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Anais Anais: ISBN: 978 ISBN: 978-85-60667-72-7 7
Anais Anais: ISBN: 978 ISBN: 978-85-60667-72-7 7
ISBN: 978-85-60667-72-7
978 7
01 a 03 de agosto de 2011
Universidade Federal da Bahia
Salvador - Bahia
Anais do
II Seminário Brasileiro de Educação Musical Infantil
V Encontro Internacional de Educação Musical
ISBN: 978-85-60667-72-7
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
Reitora
Vice-Reitor
Editores
Anais do
II Seminário Brasileiro de Educação Musical Infantil
V Encontro Internacional de Educação Musical
ISBN: 978-85-60667-72-7
Inclui Bibliografias.
Evento realizado pela Universidade Federal da Bahia, Escola
de Música da UFBA e Programa de Pós-Graduação em Música.
CDD: 780.77
Coordenação Geral:
Profa. Dra. Diana Santiago
Comitê Científico
Profa. Dra. Diana Santiago Profa. Dra. Ana Cristina Gama Santos
Tourinho
Profa. Ms. Angelita Maria Vander Broock
Schultz Profa. Dra. Zuraida Abud Bastião
Profa. Dra. Alda de Jesus Oliveira Profa. Dra. Mara Pinheiro Menezes
Profa. Dra. Taís Helena Palhares Foloni Prof. Ms. Tiago Quadros Maia Carvalho
Comissão Organizadora:
Profa. Ms. Angelita Maria Vander Broock Profa. Dra. Ana Cristina Gama Santos
Schultz Tourinho
Profa. Dra. Alda de Jesus Oliveira Prof. Ms. Tiago Quadros Maia Carvalho
Prof. Dr. Ricardo José Dourado Freire Profa. Larissa Padula Ribeiro da Fonseca
Monitores
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Abertura, Conferência e Mesas
Redondas
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Abertura
Angelita Broock
PPGMUS/UFBA
angelbroock@gmail.com
8
Universitária pode ser uma prática muito eficiente para a formação do licenciando em
Música, sendo o espaço propício para pesquisa, experimentações e trocas de
experiências, ou seja, um laboratório escola. A prática docente na extensão
universitária, somada à prática docente na escola regular, pode complementar a
formação do licenciando, que, por sua vez, poderá compartilhar e discutir com o colega
de turma e com o grupo suas certezas e incertezas pedagógicas, que normalmente
refletirão diretamente na sua prática na escola regular.
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Conferência de Abertura
Beth Bolton
Music provides an ideal medium for the most important aspects of work with children:
listening, and observing, interacting and communicating. Children younger than age 2
years are pre-verbal and are learning about their world through the senses. Sound, sight,
movement, posture, tone, inflection serve as interactive tools as a child learns music as a
first language.
A música é um meio ideal para os aspectos mais importantes do trabalho com crianças:
escuta, observação, interação e comunicação. As crianças com menos de 2 anos são pré-
verbais e estão aprendendo sobre seu mundo através de seus sentidos. Som, visão,
movimento, postura, timbre e inflexão servem como ferramentas interativas enquanto a
criança aprende música como uma primeira língua.
Mesa redonda 1
Alda Oliveira
UFBA
alda@sonare.com.br
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pessoas, com as familias, com as comunidades e com as obras artísticas. Saber confiar
na intuição criadora para desenvolvê-la, saber demonstrar o afeto e o respeito para a
construção de seres humanos mais íntegros, cidadãos e desenvolvidos em todos os
sentidos.
Leda Maffioletti
FACED/ UFRGS
leda.maffioletti@gmail.com
Neste trabalho discuto alguns fundamentos sobre a capacidade intersubjetiva dos bebês,
o caráter precoce de suas habilidades musicais e o papel que elas desempenham no seu
desenvolvimento sócio-afetivo. Procuro mostrar que as relações interpessoais mediadas
pela música promovem o desenvolvimento sócio-afetivo, com possibilidades de
constituírem-se como modelo intersubjetivo de comunicação, capaz de ajudar a criança
a estruturar suas relações com o mundo. Por outro lado, acredito que o conhecimento
sobre as capacidades dos bebês pode ser uma forma de o adulto perceber-se como
pessoa expressiva e capaz de conectar-se com o outro através da música. Com base nos
argumentos apresentados convido os ouvintes a se comprometerem um pouco mais com
a difusão do conhecimento científico, a fim de transformar o conhecimento que detemos
sobre música em atos responsáveis em favor do acesso de todas as crianças à Educação
Musical.
11
educação musical para a formação inicial de professores generalistas1 e de professores
especialistas em música. É a partir da lei 9394/96 que a formação de profissionais de
educação infantil começa a ser realmente discutida. O debate maior encontra-se junto
aos cursos de pedagogia. Primeiro, por ser uma formação até há pouco oferecida pelos
antigos Cursos Normais, em nível médio, que habilitava o profissional para atuar no
ensino primário (7 a 10 anos), jardins de infância (3 a 6 anos), escolas maternais (2 a 3
anos), classes pré-escolares (6 anos) e creches (0 a 6 anos ou até 10 ou mais). E
segundo, pela possível falta de identidade dos cursos de pedagogia, questão discutida
desde a década de 60, e reconstruída com a LBD de 1996 que assegura a formação
docente paralelamente às outras funções do campo pedagógico (Kishimoto, 1999).
A formação musical dos estudantes dos cursos de pedagogia tem sido discutida
principalmente por Bellochio (2004, 2008a, 2008b) e Figueiredo (2004, 2007).
Bellochio (2008a) argumenta que nos primeiros anos de escolarização as crianças
aprendem de “modo conjunto e não em compartimentos nos quais cada área apresenta
proposta independente” (p.2) e, por isso, propõe uma formação pedagógico musical
mais qualificada para o professor generalista de educação infantil. Figueiredo (2004)
acredita que os professores generalistas podem contribuir significativamente com a
educação musical, uma vez que os professores especialistas em música raramente atuam
nas primeiras séries do ensino fundamental. Ambos ressaltam que não se trata de
substituir o professor licenciado em música.
Acerca dos cursos de Música-Licenciatura, ao realizar uma pesquisa durante o
ano de 2008, não identifiquei um programa que priorizasse a formação docente para a
educação infantil (Mateiro, 2009, 2011). Entretanto, não posso deixar de mencionar
trabalhos de extensão relacionados ao ensino e à pesquisa realizados na área de
educação infantil, como por exemplo, o Projeto de Musicalização Infantil iniciado por
Beatriz Ilari em 2005 na Universidade Federal do Paraná, que motivou estudantes de
licenciatura em música a se identificarem como professores da infância (Ilari, 2010).
Naquela ocasião afirmei que no Brasil temos um único modelo de profissional
apesar dos projetos políticos pedagógicos expressarem intenções de formar profissionais
com diferentes perfis. Penso que os professores que irão trabalhar na educação infantil
não poderão receber exatamente a mesma formação daqueles que serão regentes de
corais adultos. Por isso, tenho proposto que os programas curriculares de formação
1 Outros termos são também utilizados na denominação desse profissional: unidocente, professor de
classe, regente de classe, não especialista, entre outros.
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docente em música sejam elaborados vislumbrando diferentes perfis para os futuros
professores de música (Mateiro, 2009, 2011).
Os estudos sobre a formação de professores e os estudos acerca da organização
de currículos tem utilizado o conhecimento pedagógico do conteúdo como uma
ferramenta de pesquisa, criando possibilidades para compreender o conhecimento do
professor sobre a forma de pensar o ensino. O professor é visto, portanto, como alguém
que elabora conhecimentos e não apenas como alguém que transmite conteúdos
aprendidos a priori. Este é um tema que tem me interessado.
Pesquisas especificamente na área de educação musical sobre o conhecimento
profissional de professores de música no ensino fundamental e médio e professores de
instrumento (Ballantyne e Packer 2004; Ballantyne 2006; Jorquera Jaramillo 2008),
assim como com estudantes em formação docente (Campbell e Burdell 1996; Mateiro,
2003), têm sido levados a cabo em diversas partes do mundo. Esses estudos analisam o
conhecimento necessário ao ensino de música nas escolas relacionando-o, por vezes, ao
programa de formação docente. As pesquisas mostram que a dicotomização entre os
conhecimentos musicais e pedagógicos parece ser um aspecto comum apontado tanto
por professores de música recém-formados quanto por estudantes em formação, ou seja,
aspectos relacionados ao conhecimento pedagógico do conteúdo é uma área que
necessita maior atenção. O conhecimento pedagógico do conteúdo contempla a
combinação entre o conteúdo da matéria e a prática pedagógica, ou seja, a forma como
o professor ensina.
Saber sobre o que se ensina e saber como ensinar é, sem dúvida, fundamental na
formação de qualquer professor. Tanto as disciplinas de pedagogia da música quanto o
período de práticas dos estudantes durante o período de formação docente deveria
desenvolver habilidades e competências para que os futuros professores sejam capazes
de articular efetivamente o conhecimento do conteúdo (o que) e o conhecimento
pedagógico de conteúdo (como). Esse processo educativo do estudante em formação
implica o domínio de conhecimentos técnicos musicais, o conhecimento de diversos
métodos e abordagens de educação musical, a reflexão sobre a prática pedagógica de
profissionais da área e sobre sua própria prática como professor em sala de aula.
Portanto, a construção desse conhecimento na estrutura curricular dos cursos de
Música-Licenciatura não pode estar restrita às aulas de disciplinas curriculares como
metodologia de ensino, didática da música ou outras disciplinas afins, pois trata-se de
um conhecimento criado na ação, ou seja, em situações de ensino e aprendizagem.
13
Consequentemente, torna-se imprescindível a valorização das disciplinas relacionadas
aos estágios curriculares que privilegiam a formação de novas competências,
estimulando o estudante a ser um professor criativo e reflexivo sobre sua própria
prática. É importante no desenvolvimento da formação profissional tanto do estudante
em formação quanto do professor em exercício que eles possam ser autores de novos
conhecimentos que integrem conteúdos, atividades e contextos.
Diante do exposto caberia discutir modelos de formação profissional, qualidade
da formação profissional, valorização do profissional da educação infantil, concepções
de educação musical para a infância, a oferta de competências necessárias ao educador
no interior dos programas curriculares, tanto de Pedagogia quanto de Música-
Licenciatura ou, ainda, quais as perspectivas que se vislumbram para a formação do
profissional de educação infantil em nível superior considerando a necessidade de
expansão dessa formação.
Diana Santiago
UFBA
disant@ufba.br
Revisitando um trabalho anterior de minha autoria que trata das predisposições a serem
ensinadas na aula de música ao pré-escolar, apresento aspectos biológicos do desenvolvimento
cerebral conforme a literatura específica. Pretendo, assim, contribuir com uma discussão sobre
os conhecimentos que fundamentam a elaboração do currículo musical para esta faixa etária.
Mesa redonda 2
14
pesquisadores da psicologia da música e da educação musical: a música provoca estados
emocionais, promove alterações fisiológicas, provoca reações motoras e promove
modificações cognitivas (PERETZ et al, 2009; PERETZ e ZATORRE, 2005; TURNER
e IOANNIDES, 2009; ILARI, 2006; PANKSEPP e TREVARTHEN, 2009; SACKS,
2007; LEVITIN, 2006)
Essa influência pode ser nitidamente percebida desde muito cedo na vida. O
comportamento dos bebês frente a estímulos musicais manifesta características
singulares, bem diferentes daqueles observados frente a outros estímulos. Por esta
razão, a música passou a ser considerada um importante veículo capaz de atrair a
atenção do bebê muito precocemente na vida (REIGALDO et al, 2008). Mesmo antes
dos três meses, os bebês já se mostram capazes de desenvolver “protoconversas
expressivas” com seus pais ou cuidadores por meio de gestos e vocalizações, o que
reflete uma predisposição da criança em compartilhar impulsos, interesses, ações e
significados com o adulto (MALLOCH e TREVARTHEN, 2009). Essa pré-disposição
para a comunicação, que se manifesta nas vocalizações e na alta sofisticação de
movimentos de cabeça, rosto e de membros dos bebês durante seus momentos de
interação com os adultos, é uma manifestação da “Musicalidade Comunicativa” do
bebê: “habilidade inata e universal que se ativa ao nascimento, vital para a comunicação
entre as pessoas, que se caracteriza pela capacidade de se combinar o ritmo com o gesto,
seja ele motor ou sonoro” (MALLOCH, 1999/2000; MALLOCH e TREVARTHEN,
2009).
A musicalidade comunicativa está na base da comunicação humana e impulsiona
o desenvolvimento da criança. Essa forma de interação do bebê com as pessoas
apresenta características nitidamente musicais e tem sido objeto de estudos recentes
(SHIFRES, 2007; MALLOCH e TREVARTHEN, 2009; PARIZZI, 2006, 2009, 2010;
BEYER, 2003a, 2003b, 2005). Os bebês parecem ser dotados de uma capacidade
musical diferenciada de outros aspectos de seu desenvolvimento psicológico
(REIGALDO et al, 2008) e esta é uma importante razão para se justificar o aprendizado
da música desde os meses iniciais de vida, (BEYER, 2005; CARNEIRO, 2006;
REIGALDO et al, 2008; PARIZZI, 2010). Este aprendizado tem se configurado como
um processo capaz de estimular não apenas o desenvolvimento musical da criança,
como também o refinamento de outras habilidades físicas e mentais (PARIZZI, 2010;
CARNEIRO e PARIZZI, 2011). A prática sistemática da música envolve um
refinamento sensorial variado, desenvolve habilidades motoras complexas, alimenta a
15
criança com sonoridades que serão vitais na aquisição da linguagem e em sua
capacidade expressiva ao longo da vida (PARIZZI, 2010; CARNEIRO e PARIZZI,
2011).
Reforçando o pressuposto de que todo ser humano é dotado de uma habilidade
inata para se comunicar – “a musicalidade comunicativa” (MALLOCH, 1999/2000;
TREVARTEN, 1999/2000), é importante que o educador musical ofereça ao bebê
experiências musicais expressivas que terão como objetivo “provocar” e “ativar” o
desejo do bebê de se comunicar com as pessoas, por meio de gestos, seja o gesto motor
(movimentos de cabeça, membros ou de todo o corpo) ou sonoro (balbucios)
(CARNEIRO E PARIZZI, 2011).
A partir do segundo ano de vida, o bebê expande, cada vez mais, o seu repertório
de recursos para se comunicar com o mundo. Um recurso poderoso instala-se de forma
gradual e definitiva: a capacidade de utilizar símbolos (PIAGET, 1982/1966). Essa
grande conquista se manifesta principalmente na aquisição da linguagem, nos jogos de
faz-de-conta ou jogos imaginativos, nos desenhos e nos cantos espontâneos. Esses
recursos revelam “o que se passa na cabeça da criança”. O canto espontâneo evidencia
não apenas como ela “pensa” a música, mas também como ela percebe o tempo, uma
vez que as características temporais da música se manifestam nessa forma de expressão
da criança.
O jogo de faz-de-conta representa o prazer da criança em praticar tudo o que ela
já assimilou do mundo. Através do jogo, ela pratica e amplia sua capacidade de utilizar
símbolos (PIAGET, 1982/1966). A criança usa a voz, o corpo e os objetos para se
expressar e o canto espontâneo é uma forma de jogo de faz-de-conta. Ela cria seus
cantos enquanto brinca. Assim, os jogos de faz-de-conta integram-se aos cantos que,
muitas vezes, narram eventos da vida da criança ou “cantam” histórias criadas por elas.
Os jogos de faz-de-conta contribuem não apenas para o desenvolvimento de
habilidades cognitivas como também sociais. Vygotsky (1978, p. 108) já antecipara esta
idéia afirmando que, “sob uma lente de aumento, o jogo contêm todas as possibilidades
de desenvolvimento de uma forma condensada, constituindo-se ele próprio numa grande
fonte de desenvolvimento”.
O desenvolvimento da linguagem falada abre para a criança possibilidades
inovadoras. A internalização do comportamento proporcionada pela linguagem acelera
o ritmo com o qual as experiências podem ocorrer (PIAGET, 1982/1966).
16
Todas essas formas de representação devem ser consideradas no processo de
desenvolvimento musical da criança na educação infantil. A linguagem, o jogo de faz-
de-conta, o desenho e a música são suas mais importantes formas de expressão e
representam sua maneira de perceber e de se integrar ao mundo. Diante desse contexto,
o educador musical deve considerar que o jogo de faz-de-conta deve ser o ponto de
partida de experiências musicais prazerosas que devem privilegiar, principalmente, a
performance corporal e instrumental, a audição de obras musicais e a criação de cantos
espontâneos; essas experiências podem ser verbalizadas pelas crianças que, assim,
manifestam o que perceberam e sentiram, podendo criar relações com outros eventos de
suas vidas; finalmente, elas podem registrar ou desenhar suas experiências musicais por
meio de garatujas, roteiros ou outras formas livres de grafia (BAMBERGER, 1990).
Outro fator que contribui ainda mais para a eficácia dessa abordagem pedagógica é a
possibilidade da interação entre os alunos mediada pelo educador musical, o que
certamente promoverá o desenvolvimento cognitivo-musical e habilidades de interação
social dessas crianças.
Esse conjunto de experiências consolida de forma integrada o desenvolvimento
cognitivo-musical da criança nesta etapa da vida: a música mobiliza emocionalmente,
provoca reações motoras e fisiológicas, promove modificações cognitivas na criança.
Cabe ao educador musical o importante papel de mediador neste processo.
A proposta dessa mesa redonda tem por objetivo trazer subsídios para reflexão das
possíveis contribuições da música para o desenvolvimento infantil, em especial aqueles
relacionados à crianças com idades entre 08 meses e 04 anos de idade. Autores que
contribuem para a área de educação musical, psicologia, desenvolvimento humano e
educação fazem a base para essa discussão, que surgiu da necessidade de conhecer os
prováveis desdobramentos das atividades de sala de aula na vida das crianças, tendo em
vista as possíveis influências da música no desenvolvimento global destas e a melhoria
na oferta dos cursos oferecidos para a comunidade, ampliando com isso o leque de
possibilidades de aplicação e produção da educação musica param esta faixa estária.
17
Um olhar específico sobre as relações entre crianças e adultos, pensando na relação que
se dá, por meio da música, entre os bebês e seus pais ou cuidadores será discutido, de
maneira que possamos refletir coletivamente sobre a importância da música na
constituição dos laços afetivos construídos na primeira infância. Um resgate das ações
musicais que são realizadas no Laboratório de Musicalização da Universidade Federal
de São Carlos, por meio de inúmeras pesquisa lá realizadas será o ponto de partida dessa
reflexão.
18
As aulas de musicalização, em muitos casos, oferecem as primeiras atividades de
interação da criança em um ambiente educacional coletivo. O professor passa a
compartilhar a atenção da criança, que antes estava focada principalmente na mãe e na
família. Durante as aulas são realizadas atividades com várias outras crianças e seus
familiares, sendo que nesses momentos são estabelecidas importantes relações de troca
com o ambiente social. Na aula existe uma comunicação verbal e não-verbal constante
entre os diversos atores no processo: a criança, as mães/pais, o professor, os monitores,
outras crianças e outros adultos. De acordo com Lev S. Vigotski, a alteridade é a base
para a emergência da consciência do eu. É a partir da relação significativa com o outro
no contexto da experiência mediada que ocorre o desenvolvimento dos processos
psicológicos. Na relação entre duas pessoas, a interação é parte essencial para a
formação da consciência do eu, e neste caso do eu musical. Edwin Gordon (2000)
caracteriza a fase de internalização de conteúdos musicais e as primeiras tentativas de
explorações vocais como fase de Balbucio Musical. Da mesma maneira que a criança
desenvolve a fala a partir das interações balbuciadas na troca com o outro mediada pela
linguagem discursiva, torna-se essencial a interação e desenvolvimento da linguagem
musical por meio do balbucio musical em um contexto socialmente compartilhado.
Interações significativas entre o professor e a criança, entre os familiares e a criança ou
entre crianças são fatores fundamentais para o desenvolvimento completo da criança,
tanto na dimensão afetiva, social, cognitivo como na dimensão musicais.
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Comunicações
II Seminário Brasileiro de Educação Musical Infantil
Escola de Música da UFBA, PPGMUS - Salvador, de 01 a 03 de agosto
Resumo: Vence neste ano de 2011, o prazo legal para o cumprimento efetivo da lei federal
que tornou, em 2008, o ensino da música obrigatório em todos os níveis da educação
brasileira. Infelizmente, é perceptível que somente agora, vencido o prazo, as discussões sobre
esse novo dispositivo legal alcançam os espaços escolares e seus profissionais. Este artigo tem
como objetivo refletir sobre as primeiras impressões de professoras unidocentes da rede
pública de Santo Amaro sobre a Lei 11.769/08. Baseio-me para tanto em três frases proferidas
por professoras participantes do curso para formação continuada em música, oferecido pelo
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia – Campus Santo Amaro a
professores de séries iniciais da educação básica. Após a introdução deste texto segue-se os
três tópicos nos quais cada uma das frases será analisada de forma a estabelecer sob que
circunstâncias e cotidianos escolares elas se fundamentam.
Palavras chave: Educação musical, escola pública, formação de professores
Introdução
Como então fazer cumprir-se tal dispositivo legal se o cenário é de uma demanda de
escolas muito superior à quantidade de profissionais qualificados para o ensino da música
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II Seminário Brasileiro de Educação Musical Infantil
Escola de Música da UFBA, PPGMUS - Salvador, de 01 a 03 de agosto
nestes espaços? Se pensarmos na situação das séries iniciais do ensino fundamental o quadro
ainda piora, pois aí temos um único professor responsável pelo ensino de todas as disciplinas,
inclusive Artes, função para a qual nem sempre recebeu formação, em nível de graduação,
suficiente.
Cabe, então, as administrações públicas, aliadas a instâncias formadoras, promoverem
a capacitação destes profissionais para o ensino da música, uma vez que muito dificilmente
veremos surgir milagrosamente até 20111 quantidade suficiente de licenciados em música que
atendam a demanda das escolas públicas brasileiras de educação infantil de ensino
fundamental I.
Por ter formação em educação musical e ensinar numa instituição pública2 que me
possibilita a atuação nas áreas de extensão e pesquisa, me senti co-responsável pela
implementação da lei 11.769/08, elaborei um curso de formação3 para professores
unidocentes das séries iniciais do ensino fundamental da rede pública de Santo Amaro-Ba.
A seguir destacarei em três tópicos algumas falas de professoras participantes do
curso, a fim de discutir suas primeiras impressões sobre a Lei 11.769/08.
1
Período em que expira o prazo para implementação da lei segundo seu Art. 3º: “ Os sistemas de ensino terão 3
(três) anos letivos para se adaptarem às exigências estabelecidas nos arts. 1° e 2° desta Lei.”
2
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia – Campus Santo Amaro
3
O curso teve início em junho de 2011, com 14 professoras da rede pública matriculadas, terá carga horária de
80h com previsão de término em setembro de 2011. Este curso é um projeto da Coordenação de Pesquisa e
Extensão do IFBA- Santo Amaro.
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II Seminário Brasileiro de Educação Musical Infantil
Escola de Música da UFBA, PPGMUS - Salvador, de 01 a 03 de agosto
desenvolvimento artístico de seus filhos. Desde 2004, como professora de musica em escolas
públicas, nunca ouvi de um pai: “Por que meu filho ainda não consegue cantar afinado?”
currículo. Tal tradição, segundo a autora, atinge as disciplinas artísticas, que quando presentes
na escola “servem, na melhor das hipóteses, para deixar o ambiente mais bonito e agradável”
ou como apoio as disciplinas mais nobres do currículo.
A cultura escolar hierarquiza conhecimentos baseando-se em critérios estabelecidos
pela sociedade sobre o que é importante ser aprendido e, portanto, ser ensinado. A música,
segundo o discurso pedagógico brasileiro corrente, é importante, mas na prática escolar
prevalece a idéia de que ela não é tão necessária quanto língua portuguesa e matemática.
Sendo assim o professor elegerá também suas prioridades a partir do que lhe é cobrado
socialmente, seguindo uma hierarquia disciplinar historicamente construída, mantendo uma
lógica circular de desvalorização do conhecimento musical e artístico que concretizada a cada
nova geração de estudantes.
Em sua maioria o grupo de formação é composto por professoras que atuam sistema
público há mais de cinco anos, portanto estão acostumadas a verem suas práticas pedagógicas,
de tempos em tempos, atingidas pelo vai e vem político ideológico das políticas educacionais
brasileiras. Mal nos adequamos ao anterior eis que chega um novo pacote, pronto; neste ponto
minhas colegas professoras questionam ao se depararem com a 11.769/08: Será que isso vai
dar certo? E algumas, menos esperançosas, mas não menos experientes em matéria de sala de
aula, afirmam: Isso não vai dar certo.
Após uma atividade de musicalização4 uma das professoras perguntou se eu elaboraria
um manual de atividades musicais e outra disse: “Eu nem quero tentar. Com meus alunos?
Na minha sala? Olha gente, vocês não sabem como é lá na escola. Se eu fizer essa atividade
lá os meninos acabam com tudo.”
Para quem não tem os pés no chão de uma sala de aula de uma escola pública, a fala
dessa professora revela descompromisso e acomodação apenas. Proponho olharmos por outro
ângulo.
A constatação de que nenhuma instituição pública educacional participou ou foi
consultada durante o processo de elaboração e aprovação da lei 11.769/08 é extremamente
preocupante. Sendo assim não podemos ser intolerantes com a professora que afirma que
4
No programa do curso de capacitação em questão constam atividades musicalização para os professores com
objetivo de desenvolver e potencializar suas habilidades musicais através de atividades de canto, movimento e
percussão corporal.
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II Seminário Brasileiro de Educação Musical Infantil
Escola de Música da UFBA, PPGMUS - Salvador, de 01 a 03 de agosto
“isso não vai dar certo”. Está fadado a não dar certo, pois, os atores principais do processo,
aqueles que porão em prática a lei, foram postos a parte de sua construção.
Impressão 3 - “Preciso aprender isso direito porque eu vou ter que ensinar
depois”
A frase acima foi dita por uma das colegas professora participante do curso quando
estávamos conceituando as propriedades sonoras.
Como podem ensinar o que não sabem? Talvez este seja um dos argumentos mais
utilizados pelos que acreditam que não permitir a professores unidocentes ensinar conteúdos
musicais é garantia de que teremos nossos “empregos” como licenciados em música
garantidos e também certa “qualidade” no ensino da música nas escolas.
O discurso academicista tem, há muito tempo, pregado objetivos inatingíveis para os
não iniciados musicalmente. Por vezes ouvimos relatos de pessoas que se frustraram ao
tentarem se aproximar de uma educação formal na área de música. Mas se por um lado não
podemos cobrar virtuosismo musical dos professores unidocentes, por outro lado é necessário
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II Seminário Brasileiro de Educação Musical Infantil
Escola de Música da UFBA, PPGMUS - Salvador, de 01 a 03 de agosto
garantir que eles possuam habilidades musicais e pedagógicas suficientes para o ensino de
música.
De forma alguma pretendo com o comentário acima compartilhar com a idéia da
mensagem 622 de 18 de agosto de 2008, que justifica o veto5 ao artigo 2º da Lei 11.697,
transcrita em parte a seguir: “Vale ressaltar que a música é uma prática social e que no
Brasil existem diversos profissionais atuantes nessa área sem formação acadêmica ou oficial
em música e que são reconhecidos nacionalmente. Esses profissionais estariam
impossibilitados de ministrar tal conteúdo na maneira em que este dispositivo está proposto.”
A música é uma linguagem e, como tal, possui códigos específicos capazes de
produzir discursos, em certos níveis, acessíveis apenas àqueles que detêm o conhecimento de
tais códigos. Os saberes musicais são transmitidos de geração a geração graças também a
esses códigos. Um bom músico, mesmo dominando os códigos da linguagem musical, nem
sempre pode ser considerado um professor de música em potencial, pois, cada vez mais,
tomam corpo as especificidades técnicas e metodológicas para o ensino da música, em
especial quando destinadas a escola básica. Tais conhecimentos pedagógicos específicos que
vem destacando a Educação Musical concedendo-a status de área do conhecimento6 precisam
ser estudados por professores de música. Sobre isso comenta a educadora musical e
pesquisadora Cláudia Bellochio:
5
Ao ser sancionada a lei 11.769/2008, teve vetado o parágrafo 2ª que afirmava: “O ensino da música será
ministrado por professores com formação específica na área.”
6
Luciana Del Ben discute esta questão no artigo “A delimitação da Educação Musical como área do
conhecimento: contribuição de uma investigação junto a três professoras de Música do Ensino Fundamental”
publicado em 2001 na revista Em Pauta, v. 12, n. 18/19, p.65-93.
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II Seminário Brasileiro de Educação Musical Infantil
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Referências
DEL BEN, Luciana. A cultura escolar como objeto histórico. Em Pauta, Rio de Janeiro, v.12,
n. 18/19, p. 65-93, 2001.
JULIA, Dominique. A cultura escolar como objeto histórico. Revista Brasileira de História
da Educação, Campinas, n. 1, p. 9-44, 2001.
MOREIRA, Antônio Flávio B.; CANDAU, Vera. Maria. Currículo, conhecimento e cultura.
In: BRASIL. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica. Indagações sobre
currículo. Brasília: 2006.
PENNA, Maura. Caminhos para a conquista de espaços para a música na escola: uma
discussão em aberto. Revista da ABEM, Porto Alegre, V. 19, 57-64, mar. 2008.
VASCONCELLOS, Maria Drosila. O trabalho dos professores em questão. Educ. Soc. [on-
line], Campinas, v. 23, n. 81, Dec. 2002.
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Apresentação
A criança mesmo antes de nascer já tem contato com uma grande variedade de sons.
Sons estes produzidos pela própria mãe como o som do coração, som da voz, entre outros,
que mesmo sem perceber está estabelecendo um tipo de linguagem com seu filho. Quando a
criança nasce se depara com um universo de sons produzidos pelos seres vivos e por objetos,
pois, na maioria dos povos é muito comum que a mãe cante para seu bebê e assim passa
acontecer os primeiros contatos com a música.
Para Jeandot (1997) “a criança não é um artista, nem um ser meramente
contemplativo, mas antes de tudo um ser rítmico-mímico, que usa espontaneamente os gestos
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ao sabor da sensação que eles despertam.” (JEANDOT, 1997, p.19) Partindo deste
pensamento, podemos dizer que é através destes estímulos sonoros e da experimentação dos
sons que a criança desenvolve seus sentidos e constrói seu conhecimento sobre música.
Tendo em vista a importância da música no desenvolvimento da criança se objetivou -
se especificamente trabalhar a partir da prática de atividades musicais que obtivessem o
conhecimento básico sobre propriedades do som e ritmo, uma vez que é de suma importância
na formação do aluno.
Existe uma estreita relação entre a música, educação, e as pessoas com necessidades
de educação especial. Pois, as atividades musicais têm papel importante na formação e no
desenvolvimento do individuo como um todo, justificando sua inclusão no contexto
educacional e social. Muitas manifestações artísticas como a música, aparecem predominantes
em diversos relatos de experiências e pesquisa como ferramenta na qualidade de vida e na
mudança de comportamento das pessoas como o trabalho de Louro (2003) as adaptações a
favor da inclusão do portador de deficiência física na educação musical: um estudo de caso.
Desta forma, o aprendizado musical do mesmo modo como a criação são essenciais
para que as crianças tenham acesso e vivenciem de forma integral as informações e o
conhecimento mediante avaliação continua e formativa. O ensino de música deve ser
construído a partir do fazer musical e da “realidade” dos alunos, contemplando seus
interesses, preferências e saberes. Desenvolver habilidades, atitudes e valores considerados
necessários para a formação do individuo como cidadão. (DEL BEM; HENTSCHKE, 2002).
Neste sentido Correia comenta que,
através de cursos e treinamentos para professores e campo de estágio, bem como grupo de
pais para troca de experiência e orientações específicas.
Assim, na escola há muitos materiais para se trabalhar com as crianças, principalmente
instrumentos musicais confeccionados pelas mães dos alunos. Pois, na escola existe um
projeto chamado “Uma conversa salva uma Vida” que atende a comunidade em geral,
orientando pais ou responsável pela criança. Com isso as mães fazem um trabalho de
“voluntariado” uma vez por semana confeccionando instrumentos através de materiais
recicláveis.
Procedimentos
Para atingir os objetivos, esta experiência partiu de uma visita técnica com o objetivo
de colher dados e conhecer a estrutura física e pedagógica da escola Vovó Biquinha.
Em uma segunda etapa uma aula diagnóstica permitiu aos professores conhecer o
público alvo que era formado por crianças de 5 e 6 anos num total de 15.
Com objetivo de trabalhar e desenvolver a coordenação motora a partir de brincadeiras
de ritmo e confecção de instrumentos de percussão com materiais recicláveis, promovendo o
interesse, o contato com a música e a consciência ambiental, se optou por atividades
interativas, de cooperação e criatividade.
Os materiais didáticos usados foram: Violão, flauta, garrafas plásticas, cabos de
vassoura, latinhas de alumínio, palitos de churrasco, fitas adesivas, cola, tinta guache, cd de
áudio, desenhos e partituras
As avaliações se deram por meio de participação, colaboração, criatividade,
reconhecimento dos elementos trabalhados e percepção auditiva.
Os registros das intervenções se deram por meio de relatórios, fotografias e vídeo.
Na visita técnica se pode conhecer o espaço escolar, que atende crianças de 0 a 6 anos
e realiza atendimento educacional, social, nutricional, psicopedagógico; estudo e pesquisa
para a clientela de alto-risco e necessidades educacionais especiais; capacitação de recursos
humanos através de cursos e treinamentos para professores e campo de estágio; grupo de pais
para troca de experiência e orientações específicas.
As professoras da turma LEÃO, comentaram aos estagiários que utilizam à música nas
aulas através das canções, onde as crianças dançavam, pulavam e também interpretavam a
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música no papel por meio de desenhos. Assim, a primeira intervenção teve como objetivo a
interação e socialização entre todos e a apresentação do planejamento das aulas de música
para que todos pudessem ter maior conhecimento sobre ela.
A primeira atividade planejada foi a criação de uma canção com o nome da “Turma
Leão” e assim se pediu para as crianças dizerem o que elas sabiam sobre o as características
do leão com o propósito de formas frases e compor a letra da música. Assim através das ideias
apresentadas foram sendo formadas as frases e sendo harmonizadas pelos professores ao
violão. Além da composição foi sendo adicionada para as crianças uma pequena coreografia
que representasse o rugido do leão.
Na segunda intervenção se deu inicio a confecção de instrumentos de percussão
divididos em 3 aulas e os escolhidos foram a clava, chocalho, reco – reco e o maracá. Toda a
atividade contou com o auxilio dos professores para a organização com atenção e cuidado
diante de sua execução. Desta forma, em um primeiro momento foi feita a apresentação da
clava e reco-reco, partindo dos conceitos básicos que os caracterizam e as crianças puderam
em seguida manuseá-los, assim eles puderam experimentar conhecendo as formas e como são
tocados. Logo após se começou a confecção da clava e do reco- reco pelas crianças e
concordando com as palavras de Brito quando diz que “as crianças devem ser estimuladas a
pesquisar materiais e objetos que produzam sons interessantes, pois, antes de construírem
instrumentos musicais, elas os descobrem em materiais que se transformam a um simples
toque”. (BRITO, 2003, p. 72).
Esta etapa foi consideravelmente difícil, pois se tratava do manuseio de materiais
como: tintas guache, papéis coloridos e fitas adesivas, o que exige certa cautela. A confecção
dos instrumentos foi terminada, mas não se conseguiu concluir a decoração de todos os
materiais, faltando poucos detalhes por conta do tempo de aula. Na terceira intervenção se deu
continuidade à confecção de instrumentos de percussão, sendo confeccionado neste módulo o
chocalho. Apresentado os conceitos básicos que o caracterizam se passou para o manuseio de
alguns chocalhos, a fim de experimentarem e conhecerem as formas e como são tocados.
Nesta tarefa as dificuldades foram às mesmas da aula anterior, pois se tratava do manuseio de
materiais como latinhas feitas de alumínio fino e com isso um maior cuidado para não cortar a
pele da mão das crianças. Para completar o proposto se deu a construção deste instrumento.
Para Brito,
Para ouvir e cantar canções de outros povos, com sonoridades diferentes das
que estamos habituados, faz-se necessário que despertemos em nós a
curiosidade pelo novo e pelo outro, isto é, pelo que não conhecemos, mas
somos capazes de entender. (ALMEIDA; PUCCI, 2003, p.10).
Desta forma, dando continuidade se começou a ensaiar a música YAYÈ BÖBÖ com o
objetivo final de utilizar os instrumentos percussivos preparados nas primeiras aulas e com o
acompanhamento da música. Além disto, as crianças estariam trabalhando o cantar a melodia,
e também obtendo a noção básica de pulso e organizar uma apresentação final para a escola
deste conteúdo. Em que com poucos minutos de ensaio as crianças já haviam absorvido o
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Trabalhos como este são de suma importância na escola para que as crianças possam
se desenvolver de forma integral e com qualidade.
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Referências
ALMEIDA, M. Berenice; PUCCI, Magda Dourado. Outras Terras Outros Sons. São Paulo,
2003.
BRITO, Teca Alencar. Música na educação infantil. São Paulo, Peirópolis, 2003.
DEL BEN Luciane; HENTSCHKE, Liane. Educação Musical escolar: uma investigação a
partir das concepções de três professoras de música. Revista da ABEM Porto Alegre, n. 7, p.
49-57, setembro 2002.
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Resumo: Dentro de um processo de escolha o ato de brincar pode ser uma ferramenta
importante, pois envolve a relação do imaginário com o real, a função afetiva e
principalmente pode proporcionar uma vivência significativa, pois é um ato inerente de todo
ser humano, principalmente da criança. Pensar em um processo de escolha de um instrumento
musical envolve as experiências musicais da criança e a sua relação com o instrumento que se
conhece. O conhecimento pode ser dado por diversas práticas, como as relatadas neste
trabalho, que exemplificam a atuação com crianças que irão optar por um instrumento
musical.
Palavras chave: Instrumento musical, jogo pedagógico musical, educação musical infantil
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Contexto
A criança leva para a brincadeira aquilo que faz parte da sua realidade, expressa as
suas emoções e assimila as regras e comportamentos sociais, através da representação da
realidade em que vive sendo passada em forma de brincadeira. O brincar possibilita a
transição entre o mundo real e o imaginário. Por meio da brincadeira ela pode desenvolver o
papel que lhe agrada. Teles (1997) afirma, com relação à criança e a brincadeira:
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Relato de experiência
No 1º semestre de 2011, as aulas do curso são divididas por módulos, sendo que
quatro delas foram destinadas às famílias de instrumentos. A primeira aula foi sobre a família
de Percussão, seguida pela de Cordas e finalizando com a de Sopros. As imagens dos
instrumentos eram relacionadas ao som, alguns instrumentos foram apresentados fisicamente.
