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DA POLÍTICA

BRASILEIRA
DE DEFESA

Maria Regina Soares de Lima


Carlos R. S. Milani
Rubens de S. Duarte
Marianna R. A. de Albuquerque
Igor D. P. Acácio
Tássia C. Carvalho
Josué Medeiros
Niury Novacek
Murilo Gomes da Costa
Hugo Bras M. da Costa
Juliana P. Lemos
DA POLÍTICA
BRASILEIRA
DE DEFESA

Maria Regina Soares de Lima


Carlos R. S. Milani
Rubens de S. Duarte
Marianna R. A. de Albuquerque
Igor D. P. Acácio
Tássia C. Carvalho
Josué Medeiros
Niury Novacek
Murilo Gomes da Costa
Hugo Bras M. da Costa
Juliana P. Lemos
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Este livro está disponível em texto completo na Rede de Bibliotecas Virtuais do CLACSO.
DA POLÍTICA
BRASILEIRA
DE DEFESA

Rio de Janeiro | 2017


Atlas da política brasileira de defesa / Maria Regina Soares de Lima ... [et al.] ;
prefacio de Celso Amorim. - 1a ed . - Ciudad Autónoma de Buenos Aires : CLACSO ;
Rio de Janeiro : Latitude Sul, 2017.
Libro digital, PDF

Archivo Digital: descarga y online


ISBN 978-987-722-231-9

1. Atlas. 2. Brasil. 3. Defensa. I. Soares de Lima, Maria Regina II. Amorim, Celso,
pref.
CDD 353.9
Índice

Equipe e apoio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . II Capítulo 3: Geopolítica da América do Sul


Entorno estratégico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
Prefácio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . III América do Sul: um continente pacíico? . . . . . . . . . 54
Presença de potências extrarregionais . . . . . . . . . . . . 56
Lista de siglas e acrônimos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . V Cooperação regional em defesa. . . . . . . . . . . . . . . . . 58
Cosiplan e IIRSA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
Amazônia verde . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
Amazônia azul . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
Recursos estratégicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
Introdução: Brasil: potência regional? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 04
O mundo político . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 08 Capítulo 4: Cooperação e desenvolvimento
Cooperação militar com o Sul . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
Cooperação militar com o Norte . . . . . . . . . . . . . . . 74
África e ampliação do Atlântico Sul . . . . . . . . . . . . . 76
Comércio com BRICS e países em desenvolvimento 78
Capítulo 1: Histórico da defesa no Brasil Geopolítica e cooperação nuclear . . . . . . . . . . . . . . 80
Colônia, conlitos e expensão territorial . . . . . . . . . . 12 Economia, política e Congresso . . . . . . . . . . . . . . . . 82
Império e ameaças de fragmentação . . . . . . . . . . . . . 14 Indústria da defesa no Brasil. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
República, desaios políticos e geoestratégicos . . . . . 16 Sociedade civil e defesa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
Conferências de Paz e Primeira Guerra Mundial . . . . 18
Segunda Guerra e nova ordem mundial . . . . . . . . . . 20
Guerra Fria, intervenções e golpes militares . . . . . . . 22

Glossário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90

Capítulo 2: Brasil, distribuição de poder e ordem


global
Capacidades e assimetria estrutural . . . . . . . . . . . . . 26 Referências bibliográicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
Capacidades militares e competição global . . . . . . . . 28
Mecanismos internacionais de segurança e defesa . . . 30
Controle nuclear e congelamento do poder mundial 32
Nações Unidas e Conselho de Segurança . . . . . . . . . 34
Participações em operações de paz . . . . . . . . . . . . . . 36 Apêndice metodológico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114
Segurança ambiental e mudança climática . . . . . . . . 38
Insegurança alimentar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
Epidemias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
Terrorismo e crime organizado . . . . . . . . . . . . . . . . 44
Problema mundial das drogas ilícitas . . . . . . . . . . . . 46
Segurança e defesa cibernética . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
Equipe e
apoio

Coordenadora Maria Regina Soares de Lima


Coordenador Carlos R. S. Milani
Coordenador executivo Rubens de S. Duarte
Pesquisadora Marianna R. A. de Albuquerque
Pesquisador Igor D. P. Acácio
Pesquisadora Tássia C. Carvalho
Pesquisador Josué Medeiros
Pesquisador Niury Novacek
Pesquisador Murilo Gomes da Costa
Pesquisador Hugo Bras M. da Costa
Pesquisadora Juliana P. Lemos
Geógrafo/cartógrafo Allan Medeiros Pessôa
Geógrafa/cartógrafa Nadhine Hentzy Stellet da Silva

Gostaríamos de agradecer especialmente à professora Enara Echart Muñoz, por gentilmente ceder as fotos
que embelezam este Atlas.

Contou com o apoio financeiro das seguintes instituições:


Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)
Instituto Pandiá Calógeras - Ministério da Defesa
Prefácio diagramas do Atlas. De fato, a
criação do Conselho Sul-Ame-
ricano de Defesa, como parte
Prefácio por Celso Amorim importante da arquitetura da
UNASUL (a União das Nações
Sul-Americanas), foi, do pon-
to de vista da doutrina, um dos
passos mais importantes da po-
lítica externa e da política de
defesa, nos últimos anos. Ela
permitiu substituir a noção po-
liticamente caduca de “hemisfé-
rio ocidental” pela de América
É com grande prazer que preservação dos nossos recursos do Sul, área com a qual com-
apresento a obra organizada naturais, mesmo antes que a di- partilhamos não só a geograia,
pelos professores Maria mensão das reservas de petróleo mas condições culturais, políti-
Regina Soares de Lima e do pré-sal se tornasse evidente. cas e econômicas, inclusive no
Carlos Milani, entre outros A presença de importante con- que concerne aos recursos na-
acadêmicos e pesquisadores, tingente militar brasileiro na turais que temos que proteger.
Atlas da Política Brasileira missão de paz da ONU no Hai- O estabelecimento de uma Es-
de Defesa. Conhecedor de ti (Minustah) reforçou a nos- cola Sul-Americana de Defesa,
trabalhos anteriores, como sa posição na região e permitiu, que, com o tempo – esperamos
o Atlas da Política Externa em certo momento, que o Bra- -, se tornará uma prioridade nas
Brasileira, e, tendo eu próprio sil colaborasse para o respeito à discussões estratégicas levadas
ocupado as pastas que tratam vontade do povo haitiano nas a cabo no Brasil e em seus vizi-
de ambos os temas, posso eleições presidenciais que leva- nhos, foi um elo importante no
avaliar a importância de ram o René Préval ao poder, em novo encadeamento da dialéti-
possuir elementos facilmente 2006. Nossa projeção política ca cooperação/dissuasão. Quem
perceptíveis, que demonstrem no mundo se viu reforçada por sabe, um dia, teremos um Atlas
com clareza como o nosso país iniciativas que se concretizaram de Defesa da América do Sul,
enfrenta suas necessidades em partes do globo mais longe que exponha seus pontos fortes
nesses dois campos, vitais para do nosso território, como a par- e suas vulnerabilidades.
a nossa inserção soberana no ticipação de um navio brasilei-
mundo. ro na Uniil, a força de paz da Sabiamente, o Atlas, recolhen-
ONU no Líbano. do conceitos da Estratégia Na-
Como ministro das Rela- cional de Defesa (2008, revista
ções Exteriores não me falta- Em conferências e discursos em 2012) e do Livro Branco de
ram oportunidades de observar que proferi como ministro da Defesa, alarga o entorno estra-
como a Diplomacia e a Defe- Defesa, vali-me com frequên- tégico, de modo a fazê-lo abar-
sa devem interagir. Mais ob- cia do conceito de Grande Es- car o Atlântico Sul e a costa
viamente nas operações de paz tratégia , com o qual procurava ocidental da África. Segue, nes-
em que o Brasil esteve envolvi- conjugar os objetivos da políti- se aspecto, uma prioridade da
do, mas também em discussões ca externa com os da política de política externa, reforçada nos
sobre temas sensíveis, como defesa. Nesse contexto, grande últimos anos, com maior par-
a reforma do Conselho de Se- atenção foi dada ao entorno es- ticipação da defesa, qual seja, a
gurança das Nações Unidas, o tratégico do Brasil, amplamente da consolidação da Zona de Paz
papel das Forças Armadas sem- ilustrado no Atlas. De particu- e Cooperação do Atlântico Sul
pre surgia, ainda que implicita- lar interesse são os dados rela- (Zopacas). A cooperação com
mente, como um instrumento tivos à América do Sul, núcleo a África, uma prioridade diplo-
de ação ou como um valor que desse entorno estratégico. Foi mática do Governo do Presi-
servia de pano de fundo para o pensando sobretudo na Améri- dente Lula da Silva, estendeu-se
julgamento das credenciais do ca do Sul que busquei juntar os ao domínio militar no primei-
Brasil. Da integração sul-ameri- conceitos de cooperação e dis- ro mandato da Presidenta Dil-
cana às parcerias estratégicas ex- suasão (ambos fundamentais na ma Roussef. Um bom número
trarregionais, como o IBAS e os política de defesa), sublinhando de acordos e de visitas ministe-
BRICS, a capacidade de nossas que em nossa região imediata, a riais, além da criação de novas
forças militares e a disposição cooperação é a melhor dissua- adidâncias, atesta essa priorida-
de utilizá-las em situações es- são. O conceito de América do de. Juntando a política com a
pecíicas sempre foi motivo de Sul (distinto de outro mais co- geograia e combinando inicia-
atenção. Assim, ainda como mi- mumente utilizado, mas menos tivas de origens diversas, talvez
nistro do exterior, tive a opor- relevante do ponto de vista da possamos pensar em uma Zo-
tunidade de apoiar o projeto defesa, o de América Latina ou, pacas que abarque outros países,
de nossa Marinha de desenvol- mesmo, de forma mais preci- como os do norte da América
ver um submarino de propul- sa, de América Latina e Caribe) do Sul e que se estenda às mar-
são nuclear, capaz de garantir a informa muitos dos quadros e gens mais ao Sul do Oceano
ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E F ES A III
Índico, de modo a compati- envolva uma compreensão ade- de maior estabilidade, em que
bilizar a Zopacas com a CPLP quada dos principais eixos de multipolaridade e multilatera-
(Timor e Portugal icariam, na- confrontação/cooperação (ou lismo se combinem de forma
turalmente, de fora). subordinação) presentes na or- positiva, necessitamos mais do
dem mundial. Essa tarefa, que que nunca compreender os fa-
Vinculado a esses esforços de por algum tempo pode ter pa- tores que compõem o “poder
cooperação está o empenho recido (ainda que enganosa- estatal”, além das motivações
em dar uma dimensão conti- mente) fácil na época da Guerra de seus líderes. E, naturalmen-
nental sul-americana à indús- Fria ou durante o curto predo- te, este esforço de compreensão
tria de defesa, um objetivo – é mínio da ordem unipolar que tem que começar por nós mes-
mister reconhecer – ainda lon- se lhe seguiu, é hoje de grande mos: nossas capacidades e nos-
gínquo. Ainda assim, é signii- complexidade. Mesmo antes do sas limitações - algumas reais,
cativo o fato de que se tenham Brexit ou do resultado das elei- mas muitas delas imaginárias,
iniciado projetos nas áreas da ções norte-americanas de 2016, que servem de pretexto para a
aviação militar (aviões de trei- analistas de várias partes do inação. Sob este aspectos, entre
namento e veículos não tripula- mundo alertavam para o “retor- muitos outros, o Atlas da Políti-
dos) e das embarcações luviais no da geopolítica”, do qual as ca Brasileira de Defesa traz ele-
de combate. Muitos outros pro- tensões em torno da questão da mentos indispensáveis para a
jetos (como o da cooperação em Crimeia e do Leste da Ucrânia análise adequada da nossa rea-
sistemas de monitoramento de eram as ilustrações mais óbvias. lidade estratégica e fornece va-
fronteiras e defesa cibernética) Hoje, em que uma bem-vinda liosos elementos para o desenho
foram objeto de exame duran- multipolaridade parece obri- do projeto, soberano e solidário,
te esses períodos. Evidentemen- gada a conviver com um pou- que desejamos ver implantando
te, sua concretização supõe uma co alvissareiro desapreço pelo em nosso país.
forte determinação e uma vi- multilateralismo – sem que os
são de longo prazo, nem sem- dois fenômenos estejam logi- Rio de Janeiro, março de 2017
pre presentes em momentos de ca ou materialmente relaciona-
crises políticas e dúvidas sobre dos -, o entendimento de “para
a direção que tomará o projeto onde vai o mundo” requer uma
nacional. análise despida de noções aprio- Celso Amorim é diplomata, cheiou
rísticas, tão comuns nos perío- o Ministério das Relações Exteriores
É natural que o desenho de uma dos anteriores ao nosso. Para (1993-1995 e 2003 - 2011) e o
Grande Estratégia para o Brasil que logremos uma situação Ministério da Defesa (2011 - 2015).

Enara Echart Muñoz

IV ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E FES A


Lista de siglas
e acrônimos

ABACC – Agência Brasileiro-Argentina de Contabilidade e BWC – Convenção de Armas Biológicas (Biological Weapons
Controle de Materiais Nucleares Convention)

ABC – Agência Brasileira de Cooperação CAF – Banco de Desenvolvimento da América Latina

ABED – Associação Brasileira de Estudos de Defesa Caisan – Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e
Nutricional
Abimde – Associação Brasileira das Indústrias de Materiais
de Defesa e Segurança CAN – Comunidade Andina das Nações

ABIN – Agência Brasileira de Inteligência Caricom – Comunidade do Caribe

ACISO – Ações Cívico-Sociais CBC/Magtech – Companhia Brasileira de Cartuchos

AGNU – Assembleia Geral das Nações Unidas CBERS – Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres
(China-Brazil Earth Resources Satellite)
AIDS – Síndrome de Imunodeiciência Adquirida (Acquired
Immune Deiciency Syndrome) CCM – Centro Cultural Missionário

AIEA – Agência Internacional de Energia Atômica Ccopab – Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil

ALADI – Associação Latino-Americana de Integração CCW – Convenção sobre Certas Armas Convencionais.

ALALC – Associação Latinoamericana de Livre Comércio CDS – Conselho de Defesa Sul-Americano

ALBA – Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América CEED – Centro de Estudos Estratégicos de Defesa

ALCA – Área de Livre Comércio das Américas CEI – Comunidade dos Estados Independentes

Amazul – Amazônia Azul Tecnologias de Defesa S.A. Censipam- Centro Gestor e Operacional do Sistema de
Proteção da Amazônia
Anvfeb – Associação Nacional dos Veteranos da FEB
CEPAL – Comissão Econômica para a América Latina e o
ASEAN – Associação de Nações do Sudeste Asiático Caribe
(Association of Southeast Asian Nations)
CERT – CCentro de Estudos, Resposta e Tratamento de
ATT – Tratado de Comércio de Armas (Arms Trade Treaty) Incidentes de Segurança no Brasil

Avibrás – Avibrás Indústria Aerospacial CG-Fome – Coordenação Geral de Ações Internacionais de


Combate à Fome
BEC- Batalhão de Engenharia de Construção
CIEX – Centro de Informações do Exterior do Itamaraty
BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento
CISB – Centro de Pesquisa e Inovação Sueco-Brasileiro
BM – Banco Mundial
CMA – Comando Militar Amazônico
BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico
e Social CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientíico
e Tecnológico
BRICS – grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e
África do Sul Cnumah – Conferência das Nações Unidas para o Meio
Ambiente Humano

ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E F ES A V


Cnumad – Conferência das Nações Unidas sobre o Meio FAO – Organização das Nações Unidas para Alimentação e
Ambiente e o Desenvolvimento Agricultura (Food and Agriculture Organization of the United
Nations)
CNV- Comissão Nacional da Verdade
FEB – Força Expedicionária Brasileira
CO2 – Dióxido de Carbono
FEMAR – Fundação de Estudos do Mar
COE – Conselho da Europa (Council of Europe)
FIESP – Federação de Indústrias do Estado de São Paulo
Comina – Conselho Missionário Nacional
FMI – Fundo Monetário Internacional
Cosiplan – Conselho Sul-americano de Infraestrutura e
Planejamento FOCEM – Fundo para a Convergência Estrutural do
Mercosul
CPLP: Comunidade dos Países de Língua Portuguesa
Fonplata – Fundo Financeiro para o Desenvolvimento da
CREDN – Comissão de Relações Exteriores e Defesa Bacia do Prata
Nacional
FRF – Fundação Ricardo Franco
CSN – Companhia Siderúrgica Nacional
FUNAG – Fundação Alexandre de Gusmão
CSNU – Conselho de Segurança das Nações Unidas
FUNAI – Fundação Nacional do Indio
CTBT – Tratado de Banimento Completo dos Testes
Nucleares (Comprehensive Nuclear-Test-Ban Treaty) Fundep – Fundação de desenvolvimento da pesquisa

CWC – Convenção de Armas Químicas (Chemical Weapons G20 – Grupo das 20 maiores economias do mundo
Convention)
G4 – Grupo formado por Brasil, Alemanha, Índia e Japão
DEA – Drug Enforcement Agency para pleitear a reforma do CSNU.

DI – Divisão de Infantaria GGM – Grande Guerra Mundial

DIAP – Departamento Intersindical de Assessoria GLO – Garantia da Lei e da Ordem


Parlamentar
Helibrás – Helicópteros do Brasil S.A
DNOG – Divisão Naval de Operações de Guerra
HIV – Vírus da Imunodeiciência Humana (Human Immune
DOS – Ataque de Negação de Serviço (Denial Of Service) Deiciency Virus)

DPKO – Departamento para Operações de Manutenção da IAI – Israel Aerospace Industries


Paz (Department of Peacekeeping Operations)
IBAS – Fórum de Diálogo entre Índia, Brasil e África do Sul
E-Sic – Sistema Eletrônico Do Serviço De Informação Ao
Cidadão IBGE – Instituto Brasileiro de Geograia e Estatística

EADS CASA/Airbus Group – Construcciones Aeronáuticas IBSA-Mar – Exercícios navais conjuntos da Índia, Brasil e
S.A África do Sul

Ecomog – Comunidade Econômica dos Estados da África ICIJ – Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos
Ocidental (International Consortium of Investigative Journalists)

EDA- Agência de Defesa Europeia (European Defence Agency) IDH – Índice de Desenvolvimento Humano

EIA – Administração de Informações sobre Energia (U.S. IDHM – Índice de Desenvolvimento Humano Municipal
Energy Information Administration)
IED- Investimento Estrangeiro Direto
Emgepron – Empresa Gerencial de Projetos Navais
IIRSA – Iniciativa para a Integração da Infraestrutura
ESG – Escola Superior de Guerra Regional Sul-Americana

EUA – Estados Unidos da América IISS – International Institute for Strategic Studies

FAB – Força Aérea Brasileira IMBEL- A Indústria de Material Bélico do Brasil

VI ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E FES A


IMI – Israel Military Industries PEB – Política Externa Brasileira

INACE – Indústria Naval do Ceará PIB – Produto Interno Bruto

IPCC – Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática PIDESC – Pacto Internacional dos Direitos Econômicos,
(Intergovernmental Panel on Climate Change) Sociais e Culturais

IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada PMA – Programa Mundial de Alimentos

ISA – Instituto Socioambiental PNUD – Programa das Nações Unidas para o


Desenvolvimento
Itaguaí C.N. – Itaguaí Complexo Naval
PNUMA – Programa das Nações Unidas para o Meio
ITU – União Internacional de Telecomunicações (International Ambiente
Telecommunications Union)
PPC – PIB por paridade de poder de compra.
IURD – Igreja Universal do Reino de Deus
Prosub – Programa de Desenvolvimento de Submarinos
JBIC – Japan Bank for International Cooperation
PRIS – Power Reactor Information System
JID- Junta Interamericana de Defesa
PTBT – Tratado de Banimento Parcial dos Testes Nucleares
Mercosul – Mercado Comum do Sul (Partial Nuclear-Test-Ban Treaty)

Minustah – Missão das Nações Unidas para Estabilização do Renctas – Rede Nacional Contra o Tráico de Animais
Haiti
SAARC – Associação Sul-Asiática para a Cooperação
MOU – Memorando de Entendimento Regional (South Asian Association for Regional Cooperation)

MRE: Ministério das Relações Exteriores SAN – Segurança Alimentar e Nutricional

MTCR – Regime de Controle de Tecnologia de Mísseis SCCC – Sistema Comum de Contabilidade e Controle
(Missile Technology Control Regime)
SDN – Sociedade de Nações (Liga das Nações)
MSF- Médicos sem Fronteira
Sinamob – Sistema Nacional de Mobilização
NAFTA – Tratado Norte-Americano de Livre Comércio
(North American Free Trade Agreement) SIPRI – Stockholm International Peace Research Institute

OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Sisfron – Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteira
Econômico (Organisation for Economic Cooperation and
Development) TCA – Tratado de Cooperação Amazônica

ODT – Odebrecht Defesa e Tecnologia TIAR – Tratado Interamericano de Assistência Recíproca

OEA – Organização dos Estados Americanos TNP – Tratado de Não Proliferação

OMS – Organização Mundial da Saúde UA – União Africana (African Union)

ONG – Organização Não Governamental Unaids – Programa Conjunto das Nações Unidas sobre
HIV/AIDS
ONU – Organização das Nações Unidas
Unasul – União de Nações Sul-Americanas
OSCE – Organização para a Segurança e Cooperação na
Europa UNBISnet – Sistema de Informação Bibliográica das Nações
Unidas (United Nations Bibliographic Information System)
OTAN – Organização do Tratado do Atlântico Norte
UN Comtrade – Base de Dados de Estatísticas das Nações
OTCA – Organização do Tratado de Cooperação Amazônica Unidas sobre Comércio de Mercadorias (United Nations
Commodity Trade Statistics Database)
OUA – Organização da Unidade Africana
Unctoc – Convenção das Nações Unidas contra o Crime
PAA – Programa de Aquisição de Alimentos Organizado Transnacional (United Nations Convention
against Transnational Organized Crime)
PCN – Programa Calha Norte

ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E F ES A VII


UNESP – Universidade do Estado de São Paulo

Unila – Universidade da Integração Latinoamericana

Unoda – Escritório das Nações Unidas para Assuntos de


Desarmamento (United Nations Ofice of Disarmament
Affairs)

UNTS – United Nations Treaty Series

UPP – Unidades de Polícia Paciicadora

URSS – União das Repúblicas Socialistas Soviéticas

USAID – United States Agency for International Development

USP – Universidade de São Paulo

WITS – Solução Integrada Comercial Mundial. Setor de


dados do Banco Mundial (World Integrated Trade Solution)

WRI – Instituto de Recursos Mundiais (World Resources


Institute)

WWF – Fundo Mundial para a Natureza (World Wildlife Fund)

ZEE – Zona Econômica Exclusiva

ZLAN – Zona Livre de Armas Nucleares

Zopacas – Zona de Paz e Segurança do Atlântico Sul

VIII ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E FES A


Introdução
Enara Echart Muñoz
Enara Echart Muñoz
Enara Echart Muñoz
Introdução perspectiva da baixa securitização de
eventuais ameaças regionais. Tal vi-
são, conjugada com a prevalência da
Introdução por Maria Regina Soares de Lima tese do “paciismo e o jurisdicismo da
política externa” e de uma avaliação
da fraqueza de meios militares para
e Carlos R. S. Milani quaisquer movimentos de projeção
internacional do poder militar, gerou
uma narrativa dominante entre as eli-
tes, qual seja: a neutralização de qual-
quer legitimidade à utilização da força
no plano internacional e ao incremen-
to das capacidades militares para sua
A defesa da soberania e da integri- infraestrutural, utilizando o concei- função precípua que é fazer a guerra
dade territorial, no uso legítimo dos to de Michael Mann, de se sobrepor ou dissuadir os inimigos de eventu-
meios de violência, é uma das funções completamente aos poderes locais e de al ataque, como ressalta João Alsina
clássicas que deine o Estado, enten- desenvolver capacidades especíicas na Júnior.
dido em uma perspectiva weberia- implementação de suas decisões. A fra-
na. Desse ângulo, o Estado é um ator gilidade infraestrutural do Estado se- Essa lógica circular foi reforçada no
no sistema internacional, inserido si- ria acompanhada de seu maior poder período da Guerra Fria em que o Bra-
multaneamente no sistema de Esta- despótico, quando comparado a seus sil participava da defesa hemisférica
dos, cuja principal característica é a congêneres europeus. A outra conse- associada e coletiva, sob hegemonia
anarquia ou a descentralização de po- quência foi legitimar, perante as eli- norte-americana e, simultaneamen-
der, e na ordem capitalista global mar- tes civis e castrenses, a tese do inimigo te, aderia às práticas da contra-insur-
cada pela assimetria sistêmica entre o interno, deinido socialmente em ter- gência e as implementava em solo
centro, as semiperiferias e as periferias, mos de classe, etnia e raça. A força nacional, com a instalação da ditadu-
mas também pela reprodução estru- coercitiva do Estado foi usada primor- ra civil-militar por cerca de vinte anos,
tural das desigualdades que atraves- dialmente para combater as revoltas e em solo estrangeiro, mediante a cria-
sam as fronteiras estatais. internas contra as oligarquias no poder ção de serviços de informação vincu-
e as tentativas federalistas contra o po- lados às embaixadas brasileiras, como
Contudo a função defesa, no uso dos der central. Na Guerra Fria, a tese do ressalta Pio Penna Filho. A Guerra Fria
meios coercitivos e, no limite, da guer- inimigo interno ganhou reforço exter- não apenas legitimou, perante às eli-
ra interestatal, não tem sido exercida no, então deinido como a “ameaça do tes dominantes, a intervenção militar
de forma homogênea pelos diferentes comunismo”, e foi incorporada à dou- na política doméstica, como reforçou
Estados ao longo dos séculos desde a trina de segurança do sistema hemisfé- a orientação para dentro dos mesmos.
formação de um sistema internacio- rico sob a hegemonia dos EUA. O que O desemprego estrutural dos milita-
nal. A hipótese clássica da sociolo- se viu no pós-Segunda Guerra foi a se- res foi um dos principais responsáveis
gia histórica, como desenvolvida por curitização da política doméstica e a pelo abandono da missão clássica de
Charles Tilly, do papel da guerra na consequente proliferação das ditadu- defesa, assim como pela construção da
formação dos Estados europeus e sua ras militares em praticamente todos autoidentiicação de uma instituição
posterior implicação para o desenvol- os países da região. As demandas so- separada e acima das demais.
vimento institucional dos Estados não ciais por reforma estrutural (em maté-
se veriicou no solo latino-americano, ria de educação, saúde pública, acesso A baixa securitização na percepção das
ou pelo menos não na mesma intensi- à terra produtiva, por exemplo) eram elites das ameaças regionais no início
dade e com as mesmas características. consideradas “revolucionárias”, “co- do processo de construção do Estado
Seja em função do contexto tempo- munistas” e, portanto, uma ameaça à nacional e a securitização da política
ral de suas respectivas constituições segurança nacional. doméstica se reforçaram mutuamente
enquanto Estados nacionais, seja por e foram os principais responsáveis pe-
suas incipientes formas de autonomia No caso do Brasil não foi diferente, a las trajetórias institucionais separadas
geopolítica na região e no mundo, seja tutela militar das Forças Armadas so- da diplomacia e da defesa. A tênue in-
ainda por sua inserção na esfera de in- bre a sociedade foi legitimada e cons- tegração entre estes dois campos se
luência dos EUA, a guerra internacio- titucionalizada em 1891, gerando a manifestou na contribuição pratica-
nal, como fenômeno total envolvendo autoidentiicação de uma institui- mente nula da defesa à atuação exter-
a utilização de exércitos proissionais e ção insulada da vida política, refor- na do país e pela orientação da defesa
a mobilização da sociedade no esfor- çada por uma cultura organizacional eminentemente voltada para dentro.
ço bélico, foi fenômeno relativamen- que atribuía às Forças Armadas o pa- Legado histórico, fatores ideacionais
te raro na América Latina nos últimos pel autoritário de tutela da nação, in- e doutrinários próprios de cada um
200 anos desde os processos de inde- tervindo na política sempre que assim destes dois âmbitos atuaram para re-
pendência no início do século XIX, o desejasse ou que interpretasse que forçar a falta de sinergia entre defe-
como lembra Miguel Angel Centeno. fosse necessário. O estabelecimen- sa e diplomacia que se manifestou na
to da hegemonia regional brasileira prática pela virtual monopolização
Duas consequências se seguiram. Ao e do equilíbrio geopolítico favorável das funções externas pela diplomacia.
contrário do que ocorreu na Europa, ao país no Império não apenas le- Também contribuíram para a solidii-
os Estados latino-americanos nunca vou à redução posterior dos efetivos cação da identidade de ambos de um
desenvolveram o mesmo grau de poder do exército, mas reforçou nas elites a status diferenciado na estrutura do

4 ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E FES A


INTRODUÇÃO

Enara Echart Muñoz

Estado e na sociedade e a autopercep- responsabilização perante à socieda- voltada para o desenvolvimento do


ção da legitimidade da autonomia das de. A participação em postos de co- país e para a produção de capacidades
duas corporações na deinição de suas mando dos militares brasileiros nas especíicas e meios militares.
respectivas políticas. Operações de Paz das Nações Unidas,
o incremento da cooperação militar A elaboração deste Atlas da Defesa tem
O im da Guerra Fria, o término do com os vizinhos e com outros países por objetivo dar conta desses desenvol-
ciclo de regimes militares e a rede- do Sul geopolítico reconiguraram o vimentos e da transformação da defesa
mocratização, no inal dos anos 1980, papel externo dos militares. Conse- e da política de segurança do Brasil ao
mudaram signiicativamente o pa- quentemente, as políticas declarató- longo da história do país. Também bus-
pel e a política militar na região e no rias de defesa, formuladas a partir do ca contribuir para o desenvolvimento
Brasil. Novas agendas internacionais governo Lula da Silva, estabeleceram a de uma inteligência civil em defesa nas
e novos atores no Estado e na socie- necessidade da construção de uma ca- instituições de ensino e de pesquisa e
dade vão induzir à reconiguração do pacidade dissuasória militar, na defe- na sociedade em geral. A constituição
lugar político da defesa para a nação, sa de ativos estratégicos na atualidade, de uma comunidade epistêmica em as-
no sentido de deinir um novo papel bem como novos objetivos estratégi- suntos de defesa não apenas estimula
externo. Simultaneamente, a maior cos que implicam a cooperação com o diálogo entre civis e militares como,
participação e mobilização da socieda- vizinhos em seu entorno estratégico e a seu modo, induz à transparência e à
de civil na dinâmica política e socie- a coordenação com empresas, sindica- prestação de contas de uma das ativida-
tal pressionaram pela democratização tos e universidades no desenvolvimen- des fundamentais que compõem o nú-
destas corporações e sua necessária to de uma base cientíica e tecnológica cleo duro do Estado capitalista, sujeita

ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E F ES A 5


permanentemente ao risco de autono- Política Brasileira de Defesa pretende elementos principais da política de
mização ou insulamento face aos con- ser ferramenta didática fundamental defesa da Coroa Portuguesa e, pos-
troles democráticos. em disciplinas do ensino médio e teriormente, do Império e da Repú-
superior que tenham em suas análises blica do Brasil que inluenciaram a
Foi com base nesse conjunto de temas internacionais relativos à dinâmica geopolítica e a formulação
concepções históricas e políticas segurança global e aos mecanismos da defesa brasileira e da região. Com
que o Atlas da Política Brasileira de de defesa do Estado brasileiro. objetivo semelhante, são examinados
Defesa foi projetado e desenvolvido, Metodologicamente, a cartograia alguns momentos ao longo do sécu-
graças ao apoio do Instituto Pandiá temática abrange o uso de imagens lo XX fundamentais na criação da or-
Calógeras do Ministério da Defesa em geral, não somente mapas. Além dem mundial e na inserção brasileira
do Brasil e do Conselho Nacional da metodologia cartográica já neste sistema. O capítulo seguinte tem
de Desenvolvimento Cientíico apresentada no Atlas da Política como principal foco as características
Tecnológico (CNPq), no âmbito do Externa Brasileira, remetemos o nosso da ordem global que se segue ao tér-
Programa Álvaro Alberto de Indução à leitor ao apêndice metodológico mino da Guerra Fria, a distribuição de
Pesquisa em Segurança Internacional apresentado ao inal deste volume, poder entre os atores no nível interna-
e Defesa Nacional n. 29/2014. O que apresenta os detalhes técnicos cional e as capacidades e atributos de
projeto teve por objetivo desenvolver e operacionais da pesquisa e da poder brasileiros que o tornam um país
metodologia de cartograia temática cartograia temática aqui utilizada. relevante na América do Sul, com as-
na análise do panorama da política pirações globais. Desta forma, o capí-
de defesa nacional e seu entorno O volume está organizado da seguin- tulo concentra-se nos principais temas,
estratégico (internacional e regional). te forma: um capitulo histórico e três agendas e instituições da ordem mun-
A cartograia temática aqui proposta substantivos que consideram os três dial, trazendo o caso brasileiro para o
aglutinou, de modo rigoroso e níveis de análise clássicos das Rela- centro da análise, em perspectiva com-
didático, os principais temas relativos ções Internacionais (global, regio- parada com demais países do sistema
à projeção estratégica de poder do nal e nacional). O primeiro analisa os internacional (sejam eles do Norte, do
Brasil em seu entorno, utilizando-
se de quantiicação, demonstração
gráica e análise crítica das políticas
públicas de defesa nacional.

Apesar da crescente importância


que os temas relacionados à defesa
nacional têm adquirido no meio
acadêmico brasileiro, ainda persistem
lacunas entre o interesse social e o
conhecimento efetivo sobre temas
relativos à segurança nacional e às
estratégias de defesa. Alguns esforços
do sistema de ciência e tecnologia
nacional podem ser mencionados:
os programas “Pró-Defesa” e “Pró-
Estratégia” da CAPES, direcionados
ao inanciamento de pesquisas de
pós-graduação; a criação, em 2008, de
uma Associação Brasileira de Estudos
de Defesa; a inserção progressiva
de militares em instituições civis de
pesquisa e a criação de programas
de pós-graduação no âmbito militar.
No entanto, inexistem trabalhos
que apresentem profundidade
analítica, amplitude temática,
soisticação metodológica e amplo
potencial de difusão em função
do uso de linguagem acessível e
imagética (mapas, matrizes, gráicos,
etc.). Este projeto visou a dar uma
contribuição para diminuir essa
lacuna, sustentado no pressuposto
Enara Echart Muñoz

de que a superação dessa deiciência


passaria necessariamente pelo esforço
de compreender, de modo espacial,
a inserção estratégica do Brasil,
tornando a temática mais acessível à
sociedade como um todo. O Atlas da

6 ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E FES A


INTRODUÇÃO

não foram incluídos neste Atlas. Não


obstante, o conteúdo desses não traz
grandes inovações para a política bra-
sileira de defesa e para seus principais
conceitos.

É importante sublinhar que, além do


apoio do IPC do Ministério da Defe-
sa e do CNPq, este projeto somente
foi possível porque reuniu a expertise
e o conhecimento acumulado em dois
grupos de pesquisa do Instituto de Es-
tudos Sociais e Políticos da Universi-
dade do Estado do Rio de Janeiro: o
Laboratório de Análise Política Mun-
dial (LABMUNDO-antena Rio de
Janeiro e o Observatório Político Sul
-Americano (OPSA). O OPSA é co-
nhecido por seu trabalho extenso e de
qualidade sobre a política domésti-
ca e externa dos países sul-americanos
e por estudos sobre a região, inclusi-
ve no campo da segurança. O LA-
BMUNDO-Rio, por meio de seu
Ateliê de Cartograia e em parceria
com Sciences Po (Paris), desenvolveu
extensa expertise no campo da carto-
graia temática que resultou na publi-
cação, em português, inglês e espanhol,
do Atlas da Política Externa Brasileira.
A parceria entre OPSA e LABMUN-
DO-Rio permitiu ao projeto cumprir
Enara Echart Muñoz

com seus objetivos iniciais, além de


ter reforçado a capacidade instalada
sobre esses temas no IESP-UERJ. Fi-
nalmente, gostaríamos de registrar os
nossos agradecimentos aos Professores
Leticia Pinheiro, Monica Hirst, Mar-
co Cepik e hiago Rodrigues, por te-
rem participado do seminário em que
Sul, da região ou países emergentes). O de defesa do Brasil. Com isso, o capí- apresentaram seus comentários e su-
terceiro capítulo focaliza a região sul tulo aborda a relação dos órgãos do Es- gestões sobre uma primeira versão do
-americana e o entorno estratégico da tado (como o Ministério de Defesa e Atlas. As contribuições dos colegas em
política de defesa. A análise do tema re- as Forças Armadas) entre si e com de- muito enriqueceram os capítulos que
gional passa obrigatoriamente pelo pa- mais atores da sociedade (como o setor seguem.
pel brasileiro na área assim como pela privado, sindicatos, sociedade civil or-
inluência de potências extrarregionais ganizada, academia e outros). Os capí-
(sejam elas ex-metrópoles europeias, os tulos foram todos divididos em itens.
EUA ou, mais recentemente, países Cada item foi trabalhado em uma du- Maria Regina Soares de Lima é
emergentes da Ásia). Além da intera- pla-página, com a possibilidade de di- Pesquisadora Sênior do Instituto
ção da América do Sul com o resto do álogo complementar entre itens de de Estudos Sociais e Políticos
mundo, cabe destacar as novas forças diferentes capítulos, mediante a ferra- da Universidade do Estado do
socioeconômicas da região, que estão menta do “Veja também”. Rio de Janeiro (IESP-UERJ) e
em constante modiicação e impactam Coordenadora do Observatório
diretamente nas estratégias geopolíti- Cabe ressaltar que, no dia 14 de mar- Político Sul-Americano (OPSA) e do
cas dos países. Essa dinâmica que é o ço de 2017, o Ministério da Defesa pu- Latitude Sul.
foco do terceiro capítulo é diretamen- blicou em seu sítio web novas minutas
te inluenciada pela ação de atores tra- da Política Nacional de Defesa, da Es- Carlos R. S. Milani é Professor
dicionais na formulação da política de tratégia Nacional de Defesa e do Livro Adjunto do Instituto de Estudos
defesa, assim como pela emergência Branco de Defesa Nacional. Uma vez Sociais e Políticos da Universidade
de novos. Considerando as especii- que esses documentos ainda não fo- do Estado do Rio de Janeiro
cidades desse nicho temático da defe- ram discutidos e aprovados pelo Con- (IESP-UERJ) e Coordenador do
sa, o último capítulo analisa os atores gresso Nacional, entende-se que ainda Laboratório de Análise Política
que diretamente ou indiretamente têm não coniguram documentos oiciais Mundial (LABMUNDO) e do
participação na formação da política do Estado brasileiro e, por esse motivo, Latitude Sul.

ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E F ES A 7


O mundo político

Canadá

Quirguistão Mongólia
Tajiquistão

Estados Unidos
Afeganistão China

Paquistão Nepal Butão Japão


Coreia
Coréia do Sul
Coréia do Norte
Coreia
Índia Taiwan
Myanmar Hong Kong México
Laos
Bangladesh Tailândia Macau Marianas
Vietnã Guam Micronésia
Filipinas
Palau Ilhas Marshall
Camboja Nauru
Brunei Kiribati
Malásia
Cingapura
Sri Lanka
Maldívias
Maldivas Tuvalu
Indonésia Papua-Nova Guiné
Território Britânico Tokelau
do Oceano Índico
Wallis e Futuna
Timor Leste
América Central: Samoa
Ilhas Salomão Samoa Americana
a- Ilhas Cayman
1- Ilhas Cayman Vanuatu
b- Turks ee Caicos
2- Turks Caicos Niue
c-
3- Ilhas Virgens Nova Caledônia
Caledónia Polinésia Francesa
d-
4- Ilhas Virgens Britânicas Ilhas Cook
e-
5- Anguilla
f-
6-Ilha
Ilhade
deSão
SãoMartinho
Martinho Austrália Ilhas Pitcairn
g- Coletividade de
7- Coletividade de São
São Bartolomeu
Bartolomeu Tonga
h- Gustávia
8- Ilha de São Martinho
i-
9-São
SãoCristóvão
CristóvãoeeNevis
Nevis Ilhas Fiji
j-
10-Antigua
Antiguae eBarbuda
Barbuda
k-
11-Guadalupe
Guadaloupe
l-
12-Dominica
Dominica
m
13--Martinica
Martinica Nova Zelândia
n-
14-Santa
SantaLúcia
Lúcia
o-
15-Barbado
Barbado
p-
16-São
SãoVicente
VicenteeeGranadinas
Granadinas
q-
17-Granada
Granada
r-
18-Países
PaísesBaixos
BaixosCaribenhos
Caribenhos
s-
19-Curaçao
Curação
t-
20-Aruba
Aruba
Terras Austrais e Antártidas Francesas
Antárticas Francesas

Fonte: Elaboração própria.

8 ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E FES A


INTRODUÇÃO

Europa
1- Guernsey 21- Bósnia e Herzegovina
2- Jersey 22- Montenegro
3- Andorra 23- Albânia Groelândia Jan Mayen
4- Bélgica 24- Macedônia
5- Luxemburgo 25- Kosovo Noruega
6- Holanda 26- Sérvia Ilhas Faroé Suécia
7- Mônaco 27- Åland Finlândia
Suíça
8- Suiça Estônia
28- Estónia Islândia 27
9- Itália Letônia
29- Letónia Ilha de Man 28
10- Alemanha 30- Lituânia 29 Rússia
12 30
11- Liechtenstein Romênia
31- Roménia 6
12- Dinamarca 32- Bulgária Irlanda 34
4 5 10 Polônia
13- Vaticano 33- Moldávia Reino Unido 1 2 17 Ucrânia
14- San Marino 34- Bielorrússia 11 15 18 Kasaquistão
15- Áustria 35- Chipre França 8 16 19 31 33
16- Eslovênia 36- Chipre do Norte 9 20 21 26 Azerbaijão
3
17- República Checa 7 14 22 25 24
32 Geórgia Uzbequistão
18- Eslováquia Portugal Espanha 13 23
19- Hungria Turquia Turcomenistão
20- Croácia Tunísia Armênia
Açores Gibraltar Grécia 35 36 Síria
Bermudas Ilha da Madeira Malta Líbano
Marrocos Iraque Irã
Palestina
Israel Jordânia Kuwait
Argélia Líbia Bahrein
Cuba Bahamas Rep. Dominicana Saara Egito Catar
Belize Porto Rico Ocidental Arábia EAU
b
2 Saudita
a1 3c 4d 5e
f6 g
7 10 Mauritânia Mali Omã
Jamaica 89
h j k11 Senegal Níger
Honduras Haiti i l12 Chade Sudão Eritreia Iêmen
20
t 19
s r18 m 13 14 o
n 15 Cabo Verde
Nicaragua
Nicarágua p
16 17
q Burkina Djibouti
Gambia
Trinidad Guiné-Bissau
Guiné Bissau Guiné Somália
Guatemala e Tobago Nigéria
Venezuela Gana Sudão Etiópia
Serra Leoa Centro África do Sul
El Salvador Guiana Libéria
Costa Rica Colômbia Suriname Camarões
Guiana Francesa Togo Uganda
Panamá Bénin
Benin Quênia
Equador Costa do Marfin República Ruanda
São Tomé e Príncipe Democrática Burundi
do Congo Comores
Guiné Equatorial Tanzânia Seychelles
Gabão
Brasil Congo
Peru Angola
Zâmbia Moçambique
Santa Helena Rep. de
Bolívia Maurício
Maurícia
Zimbábwe
Malawi
Botswana Madagascar
Namíbia
Chile
Paraguai Suazilândia
Argentina Reunião
Uruguai África do Sul Lesoto
Labmundo, 2017

Ilhas Malvinas
Ilhas Geórgia do Sul e Sandwich do Sul
100 km

ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E F ES A 9


Capítulo 1:

HISTÓRICO DA
DEFESA NO BRASIL

Enara Echart Muñoz


Enara Echart Muñoz

O capítulo histórico, de abertura à temática da política de defesa e da


segurança do Brasil, tem por objetivo principal apresentar, desde a Colônia,
como foram implementadas, pela Coroa portuguesa e, após a independên-
cia em 1822, pelo Estado brasileiro, as estratégias políticas e militares de
expansão e de ocupação territorial, mas também de proteção do território
diante das ameaças de invasores estrangeiros (franceses, holandeses), bem
como no enfretamento dos conflitos existentes com os vizinhos da região e
nas revoltas internas de norte a sul do país. Ou seja, este capítulo
introdutório procura demonstrar que a política de defesa do Brasil tem
longa trajetória histórica, cujas características geraram dependências e
condicionalidades para a formulação e a implementação dessa política
pública em períodos mais recentes. Para atingir esse objetivo, em primeiro
lugar, foi utilizada uma divisão cronológica, respeitando os três principais
momentos políticos da história do Brasil: Colônia, Império e República.
Em segundo, foram selecionados alguns eventos históricos e eixos estratégi-
cos que marcaram a história da defesa e da segurança do país desde o início
do século XX: as Conferências de Paz e a eclosão da Primeira Guerra Mun-
dial; a Segunda Guerra Mundial e o engajamento brasileiro; a Guerra Fria
e os golpes militares no Brasil e na América Latina.
Colônia, conlitos DESAFIOS À AUTORIDADE DA COROA
Principais conflitos entre a elite colonial e a Coroa
portuguesa, entre 1660 e 1822

e expansão
Pernambuco
Revolução Pernambucana
Guerra dos Mascates
Conjuração do Nosso Pai
Conspiração dos Suaçunas
Grão-Pará e Maranhão
Revolta de Beckman

territorial 500 km
São Paulo
Revolta do Sal
Bahia
Conjuração Baiana
Motim do Maneta
Minas Gerais
Inconfidência Mineira
Revolta de Felipe
Rio de Janeiro dos Santos
Revolta da Cachaça Guerra dos Emboabas
INVASÕES EXTERNAS À COLÔNIA Conjuração Carioca

Labmundo, 2017
Territórios portugueses ocupados por França e Holanda, entre 1555 e 1654

Golfo da Guiné
1637-1642* Fonte: Silva, 2005; Schwarcz e Starling, 2015.

