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1ª edição
ITAIPU BINACIONAL
Foz do Iguaçu
2018
DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)
ISBN: 978-85-85263-12-6
CDU 620.92
Autores
Carlos Antônio Ferraro Biasi (fao)
Leidiane Ferronato Mariani (cibiogás)
Abner Geraldo Picinatto (sead/sgaer)
João Carlos Christmann Zank (cibiogás)
Revisores
Rafael Hernando Aguiar Gonzales (cibiogás)
Tamara Soares (cibiogás)
Colaboradores
Felipe Sousa Marques (cibiogás)
Gladis Maria Backes Bühring (sead/sgaer)
Larissa Sbalquiero (cibiogás)
Adriano Moehlecke (pucrs)
Izete Zanesco (pucrs)
Maycon Georgio Vendrame (Itaipu Binacional)
Samuel Campos da Silva (cibiogás)
Valter Bianchini (fao)
OBS.: as informações expressas neste material são de exclusiva responsabilidade dos seus autores e não representam endosso por parte da Itaipu Binacional, eximindo-se a
Entidade de quaisquer responsabilidades ou danos decorrentes por erros, imprecisões ou demandas de terceiros. Opiniões pessoais dos autores, aqui expressas, não necessa-
riamente convergem com a opinião institucional da Itaipu.
P R E FÁC I O I
nergia é uma questão-chave no mundo atual, altamente dependente de eletricidade e Marcos Stamm.
Diretor-geral Brasileiro
de combustíveis em todos os setores econômicos, bem-como para a manutenção do da Itaipu Binacional.
estilo de vida moderno, essencialmente eletro-intensivo.
A Itaipu é uma empresa que nasceu da necessidade de dispor de grande quantidade de
energia para promover o desenvolvimento do Brasil e do Paraguai, especialmente no con-
texto de industrialização de suas economias.
Nos dias atuais, em que pesa a necessidade de não apenas promover o desenvolvimento,
mas de fazê-lo de forma sustentável, a geração de energia deve considerar seus impactos,
especialmente aqueles relacionados à produção de gases de efeito estufa, que por sua vez
estão associados às mudanças climáticas observadas em todo o planeta.
Nesse contexto, a Itaipu, maior geradora de energia limpa e renovável do mundo, não se
limita apenas a prover eletricidade de qualidade para brasileiros e paraguaios. A empresa
não mede esforços para a promoção do desenvolvimento sustentável de sua região de influ-
ência, na fronteira entre os dois países, com destaque para o incentivo ao emprego de fontes
renováveis de energia no meio rural, como o biogás e a solar fotovoltaica.
Do lado brasileiro, Itaipu é vizinha de uma das regiões mais produtivas do País, onde se
observa uma especialização das propriedades rurais na conversão de proteína animal em
vegetal. Ou seja, cultiva-se soja e milho que são empregados como insumo para a avicultura,
bovinocultura de leite e suinocultura, principalmente. São atividades que cobram alto pre-
ço do meio ambiente por conta da produção de dejetos.
Há cerca de 10 anos, a Itaipu vem auxiliando produtores e cooperativas a converter esse
passivo ambiental em uma solução, com a geração de energia elétrica, térmica ou veicular a
geração de energia a partir de fontes renováveis vem crescendo nos últimos anos, mui- Alan Bojanic.
Representante da FAO Brasil.
to em virtude de pesquisas em desenvolvimento tecnológico, seja de fontes como so-
lar, eólica ou de biomassa de cana de açúcar, biogás, entre outras.
Para a fao, o uso de energias renováveis por agricultores familiares pode ser de grande
importância nos processos produtivos e uma oportunidade para a melhoria da qualidade de
vida das famílias no campo.
A expectativa é que essas energias possam contribuir para que a produção agrícola im-
pacte menos no meio ambiente e que sejam fontes de energia alternativas ao petróleo.
Para os agricultores familiares, podem significar uma possibilidade de geração de várias
formas de energia, especialmente para melhorar a produção e a produtividade em suas ativi-
dades, e agregar mais valor ao que está produzindo.
Com o objetivo de analisar as diferentes fontes potenciais de energia no meio rural, com
foco na Região Sul do Brasil, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agri-
cultura (fao), o Centro Internacional de Energias Renováveis – Biogás (cibiogás) e a Itaipu
Binacional produziram o estudo Energias renováveis na área rural da região Sul do Brasil.
E por que o Sul do Brasil? Porque segundo dados do Censo Agropecuário do Instituto Bra-
sileiro de Geografia e Estatística (ibge), a região possuía 889.724 propriedades de agricultura
familiar, das quais 756.140 utilizavam energia elétrica (ibge, 2009). Porém, segundo o mes-
mo Instituto, nesta região havia apenas 2.104 propriedades rurais que geravam sua própria
energia elétrica: 308 propriedades por fonte solar, 28 por fonte eólica, 796 por fonte hídrica,
464 por queima de combustível e 536 por outras fontes.
nosso mundo mudou muito nos últimos 200 anos e a grande força motriz foi: a ener- Rodrigo Regis de
Almeida Galvão.
gia. Enquanto a agricultura contribuiu para a criação de cidades e estados, os combus- Diretor-Presidente do
tíveis fósseis nos tornaram modernos. Eles transformaram a energia em uma commodity Centro Internacional de
Energias Renováveis-
onipresente, praticamente, em todas as transações da nossa vida cotidiana. A eletricidade, Biogás (CIBiogás).
por exemplo, é extremamente versátil e pode ser produzida por qualquer fonte primária de
energia, praticamente, a qualquer distância de seu uso final. Ela é flexível e assegura que sis-
temas importantes de infraestrutura operem como: comunicações, edifícios, indústrias e
até transportes.
Não há dúvidas que a indústria da energia [combustíveis fósseis e eletricidade] foi pro-
pulsora para o desenvolvimento e o aumento da produtividade da indústria e, também, do
agronegócio. Esse insumo é essencial e indispensável para a produção rural. A energia foi a
grande propulsora de desenvolvimento e crescimento econômico no ambiente rural, toda-
via, seus custos e riscos crescentes erodem [e as vezes até excedem] seus benefícios mani-
festos. Portanto, a energia passa a ser uma variável que pode atuar como um fator impediti-
vo para a continuidade do crescimento desse setor.
Com respeito a energia elétrica, a falta de planejamento conjunto dos setores de ener-
gia e do agronegócio faz com que o sistema elétrico não contemple, em seus investimentos
de infraestrutura, as condições essenciais para garantir a disponibilidade e a qualidade de
energia no meio rural. Aliado a isso, o aumento do preço da energia contribui para o acha-
tamento das lucratividades.
Diante deste cenário, o agronegócio brasileiro, que é responsável por aproximadamen-
te 25% do pib e de 50% das exportações nacionais [no sul brasileiro este setor representa
A presente publicação é resultado de um estudo realizado das renováveis, considerando que o setor agríco-
entre agosto de 2016 e julho de 2017, sobre o desenvolvimento e a la avança para um processo de transição de sua
aplicação das energias renováveis no meio rural da Região Sul do economia, tendo como base, a produção de grãos
Brasil, focando na energia solar fotovoltaica, energia eólica, biogás e de proteína animal, estabelecendo novos ciclos
e biomassa florestal. na produção de alimentos.
