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Universidade Federal do Piauí - UFPI

Centro de Ciências Humanas e Letras – CCHL


Departamento de Serviço Social – DSS
Curso: Serviço Social
Docente: Edna Maria Goulart Joazeiro
Discente: Andreza Maria Oliveira Melo
A Indústria Cultural
ADORNO, Theodor W. A Industria Cultural. In: Sociologia. São Paulo: Editora
Ática, 1986, p. 92-98.
O renomado autor alemão Theodor W. Adorno, enfatiza no capítulo cinco
intitulado: Indústria Cultural, de sua célebre obra: Sociologia, que “a Indústria Cultural
é a integração deliberada, a partir do alto, de seus consumidores” (ADORNO, 1986, p.
92) Desse modo, “o consumidor não é rei, como a indústria cultural gostaria de fazer
crer, ele não é o sujeito dessa indústria, mas seu objeto” (ADORNO, 1986, p. 93).
Os primeiros passos do autor indicam que para o conceito de cultura de massa e
indústria cultural ele inferiu: “em nossos esboços tratava-se do problema da cultura de
massa. Abandonamos essa última expressão para substituí-la por “indústria cultural” a
fim de excluir de antemão a interpretação que agrada aos advogados da coisa”
(ADORNO, 1986, p. 92) logo, o conceito de cultura de massa "surgindo
espontaneamente das próprias massas, em suma, da forma contemporânea da arte
popular. Ora, dessa arte a indústria cultural se distingue radicalmente" (ADORNO,
1986, p. 92).
Para o conceito de massa, identificado nas considerações do autor, o mesmo
imprime que: “as massas não são, então o fator primeiro, mas um elemento secundário,
um elemento de cálculo; acessório de maquinaria” (ADORNO, 1986, p. 93), ou seja,
para a indústria cultural: "as massas não são a medida mas a ideologia da indústria
cultural, ainda que esta última não possa existir sem a elas se adaptar” (ADORNO,
1986, p. 93).
O autor ao conceituar indústria afirma não utilizar literalmente seu termo
natural.
Ele diz respeito à estandardização da própria coisa - por exemplo, tal
como o western conhecido por todo frequentador de cinema - e à
racionalização das técnicas de distribuição, mas não se refere
estritamente ao processo de produção. Enquanto o processo de
produção no setor central da indústria cultural - o filme- se aproxima
de procedimentos técnicos através da avançada divisão do trabalho, da
introdução de máquinas, e da separação dos trabalhadores dos meios
de produção [...] conservam-se também formas de produção individual
(ADORNO, 1986, p. 94).
Não diferente do conceito de indústria, o autor utiliza o conceito de técnica, mas
não utiliza o significado literal. Para a indústria cultural a técnica: "na medida em que
diz respeito mais à distribuição e reprodução mecânica, permanece ao mesmo tempo
externa ao seu objeto" (ADORNO, 1986, p. 95). O autor ainda afirma que:
Ela vive, em certo sentido, como parasita sobre a técnica extra
artística da produção de bens materiais, sem se preocupar com a
determinação que a objetividade dessas técnicas implica para a forma
intra artística, mas também sem respeitar a lei formal da autonomia
estética (ADORNO, 1986, p. 95).

O autor afirmação de que a indústria cultural atua principalmente no conceito de


economia psíquica das massas.
A importância da indústria cultural na economia psíquica das massas
não dispensa a reflexão sobre sua legitimação objetiva, sobre seu ser
em si, mas, ao contrário, a isso abriga - sobretudo quando se trata de
uma ciência supostamente pragmática. Levar a sério a proporção de
seu papel incontestado, significa levá-la criticamente a sério, e não se
curvar diante de seu monopólio (ADORNO, 1986, p. 96).

O autor ainda constrói uma afirmação para esse conceito de alienação quando
traz "a ideia de que o mundo quer ser enganado tornou-se verdadeira do que, sem
dúvida, jamais pretendeu ser" (ADORNO, 1986, p. 96).
No que se refere ao conceito de ordem, o autor enfatiza que para a industria
cultural:
uma ordem objetivamente válida que se quer impingir aos homens
porque eles estão privados dela, não tem nenhum direito se ela não se
fundamenta em si mesma e no confronto com os homens; e é
precisamente isto que todo produto da indústria cultural rejeita. As
ideias de ordem que ela inculca são sempre as do status quo. Elas são
aceitas sem objeção, sem análise, renunciando a dialética, mesmo
quando elas não pertencem substancialmente a nenhum daqueles que
estão sob a sua influência (ADORNO, 1986, p. 97).

Concomitante ao conceito de ordem vê-se implícito o conceito de liberdade,


onde “o imperativo categórico da indústria cultural, diversamente do de Kant, nada tem
em comum com a liberdade. Ele enuncia: tu deves subemeter-te”, mas sem indicar a
quê [...]” (ADORNO, 1986, p. 97). Ou seja, a falsa liberdade que a indústria cultural
propõe como opção para se adequar ao resto da sociedade.

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