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Livro Proprietario Psicomotricidade
Livro Proprietario Psicomotricidade
autores do original
VERA MATTOS
1ª edição
SESES
rio de janeiro 2016
Conselho editorial solange moura, roberto paes e gladis linhares
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida
por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2015.
1. Epistemologia da Psicomotricidade 7
Apresentação do Capítulo
Objetivos da sua aprendizagem
1 A história do corpo 8
1.1 Conceitos de Psicomotricidade 20
1.2 Objeto de estudo 23
1.3 Qual o papel da Psicomotricidade? 23
1.4 Quais os instrumentos da prática psicomotora? 23
1.5 Quem é o psicomotricista? 24
1.6 Qual a formação de um psicomotricistra? 24
1.7 Princípios básicos da Psicomotricidade 24
Referências 25
2. Métodos de Intervenção 27
Apresentação do Capítulo
Objetivos da sua aprendizagem
2 Intervenções em psicomotricidade 28
2.1 Ramain Thiers 28
2.2 As sensações e as percepções 31
2.3 Organização do cérebro humano 34
2.4 Praxia, Dispraxia e Apraxia 41
2.5 Gnosias e Agnosias 46
2.6 Atenção 46
2.7 Memória 50
Referências 54
3. Bases Psicomotoras do Desenvolvimento 56
Apresentação do Capítulo
Objetivos da sua aprendizagem
3 Fase embrionária 57
3.1 Exame do recém-nascido 61
3.2 Nascimento 63
3.3 Habilidades Motoras Fumdamentais (HMF) 65
3.4 Habilidades motoras especializadas 68
3.5 Desenvolvimento físico em adolescentes 69
Referências 70
4. Conceitos Psicomotores 72
Apresentação do Capítulo
Objetivos da sua aprendizagem
4 Controle motor 73
4.1 Esquema e imagem corporal 82
4.2 Lateralidade 89
Referências 92
Apresentação do Capítulo
Objetivos da sua aprendizagem
5 Verificação da 1ª unidade funcional de Luria (Tônus e Equilíbrio) 95
5.1 Tonicidade 95
5.2 Equilibrio 96
5.3 Verificação da 2ª Unidade Funcional (conhecimento do corpo, organi-
zação perceptiva, laterização e estruturação espaço temporal) 97
5.4 Lateralização 102
5.5 Verificação da 3ª Unidade Funcional 103
Referências 107
Apresentação
Caro aluno,
Desde os mais antigos pensadores até os dias de hoje, teremos uma visão geral
do momento histórico, no campo da Saúde, em que surgem diversas áreas de traba-
lho dentro do âmbito clínico, para além da Medicina. A Psicomotricidade também
tem sua origem nesse percurso!
OBJETIVOS
Neste capítulo pretende-se que sua aprendizagem seja referente a:
1 A história do corpo
Desde a Grécia Antiga o corpo físico era exaltado tanto por poetas (como
Homero) quanto por filósofos. Os pré-socráticos falavam de “alma” sob uma
visão metafísica, um tanto materialista.
Já Sócrates (470 – 399 a.C.) e seu discípulo Platão (428 – 347 a.C.) refletiam
sobre a imortalidade da “alma” e viam o corpo como lugar transitório para a
“alma” imortal. Preocupavam-se com a moral e com a ética.
“A alma é claramente superior ao corpo e encontra-se nele como uma prisão... deve-se,
por isso, cuidar da alma e não temer a morte.” (Mondin apud Beresford, 1999)
8• capítulo 1
Com o surgimento do cristianismo, na Idade Média, a Igreja ganha muito
poder e une-se à política. Modificações importantes na compreensão do mun-
do (Galileu prova que a Terra gira em torno do Sol.) E o corpo não estava de fora
desse processo! O corpo sagrado e o corpo profano! Mas foi chegando ao século
XVI, com o filósofo René Descartes, que o “corpo” passou a ser visto como coisa
externa e a “alma” como pensante por natureza, estabelecendo, a partir destes
preceitos filosóficos, uma dicotomia, um corte entre corpo e alma, chamado de
dualismo cartesiano.
9• capítulo 1
"É evidente que eu, minha alma, pela qual sou o que sou, é completa e verdadeiramente
diferente do meu corpo, e pode ser ou existir sem ele." "Penso, logo existo." (René Des-
cartes, Meditaciones metafísicas, México, Porrúa, 1979, p. 84).
Esse pensamento nos acompanha até os dias de hoje, e a ciência busca in-
cessantemente demonstrar O erro de Descartes – obra do neurocientista Anto-
nio Damásio.
Ao final do séc. XVIII, início do séc. XIX, o psicólogo Maine de Biran identi-
fica o movimento como um componente essencial do Eu. E difere de Descartes,
com a ideia de que a alma precisa do corpo para assumir sua intencionalidade.
10 • capítulo 1
Figura 1 Figura 2
Foi o olhar sobre os distúrbios funcionais que deslocou o foco da classe mé-
dica para funções que estavam alteradas, porém, sem lesões orgânicas localizá-
veis (asma, rinites, gastrites, gagueiras, alucinações, alterações posturais etc.).
11 • capítulo 1
Essa bicicleta não anda porque há uma lesão em sua estrutura!
Outra analogia que pode ser interessante para dar uma melhor ideia do mo-
delo dessa época é pensarmos o corpo como uma máquina (por exemplo, um
automóvel), e o meio médico desse grupo de estudiosos como sendo a monta-
dora dos carros – preocupam-se com as peças!
