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ESTUDO DOS CONCEITOS DA CONSTRUÇÃO ENXUTA A

PARTIR DE UM CASO DE EMPREENDIMENTO HABITACIONAL


André Luiz Flores Refosco (UFPR) – arefosco@gmail.com

Ricardo Mendes Júnior (UFPR) – mendesjr@ufpr.br

Sérgio Scheer (UFPR) – scheer@ufpr.br

Tiago Francisco Campestrini (UFPR) – tiago@campestrinitecnologia.com.br

Marlon Camara Garrido (UFPR) – marlon.c.garrido@gmail.com

Resumo: O método adotado no presente trabalho consiste na identificação dos conceitos da


Construção Enxuta em algumas soluções aplicadas em um empreendimento habitacional na
cidade de Araucária (Paraná). Para que isto fosse possível, lançou-se mão de análises de
documentos da obra, observações no canteiro e entrevistas não estruturadas com o engenheiro
responsável pela obra e outros elementos da equipe. As soluções aplicadas pela empresa,
visando benefícios na economia, produção e eficiência da obra, foram: no planejamento e
controle da produção (Linha de Balanço, e Last Planner); O kit hidráulico para a separação
prévia, no almoxarifado, de peças destinadas a um cômodo com rede hidro sanitária; O uso de
pré-lajes para a aceleração e economia na execução das lajes. A central de argamassa, que
consiste em um silo que armazena o produto pronto, o que acarreta na simplificação de varias
etapas. Para a implementação do planejamento e controle da produção, optou-se pelo modelo
3D integrado da informação – modelo BIM, combinada com a simulação do cronograma –
modelo 4D. Como resultado obteve-se a apresentação da correlação dos princípios da
Construção Enxuta: reduzir a parcela das atividades que não agregam valor, aumentar o valor
do produto considerando as necessidades dos clientes, reduzir variabilidade, reduzir o tempo
de ciclo, simplificar reduzindo o número de passos ou partes, aumentar a flexibilidade,
aumentar a transparência do processo, focar o controle no processo global, introduzir a
melhoria contínua ao processo, balancear a melhoria no fluxo com as melhorias das
conversões e benchmark; com as soluções aplicadas na obra estudada.
Palavras-chave: Construção Enxuta, Last Planner, Lookahead Planning e BIM (Building
Information Modeling).
Abstract: This paper´s method consists on the identification of the Lean Construction
concepts in some solutions applied in a building site in Araucária (Paraná). For the
accomplishment of this, were performed files analysis, observations in the building site, non-
structured interviews with the construction manager and other team elements. The solutions
applied by the firm intending benefits in economy, production and efficiency of the
construction, were: in the production planning and control (Line of Balance and Last
Planner); hydraulic plumbing kit for the prior separation, in the warehouse, of the parts
intended for a room with hydro sanitary plumbing; the use of pre-slabs for the acceleration
and economy of slabs. Mortar central, that consists in one storing silo, resulting in simplifying
various stages. For the implementation of production planning and control, it was adopted the
3D information integrated model - BIM, combined with the simulation of schedule – 4D

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model. The result obtained is the presentation of the correlation of the Lean Construction
principles: reduce the share of non value-adding activities, increase output value through
systematic consideration of the customer requirements, reduce variability, reduce the cycle
time, simplify by minimizing the number of steps and parts, increase output flexibility,
increase process transparency, focus control on the complete process, build continuous
improvement on the process, balance flow improvement with conversion improvement and
benchmark; with the solutions applied in the studied construction.
Keywords: Lean Construction, Last Planner, Lookahead Planning and BIM (Building
Information Modeling).

1. Introdução
A indústria da construção civil tem passado nos últimos anos por várias mudanças de
paradigmas, sejam eles referentes a questões de segurança, tecnologias construtivas ou
materiais, mas principalmente do uso de tecnologias na concepção de projetos e no
planejamento de obras. No entanto isso não significa que a construção seja uma indústria
atrasada ou que não haja estudos e esforços contínuos para melhorias. Pode-se dizer, portanto,
que a indústria da construção tem seu ritmo próprio de desenvolvimento por conta de sua
complexidade e suas características únicas. Um bom exemplo de desenvolvimento adequado a
este ritmo próprio é a aplicação dos conceitos da Construção Enxuta e o uso do BIM
(Building Information Modeling).
Diversos trabalhos acadêmicos demonstram as inovações buscadas pelo setor. Um
estudo de referência aplicado em várias cidades brasileiras foi desenvolvido no início dos
anos 2000 que traçou um panorama da evolução da utilização de tais técnicas no país
(FREITAS et al. 1999, OLIVEIRA et al. e POZZOBON et al., 2004).
E é sob essa perspectiva unida à Construção Enxuta que o presente trabalho foi
desenvolvido, com o objetivo de relatar a aplicação das técnicas, equipamentos e soluções
observados em um empreendimento habitacional, classificando-os conforme os conceitos da
Construção Enxuta aos quais se enquadram.

