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Interbio v.6 n.1 2012 - ISSN 1981-3775

A ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE: UMA


REVISÃO

THE PSYCHOLOGIST PRACTICE IN THE BRAZILIAN HEALTH CARE


SYSTEM: A REVIEW

SOUZA, Ana Lúcia Martins de 1; GARBINATO, Lígia Regina 2; MARTINS, Rosemeire Pereira Souza 3.

Resumo

O estudo apresenta um levantamento da produção científica concernente à atuação do psicólogo no Sistema


Único de Saúde. Pela análise de artigos científicos, foram destacados temas como a formação acadêmica, as
atribuições do psicólogo no campo da saúde, a inserção deste profissional nos diversos cenários da saúde
pública e, principalmente, a crítica às práticas existentes nesse contexto. É percebida a necessidade de revisão
da formação acadêmica do profissional de Psicologia, fornecendo subsídios para sua atuação, observando a
realidade dos usuários dos serviços de saúde.

Palavras-chave: Formação Acadêmica, Profissional de Psicologia, Sistema Único de Saúde.

Abstract

This study presents a survey of scientific literature concerning the psychologist practice in the Brazilian
Health Care System. Analyzing scientific articles were presented topics such as the academic formation, the
psychologist attributions in public health, the inclusion of this professional in different places of public health
and, specially, the criticism to the practices in this context. We perceived the need for review of academic
formation in Psychology, providing subsidies to professional performance, observing the reality of users in
health services.

Key-words: Academic Formation, Practitioner of Psychology, Brazilian Health Care System.

1
Psicóloga, especialista em Saúde Pública pelo Centro Universitário da Grande Dourados (UNIGRAN).
ana.sz@hotmail.com. Telefone (67) 9904-5150.
2
Farmacêutica, Especialista e Mestre em Saúde Coletiva, docente do Programa de Especialização Lato Sensu
em Saúde Pública do Centro Universitário da Grande Dourados (UNIGRAN). ligia.garbinato@gmail.com.
3
Psicóloga, Mestre em Ciência da Saúde, docente de graduação e pós-graduação do Centro Universitário da
Grande Dourados (UNIGRAN). rose_souza31@hotmail.com. .

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Introdução Electronic Library Online (SciELO –


Brasil), serão identificados os principais
A prática do psicólogo no campo aspectos da prática profissional do
das políticas e da execução de ações em psicólogo em instituições públicas de
saúde mental é importante tendo em vista saúde mental.
os objetivos da Política de Saúde brasileira. Para tanto, iniciamos uma
O modelo assistencial que rege as ações de investigação que abrangeu o processo
saúde desenvolvidas pelo Sistema Único histórico de evolução do conceito de saúde
de Saúde (SUS) é embasado nas formas de e de saúde mental; a elaboração de
intervenção no processo saúde-doença que políticas públicas de âmbito nacional
incluem a promoção, a prevenção e a relativa à área; e a formação profissional e
recuperação da saúde dos cidadãos inserção do psicólogo no plano das práticas
(SILVA, 1992; CAMPOS; 1992a; SPINK, em saúde mental inseridas na saúde
2003). pública.
Desta forma, o profissional de Tendo em vista que a elaboração do
Psicologia se destaca neste contexto por Sistema Único de Saúde data de 1990, as
entender as questões de saúde em uma discussões sobre a inserção do psicólogo
interface entre o social e o coletivo, por seu neste âmbito são muito recentes, fator este
conhecimento estar intimamente que nos leva a utilizar referências desse
relacionado com o conceito de saúde em período histórico até a atualidade,
vigor e, principalmente, por representar a considerando o pioneirismo das discussões
superação de enfoques centrados em um propostas nas produções científicas
indivíduo abstrato e ahistórico, tão mencionadas a seguir.
frequentes nas ciências biológicas
(YAMAMOTO; CUNHA, 1998; O conceito de Saúde Mental
AMORIM, 2003; LOBOSQUE, 2003
SPINK, 2003). Historicamente, podemos apreender
Este estudo trata de uma revisão da a evolução do conceito de saúde como o
literatura sobre as práticas existentes do estado do que é são, ou seja, uma condição
psicólogo em saúde mental no Brasil, o geral do corpo e da mente em relação às
marco inicial consiste na definição de doenças e ao vigor físico e mental, ou
saúde pela Organização Mundial de Saúde ainda o estado do que não tem doenças ou
(OMS, 1948), abrangendo também, as ferimentos (GARCIA, s/d).
primeiras movimentações de profissionais Neste sentido, a definição da
em prol de melhorias, no âmbito do Organização Mundial da Saúde (OMS),
Sistema Único de Saúde, relacionadas ao datada de 1948, apresenta-se como notável
campo da saúde mental, bem como a evolução do conceito de saúde, que a
promulgação da Lei nº 10.216, de 6 de define como o “estado de completo bem-
abril de 2001 (BRASIL, 2001), e estar físico, mental e social que não
estendendo-se até o cenário atual da saúde consiste somente na ausência de uma
mental no País. doença ou enfermidade” (OMS, 1948 apud
Esta revisão busca enfatizar a SCLIAR, 2007, p. 37).
participação do psicólogo nas lutas por Desta forma, pode-se considerar
mudanças e melhorias na Política Pública que, apesar de criticada por muitos
de Saúde adotada no Brasil. Após um estudiosos como utópica, inatingível ou
levantamento de artigos científicos na base simplesmente impossível (ALMEIDA
de dados da plataforma Scientific FILHO; JUCÁ, 2002; DEJOURS, 1986), a