12 • capítulo 1
Ao mesmo tempo, novas descobertas da Neurofisiologia verificavam que a
correspondência entre centro cortical e função não explicava certas disfunções
graves. Foi com Sherrington, em 1906, que o modelo estímulo-resposta é su-
plantado pelo que ele descreve como a Ação Integrada do Sistema Nervoso, isto
é, seu papel na regulação das condutas de um organismo em interação com o
meio. Esse presuposto questiona o paradigma de Pavlov uma vez que sugere
que, embora nossos cérebros sejam semelhantes em estrutura, cada um deles
possui uma forma peculiar de funcionar a partir de suas relações com o meio
e os estímulos aos quais é submetido. É o início do pensar a individualidade
biológica!
Essa bicicleta anda, mas a corrente não permite mudar a marcha. Há altera-
ção funcional e não lesão estrutural. No que se refere à analogia do corpo como
máquina, podemos pensar esse grupo de cientístas como sendo os mecânicos
do carro – preocupando-se com o funcionamento.
13 • capítulo 1
No terceiro ramo da Neurologia, que baseou o surgimento da Psicomotri-
cidade, temos a Neuropsiquiatria Infantil. Na primeira metade do século XIX,
não se estudava a infância, e o modelo da época, em relação aos transtornos da
infância era de que qualquer distúrbio infantil era visto como “idiotia” ou debi-
lidade mental, cujo grupo de estudiosos buscava entender o desenvolvimento
do cérebro e da mente.
Se usarmos nossa analogia, esse grupo poderia ser associado ao nosso me-
cânico de confiança – que se preocupa também em como estamos cuidando da
máquina!
14 • capítulo 1
Surgem práticas com propostas de trabalho para esses sintomas, sem lesão
específica:
• Ginástica terapêutica;
• Psicodinamia – Philippe Tissié (final séc. XIX — pré-concepção da Psicomotricidade)
que se opõe à Educação Física militarizada e propõe uma educação pelo movimento,
abordada por Le Camus em meados do séc. XX). Propõe a aproximação entre o ponto
de vista puramente mecânico e o ponto de vista psicológico.
15 • capítulo 1
O paralelismo entre motricidade e caráter (Wallon) e entre motricidade e
inteligência (Dupré) é quando percebemos se delineando o campo da psico-
motricidade.
16 • capítulo 1
ca), melhorar a atividade de relação (através de exercícios de dissociação e de
coordenação motora com apoio lúdico) e desenvolver o controle motor (com
exercícios de inibição para instáveis e de desinibição para emotivos).
17 • capítulo 1
• Ajuriaguerra une o desenvolvimento infantil ao neurológico, e alerta
que, ao contrário do que dizia Descartes, o corpo não é ferramenta ou objeto
mensurável, e diz:
18 • capítulo 1
Outros autores franceses produzem estudos em Psicomotricidade durante
todo o séc. XX: Le Boulch, Pick, Vayer, F. Desobeau, H. Boucher, J. Claude Coste,
Gesell.
CONEXÃO
Desde 1998, a sociedade brasileira, juntamente com o IBMR vem lutando para
o reconhecimento dessa profissão diante do Ministério do Trabalho em Brasília.
Qualquer interessado pode associar-se à Sociedade Brasileira de Psicomotricidade,
visite o site: www.psicomotricidade.com.br.
19 • capítulo 1
1.1 Conceitos da Psicomotricidade
1.1.1 Definições
20 • capítulo 1
1.1.1.3 - Jean-Claude Coste – “É uma técnica em que se cruzam múltiplos
pontos de vista e que utiliza as aquisições de numerosas ciências constituí-
das (Biologia, Psicologia, Psicanálise, Sociologia e Linguística)” [...] “A reedu-
cação psicomotora tem por objetivo desenvolver esse aspecto comunicativo
do corpo, o que equivale a dar ao indivíduo a possibilidade de dominar seu
corpo, de economizar sua energia, de aperfeiçoar o seu equilíbrio.” (A Psico-
motricidade – Coste, 1977)
1.1.1.5 - Vayer – “Cada criança busca no outro a sua própria identidade, sua
própria necessidade de segurança.” (Linguagem corporal — Vayer, 1985)
21 • capítulo 1
blemas de relacionamento.”
(O desenvolvimento psicomotor — Le Boulch, 1981)
CONEXÃO
Definição segundo a Associação Brasileira de Psicomotricidade
“É uma ciência que estuda o homem através do seu corpo em movimento, em
relação ao seu mundo interno e externo, e de suas possibilidades de perceber, atuar
e agir com o outro, com os objetos e consigo mesmo. Está relacionada ao processo
de maturação, onde o corpo é a origem das aquisições cognitivas, afetivas e orgâ-
nicas.” (www.psicomotricidade.com.br)
Ou seja, é a ciência que se ocupa do estudo do homem em movimento e
com a evolução das relações de seu corpo com seu mundo interno (sensações,
fantasias etc.) e com seu mundo externo (o corpo em movimento no espaço, no
tempo e no social).
22 • capítulo 1
1.2 Objeto de estudo
1.4.1 - O olhar psicomotor que busca ver além do sintoma que o sujeito possa
apresentar;
23 • capítulo 1
1.4.6 - As noções de espaço e de tempo na relação com o corpo do sujeito.
24 • capítulo 1
a evolução motora da criança se dá da cabeça (controle e
CÉFALO -
sustentação da cabeça), para parte inferior do corpo (até o
CAUDAL
controle dos membros inferiores que possibilita o “andar”);
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Mattos V & Kabarite, A - Avaliação Psicomotora – um olhar para além do desempenho, Rio de Janeiro
– WAK editora, 2013
Coste, J C – A Psicomotricidade. 4ª edição, Rio de Janeiro, Guanabara-Koogan, 1989
25 • capítulo 1
26 • capítulo 1
2
Métodos de
Intervenção
Apresentação do Capítulo
OBJETIVOS
Neste capítulo, pretende-se que sua aprendizagem seja referente a:
• Compreender as diversas formas de intervenção em psicomotricidade
• Explicar a pertinência da psicomotricidade na Fisioterapia;
• Reconhecer as funções das estruturas do sistema nervoso – o cérebro executivo.
