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A CONSCIÊNCIA CORPORAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Edelvira de Castro Quintanilha MASTROIANNI1


Tânia Cristina BOFI2
Augusto Cesinando de CARVALHO3
Leila Suzuki SAITA4
Marcos Leão Silva CRUZ5

Resumo: Estudos sobre o desenvolvimento infantil mostram que o Esquema Corporal é um


componente indispensável no processo de aprendizagem da criança. Diante disso, o
principal propósito deste estudo foi analisar o nível de desenvolvimento em relação à
estruturação do esquema corporal de crianças, com idades entre 4 e 5 anos divididas
em dois grupos, matriculadas na Rede Municipal de Ensino de Presidente Prudente,
elaborar e desenvolver um Programa de Educação Física, numa abordagem
psicomotora, com apenas uma das turmas. Em seguida, foi comparado se as crianças
que vivenciaram as atividades psicomotoras na educação infantil possuíram uma maior
evolução em relação à consciência corporal do que as crianças que não vivenciaram
essa prática. Como instrumento de medida optou-se pela utilização de um Teste de
expressão gráfica (Teste da Figura Humana), proposto por Koppitz (1974). O estudo é
experimental e atingiu a 40 crianças, sendo 19 meninos, e 21 meninas. Os resultados
demonstram uma diminuição na freqüência de ocorrências dos itens corporais nas
categorias inferiores dos dois grupos e um melhor desempenho no pós-teste das
crianças que vivenciaram as aulas de educação física. Com isso, consideramos que as
aulas favoreceram um maior desenvolvimento da consciência corporal dos alunos.

Palavras-chave: consciência corporal; educação infantil; Educação Física.

INTRODUÇÃO

Atualmente, os cuidados com as crianças ganharam outras amplitudes e sentidos,


quando a escola de educação infantil assumiu sua verdadeira função, que é a transformação
cultural dos objetos de conhecimento, vendo a criança de forma integral, passando a entender o
brincar como uma vivência alegre, importante e significativa em nossa infância, valorizando assim,
a prática corporal.

Nesse contexto, a Educação Física pré-escolar, aliada a Psicomotricidade passa a


ter grande importância no desenvolvimento global da criança, propiciando estímulos para o
desenvolvimento da Consciência Corporal dos alunos. A Consciência Corporal pode ser
evidenciada através da estruturação do esquema corporal.

O termo esquema corporal surgiu em 1911, com o neurologista Henry Head, os


primeiros estudos eram ligados à neurologia. Head definia o esquema corporal como a totalização

Faculdade de Ciências e Tecnologia – FCT/UNESP/Campus de Presidente Prudente


1
Docente do Departamento de Educação Física
2
Docente do Departamento de Fisioterapia
3
Docente do Departamento de Fisioterapia
4
Discente do Curso de Fisioterapia
5
Discente do Curso de Educação Física

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e unificação das sensibilidades orgânicas e impressões posturais, ou seja, o cérebro recebe
estímulos que possibilitam ao individuo ter um modelo do seu próprio corpo.

Le Boulch (1983), o define como a imagem dinâmica das diferentes partes do corpo,
suas distintas posições, deslocamentos e todo o potencial de atividades e atitudes possíveis; é
uma totalização e unificação das sensibilidades orgânicas e das impressões posturais, que se
revelam no movimento.

“Um elemento básico indispensável na construção da sua própria personalidade,


para a criança, é a representação mais ou menos global, especifica e diferenciada que ela tem de
seu próprio corpo.” (WALLON apud PIC & VAYER, 1988, p.24)

Rosa & Nisio (2002), conceitua esquema corporal como a habilidade que implica o
conhecimento do próprio corpo, de suas partes, dos movimentos, das posturas e das atitudes. É
indispensável na formação do eu, a criança percebe os outros a partir da percepção que ela passa
a ter de si mesma, adquirindo assim uma autonomia de atitudes, pois se torna mais independente
em relação ao adulto.

Para uma maior compreensão do Esquema Corporal, Mattos & Neira (1999) o divide
em quatro partes:

- Estrutura corporal: que é noção da nomenclatura e localização das partes do


corpo;
- Postura: diz respeito ao posicionamento do corpo parado ou movimento;
- Respiração: troca gasosa com o meio, liga- se intimamente a atenção;
- Relaxamento: refere-se a capacidade de descontração da musculatura voluntária.

Sobre o conceito de imagem corporal, o primeiro a introduzi-lo foi L”Hermitte, mas é


Schilder em 1935, que dá toda dimensão ao estudo, descobrindo-a no aspecto mental e social.

Para Schilder (1999), a imagem corporal é a representação mental de nosso próprio


corpo, ou seja, o modo pelo qual o corpo se apresenta para nós.

O autor integrou as seguintes esferas do comportamento humano: esfera fisiológica,


libidinal e sociológica. Valorizando a experiência anterior e as tendências libidinais que os outros
exercem sobre nós, acreditando que o corpo não é apenas um instrumento de construção e ação
mas o meio concreto e último de comunicação social.

De acordo com Gruspun apud Melo (1997), a imagem corporal se completa numa
experiência psicológica que coloca em foco as atitudes e reações do individuo frente ao seu
próprio corpo e seus sentimentos com respeito a ele.