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definição apresentada pela OMS serve curativas como as preventivas


como pano de fundo à elaboração de (CARVALHO; SANTOS, 2002).
políticas públicas em saúde aos países É possível reconhecer que o
filiados a essa instituição, entre eles o conceito de saúde introduzido pela OMS e
Brasil. preservado pela legislação brasileira, tanto
No contexto nacional, na Constituição Federal como nas Leis que
reconhecemos a influência dessa definição definem o SUS, é de uma integração entre
quando a Carta Magna (BRASIL, 1988), os aspectos sociais, biológicos e
no Artigo n° 196, expressa que “a saúde é psicológicos como determinantes do estado
direito de todos e dever do Estado, de saúde. Rey (1997), afirma que a falta de
garantido mediante políticas sociais e integração entre qualquer um desses
econômicas que visem à redução do risco aspectos e os demais predisporia o
de doença e de outros agravos e ao acesso indivíduo ao estado de doença.
universal igualitário às ações e serviços Segre e Ferraz (1997), apontam o
para sua promoção, proteção e conceito de saúde apresentado pela OMS
recuperação”. como uma grande evolução para o âmbito
Tendo em vista atender ao descrito da saúde pública, por significar o início de
no referido Artigo 196, é promulgada a Lei um rompimento com o objetivismo
nº 8.080, de 19 de setembro de 1990 e a científico, mas discutem a impossibilidade
Lei nº 8.142 de 28 de dezembro de 1990, da caracterização da seguinte expressão
que juntas compõem a Lei Orgânica da incluída: o perfeito bem-estar, pois esta
Saúde (LOS) e embasam a criação do apresenta conceito subjetivo e
Sistema Único de Saúde (SUS), que tem personalizado. Sendo apontada também
como princípios doutrinários a como impossível a diferenciação entre os
universalidade, a integralidade e a termos utilizados bio, psico e social, uma
eqüidade, e como princípios organizativos vez que esses três possuem conceitos que
a descentralização, a regionalização com são indissociáveis e integrados.
hierarquização e o controle social Porém, atualmente é percebido que
(BRASIL, 1990a; BRASIL, 1990b; a prática no campo da saúde nos permite
BRASIL, 2001). enxergar que o conceito de saúde, apesar
O SUS, assim implementado, da divisão entre os três aspectos, visa à
apresenta dois objetivos primordiais: a articulação e não a cisão entre cada um
identificação de fatores condicionantes e deles. Apesar de ter como objetivo o
determinantes da saúde e a prestação de perfeito bem-estar, é reconhecidamente
assistência às pessoas de forma universal válido dizer que este somente será
(CARVALHO; SANTOS, 2002). alcançado se houver melhoria nas
Em consequência da identificação condições determinantes da saúde de cada
dos fatores condicionantes e determinantes brasileiro.
da saúde surge a formulação de políticas de
saúde destinadas a promover, no campo Histórico da Saúde Mental
econômico e social, a redução dos riscos de
doenças e outros agravos ao bem-estar Um modelo de atendimento em
físico, mental e social do indivíduo e da Saúde Mental no Brasil baseado na
coletividade. Já a prestação de assistência exclusão do sujeito do convívio social,
às pessoas ocorre por meio de ações de com sua internação em hospitais
promoção, proteção e recuperação da psiquiátricos (manicômios) por longos
saúde, integrando tanto as medidas períodos de tempo é observado no Brasil