Ao final, como forma de sistematização, foi realizado um jogo pedagógico-musical. As
crianças conheceram diversos instrumentos e suas famílias, como violoncelo, violino, violão,
teclado, piano, flauta transversal, a família da flauta doce e a família percussão. Foram feitas
aulas especiais com os instrumentos, dando-lhes a oportunidade de manusear e interagir com
o instrumento e com o/a instrumentista.
Durante as aulas ocorreram dois momentos: 1) espontâneos, por parte das crianças; e
2) direcionados.
Os momentos espontâneos ocorreram de diversas maneiras, entre eles a exploração do
violão ao final das aulas e a sonorização dos instrumentos, por parte das crianças, em canção
sem palavras.
Dentre os momentos direcionados destacam-se a apresentação dos instrumentos por
meio de apreciação, com a visita de instrumentistas e também com a apresentação das
professoras, um jogo envolvendo o reconhecimento da imagem com o som do instrumento e o
manuseio de alguns instrumentos.
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Em sala de aula realizamos a primeira parte do jogo, destinada ao Bingo Sonoro. Antes
de começar o jogo e explicar os comandos da atividade, nós apresentamos os sons e as
imagens, aproveitando para perguntar sobre as famílias dos instrumentos. A atividade contou
com intervenções pedagógicas por parte dos professores e, principalmente com o trabalho
colaborativo entre as crianças tanto na identificação sonora e quanto iconográfica.
O jogo visa a experiência musical por parte das crianças, para proporcioná-las uma
escolha consciente. Pasqualini, Garbulho e Schut (2004) afirmam que:
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Referências
ANTUNES, Larissa Rosa; RIBEIRO, Samara Pires da Silva; FREIRE, Sandra Ferraz C. D. &
FREIRE, Ricardo Dourado. O processo de escolha do instrumento musical em um curso de
educação musical infantil. In: ENCONTRO ANUAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
EDUCAÇÃO MUSICAL, 19, 2010, Goiânia. Anais ... ABEM, 2009. p. 1637-1647.
BRITO, Teca Alencar de. Música na Educação Infantil: propostas para a formação integral da
criança. São Paulo: Peirópolis, 2003.
FRANÇA, Cecília Cavalieri; GUIA, Rosa Lúcia dos Mares. Jogos Pedagógicos para
Educação Musical. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2005.
MORAIS, Daniela Vilela de. O material concreto do ensino de música: jogo ou brinquedo?
In: ENCONTRO ANUAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO MUSICAL,
18, 2009, Londrina. Anais... ABEM, 2009. p. 903-909.
TELES, Maria Luiza Silveira. Socorro! É proibido brincar! Petrópolis, RJ: Vozes, 1997.
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Tiago Madalozzo
UFPR
Introdução
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Quando nos referimos ao curso da UFPR, o título Musicalização Infantil faz referência
a uma abordagem específica de educação musical que é definida no 3º volume do Referencial
Curricular Nacional para a Educação Infantil (BRASIL, 1998, p. 45-51): trata-se da
abordagem da musicalização, em que a partir de canções, jogos, danças, exercícios de
movimento, relaxamento, prática instrumental, improvisação e audição, certas noções básicas
de ritmo, melodia, compasso, métrica, som, tonalidade, leitura e escrita musicais são
apresentadas à criança, sempre se reportando ao universo lúdico da infância – portanto, a
partir do jogo musical.
Maura Penna (2010, p. 22) afirma que musicalizar é “desenvolver os instrumentos de
percepção necessários para que o indivíduo possa ser sensível à música, apreendê-la,
recebendo o material sonoro/musical como significativo”. Desta forma, a musicalização é um
processo em que “as potencialidades de cada indivíduo são trabalhadas e preparadas de modo
a reagir ao estímulo musical” (PENNA, 2010, p. 21). Em outras palavras, a estimulação
musical desde cedo tem por objetivo dotar as crianças de elementos característicos da música
de uma determinada cultura, desenvolvendo não só o ouvido, mas também o movimento
corporal e a expressão verbal, para que ela reaja a estes estímulos. Mesmo que tudo seja
apresentado e aprendido de forma “implícita” – por exemplo, chacoalhando caxixis para
entender o conceito de pulso de forma ativa –, nunca se deixa de utilizar em sala de aula o
conceito musical correto – neste caso, pulso –, e é a partir do aprendizado destes conceitos
básicos que busca-se formar indivíduos que mais tarde possam conhecer e expressar-se com
música, e sejam capazes de emitir um juízo de valor sobre aquilo que produzem e ouvem.
Recuperando o final da definição do RCN, destacamos o papel do jogo musical no
processo de musicalização, e isto se deve a um fator fundamental: a brincadeira é uma espécie
de interface natural da criança com o mundo – nas palavras de Ilza Joly (2003, p. 116), a
criança, a partir da brincadeira, “relaciona-se com o mundo que descobre a cada dia e é dessa
forma que faz música: brincando”.
Neste caso, é importante destacar aquilo que Tizuko Kishimoto (1994, p. 19) apresenta
como “paradoxo do jogo educativo”. Segundo a autora, o que define o jogo educativo é a
presença concomitante de duas funções que parecem antagônicas: a função lúdica e a função
educativa. Ou seja, por um lado, o jogo serve para propiciar a diversão e o prazer; por outro,
deve ter um objetivo pedagógico claro. Se o equilíbrio entre as duas funções não for atingido,
ou não haverá ensino, apenas jogo; ou não haverá hedonismo, apenas ensino.
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linhas do planejamento a longo prazo muitas vezes ficava restrita ao trio; ou ainda, era
subordinada à forma como os indivíduos mais experientes do trio, justamente por seu maior
conhecimento prático, enxergavam os objetivos do semestre.
Sobre o planejamento coletivo, cabe destacar o que Ricardo e Sandra Freire
registram sobre a organização do Curso de Musicalização Infantil da Universidade de
Brasília. Segundo os autores, não é interessante massificar as aulas ao se propor planos de
aula padrão: um planejamento “construído no diálogo entre os agentes”, portanto integrativo e
flexível, aproveita melhor “a potencialidade dos professores em agenciar o desenvolvimento
de seus alunos com competência” (FREIRE; FREIRE, 2008, 157).
Ainda que o sistema de aulas seja visivelmente diferente do curso da UFPR, esta visão
sobre a qualidade de um planejamento coletivo é ponto em comum com a nossa análise.
Segundo os autores, o planejar é um “processo relacional”, ou ainda uma “construção
colaborativa que inclui e integra” (FREIRE; FREIRE, 2008, p. 158) as características pessoais
de cada professor, aproveitando a diversidade de repertórios, propostas, modos de pensar e
agir em sala de aula etc.
É a partir dessa diversidade, mas sempre reportando-se ao grupo, que percebemos a
construção coletiva de um modelo de plano de aula. O conteúdo de cada aula do curso da
UFPR nunca foi copiado ou imposto para todas as turmas; mas a forma de se agir em sala de
aula é tão coesa que possibilitou a origem de um modelo de plano de aula comum, que será
apresentado em seguida.
Além das questões de planejamento, que são exemplo característico desse sistema de
atuação coletiva supervisionada, é importante destacar duas outras produções originadas a
partir do mesmo sistema de organização: um CD com trinta e oito canções e um livro com
quarenta e quatro propostas de musicalização infantil, lançados ao final do primeiro e do
segundo semestres de 20081, respectivamente, em que todos os professores do curso tiveram a
oportunidade de gravar/publicar materiais de uso cotidiano no Curso ou ainda propostas e
composições inéditas, sempre com igualdade de condições de participação, mas sob
supervisão de uma pequena equipe. Assim, além da experiência de estágio, o Curso de
Musicalização originou produções acadêmicas diversas como os materiais acima e algumas
monografias de conclusão de curso de graduação.
1
O livro, intitulado “Fazendo Música com Crianças”, está sendo reeditado pela Editora da UFPR neste ano.
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2
ver as considerações de R. Murray Schafer sobre o assunto em SCHAFER, R. M. Limpeza de ouvidos. In: O
ouvido pensante. São Paulo: UNESP, 2001. p. 67-118.
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ordem, e não necessariamente utilizando toda essa variedade em cada aula3. Por fim, as
atividades finais têm o mesmo objetivo das iniciais: marcarem musicalmente o término da
aula.
O modelo a que nos referimos neste relato encontra-se na página 11, em seu layout no
ano de 2010. Destacamos duas informações importantes de início: o espaço para registro dos
objetivos da aula, bem como o tema específico; e a organização das atividades em tabela, em
uma variação a partir de vários modelos, em especial o empregado por Joan Russell (2005, p.
82).
Na tabela, cada linha representa uma atividade da aula. A título de comparação, nas
turmas com crianças entre 0 e 4 anos, que vão às aulas junto com os pais, os professores
utilizavam uma média de doze atividades; já nas turmas de crianças mais velhas, entre 6 e 10
anos, a média cai para seis a oito atividades. O motivo é a maior complexidade e possibilidade
de variação dentro da mesma atividade, no caso das crianças mais velhas, e o menor tempo de
foco das crianças menores, por outro lado.
Nas colunas, inicialmente havia apenas: 1) tipo de atividade; e 2) desenvolvimento.
Assim, a tabela nada mais era que uma nova formulação daquilo que já se fazia
“informalmente” nos cadernos dos professores. Mais adiante, porém, foram incluídas novas
colunas: 3) o condutor das atividades (já que era um trio, e não seria pedagógico que os três
dessem ordens ao mesmo tempo); 4) o tempo médio de duração estimada, para controlar o
andamento da aula; e 5) referências das atividades, para que, se o material fosse utilizado para
fins de pesquisa, se tornasse mais fácil encontrar a autoria das atividades, uma vez que cada
professor tinha conhecimento de estratégias e repertórios diferentes.
Além disso, cada vez mais procurou-se enfatizar a importância de um complemento
escrito: “observações gerais depois da aula”, campo localizado no rodapé do plano.
3
Freire e Freire (2008, p. 160) apresentam uma estrutura em tabela em que enfatizam algumas atividades como
de: aquecimento e concentração; movimento; elaboração; avaliação individual; brincadeiras; avaliação
coletiva; e despedida.
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conceitos foram definidos para análise “pós” aula, a partir da prática; já neste relato,
tomaremos cada um deles teoricamente para avaliar a proposta do plano de aula apresentado.
Em termos de estrutura, é importante que a aula tenha seções pré-estabelecidas e bem
marcadas. Ganha destaque o momento de saudação, uma vez que é necessário marcar o início
do momento pedagógico. Além disso, a partir da alternância de atividades em aula, com o
passar do tempo as crianças começam a entender que a aula tem uma sequência básica, e que
há momentos específicos para cantar, tocar, dançar e ouvir. Além disso, um senso de
comunidade é explorado, uma vez que em certos momentos é necessário dividir instrumentos
com os colegas, ou mesmo entregar um determinado instrumento para pegar outro e dar
sequência à aula. Este entendimento faz com que as crianças se sintam muito confortáveis na
sala de aula depois de algumas semanas. Por estes motivos é que consideramos a estrutura
apresentada na página 6 como o principal resultado pedagógico a que se chegou no curso ao
longo dos anos, uma vez que ela auxiliou na caracterização do “jeito UFPR” de se ensinar
música a crianças.
Esta ordem de tipos de atividade, porém, pode ser analisada por outro conceito, o de
conteúdo. A aula de música deve ser uma espécie de tapeçaria, segundo um princípio básico:
o da unidade na variedade (RUSSELL, 2005, p. 83-85). A partir da contribuição coletiva do
trio de professores, uma boa aula deve ser construída a partir da maior variedade de atividades
e propostas possível, mas sem se perder o fio condutor.
Em termos de variedade, destacamos, mais uma vez, os diferentes tipos de atividades
propostos; mas também podemos registrar a variedade de: repertório; configuração das
crianças (sentados, em roda, em pé, em duplas, com os pais etc); e a alternância das
modalidades do fazer musical.
Sobre este último tópico, citamos o pensamento de Cecília França e Keith Swanwick,
quando destacam a importância de equilíbrio e interação entre atividades de composição,
apreciação e performance; ou criação, audição e execução musical, segundo eles, “facetas
essenciais de uma educação musical abrangente” (FRANÇA; SWANWICK, 2002, p. 15-17).
Ainda neste sentido, sempre procurou-se enfatizar a importância de um cuidado com
os momentos de apreciação musical, afastando-se ao máximo de atividades passivas ao se
discutir o conceito de audição musical ativa conforme apresentado por Graça Boal Palheiros
e Jos Wuytack (1995, p. 12-13): um “processo que implica o envolvimento activo [sic] do
ouvinte, e para o qual são necessárias a experiência e a aprendizagem”, e que acontece a partir
da associação de outros tipos de atividades à de escuta, tais como: movimentos;
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semestre fosse algo secundário, bem diferente da importância dada a isso a partir do registro
de Freire e Freire no curso da UnB (2008, p. 158-160). Além disso, mesmo que um
determinado trio de professores tivesse esta preocupação, muitas vezes não havia uma efetiva
troca de ideias entre os trios de uma mesma faixa etária, o que poderia possibilitar um ganho
considerável.
Com o passar dos anos, a estrutura humana do curso aumentou muito, e, infelizmente,
o grande número de professores-estagiários dificultou a manutenção de uma uniformidade em
termos de estratégia de ensino – aquilo a que nos referimos como “jeito UFPR” de
musicalizar.
Ainda assim, o modelo de plano de aula – e mesmo de planejamento geral,
considerando-se a força do critério de conteúdo na gênese do modelo, conforme destacamos –
nos parece bastante efetivo, havendo vasto material padronizado para pesquisa nos arquivos
do curso.
Também não podemos perder de vista que sempre se procurou promover as “rodas de
repertório”, tardes de sábado em que todos os professores-estagiários se reuniam para discutir
ideias e principalmente trocar repertório. Ainda, o curso sempre promoveu oficinas de
capacitação e atualização com professores de renome nacional e internacional para contribuir
com a formação e reciclagem contínua de estratégias e repertório de seus instrutores.
É preciso destacar especialmente a presença de um forte pensamento teórico que
dominou toda uma geração de professores do curso: as ideias de Jos Wuytack e sua pedagogia
Orff, de conhecimento de alguns dos instrutores desde 2005, e fortificada a partir da
realização de grandes cursos de pedagogia musical ativa entre 2007 e 2010, principalmente
nas estratégias de jogos, na diversidade de repertório e com o conceito de audição musical
ativa.
Por fim, concluímos ao destacarmos a utilização do modelo de plano construído ao
longo desse tempo na UFPR em outros projetos de musicalização, já que vários dos
professores-estagiários, após o término da graduação, passaram a gerenciar cursos de
musicalização em escolas e universidades espalhadas em várias regiões do país.
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Referências
JOLY, Ilza. Educação e educação musical: conhecimentos para compreender a criança e suas
relações com a música. In: HENTSCHKE, Liane; DEL BEN, Luciana (orgs.). Ensino de
música: propostas para pensar e agir em sala de aula. São Paulo: Moderna, 2003. p. 113-126.
KISHIMOTO, Tizuko Morchida. O jogo e a educação infantil. São Paulo: Pioneira, 1994.
PALHEIROS, Graça Boal; WUYTACK, Jos. Audição Musical Activa. Porto, Portugal:
Associação Wuytack de Pedagogia Musical, 1995.
PENNA, Maura. Música(s) e seu ensino. 2. ed. Porto Alegre: Sulina, 2010.
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Joziely Brito
joziely@hotmail.com
Resumo: Há cerca de uma década esta autora vem desenvolvendo, um trabalho voltado para a
iniciação ao violino de crianças de 5 anos na Escola de Música da Universidade Federal do
Pará. A proposição de uma metodologia voltada para o ensino coletivo do violino com
crianças de 5 anos, se dá devido a dificuldade desta autora encontrar material pedagógico
voltado para a faixa etária em questão. Sendo assim, este artigo representa um recorte de
pesquisa em andamento para a obtenção do título de doutora em educação musical pela
Universidade Federal da Bahia cujo objetivo é sistematizar e aplicar uma metodologia de
ensino coletivo voltada para a iniciação musical infantil no violino. Para isso, será necessário
reunir fundamentações teóricas e empíricas sobre ensino coletivo do violino o que enriquecerá
e respaldará essa proposta. Buscar conhecimentos na área da educação e da cognição musical
também se faz necessário para conhecer de forma aprofundada o público alvo da investigação
que são crianças de 5 anos. Com base na pesquisa qualitativa e no estudo de caso, serão
utilizados como instrumentos de coleta de dados questionários, observação participante,
vídeogravações e juízes independentes. A análise de dados contará com técnicas de
triangulação o que promoverá maior fidedignidade nos resultados. Espera-se que esta
investigação proporcione uma maior discussão sobre o ensino coletivo de instrumentos
musicais para crianças em especial no violino, visando não só aspectos técnicos, mas com
perspectivas de aspectos cognitivos e sociais.
Palavras - chave: Educação musical infantil, ensino coletivo de instrumentos musicais,
ensino coletivo do violino
Introdução
1
Anais do I Encontro de Nacional de Ensino Coletivo de Instrumentos Musicais.
2
Anais do II Encontro Nacional de Ensino Coletivo de Instrumentos Musicais.
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Revisão de Bibliografia
[...] a aprendizagem musical deve ser repensada, visto que para o processo
de musicalização ser importante e significativo, faz-se necessário que nos
primeiros anos de vida o contato musical seja intuitivo, criativo e espontâneo
e de preferência com um repertório de qualidade que vá além das músicas
expostas pela mídia [...] (BAGATIN; DIAS; MAIA; RIBEIRO; RONDEL;
2006 p.1791)
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2000; SLOBODA, 2008; ILARI, 2006). Para a sistematização de uma metodologia que atinja
essa criança de 5 anos de forma a contribuir com sua formação não só técnica referente ao seu
aprendizado no violino, mas também cognitiva e social deve-se primeiramente buscar
entender: quem é a criança de 5 anos e como se forma seus processos cognitivos e sociais?
Para isso, será muito importante compreender a natureza do conhecimento musical, do
processo de aprendizagem e do social ao qual o aluno dessa faixa-etária é submetido. Logo, a
busca por referências que discutam sobre os processos de aprendizagem de crianças de 5 anos
será de suma importância para a elaboração da proposta de pesquisa.
Além de gerar possibilidades de discussão sobre aspectos técnicos, aspectos cognitivos
e aspectos sociais para o ensino coletivo infantil do violino, será importante selecionar alguns
tópicos para discussão sobre personalidades do meio musical, que através de suas
contribuições reinventaram conceitos e quebraram paradigmas para desenvolver técnicas e
métodos de ensino coletivo da música que pudessem transformar indivíduos não só como
músicos preparados, mas também como indivíduos capazes de viver socialmente de forma
saudável e produtiva. Dentre algumas dessas personalidades podemos citar: Villa-Lobos e o
canto orfeônico, Alberto Jaffé e o projeto espiral que muito contribuiu para a formação de
jovens instrumentistas no Brasil e não esquecendo Shinishi Suzuki e seu método da educação
do talento. Faz-se necessário ressaltar que discutir sobre técnicas e métodos de ensino do
violino não é um dos objetivos da proposta de pesquisa, todas as informações serão tratadas
como aquisição de respaldo teórico para essa investigação.
Como já foi mencionado anteriormente3, Brito em 2010 realizou como proposta de
pesquisa para sua dissertação de mestrado uma catalogação crítica onde pode reunir trabalhos
científicos sobre o ensino coletivo de cordas friccionadas e obteve em seus resultados fatores
que podem contribuir para um bom desempenho do aluno. Apesar da proposta de pesquisa ter
centralizado suas investigações nas cordas friccionadas, entende-se que devido ao fato de o
violino fazer parte desta família pode-se utilizar esses fatores como pontos de discussão
também para essa investigação que consiste no ensino coletivo infantil do violino
possibilitando, assim, mais um ponto para se desenvolver como respaldo teórico o que
enriquecerá esta proposta de pesquisa.
Um ponto muito importante que deve ser levado em consideração é o perfil do
professor para atuar no ensino coletivo infantil do violino. Um profissional que compreenda
as características da faixa-etária proposta nesta investigação e que saiba utilizar recursos
3
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Metodologia
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estabelecidos deve-se dar uma explicação adequada preservando assim, a pesquisadora e sua
proposta de pesquisa.
De acordo com Flick (2009), entende-se que a pesquisa qualitativa pode proporcionar
a investigação possibilidade de formulação de estratégias de pesquisa de campo contínua,
experimentação e uma exploração profunda da avaliação dos resultados de forma a
contemplar não somente aspectos quantitativos. Sendo assim, entende-se que em princípio, as
estratégias de estudos qualitativos melhor se adequarão a proposta de pesquisa aqui
apresentada, o que não anula de fato a possibilidade da utilização de estratégias quantitativas
caso se faça necessário. Utilizar-se-á também da observação participante devido a
pesquisadora ser a professora que atuará em sala de aula.
Como instrumentos de coleta de dados serão utilizados: questionários (aplicados aos
pais antes e depois do processo), observação participante (cuja professora será a ministrante e
a observadora que anotará as ocorrências em sala), vídeogravações (possibilidade de registrar
em áudio e vídeo as aulas e retiradas de dúvidas posteriormente) e juízes independentes (para
trazer legitimidade nas anotações e vídeogravações).
Após a coleta de dados todo o material será analisado buscando similaridades e
discordâncias entre si. Para isso se faz necessário utilizar de uma técnica metodológica
chamada triangulação.
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Conclusão
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musicais, pode ser uma ferramenta de trabalho que oportuniza ao indivíduo a aquisição de
benefícios que vão além de aprimoramentos técnicos. A prática coletiva de instrumentos
musicais atinge também aspectos sociais como, por exemplo, a integração com o grupo,
respeito e atenção para com o próximo e a sociabilidade com outros indivíduos.
Considera-se também importante deixa-se registrado o quanto o ensino coletivo pode
contribuir para a educação musical como uma proposta de ensino aprendizagem eficiente que
beneficia o indivíduo não somente em aspectos técnicos, mas também contribui para uma
formação mais integradora, social e motivadora.
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Referências
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Editora Sacra, 1989.
______. Educação Musical e Transformação Social: Uma Experiência com o Ensino Coletivo
de Cordas. Goiânia: Instituto Centro-Brasileiro de Cultura, 2005.
______. 2006. Ensino Coletivo de Instrumento Musical: uma alternativa para uma Educação
Musical ativa e transformadora por um mundo melhor. In: ENCONTRO NACIONAL DE
ENSINO COLETIVO DE INSTRUMENTOS MUSICAIS, 2. 2006. Goiânia. Anais...
Goiânia: ENECIM, 2006. p.105-113.
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FLICK, Uwe. Introdução à Pesquisa Qualitativa. 3º Edição. Porto Alegre: Editora Artmed,
2009.
GAINZA, Violeta Hemsy de. Estudos de Psicopedagogia Musical. São Paulo: Ed. Summus,
1988.
MÁRSICO, Leda Osório. A criança e a música. Rio de Janeiro-Porto Alegre: Editora Globo,
1982.
PIAGET, Jean. Seis estudos de psicologia. 24º Edição. São Paulo: Editora Forense
Universitária, 2001.
SUZIGAN, Maria Lucia Cruz; SUZIGAN, Geraldo de Oliveira. 1986. Educação musical: um
fator preponderante na construção do ser. 2º.Edição. Cadernos Brasileiros de Educação. São
Paulo: CLR Balieiro e G4 Editora, 1986.
YING, Liu Man. O ensino coletivo direcionado no violino. 225f. Dissertação de Mestrado –
Escola de Comunicação e Artes, Universidade de São Paulo. São Paulo, 2007.
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Resumo: O Samba como escola é uma reflexão sobre a cultura popular, é uma das muitas
histórias sobre aquisição de conhecimento e propagação dos mesmos de maneira totalmente
alternativa aos meios estabelecidos pela educação formal. Para isto busquei como exemplo o
sambista Adoniran Barbosa, que nos revela em suas músicas a cidade de São Paulo sobre a
ótica dos moradores que não estão inseridos nos planos de desenvolvimento desta grande
metrópole.
Palavras chave: Educação, cultura popular, samba
Introdução
O samba desde a sua origem, é uma manifestação popular que narra a história não
oficial. Desde que os negros chegaram ao Brasil que seus hábitos e costumes pouco a pouco
foram se incorporando à cultura dos habitantes deste novo País. Os negros nas senzalas em
seu pouco tempo livre aproveitavam para realizar seus rituais e pedir que o sofrimento da
escravidão tivesse prazo pra acabar. Os negros formavam rodas e com vozes e palmas
cantavam e dançavam num ritual onde um par entrava no centro da roda e com um gesto
característico de umbigada iniciavam um solo da dança, na troca do par acontecia novamente
o encontro dos umbigos. Este ritual foi tão marcante que o nome “Samba” teria sua origem
em um dialeto africano de “Semba”, que significa umbigo.
É o que nos confirma o historiador, pesquisador e escritor André Diniz: “O samba de
roda da Bahia, o lundu, o coco, o calango e o cateretê são tradições musicais e coreográficas
ligadas ao universo do negro que podem ser definidas como samba de umbigada”. (DINIZ,
2008, p.47)
Hoje a roda de samba é um lugar para se divertir, mas a brincadeira pode ser o desafio
de versar, um participante lança um verso provocativo aos demais, e quem conseguir
responder pode desafiar os outros. Estes versos improvisados são sempre intercalados por um
refrão que é repetido por todos como parte da brincadeira, assim se caracteriza uma das
formas mais populares da nossa música: o “Samba de Roda”.
Para se fazer samba não é preciso possuir conhecimentos formais como ler e escrever,
a narrativa é construída pela canção, que pode narrar o cotidiano de qualquer indivíduo que
possua inspiração para cantar versos ritmados sobre qualquer assunto de seu universo
existencial, totalmente inserido na tradição oral, característica inerente à cultura. A letra de
um samba pode revelar o cotidiano do autor, mas pode também narrar a história não oficial da
resistência dos negros oprimidos desde o início da colonização.
O historiador e escritor Francisco Rocha nos ajuda a refletir sobre o tema:
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O samba surge como resistência, como a voz de uma classe que não tem direito nem
oportunidade de se manifestar, e que cria essa possibilidade artística para dizer o que sente e
pensa, e isto pode se transformar na grande oportunidade de manifestação dos excluídos.
Segundo Paulo Freire, “Faz parte do pensar certo a rejeição mais decidida a qualquer
forma de discriminação. A prática preconceituosa de raça, de classe, de gênero ofende a
substantividade do ser humano e nega radicalmente a democracia.” (FREIRE, 1996, p.36)
O termo escola de samba surge pelo simples fato de estar próxima de uma escola
formal. O surgimento da escola de samba é sem dúvida a necessidade de se ter um lugar para
reunir pessoas da mesma classe social, que eram constituídas por negros, mulatos e brancos
pobres. É um lugar onde as pessoas encontravam respaldo e diversão além do respeito mútuo,
era também um lugar propício para desenvolver e fomentar a própria cultura.
As escolas de samba fazem parte da nossa história cultural e se preservam desde 1928,
data da formação da primeira escola, que logo serviu de exemplo para a formação de várias
outras em outros bairros cariocas.
A cidade de São Paulo também foi um celeiro de cultura popular, pois com a vinda de
negros para a cidade as manifestações ligadas ao samba se fizeram cada vez mais presente.
Mas a cidade também era um lugar de planejamento para um ideal de progresso, com o
objetivo de alavancar a economia do País. Devido a este plano de progresso e
desenvolvimento a cidade foi se reestruturando e se ampliando de forma marcante e
avassaladora. Mas mesmo com todo este ideário a cultura popular continuou se manifestando
com muita propriedade e personalidade, muitos são os compositores de samba que podem ser
citados. Vou me ater a uma grande personalidade: Adoniram Barbosa.
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Adoniran fazia parte da classe de brancos pobres, e com muita criatividade e humor
revela uma outra cidade, que em sua crítica é desumana e cruel, pois não perdoa os que não
estão incluídos no seu plano de progresso.
Adoniran é o sambista das malocas, e narra pouco à pouco a expulsão de seus
moradores, que sem ter muita alternativa acabam muitas vezes morando nas ruas.
Em seu livro Almanaque do Samba , o escritor André Diniz fala sobre o sambista
Adoniran Barbosa:
“Adoniran percebia as mudanças na cidade e particularmente a perda de memória
coletiva dos antigos espaços de sociabilidade, substituídos pelas modernas construções. Como
um cronista privilegiado, registro também o linguajar do paulistano menos favorecido”
(DINIZ, 2006, p. 81-82).
Adoniran é o artista, o crítico, o cronista da cidade, é a história não oficial, e também é
um formador de opinião com muito saber, pois revela em suas canções as mudanças e
transformações arquitetônicas, e a expulsão dos que não estão incluídos neste projeto de
desenvolvimento.
Isto me remete a outra fala de Paulo Freire:
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Com este texto procuro criar uma ponte entre os estudos de Bourdieu e de Paulo
Freire, pois ambos falam sobre classes dominantes e injustiças sociais, para isso construí uma
ponte até o samba que é um representante da opressão social de uma classe não privilegiada, e
desde sua origem é tido como a voz do povo.
Seja por qualquer via e das formas mais diversas e variadas, ninguém está livre de
aprender. A existência é um eterno aprendizado.
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Referências
DINIZ, André. Almanaque do Samba: a história do carnaval, o que ouvir, o que ler, onde
curtir. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed. 2006.
______. Almanaque do Carnaval: a história do carnaval, o que ouvir, o que ler, onde curtir.
Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed. 2008.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários á pratica educativa. São Paulo:
Paz e Terra, 1996.
ROCHA, Francisco. Adoniran Barbosa: o poeta da cidade. São Paulo: Ateliê Editorial, 1978
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Resumo: A aprendizagem significativa é sem dúvida uma forma efetiva de aprender, partindo
de conhecimentos prévios do indivíduo é possível criar pontes cognitivas para novos
conhecimentos. Para que isto aconteça temos que ter uma intencionalidade de todos os
envolvidos nesta nobre missão, pois a intencionalidade é a peça fundamental desta
engrenagem.Tanto o educador como o aluno tem que ter a intenção para que o conhecimento
se consuma.Estudando este conceito descobri que o ensino da música é um ótimo exemplo
para a demonstração efetiva da aprendizagem significativa. Para isto cito um grande educador
musical húngaro, Kodály.Zoltan Kodaly defendia a ideia de que a música tinha que fazer
parte da educação integral do ser humano desde o jardim de infância, com o mesmo número
de horas e mesma ênfase dada às matérias convencionais durante toda a vida escolar dos
jovens cidadãos.
Palavras Chaves: Ensino, aprendizagem, intenção, música
Introdução
Assim como a educação formal, a educação musical sempre buscou modos para
desenvolver novos métodos a fim de tornar cada vez mais acessível a aquisição de novos
conhecimentos, buscando também na educação formal ajuda e possibilidades para se
desenvolver e para atingir todos aqueles que desejam estudar a linguagem musical.
Visto que eu trabalho com música, sempre tive interesse em pesquisar diversos
educadores, principalmente os que desenvolveram métodos específicos para a aprendizagem
musical.
O estudo da aprendizagem significativa de Ausubel (1968) remeteu-me de imediato a
um método musical que pesquisei e utilizo no desenvolvimento do meu trabalho como
educadora musical.
É o método de aprendizagem musical do húngaro Kodály. Tanto Ausubel como
Kodály, estudiosos e pesquisadores contemporâneos, criaram e desenvolveram um método
que era mais acessível à maioria dos alunos, partindo de conhecimentos prévios que os alunos
já traziam em sua bagagem pessoal, e que a partir destes, estabelecessem novos
conhecimentos. Este foi o ponto de partida que utilizei para o desenvolvimento deste trabalho
entre educação formal e educação musical.
Aprendizagem Significativa
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Por isso uma educação que apenas pretenda transmitir significados que estão
distantes da vida concreta dos educandos, não produz aprendizagem alguma,
é necessário que os conceitos (símbolos) estejam em uma conexão com as
experiências dos indivíduos. Voltamos assim à dialética entre o sentir
(vivenciar) e o simbolizar. Este é o ponto fundamental no método de
alfabetização do educador brasileiro Paulo Freire: Aprende-se a escrever
quando as palavras se referem às experiências concretamente vividas.
Aprender não é decorar. Aprender é um processo que mobiliza tanto os
significados, os símbolos, quanto os sentimentos, as experiências a que eles
se referem (DUARTE JR., 1991, p. 25).
Para fazer uma breve conexão com o meu objeto de estudo, a música, escolhi dar o
exemplo de um grande educador musical húngaro, Kodály (1882–1967).
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Kodály defendia que a música tinha que fazer parte da educação integral do ser
humano desde o jardim de infância, com o mesmo número de horas e mesma ênfase dada às
matérias convencionais durante toda a vida escolar dos jovens cidadãos. (GUEDES, 2009)
Esse conhecimento era transmitido de forma espontânea, pois estas músicas podiam
ser ensinadas por pais e professores, sem a preocupação do ensino formal de leitura de notas
musicais. Este era o primeiro passo para o ensino da música em todas as escolas da Hungria.
Kodály acreditava que a música era fundamental para o desenvolvimento do intelecto, das
1
KODÁLY, Zoltán. Conferência sobre O Papel da Música na Educação, Universidade da California, 1966.
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emoções, e de toda a personalidade do homem. Não podia ser entendida como um luxo para
poucos, pois acreditava que a música é um alimento espiritual para todos. Por esta razão se
dedicou a estudar uma forma de tornar a música uma linguagem acessível a todos os
estudantes húngaros, e enfrentou essa questão de forma ideológica até conseguir realizar seu
intuito. Depois de aprender as músicas folclóricas húngaras, as crianças estavam prontas para
aprender a distinguir os sons de cada nota, em outras palavras, a distância entre os sons.
Quando as crianças já tinham assimilado estes conhecimentos, elas então estavam prontas
para serem alfabetizadas formalmente, isto é, pela leitura de partituras (GOULART, 2001).
Neste caso específico, saber cantar as músicas folclóricas serviu de conhecimento
prévio (subsunçores) para a aquisição de novos conhecimentos, que neste caso era aprender a
distância entre os sons das notas destas canções, e isso finalmente serviu de âncora para a
aprendizagem da música formal (leitura de partituras).
Zoltán Kodály conseguiu, depois de muita insistência, a implantação do ensino de
música no currículo formal de todas as escolas da Hungria. O resultado efetivo deste trabalho
é que todos os estudantes húngaros saem das escolas totalmente musicalizados, podendo optar
ou não pela profissionalização musical, afinal Kodály acreditava que o ensino musical era
fundamental para a formação intelectual básica de um indivíduo.
Considerações Finais
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de quem aprende, mas de quem ensinam e, principalmente, de quem luta por uma idéia, com a
certeza de que aquela idéia vai transformar os indivíduos e com isto transformar o mundo.
A idéia do professor construtor é uma idéia viva, o professor é propiciador de
construção de pontes cognitivas. Imagino estas pontes como arco-íris, talvez por intuir que no
final do arco-íris existe de fato um pote de ouro, que simbolicamente é a maior riqueza da
humanidade, o conhecimento.
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Referências
AUSUBEL, David Paul. Educational psychology: A cognitive view. New York: Holt,
Rinehart &Winston, 1968.
DUARTE JÚNIOR, João Francisco. Porque arte-educação? 6. ed. Campinas: Papirus, 1991.
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1
Acadêmica do Doutorado em Educação da PPGEdu/FACED/UFRGS. Orgão financiador: CAPES.
2
Termo utilizado no feminino pela constituição da pesquisa ser de maioria feminina.
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suas narrativas perspectivas para a educação musical infantil nos espaços escolares e práticas
musicais unidocentes3 atuais.
No âmbito da educação e da educação musical no país, diferentes pesquisas e práticas
relativas a área de música foram e são produzidas sobre e para a educação infantil. Algumas
destas, desenvolvidas pelas pesquisadoras/educadoras musicais Josette Feres, Walkyria
Passos Claro, Lydia Hortélio, Carmen Mettig Rocha, Elvira Drummond, Esther Beyer (in
memorian), Maria Teresa Alencar de Brito, Beatriz Ilari, Ilza Joly, Maria Cecília Cavalieri
França, Leda Maffioletti, Ricardo Freire, Luciana Ostetto4. Parto do pressuposto de que
pesquisas anteriores, assim como essa, presenciaram uma lacuna no que se refere a trajetória
histórica da educação musical para a primeira infância do Brasil, em especial voltada as
crianças de zero a três anos de idade, e pontuada pela atuação das professoras acima citadas.
O Brasil é um país com vasta diversidade cultural, diversidade esta proveniente das
diferentes influências advindas de nosso processo de colonização, do tamanho de nosso
território e as influências originadas por nossas fronteiras, e os processos de povoamento dos
diferentes momentos históricos que vivenciamos. Com vistas a esta multiplicidade,
emergiram historicamente no país inúmeras práticas musicais diferenciadas, que muitas vezes
passaram a contemplar também um trabalho musical com crianças pequenas.
A partir de então, as práticas organizadas por essas educadoras musicais para a
pequena infância no país em contextos diferentes, passaram consequentemente a ser base para
novas práticas músico-educativas. Práticas estas, que deveriam fazer parte do processo
reflexivo de formação profissional também dos professores unidocentes que trabalham
diretamente, e em muito exclusivamente, com as crianças dessa faixa etária. Ou seja, banindo
práticas que possam ser descontextualizadas e superficiais.
Com base na Lei 11.769 de 2008, a música passou no corrente ano de 2011 a compor
o currículo do ensino fundamental, instigando a reflexão sobre este tema. Contribuindo com
as pesquisas que vem sendo desenvolvidas nessa direção, vide estudos de Bellochio (2000,
2001, 2004), Figueiredo (2004), Spanavello (2005), Correa (2008), Furquim (2009),
Oesterreich (2009), Werle (2010).
Com isso, volto a enfatizar como em estudos anteriores, a necessidade de ações
integradas entre as áreas e os diferentes profissionais para que estabeleçam-se mudanças
3
No que se observa da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB – 9.394/96) e do Referencial
Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI/1998), o professor unidocente é a figura central para
trabalhar educacionalmente com as crianças todas as áreas do conhecimento.
4
São estas pesquisadoras/educadoras musicais que, dentro do possível, serão convidadas a narrar suas histórias
profissionais para a presente pesquisa, constituindo a base de dados.