2. Revisão bibliográfica
A partir dos anos 1990 uma nova forma ou filosofia de estruturar o processo de
execução (ou produção) da construção foi proposto e vem sendo adotada em vários países – a
construção enxuta. A construção enxuta também vem sendo aplicada aos processos de
planejamento e controle da produção, principalmente com base nos conceitos e ferramentas
desenvolvidas nos anos 1990 por Ballard e Howell (1998). Esta seção resume estes conceitos.
2.1 Construção Enxuta

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A filosofia Lean Production, iniciada através do Sistema Toyota de Produção, mais


tarde assim batizada, chegou à indústria da construção civil em 1992, a partir do trabalho de
Lauri Koskela (1992) - Application of the new production philosophy in the construction
industry. Essa publicação propõe a aplicação dessa nova filosofia na construção civil, o que
mais tarde veio a ser conhecida como Lean Construction ou Construção Enxuta.

Para se ter um melhor entendimento dos conceitos da Construção Enxuta é preciso


primeiro entender o conceito de valor. Segundo Formoso (2002) o conceito de valor está
diretamente vinculado à satisfação do cliente, não sendo parte da execução de um processo.
Assim, um processo só gera valor quando as atividades de processamento transformam as
matérias-primas ou componentes nos produtos requeridos pelos clientes, sejam eles internos
ou externos (FORMOSO, 2002, p.4).

Segundo Koskela (1992), na construção civil tradicional se define produção como as


atividades que transformam os insumos (inputs) em produtos (outputs), sendo apenas
analisadas as atividades que geram valor. Essa transformação é chamada de conversão, e
quando os processos de conversão são muito longos esses se dividem em subprocessos. Para o
autor esse modelo, de se olhar apenas para o que se agrega valor, é falho. Isso porque, não
contempla os fluxos que podem representar uma grande parte dos gastos em uma construção.
Já o modelo sugerido pelo autor contempla os fluxos, que são essenciais para processo
produtivo. Os fluxos são as atividades que não agregam valor e é por isso que podem ser
otimizados ou eliminados, para o autor o processamento é a única parte que realmente agrega
valor ao produto, sendo a inspeção, o movimento e a espera os fluxos. Assim se estuda uma
maneira de melhorar os fluxos para que eles levem um menor tempo ou sejam eliminados.

Entretanto, segundo Formoso (2002) nem toda atividade de processamento agrega


valor. Por exemplo, quando as especificações de um produto não foram atendidas após a
execução de um processo e existe a necessidade de retrabalho, significa que atividades de
processamento foram executadas sem agregar valor.

Para auxiliar no controle dos processos Koskela (1992) propôs onze princípios da
Construção Enxuta:

 Reduzir a parcela de atividades que não agregam valor


 Aumentar o valor do produto através da consideração das necessidades dos clientes
 Reduzir variabilidade
 Reduzir o tempo de ciclo

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 Simplificar reduzindo o número de passos ou partes


 Aumentar a flexibilidade do produto
 Aumentar a transparência do processo
 Focar o controle no processo global
 Introduzir melhoria contínua ao processo
 Balancear as melhorias no fluxo com as melhorias das conversões
 Benchmark (Referências de ponta)

2.2 Linha de Balanço

Na construção de um empreendimento há uma tendência de atividades repetitivas e


junto com a necessidade do aumento de produtividade, impulsionou o desenvolvimento da
técnica da Linha de Balanço. Essa técnica é referente ao planejamento de longo prazo.
Segundo Mendes Junior (1999) a Linha de Balanço nada mais é que um diagrama quantidade-
tempo para todo o processo.

Como cada atividade do planejamento tem um ritmo distinto e uma inter relação
entre si em algum determinado ponto, quando essas atividades se encontram, há uma alteração
no ritmo, prejudicando a produtividade.

