação é de risco, afaste-se e
aguarde a ajuda solicitada.

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4. Impedir aglomerações P eç a a alguém para


c ontrolar o
Muitos curiosos podem se aproximar de você e da vítima, ambiente
dificultando as ações de socorro e até mesmo a circulação e dê tarefas aos
mais exaltados !
de ar. Oriente-os para que se afastem, informando da im-
portância do espaço para o sucesso do atendimento.
Procure não se exaltar, pois haverá sempre muitos palpites e observações sobre a vítima
e sobre sua atuação. Peça a alguém para organizar o ambiente, para que não haja distração
de sua parte. Aos mais exaltados, é uma boa atitude pedir algum favor como por exemplo:
“Se você quer ajudar, arrume um cobertor para aquecer a vítima” ou então “Arrume panos lim-
pos e secos”. Ele se afastará para cumprir a tarefa, deixando o ambiente mais calmo.

5. Avaliar a vítima dentro dos princípios de priorização


S e a c ena é s egura,
Se a cena é segura para você, a prioridade é sempre a vida da víti- a prioridade é a
vida da vítima e
ma. Procure não se apavorar com as lesões. Por mais que a lesão não as les ões que
seja muito severa, o princípio de atendimento é o de identificar ela apres enta.

rapidamente situações que coloquem a vida em risco.


Estas situações englobam agravos no sistema respiratório e circulatório, portanto, proble-
mas com a respiração, o coração e presença de sangramentos. A forma de abordagem para
essas situações será apresentada no próximo capítulo.

6. Não oferecer medicamentos ou líquidos sem prescrição médica


Sempre haverá alguém a sugerir o uso de medicamentos ou com a conhe-
cida água com açúcar. Jamais ofereça e/ou administre quaisquer tipos
S e a c ena é s egura,
a prioridade é a de medicamentos e até mesmo água para a pessoa a quem você está
vida da vítima e socorrendo.
não as les ões que
ela apres enta. Por causa do alimento, da água ou do medicamento administrado,
a cirurgia que sua vítima vai precisar para ser salva pode ter que
ser adiada ou então o medicamento pode ter um efeito adverso e
piorar a condição inicial, causando até mesmo um engasgamento.
Se houver demora para o atendimento especializado e a vítima persistir com sede, apenas
molhe sua boca com um pano limpo umedecido com água potável. O alívio trará mais cal-
ma e confiança.

7. Zelar pelo conforto e privacidade da vítima


P rezar pelo c onforto,
Isto pode ser conseguido com atitudes simples como: afastar curiosos, informar o que es tá
s endo feito e ouvir
aquecimento corporal e principalmente explicando para a vítima tudo as queixas s ão
que está sendo feito por ela. É também prudente e acolhedor, ouvir aç ões que
tranqüilizam a
as queixas e outras observações da vítima. Se possível, preserve os vítima.
pertences pessoais ou peça a alguém para fazê-lo.
Lembre-se que um ambiente claro, arejado e o simples afrouxamento de
cintos, sapatos e blusas trazem muito conforto. Peça a alguém para lhe ajudar a fazer isso.

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No caso de vítima de trauma, até que a avaliação tenha terminado, não a movimente
mesmo que seja para colocá-la em posição mais confortável ou para fugir de condições
adversas (sol, chuva , terra, etc) e até mesmo para retirá-la da rua para favorecer o trânsito.
Nesse caso, também é válido lembrar que não se deve mobilizá-la para colocar travessei-
ros ou bolsas sob a cabeça, devido ao risco de leão desconhecida na coluna.

Qual é a sua dúvida ?

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CAPÍTULO 2
Avaliação
Primária
da Vítima

IMPORTÂNCIA E OBJETIVOS
A execução da avaliação primária da vítima é o primeiro e principal passo dos primeiros
socorros. Seu objetivo é procurar e intervir em situações que coloquem a vida da
vítima em risco imediato.
Trata-se de uma seqüência óbvia de ações baseadas nas prioridades de vida e, portan-
to, sempre que você for chamado a prestar socorro, deverá iniciar a abordagem segundo
esta seqüência que também é conhecida por “avaliação inicial” ou Avaliação do ABC ou
Avaliação Inicial da Vítima.

O que é isso?
Por que ABC?
Em inglês, temos:
A= Airway = Vias aéreas
B=Breathing = Respiração
C= Circulation = Circulação

Durante a execução da avaliação primária, se for detectada uma alteração de vias aéreas,
respiração ou circulação, imediatamente deve-se intervir para a correção do problema.
Este é o princípio do Trate enquanto avalia. No texto, sempre que uma alteração for apre-
sentada, será informado o capítulo onde constam as intervenções pertinentes.
Ainda que as prioridades e a sequência de ações sejam sempre as mesmas, há diferenças
quando se trata de uma vítima em agravo clínico ou traumatico e ainda quando tais ações
são realizadas por leigos e por profissionais da saúde.

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Didaticamente, será apresentada inicialmente a avaliação primária destinada ao paciente


em agravo clínico em uma abordagem para socorristas leigos e ao final do capítulo as ações
necessárias e exclusivamente pertinentes aos profissionais da saúde em qualquer situação.

Leigos:
Crianças e jovens em idade escolar, Seguranças,
Professores, trabalhadores da indústria e
comércio etc.
Profissionais da Saúde:
Médicos, Enfermeiros, Técnicos e auxiliares
de enfermagem etc.

PASSOS DA AVALIAÇÃO PRIMÁRIA DA VÍTIMA

• Avaliação da cena

• Avaliação da consciência

• Avaliação e abertura das vias aéreas

• Avaliação da respiração

• Avaliação da circulação

1O. PASSO: AVALIAÇÃO DA CENA


Em qualquer circunstância, antes de entrar em contato com a vítima, tenha certeza que a
cena é segura para você e para todos a sua volta. Enquanto caminha até a vítima, aproveite
para observar a cena e colher informações.

⇒ Observe:

• Qual o número de vítimas?

• Há riscos potenciais para você e a vítima, como fumaça, fiação elétrica caída? Chuva? Fogo?

• A vítima se movimenta? Sua posição é muito estranha?

• A vítima fala?

• Há sangue, vômito ou comprimidos à sua volta?

• Há veículos envolvidos? Há vazamento de combustível?

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Se a vítima se movimenta ou fala, trata-se de um bom sinal.


Ao falar ela demonstra que está respirando e que há circulação sanguínea e você saberá
que ela está viva. Ao se movimentar demonstra algum grau de consciência.
Um acidente de trânsito entre uma moto e um caminhão provavelmente terá deixado
o motociclista com inúmeras lesões e sangramentos e portanto com um grau de gravi-
dade maior.
Ao verificar a presença de fogo, produtos químicos, poste atingido ou fiação caída, oriente
imediatamente alguém para chamar o corpo de bombeiros.

⇒ Ouça:

• a própria vítima

• as pessoas ao redor
Alguém pode dizer que a vítima rolou escada abaixo, ou então que teve fortes dores no
peito antes de se tornar inconsciente e cair pela escada. Isso pode lhe ajudar a direcionar
sua avaliação.

⇒ Perceba odores:

• medicamentos

• gases e fumaça

• combustível

• hálito da vítima

• etc.

Esta percepção lhe ajudará a perceber riscos potenciais e outros sinais importantes apre-
sentados pela vítima. O hálito com odor etílico pode significar intoxicação alcoólica, por
exemplo.
Assim que você conseguir estabelecer a ausência de riscos potenciais, inicie o contato com a vítima
partindo para os passos 2 a 5. Você não deve consumir mais que 20 segundos para executá-los.

2o. passo: avaliação da consciência

O que é isso? CONSCIÊNCIA?


Estado fisiológico gerado pelo cérebro que nos
garante a capacidade de perceber e responder
organizadamente aos estímulos do ambiente.

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Se o ambiente é seguro para você, chegue perto da vítima, ajoelhe-se a seu lado, próximo
da cabeça e do tronco, e comece checando a consciência.
Na descrição abaixo, considere que se trata de um caso clínico e portanto não há qual-
quer suspeita de trauma (queda ou outro tipo de acidente).

• Chame a vítima.

• Toque seus ombros.

• Pergunte: Você está bem?

• Se a vítima apresenta resposta (palavras ou


balbucio) pergunte:

- Qual é seu nome?

- O que aconteceu? Checando a consciência

- Você sabe onde você está?


Falar é um evidente sinal de vida pois, para isso é preciso que a vítima respire e possua
circulação.
Se ela consegue dizer seu nome, o que aconteceu e onde está, caracteriza-se um bom grau
de consciência sobre si mesmo e o ambiente. Nesse caso, lembre-se que se trata de um
caso clínico e não há suspeita de trauma então, coloque-a em posição de recuperação
e, nesse caso, vá direto ao 3o passo.

Posição de Recuperação:
Vítima lateralizada à esquerda, com braços e pernas
flexionados e apoiados na superfície.
Objetivo: favorecer a circulação, a respiração, o
conforto e a drenagem de secreções pela boca.

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• Se a vítima não apresentar resposta, dizemos que a vítima está inconsciente. Nes-
se caso:

- Chame imediatamente por ajuda (regra básica de primeiros socorros)

- Oriente para que alguém chame o serviço de emergência (192, 193 ou outro)

- Inicie o passo 3.

3O. PASSO: ABERTURA DAS VIAS AÉREAS

O que é isso? VIAS AÉREAS?


Caminho do ar pelo nariz e boca até os pulmões.

• Posicione uma de suas mãos sobre a testa da vítima

• Posicione dois dedos de sua outra mão sob o queixo da vítima

• Realize um leve movimento de inclinação da cabeça da vítima para trás, elevando-lhe o


queixo. Essa é a Manobra de inclinação da cabeça. Observe que:

- Com a manobra, a boca se abrirá levemente

- Aproveite para checar se dentro da boca há próteses, alimentos ou líquidos que


possam atrapalhar a respiração

- Em caso positivo, retire-os com a sua própria mão

• Abrir as vias aéreas não é garantia de que o ar esteja realmente entrando e saindo.
Portanto, terminada essa fase, prepare-se para executar o 4o passo.

Manobra de Inclinação da Cabeça

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4O. PASSO: AVALIAÇÃO DA RESPIRAÇÃO


• Mantenha a Manobra de inclinação da
cabeça
• Execute a Técnica do Ver, Ouvir e
Sentir para verificar se a vítima respira,
aproximando sua face da face da vítima e
olhando na direção do tórax.
Use até 10 segundos para determinar:
- os movimentos de expansão do tórax
(para cima e para baixo), enquanto o ar
entra e sai dos pulmões (VER)
- os sons da respiração (OUVIR)
Técnica do Ver, Ouvir e Sentir
- o ar que sai do nariz e da boca da vítima
na sua própria face (SENTIR)
• Se a vítima não respira, trata-se de PARADA RESPIRATÓRIA e é preciso intervir
imediatamente. Passe à página 16.
• Se a vítima respira, inicie o 5° passo.

5O.PASSO: AVALIAÇÃO DA CIRCULAÇÃO


Essa fase inclui a verificação da presença de si-
nais de circulação e da existência de sangramen- Você sabia que...
tos visíveis, incluindo sua contensão se necessário. A melhor forma de checagem da
Lembre-se que a presença de respiração é o mais circulação é através da verificação
evidente sinal de que há circulação do sangue. de pulso nas artérias carótidas (do
pescoço)?
• Se a vítima estiver inconsciente e respirando, No entanto, estudos demonstraram
mantenha a Manobra de inclinação da ca- que os leigos têm muita dificuldade
beça. para checar a presença de circulação
através do pulso. É por isso que se
• Verifique a presença de sinais de circulação: dá ênfase ao ensino da checagem de
sinais de circulação para esse grupo.
o A vítima respira?

o Tosse?

o Se movimenta?

A ausência de sinais de circulação caracteriza a PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA e é


preciso intervir imediatamente. Passe à página 16.

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A presença de sinais de circulação caracteriza que há circulação. Passe para a fase de


avaliação de presença de sangramentos.

• Observe rapidamente se há algum sangramento externo no corpo.

• Há sangramento? Exponha a região e controle-o rapidamente executando a téc-


nica de contensão de hemorragias chamada de Compressão direta da lesão:

- coloque um pano limpo e seco diretamente sobre a lesão.

- faça compressão com sua mão.

- faça um breve enfaixamento do local.


(Veja mais sobre essa técnica na página 42)

• Não há sangramento? Encerra-se a avaliação


primária. Compressão direta da lesão

CONSIDERAÇÕES SOBRE A AVALIAÇÃO PRIMÁRIA PARA LEIGOS EM


CASOS DE TRAUMA

Estabilização manual da cabeça

Para estes casos, alguns cuidados especiais são fundamentais para evitar lesões na coluna.
Caso você suspeite de uma queda ou outro tipo de trauma na vítima, execute a seqüência
prevista para a avaliação inicial. Porém, observe as seguintes regras:
• Peça à vítima para não se movimentar.
• Com suas 2 mãos, segure firmemente a cabeça da vítima, para impedir-lhe os
movimentos e promover a estabilização manual da cabeça (você pode pedir auxílio
a alguém para fazer isso).
• Não coloque a vítima em posição de recuperação.
• Se a vítima respira com facilidade não execute a manobra de inclinação da cabeça,
apenas a estabilização manual.
• Caso a vítima esteja inconsciente ou necessite de auxílio para respirar, execute a manobra
de inclinação como apresentado e prossiga com a avaliação primária. A necessidade de
permeabilização das vias aéreas é prioritária e não deve ser atrasada.

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CONSIDERAÇÕES SOBRE A AVALIAÇÃO PRIMÁRIA PARA PROFISSIONAIS


DE SAÚDE
São poucas, porém de muita importância, as alterações da avaliação primária quando reali-
zadas por profissionais da saúde. Tais alterações se devem ao maior conhecimento técnico
desse grupo de socorristas. Além da descrição dada para o leigo, observe:
• Se a vítima está inconsciente e você não souber nada sobre ela (vítima inconsciente e
sem história) trate como se houvesse a possibilidade de trauma e execute a estabilização
manual da cabeça, prosseguindo com os outros passos da avaliação primária.
• Para as vítimas inconscientes com suspeita de trauma, não utilize a “técnica de inclinação
da cabeça” para abrir as vias aéreas, pois há o risco de existir uma lesão na coluna.
Execute uma das seguintes técnicas, para a mesma finalidade:
• Manobra de elevação do queixo: coloque uma das mãos sobre a testa da vitima,
fixando a cabeça na superfície. Com a outra mão, coloque o dedo polegar atrás da
arcada dentária inferior da vítima (dentro da boca) e os outros dedos, pelo lado de
fora da boca, embaixo do queixo. Execute a elevação do queixo.
• Manobra da mandíbula ou da tração da mandíbula:
Posicione-se atrás da cabeça da vítima e apóie
os cotovelos na superfície. Estabilize manual-
mente a cabeça, porém, coloque seus dedos
atrás do angulo da mandíbula, movendo-a
para frente e para cima.
• Para avaliar a circulação utilize a técnica de
checagem do pulso carotídeo, associado aos
Manobra de elevação do queixo
sinais de circulação e a verificação da presença
de sangramentos externos.

Nos adultos, o pulso carotídeo deve ser a


opção:
• Palpe a traquéia à linha média do pescoço,
com os dedos indicador e médio.
Manobra de propulsão da mandíbula
• Deslize os dedos sobre o pescoço da víti-
ma por cerca de 2 cm para o seu lado.
• Verifique se o pulso é presente ou ausente
Atenção: A freqüência cardíaca não é de
interesse nesse momento.

Técnica de checagem do pulso carotídeo

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Considerações especiais sobre a avaliação primária em crianças abaixo de 1 ano


Existem duas diferenças fundamentais na execução das técnicas de avaliação primária de
crianças abaixo de 1 ano e de adultos. São elas:

• Para a técnica de abertura de vias aéreas sem suspeita de trauma, a manobra de incli-
nação da cabeça não deve permitir a extensão excessiva do pescoço e sim apenas
uma leve extensão, pois a coluna cervical do bebê é bastante frágil. Para as manobras
de abertura de vias aéreas na suspeita de trauma, quando realizadas por leigos ou pro-
fissionais, são válidas as mesmas orientações dadas para o adulto.

• Para os leigos a checagem da circulação, os sinais


de circulação procurados são: tosse, choro ou
movimentos.

• Para os profissionais de saúde, o pulso braquial é


o mais indicado, pois o pescoço do bebê é muito
curto, dificultando e falseando a detecção da arté-
ria carótida. Pulso braquial em bebês

• A técnica de detecção do pulso braquial é


simples:

o Coloque 2 dedos na parte interna do braço do bebê à altura do terço medial.

o Faça uma leve compressão com seus dedos e perceba o pulso.

DÚVIDAS MAIS COMUNS:


1. O que fazer se a vítima SEM SUSPEITA DE TRAUMA estiver inconsciente e
lateralizada ou de bruços?
Se você já abordou a vítima e certificou-se
que não há suspeita de trauma, iniciou a avaliação
primária com a checagem da consciência e
detectou que ela se encontra inconsciente e
está diante dessa posição que impede o restante
da avaliação, será necessário “rolar” a vítima
sobre si mesma da seguinte maneira:
• Ajoelhe-se ao lado da vítima à altura dos
ombros do lado mais seguro e viável para a
rolagem.
Técnica de rolagem de vítimas sem suspeita trauma

Senac São Paulo 20


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• Apóie uma das mãos sob o pescoço e cabeça da vítima.


• Se necessário, reposicione os braços e as pernas da vítima, de forma a facilitar o
movimento de rolagem.
• Com a outra de suas mãos, segure a vítima por baixo do braço.
• Iniciar o movimento firme e lento de rolagem para o lado do socorrista, fazendo com
que o corpo seja movimentado como “um todo”, até a posição apropriada.
• Retome os passos da avaliação primária.

2. O que fazer se a vítima COM SUSPEITA DE TRAUMA, estiver lateralizada ou


de bruços?
Existem algumas possibilidades:
• Vítima consciente e respirando, assistida por leigos ou por profissionais da saúde:
• Não movimente a vítima.
• Execute a estabilização da cabeça e a oriente para não se movimentar.
• Solicitar apoio de um serviço de emergência, enquanto faz a contensão de possíveis
hemorragias.
Atenção: Serão apresentadas ao final da apostila e do curso outras possibilidades de
atuação, caso sua cidade não possua um serviço de emergência profissional ou seja
impossível chamá-lo.

• Vítima inconsciente e respirando, assistida por leigos ou profissionais da


saúde:
• Chame ajuda.
• Estabilize a cabeça e tente observar se ela respira aproximando-se o máximo
possível, ao menos para observar se o tórax se eleva.
• Verifique a presença de sinais de circulação.
• Se houver respiração e sinais de circulação, não tente movimentar a vítima, contenha
as possíveis hemorragias e aguarde o serviço de emergência.
• Se não houver respiração e/ou sinais de circulação, caracteriza-se a parada
cardiorrespiratória e, para prosseguir com a reanimação, será necessário que
ela esteja deitada em decúbito dorsal horizontal, preferencialmente sobre uma
superfície plana e rígida. Para isso, o socorrista deverá “rolar” a vítima sobre si
mesma, conforme a técnica já descrita. O ideal é ter a ajuda de 1 ou 2 pessoas para
executar a rolagem rapidamente.
Atenção: Serão apresentadas ao final da apostila e do curso outras possibilidades de
atuação caso sua cidade não possua um serviço de emergência profissional ou seja
impossível chamá-lo.

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3. O que fazer caso uma pessoa sofra um desmaio?


O desmaio ou perda repentina e breve da consciência ocorrem devido à diminuição tem-
porária da oxigenação ou do suprimento de glicose para o encéfalo.
No caso da vítima inconsciente e respirando sem suspeita de trauma execute a avalia-
ção primária e peça a alguém para providenciar auxilio de um serviço de emergência. En-
quanto isso, eleve as pernas da vítima e continue chamando e tocando os ombros da vítima
a fim de provocar estimulação para que ela recobre a consciência.
Não jogue água ou utilize álcool ou éter para a pessoa cheirar. Apenas aguarde e acom-
panhe suas respostas. Em situações simples, a vítima retornará à consciência em alguns
minutos.

Qual é a sua dúvida ?

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S e a c ena é s egura para você...

C hecar cons ciência.


C hame a vítima.

V ítima res ponde V ítima não res ponde


F aça as 3 perguntas básicas : P eça ajuda imediata e
Qual seu nome? Abra as vias aéreas
S abe onde es tá? (manobras c om ou s em trauma)
O que aconteceu com você?
S e não há trauma, coloque em pos ição de recuperação.
S e há trauma, não movimente a vítima e faça a
es tabilização manual da cabeça
P eç a ajuda imediata.