Os trabalhos envolveram uma equipe multidisciplinar que se dedi- Como consequência, temos a necessidade de
cou a levantar informações em propriedades rurais e contou com energia segura em suas diversas formas (elé-
o apoio de especialistas no tema, para, assim, oferecer uma visão trica, térmica e para mobilidade) e, portanto, a
sistêmica sobre a situação atual e as potencialidades dessas fontes busca de integração na produção de alimentos,
de energia renovável na área rural. garantindo energia confiável e ambientalmente
Apesar da riqueza de informações obtidas, considera-se que este é adequada são fatores de atratividade e desem-
apenas um passo no processo de discussão necessário para que as penham um papel de competitividade para um
energias renováveis avancem no meio rural da Região Sul do Bra- setor que representa 27% do pib e 46% das expor-
sil. Estudos, pesquisas e a ampliação dos processos de divulgação tações do País.
das energias renováveis no rural se fazem necessários para que os
agricultores possam usar essas tecnologias, que contribuirão sig-
nificativamente para a transformação e diversificação da matriz
energética, bem como para a mitigação das questões ambientais
enfrentadas na agricultura.
A publicação desta obra é fruto de um conjunto de oportunidades
que a Região Sul do Brasil passa a observar e aplicar no âmbito
AGRICULTORES ENTIDADES
PARANÁ 3B ENERGY – Francisco Espyridião e Leticia Rodrigues.
Bituruna | Paulo Egidio Agustini – Granja Agustini BANRISUL (Banco do Estado do Rio Grande do Sul) – Nedio Paties.
Castro | Centro de Trein. de Pecuarista de Castrolanda – CTP BIOTER PROTEÇÃO AMBIENTAL LTDA – Karen Bes.
Castro | Jan Haasjes – Granja Marujo BRICK ENERGIA SOLAR – Pedro Ivo Ravagnani.
Dois Vizinhos | Juranci Tonietto – Granja Tonietto CERTHIL – Cooperativa de Distribuição de Energia Entre
Entre Rios do Oeste | Romário Schaefer Rios Ltda. (Tres de Maio/RS) – Pedro Roman e Neri Alceu Bruxel.
Francisco Beltrão | Antoninho e Mari Godinho CIBIOGÁS (Centro Internacional de Energias Renováveis).
Marechal Candido Rondon | Eldo Matte COOPAFI / COOPAFI (Cooperativa de Comercialização da
Agricultura Familiar Integrada do Paraná) – José Carlos Farias.
RIO GRANDE DO SUL COPEL (Companhia Paranaense de Energia) – Andre Luiz Zeni.
Candiota | Erich Lageman COMITÊ SC BIOGÁS – Iara Dreger.
Horizontina | Gilmar Rex EMATER-PR (Instituto Paranaense de Assistência Técnica e
Mostardas | José Chaves da Costa Extensão Rural) – Valdir Koch, Orival Stolf, e Ademir V Peroni e
Mostardas | Enio José do Coelho Evangelho Ana Maria de Moraes.
Santo Cristo | Luis C. Gerhardt – Santo Cristo/RS EMATER-RS (Associação Riograndense de Empreendimentos
São Lourenço do Sul | Jerri Eliano de Quevedo de Assistência Técnica e Extensão Rural) – Matias Felipe
Tavares | Gilmar Copelo Brum e Helena Maria V. Brum E. Kraemer, José Vanderlei B. Waschburger, Fernando D.
Tres de Maio | Milton Kipper Fagundes, Jonas da Silveira, Vanderlei Neuhaus, Leonardo R.
Tucunduva | Elton Barrichelo Rustick, Neumar R Freddi e Marco André Jung.
EMBRAPA / CLIMA TEMPERADO (Empresa Brasileira de Pesquisa
SANTA CATARINA Agropecuária) – Carlos Reisser Junior, Clênio Nailto Pillon e
Aberlado Luz | Juarez de Oliveira Luz Carlos Alberto Barbosa Medeiros.
Tunápolis | Granja Serafini EPAGRI (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de
Vargeão | Granja Tomazoni Santa Catarina) – Paulo Roberto Lisboa Arruda e Luiz Antonio
Palladini.
TABELA 4.
Produção agrícola proveniente da agricultura familiar
Participação da Agricultura
Produto agrícola em relação à produção total de cada estado (%)
Familiar na produção
Paraná Santa Catarina Rio Grande do Sul agrícola estadual da Região
Sul do Brasil.
Mandioca 81 93 92
Feijão 66 73 84
Milho em grão 43 76 66
Café 57 90 99
Arroz em casca 40 64 11
Leite 68 87 85
Trigo 23 17 23
Soja 31 30 36
Fonte: IBGE, 2006.
De acordo com essas informações é possível ter uma noção da importância que a agri-
cultura familiar tem na Região no Sul do Brasil, especialmente na produção de alimentos e
na contribuição para a segurança alimentar e nutricional da região e do país.
Atualizando as informações sobre os rebanhos suíno, bovino e de aves e incluindo a bo-
vinocultura de leite no ano de 2015, obtém-se os dados apresentados na Tabela 8. Segundo
esses dados, houve um crescimento significativo da pecuária nos últimos 10 anos. Desta-
que-se que Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul respectivamente são os maiores
produtores de suínos do Brasil. Essa realidade aponta fortemente a necessidade de serem
implantadas propostas que minimizem os impactos ambientais sob pena de inviabilizar a
produção agrícola (lavouras) na região. Destaca-se que Santa Catarina é o primeiro estado
Toda esta produção agrícola e o seu processamento, realizado pelas cooperativas agroin-
dustriais ou por empresas integradoras, exige quantidade elevada de energia em todas as
etapas, “antes e depois da porteira”. Na produção agrícola, o maior gasto energético ocorre
“antes da porteira”, ou seja, na propriedade, pois é nela que ocorrem as operações mecâni-
cas como o preparo do solo, a aplicação de adubos e agrotóxicos, a irrigação, entre outros.
Em relação à produção pecuária, principalmente na produção de aves e suínos, é neces-
sário somar os gastos energéticos de toda a cadeia produtiva, ou seja, na produção de grãos
(milho e soja para ração), com climatização (aquecimento/resfriamento e umidificação), na
geração de vapor e aquecimento de água, na distribuição de água e ração, na iluminação,
na higienização de equipamentos (ordenhadeiras, resfriadores etc.) entre outros processos.
Ou seja, existe um gasto energético elevado, tanto na produção como no processamento
animal ou vegetal. Desta forma o consumo energético sempre irá variar em função do tipo
4.1. Biogás
Autores: Leidiane Mariani, Carlos A. F Biasi,
Abner G. Picinatto, Gladis M. B. Bühring
FIGURA 2.
Cooperativas e estabelecimentos
agropecuários com tratamento
de dejetos e produção de biogás.
FIGURA 4.
Jornal da época sobre a
instalação do primeiro
biodigestor no campo em
Santa Catarina.
“Próximo desse período foi instalado um biodigestor indiano no Juvenato São Pascoal
em Jaborá, SC, coordenado pelo religioso Rodolfo Wiggers, conhecido como Frei Nicolau
e com orientação da Acaresc. No município de Seara, o médico Nicolau Laitano também
incentivava o uso do biogás”.
FIGURA 5.
Propriedade com Biogás-
Vargeão/ Santa Catarina.
A produção agroindustrial gera uma quantidade muito grande de resíduos e que devem
ser destinados de forma adequada, de modo a não causar nenhum dano ambiental. Assim,
todas as indústrias passam por processo de licenciamento ambiental pelos órgãos estadu-
ais ou municipais competentes. Com o licenciamento ambiental os resíduos recebem uma
FIGURA 6.
Unidades industriais das
cooperativas agropecuárias com
potencial de produção de biogás
em Santa Catarina.
