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O Fogo Secreto

Há uns oito anos deparei com umas gotas de água no interior da tampa
da caixa de plástico onde faço Ormus. Como nem sequer tinha ainda misturado
a solução de Soda Cáustica, o que promove algum calor durante a reação inicial,
fiquei admirado porque estávamos no inverno e embora a temperatura dentro de
casa não fosse desconfortável era, no entanto, bastante fresca.

Sabendo eu que a água se pode evaporar a baixa temperatura desde que


haja algum vento, fiquei a pensar se também seria possível haver alguma
evaporação mesmo sem vento... isto porque o que estava a ver tinha acontecido
no interior de uma caixa fechada onde eu tinha deitado 35 litros de água do mar
na noite anterior.

Seguindo a intuição toquei numa dessas gotinhas com a ponta do


indicador e esfreguei lentamente o polegar no indicador... fiquei com a sensação
de não estar a mexer em água... o líquido era um pouco viscoso, como se fosse
algo oleoso. Para me tirar de dúvidas chamei a minha esposa e pedi para ela
fazer o mesmo e a reação dela foi exatamente como a minha... “isto parece óleo”
...disse ela. Anotei mentalmente esta curiosidade para mais tarde fazer o que
sempre faço quando me deparo com algo novo ... investigar até encontrar
resposta.

Durante anos fui buscando nos grupos americanos de Ormus, por alguma
informação, alguma observação ou simples comentário que me desse alguma
dica sobre o assunto. Encontrei nas histórias que Barry Carter conta sobre o seu
amigo Jim algumas referências acerca de gotas de água com oleosidade que
escorriam numa garrafa onde Jim tinha guardado algum precipitado de uma
experiencia que estava fazendo com águas residuais poluídas de uma mina.

Achei isso interessante mas não me pareceu que se tratasse do mesmo


fenômeno porque diferia em dois aspectos fundamentais... um, as gotas estavam
no exterior da garrafa enquanto que no meu caso estavam no interior, na tampa
da caixa, e dois, enquanto eu tinha água do mar filtrada ele tinha água
contaminada de um despejo de mina.
Ao mesmo tempo que estudava o Ormus eu também estudava Alquimia
e estava nessa altura na fase de ler vorazmente tudo o que apanhava à mão
sobre Alquimia.

Na grande maioria dos casos eu ficava mergulhado em perplexidade


porque os vocabulários usados em conjunto com os códigos sempre diferentes
de autor para autor fazia com que a cada livro que devorava maior fosse a minha
confusão. Porém eu tinha já uma grande experiencia com textos indecifráveis do
tempo em que estudei Dianética há muitos anos atrás e por isso sabia que se
continuasse a ler, aos poucos, a Luz iria aparecer e toda aquela confusão iria
começar a fazer algum sentido.

Por esta altura um grupo de generosos amigos Brasileiros decidiram fazer


uma “vaquinha” para custear a minha viagem ao Brasil, afim de instrui-los
diretamente sobre como extrair Ormus da água do mar ou com recurso ao sal
marinho.

Durante esse Seminário que decorreu em São Sebastião, no litoral do


Estado de São Paulo. Ao levantar a tampa do balde onde tinha guardado a água
na noite anterior verifiquei que tinha no interior as tais gotinhas e por isso chamei
os amigos e amigas presentes para lhes mostrar essa peculiaridade da água.

Foi geral a admiração dos presentes, mas ninguém deu nenhum alvitre
sobre o que seria aquela “água” que claramente não o era e mais parecia um
óleo volátil que após entrar em contato com os dedos desaparecia deixando os
dedos secos quase de imediato. Nessa altura, por falta de melhor definição, eu
dei a esse “óleo” aquoso o nome de “Alma da Água”.

Depois de regressar a Portugal continuei afincadamente a tentar penetrar


os enigmas da alquimia lendo e relendo tratado após tratado e ao ler a “Obra de
Aristeus para o Seu Filho” deparei com este estranho texto que de alguma forma
me chamou a atenção.