Localização dos principais quilombos e aldeias


França Equinocial
1594-1615 indígenas revoltosas, entre 1500 e 1822

Olinda e Recife Angola


1630-1654 Invasões holandesas 1641-1648. Guerra dos Bárbaros

Salvador
1624-1625 Invasões francesas

Labmundo, 2017
Territórios portugueses, Palmares
segundo Tordesilhas
França Antártida 500 km Calunga
1555-1567 Territórios espanhóis,
Aimorés
segundo Tordesilhas
Fonte: Puntoni, 1992. *Em 1642, Portugal cedeu o território em definitivo para a Holanda 500 km
Tamoios

Campo Grande

A ocupação pelos portugueses do ter- era alimentado por interesses comer-


ritório do que seria posteriormente o ciais, por uma racionalidade militar e

Labmundo, 2017
Quilombos
Brasil foi atravessada por conlitos so- pela ambição evangelizadora (a exem- Aldeias indígenas
ciais, étnicos, raciais e geopolíticos. Tra- plo das missões) que, juntos, possibili- revoltosas

tou-se de um processo dirigido por um taram aos europeus subjugar territórios Fontes: Reis e Gomes, 1996; Ricardo e Fany, 2011.
Estado centralizado, com forte inves- e povos em toda a região. O resultado
timento militar e impulsionado pela foi um verdadeiro genocídio: milhões
Igreja católica, e que se deu em duas de nativos morreram em consequência Estado-Nação e os primeiros desenvol-
etapas, primeiro no litoral e depois no do regime de trabalho forçado, da des- vimentos do capitalismo. Tais impé-
interior. Os portugueses confronta- truição dos seus modos de vida e da na- rios disputavam mercados, populações
ram-se com povos originários, presen- tureza, das novas doenças introduzidas e territórios e com isso reconiguraram
tes nas Américas há pelo menos 12 mil pelos brancos e dos combates contra a todo o planeta em um sistema integra-
anos antes de sua chegada, e com ten- opressão e a dominação europeia. do de metrópoles e colônias. A escravi-
tativas de conquista de outros impérios dão moderna na América foi um dos
coloniais. Estima-se que viviam no Bra- A formação e a expansão dos impérios seus pilares fundamentais: foram trai-
sil 10 milhões de pessoas que falavam coloniais de Portugal, Espanha, França, cados do continente africano para a co-
1.300 línguas e que se dividiam em mais Holanda e Inglaterra foi resultado de lônia portuguesa 3 milhões de pessoas
de 1.000 etnias. O expansionismo por- um longo processo geopolítico no qual para o trabalho forçado no grande la-
tuguês (e de outras nações europeias) se inserem a constituição dos modernos tifúndio monocultor, ao que se somam

CONSTRUÇÃO DAS FRONTEIRAS NO PRATA


Tratados de fronteiras entre Portugal e Espanha na América, entre 1715 e 1801

BRASIL BRASIL BRASIL BRASIL


Labmundo, 2017

200 km

Fronteiras atuais Tratado de Utrecht (1715) Tratado de San Ildefonso (1777)


Fontes: Magnoli et al., 2001; Góes Filho, 2015. Tratado de Madri (1750) Tratado de Badajós (1801)

12 ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E FES A


HISTÓRICO DA DEFESA NO BRASIL

outras 2 milhões trazidas depois da in- MISSÕES JESUÍTICAS


Missões na América do Sul até o século XVIII
dependência do Brasil em 1822. A im-
Bogotá
portância da mão de obra escrava era
tanta que as estimativas populacio- Rio Neg
ro
nais para 1584 eram de 25 mil brancos, Amazonas
Rio
18 mil índios domesticados e 14 mil ne-
gros escravizados. Os escravos viviam eir
a
ad
em média 19 anos, contra 32 da popu- M

o
lação branca e livre, ou seja, viviam mal

Ri
e precariamente, sem direito à terra, à isc
o

nc
subsistência autônoma, a constituir fa- Lima

Fra
mília ou a manter sua identidade cul-

São
Salvador

Rio
tural. Essas pessoas sustentavam uma
estrutura econômica, social e cultural
baseada na violência que deixou mar- á
cas profundas na coletividade brasilei- an Missões de Maynas

r
Pa
ra até o presente. Houve resistência, e Assunção

Rio
Missões de Mojos
os quilombos, as fugas individuais e em Missões de Chiquitos

rug guai
500 km

massa, as insurreições indígenas e as re- i

ara
Missões de Itatim

ua
Rio P
beliões negras são exemplos de um pro-

Labmundo, 2017
Missões de Guará

Rio U
cesso de lutas que envolvia também a Missões de Tape
produção de laços de solidariedade, de Buenos Aires Montevidéu
afeto e comunitários, de valorização de Fonte: Goes Filho, 2015.
dinâmicas culturais, religiosas e identi-
tárias cujas heranças também são senti-
das até os dias atuais. econômica e politicamente pela Ingla- nascidos na colônia, um sentimento
terra ainda no período colonial. Ocor- de identidade próprio, que se diferen-
Em paralelo, eclodiam os conlitos geo- reram também conlitos internos aos ciava de Portugal por meio da narrati-
políticos entre os europeus no “novo impérios coloniais. No Brasil, os colo- va de luta contra a sanha tributária do
mundo”: os impérios coloniais por- nos brasileiros e a elite portuguesa que Estado opressor português, que impe-
tuguês, espanhol, francês, holandês e vivia na colônia disputavam os proces- dia os colonos de alcançar autonomia
inglês disputavam território, mercado- sos de ocupação do território (a marcha econômica. Os colonos ilhos da elite
rias e populações no continente afri- para oeste com as bandeiras e as entra- sempre estiveram em contato com as
cano e americano. Portugal enfrentou das, com forte cunho militar e evangeli- ideologias e os valores europeus, culti-
a Espanha e com ela pactuou (região zador, reforçando a aliança entre Igreja vando a liberdade, sendo refratários à
do Prata), expulsou franceses do Rio e o Império de Portugal) e lutavam pe- centralização via Estado e Igreja, como
de Janeiro e do Maranhão, guerreou los recursos que encontravam em cada ilustram os muitos conlitos entre as so-
com holandeses nos dois lados do oce- novo pedaço de terra. Dessas batalhas ciedades locais e os jesuítas. Protagoni-
ano atlântico, e terminou subjugado emergiram, nos ilhos de europeus zaram, portanto, revoltas, rebeliões e
motins que marcaram todo o período
colonial e foram parte fundamental do
OCUPAÇÃO DO OESTE processo político e cultural que levaria
Principais bandeiras, entre 1635 e 1725 Principais monções, entre 1635 e 1725
à ruptura do Brasil com Portugal. O re-
sultado da empresa colonial portuguesa
s s
foi desastroso do ponto de vista social e
Amazona Belém Amazona Belém
humanitário, com o extermínio de po-
To São Luís To São Luís
jós jós pulações inteiras de africanos e povos
Xin

Xin

pa pa
cantins

cantins

Ta Ta
gu

gu

ameríndios. Não obstante, do ponto de


ia

ia

o Francisc o Francisc
gua

gua

Sã o Sã o
vista geopolítico e econômico gerou ri-
Ara

Ara

Salvador Salvador
quezas incontáveis à Coroa de Portugal
e cujo resultado foi a consolidação de
Mam

Mam

é é
or

or

um novo Estado-Nação independente


Rio de Janeiro Rio de Janeiro comandado por uma elite política coe-
São Paulo São Paulo sa, que logrou manter a integridade ter-
ai

ai


gu

gu

Pa r a Pa r a
ra

ra

ritorial e identitária da ex-colônia em


Pa

Pa

i
ua
meio ao esfacelamento que ocorreu na
i

g
ua

Tratado de
Uru
Urug

Madri, 1750
500 km 500 km América Espanhola.
Bandeiras: Monções:
Antonio Raposo Tavares,
André Fernandes e Fernão Dias Manoel Campos Bicudo (1673) Rota ordinária
Paes (1635-1637) VEJA TAMBÉM:
Manoel Preto e Antonio Antonio Pires de Campos (1716) Estrada terrestre
Raposo Tavares (1628-1633) através de Goiás Império e ameaças de fragmentação p. 14
Labmundo, 2017

Fernão Dias Paes (1638) Pascoal Moreira Cabral (1718) Monções do norte República e desafios geoestratégicos p. 16
Colônia (Atlas da PEB) p. 14
Antonio Raposo Tavares Bartolomeu Bueno da Silva
(1648-1652) (1725) Império (Atlas da PEB) p. 16
Fonte: Goes Filho, 2015.

ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E F ES A 13


Império e ameaças Seguiriam então dois tipos de conlitos
fundamentais. No Primeiro Reinado
(1822-1831), chocaram-se os esforços de

de fragmentação centralização empreendidos pelo Im-


pério com a diversidade regional de
uma nação continental: a centraliza-
ção defendida pelas elites sediadas no
Rio de Janeiro versus o federalismo
de algumas províncias, tais como São
Paulo, Pernambuco e Rio Grande do
Sul, justamente aquelas mais mobili-
zadas no período colonial. Na Regên-
cia ocorreu a explosão desse conlito.
As novas elites que assumiram o Esta-
A independência da América espa- no Brasil, como a Inconidência Mi- do promoveram reformas de cunho li-
nhola se deu em um contexto de lutas neira em 1789, e que veio a culminar beral radical, devolvendo a soberania
revolucionárias seguido de um repu- na independência. do poder político às províncias, pro-
blicanismo radical e fragmentação duzindo um conjunto de novas mo-
territorial. Nas metrópoles coloniais, A ex-colônia portuguesa se emanci- bilizações cujo programa clamava por
as guerras napoleônicas transforma- pou guiada por um projeto de Estado mudanças de cunho social e econômi-
vam a estrutura política e social do que não seguiria a cartilha liberal: en- co, misturando as ambições das elites
continente e representavam os con- quanto esta prega um poder central provinciais com movimentos de ori-
litos entre a nascente burguesia capi- resultante dos diferentes interesses so- gem popular em busca de melhores
talista contra as classes feudais. Nesse ciais, no liberalismo à brasileira coube condições de vida.
quadro, a corte portuguesa transferiu ao poder central organizar e disciplinar
para o Brasil a sede do império por- tais interesses. O Brasil não foi apenas Estava, portanto, ameaçado o pacto
tuguês. Como resultado, iniciou-se o último país a se tornar independente das elites. A integridade territorial foi
um novo ciclo de desenvolvimento como foi o único a tornar-se um Impé- perdida com a independência do Uru-
econômico e de abertura política, no rio, o qual extraía sua legitimidade po- guai, consolidada em 1828, a proclama-
qual foram retomados os ideais nacio- lítica e sua viabilidade econômica de ção da República Rio Grandense em
nalistas e independentistas que já ha- um pacto baseado na grande proprie- 1835, nas guerras da Revolta Farroupi-
viam animado importantes revoltas dade de terra e no trabalho escravo. lha que duraram até 1845. Houve ris-
co de perda da província do Grão-Pará
(cujo território abrange os atuais Esta-
GUERRA DA CISPLATINA dos do Pará, Maranhão e Piauí) duran-
Local e quantidade das batalhas, entre 1825 e 1828
te da Revolta da Cabanagem, ocorrida
entre os anos 1835 e 1840. Nessa revolta,
as classes médias locais (Cabanos) uni-
Salvador ram-se aos índios e mestiços em uma
revolta contra a situação de miséria
Exército da província e instituíram um gover-
Marinha no independente que durou dez me-
Fronteiras ses. Nas lutas para retomar o controle
atuais
do território o governo imperial elimi-
nou entre 30 e 40% da população local.
O tratamento dado pelo Império aos
revoltosos paraenses foi marcado pela
violência e repressão, enquanto que a
relação com os insurgentes gaúchos foi
de negociação e pactuação.

As bases da sociedade imperial fo-


ram abaladas pelas revoltas. A grande
propriedade de terra sofreu seu prin-
á
aran

cipal ataque com a Revolta da Balaia-


uai
Rio P

da, no Maranhão (1838-1841), quando


rug

Quantidade
Rio U

de batalhas ro camponeses e escravos se revoltaram


Neg
7
3
Rio contra os grandes fazendeiros. A es-
1
cravidão foi alvo de diversas revoltas,
como a Revolta Manuel Congo, no
Montevidéu Rio de Janeiro (1838), e a Revolta da
Carranca, em Minas Gerais (1833). Na
Labmundo, 2017

450 km
Buenos
Aires
Revolta dos Malês (1835), cerca de 600
225 km
escravos tomaram Salvador, sendo di-
Fonte: Donato, 1987. zimados no mesmo dia por uma classe

14 ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E FES A


HISTÓRICO DA DEFESA NO BRASIL

dominante, temerosa de um possível REVOLTAS REGENCIAIS


Local e quantidade de batalhas, por revolta, entre 1835 e 1845
“Haiti brasileiro”.

Em 1840, as elites recompuseram seu


pacto com a coroação de D. Pedro II Cabanagem
e a instituição do Segundo Reinado, Balaiada
que durou até 1889. A centralização foi Sabinada
reforçada e a disputa política foi pos-
Revolta dos Malês
ta dentro de limites que impediam seu
Revolução Farroupilha
transbordamento para as classes popu-
lares. Na chamada “restauração con-
servadora”, um novo tipo de conlito 17
8
vai predominar, quando o Império se 250 km
lança na missão de constituir sua su- 1

premacia geopolítica na América do


Sul. O principal território dessa dispu- República Rio-Grandense (1835-1845)
ta foi a região do Prata, onde o Brasil República Juliana (julho-novembro de 1839)

atuou nos conlitos internos do Uru-


guai e Paraguai ora para enfraquecer
os projetos nacionais desses países ora
para impedir a Argentina de aumen-
tar sua inluência regional. A criação
do Uruguai foi fruto de uma dispu-
ta entre Brasil e Argentina pela posse
da província Cisplatina, que gerou a
guerra da Cisplatina (1825-1828).

As forças armadas brasileiras lideraram

Labmundo, 2017
100 km
essa disputa pela hegemonia geopolíti-
ca na América do Sul aproveitando-se
da legitimidade conquistada pela vitó- Fonte: Donato, 1987.
ria contra as revoltas do Primeiro Rei-
nado. A Guerra do Prata (1851-1852)
colocou em confronto a Argentina este país interferiu a favor do gover- que poderia ameaçar a hegemonia bra-
contra o Brasil e Uruguai, com vitória no uruguaio. A Guerra do Paraguai foi sileira. O conlito durou de 1865 a 1870,
brasileira. Entre 1864 e 1865, o Brasil, o maior conlito armado da América terminando com vitória dos aliados,
apoiado pela Argentina e pela oposi- do Sul, e opôs Brasil, Argentina e Uru- com destaque para o Brasil, e com o
ção uruguaia, entrou em guerra contra guai (agora governado pela antiga opo- Paraguai perdendo territórios impor-
o Uruguai, cujo desfecho precipitou sição) contra o Paraguai, que na época tantes, com sua população masculina
a Guerra contra o Paraguai quando era uma nação em desenvolvimento dizimada e sua economia devastada.

A vitória marca o auge do II Império e


GASTOS MILITARES NO IMPÉRIO também o início de sua crise terminal:
Participação dos gastos militares no orçamento total, em %, entre 1830 e 1879 o Brasil sai da guerra endividado devi-
Cabanagem do aos empréstimos contraídos junto
Revolução Farroupilha Revoltas Internas
Sabinada
à Inglaterra para custear as batalhas e
Balaiada
Guerra do Paraguai com um exército composto por escra-
Malês vos sem treinamento e identidade com
50 a nação. Nesse contexto, D. Pedro II
opta por ceder à reivindicação da abo-
lição, pela qual era pressionado por
40
Inglaterra e França. Com isso, o impe-
rador abre mão da estratégia gradualis-
30
ta quanto à abolição da escravidão (Lei
do Ventre Livre em 1871 e Lei dos Sexa-
genários em 1885) e assim perde apoio
20 dos grandes proprietários de terra.

10 VEJA TAMBÉM:
Colônia, conflitos e expansão territorial p. 12
Labmundo, 2017

República e desafios geoestratégicos p. 16


Colônia (Atlas da PEB) p. 14
30

35

40

45

50

55

60

65

70

75

79
18

18

18

18

18

18

18

18

18

18

18

Império (Atlas da PEB) p. 16


Fontes: Coelho, 2000; Donato, 1987.

ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E F ES A 15


República, No âmbito externo, o Brasil enfrentava
desaios a sua segurança tanto na esfe-
ra regional quanto no âmbito intercon-

desaios políticos tinental. Enquanto ocorriam disputas


internas entre o Exército e a Marinha,
bem como revoltas civis, o orçamen-
to militar argentino cresceu e ultrapas-

e geoestratégicos sou o brasileiro. A hegemonia naval no


Prata que era brasileira durante o Impé-
rio mudou de mãos na República, com
a balança de poder se tornando mais fa-
vorável à Argentina, destronando a he-
gemonia naval brasileira do período
Com o advento da República, em 1889, se apresentava como uma das princi- imperial. As fronteiras ainda não esta-
o Brasil deixou de ser a única monarquia pais forças republicanas. A Revolta da vam totalmente demarcadas, apresen-
na região. Em um primeiro momento, Armada, em 1891, exempliica a dis- tando ameaça à integridade territorial.
essa mudança foi vista com bons olhos puta de poder dentro do Brasil e quão Por im, o risco de intervencionismo de
pelos vizinhos sul-americanos, mas ge- frágeis eram as instituições da Repúbli- países europeus seguia pairando sobre
rou instabilidade e disputas de poder ca. Floriano Peixoto teve que recorrer o continente americano.
entre as regiões e grupos políticos brasi- a ajuda de outros países e a mercená-
leiros. Os primeiros anos da República rios, a im de garantir a continuidade Um dos processos mais importantes
foram marcados pela consolidação das de seu governo. Esse episódio agravou nesse período foi o fortalecimento dos
instituições republicanas, a estabilização a disputa de poder dentro das Forças laços com os EUA. A aproximação era
política do país, a demarcação das fron- Armadas, o que resultou no aumento justiicada como benéica para ambos
teiras, a busca de equilíbrio de poder na do desequilíbrio entre os orçamentos os países: de um lado, os EUA busca-
região e a dissuasão de um eventual in- do Exército e da Marinha. A ação mi- vam consolidar-se como potência he-
tervencionismo europeu. litar contra o Arraial de Canudos tam- misférica; de outro, o Brasil garantia
bém demonstra a instabilidade política apoio político, econômico e geoestra-
A disputa pelo poder político foi uma e a fragilidade das instituições de defe- tégico. No plano econômico, os EUA
das características mais fortes dos anos sa no inal do século XIX. Foram neces- passaram a ser o principal parceiro co-
que se seguiram à proclamação da Re- sárias 3 investidas do Exército contra a mercial e investidor, relegando o Reino
pública. Grupos importantes da elite população civil nordestina, seguidores Unido ao segundo lugar. O modelo re-
política brasileira, das Forças Armadas da liderança religiosa de Antônio Con- publicano dos EUA também teve um
(principalmente dentro da Marinha) e selheiro. A última dessas operações mi-
da sociedade eram favoráveis à volta da litares contou com quase 30% do total
monarquia, enquanto que o Exército do contingente do Exército. COMÉRCIO E POLÍTICA
Evolução do fluxo comercial entre o Brasil e seus
principais parceiros comerciais, em milhões de
Libras Esterlinas, entre 1901 e 1939
CONFIGURAÇÃO DO TERRITÓRIO BRASILEIRO NA REPÚBLICA
56,8% do fluxo
Principais disputas territoriais entre 1889 e 1905 brasileiro total
Questão do Amapá, 1903
EUA - 29,2%
150 km 80 Alemanha - 22,0%

Questão do Pirara, 1904


60
e

Rio
qu

Maú
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Oia

40
Rio

Rio
Colingo
20
Rio
Tacutu Rio
Rio
Labmundo, 2017

Amapari
Rupununi Rio
Araguari
01

07

13

19

25

31

37

BRASIL
19

19

19

19

19

19

19

BRASIL
EUA Alemanha Reino Unido
500 km 150 km
Fonte: IBGE, 1990.
Questão do Acre, 1903

BRASIL Evolução do saldo comercial entre o Brasil e seus


principais parceiros comerciais, em milhões de
ra Libras Esterlinas, entre 1901 e 1939
ade i
Rio M

Rio Acre 20
150 km Ferrovia
Madeira-Mamoré
Fronteiras atuais
10
Território brasileiro Questão de Palmas, 1895
em 1889
0
BRASIL
Áreas em litígio em 1889
Ri
o
Ch -10
Áreas pertencentes ao atual Rio Santo
op
território brasileiro im
Labmundo, 2017

Antônio
Labmundo, 2017

-20
Áreas pertencentes a territórios
01

07

13

19

25

31

37

atuais de países vizinhos


19

19

19

19

19

19

19

Rio ecó
Peperi-Guaçu ha p EUA Alemanha Reino Unido
Fontes: Milani et al., 2015; Goes Filho, 2015; Rio C
100 km
Gurnak et al., 2010; Albuquerque et al., 1977. Fonte: IBGE, 1990.

16 ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E FES A


HISTÓRICO DA DEFESA NO BRASIL

papel importante na consolidação das ARRAIAL DE CANUDOS


População de Canudos, entre 1890 e 1898 e Quantidade de soldados em expedições militares
instituições domésticas brasileiras, pois expedições do Exército contra o povoado contra o Arraial de Canudos, em milhares, em 1897
representava um contraponto ao mo-
delo monárquico europeu. No âmbito 25000
20
geoestratégico, o governo brasileiro en-
tendia que aliar-se aos EUA diicultaria 20000 16

intervenções europeias, bem como tra- 12


ria maior equilíbrio à balança de poder 15000
na região (já que a Argentina era alinha- 8
da ao Reino Unido). Essa aproximação 10000
fez com que o Brasil adotasse uma pos- 4

tura favorável à Doutrina Monroe. É


5000
simbólica a recusa brasileira de adotar a

18 aio o
97
97

97

dem m al d
18
18

18
Doutrina Drago, proposta pela Argen-

97
e t
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il d

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o
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tina em resposta à intervenção na Vene-

st

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Ab
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Ex ing
Ag
Ja
91

93

95

97
zuela, em 1902. A tentativa de formar

nt

Labmundo, 2017
18

18

18

18

Co
um pacto entre o Brasil, a Argentina e *Não há dados oficiais sobre o destino da população de
Canudos, mas as fontes indicam que a maior parte da
**Em outubro de 1986 foi enviado um contigente policial
contra Canudos. Como essa investida falhou, foram enviadas
o Chile (Pacto ABC), em 1915, também população foi dizimada e as demais migraram, uma vez
que o Arraial foi destruído.
3 expedições militares contra a população civil.

demonstra a preocupação brasileira em Fontes: Ataíde, 1993/1994; Carvalho 2005; Donato, 1987.
manter o equilíbrio de poder no Prata.

Contando com o apoio dos EUA, as internacionais, como a Bolivian Syn- mundial (dissuadindo possíveis inter-
disputas relativas à demarcação de dicate, aumentavam seus negócios no venções europeias), bem como tam-
fronteiras, na República, tiveram so- território do Acre, limítrofe à Bolívia, bém foi importante para as negociações
luções pacíicas, por meio de acordos colocando em risco interesses do Esta- fronteiriças até então não resolvidas.
e arbitragens, muitas lideradas pelo do brasileiro e de sua sociedade. A últi- Ao longo da República, o Brasil saiu da
Barão do Rio Branco. Ainda existiam ma grande disputa territorial brasileira área de inluência britânica e entrou na
áreas de litígio entre o Brasil e seus vi- foi resolvida junto com a Colômbia e estadunidense. Apesar das críticas que
zinhos, que não tiveram suas fronteiras Peru e se arrastou até a década de 1930, o governo brasileiro recebeu por se ali-
demarcadas ao longo do Império. Essa quando o Brasil concedeu a livre nave- nhar aos EUA, inclusive no âmbito da
indeinição colocava em risco a inte- gação na bacia amazônica, o que icou Doutrina Monroe, a parceria com os
gridade e a integração territorial brasi- conhecida como “Questão de Letícia”. estadunidenses rendeu o reaparelha-
leira. Uma possível anexação da região Isso permitiu que o Brasil se declaras- mento e treinamento das Forças Ar-
de Palmas à Argentina criaria um es- se um país territorialmente satisfeito e madas brasileiras, além de vantagens
trangulamento do território brasilei- concentrasse seus esforços em questões no âmbito da economia e da política.
ro em uma das regiões mais sensíveis domésticas e no fortalecimento de suas As parcerias, entretanto, não eram ex-
em termos de segurança. Um eventu- instituições. clusivamente com os EUA. A Missão
al laudo arbitral desfavorável nas ques- Francesa, acordada em 1919, previa o
tões de Pirara e do Amapá (contra o A busca do apoio dos EUA teve no Ba- treinamento de oiciais do Exército em
Reino Unido e França, respectivamen- rão do Rio Branco um dos seus maiores troca de preferência na compra de ar-
te) facilitaria o acesso de potências eu- idealizadores e principais personagens mamentos produzidos na França.
ropeias às bacias na região amazônica, da política brasileira no início da Re-
um dos territórios com menor densi- pública. Esta aproximação era parte de
dade populacional do país até os dias uma estratégia geopolítica do gover- ORÇAMENTO E FORÇAS ARMADAS
Estimativa das despesas militares, por % do PIB,
de hoje. Além disso, o Brasil era pres- no brasileiro, que buscava equilibrar entre 1880 e 1940
sionado para garantir a livre navegação a balança de poder regional (treinan- República
em seus rios, enquanto que empresas do e equipando as Forças Armadas) e
20

15
ORÇAMENTOS MILITARES NA BALANÇA REGIONAL 10
Evolução dos orçamentos militares da Argentina, Brasil e Chile, em milhões de Libras Esterlinas,
entre 1889 e 1913 5
9
Labmundo, 2017

0
81 89 95 25 30 40
8 0- 18 18 19 19 19
7 18 Exército do Brasil
Marinha do Brasil
Fonte: Carvalho, 1999.
5

3 VEJA TAMBÉM:
Colônia, conflitos e expansão territorial p. 12
Labmundo, 2017

1
Império e ameaças de fragmentação p. 14
República (Atlas da PEB) p. 18
89

04
98
92

95

07
1

10

3
0

1
19
19

19
19
18
18

19
18

18

Desenvolvimento (Atlas da PEB) p. 20


Fonte: Bolt e Zanden, 2014. Argentina Brasil Chile

ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E F ES A 17


Conferências grandes transformações não apenas
nas táticas durante o conlito, com a
introdução de equipamentos milita-

de Paz e Primeira res mais soisticados, o recrutamento


em massa e a conjugação dos esforços
das Marinhas e dos Exércitos. A Pri-
meira Grande Guerra também provo-

Guerra Mundial cou alterações signiicativas na balança


de poder mundial, desaiando a cen-
tralidade da Europa ocidental, com a
emergência dos Estados Unidos e da
União Soviética (a partir de 1917). O
Brasil declarou a sua neutralidade em
É no século XIX que surgem as primei- crise do capitalismo a competição in- agosto de 1914, posição que mudou so-
ras organizações internacionais, porém dustrial e militar entre EUA, Alema- mente em outubro de 1917, quando o
é a partir do início do século XX que os nha e Japão, bem como a decadência Brasil declarou guerra à aliança lide-
Estados efetivamente tentam construir da Pax britannica fragilizaram ainda rada pela Alemanha. A neutralidade
organizações multilaterais de caráter mais o sistema internacional e não im- inicial estava respaldada nos compro-
político a im de prevenir conlitos e pediram a eclosão da Primeira Guerra missos assumidos pelo país nas Con-
promover a cooperação. As Conferên- Mundial. venções de Haia e no temor de que o
cias de Haia, em 1889 e 1907, inovaram desdobramento do conlito pudesse
ao elevar ao debate mundial o tema da Nesse sentido, ao ser declarada em diicultar as exportações de café. No
solução pacíica de controvérsias, antes 1914, a Primeira Guerra Mundial fez entanto, o Brasil alterou essa posição
tratado apenas no âmbito regional ou muito mais do que dividir os grandes e foi o único país latino-americano a
bilateralmente. As conferências enfa- Estados em dois grupos opostos, a Trí- participar da Primeira Guerra Mun-
tizaram a necessidade de coordenação plice Entente e a Tríplice Aliança. Para dial. A atuação brasileira, entretanto,
política entre os Estados em matéria além de acordos secretos e interesses icou limitada à ação da Divisão Na-
de direito civil e comercial, evitando a geopolíticos, a declaração de guerra val em Operações de Guerra (DNOG),
emergência de questões que pudessem sepultou a ordem anterior, sustenta- principalmente no Atlântico Sul em
provocar disputas diplomáticas e eco- da pelo Concerto Europeu e pela pri- direção a Cabo Verde e ao estreito de
nômicas. Apesar da importância e da mazia econômica, militar e estratégica Gibraltar, e ao envio de uma missão
inovação que representou esse conjun- do Reino Unido. Nos anos de conli- médica militar, acometida pela gripe
to de reuniões intergovernamentais, a to, a guerra de trincheiras provocou espanhola antes de chegar à Europa.
Foi nesse contexto que o governo bra-
sileiro havia concebido o Plano Caló-
BRASIL NO SISTEMA INTERAMERICANO geras sobre a participação do Brasil no
Quantidade de tratados, por tema e participação brasileira, entre 1889 e 1936 conlito – plano este que não chegou a
ser implementado.
Doegucad
Doegu

S tifi
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S

cu an s
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Do ap

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to D Br
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Em 1919, com a assinatura do Trata-


s s ef as
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ob esa il
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s

re
re

103 do de Versalhes e o im oicial da Pri-


I Conferência Interamericana (1889) meira Guerra Mundial, criou-se um
45
sentimento de otimismo sobre as pos-
II Conferência Interamericana (1901-1902)
sibilidades de manutenção da paz
1
nos anos seguintes. Essa esperança,

III Conferência Intermericana (1906)


MULTILATERALISMO E DEFESA
Quantidade Tratados multilaterais registrados
na Liga das Nações, entre 1919 e 1940
IV Conferência Interamericana (1910)
Total de 472 documentos aprovados
Regras de arbitragem sobre
controle de território e recursos

V Conferência Interamericana (1923) Combate ao narcotráfico e drogas

Reconstrução pós-guerra

VI Conferência Interamericana (1928) Território e Direito Marítimo

Controle de armas e
práticas de guerra
Conferência Interamericana de Conciliação 84 dos documentos assinados 10 20 30
e Arbitragem (1928-1929) versavam sobre Defesa e Segurança
Um total de 187 tratados foram
assinados na Liga das Nações
Dos 84 documentos sobre
Defesa e Segurança, 76 foram
Conferência Interamericana de ratificados pelo Brasil
Consolidação da Paz (1936)
Labmundo, 2017

Labmundo, 2017

Desse total, 77 tatados versavam


sobre Segurança e Defesa
Total *O Brasil somente ratificou 7 tratados sobre Segurança
e Defesa, todos sobre combate ao narcotráfico
Fonte: sítio web do Direito Público, 2015 Fonte: sítio web United Nations Treaty Collection, 2015

18 ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E FES A


HISTÓRICO DA DEFESA NO BRASIL

entretanto, foi curta. A Alemanha foi ESFORÇO MILITAR DAS PRINCIPAIS POTÊNCIAS
Quantidade total de soldados mobilizados e total de perdas por país e aliança militar, em milhões de
declarada a principal culpada pelo pessoas, entre 1914 e 1918
conlito e sobre o Estado germânico 12
Tríplice Tríplice
recaíram pesadas dívidas, foram deini- Aliança Entente

das zonas ocupadas e regiões desmilita- Baixas da


Tríplice Aliança
Baixas da
Tríplice Entente
rizadas. Essa situação foi interpretada 8

pelos alemães como injusta e incom-


patível com o crescimento econômico
4
alcançado pelo país nas décadas ante-
riores. Nesse sentido, cresceu no seio
da sociedade alemã um sentimento de

Labmundo, 2017
revanchismo e da necessidade de refor-

a
ça
o
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ma da ordem recém-criada.

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Na tentativa de sustentar essa ordem, Fonte: Hosch, 2010.
foi criada a Liga das Nações, uma or-
ganização mundial com o objetivo de
garantir a segurança coletiva, confor- MULTILATERALISMO E PAZ
Países participantes das Conferências de Haia, em 1899 e em 1907
me estabelecido pelo presidente Wil-
son em seus Quatorze Pontos. Para
tal, a Liga contava com um Conselho
Executivo para coibir possíveis amea-
ças e evitar novos conlitos. O envolvi-
mento do Brasil na guerra credenciou
o país a participar ativamente da cons- Participação em
trução da estrutura multilateral da 1899 e em 1907

nova ordem. O país foi um dos mem- 1000 km


Participação somente
em 1907
bros originários da Organização e, ape-

Labmundo, 2017
sar de ter participado diretamente no
conlito, foi iel aos seus princípios di-
plomáticos e esforçou-se pela cons-
trução de uma ordem mais pacíica. Fontes: FUNAG, 2014; Dutch government Treaty Database, 2015.
Atuando tanto na Liga, quanto no sis-
tema interamericano, o Brasil buscou
fortalecer sua presença internacional, SEGURANÇA COLETIVA NA LIGA DAS NAÇÕES
Estados membros do Conselho da Liga, entre 1919 e 1940
defendendo a primazia da solução pa-
cíica e negociada e a legitimidade da
decisão multilateral. Devido a esse in-
tuito de consolidar sua atuação, o Bra-
sil retirou-se da Liga em 1926, durante
o governo do Presidente Artur Bernar-
des, pois lhe foi negada a condição de
membro permanente do Conselho.

A experiência na guerra gerou conse-


Labmundo, 2017

quências domésticas no Brasil. A pre- 1000 km


paração das Forças Armadas para o Membros permanentes
conlito provocou não só a moderni- Não permantes originais

zação das técnicas de combate, como Fontes: Breda dos Santos, 2003; Baracuhy, 2006; Howard-Ellis, 2003. Outros membros

estimulou a emergência de movimen-


tos ideológicos dentro do Exército e
da Marinha, como o fortalecimento Após a assinatura dos Tratados de Lo- parte da Alemanha, izeram com que
do tenentismo. Esse cenário de insta- carno, em 1926, a Alemanha ingres- o esforço multilateral em torno da
bilidade doméstica não se restringiu ao sou na Liga. Entretanto, a Liga carecia criação e da institucionalização da
campo militar e teve relexos nos âm- de força política e de representativida- Liga das Nações não fosse capaz de
bitos sociais e econômicos. A restrição de: os Estados Unidos não faziam par- evitar a eclosão da Segunda Guerra
inicial às exportações brasileiras foi re- te da Organização, ainda devido a sua Mundial.
vertida, provocando um grande cres- política de isolamento, e a União So-
cimento econômico no país, aspecto viética foi expulsa após ter invadido a
fundamental que estimulou a indus- Finlândia, conlito que a Liga foi in- VEJA TAMBÉM:
trialização interna. Nos anos seguin- capaz de impedir. A permanência do Colônia, conflitos e expansão territorial p. 12
tes, o Brasil também sofreu os efeitos sentimento de insegurança, agrava- República e desafios geoestratégicos p. 16
da crise de 1929 e passou por transfor- do pela crise econômica de 1929, e a Colônia (Atlas da PEB) p. 14
mações domésticas, a exemplo da Re- persistência de tensões herdadas da Império (Atlas da PEB) p. 16
volução de 1930. Primeira Guerra, especialmente por

ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E F ES A 19


Segunda Guerra na costa brasileira, por submarinos ale-
mães. Enquanto nos anos anteriores à
declaração de guerra a balança comer-

e nova ordem cial brasileira apresentava luxo signii-


cativo com EUA e Alemanha, a adesão
aos Aliados evidencia a opção brasilei-
ra pela aproximação com os estaduni-

mundial denses e o consequente afastamento


do país europeu. Pelo peso do Brasil
na região, a opção pelos Aliados gerou
efeitos para a posição da América La-
tina como área de controle hegemôni-
co dos EUA.
A Segunda Guerra Mundial durou de ao se posicionar a favor dos Aliados
1939 a 1945 e acarretou uma nova con- no ano de 1942. Ao optar pela alian- Em negociações bilaterais e na
iguração de forças entre as principais ça formada por países como EUA, Rei- Conferência Interamericana do Rio de
potências. A ordem internacional esta- no Unido e União Soviética, o Brasil Janeiro, em 1942, Aranha garantiu que
belecida após a Primeira Guerra Mun- rompeu relações com as potências do os EUA estabelecessem acordos para
dial já não correspondia à realidade Eixo (Alemanha, Itália e Japão) e dis- fortalecer as Forças Armadas brasileiras,
de poder relativo entre os Estados. O tanciou-se da neutralidade que defen- em troca da adesão e da participação do
embate entre os países Aliados e os do deu nos primeiros anos da guerra. A país no conlito. A colaboração militar
Eixo estendeu-se pelo mundo e mobi- posição neutra foi a escolha inicial entre os dois países foi formalizada com
lizou a adesão de praticamente todos do Presidente Getúlio Vargas que, no a criação, em maio de 1942, da Comissão
os Estados soberanos. Entre as caracte- exercício da equidistância pragmáti- Mista de Defesa Brasil - Estados Unidos,
rísticas do conlito estavam a extensão ca, buscava aumentar o comércio ne- com sede em Washington. Destacam-
da guerra para o cenário extraeuropeu gociando vantagens para o Brasil com se os acordos de Lend-Lease, em que
e o uso em escala sem precedentes de ambos os lados. O rompimento com o os EUA se comprometiam a fornecer
inovações tecnológicas, como subma- Eixo e a adesão aos Aliados ocorreram armas e munições de guerra e o Brasil
rinos, aviões e armas químicas. O Bra- após a aproximação entre o Brasil e os cedia a utilização de bases militares
sil foi o primeiro país da América do EUA, liderada por Oswaldo Aranha, e no Nordeste. A posição geográica de
Sul a aderir a um dos lados do conlito, após os ataques aos navios mercantes Natal era estratégica para o esforço de
guerra, em relação ao norte da África,
ocupado pelos alemães, a defesa do
GUERRA E PAZ Nordeste, o controle do Atlântico Sul
Adesão de Estados soberanos ao Eixo e aos Aliados, por ano, pelos EUA e o envio de material de
entre 1939 e 1945
guerra para as tropas aliadas na África.
Pelo Lend-Lease, o Brasil recebeu mais
de seis bilhões de cruzeiros, o que
correspondeu a aproximadamente 30%
do orçamento brasileiro utilizado na
guerra. Com isso, o Brasil tornou-se o
quinto maior beneiciário dos recursos
do Lend-Lease (atrás do Império
s
do
xo

ia
Al

Britânico, URSS, França e China),


Ei

1939
1000 km 1940
Países neutros
tendo recebido mais de 70% de todo
1944
o auxílio militar destinado à América
Labmundo, 2017

1945 Países não

*De 1940-44, após ocupação alemã, a França foi


independentes
**Os países hachurados indicam mudança de
Latina.
dividida, instaurando-se o regime colaboracionista de Vichy. aliança durante a guerra.

Fonte: Keegan, 1989.

GASTOS COM A GUERRA


Composição do orçamento militar brasileiro,
Participação em conferências de paz, por país, entre 1943 e 1945
em bilhões de cruzeiros, entre 1942 e 1945

Ministérios Militares

Lend-Lease

Créditos Suplementares
aos Ministérios Militares

Marinha
Participou somente da 2 4 6 8
Conferência de São Francisco
Participou da Conferência de *21 bilhões de cruzeiros equivaliam a cinco vezes a
São Francisco e de anteriores receita anual da União.
Labmundo, 2017
Labmundo, 2017

Não participou
1000 km de conferências **Os gastos com a Marinha referem-se a uma
*URSS não participou da "nota de prejuízos" das perdas sofridas
Conferência do Cairo (1943) (navios avariados e etc.)
**China não participou das
Fonte: Sítio web da ONU, 2015. Conferências de Teerã (1943) Fonte: Castello Branco, 1960.

20 ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E FES A


HISTÓRICO DA DEFESA NO BRASIL

ORIGEM DOS COMBATENTES BRASIL EM COMBATE


Quantidade de combatentes por unidade Frentes e principais batalhas na Itália da Força Baixas da Força Expedicionária Brasileira, por batalha,
federativa, em milhares, entre 1943 e 1944 Expedicionária Brasileira, entre 1944 e 1945 entre 1944 e 1945
2 4 6 100 200 300 400
*DF Monte
Castello
SP
MG Montese
RJ
RS Defensiva de
inverno
PR
SC Roma Panaro
BA Rendição
**TO da 148ª DI
alemã

oles
PE
CE Castelnuovo
mb
Dese arq u e e m N

áp
PB Mortos
ES Collecchio
200 km Feridos

Labmundo, 2017
RN
PA Principais batalhas La Serra
SE Movimentação Vale do rio
AL das tropas Marano
Labmundo, 2017

MA * O Estado da Guanabara (atual Fonte: Associação Nacional dos Veteranos da FEB, 2015. Fonte: Castello Branco, 1960.
GO cidade do Rio de Janeiro) era o
Distrito Federal durante o período.
AM
PI ** O Tocantins era parte de Goiás,
mas a fonte utilizada separa os dados.
Fonte: Silveira, 2001. foram os únicos países da América La- de Nápoles ao vale do Rio Reno, com-
tina que enviaram tropas para a guerra batendo em duas frentes e capturando
e, no caso brasileiro, a mobilização de mais de 15 mil prisioneiros adversários.
A cooperação com os EUA não foi res- combatentes foi expressiva. A entrada A quantidade de baixas entre as tro-
trita ao campo militar e acarretou pro- na guerra provocou a mudança do cen- pas brasileiras, com a estimativa de 443
fundos impactos econômicos. Além tro de organização de defesa no Brasil mortos, a maior parte das divisões de in-
da implementação de vários progra- do Sudeste para o Nordeste, onde es- fantaria, gerou mobilizações dentro das
mas de assistência técnica, as cláusu- tavam localizadas as principais bases Forças Armadas pelo reconhecimen-
las dos acordos previam investimentos militares, com destaque para a base de to dos combatentes e por demandas de
da ordem de cem milhões de dólares Natal, no Rio Grande do Norte. Data melhorias e reestruturações no sistema
para o desenvolvimento da produção desse período o estabelecimento do de defesa brasileiro. Cabe ressaltar que
de materiais estratégicos; de quator- Ministério da Aeronáutica e da Força a presença ativa no conlito credenciou
ze milhões de dólares para a moder- Aérea Brasileira (FAB), em 1941. Além o país a participar da formação da nova
nização de ferrovias e infraestrutura; disso, foram criadas novas unidades de ordem do pós-Guerra.
e cinco milhões para a produção de combate, como a Força Expedicioná-
borracha. A entrada de recursos exter- ria Brasileira (FEB), em que aproxi- A vitória dos Aliados consolidou o sis-
nos contribuiu para o fortalecimento madamente 25 mil brasileiros, entre tema da Guerra Fria com dois grandes
da indústria nacional e o crescimento oiciais e médicos, representaram o polos de poder, os EUA e a União Sovi-
econômico das décadas seguintes, por Brasil e os Aliados em solo europeu. ética. No período que se seguiu, o siste-
meio da estratégia de industrialização ma internacional passou por mudanças
por substituição de importações. Foi A FEB foi composta por oiciais prove- signiicativas, com a criação de organi-
nesse contexto que foi criada no Bra- nientes de todas as regiões brasileiras, zações multilaterais, o surgimento de
sil a Companhia Siderúrgica Nacional principalmente do Centro-Sul, onde se novos Estados, resultante dos processos
(CSN), em Volta Redonda, inanciada concentravam as divisões. Os cinco regi- de descolonização, e o estabelecimento
com recursos do Eximbank, que se tor- mentos da FEB desembarcaram na Itá- do sistema hemisférico de defesa, sob a
nou um dos símbolos dessa cooperação. lia em 1944 e conquistaram importantes hegemonia dos EUA. O Brasil teve des-
vitórias, com destaque para a Batalha de taque nesse período, ao aliar crescimen-
A participação brasileira no conlito Monte Castelo, Montese, Castelnuo- to econômico interno, fortalecido pelos
foi além da declaração de guerra e da vo e a captura de uma Divisão de Infan- recursos recebidos durante a guerra, e
formação de alianças. Brasil e México taria da Alemanha. A FEB deslocou-se protagonismo externo, ao ser um dos
países convidados a integrar as Confe-
rências do pós-Guerra, com destaque
POSIÇÃO ESTRATÉGICA DO BRASIL para a Conferência de São Francisco,
Uso das bases no Nordeste brasileiro e distância das rotas transatlânticas, em quilômetros, em 1942
na qual foi criada a ONU. Todavia, a
expectativa maior do governo brasilei-
5460
ro, em função da cooperação no esfor-
ço de guerra, a obtenção de um assento
Os aviões não tin
voar diretamenteham autonom
permanente no Conselho de Segurança,
para a Á
frica ia para não foi concretizada.
Países do Eixo ou
controlados pelo Eixo
VEJA TAMBÉM:
2984

Países neutros
2936

Colônia, conflitos e expansão territorial p. 12


Espaço aéreo com limitação 31 0 0
Labmundo, 2017

ao voo de aeronaves de
guerra dos Aliados Natal 300 República e desafios geoestratégicos p. 16
Rotas transatlânticas República (Atlas da PEB) p. 18
dos Aliados
1000 km Nova ordem mundial (Atlas da PEB) p. 22
Fontes: Antonucci, 2007; Warner, 1938.

ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E F ES A 21


Guerra Fria, Berlim Ocidental e, em resposta, o Oci-
dente criou um mecanismo de seguran-
ça coletiva, a OTAN. Também nesse

intervenções período se instaurou a bipolaridade


nuclear, já que a primeira ogiva atômi-
ca soviética foi detonada em 1949. Na
Ásia, o bloco socialista também ganhou

e golpes militares considerável força quando uma revo-


lução comunista foi bem sucedida na
China em 1949, fundando a Repúbli-
ca Popular da China e na península da
Coreia uma guerra foi delagrada entre
o norte, socialista, e o sul, capitalista.
A Guerra Fria corresponde ao perío- interamericano (TIAR em 1947 e OEA
do histórico no qual a política interna- em 1948), de natureza política e de se- Entre 1954-1958, ocorre um período de
cional esteve dividida por um conlito gurança, além de uma série de inter- distensão no conlito bipolar: a morte
ideológico entre socialismo e capitalis- venções militares e de ingerências por de Josef Stalin, líder da União Soviética,
mo, capitaneados por duas superpotên- agentes de inteligência dos EUA nos go- seguida pelo processo de desestaliniza-
cias globais. A historiograia, apesar da vernos da região: os casos da Guatema- ção comandado por Nikita Kruschev,
falta de consenso, costuma demarcar o la (1954) e da República Dominicana são as principais razões. Entre 1959 e
início e o im de tal período em, respec- (1965) são os mais expressivos. Neste se- 1962, as tensões voltam a escalar: na
tivamente, 1946 e 1991. Concluída a Se- gundo, o Brasil, sob o primeiro governo América Latina, uma experiência re-
gunda Guerra Mundial, o resultado das militar de Castelo Branco, participou volucionária de orientação socialis-
conferências de paz, além da criação das inclusive mediante envio do segun- ta é vitoriosa em Cuba, país até então
Organização das Nações Unidas, foi a do maior efetivo de tropas, depois dos considerado sob inluência direta dos
divisão da Alemanha, da Europa e do EUA. Importante notar que, em 1965, EUA.O mundo chegou à beira do con-
mundo em áreas de inluência corres- o Congresso estadunidense reconheceu lito nuclear quando a URSS, aliada de
pondentes às potências que derrotaram o direito de os EUA intervirem militar- Cuba, decidiu armazenar, naquela ilha,
Alemanha, Itália e Japão. As esferas de mente em qualquer país da região. mísseis nucleares que poderiam, se lan-
inluência na política internacional ti- çados, alcançar as principais cidades es-
nham seu centro, respectivamente, nos É possível dizer que a Guerra Fria teve tadunidenses.Com a solução pacíica
EUA e na URSS. No plano regional la- várias fases. A primeira, entre 1948-1953, da chamada “Crise dos Mísseis”, o con-
tino-americano, a Guerra Fria impli- foi marcada por forte tensão, quan- lito bipolar ganhou novos contornos,
cou, entre outros, na criação do sistema do a URSS tentou bloquear o acesso a de coexistência pacíica. Este período,
coincidente com a complexiicação da
política internacional e também a ten-
INTERVENÇÃO E INSTABILIDADE tativa de criação de vias alternativas à
Quantidade de golpes militares, por país e período, entre 1946 e 1991 bipolaridade, – por exemplo, o Movi-
de 1946 a 1950 de 1951 a 1955 de 1956 a 1960 de 1961 a 1965 de 1966 a 1970
mento dos Países Não Alinhados e a
emergência de lideranças do Terceiro
Mundo – perdurou de 1963 ao im dos
anos 1970.

O período que põe im à Guerra Fria


de 1971 a 1975 de 1976 a 1980 de 1981 a 1985 de 1986 a 1991
(1979-1990), denominado pela histo-
2000 km riograia do período como “Segun-
da Guerra Fria”, revelou um aumento
nas tensões entre União Soviética e Es-
Quantidade
tados Unidos. São marcas dessa época
Labmundo, 2017

de golpes
4
2
a retórica de competição constante-
1
mente propagada pela liderança po-
Fonte: Marshall et al, 2014. lítica estadunidense e materializadas
em projetos como o “Guerra nas Es-
trelas”. Ressalte-se que conlito mili-
GOLPES MILITARES NA AMÉRICA LATINA tar entre as duas superpotências, de
Total de golpes militares, por país, entre 1946 e 1991 fato, jamais chegou a ocorrer nas dé-
8
*A fonte usada considera que houve dois golpes cadas de bipolaridade mundial. A ins-
6 militares no Brasil: 1- o Contra-Golpe de Marechal
Lott, em 1955; e 2- o Golpe Civil-Militar, em 1964.
tabilidade política e os conlitos foram
4
projetados para os países do Terceiro
Mundo. Há um paradoxo na Guerra
2 Fria, conforme mencionam especialis-
tas no tema: justamente nos períodos
Labmundo, 2017

de diminuição das tensões entre Esta-


n a
e
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dos Unidos e União Soviética é possí-


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Fonte: Marshall et al, 2014. vel veriicar um padrão mais intenso

22 ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E FES A


HISTÓRICO DA DEFESA NO BRASIL

de intervenções – militares ou sob o RESISTÊNCIA ARMADA


comando da Agência Central de Inte- Movimentos de insurgência urbana e rural na América Latina, por país e período, entre 1956 e 1991
de 1956 a 1960 de 1961 a 1965 de 1966 a 1970 de 1971 a 1975 de 1976 a 1980
ligência – dos Estados Unidos em pa-
íses do Terceiro Mundo. Casos como
o de El Salvador nos anos 1980, em
que os EUA patrocinaram esquadrões
da morte para apoiar um dos lados da
2000 km
guerra civil ou da intervenção armada
dos EUA em Granada em 1983 não são de 1981 a 1985 de 1986 a 1991 Quantidade total de movimentos armados por pais,
isolados, bastando lembrar a sangren- entre 1956 e 1991
ta guerra do Vietnã, que teve reper- 40
cussões importantes tanto na política
30
doméstica, quanto na política externa
dos EUA. 20

10
O contexto da Guerra Fria, mais espe- 0
Países com resistência
ciicamente o esquema internacional

Labmundo, 2017
R. E du ia
Do qu ras
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armada no período

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aR
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de adesão e resistência às esferas de in-

i
luência das superpotências, representa
dimensão fundamental para compre- Fontes: Wickham-Crowley, 1991; Ellner, 1996; Jiménez, 2006; McAllister, 2010; Governo do Peru, 2003; Gaspari, 2014; Governo
do Brasil, 2014; Carranza, 2007; Camp, 2011; Churchill, 2010; Peschanski, 2013; Tristán, 2008.
ender o papel atribuído à defesa nos
países do Terceiro Mundo, em espe-
cial a função exercida pelos militares. o surgimento de diversos movimen- da Verdade estabelecida pelo governo
O conlito ideológico Leste-Oeste foi tos de resistência armada - muitos de- Brasileiro (2011-2014). Pela Operação
assimilado pelas lutas políticas locais, les com inspiração ideológica e apoio Condor, durante os anos 70 e 80, es-
inclusive aquelas relacionadas à liber- socialista - como resposta ao endureci- tes e outros países trocavam informa-
tação nacional contra o colonialismo e, mento dos regimes políticos na região. ções e expertise objetivando o combate
historicamente, é possível observar um aos movimentos armados de oposição
considerável número de intervenções Na América Latina, esfera de inluên- aos regimes autoritários. Por meio des-
dos militares nos regimes políticos de cia dos EUA, a interpretação dos líde- ta, foram cometidas diversas violações
países no Terceiro Mundo, em especial res políticos dos regimes autoritários dos direitos humanos como assassina-
na América Latina. Ao longo do perí- com relação à inalidade da defesa na- tos políticos e tortura. Tais iniciativas,
odo compreendido entre 1946 e 1991, cional era quase unívoca: purgar os sugerem a documentação e a historio-
foram contabilizados 63 golpes milita- respectivos países da inluência socia- graia, contaram com reiterado apoio
res na América Latina. Nesse contex- lista, materializada na luta contra a re- inanceiro e ideológico do governo dos
to, o Golpe de 1964, no Brasil, foi um sistência armada. É nesse contexto que Estados Unidos da América, sob a jus-
dos vários movimentos de ação militar se insere a profunda repressão políti- tiicativa do apoio à luta contra o blo-
na política patrocinados por interesses ca perpetrada pelos militares latino-a- co socialista.
do governo dos Estados Unidos e pode mericanos, sob a égide da doutrina de
ser compreendido no quadro mais am- contrainsurgência patrocinada pelos
plo dos relexos não tão frios da Guer- Estados Unidos e internalizada pelas COOPERAÇÃO REPRESSIVA
ra Fria, no qual se insere o ciclo de doutrinas de segurança nacional. Cabe Países participantes da Operação Condor,
entre 1975 e1985
regimes militares na região (Argenti- menção especial a Operação Condor,
na, Uruguai e Chile). Tal ciclo esteve esquema de cooperação entre as dita-
estreitamente associado às dinâmicas duras militares dos países do Cone Sul,
de segurança hemisférica no âmbito da em especial Argentina, Brasil, Chile e
Guerra Fria. Também na chave da bi- Uruguai desvelado, entre outros, pe-
polaridade mundial, pode-se observar los esforços da Comissão Nacional
2000 km

INTERVENÇÕES DOS EUA Participante desde 1975


Países que sofreram ações militares e da CIA no Terceiro Mundo, por período entre 1945 e 1991 Participante desde 1978
Apoio técnico e financeiro
Labmundo, 2017

Fonte: Comissão Nacional da Verdade, 2014.