Em 2016 o Estado lançou o Atlas das Biomassas do Rio Grande do Sul para produção de
biogás e biometano que apresenta uma análise do aproveitamento adequado das biomas-
sas disponíveis no Estado para a geração de energia com a apresentação de um mapeamen-
to das áreas de produção, levando em conta os setores agroindustriais existentes. O mapea-
mento foi elaborado como condição indispensável para a formulação de políticas públicas
O cooperativismo gaúcho contava, em 2014 e segundo o Sistema Sindicato e Organi-
zação das Cooperativas do Estado do Rio Grande do Sul (ocergs / sescoop/rs), com 464
cooperativas ativas, sendo 148 no ramo agropecuário que geram uma quantidade enorme
de resíduos que podem ser aproveitados para a produção de biogás. A localização destas
cooperativas é apresentada na Tabela 10, e na Figura 7 em que podem ser visualizadas as
cooperativas com potencial de produção de biogás a partir de outros resíduos oriundos do
processamento de leite, uva e de frigoríficos de aves e suínos.
TABELA 10.
Cooperativas com potencial Cooperativas Município Produtos
de tratamento de dejetos e
produção de biogás no Rio agroprado Antônio Prado Leite, Vinhos
Grande do Sul.
agroipê Ipê Vinho
aurora Sarandi Suínos
camnpal Nova Palma Suínos/Leite
camol São José do Ouro Leite
castilhense Júlio de Castilhos Suínos
coagrijal Jaguari Leite
coamur São João da Urtiga Leite
comacel Arroio do Tigre Leite
comtul Tucunduva Suínos/Leite
coomat Toropi Leite
vinícola garibaldi Garibaldi Vinho
coopermil Santa Rosa Leite
cooperoque Salvador das Missões Leite
coopibi Ibiraiaras Suínos/Leite
O sol se constitui na maior fonte de energia de nosso planeta. Diariamente através dos
raios solares chegam milhões de kWh à Terra de forma gratuita e limpa. Os raios solares,
além de fornecer luz e calor, essenciais para a manutenção da vida na Terra, podem ser
aproveitados para a produção de energia elétrica (América do Sol, 2014).
A energia solar térmica é a área relativa ao aquecimento de fluidos e ambientes, resul-
tando na geração de potência mecânica e elétrica, onde são usados os coletores solares ou
concentradores solares. A energia solar fotovoltaica é a área relacionada com a conversão
direta da energia solar em energia elétrica, neste caso, os dispositivos que realizam a con-
versão são as células solares. Para formar o módulo fotovoltaico, as células solares são asso-
ciadas eletricamente e colocadas em uma estrutura resistente às intempéries.
No Brasil, os exemplos de projetos fotovoltaicos estão voltados para bombeamento de
água para abastecimento doméstico, irrigação e piscicultura, iluminação pública, sistemas
coletivos (escolas, postos de saúde, centros comunitários, estradas e atendimento residen-
cial (urbano e rural).
FIGURA 8.
Desenho esquemático da
geração de energia solar
fotovoltaica.
Nesse sentido, o Plano Nacional de Energia (epe/mme, 2014) projetou em 2014 o cresci-
mento de unidades consumidoras com sistemas fotovoltaicas até 2023, o que é apresentado
na Tabela 11.
TABELA 11.
Projeção da evolução das Ano/Segmento 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023
unidades fotovoltaicas entre
2014 e 2023. residencial 165 339 677 1.355 2.972 9.609 24.539 54.036 102.387 140.011
comercial 216 616 1.676 3.735 6.407 9.912 14.936 17.268 19.238 21.349
total 381 955 2.353 5.090 9.379 19.521 39.475 71.304 121.624 161.360
Fonte: EPE/MME, 2014.
cerca de 2,5 mil residências. A usina entrou em operação comercial em agosto de 2014 e é
até o momento a maior usina solar do Brasil (engie,2014).
Em operação desde 2014, a Usina Megawatt Solar instalada na sede administrativa da
Eletrosul, em Florianópolis (SC), é o maior complexo de produção de energia elétrica a par-
tir da energia solar da América Latina, integrado em um edifício. A potência instalada é de
1 megawatt-pico (MWp) e pode produzir aproximadamente 1,2 GWh de energia por ano.
Foram instalados 4.200 módulos fotovoltaicos nas coberturas do edifício-sede e estaciona-
mentos, totalizando uma área de 8,3 mil metros quadrados. A Eletrosul também possui um
programa de P&D específico na área de energia solar fotovoltaica voltada à produção de tec-
nologias nacionais para a purificação de silício e desenvolvimento de células solares.
Santa Catarina pode se destacar no cenário solar brasileiro por ter uma boa infraestrutura
de pesquisa em universidades federais, em empresas privadas e no estado. O Grupo de Pes-
quisa Estratégica em Energia Solar da Universidade Federal de Santa Catarina – fotovol-
taica-ufsc (Figura 9) desenvolve estudos nas diversas áreas de aplicação da energia solar no
Brasil, com foco principal em sistemas fotovoltaicos integrados ao entorno construído e in-
terligados à rede elétrica pública, os chamados Edifícios Solares Fotovoltaicos (Rüther,2004) .
Nenhum destes estudos está relacionado à agricultura, mas é possível a utilização das in-
formações para aplicação no meio rural. O Grupo desenvolve projetos em parceria com ou-
tras instituições, como: Instituto de Energias Renováveis e Eficiência Energética da Amazônia
(inct-ereea); Laboratório de Eficiência Energética em Edificações (Labeee/ufsc) e o Institu-
to para o Desenvolvimento de Energias Alternativas na América Latina (Instituto ideal).
FIGURA 13.
Residência de pescador
artesanal – Mostardas.
FIGURA 14.
Painel fotovotaico Controlador de carga
Sistema de bombeamento
d’água instalado a campo –
Mostardas.
Usos em 12 V
Banco de baterias
Crédito: Escritório Municipal da
Emater RS – Mostardas.
FIGURA 16.
Sistema solar fotovoltaico –
Mostardas.
Campos de Guarapuava
Planalto de Palmas
Serra do Quiriri
ganização e centralização de ações de curto, médio e longo prazo em geração distribuída por
fontes renováveis e sua conexão a redes inteligentes, criando instrumentos que possibilitem
às instituições públicas, Instituições de Ciência e Tecnologia (ict) e instituições empresa-
riais e empresas a adotar estratégia comum (tecpar, 2014). Dentre as ações previstas vários
resultados entre 2013 e 2014 foram obtidos: instalação da primeira Estação Solarimétrica
Plena do Estado do Paraná; instalação de Micro Usinas em Geração Fotovoltaica e Eólica;
Acordos de Cooperação com o Governo Basco, com a Embaixada Italiana no Brasil e como
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (inpe); Participação no Projeto Green Silicon; Re-
cepção e aproximação para cooperação técnica a Missões da Alemanha, Holanda, Inglaterra,
Espanha, Itália e Japão; Integração aos Trabalhos da Agência Brasileira de Desenvolvimento
Industrial (abdi) no mapeamento Industrial e Tecnológico de Smart Grids e, Realização da
Conferência Internacional de Energias Inteligentes em maio de 2014.
Entre as limitações do Paraná para o uso da energia eólica pode ser destacada a oferta de
ventos relativamente baixa e inconstantes e o número de redes de transmissão de energia.
Como principal vantagem seria a possibilidade de desenvolver uma agropecuária com o uso
de energia limpa e renovável.
FIGURA 20.
Potencial Eólico do Rio Grande
do Sul a 150 m de altura, 2014.
