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ALGUNS ASPECTOS DO MÉRITO CIENTÍFICO DA TEORIA DO DESIGN


INTELIGENTE

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7 authors, including:

Enezio E. de Almeida Filho Michael Behe


SBDI - Sociedade Brasileira do Design Inteligente Lehigh University
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ALGUNS ASPECTOS DO MÉRITO CIENTÍFICO DA
TEORIA DO DESIGN INTELIGENTE
Enézio E. de Almeida Filho
Núcleo de Design Inteligente

Introdução

Os críticos da Teoria do Design Inteligente (doravante TDI) afirmam que a


teoria proposta por Michael Behe, William Dembski, Jonathan Wells, Paul
Nelson, Steve Meyer, Jay Richards entre outros, de que existem sinais de
inteligência e que eles são empiricamente detectados na natureza é
pseudociência ou criacionismo disfarçado. A TDI seria pseudociência porque
não obedece ao rigor do método científico, criacionismo disfarçado porque
propõe uma entidade sobrenatural para explicar a diversidade e complexidade
das coisas bióticas e outros fatos que a ciência ainda não tem explicações.

Esta palestra tentará rebater essas críticas abordando en passant quatro


aspectos do mérito científico da TDI conforme alguns de seus teóricos nos
Estados Unidos. Ela se divide em cinco partes: a Teoria do Design Inteligente e
o método científico; o mérito científico da TDI em paleontologia (Casey Luskin);
o mérito científico da TDI em cosmologia, física e astronomia (Jay Richards); o
mérito científico da TDI na nanotecnologia sofisticada da célula e uma
conclusão parcial (Michael Behe).

A Teoria do Design Inteligente e o método científico

“Em todos os sistemas complexos irredutíveis nos quais a


causa do sistema é conhecida pela experiência ou observação, o
design inteligente ou a engenharia desempenhou um papel [na]
origem do sistema.” 1

O mérito científico da Teoria do Design Inteligente (TDI) reside no fato dela


usar os métodos científicos comumente utilizados por outras ciências históricas
(como a biologia evolutiva) para concluir que certas características do universo

1
Stephen C. Meyer e Scott Minnich. “Genetic analysis of coordinate flagellar and type III
regulatory”.<http://www.discovery.org/scripts/viewDB/filesDB-download.php?id=389>. Acessado
em 13/09/2008. Todas as traduções neste trabalho são de nosssa autoria.
6º ENCONTRO NACIONAL DE CRIACIONISTAS
ALGUNS ASPECTOS DO MÉRITO CIENTÍFICO DA TEORIA DO DESIGN INTELIGENTE

e das coisas vivas são melhor explicadas por uma causa inteligente e não por
um processo não dirigido como a seleção natural.2 Os teóricos do Design
Inteligente (doravante DI) argumentam que o design pode ser inferido
estudando-se as propriedades informacionais dos objetos naturais para
determinar se eles portam o tipo de informação que em nossa experiência
comum surge de uma causa inteligente.

Os proponentes do neodarwinismo afirmam que a informação na vida surgiu


através de processos sem propósitos, cegos e não guiados.3 Os proponentes
do DI afirmam que a informação surgiu na vida através de processos com
propósitos inteligentemente guiados. As duas afirmações são científicamente
testáveis usando-se os métodos científicos empregados pelas ciências
históricas padrões. Assim, o DI é baseado na afirmação de que existem
“características reveladoras de sistemas vivos e o universo que são melhor
explicadas por uma causa inteligente.”4

Os cientistas empregando o DI comparam as observações de como agentes


inteligentes agem quando planejam coisas e nas observações de fenômenos
cuja origem é desconhecida. A inteligência humana fornece uma grande série
de dados empíricos para estudar os produtos da ação de agentes inteligentes.
O matemático e filósofo William Dembski observa que “[...] a principal
característica de agência inteligente é a contigência dirigida, ou o que nós
chamamos de escolha.”5 Quando “um agente inteligente age, ele escolhe de
uma série de possibilidades competidoras” para criar algum evento complexo e
especificado.6

2
David K. DeWolf, John West e Casey Luskey. “Intelligent design will survive Kitzmiller v.
Dover”, 68 Montana Law Review 7 (Winter, 2007).
3
Douglas J. Futuyma, Evolutionary Biology, p. 5 (3ª. ed., Sinauer Associates Inc., 1998); The
Elie Wiesel Foundation for Humanity: Nobel Laureates Initiative, PDF acessado em
<http://media.ljworld.com/pdf/2005/09/15/nobel_letter.pdf> ; Biology de Neil A. Campbell, Jane
B. Reese e Lawrence G. Mitchell, p. 412-413; Edward O. Wilson, “Intelligent Evolution: The
consequences of Charles Darwin's ‘one long argument’”, Harvard Magazine (November-
December, 2005); Francisco J. Ayala, “Darwin’s greatest discovery: Design without designer”,
Proceedings of the National Academy of Sciences USA, Vol. 104:8567–8573.
4
Stephen C. Meyer. “Not by Chance: From Bacterial Propulsion Systems to Human DNA,
Evidence of Intelligent Design Is Everywhere”, National Post A22 (Dec. 1, 2005).
5
William A. Dembski. The Design Inference: Eliminating Chance through Small Probabilities, p.
62.
6
Ibid.

2
6º ENCONTRO NACIONAL DE CRIACIONISTAS
ALGUNS ASPECTOS DO MÉRITO CIENTÍFICO DA TEORIA DO DESIGN INTELIGENTE

Dembski chama a TDI de “uma teoria de informação” onde “a informação se


torna um fator confiável de design bem como um objeto apropriado para
investigação científica.”7 Assim, o DI procura descobrir na natureza os tipos de
informação que são conhecidos de serem produzidos por agentes inteligentes,
e indicar seguramente a ação anterior de inteligência.

