Você está na página 1de 324

GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

2
Apresentação
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Edição e coordenação técnica


Hilton Moreno

Autores
Hilton Moreno
João José Barrico de Souza
Joaquim G. Pereira
Jobson Modena
Marcus Possi

Coautores
3
Cláudio Mardegan
Hélio Eiji Sueta
José Starosta
Juliana Iwashita Kawasaki
Luiz Fernando Arruda

Publicação
Atitude Editorial

Patrocínio
Atitude Eventos

Promoção e divulgação
Revista O Setor Elétrico
Apresentação
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

© 2011 da Atitude Editorial Ltda.

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo

ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de

armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Atitude Editorial Ltda.

Diretor

Adolfo Vaiser

4 Hilton Moreno

Edição e coordenação

Hilton Moreno

Projeto Gráfico, Diagramação e Ilustração

Leonardo Piva e Denise Ferreira

Revisão

Gisele Folha Mós e Flávia Lima

Capa e divisórias internas

Tikao Solutions

2011
Apresentação

Direitos exclusivos da Atitude Editorial Ltda.

R. Dr. Franco da Rocha, 137 - Perdizes, São Paulo – SP - Brasil

E-mail: contato@atitudeeditorial.com.br

Tel.: (11) 3872-4404

www.atitudeeditorial.com.br
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Apresentação
Um antigo projeto se materializa com a publicação desta obra.

O Guia O Setor Elétrico de Normas Brasileiras é uma forma que encontramos de devolver para a
comunidade técnica do setor elétrico nacional um pouco do muito que aprendemos com ela.

Com o Guia OSE de Normas, como carinhosamente chamamos esta publicação, reunimos sob a mesma
capa quatro dos mais importantes documentos técnicos do País na área de instalações elétricas: a NBR 5410,
de instalações elétricas de baixa tensão; a NBR 14039, de instalações elétricas de média tensão; a NBR
5419, de proteção contra descargas atmosféricas; e ao final, amarrando todas elas, a NR 10, norma de
segurança em serviços de eletricidade do Ministério do Trabalho.

Além de reunir as quatro normas, o Guia OSE de Normas promoveu uma invejável reunião de
reconhecidos especialistas. Ao todo foram dez profissionais que participaram da preparação desta
5
publicação, compartilhando com prazer, dedicação e muito interesse os seus vastos conhecimentos
com os leitores. Todos, sem exceção, além de fantásticos profissionais, são pessoas com grande
preocupação em transmitir seus conhecimentos para a sociedade em que vivem. Deixamos aqui
registrado nosso agradecimento a cada um dos autores pela dedicação que tiveram com este projeto.

Agradecemos o apoio de primeira hora que o Instituto Brasileiro do Cobre, Procobre, deu a este
trabalho, assim como o apoio da Abrasip-MG – Associação Brasileira de Engenharia de Sistemas
Prediais de Minas Gerais.

Agradecemos também a toda a equipe que ajudou a tornar esta obra uma realidade. E às nossas
famílias que entenderam e apoiaram as horas dedicadas a este projeto.

Finalmente, numa publicação que trata de normas técnicas de instalações, não podemos esquecer de
voltar um pensamento para aquele que muito nos ensinou nesta área, o eterno e saudoso Professor
Ademaro Cotrim, que tão cedo nos deixou em agosto de 2000. Temos certeza que, se ainda estivesse
entre nós, teria sido um dos autores e um dos mais entusiastas participantes deste Guia.

A publicação do Guia OSE de Normas espera contribuir com o aperfeiçoamento profissional e a


formação dos estudantes da área elétrica.
Apresentação

Boa leitura e bons conhecimentos,

Adolfo Vaiser e Hilton Moreno

São Paulo, novembro de 2011


GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

6
Apresentação
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Apresentação
7
O Procobre é uma rede de instituições latino-americanas
cuja missão é a promoção do uso do cobre, impulsionando
a pesquisa e o desenvolvimento de novas aplicações e
difundindo sua contribuição para a melhoria da qualidade de
vida e do progresso da sociedade.

É no contexto desta missão, que o Procobre vem trabalhando


ao longo dos anos para difundir junto aos principais agentes
da cadeia da construção civil a necessidade de que cada vez
mais as instalações elétricas sejam seguras.

Uma vez que em nosso país as normas são voluntárias, o


apoio ao “Guia O Setor Elétrico de Normas Brasileiras” torna-
se imprescindível para o fomento de nossa missão, pois,
somente por meio da conscientização e da divulgação das
normas brasileiras junto aos profissionais do setor, é que
conseguiremos contribuir para que as construções de nosso
país tornem-se cada vez mais seguras.
Apresentação

Procobre – Instituto Brasileiro do Cobre

São Paulo, novembro de 2011


GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

8
Apresentação
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

13
9

147

245

285
Sumário
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

10
NBR 5410
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

11

NBR 5410
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

12
NBR 5410
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

ABNT NBR 5410:2004


Instalações elétricas de baixa tensão

Sumário

1 Histórico 014
2 Objetivos, campo de aplicação e abrangência 014
3 Origem da instalação 014
4 Aspectos gerais de projeto 015
13
5 Iluminação 022
6 Proteção contra choques elétricos 031
7 Proteção contra efeitos térmicos (incêndios e queimaduras) 035
8 9Proteção contra sobrecorrentes 037
9 9Proteção contra sobretensões 037
10 Proteção contra mínima e máxima tensão, falta de fase e inversão de fase 057
11 Proteção das pessoas que trabalham nas instalações elétricas de baixa tensão 057
12 Serviços de segurança 058
13 Seleção e instalação dos componentes 060
14 Linhas elétricas 069
15 Dimensionamento de condutores 090
16 Aterramento e equipotencialização 105
17 Seccionamento e comando 116
18 Circuitos de Motores 117
19 Conjuntos de proteção, manobra e comando (quadros de distribuição) 120

20 Verificação final 121


NBR 5410

21 Manutenção e operação 125


22 Qualidade da energia elétrica nas instalações de baixa tensão 127
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

• A qualquer linha elétrica (ou fiação) que não seja especificamente


1 Histórico
coberta pelas normas dos equipamentos de utilização;
A norma ABNT NBR 5410 – Instalações elétricas de baixa • As linhas elétricas fixas de sinal, relacionadas exclusivamente à
tensão tem a seguinte cronologia: segurança (contra choques elétricos e efeitos térmicos em geral) e à
compatibilidade eletromagnética.
1914 - É publicado o Código de Instalações Elétricas da extinta
Inspetoria Geral de Iluminação, situada na Cidade do Rio de Entretanto, a norma não se aplica a:
Janeiro, então Capital Federal;
1941 - Com a contribuição de especialistas da época, o Código de • Instalações de tração elétrica;
1914 foi aperfeiçoado e transformado em uma norma publicada • Instalações elétricas de veículos automotores;
pelo Departamento Nacional de Iluminação e Gás, sob o título • Instalações elétricas de embarcações e aeronaves;
de Norma Brasileira para Execução de Instalações Elétricas com • Equipamentos para supressão de perturbações radioelétricas, na
abrangência em todo o País; medida que não comprometam a segurança das instalações;
1960 - O documento de 1941 foi substituído pela norma NB- • Instalações de iluminação pública;
3, baseada na norma NFPA-70 – National Electrical Code, dos • Redes públicas de distribuição de energia elétrica;
Estados Unidos, tendo sido publicado neste ano pela Associação • Instalações de proteção contra quedas diretas de raios. No entanto,
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT); esta Norma considera as conseqüências dos fenômenos atmosféricos
1980 - A NB-3 foi substituída pela primeira edição da NBR 5410, sobre as instalações (por exemplo, seleção dos dispositivos de
baseada na norma IEC 60364 e na norma francesa NF C 15-100. proteção contra sobretensões);
1990 - 2ª revisão da NBR 5410; • Instalações em minas;
1997 - 3ª revisão da NBR 5410; • Instalações de cercas eletrificadas.
2004 - 4ª revisão da NBR 5410.
No momento da publicação deste guia, A NBR 5410 é
2 Objetivos, campo de aplicação e abrangência complementada pelas normas NBR 13570 - Instalações Elétricas
em Locais de Afluência de Público: Requisitos Específicos e NBR
A NBR 5410 - Instalações Elétricas de Baixa Tensão é a norma 13534 - Instalações Elétricas em Estabelecimentos Assistencias de
aplicada a todas as instalações elétricas cuja tensão nominal é igual ou Saúde: Requisitos para Segurança.
14 inferior a 1.000 V em corrente alternada ou a 1.500 V em corrente contínua. Ambas complementam ou substituem, quando necessário, as
A NBR 5410 fixa as condições a que as instalações de baixa prescrições de caráter geral contidas na NBR 5410, relativas aos
tensão devem atender, a fim de garantir seu funcionamento adequado, seus respectivos campos de aplicação.
a segurança de pessoas e animais domésticos e a conservação de bens. A NBR 13570 aplica-se às instalações elétricas de locais como
Aplica-se a instalações novas e a reformas em instalações existentes, cinemas, teatros, danceterias, escolas, lojas, restaurantes, estádios,
entendendo-se, em princípio, como ‘reforma’ qualquer ampliação de ginásios, circos e outros locais indicados com capacidades mínimas
instalação existente (como criação de novos circuitos e alimentação de ocupação (no de pessoas) especificadas.
de novos equipamentos), bem como qualquer substituição de A NBR 13534, por sua vez, aplica-se a determinados locais como
componentes que implique alteração de circuito. hospitais, ambulatórios, unidades sanitárias, clínicas médicas, veterinárias
A norma trata praticamente de todos os tipos de instalações de e odontológicas etc., tendo em vista a segurança dos pacientes.
baixa tensão, dentre as quais: A terminologia de instalações elétricas de baixa tensão
utilizada na NBR 5410 é proveniente da norma NBR IEC 50
• Edificações residenciais e comerciais em geral; (826) - Vocabulário Eletrotécnico Internacional — Capítulo 826 —
• Estabelecimentos institucionais e de uso público; Instalações Elétricas em Edificações.
• Estabelecimentos industriais;
• Estabelecimentos agropecuários e hortigranjeiros; 3 Origem da instalação
• Edificações pré-fabricadas;
• Reboques de acampamento (trailers), locais de acampamento De acordo com 3.4.3 da NBR 5410 (ver Figura 1), a norma
(campings), marinas e locais análogos; aplica-se a partir do ponto de entrega, definido como o ponto de
• Canteiros de obras, feiras, exposições e outras instalações temporárias. conexão do sistema elétrico da empresa distribuidora de eletricidade
com a instalação elétrica da(s) unidade(s) consumidora(s) e que
A norma aplica-se também: delimita as responsabilidades da distribuidora, definidas pela
autoridade reguladora (ANEEL).
• Aos circuitos internos de equipamentos que, embora alimentados Além disso, a NBR 5410 indica em 1.6 e 1.7 que a sua aplicação
por meio de instalação com tensão igual ou inferior a 1.000 V em não dispensa o respeito aos regulamentos de órgãos públicos aos
NBR 5410

corrente alternada, funcionam com tensão superior a 1.000 V, como quais a instalação deve satisfazer. As instalações elétricas cobertas
é o caso de circuitos de lâmpadas de descarga, de precipitadores pela norma estão sujeitas também, naquilo que for pertinente, às
eletrostáticos etc.; normas para fornecimento de energia estabelecidas pelas autoridades
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

reguladoras e pelas empresas distribuidoras de eletricidade. determinada por cargas ou por grupo de cargas e, geralmente,
Desta forma, as prescrições estabelecidas em regulamentações baseia-se nos dados conhecidos de outras instalações similares.
federais, estaduais e municipais podem ser aplicadas nas instalações No que diz respeito às cargas deve-se considerar para um
elétricas de baixa tensão sem causar conflitos legais com o texto da equipamento a sua potência nominal dada pelo fabricante ou
norma brasileira. Por exemplo, prescrições específicas do Corpo de calculada a partir dos dados de entrada (tensão nominal, corrente
Bombeiros sobre iluminação de emergência, bombas de incêndio, nominal e fator de potência), ou calculada a partir da potência de
etc., podem ser acomodadas no projeto elétrico sem conflitos. Da saída, caso seja conhecido o rendimento do equipamento (Figura 2).
mesma forma, apesar de a NBR 5410:2004 incluir os componentes
do padrão de entrada da concessionária, uma vez que ela tem origem
de aplicação no ponto de entrega, o item 1.7 mantém a autoridade Equipamento de utilização
da empresa distribuidora de energia elétrica em definir como será
construído esse padrão de entrada.
UN, IN, PN (P N)
cos Φ N
η
(Entrada) (Saída)

Dispositivo de proteção Equipamento monofásico  PN = UN . IN . cos θN


Equipamento trifásico  PN = √3 . UN . IN . cos θN

Rendimento  η = PN / PN

Figura 2 – Determinação da potência nominal de um equipamento

Figura 1: Origem da instalação conforme a NBR 5410/2004 (inclui o padrão de


entrada da concessionária) 4.1.1 Potência de iluminação

4.1.1.1 Locais não residenciais


4 Aspectos gerais de projeto
Conforme 4.2.1.2.2 da NBR 5410, as cargas de iluminação e 15
4.1 Potência de alimentação tomadas em locais não destinados à habitação (estabe-lecimentos
comerciais, industriais, institucionais, etc.) são as seguintes:
Em 4.2.1 da NBR 5410 prescreve-se que, na determinação
da potência de alimentação de uma instalação ou de parte de uma A quantidade e potência de pontos de iluminação devem ser
instalação, devem-se prever os equipamentos a serem instalados, determinadas como resultado da aplicação dos níveis mínimos de
com suas respectivas potências nominais e, após isso, considerar iluminância da NBR 5413 e calculados pelos métodos dos lúmens, ponto
as possibilidades de não simultaneidade de funcionamento destes a ponto ou cavidade zonal, etc.
equipamentos (fator de demanda), bem como capacidade de reserva
para futuras ampliações. Para as luminárias que utilizam lâmpadas com equipamentos
É importante observar que o texto da norma refere-se às auxiliares (reatores, ignitores, etc.), a potência total da luminária deve ser
potências nominais dos equipamentos e não às potências médias a soma das potências das lâmpadas com a dos equipamentos auxiliares,
absorvidas por eles. Isso significa que não é possível a aplicação do incluindo suas perdas, fator de potência e distorções harmônicas (ver
chamado fator de utilização no cálculo da potência de alimentação. capítulo 5 deste guia).
Lembre-se que o fator de utilização é aquele que multiplica a
potência nominal de um aparelho para se obter a potência média 4.1.1.2 Locais residenciais
absorvida por ele durante sua operação. Esse é geralmente o caso
de motores, sendo tipicamente considerado, nesta situação, um A seção 9.5.2 da NBR 5410 trata de aspectos relacionados à previsão
fator de utilização da ordem de 0,75. No entanto, reitera-se que a de carga de iluminação em instalações residenciais, conforme descrito a
prescrição da norma não permite a utilização de tal fator no cálculo seguir.
da potência de alimentação. A norma estabelece que, em cômodos com área igual ou inferior
A determinação do fator de demanda exige um conhecimento a 6 m2 deve ser prevista uma carga mínima de 100 VA e com área
detalhado da instalação e das condições de funcionamento dos superior a 6 m2 deve ser prevista uma carga mínima de 100 VA para
equipamentos de média tensão a ela conectados. Sua determinação os primeiros 6 m2, acrescida de 60 VA para cada aumento de 4 m2
deve ser realizada a partir de um estudo muito detalhado, pois, caso não inteiros.
NBR 5410

seja adequadamente avaliado, o valor final da potência de alimentação Por exemplo, em uma sala de 4 m x 5 m, ou seja, com área de 20 m2
pode resultar em subdimensionamento dos circuitos elétricos. (20 = 6 + 4 + 4 + 4 + 2), a potência de iluminação mínima a ser atribuída
Conforme o caso, a potência de alimentação deve ser a este cômodo será de 100 + 60 + 60 + 60 = 280 VA.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

de uso geral em quantidade nunca inferior a um ponto de tomada para


4.1.2 Potência de tomadas cada 30 m2, ou fração, não consideradas as tomadas para a ligação
de lâmpadas, tomadas de vitrines e tomadas para a demonstração de
4.1.2.1 Locais não residenciais aparelhos.
A potência a ser atribuída aos pontos de tomadas de uso geral em
Conforme 4.2.1.2.3 da NBR 5410, deve ser feita a seguinte previsão escritórios comerciais, lojas e locais similares não deverá ser inferior a
de pontos de tomadas: 200 VA por ponto de tomada.

• Em halls de serviço, salas de manutenção e salas de equipamentos, tais Sugestão 2: conforme indicado no livro Instalações elétricas industriais,
como casas de máquinas, salas de bombas, barriletes e locais análogos, de João Mamede Filho
deve ser previsto no mínimo um ponto de tomada de uso geral, e aos Para escritórios comerciais ou locais similares com área ≤ 37 m2,
circuitos termi-nais respectivos deve ser atribuída uma potência de no a quantidade mínima de tomadas de uso geral deve ser calculada pelo
mínimo 1.000 VA. critério, dentre os dois seguintes, que conduzir ao maior número:
• Quando um ponto de tomada for previsto para uso específico,
deve ser a ele atribuída uma potência igual à potência nominal do • Um ponto de tomada para cada 3 m, ou fração, de perímetro.
equipamento a ser alimentado ou à soma das potências nominais • Um ponto de tomada para cada 4 m2, ou fração, de área.
dos equipamentos a serem alimen-tados. Quando valores precisos
não forem conhecidos, a potência atribuída ao ponto de tomada deve Para escritórios comerciais ou locais análogos com área > 37 m2, a
seguir um dos dois seguintes critérios: (1) a potência ou soma das quantidade mínima de tomadas de uso geral deve ser calculada com base
potências dos equipamentos mais potentes que o ponto pode vir a no seguinte critério: 8 pontos de tomadas para os primeiros 40 m2 e 3
alimentar; (2) a potência deve ser calculada com base na corrente de pontos de tomada para cada 37 m2, ou fração, de área restante.
projeto e na tensão do circuito respectivo. Em lojas e locais similares, devem ser previstos pontos de tomadas de
uso geral em quantidade nunca inferior a um ponto de tomada para cada
- Os pontos de tomada de uso específico devem ser localizados no 37 m2, ou fração, não consideradas as tomadas para a ligação de lâmpadas,
máximo a 1,5 m do ponto previsto para a tomadas de vitrines e tomadas para a demonstração de aparelhos.
localização do equipamento a ser alimentado.
- Os pontos de tomada destinados a alimentar mais de um equipamento 4.1.2.2 Locais residenciais
16 devem ser providos com a quantidade
adequada de tomadas. A seção 9.5.2 da NBR 5410 trata de aspectos relacionados à previsão
de carga de tomadas em instalações residenciais, conforme descrito a
A NBR 5410 não tem prescrições específicas sobre previsão de seguir.
quantidade de pontos de tomadas em locais não residenciais. Um ponto de tomada é um ponto de utilização de energia elétrica em
Seguem-se algumas recomendações baseadas em literaturas: que a conexão dos equipamentos a serem alimentados é feita por meio
de tomada de corrente. Um ponto de tomada pode conter uma ou mais
Locais industriais tomadas de corrente.
A norma define o número mínimo de pontos de tomadas que devem
A quantidade e a potência das tomadas em locais industriais ser previstos num local de habitação, a saber:
dependem do tipo de ocupação dos diversos locais e devem ser • em banheiros deve ser previsto pelo menos um ponto de tomada
determinadas caso a caso. próximo ao lavatório;
• em cozinhas, copas, copas-cozinhas, áreas de serviço, lavanderias e locais
Escritórios comerciais e locais similares análogos deve ser previsto no mínimo um ponto de tomada para cada
3,5 m, ou fração, de perímetro. E acima da bancada da pia em cozinhas,
Sugestão 1: conforme indicado no livro Instalações elétricas, de Ademaro copas e copas-cozinhas devem ser previstas no mínimo duas tomadas de
Cotrim corrente, no mesmo ponto de tomada ou em pontos distintos (Figura 3);
Para escritórios comerciais ou locais similares com área ≤ 40 m2,
a quantidade mínima de tomadas de uso geral deve ser calculada pelo
critério, dentre os dois seguintes, que conduzir ao maior número:

• Um ponto de tomada para cada 3 m, ou fração, de perímetro.


• Um ponto de tomada para cada 4 m2, ou fração, de área.
Para escritórios comerciais ou locais análogos com área > 40 m2, a
quantidade mínima de tomadas de uso geral deve ser calculada com base
NBR 5410

no seguinte critério: 10 pontos de tomadas para os primeiros 40 m2 e 1


ponto de tomada para cada 10 m2, ou fração, de área restante.
Em lojas e locais similares, devem ser previstos pontos de tomadas Figura 3 – Pontos de tomada acima da bancada em cozinha
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

de segurança e de funcionamento de uma instalação elétrica,


constituindo-se em um dos pontos mais importantes de seu projeto e de
sua montagem.

4.2.1 Aterramento de proteção

O aterramento de proteção consiste na ligação à terra das massas


e dos elementos condutores estranhos à instalação e tem o objetivo de
limitar o potencial entre massas, entre massas e elementos condutores
estranhos à instalação e entre os dois e a terra a um valor seguro sob
condições normais e anormais de funcionamento. Além disso, deve
proporcionar às correntes de falta um caminho de retorno para terra de
Figura 4 – Potência atribuída a um ponto baixa impedância, de modo que o dispositivo de proteção possa atuar
• em varandas deve ser previsto pelo menos um ponto de tomada, adequadamente.
admitindo-se que este ponto de tomada não seja instalado na própria
varanda, mas próximo ao seu acesso, quando a varanda, por razões 4.2.2 Aterramento funcional
construtivas, não comportar o ponto de tomada, quando sua área for
inferior a 2 m2 ou, ainda, quando sua profundidade for inferior a 80 cm; O aterramento funcional, que é a ligação à terra de um dos
• em salas e dormitórios deve ser previsto um ponto de tomada para cada condutores vivos do sistema (em geral, o neutro), tem por objetivo
5 m ou fração de perímetro; definir e estabilizar a tensão da instalação em relação à terra durante o
• para os demais cômodos não tratados especificamente nos itens funcionamento; limitar as sobretensões devidas a manobras, descargas
anteriores, a norma estabelece que seja previsto, pelo menos, um ponto atmosféricas e contatos acidentais com linhas de tensão mais elevada; e
de tomada, se a área do cômodo ou dependência for igual ou inferior a 6 fornecer um caminho de retorno da corrente de curto-circuito monofásica
m2. Quando a área do cômodo ou dependência for superior a 6 m2, vale ou bifásica à terra ao sistema elétrico.
a regra de um ponto de tomada para cada 5 m, ou fração, de perímetro. Os aterramentos funcionais podem ser classificados em diretamente
Uma vez determinada a quantidade de pontos de tomada, é preciso aterrados; aterrados através de impedância (resistor ou reator); ou não
atribuir as potências para estes pontos. aterrados.
De um modo geral, a potência a ser atribuída a cada ponto de tomada 17
é função dos equipamentos que ele poderá vir a alimentar (Figura 4). 4.2.3 Tipos de esquemas de aterramento
Caso não sejam conhecidas as potências dos equipamentos, a norma
então estabelece os seguintes valores mínimos: Os aterramentos funcional e de proteção nas instalações de baixa
tensão devem ser realizados conforme um dos três esquemas de
• em banheiros, cozinhas, copas, copas-cozinhas, áreas de serviço, aterramento básicos, classificados em função do aterramento da fonte
lavanderias e locais análogos, deve-se atribuir no mínimo 600 VA por de alimentação da instalação (transformador, no caso mais comum, ou
ponto de tomada, até 3 pontos, e 100 VA por ponto para os excedentes, gerador) e das massas, e designados por uma simbologia que utiliza duas
considerando-se cada um desses ambientes separadamente. Quando letras fundamentais:
o total de tomadas, no conjunto desses ambientes, for superior a 6
pontos, admite-se que o critério de atribuição de potências seja de, no 1a letra: indica a situação da alimentação em relação à terra:
mínimo, 600 VA por ponto de tomada, até 2 pontos, e 100 VA por ponto
para os excedentes, sempre considerando cada um dos ambientes • T: um ponto diretamente aterrado;
separadamente. • I: nenhum ponto aterrado ou aterramento através de impedância
Vejamos dois casos para ilustrar esta regra: razoável.
2a letra: indica as características do aterramento das massas:
• em uma cozinha há a previsão de 5 pontos de tomadas: a potência • T: massas diretamente aterradas independentemente do eventual
mínima a ser considerada é de 600 + 600 + 600 + 100 + 100 = 2000 VA; aterramento da alimentação;
• em uma cozinha há a previsão de 7 pontos de tomadas. a potência • N: massas sem um aterramento próprio no local, mas que utilizam o
mínima a ser considerada é de 600 + 600 + 100 + 100 + 100 + 100 + aterramento da fonte de alimentação por meio de um condutor separado
100 = 1700 VA. (PE) ou condutor neutro (PEN);
• I: massas isoladas, ou seja, não aterradas.
- nos demais cômodos ou dependências, no mínimo 100 VA por ponto
de tomada. Outras letras: especificam a forma do aterramento da massa,
utilizando o aterramento da fonte de alimentação:
NBR 5410

4.2 Esquemas de aterramento


• S: separado, isto é, o aterramento da massa é feito por um condutor
Os aterramentos devem assegurar, de modo eficaz, as necessidades (PE) diferente do condutor neutro;
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

• C: comum, isto é, o aterramento da massa do equipamento elétrico é


feito com o próprio condutor neutro (PEN). 4.2.3.2 Esquema TT

A partir dessas designações, são definidos os esquemas TT, TN e IT, No esquema TT, o ponto da alimentação (em geral, o secundário
descritos a seguir. do transformador com seu ponto neutro) está diretamente aterrado e
as massas da instalação estão ligadas a um eletrodo de aterramento
4.2.3.1 Esquema TN (ou a mais de um eletrodo) independentemente do eletrodo de
aterramento da alimentação (Figura 6).
No esquema TN, um ponto da alimentação, em geral, o neutro, é
diretamente aterrado e as massas dos equipamentos elétricos são ligadas
a esse ponto por um condutor metálico (Figura 5).

UC

RF RM
Uc

Figura 6 - Esquema TT.

RF De acordo com a figura, RF é a resistência do aterramento da


fonte de alimentação e RM é a resistência do aterramento da massa
Figura 5 - Esquema TN. do equipamento elétrico.
Trata-se de um esquema em que o percurso de uma corrente
Esse esquema será do tipo TN-S, quando as funções de neutro e proveniente de uma falta fase-massa (ocorrida em um componente
18 de proteção forem feitas por condutores distintos (N e PE), ou TN- ou em um equipamento de utilização da instalação) inclui a terra e
C, quando essas funções forem asseguradas pelo mesmo condutor que a elevada impedância (resistência) desse percurso limite o valor
(PEN). Pode-se ter ainda um esquema misto TN-C-S. da corrente de curto-circuito.
O esquema é concebido de modo que o percurso de uma corrente No esquema TT, a corrente de curto-circuito, depende da qualidade
de falta fase-massa seja constituído por elementos condutores do aterramento da fonte e da massa. Se o aterramento não for bom,
metálicos e, portanto, possua baixa impedância e alta corrente de a proteção pode não atuar ou demorar muito para atuar, colocando
curto-circuito. Neste caso, uma corrente de falta direta fase-massa é em risco a segurança das pessoas. Neste esquema de aterramento, é
equivalente a uma corrente de curto-circuito fase-neutro. obrigatório o uso de dispositivo diferencial-residual no seccionamento
No sistema TN, a corrente de curto-circuito não depende do automático da alimentação (ver capítulo 6 deste guia).
valor do aterramento da fonte (RF), mas somente das impedâncias As correntes de falta direta fase-massa são de intensidade
dos condutores pelas quais o sistema é constituído. Por isso, ela inferior à de uma corrente de curto-circuito fase-neutro.
é elevada e a proteção é fortemente sensibilizada provocando sua Uma das possíveis utilizações do esquema TT é quando a fonte
atuação. de alimentação e a carga estiverem muito distantes uma da outra.
Deve-se dar preferência ao sistema TN-S porque, na operação
normal do sistema, todo o condutor PE está sempre praticamente no 4.2.3.3 Esquema IT
mesmo potencial do aterramento da fonte, ou seja, com tensão zero
ou quase zero em toda sua extensão. No esquema IT, não existe nenhum ponto da alimentação diretamente
No entanto, no sistema TN-C, a tensão do condutor PEN junto à aterrado; ela é isolada da terra ou aterrada por uma impedância (Z) de
carga não é igual a zero, porque existem correntes de carga (incluindo valor elevado. As massas são ligadas à terra por meio de eletrodo ou
harmônicas) e de desequilíbrio retornando pelo neutro, causando eletrodos de aterramento próprios (ver Figura 7).
assim quedas de tensão ao longo do condutor PEN. Portanto, as Nesse esquema, a corrente resultante de uma única falta fase-
massas dos equipamentos elétricos não estão no mesmo potencial massa não possui, em geral, intensidade suficiente para fazer a
do aterramento da fonte. Neste caso, sempre há uma diferença de proteção atuar, mas pode representar um perigo para as pessoas que
potencial entre a mão e o pé do operador que toca o equipamento tocarem a massa energizada, devido às capacitâncias da linha em
elétrico. Outro perigo do sistema TN-C é no caso de perda (ruptura) relação à terra (principalmente no caso de alimentadores longos)
NBR 5410

do condutor neutro (N), em que, instantaneamente, o potencial do e à eventual impedância existente entre a alimentação e a terra.
condutor de fase passa para a massa da carga, colocando em risco a Somente em dupla falta fase-massa, em fases distintas, a corrente
segurança das pessoas. de curto-circuito poderá provocar a atuação da proteção.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

b) Os pontos de iluminação não devem ser alimentados, em


sua totalidade, por um só circuito, caso esse circuito seja comum
(iluminação + tomadas); e
c) Os pontos de tomadas, já excluídos os indicados em 9.5.3.2,
não podem ser alimentados, em sua totalidade, por um só circuito,
caso esse circuito seja comum (iluminação + tomadas).

Uc Dessa forma, é importante dizer que a regra para a divisão de


circuitos é sempre a separação das cargas de iluminação e tomadas,
ficando a exceção com alguns casos na área residencial. E mesmo
Z
nessa área, a junção de iluminação e tomadas no mesmo circuito é
RM
opcional.
Cabe lembrar que, nos casos em que iluminação e tomadas
Figura 7 - Esquema IT. são separadas, um circuito de iluminação deve ter seção mínima
de 1,5 mm2 e um circuito de tomada deve ter seção mínima de 2,5
Muitas indústrias, em alguns setores, utilizam o sistema IT, no mm2, sendo evidente que, quando juntamos estas cargas no mesmo
qual a impedância (Z) é constituída de uma reatância projetada para circuito, este deve ter seção mínima de 2,5 mm2.
que a corrente de curto-circuito, para a primeira falta fase-massa, Para finalizar as prescrições de divisões de circuitos em locais
seja limitada a um valor pequeno (por exemplo, 5 A). Essa corrente de habitação, tem-se:
de curto-circuito sinaliza apenas a existência da primeira falta, a) Em 9.5.3.1, está prescrito que todo ponto de utilização previsto
sem necessidade de desligar o circuito, acionando apenas a equipe para alimentar, de modo exclusivo ou virtualmente dedicado,
de manutenção, que não precisa corrigir a falha imediatamente, a equipamento com corrente nominal superior a 10 A deve constituir
produção do setor industrial continua normalmente e a equipe de um circuito independente; e
manutenção pode programar seu serviço no horário mais adequado. b) Em 9.5.3.2, os pontos de tomada de cozinhas, copas, copas-
Neste esquema de aterramento é obrigatório o uso de cozinhas, áreas de serviço, lavanderias e locais análogos devem ser
dispositivos supervisores de isolamento. atendidos por circuitos exclusivamente destinados à alimentação de
tomadas desses locais.
4.3 Divisão da instalação 19

A divisão da instalação em circuitos conforme a NBR 5410.


Uma vez determinadas as cargas a serem alimentadas em uma
instalação elétrica, podemos planejar a distribuição destas cargas
pelos diversos circuitos. Vejamos a seguir as regras da ABNT NBR
5410 sobre o assunto.

Pontos de iluminação e tomadas

Em 4.2.5.1, temos: “A instalação deve ser dividida em


tantos circuitos quantos necessários, devendo cada circuito
Figura 8 - Circuitos terminais separados
ser concebido de forma a poder ser seccionado sem risco de
realimentação inadvertida através de outro circuito”. E, em
4.2.5.5, é dada a sentença: “Os circuitos terminais devem ser Conforme 4.2.5.6 da NBR 5410, as cargas devem ser
individualizados pela função dos equipamentos de utilização distribuídas entre as fases, de modo a obter-se o maior
que alimentam. Em particular, devem ser previstos circuitos equilíbrio possível.
terminais distintos para pontos de iluminação e para pontos Quando a instalação comportar mais de uma alimentação
de tomada”. Juntas, estas duas prescrições obrigam a (rede pública, geração local, etc.), a distribuição associada
separação de iluminação e tomadas nas instalações em geral especificamente a cada uma delas deve ser disposta
(Figura 8). separadamente e de forma claramente diferenciada das demais
No caso particular de locais de habitação, em 9.5.3.3 admite- (Figura 9).
se que, em algumas situações, pontos de iluminação e tomadas Em particular, não se admite que componentes vinculados
possam ser alimentados por circuito comum, desde que respeitadas especificamente a uma determinada alimentação compartilhem, com
algumas condições: elementos de outra alimentação, quadros de distribuição e linhas,
NBR 5410

incluindo as caixas dessas linhas, salvo as seguintes exceções:


a) A corrente de projeto do circuito comum (iluminação +
tomadas) não deve ser superior a 16 A; a) circuitos de sinalização e comando, no interior de quadros;
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

b) conjuntos de manobra especialmente projetados para efetuar Em geral, quanto maior o número, mais severa é a intensidade
o intercâmbio das fontes de alimentação; daquela determinada influência.
c) linhas abertas e nas quais os condutores de uma e de outra
alimentação sejam adequadamente identificados. Na NBR 5410, há três tipos de tabelas de influências
externas diretamente relacionadas entre si, conforme indicado
na Figura 11.
A partir dos conceitos anteriores, cabe ao projetista classificar
as influências externas predominantes na instalação elétrica
de média tensão, observando-se que nem todas as influências
precisam estar presentes numa instalação ou, às vezes, mesmo
presentes, elas podem ser desprezadas.
Para efeito de exemplo de aplicação das tabelas indicadas
na Figura 10, suponha-se que tenha sido verificado que, no local
Figura 9 – Compartilhamento de linhas elétricas onde será instalado um barramento blindado de baixa tensão,
existe uma rede de sprinklers instalada sobre o barramento
4.7 Influências externas blindado. Neste caso, pode-se adotar um dos três procedimentos
descritos a seguir (Figura 11):
A classificação das influências externas sobre a instalação
de baixa tensão deve ser realizada nas fases de elaboração e • (A) Considerando-se que não seja colocado nenhum anteparo
execução das instalações elétricas, sendo fundamental para a entre o barramento blindado e a rede de sprinklers, o barramento
correta seleção e utilização dos componentes e para a garantia estará sujeito a uma “chuva” de água após uma eventual atuação
da segurança e funcionamento da instalação. da rede de sprinklers. Neste caso, a influência externa sobre o
Conforme 4.2.6 da NBR 5410, cada condição de influência barramento é AD4 (conforme Tabela 4 da norma), resultando em
externa é designada por um código que compreende sempre um grupo um grau de proteção mínimo do barramento IPX4;
de duas letras maiúsculas e um número, como descrito a seguir: • (B) Considerando-se que seja colocado m anteparo entre o
barramento blindado e a rede de sprinklers, o barramento não
• Primeira letra: indica a categoria geral da influência externa: estará sujeito a uma “chuva” de água após uma eventual atuação
20 A = meio ambiente; da rede de sprinklers. Neste caso, a influência externa sobre o
B = utilização; barramento é AD1 (conforme Tabela 4 da norma), resultando em
C = construção das edificações. um grau de proteção mínimo do barramento IPX0;
• Segunda letra (A, B, C,...) indica a natureza da influência • (C) Considerando-se que não seja colocado nenhum anteparo
externa. entre o barramento blindado e a rede de sprinklers, e que o
• Número (1, 2, 3,...) indica a classe de cada influência externa. projetista avalie que a atuação dos sprinklers não é uma situação
NBR 5410

Figura 10 – Relação entre as tabelas de influências externas


GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

usual na vida da instalação (podendo então desprezá-la na


análise). Neste caso, a influência externa sobre o barramento é
AD1 (conforme Tabela 4 da norma), resultando em um grau de
proteção mínimo do barramento IPX0. No entanto, é preciso que
seja feito um alerta para que, após uma eventual atuação da rede
de sprinklers, seja feita uma verificação no estado do barramento
blindado, uma vez que, com o grau IPX0 poderia haver a
penetração de água no invólucro, o que poderia comprometer
seu adequado e seguro funcionamento sem a devida manutenção.
Entre as três alternativas apresentadas, a única que resolve o
assunto de modo permanente é a primeira opção, pois o barramento
blindado estaria protegido de modo permanente e seguro contra
a presença de água em seu interior, no caso de acionamento da
rede de sprinklers. A desvantagem desta opção é o custo maior de
um equipamento IPX4 em comparação com o IPX0. Na segunda
alternativa, embora o custo do barramento seja menor do que no
primeiro caso, é preciso acrescentar o custo do anteparo antes
de comparar o custo total com a alternativa (A). Além disso, é
importante considerar que o anteparo poderá ser removido de
propósito ou acidentalmente sem que seja recolocado, o que
anularia todo o raciocínio que justificou essa opção. A opção (C) é
a de menor custo inicial, porém deve ser pesado na decisão final o
risco de molhar o interior do barramento e o consequente custo de
parada e manutenção do equipamento.
A Tabela A.2, cuja fonte é a norma NBR 13570, fornece
as classificações de algumas influências externas relativas a
diversos locais de afluência de público. Figura 11 – Exemplo de análise das influências externas

21
Tabela A.2 – Classificação das influências externas de locais de afluência de público
Item Local AD AH BB BC BD BE
01 Auditórios, salas de conferência/reuniões, cinemas hotéis, motéis e
similares, locais de culto, estabelecimentos de atendimento ao público, -*) -*) -*) 3**) 3 ou 4 2
bibliotecas, arquivos públicos, museus, salas de arte
Teatros, arenas, casas de espetáculos e locais análogos:
02 - palco 4 2**) 3 3**) 3 2
- demais locais -*) -*) -*) -*) 3 2
03 Salas polivalentes ou modulares, galpões de usos diversos e usos -*) -*) -*) -*) 3 ou 4 2
sazonais
04 Lojas de departamentos -*) -*) -*) 3**) 3 ou 4 2
Restaurantes, lanchonetes, boates, cafés e locais análogos: 4 -*) -*) 3 3 2
05 - cozinha
- demais locais -*) -*) -*) 3**) 3 2
06 Supermercados e locais análogos -*) -*) -*) 3 3 2
07 Circulações e áreas comuns em centros comerciais, -*) -*) -*) 3 3 2
shopping centers
08 Danceterias, salões de baile, salões de festas, salões de -*) 2**) -*) 3 3 ou 4 2
jogos , boliches, diversões eletrônicas e locais análogos
09 Estabelecimentos de ensino -*) -*) -*) 3 3 2
10 Estabelecimentos esportivos e de lazer cobertos -*) 2**) -*) 3 3 ou 4 2
11 Estabelecimentos esportivos e de lazer ao ar livre, estádios -*) 2**) 3 3**) 3 ou 4 2
12 Locais de feiras e exposições ao ar livre, parques de diversões, circos -*) 2**) 3 4**) 3 2
13 Locais de feiras e exposições cobertos, mercados -*) 2**) -*) 3 3 2
cobertos com boxes
14 Estruturas infláveis -*) -*) -*) -*) -*) 2
NBR 5410

15 Estações e terminais de sistemas de transporte -*) -*) -*) 3 3 2


*) A classificação desta influência deve ser determinada de acordo com a aplicação específica do local.
**) Pode ser que existam neste local áreas onde se aplique uma classificação diferente.
NOTA - Exemplos de aplicação da tabela A.2: o palco de um teatro tem a seguinte classificação mínima de influências externas: AD4, AH2, BB3, BC3, BD3 e BE2.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Tabela 2: Primeiro numeral - penetração de objetos sólidos e acesso às partes vivas


Primeiro GRAU DE PROTEÇÃO
Numeral
Característico Descrição Sucinta Detalhes Breves dos Objetos a serem “excluídos” do invólucro
0 Não protegido. Nenhuma proteção especial.
1 Protegido contra objetos sólidos maiores que 50 mm. Uma grande superfície do corpo, como uma mão (mas sem proteção contra o acesso deliberado).
Objetos sólidos com diâmetro superior a 50 mm.
2 Protegido contra objetos sólidos maiores que 12 mm. Dedos ou objetos similares não excedendo 80 mm de comprimento.
Objetos sólidos excedendo 12mm de diâmetro.
3 Protegido contra objetos sólidos maiores que 2,5mm. Ferramentas, fios etc. de diâmetro ou espessura maior que 2,5 mm.
Objetos sólidos com diâmetro superior a 2,5mm.
4 Protegido contra objetos sólidos maiores que 1,0 mm. Fios ou fitas de espessura maior que 1,0 mm. Objetos sólidos
com diâmetro não superior a 1,0mm.
5 Protegido contra pó. O ingresso de pó não é totalmente prevenido, mas o pó não entra em quantidade
suficiente para interferir com a operação satisfatória do equipamento.
6 Hermético a pó. Sem ingresso de pó

Tabela 3: Segundo numeral - Proteção contra penetraçnao de liquidos


Segundo GRAU DE PROTEÇÃO
Numeral
Característico Descrição Sucinta Detalhes do tipo de proteção fornecida pelo invólucro
0 Sem proteção. Sem proteção especial.
1 Protegido contra gotejamento de água. Gotejamento de água (quedas de gotas verticais) não deve ter efeito nocivo.
2 Protegido contra gotejamento de água, quando inclinado até 15°. Gotejamento vertical de água não deve ter efeito nocivo quando o invólucro
é inclinado até um ângulo de 15°, a partir de sua posição normal.
3 Protegido contra água pulverizada. Água pulverizada caindo com um ângulo de até 60° com a vertical não deve ter efeito nocivo.
4 Protegido contra água borrifada. Água borrifada contra o invólucro, de qualquer direção, não deve ter efeito nocivo.
5 Protegido contra jatos de água. Água projetada por um bico sob pressão contra o invólucro,
de qualquer direção, não deve ter efeito nocivo
6 Protegido contra ondas de grande porte. Água de ondas de grande porte, ou água projetada em jatos potentes,
não deve penetrar no invólucro em quantidades prejudiciais.
22 Protegido contra os efeitos da imersão de água. O ingresso de água em quantidade prejudicial não deve ser possível, quando o invólucro é
7
imerso em água em condições definidas de pressão e tempo.
8 Protegido contra submersão. O equipamento é adequado para submersão contínua em água,
sob condições que devem ser especificadas pelo fabricante.

indústria, ensino, esporte, entre outras. A Tabela 4 fornece alguns


4.8 Graus de proteção valores extraídos da NBR 5413.
Estes valores de iluminância são utilizados como referência para
Os invólucros dos equipamentos elétricos são classificados o dimensionamento dos sistemas de iluminação das instalações. A
por graus de proteção, definidos pela norma NBR IEC 60529 norma estabelece três valores médios para cada atividade (mínimo,
- Graus de proteção para invólucros de equipamentos elétricos médio e máximo) e as características para a determinação de qual
(código IP). valor médio deve ser considerado, de acordo com as características
A representação mais comum do grau de proteção é feita pelas da tarefa e do observador (idade, velocidade e precisão da tarefa e
letras ‘IP’ seguidas usualmente por dois algarismos (Tabelas 2 e 3), refletância do fundo da tarefa).
sendo o primeiro relativo à proteção contra a penetração de objetos De maneira geral é recomendado que se adote o valor médio.
sólidos e acesso às partes vivas e o segundo relativo à proteção O maior valor das iluminâncias deve ser utilizado quando:
contra a penetração de líquidos.
• A tarefa se apresenta com refletâncias e contrastes bastante baixos;
5 Iluminação • Os erros são de difícil correção;
• O trabalho visual é crítico;
5.1 Projeto luminotécnico • Alta produtividade ou precisão são de grande importância; e
• A capacidade visual do observador está abaixo da média.
A NBR 5410 estabelece em 4.2.1.2.2.a) que as cargas de
iluminação devem ser determinadas como resultado da aplicação O menor valor pode ser usado quando:
da norma NBR 5413.
NBR 5410

A NBR 5413 - Iluminância de interiores estabelece os valores de • As refletâncias ou contrastes são relativamente altos;
iluminâncias médias mantidas em serviço para iluminação artificial • A velocidade e/ou precisão não são importantes;
em interiores, para diversas atividades e tarefas, como comércio, • A tarefa é executada ocasionalmente.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Tabela 4 – Valores de iluminância da NBR 5413


Classe Iluminância (lux) Tipo de atividade
A 20 -30 -50 Áreas públicas com arredores escuros
Iluminação geral para áreas 50 - 75 - 100 Orientação simples para permanência curta
usadas interruptamente ou com tarefas 100 -150 -200 Recintos não usados para trabalho contínuo; depósitos
visuais simples 200 -300 -500 Tarefas com requisitos visuais limitados, trabalho bruto de maquinaria, auditórios
B 500 -750 -1000 Tarefas com requisitos visuais normais, trabalho médio de maquinaria, escritórios
Iluminação geral para área de trabalho 1000 -1500 -2000 Tarefas com requisitos especiais, gravação manual, inspeção, indústria de roupas.
C 2000 -3000 -5000 Tarefas visuais exatas e prolongadas, eletrônica de tamanho pequeno
Iluminação adicional para tarefas 5000 - 7500 - 10000 Tarefas visuais muito exatas, montagem de microeletrônica
visuais difíceis 10000 -15000 -20000 Tarefas visuais muito especiais, cirurgia

Além do nível de iluminância, a NBR 5413 estabelece


as condições gerais de projeto, tais como plano de trabalho, 5.2 Desempenho das luminárias
uniformidade e iluminação suplementar. Nestes assuntos, a norma
define: O desempenho de uma luminária pode ser considerado como
o resultado de uma combinação dos desempenhos fotométrico,
• O plano de referência como sendo o campo de trabalho e quando mecânico e elétrico.
este não for definido, um plano horizontal a 0,75m do piso;
• A iluminância no restante do ambiente não deve ser inferior 5.2.1 Desempenho fotométrico
a 1/10 da adotada para o campo de trabalho, mesmo que haja
recomendação para valor menor; O desempenho fotométrico está relacionado à eficiência com
• A uniformidade da iluminância (relação entre o menor valor de que a luminária direciona luz ao plano desejado. É determinado
iluminância do campo de trabalho e o valor médio) deve ser no pelas propriedades fotométricas da lâmpada e da luminária. No
mínimo 0,7; e projeto luminotécnico, quando são conhecidas as dimensões
• No caso de ser necessário elevar a iluminância em limitado campo do ambiente e as refletâncias do teto, das paredes e do piso, o
de trabalho, possibilita a utilização de iluminação suplementar. desempenho fotométrico pode ser analisado pelo Fator de Utilização
da luminária (U). 23
A NBR 5413, vigente desde 1992, na época da publicação
deste guia era obsoleta em relação às normas internacionais, pois 5.2.2 Desempenho mecânico
estabelece apenas as iluminâncias recomendadas em serviço. A
norma internacional ISO 8995-1: Lighting of work place, elaborada O desempenho mecânico descreve o comportamento da
pela ISO em conjunto com a CIE - Comissão Internacional de luminária sob estresse, podendo incluir condições extremas de
Iluminação, trata de diversos parâmetros que contribuem para temperatura, jatos d’água, vedação a pó, choques mecânicos e
a qualidade da iluminação no ambiente, além de ampliar a proteção contra fogo. Estas condições são consideradas na NBR
abrangência dos tipos de atividades especificados na NBR 5413. IEC 60598-1 - Luminárias. Requisitos gerais e ensaios.
A ISO 8995-1 define e estabelece parâmetros para a iluminância As luminárias devem ser especificadas nos projetos de acordo
de tarefa e do entorno imediato (zona de, no mínimo, 0,5 m de com o uso e característica da instalação. Atenção especial deve ser
largura ao redor da área da tarefa dentro do campo de visão), e considerada para as áreas molhadas ou úmidas. Conforme item
estabelece recomendações para a distribuição da uniformidade e 6.5.5.2.1 da NBR IEC 60598-1, não é permitido que a água se
iluminância, direcionamento da luz, uso da iluminação natural e acumule nos condutores, porta-lâmpadas ou outras partes elétricas.
manutenção do sistema. De acordo com o tipo de proteção contra a penetração de pó,
Além das iluminâncias para cada tarefa e ambiente, a ISO 8995- objetos sólidos e umidade, as luminárias são classificadas conforme
1 estabelece o indicador de controle de ofuscamento para evitar o o grau de proteção IP (ver 4.8 - Tabelas 2 e 3 deste guia).
desconforto visual (UGR) e o índice de reprodução de cor mínimo
recomendado da fonte luminosa (Ra ou IRC). 5.2.3 Desempenho elétrico
Para o dimensionamento do sistema de iluminação e a
determinação das cargas de iluminação utilizam-se métodos de O desempenho elétrico descreve a eficiência com que a
cálculo luminotécnico, como o Método dos Lumens e o Método luminária e seus equipamentos auxiliares produzem luz e o
ponto a ponto, amplamente difundidos e disponíveis em softwares comportamento elétrico dos mesmos, tais como fator de potência,
de cálculo. distorção harmônica e interferências eletromagnéticas.
Estas metodologias levam em consideração os desempenho das Desta forma, a eficiência da luminária é determinada também
NBR 5410

luminárias, lâmpadas e dos equipamentos auxiliares, como reatores pela eficiência da lâmpada e dos equipamentos auxiliares (reatores,
para lâmpadas de descarga, os transformadores para as lâmpadas transformadores e controladores). No dimensionamento dos
halógenas e os controladores (drivers) para os leds. sistemas de iluminação é necessário conhecer os dados relativos ao
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

fluxo luminoso das lâmpadas e ao fator de fluxo luminoso do reator.


A NBR 5410, no item 4.2.1.2.2.b), determina que, para os
aparelhos fixos de iluminação de descarga, a potência nominal a
ser considerada deve incluir a potência das lâmpadas, as perdas e o
fator de potência dos equipamentos auxiliares.
Para cálculo das cargas de iluminação, a potência nominal
ou aparente (VA) pode ser calculada a partir dos dados elétricos
fornecidos pelos fabricantes.
Para se determinar a potência nominal (VA) do conjunto
luminária-lâmpadas-equipamentos, considera-se:

Figura 12- Considerações para cálculo pelo Método do Ponto a Ponto


PN = U x I ou P N = P ativa / FP
I
E=
Onde: d2
P N: potência nominal ou aparente (VA)
para luz incidindo perpendicularmente ao plano do objeto, e:
P ativa: potência ativa (W)
U: tensão (V)
Iα x cos3α
I: corrente (A) E=
FP: fator de potência h2

para luz que não incide perpendicularmente ao plano do objeto.


Quando os dados dos fabricantes não são conhecidos ou os
equipamentos não estão definidos, considera-se que:
I - intensidade luminosa (vertical), em cd
E - iluminância no ponto, em lx
• A potência da lâmpada é dada em W (assume-se que W = VA);
d - distância da fonte luminosa ao objeto
• As perdas dos reatores podem ser consideradas aproximadamente
α - ângulo de abertura do facho
15% a 20% da potência da lâmpada;
h - distância vertical entre a fonte de luz e o plano do objeto
Iα - intensidade luminosa no ângulo α, em cd
24 Assim, por exemplo, a potência nominal de uma luminária
com 2 lâmpadas de 32 W cada + 1 reator eletromagnético duplo é
A iluminância (E) em um ponto é o somatório de todas
calculada por:
as iluminâncias incidentes sobre esse ponto provenientes de
diferentes pontos de luz dada pela equação:
Paparente = 2 x 32 + (2 x 32 x 0,15) = 73,6 VA

5.2.4 Métodos de cálculos luminotécnicos


E=
I1
h2
+Σ ( Iα x cos3α
h2
)
Neste método não são consideradas as refletâncias das
A seguir são apresentados o Método do Ponto a Ponto e o
superfícies (teto, paredes e piso), sendo que, para isso,
Método dos Lumens, metodologias de cálculo mais utilizadas para
devem ser empregados algoritmos mais complexos, tais como
determinação da quantidade de luminárias necessárias para um
“radiosidade” e “ray tracing”, utilizados em softwares de
determinado ambiente ou a iluminância obtida com determinada
cálculo luminotécnico.
luminária.

5.2.4.2 Método dos Lumens


5.2.4.1 Método do Ponto a Ponto

Este é o método mais simples de cálculo e considera


Pode-se calcular a iluminância pelo Método Ponto a Ponto
ambientes retangulares, com superfícies difusas e com um único
quando a distância “d” entre a fonte de luz e o objeto a ser
tipo de luminária.
iluminado for, no mínimo, cinco vezes a dimensão da fonte de luz
Para início dos cálculos, é necessário o levantamento das
(Figura 13).
seguintes características do local:
Este método é recomendado para os casos de fontes
pontuais, para a determinação da iluminância obtida com
• Características construtivas da instalação: dimensões dos
lâmpadas de dimensões pequenas e de fachos de luz bem
ambientes e classificação de acordo com uso para determinação da
definidos (lâmpadas dicróicas, por exemplo), alguns tipos de
NBR 5410

iluminância requerida conforme norma NBR 5413;


luminárias de LEDs, entre outros.
• Refletâncias das superfícies: teto, paredes, piso;
Aplicam-se as seguintes equações para determinar as
• Frequência de manutenção e condições de limpeza do ambiente:
iluminâncias:
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

para estimar o fator de manutenção (FM) ou fator de perdas adequados para as atividades desenvolvidas no local, pois, quanto
luminosas (FPL) mais eficiente for o conjunto luminária-lâmpada-equipamento
auxiliar, maior será a economia de energia obtida no sistema de
Etapa 1- Cálculo do Índice do local (K) iluminação proposto.

O índice do local (K) é uma relação definida entre as dimensões Etapa 3 - Determinação do Fator de Utilização (U)
(em metros) do local (Figura 14), calculado conforme as seguintes
equações: O fator de utilização (U) indica o desempenho da luminária no
ambiente considerado no cálculo, sendo apresentado em tabelas dos
Iluminação direta Iluminação indireta
fabricantes de luminárias. Para determinar o fator de utilização, basta
cxl 3xcxl cruzar o valor do índice do local (K) calculado anteriormente (dado
K= Ki =
h x(c + l) 2 x h x (c + l) na horizontal), com os dados de refletância das superfícies do teto,
parede e piso (dado na vertical), conforme indicado na Tabela 5.
c - comprimento do ambiente
l - largura do ambiente Tabela 5: Exemplo para determinação do Fator de Utilização de luminárias

h - altura do ambiente TETO (%) 70 50 30 0


h’ - distância do teto ao plano de trabalho PAREDE(%) 50 30 10 50 30 10 30 10 0
pd - pé-direito PISO (%) 10 10 10 0

hs - altura de suspensão K FATOR DE UTILIZAÇÃO (X0.01)


0,60 32 28 26 31 28 26 28 26 25
ht - altura so plano de trabalho
0,80 38 34 31 37 34 31 33 31 30
1,00 42 39 36 41 38 36 38 36 35
1,25 46 4 40 45 42 40 42 40 39
1,50 48 46 44 48 45 43 45 43 42
2,00 52 60 48 51 49 48 49 47 46
2,50 54 53 51 53 52 50 51 50 49
3,00 56 54 53 55 53 52 53 52 50
4,00 57 55 55 56 55 54 54 54 52
5,00 58 56 56 57 56 55 55 55 53
25
Etapa 4 - Determinar o Fator de Manutenção (FM)

A iluminância diminui progressivamente durante o uso do


sistema de iluminação devido às depreciações por acúmulo de
poeira nas lâmpadas e luminárias, pela depreciação dos materiais
da luminária, pelo decréscimo do fluxo luminoso das lâmpadas e
pela depreciação das refletâncias das paredes.
O dimensionamento dos sistemas de iluminação deve considerar
um fator de manutenção (FM) ou fator de perdas luminosas (FPL)
em função do tipo de ambiente e atividade desenvolvida, do tipo de
luminária e lâmpada utilizada e da freqüência de manutenção dos
Figura 13: Definição das alturas para cálculo do índice K
sistemas.
A Tabela 6 sugere valores de fatores de manutenção conforme
Etapa 2 - Definição dos componentes
período de manutenção e condição do ambiente. Valores mais
precisos, conforme tipo de luminária e lâmpadas podem ser obtidos
A definição dos componentes deve levar em consideração
em publicações da CIE (Comissão Internacional de Iluminação) e/
as características fotométricas das luminárias, desempenho das
ou através de fabricantes de luminárias.
lâmpadas e características elétricas dos equipamentos auxiliares.
As principais características a serem consideradas são: Tabela 6: Fatores de manutenção recomendados
Ambiente
• Luminárias: curva de distribuição de intensidade luminosa, 2500 h 5000 h 7500 h

rendimento, controle de ofuscamento; Limpo 0,95 0,91 0,88


Normal 0,91 0,85 0,80
• Lâmpadas: eficiência luminosa (lm/W), fluxo luminoso, vida útil,
Sujo 0,80 0,66 0,57
depreciação luminosa;
NBR 5410

• Equipamentos auxiliares: potência consumida, fator de potência, Para reduzir a depreciação da luminária, deve-se adotar uma
fator de fluxo luminoso, distorção harmônica. manutenção periódica dos sistemas através da limpeza de lâmpadas
Recomenda-se o emprego de componentes mais eficientes e e luminárias e substituição programada de lâmpadas.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Etapa 5 – Determinar o Fator de Fluxo Luminoso • Recomenda-se que as distâncias “a” e “b” entre luminárias sejam
o dobro da distância entre estas e as paredes laterais;
O fator de fluxo luminoso (FFL), ou fator de reator, é o fator • Recomenda-se sempre o acréscimo de luminárias quando
que irá determinar o fluxo luminoso emitido pelas lâmpadas com a quantidade resultante do cálculo não for compatível com a
reatores eletrônicos. É a razão do fluxo luminoso emitido por uma distribuição desejada.
lâmpada de referência, funcionando com reator comercial, pelo
fluxo luminoso emitido pela mesma lâmpada quando funcionando
com o reator de referência.
Assim, quando:

• FFL=1,0: o fluxo luminoso das lâmpadas é o nominal;


• FFL=1,1: o fluxo luminoso das lâmpadas é 10% superior ao
nominal;
• FFL=0,95: o fluxo luminoso das lâmpadas é 5% inferior ao
nominal.

Este fator é obtido nos catálogos dos fabricantes de reatores


eletrônicos, e é um valor específico para cada modelo de reator.
Para reatores eletromagnéticos e, quando não informado pelo
fabricante, adota-se FFL=1,0.

Etapa 6 - Dimensionamento Figura 14: Distribuição de luminárias

O cálculo do número de luminárias necessárias para um


Exemplo de aplicação do Método dos Lumens
determinado ambiente segue a seguinte equação:

Emed x A O exemplo a seguir tem dois objetivos:


N=
26 n x φn x U x FM x FFL
• Mostrar a aplicação do Método dos Lumens em um local de
Onde: habitação; e
• Comparar a potência de alimentação (VA) obtida neste método
N: número necessário de luminárias com a potência indicada no item 9.5.2.1 da NBR5410 (VA em
Emed: iluminância média (lux) função da área do cômodo).
A: área do ambiente (m2)
n: número de lâmpadas em cada luminária No exemplo, são comparados três diferentes tipos de lâmpadas:
φn : fluxo luminoso de cada lâmpada (lm) incandescente, fluorescente compacta e lâmpada de led.
U: fator de utilização A Tabela 7 ilustra as iluminâncias recomendadas para ambientes
FM: fator de manutenção residenciais conforme a norma NBR 5413.
FFL: fator de fluxo luminoso do reator
Tabela 7: Níveis de iluminância recomendados para residência
Quando o número de luminárias é conhecido, a iluminância
Residência Mínimo Médio Máximo
média pode ser calculada por: Salas de estar
N x n x φn x U x FM x FFL Geral 100 150 200
N= Local (leitura, escrita, bordado, etc.) 300 500 750
A Cozinha
Geral 100 150 200
Etapa 7 - Distribuição das luminárias
Local (fogão, pia, mesa) 200 300 500
Quartos de dormir
Após definida a quantidade total de luminárias necessárias
Geral 100 150 200
para atender os níveis de iluminância e as condições requeridas
Local (espelho, penteadeira, cama) 200 300 500
de projeto, deve-se distribuí-las adequadamente no recinto (Figura Hall, escadas, despensas, garagens
14). Para tanto, valem as seguintes observações: Geral 75 100 150
Local 200 300 500
NBR 5410

• Deve-se distribuir as luminárias uniformemente no recinto; Banheiros


• Deve-se obter valores próximos de “a” e “b”, sendo a > b, desde Geral 100 150 200
que respeitando a curva de distribuição luminosa da luminária; Local (espelhos) 200 300 500
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

a)Determinação da iluminância requerida conforme norma Tabela 8: Comparação de dados medidos das amostras de lâmpadas incandescentes,
fluorescentes compactas e de leds
NBR 5413
Caso 1: Caso 2: Caso 2:
Lâmpadas Incandescente Fluorescente Fluorescente
Tomando-se como exemplo uma sala de estar de 10m2 (2,5 m compacta compacta
de largura x 4,0 m de comprimento x 2,75 m de pé direito), verifica- Potência 60W 15W 12W
se na Tabela 7 (em destaque) que a iluminância média geral varia Amostra 1 2 3 4 5 6
Tensão (V) 127V 127V 127V 127V 127V 127V
de 100 a 200 lux. Nos cálculos a seguir será adotado o valor médio
Temperatura de cor (K) 2830 2842 2816 2861 2678 2673
de 150 lux.
Indice de reprodução de cor (Ra) 100 100 83 82 81 81
Fluxo (lm) 796 825 973 911 827 822
b) Escolha da luminária
Eficiência luminosa (lm/W) 13,5 13,8 66,6 66,0 64,5 65,5
Tensão medida (V) 127 127 127 127 127 127
No exemplo será considerado um mesmo modelo de luminária Corrente medida(A) 0,456 0,468 0,186 0,177 0,1 0,1
para duas lâmpadas base E27 (Figura 16), que pode acomodar Fator de potência medido 1,00 1,00 0,62 0,61 0,127 0,124
lâmpadas incandescentes de 60 W (caso 1), fluorescentes compactas Distorção harmônica tensão 1,7% 2,7% 2,1%
de 15 W (caso 2) ou lampleds (lâmpadas de leds) de 12 W (caso 3). Distorção harmônica corrente 2,0% 109,0% 70,0%
Potência ativa (W) 59 60 15 14 13 13
Economia potência ativa (%) - 76% 79%
Potência aparente (VA) 59 60 24 23 16 16
Economia (%) - 61% 73%

distorção de corrente. Neste caso, a lâmpada led apresentou menor


distorção harmônica em comparação com a lâmpada fluorescente
compacta (Figuras 16, 17 e 18).

27
Figura 16: Luminária utilizada no exemplo

c) Lâmpadas

Embora as lâmpadas possam ser facilmente trocadas na mesma Voltage


luminária, pois a base E27 é a mesma, cada lâmpada possui uma Resolution: 181.41 V/div
Crest Value: 181.41 V
distribuição luminosa e características fotométricas e elétricas
específicas. Current
A Tabela 8 ilustra a comparação de dados reais obtidos em Resolution: 2.001 A/div
ensaios de laboratório entre três produtos encontrados no mercado. Crest Value: 4.002 A
As características não refletem dados gerais das famílias de Figura 16: Curva de tensão e corrente de uma lâmpada incandescente de 60W
lâmpadas, mas dos modelos específicos em análise (foram ensaiadas
duas amostras de cada tipo de lâmpada).

Comentários sobre os valores da Tabela 8:

• Em relação ao fluxo luminoso, as lâmpadas fluorescentes


compactas são as mais fortes dentre os modelos analisados,
apresentando também as maiores eficiências luminosas.
• Quando se analisa os potenciais de economia de energia tomando-
se a lâmpada incandescente como base, a solução em led apresentou
melhor potencial, com economia de 73% considerando a potência Voltage
Resolution: 183.09 V/div
aparente e 79% considerando a potência ativa.
Crest Value: 183.1 V
• A lâmpada de led apresentou fator de potência maior em relação à
NBR 5410

lâmpada fluorescente compacta. Resolution: 1.591 A/div


• Não há muita diferença entre a distorção harmônica de tensão Crest Value: 3.183 A
entre os três tipos de lâmpadas, mas ela é significativa no caso da Figura 17: Curva de tensão e corrente de uma lâmpada fluorescente compacta de 15W
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

três lâmpadas, onde se verifica que, embora as temperaturas


de cor (aparência da cor) sejam semelhantes, elas apresentam
características espectrais e de reprodução de cor diferentes
conforme o comprimento de onda da luz.

spectrum 1.0-125.194mW/nm
1.2

1.0

0.8
Voltage
0.6
Resolution: 178.94 V/div
Crest Value: 178.9 V 0.4

Current 0.2

Resolution: 0.926 A/div


0.0
Crest Value: 1.852 A 300 400 500 600 700
Wavelength (nm)

Figura 18: Curva de tensão e corrente de uma lâmpada de led de 12W Figura 21: Distribuição espectral de uma lâmpada de led 12 W – 3000 K

• A partir da Tabela 8, pode-se concluir que as temperaturas de d) Dados fotométricos da luminária


cor das diferentes lâmpadas são muito próximas, entre 2673
K e 2861 K. O índice de reprodução de cor (Ra) é semelhante Para realização do cálculo luminotécnico é necessário analisar os
para lâmpadas de led e compactas, considerados adequados para dados fotométricos da luminária com cada fonte luminosa em seu interior.
iluminação interior da maior parte dos ambientes (Ra > 80). O fator de utilização e a curva de distribuição luminosa,
As figuras 19, 20 e 21 ilustram os diagramas espectrais das fornecidos pelos fabricantes de luminárias são informações muito
importantes para análise do desempenho fotométrico.
Comparando-se os dados fotométricos da luminária em questão
28
spectrum para cada tipo de lâmpada (figuras 22, 23 e 24), conclui-se que as
1.2
1.0-26.351mW/nm curvas de distribuição luminosa são bem semelhantes. No entanto,
o fator de utilização das luminárias muda significantemente, pois
1.0
cada lâmpada possui uma distribuição luminosa diferente e a
0.8 luminária em análise, por possuir um difusor jateado, difunde a luz
emitida pelas lâmpadas também de forma diferente.
0.6
Observa-se nas figuras que, embora a luminária para lâmpadas
0.4 incandescentes possua a menor eficiência luminosa (relação lm/W),
0.2 ela apresenta os maiores fatores de utilização em função do tipo da
distribuição da luz da lâmpada incandescente na luminária em questão.
0.0
300 400 500 600 700
Wavelength (nm) e) Cálculo luminotécnico

Figura 19: Distribuição espectral de uma lâmpada incandescente de 60 W – 2700 K


Considera-se no exemplo:

spectrum
1.0-125.194mW/nm • Dimensões da sala: 2,5 m de largura x 4,0 m de comprimento x
1.2
2,75 m de pé direito;
1.0
• Plano de trabalho a 0,75 m do piso;
0.8 • Refletâncias de teto 70%, paredes 50% e piso 10%;
• Ambiente normal e manutenção periódica de 7500 horas
0.6

0.4
Etapa 1- Cálculo do Índice do local (K)

cxl
0.2
K=
h x(c + l)
NBR 5410

0.0
300 400 500 600 700
Wavelength (nm)
4 x 2,5
Figura 20 - Distribuição espectral de uma lâmpada fluorescente compacta 15 Ki = = 0,77
W – 3000 K 2 x (4 + 2,5)
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

TETO (%) 70 50 30 0
PAREDE(%) 50 30 10 50 30 10 30 10 0
PISO (%) 10 10 10 0
K FATOR DE UTILIZAÇÃO (X0.01)
0,60 23 19 17 23 19 16 19 16 15
0,80 28 24 21 27 24 21 23 21 19
1,00 32 28 25 31 27 25 27 24 23
1,25 36 32 29 35 31 29 30 28 26
1,50 39 35 32 37 34 32 33 31 29
2,00 43 40 37 41 39 36 37 35 34
2,50 45 43 40 44 41 39 40 39 37
3,00 47 45 43 46 43 42 42 41 39
4,00 49 48 46 48 46 45 46 43 41
5,00 51 49 48 49 48 46 46 45 43

Figura 22: Fator de utilização e curva de distribuição luminosa da luminária com 2 lâmpadas incandescentes de 60 W

TETO (%) 70 50 30 0
PAREDE(%) 50 30 10 50 30 10 30 10 0
PISO (%) 10 10 10 0
K FATOR DE UTILIZAÇÃO (X0.01)
0,60 17 14 12 16 14 12 14 12 11
0,80 21 18 15 20 17 15 17 15 14
1,00 24 21 19 23 20 18 20 19 17
1,25 26 23 21 26 23 21 22 20 19
1,50 28 26 23 27 25 23 24 23 21
29
2,00 31 29 27 30 28 26 27 26 25
2,50 33 31 29 32 30 29 29 28 27
3,00 34 33 31 33 32 30 31 30 28
4,00 36 35 33 35 34 32 33 32 30
5,00 37 36 35 36 35 34 34 33 31

Figura 23: Fator de utilização e curva de distribuição luminosa da luminária com 2 lâmpadas compactas de 15 W

TETO (%) 70 50 30 0
PAREDE(%) 50 30 10 50 30 10 30 10 0
PISO (%) 10 10 10 0
K FATOR DE UTILIZAÇÃO (X0.01)
0,60 19 16 13 18 15 13 15 13 12
0,80 23 19 17 22 19 17 18 16 15
1,00 26 23 20 25 22 20 21 19 18
1,25 29 26 2 28 25 23 24 22 21
1,50 31 28 26 30 27 25 27 25 23
2,00 34 32 30 33 31 29 30 28 27
2,50 36 34 32 35 33 31 32 31 29
3,00 38 36 34 36 35 33 34 32 31
4,00 39 38 35 38 37 36 36 35 33
5,00 41 39 38 39 38 37 37 36 34
NBR 5410

Figura 24: Fator de utilização e curva de distribuição luminosa da luminária com 2 lâmpadas de led de 12 W
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Etapa 2 - Definição dos componentes Tabela 9: Comparação de dados das luminárias e resultados
do Método dos Lumens

Caso 1 Caso 2 Caso 3


A definição dos componentes (características fotométricas das Luminária Incandescente Fluorescente Led
luminárias, desempenho das lâmpadas e características elétricas compacta
dos equipamentos auxiliares) já foi realizada nos itens b), c) e d) Quantidade de lâmpadas 2 2 2
anteriores. Rendimento 54% 40% 43%
Classe de ofuscamento sem controle sem controle sem controle
Imax 170cd/1000lm 125cd/1000lm 135cd/1000lm
Etapa 3 - Determinação do Fator de Utilização (U)
Fluxo medido das lâmpadas 1620,8 1884,2 1649,4
Imax (cd) 275 235 226
Para determinação do fator de utilização (U), devem ser interpolados
Potência medida(W) 119 28 25
os valores das tabelas 22, 23 e 24, obtendo-se
Fator de utilização 0,26 0,20 0,22
Quant. Luminárias (150lux, 10m2, K=0,77) 4,45 4,98 5,17
U= 0,26 para caso 1 (incandescente); Quantidade de luminárias 6 6 6
U= 0,20 para caso 2 (fluorescente compacta); Emédio (lux) 202 181 174
U= 0,22 para caso 3 (led). Potência ativa (W) 714 174 156
Potência aparente (VA) 714 282 192
Etapa 4 - Determinar o Fator de Manutenção (FM)

Considerando-se o ambiente normal e manutenção periódica,


foi adotado FM=0,80 para todas as opções como base para Os valores de potência ativa referem-se a valores medidos
comparações. e consideram a potência total de cada equipamento, incluindo-
se as perdas dos equipamentos auxiliares (reator da lâmpada
Etapa 5 – Determinar o Fator de Fluxo Luminoso compacta e controlador do led).

O fator de fluxo luminoso para as três condições é igual a 1,0, f) C álculo da previsão de potência de iluminação para

uma vez que está sendo adotado o fluxo luminoso medido das locais residenciais conforme a NBR 5410
lâmpadas analisadas.
30 Conforme tratado em 4.1.1.2 deste guia, em 9.5.2 da NBR
Etapa 6 - Dimensionamento 5410 determina-se que, em cômodos com área igual ou inferior
a 6 m2, deve ser prevista uma carga mínima de iluminação de
Para determinação da quantidade de luminárias utiliza-se a 100 VA e com área superior a 6 m2 deve ser prevista uma carga
fórmula: mínima de 100 VA para os primeiros 6 m2, acrescida de 60 VA
Emed x A para cada aumento de 4 m2 inteiros.
N=
n x φn x U x FM x FFL No exemplo em questão, onde a sala tem 10 m2 (6 + 4), a
Onde: potência de iluminação mínima a ser atribuída a este cômodo
será de 100 + 60 = 160 VA.
N: número necessário de luminárias
Emed: 150 lux g) C onclusão
A: 10 m2
N: 2 Comparando-se os valores de potência aparente da Tabela
φn : fluxo luminoso de cada lâmpada (lm) 9 (714, 282 e 192 VA), respectivamente, para lâmpada
U: fator de utilização (definido na etapa 3) incandescente, fluorescente compacta e led) calculados pelo
FM: 0,8 (definido na etapa 4) Método dos Lumens conforme iluminância média da NBR
FFL: 1,0 (definido na etapa 5) 5413 com o valor de 160 VA calculado de acordo com o item
9.5.2.1 da NBR 5410, verifica-se uma grande diferença.
A Tabela 9 resume os dados fotométricos das luminárias e os O exemplo em questão considerou um cômodo específico,
resultados do cálculo luminotécnico pelo Método dos Lumens para mas o resultado obtido pode ser estendido a outros locais da
os três casos em análise. residência. Desta forma, mesmo com o amparo técnico da
Embora 5 luminárias atendam as condições de projeto para a prescrição da NBR 5410, recomenda-se que o projetista avalie
sala considerada, para melhor distribuição espacial foi considerada criteriosamente a sua utilização em determinados projetos.
a instalação de 6 (seis) luminárias no ambiente. Assim, o nível de Por existir uma norma específica sobre o tema de iluminação,
sempre que possível seria recomendável realizar o projeto
NBR 5410

iluminância resultante deve ser calculado pela fórmula:


luminotécnico do ambiente conforme a NBR 5413 de forma
N x n x φn x U x FM x FFL
N= a obter o melhor desempenho luminotécnico e a previsão de
A carga de iluminação mais adequada.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Por exemplo, uma pessoa de 70 kg, tem 0,5% de probabilidade


6 Proteção contra choques elétricos
de sofrer fibrilação ventricular, se percorrida durante 5 segundos
por uma corrente elétrica de 50 ou 60 Hz de intensidade igual a
6.1 I ntrodução
(70 / 0,453) x 0,49 = 76 mA. Já no caso de uma criança de 7 kg, a
corrente será de apenas 7,6 mA.
A proteção contra choques elétricos é tratada na NBR 5410 nos
itens indicados na Tabela x.
• Para determinar a corrente (mA) que, circulando por 5 segundos,
tem 99,5% de probabilidade de causar uma fibrilação ventricular,
Tabela 10: Itens da NBR 5410 sobre proteção contra choques elétricos.
multiplicar o peso da pessoa (em libras; 1 lb = 0,453 kg) por 1,47 .
Prescrições Medidas de Seleção e
fundamentais proteção instalação
4.1.1 5.1 6.3.3 Por exemplo, uma pessoa de 70 kg, tem 99,5% de probabilidade
de sofrer fibrilação ventricular, se percorrida durante 5 segundos
por uma corrente elétrica de 50 ou 60 Hz de intensidade igual a
As pessoas e os animais devem ser protegidos contra choques (70 / 0,453) x 1,47 = 227 mA. Já no caso de uma criança de 7 kg, a
elétricos, seja o risco associado a contato acidental com parte corrente será de apenas 22,7 mA.
viva perigosa, seja a falhas que possam colocar uma massa Em corrente contínua, o limiar de corrente para soltar o
acidentalmente sob tensão. condutor vivo é menor e, para durações de choques maiores do
Vejamos algumas descobertas sobre os efeitos das correntes que o período do ciclo cardíaco, o limiar de fibrilação permanece
elétricas no corpo humano em frequências de 50 e 60 Hz, que são consideravelmente maior do que para a corrente alternada. A
as mais usuais nas instalações elétricas em todo o mundo. principal diferença entre os efeitos das correntes CA e CC no corpo
O “liminar de percepção” da passagem da corrente elétrica pelo humano está relacionada às variações da intensidade da corrente,
corpo depende de diversos parâmetros, tais como a área do corpo especialmente quando se fecha e abre o circuito. Para se produzir
que está em contato com o condutor de eletricidade, se a pele está os mesmos efeitos de excitação celular, a intensidade da corrente
molhada ou seca, sua temperatura, as condições psicológicas do contínua deve ser 2 a 4 vezes maior do que a corrente alternada.
indivíduo (calmo, estressado), etc. Em geral, um valor de 0,5 mA é A publicação IEC/TS 60479-1 define quatro zonas de efeitos
considerado como o limiar de percepção. para correntes alternadas de 50 ou 60 Hz e leva em consideração
Uma vez que os impulsos nervosos do cérebro para os músculos pessoas que pesam 50 kg e um trajeto de corrente entre as
que comandam os movimentos são também de natureza elétrica, há extremidades do corpo (mão/pé), mostradas na Figura 25. 31
um ponto além do qual a corrente elétrica que flui através do corpo Na Zona 1 não ocorre nenhuma reação; na Zona 2, não ocorre
provoca um estímulo do nervo e uma pessoa que está em contato nenhum efeito fisiológico perigoso; na Zona 3, não acontece, em
com um condutor vivo não é mais capaz de soltá-lo (tetanização). geral, nenhum dano orgânico, mas, para tempos longos ocorrem
Este limiar, chamado de “limite de largar” também depende de contrações musculares, dificuldade de respiração e perturbações
diversos fatores, situando-se, nas frequências de 50 e 60 Hz, entre reversíveis no coração. Na Zona 4, além dos efeitos da Zona 3,
6 e 14 mA (média 10 mA) em mulheres, entre 9 e 23 mA (média 16 a probabilidade de fibrilação ventricular aumenta muito, podendo
mA) em homens. Para corrente contínua, o valor médio é de 51 mA levar ao óbito.
em mulheres e 76 mA em homens. t (ms)
O limiar da fibrilação ventricular depende igualmente de vários 10.000

fatores próprios de cada indivíduo, assim como de parâmetros 5.000

elétricos (duração e caminho da corrente, tipo de corrente CA ou 2.000

CC, etc). No caso de correntes alternadas de 50 e 60 Hz, há uma 1000

considerável redução neste limiar de fibrilação quando a corrente 500


I II III IV
circula por mais de um ciclo cardíaco. Nestes casos, os músculos 200

cardíacos começam a vibrar muito rapidamente e o resultado é que 100

o coração não é mais capaz de bombear sangue para o organismo, 50

reduzindo a pressão arterial para zero, provocando desmaio e parada 20

respiratória, quase sempre fatal. Experiências práticas têm mostrado 10


0,2 0,5 1 2 5 10 20 30 50 100 200 500 1000 2000 Ic(mA)
que correntes de 5 mA provocam choques desconfortáveis e, nos
Figura 25 - Zonas de efeito de corrente alternada (de 15 a 100 Hz) entre mão
casos de crianças e pessoas em mesas de operação, esta corrente e pé sobre as pessoas
pode causar sérios desconfortos e complicações até mesmo fatais.
De acordo com publicação da Lawrence Livermore National 6.2 Princípio fundamental da proteção contra choques elétricos
Laboratory, University of California:
O princípio fundamental da NBR 5410 para que uma instalação
NBR 5410

• Para determinar a corrente (mA) que, circulando por 5 segundos, seja segura em relação à proteção contra choques elétricos. Tal
tem 0,5% de probabilidade de causar uma fibrilação ventricular, princípio determina que partes vivas perigosas não devem ser
multiplicar o peso da pessoa (em libras; 1 lb = 0,453 kg) por 0,49. acessíveis e que massas não devem oferecer perigo em condições
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

normais e no caso de falhas. Em outros casos, pode-se prover a isolação básica em campo como,
Partes vivas são condutores destinados a serem energizados por exemplo, recobrindo-se uma emenda de condutores com fita
em condições de uso normais (condutores de fase), incluindo isolante ou recobrindo-se um barramento com uma manta, tubo ou
também o condutor neutro. luva isolante. Ou então isolando as extremidades dos condutores com
Massa é uma parte condutora que pode ser tocada e que conectores de torção, conforme Figura 27.
normalmente não é viva, mas pode tornar-se viva em caso de
falha da isolação. São exemplos de massa as carcaças metálicas 6.4 Barreira
dos equipamentos eletroeletrônicos, dos quadros, dos motores, dos
transformadores, etc. Barreira é um elemento que assegura proteção contra contatos
Para atender a este princípio, as medidas mais usuais a serem diretos de uma pessoa com partes vivas em todas as direções usuais
implementadas, em conjunto, nas instalações elétricas são as de acesso. É o caso, por exemplo, de uma tampa colocada sob a
seguintes: porta dos quadros elétricos que impede o contato das pessoas com
os barramentos vivos no interior do quadro (Figura 28).
• Prover as partes vivas com uma isolação básica;
• Usar barreiras ou invólucros apropriados para manter as partes
vivas inacessíveis;
• Aterrar e equipotencializar a instalação; Porta

• Prover seccionamento automático da instalação como um todo ou


de circuitos específicos. Tampa

Além destas medidas, podem ser utilizadas:

• Isolação dupla;
• Separação elétrica;
• Limitação de tensão (SELV e PELV).
Figura 28: Quadro com porta e tampa
6.3 I solação básica

32 6.5 I nvólucro
Em muitos casos, a isolação básica já vem no produto de fábrica
como, por exemplo, a isolação dos fios e cabos elétricos (Figura 26). Invólucro é um elemento que assegura proteção contra
contatos diretos em qualquer direção. É um conceito semelhante
ao da barreira, porém mais amplo, uma vez que o invólucro deve
“envolver” completamente o componente, impedindo o acesso
direto as suas partes vivas partindo de qualquer e todas as direções.
Condutor
É o caso, por exemplo, de uma caixa de ligação de tomadas,
interruptores ou motores provida de tampa (Figura 29).

Isolação básica

Figura 26: Exemplo de isolação básica provida de fábrica: condutor isolado

Figura 29: Alguns invólucros


Conector de torção

6.6 A terramento e equipotencialização das instalações


NBR 5410

elétricas de baixa tensão

Numa instalação elétrica de baixa tensão, o aterramento e


Figura 27: Exemplo isolação básica provida no campo: conectores de torção
(cortesia 3M) a equipotencialização são partes fundamentais para a garantia
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

do funcionamento adequado dos sistemas de proteção contra choque elétrico consiste em desligar automaticamente toda
choques elétricos, sobretensões, descargas atmosféricas, descargas instalação ou parte dela para que o perigo seja eliminado e a
eletrostáticas, além de ajudar a garantir o funcionamento adequado pessoa protegida.
dos equipamentos de tecnologia de informação (computadores, Para compreender melhor este tema, vamos observar a
centrais telefônicas, modems, controladores lógicos, etc.). O figura 31.
capítulo 15 deste guia trata o assunto em detalhes. Ocorrendo em qualquer ponto uma falta de impedância
desprezível entre um condutor de fase e o condutor de proteção
6.7 Tipo de tomada para instalações residenciais e análogas ou uma massa, conforme indicado na Figura 31, um dispositivo
de seccionamento automático deve desligar o circuito em um
A NBR 5410 estabelece em 5.1.2.2.3.6 que todo circuito deve tempo bastante reduzido e seguro.
dispor de condutor de proteção, em toda sua extensão. E acrescenta No esquema TN, a equipotencialização via condutores
em 6.5.3.1 que todas as tomadas de corrente fixas das instalações de proteção, conforme 5.1.2.2.3, deve ser única e geral,
devem ser do tipo com contato de aterramento (PE), sendo que as envolvendo todas as massas da instalação, e deve ser
tomadas de uso residencial e análogo devem ser conforme NBR interligada com o ponto da alimentação aterrado, geralmente
NM 60884-1 e NBR 14136. o ponto neutro. Recomenda-se o aterramento dos condutores
A NBR NM 60884-1 é a norma que testa as tomadas em geral, de proteção em tantos pontos quanto possível. Além disso, em
qualquer que seja o seu desenho (configuração) e a NBR 14136 é a construções de porte, tais como edifícios de grande altura, a
norma que padroniza o formato das tomadas para uso residencial e realização de equipotencializações locais, entre condutores de
análogo até 20 A – 250 V (Figura 30). proteção e elementos condutivos da edificação, cumpre o papel
de aterramento múltiplo do condutor de proteção;
No esquema TN, as características do dispositivo de
proteção e a impedância do circuito devem ser tais que, ocor-
rendo em qualquer ponto uma falta de impedância desprezível
entre um condutor de fase e o condutor de proteção ou uma
massa, o seccionamento automático se efetue em um tempo no
máximo igual ao especificado na tabela 25 da norma.

Considera-se a prescrição atendida se a seguinte condição 33


for satisfeita:

Zs . Ia ≤ Uo
Figura 30: Tomada padrão NBR 14136 onde:
Desta forma, de acordo com a norma, é obrigatório
distribuir o condutor de proteção (PE) em todos os circuitos Zs é a impedância, em ohms, do percurso da corrente de falta,
e utilizar todas as tomadas de corrente com o contato de composto da fonte, do condutor vivo, até o ponto de ocorrência
terra disponivel. Consequentemente, em todas as caixas de da falta, e do condutor de proteção, do ponto de ocorrência da
derivação e passagem deverá estar disponibilizado o condutor falta até a fonte;
de proteção (verde ou verde-amarelo) em seu interior. Ia é a corrente, em ampères, que assegura a atuação do dispositivo
de proteção num tempo no máximo igual ao especificado na
6.8 S eccionamento automático da alimentação elétrica tabela 25 da norma, ou a 5 s, nos casos previstos na alínea c)
de 5.1.2.2.4.1;
O seccionamento automático da instalação no caso da Uo é a tensão nominal, em volts, entre fase e neutro, valor
ocorrência de uma situação que possa resultar em perigo de eficaz em corrente alternada.

No esquema TN, desde que a condição anterior seja


atendida, podem ser usados para o seccionamento automático
visando proteção contra choques elétricos tanto os dispositivos
de proteção a sobrecorrente (disjuntores ou fusíveis), quanto
os dispositivos de proteção a corrente diferencial-residual
(dispositivos DR).
Como medida de proteção adicional, a NBR 5410 prescreve
o uso de dispositivos de proteção a corrente diferencial-residual
NBR 5410

com corrente diferencial-residual nominal IΔn igual ou inferior


a 30 mA como proteção adicional contra choques elétricos nos
Figura 31 – Seccionamento automático da alimentação em alguns locais. A proteção adicional provida pelo uso de
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Figura 32: Formas de ligação dos DRs

dispositivo diferencial-residual de alta sensibilidade visa casos concebidos em esquema IT, visando garantir continuidade
com os de falha de outros meios de proteção e de descuido de serviço, quando essa continuidade for indispensável à
ou imprudência do usuário. No entanto, é importante destacar segurança das pessoas e à preservação de vidas, como, por
que a utilização desses DRs de alta sensibilidade nestes locais exemplo, na alimentação de salas cirúrgicas ou de serviços de
não é reconhecida como constituindo em si uma medida de segurança.
proteção completa e não dispensa, em absoluto, o emprego de • Quando o risco de desligamento de congeladores por atuação
uma das outras medidas de proteção descritas (principalmente intempestiva da proteção, associado à hipótese de ausência
o uso do condutor de proteção em todos os circuitos) prolongada de pessoas, significar perdas e/ou conseqüências
34 Os locais que são objeto da medida de proteção adicional sanitárias relevantes, recomenda-se que as tomadas de
por uso de DR de alta sensibilidade são os seguintes: corrente previstas para a alimentação de tais equipamentos
sejam protegidas por dispositivo DR com característica de
• Nos circuitos que, em locais de habitação, sirvam a pontos alta imunidade a perturbações transitórias, que o próprio
de utilização (iluminação e força) situados em cozinhas, copas- circuito de alimentação do congelador seja, sempre que
cozinhas, lavanderias, áreas de serviço, garagens e demais possível, independente e que, caso exista outro dispositivo DR
dependências internas molhadas em uso normal ou sujeitas a a montante do de alta imunidade, seja garantida seletividade
lavagens. Há uma exceção a esta regra unicamente para os de entre os dispositivos (sobre seletividade entre dispositivos DR.
pontos de iluminação situados a mais de 2,50 m do piso; Alternativamente, porém menos comum de se utilizar na
• Nos circuitos que, em edificações não-residenciais, sirvam prática, ao invés de dispositivo DR, a tomada destinada ao
a pontos de tomada situados em cozinhas, copas-cozinhas, congelador pode ser protegida por separação elétrica individual,
lavanderias, áreas de serviço, garagens e demais dependências recomendando-se que também aí o circuito seja independente e
internas molhadas em uso normal ou sujeitas a lavagens; que caso haja dispositivo DR a montante, este seja de um tipo
• Nos circuitos que, em qualquer tipo de edificação, sirvam a imune a perturbações transitórias.
pontos de utilização (iluminação e força) situados em locais Os dispositivos DRs podem ser individuais por circuitos,
contendo banheira ou chuveiro; ou por grupos de circuitos ou pode ainda ser usado um único
• Nos circuitos que, em qualquer tipo de edificação, sirvam a DR protegendo todos os circuitos de uma instalação (Figura
tomadas de corrente situadas em áreas externas à edificação 32).
ou tomadas de corrente situadas em áreas internas mas que Em 6.3.3.2.6, a norma lembra que os DRs devem ser
possam vir a alimentar equipamentos no exterior da edificação. escolhidos e os circuitos devem ser divididos de tal modo que a
soma das correntes de fuga à terra que podem circular pelo DR
Em relação a estas prescrições, valem as seguintes durante o funcionamento normal das cargas não seja suficiente
observações gerais: para provocar a atuação do dispositivo.
Como as normas de DRs indicam que eles já podem atuar
• No que se refere a tomadas de corrente, a exigência de a partir de 50% de sua corrente de disparo nominal, é preciso
NBR 5410

proteção adicional por DR de alta sensibilidade se aplica às conhecer com bastante detalhe as cargas que serão alimentadas
tomadas com corrente nominal de até 32 A. por um único DR. Por exemplo, um DR de corrente nominal
• A exigência não se aplica a circuitos ou setores da instalação de disparo de 30 mA pode disparar a partir de correntes de
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

fuga à terra maiores ou iguais a 15 mA. E dependendo da Tabela 11: correntes nominais de DRs

natureza das várias cargas ligadas a um único DR de 30 mA, IΔn (atuação) In (A)
25
este valor (15 mA) pode ser facilmente atingido, resultando
40
em constantes desligamentos da instalação e causando enorme
30 mA, 100 mA, 63
desconforto aos usuários. Uma solução que pode conciliar
300 mA e 500 mA 80
custo com continuidade de operação é o uso de um DR para um
100
determinado grupo de circuitos. 125
Os tipos mais usuais de DRs encontrados no Brasil
são aqueles para instalação em quadros e geralmente são Em 6.3.3.2.5, a norma determina que o circuito magnético do
comercializados nas versões bipolares e tetrapolares (Figura DR deve envolver todos os condutores vivos do circuito ou grupo
33 e Tabela 11). Devem atender as normas NBR NM 61008-1e de circuitos protegidos, inclusive o neutro, mas não pode envolver
NBR NM 61008-2-1. o condutor de proteção, o qual deve passar “por fora” do DR.
Podem ainda ser na versão Interruptor DR (IDR) ou A Figura 34 mostra exemplos de ligação de dispositivos DR em
Disjuntor DR (DDR): no primeiro caso, o dispositivo atua um circuitos terminais típicos.
apenas para seccionar o circuito no caso de correntes de fuga
à terra, enquanto que no segundo caso, atua adicionalmente na 7 Proteção contra efeitos térmicos
proteção do circuito contra sobrecargas e curtos-circuitos. (incêndios e queimaduras)

Conforme 4.1.2 da NBR 5410, instalação elétrica deve ser


concebida e construída de maneira a excluir qualquer risco
de incêndio de materiais inflamáveis, devido a temperaturas
elevadas ou arcos elétricos. Além disso, em serviço normal,
não deve haver riscos de queimaduras para as pessoas e os
animais
O conceito das prescrições da norma em relação a este
assunto baseia-se na limitação da temperatura máxima que os
componentes da instalação podem atingir em regime normal de
funcionamento. A partir do conhecimento destas temperaturas, 35
a norma lembra que devem ser observadas distâncias mínimas
Figura 33 - DR bipolar e tetrapolar
entre estes componentes e os demais materiais adjacentes a
eles para evitar incêndios. As temperaturas máximas também
Geralmente são comercializados nas seguintes combinações de são fixadas para partes dos componentes que são manuseadas
correntes nominais (A) e correntes nominais de atuação (mA): pelos operadores de forma a evitar queimaduras.

NBR 5410

Figura 34: Exemplos de circuitos terminais protegidos por dispositivos DR


GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

7.1 Proteção contra incêndio

7.1.1 G eral

Os componentes elétricos da instalação não devem apresentar


perigo de incêndio para os materiais vizinhos. Para tanto, os
componentes fixos, cujas superfícies externas possam atingir
temperaturas que venham a causar perigo de incêndio a materiais
adjacentes devem ser montados sobre materiais ou contidos no
interior de materiais que suportem tais temperaturas e sejam
de baixa condutância térmica, tais como invólucros metálicos
Dique de
(Figura 35). contenção de óleo

Figura 36 – Tanque de contenção de óleo em sala de grupo gerador

atingidas pelos componentes, assim como as temperaturas


suportadas pelos materiais e elementos adjacentes à instalação de
média tensão. Além disso, é importante conhecer as características
principais dos materiais combustíveis que possam estar adjacentes
aos componentes elétricos, notadamente suas condutâncias
térmicas.
Os componentes da instalação que contenham líquidos
inflamáveis em volume significativo (≥ 25 litros) devem ser
objeto de precauções para evitar que, em caso de incêndio, o
36 líquido inflamado, a fumaça e gases tóxicos se propaguem para
outras partes da edificação. Nestes casos, que seriam aplicáveis
principalmente aos transformadores e aos grupos geradores, deve
ser construído um fosso de drenagem, para coletar vazamentos do
líquido e assegurar a extinção das chamas, em caso de incêndio
Figura 35: Invólucro de material de baixa condutância térmica
(Figura 36). O local deve ter soleiras, ou outros meios, para
Outra alternativa é separar os componentes dos elementos da evitar que o líquido inflamado se propague para outras partes da
construção do prédio por materiais que suportem tais temperaturas edificação. Além disso, os equipamentos devem ser instalados
e sejam de baixa condutância térmica. Ou, finalmente, os num compartimento resistente ao fogo, ventilado apenas por
componentes da instalação devem ser montados de modo a permitir atmosfera externa. Para volumes inferiores a 25 litros, é suficiente
a dissipação segura do calor, a uma distância segura de qualquer apenas que se evite o vazamento do líquido para áreas externas
material em que tais temperaturas possam ter efeitos térmicos (soleira, por exemplo). Para detalhes sobre o assunto, ver parte 19
prejudiciais, sendo que qualquer meio de suporte deve ser de baixa deste guia.
condutância térmica.
Além disso, os componentes fixos que apresentem efeitos de 7.1.2 Proteção contra incêndio em locais BD2, BD3 e BD4
focalização ou concentração de calor devem estar a uma distância
suficiente de qualquer objeto fixo ou elemento do prédio, de modo Para proteção contra incêndio das linhas elétricas nestes locais,
a não submetê-los, em condições normais, a uma elevação perigosa ver capítulo 14 deste guia.
de temperatura. Nos locais BD3 e BD4, os dispositivos de manobra e de
Os materiais dos invólucros que sejam dispostos em torno proteção devem ser acessíveis apenas às pessoas autorizadas. Isso
de componentes elétricos durante a instalação devem suportar a implica em localizá-los em áreas de acesso restrito a estas pessoas
maior temperatura susceptível de ser produzida pelo componente. ou, quando isso não for possível, instalar, por exemplo, cadeados
Materiais combustíveis não são adequados para a construção destes nas portas dos quadros de distribuição. Quando situados em áreas
invólucros, a menos que sejam tomadas medidas preventivas contra de circulação, os dispositivos devem ser alojados em gabinetes ou
a ignição, tais como o revestimento com material incombustível ou caixas de material incombustível ou de difícil combustão.
NBR 5410

de combustão difícil e de baixa condutância térmica. Nas instalações elétricas de locais BD3 ou BD4 e em saídas
Para atender às prescrições anteriores, fica evidente que é de emergência é terminantemente proibido o uso de componentes
fundamental conhecer previamente as temperaturas máximas contendo líquidos inflamáveis.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Não devem ser considerados os valores indicados na Tabela


7.1.3 Proteção contra incêndio em locais BE2 12 nos casos em que existirem normas específicas que limitem
as temperaturas nas superfícies dos componentes elétricos no que
Os locais BE2 são aqueles que apresentam maior risco de concerne a proteção contra queimaduras.
incêndio devido à presença de substâncias combustíveis em Tabela 12 - Temperaturas máximas das superfícies externas dos equipamentos
quantidade apreciável. elétricos dispostos no interior da zona de alcance normal

Os equipamentos elétricos devem ser limitados aos que o local Partes acessíveis Material das Temperaturas
partes acessíveis máximas °C
exige, para as atividades aí desenvolvidas.
Alavancas, volantes ou punhos Metálico 55
Os dispositivos de proteção, comando e seccionamento devem
de dispositivos de manobra Não-metálico 65
ser dispostos fora dos locais BE2, a menos que eles sejam alojados
Previstas para serem tocadas, Metálico 70
em invólucros com grau de proteção adequado a tais locais, no
mas não empunhadas Não-metálico 80
mínimo IP4X. Não destinadas a serem Metálico 80
Quando as linhas elétricas não forem totalmente embutidas tocadas em serviço normal Não-metálico 90
(imersas) em material incombustível, devem ser tomadas
precauções para garantir que elas não venham a propagar
chama. Em particular, os condutores e cabos devem ser não- 8 Proteção contra sobrecorrentes
propagantes de chama. Os condutores PEN não são admitidos
nos locais BE2, exceto para circuitos que apenas atravessem As medidas de proteção contra sobrecorrentes da NBR 5410
o local. foram incluidas no guia no capitulo 16
Os motores comandados automaticamente ou a distância,
ou que não sejam continuamente supervisionados, devem ser
protegidos contra sobreaquecimento por sensores térmicos.
9 Proteção contra sobretensões
As luminárias devem ser adequadas aos locais e providas de
A proteção contra sobretensões é tratada na NBR 5410 nos itens
invólucros que apresentem grau de proteção no mínimo IP4X. Se o
indicados na Tabela 13.
local oferecer risco de danos mecânicos às luminárias, elas devem
ter suas lâmpadas e outros componentes protegidos por coberturas
Tabela 13: Itens da NBR 5410 sobre proteção contra sobretensões
plásticas, grelhas ou coberturas de vidro resistentes a impactos,
Prescrições Características Medidas de Seleção e
com exceção dos porta-lâmpadas (a menos que comportem tais 37
fundamentais geraisv proteção instalação
acessórios). 3.3 4.1.5 5.4 6.3.5
Para limitar os riscos de incêndio suscitados pela circulação
de correntes de falta, é bastante recomedável que o circuito Em função de sua origem, as sobretensões que podem ocorrer em
correspondente deva ser: uma instalação elétrica de baixa tensão e que são abordadas na NBR
5410 são classificadas em temporárias e transitórias.
a) protegido por dispositivo a corrente diferencial-residual
(dispositivo DR) com corrente diferencial-residual nominal de 9.1 Sobretensões temporárias
atuação de no máximo 500 mA; ou
b) supervisionado por um DSI (dispositivo supervisor de isolamento) Uma sobretensão temporária ocorre quando existe uma falha de
ou por um dispositivo supervisor a corrente diferencial-residual, isolamento para outra instalação de tensão mais elevada ou quando
ajustados para sinalizar a ocorrência de falta em bases no máximo acontece a perda do condutor neutro em esquemas de aterramento TN
equivalentes àquelas da alínea anterior. e TT.
As sobretensões causadas por falhas do isolamento em instalação
7.2 Proteção contra queimaduras de tensão mais elevada acontecem nas seguintes situações:

De acordo com 5.2.3 da NBR 5410, as partes acessíveis de • Quando ocorre uma falta para terra no lado da instalação de tensão
equipamentos elétricos que estejam situadas na zona de alcance mais elevada;
normal não devem atingir temperaturas que possam causar • Quando um condutor do circuito de tensão mais elevada
queimaduras em pessoas e, para tanto, devem atender aos limites acidentalmente entra em contato com outro condutor do circuito de
de temperatura indicados na tabela 29 da norma (Tabela 12 deste tensão mais baixa;
guia). Além disso, todas as partes da instalação que possam, em • Quando ocorre defeito interno no transformador como, por exemplo, o
serviço normal, atingir, ainda que por períodos curtos, temperaturas contato entre os enrolamentos de alta e de baixa tensão ou, o que é mais
que excedam os limites dados na Tabela 12, devem ser protegidas comum, o contato por rompimento da isolação entre o enrolamento de
contra qualquer contato acidental. Isso pode ser conseguido, por alta tensão e a carcaça.
NBR 5410

exemplo, pela colocação fora de alcance ou pela instalação de Esses casos são chamados de sobretensão “à frequência industrial”
barreiras ou obstáculos que impeçam o contato acidental com as ou “temporária”, porque colocam os circuitos de tensão mais elevada
superfícies quentes.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

e mais baixa praticamente no mesmo potencial a partir do ponto de os componentes devem possuir uma tensão nominal de isolamento de,
contato. pelo menos, 380 V (valor entre fases). Como exemplos da aplicação
Se a instalação de tensão mais baixa não tiver condutor neutro deste requisito, um condutor elétrico isolado para 450/750 V (suporta
diretamente aterrado, seu potencial atingirá quase que instantaneamente 450 V entre fase-neutro e 750 V entre fases) atende ao requisito da
o potencial da instalação de tensão mais elevada. Por outro lado, se norma, assim como um disjuntor 460 Vca e quadro elétrico 750 V, etc.
a instalação de tensão mais baixa tiver condutor neutro diretamente Em particular, nas instalações com esquema TT, deve-se verificar
aterrado, muito embora circule uma corrente elétrica de maior se as sobretensões temporárias provocadas pela ocorrência de falta
intensidade no circuito (corrente de falta), a tensão transferida será à terra na média tensão são compatíveis com a tensão suportável à
menor do que o caso anterior. frequência industrial dos componentes da instalação BT. O item 5.4.1.2
Para reduzir a possibilidade da ocorrência de sobretensões da norma indica as condições para se fazer essa verificação.
temporárias nas instalações elétricas de baixa tensão que possuem A tensão nominal de isolamento que é mencionada no texto
circuitos operando em tensões diferentes, o item 6.2.9.5 da NBR 5410 da NBR 5410 é a tensão suportável à frequência industrial dos
prescreve que os condutores de faixas de tensão diferentes (Faixa I e componentes da instalação de baixa tensão, definida (NBR 5460)
II definidas no Anexo A da norma) não utilizem os mesmos condutos como o valor eficaz da tensão à frequência nominal do sistema que
fechados ou que sejam instalados em compartimentos separados em um equipamento elétrico pode suportar. Apesar da clara definição do
condutos abertos. termo, esse valor é indicado nos catálogos dos fabricantes através
Apesar de esta prescrição indicar a separação de circuitos apenas de diferentes termos, tais como “tensão nominal”, “tensão nominal
entre os dois grandes grupos (faixas) de tensão (faixa I até 50 Vca e de serviço”, “tensão de isolamento” ou “classe de isolação”, dentre
faixa II acima de 50 Vca até 1000 Vca), é muito recomendável que outros. Exemplos: condutor isolado 450/750 V; disjuntor 460 Vca;
sejam separados eventuais circuitos que operam em tensões diferentes quadro elétrico 750 V, etc.
dentro da faixa II. Por exemplo, caso existam na mesma cseparados
fisicamente de outros que operam em 220/380 V, e assim por diante. 9.2 Sobretensões transitórias
Embora a NBR 5410 seja omissa, é óbvio que essa recomendação é
mais adequada ainda no caso da separação física entre circuitos de 9.2.1 Conceitos
baixa tensão (até 1000 Vca) e circuitos de tensões acima de 1000 Vca.
Seguindo-se o conceito de separação física (por meio de barreiras As principais origens das sobretensões transitórias são aquelas
ou invólucros) dos circuitos, é mais provável que a ocorrência de devidas às descargas atmosféricas, descargas oriundas do acúmulo de
38 sobretensões temporárias fique restrita ao caso de falhas internas do eletricidade estática entre pontos diferentes da instalação e manobras
transformador que, embora possíveis, não são muito usuais quando se (chaveamentos) de circuitos (Figura x).
utilizam equipamentos de boa qualidade. As sobretensões provenientes das descargas atmosféricas que
Além da medida de proteção por separação física dos circuitos, a incidem diretamente nas edificações, em redes aéreas de alimentação
NBR 5140 trata, em 5.4.1.1, especificamente das situações que podem da instalação, ou muito próximo a elas, produzem tensões conduzidas
submeter os circuitos fase-neutro às sobretensões que podem atingir o e induzidas com impulsos caracterizados por seu valor de crista. Na
valor da tensão entre fases. Com isto, a NBR 5410 é omissa em relação prática, as sobretensões transitórias são aquelas que podem causar
aos casos que podem submeter os circuitos a sobretensões temporárias danos mais severos às instalações elétricas de energia e de sinal, aos
acima de 1000 Vca mencionadas anteriormente. equipamentos por elas servidos e aos seus usuários.
As situações que podem submeter os circuitos fase-neutro às As sobretensões causadas por manobra decorrem do seccionamento
sobretensões que podem atingir o valor da tensão entre fases são: rápido (brusco) da corrente elétrica em um circuito de indutância
elevada (com baixo fator de potência). O valor da sobretensão depende
• Falta à terra envolvendo qualquer dos condutores de fase em um da variação da intensidade da corrente seccionada e do tempo efetivo
esquema IT. de seccionamento (U = L di/dt). Esse valor pode chegar a quatro ou
Neste caso, os componentes da instalação elétrica devem ser cinco vezes a tensão nominal para tempos inferiores a 1ms, como
selecionados de forma a que sua tensão nominal de isolamento seja os obtidos com a atuação de disjuntores de abertura rápida ou com
pelo menos igual ao valor da tensão nominal entre fases da instalação dispositivos fusíveis.
(6.1.3.1.1 da norma). Se o condutor neutro for distribuído, os
componentes ligados entre uma fase e o neutro devem ser isolados para 9.2.2Tipos de surtos
a tensão entre fases.
• Perda do condutor neutro em esquemas TN e TT, em sistemas Para efeito de aplicação das medidas de proteção da NBR 5410,
trifásicos com neutro, bifásicos com neutro e monofásicos a três os surtos são divididos em induzidos (ou diretos) e conduzidos (ou
condutores. indiretos).
Neste caso, os componentes da instalação elétrica devem ser
selecionados de forma a que sua tensão nominal de isolamento seja 9.2.2.1 Surtos induzidos (ou indiretos)
NBR 5410

pelo menos igual ao valor da tensão nominal entre fases da instalação


(6.1.3.1.1 da norma). Os surtos induzidos ocorrem quando as descargas
Por exemplo, em uma instalação com tensão nominal 220/380 V, atmosféricas atingem as linhas de transmissão e distribuição de
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Figura 37 - Forma aproximada dos surtos de tensão quando comparados com a onda fundamental.

energia, incidem diretamente em árvores, estruturas ou no solo


as ondas eletromagnéticas originadas pela corrente elétrica que 9.2.2.2 Surtos conduzidos (ou diretos)
circula no canal da descarga atmosférica se propagam pelo meio
(geralmente o ar) induzindo corrente elétrica nos condutores Os surtos conduzidos acontecem quando uma descarga atmosférica
metálicos que estiverem em seu raio de alcance (Figura 39). incide diretamente sobre um componente da instalação, a edificação, ou
Estima-se essa distância em campo aberto da ordem de um a três sobre pontos muito próximos a eles. Nessa situação, todos os elementos
quilômetros. metálicos ali existentes e o eletrodo de aterramento ficam, por frações de
As manobras realizadas na rede elétrica de energia (chaveamentos segundo, submetidos a níveis diferentes de potencial (Figura 39).
para abertura ou fechamento de circuitos de transmissão e distribuição) Essas diferenças de potencial vão gerar correntes de surto
também geram impulsos de tensão na rede elétrica. Esses impulsos são que circularão por diversos pontos da estrutura, inclusive, e neste
chamados de “surtos de manobra” e, do ponto de vista da proteção, seus caso, principalmente, pela instalação elétrica. Podem ocorrer ainda
efeitos devem ser tratados da mesma forma que os surtos induzidos diferenças de potencial entre eletrodos de aterramento de estruturas
39
causados pelos raios. diferentes, como, por exemplo, o eletrodo do prédio e o(s)

ETI
NBR 5410

Figura 38 – Surtos produzidos pelos efeitos indiretos dos raios


GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

ETI

Figura 39 – Surtos de tensão e corrente produzidos pelos efeitos diretos dos raios

eletrodo(s) de aterramento do(s) serviços públicos (concessionárias correntes circulantes indesejáveis em muitos componentes que tenham
de energia, TV a cabo, telefonia, etc.). suas partes condutoras de eletricidade integradas a duas ou mais dessas
Quando chega à terra, por incidência direta ou através de condutores linhas com potenciais diferentes.
aterrados, a corrente elétrica das descargas atmosféricas flui pelo solo. Se uma instalação elétrica de energia e de sinal (dados, voz,
Ao encontrar resistência (oposição) à sua passagem, ela dá origem às vídeo, etc.) possuem vários eletrodos de aterramento diferentes e
linhas de potencial assimétricas e com intensidades diferentes. Essas independentes haverá circulação dessas correntes indesejáveis entre
40 linhas têm ponto de origem no local de incidência da corrente na terra e os equipamentos servidos pela instalação podendo causar danos
podem manter valor significativo, embora decrescente, a distâncias que significativos e até definitivos aos mesmos. Assim, não é concebível a
variam conforme a intensidade do raio, as influências do solo e outros existência de eletrodos de aterramento distintos para servir componentes
elementos enterrados. As diferenças de potencial no solo podem gerar diferentes de uma instalação na mesma edificação (Figura 40).

