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05 Analise de Solos - Sondagem PDF
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7.1 INTRODUÇÃO
Qualquer obra de engenharia civil, por mais simples que seja, só pode ser
convenientemente projetada depois de um adequado conhecimento do terreno (subsolo) no
local em que vai ser implantada. No caso de obras nas quais os solos ou rochas são utilizados
como materiais de construção, como nas barragens, aterros, etc, torna-se também necessário
conhecer o subsolo das áreas que servirão de jazidas ou empréstimos para estas obras.
O planejamento para uma exploração do subsolo visando obter informações e
características de um terreno deverá ser função de alguns importantes fatores que serão
comentados mais adiante.
O conhecimento adequado das condições do subsolo do local onde deverá ser
executado a obra, é fator essencial para que o engenheiro de projeto possa desenvolver
alternativas que levem a soluções tecnicamente seguras e economicamente viáveis. O
conhecimento das condições do subsolo deve vir de um planejado programa de investigação
de forma a prover de dados, tanto o projetista quanto o construtor, no momento que deles
necessitarem.
Um programa de investigação deve levar em consideração a importância e o tipo da
obra, bem como a natureza do subsolo. Assim, a construção de um metro de uma barragem
necessita de um conhecimento mais minucioso do subsolo do que aquele necessário a
construção de uma residência térrea. Solos que apresentam características peculiares de
comportamento, como colapso, alta compressibilidade, elevada sensibilidade, e outras exigem
cuidados e técnicas diferentes das utilizadas em solos com comportamento típico.
Um programa de investigação deve fornecer várias informações do subsolo, dentre as
mais importantes pode-se considerar:
• Espessura e dimensões em planta de cada camada para a profundidade de interesse do
projeto, além da caracterização de cada camada através de observações locais ou de
resultados de laboratório.
• Profundidade do topo da camada rochosa ou do material impenetrável ao amostrador.
No caso da rocha, o tipo e suas condições geológicas.
• Existência de água com a respectiva posição do nível d’água no período da
investigação e, se possível, sua variação durante o ano. Se for o caso indicar a
existência de pressões artesianas.
• As propriedades do solo ou da rocha, tais como, permeabilidade, compressibilidade e
resistência ao cisalhamento.
Nem sempre os projetos necessitarão de todas estas informações, enquanto que para
certos projetos específicos, alguns dados não relacionados acima poderão ser necessários.
NOTA: Em muitos casos nem todas as informações acima são necessárias, e em outros seriam
suficientes valores estimativos.
7:2
Em se tratando de fundações de estruturas convencionais já está celebrizado que elas
devem satisfazer três requisitos básicos:
• A carga de trabalho deve ser adequadamente menor que a capacidade de suporte do
solo, de modo a assegurar à fundação um determinado fator de segurança;
• Os recalques total e diferencial devem ser suficientemente pequenos e compatíveis
com a estrutura para que a mesma não venha a sofrer danos causados pelos
movimentos das fundações.
• Os efeitos da estrutura e da sua construção nas obras vizinhas devem ser avaliados e as
necessárias medidas de proteção devem ser levadas a efeito.
Dependendo da natureza do terreno investigado, muitos casos são resolvidos apenas
com as informações referidas na seção 3.1 através das sondagens de reconhecimento que
fornecem as correlações entre as indicações sobre a consistência ou compacidade dos solos e
suas cargas admissíveis.
Visando uma racionalização do projeto e, conseqüentemente da execução da obra é
desejável que as condições do subsolo que afetarão a construção sejam também analisadas.
Pode-se aqui citar a necessidade de escoramento de escavações e o rebaixamento do lençol
d’água subterrâneo.
Há ainda que ser considerado que as propriedades químicas do solo e da água do
terreno devem ser freqüentemente determinadas para avaliar principalmente o risco de
corrosão de obras de concreto (fundações profundas) e de peças metálicas tais como
tubulações de ferro.
É muito bem conhecido que alguns sais solúveis atacam de várias maneiras as
estruturas de engenharia com as quais mantém contato. Os sais em questão são usualmente os
sulfatos, principalmente os de sódio, magnésio e cálcio. Os sulfatos de sódio e magnésio são
mais solúveis que os sais de cálcio sendo, portanto potencialmente mais perigosos. Dessa
forma, determina-se através de ensaio quantitativo a proporção de sulfatos no solo e também
da acidez ou alcalinidade (valor de pH) da água do solo ou simplesmente pH do solo.
7.6.1 RECONHECIMENTO
7:3
a região, realizando uma vistoria na região.
