Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
2
Apresentação
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
Autores
Hilton Moreno
João José Barrico de Souza
Joaquim G. Pereira
Jobson Modena
Marcus Possi
Coautores
3
Cláudio Mardegan
Hélio Eiji Sueta
José Starosta
Juliana Iwashita Kawasaki
Luiz Fernando Arruda
Publicação
Atitude Editorial
Patrocínio
Atitude Eventos
Promoção e divulgação
Revista O Setor Elétrico
Apresentação
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo
ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de
armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Atitude Editorial Ltda.
Diretor
Adolfo Vaiser
4 Hilton Moreno
Edição e coordenação
Hilton Moreno
Revisão
Tikao Solutions
2011
Apresentação
E-mail: contato@atitudeeditorial.com.br
www.atitudeeditorial.com.br
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
Apresentação
Um antigo projeto se materializa com a publicação desta obra.
O Guia O Setor Elétrico de Normas Brasileiras é uma forma que encontramos de devolver para a
comunidade técnica do setor elétrico nacional um pouco do muito que aprendemos com ela.
Com o Guia OSE de Normas, como carinhosamente chamamos esta publicação, reunimos sob a mesma
capa quatro dos mais importantes documentos técnicos do País na área de instalações elétricas: a NBR 5410,
de instalações elétricas de baixa tensão; a NBR 14039, de instalações elétricas de média tensão; a NBR
5419, de proteção contra descargas atmosféricas; e ao final, amarrando todas elas, a NR 10, norma de
segurança em serviços de eletricidade do Ministério do Trabalho.
Além de reunir as quatro normas, o Guia OSE de Normas promoveu uma invejável reunião de
reconhecidos especialistas. Ao todo foram dez profissionais que participaram da preparação desta
5
publicação, compartilhando com prazer, dedicação e muito interesse os seus vastos conhecimentos
com os leitores. Todos, sem exceção, além de fantásticos profissionais, são pessoas com grande
preocupação em transmitir seus conhecimentos para a sociedade em que vivem. Deixamos aqui
registrado nosso agradecimento a cada um dos autores pela dedicação que tiveram com este projeto.
Agradecemos o apoio de primeira hora que o Instituto Brasileiro do Cobre, Procobre, deu a este
trabalho, assim como o apoio da Abrasip-MG – Associação Brasileira de Engenharia de Sistemas
Prediais de Minas Gerais.
Agradecemos também a toda a equipe que ajudou a tornar esta obra uma realidade. E às nossas
famílias que entenderam e apoiaram as horas dedicadas a este projeto.
Finalmente, numa publicação que trata de normas técnicas de instalações, não podemos esquecer de
voltar um pensamento para aquele que muito nos ensinou nesta área, o eterno e saudoso Professor
Ademaro Cotrim, que tão cedo nos deixou em agosto de 2000. Temos certeza que, se ainda estivesse
entre nós, teria sido um dos autores e um dos mais entusiastas participantes deste Guia.
6
Apresentação
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
Apresentação
7
O Procobre é uma rede de instituições latino-americanas
cuja missão é a promoção do uso do cobre, impulsionando
a pesquisa e o desenvolvimento de novas aplicações e
difundindo sua contribuição para a melhoria da qualidade de
vida e do progresso da sociedade.
8
Apresentação
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
13
9
147
245
285
Sumário
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
10
NBR 5410
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
11
NBR 5410
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
12
NBR 5410
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
Sumário
1 Histórico 014
2 Objetivos, campo de aplicação e abrangência 014
3 Origem da instalação 014
4 Aspectos gerais de projeto 015
13
5 Iluminação 022
6 Proteção contra choques elétricos 031
7 Proteção contra efeitos térmicos (incêndios e queimaduras) 035
8 9Proteção contra sobrecorrentes 037
9 9Proteção contra sobretensões 037
10 Proteção contra mínima e máxima tensão, falta de fase e inversão de fase 057
11 Proteção das pessoas que trabalham nas instalações elétricas de baixa tensão 057
12 Serviços de segurança 058
13 Seleção e instalação dos componentes 060
14 Linhas elétricas 069
15 Dimensionamento de condutores 090
16 Aterramento e equipotencialização 105
17 Seccionamento e comando 116
18 Circuitos de Motores 117
19 Conjuntos de proteção, manobra e comando (quadros de distribuição) 120
corrente alternada, funcionam com tensão superior a 1.000 V, como quais a instalação deve satisfazer. As instalações elétricas cobertas
é o caso de circuitos de lâmpadas de descarga, de precipitadores pela norma estão sujeitas também, naquilo que for pertinente, às
eletrostáticos etc.; normas para fornecimento de energia estabelecidas pelas autoridades
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
reguladoras e pelas empresas distribuidoras de eletricidade. determinada por cargas ou por grupo de cargas e, geralmente,
Desta forma, as prescrições estabelecidas em regulamentações baseia-se nos dados conhecidos de outras instalações similares.
federais, estaduais e municipais podem ser aplicadas nas instalações No que diz respeito às cargas deve-se considerar para um
elétricas de baixa tensão sem causar conflitos legais com o texto da equipamento a sua potência nominal dada pelo fabricante ou
norma brasileira. Por exemplo, prescrições específicas do Corpo de calculada a partir dos dados de entrada (tensão nominal, corrente
Bombeiros sobre iluminação de emergência, bombas de incêndio, nominal e fator de potência), ou calculada a partir da potência de
etc., podem ser acomodadas no projeto elétrico sem conflitos. Da saída, caso seja conhecido o rendimento do equipamento (Figura 2).
mesma forma, apesar de a NBR 5410:2004 incluir os componentes
do padrão de entrada da concessionária, uma vez que ela tem origem
de aplicação no ponto de entrega, o item 1.7 mantém a autoridade Equipamento de utilização
da empresa distribuidora de energia elétrica em definir como será
construído esse padrão de entrada.
UN, IN, PN (P N)
cos Φ N
η
(Entrada) (Saída)
Rendimento η = PN / PN
seja adequadamente avaliado, o valor final da potência de alimentação Por exemplo, em uma sala de 4 m x 5 m, ou seja, com área de 20 m2
pode resultar em subdimensionamento dos circuitos elétricos. (20 = 6 + 4 + 4 + 4 + 2), a potência de iluminação mínima a ser atribuída
Conforme o caso, a potência de alimentação deve ser a este cômodo será de 100 + 60 + 60 + 60 = 280 VA.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
• Em halls de serviço, salas de manutenção e salas de equipamentos, tais Sugestão 2: conforme indicado no livro Instalações elétricas industriais,
como casas de máquinas, salas de bombas, barriletes e locais análogos, de João Mamede Filho
deve ser previsto no mínimo um ponto de tomada de uso geral, e aos Para escritórios comerciais ou locais similares com área ≤ 37 m2,
circuitos termi-nais respectivos deve ser atribuída uma potência de no a quantidade mínima de tomadas de uso geral deve ser calculada pelo
mínimo 1.000 VA. critério, dentre os dois seguintes, que conduzir ao maior número:
• Quando um ponto de tomada for previsto para uso específico,
deve ser a ele atribuída uma potência igual à potência nominal do • Um ponto de tomada para cada 3 m, ou fração, de perímetro.
equipamento a ser alimentado ou à soma das potências nominais • Um ponto de tomada para cada 4 m2, ou fração, de área.
dos equipamentos a serem alimen-tados. Quando valores precisos
não forem conhecidos, a potência atribuída ao ponto de tomada deve Para escritórios comerciais ou locais análogos com área > 37 m2, a
seguir um dos dois seguintes critérios: (1) a potência ou soma das quantidade mínima de tomadas de uso geral deve ser calculada com base
potências dos equipamentos mais potentes que o ponto pode vir a no seguinte critério: 8 pontos de tomadas para os primeiros 40 m2 e 3
alimentar; (2) a potência deve ser calculada com base na corrente de pontos de tomada para cada 37 m2, ou fração, de área restante.
projeto e na tensão do circuito respectivo. Em lojas e locais similares, devem ser previstos pontos de tomadas de
uso geral em quantidade nunca inferior a um ponto de tomada para cada
- Os pontos de tomada de uso específico devem ser localizados no 37 m2, ou fração, não consideradas as tomadas para a ligação de lâmpadas,
máximo a 1,5 m do ponto previsto para a tomadas de vitrines e tomadas para a demonstração de aparelhos.
localização do equipamento a ser alimentado.
- Os pontos de tomada destinados a alimentar mais de um equipamento 4.1.2.2 Locais residenciais
16 devem ser providos com a quantidade
adequada de tomadas. A seção 9.5.2 da NBR 5410 trata de aspectos relacionados à previsão
de carga de tomadas em instalações residenciais, conforme descrito a
A NBR 5410 não tem prescrições específicas sobre previsão de seguir.
quantidade de pontos de tomadas em locais não residenciais. Um ponto de tomada é um ponto de utilização de energia elétrica em
Seguem-se algumas recomendações baseadas em literaturas: que a conexão dos equipamentos a serem alimentados é feita por meio
de tomada de corrente. Um ponto de tomada pode conter uma ou mais
Locais industriais tomadas de corrente.
A norma define o número mínimo de pontos de tomadas que devem
A quantidade e a potência das tomadas em locais industriais ser previstos num local de habitação, a saber:
dependem do tipo de ocupação dos diversos locais e devem ser • em banheiros deve ser previsto pelo menos um ponto de tomada
determinadas caso a caso. próximo ao lavatório;
• em cozinhas, copas, copas-cozinhas, áreas de serviço, lavanderias e locais
Escritórios comerciais e locais similares análogos deve ser previsto no mínimo um ponto de tomada para cada
3,5 m, ou fração, de perímetro. E acima da bancada da pia em cozinhas,
Sugestão 1: conforme indicado no livro Instalações elétricas, de Ademaro copas e copas-cozinhas devem ser previstas no mínimo duas tomadas de
Cotrim corrente, no mesmo ponto de tomada ou em pontos distintos (Figura 3);
Para escritórios comerciais ou locais similares com área ≤ 40 m2,
a quantidade mínima de tomadas de uso geral deve ser calculada pelo
critério, dentre os dois seguintes, que conduzir ao maior número:
A partir dessas designações, são definidos os esquemas TT, TN e IT, No esquema TT, o ponto da alimentação (em geral, o secundário
descritos a seguir. do transformador com seu ponto neutro) está diretamente aterrado e
as massas da instalação estão ligadas a um eletrodo de aterramento
4.2.3.1 Esquema TN (ou a mais de um eletrodo) independentemente do eletrodo de
aterramento da alimentação (Figura 6).
No esquema TN, um ponto da alimentação, em geral, o neutro, é
diretamente aterrado e as massas dos equipamentos elétricos são ligadas
a esse ponto por um condutor metálico (Figura 5).
UC
RF RM
Uc
do condutor neutro (N), em que, instantaneamente, o potencial do e à eventual impedância existente entre a alimentação e a terra.
condutor de fase passa para a massa da carga, colocando em risco a Somente em dupla falta fase-massa, em fases distintas, a corrente
segurança das pessoas. de curto-circuito poderá provocar a atuação da proteção.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
b) conjuntos de manobra especialmente projetados para efetuar Em geral, quanto maior o número, mais severa é a intensidade
o intercâmbio das fontes de alimentação; daquela determinada influência.
c) linhas abertas e nas quais os condutores de uma e de outra
alimentação sejam adequadamente identificados. Na NBR 5410, há três tipos de tabelas de influências
externas diretamente relacionadas entre si, conforme indicado
na Figura 11.
A partir dos conceitos anteriores, cabe ao projetista classificar
as influências externas predominantes na instalação elétrica
de média tensão, observando-se que nem todas as influências
precisam estar presentes numa instalação ou, às vezes, mesmo
presentes, elas podem ser desprezadas.
Para efeito de exemplo de aplicação das tabelas indicadas
na Figura 10, suponha-se que tenha sido verificado que, no local
Figura 9 – Compartilhamento de linhas elétricas onde será instalado um barramento blindado de baixa tensão,
existe uma rede de sprinklers instalada sobre o barramento
4.7 Influências externas blindado. Neste caso, pode-se adotar um dos três procedimentos
descritos a seguir (Figura 11):
A classificação das influências externas sobre a instalação
de baixa tensão deve ser realizada nas fases de elaboração e • (A) Considerando-se que não seja colocado nenhum anteparo
execução das instalações elétricas, sendo fundamental para a entre o barramento blindado e a rede de sprinklers, o barramento
correta seleção e utilização dos componentes e para a garantia estará sujeito a uma “chuva” de água após uma eventual atuação
da segurança e funcionamento da instalação. da rede de sprinklers. Neste caso, a influência externa sobre o
Conforme 4.2.6 da NBR 5410, cada condição de influência barramento é AD4 (conforme Tabela 4 da norma), resultando em
externa é designada por um código que compreende sempre um grupo um grau de proteção mínimo do barramento IPX4;
de duas letras maiúsculas e um número, como descrito a seguir: • (B) Considerando-se que seja colocado m anteparo entre o
barramento blindado e a rede de sprinklers, o barramento não
• Primeira letra: indica a categoria geral da influência externa: estará sujeito a uma “chuva” de água após uma eventual atuação
20 A = meio ambiente; da rede de sprinklers. Neste caso, a influência externa sobre o
B = utilização; barramento é AD1 (conforme Tabela 4 da norma), resultando em
C = construção das edificações. um grau de proteção mínimo do barramento IPX0;
• Segunda letra (A, B, C,...) indica a natureza da influência • (C) Considerando-se que não seja colocado nenhum anteparo
externa. entre o barramento blindado e a rede de sprinklers, e que o
• Número (1, 2, 3,...) indica a classe de cada influência externa. projetista avalie que a atuação dos sprinklers não é uma situação
NBR 5410
21
Tabela A.2 – Classificação das influências externas de locais de afluência de público
Item Local AD AH BB BC BD BE
01 Auditórios, salas de conferência/reuniões, cinemas hotéis, motéis e
similares, locais de culto, estabelecimentos de atendimento ao público, -*) -*) -*) 3**) 3 ou 4 2
bibliotecas, arquivos públicos, museus, salas de arte
Teatros, arenas, casas de espetáculos e locais análogos:
02 - palco 4 2**) 3 3**) 3 2
- demais locais -*) -*) -*) -*) 3 2
03 Salas polivalentes ou modulares, galpões de usos diversos e usos -*) -*) -*) -*) 3 ou 4 2
sazonais
04 Lojas de departamentos -*) -*) -*) 3**) 3 ou 4 2
Restaurantes, lanchonetes, boates, cafés e locais análogos: 4 -*) -*) 3 3 2
05 - cozinha
- demais locais -*) -*) -*) 3**) 3 2
06 Supermercados e locais análogos -*) -*) -*) 3 3 2
07 Circulações e áreas comuns em centros comerciais, -*) -*) -*) 3 3 2
shopping centers
08 Danceterias, salões de baile, salões de festas, salões de -*) 2**) -*) 3 3 ou 4 2
jogos , boliches, diversões eletrônicas e locais análogos
09 Estabelecimentos de ensino -*) -*) -*) 3 3 2
10 Estabelecimentos esportivos e de lazer cobertos -*) 2**) -*) 3 3 ou 4 2
11 Estabelecimentos esportivos e de lazer ao ar livre, estádios -*) 2**) 3 3**) 3 ou 4 2
12 Locais de feiras e exposições ao ar livre, parques de diversões, circos -*) 2**) 3 4**) 3 2
13 Locais de feiras e exposições cobertos, mercados -*) 2**) -*) 3 3 2
cobertos com boxes
14 Estruturas infláveis -*) -*) -*) -*) -*) 2
NBR 5410
A NBR 5413 - Iluminância de interiores estabelece os valores de • As refletâncias ou contrastes são relativamente altos;
iluminâncias médias mantidas em serviço para iluminação artificial • A velocidade e/ou precisão não são importantes;
em interiores, para diversas atividades e tarefas, como comércio, • A tarefa é executada ocasionalmente.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
luminárias, lâmpadas e dos equipamentos auxiliares, como reatores pela eficiência da lâmpada e dos equipamentos auxiliares (reatores,
para lâmpadas de descarga, os transformadores para as lâmpadas transformadores e controladores). No dimensionamento dos
halógenas e os controladores (drivers) para os leds. sistemas de iluminação é necessário conhecer os dados relativos ao
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
para estimar o fator de manutenção (FM) ou fator de perdas adequados para as atividades desenvolvidas no local, pois, quanto
luminosas (FPL) mais eficiente for o conjunto luminária-lâmpada-equipamento
auxiliar, maior será a economia de energia obtida no sistema de
Etapa 1- Cálculo do Índice do local (K) iluminação proposto.
O índice do local (K) é uma relação definida entre as dimensões Etapa 3 - Determinação do Fator de Utilização (U)
(em metros) do local (Figura 14), calculado conforme as seguintes
equações: O fator de utilização (U) indica o desempenho da luminária no
ambiente considerado no cálculo, sendo apresentado em tabelas dos
Iluminação direta Iluminação indireta
fabricantes de luminárias. Para determinar o fator de utilização, basta
cxl 3xcxl cruzar o valor do índice do local (K) calculado anteriormente (dado
K= Ki =
h x(c + l) 2 x h x (c + l) na horizontal), com os dados de refletância das superfícies do teto,
parede e piso (dado na vertical), conforme indicado na Tabela 5.
c - comprimento do ambiente
l - largura do ambiente Tabela 5: Exemplo para determinação do Fator de Utilização de luminárias
• Equipamentos auxiliares: potência consumida, fator de potência, Para reduzir a depreciação da luminária, deve-se adotar uma
fator de fluxo luminoso, distorção harmônica. manutenção periódica dos sistemas através da limpeza de lâmpadas
Recomenda-se o emprego de componentes mais eficientes e e luminárias e substituição programada de lâmpadas.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
Etapa 5 – Determinar o Fator de Fluxo Luminoso • Recomenda-se que as distâncias “a” e “b” entre luminárias sejam
o dobro da distância entre estas e as paredes laterais;
O fator de fluxo luminoso (FFL), ou fator de reator, é o fator • Recomenda-se sempre o acréscimo de luminárias quando
que irá determinar o fluxo luminoso emitido pelas lâmpadas com a quantidade resultante do cálculo não for compatível com a
reatores eletrônicos. É a razão do fluxo luminoso emitido por uma distribuição desejada.
lâmpada de referência, funcionando com reator comercial, pelo
fluxo luminoso emitido pela mesma lâmpada quando funcionando
com o reator de referência.
Assim, quando:
a)Determinação da iluminância requerida conforme norma Tabela 8: Comparação de dados medidos das amostras de lâmpadas incandescentes,
fluorescentes compactas e de leds
NBR 5413
Caso 1: Caso 2: Caso 2:
Lâmpadas Incandescente Fluorescente Fluorescente
Tomando-se como exemplo uma sala de estar de 10m2 (2,5 m compacta compacta
de largura x 4,0 m de comprimento x 2,75 m de pé direito), verifica- Potência 60W 15W 12W
se na Tabela 7 (em destaque) que a iluminância média geral varia Amostra 1 2 3 4 5 6
Tensão (V) 127V 127V 127V 127V 127V 127V
de 100 a 200 lux. Nos cálculos a seguir será adotado o valor médio
Temperatura de cor (K) 2830 2842 2816 2861 2678 2673
de 150 lux.
Indice de reprodução de cor (Ra) 100 100 83 82 81 81
Fluxo (lm) 796 825 973 911 827 822
b) Escolha da luminária
Eficiência luminosa (lm/W) 13,5 13,8 66,6 66,0 64,5 65,5
Tensão medida (V) 127 127 127 127 127 127
No exemplo será considerado um mesmo modelo de luminária Corrente medida(A) 0,456 0,468 0,186 0,177 0,1 0,1
para duas lâmpadas base E27 (Figura 16), que pode acomodar Fator de potência medido 1,00 1,00 0,62 0,61 0,127 0,124
lâmpadas incandescentes de 60 W (caso 1), fluorescentes compactas Distorção harmônica tensão 1,7% 2,7% 2,1%
de 15 W (caso 2) ou lampleds (lâmpadas de leds) de 12 W (caso 3). Distorção harmônica corrente 2,0% 109,0% 70,0%
Potência ativa (W) 59 60 15 14 13 13
Economia potência ativa (%) - 76% 79%
Potência aparente (VA) 59 60 24 23 16 16
Economia (%) - 61% 73%
27
Figura 16: Luminária utilizada no exemplo
c) Lâmpadas
spectrum 1.0-125.194mW/nm
1.2
1.0
0.8
Voltage
0.6
Resolution: 178.94 V/div
Crest Value: 178.9 V 0.4
Current 0.2
Figura 18: Curva de tensão e corrente de uma lâmpada de led de 12W Figura 21: Distribuição espectral de uma lâmpada de led 12 W – 3000 K
spectrum
1.0-125.194mW/nm • Dimensões da sala: 2,5 m de largura x 4,0 m de comprimento x
1.2
2,75 m de pé direito;
1.0
• Plano de trabalho a 0,75 m do piso;
0.8 • Refletâncias de teto 70%, paredes 50% e piso 10%;
• Ambiente normal e manutenção periódica de 7500 horas
0.6
0.4
Etapa 1- Cálculo do Índice do local (K)
cxl
0.2
K=
h x(c + l)
NBR 5410
0.0
300 400 500 600 700
Wavelength (nm)
4 x 2,5
Figura 20 - Distribuição espectral de uma lâmpada fluorescente compacta 15 Ki = = 0,77
W – 3000 K 2 x (4 + 2,5)
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
TETO (%) 70 50 30 0
PAREDE(%) 50 30 10 50 30 10 30 10 0
PISO (%) 10 10 10 0
K FATOR DE UTILIZAÇÃO (X0.01)
0,60 23 19 17 23 19 16 19 16 15
0,80 28 24 21 27 24 21 23 21 19
1,00 32 28 25 31 27 25 27 24 23
1,25 36 32 29 35 31 29 30 28 26
1,50 39 35 32 37 34 32 33 31 29
2,00 43 40 37 41 39 36 37 35 34
2,50 45 43 40 44 41 39 40 39 37
3,00 47 45 43 46 43 42 42 41 39
4,00 49 48 46 48 46 45 46 43 41
5,00 51 49 48 49 48 46 46 45 43
Figura 22: Fator de utilização e curva de distribuição luminosa da luminária com 2 lâmpadas incandescentes de 60 W
TETO (%) 70 50 30 0
PAREDE(%) 50 30 10 50 30 10 30 10 0
PISO (%) 10 10 10 0
K FATOR DE UTILIZAÇÃO (X0.01)
0,60 17 14 12 16 14 12 14 12 11
0,80 21 18 15 20 17 15 17 15 14
1,00 24 21 19 23 20 18 20 19 17
1,25 26 23 21 26 23 21 22 20 19
1,50 28 26 23 27 25 23 24 23 21
29
2,00 31 29 27 30 28 26 27 26 25
2,50 33 31 29 32 30 29 29 28 27
3,00 34 33 31 33 32 30 31 30 28
4,00 36 35 33 35 34 32 33 32 30
5,00 37 36 35 36 35 34 34 33 31
Figura 23: Fator de utilização e curva de distribuição luminosa da luminária com 2 lâmpadas compactas de 15 W
TETO (%) 70 50 30 0
PAREDE(%) 50 30 10 50 30 10 30 10 0
PISO (%) 10 10 10 0
K FATOR DE UTILIZAÇÃO (X0.01)
0,60 19 16 13 18 15 13 15 13 12
0,80 23 19 17 22 19 17 18 16 15
1,00 26 23 20 25 22 20 21 19 18
1,25 29 26 2 28 25 23 24 22 21
1,50 31 28 26 30 27 25 27 25 23
2,00 34 32 30 33 31 29 30 28 27
2,50 36 34 32 35 33 31 32 31 29
3,00 38 36 34 36 35 33 34 32 31
4,00 39 38 35 38 37 36 36 35 33
5,00 41 39 38 39 38 37 37 36 34
NBR 5410
Figura 24: Fator de utilização e curva de distribuição luminosa da luminária com 2 lâmpadas de led de 12 W
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
Etapa 2 - Definição dos componentes Tabela 9: Comparação de dados das luminárias e resultados
do Método dos Lumens
O fator de fluxo luminoso para as três condições é igual a 1,0, f) C álculo da previsão de potência de iluminação para
uma vez que está sendo adotado o fluxo luminoso medido das locais residenciais conforme a NBR 5410
lâmpadas analisadas.
30 Conforme tratado em 4.1.1.2 deste guia, em 9.5.2 da NBR
Etapa 6 - Dimensionamento 5410 determina-se que, em cômodos com área igual ou inferior
a 6 m2, deve ser prevista uma carga mínima de iluminação de
Para determinação da quantidade de luminárias utiliza-se a 100 VA e com área superior a 6 m2 deve ser prevista uma carga
fórmula: mínima de 100 VA para os primeiros 6 m2, acrescida de 60 VA
Emed x A para cada aumento de 4 m2 inteiros.
N=
n x φn x U x FM x FFL No exemplo em questão, onde a sala tem 10 m2 (6 + 4), a
Onde: potência de iluminação mínima a ser atribuída a este cômodo
será de 100 + 60 = 160 VA.
N: número necessário de luminárias
Emed: 150 lux g) C onclusão
A: 10 m2
N: 2 Comparando-se os valores de potência aparente da Tabela
φn : fluxo luminoso de cada lâmpada (lm) 9 (714, 282 e 192 VA), respectivamente, para lâmpada
U: fator de utilização (definido na etapa 3) incandescente, fluorescente compacta e led) calculados pelo
FM: 0,8 (definido na etapa 4) Método dos Lumens conforme iluminância média da NBR
FFL: 1,0 (definido na etapa 5) 5413 com o valor de 160 VA calculado de acordo com o item
9.5.2.1 da NBR 5410, verifica-se uma grande diferença.
A Tabela 9 resume os dados fotométricos das luminárias e os O exemplo em questão considerou um cômodo específico,
resultados do cálculo luminotécnico pelo Método dos Lumens para mas o resultado obtido pode ser estendido a outros locais da
os três casos em análise. residência. Desta forma, mesmo com o amparo técnico da
Embora 5 luminárias atendam as condições de projeto para a prescrição da NBR 5410, recomenda-se que o projetista avalie
sala considerada, para melhor distribuição espacial foi considerada criteriosamente a sua utilização em determinados projetos.
a instalação de 6 (seis) luminárias no ambiente. Assim, o nível de Por existir uma norma específica sobre o tema de iluminação,
sempre que possível seria recomendável realizar o projeto
NBR 5410
• Para determinar a corrente (mA) que, circulando por 5 segundos, seja segura em relação à proteção contra choques elétricos. Tal
tem 0,5% de probabilidade de causar uma fibrilação ventricular, princípio determina que partes vivas perigosas não devem ser
multiplicar o peso da pessoa (em libras; 1 lb = 0,453 kg) por 0,49. acessíveis e que massas não devem oferecer perigo em condições
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
normais e no caso de falhas. Em outros casos, pode-se prover a isolação básica em campo como,
Partes vivas são condutores destinados a serem energizados por exemplo, recobrindo-se uma emenda de condutores com fita
em condições de uso normais (condutores de fase), incluindo isolante ou recobrindo-se um barramento com uma manta, tubo ou
também o condutor neutro. luva isolante. Ou então isolando as extremidades dos condutores com
Massa é uma parte condutora que pode ser tocada e que conectores de torção, conforme Figura 27.
normalmente não é viva, mas pode tornar-se viva em caso de
falha da isolação. São exemplos de massa as carcaças metálicas 6.4 Barreira
dos equipamentos eletroeletrônicos, dos quadros, dos motores, dos
transformadores, etc. Barreira é um elemento que assegura proteção contra contatos
Para atender a este princípio, as medidas mais usuais a serem diretos de uma pessoa com partes vivas em todas as direções usuais
implementadas, em conjunto, nas instalações elétricas são as de acesso. É o caso, por exemplo, de uma tampa colocada sob a
seguintes: porta dos quadros elétricos que impede o contato das pessoas com
os barramentos vivos no interior do quadro (Figura 28).
• Prover as partes vivas com uma isolação básica;
• Usar barreiras ou invólucros apropriados para manter as partes
vivas inacessíveis;
• Aterrar e equipotencializar a instalação; Porta
• Isolação dupla;
• Separação elétrica;
• Limitação de tensão (SELV e PELV).
Figura 28: Quadro com porta e tampa
6.3 I solação básica
32 6.5 I nvólucro
Em muitos casos, a isolação básica já vem no produto de fábrica
como, por exemplo, a isolação dos fios e cabos elétricos (Figura 26). Invólucro é um elemento que assegura proteção contra
contatos diretos em qualquer direção. É um conceito semelhante
ao da barreira, porém mais amplo, uma vez que o invólucro deve
“envolver” completamente o componente, impedindo o acesso
direto as suas partes vivas partindo de qualquer e todas as direções.
Condutor
É o caso, por exemplo, de uma caixa de ligação de tomadas,
interruptores ou motores provida de tampa (Figura 29).
Isolação básica
do funcionamento adequado dos sistemas de proteção contra choque elétrico consiste em desligar automaticamente toda
choques elétricos, sobretensões, descargas atmosféricas, descargas instalação ou parte dela para que o perigo seja eliminado e a
eletrostáticas, além de ajudar a garantir o funcionamento adequado pessoa protegida.
dos equipamentos de tecnologia de informação (computadores, Para compreender melhor este tema, vamos observar a
centrais telefônicas, modems, controladores lógicos, etc.). O figura 31.
capítulo 15 deste guia trata o assunto em detalhes. Ocorrendo em qualquer ponto uma falta de impedância
desprezível entre um condutor de fase e o condutor de proteção
6.7 Tipo de tomada para instalações residenciais e análogas ou uma massa, conforme indicado na Figura 31, um dispositivo
de seccionamento automático deve desligar o circuito em um
A NBR 5410 estabelece em 5.1.2.2.3.6 que todo circuito deve tempo bastante reduzido e seguro.
dispor de condutor de proteção, em toda sua extensão. E acrescenta No esquema TN, a equipotencialização via condutores
em 6.5.3.1 que todas as tomadas de corrente fixas das instalações de proteção, conforme 5.1.2.2.3, deve ser única e geral,
devem ser do tipo com contato de aterramento (PE), sendo que as envolvendo todas as massas da instalação, e deve ser
tomadas de uso residencial e análogo devem ser conforme NBR interligada com o ponto da alimentação aterrado, geralmente
NM 60884-1 e NBR 14136. o ponto neutro. Recomenda-se o aterramento dos condutores
A NBR NM 60884-1 é a norma que testa as tomadas em geral, de proteção em tantos pontos quanto possível. Além disso, em
qualquer que seja o seu desenho (configuração) e a NBR 14136 é a construções de porte, tais como edifícios de grande altura, a
norma que padroniza o formato das tomadas para uso residencial e realização de equipotencializações locais, entre condutores de
análogo até 20 A – 250 V (Figura 30). proteção e elementos condutivos da edificação, cumpre o papel
de aterramento múltiplo do condutor de proteção;
No esquema TN, as características do dispositivo de
proteção e a impedância do circuito devem ser tais que, ocor-
rendo em qualquer ponto uma falta de impedância desprezível
entre um condutor de fase e o condutor de proteção ou uma
massa, o seccionamento automático se efetue em um tempo no
máximo igual ao especificado na tabela 25 da norma.
Zs . Ia ≤ Uo
Figura 30: Tomada padrão NBR 14136 onde:
Desta forma, de acordo com a norma, é obrigatório
distribuir o condutor de proteção (PE) em todos os circuitos Zs é a impedância, em ohms, do percurso da corrente de falta,
e utilizar todas as tomadas de corrente com o contato de composto da fonte, do condutor vivo, até o ponto de ocorrência
terra disponivel. Consequentemente, em todas as caixas de da falta, e do condutor de proteção, do ponto de ocorrência da
derivação e passagem deverá estar disponibilizado o condutor falta até a fonte;
de proteção (verde ou verde-amarelo) em seu interior. Ia é a corrente, em ampères, que assegura a atuação do dispositivo
de proteção num tempo no máximo igual ao especificado na
6.8 S eccionamento automático da alimentação elétrica tabela 25 da norma, ou a 5 s, nos casos previstos na alínea c)
de 5.1.2.2.4.1;
O seccionamento automático da instalação no caso da Uo é a tensão nominal, em volts, entre fase e neutro, valor
ocorrência de uma situação que possa resultar em perigo de eficaz em corrente alternada.
dispositivo diferencial-residual de alta sensibilidade visa casos concebidos em esquema IT, visando garantir continuidade
com os de falha de outros meios de proteção e de descuido de serviço, quando essa continuidade for indispensável à
ou imprudência do usuário. No entanto, é importante destacar segurança das pessoas e à preservação de vidas, como, por
que a utilização desses DRs de alta sensibilidade nestes locais exemplo, na alimentação de salas cirúrgicas ou de serviços de
não é reconhecida como constituindo em si uma medida de segurança.
proteção completa e não dispensa, em absoluto, o emprego de • Quando o risco de desligamento de congeladores por atuação
uma das outras medidas de proteção descritas (principalmente intempestiva da proteção, associado à hipótese de ausência
o uso do condutor de proteção em todos os circuitos) prolongada de pessoas, significar perdas e/ou conseqüências
34 Os locais que são objeto da medida de proteção adicional sanitárias relevantes, recomenda-se que as tomadas de
por uso de DR de alta sensibilidade são os seguintes: corrente previstas para a alimentação de tais equipamentos
sejam protegidas por dispositivo DR com característica de
• Nos circuitos que, em locais de habitação, sirvam a pontos alta imunidade a perturbações transitórias, que o próprio
de utilização (iluminação e força) situados em cozinhas, copas- circuito de alimentação do congelador seja, sempre que
cozinhas, lavanderias, áreas de serviço, garagens e demais possível, independente e que, caso exista outro dispositivo DR
dependências internas molhadas em uso normal ou sujeitas a a montante do de alta imunidade, seja garantida seletividade
lavagens. Há uma exceção a esta regra unicamente para os de entre os dispositivos (sobre seletividade entre dispositivos DR.
pontos de iluminação situados a mais de 2,50 m do piso; Alternativamente, porém menos comum de se utilizar na
• Nos circuitos que, em edificações não-residenciais, sirvam prática, ao invés de dispositivo DR, a tomada destinada ao
a pontos de tomada situados em cozinhas, copas-cozinhas, congelador pode ser protegida por separação elétrica individual,
lavanderias, áreas de serviço, garagens e demais dependências recomendando-se que também aí o circuito seja independente e
internas molhadas em uso normal ou sujeitas a lavagens; que caso haja dispositivo DR a montante, este seja de um tipo
• Nos circuitos que, em qualquer tipo de edificação, sirvam a imune a perturbações transitórias.
pontos de utilização (iluminação e força) situados em locais Os dispositivos DRs podem ser individuais por circuitos,
contendo banheira ou chuveiro; ou por grupos de circuitos ou pode ainda ser usado um único
• Nos circuitos que, em qualquer tipo de edificação, sirvam a DR protegendo todos os circuitos de uma instalação (Figura
tomadas de corrente situadas em áreas externas à edificação 32).
ou tomadas de corrente situadas em áreas internas mas que Em 6.3.3.2.6, a norma lembra que os DRs devem ser
possam vir a alimentar equipamentos no exterior da edificação. escolhidos e os circuitos devem ser divididos de tal modo que a
soma das correntes de fuga à terra que podem circular pelo DR
Em relação a estas prescrições, valem as seguintes durante o funcionamento normal das cargas não seja suficiente
observações gerais: para provocar a atuação do dispositivo.
Como as normas de DRs indicam que eles já podem atuar
• No que se refere a tomadas de corrente, a exigência de a partir de 50% de sua corrente de disparo nominal, é preciso
NBR 5410
proteção adicional por DR de alta sensibilidade se aplica às conhecer com bastante detalhe as cargas que serão alimentadas
tomadas com corrente nominal de até 32 A. por um único DR. Por exemplo, um DR de corrente nominal
• A exigência não se aplica a circuitos ou setores da instalação de disparo de 30 mA pode disparar a partir de correntes de
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
fuga à terra maiores ou iguais a 15 mA. E dependendo da Tabela 11: correntes nominais de DRs
natureza das várias cargas ligadas a um único DR de 30 mA, IΔn (atuação) In (A)
25
este valor (15 mA) pode ser facilmente atingido, resultando
40
em constantes desligamentos da instalação e causando enorme
30 mA, 100 mA, 63
desconforto aos usuários. Uma solução que pode conciliar
300 mA e 500 mA 80
custo com continuidade de operação é o uso de um DR para um
100
determinado grupo de circuitos. 125
Os tipos mais usuais de DRs encontrados no Brasil
são aqueles para instalação em quadros e geralmente são Em 6.3.3.2.5, a norma determina que o circuito magnético do
comercializados nas versões bipolares e tetrapolares (Figura DR deve envolver todos os condutores vivos do circuito ou grupo
33 e Tabela 11). Devem atender as normas NBR NM 61008-1e de circuitos protegidos, inclusive o neutro, mas não pode envolver
NBR NM 61008-2-1. o condutor de proteção, o qual deve passar “por fora” do DR.
Podem ainda ser na versão Interruptor DR (IDR) ou A Figura 34 mostra exemplos de ligação de dispositivos DR em
Disjuntor DR (DDR): no primeiro caso, o dispositivo atua um circuitos terminais típicos.
apenas para seccionar o circuito no caso de correntes de fuga
à terra, enquanto que no segundo caso, atua adicionalmente na 7 Proteção contra efeitos térmicos
proteção do circuito contra sobrecargas e curtos-circuitos. (incêndios e queimaduras)
NBR 5410
7.1.1 G eral
de combustão difícil e de baixa condutância térmica. Nas instalações elétricas de locais BD3 ou BD4 e em saídas
Para atender às prescrições anteriores, fica evidente que é de emergência é terminantemente proibido o uso de componentes
fundamental conhecer previamente as temperaturas máximas contendo líquidos inflamáveis.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
Os equipamentos elétricos devem ser limitados aos que o local Partes acessíveis Material das Temperaturas
partes acessíveis máximas °C
exige, para as atividades aí desenvolvidas.
Alavancas, volantes ou punhos Metálico 55
Os dispositivos de proteção, comando e seccionamento devem
de dispositivos de manobra Não-metálico 65
ser dispostos fora dos locais BE2, a menos que eles sejam alojados
Previstas para serem tocadas, Metálico 70
em invólucros com grau de proteção adequado a tais locais, no
mas não empunhadas Não-metálico 80
mínimo IP4X. Não destinadas a serem Metálico 80
Quando as linhas elétricas não forem totalmente embutidas tocadas em serviço normal Não-metálico 90
(imersas) em material incombustível, devem ser tomadas
precauções para garantir que elas não venham a propagar
chama. Em particular, os condutores e cabos devem ser não- 8 Proteção contra sobrecorrentes
propagantes de chama. Os condutores PEN não são admitidos
nos locais BE2, exceto para circuitos que apenas atravessem As medidas de proteção contra sobrecorrentes da NBR 5410
o local. foram incluidas no guia no capitulo 16
Os motores comandados automaticamente ou a distância,
ou que não sejam continuamente supervisionados, devem ser
protegidos contra sobreaquecimento por sensores térmicos.
9 Proteção contra sobretensões
As luminárias devem ser adequadas aos locais e providas de
A proteção contra sobretensões é tratada na NBR 5410 nos itens
invólucros que apresentem grau de proteção no mínimo IP4X. Se o
indicados na Tabela 13.
local oferecer risco de danos mecânicos às luminárias, elas devem
ter suas lâmpadas e outros componentes protegidos por coberturas
Tabela 13: Itens da NBR 5410 sobre proteção contra sobretensões
plásticas, grelhas ou coberturas de vidro resistentes a impactos,
Prescrições Características Medidas de Seleção e
com exceção dos porta-lâmpadas (a menos que comportem tais 37
fundamentais geraisv proteção instalação
acessórios). 3.3 4.1.5 5.4 6.3.5
Para limitar os riscos de incêndio suscitados pela circulação
de correntes de falta, é bastante recomedável que o circuito Em função de sua origem, as sobretensões que podem ocorrer em
correspondente deva ser: uma instalação elétrica de baixa tensão e que são abordadas na NBR
5410 são classificadas em temporárias e transitórias.
a) protegido por dispositivo a corrente diferencial-residual
(dispositivo DR) com corrente diferencial-residual nominal de 9.1 Sobretensões temporárias
atuação de no máximo 500 mA; ou
b) supervisionado por um DSI (dispositivo supervisor de isolamento) Uma sobretensão temporária ocorre quando existe uma falha de
ou por um dispositivo supervisor a corrente diferencial-residual, isolamento para outra instalação de tensão mais elevada ou quando
ajustados para sinalizar a ocorrência de falta em bases no máximo acontece a perda do condutor neutro em esquemas de aterramento TN
equivalentes àquelas da alínea anterior. e TT.
As sobretensões causadas por falhas do isolamento em instalação
7.2 Proteção contra queimaduras de tensão mais elevada acontecem nas seguintes situações:
De acordo com 5.2.3 da NBR 5410, as partes acessíveis de • Quando ocorre uma falta para terra no lado da instalação de tensão
equipamentos elétricos que estejam situadas na zona de alcance mais elevada;
normal não devem atingir temperaturas que possam causar • Quando um condutor do circuito de tensão mais elevada
queimaduras em pessoas e, para tanto, devem atender aos limites acidentalmente entra em contato com outro condutor do circuito de
de temperatura indicados na tabela 29 da norma (Tabela 12 deste tensão mais baixa;
guia). Além disso, todas as partes da instalação que possam, em • Quando ocorre defeito interno no transformador como, por exemplo, o
serviço normal, atingir, ainda que por períodos curtos, temperaturas contato entre os enrolamentos de alta e de baixa tensão ou, o que é mais
que excedam os limites dados na Tabela 12, devem ser protegidas comum, o contato por rompimento da isolação entre o enrolamento de
contra qualquer contato acidental. Isso pode ser conseguido, por alta tensão e a carcaça.
NBR 5410
exemplo, pela colocação fora de alcance ou pela instalação de Esses casos são chamados de sobretensão “à frequência industrial”
barreiras ou obstáculos que impeçam o contato acidental com as ou “temporária”, porque colocam os circuitos de tensão mais elevada
superfícies quentes.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
e mais baixa praticamente no mesmo potencial a partir do ponto de os componentes devem possuir uma tensão nominal de isolamento de,
contato. pelo menos, 380 V (valor entre fases). Como exemplos da aplicação
Se a instalação de tensão mais baixa não tiver condutor neutro deste requisito, um condutor elétrico isolado para 450/750 V (suporta
diretamente aterrado, seu potencial atingirá quase que instantaneamente 450 V entre fase-neutro e 750 V entre fases) atende ao requisito da
o potencial da instalação de tensão mais elevada. Por outro lado, se norma, assim como um disjuntor 460 Vca e quadro elétrico 750 V, etc.
a instalação de tensão mais baixa tiver condutor neutro diretamente Em particular, nas instalações com esquema TT, deve-se verificar
aterrado, muito embora circule uma corrente elétrica de maior se as sobretensões temporárias provocadas pela ocorrência de falta
intensidade no circuito (corrente de falta), a tensão transferida será à terra na média tensão são compatíveis com a tensão suportável à
menor do que o caso anterior. frequência industrial dos componentes da instalação BT. O item 5.4.1.2
Para reduzir a possibilidade da ocorrência de sobretensões da norma indica as condições para se fazer essa verificação.
temporárias nas instalações elétricas de baixa tensão que possuem A tensão nominal de isolamento que é mencionada no texto
circuitos operando em tensões diferentes, o item 6.2.9.5 da NBR 5410 da NBR 5410 é a tensão suportável à frequência industrial dos
prescreve que os condutores de faixas de tensão diferentes (Faixa I e componentes da instalação de baixa tensão, definida (NBR 5460)
II definidas no Anexo A da norma) não utilizem os mesmos condutos como o valor eficaz da tensão à frequência nominal do sistema que
fechados ou que sejam instalados em compartimentos separados em um equipamento elétrico pode suportar. Apesar da clara definição do
condutos abertos. termo, esse valor é indicado nos catálogos dos fabricantes através
Apesar de esta prescrição indicar a separação de circuitos apenas de diferentes termos, tais como “tensão nominal”, “tensão nominal
entre os dois grandes grupos (faixas) de tensão (faixa I até 50 Vca e de serviço”, “tensão de isolamento” ou “classe de isolação”, dentre
faixa II acima de 50 Vca até 1000 Vca), é muito recomendável que outros. Exemplos: condutor isolado 450/750 V; disjuntor 460 Vca;
sejam separados eventuais circuitos que operam em tensões diferentes quadro elétrico 750 V, etc.
dentro da faixa II. Por exemplo, caso existam na mesma cseparados
fisicamente de outros que operam em 220/380 V, e assim por diante. 9.2 Sobretensões transitórias
Embora a NBR 5410 seja omissa, é óbvio que essa recomendação é
mais adequada ainda no caso da separação física entre circuitos de 9.2.1 Conceitos
baixa tensão (até 1000 Vca) e circuitos de tensões acima de 1000 Vca.
Seguindo-se o conceito de separação física (por meio de barreiras As principais origens das sobretensões transitórias são aquelas
ou invólucros) dos circuitos, é mais provável que a ocorrência de devidas às descargas atmosféricas, descargas oriundas do acúmulo de
38 sobretensões temporárias fique restrita ao caso de falhas internas do eletricidade estática entre pontos diferentes da instalação e manobras
transformador que, embora possíveis, não são muito usuais quando se (chaveamentos) de circuitos (Figura x).
utilizam equipamentos de boa qualidade. As sobretensões provenientes das descargas atmosféricas que
Além da medida de proteção por separação física dos circuitos, a incidem diretamente nas edificações, em redes aéreas de alimentação
NBR 5140 trata, em 5.4.1.1, especificamente das situações que podem da instalação, ou muito próximo a elas, produzem tensões conduzidas
submeter os circuitos fase-neutro às sobretensões que podem atingir o e induzidas com impulsos caracterizados por seu valor de crista. Na
valor da tensão entre fases. Com isto, a NBR 5410 é omissa em relação prática, as sobretensões transitórias são aquelas que podem causar
aos casos que podem submeter os circuitos a sobretensões temporárias danos mais severos às instalações elétricas de energia e de sinal, aos
acima de 1000 Vca mencionadas anteriormente. equipamentos por elas servidos e aos seus usuários.
As situações que podem submeter os circuitos fase-neutro às As sobretensões causadas por manobra decorrem do seccionamento
sobretensões que podem atingir o valor da tensão entre fases são: rápido (brusco) da corrente elétrica em um circuito de indutância
elevada (com baixo fator de potência). O valor da sobretensão depende
• Falta à terra envolvendo qualquer dos condutores de fase em um da variação da intensidade da corrente seccionada e do tempo efetivo
esquema IT. de seccionamento (U = L di/dt). Esse valor pode chegar a quatro ou
Neste caso, os componentes da instalação elétrica devem ser cinco vezes a tensão nominal para tempos inferiores a 1ms, como
selecionados de forma a que sua tensão nominal de isolamento seja os obtidos com a atuação de disjuntores de abertura rápida ou com
pelo menos igual ao valor da tensão nominal entre fases da instalação dispositivos fusíveis.
(6.1.3.1.1 da norma). Se o condutor neutro for distribuído, os
componentes ligados entre uma fase e o neutro devem ser isolados para 9.2.2Tipos de surtos
a tensão entre fases.
• Perda do condutor neutro em esquemas TN e TT, em sistemas Para efeito de aplicação das medidas de proteção da NBR 5410,
trifásicos com neutro, bifásicos com neutro e monofásicos a três os surtos são divididos em induzidos (ou diretos) e conduzidos (ou
condutores. indiretos).
Neste caso, os componentes da instalação elétrica devem ser
selecionados de forma a que sua tensão nominal de isolamento seja 9.2.2.1 Surtos induzidos (ou indiretos)
NBR 5410
Figura 37 - Forma aproximada dos surtos de tensão quando comparados com a onda fundamental.
ETI
NBR 5410
ETI
Figura 39 – Surtos de tensão e corrente produzidos pelos efeitos diretos dos raios
eletrodo(s) de aterramento do(s) serviços públicos (concessionárias correntes circulantes indesejáveis em muitos componentes que tenham
de energia, TV a cabo, telefonia, etc.). suas partes condutoras de eletricidade integradas a duas ou mais dessas
Quando chega à terra, por incidência direta ou através de condutores linhas com potenciais diferentes.
aterrados, a corrente elétrica das descargas atmosféricas flui pelo solo. Se uma instalação elétrica de energia e de sinal (dados, voz,
Ao encontrar resistência (oposição) à sua passagem, ela dá origem às vídeo, etc.) possuem vários eletrodos de aterramento diferentes e
linhas de potencial assimétricas e com intensidades diferentes. Essas independentes haverá circulação dessas correntes indesejáveis entre
40 linhas têm ponto de origem no local de incidência da corrente na terra e os equipamentos servidos pela instalação podendo causar danos
podem manter valor significativo, embora decrescente, a distâncias que significativos e até definitivos aos mesmos. Assim, não é concebível a
variam conforme a intensidade do raio, as influências do solo e outros existência de eletrodos de aterramento distintos para servir componentes
elementos enterrados. As diferenças de potencial no solo podem gerar diferentes de uma instalação na mesma edificação (Figura 40).
Energia SPDA
Sinal PABX
Reforço do CPD
ΔV Aterramento ΔV ΔV
NBR 5410
ΔV
Figura 40 – Forma INCORRETA de instalação de eletrodo de aterramento em uma edificação (eletrodos de aterramento separados)
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
QDP
L1 L1
Vdif PEN PE Vcom Vdif
PE
N
Vdif Vcom
DGS SINAL
Vcom
BEP N TAT
Tensão nominal de Instalação (V) Tensão de Impulso suportável requerida (kV) Categoria do produto
Produto a ser utilizado na Produto a ser utilizado em circuitos Produtos especialmente Equipamentos
Sistemas entrada da instalação de distribuição e circuitos terminais protegidos de utilização
Sistemas trifásicos monofásicos
Categoria de suportabilidade a impulso
com neutro
IV III II I
120/208 115/230 4 2,5 1,5 0,8
127/220 120/240
127/254
220/380 6 4 2,5 1,5
NBR 5410
230/400
277/480
400/690 8 6 4 2,5
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
As quatro categorias indicadas na tabela 14 representam em algum ponto da instalação fixa ou entre a instalação fixa e o produto,
suportabilidade ao impulso decrescente na seguinte ordem: limitando as sobretensões transitórias a um nível especificado.
• Categoria IV: são componentes utilizados na entrada da instalação Como visto, a suportabilidade à sobretensão impulsiva de um
ou próximo da entrada, a montante do quadro de distribuição componente está relacionada com a coordenação de isolamento
principal. Exemplos: medidores de energia, dispositivos gerais entre regiões distintas na baixa tensão. Essa coordenação tem
de seccionamento e proteção e outros itens usados tipicamente na como referência a norma IEC 60664-1 e as regiões, chamadas de
interface da instalação elétrica com a rede pública de distribuição; “lightning protection zones” (zona de proteção contra raios – ZPR),
estão definidas na IEC 62305-4.
• Categoria III: são componentes da instalação fixa propriamente O conceito da ZPR é basicamente o mesmo dos níveis de
dita e outros produtos dos quais se exige um maior nível de proteção (categorias dos produtos) adotados pela NBR 5410 quando
confiabilidade. Aqui podem ser citados, como exemplo, quadros de trata da proteção contra surtos, porém é mais completo, pois , além
distribuição, disjuntores, linhas elétricas (o que inclui condutores, da parte interna da instalação, abrange também a parte externa da
barramentos, caixas de derivação, interruptores e tomadas de edificação (Figura 42).
corrente) e outros elementos da instalação fixa, bem como produtos ETI é um equipamento de tecnologia da informação concebido
de uso industrial e equipamentos, como motores elétricos, que com o objetivo de receber dados de uma fonte externa (por
estejam unidos à instalação fixa através de uma conexão permanente. exemplo, via linha de entrada de dados ou via teclado); processar os
dados recebidos (por exemplo, executando cálculos, transformando
• Categoria II: são produtos destinados a serem conectados ou registrando os dados, arquivando-os, triando-os, memorizando-
à instalação elétrica fixa da edificação. São, essencialmente, os, transferindo-os); e fornecer dados de saída (seja a outro
equipamentos de utilização como aparelhos eletrodomésticos, equipamento, seja reproduzindo dados ou imagens).
aparelhos eletroprofissionais, ferramentas portáteis e cargas análogas. Esta definição abrange uma ampla gama de equipamentos,
como, por exemplo: computadores; equipamentos transceptores,
• Categoria I: também são produtos destinados a serem conectados a concentradores e conversores de dados; equipamentos de
uma instalação fixa de edificação, mas providos de alguma proteção telecomunicação e de transmissão de dados; sistemas de alarme contra
específica, que se assume externa ao equipamento e situada, portanto, incêndio e intrusão; sistemas de controle e automação predial, etc.
42
ZPR-0A
ZPR-0B
ZPR-1
EGM EGM
ZPR-2
DPS ETI
ZPR-0B Classe 3 ZPR-0B
BEL
DPS DPS
Classe 1 Classe 2
Alimentação
BEP
- Ndc ≥ 10-3 (um dano a cada 1000 anos): é uma frequência de • Tensão máxima de operação contínua UC, que é o equivalente a
danos causados por impacto direto de raio na edificação considerada tensão nominal do DPS, um valor para cada modo de proteção e
inaceitável pela NBR 5419, sendo obrigatória a instalação do SPDA frequência nominal;
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
A linha elétrica
de energia que chega Sim
à edificação inclui
neutro?
O neutro
será aterrado no
barramento de Não
equipotencialização
principal da edificação?
(BEP, ver 64.2.1)
Dois
Não esquemas
de conexão são
possiveis
Sim
PE PEN PEN L1
BEP BEP L1 L2
L2 L3
L1 L1 L3
44 L2 L2
L3 L3 N
PE
BEP
PE PE PE PE
BEP
BEP BEP N
de sua impedância, de muito alto para praticamente desprezível, quando Analogamente o DPS comutador de tensão tende a “esvaziar” a
do aparecimento de um impulso de tensão em seus terminais. Em 3.5 da maior parte do surto para o aterramento de uma só vez (Figura 46).
NBR IEC 61643-1, o DPS limitador ou atenuador de tensão é definido
como: “um DPS que apresenta uma alta impedância quando nenhum
surto está presente, mas a reduz continuamente com o aumento do surto
de corrente e tensão. Exemplos comuns de componentes usados como
dispositivos não lineares são varistores e diodos supressores. Estes DPS
às vezes são chamados tipo não curto-circuitantes (“tipo clamping”)”.
• DPS combinado
Incorpora no mesmo dispositivo as propriedades dos DPSs
comutadores e dos atenuadores de tensão. Em 3.6 da NBR IEC
61643-1 o DPS combinado é definido como: “um DPS que incorpora
ambos os tipos de componentes comutadores e limitadores de tensão
podendo exibir limitação, comutação ou ambos os comportamentos Figura 46 – Gráfico que estabelece a analogia para DPS comutador de tensão
de tensão, dependendo das características da tensão aplicada.”
Com a mesma configuração anterior, faz-se agora vários furos
Para melhor entender o funcionamento dos dispositivos são no recipiente 2 de forma que a água proveniente do recipiente 1
utilizados dois exemplos a seguir: escoe esvaziando-o lentamente sem que o nível de desequilíbrio
Tomam-se dois recipientes desnivelados. O número 1, seja atingido no recipiente 2 (Figura 47).
cheio de água, sobre uma superfície plana e o número 2, vazio,
equilibrado sobre um rolete. Posiciona-se o recipiente 2 de forma
que este permaneça em equilíbrio enquanto a água não atingir um
determinado nível (no desenho representado pela linha). Libera-se
a água do recipiente 1 para o 2 (Figura 44).
1
1 Nível de
desequilíbrio
45
2
Nível de
desequilíbrio
2
Figura 47 - Analogia para DPS atenuador ou limitador de tensão.
1
2
NBR 5410
Up
URES
DPS
Aterramento
46 • Nível de proteção de tensão do DPS (UP): Valor que é caracterizado Segundo a NBR IEC 61643-1, um DPS é classificado conforme
pela limitação de tensão do DPS entre seus terminais. É a porção as especificações de construção do fabricante e, principalmente,
do surto que o DPS “deixa passar” para a instalação à jusante função dos parâmetros de ensaio a que é submetido:
(Figura 49);
• Tensão residual do DPS (URES): Valor do pico da tensão entre • Classe I: DPS ensaiado em condições de corrente que melhor
os terminais do DPS devido à passagem da corrente de descarga simule o primeiro impacto da descarga atmosférica, IIMP (kA) sob
gerada pela atuação do DPS (Figura 49); carga Q (A.s) (efeitos diretos do raio). A IEC 62305-1 e 4 adota
• Tensão de operação contínua do DPS (UC): Máxima tensão que como forma de onda que melhor simula o impulso para este tipo
pode ser aplicada continuadamente ao modo de proteção do DPS de ensaio aquela que tem tempo de frente (T1) de 10 µs ao atingir
sem comprometer seu funcionamento. É o equivalente a tensão 90% da corrente máxima do ensaio e tempo de cauda (T2) de 350 µs
nominal do DPS; para atingir 50% da mesma corrente. Daí curva 10/350 (Figura 50).
• Modo de proteção do DPS: Cada possibilidade de ligação de • Classe II: DPS ensaiado em condições de correntes que melhor
um DPS na instalação (entre: fase / fase, fase / neutro, fase / terra, simulem os impactos subsequentes das descargas atmosféricas e as
neutro / terra e outras combinações); condições de influências indiretas nas instalações, IN (efeitos indiretos
• Corrente máxima do DPS (IMÁX): Valor de crista de um impulso dos raios e manobras). Forma de onda para ensaio com tempo de frente
utilizado na forma de onda tempo x corrente para ensaio do DPS; de 8 µs e de cauda de 20 µs. Daí curva 8/20 (Figura 50);
• Corrente nominal do DPS (IN): Fração do valor de crista de um • Classe III: por ser um dispositivo atenuador de ajuste de tensão,
impulso cuja forma de onda tempo x corrente representa o mais utilizado em níveis internos de proteção este DPS é ensaiado com
fielmente possível o impulso gerado pelos surtos induzidos. É forma de onda combinada, isto é, com um “gerador combo” que
utilizada para ensaio e classificação de DPS classe II. A NBR IEC
61643-1 utiliza o parâmetro IN também para determinar a vida útil
do DPS. O mesmo deve suportar, pelo menos, 15 a 20 surtos com
o valor de IN;
• Corrente de impulso do DPS (IIMP): Fração do valor de crista
(IMAX) de um impulso cuja forma de onda tempo x corrente
NBR 5410
com circuito aberto, aplica no DPS um impulso de tensão (UOC) Valor mínimo de Uc exigível do DPS, em função do esquema
de 1,2/50 µs, e um impulso de corrente (IN) de 8/20 µs, em curto de aterramento. (Tabela 49 da NBR 5410)
circuito. Desta relação de valores aplicados (V, I) obtêm-se um
resultado conhecido como impedância fictícia (Zf) que segundo a Exemplo:
NBR IEC 61643-1 não pode ultrapassar a 2 Ω.
- Tensão da instalação: 127 / 220 V;
Definidas as classificações dos DPSs, conhecendo sua forma de - Esquema de aterramento empregado: TN-S;
operação e aplicação, há como desenvolver as seguintes associações - Modo de proteção do DPS: Entre os condutores de Neutro e PE.
de conceitos:
UC = U0 = 127 (V)
• Riscos de danos provenientes dos efeitos indiretos causados pelas
descargas atmosféricas nas linhas de alimentação que adentrem A especificação do DPS deve ser no valor comercialmente
a edificação surtos induzidos DPS Classe II instalado no 1º disponível de UC imediatamente superior ao calculado. Para este
nível de proteção. caso, 150 ou 155 V, são opções tecnicamente viáveis.
A proteção contra riscos causados pelos efeitos indiretos deve
ser feita, basicamente, com DPS de característica atenuador de • Determinação da corrente de impulso (IIMP) para DPS classe I e
tensão (supressores de surto) ou combinado. Vale lembrar que nominal (IN) para DPSs classes II:
este tipo de proteção também é eficaz para os efeitos dos surtos de
tensão causados por manobras na rede. A NBR 5410 fornece parâmetros mínimos para a especificação do
• Riscos de danos provenientes do efeito direto causados pelas conjunto de DPS no primeiro nível de proteção da instalação e determina
descargas atmosféricas no SPDA, em outros componentes da que seja realizado o estudo de necessidade de proteção nos demais níveis
instalação ou muito próximo a ela surtos conduzidos DPS baseado nos valores de suportabilidade a tensões impulsivas. Esse estudo
Classe I instalado no 1º nível de proteção. deve ser feito comparando-se UP do DPS escolhido com os demais
A proteção contra riscos causados pelos efeitos diretos deve níveis de proteção da tabela 16 deste guia. Após a comparação deverão
ser feita, basicamente, com DPS de característica comutador de ser instalados tantos conjuntos de DPS quantos forem necessários para
tensão (descarregador de corrente) ou combinado, minimizando o atingir os valores descritos naquela tabela.
surto através do escoamento de uma parcela da corrente impulsiva Há também dados que constam da IEC 62305-4 e que fornecem
diretamente para a terra ou para os condutores de alimentação os valores das correntes de primeiro raio para as condições de 47
da instalação (concessionárias e redes de serviços públicos), correntes de impulso provocadas pelos efeitos diretos dos raios,
dependendo do esquema de aterramento no local. função do nível de proteção (classe) atribuído ao SPDA a ser
instalado no local. Esses valores permitem dimensionar com maior
9.2.5.5 Seleção dos DPSs: precisão a corrente IIMP para o DPS classe I.
Tabela 16 – Parâmetros da corrente do primeiro raio, segundo a IEC 62305-1 e 4
A correta seleção de um DPS depende da definição dos seguintes Nível de proteção para o SPDA
parâmetros: Parâmetros de corrente
I I II III E IV
Corrente de pico 200 200 150 100
• Tensão de operação contínua do DPS (UC) Tempo de frente (T1) 10 10 10 10
Tempo de 50% da cauda (T2) 350 350 350 350
Para determinação do valor de UC basta conhecer do modo de Carga para as condições de 1o raio (Qs) 100 100 75 50
proteção e o esquema de aterramento da instalação e então aplicar Energia específica (W/R) 10 10 5,6 2,5
essas informações na Tabela 15:
A NBR 5419 define os níveis de proteção considerando:
Tabela 15 - Determinação de Uc
estrutura, utilização, localização, topologia e outros.
DPS conectado entre Esquema de aterramento
Para os casos de dano provocados por impacto direto na
Fase Neutro PE PEN TT TN-C TN-S IT com IT sem instalação devem ser considerados os seguintes parâmetros:
neutro neutro
distribuido distribuido - Nível I: 200 kA (10/350) µs;
X X 1,1 Uo 1,1 Uo 1,1 Uo - Nível II: 150 kA (10/350) µs;
X X 1,1 Uo 1,1 Uo √3 Uo U - Níveis III e IV: 100 kA (10/350) µs.
X X Uo
X X Uo Uo Uo A IEC 62305-4 convenciona que a corrente elétrica da descarga
atmosférica se divide ao longo do SPDA, sendo que ao chegar ao nível do
NBR 5410
Notas
1 Ausência de indicação significa que a conexão considerada não se aplica ao esquema de aterramento.
2 Uo é a tensão fase-neutro.
solo metade dessa corrente se dispersa pelo eletrodo de aterramento e a outra
3 U é a tensão entre fases. metade retorna para a instalação, função da diferença de tensão que aparece
4 Os valores adequados de Uc podem significativamente superiores aos valores mínimos da tabela
entre os aterramentos da edificação e da fonte de alimentação (Figura 51).
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
1/2 1/2
1/2
1/2
1/2 1/2
1/6
1/6
1/6 1/2 1/2
1/2 1/4 1/4 1/4
1/4
1/4
1/4
* Tanto para IIMP quanto para IN, o DPS de neutro é assim denominado por ter
características de suportabilidade diferentes dos DPS utilizados em outros
- Corrente da descarga atmosférica:
modos de instalação.
I = 200 kA, (10/350) µs
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
Para o cálculo de IN visando a proteção da instalação contra • IN = 5 kA, por modo de proteção e
os efeitos indiretos dos raios (surtos induzidos), onde o foco é • IN = 10 kA para DPS de neutro* em ligações monofásicas;
minimizar surtos já atenuados pela impedância das linhas ou por • IN = 20 kA para DPS de neutro* em ligações trifásicas.
DPS classe I instalado a montante pode-se utilizar o método do
nível de exposição à sobretensões indiretas, provenientes das É importante ressaltar que no caso de instalar DPS classe
descargas atmosféricas. II no primeiro nível de proteção da instalação é prudente que IN
tenha valores maiores daqueles que constam da NBR 5410. Esta
F=Td (1,6 + 2LBT + δ) afirmação tem o objetivo de garantir a efetiva coordenação com
outros possíveis DPSs instalados a jusante e com a durabilidade
Onde: do conjunto (DPS x Instalação), pois a vida útil do DPS classe
F - Nível de exposição a surtos provenientes das descargas II, construído com componente(s) semicondutor(es), tipicamente
atmosféricas, varistor(es), está diretamente ligada a IN. Então, quanto maior IN,
Td - Índice ceráunico, em relação ao valor inicialmente dimensionado, maior será a vida
LBT - Comprimento, em km, da linha aérea de alimentação da útil provável do DPS. Outro fator de grande importância é a relação
instalação, e custo x benefício: a diferença de valor entre um DPS com corrente
δ - Posicionamento, situação e topologia da linha aérea e da nominal IN= 10 kA e outro com IN = 20 kA é muito pequena se
edificação: considerarmos as mesmas condições de exposição e atuação. Então
os parâmetros determinantes nessa comparação serão o valor da
Sendo: mão de obra para instalação do DPS, o provável tempo de parada
δ = 0 - para linha aérea e edificação completamente envolvidas por para troca dos dispositivos e o numero de trocas.
outras estruturas,
δ = 0,5 - para linha aérea e edificação com algumas estruturas 9.2.5.6 Instalação e coordenação
próximas ou em situação desconhecida,
δ = 0,75 - para linha aérea e edificação em terreno plano ou Determinação do nível de proteção de tensão (UP)
descampado,
δ = 1 - para linha aérea e edificação sobre morro, em presença de Particularizando um trecho da tabela 31 da NBR 5410 (Figura
água superficial e área montanhosa. 52) pode-se exemplificar como definir o valor UP para um DPS
e ainda entender o conceito do estabelecimento dos níveis de 49
Comparando o resultado obtido com os padrões estabelecidos, tem- proteção.
se uma referência para o valor IN: Ao considerar-se que cada segmento de em uma instalação
elétrica deve ter sua característica de suportabilidade a impulso
- F ≤ 40 IN = 5 kA previamente definido pode-se estabelecer que o nível de proteção
- 40 < F ≤ 80 IN = 10 kA esteja localizado no ponto de transição entre categorias.
- F > 80 IN = 20 kA No caso da rede externa, quando para proteção dos efeitos
diretos causados pelo raio, o primeiro nível de proteção está
As correntes nominais mínimas normalizadas pela NBR 5410 são: localizado exatamente no ponto onde os condutores adentram
220/380
6 4 2,5 1,5
NBR 5410
50 a edificação, o segundo nível de proteção estará localizado onde • O DPS classe II também pode ser instalado no 1º nível de
iniciar-se a distribuição dos circuitos, geralmente o quadro de proteção da instalação quando o objetivo for o da proteção contra
distribuição principal (QDP), o terceiro nível junto a outros quadros os efeitos indiretos causados pelos raios ou no 2º e demais níveis
de distribuição secundários (QDS) e assim sucessivamente. de proteção da instalação, quando o objetivo for o da proteção
Se a proteção visa mitigar efeitos indiretos causados pelos contra os efeitos diretos causados pelos raios, e existir um DPS
raios, o primeiro nível de proteção estará situado diretamente no classe I já instalado no 1º nível de proteção.