Energia SPDA
Sinal PABX
Reforço do CPD
ΔV Aterramento ΔV ΔV
NBR 5410

ΔV
Figura 40 – Forma INCORRETA de instalação de eletrodo de aterramento em uma edificação (eletrodos de aterramento separados)
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

QDP
L1 L1
Vdif PEN PE Vcom Vdif
PE
N
Vdif Vcom
DGS SINAL
Vcom
BEP N TAT

Vdif = Tensão causada por surto de modo diferencial


Vcom = Tensão causada por surto de modo comum

Figura 41 – Os surtos modo comum e modo diferencial

Assim, surtos de modo comum podem provocar danos diretos


9.2.2.3 Surtos de modo comum e diferencial à instalação, componentes e, dependendo da qualidade da proteção
instalada, às pessoas. Por sua vez, os surtos de modo diferencial
Independentemente de sua origem, se pelos efeitos diretos ficam quase restritos aos danos materiais, podem ser responsáveis
ou indiretos dos raios, os surtos de tensão se apresentam de duas por perda de produção e queima de componentes (Figura 41).
formas na instalação:
9.2.3 Seleção dos componentes da instalação sob o critério de 41
• Surto de modo comum: se quando da ocorrência do evento as sua suportabilidade às sobretensões transitórias

diferenças de potencial acontecerem entre condutores vivos


e o aterramento em suas mais variadas formas (condutor PE, Em 5.4.2.3, a NBR 5410 prescreve que os componentes da
condutor de equipotencialização, massas metálicas ou eletrodo instalação devem ser selecionados de modo que o valor nominal de
de aterramento), denomina-se essa sobretensão de surto de modo sua tensão de impulso suportável não seja inferior àqueles indicados
comum. O surto de modo comum, portanto, está relacionado com a na tabela 31 da NBR 5410, reproduzida na Tabela 14 deste guia.
tensão impulsiva de isolamento; A tensão de impulso suportável caracteriza o nível de
• Surto de modo diferencial: caso as diferenças de potencial sobretensões transitórias que a isolação de um produto é capaz
ocorram entre condutores vivos (fase-fase, fase-neutro, fase-sinal, de suportar, sem sofrer danos. Esse valor deve ser informado pelo
sina-/sinal), denomina-se essa sobretensão de de surto de modo fabricante e deve ser igual ou superior ao prescrito pela norma do
diferencial. O surto de modo diferencial, portanto, está relacionado produto em questão. Os valores mínimos indicados na tabela 14 são
com a tensão de imunidade dos equipamentos. os valores referenciais dados pela IEC 60664-1.

Tabela 14 - Suportabilidade a impulso exigível dos componentes da instalação

Tensão nominal de Instalação (V) Tensão de Impulso suportável requerida (kV) Categoria do produto

Produto a ser utilizado na Produto a ser utilizado em circuitos Produtos especialmente Equipamentos
Sistemas entrada da instalação de distribuição e circuitos terminais protegidos de utilização
Sistemas trifásicos monofásicos
Categoria de suportabilidade a impulso
com neutro
IV III II I
120/208 115/230 4 2,5 1,5 0,8
127/220 120/240
127/254
220/380 6 4 2,5 1,5
NBR 5410

230/400
277/480
400/690 8 6 4 2,5
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

As quatro categorias indicadas na tabela 14 representam em algum ponto da instalação fixa ou entre a instalação fixa e o produto,
suportabilidade ao impulso decrescente na seguinte ordem: limitando as sobretensões transitórias a um nível especificado.

• Categoria IV: são componentes utilizados na entrada da instalação Como visto, a suportabilidade à sobretensão impulsiva de um
ou próximo da entrada, a montante do quadro de distribuição componente está relacionada com a coordenação de isolamento
principal. Exemplos: medidores de energia, dispositivos gerais entre regiões distintas na baixa tensão. Essa coordenação tem
de seccionamento e proteção e outros itens usados tipicamente na como referência a norma IEC 60664-1 e as regiões, chamadas de
interface da instalação elétrica com a rede pública de distribuição; “lightning protection zones” (zona de proteção contra raios – ZPR),
estão definidas na IEC 62305-4.
• Categoria III: são componentes da instalação fixa propriamente O conceito da ZPR é basicamente o mesmo dos níveis de
dita e outros produtos dos quais se exige um maior nível de proteção (categorias dos produtos) adotados pela NBR 5410 quando
confiabilidade. Aqui podem ser citados, como exemplo, quadros de trata da proteção contra surtos, porém é mais completo, pois , além
distribuição, disjuntores, linhas elétricas (o que inclui condutores, da parte interna da instalação, abrange também a parte externa da
barramentos, caixas de derivação, interruptores e tomadas de edificação (Figura 42).
corrente) e outros elementos da instalação fixa, bem como produtos ETI é um equipamento de tecnologia da informação concebido
de uso industrial e equipamentos, como motores elétricos, que com o objetivo de receber dados de uma fonte externa (por
estejam unidos à instalação fixa através de uma conexão permanente. exemplo, via linha de entrada de dados ou via teclado); processar os
dados recebidos (por exemplo, executando cálculos, transformando
• Categoria II: são produtos destinados a serem conectados ou registrando os dados, arquivando-os, triando-os, memorizando-
à instalação elétrica fixa da edificação. São, essencialmente, os, transferindo-os); e fornecer dados de saída (seja a outro
equipamentos de utilização como aparelhos eletrodomésticos, equipamento, seja reproduzindo dados ou imagens).
aparelhos eletroprofissionais, ferramentas portáteis e cargas análogas. Esta definição abrange uma ampla gama de equipamentos,
como, por exemplo: computadores; equipamentos transceptores,
• Categoria I: também são produtos destinados a serem conectados a concentradores e conversores de dados; equipamentos de
uma instalação fixa de edificação, mas providos de alguma proteção telecomunicação e de transmissão de dados; sistemas de alarme contra
específica, que se assume externa ao equipamento e situada, portanto, incêndio e intrusão; sistemas de controle e automação predial, etc.

42

ZPR-0A

ZPR-0B

ZPR-1
EGM EGM
ZPR-2

DPS ETI
ZPR-0B Classe 3 ZPR-0B
BEL
DPS DPS
Classe 1 Classe 2
Alimentação
BEP

ZPR0A - Zona susceptível a incidência direta de raios (zona 0A);


NBR 5410

ZPR0B - Zona protegida pelo SPDA (zona 0B);


ZPR1 - Zona onde se encontra o QDP da edificação, onde está instalado o BEP (zona 1);
ZPR2 - Zona onde se encontram QDs ou ETIs (zona 2).
Figura 42 – As zonas de proteção contra raios
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

externo. Nessas condições, é obrigatória a instalação da proteção


9.2.4 Proteção contra surtos contra surtos causados por efeitos diretos.
- Ndc ≤ 10-5 (um dano a cada 100.000 anos): é uma frequência de
Conforme 5.4.2.1 da NBR 5410, a proteção contra sobretensões danos causados por impacto direto de raio na edificação considerada
transitórias em linhas de energia deve ser provida nos seguintes aceitável pela NBR 5419. Nessas condições, não é obrigatória a
casos: instalação da proteção contra surtos causados por efeitos diretos.
- O intervalo 10-5 ≤ Ndc < 10-3 é mencionado na NBR 5419
a) quando a instalação for alimentada por linha total ou parcialmente como sendo motivo de estudo caso a caso em função da ocupação,
aérea, ou incluir ela própria linha aérea, e se situar em região utilização, construção e localização da edificação, da instalação e
sob condições de influências externas AQ2 (mais de 25 dias de seus componentes. Sendo assim, a necessidade e o tipo de proteção
trovoadas por ano). Essa condição refere-se à proteção contra surtos contra surtos dependerão de decisão específica tomada quanto à
induzidos (indiretos) e, por conta disso, a NBR 5410 refere-se a ela instalação ou não do SPDA no local.
frequentemente por “efeito indireto”.
b) quando a instalação se situar em região sob condições de Embora a correlação entre a necessidade da existência de SPDA
influências externas AQ3. Essa condição refere-se à proteção contra e a condição para proteção da instalação contra surtos provenientes
surtos conduzidos (diretos) e, por conta disso, a NBR 5410 refere- dos efeitos diretos dos raios seja considerada tecnicamente viável,
se a ela frequentemente por “efeito direto”. é importante desenvolver o cálculo da análise de risco toda vez
que se for estudar a necessidade da aplicação de DPS na instalação
O conjunto de medidas de proteção da instalação elétrica contra elétrica, independentemente da existência do SPDA, principalmente
sobretensões transitórias consiste na existência de um eletrodo se o estudo para determinar essa necessidade da proteção for
de aterramento eficiente, na presença das ligações equipotenciais desenvolvido em um momento diferente da instalação do SPDA.
locais que garantam a menor diferença de potencial possível entre Um exemplo dessa situação pode ser o caso de uma edificação
os componentes envolvidos (aqui incluída a instalação de pararraios que já possui um SPDA, mas, com o passar do tempo, outras
de linha e de DPS do tipo comutador de tensão), assim como a edificações mais altas são construídas no seu entorno. Isso resulta
diminuição das tensões induzidas que adentram a instalação, que a edificação acaba se situando dentro do volume de proteção
realizadas através de DPS do tipo atenuador de tensão. contra raios imposto pelo novo conjunto de estruturas ao seu redor.
Os parâmetros considerados para determinação da necessidade Uma análise precipitada e simplista da situação, analisando apenas
de proteção contra surtos devem fornecer as condições necessárias a existência do SPDA externo (que agora é desnecessário), levaria 43
para que o projetista defina se a proteção a ser instalada no primeiro ao superdimensionamento da proteção contra surtos.
nível de proteção da instalação será apenas contra surtos causados Numa outra situação, a edificação não possui originalmente um
por efeitos indiretos, apenas contra surtos causados por efeitos SPDA por conta da análise realizada, mas uma torre para sustentação
diretos ou por ambos. de antenas de telefonia celular foi instalada no seu teto. Neste caso,
se fosse analisada apenas a inexistência inicial do SPDA, o estudo
• Necessidade de proteção contra efeitos indiretos levaria ao subdimensionamento da proteção contra surtos.
É preciso apenas determinar se a instalação é alimentada por
linha total ou parcialmente aérea, ou incluir ela própria linha aérea, 9.2.5 Dispositivo de Proteção contra Surtos (DPS)
e se situar em região sob condições de influências externas AQ2.
Basta apenas uma destas condições ser atendida para que esteja 9.2.5.1 Especificações
configurada a obrigatoriedade da existência da proteção contra
surtos causados por efeitos indiretos. Segundo a NBR IEC 61643-1, o DPS é um dispositivo destinado
a limitar as sobretensões transitórias (chamado atenuador de tensão
• Necessidade de proteção contra efeitos indiretos ou supressor de surto) ou a desviar correntes de surto (chamado
Para a análise da necessidade da existência da proteção contra comutador de tensão ou curto-circuitante).
efeitos diretos, deve ser verificada a necessidade da instalação de Para uma correta análise e comparação de produtos por parte do
proteção contra descargas atmosféricas diretas (sistema de proteção projetista, os fabricantes devem fornecer as seguintes informações
contra descargas atmosféricas – SPDA externo). O roteiro para essa relativas ao DPS:
verificação é encontrado na NBR 5419 e também na parte 4 do Guia
da NBR 5419 desta publicação. • Nome do fabricante ou marca comercial e modelo;
Em resumo, essa verificação está relacionada com a frequência • Método de montagem ou modo de proteção, preferencialmente
provável de danos causados por impacto direto na estrutura ou acompanhado de croqui orientativo de posicionamento na instalação
edificação (Ndc), conforme segue: que poderá ser comparado à figura13 da NBR 5410, reproduzida na
Figura 43 deste guia;
NBR 5410

- Ndc ≥ 10-3 (um dano a cada 1000 anos): é uma frequência de • Tensão máxima de operação contínua UC, que é o equivalente a
danos causados por impacto direto de raio na edificação considerada tensão nominal do DPS, um valor para cada modo de proteção e
inaceitável pela NBR 5419, sendo obrigatória a instalação do SPDA frequência nominal;
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

A linha elétrica
de energia que chega Sim
à edificação inclui
neutro?
O neutro
será aterrado no
barramento de Não
equipotencialização
principal da edificação?
(BEP, ver 64.2.1)
Dois
Não esquemas
de conexão são
possiveis
Sim

ESQUEMA DE CONEXÃO 1 ESQUEMA DE CONEXÃO 2 ESQUEMA DE CONEXÃO 3


Os DPSs devem ser ligados: Os DPSs devem ser ligados: Os DPSs devem ser ligados:
- a cada condutor de fase, - a cada condutor de fase, - a cada condutor de fase,
de um lado, e de um lado, e de um lado, e
- ao BEP ou à barra PE do - ao BEP ou à barra PE do - ao condutor neutro, de
quadro, de outro (ver nota a) quadro, de outro (ver nota b) outro
e ainda: e ainda:
- ao condutor neutro, de - ao condutor neutro, de
L1 L1 um lado, e um lado, e
L2 L2 - ao BEP ou à barra PE do - ao BEP ou à barra PE do
L3 L3 quadro, de outro quadro, de outro
(ver nota a) (ver nota a)

PE PEN PEN L1
BEP BEP L1 L2
L2 L3
L1 L1 L3
44 L2 L2
L3 L3 N

PE
BEP
PE PE PE PE
BEP
BEP BEP N

Figura 43 – Formas de instalação ou modos de proteção do DPS

• Classificação de ensaio (classe I, II ou III) e parâmetros de descarga;


• Corrente máxima IMAX (kA), parâmetro da onda em que o DPS 9.2.5.2 Tipos de DPS
foi ensaiado;
• Corrente de impulso IIMP (kA) e carga Q (A.s), para o DPS classe • DPS comutador de tensão ou curto-circuitante
I (valor para cada modo de proteção); Dispositivo que tem a propriedade de mudar bruscamente
• Corrente de descarga nominal IN (kA), para o DPS classe II o valor de sua impedância, de muito alto para praticamente
(valor para cada modo de proteção – modo comum ou modo desprezível em função do aparecimento de um impulso de
diferencial); tensão em seus terminais. Em 3.4 da NBR IEC 61643-1 o DPS
• Nível de proteção de tensão UP (valor para cada modo de proteção); comutador de tensão é definido como: “um DPS que apresenta
• Suportabilidade a sobretensões temporárias; uma alta impedância quando nenhum surto está presente, mas
• Suportabilidade a correntes de curto-circuito no ponto de que pode ter uma mudança brusca de impedância, para um valor
instalação. baixo, em resposta a um surto de tensão. Exemplos comuns de
componentes usados como dispositivos comutadores de tensão são
Os parâmetros mínimos do DPS que devem constar das centelhadores, tubos a gás, tiristores (retificadores controlados de
especificações de projeto são os seguintes: silício) e triacs. Estes DPS, às vezes, são chamados tipo curto-
circuitantes (“tipo crowbar”).”
NBR 5410

• DPS Classe I: UC, UP, IMAX, IIMP, Q e curva “T1/T2” de ensaio;


• DPS Classe II: UC, UP, IMÁX, IN e curva “T1/T2” de ensaio; • DPS atenuador ou limitador de tensão (supressor de surto)
• DPS Classe III: UC, UP, UOC, IMÁX, IN. Dispositivo que tem a propriedade de mudar paulatinamente o valor
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

de sua impedância, de muito alto para praticamente desprezível, quando Analogamente o DPS comutador de tensão tende a “esvaziar” a
do aparecimento de um impulso de tensão em seus terminais. Em 3.5 da maior parte do surto para o aterramento de uma só vez (Figura 46).
NBR IEC 61643-1, o DPS limitador ou atenuador de tensão é definido
como: “um DPS que apresenta uma alta impedância quando nenhum
surto está presente, mas a reduz continuamente com o aumento do surto
de corrente e tensão. Exemplos comuns de componentes usados como
dispositivos não lineares são varistores e diodos supressores. Estes DPS
às vezes são chamados tipo não curto-circuitantes (“tipo clamping”)”.

• DPS combinado
Incorpora no mesmo dispositivo as propriedades dos DPSs
comutadores e dos atenuadores de tensão. Em 3.6 da NBR IEC
61643-1 o DPS combinado é definido como: “um DPS que incorpora
ambos os tipos de componentes comutadores e limitadores de tensão
podendo exibir limitação, comutação ou ambos os comportamentos Figura 46 – Gráfico que estabelece a analogia para DPS comutador de tensão
de tensão, dependendo das características da tensão aplicada.”
Com a mesma configuração anterior, faz-se agora vários furos
Para melhor entender o funcionamento dos dispositivos são no recipiente 2 de forma que a água proveniente do recipiente 1
utilizados dois exemplos a seguir: escoe esvaziando-o lentamente sem que o nível de desequilíbrio
Tomam-se dois recipientes desnivelados. O número 1, seja atingido no recipiente 2 (Figura 47).
cheio de água, sobre uma superfície plana e o número 2, vazio,
equilibrado sobre um rolete. Posiciona-se o recipiente 2 de forma
que este permaneça em equilíbrio enquanto a água não atingir um
determinado nível (no desenho representado pela linha). Libera-se
a água do recipiente 1 para o 2 (Figura 44).
1

1 Nível de
desequilíbrio
45

2
Nível de
desequilíbrio

2
Figura 47 - Analogia para DPS atenuador ou limitador de tensão.

Analogamente, o DPS atenuador ou limitador de tensão é


sensibilizado antes pela tensão impulsiva e tende a “esvaziar”
a maior parte do surto de forma mais suave para o aterramento
Figura 44 - Analogia para DPS comutador de tensão. Momento inicial.
(Figura 48).
Quando a água ultrapassar o “nível de equilíbrio”, o rolete se movi­
menta entornando toda a água do recipiente 2 de uma só vez (Figura 45).

1
2

NBR 5410

Figura 48 – Gráfico que estabelece a analogia para DPS atenuador ou limitador


Figura 45 - Analogia para DPS comutador de tensão. Momento final. de tensão.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Up

URES

DPS

Aterramento

Figura 49 – Tensões impulsivas em um DPS

classificação deste DPS é a carga (Q), em Ampére por segundo,


9.2.5.3 Características do DPS dessa forma pode-se conhecer a energia que o DPS suportará ao
dissipar a corrente impulsiva.
Um DPS de energia é caracterizado por diversos parâmetros
conforme indicado a seguir. 9.2.5.4 Classificação dos DPSs

46 • Nível de proteção de tensão do DPS (UP): Valor que é caracterizado Segundo a NBR IEC 61643-1, um DPS é classificado conforme
pela limitação de tensão do DPS entre seus terminais. É a porção as especificações de construção do fabricante e, principalmente,
do surto que o DPS “deixa passar” para a instalação à jusante função dos parâmetros de ensaio a que é submetido:
(Figura 49);
• Tensão residual do DPS (URES): Valor do pico da tensão entre • Classe I: DPS ensaiado em condições de corrente que melhor
os terminais do DPS devido à passagem da corrente de descarga simule o primeiro impacto da descarga atmosférica, IIMP (kA) sob
gerada pela atuação do DPS (Figura 49); carga Q (A.s) (efeitos diretos do raio). A IEC 62305-1 e 4 adota
• Tensão de operação contínua do DPS (UC): Máxima tensão que como forma de onda que melhor simula o impulso para este tipo
pode ser aplicada continuadamente ao modo de proteção do DPS de ensaio aquela que tem tempo de frente (T1) de 10 µs ao atingir
sem comprometer seu funcionamento. É o equivalente a tensão 90% da corrente máxima do ensaio e tempo de cauda (T2) de 350 µs
nominal do DPS; para atingir 50% da mesma corrente. Daí curva 10/350 (Figura 50).
• Modo de proteção do DPS: Cada possibilidade de ligação de • Classe II: DPS ensaiado em condições de correntes que melhor
um DPS na instalação (entre: fase / fase, fase / neutro, fase / terra, simulem os impactos subsequentes das descargas atmosféricas e as
neutro / terra e outras combinações); condições de influências indiretas nas instalações, IN (efeitos indiretos
• Corrente máxima do DPS (IMÁX): Valor de crista de um impulso dos raios e manobras). Forma de onda para ensaio com tempo de frente
utilizado na forma de onda tempo x corrente para ensaio do DPS; de 8 µs e de cauda de 20 µs. Daí curva 8/20 (Figura 50);
• Corrente nominal do DPS (IN): Fração do valor de crista de um • Classe III: por ser um dispositivo atenuador de ajuste de tensão,
impulso cuja forma de onda tempo x corrente representa o mais utilizado em níveis internos de proteção este DPS é ensaiado com
fielmente possível o impulso gerado pelos surtos induzidos. É forma de onda combinada, isto é, com um “gerador combo” que
utilizada para ensaio e classificação de DPS classe II. A NBR IEC
61643-1 utiliza o parâmetro IN também para determinar a vida útil
do DPS. O mesmo deve suportar, pelo menos, 15 a 20 surtos com
o valor de IN;
• Corrente de impulso do DPS (IIMP): Fração do valor de crista
(IMAX) de um impulso cuja forma de onda tempo x corrente
NBR 5410

representa o mais fielmente possível o primeiro impacto de uma


descarga atmosférica. Esta é utilizada para ensaio e classificação
de DPS classe I. Outro parâmetro importante a ser considerado na Figura 50 –Formas de onda adotadas para os ensaios dos DPSs classe I e II
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

com circuito aberto, aplica no DPS um impulso de tensão (UOC) Valor mínimo de Uc exigível do DPS, em função do esquema
de 1,2/50 µs, e um impulso de corrente (IN) de 8/20 µs, em curto de aterramento. (Tabela 49 da NBR 5410)
circuito. Desta relação de valores aplicados (V, I) obtêm-se um
resultado conhecido como impedância fictícia (Zf) que segundo a Exemplo:
NBR IEC 61643-1 não pode ultrapassar a 2 Ω.
- Tensão da instalação: 127 / 220 V;
Definidas as classificações dos DPSs, conhecendo sua forma de - Esquema de aterramento empregado: TN-S;
operação e aplicação, há como desenvolver as seguintes associações - Modo de proteção do DPS: Entre os condutores de Neutro e PE.
de conceitos:
UC = U0 = 127 (V)
• Riscos de danos provenientes dos efeitos indiretos causados pelas
descargas atmosféricas nas linhas de alimentação que adentrem A especificação do DPS deve ser no valor comercialmente
a edificação  surtos induzidos  DPS Classe II instalado no 1º disponível de UC imediatamente superior ao calculado. Para este
nível de proteção. caso, 150 ou 155 V, são opções tecnicamente viáveis.
A proteção contra riscos causados pelos efeitos indiretos deve
ser feita, basicamente, com DPS de característica atenuador de • Determinação da corrente de impulso (IIMP) para DPS classe I e
tensão (supressores de surto) ou combinado. Vale lembrar que nominal (IN) para DPSs classes II:
este tipo de proteção também é eficaz para os efeitos dos surtos de
tensão causados por manobras na rede. A NBR 5410 fornece parâmetros mínimos para a especificação do
• Riscos de danos provenientes do efeito direto causados pelas conjunto de DPS no primeiro nível de proteção da instalação e determina
descargas atmosféricas no SPDA, em outros componentes da que seja realizado o estudo de necessidade de proteção nos demais níveis
instalação ou muito próximo a ela  surtos conduzidos  DPS baseado nos valores de suportabilidade a tensões impulsivas. Esse estudo
Classe I instalado no 1º nível de proteção. deve ser feito comparando-se UP do DPS escolhido com os demais
A proteção contra riscos causados pelos efeitos diretos deve níveis de proteção da tabela 16 deste guia. Após a comparação deverão
ser feita, basicamente, com DPS de característica comutador de ser instalados tantos conjuntos de DPS quantos forem necessários para
tensão (descarregador de corrente) ou combinado, minimizando o atingir os valores descritos naquela tabela.
surto através do escoamento de uma parcela da corrente impulsiva Há também dados que constam da IEC 62305-4 e que fornecem
diretamente para a terra ou para os condutores de alimentação os valores das correntes de primeiro raio para as condições de 47
da instalação (concessionárias e redes de serviços públicos), correntes de impulso provocadas pelos efeitos diretos dos raios,
dependendo do esquema de aterramento no local. função do nível de proteção (classe) atribuído ao SPDA a ser
instalado no local. Esses valores permitem dimensionar com maior
9.2.5.5 Seleção dos DPSs: precisão a corrente IIMP para o DPS classe I.
Tabela 16 – Parâmetros da corrente do primeiro raio, segundo a IEC 62305-1 e 4
A correta seleção de um DPS depende da definição dos seguintes Nível de proteção para o SPDA
parâmetros: Parâmetros de corrente
I I II III E IV
Corrente de pico 200 200 150 100
• Tensão de operação contínua do DPS (UC) Tempo de frente (T1) 10 10 10 10
Tempo de 50% da cauda (T2) 350 350 350 350
Para determinação do valor de UC basta conhecer do modo de Carga para as condições de 1o raio (Qs) 100 100 75 50
proteção e o esquema de aterramento da instalação e então aplicar Energia específica (W/R) 10 10 5,6 2,5
essas informações na Tabela 15:
A NBR 5419 define os níveis de proteção considerando:
Tabela 15 - Determinação de Uc
estrutura, utilização, localização, topologia e outros.
DPS conectado entre Esquema de aterramento
Para os casos de dano provocados por impacto direto na
Fase Neutro PE PEN TT TN-C TN-S IT com IT sem instalação devem ser considerados os seguintes parâmetros:
neutro neutro
distribuido distribuido - Nível I: 200 kA (10/350) µs;
X X 1,1 Uo 1,1 Uo 1,1 Uo - Nível II: 150 kA (10/350) µs;
X X 1,1 Uo 1,1 Uo √3 Uo U - Níveis III e IV: 100 kA (10/350) µs.
X X Uo
X X Uo Uo Uo A IEC 62305-4 convenciona que a corrente elétrica da descarga
atmosférica se divide ao longo do SPDA, sendo que ao chegar ao nível do
NBR 5410

Notas
1 Ausência de indicação significa que a conexão considerada não se aplica ao esquema de aterramento.
2 Uo é a tensão fase-neutro.
solo metade dessa corrente se dispersa pelo eletrodo de aterramento e a outra
3 U é a tensão entre fases. metade retorna para a instalação, função da diferença de tensão que aparece
4 Os valores adequados de Uc podem significativamente superiores aos valores mínimos da tabela
entre os aterramentos da edificação e da fonte de alimentação (Figura 51).
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

1/2 1/2

1/2
1/2

1/2 1/2
1/6
1/6
1/6 1/2 1/2
1/2 1/4 1/4 1/4
1/4
1/4
1/4

Figura 51 – Exemplo da divisão da corrente elétrica do raio


48
Conforme apresentado nota-se que somente com o SPDA - Corrente do surto conduzido ao interior da instalação:
externo instalado, os níveis de corrente e tensão dos surtos que ISURTO = I/2 = 100 kA, (10/350) µs (na instalação)
circulam na instalação elétrica desprovida de SPDA interno e
DPS, aumentam descontroladamente no momento da ocorrência - Numero de condutores metálicos, externos, que adentram na
da descarga atmosférica, fator que eleva a probabilidade da edificação:
ocorrência de danos à mesma, portanto pode-se concluir que apenas N = 4 (3 fases + PEN)
a existência do SPDA externo não protege a instalação elétrica tão
pouco seus componentes dos danos causados por surtos de tensão, - Corrente de surto imposta a cada condutor:
muitas vezes atuando inversamente à essa falsa expectativa. ISURTO COND = ISURTO / N = 100/4 = 25 kA
Retomando o dimensionamento de IIMP, o SPDA - embora
passando a maior parte de sua “vida” sem conduzir corrente elétrica A corrente IIMP especificada para o DPS deve ter valor
deve, por definição, estar eletricamente vinculado à instalação elétrica comercialmente encontrado igual ou imediatamente superior a
através do barramento de equipotencialização principal (BEP), ISURTO COND.
tornando-se parte integrante dessa instalação, assim, ao se calcular Vale comentar que este cálculo se mostra bastante conservador
a proteção local contra impacto direto de descargas atmosféricas, quando desconsidera outros elementos
pode-se estimar o valor da corrente atribuído ao nível de proteção condutores (dutos metálicos e linhas elétricas de sinal) que adentrem
adotado para aquela edificação e dividir a metade deste numero pela a edificação.
quantidade de condutores metálicos que adentrem a mesma. A NBR 5410 estabelece limites mínimos de IIMP para cada
situação:
Exemplo:
• IIMP= 12,5 kA, por modo de proteção; e
Para uma edificação de uma indústria que esteja em situação de • IIMP = 25 kA para DPS de neutro* em ligações monofásicas;
risco confinado (nível I de proteção) que seja alimentada por uma • IIMP = 50 kA para DPS de neutro* em ligações trifásicas.
rede trifásica com esquema de aterramento TN-C:
NBR 5410

* Tanto para IIMP quanto para IN, o DPS de neutro é assim denominado por ter
características de suportabilidade diferentes dos DPS utilizados em outros
- Corrente da descarga atmosférica:
modos de instalação.
I = 200 kA, (10/350) µs
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Para o cálculo de IN visando a proteção da instalação contra • IN = 5 kA, por modo de proteção e
os efeitos indiretos dos raios (surtos induzidos), onde o foco é • IN = 10 kA para DPS de neutro* em ligações monofásicas;
minimizar surtos já atenuados pela impedância das linhas ou por • IN = 20 kA para DPS de neutro* em ligações trifásicas.
DPS classe I instalado a montante pode-se utilizar o método do
nível de exposição à sobretensões indiretas, provenientes das É importante ressaltar que no caso de instalar DPS classe
descargas atmosféricas. II no primeiro nível de proteção da instalação é prudente que IN
tenha valores maiores daqueles que constam da NBR 5410. Esta
F=Td (1,6 + 2LBT + δ) afirmação tem o objetivo de garantir a efetiva coordenação com
outros possíveis DPSs instalados a jusante e com a durabilidade
Onde: do conjunto (DPS x Instalação), pois a vida útil do DPS classe
F - Nível de exposição a surtos provenientes das descargas II, construído com componente(s) semicondutor(es), tipicamente
atmosféricas, varistor(es), está diretamente ligada a IN. Então, quanto maior IN,
Td - Índice ceráunico, em relação ao valor inicialmente dimensionado, maior será a vida
LBT - Comprimento, em km, da linha aérea de alimentação da útil provável do DPS. Outro fator de grande importância é a relação
instalação, e custo x benefício: a diferença de valor entre um DPS com corrente
δ - Posicionamento, situação e topologia da linha aérea e da nominal IN= 10 kA e outro com IN = 20 kA é muito pequena se
edificação: considerarmos as mesmas condições de exposição e atuação. Então
os parâmetros determinantes nessa comparação serão o valor da
Sendo: mão de obra para instalação do DPS, o provável tempo de parada
δ = 0 - para linha aérea e edificação completamente envolvidas por para troca dos dispositivos e o numero de trocas.
outras estruturas,
δ = 0,5 - para linha aérea e edificação com algumas estruturas 9.2.5.6 Instalação e coordenação
próximas ou em situação desconhecida,
δ = 0,75 - para linha aérea e edificação em terreno plano ou Determinação do nível de proteção de tensão (UP)
descampado,
δ = 1 - para linha aérea e edificação sobre morro, em presença de Particularizando um trecho da tabela 31 da NBR 5410 (Figura
água superficial e área montanhosa. 52) pode-se exemplificar como definir o valor UP para um DPS
e ainda entender o conceito do estabelecimento dos níveis de 49
Comparando o resultado obtido com os padrões estabelecidos, tem- proteção.
se uma referência para o valor IN: Ao considerar-se que cada segmento de em uma instalação
elétrica deve ter sua característica de suportabilidade a impulso
- F ≤ 40  IN = 5 kA previamente definido pode-se estabelecer que o nível de proteção
- 40 < F ≤ 80  IN = 10 kA esteja localizado no ponto de transição entre categorias.
- F > 80  IN = 20 kA No caso da rede externa, quando para proteção dos efeitos
diretos causados pelo raio, o primeiro nível de proteção está
As correntes nominais mínimas normalizadas pela NBR 5410 são: localizado exatamente no ponto onde os condutores adentram

Tensão nominal Tensão nominal suportável requerida


da Instalação kV
V Categoria do produto
Produto a ser
Produto a ser utilizado em Produtos
Sistemas utilizado na entrada circuitos de Equipamentos especialmente
trifásicos da instalação distribuição e de utilização protegidos
circuitos
terminais
Categoria de suportabilidade a impulso
IV III II I

220/380
6 4 2,5 1,5
NBR 5410

Tabela 52– Caso particular da tabela 1


GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Tensão nominal Tensão nominal suportável requerida


da Instalação kV
V Categoria do produto
Produto a ser
Produto a ser utilizado em Produtos
Sistemas utilizado na entrada circuitos de Equipamentos especialmente
trifásicos da instalação distribuição e de utilização protegidos
circuitos
terminais
Categoria de suportabilidade a impulso
IV III II I
UP U RES UP U RES UP U RES UP U RES
220/380 6 4 2,5 1,5

1º Nível 2º Nível 3º Nível 4º Nível


Figura 53 – Determinação de UP e coordenação a suportabilidade de tensão impulsiva

50 a edificação, o segundo nível de proteção estará localizado onde • O DPS classe II também pode ser instalado no 1º nível de
iniciar-se a distribuição dos circuitos, geralmente o quadro de proteção da instalação quando o objetivo for o da proteção contra
distribuição principal (QDP), o terceiro nível junto a outros quadros os efeitos indiretos causados pelos raios ou no 2º e demais níveis
de distribuição secundários (QDS) e assim sucessivamente. de proteção da instalação, quando o objetivo for o da proteção
Se a proteção visa mitigar efeitos indiretos causados pelos contra os efeitos diretos causados pelos raios, e existir um DPS
raios, o primeiro nível de proteção estará situado diretamente no classe I já instalado no 1º nível de proteção.
QDP, o segundo nível no QDS, etc. Em geral, não há linearidade • O DPS classe III funciona como “atenuador local” que regula
espacial na determinação dos níveis de proteção. Uma edificação e praticamente restabelece as condições normais de tensão.
terá tantos primeiros níveis de proteção quantos locais em que Comparado como um “ajuste fino” na proteção está sempre
conjuntos de condutores metálicos adentrarem a mesma, bem como instalado nos últimos níveis de proteção, ou seja, exatamente
poderá ter mais de um determinado nível de proteção (2o, 3o, etc.) antes do equipamento, algumas vezes embutido no mesmo.
repetido, dependendo da localização dos circuitos, componentes e
equipamentos a serem protegidos. Para a coordenação por tempo considera-se que cada DPS
Como o nível de proteção deve obedecer às tensões impulsivas tem um tempo de resposta (atuação) função dos componentes
normalizadas e a característica de UP em um DPS é determinada pela que foram utilizados em sua construção (Figura 54). Geralmente
tensão que aparecerá a jusante do ponto onde este estiver instalado adota-se a seguinte correlação: DPSs com maior capacidade de
deduz-se que o DPS deve ter UP igual à categoria de suportabilidade dissipação de energia levam mais tempo para “sentir” o surto. Essa
a impulso subsequente ao seu ponto de instalação (Figura 53). característica exige que o projetista coordene adequadamente os
A nota 1 contida em 6.3.5.2.4 da NBR 5410 estabelece que dispositivos na instalação para que o DPS mais robusto sempre
quando for instalado um único conjunto de DPSs, no primeiro atue primeiro.
nível de proteção da instalação, este possua UP compatível com a Para que haja coordenação efetiva os fabricantes adotam
categoria II para qualquer tensão ou sistema de distribuição. distâncias mínimas de condutores entre os níveis de proteção.
Os conceitos de nível de proteção da instalação e classe do Quando não existir esta distância mínima recomendada há
DPS não devem estar diretamente atrelados, por exemplo: necessidade da inserção no circuito de um elemento que “atrase”
o surto, geralmente indutores ou termistores, a fim de fazer com
NBR 5410

• O DPS classe I sempre deve ser instalado no 1º nível de proteção que o DPS instalado no 1º nível de proteção “sinta” o surto e
da instalação quando o objetivo for o da proteção contra os efeitos atue antes do DPS instalado no 2º nível de proteção e assim
diretos causados pelos raios; sucessivamente.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Surto Centelhador Varistor Diodo Supressor

KV 10 V 800 V 800 V 800

600 600 600

5 400 400 400

200 200 200

0 0 0 0
0 20 40 60μs 0 1 2μs 0 100 20ns 0 100 20ps

Indutor Indutor

UN =24V

500ns 25ns 10ns


10 KA 2 KA 0,2 KA
Figura 54 – Coordenação entre DPSs por tempo de atuação

Posicionamento dos DPSs no 1º nível de proteção da instalação na linha externa de alimentação ou contra surtos causados por
manobra): os DPSs devem ser instalados junto ao ponto de entrada
Seguindo a classificação das influências externas e análise de da linha na edificação ou no QDP, localizado o mais próximo
riscos, a NBR 5410 divide em duas as possibilidades de instalação possível do ponto de entrada. Simplificando: para a proteção contra
do conjunto de DPS no primeiro nível de proteção: os efeitos indiretos é correto instalar os DPSs sempre no QDP 51
• Proteção contra os efeitos indiretos dos raios (surtos induzidos (Figura 55);

Para surtos induzidos, atenuados


por classe I a montante ou em quadros
após QDP da instalação e outras linhas
de sinais que não de telecomunicações
CLASSE II

QDP DGS

BEP
TAT - NBR 14306
BEP

PEN

Infraestrutura de aterramento
NBR 5410

Figura 55 – Posicionamento do DPS classe II, primeiro nível para surtos induzidos ou no segundo nível com DPS classe I instalado a montante, na rede elétrica de energia
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Entrada de energia, desde para


edificação unifamiliar e que este
ponto não esteja situado a mais de 10m
do BEP. Aterramentos conectados
pelo PEN. - item 6.3.5.2.1, nota 2
CLASSE II

QDP

N PE DGS PE

BEP TAT

PEN

Aterramento pela fundação

Figura 56 – DPS classe II próximo à medição

É admitida apenas uma exceção a essa regra, quando há edificações • Proteção contra sobretensões provocadas por descargas
de uso unifamiliar, atendidas pela rede pública de distribuição em baixa atmosféricas diretas sobre a edificação ou próximo a ela, surtos
52 tensão, a barra PE utilizada na caixa da medição deve ser interligada ao conduzidos: os DPSs devem ser instalados especificamente no
BEP, além de essa caixa de medição não distar mais de 10 m do ponto de ponto de entrada da linha na edificação (Figuras 57 e 58).
entrada da instalação na edificação. Nessas condições os DPSs podem O ponto de entrada da instalação na edificação é definido pela NBR
ser instalados junto ao barramento na caixa de medição (Figura 56). 5410 como o ponto em que o condutor penetra (adentra) a edificação.

SPDA

No QDP, se este estiver nas


proximidades do ponto de entrada:
descarga direta/ equipotencialização
CLASSE I

QDP DGS

BEP
TAT - NBR14306

PEN
NBR 5410

Infraestrutura de aterramento

Figura 57 – Posicionamento do DPS classe I, primeiro nível, na rede elétrica de energia. QDP no ponto de entrada.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

SPDA

No ponto de entrada:
Descarga direta / equipotencialização
CLASSE I

QDP DGS

BEP
BEP
TAT - NBR14306

PEN

Infraestrutura de aterramento

Figura 58 – Posicionamento do DPS classe I, primeiro nível, na rede elétrica de energia. QDP fora do ponto entrada.

quadro de modo a existir excesso de condutores, as famosas “folgas”,


9.2.5.7 Conexões entre DPS e a instalação: poderão ocorrer seguintes situações de mau funcionamento:
53

O comprimento dos condutores para a conexão do DPS deve ser o • Excesso de cabo a montante do DPS: atraso no tempo de atuação
mais curto possível, sem curvas ou laços (Figuras 59 e 60). No primeiro do dispositivo fazendo com que uma parcela maior de surto passe
nível de proteção o comprimento total do condutor de ligação (entre para o próximo nível de proteção ou para a instalação;
condutor vivo, DPS e BEP) não deve exceder 0,5 m. A justificativa • Excesso de cabo a jusante do DPS: dificuldade na dissipação
dada para a coordenação por tempo pode ser utilizada para explicar esta da corrente do surto elevando a energia dissipada (calor) no DPS
prescrição. Se nas condições de instalação o DPS for posicionado no chegando, em situação extrema, a explodir o dispositivo.

NBR 5410

Figura 60 – Alternativa de aproveitamento do comprimento do condutor de


Figura 59 – Comprimento do condutor de interligação do DPS interligação do DPS
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

A seção nominal mínima do condutor para interligação do DPS alimentação do circuito. Cuidados especiais com a coordenação
à instalação deve seguir as seguintes prescrições: devem ser considerados, pois dependendo do caso o condutor de
interligação do DPS terá seção inferior ao do alimentador do circuito;
• Proteção contra os efeitos indiretos causados pelos raios: No
mínimo 4 mm2 em cobre ou equivalente;
• Proteção os efeitos diretos causados pelos raios: No mínimo 16 ICC
mm2 em cobre ou equivalente.

9.2.5.8 Proteção adicional contra sobrecorrentes:

Ao atingir o final de sua vida útil ou por falha interna, há a


possibilidade do DPS entrar em curto-circuito permanentemente
criando uma falta à terra no ponto de sua instalação no circuito .
Prevendo este tipo de situação a NBR 5410 prescreve que o circuito
do DPS deverá ser provido de proteção contra curto-circuito
instalada a montante.
As alternativas de arranjos para instalação desses dispositivos
podem permitir, na hipótese de falha do DPS, priorizar a Figura 62 – DP em série com o carga. Risco de desligamento intempestivo.
continuidade do serviço ou a continuidade da proteção.
Então, os dispositivos de proteção contra sobrecorrentes podem • Uma repetição da primeira situação com redundância da proteção.
estar posicionados: Embora de maior custo esta alternativa minimiza a possibilidade de
perda de proteção contra surto em caso de dano em um dos DPSs
• Em série com a linha de conexão do DPS, esse dispositivo de (Figura 63). Para esta situação os dispositivos devem ter as mesmas
proteção também pode ser um desligador interno que, eventualmente, características técnicas.
integre o dispositivo, mas que não deve ser confundido com o
desligador automático existente nos DPSs à base de varistores que
visa prevenir outros danos causados pela “corrente de avalanche” E/I
54 (Figura 61). Deve-se verificar se a capacidade de interrupção
(suportabilidade à corrente de curto circuito) desse desligador é
compatível com a corrente de curto circuito presumida no ponto de
DP 1 DP 2
instalação do DPS. Essa ligação assegura continuidade de serviço,
mas significa ausência de proteção contra qualquer novo surto que
venha a ocorrer antes da troca do DPS;
DPS 1 DPS 2

Figura 63 – Redundância na proteção

O dispositivo de proteção contra sobrecorrentes a ser instalado


deve possuir corrente nominal compatível à indicada pelo fabricante
do DPS. A capacidade de interrupção (suportabilidade à corrente de
curto circuito) deve ser igual ou superior à corrente de curto-circuito
presumida no ponto de instalação.
A seção nominal dos condutores destinados a conexão entre
o dispositivo de proteção contra sobrecorrentes especificamente
previsto para eliminar um curto-circuito aos condutores de fase do
circuito deve ser dimensionada levando em conta a máxima corrente
Figura 61 – DP em série com o DPS. Inexistência de proteção caso
não haja manutenção preventiva efetiva de curto-circuito possível no local.

• No circuito ao qual está conectado o DPS, corresponde geralmente 9.2.5.9 Condições para coordenação entre DPS e dispositivos DR
NBR 5410

ao próprio dispositivo de proteção contra sobrecorrentes do circuito


(Figura 62). Afeta a continuidade do serviço, uma vez que a atuação • Para prevenir desligamentos intempestivos do DR causados por
do dispositivo de proteção, devido à falha do DPS, interrompe a correntes de fuga inerentes ao DPS, especificamente aqueles que
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

DR L1
L2
L3
N

DR não é
DPS sensibilizado
ETI

PE

Figura 64 – Coordenação entre DR e DPS – Em caso de falha do DPS o DR não sentirá a corrente de fuga.

utilizem componentes semicondutores, quando situados no mesmo sinal (vídeo, dados, telefonia) há algumas prescrições a serem
nível de proteção, o DPS deve ser instalado a montante do dispositivo acrescidas àquelas feitas para linhas de energia, porém o vínculo
DR (Figura 64). com os barramentos de equipotencialização é fundamental e
deve ser mantido:
• Quando, por qualquer razão, o DPS for posicionado a jusante do • Linha originária da rede pública de telefonia: deve ser
dispositivo DR, seja ele instantâneo ou temporizado, deve também instalado um DPS por linha. Os DPSs devem ter características
possuir imunidade a correntes de surto de, no mínimo, 3 kA (8/20). curto-circuitante e estar localizados no distribuidor geral de
DR tipo “S” (Figura 65). sinal (DGS) da edificação onde está o terminal de aterramento 55
de telecomunicações (TAT), como determina a norma NBR
9.3 Proteção em linhas de sinal 14306. O TAT será ligado ao aterramento através do BEP. O
DGS deve estar situado o mais próximo possível do BEP;
9.3.1 Localização • Linha externa originária de outra rede pública que não a de
telefonia: o DPS, instalado para cada linha de sinal, deve ser
Em 6.3.5.3 da NBR 5410, para a proteção de linhas de localizado junto ao BEP;

DR L1
L2
L3
N

S
DPS
NBR 5410

PE

Figura 65 – Coordenação entre DR e DPS – DR com imunidade a surtos (Tipo S)


GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Instalar 01 DPS
por linha de sinal
(TV, dados, etc.)

QDP
ETI
FONE DGS
Instalar 01 DPS
PEN por linha de sinal
BEP TAT (Telefonia)

Figura 66 – Indicação do posicionamento dos DPSs de sinal no 1o nível de proteção.

56 ETI ETI

Figura 67 - Proteção de sinal para comunicação entre edificações.

A Figura 66 ilustra as duas prescrições anteriores. DPSs destinados à proteção de linhas de telefonia em par trançado:
• O DPS deve ser do tipo comutador de tensão, simples ou
• Linha que se dirija a outra edificação, a estruturas anexas ou no combinado (com limitador de sobretensão em paralelo);
caso de linha associada à antena externa ou outras estruturas no • Tensão de disparo c.c.: O valor da tensão de disparo c.c. deve ser
topo da edificação: o DPS deve ser localizado junto ao BEP, ao de no máximo 500 V e, no mínimo, 200 V, quando a linha telefônica
BEL, ou ao terminal “terra”, o que estiver mais próximo em cada for balanceada ou 300 V, quando a linha telefônica não for aterrada
edificação ou estrutura (Figura 67) (flutuante);
• Tensão de disparo impulsiva: O valor da tensão de disparo
Os DPSs sempre devem ser conectados na linha de sinal com impulsiva do DPS deve ser de, no máximo, 1 kV;
a referência de equipotencialização mais próxima. Dependendo do • Corrente de descarga impulsiva:
posicionamento do DPS, a referência de equipotencialização mais •No mínimo, 5 kA, quando a blindagem da linha telefônica for
próxima pode ser o BEP, o TAT, o BEL, o condutor PE ou, caso o DPS aterrada, e
seja instalado junto a algum equipamento, o terminal conectado à massa • No mínimo 10 kA quando a blindagem não for aterrada.
desse equipamento. O eletroduto por onde passará o condutor do sinal • Para condições onde a proteção seja contra os efeitos diretos dos
deve ser metálico, ter continuidade elétrica garantida e suas extremidades raios, recomenda-se a comparação dos valores de correntes de
interligadas aos eletrodos de aterramento de cada edificação. primeira descarga atmosférica possíveis (já demonstrada para DPS
de energia) e a adoção do maior valor.
9.3.2 Seleção dos DPSs de telefonia • Corrente de descarga c.a: O valor da corrente de descarga c.a. do
NBR 5410

DPS deve ser de, no mínimo, 10 A.


Assumindo que o DPS venha a ser instalado no DGS da • Protetor de sobrecorrente:
edificação são especificadas a seguir as características exigíveis dos • In do protetor entre 150 mA e 250 mA para a linha telefônica
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

aterrada (balanceada); Para proteção contra subtensões ou faltas totais de tensão


• In do protetor (opcional) entre 150 mA e 250 mA para quando a podem ser usados, por exemplo, relés ou disparadores de subtensão
linha telefônica for flutuante (não aterrada). (função ANSI 27) atuando sobre contatores ou disjuntores; ou
• Interligação direta da blindagem ou capa metálica de um cabo de contatores providos de contato auxiliar de autoalimentação.
sinal a equipotencialização ou à massa de um equipamento: A atuação dos dispositivos de proteção contra subtensões e
• Quando a blindagem ou capa metálica de uma linha de sinal for faltas de tensão pode ser temporizada, se o equipamento protegido
conectada ao BEP, TAT ou à massa de um equipamento através de puder admitir, sem inconvenientes, uma falta ou queda de tensão de
DPS, este deve ter as seguintes características: curta duração. Se forem utilizados contatores, a temporização na
abertura ou no fechamento não deve, em nenhuma circunstância,
• Tipo comutador de tensão; impedir o seccionamento instantâneo imposto pela atuação de
• Tensão disruptiva c.c. entre 200 V e 300 V; outros dispositivos de comando e proteção.
• Corrente de descarga impulsiva de no mínimo 10 kA (8/20 µs); Quando o religamento de um dispositivo de proteção for
• Corrente de descarga c.a. de no mínimo 10 A (60 Hz / 1 s). suscetível de causar uma situação de perigo, esse religamento não
deve ser automático.
9.3.3 Seleção dos DPSs para outros tipos de sinais
11 Proteção das pessoas que trabalham nas
Os critérios para a seleção de DPS destinados à proteção de instalações elétricas de baixa tensão
outros tipos de linha de sinal devem ser compatibilizados com os
fabricantes dos DPSs e dos equipamentos a serem protegidos. Em Em relação à proteção e segurança das pessoas que trabalham
alguns casos há necessidade de casamento de impedâncias e/ou nas instalações elétricas de baixa tensão, devem ser observadas
freqüências. as exigências da norma regulamentadora NR-10, do Ministério
do Trabalho e Emprego (ver parte deste guia sobre a NR-10). É
9.3.4 Falha do DPS de sinal importante saber que, sob o ponto de vista legal, a aplicação da
NR-10 se sobrepõe à NBR 5410.
O DPS deve ser do tipo “falha segura”, isto é, deve incorporar Como regra geral, os trabalhadores devem utilizar
proteção cuja atuação provoque curto-circuito da linha de sinal equipamentos de proteção individual que são, no mínimo, os
para a terra. capacetes, óculos de segurança, luvas, detector de tensão e botas.
Além disso, os equipamentos de baixa tensão devem ser 57
10 Proteção contra quedas e faltas de providos de meios que permitam, quando necessário, o seu
tensão isolamento da instalação e devem permitir que a instalação
completa ou partes da instalação possam ser isoladas, dependendo
A proteção contra quedas e faltas de tensão é tratada em 5.5 da das condições operacionais. Isto pode ser realizado, por
NBR 5410. exemplo, desligando-se seccionadores ou removendo-se elos ou
O termo “queda de tensão” nesta parte da norma refere-se à interligações.
caída (diminuição) de tensão em tempos relativamente curtos, É importante observar que a instalação completa ou partes das
chamados de subtensão, e não deve ser confundido com a queda instalações que possam ser energizadas por várias fontes devem
de tensão nos circuitos causada pela impedância dos componentes ser dispostas de forma que todas as fontes possam ser isoladas.
da instalação. Tanto a subtensão quanto a falta total de tensão Nos casos em que os terminais de neutro de vários equipamentos
são problemas importantes relativos à qualidade de energia nas estiverem ligados em paralelo, deve ser possível isolá-los
instalações elétricas (ver parte 22 deste guia). individualmente.
Devem ser tomadas precauções para evitar que uma subtensão Para evitar graves choques elétricos, devem ser providos
ou uma falta total de tensão, associada ou não ao posterior meios para descarregar os equipamentos que ainda possam
restabelecimento desta tensão, venha a causar perigo para as transferir potencial elétrico mesmo após a sua desconexão da
pessoas ou danos a uma parte da instalação, a equipamentos instalação, como, por exemplo, capacitores. É preciso atenção
de utilização ou aos bens em geral. Em particular, os motores no procedimento de descarregar os capacitores, pois eles podem
elétricos trifásicos de baixa tensão podem ter seu funcionamento ser danificados se descarregados pela colocação em curto-circuito
bastante prejudicado no caso de redução significativa ou falta total dos terminais, antes de decorrido um intervalo (geralmente da
de tensão em uma de suas fases. ordem de 1 minuto) após a retirada do potencial. Deve-se sempre
O uso de dispositivos de proteção contra subtensões e faltas utilizar resistores de valores apropriados para realizar a descarga
totais de tensão pode não ser necessário se os danos a que a com segurança para o pessoal e o equipamento.
instalação e os equipamentos estão sujeitos, nesse particular, Para eliminar o risco de reenergização indevida que possa
representarem um risco aceitável e desde que não haja perigo para colocar as pessoas em situações perigosas, sempre que partes
NBR 5410

as pessoas. Essa avaliação de risco deve ser feita pelo projetista removíveis, como, por exemplo, os fusíveis, são utilizadas para a
em conjunto com o responsável pela obra para que sejam (ou não) desconexão da instalação completa ou parte dela e são substituídas
aplicadas as medidas de proteção necessárias. por coberturas ou barreiras, estas devem ser montadas de tal
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

forma que a sua remoção somente possa ser executada com o uso uma fonte, por circuitos, chamados de circuitos de segurança,
de ferramenta apropriada. que vão até os terminais dos equipamentos de utilização e, em
Os equipamentos que são operados manualmente devem certos casos, incluem os próprios equipamentos alimentados
permitir o uso de dispositivos de travamento mecânico, tais como (Figura 68).
cadeados, para evitar o seu religamento indevido. Os sistemas de alimentação elétrica de reserva, opcionais, são
As pessoas que trabalham nas instalações elétricas devem possuir e previstos para manter o funcionamento da instalação ou de partes
saber utilizar dispositivos (fixos ou portáteis) para a verificação do estado da instalação no caso de interrupção da alimentação normal, por
de desenergização em todos os pontos onde o trabalho for realizado. razões outras que a segurança das pessoas. São casos nos quais
Cada parte de uma instalação que possa ser isolada de outras a interrupção da alimentação elétrica pode causar situações de
partes deve possuir dispositivos que permitam o seu aterramento e desconforto ou prejudicar atividades comerciais e industriais,
curto-circuito, evitando assim os riscos de choques elétricos para como por exemplo, equipamentos de processamento de dados,
os operadores. Além disso, equipamentos como, por exemplo, comunicação, ar-condicionado, equipamentos industriais, etc.
transformadores e capacitores devem ser providos de meios para A NBR 5410 não inclui prescrições sobre sistemas de
seu aterramento e curto-circuito no ponto de sua instalação. alimentação de reserva.

12 Serviços de segurança 12.2 Fontes de segurança

Os serviços de segurança são tratados na NBR 5410 nos itens Nas instalações de segurança e de reserva, podem ser usados
indicados na Tabela 17. como fontes:
Tabela 17: Itens da NBR 5410 sobre serviços de segurança
Prescrições Medidas de Seleção e (a) baterias: são utilizadas na alimentação de equipamentos
fundamentais proteção instalação
de potência relativamente pequena, por tempos relativamente
3.5 4.1.6 / 4.2.4 6.6
curtos. É o caso, por exemplo, da utilização em sistemas de
iluminação de segurança (emergência).
12.1 Definições
(b) geradores independentes da alimentação normal: são usados
Pode-se definir sistema de alimentação elétrica para na alimentação de equipamentos de segurança de maior potência,
58 serviços de segurança como um sistema de alimentação previsto por tempos relativamente longos. São os casos, por exemplo,
para manter o funcionamento de equipamentos e instalações de bombas de incêndio, elevadores para brigada de incêndio e
essenciais à segurança das pessoas, à salubridade e/ou quando bombeiros, sistemas de alarme, sistemas de exaustão de fumaça,
exigido pela legislação, para evitar danos significativos ao meio equipamentos médicos essenciais, dentre outros.
ambiente ou a outros materiais .
São exemplos de serviços de segurança: a iluminação de (c) ramais separados da rede de distribuição, efetivamente
segurança (iluminação de emergência), bombas de incêndio, independentes da alimentação normal: trata-se de um ramal da
elevadores para brigada de incêndio e bombeiros, sistemas de rede de distribuição da concessionária, totalmente separado física
alarme, como os de incêndio, fumaça, CO e intrusão, sistemas e eletricamente do ramal normal de alimentação da instalação.
de exaustão de fumaça, equipamentos médicos essenciais. A separação visa a minimizar as possibilidades de interrupções
As instalações de segurança devem observar também, simultâneas. As entradas dos dois ramais devem ser separadas
no que for pertinente, a legislação referente a edificações, os e sua alimentação deve provir de transformadores separados ou
códigos de segurança contra incêndio e pânico e outros códigos mesmo de subestações diferentes.
de segurança aos quais a edificação e/ou as atividades nela
desenvolvidas possam estar sujeitas. (d) sistemas especiais: são os chamados sistemas de energia
Um sistema de alimentação de segurança é constituído por ininterrupta, também designados pela sigla UPS (Uninterruptible
NBR 5410

Figura 68 - Componentes de um sistema de segurança


GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Power Supply), ou ainda conhecido no Brasil por “no-breaks”.


Devem ser utilizados em alimentações críticas como, por 12.3 Circuitos de segurança
exemplo, centros cirúrgicos, UTIs, torres de controle de vôo,
centros de processamento de dados, nos sistemas de controle de Nas instalações de segurança, os circuitos devem ser
processos industriais contínuos, etc. independentes física e eletricamente dos circuitos ‘normais’
da instalação. Isso significa que nenhuma falta, intervenção
As fontes de segurança e as de reserva devem ser ou modificação em circuito não pertencente aos serviços de
adequadamente selecionadas em função do serviço a que se segurança deve afetar o funcionamento do(s) circuito(s) dos
destinam e das características dos equipamentos de utilização a serviços de segurança. Para tanto, pode ser necessário separar
serem alimentados, uma vez que deverão manter a alimentação os circuitos dos serviços de segurança dos demais circuitos,
pelo tempo necessário à eliminação do problema surgido com a mediante materiais resistentes ao fogo, condutos e/ou percursos
fonte normal. distintos.
Devem ser instaladas como equipamentos fixos, em locais As linhas elétricas contendo circuitos de serviços de
acessíveis apenas a pessoas advertidas (BA4) ou qualificadas segurança não devem atravessar locais com riscos de incêndio
(BA5) e de tal modo que não sejam afetadas por falha de fonte (BE2), a menos que elas sejam resistentes ao fogo. As linhas não
normal. Observe que o local de instalação das fontes deve ser devem atravessar, em nenhuma hipótese, locais com riscos de
suficientemente ventilado, de maneira a evitar que gases ou explosão (BE3).
fumos delas provenientes possam penetrar em áreas ocupadas Os cabos elétricos devem ser considerados componentes
por pessoas. críticos de uma instalação de segurança, uma vez que são os
Uma fonte de segurança só pode ser utilizada para outros responsáveis pela alimentação dos equipamentos de segurança
serviços que não os de segurança se isso não comprometer sua que ficam espalhados pela obra. Desta forma, é fundamental que
disponibilidade para os serviços de segurança. os cabos mantenham seu funcionamento mesmo sob condições
As alimentações das instalações de segurança, segundo a de incêndio. Não há sentido em ter uma fonte de segurança que
NBR 5410, podem ser: alimenta a instalação por, digamos duas horas, se os cabos não
resistirem a um incêndio por mais de três ou quatro minutos.
• não automáticas, quando sua ligação é realizada por um Numa situação como esta, todos os equipamentos que deveriam
operador, e permanecer em operação para garantir a segurança das
• automáticas, quando sua ligação não depende da intervenção pessoas deixaria de funcionar, apesar da fonte ter capacidade 59
de um operador. de alimentá-los. Desta forma, embora não obrigatório pela
norma, deveria ser considerada a possibilidade do emprego nos
Preferencialmente, as instalações de segurança devem ser circuitos de segurança dos chamados cabos para circuitos de
alimentadas automaticamente. segurança, que suportam os efeitos da exposição ao fogo, por
As alimentações automáticas podem ser classificadas em um tempo adequado, sem perder suas propriedades elétricas,
função da duração da comutação, como segue: mantendo a continuidade da alimentação dos equipamentos de
segurança. Os cabos para circuito de segurança devem atender
• sem interrupção: quando a alimentação pode ser garantida de a norma NBR 10301.
modo contínuo, nas condições especificadas durante o período
de transição, por exemplo, no que diz respeito às variações de 12.4 Proteções
tensão e freqüência;
• com interrupção muito breve: quando a alimentação fica Os circuitos de segurança devem ser protegidos contra
indisponível em até 0,15 segundo; corrente de curto-circuito, podendo ser omitida a proteção contra
• com interrupção breve: quando a alimentação fica indisponível correntes de sobrecarga, se a perda da alimentação representar
em até 0,5 segundo; um perigo maior do que a perda do circuito. Por exemplo, numa
• com interrupção médio: quando a alimentação fica indisponível situação de incêndio, é mais importante manter o circuito de
em, no máximo, 15 segundos; alimentação da bomba de incêndio funcionando, mesmo que em
• com interrupção longo: quando o tempo de comutação é sobrecarga, do que interromper o funcionamento da bomba pelo
superior a 15 segundos. desligamento da proteção.
No que se refere à proteção contra choques elétricos, a parte
Para os serviços de segurança destinados a funcionar em da instalação representada pelos serviços de segurança (fontes,
condições de incêndio (bomba de incêndio, iluminação de linhas e equipamentos alimentados) deve ser, preferencialmente,
emergência, etc.), deve ser selecionada uma fonte de segurança objeto de medida que não implique seccionamento automático
que possa manter a alimentação pelo tempo adequado e todos os da alimentação na ocorrência de uma falta. Se os serviços de
NBR 5410

componentes do sistema devem apresentar adequada resistência segurança forem concebidos, eletricamente, como um esquema
ao fogo, seja construtivamente, seja por meio de disposições IT, o conjunto deve ser provido de dispositivo supervisor de
equivalentes quando de sua instalação. isolamento (DSI).
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

componentes ligados entre uma fase e o neutro devem ser isolados


13 Seleção e instalação dos componentes
para a tensão entre fases.
Em relação à corrente, os componentes devem ser escolhidos
Na seção 6 da NBR 5410 são apresentadas inúmeras prescrições
considerando-se a corrente de projeto (valor eficaz em corrente
relativas à seleção e instalação dos mais diversos componentes
alternada) que possa percorrê-los em serviço normal. Deve-se
de uma instalação elétrica de baixa tensão, que são estruturadas
igualmente considerar a corrente suscetível de percorrê-los em
conforme indicado na Figura 69.
condições anormais (sobrecarga e curto-circuito), levando-se em
conta a duração da passagem de uma tal corrente, em função das
características de funcionamento dos dispositivos de proteção.
Caso a frequência tenha alguma influência sobre as características
dos componentes, então a frequência nominal do componente
deve corresponder à frequência da corrente no circuito pertinente.
Atenção especial deve ser dada à presença acentuada na instalação
de frequências harmônicas que possam causar perturbações.
Sobre a potência, obviamente os componentes devem ser
adequados às condições normais de serviço, considerando os
regimes de carga que possam ocorrer durante a operação.
Em 6.1.3.1.5, a norma indica que os componentes devem ser
escolhidos de modo a não causar, em serviço normal, quaisquer
efeitos prejudiciais, quer aos demais componentes, quer à rede de
alimentação, incluindo condições de manobra. Cuidados específicos
em relação à oxidação devem ser observados no caso do emprego
de condutores de alumínio.
Figura 69 - Estrutura da NBR 5410 para prescrições de seleção e instalação
de componentes
13.1.3 Influências externas
13.1 Prescrições comuns a todos os componentes da instalação
De acordo com 6.1.3.2.1, os componentes devem ser
60 13.1.1 Normas técnicas selecionados e instalados de acordo com as prescrições da tabela 32
da norma, aqui reproduzida como Tabela 18. Esta tabela indica as
A escolha do componente e sua instalação devem permitir que características dos componentes em função das influências externas
sejam obedecidas as medidas de proteção para garantir a segurança, a que podem ser submetidos, as quais são determinadas, seja por
as prescrições para garantir um funcionamento adequado ao uso da um grau de proteção, seja por conformidade com ensaios.
instalação e as prescrições apropriadas às condições de influência Quando um componente não possuir, por construção, as
externas previsíveis, conforme 4.7 deste Guia. características correspondentes às influências externas do local,
Todos os componentes da instalação de média tensão devem ele pode ser utilizado sob a condição de que seja provido, por
satisfazer as normas brasileiras da ABNT que lhes sejam aplicáveis ocasião da execução da instalação, de uma proteção complementar
e, quando elas não existirem, devem atender as normas IEC e apropriada. Esta proteção não pode afetar as condições de
ISO. Conforme 6.1.2.2 da NBR 5410, quando não houver normas funcionamento do componente protegido. Dentre muitos exemplos
NBR, IEC e ISO, os componentes devem então ser selecionados desta proteção complementar, citam-se a instalação de barreiras ao
através de acordo entre o projetista e o instalador. Nestes casos é redor dos componentes ou abrigá-los em invólucros adequados,
comum a utilização de normas regionais (MERCOSUL, COPAN, usar ventilação, refrigeração ou aquecimento forçados de ar no
CANENA, CENELEC, etc.) ou estrangeiras, tais como normas local onde o componente está instalado, etc.
americanas (NEMA, UL, ANSI, IEEE, etc.), alemãs (DIN, VDE, Na prática, em todas as instalações, existem diferentes
etc.), francesas (NF C), italianas (CEI), dentre outras. influências externas se produzem simultaneamente, sendo que seus
efeitos podem ser independentes ou influenciar-se mutuamente.
13.1.2 Condições de serviço Nestes casos, os graus de proteção devem ser escolhidos de modo a
satisfazer todas as condições.
Em relação às condições de serviço (operação) da instalação Na leitura da Tabela 18 (tabela 24 da norma), a palavra
elétrica de baixa tensão, a norma estabelece requisitos sobre a “normal” que figura na terceira coluna significa que o componente
escolha adequada dos componentes em relação à tensão, corrente, deve satisfazer, de modo geral, as Normas Brasileiras aplicáveis ou,
frequência, potência e compatibilidade entre eles. na sua falta, as normas IEC e ISO ou outras que foram acordadas
No caso da tensão, em 6.1.3.1.1 é prescrito que os componentes entre o projetista e o instalador.
NBR 5410

devem ser adequados à tensão nominal (valor eficaz em corrente As características dos componentes necessárias para atender
alternada) da instalação, acrescentado que, se numa instalação aos requisitos da Tabela 18 devem constar das informações técnicas
que utiliza o esquema IT o condutor neutro for distribuído, os fornecidas pelos fabricantes.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Tabela 18 - Características dos componentes da instalação em função das influências externas

Código Influências externas Características exigidas para seleção e Referências


instalação dos componentes

A - Condições ambientais (4.2.6.1)


AA - Temperatura ambiente (4.2.6.1.1)
Faixas de temperatura
Limite Limite
inferior °C superior °C
AA1 -60 +5 Componentes projetados especialmente para a aplicação ou medidas
AA2 -40 +5 adequadas1)
AA3 -25 +5
AA4 -5 +40 Normal (em certos casos podem ser necessárias precauções especiais)
AA5 +5 +40 Normal
AA6 +5 +60 Componentes projetados especialmente para a aplicação
ou medidas adequadas1)
AA7 -25 +55 Componentes projetados especialmente para a aplicação ou medidas
AA8 -50 +40 adequadas1)

AB - Condições climáticas do ambiente (4.2.6.1.2)


Temperatura Umidade Umidade
do ar °C relativa % absoluta g/m2
superior

superior

superior
inferior

inferior

inferior
Limite

Limite

Limite

Limite

Limite

Limite

AB1 -60 +5 3 100 0,003 7 Requer medidas adequadas ²)


AB2 -40 +5 10 100 0,1 7 Requer medidas adequadas ²)
AB3 -25 +5 10 100 0,5 7 Requer medidas adequadas ²)
AB4 -5 +40 5 95 1 29 Normal
AB5 +5 +40 5 85 1 25 Normal
AB6 +5 +60 10 100 1 35 Requer medidas adequadas ²)
AB7 -25 +55 10 100 0,5 29 Requer medidas adequadas ²)
AB8 -50 +40 15 100 0,04 36 Requer medidas adequadas ²)
61
AC - Altitude (4.2.6.1.3)
AC1 ≤ 2 000 m Normal
Podem ser necessárias precauções especiais, como a aplicação de fatores
AC2 > 2 000 m de correção
NOTA Para certos componentes podem ser necessárias medidas especiais
a partir de 1000 m)
AD - Presença de água (4.2.6.1.4)
AD1 Desprezível IPX0
AD2 Gotejamento IPX1 ou IPX2
AD3 Precipitação IPX3
AD4 Aspersão IPX4
AD5 Jatos IPX5
AD6 Ondas IPX6
AD7 Imersão IPX7
AD8 Submersão IPX8
AE - Presença de corpos sólidos (4.2.6.1.5)
AE1 Desprezível IP0X
AE2 Pequenos objetos (2,5 mm) IP3X
AE3 Objetos muito pequenos (1 mm) IP4X
AE4 Poeira leve IP5X caso a penetração de poeira não prejudique o
funcionamento do componente
AE5 Poeira moderada IP6X caso a poeira não deva penetrar no componente
AE6 Poeira intensa IP6X
AF - Presença de substâncias corrosivas ou poluentes (4.2.6.1.6)
AF1 Desprezível Normal
NBR 5410

AF2 Agentes atmosféricos Conforme a natureza dos agentes


AF3 Intermitente Proteção contra corrosão definida pelas especificações dos componentes
Componentes especialmente concebidos, conforme a natureza dos agentes
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Código Influências externas Características exigidas para seleção e Referências


instalação dos componentes
AF4 Permanente Normal. Por exemplo, componentes
para uso doméstico e análogo
AG - Choques mecânicos (4.2.6.1.7)
AG1 Fracos Normal. Por exemplo, componentes IEC 60721-3-3:2002,
para uso doméstico e análogo classes
3M1/3M2/3M3 e
IEC 60721-3-4:1987,
classes
4M1/4M2/4M3
AG2 Médios Componentes para uso industrial, IEC 60721-3-3:2002,
quando aplicável, ou proteção reforçada classes
3M4/3M5/3M6 e
IEC 60721-3-4:1987,
classes
4M4/4M5/4M6
AG2 Severos Proteção reforçada IEC 60721-3-3:2002,
classes 3M7/3M8 e
IEC 60721-3-4:1987,
classes 4M7/4M8
AH - Vibrações (4.2.6.1.7)
AH1 Fracas Normal
AH2 Médias Componentes projetados especialmente para a aplicação, ou
AH3 Severas medidas adequadas1)
AK - Presença de flora ou mofo (4.2.6.1.8)
AK1 Desprezîvel Normal
AK2 Prejudicial Proteções especiais, tais como:
- grau de proteção aumentado (ver AE)
- componentes especiais ou revestimentos protegendo os invólucros
62
- medidas para evitar a presença de flora
AL - Presença de fauna (4.2.6.1.9)
AL1 Desprezîvel Normal
A proteção pode compreender:
- grau de proteção adequado contra a penetração de corpos sólidos (ver AE)
AL2 Prejudicial - resistência mecânica suficiente (ver AG)
- precauções para evitar a presença da fauna (como limpeza, uso de pesticidas)
- componentes especiais ou revestimentos protegendo os invólucros
AM - Influências eletromagnéticas, eletrostáticas ou ionizantes (4.2.6.1.10)
AM1 - Harmônicas e inter-harmônicas (4.2.6.1.10)

AM1-1 Nível controlado Devem ser tomadas precauções para que a situação controlada não Inferior à tabela 1 da
seja prejudicada IEC 61000-2-2:2002
De acordo com a
AM1-2 Nível normal tabela 1 da
Medidas especiais no projeto da instalação, tais como filtros IEC 61000-2-2:2002
Localmente superior
AM1-3 Nível alto à tabela 1 da
IEC 61000-2-2:2002
AM2 - Tensões de sinalização (4.2.6.1.10)
AM2-1 Nível controlado Circuitos de bloqueio, por exemplo Inferior aos espe­ci­
ficados abaixo
Nível médio Sem requisitos adicionais IEC 61000-2-1 e
AM2-2 IEC 61000-2-2
AM2-3 Nível alto Requer medidas adequadas
AM3 - Variações de amplitude da tensão (4.2.6.1.10)
AM3-1 Nível controlado
NBR 5410

AM3-2 Nível normal Ver 5.4 e 5.5


AM4 - Desequilíbrio de tensão (4.2.6.1.10)
AM4 Nível normal De acordo com a
IEC 61000-2-2
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Código Influências externas Características exigidas para seleção e Referências


instalação dos componentes
AM5 - Variações de freqüência (4.2.6.1.10)
AM5 Nível normal ± 1 Hz de acordo
com a IEC 61000-2-2
AM6 - Tensões induzidas de baixa freqüência (4.2.6.1.10)
AM6 Sem classificação Ver 5.4.3 - Alta suportabilidade dos sistemas de sinalização e comando de ITU-T
dispositivos de manobra
AM7 - Componentes contínuas em redes c.a. (4.2.6.1.10)
AM7 Sem classificação Medidas para limitar seu nível e duração nos equipamentos de utilização ou
em suas proximidades
AM8 - Campos magnéticos radiados (4.2.6.1.10)
AM8-1 Nível médio Normal Nível 2 da
IEC 61000-4-8:2001
AM8-2 Nível alto Proteção por medidas adequadas, tais como blindagem e/ou separação Nível 4 da
IEC 61000-4-8:2001
AM9 - Campos elétricos (4.2.6.1.10)
AM9-1 Nível desprezível Normal
AM9-2 Nível médio Ver IEC 61000-2-5 IEC 61000-2-5
AM9-3 Nível alto Ver IEC 61000-2-5
AM9-4 Nível muito alto Ver IEC 61000-2-5
AM21 - Tensões ou correntes induzidas oscilantes (4.2.6.1.10)
AM21 Sem classificação Normal IEC 61000-4-6
AM22 - Transitórios unidirecionais conduzidos, na faixa do nanossegundo (4.2.6.1.10)
AM22-1 Nível desprezível Requer medidas de proteção (ver 4.2.6.1.10) Nível 1 da
IEC 61000-4-4:2004
AM22-2 Nível médio Requer medidas de proteção (ver 4.2.6.1.10) Nível 2 da
IEC 61000-4-4:2004
AM22-3 Nível alto Equipamento normal Nível 3 da
IEC 61000-4-4:2004
63
AM22-4 Nível muito alto Equipamento de alta imunidade Nível 4 da
IEC 61000-4-4:2004
AM23 - Transitórios unidirecionais conduzidos, na faixa do micro ao milissegundo (4.2.6.1.10)
AM23-1 Nível controlado Suportabilidade a impulsos dos componentes e proteção contra 4.2.6.1.12, 5,4.2 e
AM23-2 Nível médio sobretensões, levando-se em conta a tensão nominal da instalação e a 6.3.5
AM23-3 Nível alto categoria de suportabilidade, de acordo com 5.4.2
AM24 - Transitórios oscilantes conduzidos (4.2.6.1.10)
AM24-1 Nível médio Ver IEC 61000-4-12 IEC 61000-4-12
AM24-2 Nível alto Ver IEC 60255-22-1 IEC 60255-22-1
AM25 - Fenômenos radiados de alta freqüência (4.2.6.1.10)
AM25-1 Nível desprezível Nível 1 da
IEC 61000-4-3:2002
AM25-2 Nível médio Normal Nível 2 da
IEC 61000-4-3:2002
AM25-3 Nível alto Nível reforçado Nível 3 da
IEC 61000-4-3:2002
AM31 - Descargas eletrostáticas (4.2.6.1.10)
AM31-1 Nível baixo Normal Nível 1 da
IEC 61000-4-2:2001
AM31-2 Nível médio Normal Nível 2 da
IEC 61000-4-2:2001
AM31-3 Nível alto Normal Nível 3 da
IEC 61000-4-2:2001
AM31-4 Nível muito alto Reforçada Nível 4 da
IEC 61000-4-2:2001
AM41 - Radiações ionizantes (4.2.6.1.10)
NBR 5410

Proteções especiais, tais como distanciamento da fonte, interposição de


AM41-1 Sem classificação blindagens, invólucro de materiais especiais
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Código Influências externas Características exigidas para seleção e Referências


instalação dos componentes
AN - Radiação solar (4.2.6.1.11)
AN1 Desprezível Normal IEC 60721-3-3
AN2 Média Requer medidas adequadas ²) IEC 60721-3-3
Requer medidas adequadas ²), tais como:
AN3 Alta – componentes resistentes à radiação ultravioleta IEC 60721-3-4
– revestimento de cores especiais
– interposição de anteparos
AQ - Descargas atmosféricas (4.2.6.1.12)
AQ1 Desprezíveis Normal
AQ2 Indiretas Ver 5.4.2 e 6.3.5
Ver 5.4.2 e 6.3.5
AQ3 Diretas Quando aplicável, a proteção contra descargas atmosféricas
deve ser conforme ABNT NBR 5419
AR - Movimentação do ar (4.2.6.1.13)
AR1 Desprezível Normal
AR2 Média Requer medidas adequadas ²)
AR3 Forte Requer medidas adequadas ²)
AR - Movimentação do ar (4.2.6.1.13)
AS1 Desprezível Normal
AS2 Médio Requer medidas adequadas ²)
AS3 Forte Requer medidas adequadas ²)
B - Utilização (4.2.6.2)
BA - Competência de pessoas (4.2.6.2.1)
BA1 Comuns Normal
BA2 Crianças Componente com grau de proteção superior a IP2X Componentes com
temperaturas de superfície externa superiores a 80oC (60oC para creches e
locais análogos) devem ser inacessíveis
BA3 Incapacitadas Conforme a natureza da deficiência
64
BA4 Advertidas Componentes não protegidos contra contatos diretos admitidosapenas
BA5 Qualificadas em locais de acesso restrito a pessoas devidamente autorizadas
BB - Resistência elétrica do corpo humano (4.2.6.2.2)
BB1 Alta Normal
BB2 Normal Normal
BB3 Baixa Medidas de proteção adequadas (ver 5.1 e seção 9 e anexo C)
BB4 Muito baixa Medidas de proteção adequadas (ver 5.1 e seção 9 e anexo C)
BC - Contatos das pessoas com o potencial da terra (4.2.6.2.3)
BC1 Nulo Condição excepcional, não considerada, na prática, para seleção dos
componentes.
BC2 Raros Componentes classes I, II e III IEC 61140:2001
BC3 Freqüente Componentes classes I, II e III
BC4 Contínuo Medidas especiais
BD - Fuga das pessoas em emergências (4.2.6.2.4)
BD1 Normal Normal
BD2 Longa
BD3 Tumultuada Ver 5.2.2.2
BD4 Longa e tumultuada
BE - Natureza dos materiais processados ou armazenados (4.2.6.2.5)
BE1 Riscos desprezíveis Normal
Componentes constituídos de materiais não-propagantes de chama.
BE2 Riscos de incêndio Precauções para que uma elevação significativa da temperatura
ou uma centelha no componente não possa provocar incêndio
externamente 5.2.2.3
BE3 Riscos de explosão Componentes adequados para atmosferas explosivas
Medidas adequadas, tais como:
NBR 5410

BE4 Riscos de contaminação – proteção contra fragmentos de lâmpadas e de outros objetos frágeis
– anteparos contra radiações prejudiciais, como infravermelhas e
ultravioletas
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Código Influências externas Características exigidas para seleção e Referências


instalação dos componentes

C - Construção das edificações (4.2.6.3)


CA - Materiais de construção (4.2.6.3.1)
CA1 Não-combustíveis Normal
CA2 Combustíveis Ver 5.2.2.4
CB - Estrutura das edificações (4.2.6.3.2)
CB1 Riscos desprezíveis Normal
CB2 Sujeitas a propagação de incêndio NOTA Componentes constituídos de materiais não-propagantes de 5.2.2.5
chama, inclusive de origem não elétrica. Barreiras corta-fogo
CB3 Sujeitas a movimentação NOTA Podem ser previstos detectores de incêndio.
Juntas de contração ou de expansão nas linhas elétricas
CB4 Flexíveis ou instáveis (em estudo)

1) Podem ser necessárias precauções suplementares (por exemplo, lubrificação especial).


2) Medidas especiais devem ser acordadas entre o projetista da instalação e o fabricante do componente, por exemplo, componentes especialmente concebidos para a aplicação.

Os dispositivos de proteção devem estar dispostos e


13.1.4 Identificação dos componentes identificados de forma que seja fácil reconhecer os respectivos
circuitos protegidos. As posições de “fechado” e “aberto” dos
A identificação dos componentes de uma instalação elétrica equipamentos de manobra de contatos não visíveis devem ser
é uma das exigências da Norma Regulamentadora NR-10 (vide indicadas por meio de letras e cores, devendo ser adotada a
item 3.4.6 do Guia NR-10). Esse assunto também é tratado em seguinte convenção:
6.1.5 da NBR 5410, ao prescrever que, genericamente, as placas
indicativas ou outros meios adequados de identificação devem I (ou L) – vermelho: contatos fechados;
permitir identificar a finalidade dos dispositivos de comando O (ou D) – verde: contatos abertos.
e proteção, a menos que não exista qualquer possibilidade de
confusão. Se o funcionamento de um dispositivo não puder ser Embora o assunto não seja tratado na NBR 5410, para evitar
observado pelo operador e disso puder resultar perigo, uma placa enganos que podem colocar as pessoas e as instalações sob risco,
indicativa, ou um dispositivo de sinalização, deve ser colocado é conveniente convencionar-se que, nas as chaves seccionadoras,
em local visível ao operador. a posição da alavanca ou punho de manobra para baixo deve 65

I (ou L)

O (ou D)

Figura A - Convenção da posição da alavanca

(B) - Convenção da posição


dos cabos e barramentos
NBR 5410

Figura 70 – Convenção da posição de entrada dos cabos ou barramentos


GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Figura 71 – Identificação dos dispositivos de proteção

corresponder ao equipamento desligado (Figura 70 a). Nos demais (BA4 ou BA5), devem ser entregues acompanhadas de um
componentes, é conveniente convencionar que os cabos ou manual do usuário, redigido em linguagem acessível a leigos,
barramentos provenientes do lado da fonte devem estar conectados que contenha, no mínimo, os seguintes elementos:
sempre nos bornes superiores de entrada (Figura 70 b).
a) esquema(s) do(s) quadro(s) de distribuição com indicação dos
13.1.5 Identificação dos dispositivos de proteção circuitos e respectivas finalidades, incluindo relação dos pontos
alimentados, no caso de circuitos terminais;
Os dispositivos de proteção devem ser dispostos e b) potências máximas que podem ser ligadas em cada circuito
66 identificados de forma que seja fácil reconhecer os respectivos terminal efetivamente disponível;
circuitos protegidos (Figura 71).
c) potências máximas previstas nos circuitos terminais deixados
13.1.6 Documentação da instalação como reserva, quando for o caso;

A documentação de uma instalação elétrica é uma das d) recomendação explícita para que não sejam trocados, por
exigências da Norma Regulamentadora NR-10 (vide item 2 tipos com características diferentes, os dispositivos de proteção
do Guia NR-10). Esse assunto também é tratado em 6.1.8 da existentes no(s) quadro(s).
NBR 5410, que determina que a instalação de baixa tensão deve São exemplos de tais instalações as de unidades residenciais,
ser executada a partir de projeto específico e deve conter no de pequenos estabelecimentos comerciais, etc.
mínimo a seguinte documentação: plantas; esquemas (unifilares A seguir é apresentado, apenas como exemplo, um modelo de
e outros que se façam necessários); detalhes de montagem, manual do usuário de um suposto apartamento tipo. É importante
quando necessários; memorial descritivo; especificação lembrar que a linguagem do manual deve ser básica, possível de
dos componentes: e uma descrição sucinta do componente, ser entendida por leigos em eletricidade. Por exemplo, mesmo
características nominais e normas a que devem atender; com o prejuízo da perda de rigor técnico, devem ser evitadas
parâmetros de projeto (correntes de curto-circuito, queda de palavras tais como potência aparente, potência reativa, fator
tensão, fatores de demanda considerados, temperatura ambiente de potência, corrente de curto-circuito presumida, corrente
etc.). diferencial-residual, etc.
Para facilitar a operação e manutenção, é imprescindível
que, depois de concluída a instalação, toda a documentação Manual do Usuário de Instalações Elétricas
indicada anteriormente seja revisada de acordo com o que foi doApartamento Tipo
executado (projeto “como construído” ou “as built”).
1. Identificação da obra e responsáveis:
Manual do usuário
Obra: Edifício X
NBR 5410

De acordo com 6.1.8.3, as instalações para as quais não Endereço: Rua ...........
se prevê equipe permanente de operação, supervisão e/ou Construtora: YYYY
manutenção, composta por pessoal advertido ou qualificado Instaladora: ZZZ
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Projetista Elétrico: WWWW do equipamento a uma tensão inadequado pode provocar seu
Manual do Usuário elaborado por: RRRR mau funcionamento, não funcionamento ou eventualmente
sua destruição. Por isso, sempre se assegure que a tensão de
2. Apresentação: funcionamento do equipamento é compatível com a tensão
disponível na instalação.
Este Manual de Instalações Elétricas, doravante designado
por Manual, é parte integrante da documentação da instalação • Corrente elétrica: também conhecida por “amperagem”, é
exigida pela norma NBR 5410 publicada pela Associação a grandeza que representa o movimento de eletricidade dentro
Brasileira de Normas Técnicas. de um componente ou equipamento elétrico. Ela é medida em
Este Manual tem por objetivo prover ao usuário da “ampères”. Por exemplo, existem disjuntores elétricos de 10
instalação elétrica identificada no item anterior as informações ampères, 20 ampères, 50 ampères, etc. Assim como tomadas de
e recomendações essenciais relativas à operação e manutenção 10 ampères e 20 ampères.
da instalação de forma a garantir o adequado, eficiente e seguro
funcionamento da mesma, preservando assim a segurança das • Potência elétrica: é o número resultante da multiplicação de
pessoas e animais domésticos, bem como a conservação dos uma tensão elétrica por uma corrente elétrica. Ela é medida em
bens e integridade do patrimônio. “watts”. Por exemplo, um equipamento ligado em uma tensão
de 127 volts pela qual circula uma corrente elétrica de 10
3. Advertências: ampères, tem uma potência elétrica de 127 x 10 = 1270 watts.
Consequentemente, se uma lâmpada de 100 watts for ligada em
Antes de utilizar a instalação elétrica deste apartamento 127 volts, a corrente elétrica que circulará por ela será de 100
pela primeira vez, realizar qualquer intervenção na mesma / 127 = 0,79 ampère.
ou ligar novos aparelhos e equipamentos eletroeletrônicos,
consulte este Manual. Em caso de dúvida, consulte sempre um • Capacidade máxima de um circuito elétrico: a potência
profissional de instalações elétricas devidamente habilitado e máxima possível de ser ligada a um circuito elétrico de uma
qualificado. instalação é o produto da tensão daquele circuito pela corrente
Tenha sempre em mente que cada componente elétrico e, por nominal do disjuntor daquele circuito. Assim, por exemplo,
conseqüência, a instalação elétrica como um todo, tem limites a potência máxima de um circuito com tensão 127 volts que
máximos de potência de utilização. Quando ultrapassados estes possui um disjuntor de 10 ampères é de 127 x 10 = 1270 watts. 67
limites, os componentes em geral podem apresentar alterações Procure identificar e respeitar a capacidade máxima dos
de funcionamento e aquecimentos excessivos, os quais reduzem circuitos da instalação elétrica do seu apartamento utilizando
significativamente a vida útil dos componentes e, em certas as informações que serão apresentadas a seguir neste Manual.
condições, podem acarretar sua destruição, colocando todo o
meio ao seu redor em situação de risco de incêndios, explosões, 5. Aspectos gerais da instalação elétrica do apartamento
choques elétricos, queimaduras, etc. Para evitar estes problemas,
ou minimizá-los substancialmente, a instalação elétrica conta Os principais componentes da instalação elétrica do
com dispositivos de proteção tais como disjuntores, dispositivos apartamento são os seguintes:
DRs, condutores de proteção (fio terra) e outros que, em hipótese
alguma, devem ser substituídos por outros de características • quadro de distribuição, dentro do qual estão os disjuntores e
diferentes ou removidos sem a aprovação de um profissional de os dispositivos de proteção contra choques elétricos (DRs);
instalações elétricas devidamente habilitado e qualificado. • condutores elétricos que formam os circuitos que interligam
o quadro de distribuição até as cargas (lâmpadas, tomadas,
4. Grandezas elétricas fundamentais aquecedores, aparelhos de ar condicionado, etc.);
• interruptores, tomadas e luminárias.
Para a correta compreensão de algumas informações
contidas adiante neste Manual, é importante identificar algumas O quadro de distribuição é o centro de distribuição de toda
grandezas elétricas fundamentais que estão presentes nas a instalação elétrica. Ele recebe os fios que vêm do medidor de
instalações elétricas, a saber: energia elétrica da concessionária, é nele que se encontram os
dispositivos de proteção contra sobrecargas, curtos-circuitos e
• Tensão elétrica: também conhecida por “voltagem” é choques elétricos e é dele que partem os circuitos (condutores)
uma espécie de força que provoca a circulação de corrente que vão alimentar diretamente as lâmpadas, tomadas e aparelhos
elétrica pelos componentes da instalação. Ela é medida em elétricos e eletrônicos. Numa instalação elétrica existem diversos
“volts”. Cada equipamento eletroeletrônico deve ser ligado circuitos que levam energia para grupos de lâmpadas, grupos
NBR 5410

em um tensão especificada pelo fabricante, sendo que em de tomadas de uso geral e para equipamentos específicos. É
alguns casos o equipamento funciona em mais de uma tensão possível o usuário ligar e desligar individualmente os circuitos,
(às vezes chamados de equipamentos “bi-volt”). A ligação sem necessidade de, por exemplo, desligar toda a instalação
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

apenas para a troca de uma lâmpada da cozinha. O esquema • Nunca inutilize os dispositivos DR.
do quadro elétrico indicado na Figura 1 representa como estão • Nunca troque a fiação elétrica por outra diferente da
divididos os circuitos do seu apartamento. Desta forma, por originalmente projetada sem antes consultar um profissional
exemplo, para a realização de uma intervenção na tomada do habilitado e qualificado.
quarto do casal, basta desligar o disjuntor identificado como • Evite o uso de extensões soltas pelo piso ou presas a paredes.
“3” e para a troca da resistência elétrica do chuveiro deve ser É preferível consultar um profissional habilitado e qualificado
desligado o disjuntor “6”. para avaliar a possibilidade de instalar uma fiação permanente
No interior do quadro de distribuição existem alguns dentro da tubulação embutida existente ou usar canaletas
disjuntores que têm a função de proteger os condutores elétricos aparentes apropriadas para esta finalidade.
contra aquecimentos indevidos (chamados de sobrecargas e • O uso de “benjamins” ou “tês” deve ser evitado, preferindo-se
curtos-circuitos). Os disjuntores automaticamente desligam os a instalação de tomadas múltiplas dentro da caixa de ligação.
circuitos quando da ocorrência de uma sobrecarga ou curto- Caso o emprego destas peças seja indispensável, respeite a
circuito. A escolha do disjuntor adequado para a proteção dos capacidade das mesmas (corrente elétrica máxima).
condutores é feita através de critérios técnicos específicos e • Nunca inutilize o fio terra dos equipamentos elétricos e
UM DISJUNTOR NUNCA DEVE SER TROCADO por outro de eletrônicos.
capacidade diferente daquela originalmente projetada. • Sempre desligue o disjuntor do circuito no qual se pretende
Um outro componente presente no interior do quadro de fazer uma intervenção qualquer, tais como troca de lâmpadas,
distribuição é o dispositivo DR que tem a função de proteger troca de tomadas, etc.
as pessoas contra os perigos resultantes de um choque elétrico. • Substitua imediatamente qualquer componente da instalação
O desligamento automático do dispositivo DR indica que elétrica ao menor sinal de deterioração, tais como ressecamento,
existe alguma anormalidade na instalação elétrica que pode trincamento, rachaduras, alteração significativa de coloração,
colocar os usuários em risco de choque elétrico. Portanto, enegrecimento, ruídos estranhos, etc. Recorra a um profissional
NUNCA RETIRE OU TROQUE um dispositivo DR por outro de habilitado e qualificado para realizar esta substituição.
características diferentes daquele originalmente projetado.
Os condutores da instalação elétrica devem ter a seção
(bitola) compatível com a energia elétrica que irão transportar
do quadro de distribuição até as cargas. NUNCA SUBSTITUA
68 um condutor elétrico por outro de bitola inferior àquela que foi
originalmente projetada.
6. Recomendações gerais para uso e manutenção adequados
da instalação elétrica do apartamento.

• Nunca molhe o quadro de distribuição.