O conjunto de informações obtidas deve ser suficiente para o planejamento e execução
do programa de trabalho para a fase seguinte.
7.6.2 PROSPECÇÃO
7.6.2.1 ANTEPROJETO
NOTAS: 1.Tanto a escolha do método e da técnica como a amplitude das investigações devem ser
funções das dimensões (cargas) e finalidades da obra. das características do terreno, inclusive dos
dados disponíveis de investigações anteriores e da observação do comportamento de estruturas
próximas. 2) Sem dúvida, para um estudo prévio, os mapas geológicos fornecem muitas vezes
indicações úteis sobre a natureza dos terrenos.3) Da mesma forma, o conhecimento do
comportamento de estruturas próximas existentes, em condições semelhantes à que se pretende
7:4
projetar, no que diz respeito à pressão admissível do terreno, tipo de fundação e características da
estrutura propicia valiosos subsídios.
7.6.3 ACOMPANHAMENTO
NOTA:
NBR 6497 de MAR/1983 - Levantamento geotécnico - Procedimento
NBR 6044 de JUN/1983 - Projeto geotécnico - Procedimento
São aqueles em que as determinações das propriedades das camadas do subsolo são
feitas indiretamente pela medida da resistividade elétrica ou da velocidade de propagação de
ondas elásticas (ondas sonoras). Os índices medidos mantêm correlações com a natureza
geológica dos diversos horizontes, podendo-se ainda determinar suas respectivas
profundidades e espessuras e ainda o nível d’água. Incluem-se nessa categoria os métodos
geofísicos.
Os processos indiretos apresentam a vantagem de serem rápidos e econômicos,
principalmente em obras de grande porte ou de grande comprimento linear. Além disso,
fornecem informações numa zona mais ampla e não apenas em torno de um furo como na
maioria dos processos diretos. Contudo, a interpretação destas informações exige, quase
sempre, que se leve a efeito as prospecções diretas. Em geral estes processos detectam
singularidades do terreno (presença de grandes blocos de rocha ou cavidades subterrâneas) o
que é especialmente importante no estudo preliminar do projeto de grandes obras (aterros,
pontes, barragens, etc). O seu emprego pode reduzir a execução de outros ensaios, facilitando,
por exemplo, no planejamento e localização de furos de sondagens, conduzindo a uma
redução do custo de uma investigação assim como nos estudos principalmente quando se trata
7:6
de áreas muito extensas (estradas) a serem exploradas. No Brasil as utilizações dos métodos
indiretos na prospecção encontram-se em franco desenvolvimento.
Toda vez que uma grande área tiver que ser investigada sem necessidade de
detalhamento das condições do subsolo, os processos geofísicos são os mais indicados devido
a rapidez de execução e baixo custo. Nestes processos não são retiradas amostras nem
fornecem indicações quanto aos tipos de solos abrangidos pelos ensaios. São, em geral,
satisfatórios quando se pretende determinar a profundidade da camada rochosa ou localizar
irregularidades no subsolo criadas por materiais em contacto de características bem diferentes
e só poderiam ser detectadas por outros processos de prospecção a um custo muito maior.
A existência e localização do nível d’água podem também ser detectada, embora as
condições locais possam prejudicar a interpretação dos resultados e levar a valores diferentes
dos reais.
Entre os processos geofísicos existentes os mais usados na prospecção do subsolo na
engenharia civil são o ensaio de resistividade elétrica e o ensaio sísmico. O primeiro mede a
resistividade elétrica que um material apresenta à passagem de uma corrente elétrica. As
diferenças na resistividade indicam condições diferentes do subsolo, lembrando que, quanto
mais densa e menor teor de umidade a camada apresentar mais alto será o valor da
resistividade. O ensaio sísmico é baseado no princípio de que a velocidade de propagação de
uma onda é maior em um meio mais denso. A sua aplicação a camadas pouco profundas é
relativamente recente, mas já era utilizado há muito tempo na exploração de petróleo.
A utilização dos processos indiretos na investigação do subsolo requer uma mão de
obra qualificada e pessoal de muita experiência na interpretação dos resultados (Acker III,
1974; Mineiro, 1976).
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aplicação do momento de torção e acessórios para medida do momento e das deformações.
O diâmetro e a altura da palheta devem manter uma relação constante de 1:2, existindo
diversos modelos, conforme mostrado na Tabela 5, que deverão ser usadas com os tubos de
revestimento mostrados na mesma tabela. Solos mais moles requerem palhetas maiores
conforme normalizado (ASTM-D 2573-76).
