Inclui anexos
Referencias: f. 72-76.
por
RESUMO
ii
NASCIMENTO, Marco A. T. Elementary Method for the Collective Learning of
Instruments of Wind Band "Da Capo": a study of you application “Da Capo”: a study
about your application. 2007. Master Thesis (in Music) – Programa de Pós-Graduação em
Música, Centro de Letras e Arte, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro.
ABSTRACT
This research aims to identifying the benefits caused by the wind bands` musical teaching
through the use of the news educational proposes. That study tries to prove the
characteristic of a appropriated musical education school to the Brazilian realities capable
to democratize the musical teaching in the country. To obtain such information were used
the bibliographical analysis, exploratory studies and to the pseudo-experimental research.
Through this, a group of musical wind band`s young beginners from Minas Gerais` country
side (Brazil) received their first musical teachings through the use of the Elementary
Method for the Collective Teaching of Instruments of Band of Music "Da Capo" and
instrumentals` classes with specialized teachers in the period of six months, being verified
huge educational benefits, as the inefficiency factors` subtraction of the musical teaching
existent in the Brazilians` amateurs musicals wind bands and an initial musical formation
homogeneous and of quality with larger speed among the students.
Keywords: Wind Band, Collective Learning of Instrument and Method "Da Capo"
iii
NASCIMENTO, Marco A. T. Méthode Élémentaire pour l´Enseignement Collectif
d´Instruments Musicaux dans les Orphéons « Da Capo »: une étude sur son application.
2007. Mémoire Master 2 (Mestrado em Música) – Programa de Pós-Graduação em Música,
Centro de Letras e Arte, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro.
RESUMÉ
Cette recherche a pour but d'identifier les avantages proportionnels pour l'enseignement
musical de la fanfare quand on utilise de nouvelles propositions éducatives, en essayant de
prouver la caractéristique possible d'une école de formation musicale adaptée à la réalité
brésilienne capable de démocratiser l'enseignement de la musique dans notre pays. Pour
obtenir une telle information, on a fait appel à l'analyse bibliographique, à des études
d'exploration ainsi qu’ à la recherche pseudo-expérimentale. À travers ceci, un groupe de
jeunes débutants d'une bande de musique de l'intérieur de l'état de Minas Gerais (Brésil) a
reçu leurs premiers enseignements musicaux avec l'usage de la Méthode Élémentaire pour
l'Enseignement Collectif d'Instruments de Bande de Musique "Da Capo" et classe
d'instruments avec les professeurs spécialistes durant de six mois, être vérifié que
l'éducation courageuse, bénéficie, comme la soustraction de facteurs d'inefficacité de
l'enseignement musical existant dans les bandes de musique Brésiliens amateurs et une
formation musicale initiale homogène et de qualité avec plus grande vitesse parmi les
étudiants.
Capo »
iv
À Escola de Aprendizagem Musical Banda e Coral
v
AGRADECIMENTOS
vii
SUMÁRIO
Página
INTRODUÇÃO.............................................................................................................1
CAPÍTULO 1. METODOLOGIA.................................................................................9
1.1 Justificativa e comentário sobre o tipo da pesquisa
1.2 Escolha do universo da pesquisa e amostra
1.3 Instrumentos de coleta de dados e procedimentos
1.4 Tratamento e análise dos dados
CAPÍTULO 2. A BANDA DE MÚSICA: história, conceitos e tipos.........................18
2.1 A banda de música no Brasil colonial
2.1.1 Música no Brasil até 1808
2.1.2 Após 1808
2.2 Bandas militares e as bandas civis
2.3 Tipos de bandas de música
2.4 Classificação do universo pesquisado
CAPÍTULO 3. ENSINO COLETIVO DE INSTRUMENTOS MUSICAIS................40
3.1 Conhecendo o ensino coletivo de instrumentos musicais
3.2 História do ensino coletivo de instrumentos musicais
3.3 Joel Barbosa e o método “Da Capo”
3.4 A aplicação do método “Da Capo”
3.5 O método “Da Capo” ensinando música musicalmente
CAPÍTULO 4. A BANDA 24 DE SETEMBRO E O MÉTODO “Da Capo”...............51
4.1 Perfil do grupo
4.1.1 Professores-instrumentistas
4.1.2 Professor convidado
4.1.3 Instrumentistas voluntários
4.1.4 Alunos
4.2 Descrição do experimento
4.2.1 Ensaios-Aulas
4.2.2 Apreciações
4.2.3 Depoimentos dos professores-instrumentistas
4.2.4 Depoimentos informais de músicos profissionais
4.3 Resultados
CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................68
REFERÊNCIAS .........................................................................................................71
ANEXOS....................................................................................................................76
viii
MÉTODO ELEMENTAR PARA O ENSINO COLETIVO DE INSTRUMENTOS DE
BANDA DE MÚSICA:
“DA CAPO”
UM ESTUDO SOBRE SUA APLICAÇÃO
por
RESUMO
ii
NASCIMENTO, Marco A. T. Elementary Method for the Collective Learning of
Instruments of Wind Band "Da Capo": a study of you application “Da Capo”: a study
about your application. 2007. Master Thesis (in Music) – Programa de Pós-Graduação em
Música, Centro de Letras e Arte, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro.
ABSTRACT
This research aims to identifying the benefits caused by the wind bands` musical teaching
through the use of the news educational proposes. That study tries to prove the
characteristic of a appropriated musical education school to the Brazilian realities capable
to democratize the musical teaching in the country. To obtain such information were used
the bibliographical analysis, exploratory studies and to the pseudo-experimental research.
Through this, a group of musical wind band`s young beginners from Minas Gerais` country
side (Brazil) received their first musical teachings through the use of the Elementary
Method for the Collective Teaching of Instruments of Band of Music "Da Capo" and
instrumentals` classes with specialized teachers in the period of six months, being verified
huge educational benefits, as the inefficiency factors` subtraction of the musical teaching
existent in the Brazilians` amateurs musicals wind bands and an initial musical formation
homogeneous and of quality with larger speed among the students.
Keywords: Wind Band, Collective Learning of Instrument and Method "Da Capo"
iii
À Escola de Aprendizagem Musical Banda e Coral
iv
AGRADECIMENTOS
v
“Educar é acreditar na vida, mesmo que derramemos lágrimas.
Educar é ter esperança no futuro, mesmo que os jovens nos
decepcionem no presente. Educar é semear com sabedoria e
colher com paciência. Educar é ser um garimpeiro que
procura os tesouros do coração.” (Augusto Cury)
vi
SUMÁRIO
Página
INTRODUÇÃO.............................................................................................................1
CAPÍTULO 1. METODOLOGIA.................................................................................9
1.1 Justificativa e comentário sobre o tipo da pesquisa
1.2 Escolha do universo da pesquisa e amostra
1.3 Instrumentos de coleta de dados e procedimentos
1.4 Tratamento e análise dos dados
CAPÍTULO 2. A BANDA DE MÚSICA: história, conceitos e tipos.........................18
2.1 A banda de música no Brasil colonial
2.1.1 Música no Brasil até 1808
2.1.2 Após 1808
2.2 Bandas militares e as bandas civis
2.3 Tipos de bandas de música
2.4 Classificação do universo pesquisado
CAPÍTULO 3. ENSINO COLETIVO DE INSTRUMENTOS MUSICAIS................40
3.1 Conhecendo o ensino coletivo de instrumentos musicais
3.2 História do ensino coletivo de instrumentos musicais
3.3 Joel Barbosa e o método “Da Capo”
3.4 A aplicação do método “Da Capo”
3.5 O método “Da Capo” ensinando música musicalmente
CAPÍTULO 4. A BANDA 24 DE SETEMBRO E O MÉTODO “Da Capo”...............51
4.1 Perfil do grupo
4.1.1 Professores-instrumentistas
4.1.2 Professor convidado
4.1.3 Instrumentistas voluntários
4.1.4 Alunos
4.2 Descrição do experimento
4.2.1 Ensaios-Aulas
4.2.2 Apreciações
4.2.3 Depoimentos dos professores-instrumentistas
4.2.4 Depoimentos informais de músicos profissionais
4.3 Resultados
CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................68
REFERÊNCIAS .........................................................................................................71
ANEXOS....................................................................................................................76
vii
1
INTRODUÇÃO
No Brasil dos últimos anos, pode-se perceber uma preocupação com o sistema de
educação das escolas públicas de ensino básico. Colóquios, congressos, encontros e debates
vêm acontecendo e trazem propostas de mudanças para o ensino. Somente nos últimos anos
vida social”. Porém o autor afirma que o acesso à cultura nos países classificados, até pouco
tempo, como de Terceiro Mundo, particularmente a vida musical, “encontra-se, quase sempre,
nas mãos de uma elite social, de uma minoria sofisticada, falsamente refinada e esnobista”.
Hentschke (1993:52), comenta que “infelizmente o acesso à educação musical no Brasil, bem
como ao estudo de um instrumento, continua sendo privilégio das elites, atitude que contradiz
atendem a demanda por seus cursos, tendo que, na maioria das vezes, utilizar de algum tipo de
seleção como escolha. E, nos últimos anos, houve disciplinas de educação artística, artes
cênicas, artes visuais e música, subtraídas dos currículos do ensino público regular de nosso
país.
1
Hans-Joachim Koellreuter (1915-2005): Músico formado pela Escola Estadual de Berlim e pelo Conservatório
de Música de Genebra, onde foi aluno de Kurt Thomas e Hermann Scherchen, entre outros. Fundou e dirigiu a
Escola Livre de Música de São Paulo, a Escola de Música da Universidade Federal de Bahia e a Escola de
Música Ocidental de Nova Delhi. Dirigiu o Departamento de Programação Internacional do Instituto Goethe de
Munique, os institutos culturais da República Federal da Alemanha em Nova Delhi, Goethe de Tóquio e do Rio
de Janeiro (Koellreuter, 1990). Faleceu no dia 13 de setembro de 2005 na cidade de São Paulo onde residia nos
últimos anos (Koellreuter, 2006).
2
musicais nos eventos citados anteriormente referentes à educação, assim como em eventos
subárea da música, educação musical, tanto nos cursos de Pós-Graduação em Música quanto
Os índices das especialidades (5) Educação Musical Instrumental (Banda, Orquestra, incluindo
conjuntos de percussão e fanfarra) (5%) e (6) Educação Musical Coral (3,5%) são muito baixos, como
nas dissertações da área da Música/Educação Musical; acreditamos que seja devido ao pouco interesse
dos discentes por esta especialidade. Como já foi dito, o interesse está associado a aspectos diversos,
como a quase total ausência de literatura e a falta de prática dos pesquisadores, isto é, acreditamos que
os regentes de coral e de conjuntos instrumentais, os quais têm a prática musical direta no campo,
desenvolvem pesquisas em outras áreas da música, não havendo interesse em tratar de aspectos e
problemas de ensino e aprendizagem (FERNANDES, 2000:50).
profissionais recebe alguma influência por meio da banda de música em sua formação
musical. Tal influência é causada, muitas vezes, pelo contexto social da banda, que participa
de eventos sociais de naturezas diversas como missas, procissões, festas, retretas2, desfiles
lembrar que, até pouco tempo atrás, a banda de música era um dos mais populares veículos de
acesso à cultura musical para a sociedade, encerrando nas apresentações não somente a
2
Retreta: Apresentação de uma Banda de Música em praça publica. (FIDALGO, 1996).
3
(Nascimento, 2003).
Verifica-se ainda a existência de músicos que tiveram sua iniciação musical nas
musical e grupos populares famosos. Nota-se, também, com certa obviedade, que a maioria
existirem músicos que tiveram sua origem musical na banda e, hoje, exercem funções
O interesse pelo tema bandas de música originou uma pesquisa que veio a se
música” em algum momento de sua formação musical. Tentou-se, ainda, ressaltar sua possível
4
característica de escola de formação musical, contribuindo para mudar o tratamento para com
bibliográfica. Porém, devido a escasso material existente sobre o assunto, foi necessário o uso
indivíduo. Essa pesquisa baseou-se no estudo da experiência para tentar obter maior
músico em todas as áreas de atuação profissional. Mas, apesar dessas qualidades, é necessário
buscar outras formas de conhecimento musical complementar sua formação, concluindo que
as bandas de música, apesar de contribuírem para a formação, não são auto suficientes para a
grandes grupos. Primeiro, algumas características positivas, que podem ser apontadas como:
1) O empréstimo do instrumento musical: frente a um país onde a maioria das famílias tem
problemas financeiros, não restringe o aprendizado musical a pessoas que possam comprar
um instrumento musical;
aprende a estudar e tocar em conjunto, atividade que prepara o músico para sua atuação
profissional;
5
que ocorre nesta instituição, durante o aprendizado. Na banda os alunos mais adiantados
geralmente para um público bastante numeroso, estimula o aluno. O maior pagamento que um
artista pode receber é o aplauso do público e o aluno da banda aprende isso bem cedo.
5) O “Gosto pela música”: as bandas têm uma grande importância na vida profissional de
musicais, e mostrando-lhes o “gosto pela música”, dando-lhes o impulso para seguirem esta
carreira.
Segundo, entre os fatores que podem ser apontados como negativos à educação
1) A diferença de nível e a forma de ensino musical das bandas: não se tem nenhuma lista de
um parâmetro de ensino musical nas bandas, por isso há uma diferenciação tão constante
promoverem esse tipo de ensino de forma adequada, que segundo músicos profissionais,
3
Lev Semyonovitch Vygotsky (1896-1934): Psicólogo russo fundou, a partir de sua produção teórica, a
perspectiva sócio-histórica para a psicologia. Embora tenha falecido há quase setenta anos, deixou um legado
impressionante de trabalhos que, descobertos no Ocidente durante a década de 60, são discutidos, até hoje, não
só na psicologia mas também em outros campos, como da educação. (DUARTE, 2001).
6
quem ensina todos os instrumentos da banda, e é muito difícil um músico conhecer as técnicas
anteriormente como uma qualidade de ensino pode, por vezes fazer o papel inverso. Se tal
atividade não tiver um acompanhamento atento por parte do educador, os alunos mais
iniciantes poderão ficar frustrados por não conseguirem tocar como os alunos mais adiantados
Não se encontrou também no currículo “esparramado”4 das bandas uma prática que
contemple alguns dos saberes necessários para a formação musical nomeados pelas
existentes em seu processo de formação musical. Para isso esta pesquisa analisará a aplicação
de um novo método brasileiro de ensino coletivo para bandas de música chamado “Da Capo”
(Barbosa, 2004), elaborado e utilizado pelo Professor Joel Barbosa5 em bandas brasileiras. A
4
Currículo sem sistematização, organização ou qualquer tipo de preparação prévia, sem os conhecimentos
educacionais necessários para um aprendizado musical compatível com as instituições regulares de ensino,
calcadas, na maioria das vezes, na experiência adquirida na mesma banda pelo mestre antecessor que praticava a
mesma forma de ensino.
5
Joel Barbosa: Mestre e Doutor em Artes Musicais pela University of Wahington, em Seattle, EUA. Com base
em sua tese sobre metodologia de ensino coletivo de instrumentos de banda, escreveu o primeiro método de
banda brasileiro “Da Capo”. Atualmente é professor titular de clarineta da Escola de Música da Universidade
Federal da Bahia – UFBA e do Programa de Pós-Graduação onde orienta trabalhos de mestrado e doutorado nas
áreas de clarineta e ensino coletivo. É fundador e maestro da Filarmônica UFBEBÊ, banda do convênio entre a
UFBA e a Sociedade 1º de Maio, projeto que trabalha música e cidadania com jovens de um bairro popular de
Salvador. Neste projeto, experimenta materiais didáticos para banda por ele elaborado e treina alunos
universitários para trabalharem com a metodologia de ensino coletivo de instrumentos. Elaborou a concepção
pedagógica da Escola de Música Maestro Wanderley, da Casa das Filarmônicas, a qual coordena e rege sua
banda. Nos últimos três anos, tem atuado como professor da oficina para músicos e maestros de banda do
Programa Tim-Arteducação– Projeto Música e Cidadania, Bahia (Barbosa, 2004:v).
