Você está na página 1de 147

AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE DRAGAGEM POR INJEÇÃO DE ÁGUA

EM ESTUÁRIOS

Carlos Roberto Lips Soares

DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS


PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS
NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS EM
ENGENHARIA OCEÂNICA.

Aprovada por:

_____________________________________________
Profª. Susana Beatriz Vinzon, D.Sc.

_____________________________________________
Prof. Afonso de Moraes Paiva, Ph.D.

_____________________________________________
Prof. Gilberto Olympio Mota Fialho, D.Sc.

_____________________________________________
Prof. José Carlos César Amorim, D.Ing.

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL


MARÇO DE 2006
SOARES, CARLOS ROBERTO LIPS
Avaliação do Processo de Dragagem por
Injeção de Água em Estuários [Rio de Janeiro]
2006
XXI, 126 p. 29,7 cm (COPPE/UFRJ, M.Sc.,
Engenharia Oceânica, 2006)
Dissertação – Universidade Federal do Rio
de Janeiro, COPPE
1. Dragagem por Injeção de Água – WID
2. Processos de Dragagem
3. Dragagem em Leitos Contaminados
4. Detalhamento dos Equipamentos – WID
5. Comparação dos Métodos de Dragagem
6. Análise dos Processos Hidrodinâmicos
7. Discussão da Dragagem no Porto de Itajaí
I. COPPE/UFRJ II. Título ( série)

ii
DEDICATÓRIA

A minha esposa Rosangela pelo companheirismo e grande incentivo nos


momentos mais difíceis que passei durante esta jornada.

As minhas filhas Andrea e Aline tão importantes para o equilíbrio da minha


vida.

Aos meus pais e irmã pela ajuda e compreensão devido a minha ausência
durante o período que se desenvolveu este estudo.

iii
AGRADECIMENTOS

A Professora Susana Beatriz Vinzon pela sua orientação, paciência e


dedicação que propiciaram a conclusão deste trabalho.

Aos Professores Afonso Paes e Gilberto Fialho por aceitarem em compor a


Banca examinadora deste trabalho.

Ao Professor do IME, José Carlos César Amorim por aceitar o convite para
compor a Banca examinadora deste trabalho, como convidado externo.

Ao corpo docente do Programa de Engenharia Oceânica, por sua capacidade


intelectual e empenho para manter o elevado nível de seus ensinamentos.

Aos funcionários do PEnO e da Engenharia Costeira, em especial as


Secretárias Gleice e Marise e os funcionários lotados no sistema de processamento de
dados, pelos seus grandes préstimos e constante paciência para ajudar os discentes.

Ao corpo discente das turmas de 2003 e 2004 do Programa de Engenharia


Oceânica da Engenharia Costeira que sempre me auxiliaram e compartilharam os
melhores momentos dos nossos, respectivos, anos letivos.

Ao INPH da CDRJ pela gentileza em ceder alguns relatórios que ajudaram no


desenvolvimento deste trabalho.

Ao DIDEHU da CDRJ que sempre colocou a disposição o seu arquivo técnico


para as consultas necessárias.

Aos meus familiares por afinidade e consangüíneos pelo constante apoio


emocional durante o período deste curso.

À Universidade do Vale do Itajaí através do Professor Schettini, Rodrigo e


Carla por suas excelentes condutas profissionais para dar o apoio técnico necessário
durante a campanha de medições na dragagem do Porto de Itajaí.

iv
Aos Engenheiros Rodrigo e Raphael, da turma de M.Sc. de 2004, que muito
me ensinaram e auxiliaram nas medições da campanha de campo realizada durante a
dragagem do Porto de Itajaí.

Ao Diretor Superintendente da Ballast Ham no Brasil, Engº Eduardo Figueiredo


por sua cordialidade em disponibilizar toda ajuda necessária para o acompanhamento
da operação de dragagem no Porto de Itajaí.

À Diretoria da CDRJ por permitir o meu afastamento do trabalho, nos


momentos necessários, para concluir este curso.

Aos colegas de trabalho da CDRJ, principalmente: Adão, Amaral, Lia Mara,


Machado, Maiolino e Romeu que estiveram sempre me motivando e ajudando em
todas as ocasiões, principalmente, durante o período transcorrido neste curso.

v
Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos
necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)

AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE DRAGAGEM POR INJEÇÃO DE ÁGUA


EM ESTUÁRIOS

Carlos Roberto Lips Soares

Março/2006

Orientadora: Professora Susana Beatriz Vinzon (D.Sc.)

Programa: Engenharia Oceânica

Dentro da dragagem hidrodinâmica foi desenvolvido um novo processo


aplicado à dragagem de manutenção denominado de dragagem por injeção de água,
conhecido pela sigla WID. Neste método o deslocamento do material dragado, até a
sua disposição final, depende das correntes naturais e artificiais induzidas na coluna
de água do fluido, sendo a geração de correntes de densidade uma das importantes
características desta metodologia.

Este trabalho descreve os principais tipos de dragagem mais


empregados na atualidade e os equipamentos utilizados no processo de dragagem por
injeção de água, incluindo sua interferência em relação à biota local e a presença de
contaminantes no leito. Os forçantes hidrodinâmicos que interferem com o processo
WID são citados e a pluma de sedimentos induzida junto ao fundo é avaliada através
do número de Froude densimétrico. Com a finalidade de observar as características da
hidrodinâmica num ambiente onde está se utilizando esta metodologia foi realizada
uma campanha de medições, durante uma operação de dragagem no Porto de Itajaí,
no estuário do Rio Itajaí-Açú, sendo registrados os perfis de velocidade, salinidade e
turbidez, em um ciclo de maré. Foram identificados os principais aspectos positivos e
negativos inerentes a esta nova tecnologia, além da comparação operacional entre os
métodos de dragagem convencionais e o processo de Dragagem por Injeção de Água.

vi
Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)

AVALIATION OF THE PROCESS OF WATER INJECTION DREDGIND


IN ESTUARIES

Carlos Roberto Lips Soares

March/2006

Advisor: Professor Susana Beatriz Vinzon (D.Sc.)

Department: Ocean Engineering

Among hydrodynamic dredging processes, a new method is being


applied for maintenance dredging, called water injection dredging, WID. In this method
the dredging material is moved, until final deposit, by artificial and natural currents in
the fluid water’s column and being the generation of the density currents an important
characteristic to this methodology.

This work describes the method and the equipments required for the
water injection dredging process, as well as the principal types of dredging currently
used at this moment. A brief analysis of the water injection dredging is presented,
including its interference with the local biotic and contaminated materials in the bed.
The estuarine hydrodynamic, which may interfere with the WID process, is described,
and considerations about the formation of a turbidity current and its relation with the
densimetric Froude number is assessed. To address the main hydrodynamic
characteristics of a case study, a field campaign was accomplished, which covered a
tidal cycle, with a short period during a dredging operation in Itajaí Harbor, in the
estuary of Itajaí-Açú River. Velocity, salinity and turbidity profiles were measured,
during a tidal cycle. The mainly negative and positive aspects concerning to this new
technology are addressed in this work, including a comparison between conventional
dredging methods and the process of Water Injection Dredging.

vii
ÍNDICE DO TEXTO

I – INTRODUÇÃO...........................................................................................................1
I.1 – OBJETIVOS.....................................................................................................2
I.2 – ESTRUTURA DO TEXTO................................................................................3

II – CARACTERIZAÇÃO DOS MÉTODOS DE DRAGAGEM........................................4


II.1 – HISTÓRICO E EVOLUÇÃO DA DRAGAGEM................................................4
II.2 – TIPOS DE OPERAÇÃO DE DRAGAGEM......................................................5
II.2.1 – Dragagem de Aprofundamento ou Inicial............................................5
II.2.2 – Dragagem de Manutenção..................................................................6
II.2.3 – Dragagem de Mineração.....................................................................6
II.2.4 – Dragagem Ambiental ou Ecológica................ ...................................7
II.2.5 – Dragagens Especiais...........................................................................7
II.2.6 – Dragagens Naturais ou Erosão...........................................................8
II.2.7 – Dragagens para Aterros Hidráulicos....................................................8
II.3 – CASSIFICAÇÃO DOS PROCESSOS DE DRAGAGEM.................................9
II.3.1 – Processos Mecânicos de Dragagem.................................................10
II.3.2 – Processos Hidráulicos de Dragagem................................................12
II.3.3 – Processos Mistos de Dragagem........................................................14
II.3.4 – Processos Pneumáticos de Dragagem.............................................15
II.3.5 – Processos Hidrodinâmicos de Dragagem.........................................16
II.3.5.1 – Metodologia do Processo Hidrodinâmico...........................17
II.3.5.2 – Tipos de Dragagens Hidrodinâmicas..................................18
A – Dragagem por Agitação................................................19
B – Dragagem por Erosão...................................................19
C – Dragagem por Elevação...............................................20
D – Dragagem por Injeção – “WID”.....................................21
II.4 – DRAGAGEM NO PORTO DE ITAJAÍ............................................................23
II.4.1 – Especificações do Porto de Itajaí......................................................23
II.4.1.1 – Histórico..............................................................................23
II.4.1.2 – Localização do Porto..........................................................24
II.4.1.3 – Acessos às Instalações Portuárias.....................................26
II.4.1.4 – Principais Características Portuárias..................................28

viii
II.4.2 – Detalhes da Dragagem no Porto de Itajaí........................................31
II.4.2.1 – Tipos de Materiais encontrados no Leito...........................31
II.4.2.2 – Processos de Dragagem utilizados pelo Porto..................31
II.4.2.3 – Licitações de Dragagem para o Ano de 2005....................35

III – DRAGAGEM POR INJEÇÃO DE ÁGUA – WID....................................................36


III.1 – ANÁLISE DO PROCESSO DE DRAGAGEM...............................................36
III.1.1 – Histórico da Dragagem por Injeção de Água...................................36
III.1.2 – Operação da Dragagem por Injeção de Água.................................37
III.2 – MONITORAMENTO.....................................................................................39
III.3 – INTERFERÊNCIA DA DRAGAGEM NA BIOTA LOCAL..............................40
III.4 – DRAGAGEM EM LEITOS COM MATERIAIS CONTAMINADOS................42
III.5 – EQUIPAMENTOS DE DRAGAGEM – WID..................................................50
III.5.1 – Configuração e Seleção dos Equipamentos....................................50
III.5.2 – Detalhamento dos Equipamentos....................................................53
III.5.3 – Relação das Principais Dragas de Injeção de Água.......................56
III.5.4 – Versatilidade Operacional dos Equipamentos.................................57
III.6 – DADOS OPERACIONAIS DE DRAGAGEM................................................58
III.7 – PARÂMETROS OPERACIONAIS DE DRAGAGEM....................................59
III.8 – DIAGRAMA EM BLOCOS DO MÉTODO POR INJEÇÃO DE ÁGUA..........60

IV – ANÁLISE COMPARATIVA DOS PRINCIPAIS MÉTODOS DE DRAGAGEM......63


IV.1 – DRAGAS DE ALCATRUZES.......................................................................63
IV.2 – DRAGAS AUTOTRANSPORTADORAS......................................................67
IV.3 – DRAGAS DE SUCÇÃO E RECALQUE.......................................................69
IV.4 – DRAGAS DE INJEÇÃO DE ÁGUA – WID...................................................71
IV.5 – TABELA COMPARATIVA DOS MÉTODOS................................................72

V – ANÁLISE DO PROCESSO HIDRODINÂMICO NA METODOLOGIA WID...........74


V.1 – CORRENTE DE DENSIDADE......................................................................74
V.2 – CORRENTES NATURAIS............................................................................81
V.3 – HIDRODINÂMICA NO ESTUÁRIO DO RIO ITJAÍ-AÇÚ..............................83
V.4 – ESTUDO DE CASO – DRAGAGEM NO PORTO DE ITAJAÍ......................85
V.4.1 – Campanha de Medições..................................................................85
V.4.1.1 – Metodologia de Coleta.....................................................85

ix
V.4.1.2 – Metodologia de Análise....................................................87
V.4.2 – Instrumentação.................................................................................87
V.4.3 – Análise dos Dados...........................................................................89
V.5 – REGISTROS DE DADOS DA HIDRODINÂMICA LOCAL...........................90
V.5.1 – Registros de Dados das Marés Astronômicas.................................90
V.5.2 – Determinação dos Valores Médios..................................................91
V.5.3 – Velocidades Projetadas no Eixo do Canal.......................................93
V.5.4 – Representação Gráfica dos Principais Parâmetros.........................94
V.5.5 – Análise das Amostras.....................................................................102
V.5.6 – Concentração dos Sedimentos na Coluna de Água......................102

VI – DISCUSSÃO DAS CONDIÇÕES DE DRAGAGEM NO PORTO DE ITAJAÍ.....106


VI.1 – INTRODUÇÃO..........................................................................................106
VI.2 – TRAJETÓRIA DOS SEDIMENTOS RESSUSPENSOS...........................106
VI.3 – INTERFERÊNCIAS NA OPERAÇÃO DE DRAGAGEM...........................107
VI.4 – PERIODICIDADE DAS BATIMETRIAS....................................................108
VI.5 – DISCUSSÃO DOS RESULTADOS OBTIDOS..........................................108

VII – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES.............................................................110


VII.1 – CONCLUSÕES........................................................................................110
VII.2 – RECOMENDAÇÕES................................................................................113

REFERÊNCIAS...........................................................................................................115

x
ÍNDICE DE FIGURAS

Figura II.1 – Ilustração de uma draga dotada com o sistema “SPLIT” que caracteriza a
abertura longitudinal da cisterna para despejo do material dragado. Fonte:
Bandeirantes........................................................................................................8
Figura II.2 – Ilustração de uma draga hidráulica recalcando sedimentos para
restauração de uma área costeira. Fonte: Bandeirantes Dragagem...................9
Figura II.3 – Ilustração do esquema operacional de uma draga de alcatruzes
mostrando o conjunto de caçambas que atuam continuadamente na remoção
do material de fundo. Fonte: Sítio eletrônico www.ihc.holland.com..................10
Figura II.4 – Ilustração do esquema operacional de uma draga retroescavadeira
mostrando o carregamento de uma barcaça e seu sistema de posicionamento
no fundo, através de dois charutos de fixação do flutuante. Fonte: Góes Filho,
2004...................................................................................................................11
Figura II.5 – Ilustração do esquema operacional de uma draga de caçamba (Clam-
Shell) mostrando o guindaste responsável pela movimentação da caçamba e
os cabos presos ao flutuante que possibilitam o ciclo de corte de dragagem.
Fonte: Góes Filho, 2004....................................................................................11
Figura II.6 – Ilustração do esquema operacional de uma draga autotransportadora
mostrando a atuação das duas bocas e dois tubos de sucção durante a
dragagem, dispostos em cada lado da embarcação. Fonte: Sítio eletrônico
www.lhcholland.com..........................................................................................12
Figura II.7 – Ilustração do esquema operacional de uma draga de sucção e recalque
atuando com um desagregador na ponta da lança de dragagem mostrando as
âncoras de arinque que permitem o movimento lateral e, juntamente com os
charutos de fixação, propiciam o ciclo de corte de dragagem do equipamento.
Fonte: www.ihcholland.com...............................................................................13
Figura II.8 – Ilustração do esquema operacional de uma draga de sucção com roda de
caçambas na ponta da lança de dragagem, mostrando as âncoras de arinque
que, juntamente com os charutos, são responsáveis pelo ciclo de corte de
dragagem. Fonte: www.ihcholland.com.............................................................14
Figura II.9 – Ilustração do esquema operacional de uma draga pneumática mostrando
a linha de recalque e o equipamento de sucção pneumático em contato com o
leito. Fonte: Sítio eletrônico www.pneuma.it......................................................15

xi
Figura II.10 – Ilustração de um dos processos de dragagem hidrodinâmica mostrando
a atuação de uma estrutura sólida no leito aquático gerando uma pluma de
sedimentos que é carreada para além do sítio de dragagem pela atuação de
forçantes hidrodinâmicos presentes no fluido. Fonte: Martins (1974)...............16
Figura II.11 – Ilustração dos quatro principais processos de dragagem hidrodinâmica –
Injeção, Agitação, Erosão e Elevação. Relatório SEBA 99/12/info.1-E.............19
Figura II.12 – Ilustração de uma draga autotransportadora apresentando o lançamento
de sedimentos na superfície do fluido através do vertedor (overflow). Fonte:
Sítio www.vanoord.com.....................................................................................21
Figura II.13 – Ilustração do processo de dragagem por injeção de água, mostrando os
parâmetros necessários para induzir a formação da corrente de densidade.
Fonte: ThamesWeb – Maintenance Dredging...................................................22
Figura II.14 – Ilustração da localização do Porto de Itajaí no litoral de Santa
Catarina.............................................................................................................24
Figura II.15 – Ilustração do início do canal interno de acesso ao Porto de Itajaí
mostrando a entrada da barra. Fonte: Sítio www.portodeitajai.com.br..............26
Figura II.16 – Ilustração do Porto de Itajaí e seu canal de acesso até a sua foz. Fonte:
Sítio eletrônico www.portodeitajai.com.br..........................................................27
Figura II.17 – Ilustração do Porto de Itajaí, ressaltando os meandros do Rio Itajaí-Açú.
Fonte: Sítio eletrônico www.portodeitajai.com.br...............................................27
Figura II.18 – Ilustração dos berços de atracação do Porto de Itajaí mostrando parte da
bacia de evolução. Fonte: Sítio www.portodeitajai.com.br................................28
Figura II.19 – Ilustração da geografia do Porto de Itajaí, em laranja a área destinada à
expansão do Terminal de Contêineres – TECONVI. Fonte: Sítio eletrônico do
Porto de Itajaí www.portodeitajai.com.br...........................................................29
Figura II.20 – Ilustração do posicionamento dos berços de atracação e das instalações
atuais do Porto de Itajaí. Fonte: Sítio www.portodeitajai.com.br.......................30
Figura II.21 – Ilustração das expansões futuras do Porto de Itajaí, previstas para
ampliação dos berços de atracação e das retroáreas. Fonte: Sítio eletrônico
www.portodeitajai.com.br...................................................................................30
Figura II.22 – Ilustração de parte da Carta Náutica 1801 mostrando as áreas de
dragagem do Porto de Itajaí – berços, bacia de evolução, canal interno e canal
externo. Fonte: Sítio eletrônico do Porto de Itajaí www.portoitajai.com.br........33
Figura III.1 – Ilustração da demonstração do processo de dragagem por injeção de
água Fonte: Sítio eletrônico www.portodeitajai.com.br......................................38

xii
Figura III.2 – Ilustração da formação da corrente de densidade através do processo de
dragagem por injeção de água. Fonte: Winterwerp et al...................................38
Figura III.3 – Ilustração da “Área Confinada na Superfície” para materiais
contaminados, sem capeamento. Fonte: Sítio www.portofrotterdam.com........45
Figura III.4 – Ilustração da “Área Confinada Subaquática” para materiais
contaminados, com capeamento.......................................................................46
Figura III.5 – Ilustração do arranjo geral de uma draga de injeção de água, de pequeno
porte, com propulsão própria. Fonte: Sítio eletrônico www.musing.nl...............52
Figura III.6 – Ilustração e detalhamento de uma draga de injeção de água
propelida............................................................................................................53
Figura III.7 – Ilustração de uma draga de injeção de água não propelida e de pequeno
porte. Fonte: Sítio eletrônico www.vanoord.com...............................................54
Figura III.8 – Ilustração e arranjo geral da draga de injeção de água propelida, de
grande porte. Fonte: Sítio eletrônico www.vanoord.com...................................55
Figura III.9 – Ilustração do quadro contendo as principais características da draga
ANTAREJA. Fonte: Sítio eletrônico www.vanoord.com.br................................56
Figura III.10 – Ilustração mostrando o diagrama em blocos cujo detalhamento
considera as características básicas da operação de dragagem por injeção de
água – WID........................................................................................................62
Figura V.1 – Ilustração do diagrama esquemático mostrando a formação da corrente
de densidade em um ambiente aquático, através da diferença de densidade
entre a pluma de sedimentos localizada no fundo e o fluido ambiente. Fonte:
Garcia, 1993......................................................................................................76
Figura V.2 – Ilustração de uma simulação da propagação da corrente de densidade
junto ao leito do corpo aquático. (T. Maxworthy, J. Leilich, J.E. Simpson e E.H.
Meiburg).............................................................................................................77
Figura V.3 – Ilustração da Corrente de Gravidade – U1, menos densa, interagindo com
a Corrente de Gravidade – U2, mais densa.......................................................78
Figura V.4 – Ilustração parcial da Carta Náutica 1801 – visão do Porto de Itajaí, do
Estuário do Rio Itajaí-Açú e do registro das coordenadas de campanha onde
foram coletados os dados de campo, onde foram coletados os dados de
campo................................................................................................................86
Figura V.5 – Ilustração mostrando o “ângulo de projeção das velocidades resultantes”
em relação ao eixo principal do canal do Porto de Itajaí...................................93

xiii
Figura V.6 – Ilustração mostrando o monitoramento utilizado na campanha de
medições no canal de acesso ao Porto de Itajaí.............................................104

xiv
ÍNDICE DE GRÁFICOS

Gráfico V.1 – Representação das velocidades u’, v’ e w’ projetadas longitudinalmente e


transversalmente ao eixo do canal – Maré vazando às 07:30h.........................96
Gráfico V.2 – Representação das velocidades u’, v’ e w’ projetadas longitudinalmente e
transversalmente ao eixo do canal – Maré enchendo às 09:40h......................97
Gráfico V.3 – Representação das velocidades u’, v’ e w’ projetadas longitudinalmente e
transversalmente ao eixo do canal – Maré enchendo às 10:10h......................97
Gráfico V.4 – Representação das velocidades u’, v’ e w’ projetadas longitudinalmente e
transversalmente ao eixo do canal – Maré enchendo às 10:40h......................97
Gráfico V.5 – Representação das velocidades u’, v’ e w’ projetadas longitudinalmente e
longitudinalmente ao eixo do canal – Maré enchendo às 11:10h......................98
Gráfico V.6 – Representação das velocidades u’, v’ e w’ projetadas longitudinalmente e
transversalmente ao eixo do canal – Maré enchendo às 12:40h......................98
Gráfico V.7 – Representação das velocidades u’, v’ e w’ projetadas longitudinalmente e
transversalmente ao eixo do canal – Maré enchendo às 13:00h......................98
Gráfico V.8 – Representação das velocidades u’, v’ e w’ projetadas longitudinalmente e
transversalmente ao eixo do canal – Maré enchendo às 13:40h......................99
Gráfico V.9 – Representação das velocidades u’, v’ e w’ projetadas longitudinalmente e
transversalmente ao eixo do canal – Preamar às 14:10h..................................99
Gráfico V.10 – Representação das velocidades u’, v’ e w’ projetadas longitudinalmente
e transversalmente ao eixo do canal – Maré vazando às 15:00h......................99
Gráfico V.11 – Representação das velocidades u’, v’ e w’ projetadas longitudinalmente
e transversalmente ao eixo do canal – Maré vazando às 15:40h....................100
Gráfico V.12 – Representação das velocidades u’, v’ e w’ projetadas longitudinalmente
e transversalmente ao eixo do canal – Maré vazando às 16:50h....................100
Gráfico V.13 – Representação das velocidades u’, v’ e w’ projetadas longitudinalmente
e transversalmente ao eixo do canal – Maré vazando às 17:35h....................100
Gráfico V.14 – Representação das velocidades u’, v’ e w’ projetadas longitudinalmente
e transversalmente ao eixo do canal – Maré vazando às 17:56h(1)...............101
Gráfico V.15 – Representação das velocidades u’, v’ e w’ projetadas longitudinalmente
e transversalmente ao eixo do canal – Maré vazando às 17:56h(2)...............101
Gráfico V.16 – Representação das velocidades u’, v’ e w’ projetadas longitudinalmente
e transversalmente ao eixo do canal – Maré vazando às 17:56h(3)...............101

xv
ÍNDICE DE TABELAS

Tabela II.1 – Relação dos processos de dragagem já utilizados no Porto de Itajaí......31


Tabela II.2 – Demonstração da situação do edital para Dragagem no Porto de Itajaí.
Fonte: Sítio www.transportes.gov.br..................................................................35
Tabela III.1 – Sumário das atividades iniciais de monitoramento para o processo de
dragagem por injeção de água. Fonte: Dredging Research – Technical Note – 3
– 10, 1993..........................................................................................................40
Tabela III.2 – Relação dos equipamentos de dragagem por injeção de água da
empresa holandesa Van Oord, em operação em vários países. Fonte: Sítio
www.vanoord.com.............................................................................................56
Tabela III.3 – Registros dos principais parâmetros obtidos durante a operação de
dragagem por injeção de água no Rio Mississipi – EUA. Fontes: Dredging’ 94,
1994 e Sítio eletrônico www.vanoord.com.........................................................58
Tabela IV.1 – Comparação das taxas de produção dos processos de dragagem
convencionais, representados pelas dragas de alcatruzes e
autotransportadoras, com os processos hidrodinâmicos, representados pela
draga por injeção de água.................................................................................73
Tabela V.1 – Valores dos números adimensionais: Froude densimétrico, Richardson e
Reynolds, calculados para a corrente de densidade, a partir do conceito de
similaridade de escoamentos naturais simulados em laboratórios e com os
dados obtidos em campanhas de medição do processo WID...........................80
Tabela V.2 – Registro da Tábua de Marés do dia 9 de março de 2005, no Porto de
Itajaí. Fonte: Tábua de Marés da Diretoria de Hidrografia e Navegação – DHN
da MB.................................................................................................................90
Tabela V.3 – Relaciona os nomes dos arquivos com os respectivos horários das
incursões, para coleta de dados da Campanha de Medições, incluindo as
condições da maré astronômica no Porto de Itajaí e a situação operacional dos
equipamentos de dragagem..............................................................................92
Tabela V.4 – Indicação da direção convencionada das velocidades médias em relação
à coluna de água...............................................................................................95
Tabela V.5 – Registros dos resultados obtidos das amostras recolhidas da coluna de
água durante a campanha de medições no canal de acesso ao Porto de Itajaí,
no dia 9 de março de 2005..............................................................................105

xvi
LISTAGEM DE ABREVIATURAS

A= Amostra
a.C. = Período da história antes do nascimento de Cristo
ADV = Acoustic Doppler Vector – Medidor de Correntes
AL = Draga de Alcatruzes
ALUMAR = Alumínio do Maranhão
AMFRI = Associação dos Municípios da Foz do Rio Itajaí-Açú
ATM = Draga Autotransportadora de Médio porte
B1 = Berço de atracação nº 1
B2 = Berço de atracação nº 2
B3 = Berço de atracação nº 3
B4 = Berço de atracação nº 4
BVQI/in Metro = Bureau Veritas Quality International / Nacional
BVQI/RVA = Bureau Veritas Quality International / Internacional
C= Concentração de sedimentos no fluido
CEDA = Central Dredging Association
CODESP = Companhia Docas do Estado de São Paulo
COPPE = Instituto Luiz Alberto Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia

COSIPA = Companhia Siderúrgica Paulista


CTD = Condutividade – Condutivímetro
CVRD = Companhia Vale do Rio Doce
CS = Clam-Shell – Draga de Caçamba
d.C. = Período da história depois do nascimento de Cristo
DELFT = Universidade Holandesa especializada em Hidrodinâmica
DHN = Diretoria de Hidrografia e Navegação
DNIT = Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes
DRP = Dredging Research Program
E= Ponto Cardeal Leste
EADI = Estação Aduaneira de Itajaí
ebb-WID = Dragagem por Injeção de Água no período da maré vazando
EIA = Estudo de Impacto Ambiental
EPA = Enviromental Protection Agency
F+A = Filtro + Amostra
FOSFERTIL = Fertilizantes Fosfatados S/A

xvii
GPS = Global Position System
HOM = Horas de Operação no Mês
HPA = Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos
IBAMA = Inst. Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
INPH = Instituto Nacional de Pesquisas Hidroviárias – atual IPH/CDRJ
ISSO = International Standard Organization
LD = Linha d‘água
LDSC = Laboratório de Dinâmica de Sedimentos Coesivos
LISST = Laser In-Situ Scattering and Transmissometry
MB = Marinha do Brasil
N= Ponto Cardeal Norte
NNE = Ponto Cardeal Norte-Nordeste
N.Seq. = Número da seqüência
OBS = Sensor de Medição da Turbidez
OSPAR = Operational and Strategic Planning and Research
P+A = Prato + Amostra
PAH = Poly Aromatic Hydrocarbons
PC = Personal Computer
PEnO = Programa de Engenharia Oceânica
PORTOBRAS = Empresa de Portos do Brasil
Pot. = Potência
Rel = Relação
RIMA = Relatório de Impacto do Meio Ambiente
RO-RO = Navios que possui acesso por rampas laterais ou de popa
S= Ponto Cardeal Sul
SEBA = Sea-Based Activities
SR = Draga de Sucção e Recalque
SSW = Ponto Cardeal Sul-Sudoeste
T= Turbidez
TECONVI = Terminal de Contêineres do Vale de Itajaí
TMP = Taxa Média de Produção
UFRJ = Universidade Federal do Rio de Janeiro
USEPA = U.S. Environmental Protection Agency
WID = Water Injection Dredging – Dragagem por Injeção de Água

xviii
LISTAGEM DE SÍMBOLOS

g= Grama
h= Hora
m= Metro linear
r= Radianos
t= tonelada
u= Velocidade no eixo dos x
v= Velocidade no eixo dos y
w= Velocidade no eixo dos z
C= Concentração de sedimentos
T= Turbidez
V= Volts
gf = Força gravitacional
gf(x) = Força gravitacional projetada no eixo dos x
gf(y) = Força gravitacional projetada no eixo dos y
hb = Altura da camada fluidificada
hp = Profundidade
h(x) = Altura da pluma de sedimentos
u’ = Velocidade u projetada no eixo do canal
v’ = Velocidade v projetada na coordenada y referente ao eixo do canal
w’ = Velocidade w
Cb = Capacidade de carga do batelão
Cc = Capacidade da caçamba
Cd = Ciclo de dragagem
Ce = Coeficiente de enchimento
Cec = Coeficiente de enchimento da caçamba
Cel = Condutividade elétrica em μ.Siemens.cm-1
Co = Ciclo operacional
Cop = Coeficiente operacional
D50 = Diâmetro médio das partículas de uma amostra
Es = Empolamento sugerido
Hop = Horas operacionais
Ht = Horas totais – Regime de trabalho (24h/dia x 26 dias)
H(x) = Altura da coluna de água

xix
Lcd = Distância percorrida pela corrente de densidade
Nc = Número de ciclos mensais
Pd = Produção de dragagem
Rr = Rotação do rosário
Sa = Salinidade em ppt – ‰
St = Declividade do talude do leito do corpo hídrico
Ta = Tempo de atracação
Tc = Tempo de carga do batelão
Td = Tempo de desatracação
Tp = Taxa média de produção
Vb = Volume da cisterna do batelão
Vc = Volume da cisterna “in situ”
Ve = Velocidade média de avanço da corrente de densidade
Vm = Volume mensal “in situ”
Vt = Volume total da cisterna
Ws = Velocidade de queda
Fr = Número de Froude
Re = Número de Reynolds
Ri = Número de Richardson
Vu = Velocidade média na direção norte-sul
Vv = Velocidade média na direção leste-oeste
Vw = Velocidade média na direção da linha de profundidade
Vu’ = Velocidade média projetada no eixo do canal
Vv’ = Velocidade média projetada perpendicular ao eixo do canal
Vw’ = Velocidade média projetada na linha da profundidade
Vu’v’ = Velocidade resultante das velocidades projetadas u’ e v’
2
m = Metro quadrado
3
m = Metro cúbico
kW = Quilowatt
km = Quilômetro
ml = Mililitro
mm = Milímetro linear
Hz = Hertz
kVA = Quilovolt-amper
mHz = Mega-hertz

xx
min = Minuto
rpm = Rotações por minuto
ton = Tonelada
ppt – ‰ = Percentage per thousand
g/l = Grama por litro
Kg/m3 = Quilograma por metro cúbico
kW/m3.h-1 = Quilowatt por metro cúbico por hora
m/min = Metro por minuto
m/s = Metro por segundo
m.s-1 = Metro por segundo
m3/h = Metro cúbico por hora
3 -1
m .s = Metro cúbico por segundo
mg/l = Miligrama por litro
mg.l-1 = Miligrama por litro
-1
Micromhos.cm = Unidade de condutividade
-1
Micro.Siemens.cm = Unidade de Condutividade
α= Ângulo do talude do leito do corpo hídrico
ϕ= Ângulo da velocidade resultante Vu’v’ em relação ao eixo do canal
γ= Ângulo de defasagem entre o ponto cardeal leste e o eixo do canal
ρ0 = Densidade (peso específico) do fluido ambiente
ρ1 = Densidade (peso específico) da corrente de densidade
ρs = Densidade (peso específico) do sedimento
ρ(s,t) = Densidade (peso específico) em função da salinidade e temperatura
ρ(s,t,c) = Densidade (peso específico) em função da salinidade, temperatura e concentração

ρ(mistura) = Densidade (peso específico) da mistura


μS = Micro-Siemens (unidade de condutividade)
μ/l = Mícron por litro
≅= Aproximadamente
ºC = Grau Celsius
>= Maior que
<= Menor que
≥= Maior ou igual a
≤= Menor ou igual a
‰= Porcentagem por mil

xxi
I – INTRODUÇÃO

O transporte aquaviário é responsável pela movimentação de


aproximadamente 90% das cargas mundiais, tornando-se, portanto, o principal meio
de locomoção de cargas do planeta. Atualmente, o transporte marítimo internacional
utiliza navios cada vez mais especializados, bem como assistidos de modernas
técnicas de gerenciamento e comunicação, direcionando as suas atenções para a
nova demanda de navios econômicos. A exploração da economia de escala, refletidas
no aumento de porte dos navios, é uma característica marcante na evolução da
indústria do transporte marítimo e está intimamente ligada à agilização das operações
portuárias, assim como a preservação de seus acessos aquaviários.