Para a instalação da palheta na cota de ensaio, deve ser aberto um furo por um
processo qualquer, devendo-se tomar o devido cuidado para não amolgar o solo a ser
ensaiado. Com a palheta na posição do ensaio deve-se girar a manivela as velocidades
constantes, fazendo-se medidas da deformação do anel dinamométrico a intervalos de tempo
até atingir o momento máximo. Em seguida, deve--se girar a manivela, rapidamente, com um
mínimo de 10 revoluções para se garantir o amolgamento da argila e, logo em seguida realizar
novo ensaio para se medir a resistência da argila amolgada e com isto calcula-se a
sensibilidade da argila.
PALHETA
C x 103
REVESTIMENTO d H
m-3
(mm) (mm)
AX 38 76 4,972
BX 51 102 2,057
NX 63 126 1,091
102 mm 92 184 0,350
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Desenvolvido na Holanda e muito utilizado nas Américas, este ensaio é também
conhecido por DEEP-SOUNDING ou DEEPSOUNDERING ou ainda CONE PENETRATION
TEST (CPT). É usado para complementar informações já obtidas em outras investigações já
realizadas, principalmente para projetos de fundações profundas. Os dados obtidos no ensaio,
quando usados em correlações, fornecem boas indicações das propriedades do solo como:
ângulo de atrito interno e compacidade de areias, coesão e consistência das argilas,
compressibilidade e resistência ao cisalhamento. Tais dados são facilmente utilizáveis no
dimensionamento de estacas cravadas.
NBR 12069 de JUN/1991 - Solo - Ensaio de Penetração de Cone in situ - (CPT) - Método de
Ensaio.
7.9.2.2.1 PENETRÔMETROS
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Para a medida da resistência as penetrações estáticas do solo são utilizadas dois tipos
de penetrômetros, os de ponta fixa e os de ponta móvel.
O penetrômetro de ponta fixa não tendo movimento com relação às hastes medirá a
resistência total do solo não se podendo separar as resistências de ponta e de atrito lateral.
Como exemplo, tem-se o desenvolvido por Terzaghi, em 1929, para estudar o comportamento
de uma camada de areia (Figura 17). A pressão necessária à cravação do penetrômetro de um
comprimento igual a 25 cm será lida em um manômetro situado na superfície do terreno.
Após a realização do ensaio é injetada água sob pressão pelo interior das hastes e com isso
tornando mais fácil à descida do revestimento de um comprimento igual ao ensaiado. A
circulação de água conforme mostrado na Figura provoca a limpeza do furo e possibilitando o
ensaio em um novo trecho (Terzaghi-Peck, 1967).
7:11
alteradas conforme esquema mostrado na Figura 24. Por isso, não se pode realizar um ensaio
pressiométrico aproveitando um furo de amostragem por amostradores de parede fina.
A distância entre pontos ensaiados não devera ser inferior a 50 cm a fim de se evitar a
superposição de zonas de influência de cada ensaio. A pressão limite de cada ensaio será
alcançada por estágios, devendo-se fazer medidas do volume de água introduzida na célula
central em tempos padronizados. Devido ao material com que é construído o equipamento as
pressões lidas no manômetro não são iguais àquelas aplicadas ao solo, e por isso, o
equipamento deverá ser previamente calibrado.
Com os pares de valores, pressão aplicada e volume d’água injetado, ambos,
devidamente, corrigidos será construída a curva pressiométrica (Figura 25), e na qual são
definidas três fases: a primeira corresponde a uma reposição de tensões no solo e representada
pelo trecho 0-Po; a segunda fase, denominada pseudo-elástica, com uma variação linear
(trecho AB da curva) é representada pelo intervalo de pressões Po-Pf. Na última fase, a partir
de B, a relação pressão-deformação não é linear e a pressão tende para um valor assintótico
denominado pressão limite; esta fase é representada pelo intervalo Pf-Pl.
Da curva pressiométrica são obtidos três parâmetros:
• A pressão de fluência, Pf, correspondente ao último ponto do trecho linear da fase
pseudo-elástica.
• Pressão limite, Pl
• Módulo pressiométrico de Ménard
E(M)
O Pl é utilizado no cálculo de
tensões e E(M) no cálculo das
deformações. Admitindo-se uma sugestão
do Centro de Estudos Ménard para o
coeficiente de Poisson igual a 0,33 para
qualquer tipo de solo, tem-se
V0 + V f p f − p0
E (M ) = 2,66 ⋅ Vc + ⋅
2 V f − V0
7:12
teórico quanto prático, em (Cedergren,1977; Glover,1973; Harr,1966; Hvorslev,1951;
Matsuo-Akai, 1953; Mineiro,1978; Muskat,1937; O1iveira-Correa Filho,1961;
Todd,1960;USA-Corps of Engineers,1972; USDI-Bureau of Reclamation,1973,1974;USDN-
Navfac, 1974; Villar, 1982), entre tantas outras.