7
iniciantes nos estudos musicais de uma banda de música amadora do interior do estado de
Minas Gerais validariam sua utilização como instrumento de ensino? Uma antecipação da
resposta vem pelo próprio autor do método “Da Capo”. Em sua tese de doutorado intitulada
“Uma Adaptação dos Métodos Americanos de Instrução de Bandas para a Educação Musical
futuras como sugere o autor: “a fim de verificar a validade do sucesso do método como
certas palavras (sotaque), ou mesmo utilizar diferentes palavras para classificar o mesmo
objeto, por isso, as melodias e as letras utilizadas no método podem não ser reconhecidas
pelos alunos em algumas partes do território nacional. Para isso, a aplicação da pesquisa será
na cidade mineira de Mar de Espanha, pois não se teve notícias da aplicação do método “Da
Juntamente a isso, esta pesquisa utilizará alguns fatores diferenciais ao método. Tais
experiências também são sugeridas e utilizadas pelo autor (Barbosa, 2005). O primeiro fator
método “Da Capo”, um único professor assume o papel de ministrar todos os instrumentos, já
que esta é uma prática comum nas bandas brasileiras. Segundo o professor Joel Barbosa, essa
segundo aspecto será a apreciação musical através de vídeos, Dvds, Cds e audições ao vivo
6
An Adaptation of American Band Instruction Methods to Brazilian Music Education, Using Brazilian Melodies
(BARBOSA, 1994).
7
In conclusion, in order to verify the validity of the method´s success as a teaching tool, it will be necessary to
submit it to several experiments in different parts of Brazil (BARBOSA, 1994:29).
8
Entrevista realizada pelo autor em julho de 2005 com Joel Barbosa.
8
que também, segundo este autor, trará um resultado positivo para o ensino do método
(Barbosa, 2005).
música brasileira como resultados final desta pesquisa, poderão validar e incentivar a
estruturação de um currículo para as bandas utilizando o método “Da Capo”, bem como os
fatores diferenciais aplicados nesta pesquisa, proporcionando uma formação musical mais
No decorrer da pesquisa notou-se certa dúvida por parte dos próprios músicos de
banda na definição da categoria de sua corporação, aqui no Brasil tratada por diferentes
nomes. Por isso, notou-se a necessidade de se fazer um esclarecimento nesta questão, aqui
tratada no capítulo 2.4. Para isso esta pesquisa utilizou referências bibliográficas nacionais e
conjuntos musicais.
9
CAPÍTULO I – METODOLOGIA
design9 pseudo-experimental.
Phelps (1993),
A verdadeira pesquisa experimental, a única forma de pesquisa para mostrar um efeito de causa
(...), é extremamente difícil de conduzir fora de um ambiente de laboratório. No mundo ao
redor de nós, existem tantas variáveis estranhas que afetam o que se aprende ou faz, ou como
alguém se comporta participando ou conduzindo uma banda, que a verdadeira pesquisa
experimental conduzida em laboratório pode não ser a melhor escolha10 (PHELPS, 1993:268,
grifo nosso).
de grupo de controle, que não receberia o tratamento do primeiro grupo, e seria somente
observado (Phelps, 1993:257). Tal tipo de pesquisa foi criticado nos anos sessenta e setenta
9
Design: O termo design, no que se refere à pesquisa, tem sido traduzido como desenho ou planejamento. O
design corresponde ao plano e às estratégias utilizadas pelo pesquisador para responder às questões propostas
pelo estudo, incluindo os procedimentos e instrumentos de coleta, análise e interpretação dos dados, bem como a
lógica que liga entre si diversos aspectos da pesquisa (Alves-Mazzotti e Gewandsznajder, 2004:147).
10
True experimental research, the only form of research to show a causal effect, you will recall, is extremely
difficult to conduct outside of a laboratory environment. In the world around us, there are so many extraneous
variables that affect what one learns or does, or how one will perform in or rehearse a band, that true
experimental research conducted in laboratory may not be applicable.
10
antinatural. Esses pesquisadores advogaram, então, que essas variáveis estranhas que seriam
bloqueadas fariam parte da realidade e deveriam ser aproveitadas. A partir daí, esse tipo de
bibliografia, descartou-se a pesquisa de design experimental, pois seria difícil selecionar dois
grupos de aprendizes na Banda de Música 24 de Setembro, nos mesmos moldes exigidos pela
pesquisa, como por exemplo, dispor da mesma quantidade e tipo de instrumentos para os dois
grupos. Além disso, seria impraticável deixá-los livre de variáveis estranhas, que segundo o
11
Gaston Mialaret: Professor honorário da Universidade de Caen na França (MIALARET, 2001).
12
On parle de pseudo expérimentation quand le chercheur fait agir un facteur expérimental sur en groupe et en
étudie les conséquences. Un plan quasi expérimental est celui dans lequel on s´efforce de comparer les
résultats des deux groupes, l´un ayant été l´objet d´une action expérimentale l´autre n´ayant reçu aucune action
particulière ; mais les deux groupes sont approximativement considérés comme équivalents (deux classes par
exemple). Un plan expérimental est celui qui met en jeu un contrôle rigoureux de l´équivalence des groupes
considerés et qui utilise une méthodologie très précise aussi bien dans l´organisation de la situation
expérimentale que dans la méthodologie ou dans l´utilisation des méthodes et techniques d´évaluation et
d´interprétation.
11
Outro fator variante seria o perfil dos alunos. Existem alunos com o tempo livre e que
horários, praticar seu instrumento, tocar com outros alunos e esclarecer dúvidas com alunos
antigos. Porém, existem alunos que não possuem essa disponibilidade e que, além de
residirem na área rural, precisam ajudar os pais nos afazeres domésticos ou rurais, tendo em
vista que boa parte da população reside em área rural e vive da agricultura e/ou pecuária.
utilizado.
Seria difícil selecionar dois grupos de alunos na mesma banda de música objeto da
‘experimental’, onde seriam aplicadas habilidades musicais mais efetivas - como se esperava
com a aplicação do método “Da Capo”. O outro, chamado de grupo de ‘controle’, não sofreria
nenhuma ação particular, utilizando o método usualmente empregado para o ensino musical
na Banda de Música 24 de setembro. Tal situação, em que uma classe de alunos em pouco
tempo já mostraria resultados práticos, fazendo apresentações, e outra que estaria aprendendo
música com ênfase na teoria e sem fazer quaisquer tipos de apresentações, poderia causar, em
isso, foi necessária a seleção de uma amostra intencional13, que tivesse determinadas
características onde se pudesse verificar fatores considerados importantes. Dentre eles, por
exemplo, o fato de a banda de música objeto da pesquisa, bem como sua comunidade já serem
conhecidas pelo pesquisador. Este tem um contato contínuo de mais de 18 anos, pois, nessa
banda, iniciou os estudos musicais, foi instrumentista e, nos últimos cinco anos, atua como
professor e regente. Tal contato possibilitou acordo junto à diretoria da “Banda de Música 24
nas questões de cunho administrativo que, se não fossem verificados, poderiam, de certa
inscrições para uma turma de alunos iniciantes na banda de música, momento em que foram
seleção prévia dos alunos, devido à quantidade reduzida de instrumentos disponíveis, boas
índice de evasão.
O critério estabelecido para a seleção foi a disponibilidade dos alunos aos horários
das aulas, por isso, realizou-se uma reunião com os alunos e seus pais, possibilitando assim, o
13
Amostragem intencional: os participantes são escolhidos de acordo com critérios definidos, sendo, portanto, a
escolha não-aleatória.
13
intenção dos pais de se mudarem ou de enviarem seus filhos para cursarem o ensino médio ou
preparatório para o vestibular em outro município (visto que este fato é uma atividade comum
na região) também foi investigada neste momento. Verificou-se o nível de interesse intrínseco
do aluno nos estudos musicais, pois muitas vezes este pode ser somente por parte de seus pais.
Explicou-se, ainda neste encontro, a grande importância que o incentivo familiar exerce sobre
Após a seleção da amostra, usou-se uma intervenção por parte do pesquisador, que se
baseia na hipótese de que poderiam ser minimizados os fatores negativos do ensino musical
nas bandas, tais como: o ensino individual deficiente, a prática em conjunto que, se mal
aplicada, pode gerar inibição dos alunos iniciantes e a ausência de conteúdo programático pré-
estabelecido, fatores estes que serão tratados posteriormente. Para isso, utilizou-se o método
de ensino coletivo de instrumentos musicais “Da Capo”, desenvolvido pelo Prof. Dr. Joel
no plano de curso:
Workshop14;
14
Em tal tipo de aula, o professor orienta um aluno na presença de outras pessoas, quase sempre alunos, podendo
até ocorrer intervenções durante a aula por parte dos ouvintes.
14
conteúdos foram feitos por meio de aulas regulares pelo pesquisador, relatadas posteriormente
em capítulo específico.
Para efetuar a parte do projeto que trata das aulas individuais de instrumento,
O critério de residir na cidade não pode ser estabelecido para todos os professores
devido à escassez de tais profissionais no município. Por isso, alguns professores vieram da
cidade do Rio de Janeiro. O critério de escolha para esses professores foi o interesse pelo
cunho social do projeto e estarem dispostos a viajarem nos fins de semana para o município
de Mar de Espanha.
instrumentos;
- para os outros instrumentos como percussão, sax-horn barítono e tuba: contou-se com a
fornecida pela diretoria da banda de música ora por interesse e dedicação dos professores que
por gravações em VHS, fichas de observação individuais e coletivas, bem como depoimentos
Gewandsznajder, 2004:166 e 167). Nessa etapa de coleta de dados, toda a observação foi
tratada como dado de suma importância, pois, segundo Mialaret (2001), a observação deve ser
mais completa que possível porque as situações humanas, sociais, educativas que nós
observamos são essencialmente complexas e resultam sempre de um grande número de
variáveis e não se sabe, a priori, quais são as observações que não são pertinentes. É sempre a
posteriori que a escolha das observações pertinentes pode ser efetuada (MIALARET,
15
2001:7).
Essa observação foi efetuada durante cada aula ministrada em grupo pelo próprio
pesquisador, ocorrendo geralmente três vezes por semana, com duas horas e meia de duração.
aptidões para o ensino musical, exercendo esta função já há vários anos. Estes se mostraram
interessados em aprender a metodologia do método “Da Capo”, por isso assistiam a todas as
aulas ministradas pelo pesquisador. Após as aulas, havia um momento de reflexão entre os
eventuais questionamentos, pois foi um dos interesses paralelos desta pesquisa disseminar tal
metodologia.
15
Aussi complètes que possible parce que les situations humaines, sociales, éducatives que nous observons sont
essentiellement complexes et résultent souvent d’un très grand nombre de variables et l’on ne sait pas, a priori,
quelles sont les observations qui sont ou ne sont pas pertinetes. C’est souvent a posteriori que le choix des
observations pertinentes peut être effectué (MIALARET, 2001:7).
16
A coleta de dados nessas ocasiões foi realizada por depoimentos desses professores e por
reflexão feita a partir da análise comparativa entre as aulas anteriores e posteriores a essa
intervenção.
banda. Tal atividade realizaria dupla função: a relação entre indivíduos, principalmente de
diferentes níveis técnicos, que se constatou em pesquisas anteriores ser benéfico para a
ambiente diferenciado.
comparação com a formação musical de alunos dessa e de outras bandas que não sofreram
intervenção, bem como com bandas que também utilizam outros métodos de ensino, cujos
Para tal comparação, utilizou-se a colaboração de músicos que tenham sua formação
musical, pelo menos inicial, em bandas de música e alunos da própria Banda 24 de Setembro
com mais tempo de estudos musicais que os alunos da amostra. Durante apresentações da
fizeram relatórios comparando o desenvolvimento musical destes alunos com o seu próprio
por eles conhecido. Tal procedimento será utilizado também como contribuição para a análise
Para a análise da aplicação das melodias utilizadas pelo método nessa região do país,
letras e melodias, possibilitando uma confirmação ou não de sua viabilidade nas bandas de
música.
18
1) o período desde a chegada dos portugueses no Brasil, em que a própria Carta de Pedro Vaz
de Caminha já relata o intercâmbio musical entre a música indígena e uma gaita portuguesa,
2) a vinda das Cortes Lusas em 1808, fazendo com que o cenário musical - que circundava
até esta data a igreja – se estendesse também aos teatros etc., modificando definitivamente a
porém a falta de material bibliográfico da história colonial brasileira no período que precede a
vinda da Família Real portuguesa para o Brasil em 1808 - devido às invasões francesas em
Portugal nos anos 1710 e 1711 e pelo incêndio do Senado da Câmara em 1760 - dificultam
dificuldades não impediram pesquisadores de realizarem trabalhos sobre o assunto, como por
16
As informações que aqui serão encontradas sobre a história das bandas de música brasileiras tiveram
considerável contribuição da dissertação “A Banda: Som & Magia” (Granja, 1984), de onde foram coletados
relevantes dados necessários à construção desse subitem. Encontraram-se, por meio de análise bibliográfica,
outras fontes, porém algumas delas utilizavam como referência “Granja, 1984”. Por isso, esta pesquisa optou
pela fonte primária.
17
Francisco Curt Lange foi diretor do Instituto Interamericano de Musicologia sediado na cidade de Montevidéu
e vinculado ao Ministério de Relações Exteriores do Uruguai, reconhecida e apoiada por Resolução do Conselho
da OEA. Passou anos pesquisando sobre este objeto, começando em 1944/45 em Belo Horizonte e terminando
esses dez volumes em 1960. Até esta publicação, em 1979 existiam, ainda, mais dois volumes em elaboração.
19
analisou-se a História da Música nas Irmandades de Vila Rica (Curt Lange, 1979), contendo
dez volumes.
Os jesuítas usavam conjuntos musicais nas festas religiosas, como nas do Cristianismo
lusitano, para auxiliarem na educação religiosa dos pagãos. Tais conjuntos não eram formados
participantes (Granja, 1984). A herança musical de Portugal foi notória nos séculos seguintes
Quase meio século antes, em Minas - na pequena e austera Mariana – Pedro Nolasco da Costa
Athayde, músico português de idade avançada, teria regido em 1774 uma corporação musical
identificada pelos contadores da história das Gerais como a primeira banda de música de que se
teve notícias no Brasil (SANT`ANNA e MURTA, [s.d], [s.p.]).
era harpa, baixão e órgão, que serviam para acompanhar o canto. Esse repertório foi
praticado até o início do século XVIII, mas no Brasil foi executado até o século XIX. Já na
permanecendo até 1654. Com a chegada ao Recife do conde João Maurício de Nassau-Siegen,
da arte e da ciência.
Curt Lange pesquisou em território brasileiro e em Portugal com o objetivo de revelar ao mundo a Música
barroca mineira (Séc. XVIII), restaurando, ainda, 20 partituras desta época (LANGE, 1979).
18
Charamela: Família dos instrumentos a que pertencem o chalumeau dos franceses e as bombardas, onde se
encontram os antecessores de instrumentos modernos como o oboé, a clarineta e o fagote. O timbre rude, quase
assustador das charamelas medievais teve papel importante nos conjuntos arcaicos de sopros, sobretudo nos que
abrilhantavam as grandes solenidades (ZAHAR Dicionário de Música, 1985:73).
20
bandas marciais para o público da cidade de Recife sob influência de Maurício de Nassau, que
introduziu tal costume em seu palácio, com as vibrantes bandas militares holandesas (Granja,
1984).
ensinar música dentro de sua propriedade. Com isso, mantinham conjuntos de escravos para
tocar e, por vezes, havia até grupos corais de negros para cantar nas festas religiosas e outros
informações no ano de 1610 nos escritos do viajante francês Pyrard de Laval, onde relata
(1981:417 apud Granja 1984:23) utiliza os relatos do mesmo viajante, inclusive especificando
que o francês dirigente do grupo era de Marselha, e a banda de negros teria trinta figuras.
continuou no século seguinte, expandindo-se para outras regiões do país. Freire (1951:181
violino, flauta, trombone, órgão e até coro de crianças. Já Esteves (1915:523 apud Guimarães,
documentações jurídicas sobre crimes relacionados com escravos na região de Juiz de Fora,
também referências sobre as bandas dos barbeiros21, a qual será abordada posteriormente
preciosos na região das Gerais, tendo como capital Vila Rica. Essa região atingiu seu apogeu
cultural e artístico por volta de 1780, sendo os negros e mulatos os principais responsáveis por
outros artífices, mulatos na maioria, utilizando ouro nas construções barrocas das igrejas da
Região. Entre estes, um dos poucos que seria lembrado, Antônio Francisco Lisboa
(Aleijadinho).