2 Intervenções em psicomotricidade
2.1 Ramain-Thiers
28 • capítulo 2
Clínica, Social, Institucional, Empresarial.
Fonte: http://www.psicomotricidade.com.br/artigos/aformacao.htm
Foi criada por André Lapierre, educador francês, na década de 1970. É uma
prática educativa, de valor preventivo e terapêutico, que permite a crianças,
29 • capítulo 2
adolescentes e adultos, expressarem seus conflitos relacionais, superando-os
por meio do brincar e do jogo simbólico. O ineditismo do método reside no fato
de que a criança, por meio do lúdico, consegue revelar de modo natural aquilo
que se passa em seu mundo interior, por vezes sem a necessidade da expressão
verbal. Para as crianças o brincar é coisa séria e por meio dele estruturam seu
aparelho psíquico, fazendo do brincar algo terapêutico. A Psicomotricidade Re-
lacional vai gerar estímulos para o ajuste positivo de diversos distúrbios com-
portamentais, sociais e cognitivos como por exemplo: agressividade, inibição,
agitação, dependência, falta de limites, TOC, fobias, TDA-H e demais fatores
que comprometem o aprendizado e o desenvolvimento psicosocial.
30 • capítulo 2
2.2 As sensações e as percepções
Já foi visto que a Psicomotricidade “é uma ciência que tem por objeto de
estudo o homem, através do seu corpo em movimento, nas suas relações com
seu mundo interno e seu mundo externo” (definição da S.B.P.).
Assim, não se pode esquecer de estudar as formas, os mecanismos através
dos quais esse corpo se comunica com esses meios (externo e interno).
31 • capítulo 2
As introceptivas – que nos dão os sinais do meio interno do organismo e
asseguram a regulação das necessidades elementares (mantém estreita ligação
com os estados emocionais, são elas que expressam: fome, bem-estar, mal-es-
tar, estados de tensão, satisfação...).
32 • capítulo 2
As exteroceptivas – que nos dão os sinais vindos do mundo exterior, crian-
do a base do nosso comportamento consciente (olfato, visão, audição, tato e
paladar).
33 • capítulo 2
2.3 Organização do cérebro humano
34 • capítulo 2
das estruturalmente durante o processo de desenvolvimento.
35 • capítulo 2
quer no movimento voluntário, na elaboração práxica e psicomotora, quer na
produção da linguagem falada ou escrita.
36 • capítulo 2
postural, e locomotora), funções elementares, porém vitais.
37 • capítulo 2
tor), isto é, as regiões do córtex que contêm as zonas responsáveis pela recepção
dos órgãos sensoriais.
38 • capítulo 2
3 A lei da progressiva lateralização das funções.
A área 4 Br., área motora primária, tem relação com o sistema piramidal
(ideocinético) responsável pelos movimentos voluntários em toda sua ampli-
tude (desde os motoneurônios superiores aos medulares). A área 6 Br. realiza
e automatiza os movimentos coordenados complexos. Da área 8 Br., partem as
conexões do sistema extrapiramidal, nesta área encontra-se também a área res-
ponsável pela coordenação dos movimentos oculares durante a manipulação
dos objetos.
39 • capítulo 2
A área 6 e 8 programam e planificam o ato motor enquanto a área 4 o efetiva.
O desenvolvimento e a perfeição da motricidade humana estão diretamente
associados com a formação de áreas terciárias do córtex frontal.
Nas ações voluntárias podemos constatar a interação das três unidades fun-
cionais.
40 • capítulo 2
2.4 Praxia, Dispraxia e Apraxia
41 • capítulo 2
• coordenação da lateralização;
• noção do corpo;
• estruturação espaço-temporal.
• harmonização do espaço extra e intracorpóreo;
• capacidade de decisão, regulação e verificação para materializar a inten-
ção e atingir o fim (objetivo).
2.4.1 Praxias
A área 4 Br. é conhecida como córtex motor e atua como efetor, recolhe in-
formações aferentes. A partir das quais ele vai elaborar a programação da ação.
42 • capítulo 2
Todas as praxias exigem uma complexa integração proprioceptiva.
Essa função é desempenhada pelo sistema gama, que tem como finalidade
manter e regular a sensibilidade dos fusos musculares. Essa atividade confere
ao movimento voluntário as suas características: grande plasticidade e melodia
cinética.
2.4.2 Dispraxias
Sinais :
• Dismetrias – inadaptação a distâncias e movimentos exagerados e mal inibidos.
• Distonias – movimentos involuntários, intermitentes, paratonias sem qual-
quer significação funcional.
• Disquinesias – movimentos anormais, bruscos e anárquicos na postura e ges-
tos finalizados.
• Dissincronias – velocidade inadequada dos movimentos, ausência de siner-
gia, perda da melodia cinética.
43 • capítulo 2
As dispraxias combinam problemas práxicos com problemas da noção do
corpo e da estruturação espaço-temporal.
2.4.3 Apraxias
44 • capítulo 2
Apraxia ideomotora: surge na realização dos gestos elementares, dificuldade
1 em responder um comando verbal ou imitar gestos.
45 • capítulo 2
2.5 Gnosias e Agnosias
2.5.1 Gnosias
2.5.2 Agnosia
2.6 Atenção
46 • capítulo 2
Hipocampo para o processamento e áreas
Armazena específicas para o armazenamento
47 • capítulo 2
O Hipotálamo desempenha funções que são reguladas pela glândula hipó-
fise (secreção de hormônios) e por conexões neurais eferentes com o córtex por
intermédio do tálamo. Essas funções envolvem: ajustes da temperatura corpo-
ral e da pressão arterial, ajustes no metabolismo, comportamentos alimenta-
res, reprodutivos e defensivos, regulação do ritmo diário como sono e vigília,
expressões emocionais, entre outras.
