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Antologia

Dilercy Aragão Adler


Leopoldo Gil Dulcio Vaz
(ORGANIZADORES)

Antologia

São Luís

2013
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A presente obra está sendo publicada sob a forma de coletânea de textos fornecidos
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Roberto Sousa Carvalho

Arte da Capa
Ever Arrascue

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


Biblioteca Central da Universidade Federal do Maranhão

Antologia mil poemas para Gonçalves Dias / Dilercy Aragão Adler,


Leopoldo Gil Dulcio Vaz (Organizadores). – São Luís: EDUFMA,
2013.

753 p.: il.

ISBN 978-85-7862-305-0

1. Literatura brasileira – Antologia poética. I. Adler, Dilercy Aragão.


II. Vaz, Leopoldo Gil Dulcio.

CDD 869.808 8
CDU 821.134.3(081.1)(81)

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INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO
FEDERAÇÃO DAS ACADEMIAS DE LETRAS DO MARANHÃO
SOCIEDADE DE CULTURA LATINA DO ESTADO DO MARANHÃO

“e o nosso nome voará de boca em boca – de


pais a filhos – até às mais remotas gerações e
o esquecimento não prevalecerá contra ele”

Gonçalves Dias
Agradecimentos
Ninguém sobrevive sozinho, ninguém faz nada sozinho. Assim, temos muito a
agradecer a inúmeras pessoas pela realização desta grande homenagem a Gonçalves
Dias: aos autores de cada poesia e de cada texto, bem como a cada Instituição que deu
o seu aval a este Projeto.
À Profa. Maria Cícera Nogueira, por sua efetiva participação no momento da
definição do nome do poeta nacional a ser homenageado neste Projeto.
Ao Prof. Dr. Natalino Salgado Filho, Magnífico Reitor da Universidade Federal
do Maranhão - UFMA, que abraçou o Projeto Gonçalves Dias, mostrando simpatia
desde o início, o que possibilitou a continuidade da batalha para conseguirmos as de-
mais condições, necessárias ao desenvolvimento desta empreitada, com o brilhantismo
merecido pelo poeta Gonçalves Dias, que esperamos venha realçar a galhardia desta
Atenas Brasileira.

Os Organizadores
À Guisa de Apresentação
Ao prefacear “As poesias completas de Gonçalves Dias da Coleção grandes po-
etas do Brasil”, publicada pela Editora Científica, no Rio de Janeiro, em 1965, Josué
Montello afirma: “O culto a um poeta implica numa atitude mais complexa do que um sim-
ples ato de fé; exige o nosso exame, o estudo atento da mensagem que nos deixou.”
Precisamos, sim, cultuar a nossa memória coletiva... a nossa história... e os ho-
mens que mais marcaram as suas presenças, que mais dedicaram as suas inteligências,
as suas forças, as suas ousadias e potencialidades para engrandecer a imagem do nosso
Brasil.
Uma Pátria se faz com homens e feitos. Claro, que todos os brasileiros fizeram e
fazem essa história, de forma diferenciada e específica. Desde aqueles que construíram
com os seus braços e muito suor os monumentos, os casarões, as avenidas, os viadutos e
calçadões, milhões de anônimos que fizeram de São Luís Patrimônio Histórico e Cultu-
ral da Humanidade, entre outras cidades brasileiras. Mas alguns se firmam com traços
mais visíveis e terminam por representar os demais, até porque sem o aval dos demais
ninguém se firmaria.
Diz ainda Josué Montello no mesmo prefácio: E é isto que se pretende seja feito,
com esta nova publicação das Poesias de Antônio Gonçalves Dias. Elas constituem, inegà-
velmente, o primeiro documento considerável da sensibilidade brasileira traduzida em versos
duradouros.
Quarenta e oito anos depois (1965-2013), pedimos emprestadas essas palavras
para Josué Montello, objetivando continuar o culto necessário ao nosso grande poeta
Antônio Gonçalves Dias, que, neste momento, é traduzido através desta grande home-
nagem configurada em 1000 poesias de poetas renomados imortais, poetas renomados
contemporâneos, poetas neófitos, poetas e pessoas de várias pátrias, de várias idades e
diferentes escolaridades, para reavivarmos a memória, reacendermos a chama e ratifi-
carmos a importância de empreitadas desse gênero.
Desse modo, é isto que se pretende seja feito com esta nova publicação de poesias
em homenagem a Antônio Gonçalves Dias: vivificar a Fé, a memória e novos estudos
das mensagens deixadas por esse grande nome das letras brasileiras, Antônio Gonçal-
ves Dias.

São Luís, 1º de janeiro de 2013

Dilercy Aragão Adler


Presidente da SCL do Brasil e do Estado do Maranhão
IHGM Cad.nº 01
Apresentação 1
Quando a Dilercy retornou do Chile (2011), onde participou do lançamento da
antologia dedicada a Pablo Neruda nos trouxe, ao Instituto Histórico e Geográfico do
Maranhão – IHGM o desafio de ‘cometer’ algo parecido. Fui contra. Disse na ocasião que
caberia à academia de letras reunir poesias sobre o poeta gonçalvino; que a ideia fosse
levada àquela instituição, ou à Academia de Letras de Caxias. Ao IHGM caberia um es-
tudo sobre a vida e a obra, especialemnte do historiador-pesquisador, e não uma reunião
de poetas e suas poesias em homenagem a Gonçalves Dias. Voto vencido, pela defesa da
ideia, feita pelo Confrade Álvaro Melo, a Assembléia decidiu levar adiante a proposta...
Foi necessário um projeto, encaminhado à AGO, que o aprovou; mais, seria in-
corporado às comemorações dos 400 anos de São Luís e estabelecido o “Ano de Gon-
çalves Dias”, agosto de 2012 - agosto de 2013, por ocasião das comemorações dos 190
anos do nascimento do ilustre caxiense. Além da Antologia, seria estimulado a produ-
ção de estudos sobre a vida e obra do ilustre poeta... O que foi feito!
Após alguns meses de intensa troca de correspondência, tanto institucionais
quanto pessoais, viu-se que em 2012 as obras não estariam completas... tínhamos a
alternativa de ‘levar’ para 2013.
Mais um ano de provocações, de buscas, de reuniões, de muito trabalho. Os três
entes comprometidos com a realização da obra - Instituto Histórico e Geográfico do
Maranhão sob a presidência da profa. Dra. Telma Bonifácio dos Santos Reinaldo; a
Federação das Academias de Letras do Maranhão, presidida, então, pelo confrade
Álvaro Urubatan Melo; e a Sociedade de Cultura Latina do Estado do Maranhão, à
frente a Poetisa Dilercy Aragão Adler, não mediram esforços, nem economizaram nas
tintas e nas correspondências eletrônicas, buscando adesões, cumplicidades...
De primeira hora, nosso Confrade Reitor da Universidade Federal do Maranhão
Natalino Salgado Filho; nosso confrade Arthur Almada Lima Filho, Presidente do
Instituto Histórico e Geográfico de Caxias; a ilustre Professora Erlinda Maria Bitten-
court, da Universidade Estadual do Maranhão – UEMA/Caxias, do poeta Wybson
Carvalho, presidente da Academia Caxiense de Letras e por último, nosso compa-
nheiro de jornada Weberson Fernandes Grizoste, do Centro de Estudos Clássicos e
Humanísticos, da Universidade de Coimbra - Portugal.
Nesse ultimo ano, dedicamo-nos ao Projeto Gonçalves Dias. Como dito, bus-
cando parcerias, apoios, adesões... Buscamos a Secretaria de Educação de Caxias, a
Academia de Letras de Caxias, a Prefeitura Municipal de Guimarães e sua Camara
Municipal, onde encontramos guarida no entusiasmado Vereador Osvaldo Luiz Go-
mes; e o Instuituto de Desenvolvimento de Promoção Humana - IDEPA...
Durante a divulgação do Projeto em escolas  de São Luís, a Escola Paroquial
Frei Alberto atendeu-nos prontamente, realizando um evento dedicado a Gonçalves
Dias, do qual saíram poesisa belissimas; mesmo se deu em relação ao C. E. Nossa Se-
nhora da Assunção, de Guimarães; em nossas buscas pela Internet, encontramos o
Projeto ‘Mas Quem Foi Gonçalves Dias?”, da EMEF “Gonçalves Dias”, da cidade de
Canoas – RS; do Colégio Conhecer, de Porto Alegre/RS;  Dos alunos da Profa. Silvana
Morelli, da cidade de Bebedouro – SP...
A Antologia Mil poemas para Gonçalves Dias é a quarta organizada nesse sentido,
em todo o mundo. A nossa, em homenagem ao ilustre maranhense, reuniu poetas do:
Brasil, Argentina, Chile, Bolívia, Equador, Peru, Venezuela, Uruguai, Portugal, Mo-
çambique, México, Canadá; Panamá/USA, Espanha, França, Bélgica, Áustria, Japão.
Do Brasil, diversos estados: Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia, Paraíba, Goiás,
Ceará, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Distrito Federal, Paraná, Piauí,
Sergipe, Alagoas, Santa Catarina, Mato Grosso, Rondônia, Pará, Espírito Santo, Rio
Grande do Norte.
Do Maranhão, a cidade de São Luís foi representada por 89 poetas, seguida de
Caxias; Esperantinópolis, Guimarães, São Bento, Sambaiba, Carolina, Balsas. Palmei-
randia, Pinheiro, Pedreiras, São Vicente de Ferrer, Vitoria do Mearim, Codó, Parai-
bano, Turiaçú, Lago da Pedra, Coroatá, Pio XII, Dom Pedro, Cururupu, Presidente
Dutra, São Francisco do Maranhão, Itapecuru-Mirim, Viana, Barra do Corda, Vargem
Grande, São João batista, São Bernardo, Barão do Grajau.
Ainda há outros participantes sem identificação de país e/ou estado brasileiro.
Não que não procuremos identifica-los e localiza-los, mas foi impossível, ou não man-
daram seus dados, mesmo com nossas reiteradas correspondências.
Depois de quase dois anos de trabalho, de muitas discussões e ponderações, re-
conheço que Dilercy tinha razão... caberia, sim, ao IHGM levar adiante esse trabalho...

São Luís, maio de 2013

Leopoldo Gil Dulcio Vaz


Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão - Cad. nº 40
Universidade Estadual do Maranhão -UEMA/
Departamento de Educação Física e Esportes
Apresentação 2
A Federação das Academias de Letras do Maranhão-
FALMA, instituição que congrega as academias de letras e afins de municípios do
Estado, no pleno exercício de suas atribuições programáticas, entre as tais, ser pujante
no resgate e na preservação das memórias dos maranhenses que pelos seus méritos se
distinguiram nos mais diversos ramos que atuaram, e se tornaram insignes brasileiros.
É exatamente, nesse tirocínio que abraçamos os patrióticos anseios do Instituto
Histórico e Geográfico do Maranhão - IHGM, do Instituto Histórico e Geográfico de
Caxias, no esplendente movimento literário denominado Antologia – “Mil Poemas
para Gonçalves Dias”, inspiração da obcecada guerreira poetisa Dilercy Adler, líder
inconteste que conquistou a resoluta adesão de bravos representantes das letras mara-
nhenses, os quais, certamente, ela os nomeará em seus agradecimentos.
Desses, com seu beneplácito, antecipo os confrades Leopoldo Gil Dulcio Vaz, e a
presidente Telma Bonifácio dos Santos Reinaldo, Natalino Salgado Filho.
Com o forte entusiasmo com que os chilenos foram vitoriosos com os “Mil Po-
emas de Pablo Neruda”, - 2011; os peruanos, os espanhóis fizeram com seus maiores
literatos, os brasileiros faremos com o nosso indianista Gonçalves Dias, figura extraor-
dinária que, como o reflexo de sua inteligência dignificou o Maranhão pelo Brasil, e
elevou nosso país, consagrando-o em todas as missões exercidas no estrangeiro.
Este justo e reconhecido preito que seus coestaduanos  lhes tributam, não se res-
tringe   apenas pela  sua consagrada reputação de expoente do Romantismo;  seu valor
não se resume por seus  tantos poemas;  pelo conhecido amor a Ana Amélia, expresso
no tão declamado  Ainda uma vez adeus. Celebrizou-se como emérito advogado, bri-
lhante professor, pesquisador histórico e festejado dramaturgo.
O Brasil cumpre sua obrigação de louvar seu grande filho.
A Federação sente-se honrada  por esta parceria.

São Luís, maio de 2013.

Álvaro Urubatan Melo


Ex-Presidente
Sumário
POESIAS....................................................................................................................................................................35
As Artes São Irmãs...........................................................................................................................................36
A. J. C..........................................................................................................................................................................40
Aaron Paul Arsene Pestana Torma.......................................................................................................40
Abilio Kac..............................................................................................................................................................41
Ada Barcelo........................................................................................................................................................42
Adalberto Caldas Marques.......................................................................................................................43
Adélia Einsfeldt................................................................................................................................................44
Adelia Josephina de Castro Fonsêca....................................................................................................45
Adilson Roberto Gonçalves......................................................................................................................47
Aglaure Corrêa Martins.............................................................................................................................48
Agostinho Lázaro Pimenta Filho ..........................................................................................................51
Agostinho Pereira Reis.................................................................................................................................51
Agrario de Menezes.........................................................................................................................................52
Aidil Araújo Lima.............................................................................................................................................53
Alanna Verde Rodiguês................................................................................................................................53
Albaneide Bezerra da Silva.........................................................................................................................54
Albertina Carneiro Arruda......................................................................................................................55
Alda Inácio..........................................................................................................................................................56
Alexander Man Fu do Patrocínio...........................................................................................................57
Alexandra Galvão da Rocha ..................................................................................................................58
Alexandre Cezar da Silva............................................................................................................................58
Alexandro Henrique Corrêa Feitosa - Alex Feitosa....................................................................59
Alfred Asís............................................................................................................................................................61
Aline Fernanda Moraes da Silva Cantanhede................................................................................63
Aliquanto............................................................................................................................................................64
Allan Santana Santos (DuSanto).........................................................................................................65
Almerinda Abrantes Gomes Ricard.......................................................................................................66
Aloisio Andrade...............................................................................................................................................67
Aluizio Rezende..................................................................................................................................................68
Álvaro Urubatan Melo.................................................................................................................................68
Amâncio Ferreira Silva Júnior.................................................................................................................69
Amanda Suely Brito de Sousa...................................................................................................................69
Amélia Marcionila Raposo da Luz - Amélia Luz..............................................................................70
Ana Claudia........................................................................................................................................................71
Ana Cristina Mendes Gomes - Cris Dakinis..........................................................................................71
Ana Issa Oliveira..............................................................................................................................................72
Ana Luiza Almeida Ferro..............................................................................................................................73
Ana Luiza Fernández Alves.........................................................................................................................77
Ana Luiza Nazareno Ferreira....................................................................................................................77
Ana Maria Costa Felix Garjan..................................................................................................................81
Ana Maria da Silva..........................................................................................................................................85
Ana Maria Marques........................................................................................................................................86
Ana Néres Pessoa Lima Góis.........................................................................................................................87
Anderson Braga Horta................................................................................................................................90
Anderson Caum.................................................................................................................................................93
Anderson Henrique Klein............................................................................................................................96
André Anlub®.....................................................................................................................................................97
André da Costa Nogueira - (Medeiros da Costa)...........................................................................99
André Foltran.................................................................................................................................................100
André Gómez Giuliano.................................................................................................................................100
André L. Soares................................................................................................................................................101
André Luiz Greboge.......................................................................................................................................101
André Mascarenhas.....................................................................................................................................102
André Roczniak Azevedo...........................................................................................................................103
André Schwambach Almeida ..................................................................................................................103
André Telucazu Kondo...............................................................................................................................104
Andrew Veloso................................................................................................................................................106
Ane Braga...........................................................................................................................................................107
Angela Guerra ................................................................................................................................................109
Angela Maria Chagas Araújo.................................................................................................................111
Angela Maria Gomes Pereira ..................................................................................................................112
Anna Cristina R. Oliveira Ramos...........................................................................................................113
Anônimo .............................................................................................................................................................114
Antonia Epifania Martins Bezerra......................................................................................................114
Antonia Miramar Alves Silva - Miramar Silva...............................................................................116
Antonieta Araújo.........................................................................................................................................117
Antonio Ageu de Lima Neto.....................................................................................................................119
Antônio Baracat Habib Neto..................................................................................................................120
Antonio C. de Berredo.................................................................................................................................121
Antonio Cabral Filho.................................................................................................................................124
Antônio Carlos Ferreira de Brito - Cacaso...................................................................................124
Antonio Carlos Pinheiro..........................................................................................................................125
Antonio de Mello Moniz Maia................................................................................................................126
Antonio Fernando Sodré Júnior..........................................................................................................127
Antônio Joaquim Pereira Filho..............................................................................................................128
Antônio Luiz M. Andrade - Almandrade...........................................................................................138
Antonio Maria Santiago Cabral.........................................................................................................138
Aparecida Gianello dos Santos............................................................................................................139
Aparecido Bi de Oliveira ............................................................................................................................140
Arão Filho..........................................................................................................................................................142
Arlete Trentini dos Santos.....................................................................................................................144
Arlindo Nóbrega............................................................................................................................................144
Armando Azcuña Niño de Guzmán .....................................................................................................146
Arquimedes Viegas Vale..............................................................................................................................146
Arthur rabut...................................................................................................................................................148
Aryane Ribeiro Pereira.................................................................................................................................149
Augusto de Miranda....................................................................................................................................149
Aurineide Alencar de Freitas Oliveira..............................................................................................151
Aymoré de Castro Alvim.............................................................................................................................154
Bartyra Soares................................................................................................................................................154
Beatrice Palma.................................................................................................................................................155
Beatriz Branco da Cruz..............................................................................................................................156
Belmiro Ferreira.............................................................................................................................................156
Benvinda da Conceicao Maia de Melo Lopo ..................................................................................157
Maia de Melo Lopo.........................................................................................................................................157
Bernardo Joaquim da Silva Guimarães.............................................................................................159
Beto Acioli.........................................................................................................................................................165
Bianca Braga de Carvalho - Lady Viana .........................................................................................166
Bianca Melo.......................................................................................................................................................168
Bruno Fossari de Souza..............................................................................................................................168
Caio Henrique Solla.....................................................................................................................................170
Cairo José Gama Bezerra............................................................................................................................170
Camila Nascimento.......................................................................................................................................171
Carla Isabel Baldez......................................................................................................................................171
Carla Ludimila Oliveira Araujo............................................................................................................172
Carla Ribeiro....................................................................................................................................................172
Carlos Arturo Llanos Solis....................................................................................................................174
Carlos Bancayán Llontop.......................................................................................................................175
Carlos Cintra..................................................................................................................................................178
Carlos Drummond de Andrade – 1945..................................................................................................178
Carlos Eduardo Pinto Leitão.................................................................................................................180
Carlos Eugênio Costa da Silva..............................................................................................................180
Carlos Gomes....................................................................................................................................................181
Carlos Lúcio Gontijo...................................................................................................................................182
Carmen Lezcano Aranda...........................................................................................................................182
Carollini Assis.................................................................................................................................................183
Casimiro José Marques de Abreu - Casimiro de Abreu................................................................184
Cecy Barbosa Campos...................................................................................................................................185
Ceferino Daniel Lazcano ..........................................................................................................................186
Célio Jota Betini Junior..............................................................................................................................187
Celso Correa de Freitas.............................................................................................................................187
Cesar Augusto Marques............................................................................................................................188
César William...................................................................................................................................................189
Christian Keniti Asamura Hukai - Christian K. A. Hukai..........................................................190
Christiano Ferreira Nunes.......................................................................................................................191
Cintia Cirino da Silva Santa....................................................................................................................192
Clarindo Santiago - São Luís, 1941........................................................................................................193
Clauber Pereira Lima....................................................................................................................................194
Cláudia Duarte da Silva............................................................................................................................197
Cláudio da Cruz Francisco......................................................................................................................199
Cláudio Gonçalves da Silva....................................................................................................................199
Cleberson Filadelfo Maria.......................................................................................................................200
Cleiton Reis Felix............................................................................................................................................201
Clélia Aparecida Souto e Couto...........................................................................................................202
Clevane Pessoa de Araújo Lopes............................................................................................................203
Cleyton Domingos dos Santos Campos............................................................................................205
Conceição Santos.........................................................................................................................................206
Corujinha...........................................................................................................................................................211
Cristiane Branco da Cruz.........................................................................................................................212
Cristiano Mendes Prunes da Cruz.........................................................................................................212
Cristy Elen Rocha Pereira.........................................................................................................................212
Cynthia Theodoro Porto.........................................................................................................................213
D. da Silva............................................................................................................................................................214
D. Freitas..............................................................................................................................................................215
Daisy Maria dos Santos Melo ................................................................................................................217
Dalciene Santos Dutra..............................................................................................................................219
Daniel Ely Oscar Noé....................................................................................................................................220
Daniel Victor Adler Normando Romanholo................................................................................220
Daniela Wainberg..........................................................................................................................................221
Danielle Adler Normando ......................................................................................................................221
Danielle Granjeira de Moura..................................................................................................................222
Darlan Alberto T. A. Padilha - Dimythryus.....................................................................................222
Débora Luciene Porto..................................................................................................................................223
Deidimar Alves Brissi....................................................................................................................................224
Dely Thadeu Damaceno..............................................................................................................................228
Dena Guimarães..............................................................................................................................................229
Denise Alves de Paula...................................................................................................................................230
Dércia Sara Feleciana Tinguisse - Deusa d’Africa.......................................................................231
Deuzimar Costa Serra.................................................................................................................................234
Dhiogo José Caetano ..................................................................................................................................234
Diana Menasché..............................................................................................................................................237
Diana Paim de Oliveira................................................................................................................................240
Diego C. Soares Ribeiro................................................................................................................................240
Diego de Souza Santana - Diego Sant’anna...................................................................................241
Dilercy Adler....................................................................................................................................................243
Dinacy Mendonça Corrêa.........................................................................................................................246
Dionnatan Pereira Sousa..........................................................................................................................248
Domingos Tortato........................................................................................................................................249
Dora Oliveira...................................................................................................................................................249
Douglas Mateus..............................................................................................................................................250
Dyonatan Fonseca Silva ...........................................................................................................................252
Edinaldo Reis....................................................................................................................................................252
Edna Lima de Mendonça.............................................................................................................................256
Eduardo Bechi..................................................................................................................................................258
Eduardo de Almeida Cunha.....................................................................................................................259
Eduardo Silva Bordignon.........................................................................................................................260
Edvaldo Fernando Costa - Fernando Nicarágua......................................................................260
Edweine Loureiro...........................................................................................................................................262
ElaIne Cristina P. de Araujo......................................................................................................................263
Elenice de Souza Lodron Zuin.................................................................................................................263
Eliane Silvestre...............................................................................................................................................264
Elias Daher Junior.........................................................................................................................................265
Eliete Costa.......................................................................................................................................................266
Elisabeth Rosa Soares.................................................................................................................................269
Elísio Miambo....................................................................................................................................................270
Elizeu Arruda de Sousa..............................................................................................................................271
Ellen dos Santos Oliveira........................................................................................................................271
Elva González García..................................................................................................................................272
Elvandro burity..............................................................................................................................................273
Emerson Thiago Sousa de Araújo - Emerson Araújo.................................................................274
Emmanuel Soares de Almeida .................................................................................................................274
Eric Tirado Viegas (Ponty)........................................................................................................................275
Érica Guedes Martins ..................................................................................................................................279
Erick Gonçalves Cavalcante..................................................................................................................280
Erlinda Maria Bittencourt.....................................................................................................................281
Ernestina Ramírez Escobar......................................................................................................................283
Euclides José Maciel Marques.................................................................................................................284
Eugênio Palma Avelar.................................................................................................................................284
Eulália Cristina Costa e Costa.............................................................................................................286
Eulàlia Jordà-Poblet...................................................................................................................................287
Eva Maria de Cougo Souto.......................................................................................................................289
Evelin Katiane Izauro..................................................................................................................................289
Evilene Soares de Araújo...........................................................................................................................290
Fabiana da Costa Ferraz Patueli..........................................................................................................291
Fabiula Fernanda de Abreu......................................................................................................................292
Feliciano Caliope Monteiro de Mello ...............................................................................................292
Feliciano Mejía.................................................................................................................................................295
Felipe Cardoso Wilasco..............................................................................................................................298
Felipe Hack de Moura...................................................................................................................................298
Felipe Yonamine Costa.................................................................................................................................299
Fernanda Azevedo Morais........................................................................................................................300
Fernanda Resende..........................................................................................................................................301
Fernando Braga.............................................................................................................................................302
Fernando Catelan........................................................................................................................................304
Fernando Paganatto..................................................................................................................................305
Flávia Costa do Carmo..............................................................................................................................305
Franciane Cristyne.......................................................................................................................................306
Francisca Regina Rodrigues Neto........................................................................................................307
Francisco Antônio Vale............................................................................................................................308
Francisco Carlos Soares Magalhães................................................................................................309
Francisco de Assis Carvalho da Silva Junior - Carvalho Junior.......................................310
Francisco Gaudêncio Sabbas da Costa.............................................................................................311
Francisco Gomes de Amorim....................................................................................................................312
Francisco Grácio Gonçalves - Francisco Kablianis .................................................................320
Francisco José da Silva...............................................................................................................................324
Francisco Junior Xavier.............................................................................................................................326
Francisco Nelson Filho - Chico da Mata..........................................................................................326
Frederico Ferreira de Souza ...................................................................................................................330
Frederico Guimarães - ................................................................................................................................331
Frutuoso Ferreira.........................................................................................................................................332
Fuad Bakri..........................................................................................................................................................334
G. dos Reis............................................................................................................................................................334
G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira (RJ).....................................................................................335
Gabriel Azevedo Scholze...........................................................................................................................336
Gabriel Rocha da Silva...............................................................................................................................336
Gabriel Rubim da Silva.................................................................................................................................337
Gabriel Wendermuller P. Amaral..........................................................................................................338
Gabriela Fernandes de Freitas...............................................................................................................338
Gabriela Mendes Prunes da Cruz...........................................................................................................339
Gabriele Loureiro Bruschi........................................................................................................................339
Gabrielle Souza Marchisio.......................................................................................................................340
Gentil Homem de Almeida Braga – Flavio Reimar .......................................................................341
Geovane Alves dos Reis...............................................................................................................................343
Geraldo Trombin............................................................................................................................................343
Gerardo Molina..............................................................................................................................................345
Germain Droogenbroodt..........................................................................................................................346
Gerson Augusto Gastaldi - Emaday Luz............................................................................................346
Gilmar Campos.................................................................................................................................................347
Giovanni Brunet Alencar e Silva..........................................................................................................349
Girlene Monteiro Porto ...........................................................................................................................349
Graça Graúna..................................................................................................................................................351
Graziela Costa Fonseca.............................................................................................................................351
Guilherme de Almeida..................................................................................................................................352
Haroldo Augusto Moreira......................................................................................................................354
Helena Amaral................................................................................................................................................355
Helena Fernandes Machado...................................................................................................................356
Helena Schons Lotti....................................................................................................................................357
Helenice Maria Reis Rocha........................................................................................................................357
Helenice Priedols...........................................................................................................................................360
Heleno Cardoso..............................................................................................................................................361
Hélio Ricardo Fonseca Cerreia..............................................................................................................362
Hélio Sena...........................................................................................................................................................363
Hélio Soares Pereira.....................................................................................................................................363
Hélio Soares Pereira Junior......................................................................................................................366
Hemeterio José dos Santos.......................................................................................................................366
Herotildes de Souza Milhomem.............................................................................................................367
Hilda Maria Vieira Lacerda.....................................................................................................................369
Hilton Fortuna...............................................................................................................................................370
Hino do Sabiá Futebol Clube...................................................................................................................371
Horacio Anizton............................................................................................................................................372
Horacio Daniel Sequeira...........................................................................................................................372
Hugo Omar Torres.........................................................................................................................................373
Iane Giselda de Cougo Souto..................................................................................................................374
Iara Almansa Carvalho............................................................................................................................374
Igor Chiappetta Fogliatto......................................................................................................................375
Ilda Maria Costa Brasil.............................................................................................................................376
Ima Feitosa.........................................................................................................................................................377
Irandi Marques Leite....................................................................................................................................378
Irismarqueks Alves Pereira......................................................................................................................380
Irsemes Wiezel Benedick .............................................................................................................................381
Isabela Brandt................................................................................................................................................382
Isabela Moraes de Faria.............................................................................................................................385
Isabella Gonçalves.......................................................................................................................................386
Isabelle Palma..................................................................................................................................................387
Ismari Marcano..............................................................................................................................................387
Iva da Silva.........................................................................................................................................................388
Ivan Carrasco Akiyama..............................................................................................................................388
Izabel Eri Camargo........................................................................................................................................390
Izabella Muraro de Freitas......................................................................................................................391
J. Auto Pereira..................................................................................................................................................391
J. B. Xavier.............................................................................................................................................................393
J. de C. Estrella.................................................................................................................................................402
J. R. D’Oliveira Santos...................................................................................................................................403
J. Ramos Coelho...............................................................................................................................................404
Jackson Douglas Silva ...............................................................................................................................407
Jackson Franco...............................................................................................................................................408
Jacqueline Collodo Gomes.......................................................................................................................409
Jacqueline Salgado......................................................................................................................................410
Jacy Gonçalves Ribeiro...............................................................................................................................410
Jainara Martiny..............................................................................................................................................411
Jailton Silva Matos.......................................................................................................................................411
Jamil Damous ...................................................................................................................................................412
Jandy Magno Winter....................................................................................................................................413
Jane Rossi ............................................................................................................................................................417
Janete Henrique Serralvo.........................................................................................................................418
Jania Souza da Silva.....................................................................................................................................418
Janio Felix Filho..............................................................................................................................................419
Jaqueline Maria Ribeiro..............................................................................................................................421
Jean-Paul Mestas.............................................................................................................................................421
Jeanne Cristina Barbosa Paganucci...................................................................................................423
Jefferson Reis de Santana - Infeto.......................................................................................................425
João Carlos Marcon....................................................................................................................................425
João Elias Antunes de Oliveira - Elias Antunes...........................................................................426
João Fernando Gasparotto Steigleder............................................................................................426
João Gomes da Penha Filho .....................................................................................................................427
João Marcelo Adler Normando Costa. ...........................................................................................427
João Nepomuceno Silva..............................................................................................................................428
João Nery Pestana.........................................................................................................................................429
João Pedro Estrela Gonçalvez..............................................................................................................432
João Pedro Mandarino Lopes .................................................................................................................432
João Rodrigues de Oliveira Santos ....................................................................................................433
João Vitor de Souza Bastos.....................................................................................................................434
Joaquim José Teixeira...................................................................................................................................435
Joaquim Maria Machado de Assis.........................................................................................................435
Joaquim Ribeiro Gonçalves......................................................................................................................439
Joaquim Vespasiano Ramos - Vespasiano Ramos...........................................................................442
Joaquim Vila Neto - Quincas Vilaneto..............................................................................................442
Jonas Batista Neto........................................................................................................................................443
Jonatan Algorta Soares...........................................................................................................................444
Jorge Antonio Soares Leão – Jorge Leão .........................................................................................444
José Britto Barros.........................................................................................................................................446
José Carlos Mendes Brandão..................................................................................................................447
José Carlos Serufo.........................................................................................................................................451
José de Castro .................................................................................................................................................454
José E. Teixeira de Sousa..............................................................................................................................455
José Francisco das Chagas- José Chagas .........................................................................................458
José Itamar Lima da Silva - Itamar Lima............................................................................................459
José Lissidini Sánchez...................................................................................................................................459
José Luís Alves Pestana................................................................................................................................461
José Menezes de Morais - Menezes y Morais.......................................................................................461
José Oswald de Sousa Andrade – Oswald de Andrade ............................................................462
Jose Paulo Paes - 1973......................................................................................................................................462
José Renato Hauck Junior.........................................................................................................................463
José Ribamar Ferreira - Ferreira Gullar...........................................................................................463
José Ribeiro de Sá Vale, ...............................................................................................................................464
Journey Pereira dos Santos ....................................................................................................................465
Juan Carlos Flores Aparicio....................................................................................................................465
Juçara Valverde.............................................................................................................................................466
Júlia Báu Schmitt...........................................................................................................................................466
Juliano Cincinato Cadore Fernandes...............................................................................................467
Julio Mesquita..................................................................................................................................................467
Julliano César Rodrigues Vicente.......................................................................................................468
Juraci da Silva Martins...............................................................................................................................469
Jussára Custódia Godinho.......................................................................................................................469
Justina Cabral ................................................................................................................................................470
Kálison Costa Nascimento......................................................................................................................470
Karine Salton Xavier...................................................................................................................................471
Karline da Costa Batista..........................................................................................................................471
Kaylla Kaith Lopes Gonçalves................................................................................................................472
Kayron Torma Oliveira..............................................................................................................................472
Kedma Kessia Pinheiro Bernardo..........................................................................................................473
Keila Maria Veras Soares Silva .............................................................................................................474
Keules Diene Rocha da Silva....................................................................................................................475
Laura Druck Becker......................................................................................................................................476
Leidiane dos Santos Vitoriano ............................................................................................................477
Leila Marisa de Souza Lima Silva...........................................................................................................478
Lena Ferreira....................................................................................................................................................479
Lénia Aguiar......................................................................................................................................................479
Leomária Mendes Sobrinho......................................................................................................................480
Lenon Silva Alves - John Lennon Smith .............................................................................................481
Leonardo Coronel Machado Andreolla........................................................................................481
Leonardo Hugo Berger...............................................................................................................................482
Leônidas de Souza - Tiko Lee.....................................................................................................................482
Leticia Herrera...............................................................................................................................................484
Levi Mota Muniz ..............................................................................................................................................485
Lidia Funes Bustelo.......................................................................................................................................486
Lindalva Silva Quintino dos Santos..................................................................................................487
Lívia Porto Zocco..........................................................................................................................................488
Lohana Kárita Teixeira .............................................................................................................................488
Lorena Moreno Castro .............................................................................................................................489
Lorenzo Gomes Bacin...................................................................................................................................489
Lucas......................................................................................................................................................................490
Lucas Dias Miranda.......................................................................................................................................490
Lúcia Amorim Castro ..................................................................................................................................491
Lúcia Barcelos.................................................................................................................................................491
Lúcia Helena Pereira....................................................................................................................................492
Luciano Garcez...............................................................................................................................................494
Luciano Ortiz...................................................................................................................................................495
Lucivani Vitoriano ......................................................................................................................................496
Luís Artur Severo da Silva........................................................................................................................497
Luis Henrique Insaurrauld Pereira.....................................................................................................498
Luis Lima/Luzenice Macedo........................................................................................................................499
Luís Mário Oliveira........................................................................................................................................500
Luiz Cordeiro de Melo - Luiz Cordelo.................................................................................................502
Luiz Guilherme Libório Alves da Silva.................................................................................................506
Luiz Penha Pinós Bissigo ............................................................................................................................507
M. A. Lima Barata - 10 de Agosto de 1872.............................................................................................508
Madalena Müller...........................................................................................................................................510
Maiara Gonçalves de Oliveira...............................................................................................................512
Manoel Alexandre de Santana Sobrinho – Manoel Sobrinho............................................513
Manoel Bezerra...............................................................................................................................................515
Manoel de Páscoa Medeiros Teixeira – Professor Passarinho............................................515
Manoel Lúcio de Medeiros - Malume...................................................................................................516
Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho - Manuel Bandeira.........................................518
Manuela Ferreira...........................................................................................................................................518
Marcelo de Oliveira Souza......................................................................................................................519
Marcelo Moreira...........................................................................................................................................520
Márcia da Silva Sousa.................................................................................................................................520
Marcia de Oliveira Gomes.........................................................................................................................521
Márcia Etelli Coelho...................................................................................................................................521
Márcio Dison....................................................................................................................................................523
Márcio Moraes................................................................................................................................................524
Marco Aurélio Baggio................................................................................................................................524
Marco Aurélio Maurer Dalla VecchiA.............................................................................................526
Marco Aurélio Sousa Mendes................................................................................................................526
Marcos Paulo de Oliveira Santos .......................................................................................................527
Marcos Rodríguez Leija..............................................................................................................................528
Marcos Samuel Costa da Conceição ................................................................................................530
Marcos Vinicius Lopes Serejo .................................................................................................................530
Marcos Vinicius Mota Kliemann...........................................................................................................531
Mardilê Friedrich Fabre.............................................................................................................................532
Maria Angélica dos Santos - Bilá Bernardes................................................................................534
Maria Aparecida Araujo Moreira- Mora Alves.............................................................................535
Maria Apparecida S. Coquemala............................................................................................................535
Maria Cecília Lima de Oliveira Castro..............................................................................................536
Maria da Assenção Lopes Pessoa - Assenção Pessoa.................................................................536
Maria da Glória Jesus de Oliveira........................................................................................................539
Maria das Neves Oliveira E Silva Azevedo – Neves Azevedo ..................................................540
Maria de Fátima Batista Quadros.......................................................................................................541
Maria de Fátima Oliveira - Fátima Oliveira...................................................................................542
Maria de Jesus Silva Amorim ....................................................................................................................543
Maria de Lourdes Otero Brabo Cruz - Malu Otero ...................................................................545
Maria de Lourdes Schenini Rossi Machado.....................................................................................546
Maria do Socorro Menezes.....................................................................................................................547
Maria Eduarda Cabral da Silva............................................................................................................547
Maria Eduarda Pires Sousa......................................................................................................................548
María Estela Arnoriaga............................................................................................................................548
Maria Fernanda Reis Esteves...................................................................................................................549
Maria Helia Cruz de Lima - Hélia Lima................................................................................................550
Maria Hortense Martins Nunes.............................................................................................................553
Maria Isabelle Palma Gomes Corrêa...................................................................................................553
Maria Lúcia Nunes da Rocha Leao.......................................................................................................554
Maria Lucilene Medeiros do Nascimento Nogueira – Malu Medeiros.............................556
Maria Reginalda da Silva..........................................................................................................................556
Maria Silva Cabral........................................................................................................................................557
Maria Stela de Oliveira Gomes...............................................................................................................557
Mariana Damásio da Silva........................................................................................................................558
Mariano Augusto Serrão Chagas - Mariano Chagas............................................................559
Marietta Cuesta Rodríguez.....................................................................................................................559
Marilza Albuquerque de Castro - Carvalho Branco..............................................................560
Marina Moreno Leite Gentile - Marina Gentile............................................................................561
Marina Nicodemo da Rosa........................................................................................................................562
Marinaldo Lima..............................................................................................................................................562
Mario Filipe Cavalcanti de Souza Santos.......................................................................................566
Mario Gonçalves Dias Junior .................................................................................................................567
Mário Helder Silva Ferreira ....................................................................................................................571
Mário Martins Meireles..............................................................................................................................572
Mario Quintana..............................................................................................................................................575
Marisa Schmidt...............................................................................................................................................575
Mark Pizzato Machry ..................................................................................................................................576
Martha Elsa Durazzo..................................................................................................................................576
Martins D’Alvarez..........................................................................................................................................579
Mateus Comodo .............................................................................................................................................581
Matheus Fabrício Pereira Madeira......................................................................................................582
Mayara da Silva Jorge.................................................................................................................................582
Mayara Sousa Gonçalves..........................................................................................................................583
Mhário Lincoln Félix Santos .................................................................................................................583
Michael Jackson Coelho da Silva.........................................................................................................584
Michelle Adler Normando de Carvalho.........................................................................................585
Michelle Fonseca Coelho..........................................................................................................................585
Miguel Marques - São Luís, 7 de Setembro de 1873..........................................................................586
Mikaelle Cristina dos Santos Cantanhede ...................................................................................588
Mikaely Fernanda Rodrigues ..................................................................................................................589
Milena Adler Normando de Sá...............................................................................................................589
Miriam  Porras  Adame….............................................................................................................................590
Moacir Lopes Poconé Neto.......................................................................................................................591
Moacir Luís Araldi.........................................................................................................................................591
Monique Rocha Passos................................................................................................................................594
Moysés Barbosa ..............................................................................................................................................594
Murilo Monteiro Mendes – Murilo Mendes .....................................................................................595
Mylene dos Santos Siqueira....................................................................................................................596
Nadir Silveira Dias.........................................................................................................................................596
Naraene Miranda da Silva........................................................................................................................597
Natália Bueno Dias ......................................................................................................................................598
Nathalia Ribeiro Lopes ...............................................................................................................................598
Nathália Rodrigues Barbosa.................................................................................................................599
Nédia Sales de Jesus.......................................................................................................................................599
Nelmara Silva...................................................................................................................................................600
Nereu Bittencourt........................................................................................................................................601
Niedja Soares Pereira...................................................................................................................................603
Nieves Merino Guerra..................................................................................................................................603
Nijair Araújo Pinto........................................................................................................................................606
Nilza Caum..........................................................................................................................................................607
Nivânia Carvalho..........................................................................................................................................608
Norma Rincón Mendoza.............................................................................................................................608
Núbia Cavalcanti dos Santos................................................................................................................609
Odone Antônio Silveira Neves...............................................................................................................610
Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac - Olavo Bilac........................................................611
Olimpio Coelho de Araujo.........................................................................................................................611
Onã Silva.............................................................................................................................................................613
Orlinda Ferreira de Souza........................................................................................................................617
Orpheu Luz Leal...............................................................................................................................................618
Oswaldo Névola Filho................................................................................................................................618
Pablo Rios............................................................................................................................................................620
Patrícia Carlos de Sousa ..........................................................................................................................623
Paulo Acácio Ramos.....................................................................................................................................623
Paulo Pereira Fontes Martins ...............................................................................................................624
Paulo Reis............................................................................................................................................................626
Paulo Roberto Walbach Prestes...........................................................................................................626
Pedro Ely Oscar Noé......................................................................................................................................627
Pedro Peruzzo Mibielli.................................................................................................................................628
Pietro da Costa Rodrigues.......................................................................................................................628
Querubino Lagoa...........................................................................................................................................629
Rachel Alves - KeKa .......................................................................................................................................630
Rafael Büger Ruiz...........................................................................................................................................631
Rafael Güntzel Orizenco...........................................................................................................................631
Rafael Sânzio de Azevedo.........................................................................................................................632
Rafael Severo Meira.....................................................................................................................................632
Rafael Zen...........................................................................................................................................................633
Rafaela Machado Longo – Rafaela Malon...................................................................................634
Railde Masson Cardozo.............................................................................................................................635
Raimundo Carneiro Corrêa.....................................................................................................................635
Raimundo Nonato Barroso de Oliveira .........................................................................................641
Raimundo Nonato Campos Filho..........................................................................................................641
Ramon de Figueiredo Leandro................................................................................................................642
Raquel Campos Pereira...............................................................................................................................643
Raquel Ferraz Sokolnik.............................................................................................................................644
Raquel Oliveira Sá........................................................................................................................................644
Rayron Lennon Costa Sousa...................................................................................................................649
Regina da Conceição Madeira Gôda - (Estrela Radiante).....................................................649
Regina Xavier....................................................................................................................................................651
Renata Soares Porciúncula....................................................................................................................652
Renate Gigel......................................................................................................................................................652
Renato Cesar de Alvarenga Filho .......................................................................................................654
Renato Lima de Souza..................................................................................................................................654
Rene Aguilera Fierro....................................................................................................................................656
Reynaldo Machado de Almeida Gomes..............................................................................................657
Ricardo Oyarzábal Rodriguez...............................................................................................................658
Rita B. S. Velosa................................................................................................................................................658
Rita Dayrã Murada de Sousa...................................................................................................................659
Robert Allen Goodrich Valderrama ................................................................................................659
Roberta Beckmann Hoffmann................................................................................................................661
Roberth Fabris.................................................................................................................................................661
Roberto de Freitas Ribeiro Filho...........................................................................................................662
Roberto Ferrari..............................................................................................................................................663
Robinson Silva Alves....................................................................................................................................663
Robson Leandro Soda - Lótus Sidartta............................................................................................667
Rodrigo Guimarães Pena...........................................................................................................................668
Rodrigo Nunes Camargo...........................................................................................................................670
Rodrigo Octavio Pereira de Andrade ...............................................................................................670
Rodrigo Zuardi Viñas..................................................................................................................................671
Rogério Araújo (Rofa).................................................................................................................................671
Ronyere Silva Lima ........................................................................................................................................672
Rosana Lazzar.................................................................................................................................................673
Rosane Salles Silva Souza.........................................................................................................................674
Rosemeire Joanadarc Dias - Rose Dias...............................................................................................674
Rosineide de Sousa Machado..................................................................................................................675
Rozelene Furtado de Lima ........................................................................................................................676
Rui Miguel Dias Carvalho..........................................................................................................................677
Samuel Cantoaria Ferreira.....................................................................................................................678
Samuel Cavero Galimidi.............................................................................................................................679
Samuel de Sá Barreto..................................................................................................................................682
Saulo Barreto Lima Fernandes .............................................................................................................685
Saulo Daniel dos Anjos Leite...................................................................................................................685
Sebastião Luiz Alves......................................................................................................................................687
Selmo Vasconcellos.....................................................................................................................................689
Sérgio Augusto de Munhoz Pitaki........................................................................................................689
Sérgio Gerônimo Alves Delgado...........................................................................................................690
Sergio Ryan Abreu Silva-.............................................................................................................................691
Sergio Santos...................................................................................................................................................691
Sidclei Nagasawa Costa............................................................................................................................693
Sidiney Breguêdo............................................................................................................................................693
Silvana Maria Moreli...................................................................................................................................694
Simone Pinheiro...............................................................................................................................................695
Sinésio Lustosa Cabral Sobrinho – Sinésio Cabral ....................................................................698
Homenagem Póstuma de Dilercy Adler.............................................................................................699
Solange de Aragão.......................................................................................................................................700
Sonia Nogueira................................................................................................................................................700
Sophia Braga.....................................................................................................................................................702
Stella Maris Taboro....................................................................................................................................703
Suelen Cristina Liberato...........................................................................................................................704
Susy Morales Coz............................................................................................................................................706
Talles Cardoso Machado.........................................................................................................................706
Tatiana Alves...................................................................................................................................................707
Tatiane Paulo de Oliveira.........................................................................................................................708
Taysa Leite Lima...............................................................................................................................................708
Teresa Cristina Cerqueira de Sousa...................................................................................................709
Teresinka Pereira ..........................................................................................................................................710
Terezinha Erna Brandenburger............................................................................................................710
Terezinha Oliveira........................................................................................................................................711
Thaís Matos Pinheiro...................................................................................................................................712
Thaise Santos...................................................................................................................................................712
Thiago Jefferson dos Santos Galdino..............................................................................................714
Tiago Duarte Cordeiro..............................................................................................................................716
Tiago Klein Maciel.........................................................................................................................................718
Um Maranhense...............................................................................................................................................719
Valdeck Almeida de Jesus...........................................................................................................................720
Valentina Kroeff Sperb...............................................................................................................................721
Valmir Sales Borges......................................................................................................................................721
Valquíria Araújo Fernandes De Oliveira.........................................................................................722
Valquiria Imperiano.....................................................................................................................................723
Vanda Lúcia da Costa Salles..................................................................................................................725
Vander Lima Silva de Góis..........................................................................................................................728
Varenka de Fátima Araújo.......................................................................................................................728
Vera Rocha........................................................................................................................................................730
Victor Parussini Todt.................................................................................................................................731
Vitor Alibio.......................................................................................................................................................732
Vitor da Rosa Martins................................................................................................................................732
Vitor Teixeira de queiroz..........................................................................................................................733
Vitória Maria Galvão Coqueiro ..........................................................................................................735
Viviane Maria dos Santos.........................................................................................................................735
Wanda Recker...................................................................................................................................................736
Weberson Fernandes Grizoste................................................................................................................736
Weslley Sousa Silva Costa........................................................................................................................739
Wilson de Oliveira Jasa..............................................................................................................................740
Wilson Pires Ferro.........................................................................................................................................741
Wilson Rosa da Fonseca............................................................................................................................744
Wybson Carvalho..........................................................................................................................................746
Yanni Mara Tugores Tajada....................................................................................................................747
Yasmim Victoria dos Santos Cantanhede.......................................................................................747
Zara Maria Paim de Assis ...........................................................................................................................748
Zazy Grazyelly..................................................................................................................................................749
Zelia Maria Fernandes da Silva..............................................................................................................750
Zenaide Radanesa dos Reis........................................................................................................................751
Zidelmar Alves Santos................................................................................................................................751
Zulma Trindade de Bem...............................................................................................................................752
Zulmar Pessoa de Lima Tamburu............................................................................................................752
Prefácio
“Nós vos convidamos a marchar conosco e a conosco transformar não
somente uma das leis da Terra, mas a lei fundamental. Quando tiverdes
melhorado o mundo, melhorai este mundo melhorado! Abandonai este
mundo melhorado! Quando melhorando o mundo tiverdes completado
a verdade, completai essa verdade completada. Abandonai-a! Quando
completando a verdade tiverdes transformado a humanidade, transfor-
mai essa humanidade transformada. Abandonai-a! E, transformando
o mundo e a humanidade, transformai-vos. Sabeis abandonar-vos a vós
mesmos”.
(Bertold Brecht)
29

O desafio de elaborar uma coletânea em homenagem à Antônio Gonçalves Dias


foi assumido com muita dedicação pelos membros do Instituto Histórico e Geográfi-
co do Maranhão – IHGM -, Sociedade de Cultura Latina do Maranhão – SCLMA
, Federação das Academias de Letras do Maranhão – FALMA -, com o apoio da
EDUFMA da Universidade Federal do Maranhão, da Academia Caxiense de Letras
– ACL, sob a coordenação da psicóloga, poeta e antologista Dilercy Aragão Adler,
que muito tem trabalhado para o avivamento e divulgação da memória literária do
grande poeta maranhense, como obra importante ao conhecimento de várias gerações,
estabelecendo relação entre o passado, o presente e o futuro. De igual modo, deve-se
o resultado desta publicação ao Acadêmico Leopoldo Gil Dulcio Vaz, que se dedicou
à análise e organização dos textos literários sobre a obra de Gonçalves Dias. Assim, o
trabalho conjunto da Acadêmica Dilercy e do Acadêmico Leopoldo na produção final
desta obra merece destaque especial, entre tantos outros colaboradores empenhados na
realização deste inédito projeto literário.
Para os mais jovens leitores dessa coletânea, tanto como para os leitores mais
versados no universo literário, o conteúdo da obra Mil Poemas para Gonçalves Dias
permite percorrer-se um longo túnel que liga o tempo histórico e literário passado ao
tempo presente, dando-nos a oportunidade de procurar conhecer, com mais profundi-
dade, as obras desse poeta imortal, sem a intenção de reproduzi-lo.
Através das leituras e releituras feitas pelos autores dos poemas e textos contidos
nesta Antologia Literária, pode-se entrever os temas, os gêneros literários e os campos
do conhecimento que foram percorridos por Dias, durante sua produção realizada, pre-
dominantemente, em condições muito limitadas, porém por ele ultrapassadas, na prá-
tica da arte de escrever poemas, textos literários, peças de teatro e relatórios de caráter
científico, que fortalecia o seu espírito combativo.
De fato, Gonçalves Dias pode ser considerado um intelectual que, de modo pre-
cursor, foi tecendo no conjunto de seu trabalho literário um forte liame entre a História
e a Literatura. Em período recente de renovação da escrita da História, no exterior e
no Brasil, essa relação entre esses dois campos tem se tornado mais consolidada, como
nos aponta Kodama (2007) 1 em tese de doutorado defendida na PUC do Rio de Janei-
ro. A pesquisadora em História Social da Cultura nos desvela as relações do trabalho
etnográfico de Gonçalves Dias, para atender à solicitação de programa criado pelo
Imperador Pedro II, no Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro, entre 1850 e
1853, por meio do qual deixa entrever o modo como entendia a questão da língua, da
cultura indígena e da nacionalidade.
Foi ao escrever Brasil e Oceania (1867), apesar de certo desagrado ao cumprir
a tarefa que lhe foi destinada por Dom Pedro II, conforme carta enviada a Alexandre
30
Teófilo (04.04.1850), que deixou fluir a sua visão de “historiador poeta” e “historiador
político”, expressões por ele mesmo cunhadas no artigo História Pátria, publicado na
Revista Guanabara, vol.1, t. 1, de fevereiro de 1853.
Kodama nos ajuda a entender esse trabalho etnográfico do poeta, ao mostrar o
modo como ele relacionou sua visão indianista literária com os estudos sobre os índios.
Segundo a autora, o interesse de Dias era: “1) o despontar de uma preocupação com o
lugar do índio na História do Brasil, e que a geração romântica defenderia a partir de
uma criação de um passado mítico brasileiro através do índio, ponto este que nos indi-
ca uma convergência entre literatura e história, presente naquela geração, como já foi
ressaltado por autores como Antonio Candido; e 2) o de relevar sua preocupação com
a língua portuguesa no Brasil, sua diferenciação com a língua portuguesa de Portugal, a
partir da influência do Tupi” ( Kodama, 2007, p. 3- 4).
Temos aí o adensamento do trabalho do poeta que desejava, principalmente,
escrever uma história do Brasil com realce para a questão indígena, motivo poético e
político, para suas poesias, como ele mesmo afirmava:

Convinha [...] que nos descrevesse os seus costumes, que nos instruísse nos seus
usos e na sua religião, que nos reconstruísse todo esse mundo perdido que nos ini-
ciasse nos mistérios do passado como caminho do futuro, para que saibam donde

1 KODAMA, Kaori. Fênix – Revista de História e Estudos Culturais, Julho/ Agosto/ Setembro de 2007 Vol. 4 Ano
IV no 3, ISSN: 1807-6971. Disponível em: www.revistafenix.pro.br
e para onde vamos: convinha enfim que o poeta se lembrasse de tudo isto, porque
tudo isso é poesia; e a poesia é a vida do povo, como a política é o seu organismo.
(Dias, 1850).

Ainda citando o seu artigo, destaca-se a relação entre história e literatura:

[...] quem quer que for bom historiador deve ter uma destas duas coisas: ser po-
lítico ou poeta”. O primeiro [...] resume todos os indivíduos em um só indivíduo
coletivo, generaliza as idéias e os interesses de todos, conhece os erros do passado
e as esperanças do futuro, e tem por fim – a nação. O historiador poeta, [...] re-
sume as nações em uma só nação, simpatiza com todas as suas grandezas, execra
todas as suas torpitudes, e generalizando todos os sentimentos, todas as aspirações
do coração humano, tem por fim a humanidade. ( Dias, 1850)

Temos assim uma visão sintética dos interesses de Antonio Gonçalves Dias en-
trelaçados entre a História, a Literatura e a Política, de tal forma que as nuances de
certa ingenuidade romântica encontrada em seus poemas de amor, vão sendo ladeadas
por outras características afinadas com a visão de história de Humboldt, também afeita
a uma leitura romântica da história, na busca de verdades autênticas. Na dimensão
política, o que parecia estar em pauta, na visão de Dias, era o destaque dado aos povos
não-europeus que começaram a ser estudados durante o século XIX, sendo objeto de
pesquisas etnográficas já realizadas por estudiosos da Europa, a partir dos quais ele tam-
31
bém incursionou para escrever seu trabalho Brasil e Oceania, publicado na Revista do
Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro.
Por que falar dessas faces do poeta maior, apesar dos cuidados necessários, para
entendê-lo no seu tempo (século XIX), que não é o nosso tempo (século XXI)? Prin-
cipalmente para destacar seu interesse por tantas questões que podem aparecer, na
atualidade, como sendo isoladas, quando de fato, desde a sua origem estão fortemente
entrelaçadas, de modo que o literato, o historiador e o político estão diante do mun-
do com olhos que miram o seu entorno e dele retiram a sua inspiração para escrever,
refletir e, também, atuar no seu tempo-espaço, seja no Instituto Histórico Geográfico,
seja nas Academias de Letras, seja nas Universidades onde se reúnem estudiosos da
Filosofia, História, Geografia, Etnografia, Antropologia e da Literatura.
Há que se pensar, inspirando-nos em Dias, mesmo que se reconheça a sua visão
romântica, que o realismo que nos exige a história presente, pode ser interpretado com
pensamentos e sentimentos capazes de nos fazer mais sensíveis às questões do século
em que vivemos e que atingem milhões de seres humanos, considerados “invisíveis”
para a grande maioria dos dirigentes das nações, destacando-se entre esses os povos
indígenas.
Com Gonçalves Dias, destacou-se a condição original dos índios, primeiros ha-
bitantes do Brasil, hoje, praticamente dizimados e desterrados de seus territórios. A
Língua Tupi, considerada por ele como sendo a principal matriz linguística do Por-
tuguês do Brasil, tornou-se diluída no processo de evolução da língua nacional, esta
tendo sido ampliada pela importação de palavras de línguas estrangeiras nem sempre
compreendidas pelas pessoas mais simples e menos letradas do nosso país. A Amazônia,
considerada pelo poeta como a “Judéia” dos indígenas, tem sido explorada e devastada,
de modo a comprometer o território em que se encontra a mais rica biodiversidade do
Brasil, já identificada por cientistas brasileiros e de vários países.
Se era conservadora e, de certo modo ingênua, a visão mítica acerca do indígena
estudado por Dias, nos seus trabalhos etnográficos, foi a partir deles que se fortaleceu
e sobressaiu o índio por ele cantado nos seus poemas indianistas. Não desprezemos a
visão do historiador - poeta, porém não a adotemos para não reproduzirmos uma visão
ingênua do mundo atual.
O tempo presente nos pede isso sim, para deixarmos Gonçalves Dias e todos os
poetas românticos ocuparem o lugar de destaque que merecem ter na história da lite-
ratura nacional, indicando-nos, entretanto, que é preciso ir além, fazendo da memória
literária e histórica o ponto inicial de reconhecimento das origens da literatura brasi-
leira, cuja evolução poderá ser mais aprimorada por cada um de nós e por todos juntos:
historiadores, educadores, literatos e políticos dedicados à democratização das letras,
32
da cultura e da ciência.
Que essa Antologia Poética, através de todos os seus autores, possa nos permitir
vislumbrar a diversidade de estilos e temas que nos instigam, principalmente, a fazer
uma leitura contrastante entre o passado e o presente, para avançarmos em direção ao
futuro, como o próprio Gonçalves Dias dizia: “generalizando as aspirações do coração
humano, que tem por fim a humanidade”.
Essa finalidade, certamente será fortalecida com a realização do atual projeto,
que ora materializa nossa homenagem a Antônio Gonçalves Dias, que foi inspirado em
projeto similar realizado no Chile, cujo homenageado foi Pablo Neruda, e que também
se reproduziu no Peru, tendo como destaque o poeta peruano Cesar Vallejo. Atualmen-
te, está em desenvolvimento o projeto da Antologia “1000 Y UN POEMAS PARA
ANDRÉS ELOY BLANCO”.
A idéia primeira de “Mil Poemas para Pablo Neruda”, idealizada a princípio pelo
poeta Alfred Asís, em 2011, sensibilizou grupos de países da América do Sul, Central
e da Europa. Estão envolvidos nesse movimento: Chile, Peru, Espanha, Brasil, Vene-
zuela, Cuba, Bolívia e Honduras. A Antologia Mil Poemas para Gonçalves Dias é a 4ª
a ser organizada, com os seguintes países participantes através dos seus poetas: Brasil,
Argentina, Chile, Bolívia, Equador, Peru, Venezuela, Uruguai, Portugal, Moçambique,
México, Canadá; Panamá/USA, Espanha, França, Bélgica, Áustria, Japão.
O Brasil se faz representar através de seus poetas de diversos estados. Inicial-
mente, Maranhão, sendo que a cidade de São Luís foi representada por 89 poetas,
Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia, Paraíba, Goiás, Ceará, Minas Gerais, Rio Gran-
de do Sul, Pernambuco, Distrito Federal, Paraná, Piauí, Sergipe, Alagoas, San-
ta Catarina, Mato Grosso, Rondônia, Pará, Espírito Santo, Rio Grande do Norte.
Ainda há outros participantes sem identificação de seu país e estados brasileiros.
Desde a primeira coletânea tem se constituído uma prática de reconhecimento
dos grandes autores que engrandeceram a literatura de seus países e também projeta-
ram suas obras além das suas fronteiras. Na realidade, esse tipo de projeto de registro
da memória literária do passado e do presente, permitiu que se instalasse um circuito
literário internacional, de elevada relevância para a valorização de escritores e leitores
dedicados ao cultivo das letras e da arte da estética literária.
Há que se destacar na Antologia ‘Mil Poemas para Gonçalves Dias’ que a par-
ticipação de representantes de diversos países e estados do Brasil, proporciona uma
tessitura singular para esse texto escrito por um grande conjunto de mentes e corações,
reunidos numa ciranda de estudantes que adentram pela primeira vez esse universo
literário, jovens poetas que vêm se destacando pelas suas produções e poetas que alcan-
çaram a maturidade de suas obras, algumas delas já consagradas internacionalmente.
Buscando estabelecer diálogos com as temáticas da obra gonçalvina, os poetas 33
desta antologia buscaram elementos de sua vertente indianista e romântica, fazendo-
nos recordar parte de sua existência, seus amores, seus temores, sua inebriante dedica-
ção à literatura e à história. Identifica-se uma produção em que ocorre a intertextuali-
dade como a forma mais primorosa de comunicação entre os seres humanos que, muito
embora não se conheçam, estabelecem forte movimento de sinergia de interesses em
torno de um personagem da história da literatura brasileira.
Por todas essas manifestações de convergência e de expansão do universo da
literatura de Antônio Gonçalves Dias, são justas e merecidas as homenagens a todas as
pessoas responsáveis pela produção da Antologia Mil Poemas a Gonçalves Dias, publi-
cada nesta segunda década do século XXI.
Que esse trabalho, sem dúvida, árduo, e ao mesmo tempo prazeroso, possa atrair
ainda mais as novas gerações de poetas para a positiva atuação, como intérpretes das
aspirações compartilhadas com outros seres humanos, em todos os continentes, pela
construção da paz, para que possamos realizar a travessia dos oceanos, disseminando
idéias poéticas como deve fazer o artista “que tem que ir aonde o povo está.” (Milton
Nascimento).

Fortaleza - CE, Brasil, 06 de maio de 2013

Ana Maria Costa Felix Garjan


Diretora dos Grupos ARTFORUM Brasil XXI
Poesias

O IMORTAL MARABÁ2

Mário Martins Meireles

[...] Entre os brancos será nossa gloria,


Pois que gloria dos brancos será;
Dos timbiras a fama guerreira
Nos seus cantos o Mundo ouvirá! 35

E o poeta será como nunca


Entre os brancos se viu ou verá,
Pois seus cantos serão inspirados
Quais se fossem do próprio Rudá!

O seu nome será venerado,


Pois o quer, por vingança, Tupá:
O maior dos poetas brancos
Será nosso – há de ser marabá![...]

2 Poema de Mário Meireles, decalcado da Canção do Piaga, de Gonçalves Dias, e inspirado no quadro da morte
do Poeta, da autoria do pintor maranhense Eduardo de Sá, existente no salão nobre do Palácio do Governo do
Maranhão.
As Artes São Irmãs3

HOMENAGEM A GONÇALVES DIAS

Variantes entre tantos pensamentos,


Sentidos mais dispersos, suas somas
Permite este mosaico aonde tomas
As tuas decisões; dores e alentos.

Te entregando sem medo aos temporais


Verás neles lições para o que resta
Da vida mesmo quando mais funesta
Navegação ensina onde há um cais.

Assim nas discrepâncias se concebe


O ser que em ti agora se percebe.

3
“Idéias do prazer — do mal no olvido”
Enquanto a dor se torna mais presente,
Assim quando do gozo a vida ausente
Permite imaginar-se tão sofrido.

Mas quando uma alegria nos invade,


36 Decerto se esquecendo pouco após,
O rio se perdendo noutra foz,
Lembramos do que fora tempestade.

Não deixe que isto faça com que tudo


Pareça bem diverso, noutro fato,
Se em dores tão somente eu me retrato,
Deveras, sobre a vida eu já me iludo.

Caminho sobre brasas; sei das dores,


Mas também sei colher, da vida, flores...

4
“Em sons cadentes, que derramam n’alma”
Encontro uma real satisfação,
Vivendo claramente uma estação,
Realidade dói? Também acalma.

As cores de um outono, invernal frio,


Primaveril beleza, imenso sol,
O quanto se transforma este arrebol,
É como perceber um desafio.

3 Do Blog Cantos do Sepulcro - As Desventuras de um Dom Quixote no Terceiro Milênio, disponível em http://
valmarloumann.blogspot.com.br/2010/03/as-artes-sao-irmas-homenagem-goncalves.html, Poesia compila-
da por Leopoldo Gil Dulcio Vaz – Curitiba – PR – Brasil – 1952; Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão;
Universidade Estadual do Maranhão
Envelhecer com arte e galhardia,
Saber da mocidade com fulgor,
Matizes tão diversos de um amor,
Que a cada novo tempo, sempre guia.

E ter uma certeza nesta vida


Cada etapa terá que ser cumprida.

5
“Ou lânguida na lira se transforma”,
Ou trágica se faz a cada passo,
O quanto muitas vezes me desfaço,
Impede que se tenha a mesma forma.

Dicotomias trago em cada passo,


E nelas a melhor das decisões
Por vezes bem diversa do que expões,
Nem sempre o melhor rumo, ainda traço.

E vivo sem temer as tempestades,


Nefastas? Muitas vezes redentoras,
As horas mais doídas, sofredoras
Aquelas que nos dizem mais verdades.
37
Servindo de repasto para a dor,
Um novo amanhecer saber propor...

6
“Dá linguagem sublime à estátua muda,”
Cada momento aonde se entregando
Não sei se em temporal ou ar mais brando,
O tempo tão instável se transmuda.

E quando aprendo dele sem terrores


Amadureço em mim a própria morte,
E nela algum descanso que conforte
No renovar da vida, risos, dores.

Existo e sei que basta esta existência,


Se dela eu perceber quem mesmo sou,
Já sei qual o destino pr’onde vou,
O fim é do começo, a conseqüência.

Renova-se destarte eternidade


Gerando com fulgor, diversidade...

7
“Do rosto nas feições o brilho interno,”
Diverso do que às vezes se aparenta,
Aonde se diz paz é violenta
E aonde se diz glória, pleno inferno.

Somar as nossas tantas variantes,


Seguir por vezes mitos ledos, falsos,
Comuns na caminhada tais percalços,
Mudamos nosso rumo por instantes.

E quando se aproxima o fim da história,


O quanto nós já fomos, padecemos,
Permite ao marinheiro tantos remos,
Ou traçando uma linha merencória.

Às vezes num sorriso, lacrimejo,


E em lágrimas sacio o meu desejo...

8
“Guia a mão do pintor quando debuxa”
A soma de fatores mais diversos,
Assim quando eu componho tantos versos,
É como se imergisse em vária ducha.

Ourives da palavra, um escritor,


Usando seus disfarces nos permite,
38 Se acreditar além de algum limite,
Nas tramas deste insano sonhador.

O corte se bem dado do buril,


Traçando com beleza uma escultura,
Mas quando a mão se mostra fria e dura,
Por vezes o cenário se faz vil.

Não creia no que digo, mas me creia,


A mão traça diversa ou una teia.

9
“A mesma inspiração, que acende o estro,”
Por tantas vezes traça o desespero,
E quando noutra sanha me tempero,
Por vezes verdadeiro ou mais canhestro.

Se o peso do que vivo influencia


Talvez o que não viva pese mais,
Criando do vazo, os temporais,
Palavra dita a norma e cadencia.

Apego-me ao não ser enquanto sigo,


E sigo sem saber quem mesmo sou,
Errático caminho se mostrou
Deveras muitas vezes meu abrigo.
Ilusionista, sim, porém nem tanto,
Retratando minha alma quando canto?

10
“Perante o mesmo altar, coroam-se, ardendo”
Demônios, querubins, várias figuras,
Palavras que clareiam sendo escuras,
Momento doloroso ou estupendo.

Nefastas maravilhas, luzes tantas


Bebendo desta imensa liberdade,
O quanto do vazio que me invade,
Permitem ser profanas, créus e santas.

Ecléticos caminhos num só rumo,


As cores se misturam neste prisma,
E quando vez ou outra uma alma cisma,
Nem sempre um andarilho, eu tudo aprumo.

A queda prenuncia a redenção,


Assim como um amor dita o perdão...

11
“Do fogo criador nas mesmas chamas,”
39
Encontram-se diversas fantasias
E quando delas novas tu recrias,
Revives do passado, luzes, dramas.

Tramas se entrelaçando, atemporais,


Existem desde quando existe o sonho,
O todo muitas vezes eu componho
Dos dias mais dispersos, tantos cais.

Apátrida emoção, vívida luz


Nas trevas a beleza incomparável,
Assim como um reflexo do tocável
Efeito tão complexo reproduz.

Nas crenças, ódios, medos e rancores,


Nos sonhos, nos anseios, nos amores...

12
“As artes são irmãs, e os seus cultores”
Transformam qualquer forma num tesouro,
Das tantas emoções quando me douro,

Permito cultivar diversas flores.


E mesmo nas daninhas, meu alento,
Transito entre o fantástico e o real,
Portanto se feroz, tolo ou venal,
Nas tantas variáveis me sustento.

E bebo em goles fartos, outros dias,


Trafego em dissonantes maravilhas
Porquanto novos mundos sempre trilhas
Sabendo desde o eterno as melodias.

Infinitas verdades num só passo,


Num limitado espaço o mundo eu traço.

A. J. C.

AO INSIGNE POETA ANTONIO GONÇALVES


DIAS4

SONETO
Dias filho de Apollo, às Musas dado;
Hés do Pindo Ornamento, varonil:
Tu honras o Império do Brasil,
Como tem estro sublime; e delicado.

Teu nome no Parnaso está gravado,


40
Ali, serio teu Merito, de buril;
Atama o sculpio, com mãos subtil;
E ficou por memória, Eternizado.

Tem teu estilo, o cunho da grandeza.


Teu canto tem, á suave mellodia;
Reanimas com graça, a natureza,

Força de imaginação, com harmonia,


Ingenho, suavidade e delizadeza;
Expreção que arrebata, que extazia.

Aaron Paul Arsene Pestana Torma5

Canção do exílio
Porto Alegre e Genebra,
mundos diferentes.
Continentes;

4 Publicador Maranhense – Maio 1849, Edição 813, Poesias compiladas por Leopoldo Gil Dulcio Vaz.
5 Aaron Paul Arsene Pestana Torma – Genebra - Suíça - 03 de maio de 1995. Estudante do Ensino Médio do
Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS. Secretário Social e Membro Efetivo da Academia de Letras Machado de
Assis, Porto Alegre/RS, Cadeira 22, Patrono: Alberto de Oliveira; Associação Internacional dos Poetas del Mun-
do; Academia Virtual Sala de Poetas e Escritores; Balneário Camboriú/SC, Liga dos Amigos do Portal CEN, Praia
Grande/Portugal. Coautor do Romance Interativo “Uma história de amor!”. E-mail: tormiaaron@hotmail.com
aromas;
olhares...
Belezas distintas, distantes.
Pessoas... longe;
cabeças mudadas;
cabeças conservadoras;
cabeças liberais.
América... Europa...
Aqui e Lá,
riqueza e batalha;
virtudes e atitudes;
não muito, todos somos gente.

Abilio Kac6

ANTES E DEPOIS
Minha terra tem palmeiras
onde canta o sabiá...
Poetava Gonçalves Dias.
Nos dias de hoje, se vivesse,
mudaria sua poesia:
Minha terra tinha palmeiras
onde cantava o sabiá...
41
Devido a queimadas, desmatamento,
palmeiras se vão a cada momento
e o sabiá, triste ao relento,
á não consegue mais cantar!

ETERNAS HOMENAGENS
No Maranhão, sua terra-natal,
bem como em outros estados,
Gonçalves Dias foi homenageado.
Seu nome encontra-se
em ruas, avenidas, praças
e até mesmo em navio.
Gonçalves Dias , imortal,
está no coração do povo
e na alma da Literatura Nacional!

6 Abilio Kac - Rio de Janeiro – Rio de Janeiro – Brasil - 01/09/1937. Poeta, trovador, sonetista, cronista, contista
e escritor. Possui 20 livros publicados e trabalhos literários em numerosas antologias. pertence a várias entida-
des literárias no Rio de Janeiro, sendo o atual Presidente da União Brasileira de Escritores (UBE). Oportunidade
de contribuir e agradecer por me fazer lembrar os tempos de criança, onde de calças curtas na escola pública
declamava as poesias de Gonçalves Dias, o maior Poeta Brasileiro.
Ada Barcelo7

A ANTONIO GONCALVES DIAS


Desde hace siglos perdura
intemporal, sin fronteras,
aquella voz que murmura
sobre el viento en las palmeras.

Romántico ipé amarelo


que en su exilio ha convertido
en canto, lo que sufrido
en sus noches de desvelo.

Y en una dulce elegía,


la revive al susurrar
a su Amelia en el cantar
de la más honda poesía.

A Brasil y a su mestiza
estirpe que siempre honró,
en sus obras se divisa
lo que el tiempo no borró.

Bajo ocaso carmesí,


42
se menean lisonjeras
 en Maranhao las palmeras,
cuando canta antonio allí.

“Hoy ha muerto un Poeta”


A Antonio Concalves Dias, Poeta de Brasil

Ha muerto un poeta,
y sus versos en solitario
son pájaros desesperados
buscando en el silencio
seguir sus pasos mutilados.

El incendio de sus pensamientos


ha caído por siempre
en la indiferencia del tiempo
vencidos y cansados.
Los obreros del campo,
los niños, los humildes
se quedaron sin la voz

7 Ada Barcelo - San Javier – Misiones - Argentina - 15 de febrero de 1947. Radicada en Mendoza. Obras poéticas
publicadas: Canto a la ternura l, ll y lll, Paisajes Interiores, Antología Poética y Tiempo de Luz. Obras narrativas:
Agridulce, Huellas. Ha obtenido premios provinciales y ha sido jurado de concursos provinciales. Ha participa-
do en ferias bibliográficas provinciales, nacionales e internacionales. En el 2011 obtuvo el premio Mujer del
Año en Letras, Houston Texas, EE UU. Página oficial: Adabarcelo.com Facebook, Ada Barcelo Escritora.
del hombre enamorado
del canto a su Amelia
del romance truncado.

Hoy ha muerto el poeta


Don Antonio Concalvez Diaz
misterio el de su destino
partir solo con su muerte
y sus versos prendidos
de su pecho quieto.

Fatal naufragio,
y sus palabras rotas
se acallan en los rincones
de un cuarto en penumbras.
Huérfanos de presentes
se han dormidos sus versos
mientras vuelven a su tierra
sus pasos lentos.

Tal vez en su entrega,


prendidos de una estrella
entre palmeras dormidas,
los duendes aquietados de la noche
43
alimente en sus versos silvestres
la sal de su existencia
vuelva el verbo a crecer
en la piel de otros poetas
reflejo de su destino.

Adalberto Caldas Marques8

CANÇÃO DE MARTÍRIO
Minha terra tinha palmeiras
Onde cantava o sabiá
Hoje elas viraram mesa
Em uma sala de jantar.

As aves que aqui gorjeavam


Agora gorjeiam por lá
Pois a mata foi devastada
E não tem mais onde morar.

8 Adalberto Caldas Marques - Rio de Janeiro – RJ – Brasil - 07 de março de 1979. Tem textos publicados em
alguns sites literários e participação em diversas antologias, sendo um dos ganhadores do II Prêmio Literário
Canon de Poesia 2009. Lançou seu primeiro livro solo “Brincando de Poesia” durante a Bienal Internacional do
Rio de Janeiro de 2009. e-mail: adal.rj79@gmail.com .
Nos riachos de águas claras
Aonde guri ia me banhar
Hoje parece que por milagre
Sobre suas águas posso andar.

Com meu filho me preocupo


Que futuro ele terá?
Se continuarmos desse modo
Onde nós vamos parar?

Adélia Einsfeldt9

Gonçalves Dias
Na lira do teu
canto
encanto
da bem amada
de olhos
verdes
além-mar

diz por onde


andas
44
busca entre
as ondas
no canto
das sereias

o teu amor
como flor
na dor
machucada
apertada entre dedos
esquecidos
de viver.

9 Adélia Einsfeldt, Porto Alegre – RS – Brasil - 13/04/1934. Membro vitalício da IWA – International Writers and
Artists Association (USA). Lançamento do seu livro infantil “Animais se Divertem” na Feira do Livro de Porto
Alegre – RS em 2011. Sócia efetiva da Sociedade Partenon Literário. Participação em várias antologias e ven-
cedora de concursos literários. Integrante de grupos de poesia e performance.
Adelia Josephina de Castro Fonsêca10

Ao Snr. Dr. Antônio Gonçalves Dias11


Lendo teus versos mimosos,
Primos cantos maviosos,
Ao Senhor graças rendi;
Sim, fiquei-lhe agradecida
Por dar-te o berço da vida
No país onde eu nasci.

No teu canto há tal brandura,


Há tão melíflua doçura,
Que do céu vindo parece;
Parece dele emanado
Esse gênio sublimado,
Que á tua mente esclarece.

Eu, Poeta, te bendigo


Por seres fiel amigo
Da terra do meu amor;
Por louvares as palmeiras
E as aves brasileiras,
Eu te bendigo, Cantor.
45
Bendigo a voz soberana
Dessa lira americana,
Que o prazer me infiltra n’alma,
Quando diz que, na lindeza,
Essa terra portuguesa
Á de Cabral cede a palma.

Da nossa pátria querida,


Pintas nos bosques mais vida,
Nas várzeas pintas mais flores;
Pintas no céu mais estrelas,
E nossas vidas mais belas,
Mais abundantes de amores.

No teu canto há tal brandura,


Há tão melíflua doçura,
Que do céu vindo parece;
Parece dele emanado,

10 Adelia Josephina de Castro Fonsêca – Salvador – BA – Brasil - 24 de Novembro de 1827 e faleceu no Rio de
Janeiro em 9 de Dezembro de 1920. Publicava poemas em periódicos e livros e foi colaboradora do “Almanach
de Lembranças Luso-Brasileiro”, lançou em 1866 o livro “Echos da minh’ alma”. Foi para Adelia que Gonçalves
Dias dedicou o poema “A uma poetisa”, publicado entre os “Cantos” de 1857. Que foi republicado pela poetisa
nos seus “Echos da minh’alma”.
11 FONSÊCA, Adelia Josephina de Castro, Echos da minh’alma, Salvador, Typ. Camillo de Lellis Masson, 1866, 43-
47.Poesias compiladas por Weberson Fernandes Grizoste - Jauru – MT – Brasil - 27 de Junho de 1984.
Esse gênio sublimado,
Que á tua mente esclarece.

Esse autor da –Harpa do Crente,


Que nos diz tão docemente
Do desterrado as tristezas;
Esse Poeta estrangeiro,
Louvor teceu verdadeiro
De tua musa às lindezas.

Ele, ó Vate, conheceu


Que tinhas no livro teu
Toda a tu’ alma entornado;
Ora ardente, impetuosa,
Ora sentida e queixosa,
Carpindo azares do fado.

Eu creio que Deus te ensina


Essa linguagem divina,
Em que aos anjos soe falar;
Só Ele o gosto te inspira,
Com que vibras essa lira,
Que tanto sabe encantar.
46
Torrentes de poesia,
De suave melodia,
Das cordas dela derramas,
Descrevendo os atrativos
De olhos negros, expressivos,
D’esses olhos que tu amas;

D’esses olhos, que de amores


Dizem tão lindos primores,
Faliam com tanta paixão;
Ás vezes quedos brilhando;
Outras vezes abrasando,
Qual incendido vulcão!

Esse teu canto gentil


Tenho lido vezes mil,
Vezes mil tem-me encantado;
E bem feliz me sentira,
Si, como tu, possuirá
Engenho tão elevado.

Si ouvisse Deus minha prece,


Si conceder-me quisesse
Um engenho igual ao teu,
Voz como a tua tão pura,
Que deixa ouvir na doçura
As harmonias do céu;

Quando o teu gênio, Poeta,


Visse, veloz como a seta,
Do céu as portas transpor;
Quando unisses lá teus hinos
A esses cantos divinos,
Que se entoam ao Senhor;

Teria, como desejo,


Seguido o rápido adejo
De teu estro na amplidão;
Transbordando de alegria,
Com ele penetraria
De Deus na sacra mansão!

Lá co’os anjos entoara,


Em voz, como a d’eles, clara,
Mil louvores ao Senhor;
Depois, ao teu gênio unida,
Cantara a pátria querida,
A terra do meu amor.
47

Adilson Roberto Gonçalves 12

Palmeiras que se espraiam


Goethe inspirou-te a cantar a terra das palmeiras
citando a Itália de brilho, de sol, de cítricos.
Mas ele queria para lá fugir das germânicas asneiras,
mesmo que valorizassem seu trabalho, os críticos.

Teus versos inspiraram em além-mar o hino;


brasileiros os cantam sem perceber talvez
que na inspiração os bosques não estavam a sol a pino
e ao sul, nos desejos do alemão, tiveram vez.

Os fatos tirariam hoje o torpor da trigueira noção?


No exílio recente, na plúmbea ditadura do pesar,
imagine quantos cantaram esta tua canção,
cantando as saudades do falar e do livre pensar.

12 Dilson Roberto Gonçalves - Pedreira - SP – Brasil - 5/6/1967. Residente em Lorena-SP, Brasil. Professor univer-
sitário, membro da Academia de Letras de Lorena e do Clube dos Escritores Piracicaba. Possui poemas, contos
e textos curtos publicados em antologias. Escreve uma coluna semanal no Jornal Guaypacaré de Lorena sobre
ciência, tecnologia, educação e questões ambientais.
Aglaure Corrêa Martins13

ENCANTO
Os olhos da noite deitados no mar
tão negros os teus olhos me pus a mirar
encanto terreno, de céus , os teus olhos
são negros segredos que quis desvendar.

Um porto, um cais, os teus olhos negros


negrume que embala eu nau ao luar
desperta desejos os teus negros olhos
e afagam os sonhos que vivo a sonhar.

Olhos tão negros os teus belos olhos


tão doces, serenos, que vivo a fitar
estrelas que bailam na pele do mundo
reluzem teus olhos um mágico olhar.

Olhos que cantam a ode mais perfeita


em harpas e flautas e sopros celestes
olhos de amante de musa faceira
n’alma a poesia que o olhar enternece.

PÁTRIA AMADA
48
É Terra de amores de campos floridos
do canto de pássaros, do sabiá canoro
do verde mais verde e do anil infinito
gorjeio tão puro que é homilia que oro.

É Terra de encantos e de noites mil


de palmeiras que adornam as várzeas da vida
de estrelas garridas q’enfeitam os céus
minha Terra Brasil é beleza infinita.

TRAJETÓRIA
Foi no mês de agosto lá no Sítio Boa Vista
Que nasceu Gonçalves Dias o poeta indianista
Maranhense literato, advogado e professor
Renomado escritor, competente jornalista
Estudou em Portugal foi um grande romancista
Ainda participou de grupos medievistas.

À pátria retornou, morou na capital


Lá conheceu um amor sem igual
Ana Amélia foi à musa que tanto o inspirou

13 Aglaure Corrêa Martins - João Pessoa – Pb – Brasil - 16 de agosto de 1966. Fisioterapeuta graduada pela Uni-
versidade Federal Da Paraíba – UFPB, especialista em Fisioterapia Neurológica e especialista em Educação
Infantil, atua na área de neuropediatria. Poeta de alma e coração, publicou em 2008 REVELAÇÕES seu primeiro
livro de poesias.
Mas foi por preconceito q’esse amor fracassou
A família da eleita, pedido refutou
O poeta entristeceu e por ele não lutou.

No Rio de Janeiro no mesmo ano casou


Olímpia da Costa sua esposa se tornou
Nos quatro anos seguintes p’ra Europa viajou
Voltando ao Brasil para o Norte ele rumou
O poeta adoeceu, voltou ao estrangeiro
Foi à saúde tratar esse grande escudeiro.

No navio Ville de Boulogne viajava o poeta


Vinha frágil e acamado, era longa a espera
O navio naufragou na costa brasileira
Perto do Maranhão, chorou nossa bandeira
Exceto o poeta, a tripulação se salvou
Preso ao leito esquecido a morte agonizou.

O poeta não morreu porque poeta é eterno


Gonçalves Dias sempre será bem lembrado
Nordestino letrado é nosso vivo legado
Orgulho de nosso povo, é irmão confraterno
Poeta indianista, da poesia memória viva
É o nosso mais nobre laço, ser coeterno.
49
LAMENTO
Ah meu doce encanto
quanto te quis e não pude
venho velando meu pranto
nesse martírio tão rude.

Só Deus sabe o que sofri


quantas lágrimas derramei
noites e dias me perdi
nunca mais me encontrei.

Amor perdoa se pequei


não foi por covardia
foi tão grande a agonia
meu coração quebrantei.

Quis te proteger, senhora


de toda maledicência
como sofri nessa hora
quanto bradei por clemência.

Não me ignore, imploro


eu nunca te esqueci
ainda por ti eu choro
pois quase enlouqueci.
Amar-te foi meu pecado?
O meu sonho, meu algoz?
O que fiz de tão errado?
P’ra silenciar minha voz?

Ah como te sonho ainda


nós embalados ao vento
n’uma alegria infinda
sem a dor cruel do lamento.

Amanajé14
A vida nos laça
meu bravo guerreiro
o tempo nos caça
como bicho feroz.

Com arco e flecha


coragem e raça
a alma é tocha
é garra e luz.

Nas matas, o norte


tacape na mão
desbrava a morte
50 guerreiro irmão.

Tamoios, Aimorés
E Nação Tupí,
dança o Toré
exalta Jací.

Pesca Guarací
com seus puçás
nutri curumim
com viva angá.

Oh bravo auá
sobrevoa o mundo
com lança em punho
liberta eçá.

14 Auá: homem, mulher, gente, índio.


Angá: afeição, ternura.
Amanajé: mensageiro.
Camuá: palmeira de caule flexível, cheia de espinhosos.
Curumim: criança
Eçá: Olho. Os olhos. Ver. Espiar.
Guaraci: O sol.
Jaci: A lua
Puçá: de rede de pesca para siri ou camarão.
Tupi (1): povo indígena que habita(va) o Norte e o Centro do Brasil, até o rio.
Toré : Dança indígena‑
Agostinho Lázaro Pimenta Filho 15

Filósofo Gonçalves Dias


Onde estavas Gonçalves Dias;
Quando desejastes ser querido dum rosto formoso?
Planejando uma conquista, ou mentalmente no fundo do poço?
Onde estavas tu quando dissestes: Eu amo a noite solitária e muda?
Atormentado pelo sol de uma paixão, ou em depressão profunda?

Tens saudade da tua terra com palmeiras onde canta o sabiá?


As aves daí não cantam,
Não gorjeiam como as de cá?

De uma coisa tenho certeza, e isso até posso afirmar,


Quando pediste ao anjo do sono que preside tranqüilo,
Que ao anjo da terra não cedesse o lugar;
Certamente estavas em um sonho, na guarida do peito de
sua querida
Sem querer acordar!

Oh ilustre Gonçalves Dias, se a vida é combate que aos fracos abate,


Certamente aos guerreiros, militares ou enfermeiros,
Aos poetas ou carpinteiros, na verdade brasileiros que são bravos e fortes,
Só pode exaltar!
51

Agostinho Pereira Reis16

GONÇALVES DIAS 17
Certo que não morreu. Na realidade,
Embora o corpo seu descess ao Nada,
Vice sua alma palpitante em cada
Estrofe qie legou à humanidade.

Ainda ouço a vibrar, na imensidade,


A lira do Brasil mais afinada;
- Ora cantos risonhos de alvorada,
Ora sentidos cantos, cantos de saudade.

15 Agostinho Lázaro Pimenta Filho - São Luís – MA - Brasil. Fisioterapeuta, pós-graduado em Saúde da Família,
Bombeiro Militar, etc. Amo escrever pensamentos, poemas e música, tenho algumas poesias publicadas no
Recanto das letras inclusive nos livros Antologia dos Poetas Brasileiros nº 71 e nº 73, escrevi algumas músicas,
e arranjos para instrumentos de sopro...
16 Agostinho Pereira Reis - Alcantara – MA - Brasil. Jornalista e Poeta brilhante. Foi Tipografo e Funcionario Pu-
blico. Trabalhou em O Federalista, Campanha, sendo por ultimo redator e gerente da Pacotilha. Fundou com
José de Castro e Edgar Matos a Revista Paroplia. Polemista de largos recursos, vigoror e sereno. Foi membro
da oficina dos Novos.
17 MORAIS, Clóvis. TERRA TIMBIRA. Brasília: Senado Federal, 1980, p. 67; Poesia compilada por Leopoldo Gil
Dulcio Vaz – Curitiba – PR – Brasil – 1952; Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Universidade Estadual
do Maranhão.
Como se fora terno passarinho
Que canta, que solouça espaço em fora,
E recolhe silente ao pobre ninho,

Ele dorme, nos mares afinal descansa!


Dorme, poeta, a casta luz da aurora,
Que o teu nome nos viva na lembrança.

Agrario de Menezes

Pela noticia da morte do poeta18


Poetas! Daí ouvi lós ao lamento
Qu em montanhas de espuma as nossas plagas
Vem trazer, entre accentos dolorosos,
As gemedoras vagas!

Traduzi a linguam desses threnos,


Desse carpir infausto e sobrehumano:
Endentedei a expressão desses gemidos
Arraqncados ao seio do oceano!

Adevinha o profundo sentimento


Que a natureza em anciãs denuncia,
52
Como se das entranhas lho voassem
Os prantos de agonia!

Fallai às turbas, á nação, ao mundo,


Que já se presentil-o se inquieta;
Dizei que – remontou-se á Eternidade
O brazileiro inclyto Poeta!

Lá jaz no pego! Sepultura immensa,


Para esse immenso vate se offerece,
Como si outro sarcophago mais digno
Alhures não houvesse!

Assim o rei dos astros, caminhando,


Em despedida ao CEO, á terra, aos ares,
Procura e alcança os marcos do occidente
Na funda eterna vastidão dos mares

Ahi deve existir algum encanto...


Quem sabe? Ahi mais puro e mais (?)
É talvez o caminho que se abre
Aos pés do Omnipotente.

18 O Publicador Maranhense, agosto 1862. Poesia compilada por Leopoldo Gil Dulcio Vaz – Curitiba – PR – Brasil
– 1952; Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Universidade Estadual do Maranhão
Ah! Recebe-o Senhor!... Ou cedo ou tarde,
O genio é teu, aspira á tua glória!
Poetas, celebrai seu nome ilustre,
Erguiei-lhe um moimento, uma memória!

Aidil Araújo Lima19

Efêmero gozo
Eu vi o teu desejo por mim
E soube que mentia
Na minha agonia não atinei pra nada
Desejos intensos não se demoram
Vão se desfolhando pela noite
Desfazendo o silêncio da terra
Que se esconde sem testemunhar
Este meu sonho de engano
As flores acalentam
Com cheiros delicados
A manhã que se anuncia solitária
O amor que pensei que tu sentias
Foi como o orvalho
Que se desfaz ao sol
Despejando sêmens que perecem
53
E o amor onde encontro
Talvez seja o que Gonçalves Dias tenha dito
Oiço aí pronunciar
Essa palavra de modo
Que não sei o que é amar.

Alanna Verde Rodiguês20

Futuro de magia

O amanhã ia além de dormir e acordar!


Era um futuro de magias.
Que ele expressava em cada poesia.

Retratava seus ideais seus


Encantos, seu amor por sua
Terra os olhos verdes da amada
Em versos e melodia.

19 Aidil Araújo Lima - Cachoeira – Bahia – Brasil - 17 de dezembro de 1958. Professora aposentada. Recebeu o
título de Menção Honrosa do Concurso Literário “CLEBER ONIAS GUIMARAES”. 3º lugar do concurso literário
Arti-manhas. Concurso internacional primavera – 3 contos selecionados em 3º lugar. Concurso Literário Gue-
manisse – 3 contos premiados. E-mail – aidilaraujolima@gmail.com
20 Alanna Verde Rodiguês – São Luís – MA – Brasil - 26/09/2001. Pelo prazer de viajar no mundo mágico das
poesias e o mundo conhecer! Cursando: 5º Ano – Turma: C -EPFA Profª Shirle Maklene.
Em terra de grande batalha
Caxias saía vitoriosa, mas
A maior de suas conquistas nascera
Ainda ia!

Um simples homem se tornaria


Mas o acaso da vida!
Em águas reluzentes sua vida sumiria.

Albaneide Bezerra da Silva21

Olhos verde-amar
São verdes esses olhos
São verdes olhos de amor
Seus olhos tão verdes
Me dizem que estou
Mais que apaixonada
Pela cor esmeralda
Desse teu verde amor

São verdes teus olhos


e eu aqui a pensar
Na imensidão desse
54
Teu verde olhar

No espelho desses olhos


Contemplo-te com calma
O límpido espelho de tua alma
Que ora reflete o céu
Em suas límpidas manhãs
Ora reluz como fogos
Rasgando da noite a escuridão

Sãos verdes,sim teus olhos


tão ternos de amor
São cor de esperança
Em dias de bonança
Cheiram a verde-mar
Por isso, a ti confesso
Estou imersa em teus olhos
Inebriada com teu verde- amar

21 Albaneide Bezerra da Silva. Santa Luzia – PB - Brasil – 31 anos. Quanto a literatura possui as seguintes publica-
ções :Águas que saciam e No coração de Deus literatura evangélica, Brasil , 2 0 0 9 e 2010 s o b o pseudônimo
de Albaneide S Moraes. Participação em antologias p u b l i c a das: Antologia da Adoração e Palavras Sem
Fronteiras Email : baneide@hotmail.com / neidinha.bsm@gmail.com
Ah,afoguei-me na cor desse verde mar
E ainda que o Gonçalves em seus Dias
A mim viesse falar que haveria Outros olhos
Mais verdes que o teu mar
Por certo, não me importaria
Ainda que fossem outros verdes olhos,
Não importaria, nem esperança teria
A não ser com esses teus ternos
E doces olhos, da cor verde
Do verde-amar

Alguns Dias do Gonçalves


O Romântico Gonçalves em seus Dias Também se pôs a poetizar
Longe de sua terra e de sua amada e em peito se pôs a mirar
Os encantos de sua terra Repletas de palmeiras a balançar
Então seu coração Se enche de novo Ao ouvir de novo
O canto do pequeno amigo sabiá
Em sua alma ele voltava ao regaço de sua terra
Enquanto seu peito anelava Ainda mais por sua Amélia
Ah, os versos arrancados, a alma ferida
A dor de tanto e tanto ter amado Sufocada pelo peso do Adeus
Ainda assim ele estava a poetizar
Mesmo Distante de sua amada e do povo seu
Seus sentimentos o traziam de volta Sim, ele estava sempre a voltar
55
Porém as ondas do cruel e bravio mar Ao poeta abraçaram
Não o deixando A sua terra retornar
Porém de longe ainda se ouve um canto
De todos aqueles que estão a voltar
Ao regaço de sua terra e sentem sua alma cantar
“Minha terra tem palmeiras onda canta o sabiá
Oh,meu Deus tu não permitas que eu morra sem a essa
Terra voltar”

Albertina Carneiro Arruda22

Última Viagem
“Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá.”

Voltaste.
Aqui estás de frente pro mar
no Largo dos Amores.
Ah! Os teus amores
em versos soubeste cantar!

22 Albertina Carneiro Arruda – Esperantinópolis –MA – Brasil - 21.05.1952. Graduada em Ciências Contábeis,
Letras e Filosofia. Poetisa, já publicou “Poesia-  Canto da Alma” e Viagem a Caminho de Belém pro Círio de
Nazaré (em ritmo de cordel. É membro fundadora da Academia Esperantinopense de Letras, Presidente para
o bienio 2012-2013.
Amor à pátria, à amada,
à natureza, à raça!
Cantaste o Maranhão
em toda beleza que existe
as palmeiras, as aves,
o céu estrelado,
os bosques, as flores
e tantos amores!
Voltaste para ouvi
o canto do sabiá
lá do alto das palmeiras
com o vento a balançar!
Querias encontrar I Juca Pirama
“guerreiro bravo e forte,
filho das selvas, do Norte
da tribo Tupi”.
Voltaste
continuas presente
a nos inspirar
o poeta não morre,
vira estrela,
seu brilho jamais acabará!

56
Alda Inácio23

Canção da pátria
Minha terra tem pomares,
Tem cascata e sabiá;
O povo que aqui vive,
É feliz aqui, ou lá.

Nosso céu tem mil estrelas,


Nos jardins têm muitas flores;
Nos bosques têm rica fauna,
Nos corações os amores.

Fico pensando nas noites,


No prazer que tenho aqui;
Minha terra, que alegria!
Onde canta a juriti.

23 Alda Inácio - Senador Canedo – GO – Brasil - 05/12/1952. Tenho 60 anos, sou gaúcha residente em Goiás,
acabo de publicar meu primeiro livro solo com o título “A vida na Bélgica” consequente aos 12 anos que vivi
naquele país. Tenho publicações de crônicas e poesias em algumas antologias. A última foi a poesia “Opus
Magnum da Serra” em homenagem aos 450 anos da cidade de Mogi das Cruzes em São Paulo. Atualmente
estou com trabalhos participando em concursos literários, livros infantis e romances. Email – alda_inacio@
hotmail.com
Minha terra tem de tudo,
Pau-brasil e maricá;
Tem raça de gente boa,
Que prazer isto me dá;
Minha terra tem florestas,
Tem madeira jatobá

Deus deu tudo a este povo,


Sob o céu azul anil;
Pra desfrutar a beleza,
Desta terra varonil,
Que nos deu Gonçalves Dias,
O poeta do Brasil.

Alexander Man Fu do Patrocínio24

Terra de Gonçalves Dias


Oh! Maranhão...
Solo fértil
Paisagem bela
Horizonte amplo
Lençóis de águas...
Deserto mágico
57
Natureza que se completa.
 
Caxias, a princesinha do Sertão
Terra de Gonçalves Dias
Nos seus versos
O amor, a esperança e os gestos
Deságuam nos abismos das experiências...
 
Ah! Grande poeta...
Caxias terra da cultura.
Ah! Grande poeta...
Naquelas terras
Sob os acordes do sabiá...
Poetaste.

24 Alexander Man Fu do Patrocínio Rio de Janeiro – Brasil - 19 de maio de 1972. Pós-Graduado em Psicopeda-
gogia – Graduado em Pedagogia pela UNISUAL – Membro do Instituto Brasileiro de Culturas Internacionais
(InBrasCI) – Member d’Honneur da Diviné Academie Française dês Arts Lettres ET Culture.
Alexandra Galvão da Rocha 25

CANÇÃO DO EXÍLIO
Para o meu Brasil
Quero um dia voltar
Aqui nesse país, preso,
Oh! meu Deus, não quero ficar.

Admirar o céu azul


A minha família poder encontrar
Estou com saudades de tudo, de todos,
Muita farra para farriar!

Essa saudade no meu peito


Um dia vai acabar
Ela me pegou de jeito
E não há como escapar.

Adeus país triste,


Para o meu Brasil quero voltar,
Ouvir o canto dos passarinhos
E deixar a vida me levar!

58
Alexandre Cezar da Silva26

Dias do povo
Querido leitor
Quero lhes apresentar
Um grande poeta brasileiro
Me dar orgulho de falar
Ele foi um dos primeiros
A encantar o Brasil inteiro
Com uma poesia sem par.

Por aqueles dias de agosto


Nasce o grande poeta nacional
De nome Gonçalves Dias
Outro o Brasil não teve igual
Nasceu na cidade de Caxias
Surgiu como um messias
Dono de uma poesia original.

25 Alexandra Galvão da Rocha - Bebedouro – SP – Brasil. Aluna da 7ª. Serie da Profa. Silvana Morelli - http://sil-
moreli.blogspot.com.br/2009/09/cancao-do-exilio.html; Poesia compilada por Leopoldo Gil Dulcio Vaz – Curi-
tiba – PR – Brasil – 1952; Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Universidade Estadual do Maranhão
26 Alexandre Cezar da Silva - Ocara – CE - Brasil – 18 de fevereiro de 1985. Desde a infância encontrou na poesia
uma fuga do marasmo da labuta diária. E-mail: alfa-romeo@bol.com.br.
Foi estudar em Portugal
Ainda na mocidade
Nunca esqueceu o lar natal.
Isso é uma grande verdade
Canção do exílio é magistral
A pura literatura nacional
O que nos enche de vaidades.

De Ana Amélia se enamorou


Isso pode-se confiar
Nunca puderam assumir
Que iriam sempre si amar.
Dias Viveu nesse eterno afligir
Pois nunca soube omitir
O desejo de com Amélia casar.

Soube como nenhum outro


Cantar o Brasil em poesia
Se nossa terra tem palmeiras e sabiá
Também Gonçalves dias
Faz parte da cultura popular
Fez nossa terra brilhar
Enchendo-nos de Alegrias
59

Alexandro Henrique Corrêa Feitosa - Alex Feitosa 27

MINHA CANÇÃO DO EXÍLIO –


lembrando e dedicando a Gonçalves Dias
Na penumbra desta noite-ausência
contemplo-te uma vez mais distante
Oh! minha amada São Luís...
Minha terra de Gonçalves Dias!

Faço de mim pensamento


e viajo na brisa/carícia
que me chega
do teu mar
tuas ladeiras
telhados e azulejos
escadarias e becos
teus (en)cantos...
tudo ares benfazejos.

27 Alex Feitosa - Alexandro Henrique Corrêa Feitosa - São Luís – MA – Brasil - 14. 11. 1970. Graduado em Psi-
cologia (UFMA-1997), pós-graduado (em nível de Especialização) em Gestão de Pessoas (Uniasselvi-2010).
Estudante de Direito (CEST). Classificado/premiado em concursos de poesia (Rotary Club, Aliança Francesa),
redação (Fundação Bradesco, Fundação Joaquim Nabuco), e pesquisa estudantil (FAE-Fundação de Assistência
ao Estudante). Atualmente, labora na área de RH.
São Luís...
Tu estás em mim
como eu estou em ti.

Aqui deste mirante interior


do cimo desta ladeira/sobrado/eu mesmo
as estrelas me refletem em São Marcos...
A lua me cintila em saudades...
E abro os braços para te acolher
abraçada ao meu peito, Ilha querida...

Minha terra de Gonçalves Dias!


Calhau, Ponta d’Areia, Olho d’água...
Teus bairros, ruas e praças...
Rostos amigos – o Sousa, no Reviver...
lembranças que não esqueço
e em mim sempre hão de viver.

Parece ontem – ainda lembro


pequeno, criança de calção empoeirado.
O Parque XV de Novembro – a extinta vila...
Olhei em teus olhos, Beira-Mar
dos meus Amores... me vi em ti espelhado
e te dei... Mais uma vez Adeus!
60

Lembras...
de quando nos conhecemos?
Estavas LINDA, bronzeada ao sol da tarde.
Corrias conosco até à Pracinha
e marulhavas no Cais... frente ao Palácio.

Eu? Eu era todo alegria...

Minha terra de Gonçalves Dias!


Naquele tempo...
Até teus abandonos me eram tudo Poesia!
Na calmaria de um banzeiro
que quebrava lá pista de asfalto
por baixo daquela ponte...
Eu entregue às brincadeiras de menino...

Meu peito ainda acelera:


é a tua voz
que me chama
que me encanta
que me inflama...
Tu me amas
E eu te amo
Quero ser teu.
Eternamente teu.
Que os meus olhos te sintam
sempre LINDA!
Minha pele saboreie o orvalho de tuas noites
e o meu ser se extasie na sinfonia
de tuas manhãs...

Sou teu filho, sou teu fã.


Protegido em teus mistérios
me abandono em teu regaço.
E ao tocar tuas mãos/nuas/ruas...
seguro firme em teu (a)braço.

E assim sentindo
O calor de tua presença/ausência/saudade...
Aspiro que sejamos a um só tempo
o mesmo peito, a mesma paz e alegria...
Oh! minha terra de Gonçalves Dias.

Alfred Asís28

Naufrago
61
Naufragaste un día incierto
mas, tus letras quedaron por siempre
Fuiste a navegar entre letras y el mar
y germinaron en la montaña
en las selvas
y en el alma de la creación...
 
Los escenarios se abrieron
para dar paso a tu obra
Cuantos que te amamos
al conocer tus letras
hechas palabras que resuenan
en las praderas imaginarias
de nuestros sueños...
 
Una a una tus escenas
fueron naciendo después de tu muerte
quedando para las generaciones postreras

28 Alfred Asís – Santiago - Chile - 1951. Después de 40 años viajando por Chile, investigando y versando en las
escuelas del país, se transforma en sedentario, instalándose a vivir en Isla Negra, junto al espíritu de Neruda.
Desde ahí se comunica con los cinco continentes en la red mundial de Poetas con los cuales lleva adelante
proyectos mundiales, solidariamente para generar oportunidades a los emergentes en las letras, junto a los
niños y consagrados. Al terminar tres obras mundiales en conjunto ya trabaja en la cuarta convocatoria para
generar un libro de más de mil páginas que llevará el homenaje a MIGUEL HERNÁNDEZ, Poeta del pueblo de
España. Tiene 16 libros editados. Clama por eliminar los egos de quienes creen que el mundo es solo para
ellos, generando instancias de partición incondicionalmente por una humanidad mejor.
que hoy en día alaban tus escritos
y siguen resonando en los ámbitos estelares
para el placer de una mirada
que atiende a tu perseverancia
más allá de las distancias
más allá de las fronteras.
 
Llegaste a las costas del sur
después de tu travesía por Europa
Besaste las arenas del mar
en tu último suspiro
El océano dejó tus palabras
en sus olas agitadas
para albergarlas por siempre
desde el ocaso a la alborada.

Gonçalves Dias
Poeta
de verde bandera
como verde las esperanzas
y el verde de tu amazonas…
Transitaste
caminos difíciles
No cejaste
62
en tu cometido
Tus letras nacieron
y alumbraron tu sendero
mientras, elevaste plegarias
al cielo.

Poeta Gonçalves
De obra romántica
no perecible
De batallas
concebibles
Maestro
Irradiado por acústicas del tiempo
Devoción
y estudio determinado
Evidente
ante el amor, ante la muerte
Sollozado
por amantes dispersos
De semblante duro
seducido y ofrendado
Poeta, singular
universal en la palabra
de nuestras manos…
Último viaje
En Brasil
En Portugal
Estudios y un vendaval
Poeta constelado
cuanto mar, cuantas lunas
cuantos tiempos lejanos
se escondieron en la bruma
Cuantas brisas marinas
y tu lecho de muerte
Cuantas esperanzas
peregrino del amor
sucumbieron tempranas…
Cuantas ilusiones
en tu equipaje del alma
y cuantas letras
que hoy te acompañan…

VERSASÍS I
Poeta
del mar
a tu gesta
para siempre aquí estar
Siembras generosas, tus letras
63
cosechas del tiempo
como retretas
viento.

Aline Fernanda Moraes da Silva Cantanhede29

GONÇALVES DIAS
Gonçalves Dias ele era poeta
É assim que se liberta.
Gonçalves Dias é o nosso interesse
É a nossa saudade é uma paisagem.

Gonçalves somos nós


E você lutando para o Maranhão crescer.
Gonçalves era um escritor
Trabalhava com paz e amor.

Gonçalves é orgulho
É a nossa paixão,
Ta no coração
E no Maranhão

29 Aline Fernanda Moraes da Silva Cantanhede - São Luís – MA – Brasil - 13/11/2000. Motivo da participação: Eu
gostaria de participar da antologia para prestar uma homenagem a Gonçalves Dias que é poeta do Maranhão
que tem riquezas e belezas impressionantes
Aliquanto30

Ao povo maranhense No dia da inauguração da estátua


do seu maior poeta lírico Antonio Gonçalves Dias em
7 de Setembro de 1873
«Comme l’age future jugez les monuments»
(Lemercier)
I
Não, ele não morreu: seu gênio e glória,
remidos do letal esquecimento,
irão em duradouro monumento
dos evos á mais longínqua história.

Enquanto de seus versos a memória


o povo conservar no pensamento,
seu nome soara como um portento
nas tubas de alta fama meritória.

Não, - ele não morreu:- na pedra dura


em que o ides ver, qual sempre foi,
não se pode cavar a sepultura.

N’esse mármor que o tempo não destrói,


exemplo às gerações, – lição futura,
64
o vale viverá sagrado herói.

II
Eia pois – a vida! – sus!
Corra-se o tétrico véu,
e venha a nós o poeta
na luz que nos vem do céu.
……………………………

III
Ei-lo erguido na peanha
que o amor nosso lh’ergueu
contemplando o céu e sol
das terras em que nasceu!

Ei-lo revendo as palmeiras


onde canta o sabiá,
desfrutando esses primores
que só encontrava cá.

30 Leal, Henriques, Pantheon Maranhense, São Luís, 1874, p. 564-566. Poesias compiladas por Weberson Fer-
nandes Grizoste - Jauru – MT – Brasil
Ei-lo ali no duro mármor,
que o tempo voraz não rói;
vede-o, e dizei aos evos
– não morreu; - sagrou-se herói.

IV
E vós, palmeiras da pátria,
estrelas, várzeas e flores,
bosques em que ele achava
maior vida e mais amores;

e noites em que cismando


mais prazer sentia cá,
– sede propícios ao mármor
do cantor do sabia.

V
E tu, estátua, que mostras
D’este povo a gratidão,
vive e perdura enquanto
perdurar o Maranhão.

Allan Santana Santos (DuSanto)31


65

Memórias de Juca pirama


Sabia lá
Que pela estribeira
Haveria de encontrar
O saudoso sabiá
A cantar da sua palmeira?

Foi Marabá
Lá no meio da pavuna
Que com sorte e fortuna
Encontrou a meditar
O grande chefe Itajuba

Em pé-de-guerra
Debruçado num regato
Itajuba ali parado
Pede trégua ao Gamela
Que deseja o pai vingado

31 Allan Santana Santos (DuSanto) – São Félix – BA – Brasil. Foi militar, professor, gestor e empreendedor, mas foi
nas artes, sobretudo a literatura, a linguagem que escolheu para se expressar. Livre pensador, passou a assinar
DuSanto, como forma de despersonalizar sua obra e atribuir-lhe uma opção estética que tende à reflexão e ao
intimismo.
Ainda lá
Como que num vaticínio
O sabiá canta o exílio
Em dueto com Croa
Consolando o chefe índio

Já Gurupema
Desejando guerrear
Vê na morte despertar
O fantasma de Coema
Que não cansa de esperar

Mas Itajuba
Que não perde a temperança
Tem na morte a esperança
De rever a tribo junta
Na sonhada pindorama

Almerinda Abrantes Gomes Ricard32

A Gonçalves Dias
Volta, Poeta!
A saudade falou mais forte
66
Do que tudo o mais
Em terras estranhas!

É fundo o teu exilio!


No pensamento e na saudade
Escutavas o cantor de teus sabias
Inovando melodias,
Acompanhando teus versos de amor
A dançarem no farfalhar saudoso
De milhões de palmas verdejantes
Desta terra que ouviu os teus primeiros vagidos

E pensavas...
E repensavas...
Teu tudo está aqui!
E vieste! Doentinho...
Quisestes deixar teus últimos suspiros
No teu Brasil querido!

Por acaso... o mar...


Este imenso mar de belezas e de amarguras
Acolheu-te no seu seio,

32 Almerinda Abrantes Gomes Ricard - Guimarães – MA - 24 de julho de 1930, é professora aposentada e mora
em Victoriaville, na Província do Quebec, Canadá há 40 anos. Já escreveu três livros, “Fala-me de Alice”, “
Recordando Monsenhor Estrela” “ Lembranças “ além de autos de Natal, poesias, poemas e crônicas.
Embalando teus derradeiros ais
Nas águas do teu Maranhão,
Num cantinho de minha cidade –
Guimarães

Lá na Ponta dos Atins


Entre o trinar mavioso desses pássaros
Que enchem o espaço de novos rebentos
Saindo em revoada
Alegrando a natureza!
Dali teu espirito voou para
Os braços de Deus!

Para Ele tu cantas Sua grandeza


O seu amor
Num agradecimento profundo
Pelo precioso acervo em versos
Que legaste ao mundo

Versos que nos falam de ti


Enobrecendo teu solo pátrio
Do qual te orgulhas.

É a tua memoria
67
Solidificando gerações!

Aloisio Andrade33

ALVÍSSARAS PARA GONÇALVES DIAS


Selva versos românticos
Indianista primeiro cordelista
Brasileiro
Brasil pátrio canta
Quando estandarte eleva-se
Nossos bosques têm
Mais vida
Nossas vidas mais
Amores
Guerreiro Gonçalves sabiá
Todos os dias você

33 Aloisio Andrade - Ubaitaba- BA – Brasil - 10/04/1957. Autor,ator e Diretor. Participou  da antologias Cacimba
I e II  São Paulo.” Antologia Os novos poetas da Bahia,”  Publicou: “ Cantiga de Rosa e Diário do Interior” .Atu-
almente escreve, dirige e atua em curtas.
Aluizio Rezende34

Juca Dias
De Gonçalves
não quero os dias,
quero a vida toda
que I-Juca-Pirama levou,
até que o invasor a tirou
(pra matar)

Dias terra
o poeta não pode
ser apenas sangue,
suor e lágrimas,
tem que ser terra,
 
de “palmeiras
onde canta o sabiá”

Álvaro Urubatan Melo35

GONÇALVES DIAS
Tu cantaste um povo puro
68
Habitante das florestas
Generoso, sem perjuro
Na labuta, como em festas.
 
Se tupis, tupinambás
Pouco importa fosse a raça
Exaltaste com a graça
Dos que são de Jabotás.
 
Defensor intransigente
Com impávido labor
Promoveste nobre gente.
 
Tu notável bravo vate
 Ensinaste com ardor
 Que se vence com combate

34 Aluizio Rezende - Rio de Janeiro – Brasil - 14/09/1947. Cursou Letras e depois Engenharia Civil. Livros publi-
cados: Esperar Ainda Uma Vez (2005), Desejos Descalços (2006), Descaminhos (2007), Fui no Tororó... Beber
Água, o Sonho Achei (2008), EntreCantos (2009), 14 Versos (2010) e Espasmos e Espumas (2012). Publicado
em antologias de prosa e de poesia e várias vezes premiado em concursos literários. Fundou o Movimento
Cultural POVEB (Poesia, Você Está na Barra) que existe há 6 anos no Rio de Janeiro, Brasil.
35 Álvaro Urubatan Melo – São Bento – MA – Brasil - 14 de abril de abril de 1940. Autodidata, cursou o primário
no Grupo Escolar “Mota Júnior”, São Bento – MA; e o ginásio incompleto- Colégio São Luís – MA. Como ativi-
dade profissional, foi funcionário concursado do Banco do Estado do Maranhão S.A, exercendo subgerência
de São Bento, gerências de Zé Doca (instalador), Pedreiras, Timon (instalador), João Paulo e São Francisco,
aposentado na última letra.
Amâncio Ferreira Silva Júnior36

Cais da saudade
Suspiros à beira do cais
De saudades Gonçalvianas
Poeta eterno na morada do amor
No Largo do amor e da dor
Por que partir se tua alma é tudo o que existe aqui?

Ilha bela como o sol


Horizonte marcado de amor
Corações vestidos de sol

Amor que se põe no peito


Sol que pulsa na vida
Sente a vida, brilhando
Contempla o sol, amando

Ilha bela como vida


Corações marcados de amor
Horizonte vestido de sol

Amanda Suely Brito de Sousa37


69

O POETA E SUA HUMILDADE


Um simples poeta nasceu com o coração cheio de sentimento, era humilde,
mas tinha força e muita garra, estudou para um dia varias poesias criar e
em nosso coração pudesse ficar.

Poeta de verdade para sempre ser lembrado, como homem, cidadão caxien-
se e amante da vida e da sua terra!Sua vontade de criar, poesias para de-
monstrar belezas, amores, futuro e o modo certo de amar!

Morreu! Mas muitas saudades ficaram um grande poeta foi e poesia dei-
xou. Poesia verdadeira para serem lidas com carinho em nossa mente ficou!

36 Amâncio Ferreira Silva Júnior - São Luís – MA – Brasil - 15/05/1984. O autor é Bacharel em Ciências Sociais e
Licenciado em Sociologia pela Universidade Federal do Maranhão / UFMA.
37 Amanda Suely Brito de Sousa - Sãon Luís – MA – Brasil - 6/09/2001 - É o amor por criar poesias e expressar o
que sinto. Cursando: 5º Ano Turma: C – Profª Shirle Maklene
Amélia Marcionila Raposo da Luz - Amélia Luz38

Um poema para Gonçalves Dias


Da tua boca tirarei o verbo e me embriagarei
das tuas emoções e metáforas...
Da tua garganta tirarei a vida
e beberei o sonho, o desejo, a canção, o sumo,
a tua multiplicidade em profundezas...
Tirarei a cena, o palco, as luzes
o sentimento, o riso e a lágrima: o teatro!
Seremos então, nós mesmos,
eu e a tua fala, o teu gemido,
o teu discurso que tua alma exala...
Ouvirei palavras dispersas
vejo-te, no reflexo delas,
águas cristalinas que fluem
lapidando pedras disformes...
Afundarei num mar de emoções desconhecidas,
balbucios, sussurros, confissões e sermões.
Amanhã, o outro lado verei,
a lenda, o conto, a página, o drama, a poesia!
Viajarei na imprensa contraditória de cada dia
buscando-te sempre a companhia!
Silêncio... Há um vento estranho
70
Trazendo nas asas mistérios do norte:
“Guerreiros, descendo da tribo Tupi
Meu canto de morte, Guerreiros, ouvi.”...
É preciso reviver a palavra que brotou na madrugada
nos lábios inocentes do poeta que partiu,
girassóis de alegria, depois do despontar do dia
que arranca a treva das mãos da noite
celebrando e soletrando versos e rimas...
Eis a herança enraizada do fundamento
Que ora me deixas na expressão lírica,
Indianista, saudosista, religiosa,
Medieval ou épica das nossas puras tradições.
Poeta, “Ai, não me deixes, não!”
Que eu seja a tua flor e tu a força da correnteza,
Leva-me nas tuas águas, ah! (afundo), “Não me deixaste, não”!

38 Amélia Marcionila Raposo da Luz – Pirapetinga - MG – Brasil. Escreve contos, crônicas e poesias com premia-
ções em concursos literários em vários estados do Brasil, em Portugal, na Espanha, Itália e França. Participa de
antologias literárias e pertence a muitas entidades literárias. Trabalha na sua oficina abusando das palavras,
criando e recriando a vida. Formada em Pedagogia é professora.
Ana Claudia39

OH! QUE DIAS!


Eis que de tanto sofrer, de amor, de viver, ordenei,
Vou sobreviver à custa da incauta poesia,
Palinódia, efêmera e precária, a qual patenteei,
Vida, essa inútil chama, que a alma invade e angústia.

Tesouros em verso, que no papel, escondo e revelo,


Quando em meu peito, as dores silenciam seu grito,
Então são os dedos que exprimem todo o apelo,
Para que o coração não estanque mediante tamanho acinte.

Ó, que naqueles dias, poderia ter da vida, dos homens,


descrido,
Do amor, que foi dito ser o enlevo d’alma, ter dele me
perdido,
Mas entre todas as mais vis tragédias, não haveria pior do
que essa,
Pois desistiria de quem eu sou, se por medo, desistisse de lutar tal
guerra.
Não, não poderia ser por mim mesmo vencido, não há morte pior que
essa.
71
Como tantos,  tive nas mãos a mordedura do ingrato,
No seio a sangrar, a desilusão dos que fingem o amor verdadeiro,
Como poucos, saber vencer a infâmia de quem tem rendido por assalto,
Os motivos mais sinceros, e que ainda assim, tem, de fato,
A coragem dos que ousam ser eles mesmo, por inteiro.

Ana Cristina Mendes Gomes - Cris Dakinis40

PARECE-ME QUE SABIAS...


Parece-me que sabias...
Quando singravas em cantos
O doce enlevo do mar...
No versejar amoroso
À musa e à pátria, saudoso,
Poeta Gonçalves Dias,
Parece-me que sabias...
Que partirias no mar!

39 Ana Claudia – Nanuque – MG – Brasil - 28 de junho. Jornalista, professora, pós-graduada pela ECA/USP Mu-
lher, negra, escritora, apesar de nunca ter publicado uma única obra, escrevo por que essa é minha maior
fortuna.
40 Ana Cristina Mendes Gomes (Cris Dakinis) - São Pedro da Aldeia – Brasil - 13 de dezembro. Cris Dakinis é o
nome artístico de Ana Cristina Mendes Gomes, autora dos livros “Por Arte de Magia”, “Aos Distraídos!” e “Tá
Feliz por quê?”. Premiada por textos e livros no Brasil e no exterior, acadêmica correspondente da Academia
de Letras de Arraial do Cabo / RJ, escreve para sua página: www.crisdakinis.com
Viveste grande paixão
Por tua terra, tua amada,
Mas o mar corre mundos...
É água salgada, não doce,
Como se lágrima fosse
Recheio de poesia!
Parece-me, que sabias...
Poeta Gonçalves Dias,
Que constelar desilusão
Multiplica honrarias
Para além da terra-mãe
E se a Terra faz-se nação,
O mar recolhe a canção...
Em teu exílio constante,
D’alma, de poeta, de amante...
Parece-me que sabias,
Poeta Gonçalves Dias,
Que partirias no mar!

Ana Issa Oliveira41

Finalmente adeus
A última carta de Ana Amélia a Gonçalves Dias
72

Escrevo-te hoje minha despedida e meu coração parece em frangalhos,


tamanha a tristeza que antevê a saudade.
Tu, por tantas vezes, me observavas e, depois de julgado, sentenciavas... Crês
que eu não faria o mesmo contigo?
Pois agora sentencio eu, a tua amada, a exilada de teu amor, para que não
repitas os mesmos erros de antes, para que não te
julgues maior que a dor. Que seja então:
Preserva-te, protege-te, cuida para que não te machuques porque — ao
contrário do que insistem os néscios — tu tens uma alma. E nobre.
E a nobreza é frágil no meio desta selva em que nos enredamos.
Não te deixes iludir — como todos nós forasteiros bem o fazemos
mais hora, menos hora — pelo suave delírio de liberdade que esse
lugar proclama: não é de verdade.
Se te iludires, em pouco tempo estarás bebendo todos os dias e, daí, é um passo para
a corrupção dos valores pelos quais optaste reiteradas vezes em tua vida.
Cuida para evitar as pedras travestidas de humildade e sedução: ainda assim são pedras e te
impedirão de caminhar sem agravos... Mesmo tão
vivido tu não estás imune ao ressentimento.

41 Ana Issa Oliveira - São Paulo – SP - Brasil - 12 de junho de 1963. Cientista política na primeira graduação; Gra-
duada em Letras; Pós-graduada em Teoria da Comunicação; Profissional de redação e crítica de teatro infantil
no Caderno Letras da Folha de São Paulo, 1990; Micro empresária do setor de divulgação de títulos junto à
mídia impressa, 1991; Professora de criação e redação literária até 2011; Preparadora editorial da Editora
Novo Conceito.
Cuida para escapar de propostas extravagantes e de ideias afetadas: são só delírios de mentes
esvaziadas pelos excessos e preenchidas pelo interesse.
E sempre que estiveres no meio do turbilhão (tu hás de entender o que quero dizer
com turbilhão), pois bem, sempre que tu estiveres lá, volta ao teu silêncio, aos
teus livros, às tuas lembranças e sossega.
Faz isto por ti para que não te culpes depois por traíres a ti mesmo. Faz isto
por mim que sou brasa do teu mesmo fogo: se te machucares, machucas a
mim.
Lembra-te de que nosso tempo não existe e de que nosso sentido está
na memória, então eu sou contigo, sem lugar e sem hora.
Mas, caso este falatório não te sirvas de nada, caso tua experiência
te falte, caso te deixes levar — como eu mesma fiz por ti — e caso
a dor torne-se insuportável, por favor, não te transformes num
tolo. Não fiques resmungando e criticando as gentes. Aquieta,
porque a terra a que retornaste não é a mesma que tua
fantasia criou.
Não te irrites comigo porque escrevo palavras duras e não
me pareço mais com tua doce Ana. Tu, teu amor e toda
a vida me tornaram nisso... Enfim, limito meu rancor, agora, e
acalanto teus ouvidos com um pedido se, afinal, é possível fazer de um
sonho um pedido; peço-te que, apesar de todo o adeus, não te esqueças
de mim.
Guarda-me neste canto que tomei em teu coração e me retoma, às vezes,
para espargir, com teu olhar, o brilho para meus olhos. (E quem há de
73
dizer que não vivemos um grande amor!).

Ana Luiza Almeida Ferro42

Ó MARANHÃO
Naquela taba perdida no tempo
Numa terra de muitas palmeiras
Ainda vive um velho timbira
Em meio às sombras rasteiras.

Naquela taba sagrada de sangue


O timbira conservou a memória
Da coragem do guerreiro tupi,
Que do pranto se cobriu de glória.

Naquela taba encantada de morte


Encontro a vida que não vejo cá,
E o timbira reconta a narrativa
Dos feitos olvidados por lá.

42 Ana Luiza Almeida Ferro - São Luís – MA - Brasil - 23.05.1966. É Doutora e Mestre em Ciências Penais (UFMG),
licenciada em Letras (UFMA), Promotora de Justiça, Professora do UNICEUMA, Presidente da Academia Mara-
nhense de Letras Jurídicas, Membro da Academia Caxiense de Letras, Sócia do Instituto Histórico e Geográfico
do Maranhão e Membro de Honra da Sociedade Brasileira de Psicologia Jurídica. É autora de vários livros,
entre os quais Quando: poesias (2008) e Crime organizado e organizações criminosas mundiais (2009).
Naquela taba envolta em poesia
Não sei se ainda luta o moço,
Não sei se ainda canta o sabiá,
Mas lá não se abriu o fosso.

Ó Maranhão,
Tu não viste no horizonte o dejeto
Nas tuas praias inclemente aportar?
Tu não ouviste nas ruas o desvalido
Por um pouco de pão reclamar?

Ó Maranhão,
Por que dormes, terra tupi,
Por francos e lusos adotada,
Quando o sonho cabia em ti?
Não sabes o que leva o vento,
O que procura o mar encobrir,
O que se transforma em tormento?

Ó Maranhão,
Ó gigante de pedra e areia,
Que jazes no bosque a dormir
Como a presa inerte na teia,
Desperta de teu sonho distante,
74
Desce do mirante para a ceia.

Ó Maranhão,
Escuta o velho timbira na taba
Teu passado aos meninos lembrar;
Revive os dias de Gonçalves,
Teu poeta maior, sem par;
Sê brioso
Como o moço guerreiro;
Sê laborioso
Como o luso sobranceiro;
Sê garboso
Como o gaulês altaneiro,
Que um dia te quis
Possuir por inteiro.

Ó Maranhão,
Ó gigante de pedra e areia,
Desperta para o combate!
Conquista teu maior galardão!
Ouve o velho timbira
A inspirar o moço vate
Naquela taba de viva paixão.
O GIGANTE DO LARGO DOS AMORES
O que contemplas, ó vate divino?
o que procuras em cada sol poente?
nosso céu mais uma estrela ganhou
nossa vida, mais beleza,
nossa prosa, mais poesia
o coreto mais cobiçado ficou
a baía já se rende a teus pés
mas a tarde não traz refrigério
a noite sua mudez revelou
os sinos ainda dobram por ti
a marabá mais sozinha está
e o mar penitente se agitou
ao naufrágio de certo navio
nos baixios dos Atins.

O que divisas, ó mestre divino?


o que persegues em meio às alturas?
não viste as nuvens pesadas
o rosto do astro ocultar?
acaso não ouves o canto do guerreiro
os sons da trompa, as vozes em toadas
o canto do índio, a canção do tamoio?
acaso olvidaste o canto do Piaga
75
o rugir das tempestades carregadas?
não guardaste a lembrança
do moço tupi na taba timbira?
não sofreste cruas ânsias fundadas?
não ensinaste que a vida é combate
que os fortes apenas pode elevar?

O que cismas, ó artífice divino?


o que inspira a tua mão?
as visões do valente Tabira?
os maracás e os manitôs?
és agora o gigante de pedra
arrebatado de contida ira
quem há que te iguale?
quem há que te exceda?
quem há que te fira?
descansas em eterna vigília
não podes dizer derradeiro adeus
mil arcos se retesam em mira
mil setas se cruzam em tributo
mil poemas se doam em memória.
O que especulas, ó arauto divino?
o que buscas no incerto horizonte?
és mais alto que as altivas palmeiras
onde cantava o magistral sabiá
mais alto que a bela mangueira
onde se aconchegam as frutas useiras
mais alto que o Morro do Alecrim
onde muito bravo pereceu
estás bem diante das beiras
no centro da praça encantada
a cortejar Maria Aragão
tão longe das capoeiras
tão dentro do Olimpo
tão perto de Tupã.

O que eleges, ó favorito da Musa?


o que esperas da brisa inconstante?
afasta a tentação da mãe d’água
liberta-te do cruel Anhangá
desce do alto da palmeira
deixa para trás tua frágua
e vem cá desfrutar os primores
que não encontraste por lá
volta à era do corpete, da anágua
76
quando se morria de amor
vem desposar Ana Amélia
há cura para toda mágoa
no Largo dos Remédios
no Largo dos Amores.

Ó Gigante do Largo dos Amores


de pés imponentes sobre o mar
ouve meu canto, meu lamento
retoma a pena, fecunda o papel
põe a máscara, dedilha a lira
volve teus olhos sem tento
e desce para tornar a encher
com teus últimos cantos
meio paz, meio tormento
no leito de folhas verdes
nossa vida de mais beleza
ao sabor de cada momento
nossa prosa de mais poesia
nossos dias de mais Gonçalves.
Ana Luiza Fernández Alves43

Canção do exílio
Minha terra tem palmeiras
e, também, muitas estrelas
que, em outras cidades não há.
 
Minha linda Porto Alegre
não nos permite compará-la
com outra cidade qualquer.
Ela, além de ser charmosa, é maravilhosa,
pois exibe-nos um pôr do sol inigualável.  
 
Na capital gaúcha,
muitos sabiás cantam e encantam.
Como aqui, não há nenhum lugar!

Ana Luiza Nazareno Ferreira44

ONDE CANTA O SABIÁ?


Ah, meu poeta,
minha terra não tem mais palmeiras,
nem sabiá para cantar.
77
Só ficou a saudade de tudo
que um dia podíamos lá encontrar.
O progresso chegou,
destruiu nossos bosques,
nossas várzeas ficaram sem flores,
e morreram nossos amores.
O que fazer, meu poeta,
na terra que tanto amavas?
Nas noites iluminadas
não mais pelas estrelas,
nem lampiões a gás,
só a luz elétrica fria,
escondendo a luz da lua.
Viramos exilados
em nossa própria terra.
Nossos filhos não conhecem

43 Ana Luiza Fernández Alves - Santa do Livramento – RS – Brasil - 12 de fevereiro de 1993; reside em Porto Ale-
gre/RS. Filha de Rossana Fernández Rosa e Edson Ferreira Alves. Estudante. Membro Efetivo da Academia de
Letras Machado de Assis, Porto Alegre/RS, Cadeira 47, Patronesse: Dinah Silveira de Queiroz; Academia Virtual
Sala de Poetas e Escritores, Balneário Camboriú/SC; Associação Internacional dos Poetas del Mundo; e, Liga
dos Amigos do Portal CEN. E-mail: aninha_loka_93@hotmail.com
44 Ana Luiza Nazareno Ferreira – Sambaiba – MA – Brasil - 1º/02/1949. Professora Licenciada em Letras pela
Universidade Federal do Maranhão; Especialização em Semiologia Aplicada ao ensino da Língua e Literatura;
Professora de Português, Inglês e Francês em diversas escolas e cursinhos. Professora do PROCAD (Projeto de
Capacitação Docente) e PQD/UEMA –Curso de Letras. Professora do Curso de Especialização em Literatura
Infanto-Juvenil – UEMA
as belezas do teu tempo.
Aquela terra querida
que te enchia de orgulho,
cheia de palmeiras
onde cantava o sabiá,
ficou num passado bem longe.
Só nos restou o amor
por tudo que existiu,
e a esperança de um dia
encontrar novas palmeiras
onde cante o sabiá.

MEUS AMIGOS, EU VI...


Meus amigos eu vi
as lágrimas do poeta
molharem o chão
ressecado da tristeza,
da falta de ação,
do horror da miséria,
da violência ferina,
em um terra que outrora,
tão bela e tão fina,
gerava os amores
em uma simples canção.
78

Meus amigos, eu vi
os sonhos do poeta
virarem poeira,
zanzando perdidos
em nossas ladeiras,
soterrados no asfalto,
quebrando azulejos,
cavando nos mangues
pra achar caranguejos,
que o mar escondeu
em uma triste canção.

Meus amigos eu vi
seu nome virar praça,
cidade e rua;
praça sem trato,
palmeiras e lua;
cidade sem brilho,
pequena e sofrida;
só o nome do poeta
lhe dá um pouco de vida,
a enche de graça
em doce canção.
Meus amigos eu vi,
os sonhos do poeta
que veio de Caxias,
na certidão marcada
como Gonçalves Dias,
virarem cantigas,
histórias de guerra,
poesias, romances,
saudades de sua terra,
cantando os amores
em grandes canções.

Meus amigos eu vi,


e não me esqueci.

ENTRELAÇOS
Saudade,
exílio,
amores,
favores;
índios guerreiros,
Tupã
Piaga
timbiras
79
tamoios.
Ainda uma vez
adeus e paixão,
amor solitário
não se morre
de amor.
Y Juca Pirama
guerreiros ouvi
o canto de morte,
meninos, eu vi.
Lágrimas,
vida,
luta,
combate,
abate
o fraco,
exalta
o forte,
o bravo.
Poeta,
índio,
romance,
teatro,
hinos,
cantos de amor.
O belo,
o grande,
filho do pensamento,
meditação.
Ana Amélia,
amor perdido,
ainda uma vez
adeus
Gonçalves
salve
Dias,
poeta primeiro
verdadeiramente
maranhense.
Não me deixaste, não!

GONÇALVES DIAS E UM POUCO DE SUA OBRA


A saudade da terra,
“Canção do Exílio”;
O amor que não teve,
“Se eu morrer de amor”;
A paixão que se foi.
“Olhos Verdes”,
A despedida do amor,
80
“Ainda uma vez Adeus”.
A luta do guerreiro
“Y Juca Pirama”,
“O Canto do Piaga”
é “Meditação”
para “Os Timbiras”
na “Canção do Tamoio”.
“Um Anjo”,
“Beatriz Cenci”,
cantou “Marabá”,
no “Leito de Folhas Verdes”.
“Meu Anjo, Escuta”,
meu “Canto de Morte”,
“O Canto do Índio”
que “Seus Olhos” não viram.
“Se te amo, não sei”,
só sei que sem ti
já não sei mais viver.
Os Primeiros, Segundos
e Últimos Cantos
ainda se ouvem
no vento que passa
pelas palmeiras de minha terra,
onde cantam sabiás,
bem-te-vis e curiós.
Ana Maria Costa Felix Garjan45

PORTO DE LÁGRIMAS
Naquela noite escura, naquele ‘Porto de Lágrimas’
O poeta Gonçalves Dias já muito doente ainda sonhava:
No horizonte desejava avistar sua amada terra natal
E sentia sua alma esvaindo-se em lágrimas de saudade.
Era imensa sua solidão, era grande seu amor, sua paixão.

Em dois de novembro de 1864 avistou seu sonho:


As terras do Maranhão já estavam perto do seu olhar,
E lágrimas suas eram tantas, que desejou logo chegar,
Mas fortes ventos eram como facas cortantes em seu peito.

O príncipe dos poetas não suportava mais tantas dores...


E desejou escrever últimos poemas de amor à sua terra.
Em sua alma brasileira havia lembranças e amores perdidos
Lembrou-se de sua vida de sonhos e realizações já findas...
E desejou ancorar ao seu porto natal, antes do amanhecer.

Em seu leito de frio e visões o poeta foi levado a outro destino:


Na madrugada de três de novembro o navio bateu nos Atins,
E em águas próximas à vila de Guimarães o navio naufragou
Levando para além do horizonte seus sonhos de homem poeta.
81

Gonçalves Dias tornou-se imortal por seus singelos e fortes poemas


Deixou seu legado erudito nas letras, nas artes, em sua vida;
Representou o Brasil em delegações oficiais no estrangeiro,
E escreveu um dos mais belos poemas, entre tantos de sua poesia:
“Ainda Uma Vez, Adeus”.

GONÇALVES DIAS, UM BRASILEIRO, UM POETA


Herdeiro do legado do velho mundo nos oitocentos
O poeta maior do romantismo nacional dialogou
Com vozes ecoadas no céu da nova América,
Superando o infantilismo da simplória métrica
Reproduzida sob auspícios da corte no salão imperial
Atraindo aplausos da crítica e olhares invejosos
Fez emergir os visíveis e invisíveis contrastes da colonização.

Com olhar nativo, sereno e altivo de etnia subjugada


Embora tenha sido peregrino em terras de além-mar
Fez-se ouvir em longínquas plagas com o canto do seu exílio
Entoado como hino de amor à sua pátria amada
Traduzindo do imaginário gentil e ingênuo
Cores, aromas, mar, natureza e palmeiras das terras do Brasil.

45 Ana Maria Felix Garjan - Caxias – MA – Brasil - Membro da Academia Caxiense de Letras – ACL, ocupante da
cadeira de número 15, tendo como patrono Antônio Gonçalves Dias.
Sua visão do paraíso foi construída em verso e prosa
Destacava as belezas naturais elevadas pelos patriotas
Em símbolo da identidade nacional, e do índio escravizado
Ampliando como grandes ondas, em mar aberto e em portos
As notícias do patrimônio da bela terra dos gentios e degredados
Como forma de sedução e curiosidade para os europeus.

Dos viajantes estrangeiros derivou sua inspiração primeira


Dos escritores consagrados recebeu belos ensinamentos
E os Primeiros Cantos encantaram gregos e troianos
Mesmo sendo filho de família humilde, pobre, sem berço.

De poeta viajante por tantas terras a dramaturgo iniciante


Alcançou o apogeu com seu talento, humildade e teimosia
Em declarar-se o primeiro poeta das letras brasileiras
Compostas como canto à nação e aos amores intangíveis.

Dedicou-se aos estudos e pesquisas na terra de Camões


Apreciou a arte dos franceses e também dos alemães
E se deixou seduzir pelos cantos dos sabiás e rouxinóis.

Em sua obra havia indícios de brasilidade bem amalgamados


Com elementos europeus da época dos oitocentos aos novecentos.
O poeta seguiu a rota dos navios negreiros sem alcançar porto seguro
82
Mergulhou em sono profundo levando consigo uma grande dialética
Entre o localismo e o cosmopolitismo de tantas outras terras
Onde deixou suas marcas em corações e almas sensíveis e patriotas.

TRIBUTO À ‘CANÇÃO DO EXÍLIO’,


DE GONÇALVES DIAS
Onde havia teus pássaros, belas aves e palmeiras can-
tadas por ti, Gonçalves Dias,
Há queimadas, tuas palmeiras já morreram, os teus
sabiás estão quase mudos;
Nosso céu está cinzento, a poluição é grande no
Maranhão e no nosso planeta
Mas ainda vemos estrelas que miram os seres da
terra; imaginamos o teu céu;

Nossos bosques estão desmatados, nada pode ser feito, não há lei, não há paz;
As leis não impedem queimadas das florestas, e os homens maltratam os animais;
Eu também fico a cismar, até onde o homem destruirá nossa natureza, teus Sabiás...
Ainda há várzeas, rios, palmeiras onde cantavam as aves que gorjeavam aqui, e lá;

Nossas vidas, nossos amores estão na corrida contra o tempo das contradições, Dias!
Os prazeres dos homens são perigosos para os inocentes, há muita violência no mundo;
Os governos, as religiões, pessoas, grupos e instituições sofrem perturbações
O mundo está confiante na renovação, não queremos guerras, pedimos paz às nações;
Em nossa terra ainda buscamos ‘primores’, desejamos ouvir o canto dos teus Sabiás,
Queremos que mil poemas corram o mundo, que haja tempo de renovar tua memória!
O teu ‘Canto do Exílio’ é uma declaração de amor e respeito à
natureza daqui e de lá.
Tua vida, nossas vidas estão escritas neste livro, onde poetas
cantam versos para ti!
Que Deus permita que possamos viver nossos amores e artes,
ao som de ventos e brisas
E que possamos renascer e contribuir com a natureza,
para salvarmos nosso planeta!

Caxias segue seu destino, há teus seguidores que


cantam e morrem de amores!
São Luís completou 400 anos, e teu nome e
histórias fazem parte da cultura brasileira.
Há muitos escritores, poetas e artistas que
cantam novas ‘canções do exílio’, como eu.

E Deus escutou tua prece... “Não permita Deus que eu morra,


Sem que eu volte para lá’.
E ainda avistastes as terras e palmeiras do teu Maranhão.
Que Deus não permita que haja mais violência nas florestas,
vilas, ruas e cidades!
Que possamos sempre voltar para nossa casa;
83
Que no mundo haja justiça e paz para a humanidade!

CARTA A ANTONIO GONÇALVES DIAS,


MEU PATRONO NA A.C.L.
Eterno poeta Gonçalves Dias,

Quis o tempo da vida que fôssemos leoninos do primeiro decanato;


Quis a arte da minha infância que eu estudasse no Grupo Escolar
Gonçalves Dias;
Quis meu sonho realizar o ‘Projeto Galeria Gonçalves Dias’, em tua
homenagem
Onde por um tempo reuniu artistas, poetas, escritores, cantores e
estudantes
No Palácio Cristo Rei da Universidade Federal do Maranhão, em São Luís
Bem em frente ao teu obelisco, na praça com teu nome, que é o Largo dos
Amores.

São Luís em seus 400 anos de história, cultura e arte te homenageou, em 2012-2013
E de forma delicada e silenciosa foram surgindo ‘mil poemas para ti’, meu poeta maior!
Escrevi poesia, agora escrevo essa carta de louvor à tua infinitude de poeta
Desenho alguns dos teus versos em telas, com cores vivas da tua natureza e dos sabiás.

Na trajetória da vida sou poeta, escrevo sonhos, amo a natureza, trabalho pela paz
Desenho sonhos nas nuvens, obedeço a arte da vida e suas leis fundamentais:
Defendo os seres vivos da Terra, defendo os direitos humanos e os dos animais.
Assim, meu patrono, na Academia Caxiense de Letras, tento honrar teu nome
E nunca será em vão essa grande oportunidade cultural onde minha vida floresce
Desde o nascer do dia às noites onde aparecesse inspiração para sonhar e criar.

O grande senhor do tempo, Deus do Universo. foi teste-


munha do teu viver e sofrer
Mas ele não desejou teu final nas águas do Maranhão;
foi um destino da tua época
Foi uma armadilha infeliz de tuas desventuras amoro-
sas, de tua dor e solidão.

Para finalizar esta carta, grande poeta brasileiro,


rendo-me à tua sensibilidade
Presto à tua memória minha eterna homena-
gem, continuarei saudando teus senti-
mentos,
Estarei em silêncio, e soltando a voz
na poesia que herdei da vida
E compartilhando poemas e versos hu-
manistas de paz e amor.

‘E na nossa terra ainda há palmeiras,


e vez em guando canta um Sabiá’...

84 ENCONTRO DE AMOR, UM DESTINO ALÉM DO HORIZONTE


Que sonhos Gonçalves Dias, filho mestiço, sonhava em Coimbra?
Qual amor desejava o estudante de direito que estava longe do Brasil?
Filho de pai português ele escreveu versos, esteve com poetas medievistas
Formou-se em 1844, regressou ao Maranhão, e conheceu um grande amor.

Deixou-se levar pelo encanto de uma mulher:


Maria Amélia Ferreira do Vale
Que lhe inspirou os poemas: “Seus Olhos”, “Mimosa e Bela”, “Leviana”,
E por último, após tanto penar de amor escreveu:
“Ainda uma Vez, Adeus”.

Oh! Meu poeta Gonçalves Dias,


que destino o esperava através de tua vida?
Professor de latim, jornalista e escritor no Rio de Janeiro, teve outros sonhos...
Como poeta sensível, tua obra lírico-amorosa e indianista foram consagrados.

Tornou-se teatrólogo, escreveu temas etnográficos e historiográficos, eternizou-se:


Primeiros Contos, Segundos ou Novos Cantos, Sextilhas de Frei Antão,
Leonor de Mendonça, Últimos Cantos, Os Timbiras, Dicionário da Língua Tupi,
Obras Póstumas... Cartas, e tantos escritos formam tua imortalidade brasileira.

Como não nos lembrarmos de Y Juca Pirama? De tuas viagens à nossa Amazônia?
Da expressão social de tua poesia, de teus laços de afeto à família e aos amigos?
Olympia tua esposa, e Joana tua única filha foram herdeiras de dedicação amorosa
Foram muitas as cartas escritas de diversos países à Olympia, que o compreendia.
Dias, teu destino nem estava escrito nas estrelas... Ou sempre esteve? Mas por quê?
Será que o naufrágio do navio “Ville de Boulogne” ceifou mesmo teu último sonho?
Após tua morte, nas águas da tua amada terra, sobraram pági-
nas de tristeza e solidão
Restaram pequenos objetos que representaram teu último
desejo e sonho na vida:
Chegar à tua terra maranhense e morrer nos braços de
um amor possível...

‘Minha Terra tem Palmeiras... Onde canta o Sabiá’, Gonçalves Dias!


Tantas cartas e papéis velhos foram enviados ao Jornal do
Comércio, no Rio.
Gonçalves Dias escreveu sua primeira carta a Olympia, de Paris,
em 15/10/1856
A segunda carta foi de Colônia, a terceira escreveu de
Dresde, e muitas outras;
E nessas datas não podia imaginar seu último suspiro, nas
águas do seu mar...

O centenário de sua morte foi em 1864; A data de


seu nascimento, 10 de agosto.
Sua herança corre nas veias dos poetas e escritores
que não o deixam sozinho.
Sua herança e legado estão bem guardados e vivos na
85
alma e coração do Brasil!

Esteja em paz eterna, meu poeta das Palmeiras, Aves, e


dos teus belos Sabiás!

Ana Maria da Silva46

GONÇALVES DIAS
Minha terra tem escolas
Para o cidadão estudar
Mas o autor Gonçalves Dias
Não quis a elas adentrar
Resolveu ir para a Europa
Em Coimbra estudar.
Nosso estado tem estrelas
Na literatura secular
Uma delas é Gonçalves Dias
Que fez a academia brilhar.
Em cismar, sozinho à noite
Mais prazer encontro eu cá
Minha terra ainda tem palmeiras
Aos 400 anos completar.

46 Ana Maria da Silva - Carolina – MA – Brasil – 08/07/1960


Parabéns São Luís, por
Gonçalves Dias homenagear
Minha terra tem escritores
Que nos fazem orgulhar
A Caxias seus louvores
Por um poeta nos dar.

Ana Maria Marques47


LEMBRANÇAS
Guardo a lembrança
Da terra – minha
Majestosa – rainha .

Em pensamentos reais
Sobressai tua imagem
Numa moldura de cores ...

Então – suspiro dessa saudade


Da terra que nasci – Meu amado Brasil .

ANA AMÉLIA
Aqui sem você
86 Vejo um céu diferente
Vontade de andar em busca de ti .

Nesses dias , longos dias ...


Sem teu amor - acabrunhado
Dos teus olhos afastado .

Aqui em Portugal - suspiro , sussurro


Peço a Deus - um dia por acaso te encontrar .

O POETA INDIANISTA
Antônio Gonçalves Dias
Cantou sua pátria em Canção de Exílio
Majestoso país em terra de Tupã

Poeta Indianista da geração romântica – advogou seu amor


Num brado de liberdade em mãos da natureza
Brasil – foi seu conto em linda flor .

Da saudade da terra natal


Compôs sua Nostalgia em Portugal .

47 Ana Maria Marques - Recife – PE – Brasil - 21 de Novembro de 1958 . É licenciada em Pedagogia e Pós –Gra-
duada em Educação Especial Inclusiva . A poesia esteve presente em sua vida desde criança , mas só em 2009
começou a divulgar parte de seus escritos numa comunidade do Orkut “ Brincando com as Letras “, hoje “ NOP
“ . Por admirar as obras de Antônio Gonçalves Dias – gostaria de fazer parte da Antologia 1000 poemas em sua
homenagem . hana-mary@hotmail.com
SAUDADES
Oh ! que saudades
Do meu céu azulado
Mesclado de luzes reluzentes .

Lembranças
Das palmeiras , mangueiras , pitangueiras , açucenas
Mares , rios , fontes , cachoeiras ...

Nessas horas de saudade


- Queria ouvir o canto do sabiá na laranjeira .

MELANCOLIA
Na rua a caminhar
Paira uma melancolia em mim
Uma saudade sem fim .

Na imaginação
Um cenário do meu Brasil
Terra bela – verde amarelo azul anil .

Quero hoje revestir-me de brasilidade


Para resistir a ausência – que dói de verdade
87

Ana Néres Pessoa Lima Góis 48

Sina
Se o amor sufoca costumes
Pra depois se deixar sufocado
Se o orgulho pesa a entrega
E o sofrer tem por fiel o seu fardo
Se o protesto é criar asas
Buscar além do oceano um fado
Enraizar sem os coqueiros das matas
Mas sem que o papel permaneça calado

E se esquecer é lembrar de longe


Tentar seguir para além do tormento
Se se encontrar é sofrer novamente
Se relembrar é reviver o lamento
Escrito sob o signo de sangue
Com a sorte espalhada ao vento
Em versos eternos que se prolongue
E a sina nunca seja o esquecimento

48 Ana Néres Pessoa Lima Góis - Esperantinópolis – MA – Brasil - 30 de junho de 1974. Licenciada em Letras,
especialista em docência, educadora, poeta e cronista. Ocupa a cadeira nº 9 como membro fundador na Aca-
demia Esperantinopense de Letras.
Se o amor não se concretizou
Se venceu a sina de não o ser
Que se concretize a poesia do amor
Nas ruas dos séculos do querer
Na praça a despedida que ficou
Tatuada nos azulejos a viver
E hoje nem se sente que foi dor
O amor que a poesia fez permanecer

Profecia
Amas a Ana que te laçou além do olhar
Ama, e sonha com o dia em que a terás
E que não seja anátema a tua maneira de amar

Amas com amor que unigênito te será


Fita-a por instantes alongados, prolongados
Que há agouro, conspiração além do mar

Amas fora de alcance, como que não se canse


E que a poesia esteja a te guardar, pois amas...
Ama, somente ama, pois em tempo não te entregarás

Ama, antes que o orgulho venha a ti tomar


Vive a presença e depois a sentença
88
Da dama a quem amas e não terás por alcançar

Não, não se morre de amor


Não... Não se morre de amor
De amor nos condenamos
Nos martirizamos...
Como sementes que se doam
Deixamos nossas vidas
Para renascermos em outras

Não... Não se morre de amor


O amor não mata a matéria
Não sangra a carne
Somente a vontade de viver
Não consegue exterminar a rotina
Somente os sonhos e adornos

Não... Não se morre de amor


Mas se faz poesia para acalentar
A vida que velou o amor...
Não! De amor não se morre
Pois o destino quis que
O amor morresse primeiro...
Se se morre de amor?
Por Deus! De amor não se morre
E se naufragamos enfim
Mesmo entre mortos e feridos
Todos sobrevivem!
E depois compõem versos...

Homenagem
O vento sopra em tom de cantoria
Com notas de cantos magistrais
Por entre as folhas harpas sabedoria
De nossas florestas nichos tropicais
O som do vento canta uma saudade
Que vaga expressa entre os coqueirais
De um tempo em que canta a vaidade
De versos ontem e nem nunca banais
Da pena que o mar não calou
E hoje repousa entre corais
Faz poemas de um outrora amor
Tesouros sem par de nossos anais
De legítimo sangue brasileiro
Levou sua verve a outros cais
Poeta maior de oficio primeiro
Cantou nosso ninho como outro jamais
89

Berço
Não há no mundo
Paisagem mais vistosa
Que da palmeira o vulto
Rumo ao infinito
Nem lugar no mundo
Mais emocionante
Pra deitar meus olhos
E espalhar meu grito
Minha terra berço
Meu principio e fim
Melhor só o céu
Para viver sem fim
Minha raiz finquei
De agora e para sempre
Pois já flori de amor
E já me fiz semente.
Anderson Braga Horta49

NO CAMPO DA GLÓRIA
Preito juvenil a Gonçalves Dias
Sobre a taba de bravos guerreiros
Anhangá fez-se um dia sentir:
inimigo cruel, de outros mares,
cai-lhe em cima, raivoso tapir.

Moços, velhos, são todos escravos,


presos todos às forças do mal.
Hoje zomba do piaga e seus numes
sanguinário, faminto animal.

Por seus dentes de fogo abrasada,


leva a taba malditos grilhões.
Os tacapes, potentes outrora,
jazem quedos nos ínvios sertões.

Arco e flecha tombados, partidos,


a vergonha estampada no olhar,
chora a tribo outras eras mais gratas,
quando a terra era um hino a cantar.
90
Lembra as guerras, as longas caçadas,
quando os cantos não eram de dor,
quando a inúbia troava nos ares,
quando a noite era um hino de amor.
Ontem – livres, robustos e ousados,
hoje – escravos, malditos, pariás,
derrotados, submissos vivendo,
já sem plumas e sem maracás!

Ontem – belos, cobertos de penas,


hoje – negros, cobertos de pó!
o invasor lhes atira a saliva
do desprezo, sem raiva e sem dó.
Mas horror ao destino infamante
alça o peito dos brônzeos varões,
e eis que, inermes, as clavas de fogo
desafiam das brancas legiões.

49 Anderson Braga Horta – Carangola – MG – Brasil - 17/11/1934. Sua poesia publicada entre 1971 e 2000 está
reunida em Fragmentos da Paixão; também de 2000 são Pulso e Quarteto Arcaico; Antologia Pessoal, Brasília,
50 Poemas Escolhidos pelo Autor, Rio de Janeiro, e Soneto Antigo, Brasília, saem entre 2003 e 2009; Elegia de
Varna (bilíngue), trad. Rumen Stoyanov, em Sófia, 2009; Signo: Antologia Metapoética e De Viva Voz, com o
selo da Thesaurus, em Brasília, 2010 e 2012.
Exclamavam: “Morrer é mais belo
que viver vida torpe e servil!”
E tombaram no campo da glória.
E Tupã no infinito sorriu.

A GONÇALVES DIAS
Canta, sabiá, a tua canção triste,
com a melancolia e o ardor da raça.
O painel sonoríssimo que abriste,
não o apaga do tempo o vício e a traça.
E, com a força das ânsias que sentiste,
dos sonhos que tiveste (embora a massa
do olvido hoje te roube a claridade),
teu canto emergirá numa outra idade.
 
A noite desce. O céu é limpo e claro,
com a cadência lânguida de um verso
que tu gemesses. Só, de raro em raro,
toldam algumas nuvens o olhar terso
de uma estrela que fita o oceano amaro,
– debruçada em seu canto de universo –,
como se fosse o rosto desse velho
a face impessoal de um grande espelho.
 
O mar, entanto, em ânsias estremece, 91
com saudade de tua voz maviosa,
e ergue espumas ao céu em rude prece
pela volta da flauta melodiosa
com que pascias suas vagas. Cresce
da natureza a fala dolorosa.
E tudo clama, do oceano aos sóis,
pela ressurreição de teus heróis.

Chora-te a ausência a tua pátria, aquela


terra de sol e plácidas palmeiras,
onde era luz a tua voz singela,
e onde habitam aves estrangeiras.
(Não rouxinóis de voz serena e bela,
porém águias e gralhas gritadeiras.)
Falta de teu carpir o doce acento,
e de teus índios falta o ouvido atento.
 
De certas aves abismais o impuro
canto corrompe o nosso sangue novo.
Os sãos ideais são postos contra o muro.
Nasceram novos vendilhões do povo.
E a pátria imerge neste lodo escuro,
nesta miséria de que me comovo!
É hora de lutar! Seja-lhe morte,
ao inimigo, o nosso canto forte!
 Falam estranha língua em nossa terra
as estrangeiras aves cobiçosas,
e ao nativo cantar empreendem guerra,
de nossas fontes virgens sequiosas.
Mas a paz voltará que a luz encerra,
e de novo será tempo de rosas.
E, se hoje dura e opaca é a realidade,
teu canto emergirá numa outra idade!
Rio de Janeiro, agosto de 1956

Canto Índio
Sou índio.
Sou bravo, sou forte,
sou filho das matas
que vão sendo destruídas
com seus bichos, seus frutos,
suas fontes, seus aromas,
seu mistério.
Sou índio.
Sou íntimo da Lua e do Sol
e das águas.
Sou amigo de todos os seres da Terra.
Sou um com a natureza.
92 Sou índio.
Tenho a pele vermelha.
Canto e danço,
sinto e penso,
amo e poemo.
Venero os meus mortos,
reverencio os espíritos,
adoro o Grande Deus.
Que mais querem saber
para concluir que sou homem?
Já estava aqui
quando os outros vieram.
Mas não é isso o que importa.
A natureza tem todas as cores.
E a terra é de todos os homens.
Sou índio.
Sou um com a natureza.
Conclamo o Saci, a Iara,
o Boitatá, o Curupira,
todos os espíritos, Tupã
e os homens de qualquer cor
para velar por estas matas
e por estes rios.
A Terra é de todos.
Anderson Caum50

Para onde vão os pensamentos?


Algo sempre me intrigou
Pois nunca ficam presos
Teriam asas como a da cegonha?
Talvez muito leves para partir com o vento
Não sei dizer ao certo

Sei dizer apenas que ficam presos


Não se pode encontrar nos túmulos
Tão pouco encontra-se no opressor
Mas vão ao longe os pensamentos do oprimido
E sempre encontram um consolador

Não se pode segurar


Tão pouco ser acorrentado
Pois séculos se passaram
Mas os pensamentos! Esses nunca ficam presos
Este está vivo nos poetas
Pois estes nunca morreram

Gonçalves Dias se foi


Mas nunca morreu o pensamento
93
Um homem sonhador
Que sonhou a liberdade
E ainda hoje se perpetua
Muito provavelmente para toda eternidade

Sonhou que toda raça


Um dia seria liberta
Das correntes e das amarras
Ainda não podia as libertar
Mas já sabia
Que o pensamento ninguém podia segurar

Escreveu seus pensamentos


Que ainda hoje se faz analisar
Mesmo sem estar presente
Muita coisa ajudou a mudar

Tudo isso me faz pensar


Para onde vão os pensamentos?
Talvez nunca alguém possa explicar
Mas uma coisa Gonçalves deixou clara
Este, ninguém pode segurar

50 Anderson Caum - Vinhedo – SP – Brasil - 36 anos. Residente em Jundiaí/SP. Trabalho - Jornal Correio Polular
de Campinas/SP
Eu sei quem sou
Quem leu os seus poemas?
Quem pode entender seus pensamentos?
Quantos homens se passaram?
E quantos vivem este momento?