A forma de informação que seguramente indica design é chamada de


“complexidade especificada” ou “informação complexa especificada.”8
Dembski sugere que o design pode ser detectado quando alguém encontrar um
evento raro ou altamente improvável (fazendo-o complexo) que se conforma a
um padrão derivado independentemente (fazendo-o especificado).

O termo “complexidade especificada” não se originou com os proponentes do


Design Inteligente. Leslie Orgel (1927-2007), um dos maiores teóricos da
origem da vida, que se opunha às teses do DI, explicou:

“Os organismos vivos são distintos pela sua complexidade


especificada. Os cristais geralmente são considerados como os
protótipos de estruturas simples, bem especificadas, porque eles
consistem de um número muito grande de moléculas idênticas
acondicionadas em uma maneira uniforme. Pedaços de granitos ou
misturas aleatórias de polímeros são exemplos de estruturas que são
complexas, mas não são especificadas. Os cristais não têm êxito na
qualificação como seres vivos porque eles não têm complexidade; as
misturas de polímeros fracassam em qualificar porque elas não têm
especificidade.”9

Aplicando-se o DI à biologia, os biólogos favoráveis ao DI geralmente usam o


10
termo “complexidade irredutível”, termo elaborado e popularizado por
Michael Behe. A complexidade irredutível é uma forma de complexidade

7
Ibid. “Intelligent Design as a Theory of Information”, in Intelligent Design Creationism and Its
Critics: Philosophical, Theological, and Scientific Perspectives, p. 553.
8
Ibid. No Free Lunch: Why Specified Complexity Cannot Be Purchased without Intelligence na
p. xiv: “A característica definidora das causas inteligentes é a sua capacidade de criar
informação nova e, em particular, complexidade especificada.”.
9
Leslie E. Orgel. The Origins of Life: Molecules and Natural Selection, p. 189.
10
Michael J. Behe. Darwin’s Black Box: The Biochemical Challenge to Evolution, p. 39.

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especificada11 existente em sistemas compostos de “diversas partes que


interagem entre si e que contribuem para a função básica, e onde a remoção
de qualquer uma das partes faz com que o sistema cesse efetivamente de
funcionar.”12

Porque a seleção natural somente preserva estruturas que conferem uma


vantagem funcional para um organismo, argumenta-se que tais sistemas
provavelmente não evoluiriam através dos processos darwinianos porque não
existe um caminho evolutivo onde eles pudessem permanecer funcionais
durante cada pequena etapa evolutiva.13 De acordo com os teóricos do DI,
desse modo, a complexidade irredutível é um padrão de informação que pode
ser considerada como um indicador confiável de DI porque “[...] em todos os
sistemas de complexidade irredutível nos quais a causa do sistema é
conhecida pela experiência ou observação, o design inteligente ou a
engenharia desempenhou um papel na origem do sistema.”14

O DI é uma ciência histórica que emprega o princípio de uniformitarianismo: o


presente é a chave para o passado. Desse modo, as investigações de DI
começam com observações sobre como agentes inteligentes operam, e depois
parte-se para converter aquelas observações em predições positivas do que os
cientistas devem encontrar na natureza se o design inteligente design esteve
envolvido na origem de dado objeto natural.

Por exemplo, Stephen C. Meyer observa que:

“[...] agentes podem arrumar a matéria com objetivos distantes em


mente. No seu uso de linguagem, eles rotineiramente ‘acham’

11
William Dembski, No Free Lunch: Why Specified Complexity Cannot Be Purchased without
Intelligence, p. 115..
12
Michael J. Behe. “Molecular Machines: Experimental Support for the Design Inference”, in
Inteligente Design, Creationism and Its Critics: Philosophical, Theological, and Scientific
Perspectives, p. 247.
13
Ibid, Darwin'
s Black Box, p. 39 (“Se se pudesse demonstrar que existiu qualquer órgão
complexo que não pudesse possivelmente ter sido formado por numerosas, sucessivas, e
pequenas modificações, a minha teoria ruiria absolutamente.")
14
Scott A. Minnich & Stephen C. Meyer. “Genetic Analysis of Coordinate Flagellar and Type III
Regulatory Circuits in Pathogenic Bactéria”, in Proceedings of the Second International
Conference on Design & Nature, Rhodes Greece, p. 8. Acessado em 13/09/2008
<http://www.discovery.org/scripts/viewDB/filesDB-download.php?id=389>..

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sequências funcionais altamente isoladas e improváveis em meio a


vastos espaços de possibilidades combinatoriais.”15

Meyer prossegue em sua observação:

“Nós temos experiência repetida de agentes racionais e


conscientes – nós em particular – gerando ou causando aumentos na
informação complexa especificada, tanto na forma de sequências
específicas de linhas de código e na forma dos sistemas de partes
dipostas hierarquicamente. […] O nosso conhecimento do fluxo de
informação baseado na experiência confirma que os sistemas com
grandes quantidades de complexidade especificada (especialmente
códigos e línguas) invariavelmente se originam de fonte inteligente de
uma mente ou agente pessoal.”16

Usando estas observações, os teóricos do DI constroem então predições


testáveis sobre o tipo de propriedades informacionais que nós esperamos
encontrar na natureza se um agente inteligente agiu no desigm intencional de
um obejto natural. A TDI prediz especificamente que nós encontraremos
grandes quantidades de complexidade especificada em objetos naturais. Então
os teóricos do DI consideram o registro histórico e realizam investigações
experimentais para testar tais predições e determinar se aquelas propriedades
informacionais existem na natureza e assim corroborar a explicação por
design.