Para atender as exigências de um mercado mundial altamente


competitivo, a maioria dos portos teve que aumentar não somente a profundidade
como ainda a largura de seus canais de acesso, berços de atracação e bacias de
evolução, de maneira a garantir que as diversas embarcações, cada vez maiores em
tamanho e calado, economicamente mais rentáveis, possam trafegar por vias
aquáticas naturais ou artificiais, penetrar em baias protegidas e aproximarem-se das
áreas portuárias para o embarque e desembarque das cargas transportadas.

Várias centenas de milhões de metros cúbicos são dragados


anualmente, em todo o mundo (GOES FILHO, 2004), grande parte desta quantidade
de sedimentos é removida de portos que apresentam constantes assoreamentos 1,
gerados por ações naturais ou antrópicas, atuantes nas proximidades destes
ambientes hídricos. Portanto, tornou-se necessário, à preservação destas
profundidades, o emprego constante de dragagens de manutenção, principalmente em
portos localizados em estuários que necessitam destes serviços em escala cada vez
mais crescente.

A evolução dos equipamentos e das técnicas de dragagem vem


acompanhando as demandas impostas pela modernidade e pela competitividade. Uma
nova metodologia foi desenvolvida, na década de 90, para atender as operações de

1
Materiais depositados em leitos aquáticos provenientes da sedimentação de partículas
suspensas na coluna de água, oriundas de ações naturais ou artificiais.

1
dragagens de manutenção, dando origem a um novo tipo de dragagem hidrodinâmica
denominada dragagem por injeção de água, conhecida pela sigla WID – Water
Injection Dredging, onde a versatilidade dos equipamentos e o baixo custo operacional
motivaram a grande expansão operacional deste método. Este trabalho visa
apresentar as principais características operacionais desta metodologia.

I.1 – Objetivos

• Descrever as características básicas da dragagem por injeção de água,


assim como os equipamentos necessários.

• Comparar esta metodologia de dragagem hidrodinâmica com a dragagem


convencional.

• Observar as características do escoamento no estuário do Rio Itajaí-Açú e


sua possível influência na operação de dragagem.

2
I.2 – Estrutura do Texto

A descrição do texto foi dividida em sete capítulos, para possibilitar uma


melhor estruturação e compreensão dos principais tópicos do processo em estudo:

I– Introdução – Detalhamento das motivações que propiciaram a escolha do


tema, assim como os objetivos e propostas do estudo apresentado.
II – Caracterização dos Métodos de Dragagem – Envolve o histórico da evolução
da dragagem, definição dos tipos de operação de dragagem, além da
classificação dos processos de dragagem existentes na atualidade, segundo
alguns autores. Por fim, descreve várias especificações do Porto de Itajaí,
detalhando as características de dragagem no seu acesso aquaviário.
III – Dragagem por Injeção de Água – Este capítulo faz uma breve análise
operacional desta metodologia, relaciona os equipamentos e acessórios de
dragagem, menciona a interferência da dragagem hidrodinâmica em relação à
biota local e transcreve os estudos realizados, na Holanda, sobre a atuação do
processo WID em leitos com materiais contaminados. Descreve a importância
do monitoramento por instrumentos, além de avaliar a corrente de densidade
através dos números adimensionais: Froude densimétrico, Richardson e
Reynolds. Finalmente ilustra, por meio de um “Diagrama em Blocos”, a
interligação das atividades que envolvem o processo WID.
IV – Análise Comparativa dos Métodos de Dragagem – Apresenta uma comparação
técnica operacional do processo WID com a Dragagem Convencional.
V– Análise do Processo Hidrodinâmico da Metodologia WID – Definição teórica de
corrente de densidade e a importância das correntes naturais presentes nessa
operação de dragagem. São apresentados os resultados da campanha de
medições, através de gráficos e tabelas, realizada no Rio Itajaí-Açú, no Porto
de Itajaí em 9 de março de 2005, onde a dragagem por injeção de água está
sendo realizada.
VI – Discussão das Condições de Dragagem no Porto de Itajaí – Analisa a trajetória
dos sedimentos e as interferências na operação de dragagem em Itajaí.
VII – Conclusões e Recomendações – Descreve os principais aspectos operacionais
do processo WID, assim como a necessidade das campanhas de campo,
dando ênfase aos resultados encontrados. Faz algumas recomendações sobre
a utilização deste método de dragagem.

3
II – CARACTERIZAÇÃO DOS MÉTODOS DE DRAGAGEM

II.1 Histórico e Evolução da Dragagem

Limpar ou desobstruir vias navegáveis com dragas é uma definição


clássica para dragagem, já GOES FILHO (2004) define a dragagem como um
processo de relocação de sedimentos e solos para fins de construção e manutenção
de vias aquáticas, de infraestrutura de transporte, de aterros e de recuperação de
solos ou de mineração. De fato, a evolução das metodologias de dragagem
possibilitou uma ação de maior âmbito tornando-se mais abrangente e, até mesmo,
imprescindível no auxílio para remoção de escombros, na recuperação de achados
arqueológicos, em obras que necessitem de aterros especiais, na exploração industrial
de depósitos naturais de minerais, pedras preciosas e recursos marinhos de valor
comercial (Compton’s Encyclopedia, 1998) ou, ainda, em dragagens de recuperação
do meio ambiente aquático (Ge Study Report, 1998).

Historicamente, existem referências à abertura de canais para


navegação desde a mais remota antiguidade, ou seja, aproximadamente 5.000 anos
antes de Cristo, entre os Sumérios (MARTINS, 1974). Podemos mencionar ainda
importantes serviços hidráulicos, tais como: a abertura do Canal da Babilônia; o
traçado entre os Rios Tigre e Eufrates; a navegabilidade no Rio Eufrates determinada
por Nabucodonosor – 600a.C (BRAY, 1997; Compton’s Encyclopedia, 1998); uma
ligação predecessora do Canal de Suez, entre o Rio Nilo e o Mar Vermelho; a
drenagem do Lago Fucino – 43a.C. Porém, o mais longo e antigo canal aquático ainda
existente é o Grande Canal da China, com mais de 1600 km de extensão o que levou
cerca de 2000 anos para ser construído – suas obras iniciaram no século 7a.C. e
terminaram por volta do ano 1280d.C.. Na Europa, os pioneiros na construção de
canais foram os italianos, muito embora os franceses prezem pela quantidade e
extensão de suas vias aquáticas. Já na Grécia Antiga, eram construídos canais
artificiais com fins de irrigação e também para unir corpos de água. Atualmente, os
holandeses são os que mais investem em tecnologia de dragagem, principalmente, na
construção de canais para drenagem de seu território (TORRES, 2000; Compton’s
Encyclopedia, 1998).

4
Em particular, a dragagem hidrodinâmica objeto deste trabalho e que
será descrita posteriormente, remonta da Idade Antiga onde, na Índia, já existia
indícios do uso deste método para remover os assoreamentos causados ao Rio Indus
(MARTINS, 1974). Na época, esta operação de dragagem era efetuada através do
arrastamento de troncos de madeira, posicionados verticalmente em embarcações
propulsadas a vela ou remos, atuando em contato com o material de fundo do rio,
visando ressuspender os sedimentos que, posteriormente, eram deslocados através
da hidrodinâmica natural do corpo hídrico, gerando, com isto, o aprofundamento do
leito aquático.

II.2 – Tipos de Operação de Dragagem

As operações de dragagem mais comuns são definidas pelas


características básicas e finalidades operacionais que envolvem o processo de
dragagem. Seguindo a concepção de alguns livros e periódicos (USEPA, 1994; GE
Study Report, 1998; TORRES, 2000; GOES FILHO, 2004) podemos destacar os
seguintes tipos de operação de dragagem:

II.2.1 – Dragagem de Aprofundamento ou Inicial

É determinada pelo aprofundamento virginal 2 do leito aquático, onde,


normalmente, a coesão entre as partículas é mais intensa. Os equipamentos de
dragagem são mais robustos e adaptados a cada tipo de situação operacional.

A metodologia e o equipamento adequado são condições prioritárias


para se obter bons resultados neste tipo de operação. A diversificação é determinada
pelas características do material existente no fundo aquático, podendo ser empregada
a derrocagem subaquática como parte deste processo operacional. Geralmente, estas
operações são caracterizadas por (GOES FILHO, 2004):

• Movimentação de grandes quantidades de material dragado.

2
Aprofundamento em locais onde a dragagem nunca foi efetivada.

5
• Remoção de solos compactos.
• Dragagem de camadas de solos não alteradas.
• Baixa presença de contaminantes.
• Camadas para dragagem com espessuras consideráveis.
• Atividades de dragagem não repetitivas.

II.2.2 – Dragagem de Manutenção

É definida como uma operação mais suave 3, onde a remoção dos


sedimentos é facilitada devido a pouca coesão das partículas depositadas
recentemente 4 no leito aquático. Esta característica facilita a utilização da maioria dos
processos de dragagem existentes na atualidade. Geralmente, consiste em uma
técnica operacional sucessora à dragagem de aprofundamento. Possui como
principais características (GOES FILHO, 2004):

• Quantidade de material a ser dragado variável.


• Remoção de solos não compactos.
• Possível presença de materiais contaminados.
• Ocorrência mais freqüente em canais de navegação e portos.
• Atividade, normalmente, repetitiva e rotineira.

II.2.3 – Dragagem de Mineração

É composta por equipamentos especificamente construídos para


extração de minerais com valor econômico como: argilas, areia e cascalho, para
utilização em indústrias e na construção civil, podendo ainda ser utilizada em aluviões
fluviais para extração de ouro e pedras preciosas.

3
Caracterização atribuída para dragagens em solos aquáticos de fácil remoção.
4
Definição de tempo insuficiente para consolidar uma forte coesão das partículas.

6
II.2.4 – Dragagem Ambiental ou Ecológica

Caracteriza-se pela utilização de dragas ecológicas para remoção, tão


somente, da camada de materiais contaminados depositados no fundo do corpo
hídrico, como também na linha da água quando ocorrem vazamentos acidentais de
óleos ou derivados de petróleo no meio aquático. São equipamentos desenhados para
trabalharem induzindo pouco efeito de turbidez na coluna de água, normalmente
causados pelos processos de dragagem convencionais. Procedimentos rigorosos são
exigidos para a dragagem e deposição final do material. A eficiência da dragagem
ecológica está restrita a observação dos seguintes fatores (GOES FILHO, 2004):

• Minimização da dispersão de sedimentos contaminados para as


áreas adjacentes ao sítio de dragagem;
• O manejo, tratamento e despejo do rejeito de dragagem devem ser
efetuados de modo seguro do ponto de vista ambiental;
• A operação deve ser completada no menor tempo possível,
resultando na máxima remoção de sedimentos contaminados e na
mínima remoção de sedimentos limpos.

Na dragagem ambiental a remoção do material contaminado se


procede cuidadosamente, sendo constantemente associada a um programa de
tratamento, reutilização ou relocação do mesmo. Possui como características mais
usuais:

• Volumes reduzidos de dragagem.


• Presença de materiais contaminados.
• Remoção de solos não compactados.
• Atividade com tendência não repetitiva.

II.2.5 – Dragagens Especiais

São constituídas por equipamentos projetados ou adaptados para


casos particularizados de dragagem, como por exemplo, dragagens em grandes
profundidades, retirada de escombros e outras operações especiais. Dependendo da
situação existe a possibilidade da utilização de equipamentos robotizados.

7
II.2.6 – Dragagens Naturais ou Erosão

São identificadas pela ação de forçantes hidrodinâmicos naturais


presentes no corpo hídrico, muito comuns em regiões estuarinas, onde o incremento
da vazão de águas continentais, devido ao período de fortes chuvas, ou alterações na
incidência de ventos e de ondas de marés astronômicas ou meteorológicas, tornam
viável o deslocamento dos sedimentos de fundo para outros sítios. Podendo, sob
certas condições, haver retorno do material removido ao mesmo ponto inicial, como
por exemplo, em lagos ou lagoas, cujos efeitos hidrodinâmicos contornam todo o seu
perímetro. Neste tipo de dragagem, normalmente, não existe interferências induzidas
artificialmente nas ações que caracterizam o processo.

II.2.7 – Dragagens para Aterros Hidráulicos

São, basicamente, desempenhadas pela atuação de dragas hidráulicas


ou mecânicas, podendo ser utilizados batelões especiais tipo split-barge 5 no intuito de
recalcar ou transportar grãos de areia para reurbanização de áreas costeiras,
construção de rodovias e aeroportos ou, ainda, para engordamento 6 de praias.

Abertura
Longitudinal
da Cisterna

Figura II.1 – Ilustração de uma draga dotada com o sistema “SPLIT” que caracteriza a
abertura longitudinal da cisterna para despejo do material dragado. Fonte: Bandeirantes.

5
Tipo de embarcação onde a abertura da cisterna é longitudinal em todo seu comprimento.
6
Termo atribuído para definir incremento de areia para acresção ou recomposição de praias.

8
Draga Leblon
Cisterna 880 m3

“Clam-Shell”
3 jd3 Jato de água
com areia

Restauração da Praia de Olinda - PE

Figura II.2 – Ilustração de uma draga hidráulica recalcando sedimentos para restauração
de uma área costeira. Fonte: Bandeirantes Dragagem.

II.3 – Classificação dos Processos de Dragagem

A diversificação dos processos de dragagem foi motivada pela


necessidade de transpor as dificuldades impostas pela própria natureza. Contudo, a
evolução destes métodos continua se desenvolvendo através de estudos e pesquisas
em laboratórios ou, até mesmo, em modelagens matemáticas, visando melhorar as
técnicas de operação e a eficiência dos equipamentos, no intuito, também, de
minimizar os custos operacionais.

Segundo alguns autores e periódicos (DAVIS et al., 1990; BRAY et al.,


1997; Relatório SEBA, 1999; GOES FILHO, 2004), podemos distinguir, como
principais e mais utilizadas técnicas, os seguintes processos de dragagem:

9
II.3.1 – Processos Mecânicos de Dragagem

São caracterizados pela atuação mecanizada dos equipamentos para a


remoção dos sedimentos de fundo. Os equipamentos de dragagem mais conhecidos
que utilizam este processo são: Draga de Alcatruzes (Bucket line Dredge), Draga de
Caçamba (Clam-Shell), Caçamba tipo Mandíbulas (Grab Dredge), Escavadeiras
Frontais (Dipper Dredges), Retro-Escavadeiras (Hoes), Pás de Arrasto (Draglines).

Devido à simplicidade e semelhança com os equipamentos utilizados


em terraplenagem, os equipamentos mecânicos de dragagem foram os primeiros a ser
desenvolvidos. Geralmente, o material dragado é lançado em cisternas de batelões
que transportam estes sedimentos até a área de deposição final. As dragas mecânicas
podem possuir propulsão própria ou não, as não propelidas são conhecidas como
dragas estacionárias. A seguir ilustramos alguns destes equipamentos, assim como os
principais detalhes que permitem sua operação em meios aquáticos.

DRAGA DE Mastro Principal


ALCATRUZES Guindaste
Tombo de Proa
Superior Guinchos
Guindaste
de Proa
de Popa Superestrutura

Guinchos
de Popa

Flutuante sem Propulsão


Charutos de
Charutos de Dalas BB/BE Proa BB e BE
Lança de
Popa BB e BE
Dragagem
Cabo do
Caçambas Suspensório
do Rosário

Espessura Tombo
de Corte Inferior

Figura II.3 – Ilustração do esquema operacional de uma draga de alcatruzes mostrando o


conjunto de caçambas que atuam continuadamente na remoção do material de fundo.
Fonte: Sítio eletrônico www.ihcholland.com.

10
DRAGA RETROESCAVADEIRA

Retro
Escavadeira

Caçamba

Flutuante sem propulsão

Charutos de
Fixação para
Dragagem

Figura II.4 – Ilustração do esquema operacional de uma draga retroescavadeira


mostrando o carregamento em uma barcaça e seu sistema de posicionamento no fundo,
através de dois charutos de fixação do flutuante. Fonte: Góes Filho, 2004.

DRAGA DE CAÇAMBA

Cabo de Içamento

Guindaste de Dragagem

Caçamba de
Cabos de movimentação Dragagem
do Flutuante – proa e popa
Cabo Guia da
Guincho Caçamba

Flutuante sem Propulsão

Figura II.5 – Ilustração do esquema operacional de uma draga de caçamba (Clam-Shell)


mostrando o guindaste responsável pela movimentação da caçamba e os cabos presos
ao flutuante que possibilitam o ciclo de corte de dragagem. Fonte: Góes Filho, 2004.

11
II.3.2 – Processos Hidráulicos de Dragagem

A atuação de bombas hidráulicas para succionar e recalcar os


sedimentos, que podem ser fragmentados mecanicamente por desagregadores ou
hidraulicamente através de fortes jatos de água, é uma das principais características
deste processo. Podemos citar os seguintes tipos de equipamentos: Dragas
Autotransportadoras (Hopper Trailing Suction Dredges) e Dragas de Sucção e
Recalque (Cutter Suction Dredges), as quais poderão ser propelidas ou não.

Durante a remoção do material dragado é formada uma mistura de


água com o material sólido do leito, que é bombeado para tubulações flutuantes a
distâncias compatíveis com a potência dos equipamentos – no caso de dragas de
sucção e recalque – ou em bombeamentos para dentro de cisternas – no caso de
dragas autotransportadoras (GÓES FILHO, 2004), que também possuem a alternativa
de recalcar os sedimentos em tubulações. Existe ainda a possibilidade de bombear o
produto da dragagem para batelões acostados a contrabordo das dragas.

As dragas hidráulicas são constituídas de tecnologias mais recentes e,


geralmente, possuem maior rendimento operacional que as dragas mecânicas.

DRAGA AUTOTRANSPORTADORA

Superestrutura Tubulação de Recalque


Para a Cisterna Guindaste de
Manutenção

Cisterna para armazenamento do


material dragado
Leme
Bomba Sucção
Propulsores Propulsor
Intermediária
Principais Lateral
BB e BE
BB e BE
Tubos de Sucção
Bocas de Dragagem BB e BE
BB e BE Tubos de Jato de água BB e BE

Figura II.6 – Ilustração do esquema operacional de uma draga autotransportadora


mostrando a atuação das duas bocas e dos dois tubos de sucção durante a dragagem,
dispostos em cada lado da embarcação. Fonte: Sítio eletrônico www.ihcholland.com.

12
As dragas de sucção e recalque – cutter suction dredges – são,
normalmente, equipamentos sem propulsão que atuam em regiões costeiras, sendo
muito utilizadas em aterros hidráulicos para construção de aeroportos ou restauração
de praias. Geralmente, são equipadas com um desagregador mecânico instalado na
extremidade da lança de dragagem junto ao tubo de sucção, que atua por rotação
desagregando o material do leito, o qual é aspirado pela bomba de dragagem. Estas
dragas, como as dragas mecânicas, também são conhecidas como estacionárias e a
utilização dos charutos, normalmente localizados a ré, juntamente com as lanças e
âncoras de arinque, funcionam para dar apoio durante a dragagem, possibilitando o
avanço e o giro da draga – swing 7 – movimento responsável pelo ciclo de corte de
dragagem.

DRAGA DE SUCÇÃO E RECALQUE

Mastro Principal Lanças de Arinque


Tubo de Recalque Âncoras
Cabine de Dragagem de Arinque
BB e BE

Flutuante sem Propulsão

Âncora de
Tubo de Sucção Fundeio

Charutos BB e BE Lança de Dragagem Suspensório


para Dragagem
Desagregador

Figura II.7 – Ilustração do esquema operacional de uma draga de sucção e recalque


atuando com um desagregador na ponta da lança de dragagem mostrando as âncoras de
arinque que permitem o movimento lateral e , juntamente com os charutos de fixação,
propiciam o ciclo de corte de dragagem do equipamento. Fonte: www.ihcholland.com.

7
Nome do movimento que resulta na largura de corte da draga de sucção e recalque.

13
II.3.3 – Processos Mistos de Dragagem

São identificados pela ação conjunta e simultânea dos processos


mecânicos e processos hidráulicos. Como exemplo desta tecnologia pode-se registrar
as dragas de sucção e recalque com roda de caçambas instalada na ponta da lança.
Este mecanismo remove o material de fundo mecanicamente lançando-o diretamente
na linha de sucção hidráulica da draga.

Uma das características deste tipo de equipamento é de poluir menos


que as dragas mecânicas e hidráulicas, pois o processo de remoção mecanizado e a
posterior sucção do material dragado fluindo pelo tubo de sucção acarretam em menor
dispersão dos sedimentos na coluna de água.

Apesar de se constituir em uma draga de processo misto, o seu ciclo de


dragagem é idêntico ao das dragas hidráulicas de sucção e recalque.

DRAGA DE SUCÇÃO COM RODA DE CAÇAMBAS

Mastro Principal Lanças e


Tubo de Recalque Âncoras
Cabine de Dragagem de Arinque
BB e BE

Flutuante sem Propulsão


Âncora de
Tubo de Sucção Fundeio

Lança de Dragagem
Suspensório
Charutos BB e BE Roda de
de Dragagem Caçambas

Figura II.8 – Ilustração do esquema operacional de uma draga de sucção com roda de
caçambas na ponta da lança de dragagem mostrando as âncoras de arinque que,
juntamente com os charutos, são responsáveis pelo ciclo de corte de dragagem. Fonte:
www.ihcholland.com.

14
II.3.4 – Processos Pneumáticos de Dragagem

São equipamentos muito utilizados em arqueologia náutica para


recuperar pequenos objetos submersos, trata-se de um tubo de sucção utilizando um
sistema com pressão de ar comprimido na ponta que induz a aspiração de pequenos
sedimentos de fundo, este método é conhecido como Air-lift. Existem dragas
ecológicas que utilizam, na sucção, sistemas pneumáticos em seus mecanismos para
atenuar a dispersão do material dragado, evitando sua elevação na coluna de água.

Atualmente, as dragas pneumáticas são consideradas as que menos


poluem durante o processo de dragagem, contudo, o maior problema continua sendo a
deposição final dos sedimentos removidos, pois se estima que o custo da disposição
de sedimentos em áreas confinadas especiais pode ser de 3 a 6 vezes superior a
simples descarga no mar (HINCHEE et al., 2001). Há registros de casos de tratamento
de materiais contaminados com custos variando de 10 a 100 vezes superiores aos da
utilização sem necessidade de tratamento (HINCHEE et al., 2001).

DRAGA PNEUMÁTICA ECOLÓGICA


Cabos de Içamento
Cabo da Lança
Cabo de aço Compressor
Translação
Valv. Distrib. de Ar

Flutuante sem Propulsão


Tubo de
Recalque Flutuante Tubulação
Pneumática
de Sucção
Sistema Pneumático de Sucção

Figura II.9 – Ilustração do esquema operacional de uma draga pneumática mostrando a


linha de recalque e o equipamento de sucção pneumático em contato com o leito. Fonte:
Sítio eletrônico www.pneuma.it.

15
II.3.5 – Processos Hidrodinâmicos de Dragagem

Basicamente, estes processos dependem dos recursos hidrodinâmicos


induzidos na coluna de água de forma natural ou artificial a fim deslocar, para outro
sítio, os sedimentos de fundo, os quais são suspensos do leito aquático por ação de
contato mecânico ou hidráulico. É considerada uma operação de baixo custo, pois o
transporte do material dragado não é efetuado pelo equipamento, mas sim pelas
condições hidrodinâmicas presentes no corpo hídrico.

As dragagens naturais também utilizam os recursos hidrodinâmicos do


fluido como meio de transporte dos sedimentos ressuspensos, constituindo-se num
processo sem intervenções antrópicas, contudo não são consideradas dragagens
hidrodinâmicas pela CEDA – Central Dredging Association – organização internacional
que se dedica a todo tipo de atividade que envolva a dragagem (Relatório SEBA,
1999). Neste Relatório, só foram considerados como processos de dragagens
hidrodinâmicas aqueles que são realizados com a atuação de equipamentos de
dragagem.

DRAGAGEM HIDRODINÂMICA

Embarcação Fluxo dos Sedimentos


de Tração
Linha da água

Sentido da Embarcação Sedimentos Dispersados


Cabo de Tração

Sedimentos Depositados Estrutura


Sólida

Leito Aquático

Figura II.10 – Ilustração de um dos processos de dragagem hidrodinâmica mostrando a


atuação de uma estrutura sólida no leito aquático, gerando uma pluma de sedimentos
que é carreada para além do sítio de dragagem pela atuação de forçantes
hidrodinâmicos presentes no fluido. Fonte: Martins (1974).

16
II.3.5.1 – Metodologia do Processo Hidrodinâmico

A dragagem hidrodinâmica é definida como sendo a deliberada


suspensão ou ressuspensão de uma fração de sedimentos do leito de um sistema
aquático, através de intervenções mecânicas ou hidráulicas, com posterior
deslocamento desse material, da área de dragagem até o seu depósito final, utilizando
processos hidrodinâmicos naturais ou induzidos no fluido (Relatório SEBA, 1999). A
distribuição dos sedimentos liberados na coluna de água do corpo hídrico permite o
acompanhamento qualitativo e quantitativo desta metodologia.

Neste processo, não há transporte, do material removido 8, por


intermédio de equipamentos de dragagem como batelões ou tubos de recalque, a
própria coluna da calha hidráulica é utilizada como meio de transporte dos sedimentos
até a área de disposição final, tornando esta operação uma atividade de baixo custo
operacional (ATHMER, 1996), podendo ser utilizada em dragagens de manutenção de
portos e vias navegáveis localizados, principalmente, em rios ou estuários
(WINTERWERP et al., 2001).

A quantidade de sedimentos que são transportados 9 através da coluna


de água é determinada, principalmente, pelas propriedades das partículas, onde: o
tamanho, a forma e a massa específica são características fundamentais para
estabelecer a velocidade de queda e a densidade da pluma de sedimentos formada
durante o processo, possibilitando a manutenção desses sedimentos suspensos no
fluido e, consequentemente, um maior carreamento dessas partículas no meio
aquático (KNOX et al., 1994). Já à distância percorrida por esses sedimentos
ressuspensos depende, ainda, do favorecimento das condições hidrodinâmicas do
corpo hídrico para gerar uma corrente capaz de deslocar as partículas suspensas na
coluna do fluido (Relatório SEBA, 1999). Portanto, em Dragagens Hidrodinâmicas,
sedimentos finos, com baixa coesão, recentemente depositados no fundo e
localizados em meios aquáticos que apresentem condições hidrodinâmicas
10
favoráveis , são características que determinam uma boa eficiência operacional
desse processo (NETZBAND, 1998).

8
Material desagregado do fundo através de procedimentos de dragagem hidrodinâmica.
9
Refere-se ao deslocamento dos sedimentos em direção ao depósito planejado.
10
São condições que propiciam o deslocamento da pluma de sedimentos em direção à área de
despejo, sem que haja dispersão desfavorável na coluna de água.

17
Essa metodologia pode ser empregada em conjunto com outros
processos de dragagem, no intuito de mover o material dragado para um novo sítio
onde a operação convencional possa atuar com melhor desempenho (ATHMER,
1996).