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até meados da década de 1970 Reestruturação da Assistência Psiquiátrica


(LOBOSQUE, 2003b). dentro dos Sistemas Locais de Saúde
Entretanto, a partir do período de (SILOS), na Venezuela (BRASIL, 2001).
redemocratização política, os próprios Neste evento é elaborada a Declaração de
trabalhadores desses hospitais psiquiátricos Caracas, assinada por diversos países
começaram a denunciar as péssimas latino-americanos, após a constatação de
condições a que eram submetidos os um quadro desolador de quase
pacientes, dando início às primeiras encarceramento dos portadores de
movimentações que buscavam a transtornos mentais nos hospitais
articulação de propostas contra o modelo psiquiátricos e propondo uma nova visão
manicomial, em busca de modificações do sobre a Assistência Psiquiátrica, prevendo
sistema asilar de Assistência em Saúde “um atendimento comunitário,
Mental (CAMPOS, 1992b; ESCOLA DE descentralizado, participativo, integral,
SAÚDE PÚBLICA JOAQUIM contínuo e preventivo” (BRASIL, 2001, p.
VENÂNCIO, 2003; LOBOSQUE, 2003b). 11).
É importante ressaltar que as A referida assistência deve ser
denúncias sobre os hospitais psiquiátricos, estruturada dentro do Atendimento
citadas anteriormente, foram Primário em Saúde, considerando a
impulsionadas pelo denominado reestruturação dos SILOS, promovendo
Movimento de Luta Antimanicomial, que modelos alternativos de tratamentos,
tem início na Itália na década de 1960 e se centrados na comunidade e dentro de redes
reflete no Brasil em meados da década de sociais, respeitando, acima de tudo, os
1980 (RESENDE, 2001; SILVA, 2003). O direitos humanos (ESCOLA DE SAÚDE
objetivo desse Movimento foi a elaboração PÚBLICA JOAQUIM VENÂNCIO,
de uma Reforma Psiquiátrica que viesse a 2003).
superar o modelo de então, buscando uma Dois anos mais tarde, em 1992, é
sociedade sem manicômios, onde seria realizada a II Conferência Nacional de
possível construir um lugar social para as Saúde Mental, já com a participação de
pessoas com transtornos mentais, ou seja, representantes de usuários, trabalhadores e
uma sociedade de inclusão (AMORIM, prestadores de serviços (donos de clínicas
2010) privadas conveniadas ao SUS), tendo como
No ano de 1987, acontece a I foco a discussão da reestruturação da
Conferência Nacional de Saúde Mental, na atenção à Saúde Mental no Brasil, dentro
qual se estabelece um consenso mínimo dos princípios da municipalização e da
entre os técnicos e profissionais de saúde preservação da cidadania dos doentes
pela necessidade de alteração do modelo da mentais (BRASIL, 1992; ESCOLA DE
assistência psiquiátrica, pretendendo SAÚDE PÚBLICA JOAQUIM
também envolver outros setores da VENÂNCIO, 2003).
sociedade civil na luta por melhorias no Como reflexo desse início da
atendimento ao portador de transtornos reestruturação das políticas brasileiras em
mentais (BRASIL, 1988; ESCOLA DE saúde mental, é promulgada a Lei Federal
SAÚDE PÚBLICA JOAQUIM n° 9.867, de 10 de novembro de 1999, que
VENÂNCIO, 2003; NASCIMENTO, dispõe sobre a criação e o funcionamento
1999). de Cooperativas Sociais, permitindo o
No cenário internacional, em desenvolvimento de programas de suporte
novembro de 1990, é realizada a psicossocial para pacientes psiquiátricos,
Conferência Regional para a em acompanhamento nos serviços

