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Resumo
O presente trabalho visa examinar as origens da globalização, seus reflexos no mundo, especialmente,
no Brasil. Objetiva ainda, identificar seus aspectos históricos, evolução entre os países, principais
acontecimentos e características.
Palavras-Chaves: Globalização. Capitalismo. Neoliberalismo
Abstract
This study aims to examine the origins of globalization, their reflections in the world, especially in
Brazil. Objective yet to identify its historical aspects, developments between the countries, major
events and characteristics.
Keywords: Globalization.Capitalism.Neoliberalismo
Introdução
* Mestre em Direito Internacional e Econômico pela Universidade Católica de Brasília - UCB. E-mail:
andreianadia@bol.com.br
1
Obra citada Introdução às Relações do Comércio Internacional, p. 25
sobremaneira aproximar as nações umas das outras, tudo isto, associado a expansão do
capitalismo no mundo. Associado a este conceito, tem-se ainda como definição do termo
globalização, segundo a doutrina majoritária, a explosão de valores de um povo, englobando
alterações no seu modo de ser, agir e pensar.
A globalização está intimamente associada ao surgimento do Estado Neoliberal, que
teve a sua origem no início do século XX na Inglaterra, mas que se consolidou apenas no governo
da Primeira Ministra Margareth Tacher. Para Perry Anderson2:
2
Citado no livro do Prof. Arnaldo Sampaio de Moraes Godoy Globalização, Neoliberalismo e Direito no
Brasil, p. 35 sobre a obra Balanço do Neoliberalismo, in Emir Sader(org.), Pós-Neoliberalismo, As Políticas Sociais
e o Estado Democrático.
Caderno de Estudos Ciência e Empresa, Teresina, Ano 8, n. 1, jul. 2011
4
3
Na obra Globalização, Neoliberalismo e Direito no Brasil, p. 11
Caderno de Estudos Ciência e Empresa, Teresina, Ano 8, n. 1, jul. 2011
5
4
Obra Globalização, democracia e terrorismo, p. 11
5
Na obra Globalização: Como Dar Certo, p. 14
Caderno de Estudos Ciência e Empresa, Teresina, Ano 8, n. 1, jul. 2011
6
Para o autor, a globalização por quase uma década foi aceita como a melhor
descoberta do homem. Mas, a partir de certo instante, este mesmo homem, começou a sentir seus
reflexos negativos e ameaças, para o mundo. Desta forma, conclui-se que a globalização se
apresenta como uma moeda, com dois lados, um positivo e um negativo. O primeiro traz
benefícios para as grandes potências; enquanto que o segundo, são as regras impostas aos demais
países que não como se fazer serem ouvidos, ficando cada vez mais excluídos de sua própria
sociedade e país. Exemplificando, primeiro, têm-se o fato de que o único país no FMI que tem
poder de veto são os EUA; segundo, todos os presidentes do Banco Mundial foram designados
pelo presidente dos EUA, assim, resta claro, que a globalização é a forma maquiada dos EUA
impor sua vontade soberana.
Preceitua Joseph Stiglitz6, in verbis:
É preciso esclarecer, que por mais que o país se insira no cenário internacional, e
receba investimentos estrangeiros, estas ações signifiquem o seu crescimento e desenvolvimento.
O Brasil foi marcado por diversas passagens na sua economia, mas duas se destacam
por sua importância ímpar. Primeiro, a década de setenta foi caracterizada pela intervenção do
Estado na economia, com a instituição de empresas públicas. Segundo, na década de noventa, o
presidente da época Fernando Collor de Melo, resolve inserir-se no contexto internacional e edita
uma série de medidas, como o início das privatizações, caracterizada pela interferência mínima
do Estado na economia em suas principais áreas e que antes eram controladas em quase que
exclusivamente pelo poder público, como educação, saúde, habitação e segurança. É importar
ressaltar que o país apenas deixou de executar referidas atividades, descentralizando-as. Paralelo
6
Obra citada, p. 92
Caderno de Estudos Ciência e Empresa, Teresina, Ano 8, n. 1, jul. 2011
7
a estas atividades o Brasil começa a trabalhar e investir em exportações. Assim, dar-se início ao
marco mundial do Brasil na economia estrangeira.
Desta década até os dias atuais o Brasil enfrentou séries crises econômicas, mas que
nos últimos anos vem experimentando o apogeu de seu crescimento econômico. Dentre os pontos
negativos do Brasil, associados a globalização, pode-se citar, os baixos índices de escolaridade, a
precariedade na prestação dos serviços de saúde pública, com denúncias veiculadas diariamente
na imprensa local, nacional e internacional a respeito do tema, e ainda, tem-se epidemias que só
se manifestam em países paupérrimos. Associado a todos estes males, o país vem enfrentando
ainda, a indignação de todos os dias ter um de seus representantes ou de seus assessores diretos
vinculados a corrupção, desvio de dinheiro e fraude, fatos que o inserem entre as piores nações
do mundo.
