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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

INSTITUTO DE MATEMÁTICA E ESTATÍSTICA


LANTE – Laboratório de Novas Tecnologias de Ensino

FORMAÇÃO E ATUAÇÃO DO TUTOR: ASPECTOS DE UMA IDENTIDADE PROFISSIONAL EM


CONSTRUÇÃO.

REGIANE APARECIDA DE ANDRADE SILVA

MAGÉ/RJ
2013

1
REGIANE APARECIDA DE ANDRADE SILVA

FORMAÇÃO E ATUAÇÃO DO TUTOR: ASPECTOS DE UMA IDENTIDADE PROSISSIONAL EM


CONSTRUÇÃO.

Trabalho de Final de Curso apresentado à


Coordenação do Curso de Pós-graduação da
Universidade Federal Fluminense, como
requisito parcial para a obtenção do título de
Especialista Lato Sensu em Planejamento,
Implementação e Gestão da EAD.

Aprovada em outubro de 2013.

BANCA EXAMINADORA

________________________________________________________________________
Profa. Lúcia Inês Kronemberger Andrade – Orientadora - LANTE/UFF
Universidade UNIGRANRIO

_________________________________________________________________________
Prof. Nome
Sigla da Instituição

________________________________________________________________________
Prof. Nome
Sigla da Instituição

2
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho ao meu amado marido Luciano B. de Paula


Silva, companheiro e incentivador em todos os momentos.

3
AGRADECIMENTOS

Agradeço ao meu Criador pela excelência da vida.

Ao meu marido pelo apoio.

Aos meus colegas Paulo Roberto Castor Maciel e Rosane de


Azeredo Cunha Siqueira pela oportunidade de juntos
compartilharmos conhecimento.

A minha tutora Lúcia Inês Kronemberger Andrade pelo


acompanhamento e incentivo.

4
RESUMO

Esta investigação tem como objetivo apresentar um estudo sobre a formação e a atuação do tutor,
considerando os desdobramentos que surgem deste tema central. Deste modo, buscou-se,
apresentar o trabalho do tutor no ambiente virtual e como a sua formação interfere na construção
do processo de aprendizagem; analisando as interações discursivas realizadas em um sistema de
tutoria on-line; a construção da identidade profissional do tutor e a formação específica para a
atuação na área de matemática. Como metodologia do trabalho foi adotada a pesquisa
bibliográfica, integrada a perspectiva qualitativa e descritiva do tema proposto. Assim, a partir
deste estudo é possível observar que a construção da identidade profissional do tutor perpassa
uma gama de questões que estão atreladas desde a representação de si até a elaboração de
políticas especificas. Sendo ainda, então, uma identidade em construção, afetada pelas mudanças
e dinamismos próprios do tempo atual e da própria EaD. A partir da necessidade de formação
específica do tutor, é possível elencar as principais características para a formação do tutor de
matemática. Observar-se, ainda, que a interação dialógica, assim mediada pela relação professor
aluno, torna-se instrumento necessário à construção do conhecimento, que promove junto ao
grupo a colaboração e a coletividade gerando construção de significados e novas situações de
aprendizagem.

Palavras-chave. Educação a Distância. Formação e Atuação do tutor. Interação dialógica.


Identidade profissional.

5
SUMÁRIO

Nº da página

1 – Introdução 7

1.1 - Justificativa 8

1.2 - Objetivos 9

1.3 - Metodologia 10

1.3.1 - Método e desdobramentos do tema 10

1.4 – Organização do Trabalho 11

2 – Pressupostos Teóricos 12

2.1 – Considerações sobre a formação e atuação do tutor 12

2.2 – O processo de formação dos tutores e suas especificidades 15

2.3 – O processo de construção da identidade profissional do tutor 16

3 – Resultados e Discussões 19

3.1 – Descrição dos Procedimentos e da Análise dos dados obtidos 19

3.2 – Identidade profissional e o autorreconhecimento: o tutor e a


19
percepção de si mesmo

3.3 – O processo identitário do tutor no alterreconhecimento:


23
representações de uma identidade profissional em construção

4 – Considerações Finais 27

5 - Referências Bibliográficas 29

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1. Introdução

Inicialmente, é importante destacar que este trabalho foi desenvolvido a partir da


construção coletiva do conhecimento e da aprendizagem colaborativa. Desse modo, as
seções de introdução, justificativa, objetivos e os pressupostos teóricos foram
desenvolvidas de forma coletiva, sendo apresentadas, também, nos trabalhos individuais
de cada integrante do grupo1. Enquanto a metodologia, a análise dos dados e as
considerações finais foram desenvolvidas individualmente.
A Educação ganha nas últimas décadas uma nova forma didático-pedagógica
diante do avanço crescente das tecnologias da comunicação e da informação. A
modalidade de ensino denominada Educação a Distância (EaD) vem superando as ideias
fronteiriças que separam muitos jovens do Ensino Superior. O processo de ensinar e
aprender passa a considerar a necessidade de dar conta de uma demanda crescente e
oferecer uma educação de qualidade que alcance a todos.
No cenário da EaD emergem diferentes aspectos na maneira de se relacionar
com o processo ensino-aprendizagem, o que suscita um continuo debate sobre os atores
que fazem parte dessa realidade. Assim, ao observar a função docente fica evidente que
sua formação e atuação já não são mais as mesmas e precisam de uma mudança de
paradigma, com vistas a preparar os alunos para as novas metodologias e tecnologias
utilizadas em cursos a distância, semipresenciais e até mesmo presenciais. Uma das
atribuições desse novo professor é a tutoria. Dentro dessa nova perspectiva de atuação
percebe-se a necessidade de um olhar mais atento e amplo quanto a formação e atuação
do tutor, que tem ocupado um papel fundamental no desenvolvimento dos cursos a
distância.
O estudo foi realizado a partir da pesquisa bibliográfica, integrada a perspectiva
qualitativa e descritiva do tema proposto. Considerando como questão central a formação
e atuação do tutor a distância em ambiente virtual, buscou-se investigar outros
desdobramentos como, o trabalho do tutor no ambiente virtual e como a sua formação
interfere na construção do processo de aprendizagem; a construção da identidade
profissional do tutor e a formação específica para a atuação na área de matemática.
O presente trabalho está dividido em cinco capítulos: introdução, referencial
teórico, análise dos resultados e considerações finais. Assim, o capítulo primeiro trata de
introduzir o tema, destacando, a partir da justificativa, a centralidade da figura do tutor na
educação a distância. Também apresenta os objetivos que nortearão a pesquisa, a
metodologia adotada e a forma como está organizado o trabalho.
No segundo capítulo são apresentados os pressupostos teóricos, com intuito de
apresentar alguns autores que abordam a formação e atuação do tutor, seu papel no
processo de ensino aprendizagem em ambientes virtuais, a formação específica para
tutores de Matemática e o processo de construção da identidade profissional do tutor.

TFC: “A formação do tutor de matemática” por Paulo Roberto Castor Maciel; TFC: “Formação e atuação do
1

tutor: aspectos de uma identidade profissional em construção” por Regiane Aparecida de Andrade Silva; TFC:
“Ação docente na sala e tutoria: formação dialógica para a construção do conhecimento” por Rosane de
Azeredo Cunha Siqueira.
7
O terceiro capítulo propõe a apresentação dos resultados a partir da investigação
qualitativa e análise de dados bibliográficos e o quarto capítulo apresenta as
considerações finais sobre o tema investigado.
O trabalho se finda com o quinto capítulo em que são listadas as referências
bibliográficas utilizadas.