- Mantenha o quadro de luz sempre limpo, ventilado e
desimpedido.
• Nunca remova a tampa do quadro de distribuição expondo as
suas partes energizadas.
• Nunca substitua os disjuntores e dispositivos contra choques
elétricos (DR) por outros de características diferentes da
originalmente projetada sem antes consultar um profissional
Figura 72: Esquema do quadro de distribuição do apartamento e indicação de
habilitado e qualificado. circuitos e suas respectivas potências máximas
Tabela
CIRCUITO FINALIDADE TENSÃO (VOLTS) POTÊNCIA MÁXIMA (WATTS)
1 Iluminação da sala, dormitório 1, dormitório 2, banheiro e hall dos dormitórios 127 620
2 Iluminação da copa, cozinha, área de serviço e quintal 127 460
3 Tomadas de uso geral da sala, dormitório 1 e hall dos dormitórios 127 900
4 Tomadas de uso geral do banheiro e dormitório 2 127 1000
5 Tomadas de uso geral da copa 127 1200
6 Tomadas de uso geral da copa 127 700
7 Tomadas de uso geral da cozinha 127 1200
8 Tomadas de uso geral da cozinha 127 1200
9 Tomadas de uso geral da área de serviço 127 1200
NBR 5410

10 Tomadas de uso geral da área de serviço 127 1200


11 Chuveiro elétrico 220 5600
R Reserva 127 1200
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

cilíndrica e de comprimento muito maior que a sua maior dimensão


14 Linhas elétricas
transversal, utilizado para transportar energia elétrica ou transmitir
sinais elétricos.
A NBR 5410 traz uma série de prescrições relativas às
• condutor isolado é o fio ou cabo dotado apenas de isolação, sendo
instalações de baixa tensão, que incluem os tipos de linhas
que essa pode ser constituída por uma ou mais camadas.
elétricas admitidas, as características dos cabos de baixa tensão
• eletrocalha: elemento de linha elétrica fechada e aparente,
e seus acessórios, além dos barramentos blindados, a escolha das
constituído por uma base com cobertura desmontável, destinado a
linhas elétricas de acordo com as influências externas, aspectos de
envolver por completo condutores elétricos providos de isolação,
conexões elétricas e diversas considerações sobre as instalações
permitindo também a acomodação de certos equipamentos elétricos.
propriamente ditas dos cabos.
As calhas podem ser metálicas (aço, alumínio) ou isolantes (plástico);
As linhas elétricas são tratadas na NBR 5410 nos itens indicados
as paredes podem ser lisas ou perfuradas e a tampa simplesmente
na Tabela 19.
encaixada ou fixada com auxílio de ferramenta.
Tabela 19 - Itens da NBR 5410 sobre linhas elétricas
• eletroduto: elemento de linha elétrica fechada, de seção circular ou
Prescrições Medidas de Seleção e
fundamentais proteção instalação não, destinado a conter condutores elétricos providos de isolação,
3.4 5.1.2.3 / 5.2.2.2 6.1.5.2 / 6.2 permitindo tanto a enfiação como a retirada destes. Na prática, o termo
se refere tanto ao elemento (tubo), como ao conduto formado por
diversos tubos. Os eletrodutos podem ser metálicos (aço, alumínio)
14.1Terminologia ou de material isolante (PVC, polietileno, fibro-cimento etc.). São
usados em linhas elétricas embutidas, subterrâneas ou aparentes.
A terminologia adotada para as linhas elétricas está baseada na • escada ou leito para cabos: suporte de cabos constituído por uma
NBR IEC 60050 (826):1997 - Vocabulário eletrotécnico brasileiro base descontínua, formada por travessas ligadas rigidamente a duas
- capítulo 826: Instalações elétricas em edificações, e alguns termos longarinas longitudinais, sem cobertura.
definidos na própria NBR 5410. • espaço de construção: espaço existente na estrutura ou nos componentes
de uma edificação, acessível apenas em determinados pontos.
• armação de um cabo: é o elemento metálico que protege o cabo • fio: é um produto metálico, maciço e flexível, de seção transversal
contra esforços mecânicos. invariável e de comprimento muito maior que a sua seção transversal.
• bandeja: suporte de cabos constituído por uma base contínua, com Os fios, geralmente de forma cilíndrica, podem ser usados diretamente
rebordos e sem cobertura, podendo ser perfurada ou não (lisa). como condutores elétricos (com ou sem isolação) ou para a fabricação 69
• bloco alveolado: bloco de construção com um ou mais furos que, de ‘condutores encordoados’.
por justaposição, formam um ou mais condutos. • galeria: corredor cujas dimensões permitem que pessoas transitem
• cabo multiplexado: é um cabo formado por dois ou mais condutores livremente por ele em toda a sua extensão, contendo estruturas de
isolados ou por cabos unipolares, dispostos helicoidalmente, sem cobertura. suporte para os condutores e suas junções e/ou outros elementos de
• cabo multipolar: é constituído por dois ou mais cabos isolados e linhas elétricas.
dotado, no mínimo, de cobertura. • linha (elétrica): conjunto constituído por um ou mais condutores,
• cabo unipolar: é um cabo isolado dotado de cobertura. com os elementos de sua fixação e suporte e, se for o caso, de
• cabo: é o conjunto de fios encordoados, isolados ou não entre si, proteção mecânica, destinado a transportar energia elétrica ou a
podendo o conjunto ser isolado ou não. transmitir sinais elétricos.
• caixa de derivação: é uma caixa utilizada para passagem e/ou • linha aberta: linha em que os condutores são circundados por ar
ligações de condutores entre si e/ou dispositivos nela instalados. ambiente não confinado.
Espelho é a peça que serve de tampa para uma caixa de derivação ou • linha aérea: linha (aberta) em que os condutores ficam elevados
de suporte e remate para dispositivos de acesso externo. em relação ao solo e afastados de outras superfícies que não os
• canaleta: elemento de linha elétrica instalado ou construído no respectivos suportes.
solo ou no piso, ou acima do solo ou do piso, aberto, ventilado ou • linha aparente: linha em que os condutos ou os condutores não estão
fechado, com dimensões insuficientes para a entrada de pessoas, mas embutidos.
que permitem o acesso aos condutores ou eletrodutos nele instalados, • linha em parede ou no teto: linha aparente em que os condutores
em toda a sua extensão, durante e após a instalação. Uma canaleta ficam na superfície de uma parede ou de um teto, ou em sua
pode ser parte, ou não, da construção da edificação. proximidade imediata, dentro ou fora de um conduto; considera-se
• cobertura de um fio ou cabo: é um invólucro externo não metálico e que a distância entre o conduto ou o cabo e a parede ou teto seja
contínuo, sem função de isolação, destinado a proteger o fio ou cabo inferior a 0,3 vezes o diâmetro externo ou a maior dimensão externa
contra influências externas. do conduto ou cabo, conforme o caso.
• condulete: é uma caixa de derivação para linhas aparentes, dotada • linha embutida: linha em que os condutos ou os condutores estão
de tampa própria. são encerrados localizados nas paredes ou na estrutura do prédio da
NBR 5410

• conduto elétrico: elemento de linha elétrica destinado a conter edificação, e acessível apenas em pontos determinados.
condutores elétricos. • linha pré-fabricada: é uma linha elétrica constituída por peças em
• condutor elétrico: é o produto metálico, geralmente de forma tamanhos padronizados, contendo condutores de seção maciça com
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Figura 73 – Tipos de cabos elétricos

proteção mecânica, que se ajustam entre si no local da instalação. todos os pavimentos da edificação.
Os barramentos blindados (busways) são exemplos de linhas pré- • prateleira para cabos: suporte contínuo para condutores, engastado
fabricadas. ou fixado em uma parede ou teto por um de seus lados, e com uma
• linha pré-fabricada: linha constituída construída por peças em de borda livre.
tamanhos padronizados, contendo condutores de seção maciça com • suportes horizontais para cabos: suportes individuais espaçados
proteção mecânica, que se encaixam ajustam entre si no local da entre si, nos quais é fixado mecanicamente um cabo ou um eletroduto.
instalação.
• linha subterrânea: linha construída com cabos isolados, enterrados 14.2 Tipos de linhas elétricas
diretamente no solo ou instalados em condutos subterrâneos
enterrados no solo; Os tipos de linhas elétricas admitidos pela NBR 5410 estão
70 • moldura: conduto aparente, fixado ao longo de superfícies, indicados na tabela 33 da norma.
compreendendo uma base fixa, com ranhuras para a colocação de Na tabela 33 da norma, os cabos elétricos são divididos
condutores e uma tampa desmontável. Quando fixada junto ao ângulo em três famílias, conforme Figura 74: condutores isolados,
parede/piso, a moldura é também denominada “rodapé”. cabos unipolares e cabos multipolares (ver definição em 14.1
• perfilado: eletrocalha ou bandeja de dimensões transversais deste guia).
reduzidas. Um dos tipos mais comuns de perfilados tem a dimensão Os condutos são divididos em duas famílias, conforme Figura
38 x 38 mm. 74: condutos abertos e condutos fechados (ver definição em 14.1
• poço: espaço de construção vertical, estendendo-se geralmente por deste guia).
NBR 5410

Figura 74 – Tipos de condutos


GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

O resumo da tabela 33 da NBR 5410 é que os condutores isolados Os condutores isolados, cabos unipolares ou veias de cabos
(providos unicamente de isolação) devem ser instalados unicamente multipolares de baixa tensão devem ser identificados conforme essa
dentro de condutos fechados, ao passo que cabos unipolares e função por anilhas, etiquetas ou outro meio indelével qualquer. Em
multipolares (que possuem cobertura) podem ser utilizados em caso de identificação por cor, devem ser usadas as cores indicadas
condutos abertos, condutos fechados, diretamente fixados, etc. na Tabela 20.
A lógica desta regra é que a cobertura dos cabos unipolares e
multipolares oferece uma proteção adequada da isolação contra 14.4 Cabos elétricos de baixa tensão
as influências externas normais (sobretudo sob o ponto de vista
mecânico), enquanto que, nos condutores isolados, não há nenhum 14.4.1 Construção
tipo de proteção para a isolação. Neste caso, após a instalação, a
isolação deverá ser protegida pelos condutos fechado (é como se A construção típica de condutores elétricos de baixa tensão é
o conduto fechado no caso do condutor isolado fizesse o papel da aquela mostrada na Figura 76.
cobertura nos cabos unipolares e multipolares). A única exceção a
essa regra acontece, sob certas condições muito específicas, com Condutor Condutor
canaletas e perfilados sem tampa (condutos abertos), que são tratados isolado Isolação
mais adiante neste guia.

14.3 Identificação das linhas elétricas Condutor


Cabo
unipolar
Em 6.1.5.2, a NBR 5410 prescreve que as linhas elétricas devem
Isolação
ser dispostas ou marcadas de modo a permitir sua identificação
quando da realização de verificações, ensaios, reparos ou Cabo
multipolar Cobertura
modificações da instalação. Isso pode ser conseguido, por exemplo,
pela padronização das cores da tubulação para cada tipo de linha
(média tensão, baixa tensão, comando, etc.) ou pela instalação em Figura 76 – Construção típica de cabos de baixa tensão

condutos (leitos, eletrocalhas, etc.) colocados em diferentes níveis


(alturas), conforme Figura 75. Condutor
71
O cobre e o alumínio são os dois metais mais utilizados na
fabricação de condutores elétricos, tendo em vista suas propriedades
elétricas e mecânicas, bem como seu custo. Ao longo dos anos, o cobre
tem sido o mais usado em condutores providos de isolação, enquanto
que o alumínio é mais empregado em condutores nus para redes aéreas.
Segundo as normas técnicas de condutores elétricos, o cobre
utilizado deve ter pureza de cerca de 99,99%, enquanto que a
pureza do alumínio é em torno de 99,5%.

Isolação

As isolações de todos os cabos de baixa tensão são


Figura 75 – Disposição das linhas elétricas conforme 6.1.5.2 da NBR 5410 constituídas por materiais sólidos termoplásticos (cloreto de

Tabela 20 - Cores de identificação de cabos elétricos

Função Cor Observação


A veia com isolação azul-clara de um cabo multipolar pode ser usada para outras
Neutro Azul-claro funções, que não a de condutor neutro, se o circuito não possuir condutor neutro
ou se o cabo possuir um condutor periférico utilizado como neutro.
Condutor de proteção (PE) Verde-amarelo ou verde Na falta da dupla coloração verde-amarela, admite-se o uso apenas da cor
verde.
Condutor de proteção Com identificação verde-amarela nos pontos visíveis ou acessíveis, na veia
Azul-claro
combinado com neutro (PEN) do cabo multipolar ou na cobertura do cabo unipolar.
NBR 5410

Qualquer cor, exceto azul-claro, Por razões de segurança, não deve ser usada a cor de isolação
Fases verde-amarelo ou verde exclusivamente amarela onde existir o risco de confusão com a dupla
coloração verde-
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

polivinila e polietileno) ou termofixos (borracha etileno-propileno presença de fauna (roedores, cupins – AL), radiação solar (NA), e
e polietileno reticulado). condição de fuga das pessoas em emergência (BD)
Entre as características comuns a todos os materiais isolantes O PVC é o material de cobertura mais econômico e com
sólidos estão: resistência suficiente para o uso corrente na maioria das aplicações,
porém emite uma quantidade apreciável de fumaça, gases tóxicos
• Homogeneidade da isolação e boa resistência ao envelhecimento e corrosivos quando queima. O polietileno (pigmentado com negro
em serviço; de fumo para torná-lo resistente à luz solar) é frequentemente
• Ausência de escoamento; utilizado nas instalações em ambientes com alto teor de ácidos,
• Insensibilidade às vibrações; bases ou solventes orgânicos, assim como em instalações sujeitas às
• Bom comportamento ao fogo. intempéries. Nas aplicações onde são necessárias as características
de baixa emissão de fumaça, gases tóxicos e corrosivos são
A seguir são apresentadas as características específicas de cada utilizados os materiais não halogenados na cobertura dos cabos de
um dos materiais isolantes sólidos mencionados. média tensão.
Em algumas situações, dependendo das influências externas
• Cloreto de polivinila (PVC): sua rigidez dielétrica é elevada, (particularmente para proteção mecânica), pode ser necessário
porém menor do que a de outros isolantes; suas perdas dielétricas incluir no cabo de baixa tensão uma proteção metálica adicional
são elevadas, principalmente acima de 20 kV; sua resistência aos com função de armação. As armações mais usuais são compostas
agentes químicos em geral é muito boa; tem boa resistência à água; por fitas planas de aço, aplicadas helicoidalmente; ou fitas de aço
não propaga a chama, mas sua combustão emite grande quantidade ou alumínio, aplicadas transversalmente, corrugadas e intertravadas
de fumaça, gases corrosivos e tóxicos. (interlocked). As armações com fios de aço são recomendadas
• Borracha etileno-propileno (EPR): excelente rigidez dielétrica; quando se deseja atribuir ao cabo resistência aos esforços de tração.
sua flexibilidade é muito grande, mesmo a temperaturas baixas;
apresenta uma resistência excepcional às descargas e radiações 14.4.2 Tensão nominal dos cabos de baixa tensão
ionizantes, mesmo a quente; suas perdas (no dielétrico) são
baixas nas misturas destinadas aos cabos de média tensão; A tensão de isolamento nominal de um cabo é uma característica
possui uma resistência à deformação térmica que permite relacionada com o material isolante, com a espessura da isolação
temperaturas de 250 °C, durante os curtos-circuitos; possui boa e com as características de funcionamento do sistema (instalação)
72 característica no que diz respeito ao envelhecimento térmico, em que o cabo vai atuar. É indicada por dois valores de tensão
o que permite conservar densidades de corrente aceitáveis separados por uma barra, designados por Uo/U, onde Uo refere-se à
quando os cabos funcionam em temperatura ambiente elevada; tensão fase-terra e U à tensão fase-fase, em volts.
apresenta baixa dispersão da rigidez dielétrica e é praticamente Os valores normalizados de tensão de isolamento nominal na
isento do treeing (fenômeno de formação de arborescências baixa tensão são: 300/300 V; 300/500 V; 450/750 V; 0,6/1 kV.
no material, provocando descargas parciais localizadas e sua
consequente deterioração); 14.4.3 Normas técnicas dos cabos de baixa tensão
• Polietileno reticulado (XLPE): excelente rigidez dielétrica;
apresenta uma resistência à deformação térmica bastante satisfatória Todos os condutores devem ser providos, no mínimo, de
em temperaturas de até 250 °C; a reticulação do polietileno permite isolação, a não ser quando o uso de condutores nus ou providos
a incorporação de cargas minerais e orgânicas utilizadas para apenas de cobertura for expressamente permitido.
melhorar o comportamento mecânico, a resistência às intempéries As normas técnicas dos cabos admitidos pela NBR 5410 estão
e, sobretudo, o comportamento ao fogo; apresenta dispersão indicados na Tabela 21.
relativamente alta da rigidez dielétrica, bem como o fenômeno do Tabela 21 - Tipos de cabos admitidos pela NBR 5410
treeing com alguma frequência (mas isso pode ser contornado com Sem Isolação Isolação Isolação Cabo não
revestimento em PVC em EPR em XLPE halogenado
misturas especiais de XLPE).
Condutores
de cobre sem
Cobertura
isolação (fios
e cabos nus ou NBR 6524 ---x--- ---x--- ---x--- ---x---
Os cabos unipolares e multipolares de baixa tensão são com cobertura
protegidos com uma cobertura de PVC, polietileno, neoprene, protetora)
polietileno clorossulfonado, material não halogenado (com baixa
emissão de fumaça, gases tóxicos e corrosivos), dentre outros Condutor ---x--- NBR ---x--- ---x--- NBR
materiais. isolado NM 247-3 13248
A escolha do tipo de material da cobertura é função das Cabo unipolar ---x--- NBR 7288 NBR 7286 NBR 7287 NBR
NBR 5410

influências externas (ver 13.1.3 deste guia) a que o cabo estará ou multipolar (formato redondo) NBR 7285 13248
NBR 8661
submetido, principalmente no que se refere à presença de água
(formato plano)
(AD), substâncias corrosivas (AF), solicitações mecânicas (AG),
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

exemplo, que um condutor fabricado com sucata de cobre, com


14.4.4 Condutores de cobre ou alumínio? metade da condutividade ideal, deveria ter o dobro da seção
de um condutor puro, para que ambos conduzissem a mesma
14.4.4.1 Aspectos técnicos corrente elétrica. Essa colocação é apenas um alerta, uma vez
que é proibido, por norma, fabricar condutores elétricos com
As três principais diferenças técnicas entre o cobre e purezas inferiores às indicadas.
o alumínio no que diz respeito à fabricação de condutores
elétricos são: condutividade elétrica, peso e conexões. Peso

C ondutividade elétrica A densidade do alumínio é de 2,7 g/cm3 e a do cobre de 8,9


g/cm3. Calculando-se a relação entre o peso de um condutor de
A grandeza que expressa a capacidade que um material tem cobre e o peso de um condutor de alumínio, ambos transportando
de conduzir a corrente elétrica é chamada de condutividade a mesma corrente elétrica, verifica-se que, apesar de o condutor
elétrica. Ao contrário, o número que indica a propriedade que de alumínio possuir uma seção cerca de 60% maior, seu peso é
os materiais possuem de dificultar a passagem da corrente é da ordem da metade do peso do condutor de cobre.
chamado de resistividade elétrica. A partir dessa realidade física, estabeleceu-se uma divisão
Segundo a norma “International Annealed Copper clássica entre a utilização do cobre e do alumínio nas redes
Standard” (IACS), adotada em praticamente todos os países, elétricas. Quando o maior problema em uma instalação
é fixada em 100% a condutividade de um fio de cobre envolver o peso próprio dos condutores, prefere-se o alumínio
de 1 metro de comprimento com 1 mm 2 de seção e cuja por sua leveza. Esse é o caso das linhas aéreas em geral, onde
resistividade a 20 oC seja de 0,01724 W.mm 2/m (a resistividade as dimensões de torres e postes e os vãos entre eles dependem
e a condutividade variam com a temperatura ambiente) . diretamente do peso dos cabos por eles sustentados. Por outro
Dessa forma, esse é o padrão de condutividade adotado, o que lado, quando o principal aspecto não é peso, mas é o espaço
significa que todos os demais condutores, sejam em cobre, ocupado pelos condutores, escolhe-se o cobre por possuir um
alumínio ou outro metal qualquer, têm suas condutividades menor diâmetro. Essa situação é encontrada nas instalações
sempre referidas a aquele condutor. A Tabela 22 ilustra essa internas, onde os espaços ocupados pelos eletrodutos,
relação entre condutividades. eletrocalhas, bandejas e outros são importantes na definição da
arquitetura do local. 73
Tabela 22 – Condutividades elétricas relativas do cobre e alumínio
Deve-se ressaltar que, embora clássica, essa divisão entre a
Material Condutividade relativa IACS (%) utilização de condutores de cobre e alumínio possui exceções,
cobre mole 100,0 devendo ser cuidadosamente analisada em cada caso.
cobre meio-duro 97,7 Conexões
cobre duro 97,2 Uma das diferenças mais marcantes entre cobre e alumínio
alumínio 60,6 está na forma como se realizam as conexões entre condutores
ou entre condutor e conector.
O cobre não apresenta requisitos especiais quanto ao
A Tabela 22 pode ser entendida da seguinte forma: o assunto, sendo relativamente simples realizar as ligações dos
alumínio, por exemplo, conduz 39,4% (100 - 60,6) menos condutores de cobre.
corrente elétrica que o cobre mole. Na prática, isso significa No entanto, o mesmo não ocorre com o alumínio. Quando
que, para conduzir a mesma corrente, um condutor em exposta ao ar, a superfície do alumínio é imediatamente
alumínio precisa ter uma seção aproximadamente 60% maior recoberta por uma camada invisível de óxido, de difícil
que a de um fio de cobre mole. Por exemplo, um condutor de remoção e altamente isolante. Assim, em condições normais,
10 mm2 de cobre tem seu equivalente em alumínio com seção se encostarmos um condutor de alumínio em outro não haveria
aproximadamente 10 x 1,6 = 16 mm2. um adequado contato elétrico entre eles.
Essa equivalência é aproximada porque a relação entre as Nas conexões em alumínio, um bom contato somente
seções não é apenas geométrica e também depende de alguns será conseguido se rompermos essa camada de óxido, o
fatores que consideram certas condições de fabricação do que é conseguido apenas com a utilização de ferramentas e
condutor, tais como eles serem nus ou recobertos, sólidos ou conectores específicos e mão de obra treinada. Além disso,
encordoados, etc. quase sempre são empregados compostos que inibem a
Para que o cobre apresente as condutividades indicadas na formação de uma nova camada de óxido, uma vez removida
Tabela 22, é fundamental que sua pureza seja de, no mínimo, a camada anterior. Como visto a seguir, é por causa desta
99,99% e o alumínio de 99,5%. Qualquer tipo de contaminação necessidade de materiais específicos e pessoal altamente
NBR 5410

do metal, como aquela presente nas sucatas, causa uma qualificado para lidar com as conexões em alumínio que a
queda significativa na sua condutividade. Em certos casos, NBR 5410 impõe várias restrições ao uso de fios e cabos
essa redução pode chegar quase à metade. Isso implica, por elétricos com este condutor.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Aspectos normativos elétricas em áreas descobertas das propriedades, externas


às edificações. Isto deixa claro que as redes externas, tais
Inicialmente, é importante notar que, em 6.2.2.3 da NBR como aquelas destinadas à iluminação, força, alimentadores
5140 indica-se que as linhas pré-fabricadas (barramentos de quadros, bombas, etc., também estão sujeitas às mesmas
blindados) devem atender à NBR IEC 60439-2, ser instalados de restrições ao uso de alumínio que as redes internas das
acordo com as instruções do fabricante e atender às prescrições edificações.
de 6.2.4, 6.2.7, 6.2.8 e 6.2.9. Com isto, fica claro que todas É o caso, por exemplo, de um sítio de lazer, onde o padrão
as prescrições do item 6.2.3 Condutores não se aplicam aos de entrada da concessionária está a 200 metros do quadro geral
barramentos blindados (busways), ficando restritas aos fios e e uma linha elétrica, aérea ou subterrânea, precisa ser levada
cabos elétricos isolados, unipolares e multipolares. da caixa de medição situada na divisa do terreno com a rua até
Desta forma, encontram-se referências ao uso dos dois o quadro situado no interior da casa (Figura 77). Por se tratar
metais em 6.2.3.7 da NBR 5410, que prescreve que os de uma propriedade residencial, a NBR 5410 terminantemente
condutores utilizados nas linhas elétricas devem ser de cobre proíbe o uso de fios ou cabos elétricos com condutor de
ou alumínio, porém o texto da norma prossegue sem restrições alumínio. Note que, se uma rede aérea for utilizada neste
ao cobre, porém traz as seguintes restrições ao emprego do caso, ela deverá ser com condutores de cobre, ao contrário da
alumínio: maioria das redes aéreas usuais que utilizam alumínio.

• Em 6.2.3.8.1 diz-se que somente podem ser utilizados Aspecto econômico

condutores de alumínio em estabelecimentos industriais desde


que a seção dos cabos seja maior ou igual a 16 mm2, exista uma Entendidas as diferenças técnicas entre os dois metais e
subestação ou fonte própria e a instalação e manutenção sejam atendidas as prescrições normativas anteriormente descritas,
realizadas por pessoal qualificado (BA5). naqueles casos em que ambos os metais forem possíveis de ser
• Em 6.2.3.8.2 diz-se que somente podem ser utilizados utilizados, resta ao especificador fazer um estudo econômico
condutores de alumínio em estabelecimentos comerciais desde comparativo entre fios e cabos em cobre e alumínio, concluindo
que a seção dos cabos seja maior ou igual a 50 mm2, os locais então, sob este aspecto, qual a melhor escolha no caso específico.
sejam exclusivamente BD1 e a instalação e manutenção sejam
realizadas por pessoal qualificado (BA5). 14.5 Escolha das linhas elétricas de acordo com as

74 • Em 6.2.3.8.3, concluem-se as restrições com a proibição total influências externas

do uso de alumínio em locais BD4 (concentração de público).


14.5.1 G eral
Embora não esteja explícito, o texto deixa evidente
a proibição total do uso de condutores de alumínio em Em 6.2.4, a NBR 5410 trata da escolha das linhas elétricas
instalações residenciais (casas e edifícios), uma vez, como em função das influências externas significativas presentes na
vimos anteriormente, apenas permite, com restrições, o uso instalação.
deste metal em estabelecimentos industriais e comerciais. A tabela 34 da NBR 5410 (Tabela 23 deste guia) apresenta
Adicione-se a estas informações o requisito de 1.2.1, que várias influências externas e suas respectivas exigências
estabelece que a NBR 5410 aplica-se também às instalações específicas em relação aos cabos e aos condutos.
NBR 5410

Figura 77 - Exmplo de proibição de uso de condutor de alumínio


GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Tabela 23 - Características dos componentes da instalação em função das influências externas

Código Classificação Seleção e instalação das linhas


A - Condições ambientais (4.2.6.1) AA = Temperatura ambiente (4.2.6.1.1)

AA1 - 60°C + 5°C Sob temperaturas inferiores a - 10°C, os condutores ou cabos com
AA2 - 40°C + 5°C isolação e/ou cobertura de PVC, bem como os condutos de PVC não
AA3 - 25°C + 5°C devem ser manipulados nem submetidos a esforços mecânicos, visto
AA4 - 5°C + 40°C que o PVC pode tornar-se quebradiço
AA5 + 5°C + 40°C Quando a temperatura ambiente (ou do solo) for superior aos valores
AA6 + 5°C + 60°C de referência (20°C para linhas subterrâneas e 30°C para as demais),
AA7 - 25°C + 55°C as capacidades de condução de corrente dos condutores e cabos
AA8 - 50°C + 40°C isolados devem ser reduzidas de acordo com 6.2.5.3.3
AC - Altitude (4.2.6.1.3) (sem influência)
AD1 Desprezível O uso de molduras em madeira só é permitido em AD1
AD2 Gotejamento Nas condições AD3 a AD6 só devem ser usadas linhas com
AD3 Precipitação proteção adicional à penetração de água, com os graus IP
AD4 Aspersão adequados, em princípio sem revestimento metálico externo
AD5 Jatos Os cabos uni e multipolares dotados de cobertura extrudada
AD6 Ondas podem ser usados em qualquer tipo de linha, mesmo com
AD7 Imersão condutos metálicos
Cabos uni e multipolares com isolação resistente à água (por
exemplo, EPR e XLPE)
AD8 Submersão Cabos especiais para uso submerso
AE - Presença de corpos sólidos (4.2.6.1.5)
AE1 Desprezível Nenhuma limitação
AE2 Pequenos objetos Nenhuma limitação, desde que não haja exposição a danos mecânicos
AE3 Objetos muito pequenos Nenhuma limitação
AE4 Poeira leve Podem ser necessárias precauções para evitar que a deposição de
AE5 Poeira moderada poeira ou outras substâncias chegue ao ponto de prejudicar a
75
AE6 Poeira intensa dissipação térmica das linhas elétricas. Isso inclui a seleção de um
método de instalação que facilite a remoção da poeira
AF - Presença de substâncias corrosivas ou poluentes (4.2.6.1.6)
AF1 Desprezível Nenhuma limitação
AF2 Atmosférica As linhas devem ser protegidas contra corrosão ou contra agentes
AF3 Intermitente químicos; os cabos uni e multipolares com cobertura extrudada são
considerados adequados; os condutores isolados só podem ser
usados em eletrodutos que apresentem resistência adequada aos
agentes presentes
AF4 Permanente Só é admitido o uso de cabos uni ou multipolares adequados aos
agentes químicos presentes
AG - Choques mecânicos (4.2.6.1.7)
AG1 Fracos Nenhuma limitação
AG2 Médios Linhas com proteção leve; os cabos uni e multipolares usuais são
considerados adequados; os condutores isolados podem ser usados
em eletrodutos que atendam às ABNT NBR 5624 e ABNT NBR 6150
Linhas com proteção reforçada; os cabos uni e multipolares providos
AG3 Severos de armação metálica são considerados adequados; os condutores
isolados podem ser usados em eletrodutos que atendam às
ABNT NBR 5597 e ABNT NBR 5598
AH - Vibrações (4.2.6.1.7)
AH1 Fracas Nenhuma limitação
AH2 Médias Podem ser necessárias linhas flexíveis
NBR 5410

AH3 Severas Só podem ser utilizadas linhas flexíveis constituídas por cabos
uni ou multipolares flexíveis ou condutores isolados flexíveis em
eletroduto flexível
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Código Classificação Seleção e instalação das linhas


AK - Presença de flora ou mofo (4.2.6.1.8)
AK1 Desprezível Nenhuma limitação
AK2 Prejudicial Deve ser avaliada a necessidade de se utilizar:
- cabos providos de armação, se diretamente enterrados
- condutores isolados em condutos com grau de proteção adequado
- materiais especiais ou revestimento adequado protegendo cabos
ou eletrodutos
AL - Presença de fauna (4.2.6.1.9)
AL1 Desprezíve Nenhuma limitação
AL2 Prejudicial Linhas com proteção especial. Se existir risco devido à presença
de roedores e cupins, deve ser usada uma das soluções:
- cabos providos de armação
- condutores isolados em condutos com grau de proteção adequado
- materiais especialmente aditivados ou revestimento adequado
em cabos ou eletrodutos
AN - Radiação solar (4.2.6.1.11)
AN1 Desprezível Nenhuma limitação
AN2 Média Os cabos ao ar livre ou em condutos abertos devem ser
AN3 Alta resistentes às intempéries. A elevação da temperatura da
superfície dos condutores ou cabos deve ser levada em conta nos
cálculos da capacidade de condução de corrente
B –– Utilizações
BA - Competência das pessoas (4.2.6.2.1) (sem influência)
BB - Resistência elétrica do corpo humano (4.2.6.2.2)

BB1 Alta Nenhuma limitação


76 BB2 Normal
BB3 Baixa Ver 5.1 e seção 9
BB4 Muito Baixa
BC - Contato das pessoas com o potencial da terra (4.2.6.2.3)
BC1 Nulo Nenhuma limitação
BC2 Raro
BC3 Frequente Ver 5.1 e seção 9
BC4 Contínuo
BD - Fuga das pessoas em emergência (4.2.6.2.4)
BD1 Normal Nenhuma limitação
BD2 Longa
BD3 Tumultuada Ver 5.2.2.2
BD4 Longa e tumultuada
BE - Natureza dos materiais processados ou armazenados (4.2.6.2.5)
BE1 Riscos desprezíveis Nenhuma limitação
BE2 Riscos de incêndio Ver 5.2.2.3
BE3 Riscos de explosão Linhas protegidas por escolha adequada da maneira de instalar
BE4 Riscos de contaminação (para BE3, ver ABNT NBR 9518)
C - Construção das edificações
CA - Materiais de construção (4.2.6.3.1)

CA1 Não-combustíveis Nenhuma limitação


CA2 Combustíveis Ver 5.2.2.4
CB - Estrutura das edificações (4.2.6.3.2)
CB1 Riscos desprezíveis Nenhuma limitação
NBR 5410

CB2 Sujeitas à propagação de incêndio Ver 5.2.2.5


CB3 Sujeitas a movimentação Linhas flexíveis ou contendo juntas de dilatação e de expansão
CB4 Flexíveis Linhas flexíveis
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS
Tabela 24 - Condições de fuga das pessoas em emergências

Código Classificação Características Aplicações e exemplos1)


BD1 Normal Baixa densidade de Edificações residenciais com altura inferior a 50 m e edificações
ocupação Percurso de fuga breve nãoresidenciais com baixa densidade de ocupação e altura inferior a 28 m
Baixa densidade de ocupação Edificações residenciais com altura superior a 50 m e edificações
BD2 Longa Percurso de fuga longo nãoresidenciais com baixa densidade de ocupação e altura
superior a 28 m
Alta densidade de ocupação Locais de afluência de público (teatros, cinemas, lojas de
BD3 Tumultuada Percurso de fuga breve departamentos, escolas, etc.); edificações nãoresidenciais
com alta densidade de ocupação e altura inferior a 28 m
Locais de afluência de público de maior porte (shopping
centers, grandes hotéis e hospitais, estabelecimento de ensino
BD4 Longa e Alta densidade de ocupação ocupando diversos pavimentos de uma edificação, etc.);
tumultuada Percurso de fuga longo edificações nãoresidenciais com alta densidade de ocupação e
altura superior a 28 m
NOTA As aplicações e exemplos destinam-se apenas a subsidiar a avaliação de situações reais, fornecendo elementos mais qualitativos do que quantitativos. Os códigos locais de segurança contra
incêndio e pânico podem conter parâmetros mais estritos. Ver também ABNT NBR 13570.

ser considerado linha elétrica embutida quando possuir grau


14.5.2 A s linhas elétricas e a proteção contra incêndios de proteção IP5X, no mínimo, for acessível somente através
do uso de chave ou ferramenta e observar os requisitos de
Nos locais classificados como BD2, BD3 e BD4 (tabela 21 6.2.9.6.8 da norma (ver 14.6.5 deste guia).
da NBR 5410 reproduzida na Tabela 24 deste guia), estabelece- Nesses locais, no caso das linhas aparentes e as linhas no
se em 5.2.2.2.2 que as linhas elétricas (embutidas e aparentes) interior de paredes ocas ou de outros espaços de construção
não devem ser dispostas em rota de fuga, a menos que a devem atender a uma das seguintes condições:
linha elétrica não venha a propagar e nem contribuir para a
propagação de um incêndio e que a linha elétrica não venha a) no caso de linhas constituídas por cabos fixados em paredes
a atingir temperatura alta o suficiente para inflamar materiais ou em tetos, os cabos devem ser não-propagantes de chama,
adjacentes. Se aparente, a linha deve ser posicionada fora da livres de halogênio e com baixa emissão de fumaça e gases 77
zona de alcance normal ou possuir proteção contra os danos tóxicos;
mecânicos que possam ocorrer durante uma fuga. b) no caso de linhas constituídas por condutos abertos, os cabos
Em 5.2.2.2.3, prescreve-se que, em áreas comuns, em devem ser não-propagantes de chama, livres de halogênio e
áreas de circulação e em áreas de concentração de público, em com baixa emissão de fumaça e gases tóxicos. Já os condutos,
locais BD2, BD3 e BD4, as linhas elétricas embutidas devem caso não sejam metálicos ou de outro material incombustível,
ser totalmente imersas em material incombustível. Para efeito devem ser não-propagantes de chama, livres de halogênio e
desta prescrição, um poço (espaço de construção vertical) pode com baixa emissão de fumaça e gases tóxicos (Figura 78);

NBR 5410

Figura 78 – Locais BD com condutos abertos


GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Figura 79 – Locais BD com condutos abertos

c) no caso de linhas em condutos fechados, os condutos que não escolas, etc., são locais “BDX”, os quais possuem áreas privadas,
sejam metálicos ou de outro material incombustível devem ser não- sem acesso ao grande público (escritório, cozinha, lavanderia,
propagantes de chama, livres de halogênios e com baixa emissão de camarins, etc.) e áreas comuns, de circulação e de concentração de
fumaça e gases tóxicos. Na primeira hipótese (condutos metálicos público (Figura 80). No primeiro caso valem as regras gerais da
ou de outro material incombustível), podem ser usados condutores NBR 5410 e no segundo caso é onde de fato valem as prescrições
e cabos apenas não-propagantes de chama; na segunda, devem ser específicas acima.
usados cabos não-propagantes de chama, livres de halogênio e com Para efeito de escolha dos condutores, o item 6.2.3.5 da
78 baixa emissão de fumaça e gases tóxicos (Figura 79). NBR 5410 esclarece que os cabos não-propagantes de chama,
Note-se que o texto menciona algumas “áreas” em “locais livres de halogênio e com baixa emissão de fumaça e gases
BD2, BD3 e BD4”. Ou seja, hospitais, hotéis, teatros, cinemas, tóxicos devem atender a NBR 13248.
NBR 5410

Figura 80 - Exemplo de local BD4


GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

voz, e sinais em geral (Faixa II), alguns comandos e controles em


14.6 Instalação de cabos elétricos de baixa tensão 12, 24 ou 48 V (faixa II).
As exceções a essa regra são os casos de, em condutos abertos
As diversas condições de instalação dos cabos elétricos de baixa ou fechados, quando todos os condutores são isolados para a
tensão são tratadas em 6.2.9, 6.2.10 e 6.2.11 da NBR 5410. tensão mais elevada presente; ou, quando os condutores com
isolação apenas suficiente para a aplicação a que se destinam
14.6.1 Travessias de paredes forem instalados em compartimentos separados de um conduto ser
compartilhado (usando-se septos de separação, por exemplo).
Nas travessias de paredes, as linhas elétricas devem
ser providas de proteção mecânica adicional, exceto se sua 14.6.4 B arreiras corta - fogo

robustez for o suficiente para garantir a integridade nos trechos


de travessia. Quando uma linha elétrica atravessar elementos da construção
Como se observa, a preocupação neste caso é garantir a tais como pisos, paredes, coberturas, tetos etc., as aberturas
integridade das linhas elétricas, permitindo qualquer tipo de remanescentes à passagem da linha devem ser obturadas de modo a
linha elétrica desde que ela seja robusta o suficiente para resistir preservar a característica de resistência ao fogo de que o elemento
aos esforços mecânicos que possam resultar da travessia das for dotado (Figuras 82 e 83). Essa prescrição aplica-se também às
paredes. Isso é conseguido, em geral, pela utilização de condutos linhas elétricas pré-fabricadas, tais como os barramentos blindados.
metálicos ou, quando não metálicos, com elevada resistência
mecânica a deformações.

14.6.2 Linhas elétricas x Linhas não-elétricas

Em 6.2.9.4.1, a distância entre as superfícies externas das linhas


elétricas e não-elétricas deve ser tal que as intervenções em uma
linha não danifiquem a outra (Figura 81).
A norma não indica nenhuma medida em particular, ficando a
critério do projetista/instalador determinar a distância que, a seu
critério, seja a mais adequada. Na falta de um melhor parâmetro, o 79
valor de 3 cm indicado na versão de 1997 da NBR 5410 poderia ser
uma boa sugestão. Figura 82 – Obturação em travessia de pisos
Em 6.2.9.4.3 está prescrito que não se admitem linhas elétricas
no interior de dutos de exaustão de fumaça ou de dutos de ventilação,
sendo que tais dutos são aqueles construídos em chapas. Os espaços
de construção utilizados como “plenuns” não são cobertos por esta
prescrição.
A norma não proíbe a convivência de linhas elétricas e não-
elétricas em nenhum local, mas oferece os critérios para que esta
convivência seja a mais segura possível.

Figura 83 – Obturação de travessia de paredes

Toda obturação deve atender às seguintes prescrições:


Figura 81 – Linhas elétricas x Linhas não elétricas

a) deve ser compatível com os materiais da linha elétrica com os


14.6.3 Linhas elétricas x Linhas elétricas quais deve ter contato;
b) deve permitir as dilatações e contrações da linha elétrica sem que
Como regra geral, circuitos sob tensões que se enquadrem isso reduza sua efetividade como barreira corta-fogo;
uma(s) na faixa I (tensão entre fases ≤ 50 Vca) e outra(s) na faixa II c) deve apresentar estabilidade mecânica adequada, capaz de
NBR 5410

(50 Vca < tensão entre fases ≤ 1000 Vca) definidas no anexo A da suportar os esforços que podem sobrevir de danos causados pelo
norma não devem compartilhar a mesma linha elétrica. São os casos fogo aos meios de fixação e de suporte da linha elétrica. Essa
das linhas de energia (faixa II), linhas de telefonia, dados, internet, prescrição é considerada atendida se a fixação da linha elétrica
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

for reforçada com grampos, abraçadeiras ou suportes, instalados a


não mais de 750 mm da obturação e capazes de suportar as cargas 14.6.5 Espaços de construção e galerias
mecânicas esperadas em consequência da ruptura dos suportes
situados do lado da parede já atingido pelo fogo e de tal forma Nos espaços de construção (poços/shafts, forros falsos,
que nenhum esforço seja transmitido à obturação. Ou então, se a pisos elevados, etc.), e nas galerias, devem ser tomadas
concepção da própria obturação garantir uma sustentação adequada, precauções adequadas para evitar a propagação de um
na situação considerada. incêndio.
As obturações devem poder suportar as mesmas influências Conforme a Tabela 32 da norma – Características dos
externas a que a linha elétrica está submetida e, além disso, devem componentes da instalação em função das influências externas,
ter uma resistência aos produtos de combustão equivalente à dos na classificação CB2, os componentes elétricos (e não elétricos)
elementos da construção nos quais forem aplicadas. Em geral, instalados em espaços de construção e galerias devem ser
devem ter uma resistência à chama direta de 750 °C por três horas constituídos de materiais não propagantes de chama ou devem
consecutivas. ser previstas barreiras corta-fogo (Figura 84) ou ainda podem ser
Devem ainda apresentar um grau de proteção contra penetração previstos detectores de incêndio.
de água pelo menos igual ao requerido dos elementos da construção Além disso, na Tabela 34 – Seleção e instalação de linhas
nos quais forem aplicadas e, finalmente, devem ser protegidas, tanto elétricas em função das influências externas, no caso de situações
quanto as linhas, contra gotas de água que, escorrendo ao longo CB2 (sujeitas à propagação de incêndio), as linhas elétricas em
da linha, possam vir a se concentrar no ponto obturado, a menos particular devem atender ao item 5.2.2.5, o qual reforça que
que os materiais utilizados sejam todos resistentes à umidade, devem ser tomadas precauções para que as instalações elétricas
originalmente e/ou após a finalização da obturação. não possam propagar incêndios (por exemplo, efeito chaminé),
Existem no mercado materiais específicos para a finalidade de podendo ser previstos detectores de incêndio que acionem
obturação (algumas “espumas”) ou, em certos casos, a aplicação de medidas destinadas a bloquear a propagação do incêndio como,
concreto magro ou de gesso como elemento de obturação podem por exemplo, o fechamento de registros corta-fogo (“dampers”)
ser consideradas. No entanto, é preciso reconhecer que obturação em dutos ou galerias.
de passagens não é especialidade de pessoas com formação na área Em particular, o item 6.2.9.6.8 da NBR 5410 prescreve que,
elétrica e, neste sentido, sempre deve ser consultado um especialista no caso de linhas elétricas dispostas em poços verticais (shafts)
no tema para definir a maneira mais adequada e os materiais mais atravessando diversos níveis, cada travessia de piso deve ser
80 apropriados para realizar a obturação. obturada de modo a impedir a propagação de incêndio.

Obturação de poço
NBR 5410

Figura 84 - Obturação de poço vertical


GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

14.6.6 Disposição dos condutores – aspectos gerais

As prescrições a seguir, baseadas em 6.2.10 da NBR 5410,


aplicam-se genericamente aos condutores e linhas elétricas.
Mais adiante serão tratados de casos de algumas linhas elétricas
específicas.

• Os condutos fechados (eletrodutos, eletrocalhas, canaletas com


Figura 85 – Não é permitido somente um cabo de média tensão unipolar em conduto
tampas, etc.) podem conter condutores de mais de um circuito, metálico
quando as três condições seguintes forem simultaneamente
atendidas: comprimento), a variação de impedância entre os cabos em paralelo
fica por conta da reatância indutiva (indutância própria + indutância
a) os circuitos pertencerem à mesma instalação, isto é, se mútua). A indutância própria também é aproximadamente a mesma
originarem do mesmo dispositivo geral de manobra e proteção, entre os cabos em paralelo, já que depende apenas da geometria
sem a interposição de equipamentos que transformem a corrente do cabo propriamente dita. No entanto, a reatância mútua depende
elétrica. do arranjo, ou seja, da forma como os cabos são instalados e da
b) as seções nominais dos condutores fase estiverem contidas distância entre eles.
dentro de um intervalo de três valores normalizados sucessivos. Por Quando são utilizados cabos tripolares em paralelo por fase,
exemplo, é permitido instalar no mesmo eletroduto (ou eletrocalha obtém-se uma geometria muito simétrica entre os condutores das
ou canaleta com tampa) cabos de média tensão de seções 50, 70 e diferentes fases que formam cada perna do conjunto em paralelo.
95 mm2, mas não é permitido instalar cabos 50, 70 e 120 mm2. Isso faz com que a distribuição de correntes entre os diversos cabos
c) os cabos tiverem a mesma temperatura máxima para em paralelo na mesma fase seja muito boa.
serviço contínuo. Assim, por exemplo, podem compartilhar O problema de distribuição desigual de corrente ocorre quando
o mesmo conduto fechado diferentes cabos isolados em PVC se utilizam cabos unipolares, uma vez que o arranjo dos cabos
(classe 70 ºC), assim como podem utilizar o mesmo conduto influencia de modo significativo a reatância mútua. Neste caso,
fechado cabos isolados em EPR e XLPE, pois ambos são classe sem realizar cálculos complexos de indutância mútua, as maneiras
90 ºC. No entanto, não se admite misturar no mesmo conduto práticas de conseguir a distribuição de corrente mais uniforme são 81
fechado cabos isolados em PVC e EPR ou XLPE, pois possuem aquelas indicada na Figura 86.
temperaturas de serviço diferentes.
14.6.7 Requisitos específicos para instalação eletrodutos
• Não é permitida a instalação de um único cabo unipolar no interior
de um conduto fechado de material condutor (metálico) (Figura 85). A instalação de condutores elétricos em eletrodutos deve atender
• Quando vários cabos forem reunidos em paralelo, eles devem ser a alguns requisitos particulares da NBR 5410 que dizem respeito,
reunidos em tantos grupos quantos forem os cabos em paralelo, com principalmente, ao número máximo de cabos em seu interior e à
cada grupo contendo um cabo de cada fase ou polaridade. Os cabos quantidade máxima permitida de curvas sem a instalação de caixas
de cada grupo devem estar instalados na proximidade imediata uns de passagem.
dos outros. Em particular, no caso de condutos fechados de material
condutor, todos os condutores vivos de um mesmo circuito devem 14.6.7.1Especificação
estar contidos em um mesmo conduto.
A NBR IEC 50(826) de 1997 define eletroduto como “elemento
Essa prescrição da norma visa obter o melhor equilíbrio de linha elétrica fechada, de seção circular ou não, destinado a
possível de corrente entre os diversos cabos, evitando assim que conter condutores elétricos providos de isolação, permitindo tanto
alguns sejam percorridos por mais correntes do que outros. Quando a enfiação como a retirada destes”.
isso acontece, há o risco de alguns cabos entrarem em sobrecarga, Em relação às normas técnicas brasileiras, encontram-se
enquanto que outros funcionarão com carga reduzida. Nas situações publicadas no momento da publicação deste guia os se-guintes
em que a proteção contra sobrecarga de todos os cabos em paralelo documentos mais importantes para eletrodutos:
é realizada por um único dispositivo, ele não irá atuar por conta
de sobrecargas em cabos individuais, uma vez que ele “enxerga” • NBR 5597:1995 - Eletroduto rígido de aço-carbono e acessórios
somente a corrente total do circuito. com revestimento protetor, com rosca ANSI/ASME B1.20.1 -
Desta forma, deve-se buscar uma divisão de corrente igual ou Especificação
muito próxima entre os cabos ligados em paralelo. Isso é conseguido • NBR 5598:1993 - Eletroduto rígido de aço-carbono com
NBR 5410

quando as impedâncias dos cabos em paralelo são aproximadamente revestimento protetor, com rosca NBR 6414 - Especificação
iguais. Como a resistência elétrica será praticamente a mesma • NBR 5624:1993 - Eletroduto rígido de aço-carbono, com costura,
em todos os condutores (todos tem a mesma seção nominal e com revestimento protetor e rosca NBR 8133 – Especificação
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Figura 86 - Arranjos práticos de cabos unipolares em paralelo por fase

• NBR 13057:1993 - Eletroduto rígido de aço-carbono, com costura, Conforme 6.2.11.1.2 da norma, somente são admitidos,
zincado eletroliticamente e com rosca NBR 8133 em instalações aparentes e embutidas, eletrodutos que não
• NBR 15465:2007 - Sistemas de eletrodutos plásticos para propaguem chama. É importante notar que esta prescrição
82 instalações elétricas de baixa tensão - Requisitos de desempenho é geral, independentemente do tipo de local, influências
• NBR15701:2009 - Conduletes metálicos roscados e não roscados externas, etc. Obviamente, eletrodutos metálicos atendem
para sistemas de eletrodutos naturalmente a esta exigência, porém o mesmo não ocorre
com todos os tipos de eletrodutos não metálicos. Desta
No que tange a especificação dos eletrodutos, o item 6.2.11.1 da forma, especificadores, compradores e instaladores devem
norma indica que é vedado o uso, como eletroduto, de produtos que prestar especial atenção a este requisito quando forem utilizar
não sejam expressamente apresentados e comercializados como eletrodutos não metálicos.
tal. Esta proibição inclui, por exemplo, produtos caracterizados por
seus fabricantes como “mangueiras”. 14.6.7.2 Número máximo de condutores no interior de um
Um modo de atender a este item da norma é utilizar nas obras eletroduto

apenas aqueles produtos que indiquem a norma técnica que rege sua
fabricação e ensaios. Essa informação pode fazer parte do material A NBR 5410 admite, em 6.2.10.2, que os condutos fechados
informativo do produto (catálogo impresso, catálogo virtual, em geral, e os eletrodutos em particular, contenham condutores
folhetos, etc.) assim como deve vir gravado sobre a superfície do de mais de um circuito se as seções nominais dos condutores de
eletroduto a identificação da norma que lhe é aplicável. Somente fase estiverem contidas dentro de um intervalo de três valores
com estas informações claramente disponibilizadas, o profissional normalizados sucessivos, tais como 1,5, 2,5 e 4 mm², ou 6, 10
ou consumidor poderão ter elementos para fazer a escolha que e 16 mm² ou 35, 50 e 70 mm², e assim por diante. Desta forma,
julgar mais adequada. por exemplo, pode-se colocar dentro de um eletroduto cabos com
Como até o momento da publicação deste guia não há certificação seções de 1,5, 2,5 e 4 mm², mas não se podem colocar juntos num
compulsória de eletrodutos no âmbito do INMETRO, o fornecimento eletroduto cabos com seções 1,5, 6 e 10 mm².
das informações mencionadas está sob a responsabilidade primária Em 6.2.11.1.6, determina-se que a quantidade máxima de
do fornecedor/fabricante do produto. No caso de eletrodutos vendidos condutores dentro de um eletroduto de modo a se deixar uma boa
em lojas, cabe também ao revendedor do produto disponibilizar as área livre no interior do eletroduto para facilitar a dissipação do
informações técnicas para os profissionais que especificam, compram calor gerado pelos condutores e para faci-litar a enfiação e retirada
e instalam os eletrodutos. E, acima de tudo, como força propulsora dos cabos. Para tanto, é necessário que os condutores ou cabos não
NBR 5410

deste assunto, cabe a estes profissionais exigirem por escrito as ocupem uma porcen-tagem da área útil do eletroduto superior a
informações que atestem que os produtos que serão utilizados como 53% para um condutor, 31% para dois condutores e 40% para três
eletrodutos são de fato eletrodutos. ou mais condutores.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Com base nesta prescrição, a maneira de calcular a quantidade curvas, o limite de 15 m e o de 30 m devem ser reduzidos em 3 m
máxima de condutores é resumida em comparar a área interna de para cada curva de 90°. Em cada trecho de tubulação entre duas
um eletroduto com a área total de condutores. Da geometria, a área caixas, ou entre extremidades, ou ainda entre caixa e extremidade,
útil de um eletroduto (AE) é dada por: só devem ser previstas, no máximo, 3 curvas de 90°, ou seu
equivalente até, no máximo, 270°, não devendo ser previstas curvas
π
AE = (de – 2e)2 com deflexão superior a 90°. Ver figura 87.
4 Desta forma, por exemplo, um trecho de tubulação situada
no interior de uma obra, contendo 2 curvas não poderá ter um
onde: de é o diâmetro externo do eletroduto e e a espessura da comprimento superior a 15 – (2 x 3) = 9 m.
parede do eletroduto. Tais valores podem ser obtidos, por exemplo,
no catálogo do fabricante.

A área total de um cabo isolado (Ac) deve ser calculada por:

π
Ac = de2
4
sendo: d o diâmetro externo do cabo isolado, valor que é obtido no
catálogo do fabricante.
Figura 87: regra sobre instalação de caixas em eletrodutos

Desta forma, o número máximo (N) de cabos isolados, de


14.6.7.4 Diâmetro interno e tamanho nominal
mesma seção, que pode ser instalado em um eletroduto, é dado por:
toc . AE
As normas de eletrodutos indicam seu tamanho nominal, um
N=
número adimensional. No entanto, historicamente, na prática,
Ac
os eletrodutos são especificados por seu diâmetro interno em
onde: toc = 0,53 para um condutor, 0,31 para dois condutores e
polegadas. Desta forma, apresentam-se a seguir as equivalências
0,40 para três ou mais condutores a serem instalados no interior do
entre as duas designações.
eletroduto.
Eletroduto rígido – aço carbono
83
Tamanho nominal Diâmetro interno (Designação
Vejamos um exemplo: quantos condutores isolados 450/750 V de da rosca) (polegadas)
seção nominal 2,5 mm2 podem ser instalados dentro de um eletroduto
rígido em PVC classe A – tamanho nominal 20 (3/4”) – tipo roscável? 10 3/8

De um catálogo de cabos, obtemos que o diâmetro nominal de 15 1/2

um cabo 2,5 mm2 é de = 3,7 mm e de um catálogo de eletroduto 20 3/4


25 1
rígido em PVC classe A – tamanho nominal 20 – tipo roscável
32 1 1/4
(NBR 15465), encontramos de = 21,1 ± 0,3 mm; e = 2,5 mm.
40 1 1/2
Recomenda-se utilizar no cálculo a menor dimensão permitida do
50 2
eletroduto, ou seja, de = 21,1 - 0,3 = 20,8 mm
65 2 1/2
80 3
Então, aplicando-se as equações anteriores:
90 3 1/2
100 4
AE = 196 mm2;
125 5
150 6
Ac = 11 mm2;
Eletroduto rígido - PVC
toc . AE 0,4 . 196 Tamanho nominal Diâmetro interno (Designação
N= = = 7 cabos isolados. da rosca) (polegadas)
Ac 11
16 1/2

14.6.7.3 Quantidade máxima permitida de curvas em um 20 3/4

eletroduto 25 1
32 1 1/4

Em 6.2.11.1.6, a norma determina que os trechos contínuos 40 1 1/2


50 2
de tubulação, sem interposição de caixas ou equipa-mentos, não
NBR 5410

60 2 1/2
devem exceder 15 metros de comprimento para linhas internas
75 3
às edificações e 30 metros para as li-nhas em áreas externas às
85 3 1/2
edificações, se os trechos forem retilíneos. Se os trechos incluírem
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Tabela 26 – Volume equivalente de condutores isolados dentro de uma caixa

14.6.7.5 Caixas de derivação e de passagem Seção Nominal do condutor isolado (mm2) Volume equivalente (cm3)
1,5 32,9
Localização 2,5 39,4
4 44,6
A localização das caixas deve ser de modo a garantir que elas 6 46,8
sejam facilmente acessíveis. Elas devem ser providas de tampas 10 58,8
ou, caso alojem interruptores, tomadas de corrente e congêneres,
fechadas com os espelhos que completam a instalação desses Essa tabela é aplicável a condutores isolados apenas, não sendo
dispositivos. As caixas de saída para alimentação de equipamentos válida para cabos unipolares ou multipolares. Assim, se a caixa
podem ser fechadas com as placas destinadas à fixação desses deverá conter apenas condutores isolados (sem emendas, conexões
equipamentos. ou ligações a tomadas de corrente), então se pode simplesmente
dividir os volumes da Tabela 25 pelos da Tabela 26 e obter-se assim
Tampas a quantidade máxima de condutores isolados admissível em cada
caixa, como mostra a Tabela 27.
A NBR 5410 admite a ausência de tampa em caixas de
Tabela 27 – Quantidade máxima de condutores isolados dentro de uma caixa
derivação ou de passagem instaladas em forros ou pisos falsos,
desde que essas caixas efetivamente só se tornem acessíveis com Tipo de Quantida máxima de condutores isolados
a remoção das placas do forro ou do piso falso, e que se destinem caixa 1,5 mm2 2,5 mm2 4 mm2 6 mm2 10 mm2

exclusivamente à emenda e/ou derivação de condutores, sem 100 x 50 mm 6 5 5 5 4


100 x 100 mm 12 10 9 8 7
acomodar nenhum dispositivo ou equipamento. Esta prescrição
vem atender, por exemplo, aqueles casos de instalação de linhas de
eletrodutos aparentes fixados no teto que contêm os circuitos para Agora, se a caixa conterá, além de condutores isolados, outros
alimentação de luminárias montadas nas placas do forro falso. componentes como emendas, conectores, interruptores e tomadas
de corrente, o NEC indica as seguintes regras:
Ocupação
1) cada condutor isolado que terminar na caixa ou nela for emendado
84 A ocupação das caixas de derivação e conduletes não raro deve ser contado uma vez, de acordo com a Tabela 26;
se revela um problema. Uma situação típica, neste particular, é a
existência de caixas com uma quantidade de condutores tal que é 2) cada condutor isolado que passar pela caixa, sem emenda ou
quase impossível fechá-las, colocar suas tampas. É possível evitar conexão, deve ser contado uma vez, de acordo com a Tabela 26;
esse problema, definindo de antemão uma caixa cujas dimensões
sejam compatíveis com a ocupação pretendida? 3) cada laço de condutor com comprimento da ordem de 30 a 40 cm
A norma de instalações norteamericana, o NEC, estabelece um deve ser contado duas vezes, de acordo com a Tabela 26;
método para tal, que contempla tanto a hipótese de caixas apenas
com condutores quanto o caso de caixas contendo condutores e 4) as conexões ou emendas no interior da caixa, independentemente
outros componentes. de sua quantidade ou natureza (pré-fabricadas ou não), são contadas,
Cabe lembrar que as dimensões das caixas de derivação usadas para efeito de ocupação, como equivalentes ao condutor de maior
no Brasil atendem a norma NBR 5431. A partir das dimensões seção nominal existente, de acordo com a Tabela 26;
padronizadas pela norma, pode-se deduzir que o volume interno
mínimo das duas versões de caixa de derivação mais usadas são 5) cada corpo de tomada (simples ou dupla) ou interruptor (simples,
como indica a tabela 25. duplo, paralelo ou intermediário) instalado na caixa deve ser
computado como equivalente a duas vezes o condutor de maior seção
Tabela 25 – Volume interno mínimo das caixas de derivação conforme a NBR
nominal conectado ao dispositivo, de acordo com a Tabela 26;
Tipo de caixa Volume interno mínimo da caixa
100 x 50 mm 212 cm3 6) por fim, se a caixa acomodar também algum elemento de
100 x 100 mm 392 cm3 fixação — de luminária ou de ventilador de teto —, este deve ser
considerado equivalente a uma vez o condutor de maior seção
O método do NEC cuida, primeiramente, de estabelecer uma nominal existente na caixa, conforme Tabela 26.
correlação entre a seção nominal do condutor e o volume que ele
ocuparia no interior da caixa. Esta correlação é fruto da experiência. Vejamos um primeiro exemplo. Calcular o volume interno
Não se resume ao cálculo do volume do condutor, mas leva em mínimo de uma caixa que terá, no seu interior, dois condutores
NBR 5410

consideração também a disposição do condutor dentro da caixa. isolados de 2,5 mm2, três condutores isolados de 4 mm2 e, ainda, um
Tomando como base a tabela do NEC e procurando manter a corpo de tomada dupla, ao qual serão conectados os condutores de
relação entre áreas e volumes ali indicados, foi elaborada a tabela 26. 4 mm2.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

De acordo com a regra 1, também é considerado espaço de construção as passagens formadas


pela justaposição de blocos alveolados (blocos furados que, quando
• volume de dois condutores isolados com seção de 2,5 mm2: colocados justapostos formam “canais” no interior das paredes).”
2 x 39,4 cm3 = 78,8 cm3; Uma análise detalhada de todas as influências externas a que
• volume de três condutores isolados com seção de 4 mm2: as linhas elétricas no interior do espaço de construção vão estar
3 x 44,6 cm3 = 133,8 cm3 submetidas é uma grande ferramenta para se decidir pela melhor
forma de selecionar e instalar os condutos e condutores ou as linhas
No caso da tomada, aplica-se a regra 5: um corpo de tomada pré-fabricadas. Particularmente falando de aspectos de incêndio nos
dupla: 2 x 44,6 cm3 = 89,2 cm3 espaços de construção, a seção 5.2.2.2 “Proteção contra incêndio em
Assim, o volume total mínimo interno da caixa fica: locais BD2, BD3 e BD4” impõe algumas regras às linhas aparentes
78,8 + 133,8 + 89,2 = 301,8 cm3 e às linhas no interior de paredes ocas ou de outros espaços de
Logo, como se observa na tabela 25, neste caso deve ser usada construção, com destaque para as exigências de não-propagação de
uma caixa de 100 x 100 mm. chama, de não-geração de halogênios e de baixa emissão de fumaça
Por fim, vejamos um segundo exemplo. Calcular o volume e gases tóxicos por parte dos condutos e/ou condutores.
interno mínimo de uma caixa que terá, no seu interior, quatro
condutores isolados de 1,5 mm2, três condutores isolados de 2,5 mm2 14.6.8.2 Cabos sob piso elevado
e um corpo de interruptor simples, ao qual serão conectados os condutores
de 1,5 mm2. A convivência entre cabos de energia (potência) e de sinal
em geral (dados, telefonia, etc.) diretamente sob o piso elevado é
De acordo com a regra 1, tratada no item 6.2.9.5 da NBR 5410.
Cabe lembrar que o vão sob o piso elevado é considerado
• volume de quatro condutores isolados com seção de 1,5 mm2 : pela NBR 5410 um espaço de construção onde linhas elétricas e
4 x 32,9 cm3 = 131,6 cm3 de sinais são instaladas de acordo com a tabela 33 da norma. Se
• volume de três condutores isolados com seção de 2,5 mm2: os cabos são lançados diretamente sobre a superfície do espaço de
3 x 39,4 cm3 = 118,2 cm3 construção, tem-se, especificamente, o método de instalação 21 da
referida tabela.
A ocupação correspondente a um corpo de interruptor simples, Desta forma, juntando-se as prescrições de 6.2.9.5 com as
de acordo com a regra 5, será: 2 x 32,9 cm3 = 65,8 cm3 considerações citadas anteriormente, conclui-se que é permitida 85
Logo, o volume interno mínimo, total, será: a convivência entre cabos de energia (por exemplo, condutores
131,6 + 118,2 + 65,8 = 315,6 cm3 isolados 450/750 V e cabos unipolares e multipolares 0,6/1 kV) e
De acordo com a Tabela 25, também neste caso deve ser usada cabos de sinais (por exemplo, UTP) sob o piso elevado, instalados
uma caixa de 100 x 100 mm. em condutos abertos ou fechados, ou mesmo lançados diretamente
sobre a superfície do piso, desde que não compartilhem a mesma
14.6.8 Requisitos específicos para instalação em espaços de linha elétrica.
construção A norma é explícita ao não permitir a convivência entre
circuitos de energia e dados na mesma linha elétrica, mas é omissa
14.6.8.1 Geral em relação à convivência entre linhas elétricas de energia e de sinal
no mesmo espaço de construção. Por exemplo, de acordo com
Conforme 6.2.11.5 da NBR 5410, nos espaços de construção 6.2.9.5 não é permitido instalar no mesmo eletroduto um cabo de
podem ser utilizados condutores isolados e cabos unipolares ou energia isolado para 1 kV e um cabo de sinal UTP, pois ambos estão
multipolares conforme os métodos de instalação 21, 22, 23, 24 e 25 na mesma linha elétrica (eletroduto), porém possuem tensões de
da tabela 33 da norma, desde que os condutores ou cabos possam isolamento diferentes.
ser instalados ou retirados sem intervenção nos elementos de Finalmente, é preciso esclarecer que, embora a NBR 5410 não
construção do prédio. proíba a convivência entre os cabos soltos sob o piso elevado, isto
Vale sempre lembrar que espaço de construção não é um tipo não significa que a boa prática de engenharia não deva ser utilizada.
de linha elétrica, mas é um local onde linhas elétricas dos mais Ou seja: os cabos de energia e de sinal devem ser agrupados
variados tipos podem ser instaladas. conforme sua função e, apenas, se necessário, separados por uma
Conforme a NBR IEC 60050 (826), um “espaço de construção distância determinada em função de aspectos de interferência
é um espaço existente na estrutura ou nos componentes de uma eletromagnética — que não são abordados na NBR 5410 e, portanto,
edificação, acessível apenas em determinados pontos. Na prática, devem ser calculados caso a caso.
são considerados espaços de construção todas as cavidades nas Em outras palavras, não se recomenda que os cabos sejam
estruturas da obra, tais como poços (“shafts”) e galerias, os pisos “jogados” de qualquer maneira sob o piso. Isto, além de complicar
NBR 5410

técnicos (vão livre, onde cabe uma pessoa, situada entre dois a operação e manutenção do sistema, pode acarretar problemas
pavimentos), os pisos elevados, os forros falsos e os espaços de compatibilidade eletromagnética, que afetam o funcionamento
internos existentes em certos tipos de divisórias. Além desses, do sistema de sinal. A propósito, a NBR 5410 traz algumas
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

recomendações genéricas em 5.4.3.5 relativas à disposição dos Vmatcomb = (π / 4) x {[dc + 2 x (ei + ecob)]2 – dc2]} x 10-3
cabos de energia e de sinais em geral (isto é, não se refere apenas
aos espaços de construção). A Tabela 28 apresenta alguns valores obtidos em catálogos de
fabricantes de um cabo unipolar 0,6/1 kV categoria BF e o respectivo
14.6.9 Requisitos específicos para instalação em bandejas cálculo do volume de material combustível para cada seção nominal.
A última coluna da tabela indica quantos cabos daquela respectiva
Sob o ponto de vista da instalação dos condutores elétricos em seção podem ser instalados numa bandeja, respeitando-se o limite
bandejas, diferentemente do que ocorre com cabos instalados em de 3,5 dm3 por metro linear de material (para obter essa quantidade,
eletrodutos, a NBR 5410 não estabelece uma ocupação máxima basta dividir 3,5 pelo volume da respectiva seção de cabo).
de x% da área útil da bandeja pelos cabos. A única restrição à
Tabela 28 - volume e número de cabos unipolares em bandeja
quantidade de cabos na bandeja é dada em 6.2.11.3.5.
Seção (mm²) Vmatcomb (dm³/m) Num. Cabos cat BF

Nas bandejas, leitos e prateleiras, preferencialmente, os cabos 1,5 0,0176 199


2,5 0,0198 177
devem ser dispostos em uma única camada. Admite-se, no entanto,
4 0,0283 124
a disposição em várias camadas desde que haja uma limitação de
6 0,0320 109
material combustível (isolações, capas e coberturas), de modo a
10 0,0364 96
evitar a propagação de incêndio. Para tanto, o volume de material
16 0,0427 82
combustível deve ser limitado a:
25 0,0599 58
35 0,0672 52
a) 3,5 dm3 por metro linear, para cabos de categoria BF da NBR 6812;
50 0,0874 40
70 0,1004 35
b) 7 dm3 por metro linear, para cabos de categoria AF ou AF/R da
95 0,1311 27
NBR 6812.
120 0,1430 24
150 0,1758 20
Para aplicar essa prescrição, deve-se conhecer o volume de 0,2132 16
185
material combustível que está contido nos cabos no interior da 240 0,2649 13
bandeja e limitá-lo aos valores de 3,5 dm3 ou 7 dm3 conforme o caso. 300 0,3180 11
86 Em geral, os cabos unipolares ou multipolares disponíveis no
mercado enquadra-se na categoria BF, o que faz com que seja possível Exemplo: uma bandeja contém 12 cabos unipolares de 70 mm2,
instalar, no máximo, 3,5 dm3 por metro linear de material combustível. 6 cabos 120 mm2, e 3 cabos 150 mm2.
O cálculo do volume de material combustível (Vmc) em um O volume de material combustível total instalado na bandeja,
metro de cabo pode ser feito a partir da Figura 88. Os materiais a conforme dados da Tabela 1 é dado por :
serem considerados no cálculo são os que compõem a isolação e a
cobertura do cabo uni ou multipolar. Vmatcomb = 12 x 0,1004 + 6 x 0,1430 + 3 x 0,1758 = 2,59 dm3/m ≤
3,5 dm3/m.

Isso implica que essa quantidade de cabos atende à prescrição


da NBR 5410.

14.6.10 Requisitos específicos para instalação em


canaletas e perfilados

Conforme 6.2.11.4.1 da NBR 5410, nas canaletas instaladas


sobre paredes, em tetos ou suspensas e nos perfilados, podem
ser instalados condutores isolados, cabos unipolares e cabos
multipolares.
Os condutores isolados só podem ser utilizados em canaletas ou
perfilados de paredes não-perfuradas e com tampas que só possam
ser removidas com auxílio de ferramenta. No entanto, admite-se o
Figura 88 - Dimensões de um cabo uso de condutores isolados em canaletas ou perfilados sem tampa ou
com tampa desmontável sem auxílio de ferramenta, ou em canaletas
Nos catálogos de cabos é possível obter os valores (em mm) ou perfilados com paredes perfuradas, com ou sem tampa, desde que
NBR 5410

do diâmetros do condutor (dc), e da espessuras da isolação (ei) e estes condutos sejam instalados em locais só acessíveis a pessoas
da cobertura (ecob). O volume de material combustível (Vmatcomb), advertidas (BA4) ou qualificadas (BA5); ou sejam instalados a uma
expresso em dm3 por metro linear, pode ser calculado por: altura mínima de 2,50 m do piso (Figura 89).
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Figura 89 – Instalação de condutor isolado em perfilado sem tampa

14.6.11 Requisitos específicos para instalação em linhas Figura 90 – Instalação de eletrodutos enterrados
enterradas

Como prevenção contra os efeitos de movimentação de terra,


Conforme 6.2.11.6.1 da NBR 5410, em linhas enterradas os cabos devem ser instalados, em terreno normal, pelo menos
(cabos diretamente enterrados ou contidos em eletrodutos a 0,70 m da superfície do solo. Essa profundidade deve ser
enterrados), só são admitidos cabos unipolares ou multipolares aumentada para 1 m na travessia de vias acessíveis a veículos,
(Figura 90). Adicionalmente, em linhas com cabos diretamente incluindo uma faixa adicional de 0,50 m de largura de um lado
enterrados desprovidas de proteção mecânica adicional só são e de outro dessas vias (Figura 91). Essas profundidades podem
admitidos cabos armados. ser reduzidas em terreno rochoso ou quando os cabos estiverem
Admite-se o uso de condutores isolados em eletroduto protegidos, por exemplo, por eletrodutos que suportem sem danos
enterrado se, no trecho enterrado, não houver nenhuma caixa de as influências externas presentes.
passagem e/ou derivação enterrada e for garantida a estanqueidade Deve ser observado um afastamento mínimo de 0,20 m entre
do eletroduto. duas linhas elétricas enterradas que venham a se cruzar ou entre uma 87
Os cabos devem ser protegidos contra as deteriorações causadas linha elétrica enterrada e qualquer linha não elétrica cujo percurso
por movimentação de terra, contato com corpos rígidos, choque de se avizinhe ou cruze com o da linha elétrica. Esse afastamento,
ferramentas em caso de escavações, bem como contra umidade e medido entre os pontos mais próximos das duas linhas, pode ser
ações químicas causadas pelos elementos do solo. reduzido se as linhas elétricas e as não elétricas forem separadas

NBR 5410

Figura 91 – Profundidades mínimas em instalações com cabos diretamente enterrados


GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Os barramentos blindados devem atender a NBR IEC 60439-2


– Conjunto de manobras e controle de baixa tensão – Parte
2: Requisitos particulares para linhas elétricas pré-fabricadas
(sistemas de barramentos blindados), e ser instalados conforme as
instruções do fabricante

Fita de advertência 14.7.1 Construção

Os barramentos blindados empregados em instalações


elétricas são conjuntos de barras chatas condutoras de eletricidade,
geralmente de cobre ou de alumínio, com cantos arredondados,
elaborados para transmitir e distribuir correntes elétricas elevadas,
principalmente, de 100 A a 6.000 A. Eles são recobertos, em geral,
por invólucros metálicos retangulares, que comumente podem ser
de aço carbono zincado ou de alumínio.
Figura 92 – Exemplo de fita de advertência
Essas barras condutoras ficam suportadas nos isoladores –
por meios que proporcionem uma segurança equivalente. isoladas umas das outras e do invólucro. Os materiais isolantes
As linhas elétricas enterradas devem ser sinalizadas, ao longo de podem ser diversos, como fitas especiais, resina epóxi, plástico
toda a sua extensão, por um elemento de advertência (por exemplo, reforçado, fibra de vidro, cerâmica, etc.
fita colorida) não sujeito a deterioração, situado, no mínimo, a 0,10 Os barramentos de baixa tensão, até 1 kV, têm, em geral, o
m acima da linha (Figura 92). tamanho padrão de três metros de comprimento e são divididos
em dois tipos mais comuns: os barramentos blindados de barras
14.6.12 Requisitos específicos para instalação em linhas aéreas separadas e os de barras coladas.
externas Nos barramentos de barras separadas, as barras condutoras
estão dispostas paralelamente, de forma a manter uma isolação
Conforme 6.2.11.8.1 da NBR 5410, nas linhas aéreas externas entre elas. Este é o tipo mais comum para fazer derivação de
podem ser utilizados condutores nus ou providos de cobertura corrente, também popularmente conhecido como barramentos
88 resistente às intempéries, condutores isolados com isolação destinados a usar plugin. Isso porque os barramentos têm, com
resistente às intempéries, ou cabos multiplexados resistentes às espaçamentos regulares, tomadas pré-determinadas de conexão
intempéries montados sobre postes ou estruturas. rápida, chamadas de plugins. Eles são elementos de contatos, nas
Os condutores nus devem ser instalados de forma que seu ponto quais podem ser ligados equipamentos como máquinas e motores
mais baixo observe as alturas mínimas em relação ao solo indicadas ou ser transferida a corrente para outro caminho por cabos, por
na Figura 93. exemplo. Um barramento padrão de três metros tem, em geral, seis
tomadas de derivação rápida.
14.7 Linhas elétricas pré-fabricadas (barramentos blindados) Esses barramentos podem ser usados em aplicações industriais,
de baixa tensão residenciais e comerciais. Nos últimos anos, as linhas elétricas pré-
fabricadas deram um salto em popularidade e utilização. Isso se
A NBR 5410 prescreve que os invólucros ou coberturas das deve, especialmente, ao mercado de construção civil, que passou a
linhas pré-fabricadas devem assegurar proteção contra contatos empregar esses produtos.
acidentais com partes vivas e possuir grau de proteção no mínimo Os condutores são constituídos de barras de cobre eletrolítico,
IP2X. com cantos redondos, de pureza 99,5% ou barras de alumínio

3,5 m 4,5 m 5,5 m


NBR 5410

Passagem exclusiva Tráfego de Tráfego de


de pessoas veículos leves veículos pesados
Figura 93 - Alturas mínimas de redes aéreas externas com condutores nus
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

com 99,5% de pureza. Nas extremidades dos barramentos são o comprimento do percurso, ou a outros equipamentos, como
estampados furos para permitir uma fácil conexão na montagem transformadores ou painéis. Outro tipo de elemento de conexão é o
no local da obra. Além disso, as barras podem estar revestidas de elemento de dilatação, também conhecido como junta de dilatação.
prata ou estanho para melhorar a resistência de contato e diminuir Esta peça permite a dilatação térmica, compensando a diferença
as perdas joule. Dependendo da corrente no circuito, são instaladas de dilatação térmica dos diferentes materiais que compõem a
uma ou mais barras em paralelo por fase. instalação.

14.7.2 Tipos 14.7.5 Instalação

Em edifícios residenciais, os barramentos são dispostos na Os barramentos blindados são equipamentos que se tornam
vertical, no espaço de construção, do qual é derivada a energia economicamente compensatórios quando utilizados para
para os andares e de onde será distribuída a eletricidade para cada transportar grandes correntes, além de agregar outros benefícios
apartamento e, na horizontal, desde o quadro de proteção até a como a flexibilidade de alteração da instalação e da rapidez de
base da prumada. Barramentos na horizontal podem ser também instalação (Figura 94).
encontrados em indús-trias e comércios, como shoppings centers,
para facilitar a distribuição da energia para cada loja abaixo da
linha elétrica.
Os barramentos blindados de baixa tensão podem ainda ter
as barras coladas uma à outra, sem espaço de isolação. Nesse
caso, é comum que os fabricantes façam o isolamento com fita,
encapsulando as barras. Este tipo de barra-mento é mais utilizado
para transmissão de energia. Na distribuição de energia, apesar de
possível, não é usual, dada a complexidade apresentada, pois, para
derivar corrente no tipo barra colada, é preciso separar as barras
antes de acoplar uma caixa plugin que irá distribuir energia. Isso
torna o processo mais caro também.

14.7.3 Grau de Proteção (IP) 89

Figura 94 – Instalação de barramentos blindados


As influências externas relativas a uma certada aplicação devem
ser bem conhecidas para que seja determinado adequadamente o
grau de proteção IP de um barramento blindado. Em particular, a Conforme a norma NBR IEC 60439-2, os barramentos
presença de água (AD) e a presença de corpos sólidos são duas blindados têm que ser instalados seguindo certos cuidados para
das influências externas mais importantes a serem consideradas. que o produto seja bem adequado e não apresente problemas.
Os barramentos blindados podem ser especificados nas versões A atenção deve-se, principalmente, devido ao grande emprego
que vão desde completamente desprotegidos até protegidos contra do produto fora da indústria, em que há muitos usuários
submersão, de acordo com norma NBR IEC 60529. Em geral, o operando na instalação sem serem efetivamente especialistas
grau de proteção mais usual dos invólucros para barramentos em eletricidade.
blindados é o IP55. Para evitar problemas no barramento devido a uma má
instalação ou conservação incorreta do produto, muitos
14.7.4 Elementos fabricantes indicam equipes de instalação ou realizam eles
mesmos a instalação do barramento.
A distribuição de energia por derivações é feita em barramentos Algumas regras básicas de manuseio e instalação incluem:
de baixa tensão. Além das caixas de derivação, ou caixas plugins,
os barramentos blindados podem ter uma série de outros elementos • Instalar o barramento apenas no momento, de modo que ele
que vão além das próprias barras, como a caixa de alimentação ou não fique exposto em obra;
de ligação. Como o barramento não existe sozinho e ele precisa ser • Manter a integridade da embalagem e do local de
alimentado, a função dessas caixas é mandar a energia de um ponto armazenamento;
para outro. • Manusear o equipamento com cuidado, evitando as
As linhas elétricas pré-fabricadas podem ter ainda acessórios interferências nos trechos horizontais e impedindo a penetração
como cotovelos, “tês” (T), “xis” (X) e desvios. São elementos de objetos durante a instalação;
adicionais para mudança de percurso, mas o seu emprego depende • Verificar a integridade mecânica antes dos testes elétricos
NBR 5410

também da destinação do barramento. finais;


Há ainda os chamados elementos de conexão, que podem • Medir a resistência de isolamento e fazer um ensaio de tensão
ligar um dado barramento a outros, conectando e aumentando aplicada a 60 Hz e antes de colocar o equipamento em serviço.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Tabelas de capacidade de corrente


15 Dimensionamento de condutores
A corrente transportada por qualquer condutor, durante
Este capítulo trata do dimensionamento de cabos elétricos e de
períodos prolongados em funcionamento normal, deve ser tal que
barramentos blindados de baixa tensão.
a temperatura máxima para serviço contínuo dada na Tabela 30
Numa instalação elétrica devem ser dimensionados os
não seja ultrapassada. Essa condição é atendida se a corrente nos
condutores de fase, o condutor neutro (quando existir) e os
cabos não for superior às capacidades de condução de corrente
condutores do sistema de aterramento (ver capítulo 16 deste guia).
adequadamente escolhidas nas tabelas 36 a 39 da NBR 5410
afetadas, se for o caso, dos fatores de correção dados nas tabelas 40
15.1 Dimensionamento de cabos elétricos de baixa tensão
a 45 da norma.
Tabela 30 - Temperaturas características dos
15.1.1Condutores de fase condutores (Tabela 35 da NBR 5410)

Tipo de isolação Temperatura máxima para


Conforme 6.2.6.1.2 da NBR 5410, a seção dos condutores serviço contínuo (condutor) °C
de fase deve ser determinada de forma a que sejam atendidos, no Cloreto de polivinila (PVC) até 300 mm2 70
mínimo, todos os seguintes critérios: Cloreto de polivinila (PVC) maior que 300 mm2 70
Borracha etilenopropileno (EPR) 90

a) as seções mínimas indicadas em 6.2.6.1.1; Polietileno reticulado (XLPE) 90

b) a capacidade de condução de corrente dos condutores deve


As tabelas 36 a 39 da norma fornecem as capacidades de
ser igual ou superior à corrente de projeto do circuito, incluindo
condução de corrente para os métodos de referência A1, A2, B1, B2,
as componentes harmônicas, afetada dos fatores de correção
C, D, E, F e G descritos em 6.2.5.1.2, que são aplicáveis a diversos
aplicáveis (ver 6.2.5);
tipos de linhas, conforme indicado na tabela 33 da NBR 5410.
c) os limites de queda de tensão, conforme 6.2.7;
Para entender a estrutura das tabelas 36 a 39, suponha-se um
d) a proteção contra sobrecargas, conforme 5.3.4 e 6.3.4.2;
circuito que será chamado de “circuito 1”, trifásico (3 condutores
e) a proteção contra curtos-circuitos e solicitações térmicas,
carregados), com corrente de projeto IB = 48 A, condutor de cobre
conforme 5.3.5 e 6.3.4.3.
isolado em PVC, instalado sozinho em um eletroduto aparente
(método de referência B1) e temperatura ambiente 30 ºC. Como se
A cada critério corresponde uma seção, sendo que a seção
90 trata de condutor isolado em PVC instalado no método B1, a tabela
técnica dos condutores de fase de um determinado circuito será a
a ser utilizada é a 36. A partir dessa escolha, a sequência de setas na
maior dentre elas.
Figura x indica o caminho que deve ser seguido até se obter a seção
nominal de 10 mm2 para este circuito. Note-se que deve ser escolhida
15.1.1.1 Critério da seção mínima
na tabela a corrente IZ imediatamente superior ao valor de IB.
Em todos os casos em que as dimensões dos arranjos diferem
Nas instalações fixas, a seção dos condutores de fase não deve
das condições indicadas na Tabela 33, recomenda-se consultar o
ser inferior ao valor pertinente dado na Tabela 29.
fabricante de cabos para o cálculo dos fatores de correção adequados
Tabela 29 – Seções mínimas de condutores de fase ou calcular diretamente as capacidades de condução de corrente
Tipo de linha Utilização do circuito Seção mínima do para qualquer arranjo pela aplicação da norma NBR 11301.
condutor mm2 - material
A NBR 11301, baseada na IEC 60287-1-1 - Electric cables
Circuitos de iluminação 1,5 Cu
- Calculation of the current rating - Part 1-1: Current rating
16 Al
Condutores equations (100 % load factor) and calculation of losses – General,
Circuitos de força 2,5 Cu
e cabos refere-se ao funcionamento contínuo em regime permanente (fator
isolados 16 Al
Instalações de carga 100%), em corrente contínua ou em corrente alternada com
Circuitos de sinalização 0,5 Cu
fixas em frequência de 60 Hz. Essa é a condição normalmente considerada
e circuitos de controle
geral nos projetos usuais de instalações de edificações residenciais,
Circuitos de força 10 Cu
comerciais e industriais de baixa tensão
Condutores 16 Al
Não há norma NBR para dimensionamento de cabos
nus Circuitos de sinalização 4 Cu
elétricos de baixa tensão com regimes de operação cíclicos.
e circuitos de controle
Nestes casos, deve-se utilizar a norma IEC 60853-1 -
15.1.1.2 Critério de capacidade de condução de corrente Calculation of the cyclic and emergency current rating of
cables. Part 1: Cyclic rating factor for cables up to and
O objetivo deste critério de dimensionamento é garantir a vida including 18/30 (36) kV.
satisfatória aos cabos elétricos submetidos aos efeitos térmicos Tanto as IEC 60287-1-1 quanto a IEC 60853-1 são normas
NBR 5410

produzidos pela circulação de correntes de valores iguais às de difícil aplicação, pois contém numerosos cálculos complexos,
capacidades de condução de corrente respectivas, durante períodos somente possíveis de realizar em tempos razoáveis por meio de
prolongados em serviço normal. uso de softwares específicos. Há alguns poucos softwares para
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Exemplo: IB = 48 A; 3F ; condutor cobre/PVC ; eletroduto aparente ; θa = 30ºC

2
1
3

4
Figura 95 – Sequência para determinação da seção nominal do condutor nas tabelas 36 a 39

estes dimensionamentos disponíveis no mercado, tais como o pelas tabelas 36 a 39 são sempre referidos a uma temperatura
CYMCAP - Cable Ampacity Calculation, cuja versão original ambiente de 30°C para todas as maneiras de instalar, exceto as linhas
foi desenvolvida em conjunto pela Ontario Hydro (Hydro One), enterradas, cujas capacidades são referidas a uma temperatura (no
McMaster University e CYME International, com o apoio da solo) de 20°C.
Canadian Electricity Association. Desta forma, se os condutores forem instalados em ambiente
cuja temperatura seja diferente das indicadas, sua capacidade de
91
Fator de correção de temperatura ambiente condução de corrente deve ser determinada, usando-se as tabelas 36
a 39, com a aplicação dos fatores de correção de temperatura dados
O valor da temperatura ambiente a utilizar no dimensionamento na tabela 40 da norma.
é o da temperatura do meio que envolve o condutor quando ele não É importante considerar que, no caso de instalações sujeitas a
estiver carregado. intempéries, os fatores de correção da tabela 40 não consideram
Os valores de capacidade de condução de corrente fornecidos o aumento de temperatura devido à radiação solar ou a outras

Exemplo: IB = 48 A; 3F ; condutor cobre/PVC ; eletroduto aparente ; θa = 40ºC

2
X
3

1
NBR 5410

θa = 30ºC IZ = 50 A
θa = 40ºC IZ = 50 . 0,87 = 43,5 A

Figura 96 – Sequência para aplicação do fator de correção de temperatura da Tabela 40


GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

1
2

Figura 97 – Sequência para aplicação do fator de correção de agrupamento da Tabela 42

radiações infravermelhas. Quando os condutores forem submetidos carregados que se encontra indicado em cada uma de suas colunas.
a tais radiações, as capacidades de condução de corrente devem ser Para linhas elétricas contendo um total de condutores superior às
calculadas pelos métodos especificados na ABNT NBR 11301. quantidades indicadas nas tabelas 36 a 39, a capacidade de condução
Para entender a aplicação do fator de correção de temperatura, de corrente dos condutores de cada circuito deve ser determinada,
92 considera-se o “circuito 1” anteriormente utilizado, porém com usando-se as tabelas 36 a 39, com a aplicação dos fatores de correção
temperatura ambiente 40 ºC. A Figura 96 apresenta as tabelas 36 pertinentes dados nas tabelas 42 a 45 (fatores de agrupamento).
e 40 lado a lado e a sequência de setas indica o caminho que deve Os condutores para os quais se prevê uma corrente de projeto
ser seguido até se obter a nova capacidade de corrente da seção não superior a 30% de sua capacidade de condução de corrente,
nominal de 10 mm2 referida a 40 ºC. Note-se que o valor obtido já determinada observando-se o fator de agrupamento incorrido,
(IZ = 43,5 A) é menor do que a corrente de projeto IB = 48 A e, podem ser desconsiderados para efeito de cálculo do fator de
portanto, a seção do condutor deverá ser aumentada. correção aplicável ao restante do grupo. São os casos, por exemplo,
de condutores que tiveram sua seção nominal aumentada em
Fator de correção de resistividade térmica do solo decorrência do atendimento ao critério de queda de tensão.
Os fatores de agrupamento foram calculados admitindo-se todos
Nas tabelas 36 e 37, as capacidades de condução de corrente os condutores vivos permanentemente carregados com 100% de
indicadas para linhas subterrâneas (método de referência D) são sua carga. Caso o carregamento seja inferior a 100%, os fatores de
válidas para uma resistividade térmica do solo de 2,5 K.m/W. correção podem ser aumentados, porém a norma não traz nenhuma
Quando a resistividade térmica do solo for superior a 2,5 K.m/W, indicação de quais fatores devem ser utilizados. Neste caso, a
caso de solos muito secos, os valores indicados nas tabelas devem aplicação da NBR 11301 não é possível, pois ela trata apenas de
ser adequadamente reduzidos, a menos que o solo na vizinhança circuitos com 100% de carga e deve-se, a partir da determinação
imediata dos condutores seja substituído por terra ou material do ciclo de carregamento do cabo, utilizar a norma IEC 60853-1já
equivalente com dissipação térmica mais favorável. A tabela 41 da mencionada.
norma fornece fatores de correção para resistividades térmicas do Os fatores de correção da tabela 42 da norma são aplicáveis a
solo diferentes de 2,5 K.m/W. condutores agrupados em feixe, seja em linhas abertas ou fechadas
O procedimento para aplicação do fator de correção para (os fatores pertinentes são os da linha 1 da tabela 42), e a condutores
resistividade do solo é semelhante àquele explicado para o fator de agrupados num mesmo plano e numa única camada (demais linhas da
correção de temperatura. tabela). Por sua vez, os fatores de correção da tabela 43 são aplicáveis
a agrupamentos consistindo em mais de uma camada de condutores.
Fator de correção para agrupamento de circuitos Assim, no caso de agrupamento em camadas, os fatores de
NBR 5410

correção aplicáveis são os da tabela 42, quando a camada for única, ou


Os valores de capacidade de condução de corrente fornecidos os da tabela 43, quando houver mais de uma camada. E os fatores de
pelas tabelas 36 a 39 são válidos para o número de condutores agrupamento da tabela 44 devem ser aplicados aos cabos diretamente
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

4
2

4 circuitos
1

3 camadas

Figura 98 – Sequência para aplicação do fator de correção de agrupamento da Tabela 43

enterrados e os da tabela 45 a linhas em eletrodutos enterrados. condições mais desfavoráveis encontradas.


A Figura 97 indica através das setas o procedimento para O exemplo da Figura 99 mostra um caso onde houve a mudança
determinação do fator de correção por agrupamento a ser utilizado do método de instalação dos condutores de perfilado perfurado
no caso de uma bandeja não-perfurada que contém quatro circuitos (método C) para eletroduto aparente (método B1). 93
trifásicos com cabos unipolares em camada única.
A Figura 98 indica através das setas o procedimento para 15.1.1.3 Critério de queda de tensão
determinação do fator de correção por agrupamento a ser utilizado
no caso de uma bandeja não-perfurada que contém quatro circuitos
Conforme 6.2.7 da NBR 5410, para o cálculo da queda de
trifásicos com cabos unipolares em três camadas.
tensão num circuito, deve ser utilizada a corrente de projeto
do circuito (IB), incluindo as correntes harmônicas. No caso de
Variações das condições de instalação num percurso
motores, a corrente de projeto deve incluir o fator de serviço (se
existir), conforme capítulo 18 deste guia.
Quando forem identificadas, ao longo do percurso previsto
Em qualquer ponto de utilização da instalação, a queda de tensão
de uma linha elétrica, diferentes condições de resfriamento
verificada não deve ser superior aos valores dados em relação ao
(dissipação de calor), as capacidades de condução de corrente
valor da tensão nominal da instalação, conforme indicado a seguir:
dos seus condutores devem ser determinadas com base nas

a) 7%, calculados a partir dos terminais secundários do


transformador MT/BT, no caso de transformador de propriedade da
unidade consumidora (Figura 100);
b) 7%, calculados a partir dos terminais secundários do
transformador MT/BT da empresa distribuidora de eletricidade,
quando o ponto de entrega for aí localizado (Figura 100);
c) 5%, calculados a partir do ponto de entrega, nos demais casos
de ponto de entrega com fornecimento em tensão secundária de
distribuição (Figura 101);
d) 7%, calculados a partir dos terminais de saída do gerador, no
caso de grupo gerador próprio (Figura 100).
NBR 5410

Nos casos das alíneas a), b) e d), quando as linhas principais


Figura 99 – Mudança de maneiras de instalar um cabo ao longo do percurso da instalação tiverem um comprimento superior a 100 metros, as
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

quedas de tensão podem ser aumentadas de 0,005% por metro de


linha superior a 100 m, sem que, no entanto, essa suplementação
seja superior a 0,5%. Por exemplo, uma linha com 500 metros, pode
ter um acréscimo de 0,005 / 100 x 400 = 0,02% no limite de queda
em relação aos valores indicados acima.
Para a queda de tensão durante a partida nos circuitos de

Figura 101 – Queda de tensão máxima em instalação BT – fornecimento


em tensão secundária
motores, ver o capítulo 18 deste guia.
Em nenhum caso a queda de tensão nos circuitos terminais
pode ser superior a 4%.
Para o cálculo das quedas de tensão devem ser consideradas
as impedâncias dos transformadores ou geradores (se for o caso)
94 e dos cabos de baixa tensão, todos disponíveis nos catálogos dos
Figura 100 – Queda de tensão máxima em instalação BT – transformador ou
gerador próprio fabricantes (Figura 102).
NBR 5410

Figura 102 – Circuito simplificado para cálculo de queda de tensão


GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Sendo
15.1.1.4 Critério de proteção contra corrente de sobrecarga α = 1,9 IN para fusíveis com IN ≤ 10 A;
α = 1,75 IN para fusíveis com IN < 10 ≤ 25 A;
Condições de proteção α = 1,6 IN para fusíveis com 25 < IN < 1000 A

Todo circuito deve ser protegido por dispositivos que


interrompam a corrente nesse circuito quando ela ultrapassar o
valor da capacidade de condução de corrente nominal em pelo
menos um de seus condutores, podendo provocar uma deterioração
da instalação caso permaneça por tempo prolongado.
A interrupção da corrente de sobrecarga deve acontecer em um
tempo suficientemente curto para que os condutores não atinjam os
valores de temperatura especificados na Tabela 31.

Tabela 31 - Temperaturas limites de sobrecarga


dos condutores (Tabela 35 da NBR 5410)
Figura 103 – Condição de proteção contra sobrecargas
Tipo de isolação Temperatura limite de
sobrecarga (condutor) °C
Localização dos dispositivos que asseguram proteção contra
Cloreto de polivinila (PVC) até 300 mm2 100
sobrecargas
Cloreto de polivinila (PVC) maior que 300 mm2 100
Borracha etilenopropileno (EPR) 130
Em 5.3.4.2, a norma estabelece que devem ser providos
Polietileno reticulado (XLPE) 130
dispositivos que assegurem proteção contra sobrecargas em
todos os pontos onde uma mudança (por exemplo: de seção, de
natureza, de maneira de instalar ou de constituição) resulte em
Para que a proteção dos condutores contra sobrecargas fique redução do valor da capacidade de condução de corrente dos
assegurada, as características de atuação do dispositivo destinado a condutores.
provê-la devem ser tais que (Figura 103): No caso da Figura 104, se os Alimentadores 1, 2 e 3 tiverem
a mesma seção nominal, então não é necessário instalar nenhum 95
a) IB ≤ IN ≤ Iz ; e dispositivo de proteção contra sobrecargas no ponto onde é
realizada a emenda de derivação.
b) I2 ≤ 1,45 Iz

Onde:

IB é a corrente de projeto do circuito;


Iz é a capacidade de condução de corrente dos condutores, nas
condições previstas para sua instalação;
IN é a corrente nominal do dispositivo de proteção (ou corrente de
ajuste, para dispositivos ajustáveis), nas condições previstas para
sua instalação;
I2 é a corrente convencional de atuação, para disjuntores, ou
corrente convencional de fusão, para fusíveis.

Tendo em vista as características dos disjuntores e fusíveis Figura 104 – Circuitos com mesma seção nominal

definidas em suas respectivas normas no que diz respeito às No entanto, se houver seções diferentes, a regra geral
correntes e tempos de atuações, as duas condições anteriores podem determina que deve ser instalado um dispositivo na emenda.
ser simplificadas conforme a seguir: Pode-se imaginar uma situação como esta se o Alimentador
1 tem seção 35 mm2, o Alimentador 2 tem seção 25 mm2 e
Disjuntores o Alimentador 3 tem seção 10 mm2. Neste exemplo, cada
alimentador deverá ter um dispositivo de proteção que atenda
IB ≤ IN ≤ Iz as prescrições de 5.3.4.1 da norma. Poderia ser o caso de o
Alimentador 1 ser protegido contra sobrecargas por um
NBR 5410

Fusíveis disjuntor de 125A, o Alimentador 2 por um disjuntor de 100A


e o Alimentador 3 por um disjuntor de 50A, conforme indicado
IN ≤ 1,45 Iz / α na Figura 105.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Figura 105 – Circuitos com seções nominais diferentes

Deslocamento do dispositivo de proteção distribuição for menor do que três metros, o dispositivo de
proteção contra sobrecargas poderá estar situado no interior do
Em 5.3.4.2.2, prescreve-se que o dispositivo destinado a quadro.
proteger uma linha elétrica contra sobrecargas pode não ser A situação prevista em (a), seria aquela em que, por exemplo,
posicionado exatamente no ponto de derivação, mas deslocado existiria um dispositivo de proteção contra curtos-circuitos
ao longo do percurso da linha, se a parte da linha compreendida (disjuntor ou fusível) instalado no quadro geral (QG) que atuaria
entre a mudança de seção e o dispositivo de proteção não no caso da ocorrência de um curto-circuito em qualquer ponto
possuir nenhuma derivação, nenhuma tomada de corrente e entre a derivação e o quadro de distribuição (alimentadores 2 ou 3
atender a pelo menos uma das duas condições seguintes: (a) da Figura 106). Como indicado, nesta condição seria dispensada
96
estar protegida contra curtos-circuitos ou (b) seu comprimento a instalação do dispositivo de proteção contra sobrecargas em
não exceder 3 m, ser instalada de modo a reduzir ao mínimo o qualquer ponto dos alimentadores 2 e 3 do exemplo.
risco de curto-circuito e não estar situada nas proximidades de Em todos os casos, a norma indica que deve ser reduzido
materiais combustíveis. ao mínimo o risco de curto-circuito nas derivações. Isto pode
A Figura 106 ilustra o caso (b), onde se verifica que, se o ser atendido pela escolha adequada do tipo de linha elétrica em
comprimento do condutor entre a derivação e o quadro de função das influências externas existentes no local da instalação.
NBR 5410

Figura 106 – Deslocamento do dispositivo de proteção


GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Omissão da proteção contra sobrecargas Tabela 32 – Temperaturas limites de curto-circuito dos condutores
(Tabela 35 da NBR 5410)
Tipo de isolação Temperatura limite de
As prescrições a seguir não são válidas para locais com riscos curto-circuito (condutor) °C
de incêndio (BE2) ou explosões (BE3) previstas na Tabela 22 da Cloreto de polivinila (PVC) até 300 mm2 160
NBR 5410. Assim, ao invés de instalar dispositivos de proteção Cloreto de polivinila (PVC) maior que 300 mm2 140
contra sobrecargas na derivação (Figura 105) ou em algum ponto Borracha etilenopropileno (EPR) 250
deslocado ao longo da linha elétrica (Figura 106), existem três Polietileno reticulado (XLPE) 250
situações em que simplesmente estes dispositivos de proteção
podem nem existir, a saber: No estudo da proteção contra correntes de curto-circuito devem,
em princípio, ser determinadas as correntes de curto-circuito
(a) Quando o circuito de derivação (alimentadores 2 e 3 nos presumidas simétricas em todos os pontos julgados necessários.
exemplos anteriores) for protegido a montante (atrás) por dispositivo O dispositivo destinado a proteger os condutores vivos de um
contra sobrecargas. Seria o caso, por exemplo, de existir no QG das circuito deve estar adequadamente coordenado com os condutores.
figuras anteriores um dispositivo de proteção que atuasse quando Para isso, a NBR 5410 impõe duas condições (Figura 107):
da ocorrência de uma sobrecarga no Alimentador 2 ou 3. Para que
isso ocorresse, as condições de 5.3.4.1 da norma deveriam ser • A capacidade de interrupção do dispositivo (ICN) deve ser no
atendidas, o que é muito raro acontecer na prática quando se tratam mínimo igual à corrente de curto-circuito presumida (Ik) no ponto
de condutores com seções nominais muito diferentes. onde for instalado (Figura 107). Só se admite um dispositivo com
capacidade de interrupção inferior, se houver, a montante, outro
(b) Quando o circuito de derivação não estiver sujeito à circulação dispositivo com a capacidade de interrupção necessária que deve
de correntes de sobrecarga, estiver protegido contra curtos- ser coordenado com o anterior;
circuitos e não possuir derivação ou tomada de corrente. Esta • A integral de Joule que o dispositivo deixa passar deve ser
também é uma situação pouco usual na maioria das instalações inferior ou igual à integral de Joule necessária para aquecer o
elétricas, principalmente no que diz respeito a não existir a condutor desde a temperatura máxima para serviço contínuo até a
possibilidade de circulação de correntes de sobrecarga. Além temperatura limite de curto-circuito (Figuras 107, 108 e 109), o que
disso, deveria existir um dispositivo de proteção contra curtos- pode ser indicado pela seguinte expressão:
circuitos (disjuntor ou fusível) instalado no quadro geral (QG) que
atuaria no caso da ocorrência de um curto-circuito em qualquer ∫ i 2 t dt ≤ K 2 S 2 97
ponto entre a derivação e o quadro de distribuição (alimentadores
2 ou 3 da Figura 106). onde:

(c) Podem ser omitidos dispositivos de proteção contra sobrecargas ∫ i 2 t dt é a integral de Joule (energia) que o dispositivo de proteção
em todas as derivações de linhas de sinal, incluindo circuitos de deixa passar, em ampères quadrados-segundo;
comando. K2 S2 é a integral de Joule (energia) capaz de elevar a temperatura do
condutor desde a temperatura máxima para serviço contínuo até a
Proteção contra sobrecargas de condutores em paralelo temperatura de curto-circuito, supondo-se aquecimento adiabático.

As condições de proteção contra sobrecargas de condutores em O valor de K é indicado na tabela 30 da NBR 5410 e S é a seção
paralelo são tratadas em 5.3.4.5 e no Anexo D.2 da NBR 5410. do condutor, em milímetros quadrados.

15.1.1.5 Critério de proteção contra corrente de curto-


circuito

Condições de proteção

Conforme 4.1.3.2 da NBR 5410, todo circuito deve ser protegido


por dispositivos que interrompam a corrente nesse circuito quando
pelo menos um de seus condutores for percorrido por uma corrente
de curto-circuito.
A interrupção da corrente de curto-circuito deve acontecer
em um tempo suficientemente curto para que os condutores não
atinjam os valores de temperatura especificados na Tabela 32.
NBR 5410

As características dos dispositivos de proteção dos cabos


elétricos de baixa tensão contra curto-circuito podem ser vistas no
capítulo 15 deste guia. Figura 107 – Condição geral de proteção contra curto-circuito
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

onde:

I é a corrente de curto-circuito presumida simétrica, em ampères, valor


eficaz (Ik);
t é a duração do curto-circuito, em segundos.

Localização dos dispositivos que asseguram proteção contra curto-


circuito

Deslocamento do dispositivo de proteção

Em 5.3.5.2, a norma estabelece que devem ser providos dispositivos


que assegurem proteção contra curtos-circuitos em todos os pontos onde
uma mudança (por exemplo, redução de seção) resulte em alteração do
Figura 108 – Condição de proteção contra curto-circuito de um disjuntor valor da capacidade de condução de corrente dos condutores.
No caso da Figura 1, se os Alimentadores 1, 2 e 3 tiverem a mesma
seção nominal, então não é necessário instalar nenhum dispositivo de
proteção contra curtos-circuitos no ponto onde é realizada a emenda de
derivação.
No entanto, se houver seções diferentes, a regra geral determina que
deve ser instalado um dispositivo na emenda.
Pode-se imaginar uma situação como esta se pensarmos que o
Alimentador 1 tem seção 35 mm2, o Alimentador 2 tem seção 25 mm2
e o Alimentador 3 tem seção 10 mm2. Neste exemplo, cada alimentador

98

Figura 109 – Condição de proteção contra curto-circuito de um fusível

Para curtos-circuitos de qualquer duração em que a assimetria da


corrente não seja significativa, e para curtos-circuitos assimétricos de
duração 0,1 s ≤ t ≤ 5 s, pode-se escrever:

Figura 110 – Circuitos com mesma seção nominal


I2 . t ≤ K2 S2
NBR 5410

Figura 111 – Circuitos com seções nominais diferentes


GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Figura 112 – Deslocamento do dispositivo de proteção

deverá ter um dispositivo de proteção que atenda as prescrições de do condutor entre a derivação e o quadro de distribuição for menor do
5.3.5.5.2 da norma. Sem entrar em muitos detalhes, poderia ser o caso de que três metros, o dispositivo de proteção contra curtos-circuitos poderá
o Alimentador 1 ser protegido contra curtos-circuitos por um disjuntor de estar situado no interior do quadro de distribuição (QD-1 e QD-2).
125 A, o Alimentador 2 por um disjuntor de 100 A e o Alimentador 3 por A norma indica que deve ser reduzido ao mínimo o risco de curto-
um disjuntor de 50 A, conforme indicado na Figura 111. circuito nas derivações. Isto pode ser atendido pela escolha adequada do
tipo de linha elétrica em função das influências externas existentes no
Deslocamento do dispositivo de proteção local da instalação.
99
Ainda conforme a prescrição de 5.3.5.2.2, alínea b), em alternativa
Em 5.3.5.2.2, prescreve-se que o dispositivo destinado a proteger à situação descrita anteriormente, é possível não instalar um dispositivo
uma linha elétrica contra curtos-circuitos pode não ser posicionado de proteção no ponto de derivação caso o condutor de seção reduzida
exatamente no ponto de derivação, mas deslocado ao longo do percurso estivesse garantidamente protegido contra curtos-circuitos por um
da linha, se a parte da linha compreendida entre a redução de seção dispositivo de proteção localizado a montante da derivação. Isso está
e a localização pretendida para o dispositivo de proteção atender ilustrado na Figura 4, onde o dispositivo de proteção instalado no
simultaneamente aos seguintes três requisitos: (a) não exceder 3 m, (b) QG estaria protegendo contra curtos-circuitos simultaneamente os
ser instalada de modo a reduzir ao mínimo o risco de curto-circuito e, (c) Alimentadores 1, 2 e 3. Para que isso seja possível, é preciso que os
não estar situada nas proximidades de materiais combustíveis. requisitos de 5.3.5.5.2 da NBR 5410 relativos à integral de Joule dos
A Figura 112 ilustra o caso (a), onde se verifica que, se o comprimento dispositivos e dos condutores sejam atendidos.

