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SOBRE
PROCESSO
ADMINISTRATIVO
DISCIPLINAR
13 de agosto de 2020
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CONTROLADORIA-GERAL DA UNIÃO
BOLETIM INTERNO Nº 28
CONTROLADORIA-GERAL DA UNIÃO
2) CORREGEDORIA-GERAL
PORTARIA
N.º 1780, DE 10 DE JULHO DE 2015.
Art. 1º. Tornar público o elogio concedido ao servidor MARCOS SALLES
TEIXEIRA, ocupante do cargo efetivo de Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil,
matrícula SIAPE nº 2180871, em razão dos relevantes serviços prestados ao serviço público
federal, ao Sistema de Correição do Poder Executivo federal e a esta Corregedoria-Geral da
União, especialmente pela confecção, desenvolvimento, disponibilização aberta e constante
atualização do trabalho autoral “Anotações sobre Processo Administrativo Disciplinar” e
publicações correlatas, que se consolidaram na seara disciplinar pelo pioneirismo, inovação e
elevada qualidade técnica.
Art. 2º. Determinar que o elogio objeto deste ato conste dos assentamentos
Funcionais do servidor
(pg. 4)
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OBSERVAÇÕES INICIAIS
Registro Público de Empresas Mercantis). Uma das vantagens de assim se proceder é que,
enquanto na forma constitutiva simples os sócios podem ter seu patrimônio alcançado em
caso de dívida da sociedade, adotando-se outra forma constitutiva, eles auferem a limitação de
sua responsabilidade.
As sociedades simples desenvolvem atividades econômicas estritamente ligadas à
conjugação de intelectualidades dos sócios e, desta forma, indubitavelmente, são sociedades
de pessoas. Estas sociedades, de acordo com seus contratos sociais, podem ter como
administrador um sócio ou alguém estranho ao quadro social, contratado para tal fim. Ainda a
se mencionar que a sociedade personificada que tenha por objeto a atividade rural, se não
dispuser de organização estruturada da produção, será simples; se dispuser,
independentemente de seu porte, poderá optar em se manter como sociedade simples ou em se
registrar como sociedade empresária (conforme se verá mais detidamente em 4.7.3.10.3).
Conforme já afirmado acima, é claro que a Lei nº 8.112, de 11/12/90, por meio do
dispositivo em comento, não tem a intenção de proibir o direito de propriedade ao servidor. O
servidor pode buscar outras formas lícitas e compatíveis de auferir rendas ou rendimentos, tais
como investindo suas disponibilidades financeiras no mercado de capitais ou em
empreendimentos privados, podendo até figurar como sócio majoritário de uma sociedade
(inclusive de fim comercial), sem em princípio afrontar a norma; à vista especificamente deste
enquadramento, o que ele não pode, em termos de participação societária, é, pessoalmente,
praticar os atos de administração ou de gerência, pois, repisa-se, além de coibir os desvios de
comprometimento e de dedicação, a Lei quer evitar - antes mesmo da efetiva concretização e
já desde o mero risco potencial - que o servidor lance mão de seu cargo para, com a força de
suas prerrogativas, beneficiar ou carrear benefício para aquelas atividades privadas.
Em razão, então, do necessário acerto com que deve ser lido este dispositivo apenador
com demissão, é que, não obstante ter se apresentado a literalidade da primeira parte do art.
117, X da Lei nº 8.112, de 11/12/90, afirma-se que o aplicador de qualquer norma, mais do
que se debruçar sobre seus detalhes literais, deve encará-la de forma global para tentar extrair
a sua inteligência sistemática. Neste rumo, deve se esclarecer que, independentemente de
nuances literais, passíveis de interpretação, o que este dispositivo legal quer tutelar, em
essência, além da questão de controle da prestação integral da jornada de trabalho e de
dedicação ao cargo, é sobretudo evitar conflito de interesses público e privado, ou seja, coibir
a possibilidade de a sociedade obter qualquer beneficiamento, vantagem ou diferenciação pelo
fato de que seu administrador ou gerente é um servidor, dotado de prerrogativas. Em outras
palavras, a principal inteligência da norma é evitar que, por ser servidor, o administrador ou
gerente de uma sociedade atue em seu próprio favor de forma inescrupulosa.
Daí porque o mandamento da primeira parte do art. 117, X da Lei nº 8.112, de
11/12/90, deve ser entendido com um certo grau restritivo e cauteloso, configurando-se
apenas com a comprovação da administração ou da gerência de fato, não bastando figurar de
direito no contrato social, no estatuto social ou no mero acordo entre sócios ou em qualquer
outro ato da sociedade ou ainda perante órgãos tributários. Em outras palavras, este
enquadramento é precipuamente fático e não apenas de direito. Para que se cogite do
enquadramento em tela, necessário que a comissão comprove nos autos a efetiva atuação do
servidor como administrador ou como gerente da sociedade. Neste rumo, mencione-se, a mero
título de exemplos não exaustivos, os fatos de o servidor assinar cheques, aquisição de
insumos, contratos diversos (como de prestação de serviços, de manutenção, de locação de
imóvel) ou convênios (como auxílios-alimentação, transporte ou saúde para empregados) ou
registros profissionais de contratação, férias ou dispensa de empregados; ou firmar livros
comerciais ou fiscais (Diário, Razão, Caixa, Lalur); ou figurar como responsável tributário ou
em quaisquer outras instâncias extrajudiciais e judiciais.