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comunitários, configurando-se em um médico, tais como o psicólogo, o assistente


valioso instrumento para viabilização dos social e o terapeuta ocupacional,
programas de trabalho assistido, e inclusão determinando, principalmente, a atuação
do portador de transtorno mental na vida dos CAPSs como serviço estratégico de
diária, em seus aspectos econômicos e substituição ao hospital psiquiátrico
sociais (BRASIL, 2001). (BRASIL, 2000; BRASIL, 2002a;
Decorrente desse novo olhar sobre BRASIL, 2002d; BRASIL, 2004;
o portador de transtorno mental e visando BRASIL, 2006).
prioritariamente a sua inclusão social, é O CAPS é definido como um
criada a Lei Federal nº 10.216, de 6 de serviço comunitário ambulatorial que tem
abril de 2001, a qual dispõe sobre a como responsabilidade o cuidado de
proteção e os direitos das pessoas pessoas que sofrem com transtornos
portadoras de transtornos mentais e mentais, em especial os transtornos severos
redireciona o modelo assistencial em saúde e persistentes, em seu território de
mental (BRASIL, 2001). abrangência. A atenção disponibilizada
A nova Lei se apresenta de forma nestes Centros inclui ações dirigidas aos
universal, enfatizando a não exclusão de familiares e compromete-se com a
nenhum portador de sofrimento psíquico, construção de projetos de inserção social,
em virtude de “orientação sexual, família, respeitando as possibilidades individuais e
recursos econômicos, grau de gravidade e os princípios de cidadania, minimizando os
tipo de evolução de seu transtorno”, estigmas e promovendo a qualidade de
relacionando os direitos desses indivíduos, vida e inclusão social (DIMENSTEIN,
garantindo a continuidade dos cuidados 1998; BRASIL, 2002c; ESCOLA DE
para a clientela dependente das instituições SAÚDE PÚBLICA JOAQUIM
psiquiátricas e reforçando a inclusão social VENÂNCIO, 2003).
do usuário dos Serviços de Saúde Mental As ações dos CAPSs vêm pautadas
(BRASIL, 2001, p. 15). pelos princípios da Reforma Psiquiátrica,
A III Conferência Nacional de defendidos pela Luta Antimanicomial, por
Saúde Mental ocorreu em dezembro de prever a desinstitucionalização, a redução
2001, tendo como temática principal a de leitos psiquiátricos, a organização da
exposição das conquistas expressas pela distribuição de medicamentos e o
aprovação da Lei nº 10.216 e portarias tratamento com objetivo de reinserção
ministeriais que surgiram para regular a social do portador de transtornos mentais
Assistência em Saúde Mental no Brasil, (BRASIL, 2002c; SILVA, 2003;
consolidando a estratégia dos serviços FIGUEIREDO; RODRIGUES, 2004).
comunitários, organizados nos Centros de
Atenção Psicossocial (CAPS), como A prevenção e a assistência em Saúde
dispositivos prioritários de organização da Mental
atenção (BRASIL, 2002b; ESCOLA DE
SAÚDE PÚBLICA JOAQUIM É válido lembrar que os serviços
VENÂNCIO, 2003). oferecidos pelo SUS são divididos em dois
A partir do ano de 2002, o planos: o da Prevenção e o da Assistência,
Ministério da Saúde publica portarias que e que ambos são subdivididos em primário,
norteiam progressivamente a organização secundário e terciário (BEAGLEHOLE et
do atendimento psiquiátrico no Brasil, bem al., 2003; ROUQUAYROL; ALMEIDA
como o atendimento em saúde mental FILHO, 2003). O trabalho do psicólogo
envolvendo outros profissionais que não o pode ser identificado em ambos os planos e

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nas três subdivisões (NASCIMENTO, complexidade, principalmente os