Homenagem justa a quem se declarou


Ser mestiço e brasileiro
Em uma época em que se julgou
Não ser de estirpe o mestiço e brasileiro

Gonçalves Dias não se acanhou


Se mostrando um homem muito além de seu tempo
E a pergunta que ficou
Onde estão os homens que julgou?
Não ser de estirpe o mestiço e brasileiro

Hoje muitos conhecem seus poemas


E sua história é lembrada
Gratidão por sua obra
Que há muito é contada

Lembranças de um poeta
Que nos leva a indagar
94 Se precisamos de um futuro
Então é preciso imaginar
Que para hoje ser história
Todos temos que sonhar

Sonhar um mundo diferente


Bem melhor pra todos nós
E fazer da história do poeta
Homens que saibam sonhar

Saber que não a diferenças


E os homens são iguais
Que talvez as diferenças
Seja somente a maneira de pensar

Antes de algo mudar


É preciso se perguntar
Sabes dizer quem você é?
Se sabe então já podes sonhar
Sonhar em fazer parte de algo
Que um dia vai mudar

Mudar para melhor


Com muitos poetas e poesias
Falando de um mundo que com certeza
Ira sempre melhorar
Ainda a homens que choram
O dia está quente
Sinto minha pele queimar
O sol entre grandes prédios
Que não fazem sombra pra gente descansar

Pelas ruas pessoas apressadas


Rostos fechados e amedrontados
Um vai e vem de gente
Que parece nunca ter chegada

Uma paisagem feia de letreiros


Barulho de tratores abrindo estradas
Pessoas desvairadas e desanimadas
Mas principalmente apressadas

Ninguém se da conta
Que ali já vivera um rei
Comandava homens com honra
E por isso era rei

O índio brasileiro fora quase dizimado


Mas são guerreiros
E por isso sobreviveram
95
Ainda assim suas almas são caçadas

Um homem escreveu sobre sua opressão


Ainda hoje se fala do seu feito
Mas quem deu crédito a ele?
Talvez poucos
Muitos preferiram o dinheiro

Gonçalves Dias falou muito sobre os índios


Defendeu o legítimo brasileiro
Seus poemas ainda são ouvidos
Sua voz ecoa nos teatros brasileiros

Muitos ainda insistem nas usinas


Hoje constroem mais um túmulo brasileiro
Destruindo mais um grande rio
Por mais algum punhado de dinheiro

O cacique vendo isso chorou


Seu choro não se ouviu
O homem branco abafou
Anunciando o progresso do Brasil
O homem branco não aprendeu
Que os rostos amedrontados
São almas cativas
Pela alma guerreira dos índios brasileiros
Mas ainda a esperança
De um homem que não se deixa enganar
Assim como Gonçalves Dias
Suas vozes irão ecoar

Vozes que dizem sem temor


Que um dia essas pessoas irão pagar
Pelas vozes dos que choram
Os tambores ainda voltarão a tocar

Anderson Henrique Klein51

Canção do Exílio
Minha terra tem mais cantos,
mais lugares a visitar.
As músicas que aqui se cantam,
não se cantam lá.
Nosso horizonte tem mais luzes;
nossos parques têm mais flores;
96
nossa vida, mais amores.
Em jogar - sozinho, à noite,
mais prazer encontro eu la;
Minha terra tem Net,
onde pega 3G Max.
Minha terra tem primores,
que não encontro cá,
Em jogar - sozinho, à noite,
mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem Net,
onde pega 3G Max.
Não permita que eu morra,
sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores,
Que não encontro cá;
Sem qu’inda viste as barrinhas
de a wireless soar.

51 Anderson Henrique Klein - Porto Alegre – RS – Brasil - 17 de dezembro de 1993; Filho de Glicéria Celita Klein
e Sinécio Jacobus Klein. Estudante do Ensino Médio do Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS. Integrante dos
Projetos Literários “Tabuleiro de xadrez lírico”, 2011; e “Porta copos poéticos”, 2012. Toca teclado e guitarra;
curte computador e gameplayer. E-mail: imperior.imperor.lordis@hotmail.com
André Anlub®52

Canduras - (dedicado a poesia de Gonçalves Dias)


Há algo doce no ar
algo simplesmente belo
não possui preconceitos
nem tampouco orgulhos
voa por si só
e pousa por receber amparo.

Cheio de valores e com aroma tranquilo


segue impetuoso impregnando prosperidade.

Jamais rejeitado, sua presença beira um salutar vício


jamais desmentido, pelo simples fato de ser a verdade.

Há algo majestoso no seu olhar


posso ver no espelho
rondando pelas entranhas
contagiando o sangue
fazendo os pés saírem do chão
as mãos tocarem o céu
invalidando qualquer pensamento malfazejo.
97
Tempo de ser poeticamente coreto
Lá estavam eles, no centro da praça
aproveitando a reforma do coreto
pintado com belo azul turquesa
imponente beleza
de madeira de peroba.

O poeta recitava
tão doce e bela obra
um soneto de Gonçalves Dias
das estirpes de outrora.

De tanto encanto e sonoridade


alcançou sensíveis ouvidos
buliu mil verves afora.
Surgiram os novos poetas
com composições próprias
dando mais vida ao feitiço
vivenciando o agora.

52 André Anlub® – Rio de Janeiro – RJ – Brasil - (Jan/1971) – Site: poeteideser.blogspot.com – Paixões: escrever,
artes plásticas, fotografia, música e boxe – Artista Plástico e Protético Dentário formado pela SPDERJ – Tem
uma obra (tela) no Acervo Permanente do Museu de Arte Contemporânea (MAC) da Bahia.
Eram novos Toninhos e Joãos
Zés, Fernandos e Pessoas
envernizando o coreto
abrilhantando a alma.

Grande Toninho
Grande poeta Toninho
permita-me chama-lo assim?
Trovador das palmeiras
dos pássaros, as aves, as letras
dos sentimentos e afins.

Poeta do Maranhão
bumba meu boi e babaçu
amor evidenciado na carne
no cerne e linhas dos versos
que habitam entre o céu e o mar.

Grande bardo Toninho


tem toda nossa veneração
almejamos espalhar esse preito
pro povo cantar seu versar.

Salve, salve, Gonçalves.


98
Nos primeiros cantos
expõe com nitidez
enaltecendo a inspiração
como tambores rufando
com o encanto das palavras.

Nos segundos cantos


conhecimento e afinação
há tentativa de união
e consolação nas lágrimas.

Todo poeta é alteza


que exibe sua emoção
também nos conta a memória
páginas realmente vividas
como nos fala em “Os Timbiras”.

E a memória não morre


escorre e percorre as folhas
em bolhas de um puro folclore
que é a mais verdadeira verdade.

Salve, salve, Gonçalves.


Nau que jamais afunda
Poesia do amor é colossal
Vive mil afetos e paixões
Indizíveis nas puras emoções
Faz da amada a imortal.

Navega em lugar desconhecido


Na nau do porvir inesperado
Sentimento na quimera ancorado
Cobiça o anseio correspondido.

Face e sorriso na essência


Delírio da memória registrada
Afeto que se perde na estrada.

Mas se há ínfima clemência


Refaz-se o mar antes navegado
Renascendo o amor desamparado.

André da Costa Nogueira - (Medeiros da Costa)53

Orfeu Tupi - A Gonçalves Dias.


O Olimpo criou para o homem da deusa Europa seu bardo;
99
Também de Ásia, do primeiro homem, deus enviou o cantor;
E das várias vidas da Índia, nas páginas do Righ-Veda, o poeta inesquecível
deixou suas estâncias.

Entretanto Zeus inquieto não conseguia compreender


Os ecos do além-mar.
Em sua circunferência,
Como lhe ensinara o nobre Tales,
Resumia-se o restante do Mundo
A uma imensa toalha d’água estendida até os confins do Universo.

Porém um conto já foi ouvido por desbravadores,


Que novos cavalos de Tróia lançaram ao espelho d’água desconhecido.

Compreenderam ser música,


Pois sabiam dos livros do passado,
Os acordes poderosos de Orfeu.
Era uma música que falava de um novo homem,
O tupi; de uma nova terra, Brasilis,
Entoado por um cantor,
Que banhando o rosto nas oceânicas e sagradas águas ibéricas,

53 André da Costa Nogueira - Aracati – CE – Brasil – 14 de fevereiro de 1981. Escreve desde os onze anos quando,
pela primeira vez leu um livro, Vinte Mil Léguas Submarinas, por Júlio Verne. Leitor onívoro, de lá para cá, tem
se aprofundado nas mais diversas esferas do Conhecimento, nomeadamente, Literatura, História, Filosofia,
Teologia, Física e Matemática. Casado, atualmente é funcionário público municipal na cidade de Fortim.
Resistiu aos encantos da deusa Europa,
Para compor os hinos de seu Édem,
E de seus primitivos habitantes.
O guerreiro de Ásia, de Europa, de África e da Índia,
Agora acrescentam a seus exércitos o cântico de guerra,
Do guerreiro tupi,
E do panteão, Virgílio e Homero estendem a mão para enaltecer a lira de
Gonçalves Dias.

André Foltran54

POEMINHO
Reparei
que todo sabiá
que é de gaiola

pela manhã
antes de tudo

canta a Canção
do exílio.

100
André Gómez Giuliano55

CANÇÃO DO EXÍLIO
Aqui, no Rio de Janeiro tem praias
e muitos locais bonitos;
no meu Rio Grande do Sul também.
As mulheres de lá são bem mais bonitas
que as daqui.
As curvas que vemos nas montanhas do Rio,
vemos nas mulheres do Sul.
Comida tropical...
Tudo aqui é mineral,
mas nada é melhor que um bom churrasco,
churrasco de gaudério
com espetos no chão.
Praias, qualquer lugar tem;
verdes campos e chimarrão numa velha cuia,
só no Rio Grande do Sul.

54 André Foltran - São José do Rio Preto – SP – Brasil - 8 de janeiro de 1996. Escreve contos, mas não é contista;
escreve crônicas, mas não é cronista; escreve poemas, mas não é poeta - ainda. Não tem livros publicados, só
coisas espalhadas pela internet, e em talvez uma ou duas antologias. Atualmente mantém um caderno virtual
onde, as vezes, publica algum poema. É estudante e sonha, um dia, poder se dizer escritor e viver de literatura.
55 André Gómez Giuliano - Porto Alegre/RS – Brasil - 16 de março de 1998. Estudante do Ensino Médio do Colé-
gio Conhecer, Porto Alegre/RS. Integrante do Projeto “Imagens e Textos construindo Histórias e Versos”. Curte
jogos eletrônicos. E-mail: dedegiuliano@hotmail.com
No Rio, o calor é de matar
e o frio não existe;
no Rio Grande do Sul, o calor é ameno
e o frio é intenso;
por isso gosto muito do meu estado.
Frio no Rio Grande do Sul...
café pela manhã; chimarrão à tarde;
vinho tinto à noite; e, a companhia
de uma magnífica gaúcha, às 24 horas do dia.

André L. Soares56

SONETO PARA GONÇALVES


Então tua voz, soou bem mais alta e forte,
calando a todos, como faz o mar,...
pela saudade, a tua Amélia a esperar,
por esse amor perdido além do norte.

De tua palavra então, se fez o corte


e tu cantaste as aves desse lar,
em desafio a quem queira sufocar
esse Brasil, que é teu berço e teu aporte.
101
E tanta falta sentem os sabiás,
da voz que chora o exílio das palmeiras,
por não mais ver as luzes do arrebol,...

que em teu regresso vem, enfim, a paz,


louvar o poeta, em terras brasileiras,
que agora dorme, tendo o mar como lençol.

André Luiz Greboge57

Semper Brasilis
O que ele pensaria,
Sobre hoje?
Seu país, de certo,
Não é mais este lugar

56 André L. Soares - Brasília - DF – Brasil - (1964). Mora em Guarapari (ES). 2004: monta a peça Livre Negociação.
2006: os textos O Bárbaro e Dinheiro são inseridos na peça Ritual dos Sete. 2007: o texto O Menino de Beirute
vence concurso Navegante nas Estrelas. 2008: o texto Mulher Carioca vence concurso da grife Branca Maria.
2008: é eleito Cônsul de Guarapari, pelos Poetas Del Mundo. 2011: livro Gritos Verticais. 2012: Torna-se mem-
bro da Academia de Artes, Cultura e Letras de Marataízes (ES). É grande estudioso da obra de Gonçalves Dias
57 André LUIZ Greboge - Curitiba – Pr – Brasil - 26 de julho de 1993. licenciando em música pela UFPR. É leitor
por paixão e vocação.
Salve Antonio,
Do direito e do teatro
Sentimos tua falta
Mas somos-lhe gratos

Degustamos,
Por tuas palavras,
A fadiga da guerra
E o amor sem amar

Também por teus modos,


Sentimos saudades,
De tempos que nunca
Vivemos
E que não voltarão

Quem dera ser poeta,


Assim como ti,
Tão delicado,
Quanto uma agulha,
Que ao mesmo tempo,
Aponta, fere e une

Gênio de olhos verdes,


102
15 de Bilac,
Nossa honra,
É ter tido a ti

Com 41 anos,
Partiu ao exílio final,
De onde mais nenhuma canção,
Nos pode chegar

André Mascarenhas58

AUTO-ELEGIA
Com salves dias, guias e maresias
Mergulhou-se nos oceanos da poesia
Nadou na margem, da sociedade
Como qualquer artista
Fundou paisagens, da nacionalidade
Sob o foco de sua vista,
E ondulado em seu próprios dias
Versado no mar do poetar

58 André Mascarenhas – Sorocaba – SP – Brasil - 05/02/1986. Autor de poesias, contos, poemas, peças de teatro,
escritos técnicos na área de artes em geral, estudante e/ou tradutor de Espanhol, Francês, Inglês e Italiano.
Com dois livros publicados: “Stop!”, sobre a História de Literatura Infantil e “G”, com contos de temáticas po-
lêmicas. Experiência em artes plásticas, música, teatro, em artes em geral.
Tornou-se personagem de própria elegia
Elegendo um naufrágio para seu epílogo
A vida real tornou-se fantasia
Em sua densa e ritmada biografia

André Roczniak Azevedo59

Canção do exílio
Minha terra tem teatro,
onde cantam quero-queros.
De minha terra, vejo
um dos principais símbolo
de Porto Alegre, o Laçador,
Monumento localizado próximo
ao Aeroporto Salgado Filho.
Em minha terra, voam
aviões da Base Aérea
tal qual voam na capital gaúcha.
Dentre as suas muitas belezas,
temos a Igreja Matriz São Luiz Gonzaga,
Padroeiro da Cidade,
onde, quando bebê, fui batizado.
Minha terra tem teatro,
103
onde cantam quero-queros.

André Schwambach Almeida 60

CANÇÃO DO EXÍLIO
Na minha terra tem muitas árvores,
onde ficam os passarinhos.
Às vezes, o tempo não está bom;
noutras, temos um doce ventinho.
Na minha terra, o sol nasce num céu azul.
Nela há muita beleza
e, também, graciosa natureza,
a qual pode ser vista, sentado à mesa,
lendo uma boa revista.

59 André Roczniak Azevedo - Porto Alegre – RS – Brasil - 26 de novembro de 1991. Reside em Canoas/RS. Estu-
dante do Ensino Médio do Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS. Membro Efetivo da Academia de Letras Macha-
do de Assis, Porto Alegre/RS, Cadeira 41, Patrono: Vianna Moog; Academia Virtual Sala de Poetas e Escritores,
Balneário Camboriú/SC; Associação Internacional dos Poetas del Mundo; e, Liga dos Amigos do Portal CEN,
Portugal. Coautor do Romance Interativo “Uma história de amor!”. E-mail: aroczniakazevedo@ig.com.br
60 André Schwambach Almeida - Porto Alegre – RS – Brasil - 17 de junho de 1992. Secretário Cultural e Membro
Fundador da Academia de Letras Machado de Assis, de Porto Alegre/RS, Cadeira 25, Patrono Eduardo Guima-
rães; Membro Efetivo da Academia Virtual Sala de Poetas e Escritores, Balneário Camboriú/SC; da Liga dos
Amigos do Portal CEN, de Portugal; e da Associação Internacional dos Poetas del Mundo. Coautor dos Roman-
ces Interativos: “Fantástica história de um mundo além da imaginação” e “Um Enigma”. É músico e gosta de
tocar cavaquinho. E-mail: andrealmeida_poa@hotmail.com
No entanto, onde, hoje, encontro-me,
não tenho certeza do que vejo,
pois o céu é escuro e cinzento.
E assim, diante deste cenário triste,
encho-me de desejo
de a minha querida terra voltar.
Não consigo ver aqui, os encantos de lá.
Nesta terra há muita poluição
e ruas descuidadas e sujas,
pois seu povo tem por hábito
jogar lixo no chão.
Qual é a tua irmão?
Assim, os turistas de tua terra
não mais aqui pisaram
e para lá irão.
Minha terra tem belezas que aqui não há.

André Telucazu Kondo61

Cartão de biblioteca
Percorro estantes de horizontes verticais,
Cruzo fronteiras por prateleiras demarcadas,
Vejo paisagens de livros em relevo.
104
E em enciclopédicos países:
Viajo!
O cartão da biblioteca é o passaporte,
Para um mundo de possibilidades infinitas...
Com ele,
Viajo ao centro da terra e a mil léguas submarinas
Na sexta-feira, velejo e visito Crusoé
Vou pescar, com o velho e o mar.
Fumo cachimbo em Baker Street
Caminho com o tempo e o vento
Passeio pela terra de palmeiras onde canta o sabiá
Aventuro-me nas veredas de um grande sertão
Com Quixote, luto até contra moinhos.
E viajo a tal ponto, que já não sei se sou ou não sou.
Na dúvida a esta questão
Encomendo ao Bruxo do Cosme Velho uma poção
Para me fazer ser, muito mais do que turista!
Pois daqui não quero ir.
Mas se tiver que partir,
Como espuma flutuante,

61 André Teluscazu Kondo - Santo André - SP – Brasil - 07 de Maio de 1975. filho de imigrantes japoneses, nasceu
no Brasil Autor dos livros Além do Horizonte, Amor sem Fronteiras (Prêmio UBE-RJ), “Contos do Sol Nascente”
(Prêmio Bunkyo) e “Cem pequenas poesias do dia-a-dia (Prêmio UNIFOR). Morou no Japão e na Austrália,
sendo pós-graduado pela University of Sydney. Viajou por 60 países. www.andrekondo.blogspot.com kondo-
andre@gmail.com
Vou-me embora pra Pasárgada
Farei dela minha morada,
Porque lá
– sou amigo do bibliotecário –
E para sempre posso, viajar...

Terra do poeta
O poeta enterra o dia
e faz brotar luas
em um chão de estrelas

Terra do poeta,
que a realidade lavra – no colo da noite –
e infinitos sonhos colhe

O poeta fecha os olhos


para os contornos do dia – do dia-a-dia –
pois só ele sabe:

O sol é apenas uma estrela – que apaga milhões...

Falsos poemas
Não quero que meu grito caia
Em ouvidos moucos
105
Prefiro o silêncio
Dos loucos

Restam vozes poucas


De palavras roucas

Prefiro o sussurro engajado


Do grão de areia
À indiferença gritante
Do deserto

Prefiro a pétala branca – sincera


Que cai ao vento
À primavera dissimulada
Que engana em cores

Prefiro o beijo surdo


Aos beijos das musas
Cantadas em verso

Prefiro a verdade que morre lá fora


À eterna mentira deste
E de todos os outros
Falsos poemas
Se eu morrer
Se eu morrer
Não tenha dó de mim...

Posso não ter deixado muitas pegadas,


Mas meus passos foram firmes.
Posso não ter tido muitos amores,
Mas amei a todos como um.

Se eu morrer
Não permita que o relógio pare em mim
Mas que os ponteiros sempre apontem
Para a felicidade que vivi

Quando eu partir
Não diga adeus pra mim
Deseje-me sim
Uma boa viagem como fim

Sequer pranteio pelos erros


Que cometi pelo caminho
Pois foram eles que fizeram
Nossas vidas paralelas
Se encontrarem por aí
106

E se hoje morri
Foi apenas mais um erro
Do qual não tenho medo

Pois eu digo e repito


Que vivi
Muito mais do que morri.

Andrew Veloso62

OS DIAS DO DIAS
O Dias que nasceu em Caxias
Os dias em que o Dias
escrevia suas poesias
O dia em que o Dias
deixou de escrever as suas poesias
Foi o dia em que o Dias
deixou de viver

62 Andrew Veloso - Balsas – MA – Brasil. URE – Balsas - Centro de Ensino Médio Dom Daniel Comboni. Professo-
ra: Marcia Meurer Sandri
Ane Braga63

A breve vida de Gonçalves Dias


I
No sítio de Boa Vista
Em terras de Jatobá
Nasceu Gonçalves Dias
Para o mundo declamar

II
Advogado de formação
Foi poeta de coração
E com muita devoção
Entregou-se à paixão

III
Sua musa era tão bela
Não havia mais etérea
Abalava-lhe os sonhos
O seu nome era Ana Amélia

IV
Tão sublime e tão singela
Suspirava só por ela
107
Com o espírito ardente
O amor era-lhe correspondente

V
Com aval e proteção
Foi pedir-lhe a mão
Encantado de emoção
Suspirando de paixão

VI
Mas a vida nem sempre é justa
Preconceito humilha, insulta
Só por causa de sua raça
Foi tachado de inferior casta

VII
Com orgulho e honradez
Foi embora de uma vez
Renunciou ao amor
Conservou a altivez

63 Ane Braga - São Paulo – Brasil - 02.08.1973. Descendente de árabes e portugueses herdou da família o gosto
por livros e literatura. Formada em Administração de empresas e Pós Graduanda em Gestão Pública, parti-
cipou em diversas antologias e já publicou livros infantis e juvenis. Em 2011 recebeu menção honrosa pelo
conto Folha Seca, Folha Afogada do Concurso Novo Milênio de Literatura.
VIII
Dona Ana por capricho
Casou-se com outro, igual ao quisto
Dilacerado em sua dor
Dias escreveu versos de amor

IX
Mas dor de amor não sara
Versos tristes são inclementes
Uma vez tocado pela paixão
Nunca mais retoma o coração

X
Fatigado de emoção
A doença foi sua amiga
Quem diz que mal de amor não dói
Jamais amou nessa vida

XI
Acamado e deprimente
Num naufrágio foi descansar
Sua alma foi para Ana Amélia
Seu corpo, para o mar
108
Ville de Boulogne
Que dor era aquela lhe oprimia o peito
Arrancava-lhe a alma
De um jeito contrafeito?
Que poderia ele em sua dor amarga
Esperar da amada
Que um dia tanto lhe quis?
Teria sido a dor a inimiga
Ou derradeira amiga
Que lhe ficara ao partir?
Teria sido diferente
Se ele de repente
Vestisse-se de coragem
Em sua simplicidade
Em seu grande esplendor?
Teria encontrado a felicidade
A eterna liberdade
Nos braços de seu amor?
Ou seu destino já estaria selado
A morte teria mesmo lhe abraçado
Num veleiro movido a vapor?
Talvez jamais saibamos a resposta
Mais dói a dor da derrota
De estar nos braços de outro amor.
O coração de Dias
Morte, aflição, espaço, tempo
Qual o peso de um pensamento?
Raio de luz percorre o luar
Perturba o vento
Espera o humilde
Nem sempre alcança
Nem tudo que se quer
Se pode ter
Por amor partiu Dias, sem coração
E fez Ana Amélia sofrer
Da dor de amor também Dias padeceu
Partiu sem coração e deixou outro partido
Soubesse ele o quanto iria padecer
Teria o oponente combatido
Nem tudo são honras e glórias
Quanto pesa um coração sofrido?
O pesar é mais o cair da agulha
A espera de um grito
Se for eterna a dor é terna a lembrança
Nenhum clamor supera o lamento
Mais vale morrer de amor e sofrer
Do que viver uma ilusão sem ter vivido
109

Angela Guerra 64

Pesadelo ecológico - (jamais imaginado por Gonçalves Dias...)


Minha terra tem palmeiras
e outras tantas espécies,
onde canta o sabiá,
até que o nosso irmão
acabe de devastar
e nada mais: árvore, ninho
permaneça, então, por cá...

As aves que aqui gorjeiam partirão


para, em outras plagas,
quem sabe, talvez, gorjear...

Nossos bosques, já sem vida,


não nos permitirão respirar
e morreremos à míngua,
sem esperança de nos salvar...

64 Angela Guerra - Rio de Janeiro – RJ - Brasil – 12/05/44. Prof.-Mestra (inglês): Michigan, FCE, CPE, Higher Ox-
ford. Kleines Sprachdiplom (alemão). Poeta, trovadora, desenhista. Academias: ACLERJ, ANLA, Académie de
Mérite et Dévouement Français; UBT, APPERJ, Literarte; Artilheiro da Cultura; Centro Expressões Culturais Mu-
seu Militar Conde Linhares. Livros: Vinho e Rosas e Meu Jardim de Trovas (ilustrações da autora). Participação:
Revistas, Periódicos, Antologias (tb, bilíngues)e Anuário literários. Premiações. angela_gdeandrade@yahoo.
co.uk
Acorda o teu irmão!
Acorda, tu, também!
Há tempo de salvar
essa terra, que é o bem
que Deus nos entregou,
em confiança!...

Amém.

Gonçalves Dias – um romântico...


Gonçalves Dias – um romântico nostálgico,
apaixonado por seu torrão natal:
“não permita Deus que eu morra,
sem que eu volte para lá...”
 
Gonçalves Dias – um romântico feliz,
apaixonado por sua Ana Amélia,
“dos olhos tão negros, tão belos, tão puros;
olhos que falam de amores com tanta paixão”...
 
Gonçalves Dias – um romântico escorraçado,
vítima do preconceito  de raça e casta,
não por ela, mas por seus familiares...
Não luta, desiste, e revolta a bela,
110
que,  por despeito e/ou vingança, 
à revelia da família,
com outro se casa –
de raça e casta como a dele...

MINHA TERRA TEM PALMEIRAS


Minha terra tem palmeiras
e outras tantas espécies,
onde canta o sabiá,
até que o nosso irmão
acabe de devastar
e nada mais: árvore, ninho
permaneça, então, por cá...

As aves que aqui gorjeiam partirão


para, em outras plagas,
quem sabe, talvez, gorjear...

Nossos bosques, já sem vida,


não nos permitirão respirar
e morreremos à míngua,
sem esperança de nos salvar...
Acorda o teu irmão!
Acorda, tu, também!
Há tempo de salvar
essa terra, que é o bem
que Deus nos entregou,
em confiança!...

Angela Maria Chagas Araújo65

Meu Poeta Brasileiro


Meu Poeta Brasileiro
Como eu gosto de você
Tinha mãos abençoadas
E escrevia como ninguém
E dedos repletos de encantos mil...

Meu Poeta Brasileiro


Venho te homenagear
Nesta terra encantada
Do meu Brasil, meu além-mar.

Meu Poeta Brasileiro


Que vivia neste lugar
111
Numa terra natural
Com os verdes das matas,
E paisagens sem igual...

Ah! Meu Poeta, amado.


O importante é respeitar
Tudo que é aqui cultivado
Tudo que é do lugar... Fica por cá!

Ah! Meu Brasil querido


De brancos, negros, mulatos,
Amarelos, vermelhos até, índios.
É essa pluralidade que faz o solo mais rico!

Meu Brasil Brasileirinho


Tradições, costumes, valores,
Crenças, educação, enfim, indicam um novo caminho.
Apoiado pela criação divina...

65 Angela Maria Chagas Araújo - Rio de Janeiro – RJ - Brasil. Funcionária Pública, a vontade de escrever veio à
tona, com o incentivo do Professor de Língua Portuguesa e Literaturas num curso de Contabilidade. Hoje apo-
sentada, decidiu realizar o seu desejo, ou seja, estudar Letras e Literaturas. Por intermédio de comunidades
da internet, começou a observar outros poetas, foi aos pouquinhos aumentando o seu circulo de amizades,
inclusive participando de “Saraus”.
Meu Brasil Brasileirinho
Terra abençoada, patrimônio de todos.
Muitas saudades dos seus fulgores!
Terra sem igual, que plantando tudo dá.
Tem o amarelo do ouro
Flores, frutos, louros, futebol, e carnaval.
E nesta terra abençoada, tem ainda o azul do Céu,
O branco da sabedoria da busca pela Paz!

Oh! Meu Poeta Brasileiro


Que nasceu e morreu em uma terra abençoada,
Livre e desejada.
Terra que têm palmeiras, Iracema,
Samba no pé e o lindo canto do sabiá!

Angela Maria Gomes Pereira 66

O quebrador de Sonhos
Na terra das palmeiras,
Onde não cantam as quebradeiras,
As crianças não plantam bananeiras,
Nem pensam em brincadeiras,
Esta que vi, tem apenas cinco anos,
112
E já não pode mais brincar,
Só muita casca tem a quebrar,
Que bom que pode cedo começar,
Para quando adulto muito sonho realizar,
Mas que sonhos seriam esses, se a cocos rachar,
Não pode nem piscar, que dirá sonhar,
Nunca sonhos terá,
Pois faz hoje, aos cinco,
O que muitos, aos cinquenta, não querem fazer;
Sentar, e em vez de brincar de viver,
A casca quebrar,
E expor as sementes que devemos em solo fértil plantar,
Não quero com isso mensagem de revolta passar,
A verdadeira mensagem eu tento esconder;
É um tesouro precioso,
Que meu egoísmo, estupendo, monstruoso,
Com ninguém repartirá,
Pois dessa casca grossa, não consegui ainda me livrar,
Ou não estaria vendo uma criança como adulto viver e falar,
Eu, que mil livros já li, filmes assiti,
Peças teatrais, danças e musicais,
De repente percebo que nada aprendi,

66 Angela Maria Gomes Pereira - Caxias – MA – Brasil - 7/07/1963. Iniciei minhas aventuras poéticas em 2004, ao
cursar pela sengunda vez o ensino médio, o primeiro havia sido técnico, e nada pude estudar sobre literatura,
pelo menos não no colégio. Hoje sou aluna de letras, mas tarde talvez serei interpréte ou crítica literária.
Que de nada adiantou
Pois essa criança de brincar já deixou,
Para quebrar os cocos que das palmeiras arrancou,
Das palmeiras que o poeta tanto falou e exaltou,
È pena, mas o canto do sabiá,
Ela nunca escutou,
Apenas o canto do machado,
Que os cocos quebrou.

Anna Cristina R. Oliveira Ramos67

No canto do sabiá
Grande poeta Gonçalves Dias
que sabe “onde canta o sabiá”.
Nasceu na bela cidade de Caxias,
em agosto, nas terras de Jatobá.

Ana Amélia foi o seu grande amor.


tinha o poeta em grande estima.
Por ela só lhe restou compor
estrofes pela sua dor e sina.

Quando pequeno foi um caixeiro


113
Ajudando seu pai com a lida.
Chegou a Portugal, o brasileiro,
tomando novo rumo na sua vida.

Suas obras começaram a se formar.


“Primeiros Cantos” foi o início
do Poeta que para sempre ficará,
marcado na história pelo ofício.

“Canção do Exílio” é a saudade


da sua terra natal tão distante.
Terra essa que com muita vontade,
pedia a Deus voltar o quanto antes.

Lembrava-se das estrelas no céu


e no prazer que encontrava cá.
Na terra de lá se sentia ao léu
pensando na terra “onde canta o sabiá”.

67 Anna Cristina r. Oliveira Ramos - Rio de Janeiro – RJ - Brasil – 7 de dezembro de 1962. Livro recentemente
publicado pela Biblioteca 24 horas intitulado Sentimentos (ISBN 978-85-4160-109-2) onde coloquei em poe-
sias meus sentimentos durante 30 anos, participação em duas Antologias poéticas pela Câmara Brasileira de
Jovens escritores.
Anônimo68

Gonçalves Dias
Oferecido à digna comissão encarregada da inauguração da estátua

«Ao capitólio d’arte ascende entre a alegria,


Entre os vivas da lusa e da brasília gente;
Se um sepulcro não tens, do berço teu florente,
Qual fênix imortal, ressurge n’este dia.»

De Setembro ao sol fecundo (realce à primazia!),


Jubiloso um povo te proclama – ingente.
E na imagem augusta, levantada em frente,
Saúda aqui nos trópicos, – o rei da poesia.

Da pátria as bênçãos, das letras os gemidos;


O hino, a estrofe, as pompas – o tom das harmonias
Um céu risonho, o mar esplêndido, os bosques floridos;

Cortejo d’homenagens – qual só tu merecias!...


Depois – o som dos vivas aos versos repetidos:
Salve! Salve! A glória do cantor Gonçalves Dias!

114
Antonia Epifania Martins Bezerra69

Cordel a Gonçalves Dias


Antonio Gonçalves Dias
Advogado foi a sua formação
Conhecido como poeta etnógrafo
Foi de grande relevância ao Maranhão

Filho de Brasileiro com Portuguesa


Resultado dessa bela união
Estudou com o professor José Joaquim de Abreu
Trabalhou como caixeiro em escrituração

Autor de várias obras


Canção de exílio foi inspiração
Primeiros cantos, Beatriz de Ceci e outras
Embasaram sua ascensão

68 Leal, Henriques, Pantheon Maranhense, São Luís, 1874, p Leal, Henriques, Pantheon Maranhense, São Luís,
1874, p 575. Poesias compiladas por Weberson Fernandes Grizoste - Jauru – MT – Brasil
69 Antonia Epifania Martins Bezerra - Palmeirândia - MA - Brasil. Resíduo em Pinheiro desde 07 de setembro
de 1979. Licenciada em Geografia pela UEMA e Ensino Religioso pela FASSEM. Professora concursada da rede
Municipal e Estadual. Pós graduação em Educação Ambiental pela AVANTIS
Casado com Olímpia da Costa
Sofreu preconceito e humilhação
Por ter origem brasileira
Resultante da miscigenação

Impedido de viver seu grande amor


Sofreu grande humilhação
Pois seus pais não permitiram o relacionamento
Apesar de terem a ele grande consideração
Inspirado nesse amor
Escreveu Uma vez adeus e Retratação
Explicitando seu lamento
E sua grande paixão

Preconceito maldito
Encravado na alma de nossa nação
Destruiu vida amorosa de poeta
Ainda arraigado em nossa população

Lamento das Terras das Palmeiras onde


Cantava o Sabiá
Sua terra teve palmeira
Teve também sabiá
Hoje só tem sujeira
115
E nós ainda por cá

Sua terra tem muita droga


Quase não tem sabiá
A população enlouqueceu
Está destruindo tudo por cá

Os brilhos das estrelas diminuíram


Cortaram plantas e flores
Perguntamo-nos cadê os amores
Foram junto com o sabiá

Dormir em paz a noite


É difícil, nem pensar
Os ladrões não dão sossego
Já roubaram o sabiá

Corrupção, desvio, destruição


Fácil encontrar por cá
O que está em extinção
É o belo sabiá
Antonia Miramar Alves Silva - Miramar Silva70

Pelos Caminhos do Poeta


Poeta pequeno, mestiço, nome santo, de essência imensurável,
Filosofia vasta, inspiração profunda, inesgotável.
Que nos aconselha a não chorar, pois viver é lutar
E A Vida- é combate, que os fracos abate.
Poeta que numa das noites de criação literária,
Ensaiava o verso - meninos eu vi!

Declarou nas poesias forte amor à musa real Ana Amélia,


E no seu íntimo sussurrava os versos – Enfim te vejo!
Enfim posso, curvado a teus pés, dizer-te que
Não cessei de querer-te, pesar de quanto sofri!

No silêncio, com profunda e ofegante respira-


ção, desejava confessar
Seu amor à bela musa com o singelo verso -
como eu te amo!
Em meio a delírios, suplicava pela coragem de sua
amada - Ó meu anjo,
Vem correndo lançar-te nos braços meus.

Tão sensível aos sentimentos que foi capaz de perceber que a sua musa
116
Amava a solidão, o silêncio, o sussurro das águas.
Poeta que sentiu seu amor não ser concretizado e chorou os dias
Tão sentidos, tão longos, tão amargos.
De tanto, tanto sofrer pensava em Deus, na morte, e como seria a sua vida
Se fosse querido de um rosto formoso.

E mesmo com tantas desilusões, não acreditava que alguém pudesse


Morrer de amor, quando este é fascinação que surpreende,
De ruidoso sarau entre os festejos;
Quando luzes, calor, orquestra e flores assomos de prazer.

Só se morre quando o almejado amor permite - conhecer o prazer


E a desventura, no mesmo tempo, e ser no mesmo ponto
O ditoso, o misérrimo dos entes, amor é vida,
É ter constantemente alma sentidos, coração – abertos.

Poeta de sentimentos e vida intensa, de coragem ao confessar


Aos pés de Deus que mentia porque o adorava
Revelara-se inconstante ao se comparar com a fugaz borboleta
Vagando em mar de amores,

70 Miramar Silva - Antonia Miramar Alves Silva - Caxias – MA – Brasil - 09 de agosto de 1970. Graduada em Le-
tras pelo CESC/UEMA, especializou-se em Língua Portuguesa pela Universidade Estadual do Piauí – UESPI. Pu-
blicou artigos em jornais e livros, dentre eles: Língua e Literatura: Interfaces da Linguagem (2008) e O Jogo do
Texto: Perspectivas Linguísticas e Literárias (2010), publicados pelo Departamento de Letras do CESC/UEMA,
tendo organizado o último.
Poeta do amor, do povo indígena, dos caxienses, dos brasileiros,
Que suplicava aos Guerreiros da Taba Sagrada, da Tribo Tupi,
Que ouvissem seus cantos e as suas divindades
Reclamava de grande pudor e medo, percebidos no comportamento
De sua amada, revelados nos versos - É belo o pudor, mas choro,
E deploro que assim sejas tão medrosa.

Cantou os fantasmas, o alegórico, as desventuras de I- Juca Pirama,


Exaltou em sua mais nobre Canção do Exílio as palmeiras, os bosques,
Os sabiás, as belezas naturais de sua terra querida.
E no mais forte sopro de criação, declarou amor à sua graciosa Caxias
És bela, no deserto, entre montanhas, derramada em vale de flores
perenais,
És a flor que despontaste livre por entre os troncos de robustos
cedros.
Admirou a beleza feminina, da amada, da natureza, da vida
sagrada,
Poeta fiel aos seus sentimentos, à Pátria, aos ancestrais,
Incentivador dos amigos, de escritores e pesquisadores do
Maranhão,

De estilo moderno, talento para o teatro, para as descobertas de palavras,


De culturas, de maestria ao lidar com a língua, com a arte da escrita.
Criador dos primeiros, segundos, novos cantos, de poesias americanas,
117
Diversas, de hinos, dicionários da língua Tupi, das Sextilhas de Frei Antão
De incontáveis obras que não caberiam neste nosso trilhar.

Poeta de especiais talentos perceptíveis apenas num adorável gênio


Assim se fizera Gonçalves Dias: tão amante da natureza, da vida.
Contemporâneo, criador de um universo literário maravilhoso!
Um grande homem, inesquecível conterrâneo, notável escritor brasileiro,
Clássico dos clássicos, que conquistou a crítica e ultrapassou fronteiras.
Oh, sempre admirado, imortal - Antônio Gonçalves Dias!

Antonieta Araújo71

Louvor ao imortal poeta Gonçalves Dias


Ele herdou do lado paterno
O desejo de estudar
E o ideal sempiterno
De as letras cultuar.

71 Antonieta Araújo - Minas Gerais - Brasil. “Licenciada em Letras no Centro pedagógico de Três Lagos, hoje,
UFMS/Campus de Três Lagoas e Pós-graduada em Administração Escolar nas Faculdades Integradas Rui Bar-
bosa, Andradina/SP. publicou cinco livros É autora do Hino Oficial da Cidade de Três Lagoas e publicou o conto
“La Aurora” no anuário de escritores 2000 da Litteris Editora e Casa do Novo Autor”.
O pai era lusitano
Que viera ao Brasil
Em busca do sonho ufano
De ouro sob o céu de anil.

De sua pátria, distante,


O luso encontrou idílio
Com mestiça fascinante
Que lhe deu bonito filho.

Chamou-se Gonçalves Dias


O filhinho natural,
Pois de fato não havia
Um casamento legal.

No Maranhão, veio à luz.


Em Portugal, estudou.
Até hoje nos seduz
Com os versos que deixou.

Emociona saber
Por seu ”I Juca Pirama”
Que o herói deve morrer
Pela pessoa a quem ama...
118

Desprezo no amor sofreu


Por ter sangue da cafuza
Misturado ao europeu
De seu pai de raça lusa.

Mas ele era orgulhoso


De ter mistura de raça
E tornou-se tão famoso
Que sua glória não passa.

Com seu sentimento nobre


Claro na Literatura,
Mostrou que embora pobre
Possuía alma pura.

Seu nome é conhecido


Aqui e além do Atlântico,
Como poeta querido
Do Período Romântico.
Antonio Ageu de Lima Neto72

I-Juca-Pirama (O que há de ser morto)


Salve bravura dos guerreiros descendentes tupis
De bravuras mil das quais não ouso medir
De coragem arrebatadora e nossa amiga de glórias
Salve bravos guerreiros de sangue tupi
Mas teu sangue não nega, tens medo
E do medo não se alimenta nossa tribo.
Não descende o fraco do forte
E já não queremos isso para os valentes aimorés
Salve guerreiro impotente, mostra honra, mas descende de impo-
tência
Tupã não honra aquele que desiste da luta
E assim o fraco não dignifica o forte
Então considerado maldito o és.

No exílio
Minha terra tem muita alegria, e há um sorriso indescritível no
povo
Saudades de minha terra, meu Brasil rebento
Do calor da mulata, da ginga do malandro e do suingue das crianças.
Terra de malícia e de samba.
Minha terra tem carimbó, xaxado e forró
119
E as dançarinas daqui não são tão belas como as de lá
Deus sabe que morro de saudades
E não permita que eu morra
Sem que eu volte para lá.

Canção do meu exílio


Saudades de minha terra das palmeiras, 
Minha terra tem palmeiras, onde cantava o curió e o pardal
E sinto saudades de goiabas e cajus do pé.
E sinto falta da cocada da velha preta
E das conversas de João Malandro
Deus sabe que morro de saudades
Da infância no Recife e das aventuras Brasil afora,
E não permita que eu morra
Sem que eu volte para lá.
Agora entro nesse trem, 
E minha vida muda de estação.
E já me volto para lá.

72 Antonio Ageu de Lima Neto - Recife – PE – Brasil - 26 de Dezembro de 1988. Autor de Escrito Com O Próprio
Sangue e O Código.
LIRISMO CONFESSO
Na turva, no obscuro, no rompante silencioso da madrugada
Eis que surge um lirismo confesso
De quem usa do ritmo e da rima.
E no silêncio turbante da alvorada
O autor brinca e se diz espesso
E recria um galante típico clima
De mistério e sovina
Onde apenas os corajosos têm voz e verso
E aqueles que não despojam de coragem
São aqueles que jamais desistem
Porque hão de encontrá-la bem dentro de si.
E coragem não falta,
Porque o autor é um guerreiro confesso.
Legítimo guerreiro tupi.

Antônio Baracat Habib Neto73

Gonçalves Dias
Dizem que Gonçalves
Dias morreu.
Mas,
Isso não é verdade,
120
Não é verdade, meu Deus !...

 Sua alma inocente que deus modelou,


Sua alma inocente foi ver as cigarras,
Cigarras que cantam no reino de luz,
Mirando nas noites seus olhos profundos,
Seu olhos profundos e cheios de amor !...

 Gonçalves Dias
Com as cigarras voou !...
 
Asas de ouro,
Voz de mel,
Gonçalves voou !...

As vestes bordadas com rosas da lua,


Na concha do céu pintado de anil,
Gonçalves flutua
E nas noites acenda
O Cruzeiro do Sul,

73 Antônio Baracat Habib Neto - Itabuna – BA – Brasil - 13/02/1987. Tenho 25 anos, e a mais de 10 anos comecei
a escrever..., sem nenhuma pretensão, no começo não mostrava a ninguém, tinha vergonha, até que um dia
resolvi enviar um dos meus poemas para um concurso em minha cidade e ganhei em primeiro lugar, daí em
diante, comecei a participar de concursos literários, já tive poema premiado em Portugal, e agora espero que
gostem deste Poema que envio.
Para ver lá do alto
Soberba e viril,
A terra morena do imenso Brasil !..

Asas de ouro,
Voz de mel,
Gonçalves voou !...

E foi
De alpercata,
Chapéu de couro e gibão,
Na sarabanda dos astros,
Pra vaquejar lá no céu.
Gonçalves Dias
Com as cigarras voou !...

Antonio C. de Berredo74

A memória do insigne poeta


Antonio Gonçalves Dias
Entre uma ideia nobre, um pensamento
Quando fecundo, e ao mesmo tempo santo,
Entre as ondas de um povo entusiasta,
121
Para exaltar-te o nome hoje reúne
Do Maranhão a flor nas ordens todas,
Longe embora da cena grandiosa,
Ser não pode meu peito indiferente;
E apesar da distancia ativa parte
Tomo oh! Dias! em ledo e puro júbilo
Da memória imortal na honrosa festa.
Minha alma exulta imaginando a pompa,
Com que o presente às gerações futuras
Envia-te a lembrança afetuosa,
A inicial do mármore, e do bronze,
Que a eternizar-te o vulto se destina,
Como os teus lindos versos eternizam-te
A voz, a inspiração, e o sentimento.
E a própria lira que em silêncio triste,
Por estranhos cuidados, muitas vezes,
Pende esquecida da mangueira a um ramo,
Do Éolo pátrio agora bafejada,
Estremecendo as cordas, me convida
Uma oferenda a depor no templo augusto.
Digno porém de ti que canto acaso
Posso entoar que grato te pareça
Nas regiões ao gênio destinadas?

74 Leal, Henriques, Pantheon Maranhense, São Luís, 1874, p 553-556. Poesias compiladas por Weberson Fer-
nandes Grizoste - Jauru – MT – Brasil
Cisne do vale ameno, ah! quem me desse
As tuas asas nítidas, pujantes
Para soltar galhardo um voo altivo,
Que chamasse a atenção por longas eras!
Oh! quem me dera um estro onipotente!
Si escutado n’est’hora o meu desejo,
O poder ao querer igual me fosse,
À profusão total meu preito unindo
Em carmes de um encanto inexaurível,
Suaves, como as auras matutinas,
Tristes, como a saudade enternecida;
Que partindo do mundo nos deixaste
E no entanto brilhantes, qual no estio
Do nosso sol a luz resplandecente,
Das tuas mesmas flores apanhadas
Aqui, ai no teu jardim mimoso,
Uma formosa c’roa entretecera,
Que o teu martírio e glória recordasse!
Da corte que te cerca pressurosa
N’essa oração ardente a proclamar-te,
Espontânea e sincera, um benemérito,
O animado sussurro ouvindo atônitos,
De eterno, frio gelo repassados
Perguntarão, quem sabe?! os que não sentem
122
Da mágica poesia o doce enlevo: –
Em tão curta viagem esvoaçando,
Que fez o rouxinol americano
Para atrair, que fez, tamanho afeto?!
O que fez?! eu direi – Cantor: seu fado
Era cantar até perder o alento!
E cantou como o anjo nas alturas;
De harpa divina, acompanhando as vozes:
Bom disse da virtude; a palinódia
Proferiu contra o vício desprezível;
As dores adoçou com sons sublimes,
E alegrias criou também com eles.
Si a ventura real do bem procede,
Quem mais que o vate amor e simpatia,
E gratidão merece sobre a terra?!
O eleito do Céu por um mistério
Não é seu, não, pertence à mão que o rege,
Que a inspiração nos lábios lhe derrama,
Que na vontade a devoção lhe acende!
Da humanidade a marcha é uma epopeia
Pelo punho de Deus em leis escrita
Com caracteres vivos, indeléveis,
Do coração nas fibras melindrosas,
E na essência subtil, que não perece;
Tão vasta como o mundo em que passa,
Tao bela como a origem d’onde emana,
Começou com a existência do universo,
E há de acabar… Quem pode achar um termo?
E o limite assinar do indefinido!
Com as baixas turbas que não tem um nome
Varões ai notáveis aparecem
E da obra imensa o pessoal completa.
O rei segue orgulhoso o seu destino
A si quanto conhece referindo:
O guerreiro o poder da força exerce,
Com os triunfos se apraz apregoados,
Que em sangue a seus irmãos nadar obrigam,
E de espólio, e conquistas se enriquece:
D’ouro o seu cofre o explorador repleta,
E nos prazeres ao depois se embebe,
Como em líquido a esponja a saciar-se
Os poros todos repassando ansiosa:
Até o folião que nada ocupa,
Que corre inútil procurando gozos
Lucra da vida que ao sabor lhe volve!...
Mas ao triste poeta, em seu proveito,
No geral movimento, o que pertence?!
123
Ao fanatismo apenas escapando,
Porque audaz a verdade proclamava,
Orfeu instrui a Grécia, e acaba mísero
Em mãos que só amor reger devera;
Vem ao depois Homero memora-la
Que cego esmola o pão de cada dia,
Como um proscrito, peregrino, errante
Dante exilado inda condena o arbítrio
De Florença a favor que ingrata o enjeita;
Camões se sacrifica pela Pátria,
E indigente sucumbe n’um hospício
So do seu Jau fiel acompanhado;
E tu, Dias, também do lar ausente,
Das mil belezas suas na colheita,
Morres servindo o teu país querido,
E lhe legas ainda as harmonias
Que o mar roubar não quis venerabundo!...
Assim a fonte límpida não brota
Para si o licor que a sede aplaca!
Assim o evablo dá seu doce néctar!
Assim a flor entorna o seu perfume!...
Antonio Cabral Filho75

TROVAS POR GONÇALVES DIAS


“Minha terra tem palmeiras!”
Bradou-me o poeta a cantá-las;
mas pra cantar às palmeiras,
precisamos replantá-las.
&
Camões e Gonçalves Dias
jamais brigaram à língua,
mas Caetano vive em vias
de contrair uma íngua...
&
Palmeiras da minha terra
brindaram Gonçalves Dias,
porém, com o poeta se encerra
todo o esplendor dos seus dias.

Antônio Carlos Ferreira de Brito - Cacaso76

Jogos Florais I 77
Minha terra tem palmeiras
onde canta o tico-tico
124
Enquanto isso o sabiá
vive comendo o meu fubá

Ficou moderno o Brasil


ficou moderno o milagre
a água já não vira vinha
vira direto vinagre

Jogos Florais II 78
Minha terra tem palmares
memória cala-te já
Peço licença poética
Belém capital Pará

75 Antonio Cabral Filho, Frei Inocêncio – Brasil - 13 de Agosto de 1953. Moro no Rio desde a passeata dos cem
mil, Email letrastaquarenses@yahoo.com.br - Blog http://letrastaquarenses.blogspot.com.
76 Antônio Carlos Ferreira de Brito - Cacaso – Uberaba – MG – Brasil - 13 de março de 1944. Seu primeiro livro, “A
palavra cerzida”, foi lançado em 1967. Seguiram-se “Grupo escolar” (1974), “Beijo na boca” (1975), “Segunda
classe” (1975), “Na corda bamba” (1978) e “Mar de mineiro (1982). Em 1985 veio a antologia publicada pela
Editora Brasiliense, “Beijo na boca e outros poemas”. Em 1987, no dia 27 de dezembro, o Cacaso é que foi
embora. Um jornal escreveu: “Poesia rápida como a vida”.
77 http://www.moinhoamarelo.com/2011/07/serie-cancoes-do-exilio-cacaso.html por Gilberto Araujo | Twitter:
@gilbert_araujo, Poesia compilada por Leopoldo Gil Dulcio Vaz – Curitiba – PR – Brasil – 1952; Instituto Histó-
rico e Geográfico do Maranhão; Universidade Estadual do Maranhão
78 http://www.moinhoamarelo.com/2011/07/serie-cancoes-do-exilio-cacaso.html por Gilberto Araujo | Twitter:
@gilbert_araujo; Poesia compilada por Leopoldo Gil Dulcio Vaz – Curitiba – PR – Brasil – 1952; Instituto Histó-
rico e Geográfico do Maranhão; Universidade Estadual do Maranhão
Bem, meus prezados senhores
dado o avanço da hora
errata e efeitos do vinho
o poeta sai de fininho.

(será mesmo com esses dois esses


que se escreve paçarinho?)

Antonio Carlos Pinheiro79

SEM TITULO
Foram tantos os tropeços que viveste,
Sobraram desventuras no caminho,
E, talvez, sirvam de estímulo como este
O relembrar-te a vida, o torvelinho
 
Que foi o teu passar, vivendo neste
Mundo atroz de amor em desalinho:
Ana Amélia te negaram, e tu viveste
Com a Olímpia, um amor diminutinho.
 
Foste grande demais, subiste o Olimpo,
De coroa de louros foi tua rama,
125
Pode haver maior assim algum idílio?
 
Se mais procuro, cato, se garimpo:
Herculano exalçou a tua fama,
Tu te confundes com CANÇÃO DO EXÍLIO.

SEM TITULO
“Não me deixes!”, “Delírio”. “Lira”, “O mar”
São um pouco do muito do seu estro,
Da sua rima, do seu versejar,
Que igual regia qual fosse um maestro.

Com a Poesia era um linguajar


Fosse o tema qual fosse, sempre destro,
A tradução no verso, no cantar,
Tinha a leveza do que foi adestro.

Só me explique, Poeta, sem mais rogo,


Que sei, pra tanto não requer de auxílio,
E por ser complacente – seja altivo:

79 Antonio Carlos Pinheiro  - 10 de janeiro de 1946.  Brasil. Bancário, advogado, poeta, ensaísta e articulista.
Como é que em tantos versos, grande jogo
De palavras, sua “Canção do Exílio”
Não possui – um sequer – adjetivo?

Antonio de Mello Moniz Maia80

O anjo da glória, o poeta e a pátria - Visão -


À memória de A. Gonçalves Dias

O ANJO DA GLÓRIA
Quem és, que buscas da memória o templo,
Só destinado aos eleitos meus?
Quem és, que vens ao Panteão sublime
Onde colheste os divinais troféos?

Tenho na dextra chamejante gladio


Para obstar aos desvarios teus,
Si no recinto penetrar quiseres,
Onde só vivem imortaes… e Deus!

O POETA
Quem quer que és, aparição ou encanto,
Venhas do céu, ou a um rancor profundo
126
Princípio sejas condenado e ao pranto
Consente que do mundo
Rompa minh’alma esta prisão sombria,
E como o fogo presto s’irradia.
Nos seios do tufão, do lodo imundo
Livre, se remonte a imensidade,
Que dos gênios habita a potestade!

Quais são os meus troféus? de nobre povo


São da saudade os soluçados prantos.
E de harmonia inexaurível fonte,
É um livro imortal, são os meus cantos.

Quem quer que seja… o que importa? quero


Seguindo o impetuoso furacão,
Dos orbes todos percorrer a esfera,
De luz encher o espaço, a vastidão.

Inda que role pelo abismo fundo


E sobre mim o raio o céu desprenda,
Deixa que fite o criador do mundo,
E que o meu em seu espírito acenda.

80 Leal, Henriques, Pantheon Maranhense, São Luís, 1874, p 562-564. Poesias compiladas por Weberson Fer-
nandes Grizoste - Jauru – MT – Brasil
Si ele no cabos modelou a ordem,
Si ante a sua feitura se extasia,
Do belo eterno a substância, a força
O meu gênio exprimiu na poesia.

O ANJO DA GLÓRIA
Criatura rebelde, tu revelas
N’este arrojo de orgulho irreverente
D’alma o desvario, o desatino
Do pensamento teu soberbo, ingente!

Mas é isto o poeta! Ora terrível


Rubro clarão a mente lhe ilumina,
Quer reunir possível e impossível,
Ultraja o próprio Deus, tudo fulmina!

Ora a ternura, a pálida tristeza


Lhe enche o peito, lhe motiva os prantos,
E o doce-amargo da saudade inspira
Lânguidos versos de suaves cantos.

Vem; tu recordes pelo orgulho insano


Ser descendente de Caim maldito,
Mas é teu coração mundo de afetos,
E n’alma tens o cunho do infinito! 127

Marcou-se teu destino lá no empíreo,


Para o teu nome tem lugar a história;
Ergo a cortina ao Panteão dos gênios...
Entra, poeta, conquistaste a glória!

A PÁTRIA
Para ti, ó anjo, o poeta,
Para ele a eternidade.
A mim somente o que fica?...

O ANJO DA GLÓRIA
Os seus cantos e a saudade.

Antonio Fernando Sodré Júnior81


CANÇÃO PARA GONÇALVES
Dos poetas brasileiros,
Maior ritmo, altivez, eloquência não há
Orgulho nosso, teu nome é Gonçalves
A voz da terra onde canta o sabiá.

81 Antonio Fernando Sodré Júnior - São Luís – MA – Brasil - 1982, onde vive atualmente com a família. Incentiva-
do por professores e amigos, começou a escrever na adolescência, mas apenas em 2011, decidiu compartilhar
seus textos. Tem contos, crônicas e poemas publicados em antologias.
O poeta cantou o sonho,
A natureza, o amor ingrato
Fez rimas para dos índios, a bravura
E da terra natal, a saudade...

E com paixão, o homem e o poeta se entregaram


O primeiro, aos olhos negros de Ana Amélia
O segundo, ao engenho criativo
Os dois, ao amor, à Arte...

Quisera eu ter tanto talento


Escrever versos tais
Cheios de encanto e da maestria
Do filho de Jatobá, do sítio Boavista

As águas profundas te levaram


Mas ecoa vivo o teu canto
A cada letra do teu nome
Nosso querido poeta, Gonçalves Dias.

Antônio Joaquim Pereira Filho82

CORDEL-TRIBUTO A GONÇALVES DIAS!...


128
(SEQUENCIAL I) 1ª FASE (INFANTO-JUVENIL)
Oh! Senhoras. Oh! Senhores,
Casta de ilustres leitores,
Pretendo homenagear:
-A um vate LUDOVICENSE,
Que o PANTEON MARANHENSE,
Tempo algum há de olvidar!...

Porque sua nobre figura,


Entre o povo, inda fulgura,
De forma tão altaneira?
-É que ele, também fez parte,
Do clã que montou, com ARTE,
Nossa “ATENAS BRASILEIRA!”…

Sabem onde ele nasceu?


E em toda a infância, cresceu?
-Num sítio, próximo à CAXIAS;
Neste tempo (que se esvai),
Na venda, ajudou seu pai,
O Português, MANUEL DIAS!...

82 Antônio Joaquim Pereira Filho – Aracoiaba – CE – Brasil - 14 Setembro/1944. Fortaleza/CE: Dirigente (Mem-
bro-Conselheiro) Sócio/Cultural das seguintes Agremiações: Em S.J de Ribamar: ACREQ e INCULCAAR (Clube
do Cordel). Em São Luís: AFCEAG (SEBRAE/MA), AAA (Associação Atlética Alumar), AMC Associação dos Mora-
dores do COHATRAC), PROCONTÁBIL (CRC/MA) e AMCC (Academia Maranhense de Ciência Contábeis).
Teve a infância atribulada,
Tristonha, por ser marcada,
No verdor de sua inocência;
Já que tal golpe ocorreu,
Quando, precoce, perdeu,
Sua mãe, Dona VICÊNCIA!...

Eis que obteve, aos seis anos,


Um acalanto aos desenganos,
Vendo a mãe bem sucedida;
Porque o pai, logo casou,
E Dona ADELAIDE, herdou,
O lugar da mãe querida!...

Teve bom início escolar,


Predispondo-se a estudar,
Tudo, em FILOSOFIA;
Como em FRANCÊS e LATIM,
Tendo por precípuo fim:
-Obter SABEDORIA!...

Quem foi o ilustre, ESCRITOR?


-Não digo o nome do AUTOR,
Só suas obras geniais;
129
Que o levou, com GALHARDIA,
À seleta GALERIA,
Dentre os SÁBIOS mundiais!...

Não pensem que eu sou cruel,


-Sou somente um MENESTREL,
Com um segredo a omitir;
E se isto, assim, o faço,
É pro LEITOR, passo-a-passo,
Tudo, aos poucos, descobrir!...

(SEQUENCIAL II) (ADOLESCÊNCIA)/


Quando o básico terminou,
Com o pai dele viajou,
De seu sítio à Capital;
Pois, iriam navegar,
Só não foram ao além-mar,
Por um destino fatal!...

Morreu seu pai, tão doente,


Em sua fase adolescente,
Porém, no ano a seguir:
-Partiu, rumo à PORTUGAL,
Em busca ao grande ideal,
(Razão de seu existir)!...
Nas ARTES, iniciu-se,
Quando, pra LÓIOS, mudou-se,
E, em COIMBRA, fez bem mais;
Em meio à experiências,
Bacharelou-se em CIÊNCIAS,
JURÍDICAS E SOCIAIS!...

E um ano, logo, depois,


“CANÇÃO DO EXÍLIO”, compôs,
No mundo inteiro, famosa;
E, faço outra arremetida:
-Talvez não fosse tão lida,
Se estivesse escrita em prosa!...

Pelo estilo literário,


Pelo sentimento vário,
Pela PÁTRIA-MÃE GENTIL;
Pelo texto, bem urdido,
Pelo que foi inserido,
Até no HINO BRASIL!...

Pela silábica escanção,


Pelo expresso em tal canção,
Pelo rítimo e sua rima;
130
Pelo conjunto da obra,
Eu lhes afirmo, com sobra:
-Esta é sua OBRA-PRIMA!...

E, doze meses depois,


“SEUS OLHOS”, ele compôs,
Para a jovem ANA AMÉLIA;
Em sua volta à São Luís,
Quando o destino só quiz,
Brincar de Cravo e Bromélia!...

E, em CAXIAS-MARANHÃO,
Escreveu “MEDITAÇÃO”,
Neste ano, iluminado;
Mas, sua peça livre-sonsa,
Fo i“LEONOR DE MENDONÇA”,
Que escreveu no RIO, amado!...

(SEQUENCIAL III) (PLENITUDE VITAL)


Quando aos vinte e nove anos,
Confirmou seus desenganos,
Relacionados à amada;
Para RECIFE, mudou-se,
Com Dona OLÍMPIA,casou-se,
Tendo sua vida, arrumada!...
Na Escola PEDRO SEGUNDO,
Teve um prazer, neste mundo,
Porque queria ensinar;
Já no INSTITUTO de HISTÓRIA,
Tornou-se honra e glória,
Em seu CONSELHO exemplar!...

Com sua vida, em rebuliço,


Também, esteve a serviço,
Do GOVERNO EMPERIAL;
Quando fez reedições,
E inéditas edições,
No BRASIL e em PORTUGAL!...

Também fez divulgações,


De suas publicações,
Na FRANÇA, bem como ESPANHA;
Também o fez na INGLATERRA,
E noutras Nações da Terra,
Como BÉLGICA e ALEMANHA!...

Dos “PRIMEIROS” aos ÚLTIMOS CANTOS”,


E incontáveis outros, tantos,
Qual “SEXTILHAS À SANTO ANTÃO”;
131
“OS TIMBIRAS”, “DICIONÁRIO”,
“LÍNGUA TUPÍ” e “GLOSSÁRIO”,
“MARABÁ”, “DEPRECAÇÃO!...

Com usos de SINAFIA:


_-“BRASIL E OCEANIA”,
“QUINQUAGÉSSIMA VISÃO”;
Assim como em seus “PRÓLOGOS”,
“OBRAS PÓSTUMAS” e
“MONÓLOGOS”,
E em “ADEUS, AO MARANHÃO!”…

Só quem tem, na mente, o dom,


Para escrever “POSSEIDON”,
“PATKULL”, “BEATRIZ CENCI”;
Na categoria drama,
Já o mito “I-JUCA PIRAMA”,
É um ÉPICO, emTupí!...

Sua “CANÇÃO DO TAMÓIO”,


Ele editou, sem apoio,
Apesar de ser uma SAGA;
E, em “MEMÓRIAS DE AGAPITO”,
Seu estilo, segue o rito,
De “O CANTO DO PIAGA!...
SEQUENCIAL IV) 4ª FASE (O POETA E SEU LEGADO)/
Em “UM ANJO”, ele antenou-se,
E, em “SONETOS”, tornou-se,
Mui lembrado, em todo o mundo;
Quanto à “SÁTIRAS”? -Jocosa!
E “BOABDIL”? -Mui famosa!
Feitas pelo AUTOR, Fecundo!...

No PERU, como Emissário,


Pesquisou, pro Régio-Erário,
Crença em Deuses e Madonas;
E, escreveu, em tal paisagem:
- “HISTÓRIA PÁTRIA” e
“VIAGEM,
PELO RIO AMAZONAS!”...

Logo após sua existência,


Lhe editaram “ADVERTÊNCIA”,
Mui seleta e genial;
E, noutra peça divina,
Como “A NOIVA DE MESSINA”,
Ganhou fama mundial!...

Por iniciativa sua,


132
Editou “O MAR” e a “LUA”,
Como “A TARDE” e “MINHA
TERRA!”;
Além de “O SONO” e “MEMÓRIAS”,
“LEVIANA” e mil HISTÓRIAS,
Que em sua obra, se encerra!...

Em “LEITO DE FOLHAS VERDES”,


Glosa em “POR QUE NÃO ME VEDES?”,
(De uma Obra de Camões);
E, pra manter DECASSILABOS,
Usa, em seus HENDECASSÍLABOS,
Figuras de SUPRESSÕES!...

E, em “OLHOS VERDES”? –Vertigem!,


Como em “A CONCHA É A
VIRGEM”,
(Simplesmente surreais)!
Nas quais, as muitas DIÉRESES,
Se contrastam, com AFÉRESES,
Tornando as RIMAS, sem iguais!...

Fez-se “APÓCOPE”, no drama,


Da peça “I-JUCA PIRAMA”,
E, em “DESEJO”, e “A TEMPESTADE”;
Sendo esta, fenomenal,
Com narrativa, sem igual,
Imitando à realidade!...

Se inicia com um DISSÍLABO,


Logo após, vem um TRISSÍLABO,
Que aumentam, na sequência;
Atingindo ao DECASSÍLABO,
Findando no HENDECASSÍLABO,
E, junto, tal imponência!...

(SEQUENCIAL V) 5ª FASE (O POETA E SEU ESTILO


Tem aves que imitam a nós
Com o timbre de nossa voz,
Como a filha, à mãe querida;
E a NATUREZA, irritada,
Foi, no POEMA, imitada:
-Como a ARTE, imita à VIDA!...

O nosso HERÓI, inquieto,


Dinâmico, e jamais quieto,
E, com extrema maestria;
Fez uso, em suas TEMÁTICAS?
133
-Das figuras de GRAMÁTICA,
Com as regras da POESIA!...

“BRAVO NÃO TEME DA MORTE!”


Que belo estilo – por sorte,
“CANÇÃO DO TAMOIO” tem;
Por que tal preposição?
Se não existe precisão?
É só pra REALCE! -Amém!...

Isso veio a acontecer,


Por manobras, no tecer,
Devido à questões de MÉTRICA;
Eis que tal FIGURA surge,
E, sempre que ela ressurge,
A chamamos de HIPERMÉTRICA!...

E tal CANÇÃO nos anima,


Pois, aconselha e ensina:
-Lutar pra sobreviver;
Porque: “A VIDA É COMBATE,
QUE SÓ OS FRACOS ABATE,
E FAZ QUEM É FORTE, VIVER!”...
E, na mesma POESIA,
Notou-se que covardia,
Também tem seu lado astuto;
Na frase: - “O FORTE, O COVARDE,
TE SENTE INVEJA” –Que alarde!
Deu-se ai, um ANACOLUTO!...

Mas, em “I-JUCA PIRAMA”,


Num ESTILO que o proclama,
Rei, em FIGURA adequada:
-Como ELIPSE contraída,
Ligação SUBENTENDIDA,
Numa epígrafe AFAMADA!...

Só assim, ouviu feliz,


De MACHADO DE ASSIS,
Um elogio, o qual traduz:
-Que sua OBRA escoaria,
Na língua, que dia-a-dia,
Ao nosso rumo, conduz!”...

(SEQUENCIAL VI) 6ª FASE (O GÊNIO E SUA CULTURA


SÍNCOPE E EUFEMISMO,
Usou-se no ROMANTISMO,
134
E METONÍMIA, também;
Pois, a MARCA já diz tudo,
Que o POETA, em tal ESTUDO,
Soube aplicar muito bem!...

“A TEMPESTADE”, nos traz,


HERCULANO, e outros mais,
Como CASTILHO e GARRET;
Cujo LEMA epigrafou,
E, nele, pontificou,
O ROMÂNTICO, que ele é!...

Em“A LUA” e “ATARDE”


O POETA ,se malarde,
Citou-lhes, em cada lote:
_Lord BYRON, na primeira,
E, de forma lisonjeira,
Na segunda: _CESAROTTI!...

METASTÁSIO apareceu,
Porque ele mereceu,
Estar na obra “DESEJO”;
E, em “SEUS OLHOS” e “O MAR”,
Quiz o POETA saudar,
O TURQUETY, neste ensejo!...
Entretanto, em “A TARDE”,
Elogio: -Quanto alarde!
ODORICO, em igual TEMA;
Semelhante ao texto seu,
E, porisso, agradeceu,
Ao POETA e seu POEMA!...

Se ao POETA, ligações,
E estreitas relações,
Nos unissem, no existir:
-Pediria ao ODORICO,
Seu POEMA, bem mais rico,
Permitindo-me imprimir!...

Mas, seu orgulho profundo,


Talvez, o maior do mundo,
Se deu quando ele escolheu;
Citar GOETHE, na OBRA-PRIMA,
Cujo TEMA, MOTE e RIMA,
Foi o que, melhor, escreveu!...

Em seu texto “NÃO ME DEIXES”,


Não há por onde se queixes,
Em busca à Glória e Ventura;
135
E, em “AINDA U’A VEZ -ADEUS”,
Ele, até, roga ao bom DEUS,
Abolir sua desventura!...

(SEQUENCIAL VII) 7ª FASE (A MORTE DE UM IMORTAL


Um lamento é natural,
Mesmo em alguém genial,
Também sujeito ao conflito:
-Seria egoismo? Tal ser,
Ter anseios por viver?
Sempre em paz, e nunca aflito?

Todos diriam que não,


Mas, na profetização,
Cismava em vaticinar;
E, em seus ESCRITOS, temia,
Que, seu barco, um belo dia,
Fosse, com ele, naufragar!...

Pediu à Deus, perecer,


Na Patria, que o viu nascer,
E se sepultar por cá;
Rogou que tal não lhe ocorra:
-“NÃO PERMITA, DEUS, QUE EU MORRA,
SEM QUE EU VOLTE PARA LÁ!”…

Na vida, constantemente,
Ele, ESTILISTICAMENTE,
Fez versos PARNASIANOS;
Escandindo RÍTIMO e RIMA,
Que criou no TEMA, um CLIMA,
Emotivo, a nós, humanos!...

Como estimara o AUTOR,


Consumou-se o seu temor,
Já em águas MARANHENSES;
Onde o “BOULOGNE” afundou,
Neste mar, que seputou,
O Rei dos ATENIENSES!...

E, pensar que publiquei,


Versos, nos quais me inspirei,
Em volumoso ALMANAQUE;
Nas últimas seis edições,
Situei-me em posições,
Entre AUTORES de destaque!...
136
Fiquei, deveras, contente,
Constando, seguidamente,
De edições PARNAIBANAS;
Tendo SOUZÂNDRADE, ao lado,
Como TRIBUZZI, Laureado,
ODYLO (e as “PARNASIANAS”)!...

Salve! JOSUE MONTELO,


Pelo culto ao ESTILO belo,
Tal qual FERREIRA GULLAR;
ANTÔNIO HENRIQUES LEAL,
Frei CONDURU – GENIAL,
ODORICO e JOMAR!...

(SEQUÊNCIAL XVIII) 8ª FASE (HOMENAGEM A UM SER GENIAL


ANTÔNIO LOBO e CATULO,
Deram origem ao casulo,
De tão nobre GALERIA;
E tal dueto pioneiro,
Com o ALBERICO CARNEIRO,
Ao meu lado -Quem diria?

O FÉLIX AYRES, também,


E o José Chagas -Convém,
Falar de brio, em meus ais;
Ladeando ao “MEU TORRÃO”,
Constante dessa edição,
NASCIMENTO DE MORAES!...

GRAÇA ARANHA e JOÃO LISBOA,


Que exaltam a TERRA boa,
De NAURO e COELHO NETO;
Com ALUÍSIO AZEVEDO,
Conviví desde bem cedo,
Em tal grupo tão seleto!...

Meu poema “PIRILAMPOS”,


Colado a HUMBERTO DE CAMPOS,
Em meio aos seus ESCRITOS;
Tal qual, ARLETE NOGUEIRA,
Com sua OBRA alvissarreira,
Ao meulado? –Bradei gritos!...

E em setenta, eu escrevi:
“MEU SERTÃO” e conseguí,
Editar ao lado dele;
Porisso, eu quero saudar,
Este POETA exemplar,
137
Com um CORDEL sobre ele!

Salve, oh! Imortal AUTOR,


Teu legado me inspirou,
Entre RIMAS, me expressar;
Salve, oh! Herói Nordestino,
Quiz a força do destino,
Sepultá-lo em nosso mar!...

Mas, quem é ele, afinal?


Tido como genial,
Por formosas POESIAS?
Já descobriu O LEITOR?
Que este insigne AUTOR:
-É… ANTÔNIO GONÇALVES DIAS?

Salve, oh! Ilustre POETA,


Por tua OBRA completa,
Envolta por alegrias;
Salve, oh! Grande Maranhense,
Salve, oh! Príncipe Ateniense,
Deus, salve! Gonçalves Dias!...
Antônio Luiz M. Andrade - Almandrade83

GONÇALVES DIAS
Terra pavimentada
e sem palmeira
ainda distante
calaram o sabiá
lembrança
exílio
sem sair do País
uma saudade
e um poema
na memória
o romantismo de
Gonçalves Dias
a poesia
sobrevive.

Antonio Maria Santiago Cabral84

LOUVAÇÃO A GONÇALVES DIAS


(Contribuição poética para a Antologia em homenagem ao genial poeta
maranhense)
138

“Enfim, te vejo! Enfim, posso,


curvado aos teus pés dizer-te,
... que não cessei de querer-te,
pesar de quanto sofri!”
.........................................

Muito antes que alguém, em face


de ler uns tantos rabiscos meus,
e, generoso, de poeta me chamasse,
o poema “Ainda Uma Vez - Adeus!”
já me habitava, na lembrança jamais
apagada da pungente cena de amor,
descrita nos seus quatro versos iniciais....

Foi esse poema - o canto da paixão que nunca morre -


a história de Gonçalves Dias e Ana Amélia - que deu cor
lírica à minha veia poética, de onde escorre
o caudal de todos os meus versos de amor...

83 Almandrade - (Antônio Luiz M. Andrade) – São Felipe – BA – Brasil - 1953. Artista plástico, arquiteto, mestre
em desenho urbano, poeta e professor de teoria da arte das oficinas de arte do Museu de Arte Moderna da
Bahia e Palacete das Artes. 
84 Antonio Maria Santiago Cabral – São Luís – MA - Brasil – 26/04/2013. Professor e bancário aposentado, poeta,
escritor e ensaísta. Já publicou 8 livros impressos e mais de 1.300 textos em sites literários. E-mail: amscabral.
ma@gmail.com
Que as musas digam a Gonçalves Dias - eis o meu apelo -
que, se foi por sua inspiração que me tornei poeta,
é certo que jamais deixarei de sê-lo!

Aparecida Gianello dos Santos85

Dias de glória
Pelos Primeiros Cantos,
pelos Segundos Cantos,
e pelos Últimos Cantos...

Mil salvas para Gonçalves!

Salve Gonçalves!
Tem coisas que não entendo,
ou, não me entendem estas.
Das coisas que entendo,
só entendem os Poetas.

Dias e noites
Dias de exílio,
noites a fio...
Alma cativa
139
se segurando
a um fio de vida,
que se multiplica
em versos
– diversos! –
sobre a velha
escrivaninha.

Dias de exílio...
E, de repente,
o que era triste,
ganha vida
com o verde
das palmeiras
e o brilho das estrelas.
Sob o pincelar mágico
da inspiração
tudo é mais belo.
Dias de exílio,
noites a fio...

85 Aparecida Gianello dos Santos - Guaíra – PR – Brasil - 24 de janeiro de 1973. Sua formação escolar é o Ensino
Fundamental (incompleto). Autodidata, descobriu-se nesse mundo maravilhoso das palavras depois de vencer
um concurso de frases, o que resultou em seu primeiro livro, “Pensando Bem... Mil pensamentos para inspirar
seu dia a dia”; e a partir deste, reforçada pela seleção de duas de suas Crônicas para o V CLIPP, dá início a uma
árdua dedicação em outros gêneros.
Dias e noites
a tecer um poeta
que jamais
será esquecido;
inda que voe o tempo
e por mais efêmeros
que sejam
os dias.

Da Imortalidade Gonçalviana
Em meio
ao gorjeio das aves,
às flores das várzeas
e ao verde das palmeiras,
– nos primores de cá! –
Deus lançou sementes...
E nasceu Gonçalves!
E morreu...? Não.
Apenas disse adeus
– para sempre! –
ao seu exílio.
Está agora livre!
Eis que agora vive
no brilho das estrelas...
140
– outra vez! –
...pois, dos Poetas,
só se vão os dias,
nunca a poesia.

Quem foi Gonçalves Dias


Gonçalves fez do exílio poesia
e do preconceito falou com arte.
Por fim, meteu-se lá com as estrelas
e, Poema Eterno, avivou nossos Dias.

Aparecido Bi de Oliveira 86
POEMA EM HOMENAGEM AO POETA ANTONIO GONÇALVES DIAS
Baseado e inspirado em seu poema “Canção do Exílio”

Minha terra tem palmeiras,


onde canta o sabiá;
teve também um poeta,
melhor que ele não há.

86 Aparecido Bi de Oliveira – Indaiatuba – SP – Brasil - 08 de março de 1952. Participou das antologias a saber:
Mogi das Cruzes 450 anos, Eu amo Vinhedo, Descubra um poeta dentro de Você/Associação dos Aposentados
de Jundiaí, Antologia dos Clube dos Escritores de Vinhedo e do Livro o “Galo de Rocinha”
As aves que aqui gorjeiam,
não gorjeiam como lá;
Gonçalves Dias como jornalista,
foi um dos melhores por cá

Nosso céu tem mais estrelas,


nossas várzeas tem mais flores;
como teatrólogo escreveu peças,
para a interpretação dos atores.

Nossos bosques tem mais vida,


nossa vida mais amores;
na vida sentimental e pessoal,
sentiu muito dissabores.

Em cismar, sozinho, à noite,


mais prazer encontro eu lá;
estudou no Velho Continente,
trouxe conhecimento para cá,

Minha terra tem palmeiras,


onde canta o sabiá,
Juca-Pirama, os Timbiras, Era uma vez-Adeus...
Versos lindos como este! Será que há?
141

Não permita Deus que eu morra,


sem que desfrute os primores,
de homenagear este poeta e seus valores,
que não quis morrer sem vir para cá,
e avistar mais uma vez as palmeiras,
onde alegremente canta o sabiá.

POEMA ACRÓSTICO EM HOMENAGEM AO POETA ANTONIO


GONÇALVES DIAS
Glorioso literário do romantismo, também advogado e jornalista,
Orgulho de nosso povo gentil e hospitaleiro,
Notório etnógrafo e teatrólogo brasileiro.
Concluiu seus estudos secundários em Portugal,
Adentrou e bacharelou-se na Universidade de Coimbra tão renomada,
Longe se inspira para escrever a “Canção do Exílio” da pátria tão amada.
Voltando para o Brasil, conheceu e apaixonou-se pela jovem Ana Amélia,
Eterna musa inspiradora de “Ainda uma vez”-Adeus!, Palinódia e Retratação,
Sendo um amor platônico, perpetuou sonhos em seu coração.

Deve muito a literatura ao ilustre versificador,


Indianista e nacionalista, um poeta por excelência com imensurável valor.
As suas outras obras como: Juca-Pirama, os Timbiras, Os primeiros cantos...
São preciosidades que nos fazem mergulhar na magia de seus encantos.
IMAGINANDO VOLTAR NO TEMPO DE GONÇALVES DIAS
Imaginei-me vivendo nos dias de Antonio Gonçalves,
usufruindo sua amizade e convivência.
Interagindo com seus ideais e perspectivas,
colaborando no contexto deste poeta por excelência.
Eu via a tranquilidade das ruas da cidade,
um pouco escura mesmo com lampiões e lamparinas.
As mulheres desfilando com seus vestidos elegantes,
o vento calmo e sereno soprando nossas  narinas.
O ponto de encontro eram as sofisticadas confeitarias,
e ali eu estava na companhia do poeta e demais escritores.
No meio da conversa nos dizia do seu amor por Ana Amélia,
cuja rejeição dos pais dela ao namoro causava dissabores.
Era o tempo que reinava em absoluto o romantismo,
a poesia e os contos afloravam-nos com magnitude.
Éramos impulsionados ao romantismo insensato,
muitas vezes exagerado no auge de sua plenitude.

Arão Filho87

Cantos de Gonçalves Dias


Nasceu em uma terra abençoada;
No sítio Boa Vista, lá em Caxias;
142
Trazendo em su’alma a poesia,
Deixando-a para o mundo, ofertada...

Cantou os nossos índios, os belos dias;


Os frutos, nossas árvores, a mata;
As aves emplumadas, as cascatas;
Cantou este Brasil e sua alegria!!!

Naqueles tempos idos, já distantes,


Cantou em belos versos deleitantes,
A terra das palmeiras e das aves...

Com versos d’esplendor, Gonçalves Dias,


Criou com ledas letras, poesias,
Pousando-as pelas pautas bem suaves...

87 Arão Filho - Teresina – PI – Brasil - 11.01.1965. Veio para são Luís aos dez anos de idade. Casado com Sílvia
Maria e pai de Vinícius Aarão e Abel Aarão.Atualmente é professor adjunto IV do Departamento de Tecnologia
Química e Coordenador do Curso de Química Industrial da UFMA. Em 2012 publicou dois livros de sonetos na
64ª SBPC, “Efúgios” e “Nos Quintais de São Luís” além de outro livro de poesias em parceria com o autor João
Gomes, intitulado “Enlace”, todos pela editora Clube de Autores. Publicou nos anos anteriores em algumas
coletâneas nacionais de Editoras de São Paulo e do Rio de Janeiro.
Ao poeta do Brasil, Gonçalves Dias.
Poeta! Ó poeta encantado,
De versos tão líricos, lindos,
Sonhando um Brasil tão amado,
Com índios, crianças sorrindo!...

Nasceu o poeta adorado,


No seu Maranhão, tão infindo,
De mares, de aves nos prados,
Pau d’arcos tão lindos, florindo...

Criou seus poemas de amor,


Cantou a saudade e a dor,
Da pena abraçada nos dedos...

Nos cânticos finos, singelos,


Deixou sua vida nos elos,
Dos versos suaves e ledos...

Ana Amélia, o amor do poeta...


Velado este amor tão grandioso,
Volvendo a alma e o peito do poeta,
Amélia, sua musa tão dileta,
A dona desse amor esplendoroso...
143

Mas, eis que o destino enganoso,


Cavou uma armadilha, lançou seta,
Trancou a sua alegria em cafuleta,
Deixando-o tão triste, tão choroso...

Por ser um homem pobre, um mulato,


Não quis lhe permitir o casamento,
O pai da sua donzela tão amada...

Chorou. Ó que destino tão ingrato!


Morreu o fino vate em sofrimento,
No corpo e em sua alma naufragada!...

Naufrágio do Ville de Bologne*


Naquela tarde triste, tarde quente,
O Ville de Boulogne naufragava,
Nas costas maranhenses, tristemente,
Então, Gonçalves Dias lá chorava...
>
Não conseguiu sair, pois, já doente,
Enfermo, moribundo, agonizava,
Morreu, então, o ilustre maranhense...
Nas águas de Tutóia... Lá findava!...
>
Deixou rico legado, os belos versos;
Tão cândidos, profundos, tão imersos,
Na alma que partiu consigo eterna...
>
Poemas inspirados, tão diversos,
Ficaram registrados, sim, egressos,
Ao mundo, sua verve, linda e terna!...

Arlete Trentini dos Santos88

GONÇALVES DIA MINHA INSPIRAÇÃO


Eu me lembro era pequena
E teus versos declamava
Achava tudo tão lindo
Não entendia que choravas.

Nem sabia o que era exílio


Não conhecia a saudade
Penso que foi só maldade
O que fizeram a ti.

Meu grande poeta exilado


Tua poesia nos deixa encantados
144
És do século passado
És venerado , e por mil poemas lembrado

Quem a Deus fez um pedido


Rever o solo querido
O chão de onde foi banido .
Mas nos versos foi acolhido

Arlindo Nóbrega

TRIBUTO A GONÇALVES DIAS


Eu ainda era menino,
tempos do grupo escolar,
veja como as coisas são.
Minha vida era estudar,
pois meus pais assim queriam,
só que eles não sabiam,
que eu precisava brincar.

Era de casa para a escola


e da escola para casa,

88 Arlete Trentini dos Santos – Dona Emma – SC – Brasil - 16/05/1952. Um poeta que marcou a minha vida. Tudo
começou na infancia e olhe que já se passaram muitos anos. E em nossa terra, os sabias cantam alegremente,
assim como antigamente.Assim como lembrava o poeta quando estava no exilio.
de segunda a sexta-feira,
e isso quase me arras.,
Mas no meu pouco entender,
era tudo para eu crescer,
hoje meu peito extravasa.

De tudo aprendi um pouco


e por algo me apaixonei.
Da primeira namorada,
juro, quase nada sei,
mas da bendita poesia,
que na minh’alma já ardia,
eu jamais esquecerei.

Quando A Canção do Exílio,


um colega declamou,
meu coração exultante,
simplesmente disparou,
abarrotado de emoção.
Pedi calma ao coração,
que de pressa me escutou.

Ela foi que me abriu a porta


da poesia para mim
145
e comecei a fazer versos,
lá num banco de jardim.
Espero, meu Deus do céu,
ainda que viva ao léu,
isto jamais tenha fim.

O autor desta obra-prima,


nasceu lá em Caxias,
interior do Maranhão.
Bambambam nas poesias,
aventureiro amoroso,
um vate muito famoso,
o grande Gonçalves Dias.
Aplausos para SCLB,
que com imenso vigor,
lembra o dez de agosto,
do poeta/trovador.
Celebremos o aniversário,
seu primeiro centenário,
com muito brilho e louvor.

Ele é um dos mais festejados,


poetas do meu Brasil.
Impetuoso nas arrancadas,
porém, bastante gentil.
Ao também grande imortal,
neste meu ponto final,
minhas homenagens mil.

Armando Azcuña Niño de Guzmán 89

A  GONCALVES  DIAS,  Antonio


 Desde tu tierna infancia empezaste a escribir,
Con la fortaleza  de tu amplio espíritu
De tu gran capacidad, de tu inteligencia,
Con mil latidos en concierto
Afianzaste tu dedicación a las letras,
Orgulloso por tu sangre
Amalgamada en una sola,
La blanca, la india y la negra;
Eres una luminaria
De la poesía brasileña.
La dulzura de tus palabras
Enternecen los corazones,
Has volcado tus vivencias
En Europa y otros lares,
Por ello eres el más grande.
Naciste cerca de  la villa de Caxias,
146
Ni los grandes problemas financieros
Pudieron impedir tu  merecido ascenso,
Lograste al fin tu formación
En la universidad de Coímbra
De la república de Portugal
Para luego desempeñar
Importantes cargos públicos
En favor de la educación.

Arquimedes Viegas Vale90

ENCONTRANDO GONÇALVES DIAS


O primeiro poeta que conheci
foi Gonçalves Dias.

89 Armando Azcuña Niño de Guzmán - Puno – Perú - 27 de abril de 1948. Es Profesor.músico y bailarín, fundador
de la Asociación Cultural Brisas del Titicaca en 1962, en Lima la Capital de La República del Perú, hoy recono-
cido socio Honorario; es miembro del colectivo cultural Capuli Vallejo y su Tierra, de la Sociedad Universal de
Artistas y Literatos (S.U.A.L.).Está dedicado al estudio, investigación y difusión de la poesía en el Idioma de los
Incas, el RUNA SIMI mal denominado quechua. Ha participado en innumerables Encuentros Literarios Nacio-
nales e Internacionales, en los que ha sido distinguido con sendas certificaciones
90 Arquimedes Viegas Vale - São Bento – MA – Brasil - 22 de julho de 1949. É Médico e Professor Universitário.
Membro da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores – MA e ex-presidente e atual vice-presidente da Aca-
demia São-bentuense de Letras. Poeta e contista é autor do livro de poesias “Resíduos Cartesianos”.
Meu pai,
diante de adversidades,
suas ou de outrem,
dizia:
“a vida é combate”

Nas sessões literárias,


às quintas feiras,
no Grupo Escolar Motta Júnior
a “Canção do Exílio”
era sempre declamada
e as palmas haviam
como vento nas palmeiras.

Guerreiros Tupis, Tamoios


e Timbiras
de cobre e cores investidos
e seus belos cocares
de guerra,
foram os meus primeiros heróis
- não choraram em presença
da morte –
brasileiros fortes
que habitavam os livros velhos
da minha infância. Sentimental deplorei 147
o amor, por Gonçalves Dias
curvado aos pés do impossível
dizendo mais uma vez adeus.
Adeus pela raça, pela pele,
pela prata que não teve
do útero de onde veio.

Poeta que passa


poesia que grassa
saudade doendo
saúde perdendo
para crescer o sofrimento
que lhe escapou pelas mãos
na forma de letras
das quais me vali
para completar a frase
do meu pai
- “que aos fracos abate
e aos bravos e forte
só pode exaltar”

UM DIA HOUVE UM GONÇALVES DIAS


Um rosto nos planetas,
nas enciclopédias,
nas praças.
Um poema
no coração da gente
de I-Juca Pirama
de Ana Amélia.

Sofrimento no peito.
Distância nos olhos.
Mares de Atins
espuma branca
sufocante
sepultante.

Canção dias de saudade


exaltação aos bravos
vitória para fortes
nos combates da vida.

Que fecunda raça!


Que raça de poeta!
Entre amores e desamores
o desafio do eterno.
O plantio de sua gente
que virou palmeira
e ainda aguarda
148
o sabiá
na Praça onde
se alevantou.

Arthur rabut91

GONÇALVES DIAS
Teu gênio feculdo a irradiar fulgores
Na belezxa invulgar do teu estro divino,
Deui-nos “Canção do Exílio”, a gema de ouro fino,
A sítese real dos teus grandes primores!

Teu próprio indianismo é belo e adamantino


Romântico e audaz, repleto de esplendores,
Ness “Y Juca Pirama” – a ode de alto lavores
Quem mais que uma canção é portentoso hino!

Tu viveste a espalhar os teus “Cantos! Sublimes,


Chegado como vate às dobras do infinito
Tanto, tanto é o fulgor que teus versos imprimes.

91 MORAIS, Clóvis. TERRA TIMBIRA. Brasília: Senado Federal, 1980, p. 65, Poesia compilada por Leopoldo Gil
Dulcio Vaz – Curitiba – PR – Brasil – 1952; Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Universidade Estadual
do Maranhão
E desse pedestal onde soberbo estás,
Esperas com fervor, com majestoso rito,
Este teu sabiá que não vem nunca mais!.

Aryane Ribeiro Pereira92

CANÇÃO DO EXÍLIO
Minha Terra tem riqueza,
Onde encantou o sabiá
Lá eu conheço todo lugar.

Nós não temos mais bosques,


Pela poluição
Mas eu tenho fé em São José e São João.

Em cismar sozinho à noite,


Pois à noite eu vou à praia
Apreciar a Beira-Mar,
Pois minha Terra tem riqueza,
Onde encantou o sabiá.

Augusto de Miranda93
149
Português, autor dos Primeiros Cantos.

À morte do poeta brasileiro G. Dias


Ai do que a sorte assinalou no berço
Inspirado cantor, rei da harmonia.
S. P.
Nas horas em que a flor balança o cálix,
Também o balançaste, e n’um suspiro,
Tua lira, semelhante à de Belmiro,
Batida num tufão ao fim deixaste…
Oh! não sabes a dor, que por ti sinto!..
Não conheces como a ira me devora,
Vendo as ondas do mar cobrir agora
O gênio, que criaste!..

Qual meteoro no espaço tu surgiste;


Como o sol tu brilhaste – sem ocaso;
De mágoas tendo sempre o peito raso,
O teu saudoso canto era divino.
Ó! Brasílico cisne, os teus gorjeios,

92 Aryane Ribeiro Pereira - São Luís – MA - Brasil - 10/07/2001. Motivo da participação: Eu gostaria de participar
da antologia para ser reconhecida pela poesia que fiz.
93 MIRANDA, Augusto, Primeiros Cantos, Coimbra, Imprensa de Coimbra, 1866, 17-20. Compilador: Weberson
Fernandes Grizoste. Poesias compiladas por Weberson Fernandes Grizoste - Jauru – MT – Brasil
No Amazonas soltaste… e o Tejo ainda
Corre ouvi-los à campa – a dor infinda
Do teu triste destino…

Não foras tu poeta sobre a terra!..


Não subisses ao céu em doce canto!..
Teus brandos hinos não soltasses tanto
Verias como os anos se alongavam!..
Mas o gênio em ti transbordava;
Rescendia na terra qual magnólia,
Tinhas um estro grande uma harpa eólia,
Que os anjos te invejavam…

Do mundo junto a Deus já tu subiras,


Nas asas da harmonia encantadora,
De teu gênio com a chama abrasadora
Mil coroas lhe teceste de louvores…
E um foco de amargura foi-te a vida,
‘Té cheio de luz subiste aos céus,
Puseste a lira sob os pés a Deus
Deixando prantos… dores!..

Gênio do Brasil, que lhe escutastes,


Tristes endeixas de seu puro amor,
150
Já que a fronte de loiros lhe adornastes,
Cinge-lh’a agora de mortal palor.
Vinde dos bosques, ressurgi das selvas,
Soltai um hino ao céu p’ra lá onde voou
E suspirando divagai, nas trevas,
Que o cantor doce, já morreu – findou.

E quando o sol se alevantar no oriente,


Quando os raios vos mandar valor,
Chorai-vos todos pelo gênio ardente,
Chorai a morte do infeliz cantor;
E em vez de coros, de doirados sonhos,
Que lhe inspirastes e que tanto amou,
Dai-lhe só prantos, divagai tristonhos
Que o cantor doce, já morreu – findou.

Sabiá canoro, que lhe ouviste as mágoas,


Vem tomar parte nesta imensa dor;
E tu Alcion, pela amplidão das águas,
Lamenta a sorte do infeliz cantor.
Filhos de lusos, a saudade agora
Me abrasa o peito que também o amou;
Sentirei sempre, e vós chorai nest’ora,
O cantor doce, que morreu – findou.
Aurineide Alencar de Freitas Oliveira94

Versos na memória
Tanta emoção!
Transborda meu coração
Quando estou a escutar.
“minha terra tem palmeiras
“Onde canta o sabia”!

Aprendi desde menina


Os versos que me fascina!

Ainda tão jovem


Subiu para o céu!
Deixou a semente
Plantada na mente
Cumpriu seu papel!

Ficando sua obra


Talento de sobra
Ninguém esqueceu!

Os versos que ele


Assim escreveu!
151

Os poemas!
Alguns de amor
Que para compôr
Com tanta magia!
Apenas ele
O poeta seria!
Gonçalves dias!

Paixões
O mestiço!
Como feitiço
Segue o destino!

Ainda menino
Pelas letras
Se apaixonou!
O pai!
Depressa notou,
Na escola em seguida
O matriculou!

94 Aurineide Alencar de Freitas Oliveira - Catolé do Rocha – PB – Brasil – 27/08/1965. Professora do Ensino
Fundamental, séries iniciais, concursada no estado de Mato Grosso do Sul, cordelista, formada em Letras na
UNOESTE e Especialização em Metodologia do Ensino Superior na FIFASUL.
Menino crescido
Bem pouco vivido
Se apaixonou!

Conhece Ana Amélia!


Tão linda! Tão bela!
Bem pouco durou
Momento amoroso
Que inspirou!

É Olímpia da costa
Que dele assim gosta.
Casa-se e pronto!

Dando-lhe alento!
Apoio!
Sustento!
Até um rebento!
Para alegria
De Gonçalves Dias!

Último suspiro
Como um pássaro
A voar o mundo!
152
No último segundo
Suspirou!

As palavras! Juntou
Emocionado!
Para sempre ficou
O vento espalhou
Por todos os lados!

A morte!
Que veio tão cedo
Desfez o enredo!

Momento de angustia
Ao padecer!

Sentia a dor
No adoecer!

Provou o destino
Que não vai mudar
E quis do menino
A vida podar!
O mundo escurece
Como noite sem estrelas!
Gonçalves Dias?
Sozinho falece
No fundo do mar!

Saindo a matéria
Fica a memória
Ou ler ou declama!
Resta-lhe a fama
Que ficou para sempre
Guardada na historia!

Origens
Mãe cafuza,
Pai português,
Unindo-se três raças
Um garoto fez!
Orgulho?
Talvez!

Levando consigo
O sangue contido
Que forma o Brasil!
153

Coincidência ou não
Foi nesta nação
Que ele surgiu!

Sua origem!
Nunca negou!
O indígena
Idealizou
Tornando poesia!

Formado em direito
Professor perfeito
Também foi um dia!

Redator!
Escritor!
Entre tantos
Ser poeta escolhia!

No seu sentimento
Às vezes lamento!
Naquele momento
Sentia alegria!
Refletindo sua alma
Mostrando a calma!
Até o fim de seus “Dias”!

Aymoré de Castro Alvim95

UMA CANÇÃO A GONÇALVES DIAS


Canta, oh! Bardo caxiense,
Canta tuas lembranças e saudades.
Canta teus amores quando daqui partiste.
Canta teu povo, teus índios,
Canta as palmeiras e os sabiás.
Canta, oh! Grande trovador,
Canta a tua amada que imortalizaste nos teus versos.

Canta as imagens que vislumbraste, na tua angústia,


ao te aproximares da terra natal.
Canta a esperança e as alegrias do teu coração combalido
por retornares ao teu rincão.
Canta a paisagem derradeira que, na tua dor,
contemplaste do Bologne antes de Netuno te conduzir
ao teu destino final.
154
Descansa, agora, oh! bardo caxiense,
Nas águas que te abraçam, eternamente,
Dos mares da tua terra, o Maranhão.

Bartyra Soares96

NENHUMA VEZ - ADEUS


Poeta! Ainda uma vez e tantas outras mais,
nunca será tempo de te dizer adeus.

Não importa se o naufrágio do navio


Ville Bologna, perto dos Lençóis maranhenses
levou o teu corpo para o coração das águas
da terra onde nasceste.

95 Aymoré de Castro Alvim - Pinheiro – MA – Brasil - 13 de maio de 1940. Aos 12 anos de idade, em São Luís –
Ma., estudou no Seminário de Santo Antônio onde participou, ativamente, da Academia Literária D. Francisco
de Paula e Silva. Aí começou a escrever seus primeiros versos e suas primeiras crônicas que eram publicadas
no Semanário da sua terra natal: “O Cidade de Pinheiro”.
96 Bartyra Soares - Catende – PE – Brasil - 7 de junho de 1949. Atualmente reside no Recife. Publicou 10 livros
entre poesia e contos. É detentora de 14 prêmios literários. Participou de dezenas de antologias, inclusive no
exterior. Pertence à Academia de Letras e Artes do Nordeste - ALANE.
Águas que palpitam, gemem, choram
ao recitar teus versos de amor,
de saudade, de súplica, até hoje implorando:
“Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá...”
Para o Brasil, vindo do distante Portugal.

Oh! Antônio Gonçalves Dias!


Homem vindo á luz no sítio Boa Vista,
no solo nordestino, maranhense.
Jamais será tempo de te dizer adeus.

Tua “Canção do Exílio”,


nunca te degredará da poesia
romântica brasileira, do indianismo
que fez parte de tuas inspirações,
jamais te desterrará de tua pátria,
de teu berço: teu Maranhão!

Tua amada, Ana Amélia, copiou


com o próprio sangue as estrofes
que a ela, com ardor, dedicaste:
“Ainda Uma Vez - Adeus”.
155
Mas, tua gente, Gonçalves Dias,
que na alma mestiça como foste tu,
sabe que mesmo séculos após séculos
jamais se apagará o teu nome
da história literária do Brasil
e nunca te dirá: grande poeta, adeus!

Beatrice Palma97

Solidão
Um homem... um dia a uma mulher se apaixonou.
mas não podiam ficar juntos.
Esse mesmo homem, um dia então... ficou doente.
Uma doença de tristeza na qual a cura estava bem longe.
Foi pra lá e encontrou a mulher que um dia tinha se apaixonado.
Este homem voltou de navio, mas sofreu um naufrágio...
e teve que partir...
o único esquecido, doente, sozinho...

97 Beatrice Palma – Curitiba – PR – Brasil - 25 de julho de 2002. Tem 10 anos, é estudante do 6º ano do Ensino
Fundamental e foi vice-campeã do Projeto de Soletramento do Governo Municipal de Guarapuava/Pr. Adora
literatura e escreve textos poéticos.
Beatriz Branco da Cruz98

Dias de Saudades
Foste tão cedo!
Partiste pelas águas do Maranhão
E agora o Brasil sente saudades
Daquele em cujas veias corria paixão!

Paixão por ser brasileiro,


Paixão por ser de três raças,
Paixão por ser poético,
Paixão por ser parte de nossa vida!

Gonçalves Dias, homem da terra das palmeiras,


Onde canta o sabiá,
Homem de sabedoria,
Homem que tinha muita história pra contar!

Ah, Gonçalves Dias!


Por que partiste?
Hoje o sabiá canta triste
E a mulher que tu amaste
Continua a te esperar!!!
156

Belmiro Ferreira99

MINHA TERRA
Parodiando tema de “Canção do Exílio”de Gonçalves Dias

Minha terra tem Palmeiras,


Corinthias, Vasco da Gama...
Tem Flamengo, Madureira...
Um Maracanã de fama!

Minha terra tem primores,


Como não vejo eu cá:
Tem fraudes de senadores,
Salários de marajá,
Tem sequestros e horrores,
Que até fugi de lá!

98 Beatriz Branco da Cruz - Teresópolis – RJ - Brasil - 25/10/1997. Poetaluna do 9.º Ano da E. M. Alcino Francisco
da Silva, em Teresópolis/RJ, e, há tempos, destaca-se nas produções textuais feitas dentro e fora da escola.
Professor orientador: Carlos Brunno S. Barbosa.
99 Belmiro Ferreira da Silva - Japuíba - Cachoeiras de Macacu – RJ. Diplomado pela Faculdade de Ciências Políti-
cas e Econômicas do Rio de Janeiro; Universidade de Michigan; produtor-apresentador de programas culturais
na Rádio Imprensa; membro da Assoc. dos Diplomados da ABL Dez livros publicados, dentre os quais: Juiz ou
Papagaio?- Minhas Essências - Ao Sabor da Malucuras - Cidadania, uma Conquista Solidária - Fragmentos do
Amor Maior - No País do Vale Tudo - Tempo de mor. Produtor do CD Caminhadas e autor desta música.
Nosso céu se poluiu,
Nossas várzeas se queimaram.
O governo bom sumiu;
Só vigaristas ficaram.

Minha terra, sem valores,


Já não tem mais sabiá;
Dos pardais fez seus cantores,
Promovidos por jabá*.
Virou foi tudo uma zorra!
Tomara que não ocorra
Que eu volte para lá.

Benvinda da Conceicao Maia de Melo Lopo


Maia de Melo Lopo100

LONGA SOMBRA

António Gonçalves Dias


Por ti António, Coimbra de capas negras chorou o amor na
saudade da tua dor,
o fado estilhaçou no rosto, guitarras em luto chamaram o
desgosto, brisa tépida,
157
vozes, cantares á luz das velas, guincharam cordofones, tre-
mem pandeiretas,
alegre estudantina universitária, vinho tinto, cerveja, tremo-
ços, maçãs reinetas.
Tunas musicais paródia e copos, no fundo mágoas, penumbra,
paixões, destroços,
bela noite, fonte dos amores, quinta das lágrimas, saudoso ilus-
tre, longa sombra,
perdida no banjo triste a viola, andorinhas negras dançaram,
voaram asas em corte,
afundou o ar agonizante, choupal de amante sem amada e tu
amando até á morte.

Sangue índio, negro, branco, respiraste briza de Portugal, sonhaste


história, mundo,
ao longe beijaste a longa sombra, sei, tão amiga te deu muito não
duvidou querer-te,
em carícias se envolveu contigo, seguiu o Inferno da glória e logo te retirou o tapete,
fascinado olhar profundo, catástrofe do romance, disparou o coração, aroma no peito.

100 Maia de Melo Lopo - Benvinda da Conceicao Maia de Melo Lopo - Lisboa – Portugal - 25 de Janeiro de 1954.
Artista Plástica e está representada em Museus Nacionais e Internacionais, Como poetisa publicou poemas
em Coletâneas no Brasil e ainda em Chile em Mil poemas a Pablo Neruda de Alfred Asís. Condecorada pela
FALASP- S. Paulo e Academia de Ciencias de Lisboa. Autora em Portal CEN. Poetisa do Movimento Internacio-
nal Poetas del Mundo. Embaixadora Universal da Paz-Cercle Universel des Ambassadeurs de la Paix-France &
Genève Suisse. E-mail: lmb2425@gmail.com
Penso em ti a perguntares ao céu, porque parou teu leve sono na imensidão da noite,
afinal na insónia todas ilusões perdidas, aventuras de prazeres, só na solidão do leito,
devoram-nos os fingidores do amor, envergonhado fingiste ser amado e aí sofreste,
sem esqueceres onde nasceste, a paixão alucinada e mortal, sem dó te deu um
açoite.

Adormeceste no pulmão Brasil, Caxias, amores-perfeitos


roubaram-te o sonho,
deserto é cor, encanto das trevas, viste o dragão cair na sombra
dos teus passos,
a sombra perdida no dilúvio do teu olhar, tremeu a alma da
aurora em cansaços,
tudo foi tormenta e medonho, ouviste guizos do mar, febre do
amor quiseste amar.
Ai, a tempestade ferida balançou de pranto, raivosa
uivou tão feroz como um cão,
raio de luar, lâmpada frouxa de luz, sombrio óleo
divino, suaves pétalas das estrelas,
doçura celeste, a montanha em desvelos vestiu a
ladra sombra e ao sentir-se só,
tratou os espinhos, fez mimos, cercou em ternos carinhos o
teu infeliz coração.
Derradeira sombra, oh, despedaçou o ferro do teu peito, grade na
prisão da alma,
158
soluçaste um choro desfeito, lágrimas pálidas e amargas descansaram
na face,
a liberdade marchou flamejante, doente viajou o chacal, sangue no aço
da agonia,
ceifou os matagais de cristal com lanças soltas ao vento, vida, manto da
noite fria.
Tumba de vidro, silêncio esbranquiçado em convulsões, lei nua,
poema enlace,
o génio do medo sonhou, ouviu monstro numa risada gelada,
calma voz cortasse,
fitou olhos exaustos em brasa, Senhor, voou a sombra escura
em plumas de chuva,
eco ao longe, murmurou o reino do corpo, fezes em aspirais,
frémito vómito soluça.

Sombra no cemitério do mar criminoso, vê partir oração do fim, última lembrança,


trémula voz sorriu aos pais, doce harpa flutua no céu, grito de bronze, feliz triunfo,
anjos répteis, na jaula te abraçaram, beijaram o hino dos lábios na concha da loucura,
beijos bebem fogo penetrante, o lodo casou bocas de peixes, sofrem rosas do Universo.
Maranhão terra distante, disperso, ânimo, suspiros, solidão, línguas de água, abandono,
Amor sombra foi catedral, caixão secreto da morte, naufragou no trono teu último sono,
Gonçalves Dias, o navio abrigou tragédia mortal, no íntimo cintilou o adeus do horror,
grinaldas de espuma lutaram em ondas de prata,
num tesouro o sacrário guardou o amor.
Bernardo Joaquim da Silva Guimarães101

Morte de Gonçalves Dias102


Canto elegíaco
I
Que fado o teu, Gonçalves!... que desdita!...
Ai! quantas agonias
Vieram conturbar-te a mente aflita
Nos derradeiros dias,
Quando no meio das tormentas bravas
O teu formoso espírito exalavas!...

Qual alcion dormindo sobre o ninho


Das vagas balouçado,
Às vagas entregaste - tão sozinho
O teu corpo alquebrado,
E vinhas ver, atravessando os mares,
Pela última vez teus pátrios lares.

Cruel doença as fontes te secava


Da débil existência,
E já quase do vaso se entornava
Essa imortal essência,
O sopro, que dos lábios de Deus sai,
159
E que, quando lhe apraz, a si retrai.

Ah! que saudade, que palpite ansioso


No peito lhe ofegava,
Quando pelo horizonte nebuloso
As praias lobrigava
Da doce pátria, e os coqueirais viçosos,
Que de longe acenavam-lhe saudosos.

Já da vida, que esvai-se, o extremo alento


No peito lhe lateja;
Mas à luz da esperança ainda um momento
Sua alma se espaneja,
Que já lhe trazem virações fagueiras
Os aromas da terra das palmeiras.

Ei-la! - do ocaso lá na linha extrema,


A pátria; ei-la acolá!...
E os palmares, por onde vaga a ema

101 Bernardo Guimarães – Bernardo Joaquim da Silva Guimarães - Ouro Preto – MG – Brasil - 15 de Agosto de
1825 e faleceu em 10 de Março de 1884. Foi romancista e poeta brasileiro. Sua obra prima é A escrava Isaura
(1875).
102 Guimarães, 19--. Neste poema Guimarães critica a Assembleia Constituinte que se recusou a prestigiar uma
homenagem ao poeta Gonçalves Dias. O poema foi escrito em 1869. Poesias compiladas por Weberson Fer-
nandes Grizoste - Jauru – MT – Brasil
E canta o sabiá!
Ei-la, a formosa terra dos amores,
Ninho viçoso de verdura e flores.

Ah! não permita o céu que ele sucumba


Sem ver a pátria amada!
Possa ele vê-la, embora encontre a tumba
Por seus pés cavada;
Ver a pátria, e morrer beijando a terra,
Que os ossos de seus pais no seio encerra,

Ai! uma hora, ó Deus! uma só hora


Deixa-o ainda viver;
Deixa-o na doce pátria, por quem chora,
Entre os seus ir morrer,
Não pereça tão junto aos lares seus,
Sem poder lhes dizer o extremo adeus!

II
Mas da borrasca as núncias temerosas,
Densas nuvens, se estendem pelos céus,
E o mar levanta em vagas alterosas
Medonhos escarcéus.
160
Das ondas e dos ventos embatido,
Qual bravio corcel,
Que as rédeas arrebenta de insofrido,
O trépido batel,
Ora do firmamento segue o rumo,
Ora aos abismos quase desce a prumo.

Por entre os estertores da borrasca


O navio aos boléus estala e range;
O medonho tufão, que os mastros lasca,
Os mais valentes coraçoes confrange.
Bem perto em fúria o mar ali rebenta
Entre as pontas de horríficos abrolhos,
E da morte a figura macilenta
Do nauta surge aos olhos.

Mas Gonçalves não ouve a orquestra irada,


Em que convulsa a natureza arqueja;
Já sobre sua fronte laureada
Da morte o sopro adeja.
A doença, e o oceano turbulento
A nobre, infeliz vítima disputam,
E, para lhe arrancar o extremo alento,
Como à porfia lutam.
E enquanto fora o furacão restruge
E quebra ao lenho o mastro escalavrado,
Enquanto em torno o mar referve e ruge,
Mostrando ao nauta o abismo escancarado,
No estreito camarim
Dentro e fora de si o bardo sente,
Que o destino inclemente
Dos dias seus está marcando o fim;
E entre as cenas horríveis, que o compungem,
Sozinho, abandonado, o ilustre vate
De duas mortes, que de perto o pungem,
Sofre o tremendo embate.

Contra o furor insano da tormenta


Labuta em vão o soçobrado esquife,
Já nos parcéis esbarra, e enfim rebenta
Nas pontas do recife;
E navio e poeta o abismo torvo
Num só momento os engoliu d’um sorvo.

Entre os roncos medonhos da procela,


Liberta já da mórbida prisão,
Voou ao céu aquela alma tão bela
Nas asas do tufão.
161

Da tempestade o brado pavoroso


Foi seu hino de morte;
O oceano o sepulcro glorioso,
Que deparou-lhe a sorte.

Sobre ele estende o pego tormentoso


Mortalha d’alva espuma;
E assim do vate o fado lastimoso
Na terra se consuma.

E a vaga, que o tragou no bojo horrendo,


Estourando nas broncas penedias,
Veio na praia murmurar gemendo:
- Morreu Gonçalves Dias! –

III
E tão perto, - na extrema do horizonte -
A pátria lhe sorria;
E para lhe adornar a ínclita fronte
Novos lauréis tecia.

Ela ansiosa e sôfrega, esperava,


E às vagas do oceano perguntava
Por seu filho querido;
E no meio do horríssono bramido
Das ondas irritadas,
Aos uivos das rajadas
Estas sentidas vozes exalava:

“- Onde te foste, filho muito amado?...


Ah! por que deixas o teu pátrio ninho,
E a longes terras vais afadigado,
Tão fraco, tão sozinho,
Longe dos lares teus buscar descanso
Que só podes achar no seu remanso?

Saudoso sabiá destas florestas,


Que nas sombras tranqüilas te aninhavas,
E nas ardentes sestas
Com teus lindos gorjeios me embalavas,
Saudoso sabiá, por que fugiste?
Por que voaste além?
Por que deixaste tão sozinha e triste,
Quem tanto te quer bem?

Por que deixaste, filho aventureiro,


De tua mãe o tépido regaço,
Para entregar ao pego traiçoeiro
162 O teu porvir escasso,
Trocando a paz serena de teus lares
Pelo baloiço perenal dos mares?

Temerário alcion, que destas plagas


Mudaste o ninho em hora de bonança,
Por que confias às traidoras vagas
Tua última esperança?

Vem, que te aguardo aqui saudosa, inquieta,


Corre, corre a meu seio;
Vem, não mais te demores, meu poeta,
Que mata-me o receio,
Cruel receio de não ver-te mais,
Nem mais ouvir teus cantos imortais.

Vem pendurar à sombra da palmeira


Inda uma vez a tua errante maca;
E enquanto d’alva praia pela beira
Ferve e ronca a ressaca,
Enquanto a brisa tépida farfalha
No tope dos coqueiros,
E pelos ares mansamente espalha
Aromas lisonjeiros,
Canta ainda uma vez essas cantigas,
Que fazem recordar eras antigas.
Suave alívio ao teu padecimento
Só podes encontrar no seio meu;
Ao teu peito alquebrado dar alento
Quem pode senão eu?

Ainda aqui meneiam as palmeiras


Seus trêmulos cocares;
E as viçosas, floridas laranjeiras
Suave aroma espalham pelos ares;
A luz destes formosos horizontes,
O eco destas fontes
Ainda te farão cismar de amores,
E da lira extrair aqueles hinos
Doces, enlevadores,
Quais só sabem cantar coros divinos.
Destes vergéis entre as virentes comas,
Onde perene a primavera brilha
Alentarei teu peito com aromas
De jambo e de baunilha,
E para acalentar teus sofrimentos
Saudoso sabiá,
A tardinha com lânguidos acentos
Teu sono embalará.
163
Mas ah! se não me é dado ver-te mais,
Nem mais ouvir teu canto;
Se mais não podes escutar meus ais,
Nem enxugar meu pranto,
Ah! se já sobre a terra está marcado
O termo de teu giro,
Vem ao menos soltar, ó filho amado,
No seio meu teu último suspiro”.

IV
Ele entreouvia estas doridas vozes
No meio das borrascas,
Nalma e corpo a sofrer dores atrozes
Da agonia nas vascas.
E ao rebentar de vagalhão medonho,
Aos solavancos doidos da procela,
Entre escarcéus de espuma,
Como em miragem de afrontoso sonho
Da pátria lhe sorria a imagem bela
Envolta em negra bruma.
Ele a escutava, nesse transe extremo,
A mãe, que em ais rompendo o seio terno
Mal pode soluçar o adeus supremo
Ao filho que se vai a exílio eterno.
E o bardo ilustre... ó Deus! que fatal sorte!
Que sina desastrada!
Dentro de si e fora via a morte
Erguer-se para ele duplicada;
Uma o mirrado coração gelava,
A outra a fronte augusta lhe esmagava.

Estrela errante no seu triste giro


No oceano apagou-se entre as borrascas;
Ninguém lhe ouviu o último suspiro
Da agonia nas vascas.

Nenhum jazigo os restos seus consome


Na terra dos seus pais;
Do grande vate só nos resta o nome,
E os cantos imortais.

Doou-lhe o céu inspiração divina,


Engenho alto e pulquérrimo;
Mas ah! fadara-o sua triste sina
Dos entes o - misérrimo –

V
Nem uma cruz à beira do caminho,
164 Nem uma cova em pobre cemitério,
Lhe permitiu o fado seu mesquinho
Por esse vasto império,
Cujas glórias cantou na lira d’ouro,
E a quem legou de glórias um tesouro.

A pátria pede um monumento ao vate


Que tanto a distinguiu,
E seus brados no peito dão rebate
Do povo que os ouviu;
Uma pedra sequer, que diga à história,
Que diga aos estrangeiros:

“- Este padrão erguemos à memória


Do primeiro dos vates brasileiros.
Mas aqui seu cadáver não repousa
Está vazia esta singela lousa.

O céu e o oceano,
Imagens do infinito, reclamaram
E para si guardaram
Os despojos do vate americano.
Do firmamento aos páramos formosos
Um nos roubou sua alma para Deus,
Outro lá nos abismos temerosos
Esconde os restos seus.
Mas se a terra seus ossos não consome
Teve em partilha a glória de seu nome.”
Mas ó vergonha! ó crime!
Glória, gênio, infortúnio, nada vale
Ao poeta sublime!

Pede o pejo, e o decoro que se cale


Tão feia ingratidão.
Mas ah! não posso, não; que a meu despeito
Nos lábios ferve a voz do coração,
E rompe-me do peito,
Como um eco de horror descompassado,
Da indignação o brado.

Esses, que às pátrias glórias refratários


De um nobre povo crêm-se mandatários,
Negam uma homenagem
A quem já vive na posteridade,
A quem tem por pregão a eternidade,
E o mundo por mensagem.

Ah! registre o Brasil em seus anais


Mais este exemplo novo!
Falsos depositários desleais
165
Da vontade do povo

Nestes nefastos, miserandos dias,


Um simples preito ao gênio recusaram,
Ao monumento de Gonçalves Dias
Uma pedra negaram.

Beto Acioli103

Outros Dias
Salve Gonçalves Dias!
Meus dias não são os mesmos
que tu viveste outrora
Muitas palmeiras secaram
E os sabiás foram embora
As aves que gorjeavam
Muitas nem existem mais
Nosso céu está mais cinzento
Nem sombras dos sabiás

103 Beto Acioli - Olinda – PE – Brasil - 18/09/1965. Poeta , blogueiro e artista plástico autodidata, residente em
Recife/PE, participa de algumas Antologias pelo Grupo Editorial Beco dos Poetas ( À Deriva, Dois corações e
ums só batida, Nos meus tempos de criança era assim..., Por detrás da cortina e Folhas em Branco) e Editora
Literacidade (Versos Enamorados e Cidades - vol 9). http://betoacioli.blogspot.com.br/
Finaram-se as verdes várzeas
Bosques desapareceram
Por falta de amor, o homem
destruiu as verdes matas
Tangeu os sabiás pra longe

Permita o Senhor que eu morra


Antes de tudo acabar
E ainda ouça o canto raro
Dos saudosos sabiás

Bianca Braga de Carvalho - Lady Viana 104

Canção do Exímio [país]


I
Minha terra tem palmeiras,
mas onde Canta o Sabiá?
As aves, que lá gorjeiam,
Não as escuto gorjear!

II
Nosso céu sem mais estrelas,
Nossas várzeas sem mais flores,
166
Nossos bosques temem a vida,
Nessa vida sem amores.

III
Em lamentar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
mas onde canta o Sabiá?

IV
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em lamentar - sozinho, à noite
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
mas onde canta o Sabiá?

104 Bianca Braga de Carvalho - Lady Viana - São Paulo – SP – Brasil - 30 de março de 1996, a escritora de 16 anos
é louca por livros sobrenaturais, paranormais, fantásticos e poesias. Grande conhecedora da área de design,
ela mesma cria as capas de seus livros e ilustrações. Além de escrever, o que faz desde os 12 anos, tem como
hobby fotografar.
V
Não permita Deus q’eu morra,
Sem q’eu volte para lá;
Para visitar Alcântara,
Passagem Franca,
Jatobá.

VI
Sem que desfrute os primores
As frutas doces,
O guaraná.
Coisas essas de louvor
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste uma vez,
Dona Amélia,
o Sabiá.

Carta à querida Olívia


I
Olívia, querida
Queria dizer que ao desposar-te
O meu coração doente,
No momento não presente,
Outrora havia sido feito em partes.
167

II
Perdoa-me pela carta em teus dedos,
Pelas flores,
Pelo metro de belarte,
Presentes para esconder tuas dores,
Por nunca ter sido amada de verdade.

III
Minha querida Olívia,
Perdoa-me por não estar em teus braços,
Mas tropecei em teus passos
E não pude me levantar.

IV
Finalmente, Olívia, entenderei perfeitamente se
Rasgares esse maldito papel em maço
Quero mais que siga com tua vida
Sem enfados, sem percalços
E que um dia tires da memória
Tudo que houve de ruim
Quero que esqueças, Olívia
Que um dia esqueças de mim.
Bianca Melo105
GONÇALVES DIAS
Homem dos nossos dias
Com pureza e amor
Que encanta a natureza
Onde beija o beija-flor
No cantar dos pássaros
No raiar da esperança
Vem contar em seus contos
Que o sabiá cantou
Gonçalves Dias poeta
Valente, carente e contente
Que incendeia seus versos
Com contos estrelados
Que busca no rosto cansado
A alegria dos enamorados
Gonçalves Dias nasceu em Caxias
Na sua terra querida
Se formou na universidade
Para mostrar sua qualidade
Com amor no coração
168 Onde busca a paixão
Na terra onde tem palmeiras
Vem dizendo bela natureza
Com alegria e pureza
Escreveu poesia
Falando da beleza do Maranhão
Com orgulho no coração.

Bruno Fossari de Souza106


CANÇÃO DO EXÍLIO
Quando fui a Portugal,
muitas belezas
lá encontrei,
mas as que temos
no Brasil,
lá não encontrei.
No entanto,
sempre me lembrarei
do que lá vi,

105 Bianca Melo - São Luís – MA - Brasil – 04/06/2002. Motivo da Participação: Em mostrar minha poesia a todos,
além de homenagear o nosso Poeta.
106 Bruno Fossari de Souza - Porto Alegre – RS – Brasil - 29 de novembro de 1997. Estudante do Ensino Funda-
mental do Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS. Integrante do Projeto “Imagens e Textos construindo Histórias
e Versos”: “Banners Poéticos”, 2012. Curte música e jogos eletrônicos. E-mail: brunofossari@hotmail.com
pois guardo comigo,
também, as lembranças
de meus pais.
Lá ou cá,
doces recordações!

C. AMELIA
Á MEMORIA DE ANTONIO GONÇALVES DIAS107
Morreo! Não existe
O bardo, o tocante
Poeta gigante
Do nosso Brasil, -
Aquelle que a pátria
Do CEO aos altares
Nos longos cantares
Levou tãso febril.
Vagando distante,
No lar estrangeiro,
Soltava fagueiro
Seu doce trinar,
Sonhava, ferido
Dos males da vida,
A terra querida 169
Que o vio embalar.
Transido de dores,
De taes soffrimentos,
Nos dias cruentos,
Do exílio cantava;
E tal como a rola,
Carpindo o esposo,
O pátrio repouso
Tristonho chorava.
Agora pungente,
Lamenta oh! Brasil
O astro gentil
Que viste sofrer...
Por entre agonias
No mar... esquecido,
Cahindo exhaurido
Só pode morrer!
Ceará – 16 de Novembro de 1864
C. Amela. (Pedro II)

107 Jornal O Paiz, 1864, Poesia compilada por Leopoldo Gil Dulcio Vaz – Curitiba – PR – Brasil – 1952; Instituto
Histórico e Geográfico do Maranhão; Universidade Estadual do Maranhão
Caio Henrique Solla108

Seu canto ficará


És o poeta primeiro
A cantar divinamente
Verso puro e brasileiro
Aclamando nossa gente.

Teu suspiro derradeiro


Não impede de ir em frente
Teu sublime cancioneiro
Nosso imortal presente.

Já cantou o sabiá
E que saudade nos dá
Do nosso Gonçalves Dias!

Todos vamos para lá


Mas o canto ficará
Para além do fim dos dias.

Cairo José Gama Bezerra109


170
ETERNOS DIAS
Contava das belezas
do índio, da natureza regional
detalhando para o mundo
a beleza nacional.

Saudade e amor à sua terra


estava em seus poemas
Saudades do povo brasileiro
Amor tudo daqui, era seu maior tema.

Gonçalves Dias,
Maranhense sim senhor!
Muito mais que um poeta
um servo da natureza e do amor.

108 Caio Henrique Solla - Sorocaba – SP – Brasil - 7 de maio de 1993. Está no 4° semestre do curso de Letras: Por-
tuguês e Inglês da Universidade de Sorocaba (UNISO). Ganhou seu primeiro concurso de contos em novembro
de 2011. Participou em 2012 da antologia Arabescos do movimento VirArte e ganhou também o primeiro
lugar e mais uma menção honrosa no I Concurso de Contos Machado de Assis, realizado pelo grupo Coesão
Poética, de Sorocaba.
109 Cairo José Gama Bezerra – Balsas – MA – Brasil. URE – Balsas - Centro de Ensino Médio Dom Daniel Comboni.
Professora: Marcia Meurer Sandri
Camila Nascimento110

O POETA DE SONHOS
Conheci um cara, li um cara
Que não era a minha cara,
Mas da sua terra, a das palmeiras!
Suas dores, seus amores de mulheres
Ceci, Lucíola e Senhora, não sei do quê.
Conheci sua vida, sua praça, seus índios,
A Iracema dos lábios de mel.
Da América, ameríndia, sol e lua
Das terras de onde eu vim
Do português, da tribo e do pajé
Da lenda nasceu, viveu e morreu
E Moacir, o filho seu, também é meu
É teu, é nosso, porque fruto da terra
Terra que o poeta sabia
O Maranhão, o Ceará, o Brasil...
Seria terra de todos ou terra de ninguém?

Carla Isabel Baldez111

Orgulho de ser Maranhense


171
Vivo um presente cenário de ilustres momentos 
Dos sons das maquinas às psicodélicas cores 
mas é do passado que vem os ecos que tangem 
minh’Alma e me levam ao mais profundo êxtase
Trago em meu ser, na minha memória, contos e obras deixadas 
Busco lá na história de nossos antepassados 
uma grande prova  do saber deste povo
Neste nascer do sol conheci mais um pouco 
sobre o que sou, como amar esta terra
acompanhada na sintonia  dos pássaros
baseada na história de um formoso conterrâneo,“Gonçalves Dias” 
sua origem e sua simples história, construída de derrotas e conquistas
destacadas pelo seu talento alienígena.
Um grande incentivo para nossa nação
brotando de uma fonte inesgotável de todo conhecimento.
E neste vento frio que me abraça, aqui estou 
rodeada de livros, dobrando as páginas da vida, 
e conhecendo de cada linha a essência das palavras

110 Camila Maria Silva Nascimento. Milagres-CE. É doutoranda em Ciência da Literatura. É Professora do Curso
de Letras da universidade Estadual do Maranhão-UEMA. Publicou Dilercy Adler: a tecelã de Eros nos trópicos
maranhenses em 2011.
111 Carla Isabel Baldez- São Bento –MA – Brasil- 17 de junho de 1997. Estudante do Centro de Ensino Médio e
Profissionalizante “Newton Bello Filho”   CEMP.  Membro fundadora da Academia da Cultural da Juventude
Sambentuense “ACJS”. Participante do projeto “A HORA DAS LETRAS”, tendo texto selecionado para laçamento
de um livro promovido pelo Viva-Cidadão Unidade São Bento-MA.
Hoje é o Maranhão que guarda a tua história, eterno Literário, 
que se foi e nos deixou um exemplo eterno
Nos passos de nossos habitantes, no riso de uma criança, no olhar de orgulho, 
na nossa Cultura e em nossa Literatura, deixamos gotas de agradecimentos, 
tornastes o nosso Maranhão um espaço rico, 
onde plantamos esperanças e colhemos histórias fabulosas 
assim como esta.

Carla Ludimila Oliveira Araujo112

O meu rio poluído


O meu rio poluído agora, ta muito
Mais se parássemos de poluir,
Não poluía nunca mais.
As árvores tão caindo,
Se esbarrando pelo chão, se cuidarmos dela
Teremos boa alimentação.
Minha vida é poluída,
O chão é muito mais,
Como vou fazer pra cuidar dos animais.

Carla Ribeiro113
172

Ville de Boulogne
Quando todos se salvaram, menos tu
Por não ter forças já o corpo agonizante
E porque as almas em volta do abismo
Não pensavam senão na própria salvação…
Quando as ondas rasgaram a veste do navio
Em que a doença já te consumia
E o próprio tempo esquecia,
Poeta, a agonia
Da tua presença no meio dos homens.
Do tempo em que o presente te esqueceu
Fica o fantasma
Da tragédia pairando sobre as águas
Mas fica, para o futuro das memórias,
A obra e o nome e as musas do teu mundo
Para narrar aos deuses a tua vida.

112 Carla Ludimila Oliveira Araujo – São Luís – MA – Brasil - 30/08/2011; Eu gosto muito das poesias de Gonçalves
Dias. E adoro poesias e gostaria de lançar a minha.
113 Carla Ribeiro - S. Martinho de Mouros – Portugal - 20 de Julho de 1986. Licenciada em Medicina Veterinária
Colaboradora ocasional em algumas antologias e outras publicações literárias, e com alguns livros publicados
em géneros tão diferentes como a poesia e o romance fantástico, sendo os mais recentes Pela Sombra Morre-
rão (Antagonista Editora) e Senhores da Noite (Fronteira do Caos). Email: carianmoonlight@gmail.com
Amélia
E renunciarás à musa
Mesmo que o coração te sangre em amor e versos
E a memória da mulher nunca desfaleça
Nos confins do coração.

Guardarás o seu nome na memória


E escolherás a honra sobre a ousadia
De negar as horas do mundo,
Pois a sina é, também ela, mulher
E os olhos dos homens olham, em desgraça,
As sombras da divergência
Em cada raça.

Amarás sempre, mas em eterno silêncio,


Ciente, talvez, de que outros desafiaram
A lei que não contestaste,
Mas guardarás o adeus da dama amada
E seguirás no teu próprio romance
De sonhos e de sombras
E de mar, enfim,
No fim…

Reencontro com a Musa


173
Voltar a ver-te e à dor nunca esquecida
Que gravarás também com sangue teu…
Eis, alma de poeta consumida
Como a mulher que o coração perdeu.

Lamento do que não aconteceu,


Disposta a musa, dura a despedida,
Paira sobre ambos dor que não morreu,
Que, olhando, se desperta em nova ferida.

Eis-te, mulher, a sangue transcrevendo


Versos de um coração que vai morrendo
Na dor de um perene arrependimento.

E eis-te, poeta, ante o olhar perdido


De um passado que não foi consentido.
Adeus, oh, outra vez, mais um momento!

Retrato de Gonçalves
Falas de raças, de terras, de amor,
Da pátria de um romance universal
E amas, a cada verso, a cada mal
De amar num coração cheio de dor.
Louvas as glórias de um país maior
E a graça do coração magistral
Que assombra as ânsias da escolha final
E que te veste de honra sem temor.

Falas de Amélia, apaixonante musa,


Na sombra da tua própria recusa
De lealdade imensa, abençoada.

De ti, cabe falar à eternidade


Para recordar a suave majestade
Da obra eternamente recordada…

Leal
Eles te recusavam. Bem sabias
Que era romper com vida e liberdade
Seguir, por todo o resto de teus dias,
A paixão que te apelava à vontade.

Escolherias de amor a imensidade,


Mas a vozes maiores afrontarias.
Deste-te, pois, ao ventre da amizade
Para lamentar, no adeus, que te perdias.
174
Da musa admiravas graça e beleza,
Suaves traços de etérea juventude
No núcleo do coração preservados.

Mas falava mais alto que a tristeza


A honra, sempre máxima virtude,
E os sonhos de amor seriam negados…

Carlos Arturo Llanos Solis114

Homenaje a Gonçalves Dias


Te toco vivir fuera de tu patria,
y sufrir la nostalgia
de estar lejos de ella.
Pero en tu pecho amante
el calor de la madre tierra,
latía anhelante en la espera.

114 Carlos Arturo Llanos Solis - Río Hablador, en Lima - Perú - 21 de Marzo de 1949. Mi niñez y juventud transcur-
rió a orillas del Océano Pacifico, en el hermoso balneario de Barranco, un hermoso Distrito al Sur de Lima. A la
fecha tengo publicados los siguiente libros: “Un Poema de Amor” (1995) - “Anhelo, Amor y Pasión” (1998) y
“Un Poema Para el Mundo” (2011). Y ya me encuentro trabajando en mi nuevo libro titulado: “Mi Vida En Un
Poema”.
Con el tiempo, volviste a la patria
y al Brasil le diste tu credo:
poesía, literatura y amor por la crianza.

Romántico poeta fuiste


y a Amelia le diste tu amor,
pero por ser plebeyo, pecado,
matrimonio no pudiste dar.

Con el corazón destrozado quedaste,


y a Amelia tuviste que olvidar.
Pero el tiempo que todo lo cura,
a Olimpia, trajo a tu vivir.
Y con ella formaste tu hogar
culminando tu sueño de varón,
y así junto a ella compartiste tu hogar,
y el lecho matrimonial.

Con el tiempo el destino certero,


de tu tierra te hubo de alejar.
Por males que minaban tu ente,
tu Brasil, tuviste que dejar.

Tu mal, ya no tenia cura,


175
y tu corazón sufría aun mas,
por estar lejos de la tierra
y en el “Velle de Boulogne”
te hiciste a la mar.

Cuando puerto se avistaba a tu sino,


nuevamente el destino fatal:
te llevo de esta vida en tu lecho,
y en tu mar del Brasil,
rendiste tu final.

Carlos Bancayán Llontop115

NACISTE VESTIDO DE VERDE


“No permita Dios que muera
Sin que vuelva para allá,
Sin que disfrute los primores
Que no encuentro por acá,
Sin que aviste las palmeras
Donde canta el Sabiá”.

115 Carlos Bancayán Llontop – Chiclayo - Perú. Tiene seis libros publiados, entre poesía, ensayo y narrativa. Prac-
tica también el periodismo cultural e integra diferentes instituciones literarias, peruanas e internacionales.
Antonio, naciste vestido de verde,
del verde follaje de tus selvas,
donde levantan tus indios timbiras
sus limpias miradas cuando pasas
regando con la savia de tu sangre
tu cálido follaje, tu fronda caudalosa…

Naciste señalado para ser un poeta


amador de tu raza, de tu ancestro
materno, puro por ser de arcilla,
de jaguares y pájaros.

Cuando joven amaste


con el amor de niño
que por siempre quedaste.
Ana Amelia fue musa
de tus primeros versos,
de tus primeros viajes
en el velero de Eros,
de flores y plumajes;
pero el monstruo paterno
de prejuicios oscuros
desoyó la ternura
de tus años tan mozos;
176
retornando a tu Río
de Janeiro, por tanto,
colmaste con Olimpia
anhelos amorosos.

San Luis de Marangao,


al pedir de gobierno
te vio indagar problema
de educación, la base
de humano desarrollo,
y también a Europa
enviáronte, sapiente,
con el mismo propósito.

Pero quiso tu sino, y el de


tu pueblo hermoso
que a tu regreso fueras
invitado a explorar
el norte de Brasil,
cálido y fragoroso.
Allí te reencontraste
con tu savia materna,
allí te saturaste
de palmeras y fronda,
de coloridos pájaros,
de paisajes nocturnos
preñados de rumores
antiguos, venerables,
morados, insondables…

¿Fue tu selva luctuosa


donde te laceraste?
¿Fue la entraña nativa,
la que te dio la vida,
la que te inoculara
también hacia la muerte?

Antonio, muerte y vida


Antonio, muerte y vida
(tú, poeta, lo sabes)
son líneas paralelas
hacia el mar infinito
de garúas y pléyades,
de luceros y vientos…
177

Si por amar tu sangre


ee árbol, de magnolia,
de palmera amapola,
de reptil emplumado
fue que también moriste,
sacrificio sagrado
sería el de tu muerte.
Cristalino tu féretro,
naufragó tu envoltura
terrenal, pero quedan
tus Cantos, Meditaciones,
de Sextillas sus Ojos
y un diccionario vivo
de tus indios tupíes,
de tus manes timbiras;
así, tu ser alado, como los colibríes,
permanece en tu pueblo,
en jaguar y en rocío,
pues naciste de verde
y moriste de río.
Carlos Cintra116

Aos dias de Gonçalves


Teus dias brancos, a cor suave,
Da leve pena com que escrevias...
Poemas, e poesias;
Nos teus dias Gonçalves...
E são tão feitos de alma,
Que a leve pena na palma
Espalmada em tua mão
Deu ao mundo sua versão
Nos versos escrevestes...
Nos dias brancos...
Nos brancos dias...
Dias de Gonçalves
Gonçalves eternos Dias...

Carlos Drummond de Andrade – 1945 117

Nova Canção do Exílio118


Um sabiá na
palmeira, longe.
178
Estas aves cantam
um outro canto.

O céu cintila
sobre flores úmidas.

Vozes na mata,
e o maior amor.

Só, na noite,
seria feliz:
um sabiá,
na palmeira, longe.

116 Carlos Cintra - Recife PE – Brasil - 02/10/1967. Atualmente mora em Petrolina PE; Participar desta antologia é
marcar com a poesia uma grande homenagem a Gonçalves Dias.
117 Carlos Drummond de Andrade - Itabira do Mato Dentro – Minas Gerais – Brasil - 31 de outubro de 1902.
De uma família de fazendeiros em decadência, estudou na cidade de Belo Horizonte e com os jesuítas no Colégio
Anchieta de Nova Friburgo RJ, de onde foi expulso por “insubordinação mental”. De novo em Belo Horizonte,
começou a carreira de escritor como colaborador do Diário de Minas, que aglutinava os adeptos locais do
incipiente movimento modernista mineiro. http://www.releituras.com/drummond_bio.asp
118 http://www.moinhoamarelo.com/2011/07/serie-cancoes-do-exilio-carlos-drummond.html; Poesia compila-
da por Leopoldo Gil Dulcio Vaz – Curitiba – PR – Brasil – 1952; Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão;
Universidade Estadual do Maranhão
Onde tudo é belo
e fantástico,
só, na noite,
seria feliz.
(Um sabiá,
na palmeira, longe.)

Ainda um grito de vida e


voltar
para onde tudo é belo
e fantástico:
a palmeira, o sabiá,
o longe.

Europa, França e Bahia


Meus olhos brasileiros sonhando exotismos.
Paris. A torre Eiffel alastrada de antenas como um
caranguejo.
Os cais bolorentos de livros judeus
e a água suja do Sena escorrendo sabedoria.

O pulo da Mancha num segundo.


Meus olhos espiam olhos ingleses vigilantes nas docas.
179

Tarifas bancos fábricas trustes craques.


Milhões de dorsos agachados em colônias longínquas formam um tapete
para sua Graciosa Magestade Britânica pisar.
E a lua de Londres como um remorso.

Submarinos inúteis retalham mares vencidos.


O navio alemão cauteloso exporta dolicocéfalos arruinados.
Hamburgo, umbigo do mundo.
Homens de cabeça rachada cismam em rachar a cabeça dos outros
dentro de alguns anos.

A Itália explora conscienciosamente vulcões apagados,


vulcões que nunca estiveram acesos
a não ser na cabeça de Mussolini.
E a Suiça cândida se oferece
numa coleção de postais de altitudes altíssimas.

Meus olhos brasileiros se enjoam da Europa.

Não há mais Turquia


O impossível dos serralhos esfacela erotismos prestes a deslanchar.
Mas a Rússia tem as cores da vida.
A Rússia é vermelha e branca.
Sujeitos com um brilho esquisito nos olhos criam o filme bolchevista
e no túmulo de Lenin em Moscou parece que um coração enorme
está batendo, batendo
mas não bate igual ao da gente...

Chega!
Meus olhos brasileiros se fecham saudosos.
Minha boca procura a “Canção do Exílio”.
Como era mesmo a “Canção do Exílio”?
Eu tão esquecido de minha terra...
Ai terra que tem palmeiras
onde canta o sabiá!

Carlos Eduardo Pinto Leitão119

Um grande poeta
Gonçalves Dias um grande escritor.
Homem de muitas riquezas nos deixou.
Poeta que desperta saudades dos versos de amor.

No mundo sempre escrevia suas emoções.


Suas emoções ele expressava.
Homem de muitas viagens.
180
Em cada verso o amanhã sorria!

Carlos Eugênio Costa da Silva120

Um canto a Gonçalves Dias


Na cidade de Caxias,
situada no Maranhão
nasceu quem seria então
um ícone do Indianismo.
Semeava o civismo
através de suas poesias
e a nossa literatura
cresceu com a arte e cultura
de Antônio Gonçalves Dias.

119 Carlos Eduardo Pinto Leitão – São Luís – MA – Brasil - 21/02/2002 - Motivo da Participação: Homenagear um
homem que hoje esta sendo reconhecido através de suas poesias é gratificante. Cursando: 5º Ano Turma: C –
Profª Shirle Maklene.
120 Carlos Eugênio Costa da Silva - Vacaria – RS – Brasil - 11 de dezembro de 1968. Graduado em Letras pela Uni-
versidade Católica de Pelotas. Leciona Literatura em Cursos Pré-Vestibular em Pelotas e Canguçu. No ano de
2010 recebeu o Título de “Cidadão Pelotense” outorgado pela Câmara de Vereadores por sua divulgação do
Município através da arte poética. Campeão Gaúcho em Poesia Inédita 2003 possui quatro livros publicados e
mais de duzentas premiações em concursos literários.
Consolidou o Romantismo
com sua lírica inspirada,
e em Portugal fez estada
a fim de cursar Direito,
saudade apertando o peito
não ofuscou o seu brilho
e a nostalgia e tristeza
foram temas pra beleza
de sua “Canção do Exílio”.

De sua lavra fazem parte


a obra “Primeiros Cantos”,
e outros escritos tantos
da Primeira Geração,
“Sextilhas de Frei Antão”
de medievalismo forte
também “I-Juca Pirama”
aonde o índio clama:
...ouvi meu canto de morte.
Valorizou em seus versos
o patriotismo pujante
que era tema constante
de sua pena, sem igual.
Criou o herói nacional
181
cheio de honra e valentia.
Cantou tristeza e saudade,
frustrações, felicidade,
amor e melancolia.

Haverá de ser eterna


sua obra, sua memória
que orgulha a nossa história
através das gerações.
Felizes são as nações
que às letras dão valor
e assim, por sua essência
constroem com inteligência
um futuro promissor.

Carlos Gomes

SÃO LUÍS DO MARANHÃO


Minha cidade querida
Oh meu amado torrão
Dos sobradões de azulejos
A fonte do Ribeirão...
Teus mares são tão férteis
A beleza predomina
No interior do sertão
O babaçu que domina
Oh sabiá de gorjeios harmoniais
Teu canto é mais bonito
Nas folhas dos palmeirais...
O poeta Gonçalves Dias
Em poesias narrou
Essas terras bonançosas
Que tanto admirou
Aqui encerro esses versos
Que guardo no coração
Também nasci nesta terra
São Luís do Maranhão

Carlos Lúcio Gontijo121

Gonçalves Dias
O sabiá esvoaçante onde canta?
Aonde chega o alto-falante de seu canto?
Manto flamejante em forma de som
Que aos ouvidos somente encanta
Numa promessa de constante tempo bom
Sem a dor lacrimejante da solidão que espanta
182
Tornam-se afeitas as esperanças mais arredias
E vivo se nos apresenta o poeta Gonçalves Dias!

Carmen Lezcano Aranda122

CÍCLICO GONCALVES DIAS


A los ojos de la noche, cantas Romancero
Tíldate las pieles, en claves de navío
meciendose estan, acaso en amor callado,
en mar abierto de silencio dormido.
 
Ocaso de la briza, ausentaba tus versos
en blanco vestido, coronando tú voz
a destierro de sueños, por destino
de arcos y flechas, reino de TUPÍ.

121 Carlos Lúcio Gontijo - Santo Antônio do Monte – MG – Brasil - 27 de abrill de 1952. Secretário de Cultura
(2013/2017). Jornalista, foi revisor e editor de Opinião do jornal Diário da Tarde, em Belo Horizonte, além de
ter trabalhado nos jornais Tribuna de Mariana, Diário de Minas, Jornal de Minas e Hoje em Dia. Autor de 15
livros, Desde o ano de 2005, mantém no ar um site de livre acesso (www.carlosluciogontijo.jor.br), no qual
disponibiliza toda a sua obra literária. 
122 Carmen Lezcano Aranda - Lambayeque - Perú. 6 de febrero de 1952. De profesión especialista dental, adhe-
rente a la poesía y autodidacta de pintura y escultura.
linial palabra, vuelo de gaviotas,
lecho de espuma bajo el cielo azul,
y tus pies desnudos frente a los traidores
en la prosapia busqueda, fuiste  salvador.
 
Con el germen conciente de ser Nacionalista,
con valentía y sin demora esparces al redíl
Abanican las palmeras y el retorno del exilio
en un tronar mestizo que el “sabiá” en su cantar
 
acrecienta el trueno al “alba de rejas”
ruje el Pacifico, en “osa mayor”
y aquel destierro de cíclico sino
ni en tierra, ni en mar , callará tú voz.

Carollini Assis123

Canção Livre para Ana Amélia


Ainda uma vez – adeus
Durmo nos braços d´água
De onde tira-me a Yara,
Para dançar guarânias.
183
A beleza de tuas escamas
E do canto guarani
Faz-me voltar ao tempo de ti
E do amor ofertado.

Que sereia! Que seria!


Dormir em teus seios, poderia
O mestiço escritor?

Eis que atravessa o oceano


Busca a cura além
Mas a morte quando visita
Não manda flores nem fita
A alma agoniza
Na canção de bem querer.

Para quem nada restou


Só as letras e o amor
Compor, escrever louvor
Foi a rota escolhida.

123 Carollini Assis - Velença – BA – Brasil. Jornalista formada pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
(UESB), pós-graduada em Roteiros para Tv e Vídeo pela Unijorge. Sua formação audiovisual também deriva da
Escuela de Cine Y Tvde San Antônio de Los Baños, em Cuba, onde cursou Realização Cinematográfica. Atual-
mente é Diretora Institucional da Associação Baiana de Cinema e Vídeo (ABCV). 
Definida está a vida
Nunca seria ao seu lado
Embora carregue o fardo
Do amor jamais consumado.

Ana Amélia, doce virgem


Das terras do Maranhão
- que chores, não de saudade.
A morte não nos tem piedade.

Casimiro José Marques de Abreu - Casimiro de Abreu124

Canção do Exílio125
Eu nasci além dos mares:
Os meus lares,
Meus amores ficam lá!
– Onde canta nos retiros
Seus suspiros,
Suspiros o sabiá!

Oh! Que céu, que terra aquela,


Rica e bela
Como o céu de claro anil!
184
Que seiva, que luz, que galas,
Não exalas,
Não exalas, meu Brasil!

Oh! Que saudades tamanhas


Das montanhas,
Daqueles campos natais!
Que se mira,
Que se mira nos cristais!

Não amo a terra do exílio


Sou bom filho,
Quero a pátria, o meu país,
Quero a terra das mangueiras
E as palmeiras
E as palmeiras tão gentis!

Como a ave dos palmares


Pelos ares
Fugindo do caçador;

124 Casimiro José Marques de Abreu – Brasil. Silva Jardim, 4 de janeiro de 1839 - Nova Friburgo, 18 de outubro de
1860); foi um poeta brasileiro da segunda geração romântica.
125 Poesia compilada por Leopoldo Gil Dulcio Vaz – Curitiba – PR – Brasil – 1952; Instituto Histórico e Geográfico
do Maranhão; Universidade Estadual do Maranhão
Eu vivo longe do ninho;
Sem carinho
Sem carinho e sem amor!

Debalde eu olho e procuro...


Tudo escuro
Só vejo em roda de mim!
Falta a luz do lar paterno
Doce e terno,
Doce e terno para mim.

Distante do solo amado


– Desterrado –
a vida não é feliz.
Nessa eterna primavera
Quem me dera,
Quem me dera o meu país!

Cecy Barbosa Campos126

CANÇÃO DO MEU EXÍLIO


A casa da minha avó
185
tinha um extenso quintal,
tinha flores, tinha frutas
e perfume sem igual.
Os passarinhos cantavam
numa árvore frondosa
enfeitada do amarelo
de carambolas maduras
que dançavam, suavemente,
ao sabor de doce brisa
que amenizava o calor.
Jaboticabas redondas,
abraçadas, bem juntinhas,
cobriam troncos e galhos
aguardando o seu destino.
Bocas gulosas se abriam
e na suculenta explosão
o doce caldo escorria.
As crianças com alegria
lambiam com sofreguidão
as pontas dos dedos melados

126 Cecy Barbosa Campos - Juiz de Fora – MG – Brasil - 26/06/1938. Bacharel em Direito e licenciada em Letras-
Ingles Mestre em Letras pela UFJF onde lecionou Lingua Inglesa e Literaturas de Lingua Inglesa. Tem trabalhos
publicados em revistas especializadas, anais de congressos, antologias literárias e os livros The iceman co-
meth: a carnavalização na tragedia; O reverso do mito e outros ensaios; Recortes de vida(contos e criticas ) e
Cenas(poemas).
e riam, com satisfação.
Ao relembrar com saudade
a casa da minha avó,
sinto cheiros, tenho sonhos,
com aquilo que eu tinha lá.
Queria voltar no tempo,
a tudo poder retornar,
chupar as jaboticabas
e os pássaros escutar.
Foi-se tudo, só lembranças
trazem de volta os primores
que não mais encontro eu cá.

Ceferino Daniel Lazcano 127

Capitán de naufragios
Tal vez sea ése el destino de los poetas:
morir solo y hundido,
abandonado a su suerte.
En tus retinas, en tu memoria
te habrás llevado
el cielo con sus estrellas
las mujeres hermosas e inocentes
186
de ojos negros,
el amor abismo
encendido en tu corazón,
el parpadeo verde del ecuador
los sublimes perfumes
de la dicha y del dolor
las palabras trabajadas con esmero
los versos cincelados con fervor
la amargura, el misterio, el perdón.
Para mí que no has muerto, Antonio Goncalvez:
Tal vez seas el único sobreviviente
de aquel navío…
tus poemas y tus libros
te han traído a esta orilla
de tierra firme y luz.
Vivir no es sólo respirar.

127 Ceferino Daniel Lazcano - Bolívar, provincia de Buenos Aires, Argentina - 05 de Marzo de 1967. Licenciado en
Comunicación Social por la UNICEN (Universidad Nacional del Centro de la provincia de Buenos Aires). Escritor,
corrector literario y coordinador de talleres literarios.
Célio Jota Betini Junior128

Todos dias são Gonsalves


Mil poemas para Gonçalves dias.
E se fosse Gonçalves noites?
Ou talvés Gonçalves tardes;
Sendo dias, noites ou tardes,
Gonçalves, um baloarte na noite e em tardes;
Dos dias, que tem as chaves, várias chaves;
Que me encontram para dizer;
O presente é uma dadiva, nunca pode esquecer.
Muito bem representado, um mucado de passado.
Jamás tarde. Salve! Todos Dias são Gonçalves.

Celso Correa de Freitas129

GONÇALVES DIAS
Primeiras poesias
Cantou Sabia seu canto
Absorvendo cultura
Enriquece sua alma brasileira
Em Coimbra
Sua solidão desperta sentimentos
187
Doloroso exílio
Retorna para suas palmeiras
Sofrendo preconceitos
Eterniza seu adeus, perece!
No mar.

128 Célio Jota Betini Junior - Teixeira de Freitas – BA – Brasil - 15/09/1988. Casado, estudante de Direito e escritor.
Residiu na Europa durante quatro anos, hoje mora em sua cidade natal.
129 Celso Correa de Freitas – Itaperuna – RJ – Brasil - 26 de Agosto de 1954. Atual Presidente da Casa do Poeta
Brasileiro de Praia Grande-SP, gestão 2007/2013. Membro de diversas entidades culturais brasileira. Colabo-
rador ativo nos jornais e demais meios de comunicação (Blogs e Sites). Participante, prefaciante e Organizador
de Antologias. Criador do OVERTRIP (Celso.correadefreitas@gmail.com;
Cesar Augusto Marques130

Discurso em nome dos caxienses131, 132


Caxias, bela flor, lírio dos vales,
Gentil senhora de mimosos campos,

… então mais forte do que ele, tua alma,


Desconhecendo o temor, o espaço e o tempo,
Quebrou n’um relance o circulo estreito
Do finito, e dos Céus!
Então, entre miríades de estrelas,
Cantando hinos de amor nas harpas d’anjos,

Vem correndo
Lançar-te nos braços nossos.
Mais veloz que o ligeiro pensamento,
Vem depressa, urge o tempo, vem dar calor
………………..aos membros gelados,
Talhados a golpe de hábil buril,
Vem dar movimento
Aos braços no peito cruzados,

Pede cantos aos ledos passarinhos


188 Pede clarão ao sol, perfume às flores,
Às brisas suspirar, murmúrio aos ventos,
E o sol, a ave, a flor, a brisa, os ventos
E as fontes que murmuram docemente,
Na festa de tua alma hão seguir-te;

As grinaldas gentis, de que a toucaram


Donzéis loução, enamoradas virgens,
Uns versos de prazer entre soluços!

Nesta doce mudez, neste silencio


… que tanto amou, – e que amou-o tanto,
Cuja presença lhe escaldava a mente

130 César Augusto Marques - Caxias – MA – Brasil –12 de dezembro de 1826 — falceu em Rio de Janeiro, 5 de de-
zembro de 1900); foi um médico, professor, escritor, tradutor e historiador. Estudou, em Coimbra, Matemática
e Filosofia (1844-8). Ingressou no Corpo de Saúde do Exército. Arquivista da Câmara Municipal, secretário da
Inspetoria Geral de Instrução Pública e Secundária da capital federal. Sócio da Academia Real das Ciências de
Lisboa, Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (1888), Academia Imperial de Medicina (1874), Conservató-
rio Dramático da Bahia (1866), Instituto Arqueológico e Geográfico Pernambucano (1864).
131 Leal, Henriques, Pantheon Maranhense, São Luís, 1874, p 524-527.
132 Serve de título. Os versos foram declamados entremeados entre cada estrofe com um discurso em nome dos
caxienses. A autoria não é especificada, senão o nome do orador. Não foi apurado se se tratam de versos feitos
para entremear a exposição, ou se foram recolhidos doutros autores, ou se se trata de uma miscelânea de
poesias do orador ou de outrem. Poesias compiladas por Weberson Fernandes Grizoste - Jauru – MT – Brasil
Cuja voz o encantava,
Cujo silêncio lhe falava n’alma,
Essa mulher – tão terna – e amante e pura;

Já que não quiseram


Um dia as vagas
… os teus restos rejeitar na praia
D’onde tão novo te partieste, e onde
Devia a cinza fria achar jazigo –

………………… o afeto
Que se gera e se nutre em almas grandes,
Que não acaba e nem muda, antes cresce

Firme na base, intacta, e sempre bela

Seja padrão de glória entre nós outros.

Em gélido sudário
De neve alvi-nitente

Rainha veneranda
Trajando sedas e veludos,
189
Vive com Deus na glória
E no nosso coração tua memória.

César William133

AINDA UMA VEZ, AINDA UMA VEZ


Tributo a Gonçalves Dias

Não foste vate de uma época apenas


tua obra ecoará sempre
como canto guerreiro tupi
nos corações de uma nação
de leitores que continuam
se inebriando com teus versos.

133 César William - São Luís – MA – Brasil - 22/05/1967. Autor do livro de poemas, “O Errante” (1988) e “Oficina
das Palavras – Dicas Imprescindíveis da Língua Portuguesa” (3ª edição,2013). Tem participação em antologias
locais e nacionais e colaboração em vários jornais. É graduado em Letras pela Uema e pós-graduando em Lín-
gua Portuguesa e Literatura pelo Iesf. Atua na rede pública de ensino de Paço do Lumiar e em pré-vestibulares
de São Luís.
Amélia vive
em milhões de corações
sob teu canto
“eterno alvo à população”
de gerações e gerações que entoam tuas canções.

Tuas palmas de altas virtudes


ainda despertam os que choram de paixões
no mundo inteiro
“Enfim te vejo! – enfim posso,
Curvado a teus pés dizer-te”
foste o último romântico
a ser tão inteiro

Christian Keniti Asamura Hukai -


Christian K. A. Hukai134

O Outro lado
Sabia que viria o dia,
A minha querida partia
e restava-nos que então
citar o exílio e sua canção.
190
Auxílio aos filhos deixados,
trancados nesta terra
enquanto minha mulher exilada
era forçada a abandonar-nos.

Arrancar-nos corações,
lamentações, roucos implorando
seu pouco permanecer e
nos lembrarão sem brilho no outro lado
dessa “Canção do Exílio”.

As Palmeiras
Gonçalves sonhava nestes Dias
sadios saciava esses
vazios que agora
arrasados nessa zorra atual.

As palmeiras que as via


já não há mais;
Permanecer aqui o cidadão queria,
E agora?
Viver em Portugal,
abandonar a pobreza e

134 Christian Keniti Asamura Hukai-Christian K. A. Hukai – São Paulo – SP – Brasil - 02 de Abril de 1996 Email:
christian.hukai@gmail.com
este governo imoral?
Deixando a corrupção
dentre as muitas, seja a qual?

Sim, sim: Portugal não é perfeita.


Não fede nem cheira,
Ainda assim, qualidade de vida boa,
E meu afim, fugindo pra outra rota,
logo sem maldade
soa antipatriota.

,Amor e saudades
sempre terei onde for.
“Brasil na veia”
doesn’t matter onde esteja.
Mas nunca esquecerei
dos meninos sem meias,
aqueles sonhos inspiradores
que ninguém almeja,
ou também dos ladrões:
desde de rua à barões de cerveja.

Ó Brasil...
Com barril do petróleo caro,
olho as riquezas e pobrezas ao lado 191
desigualdade, este nosso fardo.
Acabando com o verde,
agora já que o ouro,
no bolso dos poucos já fora roubado.