1.1 Justificativa

A partir da expansão e da consolidação da Educação a Distância (EaD) o papel


do professor ganhou novas dimensões no processo educacional e, dentre elas, a função
do tutor, como mediador do processo de aprendizagem. Essa nova atribuição se revelou
como um dos fatores de qualidade dos programas de EaD (CABANAS; VILARINHO,
2007), o que requer uma atenção especial à sua formação como requisito fundamental,
uma vez que o “tutor vai além de um simples dinamizador; na verdade ele deve favorecer
uma relação dinâmica com o conhecimento [...]. É preciso que o tutor possua
conhecimentos consistentes da disciplina na qual atua”. (CABANAS; VILARINHO 2007,
p.11).
Neste contexto, além da capacitação em tutoria e do domínio das Tecnologias da
Informação e da Comunicação (TICs), a formação específica do tutor na área de sua
atuação se configura como condição essencial para a EaD de qualidade tanto que
pesquisadores em EaD têm colocado em destaque a formação e atuação do tutor de
matemática (VASCONCELOS, 2007; TRAVASSOS, 2008; LOPES, 2009; CUNHA, 2010).
Tais trabalhos apresentam relatos e características do processo formador e de como se
dá a prática, tendo em vista a formação em serviço, além de buscar compreender o papel
desse protagonista na aprendizagem dos alunos.
A formação e atuação do tutor configura-se como um viés para a reflexão sobre o
processo de construção de sua identidade, a partir de tantas possibilidades. No que
tange essas questões autores como Cabanas, Vilarinho (2007); Souza, Castro Filho
(2009), e Alves, Cavalcante Filho e Sales (2012) apresentam considerações relevantes
que nos conduzem a repensar o conceito de tutor a partir de sua função docente,
superando a ideia de mero facilitador da aprendizagem e destacando as competências
necessárias a esse profissional. A partir dessas novas competências a função mediadora
do tutor no processo ensino-aprendizagem fica evidente.
Neste sentido Tardif (2008), reflete sobre as relações de aprendizagem vinculadas
às interrelações presentes na prática educativa do tutor e ainda, a respeito do trabalho
interativo que pressupõe compreender as características da relação professor-aluno.
No que tange a formação do tutor e a sua especificidade na área de Matemática,
há que se considerar também que atualmente vivencia-se uma nova forma de pensar o
ensino da área de exatas; um novo contexto da educação que produz novas atribuições
ao trabalho do docente frente ao processo ensino-aprendizagem. A realidade de uma
educação centrada no aluno coloca em evidência o papel ativo do discente na construção
do próprio conhecimento e implica na necessidade da formação de profissionais voltados
a esse novo perfil didático, que exerçam a tutoria e tenham formação na área de exatas.
Há que se destacar o importante papel desenvolvido pelo tutor no ensino para o
bom andamento de um curso a distância. As dificuldades dos alunos desta área das
ciências exatas, que têm suas especificidades, representam um desafio a mais para o
tutor que deve ter dominar o conteúdo, ter competência pedagógica na área e habilidades
8
específicas para facilitar o processo de aprendendizagem dos alunos. Com o auxílio das
tecnologias, o tutor cada vez mais tem condições de acesso à novas técnicas e
estratégias inovadoras no ensino da matemática.
Diante desta realidade, cabe refletir sobre o processo formativo dos professores,
particularmente dos que lecionam na área de matemática, de modo a pensar como inserir
na formação destes profissionais a realidade EaD, já que sem uma adequada
capacitação para a tutoria, os professores-tutores tendem a reproduzir no ambiente
online a realidade da sala de aula presencial, com uma postura tradicional de ensino.
Para tal, este trabalho propõe o levantamento das especificidades da formação do tutor
para da área de Matemática como construção de um processo ensino-aprendizagem
mais significativo, no qual o próprio tutor identifica a importância de seu papel no
processo, considerando a realidade educacional no qual está inserido.
Ao refletir sobre a identidade do tutor, percebe-se que o avanço da modalidade
EaD, impulsionada pela utilização das novas tecnologias, têm proporcionado várias
transformações na atuação docente. Neste contexto a figura do tutor passa de mero
tirador de dúvidas para um profissional que precisa desenvolver novas competências que
o diferenciam do professor tradicional do ensino presencial. Desse modo cabe refletir
sobre como a identidade do tutor tem sido construída, considerando a sua formação e
atuação. Uma tarefa que precisa considerar a própria mobilidade da EaD, que ainda está
em evolução, e que vai se configurando de formas diferentes nos espaços em constante
construção.
Outro ponto relevante a ser refletido nasce da realidade dialógica que emerge no
ambiente EAD na atualidade: articulação do tutor no processo de aprendizagem
considerando a prática de ensinar e aprender. Faz-se necessário hoje compreender a
função do tutor como facilitador e mediador no processo ensino-aprendizagem e refletir
sobre estratégias e dinâmicas que vão sendo construídas no âmbito da EaD.
Após tais considerações, cabe ressaltar, primeiramente, que a pesquisa em
questão se torna relevante a partir da centralidade do papel do tutor na EaD. E, ainda no
imperativo de refletir a respeito da atenção que se tem dado a formação e atuação desse
profissional. Assim, a necessidade de formação específica para uma atuação eficiente, a
construção da identidade e a relação dialógica empreendida no ambiente virtual, são
aspectos que irão ser tratados neste trabalho.

1.2 Objetivos

O presente trabalho tem como objetivo geral investigar a formação e a atuação do


tutor em cursos na modalidade a distância, considerando a mediação pedagógica, o
processo de construção identitário e a necessidade de formação específica
Como objetivos específicos, este trabalho buscará, em se tratando da mediação
pedagógica, compreender como funciona o trabalho do tutor no ambiente virtual e como a
sua formação interfere na construção do processo de aprendizagem. Quanto à
construção da identidade, irá apresentar o conceito de identidade profissional e como a
formação e a atuação do tutor interferem no processo de construção identitário.
Quanto à formação específica, irá discutir a formação dos tutores que atuam na
área de matemática, de modo a identificar as especificidades pertinentes a estes tutores.

9
1.3 Metodologia

A metodologia adotada neste trabalho é a pesquisa de cunho bibliográfico, sendo


integrada à investigação qualitativa e descritiva, que segundo Gil (1999, p. 42), tem
como objetivo primordial a “descrição das características de um grupo, ou fenômeno, ou
então, o estabelecimento de relações entre as variáveis.”
A partir do tema central, a formação e a atuação do tutor, serão levantados os
seguintes tópicos: a) ações articuladoras sobre a construção do processo de
aprendizagem em ambientes virtuais; b) especificidades da formação de tutores de
matemática; c) processo de construção da identidade do tutor .Para cada tópico acima
será adotado um método especifico de trabalho investigativo. E após a coleta dessas
informações será feita uma análise da convergência das temáticas e de que forma o
processo de cada pesquisa apresenta contribuição para o entendimento da atuação e
formação do tutor.

1.3.1 Método e desdobramentos do tema

Para o item referente às ações articuladoras sobre a construção do processo de


aprendizagem em ambientes virtuais pretende-se compreender as estruturas que
compõem as interrelações presentes em uma plataforma utilizada por um grupo de
Instituições de Ensino Superior, da rede pública, no Estado do Rio de Janeiro,
destacando os seguintes pontos: a) Apresentação das principais interfaces da mesma
(chat, fórum, blog, aulas web e sala de tutoria), como orientação das possíveis
possibilidades de interrelações; b) Levantamento do perfil dos tutores online
correlacionado ao trabalho do tutor na sala de tutoria presencial; c) Investigação das
concepções epistemológicas presentes na Sala de Tutoria; d) Análise das trocas de
postagens observando tempo, relevância das informações, pertinência das colocações;
e) Organização e análise dos dados da pesquisa.
Com relação às especificidades da formação de tutores de matemática será feito
um levantamento e análise de trabalhos acadêmicos orientando-se por três questões: O
que é necessário contemplar na formação do tutor especialista em Matemática? Quais
são as especificidades desse tipo de tutoria? Quais são os conteúdos a serem
desenvolvidos no processo de formação desse tutor? Desta forma, será feita revisão de
artigos científicos internacionais ou/e nacionais disponíveis no Portal de Periódicos da
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e/ou
dissertações e teses em sites de programas de pós-graduação Stricto sensu. As buscas
serão realizadas com as palavras-chaves relevantes sobre formação de tutor de
Matemática. Após a identificação dos trabalhos pertinentes a pesquisa, uma análise dos
resumos será feita para verificar tal compatibilidade com a investigação. Feito isso, serão
categorizados os trabalhos por pertinência, tipo de pesquisa maiores detalhamentos
sobre os trabalhos e pontos em comum. Ao final serão apresentados os itens que
indicam as questões iniciais da temática sobre formação de tutores de Matemática.
Quanto à construção da identidade do tutor, a investigação partirá da análise da
literatura que destaca o conceito de identidade profissional. A partir dessa consideração
dar-se-á início à reflexão sobre a formação da identidade profissional do tutor. Para isso
serão considerados dois aspectos importantes: a) Como o tutor se vê a partir de sua
atuação; b) Como o tutor é representado pela instituição e pela relação que empreende
com os alunos. No embasamento desses aspectos serão analisadas pesquisas
10
realizadas que destacam a fala e a própria representação que o tutor faz de si, assim
como a representação do tutor a partir dos referencias de qualidade para a e educação a
distância e de instituições de referência no ensino virtual a distância. Os subsídios serão
retirados do site destas instituições, sendo considerados os editais de seleção que
descrevem a formação e atuação do tutor e outras informações disponíveis que façam
referência ao mesmo.
.
1.4 Organização do Trabalho

O presente trabalho está dividido em cinco capítulos: introdução, referencial


teórico, análise dos resultados, considerações finais e referências bibliográficas. Assim, o
capítulo primeiro trata de introduzir o tema, destacando, a partir da justificativa, a
centralidade da figura do tutor na educação a distância. Também apresenta os objetivos
que nortearão a pesquisa, a metodologia adotada e a forma como está organizado o
trabalho.
No segundo capítulo são apresentados os pressupostos teóricos, com intuito de
apresentar alguns autores que abordam a formação e atuação do tutor, seu papel no
processo de ensino aprendizagem em ambientes virtuais, a formação específica para
tutores de Matemática e o processo de identidade do tutor .
O terceiro capítulo propõe a apresentação dos resultados a partir da investigação
qualitativa e análise de dados bibliográficos e o quarto capítulo apresenta as
considerações finais sobre o tema investigado. E o trabalho se finda com o quinto
capítulo em que são listadas as referencias bibliográficas utilizadas.

