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INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO DE ANGOLA

ISTA
POLO - CAXITO

PSICOLOGIA DIFERENCIAL

SINDROME NEUROTICAS

MAIO 2019
SINDROME NEUROTICAS

Trabalho de pesquisa Científica como avaliação


apresentado no Instituto Superior Técnico de Angola na
cadeira de Psicologia Diferencial, orientado pelo
Professsor Manuel Zua.

GRUPO Nº 2

1º ANO

PERÍODO: TARDE

CURSO: PSICOLOGIA

O DOCENTE

MAIO – 2019
INTEGRANTES DO GRUPO

1. Cardoso Tomás Gonga


2. Diogo Gaspar Mucuta
3. João António Cabelami
4. Maria Diogo
5. Liliana Nenga
EPÍGRAFE

Que todos os nossos esforços estejam sempre focados no desafio


à impossibilidade. Todas as grandes conquistas humanas vieram
daquilo que parecia impossível (Charles Chaplin).
DEDICATÓRIA

Dedicamos este trabalho, primeiramente aos nossos familiares, que nos acompanham
durante este período, dando força e aos colegas, amigos que de forma dierecta ou indirecta
estão sempre disponível para tirarem as nossas dúvidas, ao Professor, que consiste em grande
sacrifício para o melhoramento da nossa formação.
AGRADECIMENTOS

Agradecer à Deus pela oportunidade e privilégio que nos concede em partilhar a


experiência de frequentar o ensino superior e de modo em geral as pessoas mais próximas de
nós, pela paciência e tolerância das nossas ausências, e por terem aceitado privarce-se-a da
nossa companhia
RESUMO

A sindrome neurotica é uma forma da pessoa ser e de reagir à vida. Uma reação
aumentada do sistema nervoso ligada a uma experiência vivida. A pessoa neurótica admite o
comportamento de evitar lugares e tomar atitudes para aliviar a ansiedade. Na neurose, a
percepção da realidade e a lucidez são mantidas, uma vez que as pessoas são conscientes de
sua doença por distinguir os sintomas que salientam sua angústia. Segundo a psicanálise, as
expressões neuróticas são conseqüências de conflitos inconscientes entre forças impulsivas e
defensivas. Identificar um indivíduo como tendo um quadro neurótico permite uma
compreensão adequada para um considerável número de pacientes que apresenta sintomas
ansiosos, fóbicos, obsessivos, histriônicos e hipocondríacos. Tais sintomas oscilam e se
alternam no tempo, com muita frequência, permanecendo um núcleo constante, que se
denomina neurose. Além disso, o constructo neurose aponta para uma estruturação da
subjetividade expressiva de conflitos intrapsíquicos (recalque, luta interna, impulsos
inaceitáveis perante um julgamento rígido, etc.) e interpessoais (frustração recorrente nas
relações pessoais, insatisfação constante com o que recebe e dá aos outros, rigidez, etc).

Palavras chave: sindrome, Neurose, tratamento, diagnóstico


SUMÁRIO

1- INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 9
2-ENQUADRAMENTO TEÓRICO ........................................................................................ 10
2.1- Síndromes Neuróticas .................................................................................................... 10
2.1.1- Quadros Fóbicos ......................................................................................................... 11
2.1.2- Agorafobia .................................................................................................................. 11
2.2.1- Diagnóstico ................................................................................................................. 11
2.2.2- Sintomas ..................................................................................................................... 11
2.2.3- Tratamento .................................................................................................................. 11
2.2.4- Recomendações .......................................................................................................... 12
2.1.3- Fobia simples ou específica ........................................................................................ 12
2.3.1- Diagnóstico ................................................................................................................. 12
2.3.2- Características ............................................................................................................. 12
2.3.3- Objectos mais Comuns ............................................................................................... 13
2.3.4- Tratamento .................................................................................................................. 13
2.1.4- Fobia Social ................................................................................................................ 13
2.4.1- Diagnóstico ................................................................................................................. 14
2. 4.2 - Características Associadas ........................................................................................ 14
2.4.3- Sintomas ..................................................................................................................... 15
2.4.4- Grupo de Risco ........................................................................................................... 16
2.4.5-Tratamento ................................................................................................................... 16
2.1.5- Síndromes obsessivo-compulsivas ............................................................................. 17
2.5.1- Síndromes obsessivas ................................................................................................. 17
2.5.2- Síndromes Compulsivas ............................................................................................. 17
2.5.3- Quadros histéricos: conversões e dissociação (quadros dissociativos) ...................... 17
2.5.4- Síndromes Hipocondríacas e somatização ................................................................. 18
2.1.6- Doenças Concomitantes ............................................................................................. 19
2.6.1- Tratamento .................................................................................................................. 19
3- SÍNDROMES NEURASTÊNICAS ..................................................................................... 19
4- SEMIOTÉCNICA DE SÍNDROMES ANSIOSAS E NEURÓTICAS ............................... 20
5- CONCLUSÃO ..................................................................................................................... 22
6- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 23
1- INTRODUÇÃO

