Você está na página 1de 40

Breve Revisão de

Cálculo Vetorial

1
1. Operações com vetores

Dados os vetores A = Axi + Ayj + Azk e B = Bxi + Byj + Bzk,


define-se:

Produto escalar entre os vetores A e B

A B Ax Bx Ay B y Az Bz
A B AB cos
Daí ,
Ax Bx Ay B y Az Bz
cos
AB

2
Produto vetorial do vetores A e B

i j k
A B Ax Ay Az
Bx By Bz

Ay Bz Az B y i Az Bx Ax Bz j Ax By Ay Bx k

A B ABsen

3
2. Uma definição física para Campo

Dada uma região D no espaço tridimensional e uma


grandeza física (escalar ou vetorial), então, essa região
será chamada de campo se, nela, o valor da grandeza num
dado ponto depender univocamente das coordenadas
desse ponto.

Se a grandeza for escalar (pressão, temperatura, etc.), o


campo é dito escalar.

Se a grandeza for vetorial (força, velocidade, etc), o


campo é dito vetorial.

O valor da grandeza também pode depender do tempo.


Nesse caso, o campo é dito variável (ou dinâmico). Caso
contrário, ele é dito estacionário.
4
Exemplos de campos escalares:

Em um campo escalar, um número é definido para cada


ponto do espaço.

→ Campo de pressão em uma represa, p = γh.

→ Campos de Temperatura.

5
→ Um valor escalar é definido para cada ponto do espaço
(analítico ou numérico).

Representação gráfica

10

f 0

-5

-10
100
100
50
50
x 0 0

6
→ Linhas de iso-contorno (temperatura (oC), altitude, etc.)

100
6
90

80
4
70

60 2

50
0
40

30
-2
20

10 -4

20 40 60 80 100

7
→ Campos escalares em 3-D

20 0
5
10 10 0.9
15
20
0 0.8
0
0.7
5
0.6

10 0.5

0.4
15
0.3
20 0.2

0.1

8
Campos Vetoriais

Em um campo vetorial, um vetor é definido para cada ponto


do espaço. Formalmente, temos:

→ Um campo Vetorial é definido, no 2, como uma função F


que associa a cada ponto M(x, y) em um subconjunto D do
2, um único vetor F(M) bidimensional, tal que,

F( M ) F( x, y) P( x, y) i Q( x, y) j

→ Um campo Vetorial é definido, no 3, como uma função F


que associa a cada ponto N(x, y, z) em um subconjunto E do
3, um único vetor F(N) tridimensional, tal que,

F( N ) F( x, y, z ) P( x, y, z ) i Q( x, y, z ) j R( x, y, z ) k
9
→ Campo de velocidade em uma roda ou turbina,

F yi x j

→ Campo gravitacional (campo do quadrado inverso),

GMm
F 2

r

10
Exemplo - Exercício

Faça um diagrama do campo vetorial F( x, y) yi


1
Considerando : y 0, ,1, 2, 3, 4 e 5. Temos :
2
F( x,0) 0
F( x,1 / 2) ( 2 2) i
F( x,1) i
F( x,2) 2i
F( x,3) 3i
F( x,4) 2i
F( x,5) 5i

Este campo vetorial descreve a velocidade da corrente


num córrego ou rio em várias profundidades. Velocidade é
nula no leito. 11
Exemplo de uma representação numérica de um campo
vetorial.

12
Exemplos de imagens de campos vetoriais

1.5

Há um vetor definido 0.5

para cada ponto do Es- 0

paço 2-D. -0.5

-1
O tamanho das flechas
-1.5
representa a magnitude
-2
do vetor. -2 -1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5 2

13
Exemplos de campos escalares e vetoriais

→ Campo escalar → Campo vetorial


Mapa de temperatura Velocidade dos ventos

14
4. Operador Nabla

“Nabla” (harpa em grego)

i j k
x y z

Aplicado sobre uma campo escalar, f, define um campo


vetorial chamado de Gradiente de f, f.

O produto escalar com um campo vetorial, F, define um


campo escalar chamado de Divergente de F, F.

