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Origem da palavra greve

Greve do francês grève, palavra que originalmente, vinda do latim grava,


designava cascalho, areia grossa. Tomou o sentido de interromper as atividades porque
operários franceses, para protestar contra as condições de trabalho, faziam suas reuniões
e assembleias num terreno coberto de cascalho, é proveniente da Place de Grève, em
Paris, na margem do Sena, outrora lugar de embarque e desembarque de navios e depois,
local das reuniões de desempregados e operários insatisfeitos com as condições de
trabalho. O termo greves significa, originalmente, "terreno plano composto de cascalho
ou areia à margem do mar ou do rio", onde se acumulavam inúmeros gravetos. Daí o
nome da praça e o surgimento etimológico do vocábulo, usado pela primeira vez no final
do século XVIII. No local se executavam os criminosos e era onde se reuniam os
trabalhadores que abandonavam o trabalho. “Faire grève” significava “reunir-se na
Praça da Greve”.1
Originalmente, as greves não eram regulamentadas, eram resolvidas quando
vencia a parte mais forte. O trabalho ficava paralisado até que ocorresse uma das
seguintes situações: ou os operários retornavam ao trabalho nas mesmas ou em piores
condições, por temor ao desemprego, ou o empresário atendia total ou parcialmente as
reivindicações para que pudessem evitar maiores prejuízos devidos à ociosidade.

O Conceito de Greve
Entende-se por greve a recusa colectiva, total ou parcial, concertada e temporária
de prestação de trabalho, contínua ou interpolada, por parte dos trabalhadores.2 Assim,
os trabalhadores não podem forçar ao extremo as possibilidades de solução dos conflitos
laborais subjacentes pelos empregadores criando situações de dificultem a continuidade
da actividade da empresa tais como interdição do local de trabalho.
A greve é uma suspensão coletiva da prestação de serviços ao empregador por
tempo parcial ou total, com o objetivo de exercer a defesa e/ou conquista de interesses
coletivos dos trabalhadores. Ela é realizada de maneira temporária e pacífica, combinada
na maioria das vezes entre os operários com as associações e os sindicatos específicos dos
trabalhadores para reivindicar a defesa dos seus interesses.3

1
https://pt.wikipedia.org/wiki/Greve, 11 de Setembro de 2018, 14.00.
2
Lei nº 23/91 de 15 de junho, Lei da greve, nº 1, artigo 2º.
3
https://www.significados.com.br/greve/, 11 de Setembro de 2018, 14.00.
A greve só tem lugar depois dos trabalhadores cumprirem alguns requisitos
estabelecidos pela Lei Geral do trabalho e na Constituição da República de angola,4 sem
as quais a greve é considerada ilícita levando a que o empregador e outros interessados
legalmente protegidos responsabilizem os seus responsáveis imputando-lhes os
correspondentes prejuízos.

Historia da greve
Reflectir sobre a greve e as suas origens é procurar compreender a natureza
complexa e conflitual da sociedade moderna. Mesmo antes da institucionalização da
democracia, o conflito, as contradições e as desigualdades já desde o século XVIII se
vinham revelando como traços característicos do capitalismo emergente na Europa. A
revolução das ideias foi sempre indissociável das revoluções sociais.
A França e a Inglaterra dos séculos XVIII e XIX foram o berço da modernidade
e ao mesmo tempo das duas classes antagónicas. O mercado de trabalho livre, a livre
circulação do capital e as condições de acumulação (propriedade privada) estabeleceram
entre si a relação antagónica – capital/ trabalho – sem a qual a riqueza e o crescimento
económico seriam impossíveis.
A greve, tal como as revoltas populares em geral, não nasceu com a sociedade
industrial, havendo quem situe a primeira no Antigo Egipto (cerca de 1200 anos a. C.).
Mas, na era moderna, o movimento “Ludista”, de início do século XIX, em Inglaterra, os
movimentos pelo direito de voto (1832) e pelas 8 horas de jornada de trabalho foram, sem
dúvida, etapas decisivas no processo de construção da democracia contemporânea. Na
nação mais industrializada do Ocidente, a trilogia greve-luta-sindicalismo exprime os três
vértices indissociáveis do movimento operário, gerado pelas duras condições de trabalho
impostas pelo capitalismo selvagem a milhões de trabalhadores que, no desespero,
decidiam resistir a tão flagrante exploração, parando o trabalho até obterem alguma
concessão favorável à sua dignidade humana ou (não poucas vezes) até que a violência
policial e o despedimento pusessem fim ao conflito.5
Por toda a Europa da segunda metade do século XIX, houve paralisações de
carácter grevista, cujo ponto culminante terá sido a experiência da Comuna de Paris de
1871. A luta pelas 8 horas de trabalho – em França, como em Inglaterra e nos EUA – foi

4
Constituição da República de Angola, nº 1, artigo 51º
5
ibidem
um dos motivos mais fortes de mobilização. O próprio 1º de Maio tem a sua origem em
acções grevistas em torno das 8 horas de jornada, ocorridas no ano de 1886, envolvendo
violência, prisão e até enforcamentos, o que motivou, três anos depois, a consagração
desse dia como Dia Mundial do Trabalhador. A greve de 12 de Fevereiro de 1934, em
França, contra o avanço do fascismo e a greve geral que conseguiu o direito a férias pagas
(1936) constituem marcos importantes.6

6
https://www.significados.com.br/greve/ , Antunes, Ricardo. Os sentidos do trabalho Editora:
Boitempo Temas: Sociologia

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