As neuroses, também denominadas psiconeuroses ou distúrbios neuróticos, são


perturbações mentais caracterizadas pela presença marcante de ansiedade e angústia, pela
ausência de alterações relevantes relacionadas ao pensamento e a composição de formas
muito particulares de relação com a existência, o próprio corpo, os conteúdos internos, o
outro, os objetos (materiais e simbólicos) e o experimento do usufruto e do prazer. São
compostas pela susceptibilidade e abertura para os contatos e as questões humanas, pela
concomitante vulnerabilidade a elas, e pela tendência a privilegiar aquilo que é doloroso.

A neurose é o fruto da experimentação crônica de enfrentamentos, da exigência por


sustentar realidades que não são compatíveis com as próprias verdades, do hábito de impor-se
compromissos e obrigações necessários e de abdicar do que se pode e se é livre para
concretizar, e do esforço para manter-se. Sua evolução acompanha o hábito de muito pensar,
aprender e analisar, e pouco alterar as atitudes no cotidiano, os valores associados às situações
de vida e/ou a maneira de contrapor a própria autonomia. Seus vários tipos retratam as formas
de representação da dor por saber-se promotor do auto-engano (um praticante da crença ou da
validação daquilo que é obviamente falso).

O grupo de síndromes neuróticas é classificado da seguinte forma: síndromes fóbicas,


obsessivo-compulsivas, histéricas, hipocondríacas e fadiga crônica, que serão disseminadas ao
decorrer deste trabalho.

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2-ENQUADRAMENTO TEÓRICO
2.1- Síndromes Neuróticas
Identificar um indivíduo como tendo um quadro neurótico permite uma compreensão
adequada para um considerável número de pacientes que apresenta sintomas ansiosos,
fóbicos, obsessivos, histriônicos e hipocondríacos. Tais sintomas oscilam e se alternam no
tempo, com muita frequência, permanecendo um núcleo constante, que se denomina neurose.

Além disso, o consctructoneurose aponta para uma estruturação da subjetividade


expressiva de conflitos intrapsíquicos (recalque, luta interna, impulsos inaceitáveis perante
um julgamento rígido, etc.), e interpessoais como (frustração recorrente nas relações pessoais,
insatisfação constante com o que recebe e dá aos outros, rigidez, etc.).

Segundo Van Der Berg (1970, p.237), a neurose é uma perturbação do contato inter-
humano, “uma perturbação nas relações com outrem, sem que, para explicá-la, se possa apelar
exclusivamente a defeitos corporais, doenças corporais, psicoses, falhas constitucionais ou
anomalias de caráter.” No centro de todas as neuroses está a angústia. O homem neurótico
vive os conflitos humanos fundamentais de forma particularmente dolorosa e recorrente. A
neurose pode ser vista ainda como uma forma particular de relação do indivíduo com os
outros, com a corporeidade própria e a dos outros, com os objetivos (materiais, e simbólicos)
do mundo, fonte de uso e de gozo.

Segundo Henri Ey (1974), as neuroses são transtornos caracterizados por conflitos


intrapsíquicos que inibem e perturbam as condutas sociais. As neuroses produzem antes uma
perfuração do equilíbrio interior do sujeito neurótico que uma mudança em seu sistema de
realidade. Nos neuróticos, de modo geral, sobressaem-se as manifestações de uma angústia
permanente e de mecanismos de defesa que, em última análise, fracassam na resolução de
conflitos. São dificuldades e conflitos intrapsíquicos e interpessoais, que mantêm o
sofrimento, a frustração, o empobrecimento e a inadequação tanto do EU como das relações
interpessoais.