Rocha, um dos compositores coloniais que teve suas obras analisadas pelo professor Curt
Lange, foi fagotista e timbaleiro do Regimento dos Dragões. Apesar de ser mulato, serviu
Em suas pesquisas sobre a evolução musical nas Minas Gerais, Curt Lange utilizou,
(nomeações, cartas patente, referências de viajantes etc.) (Lange, 1979:15). Porém, verifica-se
que as fontes mais produtivas foram as Confrarias e Irmandades. O próprio Curt Lange
21
Banda dos Barbeiros: formada geralmente por africanos libertos, que no passado acumularam funções
médicas, fazendo sangrias, aplicando sanguessugas ou extraindo dentes (GRANJA. 1984:29).
22
Falando em termos gerais, estas Irmandades e, mais tarde as Ordens, cumpriam funções
inteiramente diferentes dos sindicatos de hoje, apenas empenhados no bem estar material dos
seus associados. Eram organismos bastante fechados que obedeciam, em primeiro lugar, ao
culto católico de forma rigorosa, à proteção dos seus membros, à ética na sua conduta, ao
cuidado dos enfermos, velhos e Irmãos pobres, ao acompanhamento à última morada e à
veneração das suas almas por meio de missas individuais e coletivas. Não poucas destas
Irmandades eram mesmo pequenas instituições financeiras, que auxiliavam os irmãos
necessitados com empréstimos. Não faltaram historiadores que lhes atribuía também finalidade
política, mas isto, entendemos, depois do período colonial (LANGE, 1979:17e18).
A professora Célia Maria Borges22, em recente trabalho sobre esse assunto, explica o
2005:21). Observa-se o porquê da importância das fontes de Curt Lange sobre os dados
musicais dessas Irmandades, pois elas estimularam a vida artística e registraram em sua
documentação tais ações. A própria Igreja não se ocupava dos serviços musicais e era rara a
participação de padres como regentes. O fato da não participação do clero nas questões
musicais, deixando essa responsabilidade para entidades de leigos, possibilitou uma maior
A música “Colonial” foi um fator-chave para explicar a integração dos homens no culto e a sua
inserção na ordem do sagrado. E isso, porque a música teve o dom de penetrar nos indivíduos e
22
Célia Maria Borges: Mestre em Sociologia da Cultura/UFMG e Doutora em História Social pela UFF. É
professora do Departamento de História da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e integrante dos
programas de Pós-Graduação em Ciências da Religião e em História, nesta mesma Universidade. No âmbito de
pós-doutoramento, investiga a influência da espiritualidade mística de Teresa d´Ávila na Península Ibérica, nos
séculos XVII e XVIII (BORGES, 2005).
23
moldar a estrutura de sua linguagem sonora, carregando-a de sentido religioso. Uma melodia
que se impõe e converte ao divino, numa experiência de introspecção, é naturalmente capaz de
conformar representações religiosas, divulgar e inculcar crenças e atuar como veiculadora de
uma ordem, que tende aos poucos a ser, ela mesma, apreendida como sagrada (BORGES,
2005:146).
instituições coloniais, utilizaram seus atributos tanto para terem retorno financeiro quanto
para a elevação do status social. Segundo Curt Lange, “as Irmandade ocupavam um nível
mais alto, qualquer que fosse a condição social dos seus respectivos membros” (Lange,
1979:19).
corporações de músicos que estes deviam ser os melhores do país” (Lange, 1979:41, grifos do
precursoras dos princípios cooperativistas existentes nas bandas de música (Lange, 1979). O
Uma corporação de músicos tinha por cabeça um regente que era, por sua vez, também
executante, fosse instrumentista ou cantor, participando nesta condição do seu conjunto, hábito
este que também veio da Europa. A corporação possuía sede, ou, não a tendo, os seus
integrantes se reuniam, para os ensaios da próxima atuação na casa do regente, que era uma
espécie de Conservatório, onde se ensinava a arte dos sons. Nesta casa recebiam ensino
musical filhos, parentes, enjeitados e expostos. Por estes últimos, o Estado pagava uma
subvenção para sua manutenção. Formavam parte da família, como também os escravos, que
não poucas vezes aprendiam a cantar e tocar um ou vários instrumentos de sopro ou de
percussão. Os meninos ou moleques atuavam, com as suas belas vozes brancas como
sopraninos, porque não eram admitidas as mulheres no serviço musical das igrejas, sendo
substituídas por homens, cantando em falsete a voz de sopranos e de contraltos” (LANGE,
1979:41, grifo nosso).
Tais fatos aqui descritos sobre a música colonial na região das Gerais propiciaram um
ambiente favorável para multiplicação dos músicos, fazendo com que Minas Gerais tivesse a
demanda. Essas aglomerações tiveram uma grande importância para a origem da música
24
popular brasileira, merecendo destaque as atividades musicais dos barbeiros nas cidades de
Salvador e no Rio de Janeiro, além das Gerais, aqui citadas anteriormente, que também
atuavam em festas religiosas no século XVIII e no início do século XIX (Granja, 1984).
dos senhores. Por serem negros libertos e terem outra profissão, utilizavam a música também
como forma de lazer. Devido a essa liberdade na produção musical, produziam uma música
mais livre, de gênero e orquestração própria. Esta produção musical teria no futuro uma
porque ela era para atender os anseios da nova camada social. No século XVIII, as bandas de
barbeiros seriam indispensáveis para quaisquer festas populares, precedendo o que seriam as
bandas de música. Elas existiram até meados do século XIX, estendendo-se mais um pouco
no estado da Bahia.
Fato de grande importância para o desenvolvimento cultural do país foi a vinda das
Cortes Lusas em 1808. Com ela, veio para o Brasil toda uma estrutura para servir à Coroa
brasileiros, fato que trouxe, logo de início, reconhecimento da população como se pode
observar a seguir:
25
A Brigada Real da Marinha, origem do Corpo de Fuzileiros Navais, que acompanhou a Corte
Luza em sua transmigração, tão logo desembarcou, pôs-se a marchar pelas ruas do Rio, tendo à
frente sua “Música Marcial”. Todos ficaram encantados e não paravam de aplaudi-los, eis que
nunca haviam visto uniformes tão belos e garbosos. (MARINHA DO BRASIL, 2002).
Padre José Maurício, e outros tantos que tiveram suas obras perdidas ou pouco estudadas.
Porém, nesse período em que as Cortes Lusas estiveram no Brasil, alguns compositores de
renome internacional passaram por aqui. Podem-se citar os mais famosos que foram Marcos
Entre as obras do Padre José Maurício, ressaltam-se: Le due gemelle, hoje perdida, a
abertura Tempestade e 12 Divertimentos, compostos para uma banda de música que veio ao
Marcus Portugal24 veio para a Corte em 1811, a convite do Príncipe Regente. Foi
responsável, entre outras funções, pelas cerimônias da Capela Real atuando juntamente com
seu irmão pianista Simão. Nessa época, foram contratados também cantores italianos e
Artística de 181625, ficando no Rio de Janeiro até 1821. Foi um músico importante da Corte
de Dom João VI, ministrando aulas para Príncipe D. Pedro e à Princesa D. Leopoldina, e,
23
Sigismund Neukomm: filho de professor da Universidade de Salzburgo, onde nasceu em 10 de abril 1778.
Com 15 anos já era organista da Universidade e tocava quase todos os instrumentos de corda e sopro. Estudou
em Viena com Haydn por 8 anos se tornando seu melhor discípulo. Fez inúmeras viagens pela Europa, sendo
nomeado em Estocolmo membro da Academia de Música. Em S. Petersburgo, foi diretor da Ópera Alemã e
membro da sociedade Filarmônica. Em Moscou e Paris, estabeleceu excelentes relações no meio artístico e
científico. Em 3 de abril de 1858 morria em Paris, aos oitenta anos, deixando, apesar da vida errante, grande obra
e a reputação de um dos grandes organistas do século XIX (TAUNAY, 1983).
24
Marcus Antonio da Fonseca Portugal: Compositor e regente nasceu em Portugal em 24 de março de 1762.
Estudando no Seminário Patriarcal desde os nove anos, foi um dos melhores alunos de composição compondo
sua primeira obra aos quatorze anos. Como regente do Teatro Salitre (Lisboa), tornou-se compositor de prestígio
em toda Europa, e sua vinda para o Brasil estimulou a vida artística da corte. Autor do Hino da Independência do
Brasil, trabalhou até 1828 como mestre da Capela Imperial e foi diretor do Teatro São João até a sua morte no
Rio de Janeiro, em sete de fevereiro de 1830 (Enciclopédia da música brasileira, 2000:639).
25
Missão Artística de 1816: Grupo de artistas recrutados e organizados na França por Joaquim Lebreton (1760-
1819) com o objetivo de fundar no Rio de Janeiro a Escola Real das Ciências, Artes e Ofícios.
26
ainda, para alguns alunos particulares, entre estes, encontrava-se o jovem Francisco Manoel
Neukomm que o reconheceu como grande artista seja na composição, improvisação seja
Em revisão crítica ao catálogo das obras desse compositor, realizada pelo professor
José Maria Neves27 junto a Biblioteca Nacional da França, encontram-se sete peças para
manuscrito por Anton Neukomm (irmão de Sigismund) e vinte e nove mencionadas em outras
fontes, sendo sessenta e três assinaladas como “Rio de Janeiro” o local da composição. Entre
esses também constam obras para banda de música e marchas (Neves, 2001a). As transcrições
para banda, atividade esta comum naquela época, também são encontrados nos registros.
Além desses compositores, viriam para o Brasil outros artistas de diversas áreas,
visando a atender as Cortes e a nobreza. Nesse período, a cidade do Rio de Janeiro passou a
Nessa época, os portugueses não foram os únicos a impor uma cultura musical ao país.
26
Francisco Manuel da Silva: nascido no Rio de Janeiro em 21 de fevereiro de 1795 estudou com vários músicos
importantes de sua época, como: padre José Maurício Nunes Garcia, Marcus Portugal, Sigismund Neukomm.
Compositor, regente, violoncelista e professor, ocupou vários cargos de importância, dentre os quais: mestre
compositor da Capela Imperial, membro do corpo de censores do Conservatório Dramático Brasileiro, regente
principal da orquestra da Sociedade Fluminense, membro do conselho artístico da Imperial Academia de Música
e Ópera Nacional e foi professor da cadeira de rudimentos de música, solfejo e noções de canto para alunas do
Conservatório de Música do Rio de Janeiro. Fundou em 1833 a Sociedade Beneficência Musical, que seria o
primeiro órgão no Brasil a zelar pelos interesses da classe musical. Foi condecorado com a Ordem Rosa, nos
graus de Cavaleiro (1847) e Oficial (1857). Compôs principalmente obras sacras e hinos, inclusive o Hino
Nacional Brasileiro. Faleceu em 18 de dezembro de 1865 (Enciclopédia da música brasileira, 2000:730 e 731).
27
José Maria Neves: Foi professor emérito da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO).
Músico, pesquisador e compositor, nos anos 70, fez música eletroacústica e escreveu o livro de referências da
música brasileira contemporânea. Foi organizador dos Cursos Latino-Americanos de Música Contemporânea,
trouxe informação e formação a jovens de todo o continente. Foi maestro da Orquestra Ribeiro Bastos de São
João del Rey durante as tradicionais festividades da Semana Santa. Nos últimos anos se dedicou principalmente
à musicologia histórica (Neves, 2001b).
27
brasileira. Até os dias atuais, encontram-se manifestações dessas culturas nas regiões onde
O auge da imigração italiana foi no fim do século XIX, com o apogeu das plantações
paulistas de café. Naquela época, cerca de três milhões de italianos vieram para o Brasil, no
intuito de trabalhar nas lavouras. Entre eles, houve um número considerável de músicos que
logo começou a entrar em atividade no país. Muitos desses músicos vieram a assumir funções
repertório habitual. Houve uma nova imigração de italianos para o Brasil, antes e depois da
Segundo pesquisa realizada pela professora Maria de Fátima Duarte Granja (1984), a
Banda Alemã - como eram conhecidos os conjuntos de músicos alemães vistos na cidade do
Rio de Janeiro - apresentava-se nas ruas da cidade. Sua principal atuação ocorreu na década
de 1860, até seu desaparecimento no período pós-primeira guerra mundial. Músicos bem
trajados, tinham um repertório que incluía música européia e as músicas nacionais de sucesso.
Na cidade do Rio de Janeiro, segundo a impressa, haveria três grupos de músicos alemães e
também em outras cidades do Brasil como Salvador, Recife e Porto Alegre (Granja, 1984).
Segundo Granja (1984), “por decreto de 20 de agosto de 1802 foi tornada obrigatória a
existência de banda de música em todo Regimento de Infantaria mantida pelo erário público”
(Granja, 1984:30). Essas bandas se formaram em alguns Regimentos de Primeira Linha e, até
paramilitar era formada por exércitos organizados pelos grandes latifundiários. Cada
28
latifundiário tinha o comando de seu próprio exército, bem como o poder de decisão sobre
todos os assuntos dentro de suas terras. Com o surgimento de conjuntos musicais nesses
latifúndios, nasceram as bandas da Guarda Nacional. Com isso, criou-se uma rivalidade com
introduzindo hinos, marchas, dobrados, músicas eruditas e populares. Mais tarde, também
A rivalidade entre as bandas virou uma tradição que se segue até os dias atuais. Desde
o início, essa rivalidade se tornou um ato benéfico para a sociedade e os músicos, porque, em
militares foram obrigadas a melhorar seu nível técnico-profissional para competir na guerra
O fato é que, com essa valorização das bandas de tropa de 1ª linha e da Guarda Nacional,
centenas de músicos de origem popular encontravam oportunidade de viver de suas habilidades
e de seu talento, contribuindo para identificar com o povo, através da música de coreto e de
festas cívicas, um tipo de formação instrumental muito próxima do das orquestras sinfônicas
das elites (TINHORÃO, 1976:94).
Em 1855, houve um novo estilo de brincadeira chamado de Carnaval Carioca. Ele veio
inauguração. Naquela época, os foliões dançavam ao som das bandas marciais que se
apresentavam nos coretos da cidade nos dias de domingo. Essas apresentações, decerto, eram
as únicas oportunidades que a maioria da população das cidades brasileiras tinham de contato
28
Entrudo: brincadeira de rua suja e violenta, muito praticada pelos negros escravos desde o século XVIII.
Durante o entrudo dos negros e das camadas populares, e assim no Carnaval das novas camadas da classe média
da segunda metade do século XIX, foliões dançavam e cantavam nas ruas quadrinhas de autores anônimos, ao
ritmo de percussão, dançavam nos salões ao som geralmente de bandas, que tocavam os gêneros europeus da
época, principalmente a polca, o xótis, a valsa e a mazurca (Enciclopédia da música brasileira, 2000:162).
29
Outro evento que se tornou comum nos carnavais foi os bailes de máscaras, realizados
nos teatros. A parte musical ficava a cargo das bandas militares, constando no repertório
fornecer o divertimento musical para as classes mais humildes dos bairros e subúrbios da
compostos por sua maioria de pessoas modestas, funcionários públicos dos Correios e
Telégrafos, Estrada de Ferro Central do Brasil, repartições públicas e componentes das bandas
Pode-se observar que as bandas de música tiveram uma importância crucial para a
criação dos grupos de choro, pois importantes chorões obtiveram nas bandas a oportunidade
músico de seu tempo, iniciou seus estudos musicais na banda de música do Arsenal de Guerra
do Rio de Janeiro; o grande Pixinguinha teve como professor Irineu de Almeida, músico da
Banda do Corpo de Bombeiros e um grande chorão de sua época. Esses aqui citados são
apenas alguns dos vários exemplos encontrados, verificando-se, após análise da biografia de
e em alguns casos, contratando até maestros estrangeiros. Antes disso, as bandas usavam
confirmar esse fato nos primeiros registros fonográficos do país que conta com a participação
(CBMERJ) como a primeira banda de música a fazer uma gravação aqui no Brasil, o catálogo
da Casa Edison mostra a própria banda da Casa Edison como autora. Nem mesmo como
aos quartéis. Sua ação foi acolhida por bandas civis de amadores nas cidades do interior. Os
apenas as bandas de bairros atuavam para substituir as bandas militares (Granja, 1984).