11
2. Pressupostos teóricos

2.1. Considerações sobre a formação e atuação do tutor

A formação dos docentes no Brasil tem sido alvo de inúmeras pesquisas nas
diferentes áreas do saber. No cenário educacional, a Educação a Distância põe em
xeque a realidade da transmissão dos saberes previamente instituídos e requer um novo
perfil de professores, com habilidade e competência de domínio e uso das tecnologias da
comunicação e a informação (TICs).
Inicialmente, o modelo EaD nos remete ao conceito de transmissão de conteúdos
sem a presença física dos agentes envolvidos, no qual o processo de comunicação
dependeria, quase que exclusivamente, das trocas textuais. Porém, os avanços que
envolvem o uso da tecnologia da informação abrem novos horizontes para o trabalho
docente na Educação a Distância. Como conceitua Malcon Thight:

Educação a distância se refere àquelas formas de aprendizagem


organizadas, baseadas na separação física entre os aprendentes e os
que estão envolvidos na organização de sua aprendizagem. Esta
separação pode aplicar-se a todo o processo de aprendizagem ou
apenas certos estágios ou elementos deste processo. Podem estar
envolvidos estudos presenciais e privados, mas sua função será
suplementar ou reforçar a interação predominantemente a distância
(apud BELLONI, 2001, p. 26).

Neste cenário, os cursos na modalidade a distância fazem surgir um novo


profissional responsável por mediar a construção colaborativa de conhecimentos no
ambiente virtual de aprendizagem e propiciar uma troca interativa de saberes e
experiências, o tutor. Nas palavras de Costa:

O tutor é o profissional da educação que atua nas situações


programadas de ensino e aprendizagem presencial, ou na orientação
assistida a distância. É ele quem tem a relação direta com os alunos,
auxiliando-o no manuseio e na aproximação dos conteúdos, cabendo a
ele organizá-los com e para os alunos. Porém, mais do que conhecer os
materiais de ensino que são disponibilizados aos alunos, o tutor
administra situações de conflito, situações de euforia, desânimos,
rotinas. A tutoria caracteriza-se por seu caráter solidário e interativo. O
tutor é chamado a realizar funções de caráter pedagógico, social,
administrativo e de aspectos motivacionais (2008, p.9).

Contudo, com a expansão dos cursos na modalidade a distância, o papel do tutor


começou a ser questionado: qual sua função: professor, tutor ou professor-tutor? Qual o
seu papel: transmissão de conteúdos ou mediação pedagógica? Quais são as suas
responsabilidades na orientação dos alunos? Que competências e habilidades deve
possuir? Como o mesmo poderá contribuir com o seu trabalho para uma real produção
e/ou construção do conhecimento?

12
Diante destes questionamentos, pesquisadores da área resolveram estudar o
papel do tutor na Educação a Distância, desencadeando em definições, perfis e
competências que apontam para uma compreensão da prática pedagógica da tutoria em
EaD, entremeadas pelas teorias da aprendizagem. Esses trabalhos também fazem uma
ampla discussão sobre a identidade e o papel de mediador e condutor de relações
interpessoais que o tutor exerce no mundo EaD. Segundo os Referenciais de Qualidade
para Educação Superior a Distância:

O corpo de tutores desempenha papel de fundamental importância no


processo educacional de cursos superiores a distância e compõem
quadro diferenciado, no interior das instituições. O tutor deve ser
compreendido como um dos sujeitos que participa ativamente da prática
pedagógica. Suas atividades desenvolvidas a distância e /ou
presencialmente devem contribuir para o desenvolvimento dos
processos de ensino-aprendizagem para o acompanhamento e avaliação
do projeto pedagógico (BRASIL, 2007, p.21).

Na EaD, o aluno se vê envolto em uma estrutura didática planejada que lhe dá


suporte para a comunicação no ambiente virtual. O tutor, nesse sistema, atua como
mediador do processo ensino-aprendizagem, pois o aluno necessita de uma interlocução
permanente que é remanescente do sistema presencial de ensino. No ambiente virtual de
aprendizagem, o tutor é o agente que direciona o diálogo entre o aprendiz e o
conhecimento, de forma a oferecer novas fontes de informação e compreensão,
favorecendo o processo de aprender. Assim, “o diálogo virtual deve possuir
características dialógicas e polifônicas constituídas pela interação verbal, criando
vínculos interpessoais e afetivos” (CAIXETA, 2008, p. 24).
A importância de se compreender o que o diálogo representa na EaD pode
contribuir para a possibilidade de se analisar como se dá o processo de autonomia,
construção da identidade e formação de alunos e tutores no ambiente virtual. Nessa linha
de pensamento, Dotta (2006) apresenta os estudos de Paulo Freire sobre a importância
do diálogo na educação:

Em oposição à concepção bancária de educação, na qual prevalece a


ideia de transferência de saberes, Freire [2005] sugere que somente a
educação dialógica pode fomentar a problematização e a colaboração.
Problematizar é exercer uma análise crítica sobre a realidade problema
[FREIRE, 2005, p. 193]. Isso significa a necessária co-participação dos
sujeitos no ato de compreender a significação do significado. O professor
precisa, então, promover situações que possibilitem a participação ativa
e crítica dos estudantes na construção do conhecimento e isso somente
é possível a partir do diálogo (2006, p.2).

Partindo deste pressuposto, os saberes e materiais disponíveis no ambiente


virtual não são autossuficientes e não garantem por si só, a aprendizagem do aluno.
Portanto, a presença do tutor torna-se fundamental no processo didático-pedagógico. É
ele que possibilita o diálogo entre os alunos e o saber. Importante ressaltar que, na
verdade, não há uma mão única de saberes, “mas uma troca constante de conhecimento,
13
onde ensinar é, portanto, reforçar a decisão de aprender, sem agir como se ela estivesse
tomada de uma vez por todas” (PERRENOUD, 2008, p.71).
Assim, o discente que estuda num curso a distância “constrói conhecimento - ou
seja, aprende - e desenvolve competências, habilidades, atitudes e hábitos relativos ao
estudo, a profissão e à sua própria vida, no tempo e local que lhe são adequados”
(NEVES, 2003, p.3). Nesse novo contexto educacional alguns itens merecem atenção
das instituições que ofertam cursos a distância: a) compromisso dos gestores; b)
desenho do projeto; c) equipe profissional multidisciplinar; d) comunicação/interação
entre os agentes; e) recursos educacionais; f) infraestrutura de apoio; g) avaliação
contínua e abrangente; h) convênios e parcerias; i) transparência nas informações e j)
sustentabilidade financeira (NEVES, 2003). Três desses itens são importantes no que
tange o papel do professor-tutor nesta modalidade de ensino. O primeiro diz respeito à
equipe de profissionais que deve estar presente no curso, tendo em vista que serão
necessários a produção de materiais e recursos além da mediação do processo de
aprendizagem e, sendo assim, o papel do professor ganha outras vertentes diferentes do
ensino presencial. O segundo fala da relevância do processo de comunicação entre
alunos e tutores, afinal é importante que o foco deste processo seja o aluno e que ele
consiga dialogar com o professor e possa sanar suas dúvidas e que consiga desenvolver
competências como a autonomia do seu processo de aprendizagem. O último item,
referente à avaliação, tem a ver com os instrumentos a serem utilizados e os
mecanismos de avaliação, a fim de que os professores e tutores possam verificar a
aquisição do conhecimento pelos alunos.
Além disso, Machado (2004) classificou a atuação do professor online em quatro
grandes funções: pedagógica, gerencial, técnica e social. No quadro que se segue é
possível compreender como a autora concebeu a atuação do professor em cada uma das
áreas citadas.

