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Rio de Janeiro
2013
Apresentação
A
Rede Maregráfica Permanente para Geodésia
(RMPG) representa o avanço do IBGE na direção
de atender aos requisitos fundamentais da
Geodésia moderna, integrando definitivamente o nível
médio do mar como parâmetro essencial à definição e
realização de sistemas geodésicos de referência no Brasil.
Este Relatório apresenta e discute os procedimentos
adotados para a análise das observações, o controle e
vinculação dos respectivos níveis de referência,
sintetizando a experiência de 12 anos da instituição no
monitoramento do nível do mar. Com isso, o IBGE subsidia
a vinculação dos Referenciais Verticais Brasileiros aos
demais níveis de referência maregráficos utilizados na
cartografia náutica e na engenharia costeira, e contribui
para os estudos da elevação global do nível do mar.
1. Introdução 7
4. Resultados Preliminares 31
Referências 39
Equipe Técnica 45
1. Introdução
“A utilização do nível médio do mar (NMM) como referência altimétrica tem sido
aceita mundialmente com base em conceitos arraigados sobre a existência de
um nível médio permanente e estático, bem como em necessidades práticas de
estabelecimento de redes de drenagem e cotas de segurança para estruturas
na região litorânea. Se por um lado as observações em escala global sobre os
oceanos derrubaram aquele conceito primitivo de uma superfície estática
(VANÍCEK, KRAKIWSKI, 1986), o crescimento da ocupação humana na zona
costeira exigiu maior refinamento na definição dos possíveis riscos de
inundação dessas áreas. (...) Portanto, as medições de nível do mar devem ser
acompanhadas de uma série de outras medições ambientais e geofísicas, que
permitam explicar as variações que eventualmente sejam observadas
(MERRY, VANÍCEK, 1981). Tal recomendação assume especial importância no
contexto de um datum altimétrico definido com base em mais de uma estação
maregráfica. Em cada uma delas os efeitos ambientais e geofísicos assumem
características diferenciadas, levando à necessidade de uma homogeneização
espacial das observações de nível do mar. Igualmente, deve haver a
simultaneidade de observações em todas as estações que definam o datum
altimétrico.” (LUZ, NEVES, FREITAS, 1996)
alcançada por meio da integração dos diferentes produtos e métodos geodésicos hoje
disponíveis. Um exemplo extremo dos impactos da utilização de múltiplas estações
maregráficas no estabelecimento de um datum vertical é a distorção norte-sul de até
1,5 m das altitudes australianas, cujo “datum de altitudes da Austrália” (AHD) foi
estabelecido com informações de 30 estações maregráficas (FEATHERSTONE et al.,
2011; FEATHERSTONE, 2002). No Brasil, parece ocorrer algo similar, no caso da
relação entre os data verticais de Santana e Imbituba:
Modelos globais de TNMM cada vez mais precisos vêm sendo produzidos por
diversas instituições geodésicas internacionais (e. g. KNUDSEN et al., 2011). A
avaliação parcial de um dos primeiros modelos, realizada no âmbito de uma pesquisa
acadêmica (LUZ, 2008), revelou alguns problemas que ainda inviabilizavam, àquela
época, a pretendida correção do NMM para uma eventual vinculação entre os data de
Santana e Imbituba.
Por outro lado, as informações produzidas pelas estações da RMPG são úteis
para diversas aplicações não geodésicas, tais como redução de sondagens para
conservação e ampliação da capacidade de portos e vias navegáveis, implantação de
infraestrutura (portos, rodovias, redes de água e esgoto etc) em regiões litorâneas e
Introdução 10
[a] [b]
Figura 1 – Marégrafo convencional: [a] representação esquemática (adaptada de IOC, 1985, p. 13); [b]
modelo utilizado na RMPG (Fonte: IBGE, 2010).
Figura 3 – Exemplo de sensor de pressão, observando-se o cabo preto que conecta o sensor ao
dispositivo de desumidificação (não mostrado) e o cabo metálico que conecta este dispositivo ao
datalogger.
[a] [b]
Figura 4 – Exemplos de sensores eletrônicos: [a] radar, Salvador; [b] conversor angular (“encoder”),
Fortaleza. Observa-se também, em [b], o pino de nivelamento do poço de tranqüilização onde se
encontra o “encoder” (Fonte: IBGE, 2010).
b. CRITNM e SLPLAC: crítica e filtragem dos dados dos arquivos diários e geração
dos arquivos anuais no formato SLPR2;
base à previsão da maré para o mesmo período e o cálculo dos respectivos resíduos. A
análise dos conjuntos anuais de resíduos permitiu selecionar o ano com observações
mais consistentes, que serviram de base para o cálculo de uma nova previsão de maré
para todo o período de trabalho, gerando, conseqüentemente, um conjunto homogêneo
de resíduos – diferente, portanto, da comparação preliminar entre observações e
previsão mencionada na seção 3.1. Os resíduos homogêneos para o período comum
de operação são mostrados nas Figuras 8 e 9.
Figura 8 – Resíduos homogêneos, isto é, diferenças entre níveis observados e respectivas previsões a
partir dos conjuntos anuais com melhores resultados na análise harmônica. As lacunas observadas nas
séries temporais serão preenchidas com as informações extraídas dos maregramas.