NBR 5410

Figura 113 – Deslocamento do dispositivo de proteção


GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Omissão da proteção contra curtos-circuitos Exemplo:

Nos três casos mencionados a seguir é possível não existir a) circuito com tensão fase-neutro 127 V, seção dos condutores
nenhum dispositivo de proteção contra curtos-circuitos instalado 2,5 mm2 e comprimento 25 m, têm-se a seguinte corrente de curto-
na derivação ou deslocado ao longo da linha, desde que a linha circuito mínima presumida:
elétrica seja instalada de modo a reduzir ao mínimo o risco de
curto-circuito e não esteja situada nas proximidades de materiais Ikmin = 0,8 U S / r ρ 2 l
combustíveis: = 0,8 (127) (2,5) / (1,00) (0,027) 2 (25) = 188 A

(d) Em linhas que ligam geradores, transformadores, retificadores b) circuito com tensão fase-neutro 127 V, seção dos condutores
e baterias aos seus quadros correspondentes, desde que existam 25 mm2 e comprimento 25 m:
dispositivos de proteção instalados dentro dos quadros.
Ikmin = 0,8 U S / r ρ 2 l
(e) Em circuitos onde o desligamento automático seja perigoso, tais = 0,8 (127) (25) / (1,00) (0,027) 2 (25) = 1.882 A
como circuitos de excitação de máquinas rotativas, de alimentação
de eletroímãs para elevação de cargas, circuitos secundários de Fica evidente nos exemplos a influência da seção dos
transformadores de corrente e circuitos de motores usados em condutores (de fase e neutro) no valor da corrente mínima.
bombas de incêndio, extração de fumaça, etc. O primeiro caso (2,5 mm 2) é típico de circuitos terminais de
força e iluminação, enquanto que o segundo caso (25 mm 2) é
(f) Em circuitos de medição. mais encontrado em circuitos de distribuição e alimentação
de quadros em geral. A reduzida seção dos condutores
utilizados geralmente nos circuitos terminais contribui
Corrente de curto-circuito mínima presumida significativamente para a redução da corrente de curto-
circuito mínima presumida.
Na NOTA 2 de 6.4.3 (Seleção dos dispositivos de proteção
contra curtos-circuitos), informa-se que “para efeito de verificação 15.1.1.6 Natureza dos dispositivos de proteção contra
das condições especificadas em 6.3.4.3.1 e 6.3.4.3.2, considera- sobrecorrentes

100 se a corrente de curto-circuito mínima presumida como aquela


correspondente a um curto-circuito de impedância desprezível que Dispositivos capazes de prover simultaneamente proteção
ocorre no ponto mais distante da linha protegida”. contra correntes de sobrecarga e contra correntes de curto-circuito
Geralmente, esta corrente mínima corresponde a uma falta fase- Esses dispositivos de proteção devem poder interromper
fase ou fase-neutro na extremidade de cada circuito analisado, seja qualquer sobrecorrente inferior ou igual à corrente de curto-circuito
ele um circuito de distribuição ou terminal. presumida no ponto em que o dispositivo for instalado e podem ser
Seu cálculo simplificado é bem conhecido, sendo determinado dos seguintes tipos (Figura 114):
com boa aproximação pela seguinte expressão que tem origem na
norma francesa NF C 15100: a) disjuntores conforme NBR 5361, NBR IEC 60947-2, NBR NM
60898 ou IEC 61009-2.1.
Ikmin = 0,8 U S / r ρ 2 l
Após a publicação da NBR 5410 em 2004, a norma NBR 5361
Sendo: foi cancelada pela ABNT e substituída, para disjuntores de uso
residencial até 63 A, pelo Regulamento do Inmetro RTQ 243;
Ikmin - corrente de curto-circuito mínima presumida [A];
U – tensão nominal entre fase-neutro ou fase-fase, conforme o caso b) dispositivos fusíveis tipo gG, conforme NBR IEC 60269-1 e
considerado [V]; NBR IEC 60269-2 ou NBR IEC 60269-3;
S – seção nominal do condutor [mm2];
r – fator dado pela Tabela 33; c) disjuntores associados a dispositivos fusíveis, conforme
ρ - resistividade do cobre = 0,027 Ω mm2/m; NBR IEC 60947-2 ou NBR NM 60898.
l – comprimento do circuito [m].
Dispositivos capazes de prover apenas proteção contra
Tabela 33 – fator “r” correntes de sobrecarga
r S [mm2]
1,00 ≤120
Tais dispositivos geralmente possuem característica de atuação
NBR 5410

1,15 150
a tempo inverso e podem apresentar uma capacidade de interrupção
1,20 185
inferior à corrente de curto-circuito presumida no ponto de
1,25 240
instalação.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Fusível NH Disjuntor Fusível Diazed


Figura 114 – Alguns tipos de dispositivos usuais de proteção contra sobrecorrente

Dispositivos capazes de prover apenas proteção contra sobrecorrentes. Ora, na prática, garantir o atendimento a estas
correntes de curto-circuito três condições não é nada fácil e, conseqüentemente, reduzir a
seção do condutor neutro deve ser uma decisão tomada somente
Tais dispositivos podem ser utilizados quando a proteção contra após uma análise muito criteriosa do caso. Note que a norma
sobrecargas for provida por outros meios ou nos casos em que se não obriga a redução do condutor neutro, mas apenas deixa uma
admite omitir a proteção contra sobrecargas). Esses dispositivos possibilidade para que esta redução aconteça.
devem poder interromper qualquer corrente de curto-circuito
inferior ou igual à corrente de curto-circuito presumida. Podem ser Condutor neutro pode ser igual ao condutor de fase
dos seguintes tipos:
Em 6.2.6.2.3 e 6.2.6.4, admite-se que, respectivamente, num
a) disjuntores conforme NBR 5361, NBR IEC 60947-2, circuito trifásico com condutor neutro e num circuito de duas fases
NBR NM 60898 ou IEC 61009-2.1; com condutor neutro, a seção do condutor neutro pode ser igual à
seção do condutor de fase desde que a taxa de terceira harmônica
b) dispositivos fusíveis com fusíveis tipo gG, gM ou aM, conforme (e suas múltiplas) presentes no circuito seja maior ou igual a 15% e
NBR IEC 60269-1 e NBR IEC 60269-2 ou NBR IEC 60269-3. menor ou igual a 33%. 101

15.2 Dimensionamento do condutor neutro Condutor neutro pode ser maior que o condutor de fase

Em 6.2.6.2, são feitas considerações sobre o dimensionamento Em 6.2.6.2.5, admite-se que num circuito trifásico com
do condutor neutro em função da taxa de terceira harmônica condutor neutro ou num circuito com duas fases com condutor
(THD3) e suas múltiplas presentes no circuito. neutro, a seção do condutor neutro pode ser maior que a seção do
Desta forma, são consideradas três situações: taxa inferior condutor de fase desde que a taxa de terceira harmônica (e suas
a 15%, taxa entre 15% e 33% e taxa superior a 33%, conforme múltiplas) presentes no circuito seja maior ou igual a 33%. Tais
indicado na Tabela 34. taxas são muito comuns em circuitos que alimentam, por exemplo,
computadores e outros equipamentos de tecnologia de informação.
Tabela 34 - Taxa de 3ª harmônica x seção do condutor neutro
De acordo com o anexo F da norma NBR 5410, a seção do
THD3 e 15% ≤ THD3 e THD3 e múltiplas
múltiplas < 15% múltiplas ≤ 33% > 33% condutor neutro nestas condições pode ser determinada calculando-
Condutor neutro Condutor neutro pode Condutor neutro se a corrente por:
pode ser menor que o ser igual ao condutor pode ser maior que o
condutor de fase de fase condutor de fase IN = fh IB

Onde IN é a corrente no condutor neutro considerando a


Condutor neutro pode ser menor que o condutor de condutor presença das harmônicas de 3a ordem e suas múltiplas, fh é um fator
de fase obtido na Tabela 35 (Tabela F.1 da NBR 5410) e IB é a corrente
de projeto no condutor de fase (incluindo todas as harmônicas)
Em 6.2.6.2.6, admite-se que num circuito trifásico com calculada por (1).
condutor neutro, onde os condutores de condutor de fase tenham A norma faz uma observação que é muito útil na prática
seção maior que 25 mm2, a seção do condutor neutro pode ser e que resulta num dimensionamento a favor da segurança:
menor que a do condutor de condutor de fase, limitada aos na falta de estimativa mais precisa da taxa de 3ª harmônica,
NBR 5410

valores da tabela 48 da referida norma, desde que (1) o circuito recomenda-se a adoção dos maiores fatores da tabela, ou seja,
seja equilibrado, (2) a taxa de 3ª harmônica e múltiplas seja 1,73 e 1,41, respectivamente, para circuitos trifásicos e com
menor que 15% e (3) que o condutor neutro seja protegido contra duas fases.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

TABELA 35 - Fator para a determinação da corrente no neutro da forma energeticamente mais eficiente e ambien-talmente
fh mais amigável possível desde a fonte até o ponto de utilização.
Taxa de 3ª harmônica Circuito trifásico Circuito com duas No entanto, devido à sua resistência elétri-ca, o cabo dissipa, na
com neutro fases e neutro
33% a 35% 1,15 1,15
forma de calor (perda joule), uma parte da energia transportada,
36% a 40% 1,19 1,19
de forma que uma eficiência de 100% não é obtida neste processo.
41% a 45% 1,24 1,23 Em consequência, essa perda irá requerer a geração de uma energia
46% a 50% 1,35 1,27 adicional que contribuirá para o acréscimo da emissão de gases de
51% a 55% 1,45 1,30 efeito estufa na atmosfera.
56% a 60% 1,55 1,34 A energia dissipada por estes cabos precisa ser paga por alguém,
61% a 65% 1,64 1,38 transformando-se assim em um acréscimo nos custos operacionais
≥ 66% 1,73 1,41 do equipamento que está onde alimentado e da instalação elétrica
como um todo. Esta sobre-carga financeira se estende por toda a
Exemplo: sendo I1 = 110 A, I3 = 57 A e I5 = 29 A, circuito vida útil do processo envolvido. O custo da energia tem um peso
trifásico com neutro, segue-se: cada vez mais importante nos custos operacionais das edificações
comerciais e industriais. Neste sentido, todos os esforços possíveis
IB = √1102 + 572 + 292 = 127 A devem ser feitos para conter gastos desnecessários.
Os aspectos ambientais e conservacionistas relacionados com a
THD3 = 100 x 57 / 110 = 52% energia desperdiçada também são importantes fato-res, cada vez mais
ressaltados. Estudos revelam que, ao longo do ciclo de vida dos fios e
Entrando com 52% na tabela F.1 fh = 1,45 cabos elétricos, as mais significativas emissões de CO2 (gás do efeito
estufa) são produzidas quando os condutores estão sendo utilizados
Então, IN = fh IB = 1,45 x 127 = 184 A no transporte de energia elétrica, onde relativamente pequenas na fase
de fabricação e descarte desses produtos. Essas emissões de CO2 são
Proteção contra sobrecorrentes do condutor neutro resultantes da geração extra de energia necessária para compensar
as perdas joule na condução da corrente elétrica pelo circuito. Desta
Nos esquemas TN e TT, quando a seção do condutor neutro forma, mantidas todas as demais características da instalação, a
for pelo menos igual ou equivalente à dos condutores de fase, não maneira mais adequada de reduzir as perdas joule nos fios e cabos, e
102 é necessário prever detecção de sobrecorrente no condutor neutro, consequentemente, as emissões de CO2, é aumentar a seção nominal
nem dispositivo de seccionamento nesse condutor. dos condutores elétricos.
Quando a seção do condutor neutro for inferior à dos condutores Teoricamente, seria possível reduzir a perda de energia
de fase, é necessário prever detecção de sobrecorrente no condutor (joule) e a consequente emissão de CO2 a valores insignifi-cantes,
neutro, adequada à seção desse condutor. Essa detecção deve aumentando-se a seção do condutor. No entanto, como isto
provocar o seccionamento dos condutores de fase, mas não significa aumentar o custo inicial do cabo, seus acessórios, linhas
necessariamente do condutor neutro. No entanto, admite-se omitir a elétricas e mão de obra de instalação, tende-se a anular a economia
detecção de sobrecorrente no condutor neutro, se as duas condições conseguida pela melhoria da eficiência na distribuição. Neste caso,
seguintes forem simultaneamente atendidas: é interessante encontrar um compromisso entre estas duas variáveis
(redução nas perdas x aumento do custo inicial da instalação).
a) o condutor neutro estiver protegido contra curtos-circuitos pelo A melhor ocasião para se considerar a questão das perdas joule
dispositivo de proteção dos condutores de fase do circuito; e emissão de CO2 numa instalação elétrica é na etapa de projeto,
b) a corrente máxima suscetível de percorrer o condutor neutro em quando custos adicionais são marginais. É fácil compreender que,
serviço normal for claramente inferior ao valor da capacidade de após sua instalação, é muito mais difícil e caro incorporar melhorias
condução de corrente desse condutor. a um circuito. A questão central neste assunto é identificar uma seção
de condutor que reduza o custo da energia desperdiçada, sem incorrer
Considera-se esta condição satisfeita se a potência transportada em custos iniciais excessivos de compra e insta-lação de um cabo.
pelo circuito for distribuída tão uniformemente quanto possível entre Os critérios de dimensionamento econômico e ambiental
as diferentes fases. Por exemplo, se a soma das potências absorvidas apresentados a seguir são aplicáveis a todos os tipos de instalações
pelos equipamentos de utilização alimentados entre cada fase e o elétricas de baixa e média tensão, sejam nas instalações prediais,
neutro for muito inferior à potência total transportada pelo circuito comerciais e industriais ou nas redes públicas de distribuição de
em questão. Um valor prático usual para esse desequilíbrio é de 10%. energia elétrica.
Existem algumas situações onde o emprego de tais critérios é
15.3-Dimensionamento econômico e ambiental de condutores particularmente mais interessante, tais como aquelas que envolvem
circuitos com cargas relativamente elevadas, que funcionam por
NBR 5410

elétricos
longos períodos durante o dia. São os casos de alimentadores de
15.3.1 Introdução quadros de distribuição, quadros de luz, alimentação de motores
A função de um cabo de potência é conduzir a energia elétrica elétricos, torres de resfriamento, ar condicionado, dentre outros,
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

facilmente encontrados, por exemplo, em shopping centers, θ = temperatura máxima nominal do condutor para o tipo de cabo
indústrias em geral, hospitais, edifícios comerciais e públicos, considerado [ºC];
portos, aeroportos, estádios e ginásios esportivos, dentre ou-tros. θa = temperatura ambiente média [ºC].
A = componente variável do custo por unidade de comprimento
15.3.2 Dimensionamento técnico e econômico de condutores conforme seção do condutor [$/m.mm2]
elétricos conforme a norma NBR 15902 Np = número de condutores de fase por circuito;
Nc = número de circuitos que levam o mesmo tipo e valor de carga;
15.3.2.1 Seção Econômica T = tempo de operação com perda joule máxima [h/ano];
P = custo de um watt-hora no nível da tensão pertinente [$/W.h]
A Seção Econômica (Sec) de um condutor elétrico pode ser D = variação anual da demanda [$/W.ano];
determinada pela expressão [1] que utiliza parâmetros calculados Q = quantidade auxiliar;
pelas expressões [2] a [5]. i = taxa de capitalização para cálculo do valor presente [%];
yp = fator de proximidade, conforme IEC 60287-1-1;
ys = fator devido ao efeito pelicular, conforme IEC 60287-1-1;
[1]
λ1 = fator de perda da cobertura, conforme IEC 60287-1-1;
λ2 = fator de perda da armação, conforme IEC 60287-1-1;
r = quantidade auxiliar;
[2] N = período coberto pelo cálculo financeiro, também referido como
“vida econômica” [ano];
a = aumento anual da carga (Imax) [%];
[3] b = aumento anual do custo da energia, sem incluir efeitos da
inflação [%].

[4]
15.3.2.2 Aspectos econômicos

Para combinar os custos iniciais de compra e instalação com os


[5] custos de perdas de energia que surgem durante a vida econômica
de um condutor elétrico, é necessário expressá-los em valores 103
econômicos comparáveis, que são os valores que se referem ao
onde: mesmo ponto no tempo.
É sabido que, quanto menor a seção nominal de um condutor
Sec = seção econômica do condutor [mm2] elétrico, menor é o seu custo inicial de aquisição e instalação e
Imax = corrente de projeto máxima prevista para o circuito no maior é o seu custo operacional durante a sua vida útil.
primeiro ano, [A]; Multiplicando-se o valor obtido em [1] pelo preço do Wh
F = quantidade auxiliar; cobrado pela distribuidora de energia (ou calculado para a fonte de
ρ20 = resistividade elétrica do material condutor a 20 °C [Ω m]; geração própria), obtém-se o custo da perda de energia (operacional)
B = quantidade auxiliar; do condutor elétrico.
α20 = coeficiente de temperatura para a resistência do condutor a Deste modo, o custo total de instalar e operar um cabo durante
20 ºC [K-1]; sua vida econômica, expresso em valores presentes, é calculado
θm = temperatura média de operação do condutor [ºC]; conforme a seguinte equação:

S Custo Total

Custo Inicial

Valor mínimo

Custo de operação
(perdas)

mm2
NBR 5410

ST SE

SE > ST corresponde ao custo total mínimo

Figura 115 - Custo inicial e custo operacional dos cabos em função da seção nomial
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Custo total = CT = CI + CJ [6] para sua fabricação. Os itens 6.2 e 6.3 a seguir apresentam os
onde: modos de calcular as emissões de CO2 evitadas e realizadas.

CI é o custo inicial de um comprimento de cabo instalado, [$]; Redução das emissões de CO 2 na geração de energia pelo
CJ é o custo operacional equivalente na data em que a instalação aumento da seção
foi adquirida, ou seja, o valor presente, das perdas joule durante a
vida considerada, [$]. Quando os condutores dimensionados pelo critério
técnico (de menor seção) são substituídos por condutores
A Figura 115 apresenta as curvas típicas do custo operacional dimensionados pelo critério econômico (de maior seção), a
(CJ) e custo inicial de uma instalação (CI) em função da seção quantidade anual de redução de emissões de CO2 é dada pela
nominal dos condutores. seguinte fórmula:
Na Figura 115, somando-se ponto a ponto as duas curvas (custo
inicial e custo operacional), tem-se , para cada seção nominal, o Z 1 = Σ [Np Nc I2 (R1 – R2) 10-3 T l K1] [9]
custo total daquele condutor ao longo de sua vida referido a um
valor presente. onde:
Conforme a Figura 115, a curva relativa ao custo total apresenta
um ponto de valor mínimo ($) para uma dada seção (mm2). Z1 = quantidade anual de redução de emissões de CO2 [kg-CO2];
Denomina-se como seção econômica (Sec) de um circuito N p = número de condutores de fase por circuito;
aquela seção que resulta no menor custo total de instalação e N c = número de circuitos que levam o mesmo tipo e valor de
operação de um condutor elétrico durante sua vida econômica carga;
considerada. I = corrente de projeto, [A];
De acordo com a NBR 15920, o custo total (CT) pode ser l = comprimento do cabo, [km];
calculado por: R1 = resistência do condutor por unidade de comprimento
CT = I2max R l F [$] [7] dimensionado pelo critério técnico (menor seção), [Ω/km] –
onde: calculada conforme equação [8];
Imax = carga máxima no cabo durante o primeiro ano, [A]; R 2 = resistência do condutor por unidade de comprimento
l = comprimento do cabo, [m]; dimensionado pelo critério econômico (maior seção), [Ω/km]
104 F = calculado pela equação [2]; – calculada conforme equação [8];
R = resistência c.a. aparente do condutor por unidade de comprimento, T = tempo de operação por ano [h/ano];
levando em conta os efeitos pelicular e de proximidade (yp, ys) e as K 1 = emissões de CO 2 no momento da geração por unidade de
perdas em blindagens metálicas e armações (λ1, λ2), [Ω/m]. energia elétrica, [kg-CO 2/kWh]. Este valor varia conforme
a característica da matriz energética de cada país, sendo
O valor de R em função da seção padronizada S do condutor maior nos casos onde fontes primárias de energia são mais
deve ser considerado na temperatura média de operação do condutor poluentes (combustíveis fósseis) e menor onde as fontes
(θm) e calculado pela seguinte expressão: primárias são mais limpas e renová-veis (hidráulica, solar,
eólica, etc.). No caso do Brasil, dados de 2010 indicam um
ρ 20 •
B[1 + α 20 • (θm - 20)] [8] valor de K 1 = 0,089 kg-CO 2/kWh.
R(S) = • 10 6
S
Aumento das emissões de CO 2 na fabricação de condutores

15.3.2.3 Dimensionamento ambiental de condutores elétricos pelo aumento da seção

Ao longo do ciclo de vida dos fios e cabos elétricos, as O aumento da seção dos condutores quando dimensionados
mais significativas emissões de CO2 (gás do efeito estufa) pelo critério econômico tem como consequência direta o
são produzidas quando os condutores transportam a energia aumento nas emissões de CO2 no processo completo de
elétrica, sendo relativamente pequenas na fase de fabricação e fabricação dos cabos elétricos, desde a fase de extração do
descarte desses produtos. Essas emissões de CO2 são resultantes metal condutor na mina até o descarte do produto após sua
da geração extra de energia necessária para compensar as utilização (ciclo de vida do produto). Isso se deve ao fato de que
perdas joule na condução da corrente elétrica pelo circuito. seções maiores utilizam mais materiais e, consequentemente,
Como visto nas seções anteriores, é possível reduzir a perda mais energia é consumida na fabricação e demais etapas da
de energia (joule) e a consequente emissão de CO2 através vida do produto.
do aumento da seção do condutor pela aplicação do critério O principal aumento nas emissões de CO2 devido ao
de dimensionamento econômico. Assim, é fácil concluir aumento da seção ocorre na produção do cobre, desde a mina
NBR 5410

que haverá um ganho ambiental sempre que, num período até a fabricação do elemento condutor do cabo. O aumento
considerado, as emissões de CO2 evitadas durante a operação anual das emissões de CO2 neste caso é dado pela seguinte
do cabo forem menores do que as emissões de CO2 realizadas expressão:
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Z2 = Σ [(W2 – W1) l K2] [10] • O fabricante deve fornecer as informações necessárias para a
onde: correta seleção e dimensionamento do dispositivo de proteção
contra curto-circuito que irá proteger o barramento blindado ou
Z2 = quantidade anual de aumento de emissões de CO2 [kg-CO2]; indicar diretamente o dispositivo de proteção contra curto-circuito
W1 = peso do condutor por unidade de comprimento dimensionado que deve ser utilizado;
pelo critério técnico (menor seção), [kg/km] • O fabricante deve declarar os valores de resistência elétrica,
W2 = peso do condutor por unidade de comprimento dimensionado reatância e impedância do sistema de barramento blindado nas
pelo critério econômico (maior seção), [kg/km]; condições de montagem especificadas a fim de permitir os cálculos
l = comprimento do cabo, [km]; das correntes de curto-circuito e de falta em qualquer ponto de uma
K2 = emissões de CO2 no momento da produção do cobre por instalação elétrica que inclua o barramento blindado;
unidade de cobre, [kg-CO2/kg-Cu]. Este valor varia conforme a • O dispositivo de proteção do barramento blindado deve ter a
característica da matriz energética de cada país e do processo de capacidade de interrupção contra curto-circuito igual ou superior
extração e fabricação do metal, sendo maior nos casos onde fontes à corrente de curto-circuito presumida no ponto onde o dispositivo
primárias de energia são mais poluentes (combustíveis fósseis) for instalado;
e menor onde as fontes primárias são mais limpas e renováveis • O fabricante deve declarar os limites de queda de tensão no
(hidráulica, solar, eólica, etc.). No caso do Brasil, onde a maioria sistema de barramento blindado.
do cobre utilizado nos condutores elétricos é importada do Chile,
recomenda-se utilizar K2 = 4,09 kg-CO2/kg-Cu que é aquele
correspondente à produção do catodo de cobre eletrolítico realizada
naquele país. 16 Aterramento e equipotencialização
O resultado do dimensionamento ambiental de condutores
elétricos pode ser determinado por Z 1 – Z 2. Na condição de 16.1 Generalidades
Z 1 – Z 2 > 0, as reduções nas emissões de CO 2 obtidas pelo
uso de cabos de maiores seções durante a vida eco-nômica O aterramento, que é tratado em 6.4.1 na NBR 5410, tem
considerada compensaram os aumentos nas emissões de CO 2 como função principal garantir a segurança das pessoas em relação
devidas ao processo de fabricação dos cabos com maiores às tensões de passo e toque, além do correto funcionamento das
seções. Em outras palavras, Z 1 – Z 2 representa o ganho instalações elétricas e dos equipamentos por elas servidos.
ambiental obtido pela redução das emissões de CO 2 devido ao Um sistema de aterramento é o conjunto de todos os eletrodos, 105
dimensionamento econômico dos condutores. barramentos, massas e elementos condutores estranhos à instalação
elétrica interligados direta ou indiretamente entre si por meio dos
15.3.2.4 Software condutores de aterramento, de proteção e de equipotencialização
(Figura 116).
O Instituto Brasileiro do Cobre, Procobre, disponibiliza um Um sistema de aterramento pode ser dividido em duas partes
software que realiza o dimensionamento econômico e ambiental de principais, a saber:
condutores elétricos no site www.leonardo-energy.org.br.
• A primeira parte, que fica enterrada (no solo), é denominada
15.4 Dimensionamento de barramentos blindados “eletrodo de aterramento”, sendo assim definido nas normas
mencionadas anteriormente: elemento ou conjunto de elementos
Uma vez que as características elétricas dos barramentos do sistema de aterramento que assegura o contato elétrico com o
variam entre fabricantes, o dimensionamento de um barramento solo e dispersa a corrente de defeito, de retorno ou de descarga
blindado de baixa tensão e suas proteções deve seguir as instruções atmosférica na terra.
do fabricante. Esse dimensionamento deve levar em consideraração • A segunda parte abrange todo o complexo de condutores
os seguintes aspectos gerais: (rabichos de aterramento, condutores PE, condutores para
referência de sistemas e de equipotencialização) e massas
• A corrente nominal do barramento blindado (In) deve ser igual metálicas (carcaças de equipamentos, estruturas e outros
ou superior à corrente de projeto do circuito (IB), incluindo as elementos) situadas acima do nível do solo e que deverão estar
componentes harmônicas; convenientemente interligados e aterrados;
• A corrente nominal do sistema de barramento blindado deve ser
declarada pelo fabricante para uma determinada temperatura de 16.2 Eletrodo de aterramento
referência do ar ambiente;
• O fabricante deve fornecer as informações necessárias para a O eletrodo de aterramento deve ser construído de tal forma a
correta seleção e dimensionamento do dispositivo de proteção desempenhar sua função causando a menor perturbação possível,
NBR 5410

contra sobrecarga que irá proteger o barramento blindado ou indicar na forma de tensões superficiais no solo sobre o mesmo e em
diretamente o dispositivo de proteção contra sobrecarga que deve seus arredores ou através do retorno de correntes impulsivas
ser utilizado; para a instalação elétrica.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Quanto ao aspecto construtivo, um eletrodo de aterramento (“pés-de-galinha”); ou,


pode ser: d) no mínimo, uso de anel metálico enterrado, circundando o
perímetro da edificação e complementado, quando necessário,
• Natural: que não é instalado especificamente para este fim, por hastes verticais e/ou cabos dispostos radialmente (“pés-de-
mas que apresenta as condições necessárias para desempenhar a galinha”).”
função, em geral as armaduras de aço das fundações;
• Convencional: que é instalado com este fim, como por exemplo, Assim elimina-se a possibilidade de vários eletrodos de
os condutores em anel, as hastes verticais ou inclinadas e os aterramento distintos serem instalados para aterrar componentes
condutores horizontais radiais em forma de malha. de instalações diferentes (SPDA, telefonia, energia, dados, etc.)
situados na mesma edificação.
Em 6.4.1.1.1, a NBR 5410 determina que toda edificação
deve dispor de uma infraestrutura de aterramento, denominada 16.2.1 Eletroduto de aterramento natural
“eletrodo de aterramento”, sendo admitidas as seguintes opções:
O uso do eletrodo de aterramento pelas fundações, técnica
a) preferencialmente, uso das próprias armaduras do concreto utilizada há décadas no exterior, baseia-se na constatação de
das fundações (ver 6.4.1.1.9); ou que o conjunto formado pelo ferro imerso em concreto em
b) uso de fitas, barras ou cabos metálicos, especialmente contato com o solo apresenta resistividades muito baixas, da
previstos, imersos no concreto das fundações (ver 6.4.1.1.10); ordem 30 a 50 Ω.m a 20 ºC. Além disso, a massa de material
ou condutor representada pelas toneladas de aço nas fundações é
c) uso de malhas metálicas enterradas, no nível das fundações, muito superior à quantidade de material metálico utilizado nos
cobrindo a área da edificação e complementadas, quando eletrodos convencionais, reduzindo significativamente o valor
necessário, por hastes verticais e/ou cabos dispostos radialmente da resistência de aterramento (Figura 117).

Quadro

106
9
1 Eletrodo de aterramento 10
(infraestrutura de ater-ramento)
2 Condutor de aterramento
3 BEP (Barramento de
Equipotencialização Principal) 7
4 Condutor de equipotencialização 8
principal
5 Condutor de proteção principal 8
6 Condutor de equipotencialização
suplementar 6 6
7 Condutor de proteção 7 10
8 BEL (Barramento de
Equipotencialização Local)
9 Elemento condutor estranho
à instalação elétrica
10 Massa
5 Equipamento
Elétrico

Neutro da
9 Concessionária
3
4 9
4
NBR 5410

Figura 116 - Principais componentes do sistemas de aterramento e equipotencialização


GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

16.2.2 Eletroduto de aterramento convencional

A seleção e instalação dos componentes formadores do


eletrodo de aterramento convencional devem observar as seguintes
condições:

• O projeto do eletrodo de aterramento deve considerar o


possível aumento da resistência de aterramento dos eletrodos
devido à corrosão. Deve considerar também a resistência às
solicitações térmicas, termomecânicas e eletromecânicas, ou
seja, o dimensionamento dos condutores do eletrodo deve seguir
os métodos de relacionados a proteção contra choques elétricos,
correntes de curto-circuito e corrosão, inclusive eletrolítica. A seção
Figura 117 - Ferragens da fundação mínima admissível é mostrada na Tabela 36.
Tabela 36 - Seção mínima dos condutores para aterramento

Nos casos em que a infraestrutura de aterramento da edificação Seções mínimas de condutores de aterramento enterrados no solo
for constituída pelas próprias armaduras embutidas no concreto das Protegido contra Não protegido contra
fundações (armaduras de aço das estacas, dos blocos de fundação danos mecânicos danos mecânicos
e vigas baldrames), pode-se considerar que as interligações Protegido contra corrosão Cobre: 2,5 mm2 Cobre: 16 mm2

naturalmente existentes entre estes elementos são suficientes para Aço: 10 mm 2


Aço: 16 mm2

se obter um eletrodo de aterramento com características elétricas Não protegido contra corrosão Cobre: 50 mm (solos ácidos ou alcalinos)
2

adequadas, sendo dispensável qualquer medida suplementar Aço: 80 mm2

(Figura 118).
• O tipo e a profundidade de instalação dos elementos do eletrodo
de aterramento devem suprir as mudanças nas condições do solo,
por exemplo: umidade, para que a resistência ôhmica do conjunto
(eletrodo/solo) não varie acima do valor parametrizado em 107
projeto.
• Devem ser seguidas medidas apropriadas de instalação visando
garantir proteção mecânica adequada para que os materiais e
conexões possam suportar as condições de influências externas
(movimentação do solo, compressão, etc.) (Tabela 37). Neste
sentido, devem ser tomados os devidos cuidados com a execução
das soldas, aperto das conexões mecânicas com torque adequado e,
em alguns casos, pode ser necessário envelopar os condutores em
uma mistura de cimento e areia.
• Não é admitida na composição do eletrodo de aterramento a
utilização de tubulações metálicas de serviços (água, esgoto, etc.)
ou outros elementos que possam ser periodicamente retirados
Figura 118 - Interligações entre elementos da armadura
para manutenção, porém estes devem estar conectados a ele para
cumprir as medidas prescritas de equipotencialização;
Nas fundações em alvenaria, a infraestrutura de aterramento • O eletrodo deve possuir distribuição espacial conveniente, além de
pode ser constituída por fita, barra ou cabo de aço galvanizado apresentar valor de impedância (resistência ôhmica) de aterramento
imerso no concreto das fundações, formando um anel em todo o condizente com as condições de topologia, dimensões e do solo que
perímetro da edificação. A fita, barra ou cabo deve ser envolvido o envolve a fim de minimizar as tensões superficiais (toque e passo)
por uma camada de concreto de no mínimo 5 cm de espessura, a que possam surgir. Uma das possibilidades neste caso é dispor o
uma profundidade de no mínimo 0,5 m. eletrodo de forma a que ele fique posicionado abaixo da edificação
Para que não haja falsas expectativas ou utilização indevida ou estrutura a ser aterrada , estendendo-o a pelo menos 1 m de
dos componentes estruturais, deve-se deixar claro que, em 6.4.1.1.1 barreiras da divisa (muro, cercas, etc.);
a), está explícita a permissão para utilização das armaduras de • Preferencialmente o eletrodo de aterramento convencional deve
fundação. Portanto, as conexões descritas em 6.4.1.2.3 não devem constituir no mínimo, um anel (fechado) circundando o perímetro
NBR 5410

ser executadas indiscriminadamente ao logo da edificação. Neste da edificação (Figura 119). Portanto não se deve construir um
sentido, por exemplo, armaduras dos pilares não podem substituir eletrodo de aterramento distante do local onde o mesmo deverá
os condutores PE. prover a infra-estrutura de aterramento;
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Tabela 37 - Materiais apropriados e suas especificações

Dimensões mínimas

Material Superfície de Forma Diâmetro mm Seção mm Espessura do Espessura média do


material mm revestimento
Aço Zincada a quente 1)
Fita 2)
15 100 3 70
ou inoxidável Perfil 1 120 3 70
Haste de seção circular 3)
25 70
Cabo de seção circular 15 95 50
Tubo 15 2 55
Capa de cobre Haste de seção circular 3)
2000
Revestida de cobre por eletrodeposição Haste de seção circular 3)
254
Cobre Fita 1,8 (cada veio) 50 2
Nu 1)
Cabo de seção circular 20 50
Cordoalha 50
Tubo 2
Zincada Fita 2)
50 2 40

1) Pode ser utilizado para embutir no concreto


2) Fita com cantos arredondados.
3) Para eletrodo de profundidade.

“Relação entre a tensão medida entre o eletrodo, o terra remoto e


a corrente injetada no eletrodo.”
A obsessão pela busca de um baixo valor de resistência ôhmica
em um sistema de aterramento tem motivos técnicos ligados à
diminuição dos valores das tensões superficiais e à proteção contra
choques elétricos, especialmente para os esquemas TT (ver parte
6 deste guia). Porém esse motivo tem sido distorcido desde o
108 principio do conceito até o absurdo de serem exigidos valores de
forma indiscriminada sem sequer conhecer-se os dados primários
do solo no qual o eletrodo está ou será construído contrariando a
premissa básica de que o valor da resistência ôhmica do eletrodo
de aterramento deve ser o mais baixo possível considerando, no
mínimo, o tipo de terreno no qual o mesmo está ou será instalado.
Com uma simples leitura da definição percebe-se que o valor
Figura 119 – Trecho de um eletrodo em anel
em questão é fruto do ensaio de, basicamente, dois componentes
• A eficiência de qualquer eletrodo de aterramento depende das principais: o eletrodo e o solo que o envolve, portanto é conveniente
condições locais do solo. Devem ser selecionados um ou mais tipos, esclarecer que a medição da resistência ôhmica do eletrodo do
formas e topologias de instalação dos eletrodos de aterramento visando aterramento não é o ensaio correto para definir a integridade física
adequar o conjunto às condições do solo e ao valor da resistência de do mesmo.
aterramento exigida em função do esquema de aterramento adotado Este valor mesmo quando obtido através de ensaio devidamente
para que haja eficiência na proteção contra choques elétricos, realizado, fornece as condições de funcionamento do conjunto
notadamente para esquemas IT e TT. Uma possível escolha neste (eletrodo + solo) e dependendo da situação (por exemplo, no caso
caso é selecionar um eletrodo em anel ou malha com um perímetro de um solo em condições ótimas de condutividade que abrigue
aumentado, o que aumenta sua eficiência. Em casos extremos, pode-se uma malha de aterramento com alguns condutores dos módulos
construir um anel por fora do inicial, interligado a ele, para diminuir o rompidos) pode apresentar resultados que serão mal interpretados e
valor da resistência (sempre em função da resistividade do solo); não ajudarão na detecção das falhas existentes.
• O eletrodo deve estar disposto de tal forma a prover pontos de A NBR 5410 não estabelece valores mínimos, tão pouco
acessibilidade em cada local onde haja entrada de condutores, recomenda valores de referência para resistência ôhmica do
serviços de utilidades e em outros pontos que forem necessários eletrodo de aterramento, privilegiando a equipotencialização e a
para satisfazer à equipotencialização; correta utilização de dispositivos de proteção.
Os métodos de medição da resistência ôhmica do eletrodo que
16.2.3 Resistência do eletrodo de aterramento constam do anexo J da NBR 5410 têm utilização bastante limitada
NBR 5410

em função do aumento do numero de construções, confinando


A resistência de aterramento de um eletrodo está definida em 3.15, instalações e elementos metálicos enterrados de tal forma que
3.9 e 3.15 das NBRs 5419, 15749 e 15751, respectivamente, como: haja influência mutua entre esses componentes. Essa característica
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

restringe a execução desses ensaios a poucas áreas onde haja espaço Conexões com solda de estanho não asseguram resistência
livre de interferências. A própria NBR 5410 recomenda que nesses mecânica adequada e, portanto, não devem ser utilizadas para
casos seja realizado o ensaio do anexo K relacionado com medição esta finalidade.
da impedância do percurso da corrente de falta. Há ainda a opção
da utilização dos métodos descritos na NBR 15749 ou o ensaio de 16.4 Condutor de proteção (PE)
continuidade elétrica descrito na NBR 5419.
Os condutores de proteção, ou PE, são tratados em diversos
16.3 Condutor de aterramento trechos do texto da NBR 5410, pois sua função é de importância
fundamental para o funcionamento de vários dispositivos de
O condutor de aterramento principal é o condutor de proteção proteção em uma instalação elétrica.
que liga o barramento de aterramento principal ao eletrodo de O condutor PE é utilizado para conduzir correntes de fuga ou
aterramento. de falta para o eletrodo de aterramento, bem como promover a
A conexão de um condutor de aterramento ao eletrodo de equipotencialização entre massas metálicas e a instalação elétrica.
aterramento embutido no concreto das fundações (a própria armadura Segundo a NBR 5410, podem ser usados como condutores de
do concreto ou, então, fita, barra ou cabo imerso no concreto) deve proteção:
ser feita garantindo-se simultaneamente a continuidade elétrica, a
capacidade de condução de corrente, a proteção contra corrosão, a) veias de cabos multipolares;
inclusive eletrolítica, e adequada fixação mecânica. b) condutores isolados, cabos unipolares ou condutores nus em
Essa conexão pode ser executada, por exemplo, recorrendo-se a conduto comum com os condutores vivos;
dois elementos intermediários, conforme descrito a seguir: c) armações, coberturas metálicas ou blindagens de cabos;
d) eletrodutos metálicos e outros condutos metálicos, sob certas
a) o primeiro elemento, que realiza a derivação do eletrodo para condições;
fora do concreto, deve ser constituído por barra de aço zincada, com e) invólucros metálicos de barramentos blindados, sob certas
diâmetro de no mínimo 10 mm, ou fita de aço zincada de 25 mm x 4 condições.
mm e ligada ao eletrodo por solda elétrica. A barra ou fita deve ser
protegida contra corrosão; É terminantemente proibido o uso como condutor de proteção,
b) o segundo elemento, destinado a servir como ponto de conexão do mas sem prejuízo na interligação para garantir a equipotencialização,
condutor de aterramento, deve ser constituído por barra ou condutor dos seguintes elementos metálicos: 109
de cobre, ligado ao primeiro elemento por solda exotérmica (Figura
120) ou processo equivalente do ponto de vista elétrico e da corrosão. a) tubulações de água;
b) tubulações de gases ou líquidos combustíveis ou inflamáveis;
No caso de o eletrodo ser a armadura do concreto, essa armadura c) elementos de construção sujeitos a esforços mecânicos em
deve ter, no ponto de conexão, uma seção maior ou igual a 50 mm2 e serviço normal;
um diâmetro de preferência maior ou igual a 8 mm. d) eletrodutos flexíveis, exceto quando concebidos para esse fim;
e) partes metálicas flexíveis;
f) armadura do concreto (vigas, colunas, etc.);
g) estruturas e elementos metálicos da edificação (vigas, colunas, etc.);
h) massas de equipamentos.

Os condutores PE de uma instalação devem ser ter continuidade


elétrica garantida, devem estar adequadamente protegidos contra
deterioração, esforços eletrodinâmicos e térmicos. Suas conexões
devem ser acessíveis para verificações e ensaios (exceto se
encapsuladas ou em emendas moldadas).
É proibida a inserção de dispositivos de comando ou manobra
no condutor PE.

16.5 Condutor PEN

Figura 120 – Solda exotérmica A utilização do condutor PEN (o neutro aterrado) é admitida
em instalações fixas e sua seção mínima, relacionada a questões
Em alternativa às soldas elétrica e exotérmica, podem ser mecânicas, deve ser de 10 mm2 (cobre).
NBR 5410

utilizados conectores adequados, instalados conforme instruções O condutor PEN deve ser um condutor isolado e a tensão de
do fabricante e de modo a assegurar uma conexão equivalente, sem isolação deve ser compatível com a maior tensão a que ele possa ser
danificar o eletrodo nem o condutor de aterramento. submetido na instalação.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Toda vez que um condutor PEN adentrar uma edificação o para a proteção contra choques elétricos, mas insuficiente
mesmo deverá ser conectado direta ou indiretamente ao BEP. sob o ponto de vista da proteção contra perturbações
Uma regra que deve ser sempre lembrada está em 6.4.3.4.3 eletromagnéticas.
da NBR 5410: se, em um ponto qualquer da instalação, as funções Deve-se entender equipotencialização como um conceito,
de neutro e de condutor de proteção forem separadas, com a um conjunto de medidas a serem tomadas em uma instalação
transformação do condutor PEN em dois condutores distintos, um elétrica visando minimizar o surgimento de tensões perigosas
destinado a neutro e o outro a condutor de proteção, não se admite provenientes das mais variadas fontes (rompimento do
que o condutor neutro, a partir desse ponto, venha a ser ligado isolamento, raios, indução, etc.) e que não possam ser
a qualquer ponto aterrado da instalação. Por isso mesmo, esse suportadas pelas instalações elétricas, equipamentos e pessoas
condutor neutro não deve ser religado ao condutor PE que resultou por elas servidas.
da separação do PEN original. Partindo desse principio, a NBR 5410 estipula cada medida
Isto significa que após a separação, o condutor de neutro passa relacionada a uma causa da diferença de potencial a ser
a exercer sua função específica de conduzir correntes elétricas de mitigada. Em grande parte dos casos o atendimento de algumas
retorno, de desequilíbrio de fases, ou mesmo as correntes harmônicas, recomendações resulta no cumprimento de outras.
enquanto o condutor PE continua como componente para interligação Assim como no aterramento, cujo eletrodo deve ser
de elementos metálicos, normalmente desenergizados, ao eletrodo de único para todos os componentes a serem aterrados em uma
aterramento. Reconectar o neutro ao PE após a separação, significa edificação, a equipotencialização tem por principio reunir,
transferir as correntes elétricas já mencionadas para esse condutor. direta ou indiretamente, todos os elementos metálicos
existentes nessa edificação em um único ponto. Esse conceito
16.6 Equipotencialização é denominado “equipotencialização principal”.
Cada edificação deve possuir uma equipotencialização
A NBR 5410 define equipotencialização, em 3.3.1como: principal e tantas equipotencializações suplementares quantas
“Procedimento que consiste na interligação de elementos forem necessárias.
especificados, visando obter a equipotencialidade necessária Em 6.4.2.1.1, a NBR 5410 especifica que em cada edificação
para os fins desejados. Por extensão, a própria rede de deve ser realizada uma equipotencialização principal, reunindo
elementos interligados resultante. A equipotencialização é os seguintes elementos (Figura 121):
um recurso usado na proteção contra choques elétricos e na
110 proteção contra sobretensões e perturbações eletromagnéticas. a) as armaduras de concreto armado e outras estruturas
Uma determinada equipotencialização pode ser satisfatória metálicas da edificação (Figura 123);

3.d

Detalhe A (**)
3
EC
BEP

BEP = Barramento de equipotencialização


EC principal.
5 EC = Condutores de equipotencialização.
1 = Eletrodo de aterramento
4.a (embutido nas fundações).
4 EC 2 = Armaduras de concreto armado e outras
3 estruturas metálicas da edificação.
EC
3 = Tubulações metálicas de utilidades,
4.b bem como os elementos estruturais
3.a 3.b metálicos a elas associados:
3.a = água;
EC 3.b = gás;
2
(*) = luva isolante
3 (*) 3.c = esgoto;
3.d = ar-condicionado.
4 = Condutos metálicos, blindagens,
3.c armações, coberturas e capas
metálicas de cabos.
4.a = Linha elétrica de energia.
4.b = Linha elétrica de sinal.
NBR 5410

5 = Condutor de aterramento principal


1

Figura 121 – Equipotencialização principal


GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

b) as tubulações metálicas de água, de gás combustível, de


esgoto, de sistemas de ar condicionado, de gases industriais,
de ar comprimido, de vapor, etc., bem como os elementos
estruturais metálicos a elas associados;

c) os condutos metálicos das linhas de energia e de sinal que


entram e/ou saem da edificação;

d) as blindagens, armações, coberturas e capas metálicas de


cabos das linhas de energia e de sinal que entram e/ou saem
da edificação;

e) os condutores de proteção das linhas de energia e de sinal


que entram e/ou saem da edificação;

f) os condutores de interligação provenientes de outros Figura 123 – Detalhe de ligação equipotencial da armadura do concreto
eletrodos de aterramento porventura existentes ou previstos no
entorno da edificação; Em um local onde haja várias edificações, por exemplo, em
indústrias, condomínios horizontais ou verticais, clubes, etc., deve
g) os condutores de interligação provenientes de eletrodos de haver tantas equipotencializações principais quantas forem as
aterramento de edificações vizinhas, nos casos em que essa edificações existentes. Ou seja, cada edificação deve ter sua própria
interligação for necessária ou recomendável; equipotencialização principal.
Atendendo não só aos requisitos de equipotencialização, mas
h) o condutor neutro da alimentação elétrica, salvo se não proteção contra choques, sobrecorrentes e também para fins de
existente ou se a edificação tiver de ser alimentada, por compatibilidade eletromagnética todos os circuitos, inclusive
qualquer motivo, em esquema TT ou IT ; trifásicos sem o condutor de neutro, devem ser providos de
condutor PE.
i) os condutores de proteção principais da instalação elétrica A equipotencialização principal de uma instalação tem como
principio a união direta ou indireta de massas metálicas a um
111
(interna) da edificação.
único ponto e deste ponto parte então a interligação para o eletrodo
A Figura 122 mostra a maneira de realizar a de aterramento. Esse ponto chama-se BEP – Barramento de
equipotencialização em função do esquema de aterramento. Equipotencialização Principal.

N PE PE PE PE N PE PE PE

Quadro de Quadro de
distribuição distribuição
principal principal

barra PE barra PE

Detalhe A Detalhe A

BEP
BEP

PEN N
NBR 5410

Esquema TN Esquema TT

Figura 122 – Detalhe de como realizar a equipotencialização em função do esquema de aterramento.


GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Local

Suplementar
Principal

BEL Barra
Suplementar

BEP
Infraestrutura de aterramento

Figura 124– Exemplo para equipotencialização principal, local e suplementar

Em instalações extensas, nem sempre é possível ligar


diretamente todas as massas ao BEP, sendo necessário então 16.7 Condutores de equipotencialização
112 recorrer a barramentos mais próximos das cargas, chamados
de BEL – Barramento de Equipotencialização Local ou o BES - Segundo 6.4.4.2 da NBR 5410, não podem ser utilizados como
Barramento de Equipotencialização Suplementar. condutores de equipotencialização, porém devem integrar a mesma,
A Figura 124 ilustra os conceitos de BEP, o BEL e o BES. quaisquer massas que possam ser parcial ou totalmente removidas
O BEP deve ser posicionado prioritariamente no ponto de da instalação por questões alheias às da própria instalação
entrada da instalação (onde os condutores das linhas externas (manutenção, alteração de leiaute, etc.), tais como:
adentrem a edificação), permitindo assim a interligação direta ou
indireta (via DPS) com os mesmos. a) elementos de construção sujeitos a esforços mecânicos em
Em alternativa e, dependendo das condições exigíveis de serviço normal;
equipotencialização para proteção contra os efeitos diretos causados b) tubulações de água;
pelos raios, o BEP pode ser posicionado no quadro de distribuição c) tubulações de gases ou líquidos combustíveis ou inflamáveis;
principal – QDP (ver parte 9 deste guia). d) partes metálicas flexíveis;
O BEL e o BES geralmente são posicionados em quadros de e) eletrodutos flexíveis, exceto quando concebidos para esse fim.
distribuição ou específicos para esses fins. Estas equipotencializações
também a visam proteção contra choques, contra surtos e outros 16.8 Dimensionamento dos componentes que compõem os
efeitos ligados a prevenção contra perturbações eletromagnéticas, sistemas de aterramento e equipotencialização

porém de forma localizada.


Quando em fase de projeto, é importante prever que todas as 16.8.1 Condutor de proteção
entradas dos serviços para aquela edificação que possuam condutos
ou condutores metálicos convirjam para um mesmo ponto. Caso A seção mínima dos condutores de proteção deve ser calculada
essa prática não seja possível, há que se criar um BEL para suprir as de acordo com 6.4.3.1.2 da NBR 5410, ou selecionada de acordo
exigências da equipotencialização no(s) local(ais). Este BEL deverá com 6.4.3.1.3.
estar conectado ao BEP sempre de forma a proporcionar ligações de A seção do condutor PE pode ser calculada pela expressão:
baixa impedância.
A Figura 125 ilustra as localizações do BEP, BEL e BES. l2 t
NBR 5410

S=
As ligações aos barramentos de equipotencialização devem ser onde: k
feitas através de conexões mecânicas apropriadas e individualmente e
devem ser providas de sinalização, segundo 6.4.2.1.5 da NBR 5410. S é a seção do condutor (mm2), em milímetros quadrados;
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

SPDA

Local específico

Massas
metálicas

Equipotencialização Principal Elementos


metálicos
L1 Condutores PE
L2
PEN Equipotencialização Suplementar
DPS
T PE
N PE

TAT
BEP

Aterramento
Figura 125 – Posicionamento preferencial do BEP e dos demais barramentos de equipotencialização.

I é o valor (eficaz) da corrente de falta que pode circular pelo condutor de fase. Nesta situação, o dispositivo de proteção do
dispositivo de proteção, para uma falta direta (A); circuito em questão estará protegendo contra esta sobrecorrente
t é o tempo de atuação do dispositivo de proteção, em segundos; (falta fase-PE) dois condutores de seções diferentes (por exemplo, 113
k é o fator que depende das temperaturas iniciais e finais e do SFASE = 120 mm2 / SPE = 70 mm2). Naturalmente, estes condutores
material: do condutor de proteção, de sua isolação e outras partes. suportam energias diferentes e, desta forma, seria possível,
teoricamente, haver danos ao condutor de proteção mesmo com a
As tabelas 53 a 57 da NBR 5410 dão os valores de k para existência de um dispositivo que atue no caso de corrente de falta.
condutores de proteção em diferentes condições de uso ou serviço. Isto porque, via de regra, existe apenas um dispositivo de proteção
Para a aplicação desta expressão com o objetivo de contra sobrecorrentes em cada circuito, o qual é responsável pelas
determinação a seção do condutor de proteção é necessário, dentre atuações em sobrecarga e curto-circuito (entre fases e fase-PE).
outras condições, conhecer o valor da corrente de falta presumida Como alternativa ao cálculo indicado, a seção do condutor de
(I) entre fase e condutor de proteção. Mas aqui há um problema proteção pode ser determinada por uma simples consulta à tabela 58
de ordem prática, uma vez que para a determinação da corrente da norma (Tabela 38 deste guia), que relaciona a seção do PE com
de falta é imprescindível conhecer as impedâncias que fazem a seção do condutor de fase correspondente. Os valores da Tabela
parte do caminho desta corrente, o que, necessariamente, inclui a x são válidos apenas se o condutor de proteção for constituído do
impedância do condutor de proteção. No entanto, esta impedância mesmo metal que os condutores de fase. Caso não seja, sua seção
é função da seção do condutor de proteção, que é exatamente o deve ser determinada de modo que sua condutância seja equivalente
elemento que se quer determinar com o uso da expressão anterior. à da seção obtida pela tabela.
Assim sendo, o requisito de 6.4.3.1.2 tem pouca ou nenhuma
Tabela 38 - Seção mínima do condutor de proteção
aplicação prática na determinação da seção do condutor de proteção.
Seção dos condutores de fase S Seção mínima do condutor de proteção
A utilidade da expressão pode estar apenas na determinação do mm2 correspondente mm2
tempo de atuação (t) do dispositivo de proteção responsável pelo S ≤ 16 S
seccionamento automático, uma vez conhecidos os valores de S, I 16 < S ≤ 35 16
e k. Desta forma, é possível verificar se o dispositivo de proteção S > 35 S/2

que provoca o seccionamento do circuito num caso de falta fase-


PE irá atuar num tempo tal que o condutor de proteção suporta tal Mais do que uma alternativa, o uso da Tabela 38 é o único modo
solicitação. direto de escolher a seção do condutor de proteção. O conteúdo da
NBR 5410

Esta verificação, raramente feita nos projetos, é particularmente Tabela 38 é recorrente nas várias edições da norma e sua aplicação
importante nos casos em que a seção do condutor de proteção é é imediata nos casos em que cada circuito tem seu próprio condutor
menor (em geral, aproximadamente a metade) do que a seção do de proteção (Figura 126).
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Figura 126: caso em que cada circuito tem seu próprio condutor de proteção (PE)

Figura 127: caso em que cada o condutor de proteção (PE) é comum a mais de um circuito

Nos casos previstos em 6.4.3.1.5 da norma, é permitido que Tabela 39 – Correntes suportadas por condutores isolados em PVC em 1 ciclo
Tabela x - Correntes suportadas por condutores isolados em PVC em 1 ciclo
um condutor de proteção seja comum a dois ou mais circuitos, S (mm2) I (kA)

desde que esteja instalado no mesmo conduto que os respectivos 1,5 1,7

condutores de fase. Nestes casos, indica-se que a seção do condutor 2,5 2,8
4 4,4
114 PE deve ser selecionada conforme a Tabela 38, com base na maior
6 6,6
seção de condutor de fase desses circuitos. (Figura 127).
10 11,1
Embora não esteja tratado de modo explícito no texto da norma, nos
16 17,7
casos em que um dado circuito é composto por cabos em paralelo por
25 27,7
fase, sob o ponto de vista elétrico pode se considerar cada conjunto de
35 38,8
condutores vivos (ABCN) como um circuito independente para efeito de
50 55,4
aplicação da prescrição de 6.4.3.1.5. Assim, por exemplo, se um circuito
70 77,5
tem 3 cabos por fase 120 mm2, considera-se como se 3 circuitos de 120
95 105,2
mm2 estivessem instalados no mesmo conduto, sendo então 120 mm2
120 132,9
a maior seção de condutor de fase desses circuitos, resultando em um 150 166,2
condutor de proteção de 70 mm2 de seção nominal (120 / 2 = 60 mm2). 185 204,9
É importante entender que, ao permitir o compartilhamento do 240 265,8
condutor de proteção por mais de um circuito e determinar que se
considere a maior seção do condutor de fase dentre esses circuitos, 21 são elevadas, o que demonstra que a seleção destes condutores
a norma pressupõe que a pior falta fase-PE ocorrerá entre apenas pelo uso da tabela resulta num dimensionamento bastante adequado.
um condutor de fase de maior seção e o PE, sem a possibilidade Por exemplo, um condutor PE de 16 mm2 isolado em PVC suporta
de ocorrência de duas faltas ou mais entre fases e o condutor de por 1 ciclo uma corrente de falta fase-PE de 17,7 kA. Mesmo nos
proteção. Na prática, esta suposição é bastante real e razoável. casos das seções menores (abaixo de 10 mm2), as correntes ainda
Para verificar se a tabela 21 indica valores adequados, pode-se são altas considerando-se que, provavelmente, tais condutores
fazer um exercício simples, verificando-se os valores de corrente de servem a circuitos terminais, que possuem naturalmente uma
falta que seriam suportados pelos condutores de proteção isolados elevada impedância com conseqüentes correntes de falta reduzidas.
em PVC e protegidos por dispositivos de proteção que atuassem
no caso de faltas fase-PE em tempos de 1 ciclo (DRs, fusíveis e 16.8.2 Condutor de aterramento
disjuntores operam geralmente abaixo deste tempo). Assim, usando
a expressão de 6.4.3.1.2, com t = 1/60 s (1 ciclo) e k = 143 (isolação O condutor de aterramento deve ser dimensionado conforme
NBR 5410

em PVC), tem-se os resultados da Tabela 39. as mesmas prescrições do condutor de aterramento, porém a seção
Note-se nos valores da tabela que as correntes de falta fase-PE resultante deve ser maior ou igual à seção indicada na Tabela 52
suportadas pelos condutores de proteção dimensionados pela tabela (Tabela 40 deste guia).
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Tabela 40 - Seção mínima dos condutores para aterramento


Seções mínimas de condutores de aterramento enterrados no solo
Protegido contra Não protegido contra
danos mecânicos danos mecânicos
Protegido contra corrosão Cobre: 2,5 mm2 Cobre: 16 mm2
Aço: 10 mm 2
Aço: 16 mm2
Não protegido contra corrosão Cobre: 50 mm (solos ácidos ou alcalinos)
2

Aço: 80 mm2

Figura 129 - exemplo de dimensionamento de condutor de equipotencialização


16.8.3 Condutores de equipotencialização principal entre uma massa e um elemento condutor estranho à instalação elétrica

c) em qualquer dos casos anteriores a) ou b) anteriores, o condutor


Os condutores de equipotencialização principal devem ser
de equipotencialização suplementar deve atender ao estabelecido
dimensionados conforme 6.4.4.1.1 da NBR 5410. Suas seções
em 6.4.3.1.4. Este, por sua vez, trata da seção mínima de condutores
nominais não devem ser inferior à metade da seção do condutor de
de proteção que não façam parte do mesmo cabo multipolar ou não
proteção de maior seção da instalação, com um mínimo de 6 mm2 e
estejam contidos no mesmo conduto fechado que os condutores de
um máximo de 25 mm2, em cobre.
fase. Esta é, por sinal, uma situação muito usual de instalação do
Por exemplo, supondo-se que o maior condutor de proteção
condutor de equipotencialização suplementar.
da instalação tenha seção nominal 70 mm2, então metade da seção
é 35 mm2, porém, pela regra acima, a seção nominal de todos os
Desta forma, a norma estabelece a seção mínima de 2,5 mm2 em
condutores de equipotencialização principal pode ser 25 mm2.
cobre para o condutor de equipotencialização suplementar, se for provida
proteção ao condutor contra danos mecânicos (com sua instalação em
16.8.4 Condutores de equipotencialização suplementar
eletroduto ou eletrocalha, por exemplo); ou uma seção mínima de 4 mm2
em cobre para o condutor de equipotencialização suplementar, se não for
Os condutores de equipotencialização suplementar devem ser
provida proteção ao condutor contra danos mecânicos.
dimensionados conforme 6.4.4.1.2 da NBR 5410. Neste caso, a
norma prevê duas situações: condutor interligando duas massas e
16.8.5 BEP (Barramento de Equipotencialização Principal):
condutor interligando uma massa e um elemento condutor estranho
115
à instalação.
O BEP é um conceito, mais do que um componente físico
da instalação. Ele é um “ponto de encontro” dos condutores da
a) o condutor em cobre ou alumínio destinado a interligar
equipotencialização principal e do condutor de aterramento. Não
(equipotencializar) duas massas deve ter uma seção igual ou
é determinado na NBR 5410 nenhum formato para o BEP. No
superior à do condutor de proteção de menor seção ligado a essas
entanto, na prática, a maneira mais usual de executar o BEP tem
massas (Figura 128);
sido através do uso de uma barra geralmente de cobre.
Neste caso, é natural que, por coerência, a capacidade de
condução de corrente desta barra (e sua seção por conseqüência)
não deve ser inferior à capacidade de condução de corrente do
condutor de aterramento.
O comprimento (L) e largura (h) do BEP devem ser tais que
seja fisicamente possível realizar todas as ligações necessárias dos
condutores de equipotencialização principais existentes. O número
de ligações e a seção dos condutores a serem ligados ao BEP variam
de projeto para projeto (Figura 130).

Figura 128 - Exemplo de dimensionamento de condutor de equipotencialização


entre duas massas

b) o condutor em cobre ou alumínio destinado a interligar


(equipotencializar) uma massa e um elemento condutor estranho à
instalação elétrica deve ter uma seção igual ou superior à metade da
do condutor de proteção ligado à massa (Figura 129).

No caso do exemplo da figura 3, se o PE da massa tem seção


NBR 5410

6 mm2, então SPE/2 = 3 mm2 e, portanto, a seção mínima do


condutor de equipotencialização será 4 mm2 que é a seção nominal Figura 130: As dimensões físicas de um BEP na forma de barra dependem de
padronizada mais próxima. cada projeto
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Um conjunto de circuitos pode compartilhar um dispositivo


16.8.6 BEL (Barramento de Equipotencialização Local) de seccionamento comum desde que as condições de serviço
permitam essa solução. Essa medida não anula a obrigatoriedade
Valem os mesmos comentários feitos para o BEP, exceto que deve de cada circuito possuir seu próprio dispositivo de seccionamento.
ser verificada a capacidade de condução de corrente dos condutores O seccionamento comum de vários circuitos é utilizado quando
de equipotencialização ao invés dos condutores de aterramento. se deseja permitir o desligamento geral de uma instalação ou de
setores de uma instalação a partir de um quadro de distribuição,
17 Seccionamento e comando por exemplo (Figura 131).
Não é admitida a utilização de dispositivos a semicondutores
As prescrições da NBR 5410 sobre seccionamento e comando como dispositivos de seccionamento uma vez que não é garantida
são tratadas nos itens indicados na Tabela 41. a separação física dos contatos nestes dispositivos.
Tabela 41: Itens da NBR 5410 seccionamento e comando Os dispositivos de seccionamento devem ser projetados
Características Medidas de Seleção e e instalados de modo a impedir qualquer restabelecimento
gerais proteção instalação
inadvertido. Essas precauções podem incluir uma ou mais das
3.4 5.6 6.3.7
seguintes medidas: travamento do dispositivo de seccionamento
com cadeado; afixação de placas de advertência; instalação em
17.1 Seccionamento local ou invólucro fechado a chave (Figura 132). Como medida
suplementar, as partes vivas podem ser curto-circuitadas e
Seccionar é o ato de desligar completamente um dispositivo aterradas.
elétrico ou circuito de outros dispositivos ou outros circuitos,
provendo afastamentos adequados que assegurem condições de 17.2 Comando funcional
segurança especificadas em relação a quaisquer circuitos vivos.
A NBR 5410 prescreve que sempre devem existir meios de Comando é a ação humana ou de dispositivo automático que
seccionar a alimentação da instalação elétrica, seus circuitos modifica o estado ou a condição de determinado equipamento
e seus equipamentos para fins de manutenção, verificação, elétrico.
localização de defeitos e reparos. Comando funcional é a ação destinada a garantir o
Qualquer que seja o esquema de aterramento, o condutor de desligamento, a ligação ou a variação da alimentação de energia
116 proteção não deve ser seccionado, incluindo o condutor PEN dos elétrica de toda ou de parte de uma instalação, em condições
esquemas TN-C. de funcionamento normal. Um exemplo clássico de comando
Cada circuito, sem exceção, deve ter seu próprio dispositivo funcional é ligar e desligar uma lâmpada por meio de um
de seccionamento que seccione todos os condutores vivos (fases interruptor ou ligar, desligar e variar a intensidade luminosa da
e neutro). Há uma exceção em relação ao seccionamento do lâmpada por meio de um variador de luminosidade (“dimmer”).
neutro em esquema de aterramento TN-S, que, conforme 5.6.2.2, A NBR 5410 determina que todo circuito ou parte de circuito
não é necessário ser seccionado. que necessite ser comandado independentemente de outras

SECCIONAMENTO
INDIVIDUAL

INTERRUPTOR DR
PROTEÇÃO DR 63A/30MA
63A 16A
ABC ABC A
6 TOMADAS GARAGEM ILM. BANHO
#2.5
16A
16A
C 7 TOMADA GARAGEM 2P+T
1 ILUMINAÇÃO GARAGEM #2.5
60HZ - ICC=60KA
3F + N - 220/127V

#2.5 50A
16A A
B 8 CHUVEIRO ELÉTRICO
SECCIONAMENTO 2 ILUMINAÇÃO GARAGEM #10.0
#2.5 50A
COMUM 16A
A 9 CHUVEIRO ELÉTRICO
3 ILUMINAÇÃO GARAGEM
#2.5 #10.0
63A 16A
VEM DO QDC ABC C R
DO CONDOMÍIO
4 ILUMINAÇÃO VIGIA
# 16.0 # 16.0 #2.5
16A
B R
5 ILUMINAÇÃO BOX
3F + N + - 220/127V

#2.5
60HZ - ICC=60KA

16A
AC SENSORES DE PRESENÇA QUADRO DE
10 PTO FORÇA PORTÃO ELETRÔNICO NA PLANTA
#2.5 CONTATORES
10A
BA 9 k1
NBR 5410

CIRC.11 A

#1.0 #1.0

Figura 131 - Seccionamento comum e individual em um quadro de distribuição


GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Figura 133 – Em geral, o dispositivo de comando não precisa desligar todos os


condutores vivos

Todo equipamento de utilização deve ser provido de


dispositivo de comando funcional, que poderá ou não vir
de fábrica já incorporado ao equipamento. Caso não venha
incorporado, o dispositivo deve ser provido na instalação.
Um mesmo dispositivo de comando funcional pode comandar
vários equipamentos destinados a funcionar simultaneamente,
como é o caso, por exemplo, de um interruptor que comanda
várias lâmpadas.
Plugues e tomadas podem ser empregados como dispositivos
Figura 132 – Exemplos de travamentos e bloqueios
de comando funcional, desde que sua corrente nominal não seja
superior a 20 A.
partes da instalação deve ser provido de dispositivo de comando
funcional. 18 Circuitos de motores
Conforme 5.6.6.1.2, os dispositivos de comando funcional
não precisam seccionar necessariamente todos os condutores 18.1 Introdução 117
vivos do circuito. No entanto, se em algum caso houver
qualquer possibilidade de danos para as pessoas, componentes As prescrições da NBR 5410 sobre circuitos de motores
e equipamentos, então todos os condutores vivos devem ser são apresentadas em 6.5.1 e tratam especificamente de circuitos
seccionados. que alimentam motores em aplicações industriais e similares
Um caso que ilustra esta prescrição é o uso de interruptores normais.
de iluminação paralelos (“three ways”) em circuitos bifásicos São consideradas aplicações industriais e similares normais
(Figura 133). Normalmente, este interruptor possui três contatos aquelas que envolvem motores de indução com rotor de gaiola,
para comandar uma fase, sendo que precisaria ter seis contatos de potência nominal unitária não superior a 150 kW, operados
no caso de se desejar seccionar as duas fases em um circuito em regime de serviço S1, excluídas as aplicações de motores
bifásico! Pela aplicação de 5.6.6.1.2, fica dispensado o uso com potência não superior a 1,5 kW que acionem aparelhos
desse interruptor com seis terminais. Uma questão que pode ser eletrodomésticos e eletroprofissionais.
levantada neste caso é a segurança de alguém que vá trocar uma Desta forma, os circuitos de pequenos motores de uso
lâmpada em um circuito bifásico, cujo comando (interruptor) residencial para aparelhos eletrodomésticos e eletroprofissionais
desligou apenas uma das fases. Neste caso, poderia haver o risco devem ser tratados pelas regras gerais da norma (ver capítulo 15
de contato da mão com o condutor vivo ainda energizado ligado deste guia).
ao porta-lâmpada. Ocorre que, até mesmo a simples tarefa de Para efeito de utilização das prescrições da norma, assume-
trocar uma lâmpada deve ser realizada com o seccionamento se que as características dos motores, bem como do regime S1,
do circuito e não apenas com o desligamento feito por meio são aquelas definidas na NBR 7094.
do comando. Em outras palavras, deve-se seccionar o circuito Regime de serviço é a freqüência à qual o motor é submetido
na sua origem, no quadro de distribuição, antes de realizar a a uma determinada carga. Diz respeito, portanto, ao número
troca da lâmpada. Esse procedimento é necessário até mesmo de partidas do motor em um determinado intervalo de tempo,
porque não há nenhuma garantia que, ao queimar a lâmpada, o à natureza da carga mecânica (constante ou variável) e à
interruptor tenha ficado na posição “desligado”. intensidade da carga. A NBR 7094 define 10 regimes de partida
É proibida a instalação de dispositivo de comando unipolar (S1 até S10) que podem ser divididos em três tipos: regime
NBR 5410

no condutor neutro. Portanto, quando for necessário comandar o contínuo, regime de curta duração e regime intermitente.
neutro de um circuito por qualquer razão funcional, devem ser Os motores normalmente são projetados para suportar o
utilizados dispositivos multipolares. regime S1, que é aquele no qual o motor é submetido a uma
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

carga constante por um período de tempo suficiente para atingir que o motor possa trabalhar com ligação em dupla tensão, por
o equilíbrio térmico. exemplo, 220/380 V, 380/660 V ou 440/760 V. Além disso, os
O regime de serviço deve ser cuidadosamente observado na motores deverão ter, no mínimo, seis bornes de ligação.
especificação do motor, pois implica diretamente na temperatura Na ligação estrela, a corrente fica reduzida em cerca de 25%
de operação do motor e consequentemente na integridade do a 33% da corrente de partida na ligação triângulo e a curva do
sistema de isolamento. conjugado também é reduzida na mesma proporção. Por isso, a
partida estrela-triângulo normalmente é indicada para uso com
18.2 Limitação das perturbações devidas à partida de motores motor de conjugado elevado, em partidas em vazio, com carga
parcial, ou com aplicação da carga mecânica somente depois de
Durante a partida direta dos motores usuais, a corrente no ter sido atingida a rotação nominal.
circuito elétrico aumenta significativamente (da ordem de 5 a
10 vezes a corrente nominal) e, por conta disso, o motor pode Chave compensadora
provocar perturbações nas redes elétricas, sejam internas do
consumidor ou na rede da concessionária. Diferentemente da chave estrela-triângulo, a chave
Assim, os equipamentos a motor não devem, durante sua compensadora pode ser usada para a partida de motores sob
partida, causar perturbações inaceitáveis na rede de distribuição, carga. Ela reduz a corrente de partida, deixando, porém, o motor
na instalação propriamente dita e nos demais equipamentos. com um conjugado suficiente para a partida e aceleração.
Algumas destas perturbações incluem afundamentos de tensão A tensão na chave compensadora é reduzida através de um
e flicker (ver parte 22 deste guia). autotransformador que possui normalmente tapes de 50, 65 e
Em particular, devem ser consultadas as concessionárias 80% da tensão nominal.
sobre as condições de fornecimento de energia no caso da
partida direta de motores com potência acima de 3,7 kW (5 cv), Sistema eletrônico de partida suave (soft-starter)
em instalações alimentadas por rede pública em baixa tensão.
Caso a partida escolhida seja direta, a plena tensão, ela é O sistema eletrônico de partida suave (“soft-starter”) é um
feita por meio de um dispositivo de comando, geralmente um dispositivo formado basicamente por uma ponte de tiristores
contator. Existem conjuntos pré-montados, para a partida direta (SCR) que controlam a corrente de partida de motores de
de motores, que reúnem no mesmo invólucro o dispositivo de corrente alternada trifásica. Através da variação do ângulo de
118 comando (por exemplo, contator tripolar), o dispositivo de disparo dos SCRs da ponte, consegue-se variar progressivamente
proteção contra correntes de sobrecarga (por exemplo, relé o valor da tensão eficaz aplicada nos terminais do motor. Assim,
bimetálico) e o dispositivo de proteção do circuito terminal pode-se controlar muito bem a corrente de partida do motor,
contra correntes de curtos-circuitos (por exemplo, dispositivo proporcionando uma “partida suave”, de forma a minimizar os
fusível). Esses dispositivos são chamados de chaves de partida distúrbios.
direta de motores. As principais aplicações de soft-starters incluem as bombas
Durante a partida de motores de potência mais elevada, centrífugas, ventiladores, exaustores, sopradores, compressores de ar,
quando a corrente no circuito aumenta muito, a queda de misturadores, aeradores, centrífugas, serras e plainas, transportadores
tensão nos demais pontos de utilização da instalação não deve de carga, escadas rolantes, esteiras de bagagem, etc.
ultrapassar os valores indicados pela NBR 5410 e apresentados
no capítulo 15 deste guia. 18.3 Dimensionamento dos circuitos de motores
Para minimizar as perturbações em geral e reduzir a queda
de tensão durante a partida, recorre-se à utilização de sistemas O dimensionamento de um circuito de motor de acordo com
de partida de motores. Uma vez que os dispositivos de partida, a NBR 5410 inclui os elementos indicados na Figura x:
independentemente do tipo, alteram a tensão e a corrente
elétrica durante o tempo de partida, afetando assim o torque • Condutores do circuito terminal;
do motor, a escolha do sistema de partida mais adequado para • Dispositivo de proteção do circuito terminal contra correntes
uma determinada aplicação deve levar em conta o tipo de carga de curto-circuito (geralmente um dispositivo fusível);
mecânica a ser acionada. Também devem ser considerados os • Dispositivo de seccionamento para desligar o circuito terminal,
tempos de aceleração e de rotor bloqueado quando se utiliza a o dispositivo de comando e o motor. Em geral, são usados chaves
partida com tensão reduzida. seccionadoras e interruptores;
• Dispositivo de comando para partir e parar o motor (geralmente
Os tipos mais utilizados de dispositivos de partida indireta
um contator);
são os seguintes:
• Dispositivo de proteção do motor contra correntes de sobrecarga
NBR 5410

(geralmente um relé bimetálico);


Chave estrela-triângulo
• Condutores do circuito de distribuição;
Para a partida com chave estrela-triângulo é fundamental • Proteção de retaguarda que protege o circuito de distribuição
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

(terminais e de distribuição) que alimentam motores, deve ser


levado em conta que as quedas de tensão nos terminais dos
motores e nos demais pontos de utilização não devem ultrapassar
os valores indicados no capítulo 15 deste guia.
Durante a partida de um motor, a queda de tensão nos
terminais do dispositivo de partida não deve ultrapassar 10%
da tensão nominal do motor, observados os limites indicados no
capítulo 15 deste guia para os demais pontos de utilização da
instalação.
O cálculo da queda de tensão durante a partida do motor
deve ser efetuado considerando a corrente de rotor bloqueado
e, na falta de um valor mais preciso, pode ser considerado um
fator de potência igual a 0,3. O valor da corrente de partida varia
conforme o tipo e potência do motor e, portanto, deve ser obtida
no catálogo do fabricante.

13.3.3 Proteção contra corrente de sobrecarga

Conforme 6.5.1.4, a proteção contra correntes de sobrecarga


dos circuitos que alimentam motores pode ser provida por
Figura 134 – Elementos de um circuito de motor dispositivos de proteção integrados ao motor, sensíveis à
temperatura dos enrolamentos ou por dispositivos de proteção
externos ao motor, sensíveis à corrente do respectivo circuito.
contra corrente de curto-circuito (geralmente um dispositivo Quando for utilizado um dispositivo externo (geralmente um
fusível). relé térmico bimetálico acoplado a um contator), sua corrente
nominal ou de ajuste deve ser igual à corrente nominal do motor
multiplicada pelo fator de serviço, se existir. Como a série de
13.3.1 Capacidade de condução de corrente correntes nominais dos dispositivos apresenta incrementos 119
discretos, admite-se, na prática, uma diferença de até 12% entre
Conforme 6.1.5.3.1, os condutores do circuito terminal, as duas correntes.
que servem a um único motor, devem ter uma capacidade de
condução de corrente (IZ) não inferior à corrente nominal do 13.3.4 Proteção contra corrente de curto-circuito
motor (IM) multiplicada pelo fator de serviço (fS), se existir.
O fator de serviço de um motor é um multiplicador que pode Conforme 6.5.1.5, quando os condutores dos circuitos que
ser aplicado à potência que este pode fornecer sob tensão e alimentam motores forem protegidos contra correntes de
frequência nominais sem comprometer o limite de elevação de sobrecarga por dispositivos que se limitem a essa proteção, como
temperatura do enrolamento. relés térmicos, a proteção contra correntes de curto-circuito
pode ser assegurada por dispositivo de proteção exclusivamente
Iz ≥ fS . IM contra curtos-circuitos, que podem ser:

Quando um motor possuir característica nominal com mais • Disjuntores equipados apenas com disparadores de
de uma potência e/ou velocidade, o condutor a ser escolhido sobrecorrente instantâneos, com corrente de disparo magnético
deverá ser o que resulte em maior seção, quando considerada maior que a corrente de rotor bloqueado do motor, porém não
individualmente cada potência e velocidade. superior a 12 vezes a corrente nominal do motor; ou
Os condutores que alimentam dois ou mais motores devem • Dispositivos fusíveis com característica gM ou aM, com
ter capacidade de condução de corrente não inferior à soma das corrente nominal inferior ao valor obtido multiplicando-se a
capacidades determinadas para cada motor mais as correntes corrente de rotor bloqueado do motor pelo fator indicado na
nominais das outras cargas (IL) eventualmente alimentadas pelo Tabela 42.
mesmo circuito.
Tabela 42 - Fator para a determinação da corrente nominal
máxima de fusíveis tipo ‘gM’

Iz ≥ ∑ fS . IM + ∑ IL Corrente de rotor bloqueado (IP) Fator a aplicar no cálculo do fusível


(A)
NBR 5410

13.3.2 Queda de tensão IP ≤ 40 0,50


40 < I P ≤ 500 0,40

Conforme 6.1.5.3.2, no dimensionamento dos circuitos 500 < IP 0,30


GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

podem ser chamados de TTA, desde que não tenham modificações


19 Conjuntos de proteção, manobra e em seu projeto que possam resultar em alterações do desempenho
comando – Quadros de distribuição do quadro nos ensaios de tipo. Mudanças de dimensionamento de
barramentos, afastamentos entre partes vivas e entre partes vivas e
19.1 Normalização aterradas, por exemplo, podem implicar em alteração no desempenho
nos ensaios. Por outro lado, a mudança na cor de acabamento ou no
As normas brasileiras em vigor sobre quadros elétricos no número de circuitos do quadro são exemplos de alterações que não
momento da publicação deste guia são: alteram o desempenho.
A norma NBR IEC 60439-1 define os seguintes ensaios de tipo:
• NBR IEC 60439-1 - Conjuntos de manobra e controle de baixa
tensão Parte 1: Conjuntos com ensaio de tipo totalmente testados a) verificação dos limites de elevação da temperatura;
(TTA) e conjuntos com ensaio de tipo parcialmente testados b) verificação das propriedades dielétricas;
(PTTA). Esta norma aplica-se aos quadros de distribuição em que c) verificação da corrente suportável de curto-circuito;
a tensão nominal não exceda 1000 Vca, a freqüências que não d) verificação da eficácia do circuito de proteção;
excedam 1000 Hz, ou 1 500 Vcc; e) verificação das distâncias de escoamento e de isolação;
• NBR IEC 60439-3 - Conjuntos de manobra e controle de baixa f) verificação do funcionamento mecânico;
tensão - Parte 3: Requisitos particulares para montagem de acessórios g) verificação do grau de proteção.
de baixa tensão destinados a instalação em locais acessíveis a
pessoas não qualificadas durante sua utilização - Quadros de 19.2.2 PTTA (Partially Type Tested Assembly) – Quadro de
distribuição. Esta Norma fornece requisitos adicionais para quadros distribuição com ensaios de tipo parcialmente testados
de distribuição, seus invólucros, contendo dispositivos de proteção
e que são destinados a serem utilizados para uso interno, para uso Um quadro é chamado de PTTA quando utiliza projeto, materiais e
em aplicações domésticas ou em outros locais onde pessoas não montagem similares ao de um quadro TTA, porém possui “pequenas”
qualificadas têm acesso à sua utilização. Os dispositivos de controle alterações em relação ao quadro TTA que comprovadamente não
e/ou sinalização também podem ser incluídos. Eles são destinados a alteram o desempenho do quadro nos ensaios de tipo.
ser usados em corrente alternada com uma tensão nominal fase-terra Para comprovar que o desempenho é similar ao do projeto
que não exceda 300 V. Os circuitos de saída contêm os dispositivos original, a NBR IEC 60439-1 aceita que sejam feitos cálculos ou
120 de proteção contra curtos-circuitos, cada um com uma corrente inferências, dispensando assim a realização de todos os ensaios de
nominal que não exceda 125 A, com uma corrente total de entrada tipo (daí a designação de “parcialmente” testados). Os ensaios que
que não exceda 250 A. podem ser substituídos por cálculos ou inferências são os de elevação
de temperatura e corrente suportável de curto-circuito, sendo
Conforme a norma NBR IEC 60439-1, um conjunto de manobra obrigatória a realização dos demais ensaios mencionados em 19.2.1.
de baixa tensão é a combinação de um ou mais dispositivos O conceito de quadro PTTA surgiu por conta do longo tempo
e equipamentos de manobra, controle, medição, sinalização, e alto custo de se testar todas as variações possíveis que podem
proteção, regulação, etc., completamente montados, com todas as existir em um quadro elétrico devido às diferentes necessidades de
interconexões internas elétricas e mecânicas e partes estruturais aplicações práticas. O conceito de PTTA permite que os fabricantes
sob a responsabilidade do fabricante. Essa definição é semelhante desenvolvam alguns projetos típicos (padronizados), submeta-os aos
àquela que a norma NBR IEC 50(826) apresenta para quadro de ensaios de tipo (para que sejam TTA) e, a partir daí, façam repetições
distribuição. Neste sentido, pode-se utilizar indiferentemente uma ou idênticas desta montagem (quadros TTA) ou construam pequenas
outra terminologia. variantes daquele modelo (quadros PTTA).
Uma conclusão evidente sobre o assunto é que somente pode
19.2 TTA e PTTA existir um quadro PTTA a partir da existência prévia de um quadro
TTA. É preciso cautela em relação aos quadros elétricos que
A partir da introdução das normas indicadas em 19.1, surgiram as “orgulhosamente” ostentam o rótulo de “PTTA” sem que o fabricante
denominações TTA e PTTA, muito utilizadas no mercado, mas, por jamais tenha produzido uma peça sequer de um quadro TTA!
assim dizer, pouco conhecidas em seus significados.
19.3 Especificação
19.2.1 TTA (Type Tested Assembly) – Quadro de distribuição com
ensaios de tipo totalmente testados
A especificação mínima de um quadro de distribuição a ser
indicada em projeto deve conter os seguintes parâmetros:
Admita-se que um quadro foi projetado, montado e submetido aos
ensaios de tipo da norma NBR IEC 60439-1, tendo sido aprovado. A • Tensão nominal (V)
NBR 5410

esse quadro é dado o nome de TTA, por ter sido totalmente testado • Corrente nominal (A)
em relação aos ensaios de tipo. A partir deste ponto, todos os demais • Capacidade de curto-circuito (kA)
quadros produzidos a partir do projeto original do quadro TTA também • Grau de proteção – IP
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

• Tipo de montagem (sobrepor ou de embutir) choques elétricos. Os condutores flexíveis de alimentação


• Tipo de invólucro dos componentes e instrumentos fixados nas portas ou tampas
devem ser dispostos de tal forma que os movimentos das portas
19.4 Prescrições da NBR 5410 ou tampas não possam causar danos a esses condutores.
Embora não seja obrigatório nem pelas normas
19.4.1 Montagem NBR IEC 60439-1 e 60439-3, nem pela NBR 5410, deve-se
atentar para a eventual utilização de componentes internos do
A NBR 5410 trata especificamente de quadros elétricos em quadro com características de não propagação de chama, baixa
6.5.4. Na época da publicação da NBR 5410, em 2004, somente emissão de fumaça, gases tóxicos e corrosivos (materiais não
havia sido publicada a NBR IEC 60439-1, daí a prescrição halogenados). Quando da queima de componentes internos
da norma de instalações fazer a indicação de que os quadros que são fabricados com materiais halogenados (PVC, por
montados em fábrica devem atender à norma NBR IEC 60439-1. exemplo), eles emitem gases corrosivos que podem facilmente
Com certeza, a próxima revisão da norma irá indicar a existência destruir contatos metálicos dos dispositivos de seccionamento,
da NBR 60439-3 e a necessidade de seu atendimento no caso de comando, proteção, alarme, controle, sinalização, medição,
manuseio por pessoas não qualificadas. etc. instalados no interior do quadro. Isso implica na
No caso em que os quadros sejam montados em obra, o item interrupção do funcionamento de toda a instalação, parte dela
6.5.4 determina que eles devam apresentar segurança e desempenho ou apenas de um determinado circuito, com consequências
equivalentes aos montados em fábrica, ou seja, devem atender às que podem ser desprezíveis ou muito sérias, dependendo do
normas citadas. Embora a norma permita a montagem em obra, grau de importância da operação dos equipamentos ligados.
dada a complexidade da realização em campo dos ensaios indicados Essa recomendação é particularmente importante nos casos
em 19.2.1, essa opção é praticamente inviável. dos condutores elétricos e canaletas existentes no interior
dos quadros, que são, geralmente, os componentes com maior
19.4.2 Espaços volume de material combustível nestes locais.

Devem ser previstos espaços de reserva no interior dos quadros 19.4.4 I nstalação e graus de proteção

visando a futuras ampliações. O espaço mínimo a ser deixado no


quadro está indicado na Tabela 59 da norma (Tabela x neste guia). Os quadros devem ser instalados em locais de fácil
Tabela 43: espaço de reserva em quadros acesso, sem objetos que obstruam a sua abertura, longe de 121
Quantidade de circuitos Espaço mínimo destinado a botijões e pontos de gás. A menos que sejam especificamente
efetivamente disponível reserva (em número de circuitos) construídos para esta finalidade, os quadros não devem ser
N instalados em locais frequentemente molhados ou com muita
Até 6 2 umidade, tais como no interior de banheiros com chuveiros
7 a 12 3
ou em saunas.
13 a 30 4
O grau de proteção do quadro deve ser compatível com
N > 30 0,15 N
as influências externas previstas. Em geral, as influências
externas mais importantes para um quadro elétrico são AD
Por exemplo, um quadro com 10 circuitos, não importando (presença de água) e AE (presença de corpos sólidos).
se são circuitos monofásicos, bifásicos ou trifásicos, deve
possuir, no mínimo, 3 espaços destinados a futuros circuitos. 20 Verificação final
Uma boa prática de engenharia, neste caso, é prever para
cada um dos 3 circuitos o maior espaço possível, ou seja, O planejamento da verificação final da instalação elétrica
se existirem circuitos trifásicos no quadro, então podem de média tensão deve levar em consideração os níveis de
ser previstos espaços para 3 futuros circuitos trifásicos. Se tensão presentes, as maneiras de instalar os componentes,
existirem circuitos bifásicos e não trifásicos, então se prevêem as disposições e o acesso às linhas elétricas, aos quadros de
3 espaços para circuitos bifásicos e o mesmo no caso de apenas distribuição, os tipos de equipamentos e materiais, dentre
existirem circuitos monofásicos. outras características. Devem ainda ser conhecidas todas as
É muito importante lembrar ainda que os quadros devem normas técnicas necessárias para a realização do serviço.
prever espaços para a instalação imediata ou futura de O procedimento da inspeção deve ser documentado de
dispositivos protetores de surto (DPS), além dos dispositivos forma a garantir transparência e imparcialidade a todos os
diferenciais residuais praticamente obrigatórios. envolvidos no processo de comissionamento. A sequência de
trabalho, as diretrizes principais e seus limites de atuação são
19.4.3 M ontagem elementos indispensáveis para sua caracterização e definição
NBR 5410

antes de começar o trabalho. Além disso, a definição clara dos


Os quadros elétricos devem possuir, além da porta (externa), níveis de qualificação e responsabilidade dos profissionais
uma tampa interna que serve de barreira na proteção contra envolvidos na inspeção é fundamental.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

verificação da instalação elétrica;


20.1 Prescrições gerais • Identificação dos profissionais responsáveis pelo projeto e
pela execução da instalação elétrica;
A verificação final, que é tratada na Seção 7 da NBR 5410, • Identificação do profissional responsável pela verificação da
deve ser realizada em todas as instalações novas e nas partes instalação elétrica;
da obra que sofreram reformas têm por objetivo avaliar a • Data da verificação da instalação elétrica;
conformidade da instalação com as prescrições da norma. • Relação dos desenhos e demais documentos da instalação
Preferencialmente, essa verificação, que é composta por utilizados na verificação;
inspeção visual e ensaios, deve ser feita durante a execução • Relação dos equipamentos e instrumentos utilizados na
da obra, permitindo assim que os materiais da instalação que verificação;
futuramente venham a ficar fora de vista também possam ser • Descritivo com o registro das verificações e conclusões
inspecionados. Além disso, eventuais alterações na instalação (conforme; não conforme; não aplicável) e resultados (ensaios)
elétrica decorrentes de não conformidades apontadas durante a obtidos em cada item, acompanhados, quando necessário, de
verificação podem ser mais fácil e rapidamente corrigidas e com observações ou comentários;
custos menores. Caso a verificação não tenha ocorrido por etapas • Conclusão da verificação indicando se a instalação está ou
ao longo da execução da obra, ela pode ser realizada quando não em conformidade com a NBR 5410.
concluída, porém antes de ser colocada em serviço pelo usuário.
Durante a realização da inspeção e dos ensaios, que devem 20.2 I nspeção visual
ser realizados a partir da documentação como construído
(as built), é necessário que sejam tomadas precauções para Conforme 7.2, a inspeção visual deve preceder os
garantir a segurança das pessoas e evitar danos à propriedade ensaios, deve ser realizada com a instalação desenergizada
e aos equipamentos instalados. Para atender as prescrições da e tem por objetivo confirmar se os componentes elétricos
norma, alguns ensaios elétricos são realizados com aplicação de permanentemente conectados estão em conformidade com
tensões que podem chegar a alguns milhares de volts. Nestes os requisitos de segurança das normas aplicáveis e se estão
casos, é fundamental atender as exigências da NR-10 relativas corretamente selecionados e instalados de acordo com a norma
ao comissionamento de instalações elétricas que, além de e o projeto da instalação. Além disso, a inspeção visual permite
outros cuidados, indica que tais atividades somente podem avaliar se os componentes não estão danificados, de modo a
122 ser realizadas por trabalhadores que atendam às condições de restringir sua segurança, e se estão desimpedidos de restos
qualificação, habilitação, capacitação e autorização estabelecidas de materiais, ferramentas ou outros objetos que venham a
naquela NR (ver parte deste Guia relativa à NR-10). Além da comprometer seu isolamento.
qualificação do pessoal, os ensaios devem ser realizados por A inspeção visual deve incluir no mínimo a verificação dos
meio de equipamentos e instrumentos adequadamente aferidos seguintes pontos, quando aplicáveis:
e comprovadamente seguros.
A partir desta verificação, um profissional devidamente a) Medidas de proteção contra choques elétricos, incluindo
habilitado deve elaborar um laudo que certifique a conformidade medição de distâncias relativas à proteção por barreiras ou
da instalação em relação aos requisitos da NBR 5410. invólucros, por obstáculos ou pela colocação fora de alcance.
Longe de um “está bom” ou “não está bom”, o resultado da Essa inspeção visa à preservação das distâncias de segurança
verificação se traduz em um relatório técnico de conformidade mínimas necessárias para a operação e manutenção segura das
que atesta o atendimento da instalação aos requisitos da NBR instalações elétricas de baixa tensão.
5410. Não há um formato padronizado para este relatório, mas,
ele deve conter a maior quantidade possível de informações, b) Medidas de proteção contra efeitos térmicos, verificando,
detalhes, resultados e imagens. Deve conter a condição real das por exemplo, a presença de barreiras contra fogo e outras
instalações em uma determinada data, apontando de forma clara precauções contra propagação de incêndio indicadas no projeto
e inequívoca as não conformidades encontradas. Exceto se o elétrico. Além de verificar a presença propriamente dita das
contrato entre as partes assim prever, não cabe ao relatório da barreiras e dos outros elementos, é importante conferir suas
verificação da instalação elétrica emitido para efeito de atender dimensões, afastamentos e condições de instalação (robustez,
a Seção 7 da NBR 5410 indicar um programa de trabalho ou um estabilidade, materiais utilizados, etc.);
conjunto de ações corretivas que devem ser utilizados para que a
instalação fique conforme as prescrições da norma. c) Seleção e instalação das linhas elétricas: devem ser comparadas
Independentemente do formato final de um relatório, as especificações e maneiras de instalar dos condutores e das
ele deve conter, no mínimo, os seguintes elementos que são linhas elétricas indicadas no projeto com a situação encontrada
indispensáveis para garantir o registro adequado da verificação: em campo. Incluem-se nesta verificação a identificação da seção
NBR 5410

nominal, tensão nominal e norma técnica dos cabos elétricos e


• Identificação da instalação/obra: nome, endereço; barramentos blindados utilizados, assim como as especificações
• Identificação do responsável pela contratação do serviço de dos materiais de linhas elétricas e acessórios empregados;
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

d) Seleção, ajuste e localização dos dispositivos de proteção: de identificação clara e indelével dos componentes elétricos e
as características nominais e os eventuais ajustes de todos os a sua correspondência com o projeto elétrico. Por exemplo, os
dispositivos de proteção determinados em projeto devem ser projetos costumam identificar nos esquemas os quadros, circuitos,
cuidadosamente verificados uma vez que, inadvertidamente, dispositivos e equipamentos por nomes, letras e/ou números
eles podem ser alterados durante a execução da instalação. (conforme Figura 135), os quais devem ser marcados nos
Em particular, nos casos de dispositivos de proteção respectivos componentes instalados em obra. Essa identificação é
multifuncionais, deve-se verificar também se o ajuste indicado fundamental para a realização segura, ágil e eficaz das atividades
no projeto está aplicado no dispositivo adequado, pois é possível de manutenção e operação da instalação elétrica.
que, de forma acidental, sejam invertidos os parâmetros de
ajustes entre diferentes funções de um mesmo relé. Outro h) presença das instruções, sinalizações e advertências requeridas:
ponto de atenção é com relação à verificação da capacidade de a verificação desse item garante que os documentos e esquemas
interrupção nominal dos dispositivos de proteção instalados, sejam mantidos à disposição do pessoal de operação e manutenção
que deve ser a mesma indicada em projeto; da instalação, além de autoridades que vierem a fiscalizar a obra.
Em relação apenas ao atendimento da NBR 5410, a documentação
e) Presença dos dispositivos de seccionamento e comando, mínima que deve estar permanentemente disponibilizada
sua adequação e localização: essa verificação tem por objetivo no local, na versão “as built”, é aquela indicada em 6.1.8 da
principal avaliar as condições de montagem dos dispositivos norma, que é a seguinte: plantas; esquemas (unifilares e outros
em relação à posição, condições de acesso, ventilação, que se façam necessários); detalhes de montagem; memorial
afastamentos e demais aspectos relativos ao correto emprego descritivo; especificação dos componentes: descrição sucinta
dos componentes. do componente, características nominais e normas a que devem
atender. Embora não seja obrigatório para efeito de verificação
f) adequação dos componentes e das medidas de proteção às da conformidade conforme a Seção 7 da NBR 5410, pode ser útil
condições de influências externas existentes: após a montagem, que o comissionamento solicite (ou faça um alerta), além dos
mesmo que ela tenha sido fiel ao projeto executivo original, e documentos anteriores, aqueles que são solicitados na NR-10
ainda que tenha passado pelo crivo do “as built”, é possível que relativos ao chamado “Prontuário de instalações elétricas” (ver
existam condições externas que possam afetar o funcionamento, item 2 na parte deste Guia relativa à NR-10).
desempenho e vida útil dos componentes. Dessa forma, além de
conferir as especificações dos componentes e suas adequadas i) execução das conexões: o profissional encarregado da 123
instalações conforme previsto no projeto, a verificação verificação deve avaliar visualmente se as conexões de
em questão deve estar atenta a outras influências externas cabos elétricos a barramentos, terminações, buchas ou entre
importantes presentes no local que não foram consideradas. barramentos e isoladores, etc. estão adequadamente executados.
Sempre que necessário deve-se recorrer às instruções de
g) identificações dos componentes: deve ser verificada a existência montagem dos fabricantes.

PROTEÇÃO DR
63A 16A
ABC ABC A
6 TOMADAS GARAGEM ILM. BANHO
#2.5
16A
16A
C 7 TOMADA GARAGEM 2P+T
1 ILUMINAÇÃO GARAGEM #2.5
60HZ - ICC=60KA
3F + N - 220/127V

#2.5 50A
16A A
B 8 CHUVEIRO ELÉTRICO
SECCIONAMENTO 2 ILUMINAÇÃO GARAGEM #10.0
#2.5 50A
COMUM 16A
A 9 CHUVEIRO ELÉTRICO
3 ILUMINAÇÃO GARAGEM
#2.5 #10.0
63A 16A
VEM DO QDC ABC C R
DO CONDOMÍIO
4 ILUMINAÇÃO VIGIA
# 16.0 # 16.0 #2.5
16A
B R
5 ILUMINAÇÃO BOX
3F + N + - 220/127V

#2.5
60HZ - ICC=60KA

16A
AC SENSORES DE PRESENÇA QUADRO DE
10 PTO FORÇA PORTÃO ELETRÔNICO NA PLANTA
#2.5 CONTATORES
10A
BA 9 k1
CIRC.11 A
NBR 5410

#1.0 #1.0

Figura 135 - Identificação dos circuitos


GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

j) acessibilidade: essa verificação tem por objetivo principal e 24 V, sendo que a corrente de ensaio deve ser de, no mínimo 0,2
avaliar as condições de acesso e operação dos dispositivos A. Usualmente são utilizados instrumentos de medição específicos
em relação aos espaçamentos mínimos e áreas de circulação para a finalidade (chamados de terrômetros) com configuração a
necessárias para garantir a segurança dos trabalhadores e o quatro fios (dois para corrente elétrica e dois para tensão). Essa
correto manuseio dos componentes. configuração diminui ou evita o erro provocado pela resistência
própria dos cabos utilizados no ensaio e de seus respectivos
20.3 Ensaios contatos. Podem ser utilizados também miliohmimetros ou
microohmimetros de quatro terminais. No caso de utilização
Conforme 7.3, os ensaios da instalação devem ser de instrumentos independentes, deve-se atentar para a corrente
realizados com valores compatíveis aos valores nominais mínima que eles podem injetar.
dos equipamentos utilizados e o valor nominal de tensão da
instalação. No caso de não-conformidade em qualquer dos b) R esistência de isolamento da instalação elétrica
ensaios, este deve ser repetido, após a correção do problema,
bem como todos os ensaios precedentes que possam ter sido Por definição, resistência de isolamento é o valor da
influenciados. resistência elétrica entre duas partes condutoras separadas por
A NBR 5410 apresenta algumas sugestões de métodos de materiais isolantes.
ensaio, porém outros procedimentos podem ser utilizados, A resistência de isolamento deve ser medida entre os
desde que, comprovadamente, produzam resultados confiáveis condutores vivos, tomados dois a dois e entre cada condutor
e acordados entre as partes envolvidas no processo de vivo e a terra. Em geral, os instrumentos que medem essa
comissionamento da instalação. No caso de se utilizar métodos grandeza são chamados de “megômetro”, em português ou
de ensaios diferentes daqueles indicados na NBR 5410, “megger” em inglês, porque os valores obtidos são sempre da
recomenda-se que as justificativas que levaram a essa escolha ordem de megaohms.
sejam incluídas no relatório final. As medições devem ser realizadas com corrente contínua e
Deve-se destacar que o ensaio de partes da instalação o equipamento de ensaio deve ser capaz de fornecer a tensão
ou de componentes em separado não substitui a realização de ensaio especificada na tabela 60 da norma (Tabela 44 deste
dos ensaios listados anteriormente, os quais abrangem a guia) com uma corrente de 1 mA.
instalação elétrica completa. Com efeito, já foram verificadas Quando o circuito incluir dispositivos eletrônicos, o ensaio
124 situações em que, apesar dos equipamentos ainda não ligados à deve se limitar apenas à medição entre a terra, de um lado, e
instalação possuírem níveis de isolamento adequados ou dentro a todos os demais condutores interligados, de outro, a fim de
de limites e tolerâncias, após a sua montagem em posição final evitar danos aos dispositivos eletrônicos.
e a realização das interligações ao sistema elétrico, o resultado Quando se mede resistência de isolamento, não é
desse nível de isolamento se mostrou precário ou abaixo dos conveniente usar um multímetro comum, pois a sua tensão
limites estabelecidos. . interna é muito baixa, resultando em erros grosseiros de
Os ensaios indicados na norma visam também a detectar (e medição.
sanar) uma situação comum que é a ocorrência de problemas A resistência de isolamento é considerada satisfatória se
durante o transporte dos equipamentos até a obra, ocasionando o valor medido no circuito sob ensaio, com os equipamentos
danos internos não detectados numa inspeção visual, mas que de utilização desconectados, for igual ou superior aos valores
ficam evidenciados quando da realização dos ensaios. Podem mínimos especificados na Tabela 44.
acontecer também problemas na montagem, esquecimento de Tabela 44 - Valores mínimos de resistência de isolamento
ferramentas no interior do equipamento ou até mesmo danos Tensão nominal do Tensão de ensaio Resistência
circuito V (V em corrente de isolamento
à isolação ou partes internas e móveis dos acionamentos e contínua) MW
mecanismos. SELV e extrabaixa tensão funcional, quando o 250 ≥ 0,25
circuito for alimentado por um transformador de
Para efeito de conformidade com a NBR 5410, os ensaios
segurança (5.1.2.5.3.2) e atender aos requisitos
mínimos a serem realizados são os seguintes: de 5.1.2.5.4

Até 500 V, inclusive, com exceção do caso acima 500 ≥ 0,5


a) Continuidade elétrica dos condutores de proteção e das

ligações equipotenciais principais e suplementares Acima de 500 V 1000 ≥ 1,0


O ensaio de continuidade dos condutores de proteção Existem alguns fatores apresentados a seguir que podem
deve verificar se o aterramento principal, os trechos de influenciar o valor da resistência de isolamento de forma acentuada,
conexão entre equipamentos e malhas de terra, as ligações de e que deverão ser levados em conta para uma correta interpretação
equipotencialização previstas no projeto existem e se estão dos testes.
NBR 5410

ligados eletricamente entre si.