V ítima está res pirando?


C hec ar a R es piração
(T écnica do Ver, Ouvir e S entir)

Não respira. A vítima respira.


C hecar s inais de circulação ou puls o e
(ver P arada res piratória e cardiorres piratória) executar compres são direta da les ão

A vítima tem circulação.


S e não há trauma, coloque em pos ição de recuperação.
S e há trauma, não a movimente, faça a estabilização manual da
cabeça e peça ajuda imediata.

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Primeiros Socorros

CAPÍTULO 3
REANIMAÇÃO
CARDIOPULMONAR – RCP

IMPORTÂNCIA E CONCEITUAÇÃO BÁSICA


O corpo humano é altamente dependente do oxigênio e dos nutrientes que o sangue
transporta. Este sangue é propulsionado pela corrente circulatória para todo o corpo,
através do impulso conseguido com a força de contração do coração, que o leigo conhece
como “batimento cardíaco”. Se não houver respiração (oxigenação) e batimento cardíaco
(para provocar a circulação), o corpo entrará em falência.
Se não há respiração caracteriza-se a PARADA RESPIRATÓRIA (PR). Mesmo que haja
batimento cardíaco, o sangue não é oxigenado e as células de nosso corpo sofrem. Nesse
caso, se não forem tomadas medidas de reanimação, o quadro pode se agravar, culminando
com a parada da atividade do coração.
Se não há respiração e batimento cardíaco, trata-se de PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA,
PCR. Nesse caso, em cerca de 4 a 6 minutos, o cérebro iniciará um processo de perda de
suas capacidades. Entre o 6o e o 10º minuto, inicia-se o processo de MORTE BIOLÓGICA
ou MORTE CEREBRAL, com perda irreversível das funções cerebrais.

4 a 6 minutos :
início do proces s o
de les ão cerebral

10 minutos :
morte biológica

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Primeiros Socorros

PARADA RESPIRATÓRIA
É a interrupção súbita da função respiratória, cujo resul-
tado, em alguns minutos, é a parada cardíaca e a lesão
cerebral irreversível.

PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA
É a interrupção súbita da função cardíaca e respiratória,
cujo resultado, em alguns minutos, é a lesão cerebral
irreversível.

As causas mais comuns de PR são os engasgamentos, traumas e doenças como asma e


outras que afetam diretamente a correta ventilação e oxigenação.
As causas mais comuns da PCR estão ligadas a problemas cardíacos propriamente ditos, prin-
cipalmente a alterações elétricas conhecidas por arritmias e a diminuição de oxigenação.
No atendimento a esse grupo de emergências o tempo é o principal inimigo. Com atitudes
corretas, lógicas e rápidas podemos melhorar muito a possibilidade de sobrevivência.
Pesquisadores norte-americanos desenvolveram uma forma de raciocínio lógico para ex-
plicar o atendimento a PCR. Trata-se da corrente de sobrevivência .

Corrente da Sobrevivência
Fonte: American Heart Association. Suporte básico de vida, 1999.

Os elos da corrente representam a seqüência no atendimento a PCR:


o 1º elo: Rápido reconhecimento da PCR realizando a avaliação primária e solicitando
de ajuda.
o 2º elo: Início precoce das manobras de RCP (assunto deste capítulo).
o 3º elo: Acesso à desfibrilação precoce que corresponde ao uso de um equipamento
chamado DESFIBRILADOR, para combater um grupo específico de arritmias
causadoras de PCR.
o 4º elo: Atendimento especializado nas fases pré e intra-hospitalar.

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Primeiros Socorros

Cada elo é importante. Quanto mais precoce o reconhecimento


Você sabia que..
da PCR, o início das manobras e o acesso ao cuidado
especializado maior serão a chance de sobrevida da vítima. 1. No Brasil muitos shoppings, clubes
e empresas têm optado por manter
Neste aspecto, torna-se muito importante chamar DEA em suas dependências?
ajuda, pois a ativação de um serviço de emergência
2. Em todo o mundo as companhias
pode abreviar o tempo de chegada do desfibrilador de aviação são obrigadas a manter
ou ao hospital. DEA em suas aeronaves?

O treinamento de primeiros socorros para leigos se 3. Na cidade de São Paulo há uma lei
restringe prioritariamente aos 2 primeiros elos da de 2005, que obriga a existência de
DEA em locais com circulação de
cadeia. mais de 2.500 pessoas?
No entanto com a disseminação do uso do
desfibrilador externo automático, DEA,
têm sido comum que leigos e profissionais da saúde “não médicos”
recebam treinamento para a utilização desse recurso.
A seguir é apresentada a técnica de RCP para vítimas adultas de agravo clínico (sem
suspeita de trauma), quando realizada por socorristas leigos.
Assim como no capítulo anterior, ao final deste capítulo serão apresentadas as adequações
da técnica de RCP pertinentes aos profissionais da saúde, bem como as adequações de
acordo com a variação da idade da vítima e sobre o uso do DEA.

REANIMAÇÃO CARDIOPULMONAR (RCP)


Uma vez iniciada a avaliação primária, se for detectada a ausência de respiração (e conse-
qüentemente de circulação), deve-se iniciar a RCP imediatamente.
A RCP é o conjunto de procedimentos utilizados nas vítimas de parada cardiorrespiratória, cujo
objetivo é oxigenar e provocar uma circulação sanguínea de maneira artificial, até a chegada de
uma equipe de emergência.
Para a melhor compreensão dos procedimentos de re- Você sabia que...
conhecimento da PCR a seguir, volte à página de Re- Tem sido utilizado o termo RCPC
visão da avaliação primária antes de iniciar a próxima (Reanimação Cardiopulmonar
Cerebral), porque ele dá maior
leitura.
ênfase à necessidade de
preservação das funções
do cérebro?

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RECONHECIMENTO DA PCR

1o. Passo: Avaliação da cena


• Cena segura? Caso positivo, siga com a
avaliação.

2o. Passo: Avaliação da consciência


• Chame e toque a vítima.
• A vítima não responde aos estímulos, está in-
consciente.
• Chame imediatamente por ajuda. Avaliação da consciência
• Oriente para que alguém chame o serviço de
emergência.
• Coloque a vítima em posição dorsal (rolar se
necessário).

3o. PASSO: ABERTURA DAS VIAS AÉREAS


• Utilize a manobra de inclinação da cabeça

4o. PASSO: Avaliação da RESPIRAÇÃO


• Utilize a Técnica do Ver, Ouvir e Sentir.
• Para o leigo, se a vítima não respirar, está
Manobra de inclinação da cabeça
constatada a parada cardiorrespiratória.
• Inicie imediatamente as manobras de reanima-
ção, fazendo 2 insuflações (respirações de
resgate) com uma das técnicas descritas nas
páginas seguintes.

T écnica do V er , Ouvir e S entir”

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Método boca-a-boca

o Método boca-a-boca:

- Mantenha a manobra de inclinação da cabeça.

- Use 2 dedos da sua mão para apertar e “tampar” a extremidade das narinas.

- Execute a insuflação:

o Inspire normalmente e, abrindo bem sua boca, cubra toda a boca da vítima
com a sua, insuflando o ar de forma uniforme por apenas 1 segundo.

o O tórax da vítima deve se elevar indicando que o ar passou pelas vias aéreas e
alcançou os pulmões.

o Afaste brevemente sua boca do contato com a vítima e perceba o ar sair.

o Faça isso 2 vezes seguidas.

o Método boca-máscara:

A máscara é um dispositivo cuja função é servir


de barreira contra o contato com saliva, sangue
e secreções. Há máscaras confeccionadas em
plástico (descartável) ou silicone (reutilizável).
A de silicone é chamada de máscara de bolso
e provoca a cobertura simultânea da boca e
Método Boca-Máscara
do nariz da vítima, facilitando a insuflação. (reutilizável)

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A máscara descartável de plástico exige que se execute o fechamento das narinas como na
técnica boca-a-boca.
O segredo de ambas é a correta instalação na face do paciente:

- Mantenha as vias aéreas abertas;

- Posicione a máscara na face da vítima, conforme o tipo;

- Execute a insuflação:

o Inspire normalmente e insufle o ar através da máscara por apenas 1 segundo

o O tórax da vítima deve se elevar

o Afaste a máscara brevemente e execute nova insuflação em seguida

Após a utilização da máscara de bolso (silicone),


faça uma boa limpeza com água e sabão e após
secar, passe uma gaze embebida em álcool,
deixando-a secar naturalmente.

Uso de reanimador ventilatório manual por um socorrista

o Método com reanimador ventilatório manual: conhecido como Ambú, o reanimador é um


dispositivo típico do ambiente hospitalar. Porém, pode ser utilizado em primeiros socor-
ros. Sua utilização ideal exige 2 pessoas, uma para segurar a máscara sobre a face da vítima
e manter as vias aéreas abertas e outra para comprimir o reservatório de ar. No entanto,
com habilidade, uma só pessoa pode conseguir efetivar seu uso. Neste caso, os segredos
são a colocação da máscara na face da vítima e a compressão efetiva do reservatório.

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Primeiros Socorros

O objetivo destas técnicas é prover oxigênio e permitir a saída


de gás carbônico. O segredo da utilização da respiração boca-a-
boca ou boca-máscara é a abertura de vias aéreas e o completo
selamento entre a boca e a vítima ou máscara e a vítima.

Lembre-se: Ao utilizar qualquer uma destas técnicas, o ar insuflado para dentro do pulmão
da vítima deverá provocar a elevação do tórax, caracterizando que o ar venceu as vias
aéreas e chegou aos pulmões. Caso encontre dificuldade para fazer a 1a. insuflação, antes
de executar a 2a. reposicione a cabeça, executando novamente a manobra de inclinação
da cabeça para abrir as vias aéreas de forma mais efetiva e alcançar o objetivo da elevação
do tórax. Se ainda assim houver dificuldade, assuma a existência de “obstrução das vias
aéreas”.

5O. PASSO: AVALIAÇÃO DA CIRCULAÇÃO


• Para o leigo, se a vítima não apresenta respiração mesmo após as 2 ventilações de
resgate, as manobras de RCP com compressões torácicas externas devem ser iniciadas
imediatamente. Tais manobras serão responsáveis por manter a circulação do sangue
e, portanto, a oxigenação das células.

6O. PASSO: INÍCIO DAS MANOBRAS DE RCP


• Para o início das compressões torácicas externas, posicione a vítima sobre uma
superfície rígida e plana (o chão é a melhor opção).
• Posicione-se à altura dos ombros da vítima, ajoelhando-se.
• Para esta técnica, tenha 3 preocupações: posicionar suas mãos, posicionar seu corpo e
executar as compressões .
• Posição das mãos para a compressão torácica externa:
- Posicione uma mão sobre a outra e entrelace os dedos.
- Coloque as mãos sobre o tórax da vítima, entre os mamilos.

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Primeiros Socorros

Não apóie as mãos es palmadas


s obre o tórax da vítima,
Posicionamento das mãos na para não favorec er a oc orrênc ia
compressão torácica externa de fratura de c os telas .

Posição do corpo

• Posição do corpo: Agora que você posicionou as mãos, mantenha os cotovelos


extendidos, os braços firmes e com os ombros na direção das mãos. Faça a compressão
exclusivamente sobre o osso esterno (ao centro do tórax).

• Executar as compressões: Para maior eficácia, faça compressões fortes, rápidas e sem
parar, usando o peso de seu corpo e a articulação do quadril, para rebaixar o tórax em
cerca de 3,5 a 5,0 cm no adulto.
Essa compressão fará com que o coração expulse o sangue para a corrente circulatória.

Ao final, permita que o tórax volte totalmente a posição normal. Esta liberação provocará
o enchimento do coração com sangue novamente.

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Mantenha o contato de
mãos com o tórax da ví
durante todo o temp
(compres s ões e liberaç

Quanto melhor a realiza


das compres s ões (frequê
profundidade e recuo
tórax), maior o fluxo
C ompres s ão L iberaç ão
s anguíneo produzido
E xpuls ão do s angue para a corrente circulatória E nchimento do coração com s angue

Mantenha o contato de s uas


mãos com o tórax da vítima
durante todo o tempo
(compres s ões e liberação)

Quanto melhor a realização


das compres s ões (frequência,
profundidade e recuo do
tórax), maior o fluxo
L iberaç ão
s anguíneo produzido
rrente circulatória E nchimento do coração com s angue

Uma vez realizadas as 2 respirações de resgate e dado início às compressões torácicas,


continue de forma rítmica, a fazer as compressões em uma freqüência de aproximada-
mente 100 por minuto, intercalando com insuflações. Como se trata de uma vítima adulta,
se o socorrista estiver realizando o procedimento sozinho ou em dupla, a relação será
sempre de 30 compressões torácicas para cada 2 insuflações (30:2).

30 compressões torácicas + 2 insuflações = 1 ciclo

Execute 5 ciclos completos (ou ciclos por 2 minutos) e verifique a respiração. Se


ainda não houver respiração, repita outros 5 ciclos (ou ciclos por 2 minutos) e assim su-
cessivamente.
O socorrista leigo deve continuar as compressões e ventilações até que a vítima comece
a dar sinais de presença de circulação ou até que profissionais de saúde assumam o aten-
dimento.

CONSIDERAÇÕES ESPECIAIS SOBRE A RCP


Serão consideradas nessa abordagem as diferenças na RCP quando efetuada nas variadas faixas
etárias, pelos profissionais da saúde e quando do uso do DEA.

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DIFERENÇAS SEGUNDO A FAIXA ETÁRIA PARA O SOCORRISTA LEIGO


As instituições internacionais que pesquisam e divulgam as recomendações sobre RCP em
todo o mundo dividem as faixas etárias para esse fim em: adultos, crianças (de 1 a 8 anos)
e menores de 1 ano (lactentes).
Todo o processo de avaliação primária e reconhecimento da PCR e de RCP é semelhante
para todas as faixas etárias. Há, porém, algumas diferenças:

• CRIANÇAS DE 1 A 8 ANOS:

o As compressões devem ser realizadas de forma a rebaixar de 1/3 a ½ da profundi-


dade do tórax.

o As compressões podem ser realizadas com 1 ou 2 mãos desde que rebaixem a


profundidade recomendada.

o A relação compressão/ventilação para 1 socorrista é 30:2. Caso conte com um


segundo socorrista passa a 15:2.

• LACTENTES (MENORES DE 1 ANO) :

o Nas insuflações para os bebês e crianças pequenas, o “boca-a-boca” é na reali-


dade, boca a boca/nariz, isto é, com nossos lábios, selamos ao mesmo tempo a
boca e o nariz do bebê.

o A técnica de localização correta para a compressão torácica externa nos menores


de 1 ano (lactentes) é:

- Posicione o lactente sobre uma superfície rígida ou sobre o próprio socorrista


(pernas e/ou braços)

- Coloque 2 dedos (um ao lado do outro), cerca de 1 dedo abaixo da linha dos
mamilos, no centro do tórax (sobre o osso esterno)

- Comprima o suficiente para rebaixar o tórax de 1/2 a 1/3 de sua profundidade

- Mantenha a freqüência de 100 com-


pressões por minuto

o A relação compressão ventilação para 1


socorrista sozinho é 30:2. Caso conte com
um segundo socorrista, é 15:2. A verifica-
ção da respiração deve ser a cada 5 ciclos
ou 2 minutos.
Técnica de compressão torácica para bebês

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DIFERENÇAS SEGUNDO A FAIXA ETÁRIA PARA O PROFISSIONAL DE SAÚDE

Considere as observações apresentadas para as diferentes faixas etárias quanto a técnica


de compressões e relação ventilação/compressão e ainda:

• Utilize a técnica de verificação de pulso para a determinação da circulação:

o Adultos e crianças de 1 a 8 anos: pulso carotídeo ou femoral

o Menores de 1 ano: braquial (preferencial) ou femoral

• Nos menores de 1 ano, quando em 2 socorristas, dê preferência a realizar as compres-


sões utilizando os 2 polegares entre os mamilos, com as mãos circundando o tórax.

UTILIZAÇÃO DO DESFIBRILADOR EXTERNO AUTOMÁTICO NA RCP

O coração mantém sua atividade normal de bombeamento do sangue graças a um com-


plexo sistema elétrico que garante contrações rítmicas e ininterruptas. Qualquer anorma-
lidade nesse sistema pode provocar “arritmia cardíaca” e alterações diversas no bombea-
mento do sangue.
Dentre as arritmias mais comuns está a Fibrilação Ventricular (FV), que provoca uma alte-
ração súbita e completa do bombeamento do sangue, deixando os órgãos e principalmente
o cérebro sem suprimento sanguíneo. Simultaneamente à FV, ocorre a parada da respira-
ção o que caracteriza a PCR. Esse tipo de arritmia dá origem a um agravo conhecido por
Mal súbito de origem cardíaca e está presente em cerca de 63% dos casos de PCR.
A RCP bem realizada garante suprimento de oxigênio mínimo necessário a manutenção
dos órgãos vitais, mas não corrige a FV. O único tratamento para a FV é a oferta de uma
corrente elétrica externa, um choque, ou seja, a chamada Desfibrilação Ventricular.
Quanto mais precoce for a desfibrilação nesses casos, maiores as chances da vítima sobre-
viver. Estudos demonstraram que a cada 1 minuto de atraso na realização da desfibrilação,
as chances de sobrevivência diminuem 10%.
Indicar e realizar a desfibrilação é um ato médico. No entanto com o advento do DEA,
esse procedimento tornou-se viável e aumentou a possibilidade de acesso rápido ao recur-
so a toda a população.
O DEA é um equipamento eletro-eletrônico simples e portátil, que utiliza comandos de
voz e de gráficos para guiar o socorrista durante a seqüência de RCP que pode incluir ou
não a realização de desfibrilação automática, dependendo da necessidade da vítima.
O DEA pode ser usado em clubes, academias, condomínios e shoppings dentre tantos ou-
tros locais, e até por policiais e bombeiros na rua, pois exige apenas o conhecimento sobre
RCP e sobre a utilização do próprio equipamento.

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O equipamento têm a capacidade de:

o Guiar o socorrista durante a RCP.

o Analisar ritmo cardíaco da vítima.

o Detectar se a desfibrilação é necessária ou não.

o Informar o socorrista sobre a necessidade por meio de comandos de voz ou imagem


(desenhos e luzes).

o Iniciar a carga e fornecer a energia (choque) automaticamente sem precisar do coman-


do do socorrista.

o Analisar se outros choques são necessários diante da persistência da arritmia.

o Guiar o socorrista sobre os passos a serem tomados até a chegada do socorro ou ao


hospital.
Para a utilização do equipamento basta ligá-lo, instalar eletrodos especiais no tórax do pa-
ciente e seguir as orientações por comando de voz ou luzes.
Os eletrodos são auto-adesivos e contém ilustrações sobre como devem ser posicionados.
Fique atento, pois dentre as diversas marcas do equipamento pode haver uma pequena
variação sobre o posicionamento dos eletrodos e por isso, deve-se observar a ilustração
que o acompanha.
Diante da disponibilidade do DEA, a RCP sofre algumas pequenas adequações, tanto para
o leigo quanto para o profissional de saúde:
o Até a chegada do equipamento DEA, mantenha a realização de RCP com os ciclos de
compressões e ventilações conforme a técnica, a idade e seu nível de preparo.
o Se a PCR foi presenciada e o DEA está imediatamente disponível, dê preferência ao
uso do equipamento (1 choque), antes de realizar o primeiro ciclo de RCP com compressões
e ventilações (tempo X benefício).
o Após cada choque realizado pelo equipamento, retome imediatamente a RCP, começando
pelas compressões, até que o equipamento informe se houve sucesso na reversão da
arritmia.
o Lembre-se que a cada 5 ciclos (ou 2 minutos) a RCP deve ser interrompida para a verificação
da presença de respiração e/ou sinais de circulação.
o O DEA pode ser utilizado em crianças acima de 1 ano. Nesse caso, esteja atento:
o Até 8 anos será necessário o uso de eletrodos próprios para a idade. Na ausência
de tais eletrodos e diante da necessidade de uso em benefício da criança, pode ser
utilizado o eletrodo adulto.
o Mesmo se a PCR for presenciada e o DEA estiver disponível, execute 5 ciclos antes
do uso do equipamento. Motivo: Diante da fase de crescimento, a criança têm o
metabolismo maior que o adulto e, portanto, maior consumo de oxigênio.

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DÚVIDAS MAIS COMUNS!