A biomassa florestal é originada a partir da fotossíntese realizada pelas árvores que, por
meio da utilização de energia solar, água e gás carbônico dá origem aos compostos orgâ-
nicos e oxigênio. A composição vegetal das árvores de acordo com a espécie, idade, teor de
umidade e parte da árvore, e é o que define se pode ser utilizada para produção de madeira
ou como fonte energética.
Está diretamente relacionada com a atividade de silvicultura que atua no cultivo das ár-
FIGURA 23.
Potencial Eólico do Rio Grande
do Sul a 150 m de altura, 2014.
5.1.1. Agropecuária
O potencial de geração de renda com o uso do biogás e melhoria das condições ambien-
tais através do tratamento dos dejetos com biodigestor pôde ser observado nas visitas re-
alizadas, reafirmando os estudos feitos por Codebela (2006), Refosco (2011) e Fernandes
(2012).
O estudo realizado envolveu a visita a 12 propriedades, sendo 4 no Rio Grande do Sul,
3 em Santa Catarina e 5 no Paraná, conforme apresentado na Tabela 13. Os agricultores
visitados são proprietários de unidades produtivas que possuem áreas variáveis entre 7 e
1.200 hectares, com rebanhos que oscilam entre 650 a 50.000 cabeças de suínos (matrizes,
leitões e suínos em terminação) e dois produtores com 11 e 15 vacas em lactação. Em uma
avaliação inicial, esses dados caracterizam as propriedades como sendo de agricultura fa-
miliar e não familiar.
propriedade
por estado/cidade/ área e Bovinos
Área da
Suínos
(ha)
quantidade de animais. Nome do agricultor Cidade/Estado de leite
Termi- Vacas em
Sistema Matrizes Leitões
nação lactação
UPL
Jan Haasjes Castro/PR 120 850 – – –
Matrizes
Entre Rios do Termina-
Romário Schaeffer 48 – 3.000 – –
Oeste/PR ção
UPL
Juraci Tonieto Dois Vizinhos/PR 13 1.100 – – –
Matrizes
Marechal Candido Termina-
Eldo Matte 11 – 650 – 15
Rondon/PR ção
Ciclo
Paulo E. Agustini Bituruna/PR 7 42 410 160 –
Completo
Luis Carlos Ciclo
Santo Cristo/RS 38 1.680 3.400 4.000 –
Gerhardt Completo
Ciclo
Elton Barrichelo Tucunduva/RS 15 – 1.550 – –
Completo
Termina-
Milton Kipper Três de Maio/RS 8 – 800 – 11
ção
Willibaldo Termina-
Santo Cristo/RS 254 1.600 4.100 – –
Reicherdt ção
Termina-
Granja Tomazzoni Vargeão/SC 60 – 50.000 – –
ção
Juarez de Oliveira UPL
Aberlado Luz/SC 1.200 37.000 – – –
Luz Matrizes
Fonte: Pesquisa de campo de junho
a outubro de 2016. UPL
* Apenas o efluente das matrizes é Moacir Serafini Tunápolis/SC 220 3.000 – – –
Matrizes
enviado para o biodigestor.
Queima em flare e
Mistura 2002, 2012 e motogerador para
Jan Haasjes 1500 X
Completa 2013 energia elétrica está em
instalação
Romário
340 Canadense 2013 Queima em flare X
Schaeffer
Juraci
1900 Canadense Queima em flare X
Tonieto
Paulo E.
120 Chinês 1995 Queima em flare X X
Agustini
Luis Carlos
3300 Canadense 2008 Energia elétrica X X
Gerhardt
Elton
2700 Canadense 2007 Energia elétrica X
Barrichelo
Milton
100 Canadense 2004 Queima em flare X
Kipper
Willibaldo
3200 Canadense 2016 Energia elétrica X
Reicherdt
Granja
5700 Canadense 2009 Energia elétrica X X
Tomazzoni
Juarez de
64000 Canadense 2013 Energia elétrica X
Oliveira Luz
Moacir
5200 Canadense 2009 Energia elétrica X X Fonte: Pesquisa de campo realizada
Serafini entre junho e outubro de 2016.
Energia térmica 2
Queima em flare
1 2
(sem uso energético)
TOTAL 4 3 5 Fonte: Pesquisa de campo realizada
entre junho e outubro de 2016.
Em uma das propriedades visitadas embora a produção de biogás não seja medida no
local, tampouco a eficiência da conversão, os proprietários consideram que há uma econo-
mia significativa de energia elétrica, com a redução de mais de 50% no seu custo.
Em relação ao custo de implantação dos biodigestores, constatou-se que alguns agricul-
tores não possuíam informações, pois haviam sido instalados por empresas integradoras
Ainda em relação aos custos de manutenção, trabalho desenvolvido pela empresa ieri
de projetos em biodigestores, apontou um valor anual de, aproximadamente, R$ 19.000,00
para um moto gerador a biogás de 120 kVA/85 kW com funcionamento diário de 13 horas
fora da ponta (26 dias) e 3 horas no horário de ponta (22 dias) (ieri, 2016).
Em relação ao capital investido constatou-se que 33,33% dos agricultores utilizaram
recursos próprios e bancários, 25% apenas recursos bancários, 16,67% recursos próprios,
16,67% foram as integradoras que realizaram as instalações e 8,33% de outras fontes.
As principais linhas de crédito utilizadas foram Pronaf mais Alimentos e Programa abc.
Governamentais
(biofertilizante)
e Institucionais
Motivos considerados
(odor, moscas,
Outros fatores
Uso Agrícola
(redução de
Econômico
Orientação
Programas
legislação)
Ambiental
determinantes pelos
Técnica
custos)
agricultores para implantação do
sistema de digestão anaeróbica.
Jan Haasjes X X
Romário Schaeffer X X
Juraci Tonieto X X X
Eldo Matte X
Paulo E. Agustini X
Luis Carlos Gerhardt X X X
Elton Barrichelo X
Milton Kipper X
Willibaldo Reicherdt X X
Granja Tomazzoni X X X
Juarez de Oliveira Luz X X X X
Fonte: Pesquisa de campo realizada
entre junho e outubro de 2016. Moacir Serafini X X X X
FIGURA 24.
Instalações da Cerâmica Stein.
sala de ordenha (10%) e utiliza também o digestato produzido (biofertilizante) nas lavouras
de milho e pastagens. A área de pastagens utilizada pelo ctp para a bovinocultura de leite
possui 15,5 hectares e nela estão alojadas 100 vacas, das quais 50 em lactação. O biodigestor
existente é do tipo canadense.
O custo de implantação do biodigestor e as adaptações para o gás ser utilizado nos fo-
gões no ctp atingiu o valor de R$ 12.000,00 sendo realizadas estas obras no ano de 2008.
A produção diária de biogás é de 40 m³ e a economia com os biofertilizantes equivale
a aproximadamente R$ 10.000,00 /ano. A economia gerada com o biogás é de R$ 5.000,00
anualmente, com uma utilização durante 10 meses do ano, pois a região possui um inverno
rigoroso.
As informações levantadas no Centro de Treinamento de Pecuaristas servem como re-
ferência para o uso do biogás em Centros de Treinamentos e Colégios Agrícolas pois pode-
riam permitir uma redução de custos nestas entidades.
Como foi explicitado anteriormente na área rural o crescimento do uso de sistema fo-
tovoltaicos ainda é pequeno, entretanto constata-se que os agricultores independentes do
tamanho das propriedades têm manifestado interesse em relação ao tema, buscando infor-
mações técnicas e econômicas, pois o sistema tem se mostrado atrativo o que motiva uma
possível adoção nas propriedades rurais.
total 12 5
Fonte: Emater / RS em 31/03/2017.