48 • capítulo 2
• Hipotálamo;
• Núcleos anterior e medial do tálamo;
• Córtex límbico: giro cingulado, giro para-hipocâmpal e uncus.
• Hipocampo;
• Amígdala – grupo de núcleos em forma de amêndoas
• Prosencéfalo basal: área septal, área pré-óptica; núcleo acumbens (ou estriado ven-
tral) e o núcleo basal de Meynert
49 • capítulo 2
A atividade de neuromoduladores e neurotransmissores específicos (com-
postos químicos que transmitem a informação de um neurônio para outro) são
de fundamental importância para todo o processo da atenção, de consciência.
2.7 MEMÓRIA
50 • capítulo 2
Na prática o armazenamento e a recuperação são interdependentes, ou
seja, o modo como a informação foi armazenada inicialmente na memória vai
determinar de que maneira (por ex. através de quais pistas de recuperação) e
com que sucesso ela vai ser recuperada.
Reconhecer significa que a coisa a ser reconhecida já está lá, servindo como
sua própria pista para a recuperação.
51 • capítulo 2
• Memória imediata – também chamada de registro sensorial, dura apenas 1 a 2 Seg.
A informação é processada pelas áreas sensoriais primárias e associativas sensoriais
do córtex, mas não pelo sistema límbico.
• Memória a curto prazo – é o breve armazenamento dos estímulos que foram reco-
nhecidos. Ocorre perda da informação dentro de 1 minuto, a não ser que o material seja
continuamente ensaiado, repetido.
• Memória de longo prazo – é o armazenamento relativamente permanente da infor-
mação que foi processada na memória de curto prazo.
52 • capítulo 2
Para a aquisição deste tipo de memória é necessário prática, após ser adqui-
rida não é necessária atenção para sua execução.
Três estágios são necessários para esse tipo de memória:
53 • capítulo 2
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FONSECA V. Manual de Observação psicomotora. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.
LAUNDY-EKMAN, L. Neurociência – fundamentos para a reabilitação. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 1998.
MACHADO, Ângelo. Neuroanatomia funcional. São Paulo: Atheneu, 1990.
FONSECA V. Manual de Observação psicomotora. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992.
MATTOS V.; KABARITE A. Avaliação psicomotora – um olhar para além do desempenho. Rio de
Janeiro: WAK, 2013.
LAUNDY-EKMAN, L – Neurociência –Fundamentos para a Reabilitação – Guanabara, Koogan, Rio de
Janeiro, 1998
FONSECA, V. da – Manual de Observação Psicomotora – Ed. Artes Médicas, 1998
54 • capítulo 2
55 • capítulo 2
3
Bases Psicomotoras
do Desenvolvimento
Apresentação do Capítulo
OBJETIVOS
Neste capítulo, pretende-se que sua aprendizagem seja referente a:
3 Fase embrionária
Após a fertilização, momento em que o espermatozoide penetra no óvulo,
uma célula denominada embrião começa a se formar. Em mais ou menos 3 dias,
ela faz sua caminhada da trompa até o útero e leva, aproximadamente, mais 4
dias para aderir ao endométrio (camada que reveste internamente o útero).
Começará então a formação da placenta, da bolsa amniótica e dos órgãos
do bebê.
1 mês
Até a segunda semana o óvulo não é apenas um acúmulo de células desorde-
nadas, é um ser com força e capacidade de formação individual, que trás consi-
go uma individualidade própria.
57 • capítulo 3
Entre o 21º e o 30º dia, ocorre maior desenvolvimento do sistema nervoso;
surgem os primeiros vasos sanguíneos embrionários; esboço dos membros su-
periores e inferiores; esboço dos olhos; formação dos pulmões e do pâncreas;
as células do cérebro começam a se definir. Na 4ª semana, é a vez do coração,
que nas próximas semanas estará batendo em um ritmo de 120 a 140 batimen-
tos por minuto. São eles, cérebro e coração que comandam, ao mesmo tempo,
a formação de todos os órgãos. O embrião mede cerca de 4 a 5 mm.
2 meses
No início do segundo mês, já se pode observar através do ultrassom uma es-
trutura pouco visível, além da placenta (responsável pelo fornecimento de oxi-
gênio e nutrientes) e da bolsa amniótica. Entre o 30º e o 45º dia, surge um es-
boço da região olfativa, maior desenvolvimento do cérebro e formação da mão.
Do 45º ao 60º dia, o coração já está com quatro cavidades, e dedos dos pés e
das mãos já estão separados.
Os olhos estão formados, porém ainda não há pálpebras (se fecharão aos 4
meses e se abrirão aos 6 meses).
O embrião que será, a partir daí, chamado de feto mede entre 22 e 24 mm.
58 • capítulo 3
fase de extrema importância. Seu coração já bate cerca de 140 a 150 vezes por
minuto, duas vezes o de sua mãe.
3 meses
Agora o feto mede mais ou menos de 7 a 9 cm. Já é uma verdadeira miniatu-
ra de um ser humano. O nariz, a boca e o ouvido externo já estão formados. Os
dedos dos pés e das mãos já estão nítidos e separados.
O feto aprende a fazer xixi, seus órgãos genitais já estão praticamente for-
mados, mas ainda não dá para saber o sexo do futuro bebê.
4 meses
Já dá para saber o sexo! Ossos mais rígidos ocupam o lugar das cartilagens,
as glândulas salivares já estão trabalhando e os dedos já estão completos.
5 meses
O feto já possui cabelos e começam a aparecer os cílios e as sobrancelhas.