As técnicas empregadas nessa dragagem são classificadas em,


dragagem por agitação e dragagem por injeção de água (Relatório SEBA, 1999). Suas
aplicações requerem condições especiais nas características hidrodinâmicas
presentes no corpo hídrico, pois enquanto a dragagem por agitação utiliza a faixa
intermediária e superior da coluna de água, a dragagem por injeção de água utiliza a
região próxima ao leito para deslocar o material fluidificado. Contudo, em ambos os
casos, os sedimentos ressuspensos ficam submetidos às correntes naturais ou
artificiais do fluido ambiente, podendo interferir no desenvolvimento da pluma de
sedimentos que, uma vez mobilizada, possui limitações no controle direcional até a
deposição final das partículas (Relatório SEBA, 1999; OSPAR Commission, 2004).

Em geral, os locais onde a dragagem hidrodinâmica apresenta bom


desempenho deverão possuir as seguintes características (Relatório SEBA, 1999):

• Áreas com alta concentração de sedimentos naturais.


• Áreas com materiais provenientes de erosão.
• Áreas com bom potencial de velocidade de corrente, seja natural ou artificial.
• Áreas próximas às grandes depressões aquáticas.
• Áreas com baixo nível de materiais contaminados.

II.3.5.2 – Tipos de Dragagens Hidrodinâmicas

Como descrito anteriormente a dragagem hidrodinâmica pode ser


sintetizada em dragagem por agitação ou dragagem por injeção de água, essas
técnicas são precursoras de pelo menos quatro processos de dragagem reconhecidos
atualmente: Agitação, Erosão, Elevação e Injeção, respectivamente (Relatório
SEBA,1999):

18
I II/III IV

PROCESSO I II/III IV
MÉTODO INJEÇÃO AGITAÇÃO/ EROSÃO ELEVAÇÃO
TÉCNICA INJEÇAO DE ÁGUA ARRASTO/JATO FORTE LANÇAMENTO

Figura II.11 – Ilustração dos quatro principais processos de dragagem hidrodinâmica –


Injeção, Agitação, Erosão e Elevação. Fonte: Relatório SEBA 99/12/info.1-E.

A – Dragagem por Agitação

O processo de dragagem hidrodinâmica por agitação é realizado pela


atuação mecânica de arraste de uma estrutura sólida no leito de um corpo aquático
(Figura II.10). Essa atuação causa uma turbidez de grande intensidade na coluna de
água, além de propiciar uma grande dispersão das partículas ao longo da calha
hidráulica, dificultando o controle no transporte desses sedimentos, cujo percurso,
normalmente, interage com a ação hidrodinâmica 11 presente, naquele momento, no
corpo hídrico (Relatório SEBA, 1999; OSPAR Commission, 2004).

B – Dragagem por Erosão

É um processo que ocorre quando os sedimentos do leito, com forte


coesão, são removidos por um fluxo de água de alta pressão. O material no fundo é

11
Nesse caso, se refere as correntes naturais presentes no corpo hídrico.

19
deslocado e suspenso até uma pequena faixa na coluna de água por meio de fortes
jatos de água, sendo transportados, normalmente, para curtas distâncias, dependendo
das atividades hidrodinâmicas presentes no corpo aquático (Relatório SEBA, 1999;
OSPAR Commission, 2004).

Esse método pode ser empregado com um jato único ou, em larga
escala, com vários jatos de água, os quais são muito utilizados em bocas de
dragagem de dragas autotransportadoras, com a finalidade de desagregar os
materiais de fundo para aumentar o rendimento das bombas de dragagem (Relatório
SEBA, 1999).

C – Dragagem por Elevação

A dragagem hidrodinâmica por elevação consiste em um


12
remanejamento dos sedimentos do leito do corpo aquático para a superfície da linha
de água, onde as correntes naturais do corpo hídrico determinam o transporte dessas
partículas. Normalmente, o lançamento do material dragado na superfície é induzido
pelos componentes de dragas convencionais. Podemos citar as dragas
autotransportadoras e as de sucção e recalque como equipamentos que propiciam
este processo de dragagem (Relatório SEBA, 1999).

Nas dragas autotransportadoras o lançamento dos sedimentos na


superfície é realizado, normalmente, através do vertedor (overflow 13) da embarcação
que se constitui num importante acessório para aumentar a densidade da mistura
concentrada na cisterna 14 da draga, a remessa de parte desse fluido, juntamente com
certa concentração de sedimentos, para a superfície da coluna de água constitui-se no
processo de dragagem hidrodinâmica por elevação (Relatório SEBA, 1999).

Nas dragas de sucção e recalque a operação se manifesta quando a


linha de recalque é aberta na superfície da água gerando o lançamento da mistura na

12
Neste caso, consiste no lançamento do material dragado propositadamente para o ambiente
externo da draga, devido às características operacionais do próprio processo de dragagem.
13
Mecanismo responsável pela separação da água e os sedimentos dragados, que são
lançados na cisterna de dragas autotransportadoras ou batelões lameiros.
14
Porão da draga autotransportadora ou batelão lameiro onde são depositados os materiais
dragados para o seu transporte até a área de despejo.

20
linha da água. Ao final do tubo de recalque poderá ser fixada uma ponteira de redução
de diâmetro que agiria como um injetor, aumentando a velocidade do fluxo e
propiciando um jato com maior alcance, em relação ao ponto inicial de dragagem.

Draga Autotransportadora
em operação

Sedimentos lançados
pelo “vertedor” da Draga

Figura II.12 – Ilustração de uma draga autotransportadora apresentando o lançamento de


sedimentos na superfície do fluido através do vertedor (overflow). Fonte: Sítio
www.vanoord.com.

D – Dragagem por Injeção – WID

A dragagem hidrodinâmica por injeção de água é caracterizada pela


ação de um jato com baixa pressão manométrica e grande volume de água,
fluidificando os sedimentos de fundo e gerando uma turbidez próxima ao leito, como
ilustrado na figura II.13. Essa operação gera uma pluma de sedimentos com
densidade maior que o fluido ambiente favorecendo o surgimento do efeito de corrente
de densidade ou corrente de turbidez cujo propósito é direcionar as partículas
ressuspensas para águas mais profundas (Relatório SEBA, 1999).

Este método de dragagem é o objeto deste trabalho e será descrito com


mais detalhes no Capitulo III.

21
DRAGAGEM POR INJEÇÃO DE ÁGUA

Grandes volumes de água


Movimento dos Sedimentos são injetados no fundo para
suspender os sedimentos

Injeção de Água

Figura II.13 – Ilustração do processo de dragagem por injeção de água mostrando os


parâmetros necessários para induzir a formação da corrente de densidade. Fonte:
ThamesWeb – Maintenance Dredging.

22
II.4 – Dragagem no Porto de Itajaí

II.4.1 – Especificações do Porto de Itajaí

II.4.1.1 – Histórico

Segundo registros históricos, os primeiros estudos referentes ao Porto


de Itajaí datam de 1905, realizados pela Comissão de Melhoramentos dos Portos e
Rios. Por volta de 1914, foi construída a primeira obra, composta dos 700 metros do
molhe Sul, seguidas mais tarde das obras do molhe Norte. O porto propriamente dito
foi iniciado em 1938, com a construção do primeiro trecho de cais, com 233 metros de
comprimento e estrutura em concreto armado, e do primeiro armazém. No início da
década de 1950 foi construído o segundo trecho de 270 metros, concluindo-se em
1956 mais 200 metros, além da construção de um armazém frigorífico, voltado, na
época, às necessidades da atividade pesqueira.

O Porto de Itajaí passou a ser considerado porto organizado em 28 de


junho de 1966, quando foi instalada a Junta Administrativa do Porto de Itajaí,
subordinada ao Departamento Nacional de Portos e Vias Navegáveis. Em 1976, com a
criação da Empresa de Portos do Brasil S.A. – PORTOBRÁS, o gerenciamento do
terminal itajaiense passou a ser exercido pela Administração do Porto de Itajaí,
diretamente vinculada àquela estatal. A partir desse período verificou-se um
crescimento acentuado da sua movimentação e, com a melhoria na sua organização
administrativa, a Administração do Porto passou a ser um órgão representativo na
comunidade portuária.

Com a lei 8.029, de 1990, a PORTOBRÁS foi extinta, e após momentos


de incertezas e indefinições oriundas de uma situação não prevista, e ainda, para que
pudesse continuar com suas atividades normais sem sofrer solução de continuidade, a
Administração do Porto de Itajaí passou a ser subordinada à Companhia Docas do
Estado de São Paulo – CODESP, situação que perdurou até 1º de junho de 1995,
quando o Ministério dos Transportes descentralizou a gestão do porto ao Município de
Itajaí, através da Administradora Hidroviária Docas Catarinense. Em dezembro de
1997, o Porto de Itajaí foi delegado ao município pelo prazo de 25 anos. Passou a ser
chamado de Superintendência do Porto de Itajaí em 6 de junho de 2000, através da
Lei Municipal 3.513.

23
II.4.1.2 – Localização do Porto

O Porto de Itajaí está localizado à margem direita do rio Itajaí-Açu, a


3,2km de sua foz, no Município de Itajaí, litoral norte do Estado de Santa Catarina, a
meio caminho entre a capital de Santa Catarina, Florianópolis, e a cidade catarinense
mais populosa, Joinville, sendo suas coordenadas geográficas: latitude 26º54’02” sul e
longitude 48º39’04” oeste. A zona de jurisdição de porto limita-se ao norte pela divisa
entre os municípios de Barra Velha e Piçarras e ao sul até o município de Garopaba.

A ilha de Santa Catarina, onde se situa a cidade de Florianópolis,


capital do Estado, se encontra sob a jurisdição do porto de Itajaí. O porto é
administrado, no momento, pela Prefeitura de Itajaí.

Porto de Itajaí

Figura II.14 – Ilustração da localização do Porto de Itajaí no litoral de Santa Catarina

24
Do embarque de frangos para o exterior, cerca de 90% é realizada pelo
Porto de Itajaí. É o terceiro no ranking nacional de movimentação de contêineres,
registrado durante o ano de 2003, estando em primeiro o Porto de Santos e segundo o
Porto de Rio grande. Assim sendo, é o escoadouro natural da economia estadual e
agora também de províncias argentinas limítrofes. Sede da AMFRI - Associação dos
Municípios da Foz do Rio Itajaí-Açu e sede também da Capitania dos Portos de Santa
Catarina. É considerado um dos principais pólos de desembarque pesqueiro nacional
onde várias industriais de processamento de pescado estão instaladas às margens do
estuário, principalmente no Município de Itajaí.

A região é constantemente dragada para a manutenção da


profundidade do canal de navegação. A dragagem utiliza uma draga que trabalha
através do sistema de injeção de água, que promove a fluidificação dos sedimentos
finos que constituem o fundo (SCHETTINI, 2002).

A superintendência do Porto de Itajaí, após dezoito meses de trabalho,


obteve a certificação ISO 15 9001:2000, pelo BVQI/Inmetro 16, BVQI/RVA 17, aceitação
nacional e internacional, respectivamente. Tornando-se, assim, a primeira Autoridade
Portuária, no Brasil, a obter essa certificação, o que qualifica o Porto como prestador
de serviços portuários com padrão de qualidade internacional.

Em julho de 1983, em conseqüência de fortes chuvas, houve um


grande aumento na vazão e na velocidade das águas fluviais do Rio Itajaí-Açú,
gerando uma forte corrente que causou uma erosão superior a doze metros de
profundidade na região portuária e, como isto, o afundamento de parte do Cais
próximo ao berço nº. 4, além de profundas alterações no leito do estuário. Durante
esta cheia, na bacia de evolução do Porto de Itajaí, foi medida a velocidade da
corrente que atingiu 3m/s e o nível de água se elevou a cota de 3,80m acima do zero
hidrográfico da DHN (DIENG–Relatório INPH 65/99, 1999). As obras de reconstrução
do berço danificado encerraram-se em 1988.

15
ISO – “International Standard Organization” – Organização de Padronização Internacional
que, através de normas pré-estabelecidas, define a qualificação, através de metodologias, para
um tipo de serviço ou para fabricação de mercadorias.
16
BVQI/Inmetro – Órgão brasileiro responsável pela avaliação e acompanhamento das
exigências das normas ISO – 9001.
17
BVQI/RVA – Órgão internacional responsável pela avaliação e acompanhamento das
exigências das normas ISO – 9001.

25
II.4.1.3 – Acessos às Instalações Portuárias

O acesso rodoviário ao Porto de Itajaí pode ser realizado pelas rodovias


SC-470 / BR-470, as quais ligam o Município de Itajaí ao oeste catarinense, passando
por Blumenau; já a BR-101, a 10 km do porto e a SC-486, atingindo Brusque,
estabelecem uma conexão com a malha rodoviária do Estado de Santa Catarina.
Contudo, o Porto de Itajaí não possui acesso por via ferroviária.

O acesso marítimo inicia-se no canal da barra, na embocadura do rio


Itajaí-Açú, que se encontra fixada por dois molhes, norte e sul, e contém a largura
mínima de 100m e profundidade de 10,0m. O canal de acesso é constituído de um
trecho externo e outro interno, com profundidades próximas a 10,0m. A parte externa
(canal da barra) tem cerca de 1,5km de comprimento e largura de 100m a 150m, e a
parte interna, 3,2km, com largura variando entre 100m e 230m.

Figura II.15 – Ilustração do início do canal interno de acesso ao Porto de Itajaí mostrando
a entrada da barra. Fonte: Sítio www.portodeitajai.com.br.

26
Figura II.16 – Ilustração do Porto de Itajaí e seu canal de acesso até a sua foz. Fonte:
Sítio eletrônico www.portodeitajai.cpm.br.

Figura II.17 – Ilustração do Porto de Itajaí, ressaltando os meandros do Rio Itajaí-Açú.


Fonte: Sítio eletrônico www.portoitajai.com.br.

27
Figura II.18 – Ilustração dos berços de atracação do Porto de Itajaí mostrando parte da
bacia de evolução. Fonte: Sítio www.portodeitajai.com.br.

II.4.1.4 – Principais Características Portuárias

As principais instalações portuárias consistem em um cais acostável de


740m com quatro berços de atracação, sendo o berço nº. 1 – B1, para atracação
prioritária de navios portas-contêiner, ro-ro e navios dotados de pontes rolantes; o
berço nº. 2 – B2, para atracação prioritária de navios portas-contêiner ou de carga
geral; o berço nº. 3 – B3, para navios com atracação prioritária com cargas
frigorificadas e o berço nº. 4 – B4, condicionada a ordem de chegada.

Possui três armazéns para carga geral totalizando 15.800m², um


armazém frigorífico com 1.180m², pátios asfaltados e alfândegados totalizando
38.000m² e retroporto asfaltado de 25.000m².

O terminal de contêineres Teconvi – Terminal de Contêineres do Porto


de Itajaí fica localizado atrás dos berços B1 e B2, sendo que um desses berços possui
250m de comprimento e 12m de profundidade e um pátio de contêineres na
retaguarda com 22.000m². Na linha do cais os contêineres são movimentados por dois

28
guindastes móveis, sobre rodas, com capacidade nominal de 25 contêineres por hora
e no pátio sete empilhadeiras, reach stackers, atendem ao terminal.

Nas imediações do porto está a EADI/Itajaí – Estação Aduaneira com


área coberta de armazenagem de 31.500m², área externa de 121.450m², além da área
para contêineres de 52.499m².

Na figura II.19, pode-se observar a geografia do Porto de Itajaí,


visualizando os berços de atração e suas retroáreas. Como divulgado no sítio
eletrônico www.portodeitajai.com.br a expansão do Porto está delineada por grande
parte da coloração alaranjada, nesta área ainda se encontra a Capitania dos Portos do
Estado de Santa Catarina que será transferida dessa localidade. Futuramente o
terminal de contêineres - TECONVI será ampliado ocupando toda essa área
demarcada.

Porto de Itajaí

Área de Expansão

Figura II.19 – Ilustração da geografia do Porto de Itajaí, em laranja a área destinada à


expansão do terminal de contêineres - TECONVI. Fonte: Sítio eletrônico do Porto de
Itajaí, www.portodeitajai.com.br.

29
Figura II.20 – Ilustração do posicionamento dos berços de atracação e das instalações
atuais do Porto de Itajaí. Fonte: Sítio www.portodeitajai.com.br.

Área destinada ao Porto Público Terminal de Contêiner


2
Operado pelos operadores portuários Área: 105.000m / 17.000TEU/mês
2
privados – Área: 41.000m Investimento: R$60 milhões / 99-00

Rio Itajaí-Açú

___Área de Arrendamento
Em Estudo pelo CAP:
Demolição dos Armazéns 1 e 3, na zona portuária

Figura II.21 – Ilustração das expansões futuras do Porto de Itajaí, previstas para
ampliação dos novos berços de atracação e das retroáreas. Fonte: Sítio eletrônico
www.portodeitajai.com.br.

30
II.4.2 – Detalhes da Dragagem no Porto de Itajaí

II.4.2.1 – Tipos de Materiais encontrados no Leito

Os principais materiais encontrados no leito do Rio Itajaí-Açu são


oriundos de processos sedimentares fluviais e marinhos devido à hidrodinâmica do
estuário. Normalmente são evidenciados três tipos de materiais de fundo,
principalmente da região da bacia do Porto de Itajaí, onde encontramos: areia fina,
silte e argila (VARGAS, 1983), com características de baixa coesividade para uma
operação de dragagem.

Por serem materiais oriundos de sedimentações freqüentes, a operação


de dragagem de manutenção não encontra grandes dificuldades para remoção dos
sedimentos de fundo através de equipamentos comuns de dragagem, sejam eles:
mecânicos, hidráulicos e hidrodinâmicos, como a seguir são demonstrados:

Processo de Dragagem Equipamento Utilizado


Hidráulico Draga Autotransportadora de Médio Porte - ATM
Mecânico Dragas de Alcatruzes e de Caçamba – AL/CS
Hidrodinâmico Draga de Injeção de Água - WID

Tabela II.1 – Relação dos processos de dragagem já utilizados no Porto de Itajaí.

II.4.2.2 – Processos de Dragagem Utilizados pelo Porto

Os métodos de dragagem que antecederam o processo WID, utilizado


atualmente no Porto de Itajaí, foram os processos hidráulicos através de dragas
autotransportadoras e os processos mecânicos através de dragas de alcatruzes e
dragas de caçamba (Clam-Shell).

As dragas autotransportadoras foram as mais utilizadas na manutenção


do canal e bacia de evolução. Inicialmente, as dragas de pequeno porte com
capacidade de cisterna até 1500m3 foram muito empregadas quando o canal possuía
ainda profundidades próximas a nove metros, posteriormente, com o aprofundamento
do canal, foram empregadas dragas com capacidades maiores chegando até

31
equipamentos com 5.000m3. A draga holandesa Lelystad com capacidade de
10.000m3 chegou a realizar dragagem no local, porém, devido ao seu tamanho físico,
apresentou baixo rendimento durante manobras na área operacional, principalmente
quando era necessária a sua operação próxima aos berços do cais e bacia de
evolução. A maior dificuldade operacional dessas dragas hidráulicas era sua operação
nos berços de atracação junto ao cais, pois suas bocas de dragagem nem sempre
conseguiam se aproximar o suficiente para remover os sedimentos depositados nessa
área, além de necessitar da liberação, para dragagem, dos navios aportados no local,
gerando dificuldades operacionais para o porto.

Os equipamentos mecânicos, representados pelas dragas de alcatruzes


e dragas de caçamba (Clam-Shell), tiveram sua participação na dragagem da bacia de
evolução e dos berços de atracação, onde suas atuações eram mais beneficiadas pela
concentração de material em áreas próximas, já que estes equipamentos não são
propelidos o que dificulta sua operação em locais com grande extensão longitudinal. O
material dragado era depositado em batelões que possuíam propulsão própria para se
deslocarem até a área de despejo, normalmente localizada a sete quilômetros da
embocadura do rio Itajaí-Açú. Estes equipamentos necessitavam da liberação de
grande área para posicionamento de seus cabos de tração para movimentos de
dragagem, exigindo a restrição do fluxo de embarcações durante a dragagem, o que
também gerava dificuldades operacionais ao porto.

O depósito do material dragado para os equipamentos de processos


mecânicos ou hidráulicos diferencia-se, basicamente, dos equipamentos de injeção de
água devido à necessidade de definir, previamente, uma área de despejo ou bota-fora,
enquanto que no processo hidrodinâmico, como é descrito no capítulo III, o
carreamento dos sedimentos ocorre na coluna de água não possuindo área de
despejo com posicionamento rígido, podendo haver depósito, das partículas
suspensas, em águas mais profundas, isto é, em depressões no próprio canal ou em
direção ao mar aberto na plataforma continental da região costeira. Entretanto, uma
outra característica do processo WID é a sua capacidade de operação sem causar
interferências significativas na área portuária, liberando os acessos aquáticos
rapidamente e não prejudicando as programações dos Navios.

32
N
Carta Náutica 1801
Bacia de Evolução

Canal Interno

Canal Externo
Berços de Atracação
I

Descrição das Áreas de Dragagem


1 – Berços de Atracação:
B1 – 250 m x 12 m
B2/B3/B4 – 490 m x 10 m
2 – Bacia de Evolução:
750 m x 250 m x 10 m
3 – Canal Interno: Acesso Aquaviário – Dragado
3,2 km x 100 / 230 m x 10 m para o Porto de Itajaí
4 – Canal Externo:
1,5 km x 100 / 150 m x 10 m

33
Figura II. 22 – Ilustração de parte da Carta Náutica 1801, mostrando as áreas de dragagem do Porto de Itajaí – berços, bacia de evolução,
canal interno e canal externo. Fonte: Sítio eletrônico do Porto de Itajaí – www.portoitajai.com.br
Desde o final da década de 90, a técnica por injeção de água vem
sendo utilizada na dragagem de manutenção do Porto de Itajaí, não somente no canal
de acesso como também na bacia de evolução e junto ao paramento do cais. A
cobrança destes serviços é efetuada através de um contrato de garantia de
profundidade com valores fixos mensais que funciona como uma espécie de
securitização para manutenção da profundidade local (Sítio eletrônico da Van Oord –
www.vanoord.com, 2005).

A dragagem no estuário do Rio Itajaí-Açú utiliza, com certa alternância,


a mesma proposta de dragagem utilizada no Rio Crouch, localizado no Reino Unido,
onde segundo WINTEWERP et al. (2001) o método por injeção de água emprega a
alternativa chamada ebb-WID, significa dizer que o processo de dragagem é mantido
somente no período compreendido da preamar até a baixamar, para aproveitar a
velocidade gerada pela maré de vazante, mesmo durante os períodos diurno e
noturno, com o propósito de deslocar uma grande quantidade de sedimentos em um
longo percurso em direção as águas mais profundas. No caso do Porto de Itajaí, a
utilização da dragagem no período de vazante visa transportar dos sedimentos
ressuspensos para além do canal da barra, em direção a plataforma continental.

34
II.4.2.3 – Licitações de Dragagem para o ano de 2005

A necessidade de constante dragagem no Porto de Itajaí devido aos


freqüentes depósitos de sedimentos oriundos, principalmente, da hidrodinâmica fluvial
do Rio Itajaí-Açú, determina uma ação constante de dragagem de manutenção para
evitar prejuízos com uma possível redução na profundidade do canal, causando uma
redução de calado nas embarcações que freqüentam o porto. No período final do ano
de 2005, a liberação de verbas para a dragagem depende da aprovação da União,
através do DNIT, além de recursos do próprio porto, conforme pode ser registrado
após pesquisa nos sites do Porto de Itajaí e do Ministério dos Transportes – Projetos &
Programas, www.portoitajai.com.br e www.transpotes.gov.br/ProPro, respectivamente.

1) Recursos da União: R$12.000.000,00

2) Recursos do Porto: R$ 3.000.000,00

3) Total dos recursos financeiros: R$15.000.000,00

Dragagem no Canal de Acesso, na Bacia de Evolução e junto ao Cais de Porto de Itajaí


Situação: Edital em análise pelo DNIT
Descrição: Edital de licitação em fase de aprovação MT/DNIT
Previsão: Início: julho / 2005 Término: novembro / 2005
Valores: R$ 12.000.000,00 Rubrica: 26.784.0233.3E58.0002
Responsável: Administração Porto Itajaí Atualizado em : julho / 2005

Tabela II.2 – Demonstração da situação do edital para dragagem no Porto de Itajaí. Fonte:
Sítio www.transportes.gov.br.

35
III – DRAGAGEM POR INJEÇÃO DE ÁGUA – WID

III.1 – Análise do Processo de Dragagem

Para uma melhor compreensão dessa tecnologia, a análise do processo


foi dividida em dois tópicos: o Histórico da Dragagem por Injeção de Água e os
Detalhes da Operação de Dragagem, os quais, a seguir, são descritos.

III.1.1 – Histórico da Dragagem por Injeção de Água

O processo de dragagem por injeção de água, foi desenvolvido na


Europa, mais precisamente na Holanda, em meados dos anos 80 e utilizado a partir de
1987. Esta metodologia foi introduzida nos EUA em 1992, quando uma equipe sênior
da U.S. Army Corps of Engenieers (Corps) representando um Programa de Pesquisa
de Dragagem – DRP (Dredging Research Program) – esteve na Europa em 1990,
reconhecendo o potencial desta nova tecnologia (KNOX, 1994). No Brasil este tipo de
dragagem hidrodinâmica foi inicialmente empregado no Porto de Alumínio da Alumar e
no Porto de Minério na Ponta da Madeira da Companhia Vale do Rio Doce – CVRD,
ambos localizados em São Luís, no Estado do Maranhão. Posteriormente, sua
operação foi iniciada no Porto de Itajaí, aonde vem desenvolvendo atividades de
dragagem de manutenção até o momento (Sitio eletrônico da Van Oord:
www.vanoord.com, 2005).

Neste processo, à distância percorrida pelos sedimentos depende –


além da hidrodinâmica do fluido e das propriedades do material a ser removido – do
formato do talude e da batimetria do fundo, devido ao deslocamento da corrente de
turbidez que é realizado próximo ao leito. Em geral, regiões que possuam leitos com
baixa rugosidade e com materiais finos que apresentem baixa velocidade de queda na
coluna de água, além de uma favorável hidrodinâmica no fluido, registram transportes
desses sedimentos até por alguns quilômetros, enquanto que areias grossas são
movidas a curtas distâncias. A superfície remanescente após a dragagem por injeção
de água é usualmente plana e com pouca rugosidade (Relatório SEBA, 1999; Ospar
Commission, 2004).

36
Outros portos, situados na Holanda, na Alemanha, na Índia e no Reino
Unido, entre os demais, também testaram e estão utilizando, desde a década de 90, a
metodologia de injeção de água em dragagens de manutenção, principalmente devido
seu baixo custo operacional e a versatilidade demonstrada pela atuação de uma draga
compacta e com poucos acessórios (ATHMER, 1996).

III.1.2 – Operação da Dragagem por Injeção de Água

O processo se inicia com a incidência de um jato de água no leito


aquático, com rigoroso controle nas condições de pressão e vazão, propiciando o
surgimento de uma tensão com capacidade de vencer a coesão das partículas de
fundo e gerando uma pluma de sedimentos que se mantém próxima ao leito. Podemos
observar, representado na Figura III.2, a existência de três áreas distintas, a primeira
área representa o local onde o jato de água incide verticalmente no leito do corpo
hídrico, a segunda área é representada por uma zona de transição onde se inicia a
fluidificação das partículas de fundo e na terceira área ocorre à remoção e o transporte
dos sedimentos através da formação da corrente de densidade (WINTERWERP et al.,
2001).

Conforme observações de WINTERWERP et al. (2001), através de


resultados obtidos por modelagens matemáticas e coletas de dados no campo,
indicam que a camada fluidificada de sedimentos gerada pelo processo WID possui
uma concentração de partículas na ordem de 50 – 100 g/l. Como a altura da camada
fluidificada é bem menor que a altura total do meio fluido, a movimentação dessa
pluma de sedimentos não afetaria, de maneira relevante, os movimentos que ocorrem
na parte superior restante da coluna de água. A interação mais importante entre as
duas camadas fluidas é a tensão superficial na interface devido à diferença de
velocidade entre elas. Nesse caso, a melhor solução é manter um gradiente de
densidade pequeno entre essas duas camadas, para diminuir os efeitos de uma
indesejável redução de velocidade horizontal, além de propiciar uma menor
sedimentação das partículas no leito aquático, durante o deslocamento da corrente de
turbidez.

37
Equipamento de Dragagem
Demonstração do Método de Injeção de Água

Corrente de
Densidade
Lança de Injeção

Bicos de
Aspersão Câmara de Água

Figura III.1 – Ilustração da demonstração do processo de dragagem por injeção de água.


Fonte: Sítio eletrônico www.portodeitajai.com.br.

ILUSTRAÇÃO DO PROCESSO “WID”

1 = Área de Borrifo
2 = Zona de Transição
3 = Área de Transporte

3 2 1

Figura III.2 – Ilustração da formação da corrente de densidade através do processo de


dragagem por injeção de água. Fonte: Winterwerp et al.

38
Observando estudos realizados por NETZBAND et al. (1998) durante
testes de dragagem utilizando esta metodologia, no Porto de Hamburgo – na
Alemanha, foi constatado que a fluidificação da mistura dos sedimentos ressuspensos
no perfil vertical da coluna de água depende, substancialmente, do fluxo de
velocidades locais e da composição dos tipos de sedimentos que formam a pluma. Em
meios fluidos sujeitos a ação de marés, sob determinadas circunstâncias, a
ressuspensão dos sedimentos na coluna líquida poderá ocorrer com maior facilidade.
Porém acentuadas concentrações de materiais em suspensão na coluna de água tem
sido observadas, somente, em curtos períodos e pequenas distâncias. No processo
por injeção de água se procura minimizar a concentração de sedimentos na coluna de
água, visando buscar o maior deslocamento horizontal do material dragado.

Outra observação mencionada e analisada por NETZBAND et al (1998),


durante uma operação de dragagem, é que poucas vezes ocorreu o retorno do
material dragado em direção oposta à trajetória planejada, essa eficiência foi atribuída,
aos estudos prévios efetuados na hidrodinâmica do corpo hídrico e ao constante
monitoramento dos parâmetros operacionais, além do bom desempenho nas
manobras de dragagem.

III.2 – Monitoramento

A análise dos parâmetros operacionais no processo de dragagem por


injeção de água necessita de um extenso programa de monitoramento para avaliar
condições como, o desempenho da dragagem, acurácia dos seus resultados, o
controle dos sedimentos ressuspensos na coluna de água, ou seja, a turbidez e,
finalmente, a trajetória dos sedimentos transportados pela corrente de densidade
(KNOX, 1994).

Portanto, um programa de monitoramento inicial deve ser implantado


para evitar dificuldades operacionais. Este programa deverá ser o mais completo
possível, pois resultará no bom desempenho da dragagem no local desejado. Após a
fase inicial, o acompanhamento instrumental poderá ser reduzido, para possibilitar a
diminuição de custos operacionais, porém de maneira supervisionada, visando manter
um controle operacional satisfatório.