Deste modo, os proponentes do DI usam o raciocínio uniformitariano padrão


das ciências históricas para aplicar uma relação de causa e efeito
empiricamente derivada entre a inteligência e certos tipos de padrões
informacionais ao registro científico histórico a fim de explicar a origem de
vários fenômenos naturais.17

Meyer explica:

15
Stephen C. Meyer. “The Cambrian Information Explosion,” in Debating Design: From Darwin
to DNA, p. 388.
16
Ibid, “The origin of biological information and the higher taxonomic categories,” Proceedings
of the Biological Society of Washington, Vol. 117 (2):213-239, 2004.
17
Stephen C. Meyer, “The Scientific Status of Intelligent Design: The Methodological
Equivalence of Naturalistic and Non-Naturalistic Origins Theories”, in The Proceedings of the
Wethersfield Institute: Science and Evidence for Design in the Universe, vol. 9, p. 182–92,
Ignatius Press, 1999.

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“ao invocar o design intencional para explicar a origem de nova


informação biológica, os atuais teóricos do design não estão postulando
um elemento explanatório arbitrário não motivado pela consideração da
evidência. Em vez disso, eles estão postulando uma entidade possuindo
exatamente os atributos e poderes causais que os fenômenos em
questão exigem como uma condição de sua produção e explicação.”18

Neste sentido, a TDI usa o método científico para fazer suas afirmações. O
método científico é comumente descrito como sendo um processo de quatro
etapas envolvendo observações, hipóteses, experimentos e conclusão.19
Conforme destacado, a TDI começa com a observação de que agentes
inteligentes produzem informação complexa especificada (ICE). Os teóricos da
TDI formulam a hipótese que se um objeto natural foi intencionalmente
planejado ele conterá altos níveis de ICE. Depois os cientistas realizam testes
experimentais sobre os objetos naturais para determinar se eles contêm
informação complexa especificada.20

Uma forma testável de ICE é a complexidade irredutível, que pode ser testada
e descoberta experimentalmente pela engenharia reversa das estruturas
biológicas através de experiências de alteração genética para determinar se
elas exigem que todas as suas partes funcionem.21 Quando o trabalho
experimental descobre complexidade irredutível em biologia, eles concluem:
tais estruturas foram intencionalmente planejadas.

18
Ibid. "The Origin of Biological Information and the Higher Taxonomic Categories,"
Proceedings of the Biological Society of Washington, Vol. 117 (2):213-239, 2004.
19
Muitos livros-texto de biologia definem a ciência como sendo “um meio de conhecimento”
onde aquele “meio” é o método científico. Vide Biological Sciences Curriculum Study, Biology:
A Molecular Approach, 8ª. ed. (Learning Corporation, 2001), p. 14-18 (chamando a ciência de
“um meio de conhecimento” que emprega observações, experimentos repetíveis e verificáveis,
e tentativo); George B. Johnson, Biology Visualizing Life (Holt, 1998), p. 11-13 (chamando a
ciência de uma “busca de conhecimento” que usa observações, hipóteses, predições e testes
para criar teorias); George Johnson and Peter Raven, Biology (Holt, 2004), p. 14-19
(caracterizando a ciência como um processo usando observações, questões, formação de
hipóteses, fazer predições, experimentações e tirar conclusões); William D. Schraer e Herbert
J. Stoltze, Biology: The Study of Life (Prentice Hall, 1999), p. 14-16 (chamando a ciência de
“uma tentativa de entender o mundo que nós vivemos” onde o método científico faz perguntas,
pesquisa, formula uma hipótese, realiza experimentos, eanálise de dados.
20
Estes tipos de testes foram relatados pelo biólogo molecular, pró-ID, Douglas D. Axe, in
“Extreme Functional Sensitivity to Conservative Amino Acid Changes on Enzyme Exteriors”,
Journal of Molecular Biology, Vol 301:585-595, 2000; “Estimating the Prevalence of Protein
Sequences Adopting Functional Enzyme Folds”, Journal of Molecular Biology, 1-21, 2004.
21
Vide os experimentos de Scott Minnich de alteração genética realizados no flagelo bacteriano
conforme testemunho dado no julgamento Kitzmiller vs. Dover, in Transcript of Proceedings.
Afternoon Session, p. 99–108, Nov. 3, 2005, Kitzmiller v. Dover, 400 F. Supp. 2d 707.

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O mérito científico da TDI em paleontologia

“O que alguém achou realmente foi nada a não ser


discontinuidades. Todas as espécies estão separadas uma das
outras por lacunas sem ligações; os elos intermediários entre as
espécies não são observados. [...] O problema foi mais sério no
nível das categorias mais elevadas.”22

A TDI tem mérito científico na paleontologia porque a história da vida mostra


um padrão de explosões onde novas formas fósseis vieram a existir sem
precursores evolutivos nítidos, concordando com a capacidade única da TDI
explicar o surgimento abrupto de novos planos corporais ‘plenamente
formados’

A TDI tem mérito científico na paleontologia porque em muitos casos, ela pode
ser aplicada ao registro fóssil para detectar onde que o design intencional
ocorreu na história da vida ao encontrar a introdução rápida de grandes
quantidades de informação complexa e especificada (ICE).23

Deve ser logo mencionado que muitos têm por certo que se a ancestralidade
comum for verdade, então a única posição científica válida é a evolução
darwinista — onde todos os organismos descendem de um ancestral comum
via mutações randômicas e a seleção natural cega. Tal pressuposição é
incorreta: a TDI não é, necessariamente, incompatível com a hipótese da
ancestralidade comum. Mesmo que todos os organismos na Terra
compartilhem de um ancestral comum, isso não quer dizer que os principais
mecanismos causando as diferenças entre as espécies sejam meramente
processos cegos e não guiados como a seleção natural.24