“It is a great secret to understand the virtue which Nature has imprinted in
substances. For natures are attracted by their like; a fish is attracted by a fish - a
bird by a bird - and air by another air, as with a gentle allurement. Snow and ice
are an air that has been congealed by cold; Nature has endowed them with the
qualities which are requisite to attract air.”
“Como entender a virtude que a natureza imprimiu nas substancias
é um grande segredo. Porque as naturezas são atraídas pelas suas
semelhantes; um peixe é atraído por um peixe - um pássaro por um pássaro
- um ar por outro ar, como numa sedução gentil. A neve e o gelo são um ar
que foi congelado pelo frio; A natureza deu-lhes qualidades que são o
requisito para atrair ar.”

A beleza das expressões juntamente com o estranho uso da palavra AR


prenderam a minha atenção e fiquei convencido de que o autor estava ali a dar
uma indicação preciosa... só que embora eu intuísse o seu valor não a conseguia
entender. Como sempre faço quando encontro algo que se me afigura ser uma
pérola, guardei-a num ficheiro. Depois disso fiz questão de ir guardando tudo o
que de alguma forma me deixava “quase” a entender, sem que de facto
entendesse. Mas fui armazenando esses textos na esperança de que algum dia
eles se me revelassem.

A famosa Tábua Esmeralda mostrou-me algumas dicas que se juntaram


ao trecho da Obra de Aristeus

Tábua Smaradigma

Aurelium Occultae Philosophorum por Georgio Beato

1. This is true and remote from all cover of falsehood.

Isto é a verdade, distanciada de qualquer encobrimento e de toda a


falsidade.

2. Whatever is below is similar to that which is above. Through


this the marvels of the work of one thing are procured and perfected.

Tudo o que está em baixo é similar ao que está em cima. Através disto,
maravilhas do trabalho de uma só coisa, são procuradas e aperfeiçoadas.
3. Also, as all things are made from one, by the consideration of
one, so all things were made from this one, by conjunction.

Como todas as coisas são feitas de uma, pela consideração de uma,


também todas as coisas foram feitas desta, por conjunção.

4. The father of it is the sun, the mother the moon.

O seu pai é o Sol, a mãe é a Lua

5. The wind bore it in the womb. Its nurse is the earth, the mother
of all perfection.

O vento transporta isso no seu seio. A sua parteira é a terra, a mãe de


toda a perfeição

6. Its power is perfected.

O seu poder é perfeito.

7. If it is turned into earth.

Se isso for transformado em terra.

8. Separate the earth from the fire, the subtle and thin from the
crude and coarse, prudently, with modesty and wisdom.

Separem a terra do fogo, o subtil e fino do grosso e cru, prudentemente,


com modéstia e sabedoria.

9. This ascends from the earth into the sky and again descends
from the sky to the earth, and receives the power and efficacy of things
above and of things below.

Isto ascende da terra para o céu e de novo descende do céu para a terra,
e recebe o poder e a eficácia das coisas de cima e das coisas de baixo.

10. By this means you will acquire the glory of the whole world,
and so you will drive away all shadows and blindness.

Desta maneira você irá adquirir a glória do mundo todo, e dessa forma
você irá empurrar todas as sombras e cegueira.
11. For this by its fortitude snatches the palm from all other
fortitude and power. For it is able to penetrate and subdue everything subtle
and everything crude and hard.

Porque isto, pela sua força, retira a base de todas as outras forças e
poderes. Porque isto consegue penetrar e dominar tudo o que é sutil e tudo o
que é duro e cru.

12. By this means the world was founded

O mundo foi fundado por este meio.

13. And hence the marvelous cojunctions of it and admirable


effects, since this is the way by which these marvels may be brought about.

E consequentemente as maravilhosas conjunções disto e os seus efeitos


admiráveis, porque é dessa maneira que essas maravilhas podem vir a ser
conseguidas.

14. And because of this they have called me Hermes Tristmegistus


since I have the three parts of the wisdom and Philosophy of the whole
universe.

E por causa disto eles me tem chamado Hermes Trimegistus devido à eu


ter as três partes da sabedoria e filosofia de todo o universo.

15. My speech is finished which I have spoken concerning the


solar work.