Quadro 1. Categorização das funções do docente online


FUNÇÃO TAREFAS
Pedagógica Garantir que o processo educativo ocorra entre os alunos;
Conduzir o grupo de forma livre, dando possibilidade aos educandos
de explorar os recursos disponíveis do curso;
Estimular o pensamento crítico;
Motivar os alunos no processo de aprendizagem
Gerencial Responsável por apresentar o programa do curso, com as tarefas.
Administra questões com ritmo, objetivos traçados, elaboração de
regras e tomadas de decisões.
Técnica Conhecer as tecnologias utilizadas nos cursos e atuar como
facilitador do curso.
Social Deve facilitar e criar condições a aspectos sociais e pessoais entre
os alunos.
Fonte: Quadro adaptado de MACHADO, 2004

14
O quadro 1 oferece um panorama da que forma que o tutor pode atuar dentro do
contexto da EaD. No entanto, essa não é uma única forma sobre as tarefas do tutor,
Barbosa e Resende (2006) apresentam o seguinte quadro sobre a atuação do tutor:

Quadro 2. Formas de atuação do professor na EaD


Professor no papel de tutor Função
Professor formador Orientar o estudo e a aprendizagem do aluno
Conceptor e realizador de cursos e Preparar os planos de estudos, currículos e
materiais programas
Professor Pesquisador Pesquisar e se atualizar em sua disciplina
Professor Tutor Orientar o aluno em seus estudos
Tecnólogo Educacional Organizar pedagogicamente os conteúdos
adequados a cada suporte técnico
Professor “recurso” Providenciar respostas às dúvidas do aluno
Monitor Coordenar grupos de estudo nas ações
presenciais de EaD.
Fonte: Quadro extraído de Barbosa e Resende, 2006, p.476

2.2. O processo de formação dos tutores e suas especificidades

O professor que pretende atuar como tutor precisa receber uma formação que o
capacite para sua atuação, tendo em vista as necessidades que são provenientes desta
nova forma de ensinar, em que se coloca o aluno no centro do processo. Sendo assim,
sua formação deve habilitá-lo para a utilização de recursos tecnológicos e desenvolver as
competências pedagógicas necessárias para que atue com metodologias que colocam o
discente mais ativo do que no processo presencial. Além disso, “pensar a formação de
tutores significa pensá-la como um processo contínuo de formação inicial e continuada”
(VASCONCELOS, MERCADO, 2007, p.8).
A atuação do tutor em cursos de Licenciatura em Matemática tem como quesito
necessário para concorrer a vaga, ter formação em curso na área de exatas como:
Matemática, Física, Estatística ou Engenharia. As primeiras seleções para o curso de
Matemática oferecido pelo Centro de Educação a Distância do Estado do Rio de Janeiro
(CEDERJ) – “evidenciou a grande dificuldade em encontrar candidatos com o perfil
adequado para atuar em conteúdos do terceiro grau” (LIMA, 2002, p.2). Ainda, segundo a
autora não basta apenas fornecer cursos de capacitação, pois:
é extremamente necessário que todos os envolvidos com o projeto
tenham a exata noção do contexto em que atuam. Conhecer as causas
das dificuldades que os alunos e os tutores encontram no decorrer da
implementação dos cursos é fundamental para a correção de problemas
relacionados, por exemplo, ao material didático, à infraestrutura de
comunicação, ao suporte tecnológico (LIMA,2002, p.3).

15
Dessa forma, o tutor além de ter o conhecimento específico que recebeu nos
cursos de graduação deve saber trabalhar com as tecnologias que o curso utiliza, além
de compreender “as relações existentes entre a escola e o cotidiano, entre a formação
profissional, o educador e sua prática de sala de aula, dependendo diretamente dos
aspectos curriculares” (VASCONCELOS e MERCADO, 2007, p.11)
Neste sentido, percebe-se que cada área, como exatas, humanas e saúde, requer
procedimentos diferenciados na formação, tendo em vista suas especificidades. Assim, o
processo de formação de tutores na área de Matemática também necessita prever a
capacitação e a atualização na área. De acordo com Vasconcelos e Mercado, trabalhar a
construção de conhecimentos matemáticos nos alunos requer e habilidades específicas
do professor e do tutor, principalmente no que se refere à competência pedagógica de
mediar esse processo. Segundo os autores

As concepções de ensino aprendizagem de Matemática são


diversificadas e o construir e o reconstruir conhecimentos matemáticos
requer do professor um enorme esforço de compreensão dos processos
de ensino e aprendizagem, para construir conceitos e ideias
matemáticas em sala de aula, sendo muito mais fácil revelar aos alunos
no início, qual o conhecimento a ser desenvolvido com tais
procedimentos e técnicas usadas, do que tentar promover a construção
consciente dos alunos a partir de situações didáticas, anteriormente
planejado, exaustivamente repensado e constantemente avaliado,
(VASCONCELOS e MERCADO, 2007, p.9).

A formação inicial, caracterizada pela licenciatura na área, é uma necessidade


para que o tutor de Matemática possa ter condições de mediar o conhecimento e tirar
dúvidas dos alunos, assim como possibilitar a aprendizagem desses alunos nos cursos
de graduação. É importante também capacitá-lo para o exercício de sua função dentro
dos parâmetros estabelecidos pela instituição a que ele se vincula e para o pleno domínio
e uso adequado das ferramentas disponíveis no AVA e para o adequado relacionamento
interpessoal com os alunos, virtualmente.
No trabalho de Vasconcelos e Mercado (2007), é relatada uma experiência de
capacitação de tutores, que ocorreu em um curso de especialização, em que estes
recebiam a formação em tutoria ao mesmo tempo em que exerciam a função. Lima
(2002), a partir da experiência do CEDERJ, afirma que é importante “por meio de
planejamento e implementação de cursos de formação de tutores direcionados a
profissionais graduados nas áreas específicas ou áreas afins, residentes nos municípios
onde se localizam os pólos regionais e em municípios vizinhos” (2002, p.4). Assim, deve-
se considerar a importância de se aproveitar o espaço de trabalho para essa capacitação,
sendo a formação em serviço um processo que tem como objetivo propiciar a
capacitação e a atualização do professor sem que ele necessite se ausentar do trabalho
(VASCONCELOS, MERCADO, 2007).

2.3. O processo de construção da identidade profissional do tutor.

A reflexão quanto à construção da identidade do tutor está ligada à argumentação


teórica a respeito da formação da identidade profissional do docente, na EAD. Primeiro,
16
porque este profissional atua neste trabalho como mediador do processo de
aprendizagem e de construção do conhecimento pelos alunos sob a orientação e a
supervisão de um professor, e em segundo, porque a literatura a respeito dos sistemas
de tutoria busca traçar a identidade do tutor a partir de sua inserção em um tempo e um
espaço específicos. Desse modo, para se refletir sobre a construção da identidade do
tutor, deve-se tomar por base os estudos sobre a formação da identidade docente que
integra “a imensa variedade das condições de formação e atuação profissional desses
sujeitos, a diversidade de artefatos culturais e discursivos envolvidos na produção dessas
identidades e a complexidade dos fatores que interagem nos processos de identificação
dos docentes com seu trabalho” (GARCIA, HYPOLITO, VIEIRA, 2005, p.54).
Neste sentido, fica evidente que não se pode incorrer no engano de permear esta
reflexão de forma simplista, tomando por base a identidade como algo acabado, pois nas
palavras de Nóvoa
[...]a identidade não é um dado adquirido, não é uma propriedade, não é
produto. A identidade é um lugar de lutas e conflitos, é um espaço de
construção de maneiras de ser e estar na profissão.[...] A construção de
identidades passa sempre por um processo complexo [...]. É um
processo que necessita de tempo. Um tempo para refazer identidades,
para acomodar inovações, para assimilar mudanças. (1992, p.16)

A formação da identidade do tutor, portanto, deve ser entendida como um


processo de construção social marcado por uma série de fatores que interagem entre si,
resultando numa série de representações que estes fazem de si mesmos e de suas
funções, relacionadas com as histórias de suas vidas, suas condições concretas de
trabalho e com os discursos que circulam no mundo social acerca deles (GARCIA,
HYPOLITO, VIEIRA, 2005). A identidade do tutor se caracteriza, então, como um
processo evolutivo de interpretação de si mesmo como pessoa inserida em um contexto
histórico-social.
Neste processo de construção é necessário considerar dois aspectos, de acordo
com Galindo (2004, p.15), “o autorreconhecimento e alterreconhecimento”. De forma
simples, podemos dizer que o autorreconhecimento se refere a maneira como o tutor se
reconhece e o alterreconhecimento se refere a maneira como é reconhecido pelos outros.
No caminho do autorreconhecimento, o tutor se coloca frente a questões pertinentes ao
seu trabalho prático, como suas práticas pedagógicas, a relação com o outro, sejam os
alunos, professores ou colegas de trabalho. Enquanto no alterreconhecimento, ele se vê
a partir do outro, e neste polo estão presentes os discursos sociais produzidos, o
desenvolvimento recente da prática da tutoria e as políticas públicas para a EAD. Esses
dois pólos apresentados é o que Galindo (2005) designa como jogo do reconhecimento e
neste sentido afirma: “considerar a identidade inserida nesse jogo pressupõe uma
concepção do sujeito humano como portador da capacidade de simbolizar, de
representar, de criar, de compartilhar significados em relação aos objetos com os quais
vive.”(GALINDO, 2005, p.15).
Silva (2009) considera, ainda, que as identidades se fazem a partir de processos
dinâmicos de produção social, logo as mudanças sociais e educacionais impactam
profundamente a identidade profissional docente. Sendo assim, as práticas em EaD e o
sistema de representações que dela se configuram apontam para uma nova perspectiva
identitária docente, isto é, o tutor que atua no ambiente virtual de aprendizagem.