A norma menciona que o ensaio de continuidade deve ser • Estado da superfície
realizado com uma fonte de tensão que, em vazio, tenha entre 4 V Materiais condutores estranhos, tais como pó de carbono,
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

quando depositados sobre a superfície dos isolantes e superfícies Os anexos H, J, K e L da norma fornecem explicações sobre
não isoladas, como conectores, coletores, etc. reduzem a estes procedimentos.
resistência de isolamento superficial. Por outro lado, materiais não
condutores podem fazer-se condutores quando mesclados com e) ensaio de tensão aplicada
óleos e graxas. Isto alcança importância especial nas máquinas de
coletor, devido à grande quantidade de material condutor exposto. O ensaio de tensão aplicada deve ser realizado nos quadros de
Por esta razão o dielétrico deverá estar perfeitamente limpo, antes distribuição construídos ou montados no local, sendo o valor da
da realização dos testes. tensão de ensaio aquele indicado nas normas aplicáveis ao conjunto
ou montagem, como se fosse um produto pronto de fábrica.
• Umidade superficial Na ausência de Norma Brasileira e IEC, as tensões de ensaio
Indiferentemente da limpeza, quando o dielétrico estiver a uma devem ser as indicadas na tabela 61 da norma (Tabela 45 neste
temperatura inferior ao ponto de orvalho, será formado um filme guia), para o circuito principal e para os circuitos de comando e
de umidade condensada sobre a superfície, que será absorvida auxiliares. Quando não especificado diferentemente, a tensão de
pelos materiais isolantes, devido às suas higroscopias (capacidade ensaio deve ser aplicada durante 1 min. Existem fontes de alta
de absorver umidade do ar ou de outros elementos por simples tensão disponíveis no mercado especificamente fabricadas para a
exposição ou contato). A condensação será mais agressiva no caso realização de ensaios de tensão aplicada, usualmente conhecidas
em que os materiais se encontrem com a superfície suja. Neste caso, por “Hipot”, em inglês.
o valor da resistência de isolamento será muito pequena. Durante o ensaio não devem ocorrer arcos nem falhas da
isolação.
• Temperatura Tabela 45 - Ensaio de tensão aplicada - Valores da tensão de ensaio (V)
A resistência de isolamento varia extraordinariamente com U1) Isolação Isolação Isolação
a temperatura. Nas máquinas rotativas, por exemplo, pode ser (V eficaz) básica suplementar reforçada

considerado que, a cada 5 ºC de elevação da temperatura, a 50 500 500 750

resistência de isolamento se reduz à metade. Para poder comparar 133 1 000 1 000 1 750

os valores de resistência de isolamento ao longo da vida útil dos 230 1 500 1 500 2 750

equipamentos é necessário que os resultados dos diferentes testes 400 2 000 2 000 3 750

sejam corrigidos para o mesmo valor de temperatura. Para cada 690 2 750 2 750 4 500

tipo de componente, existem tabelas nas suas normas técnicas que 1 000 3 500 3 500 5 500
125
fornecem estes fatores de correção.

f) ensaios de funcionamento
c) resistência de isolamento das partes da instalação objeto de

SELV, PELV ou separação elétrica As montagens tais como quadros, acionamentos, controles,
intertravamentos, comandos etc. devem ser submetidas a um ensaio
A isolação básica e a separação de proteção, implícitas no uso de de funcionamento para verificar se o conjunto está corretamente
SELV ou PELV (conforme 5.1.2.5 da norma) e no uso da separação montado, ajustado e instalado em conformidade com a norma e o
elétrica individual (conforme 5.1.2.4), devem ser verificadas por projeto.
medição da resistência de isolamento. Os valores de resistência de Neste caso, devem ser simuladas todas as possíveis combinações
isolamento devem ser medidos da mesma forma que no caso b) de operação previstas no projeto, tais como desligamento e
anterior, e os valores obtidos devem ser iguais ou superiores aos transferência de cargas, atuação de relés e alarmes, etc. de modo a
valores mínimos especificados na Tabela x. verificar o correto funcionamento do conjunto.
Durante a realização dos ensaios de funcionamento do conjunto,
d) seccionamento automático da alimentação
pode ser necessário avaliar o comportamento de alguns dispositivos
de proteção individualmente para verificar se estão corretamente
No caso do esquema de aterramento TN, essa parte da inspeção instalados e ajustados.
compreende a medição da impedância do percurso da corrente de
falta, a verificação visual das características nominais do dispositivo de 21 Manutenção
proteção associado e o ensaio de funcionamento do dispositivo DR .
A medição da impedância pode ser substituída pela medição Os aspectos gerais de manutenção das instalações elétricas de
da resistência dos condutores de proteção, mas tanto a medição baixa tensão são tratados na seção 8 da NBR 5410, que estabelece
da impedância do percurso da corrente de falta quanto a medição as diretrizes básicas para as equipes de manutenção e operação.
da resistência dos condutores de proteção podem ser dispensadas, Entende-se por manutenção as ações que venham a contribuir
se os cálculos da impedância do percurso da corrente de falta para prever, evitar ou corrigir desvios de operação e continuidade
NBR 5410

ou da resistência dos condutores de proteção forem disponíveis de trabalho apresentado por uma instalação ou equipamento. Nos
e a disposição da instalação for tal que permita a verificação do casos de ausência da ação corretiva, é possível que haja a diminuição
comprimento e da seção dos condutores. ou perda de desempenho e funcionamento de um equipamento ou
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

do todo, o risco de parada de um processo e, principalmente, pode As rotinas de inspeção básicas para equipamentos elétricos
haver um risco a integridade física dos profissionais ou pessoas em operação normal envolvem, de uma forma geral, avaliar o
que venham a ter contato direto ou indireto com essa instalação aquecimento dos equipamentos elétricos e a sua limpeza. No caso
defeituosa. das máquinas elétricas rotativas, também é interessante verificar-se
vibrações e ruídos anormais, temperatura dos mancais, superfície
21.1 Condições gerais de manutenção do estator e do rotor (inspeção visual para determinar a presença de
alguma contaminação ou ferrugem, bem como lascas, borbulhas e
Sempre que aplicável, a instalação a ser verificada deve ser arranhões).
desenergizada. Os casos em que não seria aplicável a desenergização A NBR 5410 determina que devem ser inspecionados o estado
podem estar relacionados com aspectos operacionais complexos dos cabos e seus respectivos acessórios, assim como os dispositivos
ou custos elevados de paradas de produção e indústrias, centros de fixação e suporte, observando sinais de aquecimento excessivo,
de processamento de dados, áreas de segurança, etc. Além disso, rachaduras, ressecamento, fixação, identificação e limpeza.
podem existir questões de segurança e saúde das pessoas afetadas Deve ainda ser verificada a estrutura do conjunto de manobra e
por essa parada do equipamento, como em instalações assistenciais controle (quadros), observando seu estado geral quanto à fixação,
de saúde, por exemplo. A NR-10 traz uma série de medidas para danos na estrutura, pintura, corrosão, fechaduras e dobradiças.
segurança dos trabalhadores que executam serviços de manutenção Deve ser verificado o estado geral dos condutores e dispositivos de
em redes energizadas (ver parte deste Guia relativa à NR-10). aterramento. No caso de componentes com partes internas móveis,
A NR-10 prescreve que, após a manobra de desenergização, devem ser inspecionados, quando o componente permitir, o estado
caso ela ocorra, todas as partes vivas devem ser ensaiadas quanto à dos contatos e das câmaras de arco, sinais de aquecimento, limpeza,
presença de energia mediante dispositivos de detecção compatíveis fixação, ajustes e aferições. Se possível, devem ser realizadas
ao nível de tensão da instalação. algumas manobras no componente, verificando seu funcionamento.
Todo equipamento e/ou instalação desenergizado deve ser No caso de componentes fixos, deve ser inspecionado o estado
aterrado, lembrando-se que, antes de proceder ao aterramento, deve- geral, observando sinais de aquecimento, fixação, identificação,
se garantir que não haja carga residual ou cumulativa, efetuando-se ressecamento e limpeza.
primeiro a sua descarga elétrica (pode ser o caso de aterramento A análise de temperatura é a técnica de medições térmicas para
de capacitores). Após a desenergização, toda instalação e/ou todo levantamento da temperatura de operação de equipamentos, buchas,
equipamento desenergizado deve ser bloqueado e identificado. conexões e conectores, etc. As técnicas termográficas (termografia e
126 Os dispositivos e as disposições adotados para garantir termovisão) servem para identificar pontos quentes em instalações
que as partes vivas fiquem fora do alcance podem ser retirados elétricas e detecção de falhas em isolamentos térmicos.
para uma melhor verificação, devendo ser impreterivelmente A NBR 5410 prescreve que, na atividade de manutenção
restabelecidos ao término da manutenção. Além disso, deve-se preventiva, devem ser efetuados os ensaios de continuidade dos
garantir a confiabilidade dos instrumentos de medição e do ensaio, condutores de proteção, incluindo as equipotencializações principal
calibrando-os conforme orientação do fabricante. e suplementares; ensaio de resistência de isolamento; verificação
Os acessos de entrada e saída aos locais de manutenção devem do funcionamento dos dispositivos de proteção; e os ensaios de
ser desobstruídos, sendo obrigatória a inclusão de sinalização funcionamento. Todos estes procedimentos seguem as prescrições
adequada que impossibilite a entrada de pessoas que não sejam BA4 indicadas em 20.3 deste guia.
e BA5, chamadas, respectivamente, de capacitadas e habilitadas na
NR-10. Manutenção corretiva
A NR-10 prescreve que é obrigatório o uso de EPC (equipamentos
de proteção coletiva) e EPI (equipamentos de proteção individual) A manutenção corretiva é aquela que é efetuada após a
apropriados, em todos os serviços de manutenção das instalações ocorrência de uma pane, destinada a recolocar um item em
elétricas de baixa tensão e os envolvidos no serviço devem ter condições de executar uma função requerida.
conhecimento dos procedimentos que vierem a ser executados. Toda instalação ou parte dela, que por qualquer motivo coloque
em risco a segurança dos seus usuários, deve ser imediatamente
21.2 Condições específicas de manutenção desenergizada, no todo ou na parte afetada, e somente deve ser
recolocada em serviço após reparação satisfatória. O atendimento
Periodicidade aos procedimentos para realização de serviços indicados na NR-10
garantem o atendimento desta prescrição da NBR 5410 (ver parte
A periodicidade da manutenção deve adequar-se a cada tipo deste Guia relativa à NR-10).
de instalação, considerando-se, entre outras, a sua complexidade e Toda falha ou anomalia constatada nas instalações,
importância, as influências externas e a vida útil dos componentes. componentes ou equipamentos elétricos, ou em seu funcionamento,
Manutenção preventiva deve ser comunicada à pessoa qualificada (BA5), para fins de
NBR 5410

A manutenção preventiva é aquela efetuada em intervalos reparação, notadamente quando os dispositivos de proteção contra
predeterminados, ou de acordo com critérios prescritos, destinada a reduzir sobrecorrentes ou contra choques elétricos atuarem sem causa
a probabilidade de falha ou a degradação do funcionamento de um item. conhecida.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

• Variações de amplitude da tensão (AM3)


22 Qualidade da energia elétrica nas
• Desequilíbrio de Tensão (AM4)
instalações de baixa tensão
• Variações de freqüência (AM5)
• Tensões induzidas de baixa freqüência (AM6)
22.1Introdução
• Componentes contínuas em redes c.a. (AM7)
A NBR 5410 apresenta em seu desenvolvimento as prescrições • Campos magnéticos radiados (AM8)
relacionadas ao projeto, cuidado nas especificações de componentes, • Campos elétricos (AM9)
aspectos de dimensionamento e recomendações de montagens de
instalações e sistemas elétricos de baixa tensão. Conforme tabela 11, os fenômenos eletromagnéticos de alta
O desenvolvimento do tema “qualidade da energia elétrica em freqüência conduzidos, induzidos ou radiados (contínuos ou
instalações de baixa tensão” tem naturalmente uma forte dependência transitórios) a serem considerados são os seguintes:
e até mesmo como premissa que as instalações estejam adequadas
às prescrições da NBR 5410 (notadamente no caso dos esquemas • Tensões ou correntes induzidas oscilantes (AM21)
de aterramento, dimensionamento de condutores, proteções a • Transitórios unidirecionais conduzidos, na faixa do nanossegundo
sobrecorrentes e sobretensões entre outros requisitos, além de (AM22)
outras características que não estão presentes no texto da norma, • Transitórios unidirecionais conduzidos, na faixa do micro ao
como o comportamento das fontes que alimentam a instalação (seja milissegundo (AM23)
a concessionária em baixa, média ou alta tensão, fontes de geração • Transitórios oscilantes conduzidos (AM24)
própria, de emergência ou mesmo de contingência). • Fenômenos radiados de alta freqüência (AM25)
Outros pontos de atenção são as cargas não lineares que são
alimentadas por estas instalações; os capacitores que nelas são No item 4.2.7.1 da NBR 5410, indica-se que devem ser
instalados, o comportamento das harmônicas devido à presença das tomadas medidas apropriadas quando quaisquer características dos
cargas não lineares em diversas situações e outras situações como componentes da instalação forem suscetíveis de produzir efeitos
as cargas que operam em regime extremante variável e mesmo os prejudiciais em outros componentes, em outros serviços ou ao bom
efeitos das partidas de motores. funcionamento da fonte de alimentação.
Essas características dizem respeito, por exemplo, a novos
22.2 Itens da NBR 5410 relativos à qualidade de energia fenômenos relacionados à qualidade de energia, a saber:
sobretensões transitórias; variações rápidas de potência; correntes 127
Na seção 4 da norma, “Princípios fundamentais e de partida; correntes harmônicas; componentes contínuas;
características gerais”, especificamente no item 4.1.12, apresenta- oscilações de alta freqüência; correntes de fuga.
se a necessidade de que os componentes a serem instalados não
venham a interferir na boa operação da instalação como um todo, 22.3 Principais causas de problemas de qualidade de energia nas
não causando efeitos danosos em outros componentes existentes, instalações elétricas

numa clara alusão a incompatibilidade entre componentes numa


mesma instalação. Este tipo de ocorrência é muito comum, por As principais situações que ocorrem em uma instalação elétrica
exemplo, na compensação de energia reativa e correção do fator que afetam a qualidade de energia são as seguintes:
do potência e os efeitos de ressonância; correntes de partida de
equipamentos e os efeitos em queda de tensão associados, efeitos • Cargas não lineares nas instalações elétricas e as influencias na
das harmônicas na operação e dimensionamento de componentes, tensão de alimentação; aspectos de ressonância harmônica. As
além dos desequilíbrios de correntes e tensões entre fases causados harmônicas nas instalações elétricas;
por capacitores defeituosos. • Regulação de tensão, afundamentos e cintilação (“Flicker”).
O item 4.2.6.1.10 da NBR 5410 apresenta, nas tabelas 10 e Cargas variáveis e correntes de “in-rush”;
11 as características das influências externas devido às influencias • Desbalanceamento de tensão;
eletromagnéticas, eletrostáticas ou ionizantes, que também tem • Operação das cargas com fontes diversas (além da concessionária);
relação com a qualidade de energia nas instalações elétricas. As geradores de substituição ou emergência, geração distribuída,
duas tabelas fazem referências à série de normas IEC 61000, que incompatibilidade entre geradores e capacitores.
são normas de compatibilidade eletromagnética (IEC 61000-2-2,
IEC 61000-4 e IEC 61000-2-5). As soluções típicas para esses problemas incluem:
Conforme tabela 10 da NBR 5410, os fenômenos
eletromagnéticos de baixa freqüência (conduzidos ou radiados) a • Uso de fontes de contingencias e fontes de energia ininterrupta
serem considerados são os seguintes: (UPS);
• Aplicação de capacitores e a compensação de energia reativa em
NBR 5410

•Harmônicas e inter-harmônicas (AM1) instalações de baixa tensão com sistemas antirressonantes;


•Tensões de sinalização (tensões sobrepostas para fins de • A compensação de energia reativa tempo real;
telecomando) (AM2) • Acionamentos, filtros e outras ações corretivas.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Espectro das harmônicas de corrente e tensão


A cio n am en to 6 p u ls o s
C o m p o r ta m e n to d a s te n s õ e s h a r m ô n ic a s
L1 L2 L3 M in M ax A cio n am en to 6 p u ls o s

500 100

75

V o lt s
Amperes

250
50

0 25

400 H a r m o n ic s 3 5 7 9 11 13
C u rren tL1 2 4 ,9 1 ,7 1 7 7 ,1 1 ,7 5 4 ,8 1 ,2 7 ,0 1 ,2 1 5 ,5 0 ,9 2 ,5
Volts

C u rren tL2 3 7 ,1 1 ,8 1 6 8 ,5 2 ,0 4 1 ,4 1 ,4 1 4 ,3 0 ,6 2 6 ,6 0 ,4 4 ,0
C u rren tL3 3 3 ,7 1 ,9 1 5 9 ,5 0 ,8 4 8 ,4 0 ,9 1 9 ,3 0 ,1 2 3 ,2 0 ,8 3 ,0
200 M in 1 7 ,7 0 ,1 1 5 1 ,8 0 ,1 3 3 ,4 0 ,1 1 ,1 0 ,1 8 ,8 0 ,0 0 ,1
Max 7 2 ,8 1 5 ,6 1 8 3 ,2 1 0 ,9 7 2 ,1 7 ,4 2 8 ,8 8 ,2 3 6 ,2 5 ,3 9 ,8
L 1 2 V o lta g e 3 ,1 0 ,4 2 7 ,2 0 ,6 1 2 ,8 0 ,2 0 ,8 0 ,2 5 ,5 0 ,4 1 ,2
L 2 3 V o lta g e 2 ,5 0 ,4 2 6 ,4 0 ,2 1 1 ,8 0 ,4 3 ,6 0 ,3 8 ,1 0 ,4 1 ,5
L 3 1 V o lta g e 2 ,0 0 ,3 2 9 ,5 0 ,3 1 2 ,3 0 ,1 2 ,9 0 ,5 6 ,6 0 ,2 1 ,0
0
H a rm o n ic s M in 1 ,2 0 ,0 2 4 ,5 0 ,0 7 ,7 0 ,0 0 ,3 0 ,0 4 ,2 0 ,0 0 ,3
1 3 5 7 9 11 13 15 M a1 x7 4 ,2 1 ,1 3 2 ,1 1 ,1 1 5 ,6 1 ,2 5 ,8 1 ,2 9 ,7 0 ,7 1 ,9
C u rre n t L 1 5 0 7 ,7 2 ,5 2 4 ,9 1 ,7 1 7 7 ,1 1 ,7 5 4 ,8 1 ,2 7 ,0 1 ,2 1 5 ,5 0 ,9 2 ,5 0 ,1 0 ,6 0 ,5 0 ,5 0 ,1
C u rre n t L 2 4 8 4 ,5 3 ,3 3 7 ,1 1 ,8 1 6 8 ,5 2 ,0 4 1 ,4 1 ,4 1 4 ,3 0 ,6 2 6 ,6 0 ,4 4 ,0 0 ,2 1 ,3 0 ,2 1 ,2 0 ,2
C u rre n t L 3 4 1 5 ,2 3 ,9 3 3 ,7 1 ,9 1 5 9 ,5 0 ,8 4 8 ,4 0 ,9 1 9 ,3 0 ,1 2 3 ,2 0 ,8 3 ,0 0 ,2 1 ,1 0 ,3 1 ,1 0 ,3
M in 3 8 7 ,7 0 ,0 1 7 ,7 0 ,1 1 5 1 ,8 0 ,1 3 3 ,4 0 ,1 1 ,1 0 ,1 8 ,8 0 ,0 0 ,1 0 ,0 0 ,1 0 ,0 0 ,1 0 ,0
M ax 5 2 0 ,2 3 4 ,7 7 2 ,8 1 5 ,6 1 8 3 ,2 1 0 ,9 7 2 ,1 7 ,4 2 8 ,8 8 ,2 3 6 ,2 5 ,3 9 ,8 4 ,4 4 ,3 4 ,3 3 ,7 3 ,3
L 1 2 V o l ta g e 4 3 2 ,0 0 ,2 3 ,1 0 ,4 2 7 ,2 0 ,6 1 2 ,8 0 ,2 0 ,8 0 ,2 5 ,5 0 ,4 1 ,2 0 ,2 0 ,5 0 ,1 0 ,3 0 ,2
L 2 3 V o l ta g e 4 2 4 ,3 0 ,4 2 ,5 0 ,4 2 6 ,4 0 ,2 1 1 ,8 0 ,4 3 ,6 0 ,3 8 ,1 0 ,4 1 ,5 0 ,1 0 ,5 0 ,3 0 ,4 0 ,4
L 3 1 V o l ta g e 4 2 4 ,6 0 ,4 2 ,0 0 ,3 2 9 ,5 0 ,3 1 2 ,3 0 ,1 2 ,9 0 ,5 6 ,6 0 ,2 1 ,0 0 ,3 0 ,0 0 ,3 0 ,1 0 ,5
M in 4 2 3 ,6 0 ,0 1 ,2 0 ,0 2 4 ,5 0 ,0 7 ,7 0 ,0 0 ,3 0 ,0 4 ,2 0 ,0 0 ,3 0 ,0 0 ,0 0 ,0 0 ,0 0 ,0
M ax 4 3 3 ,7 1 ,0 4 ,2 1 ,1 3 2 ,1 1 ,1 1 5 ,6 1 ,2 5 ,8 1 ,2 9 ,7 0 ,7 1 ,9 0 ,7 1 ,1 0 ,6 1 ,0 0 ,8

Figura 136 – Histograma que representa o espectro das harmônicas de corrente de um acionamento de 6 pulsos e comportamento das tensões harmônicas no
ponto de ligação. No detalhe o espectro da distorção de tensão.

seja especificada adequadamente, considerando se a medição será


22.3.1-Cargas não lineares nas instalações elétricas e a instantânea ou do perfil de carga; por quanto tempo, ainda qual o
influência na tensão de alimentação resolução e o intervalo de integração. Aliás, recomenda-se sempre
cuidado especial na especificação de medições elétricas, seja para
22.3.1.1 Medições qual for o objetivo (harmônicas, afundamentos, desbalanceamento,
flicker e outros); caso contrário corre-se o risco de aplicar medidas
De uma forma geral, as cargas não lineares podem ser definidas corretivas não adequadas com graves consequências.
como aquelas em que durante sua operação, a corrente elétrica de A Figura 136 apresenta a medição instantânea (com máximas
seus circuitos de alimentação pode ser decomposta em correntes e mínimas acumuladas) das componentes harmônicas de corrente
128
elétricas com componentes em outras frequências alem da e tensão na alimentação de um inversor de frequência aplicado no
frequência fundamental (no Brasil 60 Hz). acionamento de um motor.
Um dos casos mais típicos são os acionamentos de motores de
indução, compostos por inversores de frequência construídos, por 22.3.1.2 Influência na tensão de alimentação causada pelas
exemplo, com 6 pulsos com a presença de correntes em 60 Hz (frequência cargas não lineares

fundamental), 300 Hz (5ª harmônica), 420 Hz (7ª harmônica), 660 Hz


(11ª harmônica), e outras frequências com menor intensidade. A alimentação de cargas não lineares por uma fonte 60 Hz com
A identificação da presença destas correntes harmônicas em impedância típica e conhecida poderá em função desta impedância
uma instalação só é possível mediante a medição com instrumentos (função direta da potência de curto circuito) e do volume das cargas
específicos. Da mesma forma que a medição clássica de variáveis distorcidas distorção em sua tensão de alimentação. Este fenômeno
elétricas em frequência fundamental, é importante que esta medição ocorre como resposta da fonte devido a circulação das correntes
que necessariamente devera incluir as harmônicas dos circuitos harmônicas em sua impedância interna característica, em outras

Sc op e
L 1 /L 1 2 L 2 /L 2 3 L 3 /L 3 1

500
M a in L N [A ]

Forma de onda
0
distorcida de corrente
-5 0 0

Forma de onda
500
distorcida de tensão
250
L L [v ]

-2 5 0
NBR 5410

-5 0 0

45° 90° 135° 180° 225° 270° 315° 360°

Figura 137 – Formas de onda distorcidas de corrente e tensão


GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Tabela 46 – Níveis de compatibilidade para tensões harmônicas individuais em redes de baixa tensão (valores r.m.s. como percentual do valor r.m.s. da componente fundamental)

Harmônicas ímpares não múltiplas de 3 Harmônicas ímpares múltiplas de 3 Harmônicas pares

Ordem da harmônica h Tensão harmônica% Ordem da harmônica h Tensão harmônica% Ordem da harmônica h Tensão harmônica%
5 6 3 5 2 2
7 5 9 1,5 4 4
11 3,5 15 0,4 6 0,5
13 3 21 0,3 8 0,5
17 ≤ h ≤ 49 2,27 x (17h) -0,27 21 < h ≤ 45 0,2 10 ≤ h ≤ 50 0,25 x (10/h) + 0,25

palavras as cargas não lineares causam a distorção da tensão das e de distribuição de energia elétrica; os consumidores de energia
fontes que as alimentam. elétrica conectados ao sistema de distribuição, em qualquer classe
No detalhe da Figura 136, observa-se a medição de valores da de tensão; as cooperativas de eletrificação rural; e os importadores
ordem de 28 a 30 V na 5ª harmônica e 12 V na 7ª harmônica, alem ou exportadores de energia elétrica conectados ao sistema de
de outros valores com menor significância, resultados da circulação distribuição.
das correntes harmônicas, da ordem de 170 A na 5ª harmônica é O Módulo 8 do Prodist – Qualidade de energia, estabelecer os
50A na 7ª harmônica. procedimentos relativos à qualidade da energia elétrica, abordando
Como se pode esperar, o comportamento da forma de onda a qualidade do produto e a qualidade do serviço prestado.
da tensão de alimentação apresenta distorção, e quanto maior A Tabela 47, que reproduz tabela 3 do Módulo 8, apresenta
for a carga, maior a distorção de tensão, até valores limítrofes como referência valores de até 10% de distorção total de tensão em
recomendados pelas normas específicas, a partir de onde algumas baixa tensão no ponto de acoplamento comum.
medidas corretivas devem ser implantadas.
Tabela 47 – Valores de referência globais das distorções harmônicas totais (em
A Figura 137 apresenta formas de onda de corrente e tensão, porcentagem da tensão fundamental)

onde devido a distorção de corrente da carga, pode-se observar a Tensão nominal do Distorção Harmonica Total
Barramento de Tensão (DTT) [%]
distorção de tensão relativa.
VN ≤ 1kV 10
1kV < VN ≤ 13,8kV 8
22.3.1.3 Limites 13,8kV < VN ≤ 69kV 6
69kV < VN ≤ 138kV 3

Algumas normas apresentam limites aplicáveis para 129


harmônicas em instalações elétricas. Normalmente estes limites A Tabela 48 reproduz a tabela 4 do Módulo 8 do Prodist e
são estabelecidos no ponto de acoplamento comum entre a apresenta valores de referência, nas tensões menores que 1 kV e
concessionária e o consumidor, nem sempre bem interpretado ou de o que se observa é uma tolerância maior em relação as tensões
difícil acesso de medição. Algumas vezes os equipamentos a serem superiores.
alimentados por redes elétricas apresentam restrições de operação,
e neste caso espera-se que as instalações estejam adequadas a IEEE 519- IEEE recommended practices and requirements for
prover condições operacionais desejáveis aos mesmos em seus harmonic control in electric power systems

pontos de conexão a estas redes elétricas, independente do ponto de


acoplamento com a concessionária. A IEEE 519, talvez a norma mais aplicada em limites de
Norma IEC 61000-2-2- Electromagnetic compatibility (EMC) distorção harmônica, apresenta uma distorção total de tensão
- Part 2-2: Environment - Compatibility levels for low-frequency (THDV) máxima de 3% para sistemas especiais (aeroportos,
conducted disturbances and signalling in public low-voltage power hospitais, etc.) e de 5% para sistemas elétricos em geral.
supply systems
A Tabela 46 reproduz a tabela 1 da IEC 61000-2-2 relativa aos 22.3.2 - Instalação de capacitores e compensação de energia
níveis de tensões harmônicas admitidos nas redes de baixa tensão. reativa em instalações de baixa tensão -aspectos de ressonância

harmônica

Prodist Módulo 8
A maioria dos sistemas de compensação de energia reativa,
No Brasil, o Prodist - Procedimentos de Distribuição (Prodist), é isto é, capacitores fixos, semi-automáticos ou mesmo os bancos
um documento emitido pela Agência Nacional de Energia Elétrica, de capacitores automáticos, presentes nas instalações elétricas de
composto de oito módulos, elaborados para regular as atividades de baixa tensão se devem a promover a isenção de pagamento de
distribuição de energia elétrica. energia reativa excedente junto às concessionárias que suprem estas
O Prodist visa garantir segurança, eficiência, qualidade e instalações. Este, portanto tem sido o principal fator motivador
confiabilidade aos sistemas de distribuição. Além disso, prevê, para a aplicação destes componentes. Contudo, historicamente e
NBR 5410

entre outros pontos, que seja dado tratamento igual a todos os muito antes do inicio da cobrança desta energia reativa por parte
agentes do setor. Estão sujeitos ao Prodist as concessionárias, das concessionárias de energia, os capacitores já vinham sendo
permissionárias e autorizadas dos serviços de geração distribuída aplicados na melhoria da regulação de tensão destas instalações,
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Tabela 48 - Nîveis de referência para distorções harmônicas individuais de tensão (em percentagem da tensão fundamental)

Distorção Harmônica Individual de Tensão [%]


Ordem Harmônica
V n ≤ 1 kV V n ≤ 1 kV V n ≤ 1 kV V n ≤ 1 kV V n ≤ 1 kV
5 7.5 6 4.5 2.5
7 6.5 5 4 2
11 4.5 3.5 3 1.5
13 4 3 2.5 1.5
Ímpares não múltiplas de 3
17 2.5 2 1.5 1
19 2 1.5 1.5 1
23 2 1.5 1.5 1
25 2 1.5 1.5 1
>25 1.5 1 1 0.5
3 6.5 5 4 2
9 2 1.5 1.5 1
Ímpares múltiplas de 3 15 1 0.5 0.5 0.5
21 1 0.5 0.5 0.5
<21 1 0.5 0.5 0.5
2 2.5 2 1.5 1
4 1.5 1 1 0.5
6 1 0.5 0.5 0.5
pares 8 1 0.5 0.5 0.5
10 1 0.5 0.5 0.5
12 1 0.5 0.5 0.5
>12 1 0.5 0.5 0.5

ou seja, a correta aplicação de capacitores em uma instalação é, função da potência reativa e impedância dos capacitores.
elétrica impõe significativo incremento na qualidade de energia de Caso uma das correntes harmônicas presentes nesta instalação
alimentação das cargas. possuir frequência característica que esteja próxima a esta frequência
130 Nas últimas décadas novos tipos de cargas surgiram nas de ressonância, ocorrerá o fenômeno chamado de ressonância.
indústrias e outras considerações adicionais devem ser levadas Nesta situação as correntes que circulam nos circuitos de rede e dos
em conta quando da especificação de um sistema de compensação capacitores serão incrementadas, causando sobrecorrentes, além da
de energia reativa ou de correção de fator de potência. A análise queima dos próprios capacitores e fenômenos indesejados como
cuidadosa de cada um dos pontos envolvidos deve merecer especial sobre tensão e aumento da distorção de tensão na rede entre outros.
atenção nas etapas de projeto, especificação e manutenção das A ressonância ocorre quando a impedância do capacitor é
instalações. De outra forma a queima dos capacitores e destruição similar (em módulo) a impedância da rede de alimentação (fonte).
ou má operação de equipamentos associados será inevitável. Note- O valor da impedância da fonte pode ser estimado através da
se que capacitores operando sob as condições nominais podem impedância do transformador (ou gerador) do circuito.
sobreviver mais de 15 anos. A expressão (1) é uma boa estimativa para o cálculo da
Na sequência são apresentados alguns pontos de atenção a serem frequência de ressonância.
analisados quando da implementação de sistema de compensação
reativa e correção do fator de potência. Independente de o sistema hr = (MVAcc/ Mvar cap)
de compensação ser fixo, semi-automatico, automático, ou tempo
real, outros cuidados, tais como o fenômeno da ressonância, devem Onde:
sempre ser levados em consideração.
hr= frequência harmônica de ressonância
22.3.2.1 Ressonância harmônica MVAcc = Potencia de curto circuito da fonte em MVA
Mvar cap= Potencia do capacitor em Mvar
A instalação de capacitores em sistemas elétricos que alimentam
cargas não lineares como os acionamentos em corrente alternada Como em qualquer circuito elétrico, as correntes circularão
ou contínua, retificadores, sistemas de iluminação, fornos, prensas, conforme as impedâncias das fontes e cargas; portanto a análise
sistemas de soldas, cargas de informática (TI) entre outras, deve ser quantitativa destas correntes harmônicas que circularão na rede e nos
precedida de uma analise do comportamento desta rede quando da capacitores dependerá da divisão de corrente que será estabelecida
instalação dos capacitores, uma vez que a implantação de capacitores no circuito (capacitor e rede), levando-se em conta a análise do
NBR 5410

em uma rede elétrica tipicamente indutiva incorrerá em uma sistema elétrico em cada uma das frequências consideradas, que são
frequência de ressonância que é função da potência de alimentação normalmente aquelas frequências presentes no espectro de corrente
(impedância da fonte) e da potência reativa a ser implementada, isto da carga. O circuito da Figura 9 ilustra o modelo típico.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Deve-se considerar que a circulação das correntes nos Portanto a circulação de corrente nos capacitores não
capacitores não ocorrerá somente na frequência de ressonância, ocorre somente na situação exata do ponto da ressonância
mas este é o ponto onde teoricamente a penetração das correntes calculada, mas nas circunvizinhanças deste ponto. A Figura
harmônicas no capacitor é a máxima e limitada somente pela 138 ilustra um circuito típico de compensação reativa na
componente resistiva do circuito. presença de capacitores. No caso apresentado, a existência
Em medições efetuadas verificaram-se circulação de correntes da ressonância ocorrerá se a frequência de ressonância (rede
harmônicas em capacitores em situações em que as frequências de e capacitores) ocorrer próximo aquelas relativas as 5ª e 7ª
ressonância calculadas do sistema não são exatamente iguais aquelas das harmônicas ( 300 e 420 Hz). O gráfico indica a impedância
correntes harmônicas presentes (mas apenas próximas) nas cargas e que equivalente com ocorrência de ressonância na 5ª harmônica.
circulam em parte pelos capacitores. Esta ocorrência é justificada pela Portanto, para a situação apresentada ocorrerá ressonância na
divisão das correntes harmônicas da carga para a rede e para os capacitores 5ª harmônica.
em função de suas impedâncias (modelo de divisor de corrente). A Figura 139 ilustra os efeitos na tensão de alimentação
k
de ressonância registrada. Observa-se o sensível incremento
da distorção total de tensão (THDV), bem como a elevação
N crescente N decrescente
de tensão em valores alem dos previstos simultaneamente
a conexão dos capacitores e injeção da energia reativa, ou
seja, no instante próximo as 11h35min, os capacitores foram
manobrados para a compensação do reativo, ocorrendo a
ressonância registrada, podendo-se verificar os efeitos da
mesma (observando-se os incrementos de tensão e THDV).
n
1 2 3 4 5 6 7 8

Ponto de Ponto de
ressonância (7ª)
22.3.2.2 T ransientes de manobra de capacitores
ressonância (5ª)

Os transientes elétricos gerados por manobra de


capacitores é um dos mais conhecidos e documentados.
A condição de manobra conhecidas por “back to back” é
reportada na citada norma IEEE 1159 e ilustrada nas Figura
Z Trafo C 15 17 l1
140. 131
A inserção de capacitores instalados em bancos, na
condição em que algumas células já estejam energizadas gera
correntes de “in rush” elevado causando severos efeitos na
tensão de alimentação deste sistema.
Figura 138 – Circuito típico ressonante e gráfico da impedância em função da
frequência.

R esson ân cia
L1 L2 L3 A v g/T ot

390
Vptp [V]

380
100

50
Q [kVAr]

6 Notas sobre o gráfico:

• THDV aumenta de 3% para


THD[%] Vptp

4 6% com capacitores
• Aumento da tensão de 4%
(o dobro do esperado)
1 1 :3 1 :5 5

1 1 :3 2 :0 4

1 1 :3 2 :1 3

1 1 :3 2 :2 3

1 1 :3 2 :3 2

1 1 :3 3 :0 0

1 1 :3 4 :0 9

1 1 :3 4 :3 2

1 1 :3 5 :5 4

1 1 :3 7 :1 6

1 1 :3 8 :2 0

1 1 :3 8 :3 0

1 1 :3 9 :0 7

1 1 :3 9 :1 6

1 1 :3 9 :2 5

1 1 :3 9 :3 4

NBR 5410

Tim e [H H :M M :SS]

Notas
Figura 139 – Registro sobre o gráfico:
de ressonância harmônica e efeitos na tensão
THDV aumenta de 3% para 6% com capacitores
Aumento da tensão de 4% (o dobro do esperado)
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

750 2.0
I(A) U(V)
500 1.5

VOLTAGE (V XX)
CURRENTE (A )
250 1.0
0 0.5
-250 0
-0.5
-500
-1.0
-750 -1.5
8 10 12 14 0 20 40 60 80 100
TIME (ms) TIME (ms)

Figura 140 – Registro de ressonância harmônica e efeitos na tensão

22.3.2.3- R egulação de tensão , afundamentos e a em regime permanente os valores são integrados em períodos de 10
cintilação ( flicker ) - C argas variáveis e correntes de “I n - minutos (no caso do Módulo 8), em curta duração são estudados em
rush ” intervalos de tempo bem menores
A tabela 3 do Módulo 8, aqui reproduzida como Tabela
A regulação de tensão tem fundamental importância nas 49 apresenta a classificação das tensões de leitura em regime
instalações, uma vez que existe uma forte dependência da permanente em relação a tensão nominal aqui considerada em
qualidade do processo industrial em relação a qualidade de energia 220/127V.
de alimentação das cargas. Controles e acionamentos micro A tabela 9 do mesmo documento, reproduzida como Tabela
processados nas cargas industriais e de informática (TI), ou ainda 50 apresenta a classificação dos valores de tensão na classificação
aquelas associadas a transformação da energia e qualidade do da variações de tensão de curta duração. Uma outra definição
produto final dependem da qualidade de energia de alimentação para afundamentos poder ser encontrada na IEEE 1159, onde
e devem prever redes elétricas com bons índices de qualidade de os afundamentos (tratados por “voltage sags” na literatura
energia, notadamente com relação a regulação de tensão e isenção internacional) ocorrem em tempos desde ½ ciclo (8 ms) a 1 minuto
de afundamentos e transientes. com variações da tensão desde 0,1 a 0,9 pu;
Apesar da regulação de tensão poder ser definida como Tabela 49 – Pontos de conexão em Tensão Nominal igual ou inferior a 1 kV (220/127)
o desvio de uma tensão medida em relação a um valor nominal Tensão de Atendimento (TA) Faixa de Variação da Tensão de Leitura
em Relação à Tensão Nominal (Volts)
132 ou contratual, nem sempre os procedimentos e regulamentos de
Adequada (201 TL 231)/(116 TL 133)
medição consideram o fenômeno em curtos intervalos de tempo;
Precária (189 TL<201 ou 231<TL 233)/
não se trata de impor ao sistema elétrico alto níveis de exigência, (109 TL<116 ou 133<TL 140)
mas simplesmente entender que cargas podem deixar de operar, Crítica (TL<189 ou TL>233)/(TL<109 ou TL>140)
caso durante alguns ciclos (dezenas ou centenas de milissegundos),
os valores de tensão foram reduzidos a valores abaixo de limites Afundamentos podem ser causados por razões internas e
toleráveis por estas cargas. externas

O Módulo 8 do Prodist é um importante avanço na legislação


brasileira na relação entre concessionárias e consumidores, os Os afundamentos de tensão podem ser causados por razões
critérios lá estabelecidos, contudo podem não ser suficientes para internas das instalações (comportamento da própria carga) ou por
manter as cargas em suas especificações adequadas de alimentação, razões externas, como por exemplo, no circuito de alimentação da
portanto o assunto merece ser pesquisado nas instalações de forma concessionária.
pontuais. A análise deve considerar não somente as condições no No primeiro caso (razões internas) a operação de cargas
ponto de acoplamento entre concessionária e consumidor, mas nos com alto consumo de energia reativa na partida ou regime
diversos barramentos de uma instalação típica. de operação. Algumas cargas que possuem características
A avaliação das tensões deve considerar (e o Módulo 8 considera de consumo considerável de energia reativa durante o ciclo
também esta abordagem), a avaliação do comportamento da tensão típico de operação (além da energia reativa consumida na
em regime permanente e as variações de curta duração. Enquanto partida) são, por exemplo, aquelas de transporte vertical e

Tabela 50 - Classificação das Variações de Tensão de Curta Duração

Classificação Denominação Duração da Variação Amplitude da tensão (valor eficaz)


em relação à tensão de referência
Variação Momentânea Interrupção Momentânea de Tensão Inferior ou igual a três segundos Inferior a 0,1 p.u
de Tensão Afundamento Momentâneo de Tensão Superior ou igual a um ciclo e inferior ou igual a três segundos Superior ou igual a 0,1 e inferior a 0,9 p.u
Elevação Momentânea de Tensão Superior ou igual a um ciclo e inferior ou igual a três segundos Superior a 1,1 p.u
NBR 5410

Interrupção Temporária de Tensão Superior a três segundos e inferior ou igual a um minuto Inferior a 0,1 p.u
Variação Temporária Afundamento Temporário de Tensão Superior a três segundos e inferior ou igual a um minuto Superior ou igual a 0,1 e inferior a 0,9 p.u
de Tensão Elevação Temporária de Tensão Superior a três segundos e inferior ou igual a um minuto Superior a 1,1 p.u
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

horizontal como os elevadores, guindastes, esteiras e pontes da instalação não ser adequada (redes fracas de baixa potência
rolantes; equipamentos eletromédicos (raio X, ressonância de curto são susceptíveis a estes fenômenos), pode ser a injeção
e outros), equipamentos industriais como as injetoras, controlada da energia reativa evitando ou atenuando o fenômeno,
extrusoras, trefilas, misturadores, prensas, estações de soldas tratado mais adiante.
principalmente as de solda a ponto, fornos, compressores e A Figura 141 ilustra o afundamento independente da carga
outros equipamentos. e a Figura 142 ilustra o afundamento causado pela carga,
Nota-se nestes casos o afundamento da tensão, impossibilitando sua partida, na sequência com a injeção de
simultaneamente com o consumo da energia reativa. A solução reativos por manobra estática o afundamento é compensado e a
para estes afundamentos no caso da potência de curto circuito operação do sistema é estabelecida.

Cycle-cycle trend view

550

500
I (A )

450

60

50
Q (k V A r)

40

30

365
U L (V )

360

355

350 133
1 3 :5 4 :2 1 :3 2 8 1 3 :5 4 :3 1 :1 4 1 1 3 :5 4 :4 0 :9 5 4 1 3 :5 4 :5 0 :7 6 7 1 3 :5 5 :0 0 :5 8 0 1 3 :5 5 :1 0 :3 9 3

Estim ated tim e

Figura 141 - Afundamento independente da carga (causas externas)

L1 L2 L3 A v g/T ot
475

450
Vptp [V]

425

400

250
P [kW]

500
Q [kVAr]

250

0
1 6 :2 2 :2 3

1 6 :2 2 :4 8

1 6 :2 3 :1 3

1 6 :2 3 :4 0

1 6 :2 4 :0 5

1 6 :2 4 :3 1

1 6 :2 4 :5 8

1 6 :2 5 :2 4

1 6 :2 5 :4 9

1 6 :2 6 :1 4

1 6 :2 6 :4 0

1 6 :2 7 :0 6

1 6 :2 7 :3 2

1 6 :2 7 :5 9

1 6 :2 8 :2 6

1 6 :2 8 :5 3

NBR 5410

Tim e [H H :M M :SS]

Figura 142 - Afundamento decorrente do consumo instantâneo de energia reativa impossibilitando a operação da carga e solução com compensa-ção estática de energia
reativa reduzindo o afundamento
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Cycle-cycle trend view


60

50
Cycle-cycle trend view
250
40
kV A r

245
30
240
20
235
10
0

V L -L
230

260 225

250 220

240 215
V L -L

230 210

220 1 6 :1 6 :0 3 :8 5 8 1 6 :1 6 :4 0 :5 1 9 1 6 :1 7 :1 9 :9 0 5 1 6 :1 8 :1 4 :3 9 1 1 6 :1 9 :0 7 :6 1 7 1 6 :2 0 :0 0 :8 4 3

Estim ated tim e

210
3 minutos
1 6 :0 6 :2 5 :8 0 1 1 6 :0 9 :5 3 :2 2 7 1 6 :1 3 :2 0 :2 8 9 1 6 :1 6 :0 5 :7 3 8 1 6 :1 9 :3 7 :6 4 2

Estimated time

Figura 143 - Registro de consumo de reativo e tensão

O Módulo 8 do Prodist também trata o assunto na tabela 7 A solução é a correção do problema com substituição de
(Tabela 51 deste guia) estabelecendo limites de “Plt” (flicker de células ou grupo de capacitores queimados ou fusíveis, alem da
longo tempo) e “Pst” (flicker de curto tempo). A medição do flicker pesquisa das razões do defeito, e ainda introduzindo técnicas
é efetuada com instrumentos específicos. conhecidas a fim de evitar que o fenômeno volte a ocorrer.
A Figura 144 ilustra esta situação em medição tomada
Tabela 51 - Limites de Pst e Plt
no ponto de acoplamento comum da concessionária com o
134 Valor de Referência PstD95% PltS95%
Adequado < 1 p.u. / FT < 0,8 p.u. / FT
consumidor.
Precário 1 p.u. – 2 p.u. / FT 0.8 – 1.6 p.u. / FT Queima de capacitores e fusíveis de proteção dos mesmos
Crítico > 2 p.u. / FT > 1,6 p.u. / FT não devem ser considerados como ocorrência rotineira e
merecem pesquisa de possível ressonância ou outro fenômeno.

22.3.2. 5 Desbalanceamento de Tensão

O desbalanceamento de tensão é um dos pontos importantes,


quando se consideram os aspectos de perdas elétricas.
A determinação do desbalanceamento, conforme prescrições
da IEC e do Prodist é definida pela relação das componentes
de sequências negativa e positiva ou ainda a relação das
componentes de sequência zero e de sequência positiva.
Definições anteriores que relacionavam o desbalanceamento
de tensão para diferenças entre leituras de tensões eficazes
registradas entre fases e a média entre elas, não são mais
aplicáveis e devem ser evitadas.
Como referencia de valores limites, o que se observa
na literatura consultada é que valores acima de 1,0% de
desbalanceamento de tensão passam a merecer cuidados
especiais.
Uma das causas importantes da ocorrência do Figura 144 – Registro de tensão eficaz em sistema com células de
capacitores queimadas 
desbalanceamento de tensão, além da existência de cargas
monofásicas e ligadas entre fases e neutro em sistemas estrela a A Figura 145 ilustra a medição de um ponto de acoplamento
quatro fios, é a queima de células capacitivas de forma desigual entre concessionária e consumidor, onde pode-se observar a
NBR 5410

entre as fases e a queima de fusíveis de proteção dos bancos de monitoração continua além das tensões de linha, das variáveis
capacitores. O que acaba ocorrendo é a injeção não uniforme desbalanceamento de tensão (relação das tensões de sequência
de reativos entre as fases, causando o desequilíbrio de tensão. negativa e positiva), Plt e distorção total de tensão.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

135

Figura 145 - Relatório de monitoração de ponto de acoplamento (concessionária e consumidor)

relação da potência de curto-circuito (ou da impedância) desta


22.3.2.6 Operação das cargas com fontes diversas fonte e da solicitação ou comportamento da carga a cada instante.
A cada variação da carga haverá uma resposta da fonte, traduzida
O uso de geradores como fonte de energia em instalações pelo comportamento da tensão. Casos mais extremos produzem
(fonte principal ou fonte de substituição e emergência - “back afundamentos de tensão que podem atingir níveis não tolerados
up”) tem se popularizado em função da importância que a energia pelas próprias cargas, produzindo efeitos imediatos como a má
elétrica assumiu nos processos de produção e administrativos operação ou desligamento das mesmas.
e também nas oportunidades apresentadas pelos sistemas de Este efeito é bastante perceptível quando da partida (e seus
cogeração largamente utilizados. Desta constatação valem algumas transientes associados) ou variação de cargas acionadas por
observações importantes. motores como os elevadores, bombas, ventiladores, compressores,
guindastes. No caso de geradores aplicados como fonte de “back
Comportamento das fontes na variação da carga up”, o que se nota é que o comportamento do sistema piora
NBR 5410

sensivelmente quando o mesmo assume o lugar da fonte principal


O comportamento das fontes e, consequentemente, da tensão (transformador), geralmente por conta da menor potência de curto
do sistema que a mesma alimenta as cargas, será dependente da circuito do primeiro em relação o segundo.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Cycle-cycle trend view


60

50

40
kVAr

30

20

10
0

260

250

240
V L-L

230

220

210

1 6 :0 6 :2 5 :8 0 1 1 6 :0 9 :5 3 :2 2 7 1 6 :1 3 :2 0 :2 8 9 1 6 :1 6 :0 5 :7 3 8 1 6 :1 9 :3 7 :6 4 2

Estimated time
Figura 146 – Comportamento da tensão de gerador com o consumo de energia reativa de elevador

136
Existe uma relação direta entre o comportamento da tensão tensão com a mudança de fonte (transformador para gerador) para
do sistema e a energia reativa consumida pela carga, esta situação uma carga industrial.
é tanto mais perceptível quanto menor for a relação da potência
de curto circuito da fonte em relação a carga consumidora de Limitação dos geradores - a curva de capabildade
significativa quantidade de energia reativa; a tensão tende a “cair”
causando os conhecidos afundamento de tensão. A Figura 146 Os geradores apresentam uma característica de operação
apresenta o comportamento da tensão do gerador com a operação fortemente dependente da energia reativa consumida (indutiva) ou
de um elevador e a Figura 147 apresenta o comportamento da fornecida (capacitiva) pela carga.
NBR 5410

Figura 147 – Comportamento da tensão com fonte principal (transformador) e de “back-up” (gerador)
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Reactive Capability
Operating Chart

Leading Lagging
1.2
0.8PF 1.0PF 0.8PF

1.0

0.8 Engine Limit


kW/Rated kVA

0.6PF 0.6PF
A
0.6

0.4PF 0.4PF
0.4

B
0.2PF 0.2 0.2PF

-1 -0.8 -0.6 -0.4 -0.2 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1

kVAr/Rated kVA
Figura 148 - Curva de capabilidade (fonte: Caterpillar) 137

A Figura 148 apresenta esta curva de capabilidade, onde se observa 250 kvar (750 kvar (carga)-500 kvar(capacitor)), e a relação
o regime de operação normal limitado pelas curvas azul e vermelha. citada será portanto de 250/1500=0,17. A relação kW/kVA será
Analisando-se esta curva, nota-se que na “região capacitiva” (faixa de 1000/1500= 0,67. Este ponto é representado no diagrama da
de valores negativos no eixo das abscissas (x)) existe uma importante Figura 148 como ponto “A” e está na faixa adequada de operação.
restrição de operação em relação à região chamada de “indutiva” • Se em um segundo instante a carga variar sem que o banco de
Observa-se ainda na curva, que o mesmo eixo das abscissas capacitores acompanhe esta variação, pela própria inércia e tempo
define a relação da potência reativa instantânea da carga pela de resposta do sistema, e que esta variação de carga seja reduzida
potência nominal do gerador; a potência reativa negativa seria em 60%, as novas relações serão:
aquela fornecida por carga capacitiva ou capacitor e a positiva - Nova situação da carga: 400 kW; 80%; 300 kvar
aquela consumida pela carga. O eixo das ordenadas (y) apresenta - Injeção de energia reativa mantida em 750 kvar
a relação da potência ativa instantânea da carga pela potência - Novo balanço de energia reativa: – 450 kvar
nominal do gerador. (energia reativa injetada)
Tomando-se para exemplo o caso de um grupo de motores com - kvar/kVA= - 450/1500 = -0,3; kW/kVA=0,26
1000 kW, fator de potência de regime de 80%; potência reativa da • Esta segunda situação que é ilustrada como o ponto B na curva da
ordem de 750 kvar, alimentado por um gerador de 1500 kVA, e Figura 148, é uma situação limítrofe de operação do gerador, isto
um sistema de compensação de energia reativa de 500 kvar que é, caso a carga fosse reduzida para valores ainda mais reduzidos
corrigiria o fator de potência para 97%; observa-se: que 60% do valor original sem o consequente acompanhamento do
banco de capacitores, o gerador seria desligado pelo seu sistema de
• A relação kvar/kVA do eixo das abscissas poderá assumir proteção de excitação. A situação é ainda mais crítica nas situações
diversos valores, em função da potência reativa injetada pelos em que o sistema de compensação reativa é composto por bancos
capacitores em relação aquela consumida pelos motores. O valor fixos. Portanto, caso o sistema de compensação de energia reativa
a se utilizar será, portanto o balanço de reativos (a diferença dos não tenha velocidade para acompanhar a variação da carga, deve
NBR 5410

valores consumidos pelos motores e injetados pelos capacitores) ser desligado quando o gerador assume a carga se aplicado como
em relação a potência nominal do gerador. No caso da situação fonte de contingencia, caso a situação possa não atender os limites
de máxima demanda, o reativo fornecido pelo gerador será de estabelecidos pela curva de capabilidade.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Mudança da frequência de ressonância cargas de tecnologia de informação (apesar de aplicação industrial


em processos críticos como químicos e farmacêuticos, alem de
A instalação de capacitores em redes indutivas como aquelas alimentação da instrumentação) em escritórios, data centers, bancos
típicas em que as fontes são transformadores ou geradores, acaba e aplicações similares e são utilizados como fontes de contingencia
por definir uma frequência de ressonância. O circuito ressonante (ou “back up”). A configuração de UPS dupla conversão é ilustrada
apresenta valores diferentes em função de: na Figura 149.
• Potencia de curto circuito da rede com transformador A principal função do UPS (ou conjunto de UPSs) é manter
• Idem porem com gerador as cargas em operação em qualquer tipo de anormalidade da fonte
• Qual o valor da energia reativa injetada (em bancos automáticos, “normal” de alimentação.
cada estagio deve ser considerado independentemente) Existem inúmeras configurações de montagens dos UPS, bem
Assumindo-se transformador de 1500 kVA como fonte principal, como do arranjo entre estes equipamentos, de forma a se obter
com impedância de 5% e gerador de 1500 kVA com reatância melhores indicadores de confiabilidade e disponibilidade.
subtransitória de 15% como fonte de “back up” e banco de Como principal atributo, os UPS possuem em geral baterias
capacitores de 750 kvar, obtém-se: como fonte de energia adicional e com autonomia suficiente para
• Harmônica de ressonância para operação pelo transformador: 6,3 atender o suprimento de energia às cargas, durante a transferência
(ou 378 Hz em rede 60 Hz) da fonte principal da concessionária para o gerador. Alguns casos
• Idem porem para o gerador: 3,6 (ou 220 Hz em rede 60 Hz) quando não existem fontes auxiliares como geradores, os UPSs
O que se nota é que dependendo do conteúdo harmônico da alimentam a carga até que as baterias atinjam seus limites de carga
carga, e da concepção do banco de capacitores a simples mudança (autonomia).
de fonte poderá causar o indesejável efeito de ressonância A configuração com baterias não é a única possível dos UPS.
harmônica. Sistemas conhecidos como dinâmicos e outros semelhantes
As conclusões são evidentes e chamam a atenção para a conhecidos como “fly-whell”, possuem topologias que mantêm
necessidade de analise em separado do comportamento do sistema a carga alimentada com fontes redundantes baseado em energia
elétrico, seja ele de que aplicação for, em função de trocas de fontes cinética e acoplamentos específicos de novas fontes em geradores
e em especial aplicação de geradores como fontes de contingencia que são mantidos alimentando as cargas durante todo o ciclo de
ou de “back up” na presença de sistemas de compensação de operação.
energia reativa. Estes por sua vez devem atender as expectativas de De uma forma geral, os UPSs tem como principal função manter
138 operação do sistema em todo o ciclo, inclusive sob os aspectos de a tensão de alimentação das cargas de tecnologia de informação que
ressonância harmônica. são especialmente sensíveis à variação da tensão de alimentação,
no intervalo permitido pela curva ITIC ilustrada na Figura 150,
22.4 Soluções aplicáveis aos problemas de qualidade de energia preservando assim a operação normal das cargas, evitando a perda
nas instalações elétricas de dados, informações, processamento e mesmo a integridade física
dos equipamentos de tecnologia de informação.
22.4.1UPS (Uninterruptible Power Source) Esta curva ITIC apresenta o envoltório de zona permitida (de
cor branca), que limita os valores de tensão e tempos de ocorrência
Os UPS, também conhecidos no Brasil como “no-breaks”, permitidos na alimentação destas cargas. Caso ocorram registros
são equipamentos normalmente alimentados pelas fontes fora da zona permitida, as cargas estarão sujeitas á má operação,
convencionais (concessionária e geradores) para alimentação das como os pontos ilustrados de ocorrência na Figura 150.
NBR 5410

Figura 149– UPS com dupla conversão


GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Figura 150 – Curva ITIC e registros

de indutores e capacitores sintonizados em uma frequência de


22.4.2 Soluções para adequação da distorção harmônica de ressonância característica. Podem também ser construídos em
tensão (presença de cargas não lineares) nas redes elétricas. conjuntos de forma a serem sintonizados em várias frequências
desejáveis simultaneamente. A função dos filtros passivos é a
As soluções para os casos onde devido às altas concentrações de absorver as correntes harmônicas da carga, impedindo que
de cargas não lineares com distorção de corrente, a tensão atinge as mesmas circulem pela rede. Devido a própria construção,
valores acima dos limites são as seguintes: também injetam energia reativa na rede, enquanto as harmônicas
são absorvidas (em geral a absorção das harmônicas não é total,
• Distribuição de cargas em outras fontes mas uma parcela daquelas geradas pela carga). Caso a carga seja
Nesta situação, cargas não lineares são realocadas na instalação variável, a construção destes filtros deve prever o arranjo em grupos 139
de modo a reduzir os valores de distorção de tensão nos barramentos de filtros de forma a adequar a operação dos mesmos à variação da
onde as mesmas são conectadas. carga, evitando sobre compensação de energia reativa.

• Aumento da potência das fontes A Figura 151 apresenta o registro da distorção harmônica de
O aumento da potência reduz a impedância de curto circuito a tensão em um barramento onde um filtro passivo com manobra
montante da carga, reduzindo as distorções de tensão nos barramentos. estática , com tempo de resposta de 16 ms e composto por 6 grupos
de 100 kvar foi instalado.
• Especificação de cargas com controle de emissão Neste caso todos os grupos estão sintonizados em frequência
A IEC 61000-3-2 apresenta limites para as harmônicas de corrente dos próxima à 5ª harmônica. Há uma relação de compromisso muito
equipamentos monofásicos de até 16 A. Os equipamentos são classificados importante na construção deste filtro, visto que operam em paralelo
em A, B,C e D e para cada um deles existem restrições aplicáveis, cujo e buscam a injeção de energia reativa em intervalos muito curtos,
objetivo é restringir a circulação de correntes harmônicas nas instalações e filtrando a 5ª harmônica simultaneamente. A distorção de tensão é
como consequência evitar os efeitos de perdas e aquecimentos associados, reduzida de valores médios de 8% para 5%.
além de controlar a distorção de tensão nos barramentos.
• Filtros Ativos
• Instalação de filtros Os filtros ativos, apesar de terem a mesma função dos passivos são
A instalação de filtros de harmônicas é outra possibilidade para concebidos por equipamentos eletrônicos que injetam correntes
adequação dos valores registrados de distorção de tensão. De uma harmônicas defasadas daquelas geradas pelas cargas, de modo
forma geral os filtros evitam que as harmônicas circulem pelas que ao se somarem se cancelem. Enquanto os filtros passivos
fontes, reduzindo, portanto as tensões harmônicas a montante e são normalmente dependentes e especificados pelos valores dos
por consequência reduzindo também as distorções de tensão nos indutores, capacitores e elementos de manobra que os compõe, os
barramentos de baixa tensão. Os filtros mais comumente aplicáveis filtros ativos são especificados pelos ampères que irão filtrar.
são os filtros passivos e filtros ativos e estão descritos na seqüência.
A Figura 152 apresenta o registro da distorção harmônica de
NBR 5410

• Filtros passivos tensão em um barramento onde um filtro passivo com manobra


estática , com tempo de resposta de 16 ms e composto por 6 grupos
Os filtros passivos são normalmente compostos por conjuntos de 100 kVar foi instalado.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Libra Terminais - Start up - PT02


Ação Engenharia e Instalações Ltda

1 7 ,5
Distorção total de tensão (THDV)
1 5 ,0 Antes 8% depois 5%

1 2 ,5
THD[%] Vptp

1 0 ,0

7 ,5

5 ,0

2 ,5

1 3 :3 2 :5 0 1 3 :3 3 :2 5 1 3 :3 4 :0 0 1 3 :3 4 :3 5 1 3 :3 5 :1 1 1 3 :3 5 :4 9 1 3 :3 6 :2 3 1 3 :3 6 :5 5 1 3 :3 7 :3 0 1 3 :3 8 :0 3 1 3 :3 8 :3 7 1 3 :3 9 :1 0 1 3 :3 9 :4 2 1 3 :4 0 :1 6 1 3 :4 0 :5 1 1 3 :4 1 :2 6
T im e [H H :M M :S S ]

Figura 151 – comportamento da distorção harmônica de tensão no barramento sem e com filtro

140

Figura 152 – Diagrama de instalação de filtro ativo e comportamento das formas de onda de corrente

• Filtros antirressonantes – solução para evitar ressonante, pode-se fazer uso da norma IEEE 519 que estabelece
ressonância em capacitores limites de distorção de tensão a serem atendidos, isto é, mesmo
na presença de cargas altamente deformantes, nem sempre se faz
Sistemas antirressonantes, ou filtros antirressonantes, são necessário a aplicação de filtro sintonizado. O que definirá será
filtros passivos como os acima apresentados, porém cuja sintonia a resposta do sistema elétrico existente (fontes e outras cargas)
não é próxima às frequências presentes na corrente das cargas, alem das cargas deformantes na presença dos capacitores a serem
mas em outra faixa. Esta aplicação é bastante comum e econômica instalados.
quando se deseja proteger os capacitores e evitar que os mesmos A injeção de reativos com filtro anti-ressonante (indutor e
provoquem ressonância harmônica em redes que suportam capacitor) reduz a corrente fundamental na proporção da relação
a presença de cargas não lineares e não se deseja a redução da do fator de potência original e o corrigido (após a injeção dos
distorção de corrente. reativos). É de se esperar um natural aumento da distorção de
Os indutores antirressonantes adequadamente dimensionados corrente (THDI) e redução da distorção de tensão (THDV),
elevarão a impedância do ramo do capacitor de forma a controlar por conta de circulação de parte das correntes harmônicas
NBR 5410

as correntes harmônicas que circularão nos capacitores e na rede, pelos capacitores. A aplicação de filtros sintonizados em
conforme ilustrado na Figura 153. frequências existentes no sistema reduzirá a distorção de tensão
Para a decisão entre utilização de filtro ressonante ou anti- significativamente.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

adequados e de boa procedência quando da presença das harmônicas.


Analise de condições de ressonância e respostas do sistema elétrico
k

em todas as condições de operação.


• Sistemas que possuam adequados dispositivos de manobra
associados aos capacitores ou conjuntos capacitores e reatores.
Atualmente são disponíveis modernos sistemas que manobram os
capacitores por tiristores, com tempos de resposta extremamente
curtos compatíveis aos períodos de operação de cargas
n
extremamente variáveis.
1 2 3 4 5 6 7 8 • A isenção de transientes de manobra de capacitores também
Ponto de Ponto de tem sua implementação viabilizada com a manobra efetuada com
ressonância (5ª) ressonância (7ª)
dispositivos semi-condutores.

Algumas soluções paliativas têm sido introduzidas. Contudo


Impedância do C 1.1 C 1. N
a solução definitiva é a aplicação de manobra dos capacitores
na condição chamada de “zero crossing” isto é, os capacitores
transformador

são desligados do sistema elétrico quando suas correntes passam


L1 Motor DC

por zero e a conexão também é efetuada em condição específica


(Fonte de problemas)

L 2 .1 L 2. N
isentando a rede dos transientes nas duas condições de manobra.
Esta possibilidade é típica de manobra de capacitores por tiristores,
e aplicada nos equipamentos de compensação de energia reativa
Figura 153 – Implementação de reatores antirressonantes e comportamento
da impedância em função da frequência. tempo real, que possuem manobra por elementos semi-condutores,
com precisão na manobra e tempo de comutação bastante reduzidos.
Outra condição a ser considerada e nem sempre possível de ser
Incremento da tensão, esperado pela presença de capacitores em evitada é a possibilidade de manobra acidental de capacitores pré-
instalações elétricas carregados ou energizados, com danos aos dispositivos de manobra
eletromecânicos.
Normalmente em sistemas industriais sem ressonância, e Cuidados complementares devem ser tomados com relação à 141
com injeções típicas de reativos, este incremento de tensão não sensibilidade de capacitores á condições operacionais diferentes
ultrapassa valores da ordem de 1% a 2%. Caso a tensão se eleve das nominais com redução dramática de vidas úteis, notadamente
acima destes valores é grande a possibilidade de ressonância e o limites de tensão de operação e temperatura ambiente.
caso merece investigação
A expressão a seguir fornece uma estimativa do incremento Eficiência energética e redução das perdas elétricas.
de tensão devido à injeção de potência reativa na ausência de
ressonância: A redução das correntes elétricas das cargas nos circuitos e
transformadores com a correta inserção de capacitores reduz na
% V= Qcap (kvar) . Ztr (%) / Ptr (kVA) proporção quadrática da corrente as perdas por efeito Joule nos
mesmos.
Onde: Manutenção de sistemas em regime capacitivo, além de elevar
a tensão aumentam as correntes circulando pelos circuitos elevando
%V: Variação percentual de tensão esperada as perdas elétricas.
Qcap: Potência reativa injetada (kvar) A manutenção da tensão operacional próxima da nominal reduz
Ztr(%): Impedancia do transformador em % a perda nos circuitos magnéticos, e já é um método de melhoria do
Ptr: Potência do Transformador (kVA) fator de potência.

Pontos importantes para uma compensação de energia reativa Aumento da capacidade da instalação
adequada

Do ponto de vista de otimização de investimentos de


A solução para os fenômenos acima descritos deve atender os implementação e de operação a potência aparente (kVA) de uma
pontos: instalação deve ser tão próximo quanto possível da potência ativa
(kW). Numa situação ideal kW=kVA.
• Criteriosa medição que atenda as premissas de analise do perfil de
NBR 5410

carga, incluindo as harmônicas com período de avaliação adequado • Cargas com ciclos curtos de operação, cargas extremamente
bem como quanto a resolução da medição. variáveis - a compensação de energia reativa tempo real.
• Implementação de sistemas antirressonantes com reatores A instalação dos capacitores deve considerar de preferência a
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

inserção dos mesmos no sistema elétrico, somente quando a carga • Equivalência entre as potencias ativa e aparente: Pode-se assumir
associada estiver operando sob o risco de sobrecompensação de que a potência aparente (kVA) e a potência ativa (kW) serão
reativos e fenômenos associados (sobretensões e outros). Caso a iguais durante todo o tempo de operação da carga; desde que o
carga possua ciclo de operação variável ou ainda extremamente compensador reativo seja dimensionado para tal.
variável (ordem de ciclos), será necessário adequar a manobra dos • Compensação de flicker: A compensação instantânea de energia
capacitores ao ciclo de operação da carga. O atendimento a esta reativa confere ao sistema competência para compensar o flicker;
premissa atende com folgas as condições previstas na portaria 414 cintilação causada por afundamentos de tensão provocados em
da ANEEL quanto a tarifação do excedente de energia reativa. geral por cargas que consomem consideráveis quantidade de energia
Os sistemas de compensação tempo real têm sido instalados em reativa em curtos intervalos de tempo e em ciclos repetitivos.
inúmeras cargas consideradas como criticas tais como solda a ponto
(Figura x), injetoras, equipamentos eletromédicos, guindastes, A Figura 155 ilustra um equipamento instalado para
cargas de refrigeração, sistemas ferroviários, prensas, nas citadas compensação de energia reativa consumida em guindaste portuário
plantas de geração eólica entre outros. e a Figura 156 apresenta o comportamento da potência reativa
consumida pela carga e aquela injetada pelo compensador estático.
O que se observa é praticamente um espelho, onde em intervalos
285 de dezenas de milissegundos o sistema de compensação se adequa
a situação da carga, praticamente anulando o reativo fornecido pela
voltages

280

275 rede da concessionária.


Without the equalizer With the equalizer
1000
currents

500

600
kVAs

300
0

30 7 97-21 33 38 40 42 44 46 48 50 52 54 56 58 00 02 04 06 08
Time

Figura 154- compensação tempo real em sistema de solda a ponto


142
As restrições apontadas nos modelos apresentados podem ser
minoradas com a injeção de energia reativa com a aplicação de
elementos estáticos de manobra de capacitores (ou conjuntos LC),
também chamada de compensação tempo real, devido à rápida
comutação dos componentes é outra forma de compensação do
fator de potência, notadamente quando o ciclo da carga é muito
rápido impedindo a especificação dos sistemas convencionais.
As principais características do sistema de compensação
estática são:

• Tempos de manobra desde 16 ms, aplicados em cargas “rápidas”


como prensas, sistemas de solda a ponto ilustrados na Figura 154,
cargas de industria ), fornos a arco, guindastes, elevadores, sistemas
de geração eólica, injetoras, equipamentos para indústria gráfica
Figura 155 - Equipamento de compensação de energia reativa tempo real
e de papel, eletromédicos, centrífugas para industria de açúcar e instalado 430 kvar/480V
outras cargas que apesar de tratadas por “especiais”, estão cada vez
mais presentes em todos os processos. • Partida de motores – redução da corrente de partida e
• Isenção de transientes de manobra: A característica conhecida redução de afundamentos

como “zero crossing” da manobra estática, permite compensação A redução de corrente de partida de motores é um dos mais
reativa com isenção de transiente de manobra. tradicionais métodos de evitar afundamentos de tensão devido as
• Possibilidade de compensação reativa monofásica: Cargas ligadas correntes de “in–rush” (ou de partida) dos motores.
entre 2 fases ou entre fase e neutro como soldas a ponto podem
ter sua energia reativa compensada com a inserção de capacitores Após as chaves compensadoras e as chaves estrelas triângulo
ligados da mesma forma que as cargas, promovendo injeção reativa aplicadas à exaustão e ainda presentes em grande quantidade nas
NBR 5410

adequada. instalações elétricas no Brasil, devido à popularização da eletrônica


• Eficiência na regulação de tensão: Quanto mais rápida for a de potência, os dispositivos mais aplicados na atualidade para
compensação melhor a regulação de tensão este fim são os equipamentos “soft starter” ou partida suave e os
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

200

150

100

50
Q [kVAr]

-5 0

-1 0 0

-1 5 0

1 3 :3 8 :4 1 1 3 :3 9 :1 9 1 3 :3 9 :5 8 1 3 :4 0 :3 7 1 3 :4 1 :1 6 1 3 :4 1 :5 5 1 3 :4 2 :3 2 1 3 :4 3 :1 2 1 3 :4 3 :4 8 1 3 :4 4 :2 7 1 3 :4 5 :0 4 1 3 :4 5 :4 3 1 3 :4 6 :2 0 1 3 :4 6 :5 7 1 3 :4 7 :3 3 1 3 :4 8 :1 4
T im e [H H :M M :S S ]

Figura 156 – Potência reativa consumida pela carga e injetada pelo compensador

inversores de frequência que possuem função de operação também • Uso de compensadores estáticos de energia reativa na
durante o período de operação normal da carga (regime síncrono). regulação de tensão e nos afundamentos na partida de motores.
A Figura 23 apresenta o conceito de operação dos soft A partida de motores assíncronos apesar de ser um
starters, onde sistemas equipados com acionamentos estáticos assunto bastante estudado ainda causa controvérsias, pois
(controle estático) controlam a tensão de alimentação, controlando nem sempre os dispositivos de partida especificados atendem
por consequência a corrente absorvida da rede pelos motores. seus propósitos. O objetivo deste trabalho é apresentar a 143
Eventualmente os soft starters não podem ser aplicados em função possibilidade de se efetuar a compensação da energia reativa
de restrições de conjugado e escorregamento. Neste caso devem consumida no período de partida de grandes motores ou de
ser aplicados os inversores de frequência que possuem maiores um grupo de motores, como ferramenta para compensação dos
recursos de ajuste ou a injeção de energia reativa controlada durante afundamentos de tensão associados e efeitos indesejáveis.
a partida, conforme exposto na sequência. Correntes de partida de motores apresentam importantes
componentes reativas, fazendo com que estas correntes atinjam
valores desde 3 a 8 vezes os valores nominais da situação de
regime, por um período típico da ordem de dezenas a centenas
de ciclos. Da mesma forma que nos transformadores, estas
correntes são independentes da carga e assumem estes altos
valores em função do modelo da impedância, no caso do motor.
Como consequência desta corrente, o barramento e a
instalação onde o motor está ligado, será submetido a um
afundamento de tensão, cuja severidade dependerá justamente
da potência de curto circuito (da fonte) e do ponto de conexão.
De forma a atenuar este fenômeno, umas das possíveis
soluções é a injeção de energia reativa através de compensadores
estáticos, no mesmo instante em que o motor está partindo;
em outras palavras, a energia reativa consumida pelo motor,
durante a partida pode ser fornecida não só pela fonte (causando
o afundamento de tensão), mas também por fonte de reativos
externa, no mesmo instante e em proporção controlada, de forma
a reduzir o efeito do afundamento de tensão citado. Quanto maior
for a parcela do reativo injetado pelo compensador, menor será
NBR 5410

o afundamento de tensão experimentado. O equipamento pode


não se tratar de um compensador de energia reativo clássico,
Figura 157 – controle de corrente e tensão por soft starter que opera fundamentalmente durante o regime da carga, mas
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

um equipamento especialmente desenhado para operar durante


a partida de cargas que demandam consideráveis valores de
energia reativa, nada impedindo que os dois equipamentos
possam operar simultaneamente.
Os efeitos destes afundamentos são os mais indesejáveis
possíveis, como a interferência operacional em outras cargas,
queima e má operação de equipamentos e a ainda a inibição da
partida da própria carga que está tentando colocar em operação,
pois a tensão pode atingir valores suficientemente baixos
para que a bobina do contator seja “desatracada”, causando a
abertura do mesmo em regime de partida, com alta possibilidade
de danificação. O mesmo pode ocorrer caso algum outro
acionamento eletrônico esteja associado a partida do motor.
A construção do compensador de partida é semelhante
àquela do compensador estático de energia reativa (clássico), Figura 158 – esquema de ligação típico de compensador de partida
isto é, capacitores associados a reatores (filtros) manobrados
por elementos estáticos em tempos de resposta da ordem de 1
ciclo de rede e protegidos por fusíveis. A operação é também
semelhante, tomando-se informação do comportamento
da carga e da rede, através de transformadores de corrente
adequadamente instalados, como ilustrado na Figura 158, ou
na Figura 159 com o uso de transformador para injeção de
reativo em tensões superiores.
Apresenta-se a seguir um exemplo de aplicação num
sistema de bombeamento em empresa de saneamento na
Colômbia, com a partida de 3 bombas de 500 cv.
Observa-se na Figura 160 que as duas primeiras bombas
144 Figura 159 – esquema de ligação para compensação em média tensão
NBR 5410

Figura 160 - TENTATIVA DE PARTIDA DA TERCEIRA BOMBA (COM FALHA)


GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

conseguem partir, mas a terceira bomba encontra problemas. de tensão registrado é tolerado pelo acionamento da bomba.
A Figura 161 detalha o comportamento da tensão e corrente Como conclusão, observa-se que a técnica apresentada é uma
no instante da tentativa da partida desta terceira bomba. boa ferramenta para partida de motores de media a alta potência,
A Figura 162 apresenta o comportamento da partida da em baixa ou média tensão inclusive na situação em que as fontes
terceira bomba, (por diversas vezes), com a injeção de energia são geradores em sistemas isolados cuja potência de curto-circuito
reativa pelo compensador estático, neste caso o afundamento possam não ser favoráveis.

Figura 161 – DETALHE DO COMPORTAMENTO DA TENSÃO E CORRENTE NA TENTATIVA DE PARTIDA DA TERCEIRA BOMBA

145

NBR 5410

Figura 162 – PARTIDA BEM SUCEDIDA DA TERCEIRA BOMBA COM COMPENSAÇÃO DE ENERGIA REATIVA
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

146
NBR 14039
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

147

NBR 14039
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

148
NBR 14039
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

ABNT NBR 14039:2005


Instalações elétricas de média tensão de 1,0 kV a 36,2 kV

Sumário

1 Introdução 150
2 Objetivos, campo de aplicação e abrangência 150
3 Origem da instalação 150
4 Aspectos gerais de projeto 152
5 Proteção contra choques elétricos 157
149
6 Proteção contra efeitos térmicos (incêndios e queimaduras) 162
7 Proteção contra sobrecorrentes 163
8 Proteção contra sobretensões 165
9 Proteção contra mínima e máxima tensão e falta de fase e inversão de fase 165
10 Proteção das pessoas que trabalham nas instalações elétricas de média tensão 166
11 Proteção contra fuga de líquido isolante 167
12 Proteção contra perigos resultantes de faltas por arco 167
13 Seleção e instalação dos componentes 168
14 Linhas elétricas 172
15 Dimensionamento de condutores 185
16 Aterramento e equipotencialização 196
17 Seccionamento e comando 199
18 Transformadores 199
19 Subestações 211
20 Verificação final 219
NBR 14039

21 Manutenção e operação 224


22 Considerações sobre projeto de aterramento de subestações 229
23 Qualidade da energia elétrica nas instalações de média tensão 241
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

por exemplo, ruídos, tensões e correntes harmônicas, afundamentos


1 Introdução
de tensão, sobretensões, dentre outros efeitos elétricos. Os danos às
pessoas são tipicamnete os excessos de ruídos sonoros, de calor ou
A NBR 14039 teve sua origem na necessidade da atualização
vibrações às estruturas e habitantes nas proximidades, o surgimento
da antiga norma “NB 79 – Execução de instalações elétricas de
de tensões de passo e de toque perigosas.
alta tensão” que abrangia as instalações na faixa de tensão de 0,6
a 15 kV, que vigorou até 1996. Além disso, era necessário adequar
a norma a critérios internacionais de segurança das instalações e de
3 Origem da instalação
seus usuários. Com isto, foi publicada em abril de 1998 a norma
A norma aplica-se a partir de instalações alimentadas pelo
ABNT NBR 14039 - Instalações elétricas de média tensão de 1,0
concessionário e também se aplica às instalações alimentadas por fonte
a 36,2 kV. Esta norma foi baseada na norma francesa NF C 13-
própria de energia em média tensão. No caso da alimentação pelo
200:1987 e seguiu a mesma estrutura da norma NBR 5410. Durante
concessionário, a norma é válida a partir do ponto de entrega definido
os anos de 1997 a 2003, a norma foi revisada e, em outubro de 2000
pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). Destaque-se
foi publicada uma emenda, alterando-a para NBR 14039:2000. A
que, no trecho entre o ponto de entrega e a origem da instalação, pode
edição em vigor na época da preparação deste Guia é a de 2005.
ser necessária a aplicação, além das prescrições da NBR 14039, das
normas e/ou padrões do concessionário em geral e, em particular,
2 Objetivos, campo de aplicação e
suas prescrições em relação à conformidade dos valores de graduação
abrangência
(sobrecorrentes temporizadas e instantâneas de fase / neutro) e
capacidade de interrupção da potência de curto-circuito.
A NBR 14039 estabelece as condições mínimas de projeto
A Resolução 456 de 2000 da ANEEL definia que ponto de entrega
e execução de instalações elétricas de média tensão, com tensão
era o ponto de conexão do sistema elétrico do concessionário com
nominal de 1,0 kV a 36,2 kV, à frequência industrial, de modo a
as instalações elétricas da unidade consumidora, caracterizando-se
garantir segurança e continuidade de serviço.
como o limite de responsabilidade do fornecimento (Figura 1).
A NBR 14039 abrange as instalações de geração, distribuição e
utilização de energia elétrica, sendo que as instalações especiais tais
como marítimas, de tração elétrica, de usinas, pedreiras, luminosas
com gases (neônio e semelhantes) devem obedecer às normas
específicas aplicáveis em cada caso.
150
A NBR 14039 não se aplica às instalações elétricas de
concessionários dos serviços de geração, transmissão e distribuição
de energia elétrica; às instalações de cercas eletrificadas; e aos
trabalhos com circuitos energizados.
As instalações de média tensão dos concessionários são de uso
e controle exclusivo de seus profissionais próprios e terceirizados
autorizados. Essas instalações possuem características próprias e
diferentes das instalações dos consumidores (usuários) finais.
As instalações elétricas de cercas eletrificadas devem atender à Figura 1 – Ponto de entrega conforme a Resolução 456 de 2000 da ANEEL
NBR IEC 60335-2-76.
No entanto, a Resolução 414 de 2010 da ANEEL modificou
Por fim, o trabalho com circuitos energizados está explicitamente
a definição de ponto de entrega que passou a ser o ponto onde é
fora do escopo da NBR 14039, pela sua importância e grau de risco
realizada a conexão do sistema elétrico da distribuidora com a unidade
aos trabalhadores e as responsabilidades a isso associadas, sendo
consumidora e situa-se no limite da via pública com a propriedade
tratados em detalhe na Norma Regulamentadora do Ministério do
onde esteja localizada a unidade consumidora (Figura 2).
Trabalho e Emprego NR-10 (ver a parte específica deste Guia sobre
a NR-10).
A NBR 14039 aplica-se às instalações novas ou às reformas
em instalações existentes e às instalações de caráter permanente ou
temporário. As modificações destinadas a, por exemplo, acomodar
novos equipamentos ou substituir os existentes não implicam
necessariamente reforma total da instalação.
As prescrições da NBR 14039 constituem as exigências mínimas
a que devem obedecer as instalações elétricas de média tensão, para
que elas não venham, por suas deficiências, prejudicar e perturbar
NBR 14039

as instalações vizinhas ou causar danos às pessoas e aos animais


e à conservação dos bens e do meio ambiente. Tais perturbações
elétricas ao sistema do concessionário e outros consumidores são,
Figura 2 – Ponto de entrega conforme a Resolução 414 de 2010 da ANEEL
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Figura 3 - Caso 1 P = dispositivo geral de comando e proteção Figura 4 - Caso 2


M = medição
LXXII = ramal de entrada
LXIII = ramal de ligação

Na Resolução 414 há algumas exceções em relação à definição • Caso 1 - Instalações alimentadas diretamente por rede de
do ponto de entrega, dentre as quais se destacam: distribuição pública em média tensão: a origem da instalação
corresponde aos terminais de saída do dispositivo geral de 151
• Quando se tratar de condomínio horizontal, onde a rede comando e proteção (Figura 3) ou, no caso excepcional em que tal
elétrica interna não seja de propriedade da distribuidora, o ponto dispositivo se encontre antes da medição, a origem corresponde
de entrega se situará no limite da via pública com o condomínio aos terminais de saída do transformador de instrumento de
horizontal; medição (Figura 4).
• Quando se tratar de condomínio horizontal, onde a rede elétrica • Caso 2 - Instalações alimentadas por subestação de
interna seja de propriedade da distribuidora, o ponto de entrega transformação: a origem da instalação corresponde aos terminais
se situará no limite da via interna com a propriedade onde esteja de saída do transformador; se a subestação possuir vários
localizada a unidade consumidora; transformadores não ligados em paralelo, a cada transformador
• Quando se tratar de fornecimento a edificações com múlti­ corresponde uma origem, havendo tantas instalações quantos
plas unidades consumidoras, em que os equipamentos de forem os transformadores (Figura 4).
transformação da distribuidora estejam instalados no interior • Caso 3 - nas instalações alimentadas por fonte própria de
da propriedade, o ponto de entrega se situará na entrada do energia em baixa tensão, a origem é considerada de forma a
barramento geral. incluir a fonte como parte da instalação (Figura 5).

Tanto a Resolução 456 de 2000 quanto a Resolução 414 de


2010 definem: origem da instalação

LXII – ramal de entrada: conjunto de condutores e acessórios


instalados pelo consumidor entre o ponto de entrega e a medição
ou a proteção de suas instalações;
LXIII – ramal de ligação: conjunto de condutores e acessórios
instalados entre o ponto de derivação da rede da distribuidora e
o ponto de entrega;
NBR 14039

Uma vez definidos estes conceitos, podemos analisar as


seguintes situações em relação à origem da instalação conforme
3.5 da NBR 14039: Figura 5 - Caso 3
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Do mesmo modo, deve ser dada atenção especial às


4 Aspectos gerais de projeto
cargas superiores a 50 kW, principalmente motores, pois seus
funcionamentos podem interferir na operação de outros componentes
4.1 Potência de alimentação
e equipamentos. O regime de partida do motor é fundamental para
verificação do ajuste necessário no relé de proteção geral nas funções
Em 4.2.1 da NBR 14039 prescreve-se que, na determinação
50/51 (Fase e Neutro) e para estabelecer coordenação e seletividade
da potência de alimentação de uma instalação ou de parte de uma
entre os vários níveis de proteção.
instalação, devem-se prever os equipamentos a serem instalados,
É fundamental determinar o tempo e regime de funcionamento
com suas respectivas potências nominais e, após isso, considerar
das cargas para que seja possível estimar o consumo de energia tendo
as possibilidades de não simultaneidade de funcionamento destes
em vista a contratação da melhor condição possível de fornecimento
equipamentos (fator de demanda), bem como capacidade de reserva
junto ao concessionário.
para futuras ampliações.
É importante observar que o texto da norma refere-se às
4.2 Perturbações
potências nominais dos equipamentos e não às absorvidas por eles.
Isso significa que não é possível a aplicação do chamado fator de
Em 4.2.2 a NBR 14039 indica que a instalação de média tensão
utilização no cálculo da potência de alimentação. Lembre-se que
não deve prejudicar o funcionamento da rede de distribuição pública
o fator de utilização é aquele que multiplica a potência nominal
em serviço normal, e seus aparelhos e equipamentos, quando em
de um aparelho para se obter a potência média absorvida por ele
operação, não devem causar perturbações significativas na rede.
durante sua operação. Esse é geralmente o caso de motores, sendo
As perturbações mais comuns que uma instalação de média
tipicamente considerado, nesta situação, um fator de utilização da
tensão pode provocar numa rede de distribuição são as seguintes:
ordem de 0,75. No entanto, reitera-se que a prescrição da norma
variação de tensão, afundamento de tensão, elevação de tensão, surto
não permite a utilização de tal fator no cálculo da potência de
de tensão, desequilíbrio de tensão, tensões e correntes harmônicas,
alimentação.
flicker e aumento de potência reativa (redução do fator de potência).
A determinação do fator de demanda exige um conhecimento
Todas as perturbações mencionadas são tratadas genericamente
detalhado da instalação e das condições de funcionamento dos
como problemas de qualidade de energia e são possíveis de identificar
equipamentos de média tensão a ela conectados. Sua determinação
por meio de equipamentos de medição apropriados e eliminados
deve ser realizada a partir de um estudo muito detalhado, pois, caso não
ou mitigados com a aplicação de procedimentos e tecnologias
seja adequadamente avaliado, o valor final da potência de alimentação
152 conhecidos pelos especialistas no assunto.
pode resultar em subdimensionamento dos circuitos elétricos.
Conforme o caso, a potência de alimentação deve ser
4.3 Esquemas de aterramento
determinada por cargas ou por grupo de cargas e, geralmente,
baseia-se nos dados conhecidos de outras instalações similares.
Os esquemas de aterramentos, definidos em 4.2.3 da NBR 14039,
No que diz respeito às cargas deve-se considerar para um
referem-se aos modos possíveis de ligação do condutor neutro e do
equipamento a sua potência nominal dada pelo fabricante ou
condutor de proteção ao eletrodo de aterramento da instalação de
calculada a partir dos dados de entrada (tensão nominal, corrente
média tensão. São definidos pela combinação de três letras (XYZ), a
nominal e fator de potência), ou calculada a partir da potência de
saber:
saída, caso seja conhecido o rendimento do equipamento (Figura 6).

• Primeira letra (X) - situação da alimentação em relação à terra:


T = um ponto de alimentação (geralmente o neutro) diretamente
aterrado;
I = isolação de todas as partes vivas em relação à terra ou aterramento
de um ponto através de uma impedância.

• Segunda letra (Y) - situação das massas da instalação elétrica de


média tensão em relação à terra:
T = massas diretamente aterradas, independentemente do aterramento
eventual de ponto de alimentação;
N = massas ligadas diretamente ao ponto de alimentação aterrado
(em corrente alternada, o ponto aterrado é normalmente o neutro).

• Terceira letra (Z) – situação de ligações eventuais com as massas


NBR 14039

Figura 6 – Determinação da potência nominal de um equipamento


da subestação:
Cargas sensíveis à falta de fase e às oscilações de tensão devem R = as massas da subestação estão ligadas simultaneamente ao
ser claramente identificadas, pois será necessário prever a devida aterramento do neutro da instalação e às massas da instalação;
proteção, conforme indicado no item 9 deste guia.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

N = as massas da subestação estão ligadas diretamente ao aterramento porém suficientes para provocar o surgimento de tensões de
do neutro da instalação, mas não estão ligadas às massas da instalação; contato perigosas.
S = as massas da subestação estão ligadas a um aterramento São considerados dois tipos de esquemas, TTN e TTS, de
eletricamente separado daquele do neutro e daquele das massas da acordo com a disposição do condutor neutro e do condutor de
instalação. proteção das massas da subestação, a saber:
Quando a instalação de média tensão é alimentada a partir de uma
subestação (AT/MT) que pertence ao próprio consumidor, a escolha • Esquema TTN, no qual o condutor neutro e o condutor de
do tipo de esquema de aterramento é uma decisão do projetista. No proteção das massas da subestação são ligados a um único
entanto, quando a instalação de média tensão é alimentada a partir eletrodo de aterramento (figura 8);
de uma rede de distribuição pública na qual o condutor neutro não é
fornecido, não é possível a utilização dos esquemas de aterramento
do tipo TN.

4.3.1 Esquema TNR

O esquema TNR possui um ponto da alimentação diretamente


aterrado, sendo as massas da instalação e da subestação ligadas a
esse ponto através de condutores de proteção (PE) ou condutor de
proteção com função combinada de neutro (PEN). Nesse esquema,
toda corrente de falta direta fase-massa é uma corrente de curto-
Rρn é a resistência do eletrodo de aterramento comum à massa da
circuito (figura 7). subestação e do neutro;
RA é a resistência do eletrodo de aterramento das massas da
instalação.

Figura 8 - Esquema TTN

• Esquema TTS, no qual o condutor neutro e o condutor de proteção


das massas da subestação são ligados a eletrodos de aterramento
distintos (figura 9). 153

RρnA é a resistência do eletrodo de aterramento comum à massa da subestação,


do neutro e das massas da instalação.

Figura 7 - Esquema TNR

No esquema TNR, a corrente de falta entre fase e massa


da subestação ou da instalação tem um caminho constituído
exclusivamente por condutores metálicos, sendo, portanto,
um percurso de baixa impedância que resulta em uma elevada
Rρ é a resistência do eletrodo de aterramento da subestação;
corrente de falta. Neste caso, as faltas podem ser detectadas Rn é a resistência do eletrodo de aterramento do neutro;
e automaticamente seccionadas por dispositivos de proteção RA é a resistência do eletrodo de aterramento das massas da
instalação
contra sobrecorrentes adequadamente dimensionados e
instalados nos condutores de fase. Figura 9 - Esquema TTS
Nestes casos, a determinação da corrente de falta deve
considerar as impedâncias da fonte, dos condutores de fase que Nos esquemas TTx, a corrente de falta entre fase e massa
alimentam a falta e do condutor de proteção. da subestação ou da instalação tem um caminho que inclui a
terra sendo, portanto, um percurso de impedância elevada que
4.3.2 E squemas TTN e TTS resulta em uma baixa corrente de falta. As impedâncias deste
percurso incluem principalmente as resistências dos eletrodos
Os esquemas TTx possuem um ponto da alimentação de aterramento das massas e do neutro.
diretamente aterrado, estando as massas da instalação ligadas a A detecção e seccionamento automático destas baixas
NBR 14039

eletrodos de aterramento eletricamente distintos do eletrodo de correntes de falta geralmente não são possíveis com a utilização
aterramento da subestação. de dispositivos de proteção contra sobrecorrentes e, por isso,
Nesse esquema, as correntes de falta direta fase-massa faz-se necessário o emprego de dispositivos diferenciais
devem ser inferiores a uma corrente de curto-circuito, sendo, residuais.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

4.3.3 Esquemas ITN, ITS e ITR

Os esquemas ITx não possuem qualquer ponto da


alimentação diretamente aterrado ou possuem um ponto da
alimentação aterrado através de uma impedância (Z), estando
as massas da instalação ligadas a seus próprios eletrodos de
aterramento.
Nesse esquema, a corrente resultante de uma única falta
fase-massa não deve ter intensidade suficiente para provocar o
surgimento de tensões de contato perigosas.
São considerados três tipos de esquemas, ITN, ITS e ITR, de Rρn é a resistência do eletrodo de aterramento comum à massa da subestação,
acordo com a disposição do condutor neutro e dos condutores do neutro e das massas da instalação

de proteção das massas da instalação e da subestação, a saber: Figura 12 - Esquema ITR

• Esquema ITN, no qual o condutor neutro e o condutor de Nos esquemas ITx, a corrente de uma primeira falta
proteção das massas da subestação são ligados a um único entre fase e massa da subestação ou da instalação tem um
eletrodo de aterramento e as massas da instalação ligadas a um caminho que inclui a impedância (Z), quando ela existir, ou
eletrodo distinto (Figura 10); a capacitância do circuito, sendo, portanto, um percurso de
impedância elevada que resulta em uma baixa corrente de falta.

4.4 A terramento do neutro

Conforme 4.2.3.4 da NBR 14039, quando a instalação for


alimentada por concessionário, o condutor neutro, se existir
e o concessionário permitir, deve ser aterrado na origem da
instalação, visando uma melhoria na equalização de potenciais
154 que é essencial para garantir a segurança das pessoas.

4.5 Tensão nominal


Rρn é a resistência do eletrodo de aterramento comum à massa da
subestação e do neutro;
RA é a resistência do eletrodo de aterramento das massas da instalação. De acordo com 4.2.5, a tensão nominal da instalação de
média tensão será a maior tensão (valor eficaz) entre fases
Figura 10 - Esquema ITN
encontradas em condições normais de operação, em qualquer
• Esquema ITS, no qual o condutor neutro, os condutores de tempo e ponto da instalação ou parte desta, mesmo que a
proteção das massas da subestação e da instalação são ligados a instalação tenha várias tensões nominais, uma para cada parte.
eletrodos de aterramento distintos (Figura 11); A norma prevê os seguintes valores para tensões nominais:
3 kV; 4,16 kV; 6 kV; 13,8 kV; 23,1 kV e 34,5 kV.