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efetivas no interior das instituições e de cada comunidade escolar. Foi em virtude destes e
outros aspectos, que emergiu a necessidade de conhecer como se estabeleceu no país a relação
entre música, primeira infância, ensino e suas relações com a formação do unidocente ao
construir práticas músico-educativas com crianças de educação infantil.
O professor unidocente, figura central em turmas de crianças pequenas, tem suas
práticas impregnadas por atividades musicais, no entanto, desconhece que estas ultrapassem
momentos de cantar ou tocar algum instrumento musical, e ignoram que brincar de roda ou
contar histórias, dentre outras atividades, envolvem também a formação musical das crianças.
Em especial, porque na maioria das vezes, as práticas estão envoltas por atividades musicais
que não são associadas a um trabalho dessa natureza, afirmando-se que o cotidiano das
crianças está desvinculado de práticas musicais. Contudo, o que se apresenta é uma realidade
totalmente avessa.
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trajetória da proposta de Loris Malaguzzi; e, relacionado a metodologia foram base para essa
proposta Josso (2004), Souza (2006) e Malaguzzi (1999), dentre outros autores.
Ao salientar que a música nunca esteve ausente dos espaços escolares e nem mesmo
das salas de aula, destaco a impossibilidade de se entrar em uma sala de educação infantil sem
cantar com as crianças. Influenciada, sobremaneira, pelas narrativas obtidas em meu
mestrado, no qual, as professoras unidocentes entrevistadas, ressaltaram a intrínseca relação
entre educação musical e a prática educativa na educação infantil, a necessidade de formação
específica em música no curso de Pedagogia, e ainda, a presença do licenciado em Música na
escola para um trabalho conjunto com as professoras unidocentes.
Esse aspecto é, ainda hoje, relevante para refletir sobre a necessidade de uma base
teórica consistente que permeie o trabalho musical com crianças pequenas, especificamente
entre a faixa etária de zero a três anos, que ampare as professoras unidocentes e, especialistas
em música para atuar nesse campo.
Para as crianças nessa faixa etária, as descobertas acontecem em grande parte através
do contato sonoro com nosso entorno. Ainda no útero materno, bebês identificam e
familiarizam-se com o mundo que o cerca através dos sentidos, “o bebê já está em interação
com seu meio externo desde suas vivências uterinas, o que lhe permite trazer uma bagagem
significativa de conhecimentos quando ele nasce” (BEYER, 2005, p. 96).
Aliás, assim também é com relação a música. Antes mesmo de nascermos, já tivemos
nossas primeiras experiências sonoras. Apesar de estar ciente que os primeiros contatos com o
mundo se dão basicamente pelo olfato, paladar e audição, é este último que instiga a pesquisar
sobre as práticas músico-educativas para os espaços escolares no país, respeitando as questões
sonoro-musicais que envolvem as descobertas e desenvolvimento de crianças pequenas em
ambientes familiares e escolares.
Para o desenvolvimento da presente pesquisa tomo como base para sua estruturação,
reflexão e análise, a experiência italiana organizada por Loris Malaguzzi, pedagogo italiano
que junto as comunidades da Emilia Romagna, uma região ao norte da Itália, construiu
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Os caminhos metodológicos
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Contribuições
Ao final, viso contribuir com a efetivação do trabalho musical a ser contemplado nas
matrizes curriculares das escolas de educação infantil na medida em que possibilitaremos
através das narrativas dos educadoras/pesquisadoras musicais da pesquisa, uma perspectiva de
como a educação musical brasileira poderia ser organizada e conduzida atualmente entre os
espaços escolares de educação para a pequena infância no Brasil. Refletindo,
consequentemente, na formação musical e pedagógico-musical dos professores unidocentes.
Não objetivo de forma alguma criar novas formas de ensinar música, ou simplesmente
colocar no papel a história de grandes pesquisadoras/educadoras musicais de nosso país.
Entretanto, procurarei refletir como as crianças gostariam de construir seus conhecimentos
musicais nos espaços escolares.
Através dessa pesquisa, objetivo integrar as temáticas da educação infantil e educação
musical de maneira diferenciada, contribuindo na medida em que a criança será observada em
todo o seu potencial, de forma integral, a partir de suas realidades, para vivenciarem
musicalmente o contato com outras crianças, e com os professores, unidocentes e músicos, de
forma lúdica e desafiadora.
É importante ver as experiências musicais durante as primeiras fases das criancas
como aliada para o desenvolvimento global. Este é “um caminho que passa pela aceitação a
novos itinerários, a explorar velhos-novos territórios, dentro de si e a seu redor, arriscando
novos olhares [...] (OSTETTO, 2006, p. 234)
Propondo reflexões sobre o tema, talvez nós possamos organizar musicalmente o
universo das crianças pequenas. Ostetto (2006) enfatiza que “alimentar o universo imaginário
do educador, provocando o desejo, que faz mover a busca, implica tempo de espera. Não se
dá instantaneamente. Talvez por isso a escassez de propostas educativas que incluam as
múltiplas linguagens[...] (p. 234).
E sobretudo, as pesquisas/práticas produzidas no país que comporão as narrativas das
participantes da pesquisa, poderão representar, ao menos inicialmente, a trajetória histórica da
educação musical para a pequena infância brasileira. O que viabilizará um panorama geral
que poderá refletir sobre esta nova fase que vivencia a educação musical no ensino
fundamental do país, desenvolvendo nas crianças brasileiras, dentre outros fatores de modo
geral, uma mentalidade estética diferenciada.
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Referências
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Era o ano de 1954, quando o então Reitor da Universidade da Bahia1, Edgar Santos,
incentivado pela Professora Rosita Salgado Goes, institui o I Seminário Internacional de
Música como cursos de extensão. Constatando nos programas dos Seminários Internacionais,
que eram cursos de férias promovidos pela então Universidade da Bahia, percebe-se a
preocupação desta instituição, para com a iniciação musical das crianças, visto que um dos
cursos ministrados era o de Pedagogia e Iniciação Musical, ministrado pela Professora Maria
Rosita Salgado Góes.2.
Supondo a existência, de cursos para crianças buscou-se depoimentos de professores
que participaram daquele momento, ou seja, da criação dos cursos de extensão geridos pelo
então Seminários Livres de Música. Maria Angélica Bahia Koellreuter quando numa
entrevista por telefone, foi questionada sobre o atendimento a crianças menores de seis anos,
responde:
1
Até a primeira Reforma Universitária Decreto 62.241 de 13/02/1968 quando passou a UFBA.
2
Folder do I Seminário Internacional de Musica (em anexo e powerpoint).
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A presença da criança era constante, e na década 60, houve uma mudança no olhar e
na postura dos professores quanto ao processo de educação, buscando conhecer e utilizar uma
metodologia baseada nos princípios de psicologia aplicada ao ensino, respeitando o do
desenvolvimento do sujeito como um todo. Os elementos básicos da música passam a ser
transmitidos de maneira adequada ao nível cognitivo, afetivo, psicomotor e social do aluno e
os métodos considerados ativos que defendiam a vivência como base para a construção do
conhecimento teórico musical que surgem na Europa, com renomados teóricos, pedagogos e
psicólogos, como J.Dalcroze, C.Orff, Edgard Willems entre outros chegam à Bahia.
A Bahia estava na frente!
Foi assim... pela primeira vez o renomado Pedagogo Edgard Willems veio à
Bahia a convite do compositor e então diretor dos seminários Livres de
Música, Hans Joachin Koellreuter, foi um curso intensivo de seis semanas;
uma demonstração inigualável de competência, amor à música e às crianças
(Carmen Mettig, site Congresso de Educação Musical Willems Brasil 2009,
acesso em 24 jun. 2011).4
A professora Alda Oliveira conta que, em 1964, quando do seu ingresso SLM5, como
aluna do curso de graduação, teve a oportunidade de ministrar aulas. Comenta posteriormente,
referindo-se a Willems:
Mais tarde, no final da década de 60, Oliveira comenta sua interessante experiência
com crianças a partir de 3 anos de idade:
3
Informação obtida através de entrevista pessoal. (Realizado em 25/06/2011). O questionamento enquanto
entrevista a Maria Angélica foi: Havia atendimento ou cursos destinados à crianças menores de seis anos, no
Seminários Livres de Música?
4
N.A.Sobre este curso foram encontradas no Arquivo da EMUS, as cadernetas contendo os nomes dos alunos das
duas turmas de crianças, sendo uma turma de 4 a seis anos e outra de 7 a 10, assim como participação de 30
professores oriundos de várias Escolas de música de Salvador.
5
SLM Seminários Livres de Música.
6
Depoimento escrito de Alda realizado em 17/07/2011.
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Convém ressaltar que Edgar Willems que aqui chegou em 1963 para ministrar um
curso intensivo retornou em 1971 dando continuidade ao trabalho. Entretanto, oficialmente o
professor que se preocupou com as questões de educação musical para aquele tempo, no
SLM, era Ernst Widmer, que aqui chegou, convidado por Koellreutter em 1956.
Vários foram os alunos do curso de graduação que tiveram a oportunidade de
experimentar educação musical para crianças sob a orientação do professor E.Widmer, e em
conversa com as Professoras Alda Oliveira e Carmen Mettig, elas lembravam nomes das
colegas que também ministravam aulas de iniciação musical e iam citando, com naturalidade,
como se estivessem vivendo aquele momento: Maria Amélia e Maria Amália Martins
(Melinha e Malinha), Maria da Graça Santos, Aida Zollinger, Ida Meireles, Rosa Lúcia Mares
Guia. Estes depoimentos demonstram que os estudantes sempre tiveram oportunidade de
experimentar as teorias e metodologias estudadas durante curso.
A década de sessenta termina com uma grande vitória para Educação Musical no
Brasil e em especial na Bahia, com a criação do Curso de Licenciatura em Música mediante
os documentos: Decreto nº 43/804 de 23/05/1958; pelo Parecer nº 1.284/76 e pela Resolução
nº 10 de 10/10/1969. Sua primeira turma ocorreu em 1969, quando aconteceu o primeiro
vestibular unificado. Graduação Licenciatura em Música.
Curso de Iniciação Musical continua sendo o laboratório para o licenciando, aliás uma
característica específica desta Escola quando utiliza, desde 1954, oportunidades na formação
de professores para experimentação prática do que aprende e do que ele mesmo cria.
A partir daí coordenado pela professora Carmen Mettig, tem em 1973 a primeira
estagiária, a licencianda Jane Souza Palma que realizou seu estágio da disciplina Prática de
Ensino em uma turma de crianças de 6 (seis) anos, sob a orientação da professora Carmen
Mettig.8 Conta a professora Carmen sobre o estágio:
7
Idem.
8
Depoimento da Professora Jane Palma em entrevista por telefone dia 24/06/2011e confirmado em entrevista
com a Professora Carmen Mettig em 15/07/2011 no IEM Instituto de Educação Musical.
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A metodologia usada era baseada no método Willems sob a orientação do próprio, que
estava preparando a Professora Carmen Mettig, para mais adiante entregar-lhe o título de sua
representante no Brasil e na América Latina.
9
Entrevista com Carmen Mettig 15/07/2011 no IEM.
10
Depoimento de Carmen Mettig no site do Congresso de Educação Musical Willems Brasil 2009e em entrevista
no IEM dia 15/07/2011.
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11
Depoimento por escrito de Alda Oliveira em 17/07/2011.
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12
Idem.
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13
Coordenadora - Núcleo de Pesquisa em Performance Musical e Psicologia Escola de Música da UFBA.
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podiam escolher uma turma para realizar o estágio exigido pela disciplina Prática de Ensino.
Por esta experiência de observação passaram dezenas de estagiários, mas poucos se
habilitavam a realizar o seu estágio nas turmas dos pequeninos de 4 a 6 anos, a exemplo:
Micheline Fontal, Glicéria Santos, NelzaSuzart, Carmelito Lopes, Sérgio Teixeira e muitos
outros.
Vale a pena salientar que Sérgio Teixeira participou como estagiário da implantação
do IMAV – Iniciação Musical com introdução ao Violino, em 1997 sob a orientação dos
professores Dilson Peixoto e Marineide Costa. Esse projeto chegou a atender crianças a partir
de 3(três) anos, quando foi utilizado o método Suzuki.14
Ainda na sua gestão como diretora da EMUS, Alda Oliveira cria o NEM- Núcleo de
Educação Musical, com objetivos de:
14
Método criado pelo Japonês Shinichi Suzuki.
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do conhecimento musical, que em países desenvolvidos começa muito antes dos 4 anos, idade
mínima para os nossos cursos da EMUS.
A coordenação do NEM é realizada por Marineide Costa, desde 2000 e cada projeto
tem o seu coordenador.15
Em 1999, o espaço físico da Escola é modificado. O então diretor Oscar Dourado,
transforma o antigo Salão de Orquestra em 3 salas de aula, sendo uma delas destinada às aulas
de Iniciação Musical para as crianças também usada pela graduação para as disciplinas
teóricas.
Com a coordenação alternando entre as professoras Leila Dias e Marineide Costa, os
vários cursos do NEM se mantinham com um número grande de alunos sendo necessário a
inclusão de monitores, os estagiários que não faziam a disciplina Prática de Ensino
começaram também a assumir turmas pelas quais recebiam uma quantia por hora aula
ministrada. O processo para assumir uma turma continuava o mesmo. Primeiro observar no
mínimo um semestre para depois assumir a turma. Nesse período, ou seja, a partir do ano
2000, passaram vários monitores e estagiários que atualmente estão bem inseridos no
mercado de trabalho como bons profissionais, ex: Carmelito Lopes, Jaqueline Leite, Michele,
Valéria Badaró, Amélia Dias e outros.
Em 2006, sob a coordenação da Professora Leila Dias o curso é ampliado com a
implantação do curso de Musicalização de Bebês, atendendo crianças de 0 a 3 anos, e as aulas
eram ministradas pela professora Angelita Broock, recém chegada na Bahia, vindo de
Curitiba.
A partir daí o curso de Musicalização Infantil que atendia crianças de 4 a 10 anos
desde os anos 50, passa a atender crianças de 0 a 10anos.
Em 2007, com a saída da professora Leila Dias para o doutorado fora de Salvador,
assume a coordenação a professora Marineide Costa. O trabalho prossegue, bem aceito pela
comunidade servida e começam a surgir trabalhos com a comunidade fora da escola,
cumprindo assim a proposta da Universidade de servir à comunidade. Como por exemplo uma
tarde de oficina com os bebês e suas mamães na Maternidade Climério de Oliveira,
maternidade Escola da UFBA, oficinas pontuais em uma loja de móveis e decoração para
bebês
Em 2008, por conta de assumir a Coordenação Pedagógica dos Cursos de Extensão, a
por solicitação do então diretor da EMUS Professor Horst Schwebel,a professora Marineide
15
Informações obtidas através do Relatório escrito em 2004 para a Comissão de Extensão da EMUS em 2004.
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Referências
PERRONE, Maria da Conceição Costa . Música, Contexto e Tradição: estudo sobre a criação
de uma Instituição de Ensino. Tese de Doutorado em Música da UFBA. Salvador-Bahia,
2008.
ROCHA, Carmen Maria Mettig: Foi assim... Contato Método Willems no Brasil- Site do
Congresso Internacional Willems Brasil 2009. Disponível em:
<http://www.musicaiem.com.br/congressowillemsbrasil>. Acesso em: 24 jun. 2011.
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Resumo: Este relato de experiência é uma proposta educativa para alunos da educação
infantil do segundo período desenvolvida com crianças por volta de cinco anos no ano
letivo de 2010. A proposta não se encerra no âmbito da educação infantil, podendo ser
utilizada nos diversos níveis da educação básica, desde que haja adequação à idade,
repertório e exigência do conteúdo trabalhado com outros alunos. O objetivo da
proposta foi trabalhar iniciação à escrita musical tradicional, unindo o gesto corporal à
prática coral, desenvolvendo habilidades principalmente de leitura rítmica e corpórea
com cerca de trinta crianças. Outros conteúdos extrínsecos à música fizeram parte do
trabalho como socialização, leitura imagética, desenvolvimento do letramento e outros.
Habilidades essas citadas no Referencial Curricular para a Educação Infantil- RCNEI,
documento oficial do estado brasileiro para esta fase da educação básica. A canção
utilizada foi “O sapo não lava o pé” de domínio público resultando na confecção de
partitura alternativa e interpretação corporal e vocal da canção escolhida com muito
entusiasmo.
Palavras- Chave: Educação infantil, canção popular e notação musical
Introdução
1
Graduada em Artes/ Música pela Universidade Estadual de Montes Claros- UNIMONTES e pós-
graduanda em Metodologia do ensino das Artes/ Processos Pedagógicos em Educação Musical pela
Faculdades Unidas do Norte de Minas- FUNORTE/ SOEBRAS.
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“O Sapo Não Lava o Pé... Não Lava Porque Não Quer!” Definições da
atividade
A escolha dos elementos que compuseram a proposta foi definida a partir dos
propósitos gerais e específicos das aulas, porque acreditamos que toda a metodologia de
ensino deve estar associada ao contexto de produção do conhecimento, os objetivos
traçados e abordagens escolhidas pelo educador. Desta forma escolhemos a canção
popular “O sapo não lava o pé” que é comum às crianças, parte do repertório deles e já
foi trabalhada por outros professores em outros momentos com objetivos variados como
letramento, treino de palavras simples, e outros. Sobre escolha, ampliação e
desenvolvimento de repertório, Lima e Stencil recomendam:
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Façamos agora uma breve justificativa sobre as possibilidades que poderiam ter
sido trabalhadas mas, que não exploramos nesta proposta, a fim de esclarecer objetivos
e definir os caminhos trilhados pelos envolvidos (professora de música, monitora e
crianças).
Não nos preocupamos em entrar no estudo da fórmula de compasso, ficando esta
sugestão para um outro trabalho com estudantes maiores. Prova disso é o final da
canção que traz uma discrepância entre o valor das últimas figuras, possível de observar
na análise da Imagem 02. Nosso objetivo foi utilizar as figuras não incorporando ao
trabalho os valores das pausas nesta etapa do trabalho, acreditando da gradação de
aquisição de conhecimentos como meio de conseguir uma aprendizagem significativa e
não excludente. Trabalhamos as pausas anteriormente no processo de experimentação
de variação das figuras musicais escolhidas, não na execução da peça do sapo.
Exploramos anteriormente a notação não tradicional, extremamente importante
para o trabalho tradicional, de maneira alguma inferior. Ciszevski já aponta um
direcionamento quanto à utilização deste recurso pedagógico explicando que já em
partituras contemporâneas há o uso de símbolos e desenhos bem próximos aos
produzidos por crianças da educação infantil e séries iniciais (CISZEVSKI, 2010, p.
28). Entretanto, apesar deste trabalho introdutório e não menos importante partimos
para a escolha da notação tradicional como norteadora da proposta. Fica aqui o
apontamento para possíveis desdobramentos.
A imagem tem auxiliado muito na aprendizagem infantil, pois aproxima o tema
da canção ao cotidiano dos alunos uma vez que estes representam a canção com
símbolos específicos de seu repertório imagético. Em nossa proposta buscamos
relacionar a canção à escrita das figuras musicais e não à ilustração da canção como é
feito muitas vezes. Trabalho esse que sem dúvida dá subsídio à construção da
apreciação musical bem como registro de músicas diversas com crianças de todas as
idades. Eles perceberam através desta experiência, que podem escrever (representar) a
música de outras formas, não mais somente por meio de desenhos. Esta experiência foi
sem dúvida uma novidade para eles que anteriormente em sala de aula com professoras
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Referências
BELLOCHIO, Cláudia Ribeiro; FIGUEIREDO, Sérgio Luiz Ferreira. Cai, cai balão...
Entre a formação e as práticas musicais em sala de aula: discutindo algumas questões
com professores não especialistas em música. Música na educação básica. Porto
Alegre, v. 1, n. 1, p. 36- 45. Outubro de 2009.
COSTA, Patrícia. Coro Juvenil nas escolas: sonho ou possibilidade? In: Música na
educação básica. Porto Alegre, v. 1, n. 1, p. 83-91. Outubro de 2009.
QUEIROZ, Luis Ricardo Silva; MARINHO, Vanildo Mousinho. Práticas para o ensino
de música nas escolas de educação básica. Música na educação básica. Porto Alegre, v.
1, n. 1, p. 60- 75. Outubro de 2009.
RODRIGUES, Márcia Cristina Pires. Apreciação Musical através do gesto corporal. In:
BEYER, Ester; KEBACH, Patrícia (Org.). Pedagogia da Música: experiências de
apreciação musical. Porto Alegre: Mediação, 2009. P. 37- 67.
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com atividades musicais, quanto para o contato da família com outras famílias de crianças
SD.
O trabalho com bebês e crianças portadores de Síndrome de Down (SD) é
significativamente marcado pelas relações afetivas dessas crianças com seus pais, mães e
irmãos (MATIAS; FREIRE, 2005). A aceitação da criança e a superação do “luto” pela
família são aspectos fundamentais para que o acompanhamento e estimulação precoce da
criança SD tenha êxito. A partir dos relatos das mães e observação das respostas das crianças,
foi possível verificar que as atividades musicais tornaram-se muito importante para as
famílias como mediadoras das relações afetivas. Além de estimular o desenvolvimento
musical, cognitivo, social e psicomotor dos bebês, a música também teve impacto no
desenvolvimento dos pais e mães, auxiliando estes na superação do “luto”.
Voivodic (2004) considera importante que, desde os primeiros anos de vida da criança
com Síndrome de Down, seja realizada uma estimulação precoce que "leve em conta seus
diferentes modos e ritmos de aprendizagem, em função de suas necessidades especiais"
(p.31). Considera também que a família tem um papel de fundamental importância no
desenvolvimento social, emocional e cognitivo durante o período crítico (primeiros meses de
vida) das crianças SD. Segundo diretrizes do MEC/SEESP de 1995, estimulação precoce "é o
conjunto de atividades e recursos humanos e ambientais incentivadores que são destinados a
proporcionar à criança, nos seus primeiros anos de vida, experiências significativas para
alcançar pleno desenvolvimento no seu processo evolutivo" (s.p.).
A turma realiza as aulas todas as sextas-feiras, no período da tarde, com duração de 50
minutos. Quando as crianças completam 2 anos e já andam, são encaminhadas para a
integração nas turmas com crianças comuns da mesma idade cronológica. A participação
nesta turma é considerada fundamental como preparação para a integração efetiva nas turmas
regulares, pois as crianças que participam da turma para bebês SD já conhecem a rotina da
aula e conseguem acompanhar com ótimo desempenho as turmas da mesma faixa etária.
Os conceitos e as referências para a montagem da estrutura de aula se baseiam na
proposta de Dourado e Millet para o trabalho na área de artes cênicas: “Para uma melhor
dinamização da aula, o mais eficaz seria dividi-la em quatro etapas sequenciadas: 1)
aquecimento, 2) relaxamento-concentração, 3)elaboração e, 4) avaliação” (DOURADO;
MILLET, 1998, p. 30). Estes conceitos são observados como diretrizes e adaptados aos
objetivos de cada semestre para incluir e combinar etapas no processo, dessa forma, foi
possível estabelecer um modelo próprio de rotina de aula que tem se mostrado produtivo para
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Atividades musicais
As atividades realizadas em aula são concebidas de forma que mães, pais e cuidadores
também possam realizar atividades musicais em casa. O professor estimula as crianças em
sala e orienta as famílias sobre como realizar brincadeiras musicais em casa. A criança com
SD necessita de modelos consistentes e bem realizados em casa, uma vez que a repetição de
um bom modelo irá facilitar a aprendizagem da criança.
O repertório musical consiste de canções do universo infantil brasileiro, baseadas no
folclore de diversas regiões, parlendas faladas, brinquedos musicais e canções da MPB.
Dentro do Projeto “Música para Crianças”, foi criado um repertório especifico para
musicalização infantil, formado por canções sem palavras nas quais são utilizadas músicas em
diversos modos e também parlendas rítmicas em compassos irregulares. De acordo com
Gordon (2000), a variedade de métricas e modos é fundamental para o desenvolvimento
cognitivo musical da criança.
1- Recepção e Aquecimento
A chegada da criança e o início da aula podem ser considerados com uma transição
entre as atividades cotidianas e o ambiente da musicalização. A aula é iniciada com a
formação de uma roda, com as pessoas sentadas no chão, e começa com a canção de abertura
que estabelece o padrão de interação musical entre as pessoas presentes. Cada semestre possui
uma canção própria, sendo que todas as canções permitem a apresentação de cada criança e
adulto presente na roda. O professor deve dar atenção a todos os participantes, mantendo
contato visual e falando o nome de cada pessoa. Neste momento o professor estabelece o
primeiro contato com a criança e sua família, abrindo as portas do relacionamento e
permitindo que seja criado um vínculo de confiança entre ambas as partes.
a) Respiração e Concentração
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b) Voz de Cabeça
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registro agudo é fundamental para conseguir desenvolver o senso de afinação nas crianças, e o
desenvolvimento da voz de cabeça precisa da participação e engajamento das mães na
valorização da voz aguda da criança.
2- Movimento e Dança
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realizadas diversas atividades de movimento com os adultos dançando com as crianças em pé.
Canções de roda permitem que todos se movimentem juntos, já a dança em pares permite uma
interação muito íntima entre adulto e criança. Outra atividade é brincar de estátua: dançar
quando tem música e parar quando houver pausa, neste caso enfatiza-se a relação entre
música e movimento. Dançar vários tipos de ritmos oferece uma possibilidade de interação
única, na qual a comunicação corporal é o elemento central na relação adulto-criança.
3- Interações Individuais
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O processo de aceitação de uma criança SD é diferente para cada uma das famílias. A
realização de canções de acolhimento em grupo é um forte estímulo para as famílias
superarem o luto e fortalecerem os vínculos com a criança. Canções de carinho permitem a
expressão musical de pequenos atos de amor para com a criança. As atividades de carinho são
realizadas ao final da aula, quando o professor pede para que as mães e pais sejam os
protagonistas das atividades musicais e o professor passa a oferecer o acompanhamento
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musical para as interações dos adultos com as crianças. Neste momento, a aula adquire a
característica de promover os encontros autênticos entre crianças e adultos, sendo estes
encontros mediados pela música, que se torna muito significativa para as famílias
participantes na aula.
Conclusão
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Referências
FREIRE, R. J. D., FREIRE, S.F. de C.D. Parents’ conferences in early childhood music
learning process: A case study. In: ECME [EARLY CHILDHOOD MUSIC EDUCATION]
COMMISSION13TH INTERNATIONAL SEMINAR OF ISME [INTERNATIONAL
SOCIETY FOR MUSIC EDUCATION, 2008, Frescati - Itália. Proceedings... ROMA, ISME-
Internation Society for Music Education, 2008a. v.1. p.22 – 25
FREIRE, R. J. D., FREIRE, S.F. de C.D.. Planejamento na Educação Musical Infantil. In:
XVIII CONGRESSO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISA E PÓS-
GRADUAÇÃO EM MÚSICA, 2008, Salvador- BA. Anais... Salvador, ANPPOM, 2008a. v.1.
p.1 – 8
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Resumo: Este trabalho objetiva apresentar um levantamento das escolas que oferecem aulas
de música com um educador musical nas aulas regulares da educação infantil na cidade de
Natal. Trata-se de um recorte da primeira etapa de uma pesquisa em nível de mestrado que
buscou analisar as concepções e práticas pedagógicas que caracterizam a atuação dos
professores de música na educação infantil em escolas públicas municipais e privadas da
cidade de Natal/RN. Foram contatadas 208 escolas privadas e 71 da rede pública municipal de
ensino, dentre as quais verificou-se uma demanda para o educador musical nas escolas que
possuem esse nível de ensino na rede privada, bem como a distribuição de 1 ou 2 educadores
em cada região na rede pública municipal.
Palavras chave: Educação infantil, educador musical, levantamento
Com efeito, foi considerado como educador musical ou professor de música, aqueles
que atuam no ensino da disciplina específica de música na escola regular, possuem formação
na área, ou conferem ênfase à música em sua prática na disciplina Artes de modo a constituir
uma disciplina específica. Assim, foram incluídos docentes que lecionavam a disciplina há
mais de cinco anos e que possuíam alguma formação mínima em música, bem como
graduandos do curso Música-Licenciatura que também eram responsáveis pela disciplina
específica na escola regular.
Na cidade de Natal apesar da Licenciatura em Música ser um curso recente (até o ano
de 2004 ainda ingressavam alunos no curso de Educação Artística-Música), a Secretaria
Municipal de Educação (SME) admite a necessidade de um professor específico de Arte na
educação infantil quando esta estiver presente no projeto político pedagógico da escola,
aspecto previsto pela Resolução 002/08 SME/PMN (PREFEITURA MUNICIPAL DE
NATAL, 2008).
Para identificação dos educadores musicais recorreu-se à abordagens específicas para
a rede pública e rede privada. Para as escolas públicas municipais solicitei através de ofício
autorização da Secretaria Municipal de Educação, apresentando a pesquisa e o objetivo geral,
seguido dos procedimentos metodológicos que seriam realizados posteriormente
(questionário, entrevistas, observação), explicando a relevância desse estudo para a SME e
afirmando que, ao final, disponibilizarei os dados analisados sobre a situação do ensino de
música na educação infantil na cidade de Natal, como forma de auxílio no estabelecimento
das estratégias municipais.
Recebi a autorização a qual permitia a realização da pesquisa e comunicava às escolas
e Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs) a realização do estudo. Junto a esse
documento me foi concedida uma lista com 28 escolas e CMEIs que possuem professor de
Artes atuando na Educação Infantil. Ainda assim, complementarmente foi utilizada a lista
geral de escolas e centros municipais de ensino disponibilizada no site da Secretaria.
Posteriormente, para identificar o professor de música atuante na educação infantil, foco desta
investigação, utilizei contato telefônico com as escolas, participei da primeira reunião mensal
de professores de Artes do Município e da Mostra de Arte, Cultura e Conhecimento das
escolas municipais, bem como recorri a contatos pessoais.
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Para as escolas privadas optei em fazer contatos por telefone, de acordo com a lista
telefônica, Listel on-line dos anos 2009 e 2010, da cidade de Natal. Foi realizado também
contato telefônico, bem como autorizado pelas professoras da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte o acesso às escolas que eram campos de estágio de observação das duas
turmas da disciplina “Atividades Orientadas I: metodologia do ensino da música na educação
infantil e fundamental”. Assim, a lista final de escolas privadas totalizou 208 instituições de
ensino.
As “instituições que não foi possível contatar” são aquelas cujo número de telefone
não existe, não atende ou a ligação não é completada. Para cada uma dessas escolas foram
feitas no mínimo três tentativas de contato telefônico em dias e horários distintos.
“Escolas sem educação infantil” refere-se às que são apenas ensino fundamental,
cursinho, aulas de reforço dentre outros. Ainda assim, nessa categoria, foram encontradas
duas escolas de ensino regular que possuíam professor de música.
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Ainda assim, dentre a lista entregue pela SME de escolas e CMEIs que possuem um
professor de Artes atuando na Educação Infantil, foram investigadas todas as 28 escolas
mencionadas no documento. Investigar os demais 43 estabelecimentos – que totalizam 71
escolas - foi iniciativa própria em virtude da pequena representatividade do número de escolas
apresentado no documento pela Secretaria.
Dentre as escolas investigadas, foram identificados pelo menos 1 professor de música
atuante na educação infantil em cada região, sendo que na Zona Oeste há 2 educadores
musicais e um deles lecionava na educação infantil de 2 escolas distintas, totalizando 5
docentes na rede pública municipal (GRAF. 5).
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Artes da rede pública municipal de ensino são aqueles formados na Educação Artística, que
permite uma atuação polivalente da qual as licenciaturas específicas vêm findar.
Acredito que tal fato também esteja relacionado aos poucos profissionais da música
atuantes na educação infantil. Entretanto, recentemente (11 de fevereiro de 2011) foram
convocados 21 novos professores específicos de música para atuarem no município de Natal,
dentre os quais estão profissionais formados em Educação Artística habilitação Música e os
primeiros alunos egressos do curso Música Licenciatura.
Outros fatores que provavelmente estão relacionados é a falta de educadores, em geral,
e em Artes, o que levou a Secretaria Municipal de Educação a criar o cargo professor de
Múltiplas Linguagens, nome que surgiu diversas vezes durante os contatos com as
instituições. Tal profissional caracteriza-se por ser responsável pelas aulas de Artes, Educação
Física e recreação (como mencionaram alguns gestores). Em alguns casos é um pedagogo, um
fisioterapeuta ou um professor de Arte (formado e atuando com linguagem distinta da
música). Contudo, a tendência é que esses profissionais sejam substituídos por professores de
Arte ao longo do tempo, fazendo valer a Resolução 002/08 SME/PMN, que afirmar que, se
contemplado no Projeto Político Pedagógico da educação infantil, as aulas de Artes e
Educação Física deverão ser ministradas por professor específico.
Desse modo, no contexto do ensino de música na rede pública municipal da cidade de
Natal, percebe-se que existe pelo menos um educador musical atuando na educação infantil
em cada região, sendo esses professores formados em Educação Artística. É notável também a
falta de professores com formação em Arte na rede municipal de Natal, considerando a falta
desses profissionais na educação infantil – o que é previsto na legislação municipal – e a
criação do cargo “professor de Múltiplas Linguagens” – com formação diversificada – para
atender essa demanda.
3. Considerações Finais
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de ensino percebe-se uma participação mais tímida dos educadores musicais no ensino
infantil. Contudo, mostra-se representado por ao menos 1 docente em cada região da cidade,
que, em geral se apresenta em escolas que possuem o nível fundamental e infantil no mesmo
prédio, e no qual o educador leciona em ambos os níveis.
Verificou-se que o contexto do ensino de música na escola privada da cidade de Natal
apresenta-se com uma demanda para aulas de música na educação infantil nas instituições que
possuem esse nível de ensino. Portanto, pelo fato de ser um espaço que vem solicitando a
presença de um educador musical, faz-se necessário uma atenção a esse nível de ensino
durante a formação de professores, aspecto minimamente revelado na estrutura curricular do
Curso de Licenciatura em Música da UFRN.
Assim, percebe-se que o ensino de música na educação infantil na cidade de Natal é
uma realidade emergente, que parte das configurações atuais desse contexto e apresenta-se
como um campo diversificado a partir das dinâmicas de seus educadores, escolas e
legislações.
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Referências
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Diana Santiago
Universidade Federal da Bahia
disant@ufba.br
Resumo: Alguns estudos procuraram demonstrar como a música provoca emoções nos seres
humanos. Porém, este é um tema bastante espinhoso, pois é sabido que existem vários fatores
além da própria música, que também podem ser determinantes para a resposta emocional à
música. O presente estudo é uma revisão de literatura sobre o assunto, e tem por objetivo
esclarecer alguns aspectos relacionados ao tema, como a definição de emoção, quais os
elementos musicais que influenciam as respostas emocionais à música, e quais outros
elementos também podem determinar essas respostas emocionais, como a memória do
ouvinte e a cultura em que este está inserido.
Palavras chave: emoção, música, educação musical
Introdução
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Emoção
Antigamente a emoção era considerada algo irracional, oposto à razão. Porém, nos
dias de hoje, a emoção é entendida como um elemento determinante para o raciocínio
(DAMÁSIO, 2000; DELGADO, 1971; FILLIOZAT, 1998). Segundo Goleman (1995),
temos duas mentes, a que raciocina e a que sente. A mente racional é mais destacada na
consciência, mais atenta e capaz de ponderar e refletir. Já a mente emocional é considerada
como um sistema de conhecimento impulsivo e poderoso, embora às vezes ilógico. Contudo,
a mente emocional e a racional trabalham juntas, mas é a emocional que guia nossas decisões,
e quando se trata de moldar nossas decisões e ações a emoção é, por vezes, mais significativa
que a razão. Isso pode ser comprovado por acontecimentos em que uma ação ocorre devido a
uma determinada emoção, que surge antes mesmo de qualquer pensamento. Em outras
palavras, a reação à emoção provocada é muitas vezes imediata, portanto, é bastante provável
que o fator emocional seja predominante em algumas decisões racionais. Portanto, o
conhecimento sobre as emoções é fundamental para o ser humano. Segundo Goleman (1995),
ser emocionalmente alfabetizado é tão importante quanto a matemática e a leitura.
Inatas ou Aprendidas?
Emoção em Música
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adultos e crianças. Isso demonstra que algumas respostas emocionais à música podem ser
inatas, porém sabe-se que muitas dessas respostas são aprendidas (Sloboda, 1985), incluindo-
se as convenções pré-estabelecidas pela psicologia da música (Meyer, 1956).
Outro estudo, realizado no Brasil (BUENO; MACEDO, 2004), procurou verificar a
percepção de emoção em música por 82 crianças de 5 a 9 anos de idade, com relação ao
reconhecimento das emoções alegria, tristeza, espanto, raiva e medo. Este reconhecimento foi
realizado através de carinhas expressivas onde as crianças deveriam associar as carinhas aos
estímulos musicais ouvidos. Diferente da maioria dos estudos relacionados à emoção em
música, onde os estímulos musicais são provenientes de músicas eruditas, este estudo utilizou
14 trechos de músicas populares, com enfoque principal no estilo musical. Os resultados
apontaram que as emoções alegria e tristeza foram mais facilmente associadas pelas crianças.
Segundo Swanwick (2003), quando uma música provoca emoção é porque essa tem
alguma relação com as experiências humanas já vividas, e que, por sua vez, se fundem com
novas experiências. Portanto, as respostas emocionais à música variam de pessoa para pessoa
dependendo de suas experiências passadas, que são múltiplas e pessoais. Entretanto, ouvintes
sem uma cultura musical geralmente concordam com o caráter emocional de uma
determinada peça musical mesmo sem tê-la ouvido antes (HEVNER, 1936 apud SLOBODA,
1985), o que contrasta com a idéia de que as respostas emocionais à música têm, como fator
decisivo, experiências já vividas pelo ouvinte (SWANWICK, 2003).
Contudo, não se pode esquecer-se de considerar a diferença de percepção entre as
pessoas. Por exemplo, se uma pessoa é consciente de altura e outra não, a que não é
consciente estará sujeita a perceber apenas o que ouve de acordo com seu estudo musical, ou
seja, suas respostas emocionais estarão de acordo com o que ouve. A pessoa que percebe
altura estará sujeita a respostas afetivas à altura, e a outra nem tanto. Imagens de altura,
memórias de altura, pensamentos relacionados à altura, emoções provocadas por altura, entre
outros, evocam fortes sentimentos de atração ou repulsão, de concordância ou discordância. O
mesmo acontece com andamento, intensidade e timbre (SEASHORE, 1967).