Christiano Ferreira Nunes135


SONETO PARA GONÇALVES DIAS
Quero falar de um talentoso poeta
Que nasceu no Estado do Maranhão
Seus escritos tocam o coração
Com toda a certeza atingiu sua meta.
Viveu na época do romantismo
Poetizou como se fosse exilado
E ali escreveu versos inspirados
Com uma tal maestria e especial lirismo.
Sua Terra de palmeiras não é lá
Em lindo versejar, bela poesia
Homenagem donde canta o sabiá.
Quem é esse que nos deu tanta alegria?
As aves gorjeiam no lado de cá
É o grande Antônio Gonçalves Dias.

135 Christiano Ferreira Nunes. Sou formado em Ciências Contábeis pela Universidade Federal do Paraná. O pri-
meiro poema que li foi Canção do Exílio e me empolguei. Escrevo romances, contos,crônicas, poesias e outros.
POETA GONÇALVES DIAS
Quero falar desse poeta
Que nos deu tantas poesias
Antonio Gonçalves dias
As suas obras seletas.
Seu poema me maravilho
Coisa mais linda não há
Cá onde canta o sabiá
Sua bela canção do exílio.
Nossas várzeas inda há flores
E ele vivo continua
Inspirando pela rua
Nas poesias tem mais amores.
Esse herói por aqui passou
Exemplo de inspiração
Nascido no Maranhão
Mas um naufrágio o ceifou.

Cintia Cirino da Silva Santa136

Gonçalves Dias
Você que fez o mundo aplaudir seus encantos
Fascinando os lugares por onde passava
192
Sela o tempo com suas historias
Observando tudo com seu olhar puro e brilhante
Rabiscava em um papel sem saber que depois tornaria imortal
Transformando o simples em poesia
Com sua mente indianista exaltava a natureza
Valorizado a essência do homem
Independente da sua raça ou crença
Sabia o significado da palavra amor
Que não se resumia apenas em quatro letras
Crescia em seu coração de poeta para voar, nos campos infinitos da
imaginação
Podia ver além dos olhos dos ignorantes
Enxergava no brilho dos olhos alheios o espelho que refletia a alma e
suas emoções
Formando assim um compromisso com o universo literário
Que não significava obrigação era apenas afeto um ato de amor completo
Existia verdade em seus sentimentos
Desligou-se da terra que todos chamavam de mãe
Foi para o céu deixando saudade
Um pensador silencioso doava a todos que desejasse seus conhecimentos
Sua essência exala a sabedoria

136 Cintia Cirino da Silva Santa - Aracaju - SE – Brasil - 21/05/1981. Sou apaixonada por livros de boa qualidade,
nas minhas horas vagas eu escrevo no meu blog é uma coisa que faço sem obrigação só por amor. Fala so-
bre Gonçalves Dias para mim é um grande privilegio seus poemas mim encantam. MSN: escritoresdealma@
hotmail.com – Site: http://www.escritoresdealma.com/
Hoje se procuro não mais encontro
Procuro parte de te... Não sei se perdi ao nascer ou depois que vivi
O que procuro não tem forma
É apenas lembranças tão grandes quanto o universo
Não daria para carrega nas mãos
É uma aurora reluzente causa-me cegueira
Essa poesia que só existia em você
Induz-me a voar, escreve com a alma ate hoje mim faz chora
Quando imagino o exílio minha terra quase não mais tem palmeiras
muitos menos sabiá
Ás aves que aqui deixou a civilização moderna matou
Pois são poucas as pessoas que amam essa terra como você amou.

Clarindo Santiago137 - São Luís, 1941

SINFONIA INACABADA138
Quem hoje no Maranhão venha romeiro,
W repre o seu ar tristonho e pensativo,
Terá de lhe auscultar o coração cativo
Da grandeza passada, o seu tesouro inteiro.

A capital circunda a estatua do si divo,


193
A baia recorda o perdido veleiro.
É raro um sabiá cortar o céu, ligeiro,
E a pasiagem perdeu o encanto primitivo.

O ruído do arvoredo é um soluçar de palmas,


A Sinfonia só de Schubert comparado,
Infinita orquestração de prnto em nossas almas...

Triste vate que o mar tragou, nas suas iras,


É o Maranhão que chora o canto inacabado,
A eterna inconclusão do poema dos Timbiras!...

137 Clarindo Santiago - São Luís – MA – Brasil - 12 de agosto de 1893. Foi membro efetivo do IHGM, onde fundou a
cadeira 4, tendo como Patrono Simão Estácio da Silveira; na AML ocupou a cadeira 13, patroneada pelo jorna-
lista José Candido de Moraes e Silva, proprietário e redator principal do “Farol Maranhense”, o primeiro jornal
liberal de nosso Estado. Graduou-se em Medicina, exercendo a profissão com sucesso, optando também pelo
Magistério, literatura, jornalismo e poesia. Tinha forte inclinação de ensaísta, sentindo prazer em elevar o
nome daqueles de sua terra que se destacavam culturalmente. Escreveu O Solitário da Vitória. Ensaio critico.
In Revista da ABL, Rio de janeiro, 1932; e Comemorações do 1º Centenario do nascimento do poeta Sousa
Andrade. Grafica Renascença, Paraíba, 1937; O poeta nacional. A escola mineira e suas fases; Rumo ao sertão;
João Lisboa; Neto Guterres – o medico dos pobres. No Magisterio, além de professor, foi diretor do tradicional
Liceu Marenhense e da Instrução Publica. Faleceu ainda novo, de morte trágica, em novembro de 1941, nas
águas to Tocantins.
138 MORAIS, Clóvis. TERRA TIMBIRA. Brasília: Senado Federal, 1980, p. 66, Poesia compilada por Leopoldo Gil
Dulcio Vaz – Curitiba – PR – Brasil – 1952; Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Universidade Estadual
do Maranhão
Clauber Pereira Lima139

ANA AMÉLIA SENTE SAUDADES!


Ana Amélia sente saudades!

Quando Gonçalves Dias viajou,


Ana Amélia não resistiu e chorou.
Sentiu saudades!
Andou e divagou pelos mares.

A saudade foi tão grande,


Que ela se recolheu por um momento,
E recolheu suas mãos num abraço em si própria relaxando toda a
tensão.
Depois, partiu a correr e a gritar:
- Eu preciso encontrar a paz,
Necessito imaginar o seu retorno.

Pensando assim os dias seguem, dando voltas sem fim


E, no dia em que ele chegar
Eu vou sorrir e chorar.

Os dias passam e a noite vem,


A noite vem e os dias passam.
194
Ana Amélia sempre triste,
Fica a sós e não resiste;
Seus olhos estão encharcados,
Seu coração e sua vida em prantos.
Não há mais do que sorrir;
A vida parece não existir.
Mas, eis que um dia chega uma carta;
Ele não se esqueceu afinal.

A alegria volta radiante,


Seu coração agora está pulsante.
A espera de qualquer notícia
Doeu como o espinho do limoeiro na cabeça da jovem cabocla.
Mas a dor passou,
O amor voltou.

Ana Amélia está feliz;


Passa os dias sem nada dizer.

139 Clauber Pereira Lima - Pedreiras – MA – Brasil - 26 de dezembro de 1962. Sacerdote E Pesquisador. Licenciado
em Teologia pelo CENTRO TEOLÓGICO DO MARANHÃO e Licenciado em Filosofia pela turma de 1998.2 na Uni-
versidade Federal do Maranhão – UFMA. Mestrado em Antropologia Social e Cultural pela Université Catho-
lique de Louvain Bélgica; Mestrado em Teologia pela Université Catholique de Louvain – Bélgica. Membro da
Discernment of Spirit Commission junto ao bispo de Calgary, Alberta, Canadá. Colaborador junto ao Tribunal
Diocesano de Calgary, Alberta, Canadá. LIVROS PUBLICADOS = Sartre e a questão da Transcendência, Recife,
Editora Livrorapido, 107 p. 2003. Skype: clauberl E.mail: clauberlima@gmail.com 
Fica apenas a sentir,
A dar valor à vida, a sorrir de tudo.
Aquele que ela tanto ama
Escreveu e pensa em regressar;
Não deu prazos e nem hora.
Resta apenas contar os dias,
Um a um com alegria e acreditar que o reencontro mesmo inusitado é
possível de acontecer.

RETALHOS DE UMA VIDA: GONÇALVES DIAS E OLÍMPIA


Tenho no meu íntimo uma grande emoção,
Descobri sem querer que você é importante.
No meu dia a dia você está resolutamente presente;
Sei que não foi sua culpa;

Me amar não te quero obrigar


Siga o teu caminho e me deixe por cativar.
Não foi também minha culpa tentar querer o teu coração.
Por isso sejamos bons amigos, sem desculpas.

O que poderia ter acontecido conosco?


Amarmo-nos um ao outro até cair na rotina.
Não quero expô-la a isso.
Quero para ti somente uma vida a dois, em enlevos de amor eterno.
195

Sei que fui ousado em te querer.


Mas, segui meus impulsos
E o que fiz foi te perder.
O amor é mesmo injusto.

GONÇALVES DIAS EM SEUS ÚLTIMOS MOMENTOS EM BUSCA


DE AMOR E DE PAZ
Naquele vapor a encher-se d’água Gonçalves Dias poderia ter vivido esta
emoção entre Céu e Mar:

Luz, muita luz me envolve


Esplendor e muita cor.
Sinto a tua querida presença Ana Amélia e, com isto me alegro
Vejo-te se aproximar e me entrego.

Em pensamentos vistosos me enlevo


Vagando na imensidão, e me deixo levar
Ao lugar da paz sonhada
Onde a encontro perfeita e pura.
Desperto para a realidade
Tento mudar esta fatalidade
Da vida em volta:
Guerras, peste, fome e caos social.
Tu me poderás ajudar
Dando-me forças.
Sendo assim, contribuirei para uma mudança extrema
Distribuindo amor, sossego e pão.

Pra nós será fácil.


Pelo menos tentaremos!

Enquanto isto a água leva o corpo do querido poeta romântico


Mas fica a sua lembrança
E nós os seus amigos continuaremos com passos firmes a construir o
Brasil que confere a todos as mesmas chances de educação e humani-
dade.

MARANHÃO, ESTOU CHEGANDO!


Cai a tarde lá no Maranhão
As folhas murcham e a noite vem.
O pôr-do-sol lá é bonito,
O sol se esconde por entre as palmeiras de babaçú.

Com o seu vermelho ele se mostra,


Até sumir.
A natureza se ressente;
Com a sua ausência ela descansa.
196
Pela tardinha
Os passarinhos se agasalham,
Procurando seus ninhos em cada árvore,
Indo dormir pelo poente.

De manhãzinha a passarada
Acorda feliz e a cantar;
Correm sobreiros por sobre as nuvens,
Como se fossem caminhos no ar.

O nascer e o pôr-do-sol,
Lá no Maranhão, terra querida,
É mais belo que no Canadá;
É emocionante!
É o começar e o terminar de atividades.

No Maranhão, o tempo importa


O viver cedo inicia.
Vai-se ao curral tirar o leite;
Vai-se ao pasto levar o gado.

O trabalho é cansativo;
Não há prá onde escapar;
Ou se trabalha com toda força
Ou vai-se embora a terras outras.
Ao fim de cada dia a família se reúne;
Fala-se sobre o roçado até à hora do jantar.
Depois do mesmo, a conversa se prolonga
E ouve-se de lendas e costumes; de lobisomens e boi tatá.
Dorme-se tarde e bem cedo se acorda.
No Maranhão tem aquela paz...
Como se o mundo fosse só ali.
Não há discórdias e quando as há
Firma-se a voz e se discute.

Foi nessa terra que nasci


Nessa vivência de caboclos.
Eu vim de lá e sou caboclo
Irei pra lá quando morrer.

Nas muitas terras do Maranhão


Há muitos Rios, Riachos e Igarapés.
É gratificante banhar em suas águas;
Sentir que há vida na terra fértil.

Em minhas veias e em minha vida


O Maranhão se compenetra,
Firma-se em mim e eu não o nego
Sou filho desta terra Tupinambá.
197
Sinto-me bem ao tocar em seu chão;
Solto gritos e risos ao rumar pro Maranhão.
Vejo que a terra sente que a amo
E grito mais forte:
- Maranhão, estou chegando!

Cláudia Duarte da Silva

A Terra De Gonçalves Dias É A Minha Terra


Minha terra tem Poetas,
em cantos de sabiá,
tem aves que aqui gorjeiam
o que não gorjeiam por lá.

Tem céu azul estrelado,


águas na imensidão;
florestas purificando o ar;
terra gestando o grão.

Minha terra tem riquezas


que só existem aqui,
tem poemas apaixonados,
tem voo de bem-te-vi.
Caminho todo enfeitado
pela lida do cidadão
que trabalha noite e dia,
ritmando a construção.

Minha terra tem um povo


que crê e é feliz,
que é mestre...é aprendiz,
que reza...agradece...bendiz.

Tem folguedos...cantorias,
enfeitando nossas ruas.
São crianças brasileiras,
soltando pipa na lua.

Bordam o verde das matas,


com o amarelo ouro brilhante;
o azul desce em cascatas;
lenço branco flamejante.
Gritos ecoam das tribos,
saúdam pajés redentores.
Índios dançam pedindo:
- Respeitem a vida, Senhores!
198
Nosso sangue é obreiro,
vertente de muita emoção.
Em cada verso, uma história
nascida no coração.

Deus permita que os Poetas


consigam eternizar
os Poemas que Gonçalves
criou para ensinar:

amar a terra é virtude


que nem todos possuem,
mas os que amam sabem:
amar requer atitude.

Bendita a terra que tem


o canto do sabiá,
tem aves que gorjeiam
e flores para enfeitar.

Tem matas...tem céu estrelado,


águas na imensidão,
terra gestando o grão
e versos na multidão.
Assim, é a minha terra,
feita de encantos mil.
Uma terra iluminada
que Deus abençoou_ Brasil.

Cláudio da Cruz Francisco140

PROEZAS DE UM POETA
Gonçalves Dias com teus dons mágicos
Abriu carinhosamente as nuvens
Colheu imagens moldadas pela luz
E delas fez versos iluminados
Encantando com amor quem passeia
De mãos dadas com a poesia.

MENINOS DA LITERATURA
Meninos tímidos descansam suas faces
Pelas veias, circulam um conjunto de letras
Sentimentos inéditos no coração iluminado
Um corpo saudável, sensível e inteligente

Meninos cheios de histórias para compartilhar


199
Quem se habilita delicia tamanho privilégio
Curtem uma viagem fruto da amizade
Entre o escritor, linguagem e inspiração.

Cláudio Gonçalves da Silva141

GONÇALVES DIAS: POESIA, CORPO E ALMA


Eternas são suas poesias, obras primas de natureza ímpar
Doces são suas palavras que encantam a alma dos poetas
Apaixonados de várias gerações

Simples e modesta, a forma com que nos apresentou


Obras de arte transformadas em palavras, frases, versos, sentimentos
Suaves palavras, de uma época que cativa
E que enobrece a alma de um simples poeta contemporâneo

140 Cláudio da Cruz Francisco - Belo Horizonte – MG – Brasil - 08/06/1980. É graduado em Ciência da Informação
(Puc Minas). Escreve artigos e crônicas para jornais. Trabalha no Jornal Estado de Minas no setor de Docu-
mentação e Informação. Trabalha com fotografia de eventos e tratamento de imagens. Está finalizando os
primeiros livros de romance e poesia.
141 Cláudio Gonçalves da Silva - Itumbiara - GO – Brasil - 12 de Julho de 1973. Publicou em março de 2010 o
livro de poesias intitulado: Poesias de Minha Alma pela Câmara Brasileira dos Jovens escritores. Tem poesias
publicadas no Livro de Ouro da Poesia Brasileira Contemporânea (2009); Poemas Dedicados (2009); Poesia de
corpo & Alma (2009) e Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos, 55 e 57 (2009); 87; 88; 89; 90; 91; 92;
93; 94 e 95 (2012).
Entre tantos caminhos, o dom de escrever
Um anjo, mago na transformação de palavras
Cujas poesias me encantam e pacificam meu coração
Em um tempo dito moderno, mas sem amor, sem paixão

O romantismo puro, ingênuo deu origem a outros sentimentos


Hoje, ódio, desconfiança, o sangue derramando do corpo
Um corpo sem alma, sem vida, sem lugar para repousar

Sem suas palavras é assim que me sinto, um eterno VAZIO


O nada toma conta de meu peito e domina meu ser
Um ser que não se sabe seu próprio caminho
Apenas tropeçando e caindo sobre pontiagudos espinhos

Espinhos que encontro pelas palavras não escritas


Pelas frases não ditas
Pelos sentimentos que não podem ser expressos

Poesia, que admiro e confesso por quem estou apaixonado


Onde entrego meu corpo
Cujas palavras doces e compostas enobrece minha alma

Em cada linha escrita, expresso um sentimento verdadeiro


Frases perfeitas que acalentam meu coração
200 Um ser como eu, simples, mas que busca em suas palavras.
A verdadeira inspiração

Para que meus dias possam ser mais ensolarados


Para que possa observar o azul do céu
E o brilho de seus olhos
Por quem confesso: estou apaixonado.

Cleberson Filadelfo Maria142


A UM HOMEM QUE AMOU
Foi poeta, advogado, jornalista,
Homem multi-função
Foi inspirado por sua terra,
Amante da pátria, herói da nação.

Foi etnólogo e teatrólogo,


Homem de intelecto sem comparação,
Foi senhor do seu destino,
Viajando ao velho mundo atrás de conhecimento e inspiração.

142 Cleberson Filadelfo Maria - Paranaguá – PR – Brasil - 26 de fevereiro de 1977. Coordenador de Projetos e
escritor amador, atualmente trabalha e reside em Joinville, SC. Como autor iniciante, iniciou recentemente
participações em concursos literários com o seu livro de contos “Trufas de Chocolate”, além de enviá-lo as
mais diversas editoras para análise. Atualmente está escrevendo um novo livro, de poesias, tendo como foco
o amor. E-MAIL: cleberson.maria@gmail.com
Foi mestiço, de origem simples,
Homem de sentimento e paixão,
Foi sujeito aos preconceitos da sua época,
Amando sua musa, mas sem poder concretizar a união.
Foi em frente, e sua vida de estudos continuou,
Homem de coragem e inquietação,
Foi sujeito às mazelas da saúde do seu tempo,
Morreu esquecido, doente, afogado em seu colchão.
Gonçalves Dias, poeta tão estudado
Memorável é tua contribuição, a este país tão injustiçado.
Serás sempre referência e fonte de inspiração
Pois escreveste coisas notáveis, vindas do coração.
Aqui deixo a minha homenagem
Por tudo que fostes e representou
Pois para escrever estes versos, estudei a sua vida e obra,
E isso sobremaneira me deslumbrou

Cleiton Reis Felix143


O Cantar Gonçalvino
Terra de valorosos frutos nordestinos
201
De cultura curiosa e divertida
Donde o poeta se inspira a escrever
E o riso do seu povo me faz entender
Que Gonçalves está aqui.
É poder contemplar o verde dos campos
Ouvir dos pássaros o cantar de alegria
Ver a beleza dessa terra querida,
Cantada por Gonçalves Dias.
Poeta dessa ilustre terra
Que se faz lembrar pela obra criada
De ricos versos e rimas perfeitas
Dedicadas à Pátria amada.
Sob a lua de agosto em Caxias
Nasceu Antonio Gonçalves Dias
Poeta que marcou a literatura clássica
Cantou e encantou- nos com seus amores e paixões
Seus versos e estilo carrego no peito
Sua honra, cultura e respeito.

143 Cleiton Reis Felix – Caxias – MA – Brasil - 09/05/1988. Estudou o ensino fundamental na UI. Pres. Costa e Silva
e o ensino médio no CE. Aluísio Azevedo, ambas na cidade de Caxias-MA. Atualmente é aluno do curso de
Licenciatura Plena em Geografia, no Centro de Estudos Superiores de Caxias – CESC da Universidade Estadual
do Maranhão – UEMA. Reside em Caxias-MA no Bairro Campo de Belém, é também cantor e compositor.
TERRA ‘GONÇALVIANA’
Aqui eu canto aqui eu danço
Eu vejo o grilo pular, o sapo canta no açude
Não vejo mais o sabiá.

Mas vejo ainda as palmeiras


Macaúba, Tucum e Babaçu
Também tem o açaí, pouco vejo por aqui

Nessa terra de primores


Riachos e rio para refrescar
Minhas flores são de caju, manga, goiaba e cajá.

Ainda sou feliz aqui, os pássaros com os seus acordes


Bigode, fogopagô e bem-te-vi.
Lá do alto do meu morro
Lágrimas de felicidades eu chorei.

Avistei um lindo cerrado


De grandes árvores a torcer
Acampando por lá a noite, um céu estrelado eu pude ver
Degustei um bom vinho
Desta noite não me esquecerei.
202
Minha terra é rica em cultura
Ainda esculto o velhinho tocar
Sua viola canta a sua tristeza
E na sua alegria vejo-o dançar.

Clélia Aparecida Souto e Couto144

GONÇALVES DIAS NÃO MORREU


Lençóis de areia maranhense...
Dunas ao léu esvoaçantes
desfazem-se em segundos
ao sopro dos ventos uivantes.

Acolá, coqueiros balançam as folhas


levantando poeira do chão
como índios sapateando em dança
de festa guerreira na mata.

144 Clélia Aparecida Souto e Couto - Santo Antônio do Monte – MG – Brasil - Junho de 1936. Atuou como pro-
fessora até 1969. Graduou-se em Letras pelo INESP de Divinópolis em 1979. Até 1983 foi vice-diretora da E.E.
“Dr. Álvaro Brandão”. Autora de A Casa Grande & Clareiras de Clélia - relatos e poemas. Pertence à ACADSAL(
Academia Santantoniense de Letras) e se orgulha muito desta honra.
A natureza encobrindo a imensidão
deixa pássaros revoltos rasgarem o céu
em bailados leves e soltos
no espaço vazio do solo brasileiro.

Cortando a terra como se arado fossem


rios, cachoeiras deixam cair suas águas
como cascatas de brilhantes raros.
Misturando algo divino ao humano
numa cadência louca e repetida
a natureza aplaude estarrecida.

Terra, quinhão dado a quem nela habita,


abre-se em perfume e beleza
com ritmo suave e forte das poesias
cantadas pelo poeta Gonçalves Dias.

Clevane Pessoa de Araújo Lopes145

A Gonçalves
Poeta  -saudoso, agônico, voltas à terra natal
Frágil, trêmulo, febricitante,
Mas com relembranças fortes
203
A plenificar-te a alma de energia
Embora estejam enfraquecidas as esperanças...
Queres chegar a São Luiz do Maranhão,
Chegar e andar pelas ruas estreitas,
Pelas calçadas de pedras,
Da ilha de praias singulares
Cujo areal extenso
É lambido pelo mar cor de rio,
Cuja extensão vai dar nas terras de Portugal...
Queres rever pessoas, ouvir os sons
Dos sinos das igrejas, da siringe dos sabiás festivos
Que não esqueceste em teu exílio.
A mulher amada acode-te em teu delírio,
a rememória faz-se musa e te inspira versos
que não mais escreverás...
Um piedoso anjo de cristal,que parece orvalho,
Cheirando a rosas e à maresia,
Faz com que olvides as razões de teu martírio
Pela separação cruel e indevida
Da mulher amada...

145 Clevane Pessoa de Araújo Lopes - Brasil. Psicóloga,riograndensedonorte, radicada em MG.Escreve e desenha
desde a infância.Cadeira O5, Cecília Meireles, na AFEMIL(BH-MG) eCad. 11 Laís Corrêa de Araújo,na ALACIB,
entre outras.Membro da IWA(EstUnidos) e da Academia PreAndina de Artes, Cultuta y Heráldica..Nasceu em
16 de julho de 1947. Y Heráldica.Morou em S.Luiz, MA,nos Anos 80.10 livros solo e mais de cem participações
em antologias.
Que culpa tens por teu sangue  a correr nas veias
Brasileiras, é mestiço,a gerar tantos preconceito .
Súbito, a vida se esvai, a breve vida
As águas em movimento, frias ao teu corpo ardente
Sereias de prata conduzem-te ao Absoluto,
O desconhecido –assustador, por ignoto,
Até que se chegue aos portais dessa outra dimensão.
Teu anjo estelas, que tantas vezes desceu à Terra
para consolar-te e enxugar-te as lágrimas,
ampara-te, e tomando-te pela mão,
leva-te ao gênese de tua essência,,
pelo túnel pleno de magnífica  luminescência...
As asas angelicais, energia em movimento,
Criam mil arco-iris deslumbrantes, o que te encanta na
passagem...
 
Percebes que enfim, estás livre
De qualquer sofrimento e provação
Não tens cor-de pele que te torne um rechaçado,
Carne alguma, cuja carnação de mulato
Marque tua destinação!
Nada que te faça um auto-exilado...
204
Súbito, ouves risos e canções.
Outros poetas estão à tua espera, Gonçalves Dias.
Ajudam-te, dizem-te teus próprios versos e os deles,
Convincentes de que todos os bardos são iguais de alma
Abraçam-te, cordifraternalmente.
Nem em todas as tuas fantasias,
Te imaginaste assim, igual entre iguais,
diferente entre diferentes,
quais o são todas as criaturas de um mesmo Criador...
Percebes que nesse mundo , não há preconceitos
E que aqui, experenciarás um espaço de estar para ser...
Leve, em pianíssimo, , sentindo uma felicidade inusitada
À tua vida antes tribulada, tributada
de preços que não podias pagar,
deixas-te conduzir ,em agonia agora.
Seria o fim, mas é um recomeço
Afinal, poetas não devem morrer
-não se sua Poesia permanecer
Após sua délivrance ao contrário.
Para sempre, teus versos serão lembrados,
Enquanto houver sabiás, enquanto a serpente dormitar
Enroscada no contorno da Ilha .
Teus poemas  são o retrato de teu talento,
De teu perfil, de tua história...
O mar foi o derradeiro abrigo de teu corpo.
A alma...continua em expansão!
Cleyton Domingos dos Santos Campos146

Porque escrever “a exemplo de Gonçalves”


“Tinta gasta. Papel rasgado. A inutilidade da feitura contrasta com a utilidade
das palavras”

Que deve ser dito? Tudo me é licito


As palavras não bastam. Não me cabem.
São meras sombras que em si guardam
A forma daquilo que as projetam.
A essência, a cor, a textura não são idéias
De fato existem. Permanecem. Não são lembranças
Que facilmente são esquecidas ou postas no papel
Porque fazer muitos livros?Não serei lembrado
Não viverei para ver nem a eternidade.
Se amanha de mim falarem - estarei surdo.
Hoje é o dia, amanha é tarde - que digam hoje.
Se de muitos ainda falam, é enfado da carne
Já dormem e daqui apouco estarei em igual estado.
Não importa o que faziam; se bem ou mal
Porem estou aqui e me importo, talvez por vaidade.
Desperdiço algo que não pode ser poupado
E usado amanha.Porque me importo.
Se surdo, mudo ou intangível, minhas palavras restarão
205
Perdidas,talvez,na face imutável do tempo.
Por que te importastes?
Nada mais havia para esquecer que se “vive” (e se morre)?
Mulheres, bebidas, caçadas, amigos, salas de bate-papo...
Era “moda”, centelha divina, falta do que fazer com a vida?
Ou como eu: um desafio, a procura por um titulo?
Faz 189 anos. Ossos brancos. Mas ainda vive:
Em muitas ruas, praças, escolas, lojas, academias (aqui)
Eterno onde importa: na memória e na ponta da língua
Não apenas em livros. Não por palavras indignas
Mas por entre as linhas. Nos olhos de quem contempla o sabiá
E as aves que aqui gorjeiam. No coração de quem ama seu torrão
E sente no peito e na alma a coisa misteriosa e eterna
E se importa,mesmo que seja uma fração insuficiente o que diz
E sente aquilo que nos faz esquecer de Londres,Berlim,Paris...
E nos faz querer estar no nosso cantinho amado.
Para isso, talvez o tempo não exista.
Que direi que não fora dito?Que não disseram?
Em cada verso engastarei a rima?Usarei redondilhas?

146 Cleyton Domingos dos Santos Campos - São Vicente Ferrer – MA- Brasil estudante, morando atualmente na
cidade de São Bento, aluno do C.E Dom Francisco; incentivado a participar deste ilustre projeto pela professo-
ra Maria Auxiliadora e tendo consciência da importância deste homem para a literatura maranhense,brasileira
e mundial, dedica estas poucas e insuficientes palavras a este grande vulto da História.
Procuro uma estrofe que me torne eterno
Primo, alteio,limo,enfim;colho espinhos...
Procuro a poesia,não quero ser achado(estou errado)
Gasto as horas criando falácias (mais inúteis ainda)
Faz 189 anos. Não fostes esquecido.
Um daqueles que nos fazem pensar e acreditar
Que a imortalidade existe ou possa existir
E nos faz dizer: deixa disso moço;é Deus em cada gota de orvalho
E nos olhos de quem ver
Talvez as coisas não sejam tão inúteis
E o tempo tão tirano e implacável assim
Se depois de um século ainda falamos de ti
É por que vale a pena.Tudo vale a pena quando se tem uma alma.

(desconfio que disse algo)

Para Gonçalves

GOTHE
BYRON
HONORÉ
EÇA
LAMARTINE
FLAUBERT
206
VICTOR HUGO
POE
SHAKESPEARE

DANTE
ORACIO
CAMÕES
ASSIS

Conceição Santos147

O sonho...
Quando eu enxerguei o mundo
foi através de você, das belas
palavras “simples”, carregadas
de ternura, de sentimentos profundos
Oriundos do seu ser.

147 Conceição Santos - Sergipana – Brasil. Graduada e pós-graduada em Letras: Português/Italiano pela UFRJ.
Atualmente é professora de Língua Portuguesa na FAETEC em Quintino Bocaiúva. É Acadêmica Efetiva da ALAP
–Academia de Letras e Artes de Paranapuã e Acadêmica Correspondente da ALAB, ALAV e ALAF. Como escri-
tora já lançou dois livros solo e como coautora participou de várias antologias Contatos: Conceicaosantos37@
yahoo.com.br www.conceicaosantos.recantodasletras.com.br
Cresci ouvindo e também recitando
a linda canção do exílio que tanto
fez-me sofrer, pensando em alguém
distante e dele só restou o semblante
envolto em tramas de névoas
Tecidas ao amanhecer.

E, assim, buscando o alguém


envolvi-me nessa trama
avancei floresta a dentro
sem ao menos perceber que
os meus passos me levavam
a uma certa mangueira cuja
altiva copa encobria um
Leito de “bem viver”.

Esse leito era de folhas


como fazem os passarinhos
que por serem “miudinhos”
na floresta, são difíceis de se ver
por isso demonstram todo fervor,
usando as folhas verdes, tecendo
com muito carinho seu belo
Ninho de amor.
207

Continuei avançando a buscar


o que eu queria, na verdade,
não sabia o que poderia encontrar.
Então, avistei uma tribo de fortes
e bravos guerreiros, lutando em
Desespero para o seu povo defender.

Nesse meio havia um moço


de nobres gestos e bravura
que destemido lutava, mas
a luta veio a perder. Foi aí
que ele chorou, mostrando o
medo de morrer. Pulei da cama,
Gritando: Juca Pirama: é você?

Ao poeta
Um dia na mata
ouvi um cantar
no galho da palmeira
avistei a sabiá
que cantava feliz
para seu par encantar.
Naquele momento
voltei ao passado
lembrei-me do poeta
que muito inspirado
cantou a sua Pátria
e seu povo amado.

Seus versos eram mágicos


sua beleza sem igual
Gonçalves era Dias de
palavras gentis, mas
seu tom era forte
em defesa do “Norte”
e de todo o País.

Exaltou as florestas
e riquezas naturais
seu índio era o bravo
homem varonil
Gonçalves foi poeta
do Romantismo brasileiro
para defender suas ideias
usou de muito esmero.
208
Saudades...
Um dia o grande poeta,
estando só a pensar a
quilômetros de distância
do seu imenso Brasil
a saudade apertando,
em seu peito gritando
e ele “chorando” cantou
exaltando a pátria querida,
a mãe amável e gentil.

Lembrar a terra consola


o coração em pedaços, da
saudade que tinha sentia-se
exilado, não por imposição,
mas pela situação de ter de
se ausentar da pátria amada,
por Deus abençoada para
poder estudar. Isso se fez
necessário para se aprimorar.

Lá conheceu escritores
com idéias arrojadas que
cultuavam a Idade média
com a qual ele simpatizava
daí veio o interesse pelo índio
brasileiro, representante vivo
do nosso “medieval” passado
que o poeta desenvolveu com
o brilhantismo que recebeu do
supremo Deus para ele enviado

Bons tempos...
(poema inspirado na Canção do exílio, de Gonçalves Dias)

A terra que tinha palmeiras


Também tinha o sabiá
As aves que cantavam aqui
Cantavam diferente de lá.

O céu que era cheio de estrelas


Agora, já não existem tantas assim
A derrubada das matas para se
fazer “queimadas” leva as árvores ao fim.

Mas ainda tem primores


Um pouco de ouro, prata e amores
Certamente, tem beija-flores
Para o néctar das rosas sugar.
209

Lembrando ainda a canção,


Saudades eu sinto de cá
Da terra que tinha índios, com
Palmeiras verdejantes para a sabiá cantar.

Um grande amor
Antônio Gonçalves Dias
nascido no Maranhão,
após os primeiros estudos
Direito foi estudar, na
Universidade de Coimbra
do outro lado do mar
para cumprir seu destino
e seu país exaltar.

Alguns anos depois,


já de volta ao Brasil,
sua produção literária
intensifica e os amores
também, mas nenhum
o fez esquecer a jovem
Ana Amélia que a ele
tanto queria bem.
Seu amor por essa jovem
muito o fez sofrer, pois com
ela quis se casar, porém,
a família da moça sua mão
veio a negar, tendo por
base às origens mestiças.
Estas, impediram o poeta
da sua amada desposar

Gonçalves sentiu-se triste,


contudo, era homem de
brio e lealdade, resolveu se
afastar, abrindo mão da sua
paixão para preservar a amizade
e com isso, ela não concordou,
embora existisse o amor,
começou, aí, a “rivalidade”.

Ao ter seu pedido refutado,


o poeta seguiu seu caminho.
Casou-se com Olímpia da Costa
para esquecer daquele amor que
um dia ele não soube “querer”.
Ana Amélia não se conformou e a
210
família desafiou, casando-se com
um “plebeu” que também era de cor.

Da decisão que tomou, mais tarde,


se arrependeu. Após encontrar-se
com ela, na cidade de Lisboa em
uma de suas avenidas, e esse encontro
reabriu-lhe antigas feridas. Ana Amélia
nunca conseguiu entender a atitude
“sensata” que o amado pode ter e o
futuro dos dois ele não “quis” defender.

Abatido pela dor e pela desilusão que


o destino lhe impôs, pondo no meio
dos dois a razão, aniquilando a emoção
para depois separá-los. O poeta, sentindo-se
amargurado, despediu-se da amada, dizendo:
- “Ainda uma vez – adeus” que foi copiado
por ela com o sangue que lhe corria nas
veias e com o amor que Deus lhe deu.
Corujinha148
Um amador das Musas mandou-nos pelo correio esta parodia a uma das partes da fa-
mosa poesia de Gonçalves Dias. Por ser inoffensiva, publicamo-la para desopilar
os nossos leitores (DIÁRIO DE São Luís, 23 DE MARÇO DE 1921)
O CANTO DO “PIAGA”
Offerecido aos activos representantes do Povo, no Congresso Legislativo.
Porque dormes, ó Piaga bovino?
Começou-me a razão a fallar:
Porque dormes, Escuta a miséria
Implacavel, a voz levantar!
Tu não vista “a moção” do enfrossa
Da verdade a luz offuscar!
Não ouviste o seu Tasso, de dia,
Este povo querer debochar? !
Tu não viste o commercio parado,
Sem arame, verrgar e gemer
E ainda o Fisc0o medonho por cima
Qual abutre sua garra abater ? !
Tu não vês a Lavoura a Industria,
A chicote tratados, sem dó?
E a cobreira que dellas arrancam 211
Voar toda em sonhares, e só?
Tu não viste a cobreira guardada
Crear azas, voar e voar...
E tornar-se em ... autos faustosos
Que a Insania nos vem ostentar?
Tu não viste “Tupan” já sem “cobre”
Trinta escolas fechar de uma vez!
E tratar as crianças tão pobres
Tal e qualo trataria... uma rez!
Tu não vês o teu boi lazarento
Este povo indefeso matar?
E tu gaurdas os cobres, sedento,
Para La no teu poocker... augmentar!
Mas... tu dormes, ó Piaga bovino!
E Anhanga te prohibe enxergar
A verdade cruel e terrível
Que te os cegos já podem palpar!
Março de 1921.
Corujinha.

148 Diário de São Luís, 23 de março de 1921, Poesia compilada por Leopoldo Gil Dulcio Vaz – Curitiba – PR – Brasil
– 1952; Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Universidade Estadual do Maranhão
Cristiane Branco da Cruz149

Pois é, Gonçalves Dias


Gonçalves Dias, homem independente e de bom caráter,
Homem brasileiro, mestiço das três raças,
Homem de fé, poeta de garra,
Lutou até o fim da sua vida.
Homem fiel, poeta amigo, companheiro,
Suas palmeiras sadias e os sabiás ali nele viviam,
Amor não correspondido e tristeza lhe invadiam,
Seu passado sofrido, em nossa vida ele está vivo.

Pois é, Gonçalves Dias,


Você se foi, mas nos deixou um pedaço de história
De um brasileiro de verdade.
Pois é, Gonçalves Dias,
Você se foi, mas nos deixou um bocado de saudade!

Cristiano Mendes Prunes da Cruz150

CANÇÃO DO EXÍLIO
Porto Alegre é uma cidade alegre,
onde há muito que fazer.
212
Lá, há dois times famosos
e, em dia de GRENAL,
o Rio Grande do Sul
é todo vermelho e azul.
Aqui, tudo foi projetado;
e há pouco calor humano.

Cristy Elen Rocha Pereira151

POETA DA VIDA
Alegria, beleza e cor
Gonçalves Dias escritor
conta a história do Brasil
com todas as coisas que descobriu.

149 Cristiane Branco da Cruz – Teresópolis – RJ – Brasil - 26/01/1996. poetaluna do 9.º Ano da E. M. Alcino Fran-
cisco da Silva, em Teresópolis/RJ, e apaixonada por poesia. Professor orientador: Carlos Brunno S. Barbosa
150 Cristiano Mendes Prunes da Cruz - Porto Alegre/RS – Brasil - 20 de abril de 1997 -. Estudante do Ensino Médio
do Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS. Integrante do Projeto “Imagens e Textos construindo Histórias e Ver-
sos”. Curte futebol, pescar e jogos eletrônicos. E-mail: cristianoprunes2012@hotmail.com
151 CRISTY ELEN ROCHA PEREIRA – Balsas – MA – Brasil. URE – Balsas - Centro de Ensino Médio Dom Daniel Com-
boni; Professora: Marcia Meurer Sandri
Gonçalves Dias é poeta
da nossa querida terra
que com amor contou
as culturas que lhe inspirou.

Mas, Gonçalves Dias nos deixou


E o Brasil que lhe encantou
Hoje chora com muita dor
a perda de um grande autor.

Cynthia Theodoro Porto152

AINDA UMA VEZ... O AMOR ETERNO SEM


ADEUS...
(Soneto para o poeta Gonçalves Dias)

Querido amigo poeta... é uma pena,


aquele adeus à musa inspiradora...
nem mesmo o sabiá com cantilena,
foi como alegria consoladora...

Da palmeira, a verve cantadora,


quiseste um doce amor, em paz serena,
213
tiveste, assim, paixão acolhedora,
mesmo indo embora, o coração perena...

Morria-se de amor naquele antanho,


porque nasceste em tempo vil e errado,
e, como todo vate, foste estranho...

Não se podia amar, nem ser amado,


a humanidade – sofredor rebanho,
mas, hoje... o amor é lei e consagrado...

152 Cynthia Theodoro Porto - São Paulo SP – Brasil. Cursou Letras na USP (Português/Inglês e Hebraico) e Direito
nas Faculdades Metropolitanas Unidas, sem contar os cursos de línguas e os profisisonalizantes. Escreveu e
publicou em 2005 o seu primeiro livro chamado “A LIRA DE AQUÁRIO”, uma antologia de sonetos e outros
versos. Para contatos, o seu endereço eletrônico é: cynthiatheporto@gmail.com
D. da Silva153 - 7 de Setembro de 1873

Gonçalves Dias
Por ocasião de inaugurar-se a sua estátua
(Ao dr. Antonio Henriques Leal)

Ei-lo talhado na pedra


– tando o dorso do mar,
o leito d’alvas espumas
onde se foi repousar;
sobre a lira reclinado
o filho das harmonias
ouve as doces melodias
que a vaga vem entoar.

O bardo tem a seus pés


– o povo que mais amou,
sobre a cabeça – este cáu
que seu verbo eternizou.
As turbas tecem-lhe c’roas,
o céu alegre o festeja,
a brisa que rumoreja
pelos palmares passou.
214
Doces beijos traz das rosas
abertas ao alvorecer,
um suspiro da açucena
que começa a enlanguescer;
do sabia os gorjeios,
da juriti terno arrulho,
do lago brando marulho
a brisa vem-lhe trazer.

Saudemos todos no bardo


o gênio da inspiração,
n’aquela estátua de pedra
voltada para a amplidão!
N’ela a pátria reconhece
o senhor das melodias,
– o grande Gonçalves Dias –
a glória do Maranhão! –

153 Leal, Henriques, Pantheon Maranhense, São Luís, 1874, p 566-567. Poesias compiladas por Weberson Fer-
nandes Grizoste - Jauru – MT – Brasil
D. Freitas154 - São Luís, 6 de Setembro de 1873

Ante a estátua - À memória de Gonçalves Dias


Le Génie est un dieu tout de glorie et de flamme;
L’harmonie est sa voix, la nature est son âme.
Son vol n’est limité ni des rieux ni des mers;
Les ailes, ses regards, embrassent l’univers.
Lebrun, Le Génie.

Aquela fronte espaçosa,


Que vedes resplandecer,
Onde as musas vão beber
Áurea luz da inspiração:
É do Deus das melodias,
O astro das harmonias,
Que surgiu como um vulcão

Deus disse «gênio caminha


«Segue do Pindo a estrada
«Que tua fronte inundada
«De luz sempre há-de brilhar,
«Aclara dos céus a terra
«E tudo que n’ ela encerra,
«E ligeiro volta a teu lar.»
215
…………………………..
Não vedes ali um monarca
A um povo tiranizar,
Nem vedes subjugar
Do culto povo a vontade:
Que essas púrpuras… esses terrores
Quais romanos imperadores .
Tendo aos pés a «liberdade»!

Vedes do gênio a estátua


De flama c’roada a fronte
Que inunda o prado e o monte
De pura luz divinal!
O gênio nunca arrefece,
E o mundo jamais se esquece
Do seu cantor imortal!

Passado bem curto espaço


Se cumpriu a profecia,
Iluminou mais que o dia
Da terra té junto aos céus;
O gênio não demorou-se,

154 Leal, Henriques, Pantheon Maranhense, São Luís, 1874, p 576-578. Poesias compiladas por Weberson Fer-
nandes Grizoste - Jauru – MT – Brasil
Da vida a luz apagou-se
Voltando ao seio de Deus.
Dos céus a terra ilumina
Esse astro tão brilhante,
Poisou na terra um instante
Deixou luz p’ra toda idade;
Essa luz não se limita,
Ela por Deus foi predita,
A rival da divindade!

A sorte mais que propícia


Marcou-lhe mais bela fada,
Entre os prismas d’alvorada
Lhes apontou a amplidão.
Em tudo resplandecia,
Seu estro brilhou mais que o dia,
Que a cratera d’um vulcão.

O grato povo ergue o trono


Para um culto venerando,
Vejo a Europa memorando
Que junto ao culto s’ acurva;
Todos os sóis escurecem,
Todos planetas arrefecem,
216
Aquele nunca se turva!

Um ser como és, bem vê-se,


Não pode ter outra sorte
Pois um Deus depois da morte
Sempre tem tais condições,
Tal foi o mártir da cruz,
Derramando intensa luz
Libertou as gerações.

O buril deixa em granito


De toda a idade a memória
Em áureas páginas a história
Aponta suas melodias,
A briza seu canto entoa
Tais são as per’las da c’roa
Que cinge Gonçalves Dias!
Daisy Maria dos Santos Melo 155

Gonçalves nossa estrela


O mar não tem saber
Se tivesse jamais desejaria
Ter consigo aquela culpa
De levar Gonçalves Dias

Poeta mui destemido
Muitas dificuldades passou
O pai perdera cedo
Amigos o sustentou

Amou a mulher errada?


Ou errado foi fraquejar
Diante d’uma sociedade
Que não o queria aceitar?

Fugira pra não sofrer


Sua dor só aumentou
Caminhos despedaçados
Isso também é amor

Doente e debilitado
217
A vida se esvaindo
Mas não era pra ser o mar
Seu algoz, se assassino

Agora que já se foi


Deve cantar a beleza
Em alguma constelação
Porque poetas, ah os poetas!
Estelas sempre serão!

Dias nos meus dias


Quem és tu poeta
Que grandes lutas abraçou
Cantou a nossa nação
O índio sempre exaltou

Orgulho da raça mestiça
Orgulho brasileiro
Ao lado de Alencar
No Brasil foi pioneiro

155 Daisy Maria dos Santos Melo – Maceió – AL – Brasil - 02/06/1983. Formada em gastronomia, atualmente
estuda crítica literária na UFPE. Ilustradora, venceu o prêmio “Mágica Especial” em 2010. Possui um artigo
publicado com o título: “O cordel como instrumento de interesse nas escolas”. Além de poesia, adora escrever
prosa ficcional, contos, crônicas...
Por muitos rejeitado
Falta de compreensão
Tido como abusado
Onde sobrava presunção.

Sofreu dor de amor


Preconceito e depressão
Mas em tudo quanto vivido
Não manteve o olhar no chão

Sempre em grande compostura


Exaltando seu país
Quisera tantos mil
“Dias” em meu Brasil!

MEUS VINTE E POUCOS ANOS


Vinteanos! Perdi-os nas tuas mãos
Algozes, ferozes.
Suprimiramtodo meu ser.
Tantossonhos perdidos
Num peito que só te amou
Vinte anos! Ah, se voltassem
Cruzariaa calçada.
218
OLHARES
Um encontro
Um reencontro
Saudade
Desespero mudo
Todo meu ser
Naquele teu olhar
Um que eu jamais voltarei a ver

CANÇÃO AO MARANHÃO
Meu Maranhão tem palmeiras
Tem também terras vermelhas
As aves são das mais belas
Você há de concordar

Nosso céu é mais brilhante


Olhe só por um instante
Os bosques mais radiantes
Sigo a vida exultante

Sozinho eu penso à noite


Como é lindo esse lugar
Tanta saudade eu tenho
Só quero pra lá voltar
Minha terra é só sabores
Somente encontro por lá
Sozinho eu penso à noite
Como é lindo este lugar
Tanta saudade eu tenho
Só quero pra lá voltar

Deus não queira que eu morra


Sem que eu volte a pisar
Na terra dos babaçus
Que não encontro por cá
Sem que veja uma palmeira
Só quero pra lá voltar.

Dalciene Santos Dutra156

GONÇALVES DIAS
Filho de Português com cafuzo
Nasceu de uma união não oficializada
Por isso sua mãe foi abandonada por seu pai que foi morar
Com outra amada.

Gonçalves Dias
219
Tinha alegria tinha amor o dom que Deus criou
Escreveu poesias
Com muitas sabedorias
Para nossa alegria.

Poeta do Maranhão
Despertava muita emoção
Para o povo desta nação com sua dedicação.

Tenha orgulho de nascer


Na terra de Gonçalves
Poeta do povo maranhense
Levou os encontros da gente

Para o mundo conhecer.

Viva Gonçalves Dias!


Eterno poeta do amor
Na Academia de letras
Eternizado com descido valor.

156 Dalciene Santos Dutra - São Luís – MA - Brasil – 12/03/ 2002. Motivo da Participação: Reconhecer a importân-
cia da poesia na vida dos seres humanos como ferramenta de divulgação dos sentimentos e comportamento
da sociedade onde está inserido
Daniel Ely Oscar Noé157

CANÇÃO DO EXÍLIO
Estados Unidos
e Brasil contrastam
quanto ao físico
de seus habitantes.
Lá, muitos gordos;
aqui, muitos magrelas.
As comidas de lá
são bem mais gordurosas
que as daqui.
Lá, durante o dia,
ouvi-se o ruído
dos carros;
aqui, ouvimos o canto
dos pássaros.

Daniel Victor Adler Normando Romanholo.158

A ANTÔNIO GONÇALVES DIAS


Chorou de tristeza
Ao perder a filha querida
220
Ao ausentar-se da terra natal
Ao perder o amor da sua vida!!!
Com tanta criatividade,
deixou muitas saudades...
nunca iríamos esperar sua ida.

Pois é:
Choramos hoje a sua partida
Mas nos alegramos por tê-lo tido entre nós!!!

Obrigado Gonçalves
Por ter deixado milhares de emoções
Com seus poemas e Canções...

157 Daniel Ely Oscar Noé - Capão da Canoa – RS – Brasil - 13 de maio de 2000. Estudante do Ensino Fundamental
do Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS. Integrante do Projeto “Imagens e Textos construindo Histórias e Ver-
sos”: “Banners Poéticos”, 2012. Integra a equipe de velejadores, Categoria Infantil, do Clube dos Jangadeiros,
de Porto Alegre/RS. E-mail: dandan.oscar@gmail.com
158 Daniel Victor Adler Normando Romanholo. São Luís-MA – Brasil - 23/10/1998. Mora em São Carlos-São Paulo
e cursa o 9º ano no Colégio Interativo. Tem participação em “ASAS DE UM SONHO por um mundo melhor”,
obra coletiva dos alunos da EMEB Angelina D. de Melo e EMEB Ermantina  C. Tarpani, São Carlos-SP, 2008. É
co-autor (juntamente com João Marcelo Adler Normando Costa e Dilercy Aragão Adler), do livro Infantil, “Uma
história de Céu e Estrelas, São Luís-MA, 2011.
Daniela Wainberg159

CANÇÃO DO EXÍLIO
Minha terra tem mais vida,
nossa vida mais amores.
Nela há pássaros, montanhas,
vales de flores e caminhos nos jardins.
Em minha terra, vejo bosques,
onde a natureza tem beleza,
borboletas e gaivotas.
Não permita Deus que eu morra
sem a certeza de que voltarei;
nem que seja por momentos;
pois, se não lá voltar,
sequer, um instante,
não estarei voltando ao meu mundo,
mundo este onde canta lindos pássaros.

Danielle Adler Normando 160

POR UM GRANDE AMOR


Suspiraste não por um nome apenas
A chama de um grande amor em ti -se fez viva eternamente-...
Não pudeste encontrá-lo na vida terrena -é certo-
221
Mas na tua alma e no tempo perduraram e perduram
para sempre...

Como esperaste esse amor por toda a tua vida!...


Como esperaste com toda calma e desespero que nele cabiam
Como esperaste em todas as entrelinhas das tuas dores e alegrias...

Ah como o esperaste!...

Esperaste até no teu suspiro último de amor


Nas águas doces do abraço de Ana Amélia
Na última valsa amorosa do impiedoso mar que te tragou
Mas amorosamente-quanta ironia-
para a imortalidade te levou!

159 Daniela Wainberg - Porto Alegre – RS – Brasil - 30 de janeiro de 1991. 1ª Bibliotecária e Membro Fundador da
Academia de Letras Machado de Assis, Porto Alegre/RS, Cadeira 9, Patronesse Lila Ripoll; Membro Efetivo do
Clube Infanto-Juvenil “Erico Verissimo”, da Academia de Artes, Ciências e Letras Castro Alves, Porto Alegre/
RS; Academia Virtual Sala de Poetas e Escritores, Balneário Camboriú/SC; Liga dos Amigos do Portal CEN, de
Portugal; e Associação Internacional dos Poetas del Mundo. Coautora dos livros “Olhares - Crônicas Escola-
res” e “Palavras, A Linguagem da Vida”. Cursa Pedagogia, no Centro Universitário Metodista IPA-RS. E-mail:
danielawainberg@hotmail.com
160 Daniielle Adler Normando - São Luís – MA – Brasil - 10 de março de 1974. Reside em São Carlos/São Paulo
desde 2001. É graduada em Pedagogia (1996). Autora de várias poesias inéditas e tem participação nas Anto-
logias: Oficina Cadernos de Poesia (21), Rio de Janeiro-RJ, 1993 e I Coletânea Poética da Sociedade de Cultura
Latina do Maranhão- LATINIDADE, São Luís-MA, 1998
Danielle Granjeira de Moura161

GONÇALVES DIAS
Em 10 de agosto de 1823
No esplendoroso dia
Nascia Gonçalves Dias
Na pequena cidade de Caxias.

Um grande escritor
Com saudades escrevia
Do Brasil que sempre descrevia
A natureza e a pátria.

A mistura das raças


Sempre destacou
Em um grande naufrágio
A nossa terra ele deixou
Assim, a vida acabou
De um grande escritor.

Darlan Alberto T. A. Padilha - Dimythryus162

Canção de Exílio
222
Minha Terra tem palmeiras derrubadas,
onde escondem-se os últimos sábias;
as aves, que aqui gorjeavam,
cá não vejo mais cantar.

 Nosso céu encobre estrelas,


nossas várzeas poluição,
nossos bosques, hoje becos
nossas vidas celeradas.

 Em cismar sozinho à noite,


temeroso, encontro eu lá
minha Terra tem chacinas,
execuções, choro e lágrimas.

161 Danielle Granjeira de Moura – Balsas MA – Brasil. URE – Balsas - Centro de Ensino Médio Dom Daniel Combo-
ni. Professora: Marcia Meurer Sandri
162 Dimythryus –Darlan Alberto T. A. Padilha, Licenciado em Letras pela Faculdade UNIESP-SP, Embaixador da
Paz, título que lhe fora atribuído pelo “CERCLE UNIVERSEL DES AMBASSADEURS DE LA PAIX – SUISSE
– FRANCE (Genebra – Suíça). Entre suas premiações destacam-se o “Prix Francophonie” a Menção Honrosa
(Diplôme d’honneur) no 10é Concours International de Litterature Regards 2009 (Nevers – France) e 6º Con-
curso Poético O Cancioneiro Infanto-Juvenil para Língua Portuguesa na Prática Educativa (Almada – Portu-
gal). Além de colaborar com os Sites: Blocos OnLine, Garganta da Serpente e Meio Tom, pratica a divulgação
cultural através de e-mail’s de pouco mais de 1000 contatos.
 Minha Terra de políticos,
marolinha e mensalão
não bastasse Rosimary
as barbas do deus cego,
vem o legado de uma estrela,
enrubescida e humilhada.

 Não Permita Deus que eu morra;


sem que mudanças hajam lá;
sem que a justiça abra os olhos,
sem que a democracia, democratize-se,
seja todos e não alguns;
Minha Terra tem Palmeiras, na segunda Divisão

Débora Luciene Porto163

I-Juca-Cafuche
No meio das ruas de grandes senhores,
Rodeados por grades — e por roedores,
Veem-se os sem-teto, deitados no chão;
Alguns andarilhos, culpando suas sortes,
Outros cansados, aguardando suas mortes
Vivem do lixo, cobertos por papelão.
223

São tristes, saudosos, homens com história,


E que apenas imploram qualquer coisa simplória,
Já rudes não entendem o que não é dor:
São todos desvirtuados, homens doentes!
Seus nomes esquecidos por todas as gentes,
Escondidos pelos vícios, sujeira e fedor!

Nas casas vizinhas, sem fome e sem frio,


Estão os julgando, se importando com o brio,
A polícia defende os seus marajás:
Medrosos donos de terras que não lhes pertencem,
Que pagam tributos aos que tudo vendem,
Dizendo que isto é em nome da paz.

No cordão da calçada, próximo ao bueiro,


Onde cães urinaram, onde existe mau cheiro,
Passa a senhora e passam os vis:
E eles, sentados, não lembram da hora,
Não passam, nem ficam, não podem ir embora,
Vivendo aquilo o que ninguém quis.

163 Débora Luciene Porto – Gravataí – RS – Brasil - 21 de outubro de 1987. professora de Língua Portuguesa, gra-
duada em Letras pela UFRGS.
Quem são? — ninguém sabe: mas querem seus votos,
Dizendo que a culpa é de um governo remoto:
Indecentes e espertos — num povo servil;
Só assim esses homens fazem parte do plano,
Tornando distinto o feitor do engano,
Fazendo sua fortuna multiplicar-se por mil.

Deidimar Alves Brissi164

O MAIOR SOFRIMENTO DO POETA


Entre tantos amores sufocados pelo preconceito,
Separados com crueldade, deixando vidas vazias.
Tantos amores sofreram, separados sem direito
E por Ana Amélia sofreu tanto Gonçalves Dias!

O arrogante que quer separar um grande amor,


Nunca conheceu o amor romântico ou fraterno.
O amor está acima da crença, raça, poder e cor.
É indestrutível, nos aproxima de Deus, é eterno!

Casamentos arranjados, com o amor esquecido,


É uma das tristes faces da prostituição humana.
Prostituição social, igual, a fazer sexo vendido.
224
Engana os hipócritas, mas, o amor não engana!

No céu, onde não existe falsidade e hipocrisia,


Vivem felizes todos os amores aqui separados.
Ali a maldade humana diante do Pai se esvazia
E Gonçalves e Ana se encontram enamorados!

A VISÃO DO EXPLORADO
Para Gonçalves Dias

Ó mar salgado
Quantos índios não viram
De tristes praias
Em apocalípticos dias
Seus irmãos serem levados pelos caris?

164 Deidimar Alves Brissi - Cosmorama – SP - Brasil - 20/08/1972. Casado, 3 filhos, professor; Licenciado em Física
pela UNESP/Campus Rio Claro; Mestre em Física e Astronomia pela UNIVAP/Campus de São José dos Campos.
Professor de Ensino Médio na Rede Estadual do Estado de São Paulo; Professor de Ensino Médio de escolas
particulares de São José dos Campos; Professor Titular do Instituto Federal de Educação de São Paulo/Campus
Birigui
Para quê?
Para serem exibidos como bichos,
Trabalharem como bestas,
E as belas e puras moças,
Serem abusadas por bestiais marujos
E “respeitados” ricos!

Quantas cecis choraram seus membiras,


Quantos curumins em vão clamaram por Tupã!
Quantas abaíbas ficaram por casar
Para quê?
Para que fosses vosso, ó mar?

Valeu a pena?
Nada valeu a pena
Pois quem explora seu irmão
Quem destrói um povo
Tem a alma pequena!

Ó mar salgado
A maior parte de teu sal
São das lágrimas
Dos Goytacazes e Tupinambás,
Dos Tamoios e Aimorés,
225
Dos Charruas e Potiguáras,
Dos Carijós e Tremembés
Dos Tupiniquins e Tabajáras,
Dos Temiminós e Caetés
Não são, não são...
Não são lágrimas de Portugal!

ÚLTIMA CANÇÃO DO TAMOIO


Morreu o último tamoio!
Com ele morreu a bravura.
Silêncio ficou no arroio.
Triste ficou a saracura.

Agora ficou esquecido:


O que lhes dizia o téu-téu,
Das plantas o aprendido,
O que enxergavam no céu.

Foi embora a dignidade,


Que hoje anda esquecida.
Sua história deixou saudade,
Nossa história ficou ferida.
A destruição deste povo
É uma história medonha,
Que cantando aqui de novo
Só exalta nossa vergonha!

Mas a eles nós devemos,


Nas praias, vales e serras,
Honrar o que recebemos,
Amar e proteger suas terras!

O SABIÁ
Para Gonçalves Dias

O sabiá voou para cima da casa


E começou a cantar:

“MIiha querida! Minha querida!


Eu canto para ti nesta antena
Porque sou um sabiá da cidade
Porque o amor vale a pena

Sofre um sabiá com saudade


Procurando a noite inteira
Mesmo com tanta vontade
226
Não se acha uma laranjeira

Minha querida! Minha querida!”


A PALMEIRA DE GONÇALVES DIAS

Brasil saudade
Sabiá Timbiras povo Caxias
Amor saudade sofrimento naufrágio Coimbra morte
América Navio doença Índio Juca-Pirama Teatro fé
Escravo justiça amor terra sabiá natureza
Flores poesia poemas timbiras terra
Brasil palmeiras gorjeiam pássaros amor
Pátria preconceito amor terra canção
exilo piaga canto honra bravura
vida guerreiro musa índio tupi guarani
teatro poesia DEUS hino despedia morte fé Maranhão terra
Tupã taba Marabá saudade tempestade adeus morte amor
Bosques natureza Ana Amélia hipocrisia exílio honra taba mata
Vida soneto justiça Injustiça negro índio povo gente
Fé Tupã Ana taba mata floresta estrelas Tejo noite
Cacique tribo Ana Amélia casamento
Tristeza terra viajem guerreiro
Grito triste boré Anhangá deuses
Coruja cipó filho
227
Sertão treva dor
TERRA

Sofrimento beijo cor


Prazer amar
Brasil mar
1823
GONÇALVES DIAS SABIÁ

chão

ANA AMÉLIA CAXIAS MARANHÃO BRASIL TERRA


Dely Thadeu Damaceno165
SEU IDÍLIO
Homenagem a Gonçalves Dias
No seu exílio muito cantastes,
Com lindas e carregadas epifanias
Grande poeta Gonçalves Dias,
As belezas saudosas de sua terra,
Que o enchia de alegrias.
Lembravas então das frutas do campo
Mas também de suas amadas serras
Das lindas palmeiras que aqui há
Onde as verdes colinas encerra.
Abrigando constantemente em galhos
O lindo e tão cantante sabiá...
Que orgulha o homem do campo
Enchendo os olhos de orvalho.
Seu doce idílio, de muita paixão
Saudades dessa terra morena,
Onde sua cabocla enfeitada
Com lindas róseas flores de verbena,
Faz bater forte o seu saudoso coração...

228
HOMENAGEM A GONÇALVES DIAS166
No seu exílio muito cantastes,
Com lindas e carregadas epifanias
Grande poeta Gonçalves Dias,
As belezas saudosas de sua terra,
Que o enchia de alegrias.
Lembravas então das frutas do campo
Mas também de suas amadas serras
Das lindas palmeiras que aqui há
Onde as verdes colinas encerra.
Abrigando constantemente em galhos
O lindo e tão cantante sabiá...
Que orgulha o homem do campo
Enchendo os olhos de orvalho.
Seu doce idílio, de muita paixão
Saudades dessa terra morena,
Onde sua cabocla enfeitada
Com lindas róseas flores de verbena,
Faz bater forte o seu saudoso coração...

165 Dely Thadeu Damaceno - Patrocínio  MG – Brasil - 12 de Outubro de 1953. Professor de Sociologia na Rede
Estadual de Ensino do Estado de São Paulo. Sou amante da Literatura e das letras em geral. Faço parte de
portais como: Poetas Del Mundo do Chile, do Portal CEN “Cá Estamos Nós” de Portugal.
http://www.encontrodepoetaseamigos.ning.com
166 Publicado no Blog Recanto das Letras, Shimon Goldwyn Piracicaba/SP – Brasil. Enviado por Shimon
Goldwyn em 12/02/2013 Código do texto: T4136107 disponivel em http://www.recantodasletras.com.br/
homenagens/4136107, Poesia compilada por Leopoldo Gil Dulcio Vaz – Curitiba – PR – Brasil – 1952; Instituto
Histórico e Geográfico do Maranhão; Universidade Estadual do Maranhão
Dena Guimarães167

Gonçalves Dias in memoriam


Passeaste pelo mundo
Sobrepondo as verdades
Casos rudes e encantos
Em teus versos tu citaste

Flores, espinhos encontrou


Lindos sonhos e desamor
Florescendo em seu peito
Relatando o que o inspirou

Amarguras estreitaram
Teus sentimentos machucados
Por esta vida que a ti causou
Tanta dor por tanto amor

Pois caminhaste por lindos sonhos


Terras indígenas em esplendor
Cenário azul em tons vibrantes
Neste chão você pisou

Entretanto não viveu


229
Lindas Histórias de Romeu
Dedicou ao nacionalismo
Este universo era seu

Retratou também o belo


Benevolência e mar de amor
O teu alvo foi sincero
Escreveste o que enxergou

Não vivendo somente encantos


Foi remando e navegando
Das tuas idéias nasceram poemas
O papel foi seu recanto

Rompeu o tempo a tua morte


Entristecendo o Sul e o Norte
Deixando uma herança o seu legado
Ser poeta foi seu forte

167 Dena Guimarães - Dionísio – MG – Brasil - 02/03/69. atualmente é artista, cantora, poeta, compositora e pro-
fessora. Começou a compor suas músicas e escrever poesias aos 15 anos, onde seu talento resplandeceu sua
vida artística. Em 2011 foi classificada entre os 20 colocados no Festival Cristo Redentor - RJ, em 2012 entrou
para a coletânea: Música Minas e foi chancelada no concurso literário da Editora Litteris, livro-antologia “Lâm-
pada do coração” a ser publicado no final de 2013.
Aqui no âmago do meu ser
Fisguei a luz do meu querer
“Gonçalves Dias” sinto agora
Tua essência a me envolver

Amo teus livros e tuas histórias


Tu és pra sempre vida e glória
Enriqueceste nossa cultura
Colorindo-nos in memoriam

Denise Alves de Paula168

HOMENAGEM AO POETA
À Antonio Gonçalves Dias
Poeta, romancista e escritor
Que sua obra literária
Escreveu com muito amor.

Presto aqui minha homenagem


A esse homem de talento
Que tão cedo nos deixou
Mas não caiu no esquecimento.
230
De sentimento nacionalista
Esse mestiço fantástico
Tinha orgulho de sua raça
Seu universo era bem vasto.

Incorporou à nossa escrita


Temas antes nunca vistos
Verdadeiras obras primas
Tudo o que deixou escrito.

De grande riqueza temática


Sua arte consigo não naufragou
Com versos citados em nosso Hino
todos os dias é lembrado
Pois o Brasil o imortalizou.

168 Denise Alves de Paula - Barra de São Francisco – ES – Brasil - 23 de Fevereiro de 1957. Atualmente mora em
Vitória, Capital do Espírito Santo. Gosta de ler, escrever e pintar. 2012 - Participou da “Antologia Café com
Verso” e “Antologia Mulheres Fascinantes”; 2013 - Participando da “Antologia Café com Verso II” e “Antologia
Voar na Poesia”
Dércia Sara Feleciana Tinguisse - Deusa d’Africa169

Gonçalves Dias Também Queria Ser Gente


O nome do romântico maranhense
Consta na história brasileira
Alegando que queria ser gente.

Ora vejamos:
Dias, tinha o sangue americanamente primitivo,
Tendo descoberto o fogo,
Nos olhos da Don’Ana
Enquanto os friccionava com os seus.
Seu nome, consta na lista dos vivos,
Porque dizem que é também gente.

Dias, tinha sangue lúgubre


Consternando vilipendiosamente
Sua paupérrima casta
Mas também, era gente como a Don’Ana.

Dias, tinha sangue nublado


Promissor duma terra
Ébria de fartura
Antídoto do agoiro não auspicioso
231
Daqueles dias em que Dias, só queria ser gente.
Dias, tinha um mar patriótico,
Efervescente em seus olhos,
que desvanecia nas rochas em terra,
que pertenciam a Don’Ana.

Dias, era um intelectual,


Que sonhava em ser gente
Expirando o mar maranhense
Que formara brisas matinais.
Mas, o povo queria mais de si,
Não queria apenas as brisas,
Mas sim que o Dias, fosse o mar maranhense
Alegando que o canonizaria como gente.

Contudo, Dias se tornara o mar maranhense


E nunca fora gente como se lhe prometera
Mas também, um poeta nunca é gente,
Um poeta é apenas um singelo poeta!

169 Deusa d’Africa - Dércia Sara Feleciana Tinguisse - Xai-Xai - Gaza – Moçambique - 05 de Julho de 1988. Licencia-
da em Contabilidade e Auditoria, e exerceu a profissão de contabilista na UDEBA-LAB (Unidade de Desenvol-
vimento do Ensino Básico e Laboratório), Docente de Contabilidade no Instituto Médio de Comercio gestão e
finanças.
A Antônio Gonçalves Dias
Enquanto a vida me vituperava
Minhas palavras erguiam mares
Eu me tornava um homem honrado
Ou apenas uma ponte entre as tribos.

De amor, a vida se me fora saqueada


Comutando-me num mamífero
Cujas entranhas pigarreavam por um anjo
Que nunca o mereci pela minha loquacidade mesquinha.

Sou um cão raivoso


Injectando meu veneno
Em qualquer outro mamífero
Uma vez que, a vida me furtara,
Um osso, a que me havia sido destinado.
Ana Amélia Ferreira Vale, é um osso
Que soletrado, arrasta-me à úlcera
Que me faz babar o meu veneno.

Mil Dias Para Mil Palavras


Que dizer dos dias sem o Dias,
Apenas o taciturno, o vácuo e a penumbra
Que interferem a luz luzente
232 Cobrindo os dias de névoa, de incertezas e perdição,
Num inferno, onde as palavras olvidadas,
São abusadas sexualmente,
No seu lar, sem camisinha, nem legislação que as tutele.

Vivência
Oh! Vivência, que vivas e aos teus sempre salves,
Sem que te apartes
Da graça genuína do Gonçalves
Cure a sua alma, que as artes
Se desalentam com toda a anfetamina
Que seu organismo injuriara perante a sua alma.
Não come, mas bebe a sua sina
Anémica, melancólica e vivalma,
Com seus os olhos de sangue,
Que colorem o mar vermelho.
Nem que o homem me zangue,
Tenho que te falar do teu fedelho,
Pois, nenhuma palavra, nem prece o poupa
Dessa acerba enfermidade
Que afecta ate a sua roupa
Destruindo a sua própria personalidade
Onde a medicina alega
Que a sua cura
Seja apenas um beijo que nega
à Don’Ana de casta pura.
Mar Maranhão
Mar Maranhão
Vampiro das letras
Choupana dos carnívoros e canibais
Destruidores das empreitadas dos seus amores.

Gonçalves, amava o mar e a Ana


Mas a Ana podia ser a Ana sem ele
Contudo, o mar não podia ser o mar sem ele.

Ele amava a Ana e o mar


Ele não seria ele sem ela
Todavia, ela era uma sereia
Cujos raios dos seus cabelos, anunciavam
O dia, enquanto os olhos proclamavam,
A noite fulgente
Das rochas na sua face
Às lúnulas dos seus pés
Delgados e salgados
Pelas águas que apaziguaram
A ele eternamente.

CANÇÃO PARA GONÇALVES DIAS


Canto e me encanto, citando teus versos, Gonçalves Dias
233
Sentindo tua presença, revolucionando-me por dentro
Sempre que passeio pelas ruas e praças de Caxias.

Bravo poeta que com seus versos encantou muitas nações,


Exaltando a Terra das Palmeiras, onde canta (va) o sabiá
Eternizando a Canção maior no coração de mil gerações
E ensinando que o melhor da vida é mesmo amar.

Poeta da felicidade, que viveu o amor em plenitude
De memórias narradas por um mar de inspiração
Soprando em almas anseios e dores em pura atitude
Entoando cantos com a sinfonia do coração.

A Princesa do Sertão por tua causa adotou todos nós


Somos gonçalvinos e o mundo inteiro disso é sabedor
Porque ainda está aqui e ficará eternamente sua voz
Atiçando com saudade o que escrevia sobre amor.

Nativo de Jatobá, filho de Caxias das Aldeias Altas, a Princesa do Sertão


Caxias uma cidade referencial por excelência
Ecoando sua voz ao mundo, elevando sempre o Maranhão
Expondo de gerações a gerações cada poema com a essência deste chão.
Deuzimar Costa Serra170

CANÇÃO PARA GONÇALVES DIAS


Canto e me encanto, citando teus versos, Gonçalves Dias
Sentindo tua presença, revolucionando-me por dentro
Sempre que passeio pelas ruas e praças de Caxias.

Bravo poeta que com seus versos encantou muitas nações,


Exaltando a Terra das Palmeiras, onde canta (va) o sabiá
Eternizando a Canção maior no coração de mil gerações
E ensinando que o melhor da vida é mesmo amar.

Poeta da felicidade, que viveu o amor em plenitude


De memórias narradas por um mar de inspiração
Soprando em almas anseios e dores em pura atitude
Entoando cantos com a sinfonia do coração.

A Princesa do Sertão por tua causa adotou todos nós


Somos gonçalvinos e o mundo inteiro disso é sabedor
Porque ainda está aqui e ficará eternamente sua voz
Atiçando com saudade o que escrevia sobre amor.

Nativo de Jatobá, filho de Caxias das Aldeias Altas, a Princesa do Sertão


Caxias uma cidade referencial por excelência
234
Ecoando sua voz ao mundo, elevando sempre o Maranhão
Expondo de gerações a gerações cada poema com a essência deste chão.

Dhiogo José Caetano 171

Eternamente Dias
Muito obrigado, Gonçalves dias!
As suas obras são recheadas de ideias e informações,
Literatura, arte e expressão,
Uma arte expressivamente arte.
Um trabalho transformador e ricamente literário.
Poemas, versos e livros...

170 Deuzimar Costa Serra - São João Batista – MA – Brasil - Graduada em Pedagogia pelo CESC/UEMA, Especialista
em Orientação Educacional (PUC/MG), Avaliação Educacional (UnB), Educação de Jovens e Adultos (UnB) e
Docência do Ensino Superior (UFRJ); Mestrado em Educação pelo Instituto Pedagógico Latinoamericano Y
Caribeno, IPLAC/CUBA, reconhecido pela UFC (Universidade Federal do Ceará); Doutora em Educação pela
Universidade Federal do Ceará. Professora assistente II, lotada no Centro de Estudos Superiores de Codó (CES-
CD) da Universidade Estadual do Maranhão; Autora e Coordenadora do Projeto Intergeracional; Atualmente,
Secretária de Educação de Caxias-Maranhão.
171 Dhiogo José Caetano – Uruana – GO – Brasil - 24/11/1988. Artista revelação 2011 prêmio organizado pela In-
terarte juntamente com Academia de Letras de Goiás, ganhador do prêmio cultural Interarte 2012, correspon-
dente da ACLAC, membro da AVSPE Academia Virtual Sala dos Poetas, Escritores, membro do Instituto Histórico,
Geográfico e Genealógico do Grande ABC e Senador da FEBLACA. E-mail: dhiogocaetano@hotmail.com
Hoje meditando um pouco...
Resolvi escrever estes versos para agradecer a sua contribuição,
As suas publicações, seus versos, prosas, trova, poema de arrepiar.
Que o tempo não esqueceu!

A rede está cheia de informações, mas falta a dinâmica literária.


A força das palavras que bravamente foram narradas por Dias.
Um poeta que de forma precisa mudou a cara da nossa literatura
brasileira.

Momento Dias
Um homem ou um gênio?
Um ser que transparece a permanência na fantasia de um
mundo quase perfeito.
Conhecer você é romper com os conceitos e padrões...
É vivenciar a plenitude do nada, concretizando a plenitude
da existência.
Tornando vivo a espiritualidade da escrita e dos versos
eternos
Um ser iluminado pelo saber.
Uma criatura de “outro” mundo.
Eternamente Dias...

OS VERSOS DE GONÇALVES DIAS


235
Quando tu apareceste na minha vida vazia.
Eu era completamente infeliz.
Vivia sem o brilho de um sorrir.
Só havia dor, solidão, saudades.
Na alma a desilusão do viver e a vontade de morrer.
 
Mas tudo se fez novo quando li os seus versos, poemas...
Chegaste à luz para clarear a minha vida vazia.
Minhas noites perdidas.
Minha vida que não mais existia.
 
Meu lótus, eu te agradeço...
Por tudo que fizeste por mim.
Vossa luz me transformou em um clarividente.
A sua mensagem libertou a minha alma.
Obrigado meu Deus!

Salve, Salve Dias...


Salve, salve Gonçalves Dias!
Ser que possui uma vasta bagagem intelectual.
Sabedoria e talento se misturam em um único ser.
Poeta por natureza.
Escritor pelo destino.
Intelectual memorável, perspicaz e aguçado em seu trabalho.
O senhor das palavras.
Um homem conhecedor do mundo e dos sentimentos a sua volta.
Um ser maioral e com propriedade para falar de seus ideais.
Um talento brasileiro, que traz emoção e muita sabedoria em cada obra eternizada.
Todos ou a maioria admira seus escritos. Eu me classifico como parte desta
maioria.
Ter o dom da palavra é um privilegio de poucos e Dias faz parte desta
minoria que utiliza o dom de falar para mudar o mundo e as pessoas á sua
volta.
Dias, salve, salve Dias...

Quando crescer quero ser um Gonçalves Dias


 Um homem que de forma literária descreveu os momentos em versos,
sentimentos, poemas...
Sua arte o eternizou ou vice-versa.
Um poeta do Brasil, no entanto reconhecido no mundo
todo.
Nos seus belos textos ele deixou registrado a sua sincera
cortesia e nobreza de espírito...
Ao longo da sua existência cultivou o amor e assim colheu
o respeito, reconhecimento e sucesso.
A sua obra lírica é plenamente recheada de emoção e marcada por
um acentuado romantismo.
De forma plena manifestou a solidariedade com a humanidade e lutou
pelos direitos dos mesmos.
236
Transformando a sua vida em versos, prosas, rimas, poemas, duetos,
acrósticos e liberdade de expressar os sentimentos.
Sentimentos vividos de forma coletiva e profundamente
partilhados no dia a dia.
Uma trajetória ricamente literária.
Quando eu crescer, quero ser um Gonçalves Dias.
Um homem que divinamente poematizou os momentos, sonhos, medos,
ideias, lembranças e mundos.
Um escritor que marcou a sua geração, os seus valiosos escritos são
verdadeiros testemunhos do tempo e
das emoções de uma grande poesia.
Dias, de forma ricamente falando revolucionou a arte de poematizar.
Construiu uma história poética e narrou o existir através dos poemas.
Indubitavelmente quero ser um Gonçalves Dias.

GONÇALVES DIAS O POETA DOS SÉCULOS


A sua poesia é rica de sentimentos; sentimentos que se concretizam em um mosaico de
emoção e aliteração.
Meu mestre você representa a incursão da arte de expressar através das letras.
Você ajuda promover este mosaico literário.
Um ser que se entrega por completo ao mundo das letras, dos sentimentos, dos saberes
e das inúmeras formas de se apreender.
Um contexto construído através da dilaceração das experiências.
Diálogo transcrito, descrito na individualidade da escrivaninha.
Sentimento que parte do individual e se alastra até a coletividade do ser.
Palavras que são lançadas ao léu, que pairam no tempo e tornam-se elementos, signos,
estilhaços, cordéis, simulacros das vozes dos vários peomistas.
Um encontro de alma, sentimentos, emoção e literatura.
Palavras que são profundamente eternizadas na memória e na sua majes-
tosa escritura.
Versos, poemas, poemia, poesia, boêmia e o retrato da expressão ver-
balizada em suas palavras.
O profundo desejo de escrever e alimentar o eu poético.
A fórmula de construir um mundo ativo que interage, emociona,
ensina e influência no outrem.
Gonçalves Dias este poema simplesmente representa você e o
seu papel como artista literário ao longo dos séculos.

Diana Menasché172

DE QUE ADIANTA?173
Como o pássaro perdido
que não espera mais rever o bando,
abandonado eu mesmo de mim,
tendo cruzado por fastio o oceano
De repente
com uma dor esmagadora
No ventre da aurora
237
Vejo-te.

cruzando o trilho do trem


esquecida do tempo
certamente esquecida de mim
(e quiçás pensando em alguém)

Mas de que adianta ainda ver-te


se não eres minha,
e além de não poderes vir a ser,
te fizeste rainha
de quem com paixão preferiria
eu jamais houvesse nascido?…
De que adianta ainda ver-te
se cada passo teu
é uma tormenta à minha mente,
por saber que passos estes
não levarão tua pessoa até mim?

172 Diana Menasché - Rio de Janeiro – RJ – Brasil - 16/04/1983. Nascida na cidade do Rio de Janeiro, é formada em
Comunicação Social (Jornalismo e Cinema) pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, e é mestre
em Letras Hispânicas pela University of Massachusetts at Amherst.” (www.dianamenasche.blogspot.com)”
(www.poetrybydiana.weebly.com).
173 O poema “De que adianta?” dialoga com “Ainda Uma Vez Adeus”, de Gonçalves Dias. Apesar de eu (Diana) não
ser um homem, tentei imaginar-me naquela situação que Gonçalves Dias tão francamente retratou: a de um
homem revendo uma mulher amada no passado, mas então já casada com outro:
Por que vejo-te e revejo-te na memória
se tua imagem não pode inspirar-me ao futuro
e apenas me leva a lamentar
uma história
que não se repetirá?

Ai, de que me adianta ainda lembrar-me de ti,


donzela que nunca minha será…

Se um navio não terá orderns de aportar


Melhor que não veja o porto
e mais facilmente contente-se
com a solidão do alto-mar.

ANTES EU NÃO A VISSE! 174


Como o pássaro perdido
que não espera mais rever o bando,
abandonado eu mesmo de mim,
tendo cruzado por fastio o oceano
De repente
com uma dor esmagadora
No ventre da aurora
Vejo-te.
238
cruzando o trilho do trem
esquecida do tempo
e certamente esquecida de mim
(quiçás pensando em alguém)

Mas de que adianta ainda ver-te


se não és minha,
e além de não poderes vir a ser,
te fizeste rainha
de quem com paixão preferiria
eu jamais houvesse nascido?…
De que adianta ainda ver-te
se cada passo teu
é uma tormenta à minha mente,
por saber que passos estes
não levarão tua pessoa até mim?

Por que vejo-te e revejo-te em memória


se tua imagem não inspira futuro
e me leva apenas a lamentar
a triste história enterrada
num velho porão escuro?

174 O poema “Antes eu não a visse!” dialoga com “Ainda Uma Vez Adeus”, de Gonçalves Dias. Apesar de eu (Diana)
não ser um homem, tentei imaginar-me naquela situação que Gonçalves Dias tão francamente retratou: rever
a mulher amada no passado, mas então já casada com outro:
Ai, de que me adianta ainda lembrar-me de ti,
donzela de ontem que nunca minha será…

Se está num navio sem orderns de aportar,


é melhor que o marinheiro nem veja o porto.
Sem vê-lo, mais em paz poderá aceitar
do alto-mar a eterna solidão e desconforto…

Olhas para outro lado… 175


É bom demais amar-te
infinitamente
neste segundo perfeito.

Olhar-te e saber: nada mais existe


nada há que possa mais encantar-me
que tua face dourada, perfeita.

Nada nos céus, nos rios ou nas florestas compete contigo.


Nem a estrela d’alva altaneira
nem o Rio Amazonas iluminado pela lua, que só para te ver
até aqui veio…

As flores da Amazônia e os sabiás desaparecem de nosso meio


Pois quando tu estás junto a mim
239
nada clama
por minha atenção.
Nada mais me chama
além de tua face, a única e derradeira.

Aqui estou para ti:


para ver-te, e ouvir-te.
Estou para ti sem receios
Feito espectador em concerto
vidrado no palco, perdido na canção
Inteiro a admirar-te, como quem aplaude na ilusão.

Mas não… Eis que descubro…


Teus olhos se voltam para outro alguém!
Teu coração não está aqui, mas noutro mundo
e por isso teus labios se afastam dos lábios meus…

O espetáculo se esvazia…
Resta-me o silêncio de uma sala fria
o descobrir-me desiludido, estando como se estivesse contigo,
mas sabendo-me tão completamente sem ti…

175 O poema “Olhas para outro lado…” é inspirado no poema “O desengano”, de Gonçalves Dias.
Diana Paim de Oliveira176

Descolorida
Minha vida tinha cores,
mesmo que eu não pudesse ter você.
Eu até possuía mais amores,
mas, sem você, ando até descolorida.
Em você me inspirei,
mas, quando você se foi, eu apenas errei.
Em você eu acreditei,
pois sabia como eu me sinto.
E agora meus poemas vivem sem sentido...
Ah, Gonçalves Dias!
Não sei mais em que me inspirar...

Diego C. Soares Ribeiro177

Canção do expatriado
Intertexto com o poema de Gonçalves Dias, “Canção do Exílio”.

Minha terra tem porta estreita


Onde todos são chamados,
Mas poucos os escolhidos, que desfeita!
240
Para desperdiçar tanta graça só para os tapados

No céu cintila a luz dos santos,


As santas exalam o cheiro das flores,
As várzeas guarnecem os amores
Devotados ao Santo dos santos.

Em cismar, no meu desterro, sozinho, via


O meu pensar, seja à noite, seja ao dia;
Mais prazer, certamente, encontrarei lá,
Já que aqui só canta o sabiá.

No meu céu não cabe mais primores,


Tais quais nunca os vi por cá,
Torno a pensar que nem o canto do sabiá,
Far-me-á desistir do Senhor dos senhores.

176 D iana Paim de Oliveira – Teresópolis – RJ – Brasil - 12/12/1997. poetaluna do 9.º Ano da E. M. Alcino
Francisco da Silva, em Teresópolis/RJ, e vem se dedicando aos diversos gêneros da arte escrita (da crônica
a poesia). Tem diversos textos publicados nos blogs “Palavras do coração” e “Diários de Solidões Coletivas”.
Professor orientador: Carlos Brunno S. Barbosa
177 Diego C. Soares Ribeiro - Bom Jesus do Itabapoana – RJ – Brasil - 17 de junho de 1992. vive na Terra dos Es-
critores, São José do Calçado, desde tenra idade. Concluiu o Ensino Médio no Centro Educacional Santa Rita
de Cássia, lá se enamorou da Literatura na 7ª série. Converteu-se ao catolicismo em 2009 e procura viver os
preceitos cristãos a partir de então. Recebeu “Menção Honrosa na Maratona Escolar Joaquim Nabuco – 2009,
para alunos do Ensino Médico das redes pública e particular com abrangência no território nacional”. Em
2010, sua redação ficou entre as dez melhores do Estado do Rio pela Fundação CECIERJ (PVS).
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as almas santas,
Que louvam melhor que o sabiá.

Diego de Souza Santana - Diego Sant’anna178


Hino Gonçalves Dias
Gritas em silêncio ao vento que é livre teu coração.
Sem fronteiras, sem nação,
Sem credos nem religião.

E opinas que a honestidade


São os sapatos com que se deve andar.
E por bússola teus sonhos caminham com lealdade.
Com passos firmes, sabendo onde chegar.

Tu buscas na educação uma arma para ser melhor.


E que não te adestrem ou te domem com um “não”.
A água que te banha é de te próprio suor
Para que nunca de acusem de malfeitor ou ladrão.
241
E nos livros buscas um pretexto,
Para escrever um verso ou pintar um coração.
Que em tuas atitudes nunca fuja do contexto
De teus conceitos e visão.

Gonçalves Dias: O Escultor de Almas


Podes arrancar meu coração do peito
E converter em murmúrio tênue minha voz.
Achar meu modo de vida suspeito,
Por ser diferente de vós.

Podes dar opinião sarcástica a meu respeito,


Criticar meu trabalho e dizer que não é produtivo.
Mal dizer minha índole e botar defeito.
Me difamar com seu bafo opressivo.

Pode a chuva cair sobre o céu estrelado.


Um cego ver o dia amanhecer.
Que na noite cante o galo da manhã estressado.
Que o mar, confundido, vá a um rio morrer.

178 Diego Sant’anna - São José dos Campos – SP – Brasil - 07 de Janeiro de 1988. Diego de Souza Santana (Diego
Sant’anna) jé teve seu trabalho literário reconhecido em vários concursos como: Mostra Joseense de Cultura
e Mapa Cultural Paulista. Aos 25 anos, poliglota, estudante de Letras, faz parte de Movimento dos Poetas do
Vale. No ano de 2012, participou do Festival Literário da Mantiqueira, ganhou os concursos de poesia das
universidades: UNIVAP (Universidade do Vale do Paraíba) e UNITAU (Universidade de Taubaté).
Vivo com a paixão à flor da pele em tudo o que faço,
Entre estrofes encontrarás meu lar.
Desafio o tempo e o espaço,
Numa incrível ânsia por desbravar.

Busquei no caminho todas as respostas


E me dei conta de que elas estão em mim,
Escalei montanhas e cruzei rios de margens opostas.
Num auto resgate sem fim.

Condutor de sensações à sua pele, um comunicador de sonhos quero


ser.
Fabrico as memórias,
Que você liga com nostalgia às minhas histórias.
Sou escultor de almas por lazer.

No Tempo de Gonçalves Dias


Naquele tempo
Os dias estavam mais claros.
Jardins estavam florescendo.
As noites tinham mais esperança.
No silêncio
O amor estava nascendo.
242
Naquele tempo
Desejos estavam sussurrando.
O tempo estava lá,
Mas sem significado.
Uma voz me chamando.
Um sentimento inesperado.

Naquele tempo
Os sonhos se realizavam.
O vento soprava forte.
Os caminhos se cruzavam.

Os dias se foram.
Jardins ficaram desertos.
As estrelas não brilham mais.
Desejos tão ocos.
Seguindo em caminhos incertos.
Meu amor agora
Descansa em paz.

Os Olhos de Gonçalves Dias


Meus olhos viajantes,
Imigram por todo parte.
Expressivos, insinuantes.
Observando os declives,
Os sembrantes.
Buscando os perdizes,
Os instantes.
Contemplando os sorrisos,
Os amantes.

Meus olhos de diamante,


Examinam toda arte.
Contemplativos, exuberantes.
Procurando novos caminhos,
Novos horizontes.
Navegando entre os rios,
Subindo entre os montes.
Cruzando trilhas,
Atravessando pontes.

Gonçalves Dias Anacrônico


Ainda açoitado aguardo ansioso
Ando atento, ávido, anacrônico.
Assim asbesto audacioso.
Amorfo, atônito, agônico.

Aceito amor antagônico,


Antiviril, acrítico, amniótico.
243
Aderindo, aceitando, afônico.
Ático, atópico, afórico.

Acabo afogando adentro.


Ascendendo a áspide alma.
Álibi, amar-te ardendo.
Ao agir abúlico acalma.

Dilercy Adler179

VILLE DE BOULOGNE E GONÇALVES DIAS


Ville de Boulogne
carrega em seu abraço
um corpo ilustre
embora alquebrado...
no seu físico
estão - em ferro e fogo-
todas as marcas

179 Dilercy (Aragão) Adler - São Vicente Férrer – MA – Brasil - 07/07/50. É Psicóloga-CEUB/DF, Doutora em Ci-
ências Pedagógicas-ICCP/CUBA, Mestre em Educação, Especialista em Pesquisa em Psicologia e Especialista
em Sociologia. Publicou nove livros de Poesia. Três livros acadêmicos, um biográfico e um de história infantil.
Titular da Cadeira Nº 1 do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão - IHGM. Presidente fundadora da
Sociedade de Cultura Latina do Estado do Maranhão_SCL-MA e Senadora da Cultura do Congresso da SCL do
Brasil. -mail: dilercy@hotmail.com
do tempo
da doença
dos dissabores
de uma vida amarga...

Nem só amargura
se vislumbra nessa vida
vida tão pródiga
cheia de carinhos plenos
que são entregues
às águas inquietas
de um oceano que o abraça
em sua última agonia....

Ville de Boulogne
entrega-o precocemente
ao balanço das ondas do mar pátrio
revolto e acinzentado
que assim talvez o embale com carinho
no sono eterno de poeta apaixonado...

- quem sabe - assim sua acre-doce poesia


se irradie para o cosmo etéreo
em finita e humana eternidade!
244

GONÇALVES DIAS
Gonçalves Dias
te imagino
milhas e milhas distante
da terra querida
da mulher amada
de toda uma vida!
um Gonçalves Dias
sem fé
sem guarida
–que vida!-

Gonçalves Dias
te imagino também
ensimesmado
dias e dias
curtindo insólita solidão
em dias de pleno verão
sol e calor
mar e luar...
a ruminar saudades
sem nenhuma ilusão1
oh! –afrodisíaca ilha-
só tu tens poder
de enfeitiçar a dor
embelezar o adeus
materializar
o mais doce e dorido poema
da mais pura e lírica
despedida de amor!

GONÇALVES DIAS - O NACIONALISTA


Cantas os povos
em seu esplendor
unes os homens
em laços de amor...

a glória do índio
a força do negro
a tradição do europeu
são por ti decantadas
em versos e versos
de Brasil brasileiro
como crente ou ateu!

com gritos de guerra


245
ou súplicas de amor
-quanta heresia!-
fazem-se os homens mortais
e imortais poesias!

AMOR E AGONIA
Paz
amor
agonia
na vida de Gonçalves Dias

paz no amor
correspondido
agonia no amor
proibido
devoção à terra querida
amargor na distância
por alheias razões
impingidas...
alegria no reencontro
em Lisboa
agonia do último adeus
nessa hora!
paz
amor
e agonia
na vida profícua
do nosso tão amado e inesquecível
poeta maior entre os mortais
imortal Gonçalves Dias!

ACRÓSTICO – GONÇALVES DIAS


G ozaste o júbilo dos justos
O uviste memoráveis gorjeios
N adaste imóvel no abraço das ondas
Solu Ç aste ao sabor de amarga saudade
A maste como deus -não como mortal-
L evaste a desesperança tanto tempo no peito
Voaste entre as nuvens -de olhos fechados-
E nquanto no Olimpo
S onhavas atento às coisas da terra!

D ias e dias
I maginando e desejando intensamente
A amar sem medo ou fronteira
S emeaste -com certeza- muito amor nesta terra!
246

Dinacy Mendonça Corrêa180

(EN)CANTO GONÇALVINO
Meu poeta das palmeiras
Mavioso sabiá
Quisera em teus gorjeios
Meu estro cadenciar...

Na unção do teu carisma


Na tua verve e magia
Em quatrocentos acordes
A minha lira vibrar...

Pra São Luís exaltar!

Oh! minha musa cidade


Nem consigo imaginar
Consumindo-me em saudades
Coração dilacerado
Quando distante de ti...

180 Dinacy Mendonça Corrêa - arariense-vitoriense – Brasil. Licenciada em Letras (UFMA) e Mestre em Teoria Li-
terária (UFRJ). Professora estadual (SEEDUC/UEMA) em plena militância. Ensaísta, pesquisadora da literatura
e cultura maranhense, com alguns trabalhos premiados e publicados na área. Atualmente, cursa doutorado
em Ciência da Literatura (UFRJ). Membro da Academia Arariense-Vitoriense de Letras (AVL).
Como o nosso Gonçalves Dias
Na sua Canção do Exílio
Quero voltar para ti!

Como esquecer doce Ilha


Teu contorno litorâneo
Teu perfil beiramarinho
Os teus ipês coloridos
Toucando a clara manhã...

E a humilde chanana
Alegre, viva, rasteira
A florir, mesmo entre pedras,
Sorrindo em verde-amarelo
Num constante renascer...

A nutritiva Jussara...
Como anoitecer, doce Ilha,
Sem teu bordado de estrelas
Teu luar emoldurado
Na sacada, na janela...
Refletido em azulejos
Nos soberbos casarões
247
Teus coloniais telhados
Com seus beirais em jardim...

Quero poder sempre estar


Pisando em tuas calçadas
Ladeiras e escadarias
Tuas pedras de cantaria
Ruas estreitas e becos

E sempre a te contemplar
Em tuas tardes macias
Noites de idílio e magia
Céu junino constelado
Em “hora de guarnicê”...

E sempre a me alegrar
Por teu folclore bonito
Tua Capoeira de Angola
Tambor de São Benedito
Tuas caixas do Divino...

No balé de tuas danças


Portuguesas e francesas
Indígenas e Africanas...
Caroço, Coco, Mangaba
Bambaê, Cacuriá
Tambor de São Benedito
Le-le-lê e São Gonçalo
Bumba-boi, Samba-lelê
E outras e outras mais...

Te amo, cidade-vida
Por meu pão, por minha estrada
Meus afetos, nossa história
Nossas glórias do passado
Esperanças do porvir...

Nossa razão de existir!

O concerto dos teus pássaros


Na alvorada do teu dia
Que se ergue de mansinho
Desenhando em teu céu límpido
Cores mil... Teu mar azul...

Dionnatan Pereira Sousa181


248
POESIA DE (GONÇALVES DIAS)
Gonçalves Dias foi um professor,
Um poeta um escritor.
Fazendo poesia com
Paixão e muito amor.

O pai dele foi comerciante,


Educado e um bom ajudante,
Que se chama
João Manuel Gonçalves Dias ele era português.

Num país de paixão do coração


Gonçalves Dias nasceu no Maranhão
No estado de amor e paixão
Vai sentir saudade e paixão,
Do que ele viveu no Maranhão.

181 Dionnatan Pereira Sousa - São Luís – MA – Brasil - 01/07/2002. Motivo da Participação: Eu gostaria de partici-
par da antologia porque eu quero ser conhecido pela escola e outros lugares.
Domingos Tortato182

Saudoso Antônio
Foi enlaçado em primores
só forçado em timidez
e excessiva honradez
entre outros pormenores.

És poeta honorário
e de estória aventureira,
monumento literário
da história brasileira.

Superou sem revelia


das tragédias do amor,
fez da bela Ana Amélia
sua mais singela dor.

Bem-quisto em águas dormentes


àspalmeiras retornado
fundo em lençóis maranhenses,
num percurso naufragado,
jaz sozinho entrementes
em seu leito afogado.
249

Dora Oliveira183

O EXÍLIO DA POESIA
Nestes dias acinzentados,
De almas opacas.
Nossas florestas quase raras.
Já não ouvimos os pássaros
Que gorjeim por cá
E nem sabemos
Se ainda canta o sabiá.

Falta-nos poesia no olhar,


No apreciar.
A poesia de Gonçalves dias.

182 Domingos Tortato - Londrina - PR - Brasil – 03/02/1986. Estudou os cursos de História e Jornalismo na Univer-
sidade Estadual de Londrina e, atualmente, é aluno do Curso de Direito na mesma universidade.
183 Dora Oliveira - Ipatinga – MG – Brasil. É autora do romance “No canto escuro do coração”. Possui traba-
lhos publicados em várias antologias, sendo as mais recentes: contos de caminhoneiros; contos Luís Jardim,
2007/2008; poesias da Universidade Federal de S João Del-Rei, 2007; contos da Academia de Letras de Niterói;
“Poesias”, vol 3 e 5, organizada por Valdeck A. de Jesus; Contos Vol 1 e 2 Gráfica Belacop; poesias de Colatina/
ES. Bog: www.doraoliveira.blogspot.com .
Nestes dias
De câmeras voltadas
Para o norte da América
E a Europa distante,
Precisamos nos redescobrir,
Pisar o nosso chão
E falar a mesma língua.

Como Gonçalves Dias


Que mesmo além-mar,
Levava no coração e na poesia,
Os nossos primores,
As nossas palmeiras
E o canto do sabiá.

Nestes dias efêmeros


De vidas sem amores
E amores sem poesia,
O cismar e a saudade
são descartáveis.

Falta poesia em nosso sentir,


Em nosso viver.
A poesia de Gonçalves Dias.
250

Douglas Mateus184

NOVELO TE EU???...
Bordais o calcitramento do poético-osso
Despossuintes agulhares, rendas ou cosentes,
Senão passadelas e talentices-crentes,
Senão imerções do vosso genialíssimo todo...!
 
Possuíais do dadival seu autárquico infindo
Pecaminoso ao distribuinte e mentor do apregoado,
Sabido o valoroso quando outrora o palato:-
Gonçalves terás conosco o que nunca teu parido!!!
 
Dantes poder-vos-ia versejo o encalcado
Amiúde vossos caracteres fenecidos no arbitrário,
O que dera aos imortais seus esquecidos (...)

184 Douglas Mateus – Fraiburgo – SC – Brasil - 22/12/1987. Brasileiro nato é autor de doze livros, além dos cinco
organizados Comendador pela Ordem Nobiliárquica de Kastoria, Embaixador da Paz e Doutor Honoris Causa
em Literatura; medalhas Carlos Scliar, Ordem Zumbi dos Palmares e Comenda Palma Dourada; Imortal à  Aca-
demia de Letras do Brasil, da Academia de Artes de Cabo Frio, da Academia de Letras e Artes de Fortaleza,
da Academia de Artes e Letras de Iguaba Grande e da Academia de Letras do Brasil, Seccional Suíça, além da
União brasileira de Escritores, da Academia Virtual Salão de Poetas e Escritores e da Associação Internacional
(LITERARTE).
Vagastes ao torpe dos vossos vinhos
E n’oje encantos distribuíeis nos degustáveis
Quando adegas as vossas obras vêm meus citáveis...!

ANTÔNIO...
Calado sou a tumba fria das tuas vísceras
Que aspergem o sanguinolento devasso...
Nelas, vermes sendo, as sacio sem pecado,
Intransponível também as tuas crias...!
 
Calado sou teu ataúde, que friamente estando
Recebe-te condizente e que mórbido sacode,
Inimplorável tuas concessões, avais ou sorte,
Senão gélida a tua família : Nela quando???
 
Calado sou o teu sorriso inexistido, inacontecido,
Incalculado (...) jazes co’a promiscuidade espirada,
 A mesma que na Gonçalvina tua o subalterno...
 
Calado não me forjes, se que ‘inda vivalidade o supremo,
Se que ‘inda zelador da tua afrodisíaca fragranciada,
Se que ‘inda amares-te por me só sadiamente deixado...!

PODER-TE É UMA SONHADELA...


251
E não me sei se é o instante atrocidador
O máximo,no tim d’um translucidar;
Duvido-o desde o teu ao meu amar,
Desde vi-me o porquê eu versos,feitor...!
 
Cotim o nosso, hemo-nos modelação,
Postumamente poder-me-ás poeta,
Antiga autoria, que vez experta
E gravatada,matrimônio da nossa comunhão...!
 
E patriarca convicciono influência de meu felicitar...
Nossos prenomes indivisíveis a se aclararem,
Façamo-las que as más bocarras nos clamem
 
Conseguinte ao terreal n’um deles, este missionar...!
Duvidades tens, que nascemos acúleo à rosa???
Duvidades tens nosso Amor passar nunca???
Dyonatan Fonseca Silva 185

O naufrágio do amor gonçalvino


Gonçalves Dias
Poeta de Caxias
Que trouxe alegria e harmonia
Com seus poemas e fantasias.

Ele fez muito sucesso


Contentou leitores e autores
Mas não imaginara
Que prestes estava a viver horrores.

Conheceu Ana Amélia


E logo se apaixonou
E em um amor proibido
Ele não se aventurou.

Viajou para Portugal


E nos estudos ingressou
Mas o amor de Ana Amélia
Em seu coração continuou.

Foi um aluno excelente, um profissional renomado


252
Mas no amor se martirizou
E na viajem de Portugal ao país amado
Com o amor por Ana Amélia naufragou.

Edinaldo Reis

GONÇALVES DIAS
Em mil oitocentos e vinte três
Provavelmente no dia dez de agosto
Deus presenteava a nossa cultura
Com um dos maiores astros talentosos
Nascia nas terras de Jatobá
O nosso grande poeta Gonçalves Dias
Isto no estado do Maranhão
No esplendido município de Caxias
Não imaginaria ele que o destino
Preparava surpresas na sua história
E suas imensas inspirações literárias
Tornariam-se uma estrela notória
Descendente de um pai português

185 Dyonatan Fonseca Silva - Caxias –MA – Brasil - 1º de Julho de 1997. Tenho 14 anos. Sou filho de Maria Vera
Lúcia Fonseca Silva e de Francisco Alves Silva. Fiz curso de computação na Compumaster em Caxias. Estudei
na U.E. João Lisboa desde o 3º período do primário até o 9º ano. Atualmente estudo no C. E. Thales Ribeiro
Gonçalves e faço o 1º ano do Ensino Médio.
E de uma brasileira cafuza
Genuinamente ele era mestiço
Decorrente desta linda mistura
Orgulhava-se o poeta brasileiro
Em ter o sangue das três raças
Que formava a nossa sociedade
E os traços de toda essa massa
Trabalhava na loja de seu pai
Apenas como um simples caixeiro
E depois passou a estudar
Outros idiomas estrangeiros
Em mil oitocentos e trinta oito
O jovem embarcou para Portugal
Levando consigo a saudade
Da sua amada terra natal
Estudou na universidade de Coimbra
E se formou em Bacharel
Sempre se dedicou em arte literária
Conquista que lhe rendeu laurel
Exilado da pátria querida
Fez o poema Canção do exilio
Que em todo território brasileiro
Notabilizou-se em grande prestigio
Mil oitocentos e quarenta e cinco
253
Retornou ao colosso Brasil
Seu coração palpitava de desejo
Pela amada terra gentil
E logo conheceu Ana Amélia
A musa de sua grande paixão
Para algumas de suas obras românticas
Ela foi motivo de muita inspiração
Mas não casou-se com ela
Devido a preconceito familiar
Por ser um mestiço brasileiro
Ele precisou o seu amor renunciar
Apaixonado foi-se ao Rio de janeiro
Onde conheceu Olímpia da costa
E movidos pela força do destino
Entrelaçaram união amorosa
Era e é admirado por todos
Em todas áreas fora bem sucedido
Lendo os seus poemas parece
Que a sua voz ainda estamos ouvindo
Conhecedor da cultura europeia
Obteve ali reconhecimento
Os nobres da sociedade portuguesa
Aplaudiram seu brilhante talento
Fez um excelente trabalho
Num pouco espaço de tempo
Aproveitando os ensejos da vida
Na mola do desenvolvimento
Destacou-se em negócios políticos
Ocupando alguns cargos influentes
Na comissão cientifica de exploração
Destacou sua habilidade competente
Escreveu muitas peças românticas
Poemas, poesias e cantos.
Relíquias deixadas pelo poeta
Que nos enche de ternura e encanto
Fez sua ultima viagem a Europa
Quando estava seriamente doente
Em busca de restaurar sua saúde
E não obteve êxito lamentavelmente
Após dois anos retornou ao Brasil
Em estado ainda mais deplorável
Sua jornada estava perto do fim
A sorte malvada era imperdoável
Embarcou no navio Ville Boulogne
E pelas ondas vinha ele rompendo
Mil oitocentos e sessenta e quatro
No dia três de novembro
Na costa brasileira maranhense
O navio acabou naufragando
254
Perto da vila Guimaraes no Maranhão
Quando a rota já estava findando
Todos tripulantes conseguiram se salvar
Exceto o poeta que ficou esquecido
No seu pobre leito ali agonizando
Pelas águas do mar fora então acolhido
Mas sua inspiração e talento
Virou literatura nacional
Suas obras foram eternizadas
Pra sempre gravadas no nosso mural
Sua obra canção do exilio
Foi sua deslumbrante poesia
Lida e relida por todos brasileiros
Que amam e lembram dele todos os dias
O poeta Gonçalves Dias
É diamante da nossa cultura
Realçando os valores da nossa historia
Monumento importante desta literatura
Salve, Salve, Gonçalves Dias
Astro, Astro, que sempre irradia
Brilhas, Brilhas, no nosso céu
Tuas poesias, é o nosso troféu.
Terra das palmeiras
Sou da terra
Das palmeiras
Dos vales e ladeiras,
Das matas dos cocais
De riquezas naturais,
Dessa terra enluarada
Dos riachos e cascatas
Dessas dunas de areia
Dessa amada cultura
Que o ambiente e pessoas
Fazem a desenvoltura

Sou da terra
Das palmeiras,
Da cultura brasileira
Sou; Eu sou;
Aqui do Maranhão
Amante dessa terra
De vales e serras,
Esses lençóis maranhenses
Atração para toda a gente
Sertanejo na strada
Vai tocando a boiada,
255
O vento soprando
Nas tuas palmeiras
Sou dessa terra
Da mulata reggaeira.

NOSSO MARANHÃO!
Região de palmáceas
Onde está nossa história
Houve tempo de lutas
De conquistas e glórias
Quando pingou no chão
Suor dos nossos heróis
Desbravando o caminho
Dando vida pra nós
Ter título maranhense
É a nossa pujança
Ter uma estrela no céu
Da cor da esperança

Maranhão é tradição
Cultura e denotação
Vivenda feliz!
De quem sabe viver
Maranhão é alegria
É o nosso aprazer
Oásis brasileiro
Difusão de coqueiro
Maranhão; maranhão.
O negro, o branco, e o índio
Destes traços de raça
Formou nossa massa
Bumba meu boi
Pra tua gente dançar
No toque do tambor
O povo vai balançar.
Quem vem de fora
Pode ver tua beleza
O mar maranhense
E suas correntezas
Teus lençóis de areia
Que a vida permeia
Tuas vastas palmeiras
São típicas da região
Só tem mesmo aqui
Em nosso maranhão!

Edna Lima de Mendonça186


256 A CORRENTEZA E A FLOR
(Relembrando Gonçalves Dias)
Pediu, a flor, às águas do riacho,
muito tristonha, em sua solidão:
“Fica comigo ou leva-me contigo
para outros rios, para grandes mares,
eu quero conhecer outros lugares,
não me deixes não!”
Mas a corrente ia levando as águas,
lambendo as pedras, com sofreguidão.
“Vivo tão só, posso ser tua amiga”,
dizia a flor, como buscando abrigo,
e suplicava: “Leva-me contigo,
não me deixes não!”
A correnteza, alheia ao sofrimento
daquela humilde flor, negou-lhe a mão.
Sequer olhava para a pobrezinha,
em sua trajetória, prosseguia,
enquanto a flor, morrendo, inda pedia:
“Não me deixes não!”

186 Edna Lima de Mendonça - Espírito Santo – Brasil. Poeta e Escritora, formada em Pedagogia, com licenciatura
em Administração Escolar e Magistério. Possui curso de Jornalismo, e estudou Desenho Artístico, possuindo
outros cursos como: Português e Redação Oficial, Marketing em Biblioteca e Contador de Histórias.
MINHA TERRA TEM PALMEIRAS
(Ode a Gonçalves Dias)

Fez sua estreia na carreira literária


com o poema dedicado à coroação
do Imperador Pedro II, no Brasil.
Fora de sua pátria, sempre recordou
suas belezas: palmeiras, sabiás,
bosques, mares, o verde das matas,
o gorjeio das aves, e o céu de anil.

Foi pesquisador do IHGB,


viajando pelo Brasil e pela Europa,
sem esquecer a terra de quem era filho.
Romântico, indianista e patriota,
escreveu algo que até hoje encanta
aos poetas e, também, aos não poetas:
o belo poema “CANÇÃO DO EXÍLIO”.

Um dos grandes trovadores da primeira


geração do Romantismo Brasileiro,
era, além de romântico, bairrista.
Ajudou a formar, com José de Alencar,
uma literatura de feição nacional
257
com seus poemas de temática
patriótica e, também, indianista.

Era assim que escrevia


o Grande Gonçalves Dias.

MINHA PÁTRIA
(Homenagem a Gonçalves Dias)

Andei por algumas terras,


as quais pude apreciar,
mas nelas não vi o encanto
como aqui posso encontrar.

Não vi as belas palmeiras,


nem ouvi o sabiá
cantando, feliz, seu canto
que tanto escuto por cá.

O tom dos céus de outras terras


não lembra nosso infinito.
Aqui são muitos caprichos
e o azul é mais bonito.
O verde das nossas matas
é mais verde, com certeza.
Em tudo aqui há mais graça,
mais cuidados, mais beleza.

Lá nem havia os primores


que tanto vejo por cá,
nesta terra onde há palmeiras
onde canta o sabiá.

Eduardo Bechi187

O MAR POESIAS PRECISARA


O oceano foi seu exílio,
Foi seu ultimo e triste canto.
Deixara órfãos e em prantos
Sua bela obra – seus filhos!

Foi-se por Deus permitido,


Antes de voltar a terra
Onde o sabiá encerra,
O canto de seu exílio?
258
Palmeiras já não teria visto...
Desespero, grito e pavor:
Acabaram seus primores...

Se poesias o mar precisara,


Em Gonçalves Dias se fartara
Com seus cantos e amores!

FUNESTA VISÃO
Da tribo Tupi que ali havia;
No seio da antiga floresta:
O guerreiro Piaga vivia
Empunhando seu arco e flecha.

Pois certa noite, mal sabia;


Uma visão mal e funesta...
Por Manitôs o que seria
Que estragaria a tribo em festa?

Um medonho monstro horrível;


Que desgraçaria a sua tribo;
Foi a visão que veio anunciar...

187 Eduardo Bechi - Videira, SC – Brasil - 10 de março de 1984. É autor de cinco livros de poesias e sonetos, tais:
“A toda velocidade na contramão” de 2004/2009, “As folhas que não caíram no inverno” de 2007, “Imortal”
de 2009, “Reticências e Et Cetera” de 2009, “Sonetos de Eduardo Bechi” de 2010
Roubando suas mulheres,
Seus guerreiros e seus filhos,
À tribo Tupi arruinar.

Eduardo de Almeida Cunha188

CANÇÃO DE TRANSIÇÃO
Minha terra tem histórias
E pessoas que vou citar:
Preto Cosme, João do Vale,
Gonçalves Dias e Ferreira Gullar.

Minha terra tem palmeiras:
Tucum, babaçu, buriti,
Tem também macaúba, marajá e açaí.

Aqui choram Farinha e Flores:


Munim e Itapecuru,
Balsas e Preguiças
E o indígena rio Grajaú.

Nossa fauna gorjeia a encantar:


Garrincha, cibiti, xoró
259
E o gavião carcará.

Nossa flora é de transição:


Tem carrasco e cocais,
Campos e restingas,
Tem também o cerradão.

Minha terra é pura Geografia:


Climas, solos e relevos
População e hidrografia.

Minha terra tem mais Rosas, Marias e Josés,


Josés de que não vou falar.
Minha terra tem palmeiras
E Josés de Ribamar.

188 Eduardo de Almeida Cunha – Caxias – MA – Brasil - 30/05/1975 . Professor com Geografias vivenciadas,
especialista em Metodologias do Ensino de Geografia. Atuou em todos os níveis de ensino desde a Educação
Infantil (execução do projeto: Quintal Ambiental) à universidade (nos anos de 2011 e 2012 no CESC/UEMA).
Atua na rede Municipal de Caxias-MA desde 2000. dudumaranhensedm2@gmail.com
Eduardo Silva Bordignon189

CANÇÃO DO EXÍLIO
No Brasil,
temos maravilhosas
paisagens
como na Espanha.
Aqui, falta-me o carinho
da família
e dos amigos;
pois esses
lá se encontram.
Todo dia... toda noite...
penso na hora
de para lá voltar
e nos braços
de minha mãe cair.
Aqui, há música
e mulheres bonitas
mas não como as dela.

Edvaldo Fernando Costa - Fernando Nicarágua190


260
Um cordel para Gonçalves Dias
Foi na “terra das palmeiras”
Mil oitocentos e vinte e três
Nosso poeta maranhense
Deus lhe concebeu a vez
E Dele recebeu graças
Em teu sangue as três raças
Da mestiça e o português

Orgulhoso brasileiro
Logo moço é bem estudado
Vai aprender filosofia
Em francês e latim é letrado
Por Coimbra é bacharel
Homem de caráter fiel
Em Direito é graduado

189 Eduardo Silva Bordignon - Porto Alegre – RS – Brasil - 25 de outubro de 1994. Estudante do Ensino Médio do
Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS. Integrante do Projeto “Imagens e Textos construindo Histórias e Versos”:
2011 - “Canecas e Camisetas Poéticas”; 2012 - “Caixas Poéticas”. Curte natação e basquete. Curte futebol e
festas. E-mail: dudu.bordi@gmail.com
190 Edvaldo Fernando Costa - Fernando Nicarágua – São Paulo – SP – Brasil - 19/05/1970. Trabalha como bancário
e escreve cordéis como hobbie, após ter ajudado o filho nas atividades escolares. Passou então a inscrever-se
nos concursos literários, divulgando seus trabalhos.
Gonçalves Dias eu trovo
Neste cordel inocente
Homem culto e educado
Criativo em sua mente
Da inspiração, o amor
Deste jovem trovador
Surge o verso expoente

Sua pátria ufanou


Grande poeta romancista
E criou linguagem própria
De temática indianista
Cantou para o guerreiro
Tamoio, índio brasileiro
Verso etnografista

Cantou a tribo Timbira


Que fez tremer o inimigo
Destinou jovem Tupi
Lacrimoso com o castigo
Ele é “O que será morto”
Fez da valentia seu porto
Que livrou-lhe do perigo
261
Magnífico poeta
Que do índio bem cuidou
Também forte era inspirado
Pela mulher que amou
À Ana Amélia o sentimento
Fez da ode monumento
Nas palavras que cantou
Pois é dela os seus olhos
“Tão negros, belos, tão puros”
Que ao poeta fez sonhar
Como arrebentar os muros
Da paixão que abriu ferida
Por tradição proibida
De preconceitos tão duros

Por Don´Ana seu amor


Foi fadado ao desalento
“Dos teus olhos afastado”
Em poemas seu argumento
“(S)eus versos d’alma arrancados,
D’amargo pranto banhados,”
Por tamanho sofrimento
Seu amor transcrito em versos
Trouxe grande aprendizado
À futura geração
Que seu fruto tem apanhado
A quem nem trágica morte
Pôde tirar-lhe a sorte
Dos poemas, seu legado

Edweine Loureiro191

O INDIANISTA
É festa na tribo
dos Tupinambás:
celebra a Nação
à conquista da paz.

No centro da aldeia,
guerreiros e curumins
fazem uma dança
e cantam assim:

“Eu sou um índio guerreiro,


que vou para mata caçar.
262
Quando chego àquela serra,
Vejo as araras voar.”

Dança o Cacique,
dança o Pajé:
Agradecem a Tupã
nesse Rito de Fé.

E a tudo isso
observa o escritor,
enquanto faz versos
da Aldeia em Louvor.

Salve o Literato
Antônio Gonçalves Dias:
O Filho das Três Raças
fez do Índio sua Poesia.

191 Edweine Loureiro - Saitama – Japão - 20/09/1975. nasceu em Manaus. É advogado, professor de Literatura
e Idiomas, e reside no Japão desde 2001. Em 2005, obteve o Mestrado na Universidade de Osaka (Japão).
Premiado em diversos concursos literários, é autor dos livros: Sonhador Sim Senhor! (Ed. Litteris, 2000), Clan-
destinos [e outras crônicas] (Clube de Autores, 2011) e Em Curto Espaço (Ed. Multifoco, Selo 3x4, 2012). É
membro-correspondente da Academia Cabista de Letras, Artes e Ciências (RJ).
Elaine Cristina P. de Araujo192

MINHA TERRA
Minha terra precisa de preservação
O homem tem destruído
Sem nenhuma compaixão.

As aves que ainda restam aqui


Voam sem descansar
Com pavor do caçador
A sua vida tirar.

Nossa vida falta paz


Nossos céus quantas estrelas!
Nossos jarros faltam flores!
Para os homens faltam amores.

Gonçalves Dias
Poeta inteligente
Pena que morreu
Antes de ver sua gente
Mais deixou suas poesias
Para nos ver feliz e contentes.
263

Elenice de Souza Lodron Zuin193

CANÇÃO A GONÇALVES DIAS


Minha terra viu nascer Antonio Gonçalves Dias,
Nos braços do Maranhão, poetizando a vida.
Esse mestiço amou intensamente o Brasil
E Ana Amélia, sua musa querida.

Ao espírito destemido, já nos Primeiros Cantos,


Tupã outorgou grande poder
Para que suas eternas palavras
Terras e mares pudessem percorrer.

Adentrando pelas selvas, com tacape,


Piaga, I-Juca-Pirama, em versos, eu vi.
O Poeta dos índios, de Marabá, do Tamoio
Exaltou os Timbiras e o grande povo Tupi.

192 Elaine Cristina P. de Araujo - São Luís – MA – Brasil - 04/07/2001. Escola Paroquial Frei Alberto. Motivo da par-
ticipação: Eu quis participar dessa homenagem porque Gonçalves Dias é Maranhense como eu. Ele falou todos
os seus sentimentos nas suas poesias e morreu deixando tudo isso para nós por isso quero homenageá-lo
193 Elenice de Souza Lodron Zuin - Belo Horizonte – MG – Brasil. Professora da PUC Minas, doutora em Educação
Matemática, integrante do Coral Agbára - Vozes D’Africa e do Grupo Vocabilis. Atua também como musicista;
é autora de diversas músicas e poesias.
Minha terra teve Antonio Gonçalves Dias
Lembrado sempre aqui e além-mar.
Das estrelas, com seu maracá, sorri e se alegra
Aquele que, em estrofes, cantou como o sabiá.

O QUE TRANSCENDE E O QUE FALTA EM TI


Gonçalves Dias,
Do deus Apolo se cumpriu a profecia
De que de tuas mãos brotaria
Incessantemente a mais pura poesia

No silêncio das horas tristes


Com saudades, buscas a sombra da serra
Tentando ouvir o canto do teu Sabiá
Na memória, só os perfumes e o luar da tua terra

Tua aldeia corre em tuas veias


Embora estejas em outra aldeia
Nenhuma beleza merece o teu olhar
Só te interessa a que mora do outro lado do mar

Aquilo que te falta, dentro da alma procuras


Até onde alcançam a luz dos olhos teus
Amenizas a dor, criando figuras
264
Em múltiplos versos que brilham no breu

Sem conhecer quaisquer fronteiras


Tuas palavras, com o vento, se espalharam
E verdejantes, por todo canto, brotaram
Teatro, poema, prosa, canção
Amor, riso, meditação,
Ruína, algemas, indignação,
Liberdade, consciência, redenção,
Mágoa, grito, protesto, oração.

Eliane Silvestre194

Gonçalves em Dias de Paz


Os sabiás daqui continuam a cantar,
Há mais de cem anos
Sem Dias para apreciar.

As palmeiras, com mãos espalmadas,


São oração e poesia entrelaçadas.
A Deus, por Gonçalves, pedem
Que haja poemas seus, nas nuvens que seguem.

194 Eliane Silvestre –Rio de Janeiro/RJ Brasil - 23/03/1969. Atriz, Publicitária, Poetisa, Membro da Academia de
Letras de Taguatinga/DF, eliane_silvestre@uol.com.br http://elianesilvestreatriz.blogspot.com/
Sua poesia nunca foi exilada,
Desde sua morte, circula alardeada.
“- Poeta, pode seguir em paz
Que sua poesia não jaz!
Jamais! Jamais!”

Elias Daher Junior195


O chamado da praia
Gonçalves escreveu em Paris
e até na Coimbra, de Portugal
o céu, as aves e plantas
a saudade de sua terra natal
As palmeiras frondosas
e as aves, mais de cem
a terra de Gonçalves
é minha também

Antônio os conhece: são dele


No sítio Boa Vista,
nas terras de Jatobá
a 14 léguas de Caxias
o berço do jornalista 265

Também veio de lá
com uma timidez discreta
um diploma de Advogado
e uma alma de poeta

do naufrágio,
o único que não se salvou

Os olhos não viram, mas o coração sentiu


Herdou do pai, o espírito aventureiro
Da mãe mestiça, o amor por seu país
tinha o sangue das três raças
do povo brasileiro

Na Europa, a saudade como martírio


onde produziu sua canção do exílio

Não se casou com Ana Amélia,


de quem ele realmente gosta
preferiu viver infeliz
ao lado de Olímpia da Costa

195 Elias Daher Junior - Brasília – DF – Brasil - 16 de setembro de 1964 Professor Universitário, de Marketing e Eco-
nomia. É o atual Presidente do Sindicato dos Escritores do Distrito Federal, em segundo mandato e membro
da Academia de Letras do Brasil,
Eliete Costa196

GONÇALVES DIAS
Nascido de Dona Vicência,
Criado por Dona Adelaide
Tornou-se das letras alcaide,
E poeta por excelência.
 
Trazendo mestiço no sangue,
No nome, na inspiração,
Fez do indianismo paixão
Pela qual viveu, langue.
 
Para Amália teceu versos
Dotados de pura emoção,
Mas os desejos do coração
Platonicamente imersos.
 
Pelos humores de então
Teve seu amor rechaçado.
Sentindo-se o rejeitado,
Desposa Olímpia – consolação.
 
De flerte com a depressão,
266
Com Olímpia não foi feliz;
À Amália eternamente quis,
E fez sua amante a solidão.

DEPRECAÇÃO DO GUERREIRO
Meu anjo, escuta!
A canção do mar,
A canção da noite,
A canção da tarde,
A canção do amor.
Espera!
Meu anjo, escuta!
A minha Rosa,
Minha Terra,
Minha vida e meus amores.
Se sofri já, não mo perguntes;
Se se morre de amor, não mo perguntes;
Como eu te amo e se te amo,
Não sei!
Como! És tu? Sempre ela:
A concha e a virgem,
A rosa no mar,

196 Eliete Costa – Rio de Janeriro – RJ – Brasil – 21/04/19... autora do livro de contos “A Intimidade Deles” e do
livro de poesias “Poesia do Amor Bandido”.
A escrava Zulmira dos olhos verdes - 
Seus olhos desejo
Sobre o túmulo de um menino no leito
De folhas verdes no jardim.
Então, 
Meu anjo, escuta!
A deprecação do soldado espanhol,
A retratação do gigante de pedra - 
Palinódia de amor! Delírio – engano,
No canto do guerreiro em delalento.
Canto a canção do exílio,
Soneto da lira quebrada,
Ainda uma vez –
Adeus!
É o que mais dói na vida,
Porque sei amar.
Mas se te amo, não sei!
Meu anjo, escuta!
Espera!
Não me deixes!

O NAUFRÁGIO
Prepara-te, filho!
Que o mar, soberano,
267
Te veio buscar.
Desata o grilho
Do branco, profano,
Tu és marabá.
 
Que creiam ateus!
E tu, daí, travoso,
Escutam o roncar.
O ronco de Deus,
Tupã, poderoso,
Te veio buscar.
 
Não sou a vingança,
Clamou Deus Tupã,
Não sou punição.
O guerreiro não cansa.
É útil e não vã
Tua determinação.
 
És nativo no jeito
De índio, negrilho,
De corpo inteiro.
Tu trazes no peito
Orgulho, meu filho,
De ser brasileiro.
Ergue a cabeça
De índio, de preto,
Nagô, tupinambá.
Tua veia é espessa;
Teu objetivo, correto;
E te ri do Anhangá.
 
Não fora Anhangá que tomou da mãe seu filho?
Não fora Anhangá que tomou da amante o amado?
Não fora Anhangá que tomou do corpo são a saúde?
Apenas o mal tornaria versos empecilho
A atormentar a mente do poeta acamado.
Anhangá tornou a cama do poeta ataúde.
 
Cantaste do sol o brilho,
O rubro resplandecente –
Ora, se faz rubro maracá.
Logo, prepara-te, filho!
A cor do sangue teu
Te veio buscar.
 
Deus não permitiu
Que tu morresses,
Sem que voltasses pra cá.
268
A palmeira já te viu,
Tal qual pássaros esses:
Sanhaço, saíra, sabiá.
 
Te veem, ansioso,
No tombadilho,
Ouvem teu cantar.
Tupã, misericordioso,
Diz: “Prepara-te, filho!
Te venho buscar,
Tu és marabá”.

REUNIÃO DE TÍTULOS DE ALGUNS


POEMAS DE GONÇALVES DIAS:
Meu anjo, escuta!
Canção
O mar
A noite
A tarde
O amor
Espera!
Minha Rosa
Minha Terra
Minha vida e meus amores
Se sofri já, não mo perguntes
Se se morre de amor
Como eu te amo
Se te amo, não sei!
Como! És tu?
Sempre ela
A concha e a virgem
A rosa no mar
A escrava
Zulmira
Olhos verdes
Seus olhos
Desejo
Sobre o túmulo de um menino
No leito de folhas verdes
No jardim
Deprecação
O soldado espanhol
Retratação
O gigante de pedra
Palinódia
Amor! Delírio – engano
Canto do guerreiro
Desalento
Canção do exílio
269
Soneto
Lira quebrada
Ainda uma vez – adeus!
O que mais dói na vida
Sei amar
Não me deixes!

Elisabeth Rosa Soares197

ITINERÁRIO
Deus, natureza, índio, amor,
temas recorrentes do vate imortalizado
exalta um Deus “que vai do abismo aos céus”
em versos de louvor à criação:
tarde, brisa, tempestade, céu
aurora cor-de-rosa, raios, estrelas.
Cadê Timbiras? Tamoios? I-Juca-Pirama?
falam os deuses nos cantos do Piaga,
troam guerreiros da tribo Tupi
E morrendo de amor em cada esquina
ergue versos de amor a sua amada,

197 Elisabeth Rosa Soares. São Luís – MA – Brasil - 10.06.1950. Licenciada em Letras pela UFMA. Professora de
Língua Portuguesa e Literatura Brasileira. E-mail: elisabeth.rosa@hotmail.com
à mimosa e bela Ana Amélia,
de belos olhos negros, “meigos infantes”,
amor definhado em mar de preconceitos.
Saudosismo no cruel exílio, duras penas,
lembrança das “palmeiras onde canta o Sabiá”.
Tentativa frustrada de voltar à pátria:
morre o homem; renasce o poeta.
Arte densa que os séculos atravessa
e hoje alcança os quatrocentos anos
da capital da Terra das Palmeiras
que ele tanto exaltara nos seus versos.

Elísio Miambo198

Viagem ao Maranhão pela


Canção de Exílio
Hoje estou com a alma febril.
Padeço de querenças gonçalvinas.
Em meu rosto rodopiam tiras de água,
Por vezes são lágrimas, por vezes é suor…
Choro e esforço-me incansavelmente
Em meio a um sol de assar as entranhas.
Endoideci: quero estar no Maranhão,
270
A terra que tem palmeiras onde canta o Sabiá!

Os Xiricos199 que aqui gorjeiam,


Gorjeiam lindamente como as aves de lá…
Mas eu vou! Ah, sim! Eu vou…
Quero inalar ares que recitem purezas
No leito do meu nariz.
Quero afagar-me com o cheiro de mato,
Claro! Aqueles bosques que têm vida!
Porque sei que por lá,
Um Rouxinol cantará coisas lindas
Que farão jus àquela Canção de exílio
Como se recebesse ordens
De um Tupã, de Orixá ou de Febo…

Ah! Já estou com a canoa pronta…


Mas não sei a quem rogar a protecção
E incumbir o dever de me guiar

198 Elísio Miambo - Xai-Xai - Província de Gaza – Moçambique - 17 de Julho de 1992. Filho de pai ma-chope e
de mãe ma-changana, ele considera-se fruto da mistura destas duas etnias, embora tenha nascido numa
sociedade patrilinear, e que nessa perspectiva, tenha que ser considerado ma-chope., é estudante (do curso
de Licenciatura em Ensino de Português na Universidade Pedagógica __ Delegação de Gaza) e, colabora como
colunista literário, em blogues relativos à literatura (tais como: Rectasletras.blogspot.com onde é autor e ad-
ministrador; xitende.blogspot.com do Grupo cultural Xitende, do qual faz parte.
199 Nome pelo qual é conhecida em Moçambique a espécie de ave canora Sirinus mozambicus.
Aos braços da Floresta dos Guarás.
Tupã, Orixá e Febo sugerem-me
Gonçalves Dias e a sua canção de exílio:
É com Ele que eu vou navegar até ao Maranhão.
Nesta viagem que faço pelo Índico
Numa canoa de 1000 de gigabytes!

Elizeu Arruda de Sousa200

Gonçalveando Dias 
O tempo vestiu-se de genuína poesia,
O sol um  afinado coro de sabiás acordou,
O povo encheu-se de inebriante alegria,
A vida mais romântica e faceira ficou.
Exaltar o  poeta das palmeiras  virou mania. 
Essas novidades o afoito vento espalhou.
 Transformações para um caxiense homenagear.
Amante e amigo fidelíssimo da literatura,
Seu fazer poético conseguiu se imortalizar,
Seu papel social em legado se configura.
Os Dias nunca deixarão de Gonçalves se lembrar 
E na união  do pensamento com o sentimento seu nome perdura.
271

Ellen dos Santos Oliveira201

Canção para Gonçalves Dias


Minha terra já não tem tantas palmeiras,
Nem Gonçalves Dias, também;
Mas a Canção de Exílio que cantam hoje,
Essa eu sei que tem.
Foi o poeta que mais viu:
Estrelas em nosso céu.
Foi o que mais se deslumbrou,
Com nossas flores e bosques,
E foi o que mais amou,
Nossos campos e nossos bosques.

200 Elizeu Arruda de Sousa – Teresina – PI – Brasil – 22 dee novembro de 1970 - é Professor Assistente III do
Departamento de Letras do CESC/UEMA, Técnico-Pedagógico da Unidade Regional de Educação de Caxias,
Especialista em Língua Portuguesa- FIA/SP, Mestre em Estudos Literários-UFPI. Na vertente das produções
literárias, é coautor da obra Sociedade das Letras: prosa, poesia & Cia (2002), autor dos livros infanto-juvenis
Contrarecer (2008) e Riso adotado, viver transformado (2011; escreveu peças teatrais, como A casa maluca,
Porliticaria, A princesinha cega, A morte quer que eu viva.
201 Ellen dos Santos Oliveira - Ferraz de Vasconcelos – SP – Brasil - 07 de Abril de 1984. Aos quatro anos idade
vem morar em Aracaju/SE. É funcionária pública do estado de Sergipe desde outubro de 2008. É graduanda
em Letras Português e suas respectivas Literaturas da Faculdade São Luiz de França, onde foi militante e fun-
dadora do Centro Acadêmico de Letras Vinícius de Moraes. Foi executiva sergipana dos Estudantes de Letras/
ExNEL (Gestão 2011-2012).
Ele cantou como sabiá,
Exilado e sozinho,
Triste como um passarinho
Que só queria voltar pro ninho...
Só queria voltar pra cá.

Graças a Deus que ele voltou,


Tão culto e tão índio,
Cultivando em seus poemas,
A cultura brasileira.

E cantou, como ninguém, a natureza brasileira


Tão virgem, tão pura... que pena que dá
Pois, minha terra já não tem tantas palmeiras,
Onde canta o Sabiá

Viva!
Se o índio era selvagem, isso eu não sei
Só sei que ele era herói
quando próximo ao Português.

Viva ao nosso índio...


Palmeiras, estrelas, céu, bosques e flores
Viva a Gonçalves Dias
272
E como ele diria...
Viva àquilo que é nosso,
Índio, Terra, ouro e mar!

Elva González García202

ACROSTICO
G randeza que te envuelve mas allá de los tiempos
O rgullo de tu Patria, que en un poema pintaste
N íveo y dolido sentir, … a la posteridad dejaste.
C atarsis de un grande desnudando sentimientos.
A urora en la noche tu palabra alumbra
L uz en tus desires,  de tu breve viaje
V ivencias nos traen de amor y coraje
E ternas cadencias ,que cada día te encumbran
S eñor, poeta  enamorado, que corta fue tu vida,…
                                               que pronto, tu partida
 

202 Elva González García - Córdoba- Argentina - 29 de Octubre de 1942. Escritora y Poeta. Presentadora de Libros
y Conferencias. Miembro de la SOCIEDAD VENEZOLANA DE ARTE INTERNACIONAL –SVAI. Actual Secretaria
Nacional de la SOCIEDAD ARGENTINA DE LETRAS ARTES Y CIENCIAS NACIONAL – SALAC NACIONAL
D uro y acelerado anduviste tu camino
I  Juca-Pirama, un Himno más que poema   
A brazaste las letras como la más preciada gema
S enda que has marcado eternamente,…
                                             a pesar de tu sino.

Elvandro burity203

POT POURRI
Como és tu?
Não me deixes
Zulmira
Como eu te amo

Amor! Delírio engano


Meu anjo, escuta
Do exílio
A canção do exílio

O canto do guerreiro
O canto do Piaga
Se muito sofri...
Espera!
273

Amanhã
Recordação
Oh! Que acordar
Canção Rosa

A minha Rosa
Rosa do mar
Minha Terra!
Minha vida meus amores

Se se morre de amor!
O mar
Leito de folhas verdes
Ainda uma vez – Adeus

203 Elvandro Burity - Rio de Janeiro – Brasil – 26 de setembro de 1940. Membro Efetivo da Academia de Letras do
Estado do Rio de Janeiro (ACLERJ) - Cadeira no 3 patronímica de Carlos de Laet. Medalha de Ouro e Prata em
Concursos Literários. Teve o primeiro livro lançado em 1987. Detentor várias condecorações Civis, Militares,
Acadêmicas no Brasil e no Exterior. Atual 2ovice-presidente do Instituto Brasileiro de Culturas Internacionais
(InBrasCI). Mantém um blog em http://elvandroburity.blogspot.com.br
Emerson Thiago Sousa de Araújo - Emerson Araújo204

ALMAR
(Á Gonçalves Dias)

Sob céu pesado dorso


As águas luzidias cantam
Para embalar

Em tapetes de sal e espuma


Sustem-se mudas sereias
Cosendo lágrimas salgadas
Ao ocre perfume do mar

Ah, quantas vezes sonhara,


Ouvindo as encanterias
Deitar sobre as cantarias
Teu leito de novo cantar

O Boqueirão, no entanto, sabia:


Maldosas ou sábias ondas
Já não traria teu peito, de mármore carrara,
Ao trino dos sabiás
274
Teus olhos, em sonho, avistara
O findar de tantas odisseias
Rever camélias, bromélias
Amélias a te perfumar

Mas amar sobre toda a vontade


Não finda a tempestade
Entrega ao mar o teu tempo
Descansa tua alma “almar”!

Emmanuel Soares de Almeida  205

Gonçalves dias nos nossos dias


Na canção a liberdade
De ser Mineiro de ter a oportunidade
Sigo o teu exemplo
Por isso o orgulho de ser Mineiro...

204 Emerson Thiago Sousa de Araújo - São Luís – MA – Brasil - 15 de fevereiro de 1985. Formado em Comunicação
Social pela Universidade Federal do Maranhão. Comunicólogo, ator e poeta. Atualmente compõe o quadro de
pesquisadores da Fundação José Sarney, trabalhando na catalogação e organização do acervo do Museu da
Memória Republicana do Brasil.
205 Emmanuel Soares de Almeida - Juiz de Fora – MG – Brasil - 05/dezembro/1958. Na minha inspiração sempre
aquela canção que me comove. Desde criança essas mensagens me vêm com carinho e sinto a necessidade de
colocar tudo isso no papel e poder assim falar ao mundo do que sinto, do que sei.
Cantar bem alto
Inspirado no teu exílio
O exemplo da tua criação, da tua obra
Teatro, Jornalismo, Poeta e o orgulho de ser Brasileiro
Lisonjeiro
A estimada saudade
Do país da criatividade
E a Poesia cantada e assobiada
Na tua anistia
O grande Poeta Brasileiro
Gonçalves Dias

Eric Tirado Viegas (Ponty)206


Réquiem em fuga em Sol maior para
Gonçalves Dias
Introduzione: Adagio molto
Suas naus que cediças cobertas de glória,
Os pródigos nadam navios com finória,
Os meigos se fundem à voz do marmor:
São todos tão tíbios, certeiros contentes!
Sua marca lá toa na boca dos crentes,
junção de prodígios, de fúria e louvor!
275
No feito das lápides marmo verdores,
herdado das ondas — cobertos de ardores,
volteiam-se nos tetos d’altiva ilusão;
São muitos seus navios, nos ânimos fortes,
Temíveis a pedra, que em densos dos nortes
Espantam-nos navios à imensa ilusão.
Nos quartos vizinhos, silentes, sem brio,
que crentes quebrando, lançando sombrio,
Incenso aspiraram em liras que traz
louvores das terras que os fortes descendem,
vultosos tributos herdados dependem,
das naus certeiras suspeitas que jaz.
No centro da tábua se estende certeiro,
adorna se aduna o conspícuo carneiro,
Do limbo penhora, dos lodos mais vis:
Os corpos deitados praticam na aurora,
E os jovens inquietos, restando penhora,
Derramam-se em choro dum dia infeliz.

206 Eric Tirado Viegas (Ponty) – São João del-Rei – MG - Brasil – 1968. Escritor. A Voz do Poeta. 50 Poemas Esco-
lhidos pelo Autor Galo Branco n45 (RJ). Antologia Mineira do Século XX Poesia Sempre; Órion – Revista de
P. do Mundo de Língua Portuguesa (Brasil/Portugal),Poesia Para Todos (RJ).As Vozes na Paisagem 2 (RJ)Trad.
Cemitério marinho de Paul Valéry e Música de Câmara, Poemas Maças de James Joyce. - Baleia Azul (Cortez
Ed.2011) Projeto prosa da língua portuguesa 4 ano da editora Saraiva. ericponty@bol.com.br
Por certo — ninguém diz: pavor lhe é ignoto,
Seu chefe não diz: — que de um mar que revolto
Precinte por certo — da tábua tão frágil;
Assim lá na terra do extrato mundano
formavam distinto do vil mais humano
que formas perfeitas do nobre de ardil.
Acaso da terra padeceu parceiro,
Nos vãos dos carneiros: — na extensa palmeira
Assola-se é certo, tiveram missão;
Convidam a gente dos nautas credores,
Silentes se incumbem do acaso das flores,
são vários apreços da honrosa punção.

Conservam cabelos no brio das palmeiras,


Entesa-se a corpo beleza faceira,
Adorna-se o ventre com cenas gentis:
A lousa, entre as vaga, uma freira na beira,
nutrir-se memória, dobrando matiz,
murmuro do murmuro mar contradiz.
A Paz espaçosa a que cedo traz medo,
pascido do olhar densas sombras tão cedo,
alçada da agora da voz que silente,
pascia na terrestre da oculta vertente.
276
Palmeira tão calma, que pasce na glória,
no vento de humilde da voz Circe cria,
nas vagas do monte longínquo do pássaro,
nos tinham nas mágoas que d´águas tão raros.

Ó tempo de ensejos caídos dos rostos,


de negas gemidas noites dos gostos,
nublava na nuvem a fria à boca de hálito,
que crânios falantes em verves dos ritos.

Labuta da sina dos tempos minguados,


ninguém lhe tecia do rezado ousa lados,
erguiam-se das aves, do quê; diziam pedras;
trazer-lhes do santo do parvo de exedras.

E singram além das camoecas distâncias,


das gradas fortunas mar cobriam-lhe ânsias,
após, de tão frágil, que sombra à tez templo,
vertente que esmaga da folha do exemplo.

Lembranças dos vivos, dos grãos enchem gosto,


em tíbio do gesto que escrito cai postos,
se sabem sós selvas, que dores sem serpes,
estepes do oceano que correndo escarpes.
D´água que dos amplos do rio avisava,
sossego da calma na luz nego cava,
tremente que atrás homens flama trespassam,
eiras fadadas das frontes dão em passa.

Parques dos vividos dos céus luzes rés,


bradados do Carmo dos ingênuos das três,
de quem se sentou só nas vaga acéns postas,
bradada na curva da voz chora às costas.

Murmúrio chegam sós palavras da lei,


sombrio que retorna na margem do rei,
chamar El Rei da raiz prima treva,
de quem o viver curvou verde à selva.

Estio que fez rio coragens dos pajens,


secada ribeira que abrange das margens,
o lume movido culmina dos serros,
memórias d´águas frementes dos erros.

A chispa relâmpago ao sol murmurar,


sussurro em sussurro em sussurro do mar,
murmúrio murmuro rumor do marulho
candente da chispa do raio engulho.
277

Menuetto: Moderato e grazioso

Entre palmeiras, sabiá,


ser de tão simples gorjeia,
na tíbia terra envolve o dia
que pálidas aves passeiam,
donde decantam floreiam
lúgubres bosques já sem vida,
de ardores arderam lida,
das dores tíbios céus das flores
sustem-se na sua descaída,
em sombras das aves sofridas,
que em silente silêncio na eira,
muros de adobe da ramagem,
que olvidam na plumagem vista
ao lugar mais alto já crista.

Entre palmeiras, expõe céu,


às plumagens das nuvens véus,
supõe o gesto nítido léus,
é barulho das juntas ossos,
da vida carcomida fossos,
em crânios cravejados sós,
donde gorjeiam os vermes réus,
barulho porta cemitério,
bravio som pesado mistério,
das aves das sombras dos seus,
suprimida vida critérios
postados manhãs tíbias Deus,
expõe o diamante no luar,
sombra das nuvens soltas ar,
noturnos hábitos olvidam,
donde gorjeiam corujas dão
vozes aos sapos e dos grilos,
que passeiam dura terra filos,
donde longe garrido toa
em passos vorazes à toa,
que almas dos mais simples ressoa,
gestos firmes longe pessoas,
não gorjeiam mais como lá.

Em cismar, sozinho, à noite,


procuramos naufrágio açoite,
vozes gorjeiam surdos mar,
de suas lembranças pia luar,
enclausurados nós pascemos,
carregados em luto, temos,
olhar benigno duma freira,
278
apercebe-lhe nau sem eira,
afundar pétreo marmor mar.

Presto con fuoco

Venho presenciar esquiva,


veludo humílimo griva,
há crescer do marmor mar,
ânfora nau junto lar,
há de ser langor visão,
almas, entregue ilusão,
parto perfeito deságua,
na fonte do rumor d´agua,
densas sombras que se afogam,
naufragam imensos vão.

Ó jovem poeta que parte,


Musas silentes alardes,
há de nos conter à lágrima,
infinitas tumbas cima,
conduz à luz travessia
da dádiva anestesia,
quando certo dia ramagem
d´águas postaram plumagem,
já esquiva na luz amarga,
visão minha pasce alarga,
terá enfim sombra macia,
de cuja nau pétrea esguia
no marmor da lousa fria,
morre assistir findo dia.
Atravessa, ó Poeta, à vida
dos abismos sermos lida,
escuta estranho colher,
funda mais razão pascer,
cálido assopro desvão,
suave visita e sermão,
alegre corpo terrível
que mais viva ave sabiá,
vagas palmeiras entreabrem
terrível pasce à voz ave,
que não gorjeia à vista suave,
em sopro cálido anúncio,
tíbias garridas dobram fios;
deixem; deixem brônzeos sinos
imenso oficio brônzeos hinos.
Atravessa, ó Poeta, à lida,
sacrifício do naufrágio,
existência sem presságios, 279
pétreos marmos luz do Carmo,
fará enfim poema da vida.

Adagio

Não posso falar marmor,


Não posso dizer da lida.

Érica Guedes Martins 207

QUANDO TUDO FOR LEMBRANÇA208


Que saudade da minha Terra
Que saudade do meu Brasil
Que saudade da natureza
E do céu azul-anil.

Brasil: Quando tudo for lembrança


sobre Deus, onde estarei
Mesmo com toda distância
Eu jamais o esquecerei.

207 Érica Guedes Martins - Bebedouro – SP – Brasil.


208 Aluna da 7ª. Serie C da Profa. Silvana Morelli - http://silmoreli.blogspot.com.br/2009/09/cancao-do-exilio.
html, Poesia compilada por Leopoldo Gil Dulcio Vaz – Curitiba – PR – Brasil – 1952; Instituto Histórico e Geo-
gráfico do Maranhão; Universidade Estadual do Maranhão
Saudade é o que tenho no coração,
Solidão! Ah! Solidão
Ir embora para o meu Brasil,
Essa é a solução.

Brasil: A distância permite a saudade


Mas nunca o esquecimento
Por mais longe que eu esteja,
Sempre estará em meu pensamento.

As estrela nascem no céu,


As flores no jardim,
Eu queria ter um papel e poder escrever
para todos que sentem saudades de mim.

Erick Gonçalves Cavalcante209


Sobre a Canção do Exílio
Minha terra tem poetas, poetas,
Onde cantam seus amores, amores, altares
No exílio lembram-se de sua terra, terra, lugares
Veem o mundo com seus olhos, olhos, olhares

280 Nosso céu tem mais estrelas, estrelas, poeta


Ilumina nossos bosques, bosques, ares
Com mais vida, mais amores, amores, lares
Na canção de uma saudade, saudade, pesares

Minha terra tem primores, poeta, primores


Que gorjeiam seu exílio, exílio, amores
Com saudade de sua terra, palmeiras, sabores
Onde canta um sabiá, poeta, Gonçalves ...

A Gonçalves Dias
Não permita Deus que eu morra
Sem que discorra do poeta
Que exilado em seus dias
Tão só como uma ilha
Inventou uma maneira
De descrever uma palmeira
De encurtar cada milha
Com palavras de poesia
Encantar com maravilha
Nossas vidas de tristeza
Com a sua alegria

209 Erick Gonçalves Cavalcante - Tubarão – SC – Brasil – residente em Capivari de Baixo. Graduado em Redes
de Computadores, Pós-Graduando em Segurança da Informação pela Universidade do Sul de Santa Catarina
(UNISUL). Escritor, roteirista, músico, amante de histórias em quadrinhos e livros. E-mail: erickgcavalcante@
gmail.com / erickgcavalcante@hotmail.com
Erlinda Maria Bittencourt210

POESIA EM PROSA A GONÇALVES DIAS


Quem é esse homem, que tendo nascido há 190 anos, após sua morte física,
Vivo está em sua alma e nela permanece fortemente presente entre nós?

Quem é esse caxiense, que superou os limites das matas maranhenses,


para os países de 1º mundo?

Quem é esse homem de saúde tão frágil, que encantava, conquistava


e seduzia inúmeras mulheres?

Quem é esse homem tão lírico, encantadoramente épico e


admirável dramaturgo, que tão bem soube cantar sua terra,
seu povo e que infeliz no sentimento pela mulher amada,
fez de sua dor a mais linda poesia de amor?

Quem é esse homem sensível, romântico e culto a quem


poetas e poetas choraram sua partida?

Quem é esse homem a quem o mar, ao sabê-lo em suas águas, o tragou


para não mais deixá-lo escapar?

Eu diria que:
281
É um poeta que cantou a mais profunda saudade de seu povo, de seus
amigos, dos céus e da terra caxiense, do seu lar;

Que muito amou e foi correspondido, mas com o seu verdadeiro amor não
pôde ficar.
Sobre a ousadia do oceano, falaria que: o poeta do exílio no fundo do mar é
poesia eternizada;

Um cidadão caxiense que representava o país e por competência, assumia


altos cargos na Europa,

Frequentava a côrte era amigo do imperador, mas sempre voltava para cá;
Um verdadeiro poeta que não só produzia textos, mas sentia-os ao
escrevê-los.
Para alguns, poeta do exílio, para outros, cantor dos Palmares, para muitos,
cantor dos Timbiras e cantor de marabá.

Eu o defino apenas como: poeta terra, poeta povo, poeta raça, poeta saudade,
Gonçalves dias: o poeta do amor.

210 Erlinda Maria Bittencourt - Caxias – MA - Brasil – 07/05/1958. Professora do Departamento de Letras – CESC/
UEMA. Especialista em Língua Portuguesa pela PUC/MG e em LIBRAS pela Athenas - MA; Mestre em Ciências
da Educação UEMA/IPLAC-UFC. Membro Fundador do Instituto Histórico e Geográfico de Caxias – IHGC, Di-
retora de Cultura da Academia Sertaneja de Letras, Educação e Artes do Maranhão – ASLEAMA, Diretora de
Relações Públicas do Rotary Club de Caxias.E-mail: erlindabittencourt@yahoo.com.br
PÁTRIA GONÇALVINA
De origem Brasileira,
Do Estado do Maranhão,
Gonçalves Dias é filho de Caxias,
Da denominada “Princesa do Sertão.
 
Que estudou a linhagem literária,
De clássicos portugueses,
À românticos franceses,
Um advogado,
Um teatrólogo,
Um historiador,
Ousado nacionalista,
Um crítico inovador.
 
Mestre da língua e da fonética indígena,
GD  buscou uma nova dicção poética,
Doce, rítmica, idílica, apaixonante,
Poeta de fase efervescente, criativa
E de sangue tricolor.
 
Se fez refém da fidelidade,
Porém algoz e vítima do próprio amor,
Pois recusou viver sua romântica aventura
282
E platonicamente, nela se encarcerou.
 
Foi elegante, foi guerreiro,
Foi de raça,
Com o branco, o índio e o negro
Nas veias, bebeu apaixonado
e solitário sua taça,
                                  
                        tal qual ourives, lapidou a escrita,
                        feito escultor, delineou poemas,
                        feito poeta,  sentimentos vários
suspirou,
Regados a goles etílicos e  lágrimas
em lugar chamado” Roncador,”
 
Sua história fez de muitos contadores,
De seus romances, vários prosadores,
De sua paixão, vasta literatura,
De seus conhecimentos, nosso orgulho
 
Com Ana Amélia e a Nação no coração
A terra das palmeiras e o amor ele os exaltou.
Ernestina Ramírez Escobar211

Sueños que duelen.


Desejar coisas vãs, viver de sonhos,
Correr após um bem logo esquecido,
Sentir amor e só topar frieza,
Cismar venturas e encontrar só dores.
ANTONIO GONÇALVES DIAS
 
 Naces y escribes sueños
creces y gozas ensueños
no importa que el pan te falte
con soñar es suficiente.
La naturaleza amable
sostiene lo indispensable
pero llega la inmundicia
con tosquedad te acaricia,
ya  no te alcanza pan y agua,
se abre todo un parteaguas
en tu idílica existencia,
se divide la conciencia
pues el mundo material
opacando tu ideal
te sumerge en lo profundo
283
del sentir más infecundo
donde todo el costumbrismo
se hace parte de ti mismo
siendo vanas ilusiones
y permean las traiciones;
tu alma llena en amargura,
pierde toda esencia pura
dotada desde el  origen
donde el pensamiento virgen
se reintegra de proscrito
aún cuando estaba escrito
que serías un guerrero
de la pluma y lapicero
escribes con la pasión
de Ana Amélia en corazón
porque el amor que retumba
es el que lleva a la tumba
mas dejas en poesía
tu dolor y melancolía.

211 Ernestina Ramírez Escobar – Hermosillo – Sonora - México - 07 de Noviembre de 1963. Poeta y Escritora,
Mediadora de Sala de Lectura, Coordinadora de Tertulias Culturales semanales (Tertulias Criollas
Euclides José Maciel Marques212

Ó Mar
Ó mar caudaloso de forte furor
Dá-me de volta o GIGANTE DE PEDRA,
Pois o tempo não se encarrega
De extirpar, parar a dor.
Que será do lençol de água cristalina
NO SEU LEITO DE FOLHAS VERDES,
Sem o acalanto do filho ilustre
Tragado com triste sina.

Ó mar revoltado, sem coração


Saiba que SE SE MORRE DE AMOR,
Imagina de saudades,
Não há comparação.
Que será do sertão, doce caatinga
Onde se ouve o CANTO DO GUERREIRO,
Sem o menino caixeiro,
Como baralho sem coringa.

Ó mar grandioso de onda pujante


NÃO ME DEIXES por ti nutrir rancor
A audácia de nos tomar Gonçalves
284
foi atitude arrogante.
Que será de vós, sem os cantos
Sem OS CANTOS que será de vós
Oceano terrível, pélago revolto
Menos nobres nomes quantos?

Eugênio Palma Avelar213

I-JUCA PIRAMA DA VILA DE SÃO JOSÉ


Tinha por mãe, Maria, o Juca do arraial,
consagrado a José – o santo protetor.
Esgueirou-se em silêncio - sem dom maternal;
desceu até São Paulo, ao seu interior.

II
Constatou – em horror – não existir colheita.
Foi feito prisioneiro de algum traficante.

212 Euclides José Maciel Marques – Juazeiro – BA – Brasil – 31 de Março de 1972. Poeta Amador. Dedica-se prin-
cipalmente à “matemáticas das letras” compondo poesias na sua maioria formada por anagramas, palíndro-
mos, acrósticos entre outros.
213 Eugênio Palma Avelar – Montes Claros – MG – Brasil - 04 de janeiro de 1958 . Uma rústica cidade brasileira
encravada no semiárido mineiro. Como escritor acadêmico, possuo uns poucos trabalhos registrados em meu
Currículo Lattes, onde destaco o artigo “Diversidade Cultural e Escola”. Mas há anos, brinco de escrever poesia
e prosa em comunidades virtuais ou não.
Jugo, fardo e ameaça aquele pobre aceita.
Ao chorar sua sorte, o destino infamante:

III
ser jogado no asfalto em trajes de mulher -
que de um bravo guerreiro, o choro não se quer -;
desprezível cordeiro para o sacrifício.

IV
Vilipêndio sem gala, retorna ao seu lar.
Ganha da mãe, consolo: viver é lutar.
Que ela seja renhida; teu bem, teu suplício.

SABIÁ DESTERRADO
Minha casa tem telhado,
que observo do sofá.
Às vezes sou visitado -
buliçoso sabiá,

II
que não encontra palmeira
onde possa gorjear:
reino d’árida sequeira -
não há por onde escapar.
285
III
E por isso, o passarinho -
não encontrando lugar -,
fez do telhado seu ninho;
não se cansa de cantar.

IV
Não permita Deus que eu morra,
nas garras do latifúndio.
Sem qu’eu debele a camorra:
quero morrer no gerúndio.

IV
Em cismar – sozinho, à noite –
só enxergo madeireira.
Meu tacape, meu açoite;
acabo com a bandalheira.

V
Planto na terra, palmeira -
onde canta o sabiá-;
até que o bichinho queira
seu silvestre cafuá.
Não permita Deus que eu morra,
quietinho em meu sofá.
AS BODAS DE ERNST LANZER E LEONOR DE MENDONÇA
I
Nas bodas sem amor; o militar e a dama.
Há consciência de si no eu antagonista.
A linhagem do homem, herdeiro reclama;
A família da outra; social reconquista.

II
Marido inapetente - à procura da guerra,
suplicando a terceiro, lúbrico favor:
- retira, o amigo Antônio, da noiva o pudor!
- Toma teu rijo falo e colha aquela flor!

III
Logo adiante, mais tarde, fingindo estupor;
Exagera o flagrante; exagera o negror:
assassina sem dó o ser angelical.

IV
Foge em raio o comparsa: aguarda o desenlace.
Súbito, chega o amigo após sinistro impasse.
Dão-se: infreme prazer; oblação bestial.

SENRYU N. 01 - LEONOR DE MENDONÇA


286
do seu toucador
abandonada duquesa
penteia su’alma

SENRYU N. 02 – CÂNTICO DA VITÓRIA


Timbiras, eu vi
a fome, a guerra, a incerteza
fui, vi e venci

Eulália Cristina Costa e Costa214

Um grito de um poeta
Um canto ecoa ao longe, é para despertar
É o combate da vida
Que aos fracos abate,
Que aos fortes, os bravos conseguem exaltar!

Onde a terra querida, São Luís do Maranhão,


Jamais esquecida,
Mesmo exilado consegue demonstrar
O quanto à ama e ama lhe amar

214 Eulália Cristina Costa e Costa - São Bento – ma – Brasil - 04/09/1981. Graduada em Enfermagem e Obstetrícia
pela UEMA, pós-graduada em Saúde da Família, Funcionária Pública Federal e Escritora.. Possui alguns artigos
científicos publicados.
Na canção do exílio
Um poeta saudosista,
Com muitas histórias, lutas e amores
Tornou um simples grito em defesa de uma ideologia
Em primeiros cantos ao longe ecoar

Tornaram-se eternizados pela literatura


Hoje são lembrados,
Seja na leitura dos poemas do grande poeta Gonçalves Dias
Ou na viagem que seus versos podem proporcionar

Resistindo ao tempo,
Permeando aos amantes da escrita,
O convite ao chamado para o combate da vida

Ainda que não se queira dizer: Ainda uma vez - Adeus!