1999). atendimentos ambulatoriais, com função de
A Prevenção é entendida como a diagnóstico, tratamento e recuperação da
“ação antecipada, tendo por objetivo saúde, também denominada atenção básica
interceptar ou anular a evolução de uma (ROUQUAYROL; ALMEIDA FILHO,
doença” (ROUQUAYROL; ALMEIDA 2003). De acordo com Jekel et al. (2005),
FILHO, 2003, p. 676), seja atrasando ou incluem-se nos serviços primários de
interrompendo a sua progressão Assistência à Saúde os locais para
(MAUSNER; KRAMER, 2004), seja reabilitação ou convalescença e a
aumentando a resistência do indivíduo assistência domiciliar organizada.
(JEKEL et al., 2005). Na assistência secundária estão
Trata-se na prevenção primária de previstos os atendimentos gradualmente
todas as ações de promoção da saúde e mais complexos, como os atendimentos em
proteção específica antes da sobrevinda de hospitais com especialidades, os próprios
patologias (ROUQUAYROL; ALMEIDA Centros de Atenção Psicossocial, entre
FILHO, 2003). Dessa forma, o objetivo é outros (ROUQUAYROL; ALMEIDA
limitar a incidência de uma doença por FILHO, 2003; JEKEL et al., 2005).
meio do controle de suas causas e fatores Já na assistência terciária são
de risco (BEAGLEHOLE et al., 2003) abrangidos os hospitais de grande porte e
Já a prevenção secundária inclui especializados que concentram tecnologia,
ações realizadas com indivíduos que já servindo de referência para os demais
apresentam o agente patogênico, isto é, níveis de assistência e também
quando já existe a patologia, pelo participando ativamente na educação
diagnóstico precoce e tratamento, com o médica e pesquisa clínica
fim de recuperar a saúde e evitar possíveis (ROUQUAYROL; ALMEIDA FILHO,
sequelas. E a prevenção terciária visa o 2003; JEKEL et al., 2005).
desenvolvimento das “medidas adotadas Para explicar as atividades do
após a sobrevinda das conseqüências da psicólogo neste ínterim, Nascimento
doença” (ROUQUAYROL; ALMEIDA (1999), descreveu uma pioneira divisão em
FILHO, 2003, p. 677), evitando assim, três níveis de assistência, primária,
sequelas físicas ou sociais que a doença secundária e terciária, sendo esta
possa trazer como resultante (JEKEL et al., complementar à classificação
2005). anteriormente apresentada. Apesar do
Beaglehole et al. (2003), entendimento de que a atuação do
consideram ainda a existência do nível psicólogo na saúde pública ocorre na forma
primordial de prevenção, que estaria de assistência, é considerado que a
inserido antes do nível primário. Esta é prevenção está presente nos três níveis,
entendida com o objetivo de impedir o conforme é possível observar a seguir.
estabelecimento de padrões sociais, As atividades do psicólogo
econômicos e culturais que contribuiriam direcionadas ao coletivo que são
para o risco do surgimento de doenças. denominadas de assistência primária
Na Assistência à Saúde, as ocorrem basicamente quando este atua
subdivisões tratam dos tipos de serviços junto de equipes multiprofissionais
oferecidos de acordo com sua enfocando principalmente ações
complexidade. A assistência primária é a direcionadas a problemas de saúde em
chamada porta de entrada dos SUS, onde geral, e não apenas de saúde mental
são prestados serviços de baixa (NASCIMENTO, 1999).

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Destacam-se nesse nível os Saúde pode ser exemplificada por