Há ainda aqueles que questionam a percepção de emoção por pessoas. Por exemplo,
Hindemith (1961) nega que a música provoca efeito emocional no ouvinte, devido à rapidez
com que a composição musical muda seu caráter emocional. Aponta que as pessoas não têm
capacidade de mudar o estado emocional tão rapidamente. Hanslick (1989) sugere que, na
música, não existe um conteúdo único cujo entendimento é compartilhado por todos os
ouvintes. Portanto, como linguagem “indeterminada” não consegue traduzir conceitos, então a
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Convenções
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complexa: outros aspectos como andamento, dinâmica, tonalidade, caráter rítmico e textura
também são importantes. Se o compositor deseja escrever uma obra que possua um caráter
religioso, ele não irá apenas empregar o instrumento (timbre) apropriado, mas também irá
utilizar técnicas específicas de composição como modalidade, polifonia, e outras que tenham
a mesma conotação. É o conjunto de elementos combinados que causa determinada
“impressão” (MEYER, 1956). Essas conotações, porém, mudam com o decorrer do tempo.
Na música ocidental, por exemplo, a harpa já não é mais associada aos assuntos religiosos
como era na Idade Média (MEYER, 1956). Portanto, é provável haver um desenvolvimento
na percepção de emoção em música com o decorrer do tempo. Neste sentido, é de extrema
importância que novos estudos sobre a percepção de emoção em música sejam realizados,
sobretudo em populações de culturas e faixas etárias variadas.
Além dos elementos musicais já citados, há outros elementos que influenciam essa
distinção: o timbre do órgão, como exemplo, é associado muitas vezes à religião; a escala
pentatônica foi muito utilizada no século XIX para representar elementos pastorais; e alguns
intervalos também foram e continuam sendo usados para indicar certas idéias ou estados de
espírito (MEYER, 1956). Um exemplo é o trítono ser freqüentemente chamado de “intervalo
do diabo”. Ainda há a possibilidade de a música imitar sons de objetos ou eventos com
conotações emocionais (KRUMHANSL, 2002), o que implica em uma possível memória do
ouvinte, capaz de influenciar na resposta emocional à música. Segundo Swanwick (2003), é
possível que os padrões musicais também “estejam em movimento”, assim como nossos
pensamentos e sentimentos constantemente mudam. A habilidade da música em sugerir esse
movimento sem apontar para um evento determinado pode nos levar, erroneamente, a pensar
que a expressão musical é um tanto vaga e sem “conteúdo”.
Contudo, o uso de música na infância é universal tem seu início nos primeiros anos de
vida. As crianças utilizam a música para brincar, dançar, entre outras coisas e, com o decorrer
do tempo, a finalidade de ouvir música vai mudando. É provável que a percepção de emoção
em música também mude juntamente com as funções e a maneira de se ouvir música ao longo
da vida.
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A partir da tabela, pode-se entender que esses fatores se interligam, e é a junção dos
mesmos que provocará determinada resposta emocional à música ouvida:
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Introdução
1
Esse levantamento buscou caracterizar as pesquisas que envolvem a Música e a Educação Infantil de acordo
com as universidades e áreas aonde foram realizadas, sua abordagem metodológica e suas temáticas. O artigo foi
publicado nos anais do X Encontro Regional Nordeste da ABEM.
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elas estão sendo investigadas e que resultados estão sendo divulgados. Dando origem assim
aos seguintes questionamentos: o que dizem os resultados das pesquisas brasileiras sobre a
relação Música e Educação Infantil? O que os resultados trazem em comum e como eles
divergem? Até que ponto esses resultados contribuem com a ação pedagógico-musical de
professores de Educação Infantil? Até que ponto esses resultados definem uma prática
pedagógico musical na educação Infantil?
Para responder as seguintes questões foi realizado um mapeamento de cunho
bibliográfico enfatizando o que essas pesquisas destacam e privilegiam dentro desse conjunto
de investigações que permeiam o universo infantil em que se encontra a pesquisa de mestrado
em andamento. Esse tipo de estudo caracteriza um levantamento denominado “Estado da
arte”. Segundo Ferreira (2002),
Para realizar esse “mapeamento” das pesquisas que envolvem Música e Educação
Infantil, adotou-se como referência a base de dados de Teses e Dissertações da CAPES2, fonte
legítima de pesquisas realizadas no âmbito nacional. A metodologia utilizada para busca
seguiu os seguintes passos: 1) digitação das palavras-chaves: Educação Musical e Educação
Infantil e Música, com a seleção do tópico “todas as palavras”; 2) seleção da opção de
“expressão exata” com os termos: Educação Musical e Educação Infantil, Música e Educação
Infantil, Música na Educação Infantil, Educação Infantil e Música e Educação Musical
Infantil. Todos os termos foram digitados na categoria “assunto”. Optou-se assim, partir de
um assunto mais amplo e com a análise quantitativa dos resultados obtidos seguir realizando
um recorte mais específico por meio do tópico “expressão exata”. Dos resultados encontrados,
um total de 86 teses/dissertações, foi realizado um recorte para a análise, e somente as
2
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
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A Música é muito presente nas instituições infantis e essa presença é descrita pelo
Referencial Curricular Nacional de Educação Infantil (RCNEI) com diversas finalidades:
disciplinares; para desenvolver atitudes e valores; comemorar datas e festividades do
calendário escolar; memorizar conteúdos e executar instrumentos de “bandinhas”
reproduzindo e imitando padrões sonoros e rítmicos (BRASIL, 1998, p.46). Ou seja, a Música
está presente em vários momentos da rotina das crianças visando diferentes objetivos, porém
como afirma o mesmo documento, a presença da Música nessas instituições não pode ser
restrita a apenas essas práticas, ela deve ser contemplada como uma linguagem e deve ser
vivenciada pela produção, apreciação e reflexão (BRASIL, 1998, p. 43).
A forma como a Música vem sendo abordada e a sua função nas instituições infantis
são apontadas pelas pesquisas levantadas, assim como o RCNEI, de acordo com suas diversas
finalidades na escola associada a rotina com ênfase: no controle disciplinar, no lúdico, no
entretenimento e em objetivos pedagógicos. A presença e importância da Música nessas
instituições de ensino são relatadas a partir da prática de professores, da fala de coordenadores
e da análise de repertório musical e do papel da Música. Os estudos destacam a ausência de
objetivos musicais na rotina das crianças, o que é explicado pela falta de um profissional
especializado e pela insegurança das professoras unidocentes em trabalhar com conteúdos
musicais. Assim, as pesquisas enfatizam a importância desse profissional na Educação
Infantil e a necessidade de uma formação básica em Música e formação continuada para os
professores generalistas.
A prática docente nessa faixa etária é pesquisada por Tiago (2007), Piva (2008), Soler
(2008), Toledo (2004), Oliveira (2007), Stavracas (2008), Diniz (2005), Loureiro (2009),
Tozetto (2003), Abrahão (2006), Cunha (2006), Vieira (2004), Paiva (2009), Sugahara
(2008), Darezzo (2004), Beaumont (2003), Mosca (2009), Wrobel (1999), Siqueira (2000),
Moraes (2009), Pires (2006), Bonna (2006), Martins (2003), Guimarães (2003), Brook (2009)
e Carvalho (2005).
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resultados mostram que as professoras trabalham muito com a música e que esta é muito
importante para suas práticas, porém as atividades musicais se restringem ao cantar. Por isso a
autora afirma a necessidade de formação continuada a essas professoras e enfatiza a
necessidade de profissionais especializados em Música, recursos materiais e estrutura
adequada para as atividades com Música na Educação Infantil. Beaumont (2003) buscou
compreender a inter-relação entre os saberes e as práticas por meio de cinco entrevistas, três
com professoras da Educação Infantil e anos iniciais do Ensino Fundamental e duas com
professoras de musicalização. Por meio dessa inter-relação ela aponta a expectativa de
professoras unidocentes e especialistas para trabalharem com a Música de modo integrado às
demais disciplinas escolares. Seus resultados apontam para a necessidade de uma formação
musical reflexiva inserida no contexto atual e no curso de formação das professoras
generalistas. Para a pesquisadora é importante que esses cursos conheçam, ampliem e
aprofundem tanto os saberes que esses profissionais possuem, quanto as práticas que
desempenham com a Música. A relação entre os saberes e as práticas musicais dos
professores generalistas pesquisados nos mostra que a formação desses docentes não esta
contemplando a Música como um fim de suas ações educativas, não a contempla de forma
reflexiva dentro de seu corpo de conhecimentos necessário para sua atuação docente.
A importância da formação de professores dentro desse cenário atual e real da
Educação Infantil também é abordada por Aquino (2007) que buscou investigar a Música na
formação inicial do pedagogo dos cursos localizados no Centro-Oeste. Diante do quadro
encontrado pela autora, com poucas instituições de nível superior que possuem disciplinas
ligadas a Artes e Música, ela afirma que os pedagogos da região Centro-Oeste não são
formados, ou seja, preparados para lidar com a Música na escola regular. Essa necessidade de
formação musical para o aluno de pedagogia também é enfatizada por Krobot (2006) que
pesquisou a inclusão da modalidade Música no curso de pedagogia em Jaraguá do Sul (SC).
Por meio das práticas de professores e de observação da rotina escolar alguns
trabalhos focaram o repertório musical que permeia as crianças em seu ambiente de
aprendizagem, como as investigações de Bessa (2007), Souza (2007) e Furlanetto (2006).
Bessa (2007) pesquisou o uso das músicas “politicamente corretas” nas instituições infantis, a
partir dessas observações a autora relata a presença da memória afetiva nas práticas docentes.
Souza (2007) e Furlanetto (2006) pesquisaram a canção infantil. O primeiro realizou sua
pesquisa na cidade de São Paulo e investigou a canção infantil urbana: sua história, sua
estrutura, meios de produção e divulgação e sua utilização prática em sala de aula. A segunda
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de acordo com as características do canto espontâneo, que esse, assim como a Música, pode
ser considerado um instrumento metodológico importante para investigações acerca do
desenvolvimento da criança. Essas pesquisas sobre o desenvolvimento musical infantil nos
ajudam a compreender como esse é construído a partir de diferentes abordagens teóricas e
experiências de campo. A importância da Música no desenvolvimento infantil, apresentado
nessas investigações, enfatizam a necessidade do ensino de qualidade dessa nas instituições
de ensino infantil.
Conclusão
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Referências
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Resumo: Este artigo descreve uma experiência interdisciplinar realizada em uma escola
pública na Espanha durante o ano letivo de 2008-2009. O projeto chamado "Brincando
fazemos amigos: brincadeiras de 5 continentes” permitiu trabalhar o multiculturalismo,
desenvolver valores e promover a convivência entre os alunos da escola. Usando os jogos
não-competitivos em sala de aula, nos quais os alunos devem trabalhar juntos para alcançar
um objetivo, estamos incentivando a coesão do grupo e ajudando a criar laços afetivos entre
os alunos. Este projeto teve como objetivo implementar os princípios estabelecidos pela nova
lei de educação, usando o jogo como ferramenta metodológica no ensino de música na escola
regular.
Palavras chave: A música no sistema educativo espanhol, o jogo na musicalização infantil,
projetos interculturais
Introdução
A música foi introduzida como disciplina obrigatória nas escolas espanholas, graças à
Lei Orgânica 1/1990 de 3 de outubro, de Ordenação Geral do Sistema de Educação (LOGSE),
que estabeleceu a escolaridade obrigatória em um período de 10 anos. Como resultado desta
lei, a educação musical passou a ser obrigatória nos níveis de ensino fundamental (6-12 anos)
e médio (12 a 16 anos).
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A LOGSE substituiu a antiga lei de 1970, comumente chamada de lei Villar Palasí,
que estabelecia o ensino básico (EGB) até os 14 anos de idade e não considerava a música
como disciplina obrigatória. Nessa lei (Lei 14/1970, de 4 de agosto da Educação Geral) a
música era introduzida nas atividades escolares à mercê da vontade, disposição e capacidade
dos professores. Na grande maioria das escolas, a presença da música era praticamente
inexistente, e nas poucas em que estava presente, esta se reduzia à aulas extracurriculares de
flauta doce, violão ou canto coral.
A partir da LOGSE, se abriram novas perspectivas para a educação musical na
Espanha. A obrigatoriedade da música nas escolas permitiu que se criassem nas universidades
espanholas as titulações específicas de educação musical, visando atender às exigências da lei
no artigo 16:
Seguindo essa nova demanda uma infinidade de vagas para professores de educação
musical nas escolas e colégios em todo o estado espanhol foram abertas. Com a chegada dos
novos especialistas o cenário da educação musical começou a mudar na Espanha.
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1
Na maioria das escolas e colégios da região de Valência, a música é ministrada em uma sala específica equipada
com instrumentos Orff, instrumentos de pequena percussão, teclado ou sintetizador, aparelho de som, livros, Cds
e em alguns casos computador, televisão e vídeo.
2
Centros de formação, inovação e recursos educacionais (CEFIRES) dependente do Serviço de Formação de
Professores de Valência.
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A educação infantil na Espanha é uma etapa não obrigatória que compreende a faixa
etária dos 0 aos 6 anos de idade. Esta etapa está dividida em dois ciclos: de 0 a 3 anos, e de 3
a 6 anos, sendo o segundo de ensino gratuito.
De acordo com a LOE, “a educação infantil, tem como objetivo primordial contribuir
para o desenvolvimento físico, emocional, social e intelectual das crianças, em estreita
cooperação com as famílias" (ESPANHA, 2006a, artigo 12). Para isso a LOE estabelece que
as crianças devem desenvolver 6 habilidades básicas dentre as quais duas estão
especificamente relacionadas com a educação musical: desenvolver habilidades de
comunicação em diferentes linguagens e formas de expressão, e iniciação ao movimento, no
gesto e no ritmo (ESPANHA, 2006c, p. 17167).
Para o desenvolvimento das capacidades mencionadas acima, os conteúdos do ensino
fundamental estão organizados em três áreas: autoconhecimento e autonomia pessoal,
conhecimento do ambiente e das linguagens, comunicação e representação. Todas elas devem
ser abordadas de maneira globalizada (ESPANHA, 2006d, p.475). Cada área é dividida em
vários blocos de conteúdo, apresentados na Tabela 1:
Tabela 1: Blocos de conteúdos
Conhecimento de si Conhecimento do meio Linguagens: comunicação e
mesmo e autonomia representação
pessoal
O corpo e a própria Meio físico: elementos, Linguagem verbal
imagem relações e medida
Jogo e movimento Aproximação à natureza Linguagem audiovisual e
tecnologias da informação e
da comunicação
A atividade e a vida Cultura e vida em Linguagem artística
cotidiana sociedade
O cuidado pessoal e a Linguagem corporal
saúde
3
IPA- Espanha, Associação Internacional pelo direito das crianças a brincar http://www.marinva.es/; Nações
Unidas- Direitos Humanos http://www.ohchr.org/
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Como apontado por Louro (2006, p. 105), "filósofos como Platão, Aristóteles e,
posteriormente, Quintiliano, Montaigne e Rousseau, destacaram o papel do jogo na
educação". Grandes autoridades da psicologia do desenvolvimento, tais como Piaget,
Vygotsky e Bruner salientam a importância do brincar no desenvolvimento do indivíduo”.
Vygotsky (2001) afirma que o jogo contribui para o desenvolvimento mental, emocional e
sociocultural, ou seja, o desenvolvimento integral do indivíduo.
Na educação infantil, foi Froebel (1989) quem estabeleceu o jogo como ferramenta
pedagógica. Para as crianças é muito motivador aprender através de jogos. Segundo Louro
(idem, p. 106) "o jogo em si possui componentes do cotidiano e o envolvimento desperta o
interesse do aprendiz, que se torna um sujeito ativo do processo".
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4
A ideia de utilizar esta pintura foi tirada de uma oficina de música ministrada pela professora Sofía López-Ibor
durante a Conferência Nacional Orff-Schulwerk nos Estados Unidos, em 2007.
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Esta tela retrata 86 jogos tradicionais do século 16 representados por 249 personagens,
que foram catalogados por Navacerrada (2007). Algumas das atividades iniciais se
concentraram na descrição da cena, na localização de uma determinada atividade ou a
imitação dos movimentos representados pelas figuras na imagem, conforme demonstra a
figura 2.
Visando partir dos conhecimentos prévios dos alunos, foi realizada uma lista de suas
brincadeiras preferidas. Cada aluno teve que ensinar um jogo novo para seus companheiros.
Também foi solicitado aos alunos que descobrissem um jogo popular com música, pedindo
ajuda a seus pais ou avós e eles tiveram que explicar e mostrar o jogo para o restante da
classe. Essa experiência ajudou a desenvolver valores e atitudes de respeito entre alunos e
reforçou os laços de amizade entre eles (vide figuras 3 e 4).
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Ao longo do ano letivo os alunos do terceiro ao quinto anos aprenderam diversos jogos
representados na pintura de Brueghel que ainda estão presentes na cultura Valenciana como
galinha cega, “la piñata”, boliche, cadeira da rainha, fazer bolhas de sabão, o peão, entre
outros (vide figuras 5 e 6).
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musicais de vários países aprendidas na aula de música, e concluiu com uma dramatização
coletiva da pintura "Jogos de Crianças", com representantes de todos os cursos da escola.
Esta apresentação consistiu em uma "viagem musical ao redor do mundo", integrando
diferentes linguagens: corporal, verbal, musical e plástica. Os alunos recitaram versos e
poemas, cantaram, tocaram instrumentos, dançaram e dramatizaram os jogos selecionados
(vide figura 9).
Conclusão
A partir deste projeto, foi possível recuperar uma grande quantidade de jogos
tradicionais. Os alunos e alunas da escola aprenderam jogos de diferentes países, o que
facilitou uma aproximação à cultura de seus pares. Os estudantes gradualmente incorporaram
esses jogos em seu tempo livre e estreitaram suas relações interpessoais. Na aula de música,
os alunos trabalharam conteúdos e habilidades por meio dos jogos e aprenderam a desfrutar
da música brincando.
Vivemos em uma sociedade multicultural. Acreditamos que ensinando aos alunos
jogos populares pertencentes ao seu meio bem como jogos de outros países, estamos ajudando
a restaurar e manter as nossas tradições, oportunizando o conhecimento de aspectos de outras
culturas, criando assim um ambiente intercultural que pode ajudar a torná-los mais tolerantes
e solidários.
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Referências
BRITO, Teca Alencar de. Música na educação infantil: propostas para a formação integral da
criança. 2. Ed. São Paulo: Editora Fundação Peirópolis, 2003.
______.Ley Orgánica de Ordenación General del Sistema Educativo (LOGSE). Ley 1/1990,
de 3 d Octubre. Madrid: Jefatura del Estado, 1990.
______. Ley Orgánica de Educación (LOE). Ley 2/2006, de 3 de mayo. Madrid: Jefatura del
Estado, BOE, 106 de 4/5/2006. 2006a.
GOODKIN, Doug. Play, sing & dance: an introduction to Orff Schulwerk. Miami, US: Schott
Music Corporation, 2002.
HUIZINGA, Johan. Homo Ludens. O Jogo como elemento da cultura. São Paulo:
Perspectiva/editora da USP, 1971.
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LÓPEZ-IBOR, Sofía. Playing the Old Games. The Orff Echo Volume XL, Number 1 (Fall):
9-10, 2007.
LOURO, Viviane dos Santos. Educação musical e deficiência: propostas pedagógicas. Sao
José dos Campos, SP: Ed. do Autor, 2006.
NAVACERRADA, Ricardo. 2007. Jeux d´enfants: una visión detallada del juego tradicional
en el Renacimiento europeo. Buenos Aires: www. efdeportes.com/ Revista Digital.
RAMOS, José Ricardo da Silva. Dinâmicas, brincadeiras e jogos educativos. Rio de Janeiro:
DP&A, 2008.
VIGOTSKY, Liev. El papel del juego en el desarrollo del niño. In El Desarrollo de los
procesos Psicológicos Superiores. Barcelona: Ed. Crítica, 2001
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Melissa Lima
UFBA
melissablima@gmail.com
Resumo: O presente relato tem como foco agregar a educação musical infantil e o universo
radiofônico na comunicação, expressão e desenvolvimento humano. A meta do projeto
Educação Musical e Rádio Infantil, projeto de estágio da graduanda Melissa Lima,
supervisionado por Mara Menezes e dado início em março do ano de 2011, é auxiliar e
incentivar o aluno a pesquisar, criar e produzir dois programas radiofônicos infantis, os quais
serão veiculados na Rádio Educadora FM, 107.5, através do Programa Rádio Legal. A Rádio
Legal é um projeto de 54 programas radiofônicos infantis, inscrito para o Edital do IRDEB e
aprovado em 2008. A data prevista para início da veiculação dos programas é agosto de 2011.
O objeto do projeto de estágio Educação Musical e Rádio Infantil é um grupo de oito alunos,
que se encontram semanalmente no espaço de educação musical “A Casa da Música”
participando de vivências, produções e discussões tanto especificamente musicais quanto de
um contexto artístico integrado. Algumas produções são capturadas, selecionadas e
arquivadas, para ao fim do projeto, fazerem parte da edição do programa radiofônico. Dentre
os resultados parciais do projeto podemos citar, além do desenvolvimento musical, as
respostas de cunho humano, que são claramente percebidas a cada encontro, desde auto-
reflexões, desinibições e aumento da liberdade e força de expressão musical, como a sutileza
com que os sons e produções musicais são geradas e observadas por seus geradores. Nas
atividades de captura do áudio das produções musicais e no registro da imagem de momentos
singulares de socialização em sala de aula, os alunos demonstraram ser capazes de fazer gerar
autoanálises e autodisciplina, percebendo a importância, por exemplo, do som e silêncio (do
saber ouvir e expressar-se em momentos distintos).
Palavras chave: Educação musical, rádio infantil, estágio supervisionado, desenvolvimento
musical e humano
musicalmente. Conforme Gurdjieff (2011), a música, acima de tudo, deve servir para conduzir
a humanidade a um despertar.
Muito do que ouvimos, contudo, é música "subjetiva". Não apenas ela flui
do estado subjetivo do compositor, mas ela afeta cada ouvinte de acordo com
o estado subjetivo no qual, por acaso, ele se encontra. Infinitamente mais
rara é a música "objetiva", que requer um conhecimento objetivo da natureza
humana, mais especificamente, da função e propriedades do sentimento e de
como o sentimento é afetado pela "qualidade" específica de cada vibração. A
música objetiva afeta todas as pessoas da mesma maneira. Ela não só toca os
sentimentos como os transforma, trazendo o ouvinte a um estado unificado
ou "harmonioso" dentro de si mesmo e, dessa maneira, a uma nova relação
com o Universo que é em si um campo de vibrações. (INSTITUTO
GURDJIEFF BRASIL, 2011).
De acordo com Schafer, “O rádio é uma voz invisível, e como é uma voz invisível,
tem poder e tem influência que pode ser amigável ou aterrorizante...” (1998, p.83). Esse
pensamento nos permite mergulhar em um mar de possibilidades educativas que permeia o
universo radiofônico. É preciso, de antemão, conceber a importância do compromisso com o
conteúdo e o formato das informações que serão passadas através do rádio como um veículo
de comunicação em massa e ater-se à qualidade. O rádio propõe ao ouvinte desenvolver um
ambiente de construção de pensamentos críticos, educacionais, culturais, sociais e humanos,
porém é notório que não é normalmente usado com esse intuito. Sabendo-se desse potencial,
vale ressaltar um pensamento defendido por Schafer:
O rádio poderia ser um instrumento educacional muito mais forte do que é..
A televisão é fria, o rádio é quente... quer dizer, o rádio tem mais impacto
imediato que a televisão. A televisão é mais textura e cor, mas não tão forte e
imediata como uma voz súbita no rádio pode ser. (SCHAFER, 1998, p.87).
O universo radiofônico estimula na criança seu potencial natural: o poder criativo no uso do
imaginário. Apesar de estimulada diretamente por apenas um canal de aprendizagem, o auditivo, a
criança inconscientemente aciona outros meios que poderão ajudá-la a formular um entendimento
mais elaborado ou satisfatório. A relação entre essa percepção auditiva e o imaginário estabelece-se
através de visualizações cênicas, remetendo-se a cores, cheiros, texturas e lembranças. Com isso, é
notória a importância qualitativa com a resposta que a paisagem sonora radiofônica passará para o
ouvinte infantil. Se observarmos pontos de interesse para o público adulto, principalmente pedagogos,
pais, dentre outros interessados, podemos constatar duas principais atuações advindas do universo
radiofônico. Uma, é aquela em que o adulto ouvinte consegue agregar novas técnicas didáticas
intrinsecamente sugeridas ao longo do programa. A outra é a resultante das diversas abordagens
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elementos do som por exemplo, com o universo radiofônico. Essa tarefa nem sempre é fácil,
pois há a demanda humana (individual e social) e dos prazos a serem cumpridos.
Percebe-se assim, necessidade de avaliação do quão necessário e importante é o
processo dos encontros das aulas e suas produções. Com a escolha do tema do programa já
brota um arsenal de possibilidades de músicas, brincadeiras, travalínguas, parlendas, histórias,
questionamentos para a entrevista, dentre outros elementos. Os alunos trabalham a apreciação
musical através da seleção das músicas a fazerem parte do programa. Ampliam seu repertório
musical e sonoro, além de conhecerem e se apropriarem de novos significados e
experimentações musicais e lúdicas.
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Uma educação musical com olhar antroposófico visa otimizar a relação do ser humano
com seu desenvolvimento holístico e com a natureza, através da linguagem musical. Há então
o despertar de novos conceitos e pontos de vista, onde a música é uma pura forma de
expressão e autoconhecimento. Nessa busca devem-se quebrar os parâmetros convencionais
do fazer musical, assim como a estética musical (pré) existente. Isso se amplia para a forma
como os instrumentos devem ser tocados, possibilitando criativamente a curiosidade e
nascimento de novas formas de experimentar e conduzir sonoridades de instrumentos
convencionais e não convencionais.
Apesar da proliferação de novos métodos, teorias e abordagens para o ensino de
música, ainda vemos prevalecer o ensino tradicional focado na leitura e escrita musicais.
Percebemos que há um universo equivocado onde, para uma boa educação musical, o aluno
deve, indispensavelmente, dominar a escrita e leitura da partitura formal. Devemos
reconhecer outras necessidades implícitas que há por trás desta formalidade da escrita
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musical. A expressão musical no aspecto criativo nos permite ir além. Olhar as necessidade e
buscar supri-las também com criatividade.
Dentre muitas alternativas, a simbologia musical se constitui como uma rica
possibilidade pedagógico musical. Elementos, desenhos, cores, gráficos, texturas, paisagens
sonoras, entre tantos outros, podem ser considerados argumentos de comunicação musical. O
aluno, enquanto pequeno compositor, elaborando suas próprias peças sonoras e/ou musicais,
pode ser encorajado a registrá-las. Mas como, se o mesmo ainda não lê “as bolinhas pretas”?
Seria o objetivo final da educação musical a leitura e escrita da notação tradicional?
Músicas, sons e sonoridades, num sentido mais amplo da palavra, podem ser
transcritas para o papel, sem que haja pentagrama, notas ou figuras de tempo conhecidas ou
reconhecidas por músicos acadêmicos. Surge então a importância de, criativamente, achar ou
adequar elementos que mais auxiliem o pequeno músico a registrar seus sons e músicas
produzidos. Que textura tem esse instrumento? É forte ou piano? Qual movimento sonoro ele
produz? E quanto à dinâmica? Onde há o silêncio? Quando o som retorna? E através, de
perguntas como essas, podemos fazer com que a criança mergulhe em um mar de
possibilidades descritivas do som por ela produzido.
Vale salientar que um dos blocos radiofônicos é a Paisagem Sonora, onde o fator
pedagógico musical permeia na escuta do ambiente sonoro. A criança ouvinte se remete a
uma viagem de espaço, tempo e memórias ao lidar com o poder da imaginação auditiva.
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Diante disso, percebemos que a troca musical se dá em um contexto mais amplo, o que
implica uma maior responsabilidade para os agentes envolvidos nos processos da produção
radiofônica, tanto para quem cria e veicula o programa, quanto para quem recebe essa
produção, ou seja, o ouvinte.
Conclusão
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Referências
DEWHURST-MADDOCK, Olivea. A cura pelo som. Trad. Andréa Medeiros. São Paulo:
Madras, 1999.
GURDJIEFF, George; HARTMAN, Thomas De. Instituto Gurdjieff Brasil. Disponível em: <
http://www.gurdjieff.org.br/musica.htm >. Acesso em: 18 jun. 2011.
QUEIROZ, Luis Ricardo Silva. A música como fenômeno sociocultural. In: QUEIROZ, Luis
Ricardo Silva; MARINHO, Vanildo Mousinho (Org.). Contexturas. O ensino das artes em
diferentes espaços. João Pessoa: Universitária/UFPB, 2005.
RIBEIRO, Sônia Tereza da Silva. A rádio como espaço para a prática docente em música. In:
MATERIRO, Teresa; SOUZA, Jussamara (Org.). Práticas de ensinar música. Uberlândia:
Sulina, 2008.
SCARASSATI, Marco. Walter Smetak: o alquimista dos sons. São Paulo: Perspectiva, 2008.
SCHAFER, Murray. Paisagens Sonoras – Murray Schafer fala do projeto e do rádio como
arte, educação e política. Revista Pesquisa e Música: Conservatório Brasileiro de Música, Rio
de Janeiro, v. 4, n. 1, p. 79 – 88, 1998.
SCHAFER, Murray. O ouvido pensante. Tradução Brasileira (FEU). São Paulo: UNESP,
1992.
WISNIK, José Miguel. O som e o sentido. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.
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Resumo: Este artigo trata de um relatório de estágio que aconteceu na Escola Municipal de
Paripe, em Salvador - BA no ano de 2010. O trabalho foi desenvolvido com crianças entre 5 e
6 anos de idade, de classe econômica e social menos favorecida. O objetivo geral do trabalho
foi promover uma vivência musical com estas crianças, onde se utilizou diversos
instrumentos, músicas de várias etnias, contextos culturais, estilos e épocas. Foram
desenvolvidas atividades práticas envolvendo conceitos de música e vivenciados de forma
lúdica e intuitiva.
Palavras chave: Musicalização infantil, escola pública, bairro de Paripe
Introdução
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A Turma
A turma era composta por 21 crianças entre 5 e 6 anos que cursavam o pré-escolar, ou
seja, o primeiro nível que a escola oferece, atualmente chamado de Grupo 5.
As crianças durante o período do estágio sempre se mostraram participativas e
entusiasmadas em realizar as atividades, algumas mais animadas do que outras, porém todas
queriam desfrutar daquele momento que não era comum nos outros dias de aula da semana.
Metodologia
As aulas foram realizadas na escola Municipal de Paripe, na sala de aula das crianças
do Pré-escolar, Grupo 5. Aconteceram às quartas-feiras e esporadicamente às segundas-feiras
com duração de 1h, iniciando às 13h 30 min.
As atividades propostas foram baseadas nos métodos Willems, Dalcroze, Kodály e
Martenot com influências de teóricos como Swanwick, Schafer e do educador Paulo Freire.
As aulas seguiam uma estrutura que variava de acordo às necessidades da turma e das
atividades desenvolvidas em cada aula. Adaptou-se esta estrutura com base em estudos de
Broock (2009), e criou-se uma forma que organizasse melhor as aulas, principalmente porque
os alunos desta faixa etária necessitam de organização e rotina, isto segundo algumas
educadoras musicais (BEYER, 2000; JOLY, 2003; FERES, 1998 apud BROOCK, 2009,
p.44), que consideram a rotina como algo importante na educação das crianças. Acredita-se
que essa importância possibilita sentimentos de estabilidade, segurança e facilidade de
organização espaço-temporal.
A sequência de atividades das aulas eram as seguintes:
1) Acolhida- Novidades: Todos se sentavam no chão em forma de roda. Cada criança
contava uma novidade. Exemplo: Como foi o final de semana, se viajou, fez algo que gosta
muito, etc;
Este momento era proposto para que a criança se sentisse recepcionada e pudesse
compartilhar com os demais uma novidade.
2) Canção de boas-vindas: Cantava-se a música do “Boa Tarde” no qual o nome de
cada criança era pronunciado;
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Neste momento além da canção de boas-vindas marcar o início da aula, era também
para as crianças se sentirem presentes e importantes por estarem ali.
3) Atividade de locomoção ou expressão corporal (roda, dança, brincadeira):
Cantava-se ou ouvia-se uma música que sugeria movimentos;
Este também era um momento de integração no qual as crianças, de acordo com
Willems, são estimuladas a alongar o corpo, colocando-as prontas para cantarem, tocarem e
criarem juntas. Dalcroze também traz o movimento corporal como importante para o trabalho
da motricidade, socialização, memória, concentração, ouvido interior, criatividade.
(FONTERRADA, 2008)
4) Atividade de pulsação: Cantava-se ou ouvia-se uma música que era acompanhada
por um instrumento de percussão ou pelo corpo;
Este momento tinha como objetivo trabalhar e desenvolver o sentido de pulsação e
também a apreciação musical propiciando o desenvolvimento auditivo.
5) Execução musical: Tocava-se um instrumento de percussão onde era feita a
execução de uma canção ou leitura de gráfico sonoro, etc;
Neste momento era trabalhado o desenvolvimento auditivo como também a execução
musical. Willems sugere que em uma aula de música deve conter atividades que possam
trabalhar a escuta musical de diversas maneiras. Swanwick traz a execução como um dos
aspectos musicais que devem ser trabalhadas em sala de aula, assim como a técnica,
composição, literatura e apreciação musical. (FONTERRADA, 2008)
6) (Re)Conhecimento de um instrumento da orquestra ou algum outro: A cada
aula apresentava-se um instrumento e apreciava-se o seu som;
Neste momento as crianças tinham contato direto ou indireto (através de imagens e
áudio) com instrumentos diversos, (re)conhecendo o seu som e explorando diferentes
maneiras de fazê-lo soar, sendo este um instrumento que todos pudessem experimentar.
7) Relaxamento: Todos deitavam no chão e apreciavam uma música. A professora
passava para fazer um carinho (cafuné) em cada criança;
Neste momento a professora sugeria que as crianças pensassem nas atividades que
fizeram, o que aprenderam e mais gostaram. Também “sussurrava” para cada criança o seu
aproveitamento na aula.
8) Auto-avaliação: Relembrar atividades realizadas na aula para que cada criança
relatasse aquela em que gostou de fazer.
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Este momento marcava o final da aula no qual as crianças faziam críticas e citavam
atividades que mais gostaram de realizar durante o encontro. É necessário salientar que essa
estrutura de aula era apenas uma sugestão a seguir, sendo que se podia suprimir ou
acrescentar momentos no decorrer da aula, dependendo do interesse da turma e da
flexibilidade do professor.
Materiais Didáticos
Repertório
as obras ouvidas e sobre seus compositores para iniciar seus conhecimentos sobre a produção
musical”.
“O trabalho com a apreciação musical deverá apresentar obras que despertem o desejo
de ouvir e interagir, pois para essas crianças ouvir é, também, movimentar-se, já que as
crianças percebem e expressam-se globalmente” (RCNEI, 1998, p. 64).
Conceitos
Avaliação da Turma
Para avaliar podemos usar instrumentos que testem e/ou meçam, mas é
muito mais do que atribuir um número, quantificar, pesar, qualificar e
atribuir um valor quantitativo e/ou qualitativo; é, acima de tudo, confirmar a
validade de um empreendimento. É constatar se a estratégia escolhida, na
busca de algo, funcionou, era a mais adequada à situação e compensou, isto
é, satisfez nossas expectativas.
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Assinala-se que a vivência da linguagem musical requer uma avaliação que vai além
de provas, notas, conceitos, sendo que o trabalho de musicalização é sucessivo e infinito para
o indivíduo. A busca pelo novo nos possibilita criar, recriar, adaptar, alterar, no qual o
desenvolvimento musical e capacidade de criação passam por diferentes etapas de
aprimoramento e amadurecimento, sendo um processo inacabado.
É necessário salientar que todas as aulas foram filmadas e o professor estagiário pode fazer
uma segunda avaliação mediante os vídeos assistidos, podendo observar com mais atenção
episódios que no momento não foram percebidos.
Os critérios utilizados para avaliação foram: Relacionamento com o grupo;
Participação, atenção e concentração nas aulas; Desenvolvimento nas atividades individuais e
em grupo; Desenvolvimento do canto; Percepção e discriminação dos sons; Percepção e
execução rítmica; Leitura, interpretação e execução de gráfico sonoro.
Resultados
Considerações Finais
Durante o estágio buscou-se promover uma vivência musical ativa com as crianças
participantes do projeto, para estas desenvolverem durante o processo de musicalização tanto
habilidades musicais como também linguísticas, psicomotoras, cognitivas e sócio-afetivas.
Houve também a preocupação em oferecer as crianças um leque de variedades em relação as
suas vivências musicais anteriores, considerando que todos nós estamos expostos ao que é
mostrado, oferecido ou imposto pela mídia, tanto como positivo ou negativo.
Feita uma observação prévia das necessidades da turma e dos alunos individualmente,
foram propostas atividades nas quais as crianças pudessem desenvolver principalmente o
hábito de ouvir, de escutar atentamente.
Durante o processo tornou-se nítido o desenvolvimento das crianças com relação à
escuta consciente. Para este fim foram realizados, além de atividades musicais, momentos em
que cada criança pudesse comentar algo, compartilhar uma canção, ou seja, tanto atividades
musicais que despertassem na criança o interesse em ouvir e escutar atentamente, como
também momentos em que era necessário ouvir o outro, ouvir a si mesmo.
Pode-se concluir que a maioria dos objetivos específicos foi alcançada e as crianças do
Pré-escolar, Grupo 5, iniciaram um processo de vivência musical consciente, a fim de
futuramente se optar por um gosto musical, tornando-se apreciadoras musicais conscientes,
desenvolvendo também o seu lado crítico em relação à música.
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Referências
SANT’ANA, Ilza Martins. Por que avaliar? Como avaliar? Critérios e instrumentos.
Petrópolis, RJ: Vozes, 1995.
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Introdução
A música na escola pode adquirir um papel relevante se tratada como uma área de
conhecimento que requer estudo, diversidade, prática e reflexão, de forma que esteja inserida
nos planejamentos e no cotidiano escolar de maneira significativa, compondo com as demais
áreas um conjunto de saberes fundamentais para o desenvolvimento sociocognitivo e humano
dos alunos. No dizer de Bellochio e Figueiredo (2009),
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Desenvolvimento
sendo uma delas portadora de necessidades especiais (cadeirante). Devido a esse motivo além
da professora regente, havia uma professora especialista que acompanhava esse aluno e estava
presente durante a aula. Observei um ambiente escolar de muita afetividade e respeito entre
todos, o que proporcionava às crianças acolhimento e segurança ao se sentirem amadas e
respeitadas.