A proposta da técnica da Linha de Balanço é fazer um balanceamento das atividades


para que elas sejam executadas continuamente sem interferência. Um dos grandes benefícios
da técnica da Linha de Balanço é que esta fornece ritmos de produção e informações de
duração em forma gráfica de fácil interpretação. O Gráfico da Linha de Balanço para uma
construção repetitiva pode ser facilmente construída e então mostrar rapidamente o que está
errado no andamento do projeto, e detectar possíveis gargalos futuros (MENDES JUNIOR,
1999).

2.3 Lookahead Planning

Segundo Ballard (1997) Lookahead Planning é uma técnica de planejamento de


médio prazo que tende a ser móvel. Ainda segundo o autor é considerada um elemento
essencial na melhoria da eficiência do plano de curto prazo e, consequentemente, para a
redução de custos e durações.

As atividades do Lookahead descrevem o processo de construção utilizado, métodos


construtivos e os recursos necessários para a execução, outros pontos considerados nesse
horizonte são a quantificação dos recursos disponíveis no canteiro e as restrições ao

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desenvolvimento dos trabalhos. O plano de médio prazo também pode contemplar mais
propósitos como modelar o fluxo de trabalho na melhor maneira possível, facilitando o
andamento do empreendimento; ajustar os recursos com os fluxos de trabalho; auxiliar na
identificação de operações que podem ser executadas de maneira conjunta; entre outras
vantagens.

2.4 Last Planner

A técnica de planejamento do Last Planner é aplicada para prazos curtos. O


planejamento de curto prazo ou operacional tem o papel de orientar diretamente a execução
da obra. Em geral, é realizado em ciclos semanais, sendo caracterizado pela atribuição de
recursos físicos (mão-de-obra, equipamentos e ferramentas) às atividades programadas no
plano de médio prazo (FORMOSO et al., 2001).

Para a implementação do Last Planner usa-se uma planilha que tem como principal
vantagem a sua simplicidade, que facilita a comunicação com todos os envolvidos no
processo de produção, e também a sua facilidade de entendimento e leitura. Outra vantagem é
o fato de que o planejamento de curto prazo é formalizado, e assim se tem um maior
comprometimento.

3. Materiais e métodos

O método adotado no presente trabalho consiste na identificação dos conceitos da


construção enxuta em algumas técnicas, uso de equipamentos e soluções aplicadas em um
empreendimento habitacional na cidade de Araucária (Paraná).

O protocolo de coleta de dados desta pesquisa tomou como base a lista de inovações
tecnológicas adotadas em canteiros de obras proposta por Freitas et al. (1999) e as correlações
de algumas destas com os conceitos da Construção Enxuta, observadas por Pozzobon et al.
(2004).

Para que a identificação dos conceitos da Construção Enxuta fosse possível, bem
como quais técnicas, equipamentos ou soluções os contemplavam, lançou-se mão de análises
de documentos da obra, observações no canteiro e entrevistas não estruturadas com o
engenheiro responsável pela obra e outros elementos da equipe como mestre de obras e
encarregado.

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4. Caso estudado

A escolha do empreendimento para o estudo se deu pelo fato da empresa de gestão e


planejamento da obra procurar aplicar nesta obra técnicas de construção enxuta e ferramentas
e sistemas de tecnologias da informação e comunicação, sendo, portanto, possível a
constatação dos benefícios esperados.

O empreendimento consiste em uma obra de um condomínio habitacional


pertencente a uma empresa incorporadora que contratou os serviços de outras duas empresas.
A primeira delas, a empresa de gestão de obras, é onde foi situada a pesquisa e a outra é a
empreiteira responsável pela execução da obra.

Deste modo, as tomadas de decisões eram feitas em conjunto e nenhuma empresa


tinha sua autoridade e autonomia sobreposta pela outra, desde que, acatando e estando em
conformidade com as exigências da contratante, que era a incorporadora.

A obra que permitiu este estudo de caso consiste na construção de um condomínio


habitacional pertencente ao programa de financiamentos Minha Casa Minha Vida da Caixa
Econômica Federal (CEF). A obra é composta por quatro torres de apartamentos, de quatro
pavimentos com seis unidades por andar, executadas em alvenaria estrutural.