A minha explicação relativa ao trabalho solar terminou.

Os enigmas desta “Tábua Esmeralda”, traduzida por mim já com o


conhecimento do que pretendia nela ser explicado pelo seu autor há uns três mil
anos, quando vistos em conjunto com as palavras do trecho de “Aristeu para Seu
Filho” dão-nos algumas indicações preciosas sobre a matéria em análise. A ver:

“A neve e o gelo são um AR que foi congelado pelo frio; A natureza deu-
lhes qualidades que são o requisito para atrair AR.”
“Tudo o que está em baixo é similar ao que está em cima. Através disto,
maravilhas do trabalho de uma só coisa, são procuradas e aperfeiçoadas. “

“O vento transporta isso no seu seio. A sua parteira é a terra, a mãe de


toda a perfeição”

“Isto ascende da terra para o céu e de novo descende do céu para a terra,
e recebe o poder e a eficácia das coisas de cima e das coisas de baixo.”

Observando o significado das palavras acima colocadas fica-se com a


ideia de que a matéria prima da Pedra Filosofal é algo que está no AR e que por
ação do calor do Sol ascende no AR e pelo arrefecimento descende. Porém em
algumas outras passagens aparecem o sol e a Lua como principais participantes
deste movimento ascendente e descendente.

A atuação do Sol é evidente por ser o fornecedor do calor necessário para


a evaporação, porém, a Lua não produz frio para originar a condensação... e se
não produz frio qual é então a sua função neste processo? Durante muito tempo
esta interrogação me perseguiu até que depois de muito ler encontrei algo
relacionado que me colocou uma questão diferente.

HCL Natural Path

“As we now receive the astral spirit by following the moon,


distinguished also by the strength of such, so know herewith that with
increase of the same, the astral spirit also gets to be higher and higher and
is increasingly impregnated with celestial fire until it reaches at last to the
full , at which time it bestows its supreme power and carries the most spirit;
but as soon as the comes to losing weight, immediately its cold properties
are weakened, and according to that degree the astral spirit is filled with
less fire.”

“Como nós agora recebemos o Espírito Astral seguindo a Lua, distinguido


também pela força dela, porque saibam que com o aumento dela, o Espirito
Astral também sobe mais e mais alto e fica crescentemente impregnado com o
Fogo Celestial até que ela atinge por fim, a Lua Cheia, em qual momento ela
fornece o poder supremo e transporta o máximo do Espírito; mas que logo que
comece a minguar imediatamente as suas propriedades frias ficam
enfraquecidas e de acordo com o grau desse enfraquecimento o Espírito Astral
fica cada vez com menos e menos Fogo.”

Em Alquimia tudo precisa ser entendido de acordo com o conhecimento


básico. Os autores usaram de imensas expressões para falarem da sua “Arte”
usando palavras e mais palavras para nos comunicarem as suas explicações.
Tudo está em código... e não fora o facto de eu ter sido militar em tempo de
guerra talvez nunca tivesse conseguido entender

Quando eu combatia em Angola houve um período de alguns meses em


que a minha posição tinha um efetivo de doze homens somente. Nessa altura
nós já tínhamos obtido os códigos e as frequências do inimigo e fazíamos escuta
contínua aos seus comunicados e ordens para dessa forma sabermos os seus
movimentos e nos podermos precaver contra possíveis ataques por parte deles.

Quando o nosso efetivo estava no mínimo eu andava muito preocupado


com a nossa fraqueza militar porque para além de termos um efetivo
reduzidíssimo também não tínhamos muito material de guerra para usar. Então
começamos a enviar mensagens contendo contra informação ao inimigo fingindo
ser o seu QG a enviar essas mensagens.

Saíamos em grupos de dois num dado dia e atacávamos de surpresa em


seis lugares bem afastados entre si simultaneamente e depois retrocedíamos
muito rapidamente. A mensagem que enviávamos “informava” outros postos do
inimigo de que estava em curso uma operação de grande escala contra eles...
naturalmente que eles comunicavam entre si e ficavam todos a saber dos tais
“ataques” que nós tínhamos levado a cabo numa área enorme... isso lhes dava
a ideia de que dispúnhamos de uma força militar bem grande e os impedia de
pensar em nos atacar na nossa fraquíssima base.