17
A própria figura do tutor passou por transformações até a concepção que se tenta
delimitar nos dias atuais. Inicialmente, em uma perspectiva mais tradicional de EaD, o
tutor não tinha a tarefa de ensinar, mas apenas de apoiar e orientar o educando, sendo o
material didático autossuficiente e a aprendizagem caracteristicamente autodidata. Essa
concepção de tutor estava ligada a ideia de ensino como transmissão de conteúdo
(Castro Filho; Souza, 2009). Nesse sentido, a palavra tutor, tem amparo na sua própria
definição no dicionário da língua portuguesa, que o define “como aquele que, tutela,
ampara e protege” (FERRREIRA, 2001, p.553), sendo apenas responsável por constatar
se o aluno está aprendendo ou não.
Mais recentemente, Alves, Cavalcante Filho e Sales (2012 apud Aretio, 2001)
argumentam sobre a falta de consenso entre os autores e instituições para designar o
profissional que atua na EaD, uma vez que a atuação deste profissional está relacionada
aos diferentes modelos de EaD que estão sendo implantados, embora o termo mais
usado seja o tutor.
Superando a visão tradicional de EaD e tomando alguns autores de referência
como Alves, Cavalcante Filho e Sales (2012); Castro Filho e Souza ( 2009) e Cabanas e
Vilarinho (2007), observa-se que o ser tutor no contexto da EaD atual extrapola a ideia
precípua daquele que apenas tutela a aprendizagem. O tutor enquanto docente precisa
construir e possuir saberes que garantam a qualidade e a competência de sua prática, ou
seja,

percebe-se que o perfil do tutor de um curso a distância requer algumas


características que estão além do domínio dos conteúdos e dos meios
técnicos. Essas características referem-se a relacionamento
interpessoal, concepção de educação de cada indivíduo e capacidade de
estabelecer relações de afetividade e empatia a distância. Não basta
apenas um discurso motivador e uma proposta de trabalho enfocando a
construção do conhecimento de forma conjunta com o aluno. É
fundamental que esse professor adquira ou desenvolva habilidades de
relacionamento interpessoal que valorize um processo de formação
flexível, com abertura para o diálogo e negociação constantes durante a
aprendizagem. (ALVES; CAVALCANTE FILHO; SALES, 2012, p.8)

Considerando estas novas percepções e exigências quanto a figura do tutor, o


investimento na formação deste profissional e a criação de critérios que dêem base a
sua atuação é tema fundamental a ser abordado na prática da EaD. Necessita-se
também, urgente a busca pelo processo de construção de identidade desse profissional,
pois os processos identitários estão amalgamados ao contexto social e às condições de
trabalho a que estão submetidos estes profissionais. Nesse aspecto, Silva (2009)
defende que a identidade é resultado das sucessivas interações entre o sujeito e o meio
sociocultural a que está inserido, e que as representações que o mesmo faz, não são de
fato os dados reais ou fidedignos, mas a atribuição de sentido que os mesmos dão a
cada situação em contextos históricos distintos.
O pessoal e o social estão entrelaçados, conforme propõe Galindo (2005), no jogo
do reconhecimento em que o auto e alterreconhecimento contribuem cada qual a sua
maneira, na construção da identidade. Assim, a atuação do tutor não está ligada apenas
às suas decisões pessoais, mas é regida por normas coletivas adotadas, pelas normas
organizacionais e burocráticas e pela cultura da instituição (SILVA, 2009).

18
3. Resultados e Discussões

3.1 Descrição dos Procedimentos e da Análise dos dados obtidos

A docência na educação a distância se configura de forma mais complexa do que


no ensino presencial. O exercício da função do “ser professor” é fragmentada em várias
tarefas executadas por pessoas distintas, é a transformação do individual para o coletivo.
A docência é exercida na educação a distância por uma equipe de profissionais
diferentes (LIMA; OLIVEIRA; 2013 apud BELLONI, 2003). Entre esses profissionais a
figura do tutor, como já mencionado neste trabalho, tem ocupado papel central devido o
seu contato direto com o aluno.
Considerando, ainda, a expansão da oferta dos cursos a distância o papel tutor
ganha ainda mais destaque, sendo alvo de pesquisas e reflexões a respeito de seu
papel, perfil, formação, atuação e etc. Contudo, todos estes aspectos merecem ser
pensados tendo como pano de fundo a identidade deste sujeito – tutor- que ainda não se
consolidou enquanto profissional e nem se definiu sua identidade profissional.
A reflexão sobre a identidade profissional do tutor tem se colocado como processo
marcado por inúmeros atravessamentos, entre estes o mais complexo é a expansão e
dinamismo próprios da educação a distância. O ser tutor tem assumido representações
singulares dependendo do espaço profissional construído.
Contudo, apesar dos imbricamentos, o presente trabalho tomou algumas
pesquisas realizadas com os próprios tutores e outros profissionais da educação a
distância envolvidos, com o objetivo de oferecer pistas que sejam capazes de construir
uma faceta, ainda que provisória, de como o tutor tem se percebido em seu exercício
profissional. De igual modo, foram tomadas pesquisas que apontam como este sujeito
tem sido representado pelas instituições e pelos alunos.

3.2. Identidade profissional e o autorreconhecimento: o tutor e a percepção de si


mesmo.