As principais síndromes neuróticas e somatoformes podem ser descritas e classificadas


da seguinte forma: síndromes fóbicas, obsessivo-compulsivas, histéricas, hipocondríacas e
neurastênicas (atualmente, em parte, compreendidas na síndrome da fadiga crônica).

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2.1.1- Quadros Fóbicos
As síndromes fóbicas caracterizam-se por medos intensos e irracionais, por situações,
objetos ou animais que objetivamente não oferecem ao indivíduo perigo real e proporcional à
intensidade de tal medo. As síndromes fóbicas mais importantes são apresentadas a seguir:

2.1.2- Agorafobia
Agorafobia é um transtorno de ansiedade, na maioria das vezes, associado às crises de
pânico. Originalmente, a palavra era empregada para definir o medo de lugares abertos ou
com muita gente. Hoje, é usada para definir comportamentos de esquiva, que aparecem
quando a pessoa se encontra em situações ou locais dos quais seria difícil ou embaraçoso
escapar, ou mesmo receber socorro, se algo de errado acontecesse.

Não se conhece a causa do distúrbio, que se manifesta mais nas mulheres do que nos
homens. Em alguns aspectos, ele pode se confundido com a fobia social, uma vez que os
portadores da desordem tendem a reduzir os contatos sociais como forma de esquivar-se das
situações em que imaginem ser difícil obter auxílio. Nos casos mais graves, a agorafobia
compromete a vida social e profissional dos pacientes. A antecipação do medo de sentir medo
e de um ataque de pânico inesperado impede, muitas vezes, que a pessoa realize atividades
banais, por considerá-las potencialmente de risco.

2.2.1- Diagnóstico
O diagnóstico leva em conta a história e os sintomas apresentados. Estabelecer o
diagnóstico da agorafobia é importante para diferenciá-la de outras fobias (fobia social,
estresse pós-traumático, etc.) e orientar o tratamento.

2.2.2- Sintomas
Os sintomas são semelhantes aos da crise de pânico e a intensidade varia de pessoa
para pessoa. Eles podem ser classificados em:

a) psicológicos (medo de morrer, de enlouquecer, de perder o controle sobre si próprio);


b) somáticos (taquicardia, palpitação, falta de ar, sudorese abundante, náuseas, vômitos,
dor de estômago, diarréia, tremores, tonturas).

2.2.3- Tratamento
Os quadros de agorafobia podem reverter espontaneamente. Quando isso não
acontece, a terapia cognitivo-comportamental representa o recurso mais eficaz de tratamento.
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Baseia-se numa técnica chamada de auto-exposição ao estímulo fóbico que consiste no
enfrentamento gradual das situações geradoras do medo. À medida que são vencidas as
etapas, o grau de dificuldade aumenta, até que não haja mais nenhum desconforto diante de
determinado estímulo.

2.2.4- Recomendações
Pessoa com medos exagerados que desencadeiam crises de pânico não está querendo
chamar a atenção: tem um transtorno que pode precisar de cuidados médicos.

2.1.3- Fobia simples ou específica


Fobia simples ou específica é o medo persistente e recorrente a um determinado objeto
ou circunstância que desencadeia uma forte reação de ansiedade, sempre que apresentado ao
paciente fóbico.

2.3.1- Diagnóstico
Os critérios para realização do diagnóstico exigem as seguintes condições:

Um objecto claramente identificável (nos demais transtornos fóbicos e ansiosos nem


sempre o objeto é claramente identificável). Este objeto sempre que apresentado desencadeia
uma forte reação de medo, ansiedade ou mal estar no paciente, podendo chegar a uma crise
semelhante a crise de pânico. Os adultos e adolescentes reconhecem que esse medo é
exagerado, mas as crianças não necessariamente. Pelo critério norte americano o diagnóstico
só pode ser dado quando o objeto fóbico interfere na rotina do indivíduo.

2.3.2- Características
As fobias, em geral, caracterizam-se pela ausência de motivo para despertar o medo
constatado, ou por ser o medo exagerado diante do objeto fóbico. As pessoas com fobia
específica não apresentam uma história de traumas, injúrias ou ameaças decorrentes da
exposição aos objetos mais comuns da fobia específica. Se isso acontecesse seria necessário
diferenciar a fobia específica do estresse pós-traumático. Na maioria das vezes as pessoas
com uma fobia específica não são afetadas em sua rotina porque o objeto fóbico não faz parte
dela. Quando faz parte torna-se indicado o tratamento.