1. Quais são as complicações mais comuns da RCP?


A complicação mais comum é a distensão gástrica, que acontece devido à entrada de ar
para o estômago durante as ventilações. Esta distensão pode levar à ocorrência de vômito
durante a RCP. Diante disso, posicione a vítima lateralizada à esquerda para impedir que ela
aspire o conteúdo expelido.
Outras complicações esperadas são: desarticulação das costelas com o osso esterno, fra-
tura da clavícula, fraturas do esterno, apêndice xifóide e costelas, além de lacerações de
órgãos internos. Caso você desconfie da ocorrência desses agravos, não interrompa a RCP,
pois o custo/benefício para o paciente ainda é positivo para a RCP.

2. Em quais situações não se deve iniciar a RCP?


Não se devem iniciar as manobras de RCP para os casos em que a MORTE É ÓBVIA, isto
é, quando não há dúvidas que a vítima está morta. São os casos de:

o decapitação

o segmentação de tron co

o carbonização

o estado de putrefação e natimorto (criança que acaba de nascer) já em estado de putre-


fação

Em qualquer outra circunstância, somente o médico poderá decidir sobre o tema.

3. Quando interromper a RCP?


Devemos interromper a RCP quando:

• a respiração e o batimento cardíaco forem restabelecidos à normalidade

• um profissional da saúde assumir as manobras de RCP

• um médico, lhe orientar a parar e declarar a vítima como morta

• a situação não oferece segurança para você continuar (incêndio iminente, risco de ex-
plosão, aglomeração de pessoas com risco para a violência, etc.)

• o socorrista exausto e incapaz para continuar as manobras de RCP

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4. Se a vítima a respiração e os outros sinais de circulação forem recuperados, o


que devo fazer?
Se a respiração e a circulação forem restabelecidas, é fundamental manter vigilância sobre
vítima nos momentos seguintes a PCR:

o Realize a avaliação primária a cada minuto

o Mantenha a vítima aquecida

o Procure manter um amigo ou familiar próximo

o Encaminhe e/ou acompanhe a vítima até uma unidade hospitalar (dê preferência para
o transporte por unidade do serviço de emergência de sua cidade)

5. Quais os erros mais comuns durante a realização da RCP?


Os erros mais comuns são:

• Não abrir as vias aéreas de forma suficiente, mantendo a cabeça pouco inclinada para
trás ou mesmo elevando pouco a mandíbula

• Deixar escapar ar durante as ventilações com qualquer dos métodos aprendidos

• Dobrar os cotovelos na compressão torácica externa

• Não localizar o ponto correto da compressão do tórax

• Fazer compressões bruscas ou sem força o suficiente para rebaixar o tórax até o ponto
desejado

• Manter ritmo incorreto (mais lento ou mais veloz que o preconizado)

Qual é a sua dúvida ?

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PASSO A PASSO DA RCP PARA LEIGOS


Adulto Crianças de 1 a 8 anos Lactente (menor de 1 ano)
Chamar e tocar a vítima. Se não houver resposta. Chamar ajuda.

Checar
consciência

Abrir as vias aéreas com a manobra de inclinação da cabeça (casos clínicos ou de trauma).

Vias aéreas

Checar se há respiração com a técnica Ver, Ouvir e Sentir


Se não houver respiração, realizar 2 respirações de resgate.
Cada ventilação em 1 segundo com visualização da elevação do tórax.

Respiração

1 ou 2 socorristas: 1 socorrista: 1 socorrista:


Executar 30 compressões para Executar 30 compressões para Executar 30 compressões para
cada 2 ventilações. cada 2 ventilações. cada 2 ventilações.

2 socorristas:
Executar 15 compressões para
cada 2 ventilações.

Compressões “fortes, rápidas


Circulação
e sem parar” entre os mamilos, 2 socorristas:
no centro do tórax, ao ritmo de Executar 15 compressões para
Compressões “fortes, rápidas 100/min. cada 2 ventilações.
e sem parar” entre os mamilos, Compressões: com 2 dedos,
ao centro do tórax ao ritmo de Opção para o uso de 1cm abaixo da linha dos
100/min. 1 ou 2 mãos. mamilos.

Checagem da
A cada 5 ciclos.
respiração e
Se respiração ausente, reiniciar ciclos.
de sinais de
Manter até a chegada do sistema de emergência.
circulação
Executar ciclos de RCP até a
Executar ciclos de RCP até a
chegada do equipamento.
chegada do equipamento.
Ligar e instalar eletrodos para
adultos.
Ligar e instalar eletrodos para
Seguir comandos.
crianças (se ausente, usar
eletrodos para adultos).
Se PCR presenciada e DEA
DEA
disponível imediatamente, Não recomendado.
Mesmo na PCR presenciada,
preferir uso do DEA e em
executar 5 ciclos de RCP
seguida, se necessário,
antes do uso.
executar RCP.

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PASSO A PASSO DA RCP PARA PROFISSIONAIS DA SAÚDE


Adulto Crianças de 1 a 8 anos Lactente (menor de 1 ano)

Checar
consciência • Chamar e tocar a vítima. Se não houver resposta, chamar ajuda.
• Atenção para a caracterização de caso clínico ou de trauma.

Caso clínico: manobra de inclinação da Caso de trauma: Elevação do queixo ou


Vias aéreas cabeça. propulsão da mandíbula.

• Checar se há respiração com a técnica Ver, Ouvir e Sentir.


Respiração
• Se não houver respiração, realizar 2 respirações de resgate.
• Cada ventilação em 1 segundo com visualização da elevação do tórax.

Circulação
checagem
do pulso
• Checagem do pulso carotídeo (ou femural).
• Se ausente caracteriza-se a PCR.
• Checagem do pulso
• Iniciar RCP.
Braquial.
• No caso de hemorragias visíveis, executar
• Se ausente = PCR.
compressão direta da lesão.
• Iniciar RCP.
• Se hemorragias,
executar
compressão direta.
1 ou 2 socorristas: 1 socorrista: 1 socorrista:
Circulação Executar 30 Executar 30 compressões para cada 2 Executar 30
iniciar RCP compressões ventilações compressões para
para cada 2 cada 2 ventilações
ventilações. 2 socorristas:
Compressões “fortes, Executar 15 compressões para cada 2 2 socorristas:
rápidas e sem parar” ventilações. Executar 15
entre os mamilos, ao compressões para
centro do tórax ao Compressões “fortes, rápidas e sem parar” cada 2 ventilações
ritmo de 100/min. entre os mamilos, ao centro do tórax ao ritmo Compressões: com
de 100/min. 2 dedos (preferir 2
polegares), abaixo da
Opção para o uso de linha dos mamilos
1 ou 2 mãos.

Checagem da A cada 5 ciclos.


respiração e da Se respiração ausente, reiniciar ciclos.
circulação Manter até a chegada do sistema de emergência.
Executar ciclos de Executar ciclos de RCP até a chegada do
RCP até a chegada do equipamento.
equipamento. Ligar e instalar eletrodos para crianças (se
Ligar e instalar
DEA eletrodos para ausente, usar eletrodos para adultos).
adultos. Mesmo na PCR presenciada, executar 5 ciclos Não recomendado.
Seguir comandos. de RCP antes do uso.
Se PCR presenciada
e DEA disponível
imediatamente,
preferir uso do
DEA e, em seguida,
se necessário,
executar RCP.

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Primeiros Socorros

CAPÍTULO 4
OBSTRUÇÃO
DAS VIAS AÉREAS

OB S T R UÇ Ã O L E V E
V ítima cons egue toss ir e falar
IMPORTÂNCIA E CONCEITUAÇÃO BÁSICA
O que fazer?
A obstrução das vias aéreas por um corpo estranho (OVACE) é o chamada de engasga-
• Mantenha-s e próximo
mento. Na maioria das vezes, é causada por alimentos, líquidos • ou pequenos
Incentive a tossobjetos
e
OB S T R UÇ Ã O L E V E
(próteses, tampinhas, etc.), que ficam presos nas vias aéreas e bloqueiam
V ítima cons egue toss ir e falar a passagem do ar.
O que fazer?
Você sabia que • Mantenha-s e próximo OB S T R UÇ Ã O G R A V E
V ítima tem dificuldades para
• Incentive a toss e
A maior causa de obstrução das vias aéreas na ví- tos sir e falar
tima inconsciente é a língua, que “cai” para trás O que fazer?
durante o relaxamento da musculatura da? Inicie a manobra de Heimlich
OB S T R UÇ Ã O G R A V E
V ítima tem dificuldades para
tos sir e falar
Esse bloqueio é extremamente grave pois impede a vítima de respirar normalmente po-
O que
dendo levar à morte por parada respiratória em fazer?minutos.
alguns
Inicie a manobra de Heimlich
A vítima consciente pode ter uma obstrução leve ou grave .

OB S T R UÇ Ã O L E V E
V ítima cons egue toss ir e falar

O que fazer?
• Mantenha-s e próximo
• Incentive a toss e

OB S T R UÇ Ã O G R A V E
V ítima tem dificuldades para
tos sir e falar

O que fazer? S inal Univers al de Asfixia:


Inicie a manobra de Heimlich mãos ao redor da garganta e
boca aberta na tentativa de
puxar o ar.

Senac São Paulo S inal Univers al de Asfixia: 40


mãos ao redor da garganta e
boca aberta na tentativa de
puxar o ar.
Primeiros Socorros

OBSTRUÇÃO LEVE
Neste tipo de obstrução, a vítima (adulto, criança ou bebê), ainda consegue respirar, tos-
sir e falar (ou balbuciar). Mesmo assim, precisa de acompanhamento, pois o quadro pode
se agravar repentinamente.
Nessa condição :

• Não se afaste da vítima

• Tente acalmá-la

• Incentive a respiração e a tosse para expelir o corpo estranho

OBSTRUÇÃO GRAVE
Se apesar das orientações anteriores a vítima não apresentar melhora ou se houver algum
dos sinais abaixo, prepare-se para intervir imediatamente:

• Vítima muito ansiosa

• Tosse fraca ou “silenciosa”

• Chiado alto durante a inspiração

• Extrema dificuldade para respirar, tossir e falar

• Cianose labial (arroxeamento)

• Sinal universal de asfixia! (vítima coloca as mãos na garganta)

• Parada respiratória
Nessas condições, inicie manobras de desengasgamento com compressões abdominais,
conhecidas como MANOBRA DE HEIMLICH.

MANOBRA DE DESENGASGAMENTO PARA VÍTIMAS CONSCIENTES

MA NOB R A DE HE IML IC H
Método que utiliza c ompres s ões no
abdome para promover a s aída de
c orpos es tranhos das vias aéreas .

Manobra de Heimlich para Adultos


(e crianças maiores de 1 ano)
conscientes

Senac São Paulo 41


Primeiros Socorros

Essa manobra é recomendada para adultos e crianças acima de 1 ano.

• Com a vítima sentada ou em pé, posicione-se atrás dela.

• Mantenha suas pernas levemente afastadas para amparar uma possível queda da víti-
ma;

• Passe os braços por baixo das axilas da vítima e envolva com eles a cintura;

• Feche uma das mãos em punho cerrado e encoste-a no centro do abdome da vítima
à altura da crista ilíaca (quadril);

• Com a outra mão, agarre o punho cerrado;

• Com as duas mãos posicionadas, pressione o abdome com golpes rápidos e seqüen-
ciais, para dentro e para cima (em direção à cabeça) até a saída do objeto ou até a
vítima conseguir executar, sem ajuda, uma boa tosse;

• Apesar das compressões, a vítima pode manter-se em obstrução total (engasgamento)


e, neste caso, é esperado que ela se torne inconsciente, devido à diminuição de oxige-
nação do cérebro. Nessa situação, observe as manobras citadas abaixo, recomendadas
para as vítimas inconscientes;
OBS: Para a vítima obesa ou em gravidez adiantada, execute compressões torácicas
semelhante a RCP (punho cerrado à altura dos mamilos, no centro do tórax) .

MANOBRA DE DESENGASGAMENTO PARA VÍTIMAS INCONSCIENTES

Abertura das vias aéreas e verificação de respiração Respirações de resgate

Senac São Paulo 42


Primeiros Socorros

Se a vítima tornar-se inconsciente ou for encontrada nessa condição :


• Deite-a de costas no chão (decúbito dorsal horizontal);
• Execute a avaliação primária, iniciando com a abertura das vias aéreas (manobra de
inclinação da cabeça);
• Verifique se há respiração, com a técnica do Ver, Ouvir e Sentir, (provavelmente não
haverá respiração);
• Execute 2 respirações de resgate. Para isso:
o Examine rapidamente a boca para ver se há objetos ou próteses atrapalhando a
respiração (retire com os dedos somente o que puder visualizar);
o Observe se há dificuldade na passagem do ar na primeira ventilação;
o Se houver dificuldade, execute nova tentativa de inclinação da cabeça antes da
segunda respiração de resgate;
o Se o ar não passar mesmo após a nova tentativa de abertura das vias aéreas carac-
teriza-se o engasgamento na vítima inconsciente.

Compressões torácicas

• Execute 30 compressões torácicas e 2 ventilações (semelhante à executada durante a


RCP, relembre pág. 20) até a saída do objeto ou até a vítima conseguir respirar sozinha.
Esteja atento para antes das 2 ventilações, executar a manobra de inclinação da cabeça
e examinar a boca para ver se há objetos atrapalhando a respiração.

Senac São Paulo 43


Primeiros Socorros

• Repita a operação, quantas vezes for necessário até a saída do objeto;

• Providencie transporte imediato para o hospital ou aguarde o serviço de emergência,


mantendo as manobras.

OBSERVAÇÕES:

1. A tosse é um ótimo sinal de retorno à respiração espontânea. Nesse caso, posicione a


vítima lateralizada à esquerda imediatamente.

2. Se a vítima apresentar vômitos, para evitar a aspiração e a piora do engasgamento,


coloque-a lateralizada à esquerda, como no item anterior. No entanto, saiba que a
presença desse sinal não indica retorno da respiração. Mantenha os passos descritos,
recomeçando pela checagem da respiração.

3. Para as crianças de 1 a 8 anos, ao executar as compressões abdominais, lembre-se de


não utilizar força excessiva, para não causar lesões aos órgãos internos.

MANOBRA DE DESENGASGAMENTO PARA VÍTIMAS MENORES DE 1 ANO


(LACTENTES)
As crianças com menos de 1 ano são as
maiores vítimas de obstrução de vias aé-
reas, seja por aspiração de leite, alimentos
ou por pequenos objetos aspirados.
Para as crianças desta idade, devemos es-
tar atentos a sinais como: dificuldade para
respirar, chiados, arroxeamento dos lá-
bios, palidez da pele e ansiedade.
As manobras de desobstrução para estas
vítimas são diferentes das utilizadas nos
Des obs trução em bebês: S eqüência de
adultos: “golpes ” no dors o

• Não se realiza compressão abdomi-


nal, mesmo na criança consciente;

• A técnica recomendada corresponde


a uma associação entre 5 “golpes” nas
costas seguidas de 5 compressões to-
rácicas, semelhantes a RCP para esta
faixa etária.
Des obs trução em bebês S eqüência de
compres s ões torácicas

Senac São Paulo 44


Primeiros Socorros

Observe a seqüência de desengasgamento para o bebê:

• Execute a avaliação da responsividade;

• Execute a “manobra de inclinação da cabeça” para a abertura de vias aéreas;

• Avalie a presença de respiração com a técnica do Ver, Ouvir e Sentir;

• Se respiração ausente, execute 2 respirações de resgate com a técnica apropriada para


a idade. O ar provavelmente não irá passar. Nesse caso, reposicione a cabeça e tente
novamente a respiração;

• Se o ar não passar, vire a criança de bruços, sobre um de seus braços e/ou pernas, com
a cabeça mais baixa que o corpo;

• Aplique 5 golpes firmes no dorso, entre as escápulas;

• Retorne em posição dorsal (barriga para cima) e ainda com a cabeça mais baixa, aplique
5 compressões torácicas, iguais às realizadas na RCP;

• Avalie as vias aéreas e a respiração;

• Repita todo o processo, se necessário.

Qual é a sua dúvida ?

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Primeiros Socorros

PASSO A PASSO DA TÉCNICA DE DESENGASGAMENTO (CONSCIENTES)


Adulto Crianças de 1 a 8 anos Lactente (menor de 1 ano)
Vítima respira, tosse ou fala?
• Dificuldade para respirar
Obstrução leve:
• Chiados
• Mantenha-se próximo
• Arroxeamento dos lábios
Avaliar sinais • Estimule a tosse eficiente
• Palidez da pele
de dificuldade
• Ansiedade
respiratória Dificuldade para respirar, tossir ou falar?
Obstrução grave:
• Sinal universal de asfixia?
• Pergunte: Você está engasgado ?

Manobra de Heimlich:
• Compressões abdominais com golpes
rápidos e seqüenciais, para dentro e
para cima até a saída do objeto ou até
a vítima conseguir executar sem ajuda, 5 golpes no dorso
uma boa tosse.
Manobra de de-
sengasgamento
(Heimlich)
OBS:
• Esteja atento para a ocorrência de inconsciência (desmaio).
Nesse caso, execute a técnica para desengasgamento de
inconscientes. 5 Compressões torácicas:
• Para vítimas obesas ou em gravidez adiantada, execute como na RCP
compressões torácicas semelhantes à RCP.
• Prosseguir como na técnica
descrita para menores de 1
ano inconscientes

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Primeiros Socorros

PASSO A PASSO DA TÉCNICA DE DESENGASGAMENTO (INCONSCIENTES)


Adulto Crianças de 1 a 8 anos Lactente (menor de 1 ano)
Chamar e tocar a vítima. Se não houver resposta. Chamar ajuda.

Checar
consciência

Abrir as vias aéreas com a manobra de inclinação da cabeça (casos clínicos ou de trauma)
Vias aéreas

Checar se há respiração com a técnica Ver,Ouvir e Sentir.


Se não houver respiração realizar 2 respirações de resgate.

Respiração

Provavelmente haverá dificuldade na passagem do ar.


Tentar reposicionar a cabeça entre uma respiração e outra.
Na ausência ou dificuldade de passagem do ar, assumir a presença de obstrução de vias aéreas

1 ou 2 socorristas: 1 socorrista:
Executar 30 compressões para Executar 30 compressões para
cada 2 ventilações cada 2 ventilações
Compressões “fortes,
rápidas e sem parar” entre os 2 socorristas:
mamilos, ao centro do tórax Executar 15 compressões para
ao ritmo de 100/min. cada 2 ventilações
Manobras de 5 golpes no dorso
desobstrução Compressões “fortes,
rápidas e sem parar” entre os
mamilos, ao centro do tórax
ao ritmo de 100/min.

Opção para o uso de


1 ou 2 mãos.
5 Compressões torácicas:
como na RCP

Checagem da A cada 5 ciclos ou até a saída do objeto.


respiração Se respiração ausente, reiniciar ciclos.
Manter até a chegada do sistema de emergência.

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Primeiros Socorros

CAPÍTULO 5
EMERGÊNCIAS
CLÍNICAS

As emergências clínicas tratadas nesse capítulo serão: a convulsão, a dor no peito (de ori-
gem cardíaca) e o desmaio (inconsciência). Outras emergências clínicas já foram abordadas
como a PCR e a obstrução de vias aéreas.

CONVULSÃO
A convulsão ou crise convulsiva é ma desordem elétrica involuntária e repentina do cé-
rebro. Caracteriza-se por perda da consciência, acompanhada de contrações musculares
violentas. As causas mais comuns desse tipo de agravo são:

o Tumores cerebrais o Abuso de drogas ou de álcool


o Má formação vascular cerebral o Trauma na cabeça
o Febre (em crianças até 3 anos) o Acidente vascular encefálico (derrame)
o Infecções como a meningite o Redução no fluxo sanguíneo do cérebro
o Desequilíbrios na química corporal o Epilepsia

Existem vários tipos de convulsão, ou melhor, várias formas de manifestação da crise. No


entanto, vamos abordar aquelas mais comuns e necessitam de ajuda imediata.

Lembre-se que...
Com a perda da consciência e o enrijeci-
mento dos músculos, a vítima tende a cair
ao chão e ferir-se gravemente. Esteja aten-
to e se possível ajude-a a não se ferir.

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Primeiros Socorros

Você sabia que...


A convulsão generalizada pode ser precedida de sinais que
“avisam” que ela está iniciando?
É a chamada “aura epiléptica”.
Pode ser um grito, visão turva e alucinações visuais, entre
outros. Alguns epilépticos já se deitam ao chão na iminência
da aura para não se machucar.

Cuidado!!!!
Se a vítima apresentar convulsões repetidas, sem voltar to-
talmente a consciência entre uma e outra, caracteriza-se o
estado epilético. Essa condição é grave pois o encéfalo pode
sofrer com a insuficiência respiratória progressiva.