Protocolos de processamento das observações 22
no início e no final de cada lacuna, desde que as lacunas sejam de poucos dias (seção
3.6).
Figura 11 – Médias quinzenais das diferenças entre leituras do sensor de pressão e da régua na estação
de Macaé. Até 2007, havia um marégrafo convencional diário, cuja operação resultava em duas
leituras diárias da régua; a partir de 2007, a operação do marégrafo convencional semanal reduziu
drasticamente o número de leituras de régua disponíveis para aferição do sensor primário.
A fim de minimizar o impacto das pequenas lacunas (até 5 dias) nos resultados
preliminares, foi utilizada uma rotina de preenchimento das mesmas (SLPLAC) com
base na utilização da previsão de maré, corrigida de eventuais variações de curto prazo
do NMM (LUZ, 2008, p.168-174). Além disso, nesta rotina também é realizada a
filtragem das componentes de alta freqüência do sinal de maré, com o filtro de 168
horas, como preparação para o cálculo das médias mensais, conforme Pugh (1987,
p.303). Para a continuação do reprocessamento, após a publicação deste Relatório
preliminar, é recomendável uma avaliação dos impactos da possível utilização de filtros
de menor abrangência, que implicam em menores perdas de informação junto às
lacunas.
Figura 12 – Modelo esquemático do controle geodésico utilizado nas estações da RMPG, com os pontos
de controle dos suportes dos sensores (RAD: radar; ENC: encoder; PRS: pressão; SW: switches de
calibração), as RRNN primárias (situadas a até 30m dos sensores) e a RN na base do pilar CGNSS.
Figura 13 – Variação da altitude elipsoidal da estação SSA1 da RBMC, situada a 150m dos sensores
maregráficos da estação da RMPG em Salvador, explicitando-se a indefinição dessa taxa de variação,
em função da descontinuidade da série temporal decorrente da mudança de sistema de referência.
4. Resultados preliminares
Tabela 2 – Níveis médios mensais e do período comum, sem correção de eventuais derivas
instrumentais e movimentos verticais de origem não oceânica.
médias mensais não corrigidas
mês
Fortaleza Salvador Macaé Imbituba
07/2001 -x- -x- 1,359 -x-
08/2001 -x- -x- 1,123 -x-
09/2001 -x- -x- -x- -x-
10/2001 -x- -x- 1,135 -x-
11/2001 -x- -x- 1,291 1,746
12/2001 -x- -x- 1,277 1,769
01/2002 -x- -x- 1,291 1,713
02/2002 -x- -x- 1,335 1,795
03/2002 -x- -x- 1,263 -x-
04/2002 -x- -x- 1,288 1,821
05/2002 -x- -x- 1,314 1,832
06/2002 -x- -x- 1,364 1,903
07/2002 -x- -x- 1,359 1,850
08/2002 -x- -x- 1,300 1,797
09/2002 -x- -x- 1,302 1,778
10/2002 -x- -x- 1,290 1,769
11/2002 -x- -x- 1,307 1,732
12/2002 -x- -x- 1,302 1,719
01/2003 -x- -x- 1,366 1,757
02/2003 -x- -x- 1,317 1,832
03/2003 -x- -x- 1,344 1,861
04/2003 -x- -x- 1,457 1,965
05/2003 -x- -x- 1,475 2,010
06/2003 -x- -x- 1,436 1,914
07/2003 -x- -x- 1,397 1,901
08/2003 -x- -x- 1,446 1,883
09/2003 -x- -x- 1,341 1,754
10/2003 -x- -x- 1,356 -x-
11/2003 -x- -x- 1,345 1,772
12/2003 -x- -x- 1,341 1,789
01/2004 -x- -x- 1,387 1,737
02/2004 -x- -x- 1,432 1,796
03/2004 -x- -x- 1,405 1,773
04/2004 -x- -x- 1,373 1,750
05/2004 -x- -x- 1,482 1,916
Resultados preliminares 31
N (altura da RN vizinha
3,532 7,388 4,861 19,623
acima do NMM local)
F (altitude da RN vizinha referida ao
3,7461 7,6229 4,8284 19,7799
Datum de Imbituba)
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Equipe Técnica
Diretoria de Geociências
Coordenação de Geodésia
Maria Cristina Barboza Lobianco
Elaboração do Relatório
Roberto Teixeira Luz
Revisão do Relatório
Salomão Soares
Valéria Guimarães Carvalho
Maíra Kronemberg Lima
Nívia Regis Di Maio Pereira
Suporte técnico-gerencial
Valéria Guimarães Carvalho
José Duarte Correia
Sylvio Pinho Ferreira
Paulo César Pires
Cláudia Cristina Cunha Santos
Luiz Antonio de Morais
Jayme Moreira da Silva
Ida da Silva Costa
Sonia Maria Alves Costa
Alberto Luis da Silva
Equipe Técnica 45
Aprovação do Relatório
Maria Cristina Barboza Lobianco
Programa Editorial
Altagnan Abreu Vianna
Ceni Maria de Paula de Souza
Jerônimo Pedro Nogueira do Couto
Colaboração externa
Jerard Jardin
Coordenação de Produção
Marise Maria Ferreira
Gráfica Digital
Impressão
Ednalva Maia do Monte