Cachoeira do Sul – – – –
Cristal 1 feaper – –
Tuparendi – – 1 pronamp
Sapiranga – – 1 feaper
TOTAL 17 – 22 –
Fonte: Emater/RS em 31/03/2017.
5.2.1. Agricultores
As propriedades dos agricultores visitados possuíam áreas variando entre 2 e 54 hec-
tares e as principais atividades agrícolas desenvolvidas eram o plantio de arroz irrigado,
FIGURA 28.
Vista da propriedade de Gilmar
Rex – Horizontina/RS.
FIGURA 29.
Propriedade de
Antonio Godinho.
5.2.2. Pescadores
As visitas a locais com uso de sistemas fotovoltaicos por pescadores ocorreram nos mu-
nicípios de Tavares (1 pescador) e Mostarda (1 pescador) no Rio Grande do Sul. Os entrevis-
tados possuíam como atividade principal a pesca artesanal, entretanto os espaços residen-
ciais apresentavam características bastante diferenciadas. O pescador de Mostardas residia
em uma área de marinha em que não havia acesso à energia elétrica em face de proibições
de caráter ambiental. O pescador do município de Tavares/RS residia na sede do município
e além da atividade pesqueira possuía uma área de 60 ha dos quais 30 hectares eram arren-
dados, em 1 hectares havia uma lavoura de cebola e os demais 29 hectares não era permitida
a exploração também por motivos ambientais.
O morador de Mostardas residia em um espaço de aproximadamente 5.000m² em que
havia uma única residência que contava com um aparelho de TV, 05 lâmpadas, uma ge-
ladeira e um freezer para armazenamento do pescado, além de um pequeno galpão para
guarda do material de pesca.
O pescador de Tavares possuía uma estrutura caseira completa com eletrodomésticos,
(forno, amassadeira de pão, torneira elétrica e jarra elétrica entre outros), televisão. No terre-
no haviam duas residências (3 pessoas) e um galpão para guarda dos equipamentos de pesca.
Em relação à utilização da energia solar nas residências, os entrevistados responderam
que o principal uso era doméstico (aquecimento de água da casa, iluminação e uso de apa-
relhos domésticos) e manutenção/conservação do pescado. Outro motivo determinante foi
Placa Solar OFF GRID 01 Chinalando Solar Energy • Placas Yingli Solar de 140 a 55 Wp
(sistema isolado) CO.,LTD de 265 Wp
Bateria 12 v ACDelco Freedom • BAT Flex – BFM 150 AHD/BFM 150 AHE
ACDES170ah
Relógio Medidor* Bidirecional Landis Gyr
(*) Os relógios medidores são fornecidos pelas concessionárias (COPEL/ ceee).
Como citado em capitulo anterior o uso da energia eólica nas propriedades agrícolas no
Sul do Brasil praticamente inexiste. Identificam-se os modelos denominados “cataventos”
utilizados principalmente para produção de energia hidráulica. Os aerogeradores podem
ser encontrados nas grandes propriedades ou nas propriedades em que a Embrapa Clima
Temperado desenvolve projeto de pesquisa desde o final de 2013 e que pode ser classificado
como uma estação hibrida, cujo foco é aliar a produção eólica e a fotovoltaica.
A condução da pesquisa desenvolvida pela Embrapa Clima Temperado ocorre em parce-
ria com o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul Rio-grandense (ifsul) e a
Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Sul (ex- fepagro) A associa-
ção da produção eólica e fotovoltaica busca também determinar a eficiência e o rendimento
dos equipamentos conectados à rede (grid-tie) disponíveis no mercado brasileiro, em pro-
priedades rurais de base familiar.
Neste trabalho foram instalados seis conjuntos mistos de geração de energia renovável,
sendo quatro ligados à rede da ceee, em Pelotas: Estação Experimental da Cascata (Embra-
pa Clima Temperado), Campus cavg (Colégio Agrícola) do ifsul, onde são coletados dados
e analisado o comportamento dos equipamentos mais proximamente; São Lourenço: Co-
munidade Quilombola Monjolo, em que o sistema está ligado na propriedade de um dos
agricultores e em Candiota na propriedade de um agricultor assentado. Nos municípios de
Santa Cruz do Sul e Seberios conjuntos não estão instalados com ligação a rede e localizam-
se em cooperativas de pequenos agricultores.
Nas unidades é realizada a análise agrometeorológica com o objetivo de medir a energia
disponível em cada propriedade e verificar a viabilidade econômica e a eficiência da geração
de energia alternativa. A energia gerada no sistema é conduzida para a rede de distribui-
ção da estação, medindo-se a quantidade produzida e avaliando-se o potencial como fonte
adicional de geração de renda, resultante da venda da energia gerada ou como redutor da
quantidade de energia adquirida do distribuidor.
Este projeto conseguiu alguns resultados importantes para o estado e para as empre-
sas, como as primeiras instalações oficiais on grid pela Companhia Estadual de Energia
Elétrica – ceee, o auxílio na atualização da norma técnica da ceee para instalações de mi-
crogeração, a primeira instalação em redes com sistema monofilar com retorno por terra
‘monobucha’ (adequação do inversor e dos painéis), as relações preliminares dos gerado-
res com as variáveis meteorológicas locais, auxilio no desenvolvimento dos equipamentos
(aerogeradores), informações sobre a eficiência e rendimento de cada equipamento e a
determinação do potencial gaúcho de geração na pequena propriedade. Agora o projeto
vai instalar estações experimentais em propriedades da agricultura familiar no Paraná, po-
rém somente com energia solar fotovoltaica. O projeto não é específico para energia eólica,
porém como citado está desenvolvendo pesquisas com o uso de aerogeradores de pequeno
porte de fabricação nacional.
No acompanhamento a campo foi realizada uma visita no município de São Lourenço
do Sul/ RS no Quilombo Monjolo. Com o apoio do pesquisador da Embrapa Clima Tempe-
rado, foram também levantadas informações na propriedade no Município de Candiota,
mais especificamente no Assentamento 20 de Agosto. Em ambas as propriedades há um
sistema integrado de geração de energia eólica e solar fotovoltaica, composto por dois ge-
radores eólico com (1kW) de potência aproveitando a energia do vento e outro, um gerador
fotovoltaico (1kW) que aproveita a energia solar.
No sistema estão instaladas quatro placas Chinaland Solar Energy co, ltd; – de 265 Wp,
dois inversores, sendo um inversor solar: Growatt 1500S 1600W output; Inversor eólico: con-
junto Aurora Power-One PVI-7200-Wind-Interface 7.2 kW (interface) mais o inversor Aurora
Power-One uno-2.0-i-outd-w; 1 turbina eólica – enersud Gerar 246 1 kW; um Relógio Me-
didor Bidirecional: Landis Gyr+, fornecido pela ceee – Companhia Estadual de Distribui-
ção de Energia Elétrica do Rio Grande do Sul e uma estação meteorológica automática com
funcionamento pretendido para 24 horas, mas dependente da existência de sol e/ou vento.
A ligação é direta a rede da distribuidora energia (Grid Tie) O sistema é monofásico – 220 v.
Na comunidade Quilombola Monjolo, formada por 17 famílias residentes em 30 hec-
tares e dedicando-se à produção agrícola de base orgânica está instalado um dos sistemas
antes mencionado. A energia elétrica produzida é consumida pela propriedade e o exce-
dente é injetado na rede de distribuição, sendo que o valor compensando na fatura desse
produtor é repassado e dividido entre todas as propriedades. A demanda da propriedade é
pequena sendo a energia utilizada para a iluminação da residência e o aquecimento da água
FIGURA 32.
