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Fichamento Historia Antiga Guarinello
Fichamento Historia Antiga Guarinello
Capítulo IV - NAVEGAÇÕES
Com o fim dos palácios micênicos e desaparecimento do sistema de escrita, há uma ruptura na
documentação acerca do Mar Mediterrâneo como também uma diminuição de vestígios materiais do
período entre os séculos XII e VIII a. C. Contudo, é possível perceber, a partir do século X a. C., o
aprimoramento e crescimento da produção de ferro que mudará a vida no Mediterrâneo nos séculos
seguintes. Essa novidade não só influenciou o Mediterrâneo Ocidental, como também o Oriental. Na costa
da Síria e da Palestina viu-se, além o desenvolvimento de artesanato de objetos de ferro, o uso da escrita
alfabética e dos barcos de grande tonelagem. "Ambas têm relação direta com a retomada das
comunicações por mar" (GUARINELLO, 2013, p. 62). Assim, a partir do século IX a. C., o Mediterrâneo
tornou-se cheio de comerciantes, navegadores e piratas, ou seja, a retomada os contatos neste mar,
acompanhada do estabelecimento de pontos de comércio (em grego, emporia) ou até de colônias (em
grego, apoikia). (p. 59-62)
A abertura do Mediterrâneo gerou um intercâmbio entre comunidades e suas elites, que fez circular
ideias, homens, crenças, e técnicas, além do consumo de produtos como vinho e azeite pelas elites locais.
A produção de azeite e de vinho se expandiu em direção a todas as costas do mar, acompanhada de
técnicas artesanais e artísticas. (p. 65-67)
O processo de colonização (apoikia), a partir do século VIII a. C., tinha como objetivo não somente
o comércio, mas também o estabelecimento de assentamentos estáveis e produção agrícola. As colônias
sempre foram fundadas no litoral, mantendo constante contato com o mar. Quanto as causas da
colonização grega, historiadores e arqueólogos se dividem entre: aumento populacional, conflitos sociais
entre ricos e camponeses e conflitos políticos entre aristocratas. (p. 67-70)
Durante o período das navegações ocorriam trocas culturais amplas entre comunidades distintas e
distantes, mas aproximadas pelo mar. Além do estabelecimento de rotas e contatos preferenciais, tanto
marítimos, quanto terrestres. Acompanhado do fortalecimento das identidades regionais que originarão
identidades amplas, chamadas de étnicas: os etruscos, os latinos, os gregos, os iberos, os celtas, os
judeus e muitos outros. (p.71-73)
Capítulo V - CIDADES-ESTADOS
A partir do século XIII a. C. observamos o surgimento das cidades-estados ou pólis. Essa forma de
organização política e social será predominante na região do Mediterrâneo nos séculos seguintes.
Segundo o autor, "A pólis surgiu no contexto de um mundo já conectado" (GUARINELLO, 2013, p. 78)* e
representou um fechamento das fronteiras externas a seu território e reelaboração das fronteiras internas
entre seus habitantes. Além disso, iniciou-se a construção de grandes templos destinados aos deuses
específicos de cada cidade. A construção desses templos era coletiva e isso demonstra que essas
comunidades desenvolveram uma organização do trabalho coletivo. Assim, a religião surgiu como um
vínculo comunitário e que garantia à comunidade sua integridade, seu território e sua identidade territorial,
fechada e citadina. (p. 77-81)
Uma das grandes novidades que marcou a construção dessas cidades-estados foi a criação de
espaços públicos como a ágora e o fórum, que eram independentes de qualquer instituição dominante.
Contudo este processo não se deu de forma idêntica e simultânea em todos os lugares ao redor do
Mediterrâneo, cidades-estados como Atenas, Roma, Siracusa, Sicília, Cartago e Esparta observaram
exceções. Ainda assim é possível estabelecer semelhanças entre as pólis: a maioria tinha pequenas
dimensões (entre 1.000 e 2.000 habitantes), a existência de um espaço público, articulação de algumas
instituições (conselhos, assembleias e tribunais) e a extensão do direito à propriedade privada para todos
os habitantes. As poleis foram o elemento mais dinâmico dentre as formas de organização social que
surgiram no Mediterrâneo, pois representaram uma reestruturação das relações entre os habitantes,
originando o conceito de cidadania e a separação entre cidadãos e não-cidadãos. (p. 81-89)
A cunhagem e uso da moeda se difundiu lentamente pelo Mediterrâneo a partir da criação das
poleis e representava "a garantia de um poder estatal do peso do metal amoedado" (GUARINELLO, 2013,
p. 90). Muitas cidades-estados passaram a cunhar moedas como forma de reafirmar sua identidade pois
indicava o poder de uma comunidade em estabelecer padrões e medir o peso e a pureza do metal
amoedado. Além desse, há outro processo ligado à criação das poleis: a escravidão. A liberdade dos
cidadãos estimulou a introdução de escravos estrangeiros e devido a conexão do Mediterrâneo
desenvolveu-se um tráfico de escravos, que se tornaram essenciais para a produção primária nesta
região. A polis influenciou a construção de identidades coletivas e o surgimento da identidade política e
social. Assim, ser grego, latino ou etrusco era uma nova fronteira: a dimensão cultural. Os gregos
desenvolveram a cultura letrada e, assim, o livro. A partir dele, surgiram a literatura e a escola, que não