Há situações nas quais o objeto fóbico é o mesmo da agorafobia. A diferença entre


essas duas formas de fobia baseia-se no que o paciente pensa. Na fobia há uma forte reação
contrária ao objeto, sendo o objeto afastado, a ansiedade some. Na agorafobia o medo é da

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dificuldade de sair de onde esteja caso passe mal, o que não acontece na fobia específica. Essa
diferenciação é importante porque a fobia específica é um problema isolado, já a agorafobia
dificilmente vem sozinha, geralmente antecede, vem junto ou depois de um quadro depressivo
ou de pânico.

Esse transtorno geralmente é identificado na infância ou mesmo na idade adulta. É um


problema um pouco mais freqüente nas mulheres e apesar de eventualmente levar a desmaios
isso não significa nada especialmente grave.

A fobia específica é um transtorno pouco estudado pelo baixo comprometimento que


geralmente representa.

2.3.3- Objectos mais Comuns


Os objetos fóbicos mais comumente encontrados são fobia a animais como cães,
aranhas, lesmas. Medo de animais altamente perigosos como cobras venenosas, jacarés, tigres
não podem ser considerados patológicos. Outras fobias comuns são de sangue, de águas rasas
ou profundas, trovões e tempestades, alturas, elevadores, aviões. A lista de objetos fóbicos,
contudo, não é restrita: qualquer objeto desde que suscite uma resposta fóbica típica pode
enquadrar os critérios de fobia específica.

2.3.4- Tratamento
Pela pequena quantidade de pesquisas nessa área e por causa da pequena demanda de
tratamento há poucas pesquisas sobre o da fobia específica. As medicações se mostram
ineficazes e a terapia cognitivo-comportamental apresentam resultados bastante satisfatórios.

2.1.4- Fobia Social


A fobia social é a intensa ansiedade gerada quando o paciente é submetido à avaliação
de outras pessoas. Essa ansiedade ainda que generalizada não se estende a todas as funções
que uma pessoa possa desempenhar. Na maioria das vezes concentra-se sob tarefas ou
circunstâncias bem definidas.

É natural sentir-se acanhado quando se é observado: esse desconforto até certo ponto é
normal e aceitável, muitas vezes vantajoso. Passamos a considerar esta vergonha ou timidez
como patológicas a partir do momento em que a pessoa sofre algum prejuízo pessoal por
causa dela, como deixar de concluir um curso ou uma faculdade por causa de um exame final
que exige uma apresentação pública ou diante de um avaliador.

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2.4.1- Diagnóstico
Para fazer o diagnóstico é necessário que a pessoa com fobia social apresente uma
forte sensação de ansiedade ou desconforto sempre que exposta a determinadas
circunstâncias. A ocorrência eventual para as mesmas situações como, por exemplo, escrever
sendo observado exclui o diagnóstico de fobia social. O fóbico social sente-se muito
incomodado todas as vezes que alguém o observa escrevendo.

A intensidade desta reação de ansiedade é desproporcional ao nervosismo que esta


situação exigiria das pessoas em geral, e isso é reconhecido pelo paciente. No momento em
que a pessoa é exposta a situação fóbica, a crise de ansiedade é de tal forma intensa que
parece uma crise de pânico.

Por causa de todo o desconforto envolvido nessa situação a pessoa passa a apresentar
um comportamento de evitação para estas situações. Casos específicos devem ser analisados
individualmente, como, por exemplo, uma pessoa que tenha uma doença que deixe suas mãos
com aspecto desagradável, poderá sentir-se mal ao ser observada quando assina um cheque,
não por causa de uma possível fobia social, mas por causa do temor em que sua doença cause
repulso em quem o observa.

2. 4.2 - Características Associadas


Os limites entre a timidez normal e a patológica são muito tênues para quem não é
especialista no assunto. Mesmo para o próprio paciente com fobia social não é fácil acreditar
que sofra de um transtorno psiquiátrico. Somente a difusão popular do quadro típico da fobia
social na sociedade é capaz de levar os pacientes com fobia social ao psiquiatra, o que de fato
vem acontecendo cada vez mais.