QDP, o segundo nível no QDS, etc. Em geral, não há linearidade • O DPS classe III funciona como “atenuador local” que regula
espacial na determinação dos níveis de proteção. Uma edificação e praticamente restabelece as condições normais de tensão.
terá tantos primeiros níveis de proteção quantos locais em que Comparado como um “ajuste fino” na proteção está sempre
conjuntos de condutores metálicos adentrarem a mesma, bem como instalado nos últimos níveis de proteção, ou seja, exatamente
poderá ter mais de um determinado nível de proteção (2o, 3o, etc.) antes do equipamento, algumas vezes embutido no mesmo.
repetido, dependendo da localização dos circuitos, componentes e
equipamentos a serem protegidos. Para a coordenação por tempo considera-se que cada DPS
Como o nível de proteção deve obedecer às tensões impulsivas tem um tempo de resposta (atuação) função dos componentes
normalizadas e a característica de UP em um DPS é determinada pela que foram utilizados em sua construção (Figura 54). Geralmente
tensão que aparecerá a jusante do ponto onde este estiver instalado adota-se a seguinte correlação: DPSs com maior capacidade de
deduz-se que o DPS deve ter UP igual à categoria de suportabilidade dissipação de energia levam mais tempo para “sentir” o surto. Essa
a impulso subsequente ao seu ponto de instalação (Figura 53). característica exige que o projetista coordene adequadamente os
A nota 1 contida em 6.3.5.2.4 da NBR 5410 estabelece que dispositivos na instalação para que o DPS mais robusto sempre
quando for instalado um único conjunto de DPSs, no primeiro atue primeiro.
nível de proteção da instalação, este possua UP compatível com a Para que haja coordenação efetiva os fabricantes adotam
categoria II para qualquer tensão ou sistema de distribuição. distâncias mínimas de condutores entre os níveis de proteção.
Os conceitos de nível de proteção da instalação e classe do Quando não existir esta distância mínima recomendada há
DPS não devem estar diretamente atrelados, por exemplo: necessidade da inserção no circuito de um elemento que “atrase”
o surto, geralmente indutores ou termistores, a fim de fazer com
NBR 5410
• O DPS classe I sempre deve ser instalado no 1º nível de proteção que o DPS instalado no 1º nível de proteção “sinta” o surto e
da instalação quando o objetivo for o da proteção contra os efeitos atue antes do DPS instalado no 2º nível de proteção e assim
diretos causados pelos raios; sucessivamente.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
0 0 0 0
0 20 40 60μs 0 1 2μs 0 100 20ns 0 100 20ps
Indutor Indutor
UN =24V
Posicionamento dos DPSs no 1º nível de proteção da instalação na linha externa de alimentação ou contra surtos causados por
manobra): os DPSs devem ser instalados junto ao ponto de entrada
Seguindo a classificação das influências externas e análise de da linha na edificação ou no QDP, localizado o mais próximo
riscos, a NBR 5410 divide em duas as possibilidades de instalação possível do ponto de entrada. Simplificando: para a proteção contra
do conjunto de DPS no primeiro nível de proteção: os efeitos indiretos é correto instalar os DPSs sempre no QDP 51
• Proteção contra os efeitos indiretos dos raios (surtos induzidos (Figura 55);
QDP DGS
BEP
TAT - NBR 14306
BEP
PEN
Infraestrutura de aterramento
NBR 5410
Figura 55 – Posicionamento do DPS classe II, primeiro nível para surtos induzidos ou no segundo nível com DPS classe I instalado a montante, na rede elétrica de energia
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
QDP
N PE DGS PE
BEP TAT
PEN
É admitida apenas uma exceção a essa regra, quando há edificações • Proteção contra sobretensões provocadas por descargas
de uso unifamiliar, atendidas pela rede pública de distribuição em baixa atmosféricas diretas sobre a edificação ou próximo a ela, surtos
52 tensão, a barra PE utilizada na caixa da medição deve ser interligada ao conduzidos: os DPSs devem ser instalados especificamente no
BEP, além de essa caixa de medição não distar mais de 10 m do ponto de ponto de entrada da linha na edificação (Figuras 57 e 58).
entrada da instalação na edificação. Nessas condições os DPSs podem O ponto de entrada da instalação na edificação é definido pela NBR
ser instalados junto ao barramento na caixa de medição (Figura 56). 5410 como o ponto em que o condutor penetra (adentra) a edificação.
SPDA
QDP DGS
BEP
TAT - NBR14306
PEN
NBR 5410
Infraestrutura de aterramento
Figura 57 – Posicionamento do DPS classe I, primeiro nível, na rede elétrica de energia. QDP no ponto de entrada.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
SPDA
No ponto de entrada:
Descarga direta / equipotencialização
CLASSE I
QDP DGS
BEP
BEP
TAT - NBR14306
PEN
Infraestrutura de aterramento
Figura 58 – Posicionamento do DPS classe I, primeiro nível, na rede elétrica de energia. QDP fora do ponto entrada.
O comprimento dos condutores para a conexão do DPS deve ser o • Excesso de cabo a montante do DPS: atraso no tempo de atuação
mais curto possível, sem curvas ou laços (Figuras 59 e 60). No primeiro do dispositivo fazendo com que uma parcela maior de surto passe
nível de proteção o comprimento total do condutor de ligação (entre para o próximo nível de proteção ou para a instalação;
condutor vivo, DPS e BEP) não deve exceder 0,5 m. A justificativa • Excesso de cabo a jusante do DPS: dificuldade na dissipação
dada para a coordenação por tempo pode ser utilizada para explicar esta da corrente do surto elevando a energia dissipada (calor) no DPS
prescrição. Se nas condições de instalação o DPS for posicionado no chegando, em situação extrema, a explodir o dispositivo.
NBR 5410
A seção nominal mínima do condutor para interligação do DPS alimentação do circuito. Cuidados especiais com a coordenação
à instalação deve seguir as seguintes prescrições: devem ser considerados, pois dependendo do caso o condutor de
interligação do DPS terá seção inferior ao do alimentador do circuito;
• Proteção contra os efeitos indiretos causados pelos raios: No
mínimo 4 mm2 em cobre ou equivalente;
• Proteção os efeitos diretos causados pelos raios: No mínimo 16 ICC
mm2 em cobre ou equivalente.
• No circuito ao qual está conectado o DPS, corresponde geralmente 9.2.5.9 Condições para coordenação entre DPS e dispositivos DR
NBR 5410
DR L1
L2
L3
N
DR não é
DPS sensibilizado
ETI
PE
Figura 64 – Coordenação entre DR e DPS – Em caso de falha do DPS o DR não sentirá a corrente de fuga.
utilizem componentes semicondutores, quando situados no mesmo sinal (vídeo, dados, telefonia) há algumas prescrições a serem
nível de proteção, o DPS deve ser instalado a montante do dispositivo acrescidas àquelas feitas para linhas de energia, porém o vínculo
DR (Figura 64). com os barramentos de equipotencialização é fundamental e
deve ser mantido:
• Quando, por qualquer razão, o DPS for posicionado a jusante do • Linha originária da rede pública de telefonia: deve ser
dispositivo DR, seja ele instantâneo ou temporizado, deve também instalado um DPS por linha. Os DPSs devem ter características
possuir imunidade a correntes de surto de, no mínimo, 3 kA (8/20). curto-circuitante e estar localizados no distribuidor geral de
DR tipo “S” (Figura 65). sinal (DGS) da edificação onde está o terminal de aterramento 55
de telecomunicações (TAT), como determina a norma NBR
9.3 Proteção em linhas de sinal 14306. O TAT será ligado ao aterramento através do BEP. O
DGS deve estar situado o mais próximo possível do BEP;
9.3.1 Localização • Linha externa originária de outra rede pública que não a de
telefonia: o DPS, instalado para cada linha de sinal, deve ser
Em 6.3.5.3 da NBR 5410, para a proteção de linhas de localizado junto ao BEP;
DR L1
L2
L3
N
S
DPS
NBR 5410
PE
Instalar 01 DPS
por linha de sinal
(TV, dados, etc.)
QDP
ETI
FONE DGS
Instalar 01 DPS
PEN por linha de sinal
BEP TAT (Telefonia)
56 ETI ETI
A Figura 66 ilustra as duas prescrições anteriores. DPSs destinados à proteção de linhas de telefonia em par trançado:
• O DPS deve ser do tipo comutador de tensão, simples ou
• Linha que se dirija a outra edificação, a estruturas anexas ou no combinado (com limitador de sobretensão em paralelo);
caso de linha associada à antena externa ou outras estruturas no • Tensão de disparo c.c.: O valor da tensão de disparo c.c. deve ser
topo da edificação: o DPS deve ser localizado junto ao BEP, ao de no máximo 500 V e, no mínimo, 200 V, quando a linha telefônica
BEL, ou ao terminal “terra”, o que estiver mais próximo em cada for balanceada ou 300 V, quando a linha telefônica não for aterrada
edificação ou estrutura (Figura 67) (flutuante);
• Tensão de disparo impulsiva: O valor da tensão de disparo
Os DPSs sempre devem ser conectados na linha de sinal com impulsiva do DPS deve ser de, no máximo, 1 kV;
a referência de equipotencialização mais próxima. Dependendo do • Corrente de descarga impulsiva:
posicionamento do DPS, a referência de equipotencialização mais •No mínimo, 5 kA, quando a blindagem da linha telefônica for
próxima pode ser o BEP, o TAT, o BEL, o condutor PE ou, caso o DPS aterrada, e
seja instalado junto a algum equipamento, o terminal conectado à massa • No mínimo 10 kA quando a blindagem não for aterrada.
desse equipamento. O eletroduto por onde passará o condutor do sinal • Para condições onde a proteção seja contra os efeitos diretos dos
deve ser metálico, ter continuidade elétrica garantida e suas extremidades raios, recomenda-se a comparação dos valores de correntes de
interligadas aos eletrodos de aterramento de cada edificação. primeira descarga atmosférica possíveis (já demonstrada para DPS
de energia) e a adoção do maior valor.
9.3.2 Seleção dos DPSs de telefonia • Corrente de descarga c.a: O valor da corrente de descarga c.a. do
NBR 5410
as pessoas. Essa avaliação de risco deve ser feita pelo projetista removíveis, como, por exemplo, os fusíveis, são utilizadas para a
em conjunto com o responsável pela obra para que sejam (ou não) desconexão da instalação completa ou parte dela e são substituídas
aplicadas as medidas de proteção necessárias. por coberturas ou barreiras, estas devem ser montadas de tal
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
forma que a sua remoção somente possa ser executada com o uso uma fonte, por circuitos, chamados de circuitos de segurança,
de ferramenta apropriada. que vão até os terminais dos equipamentos de utilização e, em
Os equipamentos que são operados manualmente devem certos casos, incluem os próprios equipamentos alimentados
permitir o uso de dispositivos de travamento mecânico, tais como (Figura 68).
cadeados, para evitar o seu religamento indevido. Os sistemas de alimentação elétrica de reserva, opcionais, são
As pessoas que trabalham nas instalações elétricas devem possuir e previstos para manter o funcionamento da instalação ou de partes
saber utilizar dispositivos (fixos ou portáteis) para a verificação do estado da instalação no caso de interrupção da alimentação normal, por
de desenergização em todos os pontos onde o trabalho for realizado. razões outras que a segurança das pessoas. São casos nos quais
Cada parte de uma instalação que possa ser isolada de outras a interrupção da alimentação elétrica pode causar situações de
partes deve possuir dispositivos que permitam o seu aterramento e desconforto ou prejudicar atividades comerciais e industriais,
curto-circuito, evitando assim os riscos de choques elétricos para como por exemplo, equipamentos de processamento de dados,
os operadores. Além disso, equipamentos como, por exemplo, comunicação, ar-condicionado, equipamentos industriais, etc.
transformadores e capacitores devem ser providos de meios para A NBR 5410 não inclui prescrições sobre sistemas de
seu aterramento e curto-circuito no ponto de sua instalação. alimentação de reserva.
Os serviços de segurança são tratados na NBR 5410 nos itens Nas instalações de segurança e de reserva, podem ser usados
indicados na Tabela 17. como fontes:
Tabela 17: Itens da NBR 5410 sobre serviços de segurança
Prescrições Medidas de Seleção e (a) baterias: são utilizadas na alimentação de equipamentos
fundamentais proteção instalação
de potência relativamente pequena, por tempos relativamente
3.5 4.1.6 / 4.2.4 6.6
curtos. É o caso, por exemplo, da utilização em sistemas de
iluminação de segurança (emergência).
12.1 Definições
(b) geradores independentes da alimentação normal: são usados
Pode-se definir sistema de alimentação elétrica para na alimentação de equipamentos de segurança de maior potência,
58 serviços de segurança como um sistema de alimentação previsto por tempos relativamente longos. São os casos, por exemplo,
para manter o funcionamento de equipamentos e instalações de bombas de incêndio, elevadores para brigada de incêndio e
essenciais à segurança das pessoas, à salubridade e/ou quando bombeiros, sistemas de alarme, sistemas de exaustão de fumaça,
exigido pela legislação, para evitar danos significativos ao meio equipamentos médicos essenciais, dentre outros.
ambiente ou a outros materiais .
São exemplos de serviços de segurança: a iluminação de (c) ramais separados da rede de distribuição, efetivamente
segurança (iluminação de emergência), bombas de incêndio, independentes da alimentação normal: trata-se de um ramal da
elevadores para brigada de incêndio e bombeiros, sistemas de rede de distribuição da concessionária, totalmente separado física
alarme, como os de incêndio, fumaça, CO e intrusão, sistemas e eletricamente do ramal normal de alimentação da instalação.
de exaustão de fumaça, equipamentos médicos essenciais. A separação visa a minimizar as possibilidades de interrupções
As instalações de segurança devem observar também, simultâneas. As entradas dos dois ramais devem ser separadas
no que for pertinente, a legislação referente a edificações, os e sua alimentação deve provir de transformadores separados ou
códigos de segurança contra incêndio e pânico e outros códigos mesmo de subestações diferentes.
de segurança aos quais a edificação e/ou as atividades nela
desenvolvidas possam estar sujeitas. (d) sistemas especiais: são os chamados sistemas de energia
Um sistema de alimentação de segurança é constituído por ininterrupta, também designados pela sigla UPS (Uninterruptible
NBR 5410
componentes do sistema devem apresentar adequada resistência segurança forem concebidos, eletricamente, como um esquema
ao fogo, seja construtivamente, seja por meio de disposições IT, o conjunto deve ser provido de dispositivo supervisor de
equivalentes quando de sua instalação. isolamento (DSI).
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
devem ser adequados à tensão nominal (valor eficaz em corrente As características dos componentes necessárias para atender
alternada) da instalação, acrescentado que, se numa instalação aos requisitos da Tabela 18 devem constar das informações técnicas
que utiliza o esquema IT o condutor neutro for distribuído, os fornecidas pelos fabricantes.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
superior
superior
inferior
inferior
inferior
Limite
Limite
Limite
Limite
Limite
Limite
AM1-1 Nível controlado Devem ser tomadas precauções para que a situação controlada não Inferior à tabela 1 da
seja prejudicada IEC 61000-2-2:2002
De acordo com a
AM1-2 Nível normal tabela 1 da
Medidas especiais no projeto da instalação, tais como filtros IEC 61000-2-2:2002
Localmente superior
AM1-3 Nível alto à tabela 1 da
IEC 61000-2-2:2002
AM2 - Tensões de sinalização (4.2.6.1.10)
AM2-1 Nível controlado Circuitos de bloqueio, por exemplo Inferior aos especi
ficados abaixo
Nível médio Sem requisitos adicionais IEC 61000-2-1 e
AM2-2 IEC 61000-2-2
AM2-3 Nível alto Requer medidas adequadas
AM3 - Variações de amplitude da tensão (4.2.6.1.10)
AM3-1 Nível controlado
NBR 5410
BE4 Riscos de contaminação – proteção contra fragmentos de lâmpadas e de outros objetos frágeis
– anteparos contra radiações prejudiciais, como infravermelhas e
ultravioletas
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
I (ou L)
O (ou D)
corresponder ao equipamento desligado (Figura 70 a). Nos demais (BA4 ou BA5), devem ser entregues acompanhadas de um
componentes, é conveniente convencionar que os cabos ou manual do usuário, redigido em linguagem acessível a leigos,
barramentos provenientes do lado da fonte devem estar conectados que contenha, no mínimo, os seguintes elementos:
sempre nos bornes superiores de entrada (Figura 70 b).
a) esquema(s) do(s) quadro(s) de distribuição com indicação dos
13.1.5 Identificação dos dispositivos de proteção circuitos e respectivas finalidades, incluindo relação dos pontos
alimentados, no caso de circuitos terminais;
Os dispositivos de proteção devem ser dispostos e b) potências máximas que podem ser ligadas em cada circuito
66 identificados de forma que seja fácil reconhecer os respectivos terminal efetivamente disponível;
circuitos protegidos (Figura 71).
c) potências máximas previstas nos circuitos terminais deixados
13.1.6 Documentação da instalação como reserva, quando for o caso;
A documentação de uma instalação elétrica é uma das d) recomendação explícita para que não sejam trocados, por
exigências da Norma Regulamentadora NR-10 (vide item 2 tipos com características diferentes, os dispositivos de proteção
do Guia NR-10). Esse assunto também é tratado em 6.1.8 da existentes no(s) quadro(s).
NBR 5410, que determina que a instalação de baixa tensão deve São exemplos de tais instalações as de unidades residenciais,
ser executada a partir de projeto específico e deve conter no de pequenos estabelecimentos comerciais, etc.
mínimo a seguinte documentação: plantas; esquemas (unifilares A seguir é apresentado, apenas como exemplo, um modelo de
e outros que se façam necessários); detalhes de montagem, manual do usuário de um suposto apartamento tipo. É importante
quando necessários; memorial descritivo; especificação lembrar que a linguagem do manual deve ser básica, possível de
dos componentes: e uma descrição sucinta do componente, ser entendida por leigos em eletricidade. Por exemplo, mesmo
características nominais e normas a que devem atender; com o prejuízo da perda de rigor técnico, devem ser evitadas
parâmetros de projeto (correntes de curto-circuito, queda de palavras tais como potência aparente, potência reativa, fator
tensão, fatores de demanda considerados, temperatura ambiente de potência, corrente de curto-circuito presumida, corrente
etc.). diferencial-residual, etc.
Para facilitar a operação e manutenção, é imprescindível
que, depois de concluída a instalação, toda a documentação Manual do Usuário de Instalações Elétricas
indicada anteriormente seja revisada de acordo com o que foi doApartamento Tipo
executado (projeto “como construído” ou “as built”).
1. Identificação da obra e responsáveis:
Manual do usuário
Obra: Edifício X
NBR 5410
De acordo com 6.1.8.3, as instalações para as quais não Endereço: Rua ...........
se prevê equipe permanente de operação, supervisão e/ou Construtora: YYYY
manutenção, composta por pessoal advertido ou qualificado Instaladora: ZZZ
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
Projetista Elétrico: WWWW do equipamento a uma tensão inadequado pode provocar seu
Manual do Usuário elaborado por: RRRR mau funcionamento, não funcionamento ou eventualmente
sua destruição. Por isso, sempre se assegure que a tensão de
2. Apresentação: funcionamento do equipamento é compatível com a tensão
disponível na instalação.
Este Manual de Instalações Elétricas, doravante designado
por Manual, é parte integrante da documentação da instalação • Corrente elétrica: também conhecida por “amperagem”, é
exigida pela norma NBR 5410 publicada pela Associação a grandeza que representa o movimento de eletricidade dentro
Brasileira de Normas Técnicas. de um componente ou equipamento elétrico. Ela é medida em
Este Manual tem por objetivo prover ao usuário da “ampères”. Por exemplo, existem disjuntores elétricos de 10
instalação elétrica identificada no item anterior as informações ampères, 20 ampères, 50 ampères, etc. Assim como tomadas de
e recomendações essenciais relativas à operação e manutenção 10 ampères e 20 ampères.
da instalação de forma a garantir o adequado, eficiente e seguro
funcionamento da mesma, preservando assim a segurança das • Potência elétrica: é o número resultante da multiplicação de
pessoas e animais domésticos, bem como a conservação dos uma tensão elétrica por uma corrente elétrica. Ela é medida em
bens e integridade do patrimônio. “watts”. Por exemplo, um equipamento ligado em uma tensão
de 127 volts pela qual circula uma corrente elétrica de 10
3. Advertências: ampères, tem uma potência elétrica de 127 x 10 = 1270 watts.
Consequentemente, se uma lâmpada de 100 watts for ligada em
Antes de utilizar a instalação elétrica deste apartamento 127 volts, a corrente elétrica que circulará por ela será de 100
pela primeira vez, realizar qualquer intervenção na mesma / 127 = 0,79 ampère.
ou ligar novos aparelhos e equipamentos eletroeletrônicos,
consulte este Manual. Em caso de dúvida, consulte sempre um • Capacidade máxima de um circuito elétrico: a potência
profissional de instalações elétricas devidamente habilitado e máxima possível de ser ligada a um circuito elétrico de uma
qualificado. instalação é o produto da tensão daquele circuito pela corrente
Tenha sempre em mente que cada componente elétrico e, por nominal do disjuntor daquele circuito. Assim, por exemplo,
conseqüência, a instalação elétrica como um todo, tem limites a potência máxima de um circuito com tensão 127 volts que
máximos de potência de utilização. Quando ultrapassados estes possui um disjuntor de 10 ampères é de 127 x 10 = 1270 watts. 67
limites, os componentes em geral podem apresentar alterações Procure identificar e respeitar a capacidade máxima dos
de funcionamento e aquecimentos excessivos, os quais reduzem circuitos da instalação elétrica do seu apartamento utilizando
significativamente a vida útil dos componentes e, em certas as informações que serão apresentadas a seguir neste Manual.
condições, podem acarretar sua destruição, colocando todo o
meio ao seu redor em situação de risco de incêndios, explosões, 5. Aspectos gerais da instalação elétrica do apartamento
choques elétricos, queimaduras, etc. Para evitar estes problemas,
ou minimizá-los substancialmente, a instalação elétrica conta Os principais componentes da instalação elétrica do
com dispositivos de proteção tais como disjuntores, dispositivos apartamento são os seguintes:
DRs, condutores de proteção (fio terra) e outros que, em hipótese
alguma, devem ser substituídos por outros de características • quadro de distribuição, dentro do qual estão os disjuntores e
diferentes ou removidos sem a aprovação de um profissional de os dispositivos de proteção contra choques elétricos (DRs);
instalações elétricas devidamente habilitado e qualificado. • condutores elétricos que formam os circuitos que interligam
o quadro de distribuição até as cargas (lâmpadas, tomadas,
4. Grandezas elétricas fundamentais aquecedores, aparelhos de ar condicionado, etc.);
• interruptores, tomadas e luminárias.
Para a correta compreensão de algumas informações
contidas adiante neste Manual, é importante identificar algumas O quadro de distribuição é o centro de distribuição de toda
grandezas elétricas fundamentais que estão presentes nas a instalação elétrica. Ele recebe os fios que vêm do medidor de
instalações elétricas, a saber: energia elétrica da concessionária, é nele que se encontram os
dispositivos de proteção contra sobrecargas, curtos-circuitos e
• Tensão elétrica: também conhecida por “voltagem” é choques elétricos e é dele que partem os circuitos (condutores)
uma espécie de força que provoca a circulação de corrente que vão alimentar diretamente as lâmpadas, tomadas e aparelhos
elétrica pelos componentes da instalação. Ela é medida em elétricos e eletrônicos. Numa instalação elétrica existem diversos
“volts”. Cada equipamento eletroeletrônico deve ser ligado circuitos que levam energia para grupos de lâmpadas, grupos
NBR 5410
em um tensão especificada pelo fabricante, sendo que em de tomadas de uso geral e para equipamentos específicos. É
alguns casos o equipamento funciona em mais de uma tensão possível o usuário ligar e desligar individualmente os circuitos,
(às vezes chamados de equipamentos “bi-volt”). A ligação sem necessidade de, por exemplo, desligar toda a instalação
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
apenas para a troca de uma lâmpada da cozinha. O esquema • Nunca inutilize os dispositivos DR.
do quadro elétrico indicado na Figura 1 representa como estão • Nunca troque a fiação elétrica por outra diferente da
divididos os circuitos do seu apartamento. Desta forma, por originalmente projetada sem antes consultar um profissional
exemplo, para a realização de uma intervenção na tomada do habilitado e qualificado.
quarto do casal, basta desligar o disjuntor identificado como • Evite o uso de extensões soltas pelo piso ou presas a paredes.
“3” e para a troca da resistência elétrica do chuveiro deve ser É preferível consultar um profissional habilitado e qualificado
desligado o disjuntor “6”. para avaliar a possibilidade de instalar uma fiação permanente
No interior do quadro de distribuição existem alguns dentro da tubulação embutida existente ou usar canaletas
disjuntores que têm a função de proteger os condutores elétricos aparentes apropriadas para esta finalidade.
contra aquecimentos indevidos (chamados de sobrecargas e • O uso de “benjamins” ou “tês” deve ser evitado, preferindo-se
curtos-circuitos). Os disjuntores automaticamente desligam os a instalação de tomadas múltiplas dentro da caixa de ligação.
circuitos quando da ocorrência de uma sobrecarga ou curto- Caso o emprego destas peças seja indispensável, respeite a
circuito. A escolha do disjuntor adequado para a proteção dos capacidade das mesmas (corrente elétrica máxima).
condutores é feita através de critérios técnicos específicos e • Nunca inutilize o fio terra dos equipamentos elétricos e
UM DISJUNTOR NUNCA DEVE SER TROCADO por outro de eletrônicos.
capacidade diferente daquela originalmente projetada. • Sempre desligue o disjuntor do circuito no qual se pretende
Um outro componente presente no interior do quadro de fazer uma intervenção qualquer, tais como troca de lâmpadas,
distribuição é o dispositivo DR que tem a função de proteger troca de tomadas, etc.
as pessoas contra os perigos resultantes de um choque elétrico. • Substitua imediatamente qualquer componente da instalação
O desligamento automático do dispositivo DR indica que elétrica ao menor sinal de deterioração, tais como ressecamento,
existe alguma anormalidade na instalação elétrica que pode trincamento, rachaduras, alteração significativa de coloração,
colocar os usuários em risco de choque elétrico. Portanto, enegrecimento, ruídos estranhos, etc. Recorra a um profissional
NUNCA RETIRE OU TROQUE um dispositivo DR por outro de habilitado e qualificado para realizar esta substituição.
características diferentes daquele originalmente projetado.
Os condutores da instalação elétrica devem ter a seção
(bitola) compatível com a energia elétrica que irão transportar
do quadro de distribuição até as cargas. NUNCA SUBSTITUA
68 um condutor elétrico por outro de bitola inferior àquela que foi
originalmente projetada.
6. Recomendações gerais para uso e manutenção adequados
da instalação elétrica do apartamento.
• conduto elétrico: elemento de linha elétrica destinado a conter edificação, e acessível apenas em pontos determinados.
condutores elétricos. • linha pré-fabricada: é uma linha elétrica constituída por peças em
• condutor elétrico: é o produto metálico, geralmente de forma tamanhos padronizados, contendo condutores de seção maciça com
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
proteção mecânica, que se ajustam entre si no local da instalação. todos os pavimentos da edificação.
Os barramentos blindados (busways) são exemplos de linhas pré- • prateleira para cabos: suporte contínuo para condutores, engastado
fabricadas. ou fixado em uma parede ou teto por um de seus lados, e com uma
• linha pré-fabricada: linha constituída construída por peças em de borda livre.
tamanhos padronizados, contendo condutores de seção maciça com • suportes horizontais para cabos: suportes individuais espaçados
proteção mecânica, que se encaixam ajustam entre si no local da entre si, nos quais é fixado mecanicamente um cabo ou um eletroduto.
instalação.
• linha subterrânea: linha construída com cabos isolados, enterrados 14.2 Tipos de linhas elétricas
diretamente no solo ou instalados em condutos subterrâneos
enterrados no solo; Os tipos de linhas elétricas admitidos pela NBR 5410 estão
70 • moldura: conduto aparente, fixado ao longo de superfícies, indicados na tabela 33 da norma.
compreendendo uma base fixa, com ranhuras para a colocação de Na tabela 33 da norma, os cabos elétricos são divididos
condutores e uma tampa desmontável. Quando fixada junto ao ângulo em três famílias, conforme Figura 74: condutores isolados,
parede/piso, a moldura é também denominada “rodapé”. cabos unipolares e cabos multipolares (ver definição em 14.1
• perfilado: eletrocalha ou bandeja de dimensões transversais deste guia).
reduzidas. Um dos tipos mais comuns de perfilados tem a dimensão Os condutos são divididos em duas famílias, conforme Figura
38 x 38 mm. 74: condutos abertos e condutos fechados (ver definição em 14.1
• poço: espaço de construção vertical, estendendo-se geralmente por deste guia).
NBR 5410
O resumo da tabela 33 da NBR 5410 é que os condutores isolados Os condutores isolados, cabos unipolares ou veias de cabos
(providos unicamente de isolação) devem ser instalados unicamente multipolares de baixa tensão devem ser identificados conforme essa
dentro de condutos fechados, ao passo que cabos unipolares e função por anilhas, etiquetas ou outro meio indelével qualquer. Em
multipolares (que possuem cobertura) podem ser utilizados em caso de identificação por cor, devem ser usadas as cores indicadas
condutos abertos, condutos fechados, diretamente fixados, etc. na Tabela 20.
A lógica desta regra é que a cobertura dos cabos unipolares e
multipolares oferece uma proteção adequada da isolação contra 14.4 Cabos elétricos de baixa tensão
as influências externas normais (sobretudo sob o ponto de vista
mecânico), enquanto que, nos condutores isolados, não há nenhum 14.4.1 Construção
tipo de proteção para a isolação. Neste caso, após a instalação, a
isolação deverá ser protegida pelos condutos fechado (é como se A construção típica de condutores elétricos de baixa tensão é
o conduto fechado no caso do condutor isolado fizesse o papel da aquela mostrada na Figura 76.
cobertura nos cabos unipolares e multipolares). A única exceção a
essa regra acontece, sob certas condições muito específicas, com Condutor Condutor
canaletas e perfilados sem tampa (condutos abertos), que são tratados isolado Isolação
mais adiante neste guia.
Isolação
Qualquer cor, exceto azul-claro, Por razões de segurança, não deve ser usada a cor de isolação
Fases verde-amarelo ou verde exclusivamente amarela onde existir o risco de confusão com a dupla
coloração verde-
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
polivinila e polietileno) ou termofixos (borracha etileno-propileno presença de fauna (roedores, cupins – AL), radiação solar (NA), e
e polietileno reticulado). condição de fuga das pessoas em emergência (BD)
Entre as características comuns a todos os materiais isolantes O PVC é o material de cobertura mais econômico e com
sólidos estão: resistência suficiente para o uso corrente na maioria das aplicações,
porém emite uma quantidade apreciável de fumaça, gases tóxicos
• Homogeneidade da isolação e boa resistência ao envelhecimento e corrosivos quando queima. O polietileno (pigmentado com negro
em serviço; de fumo para torná-lo resistente à luz solar) é frequentemente
• Ausência de escoamento; utilizado nas instalações em ambientes com alto teor de ácidos,
• Insensibilidade às vibrações; bases ou solventes orgânicos, assim como em instalações sujeitas às
• Bom comportamento ao fogo. intempéries. Nas aplicações onde são necessárias as características
de baixa emissão de fumaça, gases tóxicos e corrosivos são
A seguir são apresentadas as características específicas de cada utilizados os materiais não halogenados na cobertura dos cabos de
um dos materiais isolantes sólidos mencionados. média tensão.
Em algumas situações, dependendo das influências externas
• Cloreto de polivinila (PVC): sua rigidez dielétrica é elevada, (particularmente para proteção mecânica), pode ser necessário
porém menor do que a de outros isolantes; suas perdas dielétricas incluir no cabo de baixa tensão uma proteção metálica adicional
são elevadas, principalmente acima de 20 kV; sua resistência aos com função de armação. As armações mais usuais são compostas
agentes químicos em geral é muito boa; tem boa resistência à água; por fitas planas de aço, aplicadas helicoidalmente; ou fitas de aço
não propaga a chama, mas sua combustão emite grande quantidade ou alumínio, aplicadas transversalmente, corrugadas e intertravadas
de fumaça, gases corrosivos e tóxicos. (interlocked). As armações com fios de aço são recomendadas
• Borracha etileno-propileno (EPR): excelente rigidez dielétrica; quando se deseja atribuir ao cabo resistência aos esforços de tração.
sua flexibilidade é muito grande, mesmo a temperaturas baixas;
apresenta uma resistência excepcional às descargas e radiações 14.4.2 Tensão nominal dos cabos de baixa tensão
ionizantes, mesmo a quente; suas perdas (no dielétrico) são
baixas nas misturas destinadas aos cabos de média tensão; A tensão de isolamento nominal de um cabo é uma característica
possui uma resistência à deformação térmica que permite relacionada com o material isolante, com a espessura da isolação
temperaturas de 250 °C, durante os curtos-circuitos; possui boa e com as características de funcionamento do sistema (instalação)
72 característica no que diz respeito ao envelhecimento térmico, em que o cabo vai atuar. É indicada por dois valores de tensão
o que permite conservar densidades de corrente aceitáveis separados por uma barra, designados por Uo/U, onde Uo refere-se à
quando os cabos funcionam em temperatura ambiente elevada; tensão fase-terra e U à tensão fase-fase, em volts.
apresenta baixa dispersão da rigidez dielétrica e é praticamente Os valores normalizados de tensão de isolamento nominal na
isento do treeing (fenômeno de formação de arborescências baixa tensão são: 300/300 V; 300/500 V; 450/750 V; 0,6/1 kV.
no material, provocando descargas parciais localizadas e sua
consequente deterioração); 14.4.3 Normas técnicas dos cabos de baixa tensão
• Polietileno reticulado (XLPE): excelente rigidez dielétrica;
apresenta uma resistência à deformação térmica bastante satisfatória Todos os condutores devem ser providos, no mínimo, de
em temperaturas de até 250 °C; a reticulação do polietileno permite isolação, a não ser quando o uso de condutores nus ou providos
a incorporação de cargas minerais e orgânicas utilizadas para apenas de cobertura for expressamente permitido.
melhorar o comportamento mecânico, a resistência às intempéries As normas técnicas dos cabos admitidos pela NBR 5410 estão
e, sobretudo, o comportamento ao fogo; apresenta dispersão indicados na Tabela 21.
relativamente alta da rigidez dielétrica, bem como o fenômeno do Tabela 21 - Tipos de cabos admitidos pela NBR 5410
treeing com alguma frequência (mas isso pode ser contornado com Sem Isolação Isolação Isolação Cabo não
revestimento em PVC em EPR em XLPE halogenado
misturas especiais de XLPE).
Condutores
de cobre sem
Cobertura
isolação (fios
e cabos nus ou NBR 6524 ---x--- ---x--- ---x--- ---x---
Os cabos unipolares e multipolares de baixa tensão são com cobertura
protegidos com uma cobertura de PVC, polietileno, neoprene, protetora)
polietileno clorossulfonado, material não halogenado (com baixa
emissão de fumaça, gases tóxicos e corrosivos), dentre outros Condutor ---x--- NBR ---x--- ---x--- NBR
materiais. isolado NM 247-3 13248
A escolha do tipo de material da cobertura é função das Cabo unipolar ---x--- NBR 7288 NBR 7286 NBR 7287 NBR
NBR 5410
influências externas (ver 13.1.3 deste guia) a que o cabo estará ou multipolar (formato redondo) NBR 7285 13248
NBR 8661
submetido, principalmente no que se refere à presença de água
(formato plano)
(AD), substâncias corrosivas (AF), solicitações mecânicas (AG),
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
do metal, como aquela presente nas sucatas, causa uma qualificado para lidar com as conexões em alumínio que a
queda significativa na sua condutividade. Em certos casos, NBR 5410 impõe várias restrições ao uso de fios e cabos
essa redução pode chegar quase à metade. Isso implica, por elétricos com este condutor.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
AA1 - 60°C + 5°C Sob temperaturas inferiores a - 10°C, os condutores ou cabos com
AA2 - 40°C + 5°C isolação e/ou cobertura de PVC, bem como os condutos de PVC não
AA3 - 25°C + 5°C devem ser manipulados nem submetidos a esforços mecânicos, visto
AA4 - 5°C + 40°C que o PVC pode tornar-se quebradiço
AA5 + 5°C + 40°C Quando a temperatura ambiente (ou do solo) for superior aos valores
AA6 + 5°C + 60°C de referência (20°C para linhas subterrâneas e 30°C para as demais),
AA7 - 25°C + 55°C as capacidades de condução de corrente dos condutores e cabos
AA8 - 50°C + 40°C isolados devem ser reduzidas de acordo com 6.2.5.3.3
AC - Altitude (4.2.6.1.3) (sem influência)
AD1 Desprezível O uso de molduras em madeira só é permitido em AD1
AD2 Gotejamento Nas condições AD3 a AD6 só devem ser usadas linhas com
AD3 Precipitação proteção adicional à penetração de água, com os graus IP
AD4 Aspersão adequados, em princípio sem revestimento metálico externo
AD5 Jatos Os cabos uni e multipolares dotados de cobertura extrudada
AD6 Ondas podem ser usados em qualquer tipo de linha, mesmo com
AD7 Imersão condutos metálicos
Cabos uni e multipolares com isolação resistente à água (por
exemplo, EPR e XLPE)
AD8 Submersão Cabos especiais para uso submerso
AE - Presença de corpos sólidos (4.2.6.1.5)
AE1 Desprezível Nenhuma limitação
AE2 Pequenos objetos Nenhuma limitação, desde que não haja exposição a danos mecânicos
AE3 Objetos muito pequenos Nenhuma limitação
AE4 Poeira leve Podem ser necessárias precauções para evitar que a deposição de
AE5 Poeira moderada poeira ou outras substâncias chegue ao ponto de prejudicar a
75
AE6 Poeira intensa dissipação térmica das linhas elétricas. Isso inclui a seleção de um
método de instalação que facilite a remoção da poeira
AF - Presença de substâncias corrosivas ou poluentes (4.2.6.1.6)
AF1 Desprezível Nenhuma limitação
AF2 Atmosférica As linhas devem ser protegidas contra corrosão ou contra agentes
AF3 Intermitente químicos; os cabos uni e multipolares com cobertura extrudada são
considerados adequados; os condutores isolados só podem ser
usados em eletrodutos que apresentem resistência adequada aos
agentes presentes
AF4 Permanente Só é admitido o uso de cabos uni ou multipolares adequados aos
agentes químicos presentes
AG - Choques mecânicos (4.2.6.1.7)
AG1 Fracos Nenhuma limitação
AG2 Médios Linhas com proteção leve; os cabos uni e multipolares usuais são
considerados adequados; os condutores isolados podem ser usados
em eletrodutos que atendam às ABNT NBR 5624 e ABNT NBR 6150
Linhas com proteção reforçada; os cabos uni e multipolares providos
AG3 Severos de armação metálica são considerados adequados; os condutores
isolados podem ser usados em eletrodutos que atendam às
ABNT NBR 5597 e ABNT NBR 5598
AH - Vibrações (4.2.6.1.7)
AH1 Fracas Nenhuma limitação
AH2 Médias Podem ser necessárias linhas flexíveis
NBR 5410
AH3 Severas Só podem ser utilizadas linhas flexíveis constituídas por cabos
uni ou multipolares flexíveis ou condutores isolados flexíveis em
eletroduto flexível
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
NBR 5410
c) no caso de linhas em condutos fechados, os condutos que não escolas, etc., são locais “BDX”, os quais possuem áreas privadas,
sejam metálicos ou de outro material incombustível devem ser não- sem acesso ao grande público (escritório, cozinha, lavanderia,
propagantes de chama, livres de halogênios e com baixa emissão de camarins, etc.) e áreas comuns, de circulação e de concentração de
fumaça e gases tóxicos. Na primeira hipótese (condutos metálicos público (Figura 80). No primeiro caso valem as regras gerais da
ou de outro material incombustível), podem ser usados condutores NBR 5410 e no segundo caso é onde de fato valem as prescrições
e cabos apenas não-propagantes de chama; na segunda, devem ser específicas acima.
usados cabos não-propagantes de chama, livres de halogênio e com Para efeito de escolha dos condutores, o item 6.2.3.5 da
78 baixa emissão de fumaça e gases tóxicos (Figura 79). NBR 5410 esclarece que os cabos não-propagantes de chama,
Note-se que o texto menciona algumas “áreas” em “locais livres de halogênio e com baixa emissão de fumaça e gases
BD2, BD3 e BD4”. Ou seja, hospitais, hotéis, teatros, cinemas, tóxicos devem atender a NBR 13248.
NBR 5410
(50 Vca < tensão entre fases ≤ 1000 Vca) definidas no anexo A da suportar os esforços que podem sobrevir de danos causados pelo
norma não devem compartilhar a mesma linha elétrica. São os casos fogo aos meios de fixação e de suporte da linha elétrica. Essa
das linhas de energia (faixa II), linhas de telefonia, dados, internet, prescrição é considerada atendida se a fixação da linha elétrica
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
Obturação de poço
NBR 5410
quando as impedâncias dos cabos em paralelo são aproximadamente revestimento protetor, com rosca NBR 6414 - Especificação
iguais. Como a resistência elétrica será praticamente a mesma • NBR 5624:1993 - Eletroduto rígido de aço-carbono, com costura,
em todos os condutores (todos tem a mesma seção nominal e com revestimento protetor e rosca NBR 8133 – Especificação
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
• NBR 13057:1993 - Eletroduto rígido de aço-carbono, com costura, Conforme 6.2.11.1.2 da norma, somente são admitidos,
zincado eletroliticamente e com rosca NBR 8133 em instalações aparentes e embutidas, eletrodutos que não
• NBR 15465:2007 - Sistemas de eletrodutos plásticos para propaguem chama. É importante notar que esta prescrição
82 instalações elétricas de baixa tensão - Requisitos de desempenho é geral, independentemente do tipo de local, influências
• NBR15701:2009 - Conduletes metálicos roscados e não roscados externas, etc. Obviamente, eletrodutos metálicos atendem
para sistemas de eletrodutos naturalmente a esta exigência, porém o mesmo não ocorre
com todos os tipos de eletrodutos não metálicos. Desta
No que tange a especificação dos eletrodutos, o item 6.2.11.1 da forma, especificadores, compradores e instaladores devem
norma indica que é vedado o uso, como eletroduto, de produtos que prestar especial atenção a este requisito quando forem utilizar
não sejam expressamente apresentados e comercializados como eletrodutos não metálicos.
tal. Esta proibição inclui, por exemplo, produtos caracterizados por
seus fabricantes como “mangueiras”. 14.6.7.2 Número máximo de condutores no interior de um
Um modo de atender a este item da norma é utilizar nas obras eletroduto
apenas aqueles produtos que indiquem a norma técnica que rege sua
fabricação e ensaios. Essa informação pode fazer parte do material A NBR 5410 admite, em 6.2.10.2, que os condutos fechados
informativo do produto (catálogo impresso, catálogo virtual, em geral, e os eletrodutos em particular, contenham condutores
folhetos, etc.) assim como deve vir gravado sobre a superfície do de mais de um circuito se as seções nominais dos condutores de
eletroduto a identificação da norma que lhe é aplicável. Somente fase estiverem contidas dentro de um intervalo de três valores
com estas informações claramente disponibilizadas, o profissional normalizados sucessivos, tais como 1,5, 2,5 e 4 mm², ou 6, 10
ou consumidor poderão ter elementos para fazer a escolha que e 16 mm² ou 35, 50 e 70 mm², e assim por diante. Desta forma,
julgar mais adequada. por exemplo, pode-se colocar dentro de um eletroduto cabos com
Como até o momento da publicação deste guia não há certificação seções de 1,5, 2,5 e 4 mm², mas não se podem colocar juntos num
compulsória de eletrodutos no âmbito do INMETRO, o fornecimento eletroduto cabos com seções 1,5, 6 e 10 mm².
das informações mencionadas está sob a responsabilidade primária Em 6.2.11.1.6, determina-se que a quantidade máxima de
do fornecedor/fabricante do produto. No caso de eletrodutos vendidos condutores dentro de um eletroduto de modo a se deixar uma boa
em lojas, cabe também ao revendedor do produto disponibilizar as área livre no interior do eletroduto para facilitar a dissipação do
informações técnicas para os profissionais que especificam, compram calor gerado pelos condutores e para faci-litar a enfiação e retirada
e instalam os eletrodutos. E, acima de tudo, como força propulsora dos cabos. Para tanto, é necessário que os condutores ou cabos não
NBR 5410
deste assunto, cabe a estes profissionais exigirem por escrito as ocupem uma porcen-tagem da área útil do eletroduto superior a
informações que atestem que os produtos que serão utilizados como 53% para um condutor, 31% para dois condutores e 40% para três
eletrodutos são de fato eletrodutos. ou mais condutores.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
Com base nesta prescrição, a maneira de calcular a quantidade curvas, o limite de 15 m e o de 30 m devem ser reduzidos em 3 m
máxima de condutores é resumida em comparar a área interna de para cada curva de 90°. Em cada trecho de tubulação entre duas
um eletroduto com a área total de condutores. Da geometria, a área caixas, ou entre extremidades, ou ainda entre caixa e extremidade,
útil de um eletroduto (AE) é dada por: só devem ser previstas, no máximo, 3 curvas de 90°, ou seu
equivalente até, no máximo, 270°, não devendo ser previstas curvas
π
AE = (de – 2e)2 com deflexão superior a 90°. Ver figura 87.
4 Desta forma, por exemplo, um trecho de tubulação situada
no interior de uma obra, contendo 2 curvas não poderá ter um
onde: de é o diâmetro externo do eletroduto e e a espessura da comprimento superior a 15 – (2 x 3) = 9 m.
parede do eletroduto. Tais valores podem ser obtidos, por exemplo,
no catálogo do fabricante.
π
Ac = de2
4
sendo: d o diâmetro externo do cabo isolado, valor que é obtido no
catálogo do fabricante.
Figura 87: regra sobre instalação de caixas em eletrodutos
eletroduto 25 1
32 1 1/4
60 2 1/2
devem exceder 15 metros de comprimento para linhas internas
75 3
às edificações e 30 metros para as li-nhas em áreas externas às
85 3 1/2
edificações, se os trechos forem retilíneos. Se os trechos incluírem
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
14.6.7.5 Caixas de derivação e de passagem Seção Nominal do condutor isolado (mm2) Volume equivalente (cm3)
1,5 32,9
Localização 2,5 39,4
4 44,6
A localização das caixas deve ser de modo a garantir que elas 6 46,8
sejam facilmente acessíveis. Elas devem ser providas de tampas 10 58,8
ou, caso alojem interruptores, tomadas de corrente e congêneres,
fechadas com os espelhos que completam a instalação desses Essa tabela é aplicável a condutores isolados apenas, não sendo
dispositivos. As caixas de saída para alimentação de equipamentos válida para cabos unipolares ou multipolares. Assim, se a caixa
podem ser fechadas com as placas destinadas à fixação desses deverá conter apenas condutores isolados (sem emendas, conexões
equipamentos. ou ligações a tomadas de corrente), então se pode simplesmente
dividir os volumes da Tabela 25 pelos da Tabela 26 e obter-se assim
Tampas a quantidade máxima de condutores isolados admissível em cada
caixa, como mostra a Tabela 27.
A NBR 5410 admite a ausência de tampa em caixas de
Tabela 27 – Quantidade máxima de condutores isolados dentro de uma caixa
derivação ou de passagem instaladas em forros ou pisos falsos,
desde que essas caixas efetivamente só se tornem acessíveis com Tipo de Quantida máxima de condutores isolados
a remoção das placas do forro ou do piso falso, e que se destinem caixa 1,5 mm2 2,5 mm2 4 mm2 6 mm2 10 mm2
consideração também a disposição do condutor dentro da caixa. isolados de 2,5 mm2, três condutores isolados de 4 mm2 e, ainda, um
Tomando como base a tabela do NEC e procurando manter a corpo de tomada dupla, ao qual serão conectados os condutores de
relação entre áreas e volumes ali indicados, foi elaborada a tabela 26. 4 mm2.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
técnicos (vão livre, onde cabe uma pessoa, situada entre dois a operação e manutenção do sistema, pode acarretar problemas
pavimentos), os pisos elevados, os forros falsos e os espaços de compatibilidade eletromagnética, que afetam o funcionamento
internos existentes em certos tipos de divisórias. Além desses, do sistema de sinal. A propósito, a NBR 5410 traz algumas
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
recomendações genéricas em 5.4.3.5 relativas à disposição dos Vmatcomb = (π / 4) x {[dc + 2 x (ei + ecob)]2 – dc2]} x 10-3
cabos de energia e de sinais em geral (isto é, não se refere apenas
aos espaços de construção). A Tabela 28 apresenta alguns valores obtidos em catálogos de
fabricantes de um cabo unipolar 0,6/1 kV categoria BF e o respectivo
14.6.9 Requisitos específicos para instalação em bandejas cálculo do volume de material combustível para cada seção nominal.
A última coluna da tabela indica quantos cabos daquela respectiva
Sob o ponto de vista da instalação dos condutores elétricos em seção podem ser instalados numa bandeja, respeitando-se o limite
bandejas, diferentemente do que ocorre com cabos instalados em de 3,5 dm3 por metro linear de material (para obter essa quantidade,
eletrodutos, a NBR 5410 não estabelece uma ocupação máxima basta dividir 3,5 pelo volume da respectiva seção de cabo).
de x% da área útil da bandeja pelos cabos. A única restrição à
Tabela 28 - volume e número de cabos unipolares em bandeja
quantidade de cabos na bandeja é dada em 6.2.11.3.5.
Seção (mm²) Vmatcomb (dm³/m) Num. Cabos cat BF
do diâmetros do condutor (dc), e da espessuras da isolação (ei) e estes condutos sejam instalados em locais só acessíveis a pessoas
da cobertura (ecob). O volume de material combustível (Vmatcomb), advertidas (BA4) ou qualificadas (BA5); ou sejam instalados a uma
expresso em dm3 por metro linear, pode ser calculado por: altura mínima de 2,50 m do piso (Figura 89).
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
14.6.11 Requisitos específicos para instalação em linhas Figura 90 – Instalação de eletrodutos enterrados
enterradas
NBR 5410
com 99,5% de pureza. Nas extremidades dos barramentos são o comprimento do percurso, ou a outros equipamentos, como
estampados furos para permitir uma fácil conexão na montagem transformadores ou painéis. Outro tipo de elemento de conexão é o
no local da obra. Além disso, as barras podem estar revestidas de elemento de dilatação, também conhecido como junta de dilatação.
prata ou estanho para melhorar a resistência de contato e diminuir Esta peça permite a dilatação térmica, compensando a diferença
as perdas joule. Dependendo da corrente no circuito, são instaladas de dilatação térmica dos diferentes materiais que compõem a
uma ou mais barras em paralelo por fase. instalação.
Em edifícios residenciais, os barramentos são dispostos na Os barramentos blindados são equipamentos que se tornam
vertical, no espaço de construção, do qual é derivada a energia economicamente compensatórios quando utilizados para
para os andares e de onde será distribuída a eletricidade para cada transportar grandes correntes, além de agregar outros benefícios
apartamento e, na horizontal, desde o quadro de proteção até a como a flexibilidade de alteração da instalação e da rapidez de
base da prumada. Barramentos na horizontal podem ser também instalação (Figura 94).
encontrados em indús-trias e comércios, como shoppings centers,
para facilitar a distribuição da energia para cada loja abaixo da
linha elétrica.
Os barramentos blindados de baixa tensão podem ainda ter
as barras coladas uma à outra, sem espaço de isolação. Nesse
caso, é comum que os fabricantes façam o isolamento com fita,
encapsulando as barras. Este tipo de barra-mento é mais utilizado
para transmissão de energia. Na distribuição de energia, apesar de
possível, não é usual, dada a complexidade apresentada, pois, para
derivar corrente no tipo barra colada, é preciso separar as barras
antes de acoplar uma caixa plugin que irá distribuir energia. Isso
torna o processo mais caro também.
produzidos pela circulação de correntes de valores iguais às de difícil aplicação, pois contém numerosos cálculos complexos,
capacidades de condução de corrente respectivas, durante períodos somente possíveis de realizar em tempos razoáveis por meio de
prolongados em serviço normal. uso de softwares específicos. Há alguns poucos softwares para
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
2
1
3
4
Figura 95 – Sequência para determinação da seção nominal do condutor nas tabelas 36 a 39
estes dimensionamentos disponíveis no mercado, tais como o pelas tabelas 36 a 39 são sempre referidos a uma temperatura
CYMCAP - Cable Ampacity Calculation, cuja versão original ambiente de 30°C para todas as maneiras de instalar, exceto as linhas
foi desenvolvida em conjunto pela Ontario Hydro (Hydro One), enterradas, cujas capacidades são referidas a uma temperatura (no
McMaster University e CYME International, com o apoio da solo) de 20°C.
Canadian Electricity Association. Desta forma, se os condutores forem instalados em ambiente
cuja temperatura seja diferente das indicadas, sua capacidade de
91
Fator de correção de temperatura ambiente condução de corrente deve ser determinada, usando-se as tabelas 36
a 39, com a aplicação dos fatores de correção de temperatura dados
O valor da temperatura ambiente a utilizar no dimensionamento na tabela 40 da norma.
é o da temperatura do meio que envolve o condutor quando ele não É importante considerar que, no caso de instalações sujeitas a
estiver carregado. intempéries, os fatores de correção da tabela 40 não consideram
Os valores de capacidade de condução de corrente fornecidos o aumento de temperatura devido à radiação solar ou a outras
2
X
3
1
NBR 5410
θa = 30ºC IZ = 50 A
θa = 40ºC IZ = 50 . 0,87 = 43,5 A
1
2
radiações infravermelhas. Quando os condutores forem submetidos carregados que se encontra indicado em cada uma de suas colunas.
a tais radiações, as capacidades de condução de corrente devem ser Para linhas elétricas contendo um total de condutores superior às
calculadas pelos métodos especificados na ABNT NBR 11301. quantidades indicadas nas tabelas 36 a 39, a capacidade de condução
Para entender a aplicação do fator de correção de temperatura, de corrente dos condutores de cada circuito deve ser determinada,
92 considera-se o “circuito 1” anteriormente utilizado, porém com usando-se as tabelas 36 a 39, com a aplicação dos fatores de correção
temperatura ambiente 40 ºC. A Figura 96 apresenta as tabelas 36 pertinentes dados nas tabelas 42 a 45 (fatores de agrupamento).
e 40 lado a lado e a sequência de setas indica o caminho que deve Os condutores para os quais se prevê uma corrente de projeto
ser seguido até se obter a nova capacidade de corrente da seção não superior a 30% de sua capacidade de condução de corrente,
nominal de 10 mm2 referida a 40 ºC. Note-se que o valor obtido já determinada observando-se o fator de agrupamento incorrido,
(IZ = 43,5 A) é menor do que a corrente de projeto IB = 48 A e, podem ser desconsiderados para efeito de cálculo do fator de
portanto, a seção do condutor deverá ser aumentada. correção aplicável ao restante do grupo. São os casos, por exemplo,
de condutores que tiveram sua seção nominal aumentada em
Fator de correção de resistividade térmica do solo decorrência do atendimento ao critério de queda de tensão.
Os fatores de agrupamento foram calculados admitindo-se todos
Nas tabelas 36 e 37, as capacidades de condução de corrente os condutores vivos permanentemente carregados com 100% de
indicadas para linhas subterrâneas (método de referência D) são sua carga. Caso o carregamento seja inferior a 100%, os fatores de
válidas para uma resistividade térmica do solo de 2,5 K.m/W. correção podem ser aumentados, porém a norma não traz nenhuma
Quando a resistividade térmica do solo for superior a 2,5 K.m/W, indicação de quais fatores devem ser utilizados. Neste caso, a
caso de solos muito secos, os valores indicados nas tabelas devem aplicação da NBR 11301 não é possível, pois ela trata apenas de
ser adequadamente reduzidos, a menos que o solo na vizinhança circuitos com 100% de carga e deve-se, a partir da determinação
imediata dos condutores seja substituído por terra ou material do ciclo de carregamento do cabo, utilizar a norma IEC 60853-1já
equivalente com dissipação térmica mais favorável. A tabela 41 da mencionada.
norma fornece fatores de correção para resistividades térmicas do Os fatores de correção da tabela 42 da norma são aplicáveis a
solo diferentes de 2,5 K.m/W. condutores agrupados em feixe, seja em linhas abertas ou fechadas
O procedimento para aplicação do fator de correção para (os fatores pertinentes são os da linha 1 da tabela 42), e a condutores
resistividade do solo é semelhante àquele explicado para o fator de agrupados num mesmo plano e numa única camada (demais linhas da
correção de temperatura. tabela). Por sua vez, os fatores de correção da tabela 43 são aplicáveis
a agrupamentos consistindo em mais de uma camada de condutores.
Fator de correção para agrupamento de circuitos Assim, no caso de agrupamento em camadas, os fatores de
NBR 5410
4
2
4 circuitos
1
3 camadas
Sendo
15.1.1.4 Critério de proteção contra corrente de sobrecarga α = 1,9 IN para fusíveis com IN ≤ 10 A;
α = 1,75 IN para fusíveis com IN < 10 ≤ 25 A;
Condições de proteção α = 1,6 IN para fusíveis com 25 < IN < 1000 A
Onde:
Tendo em vista as características dos disjuntores e fusíveis Figura 104 – Circuitos com mesma seção nominal
definidas em suas respectivas normas no que diz respeito às No entanto, se houver seções diferentes, a regra geral
correntes e tempos de atuações, as duas condições anteriores podem determina que deve ser instalado um dispositivo na emenda.
ser simplificadas conforme a seguir: Pode-se imaginar uma situação como esta se o Alimentador
1 tem seção 35 mm2, o Alimentador 2 tem seção 25 mm2 e
Disjuntores o Alimentador 3 tem seção 10 mm2. Neste exemplo, cada
alimentador deverá ter um dispositivo de proteção que atenda
IB ≤ IN ≤ Iz as prescrições de 5.3.4.1 da norma. Poderia ser o caso de o
Alimentador 1 ser protegido contra sobrecargas por um
NBR 5410
Deslocamento do dispositivo de proteção distribuição for menor do que três metros, o dispositivo de
proteção contra sobrecargas poderá estar situado no interior do
Em 5.3.4.2.2, prescreve-se que o dispositivo destinado a quadro.
proteger uma linha elétrica contra sobrecargas pode não ser A situação prevista em (a), seria aquela em que, por exemplo,
posicionado exatamente no ponto de derivação, mas deslocado existiria um dispositivo de proteção contra curtos-circuitos
ao longo do percurso da linha, se a parte da linha compreendida (disjuntor ou fusível) instalado no quadro geral (QG) que atuaria
entre a mudança de seção e o dispositivo de proteção não no caso da ocorrência de um curto-circuito em qualquer ponto
possuir nenhuma derivação, nenhuma tomada de corrente e entre a derivação e o quadro de distribuição (alimentadores 2 ou 3
atender a pelo menos uma das duas condições seguintes: (a) da Figura 106). Como indicado, nesta condição seria dispensada
96
estar protegida contra curtos-circuitos ou (b) seu comprimento a instalação do dispositivo de proteção contra sobrecargas em
não exceder 3 m, ser instalada de modo a reduzir ao mínimo o qualquer ponto dos alimentadores 2 e 3 do exemplo.
risco de curto-circuito e não estar situada nas proximidades de Em todos os casos, a norma indica que deve ser reduzido
materiais combustíveis. ao mínimo o risco de curto-circuito nas derivações. Isto pode
A Figura 106 ilustra o caso (b), onde se verifica que, se o ser atendido pela escolha adequada do tipo de linha elétrica em
comprimento do condutor entre a derivação e o quadro de função das influências externas existentes no local da instalação.
NBR 5410
Omissão da proteção contra sobrecargas Tabela 32 – Temperaturas limites de curto-circuito dos condutores
(Tabela 35 da NBR 5410)
Tipo de isolação Temperatura limite de
As prescrições a seguir não são válidas para locais com riscos curto-circuito (condutor) °C
de incêndio (BE2) ou explosões (BE3) previstas na Tabela 22 da Cloreto de polivinila (PVC) até 300 mm2 160
NBR 5410. Assim, ao invés de instalar dispositivos de proteção Cloreto de polivinila (PVC) maior que 300 mm2 140
contra sobrecargas na derivação (Figura 105) ou em algum ponto Borracha etilenopropileno (EPR) 250
deslocado ao longo da linha elétrica (Figura 106), existem três Polietileno reticulado (XLPE) 250
situações em que simplesmente estes dispositivos de proteção
podem nem existir, a saber: No estudo da proteção contra correntes de curto-circuito devem,
em princípio, ser determinadas as correntes de curto-circuito
(a) Quando o circuito de derivação (alimentadores 2 e 3 nos presumidas simétricas em todos os pontos julgados necessários.
exemplos anteriores) for protegido a montante (atrás) por dispositivo O dispositivo destinado a proteger os condutores vivos de um
contra sobrecargas. Seria o caso, por exemplo, de existir no QG das circuito deve estar adequadamente coordenado com os condutores.
figuras anteriores um dispositivo de proteção que atuasse quando Para isso, a NBR 5410 impõe duas condições (Figura 107):
da ocorrência de uma sobrecarga no Alimentador 2 ou 3. Para que
isso ocorresse, as condições de 5.3.4.1 da norma deveriam ser • A capacidade de interrupção do dispositivo (ICN) deve ser no
atendidas, o que é muito raro acontecer na prática quando se tratam mínimo igual à corrente de curto-circuito presumida (Ik) no ponto
de condutores com seções nominais muito diferentes. onde for instalado (Figura 107). Só se admite um dispositivo com
capacidade de interrupção inferior, se houver, a montante, outro
(b) Quando o circuito de derivação não estiver sujeito à circulação dispositivo com a capacidade de interrupção necessária que deve
de correntes de sobrecarga, estiver protegido contra curtos- ser coordenado com o anterior;
circuitos e não possuir derivação ou tomada de corrente. Esta • A integral de Joule que o dispositivo deixa passar deve ser
também é uma situação pouco usual na maioria das instalações inferior ou igual à integral de Joule necessária para aquecer o
elétricas, principalmente no que diz respeito a não existir a condutor desde a temperatura máxima para serviço contínuo até a
possibilidade de circulação de correntes de sobrecarga. Além temperatura limite de curto-circuito (Figuras 107, 108 e 109), o que
disso, deveria existir um dispositivo de proteção contra curtos- pode ser indicado pela seguinte expressão:
circuitos (disjuntor ou fusível) instalado no quadro geral (QG) que
atuaria no caso da ocorrência de um curto-circuito em qualquer ∫ i 2 t dt ≤ K 2 S 2 97
ponto entre a derivação e o quadro de distribuição (alimentadores
2 ou 3 da Figura 106). onde:
(c) Podem ser omitidos dispositivos de proteção contra sobrecargas ∫ i 2 t dt é a integral de Joule (energia) que o dispositivo de proteção
em todas as derivações de linhas de sinal, incluindo circuitos de deixa passar, em ampères quadrados-segundo;
comando. K2 S2 é a integral de Joule (energia) capaz de elevar a temperatura do
condutor desde a temperatura máxima para serviço contínuo até a
Proteção contra sobrecargas de condutores em paralelo temperatura de curto-circuito, supondo-se aquecimento adiabático.
As condições de proteção contra sobrecargas de condutores em O valor de K é indicado na tabela 30 da NBR 5410 e S é a seção
paralelo são tratadas em 5.3.4.5 e no Anexo D.2 da NBR 5410. do condutor, em milímetros quadrados.
Condições de proteção
onde:
98
deverá ter um dispositivo de proteção que atenda as prescrições de do condutor entre a derivação e o quadro de distribuição for menor do
5.3.5.5.2 da norma. Sem entrar em muitos detalhes, poderia ser o caso de que três metros, o dispositivo de proteção contra curtos-circuitos poderá
o Alimentador 1 ser protegido contra curtos-circuitos por um disjuntor de estar situado no interior do quadro de distribuição (QD-1 e QD-2).
125 A, o Alimentador 2 por um disjuntor de 100 A e o Alimentador 3 por A norma indica que deve ser reduzido ao mínimo o risco de curto-
um disjuntor de 50 A, conforme indicado na Figura 111. circuito nas derivações. Isto pode ser atendido pela escolha adequada do
tipo de linha elétrica em função das influências externas existentes no
Deslocamento do dispositivo de proteção local da instalação.
99
Ainda conforme a prescrição de 5.3.5.2.2, alínea b), em alternativa
Em 5.3.5.2.2, prescreve-se que o dispositivo destinado a proteger à situação descrita anteriormente, é possível não instalar um dispositivo
uma linha elétrica contra curtos-circuitos pode não ser posicionado de proteção no ponto de derivação caso o condutor de seção reduzida
exatamente no ponto de derivação, mas deslocado ao longo do percurso estivesse garantidamente protegido contra curtos-circuitos por um
da linha, se a parte da linha compreendida entre a redução de seção dispositivo de proteção localizado a montante da derivação. Isso está
e a localização pretendida para o dispositivo de proteção atender ilustrado na Figura 4, onde o dispositivo de proteção instalado no
simultaneamente aos seguintes três requisitos: (a) não exceder 3 m, (b) QG estaria protegendo contra curtos-circuitos simultaneamente os
ser instalada de modo a reduzir ao mínimo o risco de curto-circuito e, (c) Alimentadores 1, 2 e 3. Para que isso seja possível, é preciso que os
não estar situada nas proximidades de materiais combustíveis. requisitos de 5.3.5.5.2 da NBR 5410 relativos à integral de Joule dos
A Figura 112 ilustra o caso (a), onde se verifica que, se o comprimento dispositivos e dos condutores sejam atendidos.
NBR 5410
Nos três casos mencionados a seguir é possível não existir a) circuito com tensão fase-neutro 127 V, seção dos condutores
nenhum dispositivo de proteção contra curtos-circuitos instalado 2,5 mm2 e comprimento 25 m, têm-se a seguinte corrente de curto-
na derivação ou deslocado ao longo da linha, desde que a linha circuito mínima presumida:
elétrica seja instalada de modo a reduzir ao mínimo o risco de
curto-circuito e não esteja situada nas proximidades de materiais Ikmin = 0,8 U S / r ρ 2 l
combustíveis: = 0,8 (127) (2,5) / (1,00) (0,027) 2 (25) = 188 A
(d) Em linhas que ligam geradores, transformadores, retificadores b) circuito com tensão fase-neutro 127 V, seção dos condutores
e baterias aos seus quadros correspondentes, desde que existam 25 mm2 e comprimento 25 m:
dispositivos de proteção instalados dentro dos quadros.
Ikmin = 0,8 U S / r ρ 2 l
(e) Em circuitos onde o desligamento automático seja perigoso, tais = 0,8 (127) (25) / (1,00) (0,027) 2 (25) = 1.882 A
como circuitos de excitação de máquinas rotativas, de alimentação
de eletroímãs para elevação de cargas, circuitos secundários de Fica evidente nos exemplos a influência da seção dos
transformadores de corrente e circuitos de motores usados em condutores (de fase e neutro) no valor da corrente mínima.
bombas de incêndio, extração de fumaça, etc. O primeiro caso (2,5 mm 2) é típico de circuitos terminais de
força e iluminação, enquanto que o segundo caso (25 mm 2) é
(f) Em circuitos de medição. mais encontrado em circuitos de distribuição e alimentação
de quadros em geral. A reduzida seção dos condutores
utilizados geralmente nos circuitos terminais contribui
Corrente de curto-circuito mínima presumida significativamente para a redução da corrente de curto-
circuito mínima presumida.
