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74-MISTÉRIO DO MATERIALISMO-Maio 2006

Apesar de uma crescente proliferação de variados tipos de sectarismo, isto é, de diversas


facções religiosas de ação também diversificada, seja moderada, seja radical, o
materialismo é a modalidade de pensamento que mais tem se expandido. Seus adeptos,
como o próprio nome pressupõe, se identificam mais com o corpo físico e, portanto,
com a idéia de que essa porção é única e não sobrevive à morte (teoria do monismo).
Torna-se, pois, mais um mistério humano, visto que, para eles, o dualismo não passa de
invenção de fanáticos, isto é, daqueles que acreditam numa realidade imaginária.
Advém o choque de opiniões. Há os que têm certeza de que continuarão vivendo após a
cessação de seus sentidos físicos e os que tudo termina após o derradeiro suspiro. Para
eles, vale somente aquilo que é palpável e somente captado pelos cinco sentidos. Assim,
para essa turma quando a pessoa morre, ela simplesmente se mistura na terra, ali
permanecendo até seu corpo se dissolver e o “eu” virar o nada. É o ceticismo arraigado
e implacável, sem meias palavras e sem qualquer chance para fantasias ou vaticínios. O
empirismo é a tônica, isto é, tudo tem que ser comprovado através de experiências para
se tornar válido. O materialista, em outras palavras, é um incrédulo nato que não se
convence ante o que não visualiza com os próprios olhos, pois para ele o que não pode
ser tocado, não existe. Então, teria razão de exigir pela prova cabal para algo se tornar
real? Se assim o for, teria ele que “ver” o ar para saber que existe? E o que dizer do
pensamento? Como o materialista o definiria, já que não pode tocar naquilo que se
pensa? Por outro lado, deve o mundo ser necessariamente dual para existir? É fato, que
cada um enxerga as coisas de uma forma pessoal. Uns seriam mais influenciáveis que
outros. René Descartes, por exemplo, disse que a vida teria que ser dual para ter
equilíbrio. Ele se fundava nas premissas dos filósofos gregos, tais como Tales,
Parmênides, Anaxágoras, Demócrito, Epícuro e até mesmo Aristóteles. Bem e mal são
interdependentes para existirem segundo esses sábios. A seu turno, o comunismo virou
uma ideologia eminentemente materialista. Para este, o homem sobrevive através de
suas próprias forças e não pode se firmar em dogmatismos. Um dos grandes paradoxos
do comunismo, todavia, foi o apoio dado à metafísica. Nos tempos da “Guerra Fria”,
os chamados agentes psíquicos se proliferaram. Sua missão era “espionar o inimigo”
através da mente. Era o advento da “visão remota”. Em contrapartida, foi criado o
chamado “materialismo eliminativista”, sustentando a não existência do fenômeno
mental. Segundo os cientistas que criaram esse termo, o que vem da mente é ilusório e
fruto da imaginação fértil do ser humano. Contudo, as pesquisas sobre a consciência e
seu poder podem provar o contrário. Surge a “mente quântica”, nova denominação para
atestar os efeitos do pensamento sobre a matéria contra os seus incorrigíveis defensores.
Até a anti-matéria passou a ser objeto de estudo. Conceitos e preceitos podem ser
derrubados através da prova cabal, como exigem os materialistas. Até a matemática,
tema puramente materialista tem sido uma das formas para comprovar a existência de
Deus. Não disseram que “Deus geometriza”? Quem sabe seria este o caminho para que
o materialista encontre finalmente o seu “inexistente mundo invisível”, deixando de
lado sua postura intransigente e radical que o impede de ver adiante de seu próprio
nariz? Afinal, mesmo alcançando o tal do “desconhecido”, ele sempre vai sustentar
seus preceitos, só para não se passar por mentiroso perante aqueles que tanto combatia.
Por isso, geralmente o cético continua cético talvez mais por teimosia do que por
coerência. Certo é que o velho e sábio ditado, “és aquilo que pensas” prevalece, do
contrário, uns não sofreriam mais do que outros. Essa seria a prova insofismável de que
a realidade de cada um é construída de acordo com a maneira de se pensar ou como ele
concebe a sua realidade própria. Curiosamente, vai prevalecer uma lei da física, em
princípio de cunho materialista: “Para toda ação, uma reação de igual valor”.

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