Localização do Condomínio Legenda:
Ajuricaba.
O projeto “Arranjo técnico e comercial para geração de energia elétrica conectada à rede
a partir do biogás oriundo de dejetos de suínos no município de Itapiranga, oeste de Santa
Catarina” foi idealizado pela Eletrosul e tem como parceiros a ufsc, Universidade Federal
de Santa Maria (ufsm), Fundação Certi, Instituto de Tecnologia Aplicada a Inovação (itai),
Fundação Parque Tecnológico Itaipu (Fpti) e Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuá-
rias (embrapa).
O projeto está pautado na intenção das partes interessadas em impulsionar a geração de
Energia Elétrica a partir do biogás, em especial nas regiões de alta concentração de produ-
ção de biogás.
Uma das matérias primas mais promissoras para a produção do biogás são os resíduos
da agropecuária, como da suinocultura e bovinocultura de leite, atividades que represen-
tam a economia de muitos municípios, como é o caso de Itapiranga- SC, na qual um dos
subprodutos para resolução dos problemas ambientais gerados pela criação intensiva de
suínos é o biogás.
O saneamento rural ainda é uma área bastante carente de projetos e investimentos eco-
nomicamente sustentáveis. A proposição do projeto confere ao elevado potencial de maté-
ria-prima para geração de biogás, recuperação energética da suinocultura, possibilidade de
replicação do projeto em outras regiões, saneamento rural sustentável, agregação de valor
para a propriedade rural e ao subproduto gerado: o biofertilizante, além do estímulo à cria-
ção de uma cadeia voltada para o mercado do biogás em Santa Catarina através da geração
de Energia Elétrica.
Um diferencial do projeto é o levantamento do potencial de produção do biogás no Es-
tado de Santa Catarina, que originará um inventário capaz de dar suporte a identificação de
FIGURA 34.
Veículo do consórcio movido a
biometano GNVerde.
A Granja São Pedro, de propriedade de José Carlos Colombari, está localizada em São
Miguel do Iguaçu, Oeste do Paraná, e seu foco econômico é a suinocultura de terminação.
A propriedade é pioneira no auto abastecimento energético no país. Em 2006, foi instalado
um biodigestor para tratar a biomassa residual das granjas, produzir biogás e gerar energia
elétrica. Após dois anos, a unidade já operava em Geração Distribuída (GD), ou seja, estava
conectada à Companhia Paranaense de Energia (Copel) para fornecer energia para a rede.
Em 2010, aumentou-se a produção de suínos e, consequentemente, o volume de efluen-
te gerado. Por isso, instalou-se mais um biodigestor para atender à demanda de biomassa
residual produzida pelos animais.
A granja tem cinco mil suínos, produzindo cerca de 45 m³ por dia de efluentes líquidos,
que são direcionados a dois biodigestores de lagoa coberta, que operam em série. O plantel
7.1. Biogás
Autores: Felipe Sousa Marques, Samuel Campos da Silva
7.1.1. Cenário 1
A modelagem foi desenvolvida considerando o cenário de viabilidade da cadeia produti-
va e da demanda do que se refere ao biogás e sua transformação em energia elétrica.
A Tabela 23 apresenta o potencial de produção de dejetos, biogás e geração de energia, nos
moldes de geração distribuída e isolada, considerando um plantel de 2.300 suínos em termina-
ção e um consumo de energia elétrica de 2.137 kWh/mês em uma determinada propriedade.
TABELA 23.
Estimativas de Resultados Potencial de produção de
dejetos, biogás, metano e
Produção de dejetos 16,10 m³/dia geração de energia elétrica para
Produção de Biogás 11.253,90 m³/mês suinocultura em terminação.
Produção de Metano 7.315,04 m³/mês
Geração de Energia Elétrica GD 16.077,00 kWh/mês
Geração de Energia Elétrica interno 17.051,36 kWh/mês
Fonte: Elaboração própria.
TABELA 25.
Estimativa de investimento Estimativa de Custos de Implantação – Geração Isolada
para o sistema de produção de
biogás e geração de energia Biodigestor R$ 38.640,00 m³
elétrica para geração isolada e Grupo Moto-Gerador (GMG) – GI R$ 72.000,00 R$
depreciação de equipamentos
Painel Elétrico R$ 5.000,0 Unid.
Total de Custos – Geração Isolada R$ 115.640,00 R$
Depreciação de Equipamentos
Depreciação (período de uso) 15 Anos
Custo Anual c/ Biodigestor e GMG (GI) R$ 7.376,00 R$/ano
Custo Mensal c/ Biodigestor e GMG (GI) R$ 614,67 R$/mês
Fonte: Elaboração própria.
Com base nos valores de investimento foi possível realizar uma análise preliminar de via-
bilidade econômica, considerando um horizonte de planejamento de 25 anos em virtude da
depreciação dos equipamentos e também será apresentado dois outros cenários onde é le-
vado em consideração a redução do investimento em biodigestores e grupo moto geradores.
O custo evitado apresentado é baseado no valor da energia elétrica da área rural, de
R$ 0,34 kWh e para o payback descontado, foi considerada a taxa de juros de 6,5% a.a.
7.1.2. Cenário 2
Baseando-se no mesmo plantel de 2.300 animais e o consumo mensal de 2.137 kWh/
mês, no primeiro cenário descrito na Tabela 28 e na Tabela 29, poderemos observar o in-
vestimento do produtor rural apenas no sistema de digestão anaeróbica e painéis elétricos,
seus resultados financeiros e a viabilidade deste investimento.
TABELA 28. Estimativa de Custos de Implantação – Geração Distribuída
Produtor Rural. Estimativa de
investimento para o sistema de Biodigestor R$ 38.640,00 m³
produção de biogás e geração Painel Elétrico R$ 5.000,0 Unid.
de energia elétrica para geração
distribuída e depreciação de Painel de Conexão em GD (inclui projeto) R$ 65.000,0 Unid.
equipamentos. Total Custo – Geração Distribuída R$ 108.640,00 R$
Depreciação Geração Distribuída
Depreciação (período de uso) 15 Anos
Custo Anual c/ Biodigestor R$ 2.576,00 R$/ano
Custo Mensal c/ Biodigestor R$ 214,67 R$/mês
Fonte: Elaboração própria.
Podemos observar nos resultados demonstrados na tabela 6 que o produtor rural fará
um investimento de R$108.640,00 para a implantação do sistema de digestão anaeróbica e
painéis elétricos. Como o grupo moto gerador pertence a um investidor, esse produtor terá
direito a utilizar o equivalente a 69% do total de energia gerada, percentual este proporcio-
nal ao total de investimento necessário para se viabilizar esta operação.
Com isso podemos verificar na Tabela 29 que, somando-se ao custo evitado mensal e
a negociação do excedente de energia elétrica que lhe é cabível e descontando seus custos
de depreciação, esse produtor terá um rendimento anual líquido de aproximadamente R$
24.312,33, o que proporcionará a viabilidade econômica deste investimento conforme já
demonstrado na tabela 7 no tópico de indicadores econômicos.
Em contrapartida o grupo moto gerador será disponibilizado por um investidor que se
beneficiará dos resultados financeiros da negociação da energia elétrica excedente em ge-
ração distribuída, conforme descrito na Tabela 30 e na Tabela 31.
Estimativa de Custos de Implantação – Geração Distribuída TABELA 30.
