Você está na página 1de 9

I'rimeira S g ão

TEM FUTURO O DIREITO PENAL?


CLAOS
Roxr~

TUTELA PENAL DO P A T R I M ~ N I OGENÉTICO


SIRVINSKAS
Luis PAULO

Segunda Seção Primeira Seção


SENTENÇA CRIMINAL PROGRAMADA PARA COMPUTADOR
PEDROMADALENA HEINZLE
C ROBEATO

Terceira Sqão
A INCOMUNICABILIDADE DO PRESO NA INVESTIGAÇÃO CRIMINAL:
PERMISS IVIDADE CONSTITUCIONAL

TEM FUTURO O DIREITO PENAL? I'


A RESPONSABILIDADE PENAL DOS MENORES NA ESPANHA
E O ESTATüTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
CLAUS ROXIN
Jose S E B A S ~ Ã OFAGUNDEÇ
CUNHA Prof. Dr. h. c. mult. Universidade de Munique.
Dr. LL. h. c . Universidade Hanyang.
Dr. h. c . Uoiversidade de Urbino.
Dr h. c . Universidade de Coimbra.
Dr. h. c. Universidade Cornplutense. Madrid.
Dr- h. c. Univesidade Ceniral. Barcelona.
Dr. h . c. Universidade Komotini.
Dr. h. c. Universidade de Atenas.
Dr. h. c. Universidade Lusíada. Lisboa.

-
SUMARIO: I . ~rilrodu~ão2. Pode o diteito penal ser abolido?: 2.1 Coriciiiar.
ao hvds de julgar: correntes abaliciunistas; 2.2 Prevenir, ao invFs dde punir:
controle m i s intensivo do crime pelo Errado; 2.3 Curar. ao invks de punir:
a substiiuiçüo do direito penal por um sistema de medidus de segurança -

('1 (N. T.)Traduçb, de Luis Greco, autorizada pelo autor. do estudo "Hat das Straírecht eine
Zdmdt?'', originalmentepublicado em GOssebTri ffte rer {eds.),Gedackrnkckr$fir Heitu
Z p f EEstudos em memória de Heinz Zipf), Heidelberg, C. F.Muller, 1999, p. 135 ef seg.
Abreviaturas: FS = Festschrifi (estudos em homenagem}; 32 = Jurístenzeining: IA =
histische ArbeitsbIatter; NJW = Neue Juristische Wdenenschrift, NSE = Neue Zeitschnfi
fur S h d ~ t ~ h h
L ; = Randnummer (número de margem); StGB = Strafgesetzbuch(Cddigo
P e d ale&); StPO = StrafprozeOordnung (-o de Processo Penal alemão); ZRP =
Zeitschift nIr Rechtspolitik; ZStW = Seitçchrift Ibr die gesamte S ~ h t s w i s s e m b d t .
('1 O presente estudo é uma versão trabalhada de uma conferência que apresentei nos anos
& 1997 e 1998 e m diversos países europeus. Eu o dedica ? mem6ria
i do colega Heinz
4 Zipf, prematuiamente falecido. a quem mc vínculavam na s6 cordiais relaçóes pessoais
como priucipdmcnte o interesse cientifico comum pela poLltica criminal.
mmm. pcrr ~m RI v. m wo.z w p. 459-474
3. Poder-se-üo,jtiuraniente. e v i ~ a r saiiqór~ petiais de riiodo consider&vel r 2. PODE O DIREITO PENAL SER ABOLIDO?
nrmvis da descrirninaiizaçüo e da diversi#ca~üo?: 3.1 D~scrintirtalizuçü~;3.2
Diwr3iJicoção - 4. A quanridabe de disposirivos penais P de viologGes conirn 2.1 Concilia< ao irrvPs de j ~ I ~ a correntes
r : ~ abolicionistas
eles c o m ~ i i d n sdiniinuirh ou aumeniard? - 5. O direi10penal dofu~umserá mais
suavr OU mais severo ? - 6. Como sc r6 o sis~emade sunçóes no direito penal O movimento abolicionista, que possui vários adeptos entre os crirnin610gos6- não
dofittriro?: 6.J Novas penas ou medidas dr segumnça?; 6.2 SaiiçGes orientadas
tantos entre os juristas - europeus. considera que as expostas desvantagens do direito penal
pela volunrariednde: 6.2.1 O trabalho de ulilidnde comum; 6.2.2 A wparuçáo #
estatal pesam mais que seus benefícios+Elespartem da idéia de que através de um apareiho
volsiiitdria; 6.3 Sanç6es a pessoas jurídicas - 7. Resurtado.
de justiça voltado para o combate ao crime náo se consegue nada que não se possa obter
de modo igual ou melhor através de um combate 9s causas sociais da delinqüência e, se
I for o caso, de medidas conciliatórias extra-estatais, indenizaç&s reparatorias e similares.
Se tais suposiçks fossem realistas, o futuro do direito penal só pcderia consistir em
A pergunta 6 justificada, e uma resposta afirmativa não é de modo aigum táo segura sua aboliçao- Mas, infelizmente, a inspiração social-romântica de tais idkias t acentuada
quanto em ouiras criações culturais, pois certamente o direi to penal é uma instituiçgo social demais para que elas possam ser seguidas.' Uma sociedade livre do direito penal
muito importante. Ele assegura a paz infraestatal e uma distribuição de bens minimamente pressuporia, antes de mais nada, que, através de um controle de natalidade, de mercados
justa. Com isso garante ao indivíduo os pressupstos para o livre deseovolvímento de sua comuns e de uma utilização racional dos recursos de nosso mundo,se pudesse criar uma
personalidade, o que se compreende entre, as tarefas essenciais do Estado socid d e direito. sociedade que eliminasse as causas d o crime, reduzindo, portanto, drasticamente aquilo
Mas enquanto outras conquistas culturais, como a literatura, as artes plásticas e a música, que hoje chamamos de delinquhcia.
bem como numerosas ciências, desde a arqueologia, passando pelo medicina, até a Mesmo este pressuposto baseia-se. segundo penso, em considerações errôneas. A
pesquisa pela paz (Friedensforschung), são valiosas em si mesmas e mal necessitam de Alemanha vem gozando, desde a época do pós-guerra (depois de 1950) a& a reunificação,
uma justificação, pois todos s e engajariam alegremente pelo seu futuro, no direito penal de um nível de bem-estar cada vez maior, com urna população sempre decrescente, m a s
a situação é distinta. I a criminalidade aumentou de modo considerivel. Não corresponde, portanto, A experiencia
Tarnbún aquele que deseja e pmfetíza um longo futuro para o direito penal terá de que a criminalidade se deixe eliminar através de reformas sociais. E mais realista a hipdtese
admitir que a justiça criminal C um mal talvez necessário, e. por isso, se deva promover, de que a criminalidade, corno espécie do que os sociOiogos chamam de "comportamento
mas que continua sendo um mal. Ela submete numerosos cidadãos, nem sempre culpados, desvianten,% se encontre dentro do leque das formas típicas de ação humma, e que vá existir
a medidas persecutórias extremamente graves do ponto de vista social c psiquico. Ela para sempre. As circunstâncias sociais determinam mais o "como" que o "se" da
estigmatiza o condenado e o leva h desclassificação e i exclusão social, conseqfiências I criminalidade: quando camadas inteiras da sociedade passam fome,surge uma grande
que n5o pdern ser desejadas num Estado s d d de direito, que tem por fim a Integração criminalidade de pobreza (Arrnutskriminalitat);quando a maioria vive em boas c wdiç6es
e a rediição de discriminações. econ&nicas, desenvolve-se a criminalidade de bem-es- Wohlstaridskriminalitu~), rela-
S a i a portanto melhor se os h e f i c i o s que se imputam ao direito penal pudessem cionada ao desejo de sempre aumentar as posses e, através disso, destacar-se na sociedade.
ser obtidos de modo socialmente menos oneroso. Dever-se-ia, assim, enxergar o direito Isto não implica que n b devamos esforçar-nos por um aumento do bem-estar geral. Mas
penal como uma instituição nnecesskria em sociedades menos desenvolvidas,fundamentada não se espere com isso uma eficaz diminuição da criminalidade.
historicamentt. mas que é p w superar. Ele teria um longo passado, podm nHo mais Independentemente disso, a situação do delinqüente não melhoraria se o conmle do
um grande futuro. Tais pensamentos não são opini6es isoladas de aiguns dissidentes, mas ,
crime fosse tramftido para uma instituição arbitra1 ( S c h l i c h g ) independente do Estado.
possuem unia longa &@o. Assim € que, por exemplo, na Itáiia, o Projeto Fcrri (1921)2
nHo utiEzuu o conceito de pena, e Gustav Radbmch. um dos maiores penalistas alemães
da primeira metade do século, pensava que a evoluçáo do direito penai iria "deixar para 15' CN. T.)No original. a express%otarnwm rima, na forma de um lema: "Schlichten statr
&ás o próprio direito penal", transformando-o num direito de rcssocialização e tutela, que ric hten".
seria "melhor que o direito penal, mais intcligcnte e humano que o direito penal".' (6) Mais antigamente, Vargah, Die Abschaffurig der SirafRn~chtschaf, Studien t u r
Straf~chtsrefom(A abolição da servidão penal, Estudos sobm a ~eformado direito
h e m o s voltar-nos agora h pergunta central: se, num Estado social de direito,' o
penal), 2 partes, 1896 e 1897. Nos tempos mais recentes, Maihiesen, Die lautlose
direito p c ~ conseguid
1 manter-se, e se merece ser preservado. I Disziplinienutg (O disciplinamento silencioso), 1 985; kucault, Ubewachen und Srmfen
'
1 Wigiar t punir). 1977; Hulsman, Une perspective aúulitioiriste du syst~?mde jrrstitia
0' Fcrri, E. "Rclazione a1 progeito preltminare di C d c e Pende italiano", La Scuola penal e$ rrn s c h e m d ' a p p r d c d e s situaiions pmbiwndiques, 1981.
Positiva, Rivirta di Didto e P m d u m P m i e , 1921, p 11 et seq.. 75 ct seq-, 140 rr Para a critica ao aboiicionisrno, Kaiser, Krimimlogie (Criminologia), 3. d,1996. 8 32,
seg.
Rn 32 er seq-; SchUch, em Kaiser e S c M , Kriminologie, JugendFtrnficht, Strafwolkug
R&ruch. Rechisphilosophie (Fiicisofia do direito), 8. ed, 1973, p. 265. (Cnminologia, direito p d juvenil. execução wnal),4.. td., 1994,; caso 3,Rn 885 e1 seq.
(*' Pam o cnquadramcnto da atividade p e d nos molbes do &irado miai de direito veja- 0) Kaiser, Krimhlogie, Eine EUifÙhrwtg in díe CrundCagcn (Criminología, uma intrduç5o
se, mais apmfuIidadanienie, Zipf, Kriminaipoiitik (Politica criminal), 2. ed., 1980. p. 29 aos fundamenta), 8. d., 1984, 26,Rri 1; idem, Kriminulogie, cit., 8 36, Rn 1 et seq. ;
r; scq. Eisenkrg, Kriminoiogk (Criminologia), 4. ed., 1995. Rn 10 et seq.
RT-790 - AGOSTO DE 2001 - 90.' ANO DOUTRINA PENAL - PRIMEIRA SEÇAO 463