VEJA TAMBÉM:
República e desafios geoestratégicos p. 16
Segunda Guerra Fria (1979 - 1991)
Labmundo, 2017

Distensão (1963 - 1978) Segunda Guerra p. 20


1000 km República (Atlas da PEB) p. 18
Coexistência Pacífca (1954 - 1962)
Início da Guerra Fria (1945 - 1953) Nova ordem mundial (Atlas da PEB) p. 22
Fonte: BLUM, 2003; Comissão Nacional da Verdade, 2014.

ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E F ES A 23


Capítulo 2:

BRASIL,
DISTRIBUIÇÃO DE
PODER E
ORDEM GLOBAL

Enara Echart Muñoz


Enara Echart Muñoz
A discussão sobre as credenciais do Brasil para ser potência regional e mundial,
muito presente na década de 1970, voltou à tona no início do século XXI. Em um
contexto global e regional totalmente distinto do período da Guerra Fria –
marcado por fenômenos tais como a ascensão da China e sua entrada econômica
na América do Sul, a distensão em direção à uma ordem mais multipolar, a
persistência das assimetrias estruturais entre o Norte e o Sul ou ainda a onda de
governos progressistas na região – o governo brasileiro passou a buscar maior
protagonismo inclusive no regime de segurança. O pleito por um assento perman-
ente no Conselho de Segurança na Organização das Nações Unidas e a liderança
na Minustah são exemplos disso. Ao longo do século XX, as participações nas duas
Guerras Mundiais, bem como as capacidades militares, econômicas, demográficas
e territoriais do país não foram suficientes para assegurar a graduação do Brasil,
nem para garantir o reconhecimento de seu estatuto como potência por seus pares
na região e pelos Estados centrais. Na agenda de segurança, a estratégia brasileira
desde a metade do século XX tem sido reforçar o multilateralismo, defender os
princípios westfalianos de soberania e não ingerência e condenar o congelamento
de poder mundial, muito embora este terceiro elemento tenha sido fortemente
relativizado com a adesão do Brasil ao regime de não proliferação nuclear em
1998. A partir de 2003, o governo brasileiro intensifica a busca por maior influên-
cia e requalifica o esforço para ampliar suas capacidades materiais e para ter
participação mais assertiva em missões de paz e outros assuntos relacionados à
segurança mundial, demonstrando-se disposto a arcar com os custos relativos a
uma maior responsabilidade. Este capítulo analisa o lugar do Brasil no mundo,
suas capacidades materiais e políticas, suas fragilidades, assim como sua posição
política nas principais agendas de segurança.
Capacidades posição do Brasil, podem ser usadas in-
formações sobre a produção intelectual
e a capacidade de inovação (produção

e assimetria de artigos cientíicos, registro de paten-


tes, por exemplo) dos Estados. Também
são de uso corrente dados sobre as desi-
gualdades econômicas entre as diferen-

estrutural tes sociedades (e no seu interior). De


modo mais restrito, porém, as capacida-
des materiais e o poder estatal não são
conceitos idênticos. Ambos estão mui-
to associados, mas o poder estatal é mais
abrangente, razão pela qual a capaci-
PODER DO CONHECIMENTO E DA INOVAÇÃO dade estatal pode ser considerada uma
Países cujas pesquisas tiveram mais Países que mais produziram documentos científicos, em
citações em documentos científicos, milhares, entre 1996 e 2014
variável para se aferir a imagem da distri-
em milhares, entre 1996 e 2014 buição de poder no sistema internacio-
2 4 6 8
nal. O índice de capacidades nacionais,
EUA
desenvolvido originalmente pelo proje-
China to Correlates of War, inclui a produção
Reino Unido de ferro e aço, população urbana, popu-
Alemanha lação total, total de gastos militares, to-
Japão tal de pessoal militar e total da produção
França
energética de um país com relação ao
Canadá
Itália
total de recursos disponíveis no sistema
Índia internacional. Este indicador percen-
Espanha tual demonstra as capacidades de for-
Quantidade de citações
Austrália em milhões
177,4
ma relacional no sistema internacional,
Coreia do Sul sua composição, mas também os limi-
Rússia
24,7 tes e os condicionamentos da ação dos
Holanda
2,9 Estados. Como qualquer medida quan-
Brasil
Suíça
titativa, este índice não capta a realida-
Taiwan de social perfeitamente, mas pode ser
Labmundo, 2017

Suécia uma opção considerá-lo criteriosamen-


Polônia te na pesquisa e na interpretação do po-
Turquia der dos Estados.
Fonte: sítio web Scimago, 2016.
O Brasil pode ser considerado uma po-
tência regional com ambições globais
Países que mais ingressaram com pedidos de patente, em milhões, entre 2005 e 2014 devido a suas capacidades econômicas
10 20 30 (PIB nominal, mercado doméstico di-
China
nâmico, parque industrial diversiicado,
Labmundo, 2017

Japão
EUA setor agropecuário competitivo, etc.),
Coreia
do Sul territoriais (dimensões continentais,
Alemanha
Fonte: Banco Mundial, 2016.
sem grandes disputas com vizinhos),
Rússia
Reino demográicas (quinta maior popula-
Unido
França
ção do mundo) e políticas (capaz de ela-
Irã borar e difundir políticas públicas de
Índia Tradicionalmente a deini- os Estados puderem moldar tais dimen- inclusão e assistência social, de desen-
Itália
Coreia
ção de poder é desdobra- sões de acordo com suas vontades, a in- volvimento urbano, etc.). Além disso, a
do Norte
Canadá
da em três componentes: luência deles será ainda mais duradoura composição demográica e a diversida-
Brasil
posse de capacidades mate- e intensa no sistema internacional. As- de étnico- cultural podem ser conside-
Espanha riais; poder como inluên- sociado à noção de poder estatal, o con- radas como dimensões facilitadoras da
Polônia cia e poder sobre resultados. ceito de capacidades estatais é muito relação do Brasil com outras socieda-
Turquia A capacidade bélica, tanto amplo na literatura de relações inter- des do mundo. Todavia, a concentração
Ucrânia
Austrália
para atacar quanto para se nacionais, incorporando elementos po- geográica da população (majorita-
Holanda defender, é um importante líticos, institucionais e administrativos riamente nas grandes cidades da costa
fator de poder na política de um Estado-nação. A capacidade es- atlântica) e as profundas desigualdades
internacional. O poder de tatal consiste no conjunto de instru- sociais são elementos que diicultam a
um Estado varia de acor- mentos e instituições de que dispõe o realização plena dessa capacidade po-
do com elementos materiais (fatores Estado para a consecução de seus objeti- tencial, além de impedirem que outros
econômicos, demograia, território, re- vos estratégicos. países percebam e reconheçam o Bra-
cursos naturais, tecnologia, logística) e sil como uma potência. A concentra-
simbólicos ou ideacionais (cultura, re- Para a construção de um diagnóstico ção de renda e de terras, as altas taxas de
des de conhecimento, difusão de polí- mais acurado da distribuição de poder analfabetismo e de mortalidade infan-
ticas públicas, cooperação técnica). Se no sistema internacional e nele situar a til, parcelas signiicativas da população

26 ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E FES A


BRASIL, DISTRIBUIÇÃO DE PODER E ORDEM GLOBAL

DIVISÃO NORTE-SUL, DESENVOLVIMENTO E DESIGUALDADES INTERNAS


Índice de desenvolvimento humano, por país, em 2014 Municípios brasileiros por IDHM, em 2010

0,944
Muito alto
0,800
Alto
0,700 0,944
Médio
1000 km 0,550 0,7800
Baixo

Labmundo, 2017
Labmundo, 2017
0,348 0,700
Sem dados 0,550
disponíveis 0,348
300 km

Fonte: Sítio web do Banco Mundial, 2014. Fonte: PNUD, 2013.

DESIGUALDADE ECONÔMICA NO MUNDO E NO BRASIL


PIB por paridade de compra e per capita, por país, em dólares em 2014 Municípios brasileiros por PIB per capita, em
milhares de dólares, em 2010

Em milhares
per capita
140,6 Em milhares
per capita
50
140,6
1000 km 25 18 50
10
Labmundo, 2017

Labmundo, 2017
25
5
5 10
Somente representados valores 0,286 1
5
acima de 0,1 bilhões de dólares 0,1
Sem dados 0,286
disponíveis 300 km
Fonte: sítio web Banco Mundial, 2016. Fonte: IBGE, 2011.

sem acesso adequado a saneamento bá- CAPACIDADES NACIONAIS NO SISTEMA MUNDO


sico, água tratada, tratamento médico Distribuição do poder material dos Estados, por % do Índice de Capacidades Nacionais, em 2012
e educação, bem como problemas de
infraestrutura e logística fragilizam a
construção estratégica do Brasil como
potência, assim como diicultam o
combate às mais diversas ameaças à se-
gurança do país.

Nos primeiros quinze anos do século


XXI, o Brasil apresentou avanços em
diversas áreas sociais e econômicas. No 0,2181166
Labmundo, 2017

âmbito econômico, pode-se citar a es- 0,03


tabilidade macroeconômica nos anos 1000 km
Sem dados
0,02
1990 e a equalização da dívida exter- disponíveis 0,01
0,000000244
na nos anos 2000. No plano social, fo- Fontes: COW, 2017; Russett, 1972.
ram implementadas políticas públicas
de segurança alimentar, de redução da
pobreza e desigualdade, bem como de de pessoas capacitadas para que o país tanto o acúmulo de capacidades mate-
inserção no sistema educacional. Ainda atinja maiores níveis de desenvolvimen- riais e ideacionais, como também pre-
assim, há um longo caminho para que o to. O acesso precário à saúde e a condi- judicam a percepção que outros atores
país supere suas fragilidades. O impac- ções básicas de higiene comprometem internacionais têm do país.
to das desigualdades na política de defe- o combate a doenças e epidemias. A fal-
sa e segurança do Brasil é signiicativo. ta de infraestrutura e a concentração de
A concentração populacional, de rique- terras podem aumentar o desmatamen- VEJA TAMBÉM:
za e de infraestrutura no centro-sul do to e a poluição. A desigualdade econô- Capacidades militares p. 28
país agravam um problema logístico mica facilita o aliciamento de indivíduos ONU e Conselho de Segurança p. 34
de transporte e a defesa das fronteiras. para atuar no tráico de pessoas, de ar- Epidemias p. 42
Uma população com déicit educa- mas ou de entorpecentes. Ou seja, as de- Segurança e defesa cibernética p. 48
cional pode inviabilizar a formação sigualdades internas no Brasil diicultam

ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E F ES A 27


Capacidades Ao contrário do que as teorias sobre
o im da Guerra Fria previam, os gas-
tos militares entre 1989 e 2014 aumen-

militares e taram substancialmente. Salvo países


da Europa ocidental e casos especíi-
cos, os atores mais relevantes no sis-
tema internacional incrementaram

competição global sobremaneira seus gastos militares,


com destaque para a República Po-
pular da China, que empreendeu um
sólido processo de aparelhamento mi-
litar em todas as áreas. Os EUA, país
responsável pelo maior gasto militar
CAPACIDADE BÉLICA do mundo, também incrementaram
Quantidade total de tanques, em milhares, Quantidade total de peças de artilharia,
seu investimento no aparato de defesa
em 2016 em milhares, em 2016
8 em 4,5% nesse período. A Rússia, po-
6
tência militar durante a Guerra Fria, é
praticamente o único caso de declínio
acentuado dos gastos militares. Potên-
4 6 cias médias como Colômbia, Nigéria,
Arábia Saudita e Índia também apre-
sentaram taxas superiores a três dígitos.
2 4
Do ponto de vista do gasto militar per
capita, os EUA, países da Europa oci-
dental, Índia, República Popular da

Labmundo, 2016
China e Japão são os destaques. Con-
siderada outra medida clássica em es-
Su ca

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Su ca

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doÁfri

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tudos de defesa, a porcentagem dos


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Ch
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Ín
Br

Br


Fr

Fonte: IISS, 2016. Fonte: IISS, 2016. gastos militares em relação do produ-
to interno bruto (PIB), o valor médio
para o Brasil é de 1,5%. O Brasil ne-
Quantidade total de submarinos de ataque, Quantidade total de cruzadores, fragatas e cessitaria, segundo estimativas de seu
em 2016 destroyers, em 2016 próprio governo, gastar 2% de seu PIB
80 em defesa, valor nominalmente simi-
lar ao dos EUA e de democracias oci-
40
60 dentais. Isso permitiria a obtenção de
maior aprestamento às forças armadas
para o cumprimento de suas missões,
40
20
além de garantir aumento na taxa de
investimento em equipamento militar,
20 contribuindo para solucionar o pro-
blema da obsolescência de vários ele-
Labmundo, 2016

mentos do inventário brasileiro.


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Observados os dados sobre o pesso-



Fr

Fr

Fonte: IISS, 2016. Fonte: IISS, 2016. al militar, o Brasil destaca-se na região
sul-americana, mas apresenta núme-
ros inferiores a potências
Quantidade total de navios porta-aviões, Quantidade total de aeronaves táticas de asa fixa, militares como República 7
em 2016 em milhares, em 2016
10 3

PODER NUCLEAR
Estimativa do inventário total de 5
ogivas nucleares, em milhares,
2 em 2015
6

2
1
Labmundo, 2017

Labmundo, 2017
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Fr

Fr

Fonte: IISS, 2016. Fonte: IISS, 2016. Fonte: SIPRI, 2015.

28 ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E FES A


BRASIL, DISTRIBUIÇÃO DE PODER E ORDEM GLOBAL

GASTOS MILITARES PRINCIPAIS GASTOS MILITARES


Gastos totais em bilhões de dólares e per capita em dólares, por país, em 2016 Evolução dos gastos militares, em bilhões de
dólares (valor constante de 2011), por país,
entre 1989 e 2014
577,5

190,9

%
5,6
0,4 94
+
604,5
Gastos per capita,
em dólares
145,0 2714 China

Labmundo, 2017
22,3 1773
540 ,1%
0,007 04
+4
1000 km Sem dados
169
disponíveis
Fonte: IISS, 2017. 0 Colômbia

7%
61,
EFETIVO MILITAR +3
Quantidade estimada de pessoal militar, em milhares de indivíduos, por país, em 2016* 4 %
Nigéria 73,
+2
Arábia
Saudita

1,9 %
+ 16
Índia

3,1 %
+ 13
Irã

Militares por
1.000 habitantes
47,31
Labmundo, 2017

4,45 2.333
Turquia + 65,5 %
1000 km
2,76 *Os dados per capita + 63,7 %
1,24 439 são relativos ao ano Argentina
de 2015.
0,22 1
Fontes: IISS, 2016; IISS, 2015.

+ 60,2 %
Popular da China, EUA, Rússia e TNP, trinta anos depois da assinatura Brasil

Índia. do acordo em Nova York.

Ainda como um relexo da Guerra Fria A questão do equipamento militar é


e apesar dos esforços para desmante- particularmente sensível quando com- Israel
+ 29,5 %
lamento do material antigo, Rússia e paramos o caso brasileiro a potências
Estados Unidos da América continu- ocidentais ou aos demais BRICS. O
EUA
am a ter os maiores arsenais nuclea- Brasil destaca-se apenas no número de + 4,7 %

res. Reino Unido, cujo primeiro teste peças de artilharia e carros de combate.
foi em 1952 e França, em 1960, são as No restante dos indicadores seleciona-
potências europeias ocidentais com ar- dos, o Brasil é apenas superior à África Reino - 6,5 %
mas nucleares. A República Popular da do Sul. Estes dados revelam, também, Unido

China realizou seu primeiro teste em que, à exceção do quesito navios aeró- França
- 11,0 %
1964. Os países que mais recentemen- dromo – no qual a unipolaridade esta-
te obtiveram armas nucleares são Israel dunidense é clara - a República Popular África
do Sul - 35,8 %
(1966), Índia (1974), Paquistão (1998), da China possui capacidade bélica con-
URSS/
Coréia do Norte (2006) e a possibili- siderável e crescente, sobretudo quando Rússia
dade de nuclearização do Irã preocupa comparada aos EUA. Navios aeródro-
a comunidade internacional. mo, no sistema internacional, signii-
cam capacidade de projeção de poder, - 73
Durante a ditadura civil-militar, o Bra- evidenciada pela divisão estaduniden- ,3 %

sil chegou a buscar o desenvolvimen- se de frotas navais por região no mundo.


to de armas nucleares, mas aboliu seu
programa bélico nuclear no contex-
to da Nova República (1990), adotan- VEJA TAMBÉM:
do o uso da energia nuclear para ins Capacidades e assimetria estrutural p. 26
Labmundo, 2017

pacíicos e colaborando com medidas Participações em operações de paz p. 36


de criação de coniança com a Argenti- Problema mundial das drogas ilícitas p. 46
na, vizinho que passou por processo se- Segurança e defesa (Atlas da PEB) p. 46 1989 2002 2014
melhante. Em 1998, o Brasil ratiicou o Fonte: SIPRI, 2015b.

ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E F ES A 29


Mecanismos Desde as arbitragens para deinir as
fronteiras e as ações para ocupar o
território nacional, a preocupação com

internacionais de a defesa foi recorrente, mas tornou-se


mais evidente após a Segunda Guerra
Mundial. Coerente com os princípios
diplomáticos do país, o Brasil

segurança e defesa defendeu no sistema internacional


diversas medidas para garantir um
relacionamento pacíico entre os
Estados. Entre os atos internacionais
sobre segurança e defesa do qual o
Brasil faz parte encontram-se tratados
do Regime de Controle de Tecnologia
REGIME DE NÃO PROLIFERAÇÃO DE ARMAS QUÍMICAS de Mísseis (MTCR), a Convenção
Países signatários da CWC, por data de ratificação, entre 1993 e 2015
de Armas Químicas (CWC) e a
Convenção de Armas Biológicas
(BWC). O banimento dessas armas
é de interesse direto do Brasil, para
conservar seu entorno regional como
área segura.

É possível observar que o compor-


tamento internacional brasileiro foi
2015 acompanhado de mudanças no nível
2010 doméstico. Na primeira metade do sé-

Labmundo, 2017
2005
Não assinou culo XX, as questões relativas à defesa
1000 km 2000 Sem dados eram lideradas pelos diplomatas. Com
disponíveis
1993
Obs.: Israel foi o único país que assinou
os processos de redemocratização, ob-
Fontes: United Nation Treaty Collection, 2016; Arms Control Association, 2016. o tratado, mas não ratificou. servou-se um progressivo adensamen-
to dos órgãos internos de defesa, o que
REGIME DE NÃO PROLIFERAÇÃO DE ARMAS BIOLÓGICAS permitiu um envolvimento maior dos
Países signatários da BWC, por data de ratificação, entre 1972 e 2013
militares e dos civis especialistas no
assunto. Na década de 1990, foram
criados a Secretaria de Assuntos Es-
tratégicos (em 1990) e o Ministério da
Defesa (em 1999), bem como elabora-
da a Política de Defesa Nacional. Em
1999, foi proposta a criação do Livro
Branco da Defesa Nacional, que sinte-
tiza os princípios e práticas que regem
2013 a ação brasileira. O livro foi lançado
2000 em 2012, quando já estavam em vigor
Labmundo, 2017

1990
Assinou, mas não ratificou
a Estratégia Nacional de Defesa e a Lei
1000 km 1980
Não assinou da Nova Defesa.
1972
Sem dados disponíveis
Fontes: United Nation Treaty Collection, 2016b; Arms Control Association, 2016. O controle civil do Ministério não
signiicou que os militares tenham
sido excluídos da condução da defesa
REGIME DE CONTROLE DE TECNOLOGIA DE MÍSSEIS nacional. Eles são parte de diversas
Estados membros do regime, em 2017 secretarias e órgãos de comando, além
de permanecerem ativos por meio
de instituições importantes, como a
Escola Superior de Guerra (ESG) e
demais escolas de estudos militares.
O fortalecimento desse sistema
institucional de defesa estimulou
o Brasil a participar de iniciativas
regionais, como as Conferências
Ministeriais de Defesa das Américas, e a
propor a criação do Conselho de Defesa
Labmundo, 2017

Estados-membros
Adesão em análise
Sul-americano, vinculado à Unasul.
1000 km pelos membros ativos Esses movimentos acompanham uma
Adesão unilateral
Não aderiu
tendência de regionalização do tema,
Fonte: Sítio web do Missile Technology Control Regime (MTCR), 2017. percebida também na Europa, por

30 ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E FES A


BRASIL, DISTRIBUIÇÃO DE PODER E ORDEM GLOBAL

CRONOLOGIA DAS POLÍTICAS DE DEFESA NOS PLANOS INTERNACIONAL, REGIONAL E DOMÉSTICO


Eventos, entre 1942 e 2016 1988 1999
Convenção Interamericana para
Constituição estabelece

Labmundo, 2017
1942 1967 a Transparência nas Aquisições
Estabelecimento da Junta Interamericana de Defesa Lei define crimes contra a o Conselho de
segurança nacional Defesa Nacional de Armas Convencionais
1943 2000
Criação da Força Expedicionária Brasileira 1968
1989
Putin ratifica a Doutrina
1947 Sarney refuta conceito de Militar da Rússia
Tratado de Não Proliferação Nuclear soberania compartilhada
Criação do TIAR 2005
1947 1969 1990
Índia cria o Ministério da Defesa Costa e Silva adota o Conceito Collor cria a Secretaria Política Nacional
Estratégico Nacional de Assuntos de Defesa
1948 Estratatégicos
Tratado de Tlatelolco 1974 2008
Brasil denuncia tratado 1991 Estratégia Nacional
1949 de defesa
Criação da OTAN militar com a Índia Criação da ABACC
2008
1949 1975 1991 Criação do
Criação da Escola Superior de Guerra I Conferência de Assinatura do Acordo Quadripartite Sistema Nacional
1949 Exame do TNP de Mobilização
1995
China formula a Estatégia Militar para Defesa Ativa 1975 Criação da Comissão de 2008
1950 Acordo Nacional Segurança Hemisférica I Exercício Naval
EUA lançam o Ato Federal de Defesa Civil Brasil-Alemanha IBSA-Mar
1995 2008
1977 I Conferência Ministerialde
Ministerial de
1952 Brasil denuncia tratado Criação do
Acordo de Assistência Militar entre Brasil e EUA militar com os EUA Defesa das Américas Conselho de
1954 1996 Defesa da Unasul
Japão cria a Agência de Defesa 1979 Criação da Câmara de Relações 2010
EUA e URSS assinam acordo de Exteriores e Defesa Nacional Nova Lei de
1955 limitações de armamentos Defesa
Instituição da Patrulha Costeira 1996 2012
1959 1980 Lançamento da Livro
1964 Política de Defesa Nacional
Revolução Cubana Golpe Civil-Militar no Brasil Criação do Sistema de Defesa Branco
Aeroespacial Brasileiro 1999 da
Eventos internacionais 1964 Defesa
1985 Criação do Ministério
Eventos regionais Estabelecimento do Serviço Nacional de Informação da Defesa 2015
Declaração Conjunta Compra de caças
Eventos domésticos 1966 sobre Energia Nuclear 1999
Gripen da
França retira-se do comando da OTAN de Brasil e Argentina Criação da ABIN Suécia
1950 1960 1970 1980 1990 2000
Fontes: Pinto, 2015; Stephen, 2011; Murray e Viotti, 1994; Livro Branco de Defesa Nacional, 2012; e sítio web da European Defense Agency, 2016.

TRATADOS DE DEFESA NACIONAL


meio da criação da Agência Europeia Quantidade de acordos bilaterais de defesa ratificados pelo Brasil, por parceiro, entre 1942 e 2005
de Defesa, e na Ásia, com a Reunião D D D D D D D TO
TA
de éca de éca de éca de éca de éca de éca de éca
dos Ministros de Defesa da ASEAN. 19 da 19 da 19 da 19 da 19 da 19 da 20 da
L
40 50 60 70 80 90 00

No nível bilateral, o Brasil tem


participado de diversos tratados que EUA
Países do Norte

versam sobre defesa. Nas décadas Reino


de 1940 e 1950, ainda devido aos Unido

resquícios da participação brasileira na


Suécia
Segunda Guerra Mundial, destacam-
se os acordos militares e de defesa Paraguai
realizados com os Estados Unidos.
América do Sul

Durante as décadas de 1940, 1950, Argentina


1960 e 1970, quase a totalidade dos
tratados bilaterais de defesa ratiicados Guiana

pelo Brasil foram realizados com o


governo estadunidense, o que sugere Colômbia

a inluência que a parceria dos EUA


China
representou para o estabelecimento
das políticas de defesa nesse período.
Outros países do Sul

Arábia
Saudita
No entanto, destaca-se, em 1975, o
Acordo Nuclear Brasil-Alemanha, Índia
destinado a equipar e desenvolver
tecnologia na usina Angra I. Turquia

Timor
A partir da década de 1980, o Brasil Leste
diversiica seus parceiros nessa área, o
OIs

ONU
que é veriicado pelo adensamento de
parcerias com países do Sul geopolítico,
53
como China, Índia, Turquia e os países TOTAL
da América do Sul. A Argentina se 24
Labmundo, 2017

destaca nessa relação, com a criação


*O último acordo bilateral de defesa assinado pelo
da Agência Brasileiro-Argentina de Brasil foi depositado na ONU em 2005.
Contabilidade e Controle (ABACC) e 1
Fonte: sítio web da ONU, United Natios Treaty Collection, 2016.
a assinatura do Acordo Quadripartite
com a AIEA, que institui um duplo
sistema de salvaguardas para o uso
da tecnologia nuclear. Os países entre as ações recentes, cabe ressaltar VEJA TAMBÉM:
emergentes também aparecem como a criação do Sistema Nacional de Participações em operações de paz p. 36
parceiros de práticas de treinamento Mobilização (Sinamob), liderado pelo Segurança cibernética p. 48
militar, como Índia e África do Sul, Ministério da Defesa para responder Cooperação regional em defesa p. 58
por meio dos exercícios navais do a necessidades políticas, econômicas, Segurança e defesa (Atlas da PEB) p. 46
IBSA-Mar. No plano doméstico, sociais e de defesa civil e militar.

ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E F ES A 31


Controle nuclear PROLIFERAÇÃO NUCLEAR
Quantidade total de ogivas nucleares, por país,
entre 1945 e 2014

e congelamento

45

55

65

75

85

95

05

14
19

19

19

19

19

19

20

20
do poder mundial EUA

REGIME DE NÃO PROLIFERAÇÃO NUCLEAR


Países signatários do TNP , por data de adesão, entre 1968 e 2015

URSS/
Rússia
URSS/
Rússia

2015
1990
1000 km

Labmundo, 2017
1980
1970
1968 Não ratificou Reino
Unido
Obs.: A Coreia do Norte denunciou Reino
Fonte: UNODA Treaty Database, 2016 o tratado em 2003. Unido

Países signatários do Protocolo Adicional do TNP, em 2015


França

China

Israel
Paquistão
Labmundo, 2017

1000 km
Protocolo em vigor 4760
Assinou, mas não ratificou

Fonte: sítio web da AIEA, 2016 Não assinou


Índia
Labmundo, 2017

300
O uso de armas nucleares ao inal da Se- nuclear nos países pela Agência Inter- 1
gunda Guerra e o desenvolvimento da nacional de Energia Atômica. Fonte: Noris; Kristensen, 2014.
tecnologia para uso bélico pelas grandes
potências geraram considerável preocu- Como o im da produção de arma-
pação quanto a sua proliferação. Sob mentos nucleares não se tornou uma Outras medidas de controle foram esta-
a liderança dos EUA e da URSS, pos- realidade, os Estados compromete- belecidas ao longo das décadas. Foram
teriormente apoiados por Reino Uni- ram-se com a adoção de medidas adi- elaborados tratados regionais de ga-
do, França e China, criou-se, em 1968, cionais de não proliferação. Em 1963, rantias coletivas sobre o não desenvol-
o regime de não proliferação, desarma- ainda antes da assinatura do TNP, um vimento de tecnologias nucleares para
mento e uso pacíico da energia nuclear, grupo representativo de Estados, in- ins bélicos, incluindo grande parte dos
pilares do Tratado de Não Proliferação cluindo a URSS e os EUA, assinou o países do Sul. Destaca-se o Tratado de
de Armas Nucleares (TNP), em vigor Tratado de Banimento Parcial dos Tes- Tlatelolco, que trata da desnucleari-
desde 1970. A duração inicial previs- tes Nucleares, visando ao im dos testes zação da América Latina e do Caribe,
ta era de 25 anos, indicando a opinião subaquáticos, na atmosfera e no espa- contando com a adesão de todos os 33
vigente de que a erradicação da amea- ço sideral. Na década de 1990, foi a vez países região. O Tratado foi aberto para
ça seria possível nesse curto espaço de do Tratado de Banimento Completo assinatura em 1968 e foi o primeiro a
tempo. Em 1997, foi criado um Proto- dos Testes Nucleares. EUA e Rússia as- promover a erradicação de armas nu-
colo Adicional ao TNP, que permite a sinaram, mas não ratiicaram o acordo, cleares em uma área densamente povo-
iscalização das instalações de atividade que não se encontra em vigor até hoje. ada. O Pacíico Sul, o Sudeste Asiático,

32 ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E FES A


BRASIL, DISTRIBUIÇÃO DE PODER E ORDEM GLOBAL

a África, a Ásia Central e a Antártida ZONAS LIVRES DE ARMAS NUCLEARES


Área de Abrangência dos Tratados de ZLAN, em 2016
também são áreas protegidas por trata-
dos de desnuclearização e consideradas
Zonas Livres de Armas Nucleares. A
Mongólia declarou-se, unilateralmen-
te, como área livre de armas nucleares.

A diplomacia brasileira é a favor da não


proliferação nuclear, mas questiona o
congelamento de poder decorrente que Tlatelolco (1967)
perpetua a assimetria de poder. Ao pro-
por compromissos diferentes para os Rarotonga (1985)

países nuclearmente armados e para os

Labmundo, 2017
Bangkok (1995)
100 km
que não possuem essa tecnologia béli- Pelindaba (1996)
ca, esses tratados estabelecem pesos di- CANWFZ (2006)
ferentes para os Estados-membros do Fonte: sítio web UNODA, 2016.
regime, ferindo o princípio da igualda-
de entre as nações no tocante às obriga-
ções jurídicas na ordem internacional. TRATADOS DE LIMITAÇÃO DE TESTES NUCLEARES
A ênfase desproporcional na não proli- Países membros do Tratado de Banimento Parcial dos Testes Nucleares (assinado em 1963), em 2016
feração funcionaria como atenuante da
necessidade de estimular e monitorar o
desarmamento dos países nuclearmen-
te armados. O Brasil assinou o TNP em
1998, trinta anos após o estabelecimen-
to do acordo, utilizando como justii-
cativa durante esse período a assimetria
entre os Estados e o fato de já estar com-
prometido pelo Tratado de Tlatelolco. Ratificou
Assinou, mas não

Labmundo, 2017
O Brasil também se coloca contrário ao 1000 km ratificou

Protocolo Adicional do TNP, que prevê Não assinou


a inspeção dos locais de desenvolvimen-
to de tecnologia nuclear por defender Fonte: UNODA Treaty Database, 2016.
que essa medida está em desacordo com
um dos pilares do próprio tratado, que
concerne ao direito dos Estados de ela- Países membros do Tratado de Banimento Completo dos Testes Nucleares (proposto em 1996), em 2016
borar a tecnologia para ins pacíicos. Os
esforços para restringir o uso bélico da
tecnologia nuclear avançaram, mas não
eliminaram a insegurança global. Mes-
mo com a vigência do TNP, alguns
Estados não assinaram o acordo e man-
tiveram seus programas nucleares, como
Israel, Paquistão e Índia. A Coreia do
Norte denunciou o TNP em 2003 e tem Ratificou

realizado testes nucleares desde então. Assinou, mas não


ratificou
Labmundo, 2017

O Irã não conirma o desenvolvimento 1000 km


Não assinou
da tecnologia para ins bélicos, mas so-
freu sanções internacionais, sob a justi-
* O CTBT ainda não está em vigor.
icativa de falta de transparência. A cada Fonte: UNODA Treaty Database, 2016.
cinco anos, o TNP passa por uma Con-
ferência de Exame, a im de fazer um ba-
lanço da implementação do acordo e enriquecimento de urânio, programa Argentina. No plano regional, a Unasul
debater os principais desaios do regime. que foi bem-sucedido. Isso se evidencia reairma o princípio de manter a América
Entre os temas ressaltados recentemente, com o programa de desenvolvimento de do Sul uma zona livre de armas nucleares
destaca-se a ameaça da obtenção de tec- submarinos da Marinha do Brasil que foi e apoia a utilização como fonte de ener-
nologia nuclear por grupos não estatais. iniciado na década de 1980 e que desde gia para projetos de desenvolvimento.
2013 trabalha na construção submarinos
Do ponto de vista da defesa nacional, a de propulsão nuclear para a proteção do
Constituição Federal brasileira veta o uso litoral. Resultado de uma diretriz da Es- VEJA TAMBÉM:
de armas nucleares. O Brasil tem busca- tratégia Nacional de Defesa, o PROSUB Capacidades militares p. 28
do, desde a década de 1970, avanços tec- instrumentaliza a prioridade ao setor nu- ONU e Conselho de Segurança p. 34
nológicos no campo da energia nuclear, clear na Marinha do Brasil. Bilateralmen- Cooperação regional em defesa p. 58
em especial no desenvolvimento de ca- te, o Brasil participa da ABACC, um Economia, política e Congresso p. 82
pacitação autônoma da tecnologia de mecanismo de controle conjunto com a

ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E F ES A 33


Nações Unidas Com o im da Guerra Fria, as de-
mandas pela reforma do CSNU
se intensiicaram da parte dos pa-

e Conselho de íses do Norte e do Sul. Nesse senti-


do, o Brasil formalizou uma aliança
com Japão, Índia e Alemanha, o G4,
para apresentar propostas de refor-

Segurança ma do órgão, prevendo a inclusão


de dois países africanos com assen-
to permanente na proposta. Outros
países elaboraram uma contrapro-
posta por meio do Grupo Unidos
pelo Consenso, formado por Argen-
Desde a Liga das Nações, o Brasil ad- Brasil para atuar ao lado de Estados tina, Paquistão, Coréia do Sul, entre
voga pela conquista de um assento Unidos, Reino Unido, França, Chi- outros. Segundo eles, a criação de no-
permanente no principal órgão inter- na e Rússia como membro perma- vos assentos permanentes continua-
nacional relacionado à paz e à segu- nente não é recente na diplomacia ria a manter a assimetria de poder. A
rança. Inicialmente, o Brasil pleiteou brasileira. Entre os principais argu- ONU mostrou-se sensível às deman-
essa posição no Conselho da Liga e, mentos ressaltados pelo Brasil estão a das e convocou o Painel de Alto Nível
após a criação das Nações Unidas, no falta de representatividade do CSNU para elaborar propostas de reformas.
Conselho de Segurança. Compos- no pós-Guerra Fria, suas credenciais O Painel, com participação do diplo-
to por cinco membros permanentes de país paciista e defensor do mul- mata brasileiro João Clemente Baena
e dez membros rotativos, eleitos re- tilateralismo, sua participação como Soares, lançou a categoria de mem-
gionalmente para mandatos de dois membro fundador na ONU, sua po- bro semipermanente, com manda-
anos, o Conselho de Segurança das sição de destaque regional e entre os tos de quatro anos e possibilidade de
Nações Unidas (CSNU) é regido pe- países do Sul e sua participação ativa reeleição. Entretanto, nada chegou a
los Capítulos VI, VII e VIII da Carta em outros órgãos relacionados com o ser levado à votação, devido à ausên-
da ONU e possui entre suas prerro- tema, como o Conselho de Direitos cia de consenso entre os membros da
gativas a legitimidade para decidir so- Humanos e a Comissão para Cons- ONU sobre o formato e os membros.
bre segurança e paz. A campanha do trução da Paz. O tema continua a ser discutido em

REPRESENTAÇÃO NO CONSELHO DE SEGURANÇA DA ONU


Quantidade de mandatos dos membros não permanentes, entre 1945 e 2016

1000 km
Países com mais
mandatos:
Japão - 11
Brasil - 10
Argentina - 9 * A Arábia Saudita recusou
Labmundo, 2017

Colômbia - 7 o posto em 2013.


Índia - 7 11
Paquistão - 7 ** Antes da dissolução, a
6 Iugoslávia exerceu 3 mandatos.
1
Fonte: Sítio web do CSNU, 2016.

PRINCIPAIS PARTICIPAÇÕES DE MEMBROS NÃO PERMANENTES NO CONSELHO DE SEGURANÇA


Cronologia dos mandatos dos países que mais estiveram presentes no Conselho de Segurança, entre 1946 e 2017
50

55

60

65

70

75

80

85

90

95

00

05

10

15
19

19

19

19

19

19

19

19

19

19

20

20

20

20

Labmundo, 2017

Japão (11 mandatos) Argentina (9 mandatos) Paquistão (7 mandatos) Canadá (6 mandatos)


*Cada retângulo representa um ano em que o referido
Brasil (10 mandatos) Colômbia (7 mandatos) Índia (7 mandatos) Itália (6 mandatos) país exerceu um mandato no Conselho de Segurança

Fonte: Sítio web do Conselho de Segurança, 2016.

34 ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E FES A


BRASIL, DISTRIBUIÇÃO DE PODER E ORDEM GLOBAL

CAMPANHA CONTÍNUA PELA REFORMA DO CONSELHO DE SEGURANÇA


Antecedentes e cronologia do pleito brasileiro por um assento no Conselho de Segurança, entre 1920 e 2015
1920 1972 2003 2010 2015
Brasil pleiteia Defesa da reforma ONU convoca Painel Reunião Ministerial do G4 Eventos no âmbito da ONU
Embaixador do Brasil
assento na SDN da Carta da ONU de Alto Nível reafirma a necessidade Política externa brasileira
1926 2004 2012 de mudança
Brasil retira-se 1975 Painel sugere reformas Debate na Assembleia Geral Eventos internacionais
da SDN Embaixador do Brasil no CSNU sobre reforma
discursa por mudanças 2004
2015 *A linha de tempo não está
na Assembleia Geral Criação do G4 2013 Presidente da República representada por uma
Evento em Fortaleza do Brasil defende a progressão aritmética
1944 2005 pela reforma reforma em discurso na
URSS e Reino Unido Reunião do G4 com a Assembleia Geral
contrariam o pleito 1989 União Africana 2013
Presidente da 2005 Países apoiam a reforma na 2015
República do Cúpula Mundial de 68ª reunião da Assembleia Geral Papa defende reforma na Assembleia Geral
1944 Brasil retoma Alto Nível pede a reforma
Telegrama ao Secretário o tema no 2013
de Estado dos EUA plenário da 2005 Cúpula do Caricom discute a reforma
Assembleia Geral Unidos Pelo Consenso
apresenta contra-proposta
2014

Labmundo, 2017
1963 1999 2008 Embaixador do Brasil participa do Grupo de Trabalho
Quantidade de membros Embaixador do França e Reino Unido apoiam o G4
não permanentes aumenta Brasi reapresenta 2014
de 6 para 10 o tema na Assembleia Geral Seminário na Índia com participação do G4
1930 1970 1990 2010 2015
Fontes: Vargas, 2011; Seixas Corrêa, 2007; sítio web da missão brasileira no Conselho de Segurança, 2016.

grupos de trabalho na Assembleia pontos do acordo são negociados pe- foi acompanhada da mesma posição
Geral das Nações Unidas (AGNU). las delegações antes da votação, o que por pelo menos um membro perma-
torna o processo mais ágil. Entre as re- nente. O único voto negativo ocorreu
Apesar de não ter obtido sucesso em soluções de Capítulo VII, que tratam em 2010, de Brasil e Turquia, após o
seu pleito, o Brasil é reconhecido pe- da autorização do uso da força, o Bra- CSNU aprovar sanções contra o Irã,
los seus vizinhos como um ator es- sil não votou airmativamente em seis contrariando a Declaração de Tee-
sencial no diálogo sobre esses temas, ocasiões, com cinco abstenções e um rã, mediada pelas diplomacias turca e
motivo pelo qual foi eleito por seus voto negativo. Em 1994, o Brasil abs- brasileira.
pares para exercer dez mandatos teve-se de duas resoluções sobre a crise
como membro rotativo no CSNU. O política no Haiti e uma sobre a ope- Além do CSNU, a AGNU também
Brasil é o país do Sul com mais man- ração humanitária em Ruanda. Em funciona como órgão deliberativo das
datos, logo depois do Japão. Os votos 2005, outra abstenção foi dada no Nações Unidas, com a possibilidade
do Brasil no CSNU são majoritaria- caso do conlito em Darfur. Em 2011, de emitir declarações sobre questões
mente airmativos, acompanhando a ocorreu a quinta abstenção brasilei- de grande amplitude temática, inclu-
tendência do Conselho de aprovar re- ra, relacionada à crise na Líbia. Em sive segurança e defesa. É possível ve-
soluções por consenso. Os principais todos os casos, a abstenção brasileira riicar que os votos do Brasil possuem
uma tendência de dissociação dos vo-
tos dos Estados Unidos na AGNU.
GEOPOLÍTICA DOS VOTOS BRASILEIROS NO CONSELHO DE SEGURANÇA Enquanto no governo Dutra a con-
Quantidade de votos do Brasil em Resoluções de Capítulo VII, por posicionamento TO vergência era de 100%, o governo Lula
e por região, entre 1993-2011 TA

19 19 19 19 20 20
L
apresentava convergências inferio-
20 20
93 94 98 99 04 05 10 11 res a 20%. Essa maior autonomia na
AGNU não se repete Conselho. Em
África resoluções de Capítulo VII, o Brasil
ainda tende a votar de modo seme-
Leste lhante aos EUA, com poucas exceções.
Europeu
A análise da participação brasileira na
ONU não pode se restringir ao voto.
Ásia e
Oriente M. Ela deve incluir a exposição de moti-
vos, onde se expressam (e se explicam)
América Latina as divergências do Brasil com a posi-
e Caribe
ção dominante. Consciente de que a
posição de membro rotativo não per-
TOTAL mite ao país muita margem de mano-
bra, o Brasil reairma suas convicções
110 por meio de discursos na AGNU, no
A favor CSNU e nos grupos de trabalho, além
Labmundo, 2017

Abstenção
38 de ter mantido a campanha pelo as-
sento permanente como um objetivo
Contra constante da política externa.
Fonte: sítio web do Conselho de Segurança, 2016. 1

Porcentagem de votos convergentes entre o Brasil e os EUA, entre 1993 e 2011 VEJA TAMBÉM:
1993 1994 1998 1999 2004 2005 2010 2011
Participações em operações de paz p. 36
Labmundo, 2017

100 100 100 100 100 100 100 100


Segurança ambiental p. 38
50 50 50 50 50 50 50 50
Brasil: potência regional? p. 68
Segurança e defesa (Atlas da PEB) p. 46
Fonte: Albuquerque, 2016. Assembleia Geral Conselho de Segurança

ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E F ES A 35


Participação em ruptura da paz e atos de agressão) e
VIII (participação de organizações
regionais e sub-regionais na

operações de paz manutenção da paz e segurança) da


Carta da ONU, as missões servem de
instrumento para assegurar a presença
e o apoio da ONU na resolução de
conlitos. A natureza das operações
evoluiu signiicativamente nas últimas
décadas, sobretudo pós-1990, passando
de forças de interposição e observação
para operações mais complexas que
visam a facilitar processos políticos,
Com quase 70 anos de atuação, força e os princípios de paz, soberania proteger civis, assessorar processos
as missões de paz das Nações e democracia não necessariamente são de desarmamento, desmobilização e
Unidas são objeto de uma série compartilhados pelos atores sociais reintegração de combatentes, auxiliar
de questionamentos acerca de sua dos países onde as missões se instalam, na organização de eleições, proteger
efetividade e legitimidade. É inegável, gerando desaios importantes a seus direitos humanos e contribuir
contudo, a relevância estratégica das agentes na implementação. para o restabelecimento do Estado
missões para a manutenção da ONU de Direito. Para atender às novas
na gestão de conlitos. As operações As missões expressam formalmente o demandas, a partir de 1992 foi criado
de paz produzem grande visibilidade compromisso solidário da comunidade o Departamento para Operações de
e mobilizam inanciamento contínuo internacional com a promoção da Manutenção da Paz (DPKO).
da comunidade internacional. A paz e a segurança. Com base legal
coordenação de diferentes atores e nos Capítulos VI (solução pacíica A importância recente adquirida
luxos de inanciamento, o uso da de conlitos), VII (ação em caso de pelas operações de paz também é
demonstrada pelos números. Em
julho de 2015 o orçamento da ONU
EFETIVOS PARA MISSÕES DE OPERAÇÕES DE PAZ atingiu 8,27 bilhões de dólares; existem
Principais contribuições por país, em milhares de indivíduos, em dezembro de 2015 71 forças armadas em 16 operações de
1 2 3 4 5 6 7 manutenção da paz, que mobilizam
Equador
Bolívia mais de 125 mil pessoas – entre civis,
Paraguai militares, policiais e administradores.
Peru
Argentina
Dentre os principais problemas de
Chile ingerência, encontram-se as fortes
Brasil denúncias de aumento de estupros e
Uruguai
Índia
prostituição de mulheres e crianças
China nas localidades de implementação
África do Sul das missões, fato que tem provocado
França
Reino Unido novas estratégias como a Resolução
Labmundo, 2017

Turquia Efetivos de países sul-americanos 1325 de outubro de 2000, reairmando


EUA
Rússia Efetivos de países de outros continentes
a importância da promoção da
México igualdade de gênero em todas as fases
Fonte: Sítio web do Departamento de Operações de Manutenção da Paz, 2016. dos processos de construção da paz e da
promoção da segurança. Tal realidade
ainda não produziu resultados efetivos.
FINANCIAMENTO DAS OPERAÇÕES DE PAZ As mulheres representam 29% dos
Principais contribuições financeiras, por país, em bilhões de dólares, em 2014 civis atuantes nas missões, 10% polícia
África do Sul
0,5 1,0 1,5 2,0 e 3% militares, com raras exceções
Índia de liderança. No caso brasileiro a
Turquia
México
disparidade de gênero é ainda maior: as
Espanha mulheres representam apenas 1% dos
Canadá militares enviados em missões de paz.
Rússia
Itália
China O primeiro envio de tropas brasileiras
Reino Unido
Alemanha a outro país em uma operação de paz
França da ONU aconteceu em 1956, com o
Japão
EUA
objetivo de mediar o conlito entre
Brasil egípcios e israelenses e pôr im à
Argentina
Chile
Crise de Suez. Atualmente, a atuação
Financiamanto de países sul-americanos
Peru brasileira adquire relevância muito
Labmundo, 2017

Uruguai
Financiamanto de países de outros continentes
maior com a coordenação e comando
Equador
Paraguai militar das operações no Haiti (2004)
Bolívia e pela liderança da única Força Naval
Fonte: Sítio web do Departamento de Operações de Manutenção da Paz, 2016. atuando pela ONU no Líbano (2011).

36 ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E FES A


BRASIL, DISTRIBUIÇÃO DE PODER E ORDEM GLOBAL

MISSÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A ESTABILIZAÇÃO NO HAITI BRASIL NAS MISSÕES DE PAZ
Efetivo militar e área de responsabilidade das tropas, por país, em agosto de 2015 Evolução da média anual do efetivo brasileiro nas
missões de paz por período e missão,
Brasil Port-de-Paix entre 2000 e 2015
Quantidade de militares Jean-Rabel
Chile alocados nas tropas
de 2000 a 2003
970 Cap-Haïtien
Uruguai
335 Gonaives
Peru Morne Casse
52
Filipinas

Paraguai

Argentina
UNTAET
Guatemala
Jérémie Port-au-Prince UNMISET
Cidades haitianas

Jacmel 1000 km
Les Cayes

Labmundo, 2017
50 km

de 2004 a 2007

Fonte: Sítio web do Conselho de Segurança da ONU, 2016.