A convulsão generalizada é a mais comum. Nela, todas as funções do encéfalo são atin-
gidas. Pode durar 2 a 5 minutos e a vítima apresenta:

o Perda da consciência;

o Enrijecimento da musculatura;

o Contrações involuntárias, repetidas e violentas dos músculos dos braços e pernas, le-
vando a movimentos abruptos e desordenados;

o Dificuldade respiratória;

o Perda do controle dos esfinceteres (levando à perda da urina e até de fezes);

o Salivação excessiva.

Ao final das contrações, há um relaxamento do corpo e um período de inconsciência, ca-


racterizando o final da convulsão. Nessa fase, gradualmente a vítima retoma a consciência.
Porém, cansada e confusa. Pode haver sonolência por horas.

A convulsão parcial dura poucos segundos e é aquela em que a vítima apresenta:

o Olhar fixo e ausente;

o Rápido piscar de olhos;

o Movimentos com a boca que lembram a mastigação (em alguns casos).

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Primeiros Socorros

A maioria das vítimas de convulsão pode ser auxiliada apenas com medidas de manutenção
à vida. Porém, há muito preconceito em relação a elas. A crendice popular em torno da
epilepsia (doença) e a convulsão (seu principal sintoma) é enorme. Fala-se que o indivíduo
“enrola a língua”, que a “saliva é contagiosa” e que “epilepsia se pega” no contato com o
corpo da vítima em convulsão.
Na verdade, os músculos da língua sofrem contrações assim como todo o restante dos
músculos do corpo. Diante dessa contração ou mesmo quando a vítima relaxa ao final da
crise, a língua pode obstruir a passagem do ar pelas vias aéreas. Há ainda a possibilidade da
vítima morder a língua durante a crise e asfixiar-se com o sangue. Esqueça as crendices.

PRIMEIROS SOCORROS ÀS VÍTIMAS DE CONVULSÃO


Os objetivos do atendimento de primeiros socorros à vítima em convulsão são: proteger
contra lesões e acompanhar a respiração e circulação, através da avaliação primária.

Saiba o que NÃO FAZER durante a convulsão!


o Não impeça os movimentos da vítima, segurando seus braços e pernas.
o Não jogue água ou bata no rosto.
o N
 ão tente abrir a boca da vítima mesmo que ela esteja sangrando. Aguarde a fase de
relaxamento.
o Não coloque qualquer objeto entre os dentes ou para segurar a língua.
o Não ofereça bebidas e medicamentos.

DURANTE A CONVULSÃO

o Se possível, possível, proteja a vítima da queda.

o Afaste objetos que possam causar ferimentos (móveis, pedras etc.).

o Proteja a cabeça de impactos no chão, colocando uma bolsa ou travesseiro.

o Se houver muita salivação é conveniente lateralizar a cabeça para evitar o engasgamen-


to. Não faça esse tipo de procedimento se houver suspeita de lesão na coluna (Veja o
capítulo sobre lesões nos ossos).

o Afrouxe roupas e retire os óculos se for o caso.

o Afaste os curiosos.

o Aguarde o final da crise convulsiva (fase de relaxamento).

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APÓS O FINAL DA CONVULSÃO (FASE DE RELAXAMENTO)

Posição de recuperação

o Coloque a vítima em posição de recuperação para facilitar a drenagem de secreções.

o Realize a avaliação primária repetidamente durante todo o atendimento.

o Esteja preparado para a necessidade de RCP.

o Afaste curiosos e cubra a vítima se necessário.

o Se necessário faça a contensão de sangramentos.

o Oriente para o repouso até o transporte.


Muitas vezes, quando o socorrista conseguir até a vítima, a convulsão já terá acabado.
Lembre-se de que se trata de um evento rápido. Nesse caso, inicie sua abordagem pela
avaliação inicial da vítima:

o Verifique a consicência, chamando a vítima.

o Observe as vias aéreas, realizando a abertura se necessário.

o Verifique se a vítima respira.

o Se tudo OK!, proceda como na fase de relaxamento.

DÚVIDAS MAIS COMUNS SOBRE A CONVULSÃO

1. É possível fingir uma convulsão? O que fazer?


É possível e, por vezes, será impossível identificar um fato real de um forjado. Fortes emo-
ções, alterações psiquiátricas e até mesmo um desejo inconsciente de mais atenção podem
levar uma pessoa a fingir uma convulsão, principalmente a parcial. Não se arrisque que-
rendo identificar a situação e desmascarar a vítima. Faça o atendimento como apresentado
anteriormente e oriente a pessoa e a família para procurar ajuda especializada.

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Primeiros Socorros

2. O que fazer para evitar convulsões em uma criança que apresenta febre alta?
As convulsões por febre alta em crianças são mais comuns até os 3 anos de idade. Se a tem-
peratura exceder 37,5ºC, retire o excesso de roupas, coloque-a em um ambiente arejado
e providencie um banho morno. Se não houver melhora, pode-se tentar outro banho ou
experimentar o uso de compressas frias. Providencie acompanhamento médico. O uso de
medicamentos deve ser restrito à orientação médica.

Qual é a sua dúvida ?

DOR NO PEITO

Você sabia que...


50% das mortes por problemas cardíacos aconte-
cem subitamente e antes da chegada ao hospital?
Geralmente são quadros que evoluem para PCR por
arritmia (fibrilação ventricular).

As doenças do coração compõem a principal causa de morte nos países desenvolvidos e


em desenvolvimento. Essas doenças levam a morte precoce de adultos jovens ou mesmo
de adultos em idade mais avançada, causando grande impacto social por romper a estru-
tura das famílias.
Dentre as doenças cardíacas, destacam-se aquelas que levam à dificuldade na oxigenação
das células do coração como o infarto agudo do miocárdio e a angina, cujo sinal mais evi-
dente é a dor no peito ou dor torácica de origem cardíaca.

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A dor no peito pode ser percebida em intensidade variável e suas características clássicas são:

o Variação de sensações, desde a opressão, queimação e aperto no peito (suportáveis)


até a sensação de intensa dor;

o Localizada no centro do peito, podendo irradiar para o lado esquerdo, ombros, pesco-
ço, mandíbula, braços e mãos (geralmente do lado esquerdo);

o Se infarto agudo, a dor pode se prolongar por 30 minutos ou mais;

o Pode ser acompanhada de dificuldade para respirar, náuseas, vômitos , palidez e su-
dorese.

Os idosos e diabéticos podem apresentar quadros semelhantes, porém sem dor ou com
uma mínima dor, difícil de caracterizar. São os chamados infartos silenciosos ou assinto-
máticos.

Existem ainda outras doenças que podem levar à dor torácica ou confundir-se com ela. Há
quadros de angina (dor, em latim), cuja dor pode melhorar simplesmente com o repouso
e “enganar” a vítima e o socorrista. Somente uma equipe especializada poderá fazer tal
diferenciação. Por isso, chame sempre o serviço de emergência.

É fato conhecido que quanto mais precoce for restabelecido o fluxo do sangue e oxigênio
para o coração, maiores serão as chances de sobrevivência da vítima. Logo, é preciso dimi-
nuir o tempo entre o início dos sintomas e o atendimento hospitalar.

PRIMEIROS SOCORROS ÀS VÍTIMAS DE DOR NO PEITO

Objetivos no atendimento de primeiros socorros ao paciente


com dor no peito de origem cardíaca:

o Reconhecer as características da dor e associá-las ao evento car-


díaco;

o Atuar imediatamente para impedir o avanço e a ocorrência de


PCR;

o Acionar precocemente o serviço de emergência, para diminuir o


tempo de chegada ao hospital.

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Primeiros Socorros

o O fundamental é tranqüilizar a vítima.


o Impeça esforços e emoções, mesmo que mínimos.
o Mantenha a vítima de preferência sentada, aquecida e confortável.
o Arejar o ambiente e afrouxar roupas, cintos etc.
o Realize frequentemente a avaliação primária na busca de intercorrências com a respi-
ração e circulação.
o Esteja preparado para a ocorrência de PCR.
o Se DEA disponível, peça para alguém providenciar imediatamente.

Qual é a sua dúvida ?

DESMAIO
O desmaio é também conhecido como síncope e se caracteriza por um episódio repentino
de perda da consciência por um período curto. Por si só o desmaio não determina uma
doença, mas é um sinal de inúmeras delas.
Geralmente é causado por alterações no fornecimento de oxigênio e glicose para o encéfa-
lo, como por exemplo, na exposição prolongada a ambientes quentes, alimentação precá-
ria e exercícios físicos excessivos. Dor, medo e excitação são causas prováveis também.
Sinais e sintomas que caracterizam o desmaio:
o Perda da consciência (perda do contato com o ambiente).
o Relaxamento dos músculos.
o Palidez.
o Pele fria e úmida.
o Retomada rápida da consciência (1 a 2 minutos).

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PRIMEIROS SOCORROS ÀS VÍTIMAS DE DESMAIO

o Realize a avaliação primária da vítima (para determinar a inconsciência, abrir vias aéreas
e certificar-se que a vítima respira e têm circulação).

o Mantenha a vítima deitada e aquecida.

o Eleve os membros inferiores para facilitar a circulação cerebral.

o Areje o ambiente e afrouxe roupas, cintos etc.

o Repita a avaliação primária na busca de intercorrências com a respiração e circulação.

o Durante a retomada da consciência, não permita que a vítima se levante imediatamente.

o Acionar o serviço de emergência.

Qual é a sua dúvida ?

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PASSO-A-PASSO

Durante a crise: Após a crise: Não faça:


• Proteja a vítima da queda • Coloque a vítima em • Impedir movimentos
• Afaste objetos que possam posição de recuperação; • Jogar água ou bater no
causar ferimento; • Realize a avaliação rosto;
• Proteja a cabeça; primária; • Tentar abrir a boca ou
CONVULSÃO • Lateralizar a cabeça para • Esteja preparado para a colocar algo
evitar o engasgamento; necessidade de RCP; dentro dela;
• Afrouxe as roupas e retire • Afaste os curiosos e cubra • Oferecer alimentos,
os óculos; a vítima; medicamentos ou bebidas;
• Afaste os curiosos; • Oriente para o repouso. • Transportar a vítima
• Aguarde o término da durante a crise.
convulsão.

•T  ranqüilizar a vítima;
• Impeça esforços e emoções, mesmo que mínimos;
•M  antenha a vítima de preferência sentada, aquecida e confortável;
DOR NO PEITO •A  rejar o ambiente e afrouxar roupas, cintos etc.;
•R  ealize frequentemente a avaliação;
•E  steja preparado para a ocorrência de PCR;
• S e DEA disponível, peça para alguém providenciar imediatamente.

•R
 ealize a avaliação primária da vítima;
•M
 antenha a vítima deitada e aquecida;
•E
 leve os membros inferiores para facilitar a circulação cerebral;
DESMAIO •A
 reje o ambiente e afrouxe roupas, cintos etc.;
•R
 epita a avaliação primária;
•D
 urante a retomada da consciência, não permita que a vítima se levante;
•A
 cionar o serviço de emergência.

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CAPÍTULO 6
FERIMENTOS

CONCEITOS BÁSICOS

Os ferimentos são lesões nos tecidos da superfície interna ou externa do corpo humano,
incluindo as diferentes camadas da pele, os músculos e os órgãos internos.
Existem inúmeros critérios para a classificação dos ferimentos. No entanto, em geral, eles
podem ser fechados ou abertos.
Nos fechados não há ruptura da pele e pode haver sangramento interno, já nos abertos há
ruptura da pele e possibilidade de sangramentos externos visíveis.
A gravidade de um ferimento é medida pela intensidade do sangramento e pelo local atin-
gido. Já a gravidade do sangramento varia pelo tipo de vaso sanguíneo atingido. Observe
abaixo:
Características do sangramento em relação ao tipo de vaso atingido
(apresentação de sangramento externo)

Sangramento arterial: Sangramento venoso: Sangramento capilar:


• Vermelho vivo • Vermelho escuro • Fluxo bem lento
• Em jato • Fluxo estável e lento • Baixa intensidade
• Intenso e pulsátil • Grave se não controlado • Uniforme
• Sempre grave • Sem gravidade

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SANGRAMENTOS INTERNOS
Geralmente os sangramentos internos acontecem por um trauma contuso ou fechado
(chutes e socos, quedas, acidentes de trânsito etc.) que podem resultar até em fraturas e
lesões em órgãos internos.
Nesse caso, apesar de não existir lesão na parte externa da pele, os tecidos internos e os
vasos se romperam internamente, causando sangramento e como não é possível controlá-
lo, torna-se uma situação grave.

Lembre-se...
Em geral, o tratamento para estas lesões é apenas
intra-hospitalar e com cirurgia.

Algumas vezes é possível observar estes sangramentos apesar de serem internos. É o caso
dos hematomas (manchas roxas) ou dos sangramentos que se exteriorizam pelas orelhas,
nariz, vagina, uretra, ânus e ainda dos ferimentos por arma de fogo e por faca, quando se
pode supor a existência de lesões internas.
Devemos estar atentos para a ocorrência de sangramentos internos nos casos de:

• fraturas de ossos (fêmur, úmero ou pelve);


Você sabia
• presença de dor acompanhada de hematoma e P eç a a alguém para
Que numa fratura de
c ontrolar o fêmur
rigidez no abdome; fechada,ambiente
pode-se perder até 2
• presença de hematomas no tórax acompanha- e dê
litros tarefasporaos
de sangue, lesão da
mais exaltados
artéria femoral? !
dos de dificuldade para respirar.

SANGRAMENTOS EXTERNOS
As causas mais comuns de sangramentos externos são: arranhaduras, ferimentos com
agentes pontiagudos (pregos), perfuro-cortantes (faca, tesoura etc.), mordedura de ani-
mais e ferimentos por arma de fogo, entre outros.
Apesar de muitas vezes os ferimentos terem uma aparência drástica e serem acompanha-
dos de muita dor, nem sempre são classificados de graves, a menos que estejam sangrando
de forma descontrolada ou comprometam a respiração (como no caso dos ferimentos das
vias aéreas, face, pescoço ou tórax).

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TÉCNICAS BÁSICAS DE CONTENSÃO DE SANGRAMENTOS


É importante conhecer as formas mais simples de contensão de hemorragias antes mesmo
dos tipos de ferimentos mais comuns. Para executar qualquer uma das técnicas que serão
apresentadas, é preciso expor o ferimento e se possível determinar rapidamente a causa.
Os métodos de contensão são: compressão direta da lesão, elevação da parte afetada,
compressão de pontos arteriais (compressão indireta) e aplicação de gelo ou compres-
sas frias.

COMPRESSÃO DIRETA DA LESÃO

Lembre-se que...
não devemos executar a pressão direta
sobre ferimentos com objetos encrava-
dos ou sobre ossos fraturados.

Compressão direta da lesão

É o método mais simples e usual.


Promove diminuição do fluxo sanguíneo e favorece a formação do coágulo no local do fe-
rimento. Pode ser realizado com bandagens, curativo pronto, gazes, ataduras e até mesmo
com as próprias mãos da vítima ou do socorrista até que se consiga outro material. O uso
de camisetas limpas ou outros tecidos (lençóis, toalhas, etc), também é incentivado. Jamais
utilize papel absorvente ou algodão hidrófilo pois estes encharcam facilmente.

A técnica consiste em:

• Colocar o material ou as mãos diretamente sobre a lesão;

• Pressionar firmemente, utilizando a palma das mãos por cerca de 10 a 15 minutos;

• Observar o curativo, não permitindo que fique ensopado de sangue. Neste caso, não
o remova, apenas coloque outro sobre ele reaplicando a pressão com a mão.

Senac São Paulo 59


Primeiros Socorros

ELEVAÇÃO DA PARTE AFETADA

Compressão direta e elevação da parte afetada

Sempre associada à compressão direta da lesão, essa é uma boa opção para ferimentos nas
extremidades do corpo (braços e pernas).
Com a elevação da parte afetada, há diminuição do fluxo de sangue para a lesão devido à
ação da gravidade, o que diminui o sangramento. Neste caso, basta elevar a região acima
do nível do coração.

Lembre-se que...
não devemos elevar extremidades em
caso de suspeita de fraturas, luxações e
mesmo no caso de objetos encravados.

COMPRESSÃO DE PONTOS ARTERIAIS

Lembre-se que...
A técnica de compressão indireta não elimina a
necessidade de compressão direta e se possível
de elevação da parte afetada

Se as técnicas anteriores forem insuficientes para conter a hemorragia ou o local do feri-


mento estiver em difícil acesso, pode-se tentar a compressão de um ponto arterial anterior
ao local do ferimento.

Senac São Paulo 60


Primeiros Socorros

A técnica consiste em aplicar uma pressão com os dedos, sobre pontos onde se perceba o
pulso de uma artéria, passando sobre uma superfície óssea. Esta técnica exige conhecimen-
tos anatômicos e habilidade do socorrista.
Os principais e mais fáceis pontos para compressão indireta são:

• Artéria femoral para as lesões em membros inferiores (à altura da virilha).

• Artéria braquial para lesões em membros superiores (região interna do braço).

• Artéria radial para as lesões da mão (à altura do pulso, abaixo do dedo polegar).

APLICAÇÃO DE GELO OU COMPRESSAS FRIAS


Estes recursos promovem constrição dos vasos da região do ferimento, diminuindo leve-
mente o fluxo sanguíneo para o local e conseqüentemente o sangramento.
São bem indicados nas lesões fechadas (contusões), para impedir a formação de hemato-
mas decorrentes do extravasamento interno de sangue.
São cuidados importantes em sua aplicação:

• Não coloque o gelo ou a compressa diretamente sobre a pele;

• Providencie um pano fino (meia, pano de prato, camiseta, gazes, etc.), para colocar
entre o saco de gelo e a pele do local;

• Controle o tempo de aplicação das compressas (máximo de 10 a 15 minutos).

Lembre-se que...
deve-se proteger a pele da vítima com um tecido
fino, para evitar a queimadura dos tecidos pelo frio
ou pelo congelamento

TIPOS DE FERIMENTOS

1.FERIMENTO FECHADO

Lembre-se...
1. Avalie a segurança da cena.
2. A prioridade é a vida.Inicie sempre pela avaliação primária, principalmente na vítima
inconsciente.
3. S e possível use luvas ou outra barreira de plástico ou pano grosso.
4. L ave as mãos antes e após o cuidado com a vítima.

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Lesão provocada por objeto contundente e rombudo que não provoca a abertura da
pele. Porém, nas camadas inferiores, leva a rompimento de tecidos e vasos com conse-
qüente extravasamento de sangue (sangramento interno). É o ferimento conhecido por
contusão.
Caracteriza-se pela formação de uma área arroxeada sob a pele íntegra e com contornos
definidos, chamados de hematomas.
Um hematoma pode ser uma indicação de lesão interna com sangramento, como no caso de:

• Abdome: possível lesão no fígado, baço e outros órgãos.

• Cabeça e pescoço: possível lesão na cabeça e/ou pescoço.

• Tórax: possível lesão de costelas e esterno, principalmente se a vítima estiver com


dificuldade respiratória.

Você sabia...
Que o famoso “galo” na cabeça é um hematoma no
couro cabeludo, e que seu nome técnico é hemato-
ma subgaleal?

O QUE FAZER?

• Realize a avaliação primária é prioritário. Trate a vítima e não a lesão.

• Exponha a lesão, afastando as vestes se necessário;

• Eleve a parte afetada, se não houver suspeita de fraturas;

• Na contusão leve, aplique compressas de gelo .

2. FERIMENTOS ABERTOS
Quando a pele é rompida após um trauma, chamamos o ferimento de aberto e nesses
casos espera-se um sangramento de intensidade variável, de acordo com a profundidade,
local e tipo de vaso rompido.
Acompanhe a seguir a classificação mais usual dos ferimentos abertos:

• Abrasão: ferimento superficial, causado pela raspagem ou arranhão em uma superfície


áspera. São dolorosas mas sem gravidade, pois o sangramento é leve. Se houver gran-
de área de ferimento, a infecção se torna uma possibilidade.

• Incisão (ou corte): causadas por agentes cortantes e afiados que rompem a pele, ge-
ralmente provocando muito sangramento. Ex.: faca, estilete etc.

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• Laceração: resultado da pressão e tração exercida sobre os tecidos. Possui bordas


irregulares e pode ser profunda e com grandes sangramentos arteriais.
• Avulsão: é a extração de um retalho cutâneo que pode ficar parcialmente preso ao
corpo ou ser cortado totalmente. Sangra intensamente.
• Perfuração (ou punção): é o ferimento provocado por um objeto pontiagudo e/ou
perfurante. Sua gravidade é determinada pela profundidade e o diâmetro do agente.
Se profundo, apesar de fino leva a grave sangramento interno. O objeto poderá até
ficar encravado na lesão, como no caso de facas e punhais. Os projéteis de arma de
fogo provocam lesões por perfuração de diferentes maneiras, variando com o tipo de
arma (velocidade) e projétil (formato) e sua gravidade está ligada às lesões internas que
podem provocar.