A percepção de si mesmo é um dos aspectos presentes no processo identitário, é


o autorreconhecimento (GALINDO, 2004). É importante considerar que esta percepção
de si não se dá no vazio, mas na inserção de um contexto histórico e social definidos.
Como propõe Silva (2009, p.56), as representações “são formas de atribuição de sentidos
que se modificam conforme o contexto histórico - cultural em que os indivíduos são
inseridos.” Assim, é possível compreender a relação que se estabelece entre a
percepção de si e o contexto social. Por isto, optou-se por considerar pesquisas que se
deram em contextos diferentes da EaD.
A pesquisa de Cabanas e Vilarinho (2007) destaca a tutoria na visão dos tutores,
tendo sido realizada totalmente online no I Encontro Nacional de Tutores de Educação a
Distância. Foram entrevistados 8 tutores, sendo 7 em atividade. A entrevista foi realizada
pelo chat onde uma das autoras atuou como dinamizadora propondo algumas questões
que deveriam ser respondidas pelos entrevistados.
A primeira questão levantada pelas autoras estava ligada ao tempo de exercício
da função, que constataram que a média variava de um ano a seis meses e destacaram
a fala de uma tutora que com apenas seis meses de trabalho era responsável por
coordenar cinco tutorias. Isto revela um acúmulo de responsabilidade preocupante para
19
um tutor ainda com pouca experiência. Esta sobrecarga foi salientada quando esta
mesma tutora revelou ser responsável também pela elaboração da proposta pedagógica
do curso. (CABANAS; VILARINHO, 2007, p. 11-12)
Quanto ao que levou os entrevistados ao exercício da tutoria, a pesquisa
evidenciou que a maioria se considerou qualificada por já aturem como professores.
Sendo que um dos entrevistados destaca que como professor já atua como mediador da
aprendizagem e assim estaria apto também para a educação a distância. A partir destas
considerações observa-se que a tutoria e docência estão ligadas para os sujeitos da
pesquisa, em que ser professor se fez pré-requisito para ser tutor (CABANAS;
VILARINHO, 2007. p. 13).
O papel pedagógico foi outra questão colocada, que pareceu gerar desconforto
nos entrevistados, pois apenas um respondeu, enfatizando o tutor como motivador. Esta
situação é tomada pelas autoras como uma evidência que estes não tinham noção do
que fosse a atividade de tutoria. Sendo a única resposta oferecida recheada da visão
tradicional de educação, “na qual o professor se situa como o ponto gerador das
atividades” (CABANAS; VILARINHO, 2007.p.13).
No que se refere à formação para o exercício da tutoria, dos entrevistados cinco
disseram que não receberam ou tinham qualquer formação específica, embora
reconhecessem a importância da mesma. Apenas dois disseram ter formação, um
recebeu a formação em um congresso e outro disse se que se formou na prática. Essa
situação explica a insegurança no exercício da função demonstrada pelos entrevistados
quando questionados sobre em que medida se sentiam seguros para exercer a tutoria.
Dentre eles, cinco não responderam, um assumiu a insegurança, um ofereceu resposta
sem sentido e apenas uma disse sentir- se segura. (CABANAS; VILARINHO, 2007. p.14).
A falta de formação afeta decisivamente não só a prática, mas a própria
percepção do que é ser tutor. A insegurança fruto da inexperiência e falta de formação
faz como que o tutor tenha dificuldade de se perceber como profissional e assim não
consegue estabelecer aspectos de sua própria identidade. Na pergunta final da pesquisa
de Cabanas e Vilarinho (2007) os entrevistados deveriam definir o tutor, o silêncio quase
unânime se coaduna com a afirmação acima. Apenas dois entrevistados responderam,
de forma confusa e inconsistente, a questão, o que para as autoras revela que eles não
sabiam minimamente definir: quem é, o que faz, como faz e para que faz (CABANAS;
VILARINHO, 2007 p. 15).
Uma pesquisa mais abrangente realizada por Silva (2008) como resultado de sua
tese de doutorado, apontou aspectos complementares, semelhantes e até opostos à
pesquisa de Cabanas e Vilarinho (2007). Silva (2008) apresenta uma reflexão sobre
como ocorre, a partir dos processos de atribuição de sentidos, a construção da identidade
do tutor na modalidade a distância. Para tal, o autor, entrevistou 23 sujeitos (diretora de
um sindicato de professores, tutores, professores, alunos e coordenadores de cursos a
distância) de duas instituições de ensino superior do Rio Grande do Sul, uma pública e a
outra privada.
A pesquisa foi dividida em três categorias, das quais interessa a este trabalho
apenas duas: o tutor em busca de si e a função social docente do tutor.
Na parte inicial os entrevistados enfatizam um sentimento de indefinição quanto
aos papéis e funções do tutor, considerando que a identidade do tutor ainda está em vias
de consolidação. Uma das entrevistadas destaca a necessidade de se criar um consenso
em torno da figura do tutor. As incertezas e a instabilidade da função também são

20
apontadas como fatores que limitam a construção da identidade do tutor (SILVA, 2008,
p.112).
A dualidade também é outro aspecto que foi constatado nos tutores, que não
parecem saber exatamente o seu lugar, como se o sentimento de estar não
correspondesse ao lugar – espaço - designado. Essa dualidade é enfatizada pelo
compartilhamento das diferentes etapas do ensino. Nessa perspectiva parece não estar
clara a função do tutor e a função do professor. A dualidade se mostra assim como
exclusão e inclusão. Para Cercato (2006 apud SILVA 2008, p. 113) este
compartilhamento pode gerar “confluências ou divergências, gerando assim pontos de
conflitos e tensão”.
Estes conflitos são representados pelos tutores em dois sentimentos: primeiro a
ambivalência da função e depois a ideia da hierarquização. Alguns tutores percebem a
noção de hierarquia vindo de alguns professores, como se o tutor ocupasse posição
inferior ou fosse uma figura menor que a do professor ( SILVA, 2008, p.113). Este é um
aspecto interessante a ser comparado com a pesquisa de Cabanas e Vilarinho (2007) em
que os tutores em sua maioria se declararam como professores e até acentuam o
exercício da docência como um pré-requisito importante para a tutoria. Contrapondo as
duas pesquisas observa-se que na teoria o ser tutor pode até se configurar como
docente, mas o exercício da função tem de certo modo, o colocado abaixo da figura do
professor. Ainda que de alguma maneira, ou até em outro espaço, o tutor a distância
exerça a docência na perspectiva clássica do termo.
A frustração com a baixa remuneração em comparação com um professor da área
emergiu nos entrevistados. Os sujeitos consideraram a importância da figura do tutor e a
necessidade de formação, mas observam que são muito menos valorizados do que um
professor. A remuneração inferior e a falta de vínculo com a instituição demonstraram ser
aspectos que desmotivam exercício da tutoria (SILVA, 2008, p.117).
Quando questionados sobre o que é ser tutor, a pesquisa revelou um “eu múltiplo”
dos tutores (SILVA, 2008, p.118), ressaltando a figura do tutor com múltiplas
responsabilidades. Nesse sentido, do que é ser tutor, algumas metáforas descritas pelos
entrevistados merecem destaque. O tutor foi comparado ao marisco, que vive entre o mar
e rocha, entre o especialista e o aluno. “Ele tem que saber nadar, tem que se virar ali,
para não ser engolido nem pelo mar e nem arrebentado na rocha” (SILVA, 2008, p.119).
Essa descrição destaca a posição por vezes frágil e delicada em que o tutor se encontra,
ainda revela a necessidade do tutor ser flexível tendo que saber lidar tanto com o aluno
como com o professor.
Outra metáfora foi apresentada por uma das entrevistadas, sendo o tutor
retratado por ela como um super-herói, fazendo menção aos personagens do desenho
animado “Os incríveis”. Neste caso merece a transcrição completa da fala da tutora:

Até uns dias atrás, nós nos comparávamos com aquele desenho
animado que passou recentemente no cinema: “Os incríveis”!
Para ser tutor, nós teríamos que ser um super-herói. Nós teríamos
que ter “flexibilidade” como a mulher-elástica; a “rapidez” como o
menino que corre bastante; ter a “força” como o pai da família e de
vez em quando ficarmos invisíveis como a menina. São papéis
que nós devemos assumir no dia a dia.(SILVA, 2008, p. 119).

21
Outras comparações foram estabelecidas como o camaleão, no que diz respeito a
ter flexibilidade; a rede em que o tutor atua como colaborador e educador; a ponte entre o
a afetividade e o comprometimento; a EaD como uma grande família e a tutora como
mãe, que mantém o grupo unido e supre as necessidades.
Ainda na categoria da busca de si mesmos, os entrevistados revelaram
características e perspectivas de um modelo ideal do ser tutor. Silva (2008) acentua que
o “ter que” se coloca frente ao “ser”, em que “ter que ser” representa então este ideal a
ser buscado. Para os entrevistados aspectos como disponibilidade, perseverança –
porque não é fácil ser tutor – constante busca pela atualização, saber lidar com a
improvisação e por fim o ideal é o tutor que promove a aprendizagem e que sabe lidar
com a equipe de trabalho.( SILVA, 2008, p.121-122).
Na segunda categoria de sua pesquisa sobre a função social docente do tutor os
entrevistados demonstram que se vêem como professores, ainda que não oficialmente.
Um dos entrevistados apresenta a ideia do “professor-tutor” (SILVA, 2008, p.127), como
uma forma de resolver o entrave sobre ser o tutor professor ou não. Semelhante a
pesquisa de Cabanas e Vilarinho (2007), na pesquisa de Silva (2008) os entrevistados
evocaram suas experiências em docência como fio condutor para chegarem até a tutoria.
Os sujeitos da pesquisa demonstraram não só a percepção de si como docentes, mas
ainda aglutinam a esta percepção a função social da docência.
Ambas as pesquisas apontaram para a complexidade inerente a construção da
identidade do tutor. Abluídos pelas mais diferentes experiências os sujeitos por motivos
diferentes acabam sendo inseridos na experiência de ser tutor, isto dificulta uma clara
percepção do ser tutor. As mudanças rápidas, típicas do nosso tempo e da educação a
distância, também atravessam a percepção do sujeito que tenta se situar em contextos
mutáveis e instáveis. Observa-se que a insegurança resultante da inexperiência e falta de
formação, acabam diminuindo o ser ante sua própria percepção. Isto se revela no silêncio
dos entrevistados na pesquisa de Cabanas e Vilarinho (2007), ou na busca por exemplos
concretos e o uso das metáforas como na pesquisa de Silva (2008).
A insegurança para se definir evidencia a imagem pouco nítida que o tutor tem de
si. Os conflitos oriundos do ser ou não professor e dai as relações hierárquicas e
desvalorização profissional, sentida através da baixa remuneração, provocam confusão e
frustração no tutor que sente dificuldade em definir seu papel e quando faz parece não se
sentir confortável, como se estivesse avançando para um espaço que não é seu.
Contudo, pode-se também perceber que mesmo com pouca ou nenhuma
formação os entrevistados da pesquisa de Cabanas e Vilarinho (2007), percebem a
importância/necessidade da formação, assim como o modelo ideal de tutor que é descrito
na pesquisa de Silva (2008). Assim, ainda que o “ser” na prática, não represente o que de
fato precisa ser, existe uma noção clara do ideal do “ser” ocupando o imaginário dos
entrevistados.