MINUSTAH

Evolução do efetivo militar da Minustah, por país, entre 2004 e 2015*


UNMIS
04

05

06

07

08

09

10

11

12

13

14

15
20

20

20

20

20

20

20

20

20

20

20

20

Brasil UNMISET

Uruguai
1000 km

Sri Lanka

Nepal de 2008 a 2011

Argentina

Chile MINUSTAH
UNIFIL UNMIN
Jordânia

UNMIS
Peru

Bolívia UNMIT
8599
Filipinas
1000 km

Guatemala
850
Outros** de 2012 a 2015
52

MINUSTAH
TOTAL UNIFIL

*Os dados são referentes ao mês de agosto de cada ano, com exceção de 2005 e de 2006, que são referentes a setembro
Labmundo, 2017

e dezembro, respectivamente.
**Honduras, Paraguai, Coreia do Sul, Equador, Japão, Indonesia, Espanha, Marrocos, El Salvador, Canadá e EUA.
***Benin, Croácia, França, India, Malasia, México, Paquistão e Yemen não enviaram tropas, mas participaram da 1000 km
Minustah enviando oficiais.
Fonte: Sítio web do Conselho de Segurança da ONU, 2016.
1736,5

Média anual
Tais ações certamente projetam o país República Centro-Africana, Saara menor que 50
Labmundo, 2017

248,5
internacionalmente em sua campanha Ocidental, Sudão e Sudão do Sul. O 60
pelo assento permanente no CSNU. investimento brasileiro nesse tipo de
Fonte: Sítio web do Departamento de Operações de
Atualmente há cerca de 1.200 brasileiros atuação cresceu nos anos 2000. Em 2010, Manutenção da Paz, 2016.
entre militares das forças armadas o governo criou o Centro Conjunto
e polícia em zonas de conlito. No de Operações de Paz do Brasil a im de
VEJA TAMBÉM:
total, o Brasil já participou de mais de consolidar a coordenação da sua atuação
30 missões da ONU, tendo enviado em operações de paz e a preparação de ONU e Conselho de Segurança p. 34
cerca de 27 mil militares ao exterior. militares brasileiros e estrangeiros. Isso Cooperação regional em defesa p. 58
Além de tropas no Haiti e no Líbano, demonstra uma possível tendência Cosiplan e IIRSA p. 60
contribui com participantes em missões do Brasil a seguir assumindo maior Segurança e defesa (Atlas da PEB) p. 46
no Chipre, Costa do Marim, Libéria, protagonismo em operações de paz.

ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E F ES A 37


Segurança países tenham mais capacidade de criar
defesas para os impactos causados) e,
portanto, ensejam uma resposta coleti-

ambiental e va. Em alguns casos, as graves consequ-


ências das mudanças climáticas, como
o aumento dos níveis dos mares, estão
ameaçando a própria sobrevivência ter-

mudança climática ritorial de alguns Estados, como Tuvalu


e Kiribati. Além disso, houve aumento
considerável da conscientização sobre
a importância de promover um debate
amplo, incluindo vários atores. Entre as
diversas ameaças ambientais (redução
da biodiversidade, biopirataria, redução
A mudança climática, a segurança am- caracterizada por fortes assimetrias de da camada de ozônio, avanço da deser-
biental e outras questões correlatas poder e por luxos transnacionais de tiicação, impactos socioambientais de
problematizam as categorias de vul- pessoas, mercadorias e serviços, os pro- megaprojetos sobre comunidades locais,
nerabilidade e risco de um país e sua blemas ambientais, sobretudo os climá- etc.), as mudanças climáticas são emble-
população. Em uma ordem global ticos, atingem a todos (embora alguns máticas da transformação nesse debate
em que se entrecruzam questões de se-
gurança, relações Norte-Sul e modelos
IMPACTOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS de desenvolvimento.
Participação de indivíduos atingidos por secas, enchentes e temperaturas extremas no total da
população, por país, entre 1990 e 2009
Na década de 1960, os primeiros esfor-
ços cientíicos, intelectuais, governa-
mentais e de redes de ativismo foram
mobilizados a im de articular meio
ambiente e segurança coletiva. Os mo-
vimentos paciistas, contra o uso da
energia nuclear, uso de defensivos agrí-
9,22 colas, entre outros, buscavam relacionar
2,5 o impacto produzido por seres huma-
Labmundo, 2017

1000 km 0,5 nos com a segurança da natureza, de


0,04 animais e plantas, mas também critica-
0 Sem dados
disponíveis vam os efeitos das estratégias de desen-
Fonte: Banco Mundial, 2016. volvimento então adotadas e prescritas
como boas práticas sobre a qualidade
de vida dos humanos e a conservação da
MUDANÇA CLIMÁTICA natureza. Essas primeiras interpretações
Emissões totais de CO2 do G-20, em 2011, e suas Emissões de CO2 per capita do G-20, em toneladas sobre a segurança ambiental lançaram
metas voluntárias de redução, em milhões de métricas, em 2014
quilotoneladas 5 10 15 luz sobre o uso indevido de pesticidas,
Arábia
Saudita
fertilizantes e as ameaças associadas à
expansão da energia nuclear. Além disso,
EUA
enfatizaram a necessidade de garantir a
Austrália integridade dos ecossistemas, a im de
Canadá
assegurar a sobrevivência da humanida-
de. Na década de 1970, surgiram outras
Rússia leituras analisando os efeitos ambientais
Coreia das guerras e suas relações com os mo-
do Sul
África
vimentos de refugiados. Alguns relató-
do Sul rios importantes (tais como Only One
Japão Earth Report e Limits to Growth) enfa-
tizaram os vínculos entre ameaças, cri-
U.E.
9,01
ses ambientais e desenvolvimento, mas
Total de emissões
China de CO2 principalmente com viés conservacio-
Argentina
Metas voluntárias de
redução de emissões
nista. Também merece destaque a Con-
1,81
Emissões de CO2 ferência das Nações Unidas sobre o
Turquia 0,19 per capita
Ambiente Humano. Apesar de ter sido
México concluída em torno de um consenso
*Todas as reduções são previstas até 2030, com exceção
minimalista com 26 princípios e 109 re-
Indonésia
dos EUA, que são para 2025. comendações de natureza não vinculan-
Labmundo, 2017

Brasil
*África do Sul e Arábia Saudita não definiram
te, a Estocolmo-1972 abriu o caminho
Índia
reduções voluntárias. para a futura cooperação ambiental, le-
vou à criação de redes globais e regionais
Fonte: Banco Mundial, 2016. de monitoramento ambiental, permitiu

38 ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E FES A


BRASIL, DISTRIBUIÇÃO DE PODER E ORDEM GLOBAL

a criação do PNUMA em Nairobi e en- MUDANÇAS PLUVIOMÉTRICAS


Projeção da variação média do volume de precipitação anual, em mm³, entre 2045 e 2065
sejou as primeiras negociações, nos anos
1980, em torno da proteção da camada
de ozônio e do aquecimento planetá-
rio, as quais resultaram na celebração da
Convenção de Viena (1985) e do Proto-
colo de Montreal (1989).

Na Conferência das Nações Unidas


sobre Meio Ambiente e Desenvolvi-
mento, realizada no Rio de Janeiro em

Labmundo, 2017
1992, a quantidade de temas debati- 1000 km

dos foi maior (incluindo a degradação Menos chuva Mais chuva


ambiental como fator de conlitos e os Sem dados
disponíveis
litígios resultantes do acesso aos recur- Fonte: Banco Mundial, 2016. -129 -48 -22 0 30 65 330
sos naturais), bem como efetivou-se o
papel da ciência na comprovação das
ameaças que representam as mudanças AQUECIMENTO GLOBAL
Projeção média do aumento de temperatura, em graus Celsius, por país, entre 2045 e 2065
climáticas para a segurança dos Estados
(principalmente os pequenos países in-
sulares), das populações (os mais pobres
sendo os mais vulneráveis a tais amea-
ças) e da natureza como um todo. Na
Rio-92, o Painel Intergovernamental so-
bre Mudanças Climáticas (IPCC), cria-
do em 1988, teve papel crucial para que a
Convenção-Quadro sobre o Clima fos- 3,15
se adotada. O IPCC deine a mudança 2,5

Labmundo, 2017
climática como uma variação estatisti- 2,1
camente signiicante em um parâmetro 1,7
Sem dados
disponíveis
climático médio (incluindo sua varia- 1000 km
1,1
bilidade natural) que persista por perí- Fonte: Banco Mundial, 2016.
odo extenso (pelo menos, por décadas).
Seus relatórios reconhecem a existência
de processos naturais, mas airmam que CONFERÊNCIA DE PARIS
Países signatários do documento final da Conferência de Paris (2016), em 2016
as mudanças recentes têm sua causa nas
atividades humanas e alertam para os
perigos que podem decorrer da inação
política. O comportamento dos Esta-
dos e os efeitos das mudanças climáticas
sobre as sociedades variam internacio-
nalmente. O Protocolo de Kyoto, que
disciplinou os compromissos da Con-
venção-Quadro de 1992 em matéria de
emissões de CO2 e entrou em vigor em
Labmundo, 2017

2005, não foi ratiicado pelos EUA, ape-


sar de sua signiicativa contribuição his- Assinaram e ratificaram
tórica e atual para o aquecimento global. 1000 km Assinaram, mas não ratificaram
Não assinaram nem ratificaram
Kyoto ressaltou o princípio de respon- Fonte: sítio web ONU Treaty Database, 2016.
sabilidades comuns e diferenciadas. Na
Conferência da Partes realizada em Pa-
ris, em 2015, houve sensível avanço na problema e ressaltar que as responsabi- o território brasileiro, o que representa
construção de consensos. Em última lidades para sua solução devem ser co- risco fundamental para a soberania do
instância, as negociações climáticas evi- muns a todos, mas diferenciadas, a im país. Também deve ser considerado que
denciam o sentido de ameaça à seguran- de considerar o impacto histórico que parte da população depende diretamen-
ça coletiva, mas igualmente implicam cada país tem tido para a evolução do te de um ecossistema saudável para ga-
repensar os efeitos nefastos do modelo problema. A defesa de um crescimento rantir o seu sustento.
de desenvolvimento capitalista no siste- sustentável assegura o direito brasileiro
ma internacional. de desenvolver-se, rejeitando teorias ne-
omalthusianas ou de crescimento zero, VEJA TAMBÉM:
A questão ecológica é especialmen- que congelariam a assimetria interna- Insegurança alimentar p. 40
te importante para a política de defesa cional de poder. Além disso, a proteção Epidemias p. 42
brasileira, por diversos motivos. Primei- de ecossistemas (como o bioma ama- Pobreza e desigualdade (Atlas da PEB) p. 44
ro, a diplomacia do Brasil tem a tradi- zônico) já foram levantadas para justi- Ameaças internacionais (Atlas da PEB) p. 48
ção de fazer uma leitura histórica do icar propostas intervencionistas sobre

ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E F ES A 39


Insegurança O atual debate sobre insegurança ali-
mentar é associado a outro de igual
importância: o da crise ambiental e

alimentar das ameaças que daí decorrem. Trans-


formações sistêmicas pós-Guerra Fria,
como interdependência econômica e
avanços tecnológicos, alteraram a natu-
reza dos problemas de segurança e defe-
sa, gerando novas perspectivas de risco
iminente. De fenômeno sazonal, a in-
segurança alimentar transforma-se em
condição duradoura de escassez, impul-
sionada por esgotamento dos recursos
ambientais e aquecimento global. As
COOPERAÇÃO BRASILEIRA EM SEGURANÇA ALIMENTAR crises alimentares, historicamente re-
Quantidade de projetos por país, em 2014
lacionadas a catástrofes, passam a vin-
cular-se à instabilidade climática, à
poluição das águas, ao modelo produ-
tivista na agricultura e ao consumo não
sustentável.

O arranjo geopolítico assimétrico e o


crescente processo de inanceirização
de terras e commodities agroindustriais
mantêm crises e inseguranças alimen-

Labmundo, 2017
tares nas regiões mais pobres: 70% dos
1000 km 6
que sofrem fome no mundo são peque-
3 nos agricultores. É notória a incapaci-
1
Fonte: Caisan, 2014. dade a médio-longo prazo de sanar a
insegurança nos países subdesenvol-
vidos. A cada ano, a agricultura deve
PROGRAMA MUNDIAL DE ALIMENTOS alimentar 80 milhões de pessoas adi-
Doadores e receptores, por países, em 2014 cionais. Projeções da FAO de 2014 des-
tacam que, até meados do século XXI,
será preciso aumentar pela metade a
produção de grãos e dobrar a de carne.

O direito à alimentação está previsto


na Carta das Nações Unidas (1945) e no
Doações em
Pacto Internacional sobre Direitos Eco-
milhões de dólares
2251,677
nômicos, Sociais e Culturais (1966). A
Beneficiários, FAO, em 1996, traduziu-o como direi-
Labmundo, 2017

em milhões de
indivíduos to à segurança alimentar e nutricional
269,909 5,3
1,3 (SAN): a garantia a todos de condições
2,38
1000 km 0,1 de acesso a alimentos básicos de qua-
Fonte: Programa Mundial de Alimentos, 2014. lidade, em quantidade suiciente, de

CRISES DE FOME NO MUNDO


Principais casos de crises de fome no mundo, por país e por estimativa de mortes, entre 1960 e 2015

1961 1981
Grande Fome 1966 1974 Crise do Karamoja
Chinesa Crise de Lombok (Indonésia) Crise de Bangladesh (Uganda)
33 milhões de mortes

1966 1981
Crise de Wallo (Etiópia) Crise de Suazilândia
1967
Crise Australiana 1982
Grande Fome
Moçambicana
1968
Crise do Biafra (Nigéria) 1975
Crise do Camboja 1983
Grande Fome da
1969 Etiópia
Crise do Sahel (Mali,
Mauritânia, Burquina
Faso, Chade e Niger)
1984
Crise de Darfur e
Kordofan (Sudão)
Labmundo, 2017

1965 1972
Crise de Crise de Tigray
e Wallo (Etiópia) 1980
Bihar (Índia) Crise do Chade

1960 1965 1970 1975 1980


Fontes: Rubin, 2015; sítio web Our World in Data, 2016.

40 ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E FES A


BRASIL, DISTRIBUIÇÃO DE PODER E ORDEM GLOBAL

modo permanente e sem comprome- QUADRO DE DESNUTRIÇÃO NO MUNDO


ter o acesso a outras necessidades essen- Porcentagem de pessoas em situação de subnutrição, por país e biênio
Entre 1992 e 1994
ciais, com base em práticas alimentares
saudáveis, contribuindo, assim, para
uma existência digna, em um contexto
de desenvolvimento integral da pessoa,
com preservação das condições que ga-
rantam uma disponibilidade de alimen-
tos em longo prazo. Visão partilhada
pelo Brasil que, em 2010, inclui o “di-
reito à alimentação adequada” nos arti-
gos 6º e 277 da Constituição Federal. 77,20
34,9
1000 km
14,9
O Brasil é o segundo maior exportador <5
Sem dados
disponíveis
agrícola mundial, mas parte relevante
de sua produção é destinada a ins não
alimentares (70% da soja vira ração Entre 2002 e 2004
animal e 80% da cana, biocombustível).
No cenário internacional, além de
eleger duas vezes o Secretário Executivo
da FAO, o Brasil desempenha relevante
papel na propulsão da SAN por
meio dos programas Bolsa Família e
Fome Zero, da criação do CG-Fome/
PMA, do Programa de Aquisição de
Alimentos (PAA) e do Fundo IBAS
de Combate à Fome. O sucesso das
iniciativas e a expertise agrotecnológica
possibilitaram ao país sair do mapa
da fome da FAO em 2014 e tornar-
se modelo na cooperação, facilitando
exportação e internacionalização de Entre 2014 e 2016
empresas do agronegócio, sobretudo
nos mercados africanos. No governo
Temer, iniciativas como o CG-Fome
(aquisição de alimentos nas escolas)
foram cortadas, deixando a agenda
humanitária a cargo da ABC.

VEJA TAMBÉM:
Segurança ambiental p. 38 Labmundo, 2017
Epidemias p. 42
Pobreza e desigualdade (Atlas da PEB) p. 44
Agronegócio (Atlas da PEB) p. 28 Fonte: FAO, 2016.

1997
Fome na Papua Nova Guiné 2011
1988 Grande Fome da Somália
Fome de Madagascar 2001
Crise Angolana
1998
Crise das Filipinas 2012
1989 Crise do Leste Africano
Crise de Ruanda 2001 (Djibouti, Etiópia, Quênia
Crise na Guatemala e Uganda)
1998
Crise da Guiné 2002
1991 2005
Crise Somalense Fome Malauí
Crise de Argélia
1999
Fome do Paquistão
2005
1995 1999 Crise do Burundi
Grande Fome Fome Paraguaia Quantidade estimada de
Norte Coreana mortes, em milhares
1999
Crise no Quênia 3800
Quantidade estimada de mortes
1998 2000
Grande Crise Fome Afegã Menos de 1000 mortes 1000
Labmundo, 2017

do Congo
2000 Menos de 100 mortes
Crise na Moldova 8

1990 1995 2000 2005 2010


Fontes: Rubin, 2015; sítio web Our World in Data, 2016.

ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E F ES A 41


Epidemias pesquisas cientíicas e no desenvolvi-
mento de tratamento eicaz. No en-
tanto, as doenças tropicais, por serem
menos rentáveis, são geralmente me-
nos pesquisadas pelos laboratórios
privados internacionais, aumentan-
do sobremaneira os custos de proje-
tos de pesquisa nos Estados afetados.
Exemplos recentes como o caso do
Ebola e das doenças transmitidas pelo
Aedes aegypti ilustram esse proble-
ma. Quando epidemias tipicamen-
te presentes em países pobres passam
a “migrar” para os países mais ricos, os
Doenças e epidemias são problemas ação coletiva de todos Estados afeta- investimentos em pesquisa crescem
que afetam a segurança e bem-estar dos. Ainda que assumam um caráter exponencialmente e, dadas as condi-
da população e vinculam-se, sobretu- transnacional, as epidemias têm im- ções inanceiras, técnicas e tecnológi-
do, à incapacidade do Estado em ga- pactos ainda mais devastadores em pa- cas, cresce também a possibilidade de
rantir acesso a condições básicas de íses menos desenvolvidos. Pessoas com tratamento mais efetivo e rápido, ain-
bem-estar e direitos humanos como pior qualidade de vida ou condições da que, na maioria dos casos, o acesso
saneamento básico, descarte adequa- alimentares inadequadas tornam-se não chegue plenamente aos mais po-
do de lixo, acesso a uma alimentação potencialmente mais vulneráveis tan- bres. Não à toa, doenças consideradas
saudável, água potável e a tratamen- to à contração das doenças, quanto ao simples e de fácil tratamento em países
to médico suiciente. As epidemias, óbito. ricos ainda matam milhares de pessoas
em particular, criam uma interdepen- em países menos desenvolvidos.
dência perversa entre povos e nações Um dos elementos-chave para o con-
que só pode ser controlada a partir da trole epidêmico é o investimento em O acesso adequado ao tratamento de
epidemias ainda consiste em um dos
principais desaios globais. Emblemáti-
MALÁRIA NO MUNDO co é o caso do vírus do HIV pelo mundo.
Quantidade de casos confirmados e taxa de incidência por cem mil habitantes, por país, em 2014
Apesar de tratar-se de uma doença ain-
da sem cura e de dimensões globais, um
tratamento adequado pode propiciar
maior longevidade e qualidade de vida
aos seus portadores. O acesso ao tra-
tamento, contudo, esbarra muitas ve-
zes no interesse de grandes laboratórios
farmacêuticos, protegidos pelo regime
internacional de propriedade intelectu-
al. O Brasil, um dos poucos países do
43.390
Labmundo, 2017

43.390
10.000
mundo que fornecem gratuitamente o
1000 km
1.313 1.000 tratamento contra a doença, tem pos-
4,94 100 Menos de 1.000
casos registrados sibilitado a expansão do número de be-
Fontes: Sítio web da OMS, 2016; sítio web do Banco Mundial, 2016. 4,94 neiciários. Apesar dos empenhos do

VÍRUS HIV NO MUNDO E NO BRASIL


Quantidade estimada de pessoas infectadas pelo vírus HIV e que têm acesso a tratamento médico, Evolução da estimativa da população infectada
em milhões de pessoas, por região, em 2015 pelo vírus HIV no mundo e no Brasil, em % do total,
4 8 12 16 entre 1990 e 2015
Sul e leste 54,2% 0,5
da África
Mundo
Leste e centro 27,7%
da África
0,4
Ásia e Brasil
Pacífico 41,2%

0,3
Europa ocidental
e América do Norte 58,3%
Pessoas infectadas
Europa oriental Pessoas infectadas recebendo
e Ásia central 21,3% 0,2
tratamento médico

América Latina *Para fins de comparação, os dados relativos


e Caribe* 54,7%
ao Brasil foram calculados separadamente.
0,1
Brasil 55,4% **Os números ao lado das barras se referem à
Labmundo, 2017

porcentagem de pessoas infectadas que


Labmundo, 2017

recebem tratamento. A média mundial é de


46,4%, portanto inferior à brasileira de 55,4%.
Oriente Médio 16,5%
e norte da África
90

95

00

05

10

15
19

19

20

20

20

20

Fonte: UNAIDS, 2016b. Fontes: UNAIDS, 2016b; sítio web Banco Mundial, 2016.

42 ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E FES A


BRASIL, DISTRIBUIÇÃO DE PODER E ORDEM GLOBAL

SITUAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DO AEDES AEGYPTI NO BRASIL


Incidência e quantidade total de infectados por doenças transmitidas pelo Aedes aegypty no Brasil, entre janeiro e dezembro de 2016
Dengue Chikungunya Zika

Incidência por Incidência por Incidência por


milhares: milhares: milhares:
25,14054 7,07223 6,62344
8,94630 1,87373 1,04990
4,55875 0,46063

Labmundo, 2017
0,44202
1,61759 1000 km 0,07253
0,10296
Total de infectados
0,28822 0,02649 0,013168
527.890
67.481
10.803
Fonte: Ministério da Saúde, 2017; IBGE, 2016.

EPIDEMIA DE ZIKA NAS AMÉRICAS vírus, podemos citar: o processo de in- local. Ainda assim, há constante preo-
Quantidade de casos confirmados, por país, entre
2015 e 2016 teriorização do HIV no território, onde cupação com que essas epidemias sejam
prevenção e controle são menos efe- eliminadas ou, pelo menos, contidas.
tivos (geralmente as campanhas estão
concentradas nos grandes centros ur- A organização não governamental Mé-
banos); o avanço sobre população fe- dicos sem Fronteiras (MSF) chama a
minina e hétero e o sucesso de políticas atenção para o combate a surtos de có-
públicas de tratamento dos infectados, lera, malária, meningite, sarampo e
que passam a ter maior longevidade. A doenças virais (como dengue, chikun-
1000 km
incidência, no Brasil, de pessoas porta- gunya, zika, síndrome respiratória do
doras do vírus ainda é elevada, com Oriente Médio e febres hemorrágicas)
130.840
uma estimativa de aproximadamen- pela velocidade com que tais doenças
38.870 te 830 mil infectados (quase 0,4% da têm se alastrado. A partir de 2015 o Bra-
população). Os números brasileiros sil se transformou em palco do maior
200 são mais altos do que a incidência es- surto de zika já observado, quando a
Labmundo, 2017

timada no Canadá (0,2%), Indonésia Organização Mundial de Saúde (OMS)


*Não foram representados
países com menos de 200 casos. (0,27%) e Argentina (0,21%), enquan- declarou emergência e empenho da
to que EUA (0,42%), Rússia (0,75%), saúde pública internacional no com-
Fonte: OMS, 2017. África do Sul (1,27%), Angola (1,28%) e bate ao vírus. Segundo a instituição, o
Nigéria (1,92%) apresentam estimativas vírus se espalhou de forma muito rápi-
mais elevadas. O controle, contudo, da da em pouco tempo. Atualmente, cer-
governo, o índice de contaminados quantidade de pessoas infectadas ainda ca de 48 países já registraram casos de
no país tem crescido bastante nos últi- é um dos principais desaios do Brasil zika vírus, sendo as Américas a região
mos anos. A falta de informação pode e de outros países em desenvolvimento. de maior incidência e o Brasil o país
ser considerada um dos principais fato- Diversas epidemias estão diretamente com o maior número de casos com-
res de proliferação. O índice de infec- associadas à falta de informação, sane- provados. O vírus é conhecido há mais
tados pelo HIV é maior em regiões em amento básico e acesso a água potável. de 50 anos e transmissível não apenas
que a população tem menos acesso à in- Algumas doenças têm um caráter mais pelo mosquito Aedes aegypti. É inegá-
formação e a meios de prevenção. Den- endêmico e a incidência delas também vel, contudo, que além das condições
tre os principais fatores de aumento do está ligada a condições climáticas do climáticas favoráveis, as precárias con-
dições de saneamento nas regiões Norte
e Nordeste (também as mais pobres do
ACESSO A SANEAMENTO BÁSICO país) são um fator determinante para a
Porcentagem da população com acesso a saneamento básico, por país, em 2015
concentração do vírus. Como é possível
perceber, pelos exemplos citados, as di-
mensões sociais e econômicas ainda re-
presentam uma das principais ameaças
ao controle e extinção das grandes epi-
demias globais.

VEJA TAMBÉM:
100 Segurança ambiental p. 38
Labmundo, 2017

90 Insegurança alimentar p. 40
66
Energia e meio ambiente (Atlas da PEB) p. 34
1000 km 33 Sem dados
0
disponíveis Ameaças internacionais (Atlas da PEB) p. 48
Fonte: Banco Mundial, 2017.

ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E F ES A 43


Terrorismo e combate. Foram estabelecidas con-
dicionalidades para a ajuda ao desen-
volvimento para países supostamente

crime organizado envolvidos ou omissos, a OCDE mo-


diicou o conceito de ajuda oicial ao
desenvolvimento para incorporar pro-
gramas de cunho militar, assim como
foi dada ênfase às medidas de combate
e contraterrorismo ao invés da preven-
ção e de uma abordagem econômica e
social das possíveis causas. A falta de
consenso quanto a um conceito uni-
versalmente aceito sobre terrorismo
resulta em sua lexibilização e instru-
Outras ameaças à segurança também ameaças transnacionais, constante- mentalização de acordo com conveni-
agregam mais incertezas globais para mente veiculada na mídia no século ências políticas. Não é raro que casos
além da competição pelo poder pelos XXI, o terrorismo, não tem uma dei- semelhantes sejam deinidos diferen-
Estados em um sistema internacional nição consensual, assim como não são temente de acordo com fatores so-
anárquico. Organizações criminosas homogêneas suas políticas de comba- ciais (etnia e nacionalidade do grupo
e terroristas são exemplos de grupos te e prevenção. Com exceção da Reso- ou indivíduo que promoveu o ataque)
não estatais que afetam a segurança e lução 1373 da ONU, que foi aprovada e posicionamento político (governos
o bem-estar da população. Todo che- por unanimidade em 2001, em um autoritários tendem a classiicar atos
fe de Estado hoje em dia está sujei- espírito de solidariedade que conde- de seus opositores como terroristas
to não apenas a tensões que possam nava os ataques de 11 de setembro, as para deslegitimá-los). Além disso, a
ocorrer no âmbito das relações diplo- articulações de deinição e comba- maior quantidade de vítimas do ter-
máticas, com outras nações, mas tam- te ao terrorismo têm caráter regional. ror está nos países do Sul, embora os
bém em relação a esses grupos, cuja Após os ataques, o tema foi colocado ataques mais noticiados sejam na Eu-
ação traz riscos à segurança nacio- na agenda do Conselho de Seguran- ropa ou nos EUA, o que também ilus-
nal, à soberania dos Estados e à geo- ça da ONU estabelecendo-se a ten- tra a seletividade com a qual o tema é
política mundial. Uma das principais dência de securitizar a prevenção e o tratado.

No caso do crime organizado, este é


CONVENÇÃO PARA PREVENÇÃO E PUNIÇÃO AO TRÁFICO DE PESSOAS caracterizado por coletivos que ope-
Países signatários do UNCTOC, por país e data de ratificação, entre 2001 e 2015
ram crimes regularmente, por meio
de uma motivação prioritariamen-
te econômica e, em sua ampla maio-
ria, de prejuízo difuso, por não terem
efeito negativo direto a qualquer pes-
soa física ou jurídica. No entanto, é
interpretado pela lei como ilegal, por

OURO LATINO-AMERICANO
Exploração e produção de ouro na América Latina
Labmundo, 2017

2015
pelo Crime Organizado, por país, em 2013
2010
Assinou, mas não ratificou
1000 km 2005
Não assinou
2001
Fonte: sítio web UNTS Treaty Database, 2016.
200

REGIME DE COMBATE AO TRÁFICO E MANUFATURA ILEGAL DE ARMAS DE FOGO


Países signatários do Protocolo contra a Manufatura Ilegal e o Tráfico de Armas de Fogo, entre 2001

100
ia

Eq a

il

ico

u
do

as
gu

el

bi

r
lív

Pe
ia
zu

éx
m

Br
ua

Bo

Gu

M
ne
ca

Co
Ve
Ni

Total de ouro exportado (toneladas)

Ouro exportado ilegalmente (toneladas)


Labmundo, 2017

Labmundo, 2017

Valor da produção ilegal (milhões de dólares)


1000 km Assinou e ratificou 2.600
Assinou, mas não ratificou
700
Não assinou, nem ratificou Fonte: Global Initiative against
100
Fonte: Sítio web UNTS Treaty Database, 2016. Transnational Organized Crime, 2016.

44 ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E FES A


BRASIL, DISTRIBUIÇÃO DE PODER E ORDEM GLOBAL

VÍTIMAS DO TERROR
Índice Global de Terrorismo, por país, em 2014 10 principais países com mais vítimas de atentados
terroristas, em milhares, em 2014

Total de vítimas
20
Vítimas fatais
15

10
10
7,5
5,0
5
2,5

Labmundo, 2017

Labmundo, 2017
1000 km
0

ão
e

eg ria

Pa tão

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Ta ia
a

ia
en
Sem dados

qu

di

ál
Líb

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m
Ín
is

m
disponíveis

g
Ira

ilâ
qu


an
Ni

So
Af
Fonte: Institute for Economics and Peace, 2015. Fonte: Institute for Economics and Peace, 2015.

ser moralmente ofensivo, além de pre- TRÁFICOS DE PESSOAS DA AMÉRICA DO SUL PARA O MUNDO
Principais destinos e quantidade estimada de pessoas traficadas da América do Sul para outras regiões e
judicar economicamente a sociedade. internamente, em 2014
Ademais, essa modalidade de crime de-
senvolve capacidades organizacionais,
coercitivas, técnicas e políticas que são Europa Ocidental
e Europa Central
9
funcionais à execução desses crimes, América do Norte,

10
América Central e
sejam elas integral ou parcialmente ilí-

54
Caribe

citas. Nos estudos sobre a origem do


Leste Asiático,
inanciamento de organizações crimi- Sul Asiático e
Pacífico
nosas, há, ainda, a constatação do au- 18

mento da extração ilegal de ouro como 1000 km

uma das principais vias de inancia-


mento de organizações envolvidas em

a d o S ul
atos de terror, guerrilha e outros cri-

2
Tráfico entre 73
mes, no continente latino-americano.

é r ic
regiões
Uma das motivações para esse aumen-

Am
a
to foi a migração considerável dos gru- Tráfico dentro Trá sd
dos países fi co e n tre p aís e
pos ligados ao tráico de drogas para a

Labmundo, 2017
mineração de ouro, justiicada princi- Tráfico dentro
da região Se a estimativa de 871 vítimas
palmente pelo fato de ser uma produ- de tráfico doméstico dentro dos
países sul-americanos fosse
representada no mapa, a seta
ção artesanal e bastante fragmentada, teria essa espessura.
em especial na América Latina. Den- Fonte: United Nations Office on Drugs and Crime, 2014.
tre os crimes e outros danos relaciona-
dos ao crime organizado, destacam-se
a lavagem de dinheiro, a corrupção, o Trazendo à tona os crimes relativos à atuar em conjunto para frear os luxos
deslocamento forçado de populações, lavagem de dinheiro, à evasão iscal e inanceiros ilegais, o que requer a cola-
a destruição ambiental acelerada, a ex- aos luxos inanceiros ilícitos, há de se boração na administração e regulação
ploração trabalhista, o tráico de pesso- ressaltar uma tendência, por parte de das inanças, na transparência, além de
as e armas. organizações como a ONU, OCDE e uma cooperação internacional proa-
Banco Mundial, de associar tais ativi- tiva. Em síntese, como se trata de um
dades aos países em desenvolvimento, mal que atinge a todos indiscriminada-
FLUXOS FINANCEIROS ILÍCITOS colocando-os como os mais afetados mente, os países desenvolvidos necessi-
Principais operadores de fluxos ilícitos, citados no por esses crimes, por concentrarem as tariam assumir a responsabilidade em
Panama Papers, em quantidade de mediadores,
por país, em 2015
atividades de corrupção, fraudes no prevenir as operações dos mediadores
1000 2000
comércio internacional e evasão de im- dos luxos ilícitos em seus territórios,
Hong Kong
postos. O argumento dessas organiza- enquanto os países em desenvolvimen-
Reino
Unido ções baseia-se no fato de que cerca de 1 to deveriam fortalecer seus regimes le-
Suíça
trilhão de dólares são drenados anual- gais e regulatórios, para tornarem-se
mente dos países em desenvolvimento, menos suscetíveis às atividades que ge-
EUA
com destaque para os países do conti- ram luxos inanceiros ilícitos e lava-
Panamá nente africano. No entanto, com os re- gem de dinheiro.
Guatemala *Mediadores são bancos, escritórios
centes vazamentos dos Panama Papers,
de advocacia e incorporadoras de icou evidenciado como os principais
empresas que contribuiram no
Luxemburgo processo de gerenciamento ou operadores dos luxos inanceiros ilí- VEJA TAMBÉM:
transferência desses fluxos ilícitos.
Brasil citos são provenientes dos países de- Mecanismos internacionais p. 30
Labmundo, 2017

senvolvidos, como o Reino Unido, Drogas ilícitas p. 46


Equador
EUA e Suíça, por exemplo. Dessa for- Energia e meio ambiente (Atlas da PEB) p. 34
Uruguai ma, tanto os países em desenvolvimen- Defesa regional (Atlas da PEB) p. 90
Fontes: Sítio web do Panama Papers, 2016; ICIJ, 2017. to, como os desenvolvidos precisariam

ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E F ES A 45


Problema mundial do presidente estadunidense Richard
Nixon, da “guerra às drogas” em ju-
lho de 1971. Sob o manto desta inicia-

das drogas ilícitas tiva proibicionista, crescentemente


aprofundada pelo governo dos EUA
nos últimos 40 anos, foram criadas
instituições de combate ao comércio
de drogas ilícitas, além de diversas in-
ciativas de cooperação internacional
capitaneadas pelos EUA. No “hemis-
fério ocidental”, termo utilizado pelo
governo estadunidense para se referir
às Américas, os esforços sob a égide
Uma das principais temáticas da agen- movam bilhões de dólares anualmen- da “guerra às drogas” foram intensos.
da global de segurança é o problema te. À medida que se aprofundaram o Os EUA buscaram inluenciar os go-
mundial das drogas ilícitas. O consu- capitalismo e a globalização, a deman- vernos locais a militarizarem o com-
mo de drogas ilícitas não é algo recen- da por drogas ilícitas (maconha, mas bate à produção e comércio de drogas
te na história da humanidade, nem o sobretudo cocaína, heroína e drogas ilícitas porque identiicavam, naquele
uso ritual ou o consumo tradicional sintéticas) cresceu vertiginosamente, continente, a origem de drogas como
de psicotrópicos pode ser considera- gerando implicações de saúde pública maconha e cocaína. Os luxos de aju-
do um fenômeno sem trajetória histó- e guardando relação importante com da militar dos EUA para esta questão
rica. No entanto, nos últimos 50 anos, a escalada da violência nas grandes ci- foram vultuosos em países como Mé-
a maioria dos Estados no sistema in- dades. No caso das substâncias não xico e Colômbia, como a Iniciativa
ternacional têm progressivamente mo- sintéticas, como maconha e cocaína, Mérida e o Plano Colômbia, respec-
bilizado seus aparatos de segurança e grande parte de sua produção se dá em tivamente. Esses acordos de coopera-
defesa para coibir produção, consumo países em desenvolvimento enquanto ção securitária com os EUA visam ao
e distribuição de drogas consideradas larga parte de seu mercado está loca- combate ao tráico de drogas, crime
ilícitas. Drogas foram declaradas ilíci- lizado em países desenvolvidos, noto- organizado transnacional e lavagem
tas e a repressão ao comércio ilegal des- riamente os EUA e Europa Ocidental. de dinheiro. As ações previstas in-
tas substâncias mobiliza considerável cluem treinamento, fornecimento de
quantidade de mão de obra. Ademais, O divisor de águas na questão das dro- equipamentos e inteligência. O prin-
estima-se que as redes de narcotráico gas ilícitas foi a declaração, por parte cipal instrumento dos recipientes des-
te tipo de programa é o envolvimento
das forças armadas em operações an-
CONSUMO ILÍCITO DE ENTORPECENTES tidrogas. É necessário ressaltar que
Quantidade total estimada de usuários de cocaína, em milhares, por região, em 2014 esta cooperação atende aos interesses
estratégicos e de segurança dos EUA -
mormente o do não transbordamento
Europa
Oriente
da violência relacionada ao narcotrá-
América
Ásia do Norte Médio ico - e aos dos governos recipientes –
Caribe Norte da ganhos eleitorais com os programas e
África
aproximação política dos EUA.
América
Central
5290 No passado, o envolvimento do Bra-
América África
Oceania do Sul Sub-saariana sil era limitado e se dava por ser um
pequeno mercado consumidor e
Labmundo, 2017

1000 km
860 uma rota de passagem de drogas ilí-
citas para os países do Norte. Atual-
Fonte: UNODC, 2015.
30
mente, o consumo e a produção de
psicotrópicos no país cresceu. Além
disso, o Brasil passou a ter maior en-
Quantidade total estimada de usuários de cannabis, em milhares, por região, em 2014 volvimento com a lavagem de dinhei-
ro decorrente do tráico. Isso suscita
discussões sobre o tráico domésti-
Europa
Oriente co de drogas, a necessidade de prote-
Ásia América
do Norte
Médio
ger as fronteiras e os efeitos nocivos
Caribe
Norte da
África
que o uso destas substâncias podem
produzir em termos de saúde pública.
América
Central Quanto à ajuda militar estadunidense
para lidar com a questão, o volume de
Oceania
45900 América
do Sul África
Sub-saariana
recursos recebidos pelo Brasil é mui-
to reduzido, se comparado com os
Labmundo, 2017

16030
1000 km demais grandes países latino-ameri-
canos. A inluência daquele país jun-
700
Fonte: UNODC, 2015. to ao governo do Brasil foi reduzida

46 ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E FES A


BRASIL, DISTRIBUIÇÃO DE PODER E ORDEM GLOBAL

partir de 2003. A agenda dos EUA RESPOSTA SUL-AMERICANA À GUERRA ÀS DROGAS


era que o Brasil envolvesse direta- Total e evolução da ajuda militar estadunidense para ações antinarcóticos no hemisfério ocidental,
entre 2001 e 2013
mente suas forças armadas em opera- Somente valores acima de 200 mil
ções antidrogas e também criasse uma estão representados
agência federal diretamente dedica- Variação entre 2001* e 2013:
da à questão, aos moldes do Drug En- Redução Crescimento
forcement Agency (DEA) dos EUA.
Criada a 1998, a Secretaria Nacional

-1

-9

-5

0%

+
25

50
00

0%
9%
Antidrogas parecia ser um embrião

%
%
do DEA na administração pública
federal, mas teve função e signiica- Valores totais recebidos entre 2001 e 2013,
em milhões de dólares:
do modiicados depois de 2003, mais 63,3
focalizada em formular políticas pú-
blicas para a questão das drogas. No 25

entanto, isso não signiica que a ques- 10


tão das drogas no Brasil não assuma
0,2
contornos militarizados. O consu-
mo de drogas ilícitas no Brasil é pas-
sível de repressão policial e as polícias
militares estaduais estão a cargo des- No inal dos anos 1980 foi esta-
ta tarefa, sendo bastante elevadas as belecido o regime internacional
estatísticas de mortes e violações de de Combate ao Tráico de Dro-
direitos humanos relacionadas ao trá- gas Ilícitas e Psicotrópicos, com 25 km
ico de drogas. Além disso, as forças forte apoio do governo dos EUA.
armadas brasileiras têm sido utiliza- O maior número de adesões a
das, desde a segunda metade dos anos este regime ocorreu entre mea-

Labmundo, 2017
2000, em grandes operações de ocu- dos dos anos 1990 e começo dos *Aruba recebeu contribuição a partir de 2004
e as Ilhas Cayman receberam a partir de 2008
pação militar de complexos de fave- anos 2000, período que coin-
las na cidade do Rio de Janeiro, com a cide com a intensiicação da Fonte: Sítio web da USAID, 2016.
missão de garantir a segurança neces- “guerra às drogas”. A partir do
sária para a organização dos megae- inal dos anos 2000, a nar-
ventos esportivos na cidade, como a rativa calcada na proibição passou a exemplos, pode-se mencionar Uru-
Copa do Mundo de Futebol em 2014 ser largamente contestada por setores guai, Países Baixos, alguns mem-
e os Jogos Olímpicos de 2016. da comunidade internacional e den- bros da União Europeia e estados dos
tro do governo dos EUA. Isso se deve EUA. No âmbito regional imediato,
ao fato de que, passados mais de qua- a própria Unasul considera a questão
REAÇÃO À GUERRA CONTRA DROGAS renta anos de esforços repressivos, o das drogas um problema de saúde pú-
Quantidade total da ajuda militar estadunidense consumo de drogas ilícitas não se re- blica em detrimento de uma aborda-
para principais ações antinarcóticos na América
Latina, por países, em milhões de dólares (valores duziu substancialmente e tais políti- gem securitária.
correntes de 2014), entre 2001 e 2013 cas deixaram, em especial nos países
2001 2007 2013 em desenvolvimento, um saldo eleva-
do de mortes em espirais de violên- VEJA TAMBÉM:
cia. Assim, o sistema internacional Mecanismos internacionais p. 30
México
já contabiliza iniciativas inovadoras Drogas ilícitas p. 46
de políticas de drogas como descri- Terrorismo e crime organizado p. 44
minalização e legalização do consu- Pobreza e desigualdade (Atlas da PEB) p. 44
Peru
mo de algumas substâncias. Como
Colômbia

COMBATE MUNDIAL AO TRÁFICO DE DROGAS ILÍCITAS E PSICOTRÓPICOS


Adesão à Convenção de Combate ao Tráfico de Drogas Ilícitas e Psicotrópicos, por país e data de
ratificação, entre 1989 e 2014

Equador

Brasil

2014
2007
242,1
2001
Labmundo, 2017

1000 km
1995
63,3
Labmundo, 2017

*Não houve ajuda militar do 1989


Departamento de Defesa dos Sem dados
1,6 EUA para o combate ao disponíveis
narcotráfico em 2015
Fonte: Sítio web UNTS Treaty Database, 2016.
Fonte: Sítio web da USAID, 2016.

ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E F ES A 47


Segurança e computadores para tirar de operação
um serviço, computador ou rede. Há
uma tendência global de crescimento

defesa cibernética no número de ataques cibernéticos.

O debate sobre o papel da defesa no


espaço cibernético – e a consequente
transformação nas forças armadas – tor-
nou-se importante na política interna-
cional porque países e organizações
como Alemanha, Brasil, China, EUA,
Rússia e OTAN estão se moldando a
este ambiente operacional, alocando
recursos e criando políticas de defe-
O progressivo uso das novas tecnolo- dólares são perdidos todos os anos na sa cibernética. Outro aspecto peculiar
gias de comunicação e informação na economia mundial devido ao uso no- desta seara é que a concentração de po-
vida diária das sociedades enseja um civo do espaço cibernético. der militar tradicional por Estado pode
novo tema na segurança internacional: não se traduzir em preponderância no
a segurança cibernética. Espionagem O Brasil é vítima de ataques provenien- espaço cibernético. A guerra ciberné-
virtual, crimes cibernéticos, guerra ci- tes de diversos países do mundo, em tica corresponde ao uso ofensivo e de-
bernética e terrorismo cibernético são especial da China e dos EUA. Os ata- fensivo de informações e sistemas de
desaios com os quais os Estados na- ques mais identiicados são as fraudes informações para negar, explorar, cor-
cionais precisam lidar no século XXI. (tentativas de obter vantagem via uso romper ou destruir valores do adversá-
Países como os Estados Unidos da de artifícios informacionais), “scan” rio baseados em informações, sistemas
América, Reino Unido, Alemanha, (varreduras em redes de computado- de informação e redes de computado-
China e Brasil são origem e alvo mas- res, com o intuito de identiicar quais res. Os alvos podem ser militares ou
sivo de ataques cibernéticos. Também computadores estão ativos para empre- civis. Já a defesa cibernética é o conjun-
são vultuosos os prejuízos econômi- ender ataques) e ataques de negação de to de ações defensivas, exploratórias e
cos causados pelo crime cibernético no serviço (Dos), em que o atacante utili- ofensivas a cargo do aparato de defesa
mundo. Estima-se que 400 bilhões de za um computador ou um conjunto de do Estado visando a prevenir ou contra
-atacar ações de outrem. Uma menção
especial deve ser feita aos potenciais da-
PODER NO CIBER-ESPAÇO nos às infraestruturas críticas da infor-
Índice global de ciber-segurança, por país, em 2015
mação, ou seja, instalações, serviços,
bens e sistemas cuja interrupção ou
destruição pode provocar sério impac-
to social, econômico, político, interna-
cional ou à segurança do Estado e da
sociedade. Quando todos dependem
de tecnologias da informação ataques
cibernéticos podem prejudicar a conti-
0,824 nuidade da missão do Estado e a segu-
0,600 rança da sociedade.
Labmundo, 2017

0,400 Maiores índices:


0,200 EUA - 0,824
1000 km Canadá - 0,794 O êxito em gerar legislação internacio-
0 Austrália, Malásia e Omã - 0,765
Sem dados
Nova Zelândia e Noruega - 0,735
Brasil, Estônia, Alemanha, Índia
nal, no entanto, ainda é muito limita-
Fonte: ITU, 2015. disponíveis e Japão - 0,706 do. A Convenção de Budapeste contra
o cibercrime, proposta pelo Conselho
da Europa (2001), maior tratado multi-
PROPOSTA EUROPEIA CONTRA O CIBERCRIME lateral sobre o tema e aberta a adesões
Adesão à Convenção de Budapeste contra o cibercrime, proposta pelo Conselho da Europa, por país e
data de ratificação, em 2016 de fora daquele continente, não possui
muitos signatários, o que denota a dii-
culdade de criar mecanismos de coope-
ração sobre o tema. Num ambiente de
incerteza como o do espaço cibernéti-
co, evita-se abdicar de soberania e pre-
fere-se maximizar poder nacional. Isso
pode ser exempliicado pelo peso dado
à questão da espionagem. Em 2013 os
Período de EUA utilizaram seu aparato de segu-
ratificação:
2016 rança para obter ilegalmente informa-
Labmundo, 2017

2010 Não participam ções de governos e empresas públicas


1000 km
2005 Participam da convenção, do Brasil e da Alemanha. Uma resolu-
2002
mas não assinaram
ção repudiando o uso do espaço ciber-
Assinaram a convenção,
Fonte: Council of Europe, 2016. mas não ratificaram nético para a espionagem foi aprovada

48 ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E FES A


BRASIL, DISTRIBUIÇÃO DE PODER E ORDEM GLOBAL

por unanimidade na Assembleia Ge- PREJUÍZO CAUSADO PELO CIBERCRIME NO MUNDO


10 maiores prejuízos absolutos, valores estimados, 10 maiores prejuízos em % do PIB, valores estimados,
ral das Nações Unidas. Em seus debates, em bilhões de dólares, em 2013 em 2013
os BRICS demonstram preocupações 20 60 100 0,4 0,8 1,2 1,6
comuns em evitar a espionagem esta- EUA Alemanha

dunidense e há modestas iniciativas de Alemanha Países


Baixos
coordenação, como a instalação de um China Noruega

cabo de ibra óptica ligando aqueles pa- Países


Baixos EUA

íses. Do ponto de vista das capacidades, Brasil China


Reino
o índice global de ciber-segurança men- Unido Cingapura

sura a prontidão institucional dos Es- Índia Brasil

Labmundo, 2017
Arábia
tados nacionais no espaço cibernético, Saudita Índia

levando em consideração aspectos legais, Noruega Irlanda

técnicos, organizacionais, de construção Canadá Zâmbia

de capacidades e cooperação internacio- Fontes: Symantec, 2014; Banco Mundial, 2016.


nal. O Brasil é bem posicionado regio-
nal e globalmente por suas iniciativas
políticas e mecanismos criados para li- CIBERATAQUES NO MUNDO
Origens de ataques cibernéticos por aplicação Alvos de ataques cibernéticos por aplicação
dar com os desaios do ciberespaço. web, em %, entre janeiro e abril de 2016 web, em %, entre janeiro e abril de 2016
60 60
Essa temática foi inserida na agenda
do Estado brasileiro nos anos 2000.
Na política de defesa, o marco inicial 40 40
para os esforços brasileiros para lidar
com a ameaça cibernética é a II Políti-
ca de Defesa Nacional (2005), seguida 20 20
pela deinição pelo Estado Brasileiro
do que entende como guerra ciberné-

Labmundo, 2017
tica no Glossário das Forças Armadas
(2007). A Estratégia Nacional de De-
a

s
ia

Al nido

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ng o

Ou a
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sB á

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U
em
R

J
fesa (2008) deiniu o setor cibernético

C
o

o
Re
í
Pa

como estratégico e prioritário, respon- Fonte: Akamai, 2016.


sabilizando o Exército Brasileiro por
seu desenvolvimento. Em 2010, o
Exército Brasileiro instituiu seu setor CIBERATAQUE NO BRASIL
cibernético, o Centro de Defesa Ci- Quantidade de ataques reportados ao CERT, Quantidade de ataques reportados ao CERT,
por tipo, em milhares de ataques, em 2014 por ano, entre 1999 e 2014
bernética, realizou compras de antiví-
rus para todo o Exército Brasileiro e 400
1.047.031 incidentes
treinou militares no exterior. O Livro reportados em 2014

Branco de Defesa Nacional (2012) lis- 300


ta recursos para a defesa cibernética da
ordem de R$ 839 milhões até 2031, evi- 200
denciando planos de longo prazo. Em
2014, foi lançada a Doutrina Militar de 100
Labmundo, 2016

Labmundo, 2017

Defesa Cibernética, documento elabo-


rado pelo Estado-Maior Conjunto das 3.107 incidentes
Forças Armadas para balizar as ações
eb
de

m
s

s
o
an

Do

tro

reportados em 1999
or

W
au

Sc

va

Ou
W
Fr

de defesa no espaço cibernético. As ca-


In

Fonte: sítio web CERT, 2016. Fonte: sítio web CERT, 2016.
pacidades instaladas foram testadas a
partir de 2012, com a conferência am-
biental Rio+20, seguida pela Copa das Principais origens dos ataques ao Brasil, por quantidade de ataque e por país, em 2014
Confederações (2013), Copa do Mun-
do (2014) e Jogos Olímpicos (2016). O
Rússia Países Baixos
objetivo é evitar os ataques às infra- Canadá
4.3 4 França Alemanha
5.96
2

estruturas críticas e negação de servi- Coreia 9


7.2

8 Turquia
China do Sul EUA
7

ço e também prevenir, em momentos


46

70.
9.9

67
de projeção internacional, que ativis- 4

tas cibernéticos maculem a imagem do


96
6.5

Brasil na internet. 4.60


6
72

70.8
83 6. 0
VEJA TAMBÉM:
1000 km
Labmundo, 2017

Mecanismos internacionais p. 30
Capacidades militares p. 28
Terrorismo e crime organizado p. 44 O Brasil recebeu o total de 1.047.031 ataques em 2010,
sendo que 789.251 foram provenientes do próprio território.
Ameaças internacionais (Atlas da PEB) p. 48 Fonte: sítio web CERT, 2016. 75,38%

ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E F ES A 49


Capítulo 3:

GEOPOLÍTICA DA
AMÉRICA DO SUL

Enara Echart Muñoz


Enara Echart Muñoz
A América do Sul pode ser entendida como o núcleo do entorno estratégico da política
brasileira de defesa, que também compreende países e territórios situados em outras
regiões próximas, como o Atlântico Sul, a costa ocidental da África e a Antártida. O que
o Estado brasileiro julga prioritário defender e quais são suas reais capacidades de ação?
Quais são as dificuldades enfrentadas pelos governos de turno para implementar a
política brasileira de defesa? No início do século XXI, os processos de integração
regional da América do Sul são parte de um novo ciclo político na região, distinto de
todas as conjunturas políticas vivenciadas desde as independências no início do século
XIX até o final do século XX. Nesse novo ciclo político, forças progressistas das nações
sul-americanas, lideradas por alguns de seus governos, buscaram organizar uma nova
perspectiva coletiva sobre o lugar da região na geopolítica internacional. Esse processo
não foi consensual entre grupos políticos e econômicos domésticos e tem-se
confrontado com a persistente hegemonia estadunidense na região. A emergência de
países asiáticos, principalmente da China, e a presença residual de antigas metrópoles
europeias na região tornam ainda mais complexa a dinâmica geopolítica regional e os
processos de integração sul-americana. O Brasil cumpriu papel decisivo nesse contexto,
tanto em termos de liderança compartilhada no auge desses processos, quanto em
termos de reduzida ambição regional na conjuntura crítica pós-2016. Na concepção
deste capítulo do Atlas, a integração regional apresenta três dimensões estratégicas: 1- a
sua interação com a divisão internacional do trabalho e o sistema de poderes e institu-
ições multilaterais; 2- a organização de novas formações socioeconômicas; e 3- a
emergência de novos atores sociais. O tema da defesa e da segurança regional é direta-
mente relacionado com, pelo menos, as duas primeiras dimensões dos processos de
integração sul-americana e, por esse motivo, é fundamental o estudo das relações
estabelecidas entre o Brasil e seus vizinhos do chamado entorno estratégico. Nesse
sentido, o presente capítulo trata das interações políticas, econômicas e identitárias que
estão em curso na política brasileira de defesa para a América do Sul.
Entorno O artigo 4º da Constituição de 1988 es-
tabelece que o Brasil regerá suas rela-
ções internacionais pela cooperação e

estratégico integração com os países da América


Latina. Essa orientação é seguida pelo
Livro Branco da Defesa Nacional, que
descreve que a ênfase da política de
defesa do Brasil consiste na coopera-
ção com seu entorno geopolítico ime-
diato, formado pela América do Sul,
Atlântico Sul, costa ocidental da Áfri-
ca e Antártida. Nas duas últimas dé-
cadas, as ações brasileiras no Atlântico
ENTORNO GEOPOLÍTICO ESTRATÉGICO Sul e a maior cooperação com os pa-
Área do entorno geopolítico imediato do Brasil, segundo definição pelas Forças Armadas do Brasil
íses africanos fortaleceram a presen-
Cabo Verde ça brasileira nessas regiões, como, por
São Pedro e
exemplo, por meio da constituição da
São Paulo Zona de Paz e Segurança do Atlântico
Sul (Zopacas), em 1986. Em paralelo, a
presença brasileira na América do Sul
Fernando de Noronha passou também por um processo de
aprofundamento.