4.6 Correntes de curto - circuito

Conforme 4.2.6, as instalações de média tensão devem


ser projetadas e construídas para suportar com segurança os
efeitos térmicos e mecânicos resultantes de correntes de curto-
circuito, considerando simultaneamente o estudo de quatro
tipos de curtos-circuitos: trifásico; bifásico; entre duas fases e
neutro; e entre fase e neutro (Figura 13).
Dependendo do tamanho e topologia da instalação, o cálculo
Rρ é a resistência do eletrodo de aterramento da subestação;
Rn é a resistência do eletrodo de aterramento do neutro; das correntes de curto-circuito pode se tornar um assunto
RA é a resistência do eletrodo de aterramento das massas da instalação. complexo que envolve modelos matemáticos sofisticados. É
preciso ter em conta que simplificar demasiadamente estes
Figura 11 - Esquema ITs
NBR 14039

cálculos pode resultar em valores inadequados que levariam


• Esquema ITR, no qual o condutor neutro, os condutores de a um subdimensionamento dos componentes da instalação,
proteção das massas da subestação e da instalação são ligados a um comprometendo a segurança das pessoas e do patrimônio.
único eletrodo de aterramento (Figura 12). Por outro lado, a simplificação em exagero pode também
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Figura 13 – Tipos de curtos-circuitos considerados na aplicação da NBR 14039


155

resultar em valores igualmente inadequados que resultam em valores das correntes de curto-circuito máximas e mínimas
sobredimensionamento da instalação, ocasionado assim um que são utilizadas, respectivamente, para selecionar os
acréscimo de custo desnecessário. componentes das instalações e para determinar os valores
Exemplos de cálculos de curtos-circuitos e seus efeitos nominais e de ajustes das proteções de sobrecorrentes.
podem ser obtidos nas normas IEC 60909-0 e IEC 60949, ainda
sem tradução para o português. Obviamente outros métodos de 4.7 I nfluências externas

cálculos podem ser utilizados na determinação das correntes


de curto-circuito, cabendo ao projetista determinar aquele que A classificação das influências externas sobre a instalação
achar mais conveniente. de média tensão deve ser realizada nas fases de elaboração e
A norma IEC 60909-0 baseia-se Teorema de Thevenin e execução das instalações elétricas, sendo fundamental para a
pode ser aplicada em sistemas até 230 kV. Ela calcula uma fonte correta seleção e utilização dos componentes e para a garantia
de tensão equivalente no ponto de curto-circuito, determinando da segurança e funcionamento da instalação.
em seguida a corrente neste ponto. No modelo da IEC, as Conforme 4.3 da NBR 14039, cada condição de influência
fontes e os motores são substituídos por suas impedâncias (de externa é designada por um código que compreende sempre um
sequência positiva, negativa e zero). grupo de duas letras maiúsculas e um número, como descrito a
Em geral, nas instalações elétricas de média tensão são seguir:
feitas algumas considerações que simplificam a aplicação da
IEC 60909-0, tais como: a falta ocorre em um único ponto; • Primeira letra: indica a categoria geral da influência externa:
durante todo o curto-circuito, as tensões que provocam a A = meio ambiente;
circulação de corrente e as impedâncias dos componentes da B = utilização;
instalação não variam de forma significativa; são desprezadas C = construção das edificações.
todas as resistências de contato e de arco; durante o curto- • Segunda letra (A, B, C,...) indica a natureza da influência
NBR 14039

circuito, o número de fases afetadas não se modifica; todas externa.


as capacitâncias e admitâncias paralelas das linhas são • Número (1, 2, 3,...) indica a classe de cada influência externa.
desprezadas; e a corrente de carga é desprezível. Em geral, quanto maior o número, mais severa é a intensidade
Com os cálculos da IEC 60909-0 é possível determinar os daquela determinada influência.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Tabela 1 – Resumo das codificações das influências externas


Influência externa
Categorias Descrição Codificação Tabela
Meio ambiente Temperatura ambiente AA 1
Altitude AC 2
Presença de água AD 3
Presença de corpos sólidos AE 4
Presença de substâncias corrosivas ou poluentes AF 5
Solicitações mecânicas:
- Choques mecânicos AG 6
- Vibrações AH 6
Presença de flora e mofo AK 7
Presença de fauna AL 8
Influências eletromagnéticas, eletrostática ou ionizantes AM 9
Radiações solares AN 10
Raios AQ 11
Utilizações Competência das pessoas BA 12
Resistência elétrica do corpo humano BB 13
Contatos das pessoas com o potencial local BC 14
Condições de fuga das pessoas em emergência BD 15
Natureza das matérias processadas ou armazenadas BE 16
Construção das edificações Materiais de construção CA 17
Estrutura das edificações CB 18

A codificação indicada anteriormente é exatamente igual vezes, mesmo presentes, elas podem ser desprezadas.
àquela utilizada pela norma NBR 5410 de instalações elétricas Para efeito de exemplo de aplicação das tabelas indicadas
de baixa tensão. na Figura 14, suponha-se que tenha sido determinado que, no
A Tabela 1 resume as codificações das Tabelas 1 a 18 em função local onde será instalado um equipamento de média tensão,
156 das duas primeiras letras (categoria e natureza da influência). existe a possibilidade de que a água, ao respingar, forme uma
Na NBR 14039, há três tipos de tabelas de influências película nas paredes ou pisos. Conforme a Tabela 3 da NBR
externas diretamente relacionadas entre si, conforme indicado 14039, isso configura uma codificação de influência externa
na Figura 14. AD3 (aspersão de água). A partir desta constatação, a Tabela 24
A partir dos conceitos anteriores, cabe ao projetista indica que o equipamento deverá possuir um grau de proteção
classificar as influências externas predominantes na instalação mínimo IPX3 e os componentes da linha elétrica que o alimenta
elétrica de média tensão, observando-se que nem todas as devem ter proteção adicional à penetração de água com graus
influências precisam estar presentes numa instalação ou, às IP adequados, a princípio sem revestimento metálico externo.
NBR 14039

Figura 14 – Relação entre as tabelas de influências externas


GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Figura 15 – Medidas de proteção contra choques elétricos em instalações elétricas de média tensão

5 Proteção contra choques elétricos enquanto que as medidas de proteção parcial somente podem
ser utilizadas em instalações em locais acessíveis a pessoas
Conforme 5.1 da NBR 14039, a proteção contra choques advertidas (BA4) ou qualificadas (BA5).
elétricos no âmbito das instalações de média tensão deve ser Sob nenhuma hipótese admite-se a omissão das medidas de 157
prevista pela aplicação das medidas de proteção contra contatos proteção contra contatos diretos nas instalações cobertas pela
diretos e contatos indiretos, conforme indicado na Figura 15. NBR 14039.
As medidas de proteção contra choques elétricos por
contato direto visam impedir que pessoas e animais tenham 5.1.1 Proteção por isolação das partes vivas

acesso direto às partes vivas da instalação (condutores de fase


e neutro). De acordo com 5.1.1.1, a isolação é destinada a impedir
Por outro lado, as medidas de proteção contra contato todo contato com as partes vivas da instalação elétrica, que
indireto visam impedir o choque elétrico a partir de uma devem ser completamente recobertas por uma isolação que só
massa condutora da instalação normalmente não energizada possa ser removida através de sua destruição.
que se torna energizada devido a um defeito na isolação Para os componentes montados em fábrica, a isolação
básica de um componente. Para se realizar com sucesso a deve atender às prescrições relativas a esses componentes,
proteção contra choques elétricos por contato indireto é normalmente uma norma técnica (Figura 16a). Para os
necessário manter as partes condutoras acessíveis (carcaças e componentes montados em obra (Figura 16b), a NBR 14039
massas em geral) das instalações dentro dos limites de tensão prescreve que a proteção deve ser garantida por uma isolação
estabelecidos pela IEC/TR 60479-1, independentemente do capaz de suportar as solicitações mecânicas, químicas,
valor da tensão nominal da instalação. elétricas e térmicas às quais possa ser submetida, devendo
ser verificada a qualidade desta isolação através de ensaios
5.1 Proteção contra contatos diretos análogos aos realizados em fábrica naqueles componentes. É
muito importante notar que, dependendo do tipo de componente
Conforme 5.1.1 da NBR 14039, a proteção total (plena) que recebeu isolação, não será muito fácil realizar ensaios
contra contatos diretos deve ser assegurada por meio de isolação em campo similares àqueles que são conduzidos em fábrica,
das partes vivas e/ou pelo uso de barreiras ou invólucros. Além mesmo considerando-se que os ensaios aos quais a NBR 14039
disso, é prevista uma proteção parcial por meio do uso de se refere seriam os ensaios de rotina realizados em fábrica.
NBR 14039

obstáculos e/ou por colocação fora de alcance das partes vivas. A dificuldade de realizar ensaios em campo equivalentes aos
As medidas de proteção total podem ser adotadas nas de laboratório reside em aspectos de capacidade e tamanho
instalações situadas em locais de acesso a pessoas comuns dos equipamentos de ensaio (fontes, medidores, etc.) e na
(inadvertidas - BA1 conforme Tabela 12 da NBR 14039), segurança das pessoas em relação à realização dos ensaios.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

a) isolação (cabo elétrico) aplicada em fábrica


b) isolação (de emenda de cabo) montada em obra

Figura 16 – Proteção por isolação das partes vivas

ou ferramentas, sendo que em nenhuma hipótese poderá ser


5.1.2 Proteção por meio de barreiras ou invólucros restabelecida a tensão enquanto não forem recolocadas as barreiras
ou invólucros. Isso é possível conseguir por meio do uso de
De acordo com a NBR IEC 60050-826: intertravamento mecânico e/ou elétrico.
São exemplos de invólucros as caixas metálicas de conjuntos
• Invólucro: elemento que assegura proteção de um equipamento de manobra (quadros elétricos) e os invólucros dos barramentos
contra determinadas influências externas e proteção contra contatos blindados (Figura 17).
diretos em qualquer direção.
• Barreira: elemento que assegura proteção contra contatos diretos, 5.1.3 Proteção por meio de obstáculos
em todas as direções habituais de acesso.
Conforme 5.1.1.2 da NBR 14039, as barreiras e invólucros De acordo com 5.1.1.3 da NBR 14039, os obstáculos são
devem conferir, em geral, pelo menos o grau de proteção IP3X destinados a impedir os contatos fortuitos com partes vivas,
158
(impede a penetração de corpos com dimensões acima de 2,5 mm)
ou IP4X (impede a penetração de corpos com dimensões acima de 1
mm) quando suas superfícies superiores forem facilmente acessíveis.
As barreiras e invólucros devem ser fixados de forma segura e
possuir robustez e durabilidade suficientes para manter os graus de
proteção e a apropriada separação das partes vivas nas condições
normais de serviço, levando-se em conta as condições de influências
externas relevantes.
A remoção das barreiras, a abertura dos invólucros ou a
retirada de partes dos invólucros deve ser realizada somente
após a desenergização das partes vivas protegidas por elas. Essa
remoção deve ser possível unicamente com a utilização de chaves
NBR 14039

Figura 17 – Exemplo de invólucro Figura 18 –Dimensões e exemplo de obstáculo: tela de proteção em subestação
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

mas não os contatos voluntários por uma tentativa deliberada de Tabela 2 – Espaçamentos para instalações internas

contorno do obstáculo. Desta forma, os obstáculos devem impedir Dimensões mínimas mm


D 300 até 24,2 kV Distância entre a parte viva e um anteparo vertical
uma aproximação física não intencional das partes vivas e os
400 para 36,2 kV
contatos não intencionais com partes vivas por ocasião de operação
A - Valores de distâncias mínimas da tabela 5
de equipamentos sob tensão.
R 1 200 Locais de manobra
Os obstáculos podem ser desmontáveis sem a ajuda de uma B 2 700 Altura mínima de uma parte viva com circulação
ferramenta ou de uma chave, entretanto, devem ser K 2 000 Altura mínima de um anteparo horizontal
fixados de forma a impedir qualquer remoção involuntária. F 1 700 Altura mínima de um anteparo vertical
As dimensões dos obstáculos e de sua colocação estão definidas J E + 300 Altura mínima de uma parte viva sem circulação
nas Tabelas 19 e 20 da NBR 14039, conforme indicado na Figura 18. Dimensões máximas mm
Por serem medidas de proteção parcial, os obstáculos somente E 300 Distância máxima entre a parte inferior de um
podem ser utilizados em instalações em locais acessíveis a pessoas anteparo vertical e o piso

advertidas (BA4) ou qualificadas (BA5). M 1 200 Altura dos punhos de acionamento manual
malha 20 Altura da malha
São exemplos de obstáculos as telas de proteção que separam
os componentes energizados das áreas de circulação em uma
subestação.
A

5.1.4 Proteção parcial por colocação fora de alcance


A

Conforme 5.1.1.4 da NBR 14039, a colocação fora de alcance é


somente destinada a impedir os contatos fortuitos com as partes vivas.
Os espaçamentos (distâncias) indicados na norma devem ser suficientes B
D
para que se evite que pessoas circulando nas proximidades das partes A
R K
vivas em média tensão possam entrar em contato com essas partes,
seja diretamente ou por intermédio de objetos que elas manipulem ou
F
transportem nas proximidades das partes vivas. M
J
Como regra geral, por ser uma medida de proteção parcial, a
E
colocação fora de alcance somente pode ser utilizada em instalações 159
em locais acessíveis a pessoas advertidas (BA4) ou qualificadas (BA5).
No entanto, há uma exceção em que a proteção por colocação fora de W X
alcance pode ser aplicada em locais de acesso de pessoas comuns BA1,
a) Circulação por um lado
que é o caso de linhas aéreas utilizando condutores nus ou protegidos
instalados no exterior das edificações. Nesta situação, aplicam-se as
distâncias mínimas (H) indicadas na Tabela 3 nos casos de passagens das
A
linhas aéreas por ruas, avenidas, entradas de prédios e demais locais com
trânsito de veículos ou de pedestres somente e travessias de ferrovias e A
rodovias. B
As linhas aéreas internas às edificações que sejam instaladas em locais
de acesso de pessoas comuns BA1 devem ser executadas unicamente com R
cabos isolados ou linhas pré-fabricadas (barramentos blindados), ficando A D
o uso de linhas aéreas com cabos nus permitidas somente em locais de
F F
acesso de pessoas advertidas ou qualificadas (BA4 e BA5), desde que M
respeitados os afastamentos mínimos indicados na norma. E
J
E
Na NBR 14039, os espaçamentos mínimos previstos para instalações
internas são definidos nas figuras 7-a) e 7-b) com os valores das Tabelas
19 e 21 e para instalações externas na Figura 8 com os valores das X W X
Tabelas 20 e 21 reproduzidos a seguir, respectivamente, nas figuras 19 e
b) Circulação por mais de um lado
20 e tabelas 2, 3 e 4.
Nas tabelas e figuras indicadas, a altura mínima que deve existir
Legenda:
sob as partes vivas para a circulação de pessoas é representada pela letra Partes vivas W - Área de circulação permitida
“B”. Nos casos em que é possível obter esta distância mínima, devem Anteparos: tela ou grade metálica a pessoas advertidas
NBR 14039

X - Área de circulação proibida


ser instalados obstáculos (anteparo horizontal) sob os condutores nus Dispositivos de manobra
de forma que as distâncias “A” e “K” sejam respeitadas. No sentido
horizontal, sempre é necessário instalar obstáculos entre as pessoas e as
partes vivas. Figura 19 –Espaçamentos para instalações internas
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Tabela 3 – Espaçamentos para instalações externas


Dimensões mínimas mm
A - Valores de distâncias mínimas da tabela 5
G 1 500 Distância mínima entre a parte viva e a proteção externa
B 4 000 Altura mínima de uma parte viva na área de circulação
R 1 500 Locais de manobra
D 500 Distância mínima entre a parte viva e um anteparo vertical
F 2 000 Altura mínima de um anteparo vertical
H 6 000 Em ruas, avenidas e entradas de prédios e demais locais com
trânsito de veículos
5 000 Em local com trânsito de pedestres somente
9 000 Em ferrovias
7 000 Em rodovias
J 800 Altura mínima de uma parte viva na área de circulação proibida
K 2 200 Altura mínima de um anteparo horizontal
L 2 000 Altura mínima da proteção externa
C 2 000 Circulação
Dimensões máximas mm
E 600 Distância máxima entre a parte inferior de um anteparo vertical
e o piso
M 1 200 Altura dos punhos de acionamento manual
Malha 20 Abertura das malhas dos anteparos Figura 20 – Espaçamentos para instalações externas ao nível do piso

Tabela 4 – Distâncias mínimas (valor de “A”) x Tensão nominal da instalação


Tensão nominal Tensão de ensaio a frequência Tensão suportável nominal de impulso Distância mínima fase/terra e fase/fase 1)

da instalação kV industrial (valor eficaz) kV atmosférico (valor de pico) kV Interno mm Externo mm

3 10 20 60 120
40 60 120
160 4,16 19 60 90 120
6 20 40 60 120
60 90 120
13,8 34 95 160
110 180
125 220
23,1 50 95 160
125 220
34,5 70 145 270
170 320
1)
Estes afastamentos devem ser tomados entre extremidades mais próximas e não de centro a centro. Os valores de distâncias mínimas indicados podem ser aumentados, a
critério do projetista, em função da classificação das influências externas.

Em resumo, a medida de proteção contra contatos indiretos é


5.2 Proteção contra contatos indiretos considerada atendida quando o aterramento e a equipotencialização
forem realizados conforme as prescrições da norma. Diferentemente da
Conforme 5.1.2 da NBR 14039, a proteção contra NBR 5410, não é previsto o seccionamento automático da alimentação
contatos indiretos deve ser garantida pelo aterramento e pela como medida de proteção contra contatos indiretos na média tensão.
equipotencialização e tem por objetivo impedir que apareça na
instalação uma tensão de contato que possa resultar em risco de 5.2.1 Aterramento
efeito fisiológico perigoso para as pessoas.
Embora o seccionamento automático da alimentação faça parte De acordo com 5.1.2.1.1 da NBR 14039, as massas da instalação
da lista de medidas de proteção contra contatos indiretos na NBR de média tensão devem ser ligadas aos condutores de proteção
14039, diferentemente da NBR 5410 que adota esta medida para conforme as particularidades de cada esquema de aterramento
NBR 14039

a proteção das pessoas contra choques elétricos, esta medida na (ver 4.3 deste guia e Figura 21). As massas simultaneamente
norma de média tensão visa garantir unicamente a integridade dos acessíveis devem ser ligadas à mesma infraestrutura de aterramento
componentes dos sistemas de aterramento e de equipotencialização individualmente, por grupos ou coletivamente.
e limitar o tempo de duração da falta. Ver mais informações sobre aterramento no item 15 deste guia.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

5.2.3 Seccionamento automático da alimentação

De acordo com 5.1.2.2 da NBR 14039, o seccionamento


automático da alimentação destina-se unicamente a evitar que
uma corrente se mantenha por um tempo que possa resultar em
sobreaquecimento na instalação. Para que isso seja conseguido,
esta medida de proteção requer a coordenação entre o esquema de
aterramento adotado e as características dos condutores de proteção
e dos dispositivos de proteção.
A proteção por seccionamento automático da alimentação
pressupõe que as medidas de proteção por aterramento e
equipotencialização descritas anteriormente estejam presentes.
Uma vez atendidos estes requisitos, um dispositivo de proteção deve
secionar automaticamente a alimentação do circuito ou equipamento
protegido contra contatos indiretos por este dispositivo sempre que
uma falta entre parte viva e massa no circuito ou equipamento
considerado der origem a uma tensão de contato superior ao valor
apropriado de UL (Tabela 5).
Neste ponto é importante deixar claro que, embora a norma
utilize os valores máximos da tensão de contato limite para a
determinação do seccionamento automático da alimentação, não há
Figura 21 – Aterramento da massa (carcaça) do transformador
nenhuma relação entre este seccionamento e a proteção das pessoas
contra choques elétricos, sendo que o objetivo deste seccionamento
é unicamente evitar sobreaquecimento dos componentes da
5.2.2 Ligação equipotencial
instalação.

De acordo com 5.1.2.1.2 da NBR 14039, a tensão de contato em Tabela 5 - Valores máximos da tensão de contato limite UL (V)
161
qualquer ponto da instalação não pode ser superior à tensão de contato Natureza da corrente Situação 11) Situação 21)
Alternada, 15 Hz – 1 000 Hz 50 25
limite (UL), com valor indicado na Tabela 22 da norma (Tabela 6 a
Contínua sem ondulação 2) 120 60
seguir). Ainda conforme o conceito da NBR 14039, esta regra é
1) A situação 1 aplica-se a áreas internas e a situação 2 aplica-se a áreas externas.
satisfeita se em cada edificação existir uma ligação equipotencial NOTAS

principal, reunindo os condutor(es) de proteção principal(is); os 1 Uma tensão contínua “sem ondulação” é convencionalmente definida como apresentando uma taxa de ondulação não superior a 10%
em valor eficaz; o valor de crista máximo não deve ultrapassar 140 V para um sistema em corrente contínua sem ondulação com 120 V
condutores de equipotencialidade principais ligados a canalizações nominais ou 70 V para um sistema em corrente contínua sem ondulação com 60 V nominais.

metálicas de utilidades e serviços e a todos os demais elementos 2 Os valores máximos da tensão de contato limite apresentados são para tensão de contato de duração maior ou igual a 10 s.

condutores estranhos à instalação, incluindo os elementos metálicos da Para tempos inferiores a 10 s, podem ser utilizados os valores obtidos na figura A.1.

construção e outras estruturas metálicas (Figura 22); o(s) condutor(es)


de aterramento; o(s) eletrodo(s) de aterramento de outros sistemas (por
exemplo, de sistemas de proteção contra descargas atmosféricas, etc.).
5.2.3.1 Seccionamento automático da alimentação em esquema
Ver mais informações sobre equipotencialização no item
TNx
15 deste guia.

Em um esquema TNx todo defeito de isolamento é um curto-


circuito fase/neutro. Quando a proteção é assegurada por dispositivos
de proteção contra sobrecorrente, a avaliação da corrente de curto-
circuito mínima é necessária, a fim de verificar se o dispositivo atua
adequadamente, ou seja, se ele efetivamente secciona o circuito
quando percorrido pela corrente de curto-circuito mínima.
Na determinação da corrente de curto-circuito mínima deve ser
considerada a impedância do percurso da corrente de falta (Zs), que,
em geral, inclui a fonte (transformador próprio ou da concessionária
ou gerador), os condutores de fase que são percorridos pela corrente
NBR 14039

de falta e o condutor de proteção.


Uma vez determinado o valor da corrente de curto-circuito
mínima, deve ser calculada a tensão de contato em todas as massas
Figura 22 – Equipotencialização de estrutura metálicas (telas de proteção) para assegurar o atendimento dos valores máximos da Tabela 5.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

5.2.3.2 Seccionamento automático da alimentação em esquema TTx 6.1 Proteção contra incêndio

Nos esquemas TTx a corrente de defeito é limitada pelas Os componentes elétricos da instalação de média tensão não
resistências de tomadas de terra e do neutro e pela resistência devem apresentar perigo de incêndio para os materiais vizinhos.
das ligações eventuais, utilizadas por interconexão das massas Para tanto, os componentes fixos, cujas superfícies externas possam
e das tomadas de terra. Mesmo que a corrente do primeiro atingir temperaturas que venham a causar perigo de incêndio
defeito seja importante, não é permitido que sua detecção seja a materiais adjacentes devem ser montados sobre materiais ou
assegurada por dispositivos de proteção contra sobrecorrentes. contidos no interior de materiais que suportem tais temperaturas e
Por outro lado a detecção de pequenas correntes de fuga resultante sejam de baixa condutância térmica. Outra alternativa é separar os
de uma degradação lenta da isolação não é possível com esses componentes dos elementos da construção do prédio por materiais
dispositivos cujo limiar de funcionamento é muito elevado (muitas que suportem tais temperaturas e sejam de baixa condutância
vezes sua corrente nominal). Por isso, é necessário recorrer aos térmica. Ou, finalmente, os componentes da instalação de média
dispositivos sensíveis à corrente diferencial sem a necessidade de tensão devem ser montados de modo a permitir a dissipação segura
verificar as condições de disparo, ou seja, não é preciso realizar do calor, a uma distância segura de qualquer material em que tais
nenhum cálculo para comprovar o atendimento das condições de temperaturas possam ter efeitos térmicos prejudiciais, sendo que
seccionamento automático. qualquer meio de suporte deve ser de baixa condutância térmica.
Além disso, os componentes fixos que apresentem efeitos de
5.2.3.3 Seccionamento automático da alimentação em esquema ITx focalização ou concentração de calor devem estar a uma distância
suficiente de qualquer objeto fixo ou elemento do prédio, de modo
Nos esquemas ITx, é permitido não seccionar automaticamente a não submetê-los, em condições normais, a uma elevação perigosa
o circuito no primeiro defeito de isolamento, uma vez que, de temperatura.
geralmente, utiliza-se este esquema de aterramento em situações Os materiais dos invólucros que sejam dispostos em torno
nas quais, por razões de segurança das pessoas ou do patrimônio, é de componentes elétricos durante a instalação devem suportar a
necessário assegurar a continuidade do serviço. maior temperatura susceptível de ser produzida pelo componente.
Desta forma, é recomendado que se utilizem dispositivos Materiais combustíveis não são adequados para a construção destes
supervisores de isolamento (DSI) ou sistemas de localização invólucros, a menos que sejam tomadas medidas preventivas contra
162 de faltas para que, logo após a aparição do primeiro defeito de a ignição, tais como o revestimento com material incombustível ou
isolamento, proceda-se rapidamente à busca e eliminação deste de combustão difícil e de baixa condutância térmica.
defeito. Isso é muito importante, pois a permanência de um primeiro Para atender às prescrições anteriores, fica evidente que é
defeito conduz ao funcionamento da instalação com um ponto fundamental conhecer previamente as temperaturas máximas
ligado à terra, correspondendo a uma condição de funcionamento atingidas pelos componentes, assim como as temperaturas suportadas
para a qual a instalação não foi adequadamente dimensionada, o pelos materiais e elementos adjacentes à instalação de média tensão.
que pode levar ao surgimento de tensões e/ou correntes perigosas Além disso, é importante conhecer as características principais dos
que coloquem os componentes da instalação em risco de falha. materiais combustíveis que possam estar adjacentes aos componentes
elétricos, notadamente suas condutâncias térmicas.
6 Proteção contra efeitos térmicos
(incêndios e queimaduras) 6.2 Proteção contra queimaduras

Conforme 5.2 da NBR 14039, as pessoas, os componentes De acordo com 5.2.3 da NBR 14039, as partes acessíveis de
fixos de uma instalação elétrica, bem como os materiais fixos equipamentos elétricos que estejam situadas na zona de alcance
adjacentes, devem ser protegidos contra os efeitos prejudiciais do normal não devem atingir temperaturas que possam causar
calor ou radiação térmica produzida pelos equipamentos elétricos, queimaduras em pessoas e, para tanto, devem atender aos limites
particularmente quanto aos riscos de queimaduras (pessoas), de temperatura indicados na tabela 23 da norma (Tabela 7 a seguir).
prejuízos no funcionamento seguro de componentes da instalação e Além disso, todas as partes da instalação que possam, em serviço
combustão ou deterioração de materiais (incêndios). normal, atingir, ainda que por períodos curtos, temperaturas que
O conceito das prescrições da norma em relação a este assunto excedam os limites dados na Tabela 7, devem ser protegidas
baseia-se na limitação da temperatura máxima que os componentes contra qualquer contato acidental. Isso pode ser conseguido, por
da instalação de média tensão podem atingir em regime normal de exemplo, pela colocação fora de alcance ou pela instalação de
funcionamento. A partir do conhecimento destas temperaturas, a barreiras ou obstáculos que impeçam o contato acidental com as
norma lembra que devem ser observadas distâncias mínimas entre superfícies quentes.
NBR 14039

estes componentes e os demais materiais adjacentes a eles para Não devem ser considerados os valores indicados na Tabela
evitar incêndios. As temperaturas máximas também são fixadas 6 nos casos em que existirem normas específicas que limitem as
para partes dos componentes que são manuseadas pelos operadores temperaturas nas superfícies dos componentes elétricos no que
de forma a evitar queimaduras. concerne a proteção contra queimaduras.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Tabela 6 - Temperaturas máximas das superfícies externas dos equipamentos unitária com capacidade instalada menor ou igual a 300 kVA, a
elétricos dispostos no interior da zona de alcance normal
Temperaturas proteção geral na média tensão deve ser realizada por meio de um
Tipo de superfície
máximas °C disjuntor acionado através de relés secundários com as funções 50 e
Superfícies de alavancas, volantes ou punhos de 51, fase e neutro (onde é fornecido o neutro), ou por meio de chave
dispositivos de controle manuais:
seccionadora e fusível sendo que, neste caso, adicionalmente,
- metálicas 55
a proteção geral, na baixa tensão, deve ser realizada através de
- não-metálicas 65
disjuntor (Figura 23).
Superfícies previstas para serem tocadas em serviço normal, mas
não destinadas a serem mantidas à mão de forma contínua:
- metálicas 70
- não-metálicas 80
Superfícies acessíveis, mas não destinadas a serem tocadas em serviço
normal:
- metálicas 80
- não-metálicas 90
NOTAS
1 Esta prescrição não se aplica a materiais cujas normas fixam limites de temperatura ou de aquecimento para as superfícies acessíveis.
2 A distinção entre superfícies metálicas e não-metálicas depende da condutividade térmica da superfície considerada. Camadas de tinta e de
verniz não são consideradas como modificando a condutividade térmica da superfície. Ao contrário, certos revestimentos não condutores podem
reduzir sensivelmente a condutividade térmica de uma superfície metálica e permitir considerá-la como não-metálica.
3 Para dispositivos de controle manuais, dispostos no interior de invólucros, que somente sejam acessíveis após a abertura do invólucro (por
exemplo, alavancas de emergência ou alavancas de desligamento) e que não sejam utilizados freqüentemente, podem ser admitidas temperaturas
mais elevadas.

7 Proteção contra sobrecorrentes

As sobrecorrentes são tradicionalmente divididas em dois tipos:


correntes de sobrecarga, que ocorrem em um circuito sem que haja
falta, e correntes de curto-circuito, que resultam de falta direta entre
condutores vivos ou entre um ou mais condutores vivos e a terra. Figura 23 – Proteção geral de subestações menores que 300 kVA
Em 5.3, a NBR 14039 trata da proteção geral contra
sobrecorrentes na subestação de entrada de energia e a proteção Em 5.3.1.2, no caso de uma subestação com capacidade 163
contra sobrecorrentes dos condutores vivos em geral. instalada maior que 300 kVA, a proteção geral na média tensão deve
ser realizada exclusivamente por meio de um disjuntor acionado
7.1 Proteção geral (subestação de entrada de energia) através de relés secundários com as funções 50 e 51, fase e neutro
(onde é fornecido o neutro), conforme Figura 24.
No caso de alimentação da instalação de média tensão pelo
concessionário, a NBR 14039 divide a proteção geral em duas 7.2 Natureza dos dispositivos de proteção
situações: subestações de entrada de energia com capacidade
instalada menor ou igual a 300 kVA e subestações com capacidade Quando aplicável, a proteção contra sobrecargas deve ser
maior que 300 kVA. assegurada por dispositivos que interrompam a corrente quando um
Em ambos os casos, o dispositivo de proteção deve estar condutor ao menos é percorrido por uma corrente de sobrecarga.
situado entre o ponto de entrega de energia e a origem da Essa interrupção deve ocorrer em um tempo suficientemente curto
instalação em média tensão. Desta forma, o dispositivo localiza- para que os condutores não sejam danificados.
se próximo à medição, sendo que a definição do ajuste adequado Da mesma forma, a proteção contra curtos-circuitos deve ser
da proteção geral decorre da máxima demanda esperada e das assegurada por dispositivos que interrompam a corrente quando um
partidas simultâneas e solicitações momentâneas de cargas; daí condutor ao menos é percorrido por uma corrente de curto-circuito.
a necessidade de se conhecer o mais detalhadamente possível o Essa interrupção deve ocorrer em um tempo suficientemente curto
regime de funcionamento da instalação, decorrente do processo para que os condutores não sejam danificados. De um modo geral, os
produtivo. dispositivos de proteção contra os curtos-circuitos são escolhidos entre
Considerando-se que a legislação permite que a demanda fusíveis ou disjuntores munidos de disparos associados aos relés.
contratada seja ultrapassada em até 10%, e que o intervalo de De acordo com 6.3.3.5.1, um dispositivo que assegura a proteção
integração de demanda é de 15 minutos, o cálculo da proteção deve contra curtos-circuitos deve atender às seguintes condições:
ser o mais acurado possível.
O sistema geral de proteção da unidade consumidora deve a) sua capacidade de interrupção deve ser no mínimo igual à
NBR 14039

permitir coordenação com o sistema de proteção da concessionária, corrente de curto-circuito presumida no ponto onde este dispositivo
ser dimensionado e ajustado de modo a permitir adequada é instalado;
seletividade entre os dispositivos de proteção da instalação. b) o tempo de atuação do dispositivo deve ser menor do que o tempo
Em 5.3.1.1, a NBR 14039 prescreve que uma subestação de circulação da corrente de curto-circuito presumida de forma que
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

a temperatura dos condutores atinja um valor menor ou igual aos


valores especificados na Tabela xx.
c) o dispositivo de proteção deve atuar para todas as correntes de
curto-circuito, inclusive para a corrente de curto-circuito presumida
mínima, a qual, geralmente, corresponde a um curto-circuito
bifásico no ponto mais distante da linha elétrica.

Conforme 5.3.4.1 da NBR 14039 é possível utilizar dispositivos


que garantem simultaneamente a proteção contra correntes de
sobrecarga e contra correntes de curto-circuito. Eles devem poder Relé eletromecânico Relé Estático
interromper qualquer sobrecorrente menor ou igual à corrente
de curto-circuito presumida no ponto em que o dispositivo está
instalado.
Tais dispositivos podem ser disjuntores acionados através de
relés secundários com as funções 50 e 51, fase e neutro (onde é
fornecido o neutro), não sendo aceitos relés com princípio de
funcionamento com retardo a líquido.
As funções do relé mencionadas anteriormente são definidas
pela norma ANSI conforme a seguir:
Relé Numérico Digital IED
• Função 50 - relé de sobrecorrente instantâneo;
Figura 25 – Evolução dos relés de sobrecorrente
• Função 51 - relé de sobrecorrente temporizado.
Quando forem utilizados relés com as funções 50 e 51
Os transformadores para instrumentos conectados aos relés microprocessados, deve ser garantido que numa falta de
secundários devem ser instalados sempre a montante do disjuntor energia, exista uma fonte de alimentação de reserva, com
a ser atuado, garantindo assim a proteção contra falhas do próprio autonomia mínima de 2 h, garantindo a sinalização dos eventos
dispositivo (Figura 24). ocorridos e o acesso à memória de registro dos relés.
164 A característica dos relés de sobrecorrente é representada
pelas suas curvas tempo x corrente (Figura 26), que variam
conforme o tipo do relé. Nos modelos eletromecânicos e
estáticos, a curva característica relé é fixa, sendo que nos relés
digitais e microprocessados as curvas podem ser alteradas por
meio de parametrização em campo do próprio relé.

Figura 24 – Ligação do relé secundário de sobrecorrente

Os primeiros relés instantâneos eram do tipo com disco de


indução (eletromecânicos), tendo evoluído para relé estático,
relé numérico digital e microprocessados (IED – Intelligent
Electronic Devices), conforme Figura 25.
Figura 26 – Curvas de atuação típicas de relés secundários de sobrecorrente
O IED é um dispositivo eletrônico microprocessado que
possui elevada velocidade de processamento (> 600 MHz),
multifuncional (realizam medição, comando/controle,
Na proteção de sistemas industriais e comerciais, usualmente
monitoramento, religamento, comunicação e proteção).
NBR 14039

é empregada a curva “muito inversa”, sendo as demais curvas


Apresenta várias entradas analógicas para sinais de tensão e
aplicadas com mais frequência nos sistemas de distribuição das
corrente e disponibiliza uma grande quantidade de entradas e
concessionárias por conta de aspectos de coordenação com elos
saídas digitais.
fusíveis e religadores presentes naquelas redes.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

• NBR 5309:1991 - Pára-raios de resistor não-linear a carboneto


8 Proteção contra sobretensões
de silício (SiC) para circuitos de potência de corrente alternada
Condições de instalação - Método de ensaio
• NBR 5287:198 - Pára-raios de resistor não linear a carboneto
Em 5.4 da NBR 14039 é observado que as sobretensões nas de silício (Sic) para circuitos de potência de corrente alternada
instalações elétricas de média tensão não devem comprometer - Especificação
a segurança das pessoas, nem a integridade das próprias • NBR 8186:2011 - Guia de aplicação de coordenação de
instalações e dos equipamentos servidos. isolamento
Para lidar adequadamente com este assunto, devem ser
consideradas as tensões induzidas que vêm pelas linhas A especificação dos pararraios deve incluir as seguintes
aéreas devido à queda de raios diretos ou próximos às linhas características:
de transmissão e de distribuição. Em consequência, nas
subestações de média tensão alimentadas por linha aérea •Tensão nominal: máxima tensão eficaz, em frequência
devem ser instalados pararraios no ponto de ligação da linha nominal, aplicável entre os terminais do pararraios e na qual
aérea com a subestação. Em geral, nestes casos, utilizam-se este deve operar corretamente;
pararraios de resistência não linear, com corrente de descarga • Frequência nominal: frequência utilizada no projeto do
nominal 10 kA, instalados entre cada um dos condutores de pararraios a qual deve coincidir com a frequência da rede a
fase e a terra. que será ligado;
Os cabos em redes subterrâneas instalados em dutos • Corrente de descarga nominal: valor de crista da corrente
metálicos ou os cabos com capa metálica ou com armadura de de descarga com forma de onda de 8/20 μs, utilizado para
aço não estão sujeitos às sobretensões. Assim, nas subestações classificar um pararraios. É também a corrente de descarga para
alimentadas por uma rede de cabos subterrâneos instalados em iniciar a corrente subsequente no ensaio de ciclo de operação.
dutos metálicos não é necessária a instalação de pararraios. • Corrente subsequente: corrente fornecida pelo sistema que
Os cabos instalados em dutos cerâmicos, plásticos, percorre o pararraios depois da passagem da corrente de descarga;
fibrocimento, ou envelopados em concreto não armado estão • Tensão disruptiva de impulso atmosférico: maior valor da
sujeitos praticamente às mesmas sobretensões que os cabos tensão atingida antes do centelhamento do pararraios, quando
de uma linha aérea e, consequentemente, nas subestações uma tensão de impulso atmosférico, de forma de onda e
alimentadas por estes tipos de redes devem ser adotados os polaridade dadas, é aplicada entre os terminais do pararraios; 165
mesmos procedimentos indicados no caso de alimentação por • Tensão disruptiva à frequência industrial: valor eficaz da tensão
linhas aéreas. de ensaio de frequência industrial que, aplicado aos terminais do
Devem ainda ser previstos pararraios em todos os pontos de pararraios, causa centelhamento dos centelhadores série;
conexão de linhas aéreas com linhas subterrâneas (mesmo que • Tensão disruptiva de impulso normalizada: menor valor de
instaladas em dutos metálicos). crista de uma tensão de impulso normalizada que, aplicado a
um pararraios, provoca centelhamento em todas as aplicações;
Pararraios • Tensão residual: tensão que aparece entre os terminais de um
pararraios durante a passagem da corrente de descarga.
Os pararraios aliviam as sobretensões advindas de surtos
ou descargas atmosféricas no sistema ou na subestação, 9 Proteção contra mínima e máxima tensão,
atuando como limitadores de tensão. Eles impedem que valores falta de fase e inversão de fase
acima de um valor pré-determinado de tensão danifiquem os
equipamentos a jusante da sua instalação. S ubtensão e sobretensão

Um pararraios é constituído basicamente por um elemento


resistivo não-linear (associado ou não a um centelhador em Em 5.5.1 da NBR 14039 é indicado que devem ser
série). Quando a tensão no circuito está dentro dos valores consideradas medidas de proteção quando uma queda de
normais, o pararraios apresenta uma impedância elevadíssima, tensão significativa (subtensão) ou sua falta total e o posterior
atuando então como se fosse um circuito aberto. Por outro lado, restabelecimento desta tensão forem suscetíveis de criar perigo
quando ocorre uma sobretensão, a impedância do pararraios para pessoas e bens ou de perturbar o bom funcionamento
diminui acentuadamente, circulando então uma corrente pelo da instalação. Em particular, os motores elétricos trifásicos
do resistor não-linear, o que faz com que não seja ultrapassado de média tensão podem ter seu funcionamento bastante
o valor de tensão especificado nos seus terminais. prejudicado no caso de redução significativa ou falta total de
As normas técnicas brasileiras aplicáveis aos pararraios são tensão em uma de suas fases.
NBR 14039

as seguintes: Algumas causas de variações de tensão numa instalação


de média incluem, dentre outras, problemas de regulação de
• NBR 5424:2011 - Guia de aplicação de pára-raios de resistor tensão, variações bruscas de cargas, ocorrências de faltas e,
não linear em sistemas de potência — Procedimento manobras indevidas dos circuitos.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Em 5.5.2, a norma completa a prescrição indicando que,


10 Proteção das pessoas que trabalham nas
quando aplicável, a proteção de máxima tensão (sobretensão)
instalações elétricas de média tensão
deve atuar no dispositivo de seccionamento apropriado. O
aumento de tensão pode comprometer, principalmente, a vida
Em relação à proteção e segurança das pessoas que trabalham
útil da isolação dos componentes de média tensão, causando
nas instalações elétricas de baixa, média ou alta tensão, devem ser
falhas precoces particularmente em transformadores e motores.
observadas as exigências da norma regulamentadora NR-10, do
No caso da proteção contra quedas (subtensão) e faltas
Ministério do Trabalho e Emprego (ver parte deste guia sobre a NR-
de tensão, normalmente são utilizados relés de subtensão
10). É importante saber que, sob o ponto de vista legal, a aplicação
(função ANSI 27), enquanto que, no caso da proteção contra
da NR-10 se sobrepõe à NBR 14039, porém, em 5.7, a NBR 14039
sobretensão, normalmente são utilizados relés de sobretensão
traz algumas prescrições que complementam ou esclarecem os
(função ANSI 59). Em ambos os casos, os relés são acoplados
requisitos da NR-10.
a dispositivos de seccionamento (disjuntores ou chaves
A norma NBR 14039 indica que as instalações elétricas devem
seccionadoras). e a conexão destes relés é feita através
ser construídas e instaladas de forma que possam ser empregadas
Tanto os relés de subtensão quanto os relés de sobretensão
as medidas necessárias para garantir a proteção das pessoas que
poderão ser retardados se o funcionamento do equipamento
trabalham nas instalações elétricas.
protegido admitir uma falta de fase, uma mínima tensão de
Dentre essas medidas, destaque para que os equipamentos de
curta duração ou uma máxima tensão de curta duração.
proteção a serem utilizados pelos trabalhadores são, no mínimo, os
Os relés de subtensão e sobretensão operam sob o princípio
capacetes, óculos de segurança, luvas, detector de tensão, botas e
da medição indireta das tensões de fase por meio de um
estrado ou tapete isolante.
transformador de potencial (TP), podendo ser programados
Além disso, os equipamentos de média tensão devem ser
para operar somente quando os valores das três tensões de fase
providos de meios que permitam, quando necessário, o seu
diminuem (função 27) ou aumentam (função 59) em relação
isolamento da instalação e devem permitir que a instalação
nível especificado, ou quando os valores de somente duas fases
completa ou partes da instalação possam ser isoladas, dependendo
variam ou quando o valor de quaisquer das três fases varia em
das condições operacionais. Isto pode ser realizado, por exemplo,
relação ao nível especificado.
desligando-se seccionadores ou removendo-se elos ou interligações.
É importante observar que a instalação completa ou partes das
I nversão de fase
instalações que possam ser energizadas por várias fontes devem
166
ser dispostas de forma que todas as fontes possam ser isoladas.
Em 5.6 é previsto que, quando aplicável, as instalações de
Nos casos em que os terminais de neutro de vários equipamentos
média tensão devem ser protegidas contra inversão (sequência)
estiverem ligados em paralelo, deve ser possível isolá-los
de fase, de forma que o relé de proteção correspondente (função
individualmente.
ANSI 47) atue no dispositivo de seccionamento apropriado
Para evitar graves choques elétricos, devem ser providos meios
(disjuntor ou chave seccionadora). Isso é particularmente
para descarregar os equipamentos que ainda possam transferir
recomendado na proteção de motores elétricos de média tensão,
potencial elétrico mesmo após a sua desconexão da instalação,
porque, quando se invertem duas fases (uma troca pela outra),
como, por exemplo, capacitores. É preciso atenção no procedimento
um motor trifásico inverte o seu sentido de rotação, causando
de descarregar os capacitores, pois eles podem ser danificados
sérios problemas no sistema mecânico acoplado ao seu eixo.
se descarregados pela colocação em curto-circuito dos terminais,
É usual encontrar no mercado relés de proteção que
antes de decorrido um intervalo (geralmente da ordem de 1 minuto)
combinam as funções de proteção contra subtensão (tensão
após a retirada do potencial. Deve-se sempre utilizar resistores de
mínima), sobretensão (tensão máxima) e inversão (sequência)
valores apropriados para realizar a descarga com segurança para o
de fase, como indicado na Figura 27.
pessoal e o equipamento. Além dos capacitores, é preciso atenção
ao lidar com cabos de média tensão de grandes comprimentos
(centenas de metros) que podem adquirir cargas elétricas muito
altas devido à elevada capacitância do cabo.
Para eliminar o risco de reenergização indevida que possa
colocar as pessoas em situações perigosas, sempre que partes
removíveis, como, por exemplo, os fusíveis ou disjuntores
extraíveis, são utilizadas para a desconexão da instalação completa
ou parte dela e são substituídas por coberturas ou barreiras, estas
devem ser montadas de tal forma que a sua remoção somente possa
ser executada com o uso de ferramenta apropriada.
NBR 14039

Os equipamentos que são operados manualmente devem


permitir o uso de dispositivos de travamento mecânico, tais como
Figura 27 - Relé multifunção (subtensão – função 27, sobretensão – função 59 e cadeados, para evitar o seu religamento indevido.
inversão de fase – função 47)
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

As pessoas que trabalham nas instalações elétricas devem tensão. São os casos de transformadores, geradores, disjuntores,
possuir e saber utilizar dispositivos (fixos ou portáteis) para a chaves, dentre outros equipamentos.
verificação do estado de desenergização em todos os pontos onde o Esse assunto é tratado com mais detalhes em 13.8 deste guia.
trabalho for realizado. Por razão de segurança das pessoas, no caso
de instalações de média tensão é muito recomendável que sejam 12 Proteção contra perigos resultantes de
utilizados detectores de tensão sem contato, facilmente encontrados faltas por arco
no mercado.
Cada parte de uma instalação que possa ser isolada de outras Simplificadamente, o arco voltaico é uma espécie de “curto-
partes deve possuir dispositivos que permitam o seu aterramento e circuito através do ar”, que se movimenta em alta velocidade (da
curto-circuito, evitando assim os riscos de choques elétricos para ordem de 100 m/s) e elevadas temperaturas (milhares de graus K).
os operadores. Além disso, equipamentos como, por exemplo, Isso provoca destruição total ou parcial dos componentes elétricos
transformadores e capacitores devem ser providos de meios para (painéis, dispositivos, etc.), dos materiais em seu entorno e pode
seu aterramento e curto-circuito no ponto de sua instalação. Este causar graves lesões (algumas até fatais) nas pessoas que estejam
requisito não deve ser aplicado a partes do sistema onde isto não for próximas, mesmo que elas sejam BA4 ou BA5.
praticável ou for impróprio, como são os casos de transformadores Desta forma, conforme 5.9 da NBR 14039, para diminuir o
ou máquinas elétricas com terminações seladas ou terminações risco de formação dos arcos, os dispositivos e equipamentos que
flangeadas de cabos. Nestes casos, o aterramento e o curto-circuito podem gerar arcos durante a sua operação devem ser selecionados
devem ser realizados nos respectivos cubículos ou compartimentos e instalados de modo a garantir a segurança das pessoas que
situados nos lados primário e secundário. trabalham nas instalações. Para tanto, devem ser utilizados
Para cada parte da instalação, devem ser providos pontos de dispositivos de abertura sob carga, chave de aterramento resistente
conexão, facilmente acessíveis e apropriadamente dimensionados, ao curto-circuito presumido, sistemas de intertravamento,
ao sistema de aterramento e às partes vivas para permitir a conexão fechaduras com chave não intercambiáveis, coberturas sólidas ou
dos dispositivos de aterramento e curto-circuito temporário (Figura barreiras ao invés de coberturas perfuradas ou telas, equipamentos
28) . Os mecanismos existentes em cubículos ou compartimentos ensaiados para resistir às faltas de arco internas. Além disso, devem
devem ser projetados de forma a permitir a conexão manual dos ser empregados dispositivos limitadores de corrente e selecionados
dispositivos de aterramento e curto-circuito. tempos de interrupção muito curtos (isso pode ser obtido através
de relés instantâneos ou por dispositivos sensíveis a pressão, luz ou
calor, atuando em dispositivos de interrupção rápidos). 167
Outras medidas de proteção incluem ainda a existência de
corredores operacionais tão curtos, altos e largos quanto possível,
além da recomendação de se operar a instalação a uma distância
segura, uma vez que a realização de simples manobras dentro de
uma subestação pode dar origem a um arco voltaico. Esse arco
pode causar queimaduras de elevado grau, além da inalação de
gases tóxicos e quentes emanados pelos componentes elétricos
submetidos a altíssimas temperaturas. Outro problema importante
durante o arco elétrico é o estrondo causado pelo deslocamento de
ar, que pode atingir um nível de ruído muito elevado, podendo levar
até à perda temporária ou às vezes definitiva da audição. Os perigos
não param por aí, pois é comum que o arco provoque o arremesso
de equipamentos, partes ou peças derretidos a vários metros de
distância, colocando assim o operador em risco de ser atingido
por eles. Finalmente, as ondas de pressão decorrentes do arco são
capazes de arremessar uma pessoa a alguns metros, o que pode ter
consequências muito sérias para sua saúde.
Figura 28 – Conexão para aterramento e curto-circuito temporário De forma geral, após a devida análise dos riscos (ver parte
relativa à NR-10 deste Guia), podem-se estabelecer procedimentos
11 Proteção contra fuga de líquido isolante de segurança do operador que incluam o uso de roupas especiais
para a proteção contra queimaduras. Pelo lado da instalação, podem
Além de eventuais documentos sobre o assunto que são de ser utilizados painéis à prova de arco elétrico, conforme a norma
cumprimento obrigatório emitidos por autoridades (prefeitura, IEC 616641 (ainda sem equivalente no Brasil), além de se prever
NBR 14039

bombeiro, companhia de saneamento ambiental, etc.), a NBR 14039 a realização de manobras a distância por meio de painéis com
traz em 5.8 algumas prescrições sobre a maneira mais adequada interface homem-máquina (IHM).
de lidar com possíveis vazamentos de líquidos utilizados como Mesmo com a utilização de painéis à prova de arco, devem
isolantes elétricos que podem fazer parte de componentes de média ser utilizados relés de detecção de arco de modo a reduzir
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Figura 29 - Princípio de funcionamento de detecção de arco voltaico (cortesia SEL)


168

significativamente a energia dissipada durante a ocorrência do


evento.
A tecnologia mais atual na área de proteção contra arcos elétricos
baseia-se em duas técnicas: apenas na detecção da luminosidade
emitida pelo arco elétrico; ou na detecção da luz emitida pelo
arco associada a uma verificação do nível da corrente elétrica nos
circuitos (Figura 29) . Neste caso, o objetivo é evitar operações
indevidas nos casos onde existe a possibilidade de eventualmente
o sensor de arco ficar exposto à incidência direta de alguma outra
fonte de luz que não aquela proveniente do arco (por exemplo, a
luz do sol, flash de máquina fotográfica, lâmpadas incandescentes,
etc.). Os sensores de luminosidade são instalados internamente
nos painéis próximos aos barramentos, aos disjuntores, chaves e
outros dispositivos potencialmente geradores de arcos. As saídas
dos sensores atuam relés que, por sua vez, operam dispositivos
de seccionamento, interrompendo assim o arco no início de sua
formação, reduzindo a energia correspondente e todos os perigos
resultantes relatados anteriormente.

13 Seleção e instalação dos componentes


NBR 14039

Na seção 6 da NBR 14039 são apresentadas inúmeras


prescrições relativas à seleção e instalação dos mais diversos
componentes de uma instalação elétrica de média tensão, que são Figura 30 – Estrutura da NBR 14039 para prescrições de seleção e instalação de
componentes
estruturadas conforme indicado na Figura 30.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Em relação à corrente, os componentes devem ser escolhidos


13.1 P rescrições comuns a todos os componentes da considerando-se a corrente de projeto (valor eficaz em corrente
instalação alternada) que possa percorrê-los em serviço normal. Deve-se
igualmente considerar a corrente suscetível de percorrê-los em
13.1.1 N ormas técnicas condições anormais (sobrecarga e curto-circuito),levando-se em
conta a duração da passagem de uma tal corrente, em função das
A escolha do componente e sua instalação devem permitir características de funcionamento dos dispositivos de proteção.
que sejam obedecidas as medidas de proteção para garantir Caso a freqüência tenha alguma influência sobre as
a segurança, as prescrições para garantir um funcionamento características dos componentes, então a frequência nominal do
adequado ao uso da instalação e as prescrições apropriadas componente deve corresponder à frequência da corrente no circuito
às condições de influência externas previsíveis, conforme pertinente. Atenção especial deve ser dada à presença acentuada
4.7 deste Guia. na instalação de frequências harmônicas que possam causar
Todos os componentes da instalação de média tensão perturbações.
devem satisfazer as normas brasileiras da ABNT que lhes Sobre a potência, obviamente os componentes devem ser
sejam aplicáveis e, quando elas não existirem, devem atender adequados às condições normais de serviço, considerando os
as normas IEC e ISO. Conforme 6.1.2.2 da NBR 14039, quando regimes de carga que possam ocorrer durante a operação.
não houver normas NBR, IEC e ISO, os componentes devem Em 6.1.3.1.5, a norma indica que os componentes devem ser
então ser selecionados através de acordo entre o projetista e escolhidos de modo a não causar, em serviço normal, quaisquer
o instalador. Nestes casos é comum a utilização de normas efeitos prejudiciais, quer aos demais componentes, quer à rede de
regionais (MERCOSUL, COPAN, CANENA, CENELEC, alimentação, incluindo condições de manobra. Cuidados específicos
etc.) ou estrangeiras, tais como normas americanas (NEMA, em relação à oxidação devem ser observados no caso do emprego
UL, ANSI, IEEE, etc.), alemãs (DIN, VDE, etc.), francesas de condutores de alumínio.
(NF C), italianas (CEI), dentre outras.
13.1.3 Influências externas
13.1.2 C ondições de serviço
De acordo com 6.1.3.2.1, os componentes devem ser
Em relação às condições de serviço (operação) da selecionados e instalados de acordo com as prescrições da tabela
instalação elétrica de média tensão, a norma estabelece 24 da norma, aqui reproduzida como Tabela 8. Esta tabela indica as 169
requisitos sobre a escolha adequada dos componentes características dos componentes em função das influências externas
em relação à tensão, corrente, frequência, potência e a que podem ser submetidos, as quais são determinadas, seja por
compatibilidade entre eles. um grau de proteção, seja por conformidade com ensaios.
No caso da tensão, em 6.1.3.1.1 é prescrito que os Quando um componente não possuir, por construção, as
componentes devem ser adequados à tensão nominal (valor características correspondentes às influências externas do
eficaz em corrente alternada) da instalação, acrescentado local, ele pode ser utilizado sob a condição de que seja provido,
que, se numa instalação que utiliza o esquema ITx o condutor por ocasião da execução da instalação, de uma proteção
neutro for distribuído, os componentes ligados entre uma complementar apropriada. Esta proteção não pode afetar as
fase e o neutro devem ser isolados para a tensão entre fases. condições de funcionamento do componente protegido. Dentre
A tensão nominal, padronizada na NBR 10478, dos muitos exemplos desta proteção complementar, citam-se a
equipamentos de média tensão utilizados nas instalações instalação de barreiras ao redor dos componentes ou abrigá-
deve ser igual ou superior à tensão nominal da instalação. los em invólucros adequados, usar ventilação, refrigeração ou
Em 4.2.5.5, a norma NBR 14039 prescreve que os valores aquecimento forçados de ar no local onde o componente está
de tensão máxima para o equipamento em função da tensão instalado, etc.
nominal da instalação devem ser selecionados de acordo Na prática, em todas as instalações, existem diferentes
com a norma do equipamento. De um modo geral, a tensão influências externas se produzem simultaneamente, sendo que seus
máxima para o equipamento pode ser determinada conforme efeitos podem ser independentes ou influenciar-se mutuamente.
a Tabela 7. Nestes casos, os graus de proteção devem ser escolhidos de modo a
Tabela 7 – Tensão máxima para equipamentos de média tensão satisfazer todas as condições.
Tensão nominal da Tensão máxima para o Na leitura da Tabela 8 (tabela 24 da norma), a palavra “normal”
instalação (kV) equipamento – valor eficaz (kV) que figura na terceira coluna significa que o componente deve
3 3,6 satisfazer, de modo geral, as Normas Brasileiras aplicáveis ou, na
4,16 7,2 sua falta, as normas IEC e ISO ou outras que foram acordadas entre
NBR 14039

6 7,2 o projetista e o instalador.


13,8 15 ou 17,5 As características dos componentes necessárias para atender
23,1 24,5
aos requisitos da Tabela 8 devem constar das informações técnicas
34,5 36,2
fornecidas pelos fabricantes.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Tabela 8 - Características dos componentes da instalação em função das influências externas

Código Influências externas Características exigidas para seleção e instalação dos componentes
A - Condições ambientais (4.3.1)

AA Temperatura ambiente (4.3.1.1)


AA3 - 25°C a + 5°C Componentes especialmente projetados ou disposições apropriadas1)
AA4 -5°C a + 40°C Normal (em certos casos podem ser necessárias precauções especiais)
AA5 -5°C a + 40°C Normal
AA6 + 5°C a + 60°C Componentes especialmente projetados ou disposições apropriadas 1)
AC Altitude (4.3.1.2)
AC1 d 1 000 m Normal
AC2 ! 1 000 m Podem ser necessárias precauções especiais, tais como a aplicação de
fatores de correção.
AD Presença de água (4.3.1.3)
AD1 Desprezível IPX0
AD2 Quedas de gotas de água IPX1
AD3 Aspersão de água IPX3
AD4 Projeção de água IPX4
AD5 Jatos de água IPX5
AD6 Ondas IPX6
AD7 Imersão IPX7
AD8 Submersão IPX8
AE Presença de corpos sólidos (4.3.1.4)
AE1 Desprezível IPOX
AE2 Objetos pequenos (2,5 mm) IP3X Ver também 5.1.2
AE3 Objetos muito pequenos (1 mm) IP4X
IP5X Se as poeiras puderem penetrar sem
AE4 Poeira prejudicar funcionamento do componente
170 IP6X Se as poeiras não penetrarem no componente
AF Presença de substâncias corrosivas ou
poluentes (4.3.1.5)
AF1 Desprezível Normal
AF2 Agentes atmosféricos De acordo com a natureza dos agentes
AF3 Intermitente Proteção contra corrosão definida pelas especificações dos componentes
AF4 Permanente Componentes especialmente projetados de acordo com a natureza dos
agentes
AG Choques mecânicos (4.3.1.6)
AG1 Fracos Normal. Por exemplo, componentes para uso doméstico ou análogo
AG2 Médios Componentes para uso industrial, quando aplicável, ou proteção reforçada
AG3 Significativos Proteção reforçada
AG4 Muito significativos Proteção muito reforçada
AH Vibrações (4.3.1.6)
AH1 Fracas Normal
AH2 Média Componentes especialmente projetados ou
AH3 Significativas Disposições especiais
AK Presença de flora ou mofo (4.3.1.7)
AK1 Desprezível Normal
AK2 Riscos Proteções especiais tais como:
- grau de proteção aumentado (ver AE);
- componentes especiais ou revestimentos protegendo os invólucros;
- disposições para evitar a presença de flora.
AL Presença de fauna (4.3.1.8)
NBR 14039

AL1 Desprezível Normal


AL2 Riscos A proteção pode compreender:
- um grau de proteção adequado contra a penetração de corpos sólidos (ver AE);
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Código Influências externas Características exigidas para seleção e instalação dos componentes
- uma resistência mecânica suficiente (ver AG);
- precauções para evitar a presença de fauna (como limpeza, uso de
pesticidas);
- componentes especiais ou revestimentos protegendo os invólucros
AM Influências eletromagnéticas, eletrostáticas ou
ionizantes (4.3.1.9)
AM1 Desprezível Normal
AM2 Correntes parasitas Proteções especiais tais como:
- isolação adequada;
- revestimentos protetores especiais;
- proteção catódica;
- eqüipotencialidade suplementar.
AM3 Eletromagnéticas Proteções especiais tais como:
AM4 Ionizantes -distanciamento das fontes de radiação;
-- interposição de telas protetoras;
-- invólucros especiais.
AM5 Eletrostáticas Proteções especiais tais como:
AM6 Induções - isolação apropriada do local;
- eqüipotencialidade suplementar.
Proteções especiais tais como:
- distanciamento das fontes de corrente induzida;
- interposição de telas protetoras.
AN Radiações solares (4.3.1.10)
AN1 Desprezíveis Normal
AN2 Significativas Disposições especiais tais como:
- materiais resistentes à radiação ultravioleta;
- revestimentos de cores especiais; 171
- interposição de telas protetoras
AQ Raios (4.3.1.11)
AQ1 Desprezíveis Normal

B - Utilizações (4.3.2)

BA Competência das pessoas (4.3.2.1)


BA1 Comuns Componentes protegidos contra contatos diretos e indiretos
BA4 Advertidas Componentes não protegidos contra contatos diretos admitidos apenas
BA5 Qualificadas nos locais que só sejam acessíveis a pessoas devidamente autorizadas
BB Resistência elétrica do corpo humano (4.3.2.2)
BB1 Elevada Normal
BB2 Normal Normal
BB3 Fraca Medidas de proteção apropriadas (ver 5.8.1)
BC Contatos das pessoas com o potencial local (4.3.2.3)
BC3 Freqüentes Componentes protegidos contra contatos diretos e indiretos
BD Fuga das pessoas em emergência (4.3.2.4)
BD1 Normal Normal
BD2 Longa Componentes constituídos de materiais não propagantes de chama e com
baixa emissão de fumaça e gases tóxicos ou utilização de materiais não
propagantes de chama e com baixa emissão de fumaça e gases tóxicos
que envolvam os componentes da instalação
BE Natureza das matérias processadas ou armazenadas
(4.3.2.5) Normal
NBR 14039

BE1 Riscos desprezíveis Componentes constituídos de materiais não propagantes de chama.


BE2 Riscos de incêndio Disposições tais que uma elevação significativa da temperatura, ou
uma faísca, no componente, não possa provocar incêndio no exterior.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Código Influências externas Características exigidas para seleção e instalação dos componentes
Utilização de materiais não propagantes de chama e com baixa emissão
de fumaça e gases tóxicos que envolvam os componentes da instalação
BE3 Riscos de explosão Componentes adequados para atmosferas explosivas

C - Construção de edificações (4.3.3)

CA Materiais de construção (4.3.3.1)


CA1 Não combustíveis Normal
CB Estrutura das edificações (4.3.3.2)
CB1 Riscos desprezíveis Normal
CB2 Propagação de incêndio Componentes constituídos de materiais não propagantes de chama,
incluindo fogo de origem não elétrica. Barreiras corta-fogo. Utilização
de materiais não propagantes de chama e com baixa emissão de fumaça e
gases tóxicos que envolvam os componentes da instalação
NOTA -Podem ser previstos detectores de incêndio
CB3 Movimentos Juntas de dilatação ou de expansão nas linhas elétricas

Guia NR-10). Esse assunto também é tratado em 6.1.7 da NBR


13.1.4 I dentificação dos componentes 14039, que determina que a instalação de média tensão deve
ser executada a partir de projeto específico e deve conter no
A identificação dos componentes de uma instalação elétrica mínimo a seguinte documentação: plantas; esquemas (unifilares
é uma das exigências da Norma Regulamentadora NR-10 (vide e outros que se façam necessários); detalhes de montagem,
item 3.4.6 do Guia NR-10). Esse assunto também é tratado em quando necessários; memorial descritivo; especificação
6.1.5 da NBR 14039, ao prescrever que, genericamente, as placas dos componentes: e uma descrição sucinta do componente,
172 indicativas ou outros meios adequados de identificação devem características nominais e normas a que devem atender.
permitir identificar a finalidade dos dispositivos de comando Para facilitar a operação e manutenção, é imprescindível
e proteção, a menos que não exista qualquer possibilidade de que, depois de concluída a instalação, toda a documentação
confusão. Se o funcionamento de um dispositivo não puder ser indicada anteriormente seja revisada de acordo com o que foi
observado pelo operador e disso puder resultar perigo, uma executado (projeto “como construído” ou “as built”).
placa indicativa, ou um dispositivo de sinalização, deve ser
colocado em local visível ao operador. 14 Linhas elétricas
Os dispositivos de proteção devem estar dispostos e
identificados de forma que seja fácil reconhecer os respectivos Em 6.2, a NBR 14039 traz uma série de prescrições relativas
circuitos protegidos. As posições de “fechado” e “aberto” dos às instalações de média tensão, que incluem os tipos de linhas
equipamentos de manobra de contatos não visíveis devem ser elétricas admitidas (6.2.2 da norma), as características dos
indicadas por meio de letras e cores, devendo ser adotada a cabos de média tensão e seus acessórios, além dos barramentos
seguinte convenção: blindados (6.2.3), a escolha das linhas elétricas de acordo
com as influências externas (6.2.4), aspectos de conexões
I – vermelho: contatos fechados; elétricas (6.2.8) e diversas considerações sobre as instalações
O – verde: contatos abertos. propriamente ditas dos cabos (6.2.9, 6.2.10 e 6.2.11).

Para evitar enganos que podem colocar as pessoas e as 14.1 Tipos de linhas elétricas

instalações sob risco, convenciona-se que, nas as chaves


seccionadoras, a posição da alavanca ou punho de manobra para Uma linha elétrica é um conjunto constituído por um ou
baixo deve corresponder ao equipamento desligado. No caso de mais condutores (cabos), com os elementos de sua fixação
disjuntores, os cabos ou barramentos provenientes da fonte devem e suporte (condutos) e, se for o caso, de proteção mecânica,
estar conectados sempre nos bornes superiores de entrada. destinado a transportar energia elétrica.
Os tipos de linhas elétricas admitidos pela NBR 14039
NBR 14039

13.1.5 D ocumentação da instalação estão indicados na tabela 25 da norma, reproduzida neste


guia na Tabela 9. Outros tipos de linhas elétricas, além dos
A documentação de uma instalação elétrica é uma das constantes da tabela, podem ser utilizados, desde que atendam
exigências da Norma Regulamentadora NR-10 (vide item 2 do às prescrições gerais a seguir.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Tabela 9 – Tipos de linhas elétricas

Método de instalação número Descricão Metodo de referencia a utilizar para a


capacidade de condução de corrente
1 Três cabos unipolares justapostos (na horizontal ou em trifólio) e a
um cabo tripolar ao ar livre
2 Três cabos unipolares espaçados ao ar livre b
3 Três cabos unipolares justapostos (na horizontal ou em trifólio) e c
um cabo tripolar em canaleta fechada no solo
4 Três cabos unipolares espaçados em canaleta fechada no solo d
5 Três cabos unipolares justapostos (na horizontal ou em trifólio) e e
um cabo tripolar em eletroduto ao ar livre
6 Três cabos unipolares justapostos (na horizontal ou em trifólio) e f
um cabo tripolar em banco de dutos ou eletroduto enterrado no solo
7 Três cabos unipolares em banco de dutos ou eletrodutos enterrados g
e espaçados –– um cabo por duto ou eletroduto não condutor
8 Três cabos unipolares justapostos (na horizontal ou em trifólio) e h
um cabo tripolar diretamente enterrados
9 Três cabos unipolares espaçados diretamente enterrados i

14.2 I dentificação das linhas elétricas

Em 6.1.5.2, a NBR 14039 prescreve que as linhas elétricas


devem ser dispostas ou marcadas de modo a permitir sua
identificação quando da realização de verificações, ensaios,
reparos ou modificações da instalação. Isso pode ser conseguido,
por exemplo, pela padronização das cores da tubulação para cada 173
tipo de linha (média tensão, baixa tensão, comando, etc.) ou pela
instalação em condutos (leitos, eletrocalhas, etc.) colocados em
diferentes níveis (alturas), conforme Figura 31.
Os cabos unipolares ou veias de cabos multipolares de média
tensão devem ser identificados conforme essa função por anilhas,
etiquetas ou outro meio indelével qualquer. Em caso de identificação
Figura 31 – Disposição das linhas elétricas conforme 6.1.5.2 da NBR 14039
por cor, devem ser usadas as cores indicadas na Tabela 10. 

Tabela 10 – Cores de identificação de cabos elétricos

Função Cor Observação


É permitido usar a coloração azul-claro para outras funções, que não a de
Neutro Azul-claro condutor neutro, se o circuito não possuir condutor neutro ou se o cabo
possuir um condutor periférico utilizado como neutro.
Condutor de proteção (PE) Verde-amarelo ou verde Na falta da dupla coloração verde-amarela, admite-se o uso apenas da cor
verde.
Condutor de proteção Com identificação verde-amarela nos pontos visíveis ou acessíveis, na veia
Azul-claro
combinado com neutro (PEN) do cabo multipolar ou na cobertura do cabo unipolar.
Em corrente alternada:
- fase A: vermelha;
- fase B: branca;
- fase C: marrom;
Fases ---x---
Em corrente contínua:
NBR 14039

- pólo positivo: vermelha;


- pólo negativo: preta;
- condutor médio: branca.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Figura 32 – Construção típica de um cabo de média tensão

isolação sólida, a existência de ar entre o condutor e a isolação pode


14.3 Cabos unipolares e multipolares de média tensão dar origem a ionizações nestes vazios, causando a degradação do
174 material isolante. Com a aplicação de uma camada semicondutora
14.3.1 Construção diretamente sobre o condutor, o campo elétrico torna-se uniforme e
os vazios são eliminados (Figura 33).
Em 6.2.3, a NBR 14039 prescreve que os cabos utilizados nas
linhas elétricas indicadas na Tabela 10 devem atender às prescrições
da NBR 6251.
A construção típica de um cabo de média tensão é aquela
mostrada na Figura 32.

Condutor

O cobre e o alumínio são os dois metais mais utilizados na


fabricação de condutores elétricos, tendo em vista suas propriedades Condutor sem blindagem Condutor com blindagem
elétricas e mecânicas, bem como seu custo. Ao longo dos anos, o
cobre tem sido o mais usado em condutores providos de isolação, Figura 33 – Função da blindagem semicondutora do condutor (interna )

enquanto que o alumínio é mais empregado em condutores nus para


redes aéreas. I solação
Segundo as normas técnicas de condutores elétricos, o cobre
utilizado deve ter pureza de cerca de 99,99%, enquanto que a As isolações de praticamente todos os cabos de média tensão
pureza do alumínio é em torno de 99,5%. são constituídas por materiais sólidos termoplásticos (cloreto de
polivinila e polietileno) ou termofixos (borracha etileno-propileno
Blindagem semicondutora do condutor ( interna ) e polietileno reticulado).
Entre as características comuns a todos os materiais isolantes
Como as linhas de campo elétrico de um condutor energizado sólidos estão:
NBR 14039

são sempre radiais em relação à superfície do condutor, elas


assumem uma forma distorcida que acompanha as irregularidades • Homogeneidade da isolação e boa resistência ao envelhecimento
da superfície do condutor, provocando concentração de esforços em serviço;
elétricos em determinados pontos. Nos cabos de média tensão com • Ausência de escoamento;
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

• Insensibilidade às vibrações; Conforme 6.2.3.3 da NBR 14039, nas instalações com tensão
• Bom comportamento ao fogo. nominal superior a 3,6/6 kV, os cabos unipolares e as veias dos
cabos multipolares devem ser do tipo a campo elétrico radial.
A seguir são apresentadas as características específicas de cada
um dos materiais isolantes sólidos mencionados.

• Cloreto de polivinila (PVC): sua rigidez dielétrica é elevada,


porém menor do que a de outros isolantes; suas perdas dielétricas
são elevadas, principalmente acima de 20 kV; sua resistência aos
agentes químicos em geral é muito boa; tem boa resistência à água;
não propaga a chama, mas sua combustão emite grande quantidade
de fumaça, gases corrosivos e tóxicos.
Por motivo de aumento significativo nas perdas no dielétrico
em função da elevação de tensão, em 6.2.3.5 a NBR 14039 limita
o uso de cabos com isolação em cloreto de polivinila (PVC) ou
copolímero de cloreto de vinila e acetato de vinila ou polietileno
termoplástico (PE) aos circuitos com tensão nominal até 3,6/6 kV.
• Borracha etileno-propileno (EPR): excelente rigidez dielétrica;
sua flexibilidade é muito grande, mesmo a temperaturas baixas; Figura 34 – Função da blindagem da isolação (externa )

apresenta uma resistência excepcional às descargas e radiações Cobertura


ionizantes, mesmo a quente; suas perdas (no dielétrico) são baixas
nas misturas destinadas aos cabos de média tensão; possui uma Os cabos de média tensão são protegidos com uma cobertura de
resistência à deformação térmica que permite temperaturas de 250 PVC, polietileno, neoprene, polietileno clorossulfonado, material
°C, durante os curtos-circuitos; possui boa característica no que não halogenado (com baixa emissão de fumaça, gases tóxicos e
diz respeito ao envelhecimento térmico, o que permite conservar corrosivos), dentre outros materiais.
densidades de corrente aceitáveis quando os cabos funcionam A escolha do tipo de material da cobertura é função das
em temperatura ambiente elevada; • apresenta baixa dispersão da influências externas (ver 13.1.3 deste guia) a que o cabo estará
rigidez dielétrica e é praticamente isento do treeing (fenômeno de submetido, principalmente no que se refere à presença de água 175
formação de arborescências no material, provocando descargas (AD), substâncias corrosivas (AF), solicitações mecânicas (AG),
parciais localizadas e sua conseqüente deterioração); presença de fauna (roedores, cupins – AL), radiação solar (NA), e
• Polietileno reticulado (XLPE): excelente rigidez dielétrica; condição de fuga das pessoas em emergência (BD)
apresenta uma resistência à deformação térmica bastante satisfatória O PVC é o material de cobertura mais econômico e com resistência
em temperaturas de até 250 °C; a reticulação do polietileno permite suficiente para o uso corrente na maioria das aplicações, porém emite
a incorporação de cargas minerais e orgânicas utilizadas para uma quantidade apreciável de fumaça, gases tóxicos e corrosivos
melhorar o comportamento mecânico, a resistência às intempéries quando queima. O polietileno (pigmentado com negro de fumo
e, sobretudo, o comportamento ao fogo; apresenta dispersão para torná-lo resistente à luz solar) é frequentemente utilizado nas
relativamente alta da rigidez dielétrica, bem como o fenômeno do instalações em ambientes com alto teor de ácidos, bases ou solventes
treeing com alguma freqüência (mas isso pode ser contornado com orgânicos, assim como em instalações sujeitas às intempéries. Nas
misturas especiais de XLPE). aplicações onde são necessárias as características dea baixa emissão
de fumaça, gases tóxicos e corrosivos são utilizados os materiais não
Blindagem da isolação halogenados na cobertura dos cabos de média tensão.
Em algumas situações, dependendo das influências externas
Consiste em uma camada de material semicondutor (blindagem (particularmente para proteção mecânica), pode ser necessário
semicondutora externa) e uma camada de material condutor (fios ou incluir no cabo de média tensão uma proteção metálica adicional
fitas metálicas) aplicados diretamente sobre a isolação. com função de armação. As armações mais usuais são compostas
Esse conjunto (blindagem semicondutora e blindagem metálica) por fitas planas de aço, aplicadas helicoidalmente; ou fitas de aço
confina e distribui uniformemente o campo elétrico no interior ou alumínio, aplicadas transversalmente, corrugadas e intertravadas
do cabo isolado, o que não aconteceria caso não existisse esse (interlocked). As armações com fios de aço são recomendadas
conjunto. A construção que não tem o conjunto da blindagem da quando se deseja atribuir ao cabo resistência aos esforços de tração.
isolação recebe o nome de” cabo com campo não radial”, enquanto
que aquela que possui a blindagem da isolação é chamada de “cabo 14.3.2 Escolha da tensão nominal dos cabos de média tensão
NBR 14039

com campo radial” (Figura 34).


Da mesma maneira que a blindagem interna, a blindagem externa Em 6.2.3, a NBR 14039 prescreve que a tensão nominal dos
deve ser construída de modo a eliminar qualquer possibilidade de cabos deve ser escolhida em função das características da instalação.
vazios entre ela e a superfície externa da isolação. Isso se refere particularmente ao esquema de aterramento utilizado,
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Tabela 11 – Tensão nominal dos cabos de média tensão em função do valor eficaz da tensão entre condutores (fases).
esquema de aterramento
Os valores das tensões nominais previstas na NBR 6251 para
Tensão nominal (mínima) do cabo Uo/U (kV)
cabos de média tensão são os seguintes (em kV): 1,8/3; 3,6/6; 6/10;
Tensão nominal da Esquemas de Esquema de
8,7/15; 12/20; 15/25; 20/35.
instalação U (kV) aterramento TN e TT aterramento IT
A partir destes valores nominais dos cabos de média tensão e
3 1,8/3 3,6/6
da tensão nominal da instalação, é possível determinar a tensão
4,16 3,6/6 6/10
6 3,6/6 6/10
de isolamento mínima dos cabos em função do esquema de
13,8 8,7/15 12/20 aterramento, conforme Tabela 11.
23,1 15/25 20/35
34,5 20/35 --x-- 14.4 Acessórios para cabos de média tensão

uma vez que a ligação direta do neutro ao aterramento (nos casos do Em 6.2.3.6, a NBR 14039 prescreve que os acessórios necessários
TNx e TTx) ou a ligação indireta por meio de impedância ou a não para a correta instalação dos cabos devem ser compatíveis elétrica,
ligação do neutro (esquema ITx) tem influência na tensão aplicada química e mecanicamente com eles, atendendo às condições de
sobre a isolação em casos de faltas. No passado, anteriormente às influências externas previstas para o local de instalação.
definições dos esquemas de aterramento conforme a NBR 14039, Os acessórios para cabos de média tensão compreendem
a tensão nominal dos cabos era escolhida em função do neutro principalmente os terminais e as emendas (Figura 35).
ser aterrado ou isolado, o que era conhecido na época como, Os terminais são acessórios que ligam duas extremidades do
respectivamente, sistemas NA e NI. cabo de média tensão aos equipamentos e componentes em geral de
Além de diversos aspectos construtivos dos cabos, a NBR 6251 um circuito elétrico. As emendas são acessórios que possibilitam a
define as tensões nominais dos cabos designando-as por Uo/U, conexões entre dois ou mais trechos de cabos, visando adequar o
sendo Uo o valor eficaz da tensão entre condutor de fase e a terra ou comprimento do cabo às necessidades do circuito, executar reparos
entre o condutor de fase e a blindagem metálica da isolação e U é o em cabos ou realizar derivações em circuitos.

176
NBR 14039

Figura 35 – Exemplos de utilização de terminais e emendas


GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

é sempre necessário revestir a isolação do cabo com material de


14.4.1 Terminais elevada resistência à erosão.
No entanto, nas instalações internas não há espaço ou estrutura
Princípio de funcionamento adequada para a fixação de um terminal com tais dimensões e,
nestes casos, o terminal deverá ser menor e bastante confiável, pois a
Como visto em 14.3.1, os cabos de média tensão possuem o distância entre condutor e blindagem será levada aos valores mínimos
conjunto de blindagem da isolação (camada de material semicondutor ainda seguros.
e blindagem metálica a fios ou fitas), cuja função é confinar e garantir O desenho das saias é projetado para que seja obtida entre
uma perfeita distribuição do campo elétrico no interior da isolação. o condutor e a blindagem uma distância equivalente à que seria
Quando for necessário ligar um cabo de média tensão a campo necessária se o meio fosse o ar. Essa distância é chamada de “linha
elétrico radial em qualquer outro componente da instalação (cabo, de fuga”, que é quantificada em mm/kV. O valor da linha de fuga, em
bucha, isolador, chave, disjuntor, etc.), é imperativo que esse mm/kV é função da classe de tensão do terminal, do material da saia do
confinamento do campo elétrico seja mantido e, neste sentido, os isolador, da geometria (formato da saia) e da área da superfície da saia.
seguintes aspectos devem ser considerados: Na região do corte do cabo, as linhas de campo que partem
perpendicularmente ao condutor convergem rapidamente para o
• Deve ser mantida uma distância adequada entre o condutor elétrico extremo da blindagem, criando aí uma concentração de linhas com
do cabo e a blindagem da isolação, pois o condutor certamente está o conseqüente aumento dos esforços elétricos naquela região, que
a um potencial bem mais elevado (de fase). Essa medida evita a podem causar a perfuração do dielétrico. Para aliviar esses esforços
ocorrência de descarga elétrica entre o condutor e a blindagem (arco). são empregados, na maioria dos casos, os chamados cones de alívio de
• As linhas de campo elétrico devem ser controladas na região onde tensão, também conhecidos como defletores geométricos. Portanto,
houve a interrupção da blindagem, uma vez que a eliminação da o cone de alívio de tensão é um prolongamento da blindagem do
blindagem na ponta do cabo, para obter o afastamento necessário cabo que, por causa de sua configuração geométrica, promove o
mencionado no item anterior, provoca uma descontinuidade na afastamento adequado entre a blindagem externa e o condutor,
geometria radial do campo elétrico, que gera esforços elétricos mantendo regulares os espaçamentos entre as linhas de campo.
superiores àqueles para os quais o cabo foi projetado, podendo levar
o cabo à falha. Tipos de terminais para cabos de média tensão

A distância necessária entre o condutor e a blindagem a fim Para atender os requisitos anteriores de forma segura e com o 177
de evitar a referida descarga elétrica é função da tensão entre fase menor tamanho possível, existem as seguintes tecnologias disponíveis
(condutor) e terra (blindagem) na instalação e da propriedade de terminais para cabos de média tensão a campo radial (Figura 36),
dielétrica do meio isolante entre o condutor e a blindagem. que devem atender a norma NBR 9314 - Emendas e terminais para
No caso do meio isolante ser o ar, muitas variáveis que reduzem cabos de potência com isolação para tensões de 3,6/6 kV a 27/35 kV:
sua propriedade dielétrica podem estar presentes, tais como umidade,
partículas sólidas em suspensão, agentes químicos, salinidade, • Terminais enfaixados (ou terminais com fitas);
dentre outras. Isso leva a um aumento de distância considerável • Terminais com isoladores de porcelana;
entre condutor e blindagem para evitar a ocorrência de correntes de • Terminais poliméricos (ou terminais elastoméricos);
fuga que percorrerá a superfície da isolação, que poderá provocar • Terminais termocontráteis;
a queima da isolação, caracterizada por um “trilhamento” sobre • Terminais contráteis a frio;
a superfície, conhecido como “tracking e erosão”. Neste sentido, • Terminais desconectáveis.

NBR 14039

a) Terminal b) Terminal com c) Terminal d) Terminal e) Terminal d) Terminal


enfaixado corpo em porcelana polimérico contrátil a frio termocontrátil desconectável

Figura 36 – Tecnologias de terminais para cabos de média tensão


GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

14.4.2 Emendas 14.5 Escolha das linhas elétricas de acordo com as influências
externas

Princípio de funcionamento
Em 6.2.4, a NBR 14039 trata da escolha das linhas elétricas
Executar uma emenda é reconstituir em campo todos os em função das influências externas significativas presentes na
componentes de um cabo elétrico de média tensão, utilizando instalação.
técnicas e materiais específicos para essa finalidade. Ao final da A tabela 26 da NBR 14039 apresenta várias influências
montagem da emenda, o novo conjunto obtido (cabo + emenda) externas e suas respectivas exigências específicas em relação
deve possuir características elétricas, físicas, mecânicas, etc., no aos cabos e aos condutos (a Tabela 12 a seguir reproduz a
mínimo semelhantes àquelas que o cabo originalmente apresentava. tabela 26 da norma).
Os componentes que devem ser reconstituídos em campo são: Destaque para as situações de influências externas BD2
condutor, blindagem semicondutora do condutor (interna), isolação, (condição de fuga longa das pessoas em situação de emergência)
blindagem semicondutora da isolação (externa), blindagem e BE2 (risco de incêndio pela presença de substâncias
metálica do condutor, e cobertura. combustíveis e líquidos com alto ponto de fulgor). Em ambos
os casos, as linhas elétricas de média tensão aparentes devem
Tipos de emendas para cabos de média tensão atender a uma das seguintes condições:

Existem diferentes técnicas e materiais para realizar a • No caso de linhas constituídas por cabos de média tensão
reconstituição de cada uma das partes de um cabo de média tensão fixados em paredes ou em tetos, ou constituídas por condutos
a campo radial (Figura 37), que devem atender a norma NBR 9314 abertos (leitos, bandejas, etc.), os cabos devem ser resistentes
- Emendas e emendas para cabos de potência com isolação para ao fogo sob condições simuladas de incêndio, livres de
tensões de 3,6/6 kV a 27/35 kV, conforme a seguir: halogênio e com baixa emissão de fumaça e gases tóxicos;
• No caso de linhas em condutos fechados, os condutos
• Emendas enfaixadas (ou emendas com fitas); devem ser resistentes ao fogo sob condições simuladas
• Emendas termocontráteis; de incêndio, livres de halogênios e com baixa emissão de
• Emendas contráteis a frio; fumaça e gases tóxicos.
178 • Emendas desconectáveis.

a) Emenda enfaixada b) Emenda termocontrátil


NBR 14039

c) Emenda contrátil a frio d) Emenda desconectável

Figura 37 – Tecnologias de emendas para cabos de média tensão


GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Tabela 12 - Seleção e instalação de linhas elétricas em função das influências externas

Código Classificação Seleção e instalação das linhas


A - Condições ambientais (4.3.1) AA = Temperatura ambiente (4.3.1.1)

AA3 - 25°C a + 5°C Para temperaturas inferiores a -10°C, os cabos com isolação e/ou
cobertura de PVC e PE termoplástico, bem como os condutos de PVC,
não devem ser manipulados nem submetidos a esforços mecânicos, visto
que o PVC e o PE termoplástico podem tornar¬se quebradiços
AA4 - 5°C a + 40°C + 5°C a + 40°C + 5°C a + 60°C Quando a temperatura ambiente (ou do solo) for superior aos valores
AA5 de referência (20°C para linhas subterrâneas e 30°C para as demais), as
AA6 capacidades de condução de corrente dos condutores e cabos isolados
devem ser reduzidas de acordo com 6.2.5.3
AC = Altitude (4.3.1.2) (sem influência) AD = Presença de água (4.3.1.3)
AD1 / AD2 Desprezível Queda de gotas de água Nenhuma limitação
AD3 / AD4 Aspersão de água Projeção de água Jatos de água Nas condições AD3 a AD6, só devem ser usadas linhas com proteção
AD5 / AD6 Ondas Imersão adicional à penetração de água com os graus IP adequados, a princípio
AD7 sem revestimento metálico externo
AD8 Submersão Cabos especiais para uso sob água e obrigatório o emprego de condutores
com construção bloqueada. Linhas com graus IP adequados, a princípio
sem revestimento metálico externo
AE = Presença de corpos sólidos (4.3.1.4)
AE1 Desprezível Nenhuma limitação
AE2 Objetos pequenos Nenhuma limitação, desde que não haja exposição a danos mecânicos
AE3 Objetos muito pequenos Nenhuma limitação
AE4 Poeira Limitações restritas às influências AF, AJ e BE
AF = Presença de substâncias corrosivas ou poluentes (4.3.1.5)

AF1 Desprezível Nenhuma limitação


AF2 Agentes presentes na atmosfera Intermitente As linhas devem ser protegidas contra corrosão ou contra agentes
AF3 químicos. Os cabos uni e multipolares com cobertura extrudada são
179
considerados adequados
AF4 Permanente Só é admitido o uso de cabos uni ou multipolares adequados aos agentes
químicos presentes
AG = Choques mecânicos (4.3.1.6)
AG1 Fracos Nenhuma limitação
AG2 Médios Linhas com proteção leve, sendo que os cabos uni e multipolares usuais
são considerados adequados
AG3 Significativos Muito significativos Linhas com proteção reforçada (AG3) e muito reforçada (AG4), observando-
AG4 se que os cabos uni e multipolares providos de armação metálica são
considerados adequados (armação intertravada para condição AG4)
AH = Vibrações (4.3.1.6)
AH1 Fracas Nenhuma limitação
AH2 Médias Nenhuma limitação
AH3 Significativas Só podem ser utilizadas linhas flexíveis constituídas por cabos uni ou
multipolares flexíveis
AK = Presença de flora ou mofo (4.3.1.7)
AK1 Desprezível Nenhuma limitação
AK2 Riscos Deve ser avaliada a necessidade de utilizar: - cabos providos de armação,
se diretamente enterrados; - materiais especiais ou revestimento adequado
protegendo cabos ou eletrodutos
AL = Presença de fauna (4.3.1.8)
AL1 Desprezível Nenhuma limitação
AL2 Riscos Linhas com proteção especial. Se existir risco devido à presença de roedores
NBR 14039

e cupins, deve ser usada uma das soluções: - cabos providos de armação -
materiais especialmente aditivados ou revestimento adequado em cabos ou
eletrodutos
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Código Classificação Características exigidas para seleção e instalação dos componentes


AM = Influências eletromagnéticas, eletrostáticas ou ionizantes (4.3.1.9)
AM1 Desprezível Nenhuma limitação
AM2 / AM3 Correntes parasitas Eletromagnéticas Ionizantes Para as condições AM2, AM3 e AM5, a proteção pode ser garantida por
AM4 / AM5 Eletrostáticas revestimento metálico contínuo e aterrado, ou também por distanciamento.
Para a condição AM4, deve-se recorrer a normas específicas
AM6 Indução Cabos com projeto especial, levando em consideração o fator de blindagem
AN = Radiações solares (4.3.1.10)
AN1 Desprezível Nenhuma limitação
AN2 Significativas Os cabos ao ar livre ou em condutos abertos e os condutos devem ser
resistentes às intempéries. A elevação da temperatura da superfície
dos cabos deve ser levada em conta nos cálculos da capacidade de
condução de corrente
B –– Utilizações
BA = Competência das pessoas (4.3.2.1) (sem influência)
BB = Resistência elétrica do corpo humano (4.3.2.2)

BB1 / BB2 Elevada Normal Nenhuma limitação


BB3 Fraca Só devem ser utilizados, em princípio, cabos uni ou multipolares sem
armação condutora. Admite-se o uso de cabos multipolares providos de
armação condutora, desde que esta seja ligada ao condutor de proteção do
circuito, nas duas extremidades
BC = Contatos de pessoas com o potencial local (4.3.2.3)
BC3 Freqüentes Só devem ser utilizados, em princípio, cabos sem armação condutora.
Admite-se utilizar cabos multipolares providos de armação condutora,
desde que esta seja ligada ao condutor de proteção do circuito nas duas
extremidades. Admite-se também o uso de eletrodutos metálicos, desde que
aterrados nas duas extremidades
180 BD = Fuga das pessoas em emergência (4.3.2.4)
BD1 Normal Nenhuma limitação
BD2 Longa As linhas elétricas aparentes devem atender a uma das seguintes
condições: a) no caso de linhas constituídas por cabos fixados em paredes
ou em tetos, ou constituídas por condutos abertos, os cabos devem
ser resistentes ao fogo sob condições simuladas de incêndio, livres de
halogênio e com baixa emissão de fumaça e gases tóxicos b) no caso
de linhas em condutos fechados, estes devem ser resistentes ao fogo
sob condições simuladas de incêndio, livres de halogênios e com baixa
emissão de fumaça e gases tóxicos
BE = Natureza dos materiais processados ou armazenados (4.3.2.5)
BE1 Riscos desprezíveis Nenhuma limitação
As linhas elétricas aparentes devem atender a uma das seguintes condições: a)
no caso de linhas constituídas por cabos fixados em paredes ou em tetos, ou
constituídas por condutos abertos, os cabos devem ser resistentes ao fogo sob
BE2 Riscos de incêndio condições simuladas de incêndio, livres de halogênio e com baixa emissão
de fumaça e gases tóxicos b) no caso de linhas em condutos fechados, estes
devem ser resistentes ao fogo sob condições simuladas de incêndio, livres de
halogênios e com baixa emissão de fumaça e gases tóxicos
BE3 Riscos de explosão Linhas protegidas por escolha adequada da maneira de instalar
C - Construção das edificações
CA = Materiais de construção (4.3.3.1)

CA1 Não combustíveis Nenhuma limitação


As linhas elétricas aparentes devem atender a uma das seguintes condições: a)
NBR 14039

CA2 Combustíveis no caso de linhas constituídas por cabos fixados em paredes ou em tetos, ou
constituídas por condutos abertos, os cabos devem ser resistentes ao fogo sob
condições simuladas de incêndio, livres de halogênio e com baixa emissão
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Código Classificação Características exigidas para seleção e instalação dos componentes


de fumaça e gases tóxicos b) no caso de linhas em condutos fechados, estes
devem ser resistentes ao fogo sob condições simuladas de incêndio, livres de
halogênios e com baixa emissão de fumaça e gases tóxicos
CB = Estrutura das edificações (4.3.3.2)
CB1 Riscos desprezíveis Nenhuma limitação
As linhas elétricas aparentes devem atender a uma das seguintes condições:
a) no caso de linhas constituídas por cabos fixados em paredes ou em
tetos, ou constituídas por condutos abertos, os cabos devem ser resistentes
ao fogo sob condições simuladas de incêndio, livres de halogênio e com
CB2 Propagação de incêndio baixa emissão de fumaça e gases tóxicos b) no caso de linhas em condutos
fechados, estes devem ser resistentes ao fogo sob condições simuladas
de incêndio, livres de halogênios e com baixa emissão de fumaça e gases
tóxicos
CB3 Movimentos Linhas flexíveis ou contendo juntas de dilatação e de expansão
CB4 Flexíveis Só podem ser utilizadas linhas flexíveis constituídas por cabos uni ou
multipolares flexíveis

14.2.6 Instalação de cabos elétricos de média tensão b) as seções nominais dos condutores fase estiverem contidas
dentro de um intervalo de três valores normalizados sucessivos. Por
As diversas condições de instalação dos cabos elétricos de exemplo, é permitido instalar no mesmo eletroduto (ou eletrocalha
média tensão são tratadas em 6.2.9, 6.2.10 e 6.2.11 da NBR 14039. ou canaleta com tampa) cabos de média tensão de seções 50, 70 e
A seguir são destacadas algumas destas prescrições. 95 mm2, mas não é permitido instalar cabos 50, 70 e 120 mm2.

• Independentemente do tipo de linha elétrica, nos casos de c) os cabos tiverem a mesma temperatura máxima para serviço
vizinhança entre linhas elétricas de média tensão e canalizações contínuo. Assim, por exemplo, podem compartilhar o mesmo
181
não elétricas (água, gás, telecomunicações, etc.), as linhas e as conduto fechado diferentes cabos isolados em PVC (classe
canalizações devem ser dispostas de forma a manter entre suas 70 ºC), assim como podem utilizar o mesmo conduto fechado
superfícies externas uma distância mínima de 20 cm. cabos isolados em EPR e XLPE, pois ambos são classe 90
• Como regra geral, uma linha elétrica de média tensão não deve ºC. No entanto, não se admite misturar no mesmo conduto
compartilhar a mesma canaleta ou poço com as canalizações não fechado cabos isolados em PVC e EPR ou XLPE, pois possuem
elétricas (Figura 38). Além disso, as linhas elétricas de diferentes temperaturas de serviço diferentes.
tensões nominais não devem ser colocadas nas mesmas canaletas
ou poços. Há exceções mencionadas na norma para essas duas
regras, porém todas são difíceis de garantir que sejam mantidas
conforme projetado ao longo de toda a vida da instalação.
• Os condutos fechados (eletrodutos, eletrocalhas, canaletas com
tampas, etc.) podem conter condutores de mais de um circuito,
quando as três condições seguintes forem simultaneamente
atendidas:

a) os circuitos pertencerem à mesma instalação, isto é, se


originarem do mesmo dispositivo geral de manobra e proteção,
sem a interposição de equipamentos que transformem a corrente
Figura 39 – Não é permitido somente um cabo de média tensão unipolar em
elétrica. conduto metálico
NBR 14039

Figura 38 – Linhas elétricas de tensões diferentes e outras canalizações não compartilham a mesma canaleta ou poço
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

• Quando vários cabos forem reunidos em paralelo, eles devem ser Isso faz com que a distribuição de correntes entre os diversos cabos
reunidos em tantos grupos quantos forem os cabos em paralelo, com em paralelo na mesma fase seja muito boa.
cada grupo contendo um cabo de cada fase ou polaridade. Os cabos O problema de distribuição desigual de corrente ocorre quando
de cada grupo devem estar instalados na proximidade imediata uns se utilizam cabos unipolares, uma vez que o arranjo dos cabos
dos outros. Em particular, no caso de condutos fechados de material influencia de modo significativo a reatância mútua. Neste caso,
condutor, todos os condutores vivos de um mesmo circuito devem sem realizar cálculos complexos de indutância mútua, as maneiras
estar contidos em um mesmo conduto. práticas de conseguir a distribuição de corrente mais uniforme são
aquelas indicada na Figura 40.
Essa prescrição da norma visa obter o melhor equilíbrio
possível de corrente entre os diversos cabos, evitando assim que • Devem ser ligadas à terra as blindagens e/ou capas metálicas dos
alguns sejam percorridos por mais correntes do que outros. Quando cabos em uma das extremidades. A segunda extremidade pode ser
isso acontece, há o risco de alguns cabos entrarem em sobrecarga, aterrada, desde que a transferência de potencial e a corrente que
enquanto que outros funcionarão com carga reduzida. Nas situações circula pela blindagem estejam dentro de limites aceitáveis. Este é
em que a proteção contra sobrecarga de todos os cabos em paralelo o caso, por exemplo, de alimentadores longos (centenas de metros),
é realizada por um único dispositivo, ele não irá atuar por conta onde a força eletromotriz induzida na blindagem ou capa metálica,
de sobrecargas em cabos individuais, uma vez que ele “enxerga” quando aterrada em uma só extremidade, pode atingir um valor
somente a corrente total do circuito. perigoso para as pessoas ou mesmo causar centelhamento. Ou
Desta forma, deve-se buscar uma divisão de corrente igual ou então, quando se pretende utilizar as blindagens como caminho de
muito próxima entre os cabos ligados em paralelo. Isso é conseguido retorno da corrente de falta para a fonte.
quando as impedâncias dos cabos em paralelo são aproximadamente
iguais. Como a resistência elétrica será praticamente a mesma Nos casos em que a blindagem metálica é aterrada em ambas
em todos os condutores (todos tem a mesma seção nominal e as extremidades, a corrente máxima que irá circular pela blindagem
comprimento), a variação de impedância entre os cabos em paralelo deve ser calculada para que seja dimensionada adequadamente a
fica por conta da reatância indutiva (indutância própria + indutância sua seção nominal.
mútua). A indutância própria também é aproximadamente a mesma Quando o objetivo é garantir a segurança dos trabalhadores em
entre os cabos em paralelo, já que depende apenas da geometria média tensão e reduzir a ocorrência de centelhamentos indesejados,
do cabo propriamente dita. No entanto, a reatância mútua depende recomenda-se sempre aterrar a blindagem nas duas extremidades,
182 do arranjo, ou seja, da forma como os cabos são instalados e da independentemente do comprimento dos cabos. Esse é o caso da
distância entre eles. maioria das instalações abrangidas pela NBR 14039.
Quando são utilizados cabos tripolares em paralelo por fase,
obtém-se uma geometria muito simétrica entre os condutores das • Na instalação de eletrodutos não enterrados (aparentes ou
diferentes fases que formam cada perna do conjunto em paralelo. embutidos), a taxa máxima de ocupação em relação à área da seção
NBR 14039

Figura 40 – Arranjos práticos de cabos unipolares em paralelo por fase


GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

transversal dos eletrodutos não deve ser superior a 40% no caso de Quando uma linha elétrica enterrada estiver ao longo ou cruzar
um cabo ou 30% no caso de dois ou mais cabos. com condutos de instalações não elétricas, uma distância mínima de
• Somente são admitidos em instalação aparente eletrodutos que 0,20 m deve existir entre seus pontos mais próximos. Em particular,
não propaguem a chama. Em instalação embutida, os eletrodutos no caso de linhas de telecomunicações que estejam paralelas às linhas
que possam propagar a chama devem ser totalmente envolvidos por de média tensão, deve ser mantida uma distância mínima de 0,50 m.
materiais incombustíveis. Qualquer linha enterrada deve ser continuamente sinalizada por
• Em instalações com cabos diretamente enterrados, somente são um elemento de advertência (por exemplo, fita colorida) não sujeito
admitidos cabos unipolares ou multipolares providos de armação; à deterioração, situado no mínimo a 0,10 m acima dela (Figura 43).
ou cabos unipolares ou multipolares sem armação, porém com
proteção mecânica adicional provida pelo método construtivo
adotado, como, por exemplo, devidamente protegidos por
eletrodutos (Figura 41).

Fita de advertência

Figura 43 – Exemplo de fita de advertência

As emendas e derivações devem ser feitas de modo a assegurar


a continuidade das características elétricas e mecânicas dos cabos,
sendo que, no caso de instalação em eletrodutos enterrado, elas
devem estar localizadas em poços de inspeção. 183
Os poços de inspeção devem ser construídos em alvenaria ou
material equivalente, ter resistência e drenagens adequadas e dispor
de tampa superior resistente à carga a que pode ser submetida.
Figura 41 – Instalação de eletrodutos enterrados
Os poços com mais de 0,60 m de profundidade devem permitir o
Como prevenção contra os efeitos de movimentação de terra, os ingresso de uma pessoa. Para isso, devem ter dimensões mínimas
cabos devem ser instalados, em terreno normal, pelo menos a 0,90 tais que seja possível inscrever-se, na parte inferior livre para
m da superfície do solo. Essa profundidade deve ser aumentada para circulação, um círculo de diâmetro mínimo de 0,80 m. O tampão de
1,20 m na travessia de vias acessíveis a veículos e numa zona de 0,50 entrada deve ser circular com diâmetro mínimo de 0,60 m. Na parte
m de largura, de um lado e de outro dessas vias (Figura 42). Essas interna, o poço deve dispor de degraus espaçados em 0,30 m. O piso
profundidades podem ser reduzidas em terreno rochoso ou quando os do poço deve situar-se 0,30 m abaixo da parte inferior do eletroduto
cabos estiverem protegidos, por exemplo, por eletrodutos que suportem de nível mais baixo. Os poços devem ter dispositivo para facilitar a
sem danos as influências externas a que possam ser submetidos. drenagem.
NBR 14039

Figura 42 – Profundidades mínimas em instalações com cabos diretamente enterrados


GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

O condutor tem o formato de um tubo, uma vez que a


14.7 Linhas elétricas pré- fabricadas ( barramentos corrente elétrica circula unicamente pela periferia do condutor
blindados ) de média tensão por causa do significativo efeito pelicular que ocorre nestas
aplicações.
Em 6.2.3.7, a NBR 14039 prescreve que as linhas pré- Os barramentos blindados de fases isoladas destinam-
fabricadas devem atender às normas específicas e ser instaladas se a conduzir correntes muito elevadas (geralmente acima
de acordo com as instruções do fabricante. de 20.000 A), sendo utilizados tipicamente nas interligações
Não há normas NBR ou IEC para barramentos blindados de entre os geradores e os transformadores elevadores de tensão
média tensão. A norma IEEE STD C37.23 - IEEE Standard for na usinas hidrelétricas ou em outras aplicações que envolvam
Metal-Enclosed Bus é a mais utilizada para estes equipamentos correntes da ordem de milhares de ampères.
e se aplica aos barramentos blindados e seus acessórios para
tensões acima de 600 V até 38 kV.

14.7.1 Construção

Os barramentos blindados (ou busways) são equipamentos


formados por barras chatas ou tubulares de cobre ou de
alumínio, suportadas por isoladores e alojadas em invólucros
metálicos.
Os principais componentes de um barramento blindado são:
condutor; invólucro; isoladores de apoio; buchas de passagem;
estrutura de sustentação; conexão com as fontes e cargas.
Os condutores são constituídos de barras de cobre
eletrolítico, com cantos redondos, de pureza 99,5% ou barras
de alumínio com 99,5% de pureza. Nas extremidades dos
barramentos são estampados furos para permitir uma fácil
conexão na montagem no local da obra. Além disso, as barras Figura 44: Barramento de fases segregadas

184 podem estar revestidas de prata ou estanho para melhorar a


resistência de contato e diminuir as perdas joule. Dependendo 14.7.2.2 Barramento de fases segregadas
da corrente no circuito, são instaladas uma ou mais barras em
paralelo por fase. É aquele em que todos os condutores de fase encontram-se em
Para aumentar a dissipação térmica, as barras condutoras um invólucro comum de metal, mas são segregados por intermédio
podem ser pintadas de preto. Outra opção em relação às barras de barreiras entre as fases (Figura 45).
é cobri-las com material isolante.
Os isoladores são geralmente de porcelana ou de resina
epóxi, montados verticalmente, sustentam os barramentos e
ainda permitem sua expansão térmica. Os isoladores devem
resistir aos esforços eletrodinâmicos que podem acontecer
durante os curtos-circuitos.

14.7.2 Tipos

Os barramentos blindados de média tensão podem ser de


três tipos quanto ao arranjo dos barramentos: barramentos de
fases isoladas, barramentos de fases segregadas e barramentos
de fases não-segregadas.