22
Ernst Mayr. The Growth of Biological Thought: Diversity, Evolution, and Inheritance, p. 524.
23
Algumas porções desta declaração inicial foram tiradas de Casey Luskin, “Finding Inteligente
Design in Nature,” in Inteligente Design 101: Leading Experts Explain the Key Issues.
24
Para descrições da evolução neodarwinista vide Douglas J. Futuyma, Evolutionary Biology,
p. 5, 3ª. ed., 1998; The Elie Wiesel Foundation for Humanity: Nobel Laureates Initiative
September 9, 2005, PDF desta iniciativa acessado na internet em
<http://media.ljworld.com/pdf/2005/09/15/nobel_letter.pdf>; Biology de Neil A. Campbell, Jane
B. Reese e Lawrence G. Mitchell, 5ª. ed., p. 412-413; Edward O. Wilson, "Intelligent Evolution:
The consequences of Charles Darwin's 'one long argument'," Harvard Magazine, November-

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Apesar disso, a TDI tem a capacidade única de detectar o surgimento rápido de


grandes quantidades de ICE, e por isso facilmente explicando o surgimento
abrupto de novas formas biológicas, tornando possível inferir design intencional
a partir do registro fóssil.

Como já vimos anteriormente, a TDI começa com observações da informação


produzida quando agentes inteligentes agem. Os teóricos da TDI afirmam que
os agentes inteligentes são capazes de produzir grandes quantidades de
informação complexa e especificada, e infundir rapidamente no mundo natural
em uma forma que produz máquinas plenamente funcionais. Conforme
Stephen C. Meyer, Marcus Ross, Paul Nelson, e Paul Chien explicam,

“Nós sabemos por experiência que agentes inteligentes


frequentemente concebem planos antes da materialização dos sistemas
que se conformam aos planos — isto é, o design inteligente de uma
planta frequentemente precede a montagem das partes de acordo com
uma planta ou um plano de design preconcebido.”25

Agentes inteligentes podem infundir rapidamente grandes quantidades de


informação genética na bioesfera. Isto levou alguns teóricos da TDI à
conclusão de que “o design inteligente fornece uma explicação suficientemente
causal para a origem de grandes quantidades de informação, uma vez que nós
temos experiência considerável de agentes inteligentes gerando configurações
de matéria informacional.”26

Este tipo de raciocínio pode ser aplicado para detectar design na história da
vida através da análise do registro fóssil. O design pode ser inferido na história
da vida quando nós vemos planos corporais plenamente formados no registro
fóssil que surgiram subitamente, sugerindo a infusão rápida de grandes
quantidades de informação biologicamente funcionais na bioesfera. Isto pode
ser refletido no registro fóssil quando do surgimento abrupto de novos tipos de
organismos, sem precursores similares. Quando nós encontrarmos o

December, 2005; Francisco J. Ayala, "Darwin’s greatest discovery: Design without designer,"
Proceedings of the National Academy of Sciences USA, Vol. 104:8567–8573, May 15, 2007.
25
Stephen C. Meyer. Marcus Ross, Paul Nelson e Paul Chien. "The Cambrian Explosion:
Biology's Big Bang," in Darwinism, Design, and Public Education, p. 386.
26
Stephen C. Meyer. Marcus Ross, Paul Nelson e Paul Chien. "The Cambrian Explosion:
Biology's Big Bang," in Darwinism, Design, and Public Education, p. 386.

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surgimento rápido de novas formas fósseis que não têm precursores similares
(precursores evolutivos), nós podemos infererir design inteligente.

Na verdade, a história da vida mostra um padrão de explosões onde novas


formas fósseis passaram a existir sem quaisquer precursores evolutivos
nítidos, concordando com a TDI que prediz que espécies podem surgir
abruptamente.

No seu livro Origem das espécies (1859) , Charles Darwin afirmou que sua
teoria da evolução predizia que “o número de variedades intermediárias que
existiram antes na Terra, deve ter sido verdadeiramente enorme.” Todavia,
Darwin reconheceu que o registro fóssil não continha os fósseis dessas formas
“intermediárias” de vida:

“Então por que cada formação geológica e cada estrato não estão
cheios de tais elos intermediários? A geologia certamente não revela tal
cadeia orgânica bem graduada; e isto, talvez seja a objeção mais óbvia
e grave que pode ser alegada contra minha teoria.”27

Hoje, 150 anos após a obra de Darwin, muito pouco mudou; das milhares de
espécies conhecidas do registro fóssil, somente uma pequena fração são
reivindicadas como sendo candidatas de formas intermediárias. Numa
admissão inusitada, Stephen Jay Gould (1941-2002), eminente paleontólogo
evolucionista, afirmou que:

“[...] a ausência de evidência fóssil para os estágios


intermediários entre as principais transições em design orgânico, na
verdade, a nossa incapacidade, até mesmo em nossa imaginação, de
construir intermediários funcionais em muitos casos, tem sido um
problema persistente e incômodo para as explicações gradualistas de
evolução.”28

Este problema resultou em várias tentativas malogradas de salvar a teoria de


Darwin da inexistência de evidência fóssil confirmadora. Darwin tentou salvá-la

27
Charles Darwin. Origin of species, 6ª. ed. Nova York, The Modern Library, 1993, p. 406.
28
Stephen Jay Gould. “Is a new and general theory of evolution emerging?”, Paleobiology, Vol.
6 (1):119-130, 1980.

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afirmando que o registro geológico era “imperfeito”, e que os organismos


transicionais simplesmente não puderam ser fossilizados. Gould reconheceu
que o argumento de “imperfeição” do registro geológico é fraco, e que “persiste
como a saída favorita da maioria dos paleontólogos do embaraço de um
registro que parece mostrar diretamente tão pouco de evolução.”29
Eventualmente, os biólogos foram “forçados” a aceitar que os saltos entre as
espécies no registro fóssil eram eventos verdadeiros e não artefatos de um
registro fóssil imperfeito.