O Brasil, que faz fronteira com nove


países sul-americanos, além da Guia-
Trindade e Martins Vaz
na Francesa, possui na colaboração em
temas de defesa com seus vizinhos um
dos pilares de sua atuação na região.
Dos cerca de 16 mil quilômetros da
Países da América do Sul
fronteira brasileira, aproximadamente
12 mil correspondem à Amazônia Le-
Países Membros da Zopacas
gal, fato que torna o monitoramento
Zona econômica exclusiva brasileira da região uma das prioridades do con-
Atlântico Sul trole de fronteiras. Nesse sentido, as
*Argentina e Uruguai são membros da Forças Armadas do Brasil instituíram a
500 km Zopacas
Operação Ágata, que faz parte do Pla-
no Estratégico de Fronteiras do Go-
verno Federal. A operação, realizada
desde 2011, é destinada a coibir delitos
Labmundo, 2017

transfronteiriços, como contrabando


e narcotráico, e possui edições com
Fonte: Livro Branco de Defesa Nacional, 2012 mais militares nos períodos dos me-
ga-eventos que o país sediou, a Copa
das Confederações (2013), a Copa do
OPERAÇÕES ÁGATA E CONTROLE DE FRONTEIRAS Mundo (2014) e as Olimpíadas (2016).
Evolução do efetivo total e da participação de militares nas operações Ágata, em milhares, Além disso, o governo também esta-
entre 2011 e 2016
5 10 15 20 25 30 beleceu o Programa Nacional de De-
Ágata 1
agosto 2011 senvolvimento da Faixa de Fronteira,
Ágata 2
*Os efetivos totais das Operações Ágata 8 e 10
são quantidades aproximadas. Não há dados
devido à interdependência entre defe-
setembro 2011
que distingam militares e funcionários de outras sa e questões socioeconômicas.
Ágata 3 agências na operação 8.
dezembro 2011
Ágata 4 Uma das estratégias brasileiras para im-
maio 2012
plementar a cooperação com os paí-
Ágata 5
agosto 2012 ses da América do Sul é a realização
Ágata 6 de exercícios militares conjuntos, em
outubro 2012
que os oiciais têm a oportunidade de
Ágata 7
junho 2013 realizar treinamentos e simulações. A
*Ágata 8
principal operação conjunta é a Ope-
maio 2014 ração Fraterno, realizada desde 1978
Ágata 9
agosto 2015
pela Marinha Brasileira e pela Arma-
*Ágata 10
da Argentina. A operação possui como
Labmundo, 2017

outubro 2015 Efetivo total objetivo aprimorar o nível de opera-


Ágata 11
junho 2016
Efetivo militar bilidade entre ambas as Forças, assim
como promover um melhor relaciona-
Fonte: Sítio web do Ministério da Defesa, 2016. mento e conhecimento proissional e

52 ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E FES A


GEOPOLÍTICA DA AMÉRICA DO SUL

OPERAÇÕES FRATERNO AMPLIAÇÃO DAS ZONAS ECONÔMICAS EXCLUSIVAS


Meios navais utilizados em exercícios militares TO
Áreas pleiteadas à Comissão de Limites da ONU
conjuntos, entre 2006 e 2015 TA
L
20 20 20 20 20 20 20 20
06 08 10 11 12 13 14 15

Meios aéreos

ZEE original da Argentina


Corveta
ZEE da Argentina expandida
Pleito argentino de
expansão da ZEE
Navio
ZEE original do Uruguai

Fragata ZEE do Uruguai expandida

ZEE do Brasil
Carro anfíbio Pleito brasileiro de
expansão da ZEE

Submarino

Contratorpedeiro

Grupamento
de fuzileiros

1000 km
Grupamento de
mergulhadores

Malvinas
Reboque Ilhas Geórgia do Sul
e Sandwich do Sul

28
Labmundo, 2017

Marinha Brasileira *As edições de 2007 e 2009


13 foram canceladas a pedido
da Armada Argentina.
Armada Argentina 1

Fonte: Comando da Marinha via Portal da Transparência, 2016

de doutrinas. O planejamento e a exe- Brasil, Argentina e


cução do exercício ocorrem, alterna- Uruguai convergem,
damente, em cada um dos países e nas ainda, na importância
suas respectivas águas jurisdicionais. estratégica que confe-

Labmundo, 2017
Foram realizadas 8 operações nos últi- rem ao Atlântico Sul.
mos dez anos, em que foram utilizados Os três países formu-
submarinos, fragatas, corvetas, entre laram pedidos à Co- Fonte: Sítio web da Comissão de Limites da ONU, 2016.
outros meios navais e aeronavais. As missão de Limites da
duas Marinhas realizaram, ainda, entre Plataforma Continen-
1994 e 2002, a Operação ARAEX, cujo tal da ONU reivindicando a extensão de à Comissão, solicitando incremento de
objetivo era prover qualiicação, em suas respectivas águas jurisdicionais para cerca de 960.000 km². O pleito brasi-
operações a bordo de navios-aeródro- além das 200 milhas náuticas. Em 2014, leiro foi concedido apenas parcialmente
mo, aos pilotos da Armada Argentina. o Uruguai recebeu resposta airmativa em 2007 e, desde então, o Brasil refor-
ao seu pleito, e aumentou sua platafor- mulou seu pedido para assegurar o con-
Os Exércitos de Brasil e Argentina tam- ma continental para 350 milhas náuticas. trole sobre a área, signiicando que o
bém cooperam em diversas operações, Em 2016, a Argentina conseguiu a exten- aproveitamento de recursos dependerá
como a Hermandad, Yaguareté, Saci, são, incorporando área adicional ao seu de consentimento do governo brasilei-
Duende e Guarani, exercícios estabe- território marítimo. Entretanto, a situ- ro. Esse aumento adquiriu nova impor-
lecidos pela Conferência Bilateral de ação argentina é debatida na Comissão tância desde a descoberta de reservas de
Estado–Maior. Estes são realizados desde 2009, pois o pleito inicial requeria petróleo e hidrocarbonetos na camada
no território de ambos os países, com a incorporação da região das Ilhas Mal- do Pré-Sal. A Comissão de Limites man-
a utilização de tropas terrestres e aero- vinas e Sandwich do Sul, área de disputa teve em sua agenda a análise do pleito
móveis, simulando forças-tarefa. A co- com o Reino Unido, e de região próxi- brasileiro, aguardando a informação de
operação ocorre, ainda, entre as Forças ma à Antártida, que possui regime pró- dados que comprovem que a extensão
Aéreas, com destaque para as Opera- prio de ocupação, restrito à pesquisa e pedida pelo Brasil condiz com o prolon-
ções Prata e Cruzex. A Operação Prata deinido por tratado. A Comissão, por- gamento natural de seu território.
consiste em exercícios aéreos combi- tanto, não concedeu essas áreas críticas à
nados na região de fronteira entre Bra- soberania argentina.
sil e Argentina. Outros países vizinhos, VEJA TAMBÉM:
como Uruguai e Paraguai, participam A requisição de ampliação da plataforma Presença de potências extrarregionais p. 56
de exercícios combinados com as For- continental brasileira teve início com Amazônia Azul p. 64
ças Armadas brasileira e argentina de os trabalhos do Plano de Levantamen- Brasil: potência regional? p. 68
forma recorrente, o que contribui para to da Plataforma Continental Brasileira Cooperação regional em defesa p. 58
a cooperação a nível regional em defesa. e, em 2004, o Brasil submeteu proposta

ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E F ES A 53


América do Sul: na África Subsaariana, os quais gera-
ram consequências humanitárias gra-
ves e impactos substanciais no sistema

um continente internacional. Entre os conlitos intra-


estatais, deve-se ressaltar sua relação
direta com processos de desagregação
social e crises de toda ordem (econô-

pacíico? mica, ambiental, humanitária, polí-


tica). Revelam a falta de Estados com
capacidades institucionais adequadas
e, ademais, decorrem dos programas
de ajuste estrutural e dos processos de
globalização econômica e inanceira.
Alguns projetos de pesquisa, sedia- destaque para a violência intraesta-
dos em países centrais, buscam conso- tal. A América do Sul apresenta baixo Quando se abordam os conlitos in-
lidar bases de dados que registram os nível de ocorrência de conlitos intra- ternacionais, conforme alguns pes-
mais variados conlitos no sistema in- estatais, interestatais e disputas interes- quisadores, incluem-se aqueles cujo
ternacional. Há, no entanto, enormes tatais militarizadas. resultado é um número superior a 1000
limitações quanto à sua atualização e baixas – ou seja, a guerra – e também
principalmente quanto aos critérios de Entre 1990 e 2010, o espectro do con- aquelas disputas interestatais militariza-
classiicação dos conlitos. Talvez por lito, no plano global, caminhou para das com menor dimensão, como amea-
isso, a cartograia temática raramente uma predominância dos conlitos in- ças de uso da força, demonstração de
tenha abordado esse material de pes- traestatais em detrimento dos clássi- força ou pequenas escaramuças que en-
quisa. Apesar dessas limitações, é pos- cos conlitos interestatais. Do ponto volvem uso de força militar. Entre 2002
sível sublinhar algumas tendências: de vista interestatal, destaca-se a guerra e 2010, predominaram, no sistema in-
observou-se a redução no número de do Iraque, levada a cabo por uma coali- ternacional, ocorrências nas quais há al-
conlitos interestatais no pós-Guer- zão multinacional liderada pelos EUA guma demonstração (ou mesmo o uso)
ra Fria e uma concentração dos con- sem a autorização do Conselho de Se- de força, por parte de um dos países en-
litos na África e no Sul da Ásia, com gurança da ONU, e conlitos armados volvidos na disputa. Geograicamente,

TENSÕES NO MUNDO E NA AMÉRICA DO SUL


Disputas interestatais militarizadas de países da Quantidade absoluta de disputas interestatais militarizadas no sistema internacional, por região e
América do Sul, por país, entre 2002 e 2010 período, entre 2002 e 2010
Entre 2002 e 2004 Entre 2005 e 2007 Entre 2008 e 2010
EUA

20
20 20

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Labmundo, 2017
ia

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Ás

Ás

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Am O

Am

Am

Fonte: Palmer, D'Orazio, Kenwick e Lane, 2015.

Rússia Evolução do total de disputas interestatais militarizadas no sistema internacional, por tipo de disputa e
ano, entre 2002 e 2010
20 20 20 20 20 20 20 20 20 TO
02 03 04 05 06 07 08 09 10 TA
L
1000 km

Ameaça de
uso de força
Quantdade
de disputas
Demonstração
de força

1 2 3 Uso de força

*A origem da seta representa o país que iniciou a Guerra


disputa interestatal militarizada e o fim da seta
representa o outro país envolvido.
148

** Disputas interestatais militarizadas são casos de


conflito entre Estados em que há ameaça,
demonstração ou uso limitado de força militar por TOTAL
39
Labmundo, 2017

Labmundo, 2017

Estado explicitamente dirigidas ao governo,


representantes oficiais, forças oficiais, propriedade
ou território de outro Estado.
1

Fonte: Palmer, D'Orazio, Kenwick e Lane, 2015. Fonte: Palmer, D'Orazio, Kenwick e Lane, 2015.

54 ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E FES A


GEOPOLÍTICA DA AMÉRICA DO SUL

CONFLITUOSIDADE INTERESTATAL E INTRAESTATAL


Interestatal 1990-1998 Intraestatal 1990-1998

Interestatal 1999-2006 Intraestatal 1999-2006

Interestatal 2007-2014 Intraestatal 2007-2014

1000 km

Índice de violência Índice de violência


interestatal civil intraestatal
5 Quantidade de Quantidade de
guerras* conflitos* *Considera-se guerra quando há 9 Quantidade de

Labmundo, 2017
4 mais de 1000 baixas. 6 conflitos intraestatais
2 Considera-se conflito internacional 9
quando há de 25 a 999 baixas. 3 3
1 1
12 14 8 1

Fontes: Pettersson, Wallensteen, Gledistch et al., 2002.

veriica-se um número mais elevado de ocorreram duas disputas envolvendo relativamente pacíico, do ponto de
disputas no continente africano, sul asi- atores extrarregionais. Em 2002, a Rús- vista da violência interestatal. Quan-
ático e Oriente Médio. sia protestou contra a apreensão pela to ao entorno estratégico expandido
Argentina de um barco pesqueiro de – entendido como a projeção dos in-
A literatura que aborda a geopolíti- bandeira russa cuja tripulação alegou teresses brasileiros para o continente
ca sul-americana compartilha um con- estar pescando em águas internacio- africano -, veriicam-se naquele con-
senso relativo de que a utilização de nais, quando, de fato, estavam pescan- tinente pontos de conlito intraestatal
teorias do tipo “dilema de segurança” do em águas territoriais argentinas. Em e interestatal que podem gerar desa-
não são totalmente aplicáveis ao conti- 2010, um incidente internacional entre ios para o Brasil. Em seu esforço de
nente. Historicamente, desenvolveu-se EUA e Venezuela foi gerado porque o projeção internacional, o Brasil po-
uma zona de não guerra, o que não ne- governo venezuelano ordenou que ca- derá ter de lidar com focos de tensão
cessariamente signiica dizer uma zona ças fossem interceptar um avião militar na África, contribuindo com efetivos
de paz. O sistema de equilíbrio de po- estadunidense que, alegadamente, inva- em operações de paz, cooperação in-
der sul-americano resultou da mitiga- diu o espaço aéreo venezuelano duas ve- ternacional ou atuando como media-
ção das tensões entre Brasil e Argentina zes num total de 34 minutos. O Brasil, dor de crises.
materializada nos acordos de Tlatelo- neste período, envolveu-se numa dispu-
co, abrindo caminho para um processo ta militarizada com o Peru: 100 milita-
de regionalização da segurança em uma res brasileiros ultrapassaram a fronteira VEJA TAMBÉM:
comunidade plural. Foi possível, no com aquele país, em meio a uma dispu- Cooperação regional em defesa p. 58
entanto, identiicar algumas disputas ta entre cidadãos de ambos os países. Brasil: potência regional? p. 68
menores no período 2002-2010. Desta- Presença de potências extrarregionais p. 56
que-se as tensões regionais entre Vene- As evidências sugerem que o entor- Integração regional (Atlas da PEB) p. 86
zuela, Colômbia e Equador. Também no estratégico imediato do Brasil é

ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E F ES A 55


Presença de patrulhar as águas internacionais no en-
torno da América do Sul. Embora o Bra-
sil e a Argentina sejam os únicos países

potências da América do Sul sem acordo de coo-


peração militar vigente em 2016, ambos
têm histórico de parceria com a potên-
cia norte-americana. No século XXI, a

extrarregionais maior base estadunidense na América


do Sul situava-se em território do Equa-
dor. Entretanto, em 2009, o governo
equatoriano não renovou a concessão da
base de Manta aos EUA, e as tropas es-
tadunidenses retiraram-se do local e de-
O receio de perder parte de seu terri- um território ultramarino da França volveram o controle daquela instalação.
tório, principalmente na Amazônia, que abriga a base de Caiena, além do Como alternativa, os EUA negociaram a
foi um dos elementos que deu origem Centro Espacial de Kourou. O Reino instalação de bases na Colômbia. Apesar
à preocupação com a defesa do Bra- Unido também tem bases em ilhas pró- da presidência colombiana ter aceitado
sil, desde o século XIX. Hoje, a defesa ximas ao continente sul-americano. Por o pedido, a concretização dos acordos
do território e da plataforma continen- exemplo, a base naval na Ilha de Ascen- foi impedida pela Suprema Corte que
tal continua sendo prioridade. Legados são e a base nas Malvinas, território rei- entendeu que a instalação iria de encon-
históricos do colonialismo, do impe- vindicado pela Argentina que foi objeto tro à Constituição do país. Também há
rialismo e da Guerra Fria ainda geram de um conlito armado entre os dois pa- tentativas constantes dos EUA, a im de
consequências na conjuntura atual sul íses em 1982. reaquecer negociações com a Argentina
-americana no que tange à presença de e com o Brasil para a cessão de bases mi-
potências extrarregionais. Constituída Ao longo do século XX, em especial após litares em seus respectivos territórios. A
originalmente como colônias de me- a Segunda Guerra, os EUA tornaram-se área da tríplice fronteira, no sul da re-
trópoles europeias e inserida na área de a principal potência econômica e militar gião, Alcântara, no nordeste brasileiro,
inluência dos EUA ao longo do século na região. A presença militar é eviden- e áreas próximas à Antártida são vistas
XX, a região ainda apresenta territórios te, por exemplo, pelo controle da base como estratégicas pelos EUA.
sob controle de países europeus, assim de Mariscal, no Paraguai. Além disso,
como fortes laços no âmbito da defesa, os EUA também se fazem militarmen-
treinamento de tropas e outras áreas es- te presentes por meio da Quarta Fro- PRESENÇA COMERCIAL
tratégicas. É o caso da Guiana Francesa, ta de sua marinha, que tem a missão de Valor absoluto das exportações feitas pelos países
da América do Sul (exceto o Brasil), por país
importador, em bilhões de dólares, em 2014
20 40 60 80
PRESENÇA MILITAR ESTRANGEIRA NA AMÉRICA DO SUL
Presença de bases militares com caráter de extraterritorialidade, operações militares e acordos de
China 20,0%
cooperação militar de potências extrarregionais, em 2016 EUA 19,1%
Brasil 6,7%
Bases de Caiena e Kourou
Alemanha 4,0%
Japão 3,9%
Espanha 3,2%
Canadá 2,5%
Labmundo, 2017

Ilha de Ascensão *Os números indicam a


Reino 1,8% participação do país parceiro
Unido no total exportado pelos
países região, sem considerar
França 1,6% o Brasil
Área de atuação Fonte: ONU (UN Comtrade), 2016a.
da Quarta Frota
dos EUA
Países da América
do Sul com acordo Valor absoluto das importações feitas pelos países
de cooperação militar
vigente com os EUA da América do Sul (exceto o Brasil), por país
exportador, em bilhões de dólares, em 2014
Base militar 20 40 60 80
dos EUA
Base militar EUA 28,1%
Base de Mariscal da França
Base militar China 26,0%
do Reino Unido
Brasil 10,3%
Alemanha 9,5%
Ilhas Malvinas
Japão 3,9%
500 km França 3,9%
Espanha 3,0%
Labmundo, 2017
Labmundo, 2017

Canadá 2,1% *Os números indicam a


participação do país parceiro
no total importado pelos
Reino 2,0% países região, sem considerar
Fontes: Sítio web do State Partnership Program dos EUA, 2016; sítio web dos US Marines, 2016; sítio web da Força Aérea Real Unido o Brasil
do Reino Unido, 2016; sítio web da Marinha Britânica, 2016; sítio web do Exército da França, 2016. Fonte: ONU (UN Comtrade), 2016a.

56 ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E FES A


GEOPOLÍTICA DA AMÉRICA DO SUL

PRINCIPAIS FORNECEDORES DE ARMAMENTOS PARA A AMÉRICA DO SUL


Importação de armamentos pelos países da América do Sul por país exportador, em milhões de dólares (preço constante 1990), entre 2010 e 2015
Rússia EUA Alemanha China Países Baixos França

1000 km

Israel Espanha Itália Reino Unido Brasil Outros


países

1955

Labmundo, 2017
485
Menos que 10
14
Fonte: SIPRI, 2016b.

Além da presença militar, vínculos co- econômicos e o padrão mineral-extra- do Sul é concentrado nos luxos com
merciais e inanceiros também evi- tivista tendem a reproduzir conheci- os EUA e com a China, o que torna a
denciam a presença de países externos das formas de dependência na divisão região mais suscetível a abalos vindos
à região na América do Sul. Vínculos internacional do trabalho. Diferente- desses parceiros. A preocupação com
econômicos são próprios do capita- mente do âmbito militar, em que há a dependência externa torna-se mais
lismo e podem produzir crescimento forte presença dos EUA e uma residual importante quando se trata de seto-
econômico e diminuição do desem- europeia, a China surge como poten- res estratégicos. É o caso, por exemplo,
prego, entre outros impactos positivos. cial contraponto no campo econômi- do comércio de armamentos, em sua
Todavia, a assimetria entre parceiros co. O comércio exterior da América maioria extrarregional. Apesar da Chi-
na ser um importante parceiro comer-
cial da América do Sul, isso ainda não
DEPENDÊNCIA FINANCEIRA se relete nos investimentos. O prin-
Participação de investimentos externos diretos no PIB, Investimentos externos diretos na América do Sul cipal investidor na região são os EUA,
entre 2001 e 2015, e valor do stock de investimentos, por país investidor, em bilhões de dólares,
por país, em bilhões de dólares, em 2015 entre 2007 e 2014
seguidos dos Países Baixos. Devido à
20 40 60 80 100 escala de sua economia, entre outros
EUA motivos, o Brasil é o principal destino
Países Baixos
dos investimentos estrangeiros dire-
Espanha
Luxemburgo
tos em termos absolutos. Todavia, em
Japão comparação com o Brasil, outros paí-
França ses da região são mais dependentes des-
Canadá Total de investimentos ses luxos inanceiros, como é o caso
Alemanha Investimentos no Brasil do Chile, em que 62% do PIB em 2015
Reino Unido correspondeu a investimentos vindos
Labmundo, 2017

Brasil
de outras regiões, e da Bolívia, com
Outros
1000 km 41,3%. Os setores mais atrativos para
Valor em stock
Fonte: CEPAL, 2016. os investimentos externos são de ser-
614,9
viços (como bancos, telecomunicação,
229,2
transporte), indústria de extração (mi-
Investimentos externos diretos na América do Sul neradoras e petrolíferas, por exemplo)
por área, em bilhões de dólares, entre 2007 e 2014 e indústria manufatureira.
1,7 300 Total de investimentos
Investimentos no Brasil
Participação no 200
PIB, em % VEJA TAMBÉM:
67
*Valor do stock do Uruguai 100 Amazônia Verde p. 62
Labmundo, 2017

Labmundo, 2017

33
e da Venezuela é referente Amazônia Azul p. 64
ao ano de 2014 25
**Não há dados para Guiana 18 Recursos República e desafios geoestratégicos p. 18
Serviços naturais Manufaturas Outros
16,8
República (Atlas da PEB) p. 18
Fonte: CEPAL, 2016. Fonte: CEPAL, 2016.

ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E F ES A 57


Cooperação os processos de redemocratização e de
busca por maior autonomia na região,
que contribuíram para aproximarem os

regional Estados e as elites estratégicas nacionais.

Com a intensiicação da integração cul-


tural, econômica, social e política regio-

em defesa nal nas últimas décadas do século XX,


os Estados sul-americanos desenvolve-
ram a compreensão de que a integração
não poderia se fundar em um ambien-
te de insegurança. Assim, a partir da
nova onda regionalista do século XXI,
Durante a Guerra Fria, especialmen- sul-americana em defesa sofreu forte os Estados sul-americanos avançaram
te nas décadas de 1950 e 1960, a coo- impulso em virtude de três fatores. A para uma maior cooperação e intercâm-
peração em defesa envolvendo apenas transformação das relações bilaterais bios no eixo de defesa e convergiram
países sul-americanos era de baixa in- entre os países do Cone Sul após a su- na constituição de arranjos de defesa e
tensidade. Nesse período, uma das pou- peração das desconianças e de conlitos de segurança abrangendo organizações
cas iniciativas de destaque no âmbito fronteiriços que persistiam sem solução regionais, através da criação, em 2008,
da cooperação regional (e hemisféri- desde o século XIX; o enfraquecimen- do Conselho de Defesa Sul-America-
ca) em defesa era a cooperação repressi- to da credibilidade do sistema intera- no vinculado à Unasul. Diferentemen-
va desenvolvida pela Operação Condor. mericano, devido o apoio dos EUA ao te das alianças militares convencionais,
Ao inal dos anos 1970, a cooperação Reino Unido na Guerra das Malvinas; como a OTAN, o CDS é uma instância
de consulta, cooperação e coordenação
regional em defesa. Seu funcionamen-
COMPLEXOS REGIONAIS DE SEGURANÇA to é regido pelos princípios de respeito
Principais complexos regionais de segurança em 2016. à soberania, à autodeterminação e à in-
tegridade territorial dos Estados, assim
como de não intervenção em assuntos
internos e de respeito às instituições de-
mocráticas e aos direitos humanos. O
CDS estabelece os seguintes objetivos
JID
gerais: a) consolidar uma zona de paz
TIAR
sul-americana; b) construir uma iden-
OSCE tidade comum sul-americana em defe-
ASEAN*
sa; c) gerar consensos para fortalecer a
OTAN
cooperação regional em defesa. E espe-
Labmundo, 2017

1000 km União Africana


cíicos: a) analisar os elementos comuns
Conselho de Defesa *Papua-Nova Guiné e Timor-Leste são para uma visão conjunta em defesa; b)
membros observadores da ASEAN;
Sul-Americano
promover o intercâmbio de informa-
Fontes: Elaboração própria. Bases: OTAN, OSCE, ASEAN, UA, UNASUL, JID, Comissão de Segurança Hemisférica OEA, 2016. ções e análises regionais e internacionais

CRIAÇÃO DO CONSELHO DE DEFESA DA UNASUL


Antecedentes da Criação do Conselho de Defesa da UNASUL 1973 1986 1995
1942 1962 Crise Itaipu-Corpus Crise de delimitação Criação da Comissão de
Junta Interamericana Criação do Colégio marítima: Peru-Chile Segurança Hemisférica
de Defesa (JID) Interamericano de Defesa 1978 1986
1946
1963 Crise do Criação da Comissão 1995
Criação da Escuela de Criação da Organização Beagle: Interamericana para Reforma do Colégio
las Américas no Panamá da União Africana Argentina o controle do abuso Interamericano de Defesa
1947 Chile de drogas
1995
Tratado Interamericano 1967 1987 Acordo de Cooperação Militar:
de Assistência Recíproca Criação da ASEAN 1978 Crise da Brasil-Paraguai
1947 Crise de delimitação Corbeta Caldas:
Criação da Academia Interamericana de fronteira: Colômbia e 1997
de las Fuerzas Aéreas Bolívia e Chile Venezuela Acordos bilaterais: Brasil-Argentina
1990
1948 1979 Peru denuncia 1998
Adoção da Carta da OEA Acordo o TIAR Acordo de Brasília
Itaipu-Corpus
1948 1991 1999
Pacto de Bogotá 1980 Criação do Criação do Comitê Interamericano
1949 Acordo de Mercosul contra o Terrorismo
Criação da OTAN Energia 1991
Nuclear: Compromisso de Mendoza 2004
Brasil-Argentina Criação da CASA
1991
1981 Criação da ABACC
Conflito 2004
Falso Paquisha 1991 Criação da ALBA
Iniciativa de Cartagena
2004
1982 1991 Participação de países
Guerra das Criação da Comissão sul-americanos na MINUSTAH
Eventos sub-regionais Malvinas Especial de Segurança da OEA
1984 2005
Eventos hemisféricos Tratado de Paz 1992 Série de Acordos bilaterais
e Amizade: Fim da Guerra Fria do Brasil com países da região
Eventos de efeitos globais Argentina-Chile 1995 2008
Conflito de Cenepa: Crise de "Reyes":
1985 Equador-Peru Equador-Colômbia
Labmundo, 2017

Declaração em
Política Nuclear: 2008
Brasil-Argentina 1995 Criação do Conselho
Conferências Ministeriais de Defesa da Unasul
de Defesa das Américas
1950 1960 1970 1980 1990 2000
Fonte: Abdul-Hak, 2013; Sítio Web do MRE, 2016.

58 ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E FES A


GEOPOLÍTICA DA AMÉRICA DO SUL

EXERCÍCIOS MILITARES BILATERAIS POLÍTICAS DECLARATÓRIAS DE DEFESA


Quantidade de exercícios bilaterais entre países Documentos sobre defesa entre os países membros da Unasul
membros da Unasul, por país, entre 2010 e 2016 - Libro Blanco de la Defensa Nacional (1999);
5 15 25 - Revisión de la Defensa (2001);
Argentina - Directiva de Política de Defensa Nacional (2009);
Argentina
- Libro Blanco de la Defensa Nacional (2010);
Brasil
- Directiva de Política de Defensa Nacional (2014); e
Chile - Libro Blanco de la Defensa Nacional (2015).
Uruguai - Libro Blanco de la Defensa (2004); e
Bolívia
Peru - Bases para la Discusíon de la doctrina de Seguridad y Defensa del Estado Plurinacional de Bolívia (2010).
Bolívia - Política Nacional de Defesa (1996);
Equador - Política Nacional de Defesa (2005);
Paraguai - Estratégia Nacional de Defesa (2008);
Brasil
- Estratégia Nacional de Defesa (2012);
Venezuela - Política Nacional de Defesa (2012); e
Colômbia
Labmundo, 2017
- Livro Branco da Defesa Nacional (2012).
Guiana - Libro de la Defensa Nacional de Chile (1997);
Suriname Chile - Libro de la Defensa Nacional de Chile (2002); e
- Libro de la Defensa Nacional de Chile (2010).
Fonte: Donadio e Tibiletti, 2012; Donadio e Tibiletti, 2014. - Política de Defensa y Seguridad Democrática (2003);
- Política de Consolidación de la Seguridad Democrática (2007);
- Política de Consolidación de la Seguridad Democrática (2010);
Colômbia
- Política Integral de Seguridad y Defensa para la Prosperidad (2011);
para identiicar fatores de risco que in- - Política Nacional de Defensa de la Libertad Personal (2011); e
- Política de Defensa y Seguridad "Todos por un nuevo país" (2015).
teriram em um ambiente de paz; c) ar-
- Política de Defensa Nacional del Equador (2002);
ticular posições regionais em fóruns - Política de Defensa Nacional del Equador (2006);
multilaterais de defesa; d) proporcio- Equador - Agenda Política de la Defensa Nacional (2008);
- Agenda Política de la Defensa Nacional (2011); e
nar a construção de visões compartilha- - Agenda Política de la Defensa Nacional (2014).
das sobre defesa; e) fortalecer a adoção - Política de Defensa Nacional de la República del Paraguay (1999);
de medidas de coniança entre os países; Paraguai - Libro Blanco de la Defensa Nacional (2013); e
- Directiva de Defensa Nacional (2013).
f ) promover o intercâmbio e a coopera-

Labmundo, 2017
Peru - Libro Blanco de la Defensa Nacional del Perú (2005).
ção na indústria de defesa; g) fomentar - Bases de uma Política de Defensa Nacional (1999); e
Uruguai
o intercâmbio de formação e capacita- - Política de Defensa Nacional (2014).
ção militar e promover a cooperação Fonte: Souza, 2015.
acadêmica entre centros de estudo da
defesa; h) estimular e apoiar ações hu-
manitárias; i) compartilhar experiên- da Escola Sul-Americana de Defesa, no (ex-Ministro de Defesa de Uribe), as-
cias em operações de paz da ONU; k) Equador, com o objetivo de gerar uma sim como pela priorização dos EUA
incorporação da vertente de gênero no doutrina sul-americana de defesa; De- enquanto principal parceiro em coo-
campo da defesa. Em seu funciona- senvolvimento do projeto do avião peração militar do Estado colombiano,
mento, as ações do CDS inserem-se em EPB-Unasul-I. através do Plano Colômbia. As crises
quatro grandes eixos: 1) Políticas de De- de natureza econômica, derrotas eleito-
fesa; 2) Cooperação Militar, Operações Apesar dessas iniciativas terem permiti- rais dos governos progressistas e a ame-
de Paz e Assistência Humanitária; 3) In- do avançar a cooperação em defesa en- aça de ruptura institucional em alguns
dústria e Tecnologia de Defesa; 4) For- tre os países da região, isso ocorreu de governos progressistas mais autono-
mação e Capacitação. Entre as ações já modo bastante desigual. Enquanto os mistas na região também são variáveis
desenvolvidas destacam-se: Exercícios exercícios militares bilaterais se intensi- a serem consideradas na construção de
militares bilaterais; Cursos e seminá- icam no Cone Sul, entre os países an- cenários futuros do CDS.
rios para fomentar a compreensão e a dinos, seu desenvolvimento encontra
visão comum de temas da defesa regio- um obstáculo na persistência de ten-
nal; Criação da Secretária Técnica Una- sões político-militares agravadas pelos VEJA TAMBÉM:
sul-Haiti para auxiliar a participação e efeitos do conlito político, econômico, América do Sul: um continente pacífico? p. 54
planejar uma estratégia de redução do social e militar na Colômbia, pela Polí- Brasil: potência regional? p. 68
contingente militar regional na Minus- tica de Defensa y Seguridad Democrá- Cooperação Sul-Sul em defesa p. 72
tah; a criação do Centro de Estudos Es- tica de 2003 iniciada por Álvaro Uribe Integração regional (Atlas da PEB) p. 86
tratégicos de Defesa, na Argentina, e e continuada por Juan Manuel Santos

MULHERES NAS FORÇAS ARMADAS


Posto máximo de oficial alcançado por mulheres formadas nas academias militares, por país, em 2014.
Marinha Exército Força Aérea
3 3 3

2 2 2

1 1 1
la

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Co ina

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Labmundo, 2017
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Ur
n

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Ve

Ve

*O índice indica a patente máxima atingida por uma mulher, em que a escala varia de 0 a 3,
onde 3 é a patente máxima dentro da respectiva força armada e 0 a patente mínima.
Fonte: Donadio e Tibiletti, 2016.

ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E F ES A 59


Cosiplan e IIRSA A constituição do Conselho Sul-ame-
ricano de Infraestrutura e Planejamen-
to (Cosiplan) em 2009, no âmbito da
Unasul, como um conselho setorial, re-
presentou uma inciativa importante do
ponto de vista econômico e geopolítico,
indo além do modelo de regionalismo
aberto que prevalecera anteriormente.
Em 2011, a IIRSA, criada no ano ante-
rior, foi incorporada ao Cosiplan, para
que atuassem conjuntamente no plane-
jamento da conectividade regional e da
articulação das infraestruturas. A missão
PROJETOS COSIPLAN do Conselho é ser o âmbito de discussão
Quantidade todal de projetos do Cosiplan, por setor e por país, em 2015 política sobre a implementação das es-
TO
Ar
ge Pa
ra Bo
Eq Ur Co
lôm
Ve
nez Gu
Su
rin
TA
L
tratégias de integração da infraestrutura
nt Br Ch u ug
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ad
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i
bi
a
ue
la
ia
na
am
e na América do Sul, com o compromis-
so de não descuidar dos aspectos históri-
Rodoviário cos e das dimensões social, econômica e
Fluvial
ambiental do desenvolvimento, fomen-
tando a cooperação regional nas áreas de
Passagens de
fronteira
planejamento e infraestrutura por meio
da consolidação de alianças estratégicas
Ferroviário entre os países da Unasul. As mudan-
Interconexão ças de governos na região impactaram
energética
na abordagem do Cosiplan. No governo
Marítimo FHC, a prioridade da IIRSA era a libe-
ralização econômica e a parceria priori-
Geração
de energia tária com o capital privado, e meio para
Aéreo
alcançar o Pacíico e o mercado chinês.
Com a ascensão de governos progressis-
Interconexão em
comunicações tas, o Cosiplan adquiriu contornos mais
político-estratégicos, e os debates sobre
Multimodal infraestrutura foram conectados às de-
mandas sociais e à superação das assime-
TOTAL
trias entre os membros da Unasul.
296
Labmundo, 2017

A construção de uma rede integrada


83 de infraestrutura criaria uma capaci-
dade de logística fundamental para as
Fonte: Cosiplan, 2016. 1 políticas de defesa dos países da região.

FONTE DO FINANANCIAMENTO
Financiamento de projetos do Cosiplan, por fonte e país, em bilhões de dólares, em 2015
Público Privado Parceiria público-privado

1000 km

38,4
19,6
Labmundo, 2017

0,05

Fonte: Cosiplan, 2016.

60 ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E FES A


GEOPOLÍTICA DA AMÉRICA DO SUL

Superar a inexistência de eixos logísti- fundamental para a estratégia de liga- INTEGRAÇÃO PELA INFRAESTRUTURA
cos de integração na região, legado de ção dos oceanos, que colaboraria para Quantidade de projetos do Cosiplan por etapa e
por eixo, em 2015
seu passado colonial, tornou-se estra- a diminuição dos custos de escoamen-
tégia destes países, favorecendo setores to da produção, para incentivar rela- Pl
ane
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é-
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basilares da infraestrutura para impul- ções mais incisivas com países asiáticos m
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sionar o desenvolvimento, a autonomia e para a integração regional. o L

e a segurança nacional. Os processos de Mercosul - Chile


integração têm como objetivo identii- A iniciativa conta com um enfoque
car os obstáculos que impedem o desen- nos chamados eixos de integração e de- Hidrovia
volvimento da infraestrutura da região senvolvimento. Os eixos são espaços Paraguai Paraná

e propor ações que permitam a supera- multinacionais onde existem assenta- Capricórnio
ção de tais barreiras. Uma questão es- mentos humanos, zonas produtivas e
tratégica importante é a ligação entre os luxos comerciais, e onde a integração Amazonas
oceanos Atlântico e Pacíico que a rede nos setores de transporte, energia e co-
de infraestrutura proporcionaria, espe- municações deve ser incentivada. A de- Andino
cialmente com a crescente importância inição destes eixos ocorre por meio da
econômica e política da vertente do Pa- análise do território, que utiliza crité- Interoceânico
cíico para a região. rios técnicos, e passa por um processo central

de validação sócio-política. Os atores Sul


É importante também tratar dos se- mais inluentes são os governos, em-
tores de infraestrutura com os quais o bora o papel do setor privado não seja Peru - Brasil
Cosiplan trabalha: transportes, energia desprezível. Muitos analistas acreditam Bolívia

e comunicações. Subordinados a estas que o Cosiplan não apenas funciona Escudo das
áreas, existem projetos nos setores aé- como um braço da internacionalização Guianas

reo, rodoviário, ferroviário, luvial, ma- das políticas desenvolvimentistas, mas


rítimo, multimodal, de passagens de também como ferramenta estratégica TOTAL

fronteira, de interconexão energética, de expansão do poder dos Estados. Para

Labmundo, 2017
191
geração de energia e de interconexão além disso, os críticos airmam que por *O relatório do Cosiplan não
disponibiliza dados sobre o
em comunicações. A área de trans- meio dos benefícios às empresas pri- Eixo Andino do Sul
49
2
portes é a que possui maior quantida- vadas contempladas pela carteira de Fonte: Cosiplan, 2016.
de de projetos, e o setor rodoviário é projetos, o Conselho contribui para a
o que mais se destaca. Essa importân- expansão do capital. É importante des-
cia do modal rodoviário acontece por tacar, no entanto, que as principais fon- matéria de capital investido. É relevante
causa do lobby das empreiteiras. Em tes de inanciamento dos projetos são também a diferença entre inanciamen-
seguida, vem o ferroviário e o luvial. os tesouros de cada país, com investi- to estimado e investimento realizado. O
O desenvolvimento destes setores é mentos estimados em 69,735 bilhões de eixo Mercosul-Chile é o que recebeu
dólares. Os inanciamentos privados maior aporte em projetos já concluí-
aparecem em segundo lugar. A cartei- dos (foram 8,351 bilhões de dólares dos
INTEGRAÇÃO PELA INFRAESTRUTURA ra de projetos conta também com i- 5,6169 bilhões previstos), seguido pelo
Quantidade de projetos do Cosiplan por país, nanciamentos do BID, CAF, FOCEM, Amazonas (6,429 bilhões de dólares dos
em 2015
Fonplata, BNDES, JBIC, União Euro- 22,241 bilhões estimados) e Peru-Bra-
180 peia, bancos privados, Banco Mundial sil-Bolívia (5,980 bilhões de dólares dos
e do governo da China. 3,1432 bilhões estimados). O im do ci-
140
clo das commodities e a mudança de sig-
100 Em 2015, o país com a maior quanti- no político-ideológico dos governos da
dade de projetos no Cosiplan era a Ar- região tornam bastante incertas a cons-
60 gentina, seguida pelo Brasil e pelo Peru. trução de cenários futuros para o Co-
20
Em relação aos investimentos estima- siplan, ameaçando a continuidade do
Labmundo, 2017

dos, o cenário muda, com o Brasil sen- comprometimento prévio dos governos
do o líder, seguido pela Argentina e pelo sul-americanos, e do Brasil em particu-
a
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Equador. Sobre as modalidades de i- lar, no planejamento estratégico em in-


ra

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Fonte: Cosiplan, 2016. nanciamento, e no que se refere a quan- fraestrutura regional. Além disso, com o
tidade de projetos, é possível observar possível enfraquecimento das empresas
Investimento estimado do Cosiplan por país, em que o investimento público é majori- brasileiras de construção civil, envolvi-
bilhões de dólares, em 2015
tário em todos os países, porém, quan- das nas investigações da Lava-Jato, a par-
7 do se analisa o inanciamento do ponto ticipação do setor privado internacional
de vista do dinheiro investido, países pode aumentar sua inluência na região.
5
como Chile e Peru mostram que o in-
vestimento do setor privado pode ultra-
3
passar o inanciamento público, mesmo VEJA TAMBÉM:
1
estando envolvido em menos proje- Cooperação regional em defesa p. 58
Labmundo, 2017

tos. Também existe a questão das parce- Brasil: potência regional? p. 68


rias mistas, que se tornam mais visíveis
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Integração regional (Atlas da PEB) p. 86


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B

ra

nos dados do Brasil, onde esse tipo de i- Energia e integração (Atlas da PEB) p. 92
Fonte: Cosiplan, 2016. nanciamento ocupa o segundo lugar em

ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E F ES A 61


Amazônia verde Conservação, defesa e cooperação
com os vizinhos são aspectos centrais
para o Ministério da Defesa brasilei-
ro que, sustentado no Princípio 2 da
Declaração do Rio de Janeiro (Rio-
92), reairma o direito de soberania do
país na exploração dos recursos natu-
rais segundo sua política ambiental e
de desenvolvimento, e compromete-
se a reduzir danos ao meio ambiente.
Dentre os principais acordos com os
vizinhos, destaca-se o Tratado de Coo-
peração Amazônica (TCA), de 1978. A
A região Pan-Amazônica, na Améri- econômico, quanto pela manutenção partir de 2010, com a criação da nova
ca do Sul, composta pela loresta tropi- do equilíbrio climático e da biodiversi- agenda estratégica de cooperação ama-
cal de maior extensão e biodiversidade dade do planeta, atraindo interesses de zônica, uma série de iniciativas de sus-
do mundo e habitada por cerca de 34 extrativistas, agroindustriais, indústrias tentabilidade foi estabelecida em torno
milhões de pessoas, compreende nove farmacológicas, conservacionistas, cien- da defesa, iscalização e monitoramen-
países, 40% de todo o território sul-ame- tistas, ONGs e governos de terceiros pa- to da região. Dentre as iniciativas da
ricano, 20% da água doce disponível no íses. É um grande desaio de soberania defesa brasileira, destacam-se o Cen-
mundo e uma riqueza incalculável de re- para os países que a compõem, inclusive tro Gestor e Operacional do Sistema
cursos minerais, genéticos e energéticos. o Brasil cujo território corresponde a cer- de Proteção da Amazônia (Censipam),
Desperta interesse tanto pelo potencial ca de 70% de toda a extensão amazônica. responsável por propor e implementar
ações voltadas para produção e circu-
lação de informações técnicas visando
CONFLITOS SOCIOAMBIENTAIS a proteção, a inclusão e o desenvolvi-
Localização dos conflitos, na Amazônia Verde, por tema, em 2016 mento sustentável da região. Outra
importante iniciativa, ainda em pro-
Bioma Amazônia cesso de implementação, é o Sistema
Integrado de Monitoramento de Fron-
Conflitos ocasionados por:
teiras (Sisfron) para controle das regi-
Gestão de água
ões fronteiriças (16 mil quilômetros)
Obras de infraestrutura via satélite e radares eletrônicos.
Extração de minerais
Combustível fóssil
e justiça climática
A presença militar na região também é
Conservação de fortalecida pelo Programa Amazônia
biodiversidade
Gestão de resíduos
Protegida que prevê a implementação
Apropriação de terras e progressiva de pelotões especiais de fron-
cadeia produtiva para
1000 km
energia de biocombustíveis teira, além de modernização dos exis-
tentes. Apesar de tratar-se de uma das
Labmundo, 2017

principais zonas estratégicas, os gastos


com defesa estão muito aquém do ne-
cessário para uma cobertura eiciente
Fonte: Fonte: Sítio web Environmental justice Organizations Liabilities and Trade, 2016. do território. Um dos programas mais

AMAZÔNIA SUL-AMERICANA E SEU DESFLORESTAMENTO


Extensão transfronteiriça da floresta equatorial úmida na América do Sul e o avanço das fronteiras de desmatamento, em 2016

Desflorestamento até 2013:


de 2010 a 2013
1000 km
de 2005 a 2010
de 2000 a 2005
Labmundo, 2017

Labmundo, 2017

Amazônia no território
brasileiro antes de 2000
Amazônia no território Fronteiras de
de países vizinhos desflorestamento

Fonte: OTCA, 1998. Fonte: WWF Brasil, 2016. Floresta amazônica

62 ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E FES A


GEOPOLÍTICA DA AMÉRICA DO SUL

DEFESA ETNOAMBIENTAL TRÁFICO DE ANIMAIS SILVESTRES NA AMAZÔNIA LEGAL


Aldeias, territórios indígenas e Unidades de Conservação, em 2016 Principais rotas e pontos de tráfico no Brasil, em 2014

1000 km 1000 km

Unidades de Conservação Recolhimento e venda


de uso sustentável
Recolhimento

Labmundo, 2017

Labmundo, 2017
Unidades de Conservação
de proteção integral Venda
Principais rotas de tráfico de
Terras indígenas animais selvagens

Fonte: Sítio web Instituto Socioambiental, 2016; Funai, 2015 e 2016. Fonte: Renctas, 2014.

efetivos de controle territorial é o Pro- ORGANIZAÇÕES MILITARES NA AMAZÔNIA LEGAL


grama Calha Norte (PCN), lançado em Municípios com organizações militares Exército
1985 visando à manutenção da soberania, Marinha
Aeronáutica
a integridade e ao desenvolvimento da Fronteiras
internacionais
região. Sob operação das três forças ar- Principais rios
madas, o programa abarca cerca de 30% da Amazônia legal
Amazônia legal
do território nacional, 8 milhões de pes-
soas e 46% da população indígena do
Brasil e atua na construção de infraestru-
tura (rodovias, portos, creches, hospitais,
fornecimento de energia, poços artesia-
nos, etc.) e assistência social.