59 • capítulo 3
Já é capaz de ouvir barulhos externos. No útero, a propagação das ondas
sonoras se dá por meio líquido. Os estímulos são provenientes do meio exter-
no: fora do corpo da mãe; do meio materno; e do próprio corpo do bebê e sons
oriundos de seus movimentos no útero.
6 meses
O feto está com mais ou menos 25 cm de comprimento e pesa em torno de
700 gr. Seu corpo se apresenta coberto de finíssimos pelos, sua pele tem tom
avermelhada, mas é muito enrugada, pois não existe ainda gordura sob ela.
7 meses
A gordura que surge sob a pele mantém a temperatura do corpo e serve
como reserva de energia. Mede por volta de 30 cm e pesa por volta de 1.300 gr.
Quase não se mexe mais, porque lhe falta espaço no útero.
Aos poucos vai adquirindo a posição do parto, de cabeça para baixo. Com os
sentidos bem aguçados, ele ouve, suga o polegar, soluça, e pode sentir o doce e
o amargo.
8 meses
Está medindo cerca de 30 cm, pesando em torno de 2 quilos, 2 quilos e meio
e quase pronto para nascer. Alguns órgãos como rins, pulmões, fígados e baço
estão formados, mais só amadurecerão nos primeiros meses de vida.
9 meses
60 • capítulo 3
O feto mede aproximadamente 50 cm, pesa aproximadamente 3 quilos e
meio, entre a 38ª e a 40ª semana de gestação. Suas estruturas estão completa-
mente formadas. Ele está pronto para nascer (a partir da 37ª semana, se nascer
antes desse prazo é considerado prematuro) e tem início o trabalho de parto.
No dia do nascimento, seu coraçãozinho chega a bater até 170 vezes por mi-
nuto, com o passar do tempo cairá para 130 b.p.m.
Ele pode ser realizado na sala de parto por qualquer dos profissionais pre-
sentes no momento do nascimento. Seu objetivo é a avaliação dos sinais vitais
do bebê.
"Este índice foi introduzido pela anestesista americana Virginia Apgar em 1953. Desde
então, tem constituído o modo mais útil para avaliar a adaptação do recém-nascido à
vida extrauterina e orientar a sua reanimação. O Índice Apgar analisa 5 parâmetros:
frequência cardíaca, respiração, tônus (força muscular), reatividade (reação a estímulos,
o cateter, por exemplo) e cor. Todos eles são pontuados de 0 a 2, habitualmente ao
1º e 5º minuto de vida. (...) Apesar das suas limitações, o Índice Apgar é um elemento
correntemente utilizado para avaliar a presença e a intensidade de um sofrimento fetal
agudo." Fonte: ABC da Nova Pediatria
61 • capítulo 3
te do rosto.
A maior parte das atividades que o bebê fará nas primeiras semanas de vida
são puramente reflexos. Por exemplo, quando você põe o seu dedo na boca do
bebê, ele não "pensa" no que fazer, mas começa a chupá-lo por puro reflexo.
O bebê já nasce com essas "respostas automáticas". Algumas delas o acom-
panham por meses, outras somem em algumas semanas. Embora você possa
pensar que o seu bebê é completamente indefeso, ele, na realidade, tem vários
reflexos de defesa própria.
62 • capítulo 3
3.2 Nascimento
Reflexos
• de Moro Visão
• Preensão palmar Audição
• De sucção Contato social e emocional
• De marcha automática “Diálogo Tônico”
• RTCA...
Tônus predominantemente flexor
Postura assimétrica
Reações posturais
• rolar;
• controle de cabeça 45º;
• traz a cabeça quando puxado para sentar;
• reage ao peso de pé, sem sustentá-lo.
Do 4º ao 5º mês
63 • capítulo 3
• Inibição de muitos reflexos
Atitudes sociais dorme menos e sorri mais, reconhece a mãe, emite sons
guturais.
Do 6º ao 7º mês
Atitudes sociais: noção de permanência do objeto.
Do 8º ao 9º mês
64 • capítulo 3
• movimentos de cintura escapular e pélvica dissociados tanto em supino
como em prono.
65 • capítulo 3
O movimento é um processo a se desenvolver nos anos iniciais da infância,
assim, o estágio de amadurecimento da maior parte das habilidades motoras
fundamentais se dá por volta dos 6 anos.
66 • capítulo 3
Gallahue define o que seria locomoção – “envolve a projeção do corpo no
espaço, alterando a sua localização relativa a pontos fixos da superfície.” (2001,
p. 280). Teríamos então como movimentos locomotores fundamentais: c a -
minhada;
• corrida;
• salto vertical;
• salto horizontal;
• salto misto;
• pulo;
• saltito;
• galope e deslizamento.
67 • capítulo 3
esse objeto. Seriam movimentos manipulativos amortecedores o agarrar, o re-
bater, o aparar e o apanhar.
68 • capítulo 3
Evolução dos movimentos especializados
• Estágio de transição
O indivíduo trabalha para compreender a ideia de como desempenhar a ha-
bilidade esportiva, porém sua habilidade e competência são, ainda, limitadas.
• Estágio de aplicação
Maior consciência de seus recursos físicos e de suas limitações e concentra-
se em determinados esportes.