trabalhos educativos e de indicadores de produção de conhecimento,
acompanhamento, que visam além da associados aos esforços de integração e de
assistência, a prevenção e promoção da intercâmbio de pesquisadores e de
saúde. Nesse sentido, o objetivo da profissionais interessados no tema.
assistência primária é o de prevenir a A seleção de trabalhos para esta
necessidade de atendimentos ambulatoriais revisão foi feita com base em pesquisa
e hospitalares (GIOIA-MARTINS; bibliográfica realizada no indexador de
ROCHA JÚNIOR, 2001). produção científica Scientific Electronic
As atividades desenvolvidas em Library Online (SciELO – Brasil), que
assistência secundária são as abrange uma coleção selecionada de
tradicionalmente conhecidas como de periódicos científicos brasileiros. Foram
atuação do psicólogo, abrangendo o utilizadas as seguintes palavras-chave:
atendimento clínico psicoterápico Psicologia, ou Psicólogo e Saúde,
individual ou grupal, psicodiagnóstico, apresentadas nas palavras do título do
atuação em equipes multiprofissionais, artigo, de acordo com o foco desta
tendo como principal local de trabalho os pesquisa.
ambulatórios e hospitais especializados ou Foram selecionados trabalhos
gerais (NASCIMENTO, 1999). publicados a partir da criação do SUS
As atividades realizadas em (década de 1990 até a atualidade), tendo
assistência terciária correspondem a um em vista seu pioneirismo e impacto na
trabalho de reabilitação psicológica, nesse literatura. Ressaltando que muitos
âmbito, “o psicólogo deve ter como trabalhos publicados a partir da criação do
objetivo evitar a invalidade social e SUS iniciaram discussões que permeiam a
conseqüentemente reintegrar o indivíduo, atuação do psicólogo e perduram até os
qualquer que tenha sido a causa do seu dias atuais.
problema ou doença: emocional, doença A referida pesquisa apresentou
mental, acidentes traumáticos, entre trinta e três produções científicas como
outros”, prevenindo assim novos agravos resultado da busca, das quais vinte e nove
(NASCIMENTO, 1999, p. 48). são artigos científicos, sendo estes últimos
Estão entre as atividades aplicadas os selecionados para serem utilizados no
no nível terciário: a assistência psicológica, trabalho.
os grupos psicoterápicos, a psicoterapia
individual, a exploração de casos clínicos Discussão dos resultados
para psicodiagnóstico e a orientação a
pacientes e familiares (NASCIMENTO, O psicólogo em sua atuação no
1999). campo da Saúde Mental se utiliza de um
Observa-se, portanto, que no campo arcabouço de conhecimentos teóricos e
de atuação do psicólogo existe uma práticos determinados pela Psicologia da
correlação entre o seu trabalho assistencial Saúde. Entendemos esta última, de acordo
e as ações voltadas para a prevenção. com a precursora definição de Matarazzo
(1982), como sendo um conjunto de
A base de dados da pesquisa contribuições para a promoção e
manutenção da saúde, para a prevenção e
O interesse crescente pelo debate e tratamento de doenças, para a identificação
pela discussão da prática envolvida na de etiologias e diagnósticos relacionados à
atuação do psicólogo no Sistema Único de saúde, à doença e às disfunções, bem como

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para o aperfeiçoamento do sistema de a principal unidade de cuidado em saúde: a


políticas da saúde. família, tendo como desenvolvimento a
Tal definição, tendo como um dos conquista da relação com esse ambiente e
objetivos o aperfeiçoamento das políticas os desdobramentos dessa relação
públicas em saúde, destaca a atuação de (FRANCO; BASTOS, 2002).
um profissional de Psicologia Um desses desdobramentos que
comprometido com o contexto social em pode ser ressaltado envolve a questão da
que se insere. É possível perceber a desinstitucionalização do paciente e
atuação do psicólogo tanto no aspecto da revisão das práticas do psicólogo diante
prevenção quanto da assistência à saúde. das mudanças exigidas na atuação dos
No documento do Conselho Federal profissionais no âmbito da saúde pública
de Psicologia intitulado Atribuições (CAMPOS, 1992b), de modo geral, nos
Profissionais do Psicólogo no Brasil não há CAPS (FIGUEIREDO; RODRIGUES,
a categoria correspondente à de psicólogo 2004) e nas Unidades Básicas de Saúde
da saúde (CONSELHO FEDERAL DE (DIMENSTEIN, 1998).
PSICOLOGIA, 1992). Os autores apontam as principais
No entanto, as atividades mais dificuldades para a conquista da inserção
semelhantes às descritas anteriormente definitiva do psicólogo nesse campo, que
para este profissional estão descritas na exige a versatilidade e o compromisso com
classificação do psicólogo clínico, que o rompimento de práticas cristalizadas,
atuaria “na área específica da saúde, muitas vezes elitizadas ou ligadas à
colaborando para a compreensão dos permanência de longo prazo do portador de
processos intra e interpessoais, utilizando o transtornos mentais às instituições de
enfoque preventivo ou curativo, saúde, tendo como principais tratamentos a
isoladamente ou em equipe internação, a medicalização e a separação
multiprofissional em instituições formais do doente de seu convívio social
ou informais” (CONSELHO FEDERAL (DIMENSTEIN, 1998; FIGUEIREDO;
DE PSICOLOGIA, 1992, p. 1). RODRIGUES, 2004).
De acordo com Lo Bianco et al. A reinserção social desse sujeito
(2006), tal definição, tão abrangente, nem ainda é vista com ressalvas, pois o
sempre existiu, e surge a partir de psicólogo se mostra resistente às
mudanças sociopolíticas e socioculturais exigências de mudanças para as práticas
no País, .além das que ocorreram no campo integradoras e participativas com os
da Psicologia, que juntas impulsionaram a usuários desses serviços (DIMENSTEIN,
emergência da necessidade de uma prática 1998; DIMENSTEIN, 2000). Um
transformadora. entendimento das atividades do psicólogo
Dentre as produções científicas neste cenário com caráter de prevenção e
levantadas, Franco e Bastos (2002), de assistência primária é percebido como
apontam para a utilização de teorias de essencial para o desenvolvimento de uma
base no trabalho do psicólogo voltado para nova perspectiva de atuação.
instituições de saúde, especificamente no As produções científicas
Programa/Estratégia Saúde da Família, pesquisadas apresentam, principalmente, a
como por exemplo, a psicologia do necessidade de reconhecimento da
desenvolvimento em interface com a intersecção entre a psicologia e o social,
vigilância sanitária. apresentando uma crítica à
Disso resulta a importância da descontextualização da prática do
compreensão do território em que se insere profissional psicólogo no SUS.