4.1 Técnicas implantadas

As técnicas implantadas nesta obra foram a modelagem tridimensional dos projetos


para a previsão de interferências físicas da estrutura e os sistemas hidráulico e elétrico, o
layout do canteiro e outras soluções somente possíveis pela modelagem da informação (BIM).
Para o Planejamento e Controle da Produção (PCP) foram utilizadas as técnicas de Last
Planner System, Lookahead Planning e Linha de Balanço.

4.2 Estrutura organizacional

Por cada uma das empresas terem setores que desenvolvem atividades específicas a
estrutura organizacional da obra tem que ser observada como o conjunto dos setores de cada
empresa.

A incorporadora como proprietária da obra tem seus setores voltados para a parte
financeira, o gerenciamento dos recursos junto ao órgão financiador e o contato com os
prováveis clientes para vendas e personalização, feito através de uma imobiliária parceira. O
setor de qualidade, também pertencente à incorporadora, foi instituído para que a execução
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mantenha os padrões exigidos. Outro setor observado foi o de recursos humanos, que cuida do
enquadramento funcional interno.

A empreiteira também possui um setor de recursos humanos destinado ao


gerenciamento dos profissionais responsáveis pela execução da obra que são alocados em
outro setor, o de equipes de execução.

A empresa de gestão de obras é a que contempla mais setores uma vez que
desenvolveu o planejamento e a modelagem tridimensional antes do início da obra e que os
respectivos setores, planejamento e projetos, permaneceram após o início da mesma. Isto
aconteceu, pois o planejamento continuou sendo feito através do PCP e a manutenção dos
projetos foi mantida através do modelo virtual para extração de quantitativos, sanar dúvidas e
posteriormente para a emissão do as built. Todas estas etapas só ocorreram mediante a
aprovação do gerente da empresa, pois o mesmo, além de suas atribuições nesta, também é o
responsável técnico por alguns dos projetos e pela execução da obra. Com isso os projetos que
não foram elaborados pelo gerente da empresa de gestão de projetos foram contratados de
fornecedores externos, outro aspecto que justifica a necessidade da manutenção do setor de
projetos ao longo da obra.

Ainda na empresa de gestão estão os setores de orçamento e suprimentos. O primeiro


que além de obter as quantidades para aquisições de materiais, era o responsável pelo controle
do que foi previsto em relação ao realizado, afim do auxiliar no controle financeiro do
empreendimento. E o segundo responsável pela gestão do almoxarifado, suprimentos e
compra de materiais.

Por fim o setor de engenharia da empresa de gestão de obras representado pelo


gerente da empresa, nesse caso como engenheiro responsável pelos projetos e execução e pelo
encarregado que fica em tempo integral no canteiro para facilitar a comunicação entre o
mestre de obras e o engenheiro.

5. Apresentação das práticas de construção enxuta observadas

Algumas das soluções usadas na obra, objeto deste estudo de caso, foram adotadas
pela empresa de gestão de obras por suas características enxutas e por ter sido considerado
que estas contribuiriam para a economia, produção e eficiência do empreendimento. Portanto,
nesta seção serão expostas as soluções de acordo com os princípios em que se encaixam.

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5.1 Planejamento e controle da produção

O Planejamento e Controle da Produção aplica três diferentes técnicas que remetem a


cada nível de planejamento (longo, médio e curto prazo). Sendo assim no planejamento de
longo prazo a técnica utilizada foi a de linha de balanço, no médio prazo a técnica, difundida
na literatura como, Lookahead e por fim no curto prazo a técnica Last Planner idealizada por
Ballard e Howell (1998).

Ambas as três técnicas apesar de terem focos diferentes atendem aos mesmos
princípios da Construção Enxuta por pertencerem ao mesmo processo, o planejamento.

A melhoria do valor do produto através da consideração sistemática das


necessidades dos clientes, neste caso internos, ocorre através da definição e padronização das
equipes, dos locais, dos prazos e dos pacotes de serviços. A partir disso outro princípio pode
ser atingido, a redução da variabilidade, pois cada serviço será realizado por uma
determinada equipe em um determinado prazo e local. Outro princípio observado é o da
melhoria da transparência do processo através da fácil visualização da distribuição dos
pacotes de serviços ao longo do cronograma. Que contribui também para o controle focado
no processo global, ou seja, possibilita o controle de todos os fatores associados à obra.
Resultando em informações confiáveis que tornam possível a melhoria contínua seja na
própria obra ou em obras futuras.