Nesse caso. quem haveria de compor e fiscalizar essas instâncias de controle? Quem afins." Atualmente, a maioria dos Estados democr~ticusj á faz uso destes meios, em maior
garantiria a segurança jurídica e evitaria o arbítrio'! E, principalmente: como se poderia au menor medida.Desta forma não só se impediriam vários delitos como tambkm, no caso
evitar que não fossem pessoas justas e que pensem socialmente, mas sim os poderosos de serem eles cometidos, se conseguiria com grande probabilidade apreender seu autor;
a obter o controle. oprimindo e estigmatizando os fracos? A discriminaçáo social pode alem do mais, poderia surgir, ao lado destes efeitos impeditivos, um efeito intirnidativo
ser pior que a estatal. Liberar o controle do crime de parimeiros garantidos pelo Estado que tomaria, ein grande parte, supkrflua a necessidade de uma pena.
e exercidos através do 6rgão judiciário iria nublar as fronteiras entre o licito e o ilícito, Porém, um tal m 2 e l o irnpeditivo só é exeqüivel d e um modo limitadamente
levar A justiqa pelas próprias maos, com isso destruindo a paz social. Por fim, não se eficiente, e também é sO parcialmente defensável do ponto de vista do Estado de direito.
vislumbra como,sem um direito penal estatal, se pode reagir de m d o eficiente a delitos Primeiro, existem vários detitos que não se conseguem evitar mesmo auavés das mais
contra a coletividade (contravenções ambientais ou tribudrias e demais fatos puníveis cuidadosas medidas de vigilância. Lembrem-se de delitos passionais como homicídios,
! economicamente). lesões corporais e estupros, delitos praticados fora d e ambientes vigiados, e também. par
exemplo, delitos econômicos, que não atingem objeto exteriomente visível. Além disso,
Minha primeira conclusão intermediária é a seguinte: também no Estado social de vhios mkrodos de vigilância podem ser combatidos se forem tomadas medidas tknicas,
direito, o aboticionísmo não conseguirá acabar com o futuro do direito penal. ou se evitarem os espaços vigiados.
Acima de tudo. a limitação B esfera privada e intima que um sistema de vigilância
I 2.2 Prevenir. ao invés de puitir: conrroZe mais intensivo do crime pelo Estado traz consigo não é d e modo algum ilimitadamente permitida num Estado de direito Iíberal.
Se, por exemplo. toda a esfera pxivada dos suspeitos, até seu dormitório, for submetida

I Outro caminho através do qual se poderia tentar a eliminação ou uma extensa redução
da criminalidade e, com ela, d o direito penal, seria não a redução do controle estatal, mas,
a uma vigilincia acústica e Óptica, retira-se destas pessoas, entre as quais se encontrarão
necessariamente vhirios inocentes, qualquer espaço em que possam construir sua vida livres

I inversamente. seu fortalecimento através de uma abrarigente vigilância de todos os


cidadãos.
De fato, pode-se verificar que sociedades liberais e democráticas possuem uma
da ingerência estatal, atingindo-se, assim, o nÚcIeo de sua personalidade. Isto seria um
preço demasiado caro, mesmo para um combate eficiente ao crime.
Deve-se, portanto, distinguir: não se pode. pelas razões garantistas acima =pendidas,
criminalidade maior que ditaduras. Mas t a r n ~ mum país livre e em que existe um Estado proceder a uma vigilância acústica e ótica de ambientes privados. Após longa heçi-o,
de direito, como o Japão, tem uma criminalidade sensivelmente menor que a dos estados permitiu a lei alemã em 1998 uma limitada vigilhcia aciistica da moradia privada (o assim
~ costuma ser explicado com o fato de a estrutura social
industriais do ~ c i d e n t e .Isto chamado "grande ataque da esc uta"),12ri que representa uma inovqão a l w e n t e proble-