O QUE FAZER?

10 REGRAS BÁSICAS PARA O ATENDIMENTO AOS FERIMENTOS ABERTOS


1. Trate a vítima e não a lesão!. Comece sempre pela avaliação primária.
2. Tome precauções para não entrar em contato com sangue ou outros fluídos
corporais da vítima.
3. Não utilize álcool, merthiolate, mercúrio ou água oxigenada para lavar os
ferimentos, pois prejudicam a cicatrização.
4. Não cubra o ferimento diretamente com papel absorvente, esparadrapo comum
ou fita adesiva.
5. Não permita que a vítima faça movimentos bruscos, para não agravar o
sangramento.
6. Se for usar ataduras de crepe enroladas nos membros, não faça muita pressão/
apertar para não impedir a circulação.
7. Esteja atento para os sinais de choque.
8. Informe a vítima sobre tudo o que você irá fazer e procure tranqüilizá-la.
9. Se for o caso, enquanto toma as medidas básicas, já acione o sistema de
emergência ou providencie o transporte para o hospital.
10. Encaminhe a vítima para um hospital se:
⇒ houver sangramento arterial ou incontrolável;
⇒ o ferimento for profundo e/ou maior que 1cm;
⇒ houver objetos encravados ou possibilidade de contaminação;
⇒ o ferimento envolver camadas profundas da pele ou músculos;
⇒ houver envolvimento de vias aéreas, face ou genitais;
⇒ houver envolvimento de arma branca e de fogo ou mordedura de animais.

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NAS ABRASÕES:

• Atente para as 10 regras básicas de atendimento;

• Exponha a lesão para inspecioná-la;

• Limpe o ferimento e a área do entorno com água e sabão sob leve fricção para retirar
a sujidade (areia, terra, etc.);

• Seque com pano limpo;

• Para pequenas áreas de abrasão, recomenda-se não fazer a cobertura com curativos.
Para áreas maiores, que entram em contato com as roupas, pode-se avaliar a possibili-
dade de cobrir com gazes limpas e secas ou curativo pronto. Neste caso, recomenda-
se a troca diária do curativo, após limpeza durante o banho.

NAS INCISÕES, LACERAÇÕES e AVULSÕES:


Atente para as 10 regras básicas de atendimento.

• Exponha a lesão para inspecioná-la;

• No caso de ferimentos pequenos e com leve sangramento, limpar o ferimento e a área


do entorno com água e sabão e em seguida secar;

• Se houver sujidades maiores e soltas (lascas, areia, vidros ou outros), retirar com um
pano seco ou gaze, através de remoção mecânica;

• Para as lesões com intenso sangramento ou de tamanho maior, não perca tempo com
limpeza, pois isto será feito no hospital em ambiente controlado. Nesse caso, execute
a compressão direta, procurando aproximar as bordas da lesão delicadamente, para
favorecer o controle do sangramento e a cicatrização;

• Cubra o ferimento com algum tecido limpo ou gazes e prenda as bordas do curativo
com esparadrapo ou enrolado ataduras ou bandagens triangulares;

• Encaminhe para um hospital se for o caso.

NAS PERFURAÇÕES:

• Atente para as 10 regras básicas de atendimento;

• Exponha a lesão para inspecioná-la;

• Não retire objetos encravados. Observe o tópico de ferimentos especiais a seguir.

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• Nos ferimentos por arma de fogo, pode haver mais de um orifício. Nesse caso, o
cuidados devem ser feitos para ambas as lesões igualmente, cobrindo-as com tecido
limpo ou gaze estéril.

• Encaminhe a vítima para um hospital imediatamente.

3. FERIMENTOS ESPECIAIS
Considera-se alguns ferimentos como especiais em virtude das suas características, lo-
calização ou possibilidades de complicações e seqüelas. Na maioria dos casos eles com-
prometem funções vitais e as vítimas devem ser encaminhadas ao atendimento médico
imediato.
São considerados especiais os seguintes ferimentos:
• Ferimentos nos olhos: pelo comprometimento da visão.
• Ferimentos no pescoço: pelo comprometimento da respiração e pela alta possibilidade
de sangramento.
• Ferimentos no tórax: pelo risco representado para função respiratória.
• Ferimentos no abdome: pela possibilidade de sangramento interno.
• Amputações: pela possibilidade de perda da parte amputada, sangramento e
comprometimento a capacidade laborativa.
• Ferimentos na cabeça: pela possibilidade de comprometimento das funções
neurológicas.
• Ferimentos encravados: pela possibilidade de ferimentos internos e sangramento.

O QUE FAZER?

Ferimento nos olhos

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FERIMENTOS NOS OLHOS:


• Atente para as 10 regras básicas de atendimento;
• Se há corpo estranho solto, utilize água corrente para limpeza;
• Estabilize objetos encravados (sem removê-los) com a ajuda de ataduras, gazes e/ou
copos descartáveis;
• Se houver os ferimentos abertos ao redor dos olhos, não execute compressão sobre
o globo ocular;
• No caso de impactos fechados (soco, impacto com bola etc), não utilize compressas
de gelo sobre o globo ocular;
• Para evitar o agravamento da lesão, cubra os dois olhos com gazes ou tecido limpo,
para mantê-los em repouso até a chegada ao atendimento médico.

FERIMENTOS NO PESCOÇO:
• Conter sangramentos com compressão local direta.
OBS: Lembre-se que a pressão não deve ser exercida sobre a traquéia para não
comprometer a respiração e a circulação.
• No caso de objetos encravados, observe as considerações no tópico próprio;
• Atente para as 10 regras básicas de atendimento.

FERIMENTOS NO TÓRAX:

Você sabia...
Que uma vítima está em dificuldade respiratória quando,
dentre outros sinais, apresenta:
- falta de ar (dispnéia)
- respiração muito acelerada ou muito lenta
- dor ao respirar
- acúmulo de secreção nas vias aéreas?

Ferimento no tórax com curativo de 3 pontas

• Atente para as 10 regras básicas de atendimento;

• Se há presença de hematomas, esteja atento para a ocorrência de sinais de dificuldade


para respirar.

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• Para os ferimentos abertos onde se perceba a saída de ar:

• Cobrir o ferimento com um plástico ou gaze e fixar 3 pontas (ou lados) com fita
adesiva. Se o ferimento for por arma de fogo ou arma branca, observe se há mais
que 1 orifício (execute curativos com plástico em todos eles).

• Mantenha a vítima lateralizada sobre o lado afetado ou em posição semi-sentada


até a chegada ao serviço médico.

Veja o capítulo de imobilizações, para os casos de suspeita de fratura de costelas e


clavícula.

No caso de objetos encravados, observe as considerações no tópico próprio.

FERIMENTOS NO ABDOME:

Ferimento no abdome

Você sabia...
Que, após um trauma, a dor acompanhada de rigidez no abdo-
me pode significar lesões internas importantes, com presença de
sangramento?
Esta rigidez é chamada comumente de abdome em tábua!
Esteja atento também, para sangramentos por via vaginal, anal ou
uretral, pois também significam sangramento do abdome.

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• Atente para as 10 regras básicas de atendimento.

• Para os ferimentos fechados, com presença de hematomas, esteja atento para a infor-
mação de dor abdominal e para os sinais de choque (veja tópico adiante);

• Para os ferimentos com lesão aberta no abdome, se não houver exposição de vísceras,
faça moderada compressão da lesão;

• Se houver exposição de vísceras (evisceração):

o JAMAIS TENTE RECOLOCAR AS VÍSCERAS PARA DENTRO DA CAVIDADE


ABDOMINAL;

o Lavar com água limpa ou soro fisiológico para retirar as sujidades e manter a umi-
dificação;

o Cobrir com compressas umedecidas com água limpa ou soro. No lugar das com-
pressas umedecidas, pode-se utilizar plástico limpo para a cobertura das lesões;

o Sobre as compressas umedecidas ou sobre o plástico, pode-se usar papel alumínio


para cobrir o curativo (para aquecer as vísceras), prendendo-o com esparadrapo
às bordas.
No caso de objetos encravados, observe as considerações no tópico próprio.

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FERIMENTOS POR AMPUTAÇÃO:

• Atente para as 10 regras básicas de atendimento.

• Execute compressão direta da lesão e elevação do membro (se necessário, faça com-
pressão de pontos arteriais);

• Para o seguimento amputado deve-se:

o Se possível, enxaguar brevemente para retirar sujidades;

o Envolver em gaze seca ou tecido seco e limpo.

OBS: Jamais coloque a parte amputada em contato direto com o gelo ou água!

o Colocar em saco plástico bem fechado e em seguida, em um recipiente com gelo.

OBS: Não sendo possível o gelo e, estando a parte amputada bem coberta com
plástico, pode-se usar água gelada como alternativa. Não pode haver contato da
parte com o líquido.

o Identificar o recipiente de gelo com: nome, parte amputada, data e hora do acidente.

o O recipiente deve acompanhar a vítima até o hospital.

FERIMENTOS NA CABEÇA:

Você sabia...
Alguns sinais e sintomas que indicam comprometimento da função neurológica, após
um trauma, são:
- alterações do nível de consciência (desde a confusão e agitação até a apatia, o sono e
a inconsciência)
- perda da memória
- sangramento ou perda de líquido pela orelha e/ou nariz
- pupilas muito dilatadas ou muito pequenas e de tamanhos diferentes entre si.
- dificuldade motora, para falar e respirar e distúrbios visuais
- náuseas e vômitos
- dor de cabeça
- convulsões
- hematoma ao redor dos olhos e atrás da orelha

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• Atente para as 10 regras básicas de atendimento;

• Sempre que houver lesão na cabeça deve-se suspeitar de lesão na coluna cervical e
realizar a estabilização manual da cabeça;

• Para os ferimentos fechados, com presença de hematoma subgaleal, esteja atento para
os sinais de comprometimento da função neurológica (veja ao lado);

• Para os ferimentos abertos, faça leve compressão direta;

• Não tente impedir a saída de líquidos pela orelha e pelo nariz, apenas cubra com gaze
ou pano limpo para absorver o fluxo;

• No caso de objetos encravados, observe as considerações no tópico próprio.

Sinais de ferimentos na cabeça: cortes , sangramento do nariz


e orelha e hematoma atrás da orelha e ao redor dos olhos.

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FERIMENTOS COM OBJETOS ENCRAVADOS:

Ferimento com objeto encravado

• Atente para as 10 regras básicas de atendimento.

• Jamais remova um objeto encravado no corpo.

Exceções: objetos na boca (com muito sangramento, prejudicando na respiração ou que


interfiram na realização da RCP).

• Exponha o ferimento e não mexa no objeto.

• Controle o sangramento externo, com compressão direta.

• Imobilize o objeto com curativos macios e volumosos.

• Mantenha o repouso.

• Não tente quebrar ou encurtar o objeto, a menos que seu tamanho impeça o transporte.

ESTADO DE CHOQUE
Se o sangramento for intenso, o corpo humano pode não conseguir compensar a perda
desse volume de líquido e evoluir para o estado de choque.
O estado de choque é a falência progressiva do sistema cardiovascular, onde o corpo não
tem como distribuir sangue oxigenado para os tecidos. Em sua evolução, pode se tornar
um quadro irreversível, cujo evento final é a morte.
Existem inúmeras causas de choque, porém, em nosso caso, vamos comentar apenas so-
bre o choque causado pela perda sanguínea.
Identificar a instalação do estado de choque é a única maneira de intervir precocemente.

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Veja no quadro abaixo os principais sinais e sintomas (e suas causas) que determinam a
instalação do estado de choque:

PRINCIPAIS SINAIS E SINTOMAS DO CHOQUE:

Sinais e sintomas Por quê?


• Respiração rápida ⇒ Para compensar a baixa oxigenação dos tecidos e eliminar
o acúmulo de gás carbônico

• Fraqueza, tontura ⇒ O cérebro não recebe aporte suficiente de oxigênio e


inicia o processo de perda das capacidades, incluindo o
• Ansiedade ou inquietação evoluindo
controle motor e o controle da consciência
para inconsciência

• Palidez ou arroxeamento da pele ⇒ A contração compensatória dos vasos, seqüestra sangue


da pele, deixando-a pálida, fria e úmida
• Pele fria e úmida

• Sede e frio intensos ⇒ A perda de líquidos e o seqüestro de sangue da pele levam


à sensação de sede e à perda da temperatura corporal
• Pulso rápido e fraco

• Queda da pressão arterial ⇒ Diminuição do volume de líquido circulante

Posição dorsal com pernas elevadas e aquecimento

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Diante de uma vítima de trauma com possibilidade de choque, tenha em mente os seguin-
tes cuidados de emergência:

• Chame imediatamente um serviço de emergência ou providencie transporte imediato;

• Execute a avaliação primária e esteja preparado para a RCP;

• Coloque a vítima em posição dorsal (“barriga para cima”), com as pernas elevadas a 45o ou
30cm de altura, para favorecer a circulação cerebral;

• Se for impossível mantê-lo com as pernas elevadas, mantenha o decúbito dorsal apenas. No
caso de mulheres grávidas, o decúbito lateral esquerdo é mais indicado;

• Aqueça com cobertores ou com o que for possível (jornais, roupas, toalhas etc.), para que o
corpo não consuma suas energias, tentando promover seu próprio aquecimento.

• Tente promover conforto à vítima para acalmá-lo.

Lembre-se... não eleve as pernas se houver:

• dificuldade respiratória ou lesão torácica,

• trauma craniano,

• fratura nas pernas,

• objeto encravado no olho ,

• sintomas de ataque cardíaco.


Nesses casos mantenha o decúbito dorsal. Na
presença de vômitos, lateralize a vítima à esquer-
da (posição de recuperação).

DÚVIDAS MAIS COMUNS

1. Não se usa mais torniquete?


O uso de torniquetes pode trazer inúmeros problemas graves caso não seja utilizado sob
a mais cuidadosa atenção. Por esta razão, o aprendizado da técnica é limitado ao pessoal
da área da saúde.

2. O que fazer no caso de um sangramento nasal, que não seja causado por trau-
ma na cabeça?
Esta situação é muito comum e pode ser decorrente da hipertensão arterial, excessivo
calor ou frio e atividades físicas muito intensas, dentre outras causas.

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Nesses casos:

• Mantenha a vítima sentada e imóvel

• Não tente interromper o sangramento

• Cubra as narinas com uma gaze apenas para não escorrer sangue sobre as vestes

• Se possível, aplique compressas frias na testa e às laterais do nariz, longe dos olhos

3. O que fazer nas mordeduras de cães e gatos?


Siga a avaliação primária e as 10 regras básicas relativas a ferimentos externos. Proceda
normalmente com feridas pequenas, lavando, secando e em seguida fazendo uma cober-
tura seca com tecido ou gazes. Nos ferimentos maiores, use técnicas de contensão para
o sangramento, cobrindo em seguida com tecidos limpos e secos ou gazes. Esteja atento
para a existência de choque. Para as medidas preventivas, encaminhe a vítima para o hos-
pital. Se possível, observe o cão.

4. Por que as lesões do couro cabeludo, face e mãos sangram tanto?


De fato, é comum observarmos grandes sangramentos na face e couro cabeludo, mesmo
diante de lesões pequenas. Isso se deve à alta vascularização destas regiões.

5. Devemos retirar anzóis no caso de encravamento nos dedos ou em outra parte


do corpo?
É preferível encaminhar a vítima ao hospital. Na impossibilidade, se a ponta do anzol não
possuir gancho, não há muitos problemas em removê-lo fazendo o mesmo trajeto de en-
trada, porém em sentido inverso. Esteja preparado para o sangramento. No caso do arte-
fato possuir um gancho na ponta, a indicação de encaminhamento a uma unidade hospitalar
é preemente.

6. Como proceder no caso de um pequeno inseto penetrar na orelha e não sair?

Alternativa para atrair animais inseridos na orelha

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Para esta situação simples, existem as seguintes alternativas:

• utilizar uma lanterna para atrair o inseto e fazê-lo sair;

• no caso de zumbido excessivo, utilizar gotas de óleo de cozinha derramadas no orifício


da orelha para neutralizar as asas e matar o animal.
Em ambos os casos, recomenda-se a procura de um médico para confirmar a saída e/ou
retirar o animal.
OBS: JAMAIS, utilizar objetos pontiagudos ou de qualquer origem na tentativa de retirar o
animal.

Qual é a sua dúvida ?

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PASSO-A-PASSO

Princípios Fundamentais

⇒ Avaliação primária (prioridade da vida sobre a lesão)

⇒ 10 regras básicas

Suspeita de sangramento interno Olhos Tórax aberto com saída de ar


• Prevenir e observar sinais de • Cobrir os dois olhos nos ferimentos • Curativo de 3 pontas
choque graves
• Aquecer e elevar as pernas
• Transportar rápido

Abdome aberto (evisceração) Encravamentos Incisões, lacerações e avulsões


• Compressas umedecidas ou • Não retirar o objeto e imobilizá-lo • retirar sujidades
plástico • conter hemorragias
• aproximar bordas
• cobrir com gazes ou tecidos secos

Contusão ou Hematoma

Compressas de gelo ou resfriadas

Cabeça
• estabilização da cabeça
• comprometimento neurológico?
• Aberto: leve compressão
• Fechado: compressas frias

Amputação Perfurações Abrasões


• Coto: contensão da hemorragia • Contensão do sangramento • Lavar a área afetada
• Segmento: lavar, envolver em gazes • Se ferimento por arma de fogo, • Evitar cobrir a lesão
secas e plástico e colocar no gelo observar orifícios de entrada e
JAMAIS DEIXAR ENTRAR EM saída.
CONTATO COM O GELO.

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CAPÍTULO 7
QUEIMADURAS

CONCEITUAÇÃO BÁSICA
A pele é o maior órgão do corpo e é a barreira natural de proteção contra agentes físicos
(calor e frio), agentes químicos (água, ácidos e outros) e agentes biológicos (bactérias,
fungos etc.), auxiliando ainda o controle da temperatura e a função sensitiva. Se a pele
sofrer uma agressão, essas capacidades são imediatamente alteradas.
As queimaduras mais comuns são as produzidas pelo sol ou pelo calor em ambiente
doméstico (fogo, objetos ou líquidos quentes).
A maioria das lesões é leve e atinge apenas a camada mais superficial da pele. No entanto a
queimadura pode alcançar estruturas ainda mais profundas como músculos, ossos, nervos
e vasos sanguíneos.

ANÁLISE DA GRAVIDADE DAS QUEIMADURAS


As queimaduras podem ser classificadas e avaliadas em sua gravidade de acordo com:

• O agente causador.

• A profundidade (camadas de pele que atinge).

• A extensão (área corporal atingida).

• A localização (parte do corpo atingida).

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De acordo com o agente causador, a queimadura pode ser:

AGENTE FONTES e CARACTERÍSTICAS

São as mais comuns. São produzidas pelo calor (fogo, vapor, líquidos
Térmica quentes, objetos aquecidos) e pelo frio (gelo).

Química São graves. São produzidas por produtos ácidos e alcalinos.

São graves por produzir lesões internas, principalmente com


Elétrica risco ao coração. Geralmente causadas por correntes alternadas,
contínuas e por raios.

Radiação Nuclear, ultravioleta (do sol) e infravermelha.

De acordo com a profundidade, podem ser classificadas em:

PROFUNDIDADE CARACTERÍSTICAS

Atingem somente a camada mais superficial da pele (epiderme).


Primeiro grau Caracteriza-se por vermelhidão e certo inchaço no local, com muita dor.

Atinge uma camada mais profunda (epiderme e derme).


Segundo grau Caracteriza-se por vermelhidão, inchaço, dor intensa e presença de
bolhas de tamanhos variados.

Pode atingir além das camadas superficiais, músculo e até ossos.


Terceiro grau Geralmente acompanhada de lesões de 1º. e 2º. graus. Pode ser
indolor e toma coloração esbranquiçada ou escura. É bastante grave.