É importante destacar aqui uma questão retórica importante. Durante os


debates, alguns darwinistas elaboram argumentos e descartam a evidência
contrária, de modo que é logicamente impossível desafiar a teoria de algum
modo significante. Por esta razão, muitos darwinistas vivem pela regra auto-
indulgente de que, se alguém citar um autor evolucionista neodarwinista
criticando a evolução neodarwinista, aquela pessoa é culpada de “citar fora do
contexto”. O tratamento comum dispensado pelos darwinistas àqueles
acusados de “citarem fora do contexto” levaria alguém a pensar que o acusado
violou a Convenção de Genebra ou cometeu um hediondo crime inafiançável.
Mas as alegações auto-indulgentes dos darwinistas de “citar fora do contexto”
são frequentemente mal empregadas.

Citar a admissão do oponente de alguém em um julgamento sobre a fraqueza


do seu caso não é considerado como sendo um argumento fraco, mas sim
evidência forte e altamente confiável.30 Convém destacar que o cientista acima
citado apoiava a evolução neodarwinista e se opunha à TDI. Isso não
enfraquece a força de sua admissão, pelo contrário, somente a fortalece.

Apesar do fato de que um grande número de afirmações como esta poderia ser
mencionado, todas de paleontólogos evolucionistas admitindo a falta de formas
transicionais no registro fóssil, algumas vezes os darwinistas tentam se
envolver no controle de danos politicamente motivado a fim de repudiar suas
declarações anteriores de que o registro fóssil não tem formas intermediárias
transicionais plausíveis.

29
Ibid. "Evolution's erratic pace," Natural History, Vol. 86(5): p. 12-16, Maio, 1977 (ênfase
adicionada).
30
Vide por exemplo, por exemplo: Federal Rules Evidence 802(d) (2).

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Stephen Jay Gould foi um que reclamou de ter sido citado fora do contexto
sobre a falta de formas transicionais no registro fóssil. Ele disse:

“é enfurecedor ser citado muitas vezes pelos criacionistas — se


por planejamento ou estupidez, eu não sei— como tendo admitido que o
registro fóssil não inclue formas transicionais. As formas transicionais
geralmente estão faltando no nível das espécies, mas elas são
abundantes entre os grupos maiores.”31

Esta declaração de Gould foi feita durante o calor das batalhas políticas no
começo dos anos 80 do século XX nos Estados Unidos sobre o ensino do
criacionismo, e contradiz frontalmente uma das afirmações anteriores onde ele
admitiu claramente que “as transições entre os principais grupos são
caracteristicamente abruptas.”32

Em qual Gould nós devemos confiar? A resposta é bem clara. O parceiro


científico de Gould na promoção do modelo do equilíbrio pontuado, Niles
Eldredge, concorda com a afirmação anterior de Gould:

“[...] a maioria das famílias, ordens, classes, e filos aparece bem


subitamente no registro fóssil, frequentemente sem formas
anatomicamente intermediárias interligando facilmente os táxon
descendentes derivados evolucionariamente com os seus presumidos
ancestrais.”33

Mais adiante, Eldredge vai validar o Gould antigo, declarando que “quanto mais
alto na hierarquia linneana você olhar, quanto menos formas transicionais
parecem existir.”34 Então fica claro em qual Gould nós devemos confiar —
naquele que fez as declarações no calor das batalhas políticas com os
criacionistas da Terra jovem.

Alguns paleontólogos (inclusive Gould e Eldredge) tentaram explicar a


inexistência de formas transicionais especulando que a transição evolutiva

31
Stephen Jay Gould. “Evolution as Fact and Theory,” Discover Magazine, May, 1981,
reimpresso em Hen’s Teeth and Horse’s Toes, Nova York, W. W. Norton, 1994, p. 260.
32
Stephen Jay Gould. “The Return of Hopeful Monsters,” Natural History, Vol. 86: 22-24 (June-
July, 1977).
33
Niles Eldredge. Macroevolutionary Dynamics: Species, Niches, and Adaptive Peaks, p. 22.
34
Ibid. The Monkey Business: A Scientist Looks at Creationism, p. 65-66.

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ocorreu em pequenas populações, muito rapidamente ou muito remotamente


para que a mudança evolutiva pudesse ser registrada no registro fóssil: a teoria
do “equilíbrio pontuado”. Esta teoria foi problemática desde o começo, não
somente porque exigia muita mudança evolutiva em tão pouco tempo, mas
porque predizia que evidência fóssil direta confirmando uma transição evolutiva
gradual não poderia ser descoberta.35

Em vez de documentar a evolução de novas espécies, o registro fóssil mostra


consistentemente um padrão onde novas formas fósseis passam a existir
“abruptamente” sem precursores evolutivos nítidos. Os cientistas “batizaram”
muitos desses eventos de “explosões” de novas formas de vida. Um exemplo
surpreendente é a Explosão Cambriana, onde aproximadamente todos os
principais grupos de animais vivos (chamados de “filos”) apareceram no
registro fóssil num instante geológico (10 milhões de anos) há uns 530 milhões
de anos.

Um livro-texto de ensino superior reconhece,

“A maioria dos filos animais que estão representados no registro


fóssil surgem primeiro, 'plenamente formados' no Cambriano [...]
Portanto, o registro fóssil não ajuda no que diz respeito à origem e à
diversificação inicial dos vários filos de animais."36

Agentes inteligentes tendem a produzir máquinas plenamente funcionais


quando elas são introduzidas para o uso. Como bem destacaram quatro
cientistas pró-DI quando discutiram sobre a Explosão Cambriana que “um
esboço ou uma planta do todo precede e guia a montagem das partes de
37
acordo com aquele plano.” A descoberta de tais características “plenamente
formadas” é exatamente o que nós esperaríamos encontrar se um agente
inteligente infundisse rapidamente grandes quantidades de ICE na biosfera.