O nível d’água poderá ser determinado de uma maneira simples e rápida, utilizando
furos de sondagem de simples reconhecimento. Após o termino da sondagem, espera-se
algum tempo até a estabilização do nível d’água no furo,e utilizando-se de pêndulo ou do fio
elétrico constituído de uma ponteira com terminais positivo e negativo, e ligada a um micro-
amperímetro através de um cabo graduado. O contacto entre a ponteira e a água fechará o
circuito, e neste instante uma lâmpada ou uma campainha indicara o ocorrido e a leitura do
comprimento do cabo mostrara a profundidade do nível d’água. Para o acompanhamento da
variação do nível d'água ao longo do tempo, alguns cuidados deverão ser tomados, como pode
ser visto em (Galeti et alli, 1983).
7:13
instalação do piezômetro,
Os principais requisitos a que um piezômetro deve são, segundo (Hanna, 1972):
• Acusar com precisão as pressões neutras e suas variações (positivas ou negativas) e
que os erros estejam dentro dos limites tolerados pelo projeto.
• Que a colocação do piezômetro no solo cause um mínimo de interferência no local.
• Que apresente um tempo de resposta rápido a qualquer variação do nível d’água.
• Que seja resistente, de boa construção e permaneça estável pelo período de tempo
necessário a investigação.
• Que as leituras possam ser feitas de uma forma continua ou intermitente, conforme a
necessidade do projeto.
A comparação do comportamento de três tipos de piezômetros, instalados em seções
menos permeáveis de barragens levou (Sherard, 1961) a concluir que os piezômetros elétricos
de corda vibrante apresentaram-se melhores do que os demais.
Uma descrição mais completa sobre piezômetros, poderá ser encontrada em (Lindquist,
1963).
Uma prova de carga pode ser realizada diretamente sobre o terreno utilizando para isso
uma placa rígida sobre uma estaca ou grupo de estacas, ou ainda sobre um tubulão. As provas
de carga sobre grupo de estacas ou um tubulão são mais raras devido à exigência de uma força
de reação muito alta. Neste item será descrito o procedimento de ensaio para uma prova de
carga direta sobre o terreno de fundação e que está normalizada pela (ABNT, NBR 6469/60).
7:14
A pressão máxima de 500 kPa foi alcançada através
da aplicação em estágios iguais a 20%.
Como o bulbo de pressões desenvolvido pela placa é
da ordem de duas vezes o seu diâmetro, as camadas
mais profundas não serão solicitadas na prova de
carga. Uma sapata de dimensões maiores do que a
placa desenvolverá um bulbo também maior,
conforme mostrado na Figura 21, solicitando
camadas mais profundas, resultando com isso
recalques na estrutura não previstos na prova de
carga.
7.9.3.1 MANUAIS
NBR 9604 de SET/19S6 - Abertura de poço e trincheira de inspeção em solo com retirada de
amostras deformadas e indeformadas - Procedimento Normas complementares:
NBR 6502 de DEZ/1980 - Rochas e Solos - Terminologia
NBR 7250 de ABR/1982 - Identificação e descrição de amostras de solos obtidos em
sondagens de simples reconhecimento dos solos - Procedimento
7.9.3.2 MECÂNICOS
- Sondagens especiais com extração de amostras indeformadas
- Sondagens rotativas
- Sondagens mistas
7:15
NBR 6484 de DEZ/1980 - Execução de sondagens de simples reconhecimento dos solos -
Métodos de ensaio.
Normas complementares e/ou pertinentes:
NBR 6502 NBR 7250
NBR 8036 de JUN/1983 - Programação de sondagens de simples reconhecimento dos solos
para fundações de edifícios - Procedimento
NBR 9820 de MAI/1987 - Coleta de amostras indeformadas de solo em furos de sondagem -
Procedimento.
7:16
• Ensaio de penetração
• Amostragem
• Avaliação do nível d’água
• Identificação e classificação das amostras
• Relatório
A execução de uma sondagem é um processo repetitivo das três primeiras fases, para
cada metro de solo sondado, conforme esquema mostrado na Figura 10. Assim, em cada
metro faz-se inicialmente a abertura do furo de um comprimento igual a 55 cm, deixando-se
os restantes 45 cm de solo para a realização do ensaio de penetração e amostragem.