Na NOTA 2 de 6.4.3 (Seleção dos dispositivos de proteção
contra curtos-circuitos), informa-se que “para efeito de verificação 15.1.1.6 Natureza dos dispositivos de proteção contra
das condições especificadas em 6.3.4.3.1 e 6.3.4.3.2, considera- sobrecorrentes
1,15 150
a tempo inverso e podem apresentar uma capacidade de interrupção
1,20 185
inferior à corrente de curto-circuito presumida no ponto de
1,25 240
instalação.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
Dispositivos capazes de prover apenas proteção contra sobrecorrentes. Ora, na prática, garantir o atendimento a estas
correntes de curto-circuito três condições não é nada fácil e, conseqüentemente, reduzir a
seção do condutor neutro deve ser uma decisão tomada somente
Tais dispositivos podem ser utilizados quando a proteção contra após uma análise muito criteriosa do caso. Note que a norma
sobrecargas for provida por outros meios ou nos casos em que se não obriga a redução do condutor neutro, mas apenas deixa uma
admite omitir a proteção contra sobrecargas). Esses dispositivos possibilidade para que esta redução aconteça.
devem poder interromper qualquer corrente de curto-circuito
inferior ou igual à corrente de curto-circuito presumida. Podem ser Condutor neutro pode ser igual ao condutor de fase
dos seguintes tipos:
Em 6.2.6.2.3 e 6.2.6.4, admite-se que, respectivamente, num
a) disjuntores conforme NBR 5361, NBR IEC 60947-2, circuito trifásico com condutor neutro e num circuito de duas fases
NBR NM 60898 ou IEC 61009-2.1; com condutor neutro, a seção do condutor neutro pode ser igual à
seção do condutor de fase desde que a taxa de terceira harmônica
b) dispositivos fusíveis com fusíveis tipo gG, gM ou aM, conforme (e suas múltiplas) presentes no circuito seja maior ou igual a 15% e
NBR IEC 60269-1 e NBR IEC 60269-2 ou NBR IEC 60269-3. menor ou igual a 33%. 101
15.2 Dimensionamento do condutor neutro Condutor neutro pode ser maior que o condutor de fase
Em 6.2.6.2, são feitas considerações sobre o dimensionamento Em 6.2.6.2.5, admite-se que num circuito trifásico com
do condutor neutro em função da taxa de terceira harmônica condutor neutro ou num circuito com duas fases com condutor
(THD3) e suas múltiplas presentes no circuito. neutro, a seção do condutor neutro pode ser maior que a seção do
Desta forma, são consideradas três situações: taxa inferior condutor de fase desde que a taxa de terceira harmônica (e suas
a 15%, taxa entre 15% e 33% e taxa superior a 33%, conforme múltiplas) presentes no circuito seja maior ou igual a 33%. Tais
indicado na Tabela 34. taxas são muito comuns em circuitos que alimentam, por exemplo,
computadores e outros equipamentos de tecnologia de informação.
Tabela 34 - Taxa de 3ª harmônica x seção do condutor neutro
De acordo com o anexo F da norma NBR 5410, a seção do
THD3 e 15% ≤ THD3 e THD3 e múltiplas
múltiplas < 15% múltiplas ≤ 33% > 33% condutor neutro nestas condições pode ser determinada calculando-
Condutor neutro Condutor neutro pode Condutor neutro se a corrente por:
pode ser menor que o ser igual ao condutor pode ser maior que o
condutor de fase de fase condutor de fase IN = fh IB
valores da tabela 48 da referida norma, desde que (1) o circuito recomenda-se a adoção dos maiores fatores da tabela, ou seja,
seja equilibrado, (2) a taxa de 3ª harmônica e múltiplas seja 1,73 e 1,41, respectivamente, para circuitos trifásicos e com
menor que 15% e (3) que o condutor neutro seja protegido contra duas fases.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
TABELA 35 - Fator para a determinação da corrente no neutro da forma energeticamente mais eficiente e ambien-talmente
fh mais amigável possível desde a fonte até o ponto de utilização.
Taxa de 3ª harmônica Circuito trifásico Circuito com duas No entanto, devido à sua resistência elétri-ca, o cabo dissipa, na
com neutro fases e neutro
33% a 35% 1,15 1,15
forma de calor (perda joule), uma parte da energia transportada,
36% a 40% 1,19 1,19
de forma que uma eficiência de 100% não é obtida neste processo.
41% a 45% 1,24 1,23 Em consequência, essa perda irá requerer a geração de uma energia
46% a 50% 1,35 1,27 adicional que contribuirá para o acréscimo da emissão de gases de
51% a 55% 1,45 1,30 efeito estufa na atmosfera.
56% a 60% 1,55 1,34 A energia dissipada por estes cabos precisa ser paga por alguém,
61% a 65% 1,64 1,38 transformando-se assim em um acréscimo nos custos operacionais
≥ 66% 1,73 1,41 do equipamento que está onde alimentado e da instalação elétrica
como um todo. Esta sobre-carga financeira se estende por toda a
Exemplo: sendo I1 = 110 A, I3 = 57 A e I5 = 29 A, circuito vida útil do processo envolvido. O custo da energia tem um peso
trifásico com neutro, segue-se: cada vez mais importante nos custos operacionais das edificações
comerciais e industriais. Neste sentido, todos os esforços possíveis
IB = √1102 + 572 + 292 = 127 A devem ser feitos para conter gastos desnecessários.
Os aspectos ambientais e conservacionistas relacionados com a
THD3 = 100 x 57 / 110 = 52% energia desperdiçada também são importantes fato-res, cada vez mais
ressaltados. Estudos revelam que, ao longo do ciclo de vida dos fios e
Entrando com 52% na tabela F.1 fh = 1,45 cabos elétricos, as mais significativas emissões de CO2 (gás do efeito
estufa) são produzidas quando os condutores estão sendo utilizados
Então, IN = fh IB = 1,45 x 127 = 184 A no transporte de energia elétrica, onde relativamente pequenas na fase
de fabricação e descarte desses produtos. Essas emissões de CO2 são
Proteção contra sobrecorrentes do condutor neutro resultantes da geração extra de energia necessária para compensar
as perdas joule na condução da corrente elétrica pelo circuito. Desta
Nos esquemas TN e TT, quando a seção do condutor neutro forma, mantidas todas as demais características da instalação, a
for pelo menos igual ou equivalente à dos condutores de fase, não maneira mais adequada de reduzir as perdas joule nos fios e cabos, e
102 é necessário prever detecção de sobrecorrente no condutor neutro, consequentemente, as emissões de CO2, é aumentar a seção nominal
nem dispositivo de seccionamento nesse condutor. dos condutores elétricos.
Quando a seção do condutor neutro for inferior à dos condutores Teoricamente, seria possível reduzir a perda de energia
de fase, é necessário prever detecção de sobrecorrente no condutor (joule) e a consequente emissão de CO2 a valores insignifi-cantes,
neutro, adequada à seção desse condutor. Essa detecção deve aumentando-se a seção do condutor. No entanto, como isto
provocar o seccionamento dos condutores de fase, mas não significa aumentar o custo inicial do cabo, seus acessórios, linhas
necessariamente do condutor neutro. No entanto, admite-se omitir a elétricas e mão de obra de instalação, tende-se a anular a economia
detecção de sobrecorrente no condutor neutro, se as duas condições conseguida pela melhoria da eficiência na distribuição. Neste caso,
seguintes forem simultaneamente atendidas: é interessante encontrar um compromisso entre estas duas variáveis
(redução nas perdas x aumento do custo inicial da instalação).
a) o condutor neutro estiver protegido contra curtos-circuitos pelo A melhor ocasião para se considerar a questão das perdas joule
dispositivo de proteção dos condutores de fase do circuito; e emissão de CO2 numa instalação elétrica é na etapa de projeto,
b) a corrente máxima suscetível de percorrer o condutor neutro em quando custos adicionais são marginais. É fácil compreender que,
serviço normal for claramente inferior ao valor da capacidade de após sua instalação, é muito mais difícil e caro incorporar melhorias
condução de corrente desse condutor. a um circuito. A questão central neste assunto é identificar uma seção
de condutor que reduza o custo da energia desperdiçada, sem incorrer
Considera-se esta condição satisfeita se a potência transportada em custos iniciais excessivos de compra e insta-lação de um cabo.
pelo circuito for distribuída tão uniformemente quanto possível entre Os critérios de dimensionamento econômico e ambiental
as diferentes fases. Por exemplo, se a soma das potências absorvidas apresentados a seguir são aplicáveis a todos os tipos de instalações
pelos equipamentos de utilização alimentados entre cada fase e o elétricas de baixa e média tensão, sejam nas instalações prediais,
neutro for muito inferior à potência total transportada pelo circuito comerciais e industriais ou nas redes públicas de distribuição de
em questão. Um valor prático usual para esse desequilíbrio é de 10%. energia elétrica.
Existem algumas situações onde o emprego de tais critérios é
15.3-Dimensionamento econômico e ambiental de condutores particularmente mais interessante, tais como aquelas que envolvem
circuitos com cargas relativamente elevadas, que funcionam por
NBR 5410
elétricos
longos períodos durante o dia. São os casos de alimentadores de
15.3.1 Introdução quadros de distribuição, quadros de luz, alimentação de motores
A função de um cabo de potência é conduzir a energia elétrica elétricos, torres de resfriamento, ar condicionado, dentre outros,
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
facilmente encontrados, por exemplo, em shopping centers, θ = temperatura máxima nominal do condutor para o tipo de cabo
indústrias em geral, hospitais, edifícios comerciais e públicos, considerado [ºC];
portos, aeroportos, estádios e ginásios esportivos, dentre ou-tros. θa = temperatura ambiente média [ºC].
A = componente variável do custo por unidade de comprimento
15.3.2 Dimensionamento técnico e econômico de condutores conforme seção do condutor [$/m.mm2]
elétricos conforme a norma NBR 15902 Np = número de condutores de fase por circuito;
Nc = número de circuitos que levam o mesmo tipo e valor de carga;
15.3.2.1 Seção Econômica T = tempo de operação com perda joule máxima [h/ano];
P = custo de um watt-hora no nível da tensão pertinente [$/W.h]
A Seção Econômica (Sec) de um condutor elétrico pode ser D = variação anual da demanda [$/W.ano];
determinada pela expressão [1] que utiliza parâmetros calculados Q = quantidade auxiliar;
pelas expressões [2] a [5]. i = taxa de capitalização para cálculo do valor presente [%];
yp = fator de proximidade, conforme IEC 60287-1-1;
ys = fator devido ao efeito pelicular, conforme IEC 60287-1-1;
[1]
λ1 = fator de perda da cobertura, conforme IEC 60287-1-1;
λ2 = fator de perda da armação, conforme IEC 60287-1-1;
r = quantidade auxiliar;
[2] N = período coberto pelo cálculo financeiro, também referido como
“vida econômica” [ano];
a = aumento anual da carga (Imax) [%];
[3] b = aumento anual do custo da energia, sem incluir efeitos da
inflação [%].
[4]
15.3.2.2 Aspectos econômicos
S Custo Total
Custo Inicial
Valor mínimo
Custo de operação
(perdas)
mm2
NBR 5410
ST SE
Figura 115 - Custo inicial e custo operacional dos cabos em função da seção nomial
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
Custo total = CT = CI + CJ [6] para sua fabricação. Os itens 6.2 e 6.3 a seguir apresentam os
onde: modos de calcular as emissões de CO2 evitadas e realizadas.
CI é o custo inicial de um comprimento de cabo instalado, [$]; Redução das emissões de CO 2 na geração de energia pelo
CJ é o custo operacional equivalente na data em que a instalação aumento da seção
foi adquirida, ou seja, o valor presente, das perdas joule durante a
vida considerada, [$]. Quando os condutores dimensionados pelo critério
técnico (de menor seção) são substituídos por condutores
A Figura 115 apresenta as curvas típicas do custo operacional dimensionados pelo critério econômico (de maior seção), a
(CJ) e custo inicial de uma instalação (CI) em função da seção quantidade anual de redução de emissões de CO2 é dada pela
nominal dos condutores. seguinte fórmula:
Na Figura 115, somando-se ponto a ponto as duas curvas (custo
inicial e custo operacional), tem-se , para cada seção nominal, o Z 1 = Σ [Np Nc I2 (R1 – R2) 10-3 T l K1] [9]
custo total daquele condutor ao longo de sua vida referido a um
valor presente. onde:
Conforme a Figura 115, a curva relativa ao custo total apresenta
um ponto de valor mínimo ($) para uma dada seção (mm2). Z1 = quantidade anual de redução de emissões de CO2 [kg-CO2];
Denomina-se como seção econômica (Sec) de um circuito N p = número de condutores de fase por circuito;
aquela seção que resulta no menor custo total de instalação e N c = número de circuitos que levam o mesmo tipo e valor de
operação de um condutor elétrico durante sua vida econômica carga;
considerada. I = corrente de projeto, [A];
De acordo com a NBR 15920, o custo total (CT) pode ser l = comprimento do cabo, [km];
calculado por: R1 = resistência do condutor por unidade de comprimento
CT = I2max R l F [$] [7] dimensionado pelo critério técnico (menor seção), [Ω/km] –
onde: calculada conforme equação [8];
Imax = carga máxima no cabo durante o primeiro ano, [A]; R 2 = resistência do condutor por unidade de comprimento
l = comprimento do cabo, [m]; dimensionado pelo critério econômico (maior seção), [Ω/km]
104 F = calculado pela equação [2]; – calculada conforme equação [8];
R = resistência c.a. aparente do condutor por unidade de comprimento, T = tempo de operação por ano [h/ano];
levando em conta os efeitos pelicular e de proximidade (yp, ys) e as K 1 = emissões de CO 2 no momento da geração por unidade de
perdas em blindagens metálicas e armações (λ1, λ2), [Ω/m]. energia elétrica, [kg-CO 2/kWh]. Este valor varia conforme
a característica da matriz energética de cada país, sendo
O valor de R em função da seção padronizada S do condutor maior nos casos onde fontes primárias de energia são mais
deve ser considerado na temperatura média de operação do condutor poluentes (combustíveis fósseis) e menor onde as fontes
(θm) e calculado pela seguinte expressão: primárias são mais limpas e renová-veis (hidráulica, solar,
eólica, etc.). No caso do Brasil, dados de 2010 indicam um
ρ 20 •
B[1 + α 20 • (θm - 20)] [8] valor de K 1 = 0,089 kg-CO 2/kWh.
R(S) = • 10 6
S
Aumento das emissões de CO 2 na fabricação de condutores
Ao longo do ciclo de vida dos fios e cabos elétricos, as O aumento da seção dos condutores quando dimensionados
mais significativas emissões de CO2 (gás do efeito estufa) pelo critério econômico tem como consequência direta o
são produzidas quando os condutores transportam a energia aumento nas emissões de CO2 no processo completo de
elétrica, sendo relativamente pequenas na fase de fabricação e fabricação dos cabos elétricos, desde a fase de extração do
descarte desses produtos. Essas emissões de CO2 são resultantes metal condutor na mina até o descarte do produto após sua
da geração extra de energia necessária para compensar as utilização (ciclo de vida do produto). Isso se deve ao fato de que
perdas joule na condução da corrente elétrica pelo circuito. seções maiores utilizam mais materiais e, consequentemente,
Como visto nas seções anteriores, é possível reduzir a perda mais energia é consumida na fabricação e demais etapas da
de energia (joule) e a consequente emissão de CO2 através vida do produto.
do aumento da seção do condutor pela aplicação do critério O principal aumento nas emissões de CO2 devido ao
de dimensionamento econômico. Assim, é fácil concluir aumento da seção ocorre na produção do cobre, desde a mina
NBR 5410
que haverá um ganho ambiental sempre que, num período até a fabricação do elemento condutor do cabo. O aumento
considerado, as emissões de CO2 evitadas durante a operação anual das emissões de CO2 neste caso é dado pela seguinte
do cabo forem menores do que as emissões de CO2 realizadas expressão:
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
Z2 = Σ [(W2 – W1) l K2] [10] • O fabricante deve fornecer as informações necessárias para a
onde: correta seleção e dimensionamento do dispositivo de proteção
contra curto-circuito que irá proteger o barramento blindado ou
Z2 = quantidade anual de aumento de emissões de CO2 [kg-CO2]; indicar diretamente o dispositivo de proteção contra curto-circuito
W1 = peso do condutor por unidade de comprimento dimensionado que deve ser utilizado;
pelo critério técnico (menor seção), [kg/km] • O fabricante deve declarar os valores de resistência elétrica,
W2 = peso do condutor por unidade de comprimento dimensionado reatância e impedância do sistema de barramento blindado nas
pelo critério econômico (maior seção), [kg/km]; condições de montagem especificadas a fim de permitir os cálculos
l = comprimento do cabo, [km]; das correntes de curto-circuito e de falta em qualquer ponto de uma
K2 = emissões de CO2 no momento da produção do cobre por instalação elétrica que inclua o barramento blindado;
unidade de cobre, [kg-CO2/kg-Cu]. Este valor varia conforme a • O dispositivo de proteção do barramento blindado deve ter a
característica da matriz energética de cada país e do processo de capacidade de interrupção contra curto-circuito igual ou superior
extração e fabricação do metal, sendo maior nos casos onde fontes à corrente de curto-circuito presumida no ponto onde o dispositivo
primárias de energia são mais poluentes (combustíveis fósseis) for instalado;
e menor onde as fontes primárias são mais limpas e renováveis • O fabricante deve declarar os limites de queda de tensão no
(hidráulica, solar, eólica, etc.). No caso do Brasil, onde a maioria sistema de barramento blindado.
do cobre utilizado nos condutores elétricos é importada do Chile,
recomenda-se utilizar K2 = 4,09 kg-CO2/kg-Cu que é aquele
correspondente à produção do catodo de cobre eletrolítico realizada
naquele país. 16 Aterramento e equipotencialização
O resultado do dimensionamento ambiental de condutores
elétricos pode ser determinado por Z 1 – Z 2. Na condição de 16.1 Generalidades
Z 1 – Z 2 > 0, as reduções nas emissões de CO 2 obtidas pelo
uso de cabos de maiores seções durante a vida eco-nômica O aterramento, que é tratado em 6.4.1 na NBR 5410, tem
considerada compensaram os aumentos nas emissões de CO 2 como função principal garantir a segurança das pessoas em relação
devidas ao processo de fabricação dos cabos com maiores às tensões de passo e toque, além do correto funcionamento das
seções. Em outras palavras, Z 1 – Z 2 representa o ganho instalações elétricas e dos equipamentos por elas servidos.
ambiental obtido pela redução das emissões de CO 2 devido ao Um sistema de aterramento é o conjunto de todos os eletrodos, 105
dimensionamento econômico dos condutores. barramentos, massas e elementos condutores estranhos à instalação
elétrica interligados direta ou indiretamente entre si por meio dos
15.3.2.4 Software condutores de aterramento, de proteção e de equipotencialização
(Figura 116).
O Instituto Brasileiro do Cobre, Procobre, disponibiliza um Um sistema de aterramento pode ser dividido em duas partes
software que realiza o dimensionamento econômico e ambiental de principais, a saber:
condutores elétricos no site www.leonardo-energy.org.br.
• A primeira parte, que fica enterrada (no solo), é denominada
15.4 Dimensionamento de barramentos blindados “eletrodo de aterramento”, sendo assim definido nas normas
mencionadas anteriormente: elemento ou conjunto de elementos
Uma vez que as características elétricas dos barramentos do sistema de aterramento que assegura o contato elétrico com o
variam entre fabricantes, o dimensionamento de um barramento solo e dispersa a corrente de defeito, de retorno ou de descarga
blindado de baixa tensão e suas proteções deve seguir as instruções atmosférica na terra.
do fabricante. Esse dimensionamento deve levar em consideraração • A segunda parte abrange todo o complexo de condutores
os seguintes aspectos gerais: (rabichos de aterramento, condutores PE, condutores para
referência de sistemas e de equipotencialização) e massas
• A corrente nominal do barramento blindado (In) deve ser igual metálicas (carcaças de equipamentos, estruturas e outros
ou superior à corrente de projeto do circuito (IB), incluindo as elementos) situadas acima do nível do solo e que deverão estar
componentes harmônicas; convenientemente interligados e aterrados;
• A corrente nominal do sistema de barramento blindado deve ser
declarada pelo fabricante para uma determinada temperatura de 16.2 Eletrodo de aterramento
referência do ar ambiente;
• O fabricante deve fornecer as informações necessárias para a O eletrodo de aterramento deve ser construído de tal forma a
correta seleção e dimensionamento do dispositivo de proteção desempenhar sua função causando a menor perturbação possível,
NBR 5410
contra sobrecarga que irá proteger o barramento blindado ou indicar na forma de tensões superficiais no solo sobre o mesmo e em
diretamente o dispositivo de proteção contra sobrecarga que deve seus arredores ou através do retorno de correntes impulsivas
ser utilizado; para a instalação elétrica.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
Quadro
106
9
1 Eletrodo de aterramento 10
(infraestrutura de ater-ramento)
2 Condutor de aterramento
3 BEP (Barramento de
Equipotencialização Principal) 7
4 Condutor de equipotencialização 8
principal
5 Condutor de proteção principal 8
6 Condutor de equipotencialização
suplementar 6 6
7 Condutor de proteção 7 10
8 BEL (Barramento de
Equipotencialização Local)
9 Elemento condutor estranho
à instalação elétrica
10 Massa
5 Equipamento
Elétrico
Neutro da
9 Concessionária
3
4 9
4
NBR 5410
Nos casos em que a infraestrutura de aterramento da edificação Seções mínimas de condutores de aterramento enterrados no solo
for constituída pelas próprias armaduras embutidas no concreto das Protegido contra Não protegido contra
fundações (armaduras de aço das estacas, dos blocos de fundação danos mecânicos danos mecânicos
e vigas baldrames), pode-se considerar que as interligações Protegido contra corrosão Cobre: 2,5 mm2 Cobre: 16 mm2
se obter um eletrodo de aterramento com características elétricas Não protegido contra corrosão Cobre: 50 mm (solos ácidos ou alcalinos)
2
(Figura 118).
• O tipo e a profundidade de instalação dos elementos do eletrodo
de aterramento devem suprir as mudanças nas condições do solo,
por exemplo: umidade, para que a resistência ôhmica do conjunto
(eletrodo/solo) não varie acima do valor parametrizado em 107
projeto.
• Devem ser seguidas medidas apropriadas de instalação visando
garantir proteção mecânica adequada para que os materiais e
conexões possam suportar as condições de influências externas
(movimentação do solo, compressão, etc.) (Tabela 37). Neste
sentido, devem ser tomados os devidos cuidados com a execução
das soldas, aperto das conexões mecânicas com torque adequado e,
em alguns casos, pode ser necessário envelopar os condutores em
uma mistura de cimento e areia.
• Não é admitida na composição do eletrodo de aterramento a
utilização de tubulações metálicas de serviços (água, esgoto, etc.)
ou outros elementos que possam ser periodicamente retirados
Figura 118 - Interligações entre elementos da armadura
para manutenção, porém estes devem estar conectados a ele para
cumprir as medidas prescritas de equipotencialização;
Nas fundações em alvenaria, a infraestrutura de aterramento • O eletrodo deve possuir distribuição espacial conveniente, além de
pode ser constituída por fita, barra ou cabo de aço galvanizado apresentar valor de impedância (resistência ôhmica) de aterramento
imerso no concreto das fundações, formando um anel em todo o condizente com as condições de topologia, dimensões e do solo que
perímetro da edificação. A fita, barra ou cabo deve ser envolvido o envolve a fim de minimizar as tensões superficiais (toque e passo)
por uma camada de concreto de no mínimo 5 cm de espessura, a que possam surgir. Uma das possibilidades neste caso é dispor o
uma profundidade de no mínimo 0,5 m. eletrodo de forma a que ele fique posicionado abaixo da edificação
Para que não haja falsas expectativas ou utilização indevida ou estrutura a ser aterrada , estendendo-o a pelo menos 1 m de
dos componentes estruturais, deve-se deixar claro que, em 6.4.1.1.1 barreiras da divisa (muro, cercas, etc.);
a), está explícita a permissão para utilização das armaduras de • Preferencialmente o eletrodo de aterramento convencional deve
fundação. Portanto, as conexões descritas em 6.4.1.2.3 não devem constituir no mínimo, um anel (fechado) circundando o perímetro
NBR 5410
ser executadas indiscriminadamente ao logo da edificação. Neste da edificação (Figura 119). Portanto não se deve construir um
sentido, por exemplo, armaduras dos pilares não podem substituir eletrodo de aterramento distante do local onde o mesmo deverá
os condutores PE. prover a infra-estrutura de aterramento;
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
Dimensões mínimas
restringe a execução desses ensaios a poucas áreas onde haja espaço Conexões com solda de estanho não asseguram resistência
livre de interferências. A própria NBR 5410 recomenda que nesses mecânica adequada e, portanto, não devem ser utilizadas para
casos seja realizado o ensaio do anexo K relacionado com medição esta finalidade.
da impedância do percurso da corrente de falta. Há ainda a opção
da utilização dos métodos descritos na NBR 15749 ou o ensaio de 16.4 Condutor de proteção (PE)
continuidade elétrica descrito na NBR 5419.
Os condutores de proteção, ou PE, são tratados em diversos
16.3 Condutor de aterramento trechos do texto da NBR 5410, pois sua função é de importância
fundamental para o funcionamento de vários dispositivos de
O condutor de aterramento principal é o condutor de proteção proteção em uma instalação elétrica.
que liga o barramento de aterramento principal ao eletrodo de O condutor PE é utilizado para conduzir correntes de fuga ou
aterramento. de falta para o eletrodo de aterramento, bem como promover a
A conexão de um condutor de aterramento ao eletrodo de equipotencialização entre massas metálicas e a instalação elétrica.
aterramento embutido no concreto das fundações (a própria armadura Segundo a NBR 5410, podem ser usados como condutores de
do concreto ou, então, fita, barra ou cabo imerso no concreto) deve proteção:
ser feita garantindo-se simultaneamente a continuidade elétrica, a
capacidade de condução de corrente, a proteção contra corrosão, a) veias de cabos multipolares;
inclusive eletrolítica, e adequada fixação mecânica. b) condutores isolados, cabos unipolares ou condutores nus em
Essa conexão pode ser executada, por exemplo, recorrendo-se a conduto comum com os condutores vivos;
dois elementos intermediários, conforme descrito a seguir: c) armações, coberturas metálicas ou blindagens de cabos;
d) eletrodutos metálicos e outros condutos metálicos, sob certas
a) o primeiro elemento, que realiza a derivação do eletrodo para condições;
fora do concreto, deve ser constituído por barra de aço zincada, com e) invólucros metálicos de barramentos blindados, sob certas
diâmetro de no mínimo 10 mm, ou fita de aço zincada de 25 mm x 4 condições.
mm e ligada ao eletrodo por solda elétrica. A barra ou fita deve ser
protegida contra corrosão; É terminantemente proibido o uso como condutor de proteção,
b) o segundo elemento, destinado a servir como ponto de conexão do mas sem prejuízo na interligação para garantir a equipotencialização,
condutor de aterramento, deve ser constituído por barra ou condutor dos seguintes elementos metálicos: 109
de cobre, ligado ao primeiro elemento por solda exotérmica (Figura
120) ou processo equivalente do ponto de vista elétrico e da corrosão. a) tubulações de água;
b) tubulações de gases ou líquidos combustíveis ou inflamáveis;
No caso de o eletrodo ser a armadura do concreto, essa armadura c) elementos de construção sujeitos a esforços mecânicos em
deve ter, no ponto de conexão, uma seção maior ou igual a 50 mm2 e serviço normal;
um diâmetro de preferência maior ou igual a 8 mm. d) eletrodutos flexíveis, exceto quando concebidos para esse fim;
e) partes metálicas flexíveis;
f) armadura do concreto (vigas, colunas, etc.);
g) estruturas e elementos metálicos da edificação (vigas, colunas, etc.);
h) massas de equipamentos.
Figura 120 – Solda exotérmica A utilização do condutor PEN (o neutro aterrado) é admitida
em instalações fixas e sua seção mínima, relacionada a questões
Em alternativa às soldas elétrica e exotérmica, podem ser mecânicas, deve ser de 10 mm2 (cobre).
NBR 5410
utilizados conectores adequados, instalados conforme instruções O condutor PEN deve ser um condutor isolado e a tensão de
do fabricante e de modo a assegurar uma conexão equivalente, sem isolação deve ser compatível com a maior tensão a que ele possa ser
danificar o eletrodo nem o condutor de aterramento. submetido na instalação.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
Toda vez que um condutor PEN adentrar uma edificação o para a proteção contra choques elétricos, mas insuficiente
mesmo deverá ser conectado direta ou indiretamente ao BEP. sob o ponto de vista da proteção contra perturbações
Uma regra que deve ser sempre lembrada está em 6.4.3.4.3 eletromagnéticas.
da NBR 5410: se, em um ponto qualquer da instalação, as funções Deve-se entender equipotencialização como um conceito,
de neutro e de condutor de proteção forem separadas, com a um conjunto de medidas a serem tomadas em uma instalação
transformação do condutor PEN em dois condutores distintos, um elétrica visando minimizar o surgimento de tensões perigosas
destinado a neutro e o outro a condutor de proteção, não se admite provenientes das mais variadas fontes (rompimento do
que o condutor neutro, a partir desse ponto, venha a ser ligado isolamento, raios, indução, etc.) e que não possam ser
a qualquer ponto aterrado da instalação. Por isso mesmo, esse suportadas pelas instalações elétricas, equipamentos e pessoas
condutor neutro não deve ser religado ao condutor PE que resultou por elas servidas.
da separação do PEN original. Partindo desse principio, a NBR 5410 estipula cada medida
Isto significa que após a separação, o condutor de neutro passa relacionada a uma causa da diferença de potencial a ser
a exercer sua função específica de conduzir correntes elétricas de mitigada. Em grande parte dos casos o atendimento de algumas
retorno, de desequilíbrio de fases, ou mesmo as correntes harmônicas, recomendações resulta no cumprimento de outras.
enquanto o condutor PE continua como componente para interligação Assim como no aterramento, cujo eletrodo deve ser
de elementos metálicos, normalmente desenergizados, ao eletrodo de único para todos os componentes a serem aterrados em uma
aterramento. Reconectar o neutro ao PE após a separação, significa edificação, a equipotencialização tem por principio reunir,
transferir as correntes elétricas já mencionadas para esse condutor. direta ou indiretamente, todos os elementos metálicos
existentes nessa edificação em um único ponto. Esse conceito
16.6 Equipotencialização é denominado “equipotencialização principal”.
Cada edificação deve possuir uma equipotencialização
A NBR 5410 define equipotencialização, em 3.3.1como: principal e tantas equipotencializações suplementares quantas
“Procedimento que consiste na interligação de elementos forem necessárias.
especificados, visando obter a equipotencialidade necessária Em 6.4.2.1.1, a NBR 5410 especifica que em cada edificação
para os fins desejados. Por extensão, a própria rede de deve ser realizada uma equipotencialização principal, reunindo
elementos interligados resultante. A equipotencialização é os seguintes elementos (Figura 121):
um recurso usado na proteção contra choques elétricos e na
110 proteção contra sobretensões e perturbações eletromagnéticas. a) as armaduras de concreto armado e outras estruturas
Uma determinada equipotencialização pode ser satisfatória metálicas da edificação (Figura 123);
3.d
Detalhe A (**)
3
EC
BEP
f) os condutores de interligação provenientes de outros Figura 123 – Detalhe de ligação equipotencial da armadura do concreto
eletrodos de aterramento porventura existentes ou previstos no
entorno da edificação; Em um local onde haja várias edificações, por exemplo, em
indústrias, condomínios horizontais ou verticais, clubes, etc., deve
g) os condutores de interligação provenientes de eletrodos de haver tantas equipotencializações principais quantas forem as
aterramento de edificações vizinhas, nos casos em que essa edificações existentes. Ou seja, cada edificação deve ter sua própria
interligação for necessária ou recomendável; equipotencialização principal.
Atendendo não só aos requisitos de equipotencialização, mas
h) o condutor neutro da alimentação elétrica, salvo se não proteção contra choques, sobrecorrentes e também para fins de
existente ou se a edificação tiver de ser alimentada, por compatibilidade eletromagnética todos os circuitos, inclusive
qualquer motivo, em esquema TT ou IT ; trifásicos sem o condutor de neutro, devem ser providos de
condutor PE.
i) os condutores de proteção principais da instalação elétrica A equipotencialização principal de uma instalação tem como
principio a união direta ou indireta de massas metálicas a um
111
(interna) da edificação.
único ponto e deste ponto parte então a interligação para o eletrodo
A Figura 122 mostra a maneira de realizar a de aterramento. Esse ponto chama-se BEP – Barramento de
equipotencialização em função do esquema de aterramento. Equipotencialização Principal.
N PE PE PE PE N PE PE PE
Quadro de Quadro de
distribuição distribuição
principal principal
barra PE barra PE
Detalhe A Detalhe A
BEP
BEP
PEN N
NBR 5410
Esquema TN Esquema TT
Local
Suplementar
Principal
BEL Barra
Suplementar
BEP
Infraestrutura de aterramento
S=
As ligações aos barramentos de equipotencialização devem ser onde: k
feitas através de conexões mecânicas apropriadas e individualmente e
devem ser providas de sinalização, segundo 6.4.2.1.5 da NBR 5410. S é a seção do condutor (mm2), em milímetros quadrados;
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
SPDA
Local específico
Massas
metálicas
TAT
BEP
Aterramento
Figura 125 – Posicionamento preferencial do BEP e dos demais barramentos de equipotencialização.
I é o valor (eficaz) da corrente de falta que pode circular pelo condutor de fase. Nesta situação, o dispositivo de proteção do
dispositivo de proteção, para uma falta direta (A); circuito em questão estará protegendo contra esta sobrecorrente
t é o tempo de atuação do dispositivo de proteção, em segundos; (falta fase-PE) dois condutores de seções diferentes (por exemplo, 113
k é o fator que depende das temperaturas iniciais e finais e do SFASE = 120 mm2 / SPE = 70 mm2). Naturalmente, estes condutores
material: do condutor de proteção, de sua isolação e outras partes. suportam energias diferentes e, desta forma, seria possível,
teoricamente, haver danos ao condutor de proteção mesmo com a
As tabelas 53 a 57 da NBR 5410 dão os valores de k para existência de um dispositivo que atue no caso de corrente de falta.
condutores de proteção em diferentes condições de uso ou serviço. Isto porque, via de regra, existe apenas um dispositivo de proteção
Para a aplicação desta expressão com o objetivo de contra sobrecorrentes em cada circuito, o qual é responsável pelas
determinação a seção do condutor de proteção é necessário, dentre atuações em sobrecarga e curto-circuito (entre fases e fase-PE).
outras condições, conhecer o valor da corrente de falta presumida Como alternativa ao cálculo indicado, a seção do condutor de
(I) entre fase e condutor de proteção. Mas aqui há um problema proteção pode ser determinada por uma simples consulta à tabela 58
de ordem prática, uma vez que para a determinação da corrente da norma (Tabela 38 deste guia), que relaciona a seção do PE com
de falta é imprescindível conhecer as impedâncias que fazem a seção do condutor de fase correspondente. Os valores da Tabela
parte do caminho desta corrente, o que, necessariamente, inclui a x são válidos apenas se o condutor de proteção for constituído do
impedância do condutor de proteção. No entanto, esta impedância mesmo metal que os condutores de fase. Caso não seja, sua seção
é função da seção do condutor de proteção, que é exatamente o deve ser determinada de modo que sua condutância seja equivalente
elemento que se quer determinar com o uso da expressão anterior. à da seção obtida pela tabela.
Assim sendo, o requisito de 6.4.3.1.2 tem pouca ou nenhuma
Tabela 38 - Seção mínima do condutor de proteção
aplicação prática na determinação da seção do condutor de proteção.
Seção dos condutores de fase S Seção mínima do condutor de proteção
A utilidade da expressão pode estar apenas na determinação do mm2 correspondente mm2
tempo de atuação (t) do dispositivo de proteção responsável pelo S ≤ 16 S
seccionamento automático, uma vez conhecidos os valores de S, I 16 < S ≤ 35 16
e k. Desta forma, é possível verificar se o dispositivo de proteção S > 35 S/2
Esta verificação, raramente feita nos projetos, é particularmente Tabela 38 é recorrente nas várias edições da norma e sua aplicação
importante nos casos em que a seção do condutor de proteção é é imediata nos casos em que cada circuito tem seu próprio condutor
menor (em geral, aproximadamente a metade) do que a seção do de proteção (Figura 126).
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
Figura 126: caso em que cada circuito tem seu próprio condutor de proteção (PE)
Figura 127: caso em que cada o condutor de proteção (PE) é comum a mais de um circuito
Nos casos previstos em 6.4.3.1.5 da norma, é permitido que Tabela 39 – Correntes suportadas por condutores isolados em PVC em 1 ciclo
Tabela x - Correntes suportadas por condutores isolados em PVC em 1 ciclo
um condutor de proteção seja comum a dois ou mais circuitos, S (mm2) I (kA)
desde que esteja instalado no mesmo conduto que os respectivos 1,5 1,7
condutores de fase. Nestes casos, indica-se que a seção do condutor 2,5 2,8
4 4,4
114 PE deve ser selecionada conforme a Tabela 38, com base na maior
6 6,6
seção de condutor de fase desses circuitos. (Figura 127).
10 11,1
Embora não esteja tratado de modo explícito no texto da norma, nos
16 17,7
casos em que um dado circuito é composto por cabos em paralelo por
25 27,7
fase, sob o ponto de vista elétrico pode se considerar cada conjunto de
35 38,8
condutores vivos (ABCN) como um circuito independente para efeito de
50 55,4
aplicação da prescrição de 6.4.3.1.5. Assim, por exemplo, se um circuito
70 77,5
tem 3 cabos por fase 120 mm2, considera-se como se 3 circuitos de 120
95 105,2
mm2 estivessem instalados no mesmo conduto, sendo então 120 mm2
120 132,9
a maior seção de condutor de fase desses circuitos, resultando em um 150 166,2
condutor de proteção de 70 mm2 de seção nominal (120 / 2 = 60 mm2). 185 204,9
É importante entender que, ao permitir o compartilhamento do 240 265,8
condutor de proteção por mais de um circuito e determinar que se
considere a maior seção do condutor de fase dentre esses circuitos, 21 são elevadas, o que demonstra que a seleção destes condutores
a norma pressupõe que a pior falta fase-PE ocorrerá entre apenas pelo uso da tabela resulta num dimensionamento bastante adequado.
um condutor de fase de maior seção e o PE, sem a possibilidade Por exemplo, um condutor PE de 16 mm2 isolado em PVC suporta
de ocorrência de duas faltas ou mais entre fases e o condutor de por 1 ciclo uma corrente de falta fase-PE de 17,7 kA. Mesmo nos
proteção. Na prática, esta suposição é bastante real e razoável. casos das seções menores (abaixo de 10 mm2), as correntes ainda
Para verificar se a tabela 21 indica valores adequados, pode-se são altas considerando-se que, provavelmente, tais condutores
fazer um exercício simples, verificando-se os valores de corrente de servem a circuitos terminais, que possuem naturalmente uma
falta que seriam suportados pelos condutores de proteção isolados elevada impedância com conseqüentes correntes de falta reduzidas.
em PVC e protegidos por dispositivos de proteção que atuassem
no caso de faltas fase-PE em tempos de 1 ciclo (DRs, fusíveis e 16.8.2 Condutor de aterramento
disjuntores operam geralmente abaixo deste tempo). Assim, usando
a expressão de 6.4.3.1.2, com t = 1/60 s (1 ciclo) e k = 143 (isolação O condutor de aterramento deve ser dimensionado conforme
NBR 5410
em PVC), tem-se os resultados da Tabela 39. as mesmas prescrições do condutor de aterramento, porém a seção
Note-se nos valores da tabela que as correntes de falta fase-PE resultante deve ser maior ou igual à seção indicada na Tabela 52
suportadas pelos condutores de proteção dimensionados pela tabela (Tabela 40 deste guia).
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
Aço: 80 mm2
SECCIONAMENTO
INDIVIDUAL
INTERRUPTOR DR
PROTEÇÃO DR 63A/30MA
63A 16A
ABC ABC A
6 TOMADAS GARAGEM ILM. BANHO
#2.5
16A
16A
C 7 TOMADA GARAGEM 2P+T
1 ILUMINAÇÃO GARAGEM #2.5
60HZ - ICC=60KA
3F + N - 220/127V
#2.5 50A
16A A
B 8 CHUVEIRO ELÉTRICO
SECCIONAMENTO 2 ILUMINAÇÃO GARAGEM #10.0
#2.5 50A
COMUM 16A
A 9 CHUVEIRO ELÉTRICO
3 ILUMINAÇÃO GARAGEM
#2.5 #10.0
63A 16A
VEM DO QDC ABC C R
DO CONDOMÍIO
4 ILUMINAÇÃO VIGIA
# 16.0 # 16.0 #2.5
16A
B R
5 ILUMINAÇÃO BOX
3F + N + - 220/127V
#2.5
60HZ - ICC=60KA
16A
AC SENSORES DE PRESENÇA QUADRO DE
10 PTO FORÇA PORTÃO ELETRÔNICO NA PLANTA
#2.5 CONTATORES
10A
BA 9 k1
NBR 5410
CIRC.11 A
#1.0 #1.0
no condutor neutro. Portanto, quando for necessário comandar o contínuo, regime de curta duração e regime intermitente.
neutro de um circuito por qualquer razão funcional, devem ser Os motores normalmente são projetados para suportar o
utilizados dispositivos multipolares. regime S1, que é aquele no qual o motor é submetido a uma
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
carga constante por um período de tempo suficiente para atingir que o motor possa trabalhar com ligação em dupla tensão, por
o equilíbrio térmico. exemplo, 220/380 V, 380/660 V ou 440/760 V. Além disso, os
O regime de serviço deve ser cuidadosamente observado na motores deverão ter, no mínimo, seis bornes de ligação.
especificação do motor, pois implica diretamente na temperatura Na ligação estrela, a corrente fica reduzida em cerca de 25%
de operação do motor e consequentemente na integridade do a 33% da corrente de partida na ligação triângulo e a curva do
sistema de isolamento. conjugado também é reduzida na mesma proporção. Por isso, a
partida estrela-triângulo normalmente é indicada para uso com
18.2 Limitação das perturbações devidas à partida de motores motor de conjugado elevado, em partidas em vazio, com carga
parcial, ou com aplicação da carga mecânica somente depois de
Durante a partida direta dos motores usuais, a corrente no ter sido atingida a rotação nominal.
circuito elétrico aumenta significativamente (da ordem de 5 a
10 vezes a corrente nominal) e, por conta disso, o motor pode Chave compensadora
provocar perturbações nas redes elétricas, sejam internas do
consumidor ou na rede da concessionária. Diferentemente da chave estrela-triângulo, a chave
Assim, os equipamentos a motor não devem, durante sua compensadora pode ser usada para a partida de motores sob
partida, causar perturbações inaceitáveis na rede de distribuição, carga. Ela reduz a corrente de partida, deixando, porém, o motor
na instalação propriamente dita e nos demais equipamentos. com um conjugado suficiente para a partida e aceleração.
Algumas destas perturbações incluem afundamentos de tensão A tensão na chave compensadora é reduzida através de um
e flicker (ver parte 22 deste guia). autotransformador que possui normalmente tapes de 50, 65 e
Em particular, devem ser consultadas as concessionárias 80% da tensão nominal.
sobre as condições de fornecimento de energia no caso da
partida direta de motores com potência acima de 3,7 kW (5 cv), Sistema eletrônico de partida suave (soft-starter)
em instalações alimentadas por rede pública em baixa tensão.
Caso a partida escolhida seja direta, a plena tensão, ela é O sistema eletrônico de partida suave (“soft-starter”) é um
feita por meio de um dispositivo de comando, geralmente um dispositivo formado basicamente por uma ponte de tiristores
contator. Existem conjuntos pré-montados, para a partida direta (SCR) que controlam a corrente de partida de motores de
de motores, que reúnem no mesmo invólucro o dispositivo de corrente alternada trifásica. Através da variação do ângulo de
118 comando (por exemplo, contator tripolar), o dispositivo de disparo dos SCRs da ponte, consegue-se variar progressivamente
proteção contra correntes de sobrecarga (por exemplo, relé o valor da tensão eficaz aplicada nos terminais do motor. Assim,
bimetálico) e o dispositivo de proteção do circuito terminal pode-se controlar muito bem a corrente de partida do motor,
contra correntes de curtos-circuitos (por exemplo, dispositivo proporcionando uma “partida suave”, de forma a minimizar os
fusível). Esses dispositivos são chamados de chaves de partida distúrbios.
direta de motores. As principais aplicações de soft-starters incluem as bombas
Durante a partida de motores de potência mais elevada, centrífugas, ventiladores, exaustores, sopradores, compressores de ar,
quando a corrente no circuito aumenta muito, a queda de misturadores, aeradores, centrífugas, serras e plainas, transportadores
tensão nos demais pontos de utilização da instalação não deve de carga, escadas rolantes, esteiras de bagagem, etc.
ultrapassar os valores indicados pela NBR 5410 e apresentados
no capítulo 15 deste guia. 18.3 Dimensionamento dos circuitos de motores
Para minimizar as perturbações em geral e reduzir a queda
de tensão durante a partida, recorre-se à utilização de sistemas O dimensionamento de um circuito de motor de acordo com
de partida de motores. Uma vez que os dispositivos de partida, a NBR 5410 inclui os elementos indicados na Figura x:
independentemente do tipo, alteram a tensão e a corrente
elétrica durante o tempo de partida, afetando assim o torque • Condutores do circuito terminal;
do motor, a escolha do sistema de partida mais adequado para • Dispositivo de proteção do circuito terminal contra correntes
uma determinada aplicação deve levar em conta o tipo de carga de curto-circuito (geralmente um dispositivo fusível);
mecânica a ser acionada. Também devem ser considerados os • Dispositivo de seccionamento para desligar o circuito terminal,
tempos de aceleração e de rotor bloqueado quando se utiliza a o dispositivo de comando e o motor. Em geral, são usados chaves
partida com tensão reduzida. seccionadoras e interruptores;
• Dispositivo de comando para partir e parar o motor (geralmente
Os tipos mais utilizados de dispositivos de partida indireta
um contator);
são os seguintes:
• Dispositivo de proteção do motor contra correntes de sobrecarga
NBR 5410
Quando um motor possuir característica nominal com mais • Disjuntores equipados apenas com disparadores de
de uma potência e/ou velocidade, o condutor a ser escolhido sobrecorrente instantâneos, com corrente de disparo magnético
deverá ser o que resulte em maior seção, quando considerada maior que a corrente de rotor bloqueado do motor, porém não
individualmente cada potência e velocidade. superior a 12 vezes a corrente nominal do motor; ou
Os condutores que alimentam dois ou mais motores devem • Dispositivos fusíveis com característica gM ou aM, com
ter capacidade de condução de corrente não inferior à soma das corrente nominal inferior ao valor obtido multiplicando-se a
capacidades determinadas para cada motor mais as correntes corrente de rotor bloqueado do motor pelo fator indicado na
nominais das outras cargas (IL) eventualmente alimentadas pelo Tabela 42.
mesmo circuito.
Tabela 42 - Fator para a determinação da corrente nominal
máxima de fusíveis tipo ‘gM’
esse quadro é dado o nome de TTA, por ter sido totalmente testado • Corrente nominal (A)
em relação aos ensaios de tipo. A partir deste ponto, todos os demais • Capacidade de curto-circuito (kA)
quadros produzidos a partir do projeto original do quadro TTA também • Grau de proteção – IP
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
Devem ser previstos espaços de reserva no interior dos quadros 19.4.4 I nstalação e graus de proteção
d) Seleção, ajuste e localização dos dispositivos de proteção: de identificação clara e indelével dos componentes elétricos e
as características nominais e os eventuais ajustes de todos os a sua correspondência com o projeto elétrico. Por exemplo, os
dispositivos de proteção determinados em projeto devem ser projetos costumam identificar nos esquemas os quadros, circuitos,
cuidadosamente verificados uma vez que, inadvertidamente, dispositivos e equipamentos por nomes, letras e/ou números
eles podem ser alterados durante a execução da instalação. (conforme Figura 135), os quais devem ser marcados nos
Em particular, nos casos de dispositivos de proteção respectivos componentes instalados em obra. Essa identificação é
multifuncionais, deve-se verificar também se o ajuste indicado fundamental para a realização segura, ágil e eficaz das atividades
no projeto está aplicado no dispositivo adequado, pois é possível de manutenção e operação da instalação elétrica.
que, de forma acidental, sejam invertidos os parâmetros de
ajustes entre diferentes funções de um mesmo relé. Outro h) presença das instruções, sinalizações e advertências requeridas:
ponto de atenção é com relação à verificação da capacidade de a verificação desse item garante que os documentos e esquemas
interrupção nominal dos dispositivos de proteção instalados, sejam mantidos à disposição do pessoal de operação e manutenção
que deve ser a mesma indicada em projeto; da instalação, além de autoridades que vierem a fiscalizar a obra.
Em relação apenas ao atendimento da NBR 5410, a documentação
e) Presença dos dispositivos de seccionamento e comando, mínima que deve estar permanentemente disponibilizada
sua adequação e localização: essa verificação tem por objetivo no local, na versão “as built”, é aquela indicada em 6.1.8 da
principal avaliar as condições de montagem dos dispositivos norma, que é a seguinte: plantas; esquemas (unifilares e outros
em relação à posição, condições de acesso, ventilação, que se façam necessários); detalhes de montagem; memorial
afastamentos e demais aspectos relativos ao correto emprego descritivo; especificação dos componentes: descrição sucinta
dos componentes. do componente, características nominais e normas a que devem
atender. Embora não seja obrigatório para efeito de verificação
f) adequação dos componentes e das medidas de proteção às da conformidade conforme a Seção 7 da NBR 5410, pode ser útil
condições de influências externas existentes: após a montagem, que o comissionamento solicite (ou faça um alerta), além dos
mesmo que ela tenha sido fiel ao projeto executivo original, e documentos anteriores, aqueles que são solicitados na NR-10
ainda que tenha passado pelo crivo do “as built”, é possível que relativos ao chamado “Prontuário de instalações elétricas” (ver
existam condições externas que possam afetar o funcionamento, item 2 na parte deste Guia relativa à NR-10).
desempenho e vida útil dos componentes. Dessa forma, além de
conferir as especificações dos componentes e suas adequadas i) execução das conexões: o profissional encarregado da 123
instalações conforme previsto no projeto, a verificação verificação deve avaliar visualmente se as conexões de
em questão deve estar atenta a outras influências externas cabos elétricos a barramentos, terminações, buchas ou entre
importantes presentes no local que não foram consideradas. barramentos e isoladores, etc. estão adequadamente executados.
Sempre que necessário deve-se recorrer às instruções de
g) identificações dos componentes: deve ser verificada a existência montagem dos fabricantes.
PROTEÇÃO DR
63A 16A
ABC ABC A
6 TOMADAS GARAGEM ILM. BANHO
#2.5
16A
16A
C 7 TOMADA GARAGEM 2P+T
1 ILUMINAÇÃO GARAGEM #2.5
60HZ - ICC=60KA
3F + N - 220/127V
#2.5 50A
16A A
B 8 CHUVEIRO ELÉTRICO
SECCIONAMENTO 2 ILUMINAÇÃO GARAGEM #10.0
#2.5 50A
COMUM 16A
A 9 CHUVEIRO ELÉTRICO
3 ILUMINAÇÃO GARAGEM
#2.5 #10.0
63A 16A
VEM DO QDC ABC C R
DO CONDOMÍIO
4 ILUMINAÇÃO VIGIA
# 16.0 # 16.0 #2.5
16A
B R
5 ILUMINAÇÃO BOX
3F + N + - 220/127V
#2.5
60HZ - ICC=60KA
16A
AC SENSORES DE PRESENÇA QUADRO DE
10 PTO FORÇA PORTÃO ELETRÔNICO NA PLANTA
#2.5 CONTATORES
10A
BA 9 k1
CIRC.11 A
NBR 5410
#1.0 #1.0
j) acessibilidade: essa verificação tem por objetivo principal e 24 V, sendo que a corrente de ensaio deve ser de, no mínimo 0,2
avaliar as condições de acesso e operação dos dispositivos A. Usualmente são utilizados instrumentos de medição específicos
em relação aos espaçamentos mínimos e áreas de circulação para a finalidade (chamados de terrômetros) com configuração a
necessárias para garantir a segurança dos trabalhadores e o quatro fios (dois para corrente elétrica e dois para tensão). Essa
correto manuseio dos componentes. configuração diminui ou evita o erro provocado pela resistência
própria dos cabos utilizados no ensaio e de seus respectivos
20.3 Ensaios contatos. Podem ser utilizados também miliohmimetros ou
microohmimetros de quatro terminais. No caso de utilização
Conforme 7.3, os ensaios da instalação devem ser de instrumentos independentes, deve-se atentar para a corrente
realizados com valores compatíveis aos valores nominais mínima que eles podem injetar.
dos equipamentos utilizados e o valor nominal de tensão da
instalação. No caso de não-conformidade em qualquer dos b) R esistência de isolamento da instalação elétrica
ensaios, este deve ser repetido, após a correção do problema,
bem como todos os ensaios precedentes que possam ter sido Por definição, resistência de isolamento é o valor da
influenciados. resistência elétrica entre duas partes condutoras separadas por
A NBR 5410 apresenta algumas sugestões de métodos de materiais isolantes.
ensaio, porém outros procedimentos podem ser utilizados, A resistência de isolamento deve ser medida entre os
desde que, comprovadamente, produzam resultados confiáveis condutores vivos, tomados dois a dois e entre cada condutor
e acordados entre as partes envolvidas no processo de vivo e a terra. Em geral, os instrumentos que medem essa
comissionamento da instalação. No caso de se utilizar métodos grandeza são chamados de “megômetro”, em português ou
de ensaios diferentes daqueles indicados na NBR 5410, “megger” em inglês, porque os valores obtidos são sempre da
recomenda-se que as justificativas que levaram a essa escolha ordem de megaohms.
sejam incluídas no relatório final. As medições devem ser realizadas com corrente contínua e
Deve-se destacar que o ensaio de partes da instalação o equipamento de ensaio deve ser capaz de fornecer a tensão
ou de componentes em separado não substitui a realização de ensaio especificada na tabela 60 da norma (Tabela 44 deste
dos ensaios listados anteriormente, os quais abrangem a guia) com uma corrente de 1 mA.
instalação elétrica completa. Com efeito, já foram verificadas Quando o circuito incluir dispositivos eletrônicos, o ensaio
124 situações em que, apesar dos equipamentos ainda não ligados à deve se limitar apenas à medição entre a terra, de um lado, e
instalação possuírem níveis de isolamento adequados ou dentro a todos os demais condutores interligados, de outro, a fim de
de limites e tolerâncias, após a sua montagem em posição final evitar danos aos dispositivos eletrônicos.
e a realização das interligações ao sistema elétrico, o resultado Quando se mede resistência de isolamento, não é
desse nível de isolamento se mostrou precário ou abaixo dos conveniente usar um multímetro comum, pois a sua tensão
limites estabelecidos. . interna é muito baixa, resultando em erros grosseiros de
Os ensaios indicados na norma visam também a detectar (e medição.
sanar) uma situação comum que é a ocorrência de problemas A resistência de isolamento é considerada satisfatória se
durante o transporte dos equipamentos até a obra, ocasionando o valor medido no circuito sob ensaio, com os equipamentos
danos internos não detectados numa inspeção visual, mas que de utilização desconectados, for igual ou superior aos valores
ficam evidenciados quando da realização dos ensaios. Podem mínimos especificados na Tabela 44.
acontecer também problemas na montagem, esquecimento de Tabela 44 - Valores mínimos de resistência de isolamento
ferramentas no interior do equipamento ou até mesmo danos Tensão nominal do Tensão de ensaio Resistência
circuito V (V em corrente de isolamento
à isolação ou partes internas e móveis dos acionamentos e contínua) MW
mecanismos. SELV e extrabaixa tensão funcional, quando o 250 ≥ 0,25
circuito for alimentado por um transformador de
Para efeito de conformidade com a NBR 5410, os ensaios
segurança (5.1.2.5.3.2) e atender aos requisitos
mínimos a serem realizados são os seguintes: de 5.1.2.5.4
O ensaio de continuidade dos condutores de proteção Existem alguns fatores apresentados a seguir que podem
deve verificar se o aterramento principal, os trechos de influenciar o valor da resistência de isolamento de forma acentuada,
conexão entre equipamentos e malhas de terra, as ligações de e que deverão ser levados em conta para uma correta interpretação
equipotencialização previstas no projeto existem e se estão dos testes.
NBR 5410
quando depositados sobre a superfície dos isolantes e superfícies Os anexos H, J, K e L da norma fornecem explicações sobre
não isoladas, como conectores, coletores, etc. reduzem a estes procedimentos.
resistência de isolamento superficial. Por outro lado, materiais não
condutores podem fazer-se condutores quando mesclados com e) ensaio de tensão aplicada
óleos e graxas. Isto alcança importância especial nas máquinas de
coletor, devido à grande quantidade de material condutor exposto. O ensaio de tensão aplicada deve ser realizado nos quadros de
Por esta razão o dielétrico deverá estar perfeitamente limpo, antes distribuição construídos ou montados no local, sendo o valor da
da realização dos testes. tensão de ensaio aquele indicado nas normas aplicáveis ao conjunto
ou montagem, como se fosse um produto pronto de fábrica.
• Umidade superficial Na ausência de Norma Brasileira e IEC, as tensões de ensaio
Indiferentemente da limpeza, quando o dielétrico estiver a uma devem ser as indicadas na tabela 61 da norma (Tabela 45 neste
temperatura inferior ao ponto de orvalho, será formado um filme guia), para o circuito principal e para os circuitos de comando e
de umidade condensada sobre a superfície, que será absorvida auxiliares. Quando não especificado diferentemente, a tensão de
pelos materiais isolantes, devido às suas higroscopias (capacidade ensaio deve ser aplicada durante 1 min. Existem fontes de alta
de absorver umidade do ar ou de outros elementos por simples tensão disponíveis no mercado especificamente fabricadas para a
exposição ou contato). A condensação será mais agressiva no caso realização de ensaios de tensão aplicada, usualmente conhecidas
em que os materiais se encontrem com a superfície suja. Neste caso, por “Hipot”, em inglês.
o valor da resistência de isolamento será muito pequena. Durante o ensaio não devem ocorrer arcos nem falhas da
isolação.
• Temperatura Tabela 45 - Ensaio de tensão aplicada - Valores da tensão de ensaio (V)
A resistência de isolamento varia extraordinariamente com U1) Isolação Isolação Isolação
a temperatura. Nas máquinas rotativas, por exemplo, pode ser (V eficaz) básica suplementar reforçada
resistência de isolamento se reduz à metade. Para poder comparar 133 1 000 1 000 1 750
os valores de resistência de isolamento ao longo da vida útil dos 230 1 500 1 500 2 750
equipamentos é necessário que os resultados dos diferentes testes 400 2 000 2 000 3 750
sejam corrigidos para o mesmo valor de temperatura. Para cada 690 2 750 2 750 4 500
tipo de componente, existem tabelas nas suas normas técnicas que 1 000 3 500 3 500 5 500
125
fornecem estes fatores de correção.
f) ensaios de funcionamento
c) resistência de isolamento das partes da instalação objeto de
SELV, PELV ou separação elétrica As montagens tais como quadros, acionamentos, controles,
intertravamentos, comandos etc. devem ser submetidas a um ensaio
A isolação básica e a separação de proteção, implícitas no uso de de funcionamento para verificar se o conjunto está corretamente
SELV ou PELV (conforme 5.1.2.5 da norma) e no uso da separação montado, ajustado e instalado em conformidade com a norma e o
elétrica individual (conforme 5.1.2.4), devem ser verificadas por projeto.
medição da resistência de isolamento. Os valores de resistência de Neste caso, devem ser simuladas todas as possíveis combinações
isolamento devem ser medidos da mesma forma que no caso b) de operação previstas no projeto, tais como desligamento e
anterior, e os valores obtidos devem ser iguais ou superiores aos transferência de cargas, atuação de relés e alarmes, etc. de modo a
valores mínimos especificados na Tabela x. verificar o correto funcionamento do conjunto.
Durante a realização dos ensaios de funcionamento do conjunto,
d) seccionamento automático da alimentação
pode ser necessário avaliar o comportamento de alguns dispositivos
de proteção individualmente para verificar se estão corretamente
No caso do esquema de aterramento TN, essa parte da inspeção instalados e ajustados.
compreende a medição da impedância do percurso da corrente de
falta, a verificação visual das características nominais do dispositivo de 21 Manutenção
proteção associado e o ensaio de funcionamento do dispositivo DR .
A medição da impedância pode ser substituída pela medição Os aspectos gerais de manutenção das instalações elétricas de
da resistência dos condutores de proteção, mas tanto a medição baixa tensão são tratados na seção 8 da NBR 5410, que estabelece
da impedância do percurso da corrente de falta quanto a medição as diretrizes básicas para as equipes de manutenção e operação.
da resistência dos condutores de proteção podem ser dispensadas, Entende-se por manutenção as ações que venham a contribuir
se os cálculos da impedância do percurso da corrente de falta para prever, evitar ou corrigir desvios de operação e continuidade
NBR 5410
ou da resistência dos condutores de proteção forem disponíveis de trabalho apresentado por uma instalação ou equipamento. Nos
e a disposição da instalação for tal que permita a verificação do casos de ausência da ação corretiva, é possível que haja a diminuição
comprimento e da seção dos condutores. ou perda de desempenho e funcionamento de um equipamento ou
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
do todo, o risco de parada de um processo e, principalmente, pode As rotinas de inspeção básicas para equipamentos elétricos
haver um risco a integridade física dos profissionais ou pessoas em operação normal envolvem, de uma forma geral, avaliar o
que venham a ter contato direto ou indireto com essa instalação aquecimento dos equipamentos elétricos e a sua limpeza. No caso
defeituosa. das máquinas elétricas rotativas, também é interessante verificar-se
vibrações e ruídos anormais, temperatura dos mancais, superfície
21.1 Condições gerais de manutenção do estator e do rotor (inspeção visual para determinar a presença de
alguma contaminação ou ferrugem, bem como lascas, borbulhas e
Sempre que aplicável, a instalação a ser verificada deve ser arranhões).
desenergizada. Os casos em que não seria aplicável a desenergização A NBR 5410 determina que devem ser inspecionados o estado
podem estar relacionados com aspectos operacionais complexos dos cabos e seus respectivos acessórios, assim como os dispositivos
ou custos elevados de paradas de produção e indústrias, centros de fixação e suporte, observando sinais de aquecimento excessivo,
de processamento de dados, áreas de segurança, etc. Além disso, rachaduras, ressecamento, fixação, identificação e limpeza.
podem existir questões de segurança e saúde das pessoas afetadas Deve ainda ser verificada a estrutura do conjunto de manobra e
por essa parada do equipamento, como em instalações assistenciais controle (quadros), observando seu estado geral quanto à fixação,
de saúde, por exemplo. A NR-10 traz uma série de medidas para danos na estrutura, pintura, corrosão, fechaduras e dobradiças.
segurança dos trabalhadores que executam serviços de manutenção Deve ser verificado o estado geral dos condutores e dispositivos de
em redes energizadas (ver parte deste Guia relativa à NR-10). aterramento. No caso de componentes com partes internas móveis,
A NR-10 prescreve que, após a manobra de desenergização, devem ser inspecionados, quando o componente permitir, o estado
caso ela ocorra, todas as partes vivas devem ser ensaiadas quanto à dos contatos e das câmaras de arco, sinais de aquecimento, limpeza,
presença de energia mediante dispositivos de detecção compatíveis fixação, ajustes e aferições. Se possível, devem ser realizadas
ao nível de tensão da instalação. algumas manobras no componente, verificando seu funcionamento.