O trabalho pedagógico desenvolvido pela professora regente, na área de música,
esteve voltado à concepção tradicional, onde a música estava reduzida a forma canção,
servindo sempre como estratégias para obtenção de padrões de comportamento, hábitos e
atitudes, tais como formar fila, iniciar aula, memorizar dias da semana, lanchar (músicas de
comando). Outra prática observada foi a utilização da música dentro do calendário de
festividades: música para o dia das mães.
Em um primeiro momento de regência também quis reduzir minha prática às
festividades. Adentrando ao mês de junho propus trabalhar o baião, escolhi uma música do
gênero e quis mais uma vez reproduzir movimentos estereotipados sem considerar a riqueza
do processo de exploração e expressividade. Porém não obtive sucesso. No dizer de
Nachmanovitch (1993), se não cometermos erros, provavelmente não chegaremos a fazer
nada. Ele afirma que:
A partir do erro, comecei a questionar: como trabalhar o ensino musical com crianças
pequenas? O que ensinar?
De acordo com a educadora musical Gainza (1988) “O objetivo específico da
educação musical é musicalizar, ou seja, tornar o indivíduo sensível e receptivo ao fenômeno
sonoro, promovendo nele, ao mesmo tempo, respostas de índole musical” (p.101). Para Penna
(2008) apud Souza e Joly (2010) musicalizar é:
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O ensino de música nas escolas tanto de Educação Infantil, pode contribuir não só para
a formação musical dos alunos, mas principalmente como uma ferramenta eficiente de
transformação social. As educadoras musicais Hentschke e Del Ben (2003) apud Souza e Joly
(2010) destacam que:
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Poema 1. O Relógio
Poema 2: A Casa
Poema 3. O Pato
Considerações Finais
De acordo com Bianchi, Alvarenga e Bianchi (2009), ”(...)‘O aluno não pode ser
insensível aos problemas do mundo contemporâneo’ e deve contribuir com todas as suas
forças para dar respaldo e solução, no que lhe compete, à sociedade que atuará” (p.4).
A Escola é uma das organizações da sociedade onde o conhecimento científico
fundamenta o saber humano. Cabe ao professor/acadêmico lançar de todas as disciplinas da
licenciatura para elaborar sua proposta de trabalho de forma a conscientizar o aluno da
importância social do seu papel enquanto educador.
Durante o período em que foram desenvolvidas as aulas com as crianças, pude
constatar que como educadora, as minhas ações devem ser planejadas e estudadas antes de ir à
frente da turma, assim como o processo de reflexão não apenas após o término, mas também
durante a ação. Dessa maneira, valorizar os conhecimentos prévios dos alunos e fazer com
que tivessem a liberdade para apresentá-los tornou-se uma ferramenta valiosa em minha
prática educativa.
A escolha pelas músicas do gênero infantil a partir da obra literária de Vinícius de
Moraes, “A Arca de Noé”, foi feita propositalmente com o intuito de apresentar músicas que
talvez as crianças não teriam acesso se não fosse no meio escolar, ampliando seu repertório e
proporcionando também acesso a práticas lúdicas visando estimular a criatividade e a
expressividade.Ao fim do projeto observei um grande interesse das crianças pelas músicas
190
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estudadas. Foi confeccionado um livreto com as atividades realizadas por cada uma das
crianças e gravado um cd com as músicas trabalhadas e outras da mesma obra, com a
finalidade de permitir que as crianças continuassem a expandir seu universo musical em casa.
Outra observação significativa na minha prática foi a viabilidade em trabalhar um projeto
temático na educação infantil, através de uma determinada obra literária musical.
Verificar a transformação na minha prática foi algo muito relevante para minha
formação. Como ressalta Moita “Ninguém se forma no vazio. Formar-se supõe troca,
experiência, interações sociais, aprendizagens, um sem fim de relações”. (MOITA, 1992, p.
115). Sendo assim, estamos em constante formação se nossa ação estiver sempre
acompanhada da reflexão durante e depois da prática. De acordo com Freire “Ninguém
começa a ser educador numa certa terça-feira às quatro horas da tarde. Ninguém nasce
educador ou marcado para ser educador. A gente se faz educador, a gente se forma, como
educador, permanentemente, na prática e na reflexão sobre a prática”. (FREIRE, 2000, p. 58).
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Referências
BELLOCHIO, Cláudia Ribeiro; FIGUEIREDO, Sérgio Luiz Ferreira de. Cai, cai balão…
Entre a formação e as práticas musicais em sala de aula: discutindo algumas questões com
professoras não especialistas em música. Revista Música na Educação Básica. Porto Alegre,
v. 1, n. 1, outubro de 2009. p 36-45.
MORAES, Vinicius de. A Arca de Noé. Companhia das Letrinhas, 2º edição, 1991.
QUEIROZ, Luis Ricardo Silva; MARINHO, Vanildo Mousinho. Práticas para o ensino da
música nas escolas de educação básica. Revista Música na Educação Básica. Porto Alegre, v.
1, n. 1, outubro de 2009. p 60-75.
SOUZA, Carlos Eduardo de; JOLY, Maria Carolina Leme. A Importância do Ensino Musical
na Educação Infantil. Cadernos da Pedagogia. São Carlos, Ano 4 v. 4 n. 7, jan -jun. 2010,
p 96 – 110.
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Débora Niéri
deboranieri@ig.com.br
Introdução
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Discussão
Com base nas ideias de Chefa Alonso, trago à discussão alguns princípios da
improvisação livre que podem ser pertinentes para os contextos educativo, musical e infantil.
O primeiro refere-se à arte como provocadora de mudanças sociais, o segundo, à
improvisação livre no ensino musical, e o terceiro enfatiza a improvisação livre na Educação
Infantil.
Para Chefa Alonso a música não pode ser entendida desvinculada de seu contexto
histórico, social e politico, uma vez que reflete o espirito de uma época, de uma sociedade ou
de um grupo social, seus conflitos e tensões.
Baseada no conceito de Andrei Tarkovsky (2005) de que a sociedade tende à
estabilidade enquanto o artista busca a mudança, almeja à transformação (p. 217) e nas ideias
de Jacques Attali veiculadas em seu livro Ruido: la politica econômica de la musica (1977),
no qual toma a música como metáfora do real, Alonso observa que essa arte “prevê” o futuro,
adiantando-se aos acontecimentos sociais que se desenrolarão (p.65). Alonso coloca em pauta
o papel social do artista de violar as regras do sistema estabelecido, instaurando novas
possibilidades formais e exigências de sensibilidade. Observa que o artista tem de perturbar a
estabilidade, provocar o desequilíbrio, gerando novas formas e maneiras de ver o mundo. Tem
de estar atento às transformações sociais e fazer a música do seu tempo.
O ponto que Alonso quer estabelecer é o caráter desafiador e contestador da prática da
improvisação: está à margem do consumo massificado, por isso não interessa ao mercado; não
busca a fragmentação, a especialização que pode gerar a competitividade e, como tal, nem
interessa às políticas públicas. Seu sentido é promover um engajamento que representa
desestabilidade e desequilíbrio na manutenção do poder.
Numa perspectiva educacional, o desafio que se impõe no século XXI é o de
integração de saberes, religando a multiplicidade de dimensões fragilizadas pela fragmentação
tão eficazmente perpetuada pelo paradigma cartesiano vigente. Essas expectativas emergentes
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A improvisação livre para Chefa Alonso (2008, p. 8-21) se define como um modo de
fazer música baseado em atividade coletiva e com ênfase na perspectiva criativa.
O ensino de musica calcado na tradição europeia, de maneira geral, segrega o tocar da
atividade de compor, de criar, de experimentar. Essa concepção fortalece os mitos arraigados
na cultura de que música “é difícil” ou “para poucos”, ou para os “gênios” ou ainda, para
quem “tem dom”, o que pode provocar um distanciamento do das pessoas em relação ao
aprendizado e interesse na linguagem. Alonso observa que “é fácil encontrar um compositor
que não toca nenhum instrumento, um intérprete que não sabe improvisar ou um improvisador
que não escreve música” (2008, p. 10). Critica esse ensino musical padronizado, fragmentado,
limitado ao repertório do passado e cunhado fundamentalmente na atividade individualista,
pela ausência da improvisação nos currículos escolares como técnica básica de aprendizagem
musical, pessoal e social, pois pela improvisação o aluno pode aprender a aceitar o diferente,
a buscar soluções, a confiar em si mesmo e nos outros, e a adquirir uma linguagem própria e a
técnica necessária para expressar-se.
A improvisação tornaria a formação do estudante de música (escolas especificas de
música) e do aluno (na escola regular) mais completa, pois contemplaria tanto a abordagem
intuitiva, com o foco na escuta e na organização centrada no momento, como a orientação
para a atividade analítica, de cunho individualista, com base na memória e na forma, com a
música escrita.
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1
IN Cadernos de Estudos de Educação Musical n.1. s/d. Disponível em www.atravez.org.br. Acesso em
25/04/2010.
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nós, para nossas instituições, para nosso planeta. Quem aceitar esse desafio
estará acalentando a liberdade, abraçando a vida e encontrando um sentido
para ela (NACHMANOVITCH, 1993, p.170).
Considerações Finais
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Referências
ATTALI, Jacques. Ruido: la politica econômica de la musica. Editorial Ruedo Ibérico, 1977.
BRITO. Teca de Alencar. Música na educação infantil. 2.ed. São Paulo: Petrópolis, 2003.
______. Educação e cultura em um mundo aberto como contribuição para promover a paz.
Cadernos de Estudos: Educação Musical. N 16. Belo Horizonte, Ed: Atravez, fev, 1997.
201
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Resumo: O presente trabalho trata de um projeto de pesquisa em andamento que tem como
objetivo compreender e explicar como as crianças de seis a oito anos chegam a compreender
as funções harmônicas básicas (tônica e dominante) no contexto da aprendizagem de
acordeom. A pesquisa está sendo realizada com três crianças de idade entre seis a oito anos,
em um Lar para crianças e adolescentes, localizado na cidade de Porto Alegre – RS. O
desenho metodológico da pesquisa se apóia em princípios do método clínico piagetiano. Os
dados estão sendo coletados através de entrevistas e observações clínicas. O registro dos
dados se dá por meio de diários de campo e filmagens das aulas. Escolheu-se este espaço
educativo-musical pelo fato de os educandos estarem imersos em um processo de educação
musical com acordeom apianado. Utilizaremos como subsídio teórico o conceito de tomada
de consciência proposto por Piaget et. al. (1977; 1978). As questões complementares a serem
respondidas são: Quais as estratégias empregadas pela criança para definir a mudança de
função harmônica no acompanhamento da melodia em estudo, e a natureza das explicações
construídas para justificar suas próprias escolhas? Quais as noções que prefiguram ou estão
implicadas na compreensão das funções harmônicas básicas (tônica e dominante) na
aprendizagem de acordeom?
Palavras chave: Acordeom, harmonia, tomada de consciência
1. Introdução
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1
Existem vários modelos de acordeom. Nesta pesquisa usamos o acordeom apianado de 24 baixos que facilita o
manuseio por parte de crianças pelo seu tamanho reduzido.
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vez que dominar alguns princípios da lei harmônica tonal subsidia: a atividade de “tirar
música de ouvido”, muito presente na prática musical popular; o acompanhamento
instrumental de canções na figura das improvisações; como requisito à prática composicional
tonal.
2. Objetivo Geral
3. Justificativa
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4. Desenho metodológico
Esta pesquisa se caracteriza pela sua natureza qualitativa. Qualitativa por que
buscaremos compreender, interpretar e apreender a estrutura do pensamento da criança. Sem
com isso almejar mensurações ou quantificações como pressupõe as pesquisas de natureza
quantitativa, muito menos usar classificações de modo a enquadrar os sujeitos em modelos de
certo ou errado estritamente. Pelo contrário, queremos aprofundar-nos no estudo das causas
que levam o sujeito a pensar de modos específicos, nos atendo aos detalhes que lhe são
inerentes no que tange a compreensão harmônica musical via aprendizagem de acordeom.
Tal investida é desafiadora, porque sabemos que fazer pesquisa sobre a construção de
conhecimento em crianças é difícil, uma vez que a clareza no discurso delas é uma
característica quase ausente para subsidiar a compreensão do pesquisador acerca de como elas
aprendem e pensam. E isso já fora constatado pelos estudiosos da Epistemologia Genética,
liderados por Jean Piaget. Tendo essa premissa como fato consumado, a alternativa que se
apresenta com melhores sinalizações de viabilização da compreensão do pensar infantil, é o
uso de alguns princípios do Método Clínico como estratégia básica para a presente pesquisa
em comum acordo com os alinhavos teóricos que sustentarão a interpretação dos dados e
exposição dos resultados.
Kebach (2003), Maffioletti (2005) e Pecker (2009) já fizeram uso deste método em
pesquisas no campo da cognição musical. Ele engloba observação, experimentação e
entrevista clínica. A experimentação é uma situação criada para observar a ação do sujeito
diante de um objeto específico. A entrevista foca a representação verbal do sujeito acerca de
suas ações (KEBACH, 2002).
O método clínico é um procedimento de coleta e análise de dados para o estudo do
pensamento humano. A coleta é realizada por meio de “entrevistas” ou “situações muito
abertas”, onde a meta é acompanhar o curso do pensamento do sujeito diante de uma situação-
problema, “fazendo uso de novas perguntas para esclarecer respostas anteriores. Consta,
portanto, de algumas perguntas básicas e de outras que variam em função do que o sujeito vai
dizendo e dos interesses que orientam a pesquisa que esta sendo realizada” (DELVAL, 2002,
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p. 12). Usa-se da contra-argumentação “do seu ponto de vista para captar a lógica mais
profunda sobre a qual se apóia” e “compreender sobre quais bases assenta-se seu raciocínio”
(MAFFIOLETTI, 2005, p. 137-136).
O estudo será feito com três crianças2 de seis a oito anos de idade, de um Lar para
crianças e adolescentes situado na cidade de Porto Alegre, com consentimento legal para
participarem da pesquisa. A entidade fora escolhida por ser o local onde são desenvolvidas
atividades pedagógico-musicais com acordeom para crianças desta faixa etária. É uma
entidade não-governamental que presta serviços de amparo a crianças e adolescentes menores
de dezoito anos de idade.
2
Para preservar a identidade dos sujeitos de pesquisa, usaremos letras escolhidas aleatoriamente para referir-nos
aos mesmos.
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recortadas partes onde as entrevistas clínicas foram realizadas. Nos diários de campo serão
registradas as análises das aulas de acordeom, e todas as atitudes e manifestações dos
educandos que possam implicar na estruturação do conhecimento harmônico. Com base nos
dados registrados, far-se-á a composição de protocolos únicos para cada sujeito pesquisado
descrevendo a sua aprendizagem.
Os procedimentos para a composição dos protocolos serão:
- Degravação integral das entrevistas, e parcial das aulas (partes onde a problemática
harmônica se mostrar evidente na aprendizagem musical com acordeom);
- Síntese analítica das sequências de ações dos educandos durante as aulas a partir dos
registros no diário de campo, com identificação do sujeito e datação do acontecimento
educacional;
- Avaliação das entrevistas e observações com base nos conceitos teóricos (adaptação,
assimilação, acomodação, esquema, coordenações de ações, inferência, generalização,
compreensão, tomada de consciência, conceituação, fazer e compreender) adotados à
pesquisa. Esse procedimento irá permitir o mapeamento das peculiaridades identificadas no
fazer e compreender dos indivíduos pesquisados, viabilizando a construção de articulações
entre o processo de compreensão das funções harmônicas básicas dos três sujeitos
pesquisados.
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Referências
______. Effect of timbre and register modifications of musical stimuli on young children's
identification of chord changes. Bulletin of the Council for Research in Music Education, 121,
1994b, p. 1-15.
______. Young Children’s Harmonic Perception. In: Annals of the New York Academy of
Sciences, 999, p. 477-484, 2003.
COSTA-GIOMI, Eugenia; SANTOS, Regina Antunes Teixeira dos. The effects of instruction
on young children´s perception of tonic and dominant chords. In: Meeting of the Society for
Music Perception and Cognition, 2001, Kingston. Proceedings, 2001b, p. 1-10.
LEVITIN, Daniel J. A música no seu cérebro: a ciência de uma obsessão humana/ Daniel J.
Levitin; trad. de Clóvis Marques. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010.
PECKER, Paula Cavagni. As condutas musicais da criança entre dois e cinco anos:
trabalhando com os modos do sistema tonal. Dissertação (Mestrado em Educação),
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2009.
211
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______. A compreensão harmônica sob a perspectiva da criança entre dois e quatro anos. In:
ENCONTRO ANUAL DA ABEM, 16, E CONGRESSO REGIONAL DA ISME, 2007,
Campo Grande. Anais... Campo Grande: Editora UFMS, 2007, p. 01-05.
PIAGET, Jean et. al. Tomada de Consciência. Trad. de Edson Braga de Souza. São Paulo:
Melhoramentos, 1977.
PIAGET, Jean et. al. Fazer e compreender. Trad. de Christina Larroudé de Paula Leite. São
Paulo: Melhoramentos, 1978.
REIS, Jonas Tarcísio. Aulas de acordeom na terceira idade: uma abordagem reflexiva sobre
um caso específico. In: CONGRESSO NACIONAL DA ABEM, 18, e SPEM, 15, 2009.
Londrina. Anais... Londrina: ABEM, 2009, p. 320-328.
______. O ensino de harmonia no acordeom: reflexões a partir de dois estudos de caso In:
SEMINÁRIO NACIONAL DE ARTE E EDUCAÇÃO, 22, 2010, Montenegro. Anais...
Montenegro: FUNDARTE, 2010d, p. 186-190.
______. Interlocuções entre Acordeom e Música Popular Gaúcha (MPG): algumas reflexões
envolvendo o ensino musical. In: ENCONTRO DA ABET REGIONAL NORDESTE, 2,
2010. João Pessoa. Anais... João Pessoa: ABET, UFPB, 2010f, p. 01-07.
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REIS, Jonas Tarcísio; BÜNDCHEN, Denise. A abordagem do conceito de harmonia tonal nos
processos de ensino e aprendizagem fomentados por três professores de acordeom na região
metropolitana de Porto Alegre - RS: três estudos de caso In: ENCONTRO REGIONAL DA
ABEM - SUL, 13, 2010. Porto Alegre. Anais... Porto Alegre: Editora Universitária Metodista
IPA, 2010, p. 1-10.
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Introdução
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para a área de estudos sobre a recriação1 musical à luz do legado teórico de Jean Piaget e de
discussões realizadas na área de educação musical acerca do ensino do referido instrumento
(SANTOS, 2005, 2006; AMARAL e TAVARES, 2011; VERHAALEN, 1989; OBA e
LOURO, 2010; PEREIRA, 2004; NEVES, 2002). A base empírica advém de aulas realizadas
em escolas particulares de música de Porto Alegre, e também de aulas desenvolvidas no
LARCAMJE (Lar da Criança e do Adolescente Menino Jesus)2, localizado na mesma cidade.
Como as aulas foram desenvolvidas pelos autores, todas as reflexões partem diretamente da
prática destes.
A discussão buscará evidenciar os específicos caminhos seguidos durante a prática
docente que visa a aproximar o aluno do instrumento através de recursos tecnológicos que
estão disponíveis no “filho do piano”. Chamamos “filho do piano” porque o teclado advém
desta necessidade, por razão da evolução tecnológica, de suprir aspectos não saciados no
piano e em seu ensino, sem desconsiderar a técnica e o legado histórico deste. Ou seja,
consideramos que o teclado é a continuação (ramificação) do piano em um contexto moderno
– que está em constante inovação e transformação –, assim como uma família constitui sua
descendência através do nascimento de filhos. Diante disto, encontra-se uma das principais
características do ensino de teclado. As novas possibilidades educacionais musicais
influenciadas pela evolução tecnológica também se tornaram um fator de inclusão de muitos
alunos, tendo também importância a emergência do acesso em larga escala a instrumentos
mais baratos, pois produzidos em grande quantidade.
1
Ao invés de usar o conceito de execução musical como comumente se tem empregado na área científica de
Educação Musical no Brasil, optou-se pelo termo recriação, pelo fato de que nenhuma obra musical pode ser
apresentada, tocada ou cantada duas vezes da mesma maneira, do ponto de vista psicológico. Toda execução
musical, embora possa ser da mesma música, nunca será idêntica a anteriores, principalmente pelo fato de cada
interprete aplicar os seus conhecimentos musicais no fazer musical específico. Então, cada execução,
verdadeiramente, trata-se de uma recriação musical, visto que emerge visual e sonoramente com variações.
Estas variações podem ser facilmente observadas e identificadas, ou surgir tão sutilmente que somos capazes de
dizer que uma interpretação se dera de modo igual à outra específica apresentação que tomamos por base.
Todavia, os elementos presentes em uma apresentação sempre se diferenciam em algum ponto dos elementos
que constituíram modelos anteriores. Portanto, por mais que determinado professor, sendo adepto de uma visão
epistemológica empirista, queira que a interpretação da obra musical específica, que é objeto de estudo em
determinado momento, seja uma “reprodução mecânica” (KEBACH, 2008), pura, feita pelo aluno, ela não
ocorrerá, por causa dos fatores supracitados.
2
Entidade filantrópica que presta serviços de amparo a crianças e adolescentes menores de dezoito anos de idade
oriundos de situações de vulnerabilidade social.
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3
Para aprofundamentos sobre o ensino musical no LARCAMJE, ver REIS, 2009a; 2009b; 2009c.
4
Usa-se a expressão quase fiel, por tratar-se de uma interpretação que contém elementos e intenções de cada
indivíduo.
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Os Desafios do Repertório
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5
Utiliza-se como exemplo a música erudita ocidental com o intuito de fomentar estratégias educativo-musicais
no teclado, trabalhando o repertório comumente utilizado no ensino do piano, mostrando uma abordagem
diferente desse repertório.
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Considerações Finais
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agir sobre a música e dela retirar elementos para a complexificação da sua cognição musical.
Desse modo, a proposta de educação musical significativa será concretizada.
Por exemplo, Mansion (1999, p. 17) fala sobre a voz, que não basta tê-la, é necessário
fazê-la vibrar melodiosamente, “e para isso se requer muitas condições, mas primeiro e,
sobretudo, o desejo de cantar e o amor ao canto” (idem, tradução nossa). Transportando e
generalizando essa ideia no âmbito da educação musical, entende-se que os alunos, em nosso
caso específico as crianças, precisam ter vontade de tocar, cantar ou fazer atividades
relacionadas à música. Do contrário, estar-se-á desenvolvendo uma prática de ensino
infrutífera, pois os alunos não estarão construindo o conhecimento musical da forma mais
sadia, visto que ninguém aprende aquilo que não quer aprender. Além disso, também não se
estará transformando as vivências musicais em experiências significativas na sala de aula, nas
quais infelizmente o professor obriga, muitas vezes, seus alunos a determinadas práticas e
atividades distantes do interesse e das preferências deles.
A propósito, o gosto por estudar música e por conhecer mais detalhadamente esta área
do conhecimento humano precisa ser cultivado e incentivado desde os primeiros momentos de
vida de uma criança, não basta querer que ela aprenda um ou outro instrumento no momento
que o adulto deseja, como acontece com muitos pais de alunos nossos. Na educação musical
formal isto não deve ser diferente, visto que é dever do educador musical mobilizar recursos
próprios da arte de ensinar ao organizar estratégias que possibilitarão o diálogo do educando
(e tudo aquilo que ele almeja e que, consequente e umbilicalmente, está diretamente ligado às
possibilidades de seu tempo histórico) com a arte musical, com os objetos musicais em
destaque na sala de aula e fora dela, primando pela manutenção em longo prazo deste contato
(REIS, 2010). Esse diálogo é sinônimo de manipulação ativa do objeto musical, de construção
do conhecimento musical subjetivo e também coletivo. Nesse sentido, a prática democrática
da recriação musical individual e em conjunto contribui para a construção de conhecimento
musical de forma efetiva e singular, pois considera o aluno na sua individualidade e lhe
oferece maneiras de expressar a sua subjetividade musical na aula, sem necessariamente estar
ligado a uma prática reprodutivista musical essencialmente.
Ou seja, a necessidade primeira é estruturar um modelo didático-pedagógico
específico em um ambiente democrático para se alcançar a realização de vivências
significativas com a música e de música deveras, contemplando um processo de ensino e
aprendizagem musical progressivo, onde a interação sujeito-objeto é premissa para a
construção de conhecimento musical. Para isso, é crucial estabelecer um diálogo sadio entre o
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saber musical do educando e os conteúdos a serem tratados nas aulas de teclado. Mais do que
aprender e ensinar a tocar teclado é preciso fazê-los dialogando com o professor sobre música
e com música, fomentado uma educação musical onde o processo de ação-reflexão-ação tem
espaço privilegiado e a aprendizagem se dá significativamente por que docente e discente
traçam objetivos juntos.
Por fim, cabe lembrar que,
Enfim, cabe ressaltar que este texto é pontual, é sobre um determinado modelo de ação
pedagógico-musical com o teclado. Ele configura-se como um patamar e foco específico das
reflexões dos autores, suscitadas a partir de suas práticas profissionais de educação musical
através do teclado, embasadas na visão epistemológica construtivista piagetiana, que perpassa
todo o texto e a ação em sala de aula dos professores. Acreditamos que as supracitadas
informações e pensamentos sobre práticas pedagógicas com o referido “filho do piano” (assim
chamado o teclado, por derivar diretamente do piano), situadas social e culturalmente, possam
contribuir para novas e produtivas realizações no campo da educação musical, não só no
âmbito da educação infantil, de onde advém a base empírica das menções anteriormente
expostas, mas também em outros níveis de ensino.
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Referências
FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. 47° edição. Rio de janeiro, Editora Paz e Terra, 2005.
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Melhoramentos, 1977.
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Melhoramentos, 1978.
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WILLE, R. B. Educação musical formal, não formal ou informal: um estudo sobre processos
de ensino e aprendizagem musical de adolescentes. Dissertação (Mestrado em Música) -
Instituto de Artes, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2003.
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Introdução
Com a promulgação da Lei 5.692, de 1971, o ensino de música passou a perder seu
espaço nos currículos escolares e na educação básica de um modo geral. Diante da
problemática da polivalência trazida pela referida lei, e pela histórica desvalorização da
profissão de professor da educação básica, os profissionais da educação musical passaram a
ocupar mais extensiva e intensivamente os espaços alternativos para o ensino da música.1
Assim, a educação musical se projetou de forma determinante nos espaços não-escolares,
consolidando um campo de atuação que hoje, expressivamente, se apresenta rico em
experiências. Nesse sentido, abordaremos práticas de educação musical realizadas em um
destes espaços tidos como não-escolares, denominado LARCAMJE (Lar da Criança e do
Adolescente Menino Jesus).
O LARCAMJE é uma ONG onde acontecem práticas de educação musical não-
escolar, porém formais. Esta instituição, além de sanar as necessidades básicas de alimentação
1
Com a promulgação da LDB de 1996 (BRASIL, 1996), e da Lei 11.769/2008 (BRASIL, 2008), a música vem
retomando gradativamente o seu espaço no âmbito da educação básica formal (ver SOBREIRA, 2008).
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e habitação dos residentes, oferece aulas de reforço escolar, de artes plásticas, artesanato,
acompanhamento psicológico, recreação e, logicamente, aulas de música, tudo no contra-
turno escolar. Dessa forma, as crianças e adolescentes que residem na entidade não possuem
tempo ocioso. Eles vivem uma situação semelhante a um regime escolar de tempo integral.
Isso se dá por que a maior preocupação da instituição é formar cidadãos humanos, ativos e
críticos, munidos da maior bagagem possível de conhecimentos para viverem de forma
autônoma na vida adulta, serem donos de seus destinos e poderem escolher uma profissão que
lhes agrade quando ingressarem na fase adulta.
Nesse ambiente as aulas são desenvolvidas com flauta doce, teclado, acordeom,
percussão e canto, ora coletivamente, ora individualmente. O número de alunos varia de três a
doze nas aulas coletivas de música. A faixa etária predominante é de crianças de seis a dez
anos. No texto que segue trataremos de alguns elementos pontuais extraídos e refletidos a
partir da prática de dois anos de educação musical desenvolvida nesse ambiente social,
focando com mais profundidade a prática de canto.
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de se trabalhar o ensino desse instrumento, que hoje se encontra bastante difundido na área de
educação musical, sendo parte integrante ou carro chefe de inúmeras propostas de
musicalização espalhadas pelo país.
Como a musicalização formal tem, muitas vezes, sido iniciada pelo ensino da flauta
doce, seja na educação básica ou em espaços não-escolares, existe uma grande quantidade de
material didático para o ensino desse instrumento, entre os quais se encontram Suzigan e
Mota (2001; 2002), Frank (2005; 2006), Videla (1985), Tirler (1993, 2006a; 2006b), Beineke
e Freitas (2006), Beineke (2001; 2002), Velloso (2006), para citar apenas os materiais que são
utilizados para a pesquisa de repertório para ser interpretado pelos alunos do Lar.
Existem algumas rotinas no Lar, que às vezes são quebradas, mas em geral a prática de
conjunto de flauta doce é a primeira coisa que acontece. Eles acompanham na partitura a
leitura das alturas das notas musicais, e o ritmo é aprendido por imitação. Em alguns casos um
ou outro aluno toca teclado acompanhando os demais colegas nas flautas e na percussão. O
canto acontece concomitantemente às aulas de flauta doce. Algumas canções não são
cantadas, embora possuam letras, pois os alunos demonstram maiores interesses pela
interpretação instrumental, e também por termos a intenção de montar uma mini orquestra de
flautas doces com um repertório próprio, para posteriormente fazermos apresentações. Mas
não nos enganemos, porque a intenção basilar é formar indivíduos educados musicalmente no
sentido holístico da expressão.
O ensino de percussão também é trabalhado. Os instrumentos de percussão como
pandeiro, bombo, agogô, triângulo e chocalho, aparecem para possibilitar o enriquecimento
da massa sonora obtida na interpretação conjunta dos arranjos, que são construídos
principalmente com obras musicais do folclore nacional e do folclore de outros povos também
(ver REIS, 2009c). O ensino e a aprendizagem de ritmos típicos de gêneros populares como
marchinha, samba e valsa, é facilitado com a utilização de instrumentos de percussão por
permitir que o sujeito se preocupe exclusivamente com o ritmo, o que não acontece através do
canto nem através da flauta doce. Isso traz resultados musicais quase que imediatamente,
gerando cada vez mais desejo ao estudo musical.
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doce, a aprendizagem de canto por meio de canções tem implicações diretas na construção e
expansão do vocabulário dos alunos, bem como no seu modo de falar, entoar a voz e articular
as palavras com boa dicção, facilitando a comunicação no dia-a-dia - são habilidades e
competências extramusicais adquiridas com a prática do canto e técnica vocal. “Por meio de
uma canção se põe em prática mecanismos que permitem relacionar logicamente
conhecimentos que de outra maneira a criança acumularia de forma isolada, sem integrá-los
adequadamente no complexo utilitário da sua vida” (GONZÁLEZ, 1963, p. 12, tradução
nossa).
Mansion (1999) fala que o estudo do canto resulta em um desenvolvimento físico e
moral mais saudável da criança:
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central não seja o mau uso da memória nas atividades de canto. Acredito que o problema
resida no fator denominado má emissão das alturas. Pois os alunos de canto podem ter
bastante atenção, de modo que estejam suficientemente concentrados na obra musical que está
sendo estudada, também podem estar ouvindo e memorizando perfeitamente, mas ainda não
possuem a capacidade de emitir as notas e as melodias através da sua voz de modo idêntico ao
professor ou como pede a partitura, mesmo que, às vezes, eles não percebam que estão
errando as notas ao cantar, desafinando. Uma hipótese para isso é que eles não possuem
esquemas mentais2 para desempenhar essa função de afinação conforme os padrões e o
modelo de escalas e alturas convencionadas socialmente, nem possuem um domínio vocal
sobre a emissão de notas mais agudas ou graves, pois - no caso de nossos alunos - em muitos
momentos conseguem cantar afinadamente as notas centrais das melodias, sem muitos saltos.
Quanto à desafinação, González (1963) destaca que as causas para ela podem se
condensar em quatro principais, sendo a primeira a falta de atenção do aluno, a segunda a
memória pouco cultivada, onde “os alunos desafinam porque não chegaram a apreender tudo
o que fora escutado e, em consequência, inventam o que não puderam lembrar” (idem, p. 23,
tradução nossa). A terceira é a má audição, “seja ela por má formação orgânica do aparato
auditivo ou por razões patológicas. Uma má audição tem como resultado uma repetição
defeituosa: a criança repete o que ouve” (idem). E a quarta é a má emissão, “também por má
formação orgânica, defeitos no aparato fonador, ou falhas no mecanismo da voz. É
relativamente fácil encontrar casos de alunos que ouvem bem, mas não podem repetir com
exatidão devido a uma falha de seu aparelho fonador” (idem).
Um elemento que ajuda na afinação das notas cantadas é o fato de os alunos do Lar já
tocarem na flauta doce as obras musicais utilizadas no canto. Desse modo, o aprendizado das
canções ocorre de maneira tranquila, pois os alunos têm, apenas, que transportar para o canto
os esquemas metais que já possuem acerca do contorno melódico e rítmico das músicas.
Assim, o principal desafio é decorar as letras das canções. Nota-se que os alunos procuram as
alturas certas das notas com a voz, eles notam que existe uma forma certa de repetir com a sua
voz a canção ouvida, mas ainda não tem consciência do que seja afinação, o propósito é ir
criando essa consciência primeiramente através da prática e posteriormente teorizar acerca
dela.
2
Quanto à definição de esquemas mentais, Beyer (1995, p. 25) afirma que, “os esquemas são um modo prático
da atividade de assimilação do indivíduo. [...] São conjuntos de ações generalizáveis ou possíveis de serem
repetidas e aplicadas a diversas situações ou objetos”.
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Considerações Finais
Entender o mundo interno de cada indivíduo do grupo em questão, e como esse mundo
se estrutura, pressupõe ouvir os alunos, ficar a par de suas angústias, desejos, quereres,
anseios e objetivos de vida, mesmo que em um processo de metamorfose constante, não só
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quanto à música em específico, mas, também, em relação às suas expectativas de vida futura e
presente, suas metas pessoais quanto a sua existência e atuação num futuro próximo.
As limitações, sejam da ordem mental ou motora, podem gerar na aula de música o
sentimento de solidariedade com o outro, a construção mútua do conhecimento musical
acontece à medida que as pessoas vão interagindo, umas ajudando as outras. Existe certo
companheirismo crucial para a consolidação de uma educação musical de qualidade. Com
base nessa aferição podemos pensar na busca pelo “ser mais” de cada indivíduo (FREIRE,
1996), que se transforma também, pela transformação do “ser mais” dos outros, onde a
experiência do colega influencia na concretização de sua própria experiência. Principalmente
quando estamos tratando de interpretação musical e aprendizagem em conjunto. Nessas
práticas há a relevância e a importância em se aprender não só com a própria experiência, mas
do mesmo modo com os erros e acertos de nossos pares.
Considera-se, também, com base me nossa experiência no LARCAMJE, que não se
pode mais sustentar um ensino musical baseado em atividades específicas e repetitivas, pois
com isso o interesse dos alunos pela busca e aperfeiçoamento na linguagem musical se
apresenta comprometido. O ensino e aprendizagem formal de música só acontecem
efetivamente quando as proposições da instituição, do professor e dos alunos culminam em
uma única meta. Conteúdos de música só são aprendidos quando estes passam a fazer sentido
para os educandos. Ou seja, se a música não assume uma aplicabilidade própria na vida dos
educandos, o trabalho pedagógico-musical perde força e eficácia na busca por impactar
significativamente a construção humana, cognitiva e intelectual dos sujeitos educandos.
É mister para o educador musical, independentemente do contexto institucional,
social e cultural em que desenvolva seu trabalho, pensar com dedicação e observar com
acuidade o modo como os educandos estão agindo em sala de aula e fora dela também. Temos
notado a importância disso no LARCAMJE. Saber se a aula fora agradável do ponto de vista
deles; procurar compreender como realmente se dera o desenvolvimento da aula; quais foram
as dificuldades e facilidades apresentadas durante o processo educativo; quem gostou disso,
quem gostou daquilo; o que funcionou, o que não funcionou com esse grupo, são todos
questionamentos que precisam estar presentes na práxis do professor de música. Assim o
processo de ação-reflexão-ação é um caminho a ser percorrido sempre que o objetivo de
desenvolver uma prática de ensino musical atual, comprometida e significativa for um
pensamento norteador.
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Referências
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Introdução
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Baseando-me nos estudos de Correia e Meira (2008), elaborei os meus núcleos. Esses
núcleos foram categorizados como materialidade, narrativa, relações interpessoais e
simbologia.
Conclusões
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ouvir e realizar pesquisa com crianças, bem como as bases metodológicas para a sua
realização.
A presente pesquisa foi um estudo de caso realizado com um grupo de crianças
dotadas de uma singularidade própria. Por essa razão, não pode ser enquadrada em uma
concepção única sobre a subjetividade das notações musicais, realizadas pelas crianças.
Ao identificar o sentido e o significado das notações musicais das crianças, desenvolvi
um novo olhar para as suas produções. Acredito que esta pesquisa poderá contribuir como um
referencial para futuras pesquisas, a serem realizadas em outros contextos e áreas da
educação, contemplando o sentido e o significado.
Retomando e reforçando a importância da voz da criança nesse processo, recomendo o
desenvolvimento de pesquisas que enfoquem, em sua concepção epistemológica, a
investigação com crianças e não sobre crianças.
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Referências
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fala: a escuta de crianças e pesquisas. São Paulo: Cortez, 2008, p. 11-31.
LEITE, Maria Isabel. Espaços de narrativa: onde o eu e o outro marcam encontro. In: CRUZ,
Silvia Helena Vieira (Org.) A criança fala: a escuta de crianças e pesquisas. São Paulo:
Cortez, 2008, p. 118-140.
LINO, Dulcimarta Lemos. Pensar com os sons: um estudo na notação musical como um
sistema de representação. Porto Alegre: 1998. Dissertação (Mestrado em Educação).
Faculdade de Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
SALLES, Pedro Paulo. Gênese da Notação Musical na Criança. São Paulo, 1996.