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É salutar a necessidade de reconhecem a necessidade de


construção de novas práticas voltadas para desenvolvimento desse novo campo de
a produção social da saúde, práticas saber, incluindo a elaboração ou
comprometidas com o bem estar social e, reformulação de pressupostos teóricos e
consequentemente, com a cidadania. Para metodológicos para o desenvolvimento de
tanto, é reconhecida também a necessidade novas formas de atuação e práticas
de ampliação do alcance do trabalho do profissionais.
psicólogo para além do espaço físico Uma vez que esta necessidade não é
institucional e de estabelecimento de suprida, grande parte dos profissionais
vínculos entre o profissional e a acaba por transpor o modelo da prática
comunidade onde se inserem os serviços clínica tradicional, individualizante, para
oferecidos em Saúde Mental (CAMPOS, os espaços públicos, mesmo sem
1992a; DIMENSTEIN, 2000; contextualização diante da grande demanda
DIMENSTEIN, 2001; TRAVERSO- por práticas eminentemente coletivas e
YÉPEZ, 2001; GIOIA-MARTINS; abrangentes (REY, 1997; YAMAMOTO;
ROCHA JÚNIOR, 2001; SPINK, 2003). CUNHA, 1998; SILVA et al., 1998;
Assim sendo, dois aspectos NASCIMENTO, 1999; SPINK, 2003).
importantes se destacam ao estudarmos a Segundo Nascimento, “a formação
inserção e o trabalho do psicólogo na saúde básica do psicólogo tem sido, ainda,
pública, especificamente no âmbito do direcionada para os aspectos individuais e
SUS: a composição de um novo campo de curativos de assistência” (1999, p. 44). Se
saber e o aprimoramento da formação considerarmos os três planos de assistência
acadêmica para atuação nesse novo campo citados anteriormente, o trabalho do
de saber. psicólogo privilegiaria o atendimento
Este novo campo é denominado psicológico na assistência secundária e
Psicologia da Saúde tanto por Yamamoto e terciária. É possível constatar, então que “a
Cunha (1998), como por Rey (1997) e por atuação psicoterápica, que é apenas um dos
Silva, Oliveira e Franco (1998) em seus braços da clínica, é muitas vezes
trabalhos. Apesar da definição de vivenciada, pelos profissionais da área,
Matarazzo, datada de 1982, a ciência como sinônimo dela” (NASCIMENTO,
psicológica somente reconhece e volta-se 1999, p. 31).
para esse campo de estudos mais de uma A origem e a solução da
década depois. problemática acima descrita, para os
Para Yamamoto e Cunha (1998), a autores, estariam na formação profissional.
Psicologia da Saúde, derivada da A origem porque a imagem mais
Psicologia Clínica, é na verdade um campo popularmente conhecida de psicólogo é a
de atuação, e a Clínica, um local de do clínico de atuação psicoterápica, o que é
atuação, dessa forma, fazendo parte da reforçado pela academia, que fornece mais
primeira, somente difere-se desta por possibilidades de atuação nesse modelo
assumir um potencial de avaliação e (DIMENSTEIN, 2001).
manejo de problemas de saúde, além Segundo levantamento sobre a
daqueles tidos na atuação comum do grade curricular dos cursos de Psicologia
psicólogo clínico, quais sejam, os no País realizado por Amorim (2003),
problemas emocionais e psicopatológicos. apesar de reconhecida a necessidade de
No entanto, Rey (1997), SILVA et revisão da formação acadêmica, poucas
al. (1998), Yamamoto; Cunha (1998), universidades incluem em seus currículos
Nascimento (1999) e Spink (2003), disciplinas que abrangem a atuação

