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E.S.E. cap.

XIX – A fé transporta montanhas

A proposta desta apresentação é fazer alguns apontamentos


sobre este tema palpitante que é a fé, abordando os
seguintes tópicos:

1. Definição de fé por Paulo de Tarso


2. Quando ela surge em nós?
3. Como a compreendemos?
4. Que benefícios ela nos dá?
5. A fé quanto à intensidade
6. A fé religiosa
7. A fé quanto à aplicabilidade
E.S.E. cap. XIX – A fé transporta montanhas
Quando ele veio ao encontro do povo, um homem se lhe aproximou
e, lançando-se de joelhos a seus pés, disse: Senhor, tem piedade do
meu filho, que é lunático e sofre muito, pois cai muitas vezes no fogo
e muitas vezes na água. Apresentei-o aos teus discípulos, mas eles
não o puderam curar. Jesus respondeu. dizendo: Ó raça incrédula e
depravada, até quando estarei convosco? Até quando vos sofrerei?
Trazei-me aqui esse menino. - E tendo Jesus ameaçado o
demônio, este saiu do menino, que no mesmo instante ficou são.
Os discípulos vieram então ter com Jesus em particular e lhe
perguntaram: Por que não pudemos nós outros expulsar esse
demônio? - Respondeu-lhes Jesus: Por causa da vossa incredulidade
(falta de fé). Pois em verdade vos digo, se tivésseis a fé do tamanho
de um grão de mostarda, diríeis a esta montanha: Transporta-te daí
para ali e ela se transportaria, e nada vos seria impossível.
Mateus cap. 17 vv. 14 a 20
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O episódio narrado ocorreu na manhã seguinte ao da transfiguração.
Jesus sobe ao monte para orar juntamente com Pedro, João e Tiago.
Passam lá a noite e na manhã seguinte descem e encontram os
outros 9 discípulos, cabisbaixos e confusos por não terem conseguido
atender ao pedido de um pai para que auxiliassem seu filho. Este
sofria de ataques epiléticos causados pela presença de um espírito
que o fazia ter convulsões e ficar mudo e surdo. Muitas vezes isto
ocorria em local que apresentava risco para ele: dentro d’água ou
junto a uma fogueira.
A frustração dos discípulos é por causa de já terem conseguido, em
outras ocasiões, a expulsão de espíritos, mas não neste caso. Jesus é
informado pelo pai do menino que isto vem acontecendo desde a
infância.
Mais tarde, após este acontecimento, os discípulos irão perguntar a
Jesus a razão pela qual eles não haviam conseguido expulsar aquele
espírito.
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1 – Definição de fé pelo apóstolo Paulo de Tarso


A fé consiste na firme confiança (certeza) daquilo que se
espera, na convicção daquilo que não se vê. (Hebreus 11:1)
2 – Quando a fé surge em nós?
No homem, a fé é o sentimento inato de seus destinos
futuros; é a consciência que ele tem das faculdades imensas
depositadas em gérmen no seu íntimo, a princípio em
estado latente, e que lhe cumpre fazer que desabrochem e
cresçam pela ação da sua vontade.
Ela está presente nos seres humanos desde a sua
criação, mas necessita ser desenvolvida.
No princípio apenas acreditamos, depois compreendemos
e, finalmente, vivenciamos.
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3 – Como a compreendemos?
A maneira como compreendemos e vivenciamos a fé,
depende do grau de maturidade espiritual que tenhamos
alcançado:

 Fé ingênua ou infantil: Acredito simplesmente sem pensar


a respeito, sem pedir provas. Acredito em tudo que me
dizem, simploriamente, ingenuamente. Para alguns esta
forma de crer é vista como uma virtude. Procurar
compreender os fatos demonstraria falta de fé.
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 Na fase do desenvolvimento das emoções a fé passa a ser


um sentimento ou uma emoção que se acende ou
apaga, aumenta e diminui, segundo o estado emocional
da criatura. É a fé que se conquista diante de um ato de
generosidade ou se perde, num segundo, diante de uma
desilusão; mais baseada nos outros, com suas qualidades
e defeitos, do que em si mesmos, em seu próprio
conhecimento da verdade. Pode levar ao extremo da fé
cega ou da descrença total.
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 Na fase do desenvolvimento da razão e do intelecto a fé se


torna um sinônimo das palavras convicção, certeza e
confiança. Representa, então, uma virtude intelectual, um
fruto da experiência, e não mais uma emoção. Supõe o
conhecimento profundo do assunto: a certeza científica
baseada nesse conhecimento é a fé. É a segurança do
químico que, ao fazer as combinações de ácidos com bases,
tem a certeza de que obterá um sal: fé absoluta, fé
raciocinada e experimentada, com fundamento em fatos
vividos e verificados sob controle.