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Alguns autores, como Nash apud Williams (1983), acreditam que em termos de
desenvolvimento, a estruturação do esquema corporal serve de base para o surgimento da
imagem corporal.

Para Melo (1997), o termo consciência corporal engloba todas as relações do sujeito
com o mundo, unindo a imagem corporal e o esquema corporal, que segundo ele, ocorrem
simultaneamente no desenvolvimento da criança.

Vayer (1982), considera a consciência corporal como a consciência dos meios


pessoais de ação, resultado da experiência corporal, experiência reorganizada permanentemente.

Portanto, a criança vai organizando seu conhecimento corporal desde o nascimento


até as aquisições mais complexas.

Le Boulch (1983) distingue quatro etapas na estruturação do esquema corporal,


visando um melhor conhecimento de sua evolução.

1ª Etapa - Corpo submisso (de zero a dois anos).

Nessa fase os movimentos são estritamente automáticos, dependendo da bagagem


inata (reflexos e automatismos de alimentação, de defesa e de equilíbrio).

2ª Etapa - Corpo vivido (de dois até três anos).

Nesse momento a criança tem a necessidade de movimentar-se e investigar tudo


àquilo que a cerca, começa a distinguir seu próprio corpo do mundo dos objetos e estabelece uma
primeira noção da imagem corporal. A criança parte para a descoberta do mundo interior. É
através dessas vivências que é desenvolvido na criança a função de ajustamento e se enriquece
sua bagagem motora, servindo de suporte para as etapas seguintes.

3ª Etapa -Corpo descoberto (de três a sete anos).

Agora há uma evolução rápida no plano da percepção, a criança passa a sentir seu
corpo como objeto total do mecanismo do relacionamento. O surgimento da função de
interiorização representa o fenômeno dominante nesta fase, é onde a criança passa a ter uma
percepção centrada no próprio corpo, toma consciência de suas características corporais e as
verbaliza através do jogo simbólico.

4ª Etapa - Corpo representado (de sete a doze anos).

Nessa fase as experiências anteriores aliadas aos dados visuais, produzem uma
primeira imagem sintética do corpo. Poderá representar mentalmente seu corpo durante o
movimento e controlar voluntariamente seus gestos desnecessários no final da fase, é a
estruturação completa do esquema corporal.

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Para que essa estruturação aconteça é necessário a elaboração de exercícios que
visam a percepção, o conhecimento e a educação dos diferentes elementos do próprio corpo.

Segundo Picq & Vayer (1988), esta educação efetua-se em dois níveis:

A) O nível da consciência e do conhecimento: a criança aprende a conhecer


diferentes partes do corpo, a diferenciá-las e a sentir suas atribuições.

B) O nível de controle de si mesmo; o que lhe permite alcançar a independência dos


movimentos e a disponibilidade de seu corpo em vista da ação.

Ou seja, não é só proporcionar o conhecimento e diferenciação das partes do corpo,


mas também ajudar a criança a conhecer e a controlar seu corpo nas diferentes situações, tanto
em repouso como em movimento.

Mattos & Neira (1999), propõem atividades que propiciem à criança o conhecimento
da nomenclatura, localização e conhecimento das diferentes partes do corpo em si e no outro;
exploração das diferentes posições do corpo, como de pé, deitada (decúbito dorsal, ventral ou
lateral), sentada, invertida, inclinada, na posição de bípede, etc.; o conhecimento dos tipos e as
fases da respiração e o relaxamento global e das partes que não estão sendo solicitadas em
determinadas atividades.

Segundo Rosa & Nisio (2002), a estimulação do Esquema Corporal torna o corpo da
criança como um ponto de referência básico para a aprendizagem de todos os conceitos
indispensáveis à alfabetização (noções de em cima, em baixo, na frente, atrás, esquerdo, direito),
assim como permite também seu equilíbrio corporal e a dominar seus impulsos motores.

Le Boulch (1985), cita que sua má estruturação pode ser observada nos planos:
perceptivo, motor e relacional. No plano perceptivo podem ser observadas dificuldades na leitura
da criança ocasionada pela confusão e inversão das letras.

Na área motora, dificuldades são traduzidas na falta de controle de alguns


segmentos corporais, descoordenação e lentidão.

O plano relacional é afetado pela insegurança nas relações com o outro, onde as
dificuldades no vocabulário corporal e de situar o corpo no espaço, podem afastar essas criança
dos demais.

Diante disso, o principal propósito deste estudo foi analisar o nível de


desenvolvimento em relação à estruturação do esquema corporal de crianças, divididas em dois
grupos, elaborar e desenvolver um Programa de Educação Física, numa abordagem psicomotora,
com apenas uma das turmas. Em seguida, comparar se as crianças que vivenciaram as atividades

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psicomotoras na educação infantil possuíram uma maior evolução em relação à consciência
corporal do que as crianças que não vivenciaram essa prática

METODOLOGIA

Participaram da presente pesquisa 40 crianças, sendo 21 meninas e 19 meninos,


com idade cronológica entre 4-5 anos, regularmente matriculadas na Educação Infantil da Rede
Municipal de Ensino, divididas em dois grupos: um Grupo Experimental (G.E.) e um Grupo
Controle (G.C.). As crianças do GE estudam no período da manhã e as do GC no período da tarde
da tarde, estando matriculadas na mesma instituição e inseridas no mesmo contexto pedagógico.