Todo equipamento e/ou instalação desenergizado deve ser No caso de componentes fixos, deve ser inspecionado o estado
aterrado, lembrando-se que, antes de proceder ao aterramento, deve- geral, observando sinais de aquecimento, fixação, identificação,
se garantir que não haja carga residual ou cumulativa, efetuando-se ressecamento e limpeza.
primeiro a sua descarga elétrica (pode ser o caso de aterramento A análise de temperatura é a técnica de medições térmicas para
de capacitores). Após a desenergização, toda instalação e/ou todo levantamento da temperatura de operação de equipamentos, buchas,
equipamento desenergizado deve ser bloqueado e identificado. conexões e conectores, etc. As técnicas termográficas (termografia e
126 Os dispositivos e as disposições adotados para garantir termovisão) servem para identificar pontos quentes em instalações
que as partes vivas fiquem fora do alcance podem ser retirados elétricas e detecção de falhas em isolamentos térmicos.
para uma melhor verificação, devendo ser impreterivelmente A NBR 5410 prescreve que, na atividade de manutenção
restabelecidos ao término da manutenção. Além disso, deve-se preventiva, devem ser efetuados os ensaios de continuidade dos
garantir a confiabilidade dos instrumentos de medição e do ensaio, condutores de proteção, incluindo as equipotencializações principal
calibrando-os conforme orientação do fabricante. e suplementares; ensaio de resistência de isolamento; verificação
Os acessos de entrada e saída aos locais de manutenção devem do funcionamento dos dispositivos de proteção; e os ensaios de
ser desobstruídos, sendo obrigatória a inclusão de sinalização funcionamento. Todos estes procedimentos seguem as prescrições
adequada que impossibilite a entrada de pessoas que não sejam BA4 indicadas em 20.3 deste guia.
e BA5, chamadas, respectivamente, de capacitadas e habilitadas na
NR-10. Manutenção corretiva
A NR-10 prescreve que é obrigatório o uso de EPC (equipamentos
de proteção coletiva) e EPI (equipamentos de proteção individual) A manutenção corretiva é aquela que é efetuada após a
apropriados, em todos os serviços de manutenção das instalações ocorrência de uma pane, destinada a recolocar um item em
elétricas de baixa tensão e os envolvidos no serviço devem ter condições de executar uma função requerida.
conhecimento dos procedimentos que vierem a ser executados. Toda instalação ou parte dela, que por qualquer motivo coloque
em risco a segurança dos seus usuários, deve ser imediatamente
21.2 Condições específicas de manutenção desenergizada, no todo ou na parte afetada, e somente deve ser
recolocada em serviço após reparação satisfatória. O atendimento
Periodicidade aos procedimentos para realização de serviços indicados na NR-10
garantem o atendimento desta prescrição da NBR 5410 (ver parte
A periodicidade da manutenção deve adequar-se a cada tipo deste Guia relativa à NR-10).
de instalação, considerando-se, entre outras, a sua complexidade e Toda falha ou anomalia constatada nas instalações,
importância, as influências externas e a vida útil dos componentes. componentes ou equipamentos elétricos, ou em seu funcionamento,
Manutenção preventiva deve ser comunicada à pessoa qualificada (BA5), para fins de
NBR 5410
A manutenção preventiva é aquela efetuada em intervalos reparação, notadamente quando os dispositivos de proteção contra
predeterminados, ou de acordo com critérios prescritos, destinada a reduzir sobrecorrentes ou contra choques elétricos atuarem sem causa
a probabilidade de falha ou a degradação do funcionamento de um item. conhecida.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
500 100
75
V o lt s
Amperes
250
50
0 25
400 H a r m o n ic s 3 5 7 9 11 13
C u rren tL1 2 4 ,9 1 ,7 1 7 7 ,1 1 ,7 5 4 ,8 1 ,2 7 ,0 1 ,2 1 5 ,5 0 ,9 2 ,5
Volts
C u rren tL2 3 7 ,1 1 ,8 1 6 8 ,5 2 ,0 4 1 ,4 1 ,4 1 4 ,3 0 ,6 2 6 ,6 0 ,4 4 ,0
C u rren tL3 3 3 ,7 1 ,9 1 5 9 ,5 0 ,8 4 8 ,4 0 ,9 1 9 ,3 0 ,1 2 3 ,2 0 ,8 3 ,0
200 M in 1 7 ,7 0 ,1 1 5 1 ,8 0 ,1 3 3 ,4 0 ,1 1 ,1 0 ,1 8 ,8 0 ,0 0 ,1
Max 7 2 ,8 1 5 ,6 1 8 3 ,2 1 0 ,9 7 2 ,1 7 ,4 2 8 ,8 8 ,2 3 6 ,2 5 ,3 9 ,8
L 1 2 V o lta g e 3 ,1 0 ,4 2 7 ,2 0 ,6 1 2 ,8 0 ,2 0 ,8 0 ,2 5 ,5 0 ,4 1 ,2
L 2 3 V o lta g e 2 ,5 0 ,4 2 6 ,4 0 ,2 1 1 ,8 0 ,4 3 ,6 0 ,3 8 ,1 0 ,4 1 ,5
L 3 1 V o lta g e 2 ,0 0 ,3 2 9 ,5 0 ,3 1 2 ,3 0 ,1 2 ,9 0 ,5 6 ,6 0 ,2 1 ,0
0
H a rm o n ic s M in 1 ,2 0 ,0 2 4 ,5 0 ,0 7 ,7 0 ,0 0 ,3 0 ,0 4 ,2 0 ,0 0 ,3
1 3 5 7 9 11 13 15 M a1 x7 4 ,2 1 ,1 3 2 ,1 1 ,1 1 5 ,6 1 ,2 5 ,8 1 ,2 9 ,7 0 ,7 1 ,9
C u rre n t L 1 5 0 7 ,7 2 ,5 2 4 ,9 1 ,7 1 7 7 ,1 1 ,7 5 4 ,8 1 ,2 7 ,0 1 ,2 1 5 ,5 0 ,9 2 ,5 0 ,1 0 ,6 0 ,5 0 ,5 0 ,1
C u rre n t L 2 4 8 4 ,5 3 ,3 3 7 ,1 1 ,8 1 6 8 ,5 2 ,0 4 1 ,4 1 ,4 1 4 ,3 0 ,6 2 6 ,6 0 ,4 4 ,0 0 ,2 1 ,3 0 ,2 1 ,2 0 ,2
C u rre n t L 3 4 1 5 ,2 3 ,9 3 3 ,7 1 ,9 1 5 9 ,5 0 ,8 4 8 ,4 0 ,9 1 9 ,3 0 ,1 2 3 ,2 0 ,8 3 ,0 0 ,2 1 ,1 0 ,3 1 ,1 0 ,3
M in 3 8 7 ,7 0 ,0 1 7 ,7 0 ,1 1 5 1 ,8 0 ,1 3 3 ,4 0 ,1 1 ,1 0 ,1 8 ,8 0 ,0 0 ,1 0 ,0 0 ,1 0 ,0 0 ,1 0 ,0
M ax 5 2 0 ,2 3 4 ,7 7 2 ,8 1 5 ,6 1 8 3 ,2 1 0 ,9 7 2 ,1 7 ,4 2 8 ,8 8 ,2 3 6 ,2 5 ,3 9 ,8 4 ,4 4 ,3 4 ,3 3 ,7 3 ,3
L 1 2 V o l ta g e 4 3 2 ,0 0 ,2 3 ,1 0 ,4 2 7 ,2 0 ,6 1 2 ,8 0 ,2 0 ,8 0 ,2 5 ,5 0 ,4 1 ,2 0 ,2 0 ,5 0 ,1 0 ,3 0 ,2
L 2 3 V o l ta g e 4 2 4 ,3 0 ,4 2 ,5 0 ,4 2 6 ,4 0 ,2 1 1 ,8 0 ,4 3 ,6 0 ,3 8 ,1 0 ,4 1 ,5 0 ,1 0 ,5 0 ,3 0 ,4 0 ,4
L 3 1 V o l ta g e 4 2 4 ,6 0 ,4 2 ,0 0 ,3 2 9 ,5 0 ,3 1 2 ,3 0 ,1 2 ,9 0 ,5 6 ,6 0 ,2 1 ,0 0 ,3 0 ,0 0 ,3 0 ,1 0 ,5
M in 4 2 3 ,6 0 ,0 1 ,2 0 ,0 2 4 ,5 0 ,0 7 ,7 0 ,0 0 ,3 0 ,0 4 ,2 0 ,0 0 ,3 0 ,0 0 ,0 0 ,0 0 ,0 0 ,0
M ax 4 3 3 ,7 1 ,0 4 ,2 1 ,1 3 2 ,1 1 ,1 1 5 ,6 1 ,2 5 ,8 1 ,2 9 ,7 0 ,7 1 ,9 0 ,7 1 ,1 0 ,6 1 ,0 0 ,8
Figura 136 – Histograma que representa o espectro das harmônicas de corrente de um acionamento de 6 pulsos e comportamento das tensões harmônicas no
ponto de ligação. No detalhe o espectro da distorção de tensão.
Sc op e
L 1 /L 1 2 L 2 /L 2 3 L 3 /L 3 1
500
M a in L N [A ]
Forma de onda
0
distorcida de corrente
-5 0 0
Forma de onda
500
distorcida de tensão
250
L L [v ]
-2 5 0
NBR 5410
-5 0 0
Tabela 46 – Níveis de compatibilidade para tensões harmônicas individuais em redes de baixa tensão (valores r.m.s. como percentual do valor r.m.s. da componente fundamental)
Ordem da harmônica h Tensão harmônica% Ordem da harmônica h Tensão harmônica% Ordem da harmônica h Tensão harmônica%
5 6 3 5 2 2
7 5 9 1,5 4 4
11 3,5 15 0,4 6 0,5
13 3 21 0,3 8 0,5
17 ≤ h ≤ 49 2,27 x (17h) -0,27 21 < h ≤ 45 0,2 10 ≤ h ≤ 50 0,25 x (10/h) + 0,25
palavras as cargas não lineares causam a distorção da tensão das e de distribuição de energia elétrica; os consumidores de energia
fontes que as alimentam. elétrica conectados ao sistema de distribuição, em qualquer classe
No detalhe da Figura 136, observa-se a medição de valores da de tensão; as cooperativas de eletrificação rural; e os importadores
ordem de 28 a 30 V na 5ª harmônica e 12 V na 7ª harmônica, alem ou exportadores de energia elétrica conectados ao sistema de
de outros valores com menor significância, resultados da circulação distribuição.
das correntes harmônicas, da ordem de 170 A na 5ª harmônica é O Módulo 8 do Prodist – Qualidade de energia, estabelecer os
50A na 7ª harmônica. procedimentos relativos à qualidade da energia elétrica, abordando
Como se pode esperar, o comportamento da forma de onda a qualidade do produto e a qualidade do serviço prestado.
da tensão de alimentação apresenta distorção, e quanto maior A Tabela 47, que reproduz tabela 3 do Módulo 8, apresenta
for a carga, maior a distorção de tensão, até valores limítrofes como referência valores de até 10% de distorção total de tensão em
recomendados pelas normas específicas, a partir de onde algumas baixa tensão no ponto de acoplamento comum.
medidas corretivas devem ser implantadas.
Tabela 47 – Valores de referência globais das distorções harmônicas totais (em
A Figura 137 apresenta formas de onda de corrente e tensão, porcentagem da tensão fundamental)
onde devido a distorção de corrente da carga, pode-se observar a Tensão nominal do Distorção Harmonica Total
Barramento de Tensão (DTT) [%]
distorção de tensão relativa.
VN ≤ 1kV 10
1kV < VN ≤ 13,8kV 8
22.3.1.3 Limites 13,8kV < VN ≤ 69kV 6
69kV < VN ≤ 138kV 3
harmônica
Prodist Módulo 8
A maioria dos sistemas de compensação de energia reativa,
No Brasil, o Prodist - Procedimentos de Distribuição (Prodist), é isto é, capacitores fixos, semi-automáticos ou mesmo os bancos
um documento emitido pela Agência Nacional de Energia Elétrica, de capacitores automáticos, presentes nas instalações elétricas de
composto de oito módulos, elaborados para regular as atividades de baixa tensão se devem a promover a isenção de pagamento de
distribuição de energia elétrica. energia reativa excedente junto às concessionárias que suprem estas
O Prodist visa garantir segurança, eficiência, qualidade e instalações. Este, portanto tem sido o principal fator motivador
confiabilidade aos sistemas de distribuição. Além disso, prevê, para a aplicação destes componentes. Contudo, historicamente e
NBR 5410
entre outros pontos, que seja dado tratamento igual a todos os muito antes do inicio da cobrança desta energia reativa por parte
agentes do setor. Estão sujeitos ao Prodist as concessionárias, das concessionárias de energia, os capacitores já vinham sendo
permissionárias e autorizadas dos serviços de geração distribuída aplicados na melhoria da regulação de tensão destas instalações,
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
Tabela 48 - Nîveis de referência para distorções harmônicas individuais de tensão (em percentagem da tensão fundamental)
ou seja, a correta aplicação de capacitores em uma instalação é, função da potência reativa e impedância dos capacitores.
elétrica impõe significativo incremento na qualidade de energia de Caso uma das correntes harmônicas presentes nesta instalação
alimentação das cargas. possuir frequência característica que esteja próxima a esta frequência
130 Nas últimas décadas novos tipos de cargas surgiram nas de ressonância, ocorrerá o fenômeno chamado de ressonância.
indústrias e outras considerações adicionais devem ser levadas Nesta situação as correntes que circulam nos circuitos de rede e dos
em conta quando da especificação de um sistema de compensação capacitores serão incrementadas, causando sobrecorrentes, além da
de energia reativa ou de correção de fator de potência. A análise queima dos próprios capacitores e fenômenos indesejados como
cuidadosa de cada um dos pontos envolvidos deve merecer especial sobre tensão e aumento da distorção de tensão na rede entre outros.
atenção nas etapas de projeto, especificação e manutenção das A ressonância ocorre quando a impedância do capacitor é
instalações. De outra forma a queima dos capacitores e destruição similar (em módulo) a impedância da rede de alimentação (fonte).
ou má operação de equipamentos associados será inevitável. Note- O valor da impedância da fonte pode ser estimado através da
se que capacitores operando sob as condições nominais podem impedância do transformador (ou gerador) do circuito.
sobreviver mais de 15 anos. A expressão (1) é uma boa estimativa para o cálculo da
Na sequência são apresentados alguns pontos de atenção a serem frequência de ressonância.
analisados quando da implementação de sistema de compensação
reativa e correção do fator de potência. Independente de o sistema hr = (MVAcc/ Mvar cap)
de compensação ser fixo, semi-automatico, automático, ou tempo
real, outros cuidados, tais como o fenômeno da ressonância, devem Onde:
sempre ser levados em consideração.
hr= frequência harmônica de ressonância
22.3.2.1 Ressonância harmônica MVAcc = Potencia de curto circuito da fonte em MVA
Mvar cap= Potencia do capacitor em Mvar
A instalação de capacitores em sistemas elétricos que alimentam
cargas não lineares como os acionamentos em corrente alternada Como em qualquer circuito elétrico, as correntes circularão
ou contínua, retificadores, sistemas de iluminação, fornos, prensas, conforme as impedâncias das fontes e cargas; portanto a análise
sistemas de soldas, cargas de informática (TI) entre outras, deve ser quantitativa destas correntes harmônicas que circularão na rede e nos
precedida de uma analise do comportamento desta rede quando da capacitores dependerá da divisão de corrente que será estabelecida
instalação dos capacitores, uma vez que a implantação de capacitores no circuito (capacitor e rede), levando-se em conta a análise do
NBR 5410
em uma rede elétrica tipicamente indutiva incorrerá em uma sistema elétrico em cada uma das frequências consideradas, que são
frequência de ressonância que é função da potência de alimentação normalmente aquelas frequências presentes no espectro de corrente
(impedância da fonte) e da potência reativa a ser implementada, isto da carga. O circuito da Figura 9 ilustra o modelo típico.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
Deve-se considerar que a circulação das correntes nos Portanto a circulação de corrente nos capacitores não
capacitores não ocorrerá somente na frequência de ressonância, ocorre somente na situação exata do ponto da ressonância
mas este é o ponto onde teoricamente a penetração das correntes calculada, mas nas circunvizinhanças deste ponto. A Figura
harmônicas no capacitor é a máxima e limitada somente pela 138 ilustra um circuito típico de compensação reativa na
componente resistiva do circuito. presença de capacitores. No caso apresentado, a existência
Em medições efetuadas verificaram-se circulação de correntes da ressonância ocorrerá se a frequência de ressonância (rede
harmônicas em capacitores em situações em que as frequências de e capacitores) ocorrer próximo aquelas relativas as 5ª e 7ª
ressonância calculadas do sistema não são exatamente iguais aquelas das harmônicas ( 300 e 420 Hz). O gráfico indica a impedância
correntes harmônicas presentes (mas apenas próximas) nas cargas e que equivalente com ocorrência de ressonância na 5ª harmônica.
circulam em parte pelos capacitores. Esta ocorrência é justificada pela Portanto, para a situação apresentada ocorrerá ressonância na
divisão das correntes harmônicas da carga para a rede e para os capacitores 5ª harmônica.
em função de suas impedâncias (modelo de divisor de corrente). A Figura 139 ilustra os efeitos na tensão de alimentação
k
de ressonância registrada. Observa-se o sensível incremento
da distorção total de tensão (THDV), bem como a elevação
N crescente N decrescente
de tensão em valores alem dos previstos simultaneamente
a conexão dos capacitores e injeção da energia reativa, ou
seja, no instante próximo as 11h35min, os capacitores foram
manobrados para a compensação do reativo, ocorrendo a
ressonância registrada, podendo-se verificar os efeitos da
mesma (observando-se os incrementos de tensão e THDV).
n
1 2 3 4 5 6 7 8
Ponto de Ponto de
ressonância (7ª)
22.3.2.2 T ransientes de manobra de capacitores
ressonância (5ª)
R esson ân cia
L1 L2 L3 A v g/T ot
390
Vptp [V]
380
100
50
Q [kVAr]
4 6% com capacitores
• Aumento da tensão de 4%
(o dobro do esperado)
1 1 :3 1 :5 5
1 1 :3 2 :0 4
1 1 :3 2 :1 3
1 1 :3 2 :2 3
1 1 :3 2 :3 2
1 1 :3 3 :0 0
1 1 :3 4 :0 9
1 1 :3 4 :3 2
1 1 :3 5 :5 4
1 1 :3 7 :1 6
1 1 :3 8 :2 0
1 1 :3 8 :3 0
1 1 :3 9 :0 7
1 1 :3 9 :1 6
1 1 :3 9 :2 5
1 1 :3 9 :3 4
NBR 5410
Tim e [H H :M M :SS]
Notas
Figura 139 – Registro sobre o gráfico:
de ressonância harmônica e efeitos na tensão
THDV aumenta de 3% para 6% com capacitores
Aumento da tensão de 4% (o dobro do esperado)
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
750 2.0
I(A) U(V)
500 1.5
VOLTAGE (V XX)
CURRENTE (A )
250 1.0
0 0.5
-250 0
-0.5
-500
-1.0
-750 -1.5
8 10 12 14 0 20 40 60 80 100
TIME (ms) TIME (ms)
22.3.2.3- R egulação de tensão , afundamentos e a em regime permanente os valores são integrados em períodos de 10
cintilação ( flicker ) - C argas variáveis e correntes de “I n - minutos (no caso do Módulo 8), em curta duração são estudados em
rush ” intervalos de tempo bem menores
A tabela 3 do Módulo 8, aqui reproduzida como Tabela
A regulação de tensão tem fundamental importância nas 49 apresenta a classificação das tensões de leitura em regime
instalações, uma vez que existe uma forte dependência da permanente em relação a tensão nominal aqui considerada em
qualidade do processo industrial em relação a qualidade de energia 220/127V.
de alimentação das cargas. Controles e acionamentos micro A tabela 9 do mesmo documento, reproduzida como Tabela
processados nas cargas industriais e de informática (TI), ou ainda 50 apresenta a classificação dos valores de tensão na classificação
aquelas associadas a transformação da energia e qualidade do da variações de tensão de curta duração. Uma outra definição
produto final dependem da qualidade de energia de alimentação para afundamentos poder ser encontrada na IEEE 1159, onde
e devem prever redes elétricas com bons índices de qualidade de os afundamentos (tratados por “voltage sags” na literatura
energia, notadamente com relação a regulação de tensão e isenção internacional) ocorrem em tempos desde ½ ciclo (8 ms) a 1 minuto
de afundamentos e transientes. com variações da tensão desde 0,1 a 0,9 pu;
Apesar da regulação de tensão poder ser definida como Tabela 49 – Pontos de conexão em Tensão Nominal igual ou inferior a 1 kV (220/127)
o desvio de uma tensão medida em relação a um valor nominal Tensão de Atendimento (TA) Faixa de Variação da Tensão de Leitura
em Relação à Tensão Nominal (Volts)
132 ou contratual, nem sempre os procedimentos e regulamentos de
Adequada (201 TL 231)/(116 TL 133)
medição consideram o fenômeno em curtos intervalos de tempo;
Precária (189 TL<201 ou 231<TL 233)/
não se trata de impor ao sistema elétrico alto níveis de exigência, (109 TL<116 ou 133<TL 140)
mas simplesmente entender que cargas podem deixar de operar, Crítica (TL<189 ou TL>233)/(TL<109 ou TL>140)
caso durante alguns ciclos (dezenas ou centenas de milissegundos),
os valores de tensão foram reduzidos a valores abaixo de limites Afundamentos podem ser causados por razões internas e
toleráveis por estas cargas. externas
Interrupção Temporária de Tensão Superior a três segundos e inferior ou igual a um minuto Inferior a 0,1 p.u
Variação Temporária Afundamento Temporário de Tensão Superior a três segundos e inferior ou igual a um minuto Superior ou igual a 0,1 e inferior a 0,9 p.u
de Tensão Elevação Temporária de Tensão Superior a três segundos e inferior ou igual a um minuto Superior a 1,1 p.u
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
horizontal como os elevadores, guindastes, esteiras e pontes da instalação não ser adequada (redes fracas de baixa potência
rolantes; equipamentos eletromédicos (raio X, ressonância de curto são susceptíveis a estes fenômenos), pode ser a injeção
e outros), equipamentos industriais como as injetoras, controlada da energia reativa evitando ou atenuando o fenômeno,
extrusoras, trefilas, misturadores, prensas, estações de soldas tratado mais adiante.
principalmente as de solda a ponto, fornos, compressores e A Figura 141 ilustra o afundamento independente da carga
outros equipamentos. e a Figura 142 ilustra o afundamento causado pela carga,
Nota-se nestes casos o afundamento da tensão, impossibilitando sua partida, na sequência com a injeção de
simultaneamente com o consumo da energia reativa. A solução reativos por manobra estática o afundamento é compensado e a
para estes afundamentos no caso da potência de curto circuito operação do sistema é estabelecida.
550
500
I (A )
450
60
50
Q (k V A r)
40
30
365
U L (V )
360
355
350 133
1 3 :5 4 :2 1 :3 2 8 1 3 :5 4 :3 1 :1 4 1 1 3 :5 4 :4 0 :9 5 4 1 3 :5 4 :5 0 :7 6 7 1 3 :5 5 :0 0 :5 8 0 1 3 :5 5 :1 0 :3 9 3
L1 L2 L3 A v g/T ot
475
450
Vptp [V]
425
400
250
P [kW]
500
Q [kVAr]
250
0
1 6 :2 2 :2 3
1 6 :2 2 :4 8
1 6 :2 3 :1 3
1 6 :2 3 :4 0
1 6 :2 4 :0 5
1 6 :2 4 :3 1
1 6 :2 4 :5 8
1 6 :2 5 :2 4
1 6 :2 5 :4 9
1 6 :2 6 :1 4
1 6 :2 6 :4 0
1 6 :2 7 :0 6
1 6 :2 7 :3 2
1 6 :2 7 :5 9
1 6 :2 8 :2 6
1 6 :2 8 :5 3
NBR 5410
Tim e [H H :M M :SS]
Figura 142 - Afundamento decorrente do consumo instantâneo de energia reativa impossibilitando a operação da carga e solução com compensa-ção estática de energia
reativa reduzindo o afundamento
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
50
Cycle-cycle trend view
250
40
kV A r
245
30
240
20
235
10
0
V L -L
230
260 225
250 220
240 215
V L -L
230 210
220 1 6 :1 6 :0 3 :8 5 8 1 6 :1 6 :4 0 :5 1 9 1 6 :1 7 :1 9 :9 0 5 1 6 :1 8 :1 4 :3 9 1 1 6 :1 9 :0 7 :6 1 7 1 6 :2 0 :0 0 :8 4 3
210
3 minutos
1 6 :0 6 :2 5 :8 0 1 1 6 :0 9 :5 3 :2 2 7 1 6 :1 3 :2 0 :2 8 9 1 6 :1 6 :0 5 :7 3 8 1 6 :1 9 :3 7 :6 4 2
Estimated time
O Módulo 8 do Prodist também trata o assunto na tabela 7 A solução é a correção do problema com substituição de
(Tabela 51 deste guia) estabelecendo limites de “Plt” (flicker de células ou grupo de capacitores queimados ou fusíveis, alem da
longo tempo) e “Pst” (flicker de curto tempo). A medição do flicker pesquisa das razões do defeito, e ainda introduzindo técnicas
é efetuada com instrumentos específicos. conhecidas a fim de evitar que o fenômeno volte a ocorrer.
A Figura 144 ilustra esta situação em medição tomada
Tabela 51 - Limites de Pst e Plt
no ponto de acoplamento comum da concessionária com o
134 Valor de Referência PstD95% PltS95%
Adequado < 1 p.u. / FT < 0,8 p.u. / FT
consumidor.
Precário 1 p.u. – 2 p.u. / FT 0.8 – 1.6 p.u. / FT Queima de capacitores e fusíveis de proteção dos mesmos
Crítico > 2 p.u. / FT > 1,6 p.u. / FT não devem ser considerados como ocorrência rotineira e
merecem pesquisa de possível ressonância ou outro fenômeno.
entre as fases e a queima de fusíveis de proteção dos bancos de monitoração continua além das tensões de linha, das variáveis
capacitores. O que acaba ocorrendo é a injeção não uniforme desbalanceamento de tensão (relação das tensões de sequência
de reativos entre as fases, causando o desequilíbrio de tensão. negativa e positiva), Plt e distorção total de tensão.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
135
50
40
kVAr
30
20
10
0
260
250
240
V L-L
230
220
210
1 6 :0 6 :2 5 :8 0 1 1 6 :0 9 :5 3 :2 2 7 1 6 :1 3 :2 0 :2 8 9 1 6 :1 6 :0 5 :7 3 8 1 6 :1 9 :3 7 :6 4 2
Estimated time
Figura 146 – Comportamento da tensão de gerador com o consumo de energia reativa de elevador
136
Existe uma relação direta entre o comportamento da tensão tensão com a mudança de fonte (transformador para gerador) para
do sistema e a energia reativa consumida pela carga, esta situação uma carga industrial.
é tanto mais perceptível quanto menor for a relação da potência
de curto circuito da fonte em relação a carga consumidora de Limitação dos geradores - a curva de capabildade
significativa quantidade de energia reativa; a tensão tende a “cair”
causando os conhecidos afundamento de tensão. A Figura 146 Os geradores apresentam uma característica de operação
apresenta o comportamento da tensão do gerador com a operação fortemente dependente da energia reativa consumida (indutiva) ou
de um elevador e a Figura 147 apresenta o comportamento da fornecida (capacitiva) pela carga.
NBR 5410
Figura 147 – Comportamento da tensão com fonte principal (transformador) e de “back-up” (gerador)
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
Reactive Capability
Operating Chart
Leading Lagging
1.2
0.8PF 1.0PF 0.8PF
1.0
0.6PF 0.6PF
A
0.6
0.4PF 0.4PF
0.4
B
0.2PF 0.2 0.2PF
kVAr/Rated kVA
Figura 148 - Curva de capabilidade (fonte: Caterpillar) 137
A Figura 148 apresenta esta curva de capabilidade, onde se observa 250 kvar (750 kvar (carga)-500 kvar(capacitor)), e a relação
o regime de operação normal limitado pelas curvas azul e vermelha. citada será portanto de 250/1500=0,17. A relação kW/kVA será
Analisando-se esta curva, nota-se que na “região capacitiva” (faixa de 1000/1500= 0,67. Este ponto é representado no diagrama da
de valores negativos no eixo das abscissas (x)) existe uma importante Figura 148 como ponto “A” e está na faixa adequada de operação.
restrição de operação em relação à região chamada de “indutiva” • Se em um segundo instante a carga variar sem que o banco de
Observa-se ainda na curva, que o mesmo eixo das abscissas capacitores acompanhe esta variação, pela própria inércia e tempo
define a relação da potência reativa instantânea da carga pela de resposta do sistema, e que esta variação de carga seja reduzida
potência nominal do gerador; a potência reativa negativa seria em 60%, as novas relações serão:
aquela fornecida por carga capacitiva ou capacitor e a positiva - Nova situação da carga: 400 kW; 80%; 300 kvar
aquela consumida pela carga. O eixo das ordenadas (y) apresenta - Injeção de energia reativa mantida em 750 kvar
a relação da potência ativa instantânea da carga pela potência - Novo balanço de energia reativa: – 450 kvar
nominal do gerador. (energia reativa injetada)
Tomando-se para exemplo o caso de um grupo de motores com - kvar/kVA= - 450/1500 = -0,3; kW/kVA=0,26
1000 kW, fator de potência de regime de 80%; potência reativa da • Esta segunda situação que é ilustrada como o ponto B na curva da
ordem de 750 kvar, alimentado por um gerador de 1500 kVA, e Figura 148, é uma situação limítrofe de operação do gerador, isto
um sistema de compensação de energia reativa de 500 kvar que é, caso a carga fosse reduzida para valores ainda mais reduzidos
corrigiria o fator de potência para 97%; observa-se: que 60% do valor original sem o consequente acompanhamento do
banco de capacitores, o gerador seria desligado pelo seu sistema de
• A relação kvar/kVA do eixo das abscissas poderá assumir proteção de excitação. A situação é ainda mais crítica nas situações
diversos valores, em função da potência reativa injetada pelos em que o sistema de compensação reativa é composto por bancos
capacitores em relação aquela consumida pelos motores. O valor fixos. Portanto, caso o sistema de compensação de energia reativa
a se utilizar será, portanto o balanço de reativos (a diferença dos não tenha velocidade para acompanhar a variação da carga, deve
NBR 5410
valores consumidos pelos motores e injetados pelos capacitores) ser desligado quando o gerador assume a carga se aplicado como
em relação a potência nominal do gerador. No caso da situação fonte de contingencia, caso a situação possa não atender os limites
de máxima demanda, o reativo fornecido pelo gerador será de estabelecidos pela curva de capabilidade.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
• Aumento da potência das fontes A Figura 151 apresenta o registro da distorção harmônica de
O aumento da potência reduz a impedância de curto circuito a tensão em um barramento onde um filtro passivo com manobra
montante da carga, reduzindo as distorções de tensão nos barramentos. estática , com tempo de resposta de 16 ms e composto por 6 grupos
de 100 kvar foi instalado.
• Especificação de cargas com controle de emissão Neste caso todos os grupos estão sintonizados em frequência
A IEC 61000-3-2 apresenta limites para as harmônicas de corrente dos próxima à 5ª harmônica. Há uma relação de compromisso muito
equipamentos monofásicos de até 16 A. Os equipamentos são classificados importante na construção deste filtro, visto que operam em paralelo
em A, B,C e D e para cada um deles existem restrições aplicáveis, cujo e buscam a injeção de energia reativa em intervalos muito curtos,
objetivo é restringir a circulação de correntes harmônicas nas instalações e filtrando a 5ª harmônica simultaneamente. A distorção de tensão é
como consequência evitar os efeitos de perdas e aquecimentos associados, reduzida de valores médios de 8% para 5%.
além de controlar a distorção de tensão nos barramentos.
• Filtros Ativos
• Instalação de filtros Os filtros ativos, apesar de terem a mesma função dos passivos são
A instalação de filtros de harmônicas é outra possibilidade para concebidos por equipamentos eletrônicos que injetam correntes
adequação dos valores registrados de distorção de tensão. De uma harmônicas defasadas daquelas geradas pelas cargas, de modo
forma geral os filtros evitam que as harmônicas circulem pelas que ao se somarem se cancelem. Enquanto os filtros passivos
fontes, reduzindo, portanto as tensões harmônicas a montante e são normalmente dependentes e especificados pelos valores dos
por consequência reduzindo também as distorções de tensão nos indutores, capacitores e elementos de manobra que os compõe, os
barramentos de baixa tensão. Os filtros mais comumente aplicáveis filtros ativos são especificados pelos ampères que irão filtrar.
são os filtros passivos e filtros ativos e estão descritos na seqüência.
A Figura 152 apresenta o registro da distorção harmônica de
NBR 5410
1 7 ,5
Distorção total de tensão (THDV)
1 5 ,0 Antes 8% depois 5%
1 2 ,5
THD[%] Vptp
1 0 ,0
7 ,5
5 ,0
2 ,5
1 3 :3 2 :5 0 1 3 :3 3 :2 5 1 3 :3 4 :0 0 1 3 :3 4 :3 5 1 3 :3 5 :1 1 1 3 :3 5 :4 9 1 3 :3 6 :2 3 1 3 :3 6 :5 5 1 3 :3 7 :3 0 1 3 :3 8 :0 3 1 3 :3 8 :3 7 1 3 :3 9 :1 0 1 3 :3 9 :4 2 1 3 :4 0 :1 6 1 3 :4 0 :5 1 1 3 :4 1 :2 6
T im e [H H :M M :S S ]
Figura 151 – comportamento da distorção harmônica de tensão no barramento sem e com filtro
140
Figura 152 – Diagrama de instalação de filtro ativo e comportamento das formas de onda de corrente
• Filtros antirressonantes – solução para evitar ressonante, pode-se fazer uso da norma IEEE 519 que estabelece
ressonância em capacitores limites de distorção de tensão a serem atendidos, isto é, mesmo
na presença de cargas altamente deformantes, nem sempre se faz
Sistemas antirressonantes, ou filtros antirressonantes, são necessário a aplicação de filtro sintonizado. O que definirá será
filtros passivos como os acima apresentados, porém cuja sintonia a resposta do sistema elétrico existente (fontes e outras cargas)
não é próxima às frequências presentes na corrente das cargas, alem das cargas deformantes na presença dos capacitores a serem
mas em outra faixa. Esta aplicação é bastante comum e econômica instalados.
quando se deseja proteger os capacitores e evitar que os mesmos A injeção de reativos com filtro anti-ressonante (indutor e
provoquem ressonância harmônica em redes que suportam capacitor) reduz a corrente fundamental na proporção da relação
a presença de cargas não lineares e não se deseja a redução da do fator de potência original e o corrigido (após a injeção dos
distorção de corrente. reativos). É de se esperar um natural aumento da distorção de
Os indutores antirressonantes adequadamente dimensionados corrente (THDI) e redução da distorção de tensão (THDV),
elevarão a impedância do ramo do capacitor de forma a controlar por conta de circulação de parte das correntes harmônicas
NBR 5410
as correntes harmônicas que circularão nos capacitores e na rede, pelos capacitores. A aplicação de filtros sintonizados em
conforme ilustrado na Figura 153. frequências existentes no sistema reduzirá a distorção de tensão
Para a decisão entre utilização de filtro ressonante ou anti- significativamente.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
L 2 .1 L 2. N
isentando a rede dos transientes nas duas condições de manobra.
Esta possibilidade é típica de manobra de capacitores por tiristores,
e aplicada nos equipamentos de compensação de energia reativa
Figura 153 – Implementação de reatores antirressonantes e comportamento
da impedância em função da frequência. tempo real, que possuem manobra por elementos semi-condutores,
com precisão na manobra e tempo de comutação bastante reduzidos.
Outra condição a ser considerada e nem sempre possível de ser
Incremento da tensão, esperado pela presença de capacitores em evitada é a possibilidade de manobra acidental de capacitores pré-
instalações elétricas carregados ou energizados, com danos aos dispositivos de manobra
eletromecânicos.
Normalmente em sistemas industriais sem ressonância, e Cuidados complementares devem ser tomados com relação à 141
com injeções típicas de reativos, este incremento de tensão não sensibilidade de capacitores á condições operacionais diferentes
ultrapassa valores da ordem de 1% a 2%. Caso a tensão se eleve das nominais com redução dramática de vidas úteis, notadamente
acima destes valores é grande a possibilidade de ressonância e o limites de tensão de operação e temperatura ambiente.
caso merece investigação
A expressão a seguir fornece uma estimativa do incremento Eficiência energética e redução das perdas elétricas.
de tensão devido à injeção de potência reativa na ausência de
ressonância: A redução das correntes elétricas das cargas nos circuitos e
transformadores com a correta inserção de capacitores reduz na
% V= Qcap (kvar) . Ztr (%) / Ptr (kVA) proporção quadrática da corrente as perdas por efeito Joule nos
mesmos.
Onde: Manutenção de sistemas em regime capacitivo, além de elevar
a tensão aumentam as correntes circulando pelos circuitos elevando
%V: Variação percentual de tensão esperada as perdas elétricas.
Qcap: Potência reativa injetada (kvar) A manutenção da tensão operacional próxima da nominal reduz
Ztr(%): Impedancia do transformador em % a perda nos circuitos magnéticos, e já é um método de melhoria do
Ptr: Potência do Transformador (kVA) fator de potência.
Pontos importantes para uma compensação de energia reativa Aumento da capacidade da instalação
adequada
carga, incluindo as harmônicas com período de avaliação adequado • Cargas com ciclos curtos de operação, cargas extremamente
bem como quanto a resolução da medição. variáveis - a compensação de energia reativa tempo real.
• Implementação de sistemas antirressonantes com reatores A instalação dos capacitores deve considerar de preferência a
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
inserção dos mesmos no sistema elétrico, somente quando a carga • Equivalência entre as potencias ativa e aparente: Pode-se assumir
associada estiver operando sob o risco de sobrecompensação de que a potência aparente (kVA) e a potência ativa (kW) serão
reativos e fenômenos associados (sobretensões e outros). Caso a iguais durante todo o tempo de operação da carga; desde que o
carga possua ciclo de operação variável ou ainda extremamente compensador reativo seja dimensionado para tal.
variável (ordem de ciclos), será necessário adequar a manobra dos • Compensação de flicker: A compensação instantânea de energia
capacitores ao ciclo de operação da carga. O atendimento a esta reativa confere ao sistema competência para compensar o flicker;
premissa atende com folgas as condições previstas na portaria 414 cintilação causada por afundamentos de tensão provocados em
da ANEEL quanto a tarifação do excedente de energia reativa. geral por cargas que consomem consideráveis quantidade de energia
Os sistemas de compensação tempo real têm sido instalados em reativa em curtos intervalos de tempo e em ciclos repetitivos.
inúmeras cargas consideradas como criticas tais como solda a ponto
(Figura x), injetoras, equipamentos eletromédicos, guindastes, A Figura 155 ilustra um equipamento instalado para
cargas de refrigeração, sistemas ferroviários, prensas, nas citadas compensação de energia reativa consumida em guindaste portuário
plantas de geração eólica entre outros. e a Figura 156 apresenta o comportamento da potência reativa
consumida pela carga e aquela injetada pelo compensador estático.
O que se observa é praticamente um espelho, onde em intervalos
285 de dezenas de milissegundos o sistema de compensação se adequa
a situação da carga, praticamente anulando o reativo fornecido pela
voltages
280
500
600
kVAs
300
0
30 7 97-21 33 38 40 42 44 46 48 50 52 54 56 58 00 02 04 06 08
Time
como “zero crossing” da manobra estática, permite compensação A redução de corrente de partida de motores é um dos mais
reativa com isenção de transiente de manobra. tradicionais métodos de evitar afundamentos de tensão devido as
• Possibilidade de compensação reativa monofásica: Cargas ligadas correntes de “in–rush” (ou de partida) dos motores.
entre 2 fases ou entre fase e neutro como soldas a ponto podem
ter sua energia reativa compensada com a inserção de capacitores Após as chaves compensadoras e as chaves estrelas triângulo
ligados da mesma forma que as cargas, promovendo injeção reativa aplicadas à exaustão e ainda presentes em grande quantidade nas
NBR 5410
200
150
100
50
Q [kVAr]
-5 0
-1 0 0
-1 5 0
1 3 :3 8 :4 1 1 3 :3 9 :1 9 1 3 :3 9 :5 8 1 3 :4 0 :3 7 1 3 :4 1 :1 6 1 3 :4 1 :5 5 1 3 :4 2 :3 2 1 3 :4 3 :1 2 1 3 :4 3 :4 8 1 3 :4 4 :2 7 1 3 :4 5 :0 4 1 3 :4 5 :4 3 1 3 :4 6 :2 0 1 3 :4 6 :5 7 1 3 :4 7 :3 3 1 3 :4 8 :1 4
T im e [H H :M M :S S ]
Figura 156 – Potência reativa consumida pela carga e injetada pelo compensador
inversores de frequência que possuem função de operação também • Uso de compensadores estáticos de energia reativa na
durante o período de operação normal da carga (regime síncrono). regulação de tensão e nos afundamentos na partida de motores.
A Figura 23 apresenta o conceito de operação dos soft A partida de motores assíncronos apesar de ser um
starters, onde sistemas equipados com acionamentos estáticos assunto bastante estudado ainda causa controvérsias, pois
(controle estático) controlam a tensão de alimentação, controlando nem sempre os dispositivos de partida especificados atendem
por consequência a corrente absorvida da rede pelos motores. seus propósitos. O objetivo deste trabalho é apresentar a 143
Eventualmente os soft starters não podem ser aplicados em função possibilidade de se efetuar a compensação da energia reativa
de restrições de conjugado e escorregamento. Neste caso devem consumida no período de partida de grandes motores ou de
ser aplicados os inversores de frequência que possuem maiores um grupo de motores, como ferramenta para compensação dos
recursos de ajuste ou a injeção de energia reativa controlada durante afundamentos de tensão associados e efeitos indesejáveis.
a partida, conforme exposto na sequência. Correntes de partida de motores apresentam importantes
componentes reativas, fazendo com que estas correntes atinjam
valores desde 3 a 8 vezes os valores nominais da situação de
regime, por um período típico da ordem de dezenas a centenas
de ciclos. Da mesma forma que nos transformadores, estas
correntes são independentes da carga e assumem estes altos
valores em função do modelo da impedância, no caso do motor.
Como consequência desta corrente, o barramento e a
instalação onde o motor está ligado, será submetido a um
afundamento de tensão, cuja severidade dependerá justamente
da potência de curto circuito (da fonte) e do ponto de conexão.
De forma a atenuar este fenômeno, umas das possíveis
soluções é a injeção de energia reativa através de compensadores
estáticos, no mesmo instante em que o motor está partindo;
em outras palavras, a energia reativa consumida pelo motor,
durante a partida pode ser fornecida não só pela fonte (causando
o afundamento de tensão), mas também por fonte de reativos
externa, no mesmo instante e em proporção controlada, de forma
a reduzir o efeito do afundamento de tensão citado. Quanto maior
for a parcela do reativo injetado pelo compensador, menor será
NBR 5410
conseguem partir, mas a terceira bomba encontra problemas. de tensão registrado é tolerado pelo acionamento da bomba.
A Figura 161 detalha o comportamento da tensão e corrente Como conclusão, observa-se que a técnica apresentada é uma
no instante da tentativa da partida desta terceira bomba. boa ferramenta para partida de motores de media a alta potência,
A Figura 162 apresenta o comportamento da partida da em baixa ou média tensão inclusive na situação em que as fontes
terceira bomba, (por diversas vezes), com a injeção de energia são geradores em sistemas isolados cuja potência de curto-circuito
reativa pelo compensador estático, neste caso o afundamento possam não ser favoráveis.
Figura 161 – DETALHE DO COMPORTAMENTO DA TENSÃO E CORRENTE NA TENTATIVA DE PARTIDA DA TERCEIRA BOMBA
145
NBR 5410
Figura 162 – PARTIDA BEM SUCEDIDA DA TERCEIRA BOMBA COM COMPENSAÇÃO DE ENERGIA REATIVA
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
146
NBR 14039
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
147
NBR 14039
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
148
NBR 14039
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
Sumário
1 Introdução 150
2 Objetivos, campo de aplicação e abrangência 150
3 Origem da instalação 150
4 Aspectos gerais de projeto 152
5 Proteção contra choques elétricos 157
149
6 Proteção contra efeitos térmicos (incêndios e queimaduras) 162
7 Proteção contra sobrecorrentes 163
8 Proteção contra sobretensões 165
9 Proteção contra mínima e máxima tensão e falta de fase e inversão de fase 165
10 Proteção das pessoas que trabalham nas instalações elétricas de média tensão 166
11 Proteção contra fuga de líquido isolante 167
12 Proteção contra perigos resultantes de faltas por arco 167
13 Seleção e instalação dos componentes 168
14 Linhas elétricas 172
15 Dimensionamento de condutores 185
16 Aterramento e equipotencialização 196
17 Seccionamento e comando 199
18 Transformadores 199
19 Subestações 211
20 Verificação final 219
NBR 14039
Na Resolução 414 há algumas exceções em relação à definição • Caso 1 - Instalações alimentadas diretamente por rede de
do ponto de entrega, dentre as quais se destacam: distribuição pública em média tensão: a origem da instalação
corresponde aos terminais de saída do dispositivo geral de 151
• Quando se tratar de condomínio horizontal, onde a rede comando e proteção (Figura 3) ou, no caso excepcional em que tal
elétrica interna não seja de propriedade da distribuidora, o ponto dispositivo se encontre antes da medição, a origem corresponde
de entrega se situará no limite da via pública com o condomínio aos terminais de saída do transformador de instrumento de
horizontal; medição (Figura 4).
• Quando se tratar de condomínio horizontal, onde a rede elétrica • Caso 2 - Instalações alimentadas por subestação de
interna seja de propriedade da distribuidora, o ponto de entrega transformação: a origem da instalação corresponde aos terminais
se situará no limite da via interna com a propriedade onde esteja de saída do transformador; se a subestação possuir vários
localizada a unidade consumidora; transformadores não ligados em paralelo, a cada transformador
• Quando se tratar de fornecimento a edificações com múlti corresponde uma origem, havendo tantas instalações quantos
plas unidades consumidoras, em que os equipamentos de forem os transformadores (Figura 4).
transformação da distribuidora estejam instalados no interior • Caso 3 - nas instalações alimentadas por fonte própria de
da propriedade, o ponto de entrega se situará na entrada do energia em baixa tensão, a origem é considerada de forma a
barramento geral. incluir a fonte como parte da instalação (Figura 5).
N = as massas da subestação estão ligadas diretamente ao aterramento porém suficientes para provocar o surgimento de tensões de
do neutro da instalação, mas não estão ligadas às massas da instalação; contato perigosas.
S = as massas da subestação estão ligadas a um aterramento São considerados dois tipos de esquemas, TTN e TTS, de
eletricamente separado daquele do neutro e daquele das massas da acordo com a disposição do condutor neutro e do condutor de
instalação. proteção das massas da subestação, a saber:
Quando a instalação de média tensão é alimentada a partir de uma
subestação (AT/MT) que pertence ao próprio consumidor, a escolha • Esquema TTN, no qual o condutor neutro e o condutor de
do tipo de esquema de aterramento é uma decisão do projetista. No proteção das massas da subestação são ligados a um único
entanto, quando a instalação de média tensão é alimentada a partir eletrodo de aterramento (figura 8);
de uma rede de distribuição pública na qual o condutor neutro não é
fornecido, não é possível a utilização dos esquemas de aterramento
do tipo TN.
eletrodos de aterramento eletricamente distintos do eletrodo de correntes de falta geralmente não são possíveis com a utilização
aterramento da subestação. de dispositivos de proteção contra sobrecorrentes e, por isso,
Nesse esquema, as correntes de falta direta fase-massa faz-se necessário o emprego de dispositivos diferenciais
devem ser inferiores a uma corrente de curto-circuito, sendo, residuais.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
• Esquema ITN, no qual o condutor neutro e o condutor de Nos esquemas ITx, a corrente de uma primeira falta
proteção das massas da subestação são ligados a um único entre fase e massa da subestação ou da instalação tem um
eletrodo de aterramento e as massas da instalação ligadas a um caminho que inclui a impedância (Z), quando ela existir, ou
eletrodo distinto (Figura 10); a capacitância do circuito, sendo, portanto, um percurso de
impedância elevada que resulta em uma baixa corrente de falta.
resultar em valores igualmente inadequados que resultam em valores das correntes de curto-circuito máximas e mínimas
sobredimensionamento da instalação, ocasionado assim um que são utilizadas, respectivamente, para selecionar os
acréscimo de custo desnecessário. componentes das instalações e para determinar os valores
Exemplos de cálculos de curtos-circuitos e seus efeitos nominais e de ajustes das proteções de sobrecorrentes.
podem ser obtidos nas normas IEC 60909-0 e IEC 60949, ainda
sem tradução para o português. Obviamente outros métodos de 4.7 I nfluências externas
A codificação indicada anteriormente é exatamente igual vezes, mesmo presentes, elas podem ser desprezadas.
àquela utilizada pela norma NBR 5410 de instalações elétricas Para efeito de exemplo de aplicação das tabelas indicadas
de baixa tensão. na Figura 14, suponha-se que tenha sido determinado que, no
A Tabela 1 resume as codificações das Tabelas 1 a 18 em função local onde será instalado um equipamento de média tensão,
156 das duas primeiras letras (categoria e natureza da influência). existe a possibilidade de que a água, ao respingar, forme uma
Na NBR 14039, há três tipos de tabelas de influências película nas paredes ou pisos. Conforme a Tabela 3 da NBR
externas diretamente relacionadas entre si, conforme indicado 14039, isso configura uma codificação de influência externa
na Figura 14. AD3 (aspersão de água). A partir desta constatação, a Tabela 24
A partir dos conceitos anteriores, cabe ao projetista indica que o equipamento deverá possuir um grau de proteção
classificar as influências externas predominantes na instalação mínimo IPX3 e os componentes da linha elétrica que o alimenta
elétrica de média tensão, observando-se que nem todas as devem ter proteção adicional à penetração de água com graus
influências precisam estar presentes numa instalação ou, às IP adequados, a princípio sem revestimento metálico externo.
NBR 14039
Figura 15 – Medidas de proteção contra choques elétricos em instalações elétricas de média tensão
5 Proteção contra choques elétricos enquanto que as medidas de proteção parcial somente podem
ser utilizadas em instalações em locais acessíveis a pessoas
Conforme 5.1 da NBR 14039, a proteção contra choques advertidas (BA4) ou qualificadas (BA5).
elétricos no âmbito das instalações de média tensão deve ser Sob nenhuma hipótese admite-se a omissão das medidas de 157
prevista pela aplicação das medidas de proteção contra contatos proteção contra contatos diretos nas instalações cobertas pela
diretos e contatos indiretos, conforme indicado na Figura 15. NBR 14039.
As medidas de proteção contra choques elétricos por
contato direto visam impedir que pessoas e animais tenham 5.1.1 Proteção por isolação das partes vivas
obstáculos e/ou por colocação fora de alcance das partes vivas. A dificuldade de realizar ensaios em campo equivalentes aos
As medidas de proteção total podem ser adotadas nas de laboratório reside em aspectos de capacidade e tamanho
instalações situadas em locais de acesso a pessoas comuns dos equipamentos de ensaio (fontes, medidores, etc.) e na
(inadvertidas - BA1 conforme Tabela 12 da NBR 14039), segurança das pessoas em relação à realização dos ensaios.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
Figura 17 – Exemplo de invólucro Figura 18 –Dimensões e exemplo de obstáculo: tela de proteção em subestação
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
mas não os contatos voluntários por uma tentativa deliberada de Tabela 2 – Espaçamentos para instalações internas
advertidas (BA4) ou qualificadas (BA5). M 1 200 Altura dos punhos de acionamento manual
malha 20 Altura da malha
São exemplos de obstáculos as telas de proteção que separam
os componentes energizados das áreas de circulação em uma
subestação.
A
3 10 20 60 120
40 60 120
160 4,16 19 60 90 120
6 20 40 60 120
60 90 120
13,8 34 95 160
110 180
125 220
23,1 50 95 160
125 220
34,5 70 145 270
170 320
1)
Estes afastamentos devem ser tomados entre extremidades mais próximas e não de centro a centro. Os valores de distâncias mínimas indicados podem ser aumentados, a
critério do projetista, em função da classificação das influências externas.
a proteção das pessoas contra choques elétricos, esta medida na (ver 4.3 deste guia e Figura 21). As massas simultaneamente
norma de média tensão visa garantir unicamente a integridade dos acessíveis devem ser ligadas à mesma infraestrutura de aterramento
componentes dos sistemas de aterramento e de equipotencialização individualmente, por grupos ou coletivamente.
e limitar o tempo de duração da falta. Ver mais informações sobre aterramento no item 15 deste guia.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
De acordo com 5.1.2.1.2 da NBR 14039, a tensão de contato em Tabela 5 - Valores máximos da tensão de contato limite UL (V)
161
qualquer ponto da instalação não pode ser superior à tensão de contato Natureza da corrente Situação 11) Situação 21)
Alternada, 15 Hz – 1 000 Hz 50 25
limite (UL), com valor indicado na Tabela 22 da norma (Tabela 6 a
Contínua sem ondulação 2) 120 60
seguir). Ainda conforme o conceito da NBR 14039, esta regra é
1) A situação 1 aplica-se a áreas internas e a situação 2 aplica-se a áreas externas.
satisfeita se em cada edificação existir uma ligação equipotencial NOTAS
principal, reunindo os condutor(es) de proteção principal(is); os 1 Uma tensão contínua “sem ondulação” é convencionalmente definida como apresentando uma taxa de ondulação não superior a 10%
em valor eficaz; o valor de crista máximo não deve ultrapassar 140 V para um sistema em corrente contínua sem ondulação com 120 V
condutores de equipotencialidade principais ligados a canalizações nominais ou 70 V para um sistema em corrente contínua sem ondulação com 60 V nominais.
metálicas de utilidades e serviços e a todos os demais elementos 2 Os valores máximos da tensão de contato limite apresentados são para tensão de contato de duração maior ou igual a 10 s.
condutores estranhos à instalação, incluindo os elementos metálicos da Para tempos inferiores a 10 s, podem ser utilizados os valores obtidos na figura A.1.
5.2.3.2 Seccionamento automático da alimentação em esquema TTx 6.1 Proteção contra incêndio
Nos esquemas TTx a corrente de defeito é limitada pelas Os componentes elétricos da instalação de média tensão não
resistências de tomadas de terra e do neutro e pela resistência devem apresentar perigo de incêndio para os materiais vizinhos.
das ligações eventuais, utilizadas por interconexão das massas Para tanto, os componentes fixos, cujas superfícies externas possam
e das tomadas de terra. Mesmo que a corrente do primeiro atingir temperaturas que venham a causar perigo de incêndio
defeito seja importante, não é permitido que sua detecção seja a materiais adjacentes devem ser montados sobre materiais ou
assegurada por dispositivos de proteção contra sobrecorrentes. contidos no interior de materiais que suportem tais temperaturas e
Por outro lado a detecção de pequenas correntes de fuga resultante sejam de baixa condutância térmica. Outra alternativa é separar os
de uma degradação lenta da isolação não é possível com esses componentes dos elementos da construção do prédio por materiais
dispositivos cujo limiar de funcionamento é muito elevado (muitas que suportem tais temperaturas e sejam de baixa condutância
vezes sua corrente nominal). Por isso, é necessário recorrer aos térmica. Ou, finalmente, os componentes da instalação de média
dispositivos sensíveis à corrente diferencial sem a necessidade de tensão devem ser montados de modo a permitir a dissipação segura
verificar as condições de disparo, ou seja, não é preciso realizar do calor, a uma distância segura de qualquer material em que tais
nenhum cálculo para comprovar o atendimento das condições de temperaturas possam ter efeitos térmicos prejudiciais, sendo que
seccionamento automático. qualquer meio de suporte deve ser de baixa condutância térmica.
Além disso, os componentes fixos que apresentem efeitos de
5.2.3.3 Seccionamento automático da alimentação em esquema ITx focalização ou concentração de calor devem estar a uma distância
suficiente de qualquer objeto fixo ou elemento do prédio, de modo
Nos esquemas ITx, é permitido não seccionar automaticamente a não submetê-los, em condições normais, a uma elevação perigosa
o circuito no primeiro defeito de isolamento, uma vez que, de temperatura.
geralmente, utiliza-se este esquema de aterramento em situações Os materiais dos invólucros que sejam dispostos em torno
nas quais, por razões de segurança das pessoas ou do patrimônio, é de componentes elétricos durante a instalação devem suportar a
necessário assegurar a continuidade do serviço. maior temperatura susceptível de ser produzida pelo componente.
Desta forma, é recomendado que se utilizem dispositivos Materiais combustíveis não são adequados para a construção destes
supervisores de isolamento (DSI) ou sistemas de localização invólucros, a menos que sejam tomadas medidas preventivas contra
162 de faltas para que, logo após a aparição do primeiro defeito de a ignição, tais como o revestimento com material incombustível ou
isolamento, proceda-se rapidamente à busca e eliminação deste de combustão difícil e de baixa condutância térmica.
defeito. Isso é muito importante, pois a permanência de um primeiro Para atender às prescrições anteriores, fica evidente que é
defeito conduz ao funcionamento da instalação com um ponto fundamental conhecer previamente as temperaturas máximas
ligado à terra, correspondendo a uma condição de funcionamento atingidas pelos componentes, assim como as temperaturas suportadas
para a qual a instalação não foi adequadamente dimensionada, o pelos materiais e elementos adjacentes à instalação de média tensão.
que pode levar ao surgimento de tensões e/ou correntes perigosas Além disso, é importante conhecer as características principais dos
que coloquem os componentes da instalação em risco de falha. materiais combustíveis que possam estar adjacentes aos componentes
elétricos, notadamente suas condutâncias térmicas.
6 Proteção contra efeitos térmicos
(incêndios e queimaduras) 6.2 Proteção contra queimaduras
Conforme 5.2 da NBR 14039, as pessoas, os componentes De acordo com 5.2.3 da NBR 14039, as partes acessíveis de
fixos de uma instalação elétrica, bem como os materiais fixos equipamentos elétricos que estejam situadas na zona de alcance
adjacentes, devem ser protegidos contra os efeitos prejudiciais do normal não devem atingir temperaturas que possam causar
calor ou radiação térmica produzida pelos equipamentos elétricos, queimaduras em pessoas e, para tanto, devem atender aos limites
particularmente quanto aos riscos de queimaduras (pessoas), de temperatura indicados na tabela 23 da norma (Tabela 7 a seguir).
prejuízos no funcionamento seguro de componentes da instalação e Além disso, todas as partes da instalação que possam, em serviço
combustão ou deterioração de materiais (incêndios). normal, atingir, ainda que por períodos curtos, temperaturas que
O conceito das prescrições da norma em relação a este assunto excedam os limites dados na Tabela 7, devem ser protegidas
baseia-se na limitação da temperatura máxima que os componentes contra qualquer contato acidental. Isso pode ser conseguido, por
da instalação de média tensão podem atingir em regime normal de exemplo, pela colocação fora de alcance ou pela instalação de
funcionamento. A partir do conhecimento destas temperaturas, a barreiras ou obstáculos que impeçam o contato acidental com as
norma lembra que devem ser observadas distâncias mínimas entre superfícies quentes.
NBR 14039
estes componentes e os demais materiais adjacentes a eles para Não devem ser considerados os valores indicados na Tabela
evitar incêndios. As temperaturas máximas também são fixadas 6 nos casos em que existirem normas específicas que limitem as
para partes dos componentes que são manuseadas pelos operadores temperaturas nas superfícies dos componentes elétricos no que
de forma a evitar queimaduras. concerne a proteção contra queimaduras.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
Tabela 6 - Temperaturas máximas das superfícies externas dos equipamentos unitária com capacidade instalada menor ou igual a 300 kVA, a
elétricos dispostos no interior da zona de alcance normal
Temperaturas proteção geral na média tensão deve ser realizada por meio de um
Tipo de superfície
máximas °C disjuntor acionado através de relés secundários com as funções 50 e
Superfícies de alavancas, volantes ou punhos de 51, fase e neutro (onde é fornecido o neutro), ou por meio de chave
dispositivos de controle manuais:
seccionadora e fusível sendo que, neste caso, adicionalmente,
- metálicas 55
a proteção geral, na baixa tensão, deve ser realizada através de
- não-metálicas 65
disjuntor (Figura 23).
Superfícies previstas para serem tocadas em serviço normal, mas
não destinadas a serem mantidas à mão de forma contínua:
- metálicas 70
- não-metálicas 80
Superfícies acessíveis, mas não destinadas a serem tocadas em serviço
normal:
- metálicas 80
- não-metálicas 90
NOTAS
1 Esta prescrição não se aplica a materiais cujas normas fixam limites de temperatura ou de aquecimento para as superfícies acessíveis.
2 A distinção entre superfícies metálicas e não-metálicas depende da condutividade térmica da superfície considerada. Camadas de tinta e de
verniz não são consideradas como modificando a condutividade térmica da superfície. Ao contrário, certos revestimentos não condutores podem
reduzir sensivelmente a condutividade térmica de uma superfície metálica e permitir considerá-la como não-metálica.
3 Para dispositivos de controle manuais, dispostos no interior de invólucros, que somente sejam acessíveis após a abertura do invólucro (por
exemplo, alavancas de emergência ou alavancas de desligamento) e que não sejam utilizados freqüentemente, podem ser admitidas temperaturas
mais elevadas.
permitir coordenação com o sistema de proteção da concessionária, corrente de curto-circuito presumida no ponto onde este dispositivo
ser dimensionado e ajustado de modo a permitir adequada é instalado;
seletividade entre os dispositivos de proteção da instalação. b) o tempo de atuação do dispositivo deve ser menor do que o tempo
Em 5.3.1.1, a NBR 14039 prescreve que uma subestação de circulação da corrente de curto-circuito presumida de forma que
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
As pessoas que trabalham nas instalações elétricas devem tensão. São os casos de transformadores, geradores, disjuntores,
possuir e saber utilizar dispositivos (fixos ou portáteis) para a chaves, dentre outros equipamentos.
verificação do estado de desenergização em todos os pontos onde o Esse assunto é tratado com mais detalhes em 13.8 deste guia.
trabalho for realizado. Por razão de segurança das pessoas, no caso
de instalações de média tensão é muito recomendável que sejam 12 Proteção contra perigos resultantes de
utilizados detectores de tensão sem contato, facilmente encontrados faltas por arco
no mercado.
Cada parte de uma instalação que possa ser isolada de outras Simplificadamente, o arco voltaico é uma espécie de “curto-
partes deve possuir dispositivos que permitam o seu aterramento e circuito através do ar”, que se movimenta em alta velocidade (da
curto-circuito, evitando assim os riscos de choques elétricos para ordem de 100 m/s) e elevadas temperaturas (milhares de graus K).
os operadores. Além disso, equipamentos como, por exemplo, Isso provoca destruição total ou parcial dos componentes elétricos
transformadores e capacitores devem ser providos de meios para (painéis, dispositivos, etc.), dos materiais em seu entorno e pode
seu aterramento e curto-circuito no ponto de sua instalação. Este causar graves lesões (algumas até fatais) nas pessoas que estejam
requisito não deve ser aplicado a partes do sistema onde isto não for próximas, mesmo que elas sejam BA4 ou BA5.
praticável ou for impróprio, como são os casos de transformadores Desta forma, conforme 5.9 da NBR 14039, para diminuir o
ou máquinas elétricas com terminações seladas ou terminações risco de formação dos arcos, os dispositivos e equipamentos que
flangeadas de cabos. Nestes casos, o aterramento e o curto-circuito podem gerar arcos durante a sua operação devem ser selecionados
devem ser realizados nos respectivos cubículos ou compartimentos e instalados de modo a garantir a segurança das pessoas que
situados nos lados primário e secundário. trabalham nas instalações. Para tanto, devem ser utilizados
Para cada parte da instalação, devem ser providos pontos de dispositivos de abertura sob carga, chave de aterramento resistente
conexão, facilmente acessíveis e apropriadamente dimensionados, ao curto-circuito presumido, sistemas de intertravamento,
ao sistema de aterramento e às partes vivas para permitir a conexão fechaduras com chave não intercambiáveis, coberturas sólidas ou
dos dispositivos de aterramento e curto-circuito temporário (Figura barreiras ao invés de coberturas perfuradas ou telas, equipamentos
28) . Os mecanismos existentes em cubículos ou compartimentos ensaiados para resistir às faltas de arco internas. Além disso, devem
devem ser projetados de forma a permitir a conexão manual dos ser empregados dispositivos limitadores de corrente e selecionados
dispositivos de aterramento e curto-circuito. tempos de interrupção muito curtos (isso pode ser obtido através
de relés instantâneos ou por dispositivos sensíveis a pressão, luz ou
calor, atuando em dispositivos de interrupção rápidos). 167
Outras medidas de proteção incluem ainda a existência de
corredores operacionais tão curtos, altos e largos quanto possível,
além da recomendação de se operar a instalação a uma distância
segura, uma vez que a realização de simples manobras dentro de
uma subestação pode dar origem a um arco voltaico. Esse arco
pode causar queimaduras de elevado grau, além da inalação de
gases tóxicos e quentes emanados pelos componentes elétricos
submetidos a altíssimas temperaturas. Outro problema importante
durante o arco elétrico é o estrondo causado pelo deslocamento de
ar, que pode atingir um nível de ruído muito elevado, podendo levar
até à perda temporária ou às vezes definitiva da audição. Os perigos
não param por aí, pois é comum que o arco provoque o arremesso
de equipamentos, partes ou peças derretidos a vários metros de
distância, colocando assim o operador em risco de ser atingido
por eles. Finalmente, as ondas de pressão decorrentes do arco são
capazes de arremessar uma pessoa a alguns metros, o que pode ter
consequências muito sérias para sua saúde.
Figura 28 – Conexão para aterramento e curto-circuito temporário De forma geral, após a devida análise dos riscos (ver parte
relativa à NR-10 deste Guia), podem-se estabelecer procedimentos
11 Proteção contra fuga de líquido isolante de segurança do operador que incluam o uso de roupas especiais
para a proteção contra queimaduras. Pelo lado da instalação, podem
Além de eventuais documentos sobre o assunto que são de ser utilizados painéis à prova de arco elétrico, conforme a norma
cumprimento obrigatório emitidos por autoridades (prefeitura, IEC 616641 (ainda sem equivalente no Brasil), além de se prever
NBR 14039
bombeiro, companhia de saneamento ambiental, etc.), a NBR 14039 a realização de manobras a distância por meio de painéis com
traz em 5.8 algumas prescrições sobre a maneira mais adequada interface homem-máquina (IHM).
de lidar com possíveis vazamentos de líquidos utilizados como Mesmo com a utilização de painéis à prova de arco, devem
isolantes elétricos que podem fazer parte de componentes de média ser utilizados relés de detecção de arco de modo a reduzir
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
Código Influências externas Características exigidas para seleção e instalação dos componentes
A - Condições ambientais (4.3.1)
Código Influências externas Características exigidas para seleção e instalação dos componentes
- uma resistência mecânica suficiente (ver AG);
- precauções para evitar a presença de fauna (como limpeza, uso de
pesticidas);
- componentes especiais ou revestimentos protegendo os invólucros
AM Influências eletromagnéticas, eletrostáticas ou
ionizantes (4.3.1.9)
AM1 Desprezível Normal
AM2 Correntes parasitas Proteções especiais tais como:
- isolação adequada;
- revestimentos protetores especiais;
- proteção catódica;
- eqüipotencialidade suplementar.
AM3 Eletromagnéticas Proteções especiais tais como:
AM4 Ionizantes -distanciamento das fontes de radiação;
-- interposição de telas protetoras;
-- invólucros especiais.
AM5 Eletrostáticas Proteções especiais tais como:
AM6 Induções - isolação apropriada do local;
- eqüipotencialidade suplementar.
Proteções especiais tais como:
- distanciamento das fontes de corrente induzida;
- interposição de telas protetoras.
AN Radiações solares (4.3.1.10)
AN1 Desprezíveis Normal
AN2 Significativas Disposições especiais tais como:
- materiais resistentes à radiação ultravioleta;
- revestimentos de cores especiais; 171
- interposição de telas protetoras
AQ Raios (4.3.1.11)
AQ1 Desprezíveis Normal
B - Utilizações (4.3.2)
Código Influências externas Características exigidas para seleção e instalação dos componentes
Utilização de materiais não propagantes de chama e com baixa emissão
de fumaça e gases tóxicos que envolvam os componentes da instalação
BE3 Riscos de explosão Componentes adequados para atmosferas explosivas
Para evitar enganos que podem colocar as pessoas e as 14.1 Tipos de linhas elétricas
Condutor
• Insensibilidade às vibrações; Conforme 6.2.3.3 da NBR 14039, nas instalações com tensão
• Bom comportamento ao fogo. nominal superior a 3,6/6 kV, os cabos unipolares e as veias dos
cabos multipolares devem ser do tipo a campo elétrico radial.
A seguir são apresentadas as características específicas de cada
um dos materiais isolantes sólidos mencionados.
Tabela 11 – Tensão nominal dos cabos de média tensão em função do valor eficaz da tensão entre condutores (fases).
esquema de aterramento
Os valores das tensões nominais previstas na NBR 6251 para
Tensão nominal (mínima) do cabo Uo/U (kV)
cabos de média tensão são os seguintes (em kV): 1,8/3; 3,6/6; 6/10;
Tensão nominal da Esquemas de Esquema de
8,7/15; 12/20; 15/25; 20/35.
instalação U (kV) aterramento TN e TT aterramento IT
A partir destes valores nominais dos cabos de média tensão e
3 1,8/3 3,6/6
da tensão nominal da instalação, é possível determinar a tensão
4,16 3,6/6 6/10
6 3,6/6 6/10
de isolamento mínima dos cabos em função do esquema de
13,8 8,7/15 12/20 aterramento, conforme Tabela 11.
23,1 15/25 20/35
34,5 20/35 --x-- 14.4 Acessórios para cabos de média tensão
uma vez que a ligação direta do neutro ao aterramento (nos casos do Em 6.2.3.6, a NBR 14039 prescreve que os acessórios necessários
TNx e TTx) ou a ligação indireta por meio de impedância ou a não para a correta instalação dos cabos devem ser compatíveis elétrica,
ligação do neutro (esquema ITx) tem influência na tensão aplicada química e mecanicamente com eles, atendendo às condições de
sobre a isolação em casos de faltas. No passado, anteriormente às influências externas previstas para o local de instalação.
definições dos esquemas de aterramento conforme a NBR 14039, Os acessórios para cabos de média tensão compreendem
a tensão nominal dos cabos era escolhida em função do neutro principalmente os terminais e as emendas (Figura 35).
ser aterrado ou isolado, o que era conhecido na época como, Os terminais são acessórios que ligam duas extremidades do
respectivamente, sistemas NA e NI. cabo de média tensão aos equipamentos e componentes em geral de
Além de diversos aspectos construtivos dos cabos, a NBR 6251 um circuito elétrico. As emendas são acessórios que possibilitam a
define as tensões nominais dos cabos designando-as por Uo/U, conexões entre dois ou mais trechos de cabos, visando adequar o
sendo Uo o valor eficaz da tensão entre condutor de fase e a terra ou comprimento do cabo às necessidades do circuito, executar reparos
entre o condutor de fase e a blindagem metálica da isolação e U é o em cabos ou realizar derivações em circuitos.