A abertura do furo é iniciada com um trado
cavadeira com 100 mm de diâmetro até completar o
primeiro metro, quando deverá ser colocado o primeiro
segmento do tubo de revestimento dotado de sapata cortante
em sua ponta para facilitar a cravação de outros segmentos.
A partir do segundo metro e até se atingir o nível d’água a
abertura devera ser feita com um trado helicoidal. Abaixo
do nível d’água a abertura será feita com o processo de
circulação de água, com o mesmo equipamento usado para
amostragem, Figura 3. A lama,formada com partículas
desagregadas do solo devido a injeção de água sob pressão
e percussão e rotação do trépano, retornará a superfície pelo
anel formado pelo tubo de revestimento e hastes de perfuração, sendo depositada em
reservatório próprio; nesta fase o mestre-sondador deverá recolher as amostras da lama, na
bica e identificando o solo para detectar possível mudança de camada. Quando a cota de
ensaio for atingida, suspende-se o conjunto de hastes de uma altura de 20 cm e deixa-se
circular água até que, na bica, não se perceba a existência de partículas. O furo esta, então,
preparado para a realização do ensaio de penetração.
As fases de ensaio e de amostragem são realizadas simultaneamente e se utilizam os
tripés (Figura 3), amostrador Raymond (Figura 9) e de um martelo de massa igual a 65 kg
(Figura 11), que tem como particularidades, um coxim de madeira dura e uma haste que
servirá de guia durante a queda. Após a colocação do amostrador, em uma extremidade de um
segmento de haste, deverá ser descido com cuidado para evitar batidas nas paredes e apoiado,
suavemente, no fundo do furo. A seguir, deve-se fixar a cabeça de bater no topo das hastes e
apoiar o martelo sobre esta peça, anotando-se uma eventual penetração das hastes no solo. A
partir de um ponto fixo qualquer, marca-se sobre as hastes três segmentos de 15 cm cada. O
martelo é, então elevado manualmente a uma
altura de 75 cm a partir do topo da cabeça de
bater e deixado-o cair em queda livre, como
mostrado na Figura 12. Esta operação deverá
se repetir até o amostrador tenha sido
penetrado 45 cm no solo; durante a penetração
deve ser contado o número de golpes
necessários á cravação de cada 15 cm. O
resultado do ensaio de penetração será
expresso pelo número de golpes necessários a
cravação dos 30 cm finais, sendo este número
conhecido por SPT (Standard Penetration
Test). Deve-se tomar o cuidado para que o
revestimento esteja no mínimo 50 cm acima do
fundo do furo antes do início do ensaio.
7:17
A colheita da amostra será feita após a retirada e abertura do amostrador, com solo
sendo identificado no local e amostras enviadas ao laboratório, onde permanecem guardadas
por algum tempo, para esclarecimentos de alguma dúvida que porventura venha a ocorrer.
Como o diâmetro do amostrador é menor do que o diâmetro interno do tubo de
revestimento deve ser feito um alargamento do furo naquela região logo após a amostragem
para em seguida, voltar-se a fase de abertura do metro abaixo.
Durante a fase de abertura a trado, o mestre-sondador deverá ficar atento no aumento
no teor de umidade do solo, indicativo da proximidade do lençol freático, devendo paralisar o
serviço e fazer medidas de subida de água no furo utilizando-se de processos simples. Sempre
que houver paralisação no serviço, antes do reinício é conveniente uma verificação do nível.
A ocorrência de artesianismos ou mais de um nível d’água deverá sempre ser informado no
relatório. Os processos de determinação do nível d’água serão descritos no item 2.2.3.4.
A identificação e a classificação das amostras deverá ser feita segundo a ABNT-NBR
7250/60. A identificação será feita com testes visuais e tácteis procurando definir
características granulométricas, de plasticidade, presença acentuada de mica, origem orgânica
ou marinha, se o solo e residual e cores predominantes e o nome dado ao solo não deverá
conter mais do que duas frações conforme recomendado pela Norma, que sugere ainda as
cores: branco, cinza, preto, marrom, amarelo, vermelho, roxo, azul e verde, podendo -se usar
o claro e escuro, para um máximo de duas cores, e o termo variegado quando não houver duas
cores predominantes.
Com o valor do SPT obtido em cada metro, os solos são classificados quanto a
compacidade dos solos grossos ou consistência dos solos finos, conforme mostrado na Tabela
3.