35
Stephen Jay Gould. "Is a new and general theory of evolution emerging?" Paleobiology, Vol 6
(1):119-130 (1980). Sobre o equilíbrio pontuado, Gould escreveu assim: “A especiação […] é
tão rápida na tradução geológica (milhares de anos no máximo, comparados com os milhões
de anos para a duração da maioria dos fósseis das espécies) que o seu resultado deveria
geralmente estar em uma superfície separando duas camadas de rochas estratificadas, e não
através da seqüência sedimentária espessa da base extensa de sedimentos sobre uma
encosta.”
36
R.S.K. Barnes, P. Calow & P.J.W. Olive. The Invertebrates: A New Synthesis, 3ª. ed.,
Blackwell Sci. Publications, 2001, p. 9-10.
37
Stephen C. Meyer. Marcus Ross, Paul Nelson, Paul Chien. "The Cambrian Explosion:
Biology's Big Bang," in Darwinism, Design and Public Education, p. 386.

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ALGUNS ASPECTOS DO MÉRITO CIENTÍFICO DA TEORIA DO DESIGN INTELIGENTE

Cabe aqui o destaque: a explosão Cambriana não é a única “explosão” no


registro fóssil. Os paleontólogos descobriram várias explosões de espécies de
peixes, de plantas, de aves, e até explosão de mamíferos. Explosões abruptas
da diversidade de massa biológica parece ser a regra e não a exceção no
registro fóssil. As formas transicionais plausivelmente documentadas pelos
fósseis parecem ser a rara exceção.

Ernst Mayr (1904-2005), eminente zoólogo evolucionista, considerado o Darwin


do século XX, escreveu em 2001:

“Quando nós olhamos a biota viva, se no nível dos táxon superiores ou


até mesmo naqueles das espécies, as discontinuidades são esmagadoramente
frequentes. [...] As discontinuidades são ainda mais surpreendentes no registro
fóssil. As novas espécies geralmente aparecem subitamente no registro fóssil,
não conectadas com seus ancestrais por uma série de formas
intermediárias.”38

Este fenômeno existe não somente nas espécies, mas também nos táxon
superiores, conforme admite um livro-texto de zoologia americano:

“Muitas espécies permanecem virtualmente inalteradas por


milhões de anos, então desaparecem subitamente para serem
substituídas por uma forma bem diferente, mas relacionada. Além disso,
a maioria dos principais grupos de animais surge abruptamente no
registro fóssil, plenamente formados, e sem fósseis ainda descobertos
que formem uma transição de seu grupo parental.”39

Por toda a história da vida nós vemos grandes quantidades de informação


biológica surgindo muito rapidamente, frequentemente sem quaisquer
precursores evolutivos nítidos. O registro fóssil mostra as formas corporais
introduzidas plenamente formadas com suas partes integradas plenamente
funcionais.

A TDI prediz complexidade irredutível. Essas estruturas de complexidade


irredutível exigem que todas as suas partes funcionem. Elas não podem surgir
de modo lento e gradual.40 Se as muitas características da vida são de

38
Ernst Mayr: What Evolution Is, p. 189.
39
C.P. Hickman, L.S. Roberts, e F.M. Hickman. Integrated Principles of Zoology, p. 866.
40
Wolf-Ekkehard Lönnig. “Dynamic genomes, morphological stasis, and the origin of irreducible
complexity,” in Dynamical Genetics p. 101-119 (Valerio Parisi, Valeria De Fonzo, e Filippo
Aluffi-Pentini, eds., 2004).

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ALGUNS ASPECTOS DO MÉRITO CIENTÍFICO DA TEORIA DO DESIGN INTELIGENTE

complexidade irredutível, então a TDI nos leva à expectativa de que o registro


fóssil irá exibir um padrão de surgimento abrupto de planos corporais novos e
plenemente funcionais que não se desenvolveram gradualmente. Isso é
exatamente o que nós encontramos tipicamente no registro fóssil.

O surgimento abrupto de grandes quantidades de informação biológica na


história da vida evidenciado pelas diversas “explosões” de vida detalhadas no
registro fóssil é explicado unicamente pela capacidade de agentes inteligentes
introduzirem rapidamente grandes quantidades de informação na bioesfera. O
registro fóssil fornece evidência robusta a favor do design inteligente.

O mérito científico da TDI em cosmologia, física e astronomia

Embora muito da controvérsia pública sobre o design inteligente tenha


focalizado a biologia e a evolução darwiniana, a evidência a favor do design
inteligente vai além da biologia. Existe bastante evidência de design em
cosmologia, física, e astronomia.

Dizer que o DI tem mérito em cosmologia e física é afirmar a existência de


evidência positiva a favor do DI nessas partes da natureza estudadas pelos
cosmólogos e físicos. Há evidência que é muito melhor explicada em termos de
design inteligente do que minimizá-las como sendo ilusão, mal-entendido, ou
preconceito filosófico.

Esta evidência contradiz a ortodoxia intelectual da última parte do século XX e


começo do século XXI. Já foi muito mais fácil para os cientistas serem
estritamente materialistas. Eles podiam pressupor que o universo físico sempre
existiu e que nós não precisávamos abordar de onde que o universo
surgiu. Hoje, a história é um pouco diferente.

Evidência a favor do Design Inteligente em cosmologia

A pressuposição de que o universo sempre existiu foi bastante enfraquecida no


século XX. Nos anos 20 do século XX, o astrônomo Edwin Hubble (1889-1953)
descobriu, para sua surpresa, que a luz de galáxias distantes se desviava

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espectrograficamente para o vermelho. A luz tinha se expandido durante o


curso de suas “viagens”. Isto sugeria que o universo está se expandindo em
todas as direções.

