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2º Congresso Iberoamericano de História Urbana

Procesos históricos que explican la ciudad iberoamericana


Ciudad de México, Facultad de Arquitectura, Ciudad Universitaria, UNAM
del 25 al 29 de noviembre de 2019

Apresentação

GRITO SUBURBANO:
Os ruídos do ressentimento na Região Metropolitana de São Paulo.

João Augusto Neves


Doutorando História IFCH/UNICAMP
Bolsista FAPESP
prof.joaoneves@gmail.com

O grito suburbano vocalizado pela cultura punk foi entoado pelas múltiplas erupções que ocorreram de
meados da década de 1970 em diante. A subjetividade capitalística (GUATTARI; ROLNIK, 1986), intensificada e
ramificada pelos impérios do pós segunda guerra mundial, passava por substanciais modificações nesse
momento em que se reprogramavam outras redes telemáticas/informacionais de poder. Nesse contexto,
também reconhecido pelo processo de mundialização cultural, percebemos a difusão de um modo de vida
urbano no qual a postura punk foi significativamente influente. A existência punk, a qual se des-dobra por
um outro estilo de vida (yourself) na urbe hipermoderna, constitui uma ética e estética existencial que se
organiza no entrelaçar das errâncias pela cidade (BERESTEIN, 2014) com os sentimentos excitados pelas
perversas mudanças da ordem capitalista. Isso se nota tanto na performance visual quanto nas canções
compostas no ritmo da revolta e do ressentimento provocados pelas experiências degradantes de violência e
desigualdade social na urbe.
É difícil alcançar um lugar de origem para tais manifestações, contudo podemos perceber os encontros de
maiores fluxos dessa cena em grandes intensCidades. São Paulo, cidade que retenho minhas atenções,
atingiu na década de 1980 o ápice da crise urbana, conformada por recordes inflacionários,
desindustrialização, desemprego e crescimento de espaços de miserabilidade, isso abriu margens para a
efervescência dessa cultura composta por revolta e ressentimento. Grupos de jovens protagonizaram neste
período um movimento que criava uma narrativa singular sobre as tensões vivenciadas no cotidiano daquelas
cidades. Desde então, essa metrópole se tornou ponto referente nas tramas do que reconhecemos
atualmente como punk. São Paulo, como dizem por aí, “é punk”! Pretende-se, portanto, pontuar, a partir das
performances registradas na coletânea punk “Grito suburbano” (1982), os (res)sentimentos naquele
ambiente conurbado e a maneira pela qual essas emoções conduziam um estilo punk de falar, com ruídos e
gritos, sobre a região metropolitana de São Paulo. Percebo por meio do fonograma que as reverberações
dessa cultura são RUIDOSAMENTE RIZOMÁTICA, ressoam o RESSENTIMENTO EM REVOLTA na METRÓPOLE
CORPORATIVA E FRAGMENTADA. Quer ouvir?

Palavras-chave: Ressentimento, performance, punk, narrativa, São Paulo.

Bibliografia Básica:

CALDEIRA, Teresa Pires do Rio. Cidade de Muros: crime, segregação e cidadania em São Paulo. São Paulo: Editora 34; EDUSP, 2011.
CAMUS, Albert. O homem revoltado. Rio de Janeiro: BestBolso, 2017.
JACQUES, Paola Berenstei. Elogio aos errantes. 2ª ed. Salvador: EDUFBA, 2014.
ROLNIK, Suely.; GUATTARI, Félix. Micropolítica: Cartografias del deseo. Madrid: Traficantes de Sueños. 2006.
NIETZSCHE, Friedrich. Genealogia da moral: uma polêmica. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.

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