Selecionou-se para o desenvolvimento do presente estudo a Instituição Municipal


EMEIF José Carlos Pimenta, situada na Rua Claudionor Sandoval nº 1313, no Bairro Jardim
Paulista em Presidente Prudente. A escola encontra-se próximo à Região Central e recebe
crianças de vários bairros, atendendo alunos de 04 a 06 de idade, de classe baixa à classe média.

A realização deste estudo constou de 5 etapas descritas a seguir:

1ª Etapa

Seleção da instituição e salas para a realização da pesquisa.

Foi escolhida tal instituição, pois já se desenvolvia um Projeto a dois anos na


mesma, conhecendo assim a Proposta Pedagógica, as atividades realizadas, as instalações, os
funcionários e profissionais envolvidos, isso facilitou muito o andamento da Pesquisa.

Optou-se pelo GC na mesma escola para que não houvessem outras variáveis
envolvidas, como o perfil sócio econômico.

A escolha dessas turmas foi feita pelo fato dos dois grupos estarem nas mesmas
condições. As crianças não tinham experiências anteriores em classes de educação física,
estando próximas em relação ao desenvolvimento psicomotor.

2ª Etapa

Inicialmente foi aplicado um Teste para avaliar o nível de desenvolvimento em


relação ao esquema corporal das crianças dos dois grupos (GC e GE).

Como instrumento de medida da consciência corporal, optou-se pela utilização do


Teste de expressão gráfica (Teste da Figura Humana), proposto por Koppitz (1974), onde foi feita
a análise de trinta itens evolutivos, classificados em quatro escalas; assim distribuídas: itens
esperados, itens comuns, itens bastante comuns e itens excepcionais, especificados por faixas
etárias. Os trinta itens que serão analisados são: cabeça, olhos, pupilas, sobrancelhas ou

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pestanas, nariz, fossas nasais, boca, dois lábios, orelhas, cabelo ou cabeça coberta, pescoço,
tronco, braços, braços bidimensionais, braços unidos aos ombros, braços para baixo, cotovelo,
mãos, dedos, correto número de dedos, pernas, pernas bidimensionais, joelhos, pés, pés
bidimensionais, perfil, boa proporção, roupa: uma peça ou nenhuma roupa: duas ou três peças e
roupa: quatro ou mais peças. Cada item presente computa-se um ponto.

O teste foi aplicado no mês de março. A aplicação foi coletiva, na qual cada aluno
recebia uma folha e lápis de cor. A solicitação consistia em pedir que a criança desenhasse uma
pessoa. Cuidados foram tomados para evitar que as crianças copiassem os desenhos dos
colegas, não foi estabelecido tempo para a realização da tarefa. O Teste foi aplicado dentro da
sala de aula pela professora, procurando tornar um ambiente próximo do dia-dia da criança e pelo
fato de estudos anteriores mostrarem que a presença do pesquisador na sala pode interferir no
desempenho das crianças, a professora recebeu algumas orientações do pesquisador para a
aplicação.

3º Etapa

A partir do diagnóstico elaborou-se e desenvolveu-se aulas de Educação Física com


apenas uma das turmas, o GE, de acordo com a literatura estudada, porém esse programa não foi
fechado, durante as aulas também levou-se em conta o interesse das crianças.

Os alunos vivenciaram aulas periódicas, com duas sessões semanais, tendo cada
aula a duração de quarenta minutos. O trabalho foi iniciado em Março e o tempo de duração foi de
5 meses, dando uma pausa no mês de julho devido as férias escolares, o que totalizou o número
de 30 sessões de aulas de Educação Física.

As aulas foram caracterizadas no sentido de oportunizar as crianças atividades que


favorecessem o desenvolvimento global, bem como a sua consciência corporal, sendo norteadoras
as propostas Psicomotoras, através da estruturação do esquema corporal, que considera a
percepção e o conhecimento do próprio corpo, educação postural, orientação espacial, educação
da respiração, relaxamento, o desenvolvimento da coordenação motora fina, o ritmo, entre outros
como componentes da consciência corporal.

Esses aspectos foram trabalhados por meio de atividades lúdico-recreativas,


retiradas da experiência dos professores (em cursos de formação), das experiências das crianças
e das obras pesquisadas, como: Araújo (1992), Mattos & Neira (1999), Le Boulch (1992), Arribas
(2002), entre outros.

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A seguir, temos exemplos de algumas atividades realizadas:

– Diante de um espelho, observar sua imagem e cantar músicas que falem sobre
as partes do corpo. Apontar as partes do corpo em si mesmo e no corpo do
colega.

– Jogos de imitação.
– Juntar as partes de um boneco desmontável.
– Desenhar uma figura humana no quadro, parte por parte.
– Deitar no chão e desenhar o contorno do corpo, depois completar suas partes.
– Explorar o próprio corpo com as mãos, de olhos abertos e fechados podendo
utilizar vários materiais como: guache, espuma, gel, farinha.

