Apesar de uma crescente proliferação de variados tipos de sectarismo, isto é, de diversas
facções religiosas de ação também diversificada, seja moderada, seja radical, o materialismo é a modalidade de pensamento que mais tem se expandido. Seus adeptos, como o próprio nome pressupõe, se identificam mais com o corpo físico e, portanto, com a idéia de que essa porção é única e não sobrevive à morte (teoria do monismo). Torna-se, pois, mais um mistério humano, visto que, para eles, o dualismo não passa de invenção de fanáticos, isto é, daqueles que acreditam numa realidade imaginária. Advém o choque de opiniões. Há os que têm certeza de que continuarão vivendo após a cessação de seus sentidos físicos e os que tudo termina após o derradeiro suspiro. Para eles, vale somente aquilo que é palpável e somente captado pelos cinco sentidos. Assim, para essa turma quando a pessoa morre, ela simplesmente se mistura na terra, ali permanecendo até seu corpo se dissolver e o “eu” virar o nada. É o ceticismo arraigado e implacável, sem meias palavras e sem qualquer chance para fantasias ou vaticínios. O empirismo é a tônica, isto é, tudo tem que ser comprovado através de experiências para se tornar válido. O materialista, em outras palavras, é um incrédulo nato que não se convence ante o que não visualiza com os próprios olhos, pois para ele o que não pode ser tocado, não existe. Então, teria razão de exigir pela prova cabal para algo se tornar real? Se assim o for, teria ele que “ver” o ar para saber que existe? E o que dizer do pensamento? Como o materialista o definiria, já que não pode tocar naquilo que se pensa? Por outro lado, deve o mundo ser necessariamente dual para existir? É fato, que cada um enxerga as coisas de uma forma pessoal. Uns seriam mais influenciáveis que outros. René Descartes, por exemplo, disse que a vida teria que ser dual para ter equilíbrio. Ele se fundava nas premissas dos filósofos gregos, tais como Tales, Parmênides, Anaxágoras, Demócrito, Epícuro e até mesmo Aristóteles. Bem e mal são interdependentes para existirem segundo esses sábios. A seu turno, o comunismo virou uma ideologia eminentemente materialista. Para este, o homem sobrevive através de suas próprias forças e não pode se firmar em dogmatismos. Um dos grandes paradoxos do comunismo, todavia, foi o apoio dado à metafísica. Nos tempos da “Guerra Fria”, os chamados agentes psíquicos se proliferaram. Sua missão era “espionar o inimigo” através da mente. Era o advento da “visão remota”. Em contrapartida, foi criado o chamado “materialismo eliminativista”, sustentando a não existência do fenômeno mental. Segundo os cientistas que criaram esse termo, o que vem da mente é ilusório e fruto da imaginação fértil do ser humano. Contudo, as pesquisas sobre a consciência e seu poder podem provar o contrário. Surge a “mente quântica”, nova denominação para atestar os efeitos do pensamento sobre a matéria contra os seus incorrigíveis defensores. Até a anti-matéria passou a ser objeto de estudo. Conceitos e preceitos podem ser derrubados através da prova cabal, como exigem os materialistas. Até a matemática, tema puramente materialista tem sido uma das formas para comprovar a existência de Deus. Não disseram que “Deus geometriza”? Quem sabe seria este o caminho para que o materialista encontre finalmente o seu “inexistente mundo invisível”, deixando de lado sua postura intransigente e radical que o impede de ver adiante de seu próprio nariz? Afinal, mesmo alcançando o tal do “desconhecido”, ele sempre vai sustentar seus preceitos, só para não se passar por mentiroso perante aqueles que tanto combatia. Por isso, geralmente o cético continua cético talvez mais por teimosia do que por coerência. Certo é que o velho e sábio ditado, “és aquilo que pensas” prevalece, do contrário, uns não sofreriam mais do que outros. Essa seria a prova insofismável de que a realidade de cada um é construída de acordo com a maneira de se pensar ou como ele concebe a sua realidade própria. Curiosamente, vai prevalecer uma lei da física, em princípio de cunho materialista: “Para toda ação, uma reação de igual valor”.