Atualmente, a maior parte dos atos praticados pelos países repercute de forma
mundial, não se restringindo apenas aos seus territórios. Os reflexos são imensuráveis e
incalculáveis. Assim, decretar a falência de uma empresa atualmente tem reflexos em quase todo
o mundo, e não apenas no lugar onde ela teve sua falência decretada, incluindo os pontos
negativos e positivos que se originam dessa decisão ou sentença estrangeira, através dos contratos
que deixarão de ser firmados, de acordos que não mais serão celebrados, entre tantos outros atos
que não foram realizados ante a quebra e a fragilidade dessa empresa. Desse modo, a economia
local é apenas uma fração da economia mundial.
As relações na contemporaneidade se massificaram e parte do seu fundamento é o
capital, tudo com base no aparelho do Estado, na administração do dinheiro, de empresas, de
interesses cada vez mais pessoais, ficando as pessoas cada vez mais preocupadas com status.
Todo esse processo, com características tão selvagens, decorre unicamente do fenômeno da
globalização. O mundo está numa fase de transição entre o velho e o novo, entre o passado e o
futuro, com modificações no tempo e no espaço, vivenciando-se momentos de questionamentos,
indagações e metáforas tudo decorrente do fenômeno da globalização.
Para se compreender esse fato, muitos estudiosos procedem primeiro ao estudo da
estrutura, organização, ascensão, organização e declínio do Estado-nação, como objeto do
entendimento das relações internacionais. Para Octávio Ianni7, esse momento pode assim ser
definido:
Cada vez mais, no entanto, o que preocupa muitos pesquisadores no século XX, em
particular depois da Segunda Guerra Mundial, é o conhecimento das realidades
internacionais emergentes, ou realidades propriamente mundiais. Sem deixar de
continuar a contemplar a sociedade nacional, em suas mais diversas configurações,
muitos empenham-se em desvendar as relações, os processos e as estruturas que
transcendem o Estado-nação, desde os subalternos aos dominantes. Empenham-se em
desvendar os nexos políticos, econômicos, geoeconômicos, geopolíticos, culturais,
religiosos, lingüísticos, étnicos, raciais e todos os que articulam e tensionam as
sociedades nacionais, em âmbito internacional, regional, multinacional, transnacional ou
mundial.
7
IANNI, Octavio. Teorias da Globalização. 13. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006. p. 30
Caderno de Estudos Ciência e Empresa, Teresina, Ano 8, n. 1, jul. 2011
9
8
IANNI, Octavio. Teorias da Globalização. 13. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006.
9
Ibidem, p. 31
10
Ibidem, p. 33
Caderno de Estudos Ciência e Empresa, Teresina, Ano 8, n. 1, jul. 2011
10
11
Ibid
12
Ibidem, p. 43
Caderno de Estudos Ciência e Empresa, Teresina, Ano 8, n. 1, jul. 2011
11
das nações, como cidade-campo, norte-sul, agricultura-indústria, entre outros, tudo associado à
história e geografia dos países que geram o movimento da sociedade global.
Todos esses fenômenos da economia-mundo e sistema-mundo anteriormente
definidos e defendidos pelos autores supracitados estão associados à globalização, que é a
internacionalização do capital, da abertura de capitais, da força produtiva, da divisão
internacional do trabalho, etc. É necessário, pois, compreender a evolução histórica da
internacionalização do capital como principal elemento da globalização e da nova ordem
econômica mundial.
Após a Segunda Guerra Mundial, de acordo com Ianni13, a sociedade passou a
vivenciar um período de radical e violenta transformação. O capitalismo começou a se expandir
por todas as nações, e aquilo que era local passou a ser observado sob âmbito internacional, em
todos os lugares e por todos os países, desde os subdesenvolvidos até os Estados dominantes.
Todavia a internacionalização do capital se estabilizou mesmo com o fim da Guerra Fria e se
perpetuou com a nova ordem econômica mundial. Desse modo, o capitalismo e a globalização se
caracterizam e se firmam pela desagregação do bloco soviético e pela adoção da economia de
mercado, ocorrendo uma verdadeira expansão quantitativa e qualitativa do capitalismo por todas
as nações. Ianni14 define esse momento:
13
Ibidem
14
Ibidem, p. 184
Caderno de Estudos Ciência e Empresa, Teresina, Ano 8, n. 1, jul. 2011
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entre as nações. O certo é que o capitalismo está em constante movimento para alcançar
interesses dos países signatários.