– Tocar o corpo de um colega “em espelho”: mão com mão, costas com costas,
etc.
– Completar o desenho de uma figura humana com o que estiver faltando.

– Pega Corpinho: As crianças ficarão em duplas e deverão fazer ,com giz ,o


contorno dos seus corpos ,desenhando em seguida as partes que já conhecem,
aos poucos o professor vai perguntando as partes que estão faltando e elas vão
completando . Depois coloca-se uma música e as crianças deverão dançar
sobre o corpinho e quando a música parar, elas deverão correr e deitar em outro
corpo, o professor pode riscar alguns corpinhos , mas sem excluir os a Pega
Corpinho e Relaxe ao som da música.

– Eu quero ver quem pega: As crianças deverão ficar de pé ,dançando , cantando


e batendo palmas, de acordo com a música tocarão na parte do corpo do
coleguinha citada.

– Música: Eu quero ver quem pega, eu quero ver quem pega, eu quero ver quem
pega, na cabeça do colega, depois foram citadas outras partes como: ombro,
joelho, umbigo, pé, etc...

– Era um cavalo: Os alunos ficarão de pé e de acordo com a música dançarão e


mexerão a parte do corpo citada.

– Música: Era um cavalo, guloso que comia capim. De tanto comer capim, o seu
braço ficou assim, assim, assim, assim, depois são citadas outras partes como:
pernas, cabeça, cintura, etc.

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– Pique hospital: As crianças deverão correr e quando pegas devem ficar com a
mão na parte do corpo que foi tocada pelo professor, que fará o papel de
pegador, como se estivessem machucadas naquela região, as outras crianças
podem sarar seus machucados tocando nesses e as livrando para correrem
novamente..

– Estátua: Em pé e ao som da música as crianças dançam a vontade pela sala,


quando o som é abaixado e grita-se estátua, as crianças deverão ficar estáticas,
o professor tentará fazer palhaçadas para que as crianças dêem risadas e se
mexam, ao final, aquela que não se mexer ganha.

– O robô: Faz-se um círculo, uma criança é tirada do círculo (essa será o robô) , o
professor dará o comando de que parte do corpo será o liga e o desliga, ao
voltar ao círculo, é escolhida outra criança , que tentará descobrir em que parte
o robô liga e desliga, tocando nas crianças.

4ª Etapa
O Pós-Teste foi aplicado no mês de Agosto nos dois grupos (GC e GE), a fim de
comparar uma possível evolução no esquema corporal das crianças. Nessa fase as crianças
foram avaliadas seguindo as mesmas diretrizes do Pré-Teste.

5ª Etapa
Após obtenção dos dados utilizou-se para análise o método descritivo.

No tratamento estatístico foi usado o Teste t de student.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

A seguir serão apresentados os resultados obtidos na aplicação dos instrumentos


descritos anteriormente.

Os dados do TFH são apresentados em forma de quadros e tabelas. As


informações sobre as aulas serão discutidas com base nos dados do TFH, sendo que cada criança
será identificada pela letra C e um número.

Resultados do teste do desenho da figura humana:


No Quadro 1, apresentamos o desempenho de cada criança nos testes (TFH)
realizados. Na coluna referente ao pré e pós-teste, o número entre parênteses indica a idade que a
criança tinha na época do Teste. As pontuações expostas no quadro foram alcançadas com base
no aparecimento dos itens corporais no desenho, tendo-se como referencial os trintas itens
evolutivos.

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Quadro 1 – Demonstrativo dos pontos conseguidos por cada criança nas aplicações do (TFH) no
Grupo Experimental (GE) e no Grupo Controle (GC).

GRUPO EXPERIMENTAL GRUPO CONTROLE

NC Pré-teste Pós-teste NC Pré-teste Pós-teste

C1 5 (4)* 12 (5) C1 16 (4) 18 (4)

C2 11 (4) 17 (4) C2 17 (5) 18 (5)

C3 9 (4) 17 (4) C3 7 (10) 10 (5)

C4 9 (5) 15 (5) C4 10 (5) 14 (5)

C5 6 (4) 11 (5) C5 12 (4) 15 (4)

C6 10 (5) 17 (5) C6 13 (5) 15 (5)

C7 4 (4) 16 (4) C7 6 (4) 18 (5)

C8 5 {4) 14 (4) C8 15 (8) 19 (5)

C9 7 (5) 16 (5) C9 8 (5) 10 (5)

C10 6 (4) 13 (5) C10 7 (5) 9 (5)

C11 7 (5) 19 (5) C11 9 (4) 9 (5)

C12 12 (4) 19 (5) C12 11 (4) 13 (5)

C13 4 (4) 17 (5) C13 4 (5) 10 (5)

C14 5 (4) 12 (5) C14 9 (4) 12 (4)

C15 16 (4) 17 (5) C15 10 (5) 11 (5)

C16 5 (5) 15 (5) C16 13 (5) 15 (5)

C17 12 (5) 12 (5) C17 7 (5) 7 (5)

C18 10 (4) 19 (5) C18 7 (5) 11 (5)

C19 4 (5) 12 (5) C19 6 (6) 11 (5)

C20 5 (5) 13 (5)

C21 5 (4) 11 (5)

NC - Número das crianças * Idade das crianças na época da aplicação do TFH

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Nas tabela 1 e 2, os itens do desenho da Figura Humana são apresentados por
categorias de freqüência. A ocorrência de cada item é distribuída no Pré e no Pós-teste.