3.3 O processo identitário do tutor no alterreconhecimento: representações de


uma identidade profissional em construção.

No processo de construção da identidade profissional as representações a partir


do olhar do outro estão interligadas com a própria percepção de si. Conforme assegura

22
Galindo (2004), destacando o alterreconhecimento como parte integrante do processo
identitário. Como já mencionado neste trabalho, no polo do alterreconhecimento estão
presentes os discursos sociais produzidos, o desenvolvimento recente da prática da
tutoria e as políticas públicas para a educação a distância.
Deste modo, a reflexão terá início considerando os Referenciais de Qualidade
para a Educação Superior a Distância (BRASIL, 2007), destacando pontos pertinentes
quanto ao exercício da tutoria.
Inicialmente, cabe destacar que este documento admite a variedade de modelos
de educação a distância, até mais, reconhece a possibilidade de se organizar tal
modalidade de maneiras distintas. Contudo, alguns pontos devem estar presentes em
qualquer que seja o modelo. Entre esses requisitos fundamentais está a constituição de
uma equipe multidisciplinar:

Em educação a distância, há uma diversidade de modelos, que resulta


em possibilidades diferenciadas de composição dos recursos humanos
necessários à estruturação e funcionamento de cursos nessa
modalidade. No entanto, qualquer que seja a opção estabelecida, os
recursos humanos devem configurar uma equipe multidisciplinar.
(BRASIL, 2007, p.19).

Nesta equipe multidisciplinar estão presentes, os docentes, tutores e o apoio


técnico-administrativo, cada um dos componentes tem suas funções ou perspectivas de
atuação descritas.
Na descrição sobre quem é o tutor o documento destaca que

o corpo de tutores desempenha papel de fundamental importância no


processo educacional de cursos superiores a distância e compõem
quadro diferenciado, no interior das instituições. O tutor deve ser
compreendido como um dos sujeitos que participa ativamente da prática
pedagógica. Suas atividades desenvolvidas a distância e/ou
presencialmente devem contribuir para desenvolvimento dos processos
de ensino e de aprendizagem e para o acompanhamento e avaliação do
projeto pedagógico. (BRASIL, 2007, p. 21)

Observa-se, desta maneira, que ao tutor é dada fundamental importância no


processo educacional e ainda é ressaltada sua participação ativa na prática pedagógica,
contribuindo no desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem. Quanto à atribuição
dos tutores, o documento do MEC afima que

A principal atribuição deste profissional é o esclarecimento de dúvidas


através fóruns de discussão pela Internet, pelo telefone, participação em
videoconferências, entre outros, de acordo com o projeto pedagógico. O
tutor a distância tem também a responsabilidade de promover espaços
de construção coletiva de conhecimento, selecionar material de apoio e
sustentação teórica aos conteúdos e, freqüentemente, faz parte de suas
atribuições participar dos processos avaliativos de ensino-aprendizagem,
junto com os docentes. (BRASIL, 2007, p.21)
23
Ao considerar estes trechos é possível constatar que todo o processo interativo
com o aluno é atribuído ao tutor, que deve estar disponível para sanar dúvidas, ampliar a
sustentação teórica, acompanhar os discentes e compartilhar dos processos avaliativos
com os professores. O tutor é então responsável por toda conexão que o discente
estabelece com a disciplina, sendo a figura mais presente entre o aluno e a instituição.
Em termos específicos é o responsável pela mediação pedagógica, uma vez que a
responsabilidade de construir um espaço coletivo de conhecimento é dele.
Pode-se então pensar que se com o tutor está a parte efetiva do processo ensino-
aprendizagem, o que cabe então ao professor? De acordo com os Referenciais de
Qualidade para o Ensino Superior a Distância o docente na EAD exerce um importante
papel e detém competências específicas, como detalhado no trecho abaixo descrito do
documento:

Em primeiro lugar, é enganoso considerar que programas a distância


minimizam o trabalho e a mediação do professor. Muito pelo contrário,
nos cursos superiores a distância, os professores vêem suas funções se
expandirem, o que requer que sejam altamente qualificados. Em uma
instituição de ensino superior que promova cursos a distância, os
professores devem ser capazes de:
a) estabelecer os fundamentos teóricos do projeto;
b) selecionar e preparar todo o conteúdo curricular articulado a
procedimentos e atividades pedagógicas;
c) identificar os objetivos referentes a competências cognitivas,
habilidades e atitudes;
d) definir bibliografia, videografia, iconografia, audiografia, tanto básicas
quanto complementares;
e) elaborar o material didático para programas a distância;
f) realizar a gestão acadêmica do processo de ensino-aprendizagem, em
particular motivar, orientar, acompanhar e avaliar os estudantes;
g) avaliar -se continuamente como profissional participante do coletivo de
um projeto de ensino superior a distância. (BRASIL, 2007, p.20)

O texto do documento inicia ressaltando a não desvalorização do docente no


projeto da educação a distância, e centraliza suas funções aos aspectos relacionados ao
planejamento. Traçando uma comparação entre o tutor e o docente parece haver uma
divisão do trabalho em que o planejamento está com o professor e a execução com o
tutor.
Ainda estabelecendo comparação entre o docente e o tutor, convém destacar que
ao docente é garantido o vínculo com a instituição, enquanto ao tutor nada é
mencionado: “Corpo docente, vinculado à própria instituição, com formação experiência
na área de ensino e em educação a distância; Corpo de tutores com qualificação
adequada ao projeto do curso” (BRASIL, 2007, p.18). Em outro trecho os tutores são
descritos como participantes de um quadro diferenciado da instituição.
Tratando, ainda, das atribuições do tutor Alves, Cavalcante Filho e Sales (2012)
apresentam uma pesquisa que analisou os editais de seleção para tutor de três
universidades públicas de Fortaleza. O estudo revelou que ambas as universidades
requerem dos candidatos qualidades que são pertinentes ao exercício da docência.
Competências como: “desenvolvimento de atividades conjuntas com os alunos de

24
favorecer-lhes a aprendizagem; domínio do conteúdo; mediação pedagógica dos
conteúdos” (ALVES; CAVALCANTE FILHO; SALES, 2012, p.10), além do domínio
técnico-pedagógico dos recursos utilizados.
Estas competências, como se observa nos pressupostos teóricos deste trabalho,
ultrapassam a perspectiva do tutor como mero facilitador ou motivador, ou como aquele
que apenas tutela a aprendizagem. Os autores da pesquisa defendem que a tutoria em
cursos a distância requer características que estão além do domínio dos conteúdos e dos
meios técnicos, mas que são necessários “aportes pedagógicos específicos da função
docente” (ALVES; CAVALCANTE FILHO; SALES, 2012, p.10).
Na pesquisa desenvolvida por Lima e Oliveira (2013), assim como Alves;
Cavalcante Filho e Sales (2012), concluem que o tutor do curso a distância tem exercido
a docência nos cursos analisados. Essa afirmação surgiu após as autoras analisarem os
editais de seleção de tutores de 32 instituições de ensino superior parceiras da
Universidade Aberta do Brasil (UAB), 12 projetos pedagógicos e entrevistas online
aplicadas à 50 tutores e 28 outros profissionais envolvidos no ensino a distância. Partindo
então da atuação do tutor como docente Lima e Oliveira (2013), passam a analisar as
condições de trabalho em que o tutor exerce sua função. Entre estes aspectos, a
pesquisa focou a remuneração, vínculo institucional/profissional, carga horária, número
de alunos/tutor, participação na elaboração da disciplina, autonomia, aspectos positivos
da tutoria.
As pesquisadoras destacam que os profissionais envolvidos com os cursos
oferecidos em parceria com a UAB são remunerados por meio de bolsas do Fundo
Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), garantidas em valores definidos na
resolução CD/FDNE n. 26/2009. Sendo que a vigência da bolsa está ligada com a
duração do curso e não pode ultrapassar quatro anos. Assim, os tutores enquadrados
neste perfil como bolsistas não possuem vínculo empregatício com a instituição, logo
não têm nenhum direito trabalhista garantido.
O valor descrito da bolsa para os tutores é de R$ 600,00 (BRASIL, 2009), o que
pode ser considerado um valor muito distante do que seria o ideal para o exercício da
docência, ainda que no ambiente virtual. Para Lima e Oliveira (2013, p.9 ), tanto o valor
baixo da remuneração como a falta de regulamentação contribuem para a precarização
da função. Ainda quanto às condições de trabalho as pesquisadoras detectaram que 66%
dos entrevistados (LIMA; OLIVEIRA, 2013 p.10) atuam em mais de três disciplinas, se
estes estiverem cumprindo a carga horária de 20 horas semanais, isto se configuraria
como uma sobrecarga de trabalho.
A falta de autonomia e de participação na elaboração da disciplina foram dois
fatores mencionados pelos tutores que acabam por provocar distanciamento entre o tutor
e o docente.(LIMA; OLIVEIRA , 2013, p.11). Nesse sentido, volta-se para a questão
abordada no tópico anterior, sobre a sensação ora de inclusão, ora de exclusão na qual o
tutor se vê inserido. E novamente, a divisão entre quem decide e quem executa se
configura como um entrave na formação da identidade profissional do tutor, que passa a
ser representado apenas como mero executor.
Refletindo sobre a tutoria enquanto exercício da docência e os dados
apresentados as pesquisadoras concluem que,