Investidor. Estimativa de
Grupo Moto-Gerador (GMG) – GD R$ 48.000,00 R$ investimento no Grupo Moto
Total de Custos R$ 48.000,00 R$ Gerador para e geração de
energia elétrica em geração
Depreciação Geração Distribuída – Investidor distribuída e depreciação do
equipamento.
Depreciação (período de uso) 15 Anos
Custo Anual c/ GMG R$ 3.200,00 R$/ano
Custo Mensal c/ GMG R$ 266,67 R$/mês
Fonte: Elaboração própria.
O investidor que detém a propriedade do grupo moto gerador terá o direito de comercia-
lizar 31% da energia elétrica gerada, percentual proporcional frente ao investimento total
necessário para a viabilização da operação.
Com um total de 4.926,6 kWh/mês para negociação, esse investidor terá um rendimento
anual estimado de R$ 6.850,18, o que proporcionará o retorno do investimento em 7 anos,
considerando o payback simples e 9,7 anos se considerarmos o payback descontado. Em-
bora o payback pareça longo, outros indicadores econômicos como o vpl (Valor Presente
Líquido) e a TIR (Taxa Interna de Retorno) indicam a viabilidade de investimento no projeto
conforme já demonstrado no tópico de viabilidade da Tabela 31.
7.1.3. Cenário 3
As mesmas premissas apresentadas nos cenários anteriores aplicam-se no cenário 3,
porém nesta simulação o produtor rural fará o investimento apenas em equipamentos elé-
tricos (painéis elétricos e painéis de conexão a GD), conforme demonstrado na Tabela 32.
TABELA 32. Estimativa de Custos de Implantação – GD
Produtor Rural. Estimativa de
investimento para o sistema de Painel Elétrico R$ 5.000,0 unid.
produção de biogás e geração
de energia elétrica para geração Painel de Conexão em GD (inclui projeto) R$ 65.000,0 unid.
distribuída e depreciação de
equipamentos. Total custos R$ 70.000,00 R$
Fonte: Elaboração própria.
Podemos observar que neste cenário o investidor teria aproximadamente 8.892,4 kWh/
mês para negociação, o que proporcionará um rendimento anual de R$12.364,57. Com esse
rendimento o projeto terá seu payback descontado em 9,5 anos, com um vpl de R$64.936,16
e uma tir de 14%, o que indica a viabilidade do projeto.
Embora os dados apontem para viabilidade econômica dos cenários apresentados, es-
ses valores são variáveis a dependem das condições regionais de cada unidade produtiva.
Essas variáveis também influenciam na modelagem de negócio.
No Brasil há oportunidades de financiamento para geração de energia a partir de fontes
renováveis, recomendando-se avaliá-las quanto às vantagens e desvantagens e o perfil de
cada produtor ou investidor.
a) Dados da propriedade
A propriedade tem na produção de leite sua principal renda. Conta com um casal de
empregados que residem na propriedade. Trabalha junto com o filho.
Com 37 vacas das quais 20 em lactação, com produção de 300 litros dia, adota o sistema
de rotação de piquetes, produz silagem e está implantando um sistema semi-confinado.
Construiu um estábulo de 32 por 17 metros quadrado, investindo R$ 70.000,00.
c) Custo do projeto
O custo de projeto ficou em aproximadamente R$38.000,00, sendo R$28.000,00 em ma- 6
O grid é um conjunto de placas.
teriais e R$10.000,00 pela elaboração do projeto e instalação do sistema. Financiado pelo Geralmente, em sistemas de baixa
potência temos dois grids, ou seja, 2
Pronaf da safra 2015/2016 a juros de 5,5%. conjuntos de placas. A quantidade de grids
vai depender da potência instalada. Isto
é necessário para não parar a geração
de energia. Caso uma célula da placa
d) Análise Econômica esteja na sombra toda a placa “desliga”
para evitar danos ao sistema. Assim, se o
A análise econômica será realizada projetando uma produção anual de 7.680 kWh/ano e sistema não for dividido em grids (séries)
todo ele para de gerar energia.
uma receita no primeiro ano de R$ 289,00/mês. 7
Wp (Watt-pico) é a unidade de medida
utilizada para painéis fotovoltaicos e
Com o financiamento com o pronaf a 2,5% o projeto atingiria o ponto de equilíbrio a significa a potência em W (Watt) fornecida
por um painel em condições especificas e
partir do terceiro ano quando a receita supera o valor da parcela do principal mais os juros. reproduzidas em laboratório. É a potência
máxima que um painel pode fornecer em
A partir do oitavo ano receitas e despesas estarão igualadas (Tabela 39). condições ideais.
TABELA 39.
Saldo do valor Financiamento através do
Quantidade de Custo da energia Custos com
investido Total (Juros Total Pronaf com juros de 2,5% ao
energia elétrica elétrica da Receita pagamento de
Ano
Ano
(empréstimo e principal) depreciado
gerada (kWh/ concessionária (R$) juros de 2,5%
ou capital (R$) em 5% a.a.
ano) (R$/kWh) a.a. (R$)
próprio) (R$)
Nos financiamentos do pronamp e no Programa abc, com juros de 7,5% ao ano o pro-
jeto atinge o ponto de equilíbrio a partir do quinto ano quando a receita supera o valor do
pagamento do principal e juros. A partir do nono ano as receitas devem cobrir todo o valor
do financiamento do projeto (Tabela 40).
TABELA 40.
Financiamento do PRONAMP e Saldo do valor
Quantidade de Custo da energia Custos com
ABC a juros de 7,5% ao ano, valor investido Total (Juros Total
energia elétrica elétrica da Receita pagamento de
Ano
Ano
elétrica elétrica da do (empréstimo de juros de depreciado
(R$) principal)
gerada concessionária empréstimo ou capital 8,5% a.a. em 5% a.a.
(R$)
(kWh/ano) (R$/kWh) ou capital próprio) (R$) (R$)
Considerando as visitas realizadas pode-se afirmar que nos estados do Sul há grande
potencialidade para produção de energias renováveis no meio rural e para a consequente
diversificação de sua matriz energética. A disponibilidade de diferentes fontes, como a bio-
massa vegetal e animal, o potencial eólico e solar e a grande disponibilidade de áreas para o
plantio de florestas energéticas são fatores facilitadores para este incremento.
Em todas as propriedades visitadas é possível afirmar que os sistemas instalados são vi-
áveis tecnicamente e economicamente e qualificam os sistemas produtivos e as condições
ambientais e sociais e, principalmente, melhoram a qualidade de vida dos agricultores.
Os agricultores e os pescadores visitados apresentaram nível de satisfação significativo
em relação à utilização do biogás e do sistema solar fotovoltaico. Em relação ao sistema
eólico aliado ao sistema solar fotovoltaico os agricultores também manifestam satisfação,
mas consideram necessário o aperfeiçoamento do sistema a fim de permitir efetiva redução
dos custos da utilização da energia.
Nas visitas ficou evidente que existe um forte interesse por parte dos agricultores em uti-
lizar a energia solar nas propriedades pelas facilidades de aquisição, de uso e manutenção
8.1.1. Biogás
O potencial existente de geração de renda para a agricultura da Região Sul do Brasil a
partir do tratamento de dejetos suínos e geração de energia a partir do biogás, seja ela tér-
mica, elétrica, mecânica pode ser observado nas visitas realizadas nos estabelecimentos e
empreendimentos do agronegócio e da agricultura familiar. Situação similar poderia ser
considerada em propriedades que se dedicam a bovinocultura do leite.