Lembre-se que uma lesão por queimadura não é uniforme. Podem ocorrer vários graus de
profundidade em uma mesma lesão.
Só para ilustrar, as comunidades científicas da área médica já estão usando uma nova classi-
ficação, dividindo melhor o 2º. e o 3º. grau e criando o 4º. grau. Tal classificação ainda não
será utilizada nessa apostila.
A análise da extensão é o fator de maior influência na avaliação de gravidade da queimadu-
ra. Quanto maior a extensão, maior o risco para a vida da vítima, pois pode haver perda
excessiva de líquidos do corpo, perda de temperatura e altíssimo risco para infecções. Em
primeiros socorros, o objetivo não é determinar a extensão e sim manter a vítima com
vida, prevenir danos adicionais e parar o processo de queimadura.
Quanto à localização, é preciso saber que algumas regiões do corpo tornam as queima-
duras muito críticas por favorecerem a contaminação da ferida ou por serem fatores de

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complicação a respiração, ou por serem altamente incapacitantes para o trabalho e com-


prometedoras no aspecto estético. Esse é ocaso das mãos, face, pés, genitais, pescoço, vias
aéreas e o tórax. Tais áreas são chamadas de “áreas críticas”.
Baseado nos 4 aspectos que traduzem a gravidade de uma queimadura, dizemos que:

• QUEIMADURAS LEVES: são aquelas de 1º. e 2º. graus e pequenas (menores que a
palma da mão).

• QUEIMADURAS MODERADAS: são aquelas de 1º. grau extensas (como as produzi-


das pelo sol), 2º. grau de média extensão e as de 3º. grau de pequenas áreas.

• QUEIMADURAS GRAVES: são aquelas de 2º. e 3º. graus que envolvem face, pescoço,
tórax, mãos, pés, genitais e articulações em qualquer extensão. São graves também, as
extensas de 2º. e 3º. graus, além das químicas e elétricas.
Outros fatores que contribuem para a gravidade da queimadura são: idade da vítima (crian-
ças e idosos respondem mal a agressão) e a presença de outros traumas ou lesões associa-
das (diabetes, hipertensão etc.) que alteram a resposta corporal ao ferimento.

REGRAS BÁSICAS NO ATENDIMENTO ÀS QUEIMADURAS

10 REGRAS BÁSICAS NO ATENDIMENTO ÀS QUEIMADURAS

1. O socorrista deve ter sempre atenção sobre a sua própria segurança.

2. Trate a vítima e não a lesão. Sempre inicie o atendimento pela avaliação primária.

3. Afaste a vítima do agente causador da queimadura utilizando ÁGUA.

4. Retire jóias, roupas e sapato somente se eles não estiverem grudados.

5. Não perfure bolhas.

6. Não aplique pomadas, vaselinas, sprays, medicamentos ou pasta de dente.

7. Utilize apenas curativo de gazes ou tecidos limpos e secos.

8. Promova aquecimento.

9. Procure saber: “O que causou a queimadura?”, “Houve outro trauma?”, “Houve in-
consciência?”, “Houve inalação de vapor, gazes ou fumaça?”.

10. Providencie transporte para a avaliação e tratamento hospitalar.

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PRIMEIROS SOCORROS ÀS QUEIMADURAS TÉRMICAS

1. Seguir as regras básicas de atendimento.

2. Apagar as chamas se necessário, usando cobertor ou rolando a vítima no chão.

3 Resfriar a área com muita água corrente ou imergir em água (cerca de 10 a 15 minutos).

4. No caso de mãos e pés, separar os dedos queimados com gaze ou tecido limpo ume-
decido para que não grudem. Caso já estejam grudados, não force a separação. Apenas
cubra com a gazes ou tecido limpo umedecido.

Apagando as vestes em chamas Resfriando a área com água corrente

PRIMEIROS SOCORROS ÀS QUEIMADURAS QUÍMICAS

CUIDADO!!!
As queimaduras químicas são especialmente perigosas tanto para a vítima quanto para
o socorrista. Proteja-se da contaminação!

O segredo é...
Para substâncias em pasta ou em pó, primeiro remova o excesso com uma escova ou
tecido seco, para depois lavar com água. Isso evita que o produto escorra pelas roupas
ou pela pele, causando queimaduras por onde passa.

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As substâncias químicas continuam a queimar enquanto estiverem em contato com o cor-


po. Afastar o agente agressor é fundamental. Para isso utilize água em grande quantidade.

1. Utilizar luvas se possível e atuar com muito cuidado;

2. Lavar a região com muita água corrente por 15 a 20 minutos, utilizando se possível um
chuveiro.

Obs.: A seguir estão relacionadas algumas exceções, quando não se pode usar água.

3. Não tentar usar neutralizantes ou antídotos;

4. Se possível, identifique o agente químico, pois isso ajudará no atendimento definitivo;

5. Se houver queimaduras nos olhos:

o Lave imediatamente com água em abundância;

o Inicie o transporte ou aguarde o socorro especializado, fazendo lavagem durante


todo o tempo;

o Cubra ambos os olhos com gazes umedecidas (mesmo que apenas um deles tenha
sido atingido).

Jamais use água em queimaduras químicas produzidas por:


o Pó de cal: torna-se corrosivo se misturado à água. Remova todo o pó antes de jogar
água.
o Ácido sulfúrico: se concentrado, em contato com a água produz ainda mais calor.
Usar água somente em jatos abundantes.
o Fenol (ácido carbólico): deve ser removido com álcool e em seguida irrigada a
região com água.

PRIMEIROS SOCORROS ÀS QUEIMADURAS POR INALAÇÃO

Você sabia...
Que vários itens do mobiliário de uma casa soltam
fumaça altamente tóxica quando queimada?

Esse tipo de queimadura pode acontecer por inalação de fumaça proveniente da combus-
tão de produtos químicos e por gazes ou vapores aquecidos.

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A fumaça de incêndios ou produtos químicos é altamente tóxica e pode provocar irritação


nos olhos, lesões nas vias aéreas e conseqüente dificuldade para respirar que pode evoluir
para a morte. Os sinais e sintomas de inalação de fumaça são:

o Dificuldade respiratória;

o Tosse;

o Ar da expiração com cheiro de fumaça ou de produto químico;

o Resíduos acinzentados da fuligem da fumaça ao redor da boca e nariz.

A inalação de vapores quentes leva a ressecamento e inchaço da mucosa do nariz e nas vias
aéreas em geral, tornando a respiração muito dificultada diante da obstrução. Esse edema
pode ser leve e imperceptível no inicio e se agravar com o passar do tempo. Por esta razão,
encaminhe sempre a vítima para o hospital para uma melhor análise.
Outros sinais que ajudam na identificação da queimadura por vapores quentes são:

o Queimaduras na face;

o Dificuldade respiratória;

o Rouquidão, tosse e respiração ruidosa.

No caso de queimaduras por inalação, esteja preparado para:

1. Retirar a vítima do ambiente e colocá-la em local bem arejado;

2. Colocar a vítima consciente e sem traumas adicionais na posição sentada;

3. Abrir as portas e janelas para melhorar a ventilação;

4. Aquecer a vítima;

5. Se inconsciente, colocar a vítima em posição de recuperação;

6. Providenciar transporte ou socorro especializado.

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Primeiros Socorros

PRIMEIROS SOCORROS ÀS QUEIMADURAS ELÉTRICAS

Gravíssimas, essas queimaduras podem provocar alterações importantes no funcionamen-


to do coração, levando até à morte por parada cardiorrespiratória. Suas características
mais comuns são:
o Lesão por queimadura em 2 pontos;
o Tremores ou flacidez dos músculos;
o Dificuldade respiratória;
o Agitação ou inconsciência;
o Convulsões (em casos graves).

No caso de queimaduras desse tipo:


1. Não se aproxime caso haja corrente elétrica ativa ou fios soltos;
2. Observe os cuidados com eletricidade descritos abaixo;
3. Inicie a abordagem pela avaliação primária e faça a RCP se necessário;
4. Aqueça a vítima.

Você sabia...
Que a corrente elétrica provoca 2 áreas de quei-
madura: uma no ponto de entrada da corrente e
outra no ponto de saída da corrente elétrica?

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Primeiros Socorros

CUIDADOS FUNDAMENTAIS EM CASO DE ACIDENTES COM ELETRICIDADE

1. Não toque na vítima se ela ainda está ligada à corrente elétrica. Garanta sua segurança,
desligando a energia.

2. Evite movimentar fios caídos. Chame a empresa de eletricidade. Se necessário, mano-


bre os fios com uma madeira longa.

3. Cuidado com fios elétricos caídos sobre veículos. Ao tocar o carro, você pode ser
atingido pela corrente.

4. Não toque em objetos elétricos ligados à corrente elétrica ou que estejam molhados
ou em banheiras e baldes. Desligue a energia primeiro.

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DÚVIDAS MAIS COMUNS

1. Como proceder no caso de queimaduras por raios?


Para vítimas desse tipo de acidente, deve-se considerar a hipótese de múltiplas lesões si-
multâneas, devido ao arremesso e/ou queda. Retire a vítima para um lugar protegido, inicie
o a avaliação primária e esteja preparado para realizar a RCP. Acione o serviço de emergên-
cia ou transporte a vítima com cuidado, mantendo a reanimação.

2. O que é monóxido de carbono? O que fazer em caso de intoxicação?


É um gás liberado durante a combustão de inúmeros materiais tipicamente domésticos
como celulose, madeira e algodão e ainda, pelos escapamento de veículos. Esse tipo de
intoxicação leva rapidamente a morte, porque o gás é incolor e inodoro e portanto não
perceptível.
Suspeite de problemas desse tipo, no caso de vítimas inconscientes após incêndios ou perí-
odos prolongados de exposição aos produtos exalados do escapamento de carros.
O sinais mais comuns são: dores de cabeça, fraqueza, náuseas e/ou vômitos e alterações
de consciência. Muitas vezes, como sinal tardio, aparece uma intensa coloração rósea
na pele.
Nesse casos, veja no capítulo de intoxicações o que fazer.

3. Como é feito o cálculo da extensão de área queimada?


São utilizadas duas formas ou regras: A Regra dos 9 e a regra da palma da mão.
A Regra dos 9 divide o corpo em regiões atribuindo valores percentuais derivados do 9
para cada região. Para os adultos, considera-se:

o Cabeça e pescoço = 9%

o Região posterior e anterior do tronco = 18% cada uma

o Membros superiores = 9% cada um

o Membros inferiores = 18% cada um

o Genitais = 1%
Para as crianças, a cabeça e pescoço equivalem a 18% e cada membro inferior é equiva-
lente a 13,5%.
A regra da palma da mão prevê que cada área de queimadura do tamanho da palma da mão
da vítima, seja correspondente a 1%. Em ambos as regras da somatória de todas as regiões
em percentuais corresponde ao percentual de área queimada.

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Qual é a sua dúvida ?

PASSO-A-PASSO
Princípios fundamentais:

o Realizar a avaliação primária (prioridade da vida sobre a lesão)

o Seguir as 10 regras básicas para o atendimento às queimaduras

• Apagar as chamas se necessário, usando cobertor ou rolando a vítima no chã


• Resfriar a área com muita água corrente por 10 a 15 minutos ou fazer imersão em
QUEIMADURA
água fria
TÉRMICA
• No caso das mãos e pés, separar os dedos queimados com gazes umedecidas ou se já
grudados, apenas cobrir

• Utilizar luvas se possível e agir com extremo cuidado


• Lavar a região com água corrente por 15 a 20 minutos (menos em caso de ácido
QUEIMADURA sulfúrico, pó de cal e fenóis)
QUÍMICA • Se possível identificar o agente químico
• Se queimadura nos olhos: Lavar abundantemente e fazer um curativo oclusivo em
ambos os olhos com gazes umedecidas

• Colocar a vítima em local arejado


QUEIMADURA • Para a vítima consciente e sem traumas adicionais, preferir a posição sentada.
POR INALAÇÃO • Se a vítima está inconsciente, preferir a posição de recuperação
• Aquecer a vítima

• Não se aproxime se houver corrente ativa ou fios soltos


QUEIMADURA • Executar a RCP se necessário
ELÉTRICA • Manter atenção a possíveis outros traumas
• Aquecer a vítima

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CAPÍTULO 8
LESÕES DE OSSOS
E ARTICULAÇÕES

CONCEITOS BÁSICOS
Os ossos e articulações e ainda, os músculos, tendões e ligamentos, fazem parte do Sis-
tema Músculo-esquelético. Esse sistema dá forma, sustentação, proteção e movimento
ao corpo humano.
As lesões envolvendo o sistema músculo-esquelético são muito comuns e variam de sim-
ples até as mais graves, como as de fêmur e coluna.
Dentre estas lesões, destacam-se :

• FRATURA: é a quebra do osso. Podem ser fechadas ou abertas (expostas). Nas fra-
turas fechadas não há rompimento da pele. Na aberta ou exposta, pontas de ossos
podem forçar a pele e rompê-la, caracterizando claramente a fratura.

• ENTORSE: acontece quando a articulação é subitamente levada além de seus limites


de movimentação. Lesões graves podem até romper ligamentos. Também é conhecida
como torção. Ex.: entorses de tornozelo (conhecida por “virar o pé”).

• LUXAÇÃO: é a saída de um osso de sua posição normal na articulação (“saída do en-


caixe normal”). Ex.: luxações de joelho, ombro, cotovelo.

• DISTENSÃO: é o estiramento dos músculos (com ou sem ruptura das fibras muscula-
res). Acontece quando os músculos são forçados além de sua capacidade ou quando os
músculos estão tensos e frios e são forçados repentinamente.

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Não pense que será fácil diferenciar uma fratura de uma entorse ou de uma luxação ou
mesmo de outra lesão deste sistema, pois seus sinais são muito semelhantes. Suspeite ime-
diatamente de uma lesão deste tipo quando a vítima apresentar:
atÉ que se prove o contrário,
sempre trate as lesões com estas
características, como se fossem fraturaS!!!

• História de trauma (queda, acidente de trânsito, violência etc.);

• Dor ou sensibilidade anormais, (a vítima tende a segurar o local afetado, tentando pro-
teger-se da dor);

• Inchaço no local da dor;

• Deformidade do local (encurtamento, desalinhamento em relação a outro membro etc.);

• Presença de áreas arroxeadas (hematomas);

• Ausência ou dificuldade para movimentar-se;

• Presença de pontas de ossos atravessando a pele;

• Sensação de ossos quebrados sob a pele (crepitação);

PRINCÍPIOS DE ATENDIMENTO
Diante da suspeita de uma lesão nos ossos e articulações, o socorro básico inclui:

• REPOUSO: não movimentar ou permitir movimentos na parte afetada, para evitar


agravamento e aumento da área de edema (devido ao aumento da circulação).

• GELO ou compressas frias: para diminuição da dor e da circulação local, abreviando o


edema. Lembre-se de proteger a área de pele com tecido fino.

• ELEVAÇÃO: para ajudar na redução do edema.

• IMOBILIZAÇÃO: para impedir o agravamento da lesão.

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PRINCÍPIOS DE IMOBILIZAÇÃO

Lembre-se...
Uma boa tala improvisada é aquela que:

• É rígida e bem leve

• É larga

• É longa, o suficiente, para abranger uma articulação acima e outra abaixo da lesão.
Uma boa amarração/fixação improvisada de talas é aquela que:

• É larga, para não garrotear

• É longa

• É firme
Ex.: gravatas, cintos, camisetas e meias enroladas, etc.

A imobilização garante conforto, diminuição da dor e redução da possibilidade do agrava-


mento (por evitar maiores danos aos nervos, vasos e tecidos, reduzindo ainda o sangra-
mento interno). A redução da dor ajuda, por sua vez, na redução do estresse, que é um
grave componente da sintomatologia.
A imobilização poderá ser feita com uma tala improvisada ou comercial. Os tipos mais
comuns de talas improvisadas são pedaços de madeira, papelão, revistas, travesseiros, co-
bertores, e até mesmo o próprio corpo da vítima. Dentre as comerciais, destacam-se as
rígidas, flexíveis e as infláveis (pouco indicadas, atualmente).
Uma imobilização mal feita pode comprometer a circulação e a função nervosa da parte
afetada e ainda agravar a lesão óssea e dos tecidos do entorno. Por esta razão, tenha sem-
pre em mente os seguintes princípios fundamentais das imobilizações:

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DE IMOBILIZAÇÃO

Lembre-se....
1. Avalie a segurança da cena.
2. A prioridade é a vida. Avalie primeiro os ABC’s, principalmente na vítima inconsciente.
3. Se possível use luvas ou outra barreira de plástico ou pano grosso.
4. Lave as mãos antes e após o cuidado com a vítima.
5. Siga os princípios fundamentais de imobilização, sempre que for necessário improvisar o
atendimento de primeiros socorros.

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1. Peça ajuda para executar a imobilização;

2. Combinar previamente o que vai ser feito e as ações de cada participante;

3. Só iniciar a imobilização depois que providenciar todo o material necessário;

4. Imobilizar antes de movimentar a vítima;

5. Se não for possível visualizar a lesão, cortar a roupa que está sobre a parte afetada;

6. Proteger ferimentos abertos com gazes ou pano limpo, sem jamais colocá-los para
dentro do membro novamente.

7. A ordem de prioridade para imobilização é:

o Coluna Você sabia...


o Tórax Que para todos os casos de trauma, mesmo os
mais simples, é conveniente executar a estabiliza-
o Pelve ção manual da cabeça e, se possível, utilizar um
o Membros inferiores colar cervical, até que se comprove a ausência de
lesão na coluna?
o Membros superiores

8. Respeitar sempre a posição encontrada, não fazendo nenhuma correção ou tração na


tentativa de deixá-la mais próximo da “normalidade”;

9. Respeitar a posição em que a vítima refere menos dor (posição de defesa);

10. Aplicar e fixar a tala sempre em uma articulação acima e outra abaixo do local afetado;

11. Se possível, elevar a parte imobilizada para diminuir o inchaço e a dor;

12. Não apertar excessivamente as amarrações, muito menos, fixá-las sobre o local afetado;

13. Acolchoar os espaços entre as talas e o corpo, utilizando toalhas, tecidos, etc.;

14. Utilizar amarrações bem largas para não garrotear e impedir a circulação;

15. Imobilizar os pés e as mãos em posição anatômica;

16. Manter as pontas das mãos e pés descobertos, para avaliar a circulação e a sensibilidade.

17. Sobre as amarrações (fixadores):

o Passe sob as curvaturas anatômicas naturais, sem elevar ou movimentar o corpo da


vítima;

o Faça nós bem firmes, sempre sobre as talas ou sobre o acolchoamento, para não
machucar a pele da vítima.

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18. No caso de imobilização de articulações, além de seguir os fundamentos, observar


alguns cuidados especiais:

o Imobilizar na posição encontrada, mantendo o ângulo de flexão encontrado.

o Se o membro estiver arroxeado e a vítima queixar-se de formigamento ou perda


da sensibilidade, imobilize e transporte rapidamente.

19. Transporte ou providencie transporte da vítima para uma unidade hospitalar, para os
exames de confirmação diagnóstica e o tratamento definitivo.

20. Se o socorrista for um profissional da área de saúde e possuir maior treinamento em


suporte básico de vida, pode ainda:

o Checar o pulso e a sensibilidade abaixo da área da lesão, antes e após efetuar a


imobilização, para certificar-se da presença de circulação.

o Na ausência de pulso ou se a extremidade da parte lesada estiver arroxeada, ali-


nhar o membro ferido executando a seqüência “tração-alinhamento” até que se
perceba a presença de pulso. Imobilizar em seguida, mantendo a tração.

o No caso de lesão nas articulações, se houver pulso e sensibilidade após a lesão,


imobilizar na posição encontrada. Se não houver pulso e sensibilidade, alinhar o
membro ferido executando a seqüência “tração-alinhamento” até que se perceba
a presença de pulso. Imobilizar em seguida, mantendo a tração.

Lembre-se...
Para avaliar a sensibilidade, peça à vítima para, se
for o caso:
• Abrir e fechar as mãos ou esticar os dedos
• Mover os pés
Na avaliação da sensibilidade esteja atento para:
• Sensação de formigamento
• Paralisia
• Ausência completa de sensibilidade na região

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Exemplos de imobilização

Imobilização para braço (úmero) flexionado sobre abdome.


Boa opção para ombro, clavícula, esterno e costelas.

Acompanhe agora algumas indicações de como imobilizar diferentes partes do corpo.


A seqüência apresentada parte da imobilização mais simples até a mais complexa. Lembre-
se no entanto, que a regra fundamental nº 8 determina a ordem de prioridade no atendi-
mento.

ANTEBRAÇO e PUNHO
Utilize uma tala de madeira, revista dobrada ou até um guarda-chuva fechado, sob o ante-
braço. Os dedos devem ficar expostos e em posição natural (sem esticá-los). Utilize uma
atadura ou material em tecido para fixar e improvise uma tipóia para que o braço não fique
abaixado.

BRAÇO (Úmero)
Respeite a posição na qual o braço foi encontrado. Caso esteja estendido ao longo
do corpo, imobilize-o junto ao corpo da vítima. Se dobrado sobre o abdome, utilize
materiais em tecido, fazendo uma tipóia para apoiar o braço, e em seguida, outras duas
amarrações, sendo uma acima e outra abaixo da lesão.