Dissertação (Mestrado em Educação). Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo.
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contexto da pesquisa foram aulas de música do Programa de Extensão Música para crianças
da Universidade de Brasília com crianças de 5 a 7 anos, que estão iniciando também o
processo de alfabetização nas escolas, a partir da interação destas crianças com o processo de
leitura e escrita musical gerou-se o interesse em discutir o assunto neste artigo.
Rubem Alves (2002), em seu livro “Por uma educação romântica”, mostra como nos
dias de hoje o conceito de alfabetização é utilizado de forma simplista. Ele afirma que
“Alfabetizar é ensinar a ler. A palavra alfabetizar vem do “alfabeto”. “Alfabeto” é um
conjunto das letras de uma língua, colocadas numa certa ordem” (p. 39). Para reforçar esse
pensamento ele ainda faz uma comparação com o termo para o ensino de música. No capítulo
“O prazer da leitura”, Alves (2002) coloca:
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leitura e escrita. “através da teoria de Piaget [o] sujeito (...) procura ativamente compreender o
mundo que o rodeia, e trata de resolver as interrogações que este mundo provoca.”
(FERREIRO, 1985, p.26).
O sujeito, primeiramente, tem um contato com o que quer apreender, por meio da
interação com o mundo, transformando, assim, a realidade em experiências. A aprendizagem
é uma conseqüência, uma síntese realizada pelas funções psíquicas e físicas.
Ainda segundo Ferreiro (2001), há a denominação de escrita alfabética, como sendo
“sistemas de representação cujo intuito original – e primordial – é representar as diferenças
entre os significantes.” (FERREIRO, 2001, p.13). Ao falar de escrita alfabética, faz-se
necessária a referencia à notação alfabética, que segundo Morais (2006)
deve levar à aprendizagem não de uma mera tradução do oral para o escrito,
e deste para aquele, mas à aprendizagem de uma peculiar e muitas vezes
idiossincrática relação fonemas-grafemas, de um outro código, que tem, em
relação ao código oral, especificidade morfológica e sintática, autonomia de
recursos de articulação do texto e estratégias próprias de
expressão/compreensão. (SOARES, 2010, p. 17)
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Considerações Finais
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Referências
FERREIRO, E. Reflexões sobre alfabetização. 24. ed. São Paulo: Cortez, 1981.
PENNA, Maura. Música(s) e seu ensino. 2. Ed. rev. e ampl. Porto Alegre: Sulina, 2010. 246p.
SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. 4.ed. Belo Horizonte: Autêntica,
2010. 128p.
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Resumo: Este artigo discute a Música no contexto escolar tendo como recorte a canção em
uma abordagem fenomenológica, considerando cultura, cultura escolar e práxis pedagógica
face à implantação da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Iniciamos com um breve
relato histórico da educação musical no Brasil. Para tal, definimos um conceito de cultura,
relação entre linguagem e linguagem musical, fenomenologia como aporte teórico e
filosófico, análise temática de alguns compositores infantis e apresentação de parte de nossa
produção e estudos advindos da nossa prática profissional na esperança de apontar novas
possibilidades de utilização da canção no contexto escolar frente aos desafios contemporâneos
de educar para o século XXI.
Palavras-chave: Educação, música, canção
1. Introdução
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1
Não é de interesse, neste momento, discorrer sobre seu envolvimento com a ideologia e política deste período,
apenas o citamos por sua influência pedagógica e musical internacionalmente reconhecida, apesar deste fato se
constituir também como grande relevância social.
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Uma vez compreendida como cultura escolar, práxis e linguagem interagem nesta
discussão acreditamos ser necessário definirmos um conceito de cultura que permeei todas
estas relações. Para isto, compreendemos a cultura como “o tecido de significados,
expectativas e comportamentos discrepantes ou convergentes que um grupo humano
compartilha” (PERÉZ, 2001, p. 15). Nessa perspectiva, este movimento
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4. A Linguagem Musical
Desta forma, a autora continua esclarecendo que, dentro desta perspectiva, sua forma
de arte é reprodutora e não há muito espaço para o desenvolvimento do pensamento criativo.
Sendo assim, o papel do professor pode ser “caracterizado como o de um determinador e
orientador da ação: seu principal objetivo é ensinar”. (FONTERRADA, 1994).
A segunda tendência entende a Música como derivada da Arte-educação e é chamada
de “alternativa” e isso implica dizer que
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5. Filosofia e Música
[...] toda linguagem se ensina por si mesma e introduz seu sentido no espírito
do ouvinte. Uma música ou uma pintura que primeiramente não é
compreendida, se verdadeiramente diz algo, termina por criar por si mesma
seu público, quer dizer, por secretar ela mesma sua significação.
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Queremos situar este encantamento como, dentro da própria filosofia de Ponty, entre o
ser no mundo e aberto para o mundo onde nesta relação de abertura vivemos a experiência de
sermos ou do vir a ser, ou seja, tornar-se. Vejamos o que o autor comenta sobre a relação
entre palavra, fala e o artista
[...] a palavra é um certo lugar de meu mundo linguístico, ela faz parte de
meu equipamento, só tenho um meio de representá-la para mim, é
pronunciá-la, assim como o artista só tem um meio de representar-se a obra
na qual trabalha: é preciso que ele a faça. (PONTY, 2011, p. 246).
Diante do que foi visto sobre a fenomenologia podemos situar a escola como este
espaço multicultural e multi referencial em que as relações sociais se estreitam e se
entrecruzam para formar um contexto vivencial e experiencial no qual cada aluno está exposto
a uma ampla possibilidade do vir-a ser. É neste espaço que suas ações-reflexões ganham
“vida”, ou seja, no contato do seu corpo com o mundo e aberto para o mundo onde há a
possibilidade de vivenciar novas experiências.
Considerando este enfoque vejamos como a arte, corpo, ser humano e significações
são apresentadas por Ponty (2011, p. 210):
257
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6. A Canção Na Escola
Passemos agora a analisar a canção, gênero musical que contém letra e melodia dentro
das tradições ou cultura escolar, atualmente utilizada nas salas de aulas. Na busca por
pesquisadores preocupados com este tema, no que se refere a canções e conteúdos
pedagógicos em sala de aula, encontramos em Maffioletti (2003) a confirmação de que a
música não é devidamente trabalhada por não oferecer objetivos claros. No desenvolvimento
do seu texto, a autora utiliza a canção “De olhos vermelhos de pelo branquinho...” para
descobrir, junto às professoras, os possíveis conteúdos trabalhados nesta canção. Desta forma,
ela afirma que estes conteúdos levantados pelas professoras – esquema corporal, coordenação
motora, lateralidade, expressividade e criatividade – não alcançam o objetivo principal, que
seria “[...] permitir a criança conhecer o coelho, fazendo relações entre a forma do seu corpo
com o modo como ele se movimenta, sua alimentação e seus hábitos.”, ou seja, não possibilita
a criança conhecer o objeto em suas características fundamentais e não contempla nem a
motricidade sugerida, pois os movimentos corporais geralmente são estereotipados em uma
coreografia criada por um adulto. Logo, a criatividade e a expressividade também não são
trabalhadas.
Uma vez tomado isso como verdade, deveríamos nos preocupar com os tipos de
relações que são construídas quando se utiliza a música em sala de aula, pois, muitas vezes,
estamos distantes de uma aprendizagem significativa para a construção da inteligência das
crianças, além de perdermos a oportunidade de ampliar o vocabulário, a compreensão de
mundo, criar novas significações simbólicas, experiência estética, desenvolvimento do
pensamento, dentre outros.
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8. Nossa Pesquisa
Assim como alguns dos artistas citados acima que são compositores, intérpretes e/ou
músicos e, considerando a nossa experiência profissional em sala de aula, apresentamos uma
das nossas composições desenvolvidas com o objetivo de exemplificar os conceitos discutidos
ao longo deste artigo. Esta canção busca equacionar a problemática entre cultura escolar,
cultura musical, práxis pedagógica e filosofia em sua utilização na sala de aula.
VAMO DANÇÁ
Letra e Música:
Alexandre Rebouças
Lá vem o túnel
Simbora no trem
A festa é boa
O rasta pé tá animado
O corpo todo suado
E o sapato furado (Bis)
9. Conclusão
Acreditamos, desta forma, poder contribuir para as indagações sobre a ampliação das
possibilidades educativas no século XXI frente aos novos desafios encontrados na área da
Educação. Tecemos algumas reflexões, que acreditamos serem relevantes, para a utilização da
canção no contexto escolar, e assim, colaborarmos para que a Arte e a Música sejam mais
participativas e atuantes neste contexto, pois muitas vezes, observamos durante a nossa
prática profissional, que estas áreas de conhecimento são utilizadas de forma estereotipada e,
em alguns casos, menosprezadas por diversos grupos sociais dentro da própria escola.
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Referências
IMBERT, Francis. Para uma práxis pedagógica. Brasília: Plano Editora, 2003.
MAFFIOLETTI, L. In: Educação - Pra que te quero? Cramem Craidy, Gladis E. Kaercher.
Porto Alegre: Artmed, 2001.
PONTY, Maurice Merleau. In: Fenomenologia da percepção. 4ª edição. São Paulo: Martins
Fontes, 2011.
SALVAREZ, Sérgio Luís de Almeida. 500 Anos de Educação Musical no Brasil: aspectos
históricos. Disponível em:
<http://www.anppom.com.br/anais/anaiscongresso_anppom_1999/ANPPOM%2099/CONFE
REN/SALVARES.PDF>. Acesso em: 13 jun. 2011.
SILVA, Tomaz Tadeu da. (Org.). Alienígenas na sala de aula: uma introdução aos estudos
culturais em educação. Petropólis: Vozes, 1995.
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Resumo: O educador Paulo Freire deixou a todos nós educadores um legado inestimável de
como educar e substantivamente formar. Aplicamos a Pedagogia Freireana a Educação
Musical Infantil, afim de através da prática musical, acolher e valorizar a Cultura Ancestral
Africana de nossas crianças. Utilizar as concepções freireanas na musicalização infantil
permitiu que promovêssemos um real acesso a arte e a cultura e contribuíssemos na
construção de uma sociedade de com relações étnico-racias e culturais mais justas e iguais.
Palavras chave: Freire, cultura, música
Introdução
1
Escola Municipal Irmã Elisa Maria.
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O trabalho atinge mais de 150 crianças entre cinco e oito anos de idade que cursam o
Ensino Fundamental I e são originárias de famílias negras e afro-descendentes. As atividades
ocorrem desde o primeiro semestre de 2011 com um total até então de 400h de atividades
artísticas.
Todo e qualquer trabalho nessa área visam à constituição do sujeito e soerguimento de
sua personalidade e sensibilidade através da música e do movimento corporal com pano de
fundo a sua cultura ancestral.
Para Paulo Freire (2001) devemos construir o nosso “ser no mundo com os outros”
pela relação com as pessoas, com a sociedade e com sua cultura. Helena Trope (1993, p.108)
diz que “o educador, ou o músico-educador ou o educador-músico é membro de um grupo
social. E, por isto, tem compromisso com a música e com a sociedade.” Assim para Paulo
Freire e Helena Trope a escola e as atividades que nela ocorrem, o que inclui a educação
musical, deveria acolher a cultura, a história da comunidade e do povo. Por isso encaramos a
metodologia freireana uma um aspecto importante nas atividades de musicalização infantil, já
que a mesma incentiva o engajamento do educador com a comunidade popular, com sua
música e cultura.
Paulo Freire muito destaca o papel da escola na promoção da cultura popular e a
importância dos conhecimentos prévios. Nas nossas atividades musicalizadoras colocamos
como referência de trabalho a Cultura Africana e Afro-brasileira presente no patrimônio
imaterial da cidade de Salvador como meio de valorização dos conhecimentos prévios e da
cultura do aluno que em geral está relacionada a essa manifestação cultural.
Para esse fim, de acordo com as orientações pedagógicas encontradas na Pedagogia
Freireana, construímos um currículo musicalizador que estivesse em compasso com os
conceitos, filosofias e modos de vida da comunidade baiana que é basicamente formada por
descendentes de africanos. Conforme abordado por Alicia Loureiro (2003, p. 190) “é
necessário interagir e complementar práticas pedagógicas, como procedimentos organizados
com os modos de pensar e agir, com as experiências vividas e os estímulos diversos que
cercam o mundo das crianças e dos jovens.”
263
II Seminário Brasileiro de Educação Musical Infantil
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Em 1962, Paulo Freire desenvolveu o que hoje é conhecido como “Método Paulo
Freire”, um método educacional usado inicialmente na alfabetização de jovens e adultos que
visava à valorização da Cultura do Povo. O professor era um animador de debates que sempre
ensinava, ou melhor, desenvolvia suas atividades, a partir de conhecimentos prévios e das
experiências vividas por eles, isso era um estimulo o seu desenvolvimento cognitivo,
emocional e cultural. Para esse fim, os educadores utilizavam três momentos: (1) Investigação
Temática, (2) Tematização e (3) Problematização.
Nós educadores, na Escola Municipal Irmã Elisa Maria construímos o currículo
musical da instituição através dessa metodologia. Apresenta-se agora como o método foi
utilizado.
No momento de Investigação Temática cada um preocupou-se em conhecer as
influências musicais presentes no cotidiano da criança a fim de tornar o ensino de música
mais integrado com a comunidade social e sua cultura. Através de vivências e Rodas
Musicais, o educador buscava compreender o modo de pensar musical da criança e as
manifestações artísticas de sua comunidade. Paulo Freire (1996, p. 41) disse que “uma das
tarefas mais importantes na prática educativo-crítica é propiciar condições em que os
educandos em suas relações com o professor ou professora ensaiam a experiência profunda de
assumir-se.” Percebeu-se devido a alguns fatos e no decorrer de vivências musicais que a
criança necessitava assumir-se como ser social, criador, transformador, pensante e cultural.
Ela necessitava individualmente assumir a sua identidade como pertencente à Comunidade
Negra, e para conseguirmos isso se decidiu utilizar referências musicais da cultura ancestral.
Na Tematização estudamos um meio de elaborar um tema gerador interdisciplinar
que buscasse o reconhecimento da identidade cultural (FREIRE 1996, p. 41). O tema “Cultura
Musical e Dançante Africana e Afro-brasileira” nos fornece a possibilidade de instituir um
significado social à música dentro da escola. Esse tema ajuda cada criança a melhor
compreender a sua cultura e identidade, já que a música em si, como linguagem artístico-
cultural é uma pratica social. A memória, historia e saberes do povo negro tornou-se objeto de
educação musical infantil. Hentschke (1991, p. 59) nos recorda que o valor multicultural da
música é ‘tentar evitar o isolamento de sub-culturas, bem como a imposição ás mesmas da
cultura dominante do país em que se situam'.
A fase de Problematização é o momento em que usamos, para fazer do educador
musical um problematizador e orientador de aprendizagem o que ajuda a criança a colocar-se
pessoalmente como construtora de conhecimento e saberes musicais, nós nos 'educamos em
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comunhão' (FREIRE 1981, p. 79). Aqui buscamos musicalizar através de valores culturais
africanos e estimulamos a criatividade, a excussão e a composição utilizando instrumentos,
canções e gêneros da cultura ancestral. A problematização é importante para desafiar a
criança a novas aprendizagens através da prática musical, ao ser estimulada, ela percebe que
necessita aprender mais, “seus modos de perceber, suas formas de ação e pensamento” são
aguçadas (FONTERRADA, 1994, p.141). E isso é importante, pois Porcher (1982, p.15) nos
esclarece que “não existe espontaneidade natural nem liberdade imediatamente criativa. É
preciso dá a criança os instrumentos necessários para sua auto-expressão”.
As idéias democráticas de Freire muito nos ajudam a musicalizar crianças. Tais
conceitos nos ajudam a perceber cada criança e família como fazedores de cultura e valorizar
tais saberes. Além do mais, colocar as artes negras como objeto de estudo musical contribuí
para desfazer a visão etnocêntrica de alguns e construir uma Pedagogia Musical Anti-racista e
Multicultural.
Paulo Freire também destaca a necessidade da dialógicidade no momento educativo ao
dizer que “a educação é comunicação, é diálogo” e utilizar o método dialógico-pedagógico
contribui muito para que sempre elaboremos atividades musicais voltadas para o
desenvolvimento social, cultural e integral da criança (FREIRE 1982, p. 69).
No entanto, a grande contribuição de Freire nos trabalhos é a sua insistência de que a
escola deveria tornar-se um espaço cultural e que toda cultura deveria ser acolhida como meio
de apreensão de conhecimentos. Como disse ainda Koellreutter (1997 p. 38-39) a arte é um
“instrumento de libertação” e não de “alienação social” e Freire (1996, p. 81) ainda contribui
em dizer que não podemos 'de maneira alguma, nas nossas relações politico-pedagógicas com
grupos populares desconsiderar seu saber e experiência feito' e nós não desconsideramos nem
mesmo a sua música, sua arte e cultura. Procuramos valorizar a diversidade musical dos
povos negros na África e na diáspora.
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do acréscimo humano de algo ao mundo que ele não fez. E essa realidade cultural de trabalho
e acréscimo pode manifestar-se em diferentes linguagens, inclusive na música. Por isso cada
povo ou comunidade produziu e produz cultura, cultura que deve ser valorizada e trabalhada
pelo educador. (FREIRE 1983, p. 108-109). Portanto a construção de um currículo musical
infantil que dá significado e valor a cultura ancestral da criança é um meio de tornar a escola
mais envolvida com a vida e história do educando e de seu povo, nosso povo na verdade.
Saberes Prévios
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Resultados e Conclusões
“Como educador preciso ir lendo cada vez melhor a leitura do mundo que os grupos
populares com quem trabalho fazem de seu contexto imediato e do maior de que esse é parte”,
disse Freire (1997 p. 90). Por isso a tarefa do educador é “Ler o mundo” dos educandos,
conhecê-los, respeitá-los e valorizar a sua cultura, acolhendo as suas diferenças.
Através de educação musical infantil a escola tem dado as crianças negras o apoio para
que elas possam construir de maneira positiva a sua identidade social e cultural como
pertencente ao grupo afro-descendente. E de uma maneira geral contribuímos para que todos
reconheçam a Arte Negra e sua musicalidade como saber socialmente construído e
reconhecendo a África como uma das matrizes legitimas da cultura humana e especialmente,
da brasileira.
A valorização de tradições musicais e costumes da cultura da criança e de seu povo
têm dado suporte ao aprendizado musical. E o trabalho com música africana e afro-brasileira é
um meio de acolher para o seio da escola a diversidade cultural.
Acolher a Pedagogia Freireana na musicalização infantil nos fornece o desafio diário
de “promover o real acesso ao saber, a cultura e a arte” (PENNA 1996, p. 23). Acesso este
que é dado através da valorização das memórias, histórias e artes do povo negro, que
majoritariamente compõem nossa clientela. O Método Paulo Freire nos permiti conhecer de
maneira mais profunda o modo de pensar musical da criança e sempre partir de suas
experiências musicais, permitindo a nós, mergulhar em sua cultura e ajudá-la a prezar suas
raízes ancestrais.
Destaca-se também que essa perspectiva musical diversificada, construída em direção
a um processo aberto e dialógico contribui para a aproximação das crianças a nós educadores,
ao saber, as artes e a música. Considerado aspectos formativos da personalidade da criança
acreditamos que o acesso a arte e a música na vida de cada criança tem se transformado “num
instrumento de soerguimento da personalidade e de estimulo a criatividade”
(KOELLEREUTTER 1997, pp. 38-39).
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A educação para Freire (1997, p. 100-105) era uma forma de intervenção no mundo.
Portanto a musicalização infantil por nós desenvolvida contribui para reforçar o projeto de
construção de uma sociedade com relações étnico-raciais e culturais mais igualitárias.
Assim em nossa experiência estamos comprovando a responsabilidade que nós
educadores musicais temos de ‘abrir portas, de dar acesso ao conhecimento
musical’(SWANWICK 1993, p.29-30), mais também, o nosso maior dever com a sociedade
brasileira em perpetuar a sua cultura, a sua ancestralidade e de fazer com que esses
importantes elementos constituintes de nossa identidade façam parte da musicalização
infantil.
Referências
FREIRE, Paulo. Ação cultural para liberdade. 15. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981
FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. 14. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1983.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1996 e 1997
KOELLEREUTTER, Hans J. Cadernos de Estudo: Educação Musical, n°6. São Paulo, pp. 1-
210, 1997.
PORCHER, Louis. Educação Artística: Luxo ou necessidade? São Paulo: Sammus, 1982.
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SNYDERS, George. A escola pode ensinar as alegrias da música? São Paulo: Cortez, 1992.
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1. Introdução
1
Grupo Pet Artes Música da Unimontes, sob tutoria do Prof. Ms. Luciano Cândido e Sarmento têm como
objetivo desenvolver as ações de ensino, pesquisa e extensão em música, bem como compreender e desenvolver
a educação musical e assim promover o desenvolvimento sócio cultural dos sujeitos, destacando a importância
da música no contexto escolar.
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(WOLFFENBÜTTEL, 2000, p. 31). Além disso, trabalhar a cultura popular em sala de aula é
a oportunidade do autoconhecimento e do respeito à diversidade.
Diante disso, nota-se que as universidades brasileiras vêm adotando a cultura popular
como base em projetos de extensão universitária. Dessa forma, o projeto Tesouros do Tempo2
vinculado ao Pólo Arte na escola da Universidade Estadual de Montes Claros –
UNIMONTES se propôs a retratar a história cultural da cidade de Montes Claros com
crianças em cinco escolas públicas municipais, no período de outubro a dezembro de 2009.
Fundamentado na participação no projeto Tesouros do Tempo e em pesquisas bibliográficas
(Corrêa 2007, Kater 2004, Laraia 2010, Lima 2002, Queiroz 2004, Queiroz 2009, Santos
2011, Souza 2010, Wolffenbüttel 2000), como em livros e artigos científicos. Buscamos nesse
estudo estimular a presença da cultura popular através da educação musical na educação
básica, procurando entender à adoção dessa temática em projetos de extensão universitária.
Esperamos que esse trabalho contribua para valorização da cultura popular na
formação do aluno e para exemplificar através do projeto Tesouros do Tempo, o papel da
extensão universitária para os acadêmicos e sociedade. Contribuindo ainda, para o
fortalecimento das pesquisas relacionadas à educação musical, cultura popular e extensão
universitária o que é de grande relevância para nosso constante desenvolvimento. Pois
acreditamos que através da pesquisa ampliamos os conhecimentos e encontramos respostas as
nossas inquietações.
2. Desenvolvimento
Sabemos que a cultura de um povo é constituída por vários elementos, crenças valores,
mitos, jeito de falar, modo de vestir, alimentação, dança, música, folclore, entre outros. Mas
vale ressaltar que, a cultura popular não se limita às manifestações festivas e tradições, esta
também se refere à organização e expressão de todos os elementos citados anteriormente.
Diante do exposto, concordamos com Freire (2003), citado por Gabriel:
2
Tesouros do Tempo refere-se a um projeto desenvolvido de um musical com o mesmo nome.
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Baseado na afirmação de Laraia, podemos concluir que a cultura popular não muda de
um dia para o outro, ela advêm de um processo acumulativo que percorre gerações. Como
podemos observar, a cultura refere-se a uma temática ampla e complexa, porém o foco deste
trabalho é em específico na área musical.
A cultura musical se relaciona com inúmeros aspectos da vida humana, baseado nos
resultados de Queiroz quando o mesmo afirma que “a música na e como cultura representa
uma forte e complexa fonte de significados, sendo parte intrínseca da experiência de cada
sujeito”. (QUEIROZ, 2004, p.105/106). Por conseguinte, observamos que por meio da música
é possível identificar elementos da identidade cultural da realidade em que foi desenvolvida.
No que se refere ao ensino aprendizagem em sala de aula, a música vem sendo
trabalhada de diferentes maneiras com diversas finalidades, uma dessas possibilidades é a de
valorização da cultura popular e o respeito pela diversidade cultural. Souza enfatiza que:
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Nota-se que nas universidades brasileiras há uma crescente adoção da cultura popular
como base na confecção de projetos de Extensão Universitária. Os mesmos visam difundir e
recriar os elementos do cotidiano local, fazendo assim um diálogo entre universidade e
sociedade.
Conforme Corrêa (2007 p.17), “A Extensão Universitária é o processo educativo,
cultural e científico que articula o Ensino e a Pesquisa de forma indissociável e viabiliza a
relação transformadora entre a Universidade e a Sociedade”. Logo, podemos afirmar que a
Extensão Universitária possibilita um novo espaço de aprendizagem. Concordamos com
Santos (2010, p.13), pois além de formar profissionais as Instituições de Ensino Superior,
devem promover a socialização e democratização do conhecimento, fazendo uma difusão
entre universidade e sociedade. Segundo o mesmo, complementa a formação dos discentes e
docentes é uma das oportunidades onde os acadêmicos colocam em prática os conhecimentos
que vem adquirindo em sala de aula, ou seja, vivenciam o fazer profissional. Dessa forma é
possível afirmar que a extensão não beneficia apenas a sociedade, e sim, todos os envolvidos
O Projeto Tesouros do Tempo vinculado ao Pólo Arte na escola da Universidade Estadual de
Montes Claros – UNIMONTES foi uma dessas formas de diálogo entre universidade e
sociedade.
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Esse projeto foi idealizado pela professora Raquel de Paula3, na execução contou com
a participação das professoras Raiana Maciel e Fátima Mendes do departamento de Artes e
departamento de Estágio e Práticas Escolares da Universidade Estadual de Montes Claros -
Unimontes e com acadêmicos de Música e Teatro da mesma instituição juntamente com a
parceria entre Secretária Municipal de Educação de Pró-Reitoria de Extensão. Vale ressaltar,
que essa participação para alguns acadêmicos foi à primeira experiência no que se refere à
extensão e estágio, já que o convite para se integrar no projeto se estendeu aos alunos de todos
os períodos.
Esse projeto foi desenvolvido em cinco escolas municipais da cidade de Montes
Claros, sendo elas, Escola Municipal Jair de Oliveira, Escola Municipal Jason Caetano, Escola
Municipal Professora Maria de Lourdes, Caic do Maracanã (Escola Municipal Dominguinhos
Pereira) e Caic do Renascença (Escola Municipal Dominguinhos Pereira). A proposta foi
transmitir através de canções, parlendas e brincadeiras a história cultural da cidade de Montes
Claros no contexto escolar e assim prestar uma homenagem ao centenário de Hermes de
Paula4. Em torno disso, Paula (2009) 5
diz: “poderemos homenageá-lo acreditando que a
escola possa e deve ser um espaço de formação ampla do educando. Acreditando, podemos
contribuir para o processo de humanização, através de experiências culturais significativas”.
Vale destacar, que entendemos cultura popular como várias manifestações que
resultam de interações entre pessoas, o que reflete nas diversidades culturais. Diante
disso, torna-se perceptível a importância do trabalho com a cultura popular na escola, pois
nesse contexto lidamos com a diversidade, devido à cultura que cada um carrega consigo.
Visando trabalhos educativos com a cultura popular, é importante conscientizar os alunos as
concepções de significados que as manifestações culturais apresentam para aqueles que estão
inseridos nessa cultura. Contribuindo para o respeito e melhor convívio em grupo.
3. Considerações finais
3
Idealizadora e coordenadora geral do projeto “Tesouros do Tempo”.
4
Médico, escritor, historiador, importante folclorista da cidade de Montes Claros.
5
Citação retirada do projeto “Tesouros do Tempo”, organizado pela Professora Raquel Helena Mendonça de
Paula no ano de 2009. Esse documento não foi publicado.
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Referências
KATER, Carlos. O que podemos esperar da educação musical em projetos de ação social.
Revista da ABEM, Porto Alegre, V. 10, p. 43-51, 2004.
LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. 14ª ed. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar, 2001.
LIMA, Sonia Regina Albano de. As rupturas ideológicas do processo cultural brasileiro e seus
reflexos na educação musical. Revista da ABEM, Porto Alegre, V.7, p. 21-29, 2002.
QUEIROZ, Luiz Ricardo Silva; MARINHO, Vanildo Mousinho. Práticas para o ensino da
música na educação básica. Música na educação básica. Porto Alegre, v.1, n.1, p.60-75,
2009.
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Resumo: Este trabalho tem como objetivo apresentar A Turma da Maré, projeto iniciado em
2009 pelos alunos da disciplina Projetos Integradores IV do curso de Licenciatura em Música
da Universidade Federal de Alagoas - UFAL. Este projeto resultou em composições musicais
que estão sendo utilizadas nos conteúdos de educação musical nas escolas de ensino
fundamental em Maceió. A Turma da Maré é um trabalho fonográfico em CD
disponibilizado, também, em um livro didático. Tem, ainda, como uma das propostas, a
utilização de ritmos nacionais e internacionais integrados a elementos e/ou espécies da fauna
aquática em geral.
Palavras chave: Educação musical, produção musical e cultura
A Turma da Maré
Este relato de experiência tem por objetivo destacar o projeto de educação musical, A
Turma da Maré, que surgiu em 2008 com os alunos da disciplina Projetos Integradores I na
Universidade Federal de Alagoas – UFAL.
A disciplina Projetos Integradores IV do curso de Licenciatura em Música da
Universidade Federal de Alagoas - UFAL está presente em oito semestres, sendo incluída na
grade curricular de todas as licenciaturas da UFAL. Em música, os professores da graduação
têm autonomia para o planejamento do conteúdo desta disciplina de acordo com o plano
político pedagógico. Com isso, em 2008 participamos do primeiro PI-11 ministrado pela
docente especialista em educação musical que nos apresentou como proposta: a elaboração de
atividades educativo-culturais, tendo como principal objetivo a construção de atividades
relacionadas à educação musical, com foco nas peculiaridades de nossa geografia referenciada
nos elementos e/ou espécies da fauna marítima, lagunar e fluvial. Os discentes elaboraram
canções com temas relacionados a animais aquáticos e parâmetros com objetivos didáticos e
adequados para cada faixa etária. Após essa construção produzimos os arranjos para cada
canção.
Esse trabalho integrou disciplinas como metodologia, história da música, harmonia,
percepção e prática de conjunto. No segundo semestre de 2009 no PI-4 foi possível editar a
1
Projetos integradores: disciplina.
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proposta do PI-1. Com isso, reelaboramos o projeto com o seguinte objetivo: a produção de
um CD com 10 faixas e um livro com as informações didáticas para cada canção.
Justificativa
Mas como produzir se não há recursos? Sabemos que uma produção fonográfica e
elaboração de livros didáticos requerem investimentos elevados. Todavia, não foi obstáculo
para que os alunos elaborassem uma logística para a realização deste projeto. Um dos
discentes que é arranjador e produtor musical propôs patrocinar este projeto com idealização
do trabalho em estúdio próprio para gravação de cada canção como forma de minimização
dos custos de produção. Das etapas do cronograma de execução: 1) revisão das composições
realizadas em 2008 no PI-1; 2) elaboração dos arranjos; 3) a gravação em estúdio e; 4) a
produção das atividades didáticas em um livro.
O professor de música deve possuir uma capacidade que o habilite a realizar a sua
tarefa com êxito e com máximo de rendimento. Essa capacidade compreende o conhecimento
profundo sobre a matéria que se ensina e sua preparação pedagógica para tanto. (JOLY, 2003,
p. 123). É importante que o professor compreenda que o ensino da música na escola não é só
feito por materiais conjugados aos métodos ativos, é preciso que a criação seja de acordo com
a necessidade do aprendizado.
Em Maceió cerca de 110 escolas privadas do ensino básico, 10% exploram em seu
currículo o conhecimento musical no ensino fundamental 1 e 2, já a rede pública promove
projetos de música com a participação de docentes formados em licenciatura em musica. Em
visita a biblioteca do setor de artes, observamos que grande a carência de material didático na
área de educação musical. Após a Lei 11.769/08, constatou-se que algumas instituições de
ensino têm se manifestado, por meio de seus docentes, sobre os materiais que poderiam ser
trabalhados na sala de aula no ensino regular. Logo, percebemos que a intervenção desta
referida lei nos permitiria a criação de trabalhos didáticos para ajudar e capacitar os trabalhos
já existentes na cidade de Maceió.
Objetivos
Compor canções com objetivos didáticos para faixa etária infantil e uma atividade
teórico musical que evidencie a estética e os objetos das canções, utilizando referências dos
métodos ativos e contemporâneos na produção contextualizados dentro da realidade temática
da nossa cultura.
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Fundamentação teórica
Sob outro aspecto é possível inferir que a criação é uma ferramenta de formação da
identidade cultural do ser, é um instrumento de auto-reconhecimento e de comunicação. Isto
pode ser corroborado nesta ótica:
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Metodologia
A primeira etapa consistiu em revisões dos temas escolhidos pelos alunos, uns dos
requisitos desta revisão foram: rima, atividade didática e arranjo. Foram produzidas dez
canções com caráter educativo para o cd intitulado A Turma da Maré, são elas: o tema a
turma da maré, maré, a peleja do pescador, o tubarão, a escala do polvo, a baleia e o
golfinho, cavalo marinho, o caranguejo, a piranha Morgana e mororó – um peixe dançarino.
Apresentaremos os objetivos de cada canção partindo da prática da aprendizagem musical do
trabalho em geral.
Na segunda etapa do processo, pesquisamos sobre a diferença entre canções infantis e
canções para educação infantil. Após a análise das canções infantis, percebemos que na
maioria dos casos possuem ênfase em ritmos acelerados e atribuindo à letra da música uma
função pouco significante sob o ponto de vista pedagógico-musical. Já as canções para
educação musical, o ritmo e o arranjo têm a função de acompanhamento propriamente dito e a
letra, por sua vez, passa a ser o principal fator para apropriação do lúdico e o educacional.
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Baseados nessas informações, os arranjos foram trabalhados para que os conteúdos fossem
transmitidos a partir do caráter lúdico e apreciativo. Para Luis Maria Pescetti (apud
BEINEKE, 2007, p.3), há três elementos para a produção musical infantil: (1) as letras que se
referem ao mundo infantil; (2) o trabalho com elementos musicais reduzidos/essenciais e (3) a
presença do jogo.
A produção, terceira etapa, durou cerca de dois meses e para os arranjos utilizamos um
sistema totalmente seqüenciado, onde simulamos através de um teclado arranjador, baterias,
baixos e sons sintetizados para fazer o acompanhamento. Dando foco aos instrumentistas
deste trabalho, utilizamos instrumentos acústicos e elétricos como violão, flauta, sax, guitarra
e clarinete. E, para interdisciplinar esse conjunto, convidamos dois cantores: um interprete
feminino do curso de bacharelado em canto e um interprete masculino que já era integrante do
grupo. É importante salientar que a figura do produtor musical, decisivamente, influenciou na
plasticidade do produto musical no momento de sua gravação, assumindo o papel de
executivo nas funções administrativas para viabilização de todo o desempenho do projeto.
Na quarta etapa produzimos atividades didáticas para cada canção, de acordo com
todos os conteúdos sugerimos algumas atividades, sempre com o pensamento voltado para o
lúdico. Foi pensado também em composições que valorizassem a rima, permitindo-se uma
maior proximidade e interação da criança com este gênero literário comum em nosso país
como forma de interdisciplinaridade. A preocupação inicial foi sempre fazer tudo em contato
com a diversão, porém diversão aqui mencionada é concernente à ludicidade através da
aprendizagem coletiva, logo, pois, estas canções poderão ser executadas com instrumentos ou
com a voz. Por isso deixamos um espaço flexível às atividades para possíveis recriações de
cada docente ou apreciador do nosso trabalho.
Dos conteúdos teórico-musicais encontraremos figuras rítmicas como: síncope,
colcheia, semínima, mínima, semibreve; propriedade sonora: sons onomatopaicos;
instrumentos como guitarra, trompa, sax, clarinete, flauta transversal, flauta doce e piano;
escala de Dó maior; ritmos como frevo, baião, coco de roda, country, swing, pop, rock, valsa
e improvisação. Contando com esse conteúdo A Turma da Maré oferece o uso do play-back
para cada atividade.
Resultados do trabalho
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1. A canção que inicia caracteriza o tema e chama-se A Turma da Maré, e tem por
objetivo a chamada de cada canção, exemplo: quando diz: Cai na rede caranguejo que chegou
a sua vez, coloca-se o nome do animal da próxima música no lugar da palavra caranguejo.
Ela pode ser cantada em semicírculo, com os alunos de mãos dadas caminhando para
frente na primeira frase e retornando na segunda. No verso: é um é dois é três, é quatro é
cinco é seis, pode usar palmas. E na última frase, posiciona-se a turma para a próxima canção.
2. A segunda faixa tem como tema A Maré, onde se utiliza uma grande brincadeira de
roda cuja simulação do movimento das águas compreende alguns elementos da dinâmica
musical, tais como crescendo e decrescendo. E esses elementos podem ser articulados através
da voz, palmas entre outros.
3. A Peleja do Pescador, nesta faixa utilizou síncopes e o grupo de quatro
semicolcheias como caracterização dos ritmos nordestinos - o coco e o baião. Durante o solo
de flauta, sugeri-se que sejam feitas rápidas coreografias, semelhante ao uso de objetos como
a rede de pescador, simulando uma pesca.
4. O Tubarão, essa canção utiliza-se de ações onomatopéicas, pois o compositor, por
meio do conhecimento da espécie marinha, inseriu os sons para os diversos tipos de tubarões,
como: tubarão tigre, tubarão lixa e tubarão gato. A Intenção é produzir os sons e ruídos. Nesta
música há momentos de silêncio antes dos ruídos de cada tipo de tubarão, por tanto o
professor pode iniciar a idéia de pausa, mostrando a importância dela numa composição.
5. A Escala do Polvo, o animal citado é da ordem octopoda, que significa oito pés.
Inserimos esse animal ao conteúdo de escala musical, onde a criança pode associar às oitos
pernas com oitos sons numa escala musical. Com dinâmica executamos a escala ascendente e
descente, pois vimos que as crianças obtêm dificuldade em entoar a escala da direção
ascendente para descendente.
6. A Baleia e o Golfinho é uma canção que propõe trabalhar com dois grupos de
alunos ou dois alunos de cada vez, divididos entre “baleias e golfinhos”. A intenção não é
fazer com que os alunos imitem o som da respiração em si, mas que criem a cada repetição
um novo ruído ou timbre com a utilização da voz, o corpo ou instrumentos musicais. Há ainda
a possibilidade de ser cantada com duas vozes se aproveitando dos dois grupos, uma primeira
voz, mais aguda, e mais grave, no trecho em que se canta “faz a baleia” “faz o golfinho”.