2828 bandas de música. Somente no Estado de Minas Gerais, são 373 bandas (FUNARTE,
2006). As retretas nos coretos continuaram por muito tempo como principal atração para
saciar o lazer das pessoas reunidas em alguma praça. As festas públicas, religiosas, cívicas e
até enterros, continuavam com a presença das bandas de música, não mais as militares, mais
civis e militares que dura até os dias atuais. Proporciona-se um curioso sistema de trocas, em
que, de um lado, músicos iniciam sua aprendizagem musical nas bandas civis e, mais adiante,
voltam às suas bandas civis de origem para reforçá-las, seja como instrumentistas, seja como
mestres, trazendo estímulo para o conjunto amador, valorizando, com isso, suas
performances. Hoje em dia, pode-se verificar que ex-alunos das bandas civis que atuam nas
bandas militares continuam dando apoio a sua banda de origem, mesmo sem estar aposentado
(Nascimento, 2003). Essa ligação que se forma entre os integrantes dessas instituições é a
base de sua formação. A coletividade, a amizade e o prazer pela música são os aspectos
participação de pessoas ilustres tanto na diretoria quanto no corpo instrumental. Com essa
Musicais” etc. Em casos diversos, as bandas de música podem estar vinculadas a órgãos
governamentais, como prefeituras, ou inseridos num contexto social específico, como escolas,
que a banda militar é pertencente a alguma instituição militar, seja Força Armada ou Auxiliar,
e seus músicos detêm atualmente postos ou graduações condizentes com o cargo exercido na
instituição. Por isso, toda banda de música militar é uma banda de música profissional.
32
As bandas civis podem ser profissionais ou amadoras. Podem-se citar como exemplos
do Estado de São Paulo. Porém, a maioria das bandas de música existente no Brasil é
classificada como amadoras. Essa classificação, no entanto, não deve ser motivo para um
julgamento antecipado sobre o nível técnico das bandas amadoras. Existem bandas amadoras,
Janeiro, que contam com músicos profissionais de bandas militares e orquestras sinfônicas,
fatores que contribuem para esse fato têm diversas origens. Há bandas de maior e menor
recurso financeiro, propiciando uma grande diferença na qualidade musical final. Apesar de
doações não atendem a todas as suas necessidades. Em contrapartida, algumas bandas, por
estarem vinculadas a outras instituições como igrejas, prefeituras, colégios, por terem alguma
ajuda de políticos ou até mesmo doações de pessoas a elas ligadas por laços afetivos,
instrumentos muito usados, mal conservados ou de qualidade ruim não proporcionam uma
afinação correta ou requerem um esforço físico exagerado por parte do instrumentista para
Outro fator que contribui para a diferença qualitativa entre as bandas é o nível de
formação entre seus professores e maestros. Pode-se constatar que as bandas civis que se
educacional. Fato constatado devido ao elevado número de alunos que continuam seus
estudos musicais em instituições regulares e galgam uma atividade profissional com a música.
Existem professores, regentes ou até mesmo professores regentes com boa formação musical.
A exemplo, podem-se citar a Banda do Colégio Salesiano Santa Rosa, da cidade de Niterói, e
Janeiro.
A Banda do Colégio Salesiano Santa Rosa tem como regente titular, desde 1948,
mestre Affonso. Sob sua batuta, essa instituição musical obteve prêmios internacionais e
conta com um importante quadro de ex-alunos que hoje são renomados profissionais da área
de música como: Cristiano Alves31 e Fernando José Silveira32. Segundo Higino (2006), mestre
prática, esses conjuntos musicais aqui no Brasil recebem várias outras denominações como
banda marcial e fanfarra - as mais comuns - e, ainda, outras como banda sinfônica, banda de
31
Cristiano Siqueira Alves: Mestre em Música pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) onde ocupa
o cargo de professor assistente de clarineta.
32
Fernando José Silva Rodrigues da Silveira: Doutor em Música pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), é
professor adjunto de clarineta da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO).
34
metais. Essas nomenclaturas são utilizadas para classificar as bandas quanto ao número e
tipos de instrumento utilizados, seu emprego, bem como o repertório executado. Porém esta
esclarecimento sobre esse assunto. Tal esclarecimento faz-se necessário para dirimir dúvidas
sobre a correta classificação do universo pesquisado, pois, como citado anteriormente, existe
dúvida por parte dos próprios músicos de banda na definição da categoria de sua corporação.
Andrade, porém, relata sobre a divergência existente nessas classificações e adota para
sua pesquisa outra definição. “Fanfarra: conjunto de instrumentos lisos34 (sem pistões) e
(Andrade, 1988:12).
A Pequena Banda, ou Militar é aquela, na qual só devem ser empregados os instrumentos que
tenham bastante intensidade sonora, de sons rígidos e que sejam fáceis de serem conduzidos
tocando e marchando, porque o maior interesse por este tipo está na sua característica marcial
para puxar desfiles; execução de hinos, marchas, dobrados e canções patrióticas de
Organizações Militares, Governamentais e Populares... (BRUM, 1988:13)
A Média Banda é aquela mais numerosa que a pequena, em quantidade de executantes e que
congrega em sua organização alguns outros instrumentistas como o oboé, o clarone, o saxofone
baixo, os tímpanos, e até, às vezes, o contrabaixo de cordas, para que possa atuar em Audições
e Concertos, ou seja, todas as funções da Pequena Banda (BRUM, 1988:13).
A Banda Sinfônica é assim classificada por ter riquíssimo efetivo de instrumentos de sopro, de
cordas (atritadas, percutidas dedilhada), de percussão (tímpanos, vibrafone, xilofone, celesta,
bells e muitos outros) e principalmente, por ter caráter permanente artístico, mais apropriada
para a execução em sala de concerto ou recitais fechados (BRUM, 1988:13, grifos nossos).
33
Adolf Sax (1814-1894): fabricante de instrumentos belga. Suas invenções e aperfeiçoamentos de isntrumentos
musicais foram numerosas, sendo as mais famosas criações o saxofone (1846) e os sax-horns (1845). Tinha o
monopólio de venda de instrumentos para o exército francês, o que causava azedume entre seus rivais (ZAHAR
Dicionário de Música, 1985:336 e 337, grifos do autor).
34
Instrumentos lisos são instrumentos de metais sem os recursos mecânicos (pistons, chaves ou varas), deixando
a produção de notas musicais restrita ao estado natural do tubo, ou seja, apenas as notas de uma série harmônica.
35
Brum (1988) classifica fanfarra como banda de metais (metais e percussão) podendo
ser acrescida dos saxofones, e a banda marcial ou banda de tambores e corneteiros, como o
próprio nome já diz: “um conjunto composto de executantes de cornetas e tambores”, mas
podem ser acrescidos os pratos, pífaros, liras e gaitas escocesas (Brum, 1988:108).
Enfatiza-se, porém, que tanto as fanfarras como as bandas marciais, são modalidades
contribuição educacional advinda por meio das bandas marciais ou fanfarras. Em alguns
casos, a fanfarra tinha sido um estágio preliminar do aluno, antes de fazer parte da banda de
música.
No passado por vezes, as escolas tinham dois tipos de bandas. Existiam as fanfarras e as bandas
música, onde o aspirante a músico iniciava seus estudos nas fanfarras e aprendiam teoria
musical, solfejo e percepção musical. Os melhores alunos das fanfarras iam para as bandas de
música onde eram também instrutores nas fanfarras fazendo-se ter realmente um processo
educacional evolutivo (BARRETO, 2006).
categorização:
II - Instrumentos melódicos simples característicos: liras, escaletas, flauta doce, pífaros, gaitas
de fole e outros peculiares à categoria.
§ 2°. Ficam vedados nessas categorias quaisquer instrumentos da família dos metais (lisos ou
com válvulas) e da família das palhetas.
Artigo 14 - Fanfarra Simples Tradicional:
I - Instrumentos melódicos característicos: cornetas e cornetões lisos de qualquer tonalidade,
sem utilização de recursos, como gatilho.
II - Instrumentos de percussão: bombos, tambores, prato a dois, prato suspenso e caixa clara.
Artigo 15 - Fanfarra Simples Marcial:
I - Instrumentos melódicos característicos: trompetes naturais agudos e graves (cornetas), todos
lisos (sem válvulas) de qualquer tonalidade ou formato, sendo facultada a utilização de
recursos como gatilhos;
II - Instrumentos de percussão: bombos, tambores, prato a dois, prato suspenso, caixa clara.
Artigo 16 - Fanfarra com Uma Válvula:
I - Instrumentos melódicos característicos: trompetes naturais (cornetas) agudos e graves com
uma válvula de qualquer tonalidade ou formato;
II - Instrumentos de percussão: os mesmos da categoria anterior.
Artigo 17 - Banda Marcial:
I - Instrumentos melódicos característicos: família dos trompetes, família dos trombones,
família das tubas e sax-horn;
II - Instrumentos de percussão: os mesmos das categorias anteriores;
III - Instrumentos facultativos: marimba, trompa, tímpano, glockenspiel, campanas tubulares e
outros de percutir.
Artigo 18 - Banda Musical e Banda Sinfônica:
I - Instrumentos melódicos característicos: família das flautas transversais; família dos
clarinetes; família dos saxofones e instrumentos de sopro das categorias anteriores;
II - Instrumentos de percussão: os mesmos das categorias anteriores;
III - Instrumentos facultativos: oboé, fagote, contra-fagote, trompa, contrabaixo acústico,
celesta e xilofone.
a possibilidade da utilização dos sax-horns naturais (sem pistons ou válvulas) nesse grupo.
Barros relata ainda o conceito de banda marcial utilizada no Brasil como a Brass Band
a banda marcial que aportou na cidade do Rio de Janeiro com as Cortes Lusas no ano de 1808
35
Roberto Barros: maestro, dirige sua empresa de produções artísticas e culturais (Weril, 2003).
36
Depoimento por telefone em 19 de setembro de 2006.
37
era formada somente por tambores e pífaros e mais tarde foram incorporados os outros
Hoje a BMCFN tem em sua constituição liras, gaitas de folie, cornetas lisas e, com um
piston, flautins em substituição aos pífaros e percussão (pratos, tritons, bombos e surdos).
Sobre a diferença entre banda marcial e fanfarra, o maestro relata que existe certa
confusão e explica: “a Banda Marcial do Corpo de Fuzileiros Navais serviu como um ponto
de partida” (Barbosa Neto, 2007:2). Então, as bandas marciais civis utilizavam um conjunto
musical de instrumentação melódica reduzida com ênfase na parte militar, ou seja, evoluções,
BMCFN. Com o passar do tempo, houve o interesse desses grupos de acrescentar outros tipos
formações que apareceriam com o decorrer dos tempos, sobretudo uma classificação para os
Após análise dos dados obtidos nesta fase da pesquisa, observaram-se numerosas
ainda, algumas dúvidas inerentes à diferença entre a banda musical e a banda sinfônica. Como
foi visto anteriormente, na França, não há uma diferença na nomenclatura. Todos os conjuntos
musicais que têm em sua formação madeiras (mesmo sem oboés ou fagotes), metais e
cordas. Porém, nota-se uma variação maior na formação da banda sinfônica aqui no Brasil. A
37
Entrevista realizada em 22 de fevereiro de 2007.
38
CNBF não caracteriza a diferença entre ambas, mas julga facultativa a utilização de vários
denominadas sinfônicas, e o naipe de violoncelos que, apesar de não ser citado em referências
anteriores, é utilizado em algumas bandas sinfônicas, como por exemplo, a Banda Sinfônica
do Corpo de Fuzileiros Navais, que hoje atua com cinco instrumentistas desse naipe em sua
formação.
Verificou-se que tanto as bandas de música quanto as bandas sinfônicas têm como
sinfônica, com resultado final bastante satisfatório. Isso se deve à utilização de instrumentos
de orquestra como oboé e fagote, uma elevada quantidade de clarinetas - que executa
vezes até em marcha, porém ambas não realizam quaisquer tipos de evoluções ou
performances coreográficas.
ficando o repertório em segundo plano. Ressalta-se, porém, que aqui no Brasil, como
verificado anteriormente por esta pesquisa, houve uma implantação nas bandas marciais de
instrumentos oriundos das bandas de música e, por isso, podem-se encontrar bandas marciais
com repertório tão qualificado quanto o das bandas de música. Faz-se, nesse caso, exceção à
Banda Marcial do Corpo de Fuzileiros Navais que, com sua tradição, não se encaixa no perfil
atual das bandas marciais brasileiras e, sim, nas atuais fanfarras (Barbosa Neto, 2007).
39
utilizadas no Brasil:
como: oboé, fagote, tímpano, golckspel, celesta, tubofone etc., podendo ser acrescido, ainda,
substituindo, nas obras eruditas, violinos e violas por clarinetas e saxofones. Seu emprego se
oferecem mobilidade para tal, como é o caso dos grandes instrumentos de percussão e das
cordas.
percussão, podendo ter alguns instrumentos de sopro de pequeno porte utilizados nas
orquestras, como é o caso do oboé e fagote. Podem executar um repertório bastante variado,
com exceção de grandes peças escritas para orquestras sinfônicas. Seu emprego ocorrer em
família dos metais e percussão. Por não ter a família das palhetas, a execução de grandes
acrescido de instrumentos melódicos simples, como cornetas e cornetas com gatilho, chave ou
piston e/ou outros instrumentos característicos desta formação, como liras, escaletas, flautas
continuidade da pesquisa.
40
O primeiro contato com o ensino coletivo de instrumentos musicais pelo autor ocorreu
independência daquele estado. Naquela cerimônia, havia uma banda de música tocando
À frente da banda, estava o professor Dr. Joel Barbosa. A apresentação causou espanto
e admiração aos músicos do Rio de Janeiro que lá estavam a seu convite, pois ele explicou
que aquele grupo tinha começado há menos de um ano seus estudos musicais. Aquele era o
fruto de um trabalho que o professor Joel tinha desenvolvido, um método de ensino coletivo
para banda de música chamado “Da Capo”. A partir desse primeiro contato, começou o
Musical) que ocorreu na Escola de Música e Artes Cênicas da Universidade Federal de Goiás,
conferências com educadores musicais que trabalham com pesquisa a respeito do ensino
obtenção das primeiras informações práticas sobre o ensino em bandas de música, usando o
método coletivo.
SP. A participação em tal evento foi fundamental nesta pesquisa, pois foi realizado um curso
ministrado pelo professor Joel Barbosa, sendo possível adquirir conhecimentos inerentes ao
método “Da Capo”, além de realizar uma entrevista com este professor no intuito de dirimir
O ensino coletivo de música não é algo recente. Desde o século XIX, já é difundida tal
prática pedagógica. Pode-se citar, entre outros, Suzuki como um dos mais famosos ao
Villa-Lobos organizou e comandou uma prática de ensino coletivo de canto na década de 30,
Leipzig. A metodologia rapidamente chegou aos EUA (Cruvinel, 2005:42), havendo uma
sobretudo nas escolas de ensino regular. Nessa época, o ensino de música foi instaurado como
42
disciplina obrigatória, fazendo com que a aprendizagem musical ficasse valorizada, como
Foi logo após a I Guerra Mundial que esse aprendizado começou a ser inserido com grande
ênfase nestas escolas, ao ponto de sua disciplina mais oferecida em alguns anos da década de
80, sem considerar o Inglês, ter sido Banda; estando presente em 93% das escolas secundárias
(p.24).