Essa tabulação foi feita por Koppitz em 1974, após verificar com que freqüência
ocorria cada item em diferentes faixas etárias. Na composição de cada faixa etária, foi considerada
a diferença máxima de um mês após o aniversário da criança, tomando-se como base à data da
aplicação do instrumento.

As categorias de freqüência foram criadas da seguinte maneira:

– Itens esperados (I. Esperados): quando a freqüência ocorria entre 86% a 100%
na faixa etária;
– Itens comuns(I. Comuns): de 51% a 85% de freqüência;
– Itens bastante comuns(I. B. Comuns): de 16% a 50% de freqüência;
– Itens excepcionais(I. Excepcionais): de 15% ou menos de freqüência.

Os dados apresentados na Tabela 1 são referentes as aplicações do Pré e do Pós-


teste com as crianças do Grupo experimental (GE), ou seja, aquelas que vivenciaram as aulas de
Educação Física.

Na Tabela 2, estão os dados do Pré e do Pós-teste das crianças que não


vivenciaram as aulas, Grupo Controle (GE).

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Tabela 1 – Indicativo de ocorrências dos itens corporais da escala de Koppitz (1974) em crianças
que vivenciaram aulas de Educação Física no pré e no pós-teste.

Grupo Experimental
Pré-teste Pós-teste
4 anos *N=13 5 anos N=8 4 anos N=4 5 anos N=17
I.Esperados I.Esperados I.Esperados I.Esperados
cabeça 12 cabeça 9 cabeça 3 cabeça 18
I. Comuns olhos 9 olhos 3 olhos 18
olhos 11 pernas 8 nariz 3 boca 17
pernas 9 I. Comuns cabelo 3 pernas 17
boca 8 braços 7 tronco 3 cabelo 16
I. B. Comuns I. B. Comuns braços 3 tronco 16
nariz 6 pés 4 braços 2d 3 braços 16
cabelo 5 nariz 3 pernas 3 I. Comuns
braços 5 boca 3 pernas 2d 3 pés 15
tronco 5 cabelo 3 pés 3 nariz 13
braços 2d 3 tronco 3 pés 2d 3 mãos 13
pernas 2d 3 mãos 3 I. Comuns braços 2d 11
I. Excepcionais pés 2d 3 boca 2 dedos 11
2 lábios 1 braços 2d 2 mãos 2 pés 2d 11
orelhas 1 dedos 2 dedos 2 pernas 2d 10
pescoço 1 I. Excepcionais boa proporção 2 I. B. Comuns
mãos 1 sobrancelhas 1 I. B. Comuns pescoço 9
dedos 1 pernas 2d 1 fossas nasais 1 sobrancelhas 5
pés 1 pupilas 0 pescoço 1 boa proporção 5
pés 2d 1 fossas nasais 0 cotovelo 1 orelhas 3
pupilas 0 2 lábios 0 joelhos 1 I. Excepcionais
sobrancelhas 0 pescoço 0 I. Excepcionais braços/ombros 2
fossas nasais 0 orelhas 0 pupilas 0 5 dedos 2
braços/ombros 0 braços/ombros 0 sobrancelhas 0 pupilas 1
braços/baixo 0 braços/baixo 0 2 lábios 0 2 lábios 1
cotovelo 0 cotovelo 0 orelhas 0 braços/baixo 1
5 dedos 0 5 dedos 0 braços/ombros 0 cotovelo 1
joelhos 0 joelhos 0 braços/baixo 0 fossas nasais 0
perfil 0 perfil 0 5 dedos 0 joelhos 0
boa proporção 0 boa proporção 0 perfil 0 perfil 0
ROUPA ROUPA ROUPA ROUPA
0-1 itens 10 0-1 itens 8 0-1 itens 1 0-1 itens 7
2-3 itens 0 2-3 itens 1 2-3 itens 2 2-3 itens 11

*N = Número total de crianças, sendo 10 meninos e 11 meninas.

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Tabela 2 – Indicativo de ocorrências dos itens corporais da escala de Koppitz (1974), em crianças
que não vivenciaram aulas de Educação Física no pré e no pós-teste.