Esta minha experiência levou-me a pensar se os alquimistas não estariam


igualmente a usar muitos nomes e explicações para esconder o facto de a
explicação ser muito simples... e nessa altura a lei da sincronicidade aconteceu
e eu encontrei um texto que dizia exatamente isso.
Book of Aquarius

“Hence it comes that, instead of the waters of the Sages, these


inexperienced persons take pyrites, salts, metals, and divers other
substances which, though very expensive, are of no use whatever for our
purpose.”

“Consequentemente acontecia que em vez de usarem a água dos Sábios,


essas pessoas inexperientes usavam pirites, sais, metais, e diversas outras
substancias, as quais, conquanto caras, não tem qualquer uso para o nosso
propósito.”

E aqui, pela primeira vez ficou claro na minha mente que fosse qual fosse
a origem do Fogo Secreto este estava na água... ou pelo menos em algo a que
os alquimistas chamavam água... urgia então concentrar as atenções nessa
direção e foi o que fiz.

O que aconteceu quase de imediato foi eu recordar as tais gotas de “água”


oleosa que referi logo no início. Também ficou claro que essa água de algum
modo se relacionava com o Orvalho e com as fases da Lua. Com o campo de
investigação assim reduzido passei a dedicar mais do meu tempo na busca
sistemática de tudo que o que referisse água e oleosidade e orvalho.

No verão de 2015 eu apanhei uma boa quantidade de bagas de Nigra


Sambuca numas árvores que tenho e como gosto de Espagíria fiz uma extração
usando aguardente bem forte e limpa que um amigo produz. Coloquei as bagas
num vidro com capacidade de cinco litros, mas ao invés de encher o vidro com
bagas até um terço como sempre fiz enchi até dois terços e depois enchi até
acima com aguardente. Depois de apertar bem a tampa de roscar coloquei o
vidro numa prateleira alta para ficar fora do caminho. Nessa prateleira havia já
vários outros vidros de igual capacidade.

Alguns com licores em digestão e outros vazios. Aconteceu que a minha


mulher me chamou a atenção dizendo que eu me tinha esquecido de secar o
vidro das bagas de Sabugueiro. Achei isso estranho e fui verificar do que ela
estaria a falar e ao chegar junto do vidro verifiquei que havia gotas a escorregar
lentamente pelo vidro abaixo. Olhando para os outros vidros percebi que isso só
estava acontecendo com o vidro das bagas de Sabugueiro. Com um dedo
apanhei algumas dessas gotas e para meu espanto e satisfação estas tinham a
mesma característica oleosa que eu mostrei aos amigos no Brasil e isso me fez
recordar este texto que já mostrei mais acima:

“Como entender a virtude que a natureza imprimiu nas substancias é um grande


segredo. Porque as naturezas são atraídas pelas suas semelhantes; um peixe é atraído
por um peixe - um pássaro por um pássaro - um ar por outro ar, como numa sedução
gentil. A neve e o gelo são um ar que foi congelado pelo frio; A natureza deu-lhes
qualidades que são o requisito para atrair ar.”

Este último parágrafo em especial pareceu-me muito relevante... “A


natureza deu-lhes qualidades que são requisito para atrair o ar”... é que , ao
observar aquele fenómeno ficou para mim claro que algo no vidro estava a “atrair
o Ar”. E então recordei-me de algo lido no livro de Sendivogius:

Sendivogius

Man is made of earth, and lives through air; for air contains the
hidden food of life, of which the invisible spirit,when congealed, is better
than the whole world.

“O Homem é feito de terra e vive através do ar; porque o ar contém o


escondido alimento da vida, do qual o espírito invisível, quando congelado, é
melhor que tudo no mundo”

Quando pela primeira vez este texto não lhe achei relevância especial mas
agora verifico que a informação está quase toda nele... o espírito invisível
aparece quando congelado / atraído / condensado... portanto temos que esse
espírito se encontra na humidade que existe no ar... mas de acordo com outros
textos ele existe em maior quantidade em algumas alturas do mês e do ano... ou
seja, o espírito existe sempre... a sua concentração é que é maior ou menor
portanto o nosso problema ficou reduzido a melhor identificar esse espírito e a
encontrar uma maneira prática de o concentrar.
Na obra de Pontanos encontrei este trecho que nos mostra outra
característica importante do Fogo Secreto / Espírito Astral...