NÚMERO MÍNIMO DE
ÁREA CONSTRUÍDA (m2)
FUROS
200 2
200 – 400 3
400 – 600 3
600 – 800 4
800 – 1000 5
1000 – 1200 6
1200 – 1600 7
1600 – 2000 8
2000 – 2400 9
> 2400 A critério
Quando as estruturas não estiverem ainda localizadas, o número de sondagens deve ser
fixado de modo que a máxima distancia entre furos seja de 100 m cobrindo uniformemente
7:20
toda a área.
Quanto a profundidade, a sondagem deve ser conduzida até o impenetrável ao
amostrador ou até a cota mais baixa da isobárica igual a 0,10 e estimada pelo engenheiro
projetista da fundação.
7:21
Nas sondagens rotativas, além da
determinação dos tipos de rochas e de seus
contatos e dos elementos estruturais presentes
(xistosidade, falhas, fraturas, dobras, etc.), é
importante a determinação do estado da rocha,
Lê., do seu grau de fraturamento e de alteração ou
decomposição.
O grau de fraturamento de uma rocha é
representado pelo número de fraturas por metro
linear em sondagens ou mesmo em paredes de
escavação ao longo de uma dada direção.
Entende-se por fratura qualquer descontinuidade
que, num maciço rochoso, separe blocos, com
distribuição espacial caótica. As superfícies
formadas pela fratura apresentam-se, via de regra,
rugosa e irregular. Por diáclase, uma
descontinuidade com distribuição espacial regular.
As superfícies formadas pela diáclase são
relativamente planas. Tendem a formar sistemas,
por ex., ortogonais, etc.
Consideram-se logicamente apenas as fraturas originais e não as provocadas pela
própria perfuração ou escavação. Não são por outro lado consideradas as fraturas soldadas por
materiais altamente coesivos.
A tabela sugerida pela ABGE mostra os diferentes graus de fraturamento:
A3) Barrilete
Classificam-se em simples, duplos e duplos livres. Os simples constam de um tubo
cilíndrico oco, onde o testemunho penetra e fica preso por molas em bisel. A água passa
através do testemunho e sai por fora da coroa, e o barrilete gira juntamente com a haste. Há
desgaste mecânico pelo giro do barrilete e desgaste mecânico e de dissolução pela água que
passa através do testemunho. Os duplos possuem dois tubos concêntricos, evitando o desgaste
pela água, porém, continua o desgaste mecânico, porque os dois tubos giram com a haste.
Os duplos livres possuem dois tubos concêntricos com rolamentos de mancais
deixando parado o tubo interno que guarda o testemunho. Evitam todos os tipos de desgaste.
A4) Tabela de diâmetro de coroas e hastes
COROAS HASTES
interno externo interno externo
Ex 21,4 mm 37,7 mm E 11,1 mm 33,3 mm
Ax 30,1 mm 48,0 mm A 14,3 mm 41,3 mm
Bx 42,0 mm 60,0 mm B 15,9 mm 48,4 mm
Nx 54,7 mm 75,7 mm N 25,4 mm 60,3 mm
7:23
As principais etapas de um ciclo de operações da sonda são: locação, instalação, seção
de brocas e hastes, revestimento, avanço e retirada do testemunho. Os interessados em
maiores detalhes deverão consultar literatura especializada ou, de uma maneira simplificada o
livro Geologia Aplicada à Engenharia, autor Nivaldo José Chiossi, Cap. 13.
Pelo menos três tipos diferentes de registros para as sondagens rotativas devem ser
efetuados, em folhas especialmente confeccionadas, a saber:
d. Perfis individuais
Todos os dados colhidos na sondagem e no ensaio de perda d'água de um determinado
furo podem ser resumidos em forma de perfil individual do furo. Além do perfil geológico, o
desenho deve indicar o estado mecânico em que se encontram as rochas atravessadas,
evidenciando as zonas críticas do maciço; recuperação baixa, zonas muito fraturadas e com
altas perdas d'água, etc.
e. Secções geológicas-geotécnicas
Com base nos perfis individuais, traçam-se perfis geológicos-geotécnicos. Esse tipo de
apresentação permite uma visão de conjunto da região pesquisada.
f. Conclusões
No que se refere às aplicações da sondagem rotativa e a percussão para fins de
Geologia Aplicada à Engenharia Civil, deve-se salientar a necessidade de desenvolver
7:24
equipamentos mais eficientes, bem como mão-de-obra especializada. Outra carência que se
observa ainda, no Brasil, é a falta de padronização dos equipamentos e especificações para
execução das sondagens, fatores muito importantes para trabalhos de correlação entre duas
sondagens, principalmente quando executadas por firmas diferentes.
A seguir será apresentado um exemplo de um perfil geológico completo de uma
sondagem a percussão, mostrando as cotas de cada camada, a posição do nível d'água, a
resistência à penetração e os ensaios de granulometria, em termos de porcentagem.