I
japonesa sw bem menas individualista q u e a ocidental. O individuo está submetido, mática do ponto de vista d o Estado de direito, que deveria ser ouba vez abolida tão
portanto, a um controle social (através da farniiia, dos vizinhos e de uma policia que r q i d ame.& quanto possível. Mas, pelo conirário,pareceme justificado que uma inces -
a p m e como assistente) consideravelmentemais intenso. o que dificulta o compartameuto sante vigilância através de cãrneras ou a presença policial controlem instalações públicas,
desviante. Na Alemanha, Munique é a cidade grande mais segura, isto é, com menor ruas e praças, nas quais se saiba ocorrerem ações criminosas, bem como que rondas
criminalidadc; e isto decorre de que Munique possui o mais intenso de todos os policiais protejam moradias privadas do perigo de arrombamento.Os direitos da peso-
policiamentos, obtendo através disso maior eficácia prwentiva.I0 naiidade não são seriamente resaingídos, pois qualquer uni que aparw em público se
Surge eotHo a pergunta se, atravCs de uma vigilância tão perfeita quanto possível, submete h observação por outras pessoas.
se pode e deve Ievar a criminalidade ao desapareciumto. O direito penal seria, assim, Da m e s m a forma, poder-se-iam enfrentar a grande criminalidade econômica c a
somente uma última rede d&terceptação daqueles atos que não se conseguissem evitar criminalidade organizada de modo muito mais eficientese fosse possível suspender o sigilo
desta maneira. Estes poderiamser tratados de modo suave, conseguindo-se quase que uma fiscal diante das agEncias financeiras e obrigar os bancos a informar regulamente A
aboiiçb das sanções repressivas. Repariição de Finanças (Finanz3mt)13 a respeito das operações financeiras ocorridas em
I Para a variante totalitária desse modelo de vigilância, a resposta deve de pronto ser
Gropp, B e s o d r e Ennitt!wg~m~nuhmen zacr BeRamphg der orgunisie ~ e Kriminolitiii
negativa. isto não s6 por causa da c o n h e d a d e dessas conc* ao Estado de direito, n
como também pelo fato de que regimes autoritanos coshimam punir com ainda maior (Medidas instrutbrias espeEiais para o combate à criminalidade organizada), ZStW 105
severidade os fatos que não conseguem prevenir. (19931,p. rU}5 et seq.
Quanto ao mais, a idéia & uma pre~ençáode delitos assecurat6na da paz m e (IZ' (N. T.)O t e m é "grokr Lauschangriff'. Trata-sedo novo 5 100 c I, n.3,da StPO,
dgumas considerações. Pois a tecnologia moderna elevou exponencialmente as possibi- que autoriza a autoridade a escutar e fazer grawqiks de conversas em moradias, desde que
lidades de wntrole. Elas abrangem as escutas a telefones, a gsavação secreta da palavra aquele cuja comersa se -escuta ou grava seja suspeito da prática de certas -i graves
elencadasna lei (comohomicidio,r o h , raxmh)e,o Rao usr,deste meio tenha por efeito
falada mesmo em ambientes privados, a vigilâucia aeavb de vidsocâmeras, o armazena- dificultar consideravelmente ou impossibilitar o sucesso das investigações. Veja-se, a
m a t o de M o s t seu intercâmbio global, mktodos e l e d n i w s de rasmearnento e d d a s respeito, Beulke, Simfirox$3rechi,4. cd., HeideIberg, C. F.MUller, Rn 266.
(N. T.) O FiMnznRit, ou mais propriamente o B d s d f i r F i n . é um 6-
Para as diferenças na estatística criminal levando em consideração o Japão, veja-se i da Ministério das finanças, competente para tratar de questões de impostos e de
Eigcnbcrg, Krimirwlogie (Criminologia), 4. ed., 1995, Rn I2 et seq. prestapões de serviços a outros setores da Administração (infoma@o obtida em <hüp:/
'Irn Fara a função preventiva da densidade policial, cf. Kaiser, Kriminologic, cit, 5 31, Rn 9. iwww.bffonliae.delm~.htm>, no dia 27.06.2000).
464 RT-790 - AGOSTO DE 2001 - 90' ANO DOUTRINA PENAL - PRIMEIRA SEÇAO

suas contas; com o atual desenvolvimento da ~ecnologiade c o r n u n i c a ~ de dados, isto organizada são comumemente homens de negócios bastante espertos, com enorme
não represcncaria qualquer problema técnico. Desta meira, poder-se-ia imped~rque as competência para viver em sociedade. Não se pode dizer absolutamente de mobo genérico
ernimêmias pardas desse t i p de crime fizessem sua lavagem de dinheiro, ou mesmo que o criminoso seja u m doente psíquico.
prendê-las. sem qye ocorresse uma intervenção intoledvel nos direitos da p c m a l i d a d e ; De-se lembrar também que medidas de segurança nZio 5 s á iin~~ndíciondmente mais
pois todos são, por motivos fiscais. obrigados a m v e h çw pamimônio ao Estado.I4 vantajosas que a pena do ponto de wista garantistico-social. Pois elas permitem i n t m n -
Minha segunda conclusão intermediária é, pwranto. a seguinte: uma vigilância mais ções mais dnms na libwdade individual que a p a . que 15 limimda pelo principio da
intensiva. que leve a criminalidade ao desaparecimento, igualmente não poder&tomar o
direito p a i suptLrflw. Pois d i a s6 d possivel em s e m a restritos, e, mesmo no caso de
~uipabilidade.'~ -
Se tambkm a execução da pena tiver como 6 de se exigir - a esautura
de uma execu* de tratamento,para muitos infratores a pena será mais adequada que u m a
sua possibilidade, s6 parcialmente permitida Entretanto, nos limites do pssivel e cio medida de segurança privativa de liberdade, p i s a primeira atende rnelhor a exigências
pennifido. ela é um meio eficiente de combate à criminalidade, que deverá, assim. integrar garanlisticas e sociais.
o direito penal do futura.
Minha terceira wnciusãe internediária é, desta forma, a seguinte: no futuro. pode-
se estender o campo de aplicação das medidas de segurança, mas uma su'2istituiçZo do
2.3 Curur; ao inw's c k psrnir: a subsrir~iç& do direito penal por um sistema & medidas diteito penal pw um direito de medidas de seguranp não é possivel e,em vjrios casos,
de segurança sequer desejada.
Urna u i w a que tem uma longa tradi- na Europa procura substituir no futuro
a pena por medidas de segurarr~a.~~ Fsta concepção baseia-se predominantementena idéia 3. PODER-SE-Ão, F U T U R A M M E , W f f MSANÇUES PENAIS DE MODO
de que o criminoso seja um -te psíquico ou social, que dweria çer tramdo ao invés COMSIDE&VEL ATRAVB DA D~~CRIMINALIZAF;\"O E DA
de punido. Se nos p e r g u n t a m se a Fturu do direito penal seguiri esta tendência, DIVERSIFICAÇ~U?
obteremos uma resposta diferenciadora. E comem que parte considerável dos ocwdaados,
principalmente aguzIcs que por m i t o são ladroeã, estelionarAria e delinqúenm muais Nestes dois instrumentos político-sociais. ocorre não uma eliminqão, mas uma
sejam pessoas pemhadas em seu desenvolvimentu psíquico ou social. Eles necessitariam r d q 5 c i das cominações penais ou da pena crirnmal. Eles se inter-relacionam de maneira
de urna eficaz tmapi* de que. na maior parte dos casos, amda não dispomos. Devemas que só se cogitará de uma diwmifrcaçáo na hipótese em que não seja yossívcl a
cmsiderar. ponha, que em algunas décadas poderão ter sido desenvolvidos métodos descrimínalizqao.
eficiaitcs de terapia social, prlncipahnuire na forma de mtamtnto de terapia de grupo.
As insti mi+s de expiências swial-teraphticasque possuimos hoje na Alemanha fazem
com que isto p r e p Em decorrência disso. é de se considerar que medidas
tenr#~.tic4is apcusçsm cm maior quantidade ao iado da pena, a complementem e. em parte, A desciirninafização€ ipossivel e m dois sentidos: primeimmmte, pode ocorrer uma
até a substituam Atualmente, as madidas de segurança nãapeuticamente orientadas eliminação definitiva de dispositivos penais que nEo sejam neoessários psra a manutenção
compbn E6 3% de todas as çaiapões p"vatiy~saG li-, esta porcentagem poder8 ser da par social. C o ~ que somente
n infrinjam a moral. a refigiãu ou a political
~
eleva& c~isideraveImp:nr&'~Acima de tudo, deve-se esperar que cstaklecimentos social- cormfcdness. ou que kvem a não mais do q m u m a a u t ~ c l i t a g ã o não
, devem ser
terapEutims sejam inséihu'dos de d o geral como nova medida de segurança. punidos num Estado &a1 de Gireim. Pois o impedimento de tais condutas não pcrknce
h-. IO & de v p c r a r no hrtoro uma substiíuiç50 do direito penal por
S h tarefas do direito pena6 ap qual somente incumbe impediir danos a m c c h s e garantir
medidas &escgmmça imp3uticas. Rimehmemíq deve-se ter consciência de que as cmdlçóes de cmxistência s&LB
dquelecp t u f h h cm seu compn-tamwtosocial pwmantct& insensíveis ao tratamen-
-
to; isso pwqw o mrsmaito é impossivel ao m o s em condições ~ t a da d ~ ' Ruxin, S ~ ~ d- Alfgeminer
i r Teil (Direito penal - Parte Geral), 3. ad, 1997, vol. i,
-
dignidade humana sem a livre c m p r a p o âo delinqlIente, que não raro faltar&.Em tais 5 3, Rn 64.
casos, somaite uma sanção penal poderá ser utilizada '" Sobre a brcfa do direito penal: M i n , Strmfredrt -Allgemeintr Teii (Direito ptnal - Parte
W acima de tudo d m ser wnsiderado que s6 uma parte -nem mesmo majmit&ia Geral). 3. ed.. 1997, vol. I, $2,Rn 1 ct ~ qSobre . o m i t o material de Ame W.T.:
- dc tahs w dclinqnentesW s a de u m a terripia, ainda que ela existisse. O s que comucm Entede a doutnna moderna pm conceito m e & [ dc crime naia ri- priglegai, coni
cri- & &&sito, matra o nacio ambiente, econõmlcos ou os aão são pessoas finalidades politieo-niminais. daquilo que deve ser punfvel dentro de um Estado miai
menos ncamais que a média da popuIaçb. tamMm os envolvidos na Icrihdidade de direito- Com base ncie st ''pxguh o que @ ser proibido na nossa atual o*
jusídica e social" (Matuach c Zpf, SimJied, Allgemeiwr Teil (Direito penal Parte -
''*' Kddnmsm -i z m Sfeuem&edr 1Comcntá1kao direita pmal fiscd). # 370
Geral), 8. e&, Heidclberg. C F. MUler. 1992, wl. 1, 8 13/16). Costuma-se apontar como
seu conteúdo uma l e s h a bcm jurídico, ou um amipmmento socialmente danoso. que
AO. Rn 9 2
w, K h i w l o g i e , 5. cd, 1997, p. 195.
n& p s s a ser wmba$d=ocxmi nenhum wtao meio da m i e m jurídica, mmando necessário
o riecurso dtima ratiu, que é o direito penal (veja-se, por todos, Roian, Stmfrecht -
0 b k r q em Kaiser e Schõd~,op. cit., p 209. AUgemhter FeiC. 3. ed.. 1W, v ~ 1 i . ,5 2. Rn 1, que o deduz da tarefa h direito p c d ,
* 3 Idem. ibidem, p 91. que Ç a pokçb subsiWa & k n s jmídicos; e, em nasça iíngua. Fipehedo Dias, "O
RT-790 - AGOSTO DE 2001 - 90."ANO