Segundo Barbosa (1996), tal metodologia de ensino coletivo, por meio de banda de
música, foi eficaz nos EUA. O autor expõe, pela análise dos concursos nacionais de bandas
escolares realizados no período de 1923 a 1940 naquele país, que houve um aumento
Grande Guerra Mundial (Barbosa, 1996:43). Hoje, em cada escola americana, existem várias
todos os seus alunos. No Brasil, apenas recentemente observa-se uma aplicação do ensino
O ensino coletivo para instrumentos de cordas já foi utilizado no SESI de Fortaleza, CE, entre
1975 a 1978; no SESI de Brasília, DF, entre 1977 à 1978; no SESC Dr. Vila Nova de São
Paulo entre 1978 à 1982; e no Conservatório Carlos Gomes de Belém, PA. Nos SESC e SESI o
projeto foi dirigido por Alberto Jaffé e em Belém por Linda L. Kruger. Desses projetos saíram
muitos instrumentistas que hoje trabalham profissionalmente em nosso país (BARBOSA,
1996:44).
musical, utilizando tal metodologia. Alguns desses projetos têm caráter grandioso, como o
pesquisas os projetos de Nova Odessa, SP, em 1989; Sumaré, SP, de 1990 a 1992 (Barbosa,
43
Verifica-se, ainda, segundo o autor do método, que a aplicação do “Da Capo” é feita
em algumas bandas dos Estados do Pará, Rondônia, Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do
Sul, Mato Grosso do Sul e, talvez, em outros lugares, devido à sua divulgação ser feita por
meio de cursos ministrados pelo próprio autor. Porém, existem alunos que fazem o curso,
mas não informam se estão aplicando o método ou não. Existe, também, a possibilidade de
adquirir a edição do método “Da Capo” de forma comercial. Outro ponto que deve ser
banda a estar apto para lecionar o ensino coletivo, podendo ser feito de maneira errônea e
O professor Joel Luis Barbosa iniciou seus estudos musicais na Banda de Música da
Guarda Mirim de Piracicaba, Estado de São Paulo. Após ser agraciado com uma bolsa de
Campos”, na cidade de Tatuí – SP. Trabalhou com bandas de música nas cidades de
naquela região. Bacharel em Clarineta pela (UNICAMP) e com mestrado e doutorado nos
(Barbosa, 2004), desenvolvido pelo professor Joel Barbosa e editado pela Keyboard, é o
38
Entrevista realizada em julho de 2005, por ocasião do II Festival de Inverno de Tatuí.
44
Alguns métodos americanos para banda de música foram aplicados e analisados por
Joel Barbosa em bandas de São Paulo. Para o sucesso desses métodos, Barbosa (1994) lista
alguns fatores:
em grupo;
tradicionais;
musical;
Em Barbosa (1994), são discutidos outros fatores benéficos à educação musical que
estão inseridos em métodos de ensino coletivo para bandas de música. O estudo do canto, da
adaptado à música brasileira. Para o autor, é necessário utilizar melodias familiares aos
brasileiros, letras das músicas e parte literal escrita em português, partituras com indicações
Após seu retorno ao Brasil, o professor Joel foi lecionar na UFBA e, nesta ocasião,
começou a aplicar o método “Da Capo” experimentalmente, utilizando uma edição em versão
caseira. Por ocasião de seu doutorado, havia feito a reflexão e a elaboração teórica e, após
Hoje, o método “Da Capo” conta com uma edição comercial com o livro do regente e
os livros para todos os instrumentos utilizados nas bandas de música no Brasil, onde o autor
reuniu todos os atributos do ensino coletivo de bandas utilizado nos EUA, porém adaptado às
aplicação deste método. Tal instrução é realizada pelo próprio autor ou por seus alunos, sejam
A aplicação do método “Da Capo” não está associada somente aos livros da edição
comercial. Estes livros funcionam como planos de aula e de curso, porém, o processo de
ensino-aprendizagem do método utiliza de artifícios que, muita das vezes, não estão listados
nos livros.
Pode-se notar tal fato desde o primeiro dia de aula, onde os alunos têm o primeiro
contato com o instrumento. Neste momento o professor faz uma demonstração de todos os
Tal facilidade inicial do aluno, possibilita um avanço mais rápido, podendo-se desenvolver
outros fatores.
46
duas notas. Neste momento, o professor ensina a execução de músicas, ou parte de músicas
para tocar parte da música que tenha uma execução mais elaborada. Nesta hora, os aprendizes
do método poderão fazer notas longas, cantar, bater palmas etc, sempre participando da
música.
se introduz o livro do método. Nestes livros há uma progressão dos conhecimentos teórico-
musicais, que são explicados pelo professor e exemplificadas nos próprios livros.
Existem nos livros lições para cantar, cantar e tocar, exercícios rítmicos e teóricos.
Porém, o professor, de acordo com o momento, poderá ministrar conhecimentos musicais que
não estão listados nos livros, mas são incentivados pelo autor do método, como: análise,
para a aplicação do método. O professor tem o conhecimento do nível musical que a turma se
encontra em determinado momento, podendo fazer um arranjo de acordo com este nível e
com a instrumentação existente no grupo, explorando algum aluno talentoso ou tendo atenção
com a escrita para outro com dificuldade. Nesse momento, os arranjos utilizam os
motivados.
47
Durante as participações em dois cursos ministrados pelo professor Joel, aqui citadas
Como pode-se verificar nas “dicas sugeridas para as atividades de ensino” existentes
no livro para o regente do método “Da Capo” (Barbosa, 2004:2), utiliza-se de melodias do
folclore brasileiro que estão dispostas de forma ordenada de acordo com o desenvolvimento
do aluno, que são além de tocadas, cantadas. Semelhantemente, o método Kodaly, também
ordenado e seriado, utiliza melodias a partir do folclore da Hungria (terra natal de Kodaly), e
Toda canção com letra deve ser cantada e tocada. Varie a ordem dessas duas atividades a cada
canção nova aprendida. Havendo dificuldade em entoar alguma canção, divida a classe em dois
grupos,enquanto um toca o outro canta, e vice-versa. Se possível, use um instrumento
harmônico (violão, piano, teclado, etc.) para acompanhar essas atividades. Procure cantar em
tonalidades apropriadas para a classe (BARBOSA, 2004:2).
ainda se encontra nas dicas para as atividades de ensino do método “Da Capo”, como
observa-se a seguir:
48
Dueto com Palmas - Pratique (1) cada voz separadamente, (2) um grupo (ou um aluno)
cantando e outro batendo o ritmo, (3) cada aluno cantando a melodia e batendo o ritmo das
palmas simultaneamente. Quando tocando, divida a classe em dois grupos, enquanto um toca o
outro bate palmas.
Exercícios Rítmicos - Pratique-os de várias maneiras; por exemplo: (1) contando os tempos do
compasso e batendo o ritmo da canção e vice-versa, e (2) batendo o tempo com os pés e o
ritmo com as mãos. (BARBOSA, 2004:2, grifos do autor).
exercício deste tipo, por exemplo, os de número 127-134. Esta metodologia é também
utilizada por Suzuki em seu método de ensino de instrumentos de cordas com base em
instrumental.
de 2002. Nessa ocasião, como aluno de graduação, o autor participou das conferências
proferidas pelo próprio professor Dr. Keith Swanwick39, bem como, com vários educadores
Musical”.
39
Keith Swanwick: professor Titular em Educação Musical de University of London, Institute of Education. É
um dos mais respeitados educadores musicais da atualidade. Autor de vários livros, dentre eles «A Basis for
Music Edication» (Routledge, Londres, 1992) e «Music, Mind and Education» (Routledge, Londres, 1991)
(Swanwick, 1994:14).
49
de abordagem da percepção utilizando a teoria espiral deve ser feito com crianças e jovens
esplanada pela professora Cristina Grossi, observou-se as diferenciações entre os níveis e suas
distrações, o lado intuitivo e o analítico. Houve uma preocupação com a ordem a ser seguida
neste processo, com o objetivo de se trabalhar o valor, porém há uma interação inconsciente
Nessa Teoria o professor é o cuidador da música. Ele deve saber da música dos
alunos, a cultura e o nível social, não repudiando nenhum comentário ou expressão do aluno
O modelo espiral, descrito em conferência pelo próprio autor, não funciona como um
processo de ensino, mas descreve processos musicais em qualquer fase caracterizada pela
da espiral:
40
Conferência realizada pela Professora Drª. Cristina Grossi no seminário “O Ensino Musical da Música” no dia
23/09/2002.
41
Conferência realizada pelo Professor Dr. Keith Swanwick no seminário “O Ensino Musical da Música” no dia
27/09/2002.
50
usar a criatividade e a inovação para se conseguir mexer com as pessoas. Foi explicado por
ela a importâncias da Teoria Espiral e de sua utilização, visando equalizar as etapas do ensino
musical.
exploratórios desta pesquisa mostram que os alunos devem ser treinados a entender a música,
saberes musicais ideais, e tais discursos utilizados, bem como a maneira de se ensinar
(Swanwick, 1994:8).
preliminar, está pesquisa deverá confirmar tais afirmações ao longo de seus resultados.
42
Conferência realizada pela Professora Drª. Alda de Oliveira no seminário “O Ensino Musical da Música” no
dia 26/09/2002.
51
CAPÍTULO IV – O EXPERIMENTO
4.1.1 Professores-instrumentistas
projeto contou com outros músicos que contribuíram de maneira significativa para o
desenvolvimento dos alunos. Um desses músicos foi o trompista Willerson Brás, que,
convidado pelo pesquisador, ministrou uma aula sobre “respiração”. Entende-se que para o
instrumento.
Além do músico convidado, outros três músicos participaram do projeto. Não previsto
das músicas com o teclado, guitarra e contrabaixo-elétrico. Tal atividade, base harmônica, foi
sugerida pelo próprio autor do Método “Da Capo”, em cursos ministrados, como benéfico
4.1.4 Alunos
O critério para a seleção dos alunos, como já mencionado em 1.2, foi somente a
disponibilidade para o horário das aulas. Os nomes mencionados nesta pesquisa foram
modificados visando à preservação de sua identidade. A tabela a seguir mostra alguns dados
dos discentes, visando a traçar um perfil. Auxiliando tais dados, a primeira reunião com a
presença dos pais possibilitou algumas perguntas, sendo o objetivo principal saber as
influências musicais cotidianas. Nesse aspecto, identificou-se somente a aluna Cláudia com
uma forte influência musical vinda do seio familiar. Seu irmão é músico profissional e
estudou na Banda 24 de Setembro. Além disso, ela participa do coro da Igreja Católica da
cidade onde seu pai toca violão. Porém, nenhum aluno, como mencionado anteriormente, teve
O quadro 4 abaixo mostra a disposição dos alunos que começaram os estudos musicais
do método “Da Capo”, idade e escolaridade. Fazendo a análise desse perfil, verificou-se que a
ensino básico e fora do mercado de trabalho. A exceção são duas alunas, nas idades de 21 e
A turma, inicialmente com dezessete alunos, como exposto no Quadro 4, teve duas e
únicas evasões que ocorreram logo nas semanas iniciais. Lucas, alegando compromissos
pessoais durante os finais de semana, não poderia freqüentar as aulas, e Karen, que começou a
trabalhar e teve que transferir-se para o curso noturno na escola regular. Por isso, ela não
conseguiria freqüentar as aulas do método “Da Capo” às sextas-feiras à noite, assim como se
viu impedida aos sábados pela manhã, em função de ingressar no mercado de trabalho.
Sem mais evasões, a amostra, até o final da pesquisa, contou com quinze participantes.
Outro fato ocorrido logo nas primeiras semanas foi o estado de saúde da aluna Mônica, que,
55
por orientações médicas, não poderia mais tocar instrumentos de sopro. Porém a aluna
pesquisa.
24 de Setembro realizada no dia trinta e um de julho de 2005 para com o pesquisador (Reis,
2005), no intuito de identificar o perfil social e acadêmico de cada aluno e fazer uma reflexão
prévia sobre os procedimentos a serem adotados nas aulas. A referida Presidenta leciona na
rede pública há quase trinta anos e é ou foi professora de todos os sujeitos. Por se tratar de
uma cidade pequena, com cerca de doze mil habitantes, esta pesquisa pôde obter, por meio da
professora Norma Maria Vieira dos Reis, relevantes informações que poderiam ser obtidas
através de entrevistas com os sujeitos ou seus responsáveis. Porém, esta pesquisa entendeu
que suas informações, principalmente as de contexto acadêmico, seriam mais úteis. Por isso,
Segundo Reis (2005), um terço da turma vem de família de classe média, sendo os
outros oriundos de famílias menos favorecidas e dois alunos residindo fora do perímetro
urbano. No aspecto acadêmico, seis alunos têm um excelente aproveitamento nos estudos
regulares, sete têm um aproveitamento mediano e outros dois foram classificados com alta
habilidades musicais, prejudicar tanto a turma quanto a pesquisa. Porém, visando a manter o
ambiente existente na banda de música, em que os seus aprendizes normalmente não sofrem
56
tais questionamentos e são aceitos para iniciarem os estudos musicais, os dois alunos em
Outro importante aspecto relatado por Reis (2005) foi o problema de relacionamento
existente entre três alunos. Segundo a professora, esses alunos, apesar de terem
tanto com os professores quanto com os colegas de classe, não possuem relacionamentos de
amizade com outros jovens e são extremamente tímidos. Tais características desses alunos
do ensino coletivo.
4.2.1- Ensaios-Aulas
as aulas no ensino coletivo, sobretudo no método ”Da Capo”. Cada aula coletiva funciona
como um ensaio, onde se treina a execução de uma peça. Os saberes a serem ministrados são,
na Sala de Ensaios 24 de Setembro. Os dias e horários das aulas assim ficaram estipulados:
domingo das 8 às 11 horas. A aplicação do método totalizou 252 horas, distribuídas em 215
pedagógicas e reuniões com os pais e responsáveis. Sendo assim, a pesquisa utilizou vinte e
breve bate-papo, os alunos, divididos em pequenas classes por naipe, se dirigiam para um
canto da sala de ensaios ou para o lado de fora, onde se tem uma área ampla. Ali, orientados
2) aula coletiva ministrada pelo pesquisador com duração aproximada de duas horas. Os
pesquisador sobre o conteúdo a ser abordado na aula, dentre as quais: as notas que iriam ser
tocadas, o nível de dificuldade das canções, os saberes musicais que poderiam ser implantados
na aula. Nesses momentos, ocorreu um fato que não foi identificado nas reflexões prévias do
momento o conteúdo do método “Da Capo” que iria ser abordado na aula. Solfejavam as
melodias e chegavam até mesmo a pegar os instrumentos e tocar certos trechos. Tal atividade
musical a ser trabalhado, a nota que exigiria mais ou menos esforço do executante, gesto
preventivo43 que poderia ser enfatizado pelo regente para auxiliar os percussionistas na
execução de algum trecho com divisão métrica mais complicada, por exemplo. Tais
aula.
43
Gesto preventivo: todo golpe inicial para ataque é precedido de um gesto de caráter preventivo que, logo de
início, deverá sugerir o andamento e a dinâmica próprios do trecho a ser executado. Esta regra ocorre, sempre e
invariavelmente, quando se dá início à execução de uma obra ou no decorrer desta quando se fizer necessário
(BAPTISTA, s.d:10, grifo do autor).
58
tempo com a classe de saxofones e em constantes visitas aos outros naipes, fazendo
observações na desenvoltura dos alunos. Tais verificações e observações eram lançadas nas
fichas de observação.
atuando como professor-regente, pois eles estavam interessados em aprender como ministrar
aprimoramento técnico desses dois professores, pois, como já citado anteriormente, eles
A aplicação do método de ensino coletivo nas aulas ocorridas nos finais de semana
intervalo de dez minutos aproximadamente. Esse intervalo também era aproveitado, às vezes,
ministrar as aulas, principalmente pelos professores que não residiam no município. Nessas
pesquisador.
59
de obter informações e/ou sugestões sobre a aplicação do método de ensino coletivo. Algumas
Em nove de outubro, efetuou-se uma avaliação escrita e prática. O motivo dessa prova
não foi apenas testar o conhecimento dos alunos, pois já havia dados suficientes colhidos
desenvolvimento musical da classe. Porém, foi um critério utilizado pela pesquisa para fazer a
antigos, apesar de terem sido reformados, tinham um estado visual não muito agradável e os
alunos sempre queriam tocar os novos. No momento da entrega definitiva, quando os alunos
levariam os instrumentos para suas casas, foi necessário estabelecer um critério de escolha.
Para isso, a ordem de escolha dos instrumentos foi estabelecida de acordo com a nota das
2005, quando a turma realizou uma “vesperata” e um concerto de Natal, no centro da cidade
4.2.2 Apreciações44
44
Aqui citada como ato de se fazer julgamento ou formar opinião.