Grupo Controle
Pré-teste Pós-teste
4 anos N=9 5 anos N=10 4 anos N=3 5 anos N=13
I.Esperados I.Esperados I.Esperados I.Esperados
cabeça 9 cabeça 10 cabeça 3 cabeça 13
olhos 9 olhos 10 olhos 3 olhos 13
pernas 6 boca 9 braços 3 braços 13
I. Comuns pernas 9 tronco 3 boca 13
boca 5 I. Comuns mãos 3 cabelo 12
braços 5 cabelo 8 pernas 3 tronco 12
cabelo 4 tronco 8 pés 3 pernas 12
I. B. Comuns braços 6 pés 2d 3 I. Comuns
pés 3 I. B. Comuns I. Comuns pés 11
pés 2d 3 nariz 5 boca 2 mãos 10
braços 3 pés 4 nariz 2 nariz 8
tronco 3 pés 2d 4 cabelo 2 pés 2d 8
nariz 3 mãos 3 braços 2d 2 I. B. Comuns
pernas 2d 2 pernas 2d 3 pernas 2d 2 pernas 2d 6
braços/ombros 1 braços 2d 2 I. B. Comuns braços 2d 4
braços/baixo 1 dedos 2 fossas nasais 1 dedos 4
mãos 1 boa proporção 2 braços/ombros 1 boa proporção 4
boa proporção 1 I. Excepcionais braços/baixo 1 pescoço 3
I. Excepcionais 2 lábios 1 dedos 1 I. Excepcionais
pupilas 0 braços/baixo 1 boa proporção 1 5 dedos 2
sobrancelhas 0 5 dedos 1 I. Excepcionais pupilas 1
fossas nasais 0 pupilas 0 pupilas 0 sobrancelhas 1
2 lábios 0 sobrancelhas 0 sobrancelhas 0 2 lábios 1
orelhas 0 fossas nasais 0 2 lábios 0 braços/ombros 1
pescoço 0 orelhas 0 orelhas 0 braços/baixo 1
cotovelo 0 pescoço 0 pescoço 0 fossas nasais 0
dedos 0 braços/ombros 0 cotovelo 0 orelhas 0
5 dedos 0 cotovelo 0 5 dedos 0 cotovelo 0
joelhos 0 joelhos 0 joelhos 0 joelhos 0
perfil 0 perfil 0 perfil 0 perfil 0
ROUPA ROUPA ROUPA ROUPA
0-1 itens 4 0-1 itens 9 0-1 itens 3 0-1 itens 9
2-3 itens 1 2-3 itens 1 2-3 itens 2 2-3 itens 2

*N = Número total de crianças, sendo 09 meninos e 10 meninas.

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Observou-se nas duas tabelas (1 e 2) uma diminuição na freqüência de ocorrência
dos itens corporais nas categorias inferiores, à medida que avançavam as idades das crianças.

Notou-se ainda um melhor desempenho das crianças no pós-teste, destacando-se a


freqüência dos itens bastante comuns (I. B. Comuns), como:pés, nariz e mãos, aparecendo nas
duas faixas etárias. Porém, existem diferenças significativas entre os dois grupos. Levando-se em
consideração as diferenças entre o pré e o pós-teste do TFH das crianças do GE e do GC.

Alguns itens não especificados na escala apareceram no desenho das crianças,


foram eles: umbigo, dentes, dedos dos pés, peito e ombros.

• Sobre a consciência corporal:

Primeiramente discutiremos sobre o nível da Consciência Corporal das crianças do


GE e do GC, levando-se em consideração os pontos obtidos por cada um dentro dos trinta itens do
TFH.

Na pontuação nenhuma criança atingiu o máximo de pontos da escala, que eram de


28 pontos (retirando-se o item peça de roupa que computava apenas um ponto), acredito que
devido a idade das crianças.

No Quadro 1, observa-se que o pré-teste do TFH apresenta índices inferiores à


última testagem, indicando inicialmente um baixo nível de consciência corporal das crianças.

Das crianças do GE as que mais aumentaram o número de itens do pré ao pós-


teste foram C13 e C 11. As crianças que menos aumentaram o número de itens ou mantiveram-se
estáveis foram C15 e C17.

Das crianças do GC as que mais aumentaram o número de itens entre os testes


foram C13 e C7, as crianças C17 e C11 mantiveram-se estáveis.

A seguir, apontaremos sobre o nível da consciência corporal das crianças que


vivenciaram as aulas de Educação Física G E.

De acordo com o Quadro 1, o maior número de itens no pré-teste foi atingido por
C15 com 16 itens e no pós-teste por C12, C18 e C11 com 19 itens.

Os menores índices de ocorrências, mesmo após as aulas foram registrados nos


itens braços unidos aos ombros, braços para baixo, cotovelo, dois lábios, pupilas e número correto
de dedos.

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Segundo Melo (1997), a omissão desses itens pode ser explicada pelo nível de
assimilação dessas partes, decorrente da falta de conhecimento das posições segmentares, à
medida que as experiências colocam essas partes em evidência, o conhecimento corporal vai se
tornando mais amplo.

Os maiores índices de ocorrência foram nos itens cabeça, olhos, boca e tronco, pois
o desenvolvimento corporal da criança segue o sentido céfalo-caudal.

A criança que mais tinha dificuldades durante as aulas de Educação Física,


principalmente no equilíbrio corporal era C21, essa obteve 05 pontos no pré e 11 pontos no pós-
teste, apresentando uma pequena evolução.

Comparando-se as duas aplicações, observa-se que C17 se manteve estável


atingindo 12 pontos nas duas provas, durante as aulas essa criança saiu-se muito bem, talvez
outras variáveis tenham interferido no pós-teste, como a indisposição para desenhar naquele
determinado momento. Ressalta-se aqui, que mesmo se mantendo estável a criança apresentou
uma boa pontuação nas duas testagens.

A expressiva performance evidenciada no pós-teste do TFH nos leva a crer na


eficácia das atividades psicomotoras, deixando nítido a relação entre percepção corporal e ação
motora.