Uin segundo campo de descrirninalizaçóes 6 aberto pelo princípio da subsi diariedade.


Este principio fundamenta-se na idéia de que a direito penal, em virtude das suas acima das várjas reservas suscitadas pela falta de determinação dos pressupostos para esta
expostas desvantagens, somente pode ser a u l r i m mrio da política social. Isso significa diversificação e pelo deslocamento da competência decisória para o Ministério Público,
que s6 se devem cominar penas a cornpomrnentos swialmente lesivos s e a eliminação esta espécie de reação a delitos deve ser um elemento essencial do direito penal h futuro.
do distúrbio social não puder ser obtida atravds de meios extrapenais menos gravosos.m Ficou demonstrado que contra autores não habituais de delitos de menor gravidade, o inicio
Um ta[ caminho foi encetado pelo direito alemão, por exemplo, ao se criarem de um processo penal ou as mencionadas medidas impeditivas da pena possuem uma
infrações de contra-~rdenação.~' Assim, distúrbios sociais com intensidade de bagatela - efic6cia preventiva, que torna supértlua a punição- A diversificaçãoé um meio de combate
pequenas infrações de trânsito, barulho não permitido ou inc6modos B comunidade - não ao crime mais humano do que a pena, devendo portanto ser preferida a esta. Neste ponto
são mais sujeitos a pena, e. sim, como infrações de contra-ordenação. somentea uma coima está a parcial razão do abolicionisrno. Mas a diversificação s6 é possível dentro de certos
(Geldbusse). O direito penal d o futura tem aqui um extenso campo - especialmente as limites, e ainda assim sob a vigjlhncia estataI.
numerosas leis extravagantes - para a descriminalização. Minha quarta canclusão intermediária é: a descriminalização e a diversifica$%
igualmertte não irão tornar supérflua a pena. Mas elas poderiam e deveriam reduzir as
~uniçõesa um núcleo essenciãl de comportamentos realmente carecedares de pena.

Nas hipóteses em que a descriminalizaçãio não é possível - como no furto -, poder- 4. A QUANTIDADE DE DISPOSITIVOS PENAIS E DE VlOLAÇÕES CONTRA ELES
se-ãoevitar as desvantagens da clfminaiização através d e alternativas & condenaç2o formal COMETIDAS DIMINUIRA OU AUMENTARA?
p o r um Juiz. Tais métodos de diversificação são utilizados em quantidade considerável na
Alemanha+ p i s o tribunal e tambern o minisdria público podem arquivar o processo D o que foi exposto resutta que, no Estado social de direito, o direito penal tem futuro.
quando se tratar de delitos de bagatela em cuja persecuçso não subsista interesse pbblico; Esta conclusZo leva i mediatamente à próxima pergunta. se o número de dispositivos penais
lal arquivamento pode ocorrer inclusive no âmbito da criminalidade rn&lia. se o acusado e de violas& contra eles cometidas diminuir5 ou aumenwa.
prestar serviços úteis B comunidade (mmo pagamentos à Cruz Vermelha ou a reparação Apesar das expostas possibilidades de uma limitada descriminalização, pode-se
do &mo).'3 profetizar, corno saldo geral, um aumento dos dispositivos penais. E isto decorre não
Estes métdos de díversificação são utilizados hoje na Alemanha em quase metade somente d z regras que a União Européia trará consigo, mas principalmente do fato
de t d o s os casos, tendo reduzido consideravelmente a quantidade de puiriçõe~.~ Apesar de estarem as estruturas sociais tornando-se cada vez mais complicads. Swiedades
simples podem arranjar-se com os dez mandamentos ou normas básicas análogas. Mas
comprhmento criminal e a sua definição: o conceito materiai de crime', Ques~ões a moderna sociedade de massas s6 se deixa controlar atravts de abrangentes regula-
findamentais de direito p e m I revisit&, São Paulo, Ed. RT, 1999. p. 5 1 ct seq.)I, veja- mentações. Também os novos desenvolvimentos trazem consigo imediatamente urna
se Zipf, op. c i ~ p.
, 1íX ez seq. enxurrada de novos dispositivos jm'dicas. Isto é válido não só para decisks politi-,
Roxin, Stmfrecht - Allgrmei~erTeII (Díreito penal - Parte Geral). 3. ed., 1497, VO~. l, tais como medidas de boicote no direito do comércio exterior, rnas também para as
3 2, Rn 1. crescentes ameaças BO meio ambiente e para a tecnología moderna, em especial na
R') (N- T.) Entende-se por contra-ordenqks (Ordirmgswidngkeiten) aqueles atas ilfcitos forma do processamenfo de dados. Assim é que, wr exemplo, o direito penal de
que, por seu caráter de uatela, não chegam a ser penalmente relevantes. A lei ihes computadores ~ C o m p u t e r ~ t r a f ~ cestá ~ constante movímento, pois tem sempre
f z f )em
wmina sanpóes extrapenais,em especial a Geidbusse (uma sançáo pecuniária distinta da de adaptar-se a novas tecnologias de infomção e a seu abuso. Algo simiiar vale para
pena de multa, e que os portugueses traduztm por "'coima"). Grande parte desses ilicitos o número rapidamente crescente das regulamentaç&s de direito penal econômico. 56
pertencia antes ao direito penal, tendo sido submetida a um processo de descriminali- em casos raros dispensa o legislador a tentativa de assegurar a observância dos novos
q á o (Jcscheck e Wcigcnd, & h k h des Slrafnchis, Allgemeiner Teil, 5.ed., Berlim, dispositivos através de cominações penais ."
Dunckcr e Wumblot, 1996, p. 57 et seq.; veja-se, tamMm, a anáiise &talhada de O mesmo vale para o niimero de delitos. A quantidade de novos dispositivos penais
figueiredo Dm, "'h Direito penai adminishtivo ao direito de mera ordem@o social: o ]mar&hs alturas. A isso acrescentem-senovas fonnas de comportamentos puníveis: uma
das contraveações As ccintradrdenações". Quest6es fundamrirais de direito penal criminalidade intemacianal, decorrente da abertura das fronteiras, que antes não era
roisi&, São Paulo, E i RT, 1999, p. 164 et seq.). possficl nestas proporçóes; mas também,por eumplo, u m a criminalidade de drogas,
nzi (ÍV. T.)O termo originai é a palavra de origem inglesa biversion; preferi discrepar de d e ~ ~ ~ dom consumo
t e que cresce constantemente.
renomados autarts de nossa kgm, que a traduzem por diversão @r exemplo,
Figueiredo Dias e Costa Andwde, CMinologia, Coimbra. Coimbra, f 992, p. 360; e Luiz
FlBvio Gomes, na tmhçiio da obm Chinofogia, de Garcfa-Pablos de Molina, 3. ed, P-" Sieber. Infurmatwttstechnoiugie rurd S#mf~echfireJom(Tecnologia de inforrnaçb e
S k Paulo, Ed. RT, 2000. p. 30), eis que a palavra diversificação possui um significõdo m f o m & direito penal), 1985, p. 14 ej seq. Sobre as tendsncias de desenvolvimento
mais pr6ximo do fenômeno a que b refere. das mpactivos delitos, veja-se Schmitz, Conipuierkrirni~lilur(Criminalidade de com-
Veja-se, m r n Kerner, Divcmwn s t m Strafe (Divtrsifica@o ao invés de pena), 1983. ptdores), 1.990,p. 15 e# seg.
Kaisw, KrimMogie, eit.. 8 94. Rn 17. m3 W. Hasçemer, fimzeichen rurd Krisen des modernert Stmfrebifi (Caracttristicas e crises
do direito penai &moX ZRP 1992,.p. 378.
468 RT-790 - AGOSTO DE 2OOl - 93." ANO DOUTRINA PENAL - PRIMEIRA SE:ÁO