OMBRO e CLAVÍCULA
Utilize como tala o próprio corpo da vítima. Fixe o braço no tronco com um material em
tecido, sob a forma de tipóia, deixando os dedos visíveis. Se quiser intensificar a fixação,
utilize um segundo material em tecido, para fixar o braço no tronco, como no caso da
imobilização de braço.

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COSTELAS E ESTERNO
Graves por causarem enorme dificuldade respiratória, devem ser imobilizadas como
os ombros e clavícula, respeitando-se o lado afetado, no caso das costelas. Transporte
imediatamente.

PERNA
Utilize talas firmes, que se estendam do joelho até além dos pés e fixadas com material
em tecido. Fixe bem as duas articulações (joelho e tornozelo), executando a amarração
em “8”, conforme será descrito nas imobilizações de pé e tornozelo a seguir. Na ausência
de talas firmes, utilize a perna sadia, para imobilizar.

Imobilização para perna

PÉ E TORNOZELO
Para esta região, além da opção de imobilização semelhante à da perna, uma forma fácil e
rápida, é a utilização de toalhas ou travesseiros. Deve-se fixá-los com material em tecido,
acima e abaixo da lesão e para os pés, executar a figura em “8”.

Imobilização para pé e tornozelo.

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JOELHO
O joelho pode ser encontrado estendido ou dobrado. Se dobrado, faça um apoio com
travesseiros, e utilize talas para impedir que se estendam. Se estendido, imobilize-o
como no caso do fêmur. O primordial é lembrar-se de JAMAIS, tentar corrigir uma lesão
trazendo-a de volta ao normal, pois este é um procedimento médico e de altíssimo risco
para a vítima.

S eqüência da imobilização em “8” para os pés

FÊMUR
O fêmur pode ser imobilizado com talas longas, que se estendam do quadril até além do pé
ou até mesmo utilizando-se da perna sadia, como tala. Neste caso, antes de amarrar uma
perna na outra, acolchoe e utilize amarrações de tecido bem largas para não garrotear.

Imobilização para fêmur e pelve utilizando talas e o corpo da vítima

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PELVE (Bacia)
Trata-se de uma imobilização difícil e que depende da ajuda de outras pessoas. Você pre-
cisará de uma madeira longa e forte o suficiente para acomodar uma pessoa e de talas de
madeira longa que se estendam das axilas até os pés da vítima. Como alternativa, o pró-
prio corpo da vítima servirá para imobilizá-la. Siga os passos:

o 1ºpessoa: segura firmemente a cabeça.

o 2ºpessoa: segura os pés.

o 3ºpessoa: passa uma fixação em tecido ou atadura para fixar os pés, outra para os jo-
elhos e outra para os quadris, nesta ordem. Lembre-se de colocar acolchoados entre
as pernas.
Em seguida, prepare a madeira longa, que servirá como maca, colocando-a perto da vítima,
que será rolada sobre a mesma, como um bloco único. Para transportar a vítima, antes de
levanta-la, devemos fixá-la na maca usando amarrações firmes como cintos de segurança,
para que ela não caia.

COLUNA

Seqüência de rolagem da vítima sobre a prancha

F igura 1

F igura 2

F igura 3

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F igura 4
Primeiros Socorros

F igura 3

F igura 4

Figura n­° 1: técnica com 4 socorristas onde o 1º faz a fixação da cabeça. Figuras nº 2 a 4: técnica de rolagem em 3 pessoas.

Graves e com grande possibilidade de seqüelas incapacitantes, estas lesões são normal-
mente originárias de grandes acidentes e traumas como, quedas de altura, atropelamen-
tos, colisões, acidentes de mergulho e até ferimentos por arma de fogo. Alguns sinais e
sintomas que são fortes indicativos de lesão na coluna são:

• paralisia (vítima não consegue se movimentar)

• perda da sensibilidade de membros superiores e/ou somente de membros inferiores

• formigamento nas pernas e braços

• forte dor nas costas e pescoço

• dificuldade respiratória

• perda do controle da evacuação e urina


Diante de uma história de acidente grave ou de qualquer uma destas queixas, acione o
serviço de emergência de sua cidade imediatamente.
Se a vítima está consciente, peça para ela apertar sua mão e movimentar os pés, para
que possa ter uma idéia de suas limitações. Proceda como nos casos de imobilização de
bacia, providenciando a fixação adicional dos braços sobre o tórax e conseguindo auxílio e
uma tábua/maca.
Lembre-se...
Este procedimento deve ser executado unicamente por profissionais
da saúde treinados em técnicas de suporte básico.

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Primeiros Socorros

Para os profissionais da saúde é conveniente providenciar um colar cervical. Mesmo


que não possua um colar cervical do tipo comercial, é possível improvisar com tecidos
grossos ou toalhas. O mais importante é seguir a técnica básica de colocação do colar, para
a qual são necessárias 2 pessoas :

o 1ª pessoa: Colocando-se atrás da vítima, estabilizar manualmente a cabeça, através do


alinhamento em posição neutra em relação à coluna, a menos que encontre dor. Neste
caso, imobilizá-la na posição encontrada. Manter o alinhamento e a estabilização com
as 2 mãos até a colocação final do colar ou da improvisação.

o 2ª pessoa: Instalar o colar cervical do tamanho adequado, iniciando pela porção ante-
rior. Para checagem do tamanho é conveniente avaliar a altura existente entre o queixo
da vítima e o ombro.
Para improvisar um colar use uma camiseta ou pano de prato com revistas ou jornais do-
brados por dentro, ou dobre uma toalha de rosto no comprimento. Em ambos os casos,
as revistas, jornais e a toalha devem estar dobrados na altura correta, correspondente à
vítima.

Dúvidas mais comuns


1. Como proceder à imobilização de pessoas muito obesas?
Os procedimentos devem seguir as regras fundamentais. Porém, haverá dificuldades em
localizar fixadores apropriados e transporte. Solicite a ajuda de várias pessoas.

2 .Como colocar um colar cervical do tipo comercial?


O colar pode ser colocado na vítima sentada ou em pé.

o Um socorrista faz a fixação da cabeça com as 2 mãos, colocando atrás da vítima e fa-
zendo uma leve extensão e alinhamento, se necessário;

o Selecionar o tamanho do colar;

o Posicionar o colar sob a mandíbula da vítima e envolvê-lo no pescoço, pressionando


levemente nas laterais, para melhor adaptação;

o Prender com o velcro.

Senac São Paulo 97


Primeiros Socorros

3. Como improvisar uma tipóia?


As tipóias são úteis para as lesões de membros
superiores, tanto como agentes de imobilização
provisória, quanto para elevação da parte afetada
com objetivo de diminuir o sangramento e/ou
o inchaço. Elas podem ser confeccionadas de
improviso, com camisetas e bandagens simples
ou com modelos comercias e de bandagem
triangular. Na ilustração ao lado, demonstramos
como confeccionar uma tipóia com bandagem
triangular.

Confecção de tipóia utilizando bandagens triangulares.

Qual é a sua dúvida ?

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PASSO A PASSO
Princípios Fundamentais
⇒ Avaliação primária (prioridade da vida sobre a lesão)
⇒ Princípios fundamentais de imobilização

Antebraço, punho, braço, Pernas e joelhos Pé e tornozelo


ombro, clavícula,
costelas e esterno

Fêmur e pelve Coluna

Senac São Paulo 99


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CAPÍTULO 9
INTOXICAÇÕES

IMPORTÂNCIA E CONCEITUAÇÃO BÁSICA


As intoxicações caracterizam-se por distúrbios nas funções do corpo humano devido à
interação com substâncias químicas de qualquer natureza, seja de forma acidental ou in-
tencional.
Algumas dessas substâncias podem produzir efeitos tóxicos somente quando em quantida-
de elevadas. Esse é o caso de inúmeros medicamentos.
Dentre as substâncias que podem produzir intoxicações estão:

• Medicamentos (analgésicos, antidepressivos, estimulantes e xaropes etc.).

• Produtos de limpeza em geral (ceras, desinfetantes, água sanitária etc.).

• Cosméticos (acetona, talcos etc.).

• Derivados do petróleo (gasolina, graxa, óleo diesel etc.).

• Pesticidas, raticidas, inseticidas.

• Gases (fumaça de incêndio, monóxido de carbono, amônia etc.).

• Produtos químicos usados em empresas (alcalinos e ácidos). Ex.: Soda caústica.

• Plantas (comigo-ninguém-pode, espirradeira, trombetas etc.).

• Drogas ilícitas (cocaína, maconha, ecstasy, LSD etc.).

• Bebidas alcoólicas (destiladas ou fermentadas) e outras (cafeína e chás).

Senac São Paulo 100


Primeiros Socorros

As vias de acesso dessas substâncias ao corpo humano são:

• Ingestão (deglutição de substâncias por via oral) Ex.: Álcool, medicamentos, produtos
de limpeza etc.

• Inalação (através dos movimentos da respiração). Ex.: Monóxido de carbono, aeros-


sóis, fumaça etc.

• Absorção (contato com pele). Ex.: Plantas, tinta etc.

• Injeção (inoculação de substâncias no corpo, através de agulhas ou peçonha). Ex.: Me-


dicamentos, cocaína etc.

Suspeite que uma vítima esteja intoxicada quando houver:
- alterações na avaliação primária;
- alterações súbitas no comportamento;
- convulsão;
- antecedentes médicos ou na história pessoal;
- caixas de medicamentos, seringas, frascos de bebida, tinta ou outros indícios no ambiente;
- uso produtos químicos no ambiente profissional.

O objetivo do atendimento de primeiros socorros a vítimas com suspeita de intoxicação


é a manutenção da vida até o atendimento definitivo ser possível. Não se trata de tentar
determinar o agente causador através de sinais e sintomas, pois são inúmeros os agentes
causadores e inúmeros os sinais e sintomas apresentados. Trata-se apenas de suspeitar da
ocorrência de contato com um agente intoxicante e providenciar as medidas de manuten-
ção da vida e de transporte ao atendimento final.

PRIMEIROS SOCORROS ÀS VÍTIMAS DE INTOXICAÇÃO


Avaliação Primária
- Segurança de cena
- Responsabilidade
- Vias aéreas
- Respiração
- Circulação

Senac São Paulo 101


Primeiros Socorros

• Siga as Regras Básicas de Primeiros Socorros (pág.8), garantindo principalmente a


sua segurança para evitar entrar em contato com a substância envolvida;

• Remover a vítima do local de risco, colocando-a em um ambiente arejado e seguro;

• Realizar a avaliação primária da vítima principalmente se ela estiver inconsciente, tra-


tando os problemas conforme encontrados (atente para a ocorrência de obstrução das
vias aéreas e parada cardiorrespiratória);

• Remover as roupas que tiverem sinais de conta-


minação ou contato com a substância envolvida;

• No caso de substâncias químicas em contato


com a pele, lave intensamente com água corren-
te. Caso seja um produto químico em pó, antes
de lavar, retire o excesso de substância com um
pano seco;

• No caso da retirada de roupas ou lavagem com água corrente, esteja atento para a
ocorrência de hipotermia. Aqueça a vítima enquanto aguarda o socorro profissional;

• Se for necessário transportar a vítima:

o Vítimas inconscientes sem outros traumas devem ser transportadas em posição de


recuperação (decúbito lateral esquerdo);

o Vítimas conscientes com dificuldade respiratória devem ser transportadas em po-


sição semi-sentada;

o Leve junto à vítima, potes, frascos ou outros recipientes que contenham restos da
substância;

o Esteja atento para a ocorrência de vômito. Nesse caso, posicione a vítima em


decúbito lateral esquerdo e se possível recolha parte do líquido para encaminhar
junto ao paciente, até o hospital.

CONSIDERAÇÕES SOBRE A INTOXICAÇÃO AGUDA PELO ÁLCOOL


A intoxicação aguda pelo álcool ou o alcoolismo agudo pode ser considerada a causa mais
comum de intoxicação em nosso meio.
Os sinais e sintomas apresentados são dependentes da substância envolvida (tipo de bebi-
da) e do teor alcoólico em relação ao peso, altura e as condições físicas do indivíduo.

Senac São Paulo 102


Primeiros Socorros

A ingestão de bebida alcoólica sofre grande influência da cultura de uma população e chega
a ser um comportamento socialmente aceito, como em nosso país. No entanto, há estreita
relação entre a ingestão excessiva de bebida alcoólica e a violência interpessoal, a ocorrên-
cia de acidentes e de doenças como pancreatite e problemas hepáticos.
O etanol (álcool contido nas bebidas mais comuns) é um líquido volátil, incolor, inflamável
e com alto poder de penetração no corpo humano. É absorvido no estômago (20%) e
nos intestinos (80%), sendo eliminado pelos rins e pulmões através da urina e expiração,
respectivamente.
O principal efeito do etanol é a potente depressão do sistema nervoso central. No entanto,
níveis baixos dessa substância no sangue levam a certa desinibição, euforia e aumento da
autoconfiança, além da fala arrastada, diminuição da coordenação motora e rubor facial,
que são efeitos muito bem toleráveis e que causam sensação de bem-estar. Níveis mode-
rados ou altos de álcool no sangue deprimem as funções do encéfalo e levam à sonolência,
à instabilidade emocional, à diminuição das respostas motoras e da consciência e até à
depressão do sistema respiratório, podendo evoluir para morte diante de complicações
respiratórias. A associação do etanol com drogas sedativas, anticonvulsivantes, antidepres-
sivas e até com analgésicos, pode potencializar tais efeitos.
Na abordagem em primeiros socorros da intoxicação aguda pelo álcool, siga os princípios
determinados anteriormente. Porém, esteja alerta para a ocorrência de dificuldades com
a respiração.
É importante ressaltar que a depressão do sistema nervoso central leva o indivíduo intoxi-
cado pelo álcool a alguns comportamentos que geram descaso e desprezo por parte das
outras pessoas. Nunca é demais lembrar que o Conselho Federal de Medicina considera
o alcoolismo agudo como uma enfermidade que leva à dependência física e psíquica do
usuário e não deve ser considerado simplesmente um vício. Não se deixe levar pelo com-
portamento usual. Seja diferente. Ajude. Preste socorro.

CONSIDERAÇÕES SOBRE A INTOXICAÇÃO AGUDA POR DROGAS ILÍCITAS


É alta a incidência de intoxicação por drogas ilícitas em nosso país, principalmente por ma-
conha, cocaína e seus derivados, como o crack.
A maconha é a mais comum e mais usada, provavelmente pelo seu menor custo e maior
facilidade de obtenção. Geralmente consumida na forma de um cigarro, como se fosse ina-
lada, seus efeitos variam de acordo com a pureza da droga e condições físicas e psicológicas
do usuário:

o Doses menores levam a alucinações visuais e auditivas, pensamento lentificado e dimi-


nuição da percepção da realidade e da própria identidade, olhos vermelhos, sedação e
sono;

o Doses mais elevadas levam a agitação, delírio e ansiedade.

Senac São Paulo 103


Primeiros Socorros

A cocaína é um pó fino e branco que pode ser aspirado via nasal ou injetado. Seu derivado
mais consumido é o crack que é encontrado em formato de cristais (como pequenas pe-
dras) e pode ser inalado como um cigarro.
Inicialmente o uso desse tipo de droga ilícita leva a certa euforia e instabilidade emocional
com agitação e alucinações. Em uma fase mais avançada, esses sinais se acentuam e podem
ser acompanhados do mais grave sinal que é o comprometimento das funções do coração
(incluindo a dor no peito e PCR) e até convulsões e coma.
Esse grupo de vítimas precisa de atendimento médico, psicológico e social em longo prazo
e na fase aguda, principalmente ajuda médica. Promova os cuidados de primeiros socorros
descritos e providencie transporte imediato ao atendimento definitivo. Na medida do pos-
sível, possibilite um ambiente confortável e tranqüilo, sem cobranças. Seja cooperativo.

Qual é a sua dúvida ?

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Primeiros Socorros

PASSO-A-PASSO
1 Seguir as regras básicas de primeiros socorros
2 Ambiente arejado e seguro
3 Avaliação primária da vítima

4 Estar atento para a ocorrência de problemas respiratórios e cardíacos (PCR e dor no peito),
ocorrência de vômitos e alteração no comportamento habitual.

5 Remover roupas em contato com as substâncias.


Se substâncias químicas em pó, lavar com água abundante.

6 Aquecer a vítima
7 Enquanto aguarda o socorro posicione a vítima da seguinte maneira:
Vítimas inconscientes Vítimas conscientes

8 Transportar junto à vítima: potes, frascos e recipientes que


contenham restos da substância suspeita.
9 Se há suspeita do abuso de álcool ou drogas ilícitas promova
o atendimento como previsto e seja cooperativo.
10 Providenciar transporte

Senac São Paulo 105


Primeiros Socorros

CAPÍTULO 10
ACIDENTES COM
ANIMAIS PEÇONHENTOS

IMPORTÂNCIA E CONCEITUAÇÃO BÁSICA


Animais peçonhentos são aqueles que possuem aparelho inoculador de veneno, capaz de
injetar tal substância no corpo humano. São exemplos: as cobras, aranhas, escorpiões,
vespas e abelhas.
Animal venenoso é aquele possui veneno, mas não possui aparelho inoculador (Ex.: aranha
caranguejeira e seus pelos urticantes). Na prática, ambos os termos são usados para desig-
nar o mesmo grupo de animais.
Esse tipo de acidente é comum em áreas urbanas e rurais. No entanto, números oficiais não
demonstram isso, uma vez que há pouca notificação e registro formal de tais acidentes.
Muitas vezes, em comunidades rurais, os ferimentos são tratados com medidas caseiras
e pouco confiáveis. Nesse capítulo, serão abordados os principais aspectos dos acidentes
mais comuns e o atendimento de primeiros socorros esperado, incluindo as medidas que
jamais devem ser realizadas.
Os acidentes mais comuns produzidos pelos animais peçonhentos são:

o Ofidismo: acidente com cobras

o Escorpionismo: acidente com escorpiões

o Araneísmo: Acidente com aranhas

o Com abelhas e vespas

Senac São Paulo 106


Primeiros Socorros

OFIDISMO

Atenção
NÃO CABE AO SOCORRISTA IDENTIFICAR O TIPO DE
COBRA OU MESMO CAPTURÁ-LA.
A identificação pode ser feita através dos sinais e sintomas
da vítima e a captura deve ser realizada apenas por pessoal
especializado.
PRESTE SOCORRO À VÍTIMA.

Em nosso país os acidentes com cobras são comuns principalmente nos meses quentes
(novembro a abril) e durante o período diurno. As serpentes que mais causam aciden-
tes são:

• Jararaca e outras do gênero Bothrops como a jararaca pintada, jararacuçu e a urutu


(88,2%).

• Cascavel (8,2%): Única a possuir chocalho ao final da cauda, é a responsável pelo


maior número de mortes.

• Surucucu (2,9%): Enormes e com escamas, são comuns em grandes florestas.

• Coral (0,7%): Com halos de cores bem marcantes, têm hábitos noturnos e são pouco
agressivas.
É muito comum que a vítima não consiga dar informações suficientes sobre o animal, a
ponto de permitir sua identificação. Por essa razão, a observação dos sinais ou sintomas re-
feridos pela vítima pode ser fundamental para o médico durante o atendimento definitivo.

Senac São Paulo 107


Primeiros Socorros

Acompanhe no quadro abaixo algumas características da ação do veneno desses animais


sobre o corpo humano:

Outras
Tipo de cobra Ação do veneno Local da picada observações e
sinais

Destrói as proteínas Muita dor, inchaço e Se for inoculada


dos tecidos gerando formação de bolhas grande quantidade
necrose e tem de sangue. de veneno, pode
Jararaca
ação anticoagulante haver hemorragia
levando a nas gengivas e pelo
hemorragias. nariz.

Tóxica ao tecido Formigamento e Dor muscular,


nervoso e muscular. discreta dor local. paralisia dos
músculos da face,
pálpebras caídas,
visão turva e até
Cascavel
parada respiratória.
A lesão de tecidos
musculares pode
levar a graves
problemas nos rins.

Semelhante à da Muita dor, inchaço e Inoculam grande


jararaca e ainda com formação de bolhas quantidade de
Surucucu
ação tóxica para o de sangue. veneno.
tecido nervoso.

Tóxica para o tecido Dormência e Paralisa a


nervoso. discreta dor. musculatura das
costelas causando
Coral dificuldade para
respirar. Pálpebras
caídas, visão dupla e
excesso de salivação.

Com o objetivo de evitar acidentes com esse grupo de animais, observe alguns cuidados:

• Mantenha sua residência livre de entulhos;

• No campo, use botas, sapatos ou botinas sempre com cano alto;

• Não coloque a mão em buracos na terra, em madeira oca ou qualquer local em que
não haja visibilidade;

• Antes de ultrapassar troncos caídos ou andar por barrancos ou margens de rios e lagos,
examine o local, antes de avançar.