176
NBR 14039
A distância necessária entre o condutor e a blindagem a fim Para atender os requisitos anteriores de forma segura e com o 177
de evitar a referida descarga elétrica é função da tensão entre fase menor tamanho possível, existem as seguintes tecnologias disponíveis
(condutor) e terra (blindagem) na instalação e da propriedade de terminais para cabos de média tensão a campo radial (Figura 36),
dielétrica do meio isolante entre o condutor e a blindagem. que devem atender a norma NBR 9314 - Emendas e terminais para
No caso do meio isolante ser o ar, muitas variáveis que reduzem cabos de potência com isolação para tensões de 3,6/6 kV a 27/35 kV:
sua propriedade dielétrica podem estar presentes, tais como umidade,
partículas sólidas em suspensão, agentes químicos, salinidade, • Terminais enfaixados (ou terminais com fitas);
dentre outras. Isso leva a um aumento de distância considerável • Terminais com isoladores de porcelana;
entre condutor e blindagem para evitar a ocorrência de correntes de • Terminais poliméricos (ou terminais elastoméricos);
fuga que percorrerá a superfície da isolação, que poderá provocar • Terminais termocontráteis;
a queima da isolação, caracterizada por um “trilhamento” sobre • Terminais contráteis a frio;
a superfície, conhecido como “tracking e erosão”. Neste sentido, • Terminais desconectáveis.
NBR 14039
14.4.2 Emendas 14.5 Escolha das linhas elétricas de acordo com as influências
externas
Princípio de funcionamento
Em 6.2.4, a NBR 14039 trata da escolha das linhas elétricas
Executar uma emenda é reconstituir em campo todos os em função das influências externas significativas presentes na
componentes de um cabo elétrico de média tensão, utilizando instalação.
técnicas e materiais específicos para essa finalidade. Ao final da A tabela 26 da NBR 14039 apresenta várias influências
montagem da emenda, o novo conjunto obtido (cabo + emenda) externas e suas respectivas exigências específicas em relação
deve possuir características elétricas, físicas, mecânicas, etc., no aos cabos e aos condutos (a Tabela 12 a seguir reproduz a
mínimo semelhantes àquelas que o cabo originalmente apresentava. tabela 26 da norma).
Os componentes que devem ser reconstituídos em campo são: Destaque para as situações de influências externas BD2
condutor, blindagem semicondutora do condutor (interna), isolação, (condição de fuga longa das pessoas em situação de emergência)
blindagem semicondutora da isolação (externa), blindagem e BE2 (risco de incêndio pela presença de substâncias
metálica do condutor, e cobertura. combustíveis e líquidos com alto ponto de fulgor). Em ambos
os casos, as linhas elétricas de média tensão aparentes devem
Tipos de emendas para cabos de média tensão atender a uma das seguintes condições:
Existem diferentes técnicas e materiais para realizar a • No caso de linhas constituídas por cabos de média tensão
reconstituição de cada uma das partes de um cabo de média tensão fixados em paredes ou em tetos, ou constituídas por condutos
a campo radial (Figura 37), que devem atender a norma NBR 9314 abertos (leitos, bandejas, etc.), os cabos devem ser resistentes
- Emendas e emendas para cabos de potência com isolação para ao fogo sob condições simuladas de incêndio, livres de
tensões de 3,6/6 kV a 27/35 kV, conforme a seguir: halogênio e com baixa emissão de fumaça e gases tóxicos;
• No caso de linhas em condutos fechados, os condutos
• Emendas enfaixadas (ou emendas com fitas); devem ser resistentes ao fogo sob condições simuladas
• Emendas termocontráteis; de incêndio, livres de halogênios e com baixa emissão de
• Emendas contráteis a frio; fumaça e gases tóxicos.
178 • Emendas desconectáveis.
AA3 - 25°C a + 5°C Para temperaturas inferiores a -10°C, os cabos com isolação e/ou
cobertura de PVC e PE termoplástico, bem como os condutos de PVC,
não devem ser manipulados nem submetidos a esforços mecânicos, visto
que o PVC e o PE termoplástico podem tornar¬se quebradiços
AA4 - 5°C a + 40°C + 5°C a + 40°C + 5°C a + 60°C Quando a temperatura ambiente (ou do solo) for superior aos valores
AA5 de referência (20°C para linhas subterrâneas e 30°C para as demais), as
AA6 capacidades de condução de corrente dos condutores e cabos isolados
devem ser reduzidas de acordo com 6.2.5.3
AC = Altitude (4.3.1.2) (sem influência) AD = Presença de água (4.3.1.3)
AD1 / AD2 Desprezível Queda de gotas de água Nenhuma limitação
AD3 / AD4 Aspersão de água Projeção de água Jatos de água Nas condições AD3 a AD6, só devem ser usadas linhas com proteção
AD5 / AD6 Ondas Imersão adicional à penetração de água com os graus IP adequados, a princípio
AD7 sem revestimento metálico externo
AD8 Submersão Cabos especiais para uso sob água e obrigatório o emprego de condutores
com construção bloqueada. Linhas com graus IP adequados, a princípio
sem revestimento metálico externo
AE = Presença de corpos sólidos (4.3.1.4)
AE1 Desprezível Nenhuma limitação
AE2 Objetos pequenos Nenhuma limitação, desde que não haja exposição a danos mecânicos
AE3 Objetos muito pequenos Nenhuma limitação
AE4 Poeira Limitações restritas às influências AF, AJ e BE
AF = Presença de substâncias corrosivas ou poluentes (4.3.1.5)
e cupins, deve ser usada uma das soluções: - cabos providos de armação -
materiais especialmente aditivados ou revestimento adequado em cabos ou
eletrodutos
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
CA2 Combustíveis no caso de linhas constituídas por cabos fixados em paredes ou em tetos, ou
constituídas por condutos abertos, os cabos devem ser resistentes ao fogo sob
condições simuladas de incêndio, livres de halogênio e com baixa emissão
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
14.2.6 Instalação de cabos elétricos de média tensão b) as seções nominais dos condutores fase estiverem contidas
dentro de um intervalo de três valores normalizados sucessivos. Por
As diversas condições de instalação dos cabos elétricos de exemplo, é permitido instalar no mesmo eletroduto (ou eletrocalha
média tensão são tratadas em 6.2.9, 6.2.10 e 6.2.11 da NBR 14039. ou canaleta com tampa) cabos de média tensão de seções 50, 70 e
A seguir são destacadas algumas destas prescrições. 95 mm2, mas não é permitido instalar cabos 50, 70 e 120 mm2.
• Independentemente do tipo de linha elétrica, nos casos de c) os cabos tiverem a mesma temperatura máxima para serviço
vizinhança entre linhas elétricas de média tensão e canalizações contínuo. Assim, por exemplo, podem compartilhar o mesmo
181
não elétricas (água, gás, telecomunicações, etc.), as linhas e as conduto fechado diferentes cabos isolados em PVC (classe
canalizações devem ser dispostas de forma a manter entre suas 70 ºC), assim como podem utilizar o mesmo conduto fechado
superfícies externas uma distância mínima de 20 cm. cabos isolados em EPR e XLPE, pois ambos são classe 90
• Como regra geral, uma linha elétrica de média tensão não deve ºC. No entanto, não se admite misturar no mesmo conduto
compartilhar a mesma canaleta ou poço com as canalizações não fechado cabos isolados em PVC e EPR ou XLPE, pois possuem
elétricas (Figura 38). Além disso, as linhas elétricas de diferentes temperaturas de serviço diferentes.
tensões nominais não devem ser colocadas nas mesmas canaletas
ou poços. Há exceções mencionadas na norma para essas duas
regras, porém todas são difíceis de garantir que sejam mantidas
conforme projetado ao longo de toda a vida da instalação.
• Os condutos fechados (eletrodutos, eletrocalhas, canaletas com
tampas, etc.) podem conter condutores de mais de um circuito,
quando as três condições seguintes forem simultaneamente
atendidas:
Figura 38 – Linhas elétricas de tensões diferentes e outras canalizações não compartilham a mesma canaleta ou poço
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
• Quando vários cabos forem reunidos em paralelo, eles devem ser Isso faz com que a distribuição de correntes entre os diversos cabos
reunidos em tantos grupos quantos forem os cabos em paralelo, com em paralelo na mesma fase seja muito boa.
cada grupo contendo um cabo de cada fase ou polaridade. Os cabos O problema de distribuição desigual de corrente ocorre quando
de cada grupo devem estar instalados na proximidade imediata uns se utilizam cabos unipolares, uma vez que o arranjo dos cabos
dos outros. Em particular, no caso de condutos fechados de material influencia de modo significativo a reatância mútua. Neste caso,
condutor, todos os condutores vivos de um mesmo circuito devem sem realizar cálculos complexos de indutância mútua, as maneiras
estar contidos em um mesmo conduto. práticas de conseguir a distribuição de corrente mais uniforme são
aquelas indicada na Figura 40.
Essa prescrição da norma visa obter o melhor equilíbrio
possível de corrente entre os diversos cabos, evitando assim que • Devem ser ligadas à terra as blindagens e/ou capas metálicas dos
alguns sejam percorridos por mais correntes do que outros. Quando cabos em uma das extremidades. A segunda extremidade pode ser
isso acontece, há o risco de alguns cabos entrarem em sobrecarga, aterrada, desde que a transferência de potencial e a corrente que
enquanto que outros funcionarão com carga reduzida. Nas situações circula pela blindagem estejam dentro de limites aceitáveis. Este é
em que a proteção contra sobrecarga de todos os cabos em paralelo o caso, por exemplo, de alimentadores longos (centenas de metros),
é realizada por um único dispositivo, ele não irá atuar por conta onde a força eletromotriz induzida na blindagem ou capa metálica,
de sobrecargas em cabos individuais, uma vez que ele “enxerga” quando aterrada em uma só extremidade, pode atingir um valor
somente a corrente total do circuito. perigoso para as pessoas ou mesmo causar centelhamento. Ou
Desta forma, deve-se buscar uma divisão de corrente igual ou então, quando se pretende utilizar as blindagens como caminho de
muito próxima entre os cabos ligados em paralelo. Isso é conseguido retorno da corrente de falta para a fonte.
quando as impedâncias dos cabos em paralelo são aproximadamente
iguais. Como a resistência elétrica será praticamente a mesma Nos casos em que a blindagem metálica é aterrada em ambas
em todos os condutores (todos tem a mesma seção nominal e as extremidades, a corrente máxima que irá circular pela blindagem
comprimento), a variação de impedância entre os cabos em paralelo deve ser calculada para que seja dimensionada adequadamente a
fica por conta da reatância indutiva (indutância própria + indutância sua seção nominal.
mútua). A indutância própria também é aproximadamente a mesma Quando o objetivo é garantir a segurança dos trabalhadores em
entre os cabos em paralelo, já que depende apenas da geometria média tensão e reduzir a ocorrência de centelhamentos indesejados,
do cabo propriamente dita. No entanto, a reatância mútua depende recomenda-se sempre aterrar a blindagem nas duas extremidades,
182 do arranjo, ou seja, da forma como os cabos são instalados e da independentemente do comprimento dos cabos. Esse é o caso da
distância entre eles. maioria das instalações abrangidas pela NBR 14039.
Quando são utilizados cabos tripolares em paralelo por fase,
obtém-se uma geometria muito simétrica entre os condutores das • Na instalação de eletrodutos não enterrados (aparentes ou
diferentes fases que formam cada perna do conjunto em paralelo. embutidos), a taxa máxima de ocupação em relação à área da seção
NBR 14039
transversal dos eletrodutos não deve ser superior a 40% no caso de Quando uma linha elétrica enterrada estiver ao longo ou cruzar
um cabo ou 30% no caso de dois ou mais cabos. com condutos de instalações não elétricas, uma distância mínima de
• Somente são admitidos em instalação aparente eletrodutos que 0,20 m deve existir entre seus pontos mais próximos. Em particular,
não propaguem a chama. Em instalação embutida, os eletrodutos no caso de linhas de telecomunicações que estejam paralelas às linhas
que possam propagar a chama devem ser totalmente envolvidos por de média tensão, deve ser mantida uma distância mínima de 0,50 m.
materiais incombustíveis. Qualquer linha enterrada deve ser continuamente sinalizada por
• Em instalações com cabos diretamente enterrados, somente são um elemento de advertência (por exemplo, fita colorida) não sujeito
admitidos cabos unipolares ou multipolares providos de armação; à deterioração, situado no mínimo a 0,10 m acima dela (Figura 43).
ou cabos unipolares ou multipolares sem armação, porém com
proteção mecânica adicional provida pelo método construtivo
adotado, como, por exemplo, devidamente protegidos por
eletrodutos (Figura 41).
Fita de advertência
14.7.1 Construção
14.7.2 Tipos
Por serem elementos pré-fabricados, os barramentos blindados • A corrente de projeto do circuito (IB), conforme indicado em 4.1
devem ser instalados rigorosamente conforme as instruções do deste guia;
fabricante. Além disso, uma vez que o busway tenha sido recebido • O tipo de cabo elétrico: material de isolação, conforme 14.3.1; e
em obra, deve ser mantida a integridade da embalagem. O local de classe de tensão, conforme 14.3.2 deste guia;
armazenamento também deve estar limpo, seco e abrigado da radiação • O tipo de linha elétrica (maneira de instalar), conforme a Tabela
solar. Cuidados devem ser tomados para impedir a penetração de 9 deste guia;
objetos durante a instalação do equipamento, pois isso pode colocar • A temperatura ambiente para linhas elétricas não enterradas;
em risco a integridade do produto e a segurança das pessoas. • A temperatura do solo e a resistividade térmica do solo para linhas
Conforme 6.2.11.7.1 da NBR 14039, o invólucro do barramento enterradas;
blindado deve ser solidamente ligado à terra e ao condutor de • A proximidade de outros cabos (condições de agrupamento).
proteção, em toda sua extensão, por meio de condutor contínuo,
acessível e instalado externamente. 15.1.1.1Métodos de referência
para condições de instalação pré-fixadas, conforme indicado na última notar que a norma não inclui tabelas de capacidade de corrente de cabos
coluna da Tabela 13. A alteração de uma ou mais dessas condições de com isolação em PVC e PE (limitados aos circuitos com tensão nominal
instalação implica uma variação na temperatura no interior da canaleta, até 3,6/6 kV, conforme comentado em 14.3.1 deste guia). Nestes casos,
diferente da utilizada no cálculo dos valores. deve ser consultado o fabricante de cabos.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
Seção mm A B C D E F G H I
10 87 105 80 92 67 55 63 65 78
300 687 824 575 643 474 340 394 402 437
400 796 959 658 734 543 382 447 453 489
500 907 1100 741 829 613 426 502 506 542
630 1027 1258 829 932 686 472 561 562 598
1000 1265 1571 996 1126 828 555 678 666 706
Tensão 120 393 454 340 375 283 211 244 248 281
nominal 150 448 516 385 423 320 236 273 278 311
maior que 185 513 595 437 482 363 265 307 312 347
8,7/15 kV 240 604 702 510 560 425 306 355 360 395
300 690 802 578 633 481 342 398 404 439
400 800 933 661 723 550 386 452 457 491
500 912 1070 746 817 622 431 507 511 544
630 1032 1225 836 920 698 477 568 568 602
NBR 14039
800 1158 1361 927 1013 780 525 632 628 660
1000 1275 1516 1009 1108 849 565 688 680 712
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
Seção mm A B C D E F G H I
10 97 116 88 102 75 60 68 70 84
300 767 918 639 712 535 369 426 434 473
400 890 1070 731 814 613 416 483 490 529
500 1015 1229 825 920 693 465 543 548 588
630 1151 1408 924 1035 777 515 609 609 650
800 1289 1580 1022 1146 863 565 676 671 712
188 1762 1112 1253 940 608 738 725 769
1000 1421
Tensão 120 438 503 377 414 319 229 263 267 303
nominal 150 498 572 426 467 360 256 294 299 336
maior que 185 571 660 484 532 409 288 331 337 375
8,7/15 kV 240 672 779 565 619 479 332 383 389 427
300 768 891 641 699 542 372 430 436 475
400 891 1037 734 800 621 420 488 493 531
500 1018 1192 829 905 703 469 549 553 590
630 1155 1367 930 1020 790 521 616 616 653
800 1297 1518 1033 1124 882 574 686 682 718
1000 1430 1694 1125 1231 961 619 748 739 775
NBR 14039
Os fatores de correção da tabela 17 não consideram submetidos a tais radiações, as capacidades de condução de
o aumento de temperatura devido à radiação solar ou a corrente devem ser calculadas pelos métodos especificados
outras radiações infravermelhas. Quando os cabos forem na NBR 11301.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
Temperatura Temperatura
Isolação Isolação
°C °C
Ambiente EPR ou XLPE EPR 105 Do solo EPR ou XLPE EPR 105
10 1,15 1,13 10 1,07 1,06
15 1,12 1,10 15 1,04 1,03
20 1,08 1,06 25 0,96 0,97
25 1,04 1,03 30 0,93 0,94
35 0,96 0,97 35 0,89 0,91
40 0,91 0,93 40 0,85 0,87
45 0,87 0,89 45 0,80 0,84
50 0,82 0,86 50 0,76 0,80
55 0,76 0,82 55 0,71 0,76
60 0,71 0,77 60 0,65 0,72
65 0,65 0,73 65 0,60 0,68
70 0,58 0,68 70 0,53 0,64
75 0,50 0,63 75 0,46 0,59
80 0,41 0,58 80 0,38 0,54
Tabela 18 - Fatores de correção para cabos contidos em eletrodutos enterrados no solo ou diretamente enterrados, com resistividades térmicas diferentes de 2,5 K.m/W,
a serem aplicados às capacidades de condução de corrente do método de referência F, G, H e I (Tabela 33 da NBR 14039)
NOTAS 1 Os fatores de correção dados são valores médios para as seções nominais incluídas nas tabelas 28, 29, 30 e 31, com uma dispersão geralmente inferior a 5%. 2 Os
fatores de correção são aplicáveis a cabos em eletrodutos enterrados ou diretamente enterrados, a uma profundidade de até 0,9 m. 3 Fatores de correção para resistividades
térmicas diferentes podem ser calculados pelos métodos dados na NBR 11301.
189
Quando devido a condições de funcionamento conhecidas, condutores, já afetada pelo fator de correção aplicável, o circuito ou
um circuito ou cabo multipolar for previsto para conduzir não cabo multipolar pode ser omitido para efeito da obtenção do fator de
mais do que 30% da capacidade de condução de corrente de seus correção do restante do grupo indicado nas tabelas 19 a 23 a seguir.
Tabela 19 - Fatores de correção para cabos unipolares em plano espaçados ao ar livre a serem aplicados às capacidades de condução
de corrente do método de referência B (Tabela 34 da NBR 14039)
Agrupamento de cabos em sistemas trifásicos, instalados em ambientes abertos e ventilados. Número de ternas
Estes valores são válidos, desde que os cabos mantenham as disposições de instalação propostas
1 2 3
Número de
Fator de correção (fa)
bandejas
1 1,00 0,97 0,96
Instalação em bandejas
2 0,97 0,94 0,93
3 0,96 0,93 0,92
6 0,94 0,91 0,90
Casos onde No caso de instalações em plano, aumentando-se a distância entre os cabos, reduz-se o aquecimento mútuo. Entretanto,
NBR 14039
não há necessidade simultaneamente, aumentam-se as perdas nas blindagens metálicas. Por isso torna-se impossível dar indicação sobre
de correção disposições para as quais não há necessidade de fator de correção.
NOTAS
1 Esses fatores são aplicáveis a grupos de cabos uniformemente carregados.
2 Os valores indicados são médios para a faixa usual de seções nominais, com dispersão geralmente inferior a 5%.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
Tabela 20 - Fatores de correção para cabos unipolares em trifólio ao ar livre a serem aplicados às capacidades de condução de corrente do método de referência A (Tabela 35 da NBR 14039)
Número de ternas
Agrupamento de cabos em sistemas trifásicos, instalados em ambientes abertos e ventilados.
Estes valores são válidos, desde que os cabos mantenham as disposições de instalação propostas
1 2 3
Número de Fator de correção (fa)
bandejas
1 1,00 0,98 0,96
Instalação em bandejas
2 1,00 0,95 0,93
3 1,00 0,94 0,92
6 1,00 0,93 0,90
Instalação vertical
NOTAS
1 Esses fatores são aplicáveis a grupos de cabos uniformemente carregados.
2 Os valores indicados são médios para a faixa usual de seções nominais, com dispersão geralmente inferior a 5%.
190 Tabela 21 - Fatores de correção para cabos tripolares ao ar livre a serem aplicados às capacidades de condução de corrente do método de referência A (Tabela 36 da NBR 14039)
Número de cabos
Agrupamento de cabos em sistemas trifásicos, instalados em ambientes abertos e ventilados.
Estes valores são válidos, desde que os cabos mantenham as disposições de instalação propostas 1 2 3 6 9
Número de
Fator de correção (fa)
bandejas
1 1,00 0,98 0,96 0,93 0,92
Instalação em bandejas
2 1,00 0,95 0,93 0,90 0,89
3 1,00 0,94 0,92 0,89 0,88
6 1,00 0,93 0,90 0,87 0,86
Casos onde
Número qualquer
não há necessidade
de cabos
de correção
NBR 14039
NOTAS
1 Esses fatores são aplicáveis a grupos de cabos uniformemente carregados.
2 Os valores indicados são médios para a faixa usual de seções nominais, com dispersão geralmente inferior a 5%.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
Tabela 22 - Fatores de correção para cabos unipolares e cabos tripolares em banco de dutos a serem aplicados
às capacidades de condução de corrente dos métodos de referência F e G (Tabela 37 da NBR 14039)
c
b c b c d
b d
d
c b c b c
b
191
b b b
b c b c b c
b b b
NOTAS
1 Os valores indicados são aplicáveis para uma resistividade térmica do solo de 0,9 K.m/W. São valores médios para as mesmas
dimensões dos cabos utilizados nas colunas F e G das tabelas 28 a 31. Os valores médios arredondados podem apresentar erros de
10% em certos casos. Se forem necessários valores mais precisos ou para outras configurações, deve-se recorrer à NBR 11301.
2 Dimensões: a = 76 cm, b = 48 cm, c = 20 cm, d = 68 cm.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
Tabela 23 - Fatores de correção para cabos unipolares e cabos tripolares em banco de dutos a serem aplicados às capacidades de condução
de corrente dos métodos de referência H e I (Tabela 38 da NBR 14039)
Multiplicar pelos
valores do método de
referência I (cabos
unipolares espaçados
diretamente
enterrados)
Multiplicar pelos
valores do método de
referência H (cabos
unipolares em trifólio
diretamente enterrados)
Multiplicar pelos
valores do método de
referência H
(cabo tripolar diretamente
enterrado)
192
Até seção 95 mm2 inclusive 0,86 0,79 0,71
20cm 20cm
NOTAS
1 Os valores indicados são aplicáveis para uma resistividade térmica do solo de 2,5 K.m/W. São valores médios para as mesmas dimensões dos cabos utilizados nas colunas H e I das tabelas 28
90cm
a 31. Os valores médios arredondados podem apresentar erros de 10% em certos casos. Se forem necessários valores mais precisos ou para outras configurações, deve-se recorrer à NBR 11301.
2 Dimensões (para todas as configurações da tabela 38):
Conforme 6.2.5.7 da NBR 14039, quando os condutores e condução de corrente devem ser determinadas para a parte do
cabos são instalados num percurso ao longo do qual as condições percurso que apresenta as condições mais desfavoráveis. A figura
de resfriamento (dissipação de calor) variam, as capacidades de 47 ilustra essa situação
média tensão contra curto-circuito podem ser vistas no capítulo 7 deste guia. Polietileno reticulado (XLPE) 250
Borracha etilenopropileno (EPR 105) 250
Os condutores vivos devem ser protegidos contra as correntes de
sobrecargas, exceto quando alimentam cargas que possuem sua própria
proteção contra as sobrecargas, tais como transformadores, motores, etc.
15.1.4.2 Correntes de curto-circuito nos condutores
protegido por dispositivos que interrompam a corrente nesse EPR 105° Cobre 134 87
(A)
Figura 49 – Característica de corrente suportada pelos cabos de cobre EPR 90°/XLPE.
194
(B)
(C)
Figura 53 – Curva tempo versus corrente para cabos de cobre com isolação
Figura 52 – Característica de corrente suportada pelos cabos de alumínio e isolação de PVC. (a) EPR/XLPE 90 °C, (b) EPR/XLPE 105 °C e (c) PVC 70 °C.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
Exemplo
Em que:
Exemplo 1
(B)
A máxima corrente de curto-circuito suportada pela blindagem
(cobre) de um cabo de média tensão 8,7/15 kV, EPR 90 °C, com
seção da blindagem é de 6,16 mm2 é dada por:
Exemplo 2
• A corrente nominal do barramento blindado (In) deve ser igual •A primeira parte, que fica enterrada (no solo), é denominada “eletrodo
ou superior à corrente de projeto do circuito (IB), incluindo as de aterramento”, sendo assim definido nas normas mencionadas
componentes harmônicas; anteriormente: elemento ou conjunto de elementos do sistema de
• A corrente nominal do sistema de barramento blindado deve ser aterramento que assegura o contato elétrico com o solo e dispersa a
declarada pelo fabricante para uma determinada temperatura de corrente de defeito, de retorno ou de descarga atmosférica na terra.
referência do ar ambiente; • A segunda parte abrange todo o complexo de condutores (rabichos de
• O fabricante deve fornecer as informações necessárias para a correta aterramento, condutores PE, condutores para referência de sistemas e
seleção e dimensionamento do dispositivo de proteção contra sobrecarga de equipotencialização) e massas metálicas (carcaças de equipamentos,
que irá proteger o barramento blindado ou indicar diretamente o estruturas e outros elementos) situadas acima do nível do solo e que
dispositivo de proteção contra sobrecarga que deve ser utilizado; deverão estar convenientemente interligados e aterrados;
• O fabricante deve fornecer as informações necessárias para a correta A seleção e instalação dos componentes dos aterramentos devem
NBR 14039
Figura 56 – Aplicação das normas NBR 14039 e NBR 15571 nos projetos de aterramento em média tensão
esquema de aterramento utilizado. Embora o arranjo e as dimensões do Os seguintes eletrodos de aterramento são previstos pela
sistema de aterramento sejam mais importantes que o próprio valor da NBR 14039:
resistência de aterramento, a NBR 14039 recomenda uma resistência
da ordem de grandeza de 10 ohms, como forma de reduzir os gradientes • Uma malha sob o piso da edificação, ou, no mínimo um anel
de potencial no solo. circundando o perímetro da edificação; ou 197
• O valor da resistência de aterramento obtida não se modifique • Eletrodos de aterramento convencionais, indicados na Tabela 28; ou a
consideravelmente ao longo do tempo. • As fundações da edificação.
• Os componentes resistam às solicitações térmicas, termomecânicas e
eletromecânicas a que a instalação possa submetê-los; Em nenhuma hipótese podem ser usados como eletrodo de
• Sejam adequadamente robustos ou possuam proteção mecânica aterramento as canalizações metálicas de fornecimento de água
apropriada para atender às condições de influências externas (ver 4.3). e outros serviços, porém elas devem ser incluídas na ligação
equipotencial.
Além disso, devem ser tomadas precauções especificamente para O uso do eletrodo de aterramento pelas fundações, técnica
impedir danos aos eletrodos de aterramento e a outras partes metálicas utilizada há décadas no exterior, baseia-se na constatação
do sistema por efeitos de eletrólise. Isso inclui escolher materiais que de que o conjunto formado pelo ferro imerso em concreto
reduzam ou eliminem a possibilidade de corrosão eletrolítica, tais em contato com o solo apresenta resistividades muito
como o uso de peças de cobre, cobreadas ou soldas exotérmicas. baixas, da ordem 30 a 50 Ω.m a 20 ºC. Além disso, a massa
de material condutor representada pelas toneladas de aço
16.2 Eletrodo de aterramento nas fundações é muito superior à quantidade de material
metálico utilizado nos eletrodos convencionais, reduzindo
O eletrodo de aterramento deve ser construído de tal forma a significativamente o valor da resistência de aterramento.
desempenhar sua função causando a menor perturbação possível, na
forma de tensões superficiais no solo sobre o mesmo e em seus arredores 16.3 Condutores de aterramento
ou através do retorno de correntes impulsivas para a instalação elétrica.
Quanto ao aspecto construtivo, um eletrodo de aterramento pode ser: Os condutores de aterramento destinam-se a ligar o eletrodo
de aterramento ao Terminal de Aterramento Principal (TAP) da
• Natural: que não é instalado especificamente para este fim, mas que instalação de média tensão.
apresenta as condições necessárias para desempenhar a função, em Os condutores de aterramento seguem as mesmas prescrições
NBR 14039
geral as armaduras de aço das fundações; dos condutores de proteção (ver 16.5 deste guia), em relação ao
• Convencional: que é instalado com este fim, como por exemplo, os dimensionamento, materiais, etc. A exceção a essa regra refere-se
condutores em anel, as hastes verticais ou inclinadas e os condutores ao trecho do condutor de aterramento que estiver enterrado no solo,
horizontais radiais em forma de malha. que deve ter uma seção mínima conforme indicado na Tabela 29.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
entre massas metálicas (cercas, caixilhos, etc.) e a instalação instalação S mm² proteção correspondente Sp mm²
elétrica. S ≤ 16 S
16 < S ≤ 35 16
Segundo a NBR 14039, podem ser usados como condutores de
S >35 S/2
proteção:
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
Lado da carga
(parte móvel não
está sob tensão com
a chave aberta)
como dispositivos de seccionamento uma vez que não é garantida a 18.1 Transformadores de potência
separação física dos contatos nestes dispositivos.
Os dispositivos de seccionamento devem ser projetados e Os transformadores de potência são tratados em 6.5.1 da
instalados de modo a impedir qualquer restabelecimento inadvertido. NBR 14039 e são aqueles cuja finalidade principal é transformar
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
energia elétrica em alta, média ou baixa tensão. • Transformador submersível: é capaz de funcionar normalmente
mesmo quando imerso em água, em condições especificadas
18.1.1 Tipos de transformadores de potência (Figura 62).
Suportabilidade Térmica de um transformador (ST) houver proteção de relé de terra no neutro), a proteção primária tem
de garantir a proteção térmica do transformador. 203
Esse parâmetro (tempo x corrente) define o limite térmico do
transformador, sendo determinado pela norma NBR 5356 conforme Curva típica de proteção de fase
a seguir.
A Figura 68 apresenta a proteção típica de fase de um
Tempo: tST = 2 s transformador de potência. Para um curto-circuito no secundário
(Ponto B), o dispositivo de proteção que opera primeiro é o “1”,
Corrente: IST = 100 / Z% x In como primeiro backup o “2” e o segundo backup o dispositivo “3”.
A curva de suportabilidade térmica do transformador (CET) está
Sendo: Z% a impedância percentual do transformador (dado do protegida. O ponto CET lançado na folha de verificação gráfica de
fabricante) e In a corrente nominal do transformador. seletividade (curva tempo x corrente) só circula no primário e, assim,
apenas a curva “1” irá enxergá-lo, porém, não opera o dispositivo de
Suportabilidade Térmica Deslocada (STD) proteção “3” e, dessa forma, permite a energização do transformador.
Devido à elevada impedância do transformador, consegue-se ajustar
Em função do tipo de conexão dos enrolamentos primário e a unidade instantânea. Assim, para um curto-circuito no secundário,
secundário dos transformadores, a corrente de falta à terra no este dispositivo fica seletivo com as proteções localizadas à jusante e
secundário vista pelo primário, em pu, pode ser menor. Assim, a opera instantaneamente para curtos-circuitos no primário.
suportabilidade térmica do transformador deve ser deslocada para Apresenta-se a seguir a nomenclatura utilizada na folha de
garantir a sua proteção (Figura 37). verificação gráfica de seletividade:
Admitindo-se um curto-circuito fase-terra no secundário de um
transformador triângulo-estrela, como sendo igual a 1 pu, impõe A = Corrente nominal do transformador
correntes de sequência zero neste secundário, quando o secundário B = I´cc no secundário referida ao primário
é aterrado. Entretanto, no lado primário, não circula corrente na C = I”cc assimétrica no secundário referida ao primário
linha de sequência zero. A corrente de 1 pu na estrela impõe 1 pu D = I´cc no primário
NBR 14039
transformadores, deve-se considerar os seguintes fatores que (não é nem a carga e nem a corrente secundária). Outro aspecto
podem afetar a seleção adequada do dispositivo de proteção: importante é que os transformadores de força trabalham
próximos da condição de circuito aberto, ao passo que os TCs
• Corrente inrush – Corrente normal que aparece na energização trabalham próximos da condição de curto-circuito.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
Segurança
Os seguintes efeitos podem ser observados quando um TC satura:
• Utilização de TCs especialmente projetados para os efeitos os relés. Em geral, os relés digitais possuem uma característica
transitórios, tais como aqueles que diminuem o fluxo de dispersão térmica de curta duração de 100 x In durante 1 segundo. Assim,
e os efeitos do magnetismo remanescente; por exemplo, para 5 A, os relés suportam 500 A durante um
• Utilização de relés digitais que possuem técnicas para identificar segundo.
que o TC saturou e atuam para melhorar o valor da corrente.
18.2.2 Transformador de potencial (TP)
Existem dois tipos fundamentais de TC: um para fim de
medição e outro para fim de proteção, sendo que ambos devem O TP é um equipamento monofásico que possui dois circuitos,
reproduzir fielmente a corrente primária, sem danificar os um denominado primário e outro denominado secundário, isolados
dispositivos instalados no secundário. Um TC de proteção deve eletricamente um do outro, porém, acoplados magneticamente.
reproduzir fielmente as correntes de falta e um TC de medição São usados para reduzir a tensão a valores baixos com a finalidade
deve reproduzir fielmente as correntes de carga. Atualmente, como de promover a segurança do pessoal, isolar eletricamente o
muitos relés possuem unidades de medição também incorporadas, circuito de potência dos instrumentos e reproduzir fielmente a
os TCs devem ser de proteção, pois os relés já são projetados para tensão do circuito primário no lado secundário.
suportar as elevadas correntes de curto-circuito.
Principais dados para especificação do TP indutivo
TC auxiliar
Para a adequada especificação de um TP indutivo, deve-se
Em algumas situações se faz necessária a utilização de TCs indicar, no mínimo, as seguintes características:
auxiliares, tais como:
• Tensão nominal primária (V1n) ou secundária (V2n);
• Para fazer a isolação dos circuitos; • Relação nominal do TP (RTP);
• Para a criação de um aterramento independente; • Tensão máxima e classe de isolamento;
• Para alterar a relação vista pelos relés de modo a compatibilizar • Frequência;
os valores de corrente; • Carga nominal;
• Para produzir um deslocamento angular em um circuito trifásico; • Classe de exatidão;
• Para inverter a polaridade; • Potência térmica nominal;
208 • Para promover a saturação durante faltas para limitar o “burden” • Grupo de ligação ou fator(es) de sobretensão(ões) nominal (is);
de falta do TC principal; • Nível básico de isolamento – NBI (BIL);
• Para reduzir o “burden” (impedância secundária) do TC principal • Tipo de aterramento do sistema;
pela redução da impedância aparente vista a partir do TC auxiliar, • Para TP indutivos de dois ou mais secundários, a carga máxima
que decresce com o quadrado da relação do TC auxiliar; simultânea;
• Para promover meios de confinar componentes de sequência • Uso: interior (indoor) ou exterior (outdoor).
zero.
Formas de conectar um TP no circuito
Coordenação dos TCs com os relés
As formas mais comuns de conectar um TP podem ser estrela –
Deve-se fazer a escolha correta da relação dos TCs que suprem estrela (Figura 76); estrela – delta aberto; delta – delta e “V” (Figura 77).
NBR 14039
Segundo a norma NBR 6855, os TPs indutivos normalmente se Existem três grupos de ligação de TPs de indução (TPIs):
enquadram nas classes de exatidão: 0,3%, 0,6% e 1,2%. A exatidão
normalmente é expressa por um valor percentual citado, seguida • Grupo 1 – TPIs projetados para ligações entre fases;
da letra P e do valor da potência da maior carga nominal com que • Grupo 2 – TPIs projetados para ligações entre fase e terra em
se verifica essa classe de exatidão. Exemplos: 0.3P75, 0.3P200, sistemas eficazmente aterrados;
0.6P400, etc. • Grupo 3 – TPIs projetados para ligação entre fase e terra de
209
sistemas nos quais não se garante a eficácia do aterramento.
Carga nominal (P)
Apresenta-se na Figura x uma foto de um TP de grupo de ligação
As cargas nominais padronizadas são 12,5 VA, 25 VA, 35 VA, 2, utilizado em local em que não se garante que o aterramento não
75 VA, 200 VA e 400 VA. é eficazmente aterrado.
como regime contínuo. Embora esta especificação exija que 1.9 1.9 ensaio de curto-circuito pode ser dispensado se for comprovado,
os TPIs pertencentes ao grupo de ligação 3 sejam capazes de
por cálculos, que a densidade de corrente nos enrolamentos do TP
suportar em regime contínuo tal condição, isto não significa
que eles possam ser instalados em circuitos em que a tensão indutivo não exceda a 160 A/mm2 para enrolamentos de cobre, e de
exceda a 115% da tensão nominal primária do TPI. 100 A/mm2 para enrolamentos de alumínio.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
NBR 14039
As subestações podem ser construídas ao tempo ou abrigadas transmissão e distribuição, norma que indica que as subestações
(quando os equipamentos são abrigados das intempéries, devem ser de construção superior, assim definida: edificação
geralmente construídas em alvenaria ou em invólucros metálicos). que apresenta estrutura de concreto armado ou de aço protegido
Conforme a NBR 14039, as subestações devem ter com alvenaria ou materiais refratários; teto e piso de concreto;
212 características de construção definitiva, ser de materiais paredes de alvenaria; cobertura, forros e pisos falsos de material
incombustíveis e de estabilidade adequada (Figuras 84). Essas incombustível; e acabamentos de material tipo B conforme NBR
características são definidas com precisão na NBR 13241 - 9442 (materiais que têm uma contribuição para o incêndio muito
Proteção contra incêndio em subestações elétricas de geração, limitada, devido a praticamente não propagarem a chama e
emitirem fumaça).
Quanto à sua posição em relação ao solo, podem ser instaladas
na superfície, abaixo da superfície do solo (subterrânea) ou acima
da superfície do solo (aérea).
As subestações podem ou não ser parte integrante de outras
edificações, considerando-se como parte integrante o recinto não
isolado ou desprovido de paredes de alvenaria e portas corta-fogo.
Transformador
Devem ser fixadas placas com os dizeres “Perigo de morte” e o Em relação às normas técnicas, existem os seguintes documentos
respectivo símbolo (Figura 87) externamente, nos locais possíveis disponíveis para aplicação na proteção contra incêndios em
de acesso; e, internamente, nos locais possíveis de acesso às partes subestações: 213
energizadas.
No interior das subestações deve estar disponível, em local • NBR 13231 - Proteção contra incêndio em subestações elétricas de
acessível, um esquema geral da instalação. geração, transmissão e distribuição.
Todos os dizeres das placas e da documentação devem • NBR 8222 – Execução de sistemas de prevenção contra explosões
ser em língua portuguesa, sendo permitido o uso de línguas e incêndios por impedimentos de sobrepressões decorrentes de arcos
estrangeiras adicionais. elétricos internos em transformadores e reatores de potência.
• NBR 8674 – Execução de sistemas de proteção contra incêndio com
água nebulizada para transformadores e reatores de potência.
• NBR 12232 – Execução de sistemas fixos e automáticos de proteção
contra incêndio com gás carbônico (CO2) em transformadores e
reatores de potência contendo óleo isolante.
contra incêndios em subestações, deve-se recorrer à normalização ser construídas barreiras incombustíveis entre os equipamentos ou
específica no âmbito da ABNT somadas às prescrições das autoridades outros meios adequados para evitar a propagação de incêndio e deve
responsáveis pelo assunto, particularmente aquelas do corpo de ser construído um dispositivo adequado para drenar ou conter o líquido
bombeiros local. proveniente de eventual vazamento. O volume indicado refere-se à
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
asdf kdjsi
transformador
asdf kdjsi
Bacia de captação
Tampa
Corta-chama
NBR 14039
Recipiente de
coleta de óleo
Sistema de
drenagem
Outras prescrições da NBR 13231 e da IT 37 sobre proteção As aberturas para ventilação natural devem ser convenientes
contra incêndio em subestações podem incluir: dispostas, em paredes opostas, de modo a promover circulação do ar.
A fim de evitar a entrada de chuva, enxurrada e corpos estranhos,
• Vias de acesso para veículos de emergência; as aberturas inferiores para ventilação devem se situar no mínimo
• Extintores portáteis e sobre rodas; 20 cm acima do piso exterior, devem ser construídas em forma de
• Sistema fixo de CO2, em transformadores, reatores de potência ou chicana e ser protegidas externamente por tela metálica resistente,
reguladores de tensão; com malha de abertura mínima de 5 mm e máxima de 13 mm. No
• Iluminação de emergência; caso das aberturas superiores, elas devem ser colocadas o mais
• Sistema de alarme de incêndio; próximo possível do teto, uma vez que, quanto maior o desnível
• Saídas de emergência; entre as aberturas inferior e superior, melhores são as condições de
• Sinalização de incêndio; ventilação e dissipação de calor (Figura 90).
• Sistema de água nebulizada por aspersores ou linhas manuais; Algumas literaturas indicam, para um cálculo aproximado da
• Sistema de proteção por espuma; área da abertura inferior, a adoção de 0,30 m2 / 100 kVA de potência
• Fechamentos das vias de passagens de cabos (paredes, tetos e de transformação. Já para a abertura superior, a abertura seria 10%
pisos) por materiais incombustíveis; maior em área que a inferior. Assim, por exemplo, numa subestação
• Instalação de sistemas de exaustão; cuja potência total de transformação é 1000 kVA, a abertura inferior
• Requisitos específicos em galerias, túneis e canaletas de cabos elétricos. teria uma área mínima de 0,30 x 1000/100 = 3 m2 e a abertura
superior teria uma área de 1,2 x 3 = 3,60 m2. Se for o caso, essas
19.4 Aspectos construtivos das subestações áreas podem ser distribuídas por mais de uma abertura, desde que a
soma das aberturas totalizem o valor encontrado.
A NBR 14039 diferencia os aspectos construtivos das subestações
em função de serem abrigadas ou ao tempo e em conforme as suas
posições relativas ao nível do solo.
Espaços livres:
de circulação de 0,70 m, com todas as portas abertas, na pior No caso de ventilação forçada, quando o ar aspirado contiver
condição ou equipamentos extraídos em manutenção. Havendo em suspensão poeira ou partículas provenientes da fabricação, as
equipamentos de manobra, deve ser mantido o espaço livre em tomadas de ar devem ser providas de filtros adequados.
frente aos volantes e alavancas. Em nenhuma hipótese esse espaço Nas subestações situadas em ambiente de natureza corrosiva,
livre pode ser utilizado para outras finalidades. o ar deve ser aspirado do exterior e o local deve ser mantido sob
pressão superior à do ambiente de natureza corrosiva. Devem ser
Iluminação: previstos dispositivos de alarme ou desligamento automático, no
caso de falha deste sistema.
As subestações devem ter iluminação artificial, obedecendo
aos níveis de iluminamento fixados pela NBR 5413, e iluminação Temperatura ambiente:
natural, sempre que possível. As janelas e vidraças utilizadas para
este fim devem ser fixas e protegidas por meio de telas metálicas No local de funcionamento do equipamento, a diferença entre a
resistentes, com malhas de 13 mm, no máximo, e de 5 mm, no temperatura interna, medida a 1 m da fonte de calor a plena carga, e
mínimo, quando sujeitas a possíveis danos. O uso de vidro aramado a externa, medida à sombra, não deve ultrapassar 15°C.
dispensa a tela de proteção. Além disso, as subestações devem ser No local de permanência interna dos operadores, a temperatura
providas de iluminação de segurança, com autonomia mínima de 2 h. ambiente não pode ser superior a 35°C. Em regiões onde a
temperatura externa, à sombra, exceder esse limite, a temperatura
NBR 14039
Eletroduto
H = 3 m (mín)
nível de solo
abertura para
abertura para acesso de grade de
serviço - diam. equipamentos ventilação
min. = 0.60 m
escada de
Trafo
acesso
submersível
Sistema de drenagem
NBR 14039
não for viável ou não puder evitar a infiltração de água, deve ser
construído um sistema de drenagem. 19.4.4 Subestações ao tempo
A proteção contra invasão de águas pode ser feita por meio de
porta estanque, prevendo-se uma entrada de emergência, não sujeita As subestações ao tempo, que são aquelas nas quais os seus
à inundação. Outra opção é realizar a proteção com desembocadura componentes estão sujeitos à ação das intempéries e, portanto,
a céu aberto, sendo que ela deve ser provida de tela, para evitar a devem ser resistentes a elas, são tratadas em 9.3 da NBR 14039.
entrada de animais.
Caso não seja possível a construção de recintos com as 19.4.4.1 Subestações instaladas na superfície do solo
características acima, o equipamento e a instalação devem ser do
tipo submersível (Figura x). Acesso à subestação
No caso de subestações semi-enterradas aplicam-se a essas
mesmas disposições, sendo desnecessário o emprego de porta As subestações instaladas na superfície do solo (Figura x) devem
estanque e equipamento submersível, desde que não estejam ser providas, à sua volta, de elementos de proteção, a fim de evitar
sujeitos a inundações. a aproximação de pessoas BA1, BA2, BA3 e de animais. As telas
utilizadas como proteção externa devem ter malhas de abertura
Aberturas de acesso máxima de 50 mm e ser constituídas de aço zincado de diâmetro 3
mm, no mínimo, ou material de resistência mecânica equivalente.
As subestações subterrâneas devem ser providas no mínimo de A parte inferior da proteção deve ficar no máximo 10 cm acima da
uma abertura para serviço ou emergência, com dimensões mínimas superfície do solo e, quando metálica, deve ser ligada à terra.
de 0,80 m x 2,10 m, quando laterais, e ter dimensões suficientes O acesso a pessoal BA4 e BA5 deve ser feito por meio de porta,
para permitir a inscrição de círculo de no mínimo 0,60 m, quando abrindo para fora, com dimensões mínimas de 0,80 m x 2,10 m.
localizados no teto. Quando utilizada também para acesso de materiais, a porta deve
As aberturas de acesso de serviço e emergência devem abrir para ter dimensões compatíveis com os equipamentos instalados ou
fora e apresentar facilidade de abertura pelo lado interno, devendo previstos para serem instalados na subestação. A porta deve ser
ser previstos meios adequados para a instalação inicial e eventual provida de fecho de segurança externo, permitindo livre abertura
substituição/remoção posterior dos componentes individuais. do lado interno.
Os acessos podem ser do tipo chaminé, devendo, nesse caso, ter Para alertar as pessoas BA1, BA2 e BA3 sobre o risco ao qual
altura suficiente de modo a impedir inundação. podem estar submetidas de adentrarem a subestação, devem ser fixadas 217
Todas as entradas e saídas de condutos devem ser obturadas de em locais bem visíveis (do lado externo e em todas as faces da proteção)
maneira a assegurar a estanqueidade da subestação. diversas placas com os dizeres “Perigo de morte” e um símbolo.
Portão de acesso
Chave seccionadora Caixa de passagem
BT
AT
Acesso
Transformador de força
BT
AT
Placa de
advertência
Transformador de força
Estrutura de concreto
Iluminação
que possível. As janelas e vidraças utilizadas para este fim devem ser
fixas e protegidas por meio de telas metálicas resistentes, com malhas
de 13 mm, no máximo, e de 5 mm, no mínimo, quando sujeitas a
possíveis danos. O uso de vidro aramado dispensa a tela de proteção.
As subestações devem ser providas de iluminação de segurança, 60 cm
com autonomia mínima de 2 h.
Por conta de disponibilidade reduzida de espaço e melhor prever espaço livre de segurança, que permita o acesso de uma pessoa
aproveitamento de áreas, em algumas situações as subestações de BA4 ou BA5 para fins de manobras, inspeção ou manutenção, com
média tensão devem ser projetadas e montadas acima do nível do solo, dimensões tais que seja possível a inscrição de um cilindro reto, de
e isso pode resultar que partes vivas situem-se em áreas de circulação eixo vertical, com diâmetro mínimo de 0,60 m e altura suficiente para
de pessoal BA1. Nestes casos, todas as partes vivas não protegidas em permitir o acesso às partes mais elevadas (Figura 95).
218 áreas de circulação de pessoal BA1 devem estar situadas no mínimo a
5 m acima da superfície do solo. Quando não for possível observar a Instalação dos equipamentos
altura mínima de 5 m para as partes vivas, pode ser tolerado o limite
de 3,5 m, desde que o local seja provido de um anteparo horizontal em Os equipamentos da subestação podem ser instalados sobre postes,
tela metálica ou equivalente, devidamente ligado à terra. Esse anteparo torres ou plataformas elevadas de aço, concreto ou madeira adequada,
deve ter um afastamento mínimo de 40 cm das partes vivas, uma malha conforme NBR 5433 ou NBR 5434 Figura 12.14); ou em áreas sobre
de 50 mm de abertura, no máximo, composta de fios de aço zincado ou a cobertura de edifícios, inacessíveis a pessoas BA1 ou providas do
material equivalente, de 3 mm de diâmetro, no mínimo. necessário sistema de proteção externa (neste caso, não é permitido o
Nas subestações acima do solo, a disposição do equipamento deve emprego de líquido isolante inflamável).
NBR 14039
As subestações de transformação, que são instalações As subestações de controle e manobra, que são instalações
destinadas a transformar qualquer das grandezas da energia destinadas a controlar qualquer das grandezas da energia elétrica,
elétrica, são tratadas em 9.4 da NBR 14039. No caso mais ligar ou desligar circuitos elétricos ou, ainda, prover meios de
comum, as subestações de transformação destinam-se a reduzir proteção para esses circuitos são tratadas em 9.5 da NBR 14039.
ou elevar a tensão elétrica a ser fornecida a toda instalação ou Tais subestações devem situar-se na posição mais conveniente
a uma parte dela. para sua operação, podendo localizar-se no mesmo recinto
As subestações de transformação estão presentes em todas das subestações de medição ou de transformação. Nelas, os
as edificações residenciais, comerciais e industriais que têm instrumentos indicadores e dispositivos de controle e manobra
potência instalada superior aos limites estabelecidos pela devem ser agrupados de maneira a facilitar as operações. Esse
legislação e seguidos pelos concessionários de cada região. agrupamento deve obedecer ao critério de separação dos diversos
Nestes casos, o fornecimento de energia para a edificação é circuitos e linhas com devida identificação.
realizado em média ou alta tensão, cabendo ao consumidor
reduzi-la para a tensão de operação dos equipamentos da 20 Verificação final
instalação.
O planejamento da verificação final da instalação elétrica
Transformadores com líquido isolante versus de média tensão deve levar em consideração os níveis de tensão
transformadores a seco presentes, as maneiras de instalar os componentes, as disposições
e o acesso às linhas elétricas, aos quadros de distribuição, os tipos
Para efeito de indicação do tipo de transformador que é de equipamentos e materiais, dentre outras características. Devem
permitido ser utilizado nestas subestações quanto ao material ainda ser conhecidas todas as normas técnicas necessárias para a
isolante, a NBR 14039 faz a distinção entre a subestação ser realização do serviço.
ou não parte integrante da edificação. Considera-se como parte O procedimento da inspeção deve ser documentado de forma
integrante, o recinto (no caso, a subestação) não isolado ou a garantir transparência e imparcialidade a todos os envolvidos
desprovido de paredes de alvenaria e portas corta-fogo. no processo de comissionamento. A sequência de trabalho, as
Essa definição da NBR 14039 tem um paralelo com o diretrizes principais e seus limites de atuação são elementos 219
conceito de compartimentação horizontal, assim definida nas indispensáveis para sua caracterização e definição antes de começar
normas e regulamentos de prevenção de incêndios: medida o trabalho. Além disso, a definição clara dos níveis de qualificação
de proteção, constituída de elementos construtivos corta- e responsabilidade dos profissionais envolvidos na inspeção é
fogo, separando ambientes, de tal modo que o incêndio fique fundamental.
contido no local de origem e evite a sua propagação no plano
horizontal. Incluem-se nesse conceito os seguintes elementos 20.1 Prescrições gerais
de vedação: paredes corta-fogo; portas corta-fogo; vedadores
corta-fogo; registros corta-fogo (dampers); selos corta-fogo; e A verificação final, que é tratada na Seção 7 da NBR 14039,
afastamento horizontal entre aberturas. deve ser realizada em todas as instalações novas e nas partes da obra
Desta forma, a NBR 14039 prevê as duas situações a seguir: que sofreram reformas têm por objetivo avaliar a conformidade da
instalação com as prescrições da norma.
• (9.4.3) quando a subestação de transformação fizer parte Preferencialmente, essa verificação, que é composta por
integrante de uma edificação industrial, somente é permitido o inspeção visual e ensaios, deve ser feita durante a execução da obra,
emprego de transformadores a seco. Quando forem utilizados permitindo assim que os materiais da instalação que futuramente
disjuntores com líquidos isolantes não inflamáveis, estes venham a ficar fora de vista também possam ser inspecionados.
devem ter um volume de líquido por pólo inferior a 1 litro. Além disso, eventuais alterações na instalação elétrica decorrentes
• (9.4.4) quando a subestação de transformação fizer parte de não conformidades apontadas durante a verificação podem ser
integrante da edificação residencial e/ou comercial, somente mais fácil e rapidamente corrigidas e com custos menores. Caso a
é permitido o emprego de transformadores a seco, mesmo que verificação não tenha ocorrido por etapas ao longo da execução da
haja paredes de alvenaria e portas corta-fogo. Quando forem obra, ela pode ser realizada quando concluída, porém antes de ser
utilizados disjuntores com líquidos isolantes não inflamáveis, colocada em serviço pelo usuário.
estes devem ter um volume de líquido por pólo inferior a 1 Durante a realização da inspeção e dos ensaios, que devem ser
litro. Portanto, o uso de transformadores com líquidos isolantes realizados a partir da documentação como construído (as built), é
NBR 14039
somente é permitido em edificações residenciais e comerciais necessário que sejam tomadas precauções para garantir a segurança
se a subestação estiver afastada da edificação. Mesmo nestes das pessoas e evitar danos à propriedade e aos equipamentos
casos, é preciso prever medidas contra incêndio relativas às instalados. Para atender as prescrições da norma, alguns ensaios
barreiras de proteção determinadas pela NBR 13231. elétricos são realizados com aplicação de tensões que podem chegar
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
a alguns milhares de volts. Nestes casos, é fundamental atender as disso, a inspeção visual permite avaliar se os componentes não
exigências da NR-10 relativas ao comissionamento de instalações estão danificados, de modo a restringir sua segurança, e se estão
elétricas que, além de outros cuidados, indica que tais atividades desimpedidos de restos de materiais, ferramentas ou outros objetos
somente podem ser realizadas por trabalhadores que atendam às que venham a comprometer seu isolamento.
condições de qualificação, habilitação, capacitação e autorização A inspeção visual deve incluir no mínimo a verificação dos
estabelecidas naquela NR (ver parte deste Guia relativa à NR-10). seguintes pontos, quando aplicáveis:
Além da qualificação do pessoal, os ensaios devem ser realizados
por meio de equipamentos e instrumentos adequadamente aferidos a) Medidas de proteção contra choques elétricos, incluindo
e comprovadamente seguros. medição de distâncias relativas à proteção por barreiras ou
A partir desta verificação, um profissional devidamente invólucros, por obstáculos ou pela colocação fora de alcance
habilitado deve elaborar um laudo que certifique a conformidade da
instalação em relação aos requisitos da NBR 14039. Essa inspeção visa à preservação das distâncias de segurança
Longe de um “está bom” ou “não está bom”, o resultado da mínimas necessárias para a operação e manutenção segura das
verificação se traduz em um relatório técnico de conformidade que instalações elétricas de média tensão.
atesta o atendimento da instalação aos requisitos da NBR 14039.
Não há um formato padronizado para este relatório, mas, ele deve b) Presença de barreiras contra fogo e outras precauções contra
conter a maior quantidade possível de informações, detalhes, propagação de incêndio e proteção contra efeitos térmicos
resultados e imagens. Deve conter a condição real das instalações
em uma determinada data, apontando de forma clara e inequívoca Além de verificar a presença propriamente dita das barreiras
as não conformidades encontradas. Exceto se o contrato entre e dos outros elementos, é importante conferir suas dimensões,
as partes assim prever, não cabe ao relatório da verificação da afastamentos e condições de instalação (robustez, estabilidade,
instalação elétrica emitido para efeito de atender a Seção 7 da NBR materiais utilizados, etc.).
14039 indicar um programa de trabalho ou um conjunto de ações
corretivas que devem ser utilizados para que a instalação fique c) Seleção de condutores, de acordo com sua capacidade de
conforme as prescrições da norma. condução de corrente e queda de tensão
Independentemente do formato final de um relatório, ele deve
conter, no mínimo, os seguintes elementos que são indispensáveis Devem ser comparadas as especificações e maneiras de instalar dos
220 para garantir o registro adequado da verificação: condutores e das linhas elétricas indicadas no projeto com a situação
encontrada em campo. Incluem-se nesta verificação a identificação da
• Identificação da instalação/obra: nome, endereço; seção nominal, tensão nominal e norma técnica dos cabos elétricos e
• Identificação do responsável pela contratação do serviço de barramentos blindados utilizados, assim como as especificações dos
verificação da instalação elétrica; materiais de linhas elétricas e acessórios empregados.
• Identificação dos profissionais responsáveis pelo projeto e pela
execução da instalação elétrica; d) Escolha e ajuste dos dispositivos de proteção e monitoração
• Identificação do profissional responsável pela verificação da
instalação elétrica; Os ajustes de todos os dispositivos de proteção determinados
• Data da verificação da instalação elétrica; em projeto devem ser cuidadosamente verificados uma vez que,
• Relação dos desenhos e demais documentos da instalação inadvertidamente, eles podem ser alterados durante a execução da
utilizados na verificação; instalação. Em particular, nos casos de dispositivos de proteção
• Relação dos equipamentos e instrumentos utilizados na verificação; multifuncionais, deve-se verificar também se o ajuste indicado
• Descritivo com o registro das verificações e conclusões (conforme; no projeto está aplicado no dispositivo adequado, pois é possível
não conforme; não aplicável) e resultados (ensaios) obtidos em que, de forma acidental, sejam invertidos os parâmetros de ajustes
cada item, acompanhados, quando necessário, de observações ou entre diferentes funções de um mesmo relé. São relatados casos
comentários; reais em que a proteção não atuou, causando diversos problemas
• Conclusão da verificação indicando se a instalação está ou não em em sistemas elétricos, além de acidentes com vitimas, por conta da
conformidade com a NBR 14039. inversão de ajustes entre equipamentos similares, o que levou à não
atuação do dispositivo para a proteção contra o fenômeno desejado.
20.2 Inspeção visual
e) Presença de dispositivos de seccionamento e comandos,
Conforme 7.2, a inspeção visual deve preceder os ensaios, corretamente localizados
deve ser realizada com a instalação desenergizada e tem por
NBR 14039
objetivo confirmar se os componentes elétricos permanentemente Essa verificação tem por objetivo principal avaliar as condições
conectados estão em conformidade com os requisitos de segurança de montagem dos dispositivos em relação à posição, condições de
das normas aplicáveis e se estão corretamente selecionados e acesso, ventilação, afastamentos e demais aspectos relativos ao
instalados de acordo com a norma e o projeto da instalação. Além correto emprego dos componentes.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
f) Seleção dos componentes e das medidas de proteção de acordo Embora não seja obrigatório para efeito de verificação da
com as influências externas conformidade conforme a Seção 7 da NBR 14039, pode ser útil
que o comissionamento solicite (ou faça um alerta), além dos
Após a montagem, mesmo que ela tenha sido fiel ao projeto documentos anteriores, aqueles que são solicitados na NR-10
executivo original, e ainda que tenha passado pelo crivo do “as relativos ao chamado “Prontuário de instalações elétricas” (ver item
built”, é possível que existam condições externas que possam afetar 2 na parte deste Guia relativa à NR-10).
o funcionamento, desempenho e vida útil dos componentes. Dessa
forma, além de conferir as especificações dos componentes e suas i) Identificação dos circuitos, dispositivos fusíveis, disjuntores,
adequadas instalações conforme previsto no projeto, a verificação seccionadoras, terminais, transformadores, etc.
em questão deve estar atenta a outras influências externas
importantes presentes no local que não foram consideradas. Deve ser verificada a existência de identificação clara e
indelével dos componentes elétricos e a sua correspondência com o
g) Identificação dos condutores neutro e de proteção projeto elétrico. Por exemplo, os projetos costumam identificar nos
esquemas os quadros, circuitos, dispositivos e equipamentos por
Essa identificação, conforme indicado em xx deste guia, deve nomes, letras e/ou números (conforme Figura x), os quais devem
ser feita por marcação ou por cores, cabendo ao pessoal encarregado ser marcados nos respectivos componentes instalados em obra. Essa
de realizar a vistoria confirmar a existência da identificação. identificação é fundamental para a realização segura, ágil e eficaz
das atividades de manutenção e operação da instalação elétrica.
h) Presença de esquemas, avisos e outras informações similares
j) Correta execução das conexões
A verificação desse item garante que os documentos e esquemas
sejam mantidos à disposição do pessoal de operação e manutenção O profissional encarregado da verificação deve avaliar
da instalação, além de autoridades que vierem a fiscalizar a obra. visualmente se as conexões de cabos elétricos a barramentos,
Em relação apenas ao atendimento da NBR 14039, a documentação terminações, buchas ou entre barramentos e isoladores, etc. estão
mínima que deve estar permanentemente disponibilizada no adequadamente executados. Sempre que necessário deve-se
local, na versão “as built”, é aquela indicada em 6.1.7 da norma, recorrer às instruções de montagem dos fabricantes.
que é a seguinte: plantas; esquemas (unifilares e outros que se
façam necessários); detalhes de montagem; memorial descritivo; l) Conveniente acessibilidade para operação e manutenção 221
especificação dos componentes: descrição sucinta do componente,
características nominais e normas a que devem atender. Essa verificação tem por objetivo principal avaliar as condições
G1 G2 G3
BARRA 2
a1 a2 b1 b2 c1 c2 d1 d2 e1 e2 f1 f2
C2
52-6
TR-16
b3 b4 b5 b6 b7 b8
52-11
c3 c4 e3 e4 e5
52-5
TR-6 TR-7
TR-3 TR-4 TR-5 TR-8 TR-9
TR-10 TR-11 TR-12 TR-13 TR-14 TR-15
NBR 14039
de acesso e operação dos dispositivos em relação aos espaçamentos A. Usualmente são utilizados instrumentos de medição específicos
mínimos e áreas de circulação necessárias para garantir a segurança para a finalidade (chamados de terrômetros) com configuração a
dos trabalhadores e o correto manuseio dos componentes. quatro fios (dois para corrente elétrica e dois para tensão). Essa
configuração diminui ou evita o erro provocado pela resistência
m) Medição das distâncias mínimas entre fase e neutro. própria dos cabos utilizados no ensaio e de seus respectivos
contatos. Podem ser utilizados também miliohmimetros ou
A verificação deve avaliar se as distâncias entre fase e neutro e microohmimetros de quatro terminais. No caso de utilização de
fase e terra atendem às prescrições da Tabela 21 da NBR 14039. instrumentos independentes, deve-se atentar para a corrente mínima
que eles podem injetar.
20.3 Ensaios
b) Resistência de isolamento da instalação elétrica;
Conforme 7.3, os ensaios da instalação devem ser realizados
com valores compatíveis aos valores nominais dos equipamentos Por definição, resistência de isolamento é o valor da resistência
utilizados e o valor nominal de tensão da instalação. No caso de não- elétrica entre duas partes condutoras separadas por materiais
conformidade em qualquer dos ensaios, este deve ser repetido, após isolantes.
a correção do problema, bem como todos os ensaios precedentes A resistência de isolamento deve ser medida entre os condutores
que possam ter sido influenciados. vivos, tomados dois a dois e entre cada condutor vivo e a terra.
A NBR 14039 apresenta algumas sugestões de métodos Em geral, os instrumentos que medem essa grandeza são chamados
de ensaio, porém outros procedimentos podem ser utilizados, de “megômetro”, em português ou “megger” em inglês, porque os
desde que, comprovadamente, produzam resultados confiáveis valores obtidos são sempre da ordem de megaohms (Figura 98 ).
e acordados entre as partes envolvidas no processo de Quando se mede resistência de isolamento, não é conveniente
comissionamento da instalação. No caso de se utilizar métodos de usar um multímetro comum, pois a sua tensão interna é muito
ensaios diferentes daqueles indicados na NBR 14039, recomenda- baixa, resultando em erros grosseiros de medição.
se que as justificativas que levaram a essa escolha sejam incluídas Os valores obtidos no ensaio devem atender aos valores
no relatório final. mínimos especificados nas normas aplicáveis aos componentes da
Deve-se destacar que o ensaio de partes da instalação ou de instalação, os quais devem ser fornecidos pelos fabricantes de cada
componentes em separado não substitui a realização dos ensaios componente da instalação. Para alguns componentes, tais como
222 listados anteriormente, os quais abrangem a instalação elétrica cabos e motores elétricos, os valores de resistência de isolamento
completa. Com efeito, já foram verificadas situações em que, apesar são calculados a partir de fórmulas indicadas nas respectivas
dos equipamentos ainda não ligados à instalação possuírem níveis normas. Assim, é preciso que o profissional envolvido na verificação
de isolamento adequados ou dentro de limites e tolerâncias, após a da instalação elétrica tenha realizado os cálculos destes valores para
sua montagem em posição final e a realização das interligações ao que possa atestar ou não a conformidade dos resultados obtidos.
sistema elétrico, o resultado desse nível de isolamento se mostrou
precário ou abaixo dos limites estabelecidos. .
Os ensaios indicados na norma visam também a detectar
(e sanar) uma situação comum que é a ocorrência de problemas
durante o transporte dos equipamentos até a obra, ocasionando
danos internos não detectados numa inspeção visual, mas que ficam
evidenciados quando da realização dos ensaios. Podem acontecer
também problemas na montagem, esquecimento de ferramentas no
interior do equipamento ou até mesmo danos à isolação ou partes
internas e móveis dos acionamentos e mecanismos.