60
bandas que ocorreria no dia seguinte na cidade de Paiva-MG. Para essa ocasião, os novos
Nesses encontros, as bandas de diversas cidades chegam pela manhã na cidade anfitriã. É
bandas se reúnem para o hasteamento da Bandeira Nacional, sendo executado por todas as
bandas o Hino Nacional. Depois disso, as bandas fazem uma apresentação individual em um
agradável dia musical, diante de uma platéia composta, além dos habitantes da cidade anfitriã,
primeira apresentação da turma por ocasião do aniversário de cento e cinqüenta e quatro anos
Exército, que serviu para os alunos observarem como se comporta uma banda profissional em
disciplina etc. No ensaio-aula subseqüente ao evento, foram feitas perguntas, tanto por parte
do pesquisador quanto por parte dos alunos, inerentes à performance da Banda do Exército.
Explicações foram feitas pelo pesquisador que observou grande interesse da turma no assunto.
pianista Célio Maia Júnior. Nessa oportunidade, os alunos conheceram um estilo musical que
era novidade para a maioria. Puderam observar a performance do jazzista, suas improvisações
Por esta ocasião, não foi preciso esperar até a próxima aula para as indagações dos
alunos. Acabado o concerto, eles vieram para o palco com muitas perguntas, principalmente
para o pianista, que contribuiu de maneira significativa para o conhecimento dos alunos.
Perguntas interessantes feitas pelos alunos sobre as improvisações mostraram que estavam
atentos: “que música foi essa que você tocou no meio da ta na na na na (o aluno cantarolou),
onde o sax deu várias notas muito agudas”. Esta música a que o aluno se referia foi um
improviso da música The Mascarade. O improviso longo e distante do tema original com a
Novo-MG. Houve uma retreta e um desfile cívico-militar realizado pela Banda Sinfônica do
músico desta banda, o Prefeito da cidade de Mar de Espanha forneceu transporte para levar os
alunos da Banda 24 de Setembro para assistirem. Porém, devido à lotação do veículo, somente
O desfile cívico-militar foi aos moldes do realizado em Mar de Espanha, por ocasião
da primeira audição realizada pelos alunos com a participação da Banda do Exército. Porém,
na hora da retreta, realizada na praça da cidade, os alunos puderam ver a utilização de bateria
Pelo local do evento, a Banda Sinfônica não utilizou sua formação completa, com
tímpanos e tubofone, por exemplo. Porém executou repertório bem diferenciado das bandas
Esta apreciação foi de grande importância para os alunos, pois ficaram muito à
vontade com os músicos militares, tendo a oportunidade de conversar, fazer perguntas, tocar
os instrumentos etc. Esse fato ocorreu porque os músicos da Banda Sinfônica tinham
conhecimento prévio da visita desses alunos e do cunho educacional em questão, pois, além
do pesquisador, o professor de tuba e barítono (Kleyton) também faz parte da referida banda.
A escolha de a coleta dos dados ter sido efetuada de maneira individual e em datas
diferenciadas ocorreu no intuito de não haver contaminação entre os colegas professores. Tal
espontânea. Ressalta-se também que dois tipos de depoentes constaram na pesquisa: os que
convite da diretoria da Banda 24 de Setembro, que, quase sempre, organiza eventos musicais
turma de alunos onde foi aplicado o método de ensino coletivo para bandas de música “Da
Capo”.
durante conversas informais. Nesse momento, quando o pesquisador notava a importância dos
comentários, pedia licença ao músico profissional para fazer algumas anotações sobre o que
4.3 Resultados
depoentes, observando-se que, como já era esperado por este pesquisador, tais depoimentos
aplicada aos sujeitos da amostra. Segundo os professores instrumentistas: “Eles não estão
decorando a teoria musical como nós fazíamos, estão entendendo, pois quando se muda de
64
música, compasso, tonalidade etc., eles captam essas mudanças sem dificuldades” (Merola,
instrumento da banda e quando isso aconteceu, eu não conseguia utilizar toda aquela teoria
informações, embora menos freqüentes, foram consideradas relevantes para esta pesquisa,
devido aos depoentes, em sua totalidade, estarem em contato desde sua formação musical com
Nunca vi os aprendizes das bandas de música de Pernambuco que conheço, e olha que não
são poucas, receberem instrumentos antes de decorarem a Artinha47, muito menos sendo
incentivados a improvisar com tão pouco tempo de estudos musicais. Lá, os improvisadores
dos frevos tocados pelas bandas de música eram, geralmente, os músicos mais experientes,
quase sempre profissionais que atuavam na banda (SILVA, 2005:1, grifo nosso)48.
Após a descrição e análise dos dados, evidenciam-se os resultados avaliados por meio
dos depoimentos informais que funcionaram como instrumentos de medida. Tais resultados
Setembro, que utilizou o método de ensino coletivo de instrumentos de banda de música “Da
Capo”, bem como os fatores diferenciais aplicados nesta pesquisa, proporcionaram aos alunos
uma melhora significativa sobre os seguintes aspectos, segundo o ponto de vista dos
depoentes:
45
Depoimento colhido em 09/10/2005.
46
Livro de teoria musical da autora Maria Luiza Matos Priolli, utilizado nas escolas de música, conservatórios e
bandas de música.
47
Livro de teoria musical.
48
Depoimento colhido em 28/09/2005.
65
1) técnica instrumental;
2) rapidez na formação musical inicial para que os alunos iniciantes venham a participar
do ensaio da banda;
do professor-regente.
Ao meu entender, com as aulas de instrumento dessa maneira que estamos fazendo
(Workshop), temos um melhor controle do aluno, se ele vai bem, ou se ele está com dificuldade
em executar alguma nota, temos como orientá-lo a vir na banda estudar e como estudar
principalmente essa nota durante a semana. Com o Método “Da Capo”, temos (professores)
como preparar a aula e os alunos para esta aula e, quando mesmo assim existe qualquer
dificuldade, podemos conversar com você sobre ela (Bento, 2005:1, grifos nossos)49.
introdução, a prática de conjunto, tão intensa na banda de música, pode passar de um aspecto
de qualidade de ensino para um fator traumatizante, caso haja um desnível acentuado entre
alunos. Na aplicação do método de ensino coletivo “Da Capo” para a turma de alunos na
seu naipe que lhe permitia verificar, rapidamente, quaisquer desníveis acentuados. Caso esse
fato ocorresse, as devidas correções e/ou orientações inerentes ao problema seriam feitas.
49
Depoimento colhido em 04/09/2005.
66
Muitas vezes, esses problemas técnicos foram resolvidos com a indicação de estudos
individuais, incentivando a disciplina nos estudos musicais. O próprio aluno que demonstrava
dificuldade técnica, durante a semana, procurava ir à banda de música ter contato com seu
instrumentista.
uma focalização de sua atenção para outras possíveis dificuldades dos alunos, como, por
são comumente ensinadas nas aulas das bandas de música, ficando restritas a instituições
Acho muito proveitoso que os alunos tenham aulas de história da música, análise, canto e tudo
mais que você ensina neste tipo de aula. Eu só obtive esse tipo de conhecimento musical na
Escola de Música (UFRJ) e tive muita dificuldade para acompanhar os colegas de turma na
Universidade que são provenientes, em sua maioria, dos conservatórios de música e já estavam
acostumados com isso. Eu utilizo e creio que qualquer músico de orquestra utiliza esses
conhecimentos, seja para afinar, para identificar um trecho importante e, até mesmo, para se
tocar uma peça de acordo com o estilo da época (BRÁS, 2005:1)51.
50
Depoimento colhido em 20/10/2005.
51
Depoimento informal colhido em 20/11/2005.
67
A democratização utilizada nas aulas fez demonstrar o senso crítico dos alunos. A
escolha do repertório e sua ordem para as apresentações realizadas foram feitas pelos próprios
músicas do repertório ensaiado, porém os alunos eram incentivados a expor suas sugestões.
Essa prática permitia que os alunos tivessem liberdade para explicitarem seu senso crítico,
afinação em grupo, foi escolhida uma música do 120 Hymns for Wind Band (Steadman-Allen,
s.d). Esta coletânea de músicas arranjadas e compiladas por Ray Steadman-Allen e utilizada
por esta pesquisa como material didático complementar, além de ter a beleza de obras de
grandes compositores, devido à sua formação coral, facilita aos músicos, principalmente a
Apesar de terem sido executadas várias peças durante a aplicação do método, escolheu-se a de
A música foi colocada no repertório a ser apresentado no dia vinte e três de dezembro,
por ocasião do concerto de Natal. Todos os ensaios dessa peça foram registrados em fita VHS
a melhora da afinação foi o fator observado de maior importância. No sábado pela manhã, logo
após a afinação, eles executaram o primeiro acorde de uma música (Loyd). Nesse momento,
eu verifiquei que houve mudanças consideráveis (MEROLA, 2005:1, grifo nosso).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
história das bandas de música brasileiras e entender sua trajetória e evolução. Tal estudo
possibilitou reflexões sobre a influência das bandas de música para a formação da música
popular brasileira. Por isso, verificou-se a importância de pesquisas futuras sobre esse
assunto.
tocam instrumentos de sopro e percussão. Para isso, esta pesquisa recorreu à bibliografia
nacional e estrangeira, bem como à coleta de dados, por meio de depoimentos e entrevistas. A
partir da análise desses dados, foi possível classificar o universo pesquisado e estabelecer
De acordo com a análise dos dados e dos resultados obtidos na pesquisa qualitativa de
Banda de Música “Da Capo” desenvolvido pelo Prof. Dr. Joel Barbosa como conteúdo
workshop, a apreciação musical através de Dvds, Cds e audições ao vivo, além de workshop
estudos exploratórios, confirmando que o método “Da Capo” encontra-se de acordo com as
“Da Capo” na turma de aprendizes da Banda 24 de Setembro, esta pesquisa classifica como
mental com eficácia. Tal registro possibilitou um treinamento para decorar com facilidades
outras músicas, atividade esta que é essencial para o músico de banda, pois eles precisam
esperado.
Outro fator benéfico identificado por esta pesquisa foi a pequena evasão da turma.
Segundo depoimentos dos músicos oriundos da Banda 24 de Setembro, a taxa de evasão das
turmas de iniciantes anteriores a pesquisa era bastante elevada. Vale ressaltar que as duas
dos estudos musicais dos dois alunos e não por qualquer desejo de abandonar os estudos
musicais.
70
graduação e, principalmente, durante os cursos ministrados pelo prof. Dr. Joel Barbosa.
Conclui-se, então, que o método “Da Capo” não é somente um livro para ser seguido página
após página e sim uma maneira de ensinar. Por isso, sugere-se, calcado nos resultados aqui
expostos, que haja uma preocupação por parte dos órgãos de educação com a formação de
Elementar para o Ensino Coletivo de Instrumentos de Banda de Música “Da Capo”, bem
visando a uma melhor formação de seus músicos. Tal medida poderá propiciar uma educação
musical em que a banda de música já molda o seu aluno com um entendimento musical
REFERÊNCIAS
1- Entrevistas∗
REIS, Norma Maria Vieira. Entrevista realizada em sua residência. Mar de Espanha, 2005.
Manuscrita.
2- Depoimentos∗
∗
Transcrições, na íntegra, encontram-se, no anexo 1.
72
3- Livros e artigos
BARBOSA, Joel Luís da Silva Barbosa. An adaptation of american band instruction methods
to brazilian music education, using brazilian melodies. 1994. Tese (Doctor of Musical Arts) -
University of Washington-Seattle.
CRUVINEL, Flávia Maria. Educação musical e transformação social – uma experiência com
ensino coletivo de cordas. Goiânia: Instituto Centro-Brasileiro de Cultura, 2005.
73
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GUMPLOWICZ, Philippe. Les Travaux d´Orphée : 150 ans de vie musicale amateur en
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74
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Elizabeth Martin (Orgs.). Trad. Álvaro Cabral Dictionary of Music, The Hamlyn Publishg
Group Limited de Londres, Inglaterra.
4- Material da Internet
ANEXO 1
1- Depoimentos
1.1- professores-instrumentistas
Ao meu entender, com as aulas de instrumento dessa maneira que estamos fazendo (Workshop), temos um
melhor controle do aluno, si ele vai bem, ou se ele está com dificuldade em executar alguma nota e temos como
orienta-lo a vir na banda estudar e como estudar principalmente essa nota durante a semana. Com o Método
“Da Capo” temos (professores) como preparar a aula e os alunos para esta aula e, quando mesmo assim
existe qualquer dificuldade podemos conversar com você sobre ela.
Fiquei impressionado, a turma em um final de semana fez quinze lições do método e no geral com facilidade
principalmente no entendimento da teoria e sua relação com a prática, coisa que eu demorei tanto para
entender. Eles agem na estante como se já fossem músicos profissionais.
Realmente quero muito aprender esse método, se eu tivesse aprendido assim eu seria, talvez, um músico bem
melhor do que sou hoje.
Daniel Merola
09/10/2005
Afinação, percepção, sonoridade e musicalidade melhoraram bastante devido minha observação nas músicas
cantadas e tocadas decoradas.
A melhora da afinação foi o fator observado de maior importância. No sábado pela manhã, logo após a afinação,
eles executaram o primeiro acorde de uma música (Lloyd, nº 79 do 120 Hymns for Wind Band). Nesse momento
eu verifiquei que houve mudanças consideráveis.
A leitura a 1ª vista está muito boa e entendem os termos musicais (da capo, ritornello, anacruse, etc.), tanto a
divisão rítmica quanto a parte teórica. O que eles lêem, eles conseguem entender e passar para o instrumento.
A comunicação entre o maestro e os alunos está muito boa.
Não se precisa de muitas explicações teóricas do maestro para a execução de uma música nova. Eles não estão
decorando a teoria musical como nós fazíamos, estão entendendo, pois quando se muda de música, compasso,
tonalidade, etc, eles captam essas mudanças sem dificuldades.
Nunca vi os aprendizes das bandas de música em de Pernambuco que conheço, e olha que não são poucas,
receberem instrumento antes de decorarem a Artinha52, muito menos sendo incentivados a improvisarem com tão
pouco tempo de estudos musicais. Lá, os improvisadores dos frevos tocados pelas bandas de música eram,
geralmente, os músicos mais experientes, quase sempre profissionais que atuavam na.
52
Livro de teoria musical.
77
Os alunos conseguiram identificar diferenças entre as bandas militares do Exército e da Marinha, o tamanho da
percussão, a qualidade dos arranjos e até comparar qual das bandas marchava melhor. Tive que responder muitas
perguntas sobre esses assuntos no naipe de percussão durante as aulas das últimas semanas. Mas tarde em casa
eu pensei: será que eu tinha essas idéias quando estava no mesmo estágio de aprendiz aqui na banda? Eu acho
que não. Acho essa nova forma de se ensinar na banda muito rápida.
É muito bom ser professor, passar os conhecimentos, mas eu gosto muito de tocar com eles. Participando das
aulas eu, além de ajudar no naipe, aprendo muitas coisas sobre música que não sabia. Quando você fala sobre
História da Música, é a parte que eu e acho que todos os alunos gostam mais.
Acho que as notas escolhidas para o ensino do trompete nesta fase inicial foram as certas para serem usadas. As
lições começam fácies e vão se tornando difíceis devagar. Isso dá um suporte muito bom.
Eu gostava muito quando os alunos vinham na banda estudar seus instrumentos. Quando eles ainda não tinham
autorização para levarem os instrumentos para casa eles não saíam da escola de música. Eu como moro muito
perto e estou sempre lá, era quem abria os armários e tomava conta deles. Eu ficava só de longe vendo como um
ensinava o outro. Vi também alunos de determinados instrumentos se interessando por outros, como por
exemplo, fazendo perguntas e até mesmo tentando tocar o instrumento do amigo.
Acho que eles continuam empolgados com o instrumento, pois, apesar deles estarem levando os instrumentos
para casa, eles continuam tocando cada vez melhor.
Tenho certeza que cada vez eles estarão se apresentando melhor.
Douglas Milano
06/11/2005
Estou sentindo uma facilidade muito grande em ensinar o meu aluno de trombone. Ele fica muito interessado e
tira suas próprias conclusões e descobre, muitas vezes, os conceitos da música sem precisar de explicações.
Estou achando este método de ensino de banda excelente. Percebo que os alunos estão muito empolgados nas
aulas e quando fico alguma semana sem vir, quando volto quase não acredito no desenvolvimento da turma em
tão pouco tempo.
