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O sermão do monte

As preocupações da vida: Mateus (6.25-34)

Introdução

Hoje, no sermão do monte, abordaremos dois temas bem contemporâneos:


a preocupação e a ambição. Tanto um quanto o outro vem atravessando
séculos e atormentando o ser humano. Todos nós nos preocupamos, todos
nós temos ambições.

Talvez você não se lembre do quanto ficou preocupado se sua mãe voltaria
para te buscar na escola no seu primeiro dia de aula. Ou das ambições que
você tinha quando era criança (um astronauta, um cientista...).

Desde nossa infância até os dias de hoje essas coisas vem nos perseguindo
e tirando o nosso prazer de viver. O texto de hoje é uma forte advertência
contra a ansiedade e um ensino poderoso em relação às ambições da vida.

Dede o verso 19 que Jesus está convidando seus discípulos a pensar,


refletir sobre o bem supremo da vida: onde guardar o nosso tesouro, qual
visão de mundo a quem serviremos. Essas escolhas refletiram diretamente
sobre o nível de ansiedade que um indivíduo experimentará no curso da sua
vida.

Jesus considerou que todos os seres humanos buscam alguma coisa, algo
que dê significado a existência, um sentido para vida. Ou seja, todos tem
alguma ambição, e isso não é criticado e muito menos proibido por Jesus.

A palavra ambição não é muito bem vista, principalmente na comunidade


de Cristo. Ambição traz a ideia de fortes desejos de alcançar sucesso. Isso
parece contra o cristianismo que prega conformidade e aceitação.

Entretanto, como disse anteriormente, o desejo de busca parece estar tão


associado a nossa estrutura de funcionamento que certamente não
conseguiremos nos livrar dele. John Sttot disse o seguinte sobre ambição:

“Mas a ambição pode igualmente referir-se a fortes desejos,


altruístas em ligar de egoístas, piedosos ao invés de mundanos.
Resumindo, é possível ter ambições para Deus.”.

Jesus coloca seus discípulos na mesma condição de escolha. Viver para si


mesmo e suas ambições ou viver para Deus e para as ambições do Reino.

 Ambição falsa ou secular

A maior parte desse texto é negativa, ou seja, Jesus diz o que não devemos
fazer: Não andeis ansiosos, não fiquem aflitos. E tudo gira em torno de
comer, beber e vestir. Os cuidados pelo corpo.

Esse texto tem quase dois mil anos e as ofertas do mundo continuam
girando em torno dessa trindade (comer, beber e vestir), basta você atentar
para as propagandas da tv, jornais e revistas. E muitas pessoas vivem em
torno dessa realidade. E se ela não acontece vem a ansiedade.

Jesus não está ensinando que não devemos ter cuidado com o corpo e suas
necessidades. Ela está ensinando que ficar totalmente absorvido por essas
coisas é uma ambição perigosa. Não é produtivo e nem necessário.

Além do mais nos torna hedonistas, pessoas que vivem focadas no bem
estar e reduzem a vida à sobrevivência e aos cuidados do corpo. Isso nos
reduz ao nível dos animais e das plantas. A vida humana tem mais
significado do que isto. É isso que Jesus está passando para sua Igreja.

Jesus chama nossa atenção para preocupações excessivas e padecedoras. A


palavras grega usa nesse texto para ansiosos (gr merimnao),foi a mesma
que Jesus usou para advertir Marta (Lc 10.40), a semente que não cresceu,
pois, foi sufocada pelos anseios da vida (Lc 8.40), e por Paulo em Fp 4.6).

As preocupações excessivas são incompatíveis com a fé cristã e com o bom


senso.

Fé cristã

Jesus chamou os preocupados discípulos de “homens de pouca fé”. Por que


isso? A razão é simples, a preocupação anula a confiança naquele que criou
todas as coisas, inclusive o corpo humano.

O texto diz que Ele conhece todas as nossas necessidades, sabe do que
necessitamos para vida. As preocupações não tem poder de gerar vida, por
isso Jesus disse: Qual de vós, por ansioso que esteja, pode
acrescentar um côvado ao curso da sua vida? (Mateus 6:27). Mas,
ela pode tirar muito da nossa vida.

A coisa mais sensato que os crentes tem a fazer é confiar nEle.

Entretanto, não estamos isentos da responsabilidade de ganhar a vida, a


proibição é sobre a preocupação e não sobre o trabalho. Temos que
cooperar. Os pássaros não ajuntam em celeiros, mas tem que correr atrás
da comida.

E da mesma forma, os crentes não estão isentos de dificuldades. Mesmo


Deus cuidando dos pássaros eles passam por situações difíceis e morrem,
as plantas murcham. Mais uma vez digo, é contra a ansiedade que Jesus
está falando, ela é incompatível com a fé cristã.

Bom senso

O texto diz o seguinte: “Portanto, não vos inquieteis com o dia de


amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados; basta ao dia o seu
próprio mal”. (Mateus 6:34). Por que Jesus disse isso?

É simples, não temos nenhuma certeza sobre como as coisas serão no dia
seguinte. Pessoas sofrem no presente por situações que elas não sabem se
aconteceram. Por essa razão somos convidados a “viver cada dia o seus
problemas”.

Preocupar-se com coisas materiais, de modo que elas monopolizem a nossa


atenção. Absorvam a nossa energia e nos atormente com ansiedade é
incompatível com a fé cristã e com o bom senso.

 A ambição correta

“Pois todas essas coisas os gentios procuram”. Jesus está dizendo que a
ambição do não cristão está focada na incoerência da fé e do bom senso, é
assim que pessoas não convertidas vivem.

A ambição do crente deve estar focada em outra direção: “buscai, pois,


em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça...”. O Reino de Deus é
Jesus Cristo governando o Seu povo, com suas exigências e suas bênçãos
(falar do jugo de Jesus).

Nossa maior ambição deve desejar que Deus receba a glória e a honra que
lhe é devida. Os interesses de Deus em nossas agendas. Isso deve começar
em cada indivíduo, passar por sua família, igreja e sociedade.

E juntamente com a glória devida ao criador, nossa ambição deve ser que a
justiça ética, moral e social seja uma realidade, não somente na igreja, mas
também em todo o mundo. “Bem-aventurados os que têm fome e sede
de justiça, porque serão fartos”.

Conclusão

Quando nossa ambição estiver focada no Reino e sua justiça, de forma


verdadeira e genuína, aí sim, “todas as coisa vos serão acrescentada”
será verdadeiro e genuíno em nossas vidas. Paz

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