Para efeito de conformidade com a NBR 14039, os ensaios
mínimos a serem realizados são os seguintes:
• Umidade superficial
Indiferentemente da limpeza, quando o dielétrico estiver a uma
temperatura inferior ao ponto de orvalho, será formado um filme de
umidade condensada sobre a superfície, que será absorvida pelos
materiais isolantes, devido às suas higroscopias (capacidade de absorver
umidade do ar ou de outros elementos por simples exposição ou
contato). A condensação será mais agressiva no caso em que os materiais Figura 99 – hipot
se encontrem com a superfície suja. Neste caso, o valor da resistência de
isolamento será muito pequena. d) Ensaio para determinação da resistência de aterramento
• Temperatura Este ensaio deve ser realizado toda a vez que houver a instalação
A resistência de isolamento varia extraordinariamente com a ou ampliação de malhas de terra visando a garantir o atendimento dos
temperatura. Nas máquinas rotativas, por exemplo, pode ser considerado valores previstos em projeto.
que, a cada 5 ºC de elevação da temperatura, a resistência de isolamento Para a realização desse ensaio todos os cuidados referentes à
se reduz à metade. Para poder comparar os valores de resistência de segurança devem ser tomados, principalmente no caso das ampliações
isolamento ao longo da vida útil dos equipamentos é necessário que os nas instalações em operação. Nesses casos é muitas vezes necessário o
resultados dos diferentes testes sejam corrigidos para o mesmo valor de desligamento total das instalações.
temperatura. Para cada tipo de componente, existem tabelas nas suas Para a determinação da resistência de aterramento deverá
normas técnicas que fornecem estes fatores de correção. ser aplicada a norma NBR 15749 - Medição de resistência de
aterramento e de potenciais na superfície do solo em sistemas de
c) Ensaio de tensão aplicada aterramento que estabelece os critérios e métodos de medição de 223
resistência de sistemas de aterramento e de potenciais na superfície
O ensaio de tensão aplicada é o método mais comum para do solo, bem como define as características gerais dos equipamentos
diagnóstico e detecção de falhas nas isolações dos componentes que podem ser utilizados nas medições.
de uma instalação elétrica. Este ensaio deve ser realizado em Além dos métodos da queda de potencial e da queda de potencial
equipamento construído ou montado no local da instalação, de com injeção de alta corrente, a NBR 15749 normaliza o método síncrono
acordo com o método e valores limites de ensaio descrito nas à frequência industrial; o método do batimento; o método de injeção de
normas aplicáveis ao equipamento ou quando recomendado pelo corrente com amperímetro, voltímetro e wattímetro adicional; e métodos
seu fabricante. Assim como no caso da resistência de isolamento, alternativos de medição com as instalações energizadas. Trata ainda dos
é preciso que o profissional envolvido na verificação da instalação seguintes assuntos decorrentes: compensação capacitiva, especificação
elétrica conheça previamente estes valores para que possa atestar ou de equipamentos para execução dos ensaios e informações sobre o
não a conformidade dos resultados obtidos. terrômetro alicate.
Por exemplo, no caso dos cabos elétricos e seus acessórios, o ensaio De forma geral, não importando o método escolhido – o que
de tensão aplicada logo após a instalação deve atender aos valores dependerá da situação de ensaio encontrada – certas regras técnicas e de
indicados na Tabela x. segurança são recomendadas pela NBR 15749:
Existem fontes de alta tensão disponíveis no mercado
especificamente fabricadas para a realização de ensaios de tensão • utilizar calçados e luvas com nível de isolamento compatível com os
aplicada, usualmente conhecidas por “Hipot”, em inglês. (Figura x). valores máximos de tensão que possam ocorrer no sistema sob medição;
• evitar a realização de medições sob condições atmosféricas adversas,
Tabela 35 – Tensão de ensaio aplicada em cabos elétricos de média
tensão na etapa de verificação
tendo em vista a possibilidade de ocorrência de descargas atmosféricas;
Tensão nominal Tensão aplicada no ensaio, em corrente • impedir que pessoas estranhas ao serviço e animais se aproximem dos
do cabo (kV) contínua, por 15 minutos (kV) eletrodos utilizados na medição;
3,6/6 3,6 • utilizar aparelhos compatíveis aos especificados no Anexo C da NBR
6/10 7,2 15749 a fim de garantir a segurança dos operadores e fidelidade dos
NBR 14039
e) ensaios recomendados pelos fabricantes dos equipamentos; determinar se o circuito de anti-bombeamento do disjuntor está
operando adequadamente.
Todos os equipamentos que possuírem condições especiais de Durante o ensaio verifica-se também a simultaneidade de ação dos
instalações devem sofrer a inspeção de sua montagem com base contatos, ou seja, a exatidão das manobras de fechamento e abertura
nas informações fornecidas pelos seus fabricantes. Nos documentos de um disjuntor ou chave. Essa exatidão e simultaneidade reduzem os
apropriados pode ser verificada a necessidade de ensaios especiais riscos operacionais sobre os quais se expõem os outros equipamentos e
nos equipamentos que fazem parte integrante da sua aprovação para até mesmo o próprio operador.
energização.
A NBR 14039 cita os seguintes exemplos de ensaios especiais: • Ensaios de resistência de contatos elétricos - aplicável a disjuntores e
barramentos de alta capacidade de corrente
• Ensaio de rigidez dielétrica do óleo isolante - aplicável a transformadores, Esses ensaios têm por objetivo determinar, através da aplicação de
disjuntores e chaves seccionadoras uma corrente elétrica e a leitura do valor da queda de tensão local, a
A rigidez dielétrica é a propriedade de um dielétrico de se opor a resistência existente nos contatos de um equipamento de chaveamento ou
uma descarga disruptiva e é medida pelo gradiente de potencial sob o barramento e então compará-la com os valores originais que o fabricante
qual se produz essa descarga. A tensão de ruptura do dielétrico de um define como adequado tendo em vista os limites definidos pelas normas
líquido isolante é importante para a avaliação da capacidade de suportar específicas de equipamentos. Existem medidores de resistência de
esforços elétricos sem falhar. É a tensão na qual a ruptura ocorre entre contato disponíveis no mercado para a realização desta verificação.
dois eletrodos sob condições prescritas. Ela também serve para indicar
a presença de agentes contaminantes como a água, sujeira ou partículas • Ensaio de tensão aplicada - aplicável a cabos elétricos, equipamentos
condutoras no líquido. isolados a vácuo e a gás SF6
Este ensaio deve ser realizado em conformidade com os
• Ensaio de fator de potência - aplicável a transformadores, máquinas procedimentos e valores indicados nas normas técnicas de cada
elétricas de grande porte e geradores componente.
O fator de potência de um isolante é um valor próprio de cada
material isolante e que é útil para o acompanhamento da sua vida útil f) ensaios de funcionamento
em serviço. Ele indica a presença de maior ou menor corrente de fuga
percorrendo um material isolante quando submetido a uma determinada As montagens tais como quadros, acionamentos, controles,
224 tensão. Sua alteração significativa em relação ao valor original medido intertravamentos, comandos etc. devem ser submetidas a um ensaio de
no início da instalação significa um envelhecimento acentuado do funcionamento para verificar se o conjunto está corretamente montado,
material. ajustado e instalado em conformidade com a norma e o projeto.
Neste caso, devem ser simuladas todas as possíveis combinações de
• Ensaio de cromatografia de gases e análises físico-químicas de óleos operação previstas no projeto, tais como desligamento e transferência
isolantes - aplicável a transformadores de força; de cargas, atuação de relés e alarmes, etc. de modo a verificar o correto
O ensaio de cromatografia de gases determina a concentração dos funcionamento do conjunto.
gases dissolvidos no óleo mineral isolante. Por conta de descargas Durante a realização dos ensaios de funcionamento do conjunto,
internas entre espiras, desgaste do meio isolante em papel, desgaste do pode ser necessário avaliar o comportamento de alguns dispositivos de
verniz isolante ou de calços, verifica-se, ao longo do tempo, a formação proteção individualmente para verificar se estão corretamente instalados
de gases em equipamentos elétricos imersos em óleo isolante. e ajustados.
Outra bateria de ensaios muito significativa que é efetuada no óleo
isolante é o conjunto de verificações de contaminantes que existem 21 Manutenção, operação
dentro de uma amostra. A origem desse contaminante é muito extensa
e quando se apresenta nos resultados, permite verificar não só o agente Os aspectos gerais de manutenção e operação de instalações elétricas
contaminante como também sua origem e consequência direta ao de média tensão são tratados na seção 8 da NBR 14039, que estabelece
equipamento. as diretrizes básicas para as equipes de manutenção e operação.
requisitos exigidos, motivo pelo qual considera-se apenas este desempenho e funcionamento de um equipamento ou do todo, o risco
método para esse ensaio. Os tempos de abertura, fechamento e de parada de um processo e, principalmente, pode haver um risco a
discordância de fases devem ser analisados a partir das informações integridade física dos profissionais ou pessoas que venham a ter contato
contidas no catálogo do fabricante do disjuntor. Este ensaio pode direto ou indireto com essa instalação defeituosa.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
pesquisas e técnicas.
21.1.1 Breve história da manutenção A redução das interrupções e falhas foi necessária para evitar a
interrupção nas atividades dos usuários, desempenho de produção
Pode-se classificar os serviços de manutenção através de três e qualidade final dos produtos. Na década de 1960 e 1970, esse foi o
gerações no tempo, tendo evoluído muito nos últimos anos. maior ponto nos setores de mineração, manufatura em geral e transporte.
O advento do “JUST IN TIME” no processo de estocagem também
a) Primeira geração – até a Segunda Guerra mundial pressionou a redução de tempo na necessidade de diminuir a interrupção
Na época da Segunda Guerra mundial, a indústria não era muito nos equipamentos.
mecanizada e, por consequência, a questão da interrupção de processos O crescimento da automação mostrou que mais e mais falhas
de produção não era muito significativa ou custosa. A prevenção da afetam a capacidade da garantir padrões de qualidade satisfatórios. Isso é
falha tinha baixa prioridade na maioria das ações e planos gerenciais, aplicado tanto para os padrões de serviços como os padrões de produtos.
ou quase nem existia. A maioria dos equipamentos era simples e As falhas afetavam seriamente a segurança e o meio ambiente. Estamos
superdimensionados e, por isso, eram facilmente reparados. Não havia numa época em que os padrões e exigências nessas áreas estão crescendo
necessidade de desenvolver programas de manutenções sistemáticas e muito rapidamente.
desmontar e limpar eram os serviços de rotina. O custo de manutenção continua crescendo em termos absolutos e
em proporção ao total de custos apurados. Em algumas indústrias, esse
b) Segunda geração – do final da Segunda Guerra até o começo dos custo chega a ter o segundo maior peso no plano operacional.
anos 1970 Pesquisas mostram que a terceira geração tem pelo menos seis
As coisas evoluíram de forma significativa após a Segunda Guerra padrões de comportamento que devem ser colocados em prática, contra
mundial. Os tempos de conflito pressionaram uma demanda aumentada apenas dois que existiam na primeira e segunda gerações (Figura x).
por insumos de todos os tipos, enquanto a capacidade do fornecimento de Desenvolveu-se o conceito de Manutenção Centrada na
suprimento industrial caía rapidamente. Isso levou a uma mecanização Confiabilidade (MCC) - tradução de RMC – Reliable Centered
muito grande, produção em massa e em escala. Maintenance – que trouxe um novo conceito para a palavra manutenção
Na década de 1950, máquinas de todos os tipos eram mais e seus resultados.
numerosas e complexas. A indústria começou a depender muito delas, e Os envolvidos no processo produtivo, sejam os acionistas ou os
nesse crescimento de dependência, a redução do tempo de reparo devido técnicos, esperam que as instalações cumpram sua função. Logo,
a interrupções passou a ser relevante e tornou-se foco de um tratamento quando se mantém uma instalação, o estado que se deseja preservar
especial. Foi levantada a idéia de que a falha de um equipamento deveria é aquele no qual a instalação garante os desejos e expectativas 225
ser prevenida para aumentar a confiabilidade, gerando dessa forma o desses envolvidos. Nasce então um novo conceito: “Manutenção é
conceito de manutenção preventiva. a garantia de que uma instalação continue a fazer o que os usuários
A década de 1960 foi marcada pelos equipamentos que seriam finais querem que ela faça”. Isso resulta num melhor entendimento
mantidos em intervalos fixos e regulares. Nesse caso, o custo da da definição de MCC: um processo usado para determinar o que
manutenção começou então a ser mais significativo em relação aos deve ser feito para garantir que qualquer instalação ou equipamento
custos de operação. Uma vez que o custo de manutenção se tornou continue a fazer o que os usuários querem que ela faça, no seu
relevante, logo surgiu a necessidade da criação de sistemas de controle contexto atual de operação.
e planejamento específicos para a sua redução. Essas novas ferramentas O termo “Engenharia de Manutenção” acompanha essa
permitiram reduzir os custos de manutenção a patamares mais razoáveis tendência com mais uma quebra de paradigma. Praticar a engenharia
e, com isto, essa atividade se intensificou. de manutenção significa uma mudança cultural, deixando de ficar
consertando continuadamente, para procurar as causas básicas, modificar
c) Terceira geração – a partir da segunda metade da década dos anos situações permanentes de mau desempenho, deixar de conviver com
1970 em diante problemas crônicos, melhorar padrões e sistemáticas, realimentar o
A partir da metade de década de 1970, no período chamado de projeto executivo e interferir tecnicamente nas compras. Significa ainda
“modernidade das indústrias”, foram lançadas novas expectativas, aplicar técnicas modernas.
NBR 14039
Periodicidade
21.1.2 Condições gerais de manutenção A periodicidade da manutenção deve adequar-se a cada tipo
de instalação, considerando-se, entre outras, a sua complexidade e
Em 8.1, a NBR 14039 prescreve que, antes da realização de importância, as influências externas e a vida útil dos componentes.
qualquer serviço de manutenção, devem ser atendidas as prescrições Para efeito de exemplo de periodicidade da manutenção, o artigo
gerais a seguir. “Manutenção em equipamentos elétricos” dos autores Antonio
Sempre que aplicável, a instalação a ser verificada deve ser Tadeu Lyrio de Almeida e Marcelo Eduardo de Carvalho Paulino
desenergizada. Os casos em que não seria aplicável a desenergização sugere os tempos indicados na Tabela 36.
podem estar relacionados com aspectos operacionais complexos
Tabela 36 – Sugestão de periodicidade de manutenção
ou custos elevados de paradas de produção e indústrias, centros de componentes de média tensão
de saúde, por exemplo. A NR-10 traz uma série de medidas para Ferragens 6 a 12 meses
Baterias 3 meses
segurança dos trabalhadores que executam serviços de manutenção
Capacitores 6 a 12 meses
em redes energizadas (ver parte deste Guia relativa à NR-10).
Reapertos 12 meses
Assim como na NR-10, a NBR 14039 prescreve que, após
Medição 3 meses
a manobra de desenergização, caso ela ocorra, todas as partes
Relés 6 a 12 meses
vivas devem ser ensaiadas quanto à presença de energia mediante Para-raios 12 meses
dispositivos de detecção compatíveis ao nível de tensão da TC`s e TP`s 6 a 12 meses
instalação. Transformadores
Todo equipamento e/ou instalação desenergizado deve ser Estanquiedade permanente
aterrado, lembrando-se que, antes de proceder ao aterramento, deve- Válvula de segurança permanente
se garantir que não haja carga residual ou cumulativa, efetuando-se Relés 3 meses
primeiro a sua descarga elétrica. Podem ser os casos de aterramento Comutador - lubrificação 4 a 6 meses
adequada que impossibilite a entrada de pessoas que não sejam Limpeza dos contatos 6 meses
BA4 e BA5 (conforme tabela 12 da NBR 14039), chamadas, Reaperto de parafusos 6 meses
Pressão dos contatos 12 meses
respectivamente, de capacitadas e habilitadas na NR-10.
Isoladores 12 meses
Qualquer manobra, programada ou de emergência, deve ser
efetuada somente com a autorização de pessoa qualificada (BA5),
sendo que, conforme 8.1.6, qualquer manobra deve ser efetuada por Manutenção preventiva
no mínimo duas pessoas, sendo que uma delas deve ser BA5.
Assim como na NR-10, de acordo com a NBR 14039 é A manutenção preventiva é aquela efetuada em intervalos
obrigatório o uso de EPC (equipamentos de proteção coletiva) e predeterminados, ou de acordo com critérios prescritos, destinada a
EPI (equipamentos de proteção individual) apropriados, em todos reduzir a probabilidade de falha ou a degradação do funcionamento
os serviços de manutenção das instalações elétricas de média de um item.
tensão e os envolvidos no serviço devem ter conhecimento dos Através da manutenção preditiva é possível determinar,
procedimentos que vierem a ser executados. antecipadamente, a necessidade de serviços de manutenção em
uma peça específica de um equipamento; eliminar desmontagens
21.1.3 Condições específicas de manutenção desnecessárias para inspeção; aumentar o tempo de disponibilidade
NBR 14039
as interrupções de fabricação para cuidar dos equipamentos que superfície do estator e do rotor (inspeção visual para determinar a
precisam de manutenção. presença de alguma contaminação ou ferrugem, bem como lascas,
Conforme o artigo “Manutenção em equipamentos elétricos” borbulhas e arranhões).
dos autores Antonio Tadeu Lyrio de Almeida e Marcelo Eduardo de
Carvalho Paulino, a rotina para a execução das inspeções relativas A NBR 14039 determina que devem ser inspecionados o estado
à manutenção preventiva de equipamentos elétricos envolve a dos cabos e seus respectivos acessórios, assim como os dispositivos
observação visual de algumas de suas condições especificas, bem de fixação e suporte, observando sinais de aquecimento excessivo,
como, quando possível, os reparos necessários que podem ser rachaduras, ressecamento, fixação, identificação e limpeza.
realizados no campo. Deve ainda ser verificada a estrutura do conjunto de manobra
A frequência destas inspeções depende, sobretudo, da importância e controle (quadros), observando seu estado geral quanto à fixação,
critica do equipamento em questão, das condições ambientais, e/ou danos na estrutura, pintura, corrosão, fechaduras e dobradiças.
das condições operacionais. Atitudes simples, como verificar se há Deve ser verificado o estado geral dos condutores e dispositivos de
ventilação suficiente e efetuar a limpeza freqüentemente são fatores da aterramento. No caso de componentes com partes internas móveis,
maior importância. Além disto, é necessário intervir imediatamente ao devem ser inspecionados, quando o componente permitir, o estado
surgirem ou ao serem notados quaisquer indicativos de anormalidades. dos contatos e das câmaras de arco, sinais de aquecimento, limpeza,
No caso de máquinas rotativas tem-se, por exemplo: vibrações fixação, ajustes e aferições. Se possível, devem ser realizadas
excessivas, batidas de eixo, resistência de isolamento decrescente, algumas manobras no componente, verificando seu funcionamento.
indícios de fumaça e fogo, faiscamento ou forte desgaste no No caso de componentes fixos, deve ser inspecionado o estado
comutador ou coletor e escovas (se houverem), variações bruscas geral, observando sinais de aquecimento, fixação, identificação,
de temperatura nos mancais e outros. A primeira providência a ser ressecamento e limpeza.
tomada nestes casos é desligar o equipamento e examinar todas as De acordo com o artigo “Manutenção preditiva e detectiva”
suas partes, tanto mecânicas como elétricas. dos autores Igor Mateus de Araújo e João Maria Câmara, a análise
Deste modo, o conhecimento adequado de alguns sintomas, suas de temperatura é a técnica de medições térmicas para levantamento
causas e efeitos é de suma importância pois permite evitar a evolução da temperatura de operação de equipamentos, buchas, conexões e
de problemas indesejáveis que tornam necessária uma ação corretiva conectores, etc. As técnicas termográficas servem para identificar
com prejuízos financeiros elevados. pontos quentes em instalações elétricas e detecção de falhas em
As rotinas de inspeção básicas para equipamentos elétricos em isolamentos térmicos.
operação normal envolvem, de uma forma geral, avaliar: A termografia é a técnica de ler e medir – a distância – a 227
temperatura de operação de componentes responsáveis pelas
- Corrente: o aquecimento de um equipamento elétrico depende de conexões de equipamentos elétricos. Suas principais vantagens são a
sua capacidade térmica. O controle de sua temperatura de operação se ausência da necessidade de contato com o objeto sob análise e a não
reveste de elevada importância, pois, quando o mesmo opera acima interferência com a produção, já que não é desligado o equipamento
do nível máximo de temperatura permitido pela classe de isolamento, sob inspeção.
ocorre um decréscimo na sua expectativa de vida. Por exemplo, um O termograma é o resultado da aplicação da termografia, isto
equipamento com isolação classe B ou F, operando com 8 a 10 ºC é, formar e reproduzir as imagens visíveis a partir da captação das
acima de sua temperatura normal de trabalho tem sua expectativa de radiações térmicas emitidas pelas conexões. Esta radiação varia de
vida reduzida à metade. Estes fatos reforçam a necessidade de um acordo com a temperatura e o estado da superfície emissora.
monitoramento adequado das condições de carregamento, ou seja, da A termovisão é a técnica de ver as imagens térmicas a partir da
corrente de carga e da temperatura associadas, para evitar eventuais captação das radiações térmicas, invisíveis na faixa do infravermelho,
sobrecargas. constantemente emitidas, absorvidas e reemitidas pelos corpos e
- Tensão: a tensão aplicada a um equipamento deve ser monitorada de objetos (Figura 101).
forma similar à corrente de carga. Sobretensões e subtensões, tensões
desequilibradas e/ou com conteúdo harmônico são fatores que afetam
frequentemente as isolações dos diferentes componentes elétricos.
- Limpeza: é importante que o equipamento fique isento de poeiras,
fiapos de algodão, óleo e outras sujeiras em geral. A sujeira cria uma
camada nos enrolamentos e/ou carcaça diminuindo a troca de calor
com o ambiente, além de reter umidade e provocar um curto-circuito,
bem como, ser um elemento propagador de incêndios. Desta forma,
é conveniente limpar externamente o equipamento e, logo após, as
suas partes internas. Para tanto, usa-se ar comprimido seco e limpo,
NBR 14039
• Existência de intertravamentos ou bloqueios entre equipamentos: aos relés de proteção estão dando uma nova dimensão a esses recursos,
sempre que possível, aos circuitos devem ser providos elementos diretos agregando uma inteligência adicional ao conjunto, facilitando mais ainda
ou indiretos de bloqueio e intertravamentos. Os bloqueios diretos são de as manobras e aumentando a segurança dos equipamentos e profissionais
natureza mecânica e garantem que a parte construtiva de um equipamento envolvidos.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
Figura 102 – Sala de operação remota de uma instalação elétrica de média tensão
São considerados componentes básicos para o trabalho dos resistência por metro que possibilitem calcular a resistividade do solo
profissionais de operação de instalações elétricas e equipamentos: é o “Método de medição por contato com o arranjo de Wenner”. Este
procedimentos de trabalhos; procedimentos de segurança; e equipamentos método consta da NBR 7117, cujo projeto deve entrar em votação
de segurança. nacional ainda neste trimestre.
22 Considerações sobre projeto de aterramento Descrição do método de medição por contato (arranjo de Wenner)
de subestações
Quatro eletrodos devem ser cravados firmemente no solo,
A norma NBR 15751- Sistemas de aterramento de subestações – alinhados e dispostos simetricamente em relação a um ponto de origem
Requisitos especifica as condições para o dimensionamento do sistema (A) e espaçados entre si por uma distância (d), todos a uma mesma
de aterramento de subestações de energia elétrica acima de 1 kV, em profundidade (p).
frequência industrial. Além disso, a NBR 15571 estabelece os limites Basicamente, pelos eletrodos externos faz-se circular corrente (I)
de segurança para pessoas e instalações dentro e fora dos limites da e, entre os dois eletrodos internos, é medida a tensão (V). A relação
subestação. Por se tratar de uma específica, a NBR 15571 complementa (V/I) fornecerá a resistência (R) em ohm (Ω), com a qual é calculada 229
ou substitui as prescrições da NBR 14039 relativas ao aterramento de a resistividade do solo até uma profundidade aproximadamente igual à
subestações. distância (d) entre os eletrodos, segundo a equação:
Na continuação são apresentadas diversas considerações sobre o
aterramento de subestações à luz das prescrições da NBR 15571.
(Ω·m)
Modelagem do solo
sido terraplanado e compactado, ou seja, esteja no momento exato entre influenciar nos resultados. Em alguns instrumentos, há compensação
a preparação para receber as instalações e o início das obras. O ideal seria automática para tais influências, em outros, podemos ajustar esses
efetuar mais de um conjunto de medições em diferentes épocas do ano. valores. Geralmente, os fabricantes dos instrumentos fornecem nos
O método de ensaio mais conhecido para obtenção de valores de catálogos dos produtos as informações necessárias.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
eletrodo (malha) for instalado. O número de pontos em que deverão ser Tipos de solo Faixa de resistividades estimada (Ω·m)
efetuadas estas medições é função das dimensões do terreno. A nova Água do mar Menor do que 10
NBR 7117 trará uma série de configurações permitidas. Lama, limo, húmus Até 150
A partir da análise dos resultados obtidos no local, podem ser Água destilada 300
necessárias medições com outras configurações. O maior número de Argila 300 – 5.000
Calcário 500 – 5.000
dados possível a respeito do local deve ser fornecido, como tipo do
Areia 1.000 – 8.000
solo (terraplenado, compactado), características da camada (visível),
Basalto A partir de 10.000
interferências encontradas, umidade do solo, clima em que se deu a
Molhado (*): 20 – 100
medição (chuvoso ou seco); identificação com um croqui o local e as
Concreto Úmido: 300 – 1000
direções em que foram realizadas as medições. Seco: 3 kΩ·m – 2 MΩ·m
Para locais com grandes dimensões, basta dividir esses locais em
(*) Típica de aplicação em ambientes externos, notadamente fundações e demais aplicações afins.
segmentos e repetir a prática descrita para cada fração de terreno. Há que se destacar que valores inferiores a 50 Ω-m devem ser considerados altamente corrosivos.
Tipo do condutor Condutância Coeficiente térmico de resistividade Temperatura de fusãoa Resistividade TCAP
% α0 (0 °C) αt (20 °C) (°C) (20 °C) [J/(cm3×°C)]
Cobre (macio) 100,0 0,004 27 0,003 93 1 083 1,724 3,422
Cobre (duro) 97,0 0,004 13 0,003 81 1 084 1,777 3,422
Aço cobreado 40% 40,0 0,004 08 0,003 78 1 084 4,397 3,846
Aço cobreado 30% 30,0 0,004 08 0,003 78 1 084 5,862 3,846
Haste de aço cobreadoa 20,0 0,004 08 0,003 78 1 084 8,62 3,846
Fio de alumínio 61,0 0,004 39 0,004 03 657 2,862 2,556
Liga de alumínio 5005 53,5 0,003 80 0,003 53 660 3,222 2,598
Liga de alumínio 6201 52,5 0,003 73 0,003 47 660 3,284 2,598
Aço-alumínio 20,3 0,003 88 0,003 60 660 8,480 2,670
Aço 1020 10,8 0,001 65 0,001 60 1 510 15,90 3,28
Haste de açob 9,8 0,001 65 0,001 60 1 400 17,50 4,44
NBR 14039
Dessa forma, pode-se utilizar a seguinte equação para a inserção no solo ou no eletrodo. Definição tem função de informar
determinação da seção do condutor: e regrar, porém, diversas situações em que aparecem diferenças
de potencial devem ser consideradas perigosas dependendo
Em que: de como elas se apresentem, por exemplo: o risco implícito de
Kf é a constante para materiais considerando temperatura ambiente choque elétrico é muito parecido quando, sem a proteção devida,
(Ta) de 40 °C. toca-se em uma carcaça metálica de um quadro não aterrado, não
importando a distância que se esteja dele.
Tabela 40 - ABNT NBR 15751 - Tabela 3 – Constantes Kf
Os valores máximos permissíveis são estabelecidos em função
Conexão kf do tempo de eliminação do defeito (t) e da resistividade da camada
Mecânica (aparafusada ou por pressão) 11,5 superficial do solo. Nesse sentido, ressalta-se a importância dos
Emenda tipo solda oxiacetilênica 9,2 diferentes tipos de recobrimento do solo, tanto no interior como
Emenda com solda exotérmica 7,5 na periferia das instalações. Em geral, estas coberturas são: solo
Emenda à compressãoa 7,5 natural (terra ou grama), brita, concreto, asfalto, etc.
a Obtida por meio de conectores com compressão por ferramenta hidráulica.
A escolha do tempo de eliminação do defeito (t) deve ser feita
de forma conservativa, levando-se em conta o tipo de proteção
As equações para o dimensionamento dos condutores adotado e as características dos equipamentos de proteção
indicam a corrente de curto-circuito plena (If). Na ocorrência de utilizados. Devem ser considerados dois casos: defeitos com
uma falta para terra, esta corrente irá circular pelo condutor de duração determinada pelo sistema de proteção, tendo em vista a
aterramento (rabicho) no ponto de ocorrência do curto-circuito corrente permissível pelo corpo humano, ou seja, a corrente de
e, ao chegar à malha, se subdividirá pelos diversos ramos da choque de curta duração ( Ichcd ), que é definida como sendo a
malha, proporcionalmente às resistências equivalentes no ponto corrente máxima de não fibrilação (para 99,5% das pessoas de 50
de injeção da corrente. Dessa forma, existe a possibilidade de kg) no intervalo de tempo 0,03 s ≤ t ≤ 3 s. O segundo caso são os
utilização de condutores de malha dimensionados para correntes defeitos de longa duração que não sensibilizam os dispositivos de
inferiores à corrente de curto-circuito plena. proteção considerando a corrente permissível pelo corpo humano
Nos casos em que a temperatura de fusão da conexão de longa duração ( Ichld ), que é definida como a corrente provocada
for inferior à temperatura de fusão do condutor, utiliza-se a por uma tensão de toque ou passo devido a uma corrente de defeito
temperatura da conexão no cálculo da constante Kf . Na Tabela 3 de longa duração.
232 encontramos os valores de Kf para o cobre, considerando o limite
de fusão da conexão. Corrente de choique elétrico de longa duração (Ichld )
Uma vez calculada a seção do condutor, tanto considerando
o efeito mecânico como o térmico, deve-se utilizar o maior valor Esta corrente corresponde ao máximo valor de corrente que
encontrado, sempre a favor da segurança. circula pelo corpo humano sem provocar fibrilação.
O tempo t deve ser escolhido de forma conservativa. Ele A fibrilação auricular é um tipo de arritmia crônica mais
corresponde ao tempo de eliminação do defeito e influi diretamente encontrada, durante a qual os estímulos podem ter uma frequência
nos potenciais toleráveis de passo e toque. de até 600 batimentos por minuto. Desses estímulos, somente
alguns chegam a provocar contrações dos ventrículos e uma
CÁLCULO DAS TENSÕES PERMISSÍVEIS frequência tão elevada não é compatível com a sobrevida das
pessoas acometidas, sendo que com o coração batendo mais
A norma ABNT NBR 15751-2009 estabelece os valores rápido, cerca de cinco vezes mais que o normal, a pessoa chega ao
máximos permissíveis para as tensões de passo e toque em óbito em pouco mais de 30 minutos, se nada for feito.
condições locais preestabelecidas. Estes parâmetros são A fibrilação ventricular é ainda mais grave e só é tolerada
importantes para que um sistema de aterramento seja considerado se for de curta duração. O coração não é capaz de manter a
seguro em uma condição de defeito na instalação elétrica. circulação eficaz com uma frequência cardíaca muito elevada.
Relembrando, a tensão de passo é a diferença de potencial entre Se a corrente atingir diretamente o músculo cardíaco, poderá
dois pontos da superfície do solo separados pela distância de um atrapalhar o seu funcionamento normal. Os impulsos periódicos
passo de uma pessoa, considerada igual a 1 metro (em função que, em condições normais, regulam as contrações (também
do sistema internacional de unidades). A tensão de toque é a chamadas de sístole) e as expansões (diástole) são alterados. Na
diferença de potencial entre um objeto metálico aterrado ou não fibrilação, o coração bate desordenadamente, ocorrendo falha
e um ponto da superfície do solo separado por uma distância no fluxo vital de sangue ao corpo. Mesmo após a interrupção da
horizontal equivalente ao alcance normal do braço de uma pessoa. corrente que causou a fibrilação, o fenômeno ainda continua e,
Essa distância é também convencionada igual a 1 metro. na maioria dos casos, só cessa mediante o uso de um aparelho
NBR 14039
0,116
Ichcd = Dessa forma, a máxima tensão de passo permissível pelo corpo
t
humano é dada pela equação:
Nesta equação, t corresponde à duração do choque. Este valor é
estabelecido pela correlação feita com o tempo máximo (tm) que o
dispositivo de proteção leva para eliminar a falta. No caso de haver
religamento automático, com um intervalo de tempo (tr) inferior Em que:
ou igual a 0,5 s, o tempo a ser considerado deve ser igual à soma
dos tempos da falta inicial e das faltas subsequentes. Se o tempo de Rch - resistência do corpo humano, adotada como sendo 1 k,
religamento for superior a 0,5 s, o tempo a ser considerado deverá expressa em ohms (Ω);
ser o tempo máximo de uma das diversas faltas. Rp - resistência própria de cada pé com relação ao terra remoto (ver
A Figura 103 mostra como escolher o tempo t: definição no Capítulo 1 deste fascículo), expressa em ohms (Ω);
Rmp - resistência mútua entre dois pés, expressa em ohms (Ω);
i
Ichcd - máxima corrente de curta duração admissível pelo corpo
im humano, expressa em ampères (A).
Rmp = ρs
(Ω)
2 x π x Rp
t1 tr t2 tr t3 t
Em que:
Figura 103 — Defeito com religamento.
Rmp - resistência mútua entre dois pés, expressa em ohms (Ω);
Efeito do religamento no tempo utilizado para cálculo das
b - constante igual a 0,083 m (raio de um disco metálico
tensões de passo e toque:
estabelecido como modelo para representar o pé do ser humano);
dp - distância padronizada entre os dois pés (1 m);
se tr ≤ 0,5 s, então tm = t1 + t2 + t3 ρs - resistividade do recobrimento da superfície do solo (Ω x m),
conforme Tabela 42.
se tr > 0,5 s, então tm = máx (t1, t2, t3) Tabela 42 — Resistividade do material de recobrimento (ρs).
Resistividade (Ω x m)
TENSÃO DE PASSO Material Seco Molhado
Quando ocorre uma falta para a terra, a corrente de curto- Brita n. 1, 2 ou 3 3 000
circuito flui pelo aterramento. Esta passagem de corrente gera Concreto 1.200 a 280.000 21 a 100
tensões no solo. A malha de aterramento deve ser projetada de tal Asfalto 2x106 a 30x106 10x103 a 6x106
forma que as tensões de passo na subestação e suas redondezas não
atinjam valores superiores aos permissíveis. Caso não haja recobrimento, utilizar resistividade da camada
NBR 14039
A ABNT NBR 15751:2009 mostra a Figura 104 em que uma superficial do solo (C).
pessoa é representada por um circuito elétrico equivalente aos C - fator de redução que depende da espessura da camada de
parâmetros resistivos envolvidos. A partir deste é apresentada uma recobrimento. As equações para determinação deste componente
equação para se definir a máxima tensão de passo permissível. são as mesmas utilizadas para a tensão de toque.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
Rp 1,20
Rp 1,10
K=0,0
1,00
Figura 105 — Conceito de tensão de toque.
0,90 K=0,1
234 0,70
K=0,3
- curta duração: 0,60
K=0,4
0,50
(V) 0,40
K=0,5
K=0,6
0,30
K=0,7
(V) 0,20
0,10
- longa duração:
0,00
0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 hs
O fator de redução é calculado pela equação completa: No caso da ocorrência de uma falta, a corrente que circula
pelo condutor de aterramento é dividida por alguns trechos
do circuito, além de sofrer redução de seu valor modular em
função das impedâncias existentes na instalação até chegar
ao eletrodo de aterramento. Nessas condições, a parcela
que atinge e se distribui pelo eletrodo de aterramento é
efetivamente menor que a corrente no ponto em que ocorreu
a falta. O cálculo correto desse valor pode implicar uma
ou simplificada: significativa redução de custos no projeto do sistema de
aterramento, principalmente no que concerne ao quesito
NBR 14039
Acoplamento das
fases com o neutro
Poste de
distribuição Acoplamento das
Alimentador Torre ou poste fases com o para-raios
Neutro de distribuição Pórtico de transmissão
Multiaterrado
Para-raios
Fases
Fases
Aterramento
do neutro Contrapeso
2- o componente devido à impedância dos cabos para-raios (ou (impedância mútua de Carson).
neutro) multiaterrados (representados por I1 e I2). Rt Resistência de aterramento da torre ligada ao nó 2 (resistência
Analisando a situação verifica-se que o condutor para-raios ôhmica, valor real, não complexo).
drena parte da corrente de falta, diminuindo Im.
Ao modelarmos o sistema mostrado na Figura 111, teremos o
C álculo da corrente simétrica eficaz de malha seguinte circuito elétrico:
Quando Im e If são diferentes, deve-se calcular a corrente eficaz
de malha. Calcular esta corrente exige o modelamento do sistema
por meio de um circuito equivalente. É importante lembrar que a
terra pode ser um dos caminhos de retorno para a corrente de falta.
A ABNT NBR 15751 utiliza a formulação encontrada na
teoria de Carson para a modelagem de linhas de transmissão e de
distribuição. Esta modelagem deve incluir o acoplamento magnético
entre os cabos de fase e de para-raio (ou fase-neutro em linha de
distribuição) durante o curto-circuito, por meio da impedância
mútua. Este acoplamento é importante, pois drena pelos cabos para-
raios (ou neutro) parte da corrente de defeito, diminuindo a corrente
de malha.
As impedâncias próprias e mútuas dependem da resistividade Figura 112 – Circuito elétrico para cálculo da corrente de malha considerando o
do solo, da frequência do sistema, dos tipos de cabos utilizados e da sistema de potência da Figura 2 (Figura 9 da ABNT NBR 1575).
Resistência
para a terra
relativa à
malha da SE
Figura 111 — Modelo completo de um vão de linha de transmissão ou rede de no ponto da Impedância
distribuição (Figura 8 da ABNT NBR 15751). falta. para a terra
relativa ao
cabo para-raios
Em que: ou ao neutro
k Representação genérica do vão, sendo k = 1 na torre em falta e multiaterrado
situado a
k = n na subestação de alimentação. jusante do
ponto da falta
Vpk+1 Tensão de fase entre pontos 1 e 3, V13 (valor complexo).
Vpk Idem, entre pontos 4 e 6, V46.
Ip Corrente de falta para terra (3 I0 = If, valor complexo).
Ick Corrente complexa no vão k do cabo guarda.
Figura 113 – Circuito do Zeq da Figura 5 (Figura 10 da ABNT NBR 1575).
Itk Corrente complexa que penetra a terra na torre k.
Ick+1 Corrente complexa no cabo guarda do vão k + 1.
(Ip – Ick) Corrente complexa que retorna pela terra no vão k. A corrente simétrica eficaz de malha, que será o parâmetro
NBR 14039
Zp Impedância própria, com retorno pela terra, do cabo fase utilizado no dimensionamento do eletrodo de aterramento, deve ser
(impedância própria de Carson). multiplicada por um fator que leva em consideração a componente
Zc Idem cabo guarda. contínua da corrente de curto-circuito (Df) e o crescimento do
Zm Impedância mútua entre o cabo fase em falta e o cabo guarda sistema (Cp), que serão tratados adiante.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
Tabela 43. Fator que fornece a parcela da corrente de falta que dispersa na
Im = Imalha = If x Sf x Cp x Df
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
terra pelo eletrodo de aterramento da subestação de energia. do solo no local de implantação da subestação, com o cálculo
Para os casos em que a topologia da rede é muito simples ou correto da parcela da corrente de curto-circuito a ser dissipada pela
quando a impedância mútua for desprezível em relação à impedância malha e com os tempos de atuação das proteções instaladas.
própria pode ser mais conveniente calcular-se Sf. Obtém-se If por Ao contrário de alguns mitos relacionados ao tema que
métodos convencionais, considerando-se os circuitos sequenciais e, persistem no tempo, baixas resistências de aterramento não
diretamente da relação abaixo, a corrente de malha: garantem um projeto seguro, da mesma forma que altas resistências
de aterramento não significam, necessariamente, um projeto
Condição de segurança para futuras expansões inseguro.
O eletrodo de aterramento dimensionado com a "corrente de
malha final", calculada conforme o procedimento que consta da Condutores de aterramento: rabichos e condutores de malha
ABNT NBR 15715, aqui mostrado, garantirá segurança às pessoas, Os condutores de aterramento (rabichos) exercem a importante
desde que não sejam feitas expansões que provoquem uma corrente função de interligar todas as partes condutoras de eletricidade da
de curto-circuito fase-terra superior à [corrente de falta antes da subestação, que não foram construídas com esse fim, mas onde
expansão] x Cp. Havendo qualquer expansão no sistema, essa possa ocorrer a passagem de correntes impulsivas, por exemplo: pés
condição deve ser verificada. de torres, descidas de SPDA (Sistema de Proteção contra Descargas
No dimensionamento de malhas de aterramento é necessária Atmosféricas) e aterramentos de para-raios de linha, diretamente ao
a verificação do surgimento de potenciais perigosos, interna e eletrodo de aterramento.
externamente a essa malha, quando da ocorrência de curtos-circuitos Uma forma prática para considerar a divisão da corrente de
ou na existência de correntes de desequilíbrio entre neutro e terra curto-circuito para a redução do diâmetro do condutor da malha
do sistema. Para tanto, devem-se calcular os valores máximos de consiste na utilização de dois condutores de aterramento em pontos
tensão de toque e de passo que podem ocorrer, bem como verificar distintos da malha, quando do aterramento de equipamentos e
possibilidades de ocorrência de transferência de potencial para elementos metálicos sujeitos à circulação da corrente de falta.
ambas as situações. Cuidados especiais devem ser tomados nos locais em que possa
Sempre é importante ressaltar que um bom projeto de haver movimentação de veículos pesados dentro da subestação. Se
aterramento deve garantir que os níveis de corrente de curto- estes veículos passarem sobre locais onde a malha estiver enterrada,
circuito fase-terra sejam suficientes para sensibilizar a proteção de recomenda-se que o posicionamento dos cabos condutores do
retaguarda, bem como determinar potenciais de passo e de toque eletrodo seja feito de forma a não deixá-los tensionados para que
238 suportáveis aos seres vivos. Estas condições são obtidas pela não arrebentem ou não haja algum tipo de interrupção da malha,
geometria da malha de aterramento compatível com a resistividade principalmente nas conexões e emendas.
Cabo
Malha
Figura 114 – Multiaterramento de cercas metálicas no interior do plano da malha de aterramento da subestação.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
Cabo Cabo
Último cabo da malha
circulação de circulação de
corrente corrente
Haste Haste
Resistividade Resistividade
Figura 115 – Multiaterramento de cercas metálicas seccionadas situadas no exterior do plano da malha de aterramento.
239
Figura 116 – Níveis de potencial que podem aparecer na malha e nas massas metálicas conectadas na malha.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
240
Terminal de aterramento do
equipamento
(pára raios)
Ramais da
malha
NBR 14039
Haste de
aterramento
O uso de equipamentos ou de dispositivos de proteção e a utilização to MV, HV and EHV power system
de transformadores de isolamento e/ou filtros são recomendados
principalmente para os circuitos de comunicação e de baixa tensão. Este Relatório Técnico (TR), que é informativo em sua
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
natureza, proporciona orientação sobre princípios que podem aos operadores do sistema sobre as práticas de engenharia
ser usados como base para determinar os requisitos para a que facilitarão o fornecimento de energia com qualidade
ligação de instalações que provocam distorções nas redes de serviço adequada para todos os clientes conectados. Ao
públicas de média, alta e extra-alta tensão. Para efeito deste abordar as instalações, este documento não se destina a
relatório, uma instalação que provoca distorção (que pode ser substituir as normas de equipamentos existentes para limites
uma carga ou um gerador) é aquela que produz harmônicas e/ de emissão de harmônicas. O relatório trata da atribuição
ou inter-harmônicas e deve ser entendida como a instalação da capacidade do sistema para absorver perturbações. Não
completa do cliente aborda como mitigar as perturbações, nem a forma como a
O objetivo principal deste relatório é fornecer orientação capacidade do sistema pode ser aumentada.
aos operadores do sistema sobre as práticas de engenharia Problemas relacionados com as flutuações de tensão se
que facilitarão o fornecimento de energia com qualidade dividem em duas categorias básicas:
de serviço adequada para todos os clientes conectados. Ao
abordar as instalações, este documento não se destina a a) Efeitos de Flicker a partir de fontes de luz produzidos
substituir as normas de equipamentos existentes para limites como resultado de flutuações de tensão;
de emissão de harmônicas. O relatório trata da atribuição b) Variações rápidas de tensão, mesmo dentro das tolerâncias
da capacidade do sistema para absorver perturbações. Não normais da tensão operacional, são consideradas como
aborda como mitigar as perturbações, nem a forma como a perturbações.
capacidade do sistema pode ser aumentada.
Problemas relacionados com harmônicas se dividem em O relatório dá orientações para a coordenação das
duas categorias básicas: emissões de flicker entre diferentes níveis de tensão, a fim de
atender a níveis de compatibilidade no ponto de utilização.
a) As correntes harmônicas que são injetadas na rede da • Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL,
concessionária por conversores e fontes harmônicas, dando Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema
origem a tensões harmônicas no sistema. Nestes casos, as Elétrico Nacional – PRODIST, Módulo 8 – Qualidade da
correntes harmônicas e as tensões resultantes podem ser Energia Elétrica, Revisão 1, vigente a partir de 01/01/2010
consideradas como fenômenos conduzidos.
b) As correntes harmônicas que induzem interferências em Os objetivos dos Procedimentos de Distribuição de
242 sistemas de comunicação. Este fenômeno é mais pronunciado em Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional – PRODIST,
frequências mais altas ordem harmônica por causa do aumento do Módulo 8 – Qualidade da Energia Elétrica, são:
acoplamento entre os circuitos e por causa da maior sensibilidade
dos circuitos de comunicação na faixa audível. a) Estabelecer os procedimentos relativos à qualidade da
energia elétrica - QEE, abordando a qualidade do produto e a
Este relatório dá orientações para a coordenação das qualidade do serviço prestado.
tensões harmônicas entre diferentes níveis de tensão, a fim b) Para a qualidade do produto, este módulo define a
de atender certos níveis de compatibilidade no ponto de terminologia, caracteriza os fenômenos, parâmetros e valores
utilização. As recomendações deste relatório não abordam de referência relativos à conformidade de tensão em regime
fenômenos de interferências harmônicas em circuitos de permanente e às perturbações na forma de onda de tensão,
comunicação. estabelecendo mecanismos que possibilitem à ANEEL fixar
padrões para os indicadores de QEE.
•IEC/TR 61000-3-7 ed2.0 - Electromagnetic compatibility c) Para a qualidade dos serviços prestados, este módulo
(EMC) - Part 3-7: Limits - Assessment of emission limits for estabelece a metodologia para apuração dos indicadores de
the connection of fluctuating installations to MV, HV and continuidade e dos tempos de atendimento a ocorrências
EHV power systems emergenciais, definindo padrões e responsabilidades.
Esta parte da IEC 61000 fornece orientação sobre os Os procedimentos de qualidade de energia elétrica
princípios que podem ser usados como base para determinar os definidos neste módulo devem ser observados por:
requisitos para a ligação de instalações que causam flutuações
de tensões em redes públicas de média, alta e extra-alta a) Consumidores com instalações conectadas em qualquer
tensão. Para efeito deste relatório, uma instalação que causa classe de tensão de distribuição;
flutuações de tensão (que pode ser uma carga ou um gerador) b) Produtores de energia;
é aquela que produz uma tensão de cintilamento (flicker) e / c) Distribuidoras;
NBR 14039
ou variações rápidas de tensão e deve ser entendida como a d) Agentes importadores ou exportadores de energia elétrica;
instalação completa do cliente e) Transmissoras detentoras de Demais Instalações de
O objetivo principal deste relatório é fornecer orientação Transmissão - DIT;
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
243
NBR 14039
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
244
NBR 5419
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
245
NBR 5419
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
246
NBR 5419
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
Sumário
1 Introdução 248
2 Objetivo, campo de aplicação e abrangência 248
3 Responsabilidades 248
4 Avaliação da necessidade da proteção (conforme o Anexo B da NBR 5419) 249
247
4.1 Roteiro da análise da necessidade de proteção 249
4.2 Exemplo de avaliação da necessidade da proteção contra descargas atmosféricas diretas 252
5 Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas (SPDA) 252
5.1 SPDA Externo 252
5.1.1 Cálculo do nível de proteção do SPDA Externo 253
5.1.2 Subsistema de captores ou captação 253
5.1.3 Subsistema de condutores de descida 260
5.1.4 Subsistema de aterramento 267
5.1.5 Fixações e conexões do SPDA externo 270
5.2 SPDA Interno 271
5.2.1 Equalização de potencial ou Equipotencialização 271
5.2.2 Proximidade do SPDA com outras instalações (distância de segurança) 275
5.3 Estruturas especiais 277
6 Inspeção e Documentação 277
6.1 Inspeção 277
6.2 Documentação 278
NBR 5419
• A descarga elétrica atmosférica (raio) é um fenômeno da natureza • Exigência legal: neste caso, cabe às secretarias de obras municipais
absolutamente imprevisível e aleatório, tanto em relação às suas determinar quais os tipos de estruturas deverão ser protegidas, ou
248 características elétricas (intensidade de corrente elétrica, tempo de ainda por exigência de normas regulamentadoras, por exemplo, do
duração, etc.), quanto em relação aos efeitos destruidores decorrentes Ministério do Trabalho e Emprego (NR-10);
de sua incidência sobre estruturas, edificações e equipamentos. • Para obtenção de certificações de qualidade, ambiental ou de
• Nada em termos práticos pode ser feito para impedir a incidência segurança;
(“queda”) de uma descarga elétrica em determinada região. A NBR • Por exigência de companhias de seguro, relacionando esta proteção a
5419 não reconhece equipamentos que promovam uma suposta atração incêndios, perdas físicas ou patrimoniais;
de raios a longas distâncias, sendo os sistemas prescritos pela norma • Por precaução, quando um proprietário, mesmo isento de obrigações
prioritariamente captores. Assim, as soluções internacionalmente legais, queira proteger seu patrimônio.
normalizadas e aplicadas buscam tão somente minimizar os efeitos
destruidores a partir da colocação de pontos preferenciais de impacto Para qualquer que seja o caso, a norma fornece subsídios
e condução segura da descarga elétrica para sua conveniente dispersão para que se possa decidir quanto à necessidade da proteção. Caso
na terra. as regulamentações não especifiquem quais estruturas devem
• O assunto SPDA é normalizado internacionalmente pela IEC obrigatoriamente ser protegidas, deverá ser empregado o método de
(International Electrotechnical Comission) e, em cada país, por verificação que consta do anexo B da NBR 5419.
entidades próprias, como a ABNT (Brasil), VDE (Alemanha), NFPA Somente os projetos elaborados com base nas disposições
(Estados Unidos), BSI (Inglaterra), CEI (Itália), dentre outros. normalizadas podem assegurar uma instalação reconhecida como
legalmente eficiente e confiável. Entretanto, esta eficiência nunca
2 Objetivo, campo de aplicação e atingirá os 100% estando, ainda assim, sujeita a falhas na proteção. As
abrangência da NBR 5419 mais comuns são a destruição de pequenos trechos do revestimento das
fachadas de edifícios ou de quinas da edificação ou ainda de trechos de
O objetivo da NBR 5419 é regular as condições mínimas de projeto, telhados. É comum a ocorrência do deslocamento das telhas provocado
instalação e manutenção do SPDA, desde a parte superior extrema do pela movimentação do ar criada pela descarga atmosférica. A eficiência
elemento de captação até o Terminal de Aterramento Principal (TAP), do SPDA, como tantos outros parâmetros de proteção, está vinculada
ponto comum ao Barramento de Equipotencialização Principal (BEP), ao nível de proteção adotado para o sistema.
definido na NBR 5410 e, dessa forma, proteger contra o impacto direto A NBR 5419 define em 3.31 o nível de proteção como: “Termo
NBR 5419
dos raios – dentro de parâmetros aceitáveis – estruturas, seres vivos e de classificação de um SPDA que denota sua eficiência. Este termo
equipamentos. Então, deve ficar claro que as prescrições dessa norma não expressa a probabilidade com a qual um SPDA protege um volume
garantem a proteção de pessoas, instalações elétricas ou equipamentos contra os efeitos das descargas atmosféricas”.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
249
NBR 5419
Figura 1 – Mapa de curvas isoceráunicas Brasil (fonte: Figura B.1-a da NBR 5419)
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
4.1 Roteiro da análise da necessidade de proteção 4.1.5 Calcular a frequência média anual previsível de
descargas atmosféricas (Nd) por ano.
informações da estrutura a ser eventualmente protegida. 4.1.6 Calcular a frequência média anual ponderada previsível
de descargas atmosféricas (Ndc).
O índice ceráunico (Td) corresponde ao número de dias em que Ndc = Nd. A . B . C . D . E [danos por ano]
ocorrem trovoadas em uma região por ano. O mapa isoceráunico
indicado na Figura 1 apresenta esse índice dividido por regiões do
Tabela 1 – Fator A: Tipo de ocupação da estrutura (fonte: Tabela B.1da NBR 5419)
Brasil em curvas topológicas.
Tipo de ocupação Fator A
Casas e outras estruturas de porte equivalente 0,3
4.1.3 Calcular a densidade de descargas atmosféricas para a Casas e outras estruturas de porte equivalente - com antena externa1 0,7
terra (Ng) Fábricas, oficinas e laboratórios 1,0
Edifícios de escritórios, hóteis e apartamentos, e outros edifícios 1,2
Ng = 0,04 . Td1,25 [por km2/ano] residenciais não incluídos abaixo
Locais de afluência de público (por exemplo: igrejas, pavilhões, teatros, 1,3
4.1.4 Calcular a área de exposição equivalente museus, exposições, lojas de departamento, correios, estações e
aeroportos, estádios de esportes
Este cálculo considera a área exposta da cobertura da estrutura Escolas, hospitais, creches e outras instituições, estruturas 1,7
de múltiplas atividades
projetada no solo e expande a área em função da altura da estrutura.
250
Quanto mais alta for a estrutura, maior será a área de exposição
equivalente no nível do solo. Tabela 2 – Fator B: Tipo de construção da estrutura (fonte: Tabela B.2 da NBR 5419)
Ao considerar-se uma estrutura cilíndrica, por exemplo, uma Tipo de construção Fator B
caixa d’água, deve-se então utilizar a equação: Estrutura de aço revestida, com cobertura não metálica1) 0,2
Estrutura de concreto armado, com cobertura não metálica 0,4
Ae= π (r + H)² [m²] Estrutura de aço revestida, ou de concreto armado, com cobertura metálica 0,8
Estrutura de alvenaria ou concreto simples, com qualquer cobertura, 1,0
A norma equaciona uma estrutura retangular ou que possa ser exceto metálica ou de palha
Estrutura de madeira, ou revestida de madeira, com qualquer cobertura, 1,4
transformada em um retângulo equivalente da seguinte maneira:
exceto metálica ou de palha
Estrutura de madeira, alvenaria ou concreto simples, com cobertura metálica 1,7
Ae = L.W + 2 L.H + 2 W.H + π.H2 [m²]
Qualquer estrutura com teto de palha 2,0
1)Estruturas de metal aparente que sejam contínuas até o nível do solo estão excluídas desta
Em que: tabela, porque requerem apenas um subsistema de aterramento.
L – comprimento
W – largura
Tabela 3 – Fator C: Conteúdo da estrutura e efeitos indiretos das descargas
H – altura atmosféricas (fonte: Tabela B.3 da NBR 5419)
estações de rádio
Indústrias estratégicas, monumentos antigos e prédios históricos, museus, 1,3
l
NBR 5419
Tabela 6 – Classificação das estruturas e escolha do nível de proteção (fonte: Tabela B.6 da NBR 5419)
Classificação da estrutura Tipo da estrutura Efeitos das descargas atmosféricas Nível de proteção
251
Residências Perfuração da isolação de instalações elétricas, incêndio e danos materiais III
Danos normalmente limitados a objetos no ponto de impacto ou no caminho do raio
Teatros, escolas, lojas de departamen- Danos às instalações elétricas (por exemplo: iluminação) e possibilidade de pânico II
tos, áreas esportivas e igrejas Falha do sistema de alarme contra incêndio, causando atraso no socorro
Bancos, companhias de seguro, Como acima, além de efeitos indiretos com a perda de comunicações, II
Estruturas comuns 1) companhias comerciais, e outros falhas dos computadores e perda de dados
Hospitais, casa de repouso e prisões Como para escolas, além de efeitos indiretos para pessoas em tratamento intensivo II
e dificuldade de resgate de pessoas imobilizadas
Indústrias Efeitos indiretos conforme o conteúdo das estruturas, variando de danos III
pequenos a prejuízos inaceitáveis e perda de produção
Estruturas com risco Estações de telecomunicação, usinas Interrupção inaceitável de serviços públicos por breve ou longo período de tempo I
confinado elétricas, Indústrias Risco indireto para as imediações devido a incêndios e outros com risco de incêndio
Estruturas com risco Refinarias, postos de combustível, Risco de incêndio e explosão para a instalação I
para os arredores fábricas de fogos, fábricas de munição e seus arredores
NBR 5419
Estruturas com risco Indústrias químicas, usinas nucleares, Risco de incêndio e falhas de operação, com consequências perigosas para I
para o meio ambiente laboratórios bioquímicos o local e para o meio ambiente
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
Na IEC 62305, o nível de proteção pode ser escolhido a Tabela 4 – Localização da estrutura – Fator D: Estrutura localizada
partir da compreensão dos fatores relacionados à análise de risco em área contendo poucas estruturas ou árvores de alturausimilar
(assunto tratado na parte 2 dessa norma IEC). Dessa forma, para 1,0
que os demais parâmetros que dependem desse valor possam Tabela 5 – Topografia da região – Fator E: Elevações moderadas
ser tratados com relativa independência, a IEC 62305 traz uma 1,0
relação direta de classificação para os SPDAs, em que o Nível I
de proteção fornece os parâmetros para o SPDA Classe I, o Nível Então:
II para o SPDA Classe II, e assim sucessivamente (Tabela 7).
Ndc = Nd. A . B . C . D . E = 0,21 . 1,7 . 0,4 . 1,7 . 1,0 . 1.0 = 0,24
Tabela 7 – Relação entre os níveis de proteção contra descargas atmosféricas
e as classes do SPDA (fonte: IEC 62305) dano por ano
Nível de Proteção Classe do SPDA
I I Este valor é bastante elevado para os padrões nacionais e indica
II II que a estrutura poderá sofrer 0,24 danos causados por impacto
III III
direto de raio por ano.
IV IV
- Densidade de descargas atmosféricas para a terra (Ng) (ver 4.1.3 O Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas
deste guia): (SPDA) é definido em 3.5 da NBR 5419 como: “Sistema
completo destinado a proteger uma estrutura contra os efeitos das
Ng = 0,04 . Td1,25 = 0.04.1401,25= 19,26 raios por km²/ano descargas atmosféricas. É composto de um sistema externo e de
um sistema interno de proteção. Em casos particulares, o SPDA
- Área de exposição equivalente (ver 4.1.4 deste guia): pode compreender unicamente um sistema externo ou interno.
subdividido objetivamente em duas partes: externo e interno.”
Ae = L.W + 2 L.H + 2 W.H + π.H² = 70 . 50 + 2 . 70. 23 + 2 . 50.
23 + π . 23² = 10.682 m² 5.1 SPDA Externo
- Frequência média anual previsível de descargas atmosféricas (Nd) O SPDA Externo é composto por três subsistemas:
(ver 4.1.5 deste guia):
a) Captores;
Nd = Ng . Ae . 10 = 19,26 . 10.682 . 10 = 0,21 raios incidente por ano
-6 -6 b) Descidas;
c) Aterramento.
- Frequência média anual ponderada previsível de descargas
atmosféricas (Ndc) (ver 4.1.6 deste guia): O SPDA Externo ainda pode ser classificado como isolado ou
não isolado.
Tabela 1 – Tipo de ocupação - Fator A: Escolas, hospitais, creches 1,7 Segundo 3.28 da NBR 5419: “SPDA externo isolado do
Tabela 2 – Tipo de construção - Fator B: Estrutura de concreto com volume a proteger: SPDA no qual os subsistemas de captores e
cobertura não metálica 0,4 os condutores de descida são instalados suficientemente afastados
NBR 5419
Tabela 3 – Conteúdo da estrutura – Fator C: Escolas, hospitais, do volume a proteger, de modo a reduzir a probabilidade de
creches 1,7 centelhamento perigoso”.
A distância relacionada ao termo suficientemente afastado
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
deve ser determinada pelo cálculo da distância de segurança (ver ser utilizado em um SPDA dimensionado por qualquer um dos três
5.2.2 deste guia). Entretanto, em 5.1.1.3.1, a NBR 5419 estipula métodos, sendo que o inverso também é verdadeiro. A existência de
um afastamento mínimo de 2 metros entre o subsistema captor um captor Franklin na instalação não implica automaticamente que
e as instalações metálicas do volume a proteger para que fique ela foi dimensionada pelo método do ângulo de proteção, enquanto
caracterizado o sistema isolado. Como medida de prevenção, deve- um SPDA com captação dimensionada pelo método do ângulo de
se efetuar o cálculo e adotar-se a maior distância. proteção não obrigatoriamente deve possuir captores Franklin.
Em 3.24, a NBR 5419 define centelhamento perigoso como:
“Descarga elétrica inadmissível, no interior ou na proximidade
do volume a proteger, provocada pela corrente de descarga
atmosférica.”
Em 3.29, define-se SPDA externo não isolado do volume a
proteger como “o SPDA no qual os subsistemas de captores e de
descida são instalados de modo que o trajeto da corrente de descarga
atmosférica pode estar em contato com o volume a proteger”.
Topo do captor R
tg α =
H
α
Onde:
H
α - Ângulo relacionado ao nível de
proteção (Tabela 1 - NBR 5419)
H - Altura do poste/mastro
R
R - Raio da base do cone de proteção
NBR 5419
Base do captor
α
H
R r
r
R
Figura 5 - Aplicação do método do ângulo de proteção para condutor horizontal sobre mastros ou postes
Tabela 8 – Ângulo de proteção para o método de Franklin Exemplo de aplicação do método do ângulo de proteção (Franklin)
(fonte: Tabela 1 da NBR 5419)
Nível de Proteção Ângulo de proteção (α) - método Franklin, em fundação
da altura do captor (h) (ver nota 1) e o nível de proteção Cálculo da proteção para a estrutura utilizada no exemplo tratado
0 - 20 m 21 - 30 m 31 - 45 m 46-60 m > 60 m
em 4.2 utilizando-se o método do ângulo de proteção (Franklin).
I 25 º 1) 1) 1) 2) Trata-se de uma escola, localizada em Paragominas (PA),
II 35 º 25 º 1) 1) 2) construída com estruturas de concreto armado fechadas por alvenaria
III 45 º 35 º 25 º 1) 2) e coberta por laje, com dimensões (em metros) L = 70, W = 50 e H =
IV 55 º 45 º 35 º 25 º 2) 23. A obra possui infraestrutura completa (telefonia e internet via rádio,
1)
Aplicam-se somente os métodos eletrogeométrcos, malha ou da gaiola de Faraday. antena parabólica para TV) e outras facilidades, sendo que os dutos
254 2)
Aplica-se somente ao método da gaiola de Faraday.
existentes, exceto a rede de hidrante, são de PVC.
Notas:
1 - Para a escolha do nível de proteção, a altura é em relação ao solo e , para verificação da área
Dado que toda a edificação deve ser provida de um anel condutor
protegida, é em relção ao plano horizontal a ser protegido. no perímetro superior, que estará interligado ao aterramento, no
mínimo, pelos condutores de descida, pode-se entender que o plano
No entanto, com as curvas apresentadas na IEC 62305-3, referencial criado pela terra “foi elevado” por esse anel superior.
Ed. 2 (Figura 6), o método Franklin torna-se competitivo em Utilizando esse conceito, chamado de plano de referência, admite-se
um número considerável de situações em comparação com os que o plano a ser protegido é aquele onde está a base do mastro (neste
outros métodos de dimensionamento. caso, a laje) e, assim, pode-se utilizar o ângulo α da primeira coluna na
Tabela 7 – Relação entre os níveis de proteção contra descargas atmosféricas Tabela 8. Caso o plano de referência utilizado fosse o solo, ou seja, não
e as classes do SPDA (fonte: IEC 62305)
houvesse um plano de referência elevado, o ângulo α ficaria restrito à
Classe do SPDA Ângulo de Proteção αº
segunda coluna da Tabela 8 ou, dependendo da situação, a utilização
I
do método poderia ser inviabilizada.
II
III
Veja figura abaixo Nas circunstâncias apresentadas:
IV
Tabela 8 Nível II (ver Exemplo 4.2) altura do captor (h) = 0 - 20
m α = 35º R= h . tg α (Figura 7) R = h . 0,7.
H α
NBR 5419
Quando se utiliza este método para proteção de uma área retangular, é diagonal até as laterais (considerando-se o diâmetro de proteção de 8,4
conveniente calcular a quantidade de mastros para proteger a estrutura no m), resultando em 121 mastros (Figura 9). Este procedimento, embora
sentido da diagonal da edificação (no caso do exemplo, para o retângulo pareça superestimado, evita o aparecimento de zonas desprotegidas entre
de 70 x 50 m, a diagonal mede aproximadamente 86 m). Considera-se um as projeções de proteção. A opção para diminuir o número de mastros é
mastro em cada extremidade da diagonal, que protege um raio R = 4,2 m. aumentar as suas alturas.
O restante do comprimento da diagonal (86 m – 2 . 4,2 m = 77,6 m) deve Por meio do exemplo é fácil entender a razão pela qual esse método
ser dividido pelo diâmetro de proteção (2 . R = 2 . 4,2 m = 8,4 m), o que deve ser utilizado apenas em situações específicas como proteção de
resulta em 9 mastros. Portanto, são necessários 11 mastros no sentido pequenas estruturas na cobertura ou ainda estruturas com largura e
da diagonal (Figura 8). A seguir, projeta-se a quantidade de mastros da comprimento reduzidos.
Total de 11 mastros
6m
Descida
Aterramento
d = 86 m
Corte mostrando a diagonal
Figura 8 – Cálculo da quantidade de captores no sentido do comprimento da estrutura 255
Anel de
Condutor aterramento Mastro Anel condutor na
de descida Projeção da H = 6m periferia superior
proteção na laje
maior diagonal na
cobertura (56m)
50 m
NBR 5419
70 m
Figura 9 – Distribuição de captores (mastros) na estrutura pelo método Franklin
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
determinadas conforme a Tabela 9, de acordo com a norma NBR Valores máximos dos módulos da malha captora correspondentes à classe do SPDA
5419 e pela Tabela 10, conforme a norma IEC 62305 – Ed. 2. O Método de proteção
método das malhas usualmente tem maior aplicação em estruturas Classe do SPDA Tamanho do módulo Wm (m)
de grandes dimensões de largura e comprimento. I 5x5
As chamadas “Gaiolas de Faraday” são formadas quando, II 10 x 10
IV 20
Nota:
2 - O módulo da malha deverá constituir um anel fechado, com o comprimento não superior ao
dobro da sua largura.
Figura 11 – Exemplo de aplicação do método das malhas em uma estrutura
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
Detalhe ampliado
NBR 5419
alvenaria e coberta por laje, com dimensões (em metros) L = 70, W Neste caso, a maior distância entre os mastros é a diagonal da
= 50 e H = 23. laje, ou seja, d² = 70² + 50² d = 86 m.
Há duas maneiras de se determinar a captação pelo método Essa situação não atende o acima exposto (d ≤ 30 m) uma vez
do Modelo Eletrogeométrico: gráfica e analítica. Por questões de que a esfera toca a laje;
praticidade o método analítico será utilizado a seguir (Figura 13).