Produto vetorial com um campo vetorial, F, define um novo


campo vetorial chamado de Rotacional de F, F.
15
5. Campos Gradientes

Se f = f(x,y) é uma função escalar de duas variáveis,


então, seu gradiente é definido por,

f f f f
f ( x, y) i j ou grad f i j
x y x y

Se f = f(x,y,z) é uma função escalar de três variáveis,


então, seu gradiente é definido por,

f f f f f f
f ( x, y, z ) i j k ou grad f i j k
x y z x y z

Onde i j k é o vetor Nabla.


x y z
16
Exercícios

1) Encontre os campos gradientes das funções abaixo e


trace seus diagramas de campo.

a) f(x,y) = x2 y2

(Resolução a seguir)

b) f(x,y) = x + y

c) f(x,y) = ln(x+2y)

(Resolução no quadro)

17
Resolução

f ( x, y ) x 2 y 2
f f
f i j 2 xy2 i 2 x 2 y j
x y
2
Interpretação 1.5

1
O Gradiente é um campo
vetorial cujas componentes
0.5

são as derivadas do campo 0

escalar. -0.5

-1

Em qualquer ponto, o Gra- -1.5

Diente “aponta” na direção -2


-2 -1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5 2
de máxima inclinação, e sua
magnitude é a inclinação.
18
Em outras palavras,

O gradiente de uma função escalar, calculado num dado


ponto, é um vetor cujo módulo representa a máxima taxa
de variação de crescimento dessa função naquele ponto.

Isto significa que o vetor gradiente calculado em (x0, y0,


z0) tem a direção para a qual ocorre o máximo crescimento
da função em (x0, y0, z0).

Além disso ele é perpendicular à superfície no ponto (x0,


y0), no 2, ou (x0, y0, z0) no 3.

19
Visualização,

2
12

1.5
10

8
0.5

6
0

-0.5 4

-1 2

-1.5
0

-2
-2 -1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5 2

→ Mapa de cores: função – campo escalar


→ Representação de setas: campo vetorial obtido a partir
do gradiente da função escalar.
20
6. Campos conservativos e funções potenciais

Se F é um campo vetorial em duas ou três dimensões.


Então, diz-se que F é um campo conservativo numa região
do 2 ou 3, se F for o campo gradiente de alguma função f
naquela região. Isto é, F = f. A função f é chamada de
função potencial.

Exemplo
Considere o campo vetorial do quadrado inverso em duas
dimensões.
c
F( x, y) ( x i y j)
(x2 2 3/ 2
y )

Mostre que F é um campo conservativo em qualquer região


do 2 que não contenha a origem e cuja função potencial
seja
c
f ( x, y)
( x2 y 2 )1/ 2 21
Resolução

Temos que mostrar que o campo gradiente de f, em


qualquer região que não contenha a origem, é F. Para isso,
calcularemos f

f f
f i j
x y
f cx f cy
e
x ( x 2 y 2 )3 / 2 y ( x 2 y 2 )3 / 2
Daí ,
cx cy c
f 2 2 3/ 2
i 2 2 3/ 2
j 2 2 3/ 2
( xi yj) F( x, y )
(x y ) (x y ) (x y )

Logo, F é conservativo em qualquer região do 2, exceto


na origem, já que F = f. f é, portanto, função potencial de
F.
22
7. Divergência e Rotacional

Seja F(x,y) = f(x,y)i + g(x,y)j um campo vetorial em duas


dimensões, define-se a divergência de F, denotado por divF ou
•F, ao escalar

div F F f ( x, y ) g ( x, y )
x y
ou simplesmente,
f g
div F
x y

Em três dimensões, F(x,y) = f(x,y,z)i + g(x,y,z)j + h(x,y,z)k

f g h
divF
x y z
23
Seja F(x,y) = f(x,y)i + g(x,y)j um campo vetorial em duas
dimensões, define-se o rotacional de F, denotado por rotF ou
xF, ao campo vetorial

g f
rotF F k
x y

Em três dimensões, F(x,y) = f(x,y,z)i + g(x,y,z)j + h(x,y,z)k

h g f h g f
rotF F i j k
y z z x x y

24
Os resultados anteriores podem ser reescritos como:

→ Em duas dimensões,

i j k
rotF F 0
x y
f g 0

→ Em três dimensões,

i j k
rotF F
x y z
f g h

25
O divF tem valores escalares, enquanto rotF tem
valores vetoriais. Ou seja, rotF é ele próprio um
campo vetorial.

Exercícios

1) Calcule a divergência e o rotacional do campo vetorial

F( x, y, z ) x 2 y i 2 y 3 z j 3z k

2) Mostre que a divergência do campo do quadrado


inverso
c
F( x, y, z ) ( xi yj zk )
2 2 2 3/ 2
x y z

é nula 26
1) Resolução

Divergência de F

divF ( x 2 y) (2 y 3 z ) (3z )
x y z
divF 2 xy 6 y 2 z 3

Rotacional de F

i j k
(3 z ) (2 y 3 z ) (3 z ) ( x 2 y) ( x 2 y) (2 y 3 z )
rot F i j k
x y z y z x z y x
2 3
x y 2 y z 3z
rot F 2 y 3i x 2k
27
2) Resolução