Longe de representar unanimida-


de, a presença militar na região susci-

Labmundo, 2017
ta uma série de conlitos envolvendo
as populações indígenas, bem como 1000 km

a complexa sociodiversidade destes


povos quilombolas, seringueiros e ri- Fonte: Franchi, 2013.
beirinhos. Historicamente colocadas
à margem dos debates estratégicos,
tais populações tradicionais são vis-
tas como barreira à política de defesa e incidência de ONGs, pesquisadores comerciais. Os altos preços de animais
da região, sobretudo por não concor- internacionais, redes de narcotráico, e de recursos genéticos no mercado
darem com as delimitações fronteiri- biopirataria, desmatamento e extração internacional são o principal atrati-
ças do Estado. Com a Constituição de ilegal de minérios. Em contraposição vo tanto para atravessadores, quanto
1988, os povos indígenas asseguraram a tais discursos, denúncias de invasões para as próprias populações locais que,
direitos históricos à terra e às riquezas e de práticas desse tipo partem justa- dada a baixa oportunidade de trabalho
naturais nela existentes, bem como o mente dos povos originários e indíge- e comércio na região, podem ver no
reconhecimento de suas organizações nas da região. tráico de animais e naqueles recursos
sociais. Mais de 70% dos índios bra- uma alternativa de sustento em uma
sileiros e cerca de 98% das terras indí- Dentre os desaios postos à defesa da das áreas paradoxalmente mais pobres
genas estão na Amazônia legal. A terra região, a biopirataria e a presença de do ponto de vista socioeconômico no
indígena compreende não apenas o redes de tráico são certamente os pro- país.
espaço ocupado pelas populações in- blemas que ameaçam a soberania na-
dígenas, mas todo espaço necessário cional de forma mais silenciosa e que
para sobrevivência de sua cultura. A colocam diiculdades de controle so- VEJA TAMBÉM:
preservação das populações originá- bre o luxo de materiais genéticos. Os Presença de potências extrarregionais p. 56
rias na região enfrenta resistência de efeitos da biopirataria são notados pela Amazônia Azul p. 64
alguns setores da sociedade que con- multiplicação de patentes estrangei- Água (Atlas da PEB) p. 36
sideram a autonomia indígena como ras sobre produtos originários da re- Defesa e segurança (Atlas da PEB) p. 46
elemento facilitador para a presença gião, tanto para ins terapêuticos como

ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E F ES A 63


Amazônia azul reairmar a viabilidade e a importância
de seus projetos estratégicos para a sal-
vaguarda dos interesses relacionados a
esse território.

A relevância geográica da Amazônia


Azul pode ser veriicada em sua dimen-
são de cerca de 4,5 milhões de km², que
pode vir a ser alterada, tendo em vis-
ta o pleito brasileiro para ampliação de
suas fronteiras marítimas para além das
200 milhas. Este pleito envolve uma di-
mensão geopolítica importante, visto
O termo “Amazônia azul” refere-se a aborda a Amazônia Azul, descrevendo que aumenta os benefícios da explo-
um programa da Marinha do Brasil, suas riquezas e dimensões próximas à ração dos recursos existentes na área.
que almeja contribuir para o desenvol- Amazônia Verde, destacando o amplo Com isso, outros países como a Argen-
vimento da cultura e das questões do horizonte de valores, recursos e inicia- tina e o Uruguai também formularam
mar, por meio da divulgação da impor- tivas. A partir daí, a Marinha adotou pleitos para ampliar a extensão de suas
tância desse tema para o país. A origem o conceito como objetivo educacional, fronteiras marítimas. Em alguns países
do termo advém de um artigo do Co- cultural e principalmente político e es- africanos, como na Namíbia e em An-
mandante da Marinha, Roberto Car- tratégico, a im de ampliar sua margem gola, houve apoio brasileiro no estudo
valho, publicado em 2004, no qual de manobra política internamente e de que busca levantar informações sobre
as plataformas continentais. Comer-
cialmente, o território destaca-se pelo
ÚLTIMA FRONTEIRA NO MAR transporte das mercadorias do comér-
Dimensão da área da amazônia azul e verde, em quilômetros quadrados, em 2016 cio exterior, visto que 90% dos luxos
comerciais do país são realizados pelo
São Pedro e mar, com destaque para o aumento no
São Paulo
tráfego das rotas oceânicas que ligam o
país aos mercados asiáticos, especial-
mente à China. Ainda no âmbito eco-
nômico, 88 % da produção de petróleo
e 90% das reservas do país se situam em
Fernando de
Noronha bacias sedimentares marinhas. Houve
recentemente a descoberta de novas ja-
zidas na Bacia de Campos e na Bacia de
5.020.000 km2

3.600.000 km2

Santos, que foram denominados “Pré-


sal”, devido à localização do hidrocar-
boneto abaixo da camada geológica de
1000 km sal. O Pré-Sal, se explorado adequada-
mente, permitiria ao país aumentar seu
potencial de autossuiciência em petró-
Trindade e Martins Vaz leo. Ademais, os estudos de potencia-
lidade indicam que, com o início da
Labmundo, 2017

Amazônia verde operação dos campos do pré-sal, o país


Amazônia azul
poderá produzir excedentes, permitin-
do que o Brasil se torne um importante
Fonte: IBGE, 2014; Marinha do Brasil, 2016. exportador de petróleo, de gás natural
e seus derivados.
CONVENÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O DIREITO DO MAR No que tange à questão da sobera-
Signatários da Convenção da ONU sobre o Direito do Mar, por país e data de ratificação, entre 1982 e 2016
nia, para efetivar a proteção da área da
Amazônia Azul, o Brasil investe, des-
de 2008, no projeto do Núcleo do Po-
der Naval, que almeja modernizar e
ampliar a capacidade operacional da
Marinha. Este núcleo é integrado por
diversas iniciativas, como o Programa
de Desenvolvimento de Submarinos
(Prosub), com proposta de desenvol-
2016
vimento de submarinos convencio-
Labmundo, 2017

2006 nais e de propulsão nuclear, além de


Não assinaram
1998 nem ratificaram um estaleiro de base naval. Ademais,
1000 km 1990 Assinaram a convenção,
mas não ratificaram em outros programas estão planejados
1982
Fonte: Sítio web United Nations Treaty Collection, 2016. a construção de um navio-aeródromo,

64 ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E FES A


GEOPOLÍTICA DA AMÉRICA DO SUL

OURO NEGRO RIQUEZAS DA AMAZÔNIA AZUL


Evolução das reservas de petróleo em bilhões de Mapeamento dos principais minérios do leito Quantidade de espécies conhecidas na biodiversidade
barris, por país, entre 1990 e 2014 marinho na costa brasileira, em 2016 marinha da Amazônia Azul, em 2016
298,3 Ouro e Metais Pesados Filos do Reino Animalia
Sulfetos
Polimetálicos 2000
Calcário e Areia
60,1

2,0 1000

Equador

,3%
490

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1000 km

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,8%

M
Cr
396
Diamante Fonte: Miloslavich et al., 2011.
Venezuela

Filos do Reino Plantae

% 400
Brasil 257,9
Calcário e Areia

200
Argentina
Fosforita

Labmundo, 2017
48,2% ZEE
Crostas

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Cobaltíferas

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Extensão da

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Colômbia

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Plataforma

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Continental

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22,9%

Ch
Rh

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Fonte: Christante, 2010. Fonte: Miloslavich et al., 2011.

Chile

- 50,0%
um navio-anfíbio, navios de meios de lora, de grande potencial comercial.
Labmundo, 2016

superfície, navios-patrulha e corve- Um exemplo são as algas calcárias ex-


tas classe Barroso. Por im, há o Siste- traídas e comercializadas pelo Brasil.
90

95

00

05

10

14

ma de Gerenciamento da Amazônia Algumas ações, no entanto, ameaçam


19

19

20

20

20

20

Fonte: British Petroleum, 2016; U.S. Energy Information


Administration, 2016. Azul (Sisgaaz), que busca monitorar mais de dez mil espécies da fauna ma-
águas jurisdicionais e as regiões de bus- rinha, como a poluição de ambientes
ca e salvamento sob responsabilidade costeiros e a pesca excessiva, que pre-
Evolução da produção de petróleo em bilhões de
barris, por país, entre 1990 e 2014
da Marinha do Brasil. Estes projetos judicam o potencial de desova e as cap-
estratégicos são desenvolvidos tam- turas no futuro, como ocorre com o
2719
bém como forma de combate às poten- tubarão-azul e a merluza. Também há
990
292
ciais novas ameaças presentes na região as províncias minerais, que vão desde
atlântica, tais como o tráico de drogas a presença de diamantes, ouro e me-
,0 %
ilícitas, atos terroristas contra portos, a tais pesados, até aos cascalhos e areais,
Brasil 261 pesca predatória, o transporte crimino- muito usados na construção civil.
so de mercadorias, ameaças ambientais
e a pirataria. Um grande desaio é a conscientização
%
Colômbia 122,0 da sociedade brasileira acerca da im-
Quanto aos aspectos ambientais, me- portância do tema. Visando a ampliar
rece destaque a necessidade de pre- essa conscientização, foi criado o Pro-
servação de todo o bioma marinho grama de Mentalidade Marítima, com
Equador
91,0 %
e da exploração racional do ocea- objetivo de trazer à população ques-
no. Além disso, por ter o litoral com tões referentes à Amazônia Azul, por
Argentina águas frias ao sul e quentes no Nordes- meio da inclusão das temáticas marí-
te, há o aumento da diversidade bio- timas nos currículos dos ensinos fun-
22,0 % lógica, com várias espécies na fauna e damental e médio, de palestras sobre
assuntos do mar, bem como da aproxi-
Venezuela
mação entre a sociedade e o mar, com a
INVESTIMENTO E DEFESA dinamização dos museus oceanográi-
21,0 %
Recursos aprovados e previstos para o Plano de cos. Ainda nesse sentido, foi aprovado,
Articulação e Equipamento da Marinha do Brasil,
Chile
para fiscalização da Amazônia Azul, em bilhões de em 2015, um projeto de lei que insti-
-66, reais, entre 2010 e 2030 tuiu para o dia 11 de novembro, o Dia
0%
50 100 Nacional da Amazônia Azul.
Longo prazo
(de 2023 a 2030)

VEJA TAMBÉM:
Médio prazo
(de 2016 a 2022)
Presença de potências extrarregionais p. 56
Labmundo, 2017

Labmundo, 2017

Amazônia Verde p. 62
Curto prazo
90

95

00

05

10

14

(de 2010 a 2015) Segurança ambiental p. 38


19

19

20

20

20

20

Fonte: British Petroleum, 2016; U.S. Energy Information Fonte: Comissão de Relações Exteriores e Defesa Problema das drogas ilícitas p. 44
Administration, 2016. Nacional, 2016.

ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E F ES A 65


Recursos brasileira, com cerca de 95% das re-
servas mundiais e 75% de sua produ-
ção. Possuir um recurso considerado

estratégicos estratégico, no entanto, não é garan-


tia automática de poder e de desta-
que internacional, uma vez que há
outros elementos que podem levar a
reais assimetrias de poder entre os Es-
tados. Como exemplo, o caso do pe-
tróleo: devido à formação geológica da
América do Sul, o continente concen-
tra cerca de 21% das reservas mundiais.
Isso possibilita que alguns países da
Recursos naturais são considerados Com dimensões continentais, o Bra- região o tenham como um dos prin-
estratégicos por dois motivos prin- sil destacou-se nos primeiros anos do cipais produtos primários de suas
cipais: por serem bens escassos com século XXI, atuando como uma lide- economias e que sejam grandes expor-
alto valor de mercado ou por possu- rança na América do Sul. Seu prota- tadores, mas, apesar disso, permane-
írem utilidade direta na indústria. Se gonismo deve-se, entre outras razões, cem como dependentes das grandes
um Estado tiver exclusividade so- à extensão de seu território e à conse- potências: ainda que exportem pe-
bre a produção ou extração de um quente concentração de riquezas em tróleo, fazem-no, na maior parte dos
material especíico, ele terá inluên- uma região repleta de recursos natu- casos, no estágio bruto, precisando
cia direta nos custos e na capacidade rais. A geograia brasileira garante, as- importá-lo reinado ou sob a forma de
de desenvolvimento de outros Esta- sim, potencial agropecuário e posição produtos industrializados.
dos nacionais. De modo análogo, a privilegiada no entorno estratégico,
autossuiciência de materiais espe- contando com abundância de maté- Outra dimensão relevante, para além
cíicos reduz a dependência interna- rias-primas importantes para ins de da economia e do mercado, está nas
cional de um país. Em suma, dispor exportação e a possibilidade de culti- consequências que estes recursos po-
de recursos estratégicos vastos signi- vos diversos. O nióbio, mineral utili- dem ter para a defesa. Em caso de
ica poder material na competição zado na produção de ligas metálicas, conlitos bélicos, nos quais o luxo
interestatal. tem exploração majoritariamente de pessoas e de mercadorias são dii-
cultados ou até impedidos, países au-
tossuicientes em recursos estratégicos
TENDÊNCIA À ESCASSEZ DE ÁGUA NO MUNDO teriam clara vantagem. Tanto a segu-
Estresse hídrico, por país, em 2020*
rança pública, no sentido do conlito
e produção bélica, quanto a segurança
alimentar, no que tange à produção de
alimentos, são pontos relevantes neste
caso. Um país ou continente que pro-
duz alimentos suicientes para a sua
população em caso de guerra largaria

EXPORTAÇÃO DE COMMODITIES
Participação dos principais produtos primários
* Estresse hídrico é Muito alto (>80%) dos países sul-americanos no total exportado,
Labmundo, 2017

um índice que mede


a relação entre água Alto (40-80%) por país, em milhões de dólares, em 2015
1000 km disponível e água
explorada. Valores Médio a alto (20-40%)
Sem dados mais altos indicam Petróleo Petróleo
disponíveis maior competição Baixo a médio (10-40%) Ouro
por água. Baixo (<10%) Petróleo
Fonte: Sítio web WRI, 2016.

Cobre Soja

POPULAÇÃO E RECURSOS HÍDRICOS Petróleo


Participação da população e reservas de água doce em relação ao total mundial, por continente, em 2015
Gás natural
10,09%
12,99%

Soja
12,95%

Europa
59,89%
30,71%

7,77%

Soja

América do Norte Cobre


Ásia
16,13%
16,07%

1000 km Total exportado


Soja
África 191,1
25,62%
5,69%
0,43%
1,65%

Labmundo, 2017

Labmundo, 2017

1000 km América do Sul 56,7


Oceania Participação do
População principal produto
primário
Água potável 1,1
Fonte: Sítio web FAO (Aquastat), 2016 Fonte: Sítio web WITS/Banco Mundial, 2016.

66 ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E FES A


GEOPOLÍTICA DA AMÉRICA DO SUL

PRINCIPAIS AQUÍFEROS BRASILEIROS E CONFLITOS PELA ÁGUA distribuídos pelo Brasil (70,2%), Ar-
Conflitos sociais pela água na região, em 2016 Aquíferos Transfronteiriços
gentina (18,9), Paraguai (6) e Uruguai
da América do Sul (4,9), o segundo, em relação à reserva
Bacias Hidrográficas Transfronteiriças de água, é o maior aquífero conheci-

Labmundo, 2017
da América do Sul
Conflitos envolvendo a água
(Movimento de Atingidos por Barragens;
do atualmente, possuindo volume de
Rede Latino-americana contra as Barragens,
pelos Rios, suas Comunidades e a Água;
86.400 km³ ao longo de seus 437.500
Red de Vigilancia Interamericana para la
Defensa y el Derecho al Agua) km² sob os estados brasileiros do Pará,
Fontes: MILANI et al., 2015; MATTA, 2010.
Amazonas e Amapá.

Para garantir que o potencial de seus


recursos naturais seja utilizado em
Apontada seu próprio território, uma estraté-
como uma das gia comum de diversos Estados é es-
principais cau- tabelecer legislações que assegurem
sas de conlitos o controle da exploração. No Bra-
atuais e futuros sil, por exemplo, a extração e o reino
no mundo, a escas- do petróleo eram atividades exerci-
sez de água já atinge das exclusivamente pela União até a
500 km
alguns países e ameaça década de 90, quando foi aprovada
muitos outros. Disputas a lei quebrando o monopólio estatal
em decorrência disso ocorrem e permitindo que empresas estran-
não apenas pela distribuição natu- geiras participassem de todas as eta-
ral dos recursos hídricos no mundo pas do ciclo do petróleo; na Bolívia,
– que em termos absolutos são suicien- por outro lado, o plebiscito realizado
tes para assegurar segurança hídrica a em 2004 promoveu a criação de uma
todos –, mas também por consequên- nova lei de hidrocarbonetos, naciona-
cias da ação humana. Se na América lizando a exploração de petróleo e gás
adian- do Sul, região que acumula mais de natural.
te em uma um quarto das reservas de água potá-
situação vel no mundo, há constantes tensões
como esta. provocadas por apropriações indevi- RESERVAS DE GÁS E PETRÓLEO
Volume de reservas comprovadas de petróleo
Esta alusão a das da água, o mesmo ocorre em ou- bruto por região, em bilhões de barris, em 2015
uma imagem tras partes do globo, com embates 800 *Os dados dos EUA
distópica cha- históricos pelo controle de áreas bem são relativos ao ano
de 2014.
ma atenção para abastecidas. Quanto à escassez, o Bra- 600

a África que con- sil e a região estão em posição relati- 400


ta, hoje, com a vamente confortável. O país dispõe
200
maior média de produção de alimen- de 12% das reservas de água potável
tos per capita do mundo, evidencian- no mundo e de 53% do continente.
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Labmundo, 2017
do sua posição privilegiada quanto à Parte considerável desta posição de-
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segurança alimentar. Mas, por ser o ve-se às bacias e aos aquíferos que ba-
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continente mais atingido pela fome nham grande parte do território, em


extrema, também demonstra como os especial os aquíferos Guarani e Alter Fonte: Sítio web EIA, 2016.
recursos dos países podem não ser des- do Chão. Enquanto o primeiro é um
tinados ao benefício de suas próprias dos mais extensos do mundo, com
populações. volume de 46.337 km³ e 1.196.500 km² Volume de reservas comprovadas de gás natural
por região, em quatrilhões de pés³, em 2015

*Os dados dos EUA


SEGURANÇA ALIMENTAR OU POTÊNCIA AGROEXPORTADORA? 2
são relativos ao ano
de 2014.
Saldo de exportações de alimentos (exceto pescados), por país, em índice de quantidades, em 2013

1
Labmundo, 2017
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Fonte: Sítio web EIA, 2016.

1000 km

VEJA TAMBÉM:
Presença de potências extrarregionais p. 56
50
60

Labmundo, 2017
00
90

08

.1
.6

0
40

37
-4

Amazônia Azul p. 64
-7
-2

1.

*O índice de quantidade representa a variação no total


dos preços ponderados dos produtos que são comercializados Amazônia Verde p. 62
entre os países, entre o período 2004-2006 e o ano analisado, País importador País exportador
que no caso da imagem é 2013. Sem dados (consome mais (produz mais do
disponíveis do que produz) que consome) Segurança ambiental p. 38
Fonte: Sítio web FAO, 2017.

ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E F ES A 67


Brasil: com os maiores gastos militares no con-
junto dos países e também disputando
entre si a liderança militar sub-regional

potência regional? naquele continente. Nos indicadores se-


lecionados, e apesar da África do Sul pos-
suir uma vasta costa bioceânica, Angola
supera o vizinho em todos os quesitos, à
exceção do poder naval. Angola não pos-
sui grandes navios de combate: o foco
das forças angolanas de defesa é o poder
terrestre e o aéreo, enquanto a África do
Sul apresenta peril mais equilibrado.

As narrativas sobre o Brasil preconizam O Brasil possui o maior número de tan- A fragilidade brasileira, porém, revela-
que seu status de potência regional, em ques, de peças de artilharia, navios de se na análise desagregada do orçamento
contexto fortemente assimétrico na combate, bem como submarinos e ae- das forças armadas: este não é uniforme
comparação com seus vizinhos, está ronaves táticas. Isso não signiica, no en- e relete prioridades políticas do setor
sujeito a fatores domésticos e sistêmi- tanto, que o país tenha superioridade de defesa no Brasil. Entre 2007 e 2016,
cos. A ambição de protagonismo regio- material absoluta na eventualidade da em média, 43,1% dos gastos em defesa
nal deve, ademais, ser contrastada com formação de uma coalizão militar. No foram para o Exército, 25,6% para a Ma-
as capacidades materiais de que dispõe entorno estratégico imediato, a análise rinha e 22,6% para a Força Aérea. De-
o Brasil para projeção internacional de comparada do gasto militar entre o Bra- sagregar os dados sobre o gasto militar
poder em seu entorno estratégico. Em sil e cada um dos demais países (com des- brasileiro é fundamental e traz um diag-
índices agregados, o Brasil apresenta- taque para Chile, Colômbia, Argentina e nóstico preocupante: os gastos com pes-
se como o detentor das mais elevadas Peru) revela forte assimetria, quando es- soal e encargos atingem valores muito
capacidades militares em relação aos ses países são tomados individualmente. altos se comparados com os gastos com
demais países situados no entorno es- No entorno estratégico estendido, des- investimentos. Os gastos com pessoal e
tratégico e geopolítico brasileiro. tacam-se África do Sul e Angola, ambos encargos são, em média, 88,2% no Exér-
cito, 76,9% na Marinha e 75,3% na For-
ça Aérea. A taxa média de investimentos,
CAPACIDADES MILITARES para o mesmo período é de 3,7% para
Índice global de capacidades militares, por país, em janeiro de 2016
o Exército, 11,4% para a Força Aérea e
12,4% para a Marinha. O baixo inves-
timento no setor de defesa denota li-
mitações estruturais importantes na
possibilidade de projeção de poder, ain-
da que o Brasil seja o maior detentor de
capacidades militares tradicionais se
0,09
comparado com países do seu entorno
0,25 estratégico imediato e estendido. Fica
Labmundo, 2017

1000 km
0,64 em aberto a questão se o Brasil teria ca-
Sem dados 1,02
disponíveis
1,96 *Mais de 50 fatores pacidade militar de proteger-se e proje-
(território, indústria, recursos naturais,
2,89 quantidade de militares etc.) constituem tar-se sobre a área que ele próprio deine
o índice. Porém, este mede, principalmente,
Fonte: Sítio web Global Firepower Database, 2017. 3,73 a capacidade militar convencional. como seu entorno estratégico.

EQUIPAMENTO MILITAR DO BRASIL E DE SEU ENTORNO ESTRATÉGICO


Equipamento militar, por tipo e país, em unidades, em 2016
Tanques principais Peças de artilharia Navios de combate e submarinos Aeronaves táticas
100 200 300 500 1500 5 15 40 80
Brasil Brasil Brasil Brasil

Angola Angola Angola Angola

Chile Chile Chile Chile

Argentina Argentina Argentina Argentina

Peru Peru Peru Peru

Venezuela Venezuela Venezuela Venezuela

Colômbia Colômbia Colômbia Colômbia

África África África África


do Sul do Sul do Sul do Sul

Equador Equador Equador Equador


Labmundo, 2017

Bolívia Bolívia Bolívia Bolívia

Paraguai Paraguai Paraguai Paraguai

Fonte: IISS, 2016.

68 ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E FES A


GEOPOLÍTICA DA AMÉRICA DO SUL

ORÇAMENTO DA DEFESA NO BRASIL


Execução orçamentária dos comandos das Forçcas Armadas, em bilhões de reais, entre 2007 e 2016
Comando do Exército Comando da Marinha Comando da Aeronáutica

200 200 200

100 100 100

Labmundo, 2017
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Fonte: sítio web do Ministério da Defesa, 2016.

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Execução orçamentária do Ministério da Defesa por destino ou departamento, em bilhões de reais, entre 2007 e 2016 TA
L

20 20 20 20 20 20 20 20 20 20
07 08 09 10 11 12 13 14 15 16

*Comando do
Exército

*Comando da
Marinha

*Comando da
Aeronáutica

Fundo
Aeronáutico

Administração
Direta

Fundo do
Exército

Fundo
Naval

Fundo de Administração do
Hospital das Forças Armadas

Indústria de Material
Bélico do Brasil

Amazônia Azul Tecnologias


de Defesa S.A

Fundo de Desenvolvimento do
Ensino Profissional Marítimo

Outros
Labmundo, 2017

TOTAL

273,595

VEJA TAMBÉM:
*Os gastos dos Comandos do Exército, da Marinha
e da Aeronáutica estão discricionados em maiores Capacidades materiais p. 26
detalhes nos gráficos acima.
Indústria da defesa no Brasil p. 84
18,799 Recursos estratégicos p. 66
Capítulo 2 (Atlas da PEB) p. 28-57
Fonte: sítio web do Ministério da Defesa, 2016. 0,116

ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E F ES A 69


Capítulo 4:

COOPERAÇÃO E
DESENVOLVIMENTO

Enara Echart Muñoz


Enara Echart Muñoz
Em geral, a defesa é uma política pública sensível para a maioria dos países, pois não
apenas está referida à função coercitiva legal do Estado como está diretamente relacio-
nada às relações civis-militares e à proteção dos elementos constitutivos do Estado:
soberania, território e população residente. Essas especificidades tendem a tornar o
processo de formulação da política de defesa mais opaco em comparação com outras
políticas governamentais. Consequentemente, o Estado, suas instituições, o Ministé-
rio da Defesa e as Forças Armadas são claramente proeminentes no processo decisório
em defesa. Atores não governamentais são relevantes e buscam influenciar o governo
- cada um com suas características, funções e interesses -, mas essa inserção ocorre de
modo assimétrico e, muitas vezes, informal. No caso do Brasil, essa interação no
plano doméstico implica a projeção externa de uma política de defesa baseada
simultaneamente em cooperação e em dissuasão. Nesse sentido, defesa e política
externa deveriam manter diálogo fecundo entre suas burocracias. A política de
cooperação internacional em defesa busca trazer estabilidade em regiões prioritárias,
transferência de tecnologia entre nações consideradas estratégicas e projeção interna-
cional do Brasil. Em matéria de dissuasão, a defesa se orienta no sentido da proteção
dos interesses nacionais no entorno estratégico, mormente contra possíveis ingerên-
cias de potências extrarregionais. Daí a necessidade de se analisar a política de defesa
de um modo amplo, levando em consideração os diversos atores econômicos, sociais
e políticos, bem como os interesses envolvidos, a exemplos das empresas públicas e
privadas que têm mantido vínculos estratégicos com as Forças Armadas e o Ministério
da Defesa. A ampliação do papel externo da Defesa e a constituição de uma indústria
nacional de defesa mobilizam não apenas os setores direta ou indiretamente vincula-
dos, como os militares, as empresas, os sindicatos, as universidades e os centros de
pesquisa, mas também setores da sociedade civil organizada que demandam maior
transparência nessa área. Nesse sentido, a maior densidade societal da função defesa
contribui para a instituição de mecanismos de prestação de contas e para sua efetiva
profissionalização.
Cooperação militar acordos-quadro de natureza intergo-
vernamental sobre cooperação para os
usos pacíicos do espaço exterior. Esses

com o Sul acordos são, em princípio, geradores


de novos instrumentos internacionais
e de iniciativas que levam ao desenvol-
vimento bilateral de programas espa-
ciais e, eventualmente, à obtenção de
novas tecnologias. Do mesmo modo,
o Brasil participa desde 2003 do Fó-
rum de Diálogo entre Índia, Brasil e
África do Sul (IBAS). O IBAS foi fun-
dado com o objetivo de constituir-se
Segundo o Livro Branco da Defesa e estreitando laços com os países do em mecanismo de coordenação entre
Nacional, a atuação internacional bra- Sul, não em detrimento de sua relação os três países emergentes, que comun-
sileira em matéria de defesa deve pri- tradicional com os países do Norte. gam a característica de serem demo-
mar pela consolidação de estruturas cracias multiétnicas e multiculturais.
de governança multilaterais, represen- Nesse sentido, a partir do inal da dé- Sua principal missão é contribuir para
tativas da nova distribuição de poder cada de 1980, o Brasil tem desenvolvi- a construção de uma nova arquitetura
global, voltadas para a paz e a seguran- do iniciativas de cooperação espacial internacional, unindo vozes em temas
ça mundiais e para o bem-estar da co- com China, Rússia, Índia e Ucrânia globais e aprofundando seu relaciona-
munidade internacional. Por isso, o (inalizado em 2015), que buscam pro- mento mútuo em diferentes áreas.
país deve empenhar-se na construção mover a capacitação tecnológica do se-
de uma multipolaridade cooperativa, tor espacial brasileiro para atender às Para além do aspecto diplomático, o
buscando a diversiicação de parcerias necessidades do país. Foram assinados IBAS prevê também a cooperação se-
torial em defesa. Essa cooperação foi
ACORDOS BILATERAIS E COOPERAÇÃO iniciada a partir da Reunião de Mi-
Atos bilaterais em Defesa e quantidade de projetos concluídos pelo Brasil na América Central e Caribe, nistros de Defesa dos três países em
por país, entre 2010 e 2015 2004, na cidade de Pretória, na Áfri-
Atos bilaterais em: ca do Sul, e deiniu em seu plano de
Vigor desde 2009 ação: a promoção da segurança aérea
Tramitação e marítima; a cooperação na produ-
ção e no comércio através de acordos
Quantidade de
Projetos concluídos:
de comercialização conjunta; a coor-
12 denação entre instituições de pesquisa;
a cooperação no setor de treinamentos
e diálogos trilaterais com regularidade
Labmundo, 2017

2
anual. Entre as principais iniciativas
1
1000 km de cooperação militar realizadas pelo
Fonte: Sítio Web do Itamaraty, 2016; Sítio Web da ABC, 2016.
IBAS, destacam-se os exercícios navais
conjuntos conhecidos como Ibsamar,

COOPERAÇÃO ESPACIAL
Acordos de cooperação na área aeroespacial, país parceiro, entre 1988 e 2016 2003 2006
1988 1999 Memorando de Acordo sobre proteção de tecnologia na exploração do espaço
Protocolo sobre pesquisa Acordo sobre colaboração em
e produção de satélite de Cooperação nos Usos tecnologia espacial 2007
recursos da terra Pacíficos do Espaço Ajuste sobre ampliação da recepção de dados dos satélites
2003 de sensoreamento da Índia
1988 Memorando sobre plano
Protocolo sobre cooperação 1999 2008
Acordo sobre do sistema de solo do
em pesquisa espacial CBERS 3 e 4 Programa de Desenvolvimento do Satélite de
lançamentos Navegação Global
1993 em Alcântara
Protocolo sobre 2003
Cooperação em Estatuto da Empresa Binacional 2008
Programa para a recepção e Distribuição de
Tecnologia do 2000 Alcântara Cyclone Space Dados do Resourcesat-1.
Espaço Protocolo de
Cooperação em 2003 2009
Tecnologia Tratado sobre utilização do Protocolo sobre Continuidade, Expansão
1994 Espacial Cyclone-4 em Alcântara e Aplicações do CBERS
Acordo sobre 2002
Desenvolvimento Comunicado sobre 2009
dos Satélites e expansão da Memorando sobre Cooperação em
Recursos Terrestres cooperação 2004 Geoinformação Digital
espacial Memorando sobre comissão
1995 de concertação e coordenação 2010
2002
Cooperação com a China Declaração entre a Memorando sobre Memorando para Recepção e Distribuição
AEB e a Agência cooperação no dos Dados do CBERS-2B
Cooperação com a Índia Espacial Nacional âmbito do espaço
da Ucrânia 2010
Cooperação com a Rússia 2004 Memorando sobre Cooperação
1996 Acordo sobre Cooperação nos em Sensoriamento Remoto
Declaração relativa às Usos Pacíficos do Espaço
Cooperação com a Ucrânia aplicações pacíficas
da ciência e tecnologia 2005
2010
espacial Memorando sobre Política de Dados para
Declaração sobre coooperação a Distribuição de Imagens do CBERS
1998 Econômica, Comercial,
Acordo sobre a 2002 Científica e Tecnológica
cooperação na Memorando sobre
Labmundo, 2017

pesquisa e usos 2015


futuros projetos 2005 Encerramento
do espaço espaciais bilaterais Protocolo sobre a
modernização do VLS-1 do Acordo de
Veículo Lançador Cooperação Espacial

1990 1995 2000 2005 2010 2015


Fontes: Sítio web do Ministério da Defesa, 2016; Sítio web do Itamaraty, 2016; Penna Filho, 2001; e Pereira, 2010.

72 ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E FES A


COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO

IBSAMAR DIPLOMACIA PRESIDENCIAL E MINISTERIAL NA AMÉRICA CENTRAL E CARIBE


Gastos absolutos com exercícios operativos do Quantidade de visitas de Presidentes e de Ministros de Defesa brasileiros, por país visitado na América
Ibsamar, em milhões de dólares, entre 2008 e 2014 Central e Caribe, entre 1995 e 2016

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Labmundo, 2017
Haiti
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20

20

20

20
Fonte: Marinha do Brasil, via Lei de Acesso à El Salvador
Informação, 2016.

República
Dominicana
Quantidade de militares envolvidos nos exercícios
operativos, por nacionalidade, de 2008 a 2014
Panamá

200
Costa Rica

100 Guatemala
Labmundo, 2017

Honduras
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Fonte: Marinha do Brasil, via Lei de Acesso à Jamaica


Informação, 2016.

Nicarágua
que tiveram início em 2008 na costa
indiana. Trinidad e
Tobago

Os diálogos bilaterais entre o Brasil e 13


a África do Sul também se aprofunda- TOTAL
5
ram em função da realização de gran-
des eventos no Brasil, como a Copa do 1
Mundo em 2014 e os Jogos Olímpicos
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em 2016. Com os países africanos, o


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Brasil compartilhou a sua experiên-


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cia na organização do primeiro even-


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to em 2010, por meio da instalação Haiti


de um Comitê Conjunto Brasil-Áfri-
ca do Sul e da entrega de um relatório
República
contendo detalhes sobre a segurança Dominicana
Labmundo, 2017

das estruturas estratégicas da Copa do *O Ministério da Defesa


foi criado em 1999.
Mundo de 2010. Além disso, os dois TOTAL **Não estão disponíveis
os dados dos Ministros
países têm trabalhado conjuntamente Élcio Alvares (1999-2000)
e José de Alencar
em projetos de proteção do Atlântico Fonte: Sítio web da Presidência, 2016; Ministério da Defesa via Portal da Transparência, 2016. (2004-2006).

Sul e no desenvolvimento de equipa-


mentos militares de ponta.
e estrangeira, bem como no cumpri- e militares; 2) intercâmbio de instru-
Não obstante a prioridade atribuí- mento de operações internacionais de tores e estudantes de instituições mi-
da aos países do Atlântico Sul, o Bra- manutenção de paz; 3) partilhar co- litares; 3) cursos teóricos e práticos,
sil realizou uma série de iniciativas de nhecimentos nas áreas da ciência e estágios, seminários, debates e sim-
cooperação em defesa com países da tecnologia; 4) promover ações conjun- pósios em entidades militares, bem
América Central e do Caribe. A partir tas de treinamento e instrução militar, como em entidades civis de interesse
de 2006, foram assinados acordos bi- exercícios militares combinados, bem para a defesa.
laterais com países dessas regiões com como a correspondente troca de infor-
o objetivo de: 1) promover a coopera- mação; 5) colaborar em assuntos rela-
ção nas áreas de planejamento, pesqui- cionados a equipamento e sistemas
sa e desenvolvimento, apoio logístico militares. Assim também, desde 2010, VEJA TAMBÉM:
e aquisição de produtos e serviços de foram realizados uma série de projetos Cooperação regional em defesa p. 58
defesa; 2) partilhar conhecimentos de cooperação em países dessas regiões Cooperação militar com o Norte p. 74
e experiências adquiridas no cam- na área de formação militar, a partir da Entorno estratégico p. 52
po de operações, utilização de equi- realização de: 1) visitas mútuas de de- África e ampliação do Atântico Sul p. 76
pamento militar de origem nacional legações de alto nível a entidades civis

ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E F ES A 73


Cooperação militar nos planos global e regional de gru-
pos terroristas, mercenários e parami-
litares, aumentou a preocupação com

com o Norte a possibilidade de que armas de des-


truição em massa possam ser utilizadas
por tais atores. No bojo dos atentados
aos EUA em 2001, foram ampliadas as
restrições de acesso às tecnologias sen-
síveis. Determinados Estados como
o Irã e a Venezuela chegaram a sofrer
com a proibição por parte dos EUA e
do Conselho de Segurança da ONU
de receberem a transferência de tecno-
Ainda que o Brasil tenha aumenta- incentivar a indústria de defesa, a par- logias de uso dual.
do sua cooperação com países do Sul, tir dos programas de transferência de
em quantidade e qualidade, estas ações tecnologia. A im de seguir as diretri- Tendo em vista esta preponderância do
não afetam a importância das parcerias zes da política nacional de defesa, os Norte nas tecnologias de defesa, o Bra-
estratégicas, no âmbito da cooperação recentes acordos de cooperação mili- sil tem diversiicado suas parcerias es-
militar com os países do Norte. Isso tar estabelecem a necessidade de que tratégicas a im de ampliar suas opções
ica ressaltado no setor da indústria as empresas brasileiras adquiram par- de cooperação. Devido a restrições re-
militar, visto que o Brasil ainda carece te da tecnologia do produto negocia- lacionadas às tecnologias sensíveis
das tecnologias existentes no Norte, a do ou que produzam o aparato militar – como foi o caso da proibição de ven-
exemplo de componentes de sistemas no Brasil. da dos aviões Super Tucano do Brasil
de armas, eletrônica aplicada à avia- para a Venezuela imposta pelos EUA,
ção, antenas para radares e sistemas de No período posterior às duas gran- o Brasil buscou novos acordos com
detecção para mísseis. A im de evitar des guerras, a tecnologia foi determi- parceiros alternativos no Norte, como
excessiva dependência em relação ao nante para a solução e a prevenção dos a França e a Suécia. No caso fran-
exterior, a transferência de tecnolo- conlitos armados, contudo os paí- cês, a parceria com a empresa francesa
gia é fundamental para garantir que as ses líderes no desenvolvimento cientí- DCNS visou a fomentar o desenvol-
Forças Armadas possam cumprir suas ico e tecnológico cercearam o acesso vimento do Programa de Submarinos
funções constitucionais e, também, de terceiros países às tecnologias sensí- da Marinha do Brasil e a construção da
que novas tecnologias sejam integra- veis. Na Guerra Fria, o objetivo do cer- base naval de Itaguaí. Os contratos in-
das pela base industrial de defesa. Por- ceamento era negar conhecimento ao cluíram cláusulas de transferência de
tanto, o Brasil encontra na cooperação bloco oponente e garantir a suprema- tecnologia de ponta para o país, per-
militar com o Norte um meio de mo- cia tecnológica em áreas estratégicas. mitindo que o Brasil projete e cons-
dernizar os seus aparatos militares e de Com o recente incremento da ação trua submarinos convencionais e um

PARCEIROS ESTRATÉGICOS NA COOPERAÇÃO NORTE-SUL DO BRASIL


Evolução dos principais acordos de compras de instrumentos militares feitos pelo Brasil, por país parceiro, em milhões de dólares, entre 2000 e 2015
2005 2011 2015
2000 Compra de 12 unidades de Compra de 1 unidade de Pionierpanzer 2 Compra de 23
Compra de 17 unidades de Mirage-2000 (Caças a Jato) (Veículo blindado de recuperação) unidades de Veículo
SK 105 Kurassier (Tanque Leve) anfíbio de assalto
2006
Compra de 2 unidades de P-400 2011
(Embarcação de patrulha) Compra de 10 unidades de Torres
não tripuladas (UT30BR) 2015
Acordo de compra
2001 e transferência de
Compra de 8 unidades de AS-532U2 2006 tecnologia de 36
Cougar (Helicóptero de Transporte) Compra de 7 unidades de BPz-2 unidades de
(Veículo blindado de combate) 2011 caças Gripen-NG
Compra de 2 unidades de
Bergepanzer 2 BPz-2
(Veículo blindado de
recuperação)
2006
Compra de 250 unidades de Leopard-1A5
(Veículo Blindado de Combate)

2008
Compra de 48 unidades de EC725 2012
Super Cougar (Helicóptero de transporte) Acordo de construção e
transferência de tecnologia de 86
unidades do Guarani (Veículo blindado
País parceiro: Em milhões de dólares de transporte de pessoal)
Itália 5800 2009
Acordo de transferência de
tecnologia para construção 2012
Áustria de 4 unidades de Scorpène Compra de 2 unidades de Fieldguard
(Submarino convencional) (Veículo com Sistema de controle de
Israel tiro e rastreamento)
1410 2013
EUA
2009 Compra de 34 unidades de
Acordo de transferência de Gepard 1A2 (Veículo de
Suécia tecnologia para construção defesa anti-aérea)
de 1 unidade de SNBR
Alemanha (Submarino nuclear) 2014
4 Compra de 6 unidades de
França Guarder (Veículo blindado)
2014
Compra de 80 unidades do
Labmundo, 2017

RBS-70 da SAAB (Sistema de


defesa antiaérea portátil)

2000 2003 2006 2009 2012 2015

Fonte: Sítio web do Senado Federal do Brasil, 2016 e CISB, 2016.

74 ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E FES A


COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO

TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA NA ÁGUA E NO AR


Investimentos em projetos de transferência de tecnologia militar com a França e com a Suécia, Instituições de pesquisa e empresas envolvidas em acordos
em bilhões de dólares, entre 2008 e 2016 de cooperação entre Brasil e Suécia em defesa aeronáutica,
1 2 3
por quantidade de projetos, em 2016
Caças Gripen NG
feitos pela SAAB na Suécia 14
Caças Gripen NG
feitos pela Embraer no Brasil
10
Construção de um estaleiro e de
uma base naval em Itaguaí (RJ)
6
Construção de partes não
nucleares para o SN-BR
Transferência de tecnologia: 2
Construção da 1ª Seção de Proa
Acordo SAAB com

Labmundo, 2017

Labmundo, 2017
a Suécia - Caças

Em ITA

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Material e construção de quatro

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Submarinos Convencionais

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Acordo DCNS com

i
a França - PROSUB

r ia
Torpedos e sensores

to
ua
Eq
Fonte: Sítio web do Senado Federal do Brasil, 2016 e CISB, 2016. Fonte: CISB, 2016.

EUA NA COOPERAÇÃO MILITAR submarino de propulsão nuclear. Já no segurança dos grandes eventos esporti-
Investimentos estadunidenses em ajuda militar
para o Brasil, em milhões de dólares,
acordo entre Suécia e Brasil, que trata vos sediados no Brasil, e gerou um in-
entre 1996 e 2016 da compra de 34 caças suecos da SAAB, tercâmbio de informações da ABIN
20 do modelo Gripen-NG, icou deini- com outros órgãos, aumentando a ca-
do que cerca de 15 caças seriam cons- pacidade de identiicação de ameaças
truídos em território nacional, por relacionadas ao terrorismo.
parte da Embraer. No entanto, a cri-
10 se vivida desde 2016 no país coloca tais No entanto, a cooperação militar com
projetos em uma zona de incertezas. o Norte pode não estar ligada apenas
Labmundo, 2017

ao desenvolvimento nacional, como


Algumas instituições acadêmicas parti- ocorreu com Grã-Bretanha, França e
cipam dos projetos de cooperação mi- EUA durante a ditadura civil-militar
litar, como é o caso dos projetos com brasileira. Além da compra de equi-
96

00

04

08

12

16
19

20

20

20

20

20

Fonte: Sítio web Security Assistance Monitor, 2016. a Suécia, em que atuam 14 institui- pamentos militares, também houve
ções nacionais. Além disso, para for- medidas explícitas de cooperação no
talecer setores como o cibernético, as auxílio à repressão de grupos sociais e
Quantidade de treinamentos militares, por ano, autoridades brasileiras buscam que as coletivos da oposição. A Grã-Bretanha
entre 1999 e 2015. capacitações nesta área sejam destina- repassou técnicas de tortura psicológi-
600
das aos usos industriais, educativos e ca, conhecida como “Five Techniques”,
militares. Nesse tema, os EUA exer- e auxiliou, de acordo com documentos
cem papel importante na formação da Comissão da Verdade, na criação
400 de militares e civis, por meio da assis- do CIEX, órgão composto por diplo-
tência para segurança cibernética. Há matas, encarregado de espionar polí-
também um empenho da ABIN nas ticos e militantes contrários ao regime
200 ações de contraterrorismo, com a tro- militar brasileiro e que se exilaram nos
ca de informações com serviços de in- países vizinhos. No caso francês, hou-
Labmundo, 2017

teligência estrangeiros e a cooperação ve a atuação de seus adidos milita-


internacional por meio dos adidos de res, com o comércio de armas e envio
99

01

03

05

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11

13

15

inteligência na Argentina, Colômbia e de veteranos das guerras da Indochi-


19

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20

20

20

20

20

20

Fonte: Sítio web Security Assistance Monitor, 2016. Venezuela. Esta cooperação ocorreu na na e da Argélia, que treinaram milita-
res brasileiros e trouxeram doutrinas
de contrainsurgência para o Brasil. No
COOPERAÇÃO NORTE-SUL EM SEGURANÇA CIBERNÉTICA caso dos EUA, nos recentes documen-
Investimentos estadunidenses em assistência para segurança cibernética, em milhões de dólares,
por país e por quantidade de estudantes no NDU iCollege e no Marchall Center, em 2015
tos da Comissão, conirmou-se o en-
0,2 0,4 0,6 0,8 sino, na década de 1970, de técnicas
Taiwan operacionais de torturas e assassinatos,
além da conivência do governo esta-
Suécia
dunidense com as forças de segurança
Tunísia para eliminação, após interrogatório,
Colômbia
de indivíduos considerados subversi-
Arábia
vos ao regime militar.
Saudita

México
Quantidade
de alunos VEJA TAMBÉM:
Indonésia
28
Cooperação militar com o Sul p. 72
Labmundo, 2017

Ucrânia 9
Entorno estratégico p. 52
Brasil 2
Segurança cibernética p. 48
Geopolítica e cooperação nuclear p. 80
Fonte: Sítio web Security Assistance Monitor, 2016.

ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E F ES A 75


África e ampliação entorno estratégico brasileiro. Des-
se modo, foram empreendidas diver-
sas atividades, visitas e acordos para

do Atlântico Sul sinalizar e consolidar a importância


estratégica que o Brasil confere à re-
gião. Além dos diversos projetos de
integração com os países da Améri-
ca do Sul, destacam-se, no contexto
africano, a criação e o adensamento
das relações brasileiras com dois gru-
pos: os países membros da Comuni-
dade dos Países da Língua Portuguesa
(CPLP) e os da Zona de Paz e Coo-
O conceito de Atlântico Sul amplia- o Atlântico Sul e os países da costa peração do Atlântico Sul (Zopacas).
do, conforme deinido pelo Livro ocidental africana, juntamente com Um possível indicador da relevância
Branco da Defesa Nacional, inclui a América do Sul e a Antártida, no que os agrupamentos possuem na di-
plomacia e na política de defesa do
Brasil é a quantidade de viagens oi-
DIPLOMACIA PRESIDENCIAL E MINISTERIAL NA CPLP E ZOPACAS ciais realizadas, tanto por presidentes
Quantidade de visitas de Presidentes e de Ministros de Defesa brasileiros, por país, entre 1998 e 2016
Visitas presidenciais, 1998-2016 (FHC, Lula e Dilma)
quanto pelos Ministros da Defesa, vi-
sitas que resultaram na assinatura de
acordos e realização de atividades de
cooperação.