POETA SONHADOR
Se se morre de amor,
Ou se ficamos mais inteligentes com a dor
Pensativo Gonçalves Dias ficava,
Pois sendo poeta sonhador
Defendia a bandeira do amor e do seu lugar
Seja aqui ou acolá
287
Sempre estava a poetizar!
Desvendando a essência da imensidão de um ser
E os mistérios da arte de amar,
Cada vez que elevava o seu olhar
Para as maravilhas que este sentimento o fez capaz de criar
Nós, laços, correntes
Tudo que queria por vontade própria.
Aprofundar-se em teu mar, ilha do amor,
Pois só assim sabia que poderia alcançar:
Um intenso e verdadeiro amor
Digno de um poeta sonhador!

Eulàlia Jordà-Poblet215

A mim me vem (tributo a Gonçalves Dias – 2)


Gonçalves, Gonçalves,
são saudades
tuas letras que leio,
e através do tempo,
eu, bucólico,

215 Eulàlia Jordà-Poblet - Belo Horizonte – MG – Brasil - maio de 1958. Sou médica otorrinolaringologista. Perten-
ço ao círculo dos médicos escritores da Sobrames. Escrevo ensaios para jornais como “O Tempo”. Participo de
encontros e saraus para leituras de poemas próprios e de outros escritores em vários locais da cidade de Belo
Horizonte.
me entendo.
Nas noites,
nos  dias,
tua leitura
me enobrece:
és Gonçalves
quanto  Dias,
e  nunca a tarde
entardece.
Nos dias outros
que se sucedem,
os olhos de quem  dizes,
amam o amor
mais  romântico...
oh  Poeta,
depois  de ti,
nada será como antes!
E o teu século
a mim
me vem,
amo também,
Poeta eterno

Canção sem exílio ( Tributo a Gonçalves Dias)


288
Gonçalves,
sente a brisa,
do teu gênio,
que se eterniza...
Os vales escuros
da morte,
roubam-te da
nossa mão,
mas da nossa
memória,
teus poemas, ao menos,
não.
 E se teus sabiás
escutamos,
nas palmeiras
em idílio,
é que estás conosco
Poeta,
em nós
nunca terás exílio!

Tempos outros - (Tributo a Gonçalves Dias)


Homem que escreve,
eu respeito:
Gonçalves Dias,
no peito
E é tão sereno
sonhar,
nos olhos
que ele diz
amar
E em tempos outros
voltar,
para ser sinhô,
ser sinhá.

Eva Maria de Cougo Souto216

Gonçalves Dias
Em terras de Jatobá, dia 10 de agosto de 1832, nasci!
Talvez nasci do amor de um branco com uma mestiça.
Vinha em meu sangue a força e a vontade de lutar.
Via que nos estudos estava o meu futuro.
Fui crescendo e alimentando-me do saber.
Latim,
Francês,
Filosofia.
No amor minha pele gritou mais alto, o preconceito me apunhalou.
289
Sai, deixei o meu Brasil,
Um dia volto!
Em terras estranhas não fraquejei, segui minha luta pelo saber.
”Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sábia... ’’
Eu disse que voltaria, voltei, para onde fui não sei!

Evelin Katiane Izauro217

Trecho da “Canção do Exílio”


Homenagem á Gonçalves Dias

Ao andar sobre o luar


A luz paira sobre as telhas
Não pude deixar de notar
NOSSO CÉU TEM MAIS ESTRELAS

Repousando em meio a terra


Vejo a beleza das cores
Mesmo que razão não queira
NOSSAS VÁRZEAS TÊM MAIS FLORES

216 Eva Maria de Cougo Souto – Florianópolis – SC – Brasil - Do lar E-mail: soutoeva@gmail.com
217 Evelin Katiane Izauro – Joinville – SC – Brasil - 25/04/1989. Escritora (Poeta) e Professora de Artes. Único livro
publicado “Viva Poesia!... com todas as suas rimas” em 13/01/2012.
Quantas árvores ao meu redor
Com raízes profundas e ricas
Com galhos avantajados
NOSSOS BOSQUES TÊM MAIS VIDA

Não vou calar a emoção


Vou cantar como os cantores
Resume-se ao coração
NOSSA VIDA MAIS AMORES

Evilene Soares de Araújo218

O ilustre caxiense Gonçalves Dias


No sítio de Boa Vista
Em terras de Jatobá
Nascia um magnifico poeta
Que fez sucesso além-mar
Gonçalves Dias grande poeta
Um caxiense consagrado,
Era poeta e etnógrafo
Além de bom advogado
Filho de mestiça e comerciante
Filosofia, francês e latim estudou
290
Em meio a muitos gigantes
Na faculdade ingressou
O grande romantista
Descrevia em suas poesias
Paisagens do Brasil
Especialmente de Caxias
Com talento inigualável
Teve por inspiração
O amor de Ana Mélia
E da boa imaginação
Ana Mélia seu grande amor
Roubou seu coração
Com sua beleza e juventude
Correspondeu a sua paixão
A família da linda moça
Rendida pelo preconceito
Recusou qualquer aproximação
Que lhe dizia respeito
Então o jovem Gonçalves Dias
Para Portugal partiu
Ana Mélia se casou
E no amor não persistiu

218 Evilene Soares de Araújo - Teresina-PI – Brasil - 28 de abril de 1997, é brasileira, filha de João de Deus da Silva
Araújo e Eva Soares Borges de Araújo, tem dois irmãos João Victor Soares de Araújo e Matheus Vinícius Soares
de Araújo é estudante do 1º ano C do Centro de Ensino Thales Ribeiro Gonçalves
Durante uma viagem
O inesperado aconteceu
Após um grande naufrágio
O nosso poeta morreu
Porém deixou conosco
Um pouco do seu sentimento
Sensações e desilusões
Que invadiram seu pensamento
Com a canção do exílio
Caxias homenageou
E como é bom ser caxiense
Em nossas lembranças deixou
Não se abateu pelas decepções
Que a vida pode lhe dar
Em vez disso as transformou
Em poesias de emocionar.
Com talento inigualável
Teve por inspiração
O amor de Ana Mélia
E da boa imaginação.

Fabiana da Costa Ferraz Patueli219


291
Terra minha
Fabulosa Maranhão,
Terra de Nosso Senhor!
Revigorante águas de seus lençóis.

Ventos que ressoam em pedras e areais.


Ocultados nos ouvidos de tolos,
Pois os sábios as revelam em melodias.
Como doces cações de mãe a embalar-nos a noitinha.

Natureza de sublimes flora e fauna,


Cujos pássaros que vem do imenso azul
Que sustentam em suas asas a bravura humana.

Como partir de seu barro acobreado, sem voltar-se ao céu estrelado.


Parte de seu mangue, não se separam as riquezas de seu povo.
Torno-me sua lamparina ao pôr-do-sol.
E à aurora ofereço-me como guia.

Da tristeza e amargura de ter lhe deixado,


Viro histórias de ter sido seu um dia.
Terra minha!

219 Fabiana da Costa Ferraz Patueli - Rio de Janeiro –RJ – Brasil - 07/02/1983. Mestre em Letras (Universidade
Federal Fluminense-UFF). Colaboradora do Laboratório de Ecdótica da UFF.
Fabiula Fernanda de Abreu220

Pensando bem
Pensando bem em tudo
Que vemos,
Vivemos,
Ouvimos
E pensamos,
Não existe a pessoa certa...

Existe talvez,
Se você parar para pensar,
A pessoa errada...

Quem sabe por que a pessoa certa


Seja muito certinha,
Chegando na hora certa,
Falando as coisas certas...

Talvez também não se espere o certo,


Mas apenas o errado
Ou incerto...

E provavelmente porque as coisas certas


292
Não pareçam realmente certas...

Feliciano Caliope Monteiro de Mello221

Perante a estátua
Maranhenses, esta estátua
É tributo muito honroso,
Porém ele merecia
Tributo mais grandioso.

Devia ser monumento


De mais amplo pedestal
A surgir d’entre palmeiras
Na sua terra natal.

Todo o Brasil lh’o devia,


Todo o Brasil, não só vós;
Ele ao Brasil pertencia,
Pertencia a todos nós.

220 Fabiula Fernanda de Abreu - Jd. Ubirajara – São Paulo – SP – Brasil - 27/09/1999. ESCOLA: EMEF Antenor Nas-
centes; DIRETORA: Denise Ribeiro de Carvalho; PROFESSORA RESPONSÁVEL: Adenilza Almeida Lira. E-MAIL DA
ESCOLA: emefanascentes@prefeitura.sp.gov.b
221 Leal, Henriques, Pantheon Maranhense, São Luís, 1874, p 534-537. Poesias compiladas por Weberson Fer-
nandes Grizoste - Jauru – MT – Brasil
Não consultado as províncias,
Sabei-o: fizeste mal;
Que esta glória brasileira
Não é glória maranhense,
É glória nacional…

Devíeis voltar-lhe a face


Para a terra, p’ra o mar, não,
Porque este grande invejoso
Já teve o melhor quinhão,
E sento forte e tão rico,
Portou-se como vilão:

Vendo que pouco restava-lhe


No correr da vida o trilho
Roubou a terra o consolo
De ter no seio seu filho…

Entre um grupo de Timbiras


Devia-se o ver ali,
Escutando a lenda nobre
Do nobre velho tupi;

N’uma campina virente


293
Devíeis vê-lo acolá
Praticando docemente
Co’a formosa marabá.

Chorando a linda Coema


Devia-se ver depois
Em desespero Itajuba,
Co’o arco partido em dois…

Devia ter muitas faces


A vasta, altiva peanha
Impotente miniatura
De brasileira montanha;

Mil faces; em cada face


Um quadro de melhor fama,
E um dos mais primorosos
Vos dera – I Juca-Pirama.

O quadro insano honroso


Do Gamela e do Timbira…
Originais e vivazes
Mil quadros da sua lira;
D’aquela lira mimosa
Que Deus a muitos não dá;
Que canta com tanto acerto
As bondades de Tupá,
Como a fúria inquebrantável
Do tenebroso Anhangá!

Sobre os quadros, entre flores,


Cascatas, bosques e rios,
Animais de toda a espécie,
Domesticados, bravios.

D’entre tudo então se erguera


Rijo tronco de palmeira,
E a ele encostado, o gênio
D’esta glória brasileira;

E sobretudo, no ápice,
Já quase as nuvens tocando,
A figura do poeta
A doce lira empunhando.

Assim a imagem querida


Se veria em muitas partes,
294
Aliada ao nobre esforço
Da mais prestável das artes…

Não consultando as províncias.


Sabei-o, fizeste mal;
Que esta glória brasileira
Não é glória maranhense,
É glória nacional!

II
Sim, maranhenses, muita glória mente;
Há muita glória de falaz origem,
Glórias criadas por um vão presente,
Vultos que engendra a popular vertigem.

São meteoros que dá vida à morte


Um só instante, ou pouco mais, terão;
D’essas não quero, não lh’invejo a sorte,
Nem me deslumbra o seu fugaz clarão.

Mas quando a glória no fatal declive


Prende-se às folhas de algum livro-flor…
Curvai-vos, grandes! Essa glória vive,
Pois’stá dotada de eternal vigor!
Nobres! Venceu-vos o plebeu modesto!
Ricos! O pobre mais que vós já tem!
Curvai-vos todos! Que ao fatal aresto,
Que lavra o gênio, não se escusa alguém…

III
Perdão, senhores, se na alheia festa
Estranho ousei me apresentar intruso;
Se impertinente já vos vai molesta
Minha palavra que tanto abuso.

Bem quis conter-me; mas conter-me como?


Se entusiasta d’este gênio eu sou!
Se ao ver-lhe a imagem com febril assomo
O fogo santo dentro em mim lavrou?...

Perdão, senhores! Do perdão careço


D’essas palavras de valor baldias.
Perdão, senhores! Eu perdão mereço-
Perdão, senhores!... por Gonçalves Dias!

Feliciano Mejía222
295
CARTA AL HERMANO BRASILERO
DESDE LOS PIES DEL HUASCARÁN
Gonçalves, pasan los minutos y los años
y la patria queda
rota con el rostro ensombrecido. Aún.
Rayas de odio y avidez
trozaron y aún dilaceran nuestro Continente,
haciendo extraño y aún un Otro desvaído 
al hermano; y al amor
entre todos, un fruto rancio.
 
Gonçalves, dime:
¡qué hora es del día!, dime:
¡¿llegó el instante del grito?!, dime:
¿Cuándo le diremos al Hombre
que la noche entre nosotros
es una tahalí enmohecido 
y que ya no se soportan
las correosas fronteras
que cuadriculan nuestros rostros?

222 Feliciano Mejía Hidalgo – Abancay – Apurímac – Perú - 1948. Escritor de nacionalidad peruano-francesa
E-mail:feliciano.mejia@gmail.com – www. iespana.es/felicianomejia E-mail: feliciano.mejia@gmail.com
Gonçalves de Maranhao
¡dime si aún debemos aprender de nuevo
a pronunciar nuestros nombres!
Gonçalves Días de Maranhao,
¡dime: debo dejar
de afilar el machete!
Gran Hermano Gonçalves Días de Maranhao del siglo XXI,
¿llegó ya el momento
de sacar nuestros corazones de la Sombra
y lanzarlo en un alarido lenitivo,
como un pañuelo, para todo el Orbe?
 
Gonçalves,
Gonçalves Días,
Gonçalves Días de Maranhao,
Gonçalves Días de Maranhao del Brasil,
ahora sólo sé que ha llegado la hora de encender la pira
y de abrasarte para siempre, hermano…

CARTA A GONCALVES DIAS A RITMO


DE QAYLLY ABANQUINO DEL PERÚ

Aragois, dile a Dilercy,


que le diga a Goncalves Días que ya llego
296
con dos mochilas de poemas,
más pesadas que dos mochilas repletas
de dinamita.

Acá, en donde vivo y padezco


la mordedura diaria de la carroña,
y se espeluznan
mis días y miradas
con la sevicia de la Hiena,
desde acá, Aragois, te digo,
yo no tengo,
yo no tengo derecho,
yo no tengo derecho a la risa,
yo no tengo derecho a la vida y a la sonrisa,
pues acá en este país llamado Perú,
de 31 millones de hombres, mujeres y niños y ancianos,
acá, de 1 millón 225 mil km2 de tierra patria
mueren cada año 62 mil niños que no llegan a un año de edad
de hambre o de simple gripe
(muerto es de mal viento dicen las madres del campo);
y no me quejo,
es el avatar de la historia, desde el odio de Pizarro
y la gorda biblia y la bandera española de 1532.
Y no me quejo: grito
con una caliente ira repleta de rabia
para que me oigan todos los oídos
de Goncalves y todos los poros
de los hombres y mujeres nobles del Brasil.

Aragois, dile a Dilercy que aquí tiemblo


de fiebre ante este genocidio.
Debe saberlo Goncalves. Debe,
aunque a veces se me agria un poema
y se me hace postema la poesía que recojo
a paladas en estas latitudes.
Goncalves, óyeme, acá
el odio raigal del dinero se encostra en el 9%
de la población peruana
y el 91% restante arrastra la cadena
de la odiosa servidumbre.
Luego leguito de arrojados por la guerra
de los pobres del Perú, los españoles,
vinieron con sus picas los cerdos de Francia y de Inglaterra
(y también a punta de humildad bélica fueron arrojados de aquí);
y al instante, cínicos y perentorios, aparecieron –
llaga, lepra e insanía-
los barcos y cañones de los Norteamericanos sin nombre ni apellidos,
que hoy felizmente agonizan en el mundo y en todo Producto
Bruto Interno del orbe.
297

Aragois, mira lo que estoy mirando:


Un río de sangre diaria
fuera de los pulmones del Perú; y no me quejo.
Te repito: Avatares de estos tiempos
sobre un pueblo milenario desde antes de los Incas,
avatares que ya se alejan paso a paso y diente a diente
desde que, ay, felizmente, se alzó
en armas el Partido Comunista del Perú,
una mañana de sol de 1980 hasta ayer y hoy día en un lugar
hermoso y triste, (en ese entonces) llamado Chuqchi,
para acabar por fin y para siempre con estos 500
años de la historia histérica de la patria
aún encadenada.
Sí, una mañana con sabor a limón, piña y taperibá, a las 11 am
en un pueblito llamado Chuqchi y luego en todo el Perú,
11 am., 11am., que llega hasta este instante que me lees y me escuchas
desde mi patria aún aherrojada,
en esta milésima de segundo en que te escribo
para tocar la puerta del corazón de Consalves Días
quien respira feliz junto a mí.

Aragois, dile a Dilercy


que ya llego,
ya estoy llegando
a las lindes del Brasil
para romper la frontera portuguesa
y amarnos como sólo amamos
los poetas
que saben lo que pesa un fusil.

Felipe Cardoso Wilasco223

CANÇÃO DO EXÍLIO
Minha terra é cheia de glória
como jamais vi aqui.
Onde estou, os cavalos
andam preguiçosamente;
enquanto lá, eles galopam
com muita energia.

Nossos parreirais são mais vivos;


nossos campos, mais verdes;
nosso vinho, mais saboroso,
sabor conquistado com muita dor.

Lá, o som das botas,


298
ao cair da noite,
é mais suave que o vento;
aqui é algo muito barulhento.

Minha alma é celeste


como o azul do céu de lá;
azul bem mais azul
do que o visto cá.

Felipe Hack de Moura224

A GONÇALVES DIAS
As selvas mudaram, as matas caíram
Os urros de guerra não são mais ouvidos
O sangue guerreiro desfez diluído
Às marcas da História o thymus morreu
Brasil brasileiro de pele vermelha

223 Felipe Cardoso Wilasco - Porto Alegre – RS – Brasil - 23 de setembro de 1995. Estudante do Ensino Médio do
Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS. Integrante do Projeto Literário “Caixas Poéticas”, 2012. Curte esportes e, há
alguns anos, estuda teoria musical e guitarra na ASES – Escola de Música. E-mail: felipelpwilasco@hotmail.com
224 Felipe Hack de Moura - Porto Alegre – RS – Brasil - 01/06/1993. Participei da oficina literária com o professor
e escritor Charles Kiefer. Nessa mesma oficina, em um concurso interno de contos, fiquei em primeiro lugar.
Estudo Letras na UFRGS.
Morreu pela cruz do brasil europeu
Banal é louvar os guerreiros do Norte
De estirpe tão nobre, de braço tão forte
Não feitos de carne, mas feitos de tinta
A raça pensada, tão bem acabada
Perfeita, inumana, jamais existiu
Na sombra da honra notável e magna
Cresceu tal nação descendente do fraco
Que falha ao manter tal orgulho intacto
Não fossem teus versos de forma sublime
Ao povo restasse sonhar em ser bravo

Felipe Yonamine Costa225

CANÇÃO DO EXÍLIO
Aqui, em Florianópolis,
vejo muita beleza;
mas prefiro as de Porto Alegre.
Lá, no ar, há um divino
perfume de flores;
o céu é muito azul
e o pôr do sol muito especial.
299
Tanto lá como aqui,
tem-se boa qualidade de vida
e altos índices de desenvolvimentos
social e cultual.
No entanto, é lá
que o meu coração bate mais forte
e com um estilo bem colorido.

Aqui, tenho o mar como teto;


lá, um céu brilhante e estrelado.
Florianópolis e Porto Alegre,
paixões diferentes.

225 Felipe Yonamine Costa - Porto Alegre –RS – Brasil - 28 de maio de 1995. Estudante do Ensino Médio do Colégio
Conhecer, Porto Alegre/RS. Integrante do Projeto “Imagens e Textos construindo Histórias e Versos”: 2011 -
“Canecas e Camisetas Poéticas”; 2012 - “Caixas Poéticas”. Curte jogos eletrônicos e cursa inglês no Uptime.
E-mail: felipeyonaminecosta@hotmail.com
Fernanda Azevedo Morais226

Poesias
Não sou poeta com O CANTO DO GUERREIRO,
Faço A CANÇÃO DO EXILIO,
Canto O AMOR maior do mundo inteiro.
MINHA VIDA MEUS AMORES,
Que O MAR leve as minhas dores,
Para um fim eterno que deixe apenas a RECORDAÇÃO,
Faça as belas palavras escritas numa CANÇÃO.
SE TE AMO, NÃO SEI! Sei que esse sentimento é forte,
Apenas espero que a vida me traga sorte.
Não sei escrever SONETO,
Mas meus sentimentos são sinceros,
Que esse amor é o meu amuleto.
Antes não tinha certeza,
Hoje sei COMO EU TE AMO,
Porque nas noites fria pelo o seu corpo que eu chamo.
Mas seus OLHOS VERDES não corresponderam aos meus
olhos de paixão,
O QUE MAIS DOI NA VIDA é a desilusão,
Morrerei com a imensa decepção.
E no leito de minha morte
SE MUITO SOFRI JÁ, NÃO ME PERGUNTES.
300
SOBRE O TUMULO DE UM MENINO apaixonado,
Diante as suas lagrimas de dor,
Terá certeza que SE MORRE DE AMOR!
SEUS OLHOS foram que levou ao sofrimento,
Ao um sofrimento insuportável até para o tempo.
AINDA UMA VEZ- ADEUS,
E quando for me visitar não esqueça A MINHA ROSA,
Para demostrar o teu carinho enquanto chora.
O meu nome estará cravado,
Junto com O GIGANTE DE PEDRA,
Um gigante do romantismo,
Que as poesias de GONÇALVES DIAS expirem e simbolizem um
homem apaixonado.

O poeta e a sua musa


O amor do poeta nasceu no primeiro olhar
Nascendo junto as mais lindas inspirações,
De um poeta que encontra a sua musa para adorar.
Ana Amélia, moça com virtudes encantadoras,
Com uma beleza admiradora.
Que fez Gonçalves Dias, o poeta escrever as mais majestosas palavras.
Um encanto que se fez paixão ardente,

226 Fernanda Azevedo de Morais – Itaituba – PA – Brasil - 31 de janeiro de 1989. Trabalha na Biblioteca Publica
Municipal de Porteirão Santa Genoveva. Mora em Porteirão. Formou-se em Letras pela Universidade de Rio
Verde ( Fesurv).
Nascendo um sentimento dolente.
Não bastou amor verdadeiro,
Porque não tinha casta,
Do seu imenso amor se afasta.
Deixou a sua musa triste por respeito
Um intenso amor que não tinha como acontecer
Aos olhos do injusto preconceito
Por respeito foi sacrificado
A felicidade do casal apaixonado,
Porém a vida o trouxe um arrependimento amargo,
Por sua amada não ter lutado.
Ah, poeta covarde,
Que o peito de sua musa arde,
A saudade de um amor não concretizado,
Que ficou preso no passado,
Por não ter sido enfatizado.
O reencontro estava marcado,
Pelo destino dos eternos enamorados.
A rejeição de sua musa inspiradora,
Despedaçou a alma do poeta apaixonado.
Através de versos eternizou,
Esse forte amor que a sociedade da época castigou,
Que o ultimo verso e ainda uma vez,
Sua musa tenha compaixão
301
Da covardia do poeta que um dia despedaçou seu coração,
O amor nos versos tem aclamação e adoração,
Mas na realidade busca de sua musa compaixão e compreensão.
A renuncia do poeta apaixonado não foi porque o amor revogou,
Sofreu também por perder a mulher que tanto amou.
Os teus corpos nunca ficaram unidos,
Mas em alma esse amor prevaleceu
O que em vida foi oprimido.
Um amor feroz e idealizado
Que na história foi eternizado.

Fernanda Resende227

Sou Gonçalves Dias


Em suas mãos
A escrita ganhou cor
Os versos mais sabor
As estrofes se deliciaram em poesia

227 Fernanda Resende – Coromandel – MG – Brasil - 20 de abril de 1987. Escritora, jornalista e pós-graduada em
Docência. Atualmente mora em Uberlândia/MG. A escritora tem poesias publicadas nos livros “Emoção Re-
pentina” e “Sensações da Alma”. Ela já ganhou vários prêmios de nível nacional com suas escritas. Fernanda
Resende possui uma menção honrosa no 5º Concurso Crônica e Literatura.
O amor foi além do sentimento
Ganhando forma
Modificando o intocável
Superando as rimas presentes

O lirismo deixou de ser singelo


Envolvendo-se em uma herança clássica
Capaz de transformar choro em riso
E renovar o romantismo adormecido

O sentimentalismo foi além dos rabiscos


O pessimismo pediu licença
O individualismo embarcou na estrutura
A insatisfação também quis se fazer presente nos versos

Os sentimentos se uniram
Fizeram um pacto poético
Herdando um pouco ‘dele’
E repassando muito para ‘nós’

Ele foi do lírico ao épico


Do antigo ao moderno
Dizendo sim a inspiração
Separando-se da razão
302

Deixou legado
De mocinho da poesia
Bandido da rotina
Herói das escritas

Ele é o poeta!
É Gonçalves Dias...
Brasileiro de alma e coração
Poeta que encanta com emoção

Fernando Braga228

DO EXÍLIO, A GONÇALVES DIAS!...


Ah meu amado poeta,
tu ficaste nos baixios
dos Atins,
junto ao “Ville de Boulogne”,
nas costas de São Luís...
Ao longe, as palmeiras

228 Fernando Braga (dos Santos) São Luís – MA – Brasil - 29 de maio de 1944, é um poeta e ensaísta brasileiro,
tendo também a nacionalidade portuguesa pelo princípio do juris sanguinis. Publicou estes livros de poesias:
Escreveu, ensaios na área jurídica e político - cientifica: Fernando Braga é advogado com banca montada e
servidor aposentado do Senado Federal.
serenas a te esperar,
eriçadas aos ritmos e métricas
do teu derradeiro canto...

Ah meu poeta timbira,


a capa talar
desce-te dos ombros,
e a lira do poema,
e a máscara da tragédia,
quedam-te aos pés...

Quatro séculos de São Luís


te contemplam,
como os medalhões que te rodeiam,
em tributo à poesia, ao pensamento,
à ciência e à gramática.

Ah meu amado poeta,

Ah meu Poeta da Raça!...

SEXTILHAS 
Dos baixios das praias 
Em rimances antigas, 
303
Os teus versos do exílio 
Revividos em Portugal, 
Sextilharam o Antão 
Em cismadas cantigas. 

“É MENTIRA! NÃO MORRI!”


Do Morro das Tabocas
Na nossa velha Caxias,
O derradeiro baluarte
Das armas portuguesas,
Assistiram-te chegares
Na Fazenda Jatobá...
E partiste enfermo
para Portugal...
... e tua morte fora anunciada
Que escreveste em tom de blague
Ao teu amigo
Antônio Henriques Leal:
“É mentira! Não Morri!
Nem morro nunca mais!”
Mas um dia, poeta,
Morreste de verdade,
Ao avistar de longe as palmeiras!...
Fernando Catelan229

NO VILLE DE BOULOGNE
Eu, Gonçalves Dias, balouço com esta nau,
à deriva, rastro prova de jungidos mundos
Quem dera não mais que um presságio mau,
mas dor rói vísceras não só de vis imundos!

Sim, eu da Europa chego trazido de regresso,


qual se além, alhures, lograsse termo à chaga,
e, antes ao corpo, desenganada a alma, peço,
se ora alucino, já desdenhem obra esta vaga!

Vão ao mar se o Ville de Boulogne só desce,


e fortuna alguma espero eu, reles agonizante,
ciente cá na cabine, cripta, feneço em prece,
ou a pena vergo a quem quis perene amante!

Ah, priscos encantos naquele meu Maranhão


se, amor a passar ao largo, me foi tudo ridente
Saía-me mesmo sem sequer um leve arranhão
desfeiteando o tal amar lá contento da gente!

Queria eu sim, nas noites de luzes coruscantes,


304
perder o olhar no espaço e reluzisse um poema,
para um dia chegar o meu verso aos infantes,
verso que meu Brasil espelha e bem emblema!

A vida, essa a nos trazer não um só caminho,


quis em Portugal justo eu fosse cursar Direito,
e não é, pois, que lá aos românticos me alinho,
que da verve me brota tudo conciso e perfeito!

Havia por um bom tempo estagiado na Europa,


quatro anos na vida minha ressentida ausência
Canção do Exílio, que Brasil peito preme, dopa,
faz tal sucesso que já me é outra a consciência!
Tido, enfim, naquele Brasil por escritor notório,
fastígios, porém, pouco ou nada dizendo à alma
Levem meu esquife seis assíduos a meu velório
e donde entronado eterno reitero jazer na calma!

229 Fernando Catelan - Catelan das Letras. Há 15 anos é articulista do jornal O Diário. é membro, entre outras
agremiações de respeito, da Academia de Letras do Estado do Rio de Janeiro, da Academia Brasileira de Es-
tudos e Pesquisas Literárias (Rio de Janeiro-RJ), da Academia de Letras de Teófilo Otoni (Teófilo Otoni-MG),
da Real Academia de Letras (Porto Alegre-RS) e do Clube dos Escritores Piracicaba (Piracicaba-SP)., integra a
International Writers and Artists Association (IWA) com sede em Toledo, Ohio. Também musicista, é membro
de várias fraternidades e maçom. Engenhario Mecânic, com MBA em Marketing Empresarial e de Serviços
e-mail: catelandasletras@ig.com.br
Mas Ana Amélia, se quase me prendeu no laço,
a vi vez mais em São Luís, realçada a formosura
Esse singular frêmito só deterei eu se lhe abraço,
mas ensejo os votos e dos pais vem repulsa dura!

O Ville de Boulogne ‘inda detém um náufrago,


eu, na peleia rosnando à água não dê cabo disto
Enquanto o meu derradeiro cigarro célere trago,
sei, fugi a instar, se Amélia o amor mais quisto!

Fernando Paganatto230

Ressuscitar
O filho eminente do Maranhão,
Que o orgulho em seu povo fez brotar,
Esquecido, épico, na imensidão,
Tornou-se irônica Rosa no mar.

Quando perguntarem de onde venho


Não responderei com elegias.
Direi: Minha terra, apesar do menosprezo
É onde, um dia, cantou Gonçalves Dias.
305
E permita deus, que ele volte –
Permita deus! – em meu desfrute,
De cada verso, cada estrofe
Declamada, sobre os primores de sua arte.

E assim será ressuscitada
A memória do poeta, Mil vezes mais,
Numa Palinódia mais que apropriada
Dos meus versos, das estrofes iniciais.

Flávia Costa do Carmo231

Gonçalves Dias
A emoção e o encanto do olhar,
pois quando eu te vi pela primeira vez logo percebi que
Você era meu grande amor,
Que com clamor se declarou e me irradiou.

230 Fernando Paganatto - São Paulo – Brasil - 13 de fevereiro de 1985. escritor e redator freelancer. Poeta com pu-
blicação em vários sites e antologias. Primeiro colocado no Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus, edição
2008. Editor do blog Poesia e Escrita
231 Flávia Costa do Carmo - Fortaleza-CE – Brasil - 26/03/1977. Sou formada em Análise e desenvolvimento de
sistemas. Atualmente sou professora de informática do Centec..
Assim como Gonçalves Dias que era um poeta romântico e
Idêntico que nos inspira e nos apaixona com os seus poemas,
dessa forma somos inspirados pelo
romantismo meu amou, pois você me encantou no primeiro instante que te vi.
Você talvez meio sem jeito, mas que bom sem defeito,
Com beleza e pureza me deixando boba e
naquela canção que era pura emoção,
Estava me fazendo se sentir a mais bela, e você sem perceber meu amou
nem notou,
Que tocou e encantou mais uma vez com toda emoção o meu coração.
E com aquela paisagem bonita do nosso Ceará, toda a beleza do lugar,
com o mar mais lindo a
brilhar, e a poesia de Gonçalves Dias a nos encantar, e eu ali estava
sem ir, nem querendo partir,
mas por dentro era um tormento,
E dizendo que tola porque não conversar e encarar,
Mas algo dizia que não seria o momento,
E naquele instante como não sendo o bastante, eu ia
justificando e me afastando,
E por mim jamais sairia de perto de ti.
Olhe que sim, ficaria ao seu lado, pois era irado,
E o seu olhar a me devorar, e eu a apreciar,
Ficávamos um olhando pro outro, e sem perceber íamos pode crer nos
devorando,
306
Era mesmo irado, eu a sentar do seu lado, sem muito falar só nos olhávamos.
Era mesmo uma tentação mas com muita emoção,
Nos aproximávamos e ficávamos a nos embalar
Sem mesmo foçar nos amávamos.

Franciane Cristyne232

GONÇALVES DIAS
Vamos lá minha gente
Vamos todos escutar
As poesias deste homem que
Eu vou apresentar

Gonçalves Dias é um poeta


Era também muito legal
Quando ele pegava a caneta
Escrevia a poesia genial.

Estudou em Portugal
Passou por necessidade
Mas nunca desistiu
Por seu grande ideal.

232 Franciane Cristyne - São Luís – MA - Brasil – 09/ 11/2001. Motivo da Participação: Divulgar a importância das
obras de Gonçalves Dias como meio de divulgação e valorização da cultura brasileira
Voltou para o Brasil
Trabalhou em um jornal
Escreveu cantos e teatros
De forma nunca igual.

Denunciava as injustiças
Na poesia falava
Do navio negreiro
Quando a gente chorava.

Falava do amor
Da sua terra natal
Onde canta o sabiá
E as pessoas sabem amar.

Grande Gonçalves Dias


Poeta do meu lugar
Maranhense berço de ouro
Onde canta o sabiá.

Francisca Regina Rodrigues Neto233

REENCARNAÇÃO
307
Já que aqui me encontro agora
Na herança de meu tempo,
Não deixo de perceber
O trabalho e seu alento
Desse povo livre e solto
Senhor das próprias terras
Que produz ainda revolto
Sobre o pouco que os encerra

A eles os prometeram
Liberdade e independência
Mas só trocaram o senhor
Fora falta de prudência?
Entretanto ainda convivem
Com mazelas do passado
Qualquer um que se disponha
Já as tinha solucionado

Irmãos que avançam juntos


Sob esplendor de nova era
Não esqueçam a compaixão

233 Floriano – PI – Brasil - 08/03/1960 - Graduação Universidade Federal do Piauí e Pos- Graduação Universidade
Federal de Viçosa - Minas Gerais. Professora da Universidade Estadual do Maranhão; Membro do Conselho
Municipal de Meio Ambiente de Caxias - MA ; Membro Efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Caxias -
MA ; Membro da Academia de Letras Educação e Artes do Estado do Maranhão.
Pois com ela se fizera
Grandes reinos e palácios
Por vocês também fará
Meu coração convosco bate
E some toda a minha esfera
Pois minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá.

Francisco Antônio Vale234

A GONÇALVES DIAS
“Não permita Deus que eu morra
Sem que eu volte para lá;
...
...
Sem q’uinda aviste as palmeiras
Onde canta o Sabia”

I
Vou ao Cais da Sagração
Pegar um barco encantado
Para encontrar em alto mar
Nossos poetas do passado.
308

Quero com eles aprender


A viver um sonho versejado
Que se canta e se declama
Qual um poeta e namorado.

Eles cantavam seus amores


Pelas ruas, ás janelas dos sobrados
E nós ainda estamos cantando
Seus belos versos inspirados.

Entre eles viveu aquele


Mais que todos aclamado,
Cantor das terras gonçalvinas,
Bardo por Deus abençoado.

II
Foi distante daqui e cantou
Como o sabiá das palmeiras;
Versejou a luta dos nativos
Destas plagas brasileiras.

234 Francisco Antônio Vale - Caxias – MA – Brasil - 22/02/1944. Formado em economia, aposentou-se pela Fun-
dação IBGE. Em 1912 publicou o livro NA LINHA DO HORIZONTE, no qual reuniu suas primeiras poesias.
Quando ansioso ele voltava
Para sua terra querida
Foi envolto pelas águas
Que lhe encerraram a vida.

Descansa, poeta, e sonha


Com Amélia, em teu sono profundo
A lira revive teus versos
Desde aqui e por todo o mundo.

Quisera cantasse o povo


Como cantastes nos teus dias,
Mais feliz seria nossa gente,
Haveria mais vida, mais alegria.

Francisco Carlos Soares Magalhães235

“Selva de Pedra”
Tenho saudades da minha cidade,
repleta de palmeiras;
O canto das aves de outrora,
não soa mais tão belo na aurora,
pois, as palmeiras foram alimentar as caldeiras,
309
para o homem saciar a sua ambição cheia de ferocidade.

As estrelas não estão mais felizes no nosso céu,


as flores murcharam nas nossas várzeas,
a vida não encontra mais os nossos bosques,
os amores de nossa vida precisam de retoques,
a nossa sociedade se escondeu em um escuro véu.

Sozinho, de dia ou de noite, em andança,


sinto os olhares transpassar-me como uma lança,
não tenho mais prazer da minha cidade desenhar,
pois, não tem mais palmeiras para o sabiá livre cantar.

A minha cidade não tem mais rios límpidos,


as suas ruas são de uma só cor pintada,
pouca árvore plantada,
os sonhos de nossas crianças não são mais coloridos.

Os olhos da minha cidade não seguem uma regra,


a de conservar a natureza,
isso vai levá-la com certeza,
a se transformar numa Selva de Pedra.

235 Francisco Carlos Soares Magalhães - São Luís - MA – Brasil - 11/10/1968. Obra: Livro Renovemo-nos
Francisco de Assis Carvalho da Silva Junior -
Carvalho Junior236

NOSSOS OLHOS TÊM MAIS VIDA -


TRIBUTO A GONÇALVES DIAS
li, no olho de uma palmeira,
um verso tão belo como a serenata do sabiá...
a vida só existe se se morre de amar!

do olho d’água, mais um verso tirei...


ó olhos de vivo luzir, sem o vosso brilho
sobre o túmulo de um menino morrerei!

minha vida e meus amores enciúmam os olhos teus


epopeias e tragédias banhadas em mares de ilusão...
uma vez que se encontraram os nossos meigos infantes
sons de sonhos, cantos guerreiros se ouviu do coração!

sou a concha e a virgem em viagem pelo mar


o índio que nasceu para em teus braços morrer
nesse leito de folhas verdes, não me abandones...
hoje, dos teus olhos, ainda um adeus quase ouvi!
olha e escuta, anjo, meu grito verde-mar de afeto sem fim
salve o “vate das américas”, os olhos da lua sorriem pra mim.
310

CANÇÃO DE UM FILHO - HOMENAGEM A CAXIAS DO


MARANHÃO E AO ETERNO GONÇALVES DIAS
minha terra não tem Bandeira
mestre Drummond também não é de cá
mas os poetas que aqui nasceram
do mesmo modo sabem encantar
nossas estrelas também conversam
nossos pássaros sabem mesmo voar
nossas matas têm gonçalvinas e verdes palmeiras
nossas musas sabem “verde-doira-mente” inspirar
o solar da tardinha, a lua da noite...
que quadro de impressionar!
minha terra tem morenas, pardinhas...
e quando vejo minha branquinha: bem-te-vi!
vou logo querendo beijar!
minha terra tem sabores
sabores que não te posso revelar
só eu, juntinho, à noite
desse prazer posso desfrutar
minha terra tem certas coisas

236 Francisco de Assis Carvalho da Silva Junior - Carvalho Junior - Caxias – MA– Brasil. Educador e literato. É autor
das obras Linguichistes: poemas em portuglês (2008) e Mulheres de Carvalho (2011). É membro efetivo da
Academia Sertaneja de Letras, Educação e Artes do Maranhão (ASLEAMA), onde conquistou o título de “O Sol
da Sabedoria”.
que nesse poema não posso contar
não permita Deus que eu morra
que eu morra noutro lugar
se tenho que tornar ao pó
que seja nesse pedaço de chão
quero morrer à sombra dessas palmeiras
cantando e fazendo versos com a majestade:
o sábio e sibilante sabiá.

Francisco Gaudêncio Sabbas da Costa237


Sabbas da Costa - Maranhão, 7 de Setembro de 1873

Soneto a Antonio Gonçalves Dias238


Em memória do Poeta laureado
O Brasil quis erguer um monumento!
E tão grande e sublime pensamento
Foi em fino granito consumado.

Um tributo que ao gênio só e dado,


Vem render a nação n’este momento!
Ao futuro legando um documento,
Que o presente lhe oferece do passado.
311
As musas n’esta festa nacional
Rendem cultos, em hinos de harmonias
Àquele que deixou nome imortal!

Ó cantor de inspiradas melodias,


Que na lira seu estro divinal
Pelo orbe espalhou: Gonçalves Dias.

237 Francisco Gaudêncio Sabbas da Costa - São Luís – MA – Brasil - 25 de novembro de 1829, e aqui falecido, em
outubro de 1874, o escritor não teve vida longa, tendo perecido ainda jovem, aos 45 anos. Obras, tidas como
as principais de sua lavra: (1)Francisco II ou a Liberdade na Itália, drama em 5 atos, 1861(1881); (2)Pedro V ou
o Moço Velho, drama em 5 atos, 1862; (3)A Buena-Dicha, comédia em 2 atos, prólogo e epílogo, 1862; (4)O
Escritor Público, comédia em 1 ato, 1862; (5)Garibaldi ou o seu Primeiro Amor(6)O Barão de Oyapock, drama
em 3 atos e prólogo, 1863; (7)Beckman, drama histórico em 7 atos, 1866; (8)Anjo do Mal, drama, 1867; (9)Os
Bacharéis, comédia em 3 atos, 1870; (10)O Amor Fatal, (11)Rosina, romance; (12)Revolta, romance histórico;
(13)Os Amigos, romance, em 25 capítulos; (14)Jovita, novela, em 3 capítulos; (15)Jacy A Lenda Maranhense,
esboço de romance, em 14 capítulos. Outras obras publicadas em jornais da época também podem ser des-
tacadas: (a)O Encontro; (b)Teatro de São Luís; (c)Como Nasce o Amor; (d)Simão Oceano; (e)A Madrugada; (f)
Maria do Coração de Jesus; (g)O Baile; (h)O Dote; (i)O Adeus; (j)Não Brinques; (k)Sinfrônio; (l)O Homem do
Mal; e (m)Encontro de Ronda com a Justiça; entre as que foram possível mapear.
238 Leal, Henriques, Pantheon Maranhense, São Luís, 1874, p Leal, Henriques, Pantheon Maranhense, São Luís,
1874, p 576. Poesias compiladas por Weberson Fernandes Grizoste - Jauru – MT – Brasil
Francisco Gomes de Amorim239.240

Memento (A Rodrigo José de Lima Felner)


Em memória de alguns amigos241

Philosophe modeste, ami sincère et tendre,


Qui méritez la gloire et n’osez y prétendre,
Artiste, recevez ce fruit de mes loisirs.
Millevoye.

I
Amigo : na viagem que fazemos
Por este encapelado mar da vida,
Bom é que de conserva naveguemos
Até ao ponto extremo: à despedida.

A largos anos, por fortuna minha,


Encontrei-o fugindo da procela;
E, como igual derrota me convinha,
Mareei pela sua a minha vela.

Unidos sempre desde então vagamos,


E eu creio firme no feliz presságio
De que iremos, no bordo que tomamos
312
Fiéis até as praias do naufrágio.

Mas que triste viagem, meu amigo,


Por tão diversos, tão sinistros portos!
O meu livro de bordo e um jazigo,
Um registro de vinte amigos mortos!

II
Tudo mudou em dez anos!
E que profunda mudança!
Fé, mocidade, esperança,
Prazeres, tudo acabou!
Menos a triste doença,
A velhice prematura,
A saudade e a amargura,
Porque a morte as rejeitou.

E, por maior infortúnio,


Á sorte do peregrino
Liga o bárbaro destino

239 Amorim, 1866, 343-360.


240 Francisco Gomes de Amorim - Aver-o-Mar - Póvoa de Varzim 13 de Agosto de 1827 e faleceu em Lisboa a 4
de Novembro de 1891. Foi um poeta e dramaturgo português, sócio da Academia Real das Ciências de Lisboa.
Viveu dez anos no Brasil.
241 Informação do compilador. Poesias compiladas por Weberson Fernandes Grizoste - Jauru – MT – Brasil
Uma família infeliz!
Não basta a dor do passado;
Ao presente mal seguro,
Vem cuidados do futuro,
Com que a existência maldiz!

Oh! que Deus perdoe às almas


Que a dor transvia um momento!
Neste mundo de tormento
Cada qual tem sua cruz.
Feliz quem sobe o calvário
Sem ter soltado um só grito!
Mas ao pecador contrito
Não será negada a luz!

III
Lembra-lhe aquele quarto, onde, a quinze anos,
Em volta à minha banca de estudante
Se reuniam ás noites tantos homens,
Tão ilustres nas artes ou nas letras ?
Oh! que saudades d’esse belo tempo!
D’esses serões alegres e instrutivos,
De que o Garrett, o mestre de nós todos,
Foi sempre o laço, a inspiração, a alma!
313
Que joviais conversas! que bons ditos!
Que verdadeira graça portuguesa
Naquelas reuniões! Eu, tão humilde,
Ver ali agrupados no meu quarto
Esses grandes da imprensa e da tribuna,
Das letras e das artes! nesse tempo,
Todos afetuosos, tão amáveis,
Descendo complacentes das alturas
Em que os pusera a merecida fama
Até aos mais modestos, que tratavam,
Como simples mortais, por tu e amigo!...

IV
Oh! bons tempos!... e, até na maior parte,
Bons amigos também!... Mas em dez anos
Foram-se todos!... Todos? não, amigo;
Que nós, e mais uns três, vivemos inda
Dos vinte que então eramos. Os outros
Morreram todos, ou, pior do que isso,
Fizeram-se ministros e viscondes,
Pares, embaixadores, e até bispos!

V
Foram onde os levava seu destino,
Sua ambição, seu gênio, sua audácia…
Ou seu descaramento! Não se lembra
D’um, que foi lá republicano austero,
Declamador feroz contra a nobreza;
E que hoje pelas ruas de Lisboa
Passeia a sua estulta nulidade
Em ricas equipagens, onde brilham
Os brasões do vilão enobrecido?
Pois esse é um, dos tais, dos que se foram,
D’esses que a minha vã credulidade
Julgou outr’ora amigos! Quando o vejo
Passar, levado em rápidos cavalos,
Salpicando de lama as mãos que d’antes
Foram algumas vezes valedoras,
Ele, menos cortês que os seus lacaios,
Nem me tira o chapéu! não me conhece!...

VI
E esse outro democrata façanhudo
Que, depois de correr por vários mares
Em busca da fortuna, alfim pescou-a;
E hoje quando me encontra (ó asco! ó nojo!)
Trata-me por senhor, dá-me excelência!
Oh! como a posição transforma os homens!
Como o dinheiro e os títulos descobrem
314
Essas almas vilãs que vão subindo
Na escada social! Que importa, amigo?
Como dizia o nosso grande mestre:
«Deus e a virtude restam; consolai-vos.››

VII
Ai do que nasce neste mundo infame A
Despido d’ambições, modesto, humilde,
Bico de coração, amando a todos,
A amizade fiel, honrado, e crente!
Ai! sobre esse infeliz com mão de ferro
Há-de pesar um bárbaro destino!
Que importa que seu ânimo esforçado
Afronte, sem queixar-se, a desventura
Da mais cruel doença? Há-de vence-lo
A ingratidão que desconsola e mata.
Para tais corações, para essas almas,
Não há dor que mais trave, não h’a perda
Que se compare a perda d’um amigo.

VIII
Amigo?!.... os que perdi, os que se foram
Levados pelos ventos da vaidade,
Da ambição, do poder, que me esqueceram
Apenas a fortuna os bafejara,
Eram acaso amigos? Não; fingiam
A amizade sincera, como agora
Fingem ser grandes homens. Felizmente,
Quando esses tais as máscaras tiraram,
Os que me eram fiéis, os que não tinham
Usurpado esses títulos, vieram
Rodear-me nas horas de infortúnio;
E mandou-me a divina Providência
Outros, inesperados, numerosos,
Verdadeiros amigos na desgraça,
Que ainda os há por bem da humanidade!

IX
Mas eu não choro dois ou três ingratos
Que os acasos da vida engrandeceram,
E que lá das alturas não enxergam
Quem também ajudou a levanta-los.
Eu choro, meu amigo, os que morreram
Nos últimos dez anos. Ai! por estes
É justíssimo o pranto da saudade!

X
Mil oitocentos e cinquenta e quatro,
No seu mês derradeiro,
315
Arrebatou-nos o imortal Garrett,
O amigo verdadeiro,
O mestre glorioso de nós todos,
O meu primeiro guia!
O seu talento iluminou minh’alma
Como os meus olhos ilumina o dia.
Grande espirito foi! Por mais que o tempo
Devore a eternidade,
Jamais outro verá maior no gênio,
Mais fiel na amizade.
Não era d’esses astros de luz tíbia
Que passam nas alturas:
O sulco luminoso de seus passos
Há-de guiar as gerações futuras.

XI
Foi o primeiro golpe aquela morte
Dado em meu coração.
Hás depois, como as chuvas copiosas
Sucede a inundação,
Após aquelas lágrimas primeiras
Outras muitas recordo.
Siga-me neste rumo, que eu vou lendo
O meu livro de bordo:
XII
Extinta jaz a luminosa chama
Que a cena enchia de vivaz fulgor!
Um leve sopro dissipou a flama;
A voz da morte emudeceu o ator!

Quebrou-se o encanto que prendia as almas,


E fazia chorar as multidões;
Caíram secas as colhidas palmas;
A saudade brotou dos corações.

Quem há-de agora na lutuosa arena


Encaminhar a contristada grei?
Quem há-de, ousado, sobre a pátria cena
Erguer o cetro d’esse artista-rei?

De Epifânio não resta outra memoria,


D’essa alma nobre e pura,
Senão dias de fama transitória
Coados d’amargura!
E um afeto de pai resume a história
Que tão cedo o levou à sepultura:
Amava ternamente
Um filho que a doença lhe roubou;
316
E o triste, amigo e pai, ao frio corpo
Abraçou-se, e expirou!
História grande e simples! Ninguém há-de
Ouvi-la sem chorar!
Descansa em paz, amigo, que o mereces,
Porque soubeste amar!

XIII
Seguiu-se a este o jovial Gonçalves,
Espírito engraçado, culto, e fino,
Que nas mais negras horas que passávamos
Nos ensinava a rir do mau destino.

Infeliz! quando ao fim de largos anos


Começava a vencer a desventura,
A doença, inimiga da fortuna,
Atirou-o sem dó á sepultura!
E Deus sabe se acaso
Lhe não foi boa a morte prematura!...

XIV
Após este, o Metrass, outra alma nobre;
Pela paixão da arte devorada,
Que numa rola triste e solitária
Deixou sua existência debuxada!
XV
Outro, que a «sorte assinalou no berço,
Inspirado cantor, rei da harmonia»
Enquanto o mundo o proclamava eterno,
Ele esgotava o cálix da agonia!

Foi Soares de Passos! O seu gênio


Prometia-lhe vida gloriosa;
Mas consumiu-o a «chama abrasadora»
No princípio da via dolorosa!

XVI
Depois, Passos Manoel, alma romana,
Que na tribuna demonstrou cem vezes
Como a eloquência e a virtude antigas,
São adornos também dos portugueses!

VII
E quasi sempre a minha dor e luto
Eram a dor e o luto da nação;
Ela perdia do porvir o fruto;
Eu, a consolação.

Três príncipes, modelos de virtudes,


317
(E já um dera pela aflita grei
As provas mais sublimes e mais rudes
Que jamais pode dar a um povo um rei!)

Uns após outros caem


Da púrpura no pó!
Entre os comboios fúnebres que saem
Do palácio real envolto em dó,

Distam apenas hora!


Se um príncipe adoece,
Já não dá que esperar por vãs melhoras;
Fatalmente perece!

Porque? O povo assusta-se e murmura,


Maldiz as duras, misteriosas leis,
Que lançaram na mesma sepulturas
Três filhos dos seus reis!

Caiu no trono a maldição celeste?


Serão isso castigos temerosos
Para aqueles que a púrpura reveste,
Porque vivem soberbos e orgulhosos?
Oh! Míseras crianças!
Modestos, como os filhos do seu povo,
De quem eram florentes esperanças
Do mais velho ao mais novo!

Não davam em seu peito


Cabimento à soberba ou à vaidade
Nenhum dos três; e a demonstrá-lo afeito
Já estava o que tinha a majestade.

Nobre mancebo e nobre rei! Se os anos


Tão curtos que viveu fossem sobrados,
Se tivesse aos primeiros desenganos
Os d’uma longa vida acrescentados,

Daria à sua pátria lustre e glória


Para fazer inveja às mais nações
Ainda guardam todos na memória
Uma das suas últimas lições:

Foi quando a epidemia


Devastava Lisboa.
Ele, por entre a turba que fugia
Buscando os sítios que o terror povoa,
318

Vai para os hospitais! Sublime exemplo,


Modesto para a história!
Se a gratidão lhe não ergueu um templo,
Não há tempo que o risque da memória!

XVIII
Depois, como a torrente
Que desce da montanha,
E tudo quanto apanha
No curso espedaçou,
Como a revolta vaga
Pelo areal extenso
Leva, no rolo imenso,
O que ao subir topou,

Assim eu vi a morte,
Rugindo furiosa,
Na onda lutuosa
Levando os que eu amei!
Arrasta, confundidos,
Poetas, jornalistas,
Os sábios, os artistas.
Dois príncipes, e um rei!
Antonio de Cabedo,
Passos José, Lousada,
E D. José D’Almada,
Todos na onda vão!
Depois, Gonçalves Braga,
Bordallo, e Paganino,
Envolve-os o destino
No mesmo turbilhão!

E Marcellino Mattos,
Com Evaristo Bastos,
Nestes funéreos fastos
Inscrevem-se também!
Até José Estevão,
Esse orador sublime,
Caiu, quebrado vime
Que já raiz não tem!

E Lopes de Mendonça,
De quantos hei citado
O mais desventurado,
De mais pesada cruz!
Ó Deus! que sorte a d’ele!
Pobre alma adormecida
319
No torvo mar da vida,
Como farol sem luz!

Enfim, Gonçalves Dias,


Poeta brasileiro,
E amigo verdadeiro.
Fecha o comboio feral.
Da sua terra amada
Junto às amenas plagas
Foi receber nas vagas
Sepulcro e funeral!

E só eu fico vivo
Ante o furor da morte!
Escapo à dura sorte
De vinte amigos meus!
Em menos de dez anos!...
Eu, que padeço tanto,
A todos, com espanto,
Escuto o extremo adeus!...

Porque, Senhor? Acaso


Me poupas por castigo,
Até que um só amigo
Não possa já contar?
Oh! não! Expio a culpa
D’um erro cometido;
E, d’entre os que hei perdido
Fiquei para os chorar!

Mas quando eu caia exânime


No meu dormir profundo,
Não deixarei no mundo
Amigos corações?
Ai! Que também me chorem
Almas afetuosas!
Que lágrimas saudosas
Valem por orações!

XIX
É tempo de parar co’a fúnebre escritura;
Tenho chorado assaz, não posso agora mais.
Enxergo atrás de mim tão vasta sepultura,
Que um mosaico direis de pedras sepulcrais!

Filósofo modesto, amigo verdadeiro,


Que, ocultando o saber, o coração revela,
A sombra do seu gênio honrado e justiceiro
Acolha esta canção da lira mais singela.
320

Bem sei quanto o magoei, trazendo-lhe à memória,


Co’a imagem dos que amou, e que perdeu como eu,
As páginas fatais da sua própria história,
Recordações d’um luto em tudo igual ao meu;

Porém é sempre doce aos corações saudosos


Buscar consolações no seio da amizade!
Se a morte nos deixou da mesma dor queixosos,
Partamos entre nós os prantos da saudade!

Francisco Grácio Gonçalves - Francisco Kablianis 242

AO ILUSTRE SÁBIO GONÇALVES DIAS


Sente-se o cheiro aqui,
Da tal brisa que foi realeza.
Os odores fortes e secos,
Ainda perduram nessa alma,

242 Francisco Grácio Gonçalves - Francisco Kablianis - Lisboa – Portugal - 21 de Outubro de 1971; iniciou a sua ati-
vidade profissional em 1994, tendo ainda sido e ao longo do seu percurso, responsável por vários projetos no
âmbito dos serviços educativos e de extensão cultural de Museus, bem como pela coordenação e organização
de diversas atividades de dinamização cultural. Desempenhou funções docentes no ensino básico, secundário
e no ensino superior e funções técnicas nas áreas da educação e da cultura. É autor e colaborador em obras e
artigos de carácter científico, pedagógico e literário.
Desenleado na tal carta
Do ilustre sábio.

As pombas brancas,
Que correm ágeis
Na ria fresca
Que também é anil,
Voltam ao sopro
De mais um dia.

Os quadros despidos
De cor e lhaneza,
Já não se asseveram,
No rubor da cividade,
Coberta de laivos
De pobreza e luxúria.

Este ar que se transpira


Foi já análogo outrora,
Quando tudo era,
Quando tudo foi
Tão mais indiscutível,
Límpido, verídico e insaciável.
321
Ouve-se ali, além e aquém,
A música, o canto conhecido,
A sonância famosa e familiar
Do regresso deveras almejado
Dos excêntricos pescadores,
Do mantimento ambicionado.

O perfume característico
Destas fragrâncias isentas
Que não se transmutaram,
Arreiam à terra orvalhada,
Cotejando-nos a sensação
Da erudição conhecida.

O SONHO ACORDADO
Ainda que os ventos fortes
Experimentem que durmas
Neste sonho inerente,
Perdurarão na tua essência
As tais rememorações
Daqueles enleios,
De comunhão violenta e exclusiva,
Dos corações elementares e puros,
De simplicidade extrema,
Que te ensinaram…
A conhecer o hálito
E a transformar…
Todos os instantes
Em notáveis sentimentos
Minha amada Ana Amélia.

TEMPOS DE ENTÃO
Quando, por fim,
A janela se fechou,
Ana Amélia
Deixando para trás
Toda esta água,
Este mar cerúleo,
Assomou-se a chaga
Da melifluidade eterna,
Que perdurou
E estremeceu,
Incessantemente.
A despedida,
O adeus,
A ferida,
A dor,
A mágoa,
Será sempre
322
Recordada
Neste novo amanhecer,
Nesta luta
De manter aberta
A tal janela,
Que teimou
Em se encerrar.

A VOZ SALGADA DE ANA AMÉLIA


Ouve-se ao longe
A voz salgada,
Em grande silêncio.
O sussurrar da chuva,
A aragem elegante e gélida
Que corta a música
Genuína e clara,
Encaminhando a melancolia,
A alguém que se distancia,
Que já não se encontra,
Aqui, em terra.

O silêncio permanece
Na água plena.
E a voz salgada
Voltará somente
Ao seu cântico,
À sua pigmentação,
Ao seu rubor,
Ao seu mestre,
Quando,
Depois de muita faina,
Tudo tiver acontecido.

Este mar que me leva


A água que me cobre.
A despedida que não terei,
O amor que deixei.
A minha amada que perdi,
O sonho que levo.
O seu rosto que não esquecerei
Este amor…
Que nunca morrerá
Apesar de eu próprio
Já ter sucedido.

A MÚSICA QUE ELA ME CANTA


Ao alvorecer,
No acordar,
Ouve-se a voz sabida,
323
Que canta a melodia
Emblemática e forte,
Que é esporeio e afoiteza.
Ao som melodioso
Das suas promessas,
Vestem os barquinhos,
Cuidadosamente,
Com desembaraço,
Extraordinário e certeiro.

Os vestidos rede
E toda a vestimenta,
Inerente e enxuta,
Para a labuta quotidiana,
De que se ensoberbecem,
Desde a puerícia,
É traçada ao detalhe,
Sem uma única omissão.

Os sorrisos encarnados,
Trajados de encanto,
Daquela gentil-mulher
Que harmoniza toscamente,
Convoca a sua realeza,
Com o seu timbre ligeiro.
E da volta,
Faz sempre parte
O tal devaneio
Do êxito desejado,
O acertar do passo,
Na cadência da dança,
Da água espinhada,
No sucesso da chegada.
Deste amor,
Que é meu
Mas também seu.

Francisco José da Silva243

O Poeta Maior
Um homem de fino trato:
Graduou-se em Portugal
Apesar do estrelato
Regressou à Terra Natal

Antônio Gonçalves Dias


Precursor do Romantismo
Deu vida às fantasias
324
Novo rumo ao lirismo

O espírito solidário
Tocou-lhe o coração
E fez deste emissário
Guerreiro da abolição

O seu feito é imortal


Ficará sempre na história.
A igualdade racial
Definiu sua trajetória.

Pátria Amada
Jamais em tempo algum
Houve igual brasilidade
Gonçalves Dias é mais um
Brasileiro de verdade.

O amor à Terra Natal


Fez dele um exilado
Mesmo estando em Portugal

243 Francisco José da Silva - Bom Jesus do Galho – MG – Brasil - 19/01/55. Publicações: Ecos do Coração (pen-
samentos e poesias); S.O.S Sacramento: a agonia de um rio documentátio histórico-científico). Ocupante da
Cadeira nº 6 da ABLA (Academia Bonjesuense de Letras e Artes); Membro Correspondente da ALTO (Academia
de Letras de Teófilo Otoni)
Sentiu-se enclausurado.
De volta à Pátria amada
Assim quizera o destino
Ofertar como morada
O manso mar nordestino.

Talvez obra do acaso


Quem sabe, falta de sorte
Porém, a costa, mar raso
Seria seu leito de morte.

Partira do Velho Mundo


De Volta ao seu Maranhão
Fraco, já moribundo
Se foi, mas deixou a lição.

Amor Platônico
Ainda convalescente da saudade
Que o fizera refém em Portugal
Gonçalves Dias conhece esta beldade:
Jeito de mulher; rosto angelical.
       
Ana Amélia, o nome desta fada
 Seu primeiro e único amor
325
 Paixão intensa, louca e desvairada
 Que não floresceu; foi só espinho e dor.

Por ser mestiço, fora renegado


E a musa se foi, tal e qual o vento
Deixando o pobre moço  desolado...
Pasmo, perdido em seus pensamentos

Só lhe restou aquele amor platônico


Fruto das diferenças raciais
Ou herança de um destino irônico
Salpicado de dor e tantos ais.

Mas nada ofuscaria seu grande brilho


Seu nome já estava na história
Em que o autor de CANÇÃO DO EXÍLIO
Já alcançara o ápice da glória.
Francisco Junior Xavier244
Exílio da canção
Sem a terra
Sem as palmeiras
Sem o canto dos sabiás
Sem fauna nem flora brasileira
No exílio a se lembrar
Céu de poucas estrelas
Campos com poucas flores
Vida com pouca vida
Vida sem muitos amores
Viajando no pensamento
Voltando para encontrar
A terra das grandes palmeiras
Onde canta o sabiá
A terra de muito encanto
É melhor que o exilar!
Viajando no pensamento
Voltando para encontrar
A terra das grandes palmeiras
Onde canta o sabiá
326
A morte encontra nas águas
Sem nunca mais se encontrar
Sem a terra das grandes palmeiras
Sem o canto do sabiá
Sem o encanto da terra primeira
Que no exílio não há.

Francisco Nelson Filho - Chico da Mata245

CONTEMPLAÇÃO DE SÃO LUÍS


Contemplando os planetas selestiaes
De um coreto admirei muito feliz
Em densas trevas cintilada pelas luzes
A majestosa cidade de São Luís.

244 Francisco Junior Xavier - Ibaiti – PR – Brasil - 22 de maio de 1991. Graduando dos cursos de Filosofia, pelo Se-
minário de Filosofia Rainha da Paz e Letras Literatura pela Universidade Estadual do Norte do Paraná, ambos
em Jacarezinho. PR. E-mail: fcojrxavier@hotmail.com
245 Francisco Nelson Filho - Chico da Mata - Alto Longá PI – Brasil - 17.03.1917; faleceu em São Luís-2000. Filho
de lavradores, alfabetizado em casa pelo padrinho, ele mesmo diz: “minha escolaridade vai só mesmo até
o paleógrafo que li dois livros”. Sanfoneiro, por 20 anos, no Piauí, muda-se com a família para o Maranhão
(1968), fixando residência em São Luís (Cruzeiro do Anil – Rua Boca da Onça, casa 25), onde passa a atuar
como vendedor de bilhetes de loteria pelo centro comercial da Cidade, sempre a recitar, nas horas vagas,
seus “verços” (escritos, em geral, a noite), por entre os companheiros de trabalho, merecendo destes toda a
admiração e respeito. Amante da leitura, também recitava, de cor, poemas de Gonçalves Dias, Camões, Olavo
Bilac, Raimundo Corrêa...
Era tarde, as istrelas fassinantis
Rebrilhavam os seus raios no Oriente
Minha musa ordenou-me a discrever
Imagens e emoções desse momento.

Tarde da noite e nos braços de Morfeu


Muitos humanos se achavam adormecidos
E na doçura da aragem matutina
Lanço a vagar pelo mundo meu sentido.

Sobre as asas de um dom que me foi dado


Pus-me a compor este singelo poema
À terra amada, capital nunca isquicida
Torrão simbólico do grande Gonçalves Dias.

Dei meu amor a esta terra abençuada


Que jamais poderá ser preterida
Na memória e coração da nossa gente
Terra fértil, generosa e tão garrida.

Que puetas, patriotas, grandes nomes


Têm nascido nesta terra prazenteira
Este rincão benfazejo agraciado
Filho dileto desta pátria brasileira.
327

Antepassados já se foram desta vida


Para este mundo morreram, se acabaram
Foi-se a matéria ao túmulo consumir-se
Mais os nomes, estes se imortalizaram.

Outros mais que existem no presente


Substituem os que passaram pela morte
Continuando a defender este torrão
O pavilhão de um Brasil honroso e forte.

Velhos prédios recordando os velhos tempos


Estreitas ruas, as ladeiras que pisaram
Nossos puetas a cantarem combatentes
A liberdade que o país tanto ansiava.
São Luís do Maranhão – pai da pobreza!
Acolhedor dos pobres necessitados
Dos retirantes que tangidos pela seca
Chegam aqui e logo são amparados.

Estado rico, bom, onesto, generoso


Hospitaleiro e com grande coração
Haverás de a cada dia progredir
Bela terra, chão airoso, Maranhão!
Brasileiro que te ame e considere
De coração, não haverá mais do que eu
Minha alma, minha vida a ti entrego
No teu regaço meu amor é todo teu.

Teu litoral de belas praias esplanadas


A leve brisa me traz uma sensação
Enquanto muitos se divertem, se distraem
Em mim se opera tão grata recordação.

Regozijo-me em olhar as fortes ondas


Considerando o puder da natureza
Magnífica é a sua competência
Abstrativo santuário de beleza.

Que sentimentos de mim se apuderam


Não ser formado, não ter feito um curço bom
Fortifico-me em saber que não é a letra
Mais o berço é quem dá ao homem o dom.

Se um dia desta terra eu for embora


Em saudades me verei noites e dias
Até que volte novamente sem demora
Para abraçá-la decantada em Poesia.
328

O meu peito em saudade se arderá


Meu coração taciturno e melancólico
Ficará se algum dia eu a deixar
Com seus prédios de beleza tão simbólica.

São Luís, minha fé, minha esperança


Terra amada, tão querida e benfazeja
Viverás para sempre na lembrança
Deste pueta que só o bem te deseja.

Contemplando os planetas celestiais


De um coreto admirei muito feliz
Em densas trevas cintilada pelas luzes
A majestosa cidade de São Luís.

Era tarde, as estrelas fascinantes


Rebrilhavam os seus raios no Oriente
Minha musa ordenou-me a descrever
Imagens e emoções desse momento.

Tarde da noite e nos braços de Morfeu


Muitos humanos se achavam adormecidos
E na doçura da aragem matutina
Lanço a vagar pelo mundo meu sentido.
Sobre as asas de um dom que me foi dado
Pus-me a compor este singelo poema
À terra amada, capital nunca esquecida
Torrão simbólico do grande Gonçalves Dias.

Dei meu amor a esta terra abençoada


Que jamais poderá ser preterida
Na memória e coração da nossa gente
Terra fértil, generosa e tão garrida.

Que poetas, patriotas, grandes nomes


Têm nascido nesta terra prazenteira
Este rincão benfazejo agraciado
Filho dileto desta pátria brasileira.

Antepassados já se foram desta vida


Para este mundo morreram, se acabaram
Foi-se a matéria ao túmulo consumir-se
Mais os nomes, estes se imortalizaram.

Outros mais que existem no presente


Substituem os que passaram pela morte
Continuando a defender este torrão
O pavilhão de um Brasil honroso e forte.
329

Velhos prédios recordando os velhos tempos


Estreitas ruas, as ladeiras que pisaram
Nossos poetas a cantarem combatentes
A liberdade que o país tanto ansiava.

São Luís do Maranhão – pai da pobreza!


Acolhedor dos pobres necessitados
Dos retirantes que tangidos pela seca
Chegam aqui e logo são amparados.

Estado rico, bom, honesto, generoso


Hospitaleiro e com grande coração
Haverás de a cada dia progredir
Bela terra, chão airoso, Maranhão!

Brasileiro que te ame e considere


De coração, não haverá mais do que eu
Minha alma, minha vida a ti entrego
No teu regaço meu amor é todo teu.

Teu litoral de belas praias esplanadas


A leve brisa me traz uma sensação
Enquanto muitos se divertem, se distraem
Em mim se opera tão grata recordação.
Regozijo-me em olhar as fortes ondas
Considerando o puder da natureza
Magnífica é a sua competência
Abstrativo santuário de beleza.
Que sentimentos de mim se apoderam
Não ser formado, não ter feito um curso bom
Fortifico-me em saber que não é a letra
Mais o berço é quem dá ao homem o dom.
Se um dia desta terra eu for embora
Em saudades me verei noites e dias
Até que volte novamente sem demora
Para abraçá-la decantada em Poesia.
O meu peito em saudade se arderá
Meu coração taciturno e melancólico
Ficará se algum dia eu a deixar
Com seus prédios de beleza tão simbólica.
São Luís, minha fé, minha esperança
Terra amada, tão querida e benfazeja
Viverás para sempre na lembrança
Deste poeta que só o bem te deseja.

330
Frederico Ferreira de Souza 246

CANÇÃO DO EXÍLIO
Minha terra tem amor
como não existe noutro lugar.
Sua comida tem sabor,
levando-nos a sonhar.
Um dia teve lagos e cachoeiras;
Hoje, prédios e asfaltos.
As crianças brincam com máquinas;
não há sequer um pequeno mato.
Em minha terra, temos prazer em desafios.
Não tememos qualquer problema,
Embora digam que estamos por um fio
e ser tudo muito difícil.
Eu, graças aos desafios,
trago no peito um emblema
que comprova, não ter caído, no desvio
e ter aprendido que, com persistência, tudo fica mais fácil.

246 Frederico Ferreira de Souza - Porto Alegre-RS - Brasil - 1º de junho de 1994. Membro Fundador da Academia
de Letras Machado de Assis, de Porto Alegre/RS, Cadeira 32, Patrono Álvaro Moreira; Membro Efetivo da
Academia Virtual Sala de Poetas e Escritores, Balneário Camboriú/SC; da Liga dos Amigos do Portal CEN, de
Portugal; e, da Associação Internacional dos Poetas del Mundo. Coautor do Romance Interativo: “Fantástica
história de um mundo além da imaginação”. Atualmente, está estuda na Inglaterra.
E-mail: fredericoferreiradesouza@hotmail.com
Frederico Guimarães247 -

Gonçalves Dias - À digna comissão de inauguração do


monumento ao poeta, no grande dia 7 de Setembro

Non omnis moriar


Horácio

Nobre vulto! egrégio vate,


Ergue a altiva fronte agora;
Que tua fama se dilate,
De Setembro a linda aurora.
Não é acaso ao reclamo
Do teu nome grandioso.
Que se congrega gostoso,
N’este lugar tanto povo!?

É sim, este o povo altivo


Do galhardo – São Luís,
Que vem dar-te sinal vivo
De quanto amou e te quis;
Que vem pressuroso alegre,
Render seus preitos augustos;
Ante a efígie e ante os bustos
331
De brasileiros ilustres.

Apollo, Minerva, Marte?!


E vós Musas, também, sim;
Desenrolai o estandarte
Auriverde de cetim;
Vinde insuflar nova vida
Ao cisne tão popular,
Que tanto soubera amar
O berço que o Céu lhe deu.

Dai vida também a esse


Que se chamou Odorico,
No qual, Virgílio quem lesse,
Saudaria um estro rico;
Dai vida a João Lisboa,
Historiador – eminente,
Que mesmo seria ingente
Se a parca o não retraísse.

247 Leal, Henriques, Pantheon Maranhense, São Luís, 1874, p 573-575. Poesias compiladas por Weberson Fer-
nandes Grizoste - Jauru – MT – Brasil
Dai vida ao grande Sotero,
Vulto de fundo saber;
Nobre, caráter austero,
Onde há muito que aprender;
Dai vida a Gomes na Sousa,
Sol, que raiou no Brasil
Inda em anos, juvenil:
Dai vida a tantos luzeiros!

E depois prestai ouvidos


Ao Cantor dos Timbiras;
Que d’essa tuba os soídos
Acordem suaves liras.
Vindes ouvi-lo? Pasmai!
Pasmai, que Gonçalves Dias,
Criou novas ousadias
Co’ estro que Deus lhe deu.

Jazia como dormido


Seu estro ardente e fugaz;
Mas este dia – querido
Novo impulso hoje lhe traz,
Ouvi-o, pois, em concerto
Com esses vultos da história,
332
E saudai, hoje a memória
Do cantor – rei da harmonia.

Frutuoso Ferreira248

AO IMORTAL CANTOR DOS TIMBIRAS


Sirenas do Além-Mar, castelos e princesas...
Sou Atlântida, em flor, querendo o encantamento
Do império de Cristal... Por sobtre o irradiamento
Do Gênio escukltural que afaga estas turquesas.

Eu venho m’embalar nos fastos dos Timbiras,´


No canitar que ensombra as frontes dos Guerreiros,
Na voz dos Maracás, nas mãos dos Feiticeiros...
Cantai, bosques em flor, Piagas... Currupiras...

248 RAMOS, Clovis. ROTEIRO LITERÁRIO DO MARANHÃO – Neoclássicos e Romanticos. Niteroi: Clovis Ramos,
2001, p.309-311, Poesia compilada por Leopoldo Gil Dulcio Vaz – Curitiba – PR – Brasil – 1952; Instituto Histó-
rico e Geográfico do Maranhão; Universidade Estadual do Maranhão
Espirito do Mar... Oh Êxtase infinito,
Tu que acordas o Azul e que meu entro expandre
Na tumba do Cantor por etas noites grandes,

Tu que ascendes à noite a flama do aerólito,


Vai abrir os salões dos encantados deuses,
Guardados por Dragões d´espadas e de arneses.

II

Oh Noite... Eternidade!... Oh Êxtase infinito...


Eu – Atlântida, em flor, nas vagas dos Cruzeiros,
Venho acordar o Sol das plagas dos Guerreiros,
No vortilhão do Azul que traz seu nome escrito.

Pompas monumentais do túpico arrebol,


Erguei-vos dos cristais dos mares constelados...
Virgens que estás sonhando os faustos dos noivados...
Liras que estais dormindo... aí vem o vosso Sol:

É o Sol do coração que acende o Sentimento,


Rubro como o coral dos lábios de Iracema,
Veste a luz auroral que doira o firmamento;
333
Por entre os madrigais das mágicas safiras,
Vinde saudar o Sol que o vosso Deuz emblema,
Oh glórias marciais dos válidos Timbiras!

III

No êxtase a palpitar nessa Visão dos Andes,


Nas noites tropicais das terras brasileiras,
Aqui acordam Trovões o Gênio das palmeiras,
Embuçado no azul destes abismos grandes...

No azul?... que direi eu? – as gemas ondulantes


Do seio ardente, em flor, de Aniaras Colossais;
E entre arminhos d’espuma e aurélias doudejantes,
Jorram astros, a fluz, ``a tona dos cristais.

Brame, Y-Juca Pirama... acorda os teus cantares,


Quero ver os Astrais nas Óperas dos Mares,
Nas danças festivais ao som de seus borés...

Brame, Y-Juca Pirama... acorda os teus cantares,


Derrama a tua epopeia à luz desses luares,
Sejam as noites – Visões... as vagas... os Pajés.
Fuad Bakri249

Canção do exílio
Brasileiro e Palestino,
duas nacionalidades bem diferentes.
De um lado, um país muito liberal;
do outro, um bastante conservador.
Aqui, temos mais amor;
Lá, as pessoas são super discretas.
Aqui, a vida tem mais sentindo;
Lá, temos que viver
a rotina de nossos ancestrais.
Aqui, a vida é vivida;
não nos deixamos reger
pela cultura, raça ou cor; corremos
atrás de um objetivo maior, a felicidade.

G. dos Reis

GONÇALVES DIAS 250


Desde a hora fatal
que a malsinada meiga Eloah seguindo o seductor,
archanjo mau rebelde e trahidor,
334
foi que elle no abysmo arremessada,

aí! Nunca mais na célica morada


na divina mansão do Creador.
Em profunda trstisa margulhada
Repercutiram cânticos de amor!

Um dia Jehovah dessa tristesa,


Entendeu libertar-se e com grandesa,
Quis o Empyreo cheio de harmonias.

Mas aonde encontral-as com prestesa?


Subito chama aos cerus Gonçalves Dias
O bardo genial das melodias!

249 Fuad Bakri - Porto Alegre-RS – Brasil - 24 de dezembro de 1994. Estudante do Ensino Médio do Colégio Co-
nhecer, Porto Alegre/RS. Secretário de Edição e Publicação e Membro Efetivo da Academia de Letras Machado
de Assis, Porto Alegre/RS, Cadeira 31, Patrono: Castro Alves; Academia Virtual Sala de Poetas e Escritores,
Balneário Camboriú/SC; Associação Internacional dos Poetas del Mundo; e, Liga dos Amigos do Portal CEN,
Portugal. E-mail: fuad.bakri@hotmail.com
250 Diário de São Luiz, 10 de agosto de 1923, Poesia compilada por Leopoldo Gil Dulcio Vaz – Curitiba – PR – Brasil
– 1952; Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Universidade Estadual do Maranhão
G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira (RJ)251
Autor(es): Comprido, Leléo e Zagaia

Samba Enredo 1958 - Canção do Exílio


Clássico da nossa poesia
É a canção do exílio
De Gonçalves Dias
Poemas de sublime inspiração
De amor e ternura
Em sua confecção
Lamento
De um coração soturno
De um poeta taciturno
Que em versos escreveu
Todo drama
Do arfante peito meu
Este poema nasceu
Da saudade
Do seu Brasil distante
Das suas campinas verdejantes
Com suas flores multicores
Suas estrelas
Ornamentando um vasto céu
Como sofria
335
O saudoso menestrel
É s uma estrofe
De saudade e de amor
Na qual suplicava ao senhor
Não permita
Deus que eu morra
Sem que eu volte para lá
Sem que reveja
As palmeiras
Onde canta o sabiá

251 Grêmio Recreativo Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira - Rio de Janeiro – RJ – Brasil – Fundada
em 28 e abril de 1928 é uma das mais tradicionais escolas de samba do Rio de Janeiro e uma das mais popu-
lares do mundo. Foi fundada em 28 de abril de 1928, no Morro da Mangueira, próximo a região do Maracanã
por Carlos Cachaça, Cartola, Zé Espinguela, entre outros. Atualmente sua quadra está sediada na Rua Visconde
de Niterói, no bairro do mesmo nome. A Mangueira foi a escola que criou a ala de compositores e a primeira a
manter, desde a sua fundação, uma única marcação do surdo de primeira na sua bateria. No símbolo da esco-
la, o surdo representa o samba; os louros, as vitórias; a coroa, o bairro imperial de São Cristóvão; e as estrelas,
os títulos http://pt.wikipedia.org/wiki/GRES_Esta%C3%A7%C3%A3o_Primeira_de_Mangueirav
Gabriel Azevedo Scholze252

CANÇÃO DO EXÍLIO
Minha vida é Porto Alegre,
onde temos um pôr do sol
que não para de brilhar.
Aqui, somos diretos,
lá, não param de enrolar.
Lá, o sabiá canta;
aqui, o quero-quero
não para de gritar.
Aqui, o suculento churrasco;
lá, a peixada que não mais
conseguimos aguentar.
Aqui, orgulhamo-nos do Laçador;
lá, eles, do elevador.
Aqui, fandango a noite inteira;
lá, a capoeira não para de rolar.
Aqui, o Guaíba; lá, o marzão.
Aqui, temos orgulho da Terra;
lá, dá Festa de Nosso Senhor do Bom Fim,
ocasião em que ocorre
a lavagem das escadarias,
336 com participação do povo.
Aqui, apreciamos o chimarrão;
Lá, a água de coco é bebida de galão.
Aqui, Erico Verissimo é o Grande Escritor;
Lá, Jorge Amado é o Redentor.
Aqui, Porto Alegre/Rio Grande do Sul;
lá, Salvador/Bahia!

Gabriel Rocha da Silva253

CANÇÃO DO EXÍLIO
A minha terra
é bem mais linda
que a terra onde estou.
Lá, o céu
é de um azul envolvente
tal qual o azul mar.
As diferenças, talvez,
tenham a ver

252 Gabriel Azevedo Scholze - Porto Alegre-RS – Brasil - 29 de janeiro de 1999. Estudante do Ensino Fundamental
do Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS. Integrante do Projeto “Imagens e Textos construindo Histórias e Ver-
sos”: “Banners Poéticos”, 2012. Curte natação e jogos eletrônicos. E-mail: simonescholze@hotmail.com
253 Gabriel Rocha da Silva - Porto Alegre/RS – Brasil - 25 de abril de 1997. Estudante do Ensino Médio do Colégio
Conhecer, Porto Alegre/RS. Integrante do Projeto “Imagens e Textos construindo Histórias e Versos”: “Caixas
Poéticas”, 2012. Cursa inglês no Wizard e curte esportes. E-mail: gabirs97@hotmail.com
com a saudade
que invadiu meu coração.
A dor que nele habita,
não me permite enxergar
as belezas que aqui existem,
apenas as de lá.

Gabriel Rubim da Silva254

MINHA TERRA TEM SUJEIRA


Minha Terra tem sujeira onde cantava o sabiá,
Os pássaros que encantavam a aurora
Não encantam mais agora.

A paz que existia antes,


Agora é zoada de ambulantes,
A harmonia que existia na pista
Agora é acidentes, com pedestres e motoristas.

A vida do povo sem confusão


Agora existe briga e poluição
Ao pensar sozinho à noite,
Cadê a paz no Maranhão.
337

Paz e Bem aos maranhenses


Que guardo no coração,
Terra de povo sofrido, mas alegre eu te digo,
Maranhão minha Terra de Paixão.

O POETA DA MINHA TERRA


O poeta da minha Terra de proezas
Faz poesias sobre suas belezas
Lutou para o bem dos Índios
Respeitou sua mãe e a tratou com carinho.

Um poeta que admiro


Com muita saudade do Maranhão
Fez a “Canção Do Exílio”

Na vinda de Portugal perdeu sua vida,


Em uma viagem marítima
Poeta de garra e paixão que amava,
Sua Terra, o Maranhão.

254 GABRIEL RUBIM DA SILVA - São Luís – MA : Brasil – 15/07/2001. Motivo da participação: Eu gostaria de parti-
cipar da antologia porque gosto muito e acho interessantes as poesias de Gonçalves Dias e me interesso muito
por poesia e tenho certeza que minhapoesia é muito bonita e que a população brasileira vai achar bonita.
Nunca largou a poesia,
Lutou pelos Índios até o fim de sua vida
O Poeta da minha Terra me trás muita alegria,
Ele é Gonçalves Dias Que me fez fã da poesia.

Gabriel Wendermuller P. Amaral255

GONÇALVES DIAS
Gonçalves Dias foi um professor de Latim,
Ele escrevia suas poesias com muito amor,
Ele foi um exemplo de cidadão
Que iluminou o Maranhão.

Ele foi filho de um comerciante,


Com sete anos virou estudante,
Com doze anos saiu de casa foi para faculdade
Formou-se em autoridade,
Ganhou a décima quinta cadeira em atividade.

O pai dele era João que comia arroz com feijão


Para seu filho nascer fortão,
Sua mãe era doméstica,
Quando era aniversário dos seus filhos
338
Fazia muita fantasia.

Gabriela Fernandes de Freitas256

CANÇÃO DO EXÍLIO
No Brasil, embora a paisagem natural,
em alguns pontos, já tenha sido
modificada pelo homem,
o cenário continua belíssimo,
havendo pontos louváveis
de admiração e encantamento.
Nos Estados Unidos,
boa parte da paisagem
foi substituída por imensas construções
e os seus costumes
são bem diferentes dos nossos.
No Brasil, orgulhamo-nos
de nosso pais;

255 Gabriel Wendermuller P. Amaral - São Luís – MA : Brasil – 08/01/2002. Motivo da participação: Eu gostaria de
participar da antologia porque eu quero ser reconhecido pelo meu trabalho que fala sobre minha capital.
256 Gabriela Fernandes de Freitas - Porto Alegre/RS – Brasil - 20 de março de 1995. Estudante do Ensino Médio do
Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS. Membro Efetivo do Projeto “Vida, Amor e Paz”, do “Cercle Universel des
Ambassadeurs de la Paix, Suisse/France”. Integrante dos Projetos Literários “Tabuleiro de xadrez lírico”, 2011;
e “Porta copos poéticos”, 2012. Curte música e festas. E-mail: gabrielafernandesfreitas@hotmail.com
aqui, o povo parece desprovido
de emoções.
O Brasil, com suas cachoeiras,
montanhas, lagos, praias
e campos repletos de árvores e flores,
é lindo, maravilhoso!

Gabriela Mendes Prunes da Cruz257

Canção do Exílio
Em Porto Alegre tem pouca poluição;
Aqui, há em grande quantidade.
Nesta metrópole há muitos carros; 
Lá, nem tantos.
Aqui, tem muitos pontos turísticos
e comerciais;
Lá, poucos.
No litoral sul-riograndense,
há belas praias 
tais quais no paulistano. 
Lá, encontro amigos; 
Aqui, desconhecidos.
Nas ruas de Porto Alegre
339
não circulam muitos turistas;
Aqui, deparo-me com milhões deles. 
No entanto, no troco, de jeito algum,
minha cidade por outra qualquer.
Lá, há pontos negativos e positivos
que fazem de nós um povo diferente.

Gabriele Loureiro Bruschi258

CANÇÃO DO EXÍLIO
No Brasil não há conflitos
religiosos, sociais e políticos;
em Israel tem em abundância.
Aqui, homens e mulheres

257 Gabriela Mendes Prunes da Cruz - Porto Alegre/RS – Brasil - 14 de fevereiro de 1995. Estudante do Ensino
Médio do Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS. Vice-Presidente do Centro Estudantil do Colégio Conhecer, de
Porto Alegre/RS. Membro Efetivo do Projeto “Vida, Amor e Paz”, do “Cercle Universel des Ambassadeurs de
la Paix, Suisse/France”. Integrante dos Projetos Literários “Tabuleiro de xadrez lírico”, 2011; e “Porta copos
poéticos”, 2012. Coautora do E-book “Haikais”, postado no site Teia dos Amigos, de Sonia Orsiolli, Sorocaba/
SP. Cursa inglês no Uptime. E-mail: gaba.prunes@gmail.com
258 Gabriele Loureiro Bruschi - Porto Alegre/RS – Brasil - 18 de maio de 1998. Estudante do Ensino Fundamen-
tal do Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS. Integrante do Projeto “Imagens e Textos construindo Histórias e
Versos”: “Banners Poéticos”, 2012. Membro Efetivo do Projeto “Vida, Amor e Paz”, do “Cercle Universel des
Ambassadeurs de la Paix, Suisse/France”. Poetisa Idealizadora e Coordenadora do Projeto Poesia Inclusiva.
E-mail: gabrielebruschi@hotmail.com
têm direito a palavra;
lá, a mulher é bastante submissa.
Em alguns lugares,
elas não podem estudar
e são forçadas
a fazer trabalhos escravos.
No Brasil, as mulheres,
a cada dia, conquistam
mais e mais espaços
importantes na sociedade

Gabrielle Souza Marchisio259

CANÇÃO DO EXÍLIO
Sou muito mais da minha terra.
De onde vim, quero ficar.
Quando sai de Lá, percebi
que foi Lá que aprendi a amar.
 
Esta terra onde me encontro;
não é tão bela,
calorosa, nem tão minha
quanto aquela de Lá.
340
 
Na minha terra,
a grama é mais verde;
o sol traz mais calor;
o céu é mais azul;
e há muito mais amor.
 
É bom partir,
viajar,
mas nada se iguala
a sensação de para casa voltar.

259 Gabrielle Souza Marchisio - Porto Alegre/RS – Brasil - 19 de julho de 1996. Estudante do Ensino Médio do Co-
légio Conhecer, de Porto Alegre/RS. Presidente do Centro Estudantil do Colégio Conhecer, de Porto Alegre/RS.
Coautora do E-book “Haikais”, postado no site Teia dos Amigos, de Sonia Orsiolli, de Sorocaba/SP. Integrante
dos Projetos Literários “Tabuleiro de xadrez lírico”, 2011; e “Porta copos poéticos”, 2012. E-mail: gabriellemar-
chisio@hotmail.com
Gentil Homem de Almeida Braga – Flavio Reimar 260

Gonçalves Dias261
«O hálito de Deus tocou-lhe a fronte,
E lhe formou em torno uma coroa:
Arco de luz no cimo de alto monte,
Beijo do gênio dado em uma alma boa.
Feitura humilde, ao Criador defronte
Logo se pôs, e um cântico ressoa...
Era o poeta feito em um momento,
Grande no verbo e grande em pensamento.

Apóstolo novo aos povos enviado,


Falou sublime à gente americana,
Em frase culta, em ritmo elevado
Como o cantor da raça lusitana.
A voz no timbre puro e afinado
É quase angelical, mais do que humana;
Evangelho de amor e de poesia
Era o que a terra em sua voz ouvia.

Do seu talento o voo altivo e nobre


Liga ao presente as pósteras idades,
E no passado um mundo ele descobre
341
Belo, rico de seiva e heroicidades.
Nada ao olhar do poeta o tempo encobre;
Dá vida a um povo morto, ergue cidades;
D’alma o sentir, do coração as dores
Traduz em sons de pérolas e flores.

Soberbo evocador de um século extinto,


Ei-lo do nada a vida levantando,
Luz na imaginação e o pincel tinto
Na cor que o sol no céu nos mostra quando
Roxo de um lado e d’outro azul retinto,
Mil caprichosas formas desenhando,
Une os togues de alvura resplendente
Da opala ao brilho lácteo e transparente.
Foi-lhe dura a missão! Foi sacrifício,
Que ele soube cumprir com força e crença!
De confissão constante fez oficio,
Cantou do coração a dor imensa.

260 Gentil Homem de Almeida Braga - Flávio Reimar - (São Luís – MA – Brasil - 1834 —  faleceu em São Luís em
1876). Promotor Público (entre 1855 e 1858) de Codó, Caxias e Alto Mearim (São Luís Gonzaga. foi um jurista,
poeta e escritor. Trabalhou com folhetins o que o tornou bastante popular. Entre eles destaca-se o poema
conhecido como Clara Verbana. É um dos patronos da Academia Maranhense de Letras
261 Extraído de Clara Verbena, pg. 9. In ROMERO, Silvio, História da Literatura Brasileira, Rio de Janeiro, B. L.
Garnier, 1888, 1126-1128. Compilador: Weberson Fernandes Grizoste. Poesias compiladas por Weberson
Fernandes Grizoste - Jauru – MT – Brasil
Trouxe consolação por benefício
Aos que sofrem no amor e na descrença.
Rasgando o peito, e, novo pelicano,
Dando vida em seu sangue ao lábio humano!

Fez em si mesmo a crude autópsia


Da ideia e do sentir ainda em vida;
Em cada canto o coração gemia,
Em cada verso a alma era despida.
Nada ocultou; a musa não mentia
Na voz da queixa extreme e dolorida,
No riso triste, no prazer de instantes,
Rápido gozo d’almas sempre amantes.

Privilégio do gênio! em seus cantares


Fez mais nossa que sua a excelsa glória
No culto expressa, em múltiplos altares,
Que erguidos são no templo da memória.
Se foi-lhe a vida um quadro de pesares,
Fica do vate a peregrina historia,
Pondo em relevo a desejada coroa
De um talento brilhante e uma alma boa.

E viveu, e cantou! no sofrimento


342
A própria inspiração deu-lhe amargura;
E a luz, que o aclarava em pensamento,
Fez-lhe a sorte infeliz, áspera e dura.
A distinção do gênio é um tormento;
A flor da glória é uma sombra escura;
Raio de amor na fronte ao escolhido,
E’ um cântico d’anjos n’um gemido.

E até na morte a pálida desdita


De perto o acompanhou na anciã extrema;
Cantou-lhe uma canção triste, infinita
Nas aflições de um gélido poema.
O mar ouviu-lhe uma oração bendita...
Quem há que não se enlute e que não gema,
Ouvindo o estertor de uma agonia
Sufocada no mar pela onda fria?!

Vede-o no estreito esquife abandonado,


Sem um prece de amor na última hora!
Vede o corpo na areia sepultado,
E o branco alcíon da praia, que inda chorai
E o mar, cruel, ressona sossegado
A’ luz da tarde ou aos clarões da aurora,
Rindo ao fresco terral, ao frio vento,
Ao som de um triste e fúnebre lamento!
Dorme em paz La frieza do sudário,
Descansa agora da penosa lida!
Por ti do século nosso o enorme horário
Fez ouvir a pancada estremecida.
Do mar a profundez é o teu sacrário,
Guarda de uma existência mui querida,
E o monumento erguido á tua gloria
Guardará de teus cantos a memória.»

Geovane Alves dos Reis262


Não é todo dia que é dia de Dias
Não é todo dia que nasce um herói,
Mas, no dia 10 de agosto de 1883, esse fato aconteceu.
Não é sempre que 3 tipos de raças se unem a uma só
formando um poeta que ama o lugar onde ele nasceu.

Um advogado que protege o seu país,


foi ele quem disse que a nossa pátria é a mais feliz.
Ele também notou que o sabiá,
que canta melodias aqui, não cantava lá.

Se hoje estivesse vivo, Gonçalves Dias,


com certeza, ele diria 343
que o sabiá, que aqui vive a cantar,
em outro país nem sabe assoviar.

Mas um naufrágio acabou levando o nosso herói,


que tinha o poder de proteger e de amar;
ele dormiu encoberto próximo aos seus Lençóis...
No dia 3 de novembro de 1864, essa história veio a findar
Mas, orgulhoso, ele morreu na terra onde canta o sabiá!

Geraldo Trombin263

AH! INDA BEM QUE TEM DIAS


Nossa terra tem fogueiras
Matando bicho e piá.
As aves não mais gorjeiam,
Pois viver aqui não dá.

262 Geovane Alves dos Reis - Teresópolis/RJ Brasil - 25/02/1998. Poetaluno do 9.º Ano da E. M. Alcino Francisco
da Silva, em Teresópolis/RJ, e já traz um vasto currículo literário, incluindo a Medalha de Bronze no XXII Con-
curso de Poesias da ALAP, no Rio de Janeiro/RJ. Criou, em 2012, o blog “Palavras do coração”, onde posta poe-
mas de sua autoria e de outros amigos poetas que ele admira. Professor orientador: Carlos Brunno S. Barbosa
263 Geraldo Trombin – Americana – SP - Brasil – 01.04.1959. É publicitário, membro do “Espaço Literário Nelly
Rocha Galassi” (Americana, SP - 2004/2012) e colunista da revista eletrônica ContemporArtes (desde 2010).
Lançou em 1981 “Transparecer a Escuridão”, produção independente de poesias e crônicas, e em 2010 “Só
Concursados - diVersos poemas, crônicas e contos premiados”. Tem mais de 350 classificações conquistadas
em inúmeros concursos realizados em várias partes do país e trabalhos editados em mais de 105 publicações.
Nossa terra tem Brasília,
Capital do mau exemplo.
É da falcatrua a ilha,
Da política o seu templo.

Nossa terra tem cadeia,


Mas em cana só vão pobres!
E quando o rico falseia,
Não é lugar para nobres!

Furtaram nossas estrelas,


Pisotearam nossas flores,
Roubaram a nossa vida
Com essa onda de horrores!

Nossa terra era tão bela,


Agora só dissabores!
O que fizeram com ela?
Devolvam nossos sabores!

Ainda bem que há poesias:


Minha terra tem Antônio,
Tem Gonçalves e tem Dias
Pra afastar tanto demônio!
344
CANÇÃO DO MARTÍRIO
Minha terra tem coleiras
Acorrentando animais.

Tevê divulgando asneiras


Em muitos dos seus canais.

No banco, gente em fileiras,


E até mesmo em hospitais.

Aqui também tem lameiras


Nas páginas dos jornais.

Tem criança nas “carreiras”


E nos trabalhos braçais.

Vida fazendo besteiras,


Perdida em dolos banais.

Falta d’água nas torneiras


E crimes ambientais.

Tem políticas rampeiras


Desde os nossos ancestrais.

Quantas manchas e sujeiras,


Que nem OMO limpa mais!
Gerardo Molina264

PRÍNCIPE DEL VERSO


A Antonio Gonçalves Dias
I Soñaba tu romántica apostura
América, lueñe luz de los siglos,
tres razas se unieron en tu sangre
señalando la unión desde el principio.

Porque fuera tu voz la redentora


de su orfandad, del clamor de sus pueblos,
la América dolida, la irredenta,
te consagró su príncipe del verso.

II
Nao permita Deus que eu morra,
sem que eu volta para lá,
enfermo, solo, tan lejos,
se oía su voz clamar.

III
Olha-e bem que sou eu!...
Nao te esqueci, eu to juro:
sacrifiquei meu futuro
345
vida e gloria por te amar.

Tus verdes ojos, mi cielo,


fueron mi luz de romántico
toda tú, sol de mi cántico,
y tu sonrisa, mi altar.

IV
Vivir e lutar, a vida é combate.
Todo lo diste como buen hidalgo
y a tu Ana Amélia, trémulo, ofreciste
tu corazón, tu verso enamorado.

V
Comprender o infinito, a inmensidade,
e a naturaleza e Deus; gostar dos campos,
ser capaz de aventuras imposibles
y ante su ara morir crucificado.

264 Geraldo de Molina - Los Cerrillos, Canelones - Uruguay - 19 de octubre de1938. Profesor de Idioma Español.
Ex Director del Liceo de Las Piedras No.2 y del Liceo de Santa Lucía. Poeta y ensayista, ha sido laureado en cer-
támenes nacionales e internacionales. Ha dictado conferencias y ofrecido recitales de su poesía en Uruguay,
Argentina, Chile, Perú, Brasil, Francia, España e Italia. gerardomolina@adinet.com.uy
Dar la vida y el alma a un sentimiento,
encenderse en ternuras y fervores,
ser gentil, apasionado, bueno:
isso é amor, e desse amor se more!

Nota. Los versos en negrita y cursiva pertenecen a Antonio Goncalves


Dias.

Germain Droogenbroodt265

A UMA ROSA266
Recordando el poema “A minha rosa” de
Antonio Gonçalves Dias

APELO
Não venhas como luz
que potente demais
ofusca o olhar

Não venhas tampouco


como a impalpável escuridão

Vem, sim
346
como o espinho
que anuncia

a rosa
está ao alcance.

Gerson Augusto Gastaldi - Emaday Luz267

ACROSTIGEANDO GONÇALVES DIAS


Aingente lira nasce no Maranhão, em Caxias. Filha de português e mãe cafusa.
Na juventudesubmerge-seàs letras e parte para Portugal, Coimbrao Phanteão
Trasmontano. Natristeza e solidão,saudades da verdePátria, adquiriu a gestalt.
Orgulhoda forma e inspiração: compôs a canção do Exílio, obra genial,profusa.
Na minha terra tem palmeiras e primores:vervelatinado jovem poeta de insight
Imaginação.Além de professor, teatrólogo ejornalista, viu nasrimasa profissão
Orgulhosade fé. Publicou Olhos Verdes, Não me Deixes,Que me Pedes, musa.

265 Germain Droogenbroodt - Belga, residente en España. Ha publicado 10 libros de poesía propia, la última obra
poesía filosófica. Su  poemario “el Camino” (leer TAO) ha sido publicado ya en 22 países.
E-mail:elpoeta@point-editions.com
266 Tradução de Ivo Korytowski e Flora Ferreira.
267 Emaday Luz - Gerson Augusto Gastaldi – São Paulo – SP – Brasil - 09/02/1949. Fez os 2 primeiros ciclos de
estudos em S. José dos Campos, SP., de 1965 a 1974. Cursou Filosofia, Ciências e Letras na Faculdade de
Comunicação e Letras de Araras, SP. (78 a 82). De 83 a 2010, atuou em S. Paulo nas áreas didática, editorial,
gráfica, jornais e revistas; militando em diversas empresas da Capital. Já publicou 2 livros de Contos e aprecia
a Literatura Nacional de estilo ficcionista. E-mail: gagcid2011@hotmail.com
Grado caxiense das matas do jatobá; sangue timbiras e gamelas, espírito valente.
Ousado filho das Aldeias Altas, este indianista de nobre estipe e afamada fibra,
Nunca abdicou doseu talento, os Primeiros Cantosdesta alegre lira, potente,
iÇaramolaurel no Pavilhão das Letras. Em Caxias das Aldeias Altas, vibra
Acentelha do sonhador naCanção do Tamoio enoCanto do Guerreiro.
Laços de amor por Ana Amélia: Seus Olhos, Mimosa e Bela, Leviana,
Viram sua paixão cair por terra. Mas adignamissão de cancioneiro,
Embeleceuem versos oíndio: o Canto do Piaga e I-Juca-Pirama,
Se se Morre de Amor o poeta,seja O Homem Forte,o brasileiro.

Do seuengenholiterário,compôs dramas e romances: na Meditação,


Igual Beatriz Cenci,Patkul, Leonor de Mendonça, Memórias de Agapito,
Além de Um Anjo. Mas os exímios mestres não perecem.Apenas se vão
Sem ver o fim. No Leito de Folhas Verdes, Ainda uma vez -Adeus,eu
grito!

Gilmar Campos268

CONFIDÊNCIAS DE UM TIMBIRA
Por alguns Dias conheci Os Timbiras
Especialmente nasci um timbira
Por isso trago as mãos frias
347
De todos os dias dos meus verdes anos.

Dias de manhãs gélidas


Com medo dos caras-pálidas,
Que pela floresta adentravam,
E das armas que o fogo cuspia...
...................................................
Agonizava a floresta e os timbiras.

A frialdade dos mortos que na floresta jazia,


Contrastava com a tez curtida ao sol,
Sem pêlos, sem apelos e sem planos,
Somente o de viver o afã de cada dia.

Por isso trago as mãos vazias


De todos os dias, de todos os anos
E compreendo a dor dos sem teto,
Dos sem terra e a desventura dos ciganos.

268 Gilmar Campos – João Pessoa – PB – Brasil - 13/09/63, Gama-DF – Brasil. Ainda criança “regressei” com meus
pais à sua terra natal, no Sertão de Piancó-Pb, onde conheci as primeiras letras, sonhos e poemas. Já na ca-
pital, peregrinei pelo deserto universitário, mas foi na Mística que encontrei “sombra e água fresca” para mi-
nh’alma sedenta. Contudo, a veia poética pulsa em mim e já participei de 3 coletâneas de autores paraibanos,
sendo premiado com a crônica: O sorriso da serpente.
Por isso sou guerreiro
Orgulhoso do verde, da verdade
10% de verde nas florestas
90% de verde nas almas timbiras
1% de almas sinceras
99% de mentiras.........................
...............................................................
E a dor de ver o verde que havia,
A vida errante que levaram os timbiras
Só me leva a cantar com Gonçalves Dias:
“Ó guerreiros, meus cantos ouvi...”
Antes nos perseguiam o ‘ilustre peito lusitano’
Hoje a FUNAI negocia com aos americanos,
Tocai os tambores, guerreiros resisti,
Estudai o Dicionário da Língua Tupi
Falai a língua dos anjos que viviam aqui...

Ou será que eu I-Juca piramos?

CANÇÃO DO NATIVO
(O Regresso)
Minha terra tem Zéu Palmeira
Pra julgar ou conciliar
Os patrões que aqui gorjetam
348 Não pagam como os de lá.

Minha terra tem “Cachoeira”,


E “roupa suja” pra lavar
Os políticos que aqui propinam
Não vão presos como lá.

Nessa terra sem cultura


Onde nóis num sabe votar
Honestidade é loucura
E o asilo é seu lugar.

Nossos sertões têm mais vilas


Nossas cidades mais clamores
Os hospitais têm mais filas
Nossas filhas têm mais dores.

Ao penar com os açoites


Mais tristeza encontro eu cá
Um Zumbi no mêi da noite
Esperando o sol raiá.

Minha terra tem peneira


Para a massa preparar
O cuscuz, a macaxeira
E o leite pra nóis tomar.
Lá na Serra de Teixeira
Onde canta os “carcará”
As gaiolas em mêi de fêra
Faz calar os sabiá.
Não permita Deus que eu corra
Depressa desse lugar
Sem o verde da bandeira
Na terra seca se espaiá
Sem que eu veja outra palmeira
Onde cante um sabiá.

Giovanni Brunet Alencar e Silva269


Canção do exílio
Lá, as ruas brilham
com o verde das árvores;
o rio brinca com o azul
do céu porto-alegrense.

Em nossos parques,
crianças jogam felizes,
assim como nas calçadas,
as quais nos deram boas cicatrizes.
349
Lá, aprecio floridos jardins;
gloriosos palmares; 
todos, lugares lindíssimos,
que mais parecem nossos lares.

Aqui, a beleza natural


foi ofuscada pela poluição.

Girlene Monteiro Porto 270


Ondas Incessantes
Não há moinhos de vento
Que me afastem de ti
E nem poderia a mesquinha sensatez
Ser mais esperta que a loucura

269 Giovanni Brunet Alencar e Silva - Porto Alegre/RS – Brasil - 11 de maio de 1994. Estudante do Ensino Médio
do Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS. Faz trabalho voluntário, duas vezes na semana, com crianças, dando
aulas de xadrez. Integrante dos Projetos Literários “Tabuleiro de xadrez lírico”, 2011; e “Porta copos poéticos”,
2012. Coautor do E-book “Haikais”, postado no site Teia dos Amigos, de Sonia Orsiolli, Sorocaba/SP. E-mail:
giovanni.basic@hotmail.com
270 Girlene Monteiro Porto - Vitória – ES – Brasil - 06/08/1980. Formada no curso técnico em Administração pelo
colégio secundário Estadual do Espírito Santo, formada também no curso Técnico em Segurança do trabalho
pelo colégio São Gonçalo de Vitória, profissão na qual atua, e acadêmica do curso de direito, escritora e
poetisa. Participou do projeto de incentivo a leitura o Um poema em cada árvore, além de ter seus poemas
publicados também na revista eletrônica Varal do Brasil.
Do amor que sinto e que me dá forças
Para lutar contra tempestades em alto mar.
Mar que me leva a viajar
Para distantes terras, mas mesmo cansado do caminho,
Sempre volto louco para o seu amor, meu amor.
E quando de ti me aproximo
Eis que tenho minha nau engolida pelas ondas incessantes.
Cerram-se meus olhos para sempre meu amor,
Mas, meus poemas, estes viverão eternamente.

Me inspirei no naufrágio onde morreu Gonçalves Dias, voltando da


Europa para sua amada pátria Brasil

Jamais eu ei de te esquecer
O meu sonhar de poeta é seu
Oh! Formosa rosa do meu jardim
Este dom que desde sempre é meu
Porém, se as rimas sem fim,

Que outrora este poeta escreve


Expondo tanto amor e tantas dores
Fores para ti pouco, tudo, pesa-me.
A vida, o amor, a paixão, tudo já é seu.
350
Oh! Iluminada estrela do meu céu
Venero-te, adoro-te e, caio-te aos pés.
Choro, se choras, enxugo o pranto que te molha a tez.

E ponho no lugar um sorriso de felicidade


Amando-te eternamente para te fazer ver
Que eu jamais ei de te esquecer.

Para escrever este poema, tentei me inspirar no poema A Leviana.

Fica sempre um triste adeus.


O que mais marca das lembranças que ficam é o momento do adeus.
Nessa hora eu não sei o que fazer, eu não sei o que dizer.
Sei que com o tempo essas marcas vão cicatrizando,
Mas, nunca desaparecem de vez.
A saudade que abraça o tempo não deixa, eu sei que nunca vou esquecer.
Às vezes eu ainda gosto de conversar com as flores
Flores de plástico não morrem, mas o perfume é artificial,
E com o tempo some, por na verdade nunca terem tido vida.
As flores quando morrem ainda exalam perfume e mesmo quando secam deixam seu aroma
gravado na lembrança.
Eu tenho a esperança,
As flores que conversam comigo,
Vão formar jardim no céu.
Um dia vou rever as flores
E matar a saudade que abraçada ao tempo caminha comigo.
No fundo eu adoro conversar com as flores
No fim fica sempre um triste adeus.

Graça Graúna271

FEITURA DE TUPÃ
ao poeta Gonçalves Dias

Quando Marabá deixou a tribo


não foi por querer
sendo filha de quem é
enfrentou as duras penas
de ser o que é
Filha da mistura
Marabá, apenas.

Se acaso feitura não é de Tupã,


quem define a história
dessa índia-meio-branca
dessa branca-meio-índia?

Quem há de querer
351
de Marabá as penas?

Graziela Costa Fonseca272

ESQUINA TROPICAL
(Dedicado ao poeta maranhense – Gonçalves Dias)
Esquina tropical
Verdadeira aquarela,
Em tons abundantes, variações
Serpenteados,
Ao farfalhar dos coqueiros,
 Transformando-se em alegria
Cantando como as sereias
Um som que já não se ouvia...
Mãos suaves, acariciantes
Cheiros do mar,
Maresias, manguezais
Parecendo as  Marias

271 Graça Graúna - Recife – PE – Brasil. Indígena do povo potiguara (RN); radicada em Recife, onde atua como
professora Adjunta de literatura, na Universidade de Pernambuco (UPE). Membro do grupo de escritores indí-
genas.. Pós-doutorado em Literatura, educação e Direitos Indígenas, pela UMESP. Vários livros publicados em
poesia e prosa. O mais recente é a narrativa indígena “Criaturas de Ñanderu”, Ed. Amarilys/SP. http://ggrauna.
blogspot.com/
272 Graziela Costa Fonseca - 20 - 02- 1935.
Rezando em romarias.
Enfeitiçadas, talvez,
Pelo litoral que inebria
Por tudo que é sagrado
Todas essas iguarias,
Tudo veio como um sonho
Liberdade e sabedoria,
Desejo de expressar
O que via e sentia
Em telas, prosa e poesia.
De uma esquina tropical.

Guilherme de Almeida273

“Canção do expedicionário”274
Você sabe de onde eu venho ?
Venho do morro, do Engenho,
Das selvas, dos cafezais,
Da boa terra do coco,
Da choupana onde um é pouco,
Dois é bom, três é demais,
Venho das praias sedosas,
Das montanhas alterosas,
352
Dos pampas, do seringal,
Das margens crespas dos rios,
Dos verdes mares bravios
Da minha terra natal. 
Por mais terras que eu percorra,
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá;
Sem que leve por divisa
Esse “V” que simboliza
A vitória que virá:
Nossa vitória final,

273 Guilherme de Almeida (G. de Andrade e A.) – Campinas – SP – Brasil - 24 de julho de 1890, e faleceu em São
Paulo, SP, em 11 de julho de 1969. Terceiro ocupante da Cadeira 15 da ABL, eleito em 6 de março de 1930, na
sucessão de Amadeu Amaral e recebido pelo Acadêmico Olegário Mariano em 21 de junho de 1930. Recebeu
o Acadêmico Cassiano Ricardo. Filho do jurista e professor de Direito Estevam de Almeida, estudou nos giná-
sios Culto à Ciência, de Campinas, e São Bento e N. Sra. do Carmo, de São Paulo. Cursou a Faculdade de Direito
de São Paulo, onde colou grau de bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais, em 1912. Dedicou-se à advocacia e
à imprensa em São Paulo e no Rio de Janeiro. Foi redator de O Estado de São Paulo, diretor da Folha da Manhã
e da Folha da Noite, fundador do Jornal de São Paulo e redator do Diário de São Paulo
274 O Hino Nacional Brasileiro consta entre as poesias a Gonçalves Dias. Queria saber se o mesmo consta em virtu-
de das frases da “Canção do Exílio”, porque se for assim, então temos de agregar a “Canção do Expedicionário”
do Exército Brasileiro, porque alguns dos versos foram tirados da mesma canção, vejam quais:
“Por mais terras que eu percorra,
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá;”
A autoria é de Guilherme de Almeida, abaixo envio o hino completo.
Um abraço, Poesias compiladas por Weberson Fernandes Grizoste - Jauru – MT – Brasil
Que é a mira do meu fuzil,
A ração do meu bornal,
A água do meu cantil,
As asas do meu ideal,
A glória do meu Brasil.
Eu venho da minha terra,
Da casa branca da serra
E do luar do meu sertão;
Venho da minha Maria
Cujo nome principia
Na palma da minha mão,
Braços mornos de Moema,
Lábios de mel de Iracema
Estendidos para mim.
Ó minha terra querida
Da Senhora Aparecida
E do Senhor do Bonfim!
Por mais terras que eu percorra,
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá;
Sem que leve por divisa
Esse “V” que simboliza
A vitória que virá:
Nossa vitória final,
353
Que é a mira do meu fuzil,
A ração do meu bornal,
A água do meu cantil,
As asas do meu ideal,
A glória do meu Brasil.
Você sabe de onde eu venho ?
E de uma Pátria que eu tenho
No bôjo do meu violão;
Que de viver em meu peito
Foi até tomando jeito
De um enorme coração.
Deixei lá atrás meu terreno,
Meu limão, meu limoeiro,
Meu pé de jacaranda,
Minha casa pequenina
Lá no alto da colina,
Onde canta o sabiá.
Por mais terras que eu percorra,
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá;
Sem que leve por divisa
Esse “V” que simboliza
A vitória que virá:
Nossa vitória final,
Que é a mira do meu fuzil,
A ração do meu bornal,
A água do meu cantil,
As asas do meu ideal,
A glória do meu Brasil.
Venho do além desse monte
Que ainda azula o horizonte,
Onde o nosso amor nasceu;
Do rancho que tinha ao lado
Um coqueiro que, coitado,
De saudade já morreu.
Venho do verde mais belo,
Do mais dourado amarelo,
Do azul mais cheio de luz,
Cheio de estrelas prateadas
Que se ajoelham deslumbradas,
Fazendo o sinal da Cruz !
Por mais terras que eu percorra,
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá;
Sem que leve por divisa
Esse “V” que simboliza
A vitória que virá:
Nossa vitória final,
Que é a mira do meu fuzil,
354
A ração do meu bornal,
A água do meu cantil,
As asas do meu ideal,
A glória do meu Brasil.

Haroldo Augusto Moreira275

MONÓLOGO AO POETA
Em uma data qualquer em pleno mês de novembro,
caminhando pensativo pela praia, ainda me lembro,
olhando para o mar sereno e de espumas brancas,
senti que as portas da procela liberaram as trancas.
Quantos mistérios envolvidos no leito deste gigante
a inquietar-me os sentidos da imaginação itinerante.
Com passos lentos e compassados à beira do oceano,
pés molhados na água quente e a brisa do mar ufano
sentia a sensação de ouvir nas entrelinhas, sussurros,
lamentos enigmáticos e oriundos de acalantos puros.
No idioma dos poetas, ouvia no meu linguajar aprendiz,
textos poéticos, primores de rimas que jamais fiz.
Versos românticos e apaixonados para um grande amor

275 Haroldo Augusto Moreira - Minduri – MG – Brasil - 07/12/144. Natural de. Diretor Geral do Universidade Es-
tadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE) – Campus de Francisco Beltrão – PR Embora com dezenas de poemas
escritos, sendo alguns publicados na mídia local, me considero ainda neófito.
mal compreendido e com ressentimentos da futura dor,
mensagens indígenas sofridas pelas críticas e obsessões
de homens incrédulos na paz e decididos nas separações.
Onde está Dias nas alucinantes magias destas noites?
O assédio das marés nos meus pés fere-me como açoites!
Incendeia-me a mente sensível pelos seus anseios,
há muito, lidos em versos e considerados como alheios.
Lá na linha do horizonte onde a água encontra-se com o mar,
contemplo a sua filosofia que necessita de tanto amar,
como se fosse à canção do exílio a afundada no naufrágio
e tantas obras-primas reais, longe de qualquer presságio
que possa nos equivocar na relevância da sua contribuição
cultural, intelectual e social para a grandeza da nossa nação.
Estou retornando imediatamente aos textos de sua autoria.
Quero revê-los e reaprender o que não aprendi com euforia.
Deliciar estas pérolas que a sua arte as tornou em lavras
nas mãos de quem sensibiliza e acredita no poder das palavras.
Quando alguém agonizante sucumbe no mar revolto,
no abandono do sobrevivente apressado que se julga solto,
diante da tragédia impiedosa e de sobressalto,
é porque o temor da mortalidade própria falou mais alto.
Tudo isto é natural diante da necessidade da sobrevivência,
Mas a nossa memória é imortal e depende da evidência
Que a mente preserva e cultiva pelo valor do que se acredita.
355
É por isto que a história de muitos célebres se precipita.
Os tempos mudam e para tudo, novas tendências chegam
mas o bom gosto, o bom senso e as tradições continuam.

Helena Amaral276

GONÇALVES DIAS
Gonçalves Dias! No Maranhão, nasceu.
Destinado a ser gigante entre seus pares,
E, amado e lembrado
Como o mais brasileiro dos poetas!

Sob céus portugueses gritou e chorou sua saudade


Do azul sem fim e do verde das palmeiras,
E do medo de morrer sem rever sua casa,
Tudo que, volta e meia, o obcecava.

I- Juca- Pirama é a briga humana


Entre deixar a vida com honra
Ou viver repudiado...
Como herói, o índio é retratado.

276 Helena Amaral - Rio de Janeiro – Brasil – 22 de Março de 1962. Poeta, tradutora de francês, com curso de
especialização de tradução de francês de Daniel Brilhante de Brito e, traduziu “As Flores do mal”, de Charles
Baudelaire.
Mas, bem cedo, a água levou o poeta
Nos baixios de Atins,
Como a donzela que corria atrás da rosa e por fim,
Perdeu-a e perdeu-se no mar.

Vate Imortal
Gonçalves Dias, que fez do povo seu herdeiro,
Ao contar suas histórias
Em versos guardados de memória
Por gerações de brasileiros.

Se hoje, já passados mais de cem anos,


Sua poesia ainda emociona,
É que foi traçada com tinta que encobre
Todo o sentimento que ia em sua alma nobre.

Se descobriu-se que o sabiá não canta nas palmeiras...


Que importância tem a ciência verdadeira
Diante da imagem que a mente fabrica?

Poesia é sonho, disto ele entendia,


E também o público que o lia,
Que sabendo-o morto dizia: “ É mentira. Ninguém acredita.”
356

Helena Fernandes Machado277

CANÇÃO DO EXÍLIO
Apesar de Santa Catarina
ser um estado muito bonito,
cheio de praias gostosas
e bonitas;
lá, no Rio Grande do Sul,
as praias são mais alegres
e charmosas.
O clima daqui é tão quente
quanto ao de lá.
Aqui, as mulheres gostam
de tomar banho de sol
tais quais as de lá,
mas para lá quero voltar.

277 Helena Fernandes Machado - Porto Alegre/RS – Brasil - 06 de setembro de 1997, Estudante do Ensino Funda-
mental do Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS. Integrante do Projeto “Imagens e Textos construindo Histórias
e Versos”: “Banners Poéticos”, 2012. Gosta de festas e de passear em shoppings.
E-mail: le_fmachado@hotmail.com
Helena Schons Lotti278

Canção do exílio
 No Rio Grande do Sul
há muitos elementos
que fazem a sua essência.
Aqui, não há tal essência,
pois os elementos
não são tão belos e naturais.
 
Cada estado tem suas características
que iluminam a sua cultura.
Aqui, as características não são tão luminosas
como as do meu estado.
 
Aqui, as pessoas transpassam sofrimento e tristeza;
Lá, felicidade e alegria.
 
Cada estado tem seu nodo de vida
e vários pontos turísticos.
Aqui, a poluição ofusca a natureza;
Lá, a natureza saúda seu turista.

357
Helenice Maria Reis Rocha279

O Exílio Sambado
Esta flor que vos fala
já sambou todos os rítmos
batizou todos os ritos
desfolhou todas as pétalas
Onde anda Mariazinha!!!!Que já nasceu exilada!!!
por falta de bom marido!!!!por falta de vida casada!!!!!!
O sabiá que sobrou
come na mesa do Rei
um alpiste duvidoso
por muito que foi traído
por muito ter sido enganado!!!!
Brincadeirinhas a parte

278 Helena Schons Lotti - Porto Alegre – RS – Brasil - 1º de maio de 1993. Filha de Regina Cézar Schons e Humberto
Giacomo Lotti. Estudante do Ensino Médio do Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS. Membro Efetivo da Acade-
mia de Letras Machado de Assis, Porto Alegre/RS, Cadeira 40, Patrono: José Joaquim de Campos Leão (Qorpo
Santo); e da Academia Virtual Sala de Poetas e Escritores, Balneário Camboriú/SC; e, Liga dos Amigos do Portal
CEN, Portugal. E-mail: leninha_lotti@hotmail.com
279 Helenice Maria Reis Rocha - Belo Horizonte – MG – Brasil- 1955. Estudei música de sete anos até vinte e sete,-
vinte oito anos Comecei estudando acordeon,dos sete aos onze anos.Prossegui estudando violão clássico com
os professores Nelson Piló e Walter Alves O professor Nelson Piló foi compositor e assistente de Villa Lobos
e Radamés.Trabalhei também a vida toda com meu pai, o concertista de Harmônica de Boca (Gaita) Aluísio
Rocha Graduei-me em Letras (licenciatura plena) pela Universidade Federal de Minas Gerais Fiz Mestrado na
mesma universidade   
longe da mesa do Rei
Hei de comemorar entre irmãos
a volta aos meus quintais
à epifania de irmãos
à linda memória dos pais
Ao aguardado retorno da filha

Minha Terra
Minha terra tem batuques
cantigas de roda e calundus
Tem Gonçalves,tem Dias também
Um certo Oswald de Andrade
Um jeito de querer bem
Minha terra tem feitiços
que nenhuma outra terra tem
tem ,tem,tem
um jeito de querer bem
que vem lá da Bahia
e vem de Minas também
Vem da Avenida Brasil
do sol a pino na praça
da raça que o povo tem
tem,tem,tem
Um certo Gonçalves Dias
358
E uma certa Maria
Que  muito lhe quer bem
bem,bem,bem,
num dia de sol a pino
e assovio de trem

O Sentido do Exílio
O navio negreiro
exilou o samba
alegrou os tristes
fez chorar a África
Eu,mama lelê
de udigrudi e subúrbio
Canto meu próprio exílio
Com todo o respeito que tenho
a todos os exilados
De Gonçalves a Zumbi
Passando por Nossa Senhora
Senhora nossa do Rosário
Divina mãe do terço cantado
Cantando nas avenidas
as ladainhas das praças
a antena de todas as raças
Do Guarani ao Maculelê
POEMA A GONÇALVES DIAS
Tão exilada de mim
mais não podia
assim em terra firme
com todos os sabiás
bem te vis
e até as palmeiras da Avenida Brasil
e que Brasil,me perdoe amigo Gonçalvez
o exílio é aqui,onde o preço de um poema
é o nó górdico entre a vida,a morte e este entrelugar
solo pátrio de estangeiros de nós mesmos
que somos
vítimas inocentes de crimes alheios
reféns de custos que não geramos
À luz silenciosa de nossas estrelas
O exílio é aqui,querido
Doce fim de mundo que nos expulsa
a cada dia
A Canção de Exílio
soa em nossos quintais

SAMBALELÊ E GONÇALVEZ
Samba lelê ta doente
tem a cabeça quebrada
359
por falta de sabiás
comprou ben te vis na estrada
bem te vi,bichinho esperto
fugiu,que fugiu da gaiola
Sambalelê pôs se a chorar
mas não parou de sambar
mesmo sem barra de saia
Cantou o canto do Exílio
chorado,sozinha
no meio da sala
e o dia amanheceu
claro e alto
Em pleno exílio chorado
Sem Marias,sem Josés
apenas passarinhos,passarada
Helenice Priedols280

O que tu dirias, Gonçalves Dias?


Tupã desenhou um emaranhado
de rios no grande verde brasileiro
espalhou pássaros pelo ar
bichos grandes e pequenos
gente colorida pela paisagem
gente que planta, caça e pesca
gente que dança e bate os pés na terra
gente que tem poesia no nome

Xavante Guarani
Kayapó Canela Kaiabi
Waiwai Kuikuro Yanomami
Timbira Guajajara Karajá
Avá-Canoeiro Tupi Makuxi

o rio canta os mantras dos ancestrais


a floresta é a mãe que abraça
valentes guerreiros
sábios xamãs
filhos das matas
“meninos, eu vi!”
360

meninos, eu vi
o homem da cidade
matar e excluir
desmatar e destruir
os rios e os homens das florestas
eu vi o homem da cidade
com o brilho da cobiça no olhar
“Tupã, ó Deus grande! descobre o teu rosto”
eu te peço e imploro
“por este sol que me aclara”
pela pátria que mora em meu peito
pelos irmãos pelas matas pelos rios
abre os olhos dos homens vazios

homem napëpë
escuta as vozes das árvores
que choram o assovio da morte
protege a riqueza do chão da água do ar
respeita a floresta e os animais

280 Helenice Priedols – São Paulo-SP, Brasil - 24-07-1957. Tradutora de formação, poeta por imposição da alma.
Vive atualmente no interior paulista, onde trabalha como funcionária pública do Judiciário. Em 2010 publicou
seu primeiro livro de poemas: Poeticalmamente. Em 2012 participou da Antologia do Clube dos Escritores de
Vinhedo. Selecionada no 12° Prêmio Escriba de Poesia, participando da Antologia organizada pela Biblioteca
Pública de Piracicaba/SP.
homem branco
deixa o rio fluir
deixa o índio em paz

Heleno Cardoso281

HOMENAGEM  PÓSTUMO: ANTONIO GONÇALVES DIAS


(Baseado trecho da história de sua vida)
 
Quem diria nesse dia
Pudesse unir a idolatria
Com minhas rimas e alegrias
Falar de Gonçalves Dias

Golpeado ao longo da vida,


Entristecido, foi deslumbrante
O amor à mulher

Desse fascínio surgiu a inspiração,


Falava da maneira graciosa e juvenil
Daquela sua amada
Mas, colocava a felicidade sob suspeita,
Risco da separação
361
Sem leviandade e muita coragem
O poeta vencedor,
Percorreu em mar de lágrimas
Na exploração dos sentimentos do coração

Com seus versos suntuosos


Cuja imaginação permeou pela natureza
Sem sofisma, celebra com cantar de paz :

“Nesse céu tem mais estrelas,


As várzeas tem mais flores,
Os bosques tem mais vida
E na vida, mais amores...”

Assim, Antonio Gonçalves Dias


Solidifica no meu coração
O bem-estar literário,
Caracterizado pela sua importância
Na  História Cultural Brasileira

No leito, defronte com enfermidade,


Sua alma mergulha no vácuo profundo,
Atrás vem a morte

281 Heleno Cardoso - Santos/SP – Brasil- 19 de junho de 1949. membro de: “ Poetas Del Mundo” - Indicação San-
dra Galante.
Deixa a vida terrena
Para poetizar em céu de estrelas
 
Na terra natal ficaram saudades
E permanente silêncio...
 
Maranhense que não deixou vazio,
Apesar das tristezas...
 
Deixou sim,
Um Brasil de primores
Com seus versos de amores
E o cantar do sabiá

Hélio Ricardo Fonseca Cerreia282

A ESCRAVA PÁTRIA
Hoje te escrevo meu brilhante poeta
e ouso perturbar a tua paz infinita.
Naquela velha e tua canção, bendita,
viajo no pesadelo que me inquieta.

A tua outrora pátria de amor repleta,


362
Sonho passado que na alma habita,
Sangra o meu coração... Chora... Palpita!
Sou a sombra duma escuridão completa!

E mesmo não tendo teu eterno brilho,


o verso com a mágoa que carrego,
faz em lágrima o soneto que trilho:

Abandonado e renegado o filho,


no seio do próprio lar a que me entrego,
eu também canto a tua canção do exílio!

282 Hélio Ricardo Fonseca Cerreia - Rio de Janeiro – Brasil – 02 de outubro de 1958. Poeta amador por convicção,
amante de Castro Alves, Olavo Bilac, Gonçalves Dias, Mário Quintana, Cecília Meireles, Henriqueta Lisboa e
Vinícius de Morais entre outros. “Fiz o meu poema em homenagem a Gonçalves a partir da “Canção do Exílio”
que tenho como um dos mais belos poemas produzidos até hoje”. E-mail: albathross@msn.com
Hélio Sena283

HUMÍLIMA CANÇÃO DO EXÍLIO


agora tô por cá
mas
meu coração ficô por lá
lá, lá, lá

lá é só cantá
em parceria com o sabiá
já cá é só chorá
cá, cá, cá

oh! preciso voltá pra lá


pois a vida, cá
tá difícil suportá
tá, tá, ta

Hélio Soares Pereira284

No Cais do Porto
No cais do porto
recebo a brisa no rosto
363
Abraço as ondas revoltas
sem medo de me afogar

No cais do porto
me lembro ainda
como o poeta dizia
-Minha terra tem palmeiras
onde canta o sabiá

No cais do porto
mora o desgosto
que causou esse mar
- o grande poeta
não pôde desembarcar

283 Hélio Sena - Massapê-Ceará – Brasil - 12/09/1975. Figura em dezenas de coletâneas de contos e poemas. Cola-
bora no site Concursos Literários. Expõe seus trabalhos nos blogs Entre Palavras e Minicontos. Recebeu, entre
outras distinções, o Troféu Macunaíma no XIV Festival Literário de Imperatriz (MA) e o 1º. lugar em concurso
de crônicas promovido pelo programa Papo Literário, da TV Ceará (Fortaleza). E-mail: heliosena@rocketmail.
com / Twitter: @helyosena
284 Hélio Soares Pereira - Teresina – PI – Brasil - professor pelo UNICEUB, DF. Duas pós-graduações: Fundador
da Academia de Letras de Taguatinga, Sindicato dos Escritores do DF e UBE(SP/DF). Prêmios em antologias e
verbete em dicionários de escritores (PI/DF). Bibliografia (poesias): Onde o Horizonte vem Esconder-se (1982);
Poesia com Chantilly (1993); Carícias que as mãos e os lábios tecem (1993); No Laço da Opressão (1998); Eclip-
se das Mentes (1998); Para que não reste o silêncio (2007).
Todos correram
Ninguém se lembrou
tirar Gonçalves Dias
daquele leito de dor

De Volta ao Tempo
Vi
Gonçalves Dias
ainda criança
nas ruas de Caxias

De manhã
escola
lancheira
sua tia

Menino franzino
olhos castanhos
timidez
sem tamanho

Depois do dever
brincadeira de peteca
364
com o filho da vizinha

Na adolescência
o parque
festejos da igreja
canoinhas
carrossel
algodão doce
caldo de cana
pastel

Um dia
a viagem...

Aceno...
Embarque
rumo ao navio

Nas pedras do cais


família
adeus
- e meu despertar
do sonho
Na Praça do Poeta
Na praça
do poeta
que nos oferta
seu olhar
existem palmeiras
mas não existe sabiá

Na praça
o romântico indigenista
me auxilia
nesta dor
Fonte de inspiração
para meus poemas
de amor

Na praça
Gonçalves Dias
os dias não passam
simplesmente

Os dias
nos abraçam
365

Alguém...
Alguém
no cais
de São Luís
faz poemas
de amor

Alguém
recebe
no rosto
o vento
- lamento
de dor

Inspira-se
no poeta
que nas águas
do mar
se afogou
Na Praça Gonçalves Dias
Amei
Jurei amor eterno
Veio o inverno
e afogou
meu coração
na dor
desta paixão

Hélio Soares Pereira Junior285

QUANDO DE TUA PARTIDA


Em tua casa
Gonçalves Dias
há uma cama vazia

No canto de teu quarto


uma vela
ilumina o poema
que fizeste pra ela

A dor da separação
dilacerou
366
teu coração

Nos olhos negros de Ana


ficou
a espera da primavera
que nunca chegou

Hemeterio José dos Santos286

Canto ao Píndaro Brasileiro287


Dorme, é lutador, teu sono eterno;
Mas sobre a lousa do sepulcro humilde,
Como na vida foi, surja o teu busto
Austero e glorioso.
Gonçalves Dias.

A Grécia vetusta – no sul da Turquia


Dormindo embalada — por sã poesia,

285 Hélio Soares Pereira Junior, BrasilIA – DF- - Brasil. cursando História no UNICEUB (DF). É poeta, letrista, com-
positor e autor de histórias infantis. Tem alguns livros inéditos. E-mail: helioperry@hotmail.com
286 Hemeterio José dos Santos – Codó – MA – Brasil. Professor e Filologo.Bibliografia: Gramatica da Lingua Portu-
guesa para o Curso Superior
287 Leal, Henriques, Pantheon Maranhense, São Luís, 1874, p 541-542. Poesias compiladas por Weberson Fer-
nandes Grizoste - Jauru – MT – Brasil
Ergueu a Homero — um vulto imortal;
O Império Romano por altas conquistas,
Trazendo a ciência dos homens nas vistas
Ao monte Piério — fiel colossal.

Simulacros equestres em praças romanas,


Erguidos a bravos de grandes campanhas,
Não vimos — não vimos à Marte sagrar;
Estátua marmórea a Dias Apolo,
Que ao orbe pasmou e da Lísia o solo,
É sim o que vimos aqui tributar.

A pátria natal — soberba nas artes—


De sábios augustos — grandíloquos martes —
Espalha a memória — d’um filho imortal;
A um filho eloquente — egrégio na terra —
Orgulhoso no mar, o peito que o encerra,
Nós todos só damos insígnia real.

Foi príncipe, foi sábio nas letras do mundo,


A Lira pasmou — e a Pedro o segundo
Transpondo das artes soberbos umbrais;
Foi rei — e não rei — qual foi Bonaparte —
Gaulês orgulhoso — discípulo de Marte —
367
Que d’ossos cingiu — seus tempos reais.

Louvores e honras —, que cedo se esquece,


No meio d’este povo — que breve fenece,
Não levam — não dizem ao povo vindouro
O nome, o gênio do grande cantor,
Por isso, ó estátua, d’outro séc’lo o albor
Alcança — proclama — que és um tesouro.

Herotildes de Souza Milhomem288

ANTENA DO TEMPO
O menino maroto da época
Fez-se advogado e professor
Gonçalves Dias, poeta latente
Vislumbrou a elevação de sua gente
Tentando humanizar o amor.
Numa tríade vertente, vivia
Se de um lado a injustiça atiçava
Do outro era humanizado o Amor
Embora em alguns brotasse o ódio

288 Herotildes de Souza Milhomem - Paraibano - MA – Brasil – 06/10/48. Professora  Aposentada. Infância e ado-
lescência em Barra do Corda -Maranhão. Passou a residir em Brasília desde 1968. onde formou-se professora
e administradora de Escola - Possui um grande acervo de trabalhos literários. . E-mail: xheromil@hotmail.com 
Em “Antena do tempo” se tornou.
 Em mil oitocentos e cinquenta e um
Para uma” Missão “ em São Luís
O governador da época o escolheu
E a “instrução Pública”, ora um problema
Após seus estudos, ele resolveu.

RASTROS DE UM POETA
De uma união não oficial
Com uma mestiça, cafuza brasileira
Mistura das três lindas raças
Nasce uma criança brejeira.

Em plenas terras de Caxias


Município do Maranhão
Nasceu Antônio Gonçalves Dias
Para orgulho desta nação.

Ele ainda muito jovem


Em Portugal foi estudar
Com bacharelado em direito

Em sua pátria veio atuar


Professor de história e latim
368 No D. Pedro II, foi lecionar.

TRÊS GRANDES PILARES


Nascido em Caxias- Maranhão
Em mil oitocentos e vinte e três
De uma união mestiça, cafuza
Com um fidalgo português.

Tinha como descendência


As três raças mais populares
Com orgulho as ostentava
Como seus grandes pilares.

Por achar-se muito tempo


Fora de sua pátria altaneira
Escreveu “canção do exílio”

Como sua paixão primeira


Enaltecendo o gorjeio do sabiá
Cantando numa palmeira.

A MUSA
Gonçalves Dias dedicou
Seus folhetins e peças teatrais
À sua” Musa” inspiradora
Publicados até em Jornais.
Ana Amélia era seu nome
A sua grande inspiração
Descrevia seus Cantos e devaneios
Tendo por ela uma paixão.

Nenhuma relação de amor


Está livre de causar desgosto
Quando não correspondido

Aí, e que sofremos por gosto


E Gonçalves Dias defendeu na época
O movimento do romantismo proposto.

A BUSCA
A tua vasta e gentil sabedoria
Contrastam com o desafio constante
Nacionalista e defensor dos povos
Da vida foi verdadeiro amante.

Gonçalves Dias, de voz altaneira


Via romantismo nas praças e colibris
No vai e vem das folhas da palmeira
Nos pingos de cristais e de rubis.
369
Do Rio de Janeiro para a Europa 
Em “busca “ de saúde ,ele partiu
Deixando Olímpia , sua amada esposa 

Em vigília  a lhe esperar no Brasil


De volta após quatro anos ,ainda doente
Num naufrágio , morre dentro do Navio.

Hilda Maria Vieira Lacerda289

Terra querida
Em terras longínquas,
Um sabiá sem palmeira,
Gorjeia a procurar,
Léguas...
Léguas...
Muitas léguas...
Um poeta sensível,
Em missão quase impossível
Estava a imaginar,
Bosques,
Flores,

289 Hilda Maria Vieira Lacerda – Alagoas – Brasil. Pedagoga, Fotográfa, Poetisa.
Vidas...
Noites frias,
Céu estrelado.
Ao seu lado papel e pena,
Lágrimas serenas,
O coração a palpitar,
Sua terra querida!
Com sabiás e palmeiras,
De braços abertos
Estava a lhe esperar.

AMADA MINHA...
Sua doce lembrança
Açoita meu mundo
Ancorando-se num adeus profundo,
Saudade sufocada
Coração dilacerado
Onde estão teus beijos?
Quase enlouqueci de tanto desejo.
Não me queres?
Sou eu, seu poeta apaixonado,
Que faz versos para te encantar,
Meu peito em chamas clama por ti,
Saudade
370
Saudade
No transe das minhas emoções
Minha alegria esvaiu-se sorrateiramente...
Partirei sem ti,
Na bagagem só saudade.

Hilton Fortuna290

GONÇALVES DIAS
Melhor que a pedra e o bronze eterno,
Do que tudo melhor:
Há de os sec´los vencer grande e superno,
O teu canto de amor!
Não pode o tempo a glória aniquilar-te
Nem teu nome olviar!
A terra em que nasceste há de te adorar-te,
Ouvindo o teu cantar!
Da raça de guerreiros descendeste,
Tão forte e tão viril,
Tu vives, grande mestre, inteiramente,
No sabngue do Brasil!

290 MORAIS, Clóvis. TERRA TIMBIRA. Brasília: Senado Federal, 1980, p. 66, Poesia compilada por Leopoldo Gil
Dulcio Vaz – Curitiba – PR – Brasil – 1952; Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Universidade Estadual
do Maranhão
Hino do Sabiá Futebol Clube291

Sou Sabiá
O time mais popular.
Sou campeão
Da princesa do sertão.

Fundado em 2007
Por um grupo de amigos
Para ser campeão!

Eis o tricolor mais forte;


Verde, branco e amarelo
Como é tão belo!

Saiu da poesia
Das palmeiras;
Do poeta Gonçalves dias
Pra vencer nos gramados
Com brilho e muita raça
Eu sou é Sabiá

Sou Sabiá
O time mais popular.
371
Sou campeão
Da princesa do sertão

Sabiá vai voar alto


E conquistar grandes vitoria
No maranhão.

Vamos lá Sabiá
Conquistar o céu de anil
Do meu Brasil.

Tua bandeira
E um manto sagrado
Que tremula,
Quando pisa no gramado
Cada gol, cada jogada
Faz a galera gritar;
Eu sou é Sabiá.

291 Poesias compiladas por Weberson Fernandes Grizoste - Jauru – MT – Brasil


Horacio Anizton292

Un acróstico para el poeta de Brasil


Antes que las palmeras de tu Maranhäo
Natal, estiraran sus verdes alargados,
Tu espacio de poeta y periodista
O tus secretos de plumajes y de selvas,
Nacían cada día hablando de tu magia de luz
Inédita, para trazar tus paisajes
O tus silencios y volver a los caminos como el viento.

Grandes fueron tus escritos como tu país de alegrías


O los soles que besaron tu frente y encendieron tu mirada.
No tenías otro lenguaje que la propia vida.
Ç (Saltabas-Contabas) amaneres y te refugiabas en los oca-
sos,
Amabas el mar cuando la luna tocaba las olas.
Latía tu pecho con tus visiones inspiradas.
Valía tu río interior sembrando poemas,
Entre líneas de palabras estrenabas la belleza,
Sabías acercar tu mirada a los sueños.

Donde vivías en tu niñez hay un himno


Igual a un canto de acuarelas que crece,
372
Antes que la noche se duerma en la memoria
Sentirán que en todos los rincones se repite tu nombre.

Horacio Daniel Sequeira293

Um Poema para Gonçalves Dias


O saudoso Poeta do exílio europeu,
Sobre o amor verdadeiro soube escrever,
Sua própria raiz não pode esquecer,
De sangue indígena mestiço nasceu.

Foi por mestiço que o amor perdeu,


O mar muitas vezes testemunhou sua dor,
Escreveu sobre as idas e vindas do amor,
Do preconceito rude golpe recebeu.

292 Horacio Anizton - Mendoza – Argentina - 23 de febrero del año 1978, Novelista, guionista y actor.. Creador del
estilo “novel-movie” (fusión entre literatura y cine
293 Horacio Daniel Sequeira - Buenos Aires, Argentina - 20/ 09/ 1959. Atualmente residindo em Ilhéus, Bahia.
Formado como Tecnólogo em Processos Gerencias. Professor de Idioma Espanhol do ensino Fundamental,
Curso Médio e cursos de idiomas. Escritor de contos e eventualmente poesias. Obra publicada: Conto “Os
Vizinhos da Rua Lago”, Antologia Concurso Literário Bahia de todas as letras, 4ª edição. Editoras: Editus e Via
Litterarum. 2009. ISBN: 978-85-98493-59-6
Por amizade ao amor renunciou,
Sua escolha até o fim foi seu estigma,
Cicatriz que o tempo não apagou.

Esquecido no navio naufragou,


‘Ainda uma vez — adeus!’
Sem saber amar, amou.

Hugo Omar Torres294

“Hoy ha muerto un Poeta”


A Antonio Concalves Dias, Poeta de Brasil
Ha muerto un poeta,
y sus versos en solitario
son pájaros desesperados
buscando en el silencio
seguir sus pasos mutilados.

El incendio de sus pensamientos


ha caído por siempre
en la indiferencia del tiempo
vencidos y cansados.
Los obreros del campo,
373
los niños, los humildes
se quedaron sin la voz
del hombre enamorado
del canto a su Amelia
del romance truncado.

Hoy ha muerto el poeta


Don Antonio Concalvez Diaz
misterio el de su destino
partir solo con su muerte
y sus versos prendidos
de su pecho quieto.

Fatal naufragio,
y sus palabras rotas
se acallan en los rincones
de un cuarto en penumbras.
Huérfanos de presentes
se han dormidos sus versos
mientras vuelven a su tierra
sus pasos lentos.

294 Hugo Omar Torres - Maipú Mendoza – Argentina - Presidente de S.A.D.E (2008 – 2011). Fundador del Grupo
Maipú Letras; Publicaciones en distintas revistas literarias, en distintas Provincias. Participación en Antología
Provinciales, Nacionales e Internacionales hugoomartorres@yahoo.com.ar
Tal vez en su entrega,
prendidos de una estrella
entre palmeras dormidas,
los duendes aquietados de la noche
alimente en sus versos silvestres
la sal de su existencia
vuelva el verbo a crecer
en la piel de otros poetas
reflejo de su destino.

Iane Giselda de Cougo Souto295

Gonçalves Dias
Brilhante poeta,
Dos índios nos contou;
Das terras do Brasil as histórias,
Informou.

Nasceu no Maranhão.
E o guardou no coração,
Viajou por muitos lugares,
O Brasil ficou na recordação.
374
Relatou sobre o mar,
Falou também do amor,
Não se esqueceu do cantar.

Morreu no mar,
Mas deixou a saudades.
E o eterno contar.

Iara Almansa Carvalho296

Homenagem a Gonçalves Dias


Gonçalves Dias - mago do romantismo
- o grande lírico protetor dos índios.
Em Portugal aprimorou as letras
que iluminaram sua mente
descortinando uma potencialidade poética

295 Iane Giselda de Cougo Souto - Florianópolis SC – Brasil - 18-10-1962. Professora. Poemas no site http://ca-
marabrasileira.com. Obras com participação: Antologia de Poemas volume noventa e nove: Caminhos contos;
Brasilidades volume sete. O motivo que me fez participar é o desejo de perpetuar a memória de tão ilustre
poeta no Brasil e no mundo.
296 Iara Almansa Carvalho - Cachoeira do Sul/RS – Brasil - 01/11/1944, professora universitária, Bacharel em Di-
reito, membro da Academia Criciumense de Letras- ACLe, de Criciúma/SC. e da Academia de Artes, Ciências e
Letras Castro Alves, de Porto Alegre/RS.. Tem quatro livros publicados, participações em antologias e prêmios
literários. Rua XV de Novembro n° 260, apart. 601, Criciúma/SC. CEP: 88 801 140 - e-mail: iac1944@hotmail.
com
dominada pelos sentimentos à flor da pele
que explodem na sua criação literária.
Como jornalista fez ouvir seus lamentos
frente aos grilhões das minorias humilhadas
pela servidão e pelo descaso.
Na advocacia entoou sua voz
num clamor por justiça
que atravessou os oceanos.
Frustrado no amor
cantou seu afeto proibido
onde o preconceito de raça falou mais alto.
Pela segunda vez abre mão do amor
extravasando as lágrimas
no poema “Ainda Uma Vez – Adeus”
ressuscitando na pele “A Canção do Exílio”,
a Europa o deprimiu demais!
Com o coração ferido, o filho volta ao berço natal,
em viajem pelos mares turbulentos
deixa-se levar para sempre
respirando a última seiva de ar
da costa do seu Maranhão,
a morte sossega o seu espírito contrariado,
finalmente, reencontra a paz
ouvindo o canto dos sabiás e
375
sentindo a brisa das folhas das palmeiras
embaladas pelo vento  do seu Estado
junto a tudo que amara na sua terra
e que por direito de nascimento levou consigo.
O Brasil venera seu filho de braços abertos
acolhendo-o na galeria de seus imortais.

Igor Chiappetta Fogliatto297

CANÇÃO DO EXÍLIO
Sou natural  do melhor estado do Brasil
e do mundo.
Lá, temos excelentes praias
e várias paisagens naturais.
No seu interior, há muitos fazendeiros;
no litoral, alguns portos,
donde são exportados vários produtos;
no oeste, a fronteira com o Uruguai;
mais para o sul,
a minha cidade natal, Porto Alegre,
a qual tem muitos shoppings,

297 Igor Chiappetta Fogliatto - Porto Alegre/RS – Brasil - 27 de março de 1996. Estudante do Ensino Médio do
Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS. Integrante do Projeto “Imagens e Textos construindo Histórias e Versos”.
Curte skate, música e jogos eletrônicos. E-mail: igor_fogliatto@hotmail.com
monumentos, museus e acesso
à Lagoa dos Patos pelo Guaíba.
Aqui, há belezas e lazeres,
mas nada se compara com as dela.

Ilda Maria Costa Brasil298

Gonçalves Dias
Poeta indianista que deu um tom nacional à nossa literatura.
Sua história, da infância a vida adulta, foi difícil e dura.
 
Seu pai era de origem portuguesa; sua mãe, mestiça.
Quando garoto, estudou francês, língua, para ele, postiça.
Tinha, no aprendizado da Filosofia, uma verdadeira premissa.
Latim, para alguns, caminhos obscuros; para ele, doce
aventura.
Fixado em Coimbra, produziu poesia nacionalista pura.
 
É considerado um dos nomes mais expressivo da lírica brasileira.
Em Portugal, poemas escreveu ao observar uma jovem fagueira,
que trazia no rosto um intenso brilho e sempre estava faceira.
 
Por ser mestiço, foi impedido de desposar Ana Amélia; triste desventura.
376
Anos depois, apaixonado, casou-se com Olímpia, jovem graciosa e segura.
 
“Seu nome, sua voz — ouvia-os
Sempre no gemer da parda rola,
No trepido correr da veia argêntea...
Que da noite o silêncio realçavam,
Os ares e a amplidão divinizando...”*
 
Minha CANÇÃO DO EXÍLIO
Minha terra tem dunas,
onde circulam restinguenses e turistas.
As aves, que aqui gorjeiam,
não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem pouquíssima poluição,


nossas várzeas estão secando,
nossos verdes campos desaparecendo
para dar espaço a muitas construções.
Nossa vida repleta de projetos e de esperanças.

298 Ilda Maria Costa Brasil - Restinga Sêca - RS - Brasil - 04 de março de 1949. Presidente da Academia Virtual
Sala de Poetas e Escritores, Balneário Camboriú/SC, e Academia Regional de Artes e Letras Condorcet Aranha,
Restinga Sêca/RS; Embaixadora do Cercle Universel de la Paix, Genève-Suisse/France; Membre Bienfaiteur
da Societe Academique d’Education et  d’Encouragement, Paris/França; Vice-governadora pela Governadoria
do Estado do Rio Grande do Sul para a Associação Internacional dos Poetas Del Mundo”.   E-mail: ildamaria.
brasil@gmail.com
Em cismar, sozinha, à noite,
mais desencantos encontro na capital gaúcha.
Em minha terra, tenho amigos
que tais não encontro eu cá.
Em cismar, sozinha, à noite,
mais alegria encontro eu lá.
Minha terra tem inúmeras pessoas
que ajudaram a fazer a sua história.
Dentre elas, a Sra. Marieta Mostardeiro,
por quem tenho grande apreço.
Minha terra tem indústrias
onde operários dedicam horas de suas vidas,
buscando ganhar o alimento
que sustentará a si e a seus familiares.
As aves, que aqui gorjeiam,
não gorjeiam como lá.
Não permita Deus que eu morra,
sem que eu volte para lá,
sem que eu veja minha terra ter seu núcleo cultural,
transformada numa fonte
de desenvolvimento artístico e literário.

377
Ima Feitosa299

HOMENAGEANDO GONÇALVES DIAS


Exímio poeta brasileiro

De alcunha Gonçalves Dias


Nascido no Estado do Maranhão
Nas aproximidades de Caxias.
Advogado, jornalista Etnógrafo e teatrólogo
De passos firmes sempre caminhou
Escrevendo tão ricas obras
Para nós, ele deixou.

Ao lado do meu conterrâneo


O grande escritor José de Alencar
Passou a escrever sobre o indianismo
Riqueza literária a nos encantar.

Após ter lido algumas de suas obras


Encantei-me com tal tesouro Daqui do Canadá, eu rendo
Todas as minhas homenagens
A este poeta de ouro.

299 Ima Feitosa - Sherbrooke/Québec – Canadá. Não tenho nenhum livro publicado, apenas sou membro da co-
munidade de escritores e poetas amadores e profissionais ‘’Recanto das Letras’’. Alguns registros que possuo
estão impressos em pequenos livros e, ao regressar ao Brasil (próximo ano), tenho planos de publicá-los.
Irandi Marques Leite300

Dialética Indianista
I
Tua vida principia
Gonçalves Dias
De noite e de dia
Dias e noites
Rumo à poesia

II
Flutuou no espaço sideral
Na busca da poesia universal
Cantou nosso Índio
Na terra, no mar, no ar
No espaço tridimensional

III
Vagou por longas terras
Navegou além mares
Voou nos espaços infinitos
Encontrou o ponto de interseção
Do material com o espiritual
Da razão com a emoção
378

IV
Teus versos têm primores
Que não encontro em outros,
nem cá, nem lá
Tua mensagem teus amores
Que não vejo em outros,
Nem aqui, nem ali, nem acolá

V
Tua paixão por Ana Amélia
Atravessou os tempos
E espaços infinitos
Pureza de amor
Que melancolicamente brota
Da alegria e da dor

VI
Rimas ricas
Rimas melodiosas
Palavras puras
Mensagens saudosas

300 Irandi Marques Leite - São Luís - MA – Brasil - 30/11/1955. AUTOR DE: Retas da Vida (1977); O que é Interact?
(1974); Dialéitica Cultural (2012); Sapo Folia (2013); Musa Caemeira e o Sapo Folião (2013); Odisséia do Coti-
diano (1977). : irandimleite@gmail.com
VII
Emoção e percepção
Comunicação
Elementos intangíveis
Relação ser humano e natureza

VIII
Dialética
Forma objetiva
Retoques subjetivos
Concretiza conexões
Rocha suporte
Índio, história
Poeta indianista

IX
Busco a tua poesia integral
A tua mensagem derivada
- Simbolismo, modernismo, sinfonia
O último sopro da agonia
Pensando na mulher amada!

DE CAXIAS PARA O MARANHÃO


No espaço finito e infinito
Surge um sopro de vida 379
A terra floresceu
Em caxias, no maranhão
O poeta nasceu

           II
Terra, água, ar
Mistura heterogênea
Com tendência a homogênea
Índio, português, africano
Miscigenação, riqueza cultural

          III
Empatia aos olhos
Do menino caxiense
Relação cultural prodígia
Com marcas profundas
Na sua trajetória poética

           IV
O poeta fugidio
Do maranhão para portugal
Navegou na literatura mundial
Buscou livros e histórias
Voltou para os braços
Da sua terra natal
                         V
Navegou no sentido da vida
Até o infinito do mar
Bscou a musa querida
Com canto indígena
Cantou a terra guerrida

Para teu canto universal


A nossa homenagem fraternal
Nossos nomes são indígenas
Sou irandi

Minha filha maiara 

E meu filho raoni

Irismarqueks Alves Pereira301

Canção a Gonçalves Dias


Ao que ficou preso
Tatuado a ferro e ferreiro
Pela saudade injusta e imensa
Não oprimiu de fato
380
O canto do guerreiro.

Fez da pátria querida


A musa, o delírio e o sofrimento.
Fez da vida um canto
Fez dos versos de menino
Lugar de encantamento.

As mãos levianas da poesia


Fizeram do dia e das noites
As letras escravas
Enquadras na minha vida
Feito fio delicado de açoites.

Ao poeta devo apenas


A harmonia feita pelas ondas do mar
Como rosa perdida
Dentro do peito amante
Que fez da vida um belo canto para amar.

301 Irismarqueks Alves Pereira - Parazinho/RN – Brasil - 01/02/1983. É professor, poeta, pedagogo e conselheiro
tutelar da criança e do adolescente. Mestrando pela SAPIENS - Faculdade de Ciências Humanas - Campina
Grande/PB. Primeiro livro lançado em 2013 com o título: A poesia como incentivo a escrita e a formação do
leitor poeta. Mas tem poemas publicados em várias antologias no Brasil. Membro Vitalício da International
Writers and Artists Association – IWA.
Irsemes Wiezel Benedick

COM ELE APRENDI


                       Que nossa terra é a mais bela
                        igual no mundo não há
                        tem encantos, lindas flores,
                         e o famoso sabiá.

                            Quando rompe a madrugada lá na serra


                             tudo é belo , tudo é cor
                              brotam flores, cantam aves,
                              enchendo a vida de amor.

                                 Quando chega o meio dia lá na serra


                                  tudo é calmo, é uma beleza
                                  parece que tudo dorme
                                  descansando a natureza.

                                        Quando a tarde vai caindo lá na


                                                ao soar da ave- maria
                                        toda natureza vira festa
                                        tudo é paz ,silêncio, e harmonia.

                                            Quando a noite vai chegando lá na serra


381
                                             eu vejo o por do sol
                                              tudo é belo em minha volta
                                               desde a aurora ao arreból

                                                     Como é bom viver na paz daquela serra


                                                      porque é lá que o amor de deus impera,
                                                      na profusão das mais variadas cores.

                                                Onde as flores oferecem o mel mais doce,


                                                      onde as fontes cantam murmurantes,
                                                      um hino de amor gratificante.

                            Nossa terra tem amores frutas de muitos sabores


                         grande mar e céu de anil presente que deus nos deu
                                                               ela é minha , tua , deles,
                                                               ela é nosso brasil !!!
Isabela Brandt302

AUTO-RETRATO
Lembro-me de uma criança
com a altura dos seus sete anos e
que queria crescer sempre mais.

Lembro-me de estar assustada, com medo,


lembro dos passos desordenados e
do rumo que eles tomaram,
quando receberam dois abraços apertados.

Tempos difíceis...

Lembro-me das brincadeiras de roda,


de amigos nunca mais vistos e
de uma doce e amável professora
que marcou meu coração.

Tempos felizes...

Lembro-me de um rosto infantil e


de uma ingenuidade aguçada,
de quem pensava que a vida não passava.
382

Mas a folhear as páginas, leio:


“Não chores, meu filho;
Não chores, que a vida
É luta renhida:
Viver é lutar.”

E em resposta, escrevo:
Choro sim, amigo Gonçalves
Porque viver é penar.
E o tempo é breve e a memória é curta.

DEIXE-ME IR
“A flor dizia em vão
À corrente, onde bela se mirava:
Ai, não me deixes, não!”
Ao contrário do que diz o poeta.

Eu imploro:
Deixe-me ir...

302 Isabela Brandt - Afonso Cláudio – ES – Brasil - 28/02/1985. Filha de agricultores mora com os pais no pequeno
sítio da família no interior. Concluiu a faculdade de Pedagogia no ano de 2008 e trabalha na Educação infantil.
Email:belabra@bol.com.br
Deixe-me ir...
Porque o presente deixa suas marcas,
Indo e vindo, sem parar.
O trem da vida está partindo...
... Bosques frutíferos...
...Desertos áridos...
...Campos floridos...

Cascatas de bálsamo deslizando até o mar.


Mar – insondável mistério.
Gotas de orvalho sobre os lírios;
Vivendo do amanhecer.
Cores pálidas, ofuscantes; risos no ar.
Ar – energia da vida.

Deixe-me ir...
As pedras ficaram estáticas,
E foram vencidas pelo tempo;
Consumidas pela espera...
...Contornos perfeitos...
...Detalhes imperceptíveis...
...Seres inanimados...

Deixe-me ir...
383
Tantas direções...
Tantos corações...