Nas relações conjugais observa-se que quando o tratamento é iniciado após o


casamento, podem surgir conflitos conjugais. Isso acontece porque o cônjuge saudável estava
acostumado à dominação e o fóbico à submissão Quando o tratamento permite que a
submissão se desfaça surgem naturalmente os conflitos, que podem ser superados com a
cooperação e compreensão do cônjuge saudável. Pode ser necessária a complementação do
tratamento da fobia social com uma psicoterapia de casais para superar essa fase.

Por fim um acontecimento comum principalmente no tratamento medicamentoso, que


proporciona uma supressão mais rápida dos sintomas, é o surgimento de um comportamento
hostil nos primeiros meses de tratamento, por parte do paciente. Isto se dá provavelmente
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devido a uma auto-afirmação que o paciente passa a adotar. Antes do tratamento, como todo
fóbico social, os pacientes se submetiam a coisas com as quais não concordavam, mas o
faziam por não resistirem à pressão.

Com o tratamento o paciente aprende a dizer não, inicialmente com certa dose de
agressividade, depois mais amadurecidamente. Geralmente este comportamento faz a família
crer que o parente em tratamento piorou e se queixa ao médico disto. Estas brigas, agressões e
hostilidades incomuns numa pessoa antes tão dócil são um sinal de eficácia do tratamento e
essa fase de litígios é transitória não se recomendando a interrupção do tratamento por causa
dela. Após três ou quatro meses o comportamento volta ao normal sem que o paciente volte
a ficar fóbico novamente. Caso as brigas se prolonguem demais será necessária uma nova
avaliação feita por psiquiatra.

2.4.3- Sintomas
Não há sintomas típicos de fobia social; como qualquer transtorno de ansiedade os
sintomas são aqueles típicos de qualquer manifestação de ansiedade. O que caracteriza a fobia
social particularmente é o desencadeamento dos sintomas sempre que a pessoa é submetida à
observação externa enquanto executa uma atividade. Observa-se dentre os fóbicos tremores,
sudorese, sensação de bolo na garganta, dificuldade para falar, mal estar abdominal, diarréia,
tonteiras, falta de ar, vontade de sair do local onde se encontra o quanto antes. A preocupação
por antecipação com as situações onde estará sob apreciação alheia, desperta a ansiedade
antecipatória, fazendo com que o paciente fique vários dias antes de uma apresentação
sofrendo ao imaginar-se na situação.

 Escrever ou assinar em público


 Falar em público
 Dirigir, estacionar um carro enquanto é observado
 Cantar ou tocar um instrumento musical
 Comer ou beber
 Ser fotografado ou filmado
 Usar mictórios públicos (mais para homens)

Os pacientes com fobia social geralmente não conseguem dizer não a um vendedor
insistente, compram um produto de que não precisam só para se verem livres daquele
vendedor, mas também nunca mais voltam àquele lugar. Os namoros muitas vezes são aceitos

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por conveniência e não por desejo verdadeiro. Os fóbicos sociais freqüentemente têm uma
auto-estima baixa e julgam que devem aceitar a primeira pessoa que surge porque acham que
não despertarão os interesses em mais ninguém.

2.4.4- Grupo de Risco


As pessoas mais afetadas pela fobia social são os homens, ao contrário da maioria dos
transtornos de ansiedade que predominam sobre as mulheres. O início é indefinido, por ser
muito gradual, impossibilitando os pacientes a identificarem até mesmo um ano em que este
problema tenha começado. Na grande maioria das vezes o início é localizado na época em que
começaram a se dar conta de que eram mais tímidos do que os outros, ou seja, na infância ou
adolescência.

Ainda não foram descritos casos na fobia social tendo iniciado após os trinta ou
quarenta anos de idade. Isto não significa que não possa surgir nessa época, mas certamente
só ocorre raramente. O mais tardar que a fobia social pode começar é no início da idade
adulta, em torno de vinte anos; quando o paciente se dá conta percebe que é mais acanhado
que a maioria das pessoas sob as mesmas condições.

2.4.5-Tratamento
O tratamento medicamentoso com o clonazepan ou os antidepressivos inibidores da
rematação da serotonina está bem claro e definido. Essas medicações permitem uma
recuperação entre setenta e noventa por cento. É pouco provável obter uma melhora de cem
por cento embora algumas pessoas fiquem bem próximas disso. Talvez as pessoas com mais
de cinqüenta anos de idade tenham uma certa resistência a melhora com medicação, este fato,
contudo, ainda deve ser comprovado.