Acho muito proveitoso o ensino de percepção musical, canto, história da música etc, eles vão, certamente, ter
muito mais base do que nós tínhamos quando fomos para a Marinha ou para a Universidade. Eles hoje são muito
mais afinados do que era quando estava na banda.
Fator produtivo que também observo, é o interesse dos outros alunos da banda, os mais antigos em participar dos
ensaios dessa turma. Acho que eles estavam há muito tempo sem terem uma banda grande para ensaiar, por isso
eles estão tão interessados. Vejo que esse método não foi bom só para esses novos alunos, foi bom também para
os antigos, ou melhor, para toda a banda.
78
Willerson Brás
20/11/2005
Acho muito proveitoso que os alunos tenham aulas de história da música, análise, canto e tudo mais que você
ensina neste tipo de aula. Eu só obtive esse tipo de conhecimento musical na Escola de Música (UFRJ) e tive
muita dificuldade para acompanhar os colegas de turma na Universidade que são provenientes, em sua maioria,
dos conservatórios de música e já estavam acostumados com isso. Eu utilizo e creio que qualquer músico de
orquestra utiliza esses conhecimentos, seja para afinar, para identificar um trecho importante e, até mesmo, para
se tocar uma peça de acordo com o estilo da época.
Foi difícil acreditar que esses garotos têm apenas esse tempo de estudos musicais.
Eu demorei mais de um ano para colocar as mãos em um instrumento da banda e quando isso aconteceu, eu não
conseguia utilizar toda aquela teoria do Maria Luiza.
Ver essa banda funcionando, principalmente com tantos músicos me deixa feliz. Se não tomarmos providências,
elas podem até acabar.
Essa garota da está muito animada.
Eu fiquei muito feliz por você estar aplicando aqui o método do Joel que foi meu professor na UFBA e vejo que
dá resultados, pois eles conseguiram até ler o arranjo novo que eu trouxe com certa facilidade (Festa no Apê).
Eles entenderam muito bem inclusive uma parte que é muito complicada na música, os salto de ritornellos, S e
O.
Se continuar assim não vou ser mais convidado para vir tocar aqui em Mar de Espanha.
Já as fanfarras do Estado de Pernambuco utilizam em sua formação basicamente percussão, cornetas naturais
(sem pistões) e cornetas com um piston.
As bandas Marciais são uma reunião dos instrumentos de fanfarra com alguns instrumentos da banda de música,
tais como o trompete e trombones de pistons e por vezes até saxofones e trompas.
As evoluções eram normalmente efetuadas pelas fanfarras, porém as bandas marciais também efetuava essas
evoluções.
Por vezes, as escolas tinham dois tipos de bandas. Existiam as fanfarras e a bandas de música, onde o aspirante a
músico iniciava seus estudos nas fanfarras e aprendiam teoria musical, solfejo e percepção musical. Os melhores
alunos das fanfarras iam para as bandas de música onde eram também instrutores nas fanfarras fazendo-se ter
realmente um processo educacional evolutivo.
Rio Grande do Norte: Alexandre Barros de Carvalho (BS, foi aluno da EMUFRN e hoje atua no cenário musical
carioca,como saxofonista).
Fanfarras são utilizadas geralmente em escolas públicas visando ao desfile cívico. Os instrumentos utilizados
nestas fanfarras eram dos mais diversos possíveis, dependendo dos recursos financeiros disponíveis. Em sua
maioria eram instrumentos de percussão mesclando-se com instrumentos de sopro, tais como: trompetes,
trombonito, saxofones, tubas e trombones. Geralmente o próprio regente é quem elabora os arranjos de acordo
com a atualidade tendo enfoque o evento a ser tocado.
Já as bandas marciais quase não são encontradas nesse Estado. Essas bandas são compostas basicamente por
instrumentos de percussão e cornetas lisas. Uns exemplos das poucas bandas marciais existentes é a da Escola
Técnica Federal-RN.
Geralmente o que se observa neste Estado é que as bandas marciais são formadas por instrumentos de metais e
percussão, apresentações e desfiles. Participam de concursos, que neste Estado é uma atividade bastante
desenvolvida. Executam um repertorio variado incluindo obras sinfônicas e participações com orquestras. Para
exemplificar A banda marcial do colégio João XXIII, Banda Marcial do SESI e a Banda Marcial do município
de Itaquaquecetuba, entre outras. É importante ressaltar que existem músicos que tiveram em sua iniciação
musical uma contribuição educacional nestas instituições e hoje galgam importantes cargos como músicos
profissionais, até mesmo em uma das principais orquestras sinfônicas deste pais (OSESP).
Já as fanfarras são formadas nas escolas públicas e privadas, empregada em desfiles e fazendo evoluções. Ela é
formada por cornetas lisas ou com um piston e percussão.
Existe um programa de incentivo a criação e desenvolvimento de fanfarras nas escolas municipais de São Paulo.
80
ANEXO 2
2 – Entrevistas
JOEL BARBOSA
Local: II Curso de Férias da Cidade de TATUI-SP
Data: 21 de Julho de 2005
• Comentário de sua formação musical, trajetória na música, sua inicialização na infância ...
R: Eu iniciei na Banda da Guarda Mirim de Piracicaba (Estado de São Paulo), uma entidade para menores
carentes e lá comecei a estudar flauta doce, coral, clarineta e tocava na banda. Depois vim para Tatuí, ganhei
uma bolsa do governo para estudar aqui. Fui para UNICAMP e trabalhei com bandas em São Paulo, perto de
Campinas, Hortolândia, Sumaré e Nova Odessa. Participei de vários movimentos de bandas nessa região,
concursos e outras coisas, regendo e fazendo arranjos de bandas nesse período. Depois ganhei uma bolsa da
CAPES e da VITA e fui para os E.U.A fazer mestrado e doutorado, em clarineta e o doutorado com esta
tese voltada para método de banda.
Depois quando eu voltei, fui para a Bahia e comecei a aplicar o método, o editei ele em uma versão
caseira para ser usada, experimenta-lo na prática, pois ele foi feito nos E.U.A de maneira teórica, né?
Quando eu fiz todas aquelas matérias, li várias coisas, montei ele, mas aqui que fiz uma experimentada no
que que prestava, entendeu?
1) Sabemos do sucesso que está atingindo o Método Da Capo, com a oportunidade de visitar a Casa das
Filarmônicas em Salvador pudemos testemunhar o grandioso trabalho que está desenvolvendo no Estado da
Bahia. Onde mais tem se aplicado o seu método de ensino coletivo de instrumentos musicais?
R: Em alguns lugares eu tenho consciência e informações de que está sendo usado. Outros também não
tenho, mas no projeto de bandas lá no Pará, algumas daquelas bandas usam. O método é para iniciantes,
então as bandas que tem iniciantes usam e as q não têm turmas iniciantes, não usam o método para bandas é
lógico. E há bandas que às vezes tem alunos para iniciar, mas não tem instrumento, então não dá para
utilizar o método. Para utilizar o método tem que ter o instrumento disponível para os alunos. Então algumas
bandas lá eu sei que usam, em Rondônia, não lembro o nome da cidade agora, Cuiabá, tem três lugares que
tenho noção disso, inclusive dois alunos fizeram monografia de graduação sobre o método. Aqui em São
Paulo tem vários lugares, inclusive Tatuí, a ULM usou por um período, não sei se usa ainda, algumas bandas
do interior de São Paulo eu sei que usam, Curitiba também tem um trabalho de um aluno de graduação, o
trabalho final dele lá, Em Santa Catarina, se não me engano em Joinville tem uma escola particular que os
professores fizeram o curso comigo e estão usando lá, e em Porto Alegre, não, Porto Alegre não, acho que é
Canoas.
Algumas pessoas que fizeram o curso comigo e mantiveram contato, eu sei que estão usando. Muitos
outros fizeram o curso, levaram o método, alguns estão usando, outros não, não sei né, mais eu não tenho a
informação. Muita gente compra o método, começa a usar, e eu não sei. Às vezes encontram comigo e: ah,
estou usando seu método.
Aqui em Tatuí mesmo, semana passada e esta, acho que umas três pessoas falaram: olha, comprei seu
método, estou usando estou gostando, mas eu tenho umas duvidas e eu quero saber, né? Então eu não tenho
mais esse controle de quem usa e quem não usa.
2) Você sugeriu em sua tese mais experimentos utilizando seu método e fazendo-o também com
modificações, com novas idéias visando acrescentar mais aspectos positivos no método. Isso tem
acontecido? De forma acadêmica ou cientifica? Onde e como? Algo em Minas Gerais ou no Rio de Janeiro?
81
R: Tem pessoas que estão usando, como eu falei para você, em Curitiba que usaram como trabalho final de
licenciatura em música, mas as pessoas somente aplicaram o método e relataram os resultados, não
necessariamente aplicaram alguma coisa extra. Sobre pessoas que tenham aplicado algumas coisas extras eu
não tenho notícias de ninguém, a não ser eu mesmo e alguns de meus alunos lá na Bahia. Porém agente não
procurou acrescentar coisas extras no método, mas sim acrescentar maneiras diferentes de usar o próprio
método, que inclusive esta semana as lições das melodias com improviso, dividindo elas, experimentando
cada trecho de maneiras diferentes para ter mais consciência da forma, do controle melódico.
Experimentamos também fazendo jogos musicais com as melodias, aí que acabamos acrescentando novos
exercícios novas coisas, estão gerando matérias para um material complementar que é o resultado dessas
pesquisas que temos feito lá na Bahia. Mais eu não sei se tem outras pessoas fazendo isso, porque não tem
me informado.
3) Em sua tese você sugere uma idade média para se formar um grupo para o ensino coletivo entre 13 e 15
anos. Você continua sugerindo essa faixa etária ou aconteceram modificações? É necessária uma
homogeneidade nesse aspecto?
R- Inicialmente eu achava que o método seria para alunos de 5ª e 6ª série, seria na verdade 11 e 12 anos,
com o método para um ano, seria mais ou menos essa faixa etária, é assim que eu vejo ele sendo usado na
América. Quando eu cheguei aqui no Brasil, eu tive algumas experiências aqui no Brasil nestes últimos anos
de usar na UFBA com pessoas adultas. Eu achava que as pessoas adultas não gostariam de tocar essas
melodias infantis, mas para a minha surpresa eles gostaram de tocar essas melodias infantis. Os senhores,
porque lá é uma faixa etária de 18 a 52, 53 anos, então há uma mistura bem grande ali. E mesmo os rapazes
e as moças nessa faixa etária de 18 a 30 anos não se incomodaram de tocar essas melodias infantis que eu
achei que não iriam gostar. Pelo menos tiveram duas turmas que eu trabalhei lá que eu não tive problemas.
Eram turmas pequenas com 10, 12 alunos, aí eu realmente apliquei, achei que realmente dava para trabalhar
esse repertório, porque pedagogicamente, o método em termos, do que oferece para aprender o instrumento,
funciona com qualidade. A minha preocupação era somente o repertório, se as pessoas iram gostar do
repertório, aí eu percebi que eles gostaram. O que pode haver às vezes é uma outra faixa etária não gostar, a
faixa etária de 15 a 18 anos aí dependendo do lugar onde eles vivem. Não teve problema com essa faixa
etária lá em Salvador, onde eu trabalho, que é em um bairro da periferia, os meninos não se incomodam com
essa repertório também, só que essas melodias, nós acrescentamos outros ritmos como o baião, frevo,
xaxado, xote, então eles tocam estas melodias como está escrito, mas agente muda algumas delas.
*É essa semana eu tenho notado isso aqui (Curso do Método “Da Capo”). Apesar de serem todos músicos,
tocando essas melodias infantis as pessoas se empolgam, pegando outros instrumentos diferentes, apesar das
melodias serem simples, a dificuldade, o pessoal querendo tocar, mas senti aquela dificuldade.
Cont. Joel: Eles focam no que eles querem alcançar. Eles querem ler a partitura, tocar o instrumento, às
vezes improvisar na melodia. Então eles se interessam pelo repertório. E esse repertório é muito rico em
termos de fraseados,estruturas, em termos de linguagem, em termos de caráter. Temos melodias às vezes
que não são tão doces, mas às vezes são mais leves, outras são mais movimentadas. Essas riquezas é que
tem segurado muito o pessoal a se manter. Com a experiência que eu tive lá, que não são homogêneos, são
heterogêneos funcionou muito bem lá na Bahia. E em outros locais que eu estivei teve misturas de idades
assim entre 12 a 28 anos no interior da Bahia sete cidades que nós fizemos e a banda tem essa mistura
mesmo de idade. Então as pessoas iam lá aprendiam nessa faixa etária e nunca tiveram problemas e nunca
relataram de pessoas adultas, adolescentes ou mesmo juvenis no meio.
4) Pessoas que já tem algum tipo de conhecimento de teoria musical, ou iniciação musical, ou mesmo
quem já toca algum instrumento poderia ser incluído neste método ou seria melhor para pessoas que não tem
nenhum desses conhecimentos? Ou não importa mesmo quem já toca e queira começar de novo pode utilizar
o método?
preparo que vai facilitar, ainda que na musicalização infantil não tenha ensinado a ler partitura, por exemplo,
nada de teoria, só pegou instrumentos de musicalização, também vai ser mais rápido para ele. Bem, o
método é pensado nessa pessoa que não sabe nem teoria e nada de instrumento ainda.
Si ele não teve iniciação musical infantil nenhuma, nunca passou por nenhum tipo de treinamento musical
nesse sentido, mas tem sido exposto a música em rádios, canta, etc., o método também é pensado nele,
porque ali ele vai passar por todo o processo de musicalização no sentido que as melodias são planejadas
para o desenvolvimento auditivo e a percepção instrumental e também leitura, quero dizer, tanto a leitura
quanto a técnica do instrumento como a percepção, solfejos e etc., são pensados em pessoas que não tem
formação nenhuma nesse sentido. Por outro lado, essas pessoas que já tocam, já tem alguns meses de
instrumento, eu digo, já estão tocando escalas, já estão mais meses, um ano como instrumento, para ele é
chato tocar o método porque são coisas muito simples muito fáceis, então é um pouco desanimador.
Si você tem uma banda iniciante, já está a um ano tocando e você inclui no ensaio algumas melodias ou
algum trabalho do método, você pode trabalhar algumas coisas do método com eles. Pode melhorar a
sonoridade da banda, como recurso de afinação e de outras coisas também, mas é pensado na pessoa que
nem se quer tenha formação musical nenhuma em leitura, teoria ou em instrumento.
* Você acha que daria certo também a formação de um conjunto heterogêneo nesse sentido, ou seja, pessoas
que não sabem nada com pessoas que já tocam, outras que já sabem teoria e serem englobados em uma
turma? Será que daria problema?
R- Traz problemas porque quando você está explicando teoria para uns o outro já sabe. Se você conseguir
que os alunos que já saibam teoria possam ajudar aqueles que não sabem e eles tiverem prazem em fazer
isso, funciona, porque é muita pouca coisa de teoria no método, você ensina o valor de uma nota e já vai
tocar. Então aqueles que não sabem vão ganhar com isso porque vão logo aprender com alguém do lado que
já sabe. Portanto, se estes que sabem, estiverem dispostos em estar compartilhando conhecimento e tiverem
um pouco de paciência, aí o grupo vai, funciona bem.
5) Em seu artigo para a Revista da ABEM (1996), você sugere que pode haver um único professor para
ensinar uma classe até de 30 alunos para o ensino coletivo de instrumentos musicais heterogêneos. O
professor também tem que ser capaz desenvolver habilidades múltiplas e amplo conhecimento sobre
atividades pedagógico-musicais para se fazer um desenvolvimento musical completo, conforme sugerido no
método ‘‘Da Capo”, aplicando ao mesmo tempo leitura, técnica, percepção, criatividade, memória,
habilidades sinestésicas, conhecimento diversos sobre análise, história da música, harmonia, etc., além de ter
conhecimento razoável sobre todos os instrumentos de banda. Diante disso qual o perfil do professor para o
ensino coletivo e qual a maneira mais viável para prepará-lo, tendo em vista que as instituições encarregadas
de formarem tais profissionais (educadores musicais) no Brasil não tratam do ensino coletivo?
