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Firmeza e Assentamento
Firmeza e Assentamento
De forma resumida, podemos dizer que firmeza é uma força ou poder firmado e assentamento,
a força ou o poder assentado.
Firmamos uma força quando, por exemplo, acendemos uma vela, essa é a maneira mais
simples de firmar força.
Ao acender tal vela, porém, há de se ter fé e força mental. Esse ato deve vir com força e
convicção do íntimo, do contrário é apenas e tão somente uma vela acesa.
Desse ato então dizemos que ali, naquela vela, uma força está firmada porque firmar significa
que tal força vibrará e repercutirá enquanto a vela estiver acesa, finalizando sua tarefa quando
se apagar.
Potencializamos a firmeza da vela quando, por exemplo, escolhemos cores que correspondem
aos Orixás ou Guias Espirituais.
Para Oxalá - um prato branco ou transparente, com água, oferecer a Oxalá e colocar uma
vela branca de sete dias, firmeza de Oxalá. A água de fonte pode ser usada, pois é água de
Oxalá.
Para Yemanjá - bacia ou um prato, colocar água de mar e oferecer uma vela azul claro a
Iemanjá, firmeza de Iemanjá. (água com sal grosso pode substituir a água do mar)
Para Oxossi - folhas verdes e frescas, variadas ou ervas e colocar uma vela verde para Oxóssi,
firmeza para Oxóssi.
Podemos fazer ainda, firmezas para as entidades pedindo força, proteção e amparo sempre
que assim julguemos necessário.
A partir do momento que está firmada, aquela vela tem um dono, então se aparecer algum
espírito – porque o medo do Espírita é acender vela e atrair espíritos – mas, o Umbandista não
porque toda vela que o Umbandista acende tem um dono. Então, se a vela é de Ogum, de
Oxóssi, de Xangô, do Caboclo, se alguém se aproximar daquela vela vai ser encaminhado.
Podemos acender velas a vontade desde que entre nós e ela, seja estabelecido um vínculo,
força, desde que a ofereçamos com fé e foco na mente. Isto é firmeza.
Firmeza é algo provisório, enquanto a vela está acesa está firmada, apagou, não está mais ali
a força, o vínculo.
A firmeza de Anjo da Guarda é uma das firmezas mais importantes para os médiuns de
Umbanda. Algumas pessoas firmam seus anjos de guarda com vela de sete dias substituindo-a
assim que termina.
O assentamento é uma estrutura de força para dar sustentação e base a um trabalho espiritual.
A diferença entre “força firmada” e “força assentada” é que a força assentada é permanente,
dá sustentação ao trabalho, inclusive se no assentamento as velas apagarem, o assentamento
continua vivo e atuante por meio de outros elementos que existem ali.
Geralmente o assentamento costuma ser a força de sustentação de um Terreiro, assentamento
é a força de sustentação de uma Casa, de um Templo que está recebendo pessoas.
Os terreiros têm altar por influência da igreja católica e sua função é colocar na horizontal, a
energia que nele penetra verticalmente.
É no altar que se faz assentamento e geralmente é para o Orixá de frente de seu dirigente
encarnado.
O “Otá” é muito usado, esta palavra significa pedra na língua Nagô Yorubá.
O correto é que o guia espiritual do médium diga como esse assentamento deve ser feito.
A insegurança do médium é comum nesses casos, mas, talvez, tal insegurança revele que o
mesmo não esteja devidamente preparado para assumir a missão. Talvez, um pouco mais de
tempo e de maturidade, nesses casos, se façam necessários.
A Umbanda é simples, por isso, mais vale um assentamento bem simples, que outro feito a
custos altos e com energias alheias às suas.
O Templo é uma exteriorização do que está dentro de você, receber pessoas no seu Templo,
no seu Terreiro, é recebê-las no seu coração. O altar do seu Templo deve estar no alto, no
topo do altar do seu Templo, aquilo que está no topo do altar do seu coração. (Alexandre
Cumino)
Você precisa de um assentamento simples, construído com muito amor. Você não precisa de
muitos elementos, você precisa de muito sentimento, amor e verdade no que você está
fazendo, ali está a sua verdade.
Montar assentamento com “Otá” é bem simples, só vai exigir de você que busque a pedra, seja
dentro ou fora da natureza, no comércio, por exemplo.
Os cristais são bons Otás, basta que sejam correspondentes à força que se queira assentar.
O mais simples é:
Pegar a pedra se veio do comércio, deve-se limpar com água e sabão, defumar, colocar no sal
grosso de um dia para o outro, depois enterrar e deixar mais 24 horas enterrada para ter
certeza que está totalmente neutra, limpa da energia de qualquer outra pessoa que não seja
você.
Passado o procedimento acima, envolva sua pedra, Otá, num tecido, de preferência sem uso e
limpo, vá à natureza, no ponto de força de sua preferência, ou de seu Orixá de frente, ofereça a
pedra, consagre-a e assente-a.
Flores, frutas, bebidas e velas podem compor esse ritual. Todas, porém, correspondentes ao
Orixá de frente.
Dessa forma será estabelecido um vínculo entre a pedra, Otá, e o sítio vibracional escolhido.
O Otá, pedra, é então envolta no tecido e levada ao terreiro. Já em sua morada, será
mergulhada num amaci, extrato de ervas correspondentes ao Orixá para o qual foi consagrada,
será coberta com pano e, ao seu redor, velas serão acesas.