A terapia cognitivo-comportamental vem apresentando bons resultados no tempo de


um ou dois anos de duração. Não foi detectada recaída nos primeiros anos após a alta, mas
acompanhamentos mais prolongados são necessários para se verificar o tempo que a terapia
cognitivo-comportamental permite ao paciente estar livre dos sintomas: se definitivamente ou
apenas alguns anos. Pode ser até que permita uma verdadeira cura caso os pacientes fiquem o
resto da vida sem precisar de novas intervenções de qualquer natureza. Somente o tempo
poderá verificar isso, ou seja, só as futuras gerações saberão desse fato.

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2.1.5- Síndromes obsessivo-compulsivas
Caracterizam-se por idéias, fantasias e imagens obsessivas e por atos, rituais ou
comportamentos compulsivos. Esses quadros são vividos como uma pressão sobre o
indivíduo, como algo que o obriga e submete. Na prática clínica nem sempre é fácil demarcar
com precisão o limite entre a obsessão e a fobia, ou entre a idéia delirante e a obsessão. Da
mesma forma, em alguns casos é difícil diferenciar entre o ato compulsivo e o ato impulsivo.

As síndromes obsessivo-compulsivas dividem-se em dois subtipos básicos? Aquelas


nas quais predominam as idéias obsessivas e aquelas nas quais predominam os atos e os
comportamentos compulsivos (Miguel, 1996). Muito freqüentemente, entretanto, se observam
formas mistas.

2.5.1- Síndromes obsessivas


As síndromes obsessivas caracterizam-se por idéias, pensamentos, fantasias ou
imagens persistentes e recorrentes que parecem "invadir" a consciência, causando angústia no
indivíduo. Este último reconhece o caráter irracional e absurdo desses pensamentos.

2.5.2- Síndromes Compulsivas


Nas síndromes compulsivas predominam rituais ou comportamentos repetitivos, tais
como lavar as mãos muitas vezes, tomar diversos banhos, verificar se portas e janelas estão
fechadas inúmeras vezes, repetir palavras mentalmente em silêncio, dentre outros.

2.5.3- Quadros histéricos: conversões e dissociação (quadros dissociativos)


As síndromes histéricas caracterizam-se por apresentar manifestações clínicas tanto
referentes ao corpo como à mente e ao comportamento. No corpo, predominam as alterações
das funções sensoriais e motoras e, na mente, aquelas relacionadas à consciência vígil, à
memória e às percepções.

Segundo Van Den Berg (1970), o paciente histérico apresenta uma peculiaridade:
necessita de contato e tem incapacidade de mantê-lo e aprofundá-lo. Do ponto de vista
existencial, tais indivíduos vivem em um contexto de inautencidade no contato interpessoal,
suas relações soam falas, eles parecem que precisam representar constantemente no seu
relacionamento com as pessoas.

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Na histeria de conversão: os sintomas e as perturbações corporais são muito variados:
paralisias histérica, cegueira histérica, perturbações histéricas no andar e no ficar de pé
(astasia-abasia) e perda da fala ou rouquidão histérica (afonia histérica).

Chama a atenção, nesses pacientes, o fato de, ao notarem seus distúrbios corporais
aparentemente muito graves (paralisias, cegueira, anestesias, etc.) reagirem vivencialmente
com indiferença exemplar. A isso os clínicos antigos denominavam la belle indifférence des
hystériques (a bela indiferença dos histéricos).

Conforme salienta Ramadam (1985, p.8), “o comprometimento provocado pela


histeria não é equivalente à função biológica ou natural do órgão, segundo suas estruturas e
disposições anatomofuncionais, o distúrbio corresponde, sempre, à utilização habitual que o
paciente faz do órgão ou à representação imaginária e simbólica que tem daquela função.”

Na histeria dissociativa: podem ocorrer alterações da consciência, com pseudocrises


que se assemelham a crises epitépticas. Ocorrem frequentemente como crises histérico-
dissociativas, com rebaixamento e afunilamento da consciência (estado crepuscular histérico).
Também são consideradas formas de histeria de dissociação as amnésias histéricas, nas quais
o indivíduo esquece elementos seletivos e significativos do ponto de vista psicológico.

Além disso, podem ocorrer fugas histéricas e fenômenos sensoperceptivos (ilusões,


pseudo-alucinações) de natureza histérica. Estudos recentes indicam que ocorrem alterações
cerebrais funcionais durante os episódios com sintomas histéricos de conversão.