M e m o no caso d e um tradicional delito do cotidiano, como o furtosn &e-* contar privativas de liberdade. As ínstitniçks carcedrias e também os recursos financeiros
I
cam um aumento da criminalidade, apesar da vigilância mais intensiva que é de se esperar necessários para uma execqão p e d humana estão muito aquém d o necessário. Além
do futuro. Isto não decom de um fracasso do direito p a l . mas de mudanças sociais, disso. uma imposição mssiftcada de penas privativas de liberdade não é político-
&nicas e econõmicas, que h são anteaiores. E claro que as mndigões de uma criminalmenkdesej6vd. Pois o fato de que. nos delitos R u e n o s e médios, que constituem
comunidade cadavet mais densa, combinada com o sirnultâow anonimato dos indivíduos, a maior parte dos crimes, não & psr'vel uma (re)socializaçâo amves de penas privativas
tomam m a i s fácil o furto em comparação As de uma cidade pequena. Igualmente é bem de liberdade 6 um conhecimento criminelógico seguro. Não se pode aprender a viver em
m a i s fácil fmar- se me permitem referir dois objetos especialrneniequeridos dos ladrões liberdade e respeitando a lei amavés da supressão da liberdade; a perda do p s t o de trabalho
- bicicletas e a u t o r n 6 v e i ~hoje
~ do que o eram carroças transportadoras de correspondência c a s e p a r q o da Rmíija, qne decorrem da privação de liberdade, p s s u e m ainda mais
no século XIX, isso sem lembrar que a quantidade daqueles supera em várias vezes a de efeitos des~ocializadores.~'
carroças- E os armazéns e lojas sev-rervíce. que hoje existem e a cada dia aumentam, Com 0 desenvolvimento plítico-criminal deve, portanto, afastar-se ainda mais da pena
suas inesgotAvieis ofertas, deixam bem claro que, no que diz respeito a objeios de privatim de Em seu lugar teremos, em primeiro lugar, a pena de multa. e é
n ~ s i d a d e diárias,
s a tentação para o Furto atwlmente 15 bem mais intensa que 2 t p , especialmente no seu uso que reside a tendência à suavização, de que falei acima. A prática
da pequena e mxkta mercearia de nossos bisav6s. hoje dominante na Memanha bam demonstra a quão longe a dispensa de penas privativas
Minha qwn& íxwlc1ução intermediária f p o m t o , a seguinte a taxa de crimimlidade. de iíberdade pode ser levada. No mo de 1882,76,8% de todas as condenações tinham
hã décaâas crescente, aumentará ainda mais, mesmo que e m menor medida que nas últimas por conteúdo u m a pena privativa de liberdade, e 22,4%, m a multa. Nos filtimm dez anos,
décadas. eis que grande parte das circunstâncias criminógcnas hoje já wtiste. as p i a s privativas de l i k d a d e a saem executadas sS chegaram, em m a i a , a 6%.isto
é, aproximadamente um quinzt aros do tutal de condenações. Ao mesmo tempo. em 80-
5. O DfIPElTU PENAL DO FUTURO SERÁ MAIS SUAVE OU MAIS SEVERO? 84% dos casos foi aplicada a pena de multa,3La qual, portanto, quase quadnipEcou. Se
lembrarmos, a- que quase a metade de todos os casos r5 arquivado por meio da
+ar do previsto aumenta da criminalidade. as penas hão de tornar-se mais suam. &versific+a (veja-se acima, 3 2).poderemos reconhecer e m que &&rica medida a pena
A primeira vista, isso parece paradoxal, pois m n d e ao raciocínio d o leigo reagir a de liberdade está a recuar.f2Em oubos países europeus esta tendencia ainda & estB tão
uma criminalidade crescente com pmas m a i s d u m . E tamtiém suqmendcd aquele que manifesta, mas no futuro, pelas razões exposlas, ela ir&mais ou menos se estabelecer por
tmha observado que, nos iiltimos anos. a d a pofítico-mhiinal tem tendido para u m mda parte, atLparqne, de acordo com os conhecimentos da criminologia, a força prieventiva
enrijecimcntoda direito penar, e ism nSo ç6 na Alemanha. FenGmenos com a criminalidade do direito penal não depende da dureza da s q á o , e sim de se o Estado reage ou nHo de
o g s ainda não suficimtemente investigada nem juridica rrem crirnimlogicaniente, modo reprovador.
o que a faz portanto causadora de muita insegurança, e também o medo da criminalidade Mínha sexta conclnsão intermsdiária diz. -to: diversificação ou pena de multa
emme os ciddibs, aumentado @as q m r t q e n s da &a. tomma exigência de penas mais são meios mais humanos, baratosm e,na &em inferior da c i i m i n d i d e mais pmpicios
duras um meio cãmodo para que moitos politioos consigam votos. Mnda assim, penso que ?L ressociaiização, e n3o menos &cientes do ponto de vista preventivo que a privação de
=te desuwolvirnentose trate de uma oscilação cíclicg a que a caiminalidade sempre volta liberdade. T d o s os mgwnentw, pwtanto, são favo&veis a uma suavizaçW do direh
a submteer-se após ceno geriodo de tempo. A longu praim, suponho qrie este desenvolvi- -1- ,
meuto Iwc, m certa necessidade, a uma nova suavização das v. Pois a mais severa
de nossas atuais ançks, a p privativa de liberdade. que domimni o cearário das penas
Kkr, RIR Kaisw, Kgner e Sd&i& S z m f v d h g .(Execm+ penal), 4. d.1992, 8 2.
nos pat9es epropais desde a aboiição dos d g o s cqmrais, tem seu @ice bem abss de Rn 97 et se+
si, t vai m e r cada vez mais. Isto tem duas razões.
SchlZch, Empfahlcn sf& Anrdemrqen ims E r g a n e w z p bei dem s ~ m f m c h t l S
~ n& k n
Em primeiro iugar. quanto mais aumentaremos dispositniass@ c.a n ccioseqiiEn- ohme Fmiheif~emag?,GutmtaaRcn zum 52. DJT @ãa r e c o m t n d ~ i ç e
u a deles, os delitos, tanto menos s d possfvel reagir A maioria dos cri- com penas cmnpI:emwitaç&s nas sanções penais sem priva@o de h'berdade?, Parecer para o 52:
Denkher Iuristtntag [N.T.: O Jkutsch Jurista?@ k uma imtituiçãD. fun* em
@q Kaiscr, KfUAkubgie, E h Ehflhmrtg in dd ci G d @ e a ((3rlmmologi<uma inrrodnç% 1860, que a cada dois anos promove umgressos, em qae se $i- a dÍreito vigente
aos fundamemtos). 9. cd, 1993.p. 472, fda de um crescimento de 367% na criminalidade e se fazem propstas para sua reforma ( i n f o r q ã o colhi& no site oficial da assaciação,
WP C I L 1.955
~ C 1990. &~p:flwwwdjt.ddwir/satzung-h-+ em 27.08.2000)] C, p. 20 ef seq.
Esta compar- p k r á logo deixar de ser cometa para os aatombzis, p i s a introdução 0'1 Kaiscr, Kriminologic, cit, 5 93, Rn 36.
dos d m m h s "blocpabrw dos sistemas do vefçnlo" (Wegfahmpcmn] w-T.:O Sobm o desenvolvimento e m -tido co6itrQio 2i pena privativa de lik- Scha
b2oqucador dus sistemas do vrfado d inn mecanism do seguramp que impede o Gatiachien uun 52. DJT. C, p. 20 ct scq.
automóvel de locomow-se não for lhe for dada a partida com a sua gr6pria chave] (N. T.)Para evitar quaisquer i&delida&s ao texto original, mnsigno o termo bdfig.
reduziu hoje de modo scnslvel o n6inerri üe fiptIpS de automówis. Esc caso C uma bela aqui traduzido por "barato". tamMm p o s d a t m slgnikah. que não 6de todo c s k m h
d q & oda iese segundo a qual medidas preventivas efetivas ç e m p serb mais ao texto: o. de "justo", '*eqitativ~'';Biltighit significa qüidadc. Parax-me. -do.
cfieien?esque o direito pmal. Genericamente sobre o combate preventivo a crimes. veja- que nãa C -te segundo senfido que a palavra foiutilÜada no original. n u s fica o leitor
sc Zipf, op. cit.. p. 165 er scq. livre para entender de ouEa f o m
RT-'-790 - A G O S M DE 2MI1 - 90." AIW
DUUTRlNA PENAL - PRIMEIRA SEÇAO 47 1
6. COA40 SERÁ O SISTEMA DE SANÇÜES NO DIREITO PENAL DO FUTURO ?
I Pontos de apoio para uma ou outra dessas sanqões encon~ram-sehoje em quase fados os
cdigos penais modernos; mas seu grande futuro têm as duas ainda diante de si.
6.1 NOVCIS
penas OU medí&x de sagumnça?