A Zopacas foi criada em 1986, no ple-


nário da Assembleia Geral da ONU.
A Resolução 41/11, que a instituiu,
possuiu ampla aceitação, com exce-
ção de poucas abstenções de países
Labmundo, 2017

desenvolvidos e apenas um voto ne-


1000 km gativo, proferido pelos EUA. Essa
Fonte: Sítio web do Itamaraty, 2016; Sítio web da Presidência, 2016.
informação ressalta o quanto a trans-
formação de uma zona, em que há a
Visitas ministeriais, 2000-2016* presença da IV Frota estaduniden-
se, em uma região de paz, provocou
reações adversas. Desde que foi insti-
tuída formalmente, a Zopacas virou
item prioritário da agenda de defe-
sa do Brasil, pois a região contém ri-
quezas materiais indispensáveis ao
país, como a Amazônia Azul e o Pré-
Sal. Além disso, a aproximação e a co-
operação em temas sensíveis com os
países africanos insere-se na estraté-
Labmundo, 2017

1000 km gia de diversiicação de parcerias da


31
*Dados disponíveis
a partir do ano 2000 15 diplomacia brasileira. Essa ampliação
1
é ilustrada pela relação do país com
Fonte: Ministério da Defesa via Portal da Transparência, 2016. a África do Sul, que após o im do

DEFESA NO ATLÂNTICO SUL AMPLIADO COOPERAÇÃO TÉCNICA EM DEFESA NO ATLÂNTICO SUL


Acordos bilaterais sobre defesa do Brasil com países africanos ou membros da Quantidade de atividades do Brasil nos países do entorno estratégico
Zopacas, entre 1990 e 2016 ampliado, entre 2008 e 2016
1994 2002 2010
Cabo Verde Argentina Angola
1994 2003 2010
Cabo Verde Argentina Nigéria
2003 2010
Ãfrica do Sul Uruguai
2004 2010
Moçambique São Tomé e Príncipe
2005 2010
Argentina Senegal
2006
Guiné Bissau 2014
País americano membro da Zopacas 2009 Namíbia
País africano membro da Zopacas Moçambique 80
País africano não membro da Zopacas
Labmundo, 2017

Labmundo, 2017

2009
Namíbia 31

2
1995 2000 2005 2010 2015 1000 km

Fonte: Divisão de Acordos Internacionais do Itamaraty, 2016. Fonte: Sítio web da ABC, 2016.

76 ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E FES A


COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO

PASSOS PARA UMA PARCERIA ESTRATÉGICA


Cronologia das relações entre Brasil e África do Sul em temas de defesa entre 1918 e 2016 1986 2007
1918 Estabelecimento da Zopacas Empresa Denel assina contrato de
Abertura do consulado para produzir A-Darter
brasileiro na Cidade do Cabo 1991
1922 Nelson Mandela 2010
Estabelecimento de linha de visita o Brasil Brasil e África do Sul firmam
navegação mercante entre os países 2000
parceria estratégica
1926 I Reunião da Comissão
África do Sul envia diplomata para avaliar Mista de Cooperação
o comércio com a América do Sul Brasil-África do Sul 2012
1939 África do Sul participa do
Assinatura de acordo exercício naval Atlasur
comercial entre os países 2000
Mineradora sul-africana
1948 adquire 2,1% da Vale
Abertura de legação
diplomática em Pretória 2012
1950 Assinatura de acordo
África do Sul contraria a ONU aeronáutico para produzir
e anexa a atual Namíbia A-Darter em SP
1966 2003
ONU cancela o mandato Criação do IBAS
sul-africano na Namíbia 2014
1971 Exercício IBSA-MAR na
Abertura de legação 2003 costa sul-africana
sul-africana em Brasília Assinatura de Acordo
Atos brasileiros 1977 bilateral de Defesa
Conselho de Segurança da ONU decreta 2014
Atos sul-africanos embargo de armas à África do Sul

Labmundo, 2017
Ministro da Defesa
Atos bilaterais ou multilaterais 1985
2006
visita a África do Sul
Brasil decreta fim de relações
esportivas e culturais devido Acordo para desenvolvimento
ao apartheid do míssel A-Darter
1920 1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010
Fonte: Sítio web do Ministério da Defesa, 2016; Sítio web do Itamaraty, 2016; Penna Filho, 2001; Pereira, 2010.

apartheid vivenciou um aumento ex- COOPERAÇÃO EM DEFESA NA CPLP


Sedes e projetos da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, entre 2000 e 2016
pressivo das relações em defesa com o
Brasil, por meio da formação da Par- Sediaram Reuniões de
Ministros da Defesa
ceria Estratégica e dos sucessivos con- Países visitados por navios-patrulha
tratos para a confecção conjunta do brasileiros para treinamento
conjunto (2012-2013)
míssil A-Darter. A aproximação em Sediaram edições da
Operação Felino (Exército)
temas de defesa com a Namíbia apre- Sediaram o Simpósio
senta-se, também, como fato expres- das Marinhas

sivo, pois os países manifestaram o Membro da CPLP

interesse de levar para o Exército e a


Força Aérea a cooperação exitosa das

Labmundo, 2017
Marinhas nacionais.

O Brasil possui uma densa coopera- 1000 km

ção em temas de defesa com os par- Fonte: Sítio web do Ministério da Defesa, 2016; sítio web da CPLP, 2016; sítio web das Forças Armadas de Portugal, 2016.
ceiros da África lusófona. Além dos
tratados bilaterais sobre o tema, as-
sinados com parceiros variados, a CRIAÇÃO DA ZONA DE PAZ DO ATLÂNTICO SUL
Votos por país na Resolução da Assembleia Geral 41/11 de 1986, que criou a Zopacas
CPLP realiza regularmente reuniões
de Ministros da Defesa e o Simpó-
sio das Marinhas, além de realizarem
operações conjuntas, como a Opera-
ção Felino e o treinamento em navios
-patrulha. A Operação Felino é uma
atividade de destaque, pois promo-
ve a integração entre as Marinhas dos
países, que se revezam para sediar o
exercício. É necessário ressaltar, ain-
Labmundo, 2017

da, a cooperação técnica em defesa A favor

realizada com os países da CPLP, em Abstenção

que são recebidos pelas Forças Arma- 1000 km Contrário


Não votaram
das Brasileiras um número signiica- Fonte: Unbisnet, 2016.
tivo de militares, principalmente de
Angola e Moçambique, para partici-
par de cursos de treinamento e aper- aproximação indica a vontade mútua a construção de coniança no espaço
feiçoamento, ministrados por oiciais dos parceiros de consolidar a região regional ampliado.
brasileiros. como zona de paz, em que os laços que
unem historicamente as duas regiões
A ampla gama de atividades, acordos sejam reairmados constantemen- VEJA TAMBÉM:
e visitas indicam que o Atlântico Sul te. Com a ressalva de que os projetos Cooperação militar com o Sul p. 72
e os países africanos são de impor- de cooperação não interiram em pro- Entorno estratégico p. 52
tância vital para a política de defesa cessos políticos domésticos, as inicia- Amazônia Azul p. 64
do Brasil. Para além da necessidade tivas são bem recebidas por todos os Coop. Sul-Sul: África (Atlas da PEB) p. 116
de resguardar recursos estratégicos, a países envolvidos e contribuem para

ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E F ES A 77


Comércio com armamentos para os países do seu entor-
no, pode-se citar o comércio de equipa-
mentos como um instrumento político

BRICS e países em para aumentar sua inluência sobre os


países compradores, contribuindo para
manter a balança regional de poder.
Como comprador, os benefícios in-

desenvolvimento cluem a transferência de tecnologia e


a industrialização para ins militares.
Mais do que isso, esses países muitas ve-
zes não podem arcar com os custos ou
a manutenção de sistemas avançados
de alta tecnologia, o que leva o Brasil
A indústria de armamentos brasileira ocupando a 26a posição, com uma par- a buscar ocupar um nicho de merca-
vem aumentando o seu potencial com- ticipação moderada nas transações glo- do de itens de média e baixa tecnolo-
petitivo com o desenvolvimento de bais da indústria armamentista. Essa gia, diminuindo o preço da mercadoria,
sistemas de armas adicionais para ex- mudança modesta de posicionamen- e atraindo compradores periféricos. É
portação, incluindo um míssil cruzei- to decorre da abordagem brasileira que interessante também traçar uma com-
ro de ataque terrestre, um foguete de não está focada apenas no aumento do paração com as exportações brasileiras
artilharia guiada por GPS e mísseis an- poderio militar, mas sim na transferên- de armas de fogo e equipamentos asso-
tinavio e antirradiação, que são exem- cia de tecnologia, diretamente relacio- ciados, que é um tipo de comércio di-
plos de como o setor busca incrementar nada à visão que o Brasil tem do lugar ferente do de armas convencionais, em
suas tecnologias e opta por ir além das que deveria ocupar no mundo. que o Brasil encontra um forte mercado
necessidades militares domésticas, bus- na América Latina, especialmente Amé-
cando espaços nos mercados interna- No entanto, é importante analisar os rica Central e Caribe. Neste segmento
cionais. O Brasil, no entanto, ainda mercados nos quais o Brasil tem partici- ocupa o segundo lugar no ranking dos
não é um produtor estabelecido no pação. No ranking dos maiores compra- países que mais exportam armas desse
comércio global de armas convencio- dores de armamentos brasileiros de 2010 tipo para a região, icando atrás apenas
nais, crescendo apenas uma posição a 2015, todos os países são do Sul, sen- dos EUA. Na relação do Brasil com os
no ranking dos principais fornecedo- do que 3 são da Ásia, 5 da África, e 6 da BRICS, a relevância da cooperação po-
res mundiais, indo da 24a posição no América Latina, e desses 6, Bolívia, Chi- lítica entre os países do bloco não se re-
período de 2009 a 2014, para a 23a, na le, Colômbia, Equador e Paraguai estão lete no comércio de armamentos com
relação de 2010 a 2015. No ranking na América do Sul. Dentre os benefí- aqueles países. O Brasil, além de não ex-
de importadores, o Brasil seguiu cios para o Brasil, como fornecedor de portar para nenhum dos parceiros do

COMÉRCIO DE EQUIPAMENTOS MILITARES ENTRE OS BRICS


Valor absoluto do fluxo comercial de equipamentos militares, participação do comércio com os BRICS no total e fluxos de importação e exportação entre os
BRICS, em milhões de dólares (preços correntes de 1990), entre 2010 e 2015

Rússia

China
Brasil

1000 km

Comércio com outros


países (área do círculo) Índia
Comércio com
BRICS (área do círculo)

Fluxos de importação/exportação
Valores de totais do fluxo
comercial de equipamentos
Valores de importação e militares (área do círculo)
exportação entre os países
do BRICS (espessura das setas) 42994

17670

50 4705 16554
Labmundo, 2017

966

África do Sul
Fonte: SIPRI, 2016b.

78 ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E FES A


COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO

EXPORTAÇÃO DE ARMAS
Armas de fogo e equipamentos associados exportados pelo Brasil em milhões de dólares, de armas convencionais e seus compo-
por país, em 2015
896,4
nentes. De modo geral, tratados desse
tipo geram muita resistência por par-
196,0 te dos países fortemente integrados ao
mercado internacional, que temem que
8,4 a regulamentação leve a limitações nas
suas estratégias de defesa e de transfe-
rência de tecnologia militar. Por esse
motivo, muitos países com maior peso
no comércio internacional de arma-

Labmundo, 2017
1000 km mentos, seja como vendedores ou com-
pradores, abstiveram-se de assinar o
documento.
Fonte: UN Comtrade, 2016.
Pode-se assim entender a posição do
Brasil e da África do Sul, países com
EXPORTAÇÃO DE ARMAS participação pequena no mercado,
10 principais países exportadores de armas de fogo e seus equipamentos associados para países da como defensores do documento na As-
América Central e do Caribe, em milhões de dólares, em 2015.
5 10 15 20 25
sembleia Geral da ONU de abril de
2013, e a de Rússia, China e Índia, que
EUA

Labmundo, 2017
se abstiveram de votar. A Índia foi o
Brasil país que teve a postura mais irme, con-
México
denando a assinatura do tratado e air-
Fonte: Sítio Web Comtrade ONU, 2016. mando que a iscalização do comércio
Espanha
de armas deve ser responsabilidade in-
China dividual dos Estados. O Brasil não ape-
grupo, comprou ar- A assimetria material e geopolítica tam- nas foi favorável à adoção do tratado,
Israel
mas convencionais bém é expressiva: China e Rússia são os como também sugeriu a ampliação de
Itália apenas da Rússia, únicos membros permanentes do Con- suas cláusulas e da lista de armamen-
Alemanha
durante o período selho de Segurança da ONU no grupo; tos incluídos nos termos do acordo.
avaliado. As prin- Brasil e África do Sul não têm armas Portanto, com posições tão diferen-
Reino
Unido cipais importações nucleares. Para além disso, tanto Brasil tes sobre a regulamentação do comér-
França do Brasil vem da quanto África do Sul não buscam pro- cio internacional de armamentos, seria
Alemanha, Fran- jeção internacional baseada puramente possível dar força às transferências des-
ça, EUA, Israel, Itá- no incremento do seu poderio militar, se tipo de tecnologia e de bens no con-
lia e Rússia, que mas sim focando em seus atributos po- texto intra-BRICS? Como intensiicar
são, em sua maioria, potências já esta- líticos e diplomáticos. a ampliação da integração econômica
belecidas no mercado internacional do do bloco nesse segmento de mercado se
setor. A questão central é que o Brasil As posições que os BRICS defendem o grupo reúne países com objetivos tão
não é uma exceção na falta de diversi- por meio das declarações conjuntas nas diferenciados no sistema internacional
icação de parceiros dentro dos BRICS, suas reuniões de cúpula são contrárias e em termos de estratégias de defesa?
e que o comércio de armamentos den- ao uso da força e a favor do respeito à
tro do grupo tem uma interface muito soberania de cada nação, principal- Enquanto os BRICS, na retórica, apa-
particular, com a Rússia sendo o único mente com o objetivo de construir a recem como potencial fonte de polí-
país que interage com todos os seus pa- imagem de um grupo pacíico, que de- ticas de contrapeso às estratégias das
res nesse sentido. Os maiores luxos são seja contribuir para a estabilidade in- potências ocidentais, na prática, seus
da venda de armamentos russos para ternacional. No entanto, este discurso luxos de importação de armamentos
chineses e indianos, apesar de também contrasta com algumas posturas indivi- ainda são extremamente dependen-
existirem registros de compras da Áfri- duais dos seus membros. A questão do tes de países como Alemanha, Fran-
ca do Sul e do Brasil em luxos meno- tratado sobre o comércio de armas ilus- ça, Reino Unido e EUA, enquanto suas
res. A Índia aparece como o único país tra bem essa questão, além de ilumi- exportações estão destinadas à perife-
que mostra um comércio de armas in- nar os obstáculos práticos no caminho ria do sistema internacional e aos paí-
tra-BRICS maior do que com outros de uma maior integração dos BRI- ses em desenvolvimento, reforçando
países, mas a Rússia é a maior responsá- CS nos temas de segurança. É preciso o seu papel de atores de relevância in-
vel por esses números. Embora o bloco ressaltar que China e Rússia aparecem termediária no comércio mundial de
se baseie na ideia de que esses países de- no ranking dos maiores exportado- armamentos.
veriam compartilhar de uma visão es- res mundiais de armas convencionais,
tratégica da política internacional, suas enquanto a Índia e a China estão no
posições em relação aos temas da agen- ranking dos maiores importadores. VEJA TAMBÉM:
da global de segurança revelam que as Cooperação militar com o Norte p. 74
diferenças ainda inluenciam signii- O Tratado sobre Comércio de Armas Geopolítica e cooperação nuclear p. 80
cativamente suas diplomacias, o que (ATT), de 2014, tem como objetivo Mecanismos internacionais de defesa p. 28
pode levar a um esvaziamento das par- central estabelecer mecanismos que Cooperação militar com o Sul p. 72
cerias comerciais no âmbito da defesa. controlem as transações internacionais

ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E F ES A 79


Geopolítica No contexto de Guerra Fria, o desen-
volvimento de capacidades nucleares
reletia diferentes objetivos nacionais,

e cooperação de acordo com a posição dos países no


sistema internacional. Para as grandes
potências, o objetivo principal era as-
segurar sua hegemonia ao buscar im-

nuclear pedir a proliferação de armas nucleares.


Os menos poderosos buscavam domi-
nar a tecnologia nuclear por questões
de poder e desenvolvimento, pelas ri-
validades regionais que geravam uma
corrida nuclear entre eles, assim como
GEOPOLÍTICA NUCLEAR E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA pelos benefícios práticos de contar com
Quantidade de reatores nuclares operacionais e desativados por longo prazo*, por país, em 2016**
fonte de energia alternativa. No Brasil,
esforços consideráveis em pesquisa e
tecnologia nuclear foram realizados so-
mente a partir de 1951, quando da cria-
ção do CNPq. A instituição assumiu o
controle das reservas de tório e urânio
no país. À época, a gestão nacional-de-
senvolvimentista do CNPq quanto aos
rumos da política nuclear brasileira foi
criticada pelo Itamaraty. As tensões do

Labmundo, 2017
período ocasionaram a renúncia do
100 presidente do CNPq e conduziram a
36 *Reatores desativados
1000 km
com intenção expressa
de serem reativados
questão nuclear ao status de assunto
1
Fonte: Sítio web PRIS/AIEA, 2016. no futuro. majoritariamente diplomático. Nesse
**Até setembro
período, o Brasil alinhou-se aos EUA e
às medidas que se seguiram ao progra-
Capacidade energética, em megawatt, por país, em 2016
ma Átomos para a Paz, no qual o go-
100.000 verno estadunidense buscava estimular
a produção de energia nuclear para ins
75.000 pacíicos pelo mundo. A iniciativa foi
responsável pelo desenvolvimento de
parte da rede nuclear global, culminan-
50.000
do com a criação da AIEA.

25.000 Entre disputas internas e a competição


direta com a Argentina, as décadas se-
guintes marcaram o aumento do inte-
Labmundo, 2017
Pa lo o

resse declarado do Brasil em expandir


Fr A
Ja ça
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Ca Sul

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n

lg
pa

a
é
U

v
B

seu sistema de geração de energia nu-


Áf

clear. O governo militar buscou adqui-


Fonte: Sítio web PRIS/AIEA, 2016. rir usinas nucleares visando constituir
um complexo nuclear autônomo e o
domínio do ciclo completo do com-
Capacidade energética dos principais reatores nucleares de cada país em desenvolvimento,
em megawatt, em 2016 bustível. Nesse período, o Brasil assi-
200 400 600 800 1000 1200
Shin-Kori 3 (Coreia do Sul)
nou o Tratado de Tlateloco (1967), no
Angra 2 (Brasil) qual se comprometeu a não utilizar a
Novovorezh (Rússia) tecnologia nuclear para ins militares,
Hongyanhe (China) e se recusou a assinar o TNP, alegan-
Temelin 1 (Rep. Tcheca) do que o acordo violaria e limitaria a
Kozloduy 5 (Bulgária) soberania nacional sobre o desenvolvi-
Khmelnitski (Ucrânia)
mento nuclear e congelaria a distribui-
Koeberg 1 (África do Sul)
Kudankulam 1 (Índia)
ção global de poder. Em 1975, o Brasil
Bushehr 1 (Irã) negociou um grande acordo nuclear
Laguna Verde 1 (México) com a Alemanha, na casa de 10 bilhões
Atucha 2 (Argentina) de dólares em valores da época, obje-
Krsko (Eslovênia) tivando a transferência de tecnologia
Cernavoda 1 (Romênia)
para a importação de urânio e a cons-
Angra 1 (Brasil)
Labmundo, 2017

Paks 2 (Hungria)
trução no país de dois reatores, volta-
Bohunice (Eslováquia)
dos para ins pacíicos até 1985, além da
Chasnupp 3 (Paquistão) opção de mais seis até 1990. Visando
Fonte: Sítio web PRIS/AIEA, 2016. impedir a transferência da tecnologia

80 ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E FES A


COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO

CORRIDA NUCLEAR ACORDOS DE SALVAGUARDA PARA FINS NUCLEARES


Evolução da produção de energia nuclear, por país, Principais protocolos, por país e data de conclusão, entre 1962 e 2016
em megawatts, entre 1985 e 2015

99185

23612

137
%
3,7
12
+1

2016
China
2000

Labmundo, 2017
1990
Não concluíram
1000 km 1980 o protocolo
1962 Sem dados
disponíveis
Fonte: Sítio web AIEA, 2016.
%
,6
Coreia do Sul 88
+4

COOPERAÇÃO NUCLEAR ENTRE BRASIL E AMÉRICA LATINA


% Quantidade de acordos bilaterais, por país, entre 1961 e 2015
0 3,6
+4 20 40 60

Labmundo, 2017
Argentina
Paquistão
Chile

Venezuela
Fonte: Brics Policy Center, 2015.
,4 %
64
+3 Peru
Índia
Uruguai

Equador de enriqueci- administração icou por conta de uma


00 ,9 % Paraguai
mento do urâ- instituição com personalidade jurídica
+2
Brasil nio, o governo própria – a ABACC. Assinado em 1991
Colômbia
estaduniden- e em vigor desde 1994, o acordo quadri-
%
Bolívia se pressionou partite assinado por Brasil, Argentina,
+ 74,5
Argentina México a Alemanha, ABACC e a AIEA criou um prolíico
e as cláusulas sistema de salvaguardas bilaterais.
de transferência de tecnologia sensível,
Japão irmadas no acordo, não avançaram. Na atualidade, o Brasil está em período
+ 70,6
% Dada a frustração com a negociação, de consolidação de seu programa nu-
no ano de 1979, o governo militar bra- clear. Desde 2008, a Estratégia Nacio-
sileiro deu início, sigilosamente, ao nal de Defesa elenca como prioritária a
França Programa Nuclear Paralelo, desenvol- intenção de desenvolver e dominar esta
vido pela Marinha do Brasil em parce- tecnologia. No Livro Branco da Defe-
%
+ 68,4 ria com o Instituto de Energia Nuclear sa de 2012, há menção à necessidade do
da USP, que buscava construir um rea- uso do submarino de propulsão nucle-
tor para um possível submarino nuclear ar para proteção dos recursos naturais
Rússia brasileiro. Em 1985, Angra I foi inau- e das rotas comerciais. Com Angra I e
+ 60,6 % gurada. A redemocratização no Brasil II em operação e Angra III em constru-
marcou um período de reaproximação ção, o país conta com uma produção
EUA diplomática com a Argentina, tal como energética bem abaixo das potências
é sinalizado pela assinatura da Decla- mundiais, mas de relativa eiciência;
ração Conjunta sobre Política Nuclear os reatores brasileiros, embora em pe-
+ 33,3 % (1985), que criou um grupo de trabalho quena quantidade, estão entre os que
conjunto para promover o desenvolvi- apresentam melhor desempenho. Dos
mento tecnológico e nuclear de ambos resultados sensíveis em relação ao avan-
África do Sul os países. Dois anos depois, José Sarney ço do programa, podem ser lembrados
+ 1,1 %
tornou público o programa autônomo o incentivo às pesquisas, o domínio do
dos militares e comunicou que o Bra- ciclo completo do combustível e o de-
Reino Unido
sil havia dominado a tecnologia de en- senvolvimento do submarino com pro-
- 11,5 % riquecimento de urânio. Desde então, pulsão nuclear.
a pesquisa e o desenvolvimento nucle-
Alemanha ar passaram a ser de responsabilidade
da Marinha. Em 1990, a Declaração VEJA TAMBÉM:
- 40,4 %
sobre Política Nuclear Comum Brasi- Cooperação militar com o Sul p. 72
Labmundo, 2017

leira-Argentina deu origem ao Sistema Cooperação militar com o Norte p. 74


Comum de Contabilidade e Controle Controle nuclear p. 32
1985 1995 2005 2015
(SCCC), abrangendo todas as ativida- Defesa e segurança (Atlas da PEB) p. 46
Fonte: Sítio web AIEA, 2016. des nucleares de ambos os países e cuja

ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E F ES A 81


Economia, os povos e nos direitos humanos, os
quais limitam a ação dos Estados-Na-
ção nos conlitos externos e internos.

política e O sistema multilateral visa deinir


quais os limites e direitos que uma
sociedade possui para se defender.
Historicamente, defesa e seguran-

Congresso ça são questões que icavam restritas

PRINCIPAIS INVESTIMENTOS
Orçamento dos principais programas da defesa
brasileira, em milhões de reais, entre 2003 e 2014

(2 ula 6)

(2 ilm 0)

)
14
Arms Survey. Trata-se de uma rede

1
A defesa do território nacional e a se-

20

20

20

l
01 a

ta
3-

7-

1-
(2 ula

To
00

00

D
gurança da população são elementos que movimentou 6 bilhões de dólares

L
Sistema de
estruturais do Estado-nação moder- naquele ano. No que tange aos pro- Controle do
Espaço Aéreo
no e são dimensões decisivas para se cessos que exigem mais tecnologia, o Implantação de
estaleiro e base naval
medir o poder de cada país na política Brasil é retardatário, com seus princi- para construção
de submarinos
internacional. Para um Estado-nação pais investimentos em questões-chave Construção de
submarinos
exercer suas funções diante de seus ci- tais como a defesa cibernética e o sub- convencionais

dadãos e para competir com às demais marino nuclear datando de 2009 em Aquisição de
Aeronaves
nações, produzindo relações de força diante.
Modernização e
e de equilíbrio entre elas, há um cus- Revitalização de
Aeronaves
to material: recursos e riqueza gerada Há também uma dimensão polí-
nas cadeias produtivas e comerciais li- tica da defesa, cujas estratégias são Missões de Paz

gadas a questão da defesa e seguran- variadas em qualquer sociedade, en- Aquisição de


ça, que podem ser medidas enquanto sejando disputas que fazem parte dos Helicópteros (HX-BR)

um PIB mundial e nacional da Defesa. conlitos políticos de todos os paí- Desenvolvimento


O Brasil, por exemplo, é o 4º maior ses. A temática da defesa encontra, do KC-390

exportador de armas leves do mun- nas relações internacionais, um con- Programa


Nuclear da
do (as que mais matam), segundo re- traponto ético e moral expresso nas Marinha

latório divulgado em 2013 pela Small noções de coexistência pacíica entre Construção de
submarino nuclear

Outros

DEFESA NO PIB BRASILEIRO


Valor total e participação no PIB do setor relacionado à defesa, em comparação com outros setores,
Total
em trilhões de reais, entre 2009 e 2014
1 2 3

Serviços *O Ministério da Defesa


não disponibiliza dados 41.023.338

Labmundo, 2017
orçamentários completos
referentes aos governos
Agronegócio anteriores. 9.411.053

78.890
Fonte: Sítio web do Ministério da Defesa, 2016.
Indústria de
transformação
Labmundo, 2017

A área de defesa movimenta


Defesa aproximadamente 2% da
ORÇAMENTO DA DEFESA BRASILEIRA
economia brasileira. Valor do orçamento em defesa no Brasil e
Fonte: IBGE, 2015. participação de investimentos no total, em
bilhões de reais, entre 2000 e 2014.

GASTOS MILITARES NO MUNDO


Média com relação ao PIB de cada país, entre 2000 e 2014
60

40

20
20 0
20 1
20 2
20 3
20 4
20 5
20 6
20 7
20 8
20 9
20 0
20 1
20 2
20 3
14
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1
1
1
1

10,9
20

Labmundo, 2017
Labmundo, 2017

8,18
5,45 Orçamento total
1000 km
2,72 Sem dados disponíveis ou Orçamento para investimentos
0 com média inferior a 0
Fonte: Banco Mundial, 2015; SIPRI, 2015. Fonte: Ministério da Defesa, 2014.

82 ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E FES A


COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO

PASSOS PARA UMA LEGISLAÇÃO EM MATÉRIA DE DEFESA


Cronologia dos principais marcos legais para a Defesa Nacional, entre 1996 e 2016 2010
1996 Lei 12249
2005 Constitui fonte de recursos adicional aos 2016
Mensagem presidencial Decreto 5484 agentes financeiros do Fundo da Marinha Lei 13260
Cria a Política Nacional de Defesa Altera a Política Nacional Mercante; e institui o Regime Especial para Lei Antiterrorismo
1998 de Defesa, inserindo o Indústria Aeronáutica Brasileira
Decreto 2864 conceito de Segurança 2012
Brasil adere ao Tratado de Mensagem presidencial
Não Proliferação Nuclear 2006 Publica e encaminha ao Congresso
Lei 11279 a Política Nacional de Defesa, a Estratégia
1999 Dispõe sobre o Ensino Nacional de Defesa e o Livro Branco
Lei Complementar 97 da Marinha 2010
Cria o Ministério da Defesa 2013
Lei Complementar 136 Decreto Legislativo 373
1999
Cria o Estado-Maior Aprova a Política Nacional de Defesa,
2006 Conjunto das Forças
Lei 9786 Lei 11320 a Estratégia Nacional de Defesa e o Livro Branco
Dispõe sobre o Sistema Armadas
Dispõe sobre o comando 2013
de Ensino do Exército da Força Área em tempos Decreto 7970
de paz Regulamenta a Lei 12598
1999 2011
Decreto 3182 2007 Lei 12464
Estrutura o Sistema Portaria Normativa 113 Dispõe sobre o Sistema 2014
de Ensino do Exército Estabelece a nova Doutrina de Ensino da Força Área Portaria Normativa 3010
Militar de Defesa Estabelece a nova Doutrina
1999 2011 Militar de Defesa Cibernética
Lei 9883 Lei 12527
Estabelece que o Ministério 2007 Lei de Acesso 2014
da Defesa integra o Sistema Lei 11631 à Informação Portaria Normativa 3461
Brasileiro de Inteligência Sistema Nacional Estabelece o papel das Forças Armadas
de Mobilização para operações de Garantia
2011 da Lei e da Ordem
Decreto 7438
2008 Estabelece princípios e diretrizes
2004 Decreto 6703 para criação e elaboração do
Leis e Leis Complementares Lei Complementar 117 Cria a Estratégia Livro Branco de Defesa Nacional
Dispõe sobre as Nacional de Defesa
Decretos e Decretos Legislativos atribuições do 2012
presidente para o Lei 12598
Atos do Executivo emprego das Forças 2009 Estabelece normas especiais
Estrutura o Sistema para as compras, as contratações

Labmundo, 2017
Armadas de Ensino da Marinha e o desenvolvimento de produtos
e de sistemas de defesa

2000 2005 2010 2015


Fonte: Diários Oficiais da União, 1996-2016.

a setores sociais tais como militares das relações de força e da institucio- Nacional (usada no regime autoritá-
e empresários que atuavam na área. nalização desses conlitos em uma rio contra as oposições, e que passou
No século XXI, é possível identii- sociedade democrática. Desde a cria- por uma última reforma em 1983) ou
car uma tendência internacional de ção do Ministério da Defesa em 1999, as polícias estaduais militarizadas. Ou-
inclusão de novos atores e novas te- existe um esforço de democratizar o tro limite importante é a ausência de
máticas para além das “tradicionais”, tema, produzindo importantes mo- mecanismos de controle e inspeção
como, por exemplo, as questões am- mentos de cooperação entre milita- pública que incidam tanto sobre as ca-
biental e alimentar e a participação res e civis e uma maior publicização deias produtivas quanto sobre as redes
da sociedade civil. Entretanto, ainda dos debates a partir de instrumentos comerciais da nossa Economia de De-
persiste, no mundo e no Brasil, uma legais tais como o Livro Branco de fesa. Os dados são escassos quer sobre
apropriação da problemática da segu- Defesa Nacional, ou a Lei de Acesso à o uso de matéria prima para a Indús-
rança e da defesa por uma agenda de Informação, que embora não seja es- tria de Defesa, quer sobre o caráter das
fechamento democrático e de suspen- pecíica da defesa, atingiu este campo parcerias comerciais que o Brasil irma
são da prioridade ética dos direitos de modo positivo e profundo. nessa área.
humanos, a qual se justiica, princi-
palmente, pela chave do “combate ao Por outro lado, em 2016 o Brasil apro- Nossa legislação sobre Defesa rele-
terrorismo”. vou uma lei-antiterrorismo com con- te um conlito crescente na sociedade
teúdo polêmico que é questionada brasileira, qual seja, aquele que se dá
Há no parlamento brasileiro um por importantes setores da socieda- entre os defensores de uma agenda da
constante conlito acerca da defesa, de civil. Há, ainda, a permanência de segurança calcada exclusivamente em
e a recente legislação que organiza a legislações e estruturas do período di- mecanismos repressivos e setores que
ação do Estado nesse setor é resultado tatorial, entre elas a Lei de Segurança entendem que a segurança só pode ser
alcançada a partir do fortalecimento
da transparência e dos direitos huma-
BANCADA DA BALA NO CONGRESSO NACIONAL nos. Tal conlito é, hoje, um dos mais
Quantidade de parlamentares integrantes das principais bancadas temáticas na Câmara dos Deputados
e no Senado brasileiros, em 2015
importantes que se apresentam nos pe-
ríodos eleitorais, gerando no Congres-
Senado Câmara dos Deputados
25 50 50 100 150 200 250
so bancadas temáticas atuantes nesse
tema e que terminam por inserir a
Ruralistas Ruralistas Economia Política da Defesa no cen-
tro das preocupações políticas da socie-
Empresarial Empresarial
dade brasileira.
Bala Bala

Evangélica Evangélica VEJA TAMBÉM:


Indústria de defesa no Brasil p. 84
Labmundo, 2017

Sindical Sindical
Sociedade civil e defesa p. 86
Direitos Direitos Mecanismos internacionais p. 30
Humanos Humanos
Comércio com BRICS p. 78
Fonte: DIAP, 2015.

ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E F ES A 83


Indústria da É considerado estratégico, para o Bra-
sil, ter um setor industrial de defesa
que, além de suprir a demanda interna

defesa no Brasil governamental, também seja capaz de


exportar e gerar bens e tecnologias que
permitam efeito de transbordamen-
to para a indústria civil. Uma aproxi-
mação ao tema da indústria de defesa
no Brasil é frequentemente tarefa não
trivial em função da escassez de da-
dos exatos, devido à natureza sensível
do tema - apesar dos esforços de trans-
parência governamental como a Lei de
COMPRAS GOVERNAMENTAIS DO BRASIL Acesso à Informação. O uso de estima-
Quantidade de contratos em projetos, por empresa e por Força Armada do Brasil, entre 1999 e 2011 tivas internacionais e de alguns traba-
Marinha 1 2 3 4 5 6 7 8
DCNS lhos acadêmicos que obtiveram acesso
Avibras parcial aos dados, embora tenha impli-
Foreign Military Sales cações metodológicas, é paliativo ne-
Mectron/ODT
Santos LAB
cessário para uma primeira abordagem
Atech/Embraer do assunto.
Embraer
Emgepron Cabe ressaltar os luxos de importa-
Femar
ção e exportação de material bélico,
Fundep
Kongsberg D&A
pelo Brasil, segundo país fornecedor e
BAE Systems país de destino, respectivamente, para
C. Baía Sepetiba/ODT o período entre 1976-2015, confor-
CMN me a disponibilidade de dados agre-
EISA
FRF
gados sobre o tema. Dados relativos a
Genpro Engenharia esse período demonstram que o Bra-
Hersa Engenharia sil sempre importou muito mais do
IAI que exportou. Para todo este período,
IMI
INACE
os EUA, França, Reino Unido, Itália e
Itaguaí C.N./DCNS Alemanha são os principais fornecedo-
Itaguaí C.N./ODT res do Brasil.
Jaraguá
Marsh Aviation Company
Do ponto de vista da exportação, os
MBDA
ODT
clientes brasileiros mudaram ao longo
Omnsys/Thales do tempo devido a fatores domésticos
1 2 3 4 5 6 7 8 e externos. Entre 1976 e 1995, o princi-
Exército
Avibras pal cliente das empresas brasileiras de
FRF material bélico era o Iraque. Outros
IMBEL
Orbisat/Embraer
países no Oriente Médio como Egito,
Ares Aeroespecial e Defesa/Elbit Líbia e Arábia Saudita também eram
IVECO/FIAT clientes importantes. Esse foi o perío-
ATECH/Embraer do de auge da indústria de defesa no
BAE Systems
Brasil, signiicativamente ligada ao Es-
Bradar/Embraer
CEPPE
tado e com grau relativamente alto de
Columbus soisticação, com exportação de carros
BAE CPqD de combate lançadores de mísseis, por
Ingepro-Control/Progeto/H3D exemplo. Com o acirramento de ques-
TEPRO-Embraer/Savis/Orbisat
Vectra Consultoria
tões políticas naquela região, o adven-
1 2 3 4 5 6 7 8
to das Guerras Irã-Iraque e da I Guerra
Aeronáutica do Golfo, o principal cliente brasilei-
Embraer
Mectron/ODT ro não pode honrar compromissos i-
Helibras/Airbus Helicopters nanceiros. Tal fator, somado ao ocaso
Armscor
Avibras
do modelo desenvolvimentista em
Denel meados da década de 1980 e a ascen-
EADS CASA/Airbus Group são das políticas econômicas neolibe-
Foreign Military Sales rais, que preconizavam privatizações
Fundep
Jaraguá/Lavitta
e redução dos subsídios estatais à in-
Jordan Aeronaltical Systens Company dústria, contribuíram para o declínio
nas exportações da indústria de defe-
Labmundo, 2017

Opto Eletrônica
Rosoboronexport sa do Brasil. A partir de 2005 eviden-
Turbomeca do Brasil/Safran
cia-se uma retomada da indústria de
Mectrib/Galileo
Fonte: Silva, 2015. defesa, devido aos esforços de criação

84 ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E FES A


COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO

COMPRA E VENDA DE MATERIAL BÉLICO de políticas públicas que visam ao fo-


Importação e exportação de material bélico pelo Brasil, em milhões de dólares, entre 1976 e 2015
mento da base industrial de defesa. Se-
Exportações 1976 - 1985 Importações 1976 - 1985
gue-se um processo de expansão de
vendas para clientes tradicionais como
as forças armadas sul-americanas e
também países da África, como Ango-
la e Mauritânia.

Nesse sentido, é necessário ressaltar a


presença internacional de empresas
brasileiras de defesa. Embraer, do se-
1000 km 1000 km tor de aviação – comercial e militar –,
CBC/Magtech, que fabrica munição,
Exportações 1986 - 1995 Importações 1986 - 1995
e a Taurus que fabrica armas leves, são
os destaques de irmas que obtiveram
substancial inanciamento do Banco
Nacional de Desenvolvimento Eco-
nômico e Social (BNDES) para ex-
pandir seus negócios. A Embraer, por
exemplo, está produzindo parte do
cargueiro militar KC-390 em Portugal
e possui unidades e escritórios na Chi-
1000 km
1000 km
na, nos EUA, etc. O gráico demons-
tra os contratos de compras para 55
Exportações 1996 - 2005 Importações 1996 - 2005
projetos estratégicos de material béli-
co pelas forças armadas do Brasil entre
1999-2011. Para o caso da Marinha do
Brasil, o maior número de contratos é
com o consórcio francês DCNS, res-
ponsável pelo projeto do submarino
nuclear. Empresas privadas nacionais
como a Avibrás, Mectron e Embra-
er e estatais como a Emgepron tam-
1000 km 1000 km
bém ocupam posição de destaque nos
contratos com a Marinha. No caso do
Exportações 2006 - 2015 Importações 2006 - 2015
Exército, predominam os contratos
com a empresa privada nacional Avi-
brás, responsável pelas aeronaves da-
quela força, seguida pela Fundação
Ricardo Franco (FRF) e a estatal Im-
bel, responsável por produzir o ma-
terial bélico do Exército. No caso da
Legenda Força Aérea Brasileira, a Embraer é a
1912
maior contratante seguida pelas tam-
Labmundo, 2017

1000 km 1000 km
bém privadas Mectron, Helibrás/Air-
351
bus. Tais dados apontam para um
Fonte: SIPRI, 2016b. 1 panorama no qual o Estado Brasilei-
ro participa, enquanto comprador, da
indústria de defesa brasileira, utilizan-
EMPRESAS BRASILEIRAS DO SETOR DE DEFESA NO BRASIL E NO EXTERIOR do materiais produzidos por empre-
Plantas e escritórios das empresas brasileiras, em 2016 sas nacionais - públicas e privadas. Em
outros casos, em especial em projetos
com nível maior de soisticação tecno-
lógica, como o submarino nuclear, o
Estado brasileiro precisou buscar con-
tratos com empresas estrangeiras para
suprir esta demanda.
Embraer Avibrás
Taurus INACE
Imbel Emgepron
CBC/Magtech Mectron VEJA TAMBÉM:
Rossi Amazul
Economia, política e Congresso p. 82
Labmundo, 2017

1000 km
Sociedade civil e defesa p. 86
Cooperação militar com o Sul p. 72
1000 km Cooperação militar com o Norte p. 74
Fontes: Sítios web das empresas, 2016.

ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E F ES A 85


Sociedade civil A relação entre defesa, Forças Armadas
e sociedade civil gera desaios, oportu-
nidades de proissionalização dos mi-

e defesa litares e tentativas de democratização


de suas relações com os civis. Qual é o
papel da sociedade civil na construção
da política de defesa e quais são suas
demandas? De acordo com a Consti-
tuição de 1988, as Forças Armadas, sob
autoridade suprema do Presidente da
República, “destinam-se à defesa da
Pátria, à garantia dos poderes consti-
tucionais e (...) da lei e da ordem”. É
ACESSO À INFORMAÇÃO comum, contudo, o envolvimento das
Quantidade de pedidos baseados na Lei de Acesso à Informação, por instituição e resultado,
entre maio de 2012 e outubro de 2016 Forças Armadas em iniciativas sociais,
de infraestrutura e de engenharia. Aos
o e
id ent

L
do

ed m

poucos, elas vêm consolidando seu pa-

TA
nc ial
di

TO
do

s *
ce

co arc

tro
ga

pel em trabalhos sociais, sobretudo em


n

Ou
Ne
Co

regiões de difícil acesso. O aprofunda-


Ministério
mento do papel, internacional e do-
da Fazenda méstico, das Forças Armadas também
implica maior interação do Exército,
Caixa Econômica
Federal
EXÉRCITO E INFRAESTRUTURA
Localização dos Batalhões de Engenharia de
Ministério Construção e obras em andamento, em 2016
da Educação

Ministério do
Trabalho e Emprego

Comando
do Exército

500 km

Ministério das
Relações Exteriores

Comando
da Aeronáutica

Batalhões de Engenharia de Construção (BEC)

Labmundo, 2017
Comando Obras de pavimentação feitas pelos BEC
da Marinha Perfuração de poços artesianos feitas pelo BEC

Fonte: Sítio web da Diretoria de Obras de Cooperação do


Exercito Brasileiro, 2016.
Ministério
da Defesa

20154
*A categoria “outros” se refere a perguntas duplicadas, pedidos INSTITUIÇÕES DE FORMAÇÃO
sobre assuntos que não são competência do órgão, informações Instituições de ensino das forças armadas, por
inexistentes ou perguntas incompreensíveis. 10216
localização, tipo e força armada, em 2016
Labmundo, 2017

Quantidade de pedidos negados


sob justificativa de informação sigilosa

1275

Fonte: Sítio web do sistema eletrônico do serviço de informação ao cidadão, 2016. 2

Respostas negativas a pedidos baseados na Lei de Acesso à Informação, em %, entre maio de 2012 e
outubro de 2016
Pedidos negados
1000 km
30
Pedidos negados sob justificativa
de informação sigilosa Instituições de ensino
20 fundamental ou médio:
Escolas Militares
10 Instituições de formação,
aperfeiçoamento ou
ensino superior:
Labmundo, 2017

Labmundo, 2017

Exército
ica a

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cit o

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Aeronáutica
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Fontes: Sítio web do Ministério da defesa, 2016;


s

Fonte: Sítio web do sistema eletrônico do serviço de informação ao cidadão, 2016. sítio web Exército Brasileiro, 2016

86 ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E FES A


COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO

EDITAL PANDIÁ CALÓGERAS


Localização e montantes, em reais, do financiamento para projetos de pesquisa em Defesa nacional, em 2015-2016
Custeio Capital Bolsa

Labmundo, 2017
1000 km 1000 km 1000 km
105000
52800
3830
Fonte: CNPq, 2016

da Marinha e da Aeronáutica com a acadêmica. Além das escolas de for- DEFESA OU SEGURANÇA?
Percepção quanto à ação das Forças Armadas no
sociedade e o aumento de demandas mação das Forças Armadas, e cursos combate à criminalidade, por região brasileira,
por segurança interna, para além dos de pós-graduação em defesa abertos em %, em 2011
assuntos de defesa. a civis e militares, outros programas Pergunta:
incentivam a pesquisa e extensão em as Forças Armadas devem combater a criminalidade?

Os “Programas Sociais da Defesa”, ati- temas de defesa e segurança: o Progra- 65,7

s
e

ze
pr

a
42

nc
ve
vidades voltadas para integração en- ma Pró-Defesa; os Centros de Estudo

Nu
Se

Às
0,4
tre Forças Armadas e a sociedade civil, de Política e Estratégia; o Programa
Região
são, nesse sentido, uma forma efetiva Antártico Brasileiro (que monitora Norte
de envolvimento com as demandas da as mudanças ambientais na Antárti-
Região
sociedade. Dentre as principais inicia- da); o Instituto Pandiá Calógeras (que Nordeste
tivas, destacamos o “Projeto Soldado presta assessoria direta ao Ministé- Região
Cidadão” que qualiica social e prois- rio da Defesa na produção de análi- Centro-Oeste
sionalmente os recrutas do serviço mi- se e estimulo à trabalhos acadêmicos
Região
litar obrigatório, preparando-os para sobre defesa nacional). A criação da Sudeste
as demandas de trabalho; o “Progra- Associação Brasileira de Estudos de

Labmundo, 2017
Região
ma Calha Norte”, que promove a ocu- Defesa (ABED) com encontros acadê- Sul
pação e o desenvolvimento social da micos sobre defesa nacional e seguran-
Total
região amazônica com projetos de in- ça e o aumento da produção cientíica Brasil
fraestrutura (estradas, pontes, creches em torno de temas de defesa e assun- Fonte: IPEA, 2011.
e etc.) e projetos sociais como escolari- tos estratégicos são provas irrefutáveis
zação e mutirões médicos; e o “Progra- do aumento do interesse da socieda-
ma Força no Esporte” que promove, de civil sobre os assuntos de defesa Operação Ágata nas regiões de frontei-
em parcerias com outros ministérios, nacional. ra e a participação das Forças Armadas
a integração social pela prática espor- junto às Unidades de Polícia Paciica-
tiva com reforço escolar, orientações As Forças Armadas também atuam nas dora (UPP). A criação, em 2010, das
educacionais, serviço médico e odon- chamadas “Ações Subsidiárias e Com- UPPs junto às favelas do Rio de Ja-
tológico e inserção proissional. plementares”, participando na cons- neiro provocou grandes debates sobre
trução de estradas, ferrovias, pontes, quais os limites de atuação das Forças
Outro projeto de grande visibilidade açudes, etc. ou na promoção de servi- Armadas altamente qualiicadas para
é o “Projeto Rondon”, criado inicial- ços de saúde pública em regiões lon- atuarem externamente, mas não vo-
mente em 1967 e reativado em 2005. gínquas e apoio humanitário em casos cacionadas para lidar com segurança
Desde então, já enviou mais de 24 mil de calamidades como enchentes, des- pública. Nas atividades de segurança
jovens estudantes universitários e pro- lizamentos de terras ou secas prolon- em espaços urbanos estão as principais
fessores de várias áreas do conheci- gadas. Há também as chamadas ações contradições de sua ação, uma vez que
mento (“rondonistas”) para colaborar cívico-sociais (ACISO) que, por meio a securitização de espaços geralmente
junto às lideranças locais e na forma- das Forças Armadas, levam às regiões situados nas periferias urbanas onde
ção de multiplicadores (produtores, mais pobres assistência médico-odon- vive a população mais pobre tende a
agentes públicos, professores). As For- tológica e construção de escolas, abri- ser muito mal avaliada por habitantes
ças Armadas proporcionam todo o gos, hospitais, distribuição de água em locais, ONG e movimentos sociais.
apoio logístico de deslocamento lu- regiões de seca, dentre outros.
vial (Marinha), aéreo (Força Aérea),
bem como alimentação, transporte lo- Está previsto na Constituição que as VEJA TAMBÉM:
cal e segurança das equipes (Exército). Forças Armadas devem atuar na Ga- Economia, política e Congresso p. 82
rantia da Lei de Ordem (GLO) e tal Participações em operações de paz p. 36
Merece destaque também a atuação atuação é a que gera maior embate Amazônia Azul p. 64
do Ministério da Defesa no âmbito com a sociedade civil. Duas iniciativas, Amazônia Verde p. 62
de formação educacional e pesquisa nesse sentido, podem ser citadas: a

ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E F ES A 87


GLOSSÁRIO

REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS

APÊNDICE
METODOLÓGICO

88 ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E FES A


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E F ES A 89


Glossário

CAPÍTULO 1 Povos originários - São chamados de povos originá-


rios as populações que ocupavam um determina-
do território antes dos processos de colonização
Páginas 12 e 13 moderna promovida pelos impérios coloniais
europeus. O termo “povos originários” abrange
Geopolítica – É o campo do conhecimento que busca uma diversidade enorme de povos, nações, etnias
analisar os processos políticos, sociais e econômi- e comunidades cujo único traço comum é ser
cos em associação com as características geográ- diferente dos povos colonizadores (os indígenas
icas de um território ou conjunto de territórios. nas Américas, as mais diversas etnias africanas e
Trata-se de uma categoria fundamental para o asiáticas, as comunidades aborígines da Austrália
entendimento das relações de força e equilíbrio ou ainda os maoris da Nova Zelândia).
no plano internacional e que precisa incluir to-
das as possibilidades de cooperação e conlito em Quilombo - Os quilombos são os territórios ocupados
um dado território. pelas populações africanas e afrodescendentes
que conseguiram fugir do regime de escravidão
Colonialismo – A colonização remete, em geral, ao a que estavam submetidas no Brasil. Nesses ter-
processo de dominação prolongada de um ter- ritórios, que se formaram entre os séculos XVI
ritório e sua população por um grupo social e XIX, os antigos escravos constituíam comu-
externo a ele, podendo redundar em ocupação, nidades, organizando a defesa e a subsistência
povoamento e criação de instituições (adminis- coletiva e também recriavam seus laços culturais
tração, defesa, educação, saúde, etc.). Contudo, e simbólicos. Com a constituição brasileira de
quando se fala em colonialismo, refere-se à for- 1988, os quilombos passaram a ser reconhecidos
mação dos Impérios Coloniais modernos (sécu- pelo Estado brasileiro, o que lhes confere direito
los XV e XVI), cuja expansão abarcou todos os à posse da terra que ocupam e à reparação histó-
continentes entre os séculos XVI e XX e esteve rica devido à violência da escravidão.
estreitamente relacionada com a internacionali-
zação do sistema capitalista e a constituição do
sistema-mundo. Páginas 14 e 15

Descolonização - A descolonização moderna refere-se Guerra da Cisplatina - Conlito armado ocorrido en-
aos processos de independência das colônias nas tre o império brasileiro e as Províncias Unidas
Américas, na África, na Ásia e na Oceania. As do Rio da Prata entre 1825 e 1828 pela posse da
lutas anticoloniais ocorreram em duas ondas: a Província Cisplatina, a região da atual República
primeira se iniciou no inal do século XVIII com Oriental do Uruguai. A anexação da região pelo
Haiti e Estado Unidos da América e se estendeu Império, de acordo com Hernani Donato (1987)
até meados do século XIX por todo o continente não foi um episódio aceito pelo brasileiros. Uru-
americano; a segunda, principalmente em África guaios, auxiliados pela Argentina, dão início à
e Ásia, ocorreu entre os anos 1910 e 1980 do guerra pela independência da região. Após uma
século XX. exaustiva e custosa guerra, em 27 de agosto de
1828, Brasil e Argentina reconhecem e garantem
a independência do Uruguai.