2.5.4- Síndromes Hipocondríacas e somatização


É a persistência na presença de pelo menos uma doença física grave, progressiva com
sintomas determinados, ainda que os exames laboratoriais e consultas com vários médicos
assegurem que nada exista. Muitas pessoas quando passam por uma doença grave e se
restabelecem ficam sensibilizadas com o que aconteceu, preocupando-se demais, contudo
nesses casos se uma consulta ou novo exame descartarem o recrudescimento da doença e o
paciente tranquilizar-se, não havia hipocondria.

Os hipocondríacos normalmente sentem-se injustiçados e incompreendidos pelos


médicos e parentes que não acreditam em suas queixas, eles levam seus argumentos a sério e
irritam-se com o descaso. Por outro lado resistem em ir ao psiquiatra sentindo-se até
ofendidos com tal sugestão, quando não há suficiente diálogo com o clínico. Os

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hipocondríacos podem ser enfadonhos por repetirem constantemente suas queixas, além de
serem prolixos nas suas explicações.

2.1.6- Doenças Concomitantes


Não se conhece medicações específicas para hipocondria, mas acredita-se que
psicoterapia pode ajudar quando iniciada com até três anos de quadro hipocondríaco. Há
muito poucas pesquisas na literatura psiquiátrica porque estes pacientes se recusam a
participar dos trabalhos científicos, visto que não se consideram psiquiatricamente doentes.

2.6.1- Tratamento
É necessário que um psiquiatra converse com o paciente hipocondríaco para investigar
a possível concomitância com outros transtornos de ansiedade como o pânico ou a depressão
que podem levar a hipocondria.

A somatização: processo pelo qual um indivíduo usa (consciente ou


inconscientemente) seu corpo ou sintomas corporais para fins psicológicos ou para obter
ganhos pessoais.

Denomina-se alexitimia a dificuldade de identificar sentimentos e diferenciá-los de


sensações corporais, assim como a dificuldade de falar sobre as próprias emoções. A
alexitimia parece ser mais frequente em alguns grupos sociais e culturas e possivelmente se
associa a certos traços de personalidade, como introversão, isolamento e piores relações
interpessoais.

3- SÍNDROMES NEURASTÊNICAS
Actualmente está em desuso, tendendo a ser substituída pelo conceito de síndrome da
fadiga crônica. A neurastenia caracteriza-se por astenia (fraqueza orgânica e psíquica),
alterações do sono, fadiga fácil, experimento contínuo do estado de exaustão, cefaléias,
vertigens, mau humor e irritabilidade, dificuldades relacionadas à concentração e à capacidade
de realização das tarefas cotidianas, e presença marcante do sentimento de insegurança e da
preocupação com a saúde pessoal debilidade psíquica e/ou humor depressivo.

Com freqüência, é constituído por fobias, valores e comportamentos (geralmente,


mistificações, atitudes de indiferença, manifestações narcísicas e/ou estados infantilizados)
que limitam o processo de adaptação social.

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4- SEMIOTÉCNICA DE SÍNDROMES ANSIOSAS E NEURÓTICAS
Ataques de pânico: Você já teve ataques ou crises de medo intenso, em que se sentiu

muito mal? Teve crises intensas de ansiedade? Sentia batedeira, falta de ar, formigamentos,

sensação de que iria morrer ou perder o controle? Duravam quanto tempo? Quando foi a

primeira crise? Quantas crises, em média, ocorriam em um mês?

Agorafobia: Tem medo de lugares muito amplos, como supermercados, estádios, cinemas,

congestionamentos de carros, etc.? Tem medo de ler um ataque de ansiedade nesses lugares

ou de não poder escapar deles?

Fobia simples: Tem medo de alguma coisa ou de algum animal em especial ( cobra, sapo,

barata, cachorro. etc...)? Tem medo de ver sangue, facas, giletes ou vidros quebrados? Tem

medo de avião?

Fobia Social: Você se acha uma pessoa tímida? Você tem medo de falar em publico, de dar

aulas ou apresentar seminários? Tem medo de ir a festas e conhecer gente nova? Tem receio

de falar com pessoas que considera mais importantes que você? Tem medo ou sente

desconforto em comer em frente a desconhecidos?