era aberta a todos, pois apenas os ricos podiam pagar pela educação.(p. 89-93)
O surgimento da pólis representou "uma reconfiguração de imenso significado nos processos de
integração do Mediterrâneo" (GUARINELLO, 2013, p. 94) e representou a configuração de "O Mundo das
Pólis" com certa homogeneidade, mas que não era totalmente semelhante. O estabelecimento dos
contatos e conexões entre as regiões criou um cenário que será palco de disputas por controle e conflitos
pelo poder. (p. 94-95)
Capítulo VI - HEGEMONIAS
Durante período denominado "Hegemonias" (séculos V a. C. a II a. C.) surgiram grandes centros
de poder no e sobre o mediterrâneo com intensificação das interações ao longo do Mediterrâneo. O
conflito desses grandes centros de poder, como Corinto, Atenas e Esparta, reconfigurou as fronteiras e
aumentou a complexidade social da região (p. 97-99)
Da Mesopotâmia, ergueu-se o Império Persa que, em processo de expansão, criaram uma cultura
rica, se apropriando de elementos dos povos conquistados. No fim do século VI a. C. cidades gregas da
costa da Anatólia já estavam sob domínio persa, que limitavam a expansão das poleis. Os persas também
formaram uma marinha poderosa e assumiram posição de domínio sobre as costas do Mediterrâneo
Oriental e do Golfo Pérsico (p. 99-102)
Os séculos a partir do V a. C. foram de guerra contínua ao redor de todo o Mediterrâneo, pois os
centros maiores exerciam pressão e poder sobre os menores, pois o poder acarretava "o prestígio, a
estabilidade política interna, o controle de vastas áreas" (GUARINELLO, 2013, p. 103). O domínio persa
sobre o Mediterrâneo terminou após conflitos com Esparta e Atenas. Atenas foi a que mais se beneficiou
com a derrota persa e passou a ocupar uma posição proeminente na região. Esta pólis garantia a todos os
cidadãos participação política nas atividades do governo, mas não admitia mulheres, estrangeiros e
escravos nas decisões. Atenas era uma cidade rica, exportadora de cerâmica de luxo e cujo principal
produto agrícola era o azeite. Assim, a cidade se tornou um ponto importante nas conexões do
mediterrâneo e seu poder favoreceu a cunhagem de moedas, imposição de padrões monetários, aumento
da escravidão e a transformação em centro cultural da Grécia. Contudo, a Guerra do Peloponeso foi uma
luta pelo poder e competição entre cidades (Atenas, Esparta, Corinto) que abalou o Mediterrâneo durante
a metade do século V a. C. mas que, de um modo gerou, acelerou a integração na região, pois promovia
alianças e a busca por maiores recursos, eficiência produtiva e tecnologia. A derrota de Atenas (404 a. C.)
não representou o fim da polis e nem das guerras. (p. 102-108)
Dentre as cidades hegemônicas no Mediterrâneo Ocidental destacam-se Cartago e Siracusa, que
se tornaram "polos de conexões comerciais, políticas e culturais e disputaram a dominação sobre o mar e
suas terras." (GUARINELLO, 2013, p. 111). Mas, a luta por hegemonia centrou-se na disputa entre duas
cidades: Cartago e Roma. A região da Itália era habitada por povos distintos (etruscos, umbros, latinos,
campanos, saminitas, entre outros) e se tornou um lugar de trocas culturais e tecnológicas, de comércio e
de exploração de mão de obra. Roma, entre os séculos VI e V a. C., era marcada pela urbanização,
exploração da população camponesa pelas elites e grande abertura a influências externas. Essa pólis
norteou um processo de colonização interna na península, criando dezenas de cidades com base no direto
romano e o latim tornou-se a língua oficial dos itálicos. Essa unidade da Itália manteve-se por séculos,
resistindo a duas guerras contra Cartago e garantindo a estabilidade política das cidades. (p. 110-118)
No Oriente, o Reino da Macedônia conseguira a hegemonia sobre a Grégia e se organizou de
modo distinto das poleis: a unificação em um reino, que organizou os recursos humanos e metais
preciosos abundantes. Além disso, essa era uma terra de cavalos formava uma excelente cavalaria, como
também de guerreiros. Essa hegemonia conquistada pelo Rei Felipe e continuada por Alexandre, O
Grande, não durou após a morte deste último e gerou a fragmentação do Império em reinos. Esse reinos
se estendiam sobre áreas distintas e possuíam um rei, que cobrava impostos e organizava os territórios
por tribos, aldeias, etnias e cidades, mas que não possuíam um centro de poder territorial, com exceção
do Egito, que manteve o poder numa pólis específica: Alexandria. Durante este período de reinos, ocorreu
uma "helenização" do Oriente, uma expansão da cultura grega, mas com a manutenção das línguas locais.
Esse período foi marcado por transformações significativas nas artes e na estrutura internas das poleis,
com uma aumento da posição dominante e proeminente da aristocracia. (p. 119-126)
Conclusão
Já não é possível caracterizar a História Antiga como o início da História Universal visto que as
realizações de outras partes do planeta também confluem para uma História Comum. O processo de
globalização é vital para enxergarmos esta História, visto que ele diminui distâncias e facilita a integração
entre os povos. Contudo, esta globalização não surgiu de repente e é um produto dos processos de
integração anteriores, dos milênios passados. Assim, o mediterrâneo é capaz de nos propor questões
importantes e que nos são contemporâneas