Ocupará então, ao término de sete dias, quando as velas terminarem de queimar, seu lugar no
altar.
Esse assentamento, com Otá, é um vórtice de energia que constantemente estará captando
energia da natureza e trazendo para dentro do Terreiro para sustentar o trabalho.
Depois de sete dias o Otá será descoberto, o Orixá ou o Caboclo vem em terra para receber
essa pedra, ela é retirada e é colocada embaixo do altar. Ali a pedra pode ficar seca ou pode
ficar dentro de um recipiente com água. Ela fica em cima ou embaixo do altar, pode estar à
vista ou pode estar coberta.
Este é o assentamento mais simples que existe, a forma mais simples de fazer um
assentamento é com “Otá” e é a base de sustentação de um altar.
Da mesma maneira, na Tronqueira, também é construído um assentamento onde elementos,
escolhidos pelo Exu de trabalho, serão oferecidos para o Exu Guardião e para a Pombagira
Guardiã do Templo.
Assentamentos normalmente são “alimentados” de sete em sete dias para que permaneçam
sempre iluminados.
Não se esqueça: melhor um assentamento simples feito por você, com seu amor, com a sua
mão do que um assentamento complexo que você pagou que você gastou dinheiro e que não
tem o seu amor, não tem o seu carinho, não tem o seu cuidado. Pense nisso. ( Alexandre
Cumino)
Além do modelo de assentamento acima citado, existem vários outros, várias outras formas de
montá-los e interagir com os mesmos.
Na Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade, onde Zélio de Moraes fundou a Umbanda, há
um altar e embaixo do altar não há assentamento físico, da maneira como se costuma fazer
hoje em quase todos os Terreiros de Umbanda.
Na primeira Tenda de Umbanda embaixo do altar há uma firmeza, ou seja, uma vela branca
de sete dias firmada em cima de uma estrela de cinco pontas.
É uma firmeza coletiva para Anjo da Guarda, o altar é feito com imagens Católicas e há uma
vela branca no altar também, não existe uma Tronqueira formal na Tenda Espírita Nossa
Senhora da Piedade, não há uma Tronqueira do jeito como a gente conhece, do lado de fora
há um cruzeiro.
Falamos de uma Tenda construída do lado de uma cachoeira, então, aí não precisa de nada
porque está dentro da natureza, dentro do ponto de força, mas esse modelo de Tenda é o
modelo da Tenda que havia sido construída na cidade da mesma maneira, mas, no início dos
trabalhos, quando se abre uma sessão de Umbanda na Tenda Espírita Nossa Senhora da
Piedade, antes de começar o trabalho são riscados os pontos no chão e várias firmezas são
feitas.
Existe um documentário chamado “100 anos de Umbanda” da Chama Produções, que mostra
uma abertura de trabalho na Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade.
No momento de abrir o trabalho, o médium risca o ponto do Caboclo das Sete Encruzilhadas -
o ponto do Caboclo das Sete Encruzilhadas é um coração atravessado por uma fecha – ali o
médium risca o ponto do Caboclo das Sete Encruzilhadas, esse médium se deita no chão,
acende uma vela, coloca um copo d’água, põe uma flor e firma um ponteiro – um ponteiro é
como um punhal – ele firma um ponteiro que não é jogado, ele é colocado, é estacado com a
mão, colocado ali o ponteiro, firma-se o ponteiro e ali se diz: “o ponto está firmado”, o ponto do
Caboclo das Sete Encruzilhadas.
São firmados vários pontos riscados na frente no altar, são feitas várias firmezas em toda
sessão antes de começar.
São feitas várias firmezas, riscados todos esses pontos, eles tem uma apostilinha na qual
estão desenhados os pontos, eles são riscados no chão firmados com vela, bebida, flor e um
ponteiro em cada um deles, sempre antes de começar um trabalho.
Lá não há assentamento, mas em compensação cada vez que se abre um trabalho tem que
firmar todos esses pontos. Por isso é que o Terreiro monta um assentamento, porque toda vez
que o trabalho vai começar já está assentado, essa é a questão. Não tem uma Tronqueira
assentada, mas se faz uma firmeza.
A Tenda é um Terreiro que deve permanecer intacto, da maneira como era enquanto Zélio
estava encarnado, mas a grande maioria dos Terreiros de Umbanda tem um assentamento de
Esquerda e um assentamento de Direita ou o assentamento do altar e o assentamento da
Esquerda.
Os elementos que são voltados para fora no assentamento da Esquerda, podem ser tridentes,
pregos, punhais, são simbolicamente elementos de defesa e proteção contra energia externa.
Então, a construção de um assentamento de Orixá é muito simples, basicamente uma pedra. A
construção de um assentamento de Esquerda, de uma Tronqueira envolve o conceito de que
aquilo é um ponto de força e proteção.
Se tiver em casa, uma vela firmada para Exu, para Pombagira, para Anjo da Guarda, para o
Orixá, isso é firmeza.
Assentamento é uma construção material e espiritual que tem a função de dar sustentação a
todo um trabalho.
Vale lembrar que cada casa tem sua maneira e cada sacerdote, ou dirigente, o seu
conhecimento, não cabendo a ninguém o questionamento da fé alheia.
O texto acima não tem a pretensão de ser inquestionável, nem tampouco de ser a verdade
absoluta e única, apenas, e tão somente pretende levar um pouco de conhecimento que,
pessoalmente, nos satisfaz.
Annapon