- Mastros instalados nos 4 cantos, na metade do comprimento de
cada lateral e no centro da edificação:
cálculo por tentativa e erro da seguinte forma: deve levar em consideração os aspectos de custo, estéticos,
de facilidade de instalação, manutenção, etc., o que requer um
- Mastros instalados apenas nos 4 cantos da edificação: estudo específico.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
m
30
=
R R-x
x
H=6 H-x
Anel condutor na
periferia superior
23 m Lateral
Anel de aterramento
d≤
30
m 17
28,6
23
50 m
Laje
70 m
Figura 14 – Distribuição de captores (mastros) na estrutura pelo método EGM
prazo até 1993 para que todos os captores radioativos fossem 259
5.1.2.5 Os captores não normalizados retirados e encaminhados àquela Comissão. Dessa forma, desde
1993 os captores radioativos compondo a captação de um SPDA,
Conforme o item 4.7 da NBR 5419, “Não são admitidos por si só, já constituem uma não conformidade com a NBR 5419 e
quaisquer recursos artificiais destinados a aumentar o raio de uma ilegalidade segundo a resolução da CNEN.
proteção dos captores, tais como captores com formatos especiais,
ou de metais de alta condutividade, ou ainda ionizantes, radioativos
ou não. Os SPDA que tenham sido instalados com tais captores
devem ser redimensionados e substituídos de modo a atender a esta
Norma.”
Dessa forma, até que tenham base científica comprovada para
que possam ser incluídos no texto da norma, os chamados “captores
especiais com emissão antecipada de líder”, têm utilização
permitida como elemento componente do subsistema de captores
desde que o método utilizado no dimensionamento da captação seja Figura 15 - Exemplos de captor radioativo
um dos três descritos (ver 5.1.2.1, 5.1.2.2 e 5.1.2.3 deste guia).
A proibição de utilizar captores radioativos (Figura 15) 5.1.2.6 Os captores naturais
como elementos de captação consta da revisão de 1993 da NBR
5419. A alegação de que existe uma maior eficácia em relação ao Qualquer elemento condutor exposto com possibilidade de
aumento do raio de proteção na captação quando utilizado captor receber o impacto direto de um raio deve ser considerado como parte
radioativo em relação ao captor convencional não foi tecnicamente do SPDA. No entanto, esta afirmação não significa que o elemento
comprovada. Isso contraria o princípio para justificativa de em questão deverá ser tratado sempre como um captor natural.
utilização de materiais radioativos que determina o seguinte: Somente poderão ser utilizados como captores naturais os
"qualquer atividade envolvendo radiação ou exposição deve ser elementos metálicos que atenderem às especificações de espessura
justificada em relação às alternativas para produzir um benefício que constam da Tabela 20, que não sejam revestidos com material
NBR 5419
líquido positivo para a sociedade". Em consequência, a resolução isolante. O item 5.1.1.4.2.c prescreve que camadas de pintura de
CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear) 04/89 de 19/04/89 qualquer espessura, camadas de até 0,5 mm de asfalto ou até 1 mm
– Publicada no Diário Oficial da União, em 09/05/89, estabeleceu de PVC não podem ser considerados isolantes.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
Elemento protegido
contra impacto direto
SPDA Externo
SPDA Externo
SPDA Interno
PE Quadro de distribuição
dos circuitos de energia
PE
BEL
Interligação com
armadura do concreto
Vai para o BEP
(SPDA Interno)
Prédio
naturais. No entanto, em caso de manutenção pode haver retirada Os anexos D e E da NBR 5419 tratam da utilização das
parcial ou total desses elementos com facilidade, inclusive por armaduras e outros elementos metálicos como condutores de
pessoas que não tem conhecimento sobre a atribuição adicional descida. Além disso, conforme 5.1.2.1, perfis metálicos, estruturas
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
a) SPDA isolado
A Figura 19 mostra um exemplo de curvas desnecessárias,
que poderiam ter sido evitadas com uma disposição diferente do “5.1.2.2.1 Conforme o tipo de subsistema captor deverão ser
condutor de descida. previstas as seguintes quantidades mínimas de condutores de
Segundo 5.1.2.4.2, não são admitidas emendas nos cabos descida:
utilizados como condutores de descida, nem mesmo se a emenda
for executada por meio de solda. Conforme 5.1.2.6, há apenas a a) um ou mais mastros separados – um condutor de descida para
exceção para a conexão no caso do trecho de interligação entre cada mastro (não condutor);
o condutor de descida e o condutor de aterramento (chamado b) um ou mais condutores horizontais separados – um condutor de
rabicho de aterramento), que pode ser realizada pelo conector de descida na extremidade de cada condutor horizontal;
medição (Figura 25). No caso em que o conector de medição for c) rede de condutores – um condutor de descida para cada estrutura
eliminado e, consequentemente, um trecho do condutor de descida de suporte (não condutor).
NBR 5419
l1 Condutor de descida
S l2
l3
Prédio
d l = l1 + l2 + l3
S = distância
de separação
d
l = comprimento
do laço
d = distância
de segurança
262 Dessa forma, desde que atendam às especificações Os condutores de descida assim calculados devem ser
normalizadas de espessura e materiais, os postes e mastros distribuídos ao longo do perímetro do volume a proteger
metálicos podem (e devem) ser considerados como condutores obedecendo aos espaçamentos médios (distâncias) indicados
naturais de descida. na Tabela 13. Se o número mínimo de condutores calculado
for inferior a dois, devem ser instaladas, pelo menos, duas
b) SPDA não isolado – condutores de descida não naturais descidas.
Aumentar o espaçamento recomendado pela norma entre os
Para esta condição, a quantidade mínima de condutores condutores de descida implica alterar as distâncias de segurança,
de descida em uma estrutura é função do nível de proteção que estão diretamente relacionadas aos centelhamentos perigosos.
adotado e é obtida dividindo-se o perímetro da edificação Nos locais em que há impedimento físico (construtivo) para que
pelo espaçamento médio entre descidas (distâncias típicas) esse espaçamento seja mantido, é importante a adoção de medidas
que consta da Tabela 13, conforme a NBR 5419 ou Tabela 14 complementares, tais como o impedimento de acesso ao condutor de
conforme a IEC 62305. descida pela colocação de barreiras ou embutindo-o na alvenaria. É
de suma importância que as soluções adotadas que sejam diferentes
Tabela 13- Espaçamento médio dos condutores de descida não naturais conforme o
nível de proteção (Tabela 2 da NBR 5419)
das prescrições da norma sejam tecnicamente justificadas e constem
da documentação pertinente ao SPDA.
Nível de proteção Espaçamento médio (m)
I 10
Ao iniciar a distribuição das descidas, deve-se dar preferência
II 15 de posicionamento para os cantos da edificação, distribuindo as
III 20 demais descidas de forma equidistante. Neste caso, tomando-se a
IV 25 edificação utilizada em exemplos anteriores (escola, localizada em
Paragominas (PA), construída com estruturas de concreto armado
Tabela 14 – Valores típicos para distanciamento entre descidas de acordo com a fechadas por alvenaria e coberta por laje, com dimensões (em
classe do SPDA segundo a IEC 62305
metros) L = 70, W = 50 e H = 23), tem-se:
Classe do SPDA Distâncias típicas (m)
- perímetro p = 70 . 2 + 50 . 2 = 240 m
I 10
NBR 5419
II 10
- Nível de Proteção II Tabela 13 – Espaçamento médio = 15 m
III 15 - Número de descidas = 240 ÷ 15 = 16 descidas, sendo que as
IV 20 descidas pelos cantos são preferenciais (d1 a d4) – (Figura 21)
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
Anel no perímetro
superior da estrutura
Situação Ideal
263
Anel inferior
eletrodo de aterramento
Anel no perímetro
Situação alternativa superior da estrutura
Anel posicionado na
lateral da estrutura
h≤4m
Deve existir justificativa
técnica para esta
configuração
h
NBR 5419
Eletrodo de aterramento
(vertical ou inclinado)
Conector
de descida
d d d d
d Rabicho de
aterramento
Eletrodo
Subsistemas de captores
Subsistemas de descida
Subsistemas de aterramento
d ≥ 0,5 m
A instalação de um eletroduto rígido de PVC ou metálico a a proteção for executada com eletrodutos metálicos, o cabo de
pelo menos 2,5 m acima do solo aplica-se apenas para as descidas descida deve ser conectado às extremidades superior e inferior
construídas com cabos elétricos e tem finalidade de proteção destes do eletroduto, de forma a minimizar o risco de centelhamentos
cabos contra danos mecânicos, conforme o item 5.1.2.4.3. Quando perigosos (Figura 24).
264
Parafuso fendido
Captação
Detalhe da interligação
cabo de descida ao duto metálico
Descida
Abraçadeira e
parafuso fendido
Estrutura
Duto Metálico
Piso
Aterramento
NBR 5419
Cada condutor de descida não natural ou que estiver embutido descarga atmosférica resultar ou não em risco para este material.
na alvenaria deve ser provido de uma conexão que separe o Na prática, em função da dificuldade em obter informações
subsistema de aterramento do restante do SPDA. Este conector, relacionadas aos materiais das paredes (densidade, ponto de fulgor,
comumente chamado de conector de medição ou ponto de medição, etc.), além da necessidade de determinar várias influências externas
deve ser instalado próximo ao ponto de interligação entre a descida que podem estar presente, a boa prática da engenharia recomenda
e o eletrodo de aterramento. Quando a descida estiver embutida, simplesmente o afastamento dos condutores de descida dessas
este ponto passa a ser na própria interligação. Em ambos os casos, a paredes potencialmente inflamáveis.
conexão deve ser desmontável por meio de ferramenta apenas para
manutenção ou ensaios e deve permanecer normalmente fechada. c) SPDA não isolado – condutores de descida naturais
Quando a conexão estiver abaixo do nível do solo, ela deve ser
posicionada dentro de uma caixa de inspeção que deve ser mantida A NBR 5419 (item 5.1.2.4) permite a utilização dos seguintes
em boas condições de limpeza e acessibilidade. elementos como descidas naturais:
A NBR 5419 (item 5.1.2.3.3) permite a utilização de dutos
(tubos ou calhas) de água pluvial como caminho de passagem • Pilares metálicos utilizados nas estruturas;
para condutores de descida, desde que os condutores não sejam de • Elementos da fachada (perfis e suportes metálicos), desde que suas
alumínio, evitando, assim, problemas de corrosão. Para minimizar seções sejam no mínimo iguais às especificadas para os condutores
os riscos de centelhamentos perigosos no local, é importante evitar de descida conforme Tabela 15 e com a sua continuidade elétrica no
laços durante o percurso dos dutos metálicos. Para evitar possível sentido vertical no mínimo equivalente;
corrosão causada por efeitos eletroquímicos (par galvânico), devem • Superfícies condutoras de eletricidade superpostas de forma
ser utilizados preferencialmente cabos isolados como condutores consecutiva, desde que o afastamento entre elas não seja superior
de descidas. a 1 mm, com área de trespasse não inferior a 100 cm2 e que sua
Há também que se considerar o material da parede em que os continuidade não possa ser afetada por modificações posteriores ou
condutores de descida serão fixados. Por exemplo, os condutores de por serviços de manutenção;
descida podem ser instalados diretamente sobre a parede ou mesmo • As instalações metálicas da estrutura (inclusive quando revestidas
embutidos desde que o material da parede não seja inflamável. Se a por material isolante), desde que suas seções sejam no mínimo iguais
parede for construída com material inflamável, segundo 5.1.2.3.4.b às especificadas para condutores de descida na Tabela 15 e com
e 5.1.2.3.4.c, a viabilidade da instalação está condicionada se a continuidade elétrica no sentido vertical no mínimo equivalente;
elevação de temperatura causada pela passagem da corrente de • Tubulações metálicas, exceto gás, podem ser admitidas 265
Armadura
Longitudinal ou Pilar
Vergalhão
vezes o diâmetro
Clips Galvanizado
Trepasse 20
Vergalhão
contato com a armadura
Vergalhão
Trepasse 20 vezes
Vergalhão
do bloco,
Trecho do cabo em
laje ou viga
o diâmetro
Vergalhão
Trepasse 20 vezes
vezes o diâmetro
Trecho do cabo em
Arame Torcido
Trepasse 20
o diâmetro
Vergalhão
do bloco,
laje ou viga
Clips Galvanizado Clips Galvanizado
Trepasse 20
vezes o diâmetro
Longitudinal ou Pilar
Trecho do cabo em
Vergalhão Vergalhão
deverá ser estanho
Trepasse 20 vezes
Vergalhão
Arame Torcido
vezes o diâmetro
o diâmetro
Vergalhão
Cabo de cobre # 50 mm2
do bloco,
Cabo de aço # 80 mm2
laje ou viga
Trepasse 20
vezes o diâmetro
NBR 5419
como condutores de descida, desde satisfaçam as condições já A continuidade elétrica das armaduras da estrutura deve ser
mencionadas; determinada pela medição da resistência ôhmica entre a parte superior
• Armaduras de concreto pré-moldado devem ter assegurada e a parte inferior da estrutura em vários pontos (Figura 26). Para
a continuidade elétrica de cada elemento, bem como entre os tanto, devem ser escolhidos pontos que proporcionem circuitos com
elementos adjacentes de concreto pré-moldado; comprimentos semelhantes. Em cada ponto, retira-se o concreto a fim
• Estruturas de concreto protendido não podem fazer parte do de deixar a armadura suficientemente aparente para que os terminais de
sistema de escoamento de corrente de descarga atmosférica, ensaio possam ser conectados e então são realizadas diversas medições
inclusive para certas situações específicas devem as distâncias de nas direções horizontal, vertical e inclinada (diagonal).
segurança devem ser consideradas. Basicamente, as medições são realizadas (1) entre o topo e a base
de alguns pilares, (2) entre o topo e a base das armaduras de pilares
Tabela 15 — Seções mínimas dos materiais do SPDA (fonte: Tabela 3 da NBR 5419)
diferentes e (3) entre vigas (baldrame e intermediárias de amarração) e
Material Captor e anéis Descidas (para Descidas (para Eletrodo de
intermediários estruturas estruturas de aterramento
os pilares. Se os valores medidos para esses circuitos forem da mesma
mm2 de altura até altura superior mm2 ordem de grandeza e inferiores a 1 Ω, a continuidade das armaduras é
20m) mm2 a 20m) mm2
considerada aceitável.
Cobre 35 16 35 50
A título de comparação, a IEC 62305:2010, item 4.3, determina
Alumínio 70 25 70 -
que a continuidade elétrica das barras de aço das armaduras do
Aço galvanizado a 50 50 50 80
concreto deve ser determinada por meio de ensaios elétricos entre a
quente ou embutido
em concreto
parte superior do SPDA e o vergalhão no nível do solo. A resistência
elétrica medida não deve ser superior a 0,2 Ω.
O instrumento de medição deve utilizar uma configuração a quatro
Quando são utilizadas estruturas de concreto protendido com pouca fios (dois para corrente elétrica e dois para tensão). Ele deve ser capaz
espessura (telhas), é importante prevenir não somente o impacto direto de injetar corrente elétrica de 1 A ou superior entre os pontos extremos
como também os centelhamentos. Ambos os efeitos podem descascar da armadura sob ensaio e, ao mesmo tempo, medir a queda de
o concreto que recobre o aço tensionado, causando infiltração de água tensão entre esses pontos. A resistência ôhmica do trecho é calculada
e a consequente oxidação desse aço, que pode levar à destruição do dividindo-se a tensão medida pela corrente elétrica injetada, sendo que
conjunto sob protensão. a maioria dos equipamentos possibilita a leitura direta desse valor.
Há condições pré-estabelecidas em 5.1.2.5.4 para que as armaduras O fato de o equipamento ser suficientemente robusto para oferecer
266 de aço interligadas das estruturas de concreto armado possam ser esse nível de corrente ao circuito ensaiado (≥ 1 A) não significa que os
utilizadas como condutores naturais de descida. Para tanto, deve-se resultados não possam ser obtidos com correntes menores, bastando
garantir que cerca de 50% dos cruzamentos entre barras da armadura, para isso que o trecho seja relativamente curto ou que a continuidade
incluindo os estribos, estejam firmemente unidos e que a região de elétrica seja muito boa.
trespasse apresente comprimento de sobreposição de, no mínimo, 20 A configuração de equipamentos a quatro fios evita o erro provocado
diâmetros da barra. As fixações poderão ser feitas com arame de aço pela resistência própria dos cabos utilizados no ensaio e de seus
torcido, solda ou conectores mecânicos (Figura 25). respectivos contatos. Podem ser utilizados mili-ohmímetros ou micro-
Para edificações existentes, em que é muito difícil garantir que ohmímetros de quatro terminais. No entanto, caso o circuito de ensaio
a interligação entre os vergalhões, tenha sido realizada conforme as seja montado com aparelhos independentes, a NBR 5419 não admite a
prescrições da norma, a utilização das armaduras pode ser viabilizada utilização de multímetro convencional na função de ohmímetro, pois a
somente após a execução de um ensaio de continuidade elétrica que corrente de ensaio se mostraria insuficiente na maioria das situações.
consta do Anexo E da NBR 5419.
Nos casos em que não é possível assegurar a continuidade conveniente separar os casos, porém, para um efetivo e confiável
elétrica das armaduras da estrutura, a NBR 5419 (em funcionamento das instalações elétricas, sua consequente proteção
5.1.2.5.4.b) permite que condutores específicos para prover a e das pessoas, deve existir um eletrodo de aterramento único para
continuidade sejam embutidos na estrutura. Estes condutores cada edificação ou estrutura.
devem ter continuidade elétrica assegurada por solda ou por
conexão mecânica adequada, além de estarem obrigatoriamente 5.1.4.1 Eletrodo de aterramento
interligados às armaduras de aço existentes. Esse assunto é tratado
com detalhes no Anexo D da norma. A NBR 5419 define, em 3.12, o “eletrodo de aterramento”
Deve-se notar que o título do Anexo D é: “Uso opcional de como: “Elemento ou conjunto de elementos do subsistema de
ferragem específica em estruturas de concreto armado” (grifo aterramento que assegura o contato elétrico com o solo e dispersa
nosso). Portanto, considerando-se que a continuidade elétrica das a corrente de descarga atmosférica na terra”.
armaduras existentes pode ser garantida por meios construtivos Para assegurar as adequadas condições de funcionamento
usualmente utilizados (amarrações, soldas, sobreposições), a do eletrodo de aterramento devem ser levados em consideração
inserção de elementos adicionais é desnecessária e obviamente tanto os componentes metálicos do eletrodo quanto as condições
custosa. intrínsecas do solo em que eles foram instalados.
Há evidentes vantagens técnicas e econômicas em relação Em 5.1.3.1.2 da NBR 5419, é indicado que: “Para assegurar
ao projeto, à instalação e à manutenção com a utilização de a dispersão da corrente de descarga atmosférica na terra sem
elementos estruturais como SPDA. Por exemplo, a instalação dos causar sobretensões perigosas,v o arranjo e as dimensões do
anéis horizontais externos, prescritos em 5.1.2.3.2, deixa de ser subsistema de aterramento são mais importantes que o próprio
necessária, pois eles são substituídos pelas vigas de amarração valor da resistência de aterramento. Entretanto, recomenda-
dos pilares, geralmente dispostas a cada 3 m em uma construção. se, para o caso de eletrodos não naturais, uma resistência de
Entretanto, é necessária uma análise criteriosa em relação à aproximadamente 10 Ω, como forma de reduzir os gradientes de
possibilidade da ocorrência de danos no revestimento da estrutura potencial no solo e a probabilidade de centelhamento perigoso.
no ponto de impacto do raio e suas consequências. No caso de solo rochoso ou de alta resistividade, poderá não ser
Do ponto de vista do SPDA interno, as interligações possível atingir valores próximos dos sugeridos. Nestes casos, a
para redução das diferenças de potencial internas à estrutura solução adotada deverá ser tecnicamente justificada no projeto.”
seguem o mesmo critério do sistema externo. Assim, próximo Portanto, “10 Ω” é um valor estabelecido como valor máximo
ao solo e, no máximo, a cada 20 m de altura, todas as massas desejável, porém, se por impedimento técnico, este valor não 267
metálicas (tubulações, trilhos, etc.) deverão ser ligadas direta ou for atingido, isso absolutamente não implica que o sistema de
indiretamente a uma armadura local, preferencialmente da viga de aterramento está irregular ou inadequado segundo a norma.
amarração ou no centro geométrico da laje. Os sistemas elétricos Sem entrar no mérito de como o eletrodo de aterramento deve
de energia e de sinal deverão ser referenciados ao barramento ser ensaiado (assunto tratado na NBR 15749), deve-se considerar
de equipotencialização mais próximo (BEP ou BEL), que estará o seguinte:
conectado à armadura ou ao eletrodo de aterramento.
• A NBR 5419 traz prescrições sobre o projeto e a instalação de
5.1.4 Subsistema de aterramento eletrodos de aterramento visando à proteção contra descargas
atmosféricas. São medidas para a diminuição das tensões
O sistema de aterramento, que deve estar presente no SPDA superficiais (toque e passo) e dos centelhamentos perigosos,
e nas instalações elétricas de energia e de sinal, tem a principal levando-os a níveis aceitáveis em relação ao risco de danos às
função de escoar para a terra as correntes elétricas indesejáveis pessoas, estruturas e, de forma secundária, às instalações e aos
que surjam nesses locais, de modo a causar a menor perturbação equipamentos.
possível (tensões superficiais – toque e passo) nos arredores. • O eletrodo de aterramento não é o único componente do SPDA
O sistema de aterramento é um componente fundamental e, como já visto, seu funcionamento está vinculado ao meio em
de diversos sistemas de proteção em uma instalação elétrica, que foi inserido (o solo). A resistividade do solo é componente
tais como: proteção contra choques elétricos (NBR 5410:2004, direta na formação do valor que será obtido no ensaio da medição
em 5.1); contra descargas atmosféricas (NBR 5419:2005, em da resistência ôhmica do eletrodo, o que torna inviável a exigência
5.1.3); contra sobretensões, na proteção de instalações elétricas prévia de qualquer valor de resistência ôhmica sem conhecer os
de energia e de sinal (NBR 5410:2004, em 6.3.5); contra parâmetros envolvidos. Valores referenciais (metas preferenciais)
sobretensões na proteção de linhas elétricas de telecomunicações são aceitáveis, mas, caso não sejam atingidos, há inúmeras
(NBR 14306:1999); e na proteção contra descargas eletrostáticas outras formas de redução dos riscos já mencionados (isolação,
(NBR 5410:2004, em 6.4). afastamento, mudança de topologia, configuração, etc.).
Na prática, é comum que seja feito um estudo em separado • O valor da resistência ôhmica obtido no ensaio do eletrodo de
NBR 5419
para cada proteção mencionada, o que pode induzir ao erro de aterramento ajuda a determinar quanto o conjunto (eletrodo +
interpretação de que os eletrodos de aterramento devem ficar solo) é eficaz na dispersão das correntes indesejáveis (raios, curto-
separados. Para efeito de estudo e compreensão dos fenômenos, é circuito, etc.) no solo. No entanto, este valor em si não determina
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
a integridade física do eletrodo de aterramento, sendo que, para armaduras dos pilares (vergalhões com emendas sobrepostas por
esta finalidade, devem ser utilizados outros tipos de ensaio, tais no mínimo 20 vezes o seu diâmetro, firmemente conectados com
como a medição da continuidade elétrica do eletrodo. arame recozido, por meio de solda ou conectores mecânicos em
50% de seus cruzamentos) também se aplicam às armaduras de aço
Para o caso da utilização de condutores específicos na das estacas, dos blocos de fundação e das vigas baldrame. Se, por
composição do subsistema de aterramento do SPDA, a Tabela algum motivo, a continuidade elétrica das armaduras não puder ser
15 especifica as seções mínimas dos condutores em função do garantida, então deve ser realizado o ensaio conforme previsto no
material empregado nessa função. anexo E da NBR 5419 (ver 5.1.3.2 deste guia).
Em 5.1.3.2, é permitida a utilização dos seguintes eletrodos de Uma alternativa para locais onde não existem estruturas
aterramento: contínuas é a utilização de barra de aço ou vergalhão com diâmetro
mínimo de 8 mm, ou ainda fita de aço de 25 mm x 4 mm, disposta
• Armaduras de aço das fundações, comumente conhecidas como com a largura na posição vertical. O elemento deve formar um anel
“ferragens”, consideradas como eletrodo natural de aterramento; no entorno da edificação, conectar todos os elementos individuais
• Condutores horizontais radiais, verticais ou inclinados (arranjo de descida e estar embutido em, no mínimo, 5 cm de concreto.
tipo A); Para o caso da utilização conjunta dos subsistemas naturais de
• Condutores em anel (arranjo tipo B). descida e de aterramento, as interligações entre as armaduras das
fundações e dos pilares devem seguir as mesmas prescrições já
Como regra, em 5.1.3.2.2, não é recomendada a utilização apresentadas (ver 5.1.3.1.c deste guia).
de placas ou grades como eletrodo principal de aterramento por
motivo de corrosão. No entanto, como visto adiante, a utilização b) Eletrodos não naturais de aterramento – Aterramento pontual
desses elementos é indicada como medida complementar para (arranjo tipo “A”)
redução de tensões superficiais e como equipotencialização.
Quando da utilização de eletrodo de aterramento não natural, Com características de utilização bastante limitadas, este
a sua distribuição deve ser feita de forma adequada e seguindo a arranjo é composto de eletrodos (radiais, verticais, horizontais
melhor configuração topológica permitida pelo terreno. ou inclinados), que, segundo o item 5.1.3.3.2 da norma, deve
O gráfico da Figura 27 mostra a relação entre o comprimento ser utilizado em solos com resistividade de até de 100 Ω.m e em
total mínimo do eletrodo de aterramento e a resistividade do solo estruturas com perímetro não superior a 25 m (Figura 28).
268 no local. Nota-se que o comprimento mínimo do eletrodo para os Cada condutor de descida é conectado a um eletrodo distinto e
níveis de proteção II a IV não depende da resistividade do solo, devem ser instalados, no mínimo, dois eletrodos que não devem ter
enquanto apresenta uma grande variação no caso do nível de comprimento inferior ao estabelecido na Figura 27: para eletrodos
proteção I. radiais e horizontais, adota-se o comprimento diretamente obtido
no gráfico da Figura 27 e, para eletrodos inclinados ou verticais, o
comprimento obtido no gráfico, deve ser dividido por 2.
Vejamos um exemplo numérico para o especificado em
5.1.3.3.2:
O eletrodo será instalado em uma guarita, quadrada, com lateral
igual a 6 m. A estratificação do solo resultou em um terreno cuja
primeira camada tem 90 Ω.m a até 4 m de profundidade. Em função
do grande número de pessoas que por ali transitam e pela quantidade
de componentes eletrônicos existentes (controle de CFTV, ramais
telefônicos, controle eletrônico de acesso, computadores em rede,
etc.), o nível de proteção adotado para o SPDA é II. Entrando com
o valor de 90 Ω.m e Nível de Proteção II no gráfico da Figura 27,
obtém-se o valor l = 5 m. Desta forma, o comprimento mínimo do
eletrodo é dado por:
Figura 27 - Comprimento mínimo dos eletrodos de aterramento em função dos
níveis de proteção e da resistividade do solo (fonte: Figura 2 da NBR 5419)
• 5 m (valor direto do gráfico), quando se tratar de componentes
instalados na horizontal ou de forma radial; ou
a) Eletrodos naturais de aterramento • 2,5 m (valor do gráfico dividido por 2), quando se tratar de
componentes instalados na vertical ou inclinados.
As armaduras de aço embutidas nas fundações das estruturas
que satisfaçam os requisitos de continuidade elétrica, esforços Assim, no caso deste exemplo, pode-se concluir que uma haste
NBR 5419
eletrodinâmicos, térmicos e contra corrosão devem ser que tenha comprimento menor do que 2,5 m, quando instalada no
preferencialmente utilizadas como eletrodo natural de aterramento. final do condutor de descida, não tem comprimento suficiente para
As prescrições utilizadas para validar a utilização das ser considerada como eletrodo de aterramento.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
c) Eletrodos não naturais de aterramento – Aterramento em anel Antes de tomar qualquer decisão de projeto ou da construção/
(arranjo tipo “B”) instalação de um eletrodo de aterramento, é fundamental
conhecer a resistividade do solo para determinar, por cálculo ou
O aterramento em anel é caracterizado pela instalação de medição, a resistência do eletrodo de aterramento.
condutores horizontais em circuito fechado circundando a Conforme a NBR 7117, para determinação da resistividade
edificação ou embutidos nas fundações (Figura 29). do solo deve ser utilizado o “método de medição por contato
A utilização desta configuração de eletrodo é obrigatória para com o arranjo de Wenner”.
estruturas com perímetro superior a 25 m. A resistividade do solo é definida como a resistência entre as
faces opostas (ambas metálicas) de um cubo de aresta unitária,
preenchido com material retirado do local. Ela depende do tipo,
umidade, temperatura, salinidade, contaminação e compactação
Tabela 16 - Valores típicos de resistividade de alguns tipos de solo
Tipos de solo Faixa de resistividade (Ω.m)
Água do Mar <
10
Alagadiço, limo, humus, lama até 150
Água destilada 300
Argila 300 - 500
Calcário 500 -5.000
Areia 1.000 - 8.000
Figura 29 – Exemplo para eletrodos de aterramento em anel e malha Granito 1.500 - 10.000
Basalto a partir de 10.000
Dependendo da condição do solo (resistividade), podem Concretoa Molhado: 20 - 100
ser acrescidas ao anel outras formas de condutores (verticais,
NBR 5419
Ao ar livre Enterrado Embutido no concreto Embutido no reboco Resistência Risco Agravado Eletrolítica
Aço inoxidável Maciço ou Maciço ou - Maciço ou A muitas substâncias Água com cloretos -
encordoado encordoado encordoado dissolvidos
também podem ser utilizados parafusos autoatarraxantes de aço Alumínio 7 2,5 0,5 0,5 --
Aço inox 4 2,5 0,5 0,5 5
inoxidável com diâmetro superior a 6 mm.
NPQ - não gera ponto quente;
NPF - não perfura
Exceto no caso de conexões soldadas ou realizadas com PPF - pode perfurar
elementos de compressão, as demais conexões mecânicas
realizadas no eletrodo de aterramento devem ser protegidas Exemplos de conexões e dimensionamento: condutores de descida
contra corrosão e contra eventuais desconexões indesejáveis. e rabicho de aterramento
NBR 5419
Condutor de descida
Cabo de cobre nú 16 ou 35mm2
Detalhe do fixador TP-1
Fixador TP-1
271
Edificação
Conector de medição
(única emenda permitida na descida)
Abraçadeira
PVC
suportáveis pelas instalações elétricas, equipamentos e pessoas corrosão através de corrente imposta (proteção catódica)
por elas servidas. Dessa forma, seja no interior ou exterior e o SPDA; ou os condutores de energia e/ou de sinal que
da estrutura ou edificação, ou em qualquer subsistema, a adentram uma edificação sujeita a impacto direto de raio e a
equipotencialização deve ser utilizada sempre onde for ligação equipotencial principal. Em ambos os casos, a efetiva
necessário evitar centelhamentos na área de abrangência do interligação deve acontecer somente no momento da passagem
SPDA interno (dentro do volume de proteção contra impacto da corrente elétrica impulsiva (Figura 31).
direto formado pelo SPDA externo). Conforme indicado na IEC 62305, algumas regras
A equipotencialização pode ser feita de duas formas: básicas devem ser consideradas como sendo medidas para
equipotencialização ou de auxílio para atingir este objetivo
• Interligação direta: realizada por meio de condutores (cabos, (Figura 31):
cordoalhas, barras, chapas, etc.), desde que seus componentes
suportem, dependendo da sua localização, a corrente da • As descidas do SPDA devem seguir pelo caminho mais curto e
descarga atmosférica ou uma parte considerável, e as seções retilíneo possível, não devem possuir desvios na forma de laços
mínimas dos condutores respeitem os valores indicados nas e devem estar dispostas ao longo do perímetro da edificação,
Tabelas 19 e 20; de maneira uniforme e equidistante, preferencialmente nos
cantos;
Tabela 19 - Seções mínimas dos condutores de ligação equipotencial
para conduzir parte substancial da corrente de descarga atmosférica
• Todas as partes metálicas existentes na cobertura, inclusive
(fonte: Tabela 6 da NBR 5419) os mastros das antenas de TV, radiocomunicação e transmissão
Nível de proteção Material Seção mm2 de dados devem ser interligadas ao subsistema de captação,
Cobre 13 evitando assim centelhamentos perigosos. Para os casos em
I - IV Alumínio 25 que a realização dessa interligação não seja possível, deve-se
Aço 50
proteger o elemento contra impacto direto dos raios e fazer
Tabela 20 - S eções mínimas dos condutores de ligação equipotencial valer as distâncias de segurança indicadas no item 5.2.2 da
para conduzir uma parte reduzida da corrente de descarga atmosférica NBR 5419 (ver item 5.2.2 deste guia);
( fonte : Tabela 7 da NBR 5419)
• Estruturas devem possuir, no mínimo, dois anéis interligando
Nivel de proteção Material Seção mm2 as descidas. Em geral, esses anéis são configurados pelo anel
Cobre 6 da captação e pelo eletrodo de aterramento;
I - IV Alumínio 10
272 • Prédios com altura superior a 20 m e cujo SPDA externo
Aço 16
seja constituído por elementos não naturais devem possuir
anéis intermediários interligados às descidas e às armações do
• Interligação indireta: realizada por dispositivos que concreto dos pilares ou vigas de amarração (o que estiver mais
garantam que a equipotencialização ocorrerá somente quando próximo) e devem ser dispostos na edificação a cada 20 m de
houver necessidade, como, por exemplo, no escoamento da altura a partir do nível do piso (Figura 33). Além da função
corrente elétrica de uma descarga atmosférica. Exemplos de equipotencialização e redistribuição das correntes elétricas
clássicos para equipotencialização indireta são aqueles dos raios, os anéis intermediários são instalados para captar
realizados entre as tubulações metálicas protegidas contra descargas atmosféricas laterais.
Representação
do centelhador
Condutor
de descida
Corrente elétrica
do raio
NBR 5419
12
14
9
13 13
11 273
11
3
10 10
17 15
10
10 10 2
3
1
6
3 5
6
16
7 7
8 8
NBR 5419
• O TAP deve ser constituído por uma barra de cobre com dimensões
suficientes para suportar os esforços resultantes das correntes
elétricas das descargas atmosféricas ou de curto-circuito e para
20 m
Solo
acomodar as furações e conectores dos cabos (Figura 34).
equipotencialização entre descida e o tubo). Escolhe-se então de curto-circuito do sistema elétrico da instalação;
o dispositivo curto-circuitante com valor disponível igual ou • Todas as massas metálicas dos equipamentos e aparelhos
imediatamente acima do resultado encontrado; elétricos que não sejam destinadas especificamente à condução de
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
SPDA
Equipotencialização
principal
L1
L2
PEN DPS
T PE
N PE
TAT
BEP
Aterramento
corrente elétrica devem ser ligadas ao BEP pelos condutores de um barramento específico denominado TAT – Terminal de 275
equipotencialização; Aterramento de Telecomunicações.
• Cada edificação deve possuir um único BEP. Segundo a NBR
5410, o limite de influência do BEP é de 10 m em qualquer direção. Ao TAT são ligadas todas as blindagens dos cabos de telefonia
Quando a ligação exceder esse limite por causa das dimensões da e dele se originam os condutores de equipotencialização dos
edificação, deve ser instalado um novo barramento, denominado componentes e equipamentos de telecomunicações. No TAT
BEL (Barramento de Equipotencialização Local). O BEL deve ser devem ser instalados DPS adequados para o tipo de distribuição
interligado ao BEP com condutores corretamente dimensionados de sinal, conforme indicado na NBR 5410. Além disso, o TAT deve
(ver dimensionamento na Parte da NBR 5410 deste guia que trata possuir as mesmas características construtivas do BEP e ambos os
de dimensionamento de condutores PE e de equipotencialização). barramentos devem ser interligados (Figura 35).
O BEL deve ser posicionado de forma a promover uma interligação
de baixa impedância (mudando-se a topologia da instalação e/ou 5.2.2 Proximidade do SPDA com outras instalações
I (kA)
I Captação
8
I I I
4 2 2 S = distância de separação
Descida
(indutor) = comprimento de “condutor vítima” relacionado ao condutor indutor (condutor de descida).
ESTRUTURA I
4 * = condutor vitima (instalação elétrica, tubulação ou outro elemento metálico).
S
I
8 Figura 37 - Configuração unidimensional - Kc = 1 (fonte: Figura 4 da NBR 5419)
Condutor da
instalação
elétrica (vitima)
S
*
BEP
Formação
do anel
Infraestrutura de aterramento Condutor
de descida
Figura 36 – Distancia de segurança (d) BEP
S = distância de separação
Chaminés de altura elevada, principalmente aquelas construídas com A parte 6 da NBR 5419 prescreve como o SPDA deve
material não metálico (tipicamente alvenaria), tanques e contêineres para ser inspecionado, mantido, qual a periodicidade e que tipo
armazenamento de produtos inflamáveis, antenas externas, guindastes de documentação deve ser disponibilizada para controle e
e gruas são exemplos de estruturas denominadas “especiais” pela NBR fiscalização.
5419 e as prescrições para a proteção contra descargas atmosféricas
6.1 I nspeção
constam do Anexo A da norma. Essas prescrições podem ser adotadas
em estruturas similares dependendo da análise do responsável técnico. As inspeções visam assegurar que: 277
As seguintes características são consideradas pela NBR 5419
(Anexo A) na classificação dessas estruturas especiais: • O SPDA esteja conforme o projeto;
• Todos os componentes do SPDA estejam em bom estado, com
• Para serem consideradas chaminés de grande porte, as estruturas devem suas conexões e fixações firmes e livres de corrosão;
possuir dimensões maiores que 20 m de altura e 0,3 m de diâmetro no anel • O valor da resistência ôhmica de contato (continuidade elétrica
superior. Por similaridade, uma caixa d’água com essas características dos condutores do SPDA) seja compatível com a sua utilização.
pode ter sua proteção baseada também nas recomendações do anexo A; Isso se aplica aos casos de verificação da viabilidade de utilização
• Locais para armazenamento de líquidos inflamáveis, notadamente de elementos naturais e à verificação da integridade física de
tanques de superfície com teto não metálico ou com teto metálico eletrodos não naturais de aterramento.
fixo ou flutuante, instalados ao ar livre. Em estruturas para
armazenamento de líquidos inflamáveis, a preocupação está A NBR 5419 não especifica valores para ensaio de continuidade
focada nas espessuras dos materiais (Tabela 18), nas distâncias de elétrica entre os componentes de um SPDA não natural. Entretanto,
separação e na maneira como os elementos são conectados, a fim de fazendo uma analogia ao prescrito na IEC 62305 para continuidade
evitar centelhamentos perigosos. elétrica das armaduras e outros componentes fixos em uma
• Antenas de transmissão de sinal fixadas em mastros ou torres instalação, pode-se adotar como parâmetro o valor máximo de
metálicas com base no solo ou sobre outras estruturas; resistência elétrica de 0,2 Ω entre trechos do SPDA ensaiados que
• Guindastes e gruas que, normalmente, são estruturas metálicas contenham emendas (Figura 40). Nas situações de subsistemas
móveis e têm componentes expostos a alturas variáveis e naturais de descida e aterramento, a repetição do ensaio de
frequentemente muito acima do nível do solo. continuidade elétrica somente será exigida no caso de alteração
estrutural por reforma ou ampliação.
Exceto quando tratam o caso de estruturas para armazenamento
de inflamáveis, as medidas recomendadas são, geralmente, de • Todas as construções acrescentadas à estrutura posteriormente
ordem construtiva. Essas medidas estabelecem cuidados adicionais à instalação original estão integradas no volume a proteger,
tanto na especificação quanto na instalação dos materiais, a fim de mediante interligação ou ampliação do SPDA.
NBR 5419
Descida
Ponto de
ensaio
(desconectar)
Separação entre
Descida e Eletrodo
Rabicho de
aterramento
Eletrodo de
aterramento Trecho ensaiado
Micro-ohmímetro
Figura 40 – Exemplo de arranjo de ensaio para verificação da integridade dos condutores (não normalizado) (conforme IEC 62305)
278 instalação dos componentes do SPDA, inclusive verificando-se hospitais, escolas, teatros, cinemas, estádios esportivos,
criteriosamente a qualidade do material empregado; shopping centers, pavilhões, e outros, além de outros locais
• Imediatamente após o término da instalação do SPDA, para contendo áreas com risco de explosão (conforme NBR IEC
verificação final das condições gerais da instalação comparadas 60079-14);
ao projeto “as built”; - 1 ano, para estruturas contendo munição ou explosivos ou
• Periodicamente, para que seja mantida a eficiência do SPDA. em locais expostos à corrosão severa, como regiões litorâneas,
Dependendo do tipo de inspeção, os intervalos devem ser os ambientes industriais com atmosfera agressiva, etc.
seguintes:
- Sempre que houver a suspeita de que o SPDA tenha sido 6.2 D ocumentação
atingido por uma descarga atmosférica;
- Em todos os casos, uma inspeção visual do SPDA deve ser Conforme 6.4 da NBR 5419, a seguinte documentação
efetuada anualmente. Essa inspeção deve ser realizada por técnica deve ser mantida em local em que possa ser facilmente
pessoa capacitada que tenha conhecimento para identificar encontrada e disponibilizada em situações de fiscalização ou sob
peças danificadas, soltas ou oxidadas; novas inspeções:
- Inspeções completas devem ser efetuadas periodicamente • Relatório de verificação de necessidade do SPDA e de seleção
com emissão de relatório técnico. Além de verificar se o SPDA do respectivo nível de proteção, elaborado conforme Anexo B
está em condições operacionais, esta medida documenta o da NBR 5419;
fato para eventuais fiscalizações e fornece parâmetros de • Desenhos em escala mostrando as dimensões, os materiais
comparação que facilitam verificações de controle no futuro. e as posições de todos os componentes do SPDA (captores,
Inspeções completas também devem ser realizadas após condutores de descida e os eletrodos de aterramento);
qualquer modificação no sistema original, não importando a • Dados sobre a natureza e a resistividade do solo e os valores
causa. A NBR 5419 determina os seguintes intervalos para da resistência ôhmica do eletrodo de aterramento. Como
realização de inspeção completa após a instalação do SPDA: mencionado, vários fatores externos influenciam esses ensaios,
- 5 anos para estruturas destinadas a fins residenciais, comerciais, muitas vezes impossibilitando a sua execução. Nestes casos, a
administrativos, agrícolas ou industriais, excetuando-se áreas NBR 5419 recomenda que seja descrita a justificativa técnica
NBR 5419
classificadas com risco de incêndio ou explosão; para a não realização dos ensaios. Na maioria dos casos, os
- 3 anos para estruturas destinadas a grandes concentrações valores obtidos nos ensaios de continuidade do eletrodo de
públicas (conforme NBR 13570), tais como áreas comerciais, aterramento associados a uma simples descrição das condições
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
2. Alterações nas Características da Edificação: 3.5. Verificação de continuidade elétrica das armaduras:
2.1. Dimensões Básicas Aproximadas: Pilares / Colunas:
Comprimento: _______________m Sim
Largura: ____________________m Não
Altura do perímetro superior: ____________________m Fundações:
Altura Máx. (incluindo cumeeira): ________________m Sim
Não
2.2. Reparos na edificação em função de instalação de SPDA:
3.6. Suficiência do numero de descidas:
Alvenaria Sim
Calçamento Pelas armaduras dos pilares
Não se aplica Não
Laje de concreto armado Não instaladas
Estruturas metálicas
3.7. Aterramento:
2.3. Alterações construtivas na edificação: Em anel
Pontual
Total Pelas armaduras das fundações
Parcial Não há
Não se aplica Dados de resistividade do solo. Valores em relatório anexo
Valores de resistência ôhmica. Ensaio de continuidade dos condu
2.4. Teto (Telhas / Cobertura): tores do eletrodo de aterramento visando sua integridade. Valores em
Metálicas relatório anexo 279
Concreto armado (laje)
Concreto protendido 3.8. Condição das conexões:
Concreto pré-moldado Boas
Cerâmica Trocar
Reapertar
3. SPDA
3.9. Interligações entre estruturas metálicas para equalização dos
3.1. Área classificada: potenciais:
Sim Há
Não Direta
Em parte da edificação Indireta (por de centelhador)
Não há
3.2. Necessidade de proteção: Desnecessária
Sim
Não
A analisar 3.10. Recomendações:
Instalar
3.3. Nível de proteção: Substituir
I Completar
II Satisfatório
III Fazer Manutenção
IV
3.11. Nova inspeção (período em anos):
3.4. Tipo de captação existente: 01
Não há proteção instalada 03
Ângulo de proteção (Franklin) 05
Malhas (Faraday)
OBS.: _____________________________________________________________________________________________________________________
NBR 5419
____________________________________________________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________________________________________________
Figura 41 – Sugestão de roteiro de inspeção de SPDA
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
no local suprem essa necessidade; situados no interior das zonas protegidas contra os efeitos
• ART – Anotação de Responsabilidade Técnica do profissional indiretos causados pelos raios, tais como: parada cardíaca,
responsável. centelhamento, interferências em equipamentos ou queima de
seus componentes causadas por transferências de potencial
Uma medida não indicada na NBR 5419, mas que segue devidas à indução eletromagnética.”
a boa prática da engenharia, é a elaboração de um roteiro de
inspeção padronizado condizente com as condições locais, em Assim, por similaridade com as prescrições contidas no texto
que é registrada a evolução dos dados do sistema. Este roteiro normativo que se aplicam à proteção das estruturas, pode-se
deve ser atualizado a cada inspeção periódica completa. A Figura tentar proteger seres vivos contra os impactos diretos dos raios
41 ilustra uma sugestão de um roteiro de inspeção. quando expostos em áreas abertas (pastos, estacionamentos,
parques, clubes, campos de futebol, nas ruas, etc.). No entanto,
7. Proteção das pessoas contra descargas esta proteção é geralmente de difícil solução e tem custo muito
atmosféricas em áreas abertas elevado.
Após o impacto direto, acontecem alguns efeitos indiretos
A proteção das pessoas contra descargas atmosféricas causados por uma descarga atmosférica, que são responsáveis
quando circulam em áreas abertas não é tratada pela NBR 5419, pela maioria dos acidentes ocorridos. Geralmente, os efeitos
conforme indicado a seguir: indiretos são proporcionalmente mais numerosos e por isso
produzem consequências mais graves para os seres vivos do que
- Item 1.1: “Esta Norma fixa as condições de projeto, instalação os impactos diretos.
e manutenção de sistemas de proteção contra descargas São considerados efeitos indiretos das descargas
atmosféricas (SPDA), para proteger as edificações e estruturas atmosféricas:
definidas em 1.2 contra a incidência direta dos raios. A proteção
se aplica também contra a incidência direta dos raios sobre os • Descarga lateral
equipamentos e pessoas que se encontrem no interior destas Um tipo de centelhamento perigoso que acontece quando
edificações e estruturas ou no interior da proteção imposta pelo um ser vivo está próximo o suficiente do local onde circula a
SPDA instalado.” (grifo nosso) corrente do raio e a diferença de potencial causada é capaz de
- Item 1.3: “As prescrições desta Norma não garantem a romper a isolação do ar. Um exemplo clássico é o de pessoas que
280 proteção de pessoas e equipamentos elétricos ou eletrônicos se abrigam de tempestades embaixo de árvores (Figura 42).
D
V
NBR 5419
281
Isolada Agregada
Externa Natural
282 Eletrodos
Eletrodos
verticais ou
horizontal
inclinados
formando
complementando
anel fechado
o anel
Elaborar Projeto executivo: Memorial descritivo com lista de material, desenhos e detalhes típicos
• NBR 13570:1996 – Instalações elétricas em locais de afluência de público Projeto, seleção e montagem de instalações elétricas
• NBR 13571:1996 – Haste de aterramento aço-cobreada e • NR-10 (2004) – Segurança em instalações e serviços em
acessórios – Especificação. eletricidade
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
283
NBR 5419
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
284
NR 10
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
285
NR 10
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
286
NR 10
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
Norma Regulamentadora No 10
Segurança em instalações e serviços
em eletricidade
Sumário
1 Introdução 288
287
1.1 NR-10 – Força de lei 288
1.2 Aplicação da NR-10 288
1.3 Trabalho em proximidade 289
1.4 Normas regulamentadoras versus NBR 289
2 Medidas de controle dos riscos 290
3 Medidas de segurança elétrica 295
3.1 Medidas de proteção coletiva 295
3.2 Medidas de proteção individual 299
3.3 Segurança na construção, montagem, operação e manutenção das instalações elétricas 302
3.4 Serviços em instalações elétricas desenergizadas 303
3.5 Serviços em instalações elétricas energizadas e trabalhos envolvendo alta tensão 307
4 Áreas classificadas 312
5 Autorização do trabalhador 315
5.1 Formação do trabalhador 315
5.2 Treinamento do trabalhador 316
5.3 Controle médico 319
5.4 Resumo 320
NR 10
6 Responsabilidades 320
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
trabalho e que, em 1942, instituiu a CLT – Consolidação das Leis do Ministério da Previdência Social
Trabalho, sendo o principal instrumento de regulação das relações - ações regressivas
A redação estende o conceito de “garantia em segurança e os trabalhadores não ligados às intervenções ou contatos com
saúde” a todos os trabalhadores envolvidos, assegurando-lhes o os sistemas elétricos, mas que, por força de suas atividades, se
direito quando houver intervenções e ações físicas do trabalhador aproximam de partes, conjuntos ou equipamentos energizados,
com interferência direta ou indireta em serviços ou instalações mediante o conceito de “Trabalho em Proximidade”, definido
elétricas. Ressalte-se que “Instalação Elétrica” está definida no como: “trabalho durante o qual o trabalhador pode entrar na zona
glossário da NR-10 como “conjunto das partes elétricas e não controlada, ainda que seja com uma parte do seu corpo ou com
elétricas associadas e com características coordenadas entre si, extensões condutoras, representadas por materiais, ferramentas ou
que são necessárias ao funcionamento de uma parte determinada equipamentos que manipule”.
de um sistema elétrico”. Dessa forma, a NR-10 atinge, inclusive, os trabalhadores em
A abrangência da NR-10 é para todos os trabalhadores diretos, ambientes circunvizinhos sujeitos às influências das instalações
objetivamente envolvidos na ação, ou seja: eletricistas, montadores, ou sistemas elétricos, tais como: trabalhadores nas instalações
reparadores, instaladores, mantenedores, técnicos, engenheiros, telefônicas, TV a cabo, iluminação pública, podas da arborização,
etc., bem como aos trabalhadores indiretos, sujeitos à reação, em estruturas de distribuição e transmissão de energia elétrica, ou
irregularidades ou ausência de medidas de controle e sistemas de trabalhadores em geral, que, apesar de não realizarem quaisquer
prevenção, usuários de equipamentos e sistemas elétricos e outras atividades com essas estruturas, equipamentos ou partes elétricas,
pessoas não advertidas, tais como operadores de equipamentos realizam suas atividades e serviços na zona controlada definida no
elétricos em condição de perigo, todos os profissionais de anexo II da NR-10. Ainda amparados por esse conceito estão os
manutenção envolvidos com sistemas elétricos, etc. mecânicos, técnicos de manutenção, pessoas de limpeza em áreas
Deve-se ressaltar que a NR-10, item 10.1.1, não trata de ou ambientes elétricos, pessoas de supervisão e de controle, que,
“empregado”, mas de “trabalhador”, conforme segue: por força de suas atividades, se envolvem com instalações elétricas
(Figura 3). Esse assunto será tratado com mais detalhe adiante.
•Empregado: Pessoa física que presta serviços de natureza não
eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário
(CLT);
•Trabalhador: Pessoa que vende a sua força de trabalho.
quando explicitado em um instrumento do Poder Público (lei, necessidade de medidas de controle e de responsabilidade nos trabalhos
decreto, portaria, normativa, etc.) ou quando citadas em contratos. de gerenciamento dos riscos elétricos.
Então, as instalações elétricas e serviços com eletricidade devem Os riscos potenciais da energia elétrica são (Figura 4):
atender as prescrições fixadas nas normas técnicas aplicáveis ao
perfeito funcionamento das instalações e à segurança das pessoas • Choque elétrico e queimaduras resistivas e internas;
e, logicamente, dos trabalhadores. • Queimaduras provocadas pela energia térmica do arco elétrico;
Assim, citamos algumas NBRs de interesse do assunto: • Quedas;
NBR 5410 – Instalações elétricas de baixa tensão; NBR 14039 • Doenças pelos efeitos eletromagnéticos;
– Instalações elétricas de média tensão de 1,0 kV a 36,2 kV; • Perdas (incêndios, explosões, danos a equipamentos, etc.).
ABNT NBR IEC 60079-14:2006 – Equipamentos elétricos para
atmosferas explosivas; NBR 8674 – Execução de sistemas fixos As medidas de controle determinadas no item 10.2 da NR-10
automáticos de proteção contra incêndio, com água nebulizada são ações estratégicas de prevenção destinadas a eliminar, reduzir
para transformadores e reatores de potência; NBR IEC 60947-1 ou manter sob controle as incertezas e os eventos indesejáveis,
– Dispositivos de manobra e comando de baixa tensão; e outras que possuam a capacidade potencial para causar lesões ou danos
tantas normas que são aplicáveis às instalações e serviços com à integridade física ou à saúde dos trabalhadores e, até mesmo,
eletricidade. produzir perdas materiais. O estudo, desenvolvimento, implantação
Nesse mesmo item 10.1.2, a NR-10 ainda estabelece que, e acompanhamento das medidas de controle geram a necessidade
em situações onde as normas técnicas nacionais forem omissas de planejamento de um programa de “gerenciamento de riscos”,
ou insuficientes, é passível de aplicação as normas técnicas definido como uma ciência que possibilita às pessoas conviver de
internacionais relativas ao assunto. Pode-se destacar alguns códigos maneira segura com os riscos a que estão expostos e controlar os
ou normas internacionais de reconhecido valor e aplicação, tais perigos que deles possam surgir. Tem a função de administrar as
como IEC – Internacional Electrotecnical Commission; Normas medidas de proteção às pessoas, aos recursos materiais e ao meio
ISO, NFPA 70 – National Electrical Code, etc. ambiente.
A leitura do texto da NR-10 conduzirá o leitor a concluir que se Uma empresa que se propõe ao sucesso deve implantar um
trata de uma Norma de Gestão com caráter legal de responsabilidades programa de gerenciamento de riscos orientado por uma política de
civis e criminais. Dessa forma, o alcance da NR-10 associado à valores capaz de planejar, alocar e gerir recursos, ações, iniciativas,
complexidade dos assuntos tratados não são passíveis de execução princípios e estratégias para eliminar ou mitigar os riscos
290 com algumas poucas páginas do texto nela publicado, razão pela ocupacionais, controlar e melhorar continuamente a segurança
qual é fundamental para os responsáveis pelo atendimento à NR-10 e saúde dos trabalhadores e, consequentemente, melhorar o
se servirem das especificações e orientações desenvolvidas pelas desempenho nos negócios e estabelecer uma imagem responsável
NBRs, como extensão da Norma Regulamentadora nº 10. Apesar perante o mercado.
da não compulsoriedade das NBRs, é fundamental dedicar total
atenção a elas, pois tais documentos constituem fontes inequívocas Técnicas de análise de riscos
de especificações e orientações aplicáveis ao pleno atendimento da
NR-10. As técnicas de análise de riscos, determinadas no item 10.2.1
da NR-10, constituem-se num instrumento de grande utilidade no
2 Medidas de controle dos riscos gerenciamento e controle do agente de risco “Energia Elétrica”.
Devem identificar a existência do risco elétrico, dimensionar o grau
Quando se trata de eletricidade, fica intrínseca a potencialidade e de exposição do trabalhador e conduzir à seleção de medidas de
a gravidade dos riscos à integridade física das pessoas que interagem controle adequadas à proteção coletiva, à proteção individual, à
direta ou indiretamente com esse tipo de energia, o que gera a proteção do meio ambiente e aos procedimentos de trabalho seguro.
• diretos
choques elétricos
- parada cardiorrespiratória, fibrilação Riscos ao patrimönio
- queimaduras resistivas e internas
queimaduras por arcos voltaicos (flash) incêndios; explosões; corrosão eletrolítica.
efeitos eletromagnéticos
• indiretos
impactos e quedas
queimaduras por contato
NR 10
Deverá ser aplicada em conformidade com a metodologia de • Controles dos riscos adicionais: trabalho em altura; confinamento,
“análise de riscos” na fase de projeto, planejamento das atividades campos elétricos, etc.;
de construção, ampliação, modificação, manutenção, inspeção e • Aterramento elétrico e equipotencialização;
operação de sistemas, de forma a antecipar todos os possíveis eventos • Equipamentos de Proteção Individual – EPI;
indesejáveis, possibilitando a adoção de medidas preventivas à • Certificações e testes de rigidez dielétrica nos EPI e EPC;
segurança e saúde do trabalhador, do usuário e de terceiros, do meio • Classificação de áreas e certificações de dispositivos e
ambiente e até mesmo evitar danos aos equipamentos e edificações, equipamentos destinados a áreas com atmosferas explosivas;
assim como evitar a interrupção dos processos produtivos. Uma • Controle do trabalho individualizado em serviços com alta tensão
correta aplicação da análise de risco conduzirá ao desenvolvimento e SEP;
de padrões de segurança como os procedimentos de trabalho, check- • Treinamentos de segurança em instalações e serviços com
lists, instruções e treinamentos, etc. eletricidade;
Na prática, as técnicas de análise de riscos devem estar • Controle de qualificação e capacitação dos trabalhadores próprios
baseadas em algumas ferramentas operacionais, tais como: APR e terceirizados;
(Análise Preliminar de Riscos); AMFE (Análise do Modo de Falha • Liberação e administração das autorizações para trabalho com
e Efeitos); HAZOP (Estudo de Operabilidade e Riscos); WIF (What eletricidade;
if/Checklist); ART (Análise de Risco de Tarefa ); APP (Análise • Controles de procedimentos de trabalho e ordens de serviços
Preliminar de Perigo); dentre outras (Figuras 5 e 6). elétricos;
É importante ressaltar que o item 10.2.2 impõe que as medidas • Controles na implementação da NR-10 para prestadores de
adotadas de controle dos riscos elétricos “devem integrar-se” às serviços e empresas contratadas;
demais medidas e iniciativas de preservação da segurança, saúde • Adoção de plano de emergência, métodos e meios de resgate
e do meio ambiente da empresa. Ou seja, as medidas de controle adequados às atividades.
do risco elétrico adotadas pela organização devem integrar um
programa geral de administração dos riscos, o que lhe impõe A seguir são detalhados alguns tópicos mencionados
uma forte característica gerencial e com responsabilidade no anteriormente:
atendimento a alguns tópicos da NR-10, a seguir destacados:
Esquemas elétricos unifilares
• Análise de riscos;
• Esquemas elétricos unifilares; Os esquemas unifilares constituem-se numa exigência bem 291
• Prontuário das instalações elétricas; elementar de documentar as instalações elétricas e são exigidos no
• Responsabilização técnica pelos serviços elétricos; item 10.2.3 para todos os estabelecimentos, independentemente da
• Relatórios de inspeções técnicas; potência instalada, área do prédio, atividade econômica, número de
• Sistemas e controles de desenergização com o bloqueio de fontes trabalhadores, etc.
elétricas; Estes esquemas, além da representação gráfica dos componentes
• Aplicação de medidas de proteção coletiva (tensão de segurança, elétricos e as suas relações funcionais, devem estar acompanhados
DR, invólucros, etc.); de dados e especificações das medidas de proteção utilizadas em
• Controles nos projetos de instalações elétricas; geral e, especialmente, do sistema de aterramento elétrico. Trata-se
N°
ANÁLISE DE RISCOS DE TAREFAS ART
Data
Descrição da atividade / serviço
Sequência das tarefas da atividade Riscos Potenciais Procedimento seguro de EPI - Equipamento de
trabalho recomendado proteção individual
Observações Finais
Aprovação da equipe
N°
ANALISE PRELIMINAR DE RISCOS 01/04
Data
SITUAÇÃO:
Parada Programada ( ) Parada de Emergência ( ) Atividade Nova ( ) Melhoria ( ) Obra Nova ( ) (RE) Reforma Especial ( ) (GR) Grande Reparação ( )
DEPARTAMENTO: LOCAL DE TRABALHO: EQUIPAMENTO/MÁQUINA/INSTALAÇÃO: DESCRIÇÃO DA ATIVIDADE:
OBSERVAÇÕES FINAIS:
APROVAÇÃO DA EQUIPE:
Técnico Segurança EPS Especialista Técnico na Atividade Executante do Serviço Técnico Segurança DATA HORA
TELEFONES ÚTEIS:
Segurança Brigada Emergência XXXXXX Portaria X Meio Ambiente X
Os documentos relativos às instalações elétricas raramente São documentos das avaliações da infraestrutura de
eram conhecidos pelos trabalhadores ou usuários que interagem aterramento elétrico das instalações e do sistema de proteção contra
com as instalações e serviços elétricos, devendo, doravante, ser descargas atmosféricas, bases das medições, seus resultados e não
organizada em um “Prontuário das Instalações Elétricas”, mantido conformidades. A frequência e a natureza das inspeções e medição
pelo empregador ou por pessoa formalmente designada pela de aterramentos são determinadas por norma técnica específica da
empresa, permanecendo à disposição dos trabalhadores e demais ABNT (NBR 5419) e dependem de vários fatores, como a finalidade
interessados envolvidos com instalações e serviços em eletricidade, de uso da edificação, o grau de proteção e o sistema utilizado. As
incluindo-se as autoridades. O Prontuário deve ser revisado e inspeções devem ser de responsabilidade exclusiva de profissionais
atualizado periodicamente. técnicos legalmente habilitados, de acordo com as suas atribuições
Desta forma, a reunião das informações e documentos sobre a profissionais, conforme determina a legislação específica do
instalação elétrica será feita através de um Prontuário, que poderá CONFEA – Conselho Federal de Engenharia e Arquitetura.
ser uma pasta, um manual, um arquivo, um sistema microfilmado,
ou até mesmo um sistema informatizado, ou a combinação destes, c) especificação dos equipamentos de proteção coletiva e individual
desde que o seu conteúdo seja imediatamente acessível, quando e o ferramental
necessário, respeitadas as limitações de capacidade, autorização e
área de atuação dos envolvidos. Determina-se que sejam incluídos no prontuário: as
Essa exigência destina-se aos estabelecimentos com potência especificações dos equipamentos de proteção coletiva (cestos
instalada superior a 75 kW, que é o limite superior de potência aéreos, varas de manobra, conjuntos de aterramento, sistemas de
determinado para fornecimento pelas concessionárias diretamente em bloqueio, etc.) e de proteção individual (calçado de segurança
baixa tensão, conforme resolução da ANEEL nº 486 de 29/11/2000. elétrica, luvas isolantes, vestimentas de proteção, etc.), assim como
Há exceções à regra (zona rural; distribuição subterrânea), em que o ferramental de uso dos trabalhadores envolvidos com eletricidade.
são adotados outros valores de potência como limites do tipo de Naturalmente, essas especificações devem ser o resultado de
fornecimento. Assim, para efeito da NR-10, foi fixado o valor de 75 um estudo para a correta aplicação e adequação dos equipamentos
kW de potência instalada para o consumidor individual. à realidade da empresa e das instalações, que deverá ser precedido
No caso de fornecimento para prédios e condomínios, que têm pela análise de risco da atividade. Os equipamentos de proteção
como característica a entrada de energia elétrica dita “coletiva”, individual devem possuir o Certificado de Aprovação – CA,
os consumidores deverão ser considerados individualmente. segundo a legislação vigente (NR-6 do MTE).
O consumo das áreas comuns (bombas, elevadores, piscinas, Tratando-se de equipamentos de proteção coletiva, as 293
escadarias, garagem, etc.) tem medição independente, geralmente especificações devem ser claras quanto ao uso, limitações, e
chamada de “administração”. A partir desse valor de 75 kW de características, com ênfase aos aspectos relacionados à segurança
potência instalada, o fornecimento ao consumidor se dará pela com eletricidade. Níveis de isolamento, capacidade de corrente
concessionária de energia elétrica habitualmente em média/ suportável pelos conjuntos de aterramento temporário, fixação
alta tensão, com uma cabine de transformação, posto blindado, de barreiras, sistemas de bloqueio de fontes, etc., assim como as
transformador montado em poste ou de outra forma segundo a medidas administrativas necessárias a suas corretas aplicações.
padronização da concessionária local. Na listagem das ferramentas, devem ser observadas
As documentações necessárias ao prontuário das instalações fundamentalmente a sua finalidade, descrição das características
elétricas são: e seus limites ao uso em instalações elétricas. Especial atenção
deverá ser dada aos sistemas de bloqueio de fontes e aos aparelhos
a) conjunto de procedimentos e instruções técnicas e administrativas de medição (multímetros) que deverão ser adequados à grandeza
de segurança e saúde, implantadas e relacionadas a esta NR, e a se medir e de categoria apropriada ao tipo e local de utilização,
descrição das medidas de controle existentes conforme a IEC 61010-1.
Este item determina que o prontuário integre todos os d) documentação comprobatória da qualificação, habilitação,
procedimentos operacionais, as instruções técnicas e as instruções capacitação, autorização dos trabalhadores e dos treinamentos
administrativas relacionadas aos serviços elétricos, contendo as realizados
medidas implantadas de controle do risco elétrico e que devem ser
de conhecimento e obediência pelos trabalhadores. São as regras Muitas empresas mantêm trabalhadores próprios e também
básicas e fundamentais para a intervenção nas instalações. Os contratam terceirizados que realizam os serviços em eletricidade,
procedimentos mencionados serão objeto de detalhamento no item devendo controlar os certificados das pessoas com qualificação ou
10.11, devendo conter os passos do trabalho, as responsabilidades, produzir os documentos de capacitação formal, conforme prescreve
as observações quanto aos riscos existentes e as medidas de a NR-10.
proteção a serem observadas. Esta alínea “d” estabelece a inclusão no prontuário dos
documentos tratados no tópico 10.8 da NR-10, referente ao processo
NR 10
b) documentação das inspeções e medições do sistema de proteção de autorização, devendo constar os documentos de qualificação (da
contra descargas atmosféricas e aterramentos elétricos instituição oficial de ensino); da habilitação (do conselho de classe);
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
da capacitação (da formação e desenvolvimento do trabalhador trabalhadores autorizados deverão conhecer e estar aptos a adotá-
realizado na própria empresa); dos treinamentos de segurança los nas circunstâncias em que se fizerem necessários. Essa medida
básico, complementar e as reciclagens; e da autorização formal é função do risco e das condições do trabalho em áreas externas,
dada pela empresa ao trabalhador (contrato, carteira profissional, sujeitas a diversas variáveis, cujo controle não está totalmente
etc.). nas mãos dos trabalhadores, como as interferências de veículos
em vias públicas, intempéries, ações de pessoas negligentes,
e) resultados dos testes de isolação elétrica realizados em sabotagens, bem como os reflexos dessas ocorrências nas áreas
equipamentos de proteção individual e coletiva internas, que determinam a necessidade de serem preestabelecidos
procedimentos genéricos emergenciais.
