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Breve Histórico da Grécia Antiga

Frei José Roney

A História da Grécia é dividida em cinco períodos: Pré-Homérico; Homérico;


Arcaico, Clássico; Helênico. O período Pré-Homérico corresponde à formação da Grécia.
A Civilização grega se originou a partir da migração de tribos nômades de origem indo-
europeia que se estabeleceram no sul da Europa por volta de 2000 a.C (península
balcânica). Tais tribos correspondem a quatro grupos étnicos distintos: aqueus, eólios,
jônios e dórios. Com a chegada dos dóricos, povo de tradição bélica que invadiu a Hélade
com extrema violência, o modo de vida dos povos que coabitavam aquela região foi
completamente destruído, ao passo que, aqueus, jônios e eólios tiveram que se render ou
fugir para outras localidades. De qualquer modo, essas agremiações, dadas as
semelhanças culturais que compartilhavam, sentiam-se parte de um mesmo grupo
chamado helenos (relativo à Hélade).
Já o período Homérico corresponde aquele retratado por Homero em suas duas
grandes obras: Ilíada e Odisséia (partida e chegada da guerra de Tróia). Suas obras
fundaram o que chamamos em literatura de estilo épico. O estilo épico tem um fundo
histórico, uma narrativa heroica e permite algumas intervenções mitológicas. A literatura
homérica foi extremamente importante para forjar um sentimento de unidade no povo
grego, apesar de sua diversidade política, econômica e geográfica. Esse sentimento de
pertença a uma mesma cultura e a uma mesma língua é fundamental para desenharmos o
espírito das cidades de Atenas e Esparta. Neste período, originaram-se também os oikos
(Casa, família), unidades econômicas familiares que cultivavam para a sua sobrevivência.
O Pater era o líder da família, o guerreiro, chefes do oikos - tudo o que diz respeito ao
oikos é propriedade sua: terras, esposas, filhos. Juntos, tais lideres formavam uma
aristocracia (no futuro, tornar-se-ão os nobres).
Quanto ao período arcaico, este foi marcado pelo surgimento da Oligarquia
(governo de poucos – concentração de poder nas mãos de alguns poucos). Os paters,
aristocratas, agora nobres, tiravam ou diminuíam o poder do Rei e dividiam suas funções
entre si. Aqui, ao invés de uma única pessoa decidir tudo acerca das questões referentes
a coisa pública, tal exercício era realizado por um grupo de pessoas. Tais pessoas, para
decidirem, tomarem uma decisão, precisavam se ajuntar, discutir, chegar a um consenso
quanto aos problemas tratados. Isso originou a política – Os nobres se reuniam em
conselho para decidirem o que se fazer na cidade.
Neste ponto, formaram-se as cidades estados, independentes entre si, com suas
assembleias e governos próprios. Não obstante, todas elas possuíam duas características
em comum, cada uma delas continham uma ágora e uma acrópole. A ágora era a praça
central da cidade, onde os cidadãos se reuniam para discutir e fazer política, tomar as
decisões importantes da cidade. A acrópole, por sua vez, tratava-se da parte mais alta da
cidade, onde se encontravam os templos, os edifícios importantes, além de ser um lugar
estratégico em caso de guerra.
Num dado momento, devido a uma série de conflitos internos, dissensos em
relação as decisões a serem tomadas em acerca da Polis - luta por influência e poder,
surgimento de novas formas de riqueza (surgiu a moeda, metais preciosos), bem como a
insatisfação com a organização social que privilegiava a oligarquia - em muitas cidades
estado, os nobres perderam o poder, e as oligarquias foram substituídas por outras formas
de poder tais como a tirania e a democracia.
A tirania se define pela atitude de tomada de poder político para si ilegalmente.
Em inúmeros casos, os tiranos mantinham o seu poder através da força. A democracia,
por sua vez, foi o regime de governo que se estabeleceu por primeiro em Atenas, a partir
do governo de Clístenes (considerado o pai da democracia). Clístenes aumentou as
eclesias que eram as assembleias, possibilitou mais pessoas participarem da política,
doravante, colocou o poder de decisão nas mãos dos cidadãos (gozava de cidadania na
Grécia os homens livres, acima de 21 anos, filhos de pais e mães atenienses; ou seja,
tratava-se de um grupo restrito, somente 10% da população. A política na Grécia era
concebida como aperfeiçoamento pessoal. Além das eloquência e oratória, ela exigia do
cidadão a capacidade de ouvir opiniões contrárias, afinal o exercício político envolve
debate e enfrentamento.
O primeiro e mais importante pilar da democracia grega era a eclesia, assembleia:
lugar de reunião de todos os cidadãos. Lá se discutia, discursava e se votava as leis e
reformas sugeridas pelos cidadãos (as leis tinham o nome dos cidadãos que as sugeriam).
Outro órgão compositor da democracia era o Tribunal popular, composto por
cidadãos diversos. Como não havia advogados, cada um se defendia como podia
(testemunho de escravo só era aceito se obtido sob tortura). O réu decidia uma pena justa
e útil para si, em caso de imputação de culpa. O Júri poderia ou não acatar tal pena. Se
não, a pessoa era condenada a pena máxima, geralmente, a morte.
O terceiro pilar do sistema democrático grego era a arcai (as magistraturas) – as
pessoas que cuidavam da administração da cidade.
O quarto elemento fundamental da democracia era que as eleições se davam em