39
A Tabela III.1 relaciona os principais procedimentos recomendados
para monitorar o início de uma operação com o processo WID.

Atividade Freqüência Local Propósito


Antes Toda Área de Taxa de Produção; Corte de
Batimetria Durante Dragagem; Toda Dragagem; Direção e distância
Depois Área de Impacto do transporte de sedimentos.
Transporte de Sedimentos –
Monitoramento Antes Área Impacto Distância e Direção – Depósito
Sedimentos Depois Área Impacto da Pluma em Depressões no
Leito.
Correntes do Antes Três pontos na Regime do Fluxo Aquático;
Ambiente Durante Área Dragagem Impacto na Operação.
Corte Dragagem
Amostras da Total de Sólidos em Suspensão;
Antes e Impacto em
Coluna de Direcionamento da
Durante toda Área
água Corrente de Densidade.
Impacto
Corte Dragagem Medição de mudanças na
Turbidez na
Antes e Impacto nas qualidade da água –
Coluna de
Durante Áreas próximas a considerando-se históricos de
água
Dragagem. medições.
Corte Dragagem
Amostras Antes e Impacto na Mudanças nas Características e
Do Leito Depois Área de no Transporte dos Sedimentos.
Dragagem
Coloração dos Antes Área de Corte de Mudanças nas Características
Sedimentos Depois Dragagem dos Sedimentos.

Tabela III.1 – Sumário das atividades iniciais de monitoramento para o processo de


dragagem por injeção de água. Fonte: Dredging Reaserch – Technical Note–3–10, 1993.

III.3 – Interferência da Dragagem na Biota Local

A fluidificação dos sedimentos de fundo, caracterizado pela ação dos


processos de dragagens hidrodinâmicas, afeta diretamente a comunidade bentônica,
principalmente em regiões estuarinas que, por serem ambientes ricos em fauna e
flora, possuem características adequadas para este estudo.

Para entendermos a interferência deste processo de dragagem em


ambientes aquáticos devemos, primeiramente, registrar alguns fatores que interferem
com a comunidade bentônica.

40
Devido à condição do estuário em ser um sítio de transição entre
ambientes marinhos e fluviais, com a formação de gradientes salinos, as comunidades
bentônicas desses locais apresentam padrões de variação em função da sua
distribuição local. Essas associações, apesar de apresentarem um comportamento
indefinido, podem responder a perturbações de origem natural ou antrópica. Dessa
forma, podem ser importantes indicadores e integradores do estado de perturbação do
ecossistema (MUCHA & COSTA, 1999). Como exemplos, dessa condição, estão os
organismos bentônicos detritívoros de substrato inconsolidado, que revolvem o
sedimento em busca de alimento, incorporando parte desse material. Também
organismos suspensívoros e filtradores da macrofauna consomem materiais tóxicos e
organismos patogênicos da coluna de água (DAY et al., 1989).

Um aumento na carga de sedimento na coluna líquida, oriundo de


fontes externas ou suspendidas do fundo, através de ações naturais ou antrópicas,
diminui a penetração da luz e incrementa a dispersão de oxigênio. O componente
orgânico desse sedimento, rico em microorganismos, pode alterar as características
químicas da água e prejudicar ou favorecer o crescimento planctônico 18. Além disso,
cistos de resistência podem ser ressuspendidos e determinar a ocorrência de espécies
nocivas e oportunistas, com impactos na qualidade da água. Essas mudanças na
comunidade planctônica podem afetar o ecossistema aquático, pelo menos nos
setores diretamente afetados.

Os impactos ambientais associados ao processo de dragagem e


disposição do material dragado podem ser caracterizados por apresentarem efeitos
diretos, sobre habitats e organismos, ou indiretos, atribuídos a alterações na qualidade
da água (KENNISH, 1994). Distúrbios físicos, associados à remoção e recolocação de
sedimentos provocam a destruição de habitats bentônicos, aumentando a mortalidade
desses organismos através de ferimentos causados por ação mecânica durante a
dragagem, ou por asfixia conforme esses são sugados pelas bombas hidráulicas das
dragas. Quanto ao efeito indireto, a ressuspensão do sedimento de fundo remobiliza
contaminantes e nutrientes afetando a qualidade da água e a química global do
estuário.

18
Representa a base da teia alimentar pelágica dos oceanos. É constituída de plantas, animais
e bactérias.

41
Ainda de acordo com DAVIS et al. (1990) e BRAY et al. (1997), com
relação à dispersão e deposição de sedimentos ressuspendidos, há de se considerar
que a ruptura dos sedimentos de fundo pode causar uma grande variedade de
impactos ambientais. As partículas em suspensão podem redepositar no fundo
sufocando os animais bentônicos forçando-os a migrar para outras regiões. Se os
sedimentos em suspensão estiverem em alta concentração e persistirem por longo
período, o que geralmente está relacionado com o tempo destinado à operação de
dragagem hidrodinâmica, a penetração de luz na coluna de água pode reduzir-se,
causando danos às algas fotossintetizantes, corais e outros organismos aquáticos. A
atuação em fundos moles remove os organismos que vivem no sedimento, se a taxa
de sedimentação nessa área for grande, os sedimentos de fundo recentemente
depositados podem formar e restaurar esses habitats quando o trabalho de dragagem
estiver terminado. O conhecimento prévio da hidrografia (fluxos de correntes e marés)
da área a ser dragada é essencial para a identificação de locais mais suscetíveis aos
efeitos desses trabalhos.

Como precaução inicial, uma padronagem nas ações de dragagem


deve ser previamente estabelecida, após estudos direcionados ao ecossistema local.
A princípio, uma atuação intermitente é aconselhável, visando dar tempo de adaptação
ao meio ambiente local. Muito embora as regiões onde as dragagens por injeção de
água atuam são em sítios já continuamente dragados pelos métodos convencionais,
principalmente por dragas autotransportadoras, as quais, normalmente, apresentam
características operacionais intermitentes devido ao deslocamento do equipamento até
a área de despejo. Como o processo WID é caracterizado como dragagem de
manutenção (ATHMER, 1996), sua efetiva interferência na comunidade bentônica, traz
impactos com menor intensidade que a dragagem de aprofundamento ou inicial.

III.4 – Dragagem em Leitos com Materiais Contaminados

Os metais pesados associados aos sedimentos são comumentes


classificados como residuais e não-residuais (CLARK, 1997). Os metais residuais são
definidos como aqueles que fazem parte da matriz silicatada do sedimento e que se
encontram principalmente na estrutura cristalina dos minerais. Já os metais traços

42
não-residuais não fazem parte da matriz silicatada e são incorporados aos sedimentos
por processos tais como adsorção 19, precipitação 20 e complexação 21 com substâncias
orgânicas e inorgânicas.

A fase não-residual dos metais inclui os metais trocáveis (aqueles


fracamente adsorvidos ao material sedimentar), além dos metais associados aos
carbonatos, a matéria orgânica e sulfetos, bem como a óxidos e hidróxidos de ferro
manganês. Nessa fase incluem-se os metais de origem antropogênica e o seu estudo
tem grande importância à medida que eles representam à fração dos metais que
podem eventualmente repassar para o meio aquático através do processo de
dessorção 22, solubilização 23 e “destruição de complexos” 24.

Os mecanismos pelos quais as substâncias tóxicas movem-se da


coluna líquida para o sedimento de fundo e vice-versa são aspectos importantes para
o estudo do transporte de poluentes. Um desses mecanismos envolve a água
intersticial, ocorrendo em sedimentos estuarinos até uma profundidade de um metro
abaixo da superfície do solo. A água retida pelo sedimento fornece um meio propício
para a troca de poluentes entre o sedimento e a água (PARTHENIADES, 1992).

Muitos contaminantes orgânicos possuem uma baixa solubilidade na


água estando, portanto, associados ao material em suspensão e são transportados
para o solo através da deposição desses sedimentos. Poluentes metálicos,
geralmente, estão associados a dejetos industriais e urbanos que liberam partículas
sólidas que ficam em suspensão ou como metais dissolvidos provenientes de práticas
agrícolas e atividades industriais (DAVIS et al.,1990).

A ruptura e desagregação dos sedimentos de fundo podem causar uma


grande variedade de impactos ambientais. Os problemas aparecem principalmente
quando os sedimentos estão contaminados por compostos químicos, resíduos
domésticos, óleos e graxas. Os produtos tóxicos e contaminantes liberados pelos
solos perturbados podem se dissolver ou entrar em suspensão e contaminar ou causar

19
Fixação de moléculas de uma substância na superfície de outra substância.
20
Processo em que se forma um sólido insolúvel em uma solução.
21
Conjunto de substâncias complexas que possuem qualquer ligação entre si.
22
Nesse caso, significa a transposição de moléculas contaminadas para a coluna de água.
23
Propriedade de uma ou mais substâncias que formam solução com outras substâncias.
24
È a dissociação de substâncias complexas que possuíam qualquer ligação entre si.

43
grande mortalidade de espécies estuarinas e marinhas de importância pesqueira direta
e/ou indireta para a região onde está sendo realizada a dragagem.

Conforme descrito por GÓES FILHO (2004), o destino do material


dragado considerando o seu grau de contaminação, pode ser estruturado de acordo
com as seguintes classes:

• Classe 0 – Está baixo do valor alvo e pode ser disposto em terra ou em


águas superficiais sem restrições.

• Classe 1 – Excede o valor alvo, mas se encontra abaixo do valor limite,


sendo permitida sua disposição, desde que a qualidade do solo não esteja
significativamente deteriorada.

• Classe 2 – Excede o valor limite, mas está abaixo do valor de referência


podendo ser disposto em águas superficiais ou em terra, desde que sob
cuidados determinados.

• Classe 3 – Excede o valor de referência, mas fica abaixo do valor de


intervenção, sendo necessária sua contenção sob condições controladas.

• Classe 4 – Excede o valor de intervenção e deve ser mantido isolado em


poços profundos ou em terra, a fim de minimizar sua influência sobre o
ambiente.

No Porto de Rotterdam, localizado na Holanda, atualmente o maior da


Europa, são dragados, em média, cerca de 20 milhões de metros cúbicos anuais, para
manutenção de seus canais de navegação. O Porto se situa na embocadura do Rio
Reno, tendo ampla conexão com o mar aberto. O material contaminado dragado em
Rotterdam, independente do local no porto onde seja dragado, quando contém altos
níveis de metais pesados ou HPA – Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos,
provocado por fontes locais (Materiais Classe 4), deverá ser disposto em áreas do
próprio porto especialmente preparadas para esta finalidade. No caso de Rotterdam foi
criada uma área denominada Papegaaiebek (Bico de Papagaio).

44
As Figuras III.3 e III.4 ilustram dois tipos de áreas confinadas utilizadas
para depósito de materiais contaminados, os elevados custos de construção, de
manutenção e de monitoramento tornam muito dispendiosos estes tipos de disposição,
chegando ao custo de cinco vezes mais que uma dragagem convencional sem
restrições, conforme já descrito no capítulo II, subitem II.2.4 – “Dragagens Ecológicas”.

Área Confinada na Superfície

Figura III.3 – Ilustração da “Área Confinada na Superfície” para materiais contaminados,


sem capeamento. Fonte: Sítio www.portofrotterdam.com.

45
Draga
Autotransportadora

Despejo de
areia limpa
Material contaminado
Cobertura de areia depositado no fundo
(Capeamento) aquático e confinado

Fundo aquático

Área Confinada Subaquática

Figura III.4 – Ilustração da “Área Confinada Subaquática” para materiais contaminados,


com capeamento.

A atuação de uma operação de dragagem em leitos aquáticos


normalmente possui características bem impactantes. Já existem estudos
direcionados a operação em leitos contaminados com o projeto de equipamentos de
dragagem especificamente desenhados com a finalidade de gerar pouca turbidez na
coluna de água (OSPAR Commission, 2004). A utilização de Equipamentos Mistos de
dragagem, a princípio, representava uma boa solução técnica para evitar maior
dispersão dos contaminantes no meio aquático (OSPAR Commission, 2004).
Atualmente, novos projetos de desagregadores para dragas hidráulicas e até dragas
pneumáticas vêm se constituindo numa boa alternativa para esse tipo especial de
dragagem, com melhores resultados. A maior dificuldade continua sendo encontrar um
meio de reaproveitamento ou de depósito final desse material contaminado, com
custos razoáveis, já que o tratamento ou o confinamento em áreas reservadas
apresentam grandes dispêndios financeiros, além da necessidade de aprovação,
desses projetos, pelos órgãos responsáveis na fiscalização do meio ambiente.
Normalmente a dragagem de manutenção, muito empregada pelo processo por
injeção de água, quando possível, está sendo tratada com critérios diferenciados,
pelos órgãos ambientais, em relação à dragagem inicial ou de aprofundamento
(OSPAR Commission, 2004), visto que a própria definição dessas metodologias
determinou uma análise particularizada para cada caso.

46
Estudos realizados pela Delft Hydraulics (MC. NAIR, 1994), centro de
estudos hidráulicos, em sua respectiva área de estudos de dragagem, definiu um
período de duas semanas para analisar e registrar o comportamento da dragagem por
injeção de água no Estuário Haringvliet.

Este estuário, localizado na Holanda, compreende uma área de


280.000 m2, com uma camada de 0 a 1,2 metros de argila e silte poluídos
(contaminados por metais pesados e HPA’s , Classes III e IV, conforme classificação
do meio ambiente pelas normas holandesas), a serem removidos em uma
profundidade que variava entre 8 e 12 metros, em um canal de 30 metros de largura e
com talude avante de 1:1000 e com uma depressão de 40 metros a uma distância de
1000 metros do sítio de dragagem. O acompanhamento dessa campanha ficou sob a
responsabilidade da Delft Dredging, sendo definido um plano de operação onde os
efeitos na coluna de água e nas proximidades do fundo foram monitorados e
registrados para posterior análise.

Os principais dados coletados durante a campanha foram: a) os perfis


de densidade na coluna líquida; b) percurso, velocidade e direção da corrente de
densidade; c) turbidez, temperatura e salinidade na linha da água e próximo ao fundo;
d) registros batimétricos com eco-sonda; e) amostras em toda coluna de água para
inspeção visual e posterior análise química.

Após isso, um programa de manipulação dos dados obtidos foi


associado ao plano de dragagem, onde a cada dia, uma revisão das atividades era
efetuada para instruir novas tarefas no recolhimento das informações. Baseado em
suas experiências e expectativas foram utilizados os métodos mais apropriados para
obter as melhores informações ao programa de estudos implantados diariamente.

Uma das ferramentas determinantes para a preservação de uma


operação de dragagem ecológica ou ambiental é a constante preocupação com a
turbidez na coluna de água gerada pelo processo, pois a elevação dos sedimentos de
fundo causa impacto ambiental além dos limites da área de dragagem, podendo
causar adsorção de contaminantes pelas partículas de silte.

47
Essa parte da poluição poderá ser mobilizada por reação química para
águas posteriores ou próximas ao sítio de dragagem. Isso implica registrar que, a
partir da turbidez, a composição de poluentes e suas reações químicas em águas
próximas também são importantes para se analisar, uma vez que o material de fundo
é ressuspenso pelo processo de dragagem.

Esses aspectos químicos deflagrados pelo processo de dragagem por


injeção de água – WID foram investigados por um programa preliminar de
monitoramento, que consiste em coletar amostras de água durante um dia em três
localizações, isto é, no sítio de dragagem, em sua trajetória e no local de depósito dos
sedimentos. Todas as amostras foram colhidas em vários níveis da coluna de água.

O principal questionamento desse programa de monitoramento foi


verificar se o comportamento dos componentes químicos, comparados ao
comportamento das partículas de sedimentos durante a dragagem, apresenta alguma
indicação da mobilização dos sedimentos contaminados na coluna de água além dos
sítios operacionais.

Um dos resultados finais desse trabalho indicou que o incremento da


concentração de PAH – Poly Aromatic Hydrocarbons ou HPA – Hidrocarbonetos
Policíclicos Aromáticos – em relação aos sedimentos suspensos, devido à mistura de
partículas poluídas na água, foram determinados primeiramente pela suspensão do
material concentrado e posteriormente devido a uma forte indicação de uma
substancial ocorrência de dessorção para as partículas suspensas no fluido.

Os valores obtidos, nas medições executadas nesse projeto, permitiram


concluir que, a dispersão de poluentes durante uma operação de dragagem depende
das partículas existentes na própria coluna de água, pois através da adsorção e
dessorção dos sedimentos poluídos, mesmo com pouca turbidez, podem gerar uma
intensa propagação desses poluentes em grande extensão do corpo hídrico, não
somente pelo processo de dragagem hidrodinâmica como também em outros métodos
de dragagem (Mc. NAIR, 1994).

Particularizando a dedução desses procedimentos para o processo de


dragagem por injeção de água, pode-se ainda afirmar que, a “Classe de Materiais

48
Contaminados” nos 3 e 4, citados no capítulo III – subitem III.4, na página 44, não são
recomendadas à atuação de dragagens hidrodinâmicas, tendo em vista a possível
contaminação de outros ambientes além do sítio operacional. Como o processo
estudado na Holanda se baseou somente no aspecto qualitativo da propagação dos
materiais contaminados, não se pode afirmar, com convicção, qual a quantidade de
poluentes que estariam sendo transferidos para outros sítios, pois, nesse caso,
haveria necessidade de se quantificar o quanto os processos de adsorção e
dessorção, oriundos de substâncias nocivas, contaminariam outras áreas do estuário.

Segundo o sítio eletrônico www.portodesantos.com.br, o projeto da


primeira dragagem com controle ambiental do Brasil prevê a dragagem do canal de
Piaçagüera em Cubatão, com 5100 metros de comprimento e profundidade mínima de
12 metros, que atende os terminais marítimos da COSIPA e da FOSFERTIL. O
princípio básico do Estudo de Impacto Ambiental / Relatório de Impacto do Meio
Ambiente (EIA / RIMA) é pioneiro no Brasil por compatibilizar operações da dragagem
ambientalmente adequadas com o “gerenciamento de passivos” 25.

O estudo final para a dragagem, desses passivos, incorpora os estudos


realizados nos últimos cinco anos e também as sugestões obtidas durante as
audiências públicas e as recomendações da Secretaria do Meio Ambiente e do
IBAMA. Entre as vantagens da solução adotada estão: solução dentro da área de
responsabilidade do empreendedor, licenciamento em etapas, diversas áreas de
disposição dos sedimentos, isolamento e confinamento do material contaminado,
utilização de áreas já impactadas (não gerando novos passivos), concilia a disposição
com a recuperação ambiental e prevê soluções para futuras dragagens.

Neste contexto, podemos finalizar que, na operação em áreas com


materiais contaminados a utilização de dragas ecológicas e o depósito em diques
fechados nos próprios sítios de dragagem, conforme já mencionado no capítulo III –
subitem III.4, nas páginas 45 e 46, representam a solução mais aceita pelas
comunidades ligadas a dragagem e a preservação ambiental, se constituindo na
melhor opção tecnológica da atualidade, com recomendações, não somente, em
vários países na Europa, como também nos EUA.

25
Trata-se do monitoramento constante dos materiais contaminados devido à permanência em
solos preparados para despejo, no próprio sítio operacional.

49
III.5 – Equipamentos de Dragagem – WID

A configuração e o detalhamento dos equipamentos que realizam a


dragagem por injeção de água são relativamente simples se comparados com a
maioria das dragas convencionais (Relatório U.S. Army Engineer DRP-3-10, 1993), no
entanto a versatilidade e a produtividade relativa 26 dessas dragas as tornam
equipamentos com um bom desempenho operacional, evidenciando, assim, um dos
aspectos positivos do processo. A seguir, faremos um breve detalhamento:

III.5.1 – Configuração e Seleção dos Equipamentos

A configuração básica do equipamento de dragagem se constitui, num


flutuante com ou sem propulsão, pelo menos uma moto-bomba hidráulica com
capacidade para gerar alta vazão a baixa pressão e um sistema de tubulação de
dragagem contendo uma câmara de água na sua extremidade, onde estão instalados
vários pulverizadores ou bicos de aspersão (KNOX et al.,1994).

Equipamentos mais sofisticados com maior manobrabilidade e mais


produtivos contêm, além dos equipamentos singulares já descritos, instrumentação
para monitoramento operacional, propulsão própria e sistemas de compensação de
ondas que permitem a operação de dragagem até sob certas condições de ondas de
marés meteorológicas, além de dois motores-bomba hidráulicos.

Para selecionar o equipamento mais adequado a uma operação de


dragagem, particularmente pelo método WID, algumas características da draga
deverão ser previamente observadas, possibilitando a utilização do mecanismo mais
apropriado ao menor custo, para cada necessidade operacional, assim se destacam
as seguintes propriedades:

• Possuir capacidade de produção operacional para atender o período de obra


previsto;

26
Retrata o resultado da relação entre a potência total instalada e a produtividade operacional
do equipamento de dragagem (kW/m3).

50
• Possuir capacidade para alcançar a profundidade estipulada no projeto de
dragagem, inclusive considerando as condições de marés astronômicas;

• Possuir dimensões e recursos mecânicos que permitam acessar e manobrar


em todos os locais previstos para a obra de dragagem, como por exemplo, o
calado da embarcação para acesso as áreas com pouca profundidade;

• Possuir potência de propulsão suficiente para superar as correntes existentes


no sítio operacional;

• Possuir acessórios que permitam operar sob certas condições de intempéries,


como por exemplo, radar, para auxílio na navegação e compensador de ondas
para dragagem sob certas condições de ondas de marés meteorológicas;

• Possuir alojamentos para abrigar a tripulação, principalmente quando a


operação de dragagem for realizada em locais muito distantes das cidades ou
de difícil acesso à draga;

• Possuir instrumentos adequados ao monitoramento dos principais parâmetros


de dragagem, como eco-sondas, para inspecionar as profundidades e GPS –
Sistema de Posicionamento Eletrônico, para evitar dragagens fora do projeto.

Além desses quesitos, um bom histórico operacional do equipamento


pode ser considerado como um acréscimo de grande valor ao critério seletivo,
principalmente quando se tratar de obras de dragagem similares.

51
A figura III.5 ilustra, com detalhes, o perfil de uma draga de pequeno
porte que utiliza o método de dragagem por injeção de água.

Convés
Principal

Embarcação
com
Câmara de Propulsão
Injeção de Água Guincho do Tubo de Injeção

Lança do Cabine de Comando


Guincho
Bomba Hidráulica

Tubo de
Sucção

Câmara de
Injeção de Água

Tubo de Injeção
de Água

Profundidades
de
Dragagem

Figura III.5 – Ilustração do arranjo geral de uma draga de injeção de água, de pequeno
porte, com propulsão própria. Fonte: Sítio eletrônico www.musing.nl.

52
III.5.2 – Detalhamento dos Equipamentos

O detalhamento de um equipamento de dragagem, normalmente, é


caracterizado por sua capacidade produtiva, estando diretamente relacionado ao seu
tamanho físico e a potência instalada dos seus mecanismos. Neste caso, a descrição
de um equipamento simples do processo WID se torna mais fácil à compreensão do
sistema operacional. Assim, são ilustrados três tipos de diferentes capacidades:

GERAL EQUIPAMENTOS AUXILIARES


Nº. Construção: 2039 Gerador: 51 kVA, 230/400V, 50 Hz
Ano de construção: 1999 Guincho do Convés: 15 t – 5 m/min.
Embarcação: Draga Injeção de Água Ventilação das máquinas: 16000m3/h
Sistema CO2 de combate a incêndio
DIMENSÕES Bombas Hidráulicas: Sterling SIHI
Comprimento: 15,50 m. Guindaste de Convés: Effer 20000-2S
Boca: 6,06 m. Guincho de Reboque: 15 ton.
Calado: 2,25 m.
EQUIPAMENTOS NÁUTICOS
PERFOMANCE Radar: Furuno FR 8031D
Tração: 7,6 ton (m) Ecossonda: MEL 90
Velocidade: 8,5 nós Rádio VHF: Shipmate RS 8300
Navegador Navitex: SRH – NAV 5
SISTEMA DE PROPULSÃO Agulha Magnética: Observator MK-16
Motores Principais: 2 x Caterpillar
Potência Instalada: 448 kW a 1800rpm EQUIPAMENTOS DE INSPEÇÃO
Redutoras: 2 x Twin Disc – 2,95:1 Duto de Sondagem
Hélices: 2 x bronze – passo variável Registrador Gráfico de Ecossonda
Diâmetro Hélices: 1000 mm Computador de bordo

Figura III.6 – Ilustração e detalhamento de uma draga de injeção de água propelida.

53
“Empurrador” “Flutuante”

Bomba
Hidráulica
Cabos de
Içamento

Tubo de água
Draga de Injeção de Água
“BALDUR”

Nome Baldur Calado Flutuante 0.60 m


Tipo Draga de Injeção de Água Pesos Empurrador 4.50 tons
Ano de Construção 1990 Flutuante 1.50 tons
Dimensões Comprimento Draga 6.00 m Profundidade Max. Dragagem 6.50 m
Comprimento Total 8.15 m Largura de Dragagem 2.00 m
Boca Máxima 3.50 m Potência Total Instalada 75 kW
Calado Empurrador 1.10 m Bomba do Jato 800 m3/h com 3 aletas

Figura III.7 – Ilustração de uma draga de injeção de água não propelida e de pequeno
porte. Fonte: Sítio eletrônico www.vanoord.com.

54
Draga de Injeção de Água
“ANTAREJA”
Mastro Principal

Guincho Superestrutura
do Tubo de
Guindaste
Injeção
de Proa

Sistema de
Governo e de
Propulsão
Tubo de Injeção de água

Bicos de Aspersão Tubos de


Sucção
Câmara de Água BB e BE

Convés Principal
Lancha de
Sondagem

Figura III.8 – Ilustração e arranjo geral da draga de injeção de água propelida, de grande
porte. Fonte: Sítio eletrônico www.vanoord.com.

55
Nome Antareja
Tipo Draga de Injeção de Água
Classificação Bureau Veritas I, " Hull, " Mach,
draga, navegação irrestrita
Ano de Construção 1995
Dimensões Comprimento total 47.17 m
Boca 11.20 m
Calado Máximo 4.00 m
Calado Internacional 2.84 m
Prof. Máxima Dragagem 30 m
Largura de Dragagem 11 m
Potência dos Propulsores 2 x 450 kW
Propulsor Lateral 261 kW
Potência Total Instalada 2,096 kW
Bombas de Jato 2 x 350 kW

Figura III.9 – Ilustração do quadro contendo as principais características da draga


ANTAREJA. Fonte: Sítio eletrônico www.vanoord.com.

III.5.3 – Relação das Principais Dragas de Injeção de Água

A seguir são relacionados os equipamentos WID que fazem parte do


parque de dragas da empresa holandesa Van Oord, atual detentora da patente do
processo WID, após sua união com a, também empresa holandesa, Ballast Ham.

Principais Potência Instalada Profundidade de


Equipamento
Dimensões (m) (kW) Dragagem (m)
Norham Camorim 38.87 x 10.00 x 3.50 2,137 26
Sagar Manthan 40.60 x 11.20 x 4.00 2,106 30
Antareja 40.60 x 11.20 x 4.00 2,096 30
Iguazú 23.15 x 10.00 x 4.20 2,078 27
Jetsed 28.50 x 13.80 x 2.20 1,621 25
Njörd 29.00 x 8.24 x 2.48 1,584 19
HAM 922 14.54 x 6.06 x 2.40 542 20
Baldur 8.15 x 3.50 x 0.60 75 7

Tabela III.2 – Relação dos equipamentos de dragagem por injeção de água da empresa
holandesa Van Oord, em operação em vários países. Fonte: Sítio www.vanoord.com.

56
III.5.4 – Versatilidade Operacional dos Equipamentos

A manobrabilidade das embarcações de dragagem por injeção de água,


devido às suas reduzidas dimensões e grande versatilidade operacional, torna-as
compatíveis para utilização em pequenos portos ou marinas. Adicionalmente a
dragagem de manutenção generalizada, esse processo poderá remover sedimentos
onde outros equipamentos são menos producentes, assim podemos destacar sua
operacionalidade em diversas áreas que apresentam restrições operacionais (Sítio
eletrônico da Van Oord – http://www.vanoord.com, 2005), conforme os seguintes
detalhamentos:

• Em taludes e caminhos sinuosos de canais de navegação;


• Em paramentos de cais nos portos e anteparas de diques secos;
• Embaixo de Cais, Piers e no costado de embarcações ou cascos
soçobrados;
• Em nivelamento de fundo de um corpo aquático, devido existência de
tubulações ou seções de túneis;
• Em incremento de profundidade localizada e restrita, para assentamento de
cabos submarinos e linhas de dutos;
• Em nivelamento de áreas dragadas para redução de baixios e com isto a
minimização de custos, principalmente em leitos dragados por dragas
autotransportadoras.

Outro fator de importância operacional é a possibilidade de


manter a dragagem em acessos aquaviários com grande fluxo de embarcações, visto
que a pluma de sedimentos, que se forma próxima ao leito do fluido, se desloca
embaixo dos cascos dos navios sem prejudicar suas trajetórias ou manobras. Além
disso, a dinâmica desse processo de dragagem, aliada à versatilidade operacional do
equipamento, permite que um berço de cais possa ser efetivamente dragado durante o
período que envolve a desatracação e atracação de embarcações no mesmo berço,
sem haver necessidade de interrupção das manobras efetuadas pela praticagem 27
(Sítio eletrônico da Van Oord – www.vanoord.com, 2005).

27
Organização responsável pela condução de embarcações, até a área portuária, em sistemas
aquaviários com restrições de navegação.

57
III.6 – Dados Operacionais de Dragagem

Para garantir que os sedimentos sejam removidos adequadamente com o


sistema de dragagem por injeção de água precisamos considerar os seguintes fatores
inerentes à execução do processo, identificados no sítio eletrônico da empresa Van
Oord (www.vanoord.com, 2005):

1) O diâmetro dos furos de jateamento, localizados na câmara de aspersão.


2) A vazão da água que flui pelos jatos.
3) A velocidade de avanço da câmara de aspersão.
4) A distância da lança de injeção em relação ao fundo.