as condições impostas ao trabalho do tutor não são compatíveis com as


responsabilidades das funções que desempenha e das
responsabilidades que assumem no processo de formação dos futuros
25
professores. Além da precariedade evidenciada na bolsa irrisória, na
falta de vínculo profissional e na falta de direitos trabalhistas mínimos, os
tutores apontaram outras “faltas” a que são submetidos: a falta de
reconhecimento da função e de sua regularização, a falta de autonomia
no trabalho, a falta de participação na elaboração da disciplina, a falta de
formação adequada, etc. Além de outras dificuldades como a alta
rotatividade, a fragmentação e a hierarquização do trabalho, o não
custeio das atividades de tutoria, entre outros. (LIMA; OLIVEIRA, 2013,
p.12).

Voltando à pesquisa realizada por Silva (2008) o autor considera que os próprios
alunos vêem o tutor como professor, citando a estranheza dos mesmos em lidar com
alguém que por eles é considerado como professor, mas não é de direito. O autor
registra: “Muitas dúvidas que eu tinha era o tutor que resolvia, ele mandava uma resposta
para nós. Muitas vezes foi o tutor que foi nosso professor. O tutor acaba assumindo o
papel do professor na prática” (SILVA, 2008 p.116). A fala da aluna explicita que diante
dos discentes o “ser tutor” implica em “ser professor”. Como já citado na EaD as várias
etapas da aprendizagem são compartilhadas cabendo ao professor e ao tutor momentos
diferentes, contudo na perspectiva do aluno esta divisão – que talvez fique evidente
apenas para a instituição – não diminui a figura do tutor e não o coloca em outro papel
senão na docência.
Na perspectiva de Jobert (2003 apud LIMA; OLIVEIRA, 2013, p.7) a
profissionalização é composta por dois processos que estão ligados: o desenvolvimento
da competência e a luta pelo reconhecimento social da profissão. Observa-se, desse
modo, que o caminho para uma identidade profissional do tutor é longo e delineado por
implicações que envolvem desde a formação e competência mínima para atuação na
área até políticas públicas que regulamentem e garantam o exercício digno da função.
Mesmo que o tutor se perceba e atue como docente, ainda que os próprios alunos assim
o reconheça, ainda será necessário construir um caminho de discurso social e
reconhecimento. Assim evidencia-se que a identidade profissional do tutor ainda está
construção, tanto nas suas representações de si, como no coletivo e social. A identidade
profissional do tutor ainda é “ser em construção.

26
4. Considerações Finais

A expansão do oferecimento de cursos a distância e a diversidade de modelos em


que estes cursos podem ser organizados, suscitou inúmeros debates quanto aos
personagens envolvidos nesta modalidade. A figura do tutor aparece como central,
considerando sua atuação direta com o discente. Esta centralidade desencadeou uma
gama de perfis, competências e definições em relação ao tutor. É neste sentido que este
estudo traçou o seu caminho, considerando a importância do tutor na EaD, seu papel no
processo ensino-aprendizagem, sua formação especifica e a sua identidade profissional.
É ponto comum nas referências utilizadas que a atuação do tutor na atualidade
supera a perspectiva outrora construída no início da EaD. Assim como a formação do
mesmo precisa contemplar mais elementos que antes não eram necessários.
Diante destas novas necessidades, o estudo presente tratou de analisar a
formação e atuação do tutor relacionadas à construção de sua identidade profissional. O
processo identitário considera a percepção de si e a percepção a partir do outro e desse
modo foram utilizadas pesquisas que descrevessem como o tutor se vê e como é
representado pela instituição e pelos alunos.
Na relação formação e identidade a pesquisa demonstrou como a falta de
formação específica para a atuação na tutoria a distância e a inexperiência promovem
insegurança tal que o tutor tem dificuldade de estabelecer aspectos de sua identidade
profissional, como seu papel pedagógico e a própria definição do que é ser tutor.
A indefinição do papel do tutor e as múltiplas responsabilidades a ele conferidas
foram aspectos detectados que atravessam negativamente sua atuação, o que promove
ainda mais a sensação de insegurança e indefinição nos mesmos. Quando comparados
aos docentes que atuam na EaD os tutores demonstraram extrema sensação de
frustração por conta da remuneração inferior recebida e pela hierarquização imposta por
alguns professores. O que apontou, também, para o sentimento de deslocamento que o
tutor tem em alguns momentos, como se por um lado sua atuação compreendesse a
docência, mas por outro lado seu lugar enquanto docente não fosse garantido.
Na relação tutor – professor ficou evidente que as instituições têm como
fundamental que o tutor possua competências que são próprias da docência. Alguns
tutores também colocaram a sua experiência docente como importante para o exercício
da tutoria. Entretanto, as pesquisas analisadas e o próprio referencial de qualidade para a
educação a distância, parecem propor uma dicotomia perigosa, em que ao professor são
atribuídas as atividades relacionadas ao planejamento e ao tutor as atividades práticas.
Apresentando assim uma divisão em que o tutor aparece como mero executor e perde
sua autonomia. Outro entrave que se soma a isto é o fato do tutor não ter vínculo com a
instituição ou ser colocado, como apresentam os Referenciais de Qualidade para a EaD,
como participante de um “quadro diferenciado da instituição” (BRASIL, 2007, p.21). Estes
fatores citados contribuem não somente para a precarização do trabalho do tutor, como
prejudicam a construção de uma identidade profissional.
Ainda, tratando da relação docência e tutoria a pesquisa evidenciou que na
percepção dos alunos o tutor é professor. Logo, a divisão de trabalho docente e de tutor
não é sentida pelos alunos, que atribuem a docência àquele com quem estabelecem a
relação ensino-aprendizagem. As referências e as pesquisas tratadas neste estudo
também apontam para a atuação do tutor como docente.

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A figura do “professor-tutor” foi apresentada por uma tutora entrevistada, na
tentativa de propor uma solução para o entrave entre ser professor e ser tutor. Esta
parece ser uma boa suposição, que de certa forma, abarca no termo a ideia da docência
- presente na tutoria - e da especificidade da atuação em contexto próprio. Logo,
entende-se o termo como o professor que atua em cursos a distância lidando diretamente
com o discente, responsável pela mediação pedagógica. A proposta é interessante e
representaria um avanço para a valorização do trabalho do tutor e contribuiria para a
definição de sua identidade profissional. Mas, esta é uma proposta que carece de mais
estudos para se avaliar sua viabilidade e seus impactos nos cursos já existentes.
Com tantos atravessamentos, como instabilidade, indefinição e insegurança este
estudo conclui que a construção da identidade profissional do tutor é ainda um desafio
que depende de vários fatores, entre estes, e sendo principal, o de políticas claras que
regulamentem o exercício da tutoria. Esta é uma função que vem ganhando espaço e
importância nos modelos da EaD, ainda que organizada de forma diferente, todos se
valem do trabalho do tutor, o que demonstra a necessidade de se pensar não somente
em identidade profissional, mas na passagem de função para profissão.
Ser tutor é ainda “ser em construção”, tanto pela própria EaD que ainda fervilha
em vários contextos e possibilidades, como na própria percepção que o tutor tem si
mesmo. Ainda não há definição, mas este estudo serve para indicar pistas de caminhos
que podem ser trilhados e mais, ainda, para indicar que os cursos a distância tendem a
crescer e se consolidar cada vez mais, o que impõe a necessidade de refletir sobre os
sujeitos envolvidos neste processo.

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