forma de sorteio e os mandatos eram curtos (no máximo um ano). Ora, pois, os gregos
consideravam eleições por votos antidemocráticas, uma vez que os nobres tinham
dinheiro pra ter bons professores e aprender oratória, portanto, faziam discursos melhores,
além do que, pertenciam a famílias famosas, e ainda, poderiam comprar votos, fazer
favores as pessoas para ganharem o seu voto.
Por fim, outra legislação democrática crucial era a previsão de que os cargos
públicos não fossem assumidos por uma única pessoa, e que ao final dos mandatos, um
Júri se reunisse para discutir se tal gestão foi boa ou ruim. Se considerada ruim, a pessoa
se tornava inelegível.
Durante o período arcaico ocorreu um sério problema populacional na Hélade
(crescimento demográfico). Uma vez que a Grécia era um território bastante pequeno,
limitado em recursos naturais e cujas melhores terras encontravam-se nas mãos nobres,
começou a faltar comida para aqueles que não eram da elite. Para resolver esse problema,
lançou-se mão da colonização arcaica (montavam caravanas, expedições navais para
levar cidadãos gregos para outros lugares para constituir outras polis – Nápoles, Marsália,
Egito). Assim, os gregos se espalharam pelo sul da Itália, chegando próximos a Rússia.
Todas as cidades gregas tinham o fogo sagrado. Quando os imigrantes chegavam
no distinto lugar no qual se estabeleceriam, construíam um templo, e com a tocha acesa
no fogo sagrado da cidade de origem, acendiam um novo fogo (esse ritual inspirou a tocha
olímpica).
A cidade de Esparta, mesmo próxima à Grécia, tinha costumes bastante diferentes.
O sistema de governo era a diarquia (Governo de dois Reis). Os espartanos tinham caráter
militar forte (eram de uma cultura militar – governos militares autoritários). Gregos e
Espartanos não se davam muito bem. A sociedade espartana era composta pelos
Eupátridas (a elite guerreira, único grupo que possuía direitos políticos), periecos
(comerciantes, artesãos), ilhotas (escravos, propriedade do Estado – mão de obra de
aluguel). Eles tinham a cultura do silencio (ideal lacônico). Eram rígidos, centrados,
responsáveis. Em contrapartida, os atenienses eram mais da política do “vamos curtir a
vida”, atuar na democracia, discutir nossas ideias e nos amar.
O período clássico foi o auge da democracia ateniense, sua era de ouro, ápice do
teatro, da música, das olimpíadas, da filosofia – renascimento da Grécia antiga. Atenas
era riquíssima. Não obstante, tal período não foi isento de guerras. Uma dessas guerras
foi a guerra médica (guerra entre os gregos e os medos, os persas). Os persas tinham um
grande Império, e isso, num dado momento, acabou ameaçando a Grécia. Os Persas
chegaram a conquistar algumas poucas cidades gregas, mas foram derrotados na batalha
de Maratona (Cidade a 40 Quilômetros de Atenas). Anos depois, os Persas foram
definitivamente vencidos na batalha de Salamina – Contexto da batalha dos 300
guerreiros de Esparta -. Como os Persas não venceram os atenienses por mar, tentaram
uma nova estratégia por terra. Para tal, eles teriam que passar por Termópolis, uma
espécie de gargalo entre duas montanhas, os portões de fogo. Atenas pediu ajuda a Esparta
que, pouco solícita, enviou de última hora trezentos Soldados que foram derrotados neste
lugar. Os Persas seguiram adiante, mas foram derrotados pelos atenienses numa outra
cidade, pois Atenas havia sido evacuada, o que não constituiu um problema para os seus
habitantes, uma vez que, em sua compreensão, Atenas não se trata de um espaço físico,
isto é, ser ateniense é ser um cidadão. Atenas é onde os cidadãos se encontram.
Essa guerra trouxe três consequências: 1) Os Atenienses se tornaram mais
poderosos e importantes que os espartanos. 3) Como quem lutou e venceu a guerra foi a
população comum, exigiu-se mais participação política e direitos para este grupo. 4) A
criação da liga de Delos, união de países comandada por Atenas para se contrapor aos
Persas, em caso de novo ataque.
Atenas se apropriou de todos os recursos da liga de Delos para investir em si
própria, essa é uma das razões pelas quais se tornou tão rica e imponente. Não obstante,
tal atitude causou descontentamento entre os participantes da liga, o que fez aumentar a
rivalidade entre as cidades envolvidas. Esparta, por sua vez, aproveitou-se dessa tensão
para criar a liga do Peloponeso, rival à liga de Delos. Na guerra do Peloponeso, ambas
acabaram se enfrentando, e Esparta venceu Atenas, deixando-a enfraquecida.
Aqui, dá-se o fim da antiguidade clássica e delineia-se o período helenístico.
Devido as guerras internas entre Atenas e Esparta, bem como entre Esparta e Tebas (cuja
Esparta foi derrotada), Ambas as cidades se debilitaram. Portanto, Atenas se tornou alvo
fácil para os macedônicos, e sob a liderança de Felipe II, foi conquistada e agregada ao
seu Império.
Após a morte de Felipe II, seu Filho Alexandre continuou a política expansionista
macedônica, vindo a estender o seu Império por quase toda a Ásia. Em decorrência disso,
as culturas grega e oriental se fundiram, originando a cultura helenística (cultura híbrida
caracterizada pela mistura de elementos das tradições grega e oriental). Após a morte de
Alexandre Magno, seu Império foi dividido entre os seus generais. Doravante, o que havia
restado do território macedônico caiu sob os domínios do Império Romano.

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