Acompanhamentos em duas campanhas de campo realizadas


nos Estados Unidos, no Rio Mississipi, comandadas pela U.S. Army Corps of
Engineers juntamente com Gulf Coast Trailing Company of New Orleans (BORST et
al., 1994), com a participação da empresa holandesa HAM Holland, registraram os
seguintes parâmetros:

Valores
Item Descrição dos Parâmetros de Dragagem
Registrados
01 Dimensão da Partícula de Fundo 160 ~ 175 mícron
02 Talude da Área de Dragagem/Canal até boca da barra 1:100 ~ 1:350/1:1000
03 Produção da Draga 995 ~ 1225 m3/h
04 Deslocamento da Pluma de Sedimentos ~ 250 m
05 Proximidade do Fundo da Corrente de Densidade 0,5 ~ 1,0 m
06 Trajetória Percorrida pela Pluma de Sedimentos – Max ~ 250 m
07 Número de Injetores na Câmara de Aspersão 42
08 Diâmetro dos Injetores da Câmara de Aspersão 60 ~ 75 mm
09 Largura da Câmara de Aspersão x Diâmetro tubulação 13,8 m x 800 mm
10 Vazão Máxima das Bombas Hidráulicas 12000 m3/h
11 Velocidade da Draga Durante Operação de Dragagem 0,5 ~ 2,0 m/s
12 Distância dos Injetores em Relação ao Fundo 0 ~ 0,5 m
13 Velocidade da Corrente de Densidade 0,3 ~ 0,5 m/s
14 Material em Suspensão na Coluna de Água 15, 20 / 100, 150mg/l
15 Material Suspensão durante Atividade de Dragagem 50 ~ 100 g/l
16 Densidade Média da Pluma de Sedimentos 1020 ~ 1100 kg/m3

Tabela III.3 – Registros dos principais parâmetros obtidos durante a operação de


dragagem por injeção de água no Rio Mississipi – EUA. Fontes: Dredging’ 94, 1994 e
sítio eletrônico www.vanoord.com.

58
III.7 – Parâmetros Operacionais de Dragagem

Os principais parâmetros de uma operação de dragagem estão


relacionados com a taxa de produção do equipamento, espessura, largura e
comprimento de corte. Uma análise de cada um destes itens torna-se necessária para
compreensão dos parâmetros operacionais no processo WID.

1 – A taxa de produção de um equipamento é o resultado de seu


desempenho operacional. As dragas de injeção de água, de alta capacidade,
registram uma produção aproximada de 1110 m3/h (KNOX, 1994). Como exemplo
pode-se considerar a draga Iguazú, atualmente dragando o Porto de Itajaí, cuja
potência total instalada é 2078 kW, conforme dados da Tabela III.2 deste texto. Neste
caso o valor da relação é de 1,87kW/m3. Equipamentos com menor capacidade como
a draga Ham 922 com 542 kW (Tabela III.2) apresentam uma melhor relação potência
total instalada por produção, porém este equipamento possui limites operacionais por
não possuir alojamentos para a tripulação ou facilidades para um trabalho ininterrupto,
necessitando, ainda, que o local de operação seja abrigado de intempéries e com fácil
acesso à draga para manutenções e permuta da tripulação.

2 – A espessura, largura e comprimento do corte de dragagem são


fatores que dependem do volume de material e a dimensão da área de dragagem,
dentro dos limites do sítio operacional. A princípio, uma espessura e largura de corte
não muito extensas e um bom comprimento de ação, representam boas características
da área de dragagem para propiciar um bom desempenho operacional. Quanto à
atuação dos equipamentos de dragagem, alguns aspectos adicionais são importantes
para fluidificar os sedimentos de fundo e induzir a formação da corrente de densidade,
os quais a seguir são transcritos (Sítio eletrônico da Van Oord, 2005; BORST et al.,
1994):

• Diâmetro dos bicos de aspersão: 60 a 75 mm e 80 a 90mm.


• Vazão da água que flui dos jatos: depende da capacidade das bombas
hidráulicas da draga (até 2 x 6000m3/h), para a draga Iguazú até 2 x 5500m3/h.
• Velocidade de avanço da câmara de aspersão: aproximadamente 2 m/s.
• Distância da lança de injeção em relação ao fundo: 0,5 a 1,0m.

59
3 – O deslocamento da corrente de densidade pode ser analisado
através da similaridade com as condições de escoamentos naturais. Assim, a
utilização dos números adimensionais como: Froude densimétrico, Richardson e
Reynolds (ALEXANDER e MULDER, 2002), utilizando, por exemplo, valores obtidos
em campanhas de medição desenvolvidas no rio Mississipi (BORST et al., 1994),
podem se obter valores para desenvolver os resultados destes parâmetros.

III.8 – Diagrama em Blocos do Método Por Injeção de Água

Para melhor ilustrar as características básicas de uma operação de


dragagem por injeção de água foi montado um diagrama em blocos, ilustrado na
Figura III.10, agrupando as suas principais atividades com os seus acessórios
operacionais, os quais, juntos, determinam a viabilidade desta metodologia.

Dessa forma, iniciando a configuração do diagrama, foram


considerados três itens de grande importância, que são responsáveis pela efetivação
deste método: 1) o “Sistema Operacional” que envolve os equipamentos e a
tripulação, para propiciar a remoção do material dragado, assim como a manutenção
da trajetória dos sedimentos; 2) a “Corrente de Densidade” responsável pelas
características hidrodinâmicas, introduzidas artificialmente e influenciada pelas
correntes naturais, para propiciar o deslocamento do material dragado e 3) o “Material
do Leito” que representa o conhecimento dos sedimentos de fundo juntamente com a
topografia do leito aquático, para determinar a distância que a pluma de sedimentos
poderá ser deslocada, a partir do sítio de dragagem até o seu depósito planejado.

Estes três blocos iniciais são condições imprescindíveis para a


metodologia WID tornar-se operacional, a ausência de qualquer uma das três citadas
atividades inviabiliza este processo de dragagem. Os blocos de atividades e
características subseqüentes podem ser alterados a partir do momento em que a área
de dragagem ofereça boas condições operacionais, tornando-se desnecessário, por
exemplo: a) o monitoramento da descarga de águas continentais, quando não interferir
com o processo, b) a utilização de equipamentos como compensadores de ondas,
tendo em vista a pouca interferência de ventos e intempéries, c) operação em áreas
muito pequenas que não justifiquem o emprego do GPS; assim como outras

60
características que poderiam propiciar uma diminuição no diagrama montado.
Contudo, o conjunto de blocos contempla o processo WID da maneira mais completa
possível, visando mostrar que apesar de ser um método de dragagem versátil e
moderno, as variedades e as interdependências de suas atividades podem se tornar
bastantes abrangentes, principalmente em regiões que se encontram influenciadas por
processos hidrodinâmicos naturais ou artificiais, além de uma significativa variação na
concentração dos sedimentos de fundo, o que, quase sempre, ocorre em regiões
costeiras.

61
DRAGAGEM POR INJEÇÃO DE ÁGUA
“WID”

Sistema Corrente de Material


Operacional Densidade do Leito

Manutenção Força Correntes do Diferença de Topografia


da Trajetória Gravitacional Naturais Densidade de Fundo

Embarcação Equipamentos Instrumentos de Presença de Características Coesão dos


Hidrodinâmica de Dragagem Monitoramento Contaminantes das Partículas Sedimentos
Posicionamento

Sem Com Conjunto Descarga Tensão de


Radares Adsorção Tamanho
Propulsão Propulsão Moto-Bomba Continental Cisalhamento

Propulsão Tubo de GPS Maré Dureza


Propulsores Dessorção Forma
Auxiliar Dragagem Astronômica

Tripulação Propulsor Câmara com Eco-Sonda Ventos Peso Plasticidade


Treinada Lateral Pulverizadores Superfície Específico

Sistema Guinchos do Folha de Bordo Ondas Marés Velocidade


Governo Tubo Injeção Eletrônica Meteorológicas Queda - Ws

Tripulação Compensador
Treinada de Ondas
62

Figura III.10 – Ilustração mostrando o diagrama em blocos cujo detalhamento considera as características básicas da operação de dragagem
por injeção de água – WID.
IV – ANÁLISE COMPARATIVA DOS PRINCIPAIS MÉTODOS DE DRAGAGEM

Além da variedade de técnicas utilizadas para remoção do material a


ser dragado, uma das principais diferenças entre os métodos de dragagem
convencionais e os hidrodinâmicos, consiste na maneira como o transporte do material
removido é conduzido até o local de sua deposição final. Esta singularidade pode
determinar alterações significativas na produção nominal de cada tipo de metodologia.
Outros fatores como, o tipo de material a ser dragado, a distância da área de
dragagem ao despejo e a distribuição dos sedimentos no sítio de dragagem, dispersos
ou aglutinados, juntamente com a capacidade nominal de cada tipo de equipamento,
também são determinantes na produtividade de uma operação de dragagem.

Para quantificar a produção dos equipamentos de dragagem é


necessário considerar certas propriedades operacionais, assim como as
características de cada tipo de equipamento. Literaturas específicas como a de BRAY
(1979), “Dredging, a Handbook for Engineers”, ajudam na análise operacional de
alguns tipos de dragas de diferentes processos, tornando possível a simulação da
produção em dragagens de manutenção, com materiais de fácil remoção. Após os
resultados, pode-se comparar a produção de cada processo de dragagem, já
devidamente identificados no capítulo II: Dragagem Mecânica, Dragagem Hidráulica e
Dragagem Hidrodinâmica, que aqui serão representadas por: Dragas de Alcatruzes,
Dragas de Sucção e Recalque, Dragas Autotransportadoras e Dragas de Injeção de
Água, respectivamente.

IV.1 – Dragas de Alcatruzes: Os parâmetros para determinação da


taxa de produção deste tipo de draga (figura II.3) são bastante complexos, pois
envolvem diversos equipamentos auxiliares que influenciam na produção efetiva de
dragagem, como a seguir é demonstrado através de valores adotados para uma draga
de alcatruzes, de médio porte, com caçamba de 800 litros e 4 batelões
autopropulsados com capacidade na cisterna de 800m3, o que permite fechar o “ciclo
de dragagem” 28, para esta condição simulada. Neste cálculo foi considerada a argila
mole como principal material de dragagem.

28
Determina a quantidade de batelões necessários para manter a continuidade operacional da
draga de alcatruzes, enquanto os outros batelões carregados completam o tempo de viagem
de ida e volta ao despejo, seqüencialmente.

63
1.1 – Produção de Dragagem (Pd):
Pd = Cc . Rr . Cec
Onde:
Cc – Capacidade da caçamba = 800 litros
Rr – Rotação do rosário = 20 caç/min
Cec – Coeficiente de enchimento da caçamba = 75%
Pd = 800 x 20 x 0,75 Pd = 720m3/h

1.2 – Cálculo do Volume da cisterna do Batelão (Vb):


Vb = Cb . Ce
Onde:
Cb – Capacidade de carga do batelão = 800m3
Ce – Coeficiente de enchimento = 90%
Vb = 800 x 0,90 Vb = 720m3

1.3 – Tempo de Carga no Batelão (Tc):


Tc = Vb : Pd
Tc = 720 : 720 Tc = 1h

1.4 – Ciclo Operacional (Co):


Co = Tc + Tv + Ta
Onde:
Tc – Tempo de carga no batelão = 1,0h
Ta – Tempo de atracação = 0,2h
Td – Tempo de desatracação = 0,1h
Co = 1,0 + 0,2 + 0,1 C = 1,3h

1.5 – Cálculo do Volume da Cisterna, “in situ” (Vc):


Vc = V. Ce. Es
Onde:
V – Volume total da cisterna = 800m3
Ce – Coeficiente de enchimento = 90%
Es – Empolamento sugerido = 70%
Vc = 800 x 0,90 x 0,70 Vc ≅ 504m3

64
1.6 – Cálculo das Horas de Operação (Hop)
Hop = Ht . Cop
Onde:
H – Regime de trabalho (24h/dia x 26 dias) = 624h/mês
Cop – Coeficiente operacional = 70%
Hop = 624 x 0,70 Hop ≅ 437h/mês

1.7 – Cálculo do Número de Ciclos Mensais (Nc)


Nc = Hop : Co
Nc = 437 : 1,3 Nc ≅ 336 ciclos/mês

1.8 – Cálculo Teórico do Volume Mensal “In Situ” (Vm)


Vm = Vc . Nc
Vm = 504 x 336 Vm ≅ 169.300m3

1.9 – Determinação da Taxa Média de Produção (Tp)


Tp = Vm : Hop
Tp = 169.300 : 437 Tp ≅ 387m3.h-1

1.10 – Outros Dados


• Potência total instalada: 6.200kW.
• Relação Potência-h/Produção: 6.200kWh : 387m3.h-1 = 16,02kW/m3

Diante dos valores atribuídos para determinação da produção de uma


dragagem com draga de alcatruzes, algumas observações devem ser evidenciadas:

A – Para o coeficiente médio de enchimento de caçambas foi


considerado o percentual de 75%, devido: 1) tipo de material dragado, no caso argila
mole, que não apresenta forma consistente; 2) inconsistência na distribuição do
material no fundo, gerando menor eficiência operacional, em função da espessura de
corte variável e 3) perda total do enchimento da caçamba, ao final do corte.

65
B – O coeficiente operacional de dragagem, atribuído em 70%,
considera paralisações devido: 1) remanejamentos dos ferros de dragagem, para
avanço no corte; 2) remoção de escombros das caçambas; 3) pequenos reparos no
rosário 29 e 4) tráfego de navios na área de dragagem.

C – Para o coeficiente de empolamento de material dragado foi


considerada uma perda de 30% em relação ao volume “in situ”, devido à absorção de
água pela argila mole e a nova compactação deste material na cisterna do batelão,
quando removida do leito pelo processo mecanizado.

D – O valor de 90% para o enchimento volumétrico da cisterna do


batelão significa o percentual de carga sólida transportado pelo mesmo após o seu
carregamento por uma draga de alcatruzes, dragando argila mole. O percentual
restante, 10%, registra o valor médio de água na cisterna do batelão.

E – O período despendido na atracação e desatracação dos batelões


na draga, foram atribuídos valores para uma ótima sincronização operacional, isto
representa seis minutos para desatracação e doze minutos para atracação, de
maneira seqüencial, não havendo interferências entre as duas ações.

F – Para fixar o período de operação mensal em 26 dias, foram


considerados quatro dias para outras atividades: 1) manutenções semanais dos
equipamentos de dragagem; 2) abastecimentos de água e óleo e 3) Folga semanal da
tripulação.

G – Na determinação da potência total instalada dos equipamentos


foram consideradas as informações descritas no sítio da Van Oord e IHC Holland. No
valor total estão incluídos: 1 ) Uma Draga de Alcatruzes: 1500kW; 2) Quatro Batelões
Autopropulsados: 4 x 1000kW; 3) Um Rebocador: 600kW; 4) Uma Cábrea 30 com
capacidade de 15 toneladas: 100kW.

29
Conjunto de caçambas da draga de alcatruzes que se constituem na ferramenta de corte do
material dragado.
30
Guindaste flutuante, neste caso, sem propulsão.

66
IV.2 – Dragas Autotransportadoras: Este tipo de draga hidráulica
(Figura II.6) foi projetada para navegar até o local de despejo a fim de liberar o
material dragado depositado em sua cisterna. Para calcularmos a produção deste
equipamento serão consideradas as seguintes características operacionais da draga
Macapá, de médio porte, de propriedade da empresa de dragagem Dragaport Ltda.,
conforme dados verificados em seu sítio eletrônico (www.dragaport.com.br, 2006).
Para este cálculo foi considerada a areia média como principal material de dragagem:

2.1 – Ciclo Operacional (Co):


Co = Tc + Tv + Ta
Onde:
Tc – Tempo de carga na cisterna = 1,0h
Tv – Tempo (ida/volta) à área de despejo = 2,8h
Ta – Tempo de descarga = 0,2h
Co = 1,0 + 2,8 + 0,2 Co = 4,0h

2.2 – Cálculo do Volume da Cisterna, “in situ” (Vc):


Vc = Vt. Ce. Es
Onde:
Vt – Volume total da cisterna = 5.600m3
Ce – Coeficiente de enchimento = 80%
Es – Empolamento sugerido = 85%
Vc = 5.600 x 0,80 x 0,85 Vc ≅ 3.800m3

2.3 – Cálculo das Horas de Operação (Hop)


Hop = Ht . Co
Onde:
Ht – Regime de trabalho (24h/dia x 26 dias) = 624h/mês
Co – Coeficiente operacional = 90%
Hop = 624 x 0,90 Hop ≅ 562h/mês

2.4 – Cálculo do Número de Ciclos Mensais (Nc)


Nc = Hop : Co
Nc = 562 : 4 Nc ≅ 140 ciclos/mês

67
2.5 – Cálculo Teórico do Volume Mensal “In Situ” (Vm)
Vm = Vc . Nc
Vm = 3.800 x 140 Vm ≅ 532.000m3

2.6 – Determinação da Taxa de Média de Produção (Tp)


Tp = Vm : Hop
Tp = 532.000 : 562 Tp ≅ 947m3.h-1

2.7 – Outros Dados


• Potência total instalada: 11.500kW (www.dragaport.com.br, 2006).
• Relação Potência-h/Produção:11.500kWh : 947m3.h-1 = 12,14kW/m3

Diante dos valores atribuídos para determinação da produção de uma


dragagem com draga autotransportadora, algumas observações devem ser
consideradas:

A – Através de revistas técnicas como World Dredging, publicadas na


Europa, podem ser obtidos alguns valores para obtenção dos seguintes coeficientes:
1) Rendimento volumétrico da cisterna: 80%; 2) Taxa média de empolamento para
areia: 85%; 3) Rendimento operacional para dragas autotransportadoras: 90%.

B – O ciclo de dragagem corresponde ao somatório dos seguintes


tempos: tempo de bombeamento ou carregamento, tempo de descarga do material
dragado e tempo de ida e volta até a área de despejo. Estes itens variam de acordo
com as características de cada obra de dragagem. Neste caso foi definido o tempo de
2,8h, por se tratar de uma média na dragagem dos principais portos brasileiros.

C – O rendimento operacional da draga representa um valor que


determina uma redução operacional devido, ao tráfego de navios, manobras da draga
e descontinuidade dos sedimentos na área de dragagem, afetando o desempenho do
equipamento.

D – A capacidade da cisterna de 5600 m3 foi escolhida por se tratar de


uma draga autotransportadora de médio porte muito utilizada, na atualidade, em
diversas partes do Mundo, principalmente no Brasil.

68
IV.3 – Dragas de Sucção e Recalque: São equipamentos que utilizam
o processo hidráulico de dragagem através de bombas hidráulicas que succionam e
recalcam o material dragado até o seu depósito final. Esse material é constituído por
uma mistura de água com sedimentos fragmentados por ação mecânica de
componentes denominados de desagregadores que são constituídos por lâminas
serrilhadas para melhorar a eficiência da dragagem. A partir do sítio eletrônico
www.ihcholland.com foi selecionada a draga (SR) 31 IHC Beaver 3800 NG para,
através de suas características de dragagem, processar os cálculos operacionais
necessários na simulação da produção deste tipo de equipamento.

3.1 – Cálculo das Horas de Operação (Hop)


Hop = Ht . Co
Onde:
Ht – Regime de trabalho (24h/dia x 26 dias) = 624h/mês
Co – Coeficiente operacional = 80%
Hop = 624 x 0,90 Hop ≅ 500h/mês

3.2 – Cálculo Teórico do Volume Mensal “In Situ” (Vm)


Vm = Qb . Nm . Hop
Onde:
Qb – Vazão da bomba de dragagem = 1000m3/h
Nm – Quantidade de sólidos na mistura = 20%
Vm = 1.000 x 0,25 x 500 Vm ≅ 125.000m3/h

3.3 – Determinação da Taxa Média de Produção (Tp)


Tp = Vm : Hop
Tp = 125.000 : 500 Tp ≅ 250m3.h-1

3.4 – Outros Dados


• Potência total instalada: 2.557kW (www.ihcholland.com, 2006).
• Relação Potência-h/Produção:2.557kWh : 250m3.h-1 = 10,23kW/m3

31
SR significa a abreviatura para uma draga de sucção e recalque.

69
Nos valores atribuídos para determinação da produção de uma
dragagem com draga de sucção e recalque, algumas observações devem ser
registradas:

A – Através de revistas técnicas como World Dredging e Terra e Acqua,


publicadas na Europa, pode ser obtido o valor do coeficiente de rendimento
operacional para dragas de sucção e recalque que, neste caso, foi de 80%.

B – O coeficiente de rendimento operacional da draga representa um


valor, em percentual, que determina uma redução operacional tendo em vista: tráfego
de navios, manobras da draga, além da manutenção e acréscimo da linha de recalque
devido o avanço do equipamento no sítio de dragagem.

C – As principais características da draga escolhida, obtidas através do


sítio eletrônico da IHC Holland (www.ihcholland.com), são as seguintes:

Material de dragagem: Areia média com D50 = 0,235mm.


Concentração de sólidos na mistura: 25%
Distância de recalque: 2.000m.
Profundidade de dragagem: 16,00m
Bomba Hidráulica: Submersa com 1650kW de potência.
Vazão da Bomba Hidráulica: 1.000m3/h. (2.000m / 25% de sólidos).
Potência Total Instalada: 2557kW.

D – Os valores referentes a bomba de dragagem, com relação a


distância de recalque, concentração de sólidos em suspensão e vazão da mistura
foram obtidos através da curva característica da bomba hidráulica utilizada na draga
selecionada e fornecida pelo fabricante IHC Holland, através do sítio eletrônico
www.ihcholland.com.

E – A draga (SR) selecionada utiliza a bomba de dragagem submersa,


montada na lança de dragagem, o que possibilita dragagens em boas profundidades
como ainda o recalque do material dragado para distâncias superiores as dragas que
possuem bombas hidráulicas emersas, montadas no interior da embarcação.

70
IV.4 – Dragas de Injeção de Água: O processo de dragagem por
injeção de água (Figura III.1) se utiliza de processos hidrodinâmicos para carrear o
material dragado, através da corrente de densidade, até a área de despejo. Para
determinação da taxa de produção deste tipo de draga foi utilizado o valor do item 3 da
tabela III.3. Foram consideradas as características da draga Iguazú, atualmente
dragando no Porto de Itajaí, citadas na tabela III.2, para respaldar as relações de
potência com a taxa de produção desta metodologia.

Para utilização do critério de dragagem durante o período de vazante


de maré (ebb-WID), houve redução das horas operacionais para 42% do total, devido
ao fato da assimetria entre as marés de vazante e enchente. Este método encontra-se
descrito no capítulo II, subitem II.4.2 – Detalhes da Dragagem no Porto de Itajaí.

• Capacidade de Bombeamento: 2 x 5.500m3/h.


• Potência total instalada: 2.078kW.
• Taxa de Produção: 995 a 1.225m3/h (Fonte:Tabela III.2).
• Taxa média de produção: 1.110m3/h.
• Relação Potência-h/Produção: 2.078kWh : 1.110m3.h-1 = 1,87kW/m3
• Taxa média de produção mensal (WID – 26 dias): 692.640m3.
• Coeficiente devido assimetria das marés (ebb-WID): 42%.
• Taxa média de produção diária (ebb-WID – 10:00h): 11.100m3
• Taxa média de produção mensal (ebb-WID – 26 dias): 288.600m3.
• Taxa média de produção (ebb-WID): 463m3/h.
• Relação Potência-h/Produção: 2.078kWh : 463m3.h-1 = 4,49kW/m3

71
IV.5 – Tabela Comparativa dos Métodos.

Avaliando os resultados apresentados na tabela IV.1 é possível


verificar que as diferenças entre os métodos de dragagem hidrodinâmicos e os
convencionais, representados pelos processos mecânicos e hidráulicos, são bem
relevantes quando se calcula a relação da potência total instalada com a taxa efetiva
de dragagem. O princípio de transporte de sedimentos através da coluna de água,
utilizado no método WID, resulta na utilização de uma draga com equipamentos de
dragagem com menor potência instalada, porém, com uma significativa taxa de
produção. Nos quatro casos analisados a dragagem por injeção de água foi a que
apresentou melhor desempenho mediante as circunstâncias sugeridas para cada
situação. Pode-se ressaltar ainda que as horas de operação no mês (HOM) do
processo WID são superiores aos demais tipos de dragagem, pois a disponibilidade
operacional do equipamento é praticamente cem por cento, devido à minimização das
horas de paralisações operacionais, resultando na maximização das horas efetivas de
dragagem. Porém, no processo ebb-WID, as vantagens citadas são diminuídas devido
à redução das horas efetivas de dragagem, pois a operação da draga se restringe ao
período de maré de vazante, como foi tratado no capítulo II, subitem II.4.2, deste texto.

Com relação aos métodos convencionais, representados pelas


dragas de alcatruzes, autotransportadoras e de sucção e recalque, vale ser registrado
que para as duas primeiras foi considerada uma área de despejo no mar a uma
distância aproximada de 12 milhas náuticas a partir do ponto médio da área de
dragagem. Já para a draga de sucção e recalque foi considerado um despejo próximo
à área de dragagem com uma distância de dois mil metros lineares. Caso a distância
de recalque fosse maior, haveria necessidade de adicionar equipamentos
32
complementares como bombas de dragagem flutuantes (Boosters) em série na linha
de recalque, com a finalidade de aumentar a distância de lançamento do material
dragado. Nesta situação, dependendo da distância, o valor encontrado para a relação
potência/volume dragado poderia ter acréscimos bem significativos, podendo, sob
certas condições operacionais, tornar este tipo de processo de dragagem inviável.

32
Equipamentos flutuantes, normalmente não propelidos, que possuem um motor bomba e um
grupo gerador.

72
Tipos de Draga Alcatruzes Autotransportadora Sucção e Recalque 33 Injeção de Água
Tipo de Processo Mecânico Hidráulico Hidráulico Hidrodinâmico
Capacidade Nominal 800 litros 5.000m3 650 mm 11.000m3/h
Referência Capacidade Caçamba Cisterna Tubulação de Recalque Bombas Hidráulicas
Despejo do Material Quatro Batelões Própria Draga Linha de Recalque Corrente Densidade
Potência Total Instalada 6.200kW 11.000kW 2.557kW 2.078kW
3 -1 3 -1 3
Taxa Média Produção 387m .h 947m .h 250m /h 1.110m3.h-1
Horas Operação no Mês 437h/mês 562h/mês 500h/mês 624h/mês
3 3 3
Relação: Potência-h/TMP 16,02kW/m 12,14kW/m 10,23kW/m 1,87kW/m3
TMP – “ebb-WID” x-x-x-x-x-x-x-x x-x-x-x-x-x-x-x x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x 463m3.h-1
HOM – “ebb-WID” x-x-x-x-x-x-x-x x-x-x-x-x-x-x-x x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x 260h/mês
Rel: Pot-h/TMP–“ebb-WID” x-x-x-x-x-x-x-x x-x-x-x-x-x-x-x x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x 4,49kW/m3

Tabela IV.1 – Comparação das taxas de produção dos processos de dragagem convencionais, representados pelas dragas de alcatruzes,
autotransportadoras e de sucção e recalque, e com os processos hidrodinâmicos, representados pelas dragas de injeção de água.

33
Foram consideradas condições especiais de despejo do material dragado para a draga de sucção e recalque, isto é com lançamento dos
sedimentos até uma distância de 2.000 metros, enquanto para as dragas de alcatruzes e autotransportadoras a distância do despejo simulado, em
73

relação ao ponto médio do sítio de dragagem, foi de 12 milhas náuticas.


V – ANÁLISE DO PROCESSO HIDRODINÂMICO NA METODOLOGIA WID

No processo de dragagem por injeção de água os forçantes hidrodinâmicos,


tanto de origens naturais quanto artificiais, presentes no corpo hídrico, representam
importantes propriedades para viabilizar o transporte do material dragado.
Resumidamente, existem dois tipos principais de forçantes hidrodinâmicos a serem
considerados, os quais são: a corrente de densidade e as correntes naturais, que se
encontram descritas no contexto a seguir:

V.1 – Corrente de Densidade

A corrente de densidade é, também, reconhecida por alguns autores


como corrente de turbidez. Estes escoamentos são conduzidos pelas diferenças nas
pressões hidrostáticas que são causadas pela diferença de densidade entre a camada
fluidificada no fundo 34 e o fluido ambiente, podendo ocorrer por causas naturais ou
artificiais (SIMPSON, 1997). As correntes de densidade são muito encontradas em
aplicações geofísicas, porém seu estudo é também relevante em cenários de
engenharia.

A corrente de densidade poderá ser simulada pelas equações de águas


rasas, com especial cuidado em se desprezar o início da formação da corrente, cujo
comportamento representa uma descontinuidade. Nessa região, onde a mistura é
intensa e a direção é desorientada, se inicia o deslocamento e possui relativo
incremento de volume em relação ao escoamento que segue posteriormente. As
correntes de densidade são capazes de transportar sedimentos por longas distâncias
horizontais, como exemplo cita-se: a corrente de densidade ou de turbidez, no fundo
dos oceanos, que podem carrear sedimentos por milhares de quilômetros; além disso,
podem ocorrer em várias escalas na natureza, como: frentes oceânicas, avalanches,
fluxos pirogênicos e de lavas vulcânicas (Wikipedia Encyclopedia, 1998).

NARDIN et al. (1979) descrevem a corrente de densidade como


mecanismos de transporte de sedimentos freqüentes em ambientes hídricos, sendo

34
Camada constituída por um fluido que possui maior massa específica que o fluido ambiente.

74
que algumas, dessas correntes, geram substanciais espessuras e extensos depósitos
de sedimentos (HUGHES-CLARKE et al., 1990; MASSON, 1994; SYVITSKI AND
SCHAFER, 1996).

A formação da corrente de densidade ocorre para um número de


Froude densimétrico próximo à unidade, com valores observados entre 0,7 e 1,4. O
número de Froude densimétrico representa a taxa entre a força gravitacional e a força
inercial (Wikipedia Encyclopedia, 1998).

V
Fr =
⎛ ρ − ρo ⎞
g⎜ 1 ⎟ hb cos α
⎝ ρo ⎠

Onde g é a aceleração gravitacional (9,81 m.s-1), ρ1 é a densidade da


camada se deslocando como corrente de densidade, ρo a densidade do fluido
ambiente, hb representa a altura da camada, α representa o ângulo do talude de fundo
e V corresponde a velocidade média de avanço da corrente de densidade.

Algumas características da corrente de densidade podem ser


identificadas como condições básicas para o seu surgimento e deslocamento
(GARCIA, 1993):

1 – A condição inicial para o surgimento da corrente de densidade é a


existência de, pelo menos, dois fluidos com diferentes densidades ou massas
específicas, em um mesmo ambiente, ou seja: ρ0 < ρ1.

2 – A relação entre a espessura da corrente de densidade e a altura da coluna


de água, normalmente é bem diferenciada, isto é h << H.

3 – Uma outra característica da corrente de densidade permite relacionar sua


espessura com a distância percorrida, expressada por h << L.