R- Bom, como isso já é um processo de ensino que acontece a muitos anos na América, eles têm cursos
apropriados para formar esse mestre de banda, que lá tocar vários instrumentos musicais faz parte do
currículo da escola. Tenho até um artigo que compara o currículo nosso de licenciatura (Curso de Graduação
em Licenciatura em Música) aqui como o currículo de lá (Universidades dos EUA). Lá, a pessoa que é
licenciada em música sai preparada para formar bandas ou se ele decidir, formar corais. Ele tem um
treinamento em todos esses instrumentos e também, harmonia, teoria, história para poder passar a ensinar
instrumentos, teoria e como ensinar.
No Brasil, agente herdou da Europa isso, os mestres de bandas também ensinavam todos os instrumentos.
Até hoje em dia em muitos lugares no Brasil, você vai lá e tem o mestre de banda que ensina clarinete, sax,
trompete, tuba, trombone, não é, é o mesmo mestre que ensina tudo. Mas como não tem cursos às vezes
voltados para a formação desse mestre de banda, o que tem acontecido é que a qualidade não tem crescido.
Os instrumentistas que se dedicam a um instrumento vão se aprimorando, o que se vê mais no Brasil, um
alto nível, podemos ver instrumentistas de carreira internacional, mais pouco tem se levado desse
conhecimento instrumental para os mestres de banda. E não têm se criado cursos específicos para esses
mestres de banda. Muitos dos cursos de férias que nós temos, quando tem regência de banda, são específicos
para a pessoa aprender a reger, técnica de regência realmente, técnica de ensaio, conhecer partituras de
banda, mas não para formar a pessoa que vai chegar na banda, ou na cidade, em um lugar, ou em uma
escola, e ensinar cada instrumento para formar a banda. A maior parte destes cursos em que eu tenho visto e
acompanhado, Brasília, Tatuí, Curitiba, e outros tantos, são cursos de técnica de regência para bandas.
Ensaio e outras coisas, mas não inclui a formação dele em vários instrumentos para ele poder ensinar
83
aqueles instrumentos e como ensinar aqueles instrumentos, e principalmente ensinar esses instrumentos de
maneira coletiva que é o equiparativo.
A formação desse professor tem que ser uma formação realmente como tenho visto nas universidades.
Por exemplo na Universidade da Bahia, se você pega o currículo, tudo isso está lá, menos a parte coletiva.
Ele tem aula de teoria, análise, história, criatividade, usa-se tudo aquilo lá em licenciatura em música. Mas
ele não recebe uma técnica com ensinar os instrumentos de maneira coletiva e aplicar isso tudo junto de
maneira coletiva. Nós não temos cursos assim no Brasil ainda, a não ser esses cursos que são feitos assim
rapidamente, que é muito pouco, uma semana. E mesmo no curso da Bahia, você pode querer sair de lá,
montar uma Banda, mas não ter passado por todos os instrumentos. Você pode ter passado por um
instrumento suplementar, ou dois, vai depender da sua escolha e não ter o conhecimento de todos os
instrumentos. Então realmente nós não temos cursos. Precisamos ter cursos neste sentido, então o que eu
tenho indicado, é que a pessoa que quer realmente fazer isso, ele construa sua grade curricular e corra atrás.
No seu caso como clarinetista, e pretende estudar trompete. Arranja o trompete para estudar e começa a ter
aula com o professor de trompete, não para ser instrumentista, mas para saber ensinar os rudimentos básicos
desse instrumento para orientar o aluno no período de um ano dando uma base boa para ele, embocadura,
respiração, postura indicando todo o processo inicial dele e você ter uma formação onde você possa ensinar
isso e possa ter o olho clínico para corrigir esses alunos que iniciam com você para terem uma base sólida.
Cont. Joel: Onde a pessoa teria que passar pelos vários instrumentos de sopros, no caso de banda que é o
caso aqui que nós estamos falando, mas uma disciplina de ensino coletivo.
6) Um dos aspectos de nossa pesquisa é a inclusão de aulas individuais com professores especialistas
(profissionais) em instrumentos e apreciação musical através de vídeos, dvds e audições ao vivo aliada com
a prática do método coletivo “Da Capo”. O que acha sobre essas práticas (inclusão desses aspectos)? Elas
já foram realizadas anteriormente?
R- De que eu tenha notícia, bem, no Brasil eu sei que não, talvez na América tenha sido pensado ou já
tenha sido feito, mas eu não tenho dados a respeito.
Quando você coloca o ensino coletivo, tem aula de ensino coletivo e você tem também aulas de ensino
individuais para o aluno de instrumento. De alguma maneira, aqui em Tatuí, eles criaram bandas nos últimos
anos para cada série. Há seis anos, eles tem a série de 1º e 2º ano já tem banda e esse aluno que vem aqui
tem aula de instrumento individual, com professor especializado na clarineta por exemplo e tem outro dia
aula de teoria, percepção, e em outro dia ele tem aula de banda de ensino coletivo, mas a aula de banda é
mais um ensaio do que um ensino do instrumento. Ele já começa a tocar o método mesmo à vezes, mas
ainda mais um repertório desse nível, um pouco do método, que não é o meu método, eles já usam o
repertório. Mas um ensino onde se tenha o ensino coletivo de instrumentos musicais, uma banda associada
com o apoio de aula individual eu não conheço. EU ACHO QUE ISSO AÌ SERIA O IDEAL (grifo nosso),
isso é o ideal para se ter realmente. O aluno ter a prática coletiva, onde desenvolve desde o início toda a
percepção em relação aos outros instrumentos no sentido de equilibrar o seu som com os outros, um grupo
que já vem e ter o apoio técnico do professor na aula individual, eu acho que seria o ideal. È mais caro né,
por isso talvez não seja tão viável em todas as partes do país, muitas bandas que estão no interior e escolas
de música raramente se tem um professor especializado em cada instrumento, né? Mais acho que isso seria o
ideal, principalmente aliada a parte de percepção, com vídeo, cd, dvds, isso seria melhor ainda como você
está propondo. Eu acho que o resultado vai ser muito bom.
Agradecimentos
R: Trabalho desde 1977 na Rede Pública do Estado de Minas Gerais atuando como professora no ensino
fundamental e médio. Fui diretora da Escola Estadual de Mar de Espanha do ensino fundamental no período
de fevereiro de 1999 a fevereiro de 2003.
Desde de 2004 leciono as disciplinas de Matemática e Metodologia da Matemática para o curso Normal
Superior na Universidade Professor Antonio Carlos (UNIPAC).
Em outubro de 2001 fui eleita para diretora-presidente da EMBAC, apesar de participar das atividades da
mesma, como sócio-benemérita, desde sua fundação em 1988.
1) Atuando como professora da rede pública, você conhece o perfil acadêmico e social dos alunos que
participarão desta pesquisa?
R: Sim.
Três da turma vêm de família de classe média, sendo os demais de famílias de baixa renda. Gostaria de
destacar também, que pela primeira vez estamos atendendo dois alunos que moram fora do perímetro
urbano.
Como alunos da Rede Pública, seis dos alunos têm um excelente aproveitamento no ensino-aprendizagem,
sete deles têm um aproveitamento médio e dois, posso classificá-los com dificuldades de aprendizagem,
principalmente na Matemática, que é o conteúdo que leciono.
Essa análise que lhe relato, parte de acordo com os resultados dos conselhos de classe bimestrais
realizados nas escolas (grifo nosso).
Devo ressaltar também, que três desses alunos têm dificuldades de se expressarem. São introspectivos e não
fazem amizades na classe. Acho que poderão criar problema na banda, principalmente nesse método de
ensino coletivo.
Local: Companhia de Bandas do CFN, Fortaleza de São José, centro do Rio de Janeiro.
Data: 22 de fevereiro de 2007
R: Trabalhar em Banda Marcial tem que ser uma paixão, nós temos que gostar. Por não ter um grande
recurso musical, temos que compensar isso com movimentos marciais e evoluções. Isso é que traz o brilho
da banda.
85
Atualmente eu ainda trabalho em uma escola, o Colégio Novo Horizonte, que temos a banda marcial
Dragões. Trabalho lá há 17 anos, trabalhei seis anos no colégio Dom Helton Mota em Santa Cruz, trabalhei
dois anos no colégio Nova Pian, também com banda marcial. Trabalhei no Instituto Evangélico de Austin
seis anos, e o conhecimento que nós vamos adquirindo em cada escola dessas é muito grande. A cada dia,
em cada escola que agente passa, adquirimos uma nova técnica de ensinar e uma nova maneira de apreender
também, você aprende a lidar com as dificuldades dos alunos.
Hoje em dia estou aqui na Banda Marcial com o cargo de contramestre, situação que não me trouxe
dificuldade, devido ao grande tempo que trabalhamos fora, buscando conhecimento. Então, muito das coisas
que hoje em dia nós procuramos colocar aqui, são coisas que já vimos em outras bandas, já vimos em outros
concursos, porque agente participa de concursos. Participar de concursos e participar de bandas que,
justamente, tenham um emprego, tanto financeiro quanto representativo grande, é muito bom para nosso
aprendizado. Por isso que agente querendo, agente consegue diversificar e distribuir uma maneira que
agrade a todo nosso público.
Então a Banda Marcial tem uma diferença muito grande da Banda de Música. Na Banda de música nós
temos instrumentos com bastantes recursos, instrumento que realmente dão aquele colorido da música,
agente consegue apreciar uma boa música. A banda marcial não consegue causar essa apreciação musical.
O que mais nós chamamos a atenção vamos dizer assim, mostra a matéria de beleza, são as coreografias, são
os movimentos, é a marcha, alinhamento e cobertura, então, tudo isso faz parte da banda marcial. Então a
banda marcial já tem a parte melodia mais grosseira um pouco. Não que nós não tenhamos condição de
tocar algumas músicas. Temos até condição de fazer um arranjo para poder tocá-las, mas somos mais
direcionados para desfiles, representações, coreografias, montagem de palavras e símbolos.
Diante de tantas dificuldades que a banda marcial enfrenta se agente não partir para esse outro lado
(coreografias etc.), chega a ficar um tanto esquecida. Porque para se colocar uma banda marcial para se
fazer uma boa representação, é necessário muito ensaio, ensaio com muito empenho, até mesmo porque
nossas músicas têm que ser todas decoradas e agente sabe que tocar sem ter a partitura na frente... Nem
todos os ouvidos têm a mesma percepção e corre muito risco de se ter algum deslize e algum desencontro
musical.
Mas, para isso, agente tem que treinar bastante, decorar a partitura, depois agente tem que decorar a
coreográfica que será feita, decorar os movimentos que serão feitos diante dos instrumentos e estar sempre
prestando atenção. Essas são as dificuldades que agente enfrenta e que todos os dias temos que estar lutando
contra elas.
1) Maestro, em nossa pesquisa, tivemos dificuldades para classificar e diferenciar Fanfarra e Banda Marcial
notamos que os próprios músicos destas corporações se confundem com essa classificação. O Senhor
poderia nos explicar?
R: Atualmente nós temos como definição de Fanfarra: conjuntos com instrumentos lisos, que são as
cornetas lisas e contrabaixos lisos, e toda a parte de percussão. Essa é a Banda classificada como
FANFARRA.
A Banda Marcial: existe a Banda Marcial do Corpo de Fuzileiros Navais e a Banda Marcial em nível de
concurso, que temos um regulamento que mostra todos os instrumentos que podem ser incorporados a uma
banda marcial. Atualmente a Banda Marcial para concurso, ela utiliza de todos os instrumentos de metais,
tanto bocal, e a banda marcial especial, usa instrumentos de bocal e palheta. Então a Banda Marcial do
Corpo de Fuzileiros Navais é uma banda tradicional, então ela não se encaixa dentro desse regulamento. A
BMCFN já veio com uma configuração e com o decorrer do tempo foram acrescentados alguns
instrumentos, por exemplo, quando a BMCFN chegou ao Rio de Janeiro, pela Brigada Real, ela veio com os
tambores, toda a parte de percussão, ela não tinha lira, o instrumento melódico dela era o pífaro, hoje já
substituído pelo flautim, e as cornetas de pistons também foram incorporadas.
A Banda Marcial, era justamente o que é hoje em dia uma FANFARRA. Só que no lugar das liras, estão os
flautins.
É uma diferença que agente fica até confuso. Então nós temos a banda marcial tradicional em nível dos
fuzileiros e a banda marcial para concursos e as fanfarras.
2) Então a BMCFN é que deu origem para as outras bandas marciais aqui no Brasil?
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R: A BMCFN serviu como um ponto de partida. Daí diante da necessidade, até mesmo dos fabricantes
terem um emprego maior dos seus instrumentos nas bandas, foram criados regulamentos que encaixasse
esses instrumentos e dessa forma tirando proveito da Banda Marcial, seus movimentos, tirando proveito, até
da parte de marcha e apresentação da banda, então eles incorporaram também a música. A banda Marcial
hoje em dia, não só tocam como também fazem evoluções.
Então essa BM que foi desenvolvida com o passar do tempo, utilizando do maior emprego dos instrumentos
melódicos, associaram os movimentos e as coreográficas.
3) Mudando um pouco de assunto, sabemos que a BMCFN esteve na França no ano de 2005 por ocasião
das comemorações do ano do Brasil. Eu gostaria que o Senhor Falasse da repercussão da apresentação da
nossa tradicional BMCFN, perante o povo europeu.
R: A nossa BM, provavelmente por não ser uma Banda de um país de 1º mundo, ela teve uma recepção,
vamos dizer assim, um pouco constrangida. As pessoas não davam muito valor.
Diziam: “A, banda do Brasil” (caráter depreciativo).
Não tinha aquela recepção como às outras bandas de 1º mundo.
Mas, no decorrer dos treinamentos, nós demonstramos que não temos nada a perder. Então chegamos a um
ponto de sermos a banda de destaque nos grandes desfiles. Então quando a nossa banda começava a tocar, a
se apresentar ou a ensaiar era um atrativo muito grande. Chamávamos a atenção de tal maneira que até as
outras bandas ficavam sem público.
O bom foi que nós conseguimos fazer um intercâmbio e ver que nós também temos condições de atingir um
nível de excelência.
Como todo o mundo sabe, nós brigamos com todas as bandas aí, porque agente procura fazer um
investimento maior, adquirir um conhecimento maior, um instrumento de maior qualidade e tudo isto
depende de verba, então, nós sempre tentamos lutando para podermos melhorar dentro de nossas condições.
Percebemos o seguinte: nós não temos nada a perder para as bandas do 1º mundo.
Lá existe uma matéria de disciplina. Eles têm uma disciplina que é realmente um aspecto de enorme
observação. Mesmo fora dos ensaios, o comportamento deles quando estavam aguardando...
Eu acho que isso aí, deixa o elemento inibido durante a apresentação. Parece-me que eles também não
conseguem mostrar alguma coisa melhor, devido esta repressão de atitude (grifo nosso).
4) Então essa foi a principal diferença que o Senhor notou perante as outras bandas? E sobre a quantidade
ou a qualidade dos instrumentos, era parecida com a nossa?
R - Na qualidade instrumental, temos uma diferença enorme. A nossa qualidade de instrumentos realmente
não se compara. Realmente a nossa dificuldade é muito grande, nós procuramos conciliar nossos
instrumentos com o que nós temos que tocar, mas temos uma grande dificuldade na afinação. Então, nós
vimos que em matéria de qualidade instrumental, eles estão muito além da gente.
Agora técnica instrumental, musical e apresentação e garbo, pode ter certeza que estamos bem.
R - Em quantidade de instrumentistas, a nossa completa, é a maior, não vimos nenhuma banda parecida
coma nossa no tocante a quantidade. Então você sabe que quanto mais à quantidade, a dificuldade de
trabalho é maior.
Se você tem um grupo pequeno e obtêm uma uniformidade é um tipo de trabalho. Agora trabalhar com um
grupo grande e obter uma uniformidade tanto na técnica instrumental, quanto n deslocamento, na marcha, no
garbo, aí já é uma coisa muito mais difícil.
Mas digo para você que nossa apresentação lá foi muito bem aceita e foi muito bem representado o Brasil. O
Brasil com certeza tem uma banda que pode se considerar uma banda de 1º mundo, mesmo que nosso país
não seja. Lá vimos bandas de 1º mundo que não chegavam aos nossos pés.
AGRADECIMENTOS...
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ANEXO 3
3 – Material audiovisual