3.5.2 Flexibilidade
69 • capítulo 3
3.5.3 Massa corporal
COMENTÁRIO
Embora as meninas tenham tendência a superar os meninos no que se refere ao
equilíbrio, na infância, parece não existir nenhum padrão claro de superação na
adolescência.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Saboya B – Bases Psicomotoras. Rio de Janeiro, Ed. Trainel, 1995
Heren & Heren – Estimulação Psicomotora precoce. Porto Alegre, Ed. Artes Medicas, 1991
Coelman & Raulier – De la naissance à la Marche – les etapes du developpement psychomoteur de
l’enfant. Bruxelas, ASBL Etoile d’herbe, 2004
Gallahue D, Ozmun J – Compreendendo o desenvolvimento motor. São Paulo, Phorte Editora LTDA,
2001
70 • capítulo 3
71 • capítulo 3
4
Conceitos
Psicomotores
Apresentação do Capítulo
OBJETIVOS
Neste capítulo, pretende-se que sua aprendizagem seja referente a:
4 Controle motor
Controlar o corpo é algo que o homem tem de mais difícil para aprender
(também o que tem de mais difícil para estudar como funciona – próteses e
robótica).
O controle motor exige uma posição econômica, que evita o desgaste desne-
cessário de energia para um determinado movimento.
Fatores relevantes:
• motivação;
• atenção;
73 • capítulo 4
• atividade física.
Aprender e fazer estão interligados
Movimento = mudança de postura: consciente ou por ajustamento automático.
Movimentos são controlados por respostas sensoriais e ou por respostas internas.
74 • capítulo 4
Wallon fala das “atividades posturais” com dupla característica: pode ser
preparação para o ato e/ou de espera. A espera antecipatória indica uma atitude
de ajustamento preparatório específico para execução do programa motor que
deve ser realizado.
Postura - posição do corpo inteiro ou de uma parte dele (posição dos dife-
rentes segmentos corporais em um dado momento).
Tipos de tônus
Podemos caracterizar de forma didática três tipos de tônus. Tais classifi-
cações variam a nomenclatura, segundo o autor estudado, mas comungam do
mesmo conceito.
75 • capítulo 4
É o responsável pela postura ortostática, pela manutenção da
1. TÔNUS DE posição de um seguimento corporal (contração isométrica) e
FUNDO, DE BASE também está presente na função de amortecedor. É avaliado
OU POSTURAL por meio das manobras de passividade e de extensibilidade.
Ex.: ao dormir, ao estarmos de pé, ao cair.
3. TÔNUS DE É quando todo o corpo se dedica a uma única ação. Ex.: em-
FORÇA OU DE purrar um carro, esportes de explosão.
SUPORTE
Qualidade do tônus
Como já vimos, nos quadros patológicos temos os extremos, isto é, a hiperto-
nia de um lado e a hipotonia de outro, no entanto, um indivíduo pode estar em
qualquer ponto deste continum dependendo do momento que estiver vivendo.
O bom tônus será aquele adequado à ação motora à qual o sujeito se propõe.
76 • capítulo 4
Como toda a célula, é composta por suas estruturas. As estruturas da célula
muscular são: sarcolema (sarco quer dizer músculo e lema quer dizer membra-
na) que é a membrana da célula muscular; o sarcoplasma (que é o citoplasma
da célula muscular) ; as miofibrilas que são estruturas próprias da fibra mus-
cular e o sarcômero (sarco quer dizer músculo e mero quer dizer pedaço) que é
a unidade histofisiológica da célula muscular e é o responsável pela contração
da fibra.
77 • capítulo 4
Outra estrutura importante é o fuso neuromuscular, formado por fibras dife-
renciadas. São elas as fibras extrafusais; as fibras intrafusais (que possuem seus
polos contráteis) e as fibras nervosas sensitivas anulo-espirais. No movimento
voluntário, o estímulo sai do córtex, percorre a medula e vai atingir um neurô-
nio motor gama; esse vai inervar as zonas polares das fibras intrafusais (que são
contráteis). Tal contração vai provocar o estiramento das intrafusais e excitar as
fibras nervosas sensitivas anulo-espirais. Essas via sistema nervoso periférico,
vão devolver o estímulo à medula para o neurônio motor alfa que, por sua vez, vai
inervar as fibras extrafusais, finalizando a contração do fuso.
78 • capítulo 4
4.0.4 Equilíbrio
79 • capítulo 4
quena cifose dorso-lombar.
80 • capítulo 4
- A manutenção da postura de pé é operada por diversas excitações refle-
xas que nascem nos receptores labirínticos e profundos, provocadas pela ação
constante da gravidade. Dentre as excitações mais importantes temos:
4 as excitações visuais.
4.0.5 Próprioceptores
• músculos-tendinosos (fusos);
• articulares (corpúsculos de Golgi).
• Labirínticos.
81 • capítulo 4
Esse triângulo assegura as funções do equilíbrio, e para que possamos man-
ter a equilibração faz-se necessário que dois desses três vértices estejam íntegros.
82 • capítulo 4
O Esquema Corporal é o canal por onde circula a imagem do corpo, é nos-
so equipamento neuromotor, tradutor do que sentimos e vivemos como sendo
nós mesmos. É o que damos a ver ao outro, é uma representação.
83 • capítulo 4
• mudanças na posição da mãe;
• pressão intrauterina (crescimento do bebê);
• contato com o próprio corpo dentro do útero (sugar o dedo, contato com o
espaço que o cerca “barriga da mãe”).
A partir do nascimento:
• posição que o bebê fica no berço, no colo da mãe...;
• o peito da mãe – objeto de desejo;
• olhar para a mãe durante a mamada, troca de fralda... – relação com o outro
• rolar;
• arrastar-se;
• o bebê começa a perceber os objetos e a tocar-lhes com as mãos (coorde-
nação óculo-manual);
• apreensão dos objetos – lançar os objetos longe, “pedir” objetos que não
estejam presentes;
• levar objetos à boca;
• engatinhar, subir/descer; passar por baixo/passar por cima; ir atrás dos
objetos e móveis, desviar...;
• andar.
84 • capítulo 4
Segundo Jean-Claude Coste, em seu livro A psicomotricidade, “toda percep-
ção do mundo é uma percepção espacial, na qual o corpo (que não se reduz,
nem para o interior, nem para o exterior à superfície da pele) é o termo de refe-
rência."
