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BISTURI
S EG UI DO R ES
A R Q UI V O DO B LO G
► 201 3 (1 07 )
▼ 201 2 (249)
A atriz Irma Alvarez para além “das certinhas do Lalau”
► Dezembro (4)
▼ Nov embro (1 5)
Rejane Kasting Arruda
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25/07/13 CURTA-METRAGEM: BISTURI
Memória Cinematográfica
Mas o que me espanta é que não se encontra estudo algum
sobre o seu estilo de atuação. Se o primeiro filme foi “Brasiliana” Div ulgação
(Carlos Machado, 1957) e, ainda, se atuou na comédia "Massagista
de Madame" (Victor Lima, 1959) foi o filme “Porto das Caixas” (Paulo Eduardo Moscov is
Cesar Saraceni, 1962) que lhe rendeu prêmios e abriu o caminho para
uma carreira interessante – com cerca de 30 filmes, passando pelas Div ulgação
chanchadas, pelo Cinema Novo e o Marginal[1]. V AGA IDEIA
Rosanna V iegas
O que quero apontar é a perspectivas de uma atriz passar
por várias poéticas e dentre tantas possibilidades construir um ► Outubro (27 )
trabalho no cinema, deixando um legado que é mais do que a memória
de sua beleza ou carisma. Afinal o que é o “trabalho” de uma atriz? ► Setembro (1 5)
Que tipo de elaboração ela está construindo quando se vê parada,
com os olhos fixos, sustentando o tempo em um plano, com a pele ► Agosto (24)
ouriçada e os olhos em fogo antes de repetir “Não sou de ninguém” –
como podemos ver Irma em “Porto das Caixas”? Um trabalho que ► Julho (20)
causou polêmica não porque Irma estava de biquine ou raspou os
cabelos. Mas pelo impacto de uma poética fílmica que encontra lugar ► Junho (1 8)
inclusive no discurso crítico – trabalhado a partir das questões
políticas que permeavam aquela época. ► Maio (23)
► Abril (20)
Quando vi a atuação de Irma em “Porto das Caixas” o que ► Março (25)
saltou aos olhos foi a estaticidade, capacidade de sustentar o tempo e
soltar uma fala monocórdica – registro de atuação profundamente ► Fev ereiro (23)
implicado na atmosfera das cenas. O jeito tranquilo de caminhar, a
maneira cortante de fixar o olhar, o desprezo aos personagens ► Janeiro (35)
masculinos e a repetição da demanda de um cúmplice para o
assassinato do marido. Sem ênfase, exagero, sem tintas fortes, aquilo ► 201 1 (1 49)
cai no vácuo e evoca a densidade. Sem o pudor do artificial, na contra
mão do realismo, Irma figura, de certa forma, a construção do que ► 201 0 (54)
Craig preconizava para as peças simbolistas de Maeterlinck onde o
desenho estático construía o efeito da ambiguidade. ► 2009 (49)
► 2008 (53)
Trata-se de coincidência com materiais de um projeto
simbolista defendido pelo principal opositor de Stanislavski? Será
preciso encontrar as veredas para a sustentação desta hipótese,
descobrir se é a questão da época que, por reverberar certas Q UEM S O U EU
oposições e cruzamentos, permite, a posteriori, esta articulação, ou
RA F A E L SP A CA
se, por exemplo, há influência do existencialismo na obra de Saraceni
com certa demanda sobre os atores. Enfim, será preciso pesquisar o
fato de principalmente Irma (porque a atuação de Reginaldo Faria, por Radialista e
exemplo, está mais para a formalização naturalista) implicar a força de Produtor Cultural.
um projeto de atuação que se nomeou simbolista não por tratar-se de
uma espécie de simbólica (do tipo “isto quer dizer aquilo”), mas pelo Sou autor do blog
objetivo de suscitar algo que se sobrepõe a realidade (é espiritual) aos Os Curtos Filmes, no "ar" desde
moldes de um drama estático de Pessoa. As entrelinhas, ambíguas,
agosto de 2008. Colaboração em
introduzidas na “carne cênica” (ou no caso de “Porto das Caixas”, na
“carne fílmica”), como furúnculos, forçando-nos a encarar a perspectiva tex tos e artigos para ‘Bigorna.net’;
de uma morte enunciada. ‘Rev ista de Cinema Caipira’; ‘Jornal
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V I S UA LI Z A R M EU P ER FI L C O M P LET O
[1] “O cinema marginal tanto podia estar nos filmes eróticos da Boca do Lixo (SP), como nas
propostas estéticas de Ozualdo Candeias (A margem, 1967, Zezero, 1972); de Rogério Sganzerla (O
bandido da Luz Vermelha, 1968, A mulher de todos, 1969), e Júlio Bressane (O anjo nasceu, 1969,
(Viagem ao fim do mundo, 1968) e de Iberê Cavalcanti (A virgem prometida, 1967, Um sonho de
vampiros, 1969); nas fitas de terror de Mojica Marins (À meia-noite levarei tua alma, 1964); e na
metáfora política de Luiz Rozemberg (Jardim de espumas, 1970) e de Olney São Paulo (Manhã
cinzenta, 1969)” (JOSÉ, Ângela. Cinema marginal, a estética do grotesco e a globalização da miséria.
ALCEU - v.8 - n.15 - p. 155 a 163 - jul./dez. 2007). Irma Alvzrez participou dos filmes de Iberê
Cavalcanti.
P O S T A DO P O R R A FA EL S P A C A À S 08: 39
U M C O M E NT Á RI O :
Anônimo disse...
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