Levando-se em conta que (x2 + y2 + z2)1/2 = r,

cx cy cz
F ( x, y , z ) 3
i 3
j 3k
r r r
Daí ,
x y z
div F c
x r3 y r3 z r3
Sendo,
x r3 x r3 x
x r3 (r 3 ) 2 x 1 3x 2
r3 3 2 2 2 1/ 2 x x r3 r3 r5
x y z 2x
x 2 r
28
Analogamente,
y r3 y r3 y
y r3 (r 3 ) 2 y 1 3y2
r3 3 2 1/ 2 y y r3 r3 r5
x y2 z2 2y
y 2 r

z r3 z r3 z
z r3 (r 3 ) 2 z 1 3z 2
r3 3 2 1/ 2 z z r3 r3 r5
x y2 z2 2z
z 2 r

1 3x 2 1 3y2 1 3z 2 3 3( x 2 y2 z2)
Assim, divF c c
r3 r5 r3 r5 r3 r 5
r3 r5
3 3r 2
c 0
r3 r 5
29
Interpretações Física e Geométrica para o divergente

O divergente de um vetor, mede a variação do fluxo


desse vetor.

O divergente pode ser entendido no contexto da


Mecânica dos fluidos como:

→ Se F(x,y,z) é a velocidade de um fluido, então,


divF representa a taxa líquida de variação, com relação ao
tempo, da massa de fluido que passa pelo ponto (x, y, z).

→ Em outras palavras, divF, calculado num ponto


(x0, y0, z0) mede a tendência de um fluido deferir no ponto
(x0, y0, z0).

30
→ Campos magnéticos não são divergentes,

div H 0

→ Uma fonte de campo magnético é ao mesmo tempo fonte


e sorvedouro do campo.

31
→ Campos vetoriais constantes,

32
Interpretações Física e Geométrica para o rotacional

O vetor rotacional está associado com rotações.

Se F representa um campo de velocidades em Mecânica


dos fluidos, por exemplo, então, partículas próximas de um
ponto (x0, y0, z0), tendem a rodar em torno do eixo que
aponta para a direção definida pelo rotF calculado nesse
ponto.

A magnitude do vetor rotF é uma medida do quão rápido


as partículas se movem em torno desse eixo. A rotação
obedece a regra da mão direita.

33
Regra da mão direita Furacão Katrina 25/08/2005
8. Alguns conceitos e teoremas importantes

Teorema 1
Se f é uma função escalar de três variáveis e que tem
derivadas parciais de segunda contínuas. Então,

rot(grad f ) f 0

Como um campo vetorial conservativo é tal que F = f,


então, o teorema anterior pode ser reescrito como: Se F
representa um campo vetorial conservativo, então,

rot F 0

34
Teorema 2
Se F = f(x,y,z)i + g(x,y,z)j + h(x,y,z)k é um campo
vetorial no 3 e f, g, h têm derivadas parciais de segunda
ordem contínuas, então,

div(rot F) 0

Laplaciano
É o resultado da aplicação do operador sobre si mesmo.
É denotado por 2. Tem a forma,
2 2 2
2

x2 y2 z2

Quando aplicado a uma função escalar Φ(x,y,z),

2 2 2
2

x2 y2 z2 35
Se
2 2 2
2
2 2 2
0
x y z

A equação 2Φ = 0 é conhecida como equação de Laplace.

36
Fluxo de um Vetor qualquer A

A quantidade do vetor A, que passa por uma


determinada superfície dS é,

d A ndS A dS

Convenciona-se que ndS = dS sempre aponta para fora e


é perpendicular à superfície fechada dS.

37
Teorema da divergência

A dS div A dS
s V

A igualdade das duas integrais acima significa que o fluxo


do vetor A através de uma superfície fechada S é igual à
integral do divergente de A no volume V envolto por S

38
Circulação de um Vetor

A circulação de um campo vetorial A ao longo de uma


linha L do ponto P ao ponto Q, conforme a figura abaixo, é
dada por,

Q
Q
C P A dL
P

dL simboliza uma parcela elementar da linha orientada L.

39
Teorema de Stokes

O fluxo rotacional de um campo vetorial F através de


uma superfície aberta S é igual à circulação do vetor A ao
longo do caminho L que delimita S.

A dL rotA dS
L S

Se A for uma força, esse teorema é uma forma de


calcular o trabalho realizado por essa força ao longo do
caminho L.

40

Você também pode gostar