Idéias Obsessivas: Você tem algumas idéias ou pensamentos que não saem de sua cabeça e

que voltam sem parar, incomodando-lhe? Quais são esses pensamentos? O que acha deles?

São absurdos ou reais?

Actos Compulsivos: Você realiza algum tipo de ato ou ritual de forma repetitiva? Tem

manias como lavar as mãos muitas vezes se as portas e as janelas da casa estão realmente

fechadas? Demora muito tempo no banho? Os atos, os rituais ou as manias servem para

neutralizar algum pensamento ou idéia?

Crises Dissociativas: Já teve desmaios ou crises nervosas em que desligou (perdeu a

consciencia)? Quando ocorreram? Quanto tempo duravam as crises? Com que freqüência tem

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ocorrido? Algo facilita que as crises ocorram (discussões, brigas, contrariedades, etc...)? Você

tem algum grau de controle sobre esses desmaios?

Sintomas Conversivos: Já teve paralisias ou anestesias de partes do corpo? Como surgiram?

Estavam relacionadas a algum problema pessoal? Você ficou assustado com isso? Teve outros

problemas no corpo (ex: perder a voz, a visão) relacionados com períodos de nervosismo ou

com brigas ou outros problemas pessoais?

Sintomas Hipocondríacos: Sente-se muito preocupado com sua saúde física? Acha que tem

alguma doença? Acha que pode ser algo grave? Apesar dos exames darem negativos, acha

que realmente deve ter algo grave?

Em caso Positivo - Quando foi que esses problemas (sintomas) começaram a acontecer?
Houve períodos em que estiveram melhor ou pior? Algo ajudou você a melhorar em relação a
esses problemas?

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5- CONCLUSÃO

As neuroses são perturbações mentais caracterizadas pela presença marcante de


ansiedade e angústia, pela ausência de alterações relevantes relacionadas ao pensamento e a
composição de formas muito particulares de relação com a existência, o próprio corpo, os
conteúdos internos, o outro, os objetos (materiais e simbólicos) e o experimento do usufruto e
do prazer.

São compostas pela susceptibilidade e abertura para os contatos e as questões


humanas, pela concomitante vulnerabilidade a elas, e pela tendência a privilegiar aquilo que é
doloroso.

Ela se classifica em síndromes fóbicas, síndromes obsessivo-compulsiva, síndromes


histéricas e síndromes hipocondríacas e somatização. Todas as síndromes podem ser
acompanhadas com tratamentos.

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6- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais, Paulo Dalgalarrondo, 2ed.


2. Sadock, VA. Kaplan & Sadock's Comprehensive Textbook of Psychiatry, 7th edition.
Lippincott Williams & Wilkins, 2000.
3. Nardi, AE, Bueno JR. Diagnóstico e Tratamento em Psiquiatria. Medsi, 2000.
4. Frota, LH, Piccinini, W, Bueno, JR. Centenário de nascimento do Professor José Leme
Lopes: notas biográficas e breve homenagem. J Bras Psiquiatr, 2004, 53(5):312-318.
5. Soar Filho, EJ. Psiquiatría e pensamento complexo. Revista de Psiquiatria do Rio
Grande do Sul, 2003, 25(2):318-326
6. Jervis, Giovanni. Manual Crítico de Psiquiatria. Anagrama, Barcelona, 1977.
7. Jaspers, Karl. Psicopatologia Geral, 2 vol. Atheneu, Rio de Janeiro, 1997.

Bibliografia

 Associação Americana de Psiquiatria. Manual Diagnóstico e Estatístico de


Transtornos Mentais, 4a edição (DSM-IV-TR). Artes Médicas, Porto Alegre, 2002.
 Organização Mundial da Saúde. Classificação dos Transtornos Mentais e de
Comportamento da CID-10. Artes Médicas, Porto Alegre, 1993.

Ligações externas

1. [Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais DSM-IV ONLINE].


2. [Classificação dos Transtornos Mentais e de Comportamento CID-10 ONLINE].
3. Dalgalarrondo P. Síndromes neuróticas. In: Dalgalarrondo P. Psicopatologia e
semiologia dos transtornos mentais.2. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 2008.p.319 –
326.

4. AGORAFOBIA. Disponível
em:<http://www.drauziovarella.com.br/Sintomas/5301/agorafobia>. Acesso em: 12
mai. 2011.

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