7. Cavalo Marinho, em estilo de ninar, esta canção utiliza figura rítmica, (mínima,
semínima e colcheia), além da execução da flauta doce. É também uma música que foi
pensada com o objetivo de mostrar que existem vários tipos de andamentos na música, mas
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que para esta composição foi escolhido o andamento, andante, andamento nem lento nem
rápido.
8. O Caranguejo, com a presença do ostinato poderá ser valorizado a unidade de
tempo, unidade de compasso e o movimento por fraseado que a música oferece. As crianças
poderão andar na unidade de tempo e bater palma do ritmo do ostinato ou andar neste ritmo
para os lados imitando o andar do caranguejo.
9. A Piranha Morgana, a intenção é fazer com que o ritmo dançante do rock conduza a
criança a movimentos livres, como os da piranha na busca por seu alimento, afim de que a
criatividade seja o ponto máximo do fazer musical. Na parte: destemida, atrevida (...) até (...)
querendo ser sua amiguinha, dá-se a ideia de um ostinato rítmico que por meio da repetição se
criem movimentos de ranger de dentes, pular, bater com as mãos, com os pés etc...
10. O mororó, esta música foi criada para ser cantada e dançada com um ritmo
ternário conhecido como valsa. Há nesta música a possibilidade de se trabalhar o uso das
terças, como percepção melódica, além de inserir um timbre de instrumento de metal, a
trompa, para mostrar o uso das oitavas no trecho posterior em que se canta “solfejando
assim:”. Têm basicamente três pulsações, configurando o ritmo valsa, cuja complementação
se dá com um pequeno trecho de uma valsa bastante conhecida de um exímio compositor de
valsas que foi John Strauss. A valsa é também um ritmo dançante, partindo disso, a sugestão é
que os alunos formem-se aos pares e dancem a valsa, mas que não se limitem apenas a esta
possibilidade de expressão corporal dançante. O professor poderá fazer pulsações rítmicas
com palmas, pulos e solfejar a segunda parte da música tocada pelos instrumentos, permitindo
a todos solfejarem juntos os mesmo trechos.
O Serviço Social da Indústria – SESI promoveu um evento intitulado 24 HORAS DE
CULTURA, cuja programação consistiu de apresentações infantis e a convite da instituição, A
Turma da Maré testou o trabalho com 25 crianças com idade de 2 a 6 anos de escolas da rede
privada da cidade de Maceió. O objetivo do projeto citado era recriar e proporcionar o lúdico
às crianças através da música. Compreendendo o objetivo do projeto citado, elaboramos uma
apresentação musical com tempo máximo de 40 minutos. Escolhemos quatro canções,
prevendo o tempo de 10 minutos para cada uma delas, as canções foram: A Maré, A Escala do
Polvo, O Tubarão e Piranha Morgana. Elaboramos nossa metodologia de apresentação da
seguinte forma: 1) interpretação das canções através do play-back pelos cantores do cd A
turma da Maré; 2) a repetição das frases das canções utilizando movimentos corporais para
memorização da música; 3) a brincadeira e a interpretação coletiva. O objetivo foi apresentar
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as canções do cd A Turma da Maré com o intuito de observar a aceitação das crianças com o
ritmo e letra. Dos resultados, constamos que as crianças de 2 a 4 responderam sem inibição
aos nossos objetivos. Já as crianças de 5 e 6 anos ficaram tímidas com a utilização do
movimento corporal, mas com interpretação da letra o objetivo foi alcançado.
Conclusão
A Turma da Maré é um trabalho musical educativo com dez canções que enaltece a
cultura alagoana. E, neste atual contexto de música nas escolas vale salientar o papel da
universidade como viabilizadora do conhecimento necessário para ações como A Turma da
Maré. Nossa experiência com este projeto foi muito relevante porque nos permitiu conhecer
de perto a realidade educacional vivida em Maceió, onde constatamos que existem programas
sociais promovidos pelos governos de Alagoas como o Primeiro Tempo e no município o
PET (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil) e, que utilizam as aulas de música
através dos professores já existentes na rede pública que possuem licenciatura em música e
não estão no ensino regular.
Verificamos que as lacunas no âmbito da educação musical ainda são latentes em
Maceió, seja pela carência de professores e com uma boa formação musical acadêmica
presentes nas escolas privadas, seja pela falta de um bom planejamento no tocante ao projeto
político pedagógico para o desenvolvimento do ensino e aprendizagem nas escolas públicas.
No entanto, iniciativas como a Turma da Maré são os primeiros passos e exemplo afim de
transformar essa realidade.
Não pretendemos esgotar todo conteúdo musical nas atividades propostas, no entanto
objetivamos mostrar que o aprender música pode ser algo prazeroso e atrativo. Fornecemos
apenas mais um subsídio necessário para educação musical fortalecendo sua práxis.
Nosso trabalho, a Turma da Maré, é apenas um exemplo de como podemos fazer um
trabalho voltado para o ensino e aprendizado musical é necessário um conhecimento
fundamentado na apreciação musical e na criação. Em se tratando de um trabalho direcionado
à criança, tornar-se-á indispensável haver uma proposta baseada, também, na ludicidade.
O transcorrer de toda produção do cd nos mostra um desafio para a comunidade
acadêmica em geral, a necessidade das universidades terem seus próprios laboratórios de
produção musical, entendemos que isso oportunizará um maior contato com as tecnologias
próprias de estúdios de gravação, que na verdade está no atual contexto musical e deve fazer
parte da formação acadêmico-musical. Este projeto foi contemplado pelo Edital de número
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003/09 de incentivo à produção de CDs e/ou DVDs de música em Alagoas realizado pela
Secretaria de Estado da Cultura – SECULT, com recursos do Fundo de Desenvolvimento de
Ações Culturais – FDAC em 09 de abril de 2010.
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Referências
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uma reflexão sobre a produção de música para crianças. ABEM - associação brasileira de
educação musical, 2007. Anais... Disponível em: <http://www.abemeducacaomusical.or
g.br/Masters/anais2007/Data/html/pdf/art_c/Cancao%20infantil%20e%20educacao%20music
al_Viviane%20Beineke. pdf>. Acesso em: 09 mar. 2011.
JOLY, Ilza Zenker Leme. Educação e educação musical: conhecimentos para compreender a
criança e suas relações com a música. In: HENTSCHKE, Liane. BEM, Lucia Del. (org.)
Ensino de música: propostas para pensar e agir em sala de aula. São Pualo: Moderna, 2003.p.
113-126.
SCHAFER, R. Murray. O ouvido pensante. São Paulo: Fundação Editora da UNESP, 1992.
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música em sua diversidade e dinamismo”. A experiência relatada neste artigo trata-se de uma
adequação das aulas de música de acordo com o perfil do professor e a realidade da turma.
A Escola Municipal Martagão Gesteira, fica no bairro Engenho Velho de Brotas, na
cidade de Salvador. O bairro tem em torno de 25.000 moradores, que são na maior parte
negros. A desigualdade social é uma das marcas do bairro, pois no mesmo, encontram-se
vários condomínios, onde vivem pessoas da classe média e, ao redor, existem casas
construídas sem planejamento urbano, com saneamento básico precário. Quando cheguei à
escola, não pude deixar de notar a falta de um espaço de lazer, portanto, os alunos não têm o
horário do recreio e merendam dentro da sala. É uma escola que não tem professor de artes e
nem de esportes. O diagnóstico da turma foi logo se apresentando nas primeiras aulas: alunos
com dificuldade de aprendizagem; alunos que sabem copiar, mas não sabem ler e nem
escrever; índice alto de violência dentro da sala de aula; muita resistência ao novo, no caso, às
atividades propostas na aula de música. Senti nestes alunos uma infância sem identidade, pois,
no início das aulas a maioria achava sem graça as brincadeiras e canções que eu propunha,
como se fossem infantis demais para eles, mas quando se permitiam participar, tudo fluía
prazerosamente. Percebi que estes alunos tinham medo de se exporem e dos outros colegas
rirem (o clima entre eles é bastante conflituoso); que preferiam negar a participar de uma
atividade alegando não saber fazer do que tentar; e a falta de conhecimento relacionado à
própria cultura, demonstrando o domínio da cultura de massa, e também, cada vez mais a
preferência pela Igreja Evangélica, discriminando a cultura afro-brasileira e os rituais do
Candomblé, numa cidade onde a maior parte da população é afro-descendente. A partir de
tantas complexidades, percebo que a entrada da música nas escolas deve estar mais de acordo
com a realidade brasileira, podendo estar auxiliando outros aspectos de relevância social,
como a melhoria do rendimento escolar, a valorização da cultura, a não violência, dentre
tantos outros assuntos que devem ser conscientizados no ambiente escolar. Por isso, decidi
mudar o programa que havia elaborado para o estágio, trazendo a música para este contexto
escolar como um instrumento de auxílio à alfabetização. Não deixaria a música ficar em
segundo plano, apenas enfatizaria os pontos de convergência entre estas. Minha decisão em
fazer este trabalho também se deve a oportunidade que tive de assistir a palestra do professor
de metodologia do ensino da língua portuguesa, Claudemir Belintane, onde coordena o
projeto “Ensinando a leitura a partir de diagnósticos orais”.
Para o professor Claudemir, aquele aluno que não aprendeu a ler depois de passar da
1°, 2° e 3° série, quando chega na 4° está totalmente fechado à aprendizagem, cria
resistências, dizendo, por exemplo, que não quer aprender a ler (p. 1). Esse é um dos possíveis
motivos da evasão escolar. De acordo com os dados do INEP, Instituto Nacional de Estudos
Anísio Teixeira, a cada 100 alunos que ingressam na escola na 1° série, apenas 5 concluem o
ensino fundamental, sendo, 20,3% da população analfabetos funcionais, que são aqueles que
freqüentaram até 4 anos de escolaridade (IBGE, 2007). E, 9,7% da população acima de 15
anos são analfabetos, que corresponde a 14,1 milhões de pessoas, sendo o maior índice na
região nordeste (IBGE,2010).
As perguntas que nortearam este trabalho foram: Como a música pode auxiliar a
alfabetização? E, como a aquisição da linguagem verbal, pode auxiliar a musicalização? E
outra pergunta veio posteriormente: Qual é o ponto de convergência entre as duas áreas?
Com o objetivo de visualizar tais semelhanças, trago à reflexão o termo - linguagens
artísticas, que também é empregado na música. Atualmente existem discussões acerca do
conceito linguagem, se é correto ou não utilizar o termo para outras áreas que não seja a da
lingüística. Maura Penna (2010) abre a discussão no capítulo 4, “Contribuições para uma
revisão das noções de arte como linguagem e como comunicação”, com o objetivo de tornar
este conceito preciso e consistente, sem ambigüidades. Baseado em análises dos
posicionamentos diametrais de Susanne Langer (1989) e Marcuschi (1995), Maura Penna
conclui:
Outra discussão que aproxima a música e a linguagem verbal é feita por Jonh A.
Sloboda (2008), onde ele examina dois teóricos: o lingüista Chomsky e o musicólogo
Schenker, no qual os dois argumentam em suas respectivas áreas que “o comportamento
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palavras com significado simbólico, mas quando se trata de uma poesia passa a ser subjetivo,
pois o significado pode não ter tanta importância quanto o sentido do som ou da interpretação
do leitor ou ouvinte. As duas utilizam a representação de signos, portanto passam a ser
imagens sonoras com sentido. Temos, portanto, a capacidades de ler um texto ou uma
composição musical e escutar estes sons em nossa mente, que são carregados de sentido. O
resultado deste raciocínio foi bastante matemático: um está contido no outro! Então, comecei
a pensar nas atividades que trabalham as duas áreas simultaneamente. No caso, o objetivo não
é de fato ensinar a notação musical. Eu não poderia atravessar o carro na frente dos bois! Os
alunos não tiveram a oportunidade de serem musicalizados o suficiente para estarem
aprendendo a escrita musical. Mas eles estão precisando aprender a ler e a escrever a língua
falada com urgência, pois estão na fase escolar em que são cobrados por isso.
As atividades que foram selecionadas para serem desenvolvidas em sala de aula têm
como característica e objetivo central alcançar a área de convergência entre a música e a
linguagem verbal. Para isso, foi utilizado o vasto repertório já conhecido da oralidade
brasileira, e atividades adaptadas por mim.
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Conclusão
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Referências
BELINTANE, Claudemir. A oralidade que faz escrever. Revista Educação, Jun de 2009.
Disponível em: <http://revistaeducacao.uol.com.br/textos.asp?codigo=12710 >. Acesso em:
27 de mai. de 2011.
______. Leitura e alfabetização no Brasil: Uma busca para além de polarização. Mai/Ago de
2006. Disponível em: <www.scielo.br/pdf/ep /v 3 2n 2/a04v32n2.pdf>. Acesso em: 27 de
mai. de 2011.
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Kelly Werle1
kelly_werle@hotmail.com
[...] dado que a idade não corresponde a uma variável natural e que a
variabilidade de desenvolvimento biológico, psicológico e social nem
sempre permite estabelecer uma correspondência coerente entre tamanho,
1
Doutoranda em Educação, Programa de Pós-Graduação em Educação/PPGE, Universidade Federal de Santa
Maria/UFSM.
2
Profª Drª adjunta do Departamento de Metodologias de Ensino/MEN, Universidade Federal de Santa
Maria/UFSM.
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idade e competências, o fato de se ser mais frágil do ponto de vista físico não
significa, necessariamente, ser mais novo, nem implica, do ponto de vista
das interações, uma menor competência cognitiva ou social (FERREIRA,
2004 apud PRADO, 2005, p. 685).
Nesse contexto, emergem pesquisas que tratam de uma nova concepção de infância, a
qual transcende os limites etários e compreende as crianças como produtoras de cultura,
reinventoras da realidade.
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[...] Ainda conhecemos muito pouco a respeito da música das crianças, seus
valores, crenças e compreensões sonoras do mundo. A pesquisa em
educação musical ainda tem dedicado todo um corpo teórico a pensar como
tornar as crianças mais afinadas, mais adaptadas à destreza instrumental,
mais sujeitas à intervenção e conduta aos esquemas de aprendizagem e
desenvolvimento instrumental (LINO, 2008, p. 32).
A autora caracteriza a música das crianças como barulhar, que corresponde a uma
dimensão ficcional em que a música não opera somente com sons; mas também, com a
escuta. “Todas as crianças produziram insistentemente barulhadas, vivendo o descontínuo
como presença na natureza sonora ao expor uma miríade de explorações com a música como
experimentação, jogos de escuta ou narrativas sonoras” (LINO, 2008, p. 8).
Percebe-se que, para as crianças, a música está vinculada ao brincar. Isso demonstra o
caráter lúdico da música na infância. As crianças não brincam porque gostam de criar e
imaginar. Brincam porque, através do brincar, tem a possibilidade de representar e
compreender a realidade. Brincando, as crianças produzem culturas. Segundo Pinto e
Sarmento (1997, apud COUTINHO, 2005, p. 10) “o que caracteriza a cultura das crianças é a
relação sempre presente entre fantasia e realidade, entre o possível e o impossível, entre o
presente e o imaginário. Para as crianças, a realidade é fantasiosa”.
As culturas musicais da infância estão interrelacionadas a um contexto sociocultural
que influencia as vivências e os gostos musicais das crianças. A música é trazida para o
cotidiano da educação infantil, independente da vontade ou das intervenções dos professores,
por meio das manifestações das crianças, que muitas vezes, estão imersas na cultura midiática
e contexto sociocultural. Contudo, ressalta-se que
Nesse contexto, esta pesquisa está organizada com vistas a problematizar, junto a
educadores infantis, um olhar para as culturas da infância que estão sendo produzidas no
cotidiano de determinada instituição de educação infantil. “Escutar sensivelmente a música
nas culturas da infância requer que contemplemos o ponto de escuta das crianças em seu
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encontro com o mundo, buscando uma aproximação com a complexidade desse encontro”
(LINO, 2008, p. 35).
Considera-se relevante que os professores possam aguçar seu olhar para as culturas
construídas na coletividade das relações estabelecidas entre crianças de diferentes faixas
etárias. Assim, com o decorrer da pesquisa, objetiva-se investigar como o professor percebe o
protagonismo infantil e a produção de culturas musicais no cotidiano de uma turma
multietária na educação infantil.
Delineamentos metodológicos
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A partir das inserções da pesquisa de campo que estão sendo realizadas junto às
turmas multietárias do NEIIA, foi possível observar as interações e construções das crianças
em momentos de atividades dirigidas e mediadas pelas professoras, bem como momentos de
atividades livres, em que as crianças organizavam suas brincadeiras. Percebe-se que o
trabalho pedagógico realizado tem foco nas crianças, de modo que são suas curiosidades e
questionamentos, os quais ao serem problematizados pelas professoras, que constituem o(s)
tema(s) do projeto da turma (BARBOSA; HORN, 2008). Desta forma, torna-se visível o
protagonismo da criança diante da elaboração e dos encaminhamentos da proposta de
trabalho.
Nos momentos de atividades mais livres, os quais também são entendidos como
relevantes para o desenvolvimento infantil, é possível observar a forma como as crianças se
organizam para brincar, as questões de poder e de liderança, a representação dos papéis
sociais e das regras acordadas. São comuns brincadeiras que envolvam um grupo de meninos
e meninas, o qual representa uma organização familiar, e eles desempenham a função de
mamãe, papai, irmão(ã) mais velho(a) ou mais novo(a), tio(a), primo(a), etc.
Nesse jogo simbólico de representar as relações estabelecidas no cotidiano de uma
família, as crianças constroem e expressam variadas relações que envolvem gênero, classe,
etnia, poder, etc. Neste contexto, manifestações musicais também adentram e fazem parte do
brincar. Como, por exemplo, certa menina que desempenhava papel de mãe cantora e
realizava um show para os seus filhos e amigos. Todos resolvem fazer parte do show, subindo
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numa parte mais elevada do terreno, imaginando estar segurando microfones ou instrumentos
musicais enquanto cantavam “fada, fada querida, dona da minha vida”.
Constata-se, portanto, que as crianças pequenas da educação infantil produzem
culturas musicais; todavia, há que se problematizar e questionar, junto a esses professores da
infância, o modo como percebem essas culturas no cotidiano de seu fazer pedagógico – foco a
que se destina a presente pesquisa.
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Referências
BARBOSA, Maria Carmen Silveira; HORN, Maria da Graça Souza. Projetos pedagógicos na
educação infantil. Porto Alegre: Artmed, 2008.
CORREA, Aruna Noal. Programa LEM: Tocar e Cantar: Um estudo acerca de sua inserção
no processo músico-formativo de unidocentes da Pedagogia/UFSM. Dissertação (Mestrado
em Educação), Universidade Federal de Santa Maria, Centro de Educação, Santa Maria, 2008.
LINO, Dulcimarta Lemos. Barulhar: a escuta sensível da música nas culturas da infância.
Tese (Doutorado em Educação), Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Faculdade de
Educação, Porto Alegre, 2008.
PENNA, Maura. Não basta tocar? Discutindo a formação do educador musical. Revista da
ABEM, Porto Alegre, v. 16, p. 49-56, 2007.
PRADO, Patrícia Dias. Contrariando a idade: condição infantil e relações etárias entre
crianças pequenas da educação infantil. Tese (Doutorado em Educação), Universidade
Estadual de Campinas, Faculdade de Educação, Campinas, 2006.
______. “A gente gosta é de brincar com os outros meninos!” Relações sociais entre crianças
num jardim de infância. Educação e Sociedade, Campinas, v. 26, n. 91, p. 683-688,
Maio/Ago. 2005. Disponível em: <http://www.cedes.unicamp.br>. Acesso em: 13 maio 2011.
VYGOTSKY, Lev Semenovitch. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes,
1984.
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Kelly Werle1
kelly_werle@hotmail.com
Resumo: O presente trabalho tem por objetivo discutir a formação e atuação pedagógico-
musical de pedagogas na educação infantil, apontando para a sonorização de histórias como
uma possibilidade metodológica para o trabalho com a educação musical. O relato decorre de
uma pesquisa de mestrado vinculada ao Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal
de Santa Maria (PPGE/UFSM) e ao grupo Formação, Ação e Pesquisa em Educação Musical
(FAPEM) que objetivou investigar como as estagiárias concebem, organizam e potencializam
a música no processo de construção da docência, através de um grupo composto por quatro
estagiárias e mestranda (ou pesquisadora). A partir dos resultados obtidos se identificou as
histórias sonorizadas como práticas recorrentes adotadas pelas estagiárias no trabalho com a
educação musical, foco metodológico que será abordado no decorrer deste texto.
Palavras chave: Educação musical, educação infantil, sonorização de história
Introdução
1
Doutoranda em Educação, Programa de Pós-Graduação em Educação/PPGE, Universidade Federal de Santa
Maria/UFSM.
2
Profª Drª adjunta do Departamento de Metodologias de Ensino/MEN, Universidade Federal de Santa
Maria/UFSM.
3
Na ocasião deste texto está sendo enfocada a educação infantil, mas a pesquisa também abarcou os anos iniciais
do ensino fundamental.
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A música está presente em nossa vida e permeia nossas relações e construções com o
mundo, desde muito cedo. Basta exercitarmos um pouco nossa memória para percebermos
que crescemos e nos constituímos humanos envoltos por um ambiente sonoro e musical
característico de nosso cotidiano e contexto social e cultural, repleto de sentidos e significados
que nos são únicos e também se mesclam com experiências musicais de outros sujeitos.
Somos seres musicais e temos a capacidade de responder sonoramente e musicalmente
à cultura em que estamos inseridos. Algumas pessoas afirmam “não ter dom para música”,
sem ter a consciência, contudo, que o fazer musical, não é algo concedido naturalmente sem
influência do meio ou esforço próprio. Portanto, a música não é um dom concedido a uns e
negado a outros, o que ocorre é que, no decorrer de nossas trajetórias de vida possuímos
maiores ou menores oportunidades de estarmos nos desenvolvendo musicalmente.
Assim, não existe uma pessoa amusical, pois “a musicalidade é uma característica da
espécie humana e [...] todos os seres humanos estão aptos a se desenvolverem musicalmente”
(FIGUEIREDO; SCHMIDT, 2008).
Essa concepção acerca da música também pode ser levada para a discussão quando
pensamos na professora5 que atua com a educação infantil e anos iniciais. Pois, refletir sobre
o trabalho com a educação musical na escola, implica em considerar essas múltiplas relações
e construções acerca da música que perpassam pela trajetória pessoal e profissional.
Neste contexto, é importante que na formação acadêmico-profissional as futuras
professoras possam ter a oportunidade de ampliarem seus conhecimentos musicais e
pedagógico-musicais. Para que, a partir de suas experiências, em consonância com novas
4
Tomo por formação acadêmico-profissional o conceito adotado por Diniz-Pereira (2008), o qual opta por esse
termo em detrimento da formação inicial porque acredita que a formação inicia-se muito antes da entrada em um
curso superior. Assim, o autor defende a utilização do termo formação acadêmico-profissional para a etapa da
formação que acontece no interior das instituições de ensino superior.
5
Utilizo o gênero feminino devido à expressividade de mulheres atuando como professoras nesses níveis de
ensino.
306
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6
Projeto de extensão coordenado pela Profª Drª Cláudia Ribeiro Bellochio e pela Profª Drª Luciane Wilke
Freitas Garbosa, o qual oferta gratuitamente oficinas musicais, ministradas por licenciandos em Música, para
acadêmicos do curso de Pedagogia e outras graduações, bem como comunidade em geral.
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Parte I
Olhos curiosos e atentos à organização da sala que estava diferente. Em um
canto da sala, um tapete grande com alguns objetos sonoros, no outro uma
caverna construída com panos e cadeiras, e interligando os dois, um amplo
espaço livre sem qualquer objeto. Cortinas abertas... luzes apagadas... um
estranho mistério no ar. A professora, então, convida como quem se propõe a
iniciar uma aventura: - Vamos passear na floresta? Eis que no segundo
seguinte a sala se transforma por completo! Tudo foi tomado por árvores e
plantas que cresciam, não se sabe de onde, tornando o ambiente inusitado e
desconhecido. A possibilidade de haverem animais e feras na floresta
aumentava a cada instante. Ouvidos muito atentos à jornada que estava para
começar (Caderno de registro, estagiária Dora, set. 2009).
Neste sentido, as histórias podem se tornar metodologia para o trabalho com a música,
a partir do momento que se busca torná-las mais expressivas e sonoras. A forma como se
narra uma história, variando a entonação de voz conforme as diferentes partes: ora mais
grave, mais agudo, pronunciando mais rápido ou lentamente, suave ou mais forte, enriquecem
a história e despertam as crianças para as variações sonoras que estão ocorrendo.
308
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As histórias sonorizadas são uma possibilidade para o trabalho com música de fácil
acesso para professoras da educação infantil, pois essas professoras conhecem o contexto de
suas turmas, sendo possível identificar os elementos e temas que lhes são mais significativos e
que possam aguçar ainda mais a imaginação e a criatividade, contribuindo para a construção
da história sonorizada.
Além disso, neste tipo de atividade não se faz necessário habilidades vocais ou o uso
de instrumentos musicais convencionais, podendo ser utilizados uma variedade de objetos
sonoros.
Durante a realização da pesquisa constatou-se que trabalhar com histórias sonorizadas
foi uma prática utilizada por todas as estagiárias que participaram do estudo. As histórias
surgiam a partir de interesses demonstrados pelas crianças e de temáticas que estavam sendo
desenvolvidas.
É importante que o ambiente a ser realizado a história possa ser pensado, organizado e
planejado, a fim de que possa ser convidativo às crianças adentrarem na história proposta,
contribuindo assim com a criação durante o processo de sonorização.
Parte II
- Vamos passear na floresta?
- Vamos!!
E o passeio começa com todas as crianças sentadas no tapete, que já não era
mais um tapete, mas sim um barco que navegava pelo rio da floresta.
- Vocês estão ouvindo o som do rio? Como podemos fazer o som do rio?
Rapidamente as crianças passam a explorar os sons dos instrumentos e
objetos sonoros, e a cada desafio proposto pela professora, iam sonorizando
e vivenciando a história, ora com os objetos disponíveis, ora com sons do
próprio corpo.
Uma cascata se aproxima, é chegada a hora de abandonar rapidamente o
barco, nadar até a margem. Na medida em que se movimentavam por todos
os espaços iam desvendando os mistérios da floresta. A caminhada, o trecho
do mato fechado, a trilha de pedrinhas, a escalada nas árvores, a colméia, o
encontro com os macacos, tudo ia somando muita sonorização e estimulando
a imaginação com as situações que as próprias crianças iam sugerindo. Até
que, copiosamente, começou a chover, a trovejar e a ventar... E agora? Para
onde ir? (Caderno de registro, estagiária Dora, set. 2009)
Realizar uma história sonorizada junto aos alunos implica em elaborar um enredo e
um cenário sonoro pelo qual a mesma será contada ou vivenciada, conforme a situação
exemplificada. A história a ser sonorizada pode ser alguma já conhecida de livros infantis,
uma adaptação e construção da professora ou uma construção coletiva da turma. Na situação
relatada, a história foi uma adaptação realizada pela professora a partir de “Vamos passear na
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floresta?” (faixa 8 do CD que integra guia prático para professores Música 1 – editora Lua,
2006).
Os elementos a serem utilizados para sonorizar uma história podem variar conforme as
possibilidades de materiais disponíveis. Nessa atividade foram usados objetos sonoros
confeccionados, anteriormente, pelas próprias crianças, como por exemplo: tambores feitos
com latas de diversos tamanhos; chocalhos feitos com potes de iogurte acrescido de pedrinhas
e sementes; móbiles feitos com chaves; reco-reco e claves feitos com pequenos bastões de
madeiras; lixas; pau de chuva. Também foram utilizados negativos de exame de raios-X e
pedaços de mangueiras amarelas usadas em construções, pois costumam causar um bom
efeito semelhante ao som de trovoadas e do vento – quando a mangueira é segurada em uma
das extremidades e balançada rapidamente em movimentos circulares.
Por outro lado, quando não houver objetos sonoros, está atividade também pode ser
realizada utilizando objetos da própria sala de aula dos quais seja possível extrair algum tipo
de som, como, por exemplo, passar o lápis ou caneta na mola do caderno, abrir e fechar o
estojo ou mochila, friccionar o giz no quadro, dentre outros. Pode-se desafiar os alunos a
explorar as possibilidades sonoras da sala de aula para criar um cenário sonoro para a história.
Parte III
- A caverna! Vamos correr para a caverna!
Protegidos da chuva, inicia-se a exploração da caverna e dos sons deste
inusitado lugar. Que criatura habitaria a caverna?
- Gente, olha lá! É peludo, tem rabo comprido... Que cheiro é esse?
- É um gambá!
Todos corriam para fora da caverna fugindo do gambá. Era necessário fazer
todo o caminho de volta e muito rápido.
***
No dia seguinte, uma criança chega à sala de aula acompanhada de um
gambá de pelúcia. A turma revive a história e agora ganha um novo mascote
que passa a acompanhá-los nas próximas atividades. “O gambá de pelúcia
virou o mascote da turma. As crianças disputavam ele, tratavam ele como
uma pessoa, tudo por causa da história ‘Vamos passear na floresta’. Até no
banheiro levaram o gambá junto” (Caderno de registro, estagiária Dora, set.
2009).
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história em que começou a chover: a chuva iniciou lenta, aos poucos foi aumentando a
intensidade até que se tornou um temporal com chuva forte, ventos e trovadas.
Percebe-se que a problematização da professora é fundamental, para que as crianças
possam ser estimuladas não só a produzir sons, mas também a ouvir os sons que estão sendo
produzidos pelos colegas, de modo atento, organizado e reflexivo. Após a história foram
feitos questionamentos acerca dos efeitos produzidos por esses sons, bem como comparações
entre as propriedades dos mesmos: longo ou curto (diz respeito à duração), fraco ou forte
(intensidade), agudo ou grave (altura7), etc. A professora propôs diferentes organizações para
que os sons não fossem produzidos somente de modo concomitante, e assim seus efeitos
pudessem ser explorados separadamente e alternadamente.
Algumas Considerações
7
Para que essa propriedade possa ser compreendida mais facilmente pela criança, pode-se fazer referência ao
som agudo associando-o a um som mais “fino”, ao passo que um som grave pode ser referido como um som
mais “grosso”.
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Referências
BRASIL, Novas Diretrizes Curriculares para o Ensino Fundamental de 9 anos. RSL N.7, de
14 de dezembro de 2010, sobre o ensino fundamental.
Disponível em: <http://www.cne.gov.br.html>. Acesso em: fev. 2011.
BRITO, T. A. de. Música na educação infantil: Propostas para a formação integral da criança.
São Paulo: Peirópolis, 2003.
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Pôsteres
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Resumo: O presente trabalho tem por objetivo identificar ações e interações de meninas e
meninos entre 1 e 2 anos a partir da inserção dos corridos de capoeira na prática pedagógica
musical em sala a fim de verificar se os mesmos se configuram como uma ferramenta
educativa que contribui para o desenvolvimento musical, na construção de identidade étnico-
cultural, bem como, na formação e ampliação de um repertório musical infantil plural pautado
na contribuição do legado dos afro-brasileiros para música brasileira. O presente estudo
privilegia a interface de estudos nas áreas da educação infantil: Brasil, 1998; Rocha,1998; da
educação musical infantil: Santiago e Nascimento, 1996; Ilari, 2002; Brito, 2003; Russell,
2006, da história e cultura afro-brasileira: Oliveira, 2003; 2005; Cunha, 2005; Munanga,
2004; da educação das relações étnico-raciais: Cavalleiro, 2000; Machado, 2002(a); Brasil,
2004(a); Brasil, 2004(b) dentre outros. Metodologicamente, o trabalho caracteriza-se pela
abordagem qualitativa da pesquisa-ação. A escolha por tal abordagem deve-se ao fato da
inserção da pesquisadora no lócus da pesquisa, e por considerarmos as crianças como atores
sociais que participam do processo de pesquisa. O lócus do trabalho é a creche da
Universidade Federal da Bahia em Salvador. Os sujeitos da pesquisa serão 20 crianças entre 1
e 2 anos que freqüentam o grupo I e seus pais. Nosso ponto de partida é que a prática
pedagógica na creche deve atuar no sentido de fomentar a construção positiva de identidades,
das crianças negras, brancas, indígenas através do acesso aos referenciais sócio-históricos e
das matrizes culturais que nos constitui.
Palavras chave: Educação em creche, prática pedagógica musical, diversidade étnico-cultural
Introdução
1
Pedagoga-UFBA; Especialista em Educação Infantil- UNEB; Mestre em Educação-UFC; Professora
do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico na Creche da UFBA
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qual erigir-se a nação brasileira. À indígenas, africanos foram relegados a periferia da historia
e cultura do Brasil.
Dada a impossibilidade de negar a existência da população negra e indígena, vários
intelectuais brasileiros se dedicaram ao projeto de construção da idéia do povo brasileiro. Um
povo que resultaria da mestiçagem - mistura - entre as três raças (branca, negra e índia).
Pensando com Marques (1994) compreendemos que neste processo o que estava em jogo era
o controle social, a homogeneização. Era preciso “administrar” a diversidade.
A construção dos discursos e de práticas de invisibilização das diferenças e da
diversidade no país reverberou em todas as dimensões da vida dos brasileiros. Desde as
esferas das micro-relações, como as relações afetivas, por exemplo; até o âmbito do acesso
aos bens sociais, econômicos, políticos e culturais.
No campo da educação, a conseqüência dessas práticas de negação do outro se
traduziu de muitos modos: proibição de acesso à educação; práticas pedagógicas racista e
discriminatórias com prevalência da pedagogia do embranquecimento; silenciamento e
negação do patrimônio histórico-cultural afro-brasileiro; práticas de desqualificação da
identidade étnica; política de baixo investimento em sistemas públicos de educação, quando a
população negra, começou a ter acesso a ele; dentre outros.
O cenário acima descrito, nos revela da omissão do Estado brasileiro em oportunizar à
parcela da população afro-brasileira condições dignas de acesso e permanência à educação de
qualidade. No vácuo institucional deixado pelo estado, os afro-brasileiros vêm ao longo dos
tempos se (pre)ocupando com a educação dos seus. Assim, os negros, de modo individual, ou
articulados em movimentos se incumbiram da tarefa de educar-se e de cuidar da educação dos
seus.
Ao longo dos cinco séculos da presença de africanos e seus descentes em terras
brasileiras, estes sempre reivindicaram o acesso à educação, bem como, propuseram
estratégias educacionais ora mantidas por eles mesmos, ora de responsabilidade do Estado. A
partir do século XX, os movimentos negros, passaram a apontaram de modo mais enfático: a
necessidade de políticas e diretrizes educacionais públicas de reparação a população negra, o
reconhecimento e valorização da história e cultura afro-brasileira, ações afirmativas, e
relações étnico-raciais positivas na educação. (Brasil, 2004(a).
Essa demanda da comunidade afrodescendente brasileira pela afirmação do direito a
educação foi contemplada/apoiada com a promulgação da Lei 10.634/2003, que alterando a
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº9.394/1996 (LDB), torna obrigatório o
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primeira infância em Salvador, sejam, efetivamente espaços democráticos e plurais nos quais
a diversidade não seja trascodificada em desigualdade.
Justificativa
Pressupostos Teóricos
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Objetivo Geral
Questões de Pesquisa
Metodologia
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Sujeitos e Lócus
Sujeitos da pesquisa serão 20 crianças entre 1 e 2 anos que freqüentam mesmo grupo
em uma creche e seus pais. O lócus do trabalho é a creche da Universidade Federal da Bahia
em Salvador.
Dimensão ética
Nas questões éticas de investigação com crianças deve considerar-se uma trilogia entre
direitos, deveres e danos/benefícios, devendo o trabalho do investigador social orientar-se pela
observância destes três pilares fundamentais. (Alderson,1995),
Partindo de tal compreensão inicialmente o projeto será apresentado a coordenação geral
da creche e as profissionais que trabalham no grupo I; No momento seguinte far-se-á uma reunião
com pais das crianças para apresentar o projeto de pesquisa, solicitá-los a autorizar a participação
dos filhos(as) e convidá-los também a participarem; A participação das crianças do grupo terá
como eixo a observação cuidadosa das reações faciais, corporais e verbais de bem-estar das
mesmas. Sob nenhuma hipótese as crianças serão obrigada a realizarem uma atividade que não
desejem.
Ferramentas metodológicas
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Referências
ALDERSON. P. Listening to children: children, ethics, and social research. Essex: Barnardos.
IN: SOARES, N.A investigação participativa no grupo social da infância. Currículo sem
fronteiras, v. 6, n.1, pp. 25-40, Jan/Jun, 2006.
______. Diretrizes curriculares nacionais para a educação das relações étnico-raciais e para
o ensino de história e cultura afro-brasileira. Brasília, 2004.(a)
DIAS, Lucimar Rosa. Diversidade étnico-racial e educação infantil: Três Escolas, uma
Pergunta, muitas Respostas. Mato Grosso do Sul: UFMGS, 1997.
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LUZ, N.. Abebe: a criação de novos valores na educação. Salvador: Secneb, 2000.
OLIVEIRA, E. Relações raciais nas creches do município de São Paulo. 1994. Dissertação
(Mestrado) – PUC, São Paulo, 1994.
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Introdução
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idade entre 06 e 10 anos com oficinas de curta duração dentro das áreas de educação, saúde,
esporte e cultura.
Realizadas no 1º semestre de 2011, as oficinas itinerantes de música no projeto
Multicampi se destacam por propiciar aos alunos contemplados uma nova experiência com a
música no contexto escolar, diferente do que estão acostumados vivenciando a prática e a
escuta musical em um pequeno espaço de tempo.
Este artigo buscará relatar como as oficinas foram realizadas e assim, serão apontados
os objetivos, a metodologia, os recursos e as concepções pedagógicas que nortearam o
trabalho.
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A fazenda
Na fazenda pato tem (quém quém)
Tem um cão (au au)
Tem peru (glu glu)
Carneiros brancos como algodão (béééé)
Ainda tem um galo se achando um valentão (cocoricóóó)
Após esta atividade pedimos às crianças que retratem em forma de desenho os bichos
citados na música ensinada pelos acadêmicos.
Realizando estas atividades práticas percebi que a metodologia utilizada pela equipe
sendo trabalhada de uma maneira mais informal possibilitava uma maior recepção dos alunos
com a música. As crianças eram recepcionadas em sala de aula e a maioria das vezes
apresentavam um comportamento agitado o qual era trabalhado pelos oficineiros do curso de
música, por meio da sensibilização, prática rítmica e de coordenação motora e percepção da
identidade dos sons bem como sua intensidade, altura e timbre. Dentro de todas as condições
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possíveis a equipe realizava um trabalho especial com as crianças com forma de possibilitar
um momento de sensibilização e aproveitamento da música infantil.