14.7.2.1 Barramentos de fases isoladas


Figura 45: Barramento de fases segregadas

Nesta construção, cada barramento de fase é instalado dentro


de um invólucro metálico redondo, separado dos demais. Neste 14.7.2.3 Barramento de fases não-segregadas
NBR 14039

tipo de busway, o condutor é um tubo de alumínio redondo,


que fica apoiado em três isoladores que formam um triângulo, É aquele em que todos os condutores de fase encontram-se
de forma a manter igual distância do condutor até a parede do em um invólucro comum de metal sem barreiras entre as fases
invólucro (Figura 44). (Figura 46).
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Figura 46: Barramento de fases não-segregadas

média tensão deve ser dimensionada pelos seguintes critérios técnicos:


14.7.3 Grau de Proteção (IP) capacidade de condução de corrente, queda de tensão, sobrecarga e
curto-circuito.
As influências externas relativas a uma certada aplicação devem
ser bem conhecidas para que seja determinado adequadamente o 15.1.1 Critério de capacidade de condução de corrente
grau de proteção IP de um barramento blindado. Em particular, a
presença de água (AD) e a presença de corpos sólidos são duas das O objetivo deste critério de dimensionamento é garantir a vida
influências externas mais importantes a serem consideradas. Os satisfatória aos cabos elétricos submetidos aos efeitos térmicos
barramentos blindados podem ser especificados nas versões que vão produzidos pela circulação de correntes de valores iguais às 185
desde completamente desprotegidos até protegidos contra submersão, capacidades de condução de corrente respectivas, durante períodos
de acordo com norma NBR IEC 60529. Em geral, o grau de proteção prolongados em serviço normal.
mais usual dos invólucros para barramentos blindados é o IP55. Para a aplicação do critério da capacidade de condução de
corrente ao dimensionamento de um cabo elétrico de média tensão
14.7.4 Instalação é necessário determinar os seguintes elementos de projeto:

Por serem elementos pré-fabricados, os barramentos blindados • A corrente de projeto do circuito (IB), conforme indicado em 4.1
devem ser instalados rigorosamente conforme as instruções do deste guia;
fabricante. Além disso, uma vez que o busway tenha sido recebido • O tipo de cabo elétrico: material de isolação, conforme 14.3.1; e
em obra, deve ser mantida a integridade da embalagem. O local de classe de tensão, conforme 14.3.2 deste guia;
armazenamento também deve estar limpo, seco e abrigado da radiação • O tipo de linha elétrica (maneira de instalar), conforme a Tabela
solar. Cuidados devem ser tomados para impedir a penetração de 9 deste guia;
objetos durante a instalação do equipamento, pois isso pode colocar • A temperatura ambiente para linhas elétricas não enterradas;
em risco a integridade do produto e a segurança das pessoas. • A temperatura do solo e a resistividade térmica do solo para linhas
Conforme 6.2.11.7.1 da NBR 14039, o invólucro do barramento enterradas;
blindado deve ser solidamente ligado à terra e ao condutor de • A proximidade de outros cabos (condições de agrupamento).
proteção, em toda sua extensão, por meio de condutor contínuo,
acessível e instalado externamente. 15.1.1.1Métodos de referência

15 Dimensionamento de condutores Na Tabela 10 deste guia, para cada método de instalação


(indicado por um número), é indicado o método de referência
Este capítulo trata do dimensionamento de cabos elétricos e de correspondente (indicado por uma letra) utilizado para a
barramentos blindados de média tensão. obtenção da capacidade de condução de corrente dos cabos de
NBR 14039

média tensão. É importante notar que os métodos de instalação


15.1 Dimensionamento de cabos elétricos de média tensão correspondem a arranjos muito específicos de cabos e condutos
(linhas elétricas), conforme indicado nas notas de 6.2.5.1 da
Conforme a NBR 14039, a seção nominal dos cabos elétricos de NBR 14039 (Tabela 13).
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Tabela 13 – Detalhes sobre os métodos de referência


Método de Descrição Método de referência a Notas
instalação utilizar para a capacidade
número de condução de corrente
1 Três cabos unipolares justapostos (na A Cabos instalados sobre isoladores, bandejas, leitos, etc. A distância a
horizontal ou em trifólio e um cabo tripolar qualquer superfície adjacente deve ser de no mínimo 0,5 vez o diâmetro
ao ar livre externo do cabo, para cabo unipolar, ou no mínimo 0,3 vez o diâmetro
2 Três cabos unipolares espaçados ao ar livre B externo do cabo, para cabo tripolar, sem levar em consideração o efeito
Três cabos unipolares justapostos (na da radiação solar direta:
3 horizontal ou em trifólio e um cabo tripolar C Cabos instalados em canaleta fechada, com 0,5 m de largura e 0,5 m de
em canaleta fechada no solo profundidade, e a distância a qualquer superfície adjacente deve ser de
4 Três cabos unipolares espaçados em canaleta D no mínimo 0,5 vez o diâmetro externo do cabo, para cabo unipolar, ou no
fechada no solo mínimo 0,3 vez o diâmetro externo do cabo, para cabo tripolar.
Três cabos unipolares justapostos (na Cabos instalados num eletroduto não condutor e a distância a qualquer
5 horizontal) ou em trifólio e um cabo tripolar E superfície adjacente deve ser de no mínimo 0,3 vez o diâmetro externo do
em eletroduto ao ar livre eletroduto, sem levar em consideração o efeito da radiação solar direta.
Três cabos unipolares justapostos (na Cabos instalados em eletrodutos não condutores, metálicos no solo de
6 horizontal ou em trifólio e um cabo tripolar F resistividade térmica de 2,5 K.m/W, a uma profundidade de 0,9 m. Foi
em banco de dutos ou eletroduto enterrado considerado, no caso de banco de duto, largura de 0,3 m e altura de 0,3
no solo m, e com resistividade térmica de 1,2 K.m/W.
Três cabos unipolares em banco de dutos ou Cabos unipolares instalados em eletrodutos não condutores espaçados
7 eletrodutos enterrados e espaçados – um cabo G do duto adjacente em uma vez o diâmetro externo do duto, no solo de
por duto ou eletroduto não condutor resistividade térmica de 2,5 K.m/W, a uma profundidade de 0,9 m. Foi
Três cabos unipolares justapostos (na H considerado, no caso de banco de duto, largura de 0,5 m e altura de 0,5
8 horizontal ou em trifólio) e um cabo tripolar m, com quatro dutos, e com resistividade térmica de 1,2 K.m/W.
diretamente enterrados Cabos instalados diretamente no solo de resistividade térmica de 2,5
9 Três cabos unipolares espaçados diretamente I K.m/W, a uma profundidade de 0,9 m.
enterrados

Em todos os casos em que as dimensões dos arranjos diferem das


186 15.1.1.2 Tabelas de capacidade de corrente dos cabos elétricos de condições indicadas na última coluna da Tabela 13, recomenda-se
média tensão consultar o fabricante de cabos para o cálculo dos fatores de correção
adequados ou calcular diretamente as capacidades de condução de
A corrente transportada por qualquer condutor, durante corrente para qualquer arranjo pela aplicação da norma NBR 11301.
períodos prolongados em funcionamento normal, deve ser tal que Esta norma, baseada na IEC 60287-1-1 - Electric cables - Calculation
a temperatura máxima para serviço contínuo dada na Tabela 14 of the current rating - Part 1-1: Current rating equations (100 % load
não seja ultrapassada. Essa condição é atendida se a corrente nos factor) and calculation of losses – General, refere-se ao funcionamento
cabos não for superior às capacidades de condução de corrente contínuo em regime permanente (fator de carga 100%), em corrente
adequadamente escolhidas nas tabelas 15 e 16 afetadas, se for o contínua ou em corrente alternada com freqüência de 60 Hz. Essa é a
caso, dos fatores de correção dados nas tabelas 17 a 23 a seguir. condição normalmente considerada nos projetos usuais de instalações de
Tabela 14 - Temperaturas características dos condutores edificações residenciais, comerciais e industriais de média tensão
(Tabela 27 da NBR 14039)
Não há norma NBR para dimensionamento de cabos elétricos de média
Tipo de isolação Temperatura máxima para serviço
tensão com regimes de operação cíclicos. Nestes casos, deve-se utilizar a norma
Cloreto de polivinila (PVC) contínuo (condutor) °C
IEC 60853-1 - Calculation of the cyclic and emergency current rating of cables.
Cloreto de polivinila (PVC) 70
Part 1: Cyclic rating factor for cables up to and including 18/30(36) kV.
Polietileno (PE) 70
Tanto as IEC 60287-1-1 quanto a IEC 60853-1 são normas de
Borracha etilenopropileno (EPR) 90
Polietileno reticulado (XLPE) 90
difícil aplicação, pois contém numerosos cálculos complexos, somente
Borracha etilenopropileno (EPR 105) 105 possíveis de realizar em tempos razoáveis por meio de uso de softwares
específicos. Há alguns poucos softwares para estes dimensionamentos
As capacidades de corrente dos cabos elétricos definidas nas tabelas disponíveis no mercado, tais como o CYMCAP - Cable Ampacity
15 e 16 foram calculadas para os arranjos específicos de cabos indicados Calculation, cuja versão original foi desenvolvida em conjunto
na última coluna da Tabela 13, não sendo válidas para condições pela Ontario Hydro (Hydro One), McMaster University e CYME
diferentes das indicadas. Por exemplo, as capacidades de condução de International, com o apoio da Canadian Electricity Association.
corrente em canaletas (métodos de referência C e D) foram calculadas As tabelas a seguir foram copiadas da NBR 14039, sendo importante
NBR 14039

para condições de instalação pré-fixadas, conforme indicado na última notar que a norma não inclui tabelas de capacidade de corrente de cabos
coluna da Tabela 13. A alteração de uma ou mais dessas condições de com isolação em PVC e PE (limitados aos circuitos com tensão nominal
instalação implica uma variação na temperatura no interior da canaleta, até 3,6/6 kV, conforme comentado em 14.3.1 deste guia). Nestes casos,
diferente da utilizada no cálculo dos valores. deve ser consultado o fabricante de cabos.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Tabela 15 - Capacidades de condução de corrente, em ampères, para os métodos de referência


A, B, C,D, E, F, G, H e I – condutor de cobre – cabos em EPR e XLPE 90 ºC (Tabela 28 da NBR 14039)

Métodos de instalação definidos na tabela 25

Seção mm A B C D E F G H I

10 87 105 80 92 67 55 63 65 78

16 114 137 104 120 87 70 81 84 99

25 150 181 135 156 112 90 104 107 126

35 183 221 164 189 136 108 124 128 150

50 221 267 196 226 162 127 147 150 176

70 275 333 243 279 200 154 178 183 212

95 337 407 294 336 243 184 213 218 250


Tensão
120 390 470 338 384 278 209 241 247 281
nominal
150 445 536 382 433 315 234 270 276 311
menor ou igual
185 510 613 435 491 357 263 304 311 347
a 8,7/15 kV
240 602 721 509 569 419 303 351 358 395

300 687 824 575 643 474 340 394 402 437

400 796 959 658 734 543 382 447 453 489

500 907 1100 741 829 613 426 502 506 542

630 1027 1258 829 932 686 472 561 562 598

1411 916 1031 761 517 623 617 655


187
800 1148

1000 1265 1571 996 1126 828 555 678 666 706

16 118 137 107 120 91 72 83 84 98

25 154 179 138 155 117 92 106 108 125

35 186 217 166 187 139 109 126 128 149

50 225 259 199 221 166 128 148 151 175

70 279 323 245 273 205 156 181 184 211

95 341 394 297 329 247 186 215 219 250

Tensão 120 393 454 340 375 283 211 244 248 281

nominal 150 448 516 385 423 320 236 273 278 311

maior que 185 513 595 437 482 363 265 307 312 347

8,7/15 kV 240 604 702 510 560 425 306 355 360 395

300 690 802 578 633 481 342 398 404 439

400 800 933 661 723 550 386 452 457 491

500 912 1070 746 817 622 431 507 511 544

630 1032 1225 836 920 698 477 568 568 602
NBR 14039

800 1158 1361 927 1013 780 525 632 628 660

1000 1275 1516 1009 1108 849 565 688 680 712
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Tabela 16 - Capacidades de condução de corrente, em ampères, para os métodos de referência


A, B, C,D, E, F, G, H e I - condutor de cobre – cabos em EPR 105 ºC (Tabela 30 da NBR 14039)

Métodos de instalação definidos na tabela 25

Seção mm A B C D E F G H I

10 97 116 88 102 75 60 68 70 84

16 127 152 115 133 97 76 88 90 107

25 167 201 150 173 126 98 112 115 136

35 204 245 182 209 153 117 134 137 162

50 246 297 218 250 183 138 158 162 190

70 307 370 269 308 225 168 192 197 229

95 376 453 327 372 273 200 229 235 270


Tensão
120 435 523 375 425 313 227 260 266 303
nominal menor
150 496 596 424 479 354 254 291 298 336
ou igual a
185 568 683 482 543 403 286 328 335 375
8,7/15 kV
240 672 802 564 630 472 330 379 387 427

300 767 918 639 712 535 369 426 434 473

400 890 1070 731 814 613 416 483 490 529

500 1015 1229 825 920 693 465 543 548 588

630 1151 1408 924 1035 777 515 609 609 650

800 1289 1580 1022 1146 863 565 676 671 712
188 1762 1112 1253 940 608 738 725 769
1000 1421

16 131 151 118 132 102 78 90 91 106

25 171 199 153 171 131 100 114 116 135

35 207 240 184 206 156 118 136 138 161

50 250 286 220 244 187 139 160 163 189

70 b 357 272 301 230 169 195 198 228

95 379 436 329 362 278 202 232 236 269

Tensão 120 438 503 377 414 319 229 263 267 303

nominal 150 498 572 426 467 360 256 294 299 336

maior que 185 571 660 484 532 409 288 331 337 375

8,7/15 kV 240 672 779 565 619 479 332 383 389 427

300 768 891 641 699 542 372 430 436 475

400 891 1037 734 800 621 420 488 493 531

500 1018 1192 829 905 703 469 549 553 590

630 1155 1367 930 1020 790 521 616 616 653

800 1297 1518 1033 1124 882 574 686 682 718

1000 1430 1694 1125 1231 961 619 748 739 775
NBR 14039

Os fatores de correção da tabela 17 não consideram submetidos a tais radiações, as capacidades de condução de
o aumento de temperatura devido à radiação solar ou a corrente devem ser calculadas pelos métodos especificados
outras radiações infravermelhas. Quando os cabos forem na NBR 11301.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Tabela 17 - Fatores de correção para temperaturas ambientes diferentes de 30°C


para linhas não subterrâneas e de 20°C (temperatura do solo) para linhas subterrâneas (Tabela 32 da NBR 14039)

Temperatura Temperatura
Isolação Isolação
°C °C

Ambiente EPR ou XLPE EPR 105 Do solo EPR ou XLPE EPR 105
10 1,15 1,13 10 1,07 1,06
15 1,12 1,10 15 1,04 1,03
20 1,08 1,06 25 0,96 0,97
25 1,04 1,03 30 0,93 0,94
35 0,96 0,97 35 0,89 0,91
40 0,91 0,93 40 0,85 0,87
45 0,87 0,89 45 0,80 0,84
50 0,82 0,86 50 0,76 0,80
55 0,76 0,82 55 0,71 0,76
60 0,71 0,77 60 0,65 0,72
65 0,65 0,73 65 0,60 0,68
70 0,58 0,68 70 0,53 0,64
75 0,50 0,63 75 0,46 0,59
80 0,41 0,58 80 0,38 0,54

Tabela 18 - Fatores de correção para cabos contidos em eletrodutos enterrados no solo ou diretamente enterrados, com resistividades térmicas diferentes de 2,5 K.m/W,
a serem aplicados às capacidades de condução de corrente do método de referência F, G, H e I (Tabela 33 da NBR 14039)

Resistividade térmica (K.m/W) 1 1,5 2 3


Fator de correção métodos F e G 1,25 1,15 1,07 0,94
Fator de correção métodos H e I 1,46 1,24 1,10 0,92

NOTAS 1 Os fatores de correção dados são valores médios para as seções nominais incluídas nas tabelas 28, 29, 30 e 31, com uma dispersão geralmente inferior a 5%. 2 Os
fatores de correção são aplicáveis a cabos em eletrodutos enterrados ou diretamente enterrados, a uma profundidade de até 0,9 m. 3 Fatores de correção para resistividades
térmicas diferentes podem ser calculados pelos métodos dados na NBR 11301.
189
Quando devido a condições de funcionamento conhecidas, condutores, já afetada pelo fator de correção aplicável, o circuito ou
um circuito ou cabo multipolar for previsto para conduzir não cabo multipolar pode ser omitido para efeito da obtenção do fator de
mais do que 30% da capacidade de condução de corrente de seus correção do restante do grupo indicado nas tabelas 19 a 23 a seguir.
Tabela 19 - Fatores de correção para cabos unipolares em plano espaçados ao ar livre a serem aplicados às capacidades de condução
de corrente do método de referência B (Tabela 34 da NBR 14039)

Agrupamento de cabos em sistemas trifásicos, instalados em ambientes abertos e ventilados. Número de ternas
Estes valores são válidos, desde que os cabos mantenham as disposições de instalação propostas
1 2 3

Número de
Fator de correção (fa)
bandejas
1 1,00 0,97 0,96
Instalação em bandejas
2 0,97 0,94 0,93
3 0,96 0,93 0,92
6 0,94 0,91 0,90

0,94 0,91 0,89


Instalação vertical

Casos onde No caso de instalações em plano, aumentando-se a distância entre os cabos, reduz-se o aquecimento mútuo. Entretanto,
NBR 14039

não há necessidade simultaneamente, aumentam-se as perdas nas blindagens metálicas. Por isso torna-se impossível dar indicação sobre
de correção disposições para as quais não há necessidade de fator de correção.
NOTAS
1 Esses fatores são aplicáveis a grupos de cabos uniformemente carregados.
2 Os valores indicados são médios para a faixa usual de seções nominais, com dispersão geralmente inferior a 5%.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Tabela 20 - Fatores de correção para cabos unipolares em trifólio ao ar livre a serem aplicados às capacidades de condução de corrente do método de referência A (Tabela 35 da NBR 14039)

Número de ternas
Agrupamento de cabos em sistemas trifásicos, instalados em ambientes abertos e ventilados.
Estes valores são válidos, desde que os cabos mantenham as disposições de instalação propostas
1 2 3
Número de Fator de correção (fa)
bandejas
1 1,00 0,98 0,96
Instalação em bandejas
2 1,00 0,95 0,93
3 1,00 0,94 0,92
6 1,00 0,93 0,90

1,00 0,93 0,90

Instalação vertical

Casos onde Número qualquer


não há necessidade de ternas
de correção

NOTAS
1 Esses fatores são aplicáveis a grupos de cabos uniformemente carregados.
2 Os valores indicados são médios para a faixa usual de seções nominais, com dispersão geralmente inferior a 5%.

190 Tabela 21 - Fatores de correção para cabos tripolares ao ar livre a serem aplicados às capacidades de condução de corrente do método de referência A (Tabela 36 da NBR 14039)

Número de cabos
Agrupamento de cabos em sistemas trifásicos, instalados em ambientes abertos e ventilados.
Estes valores são válidos, desde que os cabos mantenham as disposições de instalação propostas 1 2 3 6 9

Número de
Fator de correção (fa)
bandejas
1 1,00 0,98 0,96 0,93 0,92
Instalação em bandejas
2 1,00 0,95 0,93 0,90 0,89
3 1,00 0,94 0,92 0,89 0,88
6 1,00 0,93 0,90 0,87 0,86

Instalação vertical 1,00 1,00 0,90 0,87 0,87

Casos onde
Número qualquer
não há necessidade
de cabos
de correção
NBR 14039

NOTAS
1 Esses fatores são aplicáveis a grupos de cabos uniformemente carregados.
2 Os valores indicados são médios para a faixa usual de seções nominais, com dispersão geralmente inferior a 5%.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Tabela 22 - Fatores de correção para cabos unipolares e cabos tripolares em banco de dutos a serem aplicados
às capacidades de condução de corrente dos métodos de referência F e G (Tabela 37 da NBR 14039)

Agrupamento de cabos em sistemas trifásicos, instalados em ambientes abertos e ventilados.


Estes valores são válidos, desde que os cabos mantenham as disposições de instalação propostas

Multiplicar pelos valores


do método de referência G
(um cabo unipolar por duto) c a c a c a

c
b c b c d

b d
d

Até seção 95 mm2 inclusive 1,00 0,90 0,82

Acima de 95 mm2 1,00 0,87 0,77

Multiplicar pelos valores


do método de referência c a
F (três cabos unipolares c a c a
em trifólio por duto)

c b c b c
b
191

b b b

Até seção 95 mm2 inclusive 0,91 0,85 0,79

Acima de 95 mm2 0,88 0,81 0,73

Multiplicar pelos valores


do método de referência
F (1 cabo tripolar por duto) c a c a c a

b c b c b c

b b b

Até seção 95 mm2 inclusive 0,91 0,85 0,79

Acima de 95 mm2 0,88 0,81 0,73


NBR 14039

NOTAS
1 Os valores indicados são aplicáveis para uma resistividade térmica do solo de 0,9 K.m/W. São valores médios para as mesmas
dimensões dos cabos utilizados nas colunas F e G das tabelas 28 a 31. Os valores médios arredondados podem apresentar erros de
10% em certos casos. Se forem necessários valores mais precisos ou para outras configurações, deve-se recorrer à NBR 11301.
2 Dimensões: a = 76 cm, b = 48 cm, c = 20 cm, d = 68 cm.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Tabela 23 - Fatores de correção para cabos unipolares e cabos tripolares em banco de dutos a serem aplicados às capacidades de condução
de corrente dos métodos de referência H e I (Tabela 38 da NBR 14039)

Agrupamento de cabos em sistemas trifásicos, instalados em ambientes abertos e ventilados.


Estes valores são válidos, desde que os cabos mantenham as disposições de instalação propostas

Multiplicar pelos
valores do método de
referência I (cabos
unipolares espaçados
diretamente
enterrados)

Até seção 95 mm2 inclusive 1,00 0,87 0,80

Acima de 95 mm2 1,00 0,85 0,78

Multiplicar pelos
valores do método de
referência H (cabos
unipolares em trifólio
diretamente enterrados)

Até seção 95 mm2 inclusive 0,86 0,79 0,71

Acima de 95 mm2 0,83 0,76 0,67

Multiplicar pelos
valores do método de
referência H
(cabo tripolar diretamente
enterrado)
192
Até seção 95 mm2 inclusive 0,86 0,79 0,71

Acima de 95 mm2 0,83 0,76 0,67

20cm 20cm
NOTAS
1 Os valores indicados são aplicáveis para uma resistividade térmica do solo de 2,5 K.m/W. São valores médios para as mesmas dimensões dos cabos utilizados nas colunas H e I das tabelas 28
90cm
a 31. Os valores médios arredondados podem apresentar erros de 10% em certos casos. Se forem necessários valores mais precisos ou para outras configurações, deve-se recorrer à NBR 11301.
2 Dimensões (para todas as configurações da tabela 38):

Conforme 6.2.5.7 da NBR 14039, quando os condutores e condução de corrente devem ser determinadas para a parte do
cabos são instalados num percurso ao longo do qual as condições percurso que apresenta as condições mais desfavoráveis. A figura
de resfriamento (dissipação de calor) variam, as capacidades de 47 ilustra essa situação

15.1.2 Critério de queda de tensão

Conforme 6.2.7 da NBR 14039, para o cálculo da queda de


tensão num circuito, deve ser utilizada a corrente de projeto do
circuito (IB), conforme indicado em 4.1 deste guia.
A queda de tensão entre a origem de uma instalação
e qualquer ponto de utilização em média tensão deve ser
menor ou igual a 5% (Figura 48), sendo que quedas de tensão
maiores que esta são permitidas somente para equipamentos
com corrente de partida elevada, durante o período de
partida, desde que dentro dos limites permitidos em suas
normas respectivas. Para o cálculo das quedas de tensão
NBR 14039

devem ser consideradas as impedâncias dos transformadores


e dos cabos de média tensão disponíveis nos catálogos dos
fabricantes.
Figura 47 – Mudança de maneiras de instalar um cabo ao longo do percurso
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Figura 48 – Queda de tensão máxima em instalação MT

em um tempo suficientemente curto para que os condutores não


15.1.3 Critério de sobrecarga atinjam os valores de temperatura especificados na Tabela 25.
As características dos dispositivos de proteção dos cabos
De acordo com 4.1.3.1 da NBR 14039, todo circuito deve ser elétricos de média tensão contra curto-circuito podem ser vistas no
protegido por dispositivos que interrompam a corrente nesse circuito capítulo 7 deste guia.
quando ela ultrapassar o valor da capacidade de condução de corrente
Tabela 25 – Temperaturas limites de curto-circuito dos condutores
nominal em pelo menos um de seus condutores, podendo provocar uma (Tabela 27 da NBR 14039)
deterioração da instalação caso permaneça por tempo prolongado. Tipo de isolação Temperatura limite de
A interrupção da corrente de sobrecarga deve acontecer em um sobrecarga (condutor) °C 193
tempo suficientemente curto para que os condutores não atinjam os Cloreto de polivinila (PVC) 160
valores de temperatura especificados na Tabela 24. Polietileno (PE) 160
As características dos dispositivos de proteção dos cabos elétricos de Borracha etilenopropileno (EPR) 250

média tensão contra curto-circuito podem ser vistas no capítulo 7 deste guia. Polietileno reticulado (XLPE) 250
Borracha etilenopropileno (EPR 105) 250
Os condutores vivos devem ser protegidos contra as correntes de
sobrecargas, exceto quando alimentam cargas que possuem sua própria
proteção contra as sobrecargas, tais como transformadores, motores, etc.
15.1.4.2 Correntes de curto-circuito nos condutores

Tabela 24 - Temperaturas limites de sobrecarga dos condutores


(Tabela 27 da NBR 14039) Os cabos apresentam uma característica de curto-circuito dada
Tipo de isolação Temperatura limite de pela equação de I2t a seguir:
sobrecarga (condutor) °C
Cloreto de polivinila (PVC) 100
Polietileno (PE) 100 Em que:
Borracha etilenopropileno (EPR) 130
Polietileno reticulado (XLPE) 130 I = Corrente suportada pelo cabo (A)
Borracha etilenopropileno (EPR 105) 140 S = Seção nominal do cabo (mm²)
t = tempo de duração da corrente de curto-circuito (s)
K= Constante que depende do tipo de isolação (ver Tabela 26)
15.1.4 Critério de curto-circuito
Tabela 26 – Fator K dos cabos em função do tipo de isolação
15.1.4.1 Generalidades Isolação Condutor Conexão prensada Conexão soldada
EPR/XLPE 90° Cobre 142 99
Conforme 4.1.3.2 da NBR 14039, todo circuito deve ser Alumínio 93 65
NBR 14039

protegido por dispositivos que interrompam a corrente nesse EPR 105° Cobre 134 87

circuito quando pelo menos um de seus condutores for percorrido Alumínio 88 57


PVC Cobre 114 114
por uma corrente de curto-circuito.
Alumínio 74 74
A interrupção da corrente de curto-circuito deve acontecer
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

A partir das equações fornecidas no item “Proteção contra


curto-circuito”, pode-se construir as curvas de curta duração dos
cabos, que são aquelas encontradas nos catálogos dos fabricantes
dos cabos. As Figuras 49, 50, 51 e 52 apresentam as características
de corrente de curta duração para cabos de cobre e de alumínio
para isolação EPR 90°/XLPE e PVC. Nas Figuras 53 e 54, estão as
curvas de danos dos cabos de cobre e de alumínio, respectivamente

(A)
Figura 49 – Característica de corrente suportada pelos cabos de cobre EPR 90°/XLPE.

194

Figura 50 – Característica de corrente suportada pelos cabos de cobre e isolação de PVC.

(B)

Figura 51 – Característica de corrente suportada pelos cabos de alumínio e EPR 90°/XLPE.


NBR 14039

(C)
Figura 53 – Curva tempo versus corrente para cabos de cobre com isolação
Figura 52 – Característica de corrente suportada pelos cabos de alumínio e isolação de PVC. (a) EPR/XLPE 90 °C, (b) EPR/XLPE 105 °C e (c) PVC 70 °C.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Exemplo

A seção nominal mínima de um cabo de média tensão 8,7/15


kV, EPR 90 °C, condutor de cobre, que deve suportar uma corrente
de curto-circuito de 21 kA, com tempo de eliminação da falta igual
a 1 segundo é calculada por:

15.1.4.3 Correntes de curto-circuito na blindagem


semicondutora metálica do cabo

A blindagem semicondutora metálica dos cabos apresenta uma


(A)
característica de curto-circuito dada pela equação de I2t a seguir:

Em que:

I = Corrente suportada pela blindagem metálica do cabo (A)


S = Seção nominal da blindagem do cabo (mm²)
t = tempo de duração da corrente de curto-circuito (s)
K= Constante que depende do tipo de isolação (ver Tabela 27)
195
Tabela 27 – Fator K da blindagem semicondutora metálica em
função do tipo de isolação

Isolação Condutor da blindagem Fator K


EPR/XLPE 90° EPR/XLPE 90° 124,2
EPR 105° EPR 105° 115
PVC PVC 136,7

Exemplo 1
(B)
A máxima corrente de curto-circuito suportada pela blindagem
(cobre) de um cabo de média tensão 8,7/15 kV, EPR 90 °C, com
seção da blindagem é de 6,16 mm2 é dada por:

Isso significa que a blindagem metálica semicondutora do cabo


deste exemplo suporta uma corrente de 765 A durante 1 s.

Exemplo 2

Admitindo-se que o cabo do Exemplo 1 é o circuito alimentador


de um motor de média tensão, no qual o relé de proteção contra
curto-circuito é instantâneo (0,05 s) e o dispositivo de manobra é
um disjuntor (tinterrupção = 3 ciclos = 0.05 s), a corrente suportada
NBR 14039

pela blindagem é dada por (o valor de t na fórmula é 0,05 + 0,05


= 0,10 s):
(C)
Figura 54 – Curva tempo versus corrente para cabos de alumínio com
isolação (a) EPR/XLPE 90 °C, (b) PR/XLPE 105 °C e (c) PVC 70 °C
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

e impedância do sistema de barramento blindado nas condições de


15.1.4.4 Coordenação montagem especificadas a fim de permitir os cálculos das correntes de
curto-circuito e de falta em qualquer ponto de uma instalação elétrica
A Figura 55 mostra a característica de corrente de curta que inclua o barramento blindado;
duração do cabo. Para que o cabo não se danifique até a proteção • O dispositivo de proteção do barramento blindado deve ter a
operar completamente, deve haver um intervalo de coordenação capacidade de interrupção contra curto-circuito igual ou superior à
que compreenda o tempo de operação do relé mais o tempo de corrente de curto-circuito presumida no ponto onde o dispositivo for
interrupção do dispositivo de proteção. instalado;
Ao se dimensionar a proteção dos cabos, deve-se levar em conta • O fabricante deve declarar os limites de queda de tensão no sistema
que a proteção principal pode falhar e o cabo deve suportar até a de barramento blindado.
proteção de retaguarda (backup) operar. Os tempos de eliminação
utilizados normalmente variam entre 0,6 s e 1,5 s. Assim, para efeito 16 Aterramento e equipotencialização
de verificação, o intervalo de coordenação utilizado é da ordem de
300 ms. Entretanto, para um dimensionamento mais conservativo, 16.1 Generalidades
pode-se utilizar um intervalo de 600 ms para dar tempo da proteção
de retaguarda operar. O aterramento, que é tratado em 6.4 na NBR 14039, tem como
função principal garantir a segurança das pessoas em relação às tensões
de passo e toque, além do correto funcionamento das instalações
elétricas e dos equipamentos por elas servidos.
Um sistema de aterramento é o conjunto de todos os eletrodos e
condutores de aterramento, interligados ou não entre si, assim como
partes metálicas que atuam direta ou indiretamente com a função de
aterramento, tais como: torres e pórticos, armaduras de edificações,
capas metálicas de cabos, tubulações e similares.
É importante notar que a NBR 14039 trata do aterramento em geral
das instalações elétricas de média tensão e não prescreve requisitos
específicos para aterramentos de subestações, que são os locais onde
196 geralmente se concentra a maioria dos componentes de média tensão
em edificações residenciais, comerciais ou industriais.
Para lidar com o aterramento específico de subestações de média
tensão, deve-se utilizar a norma NBR 15571- Sistemas de aterramento
de subestações – Requisitos (ver item 19.5 deste guia). Esta norma
complementa ou substitui as prescrições gerais da NBR 14039 sobre
Figura 55 – Coordenação entre a proteção de sobrecorrente e o cabo.
aterramento da área física da subestação.
A Figura 56 mostra como lidar, sob o ponto de vista do aterramento,
15.2 Dimensionamento de barramentos blindados com a aplicação das normas NBR 14039 (geral) e NBR 15571
(específica para subestações) numa instalação elétrica de média tensão.
O dimensionamento do barramento blindado de média tensão e suas Um sistema de aterramento pode ser dividido em duas partes
proteções deve considerar os seguintes aspectos gerais: principais, a saber:

• A corrente nominal do barramento blindado (In) deve ser igual •A primeira parte, que fica enterrada (no solo), é denominada “eletrodo
ou superior à corrente de projeto do circuito (IB), incluindo as de aterramento”, sendo assim definido nas normas mencionadas
componentes harmônicas; anteriormente: elemento ou conjunto de elementos do sistema de
• A corrente nominal do sistema de barramento blindado deve ser aterramento que assegura o contato elétrico com o solo e dispersa a
declarada pelo fabricante para uma determinada temperatura de corrente de defeito, de retorno ou de descarga atmosférica na terra.
referência do ar ambiente; • A segunda parte abrange todo o complexo de condutores (rabichos de
• O fabricante deve fornecer as informações necessárias para a correta aterramento, condutores PE, condutores para referência de sistemas e
seleção e dimensionamento do dispositivo de proteção contra sobrecarga de equipotencialização) e massas metálicas (carcaças de equipamentos,
que irá proteger o barramento blindado ou indicar diretamente o estruturas e outros elementos) situadas acima do nível do solo e que
dispositivo de proteção contra sobrecarga que deve ser utilizado; deverão estar convenientemente interligados e aterrados;
• O fabricante deve fornecer as informações necessárias para a correta A seleção e instalação dos componentes dos aterramentos devem
NBR 14039

seleção e dimensionamento do dispositivo de proteção contra curto- ser tais que:


circuito que irá proteger o barramento blindado ou indicar diretamente
o dispositivo de proteção contra curto-circuito que deve ser utilizado; • O valor da resistência de aterramento deve satisfazer as condições de
• O fabricante deve declarar os valores de resistência elétrica, reatância proteção e de funcionamento da instalação elétrica, de acordo com o
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Figura 56 – Aplicação das normas NBR 14039 e NBR 15571 nos projetos de aterramento em média tensão

esquema de aterramento utilizado. Embora o arranjo e as dimensões do Os seguintes eletrodos de aterramento são previstos pela
sistema de aterramento sejam mais importantes que o próprio valor da NBR 14039:
resistência de aterramento, a NBR 14039 recomenda uma resistência
da ordem de grandeza de 10 ohms, como forma de reduzir os gradientes • Uma malha sob o piso da edificação, ou, no mínimo um anel
de potencial no solo. circundando o perímetro da edificação; ou 197
• O valor da resistência de aterramento obtida não se modifique • Eletrodos de aterramento convencionais, indicados na Tabela 28; ou a
consideravelmente ao longo do tempo. • As fundações da edificação.
• Os componentes resistam às solicitações térmicas, termomecânicas e
eletromecânicas a que a instalação possa submetê-los; Em nenhuma hipótese podem ser usados como eletrodo de
• Sejam adequadamente robustos ou possuam proteção mecânica aterramento as canalizações metálicas de fornecimento de água
apropriada para atender às condições de influências externas (ver 4.3). e outros serviços, porém elas devem ser incluídas na ligação
equipotencial.
Além disso, devem ser tomadas precauções especificamente para O uso do eletrodo de aterramento pelas fundações, técnica
impedir danos aos eletrodos de aterramento e a outras partes metálicas utilizada há décadas no exterior, baseia-se na constatação
do sistema por efeitos de eletrólise. Isso inclui escolher materiais que de que o conjunto formado pelo ferro imerso em concreto
reduzam ou eliminem a possibilidade de corrosão eletrolítica, tais em contato com o solo apresenta resistividades muito
como o uso de peças de cobre, cobreadas ou soldas exotérmicas. baixas, da ordem 30 a 50 Ω.m a 20 ºC. Além disso, a massa
de material condutor representada pelas toneladas de aço
16.2 Eletrodo de aterramento nas fundações é muito superior à quantidade de material
metálico utilizado nos eletrodos convencionais, reduzindo
O eletrodo de aterramento deve ser construído de tal forma a significativamente o valor da resistência de aterramento.
desempenhar sua função causando a menor perturbação possível, na
forma de tensões superficiais no solo sobre o mesmo e em seus arredores 16.3 Condutores de aterramento
ou através do retorno de correntes impulsivas para a instalação elétrica.
Quanto ao aspecto construtivo, um eletrodo de aterramento pode ser: Os condutores de aterramento destinam-se a ligar o eletrodo
de aterramento ao Terminal de Aterramento Principal (TAP) da
• Natural: que não é instalado especificamente para este fim, mas que instalação de média tensão.
apresenta as condições necessárias para desempenhar a função, em Os condutores de aterramento seguem as mesmas prescrições
NBR 14039

geral as armaduras de aço das fundações; dos condutores de proteção (ver 16.5 deste guia), em relação ao
• Convencional: que é instalado com este fim, como por exemplo, os dimensionamento, materiais, etc. A exceção a essa regra refere-se
condutores em anel, as hastes verticais ou inclinadas e os condutores ao trecho do condutor de aterramento que estiver enterrado no solo,
horizontais radiais em forma de malha. que deve ter uma seção mínima conforme indicado na Tabela 29.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Tabela 28 - Eletrodos de aterramento convencionais

Tipo de eletrodo Dimensões mínimas Observações


Tubo de aço zincado 2,40 m de comprimento e diâmetro nominal de 25 mm Enterramento totalmente vertical
Perfil de aço zincado Cantoneira de (20 mm x 20 mm x 3 mm) com 2,40 m de Enterramento totalmente vertical
comprimento
Haste de aço zincado Diâmetro de 15 mm com 2,00 m ou 2,40 m de comprimento Enterramento totalmente vertical
Haste de aço revestida de cobre Diâmetro de 15 mm com 2,00 m ou 2,40 m de comprimento Enterramento totalmente vertical
Haste de cobre Diâmetro de 15 mm com 2,00 m ou 2,40 m de comprimento Enterramento totalmente vertical
Fita de cobre 50 mm² de seção, 2 mm de espessura e 10 m de Profundidade mínima de 0,60 m.
comprimento Largura na posição vertical
Fita de aço galvanizado 100 mm² de seção, 3 mm de espessura e 10 m de Profundidade mínima de 0,60 m.
comprimento Largura na posição vertical
Cabo de cobre 50 mm² de seção e 10 m de comprimento Profundidade mínima de 0,60 m. Posição horizontal
Cabo de aço zincado 95 mm² de seção e 10 m de comprimento Profundidade mínima de 0,60 m. Posição horizontal
Cabo de aço cobreado 50 mm² de seção e 10 m de comprimento Profundidade mínima de 0,60 m. Posição horizontal

Tabela 29 - Seções mínimas convencionais de condutores de aterramento


Protegido mecanicamente Não protegido mecanicamente • Veias de cabos multipolares de baixa tensão;
Protegido contra De acordo com 6.4.3.1 Cobre: 16 mm² Aço: 16 mm² • Cabos de baixa tensão unipolares ou condutores nus num conduto
corrosão
comum aos condutores vivos;
Não protegido Cobre: 16 mm² (solos ácidos) 25 mm² (solos alcalinos)
• Cabos de baixa tensão unipolares ou condutores nus independentes;
contra corrosão Aço: 50 mm²
• Proteções metálicas ou blindagens de cabos de média tensão.
Na execução da ligação de um condutor de aterramento a um A seção mínima dos condutores de proteção deve ser calculada de
eletrodo de aterramento, deve-se garantir a continuidade elétrica e a acordo com 6.4.3.1.1 da NBR 14039, ou selecionada de acordo com
integridade do conjunto. Isso é conseguido com o uso de conectores 6.4.3.1.2.
apropriados para essa finalidade ou com a utilização de solda
198 exotérmica. Qualquer que seja o tipo, a seção do condutor PE pode ser
calculada pela expressão:
16.4 Terminal de aterramento principal l2 t
S=
k
A instalação de média tensão deve ter um terminal de onde:
aterramento principal (TAP) ao qual devem ser ligados os seguintes
elementos: S é a seção do condutor (mm2), em milímetros quadrados;
I é o valor (eficaz) da corrente de falta que pode circular pelo
• Condutor de aterramento; dispositivo de proteção, para uma falta direta (A);
• Condutores de proteção principais; t é o tempo de atuação do dispositivo de proteção, em segundos;
• Condutores de equipotencialidade principais; k é o fator que depende das temperaturas iniciais e finais e do
• Condutor neutro, se disponível; material: do condutor de proteção, de sua isolação e outras partes.
• Condutores de equipotencialidade ligados a eletrodos de
aterramento de outros sistemas (por exemplo, baixa tensão, SPDA, As tabelas 41, 42 e 43 da NBR 14039 dão os valores de k para
etc.); condutores de proteção em diferentes condições de uso ou serviço.
• Estrutura da edificação (ferragens em geral). Como alternativa ao cálculo indicado, a seção do condutor de
O TAP deve estar localizado o mais próximo possível da origem proteção pode ser determinada por uma simples consulta à Tabela
da instalação de média tensão. 30, que relaciona a seção do PE com a seção do condutor de fase
correspondente. Os valores da Tabela 30 são válidos apenas se o
16.5 Condutor de proteção (PE) condutor de proteção for constituído do mesmo metal que os condutores
de fase. Caso não seja, sua seção deve ser determinada de modo que
O condutor PE é aquele que se origina no Terminal de sua condutância seja equivalente à da seção obtida pela tabela.
Aterramento Principal e é ligado às carcaças metálicas dos Tabela 30 - Seção mínima do condutor de proteção
equipamentos em geral e também realiza a equipotencialização Seção dos condutores fase da Seção mínima do condutor de
NBR 14039

entre massas metálicas (cercas, caixilhos, etc.) e a instalação instalação S mm² proteção correspondente Sp mm²

elétrica. S ≤ 16 S
16 < S ≤ 35 16
Segundo a NBR 14039, podem ser usados como condutores de
S >35 S/2
proteção:
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Em particular, a instalação de chaves desligadoras e chaves fusíveis


17 Seccionamento e comando
deve ser feita de forma a impedir seu fechamento pela ação da
gravidade. Quando esta ação atuar no sentido de abertura, as chaves
As prescrições da NBR 14039 sobre seccionamento e comando
desligadoras devem ser providas de dispositivos de travamento, tais
são apresentadas em 6.3.6.
como chaves “kirk”. Além disso, as chaves desligadoras simples e
Os dispositivos de seccionamento devem seccionar efetivamente
chaves fusíveis devem ser dispostas de forma que, quando abertas,
todos os condutores vivos (fases e neutro) de alimentação do
as partes móveis não estejam sob tensão (Figura 58).
circuito considerado.
 A distância de abertura entre os contatos do dispositivo deve
ser visível, como é o caso, por exemplo, das chaves seccionadoras
(Figura 57 a), ou ou ser clara e confiavelmente indicada pela
marcação “Desligado” ou “Ligado”, pela utilização dos símbolos
“O” e “I”, indicando, respectivamente, as posições aberta e fechada,
Lado da fonte
como, por exemplo, nos disjuntores (Figura 57 b).

Lado da carga
(parte móvel não
está sob tensão com
a chave aberta)

Figura 58  – Ligação correta de uma chave seccionadora

Conforme a NBR 14039, o seccionamento pode, por exemplo, ser


realizado por meio de seccionadores; por disjuntores; pela retirada de
fusíveis ou barras; por terminais especialmente concebidos, que não
exijam a retirada de condutores; por dispositivos de comando e contatores.
199
18 Transformadores

Transformador é um dispositivo que funciona sob o princípio


da indução eletromagnética mútua entre dois circuitos que são
a) distância de abertura claramente visível
eletricamente isolados, porém magneticamente ligados. Desta forma,
é possível realizar a transferência de energia elétrica de um circuito
(primário) para outros circuitos (secundário, terciário), modificando
assim os valores de tensões, correntes ou impedâncias de um circuito
elétrico.
Os transformadores são componentes fundamentais em uma instalação
elétrica na medida em que a maioria dos equipamentos de utilização das
instalações opera em tensão inferior à tensão de fornecimento em média
tensão da concessionária. Desta forma, a tensão recebida terá que ser
reduzida pelo transformador para o nível de tensão de funcionamento
dos equipamentos. Além disso, a medição das grandezas elétricas em
média tensão geralmente não é feita de forma direta, necessitando de
transformadores de corrente e de potencial para que possa ser medida
indiretamente. Estes transformadores têm ainda papel fundamental na
operação de relés de proteção utilizados nas subestações.
Em 6.5, a NBR 14039 aborda essas duas famílias de
b) posições indicadas pelos símbolos “O” e “I”
equipamentos: transformadores de potência e transformadores de
Figura 57 – Sinalização de posição dos dispositivos de seccionamento
medição (corrente e potencial).
Não é admitida a utilização de dispositivos a semicondutores
NBR 14039

como dispositivos de seccionamento uma vez que não é garantida a 18.1 Transformadores de potência
separação física dos contatos nestes dispositivos.
Os dispositivos de seccionamento devem ser projetados e Os transformadores de potência são tratados em 6.5.1 da
instalados de modo a impedir qualquer restabelecimento inadvertido. NBR 14039 e são aqueles cuja finalidade principal é transformar
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

energia elétrica em alta, média ou baixa tensão. • Transformador submersível: é capaz de funcionar normalmente
mesmo quando imerso em água, em condições especificadas
18.1.1 Tipos de transformadores de potência (Figura 62).

Conforme a aplicação, existem diferentes tipos de transfor­


madores conforme a seguir:

• Transformador de força: é utilizado em subestações de


concessionárias e de consumidores (Figura 59).

Figura 62 – Transformador submersível

• Transformador pedestal (“pad- mounted”): é utilizado em


aplicações onde o espaço físico é insuficiente para construção de
subestação abrigada (Figura 63).

Figura 59 – Transformador de força

• Transformador de distribuição: é utilizado em sistemas de distribuição


de energia nas instalações em postes ou plataformas (Figura 60)
200

Figura 63 – Transformador pedestal

• Transformador autoprotegido: incorpora componentes para


proteção do sistema de distribuição tanto contra sobrecargas e
curtos-circuitos na rede secundária quanto em falhas internas no
transformador. Para sobrecorrentes, é dotado internamente de
fusíveis de alta tensão e disjuntor de baixa tensão. Além disso, o
transformador é provido de dispositivo para fixação de pára-raios
externos ao tanque para a proteção contra sobretensões (Figura 64).
Figura 60 – Transformador de distribuição

• Transformador subterrâneo: é utilizado em câmaras, abaixo do


nível do solo (Figura 61).
NBR 14039

Figura 61 – Transformador subterrâneo Figura 64 – Transformador autoprotegido


GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

• Transformador hermético: nesta construção, o óleo isolante


não tem contato com o exterior, uma vez que não existe tanque 18.1 3 Normas técnicas
de expansão, secador e câmara de ar e, consequentemente, não
há possibilidade de absorção de umidade. Isso mantém a rigidez As principais normas da ABNT sobre transformadores de
dielétrica do óleo em boas condições, prevenindo a oxidação potência são as seguintes:
interna e reduzindo a manutenção (Figura 65).
• NBR 5356-1 - Transformadores de potência - Parte 1:
Generalidades
• NBR 5356-2 - Transformadores de potência - Parte 2: Aquecimento
• NBR 5356-3 - Transformadores de potência - Parte 3: Níveis de
isolamento, ensaios dielétricos e espaçamentos externos em ar
• NBR 5356-4 - Transformadores de potência - Parte 4: Guia para
ensaio de impulso atmosférico e de manobra para transformadores
e reatores
• NBR 5356-5 - Transformadores de potência - Parte 5: Capacidade
de resistir a curtos-circuitos
• NBR 5416 - Aplicação de cargas em transformadores de potência
- Procedimento
• NBR 5440 - Transformadores para redes aéreas de distribuição -
Requisitos
Figura 65 – Transformador hermético
• NBR 5458 - Transformador de potência — Terminologia
• NBR 7036 - Recebimento, instalação e manutenção de
18.1.2 Tipos de isolantes e construções
transformadores de potência para distribuição, imersos em líquidos
isolantes
A função do isolante em transformadores é garantir o isolamento
• NBR 7037 - Recebimento, instalação e manutenção de
elétrico entre suas partes energizadas e permitir a refrigeração
transformadores de potência em óleo isolante mineral
interna destas partes através da transferência de calor, substituindo
• NBR 8926 - Guia de aplicação de réles para a proteção de
ainda o possível ar existente entre aquelas partes proporcionando
transformadores - Procedimento 201
alta rigidez dielétrica e baixa condutividade entre si.
• NBR 9368 - Transformadores de potência de tensões máximas até
Transformadores utilizam óleo isolante mineral derivado de
145 kV — Características elétricas e mecânicas
petróleo, óleos sintéticos como os óleos silicones e os ascaréis,
• NBR 9369 - Transformadores subterrâneos - Características
óleos isolantes de origem vegetal (fabricados a partir de soja,
elétricas e mecânicas - Padronização
girassol e outras matérias-primas vegetais), os isolantes à base de
• NBR 10022 - Transformador de potência com tensão máxima igual
compostos resinosos a seco (geralmente, epóxi) ou isolados com o
ou superior a 72,5 kV - Características específicas - Padronização
gás (SF6 - hexafluoreto de enxofre).
• NBR 10295 - Transformadores de potência secos – Especificação
A partir da definição do tipo de isolante, um transformador será
• NBR 12454 - Transformadores de potência de tensões máximas
então classificado quanto à sua construção em:
até 36,2kV e potência de 225 kVA até 3750 kVA - Padronização
• NBR 15349 - Óleo mineral isolante - Determinação de 2-furfural
• Transformador em líquido isolante, cujas partes ativas são imersas
e seus derivados
em óleo isolante mineral, vegetal ou sintético; ou
• NBR 15422 - Óleo vegetal isolante para equipamentos elétricos
• Transformador seco (ou “a seco”), cujas partes ativas não são imersas
em líquido isolante, sendo, geralmente, isolados com resinas (Figura 66).
18.1.4 Tipos de transformadores em relação aos tipos de
subestações

Conforme a Seção 9 da NBR 14039 (Subestações), os


transformadores podem ser instalados em subestações abrigadas
(em alvenaria ou cabinas metálicas), subterrâneas (em câmaras
estanques ou não à penetração de água) e ao tempo (no nível do
solo ou acima dele).
Neste sentido, existem os seguintes tipos de transformadores
definidos na NBR 5458:
NBR 14039

• Transformador para interior: aquele projetado para ser abrigado


permanentemente das intempéries;
Figura 66 – Transformador a seco • Transformador para exterior: aquele projetado para suportar
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Tabela 31 – Tipos de transformadores x tipos de subestações


Tipo de transformador
Tipo de subestação Para uso interior Para uso exterior Força Distribuição Subterrâneo Submersível Pedestal
Abrigada em alvenaria X X
Abrigada em cabina metálica X X
Subterrânea estanque X
Subterrânea não estanque X
Ao tempo no nível do solo X X X
Ao tempo acima do nível do solo X X X

exposição permanente às intempéries; • Quando da ocorrência de falta externa;


• Transformador submersível: aquele capaz de funcionar • Quando da tensão de restabelecimento após a eliminação de uma
normalmente mesmo quando imerso em água, em condições falta externa;
especificadas; • Quando da mudança no tipo de falta durante uma contingência,
• Transformador subterrâneo: aquele construído para ser instalado como de falta fase-terra, para falta
em câmara, abaixo do nível do solo. fase-fase-terra;
• Ao instalar um transformador já energizado em paralelo com
A Tabela 31 indica os tipos de transformadores que podem outro.
ser utilizados em função dos tipos de subestações definidos na
NBR 14039. A corrente de energização (magnetização) circula apenas no
enrolamento primário. Assim, deve-se tomar certas precauções
18.1.5 Proteção de transformadores com as proteções diferenciais e proteção de terra do primário, pois
poderá haver desligamento indevido na energização.
Conforme 6.5.1 da NBR 14039, os transformadores de potência A forma de onda, a duração e o valor da corrente de magnetização
devem ser protegidos contra defeitos internos, sobrecargas e curtos- dependem dos seguintes fatores:
circuitos e, em certos casos, contra defeitos de isolamento à massa e
sobretensões. • Diretamente proporcional ao tamanho do transformador;
• Diretamente proporcional à impedância (potência de curto-
202
18.1.5.1 Proteção contra sobrecorrentes (sobrecargas e circuito) do sistema atrás do transformador;
curtos-circuitos) • Inversamente proporcional à qualidade da chapa utilizada para a
confecção do núcleo (propriedades magnéticas do material);
Para a adequada seleção da proteção dos transformadores • Fluxo remanescente no núcleo;
contra sobrecorrentes, é preciso levar em consideração os seguintes • Valor instantâneo da tensão quando o transformador é energizado
parâmetros que serão detalhados a seguir: (chavear o transformador com a tensão passando por zero é
a condição mais adversa em termos de valor da corrente de
• CET: Corrente de energização de um transformador magnetização.
• ST: Suportabilidade térmica do transformador • Forma como o transformador é energizado: o valor da corrente
• STD: Suportabilidade térmica deslocada do transformador de magnetização depende da área de seção entre o núcleo e o
enrolamento que está sendo energizado, de forma que valores
Corrente de energização de um transformador (Ponto CET) maiores são obtidos quando o enrolamento interno (de menor
diâmetro) é energizado primeiro.
A corrente de energização (magnetização ou inrush) de um
transformador ocorre, entre outras, nas seguintes situações: Os seguintes valores de corrente de magnetização podem ser
utilizados como referência para fins de proteção de sobrecorrente
• Quando da energização do transformador; nos estudos de seletividade (Tabela 32).
Tabela 32 – Correntes típicas de energização (magnetização) de transformadores de potência

Corrente de energização (magnetização ou inrush) / duração = 100 ms


(In = corrente nominal do transformador)
Tipo de transformador / Transformadores a Transformadores a Transformadores a seco -
Ligação primária óleo < 1.0 MVA óleo ≥ 1.0 MVA Todos
Transformador abaixador / Delta no primário 10 x In 8 x In 14 x In
NBR 14039

Transformador abaixador / estrela aterrada no primário 14 x In 11,2 x In 19,6 x In


Transformador elevador / Delta no primário 17 x In 13,6 x In 23,8 x In
Transformador elevador / estrela aterrada no primário 25 x In 20 x In 35 x In
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Figura 67 – Curto-circuito fase-terra no secundário de um transformador triângulo-estrela.

Suportabilidade Térmica de um transformador (ST) houver proteção de relé de terra no neutro), a proteção primária tem
de garantir a proteção térmica do transformador. 203
Esse parâmetro (tempo x corrente) define o limite térmico do
transformador, sendo determinado pela norma NBR 5356 conforme Curva típica de proteção de fase
a seguir.
A Figura 68 apresenta a proteção típica de fase de um
Tempo: tST = 2 s transformador de potência. Para um curto-circuito no secundário
(Ponto B), o dispositivo de proteção que opera primeiro é o “1”,
Corrente: IST = 100 / Z% x In como primeiro backup o “2” e o segundo backup o dispositivo “3”.
A curva de suportabilidade térmica do transformador (CET) está
Sendo: Z% a impedância percentual do transformador (dado do protegida. O ponto CET lançado na folha de verificação gráfica de
fabricante) e In a corrente nominal do transformador. seletividade (curva tempo x corrente) só circula no primário e, assim,
apenas a curva “1” irá enxergá-lo, porém, não opera o dispositivo de
Suportabilidade Térmica Deslocada (STD) proteção “3” e, dessa forma, permite a energização do transformador.
Devido à elevada impedância do transformador, consegue-se ajustar
Em função do tipo de conexão dos enrolamentos primário e a unidade instantânea. Assim, para um curto-circuito no secundário,
secundário dos transformadores, a corrente de falta à terra no este dispositivo fica seletivo com as proteções localizadas à jusante e
secundário vista pelo primário, em pu, pode ser menor. Assim, a opera instantaneamente para curtos-circuitos no primário.
suportabilidade térmica do transformador deve ser deslocada para Apresenta-se a seguir a nomenclatura utilizada na folha de
garantir a sua proteção (Figura 37). verificação gráfica de seletividade:
Admitindo-se um curto-circuito fase-terra no secundário de um
transformador triângulo-estrela, como sendo igual a 1 pu, impõe A = Corrente nominal do transformador
correntes de sequência zero neste secundário, quando o secundário B = I´cc no secundário referida ao primário
é aterrado. Entretanto, no lado primário, não circula corrente na C = I”cc assimétrica no secundário referida ao primário
linha de sequência zero. A corrente de 1 pu na estrela impõe 1 pu D = I´cc no primário
NBR 14039

dentro do enrolamento primário correspondente. E = I”cc assimétrica no primário


Dentro do delta a corrente é igual a 1 / √ 3 = 0.58 . Assim, CET = Corrente de energização transformador (Inrush)
na ocorrência de um curto-circuito fase-terra entre os terminais ST = Suportabilidade térmica do transformador
secundários e a primeira proteção de terra à jusante (quando não STD = Suportabilidade térmica deslocada do transformador
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Figura 68 – Proteção de sobrecorrente de fase típica de um transformador triângulo-estrela.

(10%) e 0,3 pu (30%) (em relação à corrente nominal do relé).


18.1.5.2 Proteção diferencial
204
Ajuste do slope (ou declividade)
O objetivo dos ajustes da proteção diferencial é o de reduzir
o valor da corrente que passa pela bobina de operação ao mínimo Para que o relé diferencial não opere indevidamente, o
(preferencialmente zerar), tanto em módulo quanto em ângulo, em valor do ajuste do slope (ou declividade) deve ficar acima dos
condições normais de operação. possíveis erros que podem ocorrer, os quais são discriminados
Os principais ajustes do relé diferencial (função ANSI 87) são o a seguir:
pick-up e o slope (declividade), conforme Figura 69.
• Erro devido à exatidão dos TCs (εTC)
Ajuste do valor de pick-up • Erro devido à comutação de “tapes” (εC)
Para que o relé diferencial não opere indevidamente, o valor do • Erro de “Mismatch” (εM): é o erro de casamento dos TCs com a
ajuste de pick-up deve ficar acima dos possíveis erros que podem relação do transformador de força.
ocorrer, sendo normalmente ajustado para operar entre 0,1 pu • Erro devido a diferenças de ajuste de “tape” do relé (εR)
NBR 14039

Figura 69 – Característica de operação versus restrição de um relé diferencial.


GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Erro total (εT) de um transformador. Somente aparece no enrolamento primário;


• Diferenças angulares devidas às conexões delta, estrela e zig-
O erro total é então resumido pela expressão: zag;
• Controle de tensão por “tapes”;
εT = εTC + εC + εM + εR + εMargem Seg • Diferenças de tensão entre o primário e secundário, bem
como as relações dos TCs entre o primário e o secundário;
Valores típicos de erros totais são da ordem de 0,2 pu (20%) a • Saturação dos TCs de um dos lados;
0,3 pu (30%) (em relação à corrente nominal do relé). • Faltas à terra fora da zona da proteção diferencial quando não
Para minimizar os erros entre as correntes primárias e secundárias é feita a compensação das correntes de sequência zero;
que chegam ao relé, pode-se utilizar TCs auxiliares, os quais muitas • Erro de polaridade.
vezes possuem múltiplos ajustes de “tapes”. Não deve ser esquecido
de somar o erro dos TCs auxiliares no cálculo do erro total. 18.2 Transformadores de medição

No exemplo a seguir, o relé diferencial tem as características


indicadas na Figura 70. Com base nas considerações anteriores, Os transformadores de medição (ou de instrumentos) são
uma das opções é ajustar o pick-up do relé em 15% (0,15 x 5 = 0,75 tratados em 6.5.2 da NBR 14039 e são aqueles cuja finalidade
A). E, estimando-se que o erro total seja de 25%, escolhe-se um principal é alimentar instrumentos de medição ou dispositivos
ajuste de slope de 30%. de controle ou proteção. Há dois tipos de transformadores de
medição: transformadores de corrente e transformadores de
potencial (de tensão).
As principais normas da ABNT sobre transformadores de
medição (instrumentos) são as seguintes:

• NBR 6546 - Transformadores para instrumentos


• NBR 6821 - Transformador de corrente - Métodos de ensaios
• NBR 6855 - Transformadores de potencial indutivos
• NBR 6856 - Transformador de corrente - Especificação
• NBR 8126 - Transformadores para instrumentos usados em
conjuntos de manobra e controle, em invólucro metálico, de 205
tensão até 38 kV - Dimensões - Padronização
• NBR 10020 - Transformadores de potencial de tensão máxima
de 15 kV, 24,2 kV e 36,2 kV — Características elétricas e
construtivas
• NBR 10021 - Transformador de corrente de tensão máxima
de 15 kV, 24,2 kV e 36,2 kV — Características elétricas e
construtivas

18.2.1 Transformador de corrente

O transformador de corrente (TC) é um equipamento


monofásico que possui dois enrolamentos, um denominado
primário e outro denominado secundário, sendo isolados
eletricamente um do outro, porém, acoplados magneticamente
(Figura 70). São usados para reduzir a corrente a valores
baixos (normalmente 1 A ou 5 A) com o objetivo de promover
a segurança do pessoal, isolar eletricamente o circuito de
potência dos instrumentos e padronizar os valores de corrente
Figura 70 – Esquema unifilar para ajuste de slope de relé diferencial.
de relés e medidores.
A corrente que circula no primário é independente das
F atores que afetam a proteção diferencial características do TC e da impedância (carga) conectada ao seu
secundário, ou seja, diferentemente do transformador de força,
Para um estudo completo sobre a proteção diferencial de quem define a corrente do secundário é a corrente primária
NBR 14039

transformadores, deve-se considerar os seguintes fatores que (não é nem a carga e nem a corrente secundária). Outro aspecto
podem afetar a seleção adequada do dispositivo de proteção: importante é que os transformadores de força trabalham
próximos da condição de circuito aberto, ao passo que os TCs
• Corrente inrush – Corrente normal que aparece na energização trabalham próximos da condição de curto-circuito.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Figura 71 – Principais partes componentes de um TC

Definições térmico – Iccth) para 1segundo;


• Valor de crista da corrente suportável (corrente de curto-circuito
• TC de bucha: É um TC do tipo janela que é montado na bucha de dinâmica – Iccdyn);
equipamentos, tais como transformadores, disjuntores, etc. • Classe de isolamento;
• TC Ground Sensor (TC GS): também é uma forma de TC janela, • Nível básico de isolamento – NBI (BIL);
porém as três fases passam dentro da mesma janela e são utilizadas • Tipo de aterramento do sistema;
para proteção de faltas à terra, pois em circuitos equilibrados a soma • Uso: interior (indoor) ou exterior (outdoor).
das três correntes dentro da janela se anula. Em condições de falta
à terra, a soma das correntes não se anula, uma tensão secundária é Forma de conectar um TC no circuito
induzida e uma corrente irá circular.
• TC janela: é um TC cujo enrolamento secundário é isolado e O TC é conectado em série com o circuito de potência e, assim,
206
montado sobre o núcleo, mas não apresenta nenhum enrolamento deve provocar reduzida queda de tensão no sistema. Por isso, o
primário como parte integrante do TC. O enrolamento primário circuito primário é composto normalmente de poucas espiras de fio
apresenta uma única espira que consiste do próprio condutor que “grosso” e o circuito secundário de várias espiras de fio “fino”.
passa dentro da janela do núcleo. Segundo a NBR 6856, os TCs de proteção se dividem em TCs
• TC RM: é um TC de relações múltiplas que podem ser obtidas pelo de baixa impedância (enrolamento secundário uniformemente
uso de “tapes” no enrolamento secundário. distribuído no núcleo) e TCs de alta impedância.
• Tensão secundária nominal: é a tensão nominal que aparece nos
terminais de uma carga nominal conectada no secundário imposta por Polaridade
uma corrente de 20 vezes a corrente nominal secundária, sem que o erro
de relação exceda o valor especificado (normalmente 10% para TCs de A polaridade de um TC indica a direção instantânea relativa das
proteção). As tensões secundárias nominais padronizadas no Brasil são: correntes primárias e secundárias. A polaridade representa a forma
10 V, 20 V, 50 V, 90 V, 100 V, 180 V, 200 V, 360 V, 400 V e 800 V. de enrolar o TC. A polaridade pode ser subtrativa, que é a polaridade
padronizada no Brasil, ou pode ser aditiva.
Principais dados para especificação do TC Por definição, na polaridade subtrativa, quando a corrente
primária I1 entra pela polaridade P1, a corrente secundária I2 sai pela
Para a adequada especificação de um TC, deve-se indicar, no polaridade S1 (corrente entrando na polaridade primária – corrente
mínimo, as seguintes características: saindo pela polaridade secundária), conforme Figura 72.

• Corrente nominal primária (I1n);


• Relação nominal do TC (RTC);
• Tensão máxima e classe de isolamento;
• Frequência;
• Carga nominal;
• Exatidão;
NBR 14039

• Número de núcleos para medição e proteção;


• Fator térmico nominal – Ftn;
• Corrente suportável nominal de curta duração (curto-circuito Figura 72 – Representação esquemática do TC de polaridade subtrativa em unifilar
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Por definição, na polaridade aditiva, quando a corrente primária S aturação


I1 entra pela polaridade P1, a corrente secundária Iv sai pela
polaridade S2 (corrente entrando na polaridade primária – corrente Idealmente, os TCs devem reproduzir, de maneira fiel,
entrando pela polaridade secundária), conforme Figura 73. no secundário a corrente do circuito primário. No entanto,
na realidade, uma vez que o núcleo do TC é feito de material
saturável, quando ele atinge a região de saturação, a corrente
secundária não terá mais a forma senoidal e não reproduzirá
fielmente a corrente primária. Quando isto ocorre, podemos
afirmar que o TC saturou.
Os seguintes fatores podem promover a saturação do TC:

• Elevado “burden” (carga conectada) secundário;


• Elevada corrente primária;
Figura 73 – Representação esquemática do TC de polaridade aditiva em unifilar • Assimetria da corrente de falta;
• Fluxo remanescente no núcleo do TC.

Segurança
Os seguintes efeitos podem ser observados quando um TC satura:

Nunca se deve deixar o secundário do TC aberto. Conforme


• Forma de onda secundária não é mais senoidal;
indicado no circuito equivalente do TC (Figura 74), ao ser aberto o
• Os relés temporizados a tempo inverso ficam mais lentos
secundário de um TC, toda corrente, que normalmente iria para a
(Figura 75);
carga, só tem agora um caminho através do ramo de magnetização,
• Podem ocorrer desligamentos indevidos das proteções
que apresenta impedância muito elevada. Quando esta corrente
diferenciais;
elevada atravessa a impedância também elevada, surge uma
• Operação de relés de terra instantâneos;
sobretensão que pode chegar a alguns milhares de volts, colocando
• Os relés de sobrecorrente podem não operar.
em risco a vida das pessoas que estão trabalhando no secundário,
bem como o risco de explosão do TC, uma vez que ele não suporta
sobretensões de determinados valores por tempo prolongado.
207

Figura 74 – Circuito equivalente de um TC aberto

E xatidão do TC para fins de proteção


Figura 75 – Efeito da saturação em relés de sobrecorrente de tempo inverso

A exatidão expressa o erro máximo que o TC admite para


uma condição especificada. A norma NBR 6856 expressa a
exatidão, por exemplo, na forma 10B100. Neste exemplo, o As principais medidas para reduzir ou eliminar os efeitos da
número “10” representa o erro máximo em %, a 20 x In do saturação são:
TC (por exemplo, se In = 5 A, o erro máximo é relativo a uma
corrente de 20 x In = 100 A), com “burden” (carga nominal). • Redução do “burden” imposto ao secundário;
A letra “B” significa que o TC é de baixa impedância. Poderia • Aumento da relação do TC;
ser “A”, o que significaria que o TC seria de alta impedância. • Aumento da seção do núcleo;
Ainda no exemplo, o número “100” significa que o TC • Limitar o valor da corrente de curto-circuito;
consegue entregar até 100 V para carga, na condição de 20 x In • Aumento da tensão secundária nominal do TC;
NBR 14039

e “burden” nominal. • Utilização de TCs auxiliares;


• Utilização de bobinas de Rogowski;
“Burden” é a impedância de carga imposta ao secundário do • Utilização de relés que tenham um firmware que lineariza a
TC em condições especificadas. curva de saturação, corrigindo a corrente vista pelo relé;
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

• Utilização de TCs especialmente projetados para os efeitos os relés. Em geral, os relés digitais possuem uma característica
transitórios, tais como aqueles que diminuem o fluxo de dispersão térmica de curta duração de 100 x In durante 1 segundo. Assim,
e os efeitos do magnetismo remanescente; por exemplo, para 5 A, os relés suportam 500 A durante um
• Utilização de relés digitais que possuem técnicas para identificar segundo.
que o TC saturou e atuam para melhorar o valor da corrente.
18.2.2 Transformador de potencial (TP)
Existem dois tipos fundamentais de TC: um para fim de
medição e outro para fim de proteção, sendo que ambos devem O TP é um equipamento monofásico que possui dois circuitos,
reproduzir fielmente a corrente primária, sem danificar os um denominado primário e outro denominado secundário, isolados
dispositivos instalados no secundário. Um TC de proteção deve eletricamente um do outro, porém, acoplados magneticamente.
reproduzir fielmente as correntes de falta e um TC de medição São usados para reduzir a tensão a valores baixos com a finalidade
deve reproduzir fielmente as correntes de carga. Atualmente, como de promover a segurança do pessoal, isolar eletricamente o
muitos relés possuem unidades de medição também incorporadas, circuito de potência dos instrumentos e reproduzir fielmente a
os TCs devem ser de proteção, pois os relés já são projetados para tensão do circuito primário no lado secundário.
suportar as elevadas correntes de curto-circuito.
Principais dados para especificação do TP indutivo
TC auxiliar
Para a adequada especificação de um TP indutivo, deve-se
Em algumas situações se faz necessária a utilização de TCs indicar, no mínimo, as seguintes características:
auxiliares, tais como:
• Tensão nominal primária (V1n) ou secundária (V2n);
• Para fazer a isolação dos circuitos; • Relação nominal do TP (RTP);
• Para a criação de um aterramento independente; • Tensão máxima e classe de isolamento;
• Para alterar a relação vista pelos relés de modo a compatibilizar • Frequência;
os valores de corrente; • Carga nominal;
• Para produzir um deslocamento angular em um circuito trifásico; • Classe de exatidão;
• Para inverter a polaridade; • Potência térmica nominal;
208 • Para promover a saturação durante faltas para limitar o “burden” • Grupo de ligação ou fator(es) de sobretensão(ões) nominal (is);
de falta do TC principal; • Nível básico de isolamento – NBI (BIL);
• Para reduzir o “burden” (impedância secundária) do TC principal • Tipo de aterramento do sistema;
pela redução da impedância aparente vista a partir do TC auxiliar, • Para TP indutivos de dois ou mais secundários, a carga máxima
que decresce com o quadrado da relação do TC auxiliar; simultânea;
• Para promover meios de confinar componentes de sequência • Uso: interior (indoor) ou exterior (outdoor).
zero.
Formas de conectar um TP no circuito
Coordenação dos TCs com os relés
As formas mais comuns de conectar um TP podem ser estrela –
Deve-se fazer a escolha correta da relação dos TCs que suprem estrela (Figura 76); estrela – delta aberto; delta – delta e “V” (Figura 77).
NBR 14039

Figura 76 – Conexão de TPIs em estrela-estrela


GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Figura 77 – Conexão de TPIs em “V”

Classe de exatidão Grupo de ligação

Segundo a norma NBR 6855, os TPs indutivos normalmente se Existem três grupos de ligação de TPs de indução (TPIs):
enquadram nas classes de exatidão: 0,3%, 0,6% e 1,2%. A exatidão
normalmente é expressa por um valor percentual citado, seguida • Grupo 1 – TPIs projetados para ligações entre fases;
da letra P e do valor da potência da maior carga nominal com que • Grupo 2 – TPIs projetados para ligações entre fase e terra em
se verifica essa classe de exatidão. Exemplos: 0.3P75, 0.3P200, sistemas eficazmente aterrados;
0.6P400, etc. • Grupo 3 – TPIs projetados para ligação entre fase e terra de
209
sistemas nos quais não se garante a eficácia do aterramento.
Carga nominal (P)
Apresenta-se na Figura x uma foto de um TP de grupo de ligação
As cargas nominais padronizadas são 12,5 VA, 25 VA, 35 VA, 2, utilizado em local em que não se garante que o aterramento não
75 VA, 200 VA e 400 VA. é eficazmente aterrado.

Potência térmica nominal (Pterm)

A potência térmica nominal é dada em VA e deve ser igual ao


produto do quadrado do fator de sobretensão contínuo (Tabela x)
pela maior carga especificada, ou carga simultânea para TPs, dois
ou mais enrolamentos nos quais a potência térmica é distribuída
pelos secundários proporcionalmente à maior carga nominal de
cada um deles e expressa como:
Figura 78 – TP de grupo de ligação 2 utilizado em local em que não se garante que
Pterm = Fstcont2 x P o aterramento não é eficazmente aterrado

Tabela 33 – Fatores de sobretensão Suportabilidade ao curto-circuito


Fator de sobretensão
Grupo de ligação Contínuo 30 s Não é raro ocorrer a explosão de TPs sob curto-circuito. Segundo
1 1.15 1.15 a norma brasileira NBR 6855, os TPs indutivos devem ser capazes
2 1.15 1.5 de suportar os esforços térmicos e dinâmicos decorrentes das
3 correntes de curto-circuito nos terminais secundários durante um
Nota: Por não ser possível definir a duração das faltas nesses
segundo, mantendo tensão nominal nos terminais primários. Este
sistemas não aterrados, esta condição deve ser definida
NBR 14039

como regime contínuo. Embora esta especificação exija que 1.9 1.9 ensaio de curto-circuito pode ser dispensado se for comprovado,
os TPIs pertencentes ao grupo de ligação 3 sejam capazes de
por cálculos, que a densidade de corrente nos enrolamentos do TP
suportar em regime contínuo tal condição, isto não significa
que eles possam ser instalados em circuitos em que a tensão indutivo não exceda a 160 A/mm2 para enrolamentos de cobre, e de
exceda a 115% da tensão nominal primária do TPI. 100 A/mm2 para enrolamentos de alumínio.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

18.2.3 Bobinas de Rogowski

Embora não seja mencionada na NBR 14039, a bobina de


Rogowski é um componente utilizado como redutor de medida para
corrente alternada, que possui núcleo de ar (não possui núcleo de
material ferromagnético) e transforma a corrente primária em uma
tensão secundária, que é proporcional à taxa de variação dessa
corrente no tempo. Desta forma, normalmente apresenta menor custo
e maior precisão devido a não saturação. Fisicamente, consiste de
uma bobina helicoidal de fio, em que o condutor de uma extremidade
retorna pelo centro da bobina à outra extremidade (Figura 79).

Figura 81 – Bobina de Rogowski – princípio de operação

Figura 79 – Esquema de uma Bobina de Rogowski

Assim, para se transformar em corrente secundária, esta tensão Principais vantagens

secundária necessita ser integrada, o que é resolvido empregando-se


210 um capacitor no secundário (Figura 80). Com esta simplicidade, o As principais vantagens das bobinas de Rogowski são:
seu uso tem sido muito difundido nos últimos anos, principalmente
na Europa. • Linearidade entre 1 A e 100.000 A;
• Resposta em frequência (entre aproximadamente 40 Hz e
1000 Hz);
• Precisão da medição alcança 0,1%;
• Ampla faixa de medição;
• Suportabilidade térmica ao curto-circuito ilimitada para a
construção do tipo janela;
• Promove a isolação galvânica entre os condutores primários
e secundários;
• Pode ser encapsulada e colocada próxima a buchas e cabos,
evitando a necessidade de isolações elevadas;
Figura 80 – Integrando o valor da tensão na bobina de Rogowski • O tamanho pode ser customizado para as aplicações;
• Pode ser construída com núcleo bipartido para instalação em
Por não possuir núcleo magnético, sua resposta em frequência é sistemas existentes;
muito melhor que a dos transformadores. Também por este motivo, • Permite a abertura do circuito secundário sem riscos;
possui baixa indutância e, assim, podem responder rapidamente a • Reduz risco às pessoas e à instalação;
elevadas mudanças no valor de corrente. Uma bobina de Rogowski • Livre de ferro-ressonância;
corretamente formada por espiras igualmente espaçadas é altamente • Sem risco de explosão;
imune a interferências eletromagnéticas. • Não necessita de fusíveis;
• Menor tempo de montagem e facilidade de instalação;
Princípio de funcionamento • Flexibilidade de ajuste em IEDs com o fator de calibração.
NBR 14039

O princípio de funcionamento da bobina de Rogowski pode Apresentação das bobinas de Rogowski


ser explicado tomando-se como referência a Figura 81. Ao circular
uma corrente i(t) no núcleo da bobina, gera-se uma tensão u(t), a As bobinas de Rogowski são encontradas no mercado em
qual é expressa pelas equações: diferentes construções, conforme indicado na Figura 82.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Sensor de Corrente Sensor de corrente e tensão Sensor combi

Bobina de Rogowski planar Alicate flexível (Bobina de Rogowski)


Figura 82 – Formas de apresentação da bobina de Rogowski

19 Subestações e estruturais de montagem, podendo incluir também transformadores,


equipamentos conversores e/ou outros equipamentos.
19.1 Generalidades A Figura 82 apresenta o arranjo mais comum de uma subestação
utilizada em edificações residenciais, comerciais e industriais que
211
Conforme a NBR 54160, uma subestação é parte de um sistema de são o objeto da NBR 14039.
potência, concentrada em um determinado local, com os respectivos As subestações são tratadas na seção 9 da NBR 14039 conforme
dispositivos de manobra, controle e proteção, incluindo as obras civis estrutura indicada na Figura 83.

NBR 14039

Figura 83 – Arranjo típico de subestações abrangidas pela NBR 14039


GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Figura 84 – Estrutura da NBR 14039 para prescrições de subestações

As subestações podem ser construídas ao tempo ou abrigadas transmissão e distribuição, norma que indica que as subestações
(quando os equipamentos são abrigados das intempéries, devem ser de construção superior, assim definida: edificação
geralmente construídas em alvenaria ou em invólucros metálicos). que apresenta estrutura de concreto armado ou de aço protegido
Conforme a NBR 14039, as subestações devem ter com alvenaria ou materiais refratários; teto e piso de concreto;
212 características de construção definitiva, ser de materiais paredes de alvenaria; cobertura, forros e pisos falsos de material
incombustíveis e de estabilidade adequada (Figuras 84). Essas incombustível; e acabamentos de material tipo B conforme NBR
características são definidas com precisão na NBR 13241 - 9442 (materiais que têm uma contribuição para o incêndio muito
Proteção contra incêndio em subestações elétricas de geração, limitada, devido a praticamente não propagarem a chama e
emitirem fumaça).
Quanto à sua posição em relação ao solo, podem ser instaladas
na superfície, abaixo da superfície do solo (subterrânea) ou acima
da superfície do solo (aérea).
As subestações podem ou não ser parte integrante de outras
edificações, considerando-se como parte integrante o recinto não
isolado ou desprovido de paredes de alvenaria e portas corta-fogo.

19.2 Aspectos comuns a todos os tipos de subestações

As subestações devem ser localizadas de forma a permitir


fácil acesso a pessoas, materiais e equipamentos, para operação
e manutenção, e possuir adequadas dimensões, ventilação e
iluminação natural ou artificial compatível com a sua operação e
manutenção.
O acesso às subestações somente é permitido a pessoas BA4 e
BA5, sendo proibido o acesso a pessoas BA1.
Nas instalações internas e externas, os afastamentos (tomados
entre extremidades mais próximas) entre partes vivas devem ser
os indicados na Tabela 4.
NBR 14039

Os equipamentos de controle, proteção, manobra e medição,


operando em baixa tensão, devem constituir conjunto separado, a
fim de permitir fácil acesso, com segurança, a pessoas qualificadas,
Figura 85 – Subestação em alvenaria sem interrupção de circuito de média tensão (Figura 86).
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

BAIXA TENSÃO MÉDIA TENSÃO

Transformador

Figura 86 – Separação dos conjuntos de média e baixa tensão

Devem ser fixadas placas com os dizeres “Perigo de morte” e o Em relação às normas técnicas, existem os seguintes documentos
respectivo símbolo (Figura 87) externamente, nos locais possíveis disponíveis para aplicação na proteção contra incêndios em
de acesso; e, internamente, nos locais possíveis de acesso às partes subestações: 213
energizadas.
No interior das subestações deve estar disponível, em local • NBR 13231 - Proteção contra incêndio em subestações elétricas de
acessível, um esquema geral da instalação. geração, transmissão e distribuição.
Todos os dizeres das placas e da documentação devem • NBR 8222 – Execução de sistemas de prevenção contra explosões
ser em língua portuguesa, sendo permitido o uso de línguas e incêndios por impedimentos de sobrepressões decorrentes de arcos
estrangeiras adicionais. elétricos internos em transformadores e reatores de potência.
• NBR 8674 – Execução de sistemas de proteção contra incêndio com
água nebulizada para transformadores e reatores de potência.
• NBR 12232 – Execução de sistemas fixos e automáticos de proteção
contra incêndio com gás carbônico (CO2) em transformadores e
reatores de potência contendo óleo isolante.

Como a legislação do Corpo de Bombeiros é estadual, deve-


se buscar as exigências relativas à proteção contra incêndios em
subestações junto a cada corporação. No caso do Estado de São Paulo,
por exemplo, o documento principal sobre o assunto é a INSTRUÇÃO
Figura 87 – Exemplo de placa de advertência TÉCNICA Nº. 37 - Subestação elétrica, cujo objetivo é estabelecer
as medidas de segurança contra incêndio em subestações elétricas
19.3 Proteção contra incêndio refrigeradas a óleo e a seco.
Dada a limitação de escopo da NBR 14039 sobre o tema, a única
A NBR 14039 não é uma norma específica sobre proteção prescrição específica sobre incêndio em subestações é (9.1.12) aquela
contra incêndios e, por conta disso, prevê apenas medidas genéricas que prevê que, nas instalações de equipamentos que contenham
sobre o assunto. Para um projeto completo e adequado de proteção líquido isolante inflamável com volume superior a 100 litros, devem
NBR 14039

contra incêndios em subestações, deve-se recorrer à normalização ser construídas barreiras incombustíveis entre os equipamentos ou
específica no âmbito da ABNT somadas às prescrições das autoridades outros meios adequados para evitar a propagação de incêndio e deve
responsáveis pelo assunto, particularmente aquelas do corpo de ser construído um dispositivo adequado para drenar ou conter o líquido
bombeiros local. proveniente de eventual vazamento. O volume indicado refere-se à
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

soma da quantidade de líquido de todos os componentes presentes na


subestação (transformadores, disjuntores, chaves, etc.).
Por sua vez, a NBR 13231contem uma série de prescrições
detalhadas sobre barreiras e drenagem, as quais foram incorporadas,
por exemplo, na INSTRUÇÃO TÉCNICA Nº. 37 (IT 37). Sugere-se
que sejam consultadas as exigências do corpo de bombeiros de cada
estado brasileiro onde será construída a subestação.
Em relação às barreiras incombustíveis entre os equipamentos,
a NBR 13231 (e a IT 37) trata o assunto como sendo uma
compartimentação horizontal, assim definida: medida de proteção,
constituída de elementos construtivos corta-fogo, separando ambientes, Figura 89 – Separação por parede corta-fogo entre equipamentos
de tal modo que o incêndio fique contido no local de origem e evite
a sua propagação no plano horizontal. Incluem-se nesse conceito os bacia de captação com sistema de drenagem interligado à caixa
seguintes elementos de vedação: paredes corta-fogo; portas corta-fogo; de contenção (separadora de água/óleo) de óleo mineral isolante
vedadores corta-fogo; registros corta-fogo (dampers); selos corta-fogo; (Figura 89). O fluído drenado deve ser encaminhado para sistema
e afastamento horizontal entre aberturas. coletor específico, que direcione os efluentes para separador de água
Acrescenta a NBR 13231 que a parede tipo corta-fogo deve e óleo isolante, que tenha uma capacidade mínima correspondente
apresentar as seguintes dimensões para transformadores e reatores de ao volume do óleo vertido do equipamento sinistrado, acrescido do
potência (Figura 88): volume de água do sistema de proteção contra incêndio, se previsto,
mais o volume de água pluvial da área de coleta da bacia, acrescida
• Para transformadores, a altura deve ser de 0,4 m acima do topo do do volume ocupado pelo dispositivo separador de água e óleo. O
tanque conservador de óleo; separador deve ser previsto em área específica, separado de outras
• Para reatores de potência, a altura deve ser de 0,6 m acima do topo instalações e equipamentos.
do tanque; Segundo a IT 37, quando da utilização de óleo vegetal isolante,
• Na horizontal, o comprimento total da parede deve, no mínimo, os transformadores e/ou reatores de potência, sob a aprovação dos
ultrapassar o comprimento total do equipamento protegido em 0,6 m; bombeiros, podem dispensar o uso somente da bacia de captação com
• Distância livre mínima de separação física, entre a parede e o sistema de drenagem interligado à caixa de contenção (separadora de
214 equipamento protegido, deve ser de 0,5 m. água/óleo), já que existem equipamentos que utilizam óleo vegetal
Sobre a contenção e drenagem de líquidos isolantes, uma bacia de isolante, o qual é biodegradável. Além disso, quando tecnicamente
contenção de óleo isolante é definida como um dispositivo constituído justificável, os transformadores e/ou reatores de potência podem
por grelha, duto de coleta e dreno, preenchido com pedra britada, com dispensar o uso somente da caixa de contenção (separadora de água/
a finalidade de coletar vazamentos de óleo isolante. óleo) e utilizar sistema com mantas absorventes de óleo, já que,
A NBR 13231 completa a prescrição indicando que os dependendo do transformador de potência, há possibilidade de utilizar
transformadores e reatores de potência devem ser instalados sobre outras tecnologias disponíveis no mercado para o sistema de contenção.

asdf kdjsi
transformador
asdf kdjsi

Bacia de captação

Tampa

Corta-chama
NBR 14039

Recipiente de
coleta de óleo
Sistema de
drenagem

Figura 88 – Bacia de captação com sistema de drenagem de líquidos isolantes


GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Outras prescrições da NBR 13231 e da IT 37 sobre proteção As aberturas para ventilação natural devem ser convenientes
contra incêndio em subestações podem incluir: dispostas, em paredes opostas, de modo a promover circulação do ar.
A fim de evitar a entrada de chuva, enxurrada e corpos estranhos,
• Vias de acesso para veículos de emergência; as aberturas inferiores para ventilação devem se situar no mínimo
• Extintores portáteis e sobre rodas; 20 cm acima do piso exterior, devem ser construídas em forma de
• Sistema fixo de CO2, em transformadores, reatores de potência ou chicana e ser protegidas externamente por tela metálica resistente,
reguladores de tensão; com malha de abertura mínima de 5 mm e máxima de 13 mm. No
• Iluminação de emergência; caso das aberturas superiores, elas devem ser colocadas o mais
• Sistema de alarme de incêndio; próximo possível do teto, uma vez que, quanto maior o desnível
• Saídas de emergência; entre as aberturas inferior e superior, melhores são as condições de
• Sinalização de incêndio; ventilação e dissipação de calor (Figura 90).
• Sistema de água nebulizada por aspersores ou linhas manuais; Algumas literaturas indicam, para um cálculo aproximado da
• Sistema de proteção por espuma; área da abertura inferior, a adoção de 0,30 m2 / 100 kVA de potência
• Fechamentos das vias de passagens de cabos (paredes, tetos e de transformação. Já para a abertura superior, a abertura seria 10%
pisos) por materiais incombustíveis; maior em área que a inferior. Assim, por exemplo, numa subestação
• Instalação de sistemas de exaustão; cuja potência total de transformação é 1000 kVA, a abertura inferior
• Requisitos específicos em galerias, túneis e canaletas de cabos elétricos. teria uma área mínima de 0,30 x 1000/100 = 3 m2 e a abertura
superior teria uma área de 1,2 x 3 = 3,60 m2. Se for o caso, essas
19.4 Aspectos construtivos das subestações áreas podem ser distribuídas por mais de uma abertura, desde que a
soma das aberturas totalizem o valor encontrado.
A NBR 14039 diferencia os aspectos construtivos das subestações
em função de serem abrigadas ou ao tempo e em conforme as suas
posições relativas ao nível do solo.

19.4.1 Subestações abrigadas

Independentemente da posição da subestação em relação


ao nível do solo, a NBR 14039 contem em 9.2.1 as seguintes 215
prescrições construtivas:

Espaços livres:

Os corredores de controle e manobra e os locais de acesso


devem ter dimensões suficientes para que haja espaço livre mínimo Figura 90 – Aberturas para ventilação

de circulação de 0,70 m, com todas as portas abertas, na pior No caso de ventilação forçada, quando o ar aspirado contiver
condição ou equipamentos extraídos em manutenção. Havendo em suspensão poeira ou partículas provenientes da fabricação, as
equipamentos de manobra, deve ser mantido o espaço livre em tomadas de ar devem ser providas de filtros adequados.
frente aos volantes e alavancas. Em nenhuma hipótese esse espaço Nas subestações situadas em ambiente de natureza corrosiva,
livre pode ser utilizado para outras finalidades. o ar deve ser aspirado do exterior e o local deve ser mantido sob
pressão superior à do ambiente de natureza corrosiva. Devem ser
Iluminação: previstos dispositivos de alarme ou desligamento automático, no
caso de falha deste sistema.
As subestações devem ter iluminação artificial, obedecendo
aos níveis de iluminamento fixados pela NBR 5413, e iluminação Temperatura ambiente:
natural, sempre que possível. As janelas e vidraças utilizadas para
este fim devem ser fixas e protegidas por meio de telas metálicas No local de funcionamento do equipamento, a diferença entre a
resistentes, com malhas de 13 mm, no máximo, e de 5 mm, no temperatura interna, medida a 1 m da fonte de calor a plena carga, e
mínimo, quando sujeitas a possíveis danos. O uso de vidro aramado a externa, medida à sombra, não deve ultrapassar 15°C.
dispensa a tela de proteção. Além disso, as subestações devem ser No local de permanência interna dos operadores, a temperatura
providas de iluminação de segurança, com autonomia mínima de 2 h. ambiente não pode ser superior a 35°C. Em regiões onde a
temperatura externa, à sombra, exceder esse limite, a temperatura
NBR 14039

Ventilação: ambiente no local da permanência pode, no máximo, igualar


a temperatura externa. Quando esta condição não puder ser
As subestações devem possuir ventilação natural, sempre que conseguida mantendo os ambientes em conjunto, o local de
possível, ou forçada. permanência dos operadores deve ser separado.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Entrada subterrânea de cabos

Quando a rede externa for aérea e a entrada de cabos na subestação


for subterrânea, do lado externo, os cabos devem ser protegidos por
eletroduto metálico, classe pesada, no trecho exposto, até a altura
mínima de 3 m acima do nível do solo (Figura 91).

Eletroduto
H = 3 m (mín)

Figura 93 – Subestação (cabina) metálica

Figura 91 – Proteção de cabos aéreos em entrada subterrânea 19.4.3 Subestações subterrâneas

19.4.2 Cabinas metálicas As subestações subterrâneas são tratadas em 9.2.3 da NBR


14039.
Em 9.2.1.13, a NBR 14039 indica que, quando a subestação tratar-
se de cabina metálica, ela deve estar em conformidade com o prescrito Penetração de água
na NBR 6979, que foi substituída pela NBR IEC 62271 Parte 200 -
Conjunto de manobra e controle de alta-tensão em invólucro metálico As subestações subterrâneas devem ter impermeabilização total
para tensões acima de 1 kV até e inclusive 52 kV (Figura 92). contra infiltração de água. Nos casos em que essa impermeabilização
216

nível de solo

abertura para
abertura para acesso de grade de
serviço - diam. equipamentos ventilação
min. = 0.60 m

escada de
Trafo
acesso
submersível

Sistema de drenagem
NBR 14039

Figura 92 – Esquema simplificado de subestação subterrânea


GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

não for viável ou não puder evitar a infiltração de água, deve ser
construído um sistema de drenagem. 19.4.4 Subestações ao tempo
A proteção contra invasão de águas pode ser feita por meio de
porta estanque, prevendo-se uma entrada de emergência, não sujeita As subestações ao tempo, que são aquelas nas quais os seus
à inundação. Outra opção é realizar a proteção com desembocadura componentes estão sujeitos à ação das intempéries e, portanto,
a céu aberto, sendo que ela deve ser provida de tela, para evitar a devem ser resistentes a elas, são tratadas em 9.3 da NBR 14039.
entrada de animais.
Caso não seja possível a construção de recintos com as 19.4.4.1 Subestações instaladas na superfície do solo
características acima, o equipamento e a instalação devem ser do
tipo submersível (Figura x). Acesso à subestação
No caso de subestações semi-enterradas aplicam-se a essas
mesmas disposições, sendo desnecessário o emprego de porta As subestações instaladas na superfície do solo (Figura x) devem
estanque e equipamento submersível, desde que não estejam ser providas, à sua volta, de elementos de proteção, a fim de evitar
sujeitos a inundações. a aproximação de pessoas BA1, BA2, BA3 e de animais. As telas
utilizadas como proteção externa devem ter malhas de abertura
Aberturas de acesso máxima de 50 mm e ser constituídas de aço zincado de diâmetro 3
mm, no mínimo, ou material de resistência mecânica equivalente.
As subestações subterrâneas devem ser providas no mínimo de A parte inferior da proteção deve ficar no máximo 10 cm acima da
uma abertura para serviço ou emergência, com dimensões mínimas superfície do solo e, quando metálica, deve ser ligada à terra.
de 0,80 m x 2,10 m, quando laterais, e ter dimensões suficientes O acesso a pessoal BA4 e BA5 deve ser feito por meio de porta,
para permitir a inscrição de círculo de no mínimo 0,60 m, quando abrindo para fora, com dimensões mínimas de 0,80 m x 2,10 m.
localizados no teto. Quando utilizada também para acesso de materiais, a porta deve
As aberturas de acesso de serviço e emergência devem abrir para ter dimensões compatíveis com os equipamentos instalados ou
fora e apresentar facilidade de abertura pelo lado interno, devendo previstos para serem instalados na subestação. A porta deve ser
ser previstos meios adequados para a instalação inicial e eventual provida de fecho de segurança externo, permitindo livre abertura
substituição/remoção posterior dos componentes individuais. do lado interno.
Os acessos podem ser do tipo chaminé, devendo, nesse caso, ter Para alertar as pessoas BA1, BA2 e BA3 sobre o risco ao qual
altura suficiente de modo a impedir inundação. podem estar submetidas de adentrarem a subestação, devem ser fixadas 217
Todas as entradas e saídas de condutos devem ser obturadas de em locais bem visíveis (do lado externo e em todas as faces da proteção)
maneira a assegurar a estanqueidade da subestação. diversas placas com os dizeres “Perigo de morte” e um símbolo.

Placa de advertência 0,80 x 2,10 m (mín.)

Portão de acesso
Chave seccionadora Caixa de passagem
BT
AT

Quadro Geral de Força

Acesso

Transformador de força
BT
AT

Placa de
advertência

Transformador de força

Tela com malha máxima 50 mm


NBR 14039

Estrutura de concreto

Placa de advertência Acesso de equipamentos

Figura 94 – Subestação instalada na superfície do solo


GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Drenagem de águas pluviais e líquidos isolantes

A instalação deve ser dotada de sistema adequado de escoamento


de águas pluviais para evitar o alagamento do local.
Nas instalações de equipamentos que contenham líquido isolante
devem ser observadas as prescrições descritas em 18.3 deste guia.

Iluminação

As subestações devem ter iluminação artificial, obedecendo aos níveis


de iluminamento fixados pela NBR 5413 e iluminação natural, sempre 5m

que possível. As janelas e vidraças utilizadas para este fim devem ser
fixas e protegidas por meio de telas metálicas resistentes, com malhas
de 13 mm, no máximo, e de 5 mm, no mínimo, quando sujeitas a
possíveis danos. O uso de vidro aramado dispensa a tela de proteção.
As subestações devem ser providas de iluminação de segurança, 60 cm
com autonomia mínima de 2 h.

19.4.4.2 Subestações instaladas acima da superfície do solo

Figura 95 – Exemplo de previsão de espaço livre de segurança (cilindro de


Acesso à subestação diâmetro mínimo 0,60 m)

Por conta de disponibilidade reduzida de espaço e melhor prever espaço livre de segurança, que permita o acesso de uma pessoa
aproveitamento de áreas, em algumas situações as subestações de BA4 ou BA5 para fins de manobras, inspeção ou manutenção, com
média tensão devem ser projetadas e montadas acima do nível do solo, dimensões tais que seja possível a inscrição de um cilindro reto, de
e isso pode resultar que partes vivas situem-se em áreas de circulação eixo vertical, com diâmetro mínimo de 0,60 m e altura suficiente para
de pessoal BA1. Nestes casos, todas as partes vivas não protegidas em permitir o acesso às partes mais elevadas (Figura 95).
218 áreas de circulação de pessoal BA1 devem estar situadas no mínimo a
5 m acima da superfície do solo. Quando não for possível observar a Instalação dos equipamentos
altura mínima de 5 m para as partes vivas, pode ser tolerado o limite
de 3,5 m, desde que o local seja provido de um anteparo horizontal em Os equipamentos da subestação podem ser instalados sobre postes,
tela metálica ou equivalente, devidamente ligado à terra. Esse anteparo torres ou plataformas elevadas de aço, concreto ou madeira adequada,
deve ter um afastamento mínimo de 40 cm das partes vivas, uma malha conforme NBR 5433 ou NBR 5434 Figura 12.14); ou em áreas sobre
de 50 mm de abertura, no máximo, composta de fios de aço zincado ou a cobertura de edifícios, inacessíveis a pessoas BA1 ou providas do
material equivalente, de 3 mm de diâmetro, no mínimo. necessário sistema de proteção externa (neste caso, não é permitido o
Nas subestações acima do solo, a disposição do equipamento deve emprego de líquido isolante inflamável).
NBR 14039

Figura 96 – Subestação instalada sobre plataforma


GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

19.4.5 Subestação de transformação 19.4.6 Subestação de controle e manobra

As subestações de transformação, que são instalações As subestações de controle e manobra, que são instalações
destinadas a transformar qualquer das grandezas da energia destinadas a controlar qualquer das grandezas da energia elétrica,
elétrica, são tratadas em 9.4 da NBR 14039. No caso mais ligar ou desligar circuitos elétricos ou, ainda, prover meios de
comum, as subestações de transformação destinam-se a reduzir proteção para esses circuitos são tratadas em 9.5 da NBR 14039.
ou elevar a tensão elétrica a ser fornecida a toda instalação ou Tais subestações devem situar-se na posição mais conveniente
a uma parte dela. para sua operação, podendo localizar-se no mesmo recinto
As subestações de transformação estão presentes em todas das subestações de medição ou de transformação. Nelas, os
as edificações residenciais, comerciais e industriais que têm instrumentos indicadores e dispositivos de controle e manobra
potência instalada superior aos limites estabelecidos pela devem ser agrupados de maneira a facilitar as operações. Esse
legislação e seguidos pelos concessionários de cada região. agrupamento deve obedecer ao critério de separação dos diversos
Nestes casos, o fornecimento de energia para a edificação é circuitos e linhas com devida identificação.
realizado em média ou alta tensão, cabendo ao consumidor
reduzi-la para a tensão de operação dos equipamentos da 20 Verificação final
instalação.
O planejamento da verificação final da instalação elétrica
Transformadores com líquido isolante versus de média tensão deve levar em consideração os níveis de tensão
transformadores a seco presentes, as maneiras de instalar os componentes, as disposições
e o acesso às linhas elétricas, aos quadros de distribuição, os tipos
Para efeito de indicação do tipo de transformador que é de equipamentos e materiais, dentre outras características. Devem
permitido ser utilizado nestas subestações quanto ao material ainda ser conhecidas todas as normas técnicas necessárias para a
isolante, a NBR 14039 faz a distinção entre a subestação ser realização do serviço.
ou não parte integrante da edificação. Considera-se como parte O procedimento da inspeção deve ser documentado de forma
integrante, o recinto (no caso, a subestação) não isolado ou a garantir transparência e imparcialidade a todos os envolvidos
desprovido de paredes de alvenaria e portas corta-fogo. no processo de comissionamento. A sequência de trabalho, as
Essa definição da NBR 14039 tem um paralelo com o diretrizes principais e seus limites de atuação são elementos 219
conceito de compartimentação horizontal, assim definida nas indispensáveis para sua caracterização e definição antes de começar
normas e regulamentos de prevenção de incêndios: medida o trabalho. Além disso, a definição clara dos níveis de qualificação
de proteção, constituída de elementos construtivos corta- e responsabilidade dos profissionais envolvidos na inspeção é
fogo, separando ambientes, de tal modo que o incêndio fique fundamental.
contido no local de origem e evite a sua propagação no plano
horizontal. Incluem-se nesse conceito os seguintes elementos 20.1 Prescrições gerais
de vedação: paredes corta-fogo; portas corta-fogo; vedadores
corta-fogo; registros corta-fogo (dampers); selos corta-fogo; e A verificação final, que é tratada na Seção 7 da NBR 14039,
afastamento horizontal entre aberturas. deve ser realizada em todas as instalações novas e nas partes da obra
Desta forma, a NBR 14039 prevê as duas situações a seguir: que sofreram reformas têm por objetivo avaliar a conformidade da
instalação com as prescrições da norma.
• (9.4.3) quando a subestação de transformação fizer parte Preferencialmente, essa verificação, que é composta por
integrante de uma edificação industrial, somente é permitido o inspeção visual e ensaios, deve ser feita durante a execução da obra,
emprego de transformadores a seco. Quando forem utilizados permitindo assim que os materiais da instalação que futuramente
disjuntores com líquidos isolantes não inflamáveis, estes venham a ficar fora de vista também possam ser inspecionados.
devem ter um volume de líquido por pólo inferior a 1 litro. Além disso, eventuais alterações na instalação elétrica decorrentes
• (9.4.4) quando a subestação de transformação fizer parte de não conformidades apontadas durante a verificação podem ser
integrante da edificação residencial e/ou comercial, somente mais fácil e rapidamente corrigidas e com custos menores. Caso a
é permitido o emprego de transformadores a seco, mesmo que verificação não tenha ocorrido por etapas ao longo da execução da
haja paredes de alvenaria e portas corta-fogo. Quando forem obra, ela pode ser realizada quando concluída, porém antes de ser
utilizados disjuntores com líquidos isolantes não inflamáveis, colocada em serviço pelo usuário.
estes devem ter um volume de líquido por pólo inferior a 1 Durante a realização da inspeção e dos ensaios, que devem ser
litro. Portanto, o uso de transformadores com líquidos isolantes realizados a partir da documentação como construído (as built), é
NBR 14039

somente é permitido em edificações residenciais e comerciais necessário que sejam tomadas precauções para garantir a segurança
se a subestação estiver afastada da edificação. Mesmo nestes das pessoas e evitar danos à propriedade e aos equipamentos
casos, é preciso prever medidas contra incêndio relativas às instalados. Para atender as prescrições da norma, alguns ensaios
barreiras de proteção determinadas pela NBR 13231. elétricos são realizados com aplicação de tensões que podem chegar
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

a alguns milhares de volts. Nestes casos, é fundamental atender as disso, a inspeção visual permite avaliar se os componentes não
exigências da NR-10 relativas ao comissionamento de instalações estão danificados, de modo a restringir sua segurança, e se estão
elétricas que, além de outros cuidados, indica que tais atividades desimpedidos de restos de materiais, ferramentas ou outros objetos
somente podem ser realizadas por trabalhadores que atendam às que venham a comprometer seu isolamento.
condições de qualificação, habilitação, capacitação e autorização A inspeção visual deve incluir no mínimo a verificação dos
estabelecidas naquela NR (ver parte deste Guia relativa à NR-10). seguintes pontos, quando aplicáveis:
Além da qualificação do pessoal, os ensaios devem ser realizados
por meio de equipamentos e instrumentos adequadamente aferidos a) Medidas de proteção contra choques elétricos, incluindo
e comprovadamente seguros. medição de distâncias relativas à proteção por barreiras ou
A partir desta verificação, um profissional devidamente invólucros, por obstáculos ou pela colocação fora de alcance
habilitado deve elaborar um laudo que certifique a conformidade da
instalação em relação aos requisitos da NBR 14039. Essa inspeção visa à preservação das distâncias de segurança
Longe de um “está bom” ou “não está bom”, o resultado da mínimas necessárias para a operação e manutenção segura das
verificação se traduz em um relatório técnico de conformidade que instalações elétricas de média tensão.
atesta o atendimento da instalação aos requisitos da NBR 14039.
Não há um formato padronizado para este relatório, mas, ele deve b) Presença de barreiras contra fogo e outras precauções contra
conter a maior quantidade possível de informações, detalhes, propagação de incêndio e proteção contra efeitos térmicos
resultados e imagens. Deve conter a condição real das instalações
em uma determinada data, apontando de forma clara e inequívoca Além de verificar a presença propriamente dita das barreiras
as não conformidades encontradas. Exceto se o contrato entre e dos outros elementos, é importante conferir suas dimensões,
as partes assim prever, não cabe ao relatório da verificação da afastamentos e condições de instalação (robustez, estabilidade,
instalação elétrica emitido para efeito de atender a Seção 7 da NBR materiais utilizados, etc.).
14039 indicar um programa de trabalho ou um conjunto de ações
corretivas que devem ser utilizados para que a instalação fique c) Seleção de condutores, de acordo com sua capacidade de
conforme as prescrições da norma. condução de corrente e queda de tensão
Independentemente do formato final de um relatório, ele deve
conter, no mínimo, os seguintes elementos que são indispensáveis Devem ser comparadas as especificações e maneiras de instalar dos
220 para garantir o registro adequado da verificação: condutores e das linhas elétricas indicadas no projeto com a situação
encontrada em campo. Incluem-se nesta verificação a identificação da
• Identificação da instalação/obra: nome, endereço; seção nominal, tensão nominal e norma técnica dos cabos elétricos e
• Identificação do responsável pela contratação do serviço de barramentos blindados utilizados, assim como as especificações dos
verificação da instalação elétrica; materiais de linhas elétricas e acessórios empregados.
• Identificação dos profissionais responsáveis pelo projeto e pela
execução da instalação elétrica; d) Escolha e ajuste dos dispositivos de proteção e monitoração
• Identificação do profissional responsável pela verificação da
instalação elétrica; Os ajustes de todos os dispositivos de proteção determinados
• Data da verificação da instalação elétrica; em projeto devem ser cuidadosamente verificados uma vez que,
• Relação dos desenhos e demais documentos da instalação inadvertidamente, eles podem ser alterados durante a execução da
utilizados na verificação; instalação. Em particular, nos casos de dispositivos de proteção
• Relação dos equipamentos e instrumentos utilizados na verificação; multifuncionais, deve-se verificar também se o ajuste indicado
• Descritivo com o registro das verificações e conclusões (conforme; no projeto está aplicado no dispositivo adequado, pois é possível
não conforme; não aplicável) e resultados (ensaios) obtidos em que, de forma acidental, sejam invertidos os parâmetros de ajustes
cada item, acompanhados, quando necessário, de observações ou entre diferentes funções de um mesmo relé. São relatados casos
comentários; reais em que a proteção não atuou, causando diversos problemas
• Conclusão da verificação indicando se a instalação está ou não em em sistemas elétricos, além de acidentes com vitimas, por conta da
conformidade com a NBR 14039. inversão de ajustes entre equipamentos similares, o que levou à não
atuação do dispositivo para a proteção contra o fenômeno desejado.
20.2 Inspeção visual
e) Presença de dispositivos de seccionamento e comandos,
Conforme 7.2, a inspeção visual deve preceder os ensaios, corretamente localizados
deve ser realizada com a instalação desenergizada e tem por
NBR 14039

objetivo confirmar se os componentes elétricos permanentemente Essa verificação tem por objetivo principal avaliar as condições
conectados estão em conformidade com os requisitos de segurança de montagem dos dispositivos em relação à posição, condições de
das normas aplicáveis e se estão corretamente selecionados e acesso, ventilação, afastamentos e demais aspectos relativos ao
instalados de acordo com a norma e o projeto da instalação. Além correto emprego dos componentes.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

f) Seleção dos componentes e das medidas de proteção de acordo Embora não seja obrigatório para efeito de verificação da
com as influências externas conformidade conforme a Seção 7 da NBR 14039, pode ser útil
que o comissionamento solicite (ou faça um alerta), além dos
Após a montagem, mesmo que ela tenha sido fiel ao projeto documentos anteriores, aqueles que são solicitados na NR-10
executivo original, e ainda que tenha passado pelo crivo do “as relativos ao chamado “Prontuário de instalações elétricas” (ver item
built”, é possível que existam condições externas que possam afetar 2 na parte deste Guia relativa à NR-10).
o funcionamento, desempenho e vida útil dos componentes. Dessa
forma, além de conferir as especificações dos componentes e suas i) Identificação dos circuitos, dispositivos fusíveis, disjuntores,
adequadas instalações conforme previsto no projeto, a verificação seccionadoras, terminais, transformadores, etc.
em questão deve estar atenta a outras influências externas
importantes presentes no local que não foram consideradas. Deve ser verificada a existência de identificação clara e
indelével dos componentes elétricos e a sua correspondência com o
g) Identificação dos condutores neutro e de proteção projeto elétrico. Por exemplo, os projetos costumam identificar nos
esquemas os quadros, circuitos, dispositivos e equipamentos por
Essa identificação, conforme indicado em xx deste guia, deve nomes, letras e/ou números (conforme Figura x), os quais devem
ser feita por marcação ou por cores, cabendo ao pessoal encarregado ser marcados nos respectivos componentes instalados em obra. Essa
de realizar a vistoria confirmar a existência da identificação. identificação é fundamental para a realização segura, ágil e eficaz
das atividades de manutenção e operação da instalação elétrica.
h) Presença de esquemas, avisos e outras informações similares
j) Correta execução das conexões
A verificação desse item garante que os documentos e esquemas
sejam mantidos à disposição do pessoal de operação e manutenção O profissional encarregado da verificação deve avaliar
da instalação, além de autoridades que vierem a fiscalizar a obra. visualmente se as conexões de cabos elétricos a barramentos,
Em relação apenas ao atendimento da NBR 14039, a documentação terminações, buchas ou entre barramentos e isoladores, etc. estão
mínima que deve estar permanentemente disponibilizada no adequadamente executados. Sempre que necessário deve-se
local, na versão “as built”, é aquela indicada em 6.1.7 da norma, recorrer às instruções de montagem dos fabricantes.
que é a seguinte: plantas; esquemas (unifilares e outros que se
façam necessários); detalhes de montagem; memorial descritivo; l) Conveniente acessibilidade para operação e manutenção 221
especificação dos componentes: descrição sucinta do componente,
características nominais e normas a que devem atender. Essa verificação tem por objetivo principal avaliar as condições

G1 G2 G3

TR-1 TR-2 TR-3

USINA 52-1 BARRA 1 52-2 52-3

BARRA 2
a1 a2 b1 b2 c1 c2 d1 d2 e1 e2 f1 f2
C2
52-6

52-4 52-7 52-8 52-10 52-12 52-13


C3 C4 C5
C1b C6

TR-16
b3 b4 b5 b6 b7 b8
52-11
c3 c4 e3 e4 e5
52-5

TR-6 TR-7
TR-3 TR-4 TR-5 TR-8 TR-9
TR-10 TR-11 TR-12 TR-13 TR-14 TR-15
NBR 14039

Q1 Q2 Q3 Q4 Q5 Q6 Q7 Q8 Q9 Q10 Q11 Q12 Q13 Q14 Q15

Figura 97 – Identificação dos circuitos


GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

de acesso e operação dos dispositivos em relação aos espaçamentos A. Usualmente são utilizados instrumentos de medição específicos
mínimos e áreas de circulação necessárias para garantir a segurança para a finalidade (chamados de terrômetros) com configuração a
dos trabalhadores e o correto manuseio dos componentes. quatro fios (dois para corrente elétrica e dois para tensão). Essa
configuração diminui ou evita o erro provocado pela resistência
m) Medição das distâncias mínimas entre fase e neutro. própria dos cabos utilizados no ensaio e de seus respectivos
contatos. Podem ser utilizados também miliohmimetros ou
A verificação deve avaliar se as distâncias entre fase e neutro e microohmimetros de quatro terminais. No caso de utilização de
fase e terra atendem às prescrições da Tabela 21 da NBR 14039. instrumentos independentes, deve-se atentar para a corrente mínima
que eles podem injetar.
20.3 Ensaios
b) Resistência de isolamento da instalação elétrica;
Conforme 7.3, os ensaios da instalação devem ser realizados
com valores compatíveis aos valores nominais dos equipamentos Por definição, resistência de isolamento é o valor da resistência
utilizados e o valor nominal de tensão da instalação. No caso de não- elétrica entre duas partes condutoras separadas por materiais
conformidade em qualquer dos ensaios, este deve ser repetido, após isolantes.
a correção do problema, bem como todos os ensaios precedentes A resistência de isolamento deve ser medida entre os condutores
que possam ter sido influenciados. vivos, tomados dois a dois e entre cada condutor vivo e a terra.
A NBR 14039 apresenta algumas sugestões de métodos Em geral, os instrumentos que medem essa grandeza são chamados
de ensaio, porém outros procedimentos podem ser utilizados, de “megômetro”, em português ou “megger” em inglês, porque os
desde que, comprovadamente, produzam resultados confiáveis valores obtidos são sempre da ordem de megaohms (Figura 98 ).
e acordados entre as partes envolvidas no processo de Quando se mede resistência de isolamento, não é conveniente
comissionamento da instalação. No caso de se utilizar métodos de usar um multímetro comum, pois a sua tensão interna é muito
ensaios diferentes daqueles indicados na NBR 14039, recomenda- baixa, resultando em erros grosseiros de medição.
se que as justificativas que levaram a essa escolha sejam incluídas Os valores obtidos no ensaio devem atender aos valores
no relatório final. mínimos especificados nas normas aplicáveis aos componentes da
Deve-se destacar que o ensaio de partes da instalação ou de instalação, os quais devem ser fornecidos pelos fabricantes de cada
componentes em separado não substitui a realização dos ensaios componente da instalação. Para alguns componentes, tais como
222 listados anteriormente, os quais abrangem a instalação elétrica cabos e motores elétricos, os valores de resistência de isolamento
completa. Com efeito, já foram verificadas situações em que, apesar são calculados a partir de fórmulas indicadas nas respectivas
dos equipamentos ainda não ligados à instalação possuírem níveis normas. Assim, é preciso que o profissional envolvido na verificação
de isolamento adequados ou dentro de limites e tolerâncias, após a da instalação elétrica tenha realizado os cálculos destes valores para
sua montagem em posição final e a realização das interligações ao que possa atestar ou não a conformidade dos resultados obtidos.
sistema elétrico, o resultado desse nível de isolamento se mostrou
precário ou abaixo dos limites estabelecidos. .
Os ensaios indicados na norma visam também a detectar
(e sanar) uma situação comum que é a ocorrência de problemas
durante o transporte dos equipamentos até a obra, ocasionando
danos internos não detectados numa inspeção visual, mas que ficam
evidenciados quando da realização dos ensaios. Podem acontecer
também problemas na montagem, esquecimento de ferramentas no
interior do equipamento ou até mesmo danos à isolação ou partes
internas e móveis dos acionamentos e mecanismos.
Para efeito de conformidade com a NBR 14039, os ensaios
mínimos a serem realizados são os seguintes:

a) Continuidade elétrica dos condutores de proteção e das ligações


eqüipotenciais principais e suplementares Figura 98 – Utilização de megômetro

O ensaio de continuidade dos condutores de proteção deve Existem alguns fatores apresentados a seguir que podem influenciar
verificar se o aterramento principal, os trechos de conexão entre o valor da resistência de isolamento de forma acentuada, e que deverão
equipamentos e malhas de terra, as ligações de equipotencialização ser levados em conta para uma correta interpretação dos testes.
NBR 14039

previstas no projeto existem e se estão ligados eletricamente entre si.