75
4 – A inclinação do talude de fundo deverá ser bem pequena, isto é S << 1,
para possibilitar uma corrente de densidade mais estável e com propagação horizontal
junto ao fundo. Uma abrupta mudança no ângulo do talude irá resultar na formação do
ressalto hidráulico que acarretará a deposição dos sedimentos que compõe a corrente
(MENARD, 1964).

g LD

Fluido Ambiente - ρ0
y H(x)

Pluma de Sedimentos - ρ1 h(x) Corrente de


Densidade

x S

Condições Básicas Resultado Desejado


1) ρ0 < ρ1
2) h(x) << H(x)
3) h(x) << L(x) g (x) >> g (y)
4) S << 1

Figura V.1 – Ilustração do diagrama esquemático mostrando a formação da corrente de


densidade em ambiente aquático, através da diferença de densidade entre a pluma de
sedimentos localizada no fundo e o fluido ambiente. Fonte: GARCIA, 1993.

76
Uma visualização seqüencial da propagação da corrente de densidade
encontra-se ilustrada na Figura V.2, onde se pode ressaltar a formação e a
propagação horizontal junto ao leito do corpo hídrico.

Figura V.2 – Ilustração de uma simulação da propagação da corrente de densidade junto


ao leito do corpo aquático. (T. MAXWORTHY, J. LEILICH, J. E. SIMPSON e E. H.
MEIBURG).

77
Outro evento a ser considerado no deslocamento da corrente de
densidade é a possibilidade de interação com outra corrente em diversos ambientes,
como ilustrado na figura V.3. A partir de resultados de laboratório, após a colisão
frontal de duas correntes de densidade, a energia é transferida de uma para a outra,
sendo que a mais densa se move abaixo da corrente com menor densidade. O
raciocínio registrado nesta figura também pode ser aplicado para o meio líquido,
fazendo uma analogia entre a pluma de sedimentos, mais densa, e a cunha salina,
menos densa.

1 – Corrente U1 em sentido contrário da Corrente U2.

U1 U2

2 – Corrente U1 interagindo com a Corrente U2.

U1 U2

3 – Corrente U1, menos densa, se sobrepondo a Corrente U2.


F1
B1 B2

U1 F2
U2
Figura V.3 – Ilustração da corrente de gravidade – U1, menos densa, interagindo com a
corrente de gravidade – U2, mais densa.

O comportamento hidrodinâmico da corrente de densidade pode ser


avaliado através de experimentos realizados em laboratório. Uma das opções é o
estudo apresentado por ALEXANDER e MULDER (2002), através dos números de
Froude densimétrico, Richardson e Reynolds que podem ser associados aos registros
da campanha de campo do processo WID, realizados no Rio Mississipi – EUA. Os
resultados obtidos na manipulação desses números adimensionais servem para

78
demonstrar o tipo de comportamento hidrodinâmico que caracteriza o deslocamento
da pluma de sedimentos formada pelo processo por injeção de água.

O número de Froude densimétrico poderá ser definido a partir da


fórmula na página 75, deste texto, que leva em consideração os parâmetros de
pesquisa apresentados por ALEXANDER e MULDER (2002) para definir o tipo de
escoamento, assim podemos registrar:

• Para Frd < 1 – Escoamento subcrítico.


• Para Frd > 1 – Escoamento supercrítico.

O número de Richardson exprime a estabilidade da própria interface da


corrente de densidade com o fluido ambiente (ALEXANDER e MULDER, 2002). É
expressa pelo inverso do quadrado do número de Froude densimétrico, portanto:

• Para Ri < 0,25 – A interface do escoamento possui características instáveis.


• Para Ri > 0,25 – A interface do escoamento possui características estáveis.

O número de Reynolds indica a natureza do deslocamento das


partículas no escoamento do fluido, relaciona a velocidade com a viscosidade
cinemática. ALEXANDER e MULDER (2002) definiram em laboratório o valor
aproximado da ponta da corrente de densidade como Re ≅ 2 x 105, portanto:

• Para Re < 500 – Indicam regimes de escoamentos laminares.


• Para 500 < Re < 2000 – Indicam regimes de escoamentos em transição.
• Para Re > 2000 – Indicam regimes de escoamentos turbulentos.

Os seguintes valores foram obtidos a partir da tabela III.3:

• Velocidade da Corrente de Turbidez: 0,3 a 0,5m/s – valor utilizado: V = 0,3m/s.


• Altura da Corrente de Densidade: 0,5 a 1m – valor utilizado: hb = 1 m.
• Massa Específica da Corrente de Densidade: valor utilizado: ρs = 1050kg/m3.
• Massa Específica do Fluido Ambiente (Cunha Salina): utilizado ρa = 1028kg/m3.
• Talude do estuário: utilizado 1:1000 cos α ~ 1.

79
• Aceleração da gravidade: g = 9,81m/s.

Os resultados encontrados para os números adimensionais através das


respectivas fórmulas e utilizando os valores identificados nas campanhas de medição,
visualizados na tabela III.3, permitem constatar as seguintes características da
corrente de densidade: a) velocidade relativa da corrente, inferior a de ondas em
águas rasas; b) estabilidade na interface com o fluido ambiente; c) seu fluxo é
determinado por regime turbulento, o que permite a fluidificação e suspensão dos
sedimentos de fundo.

Assim, a partir dos estudos de ALEXANDER e MULDER (2002), essas


três características avaliadas e registradas na tabela V.1, demonstram a possível
estabilidade no deslocamento da corrente de densidade, desde que não haja
interferências em conseqüência de fatores externos adversos.

PARÂMETROS VALOR CALCULADO SITUAÇÃO


Nº. de Froude densim. (Frd) 0,65 < 1 Escoamento Subcrítico
Nº. de Richardson (Ri) 2,37 > 0,25 Interface Estável
5
Nº. de Reynolds (Re) 0,3 x 10 > 2000 Escoamento Turbulento

Tabela V.1 – Valores dos números adimensionais: Froude densimétrico, Richardson e


Reynolds, calculados para a corrente de densidade, a partir do conceito de similaridade
de escoamentos naturais simulados em laboratórios e com os dados obtidos em
campanhas de medição do processo WID.

80
V.2 – Correntes Naturais

Levando-se em consideração que o processo de dragagem por injeção


de água é normalmente utilizado em manutenção das profundidades em marinas,
portos e vias navegáveis, principalmente os que se encontram localizados em regiões
estuarinas, direcionaremos os estudos para este ambiente.

Nos sistemas estuarinos, os processos de mistura, circulação e


estratificação são governados basicamente por três forçantes: a descarga de água
doce, as correntes de maré e pela transferência da quantidade de movimento através
do cisalhamento do vento em sua superfície livre; aos quais se somam as influências
exercidas pela geometria do corpo estuarino e pela salinidade e padrões de circulação
da região costeira adjacente (KJERFVE, 1990; MIRANDA, 1996). Estes forçantes
condicionam a circulação gravitacional (baroclínica e barotrópica), a circulação
residual e as correntes geradas pelo vento. Geralmente um desses padrões de
circulação predomina num determinado sistema estuarino, entretanto dois ou os três
tipos podem ser observados simultaneamente ou sazonalmente num mesmo estuário
(KJERFVE, 1990). A grande variabilidade temporal e espacial desses forçantes, e dos
processos a eles associados, torna o estudo dos padrões de circulação e distribuição
de propriedades nos sistemas estuarinos bastante complexo (KJERFVE et al., 1982).

Em estuários, o transporte de material particulado em suspensão, nem


sempre ocorre na mesma direção do fluxo principal de água, devido aos processos de
mistura (advectivos e difusivos) (KJERFVE, 1990; DAY et al., 1989). A dispersão e
advecção das massas de água e de suas propriedades decorrem de vários processos
que envolvem o movimento oscilatório das marés, difusão molecular (geralmente
pequena), gradientes de densidade, cisalhamento lateral entre massas de diferentes
velocidades de corrente, fricção com o fundo e difusão turbulenta (viscosidade do
fluido) (KJERFVE & WOLAVER, 1988; DAY et al., 1989; KJERFVE, 1990). Os
processos de erosão e ressuspensão apresentam particular importância na ciclagem
de sedimentos em estuários, porque promovem um aumento da carga de sedimento
em suspensão (aumento do gradiente vertical), intensificando o transporte advectivo
(NICHOLS, 1986) e porque atuam na manutenção da zona de máxima turbidez
estuarina (DYER, 1988).

81
Durante um ciclo de maré (marés enchente e vazante), geralmente,
observa-se uma forte relação entre as velocidades das correntes e o transporte de
sedimentos, além das concentrações de material particulado em suspensão (WARD,
1981; NICHOLS, 1986; BAIRD et al., 1987; KJERFVE & WOLAVER, 1988; DYER,
1988; JONGE & BEUSEKON, 1995). A assimetria na velocidade das correntes de
maré, quando integrada no tempo, condiciona o transporte líquido do material em
suspensão em uma determinada direção do corpo estuarino (importação ou
exportação) (WARD, 1981; DYER, 1988).

A estratificação estuarina ocorre principalmente em função da diferença


de densidade entre a água doce e a água salgada, com essa última tendendo a ficar
embaixo da parcela de fluido de água doce em função de sua maior densidade. Com a
redução da vazão de água doce os gradientes verticais e longitudinais são alterados,
aumentando a intensidade de mistura na direção vertical (turbulência). A
hidrodinâmica dos estuários nos conduz a seguinte classificação: a) em cunha salina;
b) altamente estratificados; c) parcialmente estratificados e d) verticalmente
homogêneos.

A morfologia de estuários é muito importante na circulação destes


ambientes, portanto, o aumento no aporte de sedimentos em um rio, devido ações
naturais ou antrópicas, pode ter como conseqüência o assoreamento da área
estuarina. O assoreamento diminui a profundidade do canal modificando o fundo e
provocando o amortecimento da onda de maré à medida que esta se propaga para
montante, em função do aumento da fricção junto ao fundo. Não se pode esquecer
que a alteração da morfologia do fundo, de um corpo hídrico, altera a seção do canal
influenciando o prisma de maré, conseqüentemente induzindo modificações nos
forçantes hidrodinâmicos, que poderão interferir novamente no processo de transporte
de sedimentos, podendo propiciar o depósito das partículas em locais, inicialmente,
imprevistos ao longo do canal.

As correntes do ambiente estuarino tornam-se aliadas ao processo de


dragagem por injeção de água à medida que favorecem a condução da corrente de
turbidez, induzida, até a área de deposição final desse material removido. Nesse
sentido, como descrito anteriormente, o estudo local das marés de sizígia e
quadratura, o conhecimento da vazão de águas continentais em escalas temporal e
espacial, bem como o acompanhamento da incidência de ventos na superfície livre,

82
podem gerar correntes capazes de influenciar no transporte de sedimentos da coluna
de água de forma indesejável ao projeto de dragagem.

Assim, se torna recomendável à implantação de um programa de


monitoramento, com auxílio de instrumentos, para avaliar esses forçantes
hidrodinâmicos, a princípio, em três períodos distintos, conforme detalhado:

• Antes do início da dragagem, visando qualificar e quantificar as correntes


presentes no corpo hídrico, tanto na distribuição longitudinal quanto na vertical
da calha hidráulica. Com isto, um plano de dragagem poderá ser implantado,
presumindo as melhores condições operacionais no tempo e no espaço.

• Durante o período de dragagem, para avaliar a estratégia operacional pré-


estabelecida pelo plano de dragagem definido na etapa inicial, modificando ou
adaptando os parâmetros que não apresentarem os resultados previstos.

• Após a operação de dragagem, para quantificar e registrar os resultados


obtidos.

V.3 – Hidrodinâmica no Estuário do Rio Itajaí-Açú

De acordo com o estudo apresentado por SCHETTINI (2002), o


estuário está localizado em uma planície costeira, apresentando morfologia similar a
um rio meandrante. Sua descarga média, medida em Indaial, cerca de 90 km a
montante da barra, é de 228 m3.s-1, variando de 17 a 5390 m3.s-1. O estuário do Rio
Itajaí-Açu é classificado como do tipo estratificado. A altura média da maré
astronômica regional, classificada como predominantemente semidiurna, é de 0,8m,
variando de 0,4m na quadratura e 1,2m na sizígia (SCHETTINI et al., 1998).

DOBEREINER (1986) observou o comportamento salino do estuário do


Rio Itajaí-Açú para diferentes situações de vazão. Constatou que essa área estuarina
se apresenta normalmente de forma estratificada, sendo que para vazões médias de
225m3.s-1, a cunha salina penetra até, aproximadamente, 18km da foz. Para vazões

83
maiores, entre 400 a 900m3.s-1, a cunha salina oscila em um trecho de cerca de 10km
a partir da foz e, finalmente, para vazões acima de 900m3.s-1 a cunha salina é
praticamente expulsa do estuário. A influência da maré, de sizígia ou quadratura, se
mostra também importante na caracterização dos padrões salinos presentes no
estuário e na quantidade de sal existente, assim como a presença de soleiras e
depressões na topografia de fundo afetam o deslocamento da intrusão salina
(MEDEIROS, 2003).

Neste tipo de estuário observa-se a penetração, junto ao fundo, de uma


cunha salina perfeitamente definida, cujo ponto nodal, ou seja, o local onde se verifica
uma disposição mais intensiva de sedimentos pelo fenômeno de barramento, por
efeito das marés, encontra-se localizado próximo à bacia de evolução do Porto de
Itajaí, devendo ressaltar que este ponto pode migrar ao longo do estuário, de acordo
com as condições das vazões fluviais. Também, próximo à entrada do canal, a jusante
do Porto de Itajaí, foi encontrado indícios de outro ponto nodal, devido o acúmulo de
material arenoso disposto transversalmente ao canal (VARGAS, 1983).

84
V.4 – Estudo de Caso – Dragagem no Porto de Itajaí

O processo de dragagem por injeção de água no Porto de Itajaí, que


atualmente é responsável pela manutenção de seu acesso marítimo, merece uma
atenção especial no intuito de registrar os parâmetros de dragagem mais relevantes
presentes nessa região. Assim, para se obter os dados que auxiliassem a
compreensão do funcionamento dessa metodologia, uma campanha de medições foi
direcionada para coletar vários parâmetros na coluna de água, tais como: velocidade,
turbidez, temperatura e salinidade, antes e durante a dragagem por injeção de água,
na intenção de registrar as principais ações hidrodinâmicas no Rio Itajaí-Açú e para
analisar uma possível interferência, desses forçantes monitorados, em relação à
dinâmica de propagação da corrente de densidade.

V.4.1 – Campanha de Medições

V.4.1.1 – Metodologia de Coleta

As coletas dos diversos parâmetros da coluna de água, antes e durante


a operação de dragagem foram realizadas em um dia de maré de sizígia, 9 de março
de 2005 – quinta-feira, entre 07:00h e 19:00h, abrangendo quase um ciclo completo de
uma maré semidiurna típica do local, totalizando 16 incursões dos instrumentos na
coluna líquida. Em cada incursão foram registrados diversos dados através de cinco
instrumentos, onde as leituras mais importantes foram: posicionamento, velocidade,
condutividade, turbidez, tamanho das partículas, temperatura e pressão. Além disso,
foram coletadas amostras de água, com a utilização de uma pequena bomba
hidráulica instalada junto à estrutura de fixação dos instrumentos. Estas amostras
foram conservadas sob refrigeração até o seu processamento em laboratório, onde
foram filtradas através de membranas HA em Ester de celulose, 0,45UM de poro, 47
mm de diâmetro, branca, lisa. Todo o procedimento de coleta foi obtido, embarcado
em uma lancha, em um ponto da área de dragagem que apresentava assoreamento
para permitir a comparação de dados, após a operação de dragagem, como indicado
na figura V.4. O posicionamento variou entre as seguintes coordenadas:

85
1) 13:40h/14:20h Latitude: 26º 54,0765’
Longitude: 48º 39,4133’

2) 15:00h/15:40h Latitude: 26º 54,0788’


Longitude: 48º 39,4406’

3) 16:50h/17:35h Latitude: 26º 54,0896’


Longitude: 48º 39,4262’

4) 17:56h/18:20h Latitude: 26º 54,0910’


Longitude: 48º 39,3884’

N
26º 53’ Carta Náutica
Montante Referência 1801
Rio Itajaí-Açu

48º 40’ 48º 39’

54,091’ S x 39,3884’ W
Coordenadas da Campanha
09/Mar/2005
Rio
26º 54’ Itajaí-Açu

Zona
Costeira
Porto de Itajaí
ITAJAÍ Jusante
Latitude: 26º 54,0’ S
Longitude: 048º 39,7’ W Rio Itajaí-Açu

Figura V.4 – Ilustração parcial da Carta Náutica 1801 – visão do Porto de Itajaí, do
Estuário do Rio Itajaí-Açu e do registro das coordenadas da campanha onde foram
coletados os dados de campo.

86
V.4.1.2 – Metodologia de Análise

Os dados obtidos nas coletas, para análise, foram manipulados e


depurados através de procedimentos matemáticos e laboratoriais. Os equipamentos
realizaram as medições em modo contínuo, portanto continham registros que deviam
ser desprezados. Cada perfil, após visualização gráfica, foi depurado através da
remoção de alguns destes registros para depois se obter os valores médios de cada
local medido. Estes valores médios foram calculados por camadas da coluna de água,
para os seguintes parâmetros: velocidades u, v e w (nos respectivos eixos x, y e z),
turbidez, condutividade, temperatura, pressão e profundidade. Em uma segunda
etapa, através de cálculos matemáticos utilizando estes dados, foram obtidos os
valores de salinidade e das velocidades projetadas no eixo principal do trecho.

As amostras foram analisadas através de procedimentos de filtragem,


secagem e pesagem, resultando na quantidade, em peso, das partículas sólidas e,
conseqüentemente, obtendo a concentração desses sedimentos.

V.4.2 – Instrumentação

Para programação e coleta de dados dos instrumentos e sensores


foram utilizados dois computadores portáteis, sendo um da Compaq e o outro da
Toshiba, ambos com sistema operacional Windows XP e processadores Pentium III e
Pentium IV, respectivamente.

Os instrumentos utilizados durante a campanha foram:

1 – ADV – Acoustic Doppler Velocimeter

O princípio de operação se baseia na transmissão de um pulso a partir


do centro do transdutor e o efeito Doppler introduzido pela reflexão das partículas
suspensas na água e captadas pelos três receptores existentes na parte extrema do
instrumento, formando um ângulo de 120º, obtendo, assim, a velocidade da corrente.

87
Fabricante: Nortek Vector Current Meter.
Variação de Temperatura para Operação: - 5ºC até +45ºC.
Profundidade Máxima de Operação: 300 metros.
Principais dados registrados: Velocidades (u, v, w) e profundidade.
Taxa de amostragem: até 64 Hz.

2 – LISST – 25X

Este instrumento mede o tamanho das partículas em suspensão, porém


teve seu uso restrito por problemas de comunicação de dados.

- Concentração de Partículas por Volume (μ / l) – de 0,1 até 1000 mg / l.

– de 1,25 até 250 μm (Tipo B).


- Diâmetro médio das partículas
– de 2,50 até 500 μm (Tipo A).

- Transmissão ótica: 0 a 100%.


- Profundidade em metros.
- Máxima Profundidade: 300 metros.
- Fabricante: SEQUOIA SCIENTIFIC, INC.
- Capacidade de Armazenamento: 28.000 parâmetros medidos.

3 – OBS

Consiste em um sensor dotado de um diodo infravermelho de alta


intensidade (IRED), com a finalidade de medir a turbidez do fluido.

Fabricante: D&A Instrument CO.


Modelo: 1C.
Alcance do sensor: 0,5 a 2000 FTU.

88
4 – CTD

Sensor que registra a condutividade da água fornecendo os resultados


em micro Siemens, além de temperatura e profundidade.

Faixa de Medição: 0 a 199.900 μS.


Salinidade: 0,0 até 80 ppt (o/oo)
Sólidos Dissolvidos: 0 a 19900 mg / l.
Temperatura: - 0,5º a 105º C
Capacidade: 25 dados
Fabricante: Valeport
Modelo: 115

5 – GPS

Instrumento de posicionamento eletrônico global, constituído de 12


canais e 9 teclas frontais no aparelho. Possui capacidade de resolução na tela de
180 x 240 pixel, com quatro tonalidades de cinza.

Fabricante: GARMIN

V.4.3 – Análise dos Dados

A apuração dos registros foi realizada de maneira direta e indireta, de


acordo com o tipo de informação que os instrumentos forneciam. A seguir encontram-
se relacionados esses parâmetros:

1 – Turbidez – obtida através da leitura direta do instrumento OBS.


2 – Condutividade – obtida através da leitura direta do instrumento CTD.
3 – Velocidade u – eixo de coordenadas x – obtida através da leitura direta
do instrumento ADV.
4 – Velocidade v – eixo de coordenadas y – obtida através da leitura direta
do instrumento ADV.

89
5 – Velocidade w – eixo de coordenadas z – obtida através da leitura direta
do instrumento ADV.
6 – Profundidade da coluna de água – obtida através da leitura da pressão
da coluna de água do instrumento ADV.
7 – Temperatura – obtida através da leitura direta do instrumento ADV.
8 – Salinidade – obtida a partir dos valores resgatados para condutividade
elétrica e transformados através de formulação matemática. Nesse caso foi
utilizada a seguinte expressão: S = 5,572.10-4. SC + 2,02.10-9 . SC2
(EPA/600/3-85/040 – Rates, constants and Kinetics), onde: a unidade da
salinidade será ppt 0/00 e SC em micromhos.cm-1.
9 – Volume das Amostras – obtido em medições comparativas realizadas
em laboratório.
10 – Peso dos Sedimentos – obtido após filtragem e secagem das amostras,
em laboratório.
11 – Concentração dos Sedimentos – obtida após filtragem, secagem e
pesagem das amostras, realizada em laboratório.

V.5 – Registros de Dados da Hidrodinâmica Local

V.5.1 – Registros de Dados das Marés Astronômicas

As medições foram realizadas no dia 9 de março de 2005. De acordo


com a Diretoria de Hidrografia e Navegação – DHN / MB – a área abrangendo o Porto
de Itajaí encontrava-se em maré de sizígia, conforme os seguintes dados obtidos na
Tábua de Marés, em relação ao nível zero de referência da DHN.

Dia da Semana Dia do Mês Horário (h) Maré (m)


01:58 +1,0
Quarta-feira 09.03.2005 09:30 +0,3
14:09 +1,0
20:19 -0,1

Tabela V.2 – Registro da Tábua de Marés do dia 9 de março de 2005, no Porto de Itajaí.
Fonte: Tábua de Marés da Diretoria de Hidrografia e Navegação – DHN da MB.

90
Das dezesseis incursões dos instrumentos na coluna de água, onde a
primeira foi iniciada às 07:30h e a última encerrada às 18:20h, as primeiras quatorze
incursões foram realizadas entre 07:30h até 17:35h, antes do início de dragagem e em
marés de vazante e enchente, posteriormente, de 17:56h até 18:20h foram realizadas
mais três incursões após a passagem da draga no ponto de observação, ou seja,
durante o processo de dragagem hidrodinâmica e no período de maré de vazante.

No momento da operação de dragagem foram adotados procedimentos


diferenciados para incursão dos instrumentos na coluna de água, conforme, a seguir, é
descrito:

1 – 17:56h – incursão dos instrumentos em toda coluna de água, até o leito.


2 – 18:05h – elevação dos instrumentos até 5 metros e nova incursão ao leito.
3 – 18:14h – elevação dos instrumentos até 5 metros e nova incursão ao leito.
4 – 18:20h – encerramento da campanha e recolhimento dos instrumentos.

A metodologia adotada, após a passagem da draga, teve como


finalidade o acompanhamento, principalmente, da corrente de densidade induzida pela
dragagem hidrodinâmica por injeção de água.

V.5.2 – Determinação dos Valores Médios

Para mensurar a atividade de dragagem por injeção de água, foram


adotados os procedimentos que permitiram analisar os dados coletados durante a
campanha em Itajaí. A depuração destes dados obedeceu a uma sistemática
avaliação após manipulação, através de gráficos, dos valores obtidos pelos sensores.
A maioria dos dados de interesse foi registrada a cada metro de profundidade da
coluna de água até alcançar o leito do rio. Assim, quando alguns valores registrados
no gráfico velocidade x profundidade extrapolaram a concentração mais regular dos
dados, estes tiveram de ser desprezados. Já os dados tidos como corretos foram
manipulados em outra planilha Excel onde finalmente obtivemos os valores médios
das velocidades u, v, w. Continuando com o mesmo raciocínio ainda foram registrados
os valores médios para a turbidez, condutividade e salinidade. Os demais parâmetros
apurados são resultados matemáticos obtidos a partir destes valores médios.

91
Para melhor visualização dos valores médios apurados, agrupamos os
registros finais em tabelas, as quais tiveram sua identificação associadas a um nome
de arquivo, cujo número alfanumérico retrata o horário de cada incursão dos sensores
na coluna de água, no dia da campanha de medições, no Porto de Itajaí, como é
identificado na seqüência abaixo, relacionando a maré astronômica com a situação
operacional da dragagem durante o processo:

Item Nome do Arquivo Horário (h) Tipo de Maré Situação


01 ve073001 07:30 Vazante Antes da Dragagem
Enchente –
02 ve094001 09:40 Antes da Dragagem
B 35
03 Ve101001 10:10 Enchente Antes da Dragagem
04 Ve104001 10:40 Enchente Antes da Dragagem
05 Ve111001 11:10 Enchente Antes da Dragagem
06 Ve124001 12:40 Enchente Antes da Dragagem
07 Ve130001 13:00 Enchente Antes da Dragagem
08 Ve134001 13:40 Enchente Antes da Dragagem
36
09 Ve141001 14:10 Vazante – P Antes da Dragagem
10 Ve150001 15:00 Vazante Antes da Dragagem
11 Ve154001 15:40 Vazante Antes da Dragagem
12 Ve165001 16:50 Vazante Antes da Dragagem
14 Ve173501 17:35 Vazante Antes da Dragagem
15 Ve175601(1) 17:56 Vazante Durante a Dragagem
16 Ve175601(2) 18:05 Vazante Durante a Dragagem
17 Ve175601(3) 18:14 Vazante Durante a Dragagem

Tabela V.3 – Relaciona os nomes dos arquivos com os respectivos horários das
incursões, para coleta de dados da campanha de medições, incluindo as condições da
maré astronômica no Porto de Itajaí e a situação operacional dos equipamentos de
dragagem.

35
Momento próximo a Baixa-mar, projetado pela DHN para o dia 9.mar. 2005, às 09:30h.
36
Momento próximo a Preamar, projetado pela DHN para o dia 9.mar.2005, às 14:09h.

92
V.5.3 – Velocidades Projetadas no Eixo do Canal

Considerando os valores das velocidades médias registradas no ponto


de incursão dos instrumentos durante a campanha de medições no Rio Itajaí-Açú, com
a finalidade de apurar a intensidade dessas correntes naturais em relação ao centro
da calha hidráulica, foi adotado o procedimento de projetar esses escoamentos nas
linhas longitudinal (u’) e transversal (y’) ao eixo do canal.

Para proceder esta operação necessita-se, inicialmente, da real


localização da lancha em relação ao eixo do Rio Itajaí-Açú, o que foi obtida pelo
instrumento GPS e registrada na Figura V.6. Desta maneira, foi visualizado, com o
auxílio da Carta Náutica 1801, um ângulo de defasagem, γ = 40o, conforme ilustrado
na figura V.5. Após isso, utilizando os recursos da geometria analítica, pode-se
determinar a intensidade do fluxo das velocidades médias devidamente projetadas no
eixo principal do canal. Nessa projeção foi utilizado o processo matemático para
rotação de eixos através de literatura específica (BRONSHTEIN E SEMENDIAEV,
1973).

N Carta Náutica
Referência 1801

“Rio Itajaí-Açú”

γ = 40º

“Porto de Itajaí”

Posição
da Lancha

Itajaí
Determinação do
“Ângulo de Projeção” Travessia de Barcas
das Velocidades

93
Figura V.5 – Ilustração mostrando o “ângulo de projeção das velocidades resultantes”
em relação ao eixo principal do canal do Porto de Itajaí.
V.5.4 – Representação Gráfica dos Principais Parâmetros

As representações gráficas foram plotadas a partir dos dados obtidos


dos instrumentos citados no subitem V.4.2, relacionando os seguintes parâmetros:

1 – Gráficos de Velocidades Médias – u, v e w x Profundidade;


2 – Gráficos de Turbidez Média x Profundidade;
3 – Gráficos de Salinidade Média x Profundidade.

Analisando os gráficos apresentados, podemos registrar algumas


características hidrodinâmicas presentes no Rio Itajaí-Açú, nas coordenadas
registradas no capítulo V, figura V.4.

Ao todo foram montados dezesseis pares de gráficos onde, à esquerda


das páginas subseqüentes, encontram-se projetadas as velocidades médias u, v, w
nos eixos x, y, z; destacadas em relação a cada metro da coluna de água, estando os
eixos cartesianos associados aos pontos cardeais do globo terrestre, assim
convencionados:

1 – Eixo dos valores x, corresponde à velocidade u representada pela


linha de cor azul – sentido LESTE / OESTE, onde os valores positivos representam a
direção LESTE e os valores negativos a direção OESTE.

2 – Eixo dos valores y, correspondente à velocidade v representada


pela linha de cor vermelha – sentido NORTE / SUL, onde os valores positivos
representam a direção NORTE e os valores negativos a direção SUL.

3 – Eixo dos valores z, corresponde à velocidade w representada pela


linha de cor verde – sentido do fluxo em relação à profundidade do corpo aquático,
onde os valores positivos representam a direção para a superfície do fluido e os
valores negativos para abaixo da linha de água na direção do leito aquático.

Muito embora a vazão das águas continentais, no Rio Itajaí-Açú,


determinem, com grande importância, os forçantes estuarinos naturais, os gráficos

94
demonstraram a enorme influência da maré astronômica e da penetração da cunha
salina, próxima ao leito, durante a campanha de medições realizada do dia 9 de março
de 2005, possivelmente devido a pouca interferência do fluxo fluvial.

Nos dezesseis gráficos à direita, estão evidenciados, em azul os


valores médios da turbidez ao longo da profundidade e em vermelho os valores
médios da salinidade, também ao longo da coluna líquida.

Para melhor visualizar a distribuição dos valores significativos das


velocidades durante o período de variação da maré, assim como as condições de
preamar e baixamar, foram relacionados o sinal destes valores, com as suas
respectivas convenções, em relação aos pontos cardeais, nas diferentes fases da
maré astronômica. A tabela V.4 indica a direção convencionada desses parâmetros.