7:25
EXEMPLO TÍPICO DE PERFIL DE
SONDAGEM A PERCUSSÃO
9.10.1 OBJETIVOS
São aquelas que conservam todos os constituintes minerais do solo “in situ” e se
possível, seu teor de umidade natural, entretanto, sua estrutura foi perturbada pelo processo de
extração. Nesta categoria incluem-se as amostras colhidas a trado e as amostras do barrilete
padrão de sondagens à percussão.
9.10.2.3 INDEFORMADAS
NÚMERO DE DIAS
TIPO DE PROTEÇÃO 125
0,5 1 7 32 130 324 539
0
Nenhuma 15,6 30,1 92,8 97,6 98,2 94,2 98,2 98,6
Uma camada 1,8 3,6 25,7 95,3 97,8 94,2 97,8 98,2
Papel encerado
Duas camadas 1,1 2,2 19,2 85,9 96,7 93,1 96,4 96,7
Papel celofane Duas camadas 0,4 0,7 2,9 11,2 61,2 94,2 98,2 98,2
e = 1,6 mm - - - - 0,7 5,8 20,7 69,2
Camada de
e = 3,2 mm - - - - 0,4 0,4 0,4 38,4
parafina
e = 12,7 mm - - - - 0,4 0,7 1,1 35,9
e = 19,0 100,
Tubo - - - - 3,6 29,3 97,5
Camada mm 0
de parafina e = 38,1 100,
- - - - 0,4 4,7 17,0
mm 0
Disco+ camada de
- - - - 0,4 1,8 6,9 90,6
parafina e = 19,0 mm
A parafina preserva o teor de umidade do solo mas não satisfaz quanto a manutenção
da estrutura. Para que se possa preservar a estrutura é necessário que após a primeira camada
de parafina, o bloco seja revestido com um tecido poroso, tipo tela ou estopa, aplicando-se a
seguir nova camada de parafina, tal como mostrado na Figura 5. Tomados estes cuidados, o
bloco está preparado para ser enviado ao laboratório, devendo-se providenciar um bom
acondicionamento, caso a distância de transporte seja grande. Durante o manuseio do bloco
no laboratório para a retirada dos corpos de prova deve ser tomado cuidado quando da
remoção do tecido para evitar quebra da estrutura e manter o bloco sempre parafinado para
não se perder umidade. No laboratório, o bloco deverá ser colocado em uma câmara úmida,
que deverá manter uma umidade relativamente do ar próxima a 100 %. Outros cuidados
durante a retirada, transporte e manuseio de uma amostra em blocos poderão ser encontrados
em (Nogueira, 1977; Stancati et alli, 1981).
Quando por motivo técnico ou custo elevado, não for possível retirar amostra em
bloco, deve-se utilizar um amostrador de parede fina construído com um tubo de latão ou aço
de diâmetro interno não inferior a 50 mm e com características próprias para garantir a
obtenção de amostra indeformada.
Foram definidas a partir das variáveis mostradas na Figura acima, duas relações entre
diâmetros folga interna (Fi) e relação de áreas (RA) para qualificar um tubo como um
amostrador de parede fina e a amostra obtida como uma amostra indeformada.
di − d p
Fi =
dp
e uma relação de comprimentos, percentagem de recuperação, Rr
L
Rr =
H
H - comprimento cravado do amostrador
L - comprimento da amostra
Para minimizar a perturbação estrutural do solo, a parede do tubo não deve ser grossa,
não devendo também ser multo fina, para que, não ocorra flambagem ou amassamento do
tubo durante a sua cravação. Para satisfazer a estas exigências têm-se usado uma relação de
áreas com valor inferior a 10.
Quando o tubo é cravado no solo, a amostra cortada sofre um alívio de tensões e há
uma tendência a expansão, e com isto, se desenvolverá um atrito entre parede interna e
amostra. Para que este atrito seja diminuído deve-se ter um diâmetro de ponta menor do que o
diâmetro interno, definido pela variação da folga interna entre l e 3%; outra vantagem do
diâmetro de ponta ser menor do que o interno aparece na retirada do tubo, quando parte da
amostra fica apoiada sobre o anel desenvolvido pela ponta. Outra restrição importante é
quanto ao valor do ângulo α, que deverá ser pequeno a fim de se evitar o amolgamento do
solo situado abaixo da ponta do tubo.
A relação de áreas e a folga interna definem as características que um tubo deve ter
para que este possa ser considerado um amostrador de parede fina e utilizado na extração de
amostra indeformada.