• Antes dos 3 anos: Espaço Topológico vivido, cujos pontos de referência são
o próprio corpo. O Espaço Topológico se caracteriza por relações de vizinhan-
ça, de separação, de ordem, de continuidade... É quando os conceitos espaciais
têm relação ao próprio corpo.
• Entre 3/ 7 anos: Espaço Representativo Euclidiano — a criança é capaz de
reconhecer as formas geométricas, é um espaço caracterizado pela integração
das estruturas espaciais, aparece o “vocabulário espacial”: alto/baixo; longe/
perto... É quando os conceitos espaciais têm o corpo como referência.
• A partir de 9/10 anos a criança dá ao espaço uma dimensão homogênea e é
capaz de projetar no espaço as formas (geométricas) que o organizam: Espaço
Projetivo intelectualizado. Nesse momento, os pontos de referência são exte-
riores ao corpo da criança (objeto x objeto).
Noções de:
• Situações: dentro x fora; longe x perto
• Tamanho: grande x pequeno
• Posição: em pé x deitado; aberto x fechado
• Movimento: levantar x abaixar; empurrar x puxar
• Forma: triângulo, quadrado, círculo...
• Quantidade: cheio x vazio; mais que x menos que; pouco x muito...
Noções de:
• Formas;
• Quantidade;
• Comprimento;
85 • capítulo 4
• Tamanhos;
• Orientação esquerda x direita;
• Descobrir o que está faltando;
• Memória visual;
• Descobrir figuras idênticas.
A organização espacial diz respeito à utilização que o sujeito faz de tais no-
ções (práxica).
À medida que a criança vai adquirindo noções de “tempo” ela vai apren-
dendo a utilizar e a compreender, cada vez de forma mais adequada, os verbos
auxiliares (ser, ter) e os tempos verbais. A noção de tempo envolve simultanea-
mente, noções de duração, ordem, sucessão e permite que o indivíduo se situe,
se organize e coordene suas atividades e sua vida cotidiana, dando sequência a
seus pensamentos, gestos, movimentos sem se “atropelar”.
As noções temporais são muito abstratas e por isso são, muitas vezes, difí-
ceis de serem assimiladas pelas crianças. Elas requerem também uma maturi-
dade que só a vivência e a experimentação poderão desenvolver.
A criança pequena vive no “tempo presente“, aos poucos vai adquirindo no-
ções de:
sucessão de acontecimentos:
• antes/depois;
• durante/depois;
• em primeiro/por último...
86 • capítulo 4
duração de intervalos (aqui encontramos o ritmo, que veremos mais tarde
em outro item):
• tempo longo/tempo curto;
• 1 hora/1 minuto, ritmo regular/ritmo irregular (constância e inconstância,
aceleração e freada);
• ritmo lento/ ritmo rápido (diferença entre correr e andar).
ordem:
• renovação cíclica de períodos: (dias da semana, meses, estações...);
• caráter irreversível do tempo: (“já passou”), noção de envelhecimento, ida-
de, crescimento...
Aos poucos ela vai aprendendo a “esperar”: “Eu já vou!”, “Depois mamãe te
dá.”, “Primeiro tira o sapato, depois entra no banho.” etc.
87 • capítulo 4
A rotina de uma escola, por exemplo, auxilia a criança na percepção e estru-
turação do tempo objetivo.
A professora verbaliza o que vão fazer depois de determinada aquela tarefa.
A criança, mesmo pequena, já sabe que vai ter a “hora” do recreio, do lanche, e
a “hora” da mamãe chegar.
88 • capítulo 4
Com as noções de tempo, ordem e duração surgem também as noções de
alternância e cadência, elas desenvolvem juntas o que chamamos de ritmo.
4.2 Lateralidade
4.2.1 Etimologia
O termo direita tem, nas diversas línguas, o significado de justo, franco, cer-
to, honesto, habilidoso, caracterizando boas qualidades.
89 • capítulo 4
Essa desigualdade vai se tornar mais precisa durante o desenvolvimento,
graças a fatores inatos e sociais.
O esboço de prevalência manual poder ser observado por volta dos 4 meses
através da capacidade que a criança adquire de seguir com os olhos sua mão,
graças à organização telo-cinética, que implica na atividade dos tubérculos
quadrigêmeos que coordenam o jogo de três pares dos músculos oculares.
90 • capítulo 4
A lateralidade está acoplada tanto na orientação espacial como no conheci-
mento do próprio corpo.
Inicia com a percepção de que o corpo tem dois lados e que utilizamos mais
um lado do que o outro.
91 • capítulo 4
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LE BOULCH. O desenvolvimento psicomotor - do nascimento até 6 anos. Porto Alegre: Artes Médicas,
1982.
FONSECA, V. Psicomotricidade. São Paulo: Martins Fontes, 1988.
André-Thomas: l’équilibre et la fonction labyrinthique chez le nouveau-né et le
nourisson – l’encéphale, 44 2:97-137, 1955.
92 • capítulo 4
93 • capítulo 4
5
O Cérebro e suas
funções
Apresentação do Capítulo
OBJETIVOS
Neste capítulo, pretende-se que sua aprendizagem seja referente a:
5.1 Tonicidade
95 • capítulo 5
tora que permite a realização de movimentos simultâneos e alternados, que
põem, em cena, a coordenação cerebelar;
• as Sincinesias, segundo Ajuriaguerra (1977) e Soubiran, ocorrem quando
um grupo muscular que não foi convidado para a ação, vem participar da mes-
ma - reações parasitas de imitação ou axiais.