Tão pouco tempo para viver,


E eu, esperando para morrer.
Deixe-me ir.

AO PARTIRES
Ao partires, não peça para sermos amigos.
Ao partires, não leve nada, nem lembranças.
Ao partires, não leve os sonhos, nem esperanças.
Ao partires, não leve os beijos, nem abraços.
Ao partires, não leve os sorrisos, nem as lágrimas.
Ao partires, deixe-me apenas a sensação de nunca ter te conhecido.
Ao partires, deixe-me só.
É a única coisa que podes fazer por mim.

SE TE AMO
Nessa teia de emoções que é a vida,
Roubo as palavras do poeta Gonçalves Dias:
“Para dizer que te amei:
Amo; porém se te amo
Como oiço dizer, — não sei.”
Não sei se é pressa ou vazio,
Escuridão ou meio-dia.
Não sei se é brisa leve ou ventania,
Não sei se é orgulho ou brio.

Não sei se é verdade absoluta,


Ou desejo repentino.
Não sei se é amor puro,
Ou puro desatino.

Não sei se o sono é breve ou a tristeza profunda,


Se o abraço acalenta e o beijo inebria.
Não sei se é falta de coragem ou simples covardia,
Talvez eu descubra o que é amar algum dia.

Hoje.
Se te amo?
Não sei.

CANÇÂO DO EXÍLIO DE CÁ
Minha serra tem laranjeiras
Mataram o Sabiá.
Os pássaros que aqui trinam,
Não trinam acolá.
384

Nosso céu está escuro,


Nossa várzea está seca,
Nossas flores estão murchas,
Nossa vida está sofrida.

Em andar, sozinho, à noite


Mais perigo encontro lá;
Minha serra tem laranjeiras,
Aqui não canta mais o Sabiá.

Minha serra tem dissabores,


Quase não encontro eu cá;
Em andar, sozinho, à noite;
“Me roubaram o celulá”,
Minha serra tem laranjeiras;
Tem bandido andando lá.

Não permita Deus que eu morra


Vou esperar que a justiça volte para cá.
Na vizinhança há rumores
De que vivemos um tempo de sofrimento e desamores.
Esta vida está difícil sem meu amigo Chico Sabiá,
O coitado era violeiro gostava de cantar,
Morreu jovem ainda, por causa de uma “droga” de colar,
O roubo foi à luz do sol,
Na rua do farol.

Foi um mais um brasileiro sem sorte,


Pai de família, homem trabalhador foi condenado a pena de morte.
Se ainda vivesse Gonçalves,
Morreria sem voltar para cá,
Preferiria viver no exílio de lá.

Isabela Moraes de Faria303

Nosso amado indianista.


Gonçalves Dias,
Pai de “Marabá”,
Nos arredores de Caxias
Vem a brotar.

Dos primeiros aos “Últimos contos”,


Já formado em Direito,
E com ilustres elogios
385
Das viagens à Europa

Regressa ao Maranhão
Nem pensava em morrer de amor
E encontrou sua paixão
Ana Amélia, sua flor.

Mas por ele ser mestiço


A família dela o proíbe
Mas nem morava em cortiço
Nosso amado indianista

Com sua enamorada casada


Ele de novo encontrara
E “Ainda uma vez – Adeus”
Ele teve-a dedicada

Mas Dias vai embora


Tratar de sua saúde,
Não volta a sua senhora
Pois para um ataúde.

303 Isabela Moraes de Faria - Rio de Janeiro/ Brasil - 27/08/1995, Ensino Médio Completo com Técnico em Agro-
ecologia, e-mail: isabela_moraes27@hotmail.com
E foi no Maranhão
Perto do farol de Itacolomi
O poeta falecera
E vem, para sempre, a dormir.

Isabella Gonçalves304

A Gonçalves Dias
Não mais vejo a nossa terra
Sei lá onde foi parar
A ave já gorjeou
Cá Deus sabe, onde está!

Invejaram nossos mares


Nossas árvores e reservas
Desmataram as grandes matas
Já não sei o que mais resta

Sinto falta
Sei que sinto
Dessa terra de poesia
Das lendas do velho índio
386
Já não vejo a esperança
Da dança de nossa música
Só enxergo é a ausência
A carência dessa musa

Um dia, quem sabe?


O sabiá gorjeará
E trará de volta
O verde que veio encontrar

Para tanto, cabe a nós


Piar pelo animal
E implorar à mãe terra; o perdão
Um novo aval

304 Isabella Gonçalves - Juiz de Fora/MG – Brasil - 1995. Desenvolveu sua paixão pela escrita desde pequena, mas
foi a partir dos catorze anos que passou a exercê-la com maior intensidade. Atualmente, cursa o Ensino Médio
no Rio de Janeiro e pretende graduar-se em Comunicação Social e Letras em sua cidade natal.
Isabelle Palma305
Póstumos
No desterro do naufrágio vil, morre o poeta.
Naqueles dias em que se foram tantos amores,
esperava talvez rever de mais perto a terra dos sabiás.
Sua pele cinzenta de antigas histórias, lhe proibiu Amélia.
Mas a ela, dedicou-lhe todo o seu Adeus...
Guerreiro de si, das selvas atlânticas num Maranhão esquecido...
Perdeu-se nas florestas das suas rimas,
alçou voos de longas esperanças.
Sem ter podido ousar, resignou-se no abatimento cruel de um
amor esquecido.
E abandonado no leito inquieto da nau claudicante,
reverberou seu soneto pelo grande mar-oceano...

Ismari Marcano306
AL ILUSTRE POETA
Del cristal ensueño
nacieron tus versos
Lanzados al tiempo
entre Brasil y Europa
en las alas de glorias 387
del sublime romance
El esplendor de tus jardines
de penas y alegrías…
rechazos y conquistas
¡Enamoraron la vida!
Caxias fue privilegiada
con tu excelso sentimiento
Desde el Ville de Boulogne
Voló tu Alma
para posarse en la eternidad
de tus versos
ofrecidos a la luz
Desde entonces…
has encontrado consuelo
redención y… paz
En el siempre Amor
de Ana Amélia
¡La Musa inaccesible!

305 Isabelle Palma – Paraná – Brasil - 13 de setembro de 1977. Historiadora, professora de rede estadual de ensino
no Paraná/Brasil, desde 2003. Mestre em história comparada das religiões antigas, pela Universidade Federal
do Paraná (2003).
306 Ismari Marcano - Tucupita, Delta Amacuro, Venezuela 07 de Diciembre de 1963 Docente Universitaria, Poeta
y Escritora. Su afición por la Poesía, es desde siempre y para… siempre. Cree en el Don divino que poseen los
Versos y la Prosa como medio de expresión y comunicación… del sentimiento humano. Ha participado en mu-
chos encuentros poéticos, talleres de formación literaria y recibido reconocimientos por su trayectoria. Posee
varias Obras publicadas y otras aún inéditas.
Iva da Silva307

PARA O POETA INDIANISTA


Para Antônio Gonçalves Dias,
Mestre, jornalista e escritor
Que durante o século dezenove,
Dedicou a sua terra, muito amor.
“Minha terra tem palmeiras...”
Minha terra tem araucárias,
Árvores exuberantes, porém em extinção.
Muitas aves que aqui gorjeavam,
Já não gorjeiam mais, não.
Muitas matas nativas se foram,
Há plantas exóticas buscando adaptação,
A pureza do ar se extinguindo
E índio aculturado, não é índio, não.
Os chás, as curas, os rituais,
Por alguns indígenas conservados,
Ganharam outra conotação,
Estão nulos, não apresentam resultados.
Hoje os ares são outros,
Chegou a vez da tecnologia,
O tempo parece andar mais depressa,
A vida tornou-se uma correria.
388

Ivan Carrasco Akiyama308

DE ORIGEN LETRADO
Antônio Gonçalves Dias
de Maranhão, tu cuna y tierra.
Un ser humano lleno de sueños,
luz que hizo de la literatura vida.

De padre portugués sembrador de letras,


y de tres razas sus raíces son eternas.
De madre mestiza aprendió a soñar,
el indianismo fue la ruta de su libertad.

Los problemas nunca fueron un obstáculo,


Pues fuiste hecho de letra y bravura.
Y fue Ana Amelia Ferreira do Vale,
Cultura de tu amor y conciencia.

307 Iva da Silva - São Francisco de Paula – RS – Brasil - 14 de dezembro de 1952. Professora, poeta e pesquisadora.
Diretora da Escola Estadual do distrito de Tainhas por dezessete anos, hoje aposentada. é Cônsul Honorífica
da Real Academia de Letras Ordem da Confraria dos Poetas Porto Alegre/RS.
308 Ivan Carrasco Akiyama - La Paz- Bolivia - Embaixador da Cultura Universal G.H.
Un sentir nacionalista en tus letras vibraba,
entre asuntos del pueblo y paisajes brasileños.
Gonçalves Días dejaste una idea de Brasil,
como legado nacional de sus raíces .

COMO ESCRIBIAS
Los Primeiros Cantos,
de la uniformidad fueron privadas.
Las estrofas tenían la fuerza
que dimanan del desprecio por las reglas

Artífice de los ritmos de la versificación,


arquitecto de la esencia del poema.
Escribías en momentos no estrenados
Y bajo el cielo jugabas con la luna.

Del impresionismo los jugos vitales,


a orillas de la excelsitud de Mondego.
Como un artista el arte literario dibujabas,
en cumbres de olas del atlántico.

Las selvas vírgenes fueron las bellas musas


que engendraron escritos en tu pluma.
Escribías para tu alma núbil,
389
Muy poco para el resto de mortales.

TU INSPIRACION SERENA
El placer de haber compuesto,
era la frase favorita de tus letras.
Tu espíritu caliente remeció la historia,
Y hoy estas en el mañana de la gloria.

De la soledad robaste su inocencia,


Y engendraste en ella tu poesía.
Tomaste de la política la ventana óptica,
para plasmar letrados escenarios.

Gran reductor del pensamiento armónico,


por saber que en ella el pensamiento es fugaz.
El arte proviene del alma pura decías,
y no de la estructura locuaz.

Antônio Gonçalves Dias


Tomabas del paisaje sus elementos.
Del océano la paz y bravura,
Y de la naturaleza su vigor perfecto. .
DE LA VIDA A TUS LETRAS
Si el corazón vibra en el entendimiento
Te expresabas así del amor sin espinas.
Combinabas la idea con pasión extrema,
Esa tu elegía de los sueños de primavera.

Combinabas el placer de sentir,


con el arte de vivir amando la naturaleza.
La purificabas con la religión del sabio,
haciendo de la divinidad una poema.

Quien como tú, comprende un sueño,


cuando llega Ana Amélia Ferreira Vale.
Y nacen nuevas esperanzas de romance,
que hacen del amor una caricia pura.

Siempre esforzado escribías poesía,


Una tras otra en la cruda ironía.
Fuiste olvidado en tu lecho de rosas,
Y moribundo aún emanabas vida.

Izabel Eri Camargo309


390
Mestiço brasileiro
Antônio Gonçalves Dias
poeta da minha infância
iluminado como o dia
colou no coração de criança
mares atravessou com a mala da poesia
pintou em versos indianistas a paisagem brasileira
viajou no romantismo das águas 
com a alma sonhadora a embarcação naufragou 
certidão de nascimento da poesia ele deixou 
era único encantador filho do Maranhão
grande alvissareiro guardo no coração
Canção do Exílio fez ponte nas rotas onde passou
imortal Gonçalves Dias escute minha oração
vai no trinado do sabiá e no perfume da imaginação

309 Izabel Eri Camargo – Soledad – RS – Brasil - 06 de maio de 1934. Professora/ pedagoga (aposentada), escritora
e poeta, Autora de vários livros de poesia, haicais, contos e ensaio. Integra o Cercle Universel des Ambassa-
deurs de La Paix Genève-Suisse/France, o Movimento Mundial dos “Poetas del Mundo”, a Academia Brasileira
de Estudos e Pesquisas Literárias do Rio de Janeiro/RJ, a Academia de Artes, Ciências e Letras Castro Alves, de
Porto Alegre/RS, o Portal CEN de Portugal...
Izabella Muraro de Freitas310

CANÇÃO DO EXÍLIO
Na região, onde estou
realizando trabalho voluntário,
atividade que muito gosto,
mais parece terra de ninguém.
 
Terra nossa por direito,
constantemente ameaçada
sem pudor e respeito;
terra que de seu povo,
por várias vezes, quase foi tomada.
 
Defendida a balas e a facadas;
morreram um, dez, mais de cem.
Mesmo com estruturas abaladas,
há donos da terra de ninguém.
 
Na região sul, donde vim,
preservamos paz, solidariedade,
amor e fraternidade.  

391
J. Auto Pereira311

Tributo (A Gonçalves Dias)


Bem sei que não sou bardo, que fico aquém do gênio,
que nem falar devera da poesia aqui;
porque inda não fez-se a luz do meu espírito,
porque das negras trevas ainda corri.

Bem sei qu’é nobre o drama, que dá soberba ilíada,


que só pertence a pena do grande mestre Homero;
bem sei que sou mesquinho, que vou manchar-lhe a glória,
porém neste momento também cantar eu quero.

Eu d’um Gilbert não falto nos braços da loucura,


nem mesmo d’um Chatterton que d’orgulho morreu;
aqui nos pobres versos não trato d’um Bocage
que dentro das tavernas, coitado, faleceu.

310 Izabella Muraro de Freitas - Porto Alegre/RS – Brasil - 03 de julho de 1996, Estudante do Ensino Médio do
Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS; Desenhista profissional; Membro Efetivo do Projeto “Vida, Amor e Paz”,
do “Cercle Universel des Ambassadeurs de la Paix, Suisse/France”. Integrante do Projeto Literário “Porta copos
poéticos”, 2012; e do Grupo de Escoteiros “Charruas/003-RS. E-mail: einscheitern@gmail.com
311 Leal, Henriques, Pantheon Maranhense, São Luís, 1874, p 538-540. Poesias compiladas por Weberson Fer-
nandes Grizoste - Jauru – MT – Brasil
Esqueço Malfilátre no seio da miséria,
assim como de Byron também o ceticismo;
um Tasso não recordo gemendo da amizade,
assim como escureço d’Werner o cinismo.

Deixai-me, pois, que venha depor o meu tributo


a quem tem por peanhas os pinc’ros d’Himalaia,
Eu sou do Deus dos gênios o mais humilde acólito;
– Deixai que queime incenso ao pé da sua alfaia.

Qu’importa me faleça de Lamartine os cantos;


que nem sobre os vestígios os possa acompanhar?
Embora saiba mesmo que vou queimar-me em brasas,
eu rasgo o meu silêncio e venho pois cantar.

Dorme, gigante de ouro,


na tina colcha de louro,
que tiveste por tesouro
a lira para trovar!
Dorme ao som das harmonias,
Qu’inda és – Gonçalves Dias
que da pátria as melodias
soubera tanto exaltar!

392 Dorme! A pátria te deplora,


e a velha Europa te chora,
e todo o mundo te adora,
cantor sublime do céu.
Dorme o sono da pureza
matizado de beleza,
que da glória a gentileza
não cessa no sonho teu!

Dorme na plaga que e tua,


onde é linda meiga lua
quando no azul flutua
depois a nuvem a beijar.
Sonha a glória dos teus cantos,
esses penhores tão santos
que pasmaram com quebrantos
essas plagas d’além-mar!

Dorme! As espumas ridentes


que vão quebrar-se dormentes
nas brancas areias quentes
dos infindos desapraiados,
e as pororocas seguidas
á reboar destemidas
tem de cor frases polidas
de teus hinos delicados.
O murmurar das palmeiras,
crescidas nas ribanceiras
onde vegetam fagueiras
c’os cantos do sabiá,
não tem um outro gemido .
que não seja tão sentido
como aquele desprendido
da formosa marabá.

Ó tu, cantor dos Timhiras,


monarca primo das liras,
estro ilustre que nas piras
da glória Apolo atirou,
sonha lá na eternidade,
embora tenha saudade
a nossa Atenas cidade
que o destino malfadou.

Dorme, gigante de ouro,


na fina colcha de louro,
que tiveste por tesouro
a lira para trovar.
Dorme ao som das harmonias
Qu’és o rei das melodias,
393
e aceita, Gonçalves Dias,
este meu rude cantar.

J. B. Xavier312

MENINOS, EU VI!
Do destemido e lusitano barco
Desceu Cabral e pondo a Cruz aqui,
Depôs sua arma, o índio apôs seu arco,
E fez-se amigo ao povo guarani.
 
Gonçalves Dias, que de tal herança,
Herdou o amor ao povo hospitaleiro
Cantou  os feitos e toda a esperança
Nos versos nobres do canto guerreiro.
 
Em fundos vasos de alvacenta argila*
Bebem guerreiros o amargo cauim
E Já pintados pela cochonila
Ao prisioneiro já anuncia o fim.
 

312 J. B. Xavier - São Franciso do Sul – SC - Brasil, 59 anos, é poeta, contista, ensaísta, trovador pintor, desenhista
e romancista. Livros publicados: Caminhos, edtit. Alta Books, Rio de Janeiro, 2003; Não haverá Amanhã - Edit.
Takion, São Paulo, 2012. Site: www.jbxavier.com.br
Cena de orgulho de um povo valente,
Canto guerreiro a ecoar na noite
Um velho pai já cego e decadente
Também chorando vê do filho o aloite.
 
Cantou em versos o que ao povo inflama
Filho guerreiro, na aldeia Aimoré,
Nos versos todos de I-Juca Pirama,
Lutou chorando, mas morreu de pé!
 
Depois, por certo, se algué duvidava,
Do que um dia aconteceu ali,
O aimoré já velho recontava:
“Foi nesta aldeia, meninos, eu vi!”

O CANTO GUERREIRO
Selva sombria! grandes carvalhos
Se afastam de lado a ceder aos atalhos
A vez de percorrer a floresta densa...
Caminhos escuros que os índios aprontam
Se cruzam, se afastam, de novo se encontram,
Formando clareiras na selva imensa...
 
A onça se esgueira, ligeira, felina,
394 A lua que nasce por trás da colina,
E o sabiá, que no galho dormita,
Dão cores à mata, e o ruído que fazem
Embalam o sono de outros que jazem
No chão e nos ninhos. A vida palpita!

A brisa então surge, numa calma dança.


Estrelas se juntam  àquela bonança,
Brilhando medrosas à luz do luar.
A prata dos céus vai matando o dia
Que cede lugar  em lenta agonia
À  noite que agora já  vai começar.

Vermelho, o céu anuncia a luta


Do Dia com a Noite. Que linda disputa!
E as serras distantes já vão se afastando...
As aves, em bandos, em grande algazarra,
Voam felizes, qual louca fanfarra,
Nos ninhos queridos vão se acomodando.

No chão o regato suave desliza.


Desagua num lago, que a braços com a brisa
Vibrando sua face  em vitral se transtorna.
Enfada-o a luta dos grandes titãs.
Conforta-o o lindo coaxar de suas rãs,
Divino coral que seus charcos adorna.
Aqui  e distante, na água espelhada
Um peixe assoma com cauda dourada,
Brincando com  as folhas que caem bailando.
Pousando tranqüilas vão logo dançar
Divino bailado à luz do luar
Que o lago, aos poucos, vai iluminando.

E as nuvens branquinhas, já  avermelhadas,


Trazem o sangue em que foram manchadas
Na imensa batalha, e vão se afastando.
E a noite então surge em mil esplendores,
trazendo paixões, inspirando amores,
E com as plantas, as águas e o céu contrastando.

A brisa aos poucos vai enfraquecendo


E as sombras da noite então vão descendo
Trazendo o silêncio à  grande extensão.
Os vales cobrindo, clareiras, montanhas,
Descendo ao mais fundo de suas entranhas.
Na selva palpita audaz coração!

E pia a coruja na noite singela


Voando na mata: gentil sentinela
Que a noite vigia acesa e atenta...
395
O rio que desce dos montes distantes
Desfia seu canto, e nas  águas dançantes
Depõe suas mágoas, e chora, e lamenta.

Na face do lago a imagem tão clara:


Jassy refletida no reino de Yara!
Profundo silêncio! as matas caladas!
Estóicos,  à  noite os deuses levantam
E vagam na selva, e riem, e cantam
Os cantos do Olimpo, de eras passadas.

É  então que nas tabas as tribos guerreiras


Contam seus casos á  luz das fogueiras.
São cantos de heróis, de lutas, de morte,
Que aos jovens valentes só  fazem sonhar
Os sonhos de guerra, o acompanhar
Os homens da tribo, rijos e fortes...

Nenhum se acovarda, no entanto, e ainda


Esperam a idade - de todos benvinda -
Em que o braço forte o tacape erguerá.
São quase crianças, leais e valentes,
Que a vida entregam, alegres, contentes,
À luta esperada, que um dia virá .
Num círculo ao longe as moças escutam
Os cantos de guerra que eles disputam.
Cantos de guerra que fazem sonhar.
As cândidas, doces, suaves morenas
Trançando as sedosas e lindas melenas
Esperam com um deles poderem casar.

Que sonhos não vão em seus olhos escuros?


Que ardentes desejos nos corpos tão puros
Não causa o canto dos heróis-guerreiros?
Donzelas que sonham os sonhos amenos
Que fazem vibrar seus corpos morenos
Que em curvas se alongam, lascivos, fagueiros.

No centro da taba, brilhando no lume


Derramam-se os homens. Da noite o negrume
Qual manto profundo, a tudo encobre.
Em volta do chefe derramam-se eles.
Os jovens, os velhos, e todos aqueles
Guerreiros valentes,  da estirpe mais nobre.

É Ygarussú,  o tupi imbatível,


Da flecha certeira, do golpe terrível !
E o som de sua voz, que em guerras ecoa
396
Atinge o inimigo, já  enfraquecido,
Imbele, cansado,  doente ou ferido.
Por isso distante seu nome já  soa...

Quem visse sua flecha acertar o mutú


Ou em plena carreira prostar o inambu...
Na aldeia não havia sequer um guerreiro
Com força bastante para retesar
Em toda a extensão o seu ybirapar,
Por certo o mais duro dos duros madeiros.

Quem visse o tacape ferir a akã


De seus inimigos, quem visse Tupã
Clareando suas trilhas nas noites sombrias,
Por certo haveria de reconhecer:
Tão cedo de novo não ia nascer
Guerreiro assim destro pelas cercanias

E amores desperta; e loucas paixões


Caminham com ele! e mil corações
Por ele deliram em idolatria!
É  rude, valente, amigo da Sorte.
O grande oyakã, cantando a morte
As lindas morenas assim seduzia.
E o fragor desses cantos na noite subiu,
Até  que o cacique o silêncio pediu.
Somente o lume ardia faceiro
E o pesado silêncio às vezes quebrava.
O grande cacique de pé  se postava
Cantando à aldeia seu canto guerreiro:

 “Irmãos meus de sangue!


Às vezes, exangue,
Amargas torturas
Da guerra bebi.
Nas provas mais duras
Nas  quais fui testado
E em grandes agruras
Não esmoreci.”

“Meu tino me serve


De guia no escuro,
E que assim se conserve
Em dias por vir.
Que eu vença o futuro
temores, cansaços,
Que eu esteja seguro
De nunca fugir.”
397
“A quantos matei?
Jamais vou saber!
Jamais me lembrei
De contar inimigos...
Só  resta entender:
Não há  diferença
Em matar ou morrer.
Em mim só  me abrigo.”

“Já  fui pelas serras


Vencendo a má  sorte.
Andei longas  terras
Que nunca esqueci.
A braços com a Morte
Andei tão distante.
Com povos mui fortes
Lutei e venci.”
“Olhai o meu peito
E o claro matiz
De um talho perfeito
Que fez-me o embate.
Mas morro feliz
Se a lança atirada
Fizer cicatriz
Que enfeite o combate.”
E isto dizendo, olhou os guerreiros
Que sérios, nervosos, se agitam ligeiros
Prevendo o que então viria a seguir.
E apenas num gesto,  rápido, tenso,
Tirou de seus ombros o manto imenso
Que suave ao seu lado, no chão foi cair.

Seu corpo saltou para a noite escura


Marcado nas lutas de tanta bravura.
O espanto deixou os guerreiros prostrados.
Que lanças suas mãos não haviam partido?
Que vezes, na dor, sem um só gemido
Não tinha o tacape do ímpio quebrado?

Seu rosto severo, seus braços possantes


E o altivo que havia em todo o semblante
Tornava-o muito acima dos seus.
E a pira queimava incensos amenos,
E o fumo a subir era como acenos
Ao bravo que agora queria ser deus.

“Eu sou o seu deus!” - bradou Ygarussú.


“Mais rápido ainda que o veloz suassú !
Mais forte que o raio, o vento ou a lança!”
398

Pasma a aldeia!

Jamais a floresta
Ouviu coisa assim!
Que os deuses em festa,
Se o tenham ouvido, não queiram vingança...

Rolou no horizonte um  trovão taciturno:


Tétrico aviso ao audaz  importuno.
Quem desafia o poder de Tupã ?
Quem é  que, em deus, por si se entronara?
Quem é  que  a si próprio assim se elevara?
Quem ousaria prever o amanhã ?

Os homens em roda ouviam enlevados.


Futuros guerreiros olhavam, sentados,
O grande cacique que os céus lhes mandara.
As moças sonhavam os sonhos das virgens,
Enquanto o valente cantava as origens
Do clã que o  - um dia, há  tempos -  gerara:

“Em guerras distantes


As tribos errantes
vagavam constantes
Por ermos hostis.
E a tribo que agora
O penhor revigora
E a mesma de outrora:
Os bravos tupis.
O vento na mata,
O som da cascata,
A lua de prata
Deixava antever
Que em tempos vindouros,
Tal qual um agouro,
Das lutas os louros
Iriam colher.
O céu incendido
Que cobre o bramido
Do índio ferido
Em remoto iporã ,
É  o mesmo por certo
Que ao índio desperto
Vai deixar aberto
O poder de Tupã .
Poder que encerra
O verde da serra
O grito de guerra,
399
O som do maracá.
É  o mesmo que assim,
Nas eras sem fim
Forjou num festim
O cacique Condá.
Condá, que às vezes
Aos vis portugueses
Impôs os revezes
De lutas sem  par.
Um corpo pintado,
Um rosto irado,
E no crânio, alado,
Branco canitar.
Penacho frondoso,
Porte garboso,
Arco lustroso
Condá  exibia.
Nas guerras insanas
Santas, profanas,
Em voz soberana
Seu brado se ouvia.
Guerreiros! eu canto
O riso, o pranto
De quem  sofreu tanto
P’rá nos ter aqui:
Condá  e os demais.
Por certo lembrais
Do chefe Virí.

Virí, o seu braço


Deixou forte traço
No chão, no regaço
Dos tempos de outrora.
As mãos calejadas
De vidas tomadas.
Sua lança ousada
Tivesse eu agora!
A força da Terra
Que em si toda encerra
As mortes na guerra
Clama por ti!
A ti só eu chamo,
Tupã! eu conclamo:
Desfaça o engano,
Renasça Virí.
São esses os bravos!
Beberam dos favos
Das lutas. Escravos
Do lutar e vencer.
400 A mim delegaram,
A mim confiaram,
Em mim transplantaram
Sua força e poder!
Ouçam-me agora
Que chega a hora
De ir-me embora.
Seu deus, pois, eu sou!
Meu canto já  finda.
Na guerra benvinda
Meu braço ainda
Ninguém derrotou.”

E fez-se silêncio. Calou o gigante.


E tudo ao redor silenciou nesse instante
Sagrado, a render-lhe uma muda homenagem.
E enquanto alguém lhe entregava o manto,
Os sons tão heróicos de seu nobre canto
Ainda ecoava na densa folhagem.

Assim o tupi, com seu porte altaneiro,


Reinava na aldeia, e seu canto guerreiro
Deixou toda a taba feliz, enlevada.
Seus olhos, no entanto - discreta procura -
Buscavam a beleza, a meiguice, a candura
Do rosto sereno da doce amada.
As moças ao longe, em nervosos sorrisos,
Deixavam antever, em indícios precisos,
O amor dedicado ao grande oyakã.
Mas fogo no peito ilustre havia
Queimando por dentro, em lenta agonia
Por seu grande  amor,  sua Cunhaporã.

E quem duvidava que tão nobre canto


Visava o amor esperado há  tanto
E que em breve, sabiam, iria esposar?
Seus olhos furaram a noite escura
*  * Buscando a beleza, a meiguice, a ternura
Que o canto guerreiro queria agradar.

Nas faces das moças, lindas, tingidas,


Em vão procurou as feições tão queridas
Sem no entanto encontrar o doce olhar vago.
Olhou ansioso além da amurada.
Sabia onde ela seria encontrada.
Afastou-se correndo a caminho do lago.

Subiam no espaço as fagulhas do lume


Levando aos céus o espesso negrume.
Silêncio na mata! findara-se a festa!
401
Tornou-se mais fraco o estalar da fogueira.
Mil olhos seguiam a marcha ligeira
Do chefe e herói, a sumir na floresta.

GLOSSÁRIO da parte 01

Mutú - Cana-de-açúcar,Pequeno galináceo.


Inambú - Ave canora de canto melodioso
Suassú - Veado, gamo
Ybirapar - Arco
Maracá - Chocalho com cabo, usado em cerimoniais.
Akã - Cabeça
Oyakã - Cacique
Iporã - Agua bonita; água tranquila, remanso do rio.
Tacape - Porrete pesado,borduna
Tupã - A maior divindade do panteão tupi.
Jassy - Deusa representada pela lua.
Yara - Deusa das águas.
Ygaraussú - Canoa grande; grande embarcação; navio
J. de C. Estrella313 -
São Luís, 7 de Setembro de 1873

À estátua Do exímio poeta maranhense


Antonio Gonçalves Dias

Ereta no largo da Igreja de Nossa Senhora dos


Remédios da capital do Maranhão

Erguendo-se nas ondas radiante


Do leito de corais, em que jazia,
No pátrio solo eis se ostenta ovante
O gênio americano da poesia!

Salve, colosso ilustre, estátua nobre,


Que um tal gênio eternizas gloriosa,
Gênio que a virgem com seu manto cobre,
Afagando-lhe a lira harmoniosa!

Em torno ao pedestal ilustres sábios,


Que a pátria se tomaram mui augustos,
O silêncio pairando-lhes nos lábios,
O poeta cortejam com seus vultos!
402
Vicejem sempre amenas as palmeiras,
Circundando-lhe o trono majestoso,
E as aves suas, caras, mui fagueiras,
Gorjeiem-lhe ao redor do busto honroso!

«Posteridade, és minha, diga ufano!


«Respeite os cantos meus a pátria ovante!
«Do Brasil entre os vates sou sob’rano,
«Meu nome luzirá sempre brilhante!».

Do alto de sua gloria o mar fitando,


Diga-lhe: «Sepultado em abandono
«A pátria os seus direitos reclamando,
«Eis o meu posto d’honra, eis meu trono!...»

313 Leal, Henriques, Pantheon Maranhense, São Luís, 1874, p Leal, Henriques, Pantheon Maranhense, São Luís,
1874, p 537-538. Poesias compiladas por Weberson Fernandes Grizoste - Jauru – MT – Brasil
J. R. D’Oliveira Santos

À MORTE DE GONÇALVES DIAS314

PARTE LITTERARIA

A´ morte de Gonçalves Dias

(Improviso)

Vendo a noite da vida aproximar-se,


Ancioso tentou vir azylar-se
No chão do pátrio lar;
Mas antes de chegar lhe anoitecêra,
E na terra, que tanto engrandecêra,
Não pôde repousar

A sorte lhe predisse, há mais de um anno,


Que marcado lhe fora o vasto oceano
Por jazigo final.
Em vão fugir tentar ao seu destino,
Que além, gemendo, o mar lhe entoa o hymno
Do triste funeral.
403
Do verde funerak á grata sombra
Mais quizera o cantor ter por alfombra
A terra em que nasceu:
- A´ tarde ouvir das aves o gorgeio,
E á noite recolher no frio seio
Os orvalhos do CEO.

Mas não quis o destino caprichoso,


Que o cantor das palmeiras mavioso
Dormisse a sobra delias:
Quis dar-lhe mais extensa sepultura,
Onde, em vez de mil cantos de ternura,
Ouça a voz das procellas.

Melhor foi!... que não deve o frágil barro,


Que em si conteve um gênio tão bizarro
Ser dos vermes roído;
Envolucro d’ espírito divino.
Só lhe deve alterrnar da gloria o hymno,
Oceanico gemido.

314 Jornal O Paiz, 10 de novembro de 1864, Poesia compilada por Leopoldo Gil Dulcio Vaz – Curitiba – PR – Brasil
– 1952; Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Universidade Estadual do Maranhão
Envólucro d’ um’ alma grande e nobre,
Alguns palmos de terra era mui pobre
Jazigo a genil tal.
Do atlântico a vasta sepultura
É mais própria, de certo, e mais n’ altura,
Do cantor immortal.
Dorme, pois, do Brasil cantor mui terno,
Entre as vagas azues, que o somno eterno
Perturbar-te não vou.
Do teu fim, pesaroso e condoído,
Pude apenas soltar este gemido,
Com que a Lyra estalou.

J. Ramos Coelho315

PROFECIA
À MORTE DE GONÇALVES DIAS
Bardo, foste profeta. Nos teus versos
Com a pena cruel e inevitável
Do próprio fado, esclarecido o ânimo,
Teu destino fatal assinalaste.
Quando, feliz ainda, abandonando
A pátria cara, aos teus fieis amigos
404
Na flor da primavera adeus disseste,
Estas, em mal, fatídicas palavras
Te saíram dos lábios, segredadas
Talvez por Deus; recônditos mistérios!
“Porém quando algum dia o colorido
Das vivas ilusões, que inda conservo
Sem força esmorecer e as tão viçosas
Esperanças, que eu educo se afundarem
Em mar de desenganos, a desgraça
Do naufrágio da vida há de arrojar-me
À praia tão querida que ora deixo.
Tal parte o desterrado. Um dia as vagas
Hão de os seus restos rejeitar na praia,
Donde tão cedo se partira e onde
Procura a cinza fria achar abrigo”.

Cumpriu-se a predição. Uma por uma,


As tuas expressões saíram certas.
Cumpriu-se a predição. Quem o pudera
Nesse tempo antever? Só Deus, somente
Quem, por Deus inspirado, ao longe alcança
Num relance as recônditas entranhas
Do longínquo porvir.

315 Fonte: MOREIRA, Maria Eunice, Gonçalves Dias e a crítica portuguesa no século XIX, Lisboa, Centro de Litera-
turas e Culturas Lusófonas e Europeias, 2010, 208-212. Compilador: Weberson Fernandes Grizoste
E quão ditoso
Eras então, embora no alaúde,
Alma que à terra presa ao céu subia,
Te queixasses da vida! De esperanças
Risonho o teu futuro se enramava.
Ciência, amor, felicidade, glória
Eram os sonhos teus. Sob os teus passos
Da juventude as ilusões nasciam,
Como nascem as rosas sob os passos
Da primavera, quando após o inverno,
Vem a terra animar. Como tão esplêndido,
Tão extenso horizonte, que aos teus olhos
Das mais formosas cores se adornava
Da nascente manhã, dos pátrios lares,
Te despediste, e, atravessando 0 oceano,
Nas margens do poético Mondego
Colher vieste do saber a palma.
Ai, sob a ramagem dos salgueiros,
Do rio ao murmurar, tu’alma jovem
A harmonia aprendeu; aí, ao brilho
Da nossa lua e cintilantes astros;
Ai, do nosso belo firmamento
Ao fogo criador, soltaste o voo
Pela primeira vez, e, com saudade
405
Do longe berço, de sentido pranto
As meigas cordas orvalhaste à lira.

Volveste enfim de Santa Cruz às praias;


Volveste, mas feliz, mas coroado
Dos loiros da vitória. A honra, o aplauso,
Te foram receber, e por ditosa
Se teve a pátria de gerar tal filho.

Só te faltava um ente idolatrado,


A que pudesses dedicar a vida.
Achaste-o;, e louco, lh’of’receste incensos
De estreme devoção. Eram completos
Todos os sonhos teus: sorrindo o mundo
Dava-te amor, felicidade, glória.

Quantos falsas então não suporiam


As tuas previsões! Talvez tu mesmo,
Talvez tu mesmo duvidasses delas.

Ai, mísero de ti! Bateu a hora


Escrita pelo fado. O que julgaste
Do soberbo edifício que findaras
Como o remate ser, foi o começo
Da tua perdição, lançou-o em terra.
Desceste breve do zênite brilhante
À pavorosa noite! Dos teus dias
O sol radiante se obumbrou de nuvens,
Núncias da tempestade, e o ígneo raio
Do céu baixando, te feriu terrível.
Desde então a tu’alma lacerada
Silenciosa gemeu, em si guardando,
Para mais a roer, o interno abutre.
Só desejavas o repouso, a morte.

Desde então os proféticos agoiros


Se começaram de cumprir, ó bardo.
Tu bem o conheceste, e do teu curso
Viste perto fechar a breve estrada
A lápida funérea!

Em vão das letras


Na ímproba fadiga sem descanso
Procuraste esquecer do mal a ideia,
Se é que, antes, não buscavas no trabalho
Abreviar a desditosa sorte.
Em vão a lira ressoar fizeste;
Em vão; as tuas notas de outro tempo
Se tornaram gemidos. Pela América,
406
Pelos países da ilustrada Europa
Vagabundo correste; mas contigo,
Mas diante de ti, a toda a parte
Ia, sem te largar, tua amargura.
Breve principiou também o corpo
A definhar, a padecer. Sentindo
Já perto a morte, pela vez extrema
Voltar quiseste à pátria, por que inteiras
As palavras fatais realizasses.
As tuas ilusões tinham passado;
No mar do desengano as esperanças
Afundado se haviam; a desgraça
Do naufrágio da vida te arrojava
À praia antiga que feliz deixaras.

Partiste. Da existência esperançosa


Que à luz do céu natal desabrochara
Ao terreno natal o que conduzes?
Quase um cadáver só. Distante fica
A Europa; já o espaço que a divide
Do Novo Mundo diminui; com ele
Também já diminui teu fraco alento.
Próximo estás do solo do teu berço;
Próximo estás do túmulo! Não ouves
Terra em festivo som gritar da gávea
O gajeiro? Não vês ao longe, ao longe,
Como nuvem romper do azul dos mares
A desejada costa? Ai! o teu corpo
Mal se pode mover! Ai! os teus olhos
Quase que os fecha o sempiterno sono!
Queres-te levantar para avistá-la
Ao menos uma vez. Esforço inútil.
Nunca mais a verás.

Mas neste ponto


O vento cresce, e pelas ondas salta,
Presa dos mares, o alagado lenho.
Ficam-lhe à proa perigosos baixos,
Que é impossível evitar. O gelo
Do medo, do pavor, invade os membros
Aos navegantes. Ele só não treme.
Alma para tremer já não tem quase:
Jaz insensível deste mundo aos males
Sobre o leito da dor despejo inerte!
Que choque horrendo, que terrível brado
O espaço atroa? Num cachopo oculto
O alteroso baixe! se parte e esmaga.
De máquina tamanha apenas restam
Algumas tábuas a boiar nas águas!
407
De tantos homens, que lhe davam alma,
Alguns corpos à toa, flutuantes,
Triste cena de horror! bebendo a morte!
E o dele, o do infeliz? Nalguma praia
Da pátria amada as despiedosas vagas
O arrojaram de certo, por que fossem
(Complemento do oráculo funesto)
Nela os seus restos procurar abrigo.

Assim uma após outra se cumpriram


As tuas predições, pobre poeta!
Foi vontade de Deus! Que desenganos,
Que altos mistérios este mundo encerra!

Jackson Douglas Silva316

NATUREZA EXALTADA
Poeta, Dias ilustres foram
Todos os que tu estiveste nesta terra.
A natureza nunca sentiu-se
Tão lisonjeada nos teus cantos.
Cantos de amor, cantos de saudade.

316 Jackson Douglas Silva – São Luís – M – Brasil - 13 de Outubro de 1985. Universidade Federal do Maranhão/
Curso: Letras
Gonçalves, Dias tristes
Foram muitos para nós,
Pois a tua partida trouxe-nos saudade.
Saudade que nos leva a ler e ouvir
O teu cantar e exaltar.

Dias, o teu canto não silenciou-se.


Mesmo com o mar imenso querendo sufocar,
É certeza que o teu canto ainda continua a ecoar
Nas regiões de terra, céu e mar.

Quem nos dera ter-te outra vez


Para olharmos com os teus olhos
Através da poesia o esplendor da criação.
Como seria majestoso vê-lo
Ainda uma vez, cantando e exaltando a Nação!

Jackson Franco317

De volta ao mar
Nas tuas idas Gonçalves Dias
Deixaste o mar de tua terra o Maranhão.
Porém nas tuas vindas pra cá,
408
Voltaste ao teu amado rincão.

Ana Amélia foi teu grande amor.


Não casaste com ela por conta de tua cor!
Do preconceito que tu sofreste,
Teu grande amor não viveste.

Tua obra engrandece este Brasil,


Tua canção do exílio merece nota mil!
“Nossa terra tem palmeiras onde canta o sabiá
As aves, que aqui gorjeiam, não gorjeiam como lá”.

Os críticos dizem que tua obra é muito indianista,


Romântica demais e muito nacionalista.
Porém Machado de Assis escreveu:
“Era Gonçalves Dias o mais prezado filho da poesia nacional
Aquele que de mais louçania a cobriu”.

317 Jackson Franco - Campo Grande –Recife –PE – Brasil. Economista pela UFPE. Livros publicados: “História de um
livro”, infanto-juvenil, pela editora Scortecci; “@puft! Contos de um estranho,novo,mesmo mundo”, e-book
pela editora Jaguatirica; “Verdinha, a pequena cana-de-açúcar” , infantil, premiado em 2011 pela FUNESC-PB,
a ser publicado em 2012. Endereço:Rua Jonas Guerra,67-apto.204-Campo Grande –Recife -PE-CEP 52.040-
253. Fones:81-3426-5835 / 9673-7956. e-mail: jacksongara@hotmail.com
Quando escreveste:
“Não permita Deus que eu morra
Sem que eu volte para lá”.
Morreste no Maranhão e no teu querido mar.

Jacqueline Collodo Gomes318

Ana Amélia
Este amor, adormecido com As Tormentas
repousado nas ondas de lágrimas
que outrora arrastaram os destinos
do que poeta e sua flor podiam ter vivido

Enternecido, tamanha paixão declarada


vencendo o amor ao calor ou à luz querida
a exaltação ao silêncio, cores, perfume e à vida
Mais do que pôde estar em si mesmo

Momentos gravados na proa daquele navio


pelo céu que lhe acentuava os traços sofridos
Expirações que levavam seus sonhos ao infinito
Últimos momentos de tal testemunhar
409
Revisões de cenas não alcançadas
A musa estática na sacada
A força daqueles olhos de tudo abandonar
e seguir com ele para onde quer que fosse

O mesmo estático olhar que o sofrimento


do passado impulso, ignorado momento
mostrava, agora, numa mesma praça
diante de uma mesma fonte, mas já tão distantes...

Um instante no tempo, onde as nuvens piscaram


e o vento elevou o lenço branco, um aviso
um momento de corações duplamente abatidos...
Em sete chaves e um pousar de mãos constante.

318 Jacqueline Collodo Gomes - Campinas/SP – Brasil - 26 de Outubro de 1987 é uma jovem escritora indepen-
dente. Já teve publicações de poesias e textos em antologias com outros autores, boletins, revistas locais e
jornais de literatura. Mantém um blog onde divulga seus escritos: Ah, Poesia! http://ahpoesia.blogspot.com
Jacqueline Salgado319

Sabe lá
Ai, que mistérios rondam,
O lugar onde eu nasci?
Quem terá me nascido?
Cegonha eu sei que não foi,
Não tem dessa ave por lá.
Mas minha terra tem palmeiras...

Terá sido um sabiá?


Sabe lá.

Jacy Gonçalves Ribeiro320

CANTA SABIÁ
Tem palmeiras minha terra
Pra cantar o sabiá
No exílio não há plantas
Tão bonitas como cá

Lá no mar ficou sua voz


Embargada sem falar
410
Por isto que o sabiá
Vem cantar neste lugar

Por mais terras que eu percorra


Não verei ele cantar
Só aqui neste rincão
Vem cantar o sabiá

319 Jacqueline Salgado - Viçosa/MG –Brasil - 19/03/75. Graduada em Belas Artes pela Universidade Federal de
Minas Gerais, UFMG (2000), pós-graduada em História (2003). Como escritora, possui trabalhos publicados
em nove coletâneas e é autora de um livro infantil “A Menina a Pedra e o Ribeirão”, Editora UFV/2010, além de
inúmeros prêmios e menções honrosas. Foi contemplada em maio de 2008 com o primeiro lugar no Concurso
“Leia Comigo” de incentivo à leitura, promovido pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ).Vive
em Belo Horizonte onde trabalha com pesquisa e gestão de projetos culturais.
320 Jacy Gonçalves Ribeiro - Pelotas, RS, Brasil - 19 de março de 1940. Teve sua iniciação literária em 1985, publi-
cando poemas nos jornais e revistas de várias cidades. Já participou de dezenas de antologias e publicou três
livros: Em 2007, “O canto do rouxinol” (poesia); Em 2008, “Uma noite de sonetos” (poesia); Em 2008, “50 Anos
de História do CSS” (história). É associado do Centro Literário de São Leopoldo há 17 anos e sua assinatura
literária é “J.G.Ribeiro”.
Jainara Martiny321

Não me deixes, poeta!


A palavra crua vira e revira o mundo.
Salta de boca em boca sem merecer nexo.
Então, nasce o poeta:
E, alquimista das letras, a transforma em verso.

O homem comum nasce, cresce e morre.


O poeta nasce, cresce, canta, encanta e vive!
Depois dele os homens podem assumirem-se,
Compreenderem-se.
Falarem da dor,
Dedicarem o amor.
Sem vergonha de cair em ridículo.
Sem vergonha de cantar a vida.
O poeta é Gonçalves Dias:
O “Homem poesia”
Que vive dentro de todos nós!

Jailton Silva Matos322

TRAGÉDIA GREGA
411

Talvez os lendários deuses do Olimpo


assim como o são, lendários e mesquinhos
poderosos enquanto repletos de humanas falhas
ou por inveja, ou ciúme, ou apenas temores
de terem sua glória suplantada por ti
e pelos heróis indígenas de nossa mesma pátria
e de pátria criada e libertada à partir de teu coração
decidiram impedir-te completar tua saga.

Tornaste-te assim o teu próprio herói egrégio


o Y-Juca-Pyrama afogado, se não no Egeu
em águas traiçoeiras de tua própria terra-mãe.

E como não pode deus mitológico realizar qualquer feito


tua morte – tragédia do acaso – em nada lhes aprouve:
se interrompeu a honrosa trajetória timbira
incapaz foi de deter-te subjulgares todo o panteão
pois eternas são as glórias de teus Dias, Gonçalves!

321 Jainara Martiny - Canoas/RS – Brasil - 14 de junho de 1982. Estudante de Filosofia e Jornalismo na Pontifícia
Universidade Católica do Rio Grande do Sul.
322 Jailton Silva Matos - Jai Matos della Rosa - Salvador – BA – Brasil - 30/05/1976 - escritor, poeta, prosador,
blogueiro e administrador de páginas de poesia no Facebook. Escrevo também poesia para o jornal Opinião
de Monte Mór.
Jamil Damous 323

O TURISTA EXILADO
Quando cheguei sozinho a Paris
e, cansado da viagem, me deitei
naquele quarto de hotel barato
e tentei fechar os olhos já saturados
de tantas imagens,

o primeiro som que ouvi


foi o estrangeiro pio de um passarinho.

Um único dia fora do meu país


e tudo já era exílio.

O danado do poeta tinha razão


(e comecei a chorar):

as aves que aqui gorjeiam


não gorjeiam como lá.

SONETO DA PRAÇA GONÇALVES DIAS


Como o poeta de pedra nesta praça,
um poeta de carne mira o poente.
412
Os seus olhos atentos saem à caça
dos telhados e torres à sua frente.

Ali ainda estão. Mas, à direita


do sol que se afunda na baía,
uma cidade feia e estrangeira
se ergue onde antes nada havia.

As torres, os mirantes, os telhados,


intactos ao tempo, tão ferino,
olham o poeta, longe, indiferentes.

Será que reconhecem o menino


nesse velho que mira o seu passado
com os olhos fatigados do presente?

NA PRAÇA GONÇALVES DIAS


Três e trinta da manhã.
Na praça Gonçalves Dias,
contempla a casa da tia
que dorme profundamente
sem saber que um turista

323 Jamil Damous – Turiaçu – MA – Brasil - 7 de setembro de 1953. Foi para São Luís aos dez anos de idade e
para Belém do Pará aos quinze, onde sua carreira de poeta, letrista de MPB, jornalista e publicitário. Chega ao
Rio de Janeiro aos 23 e logo lança seu primeiro livro de poesia, “Tempo Turiense e Outros Tempos”.  
de si mesmo ali espia
as janelas fechadas.

A criança que foi


é quem olha a casa estática,
enquanto o tempo flui
na madrugada silenciosa.

Sobre a palmeira de pedra


o poeta o observa
e o vento antigo da ilha
bate e refresca seu rosto.

Tudo foi exílio em sua vida.

Mas naquele instante,


três e trinta da manhã
na praça Gonçalves Dias,
está de volta à casa
onde um dia o mesmo vento
bateu naquele rosto sem rugas
e sem desesperança.

Contempla por um tempo


a mesma antiga fachada, que reflete 413
as lâmpadas elétricas da praça
na noite sem estrelas.

E logo desce a escadaria


de volta ao bar ainda aberto,
ao tempo presente
e aos barulhos do mundo.

Jandy Magno Winter324

Se morre de amor?
Não, de amor não se morre.
Vi o poeta dizer.
Se é uma triste alucinação
Te cobre por completo o coração
causa dor, turbulência
Sim, isso é triste dizer.
quod non amoris est
É ilusão e falência.

324 Jandy Magno Winter - São Félix – Bahia - Brasil - 18 de agosto de 1976. Escrevo poesia desde minha adoles-
cência, não obstante não tenho nada publicado. Atualmente estudo Filologia  hispânica e latino-americana e
pedagogia na universidade de Frankfurt em Alemanha. Trabalho como educadora infantil. Escrevi o livro Pó de
amor atroz e Antologias poéticas ainda não publicados. Possuo um blog, no qual divulgo as minhas poesias:
Gelassenheit (http://geelassenheit.blogspot.de/), onde faco também a moderação.
Não se há de desfalecer o espirito
Porque ele restaura e revigora a alma
Chama para a vida, dar saber
E curar as mais chorosas feridas
Abranda a mais severa lida
Amor vincit omnia

De amor se vive quando,


Educa, acalma, sorrir faz, não trai
E não corroí a alma.
O dilúculo da vida amor é.

O Amor desconhece fronteira.


Idade, gênero e cor.
É um bom navegador
Ultrapassar a linha do horizonte
transpassar a mais sorridente dor
O amor identifica o amor.
É a luz que ilumina a estrada escura.
É bussola para navegantes
É o olho latente que não cansa, espera.
Diante dele não há cortinas  de palavras
que possa transcrevê-lo
que esconda o segredo
414
porque o amor é verdade
Partilha
É o farol em alto mar.
É o próprio Deus.
e força nos momentos mais difíceis.
Solidez!
O amor é mais o amor.
O amor  abre a porta
Para que possa sentir o fluir
da fragrância suave das rosas e do oceano
que constitui o teu nome
O teu sonhar
O teu corpo.
O amor une vidas.
Plasma o infinito.
Trata-se do
que Gonçalves consagrou
Para em poucas palavras
não dizer, senão sentir
Amo-te.

Amá-la, sem ousar dizer que amamos,


Isso é amor, e desse amor se morre! Antônio Gonçalves dias
 
Amo-te sem sintomas aparentes
Como o livro sem palavras vivo cada
dia tua ausência, as quais o vento não pode levar.
As latentes palavras são Sempre vivas.
Regressam a diários melancólicos e
Alcoolizados, não simbólicos, imaginários.
São cilíndricas por sua rotação.
Ninguém sabe onde andam os fonemas,
Os morfemas nem os contos, não há rascunhos.
Até os olhos deixam de ser o portal da alma.
O amor passa a ser platônico.
Onde andará?
 Sinto seus lábios, sua pele, suas batidas,
Sua respiração seu corpo, suas mãos acariciar.
Tudo Invenção do amor embriagado
Sem poder descrever o vero.
Isso é o amor?

 O sorriso perdido a casa regressa


Quando a confusão é polar.
A ausência sublinha sua presença dentro de mim
Ao olhar a minha volta vazia
com um interior pleno de ti.
Duas taças, garrafa de esperança e uma foto
415
do rio, do mar e do jardim.
Ouço Gonçalves noites e dias.
Tudo me recorda a ti.
 É você ao meu lado.
Desejo de ser constantemente fotografado
Por uma retina de vidro
Consequência da inebriação do ser.
O brilhar por sua ausência
Em um verão infinito
denotando a alegria
a espera e a si.
Amei!
Se é que amar é viver. Vivi.
 
Vivo os minutos que ficam.
Sem querer  estar só e estando
sem poder ao lado seu permanecer.
Já que no meu cofre humano
vive e não é engano.
Tenho seus beijos, sinto seu corpo
Sua semipresencia. Guardo suas palavras em mim
E pego com a mão esquerda A brisa de ti
Amo-te sem sintomas aparentes,
Em silencio e vivo.
Ave
Ave puríssima de toda a vida e o tempo
A gente tem. Voa no campo
observando a sorridente natureza.
Sua aparente beleza.
Sem poder consagrar-se na partida
Nem na esperançosa vida
de não ter que amá-la
em silencio.

Não é necessário a dura cega lida.


Nem na sombra das arvores sem folhas
que Adão e Eva criaram.
Tendo que amar o brilho de uma virgem lua
como se espera a chegada de um rei
Trazendo consigo ouro, aromas e canelas
 Ave grandíssima traduziu o meu mundo
Despertando—me de um sonho profundo
Nem o beijo principesco logrou.
Sapo!
Digo: te amo

Vejo o amanhecer com a sua voz a dizer


vem comigo e vivemos
416
Na realidade os sonhos.
A ave grandíssima sou eu
Desperta-te para viver.

O amor suficiente é
O Amor desconhece fronteira
Idade, gênero e cor.
O amor identifica o amor.
É a luz que ilumina a estrada escura.
É bussola para navegantes
É o olho latente que não cansa, espera.
Diante dele não há cortinas  de palavras
que possa transcrevê-lo
que esconda o segredo
porque o amor é verdade
Partilha
É o farol em alto mar.
É o próprio Deus.
Força nos momentos mais difíceis.
Solidez!

O amor é mais o amor.


O amor  abre a porta
Para que possa sentir o fluir
A fragrância suave do oceano de rosas
que constitui o teu nome
O teu sonhar
O teu corpo.
O amor une vidas.
Plasma o infinito.
Trata-se do
que Gonçalves consagrou
Para em poucas palavras
não dizer, senão sentir
te amo.

Jane Rossi 325

Canção de muitos Dias


Eu poderia falar sobre dores e amores
Poderia versejar sobre um jardim de flores
Eu poderia dizer que querias o fim da guerra
Mas eu falarei do amor que tinhas por tua terra
*
Pelo orgulho que tinhas, de ser, um ser brasileiro
Seu amor por esta terra rendeu versos pioneiros
E a canção do exilio pra sempre será lembrada
Muitos dias cantaremos esta poesia rimada
417
*
O amor pelas palmeiras, pelo canto do sabiá
O nosso céu estrelado tem brilho de encantar
Tudo aqui é mais bonito, tudo tem mais valor
Tem Palmeiras, sabiá, tem povo cheio de amor
*
Quem saiu não resistiu, retornou pela saudade
Esta terra tem magia, tem poesia e tem bondade
Tem beleza verdejante, o mais belo céu azul anil
E temos Gonçalves Dias que é filho deste Brasil
*

325 Jane Rossi - Guarulhos – SP – Brasil – professora com pós graduação na Educação Especial, escritora, poetisa,
antologista e ativista cultural.É mentora e idealizadora do Projeto Antologia Alimento da Alma pela All Print.
Mentora e idealizadora do Projeto Poetas da Escola, pois seu objetivo é induzir o aluno a ler por prazer e não
por obrigação. é membro correspondente de nove Academias de Letras e Artes e duas Federações, é Sena-
dora Cultural por Guarulhos na FEBACLA, Embaixadora da Paz/ Cercle Universel des Ambassadeurs de la Paix
Suisse/ France.
Janete Henrique Serralvo326

Gonçalves Dias...
Palavras magníficas soltas no tempo,
Poesias maravilhosas inspiradas
Por um amor a desalento.
O corpo jovem padeceu e...faleceu.
A alma não se despediu, não morreu.
Sua energia está sacramentada.
Sua marca poderosa enraizada,
Na lembrança de muitos amores,l
De cada um de nós sonhadores.
Muitos anos se passaram,
Muitas gerações mudaram,
No universo, na boca, no papel,
Dia após dia, Gonçalves Dias
Aqui está em nossa companhia.

Jania Souza da Silva327

Saudade e Paixão -
(Tributo ao poeta Gonçalves Dias)
 Guardo terna lembrança de meus livros na infância
418
Quando aprendia a ler minhas lições na voz de mamãe
Alagada em rio de emoção ao declamar com ardor
A dor maranhense fluida da boca do filho do coração.
 
Seus belos e sentidos versos pintaram-me palmeiras e aves
Sem igual em qualquer lugar fora da terra da sua sensibilidade
Mergulhei em sua poética e fiz-me parte do seu amado chão.
Quando me afasto do seu aconchego, sinto a tristeza do banzo
Doer e moer minhas mais secretas entranhas em saudade e paixão.
 
E quedo-me em saudades e choros
E o ardente desejo de voltar ao meu torrão
Sentir o beijo do sol e o solfejo do vento.
.
O gorjeio das aves sob coqueiros, céu e o mar
Acenar a flâmula de fogo na praia de meu coração
Então poeto a Gonçalves minha eterna admiração.

326 Janete Henrique Serralvo - Mairiporã-SP – Brasil - 03 de abril de 1977. Aos 10 anos de idade participou com
uma poesia num livro da cidade. Apaixonada por música e pela arte. Retornou suas escritas em março de
2012, com determinação e inspiração. E mail: janeteserralvo@gmail.com
327 Jania Souza da Silva - Natal/RN - Brasil - 03/05/1956. Publicou Rua Descalça pelas Edições Bagaço/PE em
2007; Fórum Íntimo e o livro infantil Magnólia, a besourinha perfumada pela Editora Alcance/RS em 2009;
Entre Quatro Paredes, em 2011, pela Corpos Editora do Porto/Portugal. Participação em coletâneas nacionais
e internacionais. Sócia da SPVA/RN; UBE/RN; AJEB/RN; APPERJ; Clube dos Escritores de Piracicaba/SP.  
Janio Felix Filho328

O berço
Ah! Caxias!
Tuas palmeiras foram
Inspiração nas mãos
De Gonçalves dias

Eternas recordações
Para quem longe
Também vivia
Querendo esta perto,
Noites e dias
Da pátria querida!

Ah! São Luiz do maranhão!


Tu foste berço
De um gênio da criação,
Das palavras amorosas,
Lírios do coração!

Ó! Maranhão!
Tuas praias!
Tuas praças,
419
Teu teatro
Tua cultura,
Foram palcos
Tuas ruas caminhos
De um menino andarilho
Contemplado
Nas bibliotecas do mundo
Inteiro...
Em suas composições
Exilado,
Em muitas solidões.

Ó! Cidade!
Saudosa em sua proclamação,
Morada e refugio
Em suas composições
De um menino modesto
Senhor de uma paixão.

328 Janio Felix Filho – Jaru - RO – Brasil - 25 de fevereiro de 1980. Escritor, poeta, contista, romancista, cronista
AUTO RETRATO
Outro dia
Ouvir falar
De Gonçalves Dias
Na ocasião eu não
Compreendia

As moças falavam:
É o poeta do amor!
Em sua indagação:
To certa meu senhor!
Dizia a moça
Pedindo minha
Confirmação.

Sem poder
Confirmar sua aprovação
Resolvi sair daquela confusão,
Em que a moça insistia:
Ele era filho de comerciante!
Sim, o fundador da revista Guanabara!
Natural do Maranhão.

Outro dia
420
Depois desta ocasião
Numa viagem de avião
Ao lado de uma jovem singela
Notei em suas delicadas mãos
Um livro com uma:
Canção do Exílio.
Hoje conheço
A vida e a morte
De um home de muita sorte
Com quem Olímpia Costa se casou
Porque o destino não deixou
Que ele vivesse seu amor
Ana Amélia do Vale
A quem mais uma vez,
Ainda uma vez - Adeus!
Lhe deu

Partindo deste mundo


Em uma viagem no navio francês
Ville de Boulogne
Que naufragou
Acabando com sua viagem
De uma vez.
Jaqueline Maria Ribeiro329

De poeta para poeta


Não era nobre, não teve riqueza,
Só teve humildade e sinceridade,
Advogado, poeta, Gonçalves Dias foi um brasileiro
Inspirado no amor pela pátria
Que invadiu o seu peito.

Nascido e criado no Maranhão,


Estudou na Europa,
Cheio de inspiração,
Escreveu seus poemas
Com mil e uma intenções.

Foi da tribo, foi do Norte,


Um guerreiro poeta tão forte ele foi,
Se foi um mestiço com valor, cheio de sorte,
Conquistou mil maravilhas,
Mas não se livrou da Morte...

Jean-Paul Mestas330
421
CINQ POÈMES À GONÇALVES DIAS
ET ANA AMELIA EN SOUVENIR
La pluie impunitive
un dernier vol
dans la nuit noire où le silence
est inquiet d’être seul
à crier au secours
alors que tant de voix
naviguent dans l’espace
et que les démons prennent soin
de clouer le bec aux étoiles
en attendant l’inévitable
aux portes des soupirs…

AMIS ?...
Mes Amis du Brésil
semblent tellement loin
que je m’accroche à des images

329 Jaqueline Maria Ribeiro - Teresópolis/RJ - Brasil - 11/01/1997. poetaluna do 9.º Ano da E. M. Alcino Francisco
da Silva, em Teresópolis/RJ, e já traz um vasto currículo literário, incluindo a Menção Especial no XXII Concurso
de Poesias da ALAP, no Rio de Janeiro/RJ. Professor orientador: Carlos Brunno S. Barbosa
330 Jean-Paul Mestas - Paris – França - 1925. Engenheiro e escritor, conferencista, crítico, ensaísta, poeta, profes-
sor de literatura romena na Sorbone e tradutor. A sua obra conta com mais de 60 livros. Ele é fundador dos
Cadernos de Poesia Jalons, com Christiane, sua esposa, que é pintora. Suas obras são traduzidas em muitas
línguas, entre as quais, o Português. Tem inúmeros artigos e apresentações em antologias, jornais e revistas
de 36 países. E mail: mestas.chris@gmail.com
insolites pour les trouver
en bordure de mon chemin ;

il en est parfois quelques uns


qui délèguent leur ombre
afin de me donner à lire
un poème secret
où je les imagine
enfin à mes côtés…

BRÉSIL VU PAR GONÇALVES DIAS


L’impression m’est venue
de survoler ce grand berceau
comme les pigeons voyageurs
l’eau danse
et les mies du bonheur
font valser les poèmes

autour de l’horizon
les revenants s’amusent
à récupérer des sourires
autrefois suspendus
au florilège de l’amour.
422
VIVEZ…
Vivez je vous en prie
comme les peupliers sensibles
aux revers de chaque saison
parfois rebelle au devenir
de la lumière ou des nuages
alors même que le bonheur
semble tourner en rond
comme une question maladroite…

RETOUR EN ARRIÈRE
Terre et sang oui
Un passé me tourmente
et les mots s’y accrochent
en guettant des ombres perdues
qui semblent refaire surface
alors que l’horizon s’accote
à de nouvelles apparences
invitées à survivre
au prix d’un retour en arrière.
Jeanne Cristina Barbosa Paganucci331

Ao poeta, Gonçalves Dias


Incrédula, abro o livro proibido
Das confissões de um poeta
Das explosões românticas
Do interior de sua alma

A canção do exílio inquieta-me


A ponto de desejar beber
Da fonte de seu saber e finjo
Conhecer o seu pesar, a sua ausência

Fugidios pensamentos, estes


De querer compreender a alma do poeta
Sem conhecer ao menos a recordação

Implacáveis horas de suplício, estas


Que asseguram ao homem o saber-se
Ignorante diante de seus poetas

De sua poesia
O amor, a dor, o amanhã
Percorrem as veias do poeta
De mil formas desfolha e encerra 423
Em palavras o que d’alma entendia

Se ama, não sabe


Se suporta a dor do amor, espera
Como a compreender da alma
Somente as minúsculas horas

Não mais pergunte a vida,


Os amores
Não mais importa se apenas
Dói

De sua poesia resta a sim mesmo


De todas as implacáveis divagações
Do ser poeta

O amor e o canto do poeta


O poeta questiona a respeito do amor
E responde a ele mesmo que este
Não acabou e que de amor
Não se morre, prazer alcança

331 Jeanne Cristina Barbosa Paganucci - Salvador – BA – Brasil - 17/05/1977. Poeta, ensaísta, escritora, graduanda
em Letras Vernáculas pela UESB/Campus de Jequié; monitora de Literatura Portuguesa, com pesquisa sobre o
mito da saudade em Inês de Castro; bolsista voluntária de Iniciação Científica do Projeto Emília vai à Escola do
Estale/UESB/CNPQ; bolsista do Pibid Letras/Capes. Mora em Maracás, na Bahia.
Graciosidade, postura, êxtase
Em que de pura chama se condensam
De duras penas se esvai
E não atinge emoções do ser real

A beleza do amor em seus poemas


É o querer desiludir e o não querer
Perder-se de si mesmo
Na vasta chama do impuro

As divagações reais do amor em si


Clamam por sua natureza que
De romântica tornam a vida
O simples toque do amanhã

Soneto ao poeta
O poeta é aquele pecador
O indiferente e o desassossegado
A imagem perfeita do querer
Que se imagina perdido e encontrado

Que desatina em sua ruína e não descansa


De sua mórbida paixão pela palavra
O seu fel, seu véu, sua ira
424 Seu estado de lucidez e de loucura

Ao poeta todas as canções


Todas as noites e manhãs
A rosa do mar e os olhos verdes

E nada mais ao poeta


Oferto-lhe o mar
Somente

Piedade para a poesia


Ao fim da tarde
Quando os olhos lacrimejantes
Observarem o compasso do tempo
E a servidão da noite chegando

Que os olhos vejam as aflições


Que rebentam a alma do poeta
E que a breve luz da lua
Seja capaz de suavizar o seu clamor

Aos céus, por seu Senhor


E ali, a sós com seu Senhor descubra
Dos males da vida humana a piedade
Diante de sua alma, ao resgatar pura
Em chama, sua vida e sua luz
Que o mundo engana
Assim, a poesia tomará forma constante
De tranquilidade e virtude
Da piedade das palavras não pronunciadas
Das palavras escritas

Jefferson Reis de Santana - Infeto332

Lembranças de menino grande


de um paraíso que se acabou.
De cá, do sofrimento escravo, que me habita
ouço ainda a canção do exílio
embarcada no espesso lamento dos guerreiros
inocentes cosmopolitas
massacrados por criaturas terrestres
trazidas por mares babélicos
calou o canto dos pajés e converteu
soberanas e inalteráveis – até então - musas naturais
em leviandades materiais.

Cubro o mar de rosas negras


para Tupã ter ideia do destino
iníquo que a descoberta nos levou
425
amaldiçoou as cores dessa bandeira
antes desconhecida, porém bem exploradas
pelas ricas vidas, que a pobre riqueza abateu
mais ainda sinto, um trêmulo e esquálido torpor
quando a essência inviolável do que restou
ajoelha diante do túmulo do menino que por aqui brincou.

João Carlos Marcon333

Amélia
Não tive coragem aquele dia...
Sob a negativa dos meus algozes,
vejo sua imagem reclusa no espelho,
os olhos refletidos e um calado pedido de socorro.

Não tive coragem aquele dia...


Sou homem honrado, correto... manso.
Pelos meus dedos negros se esvaem os meus dias,
Dias que queria ter com você.

332 Infeto - Blogs - InFeTo.


333 João Carlos Marcon - Mariópolis – PR – Brasil - 23 de outubro de 1968. Professor da Rede Estadual de Ensino,
formado pela Universidade Estadual de Ponta Grossa, autor do livro “Perdi o medo da vida” pela Editora Ce-
leiro do Livro. E-mail: ac.korpus@hotmail.com
Não tive coragem aquele dia...
Os anos me definharam pela dor da ausência
Meu caminhar é lento, não tenho mais pressa,
levo a dor como inspiração. Escrevo aos sabiás.

Não tive coragem aquele dia...


sobre as costas arqueadas, carrego a culpa.
Na praça, em outros tempos
vejo uma senhora grisalha, velha, carcomida, mas linda.
Porém casada, apaixonada e aquele não era eu.

João Elias Antunes de Oliveira - Elias Antunes334

CANÇÃO SEM EXÍLIO


De que adianta o sonho
de cavalo-marinho
se há os limites do vidro
no aquário?

Toda fuga verdadeira se


inscreve nos gritos
da manhã.
426
Há anos esperando a canção proletária
subir dos músculos das
lavadeiras, das mãos dos
cortadores de cana,
das enxadas carpindo
o dia.

João Fernando Gasparotto Steigleder335

CANÇÃO DO EXÍLIO
Rio Grande do Sul, minha Terra ... meu Sul.
No inverno é muito frio; 
no verão, derrete até bombril.
 
As praias do Rio Grande do Sul
são bonitas 
e cheias de “farofeiros”.

334 Elias Antunes - João Elias Antunes de Oliveira - Goiania – GO – Brasil - 1964. Cursou Direito, na Universidade
Católica de Goiás. Em 1993, por concurso, entrou no TJDFT. Concomitantemente, foi professor de História da
Filosofia, de Redação, de Direito e Legislação e de Estética Literária. Duas vezes aprovado no curso de Mestra-
do em Teoria Literária da UnB. FONE: (61) 3541-4997. E-mail: jeliasantunes@bol.com.br
335 João Fernando Gasparotto Steigleder - Porto Alegre/RS – Brasil - 02 de janeiro de 1997. Estudante do Ensino
Médio do Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS. Integrante do Projeto “Imagens e Textos construindo Histórias e
Versos”. E-mail: gasparjonny@hotmail.com
De vez em quando, subo 
para Santa Catarina.
A ilha da magia 
parece até uma orgia.
Nas praias, só se vê surfistas.
E eu acabo surfando 
e gostando da brincadeira.
É muita emoção 
para o meu coração, 
que continua naquela “bateção”,
até eu cair de cara no chão.
 
Amo o Rio Grande do Sul 
e Santa Catarina também.

João Gomes da Penha Filho 336

Dias e dias
Entre dois rios,
Na mesopotâmia maranhense,
Nasceu um homem muito competente
Um Gonçalves diferente
Advogado e Poeta Caxiense
427
Tragado pelo naufrágio do Ville Bologna - carrasco navio.

Gonçalves de todos os Dias


Pra mim é sinônimo de alegria
Ler seus poemas, conhecer sua vida
Vivenciar sua ousadia
Jornalista, teatrólogo e etnógrafo... És guarida
Dos que não tem medo e aguardam os próximos Dias

João Marcelo Adler Normando Costa. 337

HOMENAGEM A GONÇALVES DIAS


Gonçalves Dias
Não pode amar a sua garota querida
chamada Ana Amélia.

336 João Gomes da Penha Filho - Lago da Pedra – MA – Brasil - 01/04/1990. É Acadêmico de Engenharia Química/
UFMA; Astrônomo Amador; Presidente e membro-fundador, titular da cadeira 001, da Academia Lagopedren-
se de Letras e Artes. Autor e organizador do livro “Enlace” (Poemas). e-mail: jgomespf@hotmail.com
337 João Marcelo Adler Normando Costa. São Luís-MA – Brasil - 11/04/2002. Cursa o 6º ano no Colégio Cres-
cimento. Tem participação na obra Coletiva “COLÉGIO DOM BOSCO APRESENTA SANSÃO E DALILA”, Projeto
Ópera para todos, 2008. É co-autor (juntamente com Daniel Victor Adler Normando Romanholo e Dilercy
Aragão Adler), do livro Infantil, “Uma história de Céu e Estrelas, São Luís-MA, 2011.
Gonçalves voltou para seu lar brasileiro
Maranhão, Estado dos apaixonados
e valentes guerreiros.

O Sabiá nunca saia de Lá


aguardava solitário
na palmeira
o seu líder, Gonçalves Dias, chegar.

Gonçalves Dias não morre nunca


Com seus poemas bonitos
Encanta a todos os brasileiros
encanta o mundo inteiro!

João Nepomuceno Silva

ANTONIO GONÇALVES DIAS338


Homengem pela noticia falsa da morte do Poeta

Sobre auri-verde palmeira


O sabiá sonoroso
Desferia meigas notas
No seu trinado saudoso.
428
E á estas queixas de amôres,
Que os próprios bosquem sentiam,
Maviosos respondiam
Plumeos alegres cantores.

Po baixo da verde rama


/que resiste ao vendaval,
Sussurrava brando um rio
No seu curso natural.
Do outro lado da via
Um curió, que cantava;
D’ outro, canário que dava
Vivas notas d’ alegria.

Quando no oceano – ia
De todo sumir-se o sol,
Eis que apressado aos cantores
Chega e falla um rouxinol:
“Meus irmãos por natureza,
“Da natureza cantores,
“Trocai as notas de amores
“Pelas notas da tristeza!

338 Publicador Maranhense 1862, agosto, Poesia compilada por Leopoldo Gil Dulcio Vaz – Curitiba – PR – Brasil –
1952; Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Universidade Estadual do Maranhão
“Vindo ouvir a triste nova,
“Vós também, rio, parai!
“S’ elle também vos cantou
“Meu triste brado escutai!
“No além-mar, solo meu,
“Deu ab brisa a nova triste
“Quem vos cantou não existe,
“Gonçalves Dias morreu.

Ouviu-se um gemer profundo


Findo o lugrube discurso;
O sabiá não cantou,
O rio parou o seu curso.
A palmeuira emurcheceu,
E os plumeos entristecidos
Só repetiam unidos
“Gonçalves Duias morreu!...

Os bosques frondosos,
As lindas florestas,
Os lares saudosos
As noutes, as sestas,
Teu canto, poeta,
Jamais ouvirão!
429
A voz predilecta,
Que quando cantava.
A’ tudo enlevava,
Não dirá mais flores;
Os plumeos cantores
Jamais gosarão.

João Nery Pestana339

AO VATE
Nessun maggior dolore...
Dante

macilento, em seu leito


sem honrarias, sem medalhas no peito
vai-se o vate. o mar em festa dá-lhe alento
um grande túmulo para um incomensurável talento
os sabiás gorjeiam um canto triste
as palmeiras curvam-se num gesto-gratidão
vai poeta. vai cantar aos deuses do infinito
o teu canto é a essência d’amplidão.

339 João Nery Pestana - Cururupu – MA – Brasil - 1964. Onde viveu até a adolescência, quando já manifestava ten-
dências literárias. É titular da cadeira n. 18 da Academia de Letras de Ribeirão Preto/SP, tendo como patrono
Gonçalves Dias.Blog: www.jneryliteral.blogspot.com. E-mail: jotanery7@hotmail.com
AH, MAR!
Frappé de ta grandeur farouche
Je tremble... est-ce bien toi, vieux lion que je touche,
Océan, terrible ocean! Turquety

o mar do maranhão
tem cor de íris perene
olor transitivo de sol

o mar do maranhão
são vozes mudas
que bebem homens

o mar do maranhão
lava a alma dos rios
onda anda ronda

exausto naufraga-se
e feito saudade
se guarda em mim.

QUIMERA
A Ana Amélia
430
I
pérfida é a minha crença
num amor durável e sedutor
ermas as minhas horas
infinda a minha dor
ímpia caminha a minha lida
delineada por alfanjes afiadas
pouco a pouco morrem-me a vida
e as paixões outrora abrasadas
debalde ausento-me de mim
para fugir aos laços
dos meus cruéis anseios
se são meus grilhões
os teus infandos braços
sejam teus meus devaneios.

II
Oh! rouvre tes grands yeux dont la paupière tremble,
Tes yeux pleins de langueur;
Leur regard est si beau quand nous sommes ensemble!
Rouvre-les; ce regard manque à ma vie, il semble
Que tu fermes ton coeur.
Turquety
feito pintura rupestre
vou tingir a tua alma
atingir a tua calma
maquiar os teus mistérios
vou me tatuar na tua essência
desvendar a inocência
que moldura os olhos teus
vou vestir-me de segrel
vou a pé a Portugal
pra chamar tua atenção
vou morar num calabouço
mutilar minha quietude
vou viver de solidão
vou fazer greve de sonho
vou mudar o meu destino
como quem troca de roupa
cumpro qualquer penitência
se ganhar de recompensa
um cantinho desse céu
que se esconde na tua boca.

III
Mon Dieu, fais que je puisse aimer!
S. Beuve
431

senta-te aqui ao meu lado. não precisas dizer nada


nada precisamos fingir, senão deixar que a chuva
encharque e purifique as nossas almas despidas
vês aquela árvore florida?!
que vai e vem à melodia da brisa?!
um dia fora apenas uma semente
amanhã em seu lugar erguer-se-á um monumento
e ninguém mais há de lembrar a sua existência
entrelacemos as mãos enquanto as temos
a vida, como o vento, a chuva, a árvore...
é única e eterna na brevidade de seu tempo
sintamos o cheiro suave da terra molhada
brindemos com a inconstância
os nossos gozos inacabados
e com o silêncio a mentira deste instante
pois tudo o que somos, sentimos ou tocamos
é apenas ilusão. a vívida ilusão dos nossos sonhos
corporificada no delírio existencial de cada ser
a chuva vai passar, logo se fará noite
as estrelas encherão de luz as nossas retinas
e nos farão acreditar na possibilidade do existir
porém tudo o que foi não mais será
senão remotas lembranças da nossa saudade
na sua marcha em vão ao encontro do nada.
João Pedro Estrela Gonçalvez340

CANÇÃO DO EXÍLIO
Aqui, em Tramandaí,
a cidade é pacata e harmoniosa;
em Porto Alegre há muita poluição
e ruídos.
Aqui, as atrações são o mar
e os dias ensolarados;
lá, o pôr do sol é o destaque;
casais reúnem-se
à beira do Guaíba para vê-lo.
Em Porto Alegre, ver as estrelas
é difícil;
aqui, a constelação é brilhante. 
Em Tramandaí, há uma variedade
de grupos;
lá, o grupo dominante, são os idosos.

João Pedro Mandarino Lopes 341

CANÇÃO DO EXÍLIO
Minha terra tem florestas
432
onde falam os papagaios.
Os papagaios que aqui falam
não falam como os de lá.
Nosso céu tem lindos raios solares;
nossas várzeas bons jogadores;
nossos bosques têm mais linhas;
nossos políticos nada fazem, só enrolam.
Em espirrar sozinho, à noite,
mais prazer encontro eu lá.
Minha terra tem florestas
onde falam os papagaios.
Minha terra tem pastores
que andam de lá para cá.
Em espirrar sozinho, à noite,
mais lazer encontro eu lá.
Minha terra tem cachoeiras
que encantam homens e aves.

340 João Pedro Estrela Gonçalvez - Porto Alegre/RS – Brasil - 01 de novembro de 1997. Estudante do Ensino Mé-
dio do Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS. Integrante do Projeto “Imagens e Textos construindo Histórias e
Versos”. Curte música e jogos eletrônicos. E-mail: jpestrela2007@hotmail.com
341 João Pedro Mandarino Lopes - Porto Alegre/RS – Brasil - 22 de novembro de 1994. Estudante. Vice-Diretor
Social e Membro Fundador da Academia de Letras Machado de Assis, Porto Alegre/RS, Cadeira 21, Patrono
Alceu Wamosy; Membro Efetivo da Academia Virtual Sala de Poetas e Escritores, Balneário Camboriú/SC; da
Liga dos Amigos do Portal CEN, de Portugal; e, da Associação Internacional dos Poetas del Mundo. Coautor dos
Romances Interativos: “Fantástica história de um mundo além da imaginação” e “Um Enigma”. E-mail: jpml_@
hotmail.com
Não permita Deus que eu morra
sem que eu veja nossas florestas
onde falam os papagaios.

João Rodrigues de Oliveira Santos 342

À morte de Gonçalves Dias343


Vendo a noite da vida aproximar-se,
Na pátria procurou vir asilar-se
Entre os seus expirar;
Mas antes de chegar lhe anoitecera,
E na terra, que tanto engrandecera
Não pôde repousar.

Entre as vagas — á vida quasi exausta —


Já marcado lhe havia a sorte infausta
O jazigo final:
Em vão fugir tentou ao seu destino,
Que além — gemendo — o mar lhe entoa o hinno
Do triste funeral.

Do verde palmeiral á grata sombra


Mais quisera o cantor ter por alfombra
433
A terra em que nasceu:
 tarde ouvir das aves o gorjeio,
E d noite recolher no frio seio
Os orvalhos do céu;

Mas não quis o destino caprichoso


Que o cantor das palmeiras mavioso
Dormisse á sombra d’elas!
Quis dar-lhe mais extensa sepultura,
Onde, cm vez de mil cantos de ternura.
Ouça a voz das procelas!

Melhor foi!... que não deve o frágil barro.


Que cm si conteve um gênio tão bizarro,
Ser dos vermes roído!
Invólucro de espírito divino,
Só lhe deve alternar da glória o hino
O oceânico gemido!

342 João Rodrigues de Oliveira Santos - Foi fundador e sócio benemérito do Gabinete Português de Leitura do
Maranhão e membro efetivo do Instituto Literário Maranhense.
343 Santos, 1868, 12-14. Poesias compiladas por Weberson Fernandes Grizoste - Jauru – MT – Brasil
Invólucro d’um alma grande c nobre.
Alguns palmos de terra era mui pobre
Jazigo a gênio tal!
Do atlântico a vasta sepultura
É mais própria, de certo, e mais n’altura
Do cantor imortal!

Dorme, pois, do Brasil cantor mui terno,


Entre as vagas azuis, que o sono eterno
Perturbar-te não vou:
Quis um hino elevar-te bem sentido;
Mas só pude soltar este gemido,
Com que a lira estalou.

João Vitor de Souza Bastos344

CANÇÃO DO EXÍLIO
Minha terra tem o mar
e o mais puro ar.
O sol que aqui brilha,
não brilha como lá.
434
À noite, quando chega,
brilha bela como o luar .
Os golfinhos aqui saem
com frequência para nadar
como nunca fazem os de lá.

Quando chega o verão,


o pensamento é um só:
sentir o cheiro puro do ar,
vendo o brilho do mar.

344 João Vitor de Souza Bastos - Criciúma/SC – Brasil - 10 de abril de 1994. Atualmente, reside Porto Alegre/RS.
Filho de Fátima de Souza Bastos e Artur Cezar Bastos Neto. Estudante do Ensino Médio do Colégio Conhecer,
Porto Alegre/RS. Integrante do Projeto “Imagens e Textos construindo Histórias e Versos”: “Caixas Poéticas”,
2012. Curte o mar, festas e viajar. E-mail: jvsbastos@hotmail.com
Joaquim José Teixeira345

A A. GONÇALVES DIAS
Gonçalves Dias – Lê-se no Correio Mercantil
O SR. Dr. Joaquim José Teixeira fez-nos o obsequio de offerecer esta
promorosa poesia:
A’ A. Gonçalves Dias

Fizeste bem, poeta!


O luso cysne ás ondas escapou,
E sobre a palha os dias seus findou.

Mas elle então salvava


Do pátrio ninho a fama, e a própria sua,
E nada já faltava á gloria tua.

Teu nome repetião


As brasilias palmeiras sempre bellas,
Do CEO que as cobre as multiples estrellas.
A campo que escolhestes
Reflecte o nobre olhar do firmamento;
É vasta como foin teu poensamento.
435
Prégão novo alcançaste;
Irá dizendo o mar e’ o a voz gigante:
Aqui jaz o poeta mais brilhante

Joaquim Maria Machado de Assis346

A Gonçalves Dias347

Ninguém virá, com titubeantes passos,


E os olhos lacrimosos, procurando
O meu jazigo...
Gonçalves Dias, Últimos Cantos.

Tu vive e goza luz serena e pura.


Basílio da Gama, O Uraguai.

345 O Paiz, novembro de 1864, Poesia compilada por Leopoldo Gil Dulcio Vaz – Curitiba – PR – Brasil – 1952; Insti-
tuto Histórico e Geográfico do Maranhão; Universidade Estadual do Maranhão
346 Machado de Assis - Rio de Janeiro – RJ – Brasil - 21 de junho de 1839, e faleceu também no Rio de Janeiro, em
29 de setembro de 1908. jornalista, contista, cronista, romancista, poeta e teatrólogo,. É o fundador da Cadei-
ra nº. 23 da Academia Brasileira de Letras. Velho amigo e admirador de José de Alencar, que morrera cerca de
vinte anos antes da fundação da ABL, era natural que Machado escolhesse o nome do autor de O Guarani para
seu patrono. Ocupou por mais de dez anos a presidência da Academia, que passou a ser chamada também de
Casa de Machado de Assis.Assis, 1976, 407-411.
347 Poesias compiladas por Weberson Fernandes Grizoste - Jauru – MT – Brasil
Assim vagou por alongados climas,
E do naufrágio os húmidos vestidos
Ao calor enxugou de estranhos lares
O lusitano vate. Acerbas penas
Curtiu naquelas regiões; e o Ganges, 5
Se o viu chorar, não viu pousar calada,
Como a harpa dos êxules profetas,
A heróica tuba. Ele a embocou, vencendo
Coa lembrança do ninho seu paterno,
Longas saudades e míseras tantas. 10
Que monta o padecer? Um só momento
As mágoas lhe pagou da vida; a pátria
Reviu, após a suspirar por ela;
E a velha terra sua
O despojo mortal cobriu piedosa 15
E de sobejo o compensou de ingratos.
Mas tu, cantor da América, roubado
Tão cedo ao nosso orgulho, não te coube
Na terra em que primeiro houveste o lume
Do nosso sol, achar o último leito! 20
Não te coube dormir no chão amado,
Onde a luz frouxa da serena lua,
Por noite silenciosa, entre a folhagem
Coasse os raios húmidos e frios,
436
Com que ela chora os mortos... derradeiras 25
Lágrimas certas que terá na campa
O infeliz que não deixa sobre a terra
Um coração ao menos que o pranteie.
Vinha contudo o pálido poeta
Os desmaiados olhos estendendo 30
Pela azul extensão das grandes águas,
A pesquisar ao longe o esquivo fumo
Dos pátrios tetos. Na abatida fronte
Ave da morte as asas lhe roçara;
A vida não cobrou nos ares novos, 35
A vida, que em vigílias e trabalhos,
Em prol dos seus, gastou por longos anos,
Co’essa largueza de ânimo fadado
A entornar generoso a vital seiva.
Mas, que importava a morte, se era doce 40
Morrê-la à sombra deliciosa e amiga
Dos coqueiros da terra, ouvindo acaso
No murmurar dos rios,
Ou nos suspiros do noturno vento,
Um eco melancólico dos cantos 45
Que ele outrora entoara? Traz do exílio
Um livro, monumento derradeiro
Que à pátria levantou; ali revive
Toda a memória do valente povo
Dos seus Timbiras... 50
Súbito, nas ondas
Bate os pés, espumante e desabrido,
O corcel da tormenta; o horror da morte
Enfia o rosto aos nautas... Quem por ele,
Um momento hesitou quando na frágil 55
Tábua confiou a única esperança
Da existência? Mistério obscuro é esse
Que o mar não revelou. Ali sozinho,
Travou naquela solidão das águas
O duelo tremendo, em que a alma e corpo 60
As suas forças últimas despendem
Pela vida da terra e pela vida
Da eternidade. Quanta imagem torva,
Pelo turbado espírito batendo
As fuscas asas, lhe tornou mais triste 65
Aquele instante fúnebre! Suave
É o arranco final, quando o já frouxo
Olhar contempla as lágrimas do afeto,
E a cabeça repousa em seio amigo.
Nem afetos nem prantos; mas somente 70
A noite, o medo, a solidão e a morte.
A alma que ali morava, ingênua e meiga,
Naquele corpo exíguo, abandonou-o,
437
Sem ouvir os soluços da tristeza,
Nem o grave salmear que fecha aos mortos 75
O frio chão. Ela o deixou, bem como
Hóspede mal aceito e mal dormido,
Que prossegue a jornada, sem que leve
O ósculo da partida, sem que deixe
No rosto dos que ficam, — rara embora, —
Uma sombra de pálida saudade. 80

Oh! sobre a terra em que pousaste um dia,


Alma filha de Deus, ficou teu rasto
Como de estrela que perpétua fulge!
Não viste as nossas lágrimas; contudo
O coração da pátria as há vertido. 85
Tua glória as secou, bem como orvalho
Que a noite amiga derramou nas flores
E o raio enxuga da nascente aurora.
Na mansão a que foste, em que ora vives,
Hás-de escutar um eco do concerto 90
Das vozes nossas. Ouvirás, entre elas,
Talvez, em lábios de indiana virgem!
Esta saudosa e suspirada nênia:

“Morto! é morto o cantor dos meus guerreiros!


Virgens da mata, suspirai comigo! 95
A grande água o levou como invejosa.
Nenhum pé trilhará seu derradeiro
Fúnebre leito; ele repousa eterno
Em sítio onde nem olhos de valentes,
Nem mãos de virgens poderão tocar-lhe 100
Os frios restos. Sabiá-da-praia
De longe o chamará saudoso e meigo,
Sem que ele venha repetir-lhe o canto.
Morto! é morto o cantor de meus guerreiros!
Virgens da mata, suspirai comigo! 105
Ele houvera do Ibaque o dom supremo
De modular nas vozes a ternura,
A cólera, o valor, tristeza e mágoa,
E repetir aos namorados ecos
Quanto vive e reluz no pensamento. 110
Sobre a margem das águas escondidas,
Virgem nenhuma suspirou mais terna,
Nem mais válida a voz ergueu na taba,
Suas nobres ações cantando aos ventos,
O guerreiro tamoio. Doce e forte, 115
Brotava-lhe do peito a alma divina.
Morto! é morto o cantor dos meus guerreiros!
Virgens da mata, suspirai comigo!
438
“Coema, a doce amada de Itajuba,
Coema não morreu; a folha agreste 120
Pode em ramas ornar-lhe a sepultura,
E triste o vento suspirar-lhe em torno;
Ela perdura a virgem dos Timbiras,
Ela vive entre nós. Airosa e linda,
Sua nobre figura adorna as festas 125
E enflora os sonhos dos valentes. Ele,
O famoso cantor, quebrou da morte
O eterno jugo; e a filha da floresta
Há de a história guardar das velhas tabas
Inda depois das últimas ruínas. 130
Morto! é morto o cantor dos meus guerreiros!
Virgens da mata, suspirai comigo!

“O piaga, que foge a estranhos olhos,


E vive e morre na floresta escura,
Repita o nome do cantor; nas águas 135
Que o rio leva ao mar, mande-lhe ao menos
Uma sentida lágrima, arrancada
Do coração que ele tocara outrora,
Quando o ouviu palpitar sereno e puro,
E na voz celebrou de eternos carmes. 140
Morto! é morto o cantor dos meus guerreiros!
Virgens da mata, suspirai comigo!”
Joaquim Ribeiro Gonçalves348

Aos Maranhenses349
I
Eis o Profeta sagrado.
Mensageiro do Senhor;
Na poesia embalado:
Eis o grande trovador:
Eis o bardo enobrecido
Das Musas filho querido;
Excelso Profeta de Deus,
Que em todo mundo s’encerra,
Grandioso cá na terra,
Inda maior lá nos céus!

Eis o vate celestino,


Cuja lira incomparável
Fê-lo no empíreo – divino,
Na terra fê-lo louvável:
Eis o gênio portentoso,
Sublime, santo e donoso;
O bendito do Senhor:
Eis a lira incomparável
Do poeta inimitável;
439
Eis o nobre trovador.

Qual a rosa purpurina,


Rosa meiga e tão louçã;
Que se abre linda e divina
Ao rocio da manha.
E que, do vento ferida,
Se desmaia emurchecida
O anjo de melodias…
Mas o seu vulto ficou;
Eis ali – Gonçalves Dias!

Eis o cantor das palmeiras,


O cantor do sabiá;
O filho d’estas ribeiras:
Eis o poeta. Ali está
O gênio mais sublimado,
Por mão divina fadado;
Do Brasil grande memória
Das Musas filho querido.
Eis o vate enobrecido,
Do Brasil ditosa glória.

348 Nasceu no Piauí


349 Leal, Henriques, Pantheon Maranhense, São Luís, 1874, p 570-573. Poesias compiladas por Weberson Fer-
nandes Grizoste - Jauru – MT – Brasil
Como o dom de profecia
Vaticinou qual a sorte,
Que ele, Rei da poesia,
Havia de ter de morte.
Cumpriram-se d’este poeta,
D’este invejável Profeta
As celestes profecias:
No níveo leito das águas.
Se findaram suas mágoas,
S’envolveu – Gonçalves Dias!

Qual a Rosa desfolhada


Pelo rijo vendaval,
Aquela fronte inspirada
Do Brasil o pedestal
Se murchou, e lá das águas
Vê o caminho sem fráguas
Qual a garcinha d’amor;
Abre, saindo dos mares,
As azinhas, corta os ares,
Voa ao trono do Senhor!

Lá, quem sabe?! o heroísmo


Que no seu peito se encerra,
440
Com valor, patriotismo,
Talvez cante a sua terra,
Que reluz entre primores
No lindo leito de flores
De inspirações divinais;
Talvez lá cante as palmeiras,
D’estas formosas ribeiras;
Talvez cante os sabiás!

II
Poeta nobre e sagrado
Do Brasil o pedestal,
Gênio soberbo, inspirado
Pela musa divinal,
Grande vate enobrecido,
Das Musas, filho querido,
Imortal d’estas ribeiras,
Recebe o meu canto pobre,
Que se humilha ao bardo nobre,
Ao grã cantor das palmeiras;
No branco leito dos mares,
N’esse leito de cristal,
Riscaram-se os teus pesares,
Morreste: És imortal
No nome, porque a palma
E os louros que tem tu’alma
São triunfos imortais,
São glórias d’estas ribeiras,
Esmeraldas as palmeiras,
Diamantes os sabiás!

E lá do leito de flores,
Onde repousas, poeta,
Onde cantas teus amores,
Onde asseguras, ó Profeta,
Olha e vê o que s’encerra
Grande a ti por sobre a terra,
N’este trono de beleza,
Onde singelas canções
São dos céus inspirações,
Onde brilha a natureza.

Possa minha voz se elevar


Da tua chegar aos céus,
441
No teu peito descansar,
Sagrado filho de Deus;
Possa dizer-te ao ouvido:
Ó poeta enriquecido
De celestes melodias,
Morreste; mas sobre a terra
O teu nobre vulto se encerra,
Ind’está - Gonçalves Dias!

E vós, povo maranhense,


Perdoai se a honra, o brilho
Um jovem piauiense
Mareou do vosso filho.
Mas, enfim, sou brasileiro,
Sou d’este império altaneiro,
D’esta terra de harmonias,
Devo honrar ao bardo ingente
Do Brasil o mais potente,
Devo honrar ao grande Dias.
Joaquim Vespasiano Ramos - Vespasiano Ramos350

GONÇALVES DIAS351
Forte, belo, altaneiro, assim como os condores,
o sonho de subir fulgia-lhe na mente,
como um sol refletindo os raios de mil cores,
nas águas de cristal de uma pura corrente!
 
Altivo sonhador entre os mais sonhadores,
do espírito arrancou a aeronave fulgente,
que havia de escondê-lo entre estrelas e flores
levando-o pelo eterno azul resplandescente!
 
E assim, ao sol da rima, o sonhador, deixando
para sempre este pó de negros desenganos,
enobrecendo a Pátria, enriquecendo a História.
 
Partiu, águia do verso, entre Versos, cantando,
na aeronave de luz, que vive, há quarenta anos
errando na amplidão dos páramos da Glória!

Joaquim Vila Neto - Quincas Vilaneto352


442
CANÇÃO DOS ESQUECIDOS
No meio da praça
em cárcere
cruel.
O poeta declama
poemas
ao léu.
O vento
ouvindo-o
tão só,
repete:
cantando

350 Joaquim Vespasiano Ramos - Vespasiano Ramos - Caxias – MA – Brasil - 13 de agosto de 1884 – faleceu em
Porto Velho, 26 de dezembro de 1916; foi um poeta brasileiro. Nasceu nas condições mais humildes, desde
cedo começou a trabalhar no comécio local, no entanto buscando sempre o saber tornou-se um viajante com-
pulsivo, que levaria o conhecimento a outros povos, durante a sua vida viajou por quase toda a região norte e
também o sul do Brasil. Publicou sua obra poética em diversos jornais e revistas de seu tempo. É considerado
o precusor da literatura em Rondônia. Em sua homenagem foi construído um grande centro recreativo, em
Rondônia,e no Maranhão, uma das mais belas praças da capital recebe o seu nome. É patrono da cadeira n°
32 da Academia Maranhese e da cadeira n°40 da Academia Paraense de Letras. http://pt.wikipedia.org/wiki/
Vespasiano_Ramos
351 MORAIS, Clóvis. TERRA TIMBIRA. Brasília: Senado Federal, 1980, p. 64, Poesia compilada por Leopoldo Gil
Dulcio Vaz – Curitiba – PR – Brasil – 1952; Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Universidade Estadual
do Maranhão
352 Quincas Vilaneto
os poemas
de cor.
A um outro errante
e solitário
cantor,
que não tem
outra saída
senão:
imitar
o poeta e o sabiá.

Uma  timbira canção balaia.


Agora que a lua
monta guarda no Alecrim
e que  as lamparinas
perderam a serventia.
Há uma flor
expiando no jardim,
há um sabiá
que ainda se lembra de ti.
Agora que o mar
te tem por inteiro
e as ondas deságuam
dando conta do exílio.
443
Há uma timbira canção balaia
tendo como certa o sacrifício,
há um bêbado vazio
que se anuncia:
navegando sem domícilio,
até que se possa anunciar
onde mora a poesia.

Jonas Batista Neto353

Como seria amigo de Gonçalves Dias


Ainda posso o ver
Gonçalves Dias meu amigo,
Longe de casa a estudar.

Em Portugalcomeçando a tecer romances


Posso sentir a saudade de casa
Que lhe leva a escrever cada palavra e a linda
Canção do exilio.

353 Jonas Batista Neto - Belo Horizonte/MG – Brasil - 25 de fevereiro de 1989, Autor do livro “Tempos de Poesia”,
obra publicada pelo selo Terceira Margem da editora carioca Multifoco em outubro de 2011, participou do
Sarau promovido pelo poeta Rogério Salgado em Dezembro do mesmo ano, recitando duas poesias. Mantene-
dor do blog Letra e Palavra (http://letraepalavra.wordpress.com) dedicado a poesia e a arte em geral. E-mail
para contato: jonasbneto@gmail.com.
Queria ver a volta
Já formado, mas com o coração cheio de versos e romances,
Poderíamos conversar sobre quando conheceu Ana Amélia
E a ela seu coração decidiu entregar.

Consigo sentir o adeus a teu amor


E a conquista do Rio de Janeiro
A dar aulas e escrever para jornais
Como poeta e romanceiro.

Estaria presente em teu casamento


Felicitaria Olímpia
E veria nova partida.

Estudos para nosso Brasil


Me diria.

Choraria ao saber do naufrágio que o afogou


Mas me conformaria, pois “O canto do guerreiro”
“Os olhos verdes” e “A tempestade”, bem como, tantas outras,
Em minha memória e coração ficaria.

Jonatan Algorta Soares354


444

CANÇÃO DO EXÍLIO
Em Paris há muitos pontos turísticos.
Nesta temporada, espero conhecer
a Torre Eiffel e o Estádio
do Paris Saint-Germain Football Club.
No Brasil, o Cristo Redentor
e alguns dos Estádios reformados
para a Copa do Mundo de 2014.
Paris e Brasil, cada um
com os seus atrativos e encantos.

Jorge Antonio Soares Leão – Jorge Leão 355

Poema a Gonçalves Dias


Vibrante, és fecundo nos dias.
Cantando ao nativo as memórias...
Das noites o que mais tu serias,
senão o clamor nas histórias...

354 Jonatan Algorta Soares - Porto Alegre/RS – Brasil - 26 de janeiro de 1998. Estudante do Ensino Médio do Colé-
gio Conhecer, Porto Alegre/RS. Integrante do Projeto “Imagens e Textos construindo Histórias e Versos”. Curte
futebol e música. E-mail: rochele_algorta@hotmail.com
355 Jorge Antônio Soares Leão - São Luís, MA – Brasil - 27 de março de 1975. Formação acadêmica: Licenciatura
em Filosofia (UFMA). Produção literária: Sagrada Profanação (livro de sonetos, Premio Sousandrade, 2001)
No poema, sobre o lamento e a dor...
Traduziste a canção do Piaga.
Deste solo pisado em furor
Por quem nestas matas indaga...
 
Teus passos nas ruas sentindo...
Acordo, neste solo, gemendo.
Ouvindo o teu canto sumindo,
Diante do ódio crescendo...
 
Revejo, porém, tua face
aos desejos inglórios da vida...
Recanto à criança que nasce,
Teu poema nesta terra ferida...
 
Por que, ao dizer do senhor...
O cenário é de morte e de cruz.
Por tal irascível clamor,
Volta o sangue, o martírio, em Jesus...
 
 O pão sepultado em sementes,
agora escondido do vil Anhangá,
que chega provendo as torrentes
num desterro da tribo a clamar...
445
 
Inimigo das matas em trevas,
chega o tempo da anulação...
Deste povo, feito réu de suas ervas,
que outrora fecundavam este chão...
 
Foste, contudo, a voz, o percurso...
Entre viagens e dores sem par.
Teu povo nativo em concurso,
sem ver a própria ruína a chegar...

Tua pena, teu amor tão incerto.


Desbotando a recusa sem preço,
a manter a lembrança por perto,
como quem reza as contas de um terço.
 
Na praça, tuas cartas amadas
no silêncio vencido por dote.
Histórias inteiras contadas
como segredo no fundo de um pote.
 
Dias e noites, a lua cantada.
Tribos letárgicas ao passo de alerta:
é o espectro dissecando a cilada
do invasor nesta terra in-coberta...
Ao teu canto, o Piaga concede
a lembrança de um tempo em desterro...
Aviltando a terra que mede
a distância dilatando este erro.
 
Dias e noites, revejo o exílio
da sina de um povo insultado.
Hoje, a buscar ainda o seu brilho
no poeta, por seu canto lembrado...
 
Cantando a saudade além mar.
Em Coimbra, robustos segredos...
Trazidos à pena, ao deitar
em teus cantos, o assombro dos medos...
 
Em terras distantes, pesadas lembranças.
Dos primores, as palmeiras, o vento...
Agora, vejo-te imóvel, diante das danças,
que refazem em tuas mãos aquele momento.
 
Poeta nativo das várzeas floridas.
Emerge à lembrança um triste sinal:
emaranhado de lembranças perdidas,
por este retorno à terra natal...
446

José Britto Barros356

U M   P O E T A   I M O R T A L
Minha singela homenagem ao grande vate
     maranhense de quem aos sete anos come-
     cei a decorar A Cañção do Tamoio que tem
     me acompanhado a vida inteira  a repetir seu
     desafio encantador:
     “Não chores, meu filho,
      Não chores que a vida
      É luta renhida,  
      Viver é lutar!
     A vida é combate
     Que os fracos abate,
     Os fortes e os bravos 
     Só pode exaltar.”
 
Gonçalves Dias, era eu menino
E a minha mãe me entregou teus cantos:
“A vida é combate” e eu pequenino
Me pus a  decorar os teus encantos.

356 José Britto Barros - São Bento, MA – Brasil - 15 de julho de 1930, Bacharel teológico, Pastor, missionário da
Junta de Missões Nacional, orador sacro, professor, poeta de grande produção.
Depois cantaste em teus enlevos tantos 
Da nossa terra o mais formoso hino:
Palmeiras... sabiás em contra cantos
Lindo poema de um rimar tão fino. 
 
Tua musa, ó gran poeta, foi famosa,
Tua poesia toda foi grandiosa
De conteúdo rico e magistral !
 
E tudo que escreveste está perfeito,
Ninguém ousou  achar qualquer defeito,
Foste e inda és um poeta imortal! 

José Carlos Mendes Brandão357

GONÇALVES DIAS, O POEMA


A canção do exílio e o canto do guerreiro
i - juca-pirama e a canção do tamoio
a concha e a virgem, ainda uma vez adeus
se se morre de amor e o canto do piaga

Marabá e o gigante de pedra


leito de folhas verdes e deprecação
447
seus olhos, minha vida e meus amores
amor e delírio – engano e recordação

A escrava e o mar, epicédio e a rosa no mar


a noite, o amor, sempre ela, palinódia? espera!
olhos verdes, não me deixes, rola, zulmira
a mendiga sobre o túmulo de um menino

A minha terra e o canto do índio


O que mais dói na vida, meu anjo, escuta
Oh! que acordar! se muito sofri já, não me perguntes
Se te amo, não sei! Como! És tu?

MAVUTSINIM
Eu, Mavutsinim, o primeiro homem
a pisar este chão abençoado,
fui só como o horizonte do infinito.

357 José Carlos Mendes Brandão – Dois Córregos - SP – Brasil – 28 de janeiro de 1947, Publicou sete livros de
poesia: O Emparedado a O Sangue da Terra. É detentor de vários prêmios literários, como o da V Bienal Nestlé
de Literatura, 1991, por Presença da Morte; o “José Ermírio de Moraes”, do Pen Centre de São Paulo, para
melhor livro do ano, 1984, por Exílio; o Cidade de Belo Horizonte, por um romance inédito, 2000; o Brasília de
Literatura, 1991, e o “Jorge de Lima”, da U.B.E., 2011, por livros inéditos.
Senhor do universo, criei de uma concha
a mulher que o meu corpo reclamava.
A beleza tem forma, na verde luxúria
das ervas resinosas que nos acolheram.

O espírito do sol e o espírito da lua


pousaram sobre nós a sua luz.
O ventre da mulher cresceu como o húmus
fertilizado pelas águas vermelhas.

Ergui nos braços o meu filho varão


em oferenda à estrela da montanha.
E seguimos as sendas, que eram nossas.

A mãe voltou à sua aldeia, a lagoa,


e encantou-se, na concha de que viera.
Os índios são os filhos do meu filho.

Eu, Mavutsinim, cumpri o meu destino.

O DESTINO DOS MORTOS


Onde Uatsim, o meu amigo tão amado?
Por que não volta para comigo se encontrar?
Quando ouvirei o riso dos espíritos,
448 no dia em que o sol, negro, não brilhar?
Quando irei com a sombra do meu amigo
à festa da luta contra os pássaros?
Os espíritos tornam-se cobras, à noite,
 
e eu, Aravutará, não tenho medo.
Os sapos matarei, com minha borduna,
e os caranguejos ferozes, com os pés.
Construo forte ponte sobre o córrego
e apago o fogo que amedronta os mamaés.

Mas onde o meu amigo, que não vem?


Quero a seu lado lutar contra os pássaros,
a arara, o jaburu, o tucano, o recongo.
Quero encher de penas o meu tuavi.
A minha flauta tocarei para me defender.
Verei o gavião grande comer os mamaés,
que perecem para sempre no dia negro
quando celebram a sua festa da morte.

O meu amigo não se vá com o gavião,


quero ver o meu amigo evolar-se no ar azul.
Por que não vem para comigo se encontrar,
Uatsim, o meu pobre amigo tão amado?
Onde os vastos e velhos campos da morte
unem-se aos nossos verdes campos da vida?
A FESTA DOS MORTOS
Os mortos são sombra, Mavutsinim,
e sonhas a seiva do ar, o fogo do espírito.

Os tronos de kuarup pintados, adornados


de penas de arara e fios de algodão
foram fincados na praça da aldeia
e os maracá-êp cantavam sem cessar
chamando-os à vida, à luz rubra do sangue.

Não choremos os mortos, é dia de festa.


Os mortos reviverão, com a força do sol.
Cantemos, irmãos, alegres cantemos.
A madeira verde se faz carne e dança
com os nossos cânticos jubilosos.

Mas os mortos são sombra, Mavutsinim,


e é sombra o nosso apelo fementido.
São os convivas da morte, os mortos.
O kuarup é a sua festa, são as flores
de cânticos e danças às sombras
dos mortos que não mais retornarão.

ODE À ÍNDIA VANUÍRE


449
Esta casa onde moro
exatamente este lugar
onde estou
esta sala
foi uma oca caingangue.

Estas ruas por onde ando


foram trilhas caingangues.

Por onde quer que eu passe


sinto a sombra da índia Vanuíre.

Sinto uma flecha me atravessando


a garganta.

Sinto uma flecha me atravessando


a língua.

Morro e renasço ontem


hoje
no inferno.

Vejo o rekakê Vahuin


me chamando para a luta.
Tenho vergonha
da minha covardia.

Onde estou sentado


era uma pedra
junto ao fogo

é uma perda
a alma da cinza.

Onde me deito
reinam
os ossos dos ancestrais.

A velha Vanuíre
trouxe a paz?

O esquecimento
apatia
morte lenta de quem fôramos.

Éramos índios guerreiros

condenados à morte
450 encolhidos como uma criança
no útero.

Iríamos para a terra fria


os guerreiros chorariam
por nós.

Os anciãos chorariam
por nós.

Hoje ninguém chora


por nós
sobreviventes
como um tição apagado
na fogueira.

Ah Vanuíre
para que existimos?

Estou ouvindo a terra do homem


a terra do homem
a terra do homem.

Estou ouvindo
vozes do outro mundo
Vanuíre e Vahuin
outros rekakês
Congue Huí
Charin
Cangruí Rugrê.

Se lamentam
morrem mais uma vez.

José Carlos Serufo358

ANTÔNIO, O AUTODESTERRADO
O poeta é um louco compensado na poesia,
sem a qual terminaria em degredo social,
no isolamento, na morte..., no anonimato.

O poeta dói a cada novo instante.


Gonçalves Dias excretava dores a cada suspiro, a cada
escrita,
para dar espaço às novas dores que se acumulavam e o sufocavam,
brotando continuamente de sua fornalha interior.

Teve momentos, talvez felizes, que logo se tornaram recordações


dolorosas,
451
como em “Seus olhos” e “A leviana”.
Aqui não se trata de leviana, mas de sua musa-menina, “A leve Ana”,
de um amor bloqueado pelos valores morais e o respeito à tenra idade.

Preso a esses valores e respeitos da época,


não lutou para ter a amada, agora mulher,
em novo encontro no vau de paixões desvairadas.
Valores..., Virtudes..., esvaídas no vau do tempo.
Nunca mais deitou a cabeça no travesseiro do perdão.
Assim registrou no poema “O amor”
“Dobrei-me às duras leis que me imposeste,
Curvei ao jugo teu meu colo humilde,
Feri-me aos teus ardentes passadores,
Prendi-me aos teus grilhões, rojei por terra...
E o lucro?... foram lágrimas perdidas,
Foi roxa cicatriz qu’inda conservo,
Desbotada a ilusão e a vida exausta!”

358 José Carlos Serufo - São Paulo - SP – Brasil - 02-09-1952. Médico especialista em Clínica Médica, Medicina In-
tensiva e Saúde Pública. Professor adjunto da FM-UFMG e professor titular da Pós-Graduação em Ciências da
Saúde, Infectologia e Medicina Tropical. Membro titular da Academia Mineira de Medicina (Cad. 67). Membro
titular da ABRAMES (Cad.10) e da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores. Membro titular da Arcádia de
Minas Gerais. Membro Efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais (Cad. 44). Autor dos livros
“Valorados Grafemas”, “Poemas”, “Erótika”, “Emergências Médicas”, “Odes”, “Poematizando”, “Jornada Gui-
marães Rosa” e “50 Poemas” E-mail: serufo1@gmail.com
E então, tudo virou dor e auto-flagelo lavrados no poema “O que mais dói na vida”
“É morrermos em vida,
morrer no peito da mulher que idolatramos,
no coração do amigo...’
Ou, ainda, o dessentido do viver, expresso em “A minha musa”.
“Nesse pobre cemitério
Quem já me dera um lugar!
Esta vida mal vivida
Quem já ma dera acabar!”
“Invejo o sono dos mortos
Sob a laje carcomida.”

Atenua nos sonhos, muitos, mas pouco.


“Porque a vejo nos meus sonhos,
vem comigo, ó doce amada”
exprimido no poema “Solidão”, mas atenua pouco
“Acordado ou dormindo, é triste a vida
Dês que o amor se perdeu”, do poema “Delírio”.

Castigou-se com o exílio...


Viveu como em “Recordação” e “Sempre Ela”
“Depois que meus olhos a perderam.
Deixando-me sem norte em mar d´angústias”
“Então dos olhos meus corre espontânea
452
Que não mais te verei”

No poema “Minha vida, meus amores” buscou conforto na conversa com Deus.
“Ou suplica a Deus comigo
Que me dê uma paixão;
Que me dê crença à minha alma,
E vida ao meu coração.”

Tentou convencer-se, de que na vida tudo é assim, em seu “Miserrimus”


“Amizade! - ilusão que os anos somem;
Amor! - um nome só, bem como o nada,
A dor no coração, delícias n’alma,
Nos lábios o prazer, nos olhos pranto
- Tudo é vão, tudo é vão, exceto a morte.”

Mesmo em seu poema à pátria, talvez o mais conhecido, com versos gravados no hino
nacional, o singular “Canção do exílio”, há influências desta paixão palmatória:
“Nossa vida mais amores.”
“Em cismar - sozinho, à noite -
Mais prazer encontro eu lá;”

Até que um dia, a vida o pôs em confronto.


Em êxtase, mas imóvel imolou-se de novo em “Ainda uma vez – adeus”
“Perdoa, que me enganei!”
“Quando do engano, quem erra.
Não pode voltar atrás!”
“Dói-te de mim, que t’imploro
Perdão, a teus pés curvado;
Perdão!... de não ter ousado
Viver contente e feliz!
Perdão da minha miséria,
Da dor que me rala o peito,
E se do mal que te hei feito,
Também do mal que me fiz!”

Ela copiou o texto com o próprio sangue,


mas igualmente extasiada, estagnada, nada fez.
Ele, mais uma vez aceitou, passivo, diante do confronto
sangrou sua alma mais uma vez – na poesia.

Fosse ele um bruto.


Fosse mais leviana, a Leve Ana.
Tudo seria diferente
e, talvez, não conheceríamos Gonçalves Dias...

Ambívio Diasiano
Encruzadas... Muitas!
A vida arma caminhos cruzos.
Muitas vezes inarmônicos, abstrusos
453
Redirecionar é nossa arte,
Mas uma perdida pode enfunar,
acabrunhar para sempre o cabra.
Esbagoar no espaço, deixando-o
sem asas, sem vento, sem arranque.

Assim, Gonçalves Dias,


diante da caixa preta do destino,
dos valores morais de sua época
e da paixão insopitável,
tomou o rumo que julgou decoroso.
Nunca mais perpassou, plenamente, os umbrais de Afrodite!
Plenamente, cunhou na escrita o traço agridoce de sua amargura...

Vale ser bom! Vale quanto? Vale vintém!


Uma saga malfeliz!
Suntuosa literatura, farta atribulação, eu destinto
No vão, entre a amizade e a paixão
Entre os valores morais e o instinto
Entre a amante meliante e o círculo social distinto.
Cair no desterro do desabusado ou no insulamento do humano?...
Enfim, quando vale seguir a Ponta do nariz
ou o arco-íris, diga-me meu poeta Beliz?
José de Castro 359

À SOMBRA DAS PALMEIRAS


(para ANTONIO GONÇALVES DIAS, em memória)
Vêm de longe os teus versos,
do passado a ecoar,
ouro, prata, esmeralda,
um valor que não tem par.

Tuas palavras são lembranças


que cavalgam leve ao vento,
se parecem com a brisa
quando sopra em lamento.

Teus poemas são estrelas


pelo céu a cintilar,
abro portas e janelas
pra melhor os contemplar.

Inda ouço tuas mágoas


emergindo lá do mar,
canto triste sobre as águas
onde fostes te afogar.
454
O poeta até se acaba,
mas seus versos, esses não,
feito rio correm sempre,
perenes no coração.

Nessa terra tem saudades,


tem estrelas, o que mais há?
Tem a sombra das palmeiras
e um triste sabiá.

Mesmo um século ou milênios,


passe o tempo que passar,
os teus versos como estrelas
para sempre irão brilhar...

359 J osé de Castro - Resplendor/MG – Brasil - 23/03/1948.


Jornalista, poeta e escritor. Mora em Natal/RN. Membro da União Brasileira de Escritores/RN. Livros publicados:
A marreca de Rebeca (Paulus/SP); O mundo em minhas mãos (Bagaço/Recife); A cozinha da Maria Farinha
(Paulinas/SP); Poemares (Dimensão/BH); Poetrix (Dimensão/BH); Dicionário Engraçado (Paulinas/SP). Publica
seus escritos no site: http://www.recantodasletras.com.br/autores/josedecastro
José E. Teixeira de Sousa360 - Rio de Janeiro, 1873

Gonçalves Dias – Ode - Ao dr. Antonio Rego

O céu e o oceano
— Imagens do infinito – reclamaram
E para si guardaram
Os despojos do vate americano
………………………………..
Mas se a terra em seus ossos não consome
Teve em partilha a glória do seu nome.
Bernardo Guimarães

Glória ao poeta — gênio! _


A turba se descobre e exclama: Glória!
O mundo acompanhando o com edênio
mimoseia o porvir, corteja a história.
E a estátua de granito
anima-se no meio do concerto,
erguendo-se à raiz do plaino aberto
como o sol no infinito.

Ei-lo! Silêncio!... A aragem


em nossas noites — meiga e perfumosa,
do rio a voz, da lua a branca imagem, 455
a palmeira a florir verde e frondosa,
da tarde as harmonias,
as rútilas esferas lá no espaço,
o mar que a escondeu em seu regaço,
tudo, tudo nos diz: Gonçalves Dias!

Sim, sim ele foi grande… ele era enorme!...


E quem d’aqui não descortina oculto
o Gigante de pedra homereo, informe?
Quem de Coema o doce e ameno vulto?
Inda I-Juca-pirama a voz expande
Em seu canto de morte altivo e nobre!
E tudo isso hoje diz, tudo descobre
o quanto ele era grande!

Ele era d’esses talhados


para crescer e subir.
Trazia a seiva divina
nos musc’los a refluir;
no cérebro a lava ardente,
na voz o verbo fulgente,
– como fanais do porvir!

360 Leal, Henriques, Pantheon Maranhense, São Luís, 1874, p 556-560. Poesias compiladas por Weberson Fer-
nandes Grizoste - Jauru – MT – Brasil
Em hora de amor profundo
Deus o fez vir até nós,
e disse: «Poeta, dirige
«as orquestras com tua voz!
«o mundo por ti espera,
«perfuma-o de primavera,
«dá-lhe eternos arrebóis.

«Em face de tuas dores


«rir-se-ão os pigmeus;
«mas, em troca, nos teus prantos
«dá conforto aos prantos seus;
«lhes aponta em teus poemas
«a solução dos problemas,
«que despenhou os Anteus.»
……………………………
Ele veio peregrino
assentar-se ao nosso lar,
como o velho bardo grego,
de tenda em tenda a cantar
cantigas que as caravanas
repetem hoje as savanas,
à luz alva do luar:

456 Minha terra tem palmeiras


Onde canta o sabiá,
as aves que aqui gorjeiam
não gorjeiam como lá…

E assim a cantar andava


soluçando paz e amor;
no prazer, velando o pranto;
no riso velando a dor;
mas seu olhar sempre fito,
na planura do infinito
como no sol o condor!

Um dia porém… calou-se!


enviuvaram as canções!...
adormecera e se fora
como vão-se as estações…
guardaram-lhe o extremo alento
as vagas em movimento,
as bocas dos furacões.

Como Haidéa em doces beijos


reanima a D. Juan,
as ondinas em cortejo
mostram-lhe nova manhã.
«Sê bem vindo!» – dizem umas
enxugando-lhe as espumas,
que o envolviam, do mar;
outras – vem-lhe pressurosas
trazer um leito de rosas
e folhas de nenúfar.

Sê bem bem-vindo! ah! e tão tarde!


«Não vinhas mais já… talvez?!
«Meu coração por ti arde.
«pálido bardo. . . não vês?...»
Outra – meiga o acaricia
dá-lhe a beber ambrósia
dos seus paços de cristal.
E o poeta como em sonhos
aos beijos dorme risonhos
d’esse bando festival.

Assim enquanto o oceano


nas ribas que o viu nascer
seu corpo procura ufano
como um tesouro esconder,
outro oceano – o da história –
sua alma cheia de glória
guardando em rútilo véu,
eco de um triste lamento 457
aos frios beijos do vento,
vai abriga-la no céu.

E tu, estátua d’argila,


Troféu erguido n’um montão de glória
tua base não vacila…
não carece dos evos a memória!...
Para ires ao porvir te basta o nome
do vulto a quem te exalças em renome.

Minh’alma já desvenda
as névoas d’essa idade que se avança…
Tu luzes lá na senda,
como um iris fagueiro de esperança!
em cada busto que teus pés rodeia,
eu vejo um prélio em que venceu a ideia.

Vem, turba entusiasta,


exalta o gênio lhe inflorando a c’roa!
mentiras cortesãs de ti afasta,
e solene coral alegre entoa!
Terra das melodias,
Terras do Maranhão, verdes palmares!
inda mais uma vez estruja os ares
seus cantos imortais – Gonçalves Dias.
José Francisco das Chagas- José Chagas 361

CHÃO DA PRAIA GRANDE362


I
Chão da Praia Grande,
desertado chão,
que será que expande
tua solidão?

Onde te inicias
e onde tu findas,
gastando os teus dias
em idas e vindas?

Onde o teu limite


na lembrança nossa,
que só nos permite
quanto não se possa?

Quem que abre a porta


desse teu vazio,
natureza morta
num silêncio frio?
458
Quem te lembra a vida
de saudosas lutas,
na razão medida
dessas pedras brutas?
2
Chão da Praia Grande
que de noite assusta
quem agora ande
sua paz vetusta.

Como são vazias


pela noite afora
tuas tristes vias
Onde o tempo chora.

E quando despertas
nas manhãs tão nuas,
como são descritas
Essas pobres ruas.
[...]

361 José Francisco das Chagas- José Chagas. Nasceu em Piancó/PB, em 29 de setembro de 1924. Radicado no
Maranhão desde 1948. Jornalista. É considerado o cronista da capital maranhense e um dos grandes poetas
da atualidade.
362 In: LATINIDADE –III Coletânea Poética da Sociedade de Cultura latina do Estado do Maranhão, pp.41-42, 2002.
9
Chão da Praia Grande
deixa que, em poeira,
teu tempo desande
até onde queira

e que teu passado


não fique senão
como pó dourado
sobre a solidão.

José Itamar Lima da Silva - Itamar Lima363

PARTO
Pariu-me uma mestiça em Jatobá próximo a Caxias
Emprenhada pelo amor e sangue de um português
Fazendo-me orgulhoso pelas raças, a poesia e a tez,
Polindo-me em versos o tempo por Gonçalves Dias.

Ganhei mundo tendo como pano de fundo o saber


Cantando no além-mar fiz a saudade vida no exílio
No peito e na lembrança em Ana buscava o auxílio,
A rejeição não foi páreo pro meu romance morrer.
459

E nas noites de febre ou na gestão poética insone


Findadas no final instante da cabine do Boulogne
Entreguei-me às sereias no cheiro dos seus lençóis.

Fiz meu reinado e que o tempo não me destrone


Desabitei das palavras e alcei voo como um cone
Pois agora desperto no amanhecer de outros sois.

José Lissidini Sánchez364

EL POETA
“En honor del gran poeta brasileño
Gonçalves Dias”

363 Itamar Lima José Itamar Lima da Silva - Missão Velha-CE - Brasil - junho de 1966, mudou-se com a família para
a cidade de Pedreiras aos 06(seis) anos de idade onde viveu parte de sua infância e adolescência, tempo em
que fora estudar em São Luís-MA. Retornou para Pedreiras em 1985 onde residiu até os 34 (trinta e quatro)
anos, o que o faz Pedreirense e Maranhense por opção. É bancário no Banco do Brasil S/A, Estudante de Direi-
to na Faculdade São Luís e na esfera artística é compositor, cantor e poeta.
364 José Lissidini Sánchez - Montevideo. Uruguay - 17 de abril de 1961. Escritor. Periodista. Profesional Universita-
rio en el área del Derecho. Premiado desde 1985 a nivel Nacional e Internacional en Poesía y Narrativa (Italia.
Argentina. Australia). Premiado por la Fundación Mario Benedetti. 1990, publica su primer libro con el título “
Destetiempo”, compendio de poemas. Coparticipe de Antologías Internacionales. Colaborador en Publicacio-
nes a nivel Mundial. Compositor.
Cantemos a la Gloria.
Cantemos al Honor.
Cantemos a un hijo de América
de letras y poesía mayor.

Su preclara memoria,
nos recuerda su blasón.
Su talento y sus luces.
Su honesto y leal corazón.

Es la fructífera pluma
que reproduce el valor,
de un pueblo que libre ofrece
vida, alegría y amor.

“Tus ojos”. “Irresponsable”,


la pasión ardiente que emana,
por aquella niña que se volvió
tu Musa eterna, Doña Ana.

¡Oh suelo venturoso,


que tal poeta dio !
Hoy nos habla desde su lira,
Gonçalves  nunca se ausentó.
460

La Cultura es el futuro.
La Ilustración es el destino.
El poeta así lo concibió
por ser mandato divino.

Con Araújo Porto-Alegre


y Gonçalves de Magalhães estas
Con tu mar de talento inmenso,
gran poeta de “ Cantos y Timbiras”.

LETRAS VIVAS
“ En honor del gran poeta brasileño
Gonçalves Dias”

Yo saludo tu sagrada lira.


Yo saludo tu verbo divino.
Iluminó el astro bello, tu destino.
Te ungió de fortuna la deidad pía.
¡ Loores a ti poeta! Pues día tras día,
consagrado en triunfo y gloria, se te mira.

Te mereces laureles, palmas y las olivas.


La pluma siempre será tu áureo signo.
Entre grandes Americanos, tú eres digno.
Y en el siglo veintiuno, desde la memoria
trazo a trazo, sigue escribiendo su historia,
enérgico tu verbo, en fermentales letras vivas.

Grabaste tu nombre con firme puño, a buril


Poeta Gonçalves Dias, en tu imponente Brasil

José Luís Alves Pestana365

CONTERRÂNEO
Sou das terras das palmeiras onde canta o Sabiá
Sou do Maranhão

Ludovicense e Caxiense de coração


Na minha história de vida, idas e vindas por lá e por cá

Vejo hoje poucas palmeiras e tampouco o Sabiá


Caxias tenho saudade

Gonçalves Dias só tenho a exaltar


O poema perfeito a seu respeito ainda dorme no meu peito.

461
José Menezes de Morais - Menezes y Morais 366*

Gonçalves Dias
o branco o negro o índio
moldaram a tua face
no momento em que nasceste
a vila de caxias respirava
nos pulmões da liberdade
não era a república em flor
que sousândrade desejara
mas certamente o inicio
de uma longa caminhada
não foste apenas
“o cantor dos meus guerreiros”
como machado te chamara
foste igualmente
um guerreiro da palavra
sofreste do amor
que alimenta a vida
sem ter o amor que

365 José Luís Alves Pestana - Poeta José Pestana - São Luís –MA – Brasil – 26 de junho de 1968. Bombeiro Poeta.
2º Sargento do Corpo de Bombeiros Militar-Maranhão.
366 Menezes y Morais é poeta, romancista, contista, teatrólogo, ensaísta, professor, jornalista e historiador
piauiense radicado em brasília. ex-presidente do sindicato dos escritores no df, 12 livros publicados, entre os
quais o romance a íris do olho da noite (thesaurus). WWW.thesaurus.com.br
o teu peito desejava
tua poética é rastro de estrelas
na dicção celeste
do brasil insinuado
quarenta e um anos
e certeza: o oxigênio
da poesia é a liberdade

José Oswald de Sousa Andrade – Oswald de Andrade 367

CANTO DE REGRESSO À PÁTRIA


Minha terra tem palmares
Onde gorjeia o mar
Os passarinhos daqui
Não cantam como os de lá
Minha terra tem mais rosas
E quase tem mais amores
Minha terra tem mais ouro
Minha terra tem mais terra
Ouro terra amor e rosas
Eu quero tudo de lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte pra São Paulo
462
Sem que eu veja a rua 15
E o progresso de São Paulo

Jose Paulo Paes - 1973

Canção do Exílio Facilitada368


… sabiá
…papá
…maná
… sofá
… sinhá
… cá?
bah!

367 Oswald de Andrade São Paulo – SP – Brasil - 11/01/1890 /22/10/1954 http://www.releituras.com/oandra-


de_bio.asp / http://recantodaspalavras.com.br/2008/04/05/cancao-do-exilio-e-outras-versoes/ Compilada
por Leopoldo Gil Dulcio Vaz
368 Series Canções do exílio Jose Paulo Paes. Disponível em: http://www.moinhoamarelo.com/2011/07/serie-
cancoes-do-exilio-jose-paulo-paes.html. Data do acesso: 01 de fevereiro de 2013. Poesia compilada por Leo-
poldo Gil Dulcio Vaz – Curitiba – PR – Brasil – 1952; Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Universida-
de Estadual do Maranhão
José Renato Hauck Junior369

CANÇÃO DO EXÍLIO
Que saudade tenho do lugar
onde nasci
e, ao qual não mais poderei voltar
porque de lá fui exilado.

Embora onde eu estou,


haja muitas belezas,
meu exílio tem me feito alimentar
o desejo de poder,
mais uma vez, a minha terra retornar.

Na memória, busquei razões


para meu exílio,
mas, não as encontrando,
decidi não mais procurá-las.

Com o passar do tempo,


certo dia, lembrei-me
de que regras havia quebrado
e, por isso, meu exílio se fez necessário.
463

José Ribamar Ferreira - Ferreira Gullar370

Nova Canção do Exílio371


Minha amada tem palmeiras
Onde cantam passarinhos
e as aves que ali gorjeiam
em seus seios fazem ninhos
Ao brincarmos sós à noite
nem me dou conta de mim:
seu corpo branco na noite
luze mais do que o jasmim
Minha amada tem palmeiras
tem regatos tem cascata
e as aves que ali gorjeiam
são como flautas de prata

369 José Renato Hauck Junior – Campinas – sp – Brasil - 19 de maio de 1993 - Diretor Social e Membro Fundador
da Academia de Letras Machado de Assis, Porto Alegre/RS, Cadeira 20, Patrono Nelson Rodrigues; Membro
Efetivo da Academia Virtual Sala de Poetas e Escritores, Balneário Camboriú/SC; e, da Liga dos Amigos do Por-
tal CEN, de Portugal, e da Associação Internacional dos Poetas del Mundo. Coautor da Antologia “Traçando
caminhos singulares”. Cursa Educação Física, na PUC-RS. E-mail: basket.jr@hotmail.com
370 José Ribamar Ferreira - Ferreira Gullar - São Luís – MA – Brasil - 10 de setembro de 1930; é um poeta, crítico
de arte, biógrafo, tradutor, memorialista e ensaísta brasileiro e um dos fundadores do neoconcretismo
371 http://www.moinhoamarelo.com/2011/07/serie-cancoes-do-exilio-ferreira-gullar.html, Poesia compilada por
Leopoldo Gil Dulcio Vaz – Curitiba – PR – Brasil – 1952; Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Univer-
sidade Estadual do Maranhão
Não permita Deus que eu viva
perdido noutros caminhos
sem gozar das alegrias
que se escondem em seus carinhos
sem me perder nas palmeiras
onde cantam os passarinhos.

José Ribeiro de Sá Vale372, 373

GONÇALVES DIAS
Quando teus versos primorosos leio,
Urgidos de beleza e de harmonia
Sinto – e não nego – um verdadeiro enleio,
Entro no mundo azul da Poesia!

Teu estro de esplendor viveu cheio,


Lembra o de Homero, rico de magia;
Cortejando, brilhando em fino meio,
Mostraste o teu valor com galhariua!

Tu cantaste a mulher que te foi vida,


- A pátria, nosso céu, tribos guerreiras,
Sagraste emj lira de ouro, tão luzida!
464
Vejo o teu vulto egrégio veronil,
Circulando de virides palmeiras,
Como o rei dos poetas do Brasil!.

GONÇALVES DIAS
Rei sublime do verso fulgurante
De forma tensa e rica de emoção;
Seu nome excelso é como o diamante
Enche de glória todo o Maranhão.

Não foi poeta somente e cintilante,


Foi também sábio, sem afetação,
Tem por docel –– o espaço deslumbrante,
Tem por jazigo –– o mar cheio de unção.

Burilador da lingua portuguesa,


Em poemas de fulgido [?]
Celebra o indio, o amor a natureza.

372 MORAIS, Clóvis. TERRA TIMBIRA. Brasília: Senado Federal, 1980, p. 66-67, Poesia compilada por Leopoldo Gil
Dulcio Vaz – Curitiba – PR – Brasil – 1952; Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Universidade Estadual
do Maranhão
373 Publicada em “O Estudante de Atenas”, em 1957, in Outros Tempos, www.outrostempos.uema.br, ISSN 1808-
8031, volume 03, p.156-181 169 http://www.outrostempos.uema.br/volume03/vol03art10.pdf Poesia com-
pilada por Leopoldo Gil Dulcio Vaz – Curitiba – PR – Brasil – 1952; Instituto Histórico e Geográfico do Mara-
nhão; Universidade Estadual do Maranhão
O máximo poeta do Brasil.
Que o faz com direito e sem [?]
É seu formoso gênio varonil.

Journey Pereira dos Santos 374

O Amante
Era um amante. Um pleno amante! Que amava tanto, tanto, que mes-
mo prisioneiro no delírio febril da tísica, balbuciava o nome de sua
amada... Clamava aos céus que o permitisse fitar pela última vez, a
esplêndida face de sua musa, que do outro lado do Atlântico esta-
va a lhe esperar...
Mas o destino vil o impediu, quando no tão desejado regres-
so, num naufrágio sucumbiu... Porém, Deus, das alturas da
bondade, intercedeu: Transformando a consternação da
morte em dádiva... E o saudoso amante abjurava à vida,
para se converter em mar...
E desde então, vive a oscular a amada a cada onda que na costa
tupiniquim vem se desmanchar...

Juan Carlos Flores Aparicio375


465
Al gran poeta GOncalvez Diaz:
Ganaste el corazòn de los amantes literarios,
Ofuscados a veces en el universal negativismo,
No dejaste que la pereza, nuble tus iris,
Cada vez que leo tu canto, mi alma regocija.

Avanzas a cada instante sin desmayo, pues los corazones,


Laten de alegria,limpias las dudas , en un instante , y
Veo en tu alma ,sinceridad innata, que inspira Fè,
Esperanza y amor , solo brotan de tu integrigad , y al momento,
Zarpan,las alimañas sin destino.

374 Journey Pereira dos Santos - Alagoinhas-BA, Brasil - 25/07/1985. Não sou poeta! Definitivamente, não. Mas
adoro ler poesia! Sou apenas um pacato negro baiano do interior, quase formado em fisioterapia, mas que
largou os pacientes para se dedicar às ciências agrárias e aos movimentos sociais da Via Campesina, através
do curso de Engenharia Florestal, na UFRB (Universidade Federal do Recôncavo da Bahia), no qual já estou na
metade do caminho (5º semestre). Já participei de uma antologia para Carlos Drummond de Andrade e será
uma honra imensa participar desta também.
375 Juan Carlos Flores Aparicio - Tarija- Bolivia - 1ro. de septiembre de 1955 - Pseudònimo de escritor. Virgo de
Tarija. Profesiòn. Medico y Odontologo. Inicio mis actividades lierarias a muy temprana edad ( 8 años) como
poeta costumbrista en el Colegio Antiniano de la ciudad de Tarija. Luego empiezo a escribir poesias , especial-
mente Acrosticos, ya que considero, que la expontaneidad , es lo que desarrollè y aprendi en la vida, como
instrumento motivador en el ser humano.
Juçara Valverde376

AO CANTO GUERREIRO
Aqui na floresta façanhas de bravos
 não geram escravos
Quem golpes daria, fatais como eu dou?
Quem guia nos ares na altura arrojada?
Quem canta seus feitos com mais energia?
Na caça ou na lide, meus passos conhecem
e a ave medrosa se esconde no céu.
Mil gritos reboam, mil homens de pé
Lá vão pelas matas, o vento gemendo.
As matas tremendo, a morte lá paira.
Os campos juncados de mortos
mil homens viveram, mil homens são lá.
Qual fonte que salta fremente e queixosa
que a raiva apagada de todo
não é o canto do guerreiro.

Júlia Báu Schmitt377

MINHA CANÇÃO DO EXÍLIO


Minha terra tem flores
466
que florescem perfumadas e coloridas;
tem pássaros que lá¡ vivem
e cantam felizes sem parar.

Nossas casas têm mais vida,


nossa vida tem mais sentido
e fazem com que as flores
abram-se com mais brilho e cores.

Não permita Deus que eu morra


sem antes eu cantar entre as flores
e os pássaros estejam a me escutar,
sentindo, no ar, todo o meu amor.

376 Juçara Regina Viégas Valverde: Cruz Alta/ RS – Brasil - médica, poeta, artista plástica. Profª. Assistente de
Cirurgia Geral, Faculdade de Ciências Médicas UERJ; Conselheira SOBRAMES Nacional e Literarte.  Membro
Honorário Academias: Letras Mariana MG; Artes de Cabo Frio; Membro: PEN Clube do Brasil; Sociedade Eça
de Queiroz; Academia de Medalhística Militar; Ac. Artes, Ciências da Ilha de Paquetá; www.abrames.com.br;
abrames.br@gmail.com; Juçara Valverde<jucvalverde@gmail.com>.
377 Júlia Báu Schmitt - Porto Alegre – RS – Brasil - 2 de julho de 1991. 1ª Secretária e Membro Fundador da Aca-
demia de Letras Machado de Assis, Porto Alegre/RS, Cadeira 5, Patrono Monteiro Lobato; Membro Efetivo da
Academia Virtual Sala de Poetas e Escritores, Balneário Camboriú/SC; Clube Infanto-Juvenil “Erico Verissimo”,
da Academia de Artes, Ciências e Letras Castro Alves, Porto Alegre/RS; Liga dos Amigos do Portal CEN, Por-
tugal; e Associação Internacional dos Poetas del Mundo. Coautora dos livros “Olhares - Crônicas Escolares” e
“Palavras, A Linguagem da Vida”. Cursa Pedagogia, no Centro Universitário Metodista IPA-RS. E-mail: <julia-
bauschmitt@hotmail.com>
Juliano Cincinato Cadore Fernandes378

CANÇÃO DO EXÍLIO
Na minha terra tem amores;
no entanto, não existem flores.
Nela tem poluição,
mas, por ela, tenho paixão.
Nela tem marginal;
porém, nem todos são do mal.
 
Na cidade em que estou;
tem amores
e é bonita como os beija-flores.
Nela existe muita natureza
e, na Fazenda Pirajá, canta o sabiá;
mas é para a minha terra natal
que desejo voltar.

Julio Mesquita379

CARTA À SAUDADE
Oh! Senhora propagadora do sofrimento alheio, suas mandíbulas fizeram
o meu saudoso coração indefeso lacrimejar, tão logo que se apropriou de
467
meu peito latente, como uma invasora de almas. És a responsável pela ida
do semideus “Orfeu” ao inferno, por em si não suportar a ausência de quem
tanto amava. Sufocaste noivas e esposas, namorados e namoradas, pais e
filhos, em lágrimas e tristezas, nas lamúrias da solidão sem-fim.

Senhora detentora do sentimento mais puro! Por que maltratas, com sua
aguda nostalgia, aqueles que tanto carecem de estar junto dos seus ? Será
que não te satisfazes ao ver, nos olhos, a marca incessante do seu lembrar ?
Talvez invejes a manifestação da alegria, ou simplesmente te regozijes com
o martírio coletivo ou de cada indivíduo. Talvez também sejas solitária
e carente, por isso provocas, vingativamente, o mesmo sentimento que
em ti reproduz. Saiba que sou sua mais nova vítima e despedaço-me em
fragmentos dispersos, quase que me perdendo de mim. Não! Não! Não! Não
a condenarei por sua natureza discriminadora da dor da perda, nem tampouco
a culparei pelo o que sinto, sabendo não ser tu a responsável por não estar
comigo aquela que verdadeiramente amo. Ela, sim, é quem deveria ser culpada e
condenada a amar-me, por abandonar-me à própria sorte e solidão.

378 Juliano Cincinato Cadore Fernandes - Porto Alegre/RS – Brasil - 17 de maio de 1999. Integrante do Projeto
“Imagens e Textos construindo Histórias e Versos”. E-mail: julianocadore@terra.com.br
379 Júlio Mesquita - 30 de março de 1972, cursou comunicação e publicidade com a conclusão de apenas um dos
cursos. Passou um período como técnico em encefalograma de uma clínica muito conceituada. Trabalhou de
garçom, motorista e gerênciou uma termas tornando-se sócio dela por alguns anos. Após isso, intermediou
alguns shows de artistas na época em off, como angela roro, tunai, flávio venturini e tantos outros. Publicitário
e escritor. WWW.juliomesquitaescritor.com
Por favor! Não, não tenhas pena de mim. Se choro é porque não há outra
coisa a fazer senão lamentar-me em um rio de lágrimas e frustrações,
já que não fui amado tanto quanto desejei. Assim como “Platão”
dedicou-se a amar tudo e todos, também me dedicarei a este
contexto de pluralidade infinita, visando não sentir mais
saudades de alguém. Se precisar, invocarei os deuses do
“Olimpo”, na tentativa de intercederem ao meu favor, em
detrimento de ti.

Quem sabe “Ares”, o Deus da guerra, erga-me em batalha


contra a senhora Saudade. Porém, não é minha intenção
afrontá-la, mas somente desvencilhar-me do teu jugo,
evitando desfalecer meu coração. Senhora saudade,
nem queira saber o que “Arthur Schopenhauer”,
profundo conhecedor da dor, diria de ti por me
tratares assim.
Mas, ainda que o amor seja uma tortura
inconsciente, prefiro morrer desse mal disse
Gonçalves Dias.

Julliano César Rodrigues Vicente380

468 CANÇÃO DO EXÍLIO


Embora Santa Catarina tenha
muitas belezas naturais,
considero as dos Rio Grande do Sul
mais ricas e atraentes.
Lá, além da paisagem
natural campestre,
há a urbana que é encantadora.
Aqui, praias belíssimas
que recebem muitos turistas;
lá, praias não tão belas,
mas muito agradáveis,
porque nelas, encontro
muitos amigos.
Tanto lá quanto cá,
compõem a paisagem cultural
da região sul

380 Julliano César Rodrigues Vicente - Porto Alegre/RS – Brasil - 24 de março de 1995. Estudante do Ensino Mé-
dio do Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS; Integrante do Projeto “Imagens e Textos construindo Histórias e
Versos”: 2011 - “Canecas e Camisetas Poéticas”; 2012 - “Caixas Poéticas”. Curte música e esportes. E-mail:
jullianorodrigues@gmail.com
Juraci da Silva Martins381

HOMENAGEM A GONÇALVES DIAS


Bendito o tempo em que passou aqui,
o poeta encanto, e que bem sabia
cultuar raízes nas três etnias:
negro, indígena, branco...
Circulando nas veias o sangue sacrossanto
de Poeta e Teatrólogo,
colocou no papel
seus encantos, seus prantos
seus amores, alegrias e dissabores.
Bebeu na mesma fonte dos talentos
onde se saciaram poetas e intérpretes
da vida, do agir humano
e seus sentimentos.
É presença em cada coração de poeta
Em cada alma sedenta de vida.
É imortal por tanta valia!

Jussára Custódia Godinho382

Amor a Caxias do Sul


Minha terra tem parreiras  469
E o bom vinho vem de lá 
As uvas que lá semeiam 
Nem se comparam com as de cá! 

Minha terra tem frio, 


chuva, neve e muito vento 
e gente que enfrenta desafio 
com bravura e sentimento! 

Terra forte, do quente chimarrão, 


do pala, da bota, do quentão 
e de muito amor no coração!

A esse chão d’onde brota a emoção 


manifesto toda minha paixão: 
te amo com loucura, meu rincão! 

381 Juraci da Silva Martins - Rio Grande do Sul – Brasil - Presidente da Associação Literária Sepeense, São Sepé/
RS; Vice-Presidente da Academia Regional de Artes e Letras Condorcet Aranha, Restinga Sêca/RS; Membro
Efetivo Academia Virtual Sala de Poetas e Escritores, Camboriú/SC; Membro Correspondente da Academia de
Artes, Ciências e Letras Castro Alves, Porto Alegre/RS; Delegada Cultural da Associação Artística, Literária e
Multiprofissional “A Palavra do Século 21”, Cruz Alta/RS; Embaixadora do Cercle Universel de la Paix, Genève-
Suisse/France. E-mail: juramartins@bol.com.br
382 Jussára Custódia Godinho - Caxias do Sul, RS – Brasil - 10.09.57. Licenciada em Letras Português e Espanhol,
pós-graduada em leitura e Produção Textual. Cônsul do Movimento Poetas Del Mundo de Caxias do Sul, filiada
à União Brasileira de trovadores de Caxias do Sul, associada à AGES- Associação Gaúcha de Escritores. Autora
do livro “Alma TROVAdora”, volume 002 da Coleção Luiz Otávio é Cem, com mais de 300 Trovas Literárias.
Justina Cabral 383

DOS MUJERES - (Sobre sus dos amores)


Su pecho guardó dos flores:
A una bien la quería,
y por otra se moría…
¡Le cantaba sus amores!

Luchó por esa primera,


por la segunda soñó:
¡Mar y cielo le brindó
y una palabra sincera!

Ni margaritas, ni rosas,
ni suspiros, ni calor,
sellaron aquel amor
cubierto con mariposas.

Kálison Costa Nascimento384

O GRANDE POETA
Gonçalves Dias nasceu com a poesia no sangue.
Era desde pequeno um batalhador.
470
Nasceu com força e caráter.
Ele nasceu com a poesia na alma e muito amor.

Com raça, firmeza, com o dom de expressar.


Através de poesias sua herança deixou.
Para o futuro ele trabalhou.
Nos versos lemos sua forma de amar!

Seu gosto fino pela vida foi real!


Muitos buscam sabedoria de um caxiense.
Que conquistas conseguiram.
Com a admiração de mais de um maranhense

383 Justina Cabral - Mar del Plata, Argentina - 29/04/1987. Escritora por vocación, y diseñadora gráfica por oficio.
Estudió en el taller literario Jorge Cocaliadis con la profesora Julia Zelis de Ercolani. Es socia de la Sociedad de
escritores latinoamericanos y europeos, más conocida como SELAE, y forma parte del Movimiento Poetas del
mundo. Coordina y organiza eventos a nivel internacional. Publica en diversas páginas web, revistas, diarios,
y libros grupales, en diferentes países del mundo.También lanzó su libro individual durante el año 2012 deno-
minado “Dulces y limón” editado por Editorial Portilla en Estados Unidos de América.
384 Kálison Costa Nascimento - São Luís – MA – BRASIL - 02/10/2001- Motivo da Participação: Poder expressar-
me de forma poética e poder viajar no mundo irreal e homenagear o tão saudoso Gonçalves Dias da histórica
cidade de Caxias! Cursando: 5º Ano Turma:C Profª Shirle Maklene
Karine Salton Xavier385

Canção do exílio
Aqui, há muita poluição;
Lá, muito ar puro.
Aqui, tem insegurança;
Lá, tranquilidade.
Aqui, as pessoas não se preocupam
umas com as outras;
Lá, a solidariedade é muito forte.
Aqui, há um maravilhoso pôr do sol;
Lá, um entardecer fantástico entre as montanhas.
Aqui, faz calor acima de quarenta graus;
Lá, frio abaixo de zero.
Depois que eu concluir a faculdade,
vou voltar para lá.

Karline da Costa Batista386

CANÇÃO DO FILHO
Agora vou cantar Gonçalves, Imperador da Viva Arte.
Versando com sentimento. Um canto ao caxiense,
Que desde o exílio cantou a sua gente
471
Majestoso e laureado Gonçalves!

Poetas em júbilo. Celebraram-te porque trazes


Nesta lírica passional toda a brasilidade
Fino sabor, priorado da imponente Palmeira.
Literário estandarte - Viva Gonçalves!

A Iara crioula vem saudar-te: Esta é para Gonçalves!


Verso-mor do cancioneiro brasileiro. Grande baluarte!
Tremendo Poeta a cantar seu terreiro. Canora ave.
Hino d’amor. Várzea em Flor. Sabiá bela arte.

Bravo, bravíssimo, Salve Gonçalves!

385 Karine Salton Xavier - Porto Alegre – RS – Brasil - 29 de julho de 1995. Filha de Dora Lúcia Salton e Balbino
Silva Xavier. Estudante do Ensino Médio do Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS. Membro Efetivo da Academia
de Letras Machado de Assis, Porto Alegre/RS, Cadeira 39, Patrono: Oswald de Andrade; Academia Virtual Sala
de Poetas e Escritores, Balneário Camboriú/SC; Associação Internacional dos Poetas del Mundo; e, Liga dos
Amigos do Portal CEN, Portugal. E-mail: ks-xavier@hotmail.com
386 Karline da Costa Batista – Aracati – CE – Brasil - 11/03/1988. Graduada em Letras (UFC),2° lugar no I Prêmio
AltFest! de Poesia (PE),3° lugar no III Prêmio Literário Legislativo- Caçapava do Sul (RS), 8° lugar no Prêmio Ce-
cílio Barros Pessoa de Poesia (RJ). Textos publicados nas antologias “Versos Soprados pelos Ventos de Outono”
e “III Prêmio Literário Legislativo- Caçapava do Sul”,na revista “Um conto” (MG), no projeto “Um Poema em
Cada Árvore” (MG), no blog Fênix entre outros.
UMA AMÉLIA PARA GONÇALVES
Gemes pelo amor sufocado, saudoso discípulo.
Duma lembrança bem quista
De um ideal mal fadado
Desígnio cruento. Defunto habitante
Desta terra de vivos e povo errante

Poeta amante. Levante!


A gentil Amélia ainda espera
O retorno sincero, degredado que fostes.
Pelo cínico destino, atroz desatino.
Confinar o amor pulsante
Ao adeus permanente

E sei que ainda o sentes, Gonçalves, amigo.


Nesta cova em repouso
O verme latente não haverá consumido
O sentimento pungente neste coração inda quente
Que a donzela em exílio acena e consente
- Regressa, com pressa, amante querido.

Kaylla Kaith Lopes Gonçalves387


MINHA TERRA  
472 Minha terra não tem palmeiras, 
Não cantam mais os sabiás. 
No céu tem poucas estrelas, 
Mas prazer eu encontro lá. 

Minha terra não tem muitos primores, 


Que quase não encontro por cá. 
Não permita mãe de Deu, 
Que a tristeza vá me machucar. 

Kayron Torma Oliveira388


MINHA CANÇÃO DO EXÍLIO
‘’Meu Rio Grande do Sul,
céu, sol, sul, terra e cor,
onde tudo que se planta cresce
e o que mais floresce é o amor.’’

387 Kaylla Kaith Lopes Gonçalves - São Luís – MA – Brasil - 02\08\2000. Motivo da participação: Eu gostei muito
do trabalho desenvolvido sobre as poesias de Gonçalves Dias, me deixou muito motivada para ler e escrever
poesias. Por isso gostaria que a minha poesia sobre o nosso grande poeta Gonçalves Dias fosse publicada.
388 Kayron Torma Oliveira - Porto Alegre – RS – Brasil - 10 de maio de 1992. Presidente do Conselho Consultivo e
Membro Fundador da Academia de Letras Machado de Assis, de Porto Alegre/RS, Cadeira 11, Patrono Mario
Quintana; Membro Efetivo do Clube Infanto-Juvenil “Erico Verissimo”, da Academia de Artes, Ciências e Le-
tras Castro Alves, de Porto Alegre/RS; da Academia Virtual Sala de Poetas e Escritores, Balneário Camboriú/
SC; e, da Liga dos Amigos do Portal CEN, de Portugal. Cursa Direito, na UNIRITER, de Porto Alegre/RS. E-mail:
kayron177@hotmail.com
Terra de alegria,
paz, sintonia, campos verdes.
onde reside o Colorado
das Glórias
e o amargo tricolor
por muitas derrotas.
Minha Pátria tem virtudes,
por ela dou a vida,
pensa com respeito
ao tocares no nome
da minha terra querida.
Sou gaúcho, sim senhor.
Viva o Rio Grande do Sul!

Kedma Kessia Pinheiro Bernardo389

O REI DA POESIA
I
Antonio Gonçalves Dias
O rei da poesia
Amava a natureza
Dia e noite, noite e dia
473
II
Antonio Gonçalves Dias
O rei da fantasia
Se chegasse aqui agora
Nada disso encontraria

III
Nem matas das Palmeiras
Nem o sabiá a cantar
E os rios pra que falar?

IV
O homem constrói e destrói
Só pensando em ganhar
Destruiu as palmeiras
Onde catava o sabiá

V
O sabiá e seus amigos
Muitos estão sem abrigo
Por causa do bicho homem
Que os deixou em perigo

389 Kedma Kessia Pinheiro Bernardo - São Luís – MA – Brasil - 27/07/2001. Motivo da participação: Ele foi um
grande poeta que escreveu sobre seu povo sua cidade e amava seu país. Por isso quero fazer parte da sua
homenagem
Keila Maria Veras Soares Silva 390

LEGADO
De um português
Uma mestiça concebeu
E no Sítio de Boa Vista
Em Caxias do Maranhão
Gonçalves Dias nasceu

Na Europa foi morar


Em Portugal estudou
E em Direito se formou
Gazeta Literária
O Trovador
Dos grupos medievistas
Em Coimbra participou

Seu orgulho
Ter no sangue
A mistura do índio, do branco e do negro
Tornou-se seu grande tormento
Essa condição
Transformou seu sonho em ilusão
Sua inspiração
474
Musa sem abnegação
Ana Amélia Ferreira Vale
Com sua amada nunca se casou
Sua família o pedido refutou

Colégio Pedro II
Trabalhou
Secretaria dos Negócios Estrangeiros
Oficial se tornou
Educação Nacional
Pesquisas na Europa quatro anos realizou
Comissão Científica de Exploração
No Brasil participou

Poeta se consagrou
Seu legado deixou
Para a humanidade
Sua criação
É inspiração

390 Keila Maria Veras Soares Silva – São Luís – MA – Brasil - 09.05.1976. Graduou-se em Pedagogia e especializou-
se em Psicopedagogia e Educação Infantil. É membro da Organização Mundial para a Educação Pré-Escolar –
OMEP/MA, Articuladora do Projeto Creche para todas as Crianças da Fundação Abrinq. Supervisora Escolar do
Estado do Maranhão. Professora e coordenadora do Curso de Pedagogia da Faculdade do Maranhão – FACAM.
Keules Diene Rocha da Silva391
Lembra do Maranhão.
Vai a todas as nações sua beleza anunciar,
Faz lembrar.
Quando se fala de grandes poetas.
Quando na história do Brasil é gravado,
O Maranhão pelo grande poeta narrado.
O grande poeta que a memória nunca falhará,
Que ao citar, traduz o Maranhão.
Que ao visitá-lo no mapa não dá para separar,
A poesia do seu poeta, o poeta do seu Maranhão.
Registrando um estado rico.
Riqueza essa encontrada nos poemas e poesias,
Que ficaram gravados nos anos e nos dias,
Gonçalves Dias.

Minha Terra tem Gonçalves Dias


Minha Terra tem riquezas
Minha terra tem beleza
Minha terra tem gente interessante
Ouro, prata, diamante.
Minha terra tem João
E também tem Maria,
Minha terra tem poeta 475
Minha terra tem poesia.
Minha terra tem Gonçalves Dias.

poeta, poesia
Salve Maranhão;
Salve os grandes poetas.
Gonçalves a poesia;
Gonçalves Gonçalves Dias.
Minha terra tem mais poetas.
Minha terra tem mais poesia.
Descrito no céu e no chão;
Na monotonia do dia a dia.
Na lágrima e no sorriso,
No suor, na labuta da vida,
Em verso e canção traduzida.
À luz dum olhar de um poeta,
Como um olhar de uma águia.
A perfeita sincronia:
Poeta, papel, tinta e poesia.

391 Keules Diene Rocha da Silva – São Luís – ma – Brasil - 02 de março de 1983. Trabalho como enfermeira técnica
no HUMI. Vi esse endereço no mural dessa instituição e estou mandando esse material  para vocẽs avaliarem.
Espero receber noticias sobre esse trabalho.
a mais bela poesia
Se tem terra,
Tem palmeiras.
Se tem palmeiras,
Tem sabiá.
Se tem Sabiá se ouve o canto,
O que será que vem de lá?
Que de lá vem poesia,
Que ninguém soube expressar
Tão bem como ele,
O canto do sabiá.
Que terra melhor não se achou,
Para várzeas as flores brotar.
Que ninguém saudosamente soube passar,
A saudade do seu lar.
Que terra assim não existiu,
Em nenhum lugar.
Como aquela em que um dia ouviram,
Rasgou- se o grito, o pulmão se encheu de ar,
Os olhinhos se abriram.
Inspirando um menino em Caxias,
Nascendo a poesia,
A mais bela poesia,
Vindo a terra Gonçalves Dias.
476
Que amou e encheu de versos,
Trazendo graça e beleza,
Misturando arte a terra preta.
Que o mundo veio conferir
Que terra como essa,
Só existe por aqui.
Surge a dúvida então sobre Gonçalves Dias,
Se a poesia nascera no coração do poeta,
Ou o poeta no coração da poesia?

Laura Druck Becker392

CANÇÃO DO EXÍLIO
Minha Porto Alegre tem o Guaíba,
onde dorme o mais belo pôr do sol.
Aqui, o entardecer também é bonito,
mas o nosso tem a luz de um farol.

392 Laura Druck Becker - Porto Alegre/RS – Brasil - 20 de maio de 1998. Estudante do Ensino Fundamental do
Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS. Integrante do Projeto “Imagens e Textos construindo Histórias e Versos”:
“Banners Poéticos”, 2012. Curte ler, ouvir música e viajar. E-mail: lauradruckbecker@terra.com.br
Nossas praças têm pássaros
e animais que trazem a paz;
tem meninos e meninas
jogando futebol.

Quando eu paro para lembrar,


sinto falta dos amigos,
dos colegas e da família,
que sempre estarão comigo.

Minha terra tem churrasco,


arroz e feijão,
são as delícias
que carrego no meu coração.