O comprimento da amostra obtida, nem sempre será igual ao comprimento cravado do
amostrador, sendo a situação mais comum a da amostra sofrer um encurtamento em face da
folga interna não ter sido suficiente para anular a expansão lateral do solo. Um aumento na
folga interna diminuirá o atrito possibilitando a obtenção de amostras com um comprimento
mais próximo do cravado, porém aumentando o risco de perda da amostra durante a retirada
do tubo por falta de sustentação. Às vezes pode ocorrer também uma expansão na direção
vertical resultando uma amostra com um comprimento maior do que o cravado. Desde que, a
percentagem de recuperação esteja entre 95 e 100%, a amostra obtida é considerada
indeformada.
Na Tabela 2 estão indicados os diâmetros e espessuras das paredes do tubo para dois
valores da relação de áreas e folga interna e três diâmetros de amostras.
Espessura
di RA de Fi dp
da parede
(mm) (%) (mm) (mm) (mm)
(mm)
10 52,4 1 49,5 1,2
50,0
5 51,2 3 48,5 0,6
10 78,6 1 74,3 1,8
75,0
5 76,8 3 72,8 0,9
10 104,8 1 99,0 2,4
100,0
5 102,4 3 97,1 1,2
O amostrador de parede fina mais antigo, foi introduzido por Mohr em 1936, sendo
conhecido por Shelby, que é o nome comercial do tubo inicialmente usado na construção do
amostrador, e tem um diâmetro de 50 mm para ser introduzido no furo da sondagem de
simples reconhecimento. Alguns outros detalhes, além dos já descritos, tais como existências
de uma janela e uma válvula de alívio na parte superior completam o amostrador de parede
fina que está mostrado na Figura 7. A função de ambos é a de permitir a saída de água de
dentro do tubo durante a cravação e diminuir a pressão hidrostática aplicada ao topo da
amostra durante a retirada do amostrador.
O comprimento do amostrador depende do tipo de solo e do diâmetro desejado da
amostra, devendo-se esperar que para um mesmo solo diâmetro maior implica em
comprimento menor da amostra.
Diferentes tipos de amostradores de parede fina foram
desenvolvidos a partir do Shelby e apresentando vantagens em relação
a este. Assim, os amostradores de pistão que permitem obter amostras
com Rc = 100%, o amostrador sueco que permite uma amostragem
continua do terreno devido a um dispositivo que elimina o atrito
amostrador-solo, o amostrador Bishop para areias submersas e outros
que estão descritos com detalhes em (Hvorslev, 1949; Mori, 1979;
Nogueira, 1977).
Os amostradores de parede fina são utilizados em solos de
baixa densidade, acima ou abaixo do nível d’água e devem ser
cravadas com dispositivo que mantenha um movimento contínuo e
rápido, condições necessárias para a obtenção de uma amostra
indeformada de boa qualidade. A cravação poderá ser feita usando um
macaco hidráulico ou uma talha manual ou elétrica (Figura 6) sendo este último preferível por
se conseguir uma penetração constante a uma velocidade menor e obter amostra maior e de
qualidade superior àquelas obtidas usando-se um macaco hidráulico.
Para solos densos, poderá ser usado o amostrador Denison
que penetra no solo cortando-o através de uma sapata e que tem um
sistema de suporte da amostra que impede a perda durante a
retirada do amostrador.
As amostras obtidas com amostradores serão encaminhadas
dentro do tubo, tornando-se os mesmos cuidados na
impermeabilização do topo e da base, para manutenção do teor de
umidade e na embalagem dos tubos, para garantir a
indeformabilidade da amostra.
Quando da execução de um programa de amostragem para
ensaios de laboratório, é preciso que se tenha em mente, o número e
os diferentes ensaios que deverão ser feitos, para se dimensionar a
massa de solo deformado e a quantidade de blocos ou tubos a serem
retirados. É sempre bom lembrar, que e preferível sobrar material
no laboratório o que se fazer nova amostragem o que nem sempre é
possível devido ao andamento da obra; por outro lado, um excesso de amostras provocará um
aumento no custo para o cliente, o que também não e desejável. Por estes dois motivos, um
dimensionamento criterioso das amostras, deverá ser feito pelo engenheiro.
BLOCOS
NBR 9604 – SET/1986 - Abertura de poços e trincheiras de inspeção em solo com retirada de
amostras deformadas e indeformadas - Procedimento
CRAVAÇÃO DE CILINDROS
NBR 9813 de MAI/1987 - Solo - Determinação da massa especifica aparente in situ, com o
emprego do cilindro de cravação - Método de Ensaio.