Trechos da Obra de Pontanos

“It has several superfluities which I assure you by the living God,
transform themselves into one unique Essence, if only there be our fire.
And whoever - believing such to be necessary - would subtract anything
from the subject, knows of a certainty nothing of Philosophy. For the
superfluous, unclean, foul, scurvy, miry and, in general, entire substance
of the subject, is perfected into one fixed spiritual body, by means of our
fire”

“Isto tem várias coisas supérfluas as quais eu vos asseguro pelo Deus
vivo se transformam a elas mesmas numa essência única, desde que haja nelas
o nosso Fogo. E quem, por acreditar isso ser necessário, subtrair qualquer coisa
do material, sabe certamente nada de Filosofia. Porque o supérfluo, sujo, mal
cheiroso, turvo e em geral toda a substancia do material, é aperfeiçoada até ser
fixada num corpo espiritual, por meio do nosso fogo.”

Este trecho nos faz pensar que não chega ter o material... é fundamental
que este contenha o Fogo... Então se não é a simples água que o orvalho nos
fornece tem de ser algo que venha com o orvalho... mas nem sempre. Como o
orvalho em princípio não passa de água evaporada, na sua maioria dos oceanos,
temos então que também nos oceanos há esse Fogo dos alquimistas.

Anonymous

“this water cannot be prepared using strange methods in the world,


but rather, it can only be prepared using natural means; together with
Nature and from nature. These words are bright and clear to those who
understand”

“Esta água não pode ser preparada usando métodos estranhos aos da
natureza, mas ao invés, tem de ser preparada usando meios naturais;
juntamente com a natureza e da natureza. Estas palavras são brilhantes e claras
para quem as entende”
Aqui convém fazer uma análise ao que significa o trecho acima... A água
que contém/pode conter Fogo Secreto não pode ser manipulada com métodos
estranhos aos da natureza, mas isso não impede que se usem métodos iguais
embora artificialmente conseguidos.

Se fecharmos água numa caixa e ela se evaporar estaremos a repetir em


muito pequena escala aquilo que a natureza faz, e ao condensar-se dentro da
caixa estaremos novamente a replicar exatamente aquilo que acontece a céu
aberto.

Os alquimistas deixaram sempre bem claro que a alquimia replicava os


fenómenos naturais só que de forma mais rápida fazendo num ano aquilo que a
natureza faz em mil, portanto a ideia de evaporar e condensar em circuito
fechado não é contra natura... resta saber se dessa forma conseguimos que a
água resultante dessa operação contém o tal Espírito Astral / Fogo Sagrado que
é essencial para conseguir chegar a Pedra filosofal.

Precisamos então definir o que será esse tal Espírito Astral que permite
dissolver todos os materiais e curar todas as enfermidades, tentar perceber que
aspecto terá e como o identificar. Aqui as palavras de Paracelsus na sua
tradução do livro das Revelações de Hermes parecem dar-nos, à luz do que já
conseguimos entender um indicador seguro do que é ou de como identificar a
fonte do Fogo Sagrado.

The Book of the Revelation of Hermes,

by Theophrastus Paracelsus, 16th Cen.

“But in its third nature it appears as an aerial body, of an oily nature,


almost freed from all imperfections, in which form it does many wondrous
works”,

“Mas na sua Terceira natureza isto nos aparece como um corpo aéreo de
natureza oleosa, quase totalmente livre de todas as imperfeições, em cuja forma
isto faz coisas maravilhosas”
Um corpo aéreo ( que está no ar ) de natureza oleosa ( que se comporta
como um óleo)... Tenho a certeza de nesta altura os amigos Brasileiros que
assistiram a minha demonstração das gotas de água oleosa durante o Seminário
de Ormus estão em estado de trepidação... sem dúvida que nessa altura
estivemos a mexer no Espírito Astral, fonte da vida, num estado de pureza já
notável e a partir do qual poderemos continuar o processo de aperfeiçoamento
até chegarmos ao nosso almejado objetivo.