Toda essa transição livre do capitalismo nos dias atuais conduz a um mundo
praticamente sem fronteiras, onde países e pessoas vivem numa verdadeira fábrica global, com
trânsito livre mercadorias, capital, tecnologia, informações, força de trabalho, privatização,
abertura de mercados e forças produtivas. A eletrônica e outros fatores que facilitam a
internacionalização do capital e, consequentemente, a internacionalização do processo produtivo
e das questões sociais. Ianni15 define essas transformações:
15
Ibidem, p. 64
Caderno de Estudos Ciência e Empresa, Teresina, Ano 8, n. 1, jul. 2011
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não são mais de efeitos locais, mas sim mundiais, ou seja, esses elementos têm repercussão
universal.
O capitalismo corresponde a um processo de racionalização da cultura, da sociedade,
da educação, da religião e de outros setores se expandindo por todo o mundo, como bem assevera
Ianni16:
16
Ibidem, p. 151/152
Caderno de Estudos Ciência e Empresa, Teresina, Ano 8, n. 1, jul. 2011
14
Cria-se então um mundo antagônico no qual os ricos estão cada vez mais ricos e a
justiça funciona de forma célere e eficiente, em contraponto a uma desigualdade social, já que os
pobres estão cada dia mais marginalizados e o desemprego só aumenta gerado pela
informatização.
Considerações Finais
Após uma série de pontos abordados e estudos realizados, urge salientar uma recente
pesquisa realizada pelo Grupo Goldman Sachs com base nas últimas projeções demográficas e
modelos de acumulação de capital e crescimento da produtividade, onde aborda os países mais
favorecidos pela globalização atualmente e onde de forma taxativa aponta os países emergentes,
Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, como os países formadores do BRICS, concluindo
que referidos países do Brasil e da China a partir de 2050 integrarão a lista dos mais
desenvolvidos sob ponto de vista econômico; referido crescimento se deve a grande economia de
exportação, ao largo mercado interno e cada vez mais a presença mundial.
Por fim, aludida pesquisa enfoca que os países mais desenvolvidos economicamente
hoje são EUA, Japão, Alemanha, França, Itália, Reino Unido, Canadá e Rússia, esta última pela
sua importância geopolítica, atualmente conhecidos pelo nome de Grupo G8. Complementa
ainda, que dentre os países que compõe o G8 atualmente apenas o Japão e EUA permanecerão no
grupo após 2050.
Deste modo, verifica-se que o processo da globalização decorre do avanço
tecnológico, bem como, em decorrência do Estado Neoliberal adotado em alguns países e da
intervenção internacional do FMI, de Organismos Internacionais e, do Banco Mundial, que ditam
regras sobre o funcionamento interno dos países.
Conclui-se que, os cenários mundial e brasileiro, a partir da década de 1990, se
modificaram, com intervenção mínima do Estado, privatização do setor estatal, participação mais
ativa do setor privado, através da ampliação das redes empresarias, como a justiça privada
especializada no caso da arbitragem. Pode-se dizer então que, hoje, o mundo está caracterizado
Caderno de Estudos Ciência e Empresa, Teresina, Ano 8, n. 1, jul. 2011
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pela especialização dos serviços, pela celeridade dos fatos, da sociedade e, sobretudo, da
economia. Investidores e empresários ricos procuram países onde as leis lhes sejam mais
favoráveis ou optam pela solução privada de conflitos, a fim de que seus litígios sejam
solucionados de forma mais eficiente e eficaz, afastando de vez a justiça comum, lenta e
burocrática.
E ainda, finaliza, observando que o mundo precisa se organizar, se reestruturar,
regulamentar suas relações com outras nações, com indivíduos e empresas situadas em outros
territórios a fim de facilitar todo o processo de internacionalização do capital e,
consequentemente, da globalização, vez que, atualmente, não existem mais fronteiras que
separem os países quando o tema é acordos e contratos internacionais.
Por fim, resta salientar, que é muito cedo para afirmar se o processo de globalização é
ou não bom, vez que, os estados ricos e poderosos impõem seus interesses e vontades aos países
pobres, sem observar e questionar se aquela decisão será ou não favorável aquele país.
Simplesmente impõe sua vontade e esta deve ser cumprida e observada incondicionalmente
Referências
IANNI, Octavio. Teorias da Globalização. 13. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006.
STIGLITZ, Joseph E. Globalização: Como Dar Certo. São Paulo: Compahia das Letras, 2007.
SUNDFELD, Carlos Ari. Oscar Vilhena Vieira. Direito Global. São Paulo: Max Limonad, 1999.