Diante da dificuldade concreta com que em instânciaa administrativa - seja ainda
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investigativa, seja já no curso do PAD - se depara para a configuração de tal ilicitude, pode se
destacar, a mero título sugestivo e não exaustivo, um rol de atos instrucionais para tal fim. Por
exemplo, de imediato, pode-se pesquisar em sistemas informatizados da Secretaria Especial
da Receita do Brasil o nome do responsável pela transmissão de declarações fiscais e se há
recolhimentos previdenciários em favor do servidor, bem como verificar na Declaração Anual
de Ajuste do servidor e na Declaração de Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica ou ainda
em qualquer outro documento contábil se há retiradaa de pró-labore em nome do servidor bem
como verificar nos livros de escrituração fiscal ou comercial quem consta como responsável.
Pode-se também solicitar à respectiva Junta Comercial (ou extrair do devido sistema
interno porventura disponível por convênio) cópia do contrato social. Cabe também solicitar
às concessionárias de energia elétrica, água, esgoto e saneamento que informem quem é o
responsável da sociedade junto à prestadora do serviço e cujo nome figura nas contas mensais.
Também se demonstra relevante diligenciar e pesquisar em busca dos contratos de locação,
compra e venda, ou documento equivalente do imóvel em que a sociedade funciona. Cabe
solicitar à prefeitura e ao Fisco estadual a cópia da ficha cadastral, alvará ou documento
equivalente, do qual conste o nome do contador e do responsável pela sociedade junto àquelas
instâncias, e, ainda ao Fisco estadual, a identificação do responsável pela transmissão de
declarações fiscais e pela emissão de notas fiscais.
Prosseguindo, é viável consultar nos sistemas informatizados, bem como solicitar ao
Ministério do Trabalho (MT) cópia das Relações Anuais de Informações Sociais (Rais)
apresentadas pela empresa, com o fim não só de ratificar o contador mas também de
identificar os funcionários declarados. Uma vez identificados os contadores junto às
administrações municipal e estadual e ao MT, estes podem ser objeto de intimações para
remeterem o contrato de prestação de serviço mantido com a sociedade e outros documentos
de fornecedores e clientes que demonstrem a atuação do servidor como gerente ou
administrador. Cabe pesquisar no sítio eletrônico da Justiça do Trabalho as demandas em
desfavor da sociedade, identificando os demandantes, a fim de em seguida intimá-los a
apresentarem suas carteiras de trabalho para verificar quem os admitiu, demitiu, concedeu
férias ou consignou qualquer registro de natureza trabalhista. Pode-se coletar manifestações
escritas ou orais dos contadores, funcionários, ex-funcionários, clientes e fornecedores da
sociedade para esclarecer a suposta atuação do servidor e entregarem eventuais provas que
possuam (tais como cópias de cheques, de notas fiscais e de contrato). E, por fim, pode ainda
se demonstrar relevante solicitar à Advocacia-Geral da União que pleiteie a quebra do sigilo
bancário da sociedade com o fim de a verificar quem movimenta as contas e assina cheques.
Ademais, de se verificar da literalidade, que emprega a ação verbal “participar”, que
aqui também se exige, além da efetividade da conduta fática, algum grau de habitualidade ao
longo do tempo, não se configurando a prática vedada com apenas algum(ns) ato(s)
isolado(s), nos termos já dispostos em 2.5.3.4.
Parecer PGFN/CJU/CED nº 1.237/2009: “148. É interessante notar que os
verbos típicos que compõem a proibição administrativo-disciplinar,
“participar” e “exercer”, no âmbito penal estão normalmente identificados
àquilo que a doutrina e a jurisprudência qualificam como crime habitual, o
qual é caracterizado por abalizada doutrina com os seguintes contornos: (...)
152. No caso da proibição administrativo-disciplinar em análise - embora a
imprevisível realidade social possa eventualmente demonstrar o contrário -
pode-se dizer que, ao menos em regra, um ato único ou mesmo os atos
dispersos e esporádicos de gestão, distribuídos ao longo de cinco anos,
dificilmente atingiriam de maneira especialmente grave a regularidade do
serviço e a indisponibilidade do serviço publico, legitimando a aplicação da
ultima ratio no âmbito administrativo.”
Orientação Coger nº 28