As estratégias sugeridas são ações que podem resultar no aumento da sinergia entre
políticas e programas federais e estaduais, mas é preciso amplo e permanente diálogo das
cooperativas e suas organizações centrais, sindicatos e federações com os governos esta-
duais e o governo federal, com as instituições de pesquisa, assistência técnica e de exten-
são rural, empresas e associações do setor, como a abiogás, a absolar, a abeeolica, a
abraf, as geradoras de energia, as empresas produtoras de equipamentos, as universida-
des e centros de pesquisa, visando articular ações que incrementem o desenvolvimento
das fontes energéticas.
anexo
FAMILIAR
Pronaf Eco
Juros de 2,5% ao ano para os seguintes investimentos, com limite financiável de até
R$ 165 mil: Investimento para aproveitamento hidroenergético, tecnologia de energia re-
novável, tecnologias ambientais, projetos de adequação ambiental, adequação ou regula-
rização das unidades familiares à legislação ambien tal, implantação de viveiros de mudas.
Prazos: Até 10 anos, com até 3 anos de carência, podendo ser ampliado para 5 anos de-
pendendo do projeto técnico.
Mais informações: http://www.mda.gov.br/
Pronaf Floresta
Juros de 2,5% ao ano para os seguintes investimentos, com limite financiável de até R$
38,5 mil, dependendo do empreendimento financiado e do grupo no qual o beneficiário
está enquadrado: Financiamento de investimentos em projetos para sistemas agroflores-
tais; exploração extrativista ecologicamente sustentável, plano de manejo florestal, recom-
anexo
ENERGIAS RENOVÁVEIS NA ÁREA RURAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL 187
Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis: Agência reguladora do
setor de combustíveis no Brasil, que fiscaliza e regula o mercado de petróleo, de gás natural
e de biocombustíveis. Elabora normas e regulamentos para o setor e faz o acompanhamen-
to deste mercado no Brasil. Informações: http://www.anp.gov.br
Associação Brasileira de Biogás e Biometano – ABiogás: Associação de direito privado
sem fins lucrativos que reúne empresas que atuam na cadeia do biogás e biometano. Tem
como missão promover a inserção definitiva do biogás e do biometano na matriz energética
brasileira, através do desenvolvimento dos diversos segmentos envolvidos em sua produ-
ção, regulamentação e utilização (ABiogás, 2016). Informações: http://www.abiogas.org.br/
Associação Brasileira de Energia Eólica – ABEEólica: Associação de direito privado
sem fins lucrativos que reúne empresas pertencentes à cadeia geradora de energia eólica
no País. Seu objetivo é promover a produção de energia elétrica a partir da força dos ventos
como fonte complementar da matriz energética nacional e defender a consolidação e com-
petitividade do setor eólico, principalmente por meio de um programa governamental de
longo prazo (ABEEólica, 2016). Informações: http://www.portalabeeolica.org.br/
Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica – ABSOLAR: Associação de di-
reito privado sem fins lucrativos que reúne empresas de toda a cadeia produtiva do setor
fotovoltaico (FV) com operações no Brasil. A ABSOLAR coordena, representa e defende os
interesses de seus associados quanto ao desenvolvimento do setor e do mercado de energia
solar fotovoltaica no Brasil, promovendo e divulgando a utilização da energia solar fotovol-
taica no País (ABSOLAR, 2016). Informações: http://www.absolar.org.br/
Associação Internacional de Geossintéticos – IGS: Entidade representativa de direito
privado que reúne membros individuais e corporativos de todas as partes do mundo, que
estão envolvidos em projetos, fabricação, vendas, uso ou ensaio de geotêxteis, geomembra-
nas, produtos correlatos e tecnologias associadas, ou que ensinam ou desenvolvem pesqui-
sas sobre tais produtos (IGS, 2016). Informações: http://igsbrasil.org.br/
Centro Internacional de Energias Renováveis-Biogás – cibiogás: Instituição científi-
ca, tecnológica e de inovação. Trabalha com pesquisa e desenvolvimento da cadeia do bio-
gás e de outras energias renováveis. Presta assessoria na elaboração de projetos de viabili-
dade técnica para biogás, possui laboratório para analises de biomassas. Também trabalha
com formação e capacitação de profissionais com a oferta de cursos sobre biogás e gestão
territorial. Tem projetos realizados em conjunto com Itaipu Binacional, Embrapa, muni-
anexo
RIO GRANDE DO SUL
anexo
SOLAR FOTOVOLTAICA
1º Passo – Pegue os valores das ultimas 12 contas de energia do seu local. Os valores de seu
consumo são expressos pela grandeza dimensional de kWh/mês.
Entendendo a unidade de medida:
• Quilowatt-hora (kWh) equivale a 1.000 Wh ou 3,6×106 joules.
• O watt-hora (Wh) é a medida de energia usualmente utilizada em eletrotécnica. Um Wh
é a quantidade de energia utilizada para alimentar uma carga com potência de 1 watt
pelo período de uma hora. 1 Wh é equivalente a 3.600 joules.
• Uma lâmpada cuja potência é 100 W consome energia a uma taxa de 100 joules por se-
gundo. Em uma hora consome 360.000 joules ou, equivalentemente, 100 Wh. Se ficar
acesa durante 10 horas, consumirá 1000 Wh ou 1 kWh.
100 W * 10 h = 1000 Wh
A unidade watt por hora (W/h) dever ser usada para indicar “consumo por unidade de
tempo”
2º Passo – Após somar as ultimas 12 medições de energia, deve se tirar a média destes valores.
Para locais onde não haja 12 medições realizadas, poderá ser utilizada as ultimas medições
(ao menos 3 medições), considerando possíveis variações de consumo sazonal ao longo
do ano. Para locais que estão sendo projetada, esta informação pode ser obtida facilmente
com o Engenheiro Eletricista de seu projeto.
4º Passo: Cálculos
a) Transformar o dimensional (kWh/mês) para (Wh.mês), basta multiplicarmos por
1000 (k=1000)
827 kWh/mês = 827.000 Wh/mês
b) Calcular o consumo que está medido em um mês, para o consumo médio de um dia.
Para isto basta dividir a grandeza “mês” por 30, e teremos o consumo em “dia”.
827.000 Wh/30 = 27.567 Wh/dia
Se o consumo médio de 27.567 Wh/dia, será possível dimensionar o número de placas ne-
cessárias para gerar esta potência, em um local com índice de 5,21 kWh/m²
• Potência de placas necessária = 27.567/5,21 = 5.291 watts
• Assumindo Eficiência de 83%: 5.291/0,83 = 6.375 watts
Supondo que você irá adquirir placas de 240 watts, teremos que adquirir quantas placas?
• Quantidade de placas: 6.375/240 = 26 placas de 240 watts.
2. Custo da Tarifa
Um fator importante a considerar é o tipo de conexão da rede elétrica instalada em sua resi-
dência, que pode ser monofásico, bifásico ou trifásico. O tipo de conexão determina a tarifa
de disponibilidade cobrada pela concessionária. Esse é o valor mínimo que você deverá pa-
gar pela conta de luz. Para consumidores com conexão monofásica, a tarifa de disponibili-
dade cobrada é 30kW/h/mês, bifásico 50kWh/mês e trifásico 100kWh/mês. Este valor não
será debitado de sua conta se você aderir ao Sistema de Energia fotovoltaica online.
Convencional Resolução aneel Nº 2.096, de 21 de junho de 2016
Tarifa em R$/kWh Resolução aneel* Com impostos: icms e pis/confins
B2-Rural 0,30839 0,48382
Apoio institucional:
FAO
Organização das Nações Unidas para
Alimentação e Agricultura: Unidade de
Coordenação e Projetos – Região Sul do Brasil