A pena de rnulia, cuja crescente irnponsncia ressdtei acima, não é um remédio para 6.2.1 O irabalho de utilidade comum
todos os males.MEla falha no caso daqueles que não possuem dinheiro o u que saibam
e m d e r seus bens do E~FxIo.Eh igualmente não poderá ser usada e m tempos de recessão N o que se refere ao trabalho de utilidade comum,nata-se de prestações de serviço
com a mesma freqüência que em prósperas sociedades de bem-estar. Daí por que no futuro a hospitais e lares de assistência, e também a instituiçóes estatais de todo tipo?# Estas
deverá até forçosamente ser desenvolvida uma çotorida paleta de rísnçoes e reações, que. prestações podem ir desde o mnsporEe de docummtos. passando por çerviços de conserto
mesmo pressupondo uma a ç b punível. d em parte poderão ser denominadas penas. e limpeza ctiegando até mesmo aos de jardinagem em estabelecimentos públicos. O
' Novas penas no verdadeiro sentido da palavra, isto 6. como medidas prejudiciais
babalho de utilidade comum pode substituir a pena de muIta na maior parte dos casos,
impostas coativamente. quase não surgirão. Pois as penas de épocas anteriores. não mais se o autor se oferecer voluntariamente. Esta sanção tem a vantagem de ser Izm trabalho
utilizadas (como as penas corporais ori o banimento), não possuem futuro. Como pena construtivo, que exige maior engajamento pessoal que as penas privativas de liberdade e
nova, mais suave em face da privaçao de I i k r d a d s pode-se pensar na prisão domicilIaP as de multa, que o aumr cumpre passivamente. Como o mabalho forçada deve ser excluído
(Hausarrcst),cuja vigillnçia, em face dos m o d m s sistemas de segurança e l e ~ i c o s . do direito penal de um Estado de direito, não sendo realizivel s e m uma vidação ã
não reprcsentâTá mais problema algum. Esca sanção tem a vantagem de nada custar, de dignidade humana, a voluntariedade que 6 de exigir-se: a uma 86 vez. incrementana a
não m e r consigo perigos de infecção criminal, e de dar à. ainda assim sensível pnvqão prontidão do autor em realizar o trabalho aceito, e lhe traria o sentimentode estar fazendo
de l i m a d e u m a forma mais humana. Urna nova pena eficaz seria tamMm a proibição algo Úa.Ambos estes efeitos servem bem mais à r e s s u c i a l i ~ que
o as tradicionais penas.
de dirigir, que poderia ser aplicada como sm@o penal a todos os crimes, e não s6 os de Hoje ainda são bastante fones as reservas em face dessa possibilidade de sanção há
trãnsira." Em face da importincia que o c a m tem para a maioria das pessoas hoje, e terá muito conhecida.39Objm-se que o trabalho de Eiulihde comum traria consigo dficuldades
ainda no futuro, ter-se-ia uma limíhçib de likdade eficiente do ponto de vista preventivo. de organizaeo prãttcamente insuperáveis, e que portantonão funcionariia.Uma tal sanção,
que nada c u s 6 para o Estado. seria menos danosa que a pena de prisão para o autor, I igualmente, seria indesejável, pois fnrtaria postos de trabalho à populrição honesta.
e, alem disso. mais benéfica para o meio ambienta Como nova medida de segurança é Tais dticas não são, porém, conwmentes." Pois a possibihhk de se organizar o
recomendável.que seja introduzida e h u concluida a jL mencionada (acima, 2.3) instituiçáo trabalho de udidade comum está bastante comprovada4'Na Alemanha, elejá v e m h6 a m s
social-€erapêutica. sendo praticada pelos milhares que se negam a prestar s e M p militar, sob a denominação
Pisw decrirre minha &irna conclusão intermediihia: com novas penas ou medidas de "serviço substinitivo civil"$ sem que tenha havido problemas. Entre nós, já hoje se
de segarança surgem, em primeira linha, a prido domicifiar, a proibi$& de dirigir e exige dodos jovens condenados em primeiro lugar trabalho social; e mesmo &m este gnrpo
niedàdas social-tetapêutícas. de pessoas não facilmente tratáveI a sistema funciona.
Tam- o temor de que o trabalhode utiiidadecumurn possa aumentar o dwemprtgo
não mmspondt à re;ildak Pois este trabalho deve ser prestado justamente em k p a s
de fénas e h s de semana, quando aums pessoas se e n w a m ao lazer, disso decorrendo
Ao lado das penas e de seguranp, devem surgir no fum direito penal 1
(por a m p l o , no campo da assistência) orna notória falta de força de trabalho. Todo o
mw que mo se poderão
õ mdadWamcnk de penas, nias somente de s h i k e s
b puia (s~r@aFvrIi&)), pois sc, p um lado, infligem alga iw autor, por outro carecem do
"gt,cmtrvo da pena. Fmmi refkncia a duas d e k a) o trabalho de utilidade comum 1 m' Veja-se o p.- em Sdmh, W h e m uun 52. DTJ. C, p. 97.