5.2 Equilibrio
Nosso olhar deve estar atento para os sinais como a precisão, a economia e
a melodia do movimento; o controle, a destreza, o grau de facilidade ou de di-
ficuldade; as assimetrias, as reações de busca de equilíbrio. Vamos observá-lo
nas seguintes condições:
96 • capítulo 5
pacidade de inibir voluntariamente, qualquer movimento durante um curto
tempo).
A) Pular com os pés juntos, uma corda estendida no chão (Picq & Vayer,
1977).
O terapeuta demonstra o pulo que deverá ser sem impulso, com os joelhos
fletidos. Deve haver propulsão.
97 • capítulo 5
5.3.3 Imitação de gestos (Bergès & Lézine, 1978)
Esta prova, segundo Bergès & Lézine, nos permite investigar a gênese da
aquisição do esquema corporal na criança assim como a gênese de sua utiliza-
ção práxica, pela exploração do conhecimento do corpo, de sua orientação, de
sua eficiência postural e motora, nas diversas etapas do desenvolvimento.
Uma vez que, nessa prova, o corpo é visto como campo de experiência, como
meio de investigação, como referência e como instrumento de utilização, nos
é permitido observar a possibilidade da criança de imitar corretamente uma
série de gestos efetuados pelo observador, posicionado diante dela.
98 • capítulo 5
“O esquema corporal da criança está engajado num movimento imitativo, carregado
do “símbolo” da imitação: os elementos perceptivos e perceptivo-motores do esquema
corporal são desta forma, utilizados num “gesto” simbólico. Essa função práxico-gnósica
vai, por sua vez, acarretar um melhor conhecimento do esquema corporal: mensurando
por uma série de provas a possibilidade de imitação de gestos, podemos apreciar o
grau de maturação desta função práxico-gnósica, e o grau de aquisição do esquema
corporal.” (Bergès & Lézine, 1978, p. 2).
Na verdade, quando uma criança imita nosso gesto, ela imita uma forma,
uma direção, que lhe são propostas, e nos dá a ver a organização geral de seu
gesto, investindo suas possibilidades motoras e posturais, suas noções de late-
ralidade, sua dominância manual, colocando em cena diversas formas de cor-
reção na tentativa de imitar o modelo (Imitação de gestos simples).
99 • capítulo 5
localização, de demonstrar seus conhecimentos a respeito de seu corpo.
5.3.5 Desenho da figura humana (desenho de si?) (Pierre Vayer & Louis Picq,
1978 e Fonseca, 1995)
100 • capítulo 5
=
5.3.9 Representação topográfica
101 • capítulo 5
ensaios: 00 e 0 0
_______________________________________________________________
1. 000 11. 0 0000
2. 00 00 12. 0000
3. 0 00 13. 00 0 00
4. 0 0 0 14. 0000 00
5. 0000 15. 0 0 0 00
6. 0 000 16. 00 000 0
7. 00 0 0 17. 0 0000 00
8. 00 00 00 18. 00 0 0 00
9. 00 000 19. 000 0 00 0
10. 0 0 0 0 20. 0 00 000 00
_______________________________________________________________
5.4 Lateralização
C) Dominância de olhos:
• Sighting - cartão de 15 x 25 cm com um furo no centro;
• Telescópio;
• Luneta.
D) Dominância pedal.
102 • capítulo 5
5.4.2 Reconhecimento da direita e da esquerda (Pierre Vayer & Louis Picq,1978)
• No corpo do outro:
A criança e terapeuta face a face. O terapeuta pede a criança que toque sua
mão esquerda. O terapeuta pede que a criança toque o pé direito. Depois o
terapeuta segura uma bola na mão direita, e pergunta: — “A bola está em qual
mão?”
5.5.2 Com os pés juntos, saltar para frente e mantendo-os unidos até o contato
com o chão. (Pierre Vayer & Louis Picq, 1978)
5.5.4 Com os olhos abertos, saltar uma distância de 5 metros com a perna
esquerda, a outra flexionada em ângulo reto com o joelho, os braços ao longo das
103 • capítulo 5
coxas. Após 30” de repouso, o mesmo exercício com a outra perna. (Pierre Vayer
& Louis Picq, 1978)
104 • capítulo 5
A) Sugere-se que a criança de pé, realize vários batimentos das mãos sobre a
mesa, nas seguintes sequências, 4 vezes:
- 2MD – 2ME
- 2MD – 1ME
- 1MD – 2ME
- 2MD – 3ME
B). Sugere-se que a criança sentada ou de pé, realize vários batimentos dos
pés nas seguintes sequências, 4 vezes:
- 2PD – 2PE
- 2PD – 1PE
- 1PD – 2PE
- 2PD – 3PE
5.5.9 Construir uma torre com 6 cubos a partir do modelo feito pelo terapeuta.
(Pierre Vayer & Louis Picq, 1978)
105 • capítulo 5
5.5.10 O terapeuta dá um nó com o cadarço em um lápis para demonstração e
deixa como modelo. A criança deverá dar um nó no dedo do terapeuta.
ATENÇÃO
Obs.: o importante é o nó se manter, se aceita qualquer tipo de nó. (Pierre Vayer & Louis Picq,
1978)
5.5.12 Diadococinesias
Para concluir, gostaríamos de citar Esteban Levin (1999), que nos esclare-
ce enormemente com sua frase sobre a avaliação psicomotora, nos alertando
para a aplicação leviana de qualquer instrumento de avaliação que tenha como
objetivo mensurar o desempenho infantil, sem contextualizar a criança em seu
meio familiar e social.
106 • capítulo 5
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Mattos V; Kabarite A (2008). Perfil psicomotor - um olhar para além do desenvolvimento. 2. ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, s/d.
Mattos V & Kabarite, A - Avaliação Psicomotora – um olhar para além do desempenho, Rio de Janeiro
– WAK editora, 2013
107 • capítulo 5
108 • capítulo 5