Item Maré Parâmetro Profundidade (m) Sinal Valor Direção


0–5 Positivo LESTE
01 Baixa Velocidade u
5–9 Negativo OESTE
02 Enchendo Velocidade u 0–9 Pos / Neg 37 L/W
03 Alta Velocidade u 0 – 10 Negativo OESTE
38
04 Vazando Velocidade u 0 – 10 Neg / Pos W/L
0–5 Negativo SUL
05 Baixa Velocidade v
5–9 Positivo NORTE
06 Enchendo Velocidade v 0–9 Neg / Pos 39 S/N
07 Alta Velocidade v 0 – 10 Positivo NORTE
08 Vazando Velocidade v 0 – 10 Pos / Neg 40 N/S
0–5 Negativo Para o Leito
09 Baixa Velocidade w
5–9 Negativo Para o Leito
10 Enchendo Velocidade w 0–9 Negativo Para o Leito
11 Alta Velocidade w 0 – 10 Negativo Para o Leito
12 Vazando Velocidade w 0 – 10 Neg / Pos 41 Leito / LD

37
Valores em transição de positivo para negativo durante a manifestação da maré enchendo.
38
Valores em transição de negativo para positivo durante a manifestação da maré vazando.
39
Valores em transição de negativo para positivo durante a manifestação da maré enchendo.
40
Valores em transição de positivo para negativo durante a manifestação da maré vazando.
41
Foram registrados alguns valores positivos durante o período de maré vazando pela vel. w.

95
Tabela V.4 – Indicação da direção convencionada das velocidades médias em relação à
coluna de água.
Com base nos gráficos obtidos nas coordenadas da campanha de
medições registradas na figura V.4, bem como na identificação do ângulo de
defasagem em relação à linha de eixo do canal do Rio Itajaí-Açú, ilustrado pela figura
V.5, foram projetados os valores das velocidades u’ e v’ em relação ao eixo principal
do canal, sendo que, as velocidades w’ permaneceram com os mesmos valores de w.
A importância do cálculo desses valores no eixo principal do canal, para dragagem por
injeção de água, está relacionada com a interferência que estes forçantes
hidrodinâmicos podem causar à estabilidade e ao deslocamento da corrente de
densidade.

A visão dos gráficos das velocidades projetadas (u’, v’, w’) ao lado dos
gráficos de salinidade e turbidez permite observar que existe uma relação no
comportamento destes forçantes pois, onde houve incremento do valor absoluto da
velocidade u’, longitudinal ao canal, também ocorreu o incremento do valor da
salinidade e da turbidez, portanto a cunha salina se fazia presente de acordo com o
movimento da maré no estuário, seja de vazante ou enchente. Pode-se observar ainda
que, a velocidade longitudinal u’ é dominante neste trecho do canal, pois, possui
valores absolutos bem superiores aos da velocidade transversal v’.

Os três últimos gráficos identificados com os números de perfis,


ve175601(1), ve175601(2) e ve175601(3), representam a tentativa de identificar e
observar, através da campanha de campo, os valores das velocidades da corrente de
turbidez junto ao leito do rio, durante o período de dragagem.

Gráfico de Salinidade/Turbidez VE073001


Gráfico VE073001 0 5 10 15 20 25 30 35
Salinidade
0 0 0

1 1 1

2 2 2

3 3 3

4 4 4
Profundidade
Profundidade

5 5 5

6 6 6

7 7 7

8 8 8

9 9 9

10 10 10

11 11 11
Turbidez
-1 -0,8 -0,6 -0,4 -0,2 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 0 10000 20000 30000 40000 50000 60000 70000
Velocidades
Longitudinal Transversal Coluna d' Água Projetadas
Turbidez Salinidade

Gráfico V.1 – Representação das velocidades u’, v’ e w’ projetadas longitudinalmente e


transversalmente ao eixo do canal – Maré vazando às 07:30h.

96
Gráfico de Salinidade/Turbidez ve094001
Gráfico VE094001 0 5 10 15 20 25 30 35
Salinidade
0 0 0

1 1 1

2 2 2

3 3 3

4 4 4
Profundidade

Profundidade
5 5 5

6 6 6

7 7 7

8 8 8

9 9 9

10 10 10

11 11 11
Turbidez
-1 -0,8 -0,6 -0,4 -0,2 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 0 10000 20000 30000 40000 50000 60000 70000
Velocidades
Longitudinal Transversal Coluna d' Água Projetadas Turbidez Salinidade

Gráfico V.2 – Representação das velocidades u’, v’ e w’ projetadas longitudinalmente e


transversalmente ao eixo do canal – Maré enchendo às 09:40h.

Gráfico de Salinidade/ Turbidez ve101001


Gráfico VE101001 0 5 10 15 20 25 30 35
Salinidade
0 0 0

1 1 1

2 2 2

3 3 3

4 4 4
Profundidade
Profundidade

5 5 5

6 6 6

7 7 7

8 8 8

9 9 9

10 10 10

11 11 11
Turbidez
-1 -0,8 -0,6 -0,4 -0,2 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 0 10000 20000 30000 40000 50000 60000 70000
Velocidades
Longitudinal Transversal Coluna d' Água Projetadas Turbidez Salinidade

Gráfico V.3 – Representação das velocidades u’, v’ e w’ projetadas longitudinalmente e


transversalmente ao eixo do canal – Maré enchendo às 10:10h.

Gráfico de Salinidade/Turbidez ve104001


Gráfico VE104001 0 5 10 15 20 25 30
Salinidade
35
0 0
0
1 1
1
2 2
2

3 3 3

4 4 4
Profundidade
Profundidade

5 5 5

6 6 6

7 7 7

8 8 8

9 9 9

10 10 10

11 11 11
Turbidez
-1 -0,8 -0,6 -0,4 -0,2 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 0 10000 20000 30000 40000 50000 60000 70000
Longitudinais Transversais Coluna d' Água Velocidades
Projetadas Turbidez Salinidade

Gráfico V.4 – Representação das velocidades u’, v’ e w’ projetadas longitudinalmente e


transversalmente ao eixo do canal – Maré enchendo às 10:40h.

97
Gráfico de Salinidade/ Turbidez ve111001
Gráfico VE111001 0 5 10 15 20 25 30
Salinidade
35
0 0 0

1 1 1

2 2 2

3 3 3

4 4 4

Profundidade
Profundidade

5 5 5

6 6 6

7 7 7

8 8 8

9 9 9

10 10 10

11 11 11
Turbidez
-1 -0,8 -0,6 -0,4 -0,2 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 0 10000 20000 30000 40000 50000 60000 70000
Velocidades
Longitudinais Transversais Coluna d' Água Projetadas Turbidez Salinidade

Gráfico V.5 – Representação das velocidades u’, v’ e w’ projetadas longitudinalmente e


transversalmente ao eixo do canal – Maré enchendo às 11:10h.

Gráfico de Salinidade/Turbidez ve124001


Gráfico VE124001 0 5 10 15 20 25 30 35
Salinidade
0 0 0

1 1 1

2 2 2

3 3 3

4 4 4
Profundidade
Profundidade

5 5 5

6 6 6

7 7 7

8 8 8

9 9 9

10 10 10

11 11 11
Turbidez
-1 -0,8 -0,6 -0,4 -0,2 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 0 10000 20000 30000 40000 50000 60000 70000
Velocidades
Longitudinais Transversais Coluna d' Água Projetadas Turbidez Salinidade

Gráfico V.6 – Representação das velocidades u’, v’ e w’ projetadas longitudinalmente e


transversalmente ao eixo do canal – Maré enchendo às 12:40h.

Gráfico de Salinidade/Turbidez ve130001


Gráfico VE130001 0 5 10 15 20 25 30 35
Salinidade
0 0 0

1 1 1

2 2 2

3 3 3

4 4 4
Profundidade
Profundidade

5 5 5

6 6 6

7 7 7

8 8 8

9 9 9

10 10 10

11 11 11
Turbidez
-1 -0,8 -0,6 -0,4 -0,2 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 0 10000 20000 30000 40000 50000 60000 70000
Velocidade
Longitudinais Transversais Coluna d'Água Projetada Turbidez Salinidade

Gráfico V.7 – Representação das velocidades u’, v’ e w’ projetadas longitudinalmente e


transversalmente ao eixo do canal – Maré enchendo às 13:00h.

98
Gráfico de Salinidade/Turbidez ve134001
Gráfico VE134001 0 5 10 15 20 25 30 35
Salinidade
0 0 0

1 1 1

2 2 2

3 3 3

4 4 4
Profundidade

Profundidade
5 5 5

6 6 6

7 7 7

8 8 8

9 9 9

10 10 10

11 11 11
Turbidez
-1 -0,8 -0,6 -0,4 -0,2 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 0 10000 20000 30000 40000 50000 60000 70000
Velocidades
Longitudinais Transversais Coluna d'Água Projetadas Turbidez Salinidade

Gráfico V.8 – Representação das velocidades u’, v’ e w’ projetadas longitudinalmente e


transversalmente ao eixo do canal – Maré enchendo às 13:40h.

Gráfico de Salinidade/Turbidez ve141001


Gráfico VE141001 0 5 10 15 20 25 30
Salinidade
35
0 0 0

1 1 1

2 2 2

3 3 3

4 4 4
Profundidade
Profundidade

5 5 5

6 6 6

7 7 7

8 8 8

9 9 9

10 10 10

11 11 11
Turbidez
-1 -0,8 -0,6 -0,4 -0,2 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 0 10000 20000 30000 40000 50000 60000 70000
Velocidades
Longitudinais Transversais Coluna d'Água Projetadas Turbidez Salinidade

Gráfico V.9 – Representação das velocidades u’, v’ e w’ projetadas longitudinalmente e


transversalmente ao eixo do canal – Preamar às 14:10h.

Gráfico Salinidade/Turbidez ve150001


Gráfico VE150001 0 5 10 15 20 25 30
Salinidade
35
0 0 0

1 1 1

2 2 2

3 3 3

4 4 4
Profundidade

Profundidade

5 5 5

6 6 6

7 7 7

8 8 8

9 9 9

10 10 10

11 11 11
Turbidez
-1 -0,8 -0,6 -0,4 -0,2 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 0 10000 20000 30000 40000 50000 60000 70000
Velocidades
Longitudinais Transversais Coluna d'Água Projetadas Turbidez Salinidade

Gráfico V.10 – Representação das velocidades u’, v’ e w’ projetadas longitudinalmente e


transversalmente ao eixo do canal – Maré vazando às 15:00h.

99
Gráfico de Salinidade/Turbidez ve154001
Gráfico VE154001 0 5 10 15 20 25 30
Salinidade
35
0 0 0

1 1 1

2 2 2

3 3 3

4 4 4

Profundidade
Profundidade

5 5 5

6 6 6

7 7 7

8 8 8

9 9 9

10 10 10

11 11 11
Turbidez
-1 -0,8 -0,6 -0,4 -0,2 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 0 10000 20000 30000 40000 50000 60000 70000
Velocidades
Longitudinais Transversais Coluna d'Água Projetadas Turbidez Salinidade

Gráfico V.11 – Representação das velocidades u’, v’ e w’ projetadas longitudinalmente e


transversalmente ao eixo do canal – Maré vazando às 15:40h.

Gráfico de Salinidade/Turbidez ve165001


Gráfico VE165001 0 5 10 15 20 25 30
Salinidade
35
0 0 0

1 1 1

2 2 2

3 3 3

4 4 4
Profundidade

Profundidade

5 5 5

6 6 6

7 7 7

8 8 8

9 9 9

10 10 10

11 11 11
Turbidez
-1 -0,8 -0,6 -0,4 -0,2 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 0 10000 20000 30000 40000 50000 60000 70000
Longitudinais Transversais Coluna d'Água Velocidades
Projetadas Turbidez Salinidade

Gráfico V.12 – Representação das velocidades u’, v’ e w’ projetadas longitudinalmente e


transversalmente ao eixo do canal – Maré vazando às 16:50h.

Gráfico de Salinidade/Turbidez ve173501


Gráfico VE173501 0 5 10 15 20 25 30
Salinidade
35
0 0 0

1 1 1

2 2 2

3 3 3

4 4 4
Profundidade
Profundidade

5 5 5

6 6 6

7 7 7

8 8 8

9 9 9

10 10 10

11 11 11
Turbidez
-1 -0,8 -0,6 -0,4 -0,2 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 0 10000 20000 30000 40000 50000 60000 70000
Velocidades
Longitudinais Transversais Coluna d'Água Projetadas Turbidez Salinidade

Gráfico V.13 – Representação das velocidades u’, v’ e w’ projetadas longitudinalmente e


transversalmente ao eixo do canal – Maré vazando às 17:35h.

100
Gráfico de Salinidade/Turbidez ve175601(a)
Gráfico VE175601(1) 0 5 10 15 20 25 30 35
Salinidade
0 0 0

1 1 1

2 2 2

3 3 3

4 4 4
Profundidade

Profundidade
5 5 5

6 6 6

7 7 7

8 8 8

9 9 9

10 10 10

11 11 11
Turbidez
-1 -0,8 -0,6 -0,4 -0,2 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 0 10000 20000 30000 40000 50000 60000 70000
Velocidades
Longitudinas Transversais Coluna d'Água Projetadas Turbidez Salinidade

Gráfico V.14 – Representação das velocidades u’, v’ e w’ projetadas longitudinalmente e


transversalmente ao eixo do canal – Maré vazando às 17:56h(1).

Gráfico de Salinidade/Turbidez ve175601(b)


Gráfico VE175601(2) 0 5 10 15 20 25 30
Salinidade
35
0 0 0

1 1 1

2 2 2

3 3 3

4 4 4
Profundidade

Profundidade

5 5 5

6 6 6

7 7 7

8 8 8

9 9 9

10 10 10

11 11 11
Turbidez
-1 -0,8 -0,6 -0,4 -0,2 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 0 10000 20000 30000 40000 50000 60000 70000
Velocidades
Longitudinais Transversais Coluna d'Água Projetadas Turbidez Salinidade

Gráfico V.15 – Representação das velocidades u’, v’ e w’ projetadas longitudinalmente e


transversalmente ao eixo do canal – Maré vazando às 17:56h(2).

Gráfico de Salinidade/Turbidez ve175601(c)


Gráfico VE175601(3) 0 5 10 15 20 25 30
Salinidade
35
0 0 0

1 1 1

2 2 2

3 3 3

4 4 4
Profundidade

Profundidade

5 5 5

6 6 6

7 7 7

8 8 8

9 9 9

10 10 10

11 11 11
Turbidez
-1 -0,8 -0,6 -0,4 -0,2 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 0 10000 20000 30000 40000 50000 60000 70000
Velocidades
Longitudinais Transversais Coluna d'Água Projetadas Turbidez Salinidade

Gráfico V.16 – Representação das velocidades u’, v’ e w’ projetadas longitudinalmente e


transversalmente ao eixo do canal – Maré vazando às 17:56h(3).

101
V.5.5 – Análise das Amostras

As amostras retiradas da coluna de água durante a campanha foram


processadas e analisadas no Laboratório de Dinâmica de Sedimentos Coesivos –
LDSC, do Programa de Engenharia Oceânica da área de Engenharia Costeira da
COPPE/UFRJ. Após o registro do volume de cada amostra, as seguintes atividades
foram realizadas:

• Filtragem para determinação da concentração, em massa, dos sedimentos


presentes nas amostras. Foram utilizadas Membranas HÁ em Ester de
Celulose com 0,45 UM de poro e 47 mm de diâmetro, na cor branca, lisa.
• Secagem em estufa.
• Esfriamento em recipiente contendo desumidificador (Sílica Gel).
• Pesagem final, em balança de precisão.

Os valores encontrados em laboratório foram registrados no intuito de


complementar os dados obtidos durante a campanha de medições no Porto de Itajaí,
além de permitir a comparação com outros dados obtidos da literatura e registrados na
tabela III.3 do capítulo III – Dragagem por Injeção de Água – WID.

V.5.6 – Concentração dos Sedimentos na Coluna de Água

Os resultados obtidos para análise das amostras foram reunidos e


registrados na tabela V.5. Assim, obtivemos os registros necessários para calcular as
concentrações de partículas em cada amostra, identificando, neste parâmetro, como
um importante item para o cálculo da massa específica, em vários níveis da coluna de
água.

A relação entre a concentração de sedimentos (g/l) e a massa


específica da mistura dos sedimentos na água (kg/m3), foi calculada a partir da
seguinte relação:

⎛ ρs − ρ (S , T ) ⎞
ρ (S , T , C ) = C ⎜ ⎟ + ρ (S , T )
⎝ ρs ⎠

102
Os valores registrados na tabela V.5, permitem uma avaliação sob dois
aspectos: antes e durante a dragagem por injeção de água, os quais, a seguir, são
descritos:

1) Registros efetuados antes da dragagem – Compreendem um


total de quinze amostras numeradas 09:44:00 até 17:45:20, colhidas de incursões dos
instrumentos em vários níveis da coluna de água. As amostras processadas, deste
período, indicaram que a massa específica do fluido acompanhava os valores da
salinidade da água, na superfície e no leito. Todavia, as amostras 09:56:40 e 10:20:55,
se constituíram em exceções pois, apresentaram os respectivos valores 1060 e
1104kg/m3, bem acima dos demais resultados encontrados. Estas amostras foram
recolhidas durante o período de maré de enchente, no fundo do corpo hídrico, quando
a turbidez registrava grande variação através dos seguintes gráficos identificados:
ve094001 e ve101001, respectivamente.

2) Registros efetuados durante a dragagem – Compreendem um


total de sete amostras numeradas de 18:03:20 até 18:19:00, colhidas das incursões
dos instrumentos em dois níveis da coluna de água, um a cinco metros da superfície e
outro no leito do rio. As amostras identificadas com os números 18:03:20, 18:05:00,
18:11:30 e 18:17:10 foram colhidas no meio da camada fluida e tiveram seus valores
de massas específicas quase idênticos aos da salinidade da água no mesmo local.
Entretanto as amostras 18:05:50, 18:12:42 e 18:19:00, registraram, respectivamente,
os seguintes massas específicas, 1053, 1050 e 1045 kg/m3. Estas amostras foram
recolhidas durante o processo de dragagem, próximas ao leito do rio, confirmando
uma maior concentração de sedimentos no local, no entanto os valores registrados
para a cunha salina foram em média 1028kg/m3, no mesmo local de coleta destas
amostras, conforme dados relacionados na tabela V.5.

103
A Figura V.6 demonstra, de maneira ilustrativa, o procedimento utilizado
nas incursões para coleta de dados e amostras, na tentativa de identificar os principais
forçantes hidrodinâmicos, presentes durante o processo de dragagem por injeção de
água – WID.

Monitoramento da Dragagem

Draga de Injeção de Água

Guincho Lancha de Monitoramento

Tubo de Injeção
de Água
Estrutura
com
Corrente de Turbidez Sensores

Leito do rio Itajaí-Açú Poita de Fundeio

Figura V.6 – Ilustração mostrando o monitoramento utilizado na campanha de medições


no canal de acesso ao Porto de Itajaí.

104
RESULTADOS OBTIDOS EM ENSAIOS NO LABORATÓRIO DE DINÂMICA DE SEDIMENTOS COESIVOS – LDSC / PEnO / COPPE.

Perfil Amostra Volume Temperatura Peso Filtro Peso (F+A) Peso Prato Peso (P+A) Peso Amostra Concentração Salinidade (A) ρ (mistura)
3 3
Ensaio Identificação (ml) (°C) (g) (g) (g) (g) (g) (g / l) (Kg/m ) (Kg/m )
ve094001 9:44:00 530 27.83 0.0955 0.1023 0 0 0.0068 0.0128 1020 1020
ve094001 9:47:30 255 27.43 0.0934 0.1010 0 0 0.0076 0.0298 1020 1020
ve094001 9:50:00 285 27.18 0.0889 0.1154 0 0 0.0265 0.0930 1020 1020
ve094001 9:51:00 280 27.12 0.0892 0.1631 0 0 0.0739 0.2639 1022 1022
ve094001 9:52:47 270 27.10 0.0884 0.2594 0 0 0.1710 0.6333 1023 1023
ve094001 9:56:40 280 27.09 0.0959 0.2102 3.2759 19.08 15.9184 56.8514 1026 1060
ve101001 10:20:55 182 27.07 0.0952 0.1264 3.2755 27.82 24.5757 135.0313 1022 1104
ve104001 10:49:02 268 27.00 0.0942 0.3697 0 0 0.2755 1.0280 1026 1027
ve104001 10:50:00 262 27.00 0.0940 0.4425 0 0 0.3485 1.3302 1015 1016
ve111001 11:19:30 269 26.26 0.1910 0.7162 0 0 0.5252 1.9524 1028 1029
ve111001 11:21:30 264 26.28 0.0864 0.5328 0 0 0.4464 1.6909 1015 1016
ve130001 13:08:30 274 26.38 0.0948 0.3809 0 0 0.2861 1.0442 1017 1018
ve130001 13:14:00 260 27.63 0.1867 1.1401 0 0 0.9534 3.6669 1028 1030
ve134001 13:48:00 262 26.55 0.0945 0.1486 0 0 0.0541 0.2065 1028 1028
ve173501 17:45:20 265 26.84 0.1714 1.2800 0 0 1.1086 4.1834 1028 1030
ve175601 18:03:20 256 26.98 0.0868 0.1571 0 0 0.0703 0.2746 1022 1022
ve175601 18:05:00 261 26.90 0.1720 0.6742 0 0 0.5022 1.9241 1028 1029
ve175601 18:05:50 225 26.90 0.0892 0,7617 3.3084 11.82 9.1841 40.8182 1028 1053
ve175601 18:11:30 450 26.90 0.1896 0.3380 0 0 0.1484 0.3298 1026 1026
ve175601 18:12:42 425 26.89 0.0854 0.1419 3.2757 18.94 15.7208 36.9901 1028 1050
ve175601 18:17:10 432 26.96 0.1726 0.4747 0 0 0.3021 0.6993 1026 1026
ve175601 18:19:00 365 26.92 0.0859 0.1212 3.304 13.83 10.5613 28.9351 1028 1045

Tabela V.5 – Registros dos resultados obtidos das amostras recolhidas da coluna de água durante a campanha de medições no
105

canal de acesso ao Porto de Itajaí, no dia 9 de março de 2005.


VI – DISCUSSÃO DAS CONDIÇÕES DE DRAGAGEM NO PORTO DE ITAJAÍ

VI.1 – Introdução

A condição de micro maré, a estratificação e a intrusão salina são


características do estuário do Rio Itajaí-Açú que devem ser quantificadas no tempo e
no espaço, em relação ao sítio operacional, para propiciar um planejamento adequado
ao processo de dragagem por injeção de água. Os resultados registrados na
campanha de medições permitiram evidenciar que a maré astronômica, devido à
penetração da cunha salina quando a descarga fluvial é baixa (DOBEREINER, 1986),
representa um dos fatores relevantes para o processo de dragagem no Porto de Itajaí,
pois seu escoamento é realizado próximo ao leito da calha hidráulica, determinando
cuidados para garantir uma densidade da pluma de sedimentos maior que esses
escoamentos. Já o fluxo das águas continentais permanece na parte superior da
coluna de água, a princípio, sem grande interferência sobre o leito. A representação
dos gráficos de salinidade x profundidade (Capítulo V – subitem V.5.4) demonstra que,
independentemente da maré de vazante ou de enchente, a camada de água próxima
ao leito continua apresentando altos valores de salinidade. As águas fluviais só
interferem com o fundo quando acontece o período de cheias do rio. Quanto à atuação
de ventos na superfície da água e as ondas de marés meteorológicas na área
dragagem, a região abrigada do estuário do Rio Itajaí-Açú, normalmente, suaviza a
ação dessas interferências.

VI.2 – Trajetória dos Sedimentos Ressuspensos

O deslocamento da corrente de densidade seria responsável pelo


transporte advectivo das partículas ressuspensas, permitindo que a trajetória desejada
para esses sedimentos ultrapasse a embocadura do rio para além do canal externo,
na região costeira, onde as correntes possam carrear estes sedimentos o mais
distante possível do sítio operacional para, então, iniciar o processo de deposição no
fundo. No Porto de Itajaí, a utilização do método ebb-WID, já descrito no capítulo II,
subitem II.4.2 (WINTERWERP et al., 2001), procura se beneficiar de um período onde
as correntes de vazante apresentam os valores mais favoráveis, nas proximidades do
leito, na tentativa de se manter a pluma de sedimentos escoando em direção ao mar.

106
VI.3 – Interferências na Operação de Dragagem

O processo WID pode sofrer interferências operacionais através de


restrições ao equipamento ou ao escoamento da pluma de sedimentos. Interrupções
na operação da draga são consideradas mínimas, pois sua versatilidade, a princípio,
não encontra dificuldades operacionais em locais de acessos, normalmente, restritos
às dragas convencionais, principalmente devido à profundidade do canal e espaço
para manobras. Além disso, como a operação ocorre, preferencialmente, em vias
aquáticas abrigadas, a paralisação devido à formação de ondas de marés
meteorológicas ou mau tempo é desprezível. Porém, o deslocamento da corrente de
densidade pode sofrer significativas interferências devido as correntes naturais, já
tratadas no capítulo V, subitem V.2.

Uma das preocupações da dragagem por injeção de água é fluidificar o


material de fundo de maneira que a densidade desta mistura fique maior que a
densidade das águas fluviais ou da cunha salina, quando for o caso, levando-se em
consideração as características hidrodinâmicas do Rio Itajaí-Açú. Neste raciocínio, a
cunha salina, menos densa que a corrente de densidade, deverá se deslocar para
uma camada superior do fluido, com isto a pluma de sedimentos permanece junto ao
leito evitando um contato com outros forçantes hidrodinâmicos existentes na coluna de
água, preservando a sua estabilidade. Por outro lado, se a fluidificação dos
sedimentos apresentar valores de densidade muito altos, significa que a corrente de
densidade formada se propagará por curtas distâncias, se tornando, também, uma
interferência indesejável ao processo de dragagem. Portanto, a densidade da corrente
de turbidez deve ser bem controlada durante o processo de dragagem para se obter o
melhor desempenho operacional. Valores de massa específica entre 1020 e
1100kg/m3 para a corrente de densidade foram encontrados em campanhas no Rio
Mississipi - EUA (BORST et al., 1994), sendo considerados convenientes ao processo
WID.

107
VI.4 – Periodicidade das Batimetrias

A periodicidade das batimetrias no método por injeção de água é muito


importante para visualizar a situação da área de dragagem e da deposição dos
sedimentos removidos. Monitoramentos acompanhados por KNOX et al. (1994),
durante testes de dragagem pelo processo WID, no Rio Mississipi, nos EUA, indicaram
a necessidade de uma freqüência tríplice nas batimetrias iniciais, sendo providenciado
uma ação anterior, uma durante e outra posterior ao processo de dragagem, não
somente no sítio de operação com ainda em áreas adjacentes. Este procedimento visa
avaliar a taxa de produção do equipamento, a espessura do corte de dragagem e a
trajetória percorrida pela corrente de densidade até o depósito final dos sedimentos.
Após esta fase inicial, os monitoramentos subseqüentes envolvem, normalmente, uma
sondagem batimétrica posterior a cada procedimento de dragagem, principalmente
quando se trata de operações em áreas constantemente dragadas, onde vários
registros já foram efetuados, sendo as condições hidrodinâmicas locais e as
características das partículas bem conhecidas. Porém, caso algum fator inoportuno
altere os valores já identificados, um incremento na periodicidade das batimetrias será
necessário para melhor avaliar as novas condições do corpo aquático, adaptando um
novo plano de dragagem 42 para evitar desperdícios com operações inadequadas ou
com pouca eficiência.

VI.5 – Discussão dos Resultados Obtidos

Analisando os resultados obtidos na campanha de medições no Porto


de Itajaí, além dos principais parâmetros obtidos na literatura e registrados na Tabela
III.3, pode-se destacar:

• Velocidade da Corrente de Densidade – Os valores registrados pela


literatura afirmam que existe uma variação na velocidade desta corrente entre
0,3 até 0,5m/s, obtidos através de acompanhamento por sonar, no Rio
Mississipi – EUA e Rio Thames – UK. No Porto de Itajaí o instrumento utilizado
para medir a velocidade das correntes de fundo foi o ADV – Acustic Doppler
Velocimeter, citado no capítulo V – subitem V.4.2, que por diversas vezes
42
Contempla as ações pertinentes para aperfeiçoar o desempenho dos equipamentos de
dragagem em uma operação planejada.

108
registrou valores, no leito, superiores aos citados na literatura durante o
período de dragagem, não só no período de maré de enchente como ainda no
período de maré de vazante, causando dúvidas se a dragagem estaria
ocorrendo por indução artificial da corrente de densidade ou por deslocamento
natural dos sedimentos durante a maré de vazante, aumentando a capacidade
de transporte desta corrente através de processos hidrodinâmicos naturais, já
definido no capítulo II – subitem II.2.6. Este raciocínio teve como base as
curvas de velocidades dos gráficos V.1 ao V.16, cujos valores foram obtidos
nas coordenadas de campanha mencionadas na figura V.4.

• Material em Suspensão durante a atividade de dragagem – As amostras


recolhidas na campanha de campo no Porto de Itajaí indicaram valores
menores que as coletas mencionadas na literatura, ou seja, entre 28g/l a 40g/l,
enquanto na literatura foi citada a faixa entre 50g/l a 100g/l. No texto foi
esclarecido que a pluma de sedimentos formada pelo processo deve
permanecer com valores próximos aos das correntes naturais que, neste caso
seriam os sais presentes na intrusão salina que alcançaram, em Itajaí, o valor
médio de 1028kg/m3, como os valores obtidos para a corrente de densidade
(1045kg/m3 a 1053kg/m3) durante o processo de dragagem foram próximos ao
da cunha salina e encontravam-se dentro da variação citada pela literatura
(1020kg/m3 a 1100kg/m3) pode-se resumir que os parâmetros da corrente de
turbidez estariam dentro de uma normalidade aceita literariamente. Contudo,
esta situação, também, não possibilita afirmar que, no ponto indicado na
campanha de campo (figura V.4), esta pluma de sedimentos estaria sendo
formada pela ação da dragagem ou pelas correntes naturais que se
encontravam presentes no local, pois, baseando-se na análise feita através do
gráfico V.13, já havia indicação de elevada turbidez no fundo com velocidades
das correntes próximas a 0,20m/s, antes do início da dragagem. Considerando
os gráficos V.14, V.15 e V.16, plotados com dados apurados durante o período
de dragagem, ficou constatado que os valores de turbidez e das velocidades,
junto ao leito, possuem somente um pequeno incremento em relação aos
valores do gráfico V.13, podendo este acréscimo ter sido motivado pela
aceleração das correntes de vazante.

109
VII – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

VII.1 – Conclusões

1 – Os custos operacionais podem ser considerados pequenos, principalmente


no item de combustíveis e lubrificantes, quando se analisa a relação entre a potência
total instalada no equipamento e a taxa efetiva de dragagem. Tal evidencia é
ressaltada quando se compara o processo WID com outros métodos convencionais de
dragagem, conforme detalhado no capítulo IV, subitem IV.5, deste trabalho.