• Análise estatística dos dados:

O intuito neste momento foi verificar se houve um maior desenvolvimento da


consciência corporal do grupo experimental em relação ao grupo controle. Para isso, utilizou-se o
teste t entre as diferenças obtidas no grupo controle e experimental. No teste temos as hipóteses:

– H0: Não existe diferença significativa no desenvolvimento da consciência


corporal entre as crianças dos grupos controle e experimental;

– H1: Existe diferença significativa no desenvolvimento da consciência corporal


entre as crianças dos grupos controle e experimental;

• Teste t para duas amostras independentes:

Neste teste temos as variáveis: (de) representando a diferença observada no grupo


experimental e (dc) representando a variável observada no grupo controle.

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Tabela 3: Descrição dos dados do desenvolvimento da consciência corporal dos dois grupos(GC e
GE).

N Média Desvio Padrão Erro Padrão da Média


de 21 7,48 3,14 0,69
dc 19 3,16 2,67 0,61

Fonte: Resultados obtidos com o software minitab.

Teste:
Diferença = média (de) - média (dc)
Estimativa da diferença: 4,318
Região de Confiança de 95% para diferença ≤ 0 no teste unilateral: 2,767
Teste-t para diferença (= 0 vs > 0): Estatística do teste = 4,70 p-valor = 0,040 gl = 37

Resultado do Teste:

Pelo teste realizado, comparando ao nível de significância de 5%, confirmou-


se a hipótese de que o grupo experimental teve melhor desempenho na atividade. Isto pode ser
verificado pelo seguinte diagrama:

Boxplots of de and dc
(means are indicated by solid circles)

10

de dc

Figura 1: Gráfico de Boxplots.

26
Assim, de acordo com o teste, o grupo experimental apresentou um
desenvolvimento da consciência corporal significantemente maior, em relação ao grupo controle,
rejeitando-se H0 .

• Sobre as aulas de Educação Física:

No planejamento das aulas de Educação Física, houve a preocupação em


fundamentar a proposta dos autores citados anteriormente, numa abordagem psicomotora, que vê
a criança de maneira global.

Dessa forma, os aspectos apresentados na referida proposta foram trabalhados nas


aulas, de forma a garantir uma prática motora que possibilitasse a vivência de inúmeras situações,
esperando-se que a partir de cada atividade as crianças descobrissem suas potencialidades e
organizassem sua consciência corporal com base no vivido.

Como acentua Neto (2001), estas atividades conjugadas sobre o plano motor,
afetivo e mental, permitem a criança caminhar para condutas cada vez mais organizadas e
conscientes.

Outro aspecto a ser destacado, foi a preocupação constante durante a pesquisa em


relação ao trabalho lúdico no desenvolvimento das aulas. A todo momento propusemos atividades
menos diretivas e mais adequadas a essa fase da criança.

De acordo com Mukhina (1996), a atividade lúdica é muito prazerosa, através dela,
a criança assume um papel determinado e atua de acordo com ele, está disposta assumir o papel
de uma fera selvagem, de um cavalo, da mãe, de um trem, sendo esses elementos importantes
para a criatividade da criança.

Durante as aulas os movimentos não eram meras repetições, foram sendo


descobertos pelos alunos, buscando alcançar uma meta, que ia se superando a cada dia.

O prazer proporcionado pela atividade lúdica às vezes transformava-se em


momentos conflitantes devido às dificuldades encontradas nas atividades psicomotoras.

O professor tem o dever de elaborar conflitos para o grupo, pois é através da


superação desses conflitos que serão possibilitados ajustamentos cognitivos cada vez mais
elaborados. (MATTOS & NEIRA, 1999).

Pode-se observar também durante os pequenos jogos o contato entre as crianças,


que se abraçavam e tocavam-se o tempo todo. Essas atividades tiveram grande importância na
socialização e cooperação entre elas na busca pela consciência corporal. Essa consciência de si
mesma se constrói a partir da consciência do outro.

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Para Tizi (2004), a socialização é função da boa evolução da imagem corporal,
onde a maneira mais eficaz de levar um individuo insocial a integrar-se num grupo é desenvolver
sua imagem corporal, através da participação em atividades de cooperação, como o jogo coletivo.

Nas atividades com cordas e de passar obstáculos, as crianças tiveram a


oportunidade de experimentar elementos significativos na estruturação do esquema corporal, pois
deveriam perceber a localização do corpo no espaço, antes de realizar tais atividades.

Os exercícios de equilíbrio, com pneus e nos muros da escola, estimularam o


controle tônico-postural e a auto-estima dos alunos, pois em diversos momentos eles acreditavam
não conseguirem realizar tais tarefas, e aos poucos foram avançando em suas conquistas. Essa
superação das dificuldades torna-se muito valiosa na construção da auto-estima da criança.

O trabalho sobre os colchões, como os diferentes tipos de rolamento, possibilitou a


busca pela tomada de consciência corporal, através do descobrimento das diferentes
possibilidades do corpo. Nesse momento foi possível observar a coragem e a auto-confiança de
algumas crianças que rapidamente conseguiram realizar tais tarefas, e as dificuldades de outras
que só conseguiam realizar com a segurança e incentivo do professor.