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profissional em políticas públicas ou, Com o levantamento das produções


quando incluem, partem de uma científicas, percebemos que as temáticas
perspectiva burocratizante e predominantes nos estudos da atuação do
descontextualizada. psicólogo em saúde pública são a formação
De acordo com a autora, os avanços profissional; as práticas nos diversos
da ciência psicológica e a emergência de contextos do SUS, como por exemplo, nos
práticas profissionais que vêm se CAPS, nas UBS e nos hospitais; e,
legitimando como mais comprometidas principalmente, a crítica à atuação do
com a realidade não estão sendo refletidas psicólogo, dada a descontextualização da
pela formação (AMORIM, 2003). sua formação e consequentemente do seu
O resultado dessa trabalho frente à demanda atendida em
descontextualização é a grande ineficácia saúde pública.
do trabalho do profissional de saúde mental É reconhecido que o psicólogo
nas instituições de saúde pública, com deveria pautar seu trabalho de assistência,
devidas exceções para trabalhos inclusivos levando em consideração as peculiaridades
e que consideram as especificidades da população beneficiária do SUS. Porém,
contidas na realidade dessas instituições a formação oferecida nas universidades,
(YAMAMOTO; CUNHA, 1998; ainda no período atual, não abrange este
DIMENSTEIN, 2001; YAMAMOTO et campo de atuação do psicólogo. Assim,
al., 2002). este profissional terá dificuldades em
Para Dimenstein (2000), o acompanhar e responder às demandas
atendimento psicológico em instituições de sociais e políticas por melhorias da
saúde pública será eficaz na medida em qualidade de vida da população usuária do
que compreender o conjunto de crenças sistema de saúde pública.
trazidas por seus usuários, ou seja, Necessita-se, portanto, a
psicólogos e pacientes devem compartilhar implementação de uma formação
de uma mesma visão de mundo, das adequada, que habilite o profissional a
mesmas idéias de causalidade e cura: realizar uma análise crítica da realidade
“Toda prática terapêutica só é eficaz se ela brasileira, que o capacite a detectar
funciona como um sistema simbólico para alternativas de intervenção, a acompanhar
o indivíduo, ou seja, se ela é capaz de lhe e responder ao contexto social e político da
oferecer uma explicação, um sentido para o população usuária do sistema de saúde
seu sofrimento e suas vivências” pública.
(FIGUEIRA apud DIMENSTEIN, 2000, p. Por isso busca-se uma reavaliação
111). do ensino, acompanhado de novas formas
Mudanças na formação profissional de atuação dentro do SUS, com vistas à
são percebidas como a solução para a melhoria dos serviços prestados pelo
atuação do psicólogo, pois é nesse psicólogo em saúde pública. O que é
momento que o futuro profissional deve demonstrado nas produções científicas por
receber a preparação necessária para o meio da ênfase na revisão das formas de
enfrentamento da realidade da saúde atuação do psicólogo dentro do SUS, da
pública, no espaço acadêmico devem ser análise das mesmas, dos efeitos
formuladas as contribuições para novas produzidos, das teorias utilizadas e da
formas de atuação e prática profissionais. verificação da relevância de suas próprias
práticas.
Considerações finais Acredita-se que essa pesquisa tem
sua importância por servir de base às

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