Nesta fase a fé não é oscilante de conformidade com o estado de


humor.
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 Na fase mais espiritualizada, quando já sintonizados com a


presença divina dentro de cada um, a fé representa a
fidelidade aos princípios divinos. Uma vez conhecido o
caminho e encontrado o Mestre, não haverá mais
esmorecimentos nem desvios, não se permanecerá mais no
saber, nem no falar, mas se exigirá de si mesmo o
máximo, o SER, o vivenciar com fidelidade os princípios
divinos, havendo o ajustamento, a justeza, do modelado
com o modelo, do cristão com o Cristo.

Nesta fase há plena confiança nos princípios divinos.


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4 – Que benefícios ela nos dá?


a) Transpor os obstáculos: No sentido próprio, é certo que a
confiança nas suas próprias forças torna o homem capaz de
executar coisas materiais, que não consegue fazer quem
duvida de si. Aqui porém unicamente no sentido moral se
devem entender estas palavras.
 As montanhas que a fé desloca são as dificuldades, as
resistências, a má vontade, em suma, com que se depara da
parte dos homens, ainda quando se trate das melhores coisas.
Os preconceitos da rotina, o interesse material, o egoísmo, a
cegueira do fanatismo e as paixões orgulhosas são outras
tantas montanhas que barram o caminho a quem trabalha
pelo progresso da Humanidade.
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b) A certeza e a confiança de se atingir um objetivo:


Ela dá uma espécie de lucidez que permite se veja, em
pensamento, a meta que se quer alcançar e os meios de
chegar lá, de sorte que aquele que a desenvolve
caminha, por assim dizer, com absoluta segurança.
Num como noutro caso, pode ela dar lugar a que se
executem grandes coisas.
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5 – A fé quanto a intensidade
a) A fé sincera e verdadeira é sempre calma; faculta a
paciência que sabe esperar, porque, tendo seu ponto de apoio
na inteligência e na compreensão das coisas, tem a certeza de
chegar ao objetivo visado.
b) Da fé vacilante resultam a incerteza e a hesitação de que
se aproveitam os adversários que se têm de combater; essa fé
não procura os meios de vencer, porque não acredita que
possa vencer. Sente a sua própria fraqueza. Quando é
estimulada pelo interesse, tornar-se enfurecida e julga
suprir, com a violência, a força que não tem.
 A calma na luta é sempre um sinal de força e de
confiança; a violência, ao contrário, denota fraqueza e
dúvida de si mesmo.
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5 – A fé quanto a intensidade
c) A fé robusta é a que dá a perseverança, a energia e os
recursos que fazem se vençam os obstáculos tanto nas
pequenas como nas grandes coisas.
d) A fé confiante é aquela na qual se tem a confiança no
cumprimento de uma coisa, na certeza de atingir um objetivo.
Obs.: O poder da fé se demonstra, de modo direto e especial, na ação
magnética; por seu intermédio o homem atua sobre o fluido, agente
universal, modifica-lhe as qualidades e lhe dá uma impulsão por assim dizer
irresistível. Daí decorre que aquele que a um grande poder fluídico normal
junta ardente fé, pode, só pela força da sua vontade dirigida para o bem,
operar esses singulares fenômenos de cura e outros, tidos antigamente por
prodígios, mas que não passam de efeito de uma lei natural. Tal o motivo
por que Jesus disse a seus apóstolos: se não o curastes, foi porque não
tínheis fé. ESE Cap. 19 item 5
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6 – A fé religiosa
Do ponto de vista religioso, a fé consiste na crença em dogmas
especiais, que constituem as diferentes religiões. Todas elas
têm seus artigos de fé.
A fé nas verdades espirituais básicas não se receita, não se
impõem. Ela é desenvolvida e ninguém esta impedido de
possuí-la. Há os que mesmo tendo as provas chovendo ao seu
redor, agem com descaso, ou por temor de serem forçados a
mudar seus hábitos. Porém na sua maioria, há o orgulho
negando-se a reconhecer a existência de uma força superior,
porque teriam que inclinar-se diante dela.
Sob esse aspecto, a fé pode ser:
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a) Fé cega: é aquela que nada examina, aceita tudo sem
verificação, tanto o verdadeiro como o falso, e choca-se, a cada
passo, com a evidência e a razão. Levada ao excesso, produz o
fanatismo. Por estar apoiada no erro, cedo ou tarde
desmorona. Cada religião pretende ter a posse exclusiva da
verdade; impor a alguém a fé cega sobre um ponto de crença é
confessar-se impotente para demonstrar que está com a razão.
b) Fé raciocinada. A fé que se baseia na verdade garante o
futuro, porque nada tem a temer com o progresso do
conhecimento, uma vez que o que é verdadeiro na
sombra, também o é à luz do dia. Esta fé se apoia nos fatos e na
lógica. É clara, não deixa atrás de si nenhuma dúvida. A pessoa
crê porque tem certeza pois compreendeu. Fé inabalável é
somente a que pode encarar a razão, face a face, em todas as
épocas da Humanidade.
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Obs.: A fé necessita de uma base, base que é a inteligência