Revertendo o processo em suas mentes, subitamente os cientistas se viram


confrontados com a possibilidade de um universo que passou a existir no
passado finito. Levou três décadas para que a idéia fosse aceita. Mas a
descoberta de Hubble foi reforçada por uma predição indesejável da Teoria
Geral da Relatividade de Albert Einstein (1879-1955), que sugeria: o universo
deveria se expandir ou se contrair.

Muitos cientistas como Sir Fred Hoyle (1915-2001) esperavam que algum tipo
de teoria do Estado Estácionário que lhes permitisse reter a pressuposição de
um universo eterno. Mas pelos anos 60 do século XX, o modelo do Big Bang foi
confirmado por evidência adicional como a radiação de fundo. A evidência
sugeria fortemente que o universo não tinha existido sempre. Hoje nós falamos
sobre a idade do universo sem repararmos que tal idéia contradiz
completamente o quadro antigo de um cosmos eterno e auto-existente.

O universo tinha reintroduzido a questão de sua origem para uma comunidade


científica que, pelo menos oficialmente, evitava a questão. Repentinamente um
argumento cosmológico tradicional, conhecido principalmente por filósofos e
teólogos, tinha evidência empírica a seu favor:

Premissa 1:
Tudo que começa a existir tem uma causa (externa) para sua existência.

Premissa 2:
O universo começou a existir.

Conclusão:
O universo tem uma causa para sua existência.

Este argumento sempre teve plausibilidade intuitiva. Contudo, havia pouca


evidência direta para a segunda premissa até o século XX. O argumento agora
é reconhecido de que um universo com um passado finito sugere uma causa
transcendente para sua existência (até as tentativas dos cientistas materialistas
para minimizar as implicações são evidência desse reconhecimento). É claro
que somente esta evidência não prova o design inteligente, mas quando

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acompanhada de outras evidências, certamente que aponta na direção de um


universo projetado intencionalmente para a vida complexa.

Evidência a favor do Design Inteligente em Física

Nos anos 60 e 70 do século XX, os físicos começaram a perceber que as


constantes universais da física, como as forças de gravidade e
41
electromagnetismo, pareciam ter características de “bem sintonizadas” para
a existência de vida complexa. O mesmo era verdade para as condições
iniciais que deveriam existir no início do universo. Se os valores dessas
constantes e condições iniciais fossem muito diferentes, ou se nós fôssemos
tentar escolher seus valores aleatoriamente, nós quase sempre
conseguiríamos um universo hostil para a vida. Para Fred Hoyle, astrofísico e
ateu, disse que isso sugeria a atividade de um “superintelecto.”

Quando os físicos afirmam, por exemplo, que a gravidade é “bem ajustada”


para a vida, o que eles querem dizer geralmente é que, se a força gravitacional
tivesse um valor levemente diferente, a vida não teria sido possível. Se a
gravidade fosse um pouco mais fraca, a expansão após o Big Bang teria
dispersado a matéria muito rapidamente, impedindo a formação das galáxias,
planetas, e até de astronônomos. Se ela fosse um pouco mais forte, o universo
teria colapsado em si mesmo, batendo em retirada no esquecimento como a
marmota retorna para a sua toca num dia de inverno. Nas possibilidades
mencionadas, o universo não seria compatível com o tipo de complexidade
ordenada e estável exigidas pelos organismos vivos.

Especificamente, os físicos normalmente se referem ao valor, digamos, da


gravidade sendo relativo a outras forças como o eletromagnetismo ou à força
nuclear forte. Neste caso, a proporção da gravidade ao eletromagnetismo deve
ser bem ajustada se a vida complexa como nós conhecemos devesse existir.
Se nós fôssemos escolher esses valores aleatoriamente, nós quase sempre

41
Há alguma ambiguidade sobre o que exatamente a expressão “bem sintonizada” significa
para observações de um universo. Além disso, embora a expressão “bem sintonizada” pareça
implicar um sintonizador, isto é, um agente inteligente para realizar a sintonização, muitos
físicos usam a expressão sem esta conotação em mente.

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nunca encontraríamos uma combinação compatível com a vida ou qualquer


outra coisa parecida.

Considerando-se as pressuposições dominantes da ciência dos séculos XIX e


XX, descobrir que o universo é bem ajustado foi uma grande surpresa. Por
detrás de tal espanto é saber que a série de universos (teóricos) não habitados
excede em muito a série de universos, como o nosso, que são adequados para
a vida.

Bem, o Diabo sempre está nos detalhes, e há respostas materialistas para esta
evidência, como o postulado de múltiplos universos para minimizar o ajuste fino
de nosso universo. Mas as respostas em si mesmas indicam que a evidência
de ajuste fino é um grande problema epistêmico para os que não querem
considerar a possibilidade de um universo planejado intencionalmente.

Evidência a favor do Design Inteligente em Astronomia

Mais recentemente evidências em astronomia revelaram que até em um


universo bem ajustado, muitas coisas locais devem ser bem ajustadas a fim de
se construir um único planeta habitado. Nós precisamos do tipo certo de
planeta rochoso e com atmosfera adequada. Nós precisamos de bastante água
líquida, e para isso, nós precisamos estar na distância correta em torno do tipo
certo de estrela, com o tipo certo de lua para estabilizar a inclinação do seu
eixo. Nós precisamos de planetas vizinhos certos. Nós precisamos estar na
galáxia certa, e na vizinhança certa daquela galáxia, e assim por diante.42

Esta lista crescente de requisitos é somente a metade da história. Apesar


disso, o cético comprometido com o materialismo filosófico pode dizer que nós
terráqueos somos apenas os ganhadores sortudos de uma grande loteria
cósmica: considerando-se os trilhões de sistemas planetários, um planeta
habitável poderia muito bem acontecer por acaso. O astrônomo Guillermo
Gonzalez e o filósofo Jay Richards argumentam no livro The Privileged Planet
que aquelas condições de habitabilidade também fornecem todas as melhores
condições para se fazer ciência. Em outros mundos, os lugares onde

42
Vide cap. 9 de The Privileged Planet: How our place in the cosmos is designed for discovery,
de Guillermo Gonzalez e Jay W. Richards (Washington D. C.: Regnery, 2004).