Também foram apresentados às crianças, alguns jogos populares como amarelinha,


mãe da rua, alerta, entre outros. As crianças demonstraram grande motivação e interesse diante
dessas atividades, prolongando para momentos de intervalo. Como exemplo, temos a amarelinha
que foi desenhada e pintada pelas crianças, durante as aulas.

Na tomada de consciência das partes do corpo, os alunos tiveram oportunidades de


movimentar as diversas partes por meio de atividades lúdicas, aulas com música, atividades que
exploravam a capacidade expressivas das crianças e através da verbalização dos conceitos
aprendidos no final de cada aula.

Outro segmento do esquema corporal vivenciado nas aulas foram as atividades de


relaxamento, durante essas atividades as crianças encontraram bastante dificuldades na
realização, pois no início ficavam muito inquietas. Porém aos poucos, à medida que o trabalho
avançava foram aprendendo a controlar seus impulsos motores, tornando-se mais concentradas.

Arribas (2002), nos coloca que é por meio do relaxamento que a criança conhecerá
melhor seu corpo, ao mesmo tempo em que sua motricidade será favorecida graças a um melhor
controle do tônus muscular.

Dentre todas as atividades que as crianças participaram, as que elas demonstraram


maiores interesses foram as atividades com cordas e os diversos Pega-pegas (como o rela-

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congela, fugi-fugi, americano, correntinha...), procurou-se na medida do possível, repetir tais
brincadeiras.

Sobre a participação das crianças e dos professores nas aulas, foram satisfatórias.
Esse interesse de participação criou-se aos poucos, onde as crianças procuravam não faltar. Os
professores também participaram bem, ficando na sala apenas quando estavam muito atarefados.

Acredito que essa participação se deu pela conscientização da importância das


aulas de Educação Física no desenvolvimento da criança.

Pudemos ouvir também, relatos de professoras sobre uma melhora significativa na


atenção e conseqüentemente nas atividades dessas crianças em sala de aula, bem como uma
maior socialização entre eles, o que nos deixou muito satisfeitos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao final da pesquisa, constatou-se que a ação da Educação Física, com base nos
resultados obtidos, favoreceu o desenvolvimento da consciência corporal dos alunos, comparado a
outras crianças do mesmo perfil que não tiveram a mesma vivência, deixando claro que não estou
negando aqui, outras variáveis importantes como a maturação.

O trabalho da Educação Física acrescentou um elemento a mais na educação


infantil, proporcionando um contato com diversas atividades, fazendo com que essas crianças
descobrissem suas potencialidades, a partir da ação com o meio, estruturando assim sua noção
corporal, afetiva e cognitiva. Outro ponto importante foi o encontro da criança com o lúdico, dentro
do meio escolar, caracterizando um espaço onde a criança pode brincar e aprender.

Dessa maneira, é de extrema importância um trabalho efetivo na estimulação da


consciência corporal na educação infantil, pois no período inicial do ensino fundamental, começa a
ser exigido da criança novas e complexas aprendizagens, bem como o interesse pelas atividades
escolares. Se esta criança não tem consciência de si mesma e não se desenvolveu de forma
organizada, ou se simplesmente não teve um ambiente oportunizador, que propiciasse seu
desenvolvimento, provavelmente, terá dificuldades de executar tarefas que para sua idade são
essenciais.

Além disso, sugere-se que para haver resultados significativos na elaboração e


desenvolvimento dessas atividades, é necessário no âmbito escolar um profissional específico da
área, bem como a aplicação de alguns testes, como o realizado no estudo, para obter-se um
diagnóstico fidedigno na intenção de ter um feedback de qualidade, possibilitando tanto um
desenvolvimento mais adequado à criança, quanto uma maior satisfação para o profissional.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARAÚJO, V.C. O jogo no contexto da educação psicomotora. São Paulo: Cortez, 1992.
ARRIBAS, T. L. A educação física de 3 a 8 anos. 7ª. ed. Porto Alegre: Artmed, 2002.
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Alegre: Artes Médicas, 1985.
LE BOULCH, J. O desenvolvimento psicomotor: do nascimento aos 6 anos. 7ª ed. Porto Alegre:
Artes Médicas, 1992.
LE BOULCH, J. Psicomotricidade. Trad. Neila S. de Faria e Neuza G. Travaglia, Uberlândia:
MEC/SEED, 1983.
MATTOS, M. G.; NEIRA, M. G. Educação física infantil: construindo o movimento na escola. São
Paulo: Phorte, 1999.
MELO, J. P. de. Desenvolvimento da consciência corporal: uma experiência da educação física na
idade pré-escolar. Campinas: Editora da Unicamp, 1997.
MUKHINA, V. Psicologia da idade pré-escolar. Trad. Claudia Berliner. São Paulo: Martins, 1996.
NETO, C. A. F. Motricidade e jogo na infância. 3ª ed. Rio de Janeiro: Sprint, 2001.
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2002.
SCHILDER, P. A imagem do corpo: as energias construtivas da psique. 3ª ed. São Paulo: Martins
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uma abordagem de desenvolvimento. São Paulo: Kinesis, 1978.
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VAYER, P. A criança diante do mundo. Porto Alegre: Artes Médicas, 1982.
WILLIANS, H. G. Perceptual and motor development. New Jersey: Prentice-hall, 1983.

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