Determina a organização dos resultados de testes dielétricos
realizados, iniciais e periódicos, nos equipamentos de proteção, • certificações dos equipamentos de proteção coletiva e individual
coletivos (cestos, varas de manobra, etc.) e individuais (calçado,
luvas, etc.), e ferramental (alicates, chaves, etc.) dotados de isolação Os certificados de aprovação – CA dos EPIs conforme
elétrica, conforme regulamentações, quando houver, especificações determina a NR-6 e certificados de equipamentos de proteção
e recomendações. Tais testes são objeto de exigência específica coletiva específicos ao SEP, quando representados por uma peça,
do item desta NR-10, que trata de trabalhos com instalações dispositivo, equipamento ou conjunto, deverão ser organizados e
energizadas. mantidos no prontuário.
Também as empresas que realizam serviços nas proximidades
f) certificações dos equipamentos e materiais elétricos em áreas do SEP, assim entendidas as prestadoras de serviços contratadas
classificadas pelas concessionárias de energia elétrica, outras empresas que
compartilham o mesmo posto de trabalho (torres, postes, subestação,
Trata da documentação de certificação dos equipamentos etc.), circunscrito aos limites estabelecidos no anexo II da NR-10,
e dispositivos elétricos utilizados em áreas classificadas, cuja tais como as empresas de telefonia, TV a cabo, iluminação pública,
obrigatoriedade está expressa na Portaria 176 de 17.07.2000, de poda de árvores e suas contratadas, estão obrigadas a constituir
quando o SINMETRO regulamentou a exigência de certificação um prontuário contemplando as alíneas “a”, “c”, “d” e “e”, do item
desses equipamentos e materiais. 10.2.4 e alíneas “a” e “b” do item 10.2.5.
Respeitando-se a regulamentação, os equipamentos e Especial atenção deve ser dada ao fato de que o prontuário é uma
294 dispositivos elétricos destinados às áreas classificadas, adquiridos memória documental da realidade (as built), pressupondo-se que
antes da data da publicação dessa portaria, estão isentos de instalações elétricas, serviços, trabalhadores, etc. são dinâmicos.
certificação nos moldes regulamentados. Contudo, deverão Dessa forma, o item 10.2.6 da NR-10 reafirma a responsabilidade
comprovar que são e estão seguros, mediante a apresentação de do empregador quanto à obrigatoriedade de disponibilizar aos
certificados estrangeiros, laudos, declarações ou catálogos dos trabalhadores e de atualização do prontuário de acordo com o
fabricantes ou declarações de profissionais legalmente habilitados dinamismo das mudanças, podendo, a seu critério, delegar tal
juntos ao prontuário. responsabilidade a pessoas designadas formalmente. Contudo, o
empregador deve eleger (selecionar, designar, contratar) para tal
g) relatório técnico das inspeções atualizadas com recomendações, atribuição pessoas com habilitação e capacidade técnica específicas.
cronogramas de adequações, contemplando as alíneas de “a” até “f” A obrigação de disponibilizar o prontuário aos trabalhadores
legitima o direito de saber dos envolvidos, e promove melhores
Obriga o estabelecimento a realizar uma auditoria periódica da condições de estudo, análise e conhecimento, evitando que o
condição de segurança das instalações elétricas, devendo resultar em trabalho possa ocorrer sem o pleno domínio do conhecimento e das
um documento “relatório técnico” contendo as não conformidades circunstâncias de sua realização.
com as regulamentações de interesse, as recomendações de Impondo o respeito às atribuições e competências profissionais,
regularização, as propostas de adequação e as melhorias cabíveis. As o item 10.2.7 da NR-10 determina que os documentos técnicos
ações de regularização deverão ser devidamente programadas para integrantes do prontuário sejam elaborados por “profissional
períodos aceitáveis, em cronograma executivo de regularizações. legalmente habilitado”.
Independentemente da carga instalada, essa determinação de Assim, se a qualidade e especificidades dos documentos
organização do “Prontuário das Instalações Elétricas” foi também necessários ao prontuário exigirem as atribuições e competências
direcionada às empresas do sistema elétrico de potência – SEP, item do técnico, do engenheiro eletricista, do engenheiro de segurança,
10.2.5, assim denominadas as empresas de geração, transmissão ou do médico, do advogado, de acordo com as suas atribuições
distribuição, devendo essas empresas do setor elétrico, além dos profissionais regulamentadas e controladas por seu conselho de
documentos acima descritos, possuírem também: classe, então a tarefa deverá ser confiada a esse profissional.
Está subentendido que as pessoas não poderão realizar trabalhos
• descrição dos procedimentos para emergências para os quais não estejam habilitadas, competência que é regulada
NR 10
Low Voltage). Sua aplicação correta exige o atendimento de uma Figura 7 – Cabos isolados são exemplos de medida de proteção por isolação das
série de requisitos específicos, conforme indicado na NBR 5410. partes vivas
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
b) Invólucros
d) Obstáculos
de um corpo sólido com diâmetro superior a 12 mm (tratado no Da mesma forma como os obstáculos, essa medida só é válida
Anexo B da NBR 5410 – Grau de Proteção IP2X). para os locais onde o acesso é restrito a pessoas BA4 e BA5.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
Outra medida de proteção coletiva fartamente empregada nas b) Proteção por separação elétrica
instalações elétricas e determinada no item 10.2.8.2.1 da NR-10 é o
seccionamento automático de alimentação. Considerada pela NBR 5410 como proteção supletiva
Consiste num princípio de proteção contra curtos-circuitos e (contra contatos indiretos), a proteção por separação elétrica é
sobrecargas elétricas e também para proteção contra choques por aquela em que a origem da instalação, a fonte, é representada
contatos indiretos. O seccionamento automático de alimentação por um transformador de separação de classe II, com relação
é utilizado como proteção para impedir que, na ocorrência de de transformação geralmente 1:1 (Figura 11). Neste sistema,
falta (contato) entre parte viva e massa ou parte viva e o condutor existem limitações para a tensão de operação e para o
de proteção, sejam originadas tensões de contato superiores ao comprimento do circuito. É uma medida de proteção útil em
limite denominado por “máxima tensão de contato permissível” processos críticos, tais como os que ocorrem em salas de 297
com duração superior a tempos predeterminados estabelecidos cirurgia, que não podem ser interrompidos por conta de um
na NBR 5410. defeito elétrico na primeira falha, de modo que possam continuar
Essa medida de proteção utiliza dispositivos, tais como a operar com segurança até que se realize a regularização dessa
disjuntores, fusíveis, DR, etc., que fazem a abertura de um primeira falta.
circuito elétrico (seccionamento) de forma automática mediante a Outra maneira de fazer a separação elétrica é utilizar
ocorrência de “falta”, interrompendo assim a alimentação elétrica circuitos separados para cada equipamento. O circuito de
do circuito (Figura 10). separação elétrica deve ser alimentado por intermédio de uma
A aplicação do princípio de proteção por “seccionamento fonte de separação, isto é, um transformador de separação
automático da alimentação” e outras medidas de proteção contra ou uma fonte de corrente que assegure um grau de segurança
os choques elétricos por contatos indiretos, chamada de proteção equivalente ao do transformador de separação. Por exemplo,
supletiva, depende da existência de uma infraestrutura de um grupo motor gerador com enrolamentos que forneçam uma
aterramento elétrico eficiente, da forma de equipotencialização separação equivalente.
NR 10
segurança das pessoas, o que exige coordenação com os dispositivos ser protegidos contra os efeitos prejudiciais do calor ou radiação
de proteção instalados e o funcionamento de acordo com o esquema térmica produzida pelos equipamentos elétricos, particularmente
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
quanto há potencialidade a riscos de queimaduras, prejuízos no instalações, conforme prevêem os itens 10.4.1 e 10.4.4 da NR-10.
funcionamento seguro de componentes da instalação e combustão A proteção contra sobrecorrentes é tratada na NBR 5410 e NBR
ou deterioração de materiais. 14039 no item 5.3.
Considerando que incêndios podem ser o resultado de mau Ainda visando a segurança das pessoas e a preservação dos
funcionamento das instalações elétricas, devem ser observadas as bens, as instalações devem ser protegidas contra as sobretensões
recomendações dos fabricantes e adotadas medidas de instalação devidas às descargas atmosféricas, indução, interferências de
de forma que os componentes cujas superfícies externas possam manobras ou de outros circuitos de tensão mais elevada. A proteção
atingir temperaturas perigosas para o ambiente externo deverão contra sobretensões é tratada na NBR 5410 nos itens 4.1.5 e 5.4 e
ser montados com o uso de suportes resistentes à temperatura ou na NBR 14039 nos itens 4.1.4 e 5.4.
separados por materiais resistentes à temperatura ou de forma a No caso de quedas e faltas de tensão, devem também ser
permitir a dissipação do calor. previstos dispositivos que impeçam que aparelhos ou máquinas que
Quando em funcionamento normal os equipamentos gerarem pararam de operar voltem a funcionar automaticamente no instante 299
arcos elétricos, deverão ser envolvidos por material resistente, da regularização da alimentação, podendo assim oferecer riscos
separados por material resistente, ou dispor de dispositivo para elétricos ou mecânicos aos trabalhadores. A proteção contra quedas
contenção e/ou extinção dos arcos. e faltas de tensão é tratada na NBR 5410 e NBR 14039 no item 5.5.
Se houver efeito de focalização da radiação emitida pelo
equipamento deverão ser mantidas distâncias seguras, de forma que 3.2 Medidas de proteção individual
a exposição à radiação térmica não implique em um aumento de
temperatura que possa se tornar perigoso. As medidas de proteção individual determinadas no item 2.9
Ainda como resultado do aquecimento em situações normais da NR-10 são providências estratégicas que dizem respeito ao
que ocorre devido à passagem da corrente elétrica, devem ser indivíduo, ou seja, a um trabalhador exposto à condição de risco
consideradas as queimaduras e, para isso, as partes acessíveis de suscetível de ameaçá-lo, de forma a evitar que eventos indesejáveis
equipamentos elétricos que estejam situadas na zona de alcance ofereçam perigo à integridade física e à saúde do indivíduo
normal não devem atingir temperaturas que possam causar trabalhador.
queimaduras em pessoas e devem atender aos limites de temperatura Nas condições de risco elétrico, objeto da NR-10, quando
estabelecidos pelas normas técnicas correspondentes (Tabela 29 da as medidas de proteção coletiva tiverem se esgotado ou forem
NBR 5410 e Tabela 23 da NBR 14039). inviáveis de adoção ou não forem suficientes para a completa
prevenção do risco elétrico e, ainda, para atender às situações de
3.1.5 Proteção contra as sobrecorrentes, sobretensões e faltas emergência, e mediante fundamentação técnica cabível, a NR-10
de tensão indica o uso de equipamento de proteção individual (EPI) para a
segurança e preservação da saúde do trabalhador.
A proteção contra as sobrecargas e contra os curtos-circuitos
é uma exigência básica das instalações. É fundamental que sejam Equipamentos de proteção individual
preservadas as condições de concepção da instalação (projeto) para
que se mantenha a compatibilidade entre condutores e dispositivos Os equipamentos de proteção individual (EPI) devem atender
de proteção (disjuntores e fusíveis), de tal forma que, ao ocorrerem às disposições legais e regulamentares. O item 10.2.9.1 da NR-10
sobrecorrentes, os dispositivos de proteção sejam operados sem remete a responsabilidade de regulamentação do EPI para a NR-6,
NR 10
que os condutores sejam danificados e não sofram aquecimentos que define: “Equipamento de proteção individual é todo dispositivo
ou esforços mecânicos capazes de comprometer a segurança das ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
à proteção de riscos susceptíveis de ameaçar a segurança e a saúde classes que identificam o grau de proteção em atendimento à tensão
no trabalho”. máxima do serviço a ser executado pelo trabalhador autorizado,
Estão regulamentados para serviços elétricos os seguintes EPIs: conforme a Tabela 1:
capacete, óculos de segurança, calçado, luvas isolantes e roupas.
Tabela 1 – Classe das luvas isolantes (conforme NBR 10622)
A NR-6 regula a responsabilização, comercialização e
certificação dos EPIs, dentre os quais destacam-se os seguintes Classe Tensão Máxima de Trabalho (volt)
itens: 00 500
0 1000
• A especificação, compra, testes e fiscalização do uso dos EPIs 1 7500
são obrigações do empregador com fornecimento gratuito ao 2 17000
trabalhador autorizado; 3 26500
• A implantação dos EPIs deve ser realizada mediante análise de 4 36000
risco das atividades, orientação e treinamento do trabalhador
autorizado sobre o uso adequado, a guarda e a conservação; Em função das peculiaridades dos serviços, podem também ser
• A higienização e a manutenção dos EPIs deverão ser realizados obrigatórios:
em conformidade com procedimentos específicos;
• O trabalhador deve utilizar o EPI apenas para a finalidade a • Capacete de segurança para proteção contra choques elétricos de
que se destina, responsabilizando-se pela guarda e conservação, até 600 volts;
comunicando ao empregador qualquer alteração que o torne • Óculos de segurança para proteção dos olhos contra radiação
impróprio para uso; ultravioleta por arcos elétricos;
• Somente poderão ser comercializados, selecionados, adquiridos • Vestimentas de segurança que ofereçam proteção ao fogo por
e utilizados os EPIs que possuírem o Certificado de Aprovação arcos elétricos, de condutibilidade para proteger contra os riscos
(CA) de competência do Ministério do Trabalho e Emprego, que de contato e de proteção contra os efeitos provocados por campos
delegou a certificação ao Sistema Nacional de Certificação sob a eletromagnéticos;
responsabilidade do INMETRO; • Cinturão de segurança para proteção do usuário contra riscos de
• Os EPIs devem ser selecionados e implantados após uma análise queda em trabalhos em altura a serem dotados de dispositivo trava-
criteriosa realizada por profissionais legalmente habilitados; queda de segurança para proteção do usuário contra quedas em
300 • O EPI deverá promover a melhor adaptação ao usuário, visando operações com movimentação vertical ou horizontal;
minimizar o desconforto natural pelo seu uso. • Talabarte contra quedas e para liberar os membros superiores do
trabalhador autorizado;
Outro ponto de obrigatoriedade legal que se deve destacar é • Perneiras e mangas isolantes para trabalhos em linha viva;
que os EPIs, como também os equipamentos de proteção coletiva • Creme protetor solar para proteção das partes expostas quando há
(mantas, calhas e lençóis isolantes, cestos aéreos, varas de exposição solar.
manobra, escadas isolantes), ferramentas isolantes ou equipadas
com materiais isolantes, destinados ao trabalho elétrico, devem Para serviços elétricos em ambientes onde houver a presença
ser submetidos a testes elétricos ou ensaios de laboratório, de outros agentes de risco, não elétricos, denominados na NR-10
periodicamente, obedecendo-se as normas técnicas, quando houver, “riscos adicionais”, deverão ser utilizados equipamentos específicos
as especificações e recomendações do fabricante ou, na ausência de proteção individual apropriadas aos agentes envolvidos, tais
desses, aos procedimentos da empresa. Como exemplos há as luvas como:
isolantes que devem ser testadas em conformidade com a NBR
10622 – Ensaios Elétricos em Luvas Isolantes de Borracha. • Máscaras para proteção das vias respiratórias contra poeiras,
Os resultados obtidos, iniciais e periódicos, devem ser névoas, gases, fumos, etc.;
registrados em documento, identificando o EPI ensaiado, de forma • Protetor auricular para proteção do sistema auditivo, quando o
a permitir o seu rastreamento, assinado por profissional legalmente trabalhador estiver exposto a níveis de pressão sonora superiores
habilitado. Devem ser organizados e mantidos no prontuário das ao estabelecido;
instalações elétricas conforme determina o item 10.2.4 – alínea “e” • Vestimenta adequada a riscos químicos, umidade, calor, frio, etc.,
da NR-10. eventualmente presentes no ambiente;
Os EPIs usualmente utilizados em todos os serviços elétricos • Calçado de segurança para proteção contra umidade;
são os seguintes: • Luvas de proteção aos riscos mecânicos, químicos e biológicos;
• Outros em função da especificidade dos riscos adicionais.
• Calçado de segurança para proteção dos pés contra riscos elétricos,
normalmente fabricados para garantir proteção contra diferenças de Compete ao Serviço Especializado em Engenharia de Segurança
potencial de até 1000 volts; e em Medicina do Trabalho (SEESMT), ou à Comissão Interna de
NR 10
• Luva isolante de segurança para proteção das mãos e punhos Prevenção de Acidentes (CIPA), nas empresas desobrigadas de
contra choques elétricos. As luvas isolantes são apresentadas em manter o SEESMT, ou aos profissionais especializados, recomendar
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
ao empregador o EPI adequado ao risco oferecido por determinada e seus flashs, que podem provocar a ignição das roupas normais.
atividade, conforme determina a NR-6. O arco-elétrico ao atingir um trabalhador caracteriza um acidente,
podendo ser definido como um curto-circuito entre duas ou mais
Vestimentas de trabalho partes “vivas” ou entre uma parte “viva“ e a terra (Figura 15). Ele se
movimenta a uma velocidade de aproximadamente 100 m/s e atinge
A NR-10, em seu item 10.2.9.2, determina a obrigatoriedade da uma elevadíssima temperatura (de até 30.000 ºC) com o potencial
“Vestimenta de trabalho” adequada às atividades, que, no caso em de sublimar metais e liberar gases tóxicos.
análise, é entendida como um equipamento de proteção individual Quando o flash do arco elétrico atinge o trabalhador, podem
destinada à proteção do corpo inteiro (tronco, membros superiores ocorrer queimaduras, quando possuem o potencial de irradiar
e inferiores) contra os diversos riscos elétricos (Figura 14). temperaturas que excedam o limite da pele humana de 1,2 cal/cm2
ou pode ocorrer a ignição das vestimentas do trabalhador.
A vestimenta de proteção resistente à inflamabilidade deve energia térmica capaz de ser gerada pelo arco elétrico ao qual
oferecer proteção contra os efeitos térmicos dos arcos voltaicos poderá estar exposto o autorizado quando da realização dos serviços
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
envolvendo eletricidade e, portanto, dependerá das variáveis O item 10.3.7 determina ainda que o projeto das instalações
indicadas anteriormente. elétricas deve ficar à disposição dos trabalhadores autorizados,
O Certificado de Aprovação (CA) certifica o EPI e, portanto, das autoridades competentes e de outras pessoas autorizadas pela
garante-o como um todo. No caso de vestimentas, o Certificado de empresa e deve ser mantido atualizado. Outro ponto importante
Aprovação deve abranger seus aviamentos (botões, zíperes, fechos, é o item 10.3.8 que impõe que o projetista conheça previamente
etc.), bolsos, adereços de sinalização e identificação do trabalhador, as exigências regulamentares de segurança e saúde para que as
linhas de costura etc. Portanto, não é apenas o tecido que deverá ter aplique, onde couber, nas especificações constantes de seu trabalho
a certificação, mas sim o conjunto da vestimenta integralmente. de elaboração do projeto elétrico.
O uso de roupa comum (interna), ou seja, sob a vestimenta, é Esta exigência presta-se para que o trabalhador, ao fazer
permitida, pois a vestimenta de proteção contra a inflamabilidade alterações, reparos ou ampliações , atue conforme as especificações
(externa) deve ser dimensionada (calculada a espessura e a e limitações determinadas pelas condições iniciais do projeto.
categoria) para proteger, inclusive, a interna. Há interferências de outras normas regulamentadoras, além da
O item 2.9.3 da NR-10 determina, como medida de segurança NR-10, que devem ser consideradas na fase de projeto, tais como
individual, a proibição do uso de adornos pelo trabalhador, aspectos ergonômicos (tratados na NR-17), de sinalização (tratados
assim entendidos os ornamentos ou enfeites. A proibição torna- na NR-26), dentre outras.
se importante, pois impede a exposição do trabalhador aos riscos Em seu item 10.3.9, a NR-10 determina a obrigatoriedade de
característicos e na eventualidade de acidentes com eletricidade, que seja organizado o memorial descritivo do projeto, contendo, no
as lesões poderão ser agravadas pela presença desses objetos, mínimo:
tais como: correntes, cordões, pulseiras, óculos, brincos, relógio,
tiaras, dentre outros. É importante comentar que objetos e • a especificação das características relativas à proteção contra
instrumentos de uso pessoal, tais como relógios, óculos etc., choques elétricos, queimaduras e outros riscos adicionais;
requeridos ou indispensáveis à realização das atividades, não • a indicação de posição dos dispositivos de manobra dos circuitos
podem ser entendidos como adornos, cabendo à organização a elétricos (Verde – “D”, desligado e Vermelho – “L”, ligado);
responsabilidade da análise, adequação e da liberação para uso de • a descrição do sistema de identificação dos circuitos elétricos
tais objetos. e equipamentos; as recomendações de restrições e advertências
quanto ao acesso de pessoas aos componentes das instalações;
Segurança em projetos • as precauções aplicáveis diante das influências externas;
302 • o princípio funcional dos dispositivos de proteção, constantes do
O item 10.3 da NR-10 é especialmente dedicado aos aspectos projeto, destinados à segurança das pessoas;
de segurança nos projetos elétricos e indica o entendimento maior • a descrição da compatibilidade dos dispositivos de proteção com
de que a segurança nas instalações elétricas começa pelos estudos a instalação elétrica.
e levantamentos iniciais e se concretiza na sua concepção: “o
projeto”. 3.3 Segurança na construção, montagem, operação e
É fundamental que o projeto elétrico especifique equipamentos manutenção das instalações elétricas
e dispositivos que já incorporam ou permitam a aplicação dos
recursos determinados na NR-10, tais como: O item 10.4 da NR-10 traz várias determinações sobre a construção,
montagens, reformas, ampliações, reparos, operação e inspeções,
• Prever bloqueios e travamentos em dispositivos que impeçam de forma a garantir o mínimo de segurança a todos os trabalhadores,
manobras não autorizadas; usuários e pessoas envolvidas nas instalações elétricas. Também
• Prever pontos e dispositivos para a fixação de sinalização e torna obrigatória a supervisão nessas atividades, exercida por
advertências; profissional autorizado, nos termos e condições especificadas no
• Prever dispositivo de seccionamento de ação simultânea em todos item 10.8 da NR-10.
os condutores de um circuito;
• Dotar de ambientes, quadros e dispositivos de manobra com 3.3.1 Riscos adicionais
espaço seguro para o serviço;
• Localizar os componentes de forma a adequar às influências A NR-10 entende que os riscos elétricos são intrínsecos aos
ambientais previstas, físicas e químicas (chuva, poeira, materiais serviços e que, além desses, existem outros “riscos adicionais”,
inflamáveis ou explosivos, substâncias corrosivas, etc.); específicos das atividades, dos ambientes ou dos processos de
• Projetar a separação de circuitos com finalidades diferentes trabalho que, direta ou indiretamente, podem expor a integridade
(telefonia, circuitos de BT, circuitos de AT circuitos de TI, etc.); física e a saúde dos trabalhadores autorizados a serviços com
• Determinar o esquema de aterramento definido de acordo com o energia elétrica.
que estabelece as normas técnicas (TN, TT, IT); O item 10.4.2 determina a obrigatoriedade da adoção de
• Prever dispositivos de seccionamento que incorporem recursos medidas preventivas de controle para tais riscos adicionais, com
NR 10
fixos de equipotencialização e aterramento do circuito seccionado; especial atenção aos riscos gerados por trabalho em alturas, em
• Prever pontos para o aterramento temporário. locais sujeitos a fortes campos eletromagnéticos, em ambientes
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
confinados, em ambientes com atmosferas explosivas, e onde á obrigação de garantir uma posição de trabalho segura ao
haja a presença de umidade, poeira, fauna e flora, ruído e outros trabalhador com atividades em instalações elétricas, de acordo
agravantes existentes nos processos ou nos ambientes em que são com os serviços desenvolvidos, devendo, cada empresa, em
desenvolvidos os serviços com energia elétrica. Em todos esses atendimento ao item 17.1.2 da NR-17, realizar a “análise
casos, a NR-10 torna obrigatória a sinalização dirigida aos riscos ergonômica”.
adicionais verificados. Note-se que o item determina que o trabalhador disponha
Conforme o item 10.4.3, os equipamentos, dispositivos e dos membros superiores livres para a realização das tarefas,
ferramentas elétricas devem ser compatíveis com a instalação elétrica impondo que o empregador estude o posto de trabalho (poste,
existente nos locais de trabalho (potência, tensão, aterramento, etc.) escada, torre, plataforma, etc.) e promova a possibilidade de
e devem preservar as características dos elementos de proteção que o trabalhador tenha os braços e mãos liberados e dedicados,
implantados na instalação. de forma segura, única e exclusivamente à tarefa.
As ferramentas e dispositivos destinados a serviços elétricos A desenergização, tratada na NR-10, item 10.5, é uma
(Figura 16) devem possuir as partes de manejo (cabos, manoplas) medida de proteção coletiva caracterizada como um conjunto
cobertas (isoladas) com materiais isolantes adequados ao potencial de ações coordenadas, sequenciadas e controladas, destinadas
elétrico, devendo ser conservadas em perfeitas condições de uso. a garantir a efetiva ausência de tensão no circuito, trecho ou
Além das ferramentas (alicates, chaves de fendas, de boca, etc.), ponto de trabalho, durante todo o tempo de intervenção e sob
outros equipamentos e dispositivos devem possuir materiais controle dos trabalhadores envolvidos. Destaque-se que a
isolantes quando aplicados a serviços elétricos. São os casos, por desenergização da instalação elétrica é a medida de segurança
exemplo, de corta-cabos, escadas extensíveis e de abrir; andaimes, prioritária dentre todas.
varas e bastões de manobra, conjuntos de aterramento temporário, É importante entender a diferença entre um circuito
cestos de elevação, instrumentos de medições (amperímetros, simplesmente “desligado” e um circuito “desenergizado”. O
voltímetros, etc.) primeiro caso acontece quando o circuito é interrompido ou
não tem continuidade da energia elétrica. No segundo caso, um
circuito é considerado desenergizado quando nele se processa
uma sequência de ações que garante a ausência completa de 303
tensão (alimentação, indução, descargas atmosféricas) durante
o tempo controlado pelo(s) trabalhador(es) envolvido(s). A
condição de desenergização é um procedimento de segurança
que libera a realização de serviços em uma instalação, um
equipamento ou um conjunto de equipamentos mediante ações
preestabelecidas.
A sequência correta para a ação de desenergização de
instalações elétricas é composta pelas seguintes etapas:
As condições ergonômicas para a execução de serviços ou automáticos, ou ainda por meio de ferramental apropriado e
estão previstas no item 10.4.5, em que é dada especial atenção segundo procedimentos específicos.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
É a aplicação de condições que impedem, de modo É a verificação da efetiva ausência de qualquer tensão no
garantido, a reversão indesejada do seccionamento efetuado, ponto da execução do serviço elétrico. A verificação deve ser feita
assegurando ao trabalhador o controle do seccionamento com instrumentos calibrados e testados, podendo ser realizada
efetuado. Na prática, trata-se da aplicação de travamentos por contato ou por aproximação e de acordo com procedimentos
mecânicos, por meio de fechaduras, cadeados e dispositivos específicos (Figura 18).
auxiliares de travamento nos dispositivos de alimentação
elétrica (chave seccionadora, interruptor, disjuntor, relé, etc.),
ou com sistemas informatizados equivalentes (Figura 17).
Cabe ao trabalhador autorizado a aplicação do sistema
de travamento do dispositivo de seccionamento no quadro,
painel, disjuntor ou caixa de energia elétrica, de modo a
garantir o efetivo impedimento de reenergização involuntário
ou acidental do circuito durante a interrupção de energia até o
encerramento do serviço.
Dessa forma, o circuito somente poderá ser religado
quando o último trabalhador concluir o seu serviço e destravar
a chave, o disjuntor, o quadro, o painel, etc. Após a conclusão
Figura 18 – Constatação da ausência de tensão
dos serviços, deverão ser adotados os procedimentos de
liberação e os circuitos religados depois de haver a certificação
3.4.4 Instalação de aterramento temporário com
de que todos os equipamentos estejam desligados pelos seus
equipotencialização dos condutores dos circuitos
dispositivos de comandos.
Deve ser tomado um cuidado especial para a desenergização
Constatada a inexistência de tensão no circuito, um condutor do
de todos os circuitos, ou até mesmo de apenas um circuito, que
conjunto de aterramento temporário deverá ser ligado ao condutor de
deve ser sempre programada e amplamente divulgada, de modo
proteção mais próximo e ao condutor neutro do sistema, quando houver,
304 que o corte repentino da energia elétrica não cause transtornos
e às demais partes condutoras estruturais acessíveis. Na sequência,
e possibilidade de acidentes. A reenergização deverá ser
deverão ser conectadas as garras de aterramento aos condutores de
autorizada mediante a divulgação aos envolvidos.
fase, já desligados, obtendo-se assim uma equipotencialização entre
todas as partes condutoras no ponto de trabalho (Figura 19)
(definida no Anexo II da NR-10), para que não possam ser origem elétrica. A sinalização pode ser fornecida por sistemas
acidentalmente tocados, deverão receber isolação conveniente luminosos, sonoros ou visuais.
(mantas, calhas, capuz de material isolante, etc.). A explicação de Comumente é utilizado o sistema de sinalização visual com
“zona controlada” é dada em 3.5.1 deste guia. a adoção de símbolos, ícones, caracteres, letreiros e cores de
padronização internacional e nacional, aplicados em etiquetas,
3.4.6 Sinalização de impedimento de energização cartões, placas, avisos, cartazes, fitas de identificação, faixas,
cavaletes, cones, etc. É importante ressaltar que, embora não
Deverá ser adotada sinalização adequada de segurança, explícito na NR-10, os dizeres utilizados na sinalização são
destinada à advertência e à identificação da razão de desenergização obrigatórios em língua portuguesa.
e informações do responsável (Figura 20). A sinalização promove informação, instrução, avisos, alertas
Os cartões, avisos ou etiquetas de sinalização do travamento ou ou advertências de pessoas sobre os riscos ou condições de
bloqueio devem ser claros e adequadamente fixados. No caso de perigo existentes no ambiente, no equipamento, no dispositivo,
método alternativo, procedimentos específicos deverão assegurar em proibições de ingresso ou acesso, impedimentos diversos,
a comunicação da condição impeditiva de energização a todos os direções e cuidados, devendo ser adotada a partir da fase de
possíveis usuários do sistema. projeto das instalações elétricas e constarem do memorial
Somente após a conclusão dos serviços e verificação de descritivo.
ausência de anormalidades, o trabalhador providenciará a retirada Quando se trata de risco com energia elétrica é fundamental
de ferramentas, equipamentos, utensílios e, por fim, do dispositivo a existência de procedimentos de sinalização padronizados,
individual de travamento e etiqueta correspondente. O responsável documentados, divulgados, e que sejam conhecidos por todos
pelos serviços, após inspeção geral e certificação da retirada de trabalhadores (próprios e prestadores de serviços) e demais
todos os travamentos, cartões e bloqueios, providenciará a remoção pessoas.
dos conjuntos de aterramento, e adotará os procedimentos de Na NR-10, a sinalização é requerida no item 10.2.8.2.1 e
liberação do sistema elétrico para operação. detalhada em 10.10 (alíneas “a” até “g”), conforme a seguir.
A retirada dos conjuntos de aterramento temporário deverá
ocorrer em ordem inversa à de sua instalação, conforme determina a) Identificação de circuitos elétricos
o item 10.5.2 da NR-10. Consiste em identificar cada circuito elétrico em quadros
e painéis elétricos para indicar os dispositivos de comando
(disjuntores, chaves, interruptores, botões, relés, etc.), podendo 305
ser aplicada em cabeamentos de eletrocalhas, fiações de
painéis, com uso de anilhas, etiquetas ou outros meios seguros
(Figura 21).
306
locais e características da corrente elétrica, garante a segurança das Faixa de tensão Rr - Raio de Rc - Raio de
nominal da delimitação entre delimitação entre
pessoas contra os efeitos do choque elétrico. Entretanto, especial
instalação zona de risco e zona controlada e
atenção deve ser dada aos trabalhadores que atuam em circuitos elétrica em kV controlada em metros livre em metros
de extra baixa tensão instalados em zonas controladas, e, portanto, <1 0,20 0,70
próximas a outras instalações elétricas de baixa ou média tensão. São ≥1e<3 0,22 1,22
os casos, por exemplo, das instalações de telefonia, sinalização de
≥3e<6 0,25 1,25
trânsito, TV a cabo existentes nas mesmas estruturas utilizadas para
≥ 6 e < 10 0,35 1,35
distribuição de energia elétrica. Também são os casos dos circuitos
≥ 10 e < 15 0,38 1,38
de controle e sinal em tensões de 12 a 48 volts, situados próximos
≥ 15 e < 20 0,40 1,40
de outros circuitos com tensão mais elevada e, ainda, os circuitos
≥ 20 e < 30 0,56 1,56
elétricos em áreas classificadas na presença de atmosferas explosivas,
onde qualquer nível de tensão poderá dar origem a faíscas, criando ≥ 30 e < 36 0,58 1,58
Figura 28 – Distâncias no ar que delimitam radialmente as zonas de risco, Figura 29 – Distâncias no ar que delimitam radialmente as zonas de risco
controlada e livre. (controlada e livre), com interposição de superfície de separação física adequada.
procedimentos padronizados.
3.5.3 Procedimentos de trabalho
O procedimento de trabalho constitui-se num documento técnico
legal interno, de relevante importância e responsabilidade, que
Serviços em instalações energizadas devem possuir “procedimentos
deve ser organizado e disponibilizado em prontuário (item 10.2)
de trabalho”, conforme determina o item 10.11 da NR-10.
para o trabalhador, auditorias e gestão das instalações elétricas.
A boa prática indica a necessidade de definir procedimento de
Os responsáveis pelos serviços e atividades com eletricidade e o
trabalho com sequência de operações ou atos a serem desenvolvidos
SEESMT, quando existir, devem controlar e auditar a adoção prática
para sua realização, com a inclusão dos meios materiais e humanos,
dos procedimentos padronizados na organização, por parte de todos
instruções e orientações técnicas de segurança, e as possíveis
os trabalhadores envolvidos e seus superiores, lembrando sempre que
circunstâncias que possam potencialmente impedir ou proibir a sua
procedimentos adequados, atualizados, assimilados e praticados são
realização.
uma ótima maneira de garantir o trabalho seguro e saudável.
Esse procedimento “passo a passo com instruções de segurança”
determina uma nova condição para o desenvolvimento dos 3.5.4 Ordem de serviço
procedimentos de trabalho no caso em análise. Nele, toda a sequência
de operações (tarefas), necessárias ao trabalho deve ser descrita com A “ordem de serviço” (OS), tratada nos itens 10.7.4 e 10.11.2 da
detalhamento e descrição das medidas e orientações técnicas de NR-10, é um mandado de responsabilidade da organização e deve
segurança pertinentes. Dessa forma, são atendidos os subitens 10.6.2, preceder a realização do serviço. Trata-se da autorização do trabalhador
10.7.6 e 10.11.3 da NR-10 que tratam especificamente de procedimentos ou da equipe para a execução do serviço e deve conter, no mínimo,
de trabalho, os quais devem ser planejados, programados e realizados a data, o local, o tipo e as referências aos procedimentos de trabalho
considerando-se os seguintes aspectos: a serem adotados. Deve ser aprovada e assinada por um trabalhador
autorizado, que deve ser o superior responsável pela área, conforme
• O procedimento deve conter, no mínimo, título, número de indicado no item 10.8.
controle, departamentos emissor, datas e revisões, objetivo, campo de Em função das distâncias e urgências cotidianas que eventualmente
aplicação, referências normativas, requisitos, base técnica, medidas podem dificultar o trâmite de documentos impressos, a assinatura
de controle, disposições gerais e orientações finais, competências, e da ordem de serviço poderá ser eletrônica dentro dos padrões
responsabilidades; legais instituídos. As organizações poderão ainda adotar soluções
• É importante que o procedimento seja específico e com descrição adequadas à sua realidade desde que atendam o espírito de controle e
detalhada de cada tarefa, incluindo-se as instruções de segurança passo responsabilização do documento. 309
a passo com a sequência lógica de sua execução;
• A elaboração do procedimento deve ter a participação do SEESMT, 3.5.5 Planejamento dos serviços em instalações elétricas
quando existir;
• Os procedimentos devem ser assinados pelos responsáveis e pelo Antes do início do serviço, os trabalhadores autorizados, em
profissional autorizado. conjunto com os superiores e demais envolvidos, devem desenvolver o
planejamento dos serviços nas instalações elétricas (Figura 31).
No entanto, destaque-se a importância de que todos os O planejamento é a ferramenta para prever, pensar, compreender
procedimentos devem ser obrigatoriamente escritos no idioma as certezas e incertezas dos serviços, considerando as emergências e
português, divulgados, conhecidos, entendidos e cumpridos por contingências, entendendo cada uma das possibilidades de realização,
todos os trabalhadores. Durante a capacitação, e no treinamento de de forma a possibilitar a análise de suas respectivas vantagens e
segurança dos trabalhadores, sejam profissionais ou não, deve ser desvantagens. A partir daí, pode-se organizar estratégias, procedimentos
assegurada a divulgação clara e objetiva e o perfeito entendimento dos ou condições que eliminam ou reduzem as incertezas e transponham as
procedimentos. Para tanto, pode-se utilizar ferramentas didáticas que dificuldades possíveis na obtenção de um resultado esperado dentro de
envolvam a prática, quando viável, com aferição da assimilação dos condições satisfatórias.
podem ser os casos de intempéries da natureza (chuvas, ventos, por, no mínimo, duas pessoas. A determinação do Tribunal
inundações, etc.), manifestações sociais ou descontrole de fatores Regional do Trabalho, em sua decisão judicial favorável
ambientais (vazamentos de gases, temperaturas excessivas, etc.) ao trabalho acompanhado em serviços elétricos, conforme
que possam colocar em risco o serviço. “Acórdão TRT nº 1544/2003-PATR”, foi uma confirmação
A suspensão é de responsabilidade do responsável pela execução desta orientação da NBR 14039.
dos serviços. Fica implícito que, sempre que houver um trabalho É de suma importância entender que o trabalho acompanhado
com instalações elétricas, haverá um responsável, o que também impõe que o(s) acompanhante(s) também deva(m) possuir a
determina o item 10.11.6. Presume-se que esses serviços sejam mesma capacidade do(s) acompanhado(s), ou seja, ser BA4 ou
realizados em equipe e, portanto, que a administração indique um BA5, conforme Tabela 18 da norma ABNT NBR 5410, a saber:
superior para a condução dos trabalhos e que exerça a liderança da • BA4 – Pessoas advertidas: Pessoas suficientemente
equipe no local. informadas ou supervisionadas por pessoas qualificadas, de
tal forma que lhes permite evitar os perigos da eletricidade
(pessoal de manutenção e/ou operação);
• BA5 – Pessoas qualificadas: Pessoas com conhecimento
técnico ou experiência tal que lhes permite evitar os perigos da
eletricidade (engenheiros e técnicos).
que trata das instalações elétricas de média tensão. No item circunstância em questão e os equipamentos devem atender às
8.1.6, tal norma impõe que qualquer manobra deve ser efetuada disposições legais e regulamentares (ver 3.2 deste guia).
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
equipamentos e dispositivos elétricos utilizados em áreas circuitos energizados, máquinas e ferramentas que geram faíscas
classificadas têm obrigatoriedade de certificação no âmbito do em condições normais de operação (por exemplo, as escovas de
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
um motor). Nessas condições, impossibilitada a aplicação da na frequência e duração da ocorrência de uma atmosfera explosiva
desenergização, devem ser adotados procedimentos de supressão provocada por substâncias inflamáveis na forma de gás, vapor ou
do agente de risco, quer por diluição, quer por eliminação da névoa, ou por atmosfera explosiva na forma de uma nuvem de
presença da substancia inflamável ou explosiva, de modo a garantir poeira ou fibras de combustíveis no ar. O desenvolvimento de um
a segurança da operação. Este procedimento deve ser devidamente trabalho de classificação de áreas de um estabelecimento começa
formalizado por sua respectiva documentação. com a análise da “probabilidade” da existência ou aparição de
É importante destacar que as atividades em áreas classificadas atmosferas explosivas nos diferentes locais da unidade, que serão
exigem treinamento específico (ver item 5 deste guia) e a posteriormente definidas como Zonas 0, 1 ou 2, nos casos de gás,
delimitação da área, conforme tratado no item 16.8 da NR-16. vapor ou névoa ou ainda, zonas 20, 21 e 22 nos casos de poeiras e
fibras combustíveis.
C lassificação da área
313
NR 10
nuvem de poeira combustível no ar está presente continuamente, de uma mistura explosiva e que evita a transmissão da explosão
por longos períodos ou frequentemente; para a atmosfera explosiva ao redor do invólucro;
• Zona 21: local em que uma atmosfera explosiva na forma de • Segurança aumentada ‘e’: tipo de proteção aplicada aos
uma nuvem de poeira combustível no ar é provável de ocorrer, equipamentos elétricos nos quais medidas adicionais são
ocasionalmente, em operação normal; aplicadas, de forma ao oferecer um aumento de segurança contra
• Zona 22: local em que uma atmosfera explosiva na forma de a possibilidade de temperaturas excessivas e da ocorrência de
uma nuvem de poeira combustível no ar não é provável de ocorrer arcos ou centelhas em regime normal ou sob condições anormais
em operação normal e, se ocorrer, existirá somente por um curto especificadas;
período de tempo. • Segurança intrínseca ‘i’: tipo de proteção baseada na restrição de
energia elétrica envolvendo equipamentos e fiação de interconexão
As Figuras 37 e 38 apresentam exemplos de classificação de expostos a uma atmosfera explosiva com um nível abaixo daquele
áreas. capaz de causar ignição, tanto por centelhas como por efeitos de
As áreas classificadas requerem a instalação de equipamentos aquecimento;
e dispositivos elétricos (interruptores, comandos e controles • Tipo de proteção ‘n’: tipo de proteção aplicada a equipamentos
elétricos, disjuntores, aparelhos e sistemas de iluminação, motores, elétricos que, em operação normal e em certas condições anormais
alarmes, etc.) dotados de invólucros especiais para ambientes com especificadas, não sejam capazes de causar a ignição de uma
atmosferas explosivas e selecionados em conformidade com as atmosfera explosiva ambiente;
zonas de classificação adotadas. • Imersão em óleo ‘o’: tipo de proteção em que o equipamento ou
Os tipos de invólucros para equipamentos elétricos para áreas partes elétricas são imersas em um líquido de proteção de tal forma
classificadas são os seguintes: que uma atmosfera explosiva que possa estar acima do líquido ou
• Invólucro a prova de explosão ‘d’: tipo de proteção em que as do lado externo do invólucro não possa ser ignitada;
partes que podem causar a ignição de uma atmosfera explosiva são • Pressurização ‘p’: técnica de prevenção contra o ingresso de
instaladas dentro de um invólucro que não é hermético, mas que atmosfera externa no interior de um invólucro, por meio da
pode suportar a pressão desenvolvida durante uma explosão interna manutenção de um gás de proteção interno, a uma pressão acima da
314
NR 10
C O N T R O LE MÉD I C O
AUTORIZAÇÃO
T R E I N A ME N TO
de tal forma que a atmosfera explosiva não possa ser ignitada sob Treinamento
condições de operação ou de instalação; Capacitado
elétricos em áreas classificadas dirigidos à classificação de áreas, Figura 39 – Fundamentos do conceito de “autorização” da NR-10
limites admissíveis de aquecimento, identificações, proteção contra
descargas atmosféricas, equalização de potencial, eletricidade A responsabilização dos contratantes mediante o conceito de
estática, proteção contra centelhamentos, etc. devem ser estudados autorização da NR-10 exige o gerenciamento da mão de obra
na normalização existente no âmbito da Associação Brasileira de contratada (própria ou terceirizada) com a realização de controles na
Normas Técnicas. admissão ou aceitação, e na preparação do trabalhador para realizar
as suas atribuições de natureza elétrica, quer sejam os eletricistas,
E letricidade Estática montadores, instaladores, mantenedores, técnicos, engenheiros, etc.
315
Os processos ou equipamentos susceptíveis de gerar ou A responsabilização vai mais além quando associa o conceito de
acumular eletricidade estática devem dispor de proteção específica “proximidade” (ver 3.5.2 deste guia), o qual estende a necessidade
e dispositivos de descarga elétrica, como determina o item 10.9.3 da autorização para os trabalhadores que realizam suas atividades
da NR-10. em proximidade de instalações elétricas, como são os casos de
A eletricidade estática é o fenômeno de acumulação cabeamento telefônico, TV a cabo, sinalização viária, poda de
de cargas elétricas em um material qualquer, ou partes e árvores, iluminação pública, dentre outros.
substâncias (condutor, semicondutor ou isolante), geradas por
fricção (atrito), por indução ou condução. No material isolante, Dessa forma, a “autorização” é um processo administrativo de
este efeito produz um desequilíbrio (eletrização) entre cargas formalização legal do consentimento expresso pela empresa
positivas e negativas. A natureza tende a restabelecer o equilíbrio tomadora do serviço ao trabalhador para a prática de qualquer
entre as cargas, mas isso pode levar algum tempo e, durante esse atividade que implique, direta ou indiretamente, a interação com
intervalo, o material é capaz de atrair ou repelir outros isolantes instalações ou serviços elétricos. É implícito que a autorização
devido à força columbiana. está acompanhada da responsabilidade em autorizar trabalhadores
Nos materiais condutores, o desequilíbrio de cargas altera próprios, terceirizados, avulsos, etc., razão pela qual é de
o potencial elétrico do material, fazendo surgir uma diferença fundamental importância que as empresas adotem critérios bem
de potencial entre o material condutor eletricamente carregado claros para assumir tais responsabilidades perante os recursos
e a terra ou entre materiais. Em consequência dessa diferença de humanos utilizados para intervenções em instalações e serviços
potencial, podem ocorrer descargas elétricas, com possibilidade de elétricos.
causar choques, faíscas, ruídos e outros fenômenos físicos capazes
de provocar acidentes. 5.1 Formação do trabalhador
Em diversos processos industriais, nas áreas com potencial
de incêndio, tais como aquelas onde há fluxo de substâncias em A NR-10 define os conceitos de qualificação, habilitação,
alta velocidade, descarga de caminhões tanque, dentre outras, o capacitação e treinamento dos trabalhadores.
acúmulo de eletricidade estática pode provocar graves acidentes. Conforme item o 10.8.1, um “trabalhador qualificado” é aquele
Dessa forma, essas áreas ou equipamentos devem dispor de que comprova a conclusão de curso específico na área elétrica
NR 10
proteções para evitar o aparecimento das cargas estáticas, ou então reconhecido pelo Sistema Oficial de Ensino. Isso abrange as
reduzi-las a níveis seguros. pessoas que receberam instrução específica em cursos reconhecidos
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
na capacitação. É importante ressaltar que a capacitação é válida aquela determinada empresa que o ministrou, conforme determina o
unicamente para a empresa que o capacitou. item 10.8.8.2.a da NR-10.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
2. Organização do trabalho:
a) programação e planejamento dos serviços; 5.2.2 Reciclagem do trabalhador
b) trabalho em equipe;
c) prontuário e cadastro das instalações; O treinamento de reciclagem, conforme 10.8.8.2 da NR-10, prevê
d) métodos de trabalho; e a renovação do treinamento a cada dois anos e, adicionalmente, sempre
e) comunicação. que ocorrerem as seguintes situações:
6. Técnicas de análise de Risco no S E P.(*) c) modificações significativas nas instalações elétricas ou troca de
métodos, processos e organização do trabalho;
7. Procedimentos de trabalho – análise e discussão.(*) O foco da reciclagem está nas mudanças do projeto das instalações,
na inclusão de novos equipamentos e metodologias, assim como as
8. Técnicas de trabalho sob tensão:(*) alterações na organização do trabalho.
a) em linha viva;
b) ao potencial; Contudo, quando a motivação da reciclagem for bienal, então o
c) em áreas internas; foco deverá ser o aprofundamento e direcionamento de temas de acordo
318
d) trabalho a distância; com as necessidades e a realidade da organização e deverá atender com
e) trabalhos noturnos; e carga horária suficiente para permitir aproveitamento em revisões, nas
f) ambientes subterrâneos. mudanças dos procedimentos, instalações e serviços, de forma a surtir o
efeito desejado na prevenção de acidentes.
9. Equipamentos e ferramentas de trabalho (escolha, uso, Na reciclagem dos trabalhadores, a NR-10 não determina nenhum
conservação, verificação, ensaios).(*) conteúdo programático ou carga horária, e nem mesmo trata dos recursos
a serem utilizados, porém fica evidente que os assuntos a serem abordados
10. Sistemas de proteção coletiva.(*) deverão ser relativos aos temas de segurança em serviços e instalações
elétricas, com o viés de gerenciamento e responsabilidade que norteia a
11. Equipamentos de proteção individual.(*) NR-10. Fica a critério da empresa estabelecer os currículos e cargas horárias
das reciclagens em função das necessidades da empresa e dos profissionais
12. Posturas e vestuários de trabalho.(*) objeto e, por conseguinte, assumir a responsabilidade pela decisão.
13. Segurança com veículos e transporte de pessoas, materiais e 5.2.3 Treinamentos em resgates, primeiros socorros, combate a
incêndios e trabalhos em áreas classificadas
equipamentos.(*)
14. Sinalização e isolamento de áreas de trabalho.(*) O item 10.12.2 da NR-10 determina que os trabalhadores autorizados
possuam o domínio das técnicas de socorro, de resgate, de remoção e de
15. Liberação de instalação para serviço e para operação e uso. transporte de pessoas acidentadas, assim como o item 10.12.3 exige que
(*) a empresa possua e disponibilize os equipamentos e meios de aplicação
destas técnicas.
16. Treinamento em técnicas de remoção, atendimento, transporte Dessa forma, é obrigatório e de extrema importância para a vida que
de acidentados.(*) os trabalhadores autorizados sejam treinados e possuam o conhecimento
quanto aos equipamentos, técnicas de regate e primeiros socorros, pois a
17. Acidentes típicos(*) – análise, discussão, medidas de proteção. probabilidade de reanimação da vítima acidentada cai vertiginosamente
com o passar do tempo após a parada cardiorrespiratória. Muitas vezes, a
NR 10
cardiorrespiratórias e a aplicação de métodos adequados de resgate podem o profissional não domina eletricidade, será então necessário encaminhá-
significar a diferença entre a vida e a morte de um trabalhador na ocorrência lo para escola técnica. Dessa forma, o objetivo dos treinamentos é
de acidentes com eletricidade. Assim, a NR-10 determina a obrigatoriedade desenvolver os mecanismos, as técnicas e a consciência de segurança
de atribuições e treinamentos aos trabalhadores a serem conferidos e e de proteção específicos para os trabalhos com eletricidade, além da
ministrados sob a responsabilidade e custeio dos tomadores de serviço. análise dos riscos elétricos e dos riscos adicionais existentes em serviços
O item 10.12.4, de forma análoga, exige que os trabalhadores com instalações elétricas.
autorizados a realizar serviços em instalações elétricas, que por sua Cabe ressaltar que o treinamento de segurança é obrigatório
própria natureza poderão gerar o início de incêndios, estejam aptos a a toda e qualquer pessoa para que ela seja autorizada pela empresa a
aplicar equipamentos e metodologia adequada para conter esses sinistros realizar intervenções nas instalações elétricas energizadas ou nas suas
em sua fase inicial. O treinamento deve ser dirigido ao uso e identificação proximidades. Essa obrigatoriedade se aplica aos gerentes, supervisores,
de extintores, de hidrantes e a localização dos focos de incêndio, assim engenheiros ou chefes, bem como aos ajudantes, eletricistas,
como as providências complementares para evitar grandes catástrofes e encarregados ou eletrotécnicos, instaladores telefônicos, pessoal de
perdas significativas. ar condicionado, etc. Independente de escolaridade, habilitação ou
O item 10.8.8.4 prevê que os trabalhos em áreas classificadas capacitação técnica, todos devem receber conhecimentos que permitam
devem ser precedidos de treinamento especifico de acordo com o “risco adotar atitudes no sentido de proteger a si e aos demais contra os efeitos
envolvido”. Os trabalhadores liberados para serviços elétricos em nocivos da eletricidade.
áreas classificadas precisam estar cientes que não devem ser utilizados Não está previsto no Ministério do Trabalho e Emprego qualquer tipo de
equipamentos capazes de gerar faíscas, como é o caso de quase todos registro ou de validação dos treinamentos para atendimento da NR-10. No
os eletroportáteis, ou outros dispositivos com motores de escova ou de entanto, os treinamentos certamente serão fiscalizados pelo órgão quanto
partida por enrolamento auxiliar e automático, ou ainda ferramentas de à forma legal, organização curricular, certificação, equipe multidisciplinar
impacto, uma vez que mesmo as pneumáticas podem produzir faíscas em de profissionais habilitados, materiais educacionais, conteúdos, listas de
pedra, ferro ou outros materiais similares, gerando riscos no ambiente. presença, dentre outras evidências positivas de sua efetiva realização.
Finalizando as prescrições sobre treinamento, o item 10.8.9 Todos os contratantes solidariamente assumem as responsabilidades civis
determina que trabalhadores com atividades não relacionadas às e criminais à realização adequada destes treinamentos.
instalações elétricas desenvolvidas em zona livre, mas na vizinhança da
zona controlada (ver 3.5.1 deste guia) devem ser instruídos formalmente 5.3 Controle médico
com conhecimentos que permitam identificar e avaliar seus possíveis
riscos e adotar as precauções cabíveis. Os trabalhadores autorizados a intervir em instalações elétricas 319
O propósito dos treinamentos não é qualificar ou capacitar os devem ser submetidos a um exame de saúde compatível com as atividades
trabalhadores, não sendo cabível ministrar ensinamentos de técnicas de a serem desenvolvidas, que deve ser realizado em conformidade com a
eletricidade pertinentes à qualificação ou à capacitação do profissional. Se NR-7 e devidamente registrado em seu prontuário médico.
QUALIFICADO
PROFISSÃO ocupaçÃO
capacitaçÃO específica sob
responsabilidade de um
profissional habilitado e
autorizado
registro
capacitado
habilitado
sob responsabilidade
de habilitado e
*autorizado autorizado
NR 10
Conforme o item 10.8.7 da NR-10 é obrigatório a realização de para a realização de um determinado serviço. Ou ainda, fundamenta-se
avaliação da saúde física e mental (conceito da OMS) dos trabalhadores na culpa “in vigilando”, que é aquela ocasionada pela falta de diligência,
a serem autorizados a realizar serviços com eletricidade. Essa avaliação atenção, vigilância, fiscalização ou quaisquer outros atos de supervisão
deve ser realizada por médico do trabalho, obedecendo a preceitos éticos do tomador do serviço, no cumprimento do dever, para evitar prejuízo a
estipulados por protocolo específico. Deve considerar que o autorizado, alguém.
além da presença da eletricidade, irá trabalhar com grandezas de risco Esse conceito consta também da Consolidação das Leis do Trabalho
não palpáveis, tais como campos elétricos e magnéticos, condições (CLT), artigo 157 e na NR-1, item 1.7.a , em que está implícita a
posturais mais diversas, riscos ambientais agravantes, áreas confinadas, responsabilidade solidária: “Cabe ao Empregador cumprir e fazer
trabalhos em altura, radiação solar, ruído, calor, dentre outras. Tais riscos cumprir as disposições legais e regulamentares sobre segurança e
exigem uma consideração especial do profissional médico para avaliar a medicina do trabalho”.
aptidão física e mental dos trabalhadores envolvidos com eletricidade. Mesmo existindo uma relação contratual entre as partes com
cláusulas explícitas de transferência de responsabilidades, o contratante
5.4 Resumo (construtor, incorporador ou empreendedor), idôneo e responsável, que
negligencia a contratação ou a vigilância de prestador de serviços ou
A Figura 40 apresenta um resumo dos assuntos discutidos em 5.1, fornecedor, sempre terá de responder civil e criminalmente, direta ou
5.2 e 5.3 quanto à análise que deve ser realizada em relação às exigências indiretamente, pela má qualidade do produto final, pela ocorrência de
para concessão de autorização aos trabalhadores em instalações e acidentes ou por quaisquer prejuízos a outras pessoas.
serviços elétricos conforme as prescrições da NR-10. Determina a NR-10 no item 10.13.2 que o contratante (tomador de
Concedida a autorização para os trabalhos com eletricidade, a mão de obra) tem o dever de informar e, consequentemente, de garantir
eConcedida a autorização para os trabalhos com eletricidade, a empresa o direito de informação e do saber do trabalhador sobre os riscos e
deverá organizar um sistema de identificação desses trabalhadores, possíveis perigos à segurança e à saúde, elétricos e não elétricos, a
contendo a abrangência e amplitude da autorização, conforme item que serão expostos no desenvolvimento das atividades contratadas ou
10.8.5 da NR-10. A organização de identificação impõe que a empresa designadas. É oportuno lembrar que essa determinação da NR-10 não
mantenha essa condição anotada no registro do trabalhador, conforme está dirigida somente aos trabalhadores que se envolvem diretamente
item 10.8.6. Essa medida possibilita maior controle de acesso às com as instalações e serviços com eletricidade, mas também atinge os
instalações elétricas. trabalhadores em ambientes circunvizinhos sujeitos às influências das
A combinação do processo de autorização com identificação instalações ou execução de serviços elétricos que lhes são próximos,
320 e anotação na ficha de controle da mão de obra torna evidente a conforme prescrito especificamente no item 10.8.9 da NR-10. Dessa
necessidade de uma ação gerencial sobre os empregados, terceirizados, forma, fica assegurado de forma explicita o direito de saber do
cooperativados ou avulsos quanto ao controle documental de formação, trabalhador preconizado na Convenção 161 da OIT e no Decreto 127 de
treinamentos, exames médicos, EPIs, etc. Pode ser terceirizado o 22/05/1991 – Informar e instruir os trabalhadores sobre os riscos a que
serviço, mas não a responsabilidade, que é solidária mesmo se existirem estão expostos.
cláusulas contratuais em contrário, ficando sob a responsabilidade do O item 10.13.4 da NR-10 indica as responsabilidades do trabalhador
contratante cumprir e fazer cumprir as exigências normativas, conforme autorizado, que deve ter atenção em suas ações ou omissões que
estipulado na CLT, artigo 157, inciso I e no item 10.13.1 da NR-10. impliquem negligência, imprudência ou imperícia, zelando tanto pela
Essa documentação deverá ser organizada no prontuário das instalações sua segurança e saúde como pela de outras pessoas que possam ser
elétricas a ser mantido em cada estabelecimento. afetadas. O trabalhador autorizado deve ter ainda o compromisso de
cumprir as normas e regulamentos estabelecidos, elaborar e manter
6 Responsabilidades os procedimentos, planos e demais medidas internas de segurança e
saúde, além de comunicar de imediato ao responsável pela execução
O item 10.13.1 da NR-10 determina que as responsabilidades sejam do serviço as situações que considerar de risco para a sua segurança e
solidárias a contratantes e contratados, quando se tratar do cumprimento saúde e também a de outras pessoas. Deve-se lembrar que este item está
das regulamentações nela prescritas. Dessa forma, para efeito de aplicação intimamente ligado, sendo o fundamento do direito de recusa tratado no
das normas regulamentadoras, sempre que uma ou mais empresas, item 10.14.1 da NR-10, tratado adiante neste guia.
individuais ou coletivas e com personalidades jurídicas próprias, As responsabilidades de contratantes, contratados (prestadores
estiverem sob o comando ou controle ou ainda prestarem serviços de serviços) e trabalhadores que são tratadas na NR-10 integram o
sob administração ou contrato a outra empresa, serão solidariamente ordenamento jurídico nacional e, portanto, são ferramentas básicas para
responsáveis a empresa principal, ou contratante, e as demais empresas as decisões e sentenças que envolvam o assunto “segurança em serviços
subordinadas (contratadas). Para esta aplicação, os profissionais liberais, e instalações elétricas”. São os casos de ações junto ao Ministério da
os trabalhadores autônomos e avulsos são equiparados à uma empresa. Justiça, tais como a responsabilização civil (indenizações) e criminal
O conceito de responsabilidade solidária fundamenta-se na culpa “in (prisões) e ações trabalhistas; junto ao Ministério Público, como a
eligendo”, proveniente da falta de cautela ou previdência na seleção ou paralisação dos serviços, a imposição de pesadas multas; junto ao INSS -
escolha de profissional, pessoa ou empresa a quem confia a execução Instituto Nacional do Seguro Social com ações regressivas; além, é claro,
NR 10
de um ato ou serviço. Por exemplo, designar ou manter um empregado das ações de fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego, com a
não legalmente habilitado ou sem as capacidades ou aptidões requeridas imposição de notificações, autuações, embargos e interdições.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
Em relação à responsabilidade civil e criminal, o Código Penal Conforme a NR-10, as seguintes situações são consideradas graves
Brasileiro, que regulamenta os crimes contra a pessoa, contém: e de iminente risco, capazes de promover o embargo ou a interdição:
• Artigo121 – Parágrafo Terceiro: trata do homicídio culposo, com pena
de reclusão de até 30 anos; • Item 10.2.4: os estabelecimentos não constituíram e mantém o
• Artigo 129 – Parágrafo Segundo: trata de lesão corporal de natureza Prontuário de Instalações Elétricas;
grave, com pena de reclusão de até 5 anos; • Item 10.2.8.1: ausência da adoção de medidas de proteção coletiva,
• Artigo 132 – Perigo para a vida ou saúde de outrem, com pena de prioritariamente, a desenergização – invólucro, aterramento, etc.;
reclusão de até um ano. • Item 10.2.9.1: ausência da adoção de EPIs específicos e adequados
às atividades desenvolvidas com instalações elétricas energizadas
No Código Civil Brasileiro, atribui-se a “responsabilidade civil (luvas isolantes, calçados especiais, vestimentas de trabalho adequadas
objetiva” e a “obrigação de indenizar”. Em seu Artigo 927 – Parágrafo à condutibilidade, inflamabilidade e influências eletromagnéticas
Único fica estabelecido que “haverá obrigação de reparar o dano, (10.2.9.2), dentre outros);
independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando • Itens 10.6.1; 10.6.1.1; 10.7.1; 10.7.2; 10.8.8: atividades em instalação
a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por energizada por profissional não autorizado ou não treinado em segurança
sua natureza, risco para os direitos de outrem”. Desta forma, o Código com instalações e serviços elétricos;
Civil adota critérios de responsabilidade objetiva no âmbito do direito • Item 10.7.3: serviços em instalações elétricas energizadas em alta
privado. Com isso, há um significativo aumento na probabilidade de tensão, bem como aqueles executados no Sistema Elétrico de Potência
responsabilização dos culpados, na medida em que, em certas espécies (SEP), realizadas individualmente;
de atividade (que incluem os serviços elétricos), o responsável está • Item 10.7.7: ausência de desativação (bloqueio) dos conjuntos
sujeito a indenizar por dano ainda que se tenha agido sem culpa, o e dispositivos de religamento automático do circuito, sistema ou
que recomendaria a adoção de maior cautela por parte das pessoas ou equipamento;
empresas que atuem em atividade considerada perigosa. Essa teoria da • Item 10.9.5: serviços em instalações elétricas nas áreas classificadas
responsabilidade objetiva adotada em certos casos não mais se baseia na sem a permissão para o trabalho com liberação formalizada ou supressão
culpa, mas, meramente, na demonstração da existência de nexo causal do agente de risco;
entre o dano e o agente que praticou a conduta lesiva. • Item 10.4.1: falta de supervisão por profissional autorizado, na
construção, montagem, operação, reforma, ampliação, reparo e inspeção.
Direito de recusa
Referências 321
O exercício do “direito de recusa” é tratado no item 10.14.1 da NR-
10, que determina que os trabalhadores devam interromper suas tarefas • IEC 61010-1 - Safety requirements for electrical equipment for
sempre que constatarem evidências de riscos graves e iminentes para sua measurement, control, and laboratory use - Part 1: General requirements
segurança e saúde ou a de outras pessoas, comunicando imediatamente • IEEE 1584 - Guide for Performing Arc Flash Hazard
o fato ao seu superior hierárquico, que diligenciará as medidas cabíveis. • NBR 5410 – Instalações elétricas de baixa tensão
Trata-se de uma ratificação do direito de recusa, previsto no Artigo 13 • NBR 5419 - Proteção de estruturas contra descargas atmosféricas
da Convenção 155 da OIT e promulgada pelo Decreto Federal 1.254 • NBR 8674 – Execução de sistemas fixos automáticos de proteção
de 29 de setembro de 1994, com indicações de que essa providência contra incêndio, com água nebulizada para transformadores e reatores
de recusar-se a expor sua saúde e integridade física deva resultar em de potência
medidas corretivas, indicando a responsabilidade dos níveis hierárquicos • NBR 10622 - Luvas isolantes de borracha - Especificação
superiores para as providências necessárias. Ressalte-se que esta atitude • NBR 14039 – Instalações elétricas de média tensão de 1,0 kV a 36,2 kV
está associada à obrigação da comunicação imediata conforme estabelece • NBR IEC 60079-14 – Equipamentos elétricos para atmosferas
a NR-10 no item 10.13.4. explosivas
• NBR IEC 60947-1 – Dispositivos de manobra e comando de baixa
Interdição ou embargo tensão
• NFPA 70 – National Electrical Code
Na ocorrência de condição de trabalho com instalações e serviços • NFPA 70E - Standard for Electrical Safety in the Workplace
elétricos que implique grave e iminente risco, tratado no item 10.14.3 • Norma Regulamentadora Nº 6 (NR-6) – Equipamento de proteção
da NR-10 e na NR-3, o Ministério do Trabalho e Emprego deverá adotar individual - EPI
procedimentos de fiscalização com o embargo ou interdição, mediante laudo • Norma Regulamentadora Nº 10 (NR-10) - Segurança em Instalações e
técnico emitido. As definições de interdição e embargo são as seguintes: Serviços em Eletricidade
• Norma Regulamentadora Nº 17 (NR-17) – Ergonomia
• Interdição: paralisação total ou parcial do estabelecimento, da frente de • Norma Regulamentadora Nº 26 (NR-26) – Sinalização de segurança
trabalho, do setor de serviço, da máquina ou equipamento. • OSHA / CFR 1910 - Occupational Safety and Health Standards
• Embargo: paralisação total ou parcial da obra de instalação elétrica • The other Electrical Hazard: Electrical Arc Blast Burns”. IEEE
NR 10
(construção, montagem, instalação, manutenção e reforma). Transaction on Industrial Applications, Vol. 1A-18, No 3, p. 246 May/
June 1982. Ralph Lee
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
Autores
Sócio - Diretor da “Ação Engenharia e Instalações” com Engenheiro eletricista, com mais de trinta anos na área
experiência acumulada nas atividades relacionadas á de engenharia elétrica de média e alta tensão, sendo:
instalações elétricas comerciais e industriais (com ênfase quinze anos em gerência de contratos e de projeto
às áreas de projetos, eficiência energética e qualidade de de campo e mais de sete anos atuando na área de
energia). Autor de diversos trabalhos publicados, palestras consultoria e treinamento de gerenciamento de projetos
e treinamentos. Graduação: Engenheiro Eletricista-Escola e engenharia elétrica nas empresas e indústria. Membro
de Engenharia Mauá - 1982. Pós-Graduação: Mestre em atuante do CB-3 da ABNT, e secretário da norma
Engenharia Elétrica - Escola Politécnica/ Universidade NBR14039. Perito em diversas varas cíveis, especialista
de São Paulo – 1998; Tese de mestrado: Uso racional de em Gerenciamento de Projetos, autor e coordenador
energia elétrica em instalações comerciais. Atual presidente de 14 livros nas editoras Brasport e na editora Ciência
Autores
da ABESCO (Associação Brasileira das Empresas de Moderna, responsável Técnico e Legal da Ecthos
Conservação de Energia). Consultoria e Desenvolvimento Ltda.