90 ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E FES A


GLOSSÁRIO

Cabanagem - A Cabanagem foi uma revolta popular antes pela organização secreta Ogboni, mas não
que aconteceu entre os anos de 1834 e 1840 na durou mais que alguns encontros sangrentos, re-
província do Grão-Pará (região norte do Brasil, sultando em severa repressão como cinco fuzila-
atual estado do Pará). Recebeu este nome, pois mentos e dezenas de condenações ao açoite.
grande parte dos revoltosos era formada por pes-
soas pobres que moravam em cabanas nas beiras Revolução Farroupilha - De duração entre 1835 e
dos rios da região. Estas pessoas eram chamadas 1845, icou conhecida como a mais longa das
de cabanos. A revolução paraense foi considera- revoluções brasileiras e, assim como a maioria
da a mais radical e violenta do período regencial delas, apresentou por justiicativa o protesto
(DONATO, 1987). contra o poder centralizador da Corte. Lidera-
da pela classe dominante gaúcha que usou as
Balaiada - Revolta popular ocorrida no Maranhão en- classes mais pobres como apoio. “Pandiá Caló-
tre os anos de 1838 e 1841 contra o monopólio geras observou que ‘federalistas, muito mais que
político de um grupo de fazendeiros da região. separatistas, os farrapos pelejavam pelas liberda-
revolta iniciou a partir de um simples fabricante des locais’. (...). Mas foi o fator econômico que
de balaios Manuel Francisco dos Anjos - o “Ba- preponderou (...). A importação, para o nordeste
laio”, que teve uma das suas ilhas estuprada por do Império, do charque platino mais barato que
um policial sem que houvesse nenhuma punição. o rio-grandense e a pesada taxação sobre o sal
Agregou uma grande quantidade de pretos, mu- necessário às charqueadas foram duros golpes
latos, índios e cafuzos revoltosos contra fazendas deferidos pelo governo contra o poder e a eco-
e grandes propriedades. “A dureza da guerra es- nomia dos estancieiros. Seriam eles o cerne da
tendeu-se até 1841, quando o exaurimento dos revolução e os principais republicanos em 1838”
recursos balaios e a habilidade militar e política (DONATO, 1987, p.137). Chegou a ser procla-
de Luís Alvez de Lima e Silva contribuíram para mada a República Rio-grandense, sob a ressalva
a paciicação. O título do futuro duque, Caxias, de provisória até que o Brasil se tornasse uma
lembra o seu êxito no paciicar o Maranhão” república federativa. Em 1 de março de 1845,
(DONATO, 1987. p. 142). após exaustivas batalhas, foi acidado o acordo
de paciicação. O Império conseguiu manter a
Sabinada - “Francisco Sabino Álvares da Rocha Viei- hegemonia sobre a região, mas os revoltosos tive-
ra” à frente dos partidários exaltados, proclamou ram importantes êxitos como maior autonomia
a Bahia desligada do Império ‘enquanto persis- na região, anexação de oiciais rio-grandenses ao
tisse a menoridade do Imperador D. Pedro II’. exército imperial, sobretaxação de 25% do char-
Organizou governo e forças armadas que o sus- que importado, libertação dos prisioneiros de
tentassem. Estas, porém, nada puderam diante guerra, libertação de ex-escravos que lutaram no
do exercício regencial o mando do marecha-de- exército, dentre outras.
campo João Crisóstomo Calado(...)”(DONA-
TO, 1987. p. 141). A “Sabinada” ganhou esse Guerra do Paraguai - Com duração entre 1864 e
nome pelo seu Líder, Francisco Sabino e teve 1870, foi considerado o maior conlito armado
como principais aliados, militares e integrantes internacional da região no século XIX. O conli-
da classe média. Durou de 1837 a 1838. to uniu Brasil, Argentina e Uruguai (união que
também icou conhecida como tríplice aliança)
Revolta dos Malês - ou Revolta de Escravos Nagôs, contra o mais bem sucedido vizinho, o Paraguai.
Malês e Tapas - De acordo com Hernani Donato O crescimento exponencial do Paraguai, tanto
(1987), “a melhor organizada dentre as revol- no campo econômico quanto militar (tornan-
tas de escravos baianos parece ter sido acionada do-se a primeira força militar sul-americana), foi
pelos nagôs, tendo recebido a adesão de malês considerado pela coroa inglesa como um exem-
e tapas. (...). O programa da revolta de 1835 plo que não deveria ser seguido pelos seus vizi-
clamava, entre outras reivindicações, a abolição nhos. A inglaterra interferiu fortemente no con-
da propriedade e do catolicismo como religião fronto, com o fornecimento de empréstimos e
oicial”. (DONATO, 1987. p. 136). De acordo recursos militares. A guerra devastou o Paraguai,
com o autor, a revolta teria sido preparada 3 anos uma verdadeira potência econômica no período

ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E F ES A 91


e independente das nações europeias. Os efeitos endidos na costa brasileira como arma de guerra.
da guerra para o país foram desastrosos e o Pa- Os acontecimentos sistêmicos e a instabilidade
raguai jamais voltou a ter bons índices de desen- política doméstica do Brasil fez com que o Plano
volvimento econômico. não fosse implementado.

Quatorze Pontos de Wilson - discurso realizado pelo


Páginas 18 e 19 então Presidente dos Estados Unidos, Woodrow
Wilson, em 1918, após o im da Primeira Guerra
Liga das Nações - Ou Sociedade das Nações. Foi uma Mundial. O presidente elencou pontos impor-
organização internacional criada em 1919 e au- tantes para a manutenção da paz mundial e para
todissolvida em 1946 com o objetivo de reunir evitar a emergência de novos conlitos. Entre
todas as nações em torno da manutenção da paz. eles, estavam o im da diplomacia secreta e a cria-
A Liga foi criada pelo Tratado de Versalhes, junto ção de uma organização internacional para lidar
ao im da Primeira Guerra Mundial. com questões de paz e segurança.

Pax Britannica - período de amplo domínio da Grã Tratados de Locarno (1926) - acordos assinados pe-
Bretanha no sistema internacional, compreen- los governos de Alemanha, Bélgica, França, Grã
dido entre o im da Era Napoleônica e o início -Bretanha e Itália, na cidade de Locarno, na Su-
da Primeira Guerra Mundial. Durante esse perí- íça. Após o Tratado de Versalhes impor pesadas
odo de domínio britânico, não houve ausência reparações de guerra à Alemanha, o Tratado pos-
de guerras, mas os conlitos tiveram proporções sibilitava que o país germânico se reintegrasse na
menores, motivo pelo qual o século XIX icou ordem mundial, com a garantia da inviolabilida-
conhecido como um século de paz. O domínio de de suas fronteiras, a desmilitarização da região
inglês estava pautado na defesa do liberalismo da Renânia e a integração à Liga das Nações.
econômico e do equilíbrio de poder entre as po-
tências européias.
Páginas 20 e 21
Concerto Europeu - mecanismo de equilíbrio de po-
der colocado em prática por Inglaterra, Áustria, Comissão Mista de Defesa Brasil-Estados Unidos - a
Rússia e Prússia após o Congresso de Viena, em comissão foi criada no período do Governo Var-
1815. O objetivo era controlar possíveis ameaças gas que antecedeu o alinhamento brasileiro aos
ao equilíbrio europeu, como Napoleão havia fei- Aliados na Segunda Guerra Mundial. Foi insta-
to nos anos anteriores. Esses Estados assinaram lada como parte da negociação do engajamento
diversos Tratados de defesa mútua, de forma a brasileiro no conlito, com o objetivo de apri-
impedir o surgimento de outra potência que pu- morar as bases comuns das políticas de defesa
desse controlar a Europa. dos dois países. Paralela à criação da Comissão,
foram negociadas a cessão das bases no Nordeste
Divisão Naval de Operações de Guerra (DNOG) - e a criação da Companhia Siderúrgica Nacional.
criada no contexto da Primeira Guerra Mundial
pela Marinha do Brasil, era composta de três di- Eximbank - oicialmente chamado de Export-Import
visões, com o objetivo de defesa e patrulhamento Bank of the United States, é a agência oicial de
do Oceano Atlântico, após as ações dos subma- crédito do governo norte-americano.
rinos alemães.
Força Aérea Brasileira (FAB) - criada em 1941, mes-
Plano Calógeras - elaborado em 1918, consistia em mo ano da criação do Ministério da Aeronáuti-
um documento elaborado pelo parlamentar João ca, participou da força expedicionária que lutou
Pandiá Calógeras, em que eram previstas dire- na Segunda Guerra Mundial. A FAB atuou no
trizes e planos de ações para o Brasil engajar-se Atlântico Sul e na frente italiana. Participou, na
na Primeira Guerra. Além de melhorias na infra década de 1970, da Guerrilha do Araguaia. Atu-
-estrutura e na capacidade militar doméstica do almente, é subordinada ao Ministério da Defesa
país, o Plano previa a utilização de navios apre- e controla as bases aéreas do país e equipamentos

92 ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E FES A


GLOSSÁRIO

aeronáuticos do país, além de realizar treinamen- he Military Balance - produzida pelo Instituto In-
tos conjuntos com forças aéreas de outros países ternacional de Estudos Estratégicos, sediado
e com o Exército e a Marinha. em Londres, essa base de dados é atualizada
anualmente e publicada em forma de livro. Para
o Atlas da Defesa, utilizamos seus dados para
Páginas 22 e 23 equipamento militar, e gasto militar percapita e
efetivo militar permanente por mil habitantes.
Crise dos Mísseis - Em 1962 durante treze dias, o A diiculdade do uso desse material reside no
mundo vivenciou um dos episódios mais emble- fato de que não há um repositório que permita
máticos da Guerra Fria quando a União Soviéti- compilação de uma série temporal para vários
ca instalou mísseis nucleares na ilha caribenha de países, procedimento que requereria a compra
Cuba. No dia 22 de outubro, o presidente dos individual de livros e compilação manual. As
EUA, John Kennedy anunciou em rede nacional descrições dos conceitos são sempre incluídas
de TV a presença dos mísseis na ilha e estado ao inal de cada livro, no apêndice metodoló-
de alerta com bloqueio naval e iminência de um gico.
conlito nuclear entre URSS e EUA.
SIPRI - produzida pelo Instituto de Pesquisa em Paz
de Estocolmo, a base de dados é de livre acesso
e a utilizamos no atlas para obter os dados sobre
CAPÍTULO 2 o comércio internacional de armas, situação das
ogivas nucleares e series temporais envolvendo
gastos militares para diferentes países.
Páginas 26 e 27
Correlates of War - foram utilizados o Índice de Capa-
A bases de dados sobre poder militar e conlito utili- cidades Nacionais (Composite Index of Natio-
zadas no projeto -O uso de bases de dados sobre nal Capabilities - CINC) e a base de dados sobre
conlitos internacionais e capacidades militares disputas interestaduais militarizadas, produzidos
pode oferecer informações substanciais para os pelo projeto Correlates of War, sediado nos Es-
estudos do poder militar. No entanto, tal uso tados Unidos . O CINC inclui a produção de
não deve ocorrer sem que considerações sobre a ferro e aço, população urbana, população total,
natureza de tais dados seja feita, sob o risco de, gastos militares, pessoal militar e total da produ-
na análise, reletir implicações normativas que ção energética de um país com relação ao total
não são as do analista. Assim sendo, cabe escla- de recursos disponíveis no sistema internacional.
rece o uso de algumas bases de dados sobre po- Os dados disponíveis para essa variável vão de
der militar e conlitos internacionais que foram 1816 a 2012, e o conceito que os autores desse
utilizadas para confeccionar as imagens neste índice utilizam para poder, inspirado numa visão
Atlas. Como qualquer medida quantitativa, tais neorrealista da política internacional, demonstra
medidas de poder militar não captam a realidade ser uma proxy operacional para poder relativo no
social perfeitamente, sendo, portanto, uma esco- sistema internacional, conforme seu livro de có-
lha de pesquisa considerá-las para tecer conside- digos (COW, 2010 p. 3).
rações sobre o problema analisado.

UCDP/Prio - produzida pelo Instituto de Pesquisas Tanque principal de batalha (em inglês, Main Battle
sobre a Paz da Universidade de Uppsala, esta Tank) - veículos de combate blindados, rastrea-
base de dados de livre acesso essa base de dados dos, armados com uma arma montada na torre,
foi utilizada para mapas sobre violência interes- com calibre mínimo de 75mm e pesando pelo
tatal e intraestatal. Conlito armado é deinido menos 25 toneladas métricas sem carga. Veículos
como tendo um número de baixas menor do que mais leves que atendam aos três primeiros requi-
1000 e maior do que 25 e guerra tem um núme- sitos são considerados tanques leves.
ro de baixas maior do que 1000.

ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E F ES A 93


Artilharia - armas (incluindo canhões, obuses, lança- toxicidade das substâncias empregadas em sua
dores de foguetes múltiplos e morteiros) com fabricação. Entre seus tipos, são incluídos gases
um calibre superior a 100 mm para peças de ar- e sufocantes.
tilharia e 80 mm ou mais para morteiros capazes
de atingir alvos terrestres com fogo indireto. Armas biológicas - consideradas armas de destrui-
ção em massa, essas armas utilizam toxinas ou
Submarinos - todos as embarcações concebidas para agentes infecciosos, com o objetivo de provocar
funcionar principalmente sob água. Submari- reações imunológicas. Tradicionalmente, são uti-
nos com um deslocamento submerso abaixo de lizados em sua fabricação vírus e bactérias com
250 toneladas são classiicados como submari- grande potencial de infecção e resistência.
nos-anões; aqueles abaixo de 500 toneladas são
chamados submarinos costeiros.
Páginas 38 e 39
Principais navios de combate de superfície - todos os
navios de superfície concebidos para operações Centro de Excelência de Combate à Fome (CG-Fo-
de combate no alto-mar e que pesam acima de me) - Extinto no governo Temer, fruto de uma
1500 toneladas. Os porta-aviões, incluindo os parceria entre a Agência Brasileira de Coopera-
portadores de helicópteros, são navios projetados ção (ABC), o Programa Mundial de Alimentos
para transportar aeronaves de asa ixa e/ou rota- (PMA) e o Fundo Nacional de Desenvolvimen-
tiva, não possuindo capacidade anfíbia. Outras to em Educação (FNDE). Inaugurado em 2011,
embarcações envolvidas no combate de superfí- busca ser um espaço global de intercâmbio de
cies são cruzadores (acima de 9750 toneladas), experiências de desenvolvimento de capacidades,
destroyers (acima de 4500 toneladas) e fragatas promoção da cooperação Sul-Sul e redes de pro-
(acima de 1500 toneladas). teção, sobretudo na ára de alimentação escolar,
nutrição e segurança alimentar e nutricional.
Aeronaves táticas - Incluem as seguintes categorias.
Caça para ataque a alvos no ar (Ftr): aeronave de Programa Mundial de Alimentos - Filial de auxílio
asa ixa projetada principalmente para combate alimentar da Organização das Nações Unidas
aéreo, que também pode ter capacidade limita- (ONU) o PMA é a maior agência humanitária
da para ataque em superfície. As unidades estão do mundo, fornecendo uma média de 90 mi-
equipadas com aeronaves destinadas a propor- lhões de alimentos, por ano em mais de 80 pa-
cionar superioridade aérea. íses.

Caça para ataque a alvos no ar e ataque ao solo (FGA) Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) - A FAO
- aeronave de asa ixa, este caça tem capacidade a entende como a garantia a todos de condições
signiicativa para atuar em superfície, incluindo de acesso a alimentos básicos de qualidade, em
o ataque marítimo, e pelo menos alguma capaci- quantidade suiciente, de modo permanente e
dade contra alvos no ar. sem comprometer o acesso a outras necessidades
essenciais, com base em práticas alimentares sau-
Caça de ataque a alvos em terra (Atk) - aeronave de dáveis, contribuindo, assim, para uma existência
asa ixa projetada exclusivamente para a tarefa de digna, em um contexto de desenvolvimento in-
ataque à superfície, com capacidade limitada ou tegral da pessoa, com preservação das condições
nenhuma capacidade de ataque contra alvos no que garantam uma disponibilidade de alimentos
ar. As unidades são aeronaves de asa ixa. em longo prazo A segurança alimentar implica,
portanto, quatro dimensões essenciais: a dispo-
nibilidade física de alimentos, o acesso econômi-
Páginas 28 e 29 co e físico aos alimentos, o uso dos alimentos e
a sustentabilidade, no tempo, das três dimensões
Armas químicas - reconhecidas pela ONU como ar- anteriores (FAO, 2011 apud: ECHART E CAR-
mas capazes de gerar destruição em massa, os VALHO, 2016. p.36).
efeitos nocivos dessas armas são causados pela

94 ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E FES A


GLOSSÁRIO

Subnutrição - “a condição das pessoas cujo consumo Resolução 1373 (2001) do CSNU - aprovada por
de energía alimentar é constantemente inferior consenso logo após os atentados de 11 de setem-
às necessidades mínimas de energia alimentar bro, a Resolução autoriza a ONU a usar todos
para poder levar uma vida saudável e realizar os meios necessários para combater e punir as
uma atividade física leve” (FAO, 2006, p. 2 apud atividades terroristas. Entre as medidas previstas,
Echart e Carvalho, 2016. p. 36). estavam o uso da força e as sanções econômicas.

Soberania alimentar - O Fórum para a Soberania Ali-


mentar de Nyéléni, em 2007 (Bamako, Mali)
deiniu a soberania alimentar como “O direito CAPÍTULO 3
dos povos a deinir suas próprias políticas aimen-
tares e agrícolas, proteger e regular a produção
agropecuária nacional e o comércio para alcan- Páginas 50 e 51
çar o desenvolvimento sustentável; determinar
em que medida querem ser autossuicientes; res- Zona Econômica Exclusiva - zona adjacente ao mar
tringir o dum- ping de produtos em seus mer- territorial do país que se estendo ao limite máxi-
cados; e dar prioridade de uso e direitos sobre mo de 200 milhas marítimas das linhas de base a
os recursos aquáticos para as comunidades que partir das quais se mede a largura do mar territo-
dependem da pesca. A soberania alimentar não rial. Com base em critérios físicos e econômicos,
nega o comércio, mas promove a for- mulação é possível que um país pleiteie a extensão de sua
de políticas e práticas comerciais ao serviço do zona exclusiva, que é analisada pela Comissão de
direito dos povos e das pessoas a uma produção Limites da Plataforma Continental, na ONU.
segura, saudável e ecologicamente sustentável.”
Plano de Levantamento da Plataforma Continental
Brasileira - de acordo com a Marinha do Brasil,
Páginas 42 e 43 o Plano de Levantamento da Plataforma Conti-
nental Brasileira é o programa do governo cujo
Fluxos Financeiros Ilícitos - Refere-se ao movimento objetivo é estabelecer o limite da Plataforma
de capital entre países diferentes, associado com Continental além das 200 milhas da Zona Eco-
a atividade ilegal, ou mais explicitamente, ao di- nômica Exclusiva (ZEE).
nheiro que foi obtido, transferido ou usado de
forma ilegal, ou usado fora do território legal.
Netes luxos estão incluídos evasão de impostos Páginas 54 e 55
e taxas, corrupção, roubo e tráico de minerais,
vida selvagem, drogas e pessoas, e o inanciamen- Base de Kourou – A base de Kourou é onde se situa o
to do Crime Organizado Centro Espacial de Kourou, na Guiana Francesa.
O território é um território ultramarino francês,
Liga Árabe - Organização de Estados árabes, fundada ao lado do Amapá, de onde os foguetes Ariane
em 1945, com o intuito de estreitar laços econô- são lançados. A base também é usada por outros
micos, políticos, sociais e culturais entre os países países, devido a sua boa localização geográica,
da região. com latitude baixa.

Panama Papers - Nome da investigação jornalística


internacional que, por meio do vazamento de Páginas 56 e 57
documentos conidenciais, expôs um esquema
mundial de ocultação de dinheiro e patrimônio IBSA-Mar - exercícios navais conjuntos das Marinhas
em paraísos iscais, e que foram realizados por de Índia, Brasil e África do Sul, com base no fó-
intermédio da empresa de advocacia Mossack rum de diálogo trilateral, com o intuito de estrei-
Fonseca, do Panamá. tar as relações entre os países na área da coope-
ração militar e tecnológica. O primeiro exercício
ocorreu em 2008.

ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E F ES A 95


Operação Ágata - parte do Plano Estratégico de Fron- damentada no meio em que vivem”. Diegues
teiras, é uma operação realizada pelas Forças (1993), enumera uma série de atributos des-
Armadas do Brasil, nas zonas de fronteira, para sas populações aqui sinteticamente explanadas:
prevenir e coibir atividades ilícitas como narco- grande conhecimento e dependência da natu-
tráico, contrabando, garimpos ilegais e crimes reza, vivência e subsistência econômica e cultu-
ambientais. É realizada desde 2011 e conta com ral sobre o território, preservação cultural e dos
o apoio de diversos Ministérios e agências gover- laços familiares, reduzida divisão do trabalho e
namentais. domínio de todos os processos do trabalho, fraco
poder político e autoidentiicação.
Operação Fraterno - operação conjunta entre a Mari-
nha Brasileira e a Armada Argentina, em que há Tratado de Cooperação Amazônica (TCA) - instru-
treinamento e compartilhamento de táticas entre mento jurídico acordado entre todos os países
os oiciais dos dois países. Os países se revezam que possuem, em seu território, parte da Floresta
para sediar a atividade. Amazônica (Bolívia, Brasil, Equador, Guiana,
Peru, Suriname e Venezuela). Visa a promover a
Operação Prata - operação realizada em conjunto pe- proteção ambiental da região, o desenvolvimen-
las Forças Aéreas do Brasil e da Argentina, com to harmonioso e integrado para o bem-estar de
o objetivo de observar e coibir o tráfego de ae- suas populações, integração da econômica da re-
ronaves que realizem atividades ilícitas interna- gião e cooperação para o desenvolvimento.
cionais.

Páginas 64 e 65
Páginas 60 e 61
Commodities - Produtos primários (sob a forma de
Amazônia Legal - nome atribuído pelo governo bra- matéria-prima ou com baixo grau de industriali-
sileiro à àrea da Floresta Amazônica pertencente zação) produzidos em larga escala e por diferen-
ao Brasil. Abrange nove Estados: Acre, Amapá, tes produtores.
Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e parte dos
estados de Mato Grosso, Tocantins e Maranhão. Aquíferos - Formação ou grupo de formações geológi-
cas capazes de armazenar água subterrânea. São
Biopirataria: É deinida pela exploração, manipulação constituídos por rochas porosas e permeáveis
e apropriação de recursos biológicos ou conheci- com capacidade de reter a água da chuva e utilizá
mentos tradicionais. -la para abastecer rios e poços artesianos.

Pan-Amazônia - Abarca todos países que possuem em


seu território a loresta amazônica: Brasil, Bolí-
via, Colômbia, Equador, as Guianas, Suriname, CAPÍTULO 4
Peru, Venezuela, Equador, Bolívia, as Guianas e
o Suriname, além do Brasil. Conceito também
utilizado pelos movimentos sociais como iden- Páginas 70 e 71
tidade de luta.
Mísseis Anti-Ship - mísseis guiados projetados para
Populações tradicionais - De acordo com J. Silva uso contra navios e barcos de grande porte.
(2011) apesar de difícil conceituação, as prin-
cipais referências acadêmicas sobre o tema con-
sideram-nas como aquelas populações “que por Páginas 72 e 73
décadas, séculos ou mesmo milênios, desenvol-
veram e ainda mantêm processos de adaptação Five Techniques - Método para manter a pessoa tortura-
a ambientes muito particulares, utilizando uma da de pé contra uma parede por muitas horas, en-
tecnologia simples, mas eiciente, e praticando capuzar a vítima, expor a grandes barulhos, impe-
uma cultura mítico religiosa igualmente fun- dir o sono e limitar o acesso do torturado à água.

96 ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E FES A


GLOSSÁRIO

Tecnologia de Uso Dual – Conceito de origem estadu- do Brasil (Mectron, Avibras e Opto Eletrônica) e
nidense usado para deinir a tecnologia que pode da África do Sul (Denel Dynamics).
ser utilizada para produzir ou melhorar bens ou
serviços de uso civil e/ou militar.
Páginas 78 e 79
Cooperação Militar e Policial – A apresentação dos dados
conjuntos da cooperação Militar e Policial, com os Átomos para a Paz - Programa do governo estadu-
EUA, justiica-se pela metodologia usada na base nidense para estimular a produção de energia
dados do “Security Assistance Monitor”, visto que nuclear exclusivamente para ins pacíicos. O
esta é a forma em que os documentos de prestação discurso de anúncio do programa forneceu,
de contas dos EUA apresentam os dados referentes também, as bases para a criação da Agência In-
aos programas de ajuda militar. Estes programas ternacional de Energia Atômica (AIEA) e a assi-
vão desde temas como o “Combate ao terrorismo”, natura do Tratado de Não Proliferação Nuclear
“não proliferação”, “serviços das academias milita- (TNP).
res” e “educação militar internacional”, como tam-
bém estão incluídos programas de “ajuda contra o ABACC - Criada em 1991 a partir do acordo bilateral
narcotráico”, que seriam de natureza policial, com entre Brasil e Argentina, a Agência Brasileiro-Ar-
atuação do DEA (Drug Enforcement Administra- gentina de Controle e Contabilidade é a institui-
tion), órgão da polícia Federal dos EUA. ção responsável por iscalizar os dois países quan-
to ao uso exclusivamente pacíico da energia
nuclear. Administra, assim, o Sistema Comum
Páginas 74 e 75 de Contabilidade e Controle (SCCC), que tem
como objetivo o controle dos materiais nucleares
Comunidade dos Países de Língua Portuguesa utilizados pelos dois países, de modo que estes
(CPLP) - grupo de países lusófonos, estabele- não sejam usados para a criação de armas.
cido em 1966 e composto por Angola, Brasil,
Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial,
Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Páginas 80 e 81
Timor-Leste. O grupo realiza atividades de pro-
moção e ensino da língua portuguesa e consoli- Projeto H-XBR – projeto de desenvolvimento de ae-
dou a cooperação entre os membros em temas ronaves militares que busca o fortalecimento da
diversos, como defesa, saúde, educação, entre indústria nacional de defesa por meio da transfe-
outros. rência de tecnologia. Seu começo data de 2008,
quando foi assinado o consórcio entre a Helibrás
Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul (Zopacas) e a Airbus Helicotper, subsidiária da Airbus,
- estabelecida em 1985, na Assembleia Geral da maior empresa do mundo em fabricação de ae-
ONU, é formada pelos países da América do Sul ronaves e sediada na França.
e da África que possuem saída para o Atlântico
Sul (África do Sul, Angola, Argentina, Benin, Cargueiro KC-390 - aeronave para transporte tático/
Brasil, Cabo Verde, Cameroun, Congo, Côte logístico e reabastecimento em voo desenvol-
d’Ivoire, Gabão, Gâmbia, Gana, Guiné-Conacri, vido e fabricado pela Embraer Defesa e Segu-
Guiné-Bissau, Guiné-Equatorial, Libéria, Namí- rança, subsidiária do grupo brasileiro Embraer,
bia, Nigéria, República Democrática do Congo, maior empresa brasileira em fabricação de ae-
São Tomé e Príncipe, Senegal, Serra Leoa, Togo ronaves.
e Uruguai). São realizadas Reuniões Ministeriais
com o objetivo manter a região como uma zona
de paz e livre de armas nucleares. Páginas 84 e 85

Míssil A-Darter - míssil de quinta geração guiado por Paciicação - O conceito de “paciicação” é uma ex-
infra-vermelho utilizado em aviões de combate, pressão que surge na época colonial com o obje-
produzido em conjunto por empresas privadas tivo de controlar revoltas contra a coroa e, ao de-

ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E F ES A 97


correr da história, assume contornos diferentes.
Direcionou-se muitas vezes, a controle de povos,
grupos considerados selvagens, perigosos ou
conlituosos e estruturou políticas de conquistas
e ocupações territoriais. Com a implementação
das Unidades de Polícia Paciicadoras (UPPs) o
conceito retorna como estratégia de controle ao
tráico de drogas e o domínio sobre o território.

98 ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E FES A


Referências
bibliográicas

Nesta seção do Atlas nós disponibilizamos as referências bibliográicas usadas em cada capítulo, que consistem em livros, ar-
tigos de revista e de jornais, trabalhos acadêmicos, mas também uma lista dos sítios web consultados. Além disso, também
adicionamos indicações de leitura para aprofundamento nos assuntos. Desejamos a todos uma boa leitura.

Livros e artigos

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(2015) e em inglês (2016). O uso da
cartograia temática cumpre o objeti-
vo de promover uma leitura rápida, di-
nâmica e moderna, sem abrir mão do
conteúdo - este que é o principal obje-
tivo do projeto. Para isso, foi impres-
cindível a parceria internacional com
o Ateliê de Cartograia de SciencesPo,
A ideia de produzir o Atlas da Política disseminação de conhecimentos do no âmbito do Atlas da Política Externa
Brasileira de Defesa respondeu à ne- conhecimento; portanto, aborda te- Brasileira, assim como o esforço con-
cessidade de organizar uma obra que mas clássicos da defesa, mas não se res- junto do LABMUNDO e do OPSA,
tratasse da política de defesa e dos de- tringe a eles. Ainal, é uma obra sobre a dois grupos de pesquisa no âmbito do
saios de segurança do Brasil de modo política brasileira de defesa, e todos os IESP/UERJ, que integram a platafor-
amplo, rigoroso e de fácil entendimen- elementos que a inluenciam devem ma Latitude Sul.
to para diversos públicos (do mundo ser considerados, em busca de um en-
acadêmico, mas também fora dele). O tendimento mais abrangente e plura- O trabalho conjunto entre
Atlas é um instrumento de estudo e de lista. Para analisar os temas relativos à LABMUNDO e OPSA foi funda-
mental para enfrentar o primeiro de-
saio do projeto: montar uma equipe.
REPRESENTAÇÕES VISUAIS O processo de produção de um atlas
Representação de uma variável no plano
Tamanho em uma dimensão para quantidades absolutas
por meio da cartograia temática tem
uma série de peculiaridades que exi-
6 gem uma abordagem multidiscipli-
5 nar. Integraram a equipe professores,
4 pesquisadores, doutorandos, mestran-
3
dos e graduandos que trabalharam co-
2
6 5 4 3 2 1
1
ordenadamente ao longo de mais de
1 2 3 4
dois anos de projeto, tanto presencial-
mente como por meio de recursos de
comunicação virtual. A escolha des-
Tamanho em duas dimensões para quantidades absolutas ses pesquisadores foi feita de modo
a abranger diversas áreas do conhe-
cimento, necessárias para o trabalho
multidisciplinar deste Atlas: Ciência
Política e Relações Internacionais,
História, Geograia e Cartograia, as-
sim como especialistas em temas re-
lado = 1 lado = 2 lado = 4 lacionados à política de defesa. Cabe
área = 1 área = 4 área = 16
ressaltar, também, o caráter pedagó-
gico na escolha da equipe. A equipe
O valor absoluto nas imagens priorizou estudantes de pós-gradua-
é representado pela área do
círculo ou do quadrado, não ção e manteve um trabalho constante
pelo valor do raio ou do lado. de treinamento e orientação, sob a co-
ordenação de Maria Regina Soares de
Lima e Carlos R. S. Milani, de modo
raio = 1 raio = 2 raio = 4
a contribuir para a formação e cresci-
área = π x 1 área = π x 4 área = π x 16
mento dos envolvidos como um todo.

A equipe, então, foi preparada para


Escala de valor para quantidades relativas Representação de mais de uma variável no plano trabalhar com as particularidades des-
Em cores para mostrar diferenças te Atlas. Por exemplo, coube no pro-
cesso de capacitação ressaltar que a
imagem não pode ser um elemen-
Mais
Valor
Menos
Valor Em textura para mostrar diferenças to acessório ao texto, nem deve ter
mera função ilustrativa. Pelo contrá-
rio, as imagens (sejam elas mapas ou
Labmundo, 2017

Em formas geométricas para mostrar diferenças gráicos, sejam elas matrizes ou li-
nhas do tempo) trazem a informa-
ção e o argumento e, neste Atlas, têm
Fonte: Durand et al., 2009 a mesma importância que o texto. A

114 ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E FES A


APÊNDICE METODOLÓGICO

DIFERENTES REPRESENTAÇÕES E SUAS DISTORÇÕES cartograia temática tem como carac-


Projeção de Bertin Projeção de Fuller terística principal priorizar o conteú-
do ao produzir uma imagem que seja
transmitida ao leitor de modo claro e
dinâmico. Com isso, a técnica usada
neste Atlas vai além do georreferencia-
mento, pois permite relativizar o pre-
ciosismo técnico em prol da clareza e
da capacidade informativa da imagem.
A cartograia temática busca transfor-
mar dados complexos para representar
fenômenos políticos, sociais, econô-
micos, históricos e internacionais. São
imagens quantitativas e qualitativas.
Projeção de Gall-Peters Projeção de Mercator As escolhas metodológicas também
são decisões políticas, acarretando
vantagens e riscos.

Talvez a primeira decisão mais im-


portante seja a escolha da projeção.
O mapa na capa com o Sul para cima
é um claro exemplo disso. A decisão
de colocar o Sul ou o Norte (ou qual-
quer direção da rosa-dos-ventos) para
cima é política, uma vez que o plane-
ta tem forma de um geoide. Pensando
em qual projeção seria mais apropria-
Projeção Miller Cylindrical Projeção de Robinson da para o nosso Atlas, decidimos que
seria importante trazer o Brasil (prin-
cipal objeto de estudo do Atlas) e a
América do Sul para o centro da ima-
gem, bem como evitar projeções que
representem territórios muito dis-
torcidos, o que é comum principal-
mente perto dos polos. A projeção
descontínua de Bertin foi, então, es-
colhida como padrão para o nosso tra-
balho, ainda que corte a Ásia em duas
Projeção Brasil Alasca Índia partes. Todavia, em alguns momen-
tos, foi necessário lexibilizar essa de-
cisão. Por ser descontínua, a projeção
Mercator
de Bertin não é ideal para representar
fenômenos relacionados aos oceanos
ou à Antártida. Como o Atlântico Sul
e a Antártida são considerados estra-
tégicos pela política de defesa brasilei-
Miller
Cylindrical ra, achamos pertinente adotar outras
projeções em casos pontuais. Quando
essa decisão era tomada, mantivemos
a preocupação em escolher outras pro-
jeções que não criassem grandes dis-
Fuller torções territoriais.

A escolha das fontes também foi base-


ada em critérios cientíicos, metodoló-
gicos e políticos. O Atlas foi planejado
Bertin e produzido por pesquisadores, com
base no estudo de livros e periódicos
acadêmicos, relatórios oiciais de ins-
tituições reconhecidas internacional-
mente, banco de dados e documentos
Labmundo, 2017

Goode oiciais. Muitas vezes essas fontes não


são neutras, mas os dados são obti-
dos por meio de uma metodologia e
Fonte: Elaboração própria. Projeções cedidas pelo Ateliê de Cartografia de Sciences Po. apresentados de modo a favorecer um

ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E F ES A 115


TIPOS DE CLASSIFICAÇÕES EM MAPAS ponto de vista. Cientes dessa possibi-
Dados hipotéticos usados como base para os mapas lidade, a equipe deste Atlas buscou di-
versiicar o máximo a quantidade de
Argentina Bolívia Brasil Chile Colômbia Equador Guiana Paraguai Peru Suriname Uruguai Venezuela
fontes e identiicar a mensagem que
Índice 0,46 0,93 0,53 0,49 0,31 0,21 0,11 0,40 0,56 0,13 0,42 0,24
elas transmitem, para apresentar aos
leitores mais de um ponto de vista, de
modo a incentivar e enriquecer o estu-
Classificação com base na média dos dados do e o debate sobre a política de defe-
sa e de segurança do Brasil. Também
Máximo - 0,93 (Bolívia)
Bolívia 0,93 houve a preocupação em buscar da-
Mínimo - 0,11 (Guiana)
Peru 0,56 dos recentes e atualizados, mas isso
Brasil 0,53 nem sempre foi possível. Deve-se res-
0,93 - 0,11 = 0,82
saltar que a falta de dados foi um em-
Chile 0,49
0,82 ÷ 4 = 0,205 pecilho frequentemente encontrado
Argentina 0,46
0,93 Uruguai 0,42
nas pesquisas sobre o Brasil e outros
+ 0,205
Paraguai 0,40
países do mundo. Temas relaciona-
0,725 dos à defesa são tradicionalmente mais
+ 0,205
0,52
Colômbia 0,31 opacos do que outras áreas, como co-
+ 0,205 Venezuela 0,24 mércio, meio ambiente e direitos hu-
0,315
+ 0,205
Equador 0,21 manos. Ainda que parte das nossas
0,11 Suriname 0,13 solicitações por meio da Lei de Acesso
0,93 0,725 0,52 0,315 0,11
Guiana 0,11 à Informação tenham sido atendidas,
outros dados continuaram inacessíveis,
Sem dados inclusive relativos aos níveis regional e
disponíveis
internacional. Em alguns momentos,
fomos forçados a encontrar alternati-
vas na produção de imagens, por falta
de acesso a dados oiciais, coniáveis e
Classificação com base na quantidade de unidades atualizados.
Bolívia 0,93
Assim como as fontes, as imagens
Peru 0,56
também podem ser controvertidas.
Brasil 0,53
Então, a preocupação com a conia-
Chile 0,49 bilidade na fonte foi acompanhada de
Quantidade de países = 12 Argentina 0,46 uma atenção especial no uso das téc-
Quantidade de classes = 4
Uruguai 0,42 nicas de cartograia temática de modo
Paraguai 0,40 a não dar margens para interpretações
12 ÷ 4 = 3
Colômbia 0,31 equivocadas. A cartograia temática é
Venezuela 0,24 um poderoso instrumento de comu-
nicação, mas, assim como qualquer
0,21
Equador
metodologia, pode ser usada para ma-
0,13
Suriname
0,93 0,53 0,42 0,24 0,11 nipular o leitor. Conscientemente ou
0,11
Labmundo, 2017

Guiana
não, o uso de elementos gráicos, cores,
recortes e classiicações de modo a dis-
Sem dados
torcer a perspectiva do receptor está
Fonte: Elaboração própria. disponíveis crescendo junto com a popularização
dessas imagens em jornais, revistas, te-
levisão e redes sociais. É preciso saber
Exemplo concreto sobre o índice de Gini em municípios brasileiros, em 2010 ler e interpretar as imagens. Por isso,
Recorte por quantidade de municípios Recorte por média da variável
este Atlas busca preparar o leitor para
que consiga identiicar as decisões me-
todológicas e políticas por trás de cada
imagem, de modo que tome familia-
ridade com a leitura de imagens desta
obra e de outras.

A escolha da quantidade e do recorte


de categoria é um exemplo disso. Não
existe uma técnica mais correta para a
1 1 classiicação de um fenômeno em ma-
0,54 0,75 pas. A escolha de três, quatro ou dez
Labmundo, 2017

0,49 0,5 classes é uma escolha do autor, que é


0,45 0,25 tomada de acordo com a necessidade
0 0
apresentada pelo fenômeno. O mes-
Fonte: IBGE, 2010b mo pode ser airmado em relação ao

116 ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E FES A


APÊNDICE METODOLÓGICO

TIPOS DE ESCALA EM GRÁFICOS


recorte, que podem tomar como re- absoluta analisada. Todavia, a com- Dados usados como base para os gráficos
ferência a quantidade de unidades, a paração desses elementos gráicos não
Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 Ano 6
média dos dados ou até mesmo uma é feita do mesmo modo. Enquanto
País A 9 000 7 000 9 000 11 000 13 000 16 000
classiicação arbitrária. Deve-se ressal- que a leitura de imagens compostas
País B 10 000 8 000 6 000 9 000 12 000 10 000
tar que o resultado inal se transforma por barras e colunas é feita de acordo País C 10 40 100 140 200 300
de acordo com a escolha, assim como com a extensão destas, as setas devem
a mensagem que é passada pela ima- ser comparadas de acordo com a es-
gem. O Atlas buscou usar quatro cate- pessura. A extensão das setas em ma-
Gráfico com escala aritmética
gorais sempre que possível. Em alguns pas representa apenas o destino e a 16 000
País A
momentos, como a representação das origem do fenômeno. Também deve-
capacidades militares, foram adotadas se ressaltar que enquanto barras e co- 12 000
mais classes. Devido à grande assime- lunas mantém a espessura uniforme País B
tria entre os países a adoção de apenas e variam o seu tamanho, os círculos 8 000
quatro categorias colocaria dentro de e quadrados aumentam em duas di-
uma mesma categoria países com da- mensões. Portanto, o fenômeno é re- 4 000

dos signiicativamente díspares, o que presentado pela variação do tamanho País C


causaria estranhamento e imprecisão. da área do símbolo, não pelo raio ou 0
Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 Ano 6
Por esse motivo, é importante que a pelo lado.
legenda sempre apresente sempre de
modo inequívoco quais são as classes A escolha pelo uso da escala aritmé-
Uso da escala logarítmica
usadas naquela imagem. tica ou logarítmica também é fruto País A
de uma decisão metodológica, basea-
A legenda também tem como objeti- da no tipo de informação que a ima- 10 000
País B
vo indicar e esclarecer o uso de símbo- gem busca passar. Os gráicos em
los (mais frequentemente barras, setas, escala aritmética, que são os mais fre-
círculos e quadrados) e cores nas ima- quentemente usados em publicações
gens tem como objetivo demonstrar acadêmicas e na mídia, facilitam a lei-
variações nas quantidades absolutas tura das quantidades absolutas. Esse 1 000
ou relativas. Enquanto que duas cores tipo de gráico é ideal, portanto, para
diferentes buscam representar fenô- a comparação de valores entre os ca- País C
menos diferentes (sejam eles opostos sos selecionados. Os gráicos em es-
ou complementares), a escala de tona- cala logarítmica, por sua vez, tornam
lidades dentro de uma cor indica a va- a evolução do fenômeno mais visível.
100
riação do fenômeno representado. Do O uso dessa escala, portanto, favore-
mesmo modo, enquanto que o uso de ce o estudo do fenômeno ao longo
diferentes símbolos (círculos, quadra- do tempo. Ainda que exista perda na
dos, triângulos, etc.) represente a dis- comparação imediata da quantidade
tinção entre os fenômenos que busca absoluta, ela pode ser feita pelos cír-
representar, a variação de tamanho culos ou quadrados no início e inal 10

deles é proporcional à quantidade de cada linha.

INTERPRETAÇÃO DE TABELAS EM CÍRCULOS PROPORCIONAIS


Dados usados como base para a tabela 1
Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 Ano 6
Geraldo José Viegas Waldir Nelson Celso Jaques
Quintão Filho Pires Jobim Amorim Wagner

Haiti 0 1 1 5 2 1 Gráfico com escala logarítmica


16 000
República 9 000
Dominicana 0 0 0 1 0 0

TOTAL 0 1 1 6 2 1 300

0
x3
Quantidade absoluta de viagens de Ministros da Defesa País C
proporcio s
nai
5) er
o
o

15 rim
) ilh
) tã

01 n
t 2 ag
07 s

11 im
02 uin

04 s F

20 o
20 ire
)

)
1- Am

se W
20 ob
20 a

6- P
20 Q

)
3- ieg

n- es
00 ir

7- n J
0- o

01 o
(2 ald

País A x 1,778
( ja qu
00 ld

00 V

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00 o
(2 era

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(2 ls

Ja
W

C
Ne
Jo

ulos
G

círc

Haiti
em
as

País B
tad
en

República x0
es

Labmundo, 2017

Dominicana
Labmundo, 2017
pr

r e
d es
da
n ti
TOTAL Q ua 6 Ano 1 Ano 6
2
1 Fonte: Elaboração própria.
Fonte: Ministério da Defesa, 2016.

ATLAS DA POLÍ TI C A B R AS I LEI R A D E D E F ES A 117


O Latitude Sul é uma plataforma de pesquisa que congrega quatro grupos do CNPq
interessados em discutir, aperfeiçoar e apresentar trabalhos e projetos sobre o lugar político,
econômico e social do “Sul” nas relações internacionais. Por meio dessa parceria, os
pesquisadores buscam potencializar o olhar crítico sobre as relações Norte-Sul, as
desigualdades sociais, as diferenças em termos de status e poder decisório, bem como as
hierarquias na política internacional contemporânea.

www.latsul.org
O Laboratório de Análise Política Mundial é uma O OPSA é um núcleo de referência destinado à
iniciativa interdisiciplinar de pesquisa e ensino análise, ao monitoramento e ao registro de
lançada em março de 2006. Durante seus eventos políticos nos planos doméstico e
primeiros anos, funcionou exclusivamente na internacional dos países sul-americanos. Suas
Escola de Administração da Universidade Federal atividades principais envolvem a coleta e a
da Bahia (UFBA). Hoje, ele conta com duas sistematização de informações sobre os
antenas que, de modo conjunto e em parceria, processos políticos dos países do subcontinente,
asseguram a participação de pesquisadores de bem como a elaboração de análises pontuais
diferentes departamentos e centros universitários sobre aspectos e problemas das conjunturas
do Brasil e do exterior em vários projetos, doméstica e internacional da área.
seminários e publicações: a antena de Salvador,
na UFBA, e a do Rio de Janeiro, no Instituto de www.opsa.com.br
Estudos Sociais e Políticos da Universidade do
Estado do Rio de Janeiro (IESP-UERJ).

www.labmundo.org
“É preciso escrever um poema várias vezes para que dê a impressão de
que foi escrito pela primeira vez". A frase é do poeta Mario Quintana. Guardião
do idioma, o poeta sabia como é difícil parecer simples. Lapidava suas joias. Na
arte, reunia humor, leveza e perspicácia. Um dia – dizia –, o poema cria vida e
voa. Logo pousa nos corações e mentes dos leitores, onde se perpetua.
O Atlas da Política Brasileira de Defesa que o leitor tem em mãos evoca
esse processo. Os mapas são criativos, os gráficos bonitos, as páginas
entremeadas, harmonicamente, de raciocínios desafiadores e de obras de arte.
Tudo parece simples. As ideias comunicam-se sem ruídos aos leitores,
fazendo-lhes ver, de maneira íntegra e concisa, relações de poder a partir de
perspectivas teóricas, históricas e geográficas.
Súbito, as complexas interações da política internacional parecem óbvias.
Mas o óbvio, aqui, só parece simples porque resume conclusões de análises
densas e rigorosas. O valor desta obra está justamente na capacidade dos autores
de reinterpretar o mundo, tornando-o mais inteligível para a maioria de nós.
Mas não se iludam: esta é uma obra científica. Os autores são honestos ao
expor as premissas que sustentam seus argumentos e rigorosos ao colher e
referenciar dados de fontes variadas. São também corajosos: apresentam-nos a
sua leitura do mundo, mas nos instigam a pensar sobre as possíveis evoluções da
nossa Política de Defesa. E ainda fazem o texto parecer simples.
O resultado cria empatia com o leitor e parece ser espontâneo. Não é.
Aprofunda o esforço iniciado com o Atlas da Política Externa Brasileira e avança
em temas sensíveis, como as relações entre civis e militares, a institucionalização
e os investimentos no setor de Defesa no Brasil. Ao cabo, condensa reflexões de
dois dos mais respeitados analistas das relações internacionais brasileiros ao
longo de suas exitosas carreiras.
Ao fazê-lo mediante a coordenação de um grupo de jovens pesquisadores,
Maria Regina Soares de Lima e Carlos Milani dão-nos, ainda, a lição de que vale
a pena passar aos jovens suas experiências e sabedoria, facilitando o trabalho das
próximas gerações de interpretar um mundo cada vez mais dinâmico e perigoso.
Ao ganhar o mundo com tanta beleza, este Atlas também perpetuará nas mentes
de seus leitores o compromisso de produzir análises densas, rigorosas e
corajosas. E que pareçam simples, a fim de melhor subsidiar as decisões sobre
nossa Política de Defesa.
Antonio Jorge Ramalho
Professor do IREL/UnB & Diretor da ESUDE-CDS/UNASUL

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