Para Siqueira (São Paulo, Brasil, 2009) As atividades musicais realizadas na escola
não visam à formação de músicos, e sim, através da vivência e compreensão da linguagem
musical, propiciara abertura de canais sensoriais, facilitando a expressão de emoções,
ampliando a cultura geral e contribuindo para a formação integral do ser.
Outra atividade também realizada pela equipe era a brincadeira de “Qual é a música?”.
Nesta prática musical uma parte dos oficineiros apresentava melodias de músicas do
cancioneiro infantil, MPB, sertanejo com ênfase nas músicas cantadas por eles. A música se
representava com forma real onde os oficineiros executavam instrumentos bem como o
violão, a flauta transversa e alguns instrumentos de percussão tocando a melodia onde as
crianças dividas por equipes deveriam realizar uma corrida para estourar um balão o qual
dava direito à criança de responder qual era o nome da música e marcar ponto para sua
equipe. Ao final presenteamos a todos agradecendo pela participação e aproveitamento das
atividades oferecidas.
Conclusão
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Referências
ALMEIDA, Cristiane Maria Galdino de; DEL BEN, Luciana Marta. Educação musical não-
formal: Um estudo sobre a atuação do profissional em projetos sociais de Porto Alegre – RS
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Isabel B. Hirsch
isabelhirsch@ymail.com
Vitor H. R. Manzke
vitormanzke@gmail.com
Marilúcia D. da Silva
maridusil@hotmail.com
Resumo: Este texto apresenta elementos de uma pesquisa em andamento e faz parte de um
mapeamento do ensino de música em toda a educação básica das redes pública e privada de
Pelotas – RS após a Lei 11.769/08. Nesta comunicação, será mostrado apenas o projeto de
pesquisa nas escolas infantis privadas do município de Pelotas na zona sul do estado do Rio
Grande do Sul. Tem por objetivo geral mapear o ensino de música nas escolas infantis
privadas e por objetivos específicos identificar quem é o profissional que trabalha com a
música nas escolas; reconhecer quais as atividades musicais que são desenvolvidas nas
escolas; e, identificar quais são as necessidades dos profissionais que trabalham com música
nas escolas. O método desenvolvido é o survey de desenho interseccional e o instrumento de
coleta de dados é o questionário auto-administrado. A pesquisa encontra-se na fase de coleta
de dados e pretende contribuir com a compreensão do trabalho musical realizado nas escolas.
Palavras-chave: educação musical em escolas privadas, educação infantil, mapeamento
Introdução
Muito se tem discutido sobre o ensino de música nas escolas desde que a Lei nº 11.769
foi homologada em 18 de agosto de 2008 instituindo a obrigatoriedade da música como
conteúdo do componente curricular da educação básica.
De acordo com Figueiredo (2010),
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Pelo que se pode observar, o que mais deixou dúvidas em boa parte da população
brasileira é sobre quem será o profissional que irá trabalhar com a música nas escolas: o
professor especialista ou o não-especialista?
De acordo com Verle & Bellochio (2009), o professor de educação infantil tem papel
fundamental para fazer com que a música seja uma realidade nas escolas. Além disso, as
autoras complementam que
Mesmo assim, sem esta devida atenção, Pacheco (2007) propõe ao professor
unidocente
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Além da preocupação sobre o profissional que irá trabalhar nas escolas, também se
questiona quais conteúdos serão abordados e em que contexto. A educação musical não
possui um currículo obrigatório e nem a Lei 11.769/08 definiu o que deverá ser trabalhado e
abordado nas escolas. Neste sentido, Figueiredo (2008) afirma que
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Objetivos
Esta pesquisa tem por objetivo geral mapear o ensino de música nas escolas infantis
privadas e por objetivos específicos identificar quem é o profissional que trabalha com a
música nas escolas; reconhecer quais as atividades musicais que são desenvolvidas nas
escolas; e, identificar quais são as necessidades dos profissionais que trabalham com música
nas escolas.
Justificativa
Metodologia
Como os dados desta pesquisa serão coletados em uma única vez, num determinado
período de tempo, este trabalho caracterizou-se como um survey de desenho intersecccional.
De acordo com Babbie (2005, p. 101), o survey de desenho intersecccional permite descrever
uma população maior na mesma ocasião.
Foi selecionado como unidade de análise (Babbie, 2005, p.98) o profissional que
trabalha com a música nas 97 escolas de educação infantil privadas do município de Pelotas –
RS. As 97 escolas selecionadas para esta pesquisa são escolas oficialmente regularizadas no
Conselho Municipal de Educação de Pelotas.
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Considerações finais
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Referências
BABBIE, Earl. Métodos de Pesquisas de Survey. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2005.
GOMES, Carolina. Educação Musical para o Ensino Infantil: levantamento acerca das
produções brasileiras. In: ENCONTRO ANUAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
EDUCAÇÃO MUSICAL, 19, 2010, Goiânia. Anais... Goiânia: ABEM, 2010. p 814-821.
HIRSCH, Isabel B. Música nas séries finais do ensino fundamental e no ensino médio: um
survey com professores de arte/música de escolas estaduais da região sul do Rio Grande do
Sul. Dissertação (Mestrado em música) - Instituto de Artes, Universidade Federal do Rio
Grande do Sul. Porto Alegre, 2007.
MENEZES, Ebenezer Takuno de; SANTOS, Thais Helena dos. Dicionário Interativo da
Educação Brasileira – EducaBrasil, 2002. Disponível em
<http://www.educabrasil.com.br/eb/dic/dicionario.asp?id=194>. Acesso em: 26 jun. 2011.
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1. Introdução
Com a Lei No. 11.769/2008, que complementa a LDB homologada em 1996, surge, no
Brasil, uma demanda redobrada por professores de música. Com isso, as escolas precisam
buscar profissionais que possam oferecer aos alunos uma base musical integrada a outros
conteúdos do currículo, garantindo o bom aproveitamento das aulas. Na experiência vivenciada
por este grupo como professores, regentes, alunos de música e estagiários em escolas públicas e
particulares, observa-se que parte do material utilizado na educação musical não é apropriado
para este fim. Funcionam como lampejos repentinos, apenas visando a descontração e não
utilizando a música como meio de ensinar valores e proporcionar o desenvolvimento cognitivo
do aluno em vários níveis. Segundo Dewey, é importante não haver separação entre a vida e a
educação, fomentando, assim, uma contínua reconstrução de experiências (apud CUNHA,
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2007, p. 22).
Por outro lado, levando em consideração o docente, parece ser fundamental a produção
de materiais que venham somar-se àqueles que têm dado suporte ao ensino, mantendo
princípios pedagógicos sem perder o potencial da experiência musical. O professor precisa
buscar a interação entre a vida social e a escolar, levando em consideração o discurso musical
do aluno (SWANWICK, 2003) e estimulando sua criatividade e interesse. É essencial uma
atualização constante dos materiais produzidos, pois se “hoje não se ouvem mais os mesmos
ruídos do tempo de Mozart,” é preciso “fazer a música do nosso tempo” (ZAGONEL, 1999, p.
3).
O projeto ora relatado começou em 2010, quando três alunos e dois professores de
licenciatura em música decidiram formar um grupo de estudos com o intuito de compor e
produzir material para crianças. Como primeira atividade, o grupo iniciou uma revisão do
material fonográfico direcionado às crianças e produzido no Brasil nos últimos vinte anos. Em
encontros semanais, paralelamente à pesquisa auditiva, iniciou-se a leitura de textos de
referência na área de educação musical. O foco foram os relatos de experiências e pesquisas
sobre o ensino de música escritos nos últimos dez anos. Entre as inúmeras publicações
passíveis de estudo, o grupo aprofundou-se nos textos de PENNA, 2008, ZAGONEL, 1999,
ILARI, 2006, e MATEIRO, 2008. Esse levantamento de material visava uma construção de
conhecimento daquilo que tem sido produzido no Brasil recentemente, gerando parâmetros
que delimitariam a criação musical.
Uma terceira vertente do projeto envolve, ainda, uma pesquisa de campo,
entrevistando – até o momento – vinte e dois (22) professores de música de treze estados do
país. Os entrevistados advém de distintas realidades: sala de aula e prática coral em escolas
públicas e particulares, bem como conservatórios. Os resultados da pesquisa, nestas três
frentes da primeira etapa, têm possibilitado, até agora, uma idéia parcial daquilo que está
disponível aos professores em escolas de várias partes do país. A reflexão sobre as
descobertas feitas até o momento, corroboram os objetivos iniciais do grupo, que incluem a
criação e viabilização de material que venha a acrescentar ao que atualmente é oferecido aos
professores de música. Lembrando que, por mais que tenha havido crescimento nos últimos
anos, não existe, ainda, abundancia de material musical à disposição dos professores do
ensino básico. O grupo crê que a diversidade de opções é um fator de motivação para o
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docente, que, na fartura de alternativas poderá escolher aquelas que melhor se adaptam à sua
realidade.
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existentes em distintos estados do Brasil – está dentro dos objetivos do grupo a longo prazo.
Além disso, as peças têm caráter poético, facilitando a memorização das letras através de
rimas, assonâncias e outros recursos literários. Tanto este, como os aspectos ligados à fauna e
flora brasileiras, podem ser trabalhados de forma interdisciplinar com os programas de
português/literatura e ciências.
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Referências
CUNHA, Marcus V. John Dewey: uma Filosofia para Educadores em Sala de Aula. 4ª ed.
Petrópolis: Editora Vozes, 2007.
PENNA, Maura. Caminhos para a conquista de espaços para a música na escolar: uma
discussão em aberto. Revista da ABEM, Universidade Estadual Paraíba (UEPB), No. 19, p. 57-
64, Março, 2008.
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II Seminário Brasileiro de Educação Musical Infantil
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Tiago Madalozzo
UFPR
tmadalozzo.ufpr@gmail.com
Resumo: Neste relato procuro registrar aspectos relacionados à prática de ensino na disciplina
de Metodologia do Ensino das Artes para o 3º ano do curso de Formação de Docentes em um
colégio estadual de Curitiba. A partir de pesquisas teóricas e documentais, observações e
questionários, construiu-se um panorama teórico, chegando-se a uma questão: o que era
possível fazer para que minhas aulas fossem produtivas, já que talvez fossem os únicos
momentos em que a turma teria aulas específicas de música? E quais procedimentos utilizar
para “ensinar a ensinar” música, uma vez que se tratava de uma turma de professores em
formação? O tema gerador do plano de ensino foi a percepção do som como matéria-prima de
todo evento musical, tendo como objetivos a apresentação dos elementos sonoros e sua
organização em torno da forma musical, além da ênfase na discussão de metodologias de
aplicação destes conteúdos teóricos a partir de jogos musicais e da apreciação musical ativa,
sempre com variado repertório (França, 2002; Joly, 2003; Palheiros e Wuytack, 1995;
Schafer, 2001). Desta forma, foi possível promover a sensibilização musical dos alunos-
professores em formação, mostrando novas possibilidades de ensino e de construção de
planos de aula musicalmente ricos e criativos.
Palavras chave: Prática de ensino, formação de docentes, metodologias de ensino
Introdução
unidade didática com seis aulas (meu tempo de contato com eles)? A abordagem escolhida e o
tema gerador da prática estão especificados neste relato, destacando-se ainda a curiosa relação
de simetria de condições que se estabeleceu em sala de aula, afinal, os alunos eram
professores em formação.
Apresento a seguir as principais conclusões do panorama teórico inicial e os
desdobramentos da prática, registrando questionamentos e possíveis soluções encontradas ao
longo do trabalho, tendo em vista a ideia de que aqueles breves momentos de prática
poderiam ser os únicos destinados a aulas exclusivas de música em toda a vida acadêmica da
maioria dos alunos.
Panorama Teórico
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de ensino de conteúdos de outras disciplinas, e estava bastante ansiosa para o trabalho com
Música.
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no contexto da educação musical infantil, não se trabalhe com objetivos extramusicais, mas
sim, com metas muito claras de desenvolvimento e formação musical. Por este motivo é que
optei por mostrar uma possibilidade aos alunos: conteúdos relacionados às propriedades do
som, ou seja, claramente “musicais”.
Há várias formas de se trabalhar com música. Algumas insistem na teoria; outras, na
notação musical (escrita na partitura). Mas há, também, a musicalização, em que os
conhecimentos musicais devem ser trabalhados através dos exercícios práticos. Não se pode,
porém, fazer isso sem o estabelecimento de objetivos claros.
Procurei mostrar que repertórios variados são interessantes, mas um trabalho com
músicas do cancioneiro tradicional brasileiro – ou músicas diferentes que conhecemos, que
lembramos da nossa infância – é igualmente importante, pois podemos estabelecer uma
ligação clara com o universo infantil, além de eventualmente ter mais segurança a partir de
um trabalho com músicas bem conhecidas.
Tudo com que trabalhei foi discutido intensamente com os participante do curso:
desde conversas sobre a abordagem da musicalização, passando pela legislação e chegando a
experiências sobre o uso de instrumentos musicais contruídos em sala junto com as crianças.
Enfim, procurei ligar todas as propostas levadas com a realidade de sala de aula dos futuros
professores, trabalhando com exemplos musicais relevantes.
Os planos de aula reuniram atividades em que não só procurei ensinar música aos
alunos, como também ensinar a ensinar tais conteúdos. Um ponto positivo do trabalho foi a
introdução de conteúdos de forma intuitiva, ou seja, chegando-se à teoria a partir da prática –
a metodologia da “sensibilização musical”. Absolutamente todos os conceitos trabalhados
foram comentados e discutidos a partir das atividades musicais, e apenas depois nomeados
teoricamente.
Optei por insistir na expressão corporal e vocal, incluindo nas aulas repertório de
conhecimento pessoal dos alunos, principalmente cantigas de roda que remetiam à sua
infância, por acreditar que teriam mais segurança ao trabalhar com repertório conhecido.
Ainda assim, procurei enfatizar a importância de uma pesquisa constante por novos
repertórios; mas as canções de domínio público pareceram ser um bom ponto de partida.
Alguns conteúdos foram modificados ou inseridos nos planos de aula ao longo da
prática, de acordo com questionamentos e demanda dos próprios alunos. A prática levou em
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conta atividades de apreciação ativa, fazer musical (a parte que é deixada um pouco de lado
nas atividades normais da disciplina) e reflexão sobre estas duas para se chegar à teoria, de
forma a contemplar a chamada “proposta triangular” de trabalho com Arte. Isso garantiu certa
coerência estrutural ao trabalho.
Como exemplo de conteúdo inserido oportunamente, destaco a noção de pulso, que
acabou permeando boa parte das atividades musicais desempenhadas pelos alunos, e também
foi um conceito apresentado a partir da prática. Outro tópico solicitado pelos alunos foi a
construção de instrumentos com materiais alternativos, que acabou originando um trabalho
avaliativo.
A notação musical não foi a ênfase do trabalho, mas houve a necessidade de se
registrar as atividades de forma não-convencional (utilizando materiais alternativos como
cartolinas e gráficos). Um ponto de grande interesse dos alunos foi minha escolha por gravar
todas as canções em sala de aula. Isso possibilitou a confecção de um CD que foi
posteriormente entregue a todos, e auxiliou no cumprimento de uma expectativa registrada
nos questionários aplicados aos alunos antes da prática: a aquisição de repertório.
A avaliação foi além da simples participação em aula: em três trabalhos, solicitei aos
alunos que pesquisassem repertórios, criassem estratégias de aplicação de conteúdos musicais
aprendidos nas aulas através de atividades lúdicas, e construíssem instrumentos também com
objetivos musicais e pedagógicos, além de estéticos. Com estes trabalhos procurei estimular a
criação de atividades de aplicação de conteúdos da disciplina de forma ativa, não se
resumindo à escrita de planos de aula, prática comum nos outros bimestres.
Experimentar fazer música acabou abrindo precedente para o ensino de conteúdos
musicais básicos, que não só foram interessantes para os alunos em sua vida acadêmica, mas
também para sua formação docente, porque a variedade de atividades que foram apresentadas
para trabalhar esses conteúdos poderá abrir caminho para a construção de planos de aula mais
criativos.
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Referências
JOLY, Ilza. Educação e educação musical: conhecimentos para compreender a criança e suas
relações com a música. In: HENTSCHKE, Liane; DEL BEN, Luciana (orgs.). Ensino de
música: propostas para pensar e agir em sala de aula. São Paulo: Moderna, 2003. p. 113-126.
PALHEIROS, Graça Boal; WUYTACK, Jos. O lugar da audição na educação musical. In:
Audição Musical Activa. Porto, Portugal: Associação Wuytack de Pedagogia Musical, 1995.
p. 9-13.
SCHAFER, R. M. Limpeza de ouvidos. In: O ouvido pensante. São Paulo: UNESP, 2001. p.
67-118.
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Resumo: Este trabalho tem por objetivo apresentar a proposta de aulas de música para
crianças de zero a cinco anos realizada no projeto de extensão “Música para Bebês”, da
Universidade Estadual de Maringá. Iniciado em 2009, tem por objetivo oportunizar a
iniciação musical de crianças por meio de atividades de apreciação, criação e execução
musical. A ação, além de promover o contato da Universidade com a comunidade, tem
oportunizado a formação de professores reflexivos, já que procura refletir sobre metodologias
e fundamentos do ensino de música para crianças. O projeto utiliza como referencial teórico
autores como Souza (2000) e Delgado e Müller (2005), que consideram as crianças como
“atores sociais plenos”, bem como autores que discutem o desenvolvimento musical infantil,
como Ilari (2006) e Beyer (2003). Dessa forma, o curso conta com uma metodologia que
procura entrelaçar duas propostas: o cotidiano e o cognitivo.
Palavras chave: Educação musical, cotidiano, criança
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estimular o fazer musical das crianças por meio do canto, movimento, criação, apreciação e
execução musical.
O projeto se justifica a partir de pesquisas como a de Ilari (2006), que considera que os
benefícios da música para as crianças vão além do desenvolvimento cognitivo. A autora
aponta que a música traz benefícios psicológicos, fisiológicos, culturais, auditivo-
educacionais e estético-musicais (ILARI, 2006). Beyer e Braga (2006), afirmam que, no caso
dos bebês, as experiências sonoras podem auxiliar o desenvolvimento da fala e do canto.
Cerca de dezesseis crianças participam do projeto, e são divididas em três turmas, de
acordo com a faixa etária. São aulas semanais, de aproximadamente 40 minutos, ministradas
por acadêmicas do terceiro e quarto ano de licenciatura em música, que trabalham em duplas
e com uma co-repetidora ao piano. Na turma de crianças de até dois anos, os pais ou
responsáveis acompanham as atividades.
Isso porque, entendemos que essa presença traz segurança às crianças, e, além disso,
possibilitam que os pais também aprendam como estimular musicalmente seus filhos. Dessa
forma, possibilita trocas de conhecimento e incentivo, que, de acordo com Bandura (1994)
citado por Cavalcanti (2009), torna as experiências das crianças mais eficazes. Como relata
uma mãe que participou do projeto no ano de 2009,
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II Seminário Brasileiro de Educação Musical Infantil
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prática, indo para a reflexão e voltando para a prática que o professor fortalece a sua ação,
renova sua competência e ganha mais segurança”.
A partir de discussões e reflexões, optamos por não utilizar uma estrutura pré-
estabelecida para as atividades, como acontecia nos anos anteriores. De acordo com as
ministrantes de 2009, a metodologia consistia em uma rotina
Essa metodologia é decorrente dos estudos de educadoras como Feres (1998) e Beyer
(2003). Decidimos por deixar como rotina apenas o “canto de entrada e a hora da despedida”,
possibilitando uma maior flexibilidade para adptar as atividades a cada turma e a cada
professor. Russell (2005), a partir da análise de uma aula de música para crianças com uma
proposta semelhante a nossa, fala sobre a função desses itens em uma aula de música
Deixando como rotina apenas o canto de entrada e a hora da despedida, optamos por
construir as aulas a partir de temas. Com um tema escolhido, criaram-se histórias para serem
contadas durante as aulas, para que, por meio da narrativa, as atividades musicais sejam
ligadas, um “senso de Gestalt ou totalidade”, evitando a fragmentação das atividades
(RUSSEL, 2006, p. 83). O primeiro tema escolhido foi “carrinhos e bonecas”, para ser
trabalhado durante quatro aulas e os objetivos estabelecidos foram a exploração de sons,
percepção, execução, apreciação e criação musical. Dessa forma, a aula é realizada de
maneira contínua, trazendo
Os planejamentos também são flexíveis no sentido de levar em consideração o
interesse demonstrado pelas crianças, possibilitando explorar ao máximo as vivências que as
mesmas trazem para as aulas de música. Nosso objetivo é que, a partir das aulas de música, as
crianças estabeleçam um vínculo com seu cotidiano, e promovam trocas entre a vivência
musical em casa e as aulas de música no projeto. Para tanto, são utilizados materiais
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Referências
BEYER, Esther. A interação musical nos bebês: algumas concepções. Educação: Revista do
centro de educação. Santa Maria: v. 28, n. 2, p. 87 – 97, 2003.
BROOCK, Maria Vander. A música em casa: de que forma os pais participantes do Projeto de
Musicalização Infantil da UFBA utilizam a música com seus filhos? XVIII CONGRESSO
DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO (ANPPOM).
Salvador – 2008. Anais... Salvador: 2008. p. 301 - 304
DELGADO, Ana Cristina Coll; MÜLLER, Fernanda. Sociologia da Infância: Pesquisa com
crianças. Educação e Sociedade: revista de Ciência da Educação. Centro de estudos Educação
e Sociedade. São Paulo: Cortez; Campinas, vol. 26, n. 91. p. 351-360, Maio/Ago. 2005
Disponível em: <http://www.cedes.unicamp.br>. Acesso em: nov. 2010
MALAGUTTI, Vania ; GOIS, Micheline . Música para bebês: do cotidiano para sala de aula.
ENCONTRO DE PESQUISA EM MÚSICA DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE
MARINGÁ, IV. Maringá, Anais... Maringá, 2009.
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II Seminário Brasileiro de Educação Musical Infantil
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PARIZZI, Maria Betânia. O canto espontâneo da criança de zero a seis anos: dos balbucios às
canções transcendentes. Revista da ABEM, Porto Alegre, V. 15, 39-48, 2006.
SOUZA, Jusamara (Org.). Música, Cotidiano e Educação. Porto Alegre: PPG – Música
UFRGS, 2000.
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Vitor H. R. Manzke
vitormanzke@gmail.com
Isabel B. Hirsch
isabelhirsch@ymail.com
Joséti R. Manzke
josetimanzke@gmail.com
Vitor H. B. Manzke
vimanzke@gmail.com
Resumo: Este trabalho é um relato de experiência que integra parte do curso de Formação
Continuada ministrado aos professores de educação infantil da rede pública de ensino da
região sul do Estado do Rio Grande do Sul. O curso é desenvolvido no âmbito da Rede
Regional de Ciências promovida pelo NECIM – Núcleo de Estudos em Ciências e
Matemáticas – do Campus Pelotas Visconde da Graça – CAVG/IFSul, localizado no
município de Pelotas – RS. Teve por objetivo subsidiar os professores da educação infantil
com metodologias alternativas para o desenvolvimento do tema “sentido da audição”. Além
disso, compreender os parâmetros do som; estimular a percepção auditiva por meio de
atividades musicais, criando estratégias para o desenvolvimento da percepção auditiva em
sala de aula. As atividades foram desenvolvidas durante uma tarde com professores da rede de
ensino público pertencentes à área de abrangência da Rede Regional. Dada a especificidade
do trabalho com professores não especialistas em música, consideramos que os resultados
foram satisfatórios dentro da proposta do Núcleo, que é refletir sobre as diferentes formas de
trabalhar as ciências da natureza e a matemática de forma interdisciplinar utilizando-se dos
mais diversos conteúdos em cada etapa da educação infantil.
Palavras chave: Educação infantil, interdisciplinaridade, música, formação de professores
Introdução
Muitos são os trabalhos que têm focado o professor não-especialista em música, como,
por exemplo, Bellochio (2002, 2007, 2008, entre outros), Figueiredo (2003, 2004, 2007, entre
outros) e Pacheco (2007). Mesmo que cada autor dê um enfoque diferente em seus contextos,
os textos revelam a necessidade que os professores dos cursos de pedagogia têm de uma
formação inicial e continuada em música para atender uma demanda que, cada vez mais, está
sendo solicitada. Pacheco, 2007 afirma que,
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Musical nas práticas escolares das crianças das Séries Iniciais e Educação
Infantil (PACHECO, 2007, p.89).
Embora não seja proposta de trabalho do NECIM atuar com a educação musical, o
convite para ministrar uma oficina de percepção auditiva para integrar o curso de formação
continuada com professores da educação infantil vai ao encontro do pensamento destes
autores.
As ciências em muitos casos são vistas como única e de maior importância entre “as
ciências”. Entretanto, um olhar mais holístico sobre o tema por certo levará a uma discussão
mais ampla sobre as diversas formas de ver uma determinada realidade. O aluno em sua
individualidade deve ter a possibilidade de interpretar o conteúdo da maneira que mais lhe
interessar. A interação entre este, o aluno, e o seu cotidiano, por certo, lhe mostrará vários
caminhos para alcançar o objetivo traçado pelo professor.
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II Seminário Brasileiro de Educação Musical Infantil
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infantil, buscando assim, formas alternativas de trabalhar temas tradicionais, desde a forma de
abordar cada tema até a escolha dos materiais didáticos a serem utilizados.
Pensei em como trabalhar música e ciências de uma forma interdisciplinar. De acordo
com Jupiassu,1976 interdisciplinaridade é, também, uma prática coletiva, onde se faz um
diálogo com outras disciplinas reconhecendo a necessidade de aprender com outras áreas do
conhecimento (JAPIASSU, 1976, p. 82).
Parte do conteúdo do Curso de Formação Continuada em Ciências para os professores
de educação infantil é trabalhar os cinco sentidos, e, fui convidado a desenvolver atividades
voltadas para o sentido da audição. Foi a primeira vez em que a música integrou o programa,
interdisciplinarmente, e, como forma de projeto piloto, foram desenvolvidas atividades
musicais, mais especificamente, com a percepção auditiva.
De acordo com a proposta do curso, organizei o conteúdo e a forma de como deveria
ser trabalhado de modo que as professoras participantes pudessem vivenciar as atividades
para que, posteriormente, viessem a desenvolvê-las em sala de aula com as crianças. Neste
relato, descreverei, além dos passos iniciais da oficina, duas das seis dinâmicas trabalhadas
com os alunos.
Primeiramente, de uma forma bastante simples, trabalhei os conceitos de som e dos
parâmetros do som, conforme Med 1996, já que nenhum dos professores tinha qualquer
conhecimento musical. Desta forma, para eles, ficou mais fácil de entender qual era minha
proposta de trabalho.
Após esta introdução com a apresentação breve dos conceitos, passei para a primeira
parte prática da proposta de trabalho, que foi a confecção de um chocalho. Optei por construir
este instrumento, não só em função de sua simplicidade de confecção e manuseio, mas
também porque apesar de ser um instrumento relativamente simples, proporciona diversas
formas de aplicabilidade em atividades lúdicas e é feito de material alternativo, sendo fácil de
encontrar. Segundo Pacheco 2007,
Cada aluno confeccionou dois chocalhos, sendo um com garrafa e areia e o outro com
garrafa e pó de brita. Após cada aluno confeccionar seus dois chocalhos, iniciei a proposição
de atividades a seres trabalhadas com o a utilização do instrumento confeccionado. A primeira
atividade proposta foi à diferenciação dos parâmetros timbre, altura, intensidade e duração.
Para isso, solicitei aos participantes que, por sua conta, descobrissem as mais variadas
formas de produção de sons possíveis com os dois chocalhos e, que, junto com essas
possibilidades, fossem se familiarizando com os sons que cada forma de manuseio produzia.
Após alguns minutos de livre utilização do chocalho, propus uma atividade que
chamei de Fantoches Musicais. Esta atividade consiste em criar uma história com duração de
30 segundos, com tema de livre escolha, utilizando os chocalhos como fantoches. Para esta
atividade separei o grande grupo em duplas, e, foi dado de 10 a 15 minutos com o intuito de
que criassem e ensaiassem a história. Em cada história, além do enredo criado, deveriam ser
utilizados todos os parâmetros do som trabalhados.
Ao término do tempo dado para a criação e ensaio, cada dupla apresentou o seu
trabalho ao grande grupo. Embora tenha sido proposto que fosse uma história criada por cada
dupla, duas das duplas não se sentiram em condições de criar e solicitaram então que
representassem histórias clássicas infantis, já que durante nossa apresentação da proposta de
trabalho com os fantoches musicais, expus que o trabalho poderia ser iniciado com as crianças
através das representações das fábulas já conhecidas por elas, inclusive com a caracterização
de cada fantoche, até que as crianças se sentissem a vontade com a atividade para que então
criassem suas próprias histórias.
Após a apresentação de cada dupla, solicitei ao grande grupo que apontassem a
utilização de cada um dos parâmetros do som que estavam presentes em cada uma das
histórias apresentadas. É importante salientar que o grande grupo apontou não só os
parâmetros presentes em cada uma das histórias apresentadas, mas também apontou, sem que
fosse solicitado, os parâmetros que não foram apresentados, pois algumas duplas não
utilizaram todos os parâmetros.
Além disso, devo registrar que, talvez pela preocupação em utilizar os parâmetros do
som, todas as duplas deixaram bem marcados os momentos em que elas tinham consciência
que estavam usando algum parâmetro.
A segunda dinâmica proposta, chamada de Memória Auditiva, trata de um jogo onde
os alunos são chamados individualmente frente ao grande grupo, posicionam-se junto à mesa
onde existem dois chocalhos construídos da mesma forma, porém com materiais diferentes.
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Nesta atividade os dois eram de garrafas PET de 500 ml, porém, um continha em seu interior
areia e o outro continha pó de brita. Por serem de materiais diferentes, o resultado sonoro de
seu manuseio também era distinto. Tendo em vista essa diferença, a cada aluno que era
chamado, era dado até um minuto para que se familiarizasse com as possíveis sonoridades
emitidas por cada um dos chocalhos. Após este minuto, solicitava ao aluno que se voltasse de
costas para os chocalhos e de frente para o restante da turma, e a cada som emitido, o aluno
deveria dizer qual chocalho foi utilizado para aquele resultado sonoro. Cada chocalho foi
utilizado para produzir sons no mínimo de três formas diferentes, e cada forma era repetida no
máximo três vezes. Foi possível fazer com que todos os alunos passassem por essa
experiência, e por se tratar de um grupo pequeno, podemos fazer com que os alunos
tomassem a posição de professor e manuseassem os chocalhos para que os colegas de curso
concluíssem de qual dos dois chocalhos estava sendo produzido o som.
Conclusão
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Referências
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Resumo: A educação musical com crianças e adolescentes em ambiente hospitalar tem como
objetivo essencial, proporcionar aos alunos-pacientes o contato com o universo sonoro através
das percepções auditiva, visual e tátil. Fazê-los reproduzir os sons com o corpo e ter contato
com os instrumentos musicais, observando-se a maneira como se expressam individualmente
e coletivamente pela música. Contribuir à promoção do desenvolvimento cognitivo e psíquico
desses pacientes hospitalizados e/ou portadores de doenças crônicas, afastadas das rotinas
acadêmicas de ensino-aprendizagem, sendo possível, ainda, o uso da música como uma
ferramenta terapêutica que controla a ansiedade e o estresse.
Palavras chave: Classe hospitalar; educação musical; terapia musical; aluno-paciente
1
Fig.1 e 2 - O professor orienta sobre as particularidades de cada instrumento musical, escolhe um ritmo e uma
canção para ser executada junto com os alunos. Nesse contexto, o papel da música é atuar como uma ferramenta
que educa, diverte e possibilita de modo terapêutico a melhora da saúde física e mental dos alunos-pacientes.
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FIGURA 32 FIGURA 4
2
Fig. 3 e 4 - A música como objeto de integração social, realizando o encontro com o próximo, fortalecendo os
laços de amizade e afetividade.
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FIGURA 53
3
Fig. 5 - A música tem a capacidade de adentrar ambientes nem sempre convencionais, entretanto torna-se
necessária a sua presença para alimentar nossas esperanças.
361
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Referências
ALVIM, Neide; BERGOLD, Leila; Cabral, Ivone. O lugar da música no espaço do cuidado
terapêutico: sensibilizando enfermeiros com a dinâmica musical. Texto e Contexto Enferm.
Florianópolis, 2006. p. 262-269.
FONSCECA, Eneida. Atendimento escolar no ambiente hospitalar. São Paulo: Menon, 2003.
MATOS, Elizete. Escolarização hospitalar: educação e saúde de mãos dadas para humanizar.
Rio de Janeiro. Petrópolis, 2003.
RUUD, Even. Caminhos da musicoterapia. Tradução Vera Wrobel. São Paulo: Summus,
1990.
362
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Resumo: Este artigo trata-se de um relato de experiência que tem como objetivo além de
promover uma breve reflexão acerca da musicalização infantil, descrever a experiência do
ensino de música para crianças de zero a seis anos promovido pelo do Grupo de Estudos de
Educação Musical Infantil da Universidade Federal da Paraíba – UFPB. A primeira parte
deste trabalho traz um relato das aulas. Posteriormente são apresentadas algumas discussões
acerca da literatura referente a musicalização infantil e, por fim, serão apontados os próximos
passos da musicalização infantil na cidade de João Pessoa – PB, bem como as suas
implicações para a educação musical.
Palavras chave: Musicalização infantil, desenvolvimento infantil, musicalização na UFPB
Introdução
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Antes mesmo de nascer, os bebês têm contato com diversos sons presentes no útero
materno, como explica Soares (2008) “desde a vida intra-uterina, o bebê é cercado por um
ambiente sonoro, convive tanto com ruídos externos quanto com os sons interiores causados
pelo funcionamento do corpo da mãe e pela sua voz” (SOARES, 2008, p.80). Ilari (2003)
acrescenta ainda que, após o nascimento,
Quando o bebê nasce, essa relação sonora se amplia. Os sons percebidos com
limitadas ações motoras passam a ser reagidos. Eles também passam a responder aos
365
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estímulos musicais por meio de movimentos corporais e de algum tipo de produção sonora.
Em seu estudo sobre os balbucios musicais, Beyer (2005) explica que, “a exploração sonora
do bebê contempla todos os parâmetros sonoros, mas que vai variar conforme o contexto
sonoro-musical em que o bebê está inserido” (BEYER, 2005, p. 101).
Deste modo, apesar de ainda haver quem pense no bebê apenas como um ouvinte
passivo, as reflexões a respeito da musicalização para crianças já existentes na área, nos
mostram que elas também são capazes de reagir e responder aos estímulos sonoros (ILARI,
2002).
O trabalho com os sons nesta idade é fundamental, pois a criança explora várias
capacidades musicais, estimulando seu desenvolvimento musical e geral. Logo, a
musicalização de crianças de zero a três anos tem o objetivo de trabalhar com a música
desenvolvendo competências como ouvir, perceber, discernir e interagir com diferentes
universos sonoros. Com as crianças de quatro a seis anos os objetivos a serem explorados são
basicamente os mesmos, embora sejam trabalhados de forma mais aprofundada. Nesse
sentido, Penna (2008) acrescenta que,
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Referências
BEYER, Esther. (Org.). O som e a criatividade: reflexões sobre experiências musicais. Santa
Maria: Ed. UFSM, 2005.
ILARI, Beatriz Senoi. Música na infância e na adolescência: um livro para pais, professores e
aficionados. Curitiba: Ibpex, 2009.
PARIZZI, Maria Betânia. O canto espontâneo da criança de zero a seis anos: dos balbucios às
canções transcendentes. Revista da ABEM, Porto Alegre, V. 15, 39-48, set. 2006.
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Resumo: Na observância da lei de inclusão da música no currículo das escolas do nosso país
e com a conseqüente necessidade de se construir propostas de educação musical adequadas a
realidade brasileira, torna-se imprescindível esclarecer a real situação do ensino da música na
escola regular. Diante deste contexto, esta pesquisa visa mapear o ensino de música nas
Unidades Municipais de Educação Infantil (UMEI’s) da Rede Municipal de Educação da
Prefeitura de Belo Horizonte/MG. Para isso, serão delineados os perfis dos professores que
ministram atividades musicais nas UMEIs; será analisado o status da música utilizada como
componente dos currículos escolares; serão identificados os tipos de atividades musicais
desenvolvidas e os recursos disponíveis para a realização dessas atividades; serão levantadas
as necessidades dos professores para desenvolver o ensino de musica na educação infantil. A
metodologia utilizada é o survey, sendo que os dados serão coletados por meio de
questionário junto aos professores das Unidades Municipais de Educação Infantil (UMEI).
Palavras chave: Educação musical, educação infantil, formação de professores
Introdução
2 Linguagens: Artes plásticas visuais; Corporal; Digital; Escrita; Musical; Matemática e Oral)
3 Com formação em curso Normal (Nível Médio) e/ou com nível superior em Pedagogia (Graduação)
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FIGURA 1 – UMEI BH / MG
Justificativa
FIGURA 2 – UMEI BH / MG
Objetivos
Geral
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Específicos
• Identificar quem são os professores que atuam na área, sua formação e suas
demandas em relação à sua atuação;
• Analisar o status da música como componente dos currículos escolares;
• Levantar as atividades musicais predominantes;
• Identificar os recursos disponíveis nas escolas para a realização das aulas de
música.
Metodologia
Resultados Esperados:
Espera-se que esta pesquisa possa identificar “onde acontece”, “como acontece”,
“quem faz acontecer” a educação musical infantil na rede municipal de educação em Belo
Horizonte. Assim, haverá maior segurança, clareza e delineamento na orientação dos caminhos
a seguir para construção de práticas pedagógico-musicais eficazes voltadas para essa faixa
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etária. Este fato trará contribuições para a formação e ações de cada um dos educadores,
considerando os processos indissociáveis do cuidar e educar de cada criança4.
FIGURA 3 – UMEI BH / MG
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Referências
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BEYER, Esther.; STIFFT, Kelly. A relação mãe-filho no Projeto "Música para Bebês”: um
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Centro de Educação/UFSM, Santa Maria/RS, v. 28, n. 01, p.93-99, 2003a.
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MARINO, Gislene. Educação musical escolar: análise do ensino de música nas escolas
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Educação da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2005.
PARIZZI, Maria Betânia. Influências da educação musical nas respostas vocais e de interação
social em crianças nascidas prematuras. In: XX ENCONTRO ANUAL DA ASSOCIAÇÃO
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