5.2 Kit hidráulico

O kit hidráulico foi uma solução idealizada pela empresa de gestão e consistia na
separação, no almoxarifado, do conjunto de peças referentes a um determinado cômodo que
possui a passagem de rede hidro sanitária. Este era entregue ao profissional que o requisitou,
que recebe o kit no local de aplicação através do transporte pela manipuladora telescópica.
Para a definição das quantidades dos itens que formam o kit foi usado o modelo BIM.

Com isso foi possível diminuir a variabilidade das peças usadas em cômodos
semelhantes, evitando improvisos. Deste modo ocorre a simplificação e minimização do
número de passos, pois a definição da quantidade e posicionamento das peças já está
definida previamente. Contribuindo para a redução das atividades que não agregam valor
como, por exemplo, o caso do tempo perdido estudando a solução para o arranjo das peças e
as viagens desnecessárias ao almoxarifado para retirada ou substituição destas.

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5.3 Manipuladora Telescópica

A manipuladora telescópica foi escolhida para fazer o transporte tanto horizontal


como vertical da obra, por ser uma solução amplamente difundida em obras de mesmo porte,
o que pode ser visto como uma forma de benchmarking. No aspecto vertical ela substitui a
necessidade de equipamentos estáticos como guinchos ou elevadores em cada torre, além de
ter maior velocidade e capacidade de carga. Já no aspecto horizontal a manipuladora contribui
para a redução do transporte manual e das interferências de fluxos físicos, uma vez que é ela
que realiza a maior parte do transporte no canteiro.

Portanto, as atividades que dependem do transporte de materiais, a partir do


almoxarifado ou do local de estocagem, são reduzidas contribuindo para a redução das
atividades que não agregam valor, como o caso do transporte realizado manualmente por
um funcionário que poderia estar em outra atividade. A partir disso pode haver o
balanceamento das melhorias do fluxo com as melhorias de conversão uma vez que as
reduções dos tempos de transporte causados pela maior velocidade e capacidade do
equipamento permitem um maior foco nas atividades que agregam valor.

5.4 Pré-Lajes

O uso de pré-lajes é uma técnica executiva amplamente difundida, ou seja, mais um


exemplo de benchmarking. E foi a solução adotada para a redução da quantidade de formas,
escoramentos e do tempo de armação e montagem para a concretagem. Atendendo aos
princípios de simplificação e minimização do número de passos e partes, redução das
atividades que não agregam valor, redução do tempo de ciclo e variabilidade. Pois,
comparado ao sistema convencional o uso de pré-lajes tem menos etapas, com um processo
mais curto e homogêneo.

A satisfação dos princípios acima faz com que ocorra o balanço das melhorias de
fluxo com as melhorias de conversão.

5.5 Central de Argamassa

A central de argamassa consiste em um silo que armazena o produto pronto, o que


acarreta na eliminação da etapa de produção, estocagem e transporte dos insumos na obra, da
necessidade de mais um equipamento (betoneira), sua conservação e limpeza. Atividades que

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condizem com os princípios de redução das atividades que não agregam valor, redução e
simplificação do número de passos, redução do tempo de ciclo. Outro aspecto é a
uniformidade do traço da argamassa contribuindo para a redução da variabilidade.

Como nas duas soluções imediatamente anteriores esse também é um caso de uso
amplamente difundido, satisfazendo o princípio de benchmarking, e onde ocorre o balanço
das melhorias de fluxo com as melhorias de conversão.

5.6 Bim 3D e 4D

Para a implementação do planejamento e controle da produção, a empresa de gestão


de obras optou pelo modelo 3D integrado da informação – modelo BIM, combinada com a
simulação do cronograma – modelo 4D. Seguindo a tendência mundial, de planejamento
integrado com tecnologia da informação e comunicação na construção, o que pode ser visto
como benchmarking.

Com a visualização espacial e simulação do cronograma foi possível a melhoria da


transparência, foco do controle do processo global e aumento da flexibilidade da obra
através das análises de cenários, opções executivas, estudos de planos de ataque e
compatibilização interdisciplinar de projetos.

Além disso, foi possível a previsão de problemas e dificuldades pontuais bem como
as medidas para sana-las, acarretando na melhoria do valor do produto através das
considerações sistemáticas das necessidades do cliente, que neste caso podem ser
entendidas como eliminação dos imprevistos no momento da realização do processo,
atendendo também ao princípio da redução da variabilidade. Gerando uma quantidade de
informações que possibilitam o aprendizado incrementando a melhoria contínua.

6. Referências bibliográficas

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