Minha cidade não tem guerra,


tem amizade e simplicidade;
sirva minha Porto Alegre
de modelo a toda terra.

Leidiane dos Santos Vitoriano393

Tributo a Gonçalves Dias


477
Professor, redator, escritor.
De tudo esse homem fez.
Brasileiro do Maranhão,
Filho de pai português

Dentre as duas pátrias mães


Tinha o direito de escolher.
Preferiu a mais pobre,
Aquela que o viu nascer.
Porque esta tinha o canto
E várzeas a florescer.

Antônio Gonçalves Dias


Pai da sensibilidade,
Filho dessas palmeiras
Que ele amava de verdade.
Engoliram seu último suspiro
Aquelas aguas covardes
Mas sempre serão eternas
As lembranças do grande Gonçalves.

393 Leidiane dos Santos Vitoriano, Ouro Preto d’Oeste, RO – Brasil - 10/10/1990
Leila Marisa de Souza Lima Silva394

ANTÔNIO E ANA
Ele
Poeta
Professor
Advogado
Jornalista
Etnógrafo
Teatrólogo
Ela
O amor

Ele
Poetando
O índio
Paisagens
Solidão
Exílio
O amor
Ela
Só amor!

Ele
478
Viajado
Elogiado
Sofrendo
Preconceito
Náufrago da vida
Náufrago do amor
Ela
A inspiração.

Ele – Antônio
Ela – Ana
Ele – Gonçalves Dias
Ela – Ana Amélia
Ele – mestiço
Ela – sem preconceito
Ele – Dizendo “Adeus”
Ela – “Ainda uma vez”.

394 Leila Marisa de Souza Lima Silva - Espírito Santo do Pinhal – SP – Brasil - 18 de dezembro de 1946. É Colunista
Social de “O Jornal A Cidade Jardim” (S.A. do Jardim – SP). Em 2010 lançou o romance de ficção “Corpos em
Chamas”
Lena Ferreira395

NAUFRÁGIO
Seus olhos
tão negros, tão puros
tão cheios de candura
por um torpe desengano
transformaram-se, distantes,
em duas poças de mágoa.

Seus olhos
já frios, escuros
perderam toda a ternura
transbordaram o oceano
onde eu, pobre navegante
bebi quase toda água.

Seus olhos
tão cheios de esperar
lançavam um olhar tão frágil
para além, além do mar
como a prever meu naufrágio
onde afogar-me-ia
mas o que eu mais quereria
era naufragar no seu olhar. 479

- releitura de SEUS OLHOS - Gonçalves Dias

Lénia Aguiar396

LUZ POÉTICA DO MARANHÃO


No cantar do poeta
Há sempre aroma divino,
Ele merece um hino
Por ser amado profeta
Cativando sem egoísmo
Com o seu romantismo.

Seu poetar sem maldade


Amava a pátria e a mulher,
Havia nele amabilidade,
Rectidão difícil de esquecer,
Cresceu em vários lugares
Como a fruta nos pomares.

395 Lena Ferreira – Rio de Janeiro – RJ – Brasil – O8/07/1968; professora, publicou ENTRE SONHOS pela Utopia
Editora em 2011 e teve participação em algumas antologias. Poderá ler um pouco mais no seu blog: www.
vaosdiversos.blogspot.com.br
396 Lénia Aguiar - Vila das Lajes do concelho da Praia da Vitória na Ilha Terceira – Açores – Portugal - 23 de Abril
de 1986. Já ganhei 3 concursos em Portugal, um com um conto e dois de poesia, um deles resultou no livro
AMOR OCULTO e 10 no Brasil com quatro poesias, três contos e três crónicas, participando em três antologias.
GONÇALVES DIAS
Gonçalves Dias
Fez da sua vida
Um livro de poesias
Sarando uma ferida.

Apesar das desilusões


A sua coragem venceu
E a Coimbra se rendeu
Cheio de estudantis ilusões.

Seus livros são relíquias


Para os seus admiradores,
Muita riqueza de poesias,
Mas poucos amores.

A sua morte foi trágica


E muito injusta,
Mas no Maranhão fica
A sua última angústia.

Leomária Mendes Sobrinho397


480
Antonio Gonçalves Dias
Antonio Gonçalves Dias, poeta.
“Um Anjo”, “Ainda Uma Vez – Adeus”.
Teve o seu coração com a porta aberta,
Para Ana Amélia, amores seus.

Antonio Gonçalves Dias, advogado.


Estudou na Faculdade de Direito
da Universidade de Coimbra. Formado
em bacharel, escreveu texto.

Antonio Gonçalves Dias, jornalista


Da Gazeta Literária e de O Trovador.
Participou de grupos medievista
de idéias românticas, compartilhador.

Antonio Gonçalves Dias, etnógrafo,


sendo também muito conhecido.
Estudou latim, francês, foi filósofo,
Caixeiro, escriturário, hoje falecido.

397 Leomária Mendes Sobrinho, natural de salvador-bahia-brasil.nasceu em 13 de novembro de 1962.filha de


leonidas josé de lima sobrinho e de maria mendes sobrinho, , três irmãos,casada ,um casal de filhos,monique
isabelle s.lira e william kennedy nícolas s.lira.licenciada plena em educação artística com habilitação em dese-
nho pela universidade católica de salvador.cursou dois módulos de pós graduação de metodologia e didática
do ensino superior.
Antonio Gonçalves Dias, professor.
Ensinou latim e história.
Do Movimento Romântico da Época, foi precursor.
Publicou folhetins teatrais e crítica literária.

Antonio Gonçalves Dias, pesquisador.


Realização em prol da Educação Nacional.
De ascendência mestiça, o escritor
Participou da Comissão Científica de Exploração, sem final...

Lenon Silva Alves - John Lennon Smith 398

Canção do Exímio
Os teus versos consagraram
Nossa terra de belezas;
Por onde quer que passaram
Mostraram nossas riquezas.

Ainda existem palmeiras,


Com sabiás a cantar;
As aves ainda gorjeiam,
Mas gorjeiam com pesar.
481
As estrelas permanecem;
Os bosques, flores e amores,
Tua falta os entristecem
E a saudade causa dores.

Todos estamos no exílio;


Exílio do seu talento;
Um poeta tão exímio
Que não sai do pensamento.

Leonardo Coronel Machado Andreolla399

CANÇÃO DO EXÍLIO
Minas Gerais,
assim como
o Rio Grande do Sul

398 Lenon Silva Alves - SÃO PAULO – Brasil - Pseudônimo: John Lennon Smith) – 06 de março de 1990. Reside atual-
mente na cidade de Salto/SP. Professor e acadêmico de Letras, participa de quatro outras antologias em 2012,
Versos Vampíricos, Crônicas da Fantasia, Arabescos e Arnobius: Nova Geração de Poetas. Amante da literatura
e da língua portuguesa, sonha em ser escritor desde os oito anos de idade, mas somente em 2012 começou a
investir em seus trabalhos.
399 Leonardo Coronel Machado Andreolla - Porto Alegre/RS – Brasil - 25 de agosto de 1998. Estudante do Ensino
Fundamental do Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS. Integrante do Projeto “Imagens e Textos construindo
Histórias e Versos”: “Banners Poéticos”, 2012. E-mail: leo_andreolla@hotmail.com
tem muitas riquezas
e fazendas com gado.
Tradições gaúchas...
Tradições Mineiras...
Ambas me dividem.
Não sei a qual escolher.
Pobre de mim!
Tanto lá como cá,
lindas paisagens
tropicais e culturais.
Lá, ouro e pedras preciosas;
aqui, churrascos e amores.
Ambas me dividem.
Não sei a qual escolher.
Pobre de mim!
Lá ou cá?

Leonardo Hugo Berger400

CANÇÃO DO EXÍLIO
Rio Grande do Sul
tem muitos campos,
parques e praças;
482
Santa Catarina,
muitas praias e morros.
Tanto num quanto noutro,
crianças, jovens e adultos
passeiam pelas ruas.
Em terra catarinense,
saudoso estou
de minha terra natal;
e, para lá, quero voltar.

Leônidas de Souza - Tiko Lee401

Mil Sementes de Ébano,...Antônio Gonçalves Dias,...


O Poeta não morre,...Gonçalves Dias,...
Transforma-se em Sementes de Ébano,...
E delas nascem mil flores…!!!!
Semeadas em jardins - mil cores!!!
Destilado a vida…odores!!!

400 Leonardo Hugo Berger - Porto Alegre/RS – Brasil - 05 de setembro de 1994. Estudante do Ensino Médio do
Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS. Integrante do Projeto “Imagens e Textos construindo Histórias e Versos”.
E-mail: leohugoberger@gmail.com
401 Tiko Lee (Leônidas de Souza) Assis - São Paulo – Brasil 04 de Abril de 1954. poeta Cristão Contemporâneo
Poema Premiado na “fria” Comunidade Europeia - Portugal 2000- lá eu estive,... é colunista  da Revista Viver
Osasco e articulista na Revista La Oca Loca - DAROCA. Zaragoza -España,... < @yahoo.com.br>
Cremado as dores…
Transforma-se em mil pétalas!!! Corolas de flores…
Onde pousam borboletas!!! Mil abelhas!!!
Manjar de delgados beija-flores!!!
O Poeta não nasce…se não bastasse…
Não morre também…
Vive à eternidade…
Sempre à procura de alguém!!!
O Poeta não morre
A sua alma apenas se afoga!
Numa lágrima que escorre.
E o firmamento etéreo percorre…
E aos pés de DEUS,…de Jesus!!! roga…
E transforma-se em Sementes…
Porque todos nós,...Gonçalves Dias,...teremos o dia de
todos nós!!!-

Fornalha,... assim escreve o


Maranhense,...
Escrevo com a força
do fogo de uma fornalha!!!
Cuja labareda destila o anonimato
e a rigidez do aço,...
Chama branda do fogo da comunicação,
483
da notícia, que queima,...eu acho
o bastante para consumir uma palha!!!
Escrevo com a força e o apetite
de uma caneta esfomeada,...
cuja pena e tinta devoram (entre) linhas, papéis e
espaços em branco,...
Deixando um rastro impregnado de palavras,  letras, notícias,...
por onde caminha a comunicação!!!
Escrevo!!! Com a força de um “mouse”
esfomeado teclado - cujo tipo e caracteres
cintilam em um monitor
de cristal líquida luz a iluminar
as entranhas da comunicação - notícias,...
Escrevo!!! Com a força  de Expressão
de Um Poeta Maranhense,...Gonçalves Dias!!!
Que dilacera e estilhaça o anonimato,...
dá chances e incentiva valores!!!
Comunicação sábia
no escrever do nosso dia a dia!!!

Semillas,...Antônio Gonçalves Dias!!!


El poeta no muere
Se convierte en Semillas
Y de ellas nacen mil flores ...!
Sembradas en los jardines - de mil poemas,... de mil colores!
Ahogado la vida ... olores!
Num mar  de dolores ...
Se convierte en mil pétalos! Corolla de flores
Donde posan las mariposas ! Miles de abejas!
manjar de delicados colibríes!
El poeta no nace ... no bastaba ...
No te mueras también ...
Vive para la eternidad ...
Siempre en busca de alguien!
El poeta no muere
tu alma se ahoga!
En las lágrimas que fluyen.
Y el firmamento etéreo recorre ...
Y a los pies de Dios, ... ¡Jesús! ora....
Se convierte en una semilla ...
Porque todos nosotros,...Gonçalves Dias,... tenemos el día
de todos nosotros!

Leticia Herrera402

BUEN VIAJE
He sido recordada escuchando tu música, Brasil,
como si fuera mi rasgo distintivo
484
Quizá me marcara tu erotismo y fuera cierto
Un maestro desconocido me escribía para pedirme
le enviara una camiseta de fut-bol
para dar  ánimo a los jóvenes
            y evitar un suicidio en la favela
Escogiera una del  Cruz Azul por el vínculo con Chico
 “La construcción” allá;  aquí el cemento de los albañiles
Gonçalves Dias aún le canta al amor
                                         igual que  todos le cantamos con Brasil
 Dulce cadencia del idioma português
                                                    el buen maestro
Hoy que mi hijo descubre el mundo
                                           recíbelo amorosamente, Brasil
Protege su dulzura cuando te hable en tu idioma
                                                              pues vivirá entre los tuyos

402 Leticia Herrera - Michoacán- México - 1954. Reside en la Ciudad de México desde su infancia. A la fecha ha
publicado 20 títulos en los géneros de poesía, cuento, no-novela en duermevela, guión cinematográfico.. Cul-
tiva además el canto,  las artes plásticas, la fotografía y el video-arte.
Levi Mota Muniz 403

ODE A GONÇALVES DIAS


Observando os índios das “Índias Ocidentais”,
já se pôde perceber a diferença,
O vigor em suas palavras, o calor de suas crenças,
Europeu nenhum resistiu, quis logo saber de onde vinha,
Aquela terra detalhada por Caminha, que logo se chamaria Brasil

Não pense que a “terra mais garrida” apareceu em passo de mágica,


O solo foi muito bem preparado,
por nossos ancestrais vindos da África,
Pois a pátria é mãe, mas não gentil.
Ela sabe que trabalho é o único aprendizado,
Que faria um povo, ainda escravizado,
virar um país de sonhos “mais de mil”,
que logo se chamaria Brasil

Um sonho intenso, um raio vívido; não só sonhos, mas ações,


A nação passou por eras difíceis, enfrentou gigantes tribulações.
De colônia foi Reino Unido,
mas com seus dominantes ainda a frente.
O povo ainda muito oprimido - de maneira sempre excludente -,
não se acomodou inibido,
485
jogou os dados, mas não apostou na sorte,
Bradou junto a Dom Pedro(um mito),
o épico “Independência ou morte”
Todos hastearam o verde, amarelo e azul anil,
a bandeira do novo país: meu grande e amado Brasil

Independente era a terra, mas não os que viviam nela,


que coisa mais linda, que coisa mais bela,
era a mulata escravizada sem pena,
que poderia muito bem ser a musa de Alencar, Iracema,
e se as guerras de abolição não serviram,
a Lei Áurea de 22 serviu,
Para acabar com a triste escravidão
De um agora mais livre Brasil

Se diziam bastante livres, aqueles controlados pela ditadura,


porém nem corte nem censura os faria voltar ao trabalho servil,
em meio a músicas sem ternura, em meio a Tropicália e muitas dores
para não dizer que não falei das flores,
falarei do brasileiro de punho fechado, falarei do povo da paixão febril,

403 Levi Mota Muniz – Fortaleza – CE – Brasil - 23 de outubro de 1996. Ganhador do concurso expo7 em 2006,
2007, 2008, 2010, 2011 e 2012, participante da Coletânea FB 2011 e 2012, segundo lugar no estadual de
cartas da UPU 2012, participação na coletânea da Academia Cearense dos Escritores de 2011, participação
coletânea grupo chocalho 2011, Primeiro lugar entre 15 e 17 anos do Prêmio Escriba 2012. E-mail: levifec@
gmail.com
que não se contentou com caminhar e cantar,
batalhou e morreu para garantir paz no futuro(e a glória no passado),
à pátria muito mais que amada, Brasil

Mas é na batalha diária,


aquela que não se tenta escapar,
que se mostra a bravura dessa gente guerreira,
onde as palmeiras são plantadas e o sabiá canta o hino,
onde o cansaço não é barra e não há nenhuma barreira
onde há mistura de raças, desde o europeu até o índio,
onde damos um bravo, à Brava gente Brasileira

Lidia Funes Bustelo404

SEM TITULO
en maranhao he dejado
lo más amado, es mi suelo,
el amor, que más que un credo,
me hará implorar regresar.

siento como que jamás partí


de esa tierra prometida,
aunque es cierto, que la vida,
486 fué llevándome en su andar.

quién podría imaginarse,


que en un jardín tan lejano,
encontraría, en secreto,
a esa musa que yo amo…

en sus ojos y en los míos


el ensueño no ha cesado.
y el más puro sentimiento,
de este mundo, rescatado.

el tiempo me hizo entender


que el amor, no consumado,
igual que un fuego sagrado,
siempre ardería en mi ser.

todo aquello que anhelé


aún, las cosas que ya logré,
hoy daría, como ofrenda,
por verte patria, otra vez.

404 Lidia Funes Bustelo - Godoy Cruz, Mendoza, Argentina - 1957. Posee estudios de bachiller, docencia y corre-
taje inmobiliario. adolescente, escribió algunos poemas. es en la madurez cuando se dedica de lleno a este
género y se une a sade (sociedad argentina de escritores). participa en la antología de cultura de mendoza
2013 y en la convocatoria del fondo provincial para la edición de su libro “poemas de tierra y cielo”. es casa-
da y tiene dos hijos.
¡DIOS MÍO, ESCUCHA MI RUEGO!
CON TUS MANOS GUÍA LA BARCA,
mi alma reposa en calma
voy camino hacia el edén.

Lindalva Silva Quintino dos Santos405

À memória de um poeta
A memória de um poeta
Que cantou a nossa terra
Com tanta inspiração e orgulho
Transformando nossas riquezas
Em belos poemas e versos
Merece de seu povo
Mais que uma homenagem singela.

O poeta já dizia:
Nossa terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá.
São versos tão sublimes
Que faz todo o coração vibrar.

A este poeta devemos


487
O orgulho de ser brasileiro
E o nome da nossa terra
Ser repetido até no estrangeiro.

Hoje nos cabe a honra


De elevá-lo aos píncaros da glória
este ilustre filho da terra
este poeta maranhense.
Que somou às nossas riquezas
A sua insubstituível presença.

Nosso céu tem mais estrelas


De belezas estonteantes
Nossas matas têm mais vidas
Com rios exuberantes
Nossas flores têm mais cores
Nosso povo tem na alma
A pureza dos seus versos.

405 Lindalva Silva Quintino dos Santos - Bom Despacho – MG – Brasil - 60 anos. Professora de Português e Litera-
tura Brasileira; Estudante de Psicologia; Poetisa (escrevo em revistas e sites de poesia).
Lívia Porto Zocco406

Não lamentes amigo


Caro amigo, não lamentes o amor perdido.
Perdeste-o sim, porém não por desleixo teu,
Perdeste-o pelo preconceito desmedido,
Perdeste-o pelo respeito que era só teu.
Caro amigo, não lamentes o amor perdido.
Fizestes aquilo que o momento pediu,
Respeitastes o apreço àqueles por ti escolhidos,
Mostraste mais força que o desejo varonil.
Caro amigo, não lamentes o amor perdido.
Decidistes o que na época era o melhor a fazer,
Apesar de o homem em ti, tornar o poeta comedido,
Apesar de a razão em ti impedir o amor de colher.
Caro amigo, não lamentes o amor perdido.
O que fizestes está feito, mesmo que  incompreendido.
Escolhestes por teu senso de homem, não de poeta,
Agora arcarás por tua escolha, vivendo um amor asceta.

Lohana Kárita Teixeira 407

Canto à Ave de Ovos


488
Minha vó cria galinhas
Onde cantam Sabiás
As galinhas do sertão
Não são como essas de cá

Suas vidas têm mais vidas


Suas penas têm mais cores
Os seus ovos têm mais gema
Os seus pintos mais amores

Ao olhar essas galinhas


O universo enxergo eu lá
Minha vó cria galinhas
Onde cantam Sabiás

Quisera Deus que todos


Pudessem admirar
A noite do meu sertão
E a galinha cacarejar

406 Lívia Porto Zocco - Ribeirão Preto – SP – Brasil - 12/11/1971. Bibliotecária e poeta nas horas vagas ( às vezes
nas ocupadas também). Possui vários poemas e contos publicados nas  antologias da Câmara Brasileira de
Jovens Escritores (RJ).
407 Lohana Kárita Teixeira, - Goiania – GO – Brasil - 30/04/1992. É graduanda em Letras pela Universidade Federal
de Goiás, escreve poemas desde que aprendeu a escrever, foi selecionada na Antologia Poética da Editora
Kelps em 2007 e publica poesias e textos em seu blog.
Lorena Moreno Castro 408
A  GONCALVEZ  DIAS
Antonio Goncalves Dias
Bastardo de nacimiento
Pero un Rey de pensamiento.

Separado fuíste
De tu gente tan amada,
Primero tus padres,
Luego, la mujer de tu vida,
También te fue negada.

El sufrimiento y el dolor
Encauzaron tu pluma,
Te llevaron al mundo de  la poesía,
Donde no existía raza ni color,
Ahí fuiste un gran Señor.

La tristeza vivida
En tu verso dejaste,
Con acentos sinceros y profundos,
Nos hiciste sentir
Ese tu dolor tan grande e incurable.

Cuantas veces deseaste morir, 489


Pero el recuerdo de tu amada,
A la vida te volvía,
Moriste, moriste tantas veces,
Desangrando el alma
En cada verso que escribías.

Gran fisonomista de las penas,


Tristeza y dolor siempre viviste,
Naufragaste en un mundo de dolor
Hasta el mismo día que partiste.

Lorenzo Gomes Bacin409


CANÇÃO DO EXÍLIO
São Paulo, cidade lotada
e de pessoas mal humoradas.
Oh, que saudades de Porto Alegre,
terra de povo feliz e alegre.

408 Lorena Moreno Castro – Hermosillo - Sonora, Mexico- 20 de febrero de 1964, ha participado en varios even-
tos culturales, programas de radio y Tertulias en escuelas públicas, así como varios Encuentros nacionales e
internacionales.
409 Lorenzo Gomes Bacin - Porto Alegre/RS – Brasil -12 de dezembro de  1997.Estudante do Ensino Médio do
Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS. Integrante do Projeto “Imagens e Textos construindo Histórias e Versos”.
E-mail: lorenzo_bacin@hotmail.com
Em Porto Alegre,
há muita gente boa;
São Paulo,
cidade do corre-corre..
Amo Porto Alegre
e, para lá, quero voltar.

Lucas410

NATUREZA
Nosso céu tem mais estrelas
As aves que aqui gorjeiam não gorjeiam como lá
Tão bonita a terra que nós temos
União para amar a natureza
Respeito com a nossa natureza
E precisa de mais carinho
Zelosa a nossa natureza
Amar a nossa terra.

Lucas Dias Miranda411

Canção do melhor
490
Minha terra tem gaúchas 
com beleza semi-igual,
onde tudo é inexplicável,
não havendo aqui nada igual.

Nossas árvores são mais verdes


e mais puras que aqui.

Minha terra é da bota,


da carne seca
e de homem muito macho;
tão diferente daqui.

Meu Deus , não existe aqui


nada comparável à beleza de Lá!

Orgulho-me de ser gaúcho macho! 

410 Aluno da Escola Municipal Ensino Fundamental Gonçalves Dias - Canoas – RS – Homenagem a Gonçalves Dias
– Projeto Quem foi Gonçalves Dias, disponível em http://goncalvinho.wikispaces.com/Resultados+-+Mas+-
Quem+foi+Gon%C3%A7alves+Dias%3F , Poesia compilada por Leopoldo Gil Dulcio Vaz – Curitiba – PR – Brasil
– 1952; Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Universidade Estadual do Maranhão
411 Lucas Dias Miranda - Porto Alegre/RS – Brasil - 22 de outubro de 1995. Estudante do Ensino Médio do Colégio
Conhecer, Porto Alegre/RS. Vídeo maker e skatista. Membro Efetivo do Projeto “Vida, Amor e Paz”, do “Cercle
Universel des Ambassadeurs de la Paix, Suisse/France”. Integrante do Projeto Literário “Porta copos poéticos”,
2012. E-mail: lucas_mirandadias@hotmail.com
Lúcia Amorim Castro 412

Homem de humilde
Gonçalves Dias foi um homem que nasceu em uma família humilde, mas que
enfrentou a vida.
Gonçalves Dias foi um grande poeta que aonde fosse criava uma poesia
e depois foi se tornando artista da própria vida!
Ele foi um homem de vida, de alegria e deixou o mundo com
sabedoria no ar.
Cheios de cores!
Cheios de poesias!
Cheias de amores!

Lúcia Barcelos413

Sob o olhar de Gonçalves Dias


Havia em teus olhos, havia
Pinturas, sonhos e paisagens.
Havia estrelas e aragens
No céu e no chão da poesia!
E ainda há, mas havia
Pinturas, jardins, canções...
Flores em largos caminhos...
491
Recantos de solidões.
Sempre havia uma nova estrada,
Sempre novas direções
Para o rumo de teus versos...
 
- Tão férteis, os universos
De rimas e de luas acesas
Dentro das almas poetisas!
 
Havia barcos e brisas,
E rios de amores cruzando
Naqueles tempos ditosos,
De vates tão venturosos
Quanto você, ó poeta.
Bendito o espaço que enchias
Com tua luz e a poética,
Ó imortal Gonçalves Dias.
Bendita a sina profética
Dos que teceram no outrora

412 Lúcia Amorim Castro - São Luís – MA – Brasil - 07/03/2002 - Cursando: 5º Ano Turma: C Profª Shirle Maklene
- Aprecio os poemas assim como as poesias e homenagear um poeta do meu estado é gratificante. EPFA.
413 Lúcia Barcelos - Viamão, RS – Brasil - 20/01/1964. Escritora/poetisa. Membro-fundadora e atual vice-presi-
dente da ALVI (Associação Literária de Viamão). Membro da Estância da Poesia Crioula, Acadêmica em Letras,
com 5 livros publicados (poemas, crônicas, romance). Participou em várias antologias poéticas e colabora em
alguns jornais. Desde 1979, funcionária da PUCRS, no Jornal Mundo Jovem. 
O que o olhar bebe agora.
Bendita a retina que chora
Sob a emoção da poesia!
Fulgor singular e magias,
Belíssima, a musa que vias
E o espírito benevolente...
 
Houve, e eternamente,
Haverá Gonçalves Dias.

Lúcia Helena Pereira414

AO POETA QUE SABIA FALAR DE AMOR


O Brasil terra tão lustrosamente literária.
Deu belos rios, cascatas, praias paradisíacas e grandes no-
mes na música.
Deu ouro, prata, girassóis, cantores,
Terra de boa gente e de poesias louváveis.

Deu Castro Alves, Machado de Assis, Rachel de Queiroz,


Vinicius de Morais, Juvenal Antunes, Cartola, Chico Buarque,
Nomes que o tempo imortalizou e tão bem já os consagrou.
492
O Brasil verde amarelo, cheio de azul e branco,
Deu o hino mais bonito, na letra e música incomparáveis,
Também consagrou-se no futebol e no samba,
E o carnaval é bandeira- estandarte!

O Brasil - país dos cantores e grandes poetas- como negar?


Deu Ângela Maria, Cauby Peixoto, Dalva de Oliveira,
Silvio Caldas, Herivelto Martins, Lupicinio Rodrigues,
 Geraldo Vandré, Jorge Amado, Cora Coralina...

Brasil de ilustres brasileiros,


De João Cabral de Melo Neto, Graciliano Ramos,
De uma marrom famosa, 
Chamada cantora Alcione!

Deu presidente, deu folclore,


E mostra ao mundo a beleza dos mais belos lençóis d´água,
A beleza do Pôr do Sol
Dos seus bordados e cores.

414 LÚCIA HELENA PEREIRA - Ceará-Mirim/RN – Brasil - 09- 07- 1945


Residente em Natal/RN desde os ses anos e meio; Licenciada em História/UFRN – 1974; Curso prático de francês
aos 18 anos; Escritora; Membro das entidades: Academia Feminina de Letras do RN; Academia Cearamirinen-
se de Letras e Artes/RN; Academia  de Letras de Teófilo Otoni/MG; Membro da UBE/RN.
O Brasil tem um coração nordestino,
Com muita coisa bonita,
 Igrejas, Palácios e grandes nomes,
Realçando a literatura,
Deu o imortal Gonçalves Dias 
- o poeta que soube cantar o amor!

HOMENAGEM AO POETA MARANHENSE


Gonçalves Dias
Oh! invulgar verso d´oiro que as palavras escrevem
À beira dos rios do Maranhão,
Onde o exílio não se faz e só há festa de beleza natural
De poesia divinal, decantando amor!

Oh! Poeta das grandes inspirações


Que o mundo conheceu e aplaudiu,
E que novas gerações pesquisam e viram temas
De monografias e teses, viram livros! 

 Oh! Divinal poeta de um infame exílio,


Que em vez de chorar, gritar, arder em ódio,
Escreveu a imortal “Canção do exílio”
Onde até hoje canta um sabiá
E aves gorjeiam a sinfonia do amor!
493

Oh! Poeta de alta nobreza,


Eu te rendo homenagem na bela canção nordestina,
Onde dois cabras inteligentes: Zé Dantas e Luiz Gonzaga
Escreveram uma letra pensando num sabiá
E surge a musa Marina Elali para cantá-la e exultá-la.

O que mais posso dizer do grande sábio das letras?


Que foi tema de um trabalho em minha linda adolescência,
Com a “Canção do exílio” que à época eu nem compreendia
E hoje, quanto lamento, que esse poeta completo,
Tenha se afastado dos seus, para pagar pela insensatez alheia!
Oh! Poeta maranhense, teu nome é glória!
Luciano Garcez415

Americana
Americana

Terra lusófona de sabiás


pintaiados dos cauins
de sangue dos canaviais emplastados
mênstruo de via-estrela que derrama cheia de manha
seu leite nos céus
a fim de fecundar Tupã bravo forte Sol aos 15 anos
certo Tupã-Trafica.

Nela me perco
amarga americana miragem
raça de trote de mulas
e imperadores de passagem.

Americana
terra negra de luares tão cantados
que viraram moeda corrente.

Americana terra sul


vejo-te sonhando a ti continentalmente
494
mãos agarradas ao corrimão da História
mas mãos de antanho
paraliticas
mãos de recém banho, terramericanas,
onde o exílio depõe contra sabiás e condores,
e réus que se soltam por três mil réis.

Bogari
Jatir, não viste ou vieste, e foi por ti que me despi
                                                            disposta e elidiste 
                                                   o aroma do bogari num só sono 
                                           com outra coisa qualquer.
O fuzil desferiu tão frio mil esmeraldas em meu peito
e inteira assim sangue de gema preciosa eu aqui:
                                                                         inerte, vermes comendo as joias verdes
                                                        ainda pergunto:
                                                             - por que tardas, ó, Jatir?

415 Luciano Garcez - São Bernardo do Campo/São Paulo – Brasil - 1972. É literato, compositor, cancionista, ma-
estro e performer. É mestre em Composição e Poesia pela UNESP e UNIRIO. Sua obra o mesmo define como
“Mitopoética” e “Pluridimensional”, onde “Tempos, estilos, épocas e gêneros se misturam com a mesma ele-
gância abstrata dos temas tão difusos que se organizam em uma banca de jornal ou nas páginas e links da
Internet”.
Canção do Auto-Exílio
Que triste, indiazinha, que triste que sou!
Minha raça mais triste que a tua
Menos raça, alma encanecida -
Que triste...
Dom Sebastião arde em mim
Mil vozes triestinas tão longe
E tristes, tristemente vozes.
Vieram d´além barcos, trouxeram-te açoites
Teu povo de África, teu povo d´atlântica mata:
Quem o banzo não roera os atabaques
Morreu de sífilis achando que era amor...
Ah, índia pequena, senhorinha-mucama
Minha é a tristeza dos Azevedos Álvares
Dos barcos também trazendo gente muda
Que nunca soube dizer português pra si mesmo...
Melancolia que não se enxerga é a que não mata
Nem de amores, nem à dores – não tome por tua
Não beba o cauim de noite mal dormida
Abre a janela que tua alma cabocla,
Ensimesmada mas ridente, é.
Canta, canta, indiazinha, como teu Pai
Tão bravo, tão forte, um filho do norte,
Que o canto de morte,
495
(Pai não sou...)
guerreiros, ouvi!

Luciano Ortiz416

Eterno
Uma voz canta ao exílio
De um lugar de talvez
Primeira e segunda canção
Sextilhas do Frei Antão

As “gonçalvesias” de todos os dias


Eternizar-se-ia
No mesmo contexto
Sua característica, sua poesia.

Um tubo de ensaio
É o clima,
A química entre ensaios
A magia, o alquimista.

416 Luciano Ortiz - Guarapuava – PR – Brasil - professor. Músico, compositor e poeta. O primeiro livro no prelo será
lançado em março de 2013. Livro de haicai que descreve uma nova proposta de haicai crítica e libertária. A
arte e a crítica favorecem juízos imparciais com total realidade de temas e acontecimentos do cotidiano, vidas
e vivências próximas e distantes. O libertário insere em um meio com olhos voltados a todas as direções.
Poeta
O artista
A “experimência”
Gonçalves Dias...

Lucivani Vitoriano 417


Deixe o sabiá cantar
Se exilado na tua alma
Já não podes se alegrar;
Procura uma vez mais tua calma,
Deixe o sabiá cantar.
Vá teus grandes desenganos
Nas palmeiras pendurar.
E nas várzeas põe teus prantos,
Deixe o sabiá cantar.

Viva o senso de comunidade


Do poeta Gonçalves Dias:
“Nosso céu... Nossas várzeas...
Nossos bosques... Nossa vida...”

Nosso país tropical


496 É um divino paraíso.
Não fique em seu próprio exílio
Sem motivos de se alegrar.
Vá pra junto das palmeiras,
Deixe cantar o sabiá!

Estando longe dessa terra


A grande saudade de cá
Fez da “Canção do Exílio” um grito
Que até hoje ecoa no ar
Louvando a essas únicas palmeiras,
Nas quais canta o sabiá.

Toda Poesia
Toda poesia
É feita por gente
Que não gosta
De ser limitada
Ao que já existe.

Toda poesia
É feita por gente
Que viaja
Na emoção,
Do alegre ao triste.

417 Lucivani Vitoriano – Ariquemes – RO – Brasil - 10/10/1990


Toda poesia
É feita por gente
Apaixonada
Pela arte
De viver.

Toda poesia
É feita por gente
Feita de poesia
Como o Gonçalves Dias
Devia ser.

Toda poesia
É feita por gente
Que “cisma sozinho”
E saber desenhar caminhos
Com a magia de escrever.

Toda poesia
É feita por gente
Marcada como bois.
Que um dia foi
Marcada sem saber.
497
Toda poesia
É feita por gente
Contente por saber
Que há mais poesias
Sempre por fazer...

Luís Artur Severo da Silva418

CANÇÃO DO EXÍLIO
No Brasil, há uma grande mistura
de raças: negros, brancos, mulatos,
loiros, morenos e pardos;
na Alemanha, a maioria
é muito branca.
Lá, o clima é muito variável.
Nos invernos, faz muito frio,
chegando a temperaturas negativas;
os Verões não são tão calorosos;
as Primaveras, agradáveis

418 Luís Artur Severo da Silva - Porto Alegre/RS – Brasil - 16 de outubro de 1999. Estudante do Ensino Fundamen-
tal do Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS. Integrante do Projeto “Imagens e Textos construindo Histórias e
Versos”: “Banners Poéticos”, 2012. Participou da Oficina “Poesia Inclusiva”, com Deficientes Visuais, realizada
no Cais do Porto - Casa do Armazém, em 26 de outubro de 2012, na Feira do Livro de Porto Alegre/RS, coor-
denados pela escritora e poetisa Roselaine Funari. E-mail: luisartur@hotmail.com
e atrativas; e, nos Outonos,
os parques e praças
ganham tons amarelados.
No Brasil, as estações
estão bastante bagunçadas.
Às vezes, enfrentamos as quatro,
num só dia, mas, mesmo assim,
temos boa qualidade de vida.
Lá, a língua oficial é o alemão;
aqui, a língua portuguesa.

Luis Henrique Insaurrauld Pereira419

DIAS  COM  GONÇALVES


Porquê fostes parar no mar ?
Mestre Gonçalves passava seus dias forjando seus poemas
Dando alma aos seus diálogos para o teatro
Mergulhando fundo na vida do  tablado
 
Porquê fostes arrebatado pelo mar ?
Em tudo colocastes sua marca de valor e talento
E em “ Rosa do Mar “ escreveu ao relento:
“ Nisto o mar que se encapela
498
A virgem bela
Recolhe e leva consigo;
Tão falaz em calmaria,
Como a fria
Polidez de um falso amigo”. 
 
Porquê fostes perpetuado pelo mar ?
Mirando no tempo e espaço escreveu
Lindo poema, “ O Mar “,  que lhe enterneceu:
“ Mas nesse instante que me está marcado,
Em que hei de esta prisão fugir para sempre,
Irei tão alto, ó mar, que lá não chegue
Teu sonoro rugido.
Desconhecendo o temor, o espaço, o tempo,
Quebrará num relance o círculo estreito
Do finito e dos céus ! 
 
Porquê escrevestes para o mar ?
Será que sereias deixaram suas contendas e suas lendas
E, se aproximaram de seus poemas

419 Luis Henrique Insaurrauld Pereira- Rio de Janeiro – RJ – Brasil - 22/05/1.951. Minha carreira de pretenso escri-
tor iniciou-se nos bancos do “ Colégio Militar do Rio de Janeiro “. Alguns trabalhos sairam das gavetas e foram
parar no site da CBJE ( Câmara Brasileira de Jovens Escritores ). Agradeço o tempo de suas vidas despendido
com este humilde-tímido-aprendiz de escritor, e que possam degustar este “Poema“, como se sorve um vinho,
saboreando cada gota, cada palavra.  Assim, bem pausadamente, sentir : o  aroma, a fluidez e o fino sabor.
E assim, caprichosamente,
Espontaneamente e egoisticamente
Lhe arrebataram para as profundezas do mar
Para lhe acarinhar, para lhe homenagear
Onde o oceano que tanto lhe transportou para Europa
Fechar um último poema e na felicidade,  se casar
E, na plateia indivíduos a se alegrarem:
Cavalos-marinho, tartarugas, namorados, badejos, garoupas,...
 
Porque escrevestes pouco para nós ?
Ficamos sedentos de seus manuscritos
E, ficamos nos cantos do Sabiá inscritos:
Pois,
“ Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá “.

Luis Lima420/Luzenice Macedo421

dias de joão
seu gonçalves venho lhe pedir um favor
me diz como faz pra brotar outro pé no vale
499
se pé não dá pé pedir vale à pena
seu gonçalves venho lhe pedir um favor

nesses dias difíceis não há um joão que resista


então passe a revista por todo o batalhão
que a lágrima reza a novena
e a seca castiga o sertão

é que eu já sabia que sabiá ia cantar


o fio da navalha já se perdeu do barbeiro
e a velha mortalha deu seu adeus fevereiro

é que eu já sabia que sabiá ia cantar


sinhazinha deixou os seus cordéis no varal
o vento levou as rimas pras bandas de lá
cuidado com o rastro na roça
que carcará vem pegar

420 Luis Lima - São Luís, MA – Brasil - 05/10/1964. Apenas um maranhense compositor com extensão do mun-
do, sem distinção. Um fazedor de arte, graduado na universidade de enrolamentos dos legítimos charutos
socialistas cubanos. Um nato comunista credor da palavra, desconfiado das maiorias. Segue imperfeito sem
acabamento, com mestrado em ciência de coisa nenhuma... Autor dos cd’s Palavrando e Expresso de letras e
do livro de poesia Arrumador de palavras, por enquanto...
421 Luzenice Macedo - Codó, MA – Brasil - 20/10/1973. Remanescente do bando das Marias Bonitas. Menina do
mato, de Codó e da terra de Gonçalves... Ora fina flor dos madrigais de Raposa, MA. Formada em Biologia
pela Universidade Federal do Maranhão, eterna aprendiz de feiticeira... do pó de pirlimpimpim. Sem encontro
marcado com os “dadores” de idéia do mundo real, por isso, fazedora de cordéis.
Luís Mário Oliveira422

GONÇALVES DIAS
Português e mestiço, esse seu sangue
Caxiense, entre outros, imortal
E pelas leis encampou, seu teatro, jornal
Gonçalves Dias e noites, romancista
Quanto da tua honra, poeta,
Ville de Boulogre, naufrago, teus versos
Baixos de Atins te traga, te levou
Portugal, língua mãe que te acolheu, sem as palmeiras
Sem os sabiás. Sem as canções do exílio, reversos
Os teus primeiros cantos,
Ana Amélia Ferreira Vale,
Valem teus versos
Onde nasce e morre o poema
Sala de sofrimento, preconceito medonho, infame
Teu amor, o amor, abatido por desilusões, pela dor
Enfim te vejo, enfim posso curvado aos teus pés dizer-te
Oh! Amélia. Largo dos Amores, São Luís, Ilha do Amor
Gonçalves dias, salve esse casamento que não ouve
Salvem os teus dias.
Investido em ti, ó poeta, meu Deus, grande poeta
Ousaria com a mulher, Ana, Amélia, entre todas Rosas
500
Cravos, Orquídeas e Camélias.
Casou-se pois então em  línguas
Desse latim que principio, minha boca
Não te consigo ver morrendo, náufrago
Envenenado com água do mar que também cantaste
Esse mesmo mar que poemo, que me banho
Aqui em nossas praias, onde tua letra fica
Como sal, esse mesmo que te imortaliza, conserva
O amor, do amor, para o amor calcifica
Foste o único afogado em lágrimas
Nesse mesmo mar que te escolheu
Nas águas profundas, quanto desse sal
Lágrimas de Portugal?
Pessoa, fingidor, completamente dor
Que deixaste na emoção da tua existência
Da tua vontade não permitiu Deus
Que morresse sem que por último admirasse
As terras que pela vida afora cantaste
Entre as palmeiras e o gorjeio dos sabiás
Imortalizados como tu, nesse eterno poema.

422 Luís Mário Oliveira - Presidente Dutra – MA – Brasil - 25 de Fevereiro de 1969. Entusiasta da literatura, teve
seu primeiro curso superior iniciado em 1992 em LETRAS - UNICEUMA. Sempre extraindo a poesia apanhada
do dia-a-dia, tem grande oficina, pois graduado em Administração Rural, pela UEMA 2002, esteve colaboran-
do no meio agroeconômico por Estados distintos tais: Rondônia, Roraima e a sua terra natal, Maranhão.
ANOS, SOMENTE
Que coisa, que poesia
Que dor, doída, doentia
Esse mesmo amor, o que eu sinto
Ainda uma vez, adeus!
Por esse amor casto, tua chaga
Tantos lamentos derramaste
Dos olhos dela afastados os teus
Tornou-se um tédio tua vida
...
Dessa morte qual não escapaste
Pediste, imploraste a Amélia
Que o perdão o fosse te dado
Pois ao amor, por ti, poeta, ignorado
Dois mundos se fizeram distantes
De um só amor que de tão galopante
Matara em vida tantos sonhos
Oh! meu Deus,
Dezoito estrofes, de pancadas
Que dói em meu coração, que vejo
Longe de ti, do teu sofrer, te ser poeta
Gonçalves, salvem esses teus dias
Todos em tua legenda
A decantar essa vida martírio, miséria
501
Em vossos olhos a nadar em lágrimas
Pavorosa dor que me sinto ao ler-te
Sei que lutaste, para não expô-la pública
Pediste perdão por cem vezes, pediste
Quiseste pois piedade, compaixão
E ainda uma vez adeus
Nesse misericordioso processo
Onde acamado morreste, náufrago
Dentro da própria poesia
Que ora decanto em tua homenagem
Para que o amor seja exaltado, sempre
Ao exemplo maior que já nos dera
De amar por de tão grande, padecer
Perambular a vida toda, sem merecer
As águas traiçoeiras que tragaram
Nesse litoral que hoje banha
Tua memória, sonhos, teus amores
Tragica vida, quãos dissabores
Nesse instante em que choro, soluço
Acabrunhadas letras componho
Gonçalves, salvem os teus dias
Ainda uma vez,
Adeus.
Luiz Cordeiro de Melo - Luiz Cordelo423

ACRÓSTICO À GONÇALVES DIAS


O POETA ANTÔNIO GONÇALVES DIAS

O Poeta Antônio Gonçalves Dias,


Patriota que pasma o País em canto.
O Brasil abraçou quem brindou poesias;
Em Caxias (Maranhão) eclodiu o encanto:
Teatrólogo; atendo-se bem mais a etnias;
Advogado; poeta à elegia, um tanto:

‘Ainda uma vez – Adeus’ foi uma a Ana Amélia.


Não desposa Ana honrando a família dela:
Triunfado o racismo, em vez de amor, o pranto;
Oh! Ninguém riu! E o poeta partiu pro Rio.
No mesmo ano que à Amélia desistiu,
Infeliz e oportunamente esposou
Olímpia: u’elo, que em quatro anos quebrou.
Gradativo Gonçalves Dias viveu:
O sobrar da saudade e o faltar à saúde.
Num estranho local, em Coimbra, escreveu,
Com tristeza, a “Canção do Exílio” em virtude
Às virtudes que havia mais no Solo, o seu!
502
Luso estudo, ok! Tudo o mais era rude:
-Vivo ausente aos meus! ...Deus, longe não morra eu,
Em lembrar o Brasil, seu Sabiá..., me mude;
Seu cantar tem melhor pio que o do europeu.

Deus o quis, e fê-lo mudar de “estágio”:


“Impelido dum mundo a outro”, em suas viagens:
Adoece; e um naufrágio o flagra frágil;
Salva o navi’outros; só não salvou Gonçalves!

CANÇÃO DO EX-EXÍLIO
Extraído do Salmo 137 (no ápice da poesia hebraica), pelo
contraste e mesmeidade sentimentais à poesia: “Canção do Exílio”,
de GONÇALVES DIAS.
Juntos aos rios de Babilônia,
onde o canto era chorar;
as harpas que em haste tínhamos
não tiniam nada lá.

423 Luiz Cordeiro de Melo (Luiz Cordelo) - Campina Grande – PB – Brasil - 28 de agosto de 1958, admira poesias
desde jovem, mas apenas há cinco anos tem se dedicado a escrita de cordéis, inspirado em grandes poetas,
como Ronaldo Cunha Lima, poeta paraibano, e o próprio Gonçalves Dias, por isso o contentamento em parti-
cipar desta antologia. Dentre suas obras já produzidas, estão: O Guri Davi Engoliu o Grande Golias; O Rei Davi.
Contato: luizcordelo@gmail.com.
Nosso povo tem estrelas
mas não emitiam fulgores;
nossos cantos sem mais vida,
na terra dos opressores.

Em cismar: foi humilhante


os caldeus nos pedir lá,
que cantássemos canções
que pudessem se “alegrar”.*

 Minha terra tem valores


que tais não se encontram lá.

Em Sião não tem açoite.


- Há prazer em te habitar!
Minha terra tem cantores
Onde canto, se sabe, há.

 Não permita Deus que viva


quem queria escravizar
de Israel os seus amores
e das flores que tem cá.

E que inda botem Babel


503
onde pranto, o sabe, há**

DE OBRAS FARTO EM TEMPOS CURTOS


De ter sido o poeta que mais versos deu,
Eis verdade se em conta levar o período
(Os 41 anos seus). Bem pouco vivido!
Brasileiro que à Pátria bem enobreceu.
Redatando revista, moveu Romantismo:
Alavanca o Indianismo; e o Lirismo ergueu.
Sua’obras poéticas nascem no Naturalismo.

Fluentemente escreveu: A MANGUEIRA; A MÃE D’ÁGUA;


A VISÃO; O ROMPER D’ALVA; O CANTO DO PIAGA;
RECORDAÇÃO; DEPRECAÇÃO; CANÇÃO; AMOR;
TE DEUM; - - DESEJO; A VIRGEM; O TROVADOR;
O COMETA; O ORGULHOSO; O OIRO; O DESENGANO;
EPICÉDIO; - - - - - - - - - - - - AMOR! DELÍRIO-ENGANO;
MINHA MUSA; SE TE AMO, NÃO SEI!; SONHO; LIRA;
TABIRA (ao Pernambuco) e (ao mundo) outro TABIRA;
E - - - SEXTILHAS DE FREI ANTÃO; OS TIMBIRAS;
MINHA VIDA E MEUS AMORES; A DUAS AMIGAS;
PEDIDO; - - - ANIVERSÁRIO DE UM CASAMENTO;
O SOLDADO ESPANHOU; A CRUZ; PASSAMENTO;
SE SE MORRE DE AMAR; SOLIDÃO; SOFRIMENTO;
CONSOLAÇÃO NAS LÁGRIMAS; LEVIANA;
U’a série: VISÕES; SONHO; I-JUCA PIRAMA;
ROSA NO MAR; MARABÁ; MIMOSA E BELA;
TRISTEZA; - - - - - A HISTÓRIA; SEMPRE ELA;
O CONTO DO ÍNDIO; - - - - - À MORTE PREMATURA;
SEUS OLHOS TÃO NEGROS, TÃO BELOS, TÃO PUROS.

ANA AMÉLIA- SEU ENCANTO E AMOR DESESPERADO: O


SEU MAL
AO DR. JOÃO DUARTE LISBOA SERRA;
N“O TEMPLO”; OS SUSPIROS; À MORTE; MINHA TERRA;
A VILA MALDITA-CIDADE DE DEUS;
AS ARTES SÃO IRMÃS; AS DUAS COROAS;
MISERRIMUS; DESTERRO DE UM POBRE VELHO;
É! “QUE COISA É UM MINISTRO”; QUE ME
PEDES;
LEITO DE FOLHAS VERDES; OLHOS VERDES;
IDÉIA DE DEUS*; AINDA UMA VEZ-ADEUS;
A CONCHA E A VIRGEM; O GIGANTE DE PEDRAS;

SEUS OLHOS; PRODÍGIO; QUADRAS DA MINHA VIDA;


504 E - - - - “COMO SE AMA O CALOR E A LUZ QUERIDA”.
Uns Hinos: - - - - A LUA; A NOITE; A TEMPESTADE;
E “O PRESBÍTERO”; - - - - O QUE MAIS DÓI NA VIDA;
Na “INOCÊNCIA”; A MENDIGA; outro Hino: A TARDE;
CANTO INAUGURAL; CAXIAS; CANÇÃO DO EXÍLIO:
À língua portuguesa, u’a surpresa!!! - - - - - - - - - “DELÍRIO”;
Não fez: “SEGURA O ÍNDIO LOUCO”, eis ciúmes!
TRISTE DO TROVADOR; PALINÓDIA; QUEIXUMES;
O “CANTO DO TAMOIO; CANTO DO GUERREIRO;
E “CANTOS”: ÚLTIMOS...; SEGUNDOS...; PRIMEIROS...
A QUEDA DE SATANÁS; - - - - - - - - foi O CIÚME;
MEDITAÇÃO; DIES IRAE; - - - COMO TE AMO;
O BAILE; FADÁRIO; O PIRATA; - A UNS ANOS;
RETRATAÇÃO; CANTOS (co’os NOVOS CANTOS);
DESESPERANÇA; - AGAR NO DESERTO; HARPEJOS;
E “CANÇÃO DE BUG-JARGAL”; SONETO; OS BEIJOS;
SE QUERES QUE SONHE; NENIA...; SEI AMAR;
E “MENINA E MOÇA”; e VELHICE E MOCIDADE;
SONHO DE VIRGEM; FLOR DE BELEZA; O MAR;
PROTESTO; QUANDO NAS HORAS; SAUDADES;
E “CAXIAS(1)”; HARMONIA; LIRA QUEBRADA;
ROLA; O SONO; A INFÂNCIA; NUVEM DOIRADA;
ANELO; AS FLORES; - - A UM POETA EXILADO;
DESALENTO; O MEU SEPULCRO; URGE O TEMPO;
O ANJO DA HARMONIA; NÃO ME DEIXES; ZULMIRA.
O HOMEM FORTE; A SUA VOZ; - - - A UMA POETISA.

SE EU FOSSE QUERIDO; A FLOR DO AMOR; A PASTORA;


ESPERA; A MORTE É VÁRIA; A BAUNILHA;
U’a DEDICATÓRIA A - - - - - - TEÓFILO LEAL,
Mui leal a ele. Hino: À HARMONIA; AO NATAL;
A UM MENINO; SOLÁO DE GONÇALO HENRIQUEZ;
LÓA DA PRINCESA SANTA; UM ANJO; AMANHÃ.

AO SEU RESPEITO E ATÉ À MORTE; E TRISTE


LUTO: HOMENAGENS
ANGELINA; - - - SAUDADES (À Minha Irmã);
Oh! Que versejar: “GULMARE E MUSTAPHÔ---!
SE NÃO QUERES LIGAR-TE COMIGO; ANÁLIA...
E outro - - - - - -SONETO (Pensas Tu Bela Anarda...);
Um “POR UM AI”; SOBRE O TÚMULO DE UM MENINO...
Resta - CUMPRIMENTO DE UM VOTO... - ; ASSASSINO; 505
E um “ADEUS” - - - - (A Meus Amigos do Maranhão);
Suas NOTAS; SOLÁO DO SENHOR REI DÃO JOÃO;
PRÓLOGO de Obras Póstumas; - - - - - - - - e à canção:
Em LIRA VÁRIA; GUANABARA; outras cito:
Inda AMAZONAS; MEMÓRIAS D´AGAPITO...
Tem “VINTE ANOS”; A LENDA DO AMAZONAS...
O DESCOBRIMENTO DO BRASIL...; fez crônicas.
E os DRAMAS...; REFLEXÕES SOBRE ...MARANHÃO.
A “Canção Triste” - - - - - - - RESPOSTA `A RELIGIÃO.
Tem a - - - - - - - - - VIAGEM PELO RIO AMAZONAS;
É “HISTÓRIA PÁTRIA”; O BRASIL E A OCEÂNIA.
As DEDICATÓRIAS...cada qual mais linda.
Minha Terra Tem Palmeiras; Amar-te Ainda;
O “Canto Popular”; - A Existência de Deus.
Rogos: “Longe da Pátria”; “Basta uma Vez”;
Tem Hino: Ao Brasil; ...Modinha...; Ontem no Baile.
E CARTAS...; e “Versos Póstumos” e “Obras Póstumas...”
Escreve obras teatrais: PATKULL, BOABDIL;
Teve ânsia e publicou: LEONOR DE MENDONÇA;
Restrito, não publicou: BEATRIZ CENCI.
Inda “A Noiva de Messina” traduziu; e,
Seu - - - - “Dicionário da Língua Tupi”.
Trabalho: “A Origem dos Índios de América”.
Enquadra em “americana” su’obra poética...

Letrado, alcançou, graças à alma e mão destras,


U’acento à Academia Brasileira de Letras;
Trouxe ao Brasil obras de exímios exemplos.
Olhou pouco a elogio, dinheiro, ou os templos...
Homem assim por que não recebeu o título:
“O Maior Brasileiro De Todos Os Tempos”?
Maior em versos, e diverso, em capítulo;
Eloquente e imerso ao popular e erudito.
Não foi rico de bens; foi “pobre de espírito”;
Ah! Não há de “ser dele o reino dos céus”?
Gonçalves, se sabe, pelos livros seus,
Enaltece a natureza e O que a fez, Deus.
Não admite “Evolução”, sim “Criação”:
Sua “Ideia de Deus”, a aprova e dá razão.

506
Luiz Guilherme Libório Alves da Silva424

Segue-se abaixo o dito por Gonçalvão


ontem à noite, um poema-não
- Metrifico, tenho de metrificar, se não morro sufocado. Os temas que
candidatam-se a poema saem de mim sozinhos se não os escrevo. Eles
pulam dos meus olhos, entopem meus poros, enroscam-me a garganta. Os
outros humanos perguntam: “Sente-se bem?”. Não tenho coordenação
nem para negar. Pulo, ofego, bato a mesa, enfio as pálpebras nos dedos;
Tenho de metrificar para forçar poemas, tenho de forçar poemas para
alojar minhas ideias sufocantes. Tenho de metrificar.

O Surto de Gonçalves Dias


-Poeta, ouve;
O brilho, a luz que seja,
Vinda da lua mesmo apagada
Enquanto acesa
Nada mais é que a aresta do real astro reaproveitada.-

424 Luiz Guilherme Libório Alves da Silva - Bebedouro – SP – Brasil - 23/11/1994, estudo Letras na Universidade
Federal de Minas Gerais, tendo iniciado meu curso na Universidade Federal de Goiás. moro em Belo Horizonte.
Espanto.

Estás nas pontas dos pés


Sob o arco inesperado da caverna
O vento que encrespa teu rosto
Inclinando-te qual pescaria...

De olhos fechados pela claridade


Apenas sentindo o calor que emana do sol
Você se sente mal.
Sente-se realmente mal

E abandonas o momento
E volta correndo para o escuro
Para o bem, para o amor,
Desesperado de saber.

Verdade:
Verdade nenhuma
Foi feita pra poeta.

Luiz Penha Pinós Bissigo 425

507
CANÇÃO DO EXÍLIO
 Aqui, em Jaguarão 
não cultuam a tradição;
em Porto Alegre, tem de montão.
Aqui, em Jaguarão
o amor é impuro e sem graça;
em Porto Alegre,
mesmo retratado num muro,
perpetua-se.
Aqui, em Jaguarão,
que mulheres há para amar,
já que, em Porto Alegre, 
elas Lá vão estar.
Minha saudade de Porto Alegre
está além da compreensão,
pois as pessoas, que amo, Lá ficaram.

425 Luiz Penha Pinós Bissigo - Porto Alegre/RS – Brasil - 05 de maio de 1994. Estudante do Ensino Médio do Colé-
gio Conhecer, Porto Alegre/RS. Membro Efetivo da Academia de Letras Machado de Assis, Porto Alegre/RS, Ca-
deira 49, Patrono: Sousândrade (Joaquim de Sousa Andrade); e, Academia Virtual Sala de Poetas e Escritores,
Balneário Camboriú/SC. Integrante dos Projetos Literários “Tabuleiro de xadrez lírico”, 2011; e “Porta copos
poéticos”, 2012. Coautor do E-book “Haikais”, postado no site Teia dos Amigos, de Sonia Orsiolli, Sorocaba/SP.
E-mail: luiz.bissigo@terra.com.br
M. A. Lima Barata426 - 10 de Agosto de 1872.

Por ocasião da inauguração


da estátua em São Luís427
Mais um sol se escondeu no fundo oceano
Mais uma pérola para o mar voltou;
Morreu mais um poeta soberano,
Mais uma harpa estalou.
P. de Calaz N.S.

Qual geme Éolo iracundo


Nas areias do Saara;
Como o troar da pocema
Tangida pelo Tupá;
E o eco das ventanias
No bronco das penedias
- Tal nasceu Gonçalves Dias
D’um sopro de Jeová!

Fagulha da inteligência
Tornou-se um facho de luz!
Gênio! Trindade soberba
D’Homero, Dante e Jesus,
Embora tanto sofresse
508
E mão súplice estendesse,
Ninguém diz que ele jazesse
Da corrupção nos paúes!

Ergueu-se! Elevou-se tanto


Quanto se eleva o condor
Que solta o voo dos Antes
E vai pousar no Tabor!
E nesse voo arrojado,
Deixa após si consternado,
Todo o espaço admirado,
Todo o Atlântico em furor

Moldado para o sublime,


Pra grandeza da dicção,
O gênio transpôs do éter
A desmedida amplidão!
E aos Alpes que o cortejaram
E pasmos, quedos ficaram,
Por seu turno recuaram
Das lavas da erudição!

426 Leal, Henriques, Pantheon Maranhense, São Luís, 1874, p 501-503. Poesias compiladas por Weberson Fer-
nandes Grizoste - Jauru – MT – Brasil
427 Serve de título.
Como judeu da legenda
Vive o bardo a caminhar
Mas este aonde chegasse
Tinha um pouso a descansar!
Aos gênios tal acontece;
E se o vulto desparece,
Nunca a memória fenece;
O mármore fá-la lembrar!

Quando seu ninho materno


Buscava o triste antor,
Leve fez da linda Coema
Flor de b’leza e luz do amor,
Abre-se um mar de safiras,
E ao som das celestes liras,
Mago Tupã dos Timbiras
D’a su’alma ao criador.

Não pode descer à terra


Um ente que vem dos céus!
Sete palmos de terreno
Não podem conter um Deus!
Quem por berço teve o mundo,
Por nome um séc’lo fecundo,
509
Só pode dormir no fundo
Do leito dos Prometeus!

Para viver respeitado


Do templo p’la grande mó,
Deus! estuário do gênio
Nunca o soterra do pó!
Tal fez ao rei dos talentos!
Mais rijo que os elementos,
Maior que mil monumentos
Deu-lhe um nome, um nome só.

Mas deveis sempre orgulhar-vos


Ó filhos do Maranhão
Dos atos que praticardes
Como este – do coração;
Pois ao Deus das harmonias,
Ao gênio das melodias…
Pagais a Gonçalves Dias
Um penhor de gratidão!
Madalena Müller428

AFASTADOS OS CORPOS, UM DIA AS ALMAS SE ENCONTRAM


Um dia no Maranhão nascera um garotinho
chamado Gonçalves Dias
de uma união não oficializada,
de um portugues docemente atrevido
e uma mestiça que fora amada...

... menino de face intrigante


com a miscigenação em seu corpo estampada,
dando-lhe um divino charme
frente a sua figura formada...

... uniões que não são sacramentadas


pelo terrível preconceito,
seja pela cor, raça, idade ou situação financeira
e onde levando o amor distante de seu leito...

... o fruto das noites nem tão dormidas


fora estudar na origem do Pai, em sua terra Natal,
sendo que pequeno sua doutrina fora no Brasil
e jovenzinho fora-se para Portugal...
510
... tão logo seu curso de Artes no secundário concluira
e distante em Direito fora formado,
mal sabia que seu coração romântico
de seu amor seria isolado.
Não adiantou a astucia de caixeiro
nem a perspicácia na escrituração,
na experiência da loja de seus Pais
levou em sua viagem ele em seu coração...

... foi-se para a terra de origem do Pai


e aí concluíra sua secundária educação,
e a III formação, sendo no período inicial
até a sua formatura escrevera a divina canção...

... no exílio de seus pensamentos


onde fez a divina união entre consoante e vogal,
dando um toque supremo
a minha e também dele terra Natal...

428 Madalena Müller -Rio Grande do Sul – Brasil - 13.01.1961. Sou empresária, fiz muitos cursos e que uso o co-
nhecimento no decorrer dos dias, por muito exerci minha função como estilista de moda e do ateliê mantive
um sorriso constante a cada obra, no decorrer das entrelinhas da vida tivera que optar pelo outro caminho
que meu Y apresentou...  serei uma eterna estudante, a indisciplina de situações que nos são colocadas fa-
zem-me sempre retornar numa disciplina diferente, penso que serei uma eterna estudante... tal qual o povo
do Maranhão, que mantém as graças na alegria e na esperança do sorriso... em sua bandeira estampa minhas
cores preferidas junto ao infinito do céu!!!
... desde quando conheço as escritas
e ouço o som do sabiá ha cantar,
já vejo-me dançando dentre as palmeiras e sorrio
sentindo meu corpo/mente ao meio movimentar...

... já vejo o céu estrelado


e as flores por todos os caminhos,
sinto o verde da esperança florindo
e a brisa envolvente fazendo-me carinhos...

... eis que os amigos foram-lhe presentes


auxiliando-o até que tivesse sua graduação,
pudera pela força da suave canção entrar no veio literário
sendo considerado o principal poeta romântico da geração...

... tivera poemas considerados imorais


e na época foram barrados pela hipocrisia,
entre os primeiros cantos lançados
conheceu a mulher que para sempre amaria...

... teve aulas de francês, latim e filosofia


com o direito esquecido fora jornalista e professor,
fundou o jornal literário “Guanabara”
e não soubera persistir para buscar seu amor...
511

... com a negativa dos Pais de Ana Amélia


com a moça Olímpia fora casar,
tão logo liberto da aliança
pudera com sua Ana encontrar...

... ela casara por vingança com outro


e deserdada por sua família que também não o aprovou,
foram-se para terra distante
e perseguidos seu estabelecimento comercial quebrou...

... seu primeiro marido falecera


e ela tivera a segunda união formada,
pudera ter a graça de um filho
em sua vida agregada...

... Dias novamente tentou,


ela não aceitara a declamação de seu poema
e o pedido ficara retido no desejo de sua inocência,
desengano que deu-lhe muita tristeza
ao dado adeus de seu amor ficando-o na abstinência...
... o orgulhoso menino que deixara de lado
perpetuou no templo sua altivez,
ainda, mais uma vez – adeus
e seu amor não teria mais uma vez...
... desolado a doença da hepatite toma-lhe
e em terra distante tenta se curar,
em seu retorno tal quais seus olhos verdes
naufragara no fundo do mar...

... quando seu corpo imobilizado


a sua alma tivera o acalento reconhecido,
sua amada fez-se presente
dizendo que nunca lhe tinha esquecido...

... Ana novamente surge, dentro do teatro


sob aplausos e num choro profundo ao léu,
a esperança que tinha nosso Dias
fez-se presente junto ha ele no caminho do céu.
Situação idêntica que em minha família acontecera
e sou fruto do Chrystian que de seu verdadeiro pai fora
afastado,
deste nunca tomara conhecimento
e no passar dos tempos sabe-se o porquê de um chapéu ao
nosso lado...

... na vida nada para sempre fica oculto


e o Amor numa outra com certeza será perpetuado,
não existe força que tirem-lhe para sempre
512
a alma gêmea de seu lado!!!

Maiara Gonçalves de Oliveira429

Saudades
Gonçalves Dias
Tão bonito dizia,
Com seus poemas românticos,
Qualquer flor seca renascia.

Gonçalves Dias adorava onde vivia;


Lá ele era feliz, lá ele gostava do canto do sabiá
E assim conquistou muitas coisas por lá.

Gostava da selva, do campo, das flores,


Um homem apaixonado,
Com olhar alegre, cheio de amor,
Gonçalves Dias, um brasileiro de coragem,
Gonçalves Dias, um homem que deixou saudades.

429 Maiara Gonçalves de Oliveira - Teresópolis – RJ - Brasil - 25/01/1998, poetaluna do 9.º Ano da E. M. Alcino
Francisco da Silva, em Teresópolis/RJ, e já possui poemas publicados no blog “Palavras do Coração”, do poeta-
migo Geovane Alves dos Reis. Professor orientador: Carlos Brunno S. Barbosa
Manoel Alexandre de Santana Sobrinho – Manoel Sobrinho430

A MORTE DE GONÇALVES DIAS431


Que adiantava ficar na velha Euriopa, se era
Inútil procurar prender no peito a vida,
Que, ansiosa de habitar mais arejada esfera,
Breve diria ao poeta o adeus da despedida?

Ela, que anima num ser, às vezes repelente,


Um século, ainda cedo ia a plimagem fina
Bater deixando inerte insigne doente,
Assim como se deixa um palacete em ruína...

Já não podia o bom clima do velho mundo


Lenitivo trazer em seu tormento, ao poeta,
Que expressava no olhar, nostálgico e profundo,
A tragédia da sua dor secreta...

E a Pátria? Ah! Não morrer, nunca, diante dela,


Quem tanto se esforçou pela grandeza sua!
E logo, afoitamente, uma enfunada vela
Pos sobre os vagalhões marítimos flutua...

O vento sopra, o mar espuma, o barco avança,


513
Ao ritmo das canções rudes da marujada,
Levando quem só nute, agora, uma esperança:
Ver o risonho céu da Pátria suspirada.

Pensar em ver a terra onde, ao calor da vida,


Escustara de amor, suave, a primeira jura,
Leva o poeta a esquecer sua mortal ferida
E a sentir-se feliz dentro do mal sem cura...

Pejados de incertza e de aborrecimento,


Moroso e comuns, vão desfilando os dias,
Enquanto, ora contrária, ora a favor do vento,
Vai devorando a nau léguas de ondas bravias...

II
Amplo e formoso céu, norte de Pindorama!
Horizontes de anil, praias de areia solta;
Revoada de guarás, currais de pesca, o drama
Das igaras, além, contra a maré revolta.

430 Manoel Sobrinho - Manoel Alexandre de Santana Sobrinho - São Francisco do Maranhão – Brasil - 04 de ja-
neiro de 1897. Poeta. Titular da Cadeira 19, patroneada por Teofilo Dias, na Academia maranhense de Letras.
Bibliografia: Hora Iluminada (Rio, 1948); Pétalas e farpas
431 RAMOS, Clovis. ROTEIRO LITERÁRIO DO MARANHÃO – Neoclássicos e Romanticos. Niteroi: Clovis Ramos,
2001, p. 311-313, Poesia compilada por Leopoldo Gil Dulcio Vaz – Curitiba – PR – Brasil – 1952; Instituto His-
tórico e Geográfico do Maranhão; Universidade Estadual do Maranhão
Ilhas, verdes painéis, rochas e ribanceiras,
Alvas garças ao longe, em silencioso idílio...
Leque espalmando ao vento, às margens, as palmeiras
Denairosas da selva e da “Canção do Exílio”.

O barco, a doideja, busca no leme apoio,


Esaiando um bordejo em direção da terra,
E do altivo cantor do Piaga e do Tamoio
O olhar perscrutador pelas paisagens erra...

Sente, ele, ao contemplar o seu torrão já perto,


A alegria feliz que há nas aves canoras,
E cheio de emoção, chora sorrindo, certo
De pisá-lo outra vez, dentro de algumas horas...

III
Que favores o poeta ainda esperar podia
Da vida a iluminar-lhe as horas derradeiras?
A fronte repousar, ela que em febre ardia,
No seio maternal da terra das Palmeiras.

Mas... o destino e o mar resolveram, num convenio,


Desastrado ou infeliz (ninguém ao certo sabe)
Que é humilhante demais para tamanho gênio,
514 Dar-lhe a morte comum que a toda gente cabe.

E nisto, se levanta uma onda crespa e afoita,


Dos ventos estivais ao ríspido assobio,
E logo a embarcação desequilibra e açoita,
Lançando-a, rudemente, à ponta de uma baixio.

Aumenta e recrudesce o revolver oceânico,


Pende outra vez para a corrente funda,
Enquanto, a provocar o desespero e o pânico,
A água o enorme porão do velho barco inunda.

Pelo convés, coxia e camarote, aos tombos,


Anda gente a correr, doida, sem paradeiro
Vendo beber o mar, pelos tremendos rombos,
Numa avidez estranha, o úmido veleiro.

Galopam vagalhões em repetidas rondas,


Ameaçadoramente, em volta do navio;
Das criaturas que vão quase a imergir nas ondas,
Mais que tudo comove o inútil vozerio...

Em meio às afliçõe daquela gente inquieta,


Que se apavora ouvindo o uivo do mar profundo,
Ergue, serenament, a altiva fronte, o poeta,
Para mandar o seu ultimo adeus ao mundo.
Lança o régio cantor das tribos brasileiras
À terra um doce olhar, sem laivo algums de mágoas;
Sorri, fitado ao longe o vulto das palmeiras,
E... some-se depois no turbuilhão das águas!

Manoel Bezerra

MISTURA NATIVA
Do cruzamento das raças,
Nasceste mestiço
E te fizeste poeta híbrido
De sangue português-índio,
- teus pais!
A natureza bela,
- Caxias, matas dos jatobás!
Foi o teu berço de origem,
Terras de palmeiras e sabiás,
Que retrataste
Na singeleza nativa
A canção do exílio,
Saudosíssimo do teu lar!

Manoel de Páscoa Medeiros Teixeira – Professor Passarinho432 515

CANÇÃO AO POETA: A CRÍTICA CULTURAL


HOMENAGEM A GONÇALVES DIAS
Se, se tu voltasses, poeta
não saberias rimar
porque acabaram as belezas
da terra do sabiá.

Existem poucas palmeiras,


alguns sabiás a cantar...
na mata da Boa Vista,
poucos pés de jatobá.

As nossas palmeiras bonitas


são devastadas no chão
por invasores estranhos
na terra do Maranhão.

Eu sinto a dor e a tristeza


daquele verde acabado,
as matas viraram desertos
e os índios abandonados.

432 Manoel De Páscoa Medeiros Teixeira - Olinda – PE - Brasil. Popularmente conhecido como Professor Passinho.
É poeta, autor de lendas, filósofo e teólogo. O grande educador de Caxias-MA é membro efetivo do Instituto
Histórico e Geográfico de Caxias (IHGC) e membro fundador da Academia Sertaneja de Letras, Educação.
o poeta dizia,
em sua canção centenária,
que os nossos bosques têm vida...
hoje não existe mais nada.

Só resta apenas, poeta,


o céu infinito do além...
porque a maldade dos homens
não alcançaram também.

Está tudo danificado,
desrespeitaram a cultura;
não conservaram o passado
nem a riqueza da nossa história.

Agora suplico a força da divina proteção!


descansa em paz, alma poética...
(nas águas lindas e pardas do mar)
meu velho indianista da mata da Boa Vista,
poeta nacional, o líder imortal
Antônio Gonçalves Dias.

Manoel Lúcio de Medeiros - Malume433


516

TRIBUTO A ANTONIO GONÇALVES DIAS.


Um poeta brasileiro de cultura,
Estudou francês, latim, filosofia,
Foi também formado em advocacia,
Conhecido por sua grande bravura!
 
Foi um grande professor e jornalista,
Lecionando a cadeira de latim,
Homem de uma cultura sem ter fim,
Dos poemas, foi um grande sonetista!
 
Ao Antônio deixo, pois, o meu tributo,
Um poeta de uma forte inspiração,
Hoje o mundo inteiro sente o seu fruto!
 
Lembraremos para sempre tua imagem,
À cultura, deixaste grande bagagem,
Para todos, um acervo absoluto!

433 Manoel Lúcio de Medeiros – Malume - Fortaleza – Ce – Brasil. Graduou-se em Pedagogia pela Universidade
Estadual do Ceará, (UECE) e fez pós-graduação em Pedagogia pela Universidade Estadual Vale do Acaraú. É
Bacharel e Mestre em teologia pela Faculdade de Teologia Filadélfia, em Recife-PE. Já escreveu mais de 2000
sonetos e poemas.
LEMBRANÇAS DE ANTONIO GONÇALVES DIAS.
Ele nasceu no sitio Boa Vista,
Nas terras lindas do meu Jatobá,
Este poeta que veio de lá,
Trouxe a letra que a todos conquista!
 
Atuou no teatro do Brasil,
Amante do francês e do latim,
Um grande jornalista foi, enfim,
Exemplo de cultura juvenil!
 
Da pátria, mergulhado na saudade,
Sofreu no coração a nostalgia,
Mostrando em versos o seu romantismo!
 
Sentindo de sua terra ansiedade,
Nos mares volta com toda alegria,
Mas um naufrágio o leva ao abismo!

ADEUS POETA ANTONIO GONÇALVES DIAS.


A saudade já batia no teu peito,
Por morares tão longe da tua nação,
Nostalgias te cercavam o coração,
Só o retorno te deixava satisfeito!
517
 
Com teu sonho a brotar à flor da pele,
No navio tu regressas pelo mar,
Mas as águas que te fazem naufragar,
Traçam tua vida num destino imbele!
 
O teu corpo entre ondas foi perdido,
Mas em glória, foi teu verso transferido,
A lembrança de brilhar cada nação!
 
Hoje este meu poema te ofereço,
Meu poeta, oh, quão alto foi o preço,
Que pagaste pra deixar tua lição!
Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho - Manuel Bandeira434

O NOME EM SI435
Antônio, filho de JOÃO MANUEL GONÇALVES DIAS e
VICÊNCIA MENDES FERREIRA
ANTÔNIO MENDES FERREIRA GONÇALVES DIAS
ANTONIO FERREIRA GONÇALVES DIAS
GONÇALVES DUTRA
GONÇALVES DANTAS
GONÇALVES DIAS
GONÇALVES GONÇALVES GONÇALVES GONÇALVES
DIAS DIAS DIAS DIAS DIAS
DIAS GONÇALVES
DIAS GONÇALVES
GONÇALVES DIAS & CIA
GONÇALVES DIAS & CIA
Dr. ANTÔNIO GONÇALVES DIAS
EREMILDO
GONÇALVES DIAS
AUGUSTO GONSALVES DIAS
Ilmo. e Exmo. Sr. AUGUSTO GONÇALVES DIAS
GONÇALVES DIAS
DIAS GONÇALVES
GONÇALVES DIAS
518

Manuela Ferreira436

O Poeta visto de cá
Daqui te levaram ainda quimera,
E tu não eras mais que o desejado.
Atravessaste o mar, o outro lado;
Brotaste longe, nós à tua espera.

Havias de voltar, estava escrito


Nas linhas do destino que trazias.
Tu, Grande Poeta, Gonçalves Dias,
Cravaste longe as unhas do teu grito.

434 Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho (Recife, 19 de abril de 1886 — Rio de Janeiro, 13 de outubro de
1968) foi um poeta, crítico literário e de arte, professor de literatura e tradutor brasileiro. Considera-se que
Bandeira faça parte da geração de 22 da literatura moderna brasileira, sendo seu poema Os Sapos o abre-alas
da Semana de Arte Moderna de 1922. Juntamente com escritores como João Cabral de Melo Neto, Paulo
Freire, Gilberto Freyre, Nélson Rodrigues, Carlos Pena Filho e Osman Lins, entre outros, representa a produção
literária do estado de Pernambuco.
435 Fonte: Estrela da Vida inteira de Manuel Bandeira – Compilador: Weberson Fernandes Grizoste
436 Manuela Ferreira - Ponte de Lima, Portugal - 26 de dezembro de 1968. Os textos que, muito recentemente,
escrevo podem ser lidos no meu blogue -mais1poema.blogspot.com- e em várias antologias portuguesas e
brasileiras. Recebi uma menção honrosa no concurso literário promovido pele APPACDM de Setúbal.
De cá ouvimos, vaidosos, a tua voz.
Eram tantos a cantar-te, um mar de gente.
E tu voltaste cingido na torrente,
Para espalhares o canto entre nós.

Depois partiste a voar, talvez fosse isso,


Para a terra onde o amor te enfeitiçou.
Tu bem sopraste a chama que apagou,
De nada te valeu, eras mestiço.

Ai, meu Poeta, quanta sorte


Te faltou no amor e até na vida!
Chegaste e já estavas de partida.
Que cruel aquele mar, aquela morte!

Marcelo de Oliveira Souza437

Minha Terra 
Minha terra não tem palmeiras, 
Nem sabiá 
Quanto mais canto!
Diferente do meu amigo
Gonçalves,
519
Não tem aves que gorjeiam, 
Ninguém sabe o que tem lá. 

Nosso céu é todo escuro, 


Não tem várzeas e flores 
Não tem bosques, nem vida 
É tudo um só obscuro. 

De ficar sozinho à noite 


É sempre um contínuo cá, 
Mas é pior ficar lá, 
Onde não tem canto, 
Quem dirá sabiá. 

Não permita Deus que eu volte lá 


Quando eu morrer, é melhor morrer cá 
Não desfruto de amores, 
Quem dirá lá! 

437 Marcelo de Oliveira Souza – Rio de Janeiro – Brasil. Professor de Língua Portuguesa, formado na Universida-
de Católica do Salvador. Pós-graduado pela Faculdade Visconde de Cairu com convênio com a APLB/UNEB;
Membro titular do Clube dos Escritores de Piracicaba; da Academia Cabista de Letras, Artes e Ciências; da
União Brasileira dos Escritores; da confraria de Artistas e Poetas pela Paz – CAPPAZ; da Associação Poetas Del
Mundo; Organizador do Concurso Literário Anual POESIAS SEM FRONTEIRAS. Blog: http://marceloescritor2.
blogspot.com Site: www.poesiassemfronteiras.no.comunidades.net
Marcelo Moreira438

Diversos Cantos
São os primeiros cantos
Voz do povo brasileiro
Foi poeta, foi caixeiro
As memórias de um professor
De um jornalista estrangeiro
Nascido na Boa Vista
De histórias e sextilhas
São também segundos contos
Afogado em romantismo
No deleito e no pranto
São diversas poesias
Por aqui Gonçalves Dias
Declamou os últimos cantos

Márcia da Silva Sousa439

O MAR E O POETA (por ocasião de sua morte)


Retorna o poeta saudoso
Ao chão de seus encantos
Para outra vez contemplar
520
Nas palmeiras mais dolentes
Cantando, o seu sabiá
Que saudades sentiu do seu canto!
Quantas vezes correu o seu pranto!
E mirando o horizonte pensava
Em voltar à sua terra amada
“Não permita Deus que eu morra, sem que volte para lá!”
Voltava enfim ao seu seio
Corpo abalado, espírito em riste
Terra amada tão querida
Que aguardava seu filho
Tão ilustre quanto triste
“Mas quis o fado inimigo”
Para si o tal poeta
Revolto o mar, a nau sacode
Impedindo o aportar
E quando tudo se acalma
O mar, o vento, a tormenta
Procura-se o poeta

438 Marcelo Moreira – Salvador, Bahia – Brasil - 5 de Maio de 1982. Formado pela Universidade Católica do Salva-
dor em Administração. É Produtor Cultural, Poeta Contemporâneo, Artista livre de padrão.
439 Márcia Sousa - Márcia da Silva Sousa. Belém-PA – Brasil - 22/06/1968. Reside em São Luís -MA desde 1979,
considera-se maranhense de coração. Médica ginecologista e obstetra, mestre em Ciências da Saúde, mem-
bro da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores . Poemas publicados na coletânea “Sobre o Amor” SOBRA-
MES (MA).
Buscando-o em vão
Se foi, descansar no mar
E por amar assim demasiado
Não coube em todo mar seu coração
Tornou-se então encantado
Sob seu céu estrelado
Nas costas do Maranhão!

Marcia de Oliveira Gomes440

Dias de inspiração
Dias de Brasil primoroso,
Exaltado em versos verde-amarelos.
Ah, as palmeiras, o céu, as várzeas, o sabiá...
Que prazer se encontrará longe do lar?

Dias de guerreiros valentes,


Moldados na vida, luta renhida.
Da honra e façanhas da tribo Tupi
Que ninguém duvide, meninos, eu vi.

Dias de amor desmedido,


paradoxal, intenso, precioso, febril...
521
Na lírica, o coração rasgado
E, às almas sensíveis, ofertado.

Alicerce da poesia brasileira,


Que o mundo reverencie o seu legado.
Pois Dias de inspiração,
Fez-se grande ao agigantar sua nação.

Márcia Etelli Coelho441

DERRADEIRO EXÍLIO
Nesse meu último canto
com a Pátria tão distante,
não encontro mais palmeiras.
Sou um Dias soluçante.

440 Marcia de Oliveira Gomes - Rio de Janeiro, Brasil - 05 de outubro de 1979 doutora em Língua Portuguesa pela
UERJ e professora da rede estadual. Em sua jornada literária, figuram a publicação de contos e minicontos
em antologias e a conquista de prêmios literários, dentre os quais se destacam o 1° lugar no Prêmio Literário
Teixeira e Sousa, em 2011, e no Concurso Nacional de Contos “Laertes Larocca”, em 2012.
441 Márcia Etelli Coelho - São Paulo – SP – Brasil – 3 de maio de 1955. É médica formada pela Escola Paulista de
Medicina em 1979 e membro da diretoria da SOBRAMES (Sociedade Brasileira de Médicos Escritores). Ocupa
a cadeira 34 da ABRAMES (Academia Brasileira de Médicos Escritores). Autora dos livros: “Andarilho - Em Bus-
ca de se Encontrar”, “Rastros na Areia”, “Corpo Espelho D´Alma”, “Os Apóstolos do Zodíaco” e “Entre o Laço e
os Nós”. E-mail: marciaetelli@ig.com.br
Sabiá não canta mais,
está triste sem seu ninho.
As estrelas se esconderam
e eu fiquei bem mais sozinho.

Essas várzeas não têm flores,


esses bosques não têm vida.
Onde estão os meus amores?
Se perderam na partida...

Hoje eu choro em presença da morte,


em presença de estranhos chorei,
relembrando os primores de outrora,
em minha alma, ainda uma vez, adeus...

PRIMEIRA POESIA
A primeira poesia que eu li?
Gonçalves Dias:
Canção do Exílio.

Na época, criança urbana,


ainda não conhecia palmeiras
e nunca ouvira um sabiá.
Mas já entendia de cores
522
e também de alguns amores,
chamego de mãe e de pai.
Só não sabia das dores
quando a saudade em açoite
insiste em nos castigar.

Passados muitos anos


conheci outros países,
comprovei não haver encanto
maior do que o nosso lar.
As perdas causaram danos.
Distância venceu a ilusão.
Os versos, bem mais sentidos,
fizeram minha alma chorar.

Um detalhe, porém, persiste,


chega até a me inquietar.
Apesar de tantas vivências
continuo sendo urbana
e eu ainda não reconheço
o som de um sabiá.
COMPANHEIRO
Minha terra tem um poeta
que retrata muito bem
as alegrias e as dores
de quem sonha assim como eu.

No exílio, a eterna saudade


do encanto de um sabiá,
da sombra de uma palmeira,
das ondas calmas do mar.

De noite eu vejo as estrelas.


De Dias releio a “Canção”.
Os versos revelam o que eu sinto
e abrandam minha solidão.

Enquanto espero o regresso


Gonçalves é meu companheiro.
Com ele resgato a dádiva
de sempre ser brasileiro.

Márcio Dison442
523
OBRA DE ARTE
Assobio sabiá
travessia perversa
em deserto de palavras.

Frágil beija-flor
capturo pólen
em labirinto de frases.

De sua majestade
realizo a realeza
imitando realejo.
E partilho a leveza
do colibri , o beijo.

Assobio sabiá
frágil beija-flor.
Desenho, saíra pintor,
um tiê-sangue
em natureza morta.

442 Márcio Dison - Porto União/SC – Brasil - 25 de fevereiro de 1962. Escreve desde os 6 anos, quando venceu
concurso sobre o Dia da Ave. Participou de diversas coletâneas e antologias e obteve em 2011 o Prêmio Fer-
nanda de Castro de Poesias, da Confraria Brasil/Portugal. Menção Honrosa do Prêmio Lila Ripoll/RS, lançou em
2012 Poesia(enterrada)Viva,edição do autor. Mora na Ilha de Santa Catarina e prepara o lançamento do livro
Banquete de Palavras.
Márcio Moraes443

canção ao timbira
canção de um exílio do índio timbira
um canto guerreiro da tribo sombria
é o canto piaga da sua nação
tupã poderoso retira esta embira
da musa cativa que não é mais minha
estrela do mar leviana canção

delírio das trevas do índio valente


meu deus sofrimento do bravo pungente
a escrava do congo com sangue lhe cinge
os olhos da vida de uma alma clemente
nas quadras do amor sua voz canto ardente
na lajem dos mortos de fraco então finge

mas hinos terríveis da rosa do mar


donzela suspira vestida de ar
ideia de deus como um raio lhe veio
toar novos cantos e nunca deixar
que rola esponsal ante deus a clamar
a morte de amor do timbira guerreiro

524 os últimos cantos de pedra gigante


do leito de folhas jatir além cante
i-juca-pirama se torna eu vi
e só marabá verdes olhos encante
nos túmulos deixa saudades levante
da taba o timbira que vence o tupi

Marco Aurélio Baggio444

DE MINAS AO MARANHÃO
Oh! As minhas Minas
E os meus Gerais
Estado duplo,

443 Márcio Moraes - Montes Claros – MG - Brasil – 9 de julho de 1983. Professor de Literatura e Português. Partici-
pante ativo do Salão Nacional de Poesias Psiu Poético em Montes Claros, sendo um dos poetas homenageados
em 2008. Autor dos livros de poemas Genuíno (2007), Via Crucis (2009) e assim alado (2011). Possui trabalhos
publicados em Coletâneas e Antologias do Psiu Poético, Belô Poético, Poetas de Todos os Cantos, Faces Con-
temporâneas da Poesia Brasileira, entre outras. Além de poeta, Márcio Moraes também é músico.
444 Marco Aurélio Baggio – Belo Horizonte, MG – Brasil - 8 de março de 1943. Médico, É psiquiatra, psicanalista
e psicoterapeuta, publica regularmente em revistas e periódicos especializados, no Brasil e no exterior, ocupa
a Cadeira nº 96 da Academia Mineira de Medicina, ainda a Cadeira nº 27 da Academia Brasileira de Médicos
Escritores – Abrames – no Rio de Janeiro, É detentor da Cadeira nº 10 do Instituto Histórico e Geográfico de
Minas Gerais Ex-presidente da Arcádia de Minas Gerais. É membro do Instituto Mineiro de História da Medi-
cina e da União Brasileira de Escritores, do Rio de Janeiro. Presidente da Sobrames Nacional. Cônsul da Real
Academia de Letras de Porto Alegre. Membro da Academia de Letras do Brasil. Honorário da Sociedade Eça de
Queiroz, do Rio de Janeiro. Telefone: (31) 3337-64-79 E-mail: marcoaureliobaggio@yahoo.com.br
Uno, múltiplo.
Me lembra o canto de inserção
De Antônio Gonçalves Dias.

Integrado pelo Grande


E pelo São Francisco
Correndo ao longo do Espinhaço
Que dá ouro, diamantes, gemas e cristais
De onde escorre o minério
De ferro para abastecer o mundo.

Minha terra tem ipês


Que aqui florescem como
Em nenhum outro lugar
Tem palmeiras e buritis
Lequeleando em escolta
As veredas,
caixas d’água do Brasil.

Minha terra tem pássaros


E passarinhos – sabiás,
Bem-te-vi, manuelzinho da croa
Tico-tico pirulitando no fubá
Seriema com seu canto triste
525
E mãe-da-lua piando pela madrugada.
Minas Gerais tem belos horizontes
que ao cair da tarde deslumbram
anunciando o céu de estrelas
onde pontifica o Cruzeiro do Sul.

Minha terra tem águas virtuosas,
Jesuânia, Araxá, Cambuquira, Caxambu,
São Lourenço, Lambari, Águas Santas.

Minas tem suas gentes,


mineirinho capiau, mineiro citadino,
mineirão de definição desempatada.
Mineirices e mineiridades.

Minha terra tem primores


Sete vilas do ouro
854 localidades
onde se caldeia um povo índio,
negro, branco, amarelo,
mestiço, mulato, cafuzo,
onde resplande a liberdade
e o modo soturno e correto de ser.
Minas terra meu tesouro
Serras que vão destapando outras serras
Em sutis tonalidades de azul
Nela descortinando belos horizontes
De sol, de relevo, de anis.

Minas são muitas,


coração aurífero da
América do Sul.

Marco Aurélio Maurer Dalla VecchiA445

CANÇÃO DO EXÍLIO
Porto Alegre, minha cidade,
tem o Laçador;
Rio de Janeiro, tem o Cristo Redentor.
Tanto aqui como lá,
há o Calçadão de Ipanema.
Aqui, o Guaíba; lá, o mar.
Aqui, a bebida preferida é o chimarrão;
lá, o chopp gelado.
Aqui, tem o melhor o churrasco;
lá, o linguado não pode faltar.
526 Aqui, a seriedade do gaúcho
chama a atenção;
lá, a descontração do carioca.
Aqui, o sucesso da Calçada da Fama;
lá, o glamour do Leblon.
Aqui, o verde da natureza;
lá, o azul do mar.
Entre o lá e o aqui, fico com o aqui,
pois amo a minha Porto Alegre.

Marco Aurélio Sousa Mendes446

Canção do exílio do século XXI


Palmares, como de minha terra,
não há em nenhum canto.
Os sabiás, que aqui gorjeiam,
cantam o som de Ubirajara.

445 Marco Aurélio Maurer Dalla VecchiA - Bento Gonçalves/RS – Brasil - 14 de janeiro de 1998. Reside há 10 anos,
em Porto Alegre/RS. Estudante do Ensino Fundamental do Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS. Integrante do
Projeto “Imagens e Textos construindo Histórias e Versos”: “Banners Poéticos”, 2012. Curte desenhar e pintar.
E-mail: guy.f1@hotmail.com
446 Marco Aurélio Sousa Mendes - São Paulo – Brasil - 06 de Dezembro de 1994. Humilde aprendiz filosófico
de poeta, assim me defino. Atua no meio literário com o pseudônimo de Aurélio Mendes. Atualmente cursa
direito na Universidade Federal de Uberlândia. Possui já 1 livro publicado, uma coletânea de contos chamada
‘Pensamentos Singulares’. Mantem também um blog literário no endereço http://devumi.tumblr.com/
Mas tempo bom que Airumã
dizia ainda no Abanheém:
Palmares, como de minha terra,
não há em nenhum canto...
nem mesmo mais aqui.
Os sabiás, que aqui gorjeavam em tupi,
Agora cantarolam no ‘to be’.
Nessa bossa nova rogo a Deus
para que pelo menos,
o samba não vire rock
e Drummond não fique pop.

Marcos Paulo de Oliveira Santos 447

Ode ao ínclito poeta


Fruto profícuo da mestiçagem.
Arauto do mais nobre indianismo.
Poeta de expressiva bagagem.
Quis esposar-se, mas foi vítima do racismo!

Desiludido, desencantado...
Caminhou registrando o país.
Atormentado, vituperado
527
Mergulhou nas letras; nova diretriz!

Ana Amélia, falena sedutora e irresistível,


outros rumos a vida lhe reservou.
Ele, etnógrafo, poeta, teatrólogo irretorquível,
sua alma o imenso mar levou!

O oceano não apagou o talento,


nem os versos das pautas régias.
Sua obra perdura no tempo
e comove as almas egrégias.

447 Marcos Paulo de Oliveira Santos - Brasília, DF - Brasil - 18 de dezembro de 1984, É licenciado em Letras-Portu-
guês e Respectiva Literatura pela UnB. É licenciado em Educação Física pela UCB. É especialista em Docência
do Ensino Superior pela UGF. É mestre em Educação Física. Venceu o I Concurso Literário do Curso de Educa-
ção Física da UCB; Foi 2° lugar do I Concurso Literário do Sistema CONFEF-CREF´s; Teve uma poesia selecionada
e publicada no Concurso Poetas da Cidade (SESI-DF).
Marcos Rodríguez Leija448

Evocación al canto de Gonçalves Dias - Canto a


Gonçalves Dias
Recibe este canto Gonçalves Dias
de tambores y zumbido de palmeras
para que el dolor que un día hizo surcos las entrañas
no llueva más, jamás, ni inunde el alma del poeta;
pido que no florezca la semilla del exilio
la peor en todos los infiernos para quien ama y canta
como tú cantabas y le cantas a tu tierra.
Recibe este canto Gonçalves Dias 
desde el suelo que habito y donde crece la raíz del árbol,
el fruto de la palabra, el aire que nos une,
ese canto de tambores con zumbido de palmeras
que hace que el dolor que un día hizo surcos las entrañas
no llueva más, jamás, ni inunde el alma del poeta.

Caminante(s) del mismo deseo


Qué suerte tengo de encontrar en el camino
las huellas de alguien que recorrió el mismo deseo,
no sé si llegaste o si llegaré algún día al horizonte
pero al igual que tú dejaré mis huellas para el que viene
y busca a esa mujer que lo siga por la amplitud del aire.
528
Por eso hundo mis pasos en esta corta ruta antes que la muerte
atraque mi deseo de hallar un amor igual al mío 
como tú también un día lo deseaste.
Y repito, Gonçalves Dias, tu invocación:
¡Permite, Dios, que en esta tierra encuentre
una mujer, un ángel, la obra tuya
que sienta como yo!
No sé si llegaré algún día al horizonte pero sigo el camino, 
caminante, poeta, amigo del mismo deseo 
que buscaba como yo ahora busco
a una mujer que me siga por la amplitud del aire.

Sobre adioses como una bala en el aire


Quien se atrevió a arrancarte el amor 
a dentelladas jamás te vio los ojos del alma.
Yo he sufrido de amor, Gonçalvez Dias
pero no en la dimensión del desprecio 
por mi sangre, por mi raza.
Bendito sea tu origen, la raíz que hizo crecer 
al poema en la ramificación de tus palabras 
donde el amor es una luz que anida, que canta.

448 Marcos Rodríguez Leija - Nuevo Laredo, Tamaulipas – México - 1973. Desarrolla su trabajo en periodismo,
literatura, música y fotografía. Forma parte del Diccionario de Escritores Mexicanos del Siglo XX publicado por
la UNAM. Correo-e: marcosrodriguezleija@hotmail.com
Ese rumor que viene del mar
Ese rumor que proviene del mar
es tu voz cantándole a tu tierra, 
a Maranhão, al sabiá y a tu ritmo 
se mueven las palmeras en los bajíos 
de Atins.
El Ville de Boulogne se ve 
en los espejismos de la tarde de la costa 
brasileña y tú a lo lejos cantándole 
a Caixas, a los bosques, a la vida, 
a tus amores, a los amores que uno sueña.
Tu canto viaja en la eternidad del aire 
¡y no nos dejas, no! te quedaste 
en la inmensidad del mar guerrero de la palabra, 
voz del indio tupí que se expande en la amazonia 
tus palabras corren con la brisa como un paisaje.
El Ville de Boulogne se ve 
en los espejismos de la tarde de la costa brasileña 
y tú a lo lejos cantándole a Caixas, a los bosques, 
a la vida, a los amores que uno sueña.

De la tristeza también nace un canto


De amor yo tampoco sé
y de mis tristezas también nace un canto
529
estos cantos que te canto sintiéndome 
caminante de los mismos caminos y quebrantos.
Tampoco me importa la gloria ni la moda 
ni la retórica cuando el dolor es la tinta 
de la que mejor florece el poema y eso 
lo aprendí al leerte poeta universal de la evocación, 
de la melancolía y la nostalgia, poeta que le cantas 
a la vida, a la soledad hiriente, al amor, 
que cantas con los ojos del alma.
De amor yo tampoco sé
y de mis tristezas también nace un canto
con el que le he escrito a una Amélia, 
a una Céline, a Leontina, a una Eugénie, 
a Joséphine y a una tal Natália porque el amor es así 
Gonçalves Dias una bala en el aire que hiere 
y te deja incurables marcas.
De amor yo tampoco sé pero una vez también 
dije adiós a una Amélia con un profundo canto de tristezas.
Marcos Samuel Costa da Conceição 449

Canção reescrita
Homenagem a Gonçalves Dias

Minha terra tem palmeiras,


onde canta o sabiá;
os pássaros que solfejam aqui,
não se iludem em outro lar.
E o céu com véu
e o chão de flores
e a floresta com vida
e a vida completa de amores
E a paquera ao relento,
não são como em nossas pracinhas
Minha terra tem...
Tem o que restou do desmatamento.
Minha terra é o Brasil,
a brasilidade que não encontrar em outro lugar
onde os políticos fazem a festa
onde a alegria é do sangue do povo
onde eu encontro minha morena.
Deus permita que daqui me expulsem
e perca todo esse chão
530
que sei que não encontro
em outro lugar.
E louvares o que restou
e o canto do sabiá disfarçado.

Marcos Vinicius Lopes Serejo 450

Raça!
Gonçalves Dias nasceu!
Com a poesia na alma.
Filho de mestiça, mas com raça.
Raça que na vida venceu.

O sonho ele conseguiu.


Lutou com suor e gratidão.
O estudo a vida facilitou
E a fé sempre no coração.

449 Marcos Samuel Costa da Conceição - Ponta de Pedras- Marajó – PA – Brasil - 07/12/1994. Estudante do ensi-
no médio, poeta, musico e escritor. Tem um livro de poesia publicado “Pés no chão e sonhos no ar” SANTmel
arte editora. Participou da antologia cidade vol. VII, antologia literattus, coletâneas eldorado vol. XXI, XXII,
XXIII, coletânea amor em verso vol. II, galeria Brasil de escritores contemporâneo. E mantém um blog: http://
samuelpoetacosta.blogspot.com.br/
450 Marcos Vinicius Lopes Serejo – São Luís – MA – Brasil - 26/05/2002 Cursando: 5º Ano, Turma: C, Profª Shirle
Maklene - EPFA.
Ele não foi apenas poeta.
Era o dono de suas poesias.
Na escrita a felicidade nascia.
Sua responsabilidade era completa.

Ler Gonçalves Dias!


Compreender o que se passava.
Em cada verso deste homem.
Que encantou aquele que o admirava.

Marcos Vinicius Mota Kliemann451

CANÇÃO DO EXÍLIO
Meu Pampa Querido,
estou distante de ti;
numa terra de espinhos,
sem a vida que tu transmites
ao meu ser.

Meu Pampa Querido,


com teu ar refrescante
envolves teu povo.
Aqui, onde me encontro,
531
o ar é arenoso e hostil
com os próprios habitantes,
que dirá, com os turistas.

Meu Pampa Querido,


sofro em Mato Grosso;
tudo é muito diferente.
Nos fins de tardes,
no peito, sinto um forte aperto.

Meu Pampa Querido,


não me canso de ti.
Em breve, voltarei;
o meu lugar é no Sul!

451 Marcos Vinicius Mota Kliemann - Porto Alegre/RS. – Brasil - 13 de junho de 1995. Estudante do Ensino Médio
do Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS. Integrante dos Projetos Literários “Tabuleiro de xadrez lírico”, 2011; e
“Porta copos poéticos”, 2012. Coautor do E-book “Haikais”, postado no site Teia dos Amigos, de Sonia Orsiolli,
Sorocaba/SP. E-mail: marcos.v.m.kliemann@gmail.com
Mardilê Friedrich Fabre452

Gonçalves Dias, poeta romântico


Na vida,
O amor impossível, platônico
Eternizou solitário.
Nas veias,
As três raças brasileiras
Correm teimosas.
Vilipendiados donos da terra,
Exaltou vibrante.
Na morte,
O mar o acolheu.

O poeta renuncia ao amor


O amor foi-lhe negado pelo preconceito,
Faltou-lhe, contudo, coragem
De por ele lutar e formar par perfeito
Com quem fosse de outra linhagem.
Fugiu pela dor quebrantado.
Nos seus poemas ficou brado
De uma paixão ascética e desenleada.
Triste sina! Encontra na estrada
A amada com outro a seu lado.
532

Um poeta para sempre


Vassalo do amor,
O poeta canta enlevado
A amada, a terra e o indígena.
Seu pranto escorreu em palavras sofridas,
Gerando versos ardentes
Que vararam os tempos
E ainda hoje se alojam
Em corações adolescentes.
Filho do Brasil,
Crescido em meio à natureza,
Para ela chora suas desilusões.
Em seu seio se aninha
Para dirimir a saudade.
Sangue de índio,
O poeta coloca-o
No pedestal da vida.
Faz dele herói da pátria,
Endeusa-o com seu talento,

452 Mardilê Friedrich Fabre - Cachoeira do Sul (RS) – Brasil - 31/12/1938. vive em São Leopoldo (RS). Professora
de Língua Portuguesa, revisora de textos, dedica-se ao voluntariado e organiza antologias. Foi agraciada com
vários méritos culturais. Pertence a instituições que reúnem escritores. Participa de inúmeras coletâneas e
publicou Poesia em gotas, Rumos da Poética no Século XXI e À Moda Antiga: Poemas (Trilogia Verde). http://
www.fremitosdaalma.blogspot.com/ http://www.mardilefriedrichfabre.prosaeverso.net/
Empresta-lhe a voz
Para que perpetue sua história,
Plasmada por homens livres,
Pacíficos, valentes, lendários...

A dor do poeta
Como fenece a bela flor
Também seca o amor do poeta
Encabulado e sonhador,
Como fenece a bela flor...
O coração parece repor
O desgosto que ele acarreta.
Como fenece a bela flor
Também seca o amor do poeta.

Por que proíbem ao poeta


Seu ingênuo e emotivo sonho
De maneira assim incorreta?
Porque proíbem ao poeta
Erguer no coração que greta
Castelos em mundo risonho?
Por que proíbem ao poeta
Seu ingênuo e emotivo sonho?
533
Foge o poeta ressentido
Da amada, de seu negro olhar.
Tanto mal lhe fez o cupido!
Foge o poeta ressentido,
Distante, ainda confrangido,
A vida arma p´ra ele a avistar...
Foge o poeta ressentido
Da amada, de seu negro olhar.

Homem natural
Permeou seus versos do verdadeiro
Homem da natureza, por inteiro.

Transformou o indígena em herói,


Pois ele debandou do cativeiro.

Idealizou mundo lendário


Onde vivia bravo brasileiro.
O drama, a emoção e a poesia
Viviam em coração justiceiro.

Era lei ser corajoso e destemido,


Não podia chorar prisioneiro.
O poeta, presa de sentimentos,
Versa o caso de homens sem paradeiro.

Perpassa séculos este poema


Chega até nosso tempo fagueiro.

Para mentes de hoje, é difícil crer


Que em nossa terra existiu tal guerreiro.

Versos pintados de cor nacional,


Conforto que lhe acalmava o roteiro.

Gonçalves Dias bradou com paixão


A honra e a intrepidez do índio trigueiro.

Maria Angélica dos Santos - Bilá Bernardes453

Resgate
Gonçalves, nossa terra
não tem mais tantas palmeiras
mas entre a gente inconsciente
alguns semeiam ações que geram preservações
Bem-te-vis cantam em Belo Horizonte
534
em todas as ruas e bairros

Também há canários
vivendo nas poucas árvores
dando sinais de esperança
que flora e fauna persistirão
em nossas matas e cidades
Da minha janela, vejo rolinhas ciscando
na garagem e no pátio

Quero crer que pintassilgos,


uirapurus, curiangos
ao lado de muitos semelhantes
continuem a orquestra de cantos
que encantaram sua saudade.

453 Maria Angélica dos Santos - Bilá Bernardes - Santo Antônio do Monte/ MG, Brasil - 22/01/1950. Em 1970
mudou-se para Belo Horizonte onde trabalhou como professora e psicopedagoga. Faz parte da Academia
Santantoniense de Letras, entre outras instituições. Livro publicado: FotoGrafias de DesCasamento. Anome
Livros. Belo Horizonte. 2008. Tem diversas publicações em antologias, jornais, revistas e internet. http://poe-
tisabilabernardes.blogspot.com
Maria Aparecida Araujo Moreira- Mora Alves454

Para Gonçalves Dias


Quando o amor atravessar
O indivisível mundo da ilusão
Será possível entender que
O amor não conhece barreiras
 
Pois tolo é aquele que
Pensa saber amar
Sem jamais se arriscar
 
Andaste por mares distantes
Sem jamais deixar de  sonhar
Com a tua eterna amada
Porém um  náufrago triste
Para sempre o poeta levou.

Maria Apparecida S. Coquemala455

Elegia para Gonçalves Dias


Quando o poeta partiu para sempre,
sinos dobraram nas catedrais, nas igrejas,
535
nas capelas das cidades mais distantes...
Flores murcharam nas praças e jardins...
Do buquê das noivas caíram as pétalas das rosas.
Nas fúnebres coroas tombaram margaridas.

O chão se amarelou das flores do ipê.


Janelas se impregnaram do roxo das violetas.
Murchos hibiscos cobriram alamedas.
A primavera se fez inverno.

Vozes se calaram nos lares, nas ruas e praças...
Por toda parte pássaros emudeceram.
A natureza pranteou em garoa incessante...
E na longa noite silenciosa e triste
o sereno eram lágrimas das estrelas distantes.

454 Mora Alves - Guarulhos,São Paulo, Brasil - 20/08/1963. Funcionária pública na área da saúde. Participação
do livro de Antologia de poesias contos e crônicas na Bienal internacional do livro de 2010. Participação do
livro de antologia: Destaques na poesia em 2011 organizado pela coluna destaque Raimundo Ray  Nonato;
Participação no livro de Antologia: Melhores da Poesia Brasileira, Organizadoras:  Jane Rossi e Monica Yvonne
Rosenberg   Participação de contos na coluna do Jornal : Cumbica News. Autora do livro: Um Novo Amanhecer
pela editora Livre Expressão. “Na simplicidade das  palavras, busco o verdadeiro sentido de todas as coisas.” 
www.moraalves.com
455 Maria Apparecida S. Coquemala - Itararé SP, Brasil. Formada em Letras, pós em Linguística. Colunista de O
Guarani, jornal de Itararé, SP, onde reside. Autora de poesias, crônicas e contos, premiados no Brasil e exterior.
Participa de antologias no Brasil, Uruguai, Portugal e Itália E-mail: maria-13@uol.com.br
Quando o poeta partiu para sempre
o Brasil chorou de tristeza entre orações
se despedindo de um gênio da poesia.

Maria Cecília Lima de Oliveira Castro456

Minha terra
Sabiás que gorjeiam
Na minha terra,
Gorjeiam com alegria
E esperança.
Esperança de um céu estrelado,
Esperança de mais flores no meu jardim,
Esperança de mais amores em minha vida.
E assim, canta a minha terra
Com seus Sabiás
E suas palmeiras ricas
Em vidas e amores.

Maria da Assenção Lopes Pessoa - Assenção Pessoa457

Linhas e Entrelinhas
536
Bolinhas de gude, Petecas quebradas
Bonecas de pano, Bonecas sem braço,
Bolinhas de meia, de meia rasgada.
O menino faz gol, e parte pro abraço.

Do pobre brinquedo, à riqueza ao brincar


Da criança levada, ao homem saudoso,
Do poeta à palmeira e o sabiá
Nobre apaixonado, solitário-valoroso.

Da terra Natal, a visão distorcida


E para Gonçalves, a cor da amada,
A sua “Don’ana” ali retratada.
A recusa do amor, na lira entristecida

456 Maria Cecília Lima de Oliveira Castro - Brasília/DF- Brasil - 01 de maio de 1966; teve as seguintes participa-
ções: - Antologia “Les grand show de écrivaines brésiliennes” – Editora Yvelinedition e Rebra, França, 2011.
Poema : La fleur. - Revista Varal do Brasil nº 13 – Suiça, Janeiro 2012. Poemas: O pensar, Poesia. - Dicionário de
Mulheres – 2ª. Edição – Hilda Agnes Hubner Flores – Florianópolis. Editora Mulheres, 2011 – Participação.
457 Assenção Pessoa - Itapecuru- Mirim - MA – Brasil - 25 de maio de 1960. Formada em Ciências – Habilitação –
Biologia (1998), com Especialização na mesma área, pela Universidade Estadual do Maranhão – UEMA (2000).
Especialista também em Supervisão, Gestão e Planejamento Educacional pelo Instituto de Ensino Superior
Franciscano – IESF, São Luís - MA. (2007). Escritora. Área de Atuação atual: Educação Professor de Ciências e
Biologia, atuando no Centro de Ensino Itapecuru-Mirim como Gestora da escola. Membro Fundador da Aca-
demia Itapecuruense de Ciências, Letras e Artes - AICLA – Cadeira de Nº 13, Patrono: Manfredo Viana.
Gonçalves de vida, Gonçalves de luz
Gonçalves, o poeta das gerações,
Da Natureza ao índio guerreiro, que o seduz
Que Homem, que alma, de notáveis interpretações.

Bolinhas de gude, Bonecas de pano,


Bolinhas de meia, de amor, que engano,
É esse Gonçalves, essência humana
É esse o poeta, que este poema proclama.

Mil poemas para Gonçalves Dias


Que proeza sem igual, registrar em harmonia
As obras deste imortal, poemas de Gonçalves Dias.
Primeiros Cantos, qual bela estreia.
No coração, a “Canção do exílio”,
Expressão poética de “cor local”.
O belo no mundo de suas ideias.
Mil poemas vêm agora em seu auxílio,
Enaltecendo com primor, seu ideal.

“Sextilhas de Frei Antão”,


Segundos Cantos, o lirismo-lusitano,
A brasilidade no coração
Indianizar o índio, o indiano.
537
Como musa: amor a e Natureza,
Ana Amélia sua paixão.
No Romantismo a beleza,
Diante da solidão.

“I-Juca‑Pirama”? “Leito de folhas verdes”?


“Marabá”? “Canção do Tamoio” dos Últimos Cantos?
Ah! Gonçalves se pudesse reunir estes!
Tuas Liras, teus Cantos e encantos,
Todos os seus poemas numa só poesia.
Para traduzir a obra, a primazia,
De tão belos versos e suprema nostalgia.

A TERRA ONDE NASCI458


Com orgulho apresento esta terra tão bela
E que revela a beleza do servir.
Quanto amor nasce com ela
Maravilha e louvor, magia e felicidade
Lá viveu meu avô,
Homem de grandeza e bondade.

458 (Pessoa. Assenção, Recordações, São Paulo, Nelpa, 2011. Poesia de sua adolescência, inspirada no poema de
Gonçalves Dias, Canção do Exílio)
Relação em verdes primores,
Da infância aos cabelos brancos,
Do luzir do sol sobre a terra,

Palco de doces amores,


Jardim de doces prantos,
No entanto, sem receio, sem guerra.

Na minha terra se encerra


De tudo que vivi uma verdade:
O sonho do Fico na serra,
Da independência e da liberdade.

Minha terra tem palmeiras,


Minha terra tem riquezas,
Minha terra Itapecuru,
Tão grandiosa de tamanha beleza.

Aplausos Para Gonçalves Dias


Nasce um menino, vive um homem
Na dor e saudade por distante viagem,
Ligado a Natureza, divindade e paixão
Sentimentos que colore a imaginação.
Espelho d’alma que fere o inconsciente
538 Um contentamento que ora é descontente.

E para tão longe, tão distante, logo partiste.


Formou o poeta, o teatrólogo, o jornalista
O Etnógrafo, o advogado e o romancista,
A história da Pátria passou em revista
E mesmo com tantos títulos à vista,
Foi sempre o poeta, um homem triste.

Ao Maranhão, volta pra sua gente,


No mar-túmulo, dorme profundamente.
Poeta nacional, orgulho da nação,
Poeta imortal, sua melhor tradução.
Amante confesso, nos versos que ali,
Só nos resta, imenso talento aplaudir.

Poemas Gonçalvino
Palavra que fala,
Tesouro perfeito.
Palavra que cala,
Em versos que me deleito.

A palavra desposada,
Como é doce relembrar.
Paixão envolta a amada,
Que não se pode definir.
Que rara combinação
Sem poder de tradução.
Os poemas mais perfeitos
Causando provocação.

Poesia e paixão
Valem pelo que são.
Com toda sua beleza
Provocando contradição.

Poemas gonçalvino.
Versos mais que perfeitos.
Como numa suave fragrância,
Mesmo na atrevida distância.

Maria da Glória Jesus de Oliveira459

PARA GONÇALVES DIAS


“Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá”.
Decorei os teus versos
Desde a meninice
E os mantenho guardados
539
Mesmo agora, na velhice.
Teus ditos na poesia
Foram feitos marcantes
Entre as jovens puras
E os casais de amantes.
A glória que aqui colheste
Marcaram tua existência
E levaste para a outra
Quando mudaste de querência
Sinto-me pequenina
Nestas palavras singelas
Ao dizer-te obrigada.

459 Maria da Glória Jesus de Oliveira - Porto Alegre/RS. 15.8.43– Brasil - aposentada, Publicou: “Despertar”, po-
esia, “Ninho de Pedras”, romance, e “Contos Transeuntes”, contos; “Além do Jardim” – memórias. Pertence à
AJEB-RS- Assoc. Brasileira de Jornalistas e Escritas; à AGEI- Assoc. Gaúcha dos Escritores Independentes; à CA-
PORI - Casa do Poeta Rio-grandense; e à ACADEMIA DE ARTES, CIÊNCIAS E LETRAS CASTRO ALVES, de PORTO
ALEGRE/RS. madaglor@ibest.com.br
Maria das Neves Oliveira E Silva Azevedo – Neves Azevedo 460

São Luís DE GONÇALVES DIAS


Que segredos escondes nos teus casarões...
Oh! Minha bela São Luís,
Teu céu é tão azul.
Mais azul que em Paris.
Terra amada, terra linda.
Terra onde nasci...
Renascer, reviver, reescrever...
Tua história...
Atenas Brasileira fostes um dia,
De poetas maravilhosos
Como Gonçalves Dias.
Onde estão os teus poetas?
Nos túmulos frios da indiferença
Sem amor, sem companhia.
Dos livros, desapareceram...
Só ficou a nostalgia.

O SILÊNCIO DO “SABIÁ”
Falar de Gonçalves Dias
É falar da poesia
De um cenário nacional
540
Onde ele esteve um dia.
Falando das alegrias
Do seu torrão natal.

“Não é um monumento para o Maranhão


Mas para o Brasil.”
Dizia Machado de Assis
Naquele dia infeliz
Que chegou a morte
Para o poeta que diz:

“Não permita Deus que eu morra


Sem que eu volte para lá”
Assim Deus permitiu
Que no porão de um navio
Nas águas do Maranhão
Morreu nosso “Sabiá.”

460 Maria das Neves Oliveira E Silva Azevedo – Neves Azevedo. Pedreiras-MA, Brasil - 4/12/1954. Graduada em
Letras com habilitação em Língua Portuguesa e Literaturas. Bacharel em Secretariado Executivo Bilíngue - pela
Faculdade Atenas Maranhense - FAMA. Especialista em Didática do Ensino Superior pela FAMA. Especialista
em Educação e Educação a Distância pelo SENAC - São Paulo. Professora no SENAC-MA. Recebeu o troféu “A
Força do Carcará”, pelo poema João Pedreiras do Vale no Projeto Cultural FIEMA-2010.
A tua simplicidade
Nessa canção de amor à Pátria
Deu-nos a oportunidade
De falar de amor e saudade
Até o hino nacional
Fala dessa brasilidade.

Maria de Fátima Batista Quadros461

PALMEIRA A SOMBRA...
Gonçalves,
Por que estes Dias sombrios?
Não ouço cantar o sabiá na palmeira...
Antônio
No arfar da brisa
O silencio aclara
O poeta que inspirou versos de amores
É nome de praças
E ruas...
Filho do português
João Manuel Gonçalves Dias
O comerciante de Trás-os-Montes
E de dona Vicência Ferreira
541
A maranhense
Ele, o Poeta nacional por excelência
Dos “Cantos e dos Timbiras”
Nascido nas terras de Jatobá
Caxias!
No dia 10 de agosto de 1823
Ora, pois...
De onde parte
Depois de estudar
Latim
Francês
Filosofia...
E de São Luiz
Chega a Portugal
Coimbra...
Advogado
Etnógrafo
Teatrólogo
Jornalista... Gonçalves,
Por que estes Dias sombrios?
Não ouço cantar o sabiá na palmeira...

461 Maria de Fátima Batista Quadros - São José dos Salgados – MG – Brasil - 28 de junho de 1958; formada em Di-
reito. Possui vinte e dois livros publicados (literatura-infantil, prosa-poética, pesquisa, genealogia e heráldica)
e um livro de poesia no prelo, além de vários artigos em revista/jornais e prêmios em monografia e literatura.
www.fatimaquadros.xpg.com.br mfatimaquadros@gmail.com
Antônio
No dia 3 de novembro de 1864
A terra onde cantava o sabiá...
Debruçou em luto
Pois nas águas do mar
Que por vezes viajou o poeta
Naufragou
Perto do farol de Itacolomy
Na costa do Maranhão...
Chora a nação
E o céu em festa
Recita
Poesias indianistas
Heroicas
De exaltação ao solo brasileiro

Maria de Fátima Oliveira - Fátima Oliveira.462

AMOR, ETERNO AMOR


“MAIS UMA VEZ - ADEUS...”
Disseste tu, Gonçalves Dias,
À tua amada querida
Na tua mais pura paixão,
542
Amor cultivado a dores
Muitos sonhos e dissabores,
Mas do teu coração ferido
Por amor não correspondido,
Infeliz, fostes no amor,
Quanto pranto, quanta dor
Teu coração brota poemas,
Sinfonias de saudade e paixão
Nem assim pudestes ter
Paz no teu coração,
Que sentimento doído,
Sentistes desilusão
Ao ver tua amada querida,
Outrora, tua preferida
Agora comprometida,
Apenas balbuciou...
Perdão! perdão, meu amor.

Gonçalves Dias - O Poeta Romântico


Em seu exílio voluntário
Um dia a saudade explodiu

462 Fátima Oliveira - Picos – PI – Brasil - 04 de junho de 1954. Reside em Salvador -BA. Escrevo desde o colegial.
Reside em Salvador -BA. Escrevo desde o colegial. Obs: Estou enviando este material por intetermédio de
Varenka, pois morei em Caxias-MA, durante sete anos e quero fazer esta homenagem ao grande poeta Mara-
nhense. Aguardo seu pronunciamento.
Do seu coração romântico
O poema eclodiu.
“Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá”...
Sentindo solidão no peito,
A canção triste entoou
Ao Maranhão tão querido,
O poeta dedicou.
Em Coimbra, estudou
Em Direito, se formou
E o poeta romântico,
Aos Lusos também encantou.
De volta ao Maranhão,
Ele se enamorou,
Mas, continuar a paixão
Foi proibido, desencantou.
Outra amada conheceu,
E com ela se casou
Mas nunca se esqueceu,
De quem ele sempre amou.
Em Portugal reencontrou
O seu amor proibido
543
E inspirado poetizou
“Ainda uma vez - Adeus”, disse, oprimido.
Doente, foi à Europa,
Em busca de solução,
Sem recuperação, retorna
De volta ao seu torrão.
O navio Francês naufraga,
Na Costa do Maranhão,
Encerrando nessa plaga,
A sua apaixonada missão.
Mas, por estranha ironia,
Essa infame tragédia,
Ceifou apenas a vida,
Do nosso amado poeta.

Maria de Jesus Silva Amorim 463

TRIBUTO AO POETA.
Salve meu Maranhão,
Meu lindo torrão

463 Maria de Jesus Silva Amorim - Viana- MA - Brasil. Licenciatura Plena em Ciências Naturais, habilitação em
Matemática. Pós-Graduada em Supervisão Escolar - Candido Mendes. Pós-Graduada em Orientação Educacio-
nal - Salgado de Oliveira. Professora de Matemática do Ensino Fundamental e Matemática e Física do Ensino
Médio.
Terra do poeta
O Poeta maior
O poeta Gonçalves Dias.

Salve o poeta,
Que nasceu no Maranhão,
Na terra das palmeiras.
Palmeiras do babaçu.

Salve o poeta,
No regresso a terra
A terra natal
Num naufrágio fatal
Nas costa do Maranhão
Fostes fazer poesia
Num plano superior.

Salve o poeta,
Da terra das palmeiras
Onde canta o sabiá
A poesia retrata o Maranhão
E consolida o Romantismo.

Salve o poeta,
544
O poeta das palmeiras,
Palmeiras do babaçu,
As aves de hoje
Já não gorjeiam
Como as de lá.

Salve o poeta,
Dos tempos áureos
Das palmeiras,
Da riqueza do babaçu.

Salve o poeta,
Ó Poeta maior
Teus versos encantam
Fascinam e cantam
Os rincões do Maranhão
Ao mundo todo.
Maria de Lourdes Otero Brabo Cruz - Malu Otero 464

POETA DA MINHA TERRA


 Minha terra tem um poeta,
Que versa com muita emoção,
A imensa beleza que há nela
Transborda em sua criação.
 
Minha terra tem nossa gente,
Que cresceu ouvindo seus versos.
Todo tempo sempre presente,
Nunca nos deixando dispersos.
 
A minha terra vibra inteira
E chega fundo ao coração,
Em toda a alma brasileira
Ao Poeta nossa devoção.
 
O CORAÇÃO DO POETA
O poeta enxerga no puro amor
Um motivo para a vida e procura
Fixar cada alegria ou dissabor,
No mais profundo de sua escritura.
545
Coração usando de tom solene,
Alucinado por tudo o que existe,
Decreta indômito a morte em público,
Ao ser covarde que de amar desiste.

Na Europa busca a cura para o corpo,


Porém a alma cada vez mais insiste,
Acaba por transformar em um pórtico
A dor aguda que tal qual persiste.

Nas profundezas do oceano encontra


Morada eterna como um acalanto,
Triste fim para um poeta de tal monta:
Ondas do mar envolvem-no em seu manto. 

UM DESTINO TRAÇADO
Poeta, do amor desistes,
Julgas a decisão sensata,
A amizade ou até mesmo
O amor como uma cascata,

464 Malu Otero – Maria de Lourdes Otero Brabo Cruz - Bragança Paulista – SP – Brasil - 12 de fevereiro de 1958 -
Doutora en Lingüística Aplicada (Ensino/Aprendizagem de Língua Estrangeira) pela UNICAMP, Universidade Es-
tadual de CampinasCursou o Pos-Doutorado na Universidade de Málaga (Espanha). Faz parte de grupos como
Poetas del Mundo (cónsul de Assis), acadêmica da Nova Academia Virtual Poética do Brasil, sócia fundadora
da AVBAP - Academia Virtual Brasileira AlmaArte e Poesia, REC – Red de Escritores Coquimbo, entre outros. 
Flui livre em outro ser,
Para isso o nó desata.
 
Poeta, isso não se dá,
Porque tua mulher amada
É forte e luta com garra:
Demonstra não temer nada,
Enfrenta a todos e casa
À coragem abraçada.
 
Um mestiço como tu
Foi por ela desposado,
Erraste na avaliação
E um futuro malogrado
Para ambos se traçou,
Por um erro no passado.
 
Ainda uma vez adeus
Diz o poeta ferido,
Mas é tarde pra mudança...
Vive a vida sem sentido,
Hoje e amanhã naufraga
O viver em desatino.
546

Maria de Lourdes Schenini Rossi Machado465

CANÇÃO DO EXÍLIO
No Rio de Janeiro muita beleza
natural e admirável;
no Rio grande do Sul,
os parreirais mais bonitos do Brasil,
uvas saborosíssimas
e vinhos super deliciosos.
Aqui, embora tenham o Cristo Redentor,
o Pão de Açúcar e o Corcovado;
nada supera ao nosso Rio Grande do Sul.
Lá, temos gostosos churrascos feitos no chão,
com toras de lenha da região;
as Pontes do Guaíba e a dos Açores,
dois lindos pontos turísticos;
as galopadas nos desfiles de 07 e 20 de setembro,
shows de patriotismo.

465 Maria de Lourdes Schenini Rossi Machado - Porto Alegre/RS – Brasil - 10 de agosto de 1995. Estudante do
Ensino Médio do Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS. Vice Presidente do Clube Infanto-Juvenil Erico Verissimo,
da Academia de Artes, Ciências e Letras Castro Alves, Porto Alegre/RS. Membro Efetivo do Projeto “Vida, Amor
e Paz”, do “Cercle Universel des Ambassadeurs de la Paix, Suisse/France”. Integrante dos Projetos Literários
“Tabuleiro de xadrez lírico”, 2011; e “Porta copos poéticos”, 2012. Coautora do E-book “Haikais”, postado no site
Teia dos Amigos, de Sonia Orsiolli, Sorocaba/SP. Cursa inglês no People. E-mail: alunamariarossi@hotmail.com
Aqui, muitas favelas e tráfico;
Lá, campos cheios de plantações de trigo,
arroz, soja, milho e fumo,
produtos responsáveis
pelo desenvolvimento econômico local.
Rio de Janeiro, terra do turismo;
Rio Grande do Sul, Querência Amada!

Maria do Socorro Menezes466

Memória
Nas profundezas do mar
Com as tuas poesias
Tua paixão e tua saudade...
Foi teu destino derradeiro
Daquele exílio
Teu solitário companheiro
Onde teus pensamentos
Se voltavam tão somente
Para tua terra natal
Terra das palmeiras
Onde cantava o sabiá
Voltavas...
547
Em um contento sem igual
Naquele exato momento
Em que recebias
Um golpe fatal

Maria Eduarda Cabral da Silva.467

A vida na poesia
Gonçalves Dias
Era um homem raro
Que pagou caro
Por amar Caxias.
Filho de um português
Com uma mestiça
Estudou francês
E amava sua raça.
Escreveu várias obras
Como “Canção do exílio”

466 Maria Do Socorro Menezes - Lavras da Mangabeira – CE – Brasil - 03 de dezembro de 1943; Professora por vo-
cação e formação. Hoje residente em Trizidela do Vale- MA, e, mesmo na terceira idade esbanja todo o lirismo
e o espírito jovem que faltam a muitos com menos idade. É assim Maria do Socorro, que faz arte dos retalhos,
tendo matéria prima a vida tecida nas linhas e nas palavras.
467 Maria Eduarda Cabral da Silva - Caxias – MA – Brasil - 10/02/1998. Escola: Centro de Ensino Thales Ribeiro
Gonçalves.
Onde a dor sobra.
Continua a impressionar
Por ter sido tão forte
E ter usado bem a arte
De fazer poesia.

Maria Eduarda Pires Sousa468

Poeta de ontem, hoje e sempre


Este poeta que nasceu com a poesia na alma, alegrou muitas
pessoas no passado, que hoje com suas poesias ainda deixa muitos
corações emocionados.

Com o exemplo desse grande poeta devemos nos


deixar envolvidos por este sentimento tão puro de
afeto e amizade, sendo sempre gentil com os que
estão ao nosso lado.

Gonçalves Dias nasceu com a poesia na cabeça, no


espírito e no peito.
Sem nunca imaginar que um dia iria se tornar um poeta de
grande valor.
Morreu, mas até hoje é lembrado em suas poesias que falam de amor!
548

María Estela Arnoriaga469

Naciste con ese pulso sublime de paisajes rumorosos.


La tierra era un signo sonoro en tu cuerpo
comunión de música tu mirada.
Cauce de soles dibujados en tu alfombra de horizontes,
no te dejaba silencios para volar con tu silueta de poeta.
Mecedor de palabras hacia los puntos cardinales,
la distancia de tu geografía formaba un volumen oceánico
vestía tu alma en el aire y en el agua para llevarla a otros latidos,
con el perfume de tu piel de hacedor.
Mirabas la madera cuando se ventilaban las palmeras
de tu Maranhäo, elegías otro canto planetario de cielos abiertos.
Hablabas de tus caminos, tus ojos tenían secretos de mestizo.
La línea de tu voz curvaba el viento para que volaran los pájaros.
Se encendía una luz en los péndulos de tus relojes
y le buscabas un nombre a las raíces, tu domicilio era de sueños,
donde quedaba atrapado el romanticismo de los verdes y de los azules.

468 Maria Eduarda Pires Sousa – São Luís – MA – Brasil - 03/07/2002. Pelo prazer em escrever e também; Por
gostar de ler e ouvir poesias. Cursando: 5º Ano Turma: C Profª Shirle Maklene
469 María Estela Arnoriaga - Mendoza – Argentina - 20 de diciembre de 1944. Egresada de la Escuela Superior
del Magisterio. Luego continuó sus estudios en la Facultad de Filosofía y Letras, y Facultad de Bellas Artes.
Dedicada a la docencia en Lengua, Literatura y Francés.
Hombre con historia de rumbos, vena descalza que caminaba,
urgencia de amor y búsqueda de tiempos deslumbrantes.
Beso junto a su memoria, el lenguaje de la vida.

Maria Fernanda Reis Esteves470

“Toda a vez que eu saio à rua”


(Em elegia a Gonçalves Dias)

Toda a vez que eu saio à rua,


levo uma rosa na mão.
Vou deixando o seu perfume
e as pétalas p’lo chão.

O meu bairro é um jardim


e quem lá nasce uma flor,
onde os casais apaixonados
trocam juras de amor.

Como não sou diferente,


também eu busco a paixão.
Toda a vez que eu saio à rua,
levo uma rosa na mão.
549

Toda a vez que tu me olhas,


bate mais meu coração.
Como não sou diferente, –
também eu busco a paixão.
Toda a vez que eu saio à rua,
levo uma rosa na mão.

E se a vida não me der


o prazer de ser amada,
é porque no meu jardim
não nascem flores d’emoção.
Saio à rua uma vez mais,
levo uma rosa na mão.

470 Maria Fernanda Reis Esteves - Setubal – Portugal - 52 anos. Livros editados: 2009 - Poesia “Canteiros de Espe-
rança” - Editora “Temas Originais; 2010 - Romance “4 Folhas de 1 mesmo Trevo” - Editora “Temas Originais”;
2011 - Contos/Poesia - “Contr(o)_versus - Editora “Lua de Marfim”; Participou em diversas Antologias portu-
guesas e brasileiras; Confreira – CAPPAZ; Organizadora de concursos literários; Presidente da Assembleia Geral
da Associação Cultural Draca
Maria Helia Cruz de Lima - Hélia Lima471

GONÇALVES DIAS
dotado de raros dons inigualáveis,
natural do maranhão, nascido em caxias,
no ano de mil novecentos e vinte e três,
nasceu o gênio, antônio gonçalves dias.

poeta de inalterável estabilidade


na condução de sua forma emocional,
além de sua grande genialidade!
tornou-se o maior poeta nacional.

títulos de seus poemas sugestivos


quais:” não me deixes” “se, se morre de amor”
falam do espírito e coração cativos
de sua nobre individualidade superior,

poematizando as maranhenses palmeiras,


diz: “protegidas as aves gorjearão!
nossasmatas ,permanentemente fagueiras,
tal como a poesia...sempre existirão.”

gonçalves dias exaltou sua gente,


550
terra e pátria! também terras estrangeiras.
a deus pai, piedoso, rogava constantemente:
não me deixes morrer ver minhas palmeiras

o belo encanto da minha terra natal,


virgem das florestas que nos espelhos das águas
se contempla!...foi atendida a prece divinal
do eclético homem nativo sem fráguas

que nos deixou julgar o seu “eu” iluminado


no que fala seu poema i. juca pirama:
registro do esforço de bom resultado:
gonçalves dias, o teu maranhão te ama.

GONÇALVES DIAS
Ao poeta Antônio Gonçalves Dias,
saudemos! Mil novecentos e vinte e três,
- Maranhão, Nasceu na cidade de Caxias,
dotado de raros dons inigualáveis.!!!

471 Hélia Lima - Canindé-CE – Brasil – 15/11/1926. Jornalista com pós-graduação em Propaganda, Publicidade,
Radio e TV, escritora e poeta. filha de Raimundo Nonato Cruz e Francisca Rabelo Cruz. Casou-se com o mara-
nhense Domingos José de Lima, migrou para o Maranhão no ano de 1947, onde exerceu as funções de fun-
cionária pública como Professora primária- Buriti-MA. Tendo ingressado no DCT (Departamento do Correio e
Telégrafos). Assim publicou obras nas categorias: Teatro, Romance, literatura infantil e poesia.
Homem de inalterável estabilidade
na condução de sua forma emocional ,
além de soberba genialidade!
Tornou-se o maior poeta nacional.

Títulos de seus poemas sugestivos


quais:” Não me deixes” “Se, se morre de amor”
falam do espírito e coração cativos
de sua nobre individualidade superior.

Poematizando as maranhenses palmeiras,


diz: “Protegidas ,as aves gorjearão!
Nossas matas ,permanentemente fagueiras,
tal como a poesia...Sempre existirão.”

Gonçalves Dias exaltou: sua gente,


Terra e Pátria! Também, terras estrangeiras.
Piedoso, rogava a Deus Pai, constantemente:
Não me deixes morrer ver minhas palmeiras

e o belo encanto da minha terra natal,


“Virgem das florestas que nos espelhos das águas
se contempla!.”..Foi atendida a prece divinal
do eclético homem nativo sem fráguas
551
De seu inaudito amor, o bom resultado
temos no que fala em :- I. Juca Pirama
que nos deixa julgar o seu “EU” iluminado...
Gonçalves Dias, o teu Maranhão te ama!

SÃO LUÍS – QUATROCENTOS ANOS!


São Luís! Mãe gentil,
doa-te a teus filhos com venturas mil
e privilégios que agradecemos a Deus!
Vês as dádivas que, em ti, caem dos céus...

És belo suporte de poesia e de amor


céu azul, manso mar, mangue, e muita flor...
Também, crateras, pântanos, trilhas escuras
tudo incita popularizações futuras!

Do teu mar, mansa brisa traz consolação.


Gorjeiam aves espalhando mansidão,
brilham estrelas perenizando a luz
histórica obtida na fé da cruz....

Salve teu povo, teu chão, teu mar, São Luís!


Fundado por Lavardiere, tu, São Luís,
tiveste libertação pelo brasileiro
Jerônimo Albuquerque, fiel guerreiro...
De arautos estrangeiros, a constelação
de desbravadores chegou ao Maranhão....
de São Luís, se apossaram os franceses,
por dom divino, venceram os portugueses

São Luís, teu preito de amor ao herói


que glorioso para tua existência foi,
tornando-te inquebrantável e feliz....
Em tua soberania, ouve: Teu chão te diz:

QUATROCENTONA São Luís, inda és criança...


Próspera e rija cidade em crescimento...
Há no status de tua gente, esperança
e na tua criança, futuro promitente.

Tem harmonia teu mar, teus céus, São Luís...


Teu povo alegre e irmanado, é feliz...
Teu luar, de paz, plenifica o coração.
invade-nos a alma , a poesia do teu chão...

Berço de heróis, tumba de fidalga gente.


Tua mocidade alegre e inteligente
para outras plagas, migra....Infelizmente,
noutros chãos, buscando chance, humildemente!

552 Temos fé desde o início de nossa história,


na Virgem Mãe, Nossa Senhora da Vitória!
No seu amor, São Luís, há de florescer...
Mãe, São Luís, te ama!
VEM NOS PROTEGER!

GONÇALVES DIAS
No pedestal, a estátua!
Contemplando São Luís,
Gonçalves Dias continua
viver seus versos gentis

Dolorosas nostalgias
de causticante ardor,
o poeta Gonçalves Dias
sofreu, imerso no amor...

Estrelas no firmamento,
brilhavam, tristes, fingindo
que não viam seu tormento
sua esperança se esvaindo!

Sem nos desprezar, jamais,


lá no céu, Deus Pai de amor
atende, por ele, os mudos ais
enviados da Ilha do amor!
Maria Hortense Martins Nunes472

Gonçalves Dias
O seu berço tem o sabor
De uma mistura singela,
Feita numa simples aguarela,
Mas com a nostalgia da poesia
Soube viver com simpatia
Um sonho intenso,
Glorioso e muito extenso,
Tendo alguma dor
Mas muita alegria.

Tu
Calado na solidão,
Traz no coração
O punhal espetado
Com a palavra não,
No qual ficou num estado
Que só a poesia descreveu
A união perfeita,
Que muito cedo foi desfeita,
Mas com a vida continuou
E nada, sim nada ficou,
553
Como no estado inicial,
Mostrando que o banal
Jamais será banal
E que o diferente,
Além de ser original
É puro e quente,
Porque o desejo de vencer
Moldou o seu ser.

Maria Isabelle Palma Gomes Corrêa473

Soneto a Gonçalves Dias


As mãos espalmadas do homem sozinho
Nas rimas inertes da esperança do amor
Tivera ele encontrado somente o espinho
Nas paisagens tristes de uma velha dor.

472 Maria Hortense Martins Nunes - Vila do Bispo - Portugal – 02 de Junho de 1967; Assistente Técnica do Municí-
pio de Vila do Bispo. Algumas participações: “ Prémio Utopia 2010 de Arte Fantástica “, pelo Núcleo Português
de Arte Fantástica e Câmara Municipal da Amadora, com um trabalho de pintura com O titulo “ Uma morte
sem explicação “, em 2010. - Participação no III Prémio Literário Valdeck Almeida de Jesus de Poesia, em finais
de 2007, com publicação em 2008, com a poesia com o Titulo: “ Vem meu amor”.
473 Maria Isabelle Palma Gomes Corrêa – Paraná – Brasil - 13 de setembro de 1977. Historiadora, professora de
rede estadual de ensino no Paraná/Brasil, desde 2003. Mestre em história comparada das religiões antigas,
pela Universidade Federal do Paraná (2003).
A lei infeliz do seu tempo de outrora
Impediu que ficasse ele na espera
Recolheu-se na luta infame de agora
Sorvendo a angústia da preciosa quimera.

Desistiu de amor tão aflito e distante


Encontrou nas viagens, promessas de vida
Mesmo em Olímpia seu vigor mais pulsante.

Distraído nessa história, abandonou


Pra resolver esquecer imensa dor
No naufrágio, o poeta doente se findou...

PÓSTUMOS
No desterro do naufrágio vil, morre o poeta.
Naqueles dias em que se foram tantos amores,
esperava talvez rever de mais perto a terra dos sabiás.
Sua pele cinzenta de antigas histórias, lhe proibiu
Amélia.
Mas a ela, dedicou-lhe todo o seu Adeus...
Guerreiro de si, das selvas atlânticas num Maranhão esquecido...
Perdeu-se nas florestas das suas rimas,
alçou voos de longas esperanças.
Sem ter podido ousar, resignou-se no abatimento cruel de um amor
554
esquecido.
E abandonado no leito inquieto da nau claudicante,
reverberou seu soneto pelo grande mar-oceano...

Maria Lúcia Nunes da Rocha Leao474

ÚLTIMA VIAGEM
Em breve existência um homem
Registra em letras a plenitude
Do amor pela sua pátria
E pelo amor da juventude
Deixando um grande espaço
Para lamento dos admiradores
Que pouco puderam apreciar
Sua contribuição pela educação
E versos de primorosa construção

474 Maria Lúcia Nunes da Rocha Leao - São Romão-MG – Brasil - 15/12/1956, bancária aposentada, graduada em
Ciência Contábeis pela UDF-DF e em Direito pelo UNILESTE (Coronel Fabriciano-MG), advogada em atividade,
acaba de fixar-em retorno- residência em Montes Claros-MG. Livros publicados: A DUAS MÃOS, 1985, dividin-
do as páginas do livro com Ildeu Braúna. E, ainda, livro de crônicas/novela FLOR CIGANA, edições em 1993,
1998 e 2011.
Além das fronteiras busca
Nobre formação
Na gloriosa Coimbra
Berço da cultura de outrora
Elevando-se socialmente
Mas não o suficiente
Para romper o preconceito
Que o afastava da dona e senhora
Do seu pobre e mestiço coração

A paixão pelas coisas da sua terra


E a dor da desilusão
Viraram versos primorosos
Cuja tristeza revela-se em mal
Em seu corpo antes são

A curta existência ceifou


O necessário amadurecimento
Para que sua essência fosse apreciada
Sem censura e reticências
Em obra autobiográfica
De um certo Agapito Goiaba

A ameaça real do fim da existência


555
O levou em vão para além mar
Em sua última viagem
Para recursos medicinais buscar
Em cujo retorno o infortúnio
De ser já moribundo esquecido
Na nau que se afundara
Na costa da terra amada
Indo fazer morada
No lindo e imenso mar

Deus não o desprezara


Permitindo-lhe morrer no Brasil
Sua terra com palmeiras
E canto dos sabiás...
Como poeticamente clamara
Em sua “Canção do Exilio”
Acolhendo a pátria amada
Para o último sono
O seu ilustre filho.
Maria Lucilene Medeiros do Nascimento Nogueira475 – Malu Medeiros

Hino a Gonçalves Dias.


Orgulho dos brasileiros és tu,
Oh, Gonçalves!...

Que ao mundo encantaste


Com as belezas que narraste...
Dessa terra tão sofrida,
Mas também com tanta vida
Que conquista cada artista
A cantar a sua lida.

Da Canção do Exílio,
Foste tu um grande autor,
Pois ninguém jamais ouviu
A riqueza do louvor,
Que na letra exprimiu
Com o seu imenso amor.

Desse país de tantos mil


Que jamais te excluiu
E que do poema:
Ainda uma vez – Adeus,
556
Amélia, nunca esqueceu.
És tu, Gonçalves Dias,
O autor que, um grande dia...
Neste país nasceu.

Maria Reginalda da Silva476

Poema a Gonçalves Dias


Grande nome em meio aos maiores gênios do Brasil
ouso dirigir-me a
O senhor humildemente agora
para uma siNgela homenagear prestar-lhe e nada mais
sei que talvez não mereÇa seu apreço, mas por favor não despreze-me
sou apenas uma Admiradora de sua obra e vida excepcionais
registro aqui também que tua Linda obra romântica

475 Maria Lucilene Medeiros do Nascimento Nogueira – (Malu Medeiros) - Aracati – CE – Brasil – 20 de janeiro de
1976. Amante das artes, fez teatro, trabalhou em rádio como locutora e sonoplasta e passou a escrever mais
intensamente após o casamento, uma vez que seu esposo, amante de grandes leituras clássicas, iniciou-a na
leitura de clássicos universais. É funcionária pública no município de Fortim – CE, juntamente com seu esposo
e cursa a Faculdade do Vale do Jaguaribe (FVJ) em Aracati.
476 Maria Reginalda da Silva – Solonópole – CE - Brasil - 10/09/1977. Graduada em Letras (Português), especia-
lista em Português, Língua e Literatura, ambos pela Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). Leciona a
disciplina de Português, concursada pelo município nos anos finais do Ensino Fundamental. Escreve por prazer
e tem o sonho de se tornar escritora. Participa do concurso por gostar de desafios, por amar literatura e por
admirar o grande Gonçalves Dias.
é de grande importância e Valor literário para o Brasil de hoje
como foi para o Brasil de ontem E és sem dúvida um imortal para nós
a bela canção do exílio que ficou Sendo para sempre nosso primeiro hino brasileiro
que Deus possa em seu poder supremo
estar contIgo em tua glória divina
e que eu possa um dia também desfrutAr de tua
grandiosa companhia em meus eternos diaS.

Maria Silva Cabral477

OS APAIXONADOS
Gonçalves Dias roubou meu coração
com tanto amor
que águas do rio vibraram.

Tanto amor senti.


Por esse motivo,
não me afastei de você.

Na vida de Gonçalves Dias


ele deixou um grande amor no coração.
E no meu também.
557
VIDA AMOROSA
Eu sou um papel sem caneta.
Sou um amor sem planeta.
Eu sou uma lembrança.

Eu sou um amor sem lar.


Sou o amor perdido
no coração de Gonçalves Dias.

Maria Stela de Oliveira Gomes478

Gonçalves Dias – O Mito Poético


Natural de Caxias – Maranhão
De caixeiro a poeta
Surgiu Gonçalves Dias
O mais insigne dos poetas brasileiros.

477 Maria Silva Cabral - Lago da Pedra- MA – Brasil - 27 de fevereiro de 2005. Brasileira, estudante do 2º ano do
Ensino Fundamental na Unidade Integrada Profa. Ilzé Vieira de Melo Cordeiro, mora em Lago da Pedra/MA.
Gosta de ler e escrever.
478 Maria Stela de Oliveira Gomes – Abre de Campos – MG – Brasil - 12-02-1953 Pedagoga, Escritora, Poeta, Ar-
tista Plástica, membro da Academia Valadarense de Letras, associada à REBRA e Secretária da Associação dos
Artistas Plásticos do Vale do Rio Doce. Tem obras e um livro publicado em 2008. Em 2012 teve a sua crônica
“Peraltices da Infância” traduzida para o francês, através do intercâmbio cultural da Universidade Federal da
Paraíba.
Com riqueza verbal inigualável
Deu romantismo ao tema índio
Evocou sua afeição nacional à literatura
Demonstrando profundo amor pela natureza.

Discorria seus poemas com lirismo


Sendo considerado o principal poeta
Da primeira geração do romantismo
Com seus temas saudosistas.

Escreveu belos dramas em prosa


Idealizou em seus poemas
Os costumes e as tradições
Do Brasil do seu tempo.

A sua miscigenação genética


Não embargou o seu crescimento
Pessoal e poético
Em 1843 escreveu “Canção do Exílio”.

Com sensibilidade aguçada para escrever


Em 1844 publicou “Poesias Completas”
Formou-se em Direito em Portugal
“Primeiros Cantos” o consagrou como poeta.
558

Mariana Damásio da Silva479

Aprendi com Dias


Eu amei  e nem sabia o que era o amor,
Mas ele morreu, esquálido, derreteu feito cera escorrendo e queimando
Fui marcada e sem saber descobri que nem mesmo fora amar
Então lembrei de tempos antes que juvenis que assim não era possível
morrer
Fortaleci a mim mesmo a cada degradante morte, morri e renasci
deveras vezes
Para só então encontrar a resposta ao brio que gerou a dor
E foi em mais um festejo que o conheci e aquele poema fez-me compreender
Que a alegria ou a dor não serão jamais sinônimos de amar
Porque algo tão maravilhoso não será jamais traduzido e talvez possa ser experimentado
Mas a alma traduz não em meras palavras a superioridade desse sentir
E por assim ser, dessa pureza vive-se, podendo até morrer.

479 Mariana Damásio da Silva - São Paulo – SP – Brasil - 25 anos, brasileira, nascida e residente da Cidade de São
Paulo; secretária por formação e poetiza de coração, desde os onze anos de idade aventura-se pelo mundo das
palavras; conheceu Gonçalves Dias nos livros da escola e quase morreu de amor por ele desde então.
Mariano Augusto Serrão Chagas - Mariano Chagas480

GONÇALVES DIAS481
Mestre! Dorme nas ondas alterosas,
Nesse oceano de vagas rouquejantes,
Tendo por manto os astros rutilantes,
Tendo por leito as pedras preciosas.

Fita do mar as ondas rumorosas


Ante as dilatadas rochas crusciantes
Onde se esbatem fortes, facundantes,
Num turbilhão, de ondas tenebrosas!

Dominaste com o verso o mundo inteiro


Teu estro divinal foi o primeiro
Dentre todos os reis das harmonias.

Dorme, poeta, à luz do sol fulgurante,


Que teru renome não nos sai da mente,
Oh! Grande mestre! Oh Rei das melodias!...

Marietta Cuesta Rodríguez482


559
AGOSTO DESOLADO Y UN NOVIEMBRE
Nacido en un agosto desolado
entremezclada  sangre portuguesa
 concebido en regazo brasileño
pero lleva   su alma iluminada
y el arte de escribir en su mirada.

Canta a la tierra, canta a las palmeras


canta al sol, a las aves, las estrellas,
canta a las flores y a las cosas bellas,
canta a los negros ojos de su amada y sus ojeras
aleros tibios de mirada intensa,
ojos puros traviesos que aumentan su dolor
y su tormento.

 Sus poemas de amor son flor herida


donde  inscribe su llanto en sufrimiento,

480 Mariano Augusto Serrão Chagas - São Bento – MA – Brasil - Funcionário publico, jornalista e poeta. Colaborou
assuduamente na imprensa da capital e do interior. Coronel da extinta Guarda nacional. Trucidado barbara-
mente em Pinheiro na noite de 3 de maio de 1953.
481 MORAIS, Clóvis. TERRA TIMBIRA. Brasília: Senado Federal, 1980, p. 65, Poesia compilada por Leopoldo Gil
Dulcio Vaz – Curitiba – PR – Brasil – 1952; Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Universidade Estadual
do Maranhão
482 Marietta Cuesta Rodríguez - Cuenca- Ecuador - 12 de diciembre. Escritora multifacética, con una amplia y
reconocida trayectoria de poeta, pintora y periodista, veinte y más libros en su haber:; Colaboradora de múl-
tiples Revistas VIRTUALES E.mail:  marieta12@etapanet.net
y es su corazón ilusionado pozo  incierto ,
tambor desesperado
porque de tarde en tarde,
nuestro Antonio comprende  que amó, sin ser amado
que  fue por su ascendiente marginado.
 
y va filosofando,
el porqué de las clases y las razas,
si el AMOR y la paz no tiene credos , ni fronteras,
que Dios tiene la piel de todos,  la tierra es  para  todos.
 
Canta al indio en su selva, su folklor, su cultura,
pensamientos profundos lo torturan
colecciona la Historia, la investiga, difunde ,
conoce del latín, lo traduce al francés   supera día adía
buscando  un nomeolvides, no sé cuándo…

 Y el mar, le amó tanto


que en Noviembre
le  abrazó entre sus olas, lo revolvió en su manto
le mordió el corazón- agua salada
celoso de su genio y de su canto.

560
Marilza Albuquerque de Castro - Carvalho Branco483

HOSANAS A GONÇALVES DIAS


Gonçalves Dias, poeta indianista!
A poesia de tema romântico,
o teatro também está na lista
de sua obra – o mais lírico cântico...
Maranhense, viveu em Portugal,
estudou em Coimbra, onde escreveu
“Canção do Exílio”, poema sem igual!
Formado em Direito, ao Brasil volveu.
Primeiros, Segundos e Últimos Cantos ...
Lá se vão seus belos versos ao éter!
Foram eles, do professor, os mantos,
a toga; de seu coração, acéter.
Foi Ana Amélia Ferreira do Vale
o grande amor do poeta mestiço;

483 Marilza Albuquerque de Castro (Carvalho Branco) - Rio de Janeiro, RJ, Brasil - 16-03-1938 - Presidente do
InBrasCI–Instituto Brasileiro de Culturas Internacionais/Embaixadora da Paz pelo Cercle Universel des Ambas-
sadeurs de La Paix(Suisse–France)/Vice-Presidente Executiva da LDN/Diretora Nacional de Cultura da AIPOM/
Conselheira Vitalícia do Conselho Superior da ALB-NAC/Dr. Honoris Causa-PHI, em Filosofia Universal e Lite-
ratura, pelo CONALB/ Patronesse da cadeira nº 25, categoria Letras da ALAB, de Brasiléia, AC/Comendador
pela Imperial Irmandade do Mérito Regente D. João VI, OMPH/Embaixatriz Literária Efetiva pelo Portal Mhário
Lincoln do Brasil / Delegada junto à CONFALB e outras Instituições culturais pela ALA de Quinari, AC/Membro
da Sociedade Memorial Visconde de Mauá e Ordem do  Mérito Marquês de Viana e de várias outras Entidades
culturais nacionais/fundadora de algumas.(Professora, poetisa, prosadora, declamadora, palestrante, atriz
dela, a família, a ele disse: - Cale!
Ana Amélia, já casada, qual feitiço,
encontrou-o depois em Portugal,
inspirando-lhe, ao poeta, um poema
- “Ainda Uma Vez-Adeus!”- Sem igual!
Nele, amor e saudade são seu tema.
Casou-se com Dona Olímpia da Costa
- tiveram breve relacionamento.
Faleceu em naufrágio na encosta
do Maranhão, ao voltar de tratamento.
 Sua poesia lembra da infância,
dos amores idos, vividos, gosta
de exalar deles sublime fragrância!
Era sua mais freqüente proposta.
 Longe do Brasil, sentiu-se exilado,
saudosista. “Canção do Exílio”, clássico
da literatura, fê-lo citado
qual “célebre” no mais alto triássico.
Foi marco na nossa literatura
e hoje aqui exaltamos seu valor.
Seu nome é, pois, lembrado com ternura,
inesquecível, à Pátria, seu amor!...

561
Marina Moreno Leite Gentile - Marina Gentile484

AMOR PROIBIDO
Nos versos que a ela dediquei,
Naveguei em sentimento,
Pensamentos que pensei,
O verbo amar conjuguei ao vento.
 
Todo o presente  e futuro era com  ela,
Os cânticos de amor,  as poesias,
O  partilhar os sonhos dela,
Nossos enredos, duas geografias.
 
Tempestade,  diversidade de raça,
Velas de ventos não navegáveis,
Pensávamos que éramos inseparáveis.

484 Marina Moreno Leite Gentile - São Paulo – SP – Brasil - 06.04.1958. Tem cidadania  e influência espanhola
por ascendência materna (Alfarnate-Málaga).     Desde 1982 reside na cidade de Salvador, Bahia onde teve 
seus filhos.   Para ela, a escrita  é um meio de interagir com a vida e com as pessoas que também apreciam a
literatura.    Marina Gentile,  nome que utiliza para publicar,    tem participações em diversas coletâneas,  es-
pecialmente na Câmara Brasileira de Jovens Escritores (CBJE).   E também participou em livros da Literarte (Rio
de Janeiro),  Editora Pimenta Malagueta com sede em Salvador.   É um grande prazer homenagear Gonçalves
Dias. dagazema@gmail.com; www.marinamorenogentile.blogspot.com.br 
Das profundezas de meu eu,
Sob o calor do sol,  clarões da lua,
Placidamente  fui seu.

Marina Nicodemo da Rosa485


CANÇÃO DO EXÍLIO
Em minha terra, o pôr do sol
brilha muito forte e é atraente.
Aqui, o céu é cinza e sem vida.
Lá, a chuva cai lentamente,
purificando as plantas;
Aqui, a chuva causa transtorno e confusão. 

Em minha terra há vida e energia;


Aqui, o povo é sofrido e trabalha demais.
Lá, os pássaros cantam alegremente;
Aqui, mantêm-se silenciosos.

Em minha terra há muitos shows,


teatros e literatura;
Aqui, poucos se envolvem com cultura;
tudo gira em torno de trabalho.
562
Na capital gaúcha, a primavera
é colorida e perfumada;
Aqui, as enxurradas impedem
o crescimento das plantas.
Lá, no fim de tarde,
o sol dá um tom especial ao Guaíba;
Aqui, a poluição não nos permite
apreciar tal esplendor.

Marinaldo Lima486

A ÚLTIMA VIAGEM
No exílio ele escreveu
Seu poema mais famoso
Demonstrando amor à pátria
E o quanto estava saudoso.

485 Marina Nicodemo da Rosa - Porto alegre – RS– Brasil - 12 de março de 1994. Estudante do Ensino Médio do
Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS. Membro Efetivo da Academia de Letras Machado de Assis, Porto Alegre/
RS, Cadeira 44, Patrono: Cassiano Ricardo; Academia Virtual Sala de Poetas e Escritores, Balneário Camboriú/
SC; Associação Internacional dos Poetas del Mundo; e, Liga dos Amigos do Portal CEN, Praia Grande/Portugal.
Coautora do Romance Interativo “Uma história de amor!”. E-mail: mharina@terra.com.br
486 Marinaldo Lima – Jaboatão-PE – Brasil - 29/09/1965, Seus primeiros prêmios literários foram na Biblioteca de
Afogados em Recife. Foi premiado ou selecionado em concursos literários na Bahia, São Paulo, Minas Gerais,
Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Rio de Janeiro. Além de poeta e contista é pastor da Igreja Batista em Sítio
Novo e professor da Escola Estadual Nossa Sra. do Carmo em Olinda.
Exaltou a nossa terra,
Nossos bosques, nossas flores;
Elevou nossas estrelas,
Nossas vidas, com amores.

Falou das nossas palmeiras,


Onde canta o sabiá,
Que gorjeiam lindamente
Como em nenhum outro lugar.

No exílio com saudades,


Derramou-se de amores,
Pela querida terrinha,
Desejando seus sabores.

Mas ao voltar novamente


Da Europa tão distante,
Estando muito doente
E mesmo agonizante,

Quis o destino implacável


Que não chegasse aqui;
Um naufrágio do navio
Deu-lhe morte tão infeliz.
563

Sepultado foi no mar:


Túmulo pra sua grandeza.
E deixou à posteridade
Uma imensurável riqueza:

Sua obra literária,


Não se perdeu na História;
Viajou por entre o tempo
Para manter sua memória.

GONÇALVES DIAS, UM GRANDE BRASILEIRO!


Gonçalves Dias foi um poeta apaixonado pelo Brasil,
E também pesquisador, desbravador destes sertões
E encantado com o que viu expressou-se com orgulho
Descrevendo nossa fauna e nossa flora nos grotões.

No ano de mil oitocentos e cinqüenta e nove


Passou a integrar uma importante Comissão:
a Comissão Científica de Exploração do Império
Nomeada por Dom Pedro com uma grande missão.
Até então apenas viajantes estrangeiros
Pesquisavam nossas matas, nossos rios, nossas serras.
Foi quando o nosso sábio Imperador
Nomeou a Comissão para desbravar nossas terras.

Partindo do Ceará a Comissão se embrenhou,


Pesquisando plantas, animais e populações nativas.
Esteve na Paraíba e no Rio Grande no Norte,
No Pará, no Amazonas e atravessou nossas divisas.

Gonçalves Dias atuou de forma extraordinária


Como chefe da Seção de Etnografia.
Documentou vocábulos dos idiomas indígenas;
Resgatou estas palavras com pronúncias e grafias.

Distinguiu o português do Brasil e o de Portugal,


Valorizando as nuances da língua falada aqui.
Utilizou os elementos lingüísticos na poesia.
Resgatou a importância do idioma tupi.