2 – A principal ferramenta de dragagem utiliza uma tecnologia que depende de


ações introduzidas pelo equipamento operacional como: vazão e pressão do fluido
injetado, deslocamento e distância da câmara de água em relação ao leito, para
fluidificar e remover o material de fundo através da formação da corrente de
densidade. Tais parâmetros poderão interferir na produtividade do equipamento
diminuindo significativamente o seu rendimento operacional se forem conduzidos
incorretamente.

3 – Através do registro obtido no item 03 da tabela III.3, pode-se concluir que o


processo WID possui alta taxa de produção (aproximadamente 1110m3/h),
principalmente considerando a potência média instalada nas dragas de injeção de
água, conforme descrito na tabela III.2. Isto ocorre, principalmente, porque o
deslocamento do material dragado, até a sua deposição final, independe da atuação
do equipamento, propiciando um maior período efetivo de dragagem. Com isto, a
potência disponível do equipamento só é utilizada para remoção do material de fundo.

4 – Esta metodologia propicia uma operação de dragagem mais recomendável


que as dragagens convencionais nas seguintes ocasiões, já mencionadas no capítulo
III, subitem III.5.4:

• Em dragagens de áreas portuárias, principalmente junto aos berços de


atracação e costados de embarcações, devido à ausência de vários
equipamentos e acessórios de dragagem.

110
• Em locais com restrições no leito do corpo hídrico como: existência de
tubulações submarinas, presença de pilares de pontes ou, ainda, túneis
submarinos.
• Em regiões com muita movimentação de navios, pois a pluma de sedimentos
se escoa sob o casco das embarcações, sem causar danos ou dificuldades à
navegação.
• Em incremento de profundidade localizada e restrita, para assentamento de
cabos submarinos e linhas de dutos.

5 – Mesmo em regiões estuarinas que possuam grandes interferências dos


forçantes hidrodinâmicos, principalmente no leito durante o período de maré de
enchente, a metodologia WID poderá ser empregada com uma estratégia alternativa
chamada ebb-WID (WINTERWEP et al., 2001), onde o carreamento dos sedimentos
para além do sítio de dragagem é realizado somente durante o período entre a
preamar até a baixamar, aproveitando-se das correntes geradas pela vazante da maré
astronômica. Mesmo reduzindo seu período operacional a metodologia ainda é
atrativa, sendo empregada, com muita freqüência, na dragagem do Porto de Itajaí que
se utiliza dessa estratégia para possibilitar um maior percurso da pluma de
sedimentos, nesse caso, em direção à plataforma continental, evitando as
interferências das correntes naturais durante a maré de enchente.

6 – Operações de dragagem que possuam o local de despejo restrito, como


por exemplo, em terra ou em meios aquáticos bem delimitados, tornam inviável a
utilização desta metodologia, devido à impossibilidade de deposição em terra e a
dificuldade de manipular a pluma de sedimentos no meio aquático.

7 – O deslocamento e a trajetória da corrente de densidade dependem das


características das partículas do leito, da topografia e talude de fundo do corpo hídrico,
além da manutenção dessas características durante o período de dragagem,
necessitando um grande monitoramento, superior aos das dragas convencionais,
através de constantes sondagens batimétricas para avaliar o desempenho da
dragagem e a trajetória dos sedimentos suspendidos.

8 – A literatura indica que a eficiência do processo de dragagem por injeção de


água fica restrita a sedimentos de fundo constituídos por partículas com D50 ≤ 0,2 mm.

111
A utilização acima deste limite é possível, porém com limitações crescentes até se
tornar inviável. Contudo sedimentos que possuam grande velocidade de queda – Ws –
no meio fluido, poderão inviabilizar o processo de dragagem por injeção de água
mesmo com uma granulometria D50 ≤ 0,2 mm.

9 – A operação em leitos com materiais contaminados é ainda restrita ao


processo WID devido aos efeitos de adsorção e dessorção de sedimentos
contaminados para as partículas suspensas, conforme já avaliado no capítulo III –
subitem III.4, podendo causar dispersão desses contaminantes na coluna de água
com conseqüente contaminação de outros sítios fora da área de atuação da
dragagem. Também a interferência na biota local deve ser considerada no
planejamento operacional principalmente em regiões estuarinas onde a diversidade da
vida marinha é intensa.

10 – Possibilidade de atuação em conjunto com outros tipos de dragas,


efetuando o deslocamento do material dragado até outros sítios, onde a dragagem
convencional possa atuar com maior eficiência e economia.

11 – Utilizando os resultados encontrados na campanha de medições no Porto


de Itajaí, pode-se citar que:

• Durante algumas incursões dos instrumentos foram registradas velocidades no


fundo superiores a 0,3m/s, correspondente ao avanço da cunha salina para
montante do estuário o que indica uma corrente contrária à trajetória desejada
para a corrente de densidade. Este fato foi constatado nos gráficos V.6 e V.7,
onde foram registradas velocidades de 0,7m/s e 0,3m/s, respectivamente.
Estas correntes naturais podem causar interferências na rota da corrente de
densidade em direção a embocadura do canal, podendo justificar, nessa
situação, a utilização da proposta ebb-WID no rio Itajaí-Açú.

• Um dos objetivos da campanha de campo no Porto Itajaí foi tentar identificar as


características hidrodinâmicas da corrente de densidade. Os gráficos V.14,
V.15 e V.16 tiveram seus valores registrados pelos instrumentos durante o
processo de dragagem, sendo encontradas velocidades no fundo próximas a
0,28m/s. As amostras colhidas no leito nestas três incursões registraram pesos

112
específicos de 1053, 1050 e 1045kg/m3 enquanto a cunha salina, no mesmo
período alcançou o valor de 1028kg/m3. A tabela III.3 registra os valores da
corrente de densidade entre, 0,3 a 0,5m/s para velocidade e 1020 a 1100kg/m3
para a massa específica da mistura fluidificada. Mesmo apresentando
resultados bem próximos à literatura, é prematura a conclusão de que os
valores registrados são oriundos de uma possível indução de corrente de
densidade pelo processo WID, pois os gráficos anteriores à dragagem, durante
a maré de vazante, também evidenciaram uma corrente natural no fundo com
valores próximos a 0,3m/s.

VII.2 – Recomendações

1 – Para iniciar este processo de dragagem, WID, em regiões aquáticas com


poucos registros de sua hidrologia, recomenda-se a implantação de um programa de
monitoramento hidrodinâmico mais amplo que os utilizados para os métodos
convencionais, ou, quando possível, um teste operacional prévio, para avaliar se as
correntes locais não irão interferir significativamente com o planejamento de
dragagem, introduzindo, nesse contexto, as ações já mencionadas no capítulo III,
subitem III.2 – Monitoramento, deste trabalho.

2 – Baseado no Estudo de Caso da Dragagem no Porto de Itajaí, para seleção


de uma draga por injeção de água conforme citações registradas no capítulo III, é
recomendável, quando disponível, um levantamento histórico das correntes locais e do
volume de assoreamento, no sítio operacional e nas áreas adjacentes, devido à
necessidade de se conhecer as épocas de cheias e de estiagens da região, assim
como a taxa de assoreamento por períodos distintos de sedimentação. Dessa
maneira, o planejamento da dragagem torna-se mais confiável, pois a capacidade
nominal do equipamento deverá ser suficiente para atender as necessidades de
dragagem no local, considerando a pior condição imposta pela natureza. Pode-se
também optar pela utilização de mais de um equipamento de dragagem durante o
período de pior condição de assoreamento, porém esses custos devem ser analisados
e comparados.

113
3 – Quando a taxa de assoreamento do sítio operacional for superior a
capacidade nominal da draga por injeção de água e, por algum motivo, as condições
de dragagem locais não permitirem a utilização de mais de um equipamento WID,
deve-se considerar a possibilidade de utilizar um equipamento de dragagem
convencional para atender esta defasagem de produção, ressalvando, neste caso, que
a distribuição dos serviços na área de dragagem seja adequada com as características
operacionais de cada metodologia.

4 – Apesar da modelagem ser muito útil para indicar o possível local de


deposição do material dragado, isto é, onde a corrente de densidade se dispersa,
recomenda-se o acompanhamento programado da dragagem através de instrumentos,
a fim de evitar alterações na rota pré-estabelecida para a pluma de sedimentos e no
planejamento de dragagem, tendo em vista a possibilidade do surgimento intempestivo
de forçantes hidrodinâmicos indesejáveis, além de possíveis alterações na topografia
do leito aquático, devido ao fundo móvel normalmente presente no sítio operacional.

5 – Torna-se muito recomendável o constante monitoramento batimétrico dos


sítios adjacentes ao Porto de Itajaí, mencionado no capítulo VI – item VI.4, para avaliar
se a concentração de sedimentos, em áreas adjacentes, tem sido alterada devido o
incremento dos sedimentos suspendidos pela ação do processo WID, assim como é
necessária uma constante análise dos materiais dragados para descartar a presença
de contaminantes no leito aquático, tendo em vista que esta metodologia não possui
amparo técnico para atuação em leitos contaminados.

114
REFERÊNCIAS

ALEXANDER, J., MULDER, T., “Experimental quasi-steady density currents”, Elsevier,


Marine Geology, v. 186, pp. 195 – 210, April 2002.

ALVAREZ, L.G., JONES, S.E., “Factors Influencing Suspended Sediment Flux in the
Upper Gulf of California”, Estuarine, Coastal and Shelf Science, v. 54, pp. 747 –
759, 2002.

ATHMER, J., Water Injection Dredging: Unbeatable Economics for Maintenance


Dredging, Ham Dredging and Marine Contractors, 1996.

BAIRD, D., WINTWER, P.E.D. & WENDT, G., “The flux of particulate material through
a well-mixed estuary”, Continental Shelf Research, vol. 7 (11), pp. 1399 – 1403,
1987.

Bandeirantes Dragagem, Empresa de Serviços no ramo de Dragagem marítima e


portuária, sítio eletrônico, http://www.bandeirantesdragaem.com.br.

BORST, W.G., PENNEKAMP, J.G.S., GOOSSENS, H. et al., “Monitoring of Water


Injection Dredging, Dredging Polluted Sediment”, In: E.C. Mc. NAIR Jr. Ed.,
Dredging’ 94 – Proceedings of Second International Conference on Dredging and
Dredged Material Placement, vol. I, , pp. 896 – 905, 1994.

BRAY, R.N., Dredging, a Handbook for Engineers, first published, by Edward Arnold
Publishers Ltd., England, 1979.

BRAY, R.N., BATES, A.D., LAND, J.M., Dredging, a Handbook for Engineers, John
Wiley & Son, Inc. Second Edition, New York, USA, 434 p., 1997.

BRONSHTEIN, I., SEMENDIAEV, K., Manual de Matematicas para Ingenieros y


Estudiants, Ediciones Sapieng, 2ª Edition, Moscú, Editorial Mir, 1973. Impresso
em la Argentina – Buenos Aires, 1976.

115
CANTWELL, M.G., BURGESS, R.M., “Variability of parameters measured during the
resuspension of sediments with a particle entrainment simulator”, Elsevier,
Chemosphere, v. 56, pp. 51 – 58, 2004.

CIOTTI, A., Propriedades da Água do Mar, Notas em Oceanografia, Capítulo 3, 2000.

CLARK, R.B., Marine Pollution, 4th ed., Oxford University Press Inc., New York, USA,
161p., 1997.

Compton’s Interactive Encyclopedia, 1998 Edition, Sítio eletrônico:


http;//www.learningco.com.

CRUZ-MOTTA, J.J., COLLINS, J., “Impacts of dredge material disposal on a tropical


soft-bottom benthic assemblage”, Elsevier, Marine Pollution Bulletin, v.48, pp.
270 -280, Australia, 2003.

DAVIS, J.D., MACKNIGHT, S. E IMO Staff, Environmental Considerations for Port and
Harbor Developments, In: World Bank Technical Paper, nº 126, 83 p., 1990.

DAY Jr., J.M., HALL, C.A.S., KEMP, W.M. et al., Estuarine Ecology, John Wiley &
Sons, Inc., New York, USA, 558 p., 1989.

DELFT, P. Coastal Engineering, Department of Civil Engineering, University


Technology, Holland, 123 p., 1979.

De VRIEND, H.J., RIBBERINK, J.S. “Mathematical Modeling of meso-tidal barrier


island coasts: Part II. Process – Based simulation models”, In: Liu, P.L. – F., (Ed.)
Advances in Coastal and Ocean Engineering, v. 2, pp. 151 – 197, 1996.

DIENGH – DIVISÃO DE ENGENHARIA HIDRÁULICA, Relatório de Compilação e


Análise dos Dados de Campo Medidos no Estuário do Rio Itajaí-Açu, para
Estudos de Ampliação do Porto de Itajaí, In: Relatório INPH 65/99, Rio de
Janeiro, Brasil, 1999.

DHN, Diretoria de Hidrografia e Navegação, Tábuas de Marés, Itajaí, 2005.

116
DOBEREINER, C.E., “Sedimentação no Estuário do Rio Itajaí-Açu”, In: Anais do 12º.
Congresso Latino Americano de Hidráulica, v.3, pp. 68-79, São Paulo, Brasil,
1986.

Dragaport Ltda., Empresa de Engenharia e Obras Civis, especializada na atividade de


Dragagem, sítio eletrônico, http://www.dragaport.com.br.

DREDGING RESEARCH., Geotechnical Site Investigations for Dredging Projects,


Technical Notes, US Army Engineer Waterways Experiment Station, USA, 1995.

DREGDING RESEARCH., The PLUme Measurement System (PLUMES): A


Commercially Available System, Technical Notes, US Army Engineer Waterways
Experiment Station, USA, 1994.

DREGDING RESEARCH., The PLUme Measurement System (PLUMES): First


Announcement, Technical Notes, US Army Engineer Waterways Experiment
Station, USA, 1992.

DREDGING RESEARCH., Water Injection Dredging Demonstration on Upper


Mississippi River, Technical Notes DRP 3.10, US Army Waterways Experiment
Station, Vicksburg – USA, 16 p., April 1993.

DYER, K.R., Coastal and Estuarine Sediment Dynamics, John Wiley & Sons Ed., New
York, USA, 342 p., 1986.

DYER, K.R., Estuaries: A Physical Introduction, 2nd ed., John Wiley & Sons Ltd.,
England, 1997.

DYER, K.R., Fine Sediment particle transport in estuaries, In: Physical Processes in
Estuaries, J. Dronkers & W.V. Leussen Eds., Spring-Verlag, New York, USA, pp.
295 – 310, 1988.

DYER, K.R., “Sediment processes in estuaries: Future research requirements”, Journal


of Geophysical Reseach, v. 94 (10), pp. 14327 – 14339, 1989.

117
EDWARDS, D.A., “Turbidity Currents: Dynamics Deposits and Reversals”, Lecture
Notes Earth Sciences, v. 44, Berlin, 173 p., 1993.

Ellicott, Designer and manufacturer of dredges, site, http://dredge.com.

FUGATE, D.C., FRIEDRICHS, C.T., “Controls on suspended aggregate size in partially


mixed estuaries”, Estuarine, Coastal and Shelf Science, v. 58, pp 389 – 404,
March 2003.

GARCÍA, M.H., Hidrodinamica Ambiental, 1ª ed., Santa Fe – Rep. Argentina, 1996.

GARCIA, M.H., “Hydraulic jumps in sediment-driven bottom currents”, Journal of


Hydraulic Engineering, v. 119, pp 1094 – 1117, 1993.

G.E. Study Report, Dredging: Wrong Answer, Internet Home – Page,


http://www.hudsonwatch.com/dredging,html.

GEYER, W.R., HILL, P.S., KINEKE, G.C., “The transport, transportation and dispersal
of sediment by buoyant coastal flows”, Boston, USA, Elsevier, Continental Shelf
Research, v. 24, pp. 927 – 949, 2004.

GOES FILHO, H.A., Dragagem e Gestão dos Sedimentos, Dissertação de Mestrado


em Engenharia Civil, COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil,162 p., 2004.

HERBICH, J.B., Coastal & Deep Ocean Dredging, Gulf Publishing Company, Book
Division, Houston, Texas, USA, 1975.

HIBMA, A., STIVE, M.J.F., WANG, Z.B., “Estuarine Morphodynamics”, Elsevier,


Coastal Engineering, v. 51, pp. 765 – 778, 2004.

HINCHEE, L.B., PORTA, A., RELLEI, M., “Foreword”, In: Proceedings of the 1st
International Conference on Contaminated Sediments, pages ix – x , Battelle
Press, Venice, Italy, Oct. 2001.

118
HOGG, A., HERBERT, H., HALLWORTH, M., “The effects of External Flows on Gravity
Currents”, Journal of Conference Abstracts, Volume 3, Number 1, CMG 98,
Cambridge, England, 1998.

HUGHES-CLARKE, J.E., SHOR, A.N., PIPER, D.J.W. et al., “Large-scale current-


induced erosion and deposition in the path of the 1929 Grand Banks turbidity
current”, Sedimentology, v.37, pp.613 – 629, 1990.

IHC – Holland, The market leader in the design, fabrication and supply of equipment
and services for the dredging, site, http://www.ihcholland.com.

JONGE, V.N. & VAN BEUSEKON, J.E.E, “Wind-and-tide-induced resuspension of


sediment and microphytobenthos from tidal flats in the EMS estuary”, Limnol.
Oceanogr., vol. 40 (4), pp. 766 – 778, 1995.

KENNISH, M.J., Practical Handbook of Marine Science, John Wiley & Sons, Inc. New
York, USA, 562 p., 1994.

KENNISH, M.J., Practical Handbook of Estuarine and Marine Pollution, John Wiley &
Sons, Inc. New York, USA, 524 p., 1996.

KOMAR, P.D., “Hydraulic jumps in turbidity currents”, Geol. Soc. Am. Bull., v. 82, pp.
1477 – 1488, 1971.

KJERFVE, B., Hydrodynamics of estuaries, vol. 1, 163 p. & vol. 2, 125 p., CRC press,
ed. 1988, Boca Raton, 1988.

KJERFVE, B., Manual for investigation of hydrological process in mangrove


ecosystems, New Delhi, 79 p., 1990.

KJERFVE, B., PROEHL, J.A., SCHWING, F.B. et al., “Temporal and spatial
considerations in measuring estuarine water fluxes”, In: Estuarine comparations,
V.S. Kennedy Ed., Academic Press, New York, USA, pp. 37 – 51, 1982.

119
KJERFVE, B. & WOLANDER, “Sampling optimization for studies of tidal transport in
estuaries”, American Fisheries Society Symposium, vol. 3, pp. 26 – 33, 1988.

KNELLER, B.C., BUCKEE, C., “The Structure and Fluid Mechanics of Turbidity
Currents: A review of some recent studies and their geological implications”,
Sedimentology, v. 57 (suppl. 1), pp. 62 – 94, 2000.

KNOX, D.P.E., KRUMHOLS, D.J., CLAUSNER, J.E.P.E, “Water Injection Dredging in


The United States”, In: E.C. Mc. NAIR Jr. Ed., Dredging’ 94 – Proceedings of
Second International Conference on Dredging and Dredged Material Placement,
vol. I, pp. 847 – 856, 1994.

LANZONI, R., SEMINARA, G., “Long-term evolution and morphodynamic equilibrium of


tidal channels”, Journal of Geophysical Research, v. 107(C1), 2002.

LOHRER, A.M., WETZ, J.J., “Dredging-induced nutrient release from sediments to the
water column in a southeastern saltmarsh tidal creek”, Pergamon, Marine
Pollution Bulletin, v. 46, pp. 156 – 1163, 2003.

Marinha do Brasil, Diretoria de Hidrografia e Navegação, sítio eletrônico,


http://www.mar.mil.br/dhn.

MARTINS, H.L., História da Evolução da Dragagem, Monografia III Curso de


Tecnologia de Dragagem, Rio de Janeiro, Brasil, 1974.

MASSON, D.G., “Late Quaternary turbidity current pathways to the Madeira Abyssal
Plain and some constraints on turbidity current mechanisms”, Basin Res., v. 6,
pp. 17 – 33, 1994.

MAUSHAKE, C., COLLINS, W.T., “Acoustic classification and Water Injection


Dredging, QTC View for assessment of Dredging the Elbe River”, Germany,
2001.

120
Mc. NAIR Jr., E.C., Dredging’ 94 – Proceedings of Second International Conference on
Dredging and Dredged Material Placement – Vol. I and II, E.C. Mc. NAIR Jr. Ed.,
1994.

MEDEIROS, A.D., A influência da maré e da batimetria sobre a intrusão salina no


estuário do rio Itajaí-Açu, Dissertação de Mestrado em Engenharia Oceânica,
COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 63 p., 2003.

MENÉNDEZ, A.N., “A Methodology to Scale Turbidity Plumes”, 2nd. International


Conference – Capri, Italy, 2002.

MEYER-NEHLS, R., Literature review about dynamic dredging techniques, Study in


print, Hamburg, 1998.

MENARD, H.W., Marine Geology of the Pacific, McGraw-hill, New York, p. 271, 1964.

MIDDLETON, G.V., “Experiments on density and turbidity currents III Deposition of


sediment”, Can J. Earth Sci., v. 4, pp. 475 – 505, 1966.

MIDDLETON, G.V., HAMPTON, M.A., “Sediment gravity flows: mechanics of flow and
deposition”. In: Middleton, G.V., Bouma, A.H., Turbidity and Deep Water
Sedimentation, S.P.E.M. Pacific Section, Short Course Lecture Notes, SEPM,
Los Angeles, pp. 1 – 38, 1973.

MIKKELSEN, O.A., PEJRUP, M., “In situ particle size spectra and density of particle
aggregates in a dredging plume”, Elsevier, Marine Geology, v. 170, pp. 443 –
459, 2000.

Ministério da Defesa, Marinha do Brasil, sítio eletrônico, http://www.mar.mil.br.

Ministério dos Transportes, sítio eletrônico, http://www.transportes.gov.br.

MIRANDA, L.B., Cinemática e Dinâmica dos Estuários, São Paulo, Brasil, BSP. 360 p.,
1984.

121
MIRANDA, L.B., Cinemática e Dinâmica de Estuários, Apostila do Curso de Pós-
Graduação em Oceanografia Física do Instituto Oceanográfico de São Paulo,
Brasil, 300 p., 1986.

MONTGOMERY, R.L., LEACH, J.W., Dredging and Dredged Material Disposal, v. 2,


Published by American Society of Civil Engineers, New York, USA, Nov. 1984.

MUCHA, A.P. & COSTA, M.H., “Macrozoobenthic community structure in two


Portuguese estuaries: relationship with organic enrichment and nutrient
gradients”, Acta Oecologica, v. 20(4), pp. 363 – 376, 1999.

MULDER, T., ALEXANDER, J., “Abrupt change in slope causes variation in the deposit
thickness of concentrated particle-driven density currents”, Marine geology, v.
175, pp 221 – 235, January 2001.

MURPHY, A.M., “DRP SITE VISIT: Water Injection Dredging”, Dredging Research, vol.
DRP – 93 – 1, U.S. Army Engineer Waterways Experiment Station, Vicksburg,
MS, USA, 1993.

NARDIN, T.R., HEIN, F.J., GORSLINE, D.S., et al., “A review of mass movement
processes, sediment and acoustic characteristics, and contrasts in slope and
base-of-slope systems versus canyon-fan-basin floor systems”, In: Doyle, L.J.,
Pilkey, O.H., Geology of Continental Slopes S.E.P.M., Spec. Publ., v. 27, pp.61 –
73, 1979.

NAYAR, S., GOH, B.P.L., CHOU, L.M., “Environmental impact of heavy metals from
dredged and resuspended sediments on phytoplankton and bacteria assessed in
situ mesocosms”, Elsevier, Ecotoxicology and Environmental Safety, v. 59, pp.
349 – 369, Singapore, 2004.

NETZBAND, A., GÖNNERT, G., CHRISTIANSEN, H., “Water Injection Dredging in


Hamburg – Application and Research”, Hamburg, Germany, 1998.

122
NICHOLS, M.M., “Lecture Notes on Coastal and Estuaries Studies, Estuarine Cohesive
Sediment”, In: A,J. Menta Dynamics, Effects of fine sediment resuspension in
estuaries, Ed., Spring – Verlag, New York, USA, vol. 14, pp. 5 – 42, 1986.

NICHOLS, M.M., BIGGS, R.D., “Coastal Sediments Environments”, In: Davis, R.A. Ed.,
Estuaries, Springer, New York, USA, pp. 77 – 186, 1995.

PARKER, G., GARCIA, M., FUKUSHIMA, Y. et al., “Experiments on Turbidity Currents


over an erodible bed”, Journal of Hydraulic Research, v. 25, nº 1, pp. 123 – 147,
1987.

PARTHENIADES, E., Estuarine Sediment Dynamics and Shoaling Processes,


Handbook of Coastal and Ocean Engineering, Gulf Publishing, Huston, USA, pp.
985 – 1068, 1992.

Pneuma System, pneumatic dredging and deep water dredging, site,


http:www.pneuma.it.

POND, S e G. PICKARD, Introductory Dynamical Oceanography, Pergamon Press, 2nd


ed., 1986.

Porto de Itajaí, informações no sítio eletrônico, http://www.portodeitajai.com.br.

Porto de Santos, informações no sítio eletrônico, http://www.portodesantos.com.br.

OSPAR Commission, 2004, Environmental Impacts to marine species and habitats of


dredging for navigational purposes, In: ISBN1-904426-50-6, 22 p., 2004.

Relatório SEBA, Hydrodynamics Dredging: Principals, Effects and Methods, In: SEBA
99/12/info.1-E, Hamburg, Germany, February 1999.

ROSMAN, P.C.C., Aspectos Morfológicos de Rios e Estabilidade de Canais de Maré,


1991.

123
SCHRAM KOWSKI, G.P., SCHUTTELAARS, H.M., DE SWART, H.E., “The effect of
geometry and bottom friction on local bed forms in a tidal embayment”,
Continental Shelf Research, v. 22, pp. 1821 – 1831, 2002.

SCHETTINI, C.A.F., “Caracterização física do Estuário do Rio Itajaí-Açu, SC”, Ver.


Brás. de Rec. Hid., v. 7 (1), pp. 123 – 142, 2002.

SCHETTINI, C.A.F., KUROSHIMA, K.N., PEREIRA FILHO, J. et al., “Oceanographic


and Ecological Process Aspects of the Itajaí-Açu River Plume During a High
Discharge Period”, An. Acad. Bras. De Ciências, v. 70, pp. 325 – 334, 1998.

SIMPSON, J.E., Gravity Currents in the Environment and the Laboratory, 2nd ed.,
Cambridge Univ. Press., Cambridge, 244 pp., 1997.

SIMPSON, J.H., GONG, W.K., ONG, J.E., “The Determination of the Net Fluxes from a
Mangrove Estuary System”, Estuaries, v. 20 (1), pp. 103 – 109, 1997.

Special Catalogue of Dredging Equipment, v. I, IHC – Holland, Shipbuilders and


Engineers, 1969.

SPENCER, K.L., DEWHURST, R.E., PENNA, P., Impacts of Water injection Dredging
on Water Quality and Ecotoxicity in Lime house Basin, Thames Estuary, UK,
2004.

SULLIVAN, N., “The Use of Agitation Dredging, Water Injection Dredging and Side
casting in the UK: Results of a Survey of Ports in England and Wales”, Terra et
Aqua articles, Amsterdam, Netherlands, Number 78, March 2000.

SYVITSKI, J.P.M., SCHAFER, C.T., “Evidence for an earthquake-triggered basin


collapse in Saguenay Fjord”, Canada. Sed. Geol., v. 104, pp. 127 – 153, 1996.

TORRES, R.J., Uma Análise Preliminar dos Processos de Dragagem do Porto de Rio
Grande, RS, Dissertação de Mestrado em Engenharia Oceânica, Fundação
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Rio Grande, 190 pag., 2000.

124
TUCK, I.D., ET AL, “The impact of water jet dredging for razor clams, Ensis spp., in a
Sandy sub tidal environment”, Elsevier, Journal of Sea Research, v. 43, pp. 65 –
81, Scotland, 2000.

USEPA – U.S. Environmental Protection Agency, Assessment and Remediation of


Contaminated Sediments (ARCS) – Remediation Guidance Document, In: EPA
905 – B94 – 003, Great Lakes National Program Office, Chicago, USA, 245 p.,
1994.

Van Oord, Dredging and Marine Contrating Company, site, http://www.vanoord.com.

VARGAS, B.M., Evolução Histórico-Morfológica do Estuário do Rio Itajaí-Açu e sua


Implicação no Porto de Itajaí, In: Relatório INPH – 139/83, Rio de Janeiro, Brasil,
1983.

VBKO TASS, Protocol for the Field Measurement of Sediment Release from Dredgers,
HR Wallingford Ltd, Dredging Research Ltd., 2003.

YALIN, M.S., Sediment Transport, 2nd ed., Ontario – USA, 1977.

YIN, J., FALCONER, R.A., CHEN, Y. et al., “Water and sediment movements in
harbors”, Elsevier, Applied Energy, v. 67, pp. 341 – 352, UK, 2000.

WARD, L.G., “Suspended-material transport in marsh tidal channels, Kiawah island,


South Carolina”, Marine Geology, Elsevier Scientific Publishing Company,
Amsterdam, Holland, vol. 40, pp. 139 – 154,1981.

WILSON, R.F., “A Model for the Estimation of the Concentrations and Spatial Extent of
Suspended Sediment Plumes”, Estuarine and Marine Coastal Science, Vol. 9, pp.
65-78, 1979.

WINTERWERP, H., KESSEL, T.V., Sediment Transport by Sediment-Induced Density


Currents, Delft Hydraulics, Holland, 2005.

125
WINTERWERP, J.C. ET AL., Far-field impact of water injection dredging in the Crouch
River, 2001.

Wikipedia Encyclopedia, 1998, Wikipedia Foundation, Inc., Style Guide – Wikipedia,


the free encyclopedia, Sítio eletrônico http://en.wikipedia.org/wiki.

WONG, L.A., CHEN, J.C., DONG, L.X., “A Model of the plume of the Pearl River
Estuary, China and adjacent coastal waters in the winter dry season”, Elsevier,
Continental Shelf Research, v. 24, pp 1779 – 1795, March 2004.

WONG, M.N.L., ROOTHAM, R.C., BRADLEY, G.C., BRADLEY, G.C., “A Strategy the
Management of Contaminated Dredged Sediment in Hong Kong”, Journal of
Environmental Management, Hong Kong, v. 38, pp. 99 – 114, 1993.

126

Você também pode gostar