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Primeiros Socorros

ESCORPIONISMO

Atenção
NÃO CABE AO SOCORRISTA IDENTIFICAR O TIPO DE ESCORPIÃO
OU MESMO CAPTURÁ-LO.
A identificação pode ser feita através dos sinais e sintomas da vítima e a
captura deve ser realizada apenas por pessoal especializado.
PRESTE SOCORRO À VÍTIMA.

Os escorpiões são animais da família das aranhas (aracnídeos) que vivem junto ao lixo, en-
tulho, sujeira e umidade. Com hábitos noturnos, saem para caçar animais vivos, dos quais
se alimentam.
Alcançaram importância diante do alto número de acidentes ocorridos nas cidades e pela
gravidade dos sinais e sintomas, principalmente em idosos e crianças abaixo de 7 anos ou
desnutridas.
Os escorpiões que mais causam acidentes no Brasil são o escorpião amarelo e o marrom, sen-
do que o primeiro possui o veneno com a maior toxicidade e maior intensidade dos sintomas.
Os sinais e sintomas produzidos por esse tipo de acidente são:
o Dor e formigamento local
o Náuseas, excesso de salivação, diarréia e dor abdominal
o Alterações no ritmo do coração e alterações de pressão arterial
o Problemas pulmonares levando a dificuldade para respirar
o Hipotermia
o Dor de cabeça, escurecimento da visão, tonturas e coma

ARANEÍSMO

Atenção
NÃO CABE AO SOCORRISTA IDENTIFICAR O TIPO DE ARANHA
OU MESMO CAPTURÁ-LA.
A identificação pode ser feita através dos sinais e sintomas da vítima e a
captura deve ser realizada apenas por pessoal especializado.
PRESTE SOCORRO À VÍTIMA.

Mesmo com baixa mortalidade, esse tipo de acidente tem importância diante da possibi-
lidade de lesões graves. Acontecem mais em áreas urbanas, no período diurno e durante
todo o ano.

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Primeiros Socorros

As aranhas que causam interesse diante do maior número de acidentes que provocam são:
a aranha armadeira (60,7% dos casos), a aranha marrom, a viúva-negra ou flamenguinha, a
aranha de jardim e as caranguejeiras.
Acompanhe, no quadro abaixo, algumas características desses animais e a ação de seu ve-
neno sobre o corpo humano:

Ação do
Tipo de aranha Local da picada Características gerais
veneno
Tóxico para Dor intensa, • Acidente mais comum.
o sistema inchaço e reações • Agressivas e grandes têm 5cm e
nervoso. locais que podem alcançam até 15cm de envergadura.
se irradiar para • Habitat: residências, folhagens de
outras partes bananeiras e de jardim.
Armadeira
próximas. • Normalmente só sinais locais.
• Casos graves podem evoluir com
tremores, distúrbios visuais e até
convulsões.
• Em crianças pode levar ao choque.
Destrói as Ausência de dor. • Comuns no sudeste do Brasil.
proteínas • Hábitos noturnos, vivem no interior
dos tecidos, das residências (atrás de móveis,
levando à em porões, sótãos, sapatos e outros
necrose. locais escuros e quentes).
• São mansas e pequenas, picam
Marrom
quando comprimidas contra a roupa.
• A ausência de dor no ato da picada
leva a vítima a não dar valor ou nem
perceber o acidente.
• A demora na busca de ajuda pode
produzir graves problemas locais e
até necrose.
Tóxico para Dor intensa com • Habitat: Regiões praianas.
o sistema irradiação. • Possuem o abdome de cor vermelha
nervoso. e preta.
Viúva-negra
• Leva à dor muscular intensa,
contraturas generalizadas e
convulsões.
Leve Dor local. • Menores que as armadeiras.
destruição • Não são agressivas.
Aranha de das proteínas. • Habitat: gramados próximos a
jardim residências.
• Possuem um desenho no formato de
uma seta no dorso.
Ação Coceira extrema. • São assustadoras.
urticante. • Não possuem peçonha.
• Lançam pêlos urticantes, situados no
Caranguejeiras dorso do abdome, causando reações
locais.
• Mal-estar, tosse e dificuldade para
respirar.

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Primeiros Socorros

ACIDENTES COM ABELHAS


Os acidentes com abelhas se tornaram mais comuns no Brasil após os anos 60 quando as
abelhas africanas foram trazidas ao nosso país. Hoje encontramos em nosso país as abelhas
alemãs, italianas, africanizadas e as africanas, sendo as duas últimas as mais agressivas.
O veneno das abelhas possui inúmeras substâncias ativas potentes que levam a reações
locais e por todo o corpo, devido à lesão nas células, lesão nos glóbulos vermelhos,
lesão neurológica e até alteração nos vasos sanguíneos. Resta o conforto de saber que,
ao picarem, as abelhas perdem o seu aparelho inoculador (ferrão) e parte do abdome e
morrem.
Esse tipo de acidente pode provocar manifestações muito diferentes, dependendo da sen-
sibilidade do indivíduo ao veneno e do número de picadas. Basicamente existem 3 tipos de
resposta de um indivíduo ao contato com o veneno das abelhas:

1. Acidentes com uma ou poucas picadas em um indivíduo não sensibilizado: Leva


a forte dores locais, inchaço, vermelhidão e calor local, que regridem rapidamente;

2. Acidentes com uma ou mais picadas em indivíduo sensibilizado: Muito grave e


de risco de morte, diante da possibilidade de choque anafilático que se inicia em alguns
minutos. Leva a sinais de dificuldade respiratória e rápida evolução para parada respi-
ratória e cardíaca.

3. Acidentes com múltiplas e simultâneas picadas como num ataque por um en-
xame: Ex.: 300 ou mais picadas em um adulto de 55kg ou cerca de 30 picadas em uma
criança de menos de 2 anos. Caracteriza-se por dor e inchaço generalizado, agitação e
dificuldade respiratória que pode evoluir para parada respiratória e cardíaca.

REGRAS BÁSICAS DE PRIMEIROS SOCORROS ÀS VITIMAS DE ACIDENTES


COM ANIMAIS PEÇONHENTOS
• Siga as Regras Básicas de Primeiros Socorros (pág.8), garantindo principalmente a
sua segurança para evitar um acidente enquanto o animal estiver próximo;
• Remover a vítima do local de risco, colocando-a em um ambiente seguro;
• Realizar a avaliação primária da vítima principalmente se ela estiver inconsciente, tratando
os problemas conforme encontrados
(atente para a ocorrência de complicações respiratórias);
• Manter a vítima deitada e em repouso;
• Retirar anéis e adornos;
• Limpar o ferimento com água e sabão e cobrir com tecido
limpo seco ou gazes secas se possível;
• Busque transporte rápido para o hospital.

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Primeiros Socorros

• JAMAIS EXECUTE QUAISQUER UM DOS PROCEDIMENTOS ABAIXO:

o Garrotear o membro para conter o avanço do veneno pelo corpo;

o Incisões no local da picada na tentativa de drenar o veneno para fora do corpo;

o Injetar soro ou água no local da picada do animal.


Obs.: Geralmente é possível identificar o tipo de animal de acordo com a história relatada
pela vítima. Informe a equipe do atendimento hospitalar sobre todos os detalhes do animal
que lhe foram passados.

Lembre-se que...
Idosos e crianças são mais susceptíveis ao efeito de venenos.

CONSIDERAÇÕES ESPECIAIS

1. Soro:

• Para os acidentes com cobras, escorpiões e algumas aranhas, está indicado o uso
de soro específico ou polivalente (anti-ofídico, anti-aracnídeo e anti-escorpiônico
respectivamente).

• O soro previne o agravamento das lesões mas não regenera o que já foi lesado.

• Quanto mais precoce a sua administração, menores os efeitos do veneno sobre a


vítima. Providencie transporte rápido para o atendimento hospitalar.

2. Ofidismo:

• Nos acidentes com jararacas e surucucus diante da possibilidade de inchaço acentuado


no local da picada, pode-se elevar o membro afetado na tentativa de reduzir e impedir
o agravamento do problema.

• Nos acidentes com a cascavel, se a vítima chegar muito precocemente ao hospital ela
pode estar ainda sem sinais de gravidade. Isso pode confundir o atendimento e atrasar
a utilização do soro indicado. Se possível descreva o animal, na tentativa de facilitar o
diagnóstico.

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Primeiros Socorros

3. Acidentes com abelhas:

• A área da picada pode ter um círculo mais claro, circundado por um halo averme-
lhado. O ferrão deve estar na área clara.

• A rápida remoção do ferrão é benéfica, pois impede seu aprofundamento e a ino-


culação do restante do veneno contido nele mesmo.

• Não use pinças, o dedo ou nada que comprima o ferrão e sua bolsa de veneno.

• O ferrão deve ser empurrado para fora com ajuda de movimentos rentes a pele e
de baixo para cima.

Qual é a sua dúvida ?

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Primeiros Socorros

PASSO-A-PASSO

1 Seguir as regras básicas de primeiros socorros

2 Ambiente arejado e seguro

Avaliação primária da vítima

Estar atento para a ocorrência de problemas respiratórios

5 Manter a vítima deitada e em repouso

6 Retirar anéis e adornos

Limpar o ferimento com água e sabão e cobrir com tecido


limpo seco ou gazes secas se possível

8 Providenciar transporte

Na medida do possível, relatar as características do animal para a equipe do


9
atendimento definitivo

Se ofidismo – Inchaço no local? Eleve o membro afetado.


10
Se acidentes com abelhas – Há ferrão? Retire.

Senac São Paulo 114


Primeiros Socorros

CAPÍTULO 11
TRANSPORTE E
MOVIMENTAÇÃO
DE VÍTIMAS

Nas grandes cidades, o transporte de vítimas até o hospital mais indicado e próximo deve
ser realizado preferencialmente por serviços de emergência organizados, com ambulâncias
e pessoal treinado.
No entanto, em muitas situações, pode ser necessário transportar rapidamente a vítima
do local onde ela está para um local mais seguro ou mesmo para o hospital, no caso de
inexistência de serviços organizados para fazê-lo.
Contudo, a movimentação e o transporte mal realizados podem causar piora do quadro
da vítima. Para evitar que o transporte coloque em riso todo o atendimento prestado, é
preciso avaliar as condições da vítima, a distância a ser percorrida e as opções possíveis de
transporte.
Acompanhe abaixo algumas opções de formas de transporte.

TRANSPORTE POR UM SOCORRISTA

• Apoio para o caminhar e transporte nos braços

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Primeiros Socorros

• Transporte nos ombros

• Transporte por arrasto (cobertor, lençol ou a própria camisa)

DOIS SOCORRISTAS

• Transporte por “cadeirinha”

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Primeiros Socorros

• Transporte pelos membros (ou do “Bombeiro”)

• Transporte em rede

• Transporte na cadeira

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Primeiros Socorros

• Transporte em prancha rígida (porta, ripa de madeira etc)

3 OU MAIS SOCORRISTAS

• Levantamento horizontal para o transporte

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Primeiros Socorros

• Transporte em prancha rígida com 4 socorristas (Ideal para o transporte de vítimas


com suspeita de lesão na coluna).

Atenção: Antes de realizar o transporte, relembre a técnica de colocação da vítima na


prancha!

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Primeiros Socorros

IMPROVISANDO MACAS PARA O TRANSPORTE

• Com cobertores ou lençóis

• Com camisetas ou camisas comuns

Senac São Paulo 120


Primeiros Socorros

CONSIDERAÇÕES ESPECIAIS PARA PROFISSIONAIS DA SAÚDE


Os profissionais de saúde, de segurança e da polícia, entre outros, têm acesso a alguns
equipamentos e recursos especiais de transporte e imobilização de vítimas.
Dentre esses recursos destacam-se o colar cervical, a prancha longa rígida com cintos de
segurança e os fixadores de cabeça. Juntos, tais recursos se complementam e promovem
uma imobilização mecânica muito efetiva, podendo ser encontrados no comércio em lojas
especializadas.
Esses recursos são utilizados em qualquer situação em que se suspeite da ocorrência de
um evento traumático ou nos casos em que nenhuma informação sobre o que aconteceu
à vítima está disponível. No caso de acesso difícil à vítima e/ou de um local muito estreito
ou com fatores que dificultem a locomoção e a movimentação das equipes, pode-se lançar
mão dessa estratégia também.
O colar cervical é um recurso que pretende imobilizar a coluna cervical, limitando a flexão
da coluna em 90% e a extensão, lateralização e rotação em até 50%. Na prática os colares
cervicais não imobilizam adequadamente, somente promovem a sustentação do pescoço e
limitam os movimentos, sendo necessária a associação à estabilização manual ou mecânica,
com o auxílio do fixador e da prancha longa rígida.
É fundamental que o colar cervical seja do tamanho correto e esteja firmemente coloca-
do. Se for menor, permitirá a flexão, se maior, promoverá a hiperextensão do pescoço.
Se frouxo, não promoverá a limitação dos movimentos, se apertado em demasia, poderá
comprometer a circulação do pescoço.
A técnica de colocação do colar prevê:

• No mínimo 2 socorristas.

• O primeiro socorrista é responsável pelo posicionamento neutro e alinhado da cabeça.

• O segundo socorrista é o responsável pela colocação do dispositivo.

• O primeiro socorrista deverá manter o alinhamento e a estabilização manual até a co-


locação do fixador.
Obs: Na maioria dos adultos será necessário ajustar com a diferença entre a prancha longa
e cabeça alinhada em posição neutra com coxins, pois há uma certa hiperextensão da co-
luna. Nas crianças abaixo de 7 anos, podem ser necessários coxins à altura do tronco para
evitar a esperada flexão devido ao alinhamento.
A prancha longa rígida é um equipamento que permite a imobilização mecânica provisória
e o transporte da vítima. É usada para proteger a coluna, a cintura pélvica e os membros,
ou mesmo para transporte simples em locais de difícil acesso ou deslocamento.

Senac São Paulo 121


Primeiros Socorros

A técnica de colocação da vítima na prancha prevê:

• A manutenção da estabilização manual da cabeça.

• A análise da posição da vítima acidentada e a tomada de decisão sobre o lado para a


execução da técnica de rolagem.

• A colocação do dispositivo ao longo do paciente e a mobilização por rolagem realizada


preferencialmente por no mínimo 3 socorristas.

Obs: Considerar a hipótese de posicionar a vítima sobre a prancha com a técnica “a ca-
valeiro” que exige no mínimo 3 socorristas e um ajudante para posicionar a prancha.

• Fixar o paciente sobre a prancha com o auxílio de cintos de segurança. Ao fixar o pa-
ciente na prancha longa, os socorristas devem:

o Utilizar pelo menos 3 pontos de fixação com cintos de segurança, no sentido crâ-
nio-caudal (tronco, cintura pélvica e membros inferiores);

o Fixar os braços da maneira mais confortável ou viável à condição do paciente;

o Preencher todos os espaços com coxins para evitar a movimentação lateral do


paciente na prancha ou a fricção de pontos ósseos;

o Fixar o tronco com cintos de segurança para evitar o movimento da vítima para
cima ou para baixo ou para os lados;

o Imobilizar a cabeça com fixadores laterais de cabeça, comerciais ou improvisados.

• Durante todo o processo de imobilização na prancha, refazer a avaliação primária e o


exame das condições circulatórias (presença de pulsos distais, coloração da pele, reen-
chimento capilar) e motoras.

O fixador de cabeça comercial é um dispositivo formado por:

• uma base fixada sobre a prancha longa, sobre a qual deverá ser colocada a cabeça da
vítima;

• 2 blocos pré-formatados de espuma, que serão colocados nas laterais da cabeça da


vítima, sobre a base;

• 2 tiras ou faixas que servirão para a fixação de todo o conjunto. Uma colocada sobre
a fronte e a outra para segurar os blocos laterais, deve passar sobre o colar cervical à
altura do mento.

Senac São Paulo 122


Primeiros Socorros

O fixador de cabeça deve ser aplicado somente após a fixação do tronco com cintos. Até
esse momento, é preferível utilizar a imobilização manual da cabeça. Somente após a ins-
talação do fixador, a imobilização manual poderá ser abandonada. Frascos de soro, lençol,
talas moldadas, toalhas, cobertores e outros recursos improvisados podem substituir o
recurso comercial e executar a fixação lateral da mesma forma.
O Comitê do Prehospital Trauma Life Support da Associação Nacional de Emer-
gências dos Estados Unidos, lembra que “...a imobilização completa não é uma experiência
confortável para a vítima. Quanto maior o grau e a qualidade da imobilização, menor será o
conforto do paciente... O uso desses recursos devem alcançar o equilíbrio entre proteger
e imobilizar a vítima e tornar essa experiência o mais tolerável possível ao paciente.”

Profissional da saúde, bombeiros e outros


Lembrem-se que a fase das imobilizações não
deve ser uma prioridade, nem deve atrasar o
encaminhamento para o atendimento definitivo.
Treine suas habilidades e mantenha a atenção
sobre as condições que ameaçam a vida.

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Primeiros Socorros

CAPÍTULO 12
MATERIAIS BÁSICOS DE
PRIMEIROS SOCORROS

Uma vez que você já conhece os princípios e as técnicas fundamentais de primeiros socor-
ros, talvez sinta a necessidade de se preparar melhor para uma situação de emergência,
organizando itens básicos em uma caixa ou mesmo em um local predeterminado de seu
escritório ou residência. Estamos falando da famosa caixinha de primeiros socorros, en-
contrada em todos os lares brasileiros.
A proposição abaixo segue com rigor os princípios apresentados em toda a apostila. Por-
tanto, você não encontrará lista de medicamentos ou materiais muito elaborados.
Observe que há uma lista de itens que não podem faltar (fundamentais) e outra com itens
adicionais, que podem ser adquiridos conforme sua disponibilidade e nível de treinamento
e habilidades.
A quantidade proposta de cada item se baseia no princípio de atendimento a uma vítima de
cada vez, sendo necessário repor o material a cada utilização.
A maioria dos itens pode ser improvisada com materiais de sua casa ou adquirida na far-
mácia mais próxima.
Preocupe-se em observar os prazos de validade.

LISTA DE ITENS FUNDAMENTAIS

• 01 Máscara para reanimação boca-a-boca • 01 rolo de esparadrapo de mais de 3 cm de


largura ou 1 rolo de fita crepe
• 01 sabonete cortado em fatias
• 01 lençól de solteiro
• 01 toalha de rosto dobrada
• 03 sacos plásticos simples vazios e dobrados
• 05 pacotes de gazes
• 03 frascos de soro fisiológico à 0,9%
• 05 rolos de atadura de crepe

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Primeiros Socorros

LISTA DE ITENS ADICIONAIS


Além dos itens propostos na lista fundamental, observe a possibilidade de adicionar:
• 01 reanimador ventilatório manual tipo Ambú • 01 colar cervical tamanho grande
• 02 jogos comerciais de talas flexíveis de • 01 colar cervical tamanho pediátrico
imobilização (de diferentes tamanhos) • 01 prancha longa rígida de madeira
• 01 colar cervical tamanho pequeno • 01 fixador de cabeça
• 01 colar cervical tamanho médio

Senac São Paulo 125


Primeiros Socorros

BIBLIOGRAFIA
1. American College of Surgeons- ACS. Committe on Trauma. Advanced Trauma
Life Support Manual. 6 ed.,1997.

2. Comitê do PHTLS da National Association of Emergency Medical Technicians


(NAEMT) em cooperação com o Comitê de Trauma do Colégio Americano de
Cirurgiões. Atendimento Pré-hospitalar ao Traumatizado: básico e avançado.
Rio de Janeiro (RJ), 2004.

3. Grant H, Murray RH, Bergeron JD. Emergency care. Colorado: Morton, 1989.

4. Cardona VD et all. Trauma Nursing. From resuscitation through rehabilitation.


Philadelphia, Saunders: 1994.

5. Hafen BQ, Karren KJ, Frandsen KJ. Primeiros socorros para estudantes. São
Paulo: Manole, 2002.

6. São Paulo, Prefeitura Municipal. Protocolos de atendimento pré-hospitalar.


Suporte Básico de vida para enfermeiros, 2006 (s.n.t).

7. American Heart Association. Diretrizes 2005 para RCP. Currents in Emergency


cardiovascular care 2005, 16(4).

8. Higa EMS, Atallah AN, Schiavon LL, Kikuchi LOO, Cavallazzi RS. Guias de
Medicina Ambulatorial e Hospitalar. UNIFESP/Escola Paulista de Medicina.
Medicina de Urgência. São Paulo: Manole, 2004.

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