As coleções de objetos etnográficos


Ele enviou ao Rio, para o Museu Imperial
E juntamente com os colegas da expedição
Contribuiu para o progresso da Ciência Nacional.
564

Na Europa também trabalhou intensamente,


Pesquisando em prol da Educação Brasileira.
E lá, com seus poemas, divulgou nossa cultura
Valorizando-a muito bem, de forma altaneira.

O GRANDE AMOR DE GONÇALVES DIAS

Entre tantos amores impossíveis


Na história dos impossíveis amores
Este é um dos mais lamentáveis
Pelos dissabores e dores.
E o que causa mais lástima
É que este impossível amor
Poderia ter sido possível
Poderia ter sido vencedor.

À bela jovem Ana Amélia


O poeta dedicou grande amor.
Mas ao pedi-la em casamento
Negado foi, por sua cor.
Mesmo também sendo amado,
Sentimento correspondido,
Gonçalves Dias aceitou.
Poderia ter persistido.
Pois a jovem Ana Amélia
A tudo estava disposta:
Enfrentar sua família,
Com uma firme proposta.
Proporia ao seu amado
Fugirem, enfrentarem tudo,
Casarem e serem felizes;
Mesmo que fosse absurdo.

Mas por causa do orgulho


O poeta resignou-se,
Partiu pra o Rio de Janeiro
Onde com outra casou-se.
Sentindo-se abandonada
Ana Amélia também casou.
Mas nem ela, nem o poeta
Esqueceram o grande amor.

Tempos depois se encontraram


E com palavras mui ternas
Ele escreveu um poema,
Foi a despedida eterna.
“Ainda uma vez – Adeus”
Foi o túmulo deste amor.
565
Um moribundo infeliz,
Que a História imortalizou.

O POETA DE NOSSA TERRA


Nossa terra teve um poeta
Que exaltou o sabiá.
Poetas bons como ele,
Não vemos em outro lugar.

Seus poemas são brilhantes.


Foi um poeta genial.
Tem até dois versos seus
Em nosso Hino Nacional.

“Nossos bosques tem mais vida”,


“Nossa vida mais amores”;
Foi ele quem escreveu.
Versos lindos, que primores!

Gonçalves Dias é seu nome,


Um orgulho do Maranhão.
E com esta coletânea
Demonstramos-lhes nossa gratidão.
Mario Filipe Cavalcanti de Souza Santos487

PEQUENA ODE A GONÇALVES DIAS


Gonçalves, brasileiro,
preto, branco,
Papel preenchido,
Teus Dias de glória
Serão eternos!

Ah, Gonçalves, que um dia


Deitasses aos mares maranhenses,
Como exulta nossa’lma
Em ode pequena
Mais que os amores amálios,
Mais que o próprio sabiá
Que gorjeia por cá,
Pelas palmeiras,
Lembrando-se de ti!

Salve amado Gonçalves!


Salve tuas cismas de noite
Salve teu canto nostálgico
Canção emanada, amores perdidos
No exílio,
566 Saísses da vida à glória
Entrasses mesmo pra história
Desse Brasil que te vela
Que te acalanta e declama, salve, salve!

Brasileiro Gonçalves,
Branco, preto,
Preenchido papel
Gloriosos os teus Dias,
Eternos no céu!

CANTO A GONÇALVES DIAS


Canto a Gonçalves Dias
O canto dos poetas vivos
Canto a Gonçalves Dias
A flor dos infinitos
Canto mesmo o canto
Tão amável do sabiá
Canto, oh, como canto,
E não parto sem o cantar!

487 Mario Filipe Cavalcanti de Souza Santos - Recife, PE –Brasil - 15/01/1992. Estudou piano clássico na Escola de
Artes do Recife. Escreveu sua primeira poesia ainda com 09 anos. Aos 17, ingressou na Faculdade de Direito do
Recife (UFPE), onde continua a graduação. Foi vencedor em 2012 do Concurso Literário Nacional de Contos da
Associação Nacional de Escritores. Publicou junto a outros mil autores do mundo lusófono poesia na Antologia
“Entre o sono e o sonho” da Chiado Editora, de Portugal em 2013, é colunista na revista literária eletrônica,
Varal do Brasil, editada em Genebra.
Ah, filho do Brasil
Ah, poeta augusto,
Mereces homenagens mil
Mil cantos, mil cultos!

Mario Gonçalves Dias Junior 488

EXÍLIO EM CANÇÃO
Quando eu era moleque
Nunca matei sabiá
Gostava de ouvir seu canto
Num tom entre sol e lá.

Sempre no fim da tarde


Tinha bolo de fubá
No pomar do quintal
Manga, caju, jatobá.

Brincava de pique-esconde
Sumia igual um preá
Banhava em qualquer rio
Dormia em qualquer sofá
O limite era a noite
567
Castigo era o bê-a-bá.

Um dia veio a mudança


Mamãe dispensou a babá
Chorando, juntei as coisas
Na caixa de jacarandá.

Abandonei o estilingue
Saci, mula e boitatá
E fui morar na cidade
Cercado igual marajá.
Deixei de ser caburé
Quando fui pro Paraná
Ainda brincava de bola
Mas não era como lá
A quadra aqui era cancha
E a molecada, piá.

Cresci distante da roça


Com um violão, e não pá
Compondo essa esperança
De um dia voltar, oxalá.

488 Mario Gonçalves Dias Junior - Londrina/PR – Brasil. Sou um Gonçalves Dias de linhagem mineira nascido no
velho oeste paulista no ano da Anistia (05/04/1979), embora me apresente apenas como Mario JR e more em
Londrina/PR - Brasil.
Minha terra tem primores
Que eu canto, quando dá
Aqui ninguém me entende
Nem nunca entenderá.

Esta terra tem o silêncio


Que não se ouve por lá
Tem sabores e cores
Exclusivamente de cá
Ninguém brinca de esconde
Nem escuta o sabiá.

CÂNTICO GONÇALVINO
(Cordel sobre o Poeta Romântico Gonçalves Dias)

João Manuel, vendedor português,


No início de agosto de vinte e três
Daquele remoto século dezenove,
Acompanhado da esposa Vivência,
No primeiro ano da Independência,
Desgovernadamente se move.

Alcançam o sítio chamado Boa Vista,


Fugindo do ímpeto nacionalista
568
Que já ocupara a Vila Caxias.
E em meio àquele período non sense,
No interior do sertão maranhense,
Nasce Antonio Gonçalves Dias.

Vivendo uma fase de muita miséria,


Com uma decisão extrema e séria,
João Manuel vai pra Portugal.
E de volta após mais de dois anos,
Em quatro altera todos os planos,
Eclodindo uma reviravolta total.

Vivendo com o pai e sua madrasta,


Uma relação que o senso contrasta,
Estabiliza-se ali uma família.
E aos doze anos, Antonio, assim,
Lê Filosofia, Francês e Latim,
Aprendizado que vale a vigília.

Passou, com o pai, dois anos feliz


Morando e estudando em São Luiz
Até que o Destino, impávido, o trai.
Ainda imaturo e sem profissão,
Deixa a capital do Maranhão
Conduzindo o cortejo de seu pai.
E apenas um ano após a tragédia
Decide tomar, de vez, sua rédea
E tentar estudos em Portugal.
Co’ajuda de sua madrasta, ele parte,
Buscando Coimbra, o Colégio das Artes,
E a sua independência afinal.

Enquanto o Brasil ardia em revoltas,


E sua madrasta em reviravoltas,
Antonio entrou na Universidade.
E quando tornou-se iminente o regresso,
Salvaram-lhe os amigos e os primeiros versos
Que falam de romantismo e saudade.

Seu rol de amizades naquele ano -


Almeida Garret, Alexandre Herculano -
Apresentaram-lhe o Pré-Romantismo.
E mesmo com a Poesia no auxílio,
Soprou-lhe a saudade a “Canção do Exílio”,
O hino primevo do Nacionalismo.

Após oito anos vivendo em Coimbra,


Enfim, o desejo da volta lhe timbra
E o advogado Antonio o atende.
569
Viajando por Portugal e Espanha,
O banzo do nosso Nordeste lhe assanha,
E, imediatamente, Antonio se rende.

Cedendo aos apelos da bruta saudade


Retorna Antonio à velha cidade
Que não mais comporta a sua tinta.
Só resta a Antonio juntar seu dinheiro
E, indo embora ao Rio de Janeiro,
Juntar suas rimas à ‘Geração de 30’.

E lá o Romantismo ganhou a vida,


Publicando os seus ‘Cantos’. Em seguida,
Uma nova poesia se declara:
Com Joaquim Manuel de Macedo,
E Araújo Porto-Alegre no enredo,
Antonio funda a Revista Guanabara.

Sob o signo do amor, que não recusa


O poeta, enfim, conhece sua musa:
Ana Amélia Ferreira do Vale.
O Destino, porém, não abençoa,
Pois não pode desposar uma pessoa
A quem sua origem não equivale.
Transtornado pela súbita dispensa
E desesperado pela dor intensa,
O Poeta, só, então se precipita.
E afasta sua solidão imposta
Conjugando-se a Olímpia da Costa
Sacramentando a relação finita.

Sufocado pela vida carioca,


Outra vez a Europa o invoca
Aos estudos, mas agora em Lisboa.
Lá encontra Ana Amélia entre os seus
E compõe: ‘Ainda uma vez – Adeus’
Que a musa com o próprio sangue c’roa.

A reminiscência do amor perdido


Ressuscita o sentimento jazido
E a pecha do divórcio assanha.
Então, sozinho, o Poeta se renova,
E um épico, anônimo na alcova,
Eleva-se ‘Os Tymbiras’, na Alemanha.

Consagrado, o Poeta Indianista


Volta à pátria em missão de cientista
Pelo Norte e Nordeste, em exploração.
570
E mesmo ficando enfraquecido ali,
Cria o ‘Dicionário da Língua Tupi’
E sacramenta assim sua missão.

Prestes a completar seus quarenta anos,


A Europa, outra vez, entra nos planos,
Mas agora para um mês de tratamento.
Esse mês se estende por mais vinte e dois,
E não percebendo melhora depois,
O Poeta embarca o seu desalento.

Retornando à sua terra de palmeiras,


Sem ainda ver as costas brasileiras
E nem ouvir o gorjeio sabiá,
O Poeta, estando ainda muito frágil,
Não evita que o iminente naufrágio
Submirja os poemas que ainda há.

Mesmo sem ter desfrutado os primores,


Avistado as palmeiras, tido amores
Que existiam entre a Europa e Caxias;
Será, para sempre, o maior Romântico,
Que não caberia em apenas um Cântico,
Pois poema nenhum é maior
Que GONÇALVES DIAS.
Mário Helder Silva Ferreira 489

ATINS, O EXÍLIO DE GONÇALVES DIAS


Poeta do amor proibido, 
Hoje colibris e sabiás, cantam a tua falta 
Teus cantos foram a tua coragem 
De amor jamais esquecido. 
Teu exílio foi nos baixios de Atins 
Naquela confusa tempestade de horrores 
Abandonado no teu próprio leito 
Vive a tocar os clarins.  
A mistura mestiça o orgulhava 
Custando-lhe caros murmúrios 
De não ter ousado 
A verdadeira ousadia do amor perseguido  
O romantismo deságua nos sentimentos 
Drama dos povos, dos pássaros. Paisagens. 
Ágape dos sentimentos nacionalistas 
Tua pérola lapidada com flores 
Rosas, orquídeas e louvores 
Pequeno grande notável 
No teatro um trovador incansável 
Foi nessa além-fronteira da vida 
Onde até as pedras se encontram 
571
Que um dia se despojaram 
Feridas reabertas 
Cicatrizes em dificuldades 
No sobejo desvairado e cruel 
Acabou, encontraram-se no céu. 
E aqui nessas terras de ricas palmeiras 
Estamos ávidos a te esperar. 

Palmeirais
Tuas palmeiras de encanto
Feito flechas certeiras
Que traspassam o coração
De olho no infinito
Esnoba eterna canção
De olho no infinito
Do alto do teu apogeu
Tortuosamente vaidosa
Sopra o vento da inquietude
No relento da tempestade

489 Mário Helder Silva Ferreira - Barra do Corda – MA – Brasil. 03 dezembro de 1950. Economista, Empresário, Es-
pecialista em Qualidade x  Produtividade, Pós- Graduado em Marketing e em Gestão Empresarial, Membro da
Academia Barra-Cordense de Letras, Membro da Federação das Academias do Maranhão - FALMA. Fundador
da Casa do Maranhão em Brasília, Fundador do MIM, Movimento de Integração Maranhense, Presidente do
Guajajara Iate Clube, poeta, cronista, contista, letrista para marchinhas de carnaval, escreve para Revista da
Literatura da Academia Barra-Cordense de Letras,
Sofre trôpego no auge da juventude
Tua sombra magra
Causa espanto ao vento
Tortuosamente se curvam
Ao elegante avistar
Do lado das águas turvas
Soprando o sopro da colina
Agiganta e canta sutilmente
No tagarelar das sereias
Brilhando com a velha lua
Do alto desses bancos de areias
Vai segue o teu caminho
Dando adeus às magias
Vaidosamente arrepia
Do alto das regalias,

Mário Martins Meireles490


“QUE ME PERDOE O POETA” 491, 492
Que me perdoe o poeta
De quem os versos roubei,
Pois que estes versos, bem sei,
Outra paixão já cantaram...
572
Mas, certo estou do perdão,
Pois que ele, vate imortal,
Não negaria a um mortal
As glórias que lhe sobraram!

O IMORTAL MARABÁ493, 494


I
Ó guerreiros da raça tapuia!
Ó guerreiros da raça tupi!
Vossos deuses inspiraram meus cantos...
Ó timbiras, meus cantos ouvi!

490 Mário Martins Meireles - São Luís – MA – Brasil - 8/3/1925. Iniciou seus estudos primários em Santos-SP, em
1920, prosseguiu neles em Manaus-AM e no Rio de Janeiro-RJ e os concluiu em São Luís-MA, em 1926, na
Escola Modelo Benedito Leite. Fez o curso secundário em São Luís, concluído-o em 1931, no Instituto Viveiros.
A seguir, principiou o Curso de Direito na Faculdade do Maranhão, mas o interrompeu, em 1934, na da Bahia.
Em 1966 fez o Ciclo de Estudos da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra, em São Luís.
Possui diversos trabalhos inéditos e já publicou os seguintes: O imortal Marabá. São Luís, 1949. ( Co-autoria
com Achilles Lisboa ) Gonçalves Dias e Ana Amélia. São Luís, 1959.
491 MEIRELES, Mário Martins. O IMORTAL MARABÁ. Discurso de posse na AML. São Luís: Tip. M. Silva, 1948
492 Poesia escrita em 1935; “E quando pensaria eu em 1935, ao escrever essa poesia, que hoje – treze anos após!
– estaria me empossando nesta poltrona acadêmica sob o patrocínio daquele cujos versos eu roubara para
melhor cantar os meus amores da mocidade?” p. 20. Poesia compilada por Leopoldo Gil Dulcio Vaz – Curitiba
– PR – Brasil – 1952; Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Universidade Estadual do Maranhão
493 MEIRELES, Mário Martins. O IMORTAL MARABÁ. Discurso de posse na AML. São Luís: Tip. M. Silva, 1948, p.
37-39, Poesia compilada por Leopoldo Gil Dulcio Vaz – Curitiba – PR – Brasil – 1952; Instituto Histórico e Geo-
gráfico do Maranhão; Universidade Estadual do Maranhão
494 Poema de Mário Meireles, decalcado da Canção do Piaga, de Gonçalves Dias, e inspirado no quadro da morte
do Poeta, da autoria do pintor maranhense Eduardo de Sá, existente no salao nobre do Palácio do Governo do
Maranhão.
Esta noite era a lua tão linda,
Entre nuvens, serena, a vagar,
E eu olhava as estrelas brilhantes,
No futuro, tristonho, a pensar.

Relembrava o mau sonho que tive,


A visão da desgraça por vir;
Nossos filhos perdidos nas matas,
Da deshonra e da morte a fugir...

Nossas tabas, sem gente, sem vida...


Nossa gente, se glporia, a morrer...
Nossa raça, sem força e vencida,
Seu passado de gloria a esquecer!

De vergonha, eu chorava sosinho,


Implorando o favor de Tupá,
E pedia que a morte chegasse.
Mesmo vindas das mãos de Anhangá

Eis no céu se me mostra outro quadro


Diferente daqueles que vi!
Vossos deuses inspiram meus cantos!
Ó timbiras! Meus canros ouci!
573
II
Entre os restos de igara gigante,
Sobre as ondas bravias do mar,
Vi um branco de pálido rosto
Sobre as águas, sem vida, a boiar.

Brancas folhas, que eu nunca antes vira,


Apertava-as, bem vi, nesta mão;
Descansava-lhe a outra no peito,
Bem aqui..., sobre seu coração.

O fantasma de um índio timbira


- que surgiu ou do céu ou do mar –
Recurvando-se sobre o cadáver,
A cabeça lhe vi coroar!

E o oceano, bramindo, rocando,


Vi-o grande, terrível, se erguer,
E o cadáver, no seio das águas,
Para sempre, e de vez, se perder!

Em seguida, falou-me o fantasma


- o fantasma de um índio bem vi –
E eu repito o que disse o guerreiro...
Ó timbira, meus cantos ouvi!
III
“Tu bem viste, ó piaga divino!,
Este branco que eu vim coroar,
Cujo corpo sagrado tu viste
O oceano zeloso guardar.

E não sabes, piaga, quem seja?


Não t´o disse o cruel Anhangá?!
Não é branco, ó piaga!, é dos nossos...
Será nosso – será marabá...

Entre os brancos será nossa gloria,


Pois que gloria dos brancos será;
Dos timbiras a fama guerreira
Nos seus cantos o Mundo ouvirá!

E o poeta será como nunca


Entre os brancos se viu ou verá,
Pois seus cantos serão inspirados
Quais se fossem do próprio Rudá!

O seu nome será venerado,


Pois o quer, por vingança, Tupá:
O maior dos poetas brancos
574
Será nosso – há de ser marabá!

Bem aí, onde estás tu sentado,


Entre as palmas, olhando este mar,
Hão de os brancos, em pedra esculpida,
Sua estatua do chão elevar.

E os seus filhos virão no seu dia


- que ele um dia na História terá! –
Cultuar o Cantor dos Timbiras,
O sublime e imortal marabá!

Ele é filho de deuses, te digo,


E por isso, no fundo do mar,
O seu corpo, entre flores e cantos,
Hão de iaras ciumentas guardar...

Os guerreiros convoca, ó piaga!,


Faze ouvir teu fiel maracá...
Manitós já fugiram da taba...
A vingança há de vir, ó Tupá1”
Mario Quintana495

Uma canção496
Minha terra não tem palmeiras...
E em vez de um mero sabiá,
Cantam aves invisíveis
Nas palmeiras que não há.
Minha terra tem relógios,
Cada qual com sua hora
Nos mais diversos instantes...
Mas onde o instante de agora?
Mas onde a palavra “onde”?
Terra ingrata, ingrato filho,
Sob os céus da minha terra
Eu canto a Canção do Exílio!

Marisa Schmidt497

OS TÚMULOS DE TANTOS MENINOS


(Releitura do poema  “Sobre o túmulo de um
menino” de Gonçalves Dias)

 Hoje são tantos os túmulos dos meninos


575
que morreram cedo, mas tão cansados
de uma vida sofrida e surda aos brados
das vozes aflitas dos seres pequeninos
 
Não se pergunta por que estão ali esquecidos
(alguns nem têm um nome gravado na pedra)
nem quem chore essa vida que já não medra
num tempo de amores gerados ressequidos
 
Esses meninos, poeta, passaram como nuvem triste
que não tiveram um olhar ao futuro, que nunca existe
para aqueles que nascem e morrem sem importância
 
A vida passa e passa a indiferença sobre outros meninos
que em breve estarão cumprindo o mesmo infeliz destino
de sumirem entre as pedras e o pó de uma perdida infância...

495 Mário de Miranda Quintana – Alegrete – RS – Brasil - 30 de julho de 1906 - Falecimento: 5 de maio de 1994,
Porto Alegre; foi um poeta, tradutor e jornalista brasileiro. Mário Quintana fez as primeiras letras em sua cida-
de natal, mudando-se em 1919 para Porto Alegre, onde estudou no Colégio.
496 Poesia compilada por Leopoldo Gil Dulcio Vaz – Curitiba – PR – Brasil – 1952; Instituto Histórico e Geográfico
do Maranhão; Universidade Estadual do Maranhão
497 Marisa Schmidt - São Paulo, SP - Brasil - 16 de outubro de 1947. Pedagoga aposentada, mãe e avó e tenho na
escrita meu hoby preferido. Participa de várias comunidades literárias virtuais e colabora como membro efe-
tivo do “Grupo Cá Estamos Nós -Brasil - Portugal.” Reside atualmente na cidade de Bertioga-São Paulo- Brasil.
EX_JUCA PIRAMA
Troquei meu canto de morte
por música sertaneja
não sei mais viver na selva
curumins têm brotoeja
floresta já virou relva
e aqui se toma cerveja
 
Da tribo, restou o nome
e por pouco ela não some
encravada junto ao asfalto
já não fazemos a guerra
nem sobrevivemos da terra 
que se vende a preço alto
e aquele índio da poesia
virou enredo de fantasia....

Mark Pizzato Machry 498

CANÇÃO DO EXÍLIO
  Na minha terra tem figueiras,
aroma campestre e silvestre;
tem também muitas cachoeiras
576 e nela está meu grande amor.
Onde estou, há muito branco
o que me faz ser franco;
Não estar com meu amor,
causam-me muita dor.
Na minha terra tem figueiras
onde fagueiro pulsa meu coração.
Nela há esteiras, onde repousa,
suavemente, minha doce paixão.

Martha Elsa Durazzo499

Palmeras
Al puerto acompáñame
para el amanecer contemplar
subidos en una barca

498 Mark Pizzato Machry - Porto Alegre/RS – Brasil - 18 de abril de 1994. Membro Fundador da Academia de
Letras Machado de Assis, de Porto Alegre/RS, Cadeira 34, Patrono Dyonélio Machado; Membro Efeti-
vo da Academia Virtual Sala de Poetas e Escritores, Balneário Camboriú/SC; da Liga dos Amigos do Portal
CEN, de Portugal; e, da Associação Internacional dos Poetas del Mundo. Cursa Direito na PUC-RS. E-mail:
markpima@gmail.com
499 Martha Elsa Durazzo - Acapulco, Gro., México - 1956. Escritora, periodista, promotora cultural y abogado. Pte.
de Escritores Veracruzanos, A.C., desde 2006. Pte. de La Casa del Poeta Peruano en el Edo. de Veracruz, 2010.
Miembro de la Academia de Extensión Universitaria y Difusión de la Cultura de la FES, Zaragoza, UNAM, 2007.
Autora de tres libros y coautora de veinticuatro. Traducida al rumano. Publicada en México, Cuba, España y
Perú; publicada en revistas: Rumania, Argentina, Perú y México.
Ver desde la distancia mecer
sus esmeraldas penachos a las palmeras
Arrullados por las ondas marinas

Soñar un poco

Dirigir la vista más allá


en el celeste océano
Durante aquel palpitante onirismo

sentir que son las espigadas palmeras


que Gonsalves Dias anheló
volver a vibrar en su Brasil.

Anna y Antonio
Palmera y ave
déjenme que les cante
de la luciérnaga el vuelo
acompasado de verdes y aleteos

Anna teje esferas


con hebras solares
de amor encendido
para un poeta
577

La vía camina el vate


para contemplar
el delicado perfil
las femeninas formas

Posee su alma musa


Trigo de inspiración
Extrae del molino
el pan del verso

Desplomada la noche
Humanidad de aquel siglo
contrapusieron al coloquio amoroso
el prejuicio

Camina el bardo la vía


sin la musa
pan de su verso
trigo de su molino.

Palmera y ave
el aeda vivió
de la luciérnaga el vuelo
acompasado de verdes y aleteos
Pensando en ti.
Truncada su vida
en la madurez y el amor
quedaron sus versos
suspendidos en el viento.

Dadme una atarraya


capturarlos quiero
aterrizados
cantarlos
en el tiempo..

SEM TITULO
El ritmo de su tierra
acuna en la lejanía
la nostalgia

Cobra vigor su espíritu


Selva mar
lianas y manglares

Árboles que tejen ramas


Millares de canoras
parlotean con el zumbar
578
de los insectos
La piramidal conjunción de voces
revela una arquitectura perfecta

Traza el poeta
el dibujo
de su poema.

Del poeta la sinfonía.


Te lanzo un poema Brasil
plena capital de las sinfonías coloridas
Amazona de la Tierra
tierra de Gonsalves Dias.
Martins D’Alvarez500

SÃO LUÍS DO MARANHÃO


“Minha terra tem palmeira 
onde canta o sabiá... 
Ïsso é lirismo do poeta, 
a gente pensa de cá! 
Mas, ao penetrar-se, em barcos, 
na baía de São Marcos, 
vemos que há mesmo palmeiras 
e muitas palmeiras lá.
E, emoldurando as palmeiras, 
há jardins verdes, floridos, 
ruas que sobem ladeiras, 
azulejos e vitrais... 
Poesia dos tempos idos: 
— chafarizes esquecidos, 
romances adormecidos 
em solares coloniais.
E na fronde das palmeiras, 
há mesmo alados cantores 
— enlevo dos sonhadores, 
— ternura dos namorados... 
Dos platônicos mancebos 
579
que se ficam nas calçadas 
a acenar para as donzelas 
nas janelas dos sobrados.
“Minha terra tem primores 
que tais não encontro eu cá... 
“Velhos fortins dos franceses, 
igrejinhas seculares: 
Carmo, Remédios, a Sé 
— mãe das primeiras Missões!... 
Se cujo púlpito, Vieira, 
plantou a fé brasileira, 
com a augusta sementeira 
de seus famosos sermões.
Tem recantos encantados, 
de um bucolismo sem-par: 
— Sacavém, Ponta da Areia, 
São João de Ribamar... 
O velho Farol de Alcântara, 

500 Martins D’Alvarez – Barbalha – CE – Brasil - 14 de setembro de 1904. Filho de Antonio Martins de Jesus a de
Antonia Leite da Cruz Martins. Fez os estudos primários na sua cidade natal, os secundários, no Liceu do Ce-
ará. Formou-se em Odontologia. Transferiu desde o ano de 1938 a sua residência para o Rio de Janeiro, onde
exerceu, além de atividades na imprensa, atividades no magistério superior. Livros publicados: “A Ronda das
horas verdes”, 1930 (versos).”Quarta-feira de cinzas”, 1932 (novela).Menção honrosa da Academia Brasileira
de Letras. “Vitral”, 1934 (Poemas).”0 Norte Canta”, 1941 (poesia popular). “No Mundo da Lua”, 1942 (poesia
para crianças). ( Antologia da Nova Poesia Brasileira J.G . de  Araujo Jorge - 1a ed. 1948).
o Bumba-meu-boi de Anil... 
E outras relíquias da História 
pitoresca do Brasil.
Tem aquela preta velha 
da Rua dos Afogados 
que foi preada na Angola, 
deu bom preço nos mercados... 
Foi tudo para os Senhores... 
Amargou de mão em mão... 
E traz na pele, gravado, 
o drama da escravidão.
Tem o português dos “secos” 
e o português dos “molhados”... 
Tem o turco dos “retalhos” 
ë o turco dos “atacados”... 
Tem a “pipira morena, 
lá da Rua do Alecrim, 
que aos domingos, toda chique, 
vai fazer seu piquenique 
e à noite, em Campos de Ourique, 
quem paga tudo é o Joaquim!
“Nosso céu tem mais estrelas” 
“na noite calma e deserta... 
— Infinita porta aberta 
580
para um mundo de poesias! 
“nossas várzeas têm mais flores”, 
além das rosas-meninas 
que florescem nas esquinas 
da Praça Gonçalves Dias!
“Nossos bosques têm mais vida 
“na magia feiticeira 
dessa Atenas Brasileira 
de artistas e pensadores. 
Graças à luz expendida 
por esta estirpe luzida, 
“nossos bosques têm mais vida, 
nossa vida mais amores”.
“Em cismar sozinho à noite 
mais prazer encontro eu lá”, 
pela Praça João Lisboa, 
recitando o “Marabá”... 
Ao longo da Praia Grande... 
No botequim da Sinhá, 
tirando o gosto da pinga 
com refresco de cajá... 
Ouvindo, ao luar de prata, 
acordes de serenata, 
com trovador e com flauta 
com violão e ganzá.
“Não permita Deus que eu morra 
sem que eu volte para lá... 
“Sem que carregue, contrito, 
o andor de São Benedito, 
na bênção que ao povo aflito, 
em procissão, ele dá... 
Sem que inda prove pequi, 
cupuaçu, bacuri, 
cambica de murici 
e um bom arroz de cuchá!...
Quero morrer, na verdade, 
na minha velha cidade, 
namorando a antiguidade, 
numa rede de algodão... 
Dando um adeus ao passado, 
um viva a Pedro II 
na melhor terra do mundo: 
— São Luís do Maranhão!

Mateus Comodo 501

A vida e seus poemas


Gonçalves? Quem era?
581
Ah!, vivia na Europa e no Brasil,
como se estes fossem os primeiros cantos.
Mas, como ia para lá e voltava para cá,
era conhecido de segundos cantos.

Para se acalmar de tantas viagens,


usava muitas vezes a meditação,
mas era muito bom rodar o mundo.
De 1823 a 1864, vieram então
os cantos sobre Brasil e Europa.

Com o dicionário da língua tupi,


vimos que, o grande amor, Ana Amélia,
foi seu último canto,
antes de naufragar nas águas do nordeste,
tornando-se o lendário Gonçalves Dias.

501 Mateus Comodo - 08 de março de 1996, é estudante da 3.ª série do Ensino Médio do Colégio Objetivo São
Roque. Gosta muito de Direito, literatura jurídica e de praticar tênis. Como descendente de italiano, adora
cozinhar e comer massas. Tem como hobby assistir a jogos de futebol e ouvir música.
Matheus Fabrício Pereira Madeira502

GONÇALVES DIAS
Antonio Gonçalves Dias
Nasceu em Caxias cresceu
Fazendo poesia com
Harmonia e alegria.
Antonio Gonçalves Dias
Fez uma bela poesia
Falando da sua terra
Com muita harmonia.
Estudou em Portugal
Latim filosofia e Frances
Mas nunca esqueceu do
Português.
Antonio Gonçalves Dias
Morreu em Lisboa
Mas voltou para cá
Onde mora gente boa.
Nunca será esquecido
Poeta romântico na
582 Praça dos namorados
Os amores encantados

Mayara da Silva Jorge503


Cantos e encantos de um maranhense
Fui brasileiro orgulhoso
E apaixonado,
Porque vivi num país maravilhoso,
Com um solo encantado.
Nessa terra adorável,
Cheia de luz e beleza,
Vivi sorrindo maravilhado
Com essas coisas lindas por natureza.
Quando vi aqueles olhos lindos,
Logo me apaixonei,
Mas veio o preconceito destruindo
Todo o amor que eu criei.

502 Matheus Fabrício Pereira Madeira - São Luís – MA - Brasil - 20/012002. Motivo da Participação: Demonstrar
através da poesia a contribuição literária de Gonçalves Dias na formação-sócio cultural do educando interpre-
tar e compreender textos poéticos.
503 Mayara da Silva Jorge - Teresópolis/RJ - Brasil - 17/04/1997 - poetaluna do 9.º Ano da E. M. Alcino Francisco da
Silva, em Teresópolis/RJ, e já traz um vasto currículo literário, incluindo a Menção Honrosa no XXII Concurso de
Poesias da ALAP, no Rio de Janeiro/RJ. Tem diversos textos publicados no blog “Diários de solidões coletivas”
(um deles, inclusive, está entre as postagens mais populares do blog citado).
Do Maranhão eu vim,
Do Maranhão eu fui,
Alguns pensam que é o fim
Porque o amor não evolui.

Porém espero que minha arte


Continue encantando corações
E que faça parte
De várias gerações.

Mayara Sousa Gonçalves504

CANÇÃO DO MARANHÃO
Minha Terra tem sujeira onde cantava o sabiá,
As aves que aqui gorjeavam
Não gorjeiam como lá.

Minha vida, mas amores


Onde cantavam por cá e só as aves
Que gorjeiam não gorjeia como cá.

Essa vida de brasileiro,


Só pensa em cantar,
583
Por isso que as aves que gorjeiam
Não gorjeiam como lá.

As crianças só pensam em chorar,


E não de brincar.
Por isso que as lágrimas caem,
Por que não pensa em respeitar.

Mhário Lincoln Félix Santos 505

A GONÇALVES DIAS
Gonçalves, que Dias
O amor intenso, mas proibido
Na volta ao porto, apenas meu corpo
Carregado pelas brumas da baía de São Luís
Náufrago da paixão e dos oceanos da incompreensão humana

504 Mayara Sousa Gonçalves - São Luís – MA - Brasil - 11/08/2001. Motivo da participação: Eu sempre sonhei em
ser poeta para escrever para minha família eu quero ser reconhecida igualmente a Gonçalves Dias.
505 Mhário Lincoln Félix Santos – São Luís – MA – Brasil - 27 de março de 1954 - Atualmente reside em Curiti-
ba-Paraná. É advogado, escritor e poeta.  Colunista e editor de variedades em vários jornais de São Luís e
de Curitiba-PR. Atual atividade: Diretor-proprietário do Portal Aqui Brasil (www.portalaquibrasil.com.br) com
sede em Curitiba-PR, com aproximadamente 2,5 milhões de acessos mês em diversos países, destacando-se
Brasil, Argentina, Portugal, Espanha, Estados Unidos, Alemanha, Russia e China.
EU E G. DIAS
Ah! Gonçalves de todos os dias
De todas as horas, das minhas agonias.
Gonçalves, das praças e dos veleiros
Dos mares de Lisboa, dos aventureiros.

Gonçalves Dias dos índios e dos anuviais


Dos poemas, das palmeiras dos sabiás
Da saudade, do amor perdido
Como eu, quanto amor desiludido

Minha vida é como a sua, como teus ais


Afogado, eu, nos navios da desilusão
Perdido e náufrago do meu coração

Grande irmão de poesia


Iguais somos em dores e noites
Cujos corações morrem de doídos açoites.

São Luís, agosto de 1982

Michael Jackson Coelho da Silva506

584 SEM TÍTULO


São Luís cidade mimosa,
Tão linda como uma rosa.
São Luís como pode brilhar,
Diz o canto do sabiá.

São Luís linda cidade,


Tão linda com tanta idade
São Luís cidade dos azulejos,
São lindas como te vejo.

São Luís cidade das praias,


Cidade amiga da água.
Cidade dos casarões,
Com várias mansões.”

506 Michael Jackson Coelho da Silva - São Luís-MA Brasil – 08\11/2000. Motivo da participação: Eu gostaria de
participa da Antologia poética por que eu queria que todos se lembrassem de mim na Escola, para ajudar a
escola e deixar meu pai e minha mãe orgulhosos e homenagear o nosso grande poeta.
Michelle Adler Normando de Carvalho507
O HOMEM GONÇALVES DIAS
Indianista
humanista
tuas palavras traduzem lutas
traduzem amor
traduzem vida
Gonçalves Dias!!!
No romantismo estás também...
encontraste o amor que tanto querias
e te encurralaram num beco sem saída
entre o amor de Ana Amélia
e a amizade da sua família
abdicaste a ela
ficando com a tua alma marcada em fogo
eternamente ferida...
No mar encontraste paz
entraste para a eternidade
por fim a gloria...
por fim guarida!!!

Michelle Fonseca Coelho508 585


Viva o poeta!
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o amor.
Minha terra tem flores,
Onde exala o frescor.
Minha terra tem crianças,
Onde emana a alegria.
Minha terra tem esperança,
Onde não se dá tempo a agonia.
Minha terra tem estrelas,
Onde brilha a sedução.
Minha terra tem alma,
Onde exala a paixão.
Minha terra tem sentido,
Onde habita o belo, o certo, a emoção.
Minha terra tem palmeiras,
Onde Gonçalves Dias declama com o coração.

507 Michelle Adler Normando de Carvalho - São Luís – MA – Brasil - 14 de novembro de 1979. É Psicóloga. Espe-
cialização em Psicologia Hospitalar pela FAMA (2005), Especialização em Psicopedagogia pela UNDB (2008) e
mestrado em Ciências da Saúde pela Universidade Federal do Maranhão (2010). É Professora universitária da
Faculdade Pitágoras - São Luís e da Faculdade do Maranhão- - FACAM. Faz parte do Banco de dados de avalia-
dores de cursos de graduação do INEP/MEC.
508 Michelle Fonseca Coelho nasceu em 24 de dezembro de 1979 em São Luís. Formada em Letras, pós-graduada
em Docência do Ensino Superior, mestranda em Ciências da Educação pela Universid Americana, Assunção -
Paraguai. Estudou na Languague Studies Canada, Vancouver B. C, Canadá; e na Landmark Christian School,
Paramaribo, Suriname. Professora da Faculdade Pitágoras e Faculdade do Maranhão.
Miguel Marques509 - São Luís, 7 de Setembro de 1873

Gonçalves Dias -
Recitada por ocasião da inauguração da sua estátua
Eis em vulto entregue aos séculos,
quem, não sendo divindade,
perscrutava a eternidade
nos arroubos da poesia,
e, delirante abrasado
nas chispas da luz homérica,
dizia à Europa: D’América
a glória sou eu quem guia!
Silêncio! que a história exalta
com voz sublime, estupenda
o seu nome, a sua lenda
aos sons de celeste hino!...
Vinde, oh! turba! entusiástica
prostrai-vos junto ao proscênio
onde em mármore é o gênio
mostrando o selo divino.

Nasceu na brasília Atenas,


onde se ostenta a coroa
586 de Sotero, de Lisboa,
de Mendes, Sousa e Galvão,
e também do audaz guerreiro ,
que no fogo das batalhas
entre o furor das metralhas
sempre foi o herói Falcão.
De tanta seiva alentado,
qual o disco luminoso
ele se ergueu majestoso,
do berço das melodias;
e, na lira meigamente,
vibrando «Os primeiros cantos»
a glória cheia de encantos
abraçou – Gonçalves Dias –
Oh! doce cisne adormido
no leito dos aquilões,
quebranta os duros grilhões
Do teu letargo profundo,
que a Pátria de amor perdida
teu nome ufana entoando
manda aos ecos retumbando
espalhá-lo pelo mundo.

509 Leal, Henriques, Pantheon Maranhense, São Luís, 1874, p. 567-569. Poesias compiladas por Weberson Fer-
nandes Grizoste - Jauru – MT – Brasil
Vem, oh filho das Moeonidas!
Santuário do ideal!
Do teu trono de cristal
contemplar a cena augusta.
Se humilde e a aparência
brada altiva a voz da Fama:
–A glória o gênio proclama
firmada em base robusta.
Que diga Dante, Virgílio,
quem com mais inspiração
brilhava quando o vulcão
do teu crânio se inflamava,
e ouvindo o mágico idílio
do sabia mavioso,
teu estro temo e saudoso
melífluas queixas soltava.
Mas além era impossível
um ser humano subir!
Era muito o seu fulgir,
devia o astro tombar.
Deus chamou-o ao seu império,
mas vendo a terra tão pobre
disse: P’ra argila tão nobre
cave-se um tumulo no mar! 587

Caiu como o cedro enorme


pela tormenta batido,
como o condor que ferido
morre nos braços do vento.
Mas a saudade do bardo
para nós será estóica,
qual essa amizade heróica,
de quem fez-lhe o monumento!
Dorme, Poeta, que o gênio ,
jamais o tempo consome!
A Fama dirá-teu nome,
a Glória – os fulgores teus - !
E, vos turba entusiástica
vinde, correi ofegante
saudar o vate Gigante
o brasílio semideus.

Por ocasião da inauguração da estátua em São Luís


Ali vereis no mármor modelado
Aquele que na lira sempre altivo
O gênio sustentou!
Sublime emanação d’um ser divino
O seu nome é um poema, doce hino
Dos hinos que cantou!
Era um gênio gigante, um astro lúcido!...
Qual de Homero, Virgílio, Tasso, Dante
Seu estro fulgurava!...
No berço deu-lhe Apolo a poesia!
Poeta, – fez-se rei da melodia
Que os cantos lhe adornava.
As melífluas canções, as harmonias,
Os acordes sublimes que derramam
Suas obras imortais,
Que «Seus olhos» o digam, «Minha terra»
E o sabiá saudoso lá na serra
Por entre os palmeirais!

Não pode rude lira tão mesquinha


Vibrar em teu louvor cantor sublime,
Poeta divinal!
Em subidas esferas tu pairaste,
E o mundo com teus cantos fascinastes
Fazendo-te imortal.

Famosos Panteões se edificaram


Em Atenas e Roma belicosas
Ao deus das harmonias:
Pois bem! O Maranhão ao mundo culto
588
Mostrar vem o orgulhoso grande vulto
Do seu Gonçalves Dias

Mikaelle Cristina dos Santos Cantanhede510

Teu orgulho nasceu!

Caxias do Maranhão canta teu canto que teu orgulho nasceu!


Orgulho que nasceu, cresceu em busca de conhecimento, de novos
saberes de questionamentos inexplicáveis.

Gonçalves Dias foi você que muitos querem entender, aprender com
teus versos e contos como escrevestes com verdade!
O que não sabíamos é que um dia a água te encobriria,
E a nós resta até hoje lembranças tuas e da linda cidade de Caxias!

510 Mikaelle Cristina Dos Santos Cantanhede - Sao Luis – MA – Brasil - 18/09/2000 – EPFA Cursando: 5º Ano –
Turma: C – Profª Shirle Maklene
Mikaely Fernanda Rodrigues 511

BRASIL
Ah! Que saudade
Que dá
Da minha cidade
Lá sim eu tinha uma vida.
Amigos, parentes, família
Ainda quero rever um dia
Arrependida por largar meu namorado
Que um dia tanto havia amado.

Choro até hoje de amor,


Pois sinto falta do beijo
Beijo que só ele sabe dar
Ah, que saudade do meu lar.

Sinto saudades das praias, da canga


Do ritmo, do carnaval, do samba
Saudades, saudades me dá,
É isso que dá Brasil, tanto, tanto te amar!

Milena Adler Normando de Sá512 589

O AMOR DE GONÇALVES DIAS


Ele
Amou o seu olhar...
A amou à primeira vista
Grande alegria!...
Porque Ana Amélia
o correspondia!!!

Por ser mulato não a pode amar ...


Seu grande amor se perdeu...
não o pode realizar!...

Amor eterno,
Amor pleno,
Amor verdadeiro,
ANA AMÉLIA,
Esse era o amor
do eterno poeta altaneiro!!!

511 Mikaely Fernanda Rodrigues - Bebedeuro – SP – Brasil - Aluna da 7ª. Serie C da Profa. Silvana Morelli http://
silmoreli.blogspot.com.br/2009/09/cancao-do-exilio.html, Poesia compilada por Leopoldo Gil Dulcio Vaz –
Curitiba – PR – Brasil – 1952; Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Universidade Estadual do Maranhão
512 Milena Adler Normando de Sá. São Luís – MA – Brasil - 01/1976. É formada em Contabilidade. É mãe de João
Marcelo e Lara.
Miriam  Porras  Adame…513

AMOR A TRAVES DEL TIEMPO.


 Me  acaricio el alma cada uno de tus versos,
 sentí  el desconsuelo de estar vivo y a la vez muerto,
de amar en lo profundo sin poder tomar su cuerpo,
la elección entre tu amada y lo correcto no fortaleció tu espíritu,
solo te entregó desgracia y sufrimiento.
 Por tu sangre corren mundos muy diversos,
uno te indicaba claudicar sin el menor intento,
de no probar las mieles del amor en cautiverio
era tuyo en comunión con el destino  en tus adentros.
 
Otro  suprimía la idea, el pensamiento,
de aspirar el perfume de Doña Ana,
el perfume de su cuerpo, las caricias de sus manos
de vivir el amor, el que no conoce de linajes,
de tristezas, de dinero, el amor  que vive
de besos, de caricias, del vaho de su aliento.
 
Otro mundo te oprimía el corazón,
terminaste en alejarte, abandonando tus ensueños
en el recuerdo de tu Amelia que vivió para adorarte,
en el silencio de otros brazos que no pudieron consolarle.
590
 
Caminaste en rumbos ignorados, trotando
subiendo y bajando con un mismo pensamiento,
el amor que no llego, que se fue y te dejó
en el más temible de tus sueños,
la soledad carcomiendo cada noche, en lo incierto.
 
La razón te abandono,  tu cuerpo sucumbió
en  espasmos de dolor,
nunca llego la señal que te pudiera consolar,
no hubo besos, besos, besos,
en ajenos brazos diste rienda suelta a tu aflicción.
 
En el naufragio de tu cuerpo, el amor se aprovechó
de alejarse de este mundo, para estar en otro sin calvario
donde no dañan las mieles en la pasión,
¿será que el orgullo de ser de las tres razas,
no   dejaron libertad en el amor?                            
regresa, que tu amada asimismo feneció sin tu calor.

513 Miriam  Porras  Adam - Navojoa, Sonora, México. Poeta y Escritora, ha participado en diversos eventos cultu-
rales; porras59-74@hotmail.com
Moacir Lopes Poconé Neto514

JAZIGO NO MAR
Um navio
Leva com ele os sonhos para o fundo dos mares.
Nele vão os dias de muitos
E o Dias
O grande Gonçalves.
Pouco mais de quarenta
E histórias de séculos.
Timbiras, tamoios e exílio.
Amores, cantos e piramas.
Ainda era tão cedo
E nos deixava naquele dia.
No mesmo Maranhão onde nascera.
De onde saíra para o mundo.
Um mundo que não mais seria o mesmo
Sem o canto daquele que viu
E cantou como ninguém
Sua pátria, sua gente e seus amores.
Jaz, Gonçalves, nesse túmulo de água
Até ele pequeno para o seu tamanho.

591
Moacir Luís Araldi515

Carta
Escrevo-te, digno poeta,
Pra dizer que aqui
Sua obra é perpétua.
E que ainda fazemos versos pra ti.

Aproveito caro Gonçalves,


Pra te mandar um abraço.
Pra dizer que a saudade
No peito ocupa muito espaço.

A nação Maranhense e Brasileira


Que por ti morre de amores
Impunha tua bandeira
Nesta terra de primores.

514 Moacir Lopes Poconé Neto - Aracaju - SE – Brasil - 27/03/1975. Escreve crônicas, contos e poesias desde os
quinze anos. Possui graduação em Letras Português pela Universidade Tiradentes (2008) e graduação em Di-
reito pela Universidade Federal de Sergipe (1996). Mantém o blog Deu na Telha, no qual escreve sobre os mais
diversos assuntos.
515 Moacir Luís Araldi - Passo Fundo- RS – Brasil - 18 de setembro de 1963. Gaúcho, brasileiro, residente em Passo
Fundo- RS. Formado em letras pela Fundação Universidade de Passo Fundo (UPF), escreve, amadoristicamen-
te desde 1986.
Diga ilustre brasileiro,
Como te aceitam por aí?
Vives com Ana um amor verdadeiro
Como não viveste aqui?

Vejo na minha ilusão


Um banco a sombra da palmeira.
Você vivendo sua inspiração
E o sabiá cantando com ciumeira.

Tem teu nome a rua da tua moradia,


Com aprovação dos Timbiras.
Viraste imortal GONÇALVES DIAS,
Nesta terra que te ama e te admira.

FALAR DE VOCÊ
Falar de você Gonçalves,
Faz pensar no canto do sabiá.
Em estrelas, palmeiras e flores.
Da frustração nos amores.
Do viver lá como cá.

Homenagear você Gonçalves,


Faz pensar no amor que não viveu.
592 Em todos teus sonhos iludidos
E no crime que não cometeu,
Mesmo quando a amada perdeu.

Saudar você Gonçalves,


Faz lembrar oceano.
Um romântico leito de morte.
Mesmo com seus poucos anos
Selou a tua sorte.

Na presença da morte foste forte,


Um guerreiro lutador
Nacionalista e sonhador
Enalteço com alegria
Magnânimo... GONÇALVES DIAS

MEU DEUS
Palmeira solitária
Na várzea da nostalgia.
Bosques sem harmonias
Sabiá sem gritaria.

Da terra que amaste tanto


Que pela vida exaltou
Veio também o pranto,
De um amor que não brotou.
E o mar que só a você castigou,
Um anjo para céu mandou.
Não propriamente um anjo.
Um cupido do amor.

Meu Deus, eu te peço um favor.


Seja meu condutor,
Ajude-me a levar minhas odes e elegias
Ao brasileiro, inesquecível GONÇALVES DIAS.

GENIAL
Genialidade nas linhas que escrevias,
Que se perpetuam por gerações.
Genialidade nos versos que compunha,
Para entalhar nos corações.

Genial para exaltar um povo,


Uma nação, um país.
Genial para buscar o novo,
E uma forma de ser feliz.

Gênio triste... Talvez!


Que também viveu alegrias,
Poeta de enorme altivez.
Genial GONÇALVES DIAS. 593

MIL POEMAS
Nossa terra sempre vai te venerar.
As palmeiras não podem te saudar.
Os poetas aqui escrevem
Pra no céu, te homenagear.

No poetar eras uma estrela.


No versejar entre linhas,
Com rimas que para fazê-las
Falavas de amores que quiçá... Nem tinhas.

Em te ler Dias, à noite.


Mais me encanto eu cá.
As tuas poesias tem,
O cantar do sabiá.

Tua terra tem mil poemas,


Todos nesta antologia.
Versos, letras e grafemas.
Tributando GONÇALVES DIAS.
Monique Rocha Passos516

Saudade
A saudade é a maior inimiga da alma.
Além de deixá-lo triste,
Ainda tenta te matar...
Quando fico com saudade de você,
Meu coração não para de bater...
Fico pensando em quando vou te ver.
Onde será que você está?
Fico pensando em te encontrar...
Será que você vai voltar?

Se você não vir,


Quero que saiba
Que a saudade só vai aumentar...
Quando vou finalmente te encontrar?

Moysés Barbosa 517

UM POETA NACIONALISTA
594 Natural de Caxias... Maranhão
Ele respirava o ar da poesia
Versejador apreciado, sem igual
Compôs a bela “Canção do Exílio”
Pra Ana Amélia ele sempre escrevia
Chegou a residir em Portugal

Estudou Direito em Coimbra


E na Língua Tupy, escorreito, redigiu
Uma obra de valor... Dicionário
Traduzia também o alemão
Seus poemas... quem ‘inda não viu?
Foi cientista... para alguns visionário.

Sua obra literária é muito vasta


“Cantos”, “Timbiras”, “Meditação”...
Feição séria, porém sentimental
Cultivou o ideal nacionalista
“Canção do Exílio” colocou então
Inúmeros versos no Hino Nacional

516 Monique Rocha Passos - Jd. Ubirajara – São Paulo – SP – Brasil - 11/04/2000. ESCOLA: EMEF Antenor Nas-
centes; DIRETORA: Denise Ribeiro de Carvalho; PROFESSORA RESPONSÁVEL: Adenilza Almeida Lira E-MAIL DA
ESCOLA: emefanascentes@prefeitura.sp.gov.br
517 Moysés Barbosa - Comendador Levy Gasparian - R J - Brasil - 15 de fevereiro de 1944, Membro Benemérito e
Senador Acadêmico Honorário da FEBACLA,Bispo, Advogado, Professor, Jornalista, Embaixador da Paz, Poeta
(já com Jubileu de Ouro de Poesia (2009) site:www.pastormoysesbarbosa.com
No Colégio Dom Pedro II
Foi professor muito festejado
Fundou a Revista Guanabara
Ajudado por dois companheiros
No Romantismo, sim...foi aprovado!
Toda sua obra o civismo ampara

Foi até destemido navegador


Lá no rio Negro e rio Madeira
Uma  extensa  região ele explorou
Cultivava com prazer a cidadania
Na Europa, Casa Brockhaus, era livreira
Vários Cantos de “Timbiras” editou

Exaltemos, sim,  esta personalidade


Célebre poeta e literato brasileiro
Do qual todos nós nos orgulhamos
ANTONIO DE GONÇALVES DIAS
Nas letras é expoente, é altaneiro
E com razão honras lhe tributamos!

Murilo Monteiro Mendes – Murilo Mendes 518

Canção do exílio519 595


Minha terra tem macieiras da Califórnia
onde cantam  gaturamos de Veneza.
Os poetas da minha terra
são pretos que vivem em torres de ametista,
os sargentos do exército são monistas, cubistas,
os filósofos são polacos vendendo a prestações.
A gente não pode dormir
com os oradores e os pernilongos.
Os sururus em família têm por testemunha a Gioconda.
Eu morro sufocado
em terra estrangeira.
Nossas flores são mais bonitas
nossas frutas mais gostosas
mas custam cem mil réis a dúzia.
Ai quem me dera chupar uma carambola de verdade
e ouvir um sabiá con certidão de idade!

518 Murilo Monteiro Mendes - Murilo Mendes - Juiz de Fora – MG – Brasil - 13 de maio de 1901; foi um poeta e
prosador brasileiro, expoente do surrealismo brasileiro. Wikipédia
519 Poesia compilada por Leopoldo Gil Dulcio Vaz – Curitiba – PR – Brasil – 1952; Instituto Histórico e Geográfico
do Maranhão; Universidade Estadual do Maranhão
Mylene dos Santos Siqueira520

MINHA TERRA
Minha terra tem história, 
Que acabaram de chega. 
No Centro Histórico 
É um lugar de se encontrar 
Nosso céu não tem quase estrela, 
Mas eu ainda gosto deste lugar. 
Minha terra tem praias, 
Para gente se encontrar. 
 
Hotel de frente pro o mar, 
Minha cidade tem curiosidades. 
Que você vai gostar, 
Mas só vai saber se vir olhar.

Nadir Silveira Dias521

DON’ANA
Há um nada em quase tudo
Quase sempre em todo o tempo
Em qualquer época ou lugar
596
Mudando somente o matiz
A intensidade, não raro o fulgor
A macular o destino, a macular o amor.

A família soberana nem sempre acerta


Ou se arrisca, e somente petisca
E lambisca o que da sorte lhe sobra
Se lhe sobra algo de bom
Pois o normal é sorver o fel
Mal fecundo que antes semeou...

Foi assim com Don’Ana


E Gonçalves Dias também
Nutridos e correspondidos

520 Mylene dos Santos Siqueira -São Luís-MA - Brasil – 03\01\2001. Motivo da Participaçao: Eu gostaria de par-
ticipa da Antologia poética por que será uma grande ortunidade para mim, ter minha poesia sendo lembrada
por todos e ser lembrada por este poeta maravilhoso.
521 Nadir Silveira Dias - Rio Grande, RS – Brasil - 04.04.1947. Reside em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Brasil.
É Jurista, Escritor, Poeta, Compositor, e Letrista, integrante da Ordem dos Advogados do Brasil, da ARI - Asso-
ciação Riograndense de Imprensa, da Ordem dos Músicos do Brasil, e de várias Academias Literárias do Brasil.
É laureado da ASL - “ARTS SCIENCES LETTRES” Societe Academique d’Education et d’Encouragement, França.
Autor de vinte e três livros de literatura e de doutrina jurídica, obtém pelo livro Rastros do Sentir, a Medaglia
d’Argento 2004 - Premio Letterario Internazionale “Maestrale - San Marco” - Itália, e, pelas obras e ações, em
Paris, a Médaille de Vermeil 2009. nadirsdias@yahoo.com.br
Um pelo outro de intenso amor
Que tiveram suas vidas destruídas
Pelo insano não consentimento...

Vidas destroçadas, sim, senhor!


Pois amor é vida sempre
Em qualquer tempo ou lugar
É o ânimo, é o ar que se respira!
E se de um se tira o outro
Fenece um, fenece a outra.

Dia haverá, com certeza (!), que


Crime assim não mais ocorrerá
Por conta de novos tempos que
Hão de vir pra limpar as mentes
E saná-las do viciado preconceito
Que tanto e tanto mal já tem feito.

Naraene Miranda da Silva522

GONÇALVES DIAS
Antônio Gonçalves Dias,
um grande escritor maranhense,
597
que nasceu em 10 de agosto
na pequena e bela Caxias.

Homem bom e inteligente


Foi para fora estudar,
Mas, com saudade de sua terra escrevia
a beleza que por aqui existia.

Gonçalves Dias era o escritor.


Defendia a pátria,
a religiosidade, e,
principalmente, o amor.

Ele foi o grande cantador


Foi no Brasil que encontrou
Ana Amélia,
Seu grande amor.

Mas, que pena, num naufrágio morria


Um grande escritor, que o Brasil
com muita tristeza
Perdia.

522 Naraene Miranda da Silva – Balsas - MA – Brasil. URE – Balsas - Centro de Ensino Médio Dom Daniel Comboni;
Professora: Marcia Meurer Sandri
Natália Bueno Dias 523

CANÇÃO DO EXÍLIO
Vejo o céu cinzento
com uma brisa fria,
Lembro-me do céu azul
e de seus campos deslumbrantes.
Sinto-me sozinha vivendo
ao lado de um bosque.
Lembro-me de nossas roças
com cheiro de mato.
Bosques sem essências
Sinto falta de nossas flores
cheirosas e deslumbrantes
que relatam grandes amores.
Nosso ritmo é o melhor
Festas e alegria
Cidade muito parada
Sinto falta da capital
Arroz com feijoada e
uma bela salada.
Aqui só como massa
e vivo com presão alta.
Meu Deus, só lhe faço um pedido:
598 Não me deixe morrer
com esse ar sem cheiro,
quero morrer ao lado da praia
com a brisa leve e suave.
Quero voltar a viver
junto à felicidade.

Nathalia Ribeiro Lopes 524

Não sabia o que queria.


Trouxe, à noite, a luz de um dia,
Fez-se tarde a cantoria
Das aves e sabiás.
Quem pudera pensaria
que, de tonto, abandonaria
estrofe, verso, rima:
e o coração de quem quis amar.
Ó Gonçalves, tão astuto,
pela razão deitou-se ao luto
de quem teve que abandonar

523 Natália Bueno Dias - Bebedeuro – SP – Brasil - Aluna da 7ª. Serri B da Profa. Silvana Moreli - http://silmoreli.
blogspot.com.br/2009/09/cancao-do-exilio.html , Poesia compilada por Leopoldo Gil Dulcio Vaz – Curitiba –
PR – Brasil – 1952; Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Universidade Estadual do Maranhão
524 Nathalia Ribeiro Lopes - 4 de outubro de 1995, é aluna da 3.ª série do Ensino Médio do Colégio Objetivo São
Roque. Gosta de música popular brasileira, escrita criativa e cinema.
Ana que, por saudade, lacrou em sangue e lápide
o poema e a vontade de ver nessa terra o sol raiar,
E em morte cessaria
o adeus em poesia
de quem não pôde se tocar.

Nathália Rodrigues Barbosa525

CANÇÃO DO EXÍLIO
Porto Alegre, terra
de gaúchas bonitas
que destacam as belezas
da cidade.
Pássaros encantam
com seus cantos;
o sol, ao refletir,
nas águas do Guaíba, ilumina-o;
o cheiro das flores perfumam
os caminhos do Parque da Redenção.
Algodão doce, pipocas, doces
e pessoas passando,
de um lado para o outro,
dão-me a sensação
de que sou livre e feliz. 599
Aqui, pouco vejo de encantador.
Quero a minha terra voltar
e o seu perfume respirar.

Nédia Sales de Jesus526

Outros Dias
Dos Dias, o mais luminoso,
A mártir foi escolhido
A saciar a invídia do mar.
Vigorosos, eternos e imortais,
Novos Dias emergem
A cada ressaca das águas.
Eis que sobrevive a poesia
E, sobre as palmeiras,
Ainda gorjeiam os sabiás.

525 Nathália Rodrigues Barbosa - Porto Alegre/RS – Brasil - 20 de janeiro de 1998. Estudante do Ensino Funda-
mental do Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS. Integrante do Projeto Literário “Banners Poéticos”, 2012. Inte-
grante do Projeto “Imagens e Textos construindo Histórias e Versos”: “Banners Poéticos”, 2012. Curte música
e dança. E-mail: nathi_rodrigues98@live.com
526 Nédia Sales de Jesus - Santo Antonio de Jesus, BA, Brasil - 25/06/1971. O gosto pela escrita nasceu ainda na
adolescência, quando passou a expressar a sua visão particular do mundo através de suas primeiras poesias,
o que lhe rendeu, posteriormente, alguns prêmios e publicações no Brasil e, recentemente, em Portugal.
Nelmara Silva527

Ah como amei !
Clareza, claridade,
 contaminação de verdades...
 Poesia, misturada de brasilidade...
Mocidade, amores e tantos amores.
Amores do mar, natureza
 Nossa tão amada cidade.
 Amor Amélia, amor-maior.
Enriquecida palavra.
Horizontes desbravados.
Em tantos mares navegados.
                POETA - espelho de rimas,
                 quartetos guardados.
                 Trovas, do cantante  trovador.
                 Pássaros , gorjeios, emoldurados.
                 Perfeito trinado.
                 Triunfa tua saga, tua alma.
                  Amigo, irmão Gonçalves.
                  Penhor de nossa História Brasil.
         D
           e
             s
600
              c
                             o
                             r
                             t
                               i 
                n
                 a
                                     n
                   d
                                         o
                                            se

                     obras imortais,
                         talento tecido passo a passo
                             tons, semitons,
                       belezas naturais.
             
A palavra é a força da vitória.

527 Nelmara Silva – Rio de Janeiro – Brasil - 17/09/1950. Cultuadora das letras  desde a infância, onde as palavras
sempre preencheram meu espaço, ávida de livros, aprimorando sempre o bom gosto pela leitura. Desenhava
na imaginação lugares, personagens e o fascinante mundo da poesia.Aprendi com cada um deles a magia da
arte de escrever poemas.Debrucei-me sobre Castro Alves e lutei com os escravos, a brasilidades vi claramente
em Gonçalves Dias;o negro através de lima Barreto...Assim naveguei pelos mares das palavras...
Brasilidade, brio, Brasil.
   Berço, abraçado, irmão gentil.
    Arrojado, amado amante.
    Amélia, amada escalonado amor.
    Trovador, testemunha da palavra.
    Palavra viva, trabalhada, rimada
    em trovas,em traços...
    Especial, épico, eficaz
    elegante,eterno Gonçalves...
    Criador, criatura, cancioneiro.
    Canto, cordial, cordel,
    louvar tuas palavras
    tuas rimas,
    teus mares navegados.
    Navegantes em metáforas.
    Nuances, cores ,iluminado poeta.
    poetando nossas terras, nossas matas...
    doravante cantarás, cantaremos
    eternamente tua Criação.

Nereu Bittencourt528

A GONÇALVES DIAS
601
Poeta, na palmeira viridente,
ao cicio da brisa langorosa,
Entôa o sabiá terno e dolente
uma trova de amor linda e saudosa
 
E, pela selva, ao claro sol ardente,
ou mesmo em noite de luar, formosa,
vibra o canto guerreiro da potente
tribo audaz de tupís, vitoriosa.
 
É sempre azul o céu de nossa terra.
É sempre verde o mar. O sol explende.
Nada mudou do que teu canto encerra.

528 Nereu Bittencourt - Caxias – MA - Brasil - 08 de março de 1880; faleceu na mesma cidade  em 11 de setembro
de 1963. Iniciou sua jornada de mestre aos 23 anos, e cumpriu por 60 anos a árdua tarefa de ensinar. Homem
de profundo conhecimento de Português e Francês, de estilo límpido e preciso, assimilando, à farta, as três
dialéticas: a Expositiva, a Explicativa e a Dialética, a ponto de desvendar os mistérios lingüísticos, os meandros
de cada tópico frasal, as isotópicas, mórficas e sêmicas, os penetrais da perspicácia, além de dominar muito
bem, o latim, o inglês e o espanhol. Logrou aprovação em todos os concursos a que se submeteu no Departa-
mento Administrativo Do Serviço Público – DASP.  Um idealista da Educação em Caxias foi um dos fundadores
e autor da letra do Hino do antigo Ginásio, atual Colégio Caxiense. Patrono da cadeira de nº16 da Academia
Caxiense de Letras  - ACL.   Por ocasião da proibição de mais uma cidade com o mesmo topônimo, no Estado
Novo, com a vigência do decreto-lei nº 311, de 2-3-1938, em que foi tentada a mudança do nome da cidade:
Caxias- ficaria nomeada a cidade gaúcha de grande importância comercial e Caxias - com as sugestões para:
Caxias das Aldeias Altas - Marechal Caxias ou Caxias Norte. Sobre a matéria e tecendo considerações históri-
cas, de cunho patriótico, Nereu foi um dos cidadãos interventores em prol da permanência do nome da cidade
de Caxias-Maranhão.
E o coração da terra das palmeiras
vibra, feliz, no culto que te rende,
maior glória das glórias brasileiras!
  Caxias, julho de 1923.

A GONÇALVES DIAS
Alarma! Alarma! E o válido selvagem,
Quebrando a ivirapema, na voragem,
Na sede da vingança,
Mostra que o braço do tupi valente,
Se, impetrando o perdão, dobra tremente,
Na luta não se cansa.
 
            Se covarde o pensaram, quando a vida,
            Sòmente, por seu pai, lhe era querida,
            E, por ele, a implorou,
            Erguendo-se feroz e sobranceiro,
            Numa luta de mil contra um guerreiro,
            A coragem provou.
 
A terra brasileira tem mais vida,
Mais estrelas a abobada incendida,
Mais luz e mais fulgor.
O meigo sabiá tem mais gorgeios,
602
São mais quentes da brasileira os seios,
E é mais puro o amor
 
O céu é mais azul, o sol mais quente,
E roçagando as águas da corrente,
A brisa fala amor.
Há sussurros de carne e de desejos,
Há suspiros de preces e beijos,
Na selva, no rumor.
 
Tudo isto cantaste, grande vate.
Dos mares de tua terra o doce embate
Pintaste, em mago encanto.
E o meigo sabiá, lá nos palmares,
Em teus versos, entoa, pelos ares,
O sonoroso canto.
 
            Hoje, dormes, no seio do oceano.
            O destino cruel, atroz, insano,
            À vista de teus lares,
            Quando voltavas às brasílicas plagas,
            Fez entreabrir-se a túnica das vagas,
             E te sepultou nos mares.
Mas um dia virá (isso conforta),
Em que entrando a ciência pela porta
Do válido tupã,
Ele busque, no túmulo dos mares,
O sublime poeta dos palmares,

Niedja Soares Pereira

Lembrança de Gonçalves Dias


Brilham no céu
as estrelas
que iluminam na Terra
as palmeiras
um eterno cantar

Enche o ar
desse canto
que o vento leva
em prantos
aonde quer
que vá

Gonçalves
603
nunca se esqueceu
da terra onde nasceu
do canto do sabiá

Nieves Merino Guerra529.

DOM ANTONIO GONÇALVES DIAS


Los ojos negros de su amor primero
ciñeron los pasos de su desventura.
Mixtura en linaje de razas arcanas,
Blancos y esclavos e indígena raza
orgullo que lleva la cruz de su alma.
 
Su fuerza flaquea. El corazón quebrado
en adioses tristes que sangran heridas.
Y en tierras lejanas despidió a su amada
siendo desgraciados los dos en sus vidas.
 
“Sim se morre do amor”,
e de amor enferma

529 Nieves Merino Guerra - Las Palmas de Gran Canaria - España - 03 De Julio De 1959; Profesora pre-jubilada
en diversas especialidades(Ciencias letras, Sociales, Humanidades. logopeda...). Participo desde hace años en
blogs y redes literarias, varias antologías, revistas literarias virtuales y no virtuales. Algunos premios y recono-
cimientos desde que era niña. Experta en nada, alumna siempre.
recorriendo enjuto y digno caballero
casi media Europa, lejos de su tierra
la melancolía de su amor primero.
 
Esos ojos negros que brillaban solo
para él con  dulce y tierna melodía
como noche oscura. Mortaja de cielo
preñado de estrellas sin luna su velo.
 
Y muere de amor, de tristeza amarga
 en duelo arrepentido por errar honor.
Lo envolvió en su manto fúnebre la ola
y en inmenso océano naufragó el dolor.
 
Grandeza y orgullo. Valor sin valor.
Don Antonio y Ana, dos enamorados
con amor truncado por la sociedad.
Lisboa fue testigo de su duelo “Adiós”
 
De timbiras poeta, cantos y dulzura
su premura muerte ahogó sus anhelos
en esos “Suos olhos”, “O canto gerreiro”,
“O canto do indio”… O canto seus versos.
 
604
TALENTO DE GONÇALVES DIAS-I
Vida...para vivir. Vivirla y dar vida. 
La oscuridad es la ausencia de luz
El egoísmo es la ausencia de amor.
 
La violencia  es la ausencia de paz 
La enfermedad, ausencia de salud.
La soledad, ausencia de humanidad...
 
Antonio Gonçalves donó su talento.
 
Su eco se oye desde el fondo del mar.

GRANDE E  XOVEN DOM ANTÒNIO


Poeta brasileiro que al indio, en  tupí
 cantaba y alzaba en versos y lengua
de su amada tierra al norte de Brasil
que recorre y ama con sutil carencia.
 
Lleno de presencia y de orgullo cierto
descubrir lo bello , pleno de riqueza
paraíso y templo. Con su alma inmensa
deshoja el misterio y vuelve a su cuna.
 
Hombre culto y joven, vive desdichado
con el gesto adusto, cabizbajo y triste.
En tierra europea se siente aplastado
è un emigrante “com saudade em lúa”.

Sua bela poesía, suos “Primeiros cantos”


ao Brasil emgrandeçe em a literatura
como “O trovador”, dom Gonçalves Dias
e o Romanticismo que emsalçò em sua vida..

¿HACEMOS UN PACTO? ( De Ana a Antonio ) 


Todos os momentos seraõ apropriados
para lhe demostrar o meu puro amor:
 Eu quiero facer com vocè um douze pacto
...

No, poeta. No soy real, amor, amigo:


 Soy un hada extraviada en tus versos
 que baila con las musas tus olvidos.

No soy real, amor, porque imaginas 


a la mujer perfecta de tus sueños.
Y no soy de nadie. No tengo dueño:
soy la  hija de la luna que ilumina
tus alas para volar por horizontes 
sin final ni principio con  la ternura 605
que alegra corazones en el viento
y acaricia tu rostro en los caminos.

Hagamos un pacto, una tierna alianza 


de eterna amistad y de ensoñaciones.

Que  sea un secreto en los corazones


donde habita el amor. Solo si alcanzas
a ser ése hombre que es también poeta. 

No. yo no soy real, mi querido amigo:

Soy la magia encinta de ideal persona


que todos pretenden en su loca meta 
sin amar defectos ni aceptar apuestas 
arriesgando todo por mujeres ciertas.
 
Tu pasión desborda los mayores retos,
 pues soñar despiertos tiene un gran valor.
 
Pero no es perfecto quien es hombre honesto
y ofrece un “te quiero”  de amor  permanente
con cielos de estrellas y lunas perennes,
una flor y mil “te amo” del alba al ocaso
y luego...indiferente, por “honor” nublado.
...E isso fará, minho amado poeta namorado 
a sua linda “mulher” lúa saindo do anonimato
dicendo-le mils vezes: te amo, te amo, te amo...
 
… Cheia do alegría olhando en seus olhos 
com muita doçura, amor, sem sentir fadiga!.
 
Hagamos un pacto: seré real si no me idealizas
y aceptas que soy como tú mirándome a los ojos 
sin huir ni renunciar a mi por burdos criterios.
 
DESPEDIDA DE SU AMADA ANA
Noches de olvidos...
 Recuerdos que lacerando
 dejan al sueño cautivo 
en rejas de soledades
 de ése amor que ha perdido.
 
Noches que sangran estrellas
en la esencia de la vida.

 Oscuridad que es mortaja


cuando se aloja en el alma
ésa cruel melancolía....
606

Nijair Araújo Pinto530

Cantiga de galo
É noite.
Rompendo o silêncio reinante,
ouve-se o galo a cantar.
Bate as asas
e canta
sem o encanto do Sabiá.
 
Meu quintal sem palmeiras
não sente a brisa que sopra,
movendo as folhas do outono
que caem sempre a bailar.
E as aves que não gorjeiam
deixam-me sozinho, – a cismar.

530 Nijair Araújo Pinto - Fortaleza – Ce – Brasil. Diplomado pela Associação dos Diplomados da Escola Superior
de Guerra – ADESG, Bacharel em Direito – URCA e Especialista em Políticas Públicas – UECE. Está no posto
de major do Corpo de Bombeiros e é doutorando em Ciências Jurídicas e Sociais pela Universidad do Museo
Social da Argentina, Buenos Aires. Especialista em Matemática Tem quatro livros publicados Estudante de
Engenharia Civil – UFC.
E o céu, agora sem estrelas,
despoja a flor não refletida.
E a coitada exaurida
implora ao astro celeste:
não permita Deus que eu morra
sem novamente brilhar.
 
Meu quintal sem palmeiras
só tem um galo a cantar.
E as aves que não gorjeiam
não fazem as folhas “voar”;
e as nuvens, cobrindo as estrelas,
não deixam as flores “brilhar”.

Nilza Caum531

Sangrou e Chorou
Gonçalves Dias
Homem letrado, homem estudado
Procurava mais que o saber
Buscava em sua jornada
A alma do homem conhecer
607
Coração misto de raças
Alma unificada pelo amor
Naquilo que se orgulhava
Foi motivo de sua grande dor

Um grande coração, não passaria sem um grande amor


Àquela que veio a ser sua musa inspiradora
Foi cortada de sua vida
Por causa de sua raça e cor

Lança do inferno esse tal racismo


Que corta e separa coração e pele
Não valoriza à virtude da alma
Porque estão mergulhados em profundo cinismo

Coração sangrou, chorou, debateu


Mas não se amuou, nem se escondeu
De sua dor fez poesia
De seu amor, alegria
Defendeu o que acreditou
E a voz do oprimido se tornou

531 Nilza Caum - Picos – PI – Brasil - 40 anos. Brasileira, Residente em Jundiaí/SP. Trabalho - Instrutora de LIBRAS
(Linguagem Brasileira de Sinais)
Nivânia Carvalho532

ODE A GONÇALVES DIAS


quem sabe chegue o dia
que lá no céu encontraria
o poeta gonçalves dias
a sua poesia declamar
há!
lá não está mais exilado
esta sempre rodiado
de querubins a se encantar
quisá eu poderia
juntar-se a ele
que alegria!
aprender de perto
a escrever meus versos
e para todos anunciar
que ele foi um poeta
de vida curta
mas vida certa
que amou a natureza
e tudo que nela há

608 Norma Rincón Mendoza533

Antonio Goncálves, poeta del amor


Romántico por naturaleza
quien convirtió sus tristezas
en bellas melodías:
Un río de nostalgias
en un mar de letras
que al mirarlas
nos llevan en una danza interminable,
un ir y venir hacia la naturaleza.

Habló al hombre del hombre,


del ser que se lleva dentro,
el que en todos existe.

532 Nivânia Carvalho – Campina Grande – PB – Brasil. Aos seis anos minha mãe vendeu tudo o que tinha para
vivermos uma grande aventura na Cidade Maravihosa! Sou professora da rede municipal e estadual do Rio de
Janeiro, formada em pedagogia com especialização em psicopedagogia, casada e mãe de seis filhos. Tenho dois
livros publicados: Você quer uma mãozinha (ed. Litteris), Cicatrizes (ed. Above) e participação em antologias.
533 Norma Rincón Mendoza - Mexico. Licenciada en Psicología. Estudio pintura en el estado Tabasco desde 1992,
en la ciudad de Villahermosa, actualmente se dedica a la pintura como oficio en un bello lugar llamado “El
Barrio Del Artista” en el Estado de Puebla, perteneciendo a esta asociación de artistas pintores desde hace 8
años. Ha incursionado en la enseñanza a nivel secundaria y enseñanza libre de pintura. La UNESCO le edito un
cuento “Tito” hace ya 10 años en una colección de 5 cuentos infantiles a nivel primaria Tiene el gusto de haber
sido escogida para la pasta de la revista “Minutos Artísticos” revista virtual Argentina y ahora está incursio-
nando con prosa en las antologías de Oscar Alfaro y de José Martí Correo electrónico: nonorinconm@hotmail.
com.mx
Que no tiene color ni dueño,
osado como el viento,
navegando por el mundo,
de costumbres, de prejuicios
tan estériles, tan vanos.

Entendió que somos hermanos,


que todos tenemos
necesidad de amar, de ser amados.

Con afán, anhelo de libertad,


con toda su tristeza y su nostalgia
en vez de llenarnos de pesar.

Nos remonta al deleite,


la gracia, el despertar
al mundo, a la vida,
envueltos en una melodía
de palabras mezcladas...
¡con sueños!

Núbia Cavalcanti dos Santos534


609
O POETA E SEU DESAMOR
Nasceu no Maranhão
Em pleno mês de agosto
Antonio Gonçalves Dias
Grande poeta brasileiro
Que transformava em poesias
As dores de sua eterna paixão
Daquela que foi seu amor primeiro
A causa de tanto desgosto.
 
Um amor proibido viveu
Pela jovem Ana Amélia
Tão singela e pura
Quanto a flor da camélia
E somente ela teria a cura
Para sanar a dor incessante
Que no coração do plebeu
Arraigou-se dolorosamente.

534 Núbia Cavalcanti dos Santos - Sanharó-PE - Brasil. - 17 de junho de 1962. Antologias: “Noturno”, “Amanhã,
outro dia” e “Liberdade”; Poesia e Prosa no RJ - 2011 e 2012; Quem Sabe Faz Agora; À Flor da Pele; Crônica e
Literatura F. Gullar; BPA - Afogados - Recife – PE; Grandes Poetas da Nova Poesia Brasileira - Vozes de Aço – Sé-
culos XI - XII e XIII; Poesias Encantadas – IV e V; Poesia, Lâmpada para o Coração; Antologia “Os Anjos Negros da
Poesia” e várias poesias publicadas nas Antologias da CBJE (Vol. 78 a 100, entre outras). ncrystynna@msn.com
Por encontros e desencontros
Suas vidas foram marcadas
E cada um seguiu seu caminho
Deixando para trás o passado
E as tentativas fracassadas
De reconquistar o ser amado
E sem amor e sem carinho
Ambos partiram desenganados.

Odone Antônio Silveira Neves535

GONÇALVES DIAS
Pai português Mãe mestiça
Poeta do Romantismo Indianista Brasileiro
Professor de Latim no Colégio Pedro II
Fundador da Revista Guanabara
Com Joaquim Manuel de Macedo
Araújo Porto Alegre e Joaquim Antônio
Desenvolveu o indianismo brasileiro ao lado
De Joaquim Antônio de Almeida
A saudade da Pátria forjou
A esplendorosa Canção do Exílio iniciando
Com Minha terra tem palmeiras
610
Onde canta o sabiá... rimando com lá
Poema de tão célebre seus
Versos foram parar no
Hino Nacional Brasileiro
Dedicando a sua musa amada
Escreveu Ainda uma vez Adeus...
Viajou para a Alemanha
Onde editou Os Timbiras em homenagem ao Brasil
Cujo destino seria nossa primeira Epopeia
Atestando o nascimento do Brasil
Todavia quis o Destino
Que morresse antes no naufrágio
Do Ville do Boulonge
Único cujas forças combalidas
Não deixaram sair do navio.

535 Odone Antônio Silveira Neves - Porto Alegre/RS. – Brasil - 09 de fevereiro de 1945. Graduado em Letras: Por-
tuguês-Francês e Literaturas; Pós-graduado em Língua Portuguesa, UFRGS; Mestre em Teoria da Literatura,
PUC-RS. Estagiou Francês na Université Stendhal de Grenoble e no Centre Auditive Visuel de Langues Moder-
nes/França; Professor de Francês e Literatura Brasileira nas Escolas Municipais Emílio Meyer, Nossa Senhora
de Fátima e Marcírio Goulart Loureiro. Membro Efetivo da Academia de Artes, Ciências e Letras Castro Alves,
Porto Alegre/RS; Sociedade Partenon Literário, Porto Alegre/RS; Academia Virtual Sala de Poetas e Escritores,
Balneário Camboriú/SC; e, Associação Internacional dos Poetas del Mundo. E-mail: odonen@gmail.com
Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac - Olavo Bilac536

A GONÇALVES DIAS537
Celebraste o domínio soberano
das grandes tribos, o tropel fremente
da guerra bruta, o entrechocar insano
dos tacapes vibrados rijamente
 
O maracá e as flechas o estridente
troar da inúbia, e o canitar indiano...
e, eternizando o povo americano,
vives eterno em teu poema ingente.
 
Estes revoltos, largos rios, estas
zonas fecundas, estas seculares
verdejantes e amplíssimas florestas
 
Guardam teu nome: e a lira que pulsaste
inda se escuta, a derramar nos ares
o estridor das batalhas que contaste!

Olimpio Coelho de Araujo538

“Poema dos poemas” (1) 611


“Se te amo”, é claro, “não sei”
Então, entôo “O canto do guerreiro,
Ou tento “O canto do índio”,
Para conquistar seus “Olhos verdes”.

“Ainda uma vez” me encanta “Seus olhos”,


Não quero um “Canto de morte”,
“Meu Anjo, escuta”, sigo o “ leito de folhas verdes”,
E “Se eu morrer de amor”?!

536 Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac – Olavo Bilac - Rio de Janeiro – Brasil - 16 de dezembro de 1865 – FA-
LECIMENTO: Rio de Janeiro, 28 de dezembro de 1918. Foi um jornalista e poeta brasileiro, membro fundador
da Academia Brasileira de Letras. Criou a cadeira 15, cujo patrono é Gonçalves Dias. Conhecido por sua aten-
ção a literatura infantil e, principalmente, pela participação cívica, era republicano e nacionalista; também era
defensor do serviço militar obrigatório[1]. Bilac escreveu a letra do Hino à Bandeira e fez oposição ao governo
de Floriano Peixoto. Foi membro-fundador da Academia Brasileira de Letras, em 1896. Em 1907, foi eleito
“príncipe dos poetas brasileiros”, pela revista Fon-Fon. Bilac, autor de alguns dos mais populares poemas bra-
sileiros, é considerado o mais importante de nossos poetas parnasianos. No entanto, para o crítico João Adolfo
Hansen, “o mestre do passado, do livro de poesia escrito longe do estéril turbilhão da rua, não será o mesmo
mestre do presente, do jornal, a cronicar assuntos cotidianos do Rio, prontinho para intervenções de Agache
e a erradicação da plebe rude, expulsa do centro para os morros” http://pt.wikipedia.org/wiki/Olavo_Bilac
537 MORAIS, Clóvis. TERRA TIMBIRA. Brasília: Senado Federal, 1980, p. 67, Poesia compilada por Leopoldo Gil
Dulcio Vaz – Curitiba – PR – Brasil – 1952; Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Universidade Estadual
do Maranhão
538 Olimpio Coelho de Araujo - Santo Antônio da Glória, BA – Brasil - 1949. Hoje resido em São Vicente, no litoral
paulista. Sou poeta, com publicação em algumas antologias e vencedor de vários concursos como o da “Aca-
demia Santista de Letras em 2010. Também sou escritor, aguardo uma chance para publicar o meu primeiro
romance e escrevo contos e fábulas.
Vou cantar a “Canção do tamoio”,
Levar os “Últimos cantos à “Marabá”,
Juntos com as “Sextilhas de santo Antão”.

Apresentar “Cantos” a “Juca Pirama”


“Leonor de Mendonça” os “Primeiros cantos”
Ou preferes ouvir o “Canto do Piaga”?

“Poema dos Poemas” (2)


Cantarei a “canção do exílio”
Para “O gigante de pedra”
Feito “O soldado espanhol”
Guarda a “Recordação” dos “Seus olhos”.

Jogarei uma “Rosa no mar”


“O mar” fará a devolução
Exclamará “Oh! Que acordar!”,
Então, farei uma “Retratação”.

Não farei uma “Palinódia”


Mas dedicarei uma “Canção”
E saberá”Como eu te amo”.
612
“A noite” terei “O amor”?
“Espera!”, por favor, “Não me deixes”
Dedico”Zulmira” este “Soneto”.

“Poema dos Poemas” (3)


“No jardim”, vi, “A minha rosa”
“Meu anjo, escuta” a pomba “Rola”,
Pois, ela te norteará o “Amanhã”
Ou chorarás “Sobre o túmulo de um menino”

Sei que provarás “A baunilha”,


Então, descobrirei, “Como! És tu?,
Levarei “A minha rosa” à “Minha terra!”
E provarás “O que mais dói na vida”

“Se muito sofri já, não me perguntes”,


“Por “Amor! Delírio-engano”
Mesmo assim não será mais “A escrava”.

Honrarei “Minha vida meus amores”


O meu projeto de vida é “Sempre ela”
Na “Deprecação” “Se se morre de amor!”
Poema dos poemas (4)
Guarda, Gonçalves, a tua “Canção do exílio”
E verás que as palmeiras murcharam,
E os sabiás, suas vozes, silenciaram
E, de tristeza, nunca mais nidificaram.

Em nosso céu não vemos mais estrelas,


Em nossas várzeas não há quase flores,
Os nossos bosques ficaram sem vida,
Pois nada resiste a poluição desmedida.

Dos antigos primores desta terra


Nada é possível encontrar, apenas
Sacolas plásticas boiando sobre o mar.

Até mesmo as feias cobras


Estão beirando a extinção,
As palmeiras secaram, e os sabiás estão na prisão.

Releitura do “Canto do Piaga”.


Já não existem mais guerreiros nem taba sagrada,
A brava nação tupi também foi dizimada,
Os Deuses dormem, pois, calaram a voz do Piaga.
Os guerreiros, adormecidos, não ouvem mais nada.

Oh! Ilustre poeta “Antônio Gonçalves” 613


Derrotaram os guerreiros e queimaram a aldeia,
Nada mais resta, apenas os “Dias” de apreensão.
Lamento dizer-lhe, que a coisa virou um entrave.

Fantasmas vivos esmagam ou ferem de morte,


Os verdadeiros e legítimos donos destas terras,
E o canto do Piaga, agora, depende de sorte.

Eles viram, sim, o negrume no céu, o brilho do sol ofuscar,


Pelas queimadas das florestas que fizeram o Piaga se calar.
É impossível ouvir as corujas, pois, calaram o seu cantar.

Onã Silva539

DIAS de outrora... DIAS de hoje...


Pergunto-lhe nobre Gonçalves
Que viveu noutro Século e DIAS
Será que hoje pensaria nas aves
E para esta terra inda cantarias?

539 Onã Silva – Posse – GO – Brasil - 9 de outubro. É escritora brasileira, agente cultural de literatura e artes
cênicas. Filiada à Rede de Escritoras Brasileiras e Academias Literárias. Graduada em Enfermagem e Artes
Cênicas,Especialista em Saúde Pública,Mestre em Educação e cursa Doutorado.Escreve poesias,romances e
outros gêneros.Tem diversas obras individuais e coletivas publicadas, a saber:A Quadradinha de Gude;Miriã,
uma Enfermeira Bambambã;A Derrota de Penina,Histórias da enfermagem no universo de Cordel e outras.
Poeta, todo aquele saudosismo,
Que expressava à terra amada
Sonhos poéticos e o patriotismo
Nestes DIAS, a pena está calada.

Toda a bela e esplêndida natureza


Que lhe inspirava às belas poesias
Muitas matas são carvão-tristeza
E a devastação cruel, poeta DIAS.

Também sobre as suas palmeiras


Nestes DIAS é tudo arranha-céu
Cortaram-se as árvores altaneiras
Sepultaram-nas no asfalto e ao léu.

Quanto às aves que gorjeavam


Naqueles seus DIAS, caro poeta,
Muitas que tantos admiravam
São mui raras, só em biblioteca.
Não são DIAS de romantismo
Que outrora tanto lhe inspirava
Neste hoje de tão pouco lirismo
Mudou o País que lhe encantava.
614
Os DIAS poeta se transformaram
As pessoas correm e só desvivem
Raros são os DIAS que poetaram
Canções àqueles que sobrevivem.

Muitos estão em reais DIAS de exílio


Sofregando de tantos males e dores
Muitos irmãos têm olhos sem brilho
E outros, poeta, sequer tem amores.

Seus irmãos vivem noutro exílio


Presos pelos diversos problemas
Uns pela fome ou sorte ou asilo
São DIAS sem canção e poemas.

Poeta da saudade e belos DIAS


De terra de céu, palmeira e sabiá
O nosso Brasil precisa de poesias
Vamos Gonçalves DIAS admirar.

DIAS de amores
Todo poeta verseja o amor
Para a terra, céu ou amada
Muitos rimam usando a dor
Quando não tem musa-fada.
Dias versejou sobre amores
Para as mulheres da sua vida
Seus sentimentos e suas dores,
Encontro, beijo e despedida.

No coração do poeta, a musa,


Ana Amélia sua rima e poesia
Levou-a na pena, à terra Lusa,
Quanta saudade dela, oh! agonia.

Ana, a eterna musa do escritor


História de amor e de tristeza
Longe dela, a vida, era incolor
Proibido de ver a sua princesa.

Distante da amada, era o exílio,


Chorou o poeta e fez canções
Sem melodias sem estribilhos
Dilacerados eram seus corações.

Roubaram-lhe o carinho de Ana


Por causa do preconceito cruel
Só não tiraram-lhe aquela chama
Oriunda da poesia do menestrel.
615
Dias, expressão do romantismo,
Cantava o amor e os seus amores
Em poesia cheia de saudosismo
Para Anas, Olímpias e Leonores.

WWW.GONÇALVES ponto DIAS


Na era www e de buscador,
Em tempos desta era virtual
Tenho um favorito escritor
Gonçalves Dias é especial.

No buscador é Dias e ponto


Ou é Gonçalves ponto com?
O que mais vale é o encontro
Entre eu, o poeta e o seu dom.

Quando procuro este poeta


Para pesquisar sobre o Dias
Aparece uma lista completa
De obras, histórias e poesias.

Gonçalves Dias é aparecido


Nome grandioso na internet
Pois jamais será esquecido
Será eterno, este é o lembrete.
Vou resumir nestes versos
Que Dias é grande, eu conto,
É consagrado nos universos:
Terreno, poético e PRONTO!

GONÇALVES DIAS, O POETA-PÁSSARO


Poeta-pássaro, homem-alado,
Tem penas cheias de liricidade
Como romântico foi declarado
E inspirou-se na musicalidade.

Poeta-pássaro, homem-alado,
Voava sempre na imaginação
O cenário-som era um aliado
Vivia entre as aves, em rimação.

Poeta-pássaro, homem-alado,
Escrevia com palavra e som
Ele sabia de cor e salteado
Como versejar dentro do tom.
Poeta-pássaro, homem-alado,
A sua biografia é tão musical
Criou poemas, um privilegiado,
Cantos e Canções: o seu coral.
616

Poeta-pássaro, homem-alado,
Cantou versos de pura saudade
Lembrou do céu do Brasil amado
E do sabiá, a ave da sua cidade.

Poeta-pássaro, homem-alado
Criador de originais poesias
Lembrou dos sabiás, admirado,
Este poeta foi Gonçalves Dias.

POETA NOTA MIL


Salve,
Gonçalves!
1000
Poesias.
Mil
Canções.

Salve,
Gonçalves!
Milhares
DIAS(versos).
Ilu(MIL)nares
Uni(versos).
Salve,
Gonçalves!
Milhões
Fantasias.
Múltiplas
Cantorias.

Salve,
Gonçalves!
Salvas
Brasil!
Eternamente:
POETA NOTA MIL!

Orlinda Ferreira de Souza540

A Gonçalves  Dias
Minha terra tem palmeiras
E  também   tem   Sabiá
Essa  palmeira  dá  um  fruto
Chamado   de  Coco-butiá
Que   alimenta  muitos  pássaros
E  também,  o cantor  Sabiá .
617
 
Quando  olho essas  palmeiras
Então  começo  a  pensar...
E  me  lembro  de  Gonçalves
E  dá  vontade  de  Cantar :
 
O  fruto  dessa  palmeira
Que  se chama  Coco-butiá
Alimenta  muitos  pássaros
E  também  muito   Piá
Minha  terra tem  palmeiras
Onde  canta  o  Sabiá !

540 Orlinda Ferreira de Souza - Porto Alegre – RS – Brasil. Professora  graduada  em  Letras  com  Pós-Graduação
em    Literatura  Infanto-Juvenil,   pela  Faculdade  Porto-Alegrense. Desde  a  infância  é  apaixonada  por  po-
esia .  Participa anualmente  de diversas  Coletâneas  de  Prosa  e Verso.   Muitos de   seus Poemas viajam, em
diversos  Sites, pela  Internet. Trabalha e reside em Porto Alegre, RS-Brasil.
Orpheu Luz Leal541

ANTONIO GONÇALVES DIAS


Poeta Gonçalves Dias,
Tu estudaste em Portugal,
Quanta amargura sofrias
Longe da Terra Natal.

Olhavas as oliveiras
E outra ave lá estava,
Querias as nossas palmeiras
E o Sabiá que cantava.

Sentias muita saudade


Da tua Pátria querida;
Com alguma dificuldade
Voltaste cheio de vida.

Teu berço é o Maranhão,


A cidade de Caxias;
Ficaste célebre, então,
Escrevendo poesias.

Com teu talento cresceste,


618
Cresceu também tua fama,
Quanta beleza escreveste
Tal como “I-Juca Pirama”!

Na lírica “Canção do Exílio”


Exaltavas tua terra;
Como num eterno idílio,
Só há amor, não há guerra.

Oswaldo Névola Filho542

MARANHÃO, UM SONHO543
És para mim um sonho, Maranhão!
Bela terra marcada pela história,
num passado eternal desta nação,
tens registros gravados na memória!

541 Orpheu Luz Leal - Pirapetinga - MG – Brasil - 24 de janeiro de 1936. É Advogado, Funcionário Público e Profes-
sor de Yoga. Possui quatro livros de poesias publicados: “Poesias para o Terceiro Milênio”, “Cenário Poético”,
“A Vida em Poesia” e “Poesias Vivenciais”. Participou da I, da II, da III e da IV Antologias de Poetas Lusófonos,
lançadas em Leiria, Portugal. É autor do Centro de Literatura do Forte de Copacabana. Recebeu o Título Hono-
rífico de “Artilheiro da Cultura”. E-mail: orpheulucia@hotmail.com
542 Oswaldo Névola Filho. Natural de São Paulo. Reside em São Vicente. Poeta, escritor. Presidente da Casa do
Poeta Brasileiro. Muitas premiações a nível Nacional e internacional.
543 In: LATINIDADE –III Coletânea Poética da Sociedade de Cultura latina do Estado do Maranhão, pp.73 e76,
2002.
Sinto fluir no espaço tuas artes,
nos trajes espelhados de mil cores,
arco-íris das fitas tu repartes,
vibra em nós o rufar dos teus tambores!

Teu correto falar que contagia,


rica história do boi vem colorida,
envolvendo teu povo na folia,
enfeitando e alegrando nossa vida!

És orgulho da gente brasileira,


és cultura, folclore e tradição,
qual fulgurante estrela da bandeira,
reina em nosso céu oh, Maranhão!

LENÇÓIS MARANHENSES
Ares, mares, ventos, nordeste paradisíaco!
São montanhas de areia: bailam lá e cá;
dunas maranhenses regem seu império,
adornam o Maranhão, encantam as visitas!
Sob o domínio do sol resplendem luz!

Recanto Brasil, agreste paisagem,


no emaranhado das matas, florestas tropicais,
619
cerrados, perto se espraia a mata dos cocais!
À costa vêm os abraços, beijos de sal marinho,
que o Atlântico oferta em prazer generoso!

Alucinação! surge o deserto, imperam as areias,


onde os ventos céleres esculpem, desenham...
Nos meandros das dunas, águas pluviais,
ao fundo brotam os lagos, duas ilhas solitárias,
vegetação viva, intacta que se impões sólida,
numa inexplicável mágica que a torna permanente!

Fantásticas maravilhas naturais, lençóis maranhenses,


que o Criador planejou, para delírio nosso!
Nesta terra insólita, belezas indescritíveis,
onde se esquece a noção do tempo, que passa
despercebido, esvaindo-se no espaço aberto ao céu e mar!

Ali, para não fugir à realidade brasileira,


um povo luta, envolto em trapos, mísera pobreza,
viventes das taperas, recompensados, porém,
pela riqueza que emana da natureza pródiga,
fonte de energia, força e vitória, agruras dos fortes!
Redes de dormir e de pescar, sonhos a caminho do mar...
Cessam as chuvas, ventos que acalmam; o sal sob o sol,
guerra silenciosa, povo natureza, coabitam, lutam,
num mesmo espaço coberto de areias finas, macias,
como lençóis distendidos, leves, soltos, jogados ao acaso...

Pablo Rios544

O Adeus
Ó menino mestiço!
Que longe choras pela pátria,
Sentes saudade de casa e da musa
Cálida rosa a quem nunca quiseste dizer:
“Ainda uma vez – Adeus”.

Perfume de Ana,
Olhar de Amélia te cravam
Doce adaga de lembrança,
Lembrança de tua terra,
Do teu amor passado,
Do compromisso a ti negado.

Levianos eram os olhos,


620
Majestoso o sorriso desse Vale.
Mas te negaram.

Ó menino triste!
Que para longes foste da pátria,
Fugir da decisão que tua Ana tomara,
Por honradez ou por orgulho?
Mas a deram a um igual,
E no teu reencontro
Com o perfume de Ana
E com o olhar de Amélia,
Tiveste então que dizer:
“Ainda uma vez – Adeus”.

Sobre as Vagas
Eram ali, naquelas terras
Onde eu queria estar.
Sob a sombra das palmeiras
Ouvindo o canto do sabiá.

544 Pablo Rios - Jacobina – BA – Brasil - 30 de maio de 1983. Reside em São José do Jacuípe, também na Bahia.
Possui um livro publicado – O Publicano e o Sepulcro Vazio – uma vasta gama de contos, poemas e crônicas
sem publicação. Está concluindo o curso de Letras e pretende atuar na área de literatura. Sua ligação com Gon-
çalves Dias vem da infância, pois em sua primeira apresentação literária aos 11 anos, ele declamou a “Canção
do Exílio” para um auditório de mais de 300 pessoas.
Porém encontro-me em ondas
Bravias e altas a flutuar,
Tão perto de minha chegada
Em um barco a soçobrar.

Flores, campos e amores,


Nunca mais vou contemplar,
Em busca da saúde parti,
Para na volta o fim encontrar.

Não achei o que buscava


No velho mundo a vasculhar,
Tento então a toda sorte
Minha casa avistar.

Mas as vagas me devoram,


Ao largo das praias do meu lar.
Ao mar ofereço o corpo,
Sob as lágrimas do luar.

Ardia-me o peito e a alma


Ao dos amores recordar,
Minha pátria não verei,
Antes de os olhos fechar.
621

Mas avistam firme


As quais desejo avistar,
E amparo ao tombadilho,
Água dos olhos deixo rolar.

Inda mesmo que eu pudesse


Esse chão voltar a pisar,
Nunca mais sob as palmeiras.
Ouviria o sabiá.

Pedido
Pedi, pedi e pedi.
Queria ver minha casa, minha terra querida
Antes que o véu negro da morte
Embotasse-me as vistas.

Atendeu-me o céus,
Mesmo em agonia e dor,
Meus olhos miraram o esplendor de meu lar,
Mas ali que queria pisar,
Ali calar a voz,
Sentindo o chão e a terra
De minha amada terra.
Mas isto não me deste,
Pedido perdido nos ecos do fim.
Comovido deixei a vida,
E insepulto em chão parti,
Nas bravias profundeza azuladas
Da costa de minha amada casa,
Achei descanso, sepultura.

Pedi, pedi, pedi.

Novo Exílio
Sei que a esta terra muito amaste
Nobre mestiço das letras.
Porém se vivo ainda fosses,
Cismarias sozinho a noite?
Pois veja como vossa terra está:

Vossa terra tem Cachoeira


Mensalão e marajá
Os políticos que ninguém merece,
Abundam bastante por cá.

Nosso senado tem mais ratos


Nossas leis menos rigores
622
Nossas novelas mais luxúrias
Nossas músicas menos pudores.

E cismado na eleição
Já não sei em quem votar,
Nos ladrões que já estão
Ou se novos ponho lá.

Mas ainda existem sabores


Que em nenhum outro lugar
Podem ser encontrados
Como encontramos por cá.
Ainda existem as palmeiras
Que te faziam suspirar.

E mesmo com tanto mal


Que está espalhado por cá
Esta terra ainda é tua
E de ti sempre vai lembrar
Cada vez que alguém ouvir
O canto sabiá.
Patrícia Carlos de Sousa 545

À Gonçalves Dias
Mestiçamente brasileiro
Nem o exílio o desabrasileirou
Escreveu a sua terra,
Encantado - encantou

Das maranhas do Maranhão


Para o mundo a poetizar
Berço de heróis essa terra é
Não dos que voam, dos que fazem voar

Visionário, talentoso, viajante


Fostes isso e ainda mais
Mas a vida é só instante...
Dizem que só Amélia era seu cais

Até mesmo sua morte foi feito poesia


Já perto dum Lençol pra se embrulhar
O Grande Mar fez maresia
Morreu navegando e um sabiá pôs se cantar:

Maranhão, Maranhão
623
Berço e túmulo de heróis...

Paulo Acácio Ramos546

Alguns Cantos
Encontro marcado
de três raças
marcas de mar
cerrado e sertão
amor que se engana
amor que se deita
no colo de Ana
amor que emana
o calor dos desejos.

Poeta que canta


e cisma, sozinho, à noite...

545 Patrícia Carlos de Sousa - Lago da Pedra – MA - Brasil. estudante de Serviço Social, ex-estudante de Letras,
blogueira, Membro da Academia Lagopedrense de Letras. Nascida e criada em Lago da Pedra – MA, mora,
atualmente, em Teresina – PI. Filha de Raimundo Claro de Sousa e Maria Nazaré Carlos de Sousa.
546 Paulo Acácio Ramos - Trofa - Portugal – 18 de Julho de 1963. Trofa em Portugal e depois Criado e Educado
em alternâncias temporais tanto em Portugal como no Brasil, desde que aprendeu a ler e escrever que nunca
mais largou o papel e o lápis para compor seus poemas e prosas curtas. Sempre envolvido com o estudo e a
execução de obras plásticas e literárias está sempre pesquisa, além de ser professor de História da Arte e Artes
Plásticas! 
O canto de belas aves
que já não gorjeiam
como lá,
um canto guerreiro
de glória Tupi.

Se alguém duvidar
do que cantaste
eu digo prudente:
“meninos, eu li!”

Outros Cantos
Um canto negro de morte.
Canto de índio sem sorte.
Um canto branco aporte.
A cada raça a sua sorte.

Cantos que cantam a arte


de ser desta gente morena
que habita uma terra gigante.

Poeta que canta sonante


a voz livre da brisa serena
levando sabiá a toda a parte.
624

Paulo Pereira Fontes Martins547

TERRA NATAL
Oh! Minha terra querida
Por DEUS foste abençoada
E aqui o poeta um dia nasceu
Com seus poemas e rimas,
Que são gritos de guerra
Que teu povo jamais esqueceu
Pois teus versos e cantos
Em todos os cantos
Há de sempre se cantar
Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá
Nas palmeiras viçosas
Que tremulam palmas ao ar
Há de sempre se ouvir
As belas notas de teu gorjear

547 Paulo Pereira Fontes Martins - São Luís – MA – Brasil - 04/11/1950, médico pediatra e neuropediatra, Mem-
bro da SOBRAMES-MA, Participante de Coetâneas realizadas: Novos poetas brasileiros- 1988 (Shogun arte),
Poetas brasileiros de hoje-1986 (Shogun arte), Novas poesias-1986(Cristalis Editora), Arte de ser-2003(SO-
BRAMES-MA), Receita Poética-2008 (SOBRAMES-MA), Sobre o amor-2011(SOBRAMES-MA). (ppfmartins@
hotmail.com
Nesta terra querida
De tal beleza outra não há
Não permita meu bom DEUS
Que em terras distante morra
Pois quero morrer por cá
Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá

03 DE NOVEMBRO DE 1864
Cantaste a nossa terra querida
Exaltando-a em bela canção
Em versos a tua dor sofrida
A saudade pungente do Maranhão.

Quiseras avistar apenas a palmeira


Onde triste gorjeia o sabiá
Neste chão de terra brasileira
Onde todos sempre hão de te amar

Em cismar sozinho à noite


As lembranças chegavam a te açoitar
Dizias: - Mais prazer encontro eu lá

Fadado destino, a triste sorte


625
Que águas maranhenses fossem teu leito de morte
Sem que na terra querida viesses a pisar

ÍNDIA POTY
Minha terra tem uma bela índia
Da grande tribo Tupy
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para ti.
Sem que contigo faça amor
Que não encontro aqui
Minha terra tem uma bela índia
Que se chama índia Poty
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para ti.
Posso amar por toda uma noite
Mais prazer encontro eu lá
Minha terra uma bela índia
Que não encontro por cá
Na ilha de mil mistérios
São Luís do Mara.

O GLADIADOR
Sou bravo,
Sou forte,
Sou filho do norte,
Trago comigo a faca de corte,
Travo a luta de qualquer porte,
Não temo do destino a sorte,
Se tiver como premio a morte.

Paulo Reis548

EXÍLIO
Mesmo preso ao
cordão umbilical
da terra mãe,
há um exílio
em cada ser humano.
Porque à medida
que o tempo avança,
o passado fica
mais distante,
e o presente segue,
permeado de reminiscências,
de lembranças
e de saudades.

626
Paulo Roberto Walbach Prestes549

GONÇALVES DIAS - Grito de um poeta (poesia livre)


Já faz tempo, talvez nem tanto...Parece que ninguém sabe, que ninguém viu
nossos jovens frente aos computadores deturpando o nosso idioma gentil...
As lembranças ainda vivem como de uma criançana saudade das bolinhas
de gude e dos carrinhos de lata correndo pelo chão...Das fileiras em alas
de alunos no pátio da escola cantando o Hino Maior da Nação...
A batida cadenciada pelos pés de toda tribo no chão de terra, sempre
ecoou como saudade nas batidas do coração do imortal, quejamais se
encerra.
Não ouvimos mais crianças declamando,nem lendo livros
de poesia, nempercebendo o roçar das palmeiras ou o canto
do sabiá - que ironia!...

548 Paulo Reis - São José do Ribeirão, Bom Jardim- RJ – Brasil - 06 de julho de 1964; reside em Nova Friburgo-RJ; é
casado e tem um filho. Formou-se em Letras pela Faculdade de Filosofia Santa Dorotéia. Em 2003, sua poesia
Friburgo foi recitada na abertura do desfile cívico-militar em comemoração aos 185 anos dessa cidade; e em
2007, participou como poeta convidado da revista Academia, edição comemorativa dos 60 anos da Academia
Friburguense de Letras. Seus poemas estão publicados em diversas coletâneas e websites. (wimapa@uol.
com.br).
549 Paulo Roberto Walbach Prestes - Curitiba/Pr – Brasil - 28 DE ABRIL DE 1945. Tem poemas classificados e
premiados em concursos locais, nacionais e internacionais. Lançou sua primeira obra literária no dia 08 de
março de 2012, Dia Internacional da Mulher, em Curitiba, biografia intitulada – “LIAMIR – Mulher Araucária”,
com mais de 400 páginas e mais de 200 livros vendidos no dia do lançamento. Tem poemas em Antologias
nacionais. Tem um livro elaborado de forma artesanal; ”França - um sonho de Luz”, que mereceu um cartão
elogioso do Embaixador da França no Brasil. Já em prelo, seuprimeiro livro de poesias, todas com ilustrações
inerentes ao tema. A inspiração vem de seu anjo da guarda, pela luz de Deus.
Nosso céu ainda tem estrelas, não as estrelas do brilho de outrora, onde o vate no seu
exílio cantouos amores de sua terra,e das matas e dos índios, sonhando a cada
diauma nova aurora...
No quadro negro quem cantava era o giz, sublinhando palavras de força e
emoção,que só ele poetizava... E hoje, estou fazendo o que sempre quis...
Já faz tempo, talvez nem tanto... Ainda lembro quando o professor
mandava declamar Gonçalves Dias, e de emoção eu gaguejava, minhas
cordas vocais ficavam vazias com receio de não lembrar nada,ou errar
os últimosversos,matando a cadência do batuque dos tambores da mais
linda canção,que no meu coração ficou calada.
E no pranto do forte e do bravonativo brasileiro, que sabia separar
o bom do joio,no final exultante da velha Canção do Tamoio (que
de velha não tem nada), quem chorava era eu...
Mas ainda vale a pena ouvir o canto do sabiá às cinco da
manhã,prenunciando o amanhecer em real beleza,como se
trouxesse de volta aquela flor de maçã,debruçada no regato
e gritando a dor da morte na impiedosa correnteza...
Agora, acordo de um sonho distante e grito:

- Brasileiros, meus irmãos compatriotas,


não deixem a nossa língua mãe, não,
ser transformada da bela Flor do Lácioem idiota,
nem ser levada pela leviana correnteza da omissão...
- Lingua Mãe, não morra, não!
627

Pedro Ely Oscar Noé550

Minha CANÇÃO DO EXÍLIO


Minha terra tem um lago
que todos chamam de rio.
Para mim, parece um mar,
já que as ondas me fazem pensar.

 Minha terra tem amigos


que vão;
amigos que vem.
Quer ser meu amigo também?

 Os pássaros voam


assim como os meus pensamentos.
O que antes era novidade;
agora, é só mais um dia na cidade.

 Aprendi a pensar;
assim comecei a rimar.

550 P EDRO Ely Oscar Noé. Artista plástico, desenhista, cartunista e ilustrador de capas de livros. A verdade é
que a arte está na alma do Pedro, mesmo quando ele joga videogame ou navega na internet, dá umas pausas
para extravasar a criatividade. Em 2008,  conquistou o 1º lugar no Concurso “A Fantástica Fábrica de Celulose”,
promovido pela ARACRUZ CELULOSE. Integrante do Projeto “Imagens e Textos construindo Histórias e Versos”:
“Camisetas Poéticas”, 2011; e, “Porta-Joias Poéticos”, 2012. E-mail: pepinho_ely@hotmail.com
Pedro Peruzzo Mibielli551

CANÇÃO DO EXÍLIO
No Rio Grande do Sul,
praias e campos verdes;
gados e mais gados;
campos e muitas árvores,
que, no deslocar do vento,
mostram sua beleza.
Aqui, há muitos encantos
que a saudade não deixa apreciar.

Um velho na mesa ao lado,


olha-me fixamente;
e, com um olhar de compaixão,
dá-me um longo sorriso.
Levanta-se e, de mim se aproxima,
dizendo: “- Também estou longe de meu rincão”.

Pietro da Costa Rodrigues552

CANÇÃO DO EXÍLIO
Porto Alegre, cidade maravilhosa...
628
Aí, temos chimarrão
e erva-mate pura;
Aqui, há um tal de tereré,
também feito de erva-mate,
mas, que não se parece
nenhum um pouquito
com o teu tradicional mate.

Porto Alegre, praças verdes;


pontos turísticos quentes;
e Laçador saudando turistas.
Sol... chuva... Porto está Alegre.
Aqui, festas boas... momentos bons,
mas nada como Aí.

551 Pedro Peruzzo Mibielli - Porto Alegre/RS – Brasil - 07 de outubro de 1994. Estudante do Ensino Médio do
Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS. Tem participação nos Elos de Amigos, da escritora Socorro Lima Dantas,
Recife/PE; e, no Painel Poético 2011, comemorativo ao Aniversário do Atelier Livre da Prefeitura Municipal,
de Porto Alegre/RS. Integrante do Projeto “Imagens e Textos construindo Histórias e Versos”: 2011 - “Canecas
e Camisetas Poéticas”; 2012 - “Caixas Poéticas”. Curte informática e corrida de motocicletas. E-mail: lppm@
cpovo.net
552 Pietro da Costa Rodrigues - Porto Alegre/RS – Brasil - 19 de novembro de 1994; Estudante do Ensino Médio
do Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS. Membro Efetivo do Projeto “Vida, Amor e Paz”, do “Cercle Universel
des Ambassadeurs de la Paix, Suisse/France”. Integrante dos Projetos Literários “Tabuleiro de xadrez lírico”,
2011; e “Porta copos poéticos”, 2012. Coautor do E-book “Haikais”, postado no site Teia dos Amigos, de Sonia
Orsiolli, Sorocaba/SP. E-mail: pi-rodrigues@hotmail.com
Querubino Lagoa553

A Antônio Gonçalves Dias554


Às quentes plagas da gentil América
Bem-vindo sejas, magoado cisne;
Suspirava por ti teu pátrio ninho,
O soberbo Amazonas.

Àquele que também, longe da pátria,


Sentiu como sentiste acre e saudade
Só pode avaliar tua alegria
Neste feliz instante.

Comprida a ausência foi, mas do desterro


Em breve esquecerás memórias tristes,
Mal das sandálias tuas sacudires
O pó do teu caminho.

Só eu triste de mim, funesta estrela


Que em meu berço raiou de nobre origem,
Hoje esquecida – quer agora e sempre
Que eu seja aqui proscrito.

Jamais, jamais àquelas que deixaste 629


Margens do pátrio, merencório Douro
E do Mondego os deleitosos campos
E o majestoso Tejo.

Aquele céus d’anil, d’ouro e de púrpura,


Frescas manhã d’abril, pálidas noites
Do suspiro agosto e o bando alegre
De cândidas donzelas.

Jamais, jamais o ninho meu querido,


De tristes que ora são, os ledos olhos
Verão, onde passei horas contentes
De descuidados anos…

Oh! como mar em fora, de perdido


Atrás d’um sonho vão, dum bem gozado
Sobre as húmidas asas da saudade
Voava o pensamento!

553 Querubino Lagoa. Poeta português erradicado no Rio de Janeiro, saudou a chegada de Gonçalves Dias com
estes versos em 1846. Gonçalves Dias respondeu-lhe noutra poesia, A um poeta exilado, com data de 12 de
junho de 1847, publicada entre os Primeiros Cantos. O autor republicou-a no seu livro Vozes Tímidas, no Porto
em 1865.
554 In LIMA, Henrique de Campos Ferreira, Gonçalves Dias em Portugal, Coimbra, Coimbra Editora, 1942, 11-12.
Compilador: Weberson Fernandes Grizoste. Poesias compiladas por Weberson Fernandes Grizoste - Jauru –
MT – Brasil
Volvo de novo ao começado assunto
E o astro novo, que nos céus desponta
Do opulento Brasil, corro a saudá-lo,
Soltando alegres hinos.

Fora baldado o empenho; ao sentimento


Não corresponde a voz cansada e triste,
Nem outras peças do desterro às plagas
Senão pálidas flores.

Por margens do formoso Guanabara


Assim cantava magoado, errante
E só triste um exilado moço
Um português proscrito.

Rachel Alves - KeKa 555

CANÇÃO INDÍGENA
Aos Índios Guarani Kaiowá e in memorian of “Gonçalves Dias

No anoitecer da esperança,
Eis que lá no fundo da mata
Surge um grito que quebra o silêncio,
630
Que sai do fundo da alma e ecoa...
Tão aflita, triste a chorar...!
              
É profundo e bonito,
Parece mais um canto,
Feito de lágrimas do coração,
Que faz estremecer...
É o grito indígena que encanta...
Denuncia, geme e implora!
              *
É um pedaço de mim esquecido e maltrado,
É um pedaço de Gonçalves Dias nas estrelas indignado!
É um pedaço de nós completamente ignorado!
Um grito que pede socorro e abrigo!
Pede um ninho para o seu cocar e sua flecha,
Para descansar e cuidar das nossas florestas!
Perto das majestosas e límpidas águas dos rios.
                 *
Eles são a seiva das árvores,
Representam as memórias do homem vermelho,
Em sagradas terras por onde pisam e pisaram!
São símbolos de vossos ancestrais,
São fios de ouro da nossa história,

555 Rachel KeKa ALVES


Tecidos com o suor do trabalho e sangue,
E agora desfeitos pelo homem branco!
                  *
E agora...são simplesmente jogados pra fora!
Não importa mais o que fizeram,
Esqueceram até do Tibiriçá!
Após 500 anos de convivência conflituosa,
É a vez dos Guarani Kaiowá,
Que sofrem demais
Pela crueldade dos fazendeiros segregacionistas de lá!
                   *
A luz findou, os sonhos estilhaçaram-se!
Minh’alma repousa dilacerada em agonia...
No âmago da arte ouve-se o grito!
Na realidade absurda enterra-se o mito!
As margens do rio Hovy anuncia-se o genocídio!

Rafael Büger Ruiz556

CANÇÃO DO EXÍLIO
Porto Alegre é uma cidade
bastante arborizada
com boas condições
631
de vida, trabalho e estudo.
A infraestrutura de lá,
em vários aspectos,
é superior a de cá.
Aqui, a cultura não é
muito diversificada.
Lá, além de possuirmos
expressivo folclore,
temos um significativo
patrimônio histórico.

Rafael Güntzel Orizenco557

Canção do exílio
Minha terra tem mais diversidade;
Aqui, tudo é pequeno;

556 Rafael Büger Ruiz - Porto Alegre/RS – Brasil - 26 de junho de 1994. Filho de Lourdes Büger Ruiz e Duncan
Dubugras Ruiz. Estudante do Ensino Médio do Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS. Integrante do Projeto “Ima-
gens e Textos construindo Histórias e Versos”: “Caixas Poéticas”, 2012. Curte futebol e basquete. E-mail: rafa-
campeao@gmail.com
557 Rafael Güntzel Orizenco - Porto Alegre – RS – Brasil - 24 de março de 1995. Estudante do Ensino Médio do
Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS. Membro Efetivo da Academia de Letras Machado de Assis, Porto Ale-
gre/RS, Cadeira 35, Patrono: Raul Bopp; Academia Virtual Sala de Poetas e Escritores, Balneário Camboriú/
SC; Associação Internacional dos Poetas del Mundo; e, Liga dos Amigos do Portal CEN, Portugal. E-mail:
rafaelguntzelorizenco@yahoo.com.br
sendo possível circularmos por ruas
onde não se vê, aos sábados,
nenhum estabelecimento comercial aberto.
Minha terra oferece
mil alternativas de lazer;
Aqui, estão começando a sair
da quimera depressiva.
A esta estranha terra,
procuro me acostumar,
pois, várias vezes no ano,
em seu solo piso,
para parentes distantes visitar.

Rafael Sânzio de Azevedo558

GONÇALVES DIAS
Águas do Maranhão. Mas o navio
tomba, soçobra, afunda em pleno mar.
Salvam-se todos, a tremer de frio,
e assustados. Porém é bom contar
os passageiros. Não! não se salvaram
todos. Falta um, que último sono dorme
na profundez do abismo, que o tragaram
632
as águas frias do oceano enorme.
Vindo enfermo, de terras estrangeiras,
sonhava o dia em que, chegando cá,
ia rever o verde das palmeiras
onde ouvia cantar o sabiá.
E uma imensa mortalha cor de anil
cobre o maior poeta do Brasil.

Rafael Severo Meira559

CANÇÃO DO EXÍLIO
Aqui, estou a pensar em lá.
Lá, tenho amigos
com quem vou a shows
ou troco jogos;
passatempo preferido.

558 Sânzio de Azevedo - Rafael Sânzio de Azevedo - Fortaleza-CE - Brasil - 11 de fevereiro de 1938. Doutor em
Letras pela UFRJ, foi professor de Literatura Brasileira da Universidade Federal do Ceará. Autor de mais de
20 livros, cultiva a historiografia, o ensaio e a poesia. Exemplo da primeira é Literatura Cearense (1976); do
segundo, O Parnasianismo na Poesia Brasileira (2004) e, da terceira, Cantos da Antevéspera (1999).
559 Rafael Severo Meira - Porto Alegre/RS – Brasil - 30 de julho de 1999. Filho de Ariane de Freitas Severo e
Rogério Hamilton Genovesio Meira. Estudante do Ensino Fundamental do Colégio Conhecer, Porto Alegre/
RS. Integrante do Projeto “Imagens e Textos construindo Histórias e Versos”: “Banners Poéticos”, 2012. Curte
música e jogos eletrônicos. E-mail: dethnote182@hotmail.com
Aqui, fico perdido,
sem rumo a seguir.
Quero a minha terra voltar
e, com os meus amigos,
logo encontrar.

Rafael Zen560

ode ao ciúme que sinto por julian.


imaculada
essa sua coroa de espinhos,
julian.

dormimos como uma concha,


dormimos virgens

mas acordamos
com a plena certeza do
fim do amor

acordamos hoje,
com a cabeça ontem
633
discutindo se a saudade
que aqui gorjeia

gorjeia como a de lá.

samplear.
Aqui na floresta
Não permita Deus que eu morra,

No meio das tabas de amenos verdores,


Não permita Deus que eu morra,

No arco que entesa


Não permita Deus que eu morra,

Dos teus olhos afastado,


Não permita Deus que eu morra,

Guerreiros, ouvi-me,
Não permita Deus que eu morra,

560 Rafael Zen - Brusque/SC – Brasil – 19/11/1987. Publicitário, poeta e artista plástico, Rafael Zen é um dos
responsáveis pelo concurso Poesia Urbana, realizado anualmente na cidade de Brusque/SC pelo Centro Uni-
versitário de Brusque - UNIFEBE. Possui duas participações em livros pela editora SESC e em agosto de 2012
lançará seu primeiro livro solo, intitulado “A questão da Andorinha”.
Quem há que me afronte?!
Mil arcos se encurvam,
A morte lá paira

Mil homens de pé

Mil gritos reboam:


Não permita Deus que eu morra.

Poema composto de fragmentos dos poemas: O canto do guerreiro,


Canção do exílio, Juca Pirama, Canção do Tamoio e Ainda uma vez –
Adeus de Gonçalves Dias

haicai como resposta a um


tipo específico de exílio.
minha paciência esvai,
se lá é melhor que cá, julian,
então vai.

Rafaela Machado Longo – Rafaela Malon561

O QUE NÃO DÓI NA VIDA


Aquele beijo com gosto de jasmim
634
Sentir as mãos do meu amado
Entoado em versos sem fim
Lindas lembranças do passado

Ouvir daqueles lábios devaneios


Palavras doces, venturosas.
As gloriosas tardes de Janeiro
Lindas rosas vermelhas graciosas.

Escutar o barulho das ondas do mar


Se entregar sob o luar
Pensar em mil maneiras de dizer “Eu te amo”
Mil sentimentos espalhados no oceano.

Reencontrar antigas afeições


A dor que tem cura
Aceitar imperfeições
Palavras ditas com doçura.

561 Rafaela Machado Longo - Rafaela Malon - Assis, São Paulo, Brasil - 19 de Abril de 1985. Escreve poesias, den-
tre outros textos desde os 15 anos de idade. Por ser musicista e compositora, o dom de escrever têm apenas
somado em suas criações. Possui vários poemas em mídias impressas, digitais, coletâneas, além de ter mais
de cinquenta musicas compostas (letra e melodia), com três CDs demos lançado até o momento.
Railde Masson Cardozo562

Musa dos Dias de Gonçalves


Foram-se embora os Dias de Gonçalves, o Poeta,
deixando-me Musa anônima na posteridade que vivo,
sem direito no testamento, de ser chamada de amada.
Restou-me luto poético na qual mergulho enclausurada.
Cabisbaixo enamorado da caneta, não deslumbrou
o verde de meus olhos dentre o musgo das Palmeiras...
Não me viu debruçada sobre seus ombros, lendo suas
poesias por primeiro... Chamava-me de Amor, mas
mesmo assim não me ouvia respondendo...
Anoiteci lendo suas missivas de dor e não mais acordei.
Foram-se também os meus Dias e noites com Gonçalves!
Preferiu meu amado, fechar os olhos à me esperar.
Entregou-se aos braços do mar, ouvindo o canto da sereia
ao invés do choro do sabiá. Tão iludido estava a procura
da tal felicidade, que resolveu se entregar, não mais lutar.
“Se Morre Sim” nobre poeta, sou prova disso longe de ti.
Pois amargo o fato de ter nascido bem depois de ter me
escrito. Num universo paralelo, leio todas suas cartas e
deixo as minhas respostas no parapeito da janela.
Unidos eternamente estaremos, na estante de poesias.
Saudades sinto de GONÇALVES DIAS...
635

Raimundo Carneiro Corrêa563

MEMÓRIA
“As armas ensaia,
Penetra na vida”
Gonçalves Dias
CANÇÃO DO TAMÓIO

De mim, na Escola!
Menino orador
Em tempo de festa
Do verde-amarelo!
Das palmas! Palmeiras

562 Railde Masson Cardozo - Maringá – PR– Brasil - 29 de outubro de 1969. Professora, pós-graduada em litera-
tura inglesa/UEM-PR. Escritora e poetisa dos livros “Cartas de Evita que Perón não leu”, “Anita pontoG.com”
e outros. Participou de 04 antologias poéticas “POESIAS ENCANTADAS”, destaque no segundo livro. Escreve
para a revista Tradição de Maringá e no site www.railda.recantodasletras.com.br e www.allpoetry.com onde
tem recebido inúmeras menções honrosas.
563 Raimundo Carneiro Corrêa - Esperantinópolis, MA – Brasil - 07 de julho de 1940. É educador aposentado,
contista, romancista, poeta, estudioso da História de Esperantinópolis, Dedicou-se sua juventude e vida adulta
às causas da educação, da cultura, da democracia política, protagonizou lutas, movimentos, sofreu derrotas e
colheu vitórias. É o autor dos símbolos municipais, a Bandeira, o Escudo d’Armas, a letra do Hino que a musa
e esposa Graça Lima musicou. É o fundador da Cadeira nº1, Patrono Olímpio Cruz, da Academia Esperanti-
nopense de Letras.
De enfeites ao vento...
Tambor a marcar
O ritmo, a rima...
Poema desfile,
Hino Nacional
Menino, eu, contente
Por ter que falar
Plateia me ouvindo...
Eu a declamar
Com Gonçalves Dias
A Canção do Exilio.
Que honra! Emoção!
Ouvir que o Poeta
Dizia-me:
- “Pois
Bem! Fala com gosto,
Dá ênfase à palavra
Palmeira! Palmeiras!
De amor te declaras
E diz: “Minha Terra!”.
Batuca nas rimas
Dos á... á... Sabiá!
E aguarda os aplausos
Que te envolverão.
636
E mais! Tua mãe
A abraçar-te virá,
De ti orgulhosa!
Serás, sim, poeta
E a mim cantarás!...
Respira! Vai lá”!

PALCO

“...as tabas
opinas, -uma e uma derramadas
Em giro, como dança dos guerreiros”
Gonçalves Dias
OS TIMBIRAS - CANTO II

Fazíamos teatro!
No palco, o palhaço,
cigana, os índios
das matas, guerreiros
das tabas –Palmares!

Dos cantos, Timbiras


de Gonçalves Dias.
Das formas mais belas,
de colos que assentem
colares das cores
do enlevo das raças
morenas, humanas
do ser maranhense.

Timbiras valentes!
Do canto epopeia
do amar, do viver,
voar pelos céus
em festa de pássaros,
da caça, em combate
por posses da terra,
selvagem vitória!
A gente escrevia.
Compunha de inventos
as letras e músicas
que nos ensinava
a musa romântica
nos vindo co’ os toques
de inúbias, tambores...
fazia-nos dançar!

E compreender
que a dança compõe
637
cenário beleza
que faz ser a terra
de todos os bens
Timbira, da herança,
sertão de Caxias,
palmar dos enredos,
do amor poesia
de Gonçalves Dias!

O MAR DE ATINS

Do coração arrancados,
Sobre lábios desmaiados”
Gonçalves Dias

OS SUSPIROS
As ondas... As ondas!
Dão formas, imagens,
se dizem que são
mesmo corações!
Sim! Dois corações!
Parecem-se cor
Sanguínea d’amor!
São como se o sol
fizesse, ele mesmo a
colorir nas curvas
das ondas do mar
das vagas de Atins!
Quem vê!... Marinheiros
na tarde de sol
do Ville de Boulogne
tão manso a vogar,
tão perto ao chegar
do ver terra amada...
Em festa, palmeiras,
ninhal sabiás
e uns olhos... De amor!
Eis Gonçalves Dias!
Que vem de regresso!
Que traz muitos versos
Em arca bagagem...
Pensando a ventura,
então de saudade,
passeios nas tardes,
rever em Santana
mirante fechado...
Oh vive Ana Amélia?...
Não vem à janela?
Cadê tanto amor,
638
Cadê lindos olhos
e o sorriso dela?!

Mas o mar não o ouviu,


cantando a esperança...
Oh! Zomba e desfaz-se
do ser corações!
Alteia-se e o traga
As forças ferozes
de altivas procela!

O DIA DE CAXIAS
“Caxias, bela flor, lírio dos vales,
gentil senhora de mimosos campos,
como por tantos anos foste escrava?
como a indócil cerviz curvaste ao jugo?”
Gonçalves Dias

AO ANIVERSÁRIO DA INDEPENDÊNCIA DE CAXIAS


Caxias!
Um cacho Jussara
moreno do sol
em banhos de rio
do olhar sertanejo!...
Caxias! De enredos!
Balaios... Suor...
Perfume alecrim,
das eras, arados,
enxadas, espadas...
Vermelho arrebol
da garra, do novo
do vinho de auroras!...
De aldeias do amor
que um “Dias” te lê!

E faz que te inscrevas


Num canto leituras,
Sol de Aldeias Altas
da fé comunhão
cauim, maracá
que as sílabas cantam
canção de ninar.
Do sonho do bardo
maior maranhense!
Que nasceu em ti,
Ó campos Caxias!
A quem das a lira
do olhar! Céu de estrelas...
639

Alvíssara carta
que vem dos heróis
de brava escritura
nos lês, dás de ensino
na voz de um menino,
vem, Gonçalves dias!

É a roda leitura
do livro que encanta
da glória, vitória...
Carta liberdade,
do Dia, da Idade,
teu Dia, Caxias,
mulata cidade
de Gonçalves Dias!

RIO DE INFÂNCIA
“E das águas que fogem incessantes
À eterna sucessão
Dizia sempre a flor, e sempre embalde
- ai, não me deixes, não!”

Gonçalves Dias
NÃO ME DEIXES

Os Eros em fúrias
de peitos montanhas,
sentir d’olhos dáguas...
O’vêm! Correntezas
de Itapecuru!

Ternura água benta,


Batismo festejo
Que aos filhos dá nomes
dos “Silva” dos “Dias”
das gentes morenas
de Gonçalves Dias!

O’ rio de infância!
Caminho de igaras
que vão ver o mar,
trazer negro-branco
que ao índio associa
a cor Maranhão!

Poema de um povo,
regaste roseiras
Co’os cheiros das núpcias.
640 De sinos, tambores
és festa que em dança
buscou liberdade!
Que nunca é de graça!
Salário suor
que rasga das noites
o tempo coragem!
D’amor que humaniza,
Constrói casas novas...
O’ rio riqueza!
Por transito livre,
vais, buscas do mar
o ver grande mundo,
vagas da amplidão
e o gosto do sal
- civilização!

Caxias do rio!
De Itapecurus
das águas, caminho
de pedras sagradas,
que às sedes se dá,
poema do mar
num canto sertão
nas harpas palmeiras
com o sabiá!
Raimundo Nonato Barroso de Oliveira564

RECORTES: Gonçalves Dias para Ana Amélia


(Composição: Letra e Música de Raimundo Barroso )

Se se morre de amor!
Ilusão que se esvaece
D’amor
Ninguém sucumbe à perda
Amá-la!
Sem ousar dizer que amamos
Isso é amor...
E desse amor se morre!
Seus olhos
Às vezes luzindo
2X Às vezes vulcão
Vê que ainda sangra
Ferido coração
E entre angústias cruéis
Minha alma anseia
Deitar-me
Sobre a copa traiçoeira
Falsa mulher
Apesar da aversão ao crime
641
Visgo nojento
Em prantos de loureira
Enfim
Vejo curvado
2X A teus pés dizer-te
Tédio ditérios seus
Uma vez adeus!
( Oh! Se lutei...! )

Raimundo Nonato Campos Filho565

ANTÔNIO GONÇALVES DIAS


Antônio Gonçalves
em seus pródigos Dias

564 Raimundo N. Barroso de Oliveira. Vargem Grande (MA) – Brasil - 31 de maio de 1950. Engenheiro Metalúr-
gico e Professor do IFMA. Doutor em Ciências Pedagógicas-ICCP–Cuba, validado pela UFSC. Coordenador do
Processo da USIMINAS, ALBRAS e ALUMAR. Diretor do Ensino, Planejamento e Administração do IFMA. Espe-
cialista do Conselho de Educação. Projeto Bumba Boi en France premiado no IFMA-CNPq e MinC. Vencedor do
FESMAP (melhor música). Um livro paradidático editado.
565 Raimundo Nonato Campos Filho - São João Batista – MA – Brasil - 29 de outubro de 1951. Membro do Ins-
tituto Histórico e Geográfico do Maranhão, ocupante da Cadeira nº 5. Graduado em Direito; Ciências Contá-
beis; Química Industrial; Psicanalise Clínica; Licenciatura Plena em Disciplinas Profissionalizantes; Licenciatura
Plena em Química. Especialista em Metodologia do Ensino Superior; Auditoria Contábil; Direito Tributário e
Legislação de Impostos. Mestrando em Ciências da Educação. Doutorando em Direito Civil. Professor adjunto
da Universidade Federal do Maranhão.
poeta ilustre se fez
Como homem amou como nunca
E deu à Ana, sua musa
mais de uma vez Adeus !

O oceano da sua terra querida


Em seu seio o acolheu
Os sabiás e palmeiras cruzaram fronteiras
E o mundo inteiro o conheceu!

Os seus poemas na terra


Para sempre ficarão
Semeando amor, justiça e equidade,
Por toda a eternidade!!!


Ramon de Figueiredo Leandro566

Ana Amélia
A musa que inspira a todos
Debruçou-se na minha sacada
Ficava olhando ao redor
Como se não quisesse nada
642
Encarou-me instantes
Senti-me ofuscar
Seu lindo rosto
Que não parava de brilhar

Ana chamava-se
Disse-me ter vindo trazer inspiração
Com cantos e poesias
Tudo vindo do coração

Seu nome assonântico


Ressoava nos portões
Dama do Brasil
Conhecida por seus padrões

Um amor esquecido
Foi-se embora para Portugal
E seu nome era Dias
Dias que passaram sem se ver

566 Ramon de Figueiredo Leandro - Sousa- PB – Brasil - 13/02/1994 Estudante de Relações Internacionais – UFPB.
Motivos para participação: Tive interesse em participar por me interessar bastante pelo autor em questão e
pela simples proposta de escrever, com a qual me identifico muito.
O herói também chora
A inspiração de Juca
Excedia seu espírito
Guerreiro e orgulhoso
Parecia uma fera

De queixo erguido
Enfrentava qualquer um
Descalço ao solo da floresta
Gritava destemido

Mas no dia da infelicidade


Sua força perdeu a vontade
Com tintas foi pintado
E se faria de ensopado

Contudo o choro pode salvá-lo


Mas seu orgulho foi bastante afetado
Quando não pode mais entrar na panela
Juca Pirama feriu seu espírito
Quando prestes a ser devorado

Raquel Campos Pereira567


643

GONÇALVES DIAS É IMORTAL


Gonçalves Dias,
Homem de grande valor
Professor e escritor

Um homem
Que com amor, batalhou
Até conseguir o que sonhou
Ser um escritor de grande valor

Morreu num naufrágio


Na costa do Maranhão
Querendo voltar
Para ver seu torrão

Que pena! Gonçalves Dias


Não pode ver o dia
Da volta com alegria,
Mas deixou sua poesia
É imortal, Antonio Gonçalves Dias

567 Raquel Campos Pereira - São Luís – MA - Brasil – 01/08/2001. Escola Paroquial Frei Alberto. Motivo da parti-
cipação: Eu achei muito importante as poesias de Gonçalves Dias. Por isso quero também fazer parte dessa
homenagem a ele porque suas poesias fazem sucesso até hoje.
Raquel Ferraz Sokolnik568

Canção do exílio
Neste lugar onde me encontro,
há muitas paisagens para serem vistas;
apreciadas e admiradas;
no entanto, é Lá que encontro a beleza
que encanta meu ser.
Aqui, os problemas sociais e políticos
são tantos que, com frequência,
vejo-me assustada;
Lá, sei que esses também existem,
mas parece-me que os governantes
procuram resolvê-los,
dando mais segurança e tranquilidade à população.

Raquel Oliveira Sá569

O Poeta e a flor
Debruçado na borda do navio
Olhando o mar com seu olhar de poeta
Via o azul sem fim a iluminar
644 Seu peito dançava alegre como em festa!

Recordava-se de amores e alegria


E dos seus sonhos
Que não passaram de uma fantasia.

Ser poeta ou não ser


Por que chorar?
Pois o tempo não pode mesmo regressar
E trazer de volta a sua mulher amada
Com seu sorriso encantando as madrugadas.

Debruçado na borda do navio


O poeta recolhia do sentimento uma flor
Das palavras que ele mesmo escrevera
Falando da morte que teve seu amor!

568 Raquel Ferraz Sokolnik – porto Alegre – RS- Brasil - 4 de setembro de 1992. Estudante do Ensino Médio do
Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS. Membro Efetivo da Academia de Letras Machado de Assis, Porto Alegre/
RS, Cadeira 36, Patronesse: Cora Coralina; Academia Virtual Sala de Poetas e Escritores, Balneário Camboriú/
SC; e, Liga dos Amigos do Portal CEN, Portugal. E-mail: raquelsokolnik_9@hotmail.com
569 Raquel Sá - Raquel Oliveira Sá - Fortaleza - CE – Brasil - 25 de outubro de 1981. Escreveu e dirigiu um musical
infantil no intuito de resgatar a cultura da música popular para crianças. É ilustradora, roteirista e compositora.
Publicou sua primeira obra poética “Minha Meninice & Outras Poesias” em 2009 pelo BNB.
E como um pássaro que cantarola para fugir
Sem que seus olhos conseguissem reagir
Encheu o mar de pranto e nostalgia
Formaram-se as tempestades
E adeus Gonçalves Dias.

E caindo nas águas, que agonia,


Entre gritos, agitações e esperanças,
O poeta serrou seus olhos apaixonados
Com o temor que procede de uma criança.

E mesmo morto com sua alma a vagar


Entre as palavras que conseguiu expressar
O poeta faz-se vivo e iluminado
Com o sentimento de seu amor inacabado!

Lua de amor
A lua cor de prata
Tão ingrata
Que mata...

Que mata o poeta


Pela beleza
Pela cor
645
- o amor –
Tão belo o sentimento
E tão enigmático!

A lua cor de prata


Na melodia
Que inebria o poeta
Tal qual Gonçalves Dias.

Minha terra tem palmeiras?


Isso importa
A palavra não é morta
- o amor –
A cor
A dor.

Luz que alumia


Que irradia
Que deixa perdido o poeta
E no entanto
Para que amar tanto?
Espanto
Pranto
Manto...
Manto de sonhos
Sonhos azuis
E sonhos de amor
- o poeta é a dor –

A lua cor de prata


É a luz que maltrata!

Silêncio no papel
O homem triste
Olhava o papel escrito
Com poemas e sonhos
Tão risonhos
No vento
Alento!

Queria saber ler


O homem triste
Queria escrever
Viver
Ser
E ter...

Por que seus olhos


646 Choravam?
Amargurado o homem triste
Sem saber se ao menos existe.

Tão risonho
Mas tão calado
Olhava o caminho
Do passado
Amargurado
Sofrido
Homem triste
Reprimido!

Queria escrever suas dores


Seus temores
Seus amores
Mas, não sabia como
Da palavra escrita nada saía
Não podia...

O homem triste
Queria ser poeta
E olhava o papel escrito
Entoando doces melodias
Com as palavras
De Gonçalves Dias.
Ali ele nada poderia saber
Era um papel mudo, sofrido,
De um homem triste que não sabia ler.

A morte da viuvinha
No quarto uma moldura
Em qual altura?
A moldura
Que emoldura o amor
Que passou
O amor que morreu
E que valeu.

A viuvinha que rir


E que ama seus netinhos
Que canta
Fazendo trança
Que ama com um amor de menina
Que ensina as rimas...

No quarto a moldura
Da altura da alma
Que acalma.
647
O pranto no meio da madrugada
A viuvinha calada
Sem compreender nada!

Ela canta
Faz tranças
Encanta.

A viuvinha que viveu


Que sofreu
Que aprendeu
Trás no peito um poema
Do seu tempo de criança
No qual tanto ela aprendeu!

No quarto uma moldura


Que emoldura e trás para a viuvinha
A “canção do exílio” de Gonçalves Dias.

O pranto no meio da madrugada


Entre cantos e tranças
Na moldura calada
Que agora vela
Uma viuvinha amada.
Cândida
Cândida na rua
Olhava os passarinhos
Que viviam sozinhos.

A rua tão triste e vazia


Será que existia?

Cândida na rua
Menina-moça
Que gostava de biscoito
E não tomava sopa
Que fugia da escola
E queria ser aeromoça!

Tão triste, coitada!


Sofria sem saber nada
Tinha meleca no nariz
Era tão criança a danada!

Cândida queria ser logo uma mulher


Queria ter pé em cima do salto
Da altura do sapato de sua tia Salomé.
648
Queria ser musa de poeta
Olha que esperta!
Queria ser o tom de uma canção
Em um poema que irradiava a fantasia
Nas palavras apaixonadas
De Gonçalves Dias.

Mas seu biscoito era doce


E sua vida era salgada
Queria ser aeromoça sem saber de nada?

Cândida olhava os passarinhos


Sozinhos, tristonhos,
E fazia um biquinho medonho...

Se era choro eu não sei


Mas era coisa de menina-moça
Que odiava sopa e lavar louça.

Nada sabia fazer aquela criança


Só bailava e encantava
Na primavera de uma era
Tão sonhada.
Rayron Lennon Costa Sousa.570

Eternamente Gonçalves Dias


Antônio era o seu primeiro nome.
Com os “Dias” cresceu e se fez presente.
Vindo do pequeno pedaço de terra do Maranhão – Caxias, pra encantar
tanta gente.
Das Europas rumo à frente fez morada.
E depois de viver o mundo tão grandioso lá fora voltou.
Voltou pra sua terra natal, não haveria outro lugar se não aqui.
E (in) felizmente por acidente do destino, veio a descansar nos
braços de mar da Tutóia.
Filho da mestiçagem.
Não negava seus traços.
Era moço sentimental que de tanta saudade das palmeiras,
dos sabiás, resolveu se exilar em Portugal.
Nascendo assim nosso segundo hino brasileiro: Canção do
Exílio.
Encontrou em Ana Amélia seu grande amor, e se fez um poeta
mais que verdadeiro.
Pois o amor lhe tocava e o fazia transpirar sua arte nas letras da poesia.
E na literatura o Maranhão sempre será lembrado e eternizado por
quantas gerações vierem a existir.
Por ter sido o lugar onde honrosamente nasceu e morreu nosso eterno
649
Gonçalves Dias.

Regina da Conceição Madeira Gôda - (Estrela Radiante)571


 
GUERREIROS MODERNOS
Meu grito de guerra
Salvou-me da morte,
Saí da minha terra,
Lancei-me à sorte,
Cheguei à cidade,
Do sul e do norte.
Carrego a tristeza,
Sou bravo, sou forte.
Deixei a família,
Cruzei as estradas,
Eu sou uma ilha,
Estou nas calçadas,

570 Rayron Lennon Costa Sousa. - São Bernardo –MA – Brasil- 12 de Agosto de 1991, graduado em Letras-Espa-
nhol pela Fundação Universidade de Tocantins – UNITINS (2012), Graduando em Linguagens e Códigos pela
Universidade Federal do Maranhão – UFMA – Campus São Bernardo (2014). Escritor e Poeta.
571 Regina Madeira (Estrela Radiante) - Regina da Conceição Madeira Gôda. Engenheiro Paulo de Frontin- RJ –
Brasil - 01/06/1959, professora por vocação e poetisa por ocasião. Escolhi o poema I Juca Pirama para home-
nagear Gonçalves Dias, por ter sido ele a desenvolver-se o gosto pela poesia e pela declamação. Ainda hoje
declamo alguns versos sem erro. E isso me proporciona uma alegria muito grande. Escrevo sob o pseudônimo
de Estrela Radiante porque o meu pai me dizia que eu era o seu sol. Assim o faço em homenagem a ele.
Passam apressadas,
Pessoas de fé,
Olham-me de lado,
Com um desagrado,
Estou esfarrapado,
Chinelo furado,
Encontra-me o pé.
Se um dia fui livre,
Ou se fui escravo,
Lá na minha taba,
Da dor senti travo.
Mas era guerreiro,
Dono da minha terra,
Pois índio não erra,
O silvo ponteiro.
Aqui sou guerreiro,
Mas da morte ainda,
Nem tenho cacimba,
De onde beber.
Aqui tudo é pedra,
Que bate na gente,
Estala a corrente,
Só resta morrer.
650
OLHANDO O AMOR
Seus olhos são lindos,
São meigos, são doces,
Olham-me, como  fossem
Tão doce promessa.
Seus olhos são lagos,
De águas serenas,
Na pele morena,
Curtida na noite.
Seus olhos são facas,
Penetram na alma,
E firmam no açoite,
Ama-me, me acalma.
Seus olhos são pedras,
Assim preciosas,
Luzindo quais rosas,
Do nosso jardim.
Seus olhos são beijos,
Ardentes, serenos.
Seus dedos morenos.
Completam assim.
Seus olhos são pétalas,
De todas as flores.
Acordam amores,
Que dormem no peito.
Seus olhos são ondas,
De um mar tão selvagem,
Levam-me na margem,
Não deixam afundar.
Seus olhos, navios,
Singrando os mares,
Brilhantes quasares.
Cortantes a frio.
Seus olhos nos meus,
Superam os brios.
Cheios de desafios.
Mergulham em Deus.
Seus olhos, meus olhos,
Tão entrelaçados,
Prá sempre abraçados.
Sem dizer adeus.

Regina Xavier572

O poeta indianista
Antônio Gonçalves Dias,
Grande escritor,
Advogado por vocação,
Poeta por amor. 651

Fez do índio nosso herói


De grande força e valentia
Sem saber que o seu nome
Assim eternizaria

Na famosa canção do exílio


Exaltou a nossa terra,
Nosso céu, a natureza,
E tudo que nela impera.

Sua obra que registrou


Traços de nossa história
Para sempre será guardada
Nos cofres de nossa memória

Gonçalves Dias, guerreiro,


Um poeta sem igual
Receba nossa homenagem
Por sua obra imortal!

572 Regina Xavier - Manhuaçu, MG – Brasil - fevereiro/1963. Professora Pós-graduada em Língua Portuguesa. -
Comendadora - Embaixadora da Paz - Poeta Del Mundo -Senadora FEBACLA/MG Chanceler ABLA/SP. Desejo
participar desta obra porque: Participei de seis antologias , uma delas Mil Poemas a César Valejjo, e considero
uma idéia fabulosa homenagear os autores de nosso país, resgatar nossas origens e incentivar a criatividade.
REGYAX@HOTMAIL.COM
Renata Soares Porciúncula573

MINHA Canção do exílio


Minha cidade é asfaltada
e parece tão mais...
tão mais civilizada.
Na minha cidade chove...
chove chuva
que cai como uma luva.
Na minha cidade brilha o sol
e canta o rouxinol.
Minha cidade tem belas flores...
terra de grandes amores;
cidade brilhante;
orgulho marcante;.
terra de paz,
guerra jamais!

Renate Gigel574

Tributo
A vida tece,
Em fios e contrastes,
652
Teias confusas
De grande sofrer.
 
Na mescla das raças,
No sangue e valor,
Com altos e baixos
Traz dissabor.
 
Na luta  por cores,
Saudades e amores,
O belo e o verbo
Não deixa perder.
 
Sem pátria,sem terra,
Na busca daquela
No amor a mais bela,
Só resta gemer.

573 Renata Soares Porciúncula - Porto Alegre – RS – Brasil. É Estudante do Ensino Médio do Colégio Conhecer, Por-
to Alegre/RS; Membro da Academia de Letras Machado de Assis, Porto Alegre/RS; e Associação Internacional
dos Poetas del Mundo. Tem participação nos “Elos de Amigos”, da escritora Socorro Lima Dantas, de Recife/
PE. E-mail: reh.4845@gmail.com
574 Renate Gigel – Austríaca - 6/10/1947. Participou de concursos literários, ,recebeu o prêmio do Ateneo, da
embaixada de Portugal, primeiro lugar no concurso Fazendo História, pelo Museu Scheffel, campanha da fra-
ternidade, pela Unisinos, troféu Farroupilha da ATNH pelo trabalho “Filho de criação”,entre outros.Tem textos
editados em jornais, antologias da Academia Literária do Vale do Rio dos Sinos, da qual é presidente, e nas
redes sociais e blog alvales.blogspot.com.
Adeus à magia,
Adeus ao alento
Mas do sofrimento
A arte nasceu.
 
Poeta  das raças,
Das cores a graça,
Do exílio  o canto,
Da saudade o pranto,
Do amor desencanto.
 
Eterno, o poeta  viveu.

O que temos em comum...


Cruzei mares,
Cruzamos.
 
Aportei em outros ares,
Aportamos.
 
Perdi pessoas e lugares,
Perdemos.
 
Procurei  abrigo,
Encontramos. 653
 
Chorei de saudades,
Choramos...
 
Lutei por conquistas,
Lutamos.
 
Cultivei valores,
Cultivamos.
 
Ao sabor do destino,
Navegamos.
 
Romantismo
Não abandonamos...
 
Mil mudanças,
Adaptamos.
 
Não existe tempo
Por onde andamos!
 
 Aqui chegamos:
 a alma inquieta
e o grande poeta. 
Renato Cesar de Alvarenga Filho 575

VERMELHO
Para Gonçalves Dias

Da fonte da vida,
Jorram torrentes vermelhas...

Todos, não importando o credo,


São batizados ali:
O vermelho, viscoso,
Impregna o rosto,
Rouge.
Seu odor desperta instintos
De sobrevivência e de caça.
Seu sabor é adocicado,
Mas provoca náuseas.

Muitos, indelevelmente marcados,


Não suportam a privação:
Na fonte rubra da vida,
Que pra sempre vai jorrar,
Peregrinos fazem fila,
Pois querem voltar pra lá.
654

Renato Lima de Souza576

EXÍLIO DO SABIÁ
Tu és o horizonte da perfeição
Que fez o sol apagar
Por Reluzir luz estelar
Nesse despedaçado coração

Tu não foste atenta aos cantos
Desse amoroso e triste sabiá
Trancafiado no obscuro Sentimento
De não poder para ti assobiar

575 Renato Cesar de Alvarenga Filho - Brasilia – DF – Brasil - 27 de janeiro de 1973, engenheiro, poeta, aviador
e dançarino. Amante da literatura desde a infância, esboçou seus primeiros poemas durante a adolescência.
Trabalhou como engenheiro, consultor e executivo de diversas empresas. Por razões acadêmicas, profissionais
e pessoais, este brasileiro teve a oportunidade de morar nos Estados Unidos, em Portugal, no Chile e na Fran-
ça. Desde 2009, tem se dedicado mais intensamente à poesia, tendo lançado o livro “Divagações Aceleradas”
em 2011 (Edições Galo Branco).
576 Renato Lima de Souza - São Luís – MA – Brasil - 04 dias de julho de 1991. É um pertinaz apreciador de todo
tipo de arte, em especial, as obras produzidas pela majestosa casta de imortais maranhenses. Estudante de
Ciências Sociais (UFMA) produz textos, poemas, ensaios, composições musicais, extraindo das infinitas mul-
tiplicidades das coisas o que há de mais insigne e belo sendo o motivador do seu mais pleno sentimento de
viver.
Queria no alto das palmeiras
Desse regueiro Maranhão
Cantar as obras, vida e poesia,
Das enternecidas criações

Quando abro asas e pairo na tua imensidão


Inebriado fraquejo de ilusão
Sou grato da tua distinta beleza
Oh! Tua sereia incendeia
A minha inocente contemplação

Viajando calmo na brisa do teu mar


Perco-me nos sonhos que te vejo
Persuadido de que não devo
Deixar de declamar o meu assobiar.

FORTALEZA DO AMOR
Fortes um sublime tesouro
Teus versos sempre hão de ecoar
Nessa terra das palmeiras de ouro
E onde houver o nobre amar.

Verbo das paixões e amores


De toda forma contagiou,
655
Não sem honra e louvores,
A desdita do seu clamor.

Pularei nos marítimos mundos


E quero poder vilipendiar
A maré de tão soez indecoro
Que causou o teu afogar.

Pois é o fulguroso luzeiro


Que a todos declamou,
Com ardor de um braseiro,
Os intempéries do amor

E pairando entre nostalgias


Quero ver refletir a digna luz
É o eterno Gonçalves Dias
Que tanto amor ainda reluz.
Rene Aguilera Fierro577

Amor gonçalvico
¡Qué extraño amor!
Sin edad ni tiempo,
sólo bastó el primor
para ser el dueño del olimpo.

Las barreras sociales,


imborrables y eternas
sofrenan el alma
en silencios finales.

Artista, hacedor de mundo,


poeta de vías extraviadas,
hombre desventurado
y de manos extendidas.

El daño mayor fue ser débil


ceder a los sentimientos,
amar hasta el llanto,
honrar la palabra y ser gentil.

Se dice, amor platónico,


656
mejor, amor Gonçalvico,
para volver al origen del ser
antes que morir y nacer.

La vida tiene valor


tanto como el amor
juzgar el destino propio
y caminar con delirio.

Poeta, tus sueños errantes


llenaron el firmamento
de versos locos, amantes
y truenos de tormentos.

577 RENE AGUILERA FIERRO – Tarija – ingeniero forestal poeta, escritor, tallador en madrea, consultor ambiental,
catedrático universitario y Periodista profesional. Autor de veinte obras literarias y de varios libros técnicos.
Promotor de nuevos valores artísticos, conductor de programas culturales en Radioemisoras locales de Tarija.
Anualmente Organiza los célebres “Coloquios Literarios” y los “Encuentros Internacionales de Escritores”.
Reynaldo Machado de Almeida Gomes578

Doce Ana Amélia


Na imensidão seca do sertão
corria uma fonte de calor
causada por uma forte paixão
No coração de um sonhador
Era água de matar
a sede de qualquer um
Para o nobre cavalheiro, alguém para amar
Pois de sua origem alguém incomum
Tudo lhe via à mente
Só permanecía a Amélia doce
Mas quando com seu pedido foi em frente
Nada seria como quisesse que fosse

Triste fim
Conheci Gonçalves Dias poeta brasileiro
Indianista e nacionalista
Nas palavras o seu jeito faceiro
De ser um nobre romantista
Encantado com Amélia queria se casar
Mas por mestiço ser
Com a doce moça para amar
657
Nada se pôde proceder
Algum tempo se passou
Outra moça conheceu
Com Olímpia se casou
Mas aquela moça jamais esqueceu
O sucesso habitou a sua vida
Foi um grande escritor
Mas algo vinha o aproximando da despedida
Na saúde: sofrimento e dor
Em viagens pela cura se perdurou
Num triste naufrágio tudo estava acabado
Nas profundezas mergulhou
O corpo esquecido e agonizado.

578 Reynaldo Machado de Almeida Gomes - São Fidélis (RJ) – Brasil - Estudante do Instituto Federal Fluminense,
Campus Campos Centro, ator e poeta. Nascido em 08 de maio de 1995, residente em São Fidélis, RJ, Brasil.
Iniciante no meio literário e possui grandes objetivos no meio cultural, tanto no cinema e teatro quanto na
literatura brasileira.
Ricardo Oyarzábal Rodriguez579

CANÇÃO DO EXÍLIO
Aqui, na Itália, tal qual no Brasil,
existem muitos tipos
de macarrão, lasanha e pizza.
Quem pensa que elas
são melhores que as de lá,
está muito enganado.
No Brasil, o sabor é todo especial.

Quero logo para minha terra voltar


e saborear a culinária brasileira
que, além de gostoso tempero,
é feita com muito amor.

Rita B. S. Velosa580

ONDE CANTA O RA-TA-TÁ


(releitura de poema de Gonçalves Dias)

Minha terra é uma lixeira,


Onde morre o sabiá.
658 Os homens que aqui pranteiam,
Não pranteiam como lá.

Nosso céu tem mais sujeira,


Nossos morros tem mais vícios,
Nossos bosques tem mais mortes,
Nessas mortes mais que bichos.

Em cismar sozinho à noite,


Mais sossego encontro eu cá;
Minha terra tem vizinhos,
Onde canta o ra-ta-tá...

Minha terra tem rumores,


Que tais não encontro eu cá.
Em cismar sozinho à noite,
Mais terror encontro eu lá.

579 Ricardo Oyarzábal Rodriguez - Porto Alegre/RS – Brasil - 04 de outubro de 1995. Estudante do Ensino Médio
do Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS. Integrante do Projeto “Imagens e Textos construindo Histórias e Ver-
sos”: 2011 - “Canecas e Camisetas Poéticas”; 2012 - “Caixas Poéticas”. Curte computação. E-mail: ricardorodri-
guez@via-rs.net
580 Rita B. S. Velosa – Araraquara –SP - Brasil – 09/11/1952. Escritora, jornalista, ativista cultural tem participação
em mais de 100 antologias publicadas no Brasil, na França, em Portugal e na Inglaterra e publicados os livros
“VENTOS PASSANTES”- 2007 (poesias), “FAROLEIROS DE ALMAS”- 2008 (poesias) , “FILHOS DAS ESTRELAS”
– 2009 (crônicas), “VESTÍGIOS DOS DIAS”-2010(Contos) e “ABNORMAL E OUTRAS SANDICES DO INESPERA-
DO”- 2011.Entre os mais de 100 prêmios, o MISSÕES 2006/Brasil, o Algarve-Brasil 2008/Portugal e o CARLOS
DRUMMOND DE ANDRADE/201
Minha terra tem vizinhos,
Onde canta o ra-ta-tá...
Não permita Deus que eu morra,
Sem que me esqueça de lá!

Sem que desfrute os primores


Que só encontro por cá.
Sem que me esqueça dos morros,
Onde canta o ra-ta-tá...

Rita Dayrã Murada de Sousa581

GONÇALVES DIAS
ecoa no maranhão um grito forte
da poesia de gonçalves dias
na singela caxias a simbologia
do seu nascimento
nas águas do maranhão
se foi o autor da canção do exilio :
“minha terra tem palmeiras,
onde canta o sabiá;
as aves que aqui gorjeiam,
não gorjeiam como lá”.
onde está os timbiras? 659
não deu tempo de gonçalves dias terminar
onde está gonçalves dias?
está fazendo poema no céu...

Robert Allen Goodrich Valderrama 582

RECUERDOS DE UN POETA
A Goncalves Dias

El poeta espera que su lucha no haiga sido en vano


y que su legado por siempre perdure de generación en generación.

El poeta espera que su poesía y su lucha siempre perduren


en los corazones de su gente y de su pueblo.