17
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observadores complexos (nós) podem existir, são os mesmos lugares que


fornecem todas as melhores condições para a observação científica.

Por exemplo, a região mais amigável da galáxia também é o melhor local para
ser um astrônomo e cosmólogo. Um sistema solar como o nosso é muito mais
útil para se fazer ciência do que muitos dos sistemas extrasolares inabitados
que nós estamos descobrindo. A atmosfera que observadores vivos complexos
quimicamente baseados precisa também permitir que esses observadores
(nós) estudarmos o universo distante. Nós podemos esperar esses tipos de
“coincidências” se o universo fosse planejado para descoberta, mas essas
“coincidências” não são esperadas pelo cético comprometido com o
materialismo filosófico que fica limitado com os recursos do mero acaso e da
necessidade física.

Os teóricos da TDI são frequentemente acusados de ser anticiência, mas todas


as evidências consideradas até aqui foram tiradas do mundo natural que os
cientistas pesquisam. Além disso, a última linha de evidência sugere que o
universo é planejado (pelo menos em parte) para permitir a realização de
descobertas científicas.

Provavelmente nenhuma dessas peças de evidência isolada pode forçar o


cético comprometido com o materialismo filosófico a admitir design intencional
na natureza; mas, se forem consideradas juntas, elas são evidências fortes a
favor do design inteligente para aqueles que estão abertos a esta possibilidade
heurística na ciência.

O mérito científico da TDI na nanotecnologia sofisticada da célula

No século XIX, a época em que viveu Darwin, a base importante da vida era
desconhecida completamente. Foi somente em 1838 que os cientistas alemães
Matthias Jakob Schleiden (1804-1881) e Theodor Schwann (1810-1882)
propuseram a “teoria celular” da vida — todos os organismos eram compostos
por células e suas secreções, e que de algum modo a célula tinha vida própria.
Apesar disso, os microscópios daquele tempo eram toscos se comparados com
a moderna tecnologia, e muito pouco da célula podia ser visto, e como que a
célula funcionava era um mistério. Ernst Haeckel (1834-1919), um cientista
evolucionista bem conhecido daquela época, declarou que a célula era um

18
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43
“pequeno amontoado simples de combinação albuminosa de carbono” não
muito diferente de um pedaço microscópico de gelatina.

Hoje nós sabemos que Haeckel estava totalmente enganado. Na medida em


que a ciência progrediu no século seguinte, novas técnicas permitiram que nós
víssemos as moléculas realizando o trabalho da célula. No começo dos anos
50 do século XX, Rosalind Franklin (1920-1958), James Dewey Watson (1928),
Francis Harry Compton Crick (1916-2004) deduziram pela primeira vez o
formato da dupla hélice do DNA; mais tarde naquela década o código genético
foi quebrado. No fim dos anos 50 do século XX, a estrutura da proteína
mioglobina foi descoberta revelando um formato complexo e intricado que
confundiu as expectativas dos cientistas de que as proteínas seriam simples
como cristais. Na verdade, as proteínas têm formatos complexos pela mesma
razão que as máquinas têm — seus formatos as permitem realizar seus
trabalhos.

À medida que a ciência progrediu na segunda metade do século XX e no início


do século XXI, a complexidade da célula cresceu cada vez mais. Não somente
o maquinário molecular de sofisticação surpreendente foi descoberto, mas
mecanismos de controle complexos insuspeitados que permitem a célula
construir o maquinário no tempo e lugar certos também foram descobertos.

Diante do nosso crescente entendimento da imensa sofisticação dos genes, um


escritor da revista científica de renome mundial, a Nature, assim se expressou:
“O quadro que estas pesquisas pintam é um de complexidade difícil de
44
imaginar.” O circuito molecular complexo, insuspeitado há tão-somente
algumas décadas, agora nós sabemos ser necessário para construir até um
animal “simples” como as moscas-de-frutas.

O design é reconhecido na disposição intencional das partes, e a célula exibe a


mais profunda disposição intencional de partes no universo. Só para ter uma
idéia dessa intencionalidade, nós devemos considerar a surpreendente
simulação molecular da construção celular do flagelo bacteriano produzido pelo

43
Farley, J. The Spontaneous Generation Controversy from Descartes to Oparin, p. 73.
44
H. Pearson, “What is a gene?”, Nature 441:398-401, 2006.

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“Protonic Nanomachine Project” do Japan Science and Technology Corporation


que pode ser vista em vídeo na internet. 45

Conclusão parcial

Alguém até pode discordar das conclusões da TDI, mas ninguém pode
razoavelmente afirmar que a teoria é um argumento baseado na religião, na fé,
ou na revelação divina. Nada que os críticos possam dizer — se apelando para
condenações politicamente motivadas da TDI emitidas por autoridades
científicas pró-Darwin, ou criticar incessantemente as crenças religiosas de
seus proponentes — irá mudar o fato de que a TDI não é um argumento
“baseado na fé”.

A TDI tem mérito científico porque é um argumento baseado empiricamente em


métodos científicos bem aceitos nas ciências históricas a fim de detectar na
natureza os tipos de complexidade que nós entendemos, a partir de nossas
observações do dia-a-dia, serem derivadas de causas inteligentes.

Se este “mérito científico” em um contexto de justificação teórica for julgado


pela correspondência entre teoria e realidade física, então a teoria do Design
Inteligente tem valor científico que não pode mais ser desconsiderado pela
comunidade científica.

45
Protonic Nanomachine Project <http://www.fbs.osaka-u.ac.jp/labs/namba/npn/index.html>
Acessado em 13/12/2008.

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