Mas restam-nos ainda algumas questões que precisamos resolver antes


de finalmente podermos tentar levar a cabo a Grande Obra ... No trecho acima
podemos notar que há uma “Terceira Natureza”, que será esta terceira natureza?
Como proceder para chegar a este nível? As palavras de Hermes claramente
indicam que a água oleosa tem uma terceira natureza o que nos força a entender
que há mais duas antes desta e sendo assim de que forma é que conseguimos
chegar a esse estado de terceiro grau?

Tratado de Hermes
“Understand the operation, therefore. Decoction lessens the matter, but
the tincture augments it; because Luna in fifteen days is diminished; and
in the third she is augmented. This is the beginning and the end. Behold, I
have declared that which was hidden, since the work is both with thee and
about thee - that which was within is taken out and fixed, and thou canst
have it either in earth or sea.”

Observe, “then, that the water was first in the air, then in the earth;
restore thou it also to the superiors by its proper windings, and not
foolishly altering it”

“Entenda, portanto, a operação; a decocção diminui o material, mas a


tintura aumenta-a; porque a Lua diminuirá em quinze dias; e no terceiro dia ela
estará aumentando. Isto é o princípio e o fim. Tomem nota, eu acabei de declarar
o que estava escondido, porque a Obra está simultaneamente consigo e ao seu
redor – O que estava dentro é trazido para fora e fixado, e você pode ter isto em
terra ou no mar”
“Observe então que a água estava primeiro no ar, depois na terra: Devolva
você isto para os superiores pelos seus próprios ventos, e não altere isto com
palermices.”

Estes dois trechos do Tratado de Hermes, apesar da minha tradução


seguir mais o sentido do que as palavras, não é muito claro. Precisamos por isso
destrinchar o significado possível para algumas das frases mais obscuras.

Quando Hermes nos diz que a Lua diminuirá em quinze dias está a indicar
que em quinze dias será Lua Nova. Como o mês Lunar é de 27 dias e algumas
horas temos que 27 menos 15 nos coloca a dois dias da Lua Cheia. Como a Lua
se mantém cheia durante três dias isto é uma indicação de que devemos recolher
o orvalho até ao primeiro dia de Lua cheia e que depois devemos iniciar de
imediato o processo.

O trabalho é iniciado no primeiro dia de Lua Cheia e continua até ao


segundo dia de Lua Nova... nessa altura a Lua volta a iniciar a fase Crescente e
o trabalho de preparação da Pedra terá chegado ao seu fim. Durante este
período devemos fazer as circulações que irão deixar no fundo do vidro os sais
... estaremos fazendo a decocção... e naturalmente que isso reduzirá a
quantidade do líquido.

Ao fim desse tempo o líquido terá de novo dissolvido os sais, ... o que
estava dentro foi trazido para fora e fixado ... ou seja depois deste período não
haverá mais alterações na matéria... ela terá sido fixada numa forma
permanente. ... e nós podemos encontrar este material em terra ou no mar...

E eu diria que é muito mais fácil de encontrar no mar... basta-nos pegar


no conhecimento adquirido e preparar um evaporador de bom tamanho onde se
coloque uma boa quantidade de água do mar para deixar evaporar, em caixa
fechada equipada com uma caneleta de recuperação, usando somente a
temperatura ambiente sem recurso a exposição solar. Isto porque como
puderam verificar a Alma da Vida evapora a baixa temperatura pelo que para
não ficarmos com muita água na mistura devemos evitar um aquecimento
elevado.
“Observe então que a água estava primeiro no ar, depois na terra:
Devolva você isto para os superiores pelos seus próprios ventos, e não
altere isto com palermices.”

Devolva você isto para o Ar pelos seus próprios ventos


(temperaturas adequadas) e não altere isto com palermices.

Ormunita Carlos Ferreira – Portugal.

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