581 Rita Dayrã Murada De Sousa - Barão do Grajaú/MA - Brasil - escreve desde os 15 anos, ja participou de al-
gumas antologias poeticas, pela editora Big Time, Pela Camera Brasileira de Jovens escritores, entre outros.
Em 1996 editou um livro de poucas edições, intitulado”Meus Rastros, poesias diversas’. Funciónaria Pública e
Advogada.
582 Robert Allen Goodrich Valderrama - Panamá-EUA - 25 de septiembre de 1980. Poeta y escritor panameño-es-
tadounidense de madre panameña y padre estadounidense nacido en la Antigua Zona del Canal en Panamá.
Empezó oficialmente a escribir en el 2009 con su blog todavía vigente: http://www.robert-mimundo.blogspot.
com , es miembro de Poetas del Mundo, La Red Mundial de Escritores en Español y otras redes literarias, re-
cientemente en Agosto del 2012 fue nombrado: Embajador Universal de la Paz en Panamá por el Círculo Uni-
versal de Embajadores de la Paz en Ginebra, además sus poemas han sido publicados en diversas antologías,
ha recibido diversos reconocimientos y tiene algunos libros electrónicos publicados.
Por eso miles le rinden honor al poeta ilustre
que desde el cielo observa y ríe lleno de felicidad
al ver que no ha sido olvidado por su gente y por su pueblo.

Recuerdos de un poeta luchador e valeroso


a los que miles hoy le rinden tributo con amor y admiración.

ILUSTRE POETA
Ilustre poeta que marcaste el destino
De miles y miles con tú magnifica pluma.

Ilustre poeta que dejasté el nombre de Brasil en alto


En el mundo entero.

Ilustre poeta que defendiste a los pobres, a los indígenas


y a los pueblos sin importarte lo que otros dijeran.

Ilustre poeta que marcaste un nuevo inicio para los


tiempos
Del drama y de la poesía.

Romántico, soñador, justiciero, amante de las letras y de la poesía.

Viviste el exilio y con tú pluma dibujaste las realidades de los tiempos.


660

Le cantantes a los pobres y a los ricos,


A los europeos y a los brasileños,
A los indígenas y a los literatos.
Fuiste único ilustre poeta:

---Antonio Goncalves Días---

MEMÓRIAS DE UM POETA
A Gonçalves Dias

O poeta espera que sua luta não é em vão haiga


e que seu legado vai durar para sempre através de gerações.

O poeta espera que sua poesia e sua luta de longa duração


nos corações de seu povo e de seu povo.

Milhares pagar para homenagear o ilustre poeta


de relógios do céu e risos cheios de felicidade
para ver que não foi esquecido por seu povo e pelo povo.

Memórias de um lutador corajoso e poeta


hoje milhares de pagar o tributo com amor e admiração.
Roberta Beckmann Hoffmann583

CANÇÃO DO EXÍLIO
Minha terra tem muitas flores
que me trazem muitos amores.
A natureza nos dá e oportuniza,
a cada momento, mais pureza.
Mais prazer não há que ver
os animais e a natureza
trazendo intensa beleza
aos nossos lares e ao mundo.
Não permita Deus que eu morra
sem antes ter a certeza de que tudo,
na natureza, para sempre não morrerá.

Roberth Fabris584

Poeta equilibrista: um eterno pardal


Meu país, meu amor eterno
Meu sangue indígena, meu eterno viver
Respiro arte nos palcos do meu país
Respiro arte em cada página do meu viver
661
Suor literário, vida ordinária, alegria póstuma
Sou um romântico e passeio por entre sereias e tornados
Sou um xamã em busca de um talismã secreto nas letras
Estou em busca da bruxa dos sete erros e da jornada eterna

Sou devoto do meu país, sou devoto do teatro nacional


Sou um pardal, uma abelha em busca do mel dourado
Sou uma arara azul em busca de liberdade e alegrias
Sou poeta do dia, da natureza e das tribos do amanhã

Sou um amante das letras, um inspirado em Gonçalves Dias


Sou um poeta da tribo tupi, do povo guarani e do Brasil
Sou um cara pintada, sou um jovem metal, um simples pardal

Sou poeta, sou artista, sou um eterno equilibrista na arte de viver.

583 Roberta Beckmann Hoffmann - Porto Alegre – RS – Brasil - 1º de julho de 1989. 2ª Bibliotecária e Membro
Fundador da Academia de Letras Machado de Assis, de Porto Alegre/RS, Cadeira 10, Patrono Erico Verissimo;
Membro Efetivo da Academia Virtual Sala de Poetas e Escritores, Balneário Camboriú/SC; Liga dos Amigos do
Portal CEN, Portugal; e, Associação Internacional dos Poetas del Mundo.. E-mail: betahoffmann@gmail.com
584 Roberth Fabris - Maringá – Pr – Brasil. escritor, membro da Academia de Letras de Maringá, crítico de cinema
e artes, Mestre em Letras UEM, Pós-Graduado em Arte-educação, e acadêmico de Artes Cênicas UEM, além
de idealizador do projeto cultural Mundo Geek e do Dicas de Roberth, o blog mais cult do Brasil. Nasceu em
03 de novembro, e ocupa a cadeira número 04, o qual o seu patrono é com muito orgulho um grande seguidor
de Lord Byron, Alvares de Azevedo.
Meus sonhos brasileiros
Eis o meu país de teatro e poesia...
onde encontramos araras azuis e micos leões dourados
onde índios já povoaram as terras e cantaram como
guerreiros da tribo tupi, guerreiros que o meu canto ouvi.

Eis um país de cores, amores e saudades


De uma pátria esquecida e com uma bandeira verde-mar
Um tempo de acreditar nos amores, na natureza e na vida.
Romântico como os cordéis de minha infância e país.

Ah, tempos de Gonçalves Dias, onde o Brasil é mais lindo!


Onde os tucanos fazem voos e embalam as árvores alegres
Onde existe uma terra que emana leite e mel literário
Um país chamado Brasil, um poeta chamado Dias.

Eis o meu tempo de sonhar pelo povo brasileiro


Eis o meu tempo de lutar pelas nações esquecidas
Eis o meu tempo de bradar a literatura e natureza
Eis o meu tempo de ser mais romântico e digno da brisa do mar.

Eis o meu tempo de sonhar na praia embalado pelo luar.

662
Roberto de Freitas Ribeiro Filho585

CANÇÃO DO EXÍLIO
Enquanto as praias brasileiras
são mais belas;
as flores, florescentes;
aqui, tudo parece triste
e sem encantos.
Lá, as águas são cristalinas;
os pássaros, mais alegres;
os campos são imensos;
os pastos, muito verdes;
e, os galos nos despertam
ao amanhecer.
Aqui, a natureza parece
sofrida e triste,
enquanto lá, tudo está a sorrir-nos.

585 Roberto de Freitas Ribeiro Filho - Porto Alegre/RS – Brasil - 15 de maio de 1997, em. Filho de Marielle Meire-
les Ribeiro e Roberto de Freitas Ribeiro. Estudante do Ensino Fundamental do Colégio Conhecer, Porto Alegre/
RS. Integrante do Projeto “Imagens e Textos construindo Histórias e Versos”: “Banners Poéticos”, 2012. Curte
jogos eletrônicos e ler. E-mail: betoribeiro@hotmail.com
Roberto Ferrari586

Homenagem a Gonçalves Dias


Louvores e honra ao mérito
A memória de um poeta
Maranhense com sublime inspiração
Seus poemas são dádivas, perolas da arte de poetar
Que faz vibrar o coração com emoção
Vamos elevar aos céus
O nome de Gonçalves Dias
Autor magistral que glorificou a literatura
Que engrandeceu as nossas poesias
Nosso céu tem mais estrelas
De belezas abençoadas por Deus
Nossas matas têm mais matiz
Nossas flores têm mais vida
Nossa natureza tem mais cores
E na voz do poeta ganha mais amores
Que glorificam nossa paixão
E fazem nossas almas sorrirem de felicidade
Poeta divino, você soube como encantar o povo desta terra maravilhosa
Salve Gonçalves Dias!

663
Robinson Silva Alves587

ETERNOS VERSOS
teus passos,
serão caminhos,
nos descaminhos
da estrada perdida

pois tua palavra


será intensa,
intensamente vivida

tua lágrima de saudade


teu choro de solidão
traduz a dor
de um romântico coração

586 Roberto Ferrari. Engenheiro, analista de sistemas, administrador de empresas, poeta, escritor e comunicador.
Sempre gostou de escrever desde a juventude, publicou os livros ‘Sublime Amor’ , Ventos da Paixão e Identi-
dade Assassina. Alguns prêmios recebidos : VIII Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus- Texto inédito sobre
Jorge Amado; Prêmio Oxigênio de Responsabilidade Ambiental – 2012; Mérito Profissional como Jornalista e
Escritor – 2012; Diploma Destaques e Personalidades pela inclusão no livro Brasil de A a Z – 2012; Medalha
Duque de Caxias conferida no Segundo Exército - 2012
587 Robinson Silva Alves – Coaraci - Brasil - 25\06\1976. Formado em filosofia pela uesc; participo de certames
literarios tendo sido premiado em alguns deles como: concursos municipais de Coaraci (2,3 e 4 lugares) e
diversas antologias. E-mail: hiatos@bol.com.br
teu grito de libertação
liberta o homem
dos grilhões da omissão

combate com flores


espinhos da opressão

pois será a liberdade


que nasce da inspiração
voando nas asas
aladas da imaginação
combate com versos
tiros de canhão

tuas palavras,
serão dilemas
temas
o mundo torna-se mundo
na beleza de um poema

teu desejos de mudança


plantarão nos homens
a semente esperança
664
pois tens o dom
de mudar vidas
atraves das letras
a grande magia

de transformar sonhos
em poesia

nos versos eternos


de gonçalves dias.

IMORTAL
teus versos
serão eternos
espalharão-se ao vento
resistirá a morte
perpetuará no tempo

tuas palavras
belos dilemas
mudarão mil mundos
com a força de um poema

tuas letras
são sementes
germinam no coração
libertam homens
dos porões da opressão

com a beleza dos versos


o poder do coração

teus sonhos
erguerão pontes
para o futuro

amado poeta
grande escritor
gonçalves dias
sonhador.

imortal.

SENTIMENTOS DO POETA
amas intensamente
eterno amar

sofres constantemente
um eterno penar
665

onde todos possam


amar.
buscar.
sonhar.

vives a emoção
de transformar palavras
em rosas do coração

acalentas almas
da triste ilusão

amores perdidos
o espinho solidão

enfrentas com versos


os ecos da opressão
que acorrentam homens
nas garras da omissão

combates com poemas


os tiros de canhão
sentes o sentimento
traduz a simetria
de transformar sentimentos
na mais pura poesia.

no romantismo eterno
de gonçalves dias.

MIL VERSOS
na bela canção
do exilio
uma triste solidão

saudades da patria
da amada nação

lágrimas viram mil versos


do coração

lembro de um anjo
e de ainda uma vez
um triste adeus
nos meus primeiros cantos
666
sonho com os encantos
dos olhos teus

uma vida vivida


de amor e poesia
vida de mil versos
de gonçalves dias.

O SONHADOR
nas ruas da cidade
um homem sonha,
com a liberdade

desafiando homens peversos


combate a opressão
com a beleza de um verso10

vagando ao vento
voa nas asas
dos sentimentos

sonha com um mundo novo


sonha e busca
o sonho do povo
combate a vil tirania
usando a força das palavras
a poderosa poesia

buscando o sonhado amor


transforma seu sofrimento
na mais bela flor

mesmo sofrendo
a mais terrível dor
ainda ama
ainda morre de amor

pois é poeta
nobre sonhador

nesta vida
a eterna poesia

nos belos poemas


de gonçalves dias

Robson Leandro Soda - Lótus Sidartta588


667

Idealizado
(O canto do guerreiro moderno! Ele só quer ter o gosto de cantar...)

Um sacro oficio,
veleidade da alma, que fosse de passos
em passos, sem calma, e sem pressa.
E que tivesse perfume
ou de terra, ou de bruto, ou de fruto,
ou de ideias: fragrância
viciante futuro.
E que fosse aos olhos, asas para ensaio de vida
tal o galo que madruga as idas,
labuta as asas,
depois...
cocoricó.

Ultimos en’cantos
Ah se pudesse Gonçalves
naqueles ultimos dias
escrever o poema que outrora
por si só de vida viveria

588 Lótus Sidartta - Robson Leandro Soda - Santa Cruz do Sul – RS – Brasil – 19/12/1982; Está presente em diversas
antologias no Brasil e exterior.
teria os olhos de Ana Amélia
em profundos deleite
e as manhãs mais agudas
como exilio dos Deuses

Usaria,
talvez
os laços
Shakespeareanos
em embalo presente.
Se não
o embrulho das almas serenas
ou papel reciclavel,
sementes

teria um que de sua natureza


deixando melodia em rosas
Dedilhados em espinhos,
E no ínfimo da poda
Brotos sustenidos

seria um poema
sem versos despetalados
tão pouco
668
Ávida flor sem acolhida.

Rodrigo Guimarães Pena589

PONTA DE MAR
Minha terra tem um canto
Um rasgo, um corte, um avanço,
Uma ponta de mar,
 
Onde a água é tão limpa,
E tão pura,
Que faz quase escura
A água mais limpa que há...
 
A Espinhaço, altiva e brejeira,
Esticou-se e encontrou Mantiqueira,
Que a trancos, debaixo da terra,
Emendou-se a outra serra
Se acabando em Serra do Mar

589 Rodrigo Guimarães Pena - Belo Horizonte – MG – Brasil - 15 de setembro de 1952. Engenheiro civil,  de profis-
são. Se equilibra entre palavras há algum tempo. Mesmo que elas o tenham como eterno aprendiz e informal
visitante. Escreve por que... “...o correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí
afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem ...”  Mantém o blog : Poesia... à
revelia! http://poesiaarevelia.blogspot.com.br/
E foi neste encontro
Marcado entre Serras...
Que abriu-se, perfeito, o espaço
Na forma  de abraço,
Onde o mar põe-se calmo e se aninha,
Ao sopé que se alinha
Às costas, beiradas das terras...
 
E à noite, um manto de estrelas
Vazado por lanças, forjadas em prata,
Pontudas, profusas, caídas do mar estelar,
Disputa brilho com a Lua,
Que volta e mais volta faz pose, se atreve, se acua,
Se faz Yemajá, lá do céu ninfa nua,
Aumenta seu brilho, e acende o lugar...
 
E o sabiá que se ouviu na palmeira
Que Gonçalves cantou, trás-as-Beiras,
Viajou, cá se pôs a buscar mais parceiras,
Nesta linda Ponta de Mar,
 
Pois sabe o sábio sabiá
Que onde a água é pura e cristalina,
É lá que vai estar a sabiá-menina
669
Pra beber água e quiçá, namorar...
 
Como se água também fosse a tinta
Que Deus preocupado, usa e nos pinta
Um quadro, um capricho, pra mãe-natureza se
Expor, ser memória, pra gente guardar...
 
Pra que um dia, bem longe, alhures se achar,
Peça a Deus, pois ouvindo Ele está:
“Não permita, Senhor, que da vida eu me vá
Sem que volte e desfrute os primores de lá:
 
Ver palmeiras, ver se encanta um sabiá,
Ver a terra se vestir de lindas flores,
Versos, Lua, Sol, o Céu, a emprestar cores,
Ver se as Serras inda abraçam aquele Mar...”
Rodrigo Nunes Camargo590

CANÇÃO DO EXÍLIO
Saudades daquele meu Rio Grande;
das noites estreladas no pampa;
das fronteiras gaúchas
transbordando cultura.
 
Aqui, no Rio de Janeiro,
as noites são de pesadelo
e as fronteiras 
não são como as de Lá.
 
Saudades do povo de Lá;
das tardes admirando o céu azul
e dos cantos dos pássaros
que só encontro Lá.

Rodrigo Octavio Pereira de Andrade 591

Poeta do Sabiá
Filho do Maranhão,
Poeta do Sabiá,
670
Pai das Sextilhas de Frei Antão.
A chocalhar na imensidão o maracá.

Mestiço nativo,
Que chorou no estrangeiro,
Versos da Canção do exílio.
Tornou-se imortal poeta brasileiro.

I-Juca-Pirama é seu filho,


Canta as raízes de um povo...
Tornou-se lenda em verso,
Através do seu índio guerreiro.

Canta além-mar o Sabiá


Aos versos entre Os Timbiras
No balançar das palmeiras
Aos olhos de Marabá.

590 Rodrigo Nunes Camargo - Porto Alegre/RS – Brasil - 14 de novembro de 1995. Estudante do Ensino Médio do
Colégio Conhecer, de Porto Alegre/RS; Membro Efetivo do Projeto “Vida, Amor e Paz”, do “Cercle Universel
des Ambassadeurs de la Paix, Suisse/France”. Integrante do Projeto Literário “Porta copos poéticos”, 2012.
E-mail: Cursa inglês no Wizard. Toca violão, curte música e festas. E-mail: guigocamargo@hotmail.com
591 Rodrigo Octavio Pereira de Andrade. Cabo Frio –RJ – Brasil - 29 de setembro de 1977. Poeta, escritor, profes-
sor, pesquisador, revisor, ativista cultural, palestrante, membro de diversas entidades acadêmicas no Brasil e
exterior. Premiado em diversos Estados do Brasil e tendo textos publicados em antologias, periódicos e revis-
tas culturais em diversas partes do país. Autor do livro e Projeto POESIARTE. Presidente da Academia Cabista
de Letras, Artes e Ciências de Arraial do Cabo-RJ.
Salve Gonçalves,
Santo poeta na imensidão
Deste Brasil de seus Dias
Nesta Terra em forma de canção.

Rodrigo Zuardi Viñas592

CANÇÃO DO EXÍLIO
Minha terra tem milharal,
bananeira e parreira;
bem-te-vi, joão-de-barro,
arara e periquito.
As aves que lá vivem,
cantam entre as árvores,
flores e campos.
Já a vida de nossos bosques
anda mal, quase morrendo.
Para salvar minha terra,
animais e plantas,
vou voltar para lá.
Não sujarei suas águas;
plantarei muitas árvores
e protegerei os animais
671
para que não fiquem em extinção.
Minha terra é de todos nós.

Rogério Araújo (Rofa)593

Dias de Gonçalves para todos os dias


Que lindas imagens criadas pelo grande poeta
Retratando o Brasil “bonito por natureza”...
As palmeiras que nele existe
Onde cantam os sabiás com todo vigor
São incomparáveis mesmo às internacionais
Nada se compara ao seu canto e seu encanto
Uma brasilidade tão emocionante
Que poetiza esta nação de todo coração
Um país abençoado por Deus
Com um povo acolhedor, mesmo sofredor

592 Rodrigo Zuardi Viñas - Porto Alegre – RS – Brasil - 26 de novembro de 1993. Membro Fundador da Academia
de Letras Machado de Assis, de Porto Alegre/RS, Cadeira 33, Patrono Alcides Maya; Membro Efetivo da Acade-
mia Virtual Sala de Poetas e Escritores, Balneário Camboriú/SC; da Liga dos Amigos do Portal CEN, de Portugal;
e da Associação Internacional dos Poetas del Mundo. E-mail: <rodrigovinas@hotmail.com>
593 Rogério Araújo (Rofa) - Niterói, RJ – Brasil - 31/07/1973. escritor, jornalista, publicitário, especialista em Lei-
tura e Produção Textual, bacharel em educação - teologia cristã; autor do livro “Mídia, bênção ou maldição?”
(Quártica Premium/Litteris Editora), lançado na XV Bienal Internacional do Livro no RJ (2011); comendador da
ABD – Associação Brasileira de Desenho e Artes Visuais e da ALG – Academia de Letras de Goiás; membro de
diversas academias no Brasil e exterior, como a de ALAV – Academia de Letras e Artes de Val Paraíso, no Chile.
Dribla as dificuldades na vida
E até se livra da fome e da morte
Das adversidades ocorridas sem esperar
O amor ao país era tão grande
Que desejava ao Senhor aqui retornar
Poeta romântico incorrigível,
Um dos mais amados e declamados
De muita emoção que viveu
E até pela sua morte ao ser esquecido
Deitado, doente, num navio
Quando retornava ao seu estado natal
E país amado, Brasil
Com toda inspiração e respirando fundo
Morreu sem ar afogado no mar
Já do país que demonstrou amar
Mas seus versos não morreram
Imortal se tornou pela sua obra
Mesmo não pertencendo à Academia
Que, aliás, nesta época nem existia
Seus versos são lidos e relidos
Por todas as épocas e períodos
Um grande escritor, poeta,
Na literatura brasileira e mundial
Exemplo e inspiração para muitos
672 Amantes da poesia, da nacionalidade,
Admiradores da beleza de um país lindo
E, acima de tudo, do amor pela vida
Parabéns, Gonçalves Dias!
Pelos cento e noventa anos
De nascimento, sempre renascidos,
A cada ano que passa e repassa
Demonstrando que nunca perde a majestade
Assim como a sua famosa sabiá!

Ronyere Silva Lima594

Canto Sutil
E tu Gonçalves, poeta da gente
Em Coimbra impunhas teu canto
Exaltando tua terra silente
Dela mostrou a beleza e o encanto

Província do maranhão
Terra do excelso poeta
Tinta e papel na mão
Fizeram de ti querida terra

594 Ronyere Silva Lima - Dom Pedro – MA – Brasil - Estudante de Direito, amante das artes, contribuinte do portal
Recanto das Letras, membro da Confraria Cultural Brasil-Portugal, membro da Sociedade dos Poetas Vivos, 1º
lugar do Concurso de prosa “Machado de Assis” – 2011. e-mail: ronyere-dp@hotmail.com
Teu canto sutil, ó imortal
Percorrera o mundo a fora
Gonçalves Dias do Maranhão

Tua letra te fez magistral


Teu canto se faz ouvir agora
Tua memória te entrega este galardão

Poeta dos Índios


Poeta da floresta Poeta dos índios
Do naturalismo Dos aborígenes selvagens
Da harmonia Dos homens nus e zelados
Do encanto Dos incomunicáveis

Poeta da nossa terra, imortal


Trouxe-nos a glória teu poetizar
Ó oráculo eternal
Continuas tu a nos revelar.

Rosana Lazzar595

Ao Poeta
Dizem os sábios antigos que
673
Testas largas e altas denotam grandes pensadores...
Gonçalves, era mais que isso
Em pátria e bucólicos amores
Imortalizou nosso hino na alma...
Da “bandeira” hasteou suas dores
Tanto amor de ti emprestava
Que em suas dúvidas, era infindo
Melhor viver sem ter amado...
Ou amar, sem nunca ter vivido?
E de “Gonçalves” pátria e poesia
Imortalizados em nosso hino
-Salve Gonçalves, os nossos “Dias”...
O velho pensador, menino!
-Oh pátria amada, idolatrada!
Um “sonho intenso”, Gonçalves cresce
-Há que saber da mãe gentil
Em terras que nem “Gonçalves” viu!

595 Rosana Lazzar - São Paulo- SP – Brasil - 27/12/1964. Cantora, registrada na O.M.B- “Ordem dos Músicos do
Brasil”, exercendo a profissão desde os 18 anos de idade nesta cidade e outros Estados como backing vocal de
alguns artistas e crooner de bandas. Fazendo uso de comunidades virtuais, escreve em sites da categoria qua-
se todos os dias. Sem livros editados, apenas arquivados, enquanto não os encaminho, lê de tudo um pouco e
escreve um pouco de tudo.
Rosane Salles Silva Souza596

FÊNIX DOURADA
Seu canto,
Fênix Dourada,
como fonte d’água brotando da rocha,
palavras inteiras, formosas
alegria dentro de nós
E quando o Sol desponta na serra,
altaneiro, poeta - foz,
da Esperança que floresce,
da noite que se despe ao luar,
das palmeiras que bailam
lançando folhas ao ar,
no bogari perfumoso
nos gorjeios dos sabiá,
teu nome impera solene
na boca de toda gente
desse Brasil tão pungente
Salve! Salve! Ó, Antonio Gonçalves Dias!

Rosemeire Joanadarc Dias - Rose Dias597


674
ÚNICA CAMÉLIA
Em teus cantos
E encantos
Uma única camélia
A flor mais amada;
Sua eterna Ana Amélia.

POETA PANTEÍSTA
Poeta que exaltou a natureza
E toda sua beleza sem estereotipias
Mestre da poesia panteísta
Assim era a obra de Gonçalves Dias.

QUANDO JUCA PIRAMA CHOROU


Um índio chora ao ver que vai morrer
Então é libertado pela tribo dos Timbiras
Entregue de volta pelo próprio pai

596 Rosane Salles Silva Souza - São Gonçalo – RJ – Brasil - 29/06/1988. Poeta, artesã, contista. Cursa o 3º ano do 2º
graus, e pretende fazer Engenharia Agrícola e Ambiental. Ama a vida e se delicia em contar histórias a partir de
suas bonecas de panos que cria para despertar o imaginário infantil. Tem inédita inúmeras poesia. Participou
do Livro “ O Chamado das Musas. Pô-Ética Humana: O Enigma do Recheio- a arteterapia ao sabor da educação
brasileira ( Creadores Argentinos, Buenos Aires,2008), com” O Desabrochar” e “ Perfeito Amor”.
597 Rosemeire Joanadarc Dias - Rose Dias - São Paulo - Brasil - 21-10-1962, mora atualmente em Mogi Guaçu, in-
terior de São Paulo há 20 anos. formada em Letras e mestranda em linguística. Participou de várias antologias,
já foi classificada em 1º lugar com um poema pela Editora Nil Verlag – Berlim- Alemanha. Mantemo um blog
de poesia, contos e crônicas onde escrevo diariamente, www.rosejd.blogspot.com.br
O velho índio timbira de novo o recusa,
-Para morrer é preciso coragem
-Só heróis, disse o índio
Fazem esse rito de passagem.

HOMEM BRANCO COM ALMA DE ÍNDIO


Nasceu depois da independência
Morreu no inicio da guerra do Paraguai
Filho de português com mestiça brasileira
Foi doutor, e das letras teve domínio
Homem branco com alma de índio.

Rosineide de Sousa Machado598


OH! GONÇALVES DIAS
Cidadão Gonçalves Dias
Que nasceu lá em Caxias
Que vive na mente de tua gente
Que sabe valorizar
O seu lugar.

Oh! Gonçalves Dias,


Tão belos eram teus dias,
Em meio à poesia 675
Quanta nostalgia,
Quando não estava lá em Caxias.

O Maranhão tem muitas belezas


Com certezas,
Mesmo que não se veja com tanta clareza
Mas soubeste destacar no canto do sabiá.

Oh! Gonçalves Dias com teu passado de glória,


Refazendo nossa história
Que enche a nossa vida,
De poesia e glamour que trás o amor.

Quanta inspiração encheu teu coração,


Que conteve a escrever
Que belos são os teus cantos,
Que enche todos de encanto.

Num Maranhão em festa,


Pelo que tiveste antes.
É nossa homenagem a esse grande poeta,
Que tanto valorizou o guerreiro e a floresta.

598 Rosineide De Sousa Machado - Pio XII – MA – Brasil - 06/03/1972; Em prestar homenagem ao grande mestre
da poesia, Gonçalves Dias e também ao Maranhão, estado que precisa ter sua cultura conhecida e valorizada.
Muito aqui mudou,
Mas o que ficou no canto do sabiá
Que ainda não calou
De tanto procurar o seu lugar.

Oh! Gonçalves Dias,


O mundo todo te reconhece,
Como famoso poeta e merece,
Toda nossa devoção pela contribuição.

De valorizar a cultura de tua gente,


E em tua homenagem vão mil poesias
Por meio do cantar do sabiá,
Que ainda há de voltar e encantar seu lugar.

Rozelene Furtado de Lima599

Ah! Poeta
Pelo teu exílio e tua saudade
Pela tua dor do amor perfeito
Que perdestes para a o preconceito
Pelo fervor da tua luta pela igualdade
Pelos nativos da nossa nação
676
Que estão sendo expulsos do seu torrão
Pelo teu amor ao nosso chão e a natureza
Pela vida, pela raça, pelo sangue.
Pelos teus versos de lirismo e beleza
Falo-te em nome da Pátria brasileira
Nossa terra ainda tem palmeiras
E algumas aves cantadeiras
Que estão ficando sem árvores para os ninhos
Ficarão sem teto nossos passarinhos
No céu as mesmas estrelas estão cobertas, embaçadas,
E pouco dá para vê-las num véu opaco, enfumaçadas.
Nossos bosques estão sumindo
Muitas flores não estão florindo
Os leitos negros dos rios poluídos a soluçar
Secando por não poderem mais navegar
Nossa vida está se perdendo em falsos amores
E já não tem tantos primores
É preciso ser poeta para viver, ver e não desanimar

599 Rozelene Furtado de Lima - Teresópolis/R.J./ Brasil - 31/05/1947. Professora, bibliotecária, escritora, poe-
ta, artista plástica. Participa em mais de cem Antologias nacionais e internacionais. Textos publicados em
Portugal, França, EUA (NY), Espanha, Itália, Suíça, Uruguai, Argentina e Chile ; Livros: Banquete de Idéias de
memórias e “No Limiar Sex” de poemas; Verbete no Dicionário de Mulheres Escritoras de Hilda Flores; Per-
tence a: AVBL; REBRA;  Poetas del Mondo;  Academia de Letras de Teófilo Otoni-ALTO-MG; Grupo AGUIA;
LITERART-  Clube Brasileiro da Língua Portuguesa BH MG Brasil; Rede de Escritores Independentes e do Livro
Sonoro; Portal CEN. email: rozelenefurtado@hotmail.com
E junto a tua voz gritar em altos brados e fazer ecoar
Nos palácios dos governos, na fazedura das leis
E mostrar que o meio ambiente ainda tem vez
Cantaremos uníssonos tua canção aqui e acolá
Para não ficar no passado
O patriótico canto gorjeado do sabiá.

Rui Miguel Dias Carvalho600

India oportunidade
Gonçaves Dias, diz-me tu o que farias,
Se já não pudesses cantar I-Juca-Pirama,
Se a tua tropicália fosse já longuínqua nos teus dias,
E não conhecesses a Tupi, essa das tribus indias,
E fosses traido pelo gotejar da clépsidra, como por quem
amas...

Para mim, eras um cacique da humanidade:


O Touro Sentado em cadeira de madeira em verde envolta,
A partir da qual se podia ver toda a serena claridade,
Do rossa azulado madrugador entre copas de mestiça singularidade,
Vista pelas tuas íris, firmes e conscientes, sem revolta.

Lembras-me o ar fresco da manhã, 677


De um dia quente, que não promete amanhã…

AMOR COM UM TOQUE DE SAMBA


Para Ana Amélia perdeste o teu coração,
Sob o jugo de apelo selvagem, vermelho e bruto,
Erigido sob brasas apagadas, por àgua em fogo enxuto,
Indomável como o rio Amazonas, digno de devoção.

Mas perdeste-a, devido a aparente cobardia,


Sob a qual se escondia a tua profunda desilusão,
Por tão vil assombro, de não conseguires a desejada aceitação.
Pode lá haver maior amor que o aceite à luz do dia?

Afinal tu eras o fruto do vasto Mundo,


Continhas em ti as lonjuras das ondas do mar,
Copas verde oliva arbóreas, e o lixo negro do chão imundo…

Pleno, como o possível intangível,


De face séria, de saudade e isenta de ilusão.
Peça móvel de um Brasil de natureza impassível!

600 Rui Miguel Dias Carvalho - Lisboa – Portugal - 1976. Economista e programador; cedo se interessou pela escri-
ta mas apenas mais tarde, após a conclusão do seu Mestrado, começou a tornar realidade o seu sonho. A sua
escrita bebe inspiração em Lisboa e em Arganil, esta última a sua verdadeira terra, tal como este a considera.
Tanto na poesia como nas suas narrativas, é possível encontrar vestígios de paisagens rurais mas também
urbanas, ao mesmo tempo que uma preocupação profunda pelos sentimentos das pessoas.
Água do mar de Gonçalves Dias
Essa água em que viajaste
é a mesma que hoje nos banha.
Esses monstros marinhos que enganaste,
semelhantes à baleia que nos acompanha.

Eu sinto a tua tristeza viajante.


Mas, sou apenas um lobo aquém,
com grande pena minha e vigilante,
são estranhas as tuas terras floridas além.

Aquém fica a prece de quem


um amor já não tem:
As tuas lágrimas quentes
têm o sal das almas crentes!

Morrer de amor, já não é,


para ninguém, o destino.
Mas, morrer esquecido é talvez
o fim mais temido...

Samuel Cantoaria Ferreira601


678
O Maranhão
Que belo é o Maranhão
Tem rios e cachoeiras
É uma pena que as pessoas
Fazem muitas sujeiras.
É uma pena que esteja assim
Tudo é culpa da população,
Senão sujassem tanto
Não ia haver poluição.
Mas ainda há belezas
No Maranhão
Com rios e cachoeiras
E muitos casarões.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que ajude a natureza
Para quando meu filho nascer
Brincar e ver as belezas.

601 Samuel Cantoaria Ferreira - São Luís – MA – Brasil - 02/11/2011 - Eu gostaria de participar da antologia por-
que queria ser reconhecido pelo país e porque sempre quis fazer um livro.
Samuel Cavero Galimidi602

Luto
Como se podría expresar la tristeza
con los muertos hoy reclamándonos
sin olvidar a Gonçalves Dias
Cómo se podría expresar el dolor
que son surcos de heridas abiertas
en la comunidad kaiowá guaraní
del campamento Tekoha Guaviry,
en el municipio de Amambaí.
Si el cacique Nísio Gomes cerró sus ojos
defendiendo su territorio
42 pistoleros encapuchados,
me dices hermano, lo asesinaron.
¡Ay, qué dolor!
Cómo decirte amado poeta
que a un Cacique más ya no matarán
si ayer nomás Geusivan Silva de Lima,
gran defensor de nuestros territorios nativos,
líder de los indígenas Potiguara,
murió igualmente baleado.
¡Ay, cuánto odio!
Esos labios (y los tuyos Gonçalves Dias),
679
acaso reclamando casamiento con Ana Amelia
desde los sueños de tu dormida estancia
no podrán degustar un terroncito de Tapioca,
ni un sorbo humeante del Pirão
en el hoyito de nuestras manos,
tampoco la sabrosa Pipoca
que sale del fogón combatiente.
¡Ay, qué dolor!
La tierra cerró esos labios y los tuyos
recibió la sangre heroica
y hoy, qué importa ya,
frondosas raíces crecen
se hunden y extienden en la feraz tierra
se abrazan cual niños felices
como venas abrazadas al Mundo

Es verdad
Es verdad…
Tu hermosa tierra amado Brasil
tiene perfumadas palmeras

602 Samuel Cavero Galimidi – Ayacuchano – PERU – 1962 - Doctor en Ciencias de la Educación. Sociólogo, Perio-
dista Colegiado, Escritor-Poeta, autor de 22 libros publicados en los géneros: Novela, Cuento, Ensayo, Teatro,
Poesía, Biografía y literatura de Estudios Indigenistas. Es actualmente Presidente de la Asociación de Escritores
y Artistas del Orbe (AEADO). Mención de Honor en la IV Bienal de Poesía Infantil ICPNA, Lima, 2011. cave-
ro2012@hotmail.com
Pájaros juglares
que mil tonadas cantan
y muchas maravillas
bajo tu cielo tiene estrellas
parpadeando…abrazándonos
hasta este rinconcito del Continente.
Es verdad…
Tu tierra tiene otras bellezas
Allí canta el tordo
y aquí el Turtupilín macho
Recordando
que alguna vez existió hermoso
aguerrido
celoso guardián del bosque
Tupá,
Tupá
el gran cacique valiente
y allí los ojos alertas
del gran Raoni Metuktire
y nuestros pueblos indígenas
están siempre presentes.

Raoni
Gran líder de los Umoro Kayapó
680
yo no vengo de los metuquitire.
¡Soy de los amorquitere!
Mi hondo pensamiento fraterquitere
está en ti hermaquitere
buscando como tú defenquitere
colgar un globo terráqueo de hermandaquitere
en mi labio inferior y llamarme Jaguaribe
ser Gran Pájaro, ombligo del Capiperibe

BRINDO UNA COPA DE VINO POR GD


¡Déjame oír tus latidos!
Alza la cruz de tus manos
Se perfumarán los pantanos
Y los pájaros hermanos
Dormirán paz en sus nidos.
Si a tanta injusticia humana
El perro al ladrón de tierras
Ladra, aunque la espartana
Alma del indio defiende si yerras
Tú: ¡Cacique de hermosas tierras!
Ruego vuelvas tu verde hogar
Henchido de Hermandad y Paz
Con lluvias y truenos así rogar
Tu verdor del que siempre capaz
Amoroso beso eres al ensoñar.
Sobre mi pecho reclina
El recuerdo de tus versos
De clara luz matutina
Y tu mestiza voz ilumina
Hasta a los más perversos.
Tus versos románticos
trashumante de otras huellas
América mestiza dais cánticos
cuando a nuestro paso bellas
historias por ti son estrellas.
Poetas del Mundo amados
Vienen a besar tus recuerdos
De Brasil son Pegasos alados
Ruiseñores tan cuerdos
Heraldos de poemas llorados.
Beso de perfumes ungida,
Por los ángeles perdura
Oros por el cacique dura
Si mi pena nunca es fingida
Cuando odios del bosque cura.
Cuando tú estabas perdido
En mis propias soledades
Mis versos han recogido
Tu, Hermes, vibrante latido
681
Voz de las hermandades.
Hoy recorren quimeras,
De primaveras desbordadas,
Cual locas diosas amadas,
Navegan como remeras
De palabras encantadas.
Para ti Brasil ha sido
Amor y oro de pasión
El más bello terruño y nido
en sueños son ilusión
Que la historia ha latido.
Sean estos versos pergamino
De tus lauros que hoy canto
Para quien estrellas camino
Abre como versos de encanto
¡Por eso, GD, brindo por ti una copa de vino!
Samuel de Sá Barreto603

Partido
Minha saudade é trigueira
É um foco além do mar,
Ouço o vento na palmeira
Que aumenta o meu penar.

Todo dia é o mesmo pranto


Quando lembro minha terra,
Do sabiá me vem um canto
Da sombra daquela serra.

Meu retorno sem demora,


Que só me faz recordar,
Que na minha terra mora
A mulher do meu sonhar.

Digo logo, estou voltando


Vivo sempre a imaginar,
E no meu torrão chegando
Vou poder enfim amar.

Minha terra é mais querida,


682
Minha amada é uma flor,
Não terei dor atrevida
Nos braços do meu amor.

O Mar
Para um sabiá que canta
Seu canto o mar naufragou,
Tragou o corpo, sua manta,
No cais Amélia chorou.

Foi o poeta nas águas,


Salgar o amargo vazio,
Bebeu o choro das mágoas
Vagou no seu desafio.

Mas não ficou enterrado


A sua vida é constante,
Na sua obra é marcado
Pela sua verve brilhante.

603 Samuel de Sá Barreto - Poeta, compositor e cronista. Licenciado em Letras. Sócio fundador da APOESP –
Associação dos Poetas e Escritores de Pedreiras. Membro fundador da Academia Pedreirense de Letras, ocu-
pando a Cadeira Nº 08. Tem publicados os Livros, S.O.S. LIBERTAÇÃO (Poesias – 1997); TESTAMENTO DE JUDAS
(Cordel em parceria nos anos de 2006, 2007, 2008, 2011, pelo Laborarte); A RUA DA GOLADA E SUA IDENTI-
DADE (Crônicas – 2010) pelo plano editorial Gonçalves Dias –SECMA. E a publicar tem OPERÁRIO DA CANÇÃO,
VERSOS CINZENTOS, PEDREIRAS EM VERSOS (poesias); DO ALTO DA PEDRA (crônicas).
Imensidão
Toda Ana arrasta a gente
Deixa o peito indigente
Sem saber o que fazer
Tem na lira a canção
E nas asas um alçapão
Onde quero me prender.

Vou embora para o mar


Lá eu posso navegar
No azul da imensidão.
Carrego essa lembrança
Daquela tarde criança
Que se foi feito clarão.

Sou passado submerso


Na saudade já não meço,
Nas ruas com azulejos.
Vago nas noites sozinho
Sou um sabiá sem ninho
Nas horas lentas, andejos.

Sou poeta maré cheia


Que sonha com a sereia
683
Nessa procela profana.
Recordo as nossas horas,
Os nossos beijos, amoras,
Se eras Amélia ou Ana!

Voltei, voltei vou ficar,


Velando as ondas do mar,
Aqui eu sou Poseidon.
Durante o tempo que for,
Serei sempre seu amor
Um trovador de neon!

Quadra Rompida
Lá na praça dos amores
Um dia deixei alguém,
Levei no peito as dores
Do bem que queria bem.

E fui pra longe, eu fui,


Sofri de dor e saudade,
Ter seu amor nunca pude,
Passei a não ter verdade.
Vagando
Meu Deus é Tupã
Guardando a selva,
Lua é uma irmã
No leito da relva.

Nos braços da noite


Ouvir gritos fortes,
Tambores de acoite
Guerreiros do norte.

A força da flecha
Zombou da alegria
O tempo se fecha
Na dor da agonia.

Guerreiro chorou
Com a alma ferida,
A luz se fez cor
Vencendo a partida.

Desceu pelo rio


Uma água sagrada,
E um índio é rio
684 Nas curvas do nada.

Quem foi e não veio


Deixou a lembrança,
Vagueia no seio
Da luz de esperança.

Os gritos ouvidos
Acordam o além,
São dores, gemidos,
Dos braços de alguém.

É uma fria saudade


De canto dolente,
Travou uma idade
Da voz do valente.

E agora que clama


Nas noites de lua,
Seu canto reclama
A mágoa tão crua.

Guerreiro que grita


Querendo paixão,
Numa taba restrita
É a luz do clarão.
Saulo Barreto Lima Fernandes 604

Gonçalves Dias +100


Que imensa saudade tu fazes...
Oh, gênio-poeta dos cocais e da metrificação.
Naquela fatídica viagem regressiva de navio,
Deixaste tragicamente órfão o teu torrão.

Tua vontade era voltar a viver aqui, junto aos teus pares,
No aconchego da tua estimada e vigorosa ilha grande do
Maranhão.
Juca-Pirama e as palmeiras onde cantam os sabiás jamais
fenecerão...
Te dou a minha humilde palavra. Não te preocupes!
Não turbes vosso majestoso coração,
Pois afinal de contas, és bravo, és forte e nada que proveio
de ti, foi em vão.

Hoje, na tua praça, amparaste dezenas de jovens intransigentes,


Tua estátua, no Largo dos Amores, permanece lá, imponente.
És testemunha cotidiana dos belos solstícios e de chuvas intermitentes,
És patrono-mor daqueles apaixonados enamorados e dos mendigos
inocentes.
685
Espero que permaneças vivendo por mais e mais 100 anos,
A Athenas Brasileira não é a mesma sem tua presença.
Poetas e escritores continuam sedentos pelos teus ensinamentos,
Ninguém se acostumou a viver sem tua singular sapiência.

Viva a longeva existência do poeta anfitrião,


Viva o centenário do mito chamado Gonçalves Dias.
Viva os 400 anos da ilha de São Luís,
Viva o glorioso Estado do Maranhão.

Saulo Daniel dos Anjos Leite605

Entre palmeiras, o Sabiá.


Na terra brasilis cercada de flores,
Em meio aos verdores da altiva nação,
Avistam-se palmeiras aos seus arredores,
Lembrando as matas da sua canção.

604 Saulo Barreto Lima Fernandes - São Luís/MA – Brasil - (17/05/1983). O autor já colaborou com vários jornais
locais e trabalhou em diversas edições da Feira do Livro de São Luís. Na vida literária alcançou o 1º, 2º e 3º
lugares mais Menção Honrosa em diversos Concursos Literários pelo país, sendo publicado em diversas cole-
tâneas. Email: sauloblf@gmail.com
605 Saulo Daniel dos Anjos Leite - São José do Egito-PE – Brasil - 30/04/1987. São José do Egito-PE, é conhecida
como a terra da poesia. Atualmente mora na cidade de Caruaru-PE, terra conhecida pelos famosos festejos
juninos. É servidor público federal e Bacharel em Direito. Escreve poesias no blog http://derepentepoesias.
blogspot.com.br/.
No meio das tabas de insondáveis mistérios,
Mil homens se erguem, escutam de pé,
Mil vozes cultuam prelúdios de glórias,
Mil cantos guerreiros do velho pajé.

No centro das tabas de antigos terreiros


Gorjeiam altaneiros os seus sabiás,
E os sábios guerreiros da tribo feroz,
Ruflando os tambores,
Escutam-lhe a voz:

“Eis-me aqui”- diz o poeta da tribo do norte,


“Seus cantos, suas vozes me chamam da morte,
Guerreiros ouvi:
Fui homem de sorte que antes da morte
As várzeas de flores e a palmeira tão nobre
Da pátria eu vi”.

Erguendo em festa a tribo se alegra,


Ouvindo a voz do velho poeta,
Que um dia cantou como as aves daqui.

Para o exílio da morte partiu nosso Dias,


O velho Timbira da tribo Tupi,
686
Envolto nas águas calou O Valente,
Restou sua voz na boca das gentes,
E sua memória legou no porvir.

Tupã, o seu Deus, em pé recebeu o Chefe Tupi,


Rendeu-lhe homenagens e mandou que entoassem
Em todas as partes sua canção feita aqui.
Os povos e as gentes da remota nação,
Ergueram seu lábaro e de ouro cunharam
O mais alto brasão.

E entre palmeiras, à noite,


Com seu canto certeiro,
Vem ao terreiro, o seu sabiá.
Gorjeando bem alto, entoando bem forte,
No meio dos bosques a canção varonil:
“Os céus de estrelas,
As várzeas de flores,
São altos primores,
Da terra Brasil”.
Sebastião Luiz Alves606

CHUVA DE SAUDADE

“E o céu que cobre essa terra bendita é sereno e estrelado, e parece


refletir nas suas cores fulgentes o sorriso benévolo e carinhoso de quando
o Criador o suspendia nos ares como um rico diamante pendente do seu
trono.”
Antônio Gonçalves Dias

O ritmo da chuva
Face de noite sem luar
Floresta desnuda
Faz sonhar!

Leva a espaços tropicais...


Universos violados no silêncio
Abarca no cais
E volto a sonhar!

Convivi com tantas culturas


Que impressionam e apavoram
Também Retrato de esperanças
Sonhos que encantam.
687

Lembranças de outrora
Chuvas de saudade
Solidão, canção romântica,
Lágrimas sem fim.

O ritmo da chuva
Semblante de minha terra
Exílio distante
E o pensamento vive!

Tempos mortos
Vida que se esconde
Desaparece na brisa do vento
Que se apaga toda verdade.

Rosto de decepção
Reação em cadeia
Tenta abrandar meu coração
Sangue patriótico que corre minha veia!

606 Sebastião Luiz Alves - Curitibanos-SC, Brasil - 15/07/1957. Tenho 7 livros publicados: Revolução farroupilha,
Guerra do Contestado, Heróis da Liberdade, Holocausto no Sertão e Revolta dos Excluídos que encontravam-
se no Domínio Público do MEC, os quais retirei em 2012. Outros: O Contexto do Contestado e Clovis José
Menegatti Uma História no Tempo e 28 Blogs na rede. Além de possuir diversas poesias, crônicas e contos
publicados em Antologias em português e espanhol.
SELVA DE PEDRA
“vossos Deuses, ó Piaga, conjura,
Susta as iras do fero Anhangá.
Manitôs já fugiram da Taba,
Ó desgraça! ó ruína! ó Tupá!”
Antônio Gonçalves Dias
O ser humano, a raça humana,
É uma fera irracional com sentimentos de pedra,
Com emoções abstratas.
Sente em seu coração obsesso,
Coisas e atos que levam segundas intenções,
Visam benefícios próprios,
De olho nos degraus do poder!

A ânsia possessiva em demonstrar a multidão cega,


Preconceituosa pela cor da pele,
Preconceituosa por possuir um pedaço de terra,
Mascara! Machuca e fere
As entranhas de seu orgulho.
Infelizes Mortais!
Nobres da Europa,
Nobres da América,
Flagelo de hipocrisia,
Pois sinto em casa
688
O cheiro da floresta
E a inocência do Índio Tupi!

Sentado à beira do caminho de meus pensamentos,


Distante de minha terra,
Floresce os sentimentos,
Senti cheiro da selva,
Água barrenta do Amazonas,
Senhor dos Rios, beleza que encanta,
Lembro-me dos cantos Piaga,
Fúria de anhangá,
Crença dos Índios Tupi!

Sabe... Tentei imaginar,


Procurei viver o divisível,
Mas fiquei preso no vazio,
Fiquei preso no que não sei!
Não sei!...
Não sabemos nada dessa vida.
Tudo... Tudo,
Porque temos de viver um pouco de nós,
Um pouco de humanidade,
Nessa selva de pedra!
Selmo Vasconcellos607

POESIA INDIANISTA
Para Gonçalves Dias
O grito do guerreiro é silencioso.
A onça raivosa é silenciosa.
O canto do sabiá é silencioso.
Toda floresta é silenciosa.
Só o homem branco que quebra o silêncio.

Sérgio Augusto de Munhoz Pitaki608

São Luís DE GONÇALVES DIAS


São Luís do Maranhão, de França, Holanda e Portugal
Luis IX, “São Luís”, Luis do século XVII
Num repente a Holanda se fez mortal
Com o primeiro saque, do muito que se repete
 
Bravos índios que expulsaram a inicial Nazaré
Resistiram aos portugueses com a força nativa
Na Capitania de João de Barros, com luta e fé
mantiveram sua terra com valentia definitiva
 
689
Nossas vidas, por seus filhos povoadas
Aluízio de Azevedo, Ferreira Gullar e
Gonçalves Dias com as raças estampadas
 
Enfim, o patrimônio da Humanidade, São Luís
Nos recebe em cerimônia, entre palmeiras,
O gorjeio do sabiá e o melhor amor que há!
 
GONÇALVES DIAS – UM ACRÓSTICO
Antes de mais nada diga-se de passagem
Novos poetas não aparecem como esse
Todos os versos nos ensinam sempre
Os maiores valores da nossa terra
Navios vão e vem, a terra fica
Índios fizeram parte das estrofes
Ovacionadas pelo Brasil inteiro.

607 Selmo Vasconcellos - Bangu, Rio de Janeiro, RJ – Brasil - 6 de outubro de 1951 –reside em Porto Velho, RO,
desde 1982. Administrador, editor de cultura, divulgador cultural e escritor (poesias, contos e crônicas). Editou
a página literária impressa e semanal LÍTERO CULTURAL / jornal Alto Madeira, Porto Velho, RO,  no período de
15 de agosto de 1991 a 5 de julho de 2012 (1115 páginas). *Site: www.selmovasconcellos.com.br
608 Sérgio Augusto de Munhoz Pitaki – Curitiba – PR – Brasil - 19 de março de 1956. Médico Radiologista. Pre-
sidente Nacional da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores (2013/14) e da Regional do Paraná. Publicou
os livros: - ÁGORA (poesias, 2003), AURORA (poesias,2008), ALERE (poesias, 2013). Acadêmico Titular da
cadeira 21 da Academia Brasileira de Médicos Escritores. Acadêmico Titular da Academia Brasileira de Meda-
lhística Militar. Membro Titular do Centro de Letras do Paraná e da Oficina Permanente da Poesia da Biblioteca
Pública do Paraná. e-mail: sergiopitaki@gmail.com
Gigantes através do Atlântico foram a Lisboa
Outros voltaram com o coração cheio de amor
Navegaram ida e volta mas declararam
Com todas as vozes,
Amaram e através das letras
Legaram-nos memórias
Verdades que jamais poderemos
Esquecer.
Sempre há de lembrar-mo-nos do passado.

Devotaremo-nos com nossas forças


Inda que contrariedades nos obriguem, pois
“Aves que aqui gorjeiam não gorjeiam como lá”
Salve o Sabiá que aqui gorjeia muito mais que lá.

Sérgio Gerônimo Alves Delgado609

mar zônia
Oh! quem foi das entranhas das águas,
O marinho arcabouço arrancar?
Nossas terras demanda, fareja...
Esse monstro... – o que vem cá buscar?
( in O Canto do Piaga, Gonçalves Dias)
690

as águas claras do rio branco


se embrenham às escuras do rio negro
depois de muitos afluentes
das margens observam tukanos
caiapós, yanomamis, saterés
o tempo nunca passou do alvorecer
à chegada da lua luz imensa
refletida em todos os igarapés
até que o irmão homem-urbano
de matizes e falas diversas
em barcos grandes aportou
no mar zônia
e por todos os lados receberam
remos ponteiros a ditar novas
escalas de horas
silenciaram-se referências culturais
ao som de motosserras estrangeiras ou não

609 Sérgio Gerônimo Alves Delgado – Rio de janeiro – Brasil - poeta carioca, cronista e ensaísta. Editor-chefe
da OFICINA Editores. Publicou em poesia: “Profanas & Afins”; “Outras Profanas”; “Enfim afins”; “Coxas de
Cetim’’; “Gemini”; “PANínsula”; “BelaBun”; “Código de Barras”; “Conversa proibida”; “Urbanosemcausa”;
Fundador da APPERJ, atual Presidente, membro do PEN Clube do Brasil, da UBE/RJ. Tem poemas publicados
e vertidos em inglês, espanhol, francês, italiano, russo. Coordena o evento poético no Rio de Janeiro: “Te
Encontro na APPERJ” e o Festival de Poesia Falada do Rio de Janeiro. Participante ativo do circuito de poesia
contemporânea.
modificaram crenças
em atitudes salvadoras
mapas redesenhados
em nações povos gentios
doenças multiplicaram-se
em intimidades intimidadoras
clareiras abertas
gritam aos céus
a poesia em desmatamento
desmandos sociopolíticos
aos povos da floresta
resistir às investidas
indígenas versus homens de branco
versus homens de preto versus homens indígenas
urbanos metropolitanos
este jogo é arbitrário
conivência sustentável
aldeia global
coexistência inda que tardia

Sergio Ryan Abreu Silva610-

Cantou sua terra


A cor da sua pele, quem diria. 691
Ia além do sangue.
Guerreiro simples e sábio um poeta se ia!
O mundo teve um poeta de raça.
Raça que conquistou ate seu nome em praça.

Cantou sua terra com suas palmeiras.


A Deus fez até pedido!
Deus o ouviu e lhe deu um dia.
Permitiu ainda em vida voltar.
A tão estimada cidade de Caxias!

Sergio Santos611

CANÇÃO PARA GONÇALVES


O poeta desta terra,
Que cantou o sabiá,
Que também cantou as palmeiras
Deixou um eterno cantar.

610 Sergio Ryan Abreu Silva – São Luís – MA – Brasil 13/04/2002; Motivo da Participação: Pelo prazer de escrever
em homenagem a este poeta maranhense que cantou sua terra! Cursando: 5º Ano – Turma: C – Profª Shirle
Maklene EPFA
611 Sergio Santos - Belo Horizonte-MG – Brasil - 1980. Mora em Rio Branco-AC desde 1989. É graduado e mestre
em Letras, pela UFAC, onde é professor de Língua Portuguesa. É autor de O REGRESO, romance lançado em
2011, além de vários textos publicados em coletâneas de concursos literários.
Viveu em tempos românticos.
Enfrentou a solidão,
Morreu no mar desta vida,
Sem retornar ao seu chão.

Fez cantar todo o Brasil


Em belezas de rimar
A terra que tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Foi poeta de amores,


Vividos aqui e acolá.
No Brasil, pais que amou,
E na terra de Além Mar,
Onde não tinham palmeiras,
Que cantasse o Sabiá.

Permita-me, Deus, que eu cante


Os primores que tem cá,
Como cantar o poeta
Que me ensinou a cantar
E que deu vida às palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
692
POEMA PARA GONÇALVES DIAS
Minha terra tem poetas
Que cantam os sabiás;
E as aves que aqui gorjeiam,
Só gorjeiam se rimar
No poema do poeta
Que o Brasil fez encantar,
Cantando também as palmeiras
Onde canta o sabiá.

Minha terra tinha um poeta


Que criou o sabiá,
Que deu a todas as aves
O mais belo gorjear,
Que plantou todas as palmeiras
Para cantar o sabiá.
Gonçalves Dias era seu nome
– Eterno é o seu cantar.

PÁSSARO POUSADO
Numa palmeira frondosa
Daquelas mais belas que há,
Não canta mais, fica triste
O mais belo sabiá.
Foi-se quem tanto o amou
Para nunca mais voltar.
Na verdade, ele nem voltou
Por que Deus o quis no mar,
Que é o lugar mais perfeito
Para o poeta morar.
E por mais fundo que seja
As profundezas de lá,
Ele ouve o canto triste
Do mudo e órfão sabiá.

Sidclei Nagasawa Costa612

DIAS DE GONÇALVES
Dias que se foram
Dias felizes de salves
Dias de árvores que gorjeavam
Dias de Gonçalves.

Sidiney Breguêdo613

A AMADA PÁTRIA DE TRÊS CORES


Ergo a taça,
693
Em respeito.
Numa plataforma onde nasce a aurora
Pássaros de mil cores gorjeiam
Música e flores quebram em antese,
Alaúde ao bom poeta
Que junto aos índios brasileiros
Fez festa.
Rastro de água cristalina
O navio Ville de Boulogne singla o mar,
Dentro dele o poeta escreve cartas etnográficas.
Faz nascer um povo
Esquecido pelas descobertas.
Ticunas, guarani, caiagangue,
Riqueza natural a corre nas veias do país,
Como próprio sangue.
Gonçalves dias chegou à cidade,
Embalou jovens

612 Sidclei Nagasawa Costa - Registro-SP – Brasil - 11 de dezembro de 1974. Atualmente mora em Cascavel onde
trabalha como professor de língua portuguesa. Apaixonado pelas letras, foi o ganhador do Concurso Cataratas
de Literatura – categoria poesia – em 2012, com o poema “Capitu sou eu?”. Também foi um dos vencedores do
Concurso Literário de Presidente Prudente 2012, com o conto “12 de outubro”, publicado na Antologia CLIPP.
613 Sidiney Breguêdo - Monte Azul-MG - Brasil - 22 de janeiro de 1972. nasceu em Monte Azul-MG e mudou-se
para Brasília, ainda criança. Apaixonado por arte, literatura e todo tipo de conhecimento é poeta engajado
no movimento cultural do país. Seu primeiro livro foi O jacaré pensador, onde reuniu dezessete anos de sua
poesia. Mas o autor escreve romances, contos, crônicas e quadrinhos, deste último sendo autor de O padre e
o anjo, tira de humor
Nos áureos dias de tenra idade
Quando horas cívicas tornavam aprazível o Brasil.
Soldado perfeito, uniforme e bandeira,
Mão esquerda
Como lastro do próprio peito.
Foi poeta, não duvide, e foi herói
A correr com índios até a praia,
Praia grande, praia doce, praia do arpoador.
Gonçalves negro, Gonçalves branco,
Vermelho feito coração rabiscado por criança,
Gonçalves dias do amor.
Ergo a taça
Em respeito
As águas não apagaram
O que é direito.

Silvana Maria Moreli614

CANÇÃO DO EXÍLIO615
Se eu pudesse cantar o meu país e,
Se para isso Deus tivesse me provido do dom da poesia,
Da música, da voz...
Com certeza eu entoaria uma melodia
694 Que enaltecesse suas belezas naturais,
Sua fauna, sua flora, sua gente, suas diferenças culturais.

Cantaria o clima tropical, as matas, as florestas,


As praias, as montanhas, o turismo;
A beleza da mulher brasileira, seu exotismo;
O povo que improvisa, o folclore e as festas;
A maneira peculiar de se falar a mesma língua
De forma tão diferente...
Ah! O sotaque dessa minha gente!

Cantaria o índio - povo valente, povo guerreiro;


Cantaria o negro, o branco,
O amarelo, o mulato...
Cantaria a mistura de raças que deu origem
Ao que hoje chamamos “bravo povo brasileiro”!

614 Silvana Maria Moreli - Pitangueiras – SP – Brasil - 18 de agosto de 1965. Atualmente reside e trabalha em Be-
bedouro-SP. Com Pós –Graduação (Lato-Sensu) em nível de Especialização em Língua Portuguesa (UNICAMP/
Redefor) e em Gestão Escolar (Faculdade São Luís - Jaboticabal); com graduação em Administração de Empre-
sas pelo Instituto Municipal de Ensino Superior de Bebedouro IMESB (1996) e graduação em Letras – Unifafibe
(Bebedouro-SP). Atualmente atua como Professora de Educação Básica II-efetiva do Governo do Estado de São
Paulo. Esse poema faz parte de um projeto desenvolvido na EE Domingos Paro – disponível em http://www.
silmoreli.blogspot.com.br/2009/09/cancao-do-exilio.html
615 Silvana Maria Moreli. Neste bimestre trabahei um Projeto muito interessante com os meus alunos das 7ª sé-
ries: “Paródias, Paráfrases, Intertextualidade e afins: (re)visitando a “Canção do Exílio - de Gonçalves Dias aos
nossos dias”. http://silmoreli.blogspot.com.br/2009/09/cancao-do-exilio.html, Poesia compilada por Leopol-
do Gil Dulcio Vaz – Curitiba – PR – Brasil – 1952; Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Universidade
Estadual do Maranhão
Cantaria o que é bem nosso - “paixão nacional”:
- Futebol e Carnaval!
Cantaria os ídolos que dão “Olé”:
- Nosso inigualável Pelé!
Cantaria a música que cruza fronteiras e é um poema:
- Nossa “Garota de Ipanema”!
E aquele alguém que já ‘partiu’ e deixou uma lembrança tão amena:
- Nosso inesquecível “Airton Sena”.
E a música ainda, há tanto para cantar:
- Vinicius, Caetano, Gal, Betania e Gil...
Como é “grande” esse meu Brasil!

É claro que tem defeitos, esse meu amado país,


Mas quem não os tem
Problemas? São infinitos, não se podem enumerar:
Político, econômico e social (melhor não citar)!
Mas também tem a garra e a esperança,
(a fé e o sorriso da criança) -
Desse povo que luta todo dia e não esmorece.
Povo otimista, que trabalha e não entristece.
A espera de um dia melhor que está por vir.
E virá, se Deus assim o permitir!

A cabeça fervilha, há muito ainda por cantar (o Brasil é tão rico!),


695
As idéias vão brotando e a memória insiste em lembrar
Que ainda há muito por cantar...
Oh! Meu Deus por que não tenho o dom da música?
Por que é tão difícil sintetizar um sentimento?
Eu sei que agora Deus escuta meu lamento,
E talvez, por certo, esteja me incluindo em algum plano
E me presenteie no futuro - (já que não é nato),
com aquilo que almejo: talento!

Simone Pinheiro616

QUERIDO POETA
Meu Poeta Maranhense, 
guardo ti em meu peito amado  
com muito zelo, seus versos gloriosos. 
 
É um forte guerreiro como um sabiá 
a cantar em nossa terra maranhense, 
um sonhador que escreve poesias a tocar  
os corações do nosso povo maranhense. 

616 SIMONE PEREIRA PINHEIRO.  - São Luís – MA – Brasil.  Graduanda no 6º período em Letras/Portuguesa na
Faculdade Atenas Maranhense- FAMA. Pós graduanda no 1º período em Libras na Faculdade Santa Fe. Surda. 
Poeta!Sonhador!Sol fulgurante nos nossos corações. 
Poeta!Seus versos jamais serão esquecidos! 
Seus versos serão sempre lembrados em cada boca 
saído pelos poetas e povos  maranhenses. 
Ao recitar suas maravilhosas poesias 
enriquecido pela nossa Literatura Maranhense, 
e lembrando o quão poeta foi no passado ainda hoje 
e ainda hoje você é um poeta guerreiro. 

CANÇÃO DO EXÍLIO
 Minha terra tem poesias, 
Onde recita os mais lindos 
Versos do nosso poeta Maranhense! 
As poesias, aqui recitadas 
Não são esquecidas. 
 
Nossos versos tem mais emoções 
Nossas palavras tem mais encantos 
Nossas recitações tem mais alegrias 
Nossas poesias mais valores. 
 
Em cismar, sozinho, à noite, 
Mais prazer encontro nas suas poesias 
Minha terra tem poesias, 
696
Onde recita os mais lindos 
Versos do nosso poeta Maranhense! 

Minha terra tem poetas, 


Que recitam suas poesias, Oh Gonçalves Dias!; 
Em cismar, sozinho, à noite, 
Mais prazer encontro nas suas poesias 
Minha terra tem poesias, 
Onde recita os mais lindos 
Versos do nosso poeta Maranhense! 
 
Não permita Deus que eu esqueça, 
Jamais do meu poeta amado; 
Sem que desfrute os versos desse guerreiro amado 
Que tanto amo; 
Quero sempre encantar com os versos 
e levar ao povo maranhense 
A sua poesia recitada. 

POETA GUERREIRO
Nasceste no lugar humilde 
Filho de um português e de uma mestiça 
Onde viveram na nossa terra maranhense. 
Gonçalves, lutador pela sua pátria amada 
És um poeta amado, um poeta brasileiro 
E um poeta maranhense. 
 
Tu cantas seus versos dos mais vivazes de coração e alma 
Onde encantam as almas maranhenses 
Sentindo o sabor das suas palavras encantadas. 
 
Poeta, poeta, meu amado poeta 
Tu jamais serás esquecido com os seus versos em nossos corações 
Viva Gonçalves Dias! 

POETA DAS MARAVILHAS
Um guerreiro do Sol, maranhense, forte, inabalável, 
assim é o nosso Gonçalves Dias 
um homem de forte inspiração. 
 
Um poeta de grande destaque,  
um celebre ao povo maranhense  
e ao povo brasileiro 
 
Veja meu povo! Quão grande é ele 
quão grande foi um sonhador... 
Vamos meu povo inspirar as suas poesias... 
697
 
Suas poesias inabaláveis em nossos corações 
no qual seus versos eram seus sonhos 
e que nos fez sonhar também! 
 
SONHADOR INSPIRADOR DE POESIAS
Um sonhador que subia no mais alto sonho
Um sonhador arrebatador de corpo e alma 
Um sonhador que encanta qualquer um com 
Com suas belas poesias recitadas. 
Assim é o Poeta! 
O nosso Gonçalves Dias! 
O poeta do povo maranhense! 
 Um sonhador que inspira sentimentos sublimes 
Ao escrever em cada folha de papel, 
As suas palavras voam ao ar, 
Voam aos sentimentos, 
Voam aos corações de quem as suas belas poesias. 
Assim é o Poeta! 
O nosso Gonçalves Dias! 
O poeta do povo maranhense! 
Gonçalves Dias, meu grande, real e inspirador poeta  
Você me conquista com suas pequenas poesias suaves 
Um poeta inspirador em palavras poetizadas. 
Viva !Viva Gonçalves Dias! 
Sinésio Lustosa Cabral Sobrinho – Sinésio Cabral 617

O SAUDOSO GONÇALVES DIAS, NA ATENAS BRASILEIRA


São Luís é mesmo: a Atenas brasileira.
Gonçalves Dias tem nome, na História.
Festejado Poeta e, de alma altaneira,
que Deus o tenha no Reino da Glória.

Nossa vida: se é mesmo passageira,


neste mundo, com efeito, transitória,
o Poeta vai, mas deixa alvissareiro
o que fez: de inesquecível memória.

Poesia não se faz. Bem que acontece.


Não deixa de ser poema: o que ele faz,
ao lusco-fusco e, então: à Hora da Prece.

Bem que, ao, Por do sol, leitor, tudo esmaece.


A luz do dia, aos poucos, se desfaz,
enquanto a Tarde cai e a Noite desce.

ATENAS BRASILEIRA618
São Luís do Maranhão,
sempre a Atenas Brasileira,
698
teus filhos ilustres são,
dentro e fora da fronteira.

Quer na praia ou sertão,


na cidade ou na ribeira,
os maranhenses estão
como jóia de primeira.

Sarney, Eugênio de Freitas,


Dilercy Adler, também,
e por tantos outros feitas

tamanhas promoções em
letras e artes perfeitas
que a engrandecem muito bem.

617 Sinésio Cabral - Sinésio Lustosa Cabral Sobrinho - Várzea Alegre – CE – Brasil - 22 de maio de 1915, Filho
de Genésio Lustosa Cabral (Magistrado) e de Líbia Lustosa Cabral (Professora Pública). Em tenra idade (em
companhia dos Pais), a infância, em Taperoá-PB. Há vários anos, reside em Fortaleza-CE. Procurador de Justiça
(aposentado). Casado com Maria Diva Ximenes Cabral. O doce Lar: enriquecido com filhos, netos e bisnetos.
Escritor, Professor, Poeta, Jornalista. Editor do Mensageiro da Poesia, de grande projeção. Tem livros publica-
dos, em prosa e verso. Com 96 anos de idade, graças a Deus: lúcido, com sol no seu entardecer, a descer a
Montanha da Vida, bem humorado, como se, ainda estivesse: na subida. Faleceu no dia 10 de maio de 2012
(após mandar sua poesia...)
618 In: LATINIDADE – III Coletânea Poética da Sociedade de Cultura latina do Estado do Maranhão, pp.77, 2002.
Homenagem Póstuma de Dilercy Adler619

A Sinésio Cabral e Gonçalves Dias  


 “Mensageiro da Poesia”
Sinésio Cabral
levando ligeiro
rimas e rimas
de lágrimas
 de amor
de dor
de alegria
 de louvor à vida...
 ....e em seus últimos dias
uma bela homenagem
ao eterno e amado poeta Antônio Gonçalves Dias. 
 
Sinésio e Antônio
Cabral e Dias
 envoltos nos véus
de amor devotado aos humanos
todos os humanos
 de todas as raças
de todos os gêneros
de todos os credos
699
revestidos ou não
de doce/ingênua magia...

 Sinésio e Antônio
Cabral e Dias
Deixaram em seus rastros
Indubitavelmente
  imensurável amor
 traduzido em morte
sangue suor e amor
e profícua...
 muito profícua poesia!

Dilercy Adler, Em 13/06/2012

619 Nota: Sinésio Cabral era o Editor do “Mensageiro da Poesia”.


Solange de Aragão620

Minha terra tem palmeiras 


Gonçalves Dias, poeta, cantou em sua poesia
toda beleza que havia nas paisagens brasileiras.
Lembrou dos campos, das flores, do céu azul que existia
de toda poesia que havia em sua terra de palmeiras.

Descreveu os lugares mais lindos


que há muito tempo não via
Mas que tão bem conhecia
na saudade dos tempos de exílio.

Pois viveu na terra das palmeiras


e viu, de tantas maneiras,
tudo de lindo que essa terra dá.

Uma terra de palmeiras tão soberanas,


nessas paisagens tão brasileiras,
onde cantava e ainda canta o sabiá.

Sonia Nogueira621

700 Gonçalves Dias


O estado Maranhão te viu nascer,
Na mestiçagem ergueste tua voz,
Em cada pedacinho do teu vencer,
A palavra gritava qual albatroz.

Voo pelos mares até Coimbra,


Levando saudades nos teus pensares,
Na “Canção do Exílio” toda timbra,
Que amordaçava teus belos sonhares.

Que hora gigante da poesia,


As mãos rabiscavam na solidão,
Os ventos rugiam pela maestria,

Até o sabiá na palmeira trinava,


Compartilhando da cara emoção.
O regresso pedia, e Deus atinava.

620 Solange de Aragão - Belo Horizonte -MG - Brasil - 17/06/1973. Arquiteta, urbanista, mestre e doutora pela
Universidade de São Paulo, com pós-doutorado em História pela FFLH-USP e pós-doutorado em arquitetura
pela FAU-USP. Autora de Ensaio sobre o jardim, Ensaio sobre a casa brasileira do século XIX, Saudades de BH e
No interior do quarteirão – um estudo sobre as vilas da cidade de São Paulo.
621 Sonia Nogueira - Giqui, Jaguaruna-CE – Brasil - 11 de fevereiro, Educadora, Graduada em História, Estudos
Sociais, pós-graduação Planejamento Educacional, Língua Portuguesa e Literatura - Membro da Academia
Feminina de Letras do Ceará, Academia de Letras dos Municípios do Estado de Ceará, Academia Cearense de
Belas Artes, Associação Cearense de Escritores, Poetas Del mundo, http://www.sonianogueira.prosaeverso.
net/
Seu Grande Amor
O olhar se debruçou na mulher musa,
Ana Amélia, de amor e inspiração,
Trouxe igual mordaça e teor recusa,
A tristeza esmagou seu coração.

Rio de Janeiro o reduto desolado,


Olímpia da Costa, outro amor viveu,
Mas o coração escravo arrebatado,
Guardou dentro do peito, não morreu.

E veio o reencontro, anos isolados,


Na lembrança do tempo conservou,
O poema brotou aos olhos alados,

Quase imitando Julieta e Romeu,


Não lutou em nome do seu amor
Poetou: Ainda uma vez — adeus!’,

Gonçalves Dias
Quero dos teus versos toda beleza,
Das palavras a melodia de amor,
Dos sonhos a poesia que professa,
A saudade que o tempo não matou.
701

Jovem inda partiu no isolamento,


Destino naufragado de um navio,
A sina abraçou, mudo lamento,
Enfrentou, porém o rude desafio,

De registrar palavra com fulgor,


Com o poeta Alencar do Ceará,
A natureza apontava esplendor,

Vivendo co’a emoção do romantismo,


Bebiam juntos, fonte e emoção,
Nos versos que entoavam lirismo.

Oferta
Oferto a ti, Gonçalves poeta,
Meu melhor elogio, meu saudar,
Pelos anos aqui, pela coleta,
Da palavra lírica em teu poetar.

Os anos te correram apressados.


Nem o cabelo grisalho alcançou,
O frio não congelou teus achados,
Mas imensa glória ti projetou,
Nas páginas da academia a palavra,
Sendo imortal teu nome nunca apaga,
A senha registrada que se propaga.

Mil sonetos a ti registram agora,


Tua lembrança viva que se aflora,
Num cabedal de imensa e rara lavra.

Apelo do Exílio
Tua terra tem palmeiras,
Cantará sempre o sabiá,
E gorjeiam melhor que lá,
Aqui do lado de cá.
Estrelas daqui são belas,
As flores enfeitam o lugar,
A vida, nos bosques, singelas,
Os amores aqui de encantar.
Na noite, sozinho, a imaginar,
Vias mais prazer aqui no lugar,
Com tantas belas palmeiras,
E o sabiá a cantar.
Tua terra tem palmeiras,
Lá nunca hás de encontrar
Nas noites cismavas a só,
702
O prazer aqui do lado de cá,
Com todas as palmeiras,
E o sabiá a cantar.
Morrer jamais, Deus permita,
Rogavas pra aqui voltar,
E não perder os primores,
Que lá não vais encontrar,
Vê-las, todas as palmeiras,
Onde canta o sabiá.

Sophia Braga622

Dias menino
Penso no poeta pequeno
Descalço, correndo por entre o pomar
Na cozinha, a mãe preparando o almoço
O lanche da tarde
O jantar
Vejo o menino brincando
Pedaços de galhos o chão a riscar

622 Sophia Braga - Lorena – SP – Brasil - 20 de agosto de 2005. Sophia é uma menina criativa. Gosta de ler e criar
pequenos contos e poesias. Aos cinco anos, criou um pequeno conto chamado o Caminho das Borboletas.
Sophia já possui várias historinhas num caderninho rosa e, em breve, com a ajuda de sua mãe, publicará todas
elas num lindo livrinho ilustrado com seus desenhos.
Imaginando palavras formando versos no ar
Assim foi Dias pequeno
Brincalhão
Moleque
Menino
Criança feliz
Assim como eu
Ouvindo o sabiá cantar

Stella Maris Taboro623

Tu alma y la mía
En tu tierra se elevan las palmeras
elegantes rasguñan el cielo
en mi patria los gorriones
cantan en todo este suelo.
En el cielo manto oscuro
brillan las estrellas para todos
aunque quieras de algún modo
apropiarte de todas ellas.
Tus deseos y esperanzas
son las mismas que las mias
puede que tú las alcances
703
y yo me quede en la mira
El amor que vibra en vos
es tambíén un rio eterno
en mi corazón de argentina
que late como tambor
hasta vestirte con  serpentinas.

EL cielo en tu mirada
Tenías la mirada celeste , tan pura
tan transparente .
Dormida en el mar parecían tus ojos
brisa de sales   y   cielos .
Eran tan puros,  tus ojos celestes
que al alba primera sin sol 
se parecían .
Tenían el brillo de la caprichosa luna ,
y la suavidad de todas las melodías .
Tan tiernos y angelados ojos 
y hoy solo  puedo encontrar
 consuelo en el silencio,
    y en las  lágrimas que interpretan
un canto celeste   hacia el cielo.

623 Stella Maris Taboro - Ciudad de Rafaela, Provincia Santa Fe – Argentina. Soy MAESTRA NORMAL NACIONAL   y 
PROFESORA DE HISTORIA. reside  en la Ciudad de San Jorge. Se desempeñó como docente durante 33 años.
OJOS VERDES
A esos ojos verdes
del color de la esperanza
que en tu poema en danza
como el mar , tan parecidos.

A esa esmeralda que Dios puso


debajo de mis oscuras cejas
el tiempo le da un tono
algo distinto en mi rostro.

A veces están gris claro


otras celeste muy suave
pero siempre hay estrellitas
que adornan mi ojos claros.

Cuando estos ojos claros


miran en silencio a mi amado
ellos se cubren de brillos
porque mi alma asoma cantando

Y se derrama el amor
como luz del corazón
en ese paisaje de prado verde
704
donde sin palabras , me declaro.

Otras veces es el cielo


que bajó a mis pupilas
y en su mar sereno y claro
brillan cientos de estrellitas.

Suelen Cristina Liberato624

Exageradamente Gonçalves Dias


Exageradamente amando,
Exageradamente sofrendo,
Por muitos amores e um encanto:
O verde daqueles olhos ingênuos.

Vagando em poesias,
Declamando a minha vida,
Canções para o meu povo,
Canções para o meu amor.

624 Suelen Cristina Liberato - Teresópolis/RJ Brasil - 25/06/1997. Poetaluna do 9.º Ano da E. M. Alcino Francisco
da Silva, em Teresópolis/RJ. Apaixonada pela arte escrita, Suelen se dedica à leitura e ao aprimoramento de
seu estilo, extremamente marcante e próprio. Criou, em 2012, o blog “A raiz do coração”, onde posta poemas
e prosas poéticas de sua autoria. Professor orientador: Carlos Brunno S. Barbosa
Exageradamente querendo,
Exageradamente perdido,
Entre casos de amor e lendas indígenas,
Entre dor e alegria.

Vivendo pelo meu país,


Vivendo pelo meu amor,
Sofrendo pelo meu país,
Sofrendo pelo meu amor.

E você em mim
Sou eu sem você,
É o meu verde,
São o meu sangue,
Os povos indígenas
Sou eu Gonçalves Dias,
A eternidade é a minha vida.

Ainda – mais que uma vez – adeus


A saudade quer roubar
o que o tempo não consegue apagar:
lembranças singelas
de um amor eterno e proibido.
705
Nos meus sonhos, pude
te encontrar.
Nos meus sonhos, pude
te amar,
numa noite mais que estrelada,
numa noite adocicada.

Mas tu soltas a minha mão,


mas o teu sorriso se fecha,
mas os teus belos olhos
se enchem d’água...
Seriam lágrimas de arrependimento?
Seriam lágrimas de dor?
Seriam lágrimas de amor?

- Não, meu amor – tu dizes em silêncio –


são lágrimas de adeus!
Susy Morales Coz625

Antônio Gonçalves Dias


Las estrellas, los bosques y las flores
Entre los caminos solos
Una brillante voz se impera
En la suavidad de sus versos.

Antônio Gonçalves Dias


Cada página de la historia
Desciende un rayo
Desde su mágico mundo
Y está vivo.

Antônio Gonçalves Dias


Cada estrofa de su cantico
Camina en su bosque
Despierto
Y vive
En el tiempo.

Talles Cardoso Machado626


706
Elegia para Gonçalves Dias
Querido Gonçalves Dias,
como isso pôde acontecer?
Tanto pediu pra Deus
pra não morrer...

Acho que Ele não ouviu,


pois o que você temia aconteceu:
numa viagem de trabalho,
Gonçalves Dias morreu...

Espero que nunca o esqueçam,


pois você mudou minha vida.
Com muita emoção eu digo:
Adeus, Gonçalves Dias!...

625 Susy Morales Coz - Lima – Perú – 03/05/1980. Estudió Producción de TV y Radio en el Instituto INICTEL y tam-
bién estudió inglés avanzado. Susy es licenciada en Turismo y Hotelería de la Universidad Inca Garcilaso de la
Vega de Lima. Susy Morales ha escrito y publicado 8 libros de poesía y cuentos: Versos Cautivos, Cuentos de
Hoy, Día de Luna, Secreto de la Isla, Diarios Revelados, La Abejita Cindy, el libro en inglés Feeling the Sky y Día
de Luna (2ª Ed.). Algunos de sus poemas han sido traducidos al portugués y al chino. e-mail: fricsy19@hotmail.
com; susymorales1@gmail.com
626 Talles Cardoso Machado - Teresópolis/RJ Brasil - 24/11/1996. poetaluno do 9.º Ano da E. M. Alcino Francisco
da Silva, em Teresópolis/RJ. Dedicado aos estudos e grande xadrezista, agora dedica-se também à composição
de poesias de sua própria autoria. Professor orientador: Carlos Brunno S. Barbosa
Tatiana Alves627

O Gonçalves dos meus dias


O primeiro poema que li foi a Canção do Exílio:
Entre bosques, flores e amores,
Aprendi a escandir versos.
Embalei-me na saudade
Do poeta que definhava de nostalgia em terra estrangeira.

Depois, em meio a tambores e atabaques,


Ouvi a triste história
Do índio acusado de covardia.
Herói que era, engoliu a ofensa
Para provar que morrer como guerreiro
Era mais honroso do que viver errante.

Não permita Deus que eu morra


Sem chegar a perceber
Que o grande amor à Pátria sempre escorre pelos versos do poeta
E atinge a alma de quem lê.

Gratidão
Meu canto tão grato
Leitores, ouvi:
707
Eu li o retrato
Que descrevo aqui.

Retrato tão belo


Da pátria gentil.
Em verde-amarelo,
Sob o céu de anil.

De índios e flores
Traçou um painel.
De tons multicores
Pintou o papel.

Das selvas e matas


Do imenso Brasil
Surgiam, exatas,
Redondilhas mil.

Do I-Juca Pirama
À Canção do Exílio,
A voz de quem clama
À Pátria: um filho.

627 Tatiana Alves - Rio de Janeiro - Brasil - 16/09/1966. Participou de diversos concursos literários, tendo obtido
vários prêmios. Possui sete livros publicados. É Doutora em Letras e leciona Língua Portuguesa e Literatura no
CEFET / RJ.
É este o canto
Que trouxe alegrias.
Na voz, o encanto
de Gonçalves Dias.

Tatiane Paulo de Oliveira628

A morte do amor, a morte de Gonçalves Dias


Gonçalves Dias morreu
e o amor foi esquecido...
Pra qualquer lugar que eu olho,
só há lembranças perdidas...

O sabiá canta,
Mas não do jeito que cantara com Gonçalves Dias...
Tinha mais sentimento,
tinha mais vida...

As estrelas que ali brilhavam


trazem um brilho sem graça
sem ele aqui...
O que fazer agora que só lembranças restaram
na poesia da memória?
708

Taysa Leite Lima629

GRANDE POETA
Gonçalves Dias tinha alegria
E muita harmonia
Vivia em paz e união,
Seu dever era com a poesia
Ele escrevia noite e dia.

Ele tinha amor por sua cidade


Nela tinha sua felicidade
Pois Deus lhe chamou e
Deixou só saudades.

Mas suas poesias


Continuam a viver.
Para a todos lembrar
E nunca esquecer.

628 Tatiane Paulo de Oliveira - Teresópolis/RJ Brasil - 13/07/1997. Tatiane Paulo de Oliveira é poetaluna do 9.º
Ano da E. M. Alcino Francisco da Silva, em Teresópolis/RJ, e, desde as primeiras aulas, demonstrou interesse
pela arte poética. Sempre sorridente e sonhadora, ela acredita no poder do amor e em sua força lírica. Profes-
sor orientador: Carlos Brunno S. Barbosa
629 Taysa Leite Lima - Escola Paroquial Frei Alberto
Teresa Cristina Cerqueira de Sousa630

Sempre nossa canção


A Gonçalves Dias.

Nas horas que vêm chegando do dia,


Sobre o sol de minha terra (benção!),
Que se inunda de divina afeição,
Ai, que bom te saudar em alegria!
Alma de sabiá, som do Brasil!
Tu és o poeta de nossa gente
Em teu nome puseram – certamente –
Tudo o que é de luz e varonil!
Eu queria falar - como quem reza –
De tua poesia, da beleza
De teus versos _ Sempre nossa canção!
Ah! gritam pelas ruas... somos nós...
Que em pensamentos...  a uma  só voz...
Fazemos, como tu, nossa nação. 

Palavras Felizes de Saudade


A Gonçalves Dias.
Escrevo para ti com emoção.
Como se eu estivesse num jardim,
709
Que se abre (pim-pum) numa canção.
Ah! que instante de alegria - assim. 
Aqui tenho momentos de prazer,
E puros - hoje e pela eternidade.
São de ritmos, de luzes em meu ser,
Vindos destas palavras de saudade. 
Escrevo com meu espírito em versos:
A imaginar pensamentos diversos,
Pois dizem que Gonçalves não morreu. 
Então, ergo os olhos em oração,
A ver o que fala em meu coração _
Em que tua poesia está no meu!

630 Teresa Cristina Cerqueira de Sousa - Piracururca – PI – Brasil. 14/11/1961, filha de João Batista de Sousa e de
Inocência Maria Cerqueira Sousa, divorciada, mãe de 4 filhos. É formada em Letras – Português pela Universi-
dade Estadual do Piauí e com Pós-Graduação em Gestão Escolar. Tem participação em mais de 100 antologias
entre poesias, contos e crônicas na CBJE (Câmera Brasileira de Jovens Escritores). Possui site: http://www.
recantodasletras.com.br/autores/flordecaju.
Teresinka Pereira 631

GONÇALVES DIAS
Febril amor pela natureza,
pelos animais, amor da pátria,
uma visão que sobreviveu
ao naufrágio, justo quando
olhava a costa do Maranhão.

Amor de toda a existência,


essencial, sagrado, convertido
em uma lírica nova
para a literatura nacional.

Gonçalves Dias, sua paixão


ainda inspira sonhos de regresso
a todos os exilados de todos os tempos,
mesmo os que nunca ouviram o sabiá cantar,*
mesmo os que não puderam ver as estrelas
do céu brasileiro.

Obrigada pela doce herança romântica


das suas saudosas canções.
710
*Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá
As aves que aqui gorjeiam
Não gorjeiam como lá.
Gonçalves Dias

Terezinha Erna Brandenburger632

O poeta dos poetas


Quem dera eu tivesse
Um só instante de inspiração
Que este imortal poeta teve
Na obra-prima de sua criação.

631 Teresinka Pereira - Brasil. Poeta e tradutora, Teresinka Pereira divulga a poesia brasileira entre os povos de
todos os continentes,  por onde sempre viaja, em busca de  novas experiências de vida e de arte poética.
Presidente da Associação Internacional de Escritores e Artistas. Membro da Academia Norte-Americana da
Língua Espanhola, correspondente da Real Academia Espanhola (1989). Indicada candidata ao Prêmio Nobel
em 2005, pelo International Poetry Translation and Research Center.  E-mail:tpereira@buckeye-express.com
632 Terezinha Erna Brandenburger - Novo Hamburgo, RS – Brasil - 27/6/1942. Estudou na Escola Santa Catarina,
onde se formou professora. Cursou Letras na UNISINOS, não tendo concluído o curso. Nos anos 1990, escre-
veu crônicas para o Jornal NH. É membro da Academia Literária do Vale do Rio dos Sinos – ALVALES. Participa
das coletâneas: Reflexões Poéticas, Poetas Pela Paz e Justiça Social, Tendências Literárias 2009, ALAVAES em
Múrmúrios e Mulher: Feminino, singular.
Sua “Canção Do Exílio,
Já na infância decorei
E este poema tão lindo
Para sempre na lembrança terei.

Longe da terra amada,


Quando a saudade bate forte,
Meu pensamento voa, voa,
Para os versos tão só dele.
Seus versos tão leves,
Tão vivos ainda estão.
Quem dera pudesse
Gravá-los em minha mão!

Enquanto eu viver e me deparar


Com palmeiras ondulando ao vento,
Várzeas floridas a perder de vista,
Um céu pontilhado de estrelas,
Bosques repletos de vida
E sabiás cantarolando ao amanhecer,
Dele sempre hei de lembrar!

Terezinha Oliveira633
711

HOMENAGEM A GONSALVES DIAS.


Terra de meus sonhos não mais vai existir
Com saudades recordar o passado feliz
Na esperança sem malícia de criança
Marcar minha existência um dia a sorrir.

Mamãe com carinho amor e atenção


Pelo bosque com os irmãos brincava
Quando criança ao entardecer rezava
No teu berço feliz meiguice proteção.

Terra magnitude do meu apreço


Nas noites de estrelas prateada
Matas floridas na primavera
Saudades dos rios em que me banhava.

633 Terezinha Oliveira - Baiana. Brasil - Escritora, e com títulos de honra ao mérito. Embaixadora da Paz / Cercle
Universel Des Ambassadeurs De La Paix Suisse / France. Lançou cinco obras solo. Com Participação Num di-
cionário na Bahia, com vários autores de todo Brasil. Participou do Vol. V. e V1, Alimento da Alma. Organizado
pela Escritora Jane Rossi. Na Antologia Destaque na Poesia, com o Escritor e Colunista Raimundo Nonato. Em
Melhores da Poesia Brasileira.Com Monica Rosemberg, e Jane Rossi. tere_aprigio@hotmail.com
Thaís Matos Pinheiro634

Ainda uma vez, amor


Exilado foi
Na eternidade
Vive ainda
Na terra da saudade
Na terra das palmeiras
Romantismo amante
Se te amo, não sei
Mas sei sim
Amo-te até o fim
Como eu te amo
O silêncio, a luz, o aroma
Poesia, graça,
Talento, raça
Ele é o amor
Amou a vida inteira
Amou Ana Amélia
Amou o Brasil
Amou o amor
Escreveu o amor
E nos deu de presente
Presente de despedida
712
O legado da partida
Pra terra dos sabiás
Ainda uma vez, adeus
Mas não digo adeus
Digo até breve
Até quando cruzar-te
Perdida de amores
Pois és amor
E amor é vida

Thaise Santos635

ETERNA MEMÓRIA
No inverno nascia esta voz
Mas precisamente em 10 de agosto de 1823
Mais uma essência se fez
Na canção do exílio ficou a saudade

634 Thaís Matos Pinheiro - São Sebastião, SP – Brasil - 09/04/1993. Estuda jornalismo na USP e escreve nas horas
vagas. Foi vencedora do na edição de 2012 Concurso de Poesias Nhô Bento com dois poemas – Não Sou e
Aonde vais, Maria?.
635 Thaise Santos – Carapicuíba – SP – Brasil - 02/12/1993 – E-mail: Thaisesantos36@gmail.com. “ A poesia é a
arte da alma, essência inegável e única”.
Nas palavras as suas verdades...
Ainda uma vez- Adeus a Don’Ana
Seu âmago em suas palavras clama
A verdade, a essência que chama

Poeta celebrante da pátria, romantismo, indianismo... A história


Se faz eterno em sua alma
Permanece na memória

Sua vida versejada


Pela água foi levada
Mas eterno se fez pelas palavras a nós deixadas

SENTIR SENTIMENTO SENTIDO


Sentir sentimento sentido
Do amor vivido perdido
ansformado em verso
Sua vida de idas e regressos

Sua alma que se revela


Na poesia sua vida se esmera
Mostrando sentir o sentimento
A visão própria o sentido
713
Dias os 41 anos viveu
Sofreu, versejou, escreveu...
Sua alma nunca morreu...

Ele vive, na poesia, no que escreveu


Sentimos o sentimento nos sentidos...
Ele vive para aquele que leu, seus sentimentos vividos.

Dias e dias
Mas mesmo assim não deixou de versejar
Sua arte e poesia pelo infinito irão voar
Nas palavras escritas...
Nos livros...
.
A anos e anos vem caminhando
Na poesia versejando
Dias e dias se passam
E as rimas se casam
.
História, uma vida
Poucas alegrias e dores ritmadas
Jamais serão perdidas
.
Ficarão na memória por Dias e dias
O ETERNO POETA
O Poeta com quarenta e um anos, tão jovem se foi
E quase cento e ciquenta anos depois
Sua essência ainda é citada
Em sua poesia deixada
 
O Ville de Boulogne levou o poeta
Mas a vida deixou sua lembrança em poesia concreta
O veleiro francês ao bater no baixio dos Atins
Levou nosso poeta ao fim
 
Mas em poesia sua voz é eterna
Nesta natureza sincera
Do versejar
 
Sua alma por anos aqui vai estar
Como já está
Graças a sua poesia que podemos contemplar.

POETA DO MAR
Caro poeta sois o atleta do versejar
Nas poesias veio o Brasil saudar
Abordas também o amor
E tuas intensidades, teu calor
714
>
A perda de tua Ana Amélia
Tua inspiração, ainda uma vez quimera
Adeus
Abriu mão d’ela, de outro já era
>
Poeta indianista
Poeta da pátria
Poeta de vida
>
Poeta do mar
Mesmo versejando sobre águas
Veio o mar o levar.

Thiago Jefferson dos Santos Galdino636

O Voo da Eternidade
Meu negro semblante
Exprime saudades
E omite as verdades
Do céu estelar

636 Thiago Jefferson dos Santos Galdino - Mossoró – RN – Brasil - 06-09-1993. É Autor do livro “Suspeitas de um
Mistério” pela Editora Multifoco; participou de projetos de incentivo a leitura, e colabora com jornais, revistas
e blogs literários por todo o Brasil.
Saudoso dos cantos
Dos bosques, da vida
Do povo Timbira
Do meu sabiá

Perdido no entanto
No pranto do mundo
Os mares profundos
Me querem levar

Sem ter o encanto


Do amor de Don’Ana
Que doce me ama
Não posso ficar.

Por mais águas que me afoguem


Deus permita que se voguem
Os meus versos no meu lar
Sem qualquer brida ou comando
Nesta brisa do meu canto
Nem civil, nem militar

Pois nos campos da poesia


Que habitam o meu lugar
715
Bem no fundo eu já sabia
Cá comigo: Eu vou voltar!

Sei que ainda vou voltar


Pras maneiras que um dia
Deslumbraram o meu luar
E haveriam lá de estar

Com as luzes brasileiras


Que iluminam o Sabiá
Dentre as sombras das palmeiras
Que tem lá e ainda é lá.

NOS DIAS DE GONÇALVES


Meu negro semblante
Exprime saudades
E omite as verdades
Do céu estelar

Saudoso dos cantos


Dos bosques, da vida
Do povo Timbira
Do meu sabiá
Perdido no entanto
No pranto do mundo
Os mares profundos
Me querem levar

Sem ter o encanto


Do amor de Don’Ana
Que doce me ama
Não posso ficar.

Tiago Duarte Cordeiro637

UM POEMA SOBRE O POETA


(cordel em homenagem a ANTONIO
GONÇALVES DIAS, em memória)

1 - Uma história verdadeira,


Aqui eu irei contar,
D’um poeta de primeira,
Você pode acreditar.

2 - É a de Gonçalves Dias,
Um poeta popular,
716
Eu a conheço há dias,
Nada irei inventar.

3 - Estória de pescador
Nós podemos duvidar,
Mas essa do escritor,
Todos podem confiar.

4 - Nasceu em dez de agosto


Em terras de Jatobá.
Só deu orgulho, desgosto
Ele não deu, nem pensar.

5 - Foi no sítio Boa Vista,


Ele nasceu pra brilhar,
Homenagem ao artista.
Sempre devemos prestar.

6 - Em Caxias, Maranhão,
Até rapaz, viveu lá.
Logo cedo, o cidadão
Começou a trabalhar.

637 Tiago Duarte Cordeiro - Campina Grande/PB – Brasil - 29/04/1963. Comerciário, aspirante a poeta. Publica
seus escritos no Recanto das Letras: www.recantodasletras.com.br/autores/tiagoduarte).
7 - Etnógrafo, jornalista,
Chegou a advogar,
Provou ser grande artista,
Na arte de poetar.

8 - No teatro também foi


Destaque, posso provar.
Se foi criador de boi,
Disso não estou à par.

9 - Filho de pais não casados,


Foi pra Europa estudar.
Após dez anos passados,
Voltou, ao se bacharelar.

10 - Algumas obras notáveis


Eu irei aqui citar
Do grande Antônio Gonçalves,
11 - Querendo, podem anotar.
12 - Seus Olhos” foi uma delas,
Inspirou-se de tanto olhar
Pra Ana, a amada bela,
Com ela quis se casar.
717
13 - O terrível preconceito
Impediu-o de desposar,
Por ser bastante direito
Não quis a moça roubar.

14 - “Ainda Uma Vez-Adeus”


Fez também ao se inspirar
Na bela, como ocorreu
Vou agora explicar:

15 - A compôs em Portugal,
Após a bela encontrar
Num encontro casual,
N’um Jardim que tinha lá.

16 - “Sextilhas de Frei Antão”


É também d’admirar,
É uma composição
Boa d’alguém recitar.

17 - Cito “Os Timbiras” agora,


Vale à pena decorar.
Não poderia ficar de fora,
Leiam para confirmar.
18 - Vem a “Canção do Exílio”,
Obra espetacular,
Foi a que deu-lhe mais brilho,
Ficou em primeiro lugar.

19 - Com muita disposição


Sobre Dias, quis falar.
Não importa a posição
Que chegarei ocupar.

20 - Pra mim, o mais importante


Foi, sim, homenagear
Um poeta tão brilhante
Com a arte de rimar.

21 - Eu a fiz na fonética
Da “Canção” tão singular.
Uma saudação poética
A você, quero deixar.

Tiago Klein Maciel638

CANÇÃO DO EXÍLIO
718
Oh, Brasil de tantas cores e amores!
Tu és quente
como um abraço apaixonado;
tão diferente deste frio daqui.
Aqui tudo é escuro e cinza;
nada se parece com a minha terra
tão cheia de sorrisos,
alegrias e sabores.
Aqui, raramente, vejo
pássaros e sorrisos;
lua e sol, só no outono.
Espero, em breve, deixar a Suécia
e voltar à minha Terra!
Obrigada .
Está aceita.

Saudações Gonçalvinas,
Dilercy Adler

638 Tiago Klein Maciel - Porto Alegre/RS – Brasil - 06 de junho de 1997. Estudante do Ensino Médio do Colégio
Conhecer, Porto Alegre/RS. Integrante do Projeto “Imagens e Textos construindo Histórias e Versos”. Curte
música, leitura e história. E-mail: timaciel2009@hotmail.com
Um Maranhense639

Versos na inauguração da estátua de Gonçalves Dias


(A Themistocles Aranha)

… a história os resgata do abandono


E as gerações lhe fazem para culto
Do túmulo um altar, da campa um trono.
Mendes Leal (Cânticos).

O seu vulto ali vejo! Transparece-lhe `


Na fronte augusta a nobre inspiração!
Tem-lhe, há muito, rendido vassalagem;
Mas de novo prestar – vem homenagem
A seu grande Cantor o Maranhão.

Que hino harmonioso o mar envia!


Que cantos festivais a brisa entoa!
Não sabeis!? É que hoje aos pés do gênio,
N’este plaino risonho por proscênio,
Vem-lhe o povo trazer – a sua c’roa.

Bem do peito, espontâneo é o tributo,


De versátil lisonja não nasceu:
719
Não e mais esse vulto um ser humano:
Lá ficou entre as dobras do oceano,
Entre as brancas espumas se escondeu…

Mas quem era?... Entre nós com lira d’ouro


Nas mágoas ensinou-nos a sofrer,
De seus lábios perenes dimanavam
Melodias que ao peito inebriavam
E o alento faziam reviver.

As belezas da Pátria com seus versos


Da Europa as nações ele mostrou;
Nossas ínvias florestas penetrando,
Foi seu estro qual sol iluminando,
E os índicos mistérios revelou.

Lá do bosque no fundo, entre os palmares,


O índio fero atravessou veloz…
Nós, de susto transidos escutamos
Entre os gritos de dor dos gaturamos,
Do boré e da inúbia a rouca voz.

639 Anônimo in Leal, Henriques, Pantheon Maranhense, São Luís, 1874, p. 560-561. Poesias compiladas por We-
berson Fernandes Grizoste - Jauru – MT – Brasil
E os grandes esquadrões de peito a peito
– Homéricas visões! – pudemos ver.
Dos golpes ao embate, a penedia,
As florestas, o céu estremecia,
Ia o sol entre nuvens se esconder.

Depois, com que magia os outros quadros


Em que tudo e encanto e só primor!!
Onde acaso soou mais eloquente
Da mágoa e da paixão o verbo ardente?
Quem melhor traduziu o que era amor?!...

Sim exulta, poeta, e aceita ufano


Os louros d’esta esplêndida ovação.
Já a muito rendeu-te vassalagem
Mas vem hoje prestar nova homenagem
A seu grande cantor o Maranhão.

Valdeck Almeida de Jesus640

Poema a Gonçalves Dias


A terra onde havia palmeiras
Hoje tem devastação;
720
Onde cantava o sabiá
Reina solta a erosão.

Que diria o poeta


Se vivesse para ver
Toda a sua poesia
Neste solo esmaecer.

Com certeza ia chorar


Pela triste imensidão
Pela seca e o deserto

Desencantado por certo


E com dor no coração
Pediria pra não voltar...

640 Valdeck Almeida de Jesus - Jequié-BA – Brasil - 15.02.1966. Jornalista, escritor e poeta. Livros: “Memorial
do Inferno. A saga da família Almeida no Jardim do Éden”, “Feitiço contra o feiticeiro” e mais treze outros.
Membro da Academia de Letras de Jequié, Academia de Letras de Teófilo Otoni e União Brasileira de Escrito-
res. Patrocina um concurso literário desde 2005, o qual já publicou mais de 1000 poemas. Site pessoal www.
galinhapulando.com. E-mail poeta.baiano@gmail.com
Valentina Kroeff Sperb641

CANÇÃO DO EXÍLIO
No Brasil, temos moças belas;
nos Estados Unidos,
a beleza feminina não satisfaz.
Lá, vive-se simpatia e carisma;
aqui, o povo não demonstra
nenhuma afetividade;
preservam a antipatia.
Lá, o perigo está nas ruas;
aqui, em todos os lugares.
Apesar dos Estados Unidos
ser um país cheio de magias;
o Brasil vence por sua simpatia.

Valmir Sales Borges642

Gonçalves, o patriota.
Oh Gonçalves!
Aqueles dias
Que no EXÍLIO estivera
Longínquo como a quimera
721
Da sua pátria querida
Desejoso do voltar
E só sua poesia
O fazia confortar
Hoje
Muita coisa aqui mudou
e amor puro como o seu
Não existirá jamais.
No poder:
Novos colonizadores
Que “surrupiam” valores
Para paraísos fiscais
Apresentam-se como guerreiros
Mas mudaram seu sentido.
Seus GUERREIROS, prazeiravam-se
Contando suas proezas
Hoje guerreiros em meio à nobreza
São aprisionados por serem “bandidos”

641 Valentina Kroeff Sperb - Porto Alegre/RS. – Brasil - 03 de setembro de 1997. Estudante do Ensino Fundamental
do Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS. Membro Efetivo do Projeto “Vida, Amor e Paz”, do “Cercle Universel
des Ambassadeurs de la Paix, Suisse/France”. Integrante do Projeto “Imagens e Textos construindo Histórias e
Versos”: “Banners Poéticos”, 2012. E-mail: v.k.s.gremio@hotmail.com
642 Valmir Sales Borges - Camacan-BA – Brasil - 20/09/1959, Formado em Administração de Empresas, composi-
tor, poeta e professor, com poemas publicado no livro de antologia Ecos da Alma, titulo Menino de Rua e em
Ventos Poéticos, titulo Egoísmo e Vida e Morte. Email: valmirsb@yahoo.com.br
Não!
Longe de mim ser PIAGA
A predizer um triste final
Mais “sugam” nossos direitos
A saúde, a educação
Pilares, de uma grande nação.

DEPRECAÇÃO!
Imploramos a um novo Tupã
Os valores inverteram-se!
E um torrão tão amado
Hoje filhos rejeitados
Preferem ser exilados
Idealistas conectaram-se
Na tal globalização.
Brasileiros semi alienados
Não tem sentimento de nação
Gonçalves, sei que estás
Numa outra dimensão
Glorificamos com louvor
Seu exemplo de amor
Por esta pátria mãe
Às vezes “madrasta”
Mas que assim como a exaltou
722
Mesmo com todo dissabor,
A tenho em meu coração.

Valquíria Araújo Fernandes De Oliveira643

DIAS DE FELIZES LEMBRANÇAS


Se tu voltasses, Gonçalves Dias,
E visitasses o meu sítio,
Tu pensarias estar em um paraíso...
Um lugar cheio de verdes e de magias
Um ponto de encontro de parentes e amigos
Que aos domingos almoçam juntos
Na mais perfeita harmonia.

Não tem grandes palmeiras no meu sítio
Mas tem pés de mangas e de cajus
Muitas palmeiras de buriti e algumas de açaí...
Bem no alpendre da casa deste paraíso,

643 Valquíria Araújo Fernandes de Oliveira, Caxias-MA – Brasil -Graduada em Letras pela Universidade Federal da
Bahia. Adquiriu os títulos de Especialista em Língua e Literatura Inglesa e Mestre em Letras pela Universidade
Federal da Paraíba. Foi Diretora do Centro de Estudos Superiores de Caxias (CESC-UEMA) de 1995 a 1999. É
membro do Instituto Histórico e Geográfico de Caxias (IHGC) e Vice-Presidente da Academia Sertaneja de
Letras, Educação e Artes do Maranhão (ASLEAMA). Atualmente, é Secretária Municipal de Cultura e Turismo
(2006-2012).
Há um ninho sempre visitado por um sabiá
Que, provavelmente, não veio das Matas do Jatobá.

Se tu pudesses vir até aqui,


Tu encherias meu pai de alegria...
Ele considerava o sítio um paraíso sem igual!
Ainda que não ouvisses o canto de muitos sabiás,
Tu te deliciarias com o canto dos periquitos
Que, em revoada, acompanharia o canto dos bem-te-vis.

Tu não podes mais vir aqui


Meu pai também não estaria ali
Para comemorar tua visita com alegria
Resta, apenas, a saudade dos tempos sem volta...
Mas, a família continua ali,
Vivendo domingos harmoniosos,
Dias e dias de felizes lembranças,
Naquele nosso paraíso, ouvindo o canto dos bem-te-vis.

Valquiria Imperiano644

Salve Dias
Gonçalves dos dias de ontem
723
Gonçalves dos dias de sempre.
Poeta inverossímil
Deste Brasil varonil.
 
Melancólico  chorastes
As cores  e os amores deixados.
Fizeste um bouquet de flores
Colorido e perfumado.
 
Cantastes em versos eloquentes
a saudade do Brasil,
dos  bosques, das matas verdes e
do  céu  azul  anil.
 
Em teu exílio  ouvias
O canto do sabiá ;
Que na tua memória gorjeavam
E não existiam lá.
 

644 Valquiria Imperiano - João Pessoa, Paraíba – Brasil - 18 de novembro de 1953. Naturalizada Suissa, país onde
mora, desde 1997. Formada em Letras na Universidade de Mandaguari Paranà. Na UFSC e em Genebra cursou
francês. Foi professora de língua portuguesa em Florianópolis e em Genebra. É artista plástica ( exposições
na Europa e no Brasil), escultora, designer de jóias. Escreve poemas, contos e crônicas. Acadêmica da ALAF.
Membro da : Literart, e Rebra. Prêmio. Luso-brasileiro - Diploma de Honra ao Mérito, escreve para o Varal do
Brasil.
Teu pranto sincero e amoroso
Cheio de saudade pueril,
Atravessou o atlântico
Aterrizou no Brasil.
 
Cantaste tão alto e tão forte
Que o tempo registrou.
E a glória  tão merecida
a historia te ofertou.
 
Viraste pedra preciosa
Desse país de talentos .
És uma relíquia sagrada
desse imenso Brasil.

Poeta sonhador
Teu romantismo
Mescla nostalgia e nacionalismo.
Poeta de todos os poetas
Em nossos dias teu canto
Ainda encanta certamente
Quantos anos já se foram
Que a terra em teu seio te acolheu
E continuas em silêncio
724
A lançar teus poemas ao vento
Soprando nossa alma
Com poemas de louvoures
Cantos de cores
De flores
Sabor de araça
Melodiosos cantos de passaros
De amores romanticos
Quem dera um dia eu fora
O poeta que fostes outrora
Um poeta que encantou
E cantou as cores da saudade
Das nossas raizes
Da terra do Brasil
Vanda Lúcia da Costa Salles645

EM N0SS0 LEIT0 DE F0LHAS VERDES

“Do tamarindo a flor abriu-se, há pouco,


Já solta o bogari mais doce aroma!
Como prece de amor, como estas preces.”
Gonçalves Dias

Há sentimento aqui, encantado, sob a tamarindo em flor


Poesia exala esperança, beleza incomum se despe, bem antes
Em nosso leito de folhas verdes a vida sussurra: amooorrr!
Ó amada e bela terra!  Tupã, como é perfeito o instante!
 
 N a angústia da espera, lança-se voz e coração, desarmado
Atravessando vale e montes, terras, rios, lagos e ilhas
 E estes versos que ao luar se explica canto, entreaberta 
A flor, Jatir, saudade espanta o que do amor não seja trilha.
 
 Entre pétalas de flores diversas e livres, aroma é açoite
À rosa que a mão oferece pronta. O tempo aperfeiçoa-se rio
E acentua-se no fluir das horas. Os corpos languidos, cais,
Sobre nosso leito de folhas verdes, a lua acentua a noite
  725
 Enluarada, a copa da mangueira altiva capta: suave prece, pio de ave!
Ao pé da noite, bogari perfuma: pensamento e alma, cedro e pinho.
À voz do meu amor move os teus passos?  Aconchego, a floresta sabe!
Venha!  Não te chama em vão, à voz do meu amor! É ninho.
 
Não temas que a vida é fugaz.  Olhai, atenta, o que move as folhas
As águas dos grandes rios e o poema cabem no silêncio da noite, semente
O que te oferece o pranto e o encanto, tuas lágrimas sente e colhe
Amor é coisa que pia longe de imenso, no dentro da gente.
 
 Sim, se aos poetas cabem traçar o rumo com jeito próprio,
No aprumo dos passos dados, caminham e alentam a clave
Na imensidão do nosso amor, sonhos infindáveis bailam joviais,
No entanto, o bosque revela apenas a silueta estática da chave
 
 Se deliro estes versos d’alma arrancados e sangro, creias
É para que leias o que me alcança fundo centro da forma
E se não me conformo e busco universo outro, é que acalento
O sonho torto de seguir-te os passos, ó amado vate!
  

645 Vanda Lúcia Da Costa Salles - Italva (RJ) – Brasil - 25/04/1956. Poeta, contista, professora.  Graduada em Le-
tras (UERJ-FFP), Pós-graduada (UFF), atualmente cursa Direito (UNESA). Publicou: No tempo distraído (nar-
rativas, Ágora da Ilha, 2001), Diversidades e Loucuras em Obra de Arte- um estudo em arteterapia ( ensaios,
Ágora da Ilha, 2002), Núncia Poética (poesias, cbje,2010). Participou da Antologia: Poesia em trânsito-Brasil/
Argentina ( La Luna Que, Buenos Aires, 2009). E-mail: vanda – Salles@hotmail.com
Doce aroma, outra vez, no amarelo do dia, abriu-se flor
Seu nome aguça a mata, ao longe o grito do galo-da-campina
Aqui, no peito grafo o nosso leito de folhas verdes, minha sina
É semear palavras que só cabem no infinito de teus olhos: amooorrr!
 
Seu nome sibila em meus lábios trêmulos, amorosos e impuros
Ao mordicar a língua com que te traço, trago deveras, só alegrias,
Eternizados, imagem e semelhança em florestejos, um buquê
Em desabroche de flor na flor do Lácio: Antonio Gonçalves Dias!
 
POR CAUSA DE VOCÊ

“Como se ama o clarão da branca lua,


Da noite a mudez os sons da flauta,
As canções saudosíssimas do nauta,
Quando em mole vai e vem a nau flutua.”
Gonçalves Dias

I
no amor,
do verbo
preservo a ação
de crer
726 moço bonito,
que meu desatino
é por causa de você

II
só por causa de você
escrevo aos sons da mesma flauta
em tantas formas
e de forma 
que
por um beijo
palavra de nauta
que 
a palavra seiva
rasga-nos o peito, até
a vida
que se inscreve foz

III
e a voz, tão linda,
escorre das mãos
igual leite materno
que sacia
o que ama o clarão da branca lua, e
o que em nós é fonte e sina
IV
e se teu canto me aterra foto e clima, fogo e labareda
eternizando a língua, nesta literatura brasileira
com que bordamos: tempo e vida

CÂNTICOS AOS TRABALHADORES

“Não chores, meu filho;


Não chores, que a vida
É luta renhida:
Viver é lutar.
A vida é combate,
Que os fracos abate,
Que os fortes, os bravos
Só pode exaltar!”
Gonçalves Dias

I
Se a linguagem é imprecisa: L (ab) utamos!
Se o amor não corresponde: L ( ab) utamos!
Se a aposentadoria não cabe: L (ab) utamos!
Se a mão ao traço imola:  L (ab) utamos!
Se o osso atravessa o caldo: L (ab) utamos! 727
Se o leitor nega o círculo: L (ab) utamos!
E porque a vida exige uma transformação: L (ab) utamos!

II
Ó Senhor, dê a todos nós a flor do deslumbramento
e a descoberta dos silêncios,
na poesia da vida,
na solidariedade da terra trabalhada!

III
E se as calosas mãos já não criam: Afaste de nós esse cálice!

IV
Que o vinho embriague, da hóstia, o pão
na mesa não seja apenas batata ou esmola do pedinte,
e que nossos filhos não vivam agarrados as minguadas pensões
de seus pais e avós, porque “ viver é lutar!”

VI
E reorganizem a mudança no foco de atenção: com consciência, sabemos
o tempo não tem realidades, apenas espia
a juventude da natureza. No país
mais um Guarani Gaiová em um pé de árvore.
VII
Que livre de estrutura a curva ilumine, do gosto a saliva,
e não entorpeça esta língua em nossos lábios: luta renhida!

Vander Lima Silva de Góis646

Versando os Dias
Gota a gota,
Tempo
Gota a gota,
Pensamento
Os dias versam
Os versos dias
Gota a gota,
Intento
Gota a gota,
Barlavento
Os dados rolam
Baila vento
Fita
Os ventos sopram
Vida
Gota a gota
728
Gonçalves Dias.

Varenka de Fátima Araújo647

Amargo retorno
Gonçalves Dias,poeta valoroso!
Mostra em teus versos,o amor pelo Brasil
Estando nas horas mortas
E os ponteiros dos relógios...
Correram velozes sem tua presença
Teus poesias ficaram  eternas
 
Os lamentos e gritos abafados
Pelo reflexo da desigualdade
Condizem com tua alma nobre
No exílio continuaste amando
O céu ,ás matas, os pássaros ...
Da tua terra com tudo exótico
 

646 Vander Lima Silva de Góis - Brasil. Advogado. Professor Especialista em Direito Privado e Social. Escritor. Poeta
e Músico.
647 Varenka de Fatima Araújo - CE - Brasil. Baiana de coração, reside em Salvador-Bahia. Figurinista, funcionária
pública, formada em Direção Teatral, atriz, maquiadora, artista plástica, dançarina, poetisa e escritora. Partici-
pou de trinta e cinco Antologias. 
Sonho e amor  único por uma mulher
Separados por uns por tua mistura de raças
Sábio como a natureza, partiste...
Entretanto voltaste para  á terra amada
O navio sem roteiro afundou, um adeus dorido
Entre estas linha,meu lampejo e dor.

Gonçalves Dias
Sete horas da manhã
Abro janelas e portas
Um céu cinzento fere a vista
Palmeiras  raquíticas sem verde
Os sábias num canto sem som
E o vento seco varre sem fronteiras
 
É pitoresco este cenário
Rios com manchas pretas
Corem para o mar, uma tragédia
Uns sem sustendo de uma desgraça
Águas que vestem a terra  desbotadas
 
Que abrem fendas como cemitérios
Eu recomponho meu corpo ardente
Nas cores que aquecem vibrantes
Estou hoje convencida, nesta desdita 729
Gonçalves Dias se estivesse aqui
Pavoroso seria  sentir,dorme poeta
 
Dedicado poeta
 Gonçalves Dias dorme....No fundo do mar
O teu cérebro um coração amoroso
Entre os frutos e riqueza em águas jaz
E tua Pátria a historia marcou
 
Estendendo por década longínqua
Quantas aspirações e amor dedicados
A tua terra amada e idolatrada
Essa que atribui tua imortalidade
 
Mudam os tempos, mudam uns homens
Por cobiça devastando tudo
Sob pena de uma catástrofe
Esse tormento jamais verás  poeta.

UMA VIDA
Uma mão cansada, aluir
a outra mão vazia, inelutável
o pescoço no incipiente inchado
a voz sufocada
a boca imprescritível
o destino no arrasto ardiloso
lágrimas guardadas ....
em águas do Maranhão
a vida se foi lentamente
morada se fez saudade.

UM HOMEM
Gravo tuas letras de ouro
em palmeiras no luar reluzentes
iluminado a noite receptível
no meu intimo acolhedor

A minha alma captou teus versos potente


atravessou os ouvidos do meu coração
e a porta fechou branda e silenciosa
minha memória encerrou

Meu corpo remanso em posição centrada


esperando que nossa terra seja como outrora.

Vera Rocha648

ANJO DIAS
730 Lá no Baixo dos Atins nasceu o Dias,
Doutor nas leis ele venceu;
E na volta à sua terra - a das palmeiras,
Jubilou-se nos poemas que escreveu.

Fez história nas tempestades


Inspirando-se nas artes irmãs;
O amor eclodiu em seus cantos,
Em desejos e desencantos.

Ainda hoje ouvimos a lira


Ajoelhados a seus pés rendidos.
Seguidores deste poeta guerreiro
Que clamou pela amada terra
No sentimento de filho querido.

Anjo Dias me escuta:


Quando junto à noite no céu
Sentir a brisa pelo rosto teu,
Não se aflija, se alegre,
Sou eu, sou eu, sou eu.

648 Vera Rocha - Rio de Janeiro – RJ – Brasil - 24 de fevereiro de 1958, Moro em São Paulo há uma década. Sou
casada, tenho filhos, dona de casa e trabalho, porém é na poesia que me encontro. Escrevo, desde muito
jovem, coisas que engavetei durante toda a minha vida. Agora, em que a maturidade nos tira a vergonha,
desengaveto meus escritos. Não publiquei um livro, ainda. Não ganhei nenhum prêmio, ainda. Não desfiz de
meus sonhos de escritora, ainda.
RETORNO DO EXÍLIO
O que escreveria hoje Gonçalves Dias
ao retornar de seu exílio...

Minha terra aqui te encontro


Sem palmeiras nem sabiás;
São clareiras que encontro,
Desmatamentos colossais.

Nosso céu sem mais estrelas,


Poluição matando flores,
Nossos bosques estão sem vida,
Nossa vida sem amores.

Triste estou vagando à noite


Com receios do que encontrar;
Minha terra não tem palmeiras
Nem o canto do sabiá.

Minha terra tem temores


Do que posso encontrar;
Triste estou vagando à noite
Sem o prazer que tive cá.
Minha terra não tem palmeiras
Nem o canto do sabiá. 731

Não permita Deus que eu morra


Sem ver ela se transformar;
Sem que eu desfrute os amores
Que já não encontro por cá;
Sem que eu plante mais palmeiras
Nas clareiras pros sabiás.

Victor Parussini Todt649

CANÇÃO DO EXÍLIO
Barcelona/Espanha-Porto Alegre/Brasil
Terras tão distantes e diferentes.
Ambas com culturas bastante
ricas e fascinantes.
Cada qual com sua tradição.
Aqui, danças e “paella”;
Lá, churrasco e chimarrão.
Aqui, a Estátua de Colombo;
Lá, a do Laçador;

649 Victor Parussini Todt - Porto Alegre/RS – Brasil - 08 de novembro de 1995. Estudante. Acadêmico Efetivo da
Academia de Letras Machado de Assis, de Porto Alegre/RS, Cadeira 46, Patrono: Gianfrancesco Guarnieri; Aca-
dêmico Mirim da Academia Virtual Sala de Poetas e Escritores, Balneário de Camboriú/SC; Grupo dos Poetas
del Mundo; e, Membro da Liga dos Amigos do Portal CEN, Portugal.
as duas, símbolos das cidades.
Aqui, muitas belezas,
mas é para Lá que quero voltar.
Porto Alegre tem vários shoppings;
grandes estádios;
praças e parques arborizados;
cinemas e centros culturais.

Vitor Alibio650

canção do exílio
Quando estou em minha cidade,
vejo a terra com mais verde;
as ruas mais alegres;
um povo batalhador que se ergueu.
 
Quando estou em minha cidade,
vejo domingos ensolarados;
famílias felizes curtindo
ora um amanhecer de céu azulado;
ora um pôr do sol demorado.
 
Quando estou em minha cidade,
732 vejo as estações bem definidas.
Nela, estamos acostumados
às mudanças climáticas.
 
Aqui, não é nenhum deserto;
no entanto, o calor muito castiga
e o verão intenso domina.

Vitor da Rosa Martins651

CANÇÃO DO EXÍLIO
Não consigo esquecer
da terra donde vim.
Tal amor guardo comigo
e o levarei até o fim.

650 Vitor Alibio - Porto Alegre – RS – Brasil - 10 de novembro de 1995. Filho de Liane Maria Zambrozuski e Paulo
Roberto Alibio. Estudante do Ensino Médio do Colégio Conhecer, Porto Alegre/RS. Membro Efetivo e Vice-Di-
retor de Edição e Publicação da Academia de Letras Machado de Assis, Porto Alegre/RS, Cadeira 30, Patrono:
Simões Lopes Neto; Academia Virtual Sala de Poetas e Escritores, Balneário Camboriú/SC; Associação Interna-
cional dos Poetas del Mundo; e, Liga dos Amigos do Portal CEN, Portugal. E-mail: vi_alibio@hotmail.com    
651 Vitor da Rosa Martins - Porto Alegre/RS. Brasil - 19 de novembro de 1996. Estudante do Ensino Médio do Co-
légio Conhecer, Porto Alegre/RS. Membro Efetivo do Projeto “Vida, Amor e Paz”, do “Cercle Universel des Am-
bassadeurs de la Paix, Suisse/France”. Integrante dos Projetos Literários “Tabuleiro de xadrez lírico”, 2011; e
“Porta copos poéticos”, 2012. Coautor do E-book “Haikais”, postado no site Teia dos Amigos, de Sonia Orsiolli,
Sorocaba/SP. Há cinco anos pratica hipismo, já tendo conquistado vários prêmios. Cursa inglês no People.
E-mail: vitor_martynz@hotmail.com
Sinto falta de tudo
que não encontro aqui.
Só se sente o que se perde
e, minha terra, eu perdi.

Vagando por Aqui,


tentei encontrar
aquilo que ainda não vi;
as tardes em Porto Alegre!

Minha terra querida


guarda aquilo que senti.
Noutros lugares não existe
aquilo que vivi Lá.
Só se sente o que se perde
e, minha terra, eu perdi.

Vitor Teixeira de queiroz652

Versos sinceros
Nem todo grande homem
é um poeta, mas todo poeta
é um grande homem.
733

Antônio era grande


porque escrevia poesia
sobre o que sentia
enquanto outros escreviam
sobre o que
queriam sentir.

E existe apenas mais uma coisa


em comum entre os grandes poetas:

Todos eles são sinceros


em seus versos.

Vida e poesia
Um poeta não é só exílio,
anos vividos,
lagrimas ou sentimentos
por um amor há muito tempo perdido.

652 Vitor Teixeira de queiroz - Natal – RN – Brasil - 28 de dezembro de 1989. É estudante de Psicologia e Direito
e escreve quase que diariamente para manter a sua sanidade em meio às aulas ridiculamente chatas que é
obrigado a assistir. Tem Gonçalves Dias como um dos seus poetas nacionais preferidos desde que leu “Canção
do Exílio” quando ainda era criança e até hoje ainda é sensibilizado pelas poesias desse grande mestre.
Um poeta não pode ser definido
só por isso.

O que realmente define


a sua vida
são os seus versos.

Mas,
com Gonçalves Dias,
a vida se confunde com a poesia.

Cada palavra que ele escrevia


Tinha um pouco de si.

Lição
Ana Amélia foi
a inspiração
para as
mais belas
de suas poesias.

Ela sempre foi


parte do coração e da alma
de Gonçalves Dias
734

Mas ela poderia


ter sido muito mais
do que uma inspiração.

Existe uma lição


nessa história triste
cheia de remorso e de dor.

Nunca dê as costas
para o amor.

Sentimentos
Na vida de Antônio,
coisas como data
de nascimento
ou causa da morte
sempre serão
menos importantes
do que os seus sentimentos
eternizados em palavras.
Vitória Maria Galvão Coqueiro 653

O PEQUENO MENINO POETA


Quem imaginava que nasceria um poeta menino.
Menino que na infância brincou.
Homem que na alma poeta se formou.

Na arte de viver conseguiu vencer.


Venceu desafios e aprendeu línguas.
Homem que a Deus pedia,
Que não o deixasse sem ir a cidade de Caxias!

Viviane Maria dos Santos654

Dias de Poeta
O poeta sente e sofre
Sente a dor que lhe comove
Mas que outrora lhe fez rir
Ah! O poeta tao sensível, tão romântico
Nada triste ao meu convir

Ama rimas
Pobres, ricas
735
Um tesouro nacional
Meu poeta maranhense
Mais que um mestre expoente
É uma mescla cultural

Sua vida sua arte


Que exemplo nos deixaste
Tantos passos a seguir
Foste um homem que criou
Que sentiu e que amou
Sem parar de progredir

Dr. Dias eu diria


Se pudesse aqui lhe ter
Obrigada todo dia
Por seus versos, suas rimas
Seu exemplo de viver!

653 Vitória Maria Galvão Coqueiro – São Luís – MA – Brasil - 06/04/2002 - EPFA - Motivo da Participação: Foi a
vontade de contribuir nesta homenagem a um poeta maranhense especialmente da cidade de Caxias. Cursan-
do: 5º Ano Turma: C Profª Shirle Maklene
654 Viviane Maria dos Santos - São Jose- SC - Brasil. Jornalista pela Universidade do Sul de Santa Catarina (UNI-
SUL) Email: vika_santos@hotmail.com ou vivisantos30@googlemail.com
Wanda Recker655

O amor da minha pátria.


Quando cantaste tua pátria,
saudoso por voltar,
sonhavas também com o amor
que lá deixaste ficar.

Quão belo este seria, que ao despertar,


tamanho é o desejo que o faz viajar.
Viaja poeta, viaja,
canta a paixão dos seus vinte anos,
acalenta o coração ouvindo pássaros cantar.

Não enlouqueças de amor,


chama por sua amada,
que você viu, mas os olhos nem se tocaram.
O amor é assim. Sonhas, que em teus sonhos,
tua amada há de escutar.

Chora poeta, chora,


sonhaste, mas ao acordar,
tua amada, ainda está distante,
mas a tua pátria, hás de voltar.
736

Weberson Fernandes Grizoste656

Hino à Gonçalves Dias657


No cume duma palmeira658
Miríades de estrelas do céu mais povoado659
Cantando hinos numa harpa660
Enfeitada de agrestes flores e verde rama661
Na terra onde canta o sabiá662
Suspenso o sempiterno vate timbira663

655 Wanda Recker - Rio de Janeiro – RJ – Brasil - 07/03/1958. Português-Literaturas – UFRJ. Participação em ofi-
cina literária Terapia da Palavra, com a publicação de um livro contendo os trabalhos dos participantes. Blog:
http//palavrasescolhidas.blogspot.com (não atualizado).
656 Weberson Fernandes Grizoste - Jauru – MT – Brasil - 27 de Junho de 1984. É licenciado em Letras pela Uni-
versidade do Estado de Mato Grosso, Mestre e Doutorando em Poética e Hermenêutica pela Universidade de
Coimbra. Membro do Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos e bolsista da FCT – Portugal. É autor de três
livros: A dimensão anti-épica de Virgílio e o Indianismo de Gonçalves Dias (2011), Carrapicho (2011) e Estudos
de Hermenêutica e Antiguidade Clássica (2013).
657 Mil vezes os anjos-do-mar digam: Amém!
658 Suspensa e cravada na terra
659 Da que tem mais estrelas
660 Ao rugir do trovão imenso
661 Que saiu do sertão montanhoso
662 Povoado de belas palmeiras
663 Cantor da façanha de bravos
Entre os céus e a terra664
É irmão dos anjos e orgulho dos homens665
Cantai brasileiros! Cantai!666
Nossa terra tem Gonçalves667
Como tal não se pode encontrar668
Os poetas das outras terras669
Não cantam como ele cantava670.

A pátria de Gonçalves Dias


Gonçalves Dias! Vibra o peito todo maranhense
Quando o nome do bardo se faz pronunciado
Lá se grita um velho, um jovem, uma criança
A primeira estrofe da “Canção do exílio”.

Gonçalves Dias! É nome, é orgulho dessa terra


Dum povo que aprecia o canto triste do sabiá,
É orgulho até de barões e aristocratas políticos
Numa terra onde a pobreza é quinhão da maioria.
Gonçalves Dias! Certamente não se orgulharia
Esquecido quando se viu nos arredios de Caxias
Decepcionou-se ao voltar e conferir a verdade:
A “terra da liberdade” era também “da escravidão”.

Mas tinha o bardo esperança, tinha crença na pátria


Que os brasileiros de todas as raças, credos e lugares 737
Indiferente às diferenças daria mutuamente as mãos.
Mas ai desgraça, que isso ainda é só mesquinharia.

O país das palmeiras


Nesse céu de mais estrelas
Nessas várzeas de mais flores
Nesses bosques de tantas vidas
Nessas vidas de mais amores.
Ainda é terra das palmeiras
Onde canta o sabiá.

Nestes versos tão singelos,


Meus caríssimos senhores
Canto como o sabiá
Lá na mata que tristeza
Faz o forte até chorar
Seu piar é tão amargo
Como é grande seu penar.

664 É Gonçalves Dias o poeta!


665 Pupila sagrada almo de Tupã
666 Ufanai brasileiros! Ufanai!
667 E essa é a pátria de Gonçalves
668 E mais pulcra outra não há
669 Invejam o gigante dos trópicos
670 O colosso florão da América.
Oh! Gonçalves, nosso Gulliver!
Essa terra inda é de pigmeus
Qui só tem político honesto
Que só valha nosso Deus!
É mesquinha e vergonhosa
Vendem-se até por um mandarim!

Nessa terra ataviada de primores


O povo ri-se e folga de sua vileza
Ignomínia dos bárbaros mortos
Dá-se a vida na torpeza.
Dorme inda o Gigante de Pedra
Sob o céu de azul-turquesa.

Inda não se precipitou no mar


Inda há crença nessa pátria
Inda há festas e carnavais
Inda há sonho no interior da bola
Inda há esperança no porvir
Nas igrejas que apregoam o fim.
Ai o povo que se deixa explorar
Cujas cinzas foram amalgamadas
Com os pés dos afros escravos,
Cimento serviu das ossadas frias
738
Dos lusos troçantes dos mares,
Sobe a encosta casebres imundos
Um Brasil excluído da brasilidade.

Os amores de Gonçalves Dias


Numa noite pernambucana
A poesia atravessou-lhe a garganta
Entristecido concluiu o poeta
Que não se morre de amor!

Não se morre de amor!


Que o amor não matou D. Olímpia
Nem morreu de amor o poeta
Quando benquis a moça Ana Amélia.

Quem mais estimou o poeta?


Amélia Rodrigues ou Céline,
Natalie, Josephine ou Nannete,
A mulher secreta de Patkull,

Engrácia ou a moça de Formoselha,


Ou alguma carioca anônima?
Quiçá nenhuma! Quiçá uma índia
Que encontrou no rio do Amazonas.
Non omnis moriar!
É mentira!
É mentira que Gonçalves Dias morreu!
Um índio de arco bipartido
bradava gritando assim!
Narrava um grande feito
de arrepiar quem o pode ouvir:
Voltando de Tapuitapera
já nas proximidades de Itacolomi,
um fenômeno extraordinário
na hora que Tupã içava o manto negro
pétalas de rosas vermelhas esparzia
sob as águas encrespadas do mar,
lá vagava e se ouvia o bardo dos timbiras
melancolicamente sob o sopro d’uma lira
Engrinaldada de verde rama e agrestes flores,
Lá cantava o poeta assim:
América infeliz! – que bem sabia
quem te criou tão bela e tão sozinha,
dos teus destinos maus!

Weslley Sousa Silva Costa671


739
AFINADAMENTE CRESCIA
Afinadamente crescia
O verdor das palmeiras
No Maranhão

AS TECLAS DO PIANO ENCHARCADAS DE SONS


As teclas do piano encharcadas de sons
Inundavam a sala

Nos jarros as plantas cresciam lá-fora


Regadas pelas notas que transbordavam.
Afinadamente crescia o verdor das palmeiras

E o pianista vestido em preto e branco


Análogo permanecia às teclas de seu piano
E sobre o branco do papel eu seguia o seu exemplo;
Tentando fazer “surgir” estas letras escuras (em seus sentidos
[claros)

671 Weslley Sousa Silva Costa - Wesley Costa - São Luís – MA – Brasil - 09 de Julho de 1989. É o autor do livro de
poemas “Colham as roupas maduras do varal” (2012) pelo Grupo Editorial Scortecci. Contato: weslleysousasil-
vacosta@gmail.com
Wilson de Oliveira Jasa672

GONÇALVES DIAS
Antonio Gonçalves Dias,
É poeta do Romantismo;
Seus versos qual melodias,
Nos traz beleza e realismo.
 
Nos traz beleza e realismo,
A canção do Exílio é prova;
Literato do indianismo,
Com sua feição que inova.
 
Com sua feição que inova,
Uma feição nacional;
Ao romantismo renova,
Com beleza original. 
 
Com beleza original,
Que marcou sua figura;
Estudou em Portugal,
Essa nobre criatura.
 
Essa nobre criatura,
740
Nasceu lá no maranhão;
Sua poesia fulgura,
No sensível coração.
No sensível coração,
Daqueles que amam a escrita;
Com soberba inovação,
Para que a gente reflita.
 
Para que a gente reflita,
E possa então deleitar;
Em letras tal qual pepita,
Para em ouro tranformar.
 
Para em ouro transformar,
Os seus versos de valor;
Volto aqui a relembrar,
Cantou da terra o fulgor.
 

672 Wilson de Oliveira Jasa - São Paulo -SP- Brasil - 12 de Setembro de 1954. Poeta, Jornalista, Terapeuta Holís-
tico, Ecologista, Folclorista e Historiador. Presidente das entidades: Casa do Poeta “Lampião de Gás” de São
Paulo; Casa do Poeta Maçom do Brasil; Casa do Poeta Brasileiro de São Paulo; Movimento Poético em São
Paulo; Associação Brasileira de Estudos e Pesquisas do Folclore; Sociedade Mundial dos Poetas. Membro das
Academias: Academia Maçônica Internacional de Letras; Academia Paulistana Maçônica de Letras; Academia
Brasileira Maçônica de Letras; Academia Goianiense de Letras; Academia de Letras Rio Cidade Maravilhosa;
Academie Europeenne des Arts, Sciences et des  Lettres (França). Membro da Associação Portuguesa de Poe-
tas, Lisboa, Portugal.. wilsonjasa@gmail.com
Cantou da terra o fulgor,
Foi patriota verdadeiro;
Mostrou do Brasil valor,
Brilhou também no estrangeiro.

Brilhou também no estrangeiro,


Autor de belas poesias;
Grande vate brasileiro,
Antonio Gonçalves Dias.

Wilson Pires Ferro673


GONÇALVES DIAS
De mãe mestiça e pai português,
Caxias foi sua terra natal,
Gonçalves Dias, poeta consagrado,
gênio criador da literatura nacional.

Graduou-se em Direito em Portugal,


em versos levantou o indianismo,
foi teatrólogo, professor e jornalista,
consolidou, no Brasil, o romantismo.

Diplomata, percorreu o estrangeiro,


741
crônicas elaborou para os jornais,
dos primeiros a defender a ecologia,
escreveu romances e peças teatrais.

Saudoso da terra que deixou, retornou,


cá viria exaltar o seu encanto,
contemplar as palmeiras, a natureza,
delas ouvir, do sabiá, o belo canto.

Já doente, o destino ceifou-lhe a vida,


não poupou o poeta, ignorou sua cultura,
o vapor em que viajava soçobrou,
o oceano foi sua digna sepultura.

ODE A CAXIAS
Terra adorada de meus diletos pais,
de filhos ilustres, talentosos estetas,
caudal fluente de invulgares criaturas,
berço notável de escritores e poetas.

673 Wilson Pires Ferro - Coroatá-MA, Brasil, - 30.07.1936. É Bacharel e Licenciado em Geografia e História, Pós-
graduado em Segurança e Desenvolvimento e Professor aposentado da Universidade Federal do Maranhão.
Foi Diretor do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. Seus livros: A Educação e os Desportos como indica-
dores do desenvolvimento de uma nação, Versos e anversos (em co-autoria), Espelhos de São Luís, Depois que
o sol se põe e Sombras da noite, ambos de contos para a juventude, e Quando eu era pequenino, de histórias
infantis. Para o escritor, a antologia é uma oportunidade única de homenagear Gonçalves Dias, um dos maio-
res poetas brasileiros e sul-americanos, nascido em Caxias-MA, também a terra dos pais do autor do poema.
Há meio século, ainda criança,
percorri suas ruas, longas andanças,
nem a ausência dos anos passados
ofuscou da mente as gratas lembranças.

No percurso do centro à Tresidela,


a pitoresca ponte da Passagem,
do alto o vale do Itapecuru,
descortina dali bela paisagem.

O progresso necessário, inevitável,


destruiu, apagou o belo recanto,
a cidade cresceu, desenvolveu-se,
não perdeu seu charme, seu encanto.

Vi os cultos repousando no panteão,


li seus contos, recitei suas poesias,
a Canção do Exílio, o Canto do Piaga,
recebi do imortal Gonçalves Dias.

No tempo, mergulhei no passado,


recordei os anos lá vividos,
visitei, revi seus monumentos,
muitos deles, pelo tempo, esquecidos.
742

Ouvi o barulho incessante dos teares,


do formoso largo da Matriz,
a Manufatora, a Sanharó e outros mais,
outrora promissores centros fabris.

Hoje, são solenes monumentos,


o passado de pujança e glórias,
tão presentes, fixados no consciente,
guardam eventos, revelam suas memórias.
Andei, percorri longos caminhos,
os mesmos que trilhei quando estudante,
recantos próximos, outros mais distantes,
recordando minha infância a cada instante.

Estação e armazém ferroviário,


solitários, nem trem, nem passageiro,
só sombras, ruínas do passado,
quando o futuro parecia alvissareiro.

Olvidar os tempos idos, impossível,


olhar triste, alcançando o horizonte,
lembrar-se dos mananciais que existiram
e das piscinas naturais do bairro Ponte.
Veios d’água, com os anos sucumbiram,
outros resistem, conformando a natureza,
logradouros, da cidade bem distantes,
águas saudáveis da fonte da Veneza.

Belas igrejas emolduram suas praças,


sacrossantos locais de devoção,
guardam estilos de uma época mais remota,
singelos templos da Princesa do Sertão.

Ruas estreitas confluem em vários pontos,


praças cuidadas, admiradas pelo encanto,
árvores frondosas, palmeiras bem vistosas,
p’ra ouvir do sabiá o terno canto.

Caxias, acolhedora e humana,


muitos feitos realçam sua história,
edificações lá do morro do Alecrim,
presenças vivas do passado sem memória.

Eu quisera fazer o tempo volver,


ver a cidade como era antigamente,
o trem passar o Buriti Corrente,
emergirem locais, renascer toda sua gente.
743

ADEUS, POETA
Gonçalves Dias, poeta nacional,
de imaginação fértil e fecunda,
não mais viu a sua terra natal,
traído por sua saúde moribunda.

O poeta já fraco, sem energia,


sem forças p’ra se levantar,
no seu leito de longa agonia,
sem adeus se deixou afundar.

A sua saúde debilitada


sequer respeitou sua cultura,
transformou o tudo em nada;
o oceano foi sua sepultura

Não avistou mais as palmeiras,


nem mais ouviu o sabiá cantar
as suas canções derradeiras,
levou-as p’ro fundo do mar.
LAMENTO INDÍGENA
Timbiras, tupis e tamoios,
índios de qualquer lugar,
ausente o poeta, sem apoios,
vivem tristes a lamentar.

Nas tabas e nos seus terreiros,


atormentados por Anhangá,
não são tão bravos guerreiros,
silenciaram o seu maracá.

Nos seus encontros festeiros,


sem o poeta a exaltar,
celebram deuses arteiros,
sempre a dançar e cantar.

Os arcos e flechas ligeiras


deixaram-se aposentar,
outras armas mais certeiras,
eles passaram a adotar.

O pajé, hoje desfigurado,


o poder que tinha não tem,
as curas que fez no passado
744
quem faz é Tupã, deus do bem.

Vive o bravo guerreiro tupi


sem embates nem guerras,
“Ó Guerreiros, meus cantos ouví”
não se ouve nos vales, nas serras.

Só resta a lembrança nas aldeias,


Gonçalves Dias não mais vai voltar,
foi cantar para as sereias,
nas águas profundas do mar.

Wilson Rosa da Fonseca674

“Canto a Gonçalves Dias”


Quero expressar nos versos,
Que ouso aqui em criar,
Com uma linguagem pobre,
Mas capaz de homenagear,

674 Wilson Rosa da Fonseca - São José do Norte- RS – Brasil - 12.07.1949. Atualmente residente em Rio Grande
-RS. Escritor, poeta, compositor, declamador; Membro da Academia Rio-Grandina de Letras; Academia Maçô-
nica de Letras do Rio Grande; Decano do Clube dos Escritores de Piracicaba-SP; Membro correspondente da
Academia Cachoeirense de Letras-ES; Cônsul da Associação Internacional Poetas Del Mundo/Rio Grande-RS .
Premiado em diversos concursos de poesia, participação em mais de 50 antologias e coletâneas.
Aquele que fez do seu exílio,
Nas lonjuras de além-mar,
Uma declaração de amor...
Em que a saudade de cá,
Trazia-lhe intensamente,
À vontade de regressar.

A terra que lhe viu crescer


Entre palmeiras e sabiás...
Ficara de braços abertos,
Para o filho que veio de lá,
Trazendo em suas bagagens,
Uma nova forma de versejar,
Nas margens daqueles rios,
Mondego, Doiro e do Tejo,
Escreveu seus Primeiros Cantos,
O suficiente para lhe consagrar.

Na sua “Canção do Exílio”,


Escuto o Canto do Guerreiro...
A voz do homem ameríndio,
Em todos os lugares ecoou,
Sua flecha, sua lança seu boré!
Estão todos reunidos no estro,
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Dê quem soube firme manejar,
Esta arma poderosa sem sangrar!
Fez com habilidade de sua poesia,
Os poderosos nos índios pensar.

“Louco Amor”
Que destino é este que me separou,
Da doce amada que a pensar eu vivo,
Minha Ana Amélia, o meu coração,
Dilacerado chora por teu amor perdido.
Sem você ao meu lado, eu não vivo!
Não me deixes, não! Volte pra mim!
Nem eu nem você somos culpados...
Deste cupido louco que nos flechou!
Escuta a voz do seu coração! Querida!
Vem para meu lado, lhe darei guarida,
Pois não posso viver nesta solidão!
Vem... Vem... Amor da minha vida.
Wybson Carvalho675

CANTO AO EXÍLIO
(Um poema para Gonçalves Dias e sua Caxias)

Em minha cidade havia palmeiras e canto de sabiás


Dela
exalava o perfume dos jardins urbanos
Nela
se ouvia a linguagem singela do cotidiano
Com minha cidade crescia a romântica pregação dos poetas.
 
A inimizade humana passava por sobre ela
em nuvens raivosas
sob eólica turbulência rumo a ermas plagas
para se derramar noutros cenários
prenhes de social ganância.
 
A ela
em minha infância
ouvi sinfonias nas horas iniciais
de um futuro desenhado com cores de abandono
Agora
que árvore dará abrigo a outros pássaros canoros
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para entoarem um canto de saudade?
 
Mas
Sou kármico pertencimento humano a ti
torrão exilado
quero para sempre te pertencer
como grão de areia no teu chão sob cáustico sol
barro escondido nas paredes da construção de tua eternidade...
A ti
eis o que sou
Em ti
eis onde estou.
E
quando minha matéria tombar inválida
obediente à natureza cumprida
e mergulhar indiferenciado no teu barro
Estórias de liberdade serão tecidas sobre o ser
que sob memória está cíclico ao meio.

675 Wybson Carvalho – Caxias – MA – Brasil - 1958. Funcionário público municipal. Exerceu vários cargos nas
áreas da imprensa e cultura. Comunicólogo com habilitação em Relações Públicas e jornalista colaborador em
diversos periódicos regionais. Poeta com vários livros publicados É membro fundador da Academia Caxiense
de Letras - Cadeira, nº 30. Foi membro dos Conselhos Estadual e Municipal de Cultura. Participou como de-
legado representante da sociedade civil - câmara setorial do livro, leitura e literatura - das Conferências de
Cultura, nos âmbitos municipal, estadual e nacional, nos anos de 2005 e 2010, em Caxias, São Luís e Brasília,
respectivamente.
Pois
livre é o ser sem estar
e sido em sendo o verbo
ainda.

Yanni Mara Tugores Tajada676

Romántico de Caxias
Caxias te vio nacer
Entre idiomas y letras
Esa tierra de palmeras
En donde canta el sabia
Nos diste el gran placer
De regalarnos poemas
Mil suspiros y quimeras
De tu tierra y de allá
Tuviste que florecer
En tantas tierras lejanas
Pero volvías con ganas
A tu tierra y al sabia
Sin embargo tú partiste
En una cruel despedida
En un lecho agonizante
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Se olvidaron de tu vida
Pudo la mar arrancarte
El último hálito de existencia
Más no así tu esencia
Pues siempre estarás presente
De la mano de Tupá
Y de tus versos poeta.

Yasmim Victoria dos Santos Cantanhede677

Oh! Saudoso
Gonçalves Dias deu a vida ao imaginário.
Encantando quem sua poesia ler.
Um grande poeta foi. Oh! Saudoso.
Hoje teus versos são fáceis compreender.

676 Yanni Mara Tugores Tajada – Uruguai - 08/05/57. Actualmente reside en La Paz – Canelones. Secretaria del
“Proy.Cult.Decires”. Integra A.D.E.P ambos en La Paz. Miembro de CHADAYL, aBrace Cultura y Espacio Mixtura
en Montevideo. Ha participado en varias Antologías, en Uruguay, Argentina, Brasil, Chile, Venezuela y Aus-
tralia. Ha obtenido 1º, 2º, 3º premios y varias Menciones Especiales y de Honor tanto en su país cómo en el
extranjero. Participó de Mil poemas a Miguel Hernández, José Martí, Andrés Eloy Blanco, Oscar Alfaro y Mil
poemas para la Paz.
677 Yasmim Victoria dos Santos Cantanhede – São Luís – MA – Brasil - 09/03/2002. Motivo da Participação: A
competição comigo mesma de viajar pelo mundo encantado da poesia. Cursando: 5º Ano - Turma: C – Profª
Shirle Maklene EPFA
Privilégios das águas!
Que banham com sua sabedoria.
Cada onda, cada espuma.
Oh! Saudoso Gonçalves Dias.

Zara Maria Paim de Assis 678

GONÇALVES DIAS E O MAR


Que terrível vendaval,
vagas, raios e trovoadas,
passageiros desesperados.
O poeta clama a Jeová.
A brigue se inclina quase vira,
o terror assola a todos
De repente, vem a calmaria,
tudo se normaliza.
O barco navega suave,
o jovem poeta, chega ao seu destino,
atraca no Maranhão, na paz.
Quase vinte anos depois,
novamente, regressando à Pátria,
doente, triste e debilitado
Com a alma despedaçada,
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recorda o grande amor,
o amor perdido.
Sente o desespero da debilidade.
No mar encapelado,
O navio parte-se ao meio.
Os náufragos, à deriva,
os marinheiros diligentes!
Todos são salvos,
menos o grande poeta.
Enfraquecido no leito,
morre no mar e desaparece,
já na sua terra querida.
Como disse Machado de Assis,
sobre o poeta “morreu no mar
túmulo imenso para o talento”.

678 Zara Maria Paim de Assis - Salvador – Bahia – Brasil - 26/02/1953. Professora Adjunta da Universidade Federal
Fluminense. Mestre em Patologia, membro da Academia Luso Brasileira de Letras, Membro da UBE-RJ, da Aca-
demia de Letras do Estado do Rio de Janeiro, Membro da ALAP, do InBrasCi, da Soc. Eça de Queiroz, Presidente
da AMPLA – Ac. Mundial pela Paz, Letras e Artes, membro da APPERJ e da ABRAMIL. Membro Correspondente
de Academias no Acre, Manaus e Paquetá.
Zazy Grazyelly679

ALMIRANTE LOUCO
(Poema em homenagem a Gonçalves Dias)

O futuro é escuro demais para se espera.


Viver meramente de desilusões.
Vendo a vida passar debaixo do nariz.

Devemos construir nossas estradas no hoje.


Seja feliz agora no presente, pra quê esperar,
Se o amanhã é uma promessa incerta?...

Não tenha medo se seus sonhos forem destruídos.


Volte atrás e recolha os pedacinhos jogados no tempo
E mostre ao mundo o riso da esperança
Para reconstruir seus sonhos e seus ideais.

Não tenha medo de errar, pois ninguém é perfeito.


Tenha coragem de tentar quantas vezes for preciso.
Afinal, ser feliz é a mais difícil das artes.
Por mais que se faça não se chega
A perfeição tão desejada por tantos.
749
Ser feliz é ter momentos agradáveis,
Inesquecíveis, de felicidade real.
Com a certeza de que a vida não é feita apenas de flores.
Há também espinhos que nos feri e machucar,
Mas temos que suportar e superar...

Porque o sentido da está nas pequenas atitudes


Que valorizamos com alegria.
Ao acordar a cada dia e agradecer por simplesmente está vivo,
Chance de recomeça e fazer diferente!

Tendo exemplo de pessoas especiais como Gonçalves Dias,


Grande poeta que transformava os momentos angustiantes
Em sonhos e desejos para que tudo mudasse a sua volta.
Transcrevendo a força do seu pensamento para
Transmitir seus ideais com lucidez de um sonhador realista.

Nas noites solitárias, Gonçalves Dias,


Espantava a tristeza com proeza poética que corria em suas veias
Para fugir da amargura e buscar um novo amanhecer
Expulsando o sofrimento que o deixava inquieto.

679 Zazy Grazyelly – Petrolina –PE – Brasil. Cadeirante, escritora e produtora cultura. Tem dois livros publicados: A
Casa Encantada (conto infantil) /De Teu Amor Me Alimento (poesia). http//:www.poetisazazygrazyelly.blgspot.
com; zazy.grazyelly_escritora@hotmail.com ; twintter@zazygrazyelly
Feito um almirante louco que teima em navegar no oceano
Da desilusão vivenciando tanta dor...
E suportando um temporal de emoções desordenadas
Dentro de si mesmo, tal como se desmanchasse o castelo de areia.
Que todo poeta possui em sua alma
Onde deposita suas fraquezas e imperfeições.

Ah! Almirante louco porque temas em navegar no oceano


Da desilusão tornando sonhos de amantes em frações
De ilusões tão desejadas?

Mas que muitas vezes abalam as estruturas do nosso ser


E faz as lágrimas surgirem do cansaço de ver
O sol se pôr sozinho no cais da vida.

Tendo no peito a dor da saudade que


Esvazia a alma e nos maltrata.
Mas ainda assim, almirante louco,
Você é essencial para nossa sobrevivência.

Zelia Maria Fernandes da Silva680

E AGORA GONÇALVES DIAS?


750
E agora Gonçalves Dias? E agora Poeta?
Nós aqui na terra ficamos sem você.
Será mesmo Gonçalves, será?
És o grande poeta e sempre será.
A poesia não morre e você nunca morrerá
em nossos corações...
Para nós você é e sempre será imortal...
Você está em nós, no ar que respiramos, no raio do sol,
no céu, no brilho das estrelas...
Teu sorriso cristalino nunca se apagará,
De nossos corações...
Sua poesia está no cantar do passarinho,
e no interior de seu ninho...
Você só foi voar mais alto...
Tua poesia encontrou as alturas...
E teus versos encontrou a plenitude...
Foi ao encontro de outros poetas, ou de seus amores...
Feliz encontro poeta, da poesia com a poesia...

680 Zelia Maria Fernandes da Silva - Rio de Janeiro - Brasil - 02/06/48, formada em Pedagogia, Administração e
Supervisão - UERJ/RJ, Pós-graduada em Pedagogia Empresarial UGF. Presidente da Sociedade de Cultura Lati-
na do RJ e da ZMF Editora, Secretária Geral da Associação dos Diplomados da ABL e da Academia de Letras Rio-
Cidade Maravilhosa, pertence a várias Academias literárias no Brasil e no Exterior; está fundando a Academia
Infanto-juvenil de Letras e Artes do Estado do Rio de Janriro para jovens dos 6 aos 16 anos de idade. email:
culturalatina@oi.com.br
Foste matar saudades de teus amigos,
Fazer poesia... escrever poemas tantos,
enviados para nós pobres mortais...
E neste começo de inverno, nós aqui o recebemos...
Obrigada Gonçalves Dias,
Pelos teus versos e pela tua poesia.

Zenaide Radanesa dos Reis681

O TEMPO
Nunca digas que o tempo passou!
Que agora tu me vez!
Que me desejas como nunca ou realmente me ama!
Porque da mesma forma, ele (Deus) mostrou-me que até de
olhos vendados te enxergarias e te amarias como nunca!
Mas, como vez o tempo passou e novamente chegastes
tarde!

Zidelmar Alves Santos682

Sinto falta...
Sinto falta de palmeiras,
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Fauna e flora que não vi;

Sinto falta de Gonçalves


Dias, poetas que não li;

Pena que a minha terra


Não fez outro para si;

Defensor da natureza
Fauna e flora antes do fim...

681 Zenaide Radanesa – Brasil - 39 anos. Graduada em Comunicação Social com Habilitação em Propaganda e
Publicidade, Especialista em Didática Universitária e Mestre em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio
Vargas/FGV, Professora Universitária e Diretora Administrativa, Financeira e Mídia da AG.10 Propaganda em
São Luís do Maranhão, Autora dos Livros: Micro e Pequenas Empresas. A importância de Conhecê-las, Mídia
para Iniciantes e faturamento em Agências de Propaganda e publicidade.
682 Zidelmar Alves Santos - Itabuna – Bahia – Brasil - 23 de maio de 1987. Licenciado em História pela Universi-
dade Estadual de Santa Cruz – UESC. Atualmente é aluno do curso de Especialização em História do Brasil da
mesma instituição. Recentemente publicou na Revista Historien o texto “A História na Tela: O Encouraçado
Potemkin, de Serguei Einsenstein”, recensão do clássico filme de 1925.
Zulma Trindade de Bem683

AO POETA
Gonçalves Dias... do Brasil ilustre filho,
Descendente das três raças altaneiras,
Que formaram este povo, esta Nação.
Orgulhava-se da miscigenação
Que o fizera assim... tão brasileiro!

Quando distante de casa, no estrangeiro,


A tristeza invadiu-o sem piedade;
Inundou-lhe os olhos, a saudade,
E derramou-se na Canção do Exílio.

Soube cantar com alma e com tal brilho


A saga dos Tupis... o amor por este chão...
Com as cores auriverdes do seu coração,
No lirismo dos versos, desenhou
As belezas desta terra e da mulher que amou.

Semeou na terra seu verso varonil;


Legou-nos a beleza dos seus cantos;
Deixou para a posteridade o encanto
Dos seus poemas encharcados de Brasil.
752

Zulmar Pessoa de Lima Tamburu684

La ficou sua memória


Lá foi um grande homem
Tão longe...
A procura da saúde
E ao retornar
Encontrou a morte
Num naufrago...
La ficou sua memória...
Mas não esquecido
Porem lembrado
Pelo o que ele mais amava
O sangue das três raças...
Brasileira

683 Zulma Trindade de Bem - Cachoeira do Sul, RS – Brasil - 23/02/1944. Reside em Novo Hamburgo, RS, desde
1987, onde exerceu a profissão de professora alfabetizadora. É associada da Academia Literária do Vale do Rio
dos Sinos - ALVALES. Participa de diversas coletâneas e de um CD. Seu gênero é eclético, porém prefere o tema
regionalista; as raízes campesinas.
684 Zulmar Pessoa de Lima Tamburu - São Paulo – Brasil - 03-11-55. Cursou a Panamericana de Artes e Desing,
amante da arte e de todas as suas formas de expressão, começou a pintar aos 14 anos, participou de várias
exposições. Aprimorou sua criatividade, resultando na arte de escrever. Publicou sua primeira obra: “Helena,
mil vezes voltaria para viver seu grande amor”. E participou de varias Antologias. Escritora, poetiza, composi-
tora, colunista e artista plástica.  
Que fez perder
A mais preciosa menina
A quem  poema de amor fez
Amou como nunca havia amado
E por ama lá
Pagou um preço muito caro
Por ser mestiço
Lhe foi negado
A amar...
A mais linda donzela.

Gonçalves Dias
Na inquietude da alma
Muitos poemas escrevera
Com emoção
Fez arder,
Muitos corações  
E na infinita dor de seu âmago
Só lhe restam lágrimas, clamares,  
Por um amor em chama
Guardou sentimentos
Tão puro...
Por uma grande paixão
Quem nunca amou!
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E teve sua alma marcada,
Por lágrimas e dor
E sussurros de amor    
Quem nunca amou!
Como Gonçalves Dias
Que teve um amor interrompido
E se calou em pranto
Com a dor do preconceito
Por ser mestiço
Salve! Salve!
O nosso grande poeta
Gonçalves Dias
A quem descrevo sua dor.
Realizado o Depósito Legal na Biblioteca Nacional,
conforme Lei n. 10.994, de 14 de dezembro de 2004
Formato: 19,5 x 27 cm
Tipologias: GoudyOlSt BT(11/13,2), Kaufmann BT (13/13,2; 30/36), Calibri (9/10,8)
Papel apergaminhado 75g/m2 (miolo)
Papel cartão supremo 250g/m2 (capa)
Tiragem: 500 exemplares
Impresso na Gráfica da UFMA, Av. dos Portugueses, 1966,
Cidade Universitária, Bacanga, 65.080-805 – São Luís/MA

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