perfeita daquilo em que se deve crer. E, para crer, não basta
ver; é preciso, sobretudo, compreender. A fé cega é a que
produz hoje o maior número dos incrédulos, porque ela
pretende impor-se, exigindo a abdicação de uma das mais
preciosas prerrogativas do homem: o raciocínio e o livre-
arbítrio.

É principalmente contra essa fé (a fé cega) que se levanta o


incrédulo, e dela é que se pode, com verdade, dizer que não se
deve receitar a ninguém. Não admitindo provas, ela deixa no
espírito alguma coisa de vago, que dá nascimento à dúvida.
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7 – A fé quanto à aplicabilidade
Jesus procurou mostrar o que o homem pode realizar quando
tem desenvolvida a sua fé, isto é, a vontade e a certeza. Os
chamados milagres passam a ser vistos como efeitos naturais
cujas causas hoje se explicam e são compreendidas, em
grande parte.

Com o estudo do Espiritismo e do Magnetismo se tornarão


completamente compreensíveis.

A fé é humana ou divina, conforme o homem aplica suas


faculdades à satisfação das necessidades terrenas, ou das
suas aspirações celestiais e futuras.
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7 – A fé quanto à aplicabilidade

a) Fé humana: O homem de muita inteligência, que persegue


a realização de algum grande empreendimento, triunfa, se
tem fé, porque sente em si que pode e há de chegar ao fim
colimado, certeza que lhe faculta imensa força.
b) Fé divina: O homem de bem que, crente em seu futuro
celeste, deseja encher de belas e nobres ações a sua
existência, haure na sua fé, na certeza da felicidade que o
espera, a força necessária, e ainda aí se operam milagres de
caridade, de devotamento e de abnegação. Enfim, com a
fé, não há tendências más que não possam ser vencidas.
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O Magnetismo é uma das maiores provas do poder da fé posta


em ação. É pela fé que ele cura e produz esses fenômenos
singulares, qualificados outrora de milagres.

A fé é humana e divina. Se todos os encarnados se achassem


bem persuadidos da força que em si trazem, e se quisessem
pôr a vontade a serviço dessa força, seriam capazes de realizar
o a que, até hoje, eles chamaram prodígios e que, no
entanto, não passa de um desenvolvimento das faculdades
humanas. Um Espírito Protetor. (Paris, 1863.)
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A fé: mãe da esperança e da caridade


A fé, para ser proveitosa, deve ser ativa: não deve ficar
adormecida. A esperança e a caridade são resultantes da fé. A
fé desperta todos os sentimentos nobres que conduzem o
homem para o bem e é a base de sua regeneração. É preciso
que esta base seja forte e durável para que tudo o que se
construa sobre ela não possa ser abalado.
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Bibliografia:
- Evangelho Segundo o Espiritismo – Allan Kardec
- Sabedoria do Evangelho – Carlos Torres Pastorino

por Claudio Tollin, julho de 2010.

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