i
Recmam-na, por exempio, IWnd2e. k i p i g e r f i m n t a r zum Simgesdzhdi. 10-ed..
Cgemeinnuizige A&it)n e b) a reparação voluntária Ifreíwillige Mdergamirtchurrg}. 1978,Q 43, Rn 10; Lackner, JZ 1967. p-519; Eb.Sctimidt, N W 1967. p 1-93R Jcscheck
ZStW 80, 1%8. p 69 et seq.
Sobre n eficihcia da pena de multa, que amda t pouco - c
K n ' h l a g u , ciL 5 93. Rn 40 et se+
v+-se Kaixr, '* Vejam-se, quanto a isto. Roxín, JA 1980. p. 545 e# seq., p. 550, sobre o trabalho de
utilidade comam,h m b h Bzumam, S h f i t e i n - a , 1975, p. 21 1; Albrecht e SchMler,
an NOSEstados'Unidos. C S fwma ~ de privação & libcdade jP vem seo& p t i d desde ZRP 1988, p. 278. p. 283; D1Slling. ZStW 104. 1992, p. 281; lung. S d i ~ 1 e n s y s ~
1983; weja-s. quanto a isso, Weigeod. Bewührwgshi& (assistênaa na susptns3lo iuid Menschen- (Sistema de saoçks c direitos humanos), 1992, p 165 e2 seq.
condicional da pm), 1989,p. 289-299; Ul, Huff e Lílly, Hwrre arresi orid correcriomal Veja-se sommte S W . NStZ 1985, p. 105, com refer&ncias; em pmicfpiii famgvel.
md poficy, 1988. Sobre o muieJo ingles, Vosgeraq Bewühfl~~gshilfe, 1999, p. 166,
tatnMm, Schcldi. Gutackten rmr 52. DTJ, C p. 97.
Stcm, Bmluirmgshi~e,1990,p. 335.
'Y' A dawr de UKM mais a h g e n t e proibição de dirigir. Se- Grmlnchn eum 52. DJT, I(N. ã.) O e ç o sabstimtivo civil (Pviler Emaidimst) t a presta~áoa ser w p i d a por
C, p. 177; m e l e Spi* Bewahrwgshirfe, 1992, p. 131. aquele que. por motivo de mwiencia, se rccn~aa preaaú o servip militar (Hesse,
r)
0n W. Apesar h o C a g o Penal bmíIeiro conter saq& d o g a , que d a d a i
G&ge aks Wrfessungm& &r BwidesrepRMiR L k W n i i d ~ d a m e n t o sdo
de m-wços k commidade" (art. 46, com a i.edação da Lei 9.714&8), owi idittito consritucional da Rqúbiica F e d d da Alemanha), M.d,Hcidclberg, C.
por induzir o termo alemão a t e n t e para seu teor literal. MUllcr, 1995, Iln 38 e 3 Sã), mdiogo ao instituto que estA previsto mim a6s no mt 163,
Q 1.9 da CE e na Lei 8.239)91.
472 RT-m
- AGOSTO DE 2m1 - 90.0ANO D O U T R I N A PENAL - PRIMEIRA SEÇÃO 473-

ãmkto das prestas& sociais de servip menos qualificados, no quaI esse trabalho será i sentido de u m a rApida r e p r a ç k da vitinia, tem cIe de entrar em contata com ela, r v a r
de prefergncia executado. compremde exatamente as atividades mal pagas e por isso não consigo mesmo o seu comportamento e o dano a ela causado, e produzir m a prestação
supridas com suficiente mão-deobra. construtiva. j&à primeira vista socialmte Útil e jusa. que pode contribuir bastante para
a ressocializaçãio, tenda assim grande utilidade do ponto de vis ta preventivo-especial.
6.2.2 A ~paraqãovoluntária A introdução da reparação voluntslria no sistema de sanq0ies jurídico-penal também
teria efeitos preventivegerais - isto e. em rel- igenemlidade das pessoas - bastante
Profetizo um grande futum para a reparação do dano no direito penal, corno a segunda positivos. Bois a perturbação socid que 6 provocada peh delito s6 E realmefite eliminada
s a n ç k orientada pela voluntariedade do s a n d o n a d ~Não
, ~ me refiro a instituições como se o dana for reparado e o scarus quo unre,reshbelecido. S 6 a partir &te momento L que
as que. de acordo com o modelo francês da rrciion c i ~ l ca, pedido ~ do p ~ e j d c a d oou
~ o lesado e a coletividade vêem o caso c o m resolvido. Investigações empíncas e m virios
como na compnsation odeP5 inglesa, pordem do Juiz no processo penal, condenam países concluirm que a população pedominantemenk p s a que, nos crimes menores e
o acusado a indenizar o dana Isso significa smcnte um deslocamento da demanda civil médios, seria possível, havendo a reparação voluntária, ou abster-se por completo da pena.
para o processo ptd, e de nada adianta ao prejudicado se o título não for wreqtiivel, o ou reduzi-la consideravelmente, dependenda do caso."
que ocorre namaior parte dos casos. T a m b do ponto de vista da puni*, de nada adianta Falm-nie aqui espaço para desenvolver e m detahe ai i&ia de uma q a @ o bo dano
que ;a pena e a indenização caminhem lado a hdo, em mútua indepedhcia. jurádico-penalmente eficaz. Ao menos faça-se alusão a que esta idéia tem m a grande
A nova idéia. para a qual prevejo grandes as no direito m a l viadouro. perspectiva de futuro, tmMm porque ela h& a uma reapraximaçãa entre QS dmitos
é a de que u m a r e p q ã o voluntária prestada antes da abertura do procedimento principal civil c penal os quais. nos dltimos séculos,sempre seguiram o caminho de um afastamento
r t ) ~a uma obrigat615adiminuição na pena; em caso de urna prognose
( H a s r p r ~ ~ a h r e leve cada vez mais rígido.
favorável s i n a mesmo a uma suspensão condicionaC e, exctpcionando-se os delitos Como oitava canclnsãoi intermedrãria pude-se insistir. sm- orientadas pela
gravcs. mesmo a u m a dispensa da pena (apesar de manter-se a condenaçãm d e culpado
voluntariedade (trabalho de utilidade corman. repara+ do Gano) @em complementar
(Sc-ruch). %a wncepçW tem a vantagem de f o m e r ao autor um grande estimulo
e,em parte, substihir a pena no futuro-Em virtude de seus efeitos socialmente cxrnsmtivos
ã reparação do dareo. e de oferecer vitima u m a reparação rápida e não burocrstica, que t
d a s devem, na medida do posshei, ser ppefmidas à pena privativa de I i k d a d e .
o Estado nSo conseguiria em muitos casos reaIizardiante de um devedor recalcitrante. Com
esta solução, a vitim10gil a doutrina da vítima. que nas ultimas d é c a h vem alcançando
uma crescente importância. conseguiria uma vit&riadecisiva no sentido de umamimração
da justi* p a l h vitinia
S e a pessoas jm'dicas existem jihpje e m vários paises sob diversas fomtas--
T m k um direito penal orientado à rieintegmçSo do autor na sociedade reçehia t
Mas elas são csbmhas ao drito do direito penal. tal qual a t e se tem desenvolxibo na
impulsos completamente rrrwos em relação introdução da reparação voluntária do dano m a ç ã o eurapéia. Pois a pena foi sempre referidaZt culpabilidade individual de um homcm.
no sistema de sançks.+' Pois quando o autor, em seu prápio i n t w se esforça no h - e t a sdclinquem mpoteãr: este era o lema de um direito penal que se mona no sentido
de a m a impntaçb pessoal da culpabilidade.
Veja-se. sobrt a do dano como ''maira via'' do sísrcnia de sanpóes, e m Podrn, as s a n e s a pessoas jnridicas desempenharao um -de -1 no futuro.
Roxin. Shaf.echt.Mgmukr Td,3.4,1997, vaL I. 8 3, Rn 65 u scq., am r e f & n w F Pois as formas socialnatnte mais lesivas da c r h i d i d a d e ecoabmica e ambienml t&m sua
a F e A F S @&os em homtnagcni a F&), 1993. p. 301 er se@ cnigtm nas w d c s e poderosas emprwas; mnMm a venda dos mais divtnos produtos
aU' Quanto a- Mhigau, em Eser, Kuiser t Madlum, Nem Wge &r Wd-drarsrg Un lesivos k sadde será um pmblema cada v a maior para o direito pcnal. Quando, nesta
Si- WOVOS caminhos da do dano mi penai). 1990, p 325 ef q. casos, se d z a um tipo penal. k frequentemente difícil, senão m s m o impassível,
Wja-st, a nespeito, Jung, em Eser. =ser e Madlma, op. cib., p. 93 seq- 1 descobrir os r e p n s i v e í s na empresa, pois a responsabilidade distribui-se por várias
(N.T.) Na proccsso penal demão. a jaridiçáo de conhbcimtnto 6 segmentada em
-€r etapas: Q procedimento prefiminar (Vorvefluhren, tambçnr c h a d de
Emiitdungsvctfdren. ~ í m e n m de mvtstigqãa), sob o conhIe do Minist&b
1 p s w , e a culpabilidade de uma delas dificilmente pode ser provada. Também não se
conseguem enfrentar de m d o eficaz os perigos que tmanani de uma grande empresa -
por exemplo, para o meio ambiente - a~avdsda punição de um indivfduo s u b ~ t i ~ v e l
PQHico. que i x i n s h mi i n v e s t i g q ü ~feitas
~ p r este e pela paHci4 t termina com a Ptlo mntrhio, sançõcs que se aoop1an a ama filha da agankqaol (independente-
decisão da mcncianado 6rg%o no h d o de promve~ou não a q& pd; ri -te de quem, individualmente, seja o culpado) paiem ter intensos efeitos preventivos.
-n~o hWm&iS.ri~(ZwUdKmrfahrc~t), sob 0 cwbole do juiz, no qual Wde Elas devem abranger d& coasidwámis paga-tos em dinbeW até (i fechamento da
ele a dznissão ou nãoda açSo p a l , e.por 6m,o p w c d b m t o principal ( B u u p m f i m ) . empresa. Também aquelas sangõts a pessoas morais, ainda em e s e l o de desenwlvimenta
w qual morrem desde a prepara* da audihcia (%rbeneitiuig der H ~ n i e r M h g ) ,
até a audiência principal (Hnuphierhdliurg). na qual são pduzidas provas e C dada
jurCdico, não s&omais verdadei- penas: pois estas prcssupkm uma ação e culpabilidade
a senEn$a (ao- Stmfverfahrtnsndil-to processual penal), 25. ed, Munique,
Beck, 1W8,0 5, &I 2-8). ! tu) Veja-st m m , Wedtq-g obcr Strqfmf (R- ihdano ou paair?). 1992-
Um panorama & dirãto comparado emmtm-se em.-cS Icipu'ger ~ ~ R t
zum Sfra;fgesetzbmch, 1993, 5 14, Rn 74 et seq.
KT-790 - AGOSTO DE 2001 - W." ANO

irnputãveis a uma pessoa individual. Uma pessoa jurídica 56 pode agir e tornar-se culpAve1
em uin sentido análogo, através de uma construção jurídica. Para tanto, será necessária
deserivalver regras especiais de imputação, quenw posso discutir mais aprofundadmnte
nos limites deste trabalho."
Minha nona conclusZo intemediiria é: san@?ies a pessoas jurídicas, paralelas a
puniça dos autores individuais, desempenharão um grande papel no futuro, no combak
a criminalidade de empresas.

7. RESULTADO
LUÍS PAULO SPRVINSKAS
O direito penal tem um futuro. Conciliaçks sem a intervenção do Estado, como R o m m r de Jm+a Criminal em São Paufa
defende o abolicionismo, conseguirão substituir o direito penal de maio tão pnecirio Espmialista em Direito h l pela Faculdade de Direito
quanto o poderá fazer um puro sistema de medidas de segurança; também uma wigilãncia & UniversEdak de Sáo Paulo e em Interesses Difums
mais intensa dos cidad5os p o k , enquanto d a for permitida, ter uma certa eficácia e Coletivos peh Escoia Superior do Ministério Púbko.
preventiva. m a s não conseguir5 tomar o direi& penal supérfluo. Rofessra asstk-iado de Direito AmbiaitaZ na Univusidade
Cidade de São Panlo e mesuando em Direjto Penal
Por o u w lado. lá onüe o direito peaal ultrapassa suas tarefas político-criminais, a pela Bcmtifícia Univemidade Carólica de São Paulo.
descriminaiízação Ç possível e levada a cabo. Também através da divwsificaç3o se
conseguiri substituir não a punibilidade, mas a punição concreta em casos menos graves,
arquivando-se o pmcesso - o que quase sempre i feito sob certas condições. SUMÁRIO: 1. Conceito de patrirnõnie genético, de organismo gendicamenie
Apcsar das limimdas possibilidades de descriminalização e dos mais intensos modificodo (OGM), de engenharia gektica e de Projeto Genoma - 2.
esforços de prevenção, o númera de disposi tivos penais e de ínfraqões a eles deve crescer. Biodiversidade, biopimmria, biotecndogirr. bim'tica e biussegump - 3.
Benefícios e riscos causados peta engenharia genélica - 4. F&mnto legal -
Içto e m nada altera o fatode que o direita penal do futuro se tomará ainda mais suave
5. Engenharia gerigtica e a Lei 6974, de 05.01.I995: 5.1 Objetivas da Lei
do que C hoje. Isto decorre principalmente das possibilidades de diversificaçãe, da 8 . 9 7 M : 5.2 Exerckio rdasatividdes de engcnlraria gcriétim; 5-3Fisculiraçdo
substituição da pena privativa de liberdade pela & multa, da utiliia@o de novas sanfles c engenharia gerkfica; 5-4 Regbim dos praduiux OCM e a atitorizaçQ0 para
menos limitadoras;de libemiade (corno a prisão domiciliar ou a pmibiçáo de dirigir), e de o descarte; 5.5 Restriçõej & aiivi&&s ~Iacionndascom X M ; 5.6L7onugem:
que, e-iahente mo campo da macrocriminalidadc econômica e ambiental, as indispen- 5.7 Mmilomtnento &as atividades reEocwrandas com OGMx - 6. Cmissõu
sáveis sanções a pessoas jddicas, apesar de sua grande efic6cia preventiva, -mal Tknica Maciond & Biosseguranp ( G W B l o ) - 7. CmIssÜo l n i r m de
iproquem safrimtntos individuais. Biossegumnça { C I B ) - 8. Direito à informaçáo - 9. Alimentos imnsgêniws
Com isto chego ao fim. Demomtroii-se que, apesar da manutenção por mim - 10. infmpões penais - 11. B i h l w g m
pmguaskada das institui* fundarnenmis do direito penal. modaw+ essenciais m
parte ~6 estão a ocorrer, em sáo de esperar-se. O direito penal maderiro partiu de
'%"
urna posição qut somenk c6 Wia a pena reaibutiva; esta pena era majonmiamcnte
justi-licadafilosóficaou teoIogicamente. como na Ale& se via nos influentes sistemas
I . C O N C m DE PATRIW~NZOGENÉ~Ico, DE ORGANISMO GENETTCAMEIWíE
E DE PROJETO
MODIFICADO {OGM), DE ENCEMíLaRIA G E N ~ I C A
idealistas de Kmt e Hegel e também na dou- das Igrejas. Ao contrário disso, o direito GrnOMA
penal do futuro, ao levar diante os pomlados ifuministas. e sob os p m u p t o s de um
mundo completaxriente m o d i h d o , immr-se-á cada vez mais um instrumento de direcio- An:rim%io gedtico é o conjunto de seres vivos que habitam o planeta Terra,
nanumto smial Cgexedl~haftlich Steuenmgsínsnimtenr) totalmente secularizado, ctim o incluindo os seres humanos, os animais, os vegetais e os micrmrganims. A miedade
6m de chegar a uma shtese mm a garanfia da paz, o sustento da existEnda e a defesa dos organismos vivos t que permite a vida do ser hmnam na Tem. Essa variedade de
dos dircitw do cidadão. Ele terã de utiiizare, além da pma, de u m a multiplicidade de oqanismos vivos (elementos mimados e inanimados) m ~ r a g eentre si, c o m ~ ~ i n d
oo
&muitos de dinrxionamento diferenciadores c flexiveis, que cemmente hão de pressupor
meio ambiente ecologicamente equilibrado. Integram o patnm8nio genético todos os
um comportamento punivcl. mas que pssu%o natureza somente similar a pena. organismos vivos encontrados na natureza, constituindo a bidivtrsidade.
Organismo geiaeticmnme madificado (OGM) 6 omatmial gen6tico (ADWARN)que
tenha sido d f i c a d o por qualquer tbmica de engenziaria genktica (a&.:3 TV, da Lei
8 974/95].
Engmharin gendiiçá E a ciência que estuda o patrimhio ~~o e a biaiiversidade
existente no meio ambiemte. consubstawíada w emricio da "atividadede maniplaçZío
'* mpeito disso. &h-, Laipzigcr Kimmeu~ursuii Sím~gesãzbu&, 11. d.193, de molhlas deADNIARN recombinmkn(art. 3P, V,da Lei 8.974, de 05.01.1995). ADN
3 14, Rrr 78, ~ximrcfedncias. RTflw.&L Amo W
! V. 790 úgo. 2#1 p. 175-494

Você também pode gostar