A norma menciona que o ensaio de continuidade deve ser • Estado da superfície
realizado com uma fonte de tensão que, em vazio, tenha entre 4 V Materiais condutores estranhos, tais como pó de carbono, quando
e 24 V, sendo que a corrente de ensaio deve ser de, no mínimo 0,2 depositados sobre a superfície dos isolantes e superfícies não isoladas,
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

como conectores, coletores, etc.reduzem a resistência de isolamento


superficial. Por outro lado, materiais não condutores podem fazer-
se condutores quando mesclados com óleos e graxas. Isto alcança
importância especial nas máquinas de coletor, devido à grande
quantidade de material condutor exposto. Por esta razão o dielétrico
deverá estar perfeitamente limpo, antes da realização dos testes.

• Umidade superficial
Indiferentemente da limpeza, quando o dielétrico estiver a uma
temperatura inferior ao ponto de orvalho, será formado um filme de
umidade condensada sobre a superfície, que será absorvida pelos
materiais isolantes, devido às suas higroscopias (capacidade de absorver
umidade do ar ou de outros elementos por simples exposição ou
contato). A condensação será mais agressiva no caso em que os materiais Figura 99 – hipot
se encontrem com a superfície suja. Neste caso, o valor da resistência de
isolamento será muito pequena. d) Ensaio para determinação da resistência de aterramento

• Temperatura Este ensaio deve ser realizado toda a vez que houver a instalação
A resistência de isolamento varia extraordinariamente com a ou ampliação de malhas de terra visando a garantir o atendimento dos
temperatura. Nas máquinas rotativas, por exemplo, pode ser considerado valores previstos em projeto.
que, a cada 5 ºC de elevação da temperatura, a resistência de isolamento Para a realização desse ensaio todos os cuidados referentes à
se reduz à metade. Para poder comparar os valores de resistência de segurança devem ser tomados, principalmente no caso das ampliações
isolamento ao longo da vida útil dos equipamentos é necessário que os nas instalações em operação. Nesses casos é muitas vezes necessário o
resultados dos diferentes testes sejam corrigidos para o mesmo valor de desligamento total das instalações.
temperatura. Para cada tipo de componente, existem tabelas nas suas Para a determinação da resistência de aterramento deverá
normas técnicas que fornecem estes fatores de correção. ser aplicada a norma NBR 15749 - Medição de resistência de
aterramento e de potenciais na superfície do solo em sistemas de
c) Ensaio de tensão aplicada aterramento que estabelece os critérios e métodos de medição de 223
resistência de sistemas de aterramento e de potenciais na superfície
O ensaio de tensão aplicada é o método mais comum para do solo, bem como define as características gerais dos equipamentos
diagnóstico e detecção de falhas nas isolações dos componentes que podem ser utilizados nas medições.
de uma instalação elétrica. Este ensaio deve ser realizado em Além dos métodos da queda de potencial e da queda de potencial
equipamento construído ou montado no local da instalação, de com injeção de alta corrente, a NBR 15749 normaliza o método síncrono
acordo com o método e valores limites de ensaio descrito nas à frequência industrial; o método do batimento; o método de injeção de
normas aplicáveis ao equipamento ou quando recomendado pelo corrente com amperímetro, voltímetro e wattímetro adicional; e métodos
seu fabricante. Assim como no caso da resistência de isolamento, alternativos de medição com as instalações energizadas. Trata ainda dos
é preciso que o profissional envolvido na verificação da instalação seguintes assuntos decorrentes: compensação capacitiva, especificação
elétrica conheça previamente estes valores para que possa atestar ou de equipamentos para execução dos ensaios e informações sobre o
não a conformidade dos resultados obtidos. terrômetro alicate.
Por exemplo, no caso dos cabos elétricos e seus acessórios, o ensaio De forma geral, não importando o método escolhido – o que
de tensão aplicada logo após a instalação deve atender aos valores dependerá da situação de ensaio encontrada – certas regras técnicas e de
indicados na Tabela x. segurança são recomendadas pela NBR 15749:
Existem fontes de alta tensão disponíveis no mercado
especificamente fabricadas para a realização de ensaios de tensão • utilizar calçados e luvas com nível de isolamento compatível com os
aplicada, usualmente conhecidas por “Hipot”, em inglês. (Figura x). valores máximos de tensão que possam ocorrer no sistema sob medição;
• evitar a realização de medições sob condições atmosféricas adversas,
Tabela 35 – Tensão de ensaio aplicada em cabos elétricos de média
tensão na etapa de verificação
tendo em vista a possibilidade de ocorrência de descargas atmosféricas;
Tensão nominal Tensão aplicada no ensaio, em corrente • impedir que pessoas estranhas ao serviço e animais se aproximem dos
do cabo (kV) contínua, por 15 minutos (kV) eletrodos utilizados na medição;
3,6/6 3,6 • utilizar aparelhos compatíveis aos especificados no Anexo C da NBR
6/10 7,2 15749 a fim de garantir a segurança dos operadores e fidelidade dos
NBR 14039

8,7/15 7,2 resultados. A utilização de equipamentos de medição em desacordo


12/20 15 ou 17,5 com os requisitos do Anexo C torna necessária a adoção de medidas
15/25 24,5 de segurança adicionais, tais como aquelas utilizadas para trabalhos em
20/35 36,2
áreas energizadas.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

e) ensaios recomendados pelos fabricantes dos equipamentos; determinar se o circuito de anti-bombeamento do disjuntor está
operando adequadamente.
Todos os equipamentos que possuírem condições especiais de Durante o ensaio verifica-se também a simultaneidade de ação dos
instalações devem sofrer a inspeção de sua montagem com base contatos, ou seja, a exatidão das manobras de fechamento e abertura
nas informações fornecidas pelos seus fabricantes. Nos documentos de um disjuntor ou chave. Essa exatidão e simultaneidade reduzem os
apropriados pode ser verificada a necessidade de ensaios especiais riscos operacionais sobre os quais se expõem os outros equipamentos e
nos equipamentos que fazem parte integrante da sua aprovação para até mesmo o próprio operador.
energização.
A NBR 14039 cita os seguintes exemplos de ensaios especiais: • Ensaios de resistência de contatos elétricos - aplicável a disjuntores e
barramentos de alta capacidade de corrente
• Ensaio de rigidez dielétrica do óleo isolante - aplicável a transformadores, Esses ensaios têm por objetivo determinar, através da aplicação de
disjuntores e chaves seccionadoras uma corrente elétrica e a leitura do valor da queda de tensão local, a
A rigidez dielétrica é a propriedade de um dielétrico de se opor a resistência existente nos contatos de um equipamento de chaveamento ou
uma descarga disruptiva e é medida pelo gradiente de potencial sob o barramento e então compará-la com os valores originais que o fabricante
qual se produz essa descarga. A tensão de ruptura do dielétrico de um define como adequado tendo em vista os limites definidos pelas normas
líquido isolante é importante para a avaliação da capacidade de suportar específicas de equipamentos. Existem medidores de resistência de
esforços elétricos sem falhar. É a tensão na qual a ruptura ocorre entre contato disponíveis no mercado para a realização desta verificação.
dois eletrodos sob condições prescritas. Ela também serve para indicar
a presença de agentes contaminantes como a água, sujeira ou partículas • Ensaio de tensão aplicada - aplicável a cabos elétricos, equipamentos
condutoras no líquido. isolados a vácuo e a gás SF6
Este ensaio deve ser realizado em conformidade com os
• Ensaio de fator de potência - aplicável a transformadores, máquinas procedimentos e valores indicados nas normas técnicas de cada
elétricas de grande porte e geradores componente.
O fator de potência de um isolante é um valor próprio de cada
material isolante e que é útil para o acompanhamento da sua vida útil f) ensaios de funcionamento
em serviço. Ele indica a presença de maior ou menor corrente de fuga
percorrendo um material isolante quando submetido a uma determinada As montagens tais como quadros, acionamentos, controles,
224 tensão. Sua alteração significativa em relação ao valor original medido intertravamentos, comandos etc. devem ser submetidas a um ensaio de
no início da instalação significa um envelhecimento acentuado do funcionamento para verificar se o conjunto está corretamente montado,
material. ajustado e instalado em conformidade com a norma e o projeto.
Neste caso, devem ser simuladas todas as possíveis combinações de
• Ensaio de cromatografia de gases e análises físico-químicas de óleos operação previstas no projeto, tais como desligamento e transferência
isolantes - aplicável a transformadores de força; de cargas, atuação de relés e alarmes, etc. de modo a verificar o correto
O ensaio de cromatografia de gases determina a concentração dos funcionamento do conjunto.
gases dissolvidos no óleo mineral isolante. Por conta de descargas Durante a realização dos ensaios de funcionamento do conjunto,
internas entre espiras, desgaste do meio isolante em papel, desgaste do pode ser necessário avaliar o comportamento de alguns dispositivos de
verniz isolante ou de calços, verifica-se, ao longo do tempo, a formação proteção individualmente para verificar se estão corretamente instalados
de gases em equipamentos elétricos imersos em óleo isolante. e ajustados.
Outra bateria de ensaios muito significativa que é efetuada no óleo
isolante é o conjunto de verificações de contaminantes que existem 21 Manutenção, operação
dentro de uma amostra. A origem desse contaminante é muito extensa
e quando se apresenta nos resultados, permite verificar não só o agente Os aspectos gerais de manutenção e operação de instalações elétricas
contaminante como também sua origem e consequência direta ao de média tensão são tratados na seção 8 da NBR 14039, que estabelece
equipamento. as diretrizes básicas para as equipes de manutenção e operação.

• Ensaio de tempos de operação - aplicável a disjuntores 21.1 Manutenção


Esse ensaio também é conhecido como oscilografia e verifica se
os tempos de operação, ou movimento mecânico das partes móveis Entende-se por manutenção as ações que venham a contribuir
de disjuntores e chaves automáticas está adequado e compatível com para prever, evitar ou corrigir desvios de operação e continuidade de
aqueles que foram definidos em projeto. trabalho apresentado por uma instalação ou equipamento. Nos casos de
A medição com o oscilógrafo satisfaz basicamente todos os ausência da ação corretiva, é possível que haja a diminuição ou perda de
NBR 14039

requisitos exigidos, motivo pelo qual considera-se apenas este desempenho e funcionamento de um equipamento ou do todo, o risco
método para esse ensaio. Os tempos de abertura, fechamento e de parada de um processo e, principalmente, pode haver um risco a
discordância de fases devem ser analisados a partir das informações integridade física dos profissionais ou pessoas que venham a ter contato
contidas no catálogo do fabricante do disjuntor. Este ensaio pode direto ou indireto com essa instalação defeituosa.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

pesquisas e técnicas.
21.1.1 Breve história da manutenção A redução das interrupções e falhas foi necessária para evitar a
interrupção nas atividades dos usuários, desempenho de produção
Pode-se classificar os serviços de manutenção através de três e qualidade final dos produtos. Na década de 1960 e 1970, esse foi o
gerações no tempo, tendo evoluído muito nos últimos anos. maior ponto nos setores de mineração, manufatura em geral e transporte.
O advento do “JUST IN TIME” no processo de estocagem também
a) Primeira geração – até a Segunda Guerra mundial pressionou a redução de tempo na necessidade de diminuir a interrupção
Na época da Segunda Guerra mundial, a indústria não era muito nos equipamentos.
mecanizada e, por consequência, a questão da interrupção de processos O crescimento da automação mostrou que mais e mais falhas
de produção não era muito significativa ou custosa. A prevenção da afetam a capacidade da garantir padrões de qualidade satisfatórios. Isso é
falha tinha baixa prioridade na maioria das ações e planos gerenciais, aplicado tanto para os padrões de serviços como os padrões de produtos.
ou quase nem existia. A maioria dos equipamentos era simples e As falhas afetavam seriamente a segurança e o meio ambiente. Estamos
superdimensionados e, por isso, eram facilmente reparados. Não havia numa época em que os padrões e exigências nessas áreas estão crescendo
necessidade de desenvolver programas de manutenções sistemáticas e muito rapidamente.
desmontar e limpar eram os serviços de rotina. O custo de manutenção continua crescendo em termos absolutos e
em proporção ao total de custos apurados. Em algumas indústrias, esse
b) Segunda geração – do final da Segunda Guerra até o começo dos custo chega a ter o segundo maior peso no plano operacional.
anos 1970 Pesquisas mostram que a terceira geração tem pelo menos seis
As coisas evoluíram de forma significativa após a Segunda Guerra padrões de comportamento que devem ser colocados em prática, contra
mundial. Os tempos de conflito pressionaram uma demanda aumentada apenas dois que existiam na primeira e segunda gerações (Figura x).
por insumos de todos os tipos, enquanto a capacidade do fornecimento de Desenvolveu-se o conceito de Manutenção Centrada na
suprimento industrial caía rapidamente. Isso levou a uma mecanização Confiabilidade (MCC) - tradução de RMC – Reliable Centered
muito grande, produção em massa e em escala. Maintenance – que trouxe um novo conceito para a palavra manutenção
Na década de 1950, máquinas de todos os tipos eram mais e seus resultados.
numerosas e complexas. A indústria começou a depender muito delas, e Os envolvidos no processo produtivo, sejam os acionistas ou os
nesse crescimento de dependência, a redução do tempo de reparo devido técnicos, esperam que as instalações cumpram sua função. Logo,
a interrupções passou a ser relevante e tornou-se foco de um tratamento quando se mantém uma instalação, o estado que se deseja preservar
especial. Foi levantada a idéia de que a falha de um equipamento deveria é aquele no qual a instalação garante os desejos e expectativas 225
ser prevenida para aumentar a confiabilidade, gerando dessa forma o desses envolvidos. Nasce então um novo conceito: “Manutenção é
conceito de manutenção preventiva. a garantia de que uma instalação continue a fazer o que os usuários
A década de 1960 foi marcada pelos equipamentos que seriam finais querem que ela faça”. Isso resulta num melhor entendimento
mantidos em intervalos fixos e regulares. Nesse caso, o custo da da definição de MCC: um processo usado para determinar o que
manutenção começou então a ser mais significativo em relação aos deve ser feito para garantir que qualquer instalação ou equipamento
custos de operação. Uma vez que o custo de manutenção se tornou continue a fazer o que os usuários querem que ela faça, no seu
relevante, logo surgiu a necessidade da criação de sistemas de controle contexto atual de operação.
e planejamento específicos para a sua redução. Essas novas ferramentas O termo “Engenharia de Manutenção” acompanha essa
permitiram reduzir os custos de manutenção a patamares mais razoáveis tendência com mais uma quebra de paradigma. Praticar a engenharia
e, com isto, essa atividade se intensificou. de manutenção significa uma mudança cultural, deixando de ficar
consertando continuadamente, para procurar as causas básicas, modificar
c) Terceira geração – a partir da segunda metade da década dos anos situações permanentes de mau desempenho, deixar de conviver com
1970 em diante problemas crônicos, melhorar padrões e sistemáticas, realimentar o
A partir da metade de década de 1970, no período chamado de projeto executivo e interferir tecnicamente nas compras. Significa ainda
“modernidade das indústrias”, foram lançadas novas expectativas, aplicar técnicas modernas.
NBR 14039

Figura 100 – Histórico da manutenção


GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Periodicidade
21.1.2 Condições gerais de manutenção A periodicidade da manutenção deve adequar-se a cada tipo
de instalação, considerando-se, entre outras, a sua complexidade e
Em 8.1, a NBR 14039 prescreve que, antes da realização de importância, as influências externas e a vida útil dos componentes.
qualquer serviço de manutenção, devem ser atendidas as prescrições Para efeito de exemplo de periodicidade da manutenção, o artigo
gerais a seguir. “Manutenção em equipamentos elétricos” dos autores Antonio
Sempre que aplicável, a instalação a ser verificada deve ser Tadeu Lyrio de Almeida e Marcelo Eduardo de Carvalho Paulino
desenergizada. Os casos em que não seria aplicável a desenergização sugere os tempos indicados na Tabela 36.
podem estar relacionados com aspectos operacionais complexos
Tabela 36 – Sugestão de periodicidade de manutenção
ou custos elevados de paradas de produção e indústrias, centros de componentes de média tensão

de processamento de dados, áreas de segurança, etc. Além disso, Equipamento Periodicidade


podem existir questões de segurança e saúde das pessoas afetadas Fios, Cabos e Muflas 6 a 12 meses

por essa parada do equipamento, como em instalações assistenciais Isoladores 12 a 15 meses

de saúde, por exemplo. A NR-10 traz uma série de medidas para Ferragens 6 a 12 meses
Baterias 3 meses
segurança dos trabalhadores que executam serviços de manutenção
Capacitores 6 a 12 meses
em redes energizadas (ver parte deste Guia relativa à NR-10).
Reapertos 12 meses
Assim como na NR-10, a NBR 14039 prescreve que, após
Medição 3 meses
a manobra de desenergização, caso ela ocorra, todas as partes
Relés  6 a 12 meses
vivas devem ser ensaiadas quanto à presença de energia mediante Para-raios 12 meses
dispositivos de detecção compatíveis ao nível de tensão da TC`s e TP`s 6 a 12 meses
instalação. Transformadores
Todo equipamento e/ou instalação desenergizado deve ser Estanquiedade permanente
aterrado, lembrando-se que, antes de proceder ao aterramento, deve- Válvula de segurança permanente
se garantir que não haja carga residual ou cumulativa, efetuando-se Relés 3 meses

primeiro a sua descarga elétrica. Podem ser os casos de aterramento Comutador - lubrificação 4 a 6 meses

de capacitores e cabos de média tensão de grandes extensões. Guarnições e vedações 4 a 6 meses


Sílica gel 4 a 6 meses
Após a desenergização, toda instalação e/ou todo equipamento
Óleo comutador 12 meses
226 desenergizado deve ser bloqueado e identificado.
Óleo geral 2 a 4 anos
Os dispositivos e as disposições adotados para garantir
Radiadores 2 a 4 anos
que as partes vivas fiquem fora do alcance podem ser retirados
Disjuntores
para uma melhor verificação, devendo ser impreterivelmente Óleo 6 meses
restabelecidos ao término da manutenção. Além disso, deve-se Cámaras de extinsão 3 meses
garantir a confiabilidade dos instrumentos de medição e do ensaio, Reaperto de parafusos 3 a 6 meses
calibrando-os conforme orientação do fabricante. Pressão dos contatos 6 meses
Os acessos de entrada e saída aos locais de manutenção devem Mecanismo 1 mês
ser desobstruídos, sendo obrigatória a inclusão de sinalização Seccionadores

adequada que impossibilite a entrada de pessoas que não sejam Limpeza dos contatos 6 meses

BA4 e BA5 (conforme tabela 12 da NBR 14039), chamadas, Reaperto de parafusos 6 meses
Pressão dos contatos 12 meses
respectivamente, de capacitadas e habilitadas na NR-10.
Isoladores 12 meses
Qualquer manobra, programada ou de emergência, deve ser
efetuada somente com a autorização de pessoa qualificada (BA5),
sendo que, conforme 8.1.6, qualquer manobra deve ser efetuada por Manutenção preventiva
no mínimo duas pessoas, sendo que uma delas deve ser BA5.
Assim como na NR-10, de acordo com a NBR 14039 é A manutenção preventiva é aquela efetuada em intervalos
obrigatório o uso de EPC (equipamentos de proteção coletiva) e predeterminados, ou de acordo com critérios prescritos, destinada a
EPI (equipamentos de proteção individual) apropriados, em todos reduzir a probabilidade de falha ou a degradação do funcionamento
os serviços de manutenção das instalações elétricas de média de um item.
tensão e os envolvidos no serviço devem ter conhecimento dos Através da manutenção preditiva é possível determinar,
procedimentos que vierem a ser executados. antecipadamente, a necessidade de serviços de manutenção em
uma peça específica de um equipamento; eliminar desmontagens
21.1.3 Condições específicas de manutenção desnecessárias para inspeção; aumentar o tempo de disponibilidade
NBR 14039

dos equipamentos; reduzir o trabalho de emergência não planejado;


As particularidades sobre manutenção de instalações elétricas impedir o aumento dos danos; aproveitar a vida útil total dos
de média tensão são tratadas em 8.2 da NBR 14039 conforme componentes e de um equipamento; aumentar o grau de confiança
descrito a seguir. no desempenho de um equipamento; e determinar previamente
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

as interrupções de fabricação para cuidar dos equipamentos que superfície do estator e do rotor (inspeção visual para determinar a
precisam de manutenção. presença de alguma contaminação ou ferrugem, bem como lascas,
Conforme o artigo “Manutenção em equipamentos elétricos” borbulhas e arranhões).
dos autores Antonio Tadeu Lyrio de Almeida e Marcelo Eduardo de
Carvalho Paulino, a rotina para a execução das inspeções relativas A NBR 14039 determina que devem ser inspecionados o estado
à manutenção preventiva de equipamentos elétricos envolve a dos cabos e seus respectivos acessórios, assim como os dispositivos
observação visual de algumas de suas condições especificas, bem de fixação e suporte, observando sinais de aquecimento excessivo,
como, quando possível, os reparos necessários que podem ser rachaduras, ressecamento, fixação, identificação e limpeza.
realizados no campo. Deve ainda ser verificada a estrutura do conjunto de manobra
A frequência destas inspeções depende, sobretudo, da importância e controle (quadros), observando seu estado geral quanto à fixação,
critica do equipamento em questão, das condições ambientais, e/ou danos na estrutura, pintura, corrosão, fechaduras e dobradiças.
das condições operacionais. Atitudes simples, como verificar se há Deve ser verificado o estado geral dos condutores e dispositivos de
ventilação suficiente e efetuar a limpeza freqüentemente são fatores da aterramento. No caso de componentes com partes internas móveis,
maior importância. Além disto, é necessário intervir imediatamente ao devem ser inspecionados, quando o componente permitir, o estado
surgirem ou ao serem notados quaisquer indicativos de anormalidades. dos contatos e das câmaras de arco, sinais de aquecimento, limpeza,
No caso de máquinas rotativas tem-se, por exemplo: vibrações fixação, ajustes e aferições. Se possível, devem ser realizadas
excessivas, batidas de eixo, resistência de isolamento decrescente, algumas manobras no componente, verificando seu funcionamento.
indícios de fumaça e fogo, faiscamento ou forte desgaste no No caso de componentes fixos, deve ser inspecionado o estado
comutador ou coletor e escovas (se houverem), variações bruscas geral, observando sinais de aquecimento, fixação, identificação,
de temperatura nos mancais e outros. A primeira providência a ser ressecamento e limpeza.
tomada nestes casos é desligar o equipamento e examinar todas as De acordo com o artigo “Manutenção preditiva e detectiva”
suas partes, tanto mecânicas como elétricas. dos autores Igor Mateus de Araújo e João Maria Câmara, a análise
Deste modo, o conhecimento adequado de alguns sintomas, suas de temperatura é a técnica de medições térmicas para levantamento
causas e efeitos é de suma importância pois permite evitar a evolução da temperatura de operação de equipamentos, buchas, conexões e
de problemas indesejáveis que tornam necessária uma ação corretiva conectores, etc. As técnicas termográficas servem para identificar
com prejuízos financeiros elevados. pontos quentes em instalações elétricas e detecção de falhas em
As rotinas de inspeção básicas para equipamentos elétricos em isolamentos térmicos.
operação normal envolvem, de uma forma geral, avaliar: A termografia é a técnica de ler e medir – a distância – a 227
temperatura de operação de componentes responsáveis pelas
- Corrente: o aquecimento de um equipamento elétrico depende de conexões de equipamentos elétricos. Suas principais vantagens são a
sua capacidade térmica. O controle de sua temperatura de operação se ausência da necessidade de contato com o objeto sob análise e a não
reveste de elevada importância, pois, quando o mesmo opera acima interferência com a produção, já que não é desligado o equipamento
do nível máximo de temperatura permitido pela classe de isolamento, sob inspeção.
ocorre um decréscimo na sua expectativa de vida. Por exemplo, um O termograma é o resultado da aplicação da termografia, isto
equipamento com isolação classe B ou F, operando com 8 a 10 ºC é, formar e reproduzir as imagens visíveis a partir da captação das
acima de sua temperatura normal de trabalho tem sua expectativa de radiações térmicas emitidas pelas conexões. Esta radiação varia de
vida reduzida à metade. Estes fatos reforçam a necessidade de um acordo com a temperatura e o estado da superfície emissora.
monitoramento adequado das condições de carregamento, ou seja, da A termovisão é a técnica de ver as imagens térmicas a partir da
corrente de carga e da temperatura associadas, para evitar eventuais captação das radiações térmicas, invisíveis na faixa do infravermelho,
sobrecargas. constantemente emitidas, absorvidas e reemitidas pelos corpos e
- Tensão: a tensão aplicada a um equipamento deve ser monitorada de objetos (Figura 101).
forma similar à corrente de carga. Sobretensões e subtensões, tensões
desequilibradas e/ou com conteúdo harmônico são fatores que afetam
frequentemente as isolações dos diferentes componentes elétricos.
- Limpeza: é importante que o equipamento fique isento de poeiras,
fiapos de algodão, óleo e outras sujeiras em geral. A sujeira cria uma
camada nos enrolamentos e/ou carcaça diminuindo a troca de calor
com o ambiente, além de reter umidade e provocar um curto-circuito,
bem como, ser um elemento propagador de incêndios. Desta forma,
é conveniente limpar externamente o equipamento e, logo após, as
suas partes internas. Para tanto, usa-se ar comprimido seco e limpo,
NBR 14039

soprando-se o pó e os resíduos do seu interior. É importante certificar-


se que todas as passagens de ar estão livres e desimpedidas.
- Nas máquinas elétricas rotativas, também é interessante
verificar-se vibrações e ruídos anormais, temperatura dos mancais, Figura 101 - Análise feita com o termovisor em subestação
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Manutenção corretiva impede ou permite o acionamento de outro equipamento. Os bloqueios


indiretos são aqueles que, por meio de bobinas solenóides ou outros
A manutenção corretiva é aquela que é efetuada após a ocorrência de meios, incluindo os digitais, interferem no acionamento mecânico
uma pane, destinada a recolocar um item em condições de executar uma ou elétrico de outro equipamento. Podem ser munidos de indicadores
função requerida. luminosos ou gráficos para maior visualização.
Toda instalação ou parte dela, que por qualquer motivo coloque • Dispositivos para verificar ausência de tensão: são dispositivos que
em risco a segurança dos seus usuários, deve ser imediatamente atuam como elementos indicadores imediatos da ausência de tensão
desenergizada, no todo ou na parte afetada, e somente deve ser nos terminais ou barramentos na subestação. Esses dispositivos
recolocada em serviço após reparação satisfatória. O atendimento aos atuam da mesma forma que os voltímetros, indicando “0 V” em um
procedimentos para realização de serviços indicados na NR-10 garantem determinado ponto. Na ausência desses medidores fixos, é possível
o atendimento desta prescrição da NBR 14039 (ver parte deste Guia utilizar ainda dispositivos que, pela presença de campo elétrico,
relativa à NR-10). emitem sinais sonoros, apresentando assim de fato a comprovação
Toda falha ou anomalia constatada nas instalações, componentes ou eficaz da ausência de tensão.
equipamentos elétricos, ou em seu funcionamento, deve ser comunicada • Efetivação de aterramentos no local: o aterramento dos terminais de um
à pessoa qualificada (BA5), para fins de reparação, notadamente quando equipamento ou de um cabo de energia é a forma mais eficaz de garantir
os dispositivos de proteção contra sobrecorrentes ou contra choques a ausência de tensão. Uma vez que os terminais ou circuitos estão
elétricos atuarem sem causa conhecida. aterrados, qualquer nível de energia elétrica lançada nesse ponto será
descarregado antes de atingir os profissionais que estiverem efetuando a
21.2 Operação manutenção ou operação dentro da subestação.
• Delimitação e sinalização: para o trabalho em locais de risco, a
Pode-se dizer que, em 8.3, a NBR 14039 resume as principais sinalização ostensiva é fundamental. Mais do que apenas indicar ao
prescrições da NR-10 relativas à operação de instalações elétricas de operador o estado dos equipamentos e às turmas de manutenção a
média tensão (ver parte deste Guia relativa à NR-10). condição de segurança dos trechos a sofrerem intervenção, é essencial
Praticamente toda atividade de operação de uma instalação de média que as áreas ao redor e os equipamentos que estão realmente destinados
tensão ocorre na subestação e consiste no chaveamento de circuitos, ao trabalho estejam sinalizados, mesmo que de forma redundante. Para
energização e desenergização de equipamentos e leituras das grandezas evitar confusões é possível até criar zonas de proteção e sinalizações em
elétricas da energia produzida ou consumida. níveis de risco diferentes.
228 De acordo com a NBR 14039, somente é admitida a operação dentro
da área de risco por pessoal qualificado (BA5), sendo obrigatório o uso Operação Remota
de EPC (equipamentos de proteção coletiva) e EPI (equipamentos de
proteção individual) apropriados em todos os serviços de operação das Os equipamentos inicialmente foram desenvolvidos para manobras
instalações elétricas de média tensão. A exceção a essa regra fica por locais por meio de seus próprios controles e dispositivos neles
conta dos casos de operação remota, onde as medidas de proteção contra incorporados. Com o advento das novas tecnologias de informação,
contato direto e indireto devem atender à NBR 5410 (ver parte deste dos avanços na automação de sistemas elétricos e com necessidade de
Guia relativa à NBR 5410). manobras de vários equipamentos em sequência, foram desenvolvidos
O treinamento e conduta dos operadores são específicos e rigorosos dispositivos de comando que permitem que essas mesmas manobras
quanto à obediência aos procedimentos de operação da instalação. O sejam efetuadas a distância, centralizando o comando de todos os
conhecimento da função do equipamento elétrico, assim como o seu equipamentos em apenas um local. Com isso as operações não só
princípio de funcionamento, é fundamental para garantir a segurança passaram a ser feitas em locais centralizados, como também tiveram
dos equipamentos e profissionais. Esse treinamento é sempre ministrado sua segurança aumentada de forma significativa para os trabalhadores
para garantir que o profissional entenda-se com os equipamentos em envolvidos na atividade (Figura x).
constante estado de energização, fazendo a sua operação e chaveamento A qualificação para os operadores e profissionais que efetuam as
de forma indireta por comandos elétricos ou alavancas e manivelas. manobras de forma remota muitas vezes é menor que aquela necessária
A seguir são listadas algumas regras fundamentais para garantir a para efetuá-la de forma local. Isso é explicado tendo em vista que,
segurança dos operadores que atuam numa subestação de média tensão: geralmente, o cuidado de verificar a sequência de atividades é delegado
a um sistema lógico de contatos de intertravamento elétrico, promovido
• Todo chaveamento deve ser visível e sempre que possível indicado de pelos próprios equipamentos, ou ainda a sistemas com inteligência
forma gráfica: com essa premissa, garante-se ao operador e às equipes incorporada.
de manutenção que o seccionamento dos circuitos, assim como o seu A inspeção visual da manobra passa também a ser monitorada por
isolamento previsto, foi alcançado e está facilmente comprovado de sensores ou pela garantia de que o equipamento está desempenhando
forma visual. as tarefas de modo completo. Os sistemas digitais que são incorporados
NBR 14039

• Existência de intertravamentos ou bloqueios entre equipamentos: aos relés de proteção estão dando uma nova dimensão a esses recursos,
sempre que possível, aos circuitos devem ser providos elementos diretos agregando uma inteligência adicional ao conjunto, facilitando mais ainda
ou indiretos de bloqueio e intertravamentos. Os bloqueios diretos são de as manobras e aumentando a segurança dos equipamentos e profissionais
natureza mecânica e garantem que a parte construtiva de um equipamento envolvidos.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Figura 102 – Sala de operação remota de uma instalação elétrica de média tensão

São considerados componentes básicos para o trabalho dos resistência por metro que possibilitem calcular a resistividade do solo
profissionais de operação de instalações elétricas e equipamentos: é o “Método de medição por contato com o arranjo de Wenner”. Este
procedimentos de trabalhos; procedimentos de segurança; e equipamentos método consta da NBR 7117, cujo projeto deve entrar em votação
de segurança. nacional ainda neste trimestre.

22 Considerações sobre projeto de aterramento Descrição do método de medição por contato (arranjo de Wenner)
de subestações
Quatro eletrodos devem ser cravados firmemente no solo,
A norma NBR 15751- Sistemas de aterramento de subestações – alinhados e dispostos simetricamente em relação a um ponto de origem
Requisitos especifica as condições para o dimensionamento do sistema (A) e espaçados entre si por uma distância (d), todos a uma mesma
de aterramento de subestações de energia elétrica acima de 1 kV, em profundidade (p).
frequência industrial. Além disso, a NBR 15571 estabelece os limites Basicamente, pelos eletrodos externos faz-se circular corrente (I)
de segurança para pessoas e instalações dentro e fora dos limites da e, entre os dois eletrodos internos, é medida a tensão (V). A relação
subestação. Por se tratar de uma específica, a NBR 15571 complementa (V/I) fornecerá a resistência (R) em ohm (Ω), com a qual é calculada 229
ou substitui as prescrições da NBR 14039 relativas ao aterramento de a resistividade do solo até uma profundidade aproximadamente igual à
subestações. distância (d) entre os eletrodos, segundo a equação:
Na continuação são apresentadas diversas considerações sobre o
aterramento de subestações à luz das prescrições da NBR 15571.
(Ω·m)
Modelagem do solo

Um dos primeiros passos para o projeto de aterramento de uma


subestação de energia elétrica é a obtenção de dados para a modelagem Se p ≤ d/10, a fórmula pode ser simplificada para:
do solo. De forma geral, a determinação de um modelo matemático
equivalente para o solo em uma dada região onde será implantada (Ω·m)
a subestação exige a realização de diversas medidas, dentre elas a
execução de medições para a determinação de um parâmetro conhecido Por exemplo, se o espaçamento (d) for de 4 metros e os eletrodos
por resistividade do solo. forem cravados a uma profundidade p = 20 cm, a fórmula simplificada
A resistividade do solo é definida como a resistência entre as faces pode ser utilizada, mas, se o espaçamento for de 1 metro, haveria que se
opostas (ambas metálicas) de um cubo de aresta unitária, preenchido com cravar o eletrodo a 10 cm ou menos, o que, via de regra, não é suficiente
material retirado do local. A resistividade depende do tipo, da umidade, para se obter um contato adequado entre o eletrodo de ensaio e o solo.
da temperatura, da salinidade, da contaminação e da compactação do Um conjunto de leituras na mesma direção (em linha) geralmente
solo, entre outras variáveis. Estas medições, geralmente realizadas com tomadas para d = 1, 2, 4, 8, 16, 32 e se o local permitir, até 64 e 128 m,
um terrômetro de quatro terminais (dois externos para corrente e dois indica como varia a resistividade do solo em função da profundidade.
internos para tensão), conjuntos de cabos e hastes auxiliares, devem ser Podem ser utilizadas distâncias intermediárias entre eletrodos desde que
realizadas em um período do ano em que a umidade no solo seja a menor repetidas durante todo o ensaio.
possível. É importante também que, preferencialmente, o local já tenha Note que a resistência de contato dos eletrodos de potencial pode
NBR 14039

sido terraplanado e compactado, ou seja, esteja no momento exato entre influenciar nos resultados. Em alguns instrumentos, há compensação
a preparação para receber as instalações e o início das obras. O ideal seria automática para tais influências, em outros, podemos ajustar esses
efetuar mais de um conjunto de medições em diferentes épocas do ano. valores. Geralmente, os fabricantes dos instrumentos fornecem nos
O método de ensaio mais conhecido para obtenção de valores de catálogos dos produtos as informações necessárias.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

As medições de resistividade devem cobrir toda a área em que o Tabela 37

eletrodo (malha) for instalado. O número de pontos em que deverão ser Tipos de solo Faixa de resistividades estimada (Ω·m)
efetuadas estas medições é função das dimensões do terreno. A nova Água do mar Menor do que 10
NBR 7117 trará uma série de configurações permitidas. Lama, limo, húmus Até 150

A partir da análise dos resultados obtidos no local, podem ser Água destilada 300

necessárias medições com outras configurações. O maior número de Argila 300 – 5.000
Calcário 500 – 5.000
dados possível a respeito do local deve ser fornecido, como tipo do
Areia 1.000 – 8.000
solo (terraplenado, compactado), características da camada (visível),
Basalto A partir de 10.000
interferências encontradas, umidade do solo, clima em que se deu a
Molhado (*): 20 – 100
medição (chuvoso ou seco); identificação com um croqui o local e as
Concreto Úmido: 300 – 1000
direções em que foram realizadas as medições. Seco: 3 kΩ·m – 2 MΩ·m
Para locais com grandes dimensões, basta dividir esses locais em
(*) Típica de aplicação em ambientes externos, notadamente fundações e demais aplicações afins.
segmentos e repetir a prática descrita para cada fração de terreno. Há que se destacar que valores inferiores a 50 Ω-m devem ser considerados altamente corrosivos.

Além da área, outros aspectos devem ser observados na determinação


do número de medições: Estabelecendo a geometria básica da malha
Particularmente no caso da subestação de energia elétrica, o
• As variações nas características do solo local, devendo-se medir eletrodo de aterramento é muito importante para a proteção da
separadamente a resistividade nos diferentes tipos de terreno existentes; instalação, principalmente nas condições de falta para terra, em
• As variações entre os resultados obtidos nas diversas linhas de medição que os desequilíbrios causados pelas correntes de curto-circuito
para uma mesma distância entre eletrodos; podem comprometer a segurança da rede elétrica, não desligando
• Quanto maior a discrepância entre os resultados, maior deve ser o adequadamente o trecho afetado da rede.
número de linhas de medição; Na subestação, o aterramento do neutro do transformador e
• Pontos de uma mesma área em que sejam obtidos valores de resistividade das massas metálicas fornece um caminho de retorno de baixa
com desvio superior a 50% em relação ao valor médio das medições impedância para essa corrente de curto-circuito, o que possibilita a
realizadas podem vir a caracterizar uma subárea específica, devendo maior segurança na operação da proteção. Dessa forma, o projeto do
ser realizadas medições complementares ao seu redor para ratificação sistema de aterramento de uma subestação é definido para a condição
do resultado. Se isso não for possível, considerar a conveniência de de falta para a terra, sendo que o dimensionamento do condutor da
230 descartar a linha de medição. malha está diretamente ligado à capacidade deste de suportar os
No caso de aterramentos em linhas de transmissão e distribuição e esforços térmicos e dinâmicos oriundos das altas correntes de curto-
subestações unitárias, as medições devem ser efetuadas nas direções dos circuito. Além disso, a geometria da malha deve ser adequada para
seus eixos. que os potenciais de passo e de toque, causados pelo processo de
A presença de elementos metálicos enterrados próximo às áreas dissipação das correntes da malha para o solo, estejam dentro de
de medição pode ocasionar erros sensíveis nos valores obtidos. Um limites toleráveis e definidos pelas normas.
dos fatores que indica a presença de interferências externas pode ser Vale destacar que os termos “topologia, geometria, arranjo” do
caracterizado pela não variação do valor da resistência medida para os eletrodo (malha) de aterramento vêm sendo distorcidos ao longo do
diversos espaçamentos. tempo, comprometendo assim seu conceito primário, por exemplo:
Devem ser considerados os seguintes critérios na análise de risco o item 5.1.3.1.2 da ABNT NBR 5419:2005 prescreve que “para
prévia ao ensaio: assegurar a dispersão da corrente de descarga atmosférica na terra
sem causar sobretensões perigosas, o arranjo e as dimensões do
• Não fazer medições sob condições atmosféricas adversas, tendo-se em subsistema de aterramento são mais importantes que o próprio valor
vista a possibilidade da incidência de raios; da resistência de aterramento. Entretanto, recomenda-se, para o caso
• Utilizar Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) compatíveis com de eletrodos não naturais, uma resistência de aproximadamente 10
o tipo e o local da medição a ser realizada; Ω como forma de reduzir os gradientes de potencial no solo e a
• Evitar que pessoas estranhas e animais se aproximem do local; probabilidade de centelhamento perigoso. No caso de solo rochoso
• Não tocar nos eletrodos durante a medição. ou de alta resistividade, poderá não ser possível atingir valores
próximos dos sugeridos. Nestes casos a solução adotada deverá ser
A interpretação dos resultados obtidos no campo é a parte mais tecnicamente justificada no projeto.” (grifo nosso).
crítica do processo e, consequentemente, necessita de maiores cuidados Esta é uma condição clássica da má interpretação dos termos
na sua validação. A variação da resistividade do solo pode ser grande mencionados anteriormente, quando valores de resistência ôhmica
e complexa em função da sua heterogeneidade, exceto para alguns são exigidos em detrimento da geometria do eletrodo (malha) de
casos pode-se estabelecer uma equivalência simples com os valores aterramento e da resistividade do solo em que ele está inserido. A
NBR 14039

apresentados a seguir. utilização dos termos topologia, geometria ou arranjo de um eletrodo


A Tabela 37 é uma fração da existente no texto do projeto da NBR de aterramento deve ser entendida como sendo a configuração
7117 e apresenta valores típicos de resistividade do solo (ρ) em Ohm x geométrica, a quantidade, a direção (horizontal, vertical ou inclinado),
metro (Ω.m). o espaçamento e o posicionamento dos condutores de um eletrodo
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

(malha) de aterramento. As características mencionadas são as Em que:


grandes responsáveis pela diminuição das tensões superficiais (passo S é a seção expressa em milímetros quadrados (mm2);
e toque) perigosas em um eletrodo de aterramento e seus arredores It é a corrente de falta fase-terra expressa em quiloampères (kA);
quando massas metálicas são adequadamente interligadas a ele. t é o tempo expresso em segundos (s);
Dimensionamento do condutor da malha αt é o coeficiente térmico de resistividade do condutor a t °C (°C-1);
O condutor da malha de aterramento de uma subestação ρt é a resistividade do condutor de aterramento a t °C expressa em
é dimensionado levando em conta os efeitos térmicos e mecânicos ohm x centímetro (Ω × cm);
das correntes elétricas que por ele possam passar principalmente as TCAP é o fator de capacidade térmica em joule por centímetro
correntes de curto-circuito. cúbico vezes graus Celsius [J/(cm3 × °C)];
Para o dimensionamento mecânico, a norma ABNT NBR Tm é a temperatura máxima suportável expressa em graus Celsius
15751:2009 indica as bitolas mínimas para condutores de cobre e de (°C), conforme Tabela 1;
aço, que, neste caso, devem ser protegidos contra corrosão conforme Ta é a temperatura ambiente expressa em graus Celsius (°C);
as normas aplicáveis: k0 ;
• Para cobre – 50 mm². k0 é o coeficiente térmico de resistividade do condutor a 0 °C;
• Para aço (protegido contra corrosão) – 38 mm² (5/16”). Caso Tt é a temperatura de referência das cons0tantes do material em
não haja essa proteção, a ABNT NBR 5410:2008 e a ABNT NBR graus Celsius (°C).
5419:2005 determinam uma seção transversal mínima de 80 mm².
A norma apresenta ainda a Tabela 1 – Valores dos parâmetros
Ao adquirir cabos de cobre, especialmente para esta finalidade
para tipos de condutores mais utilizados em malhas de aterramentos.
(corrosão), é necessária uma verificação criteriosa, pois existem
Alguns parâmetros e simplificações possíveis dependem das
no mercado cabos sendo comercializados como “genéricos ou não
conexões existentes na malha. Um destes parâmetros é Tm que é
normalizados”, cuja seção transversal real é bem inferior ao prescrito
obtido na ABNT NBR 15751 – Tabela 2 – Tipos de conexões e seus
nas normas, por exemplo, para cabos de cobre de seção 50mm². A
limites máximos de temperatura.
“versão genérica” possui seção inferior a 32 mm², comprometendo,
dentre outros, o quesito tratado. Tabela 39 - ABNT NBR 15751 – Tabela 2 – Tipos de conexões e seus limites
máximos de temperatura.
Para o dimensionamento térmico, a ABNT NBR 15751 fornece a
equação de Onderdonk, que permite o cálculo da seção do condutor. Conexão Tm oC
O condutor da malha de aterramento deve ter uma seção (S) Mecânica (aparafusada ou por pressão) 250
capaz de suportar a circulação de uma corrente máxima (If), em Emenda tipo solda oxiacetilênica 450 231
quiloampères, durante um tempo (t) em que a temperatura se eleve Emenda com solda exotérmica 850 a

acima de um valor-limite suportável (Tm), considerando uma Emenda à compressão 850b


temperatura ambiente (Ta) e que toda energia térmica fica retida no a
Solda exotérmica, conhecida como aluminotermia, cuja conexão é feita através da fusão obtida
condutor devido à pequena duração da corrente de curto-circuito. pela ignição e combustão de uma formulação em um molde.
b
Obtida por meio de conectores com compressão por ferramenta hidráulica.
A equação de Onderdonk é dada por:
A norma apresenta também a Tabela 3 – Constantes Kf, que
mostra os valores deste parâmetro para as conexões mais utilizadas
e que possibilita uma simplificação da equação de Onderdonk.
Tabela 38 - ABNT NBR 15751 – Tabela 1 – Valores dos parâmetros para tipos de condutores mais utilizados em malhas de aterramentos.

Tipo do condutor Condutância Coeficiente térmico de resistividade Temperatura de fusãoa Resistividade TCAP
% α0 (0 °C) αt (20 °C) (°C) (20 °C) [J/(cm3×°C)]
Cobre (macio) 100,0 0,004 27 0,003 93 1 083 1,724 3,422
Cobre (duro) 97,0 0,004 13 0,003 81 1 084 1,777 3,422
Aço cobreado 40% 40,0 0,004 08 0,003 78 1 084 4,397 3,846
Aço cobreado 30% 30,0 0,004 08 0,003 78 1 084 5,862 3,846
Haste de aço cobreadoa 20,0 0,004 08 0,003 78 1 084 8,62 3,846
Fio de alumínio 61,0 0,004 39 0,004 03 657 2,862 2,556
Liga de alumínio 5005 53,5 0,003 80 0,003 53 660 3,222 2,598
Liga de alumínio 6201 52,5 0,003 73 0,003 47 660 3,284 2,598
Aço-alumínio 20,3 0,003 88 0,003 60 660 8,480 2,670
Aço 1020 10,8 0,001 65 0,001 60 1 510 15,90 3,28
Haste de açob 9,8 0,001 65 0,001 60 1 400 17,50 4,44
NBR 14039

Aço zincado 8,5 0,003 41 0,003 20 419 20,1 3,931


Aço inoxidável 304 2,4 0,001 34 0,001 30 1 400 72,0 4,032
a
Aço cobreado baseado em uma espessura de 254 µm de cobre.
b
Aço inoxidável baseado em 508 µm no 304 de espessura sobre o aço 1020.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Dessa forma, pode-se utilizar a seguinte equação para a inserção no solo ou no eletrodo. Definição tem função de informar
determinação da seção do condutor: e regrar, porém, diversas situações em que aparecem diferenças
de potencial devem ser consideradas perigosas dependendo
Em que: de como elas se apresentem, por exemplo: o risco implícito de
Kf é a constante para materiais considerando temperatura ambiente choque elétrico é muito parecido quando, sem a proteção devida,
(Ta) de 40 °C. toca-se em uma carcaça metálica de um quadro não aterrado, não
importando a distância que se esteja dele.
Tabela 40 - ABNT NBR 15751 - Tabela 3 – Constantes Kf
Os valores máximos permissíveis são estabelecidos em função
Conexão kf do tempo de eliminação do defeito (t) e da resistividade da camada
Mecânica (aparafusada ou por pressão) 11,5 superficial do solo. Nesse sentido, ressalta-se a importância dos
Emenda tipo solda oxiacetilênica 9,2 diferentes tipos de recobrimento do solo, tanto no interior como
Emenda com solda exotérmica 7,5 na periferia das instalações. Em geral, estas coberturas são: solo
Emenda à compressãoa 7,5 natural (terra ou grama), brita, concreto, asfalto, etc.
a Obtida por meio de conectores com compressão por ferramenta hidráulica.
A escolha do tempo de eliminação do defeito (t) deve ser feita
de forma conservativa, levando-se em conta o tipo de proteção
As equações para o dimensionamento dos condutores adotado e as características dos equipamentos de proteção
indicam a corrente de curto-circuito plena (If). Na ocorrência de utilizados. Devem ser considerados dois casos: defeitos com
uma falta para terra, esta corrente irá circular pelo condutor de duração determinada pelo sistema de proteção, tendo em vista a
aterramento (rabicho) no ponto de ocorrência do curto-circuito corrente permissível pelo corpo humano, ou seja, a corrente de
e, ao chegar à malha, se subdividirá pelos diversos ramos da choque de curta duração ( Ichcd ), que é definida como sendo a
malha, proporcionalmente às resistências equivalentes no ponto corrente máxima de não fibrilação (para 99,5% das pessoas de 50
de injeção da corrente. Dessa forma, existe a possibilidade de kg) no intervalo de tempo 0,03 s ≤ t ≤ 3 s. O segundo caso são os
utilização de condutores de malha dimensionados para correntes defeitos de longa duração que não sensibilizam os dispositivos de
inferiores à corrente de curto-circuito plena. proteção considerando a corrente permissível pelo corpo humano
Nos casos em que a temperatura de fusão da conexão de longa duração ( Ichld ), que é definida como a corrente provocada
for inferior à temperatura de fusão do condutor, utiliza-se a por uma tensão de toque ou passo devido a uma corrente de defeito
temperatura da conexão no cálculo da constante Kf . Na Tabela 3 de longa duração.
232 encontramos os valores de Kf para o cobre, considerando o limite
de fusão da conexão. Corrente de choique elétrico de longa duração (Ichld )
Uma vez calculada a seção do condutor, tanto considerando
o efeito mecânico como o térmico, deve-se utilizar o maior valor Esta corrente corresponde ao máximo valor de corrente que
encontrado, sempre a favor da segurança. circula pelo corpo humano sem provocar fibrilação.
O tempo t deve ser escolhido de forma conservativa. Ele A fibrilação auricular é um tipo de arritmia crônica mais
corresponde ao tempo de eliminação do defeito e influi diretamente encontrada, durante a qual os estímulos podem ter uma frequência
nos potenciais toleráveis de passo e toque. de até 600 batimentos por minuto. Desses estímulos, somente
alguns chegam a provocar contrações dos ventrículos e uma
CÁLCULO DAS TENSÕES PERMISSÍVEIS frequência tão elevada não é compatível com a sobrevida das
pessoas acometidas, sendo que com o coração batendo mais
A norma ABNT NBR 15751-2009 estabelece os valores rápido, cerca de cinco vezes mais que o normal, a pessoa chega ao
máximos permissíveis para as tensões de passo e toque em óbito em pouco mais de 30 minutos, se nada for feito.
condições locais preestabelecidas. Estes parâmetros são A fibrilação ventricular é ainda mais grave e só é tolerada
importantes para que um sistema de aterramento seja considerado se for de curta duração. O coração não é capaz de manter a
seguro em uma condição de defeito na instalação elétrica. circulação eficaz com uma frequência cardíaca muito elevada.
Relembrando, a tensão de passo é a diferença de potencial entre Se a corrente atingir diretamente o músculo cardíaco, poderá
dois pontos da superfície do solo separados pela distância de um atrapalhar o seu funcionamento normal. Os impulsos periódicos
passo de uma pessoa, considerada igual a 1 metro (em função que, em condições normais, regulam as contrações (também
do sistema internacional de unidades). A tensão de toque é a chamadas de sístole) e as expansões (diástole) são alterados. Na
diferença de potencial entre um objeto metálico aterrado ou não fibrilação, o coração bate desordenadamente, ocorrendo falha
e um ponto da superfície do solo separado por uma distância no fluxo vital de sangue ao corpo. Mesmo após a interrupção da
horizontal equivalente ao alcance normal do braço de uma pessoa. corrente que causou a fibrilação, o fenômeno ainda continua e,
Essa distância é também convencionada igual a 1 metro. na maioria dos casos, só cessa mediante o uso de um aparelho
NBR 14039

Conhecer as distâncias normalizadas para a definição de chamado “desfribilador”.


tensão de toque e passo pode induzir ao pensamento incorreto e Os valores máximos de corrente de choque de longa duração
perigoso de que ondas de tensão consideráveis apenas aparecem de suportados pelos seres humanos são dados na Tabela 1 da ABNT
forma regular, equidistante e simétrica em relação ao ponto de sua NBR 15751.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Tabela 41 - Tabela 1— Limite suportado pelos seres humanos de corrente elétrica.


Corrente limite de largar de longa duração (Ichld) Ichld ou Ichcd
Rp
Porcentagem da população que suporta Homens Mulheres
99,5% 9 mA 6 mA
50% 16 mA 10,6 mA Ep Rmp Rch

Corrente de choique elétrico de curta duração (Ichld ) Ichld ou Ichcd


Rp

A corrente de choque de curta duração é calculada pela seguinte


Ep
equação:
Figura 104 — Conceito de tensão de passo.

0,116
Ichcd = Dessa forma, a máxima tensão de passo permissível pelo corpo
t
humano é dada pela equação:
Nesta equação, t corresponde à duração do choque. Este valor é
estabelecido pela correlação feita com o tempo máximo (tm) que o
dispositivo de proteção leva para eliminar a falta. No caso de haver
religamento automático, com um intervalo de tempo (tr) inferior Em que:
ou igual a 0,5 s, o tempo a ser considerado deve ser igual à soma
dos tempos da falta inicial e das faltas subsequentes. Se o tempo de Rch - resistência do corpo humano, adotada como sendo 1 k,
religamento for superior a 0,5 s, o tempo a ser considerado deverá expressa em ohms (Ω);
ser o tempo máximo de uma das diversas faltas. Rp - resistência própria de cada pé com relação ao terra remoto (ver
A Figura 103 mostra como escolher o tempo t: definição no Capítulo 1 deste fascículo), expressa em ohms (Ω);
Rmp - resistência mútua entre dois pés, expressa em ohms (Ω);
i
Ichcd - máxima corrente de curta duração admissível pelo corpo
im humano, expressa em ampères (A).

As resistências próprias de cada pé e mútuas entre os pés são 233


dadas por:
in Rp = ρs x C (Ω)
4b

Rmp = ρs
(Ω)
2 x π x Rp
t1 tr t2 tr t3 t
Em que:
Figura 103 — Defeito com religamento.
Rmp - resistência mútua entre dois pés, expressa em ohms (Ω);
Efeito do religamento no tempo utilizado para cálculo das
b - constante igual a 0,083 m (raio de um disco metálico
tensões de passo e toque:
estabelecido como modelo para representar o pé do ser humano);
dp - distância padronizada entre os dois pés (1 m);
se tr ≤ 0,5 s, então tm = t1 + t2 + t3 ρs - resistividade do recobrimento da superfície do solo (Ω x m),
conforme Tabela 42.
se tr > 0,5 s, então tm = máx (t1, t2, t3) Tabela 42 — Resistividade do material de recobrimento (ρs).

Resistividade (Ω x m)
TENSÃO DE PASSO Material Seco Molhado
Quando ocorre uma falta para a terra, a corrente de curto- Brita n. 1, 2 ou 3 3 000
circuito flui pelo aterramento. Esta passagem de corrente gera Concreto 1.200 a 280.000 21 a 100
tensões no solo. A malha de aterramento deve ser projetada de tal Asfalto 2x106 a 30x106 10x103 a 6x106
forma que as tensões de passo na subestação e suas redondezas não
atinjam valores superiores aos permissíveis. Caso não haja recobrimento, utilizar resistividade da camada
NBR 14039

A ABNT NBR 15751:2009 mostra a Figura 104 em que uma superficial do solo (C).
pessoa é representada por um circuito elétrico equivalente aos C - fator de redução que depende da espessura da camada de
parâmetros resistivos envolvidos. A partir deste é apresentada uma recobrimento. As equações para determinação deste componente
equação para se definir a máxima tensão de passo permissível. são as mesmas utilizadas para a tensão de toque.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Considerando Rmp desprezível quando comparada a Rp , tem- Em que:


se: a é igual a 0,106 m
Ep = Rch + 6 x ρs x C Ichcd (V)
K = ρ1 - ρs
ρ1 - ρs
TENSÃO DE TOQUE
A tensão de toque em uma subestação acontece quando uma Legenda:
pessoa toca um componente energizado (não importando se em ρ1 - resistividade da 1a camada (Ωxm);
um tempo curto ou longo). ρs - resistividade do recobrimento da camada superficial
A ABNT NBR 15751 apresenta na Figura 105 uma pessoa (Ωxm), conforme Figura 106;
e um componente energizado representados por um circuito hs - espessura da camada de revestimento superficial (m).
elétrico equivalente com os parâmetros resistivos envolvidos. A
partir deste modelo é apresentada uma equação para se definir a
máxima tensão de toque permissível.
Componente
Energizado

Ichld ou Ichcd Figura 106 — Resistividade do recobrimento da camada superficial.

O fator também pode ser determinado graficamente a partir


Et Rch da Figura 107.
Ichld
ou C
Ichcd

Rp 1,20

Rp 1,10
K=0,0
1,00
Figura 105 — Conceito de tensão de toque.
0,90 K=0,1

A máxima tensão de toque permissível pelo corpo humano


0,80
é dada por: K=0,2

234 0,70
K=0,3
- curta duração: 0,60
K=0,4
0,50

(V) 0,40
K=0,5

K=0,6
0,30
K=0,7
(V) 0,20

0,10
- longa duração:
0,00
0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 hs

(V) Figura 107 — Determinação gráfica do fator de redução C.

C álculo da corrente de malha e parâmetros envolvidos


(V)

O fator de redução é calculado pela equação completa: No caso da ocorrência de uma falta, a corrente que circula
pelo condutor de aterramento é dividida por alguns trechos
do circuito, além de sofrer redução de seu valor modular em
função das impedâncias existentes na instalação até chegar
ao eletrodo de aterramento. Nessas condições, a parcela
que atinge e se distribui pelo eletrodo de aterramento é
efetivamente menor que a corrente no ponto em que ocorreu
a falta. O cálculo correto desse valor pode implicar uma
ou simplificada: significativa redução de custos no projeto do sistema de
aterramento, principalmente no que concerne ao quesito
NBR 14039

“materiais envolvidos” no eletrodo mantendo a margem de


segurança.
Quando tratamos do sistema de aterramento de uma
subestação de energia podemos admitir que ele é constituído pelo
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Acoplamento das
fases com o neutro

Poste de
distribuição Acoplamento das
Alimentador Torre ou poste fases com o para-raios
Neutro de distribuição Pórtico de transmissão
Multiaterrado
Para-raios

Fases
Fases
Aterramento
do neutro Contrapeso

Blindagem dos cabos de


potência e eventual condutor
de acompanhamento

Malha de terra Malha da


SE remota
Eventuais contrapesos
Acoplamento das fases com contínuos
a blindagem dos cabos

Figura 108 — Elementos do sistema de aterramento

eletrodo de aterramento (malha), pelos rabichos de aterramento


e por todos os elementos metálicos e interconectados (cabos Secundário do
transformador
para-raios, torres e postes metálicos, blindagem de cabos de
energia, condutores PEN ou neutro multiaterrado e eletrodos
de aterramento circunvizinhos). A Figura 108 corresponde à 235
Figura 6 da ABNT NBR 15751 e ilustra a descrição.
Quando ocorre uma falta de curta duração, a corrente de
defeito (If) se divide por todo o sistema de aterramento, cabendo Solo
então a cada um dos componentes interligados a função da
dispersão de partes da corrente. A parcela da corrente de falta
Malha em análise
que escoa para o solo pelo eletrodo de aterramento é denominada
Figura 109 – Sem cabo para-raios ou neutro (corresponde à Figura 7a da ABNT
corrente de malha (Im). NBR 15751). A corrente If flui integralmente do eletrodo para o solo, então Im = If.
Uma parcela considerável deve ser atribuída às correntes
que retornam ao sistema pelo eletrodo e que são provenientes
Secundário do
de sistemas monofásicos com retorno pela terra ou qualquer transformador

outra configuração capaz de gerá-la (rede de distribuição com


transformadores monofásicos ligados entre fase e neutro,
transformadores trifásicos com primário em estrela aterrada, etc.). Cabo para-raios
ou neutro
A essa parcela de corrente dá-se o nome de corrente de malha de
longa duração (Imld). Solo
Para se dimensionar o eletrodo de aterramento deve-se
considerar o circuito compreendido por condutores de fase, de
Malha da SE
neutro e a terra, mutuamente acoplados. As fases contribuem alimentadora
Aterramento das
torres ou postes
Malha em análise

para a corrente de falta; o neutro (dependendo do esquema de


Figura 110 – Com cabo para-raios ou neutro (corresponde à Figura 7b da ABNT
aterramento adotado) e o eletrodo de aterramento são caminhos NBR 15751). Além das correntes já vistas também são mostradas as correntes
de escoamento dessa corrente (ou fração dela) para o solo. que fluem pelo circuito formado pelos cabos para-raios e torres da linha de
transmissão.
A ABNT NBR 15751 apresenta duas situações para a
distribuição de Im pelos caminhos possíveis de retorno à fonte
NBR 14039

Para a condição de falta ocorre o acoplamento magnético entre


em sistemas de potência típicos quando há a ocorrência de uma
a fase e, por exemplo, os cabos para-raios. Dessa forma pode-se
falta (Figuras 109 e 110. São mostrados sistemas de transmissão
decompor a corrente circulante em duas componentes:
ou distribuição, radial, com alimentação unilateral. O ponto da
1- o componente devido ao acoplamento (Imutua);
falta está na subestação em que o eletrodo é analisado.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

2- o componente devido à impedância dos cabos para-raios (ou (impedância mútua de Carson).
neutro) multiaterrados (representados por I1 e I2). Rt Resistência de aterramento da torre ligada ao nó 2 (resistência
Analisando a situação verifica-se que o condutor para-raios ôhmica, valor real, não complexo).
drena parte da corrente de falta, diminuindo Im.
Ao modelarmos o sistema mostrado na Figura 111, teremos o
C álculo da corrente simétrica eficaz de malha seguinte circuito elétrico:
Quando Im e If são diferentes, deve-se calcular a corrente eficaz
de malha. Calcular esta corrente exige o modelamento do sistema
por meio de um circuito equivalente. É importante lembrar que a
terra pode ser um dos caminhos de retorno para a corrente de falta.
A ABNT NBR 15751 utiliza a formulação encontrada na
teoria de Carson para a modelagem de linhas de transmissão e de
distribuição. Esta modelagem deve incluir o acoplamento magnético
entre os cabos de fase e de para-raio (ou fase-neutro em linha de
distribuição) durante o curto-circuito, por meio da impedância
mútua. Este acoplamento é importante, pois drena pelos cabos para-
raios (ou neutro) parte da corrente de defeito, diminuindo a corrente
de malha.
As impedâncias próprias e mútuas dependem da resistividade Figura 112 – Circuito elétrico para cálculo da corrente de malha considerando o
do solo, da frequência do sistema, dos tipos de cabos utilizados e da sistema de potência da Figura 2 (Figura 9 da ABNT NBR 1575).

disposição desses cabos na torre de transmissão (ou no poste, para


linhas de distribuição). Se houver geradores e motores contribuindo para a corrente
O circuito mostra o modelamento de um vão (entre postes ou de curto-circuito fase-terra, devem ser utilizadas suas respectivas
torres) de uma linha de transmissão ou de distribuição (Figura 111). impedâncias subtransitórias.
Com o sistema modelado e o circuito montado, calcula-se
a corrente que passa pela resistência representativa da malha
Rm, obtendo-se assim a corrente simétrica eficaz de malha. Para
236 a resolução do circuito elétrico há vários métodos oriundos da
teoria de circuitos elétricos, e cada método assume determinadas
hipóteses para simplificação. A escolha mais conveniente é feita
considerando-se estas hipóteses e a topologia da rede.
O Zeq da Figura 112 é a associação em paralelo dos elementos
constantes na Figura 113.

Resistência
para a terra
relativa à
malha da SE
Figura 111 — Modelo completo de um vão de linha de transmissão ou rede de no ponto da Impedância
distribuição (Figura 8 da ABNT NBR 15751). falta. para a terra
relativa ao
cabo para-raios
Em que: ou ao neutro
k Representação genérica do vão, sendo k = 1 na torre em falta e multiaterrado
situado a
k = n na subestação de alimentação. jusante do
ponto da falta
Vpk+1 Tensão de fase entre pontos 1 e 3, V13 (valor complexo).
Vpk Idem, entre pontos 4 e 6, V46.
Ip Corrente de falta para terra (3 I0 = If, valor complexo).
Ick Corrente complexa no vão k do cabo guarda.
Figura 113 – Circuito do Zeq da Figura 5 (Figura 10 da ABNT NBR 1575).
Itk Corrente complexa que penetra a terra na torre k.
Ick+1 Corrente complexa no cabo guarda do vão k + 1.
(Ip – Ick) Corrente complexa que retorna pela terra no vão k. A corrente simétrica eficaz de malha, que será o parâmetro
NBR 14039

Zp Impedância própria, com retorno pela terra, do cabo fase utilizado no dimensionamento do eletrodo de aterramento, deve ser
(impedância própria de Carson). multiplicada por um fator que leva em consideração a componente
Zc Idem cabo guarda. contínua da corrente de curto-circuito (Df) e o crescimento do
Zm Impedância mútua entre o cabo fase em falta e o cabo guarda sistema (Cp), que serão tratados adiante.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Corrente de Falta If Tabela 43 – Fator devido à assimetria da corrente de falta


(Tabela 10 da ABNT NBR 1575).
Qualquer método de cálculo de obtenção de If necessita Duração da Falta tf Fator de Decremento df
s Ciclos a 60 Hz X/R = 10 X/R = 20 X/R = 30 X/R = 40
do fornecimento das potências de curto-circuito trifásica e de
0,00833 0,5 1,576 1,648 1,675 1,688
fase para a terra no ponto em que será construído o sistema de
0,05 3 1,232 1,378 1,462 1,515
aterramento, bem como as contribuições das linhas envolvidas
0,10 6 1,125 1,232 1,316 1,378
no curto-circuito. Deve-se calcular também a corrente de malha 0,20 12 1,064 1,181 1,232
1,125
de longa duração (Imld). 0,30 18 1,043 1,125 1,163
1,085
A primeira etapa do cálculo dessa corrente consiste em 0,40 24 1,033 1,064 1,095 1,125
definir a maior corrente permissível no neutro de um ou mais 0,50 30 1,026 1,052 1,077 1,101
transformadores, que possam fluir permanentemente no sistema 0,75 45 1,018 1,035 1,052 1,068
de aterramento e que devem servir de parâmetro para o ajuste 1,00 60 1,013 1,026 1,039 1,052
das proteções de sobrecorrente de neutro dessa subestação.
A segunda etapa consiste em determinar a parcela de Esse valor varia inversamente com o tempo de eliminação
corrente que flui pela malha de terra da subestação, bem como da falta e aumenta com a relação X/R do sistema. Para a faixa de
aquela que flui pelo aterramento das linhas de transmissão e tempo de eliminação de falta normalmente considerada igual ou
dos neutros dos alimentadores que estiverem em paralelo com superior a 0,5 s, o fator adotado pode ser de Df = 1.
esse eletrodo, na proporção inversa de suas impedâncias de
aterramento vistas por essa corrente. Fator de Projeção Cp
Com o resultado de Imld, deve-se verificar se os limites O fator de projeção CP considera o aumento da corrente de falta
admissíveis pelo corpo humano, em regime de longa duração ao longo da vida útil da instalação em função do crescimento da
(t > 3 s) das tensões superficiais, conforme 7.1 da ABNT NBR rede de transmissão e de geração de energia elétrica. Analisando
15751, não foram ultrapassados. Caso essa condição não seja os critérios adotados pelo planejamento das unidades geradoras,
atendida em qualquer ponto da subestação, ou arredores, o transformadoras e transmissoras, é possível prever a evolução do
projeto do eletrodo de aterramento deve ser refeito, de forma a nível de curto-circuito do sistema, o que será quantificado pelo fator
suprimir a condição de risco. Cp que multiplica a corrente de malha simétrica eficaz.
Em algumas situações, pode-se identificar uma correlação entre
C onsiderações quanto ao cálculo da corrente de malha os fatores Cp e Sf, considerando, por exemplo, que um incremento 237
no número de linhas de transmissão chegando a uma subestação
Utilizar If ao invés de Im para o dimensionamento do resulta no aumento do nível de curto-circuito, o que pode acarretar
eletrodo de aterramento significa, na maioria dos casos, a redução do fator de divisão, em função do maior número de
superdimensionamento. Há casos em que o uso de If no caminhos para o solo, via cabos para-raios e torres de linhas de
dimensionamento do eletrodo pode inviabilizar sua construção transmissão.
em função da topologia e do espaço existente para a instalação Devido a esse fator, recomenda-se que os estudos de
do eletrodo, assim é importante entender que a utilização de aterramento considerem os níveis de corrente de falta previstos
Im pode ser a diferença para que o projeto seja executado sem até o ano horizonte disponível no planejamento e que reavaliações
deixar de oferecer a segurança exigida. futuras sejam feitas quando houver alterações significativas no
Outro parâmetro que, se considerado individualmente, estudo realizado ou evoluções do sistema, além do ano horizonte
pode levar a um dimensionamento inadequado do eletrodo é inicialmente estudado.
a corrente de suportabilidade de equipamentos. Então, deve-se
considerar Im = If apenas em casos específicos, por exemplo, Cálculo final da corrente de malha
em sistemas elétricos de transmissão sem condutor para-raio,
ou sistemas de distribuição sem cabo neutro conectado ao Com os fatores já mencionados, utilizamos a seguinte equação:
eletrodo. Imalha = Imalha sim ef x Df x Cp

F ator de decremento Df Imalha sim ef


Sf =
Ifalta
Fator que permite a obtenção do valor eficaz equivalente
da corrente assimétrica de falta para um determinado tempo
de corte e deve considerar os efeitos do componente contínua.
Obtém-se Df a partir da equação mostrada a seguir ou com a Fator de distribuição Sf
NBR 14039

Tabela 43. Fator que fornece a parcela da corrente de falta que dispersa na

Im = Imalha = If x Sf x Cp x Df
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

terra pelo eletrodo de aterramento da subestação de energia. do solo no local de implantação da subestação, com o cálculo
Para os casos em que a topologia da rede é muito simples ou correto da parcela da corrente de curto-circuito a ser dissipada pela
quando a impedância mútua for desprezível em relação à impedância malha e com os tempos de atuação das proteções instaladas.
própria pode ser mais conveniente calcular-se Sf. Obtém-se If por Ao contrário de alguns mitos relacionados ao tema que
métodos convencionais, considerando-se os circuitos sequenciais e, persistem no tempo, baixas resistências de aterramento não
diretamente da relação abaixo, a corrente de malha: garantem um projeto seguro, da mesma forma que altas resistências
de aterramento não significam, necessariamente, um projeto
Condição de segurança para futuras expansões inseguro.
O eletrodo de aterramento dimensionado com a "corrente de
malha final", calculada conforme o procedimento que consta da Condutores de aterramento: rabichos e condutores de malha
ABNT NBR 15715, aqui mostrado, garantirá segurança às pessoas, Os condutores de aterramento (rabichos) exercem a importante
desde que não sejam feitas expansões que provoquem uma corrente função de interligar todas as partes condutoras de eletricidade da
de curto-circuito fase-terra superior à [corrente de falta antes da subestação, que não foram construídas com esse fim, mas onde
expansão] x Cp. Havendo qualquer expansão no sistema, essa possa ocorrer a passagem de correntes impulsivas, por exemplo: pés
condição deve ser verificada. de torres, descidas de SPDA (Sistema de Proteção contra Descargas
No dimensionamento de malhas de aterramento é necessária Atmosféricas) e aterramentos de para-raios de linha, diretamente ao
a verificação do surgimento de potenciais perigosos, interna e eletrodo de aterramento.
externamente a essa malha, quando da ocorrência de curtos-circuitos Uma forma prática para considerar a divisão da corrente de
ou na existência de correntes de desequilíbrio entre neutro e terra curto-circuito para a redução do diâmetro do condutor da malha
do sistema. Para tanto, devem-se calcular os valores máximos de consiste na utilização de dois condutores de aterramento em pontos
tensão de toque e de passo que podem ocorrer, bem como verificar distintos da malha, quando do aterramento de equipamentos e
possibilidades de ocorrência de transferência de potencial para elementos metálicos sujeitos à circulação da corrente de falta.
ambas as situações. Cuidados especiais devem ser tomados nos locais em que possa
Sempre é importante ressaltar que um bom projeto de haver movimentação de veículos pesados dentro da subestação. Se
aterramento deve garantir que os níveis de corrente de curto- estes veículos passarem sobre locais onde a malha estiver enterrada,
circuito fase-terra sejam suficientes para sensibilizar a proteção de recomenda-se que o posicionamento dos cabos condutores do
retaguarda, bem como determinar potenciais de passo e de toque eletrodo seja feito de forma a não deixá-los tensionados para que
238 suportáveis aos seres vivos. Estas condições são obtidas pela não arrebentem ou não haja algum tipo de interrupção da malha,
geometria da malha de aterramento compatível com a resistividade principalmente nas conexões e emendas.

Cerca interna à malha

Cabo

Malha

Queda de tensão entre dois Queda de tensão entre dois


pontos de interligação pontos de interligação
à malha à malha
Perfil do potencial no solo
NBR 14039

Figura 114 – Multiaterramento de cercas metálicas no interior do plano da malha de aterramento da subestação.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Secionamento da cerca externa

Secão de cerca Secão de cerca


externa a malha externa a malha

Cabo Cabo
Último cabo da malha
circulação de circulação de
corrente corrente

Haste Haste

Resistividade Resistividade

Perfil do Queda de tensão


potencial no solo entre duas hastes
da mesma seção Queda de tensão
entre duas hastes
da mesma seção

Figura 115 – Multiaterramento de cercas metálicas seccionadas situadas no exterior do plano da malha de aterramento.
239

Potencial da malha e elementos aterrados

Último cabo Último cabo


da malha da malha
NBR 14039

Figura 116 – Níveis de potencial que podem aparecer na malha e nas massas metálicas conectadas na malha.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

— Et2 é a tensão de toque caso a cerca na posição 2 esteja aterrada;


Aterramento das cercas metálicas — Et3 é a tensão de toque na cerca, na posição 3, se esta não estiver
Eventuais cercas metálicas localizadas no interior da malha da aterrada;
subestação devem ser multiaterradas, ou seja, interligadas à malha — Et4 é a tensão de toque na cerca, na posição 4, aterrada.
em vários pontos. As que estiverem localizadas fora da área de
abrangência da malha devem ser seccionadas e cada seção deve ser Aterramento de equipamentos
multiaterrada, porém em quadrículas (meshs) distintas da malha. A
norma ABNT NBR 15751 apresenta as figuras 114 e 115. A ABNT NBR 15751 apresenta no item 10.4 uma série de
No caso de cercas metálicas que saem da área ocupada pela recomendações para aterramento dos diversos equipamentos que
malha, elas devem ser secionadas e cada seção deve ser aterrada compõem uma subestação:
por duas hastes (ver Figura 115). Esta é uma forma de evitar a
transferência de potencial perigoso para pontos distantes. Trechos de • Aterramento de para-raios sobre suportes e de disjuntores de
cercas externas embaixo de linhas de alta tensão e mesmo de baixa corpo único;
tensão devem ser tratados da mesma forma. Estas recomendações • Aterramento de para-raios sobre vigas;
procuram reduzir os riscos do aparecimento de potenciais de toque • Aterramento de transformadores de potencial indutivo;
perigosos nestes trechos de cercas metálicas. • Aterramento de transformadores de potencial capacitivo;
Um exemplo de tensões de toque que podem acontecer em • Aterramento de transformadores de corrente;
cercas metálicas de subestação está exibido na Figura 116. • Aterramento de isoladores de pedestal;
As tensões de toque que aparecem na Figura 116 podem ser • Aterramento de chaves seccionadoras;
transferidas a uma pessoa na zona de influência do eletrodo em • Aterramento de disjuntores com polos separados;
função da posição e da condição de aterramento da cerca: • Aterramento de transformadores de potência monofásicos ou
— Et1 é a tensão de toque na cerca na posição 1 se esta estiver em bancos de transformadores monofásicos;
contato com o solo, mas não ligada à malha (supondo que um cabo • Aterramento de transformadores de potencia trifásicos;
energizado não caia sobre a cerca); • Aterramento de reatores de potência;

240
Terminal de aterramento do
equipamento
(pára raios)

Ramais da
malha
NBR 14039

Haste de
aterramento

Figura 117 – Aterramento de equipamentos sobre suportes.


GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

• Aterramento de transformadores de serviços auxiliares;


23 Q ualidade da energia elétrica nas
• Aterramento de bancos de capacitores (aterrados ou isolados);
instalações de média tensão
• Aterramento de postes de iluminação;
• Aterramento de luminárias e projetores instalados em colunas de
A NBR14039 apresenta inúmeras prescrições
concreto ou metálicas;
relativas ao projeto, às especificações de componentes,
• Aterramento de tomadas de força e telefônicas do pátio da
ao dimensionamento e recomendações de montagens de
subestação;
instalações e sistemas elétricos de média tensão.
• Aterramento de torres de telecomunicação (dentro ou fora da
Conforme indicado em seu item 1.1, o foco da NBR
malha de terra);
14039 é garantir a segurança e a continuidade de serviço. No
• Aterramento de ferragens de cadeias de isoladores;
entanto, a questão da qualidade de energia das instalações de
• Aterramento de cabos e hastes para-raios;
média tensão é mencionada, ainda que de forma muito geral,
• Aterramento de blindagens de cabos isolados;
em 4.2.2 (Limitação das perturbações).
• Aterramento das canaletas e eletrodutos de pátio de subestação;
Segundo 4.2.2, as instalações ligadas a uma rede de
• Aterramento de caixas de passagem;
distribuição pública não devem prejudicar o funcionamento
• Aterramento de circuitos segregados por função;
desta distribuição em serviço normal, da mesma forma que
• Anel de amortecimento ou eletrodo de terra de blindagem;
os aparelhos que fazem parte da instalação, quando em
• Aterramento dos equipamentos eletrônicos no interior da casa de
operação, não devem causar perturbações significativas na
comando;
rede. É oportuno lembrar que a intensidade do efeito de uma
• Aterramento de quadros de serviços auxiliares C.A.;
perturbação sobre a rede de distribuição depende do seu nível
• Aterramento de quadros de serviços auxiliares C.C.;
de severidade e da suscetibilidade dos seus componentes em
• Aterramento de retificadores;
relação a cada tipo de perturbação.
• Aterramento de banco de baterias;
Na prática, é impossível assegurar e manter permanentemente
• Tomadas de força no interior das edificações, geradores, leitos de
perfeita a qualidade da energia, uma vez que nem os geradores
cabos, esquadrias, portas e janelas.
e transformadores conseguem fornecer tensões perfeitas, nem
os aparelhos de utilização devolvem senóides perfeitas de
Cada equipamento tem alguma particularidade para o corrente para a rede. Além disso, os fenômenos transitórios
aterramento que a norma detalha, principalmente, em relação aos subsequentes aos curtos-circuitos na rede e chaveamentos de
241
pontos a serem aterrados, à bitola do condutor de interligação, à circuitos induzem perturbações nas tensões.
fixação e aos tipos de conectores para esta interligação e forma Estas perturbações têm frequentemente origem em
(quantidade) de ligações à malha. dispositivos de chaveamento, proteção e conversão de energia
De forma geral, os equipamentos possuem terminais existentes em unidades industriais que são responsáveis
identificados para o aterramento. Estes terminais devem ser pela poluição da rede interna local, bem como da rede de
interligados diretamente à malha de terra por meio de um condutor distribuição pública, afetando assim outros consumidores.
de mesma seção que o da malha. Na maioria dos casos, perto do Tem-se assim tornado necessário definir critérios
nível do solo, o cabo de interligação deve possuir um conector com de avaliação da qualidade do produto energia elétrica,
duas saídas para que seja possível interligar o equipamento a dois relacionando-os com os limites de admissibilidade de
pontos distintos da quadrícula da malha. Se o equipamento possuir perturbações aceitáveis pelos equipamentos de utilização.
suporte, o cabo de interligação deve ser fixado a ele de forma A definição destes critérios exige a caracterização das
adequada, por exemplo, por meio de conectores de fixação a cada perturbações e o estabelecimento de procedimentos e normas
2,5 metros. A Figura 117 mostra um exemplo de aterramento de de medição, além do estabelecimento de limites aceitáveis
equipamentos sobre suportes. para cada tipo de perturbação.
No caso de transformadores, o projeto da subestação deverá Na época da publicação deste guia não existiam normas
especificar detalhadamente os pontos de aterramento em função do técnicas brasileiras (NBR) sobre qualidade do produto
tipo de transformador e ligações envolvidas. energia elétrica nas instalações elétricas ou sobre limites de
Cuidados especiais sempre devem ser tomados no sentido perturbações que os equipamentos elétricos introduzem nas
de evitar a transferência de potenciais perigosos via elementos redes. No entanto, é possível lidar com o tema utilizando-se
metálicos que partem da área ocupada pela malha de aterramento. alguns documentos relacionados a seguir:
Tubulações metálicas devem ser isoladas e seccionadas a partir do
ponto de cruzamento deste com o último condutor da malha, por • Norma IEC/TR 61000-3-6 ed2.0 - Electromagnetic
material com isolamento compatível em pontos predeterminados, compatibility (EMC) - Part 3-6: Limits - Assessment of
possíveis de ocorrência de potenciais de toque acima dos toleráveis. emission limits for the connection of distorting installations
NBR 14039

O uso de equipamentos ou de dispositivos de proteção e a utilização to MV, HV and EHV power system
de transformadores de isolamento e/ou filtros são recomendados
principalmente para os circuitos de comunicação e de baixa tensão. Este Relatório Técnico (TR), que é informativo em sua
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

natureza, proporciona orientação sobre princípios que podem aos operadores do sistema sobre as práticas de engenharia
ser usados como base para determinar os requisitos para a que facilitarão o fornecimento de energia com qualidade
ligação de instalações que provocam distorções nas redes de serviço adequada para todos os clientes conectados. Ao
públicas de média, alta e extra-alta tensão. Para efeito deste abordar as instalações, este documento não se destina a
relatório, uma instalação que provoca distorção (que pode ser substituir as normas de equipamentos existentes para limites
uma carga ou um gerador) é aquela que produz harmônicas e/ de emissão de harmônicas. O relatório trata da atribuição
ou inter-harmônicas e deve ser entendida como a instalação da capacidade do sistema para absorver perturbações. Não
completa do cliente aborda como mitigar as perturbações, nem a forma como a
O objetivo principal deste relatório é fornecer orientação capacidade do sistema pode ser aumentada.
aos operadores do sistema sobre as práticas de engenharia Problemas relacionados com as flutuações de tensão se
que facilitarão o fornecimento de energia com qualidade dividem em duas categorias básicas:
de serviço adequada para todos os clientes conectados. Ao
abordar as instalações, este documento não se destina a a) Efeitos de Flicker a partir de fontes de luz produzidos
substituir as normas de equipamentos existentes para limites como resultado de flutuações de tensão;
de emissão de harmônicas. O relatório trata da atribuição b) Variações rápidas de tensão, mesmo dentro das tolerâncias
da capacidade do sistema para absorver perturbações. Não normais da tensão operacional, são consideradas como
aborda como mitigar as perturbações, nem a forma como a perturbações.
capacidade do sistema pode ser aumentada.
Problemas relacionados com harmônicas se dividem em O relatório dá orientações para a coordenação das
duas categorias básicas: emissões de flicker entre diferentes níveis de tensão, a fim de
atender a níveis de compatibilidade no ponto de utilização.
a) As correntes harmônicas que são injetadas na rede da • Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL,
concessionária por conversores e fontes harmônicas, dando Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema
origem a tensões harmônicas no sistema. Nestes casos, as Elétrico Nacional – PRODIST, Módulo 8 – Qualidade da
correntes harmônicas e as tensões resultantes podem ser Energia Elétrica, Revisão 1, vigente a partir de 01/01/2010
consideradas como fenômenos conduzidos.
b) As correntes harmônicas que induzem interferências em Os objetivos dos Procedimentos de Distribuição de
242 sistemas de comunicação. Este fenômeno é mais pronunciado em Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional – PRODIST,
frequências mais altas ordem harmônica por causa do aumento do Módulo 8 – Qualidade da Energia Elétrica, são:
acoplamento entre os circuitos e por causa da maior sensibilidade
dos circuitos de comunicação na faixa audível. a) Estabelecer os procedimentos relativos à qualidade da
energia elétrica - QEE, abordando a qualidade do produto e a
Este relatório dá orientações para a coordenação das qualidade do serviço prestado.
tensões harmônicas entre diferentes níveis de tensão, a fim b) Para a qualidade do produto, este módulo define a
de atender certos níveis de compatibilidade no ponto de terminologia, caracteriza os fenômenos, parâmetros e valores
utilização. As recomendações deste relatório não abordam de referência relativos à conformidade de tensão em regime
fenômenos de interferências harmônicas em circuitos de permanente e às perturbações na forma de onda de tensão,
comunicação. estabelecendo mecanismos que possibilitem à ANEEL fixar
padrões para os indicadores de QEE.
•IEC/TR 61000-3-7 ed2.0 - Electromagnetic compatibility c) Para a qualidade dos serviços prestados, este módulo
(EMC) - Part 3-7: Limits - Assessment of emission limits for estabelece a metodologia para apuração dos indicadores de
the connection of fluctuating installations to MV, HV and continuidade e dos tempos de atendimento a ocorrências
EHV power systems emergenciais, definindo padrões e responsabilidades.

Esta parte da IEC 61000 fornece orientação sobre os Os procedimentos de qualidade de energia elétrica
princípios que podem ser usados como base para determinar os definidos neste módulo devem ser observados por:
requisitos para a ligação de instalações que causam flutuações
de tensões em redes públicas de média, alta e extra-alta a) Consumidores com instalações conectadas em qualquer
tensão. Para efeito deste relatório, uma instalação que causa classe de tensão de distribuição;
flutuações de tensão (que pode ser uma carga ou um gerador) b) Produtores de energia;
é aquela que produz uma tensão de cintilamento (flicker) e / c) Distribuidoras;
NBR 14039

ou variações rápidas de tensão e deve ser entendida como a d) Agentes importadores ou exportadores de energia elétrica;
instalação completa do cliente e) Transmissoras detentoras de Demais Instalações de
O objetivo principal deste relatório é fornecer orientação Transmissão - DIT;
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

243

NBR 14039
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

244
NBR 5419
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

245

NBR 5419
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

246
NBR 5419
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

ABNT NBR 5419: 2005


Proteção de Estruturas contra
Descargas Atmosféricas

Sumário

1 Introdução 248
2 Objetivo, campo de aplicação e abrangência 248
3 Responsabilidades 248
4 Avaliação da necessidade da proteção (conforme o Anexo B da NBR 5419) 249
247
4.1 Roteiro da análise da necessidade de proteção 249
4.2 Exemplo de avaliação da necessidade da proteção contra descargas atmosféricas diretas 252
5 Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas (SPDA) 252
5.1 SPDA Externo 252
5.1.1 Cálculo do nível de proteção do SPDA Externo 253
5.1.2 Subsistema de captores ou captação 253
5.1.3 Subsistema de condutores de descida 260
5.1.4 Subsistema de aterramento 267
5.1.5 Fixações e conexões do SPDA externo 270
5.2 SPDA Interno 271
5.2.1 Equalização de potencial ou Equipotencialização 271
5.2.2 Proximidade do SPDA com outras instalações (distância de segurança) 275
5.3 Estruturas especiais 277
6 Inspeção e Documentação 277
6.1 Inspeção 277
6.2 Documentação 278
NBR 5419

7 Proteção das pessoas contra descargas atmosféricas em áreas abertas 280


8 Diagrama de blocos para elaboração de um projeto de SPDA conforme a NBR 5419 281
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

elétricos ou eletrônicos contra os efeitos indiretos dos raios.


1 Introdução
Os efeitos indiretos dos raios (interferências eletromagnéticas e
A proteção contra descargas atmosféricas (raios) é normalizada elevadas diferenças de potencial que criam a circulação de correntes
no Brasil desde 1950 quando foi publicada a NB-165. Baseada em elétricas indesejáveis) podem causar desde o funcionamento incorreto
documentos belgas e contendo seis páginas, esta norma sofreu sua ou a queima de equipamentos em componentes de uma instalação
primeira revisão influenciada por documentos americanos em 1970. elétrica até a parada cardiorrespiratória em um ser humano.
Quando em 1977 teve sua identificação alterada, resultando na Conforme 1.4 da NBR 5419 há também as seguintes situações
primeira versão da NBR 5419 – Proteção de estruturas contra descargas específicas em que os requisitos da norma não são aplicáveis:
elétricas atmosféricas, o documento continha dezesseis páginas. O
primeiro grande salto no conteúdo da NBR 5419 veio com a edição • Sistemas ferroviários;
de 1993, com 27 páginas e texto revisado integralmente com base na • Sistemas de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica
IEC 61024, contendo diversas modificações e incrementos que foram externos às estruturas;
mantidos nas revisões da norma em 2001 e 2005. • Sistemas de telecomunicação externos às estruturas;
A NBR 5419:2005 é denominada Proteção de Estruturas contra • Veículos, aeronaves, navios e plataformas marítimas.
Descargas Atmosféricas, tem 42 páginas e, no momento da publicação
deste guia, está sendo revisada com referência no texto das normas IEC Segundo 1.6 da norma, “A aplicação da norma não dispensa a
62305-1 a 4, edição 2 – Lightning Protection de 2010. A consequência observância dos regulamentos de órgãos públicos aos quais a instalação
dessa revisão, que esta sendo considerada o segundo grande salto deva satisfazer”. Ao contrário, a norma tem o papel de padronizar as
na história da norma, terá o aumento substancial em seu conteúdo, exigências existentes nesses regulamentos.
subdividindo-o em cadernos e abrangendo uma gama maior de
conceitos. Este guia já aborda algumas modificações da revisão em 3 Responsabilidades
andamento.
Os seguintes esclarecimentos iniciais devem ser feitos sobre os No Brasil, a decisão de proteger as estruturas contra os raios pode
Sistemas de Proteção contra Descargas Atmosféricas (SPDA): estar vinculada a um ou mais dos seguintes requisitos:

• A descarga elétrica atmosférica (raio) é um fenômeno da natureza • Exigência legal: neste caso, cabe às secretarias de obras municipais
absolutamente imprevisível e aleatório, tanto em relação às suas determinar quais os tipos de estruturas deverão ser protegidas, ou
248 características elétricas (intensidade de corrente elétrica, tempo de ainda por exigência de normas regulamentadoras, por exemplo, do
duração, etc.), quanto em relação aos efeitos destruidores decorrentes Ministério do Trabalho e Emprego (NR-10);
de sua incidência sobre estruturas, edificações e equipamentos. • Para obtenção de certificações de qualidade, ambiental ou de
• Nada em termos práticos pode ser feito para impedir a incidência segurança;
(“queda”) de uma descarga elétrica em determinada região. A NBR • Por exigência de companhias de seguro, relacionando esta proteção a
5419 não reconhece equipamentos que promovam uma suposta atração incêndios, perdas físicas ou patrimoniais;
de raios a longas distâncias, sendo os sistemas prescritos pela norma • Por precaução, quando um proprietário, mesmo isento de obrigações
prioritariamente captores. Assim, as soluções internacionalmente legais, queira proteger seu patrimônio.
normalizadas e aplicadas buscam tão somente minimizar os efeitos
destruidores a partir da colocação de pontos preferenciais de impacto Para qualquer que seja o caso, a norma fornece subsídios
e condução segura da descarga elétrica para sua conveniente dispersão para que se possa decidir quanto à necessidade da proteção. Caso
na terra. as regulamentações não especifiquem quais estruturas devem
• O assunto SPDA é normalizado internacionalmente pela IEC obrigatoriamente ser protegidas, deverá ser empregado o método de
(International Electrotechnical Comission) e, em cada país, por verificação que consta do anexo B da NBR 5419.
entidades próprias, como a ABNT (Brasil), VDE (Alemanha), NFPA Somente os projetos elaborados com base nas disposições
(Estados Unidos), BSI (Inglaterra), CEI (Itália), dentre outros. normalizadas podem assegurar uma instalação reconhecida como
legalmente eficiente e confiável. Entretanto, esta eficiência nunca
2 Objetivo, campo de aplicação e atingirá os 100% estando, ainda assim, sujeita a falhas na proteção. As
abrangência da NBR 5419 mais comuns são a destruição de pequenos trechos do revestimento das
fachadas de edifícios ou de quinas da edificação ou ainda de trechos de
O objetivo da NBR 5419 é regular as condições mínimas de projeto, telhados. É comum a ocorrência do deslocamento das telhas provocado
instalação e manutenção do SPDA, desde a parte superior extrema do pela movimentação do ar criada pela descarga atmosférica. A eficiência
elemento de captação até o Terminal de Aterramento Principal (TAP), do SPDA, como tantos outros parâmetros de proteção, está vinculada
ponto comum ao Barramento de Equipotencialização Principal (BEP), ao nível de proteção adotado para o sistema.
definido na NBR 5410 e, dessa forma, proteger contra o impacto direto A NBR 5419 define em 3.31 o nível de proteção como: “Termo
NBR 5419

dos raios – dentro de parâmetros aceitáveis – estruturas, seres vivos e de classificação de um SPDA que denota sua eficiência. Este termo
equipamentos. Então, deve ficar claro que as prescrições dessa norma não expressa a probabilidade com a qual um SPDA protege um volume
garantem a proteção de pessoas, instalações elétricas ou equipamentos contra os efeitos das descargas atmosféricas”.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Em 3.43 é definida a eficiência de um SPDA como: ”Relação


4 Avaliação da necessidade da proteção
entre a frequência média anual de descargas atmosféricas que não
(conforme o Anexo B da NBR 5419)
causam danos, interceptadas ou não pelo SPDA, e a frequência
(Ndc) sobre a estrutura”.
4.1 G eral
Assim, vincula-se o nível de proteção com a eficiência do SPDA,
dependendo da exposição da estrutura às correntes elétricas das
Em função das condições presentes no local, há estruturas
descargas atmosféricas e das características dessa estrutura (construção,
que, em teoria, não precisariam da análise que será mostrada a
conteúdo, tipo de utilização e etc.). As curvas existentes na Figura do
seguir, pois a necessidade da existência de proteção é evidente.
item B.5 da NBR 5419 indicam:
Entretanto, em 6.4. a, a NBR 5419 determina que este estudo seja
apresentado juntamente com a documentação exigida para todos
• Nível IV  Eficiência de até 80%;
os projetos de SPDA.
• Nível III  Eficiência de até 90%;
Este estudo deve ser realizado para cada estrutura a ser
• Nível II  Eficiência de até 95%;
protegida e avalia, basicamente, cinco condições da estrutura (o tipo
• Nível I  Eficiência de até 98%.
de ocupação, a natureza da construção, o conteúdo, a localização e
Portanto, por exemplo, existe a probabilidade de uma estrutura
as dimensões), e a densidade de descargas atmosféricas na região,
protegida por um SPDA projetado sob o nível II de proteção
relacionando-as com a probabilidade do risco de dano que poderá
ser atingida diretamente por cinco em cada cem descargas
ser causado a essa estrutura, pessoas ou instalações que estejam em
atmosféricas incidentes.
seu interior.

249

NBR 5419

Figura 1 – Mapa de curvas isoceráunicas Brasil (fonte: Figura B.1-a da NBR 5419)
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

4.1 Roteiro da análise da necessidade de proteção 4.1.5 Calcular a frequência média anual previsível de
descargas atmosféricas (Nd) por ano.

As etapas apresentadas a seguir constituem um roteiro da


análise da necessidade (ou não) de proteção de uma estrutura contra Nd = Ng . Ae . 10-6 [raios incidentes por ano]
descargas atmosféricas de acordo com a NBR 5419.
Este valor mostra o número provável de descargas atmosféricas
4.1.1 Executar levantamento detalhado (no local ou pela que atingem a estrutura em um ano.
documentação em caso de projeto) para obter todas as

informações da estrutura a ser eventualmente protegida. 4.1.6 Calcular a frequência média anual ponderada previsível
de descargas atmosféricas (Ndc).

4.1.2 Obter o índice ceráunico (Td) disponibilizado no mapa


isoceráunico da Figura 1. Multiplicar Nd pelos valores indicados nas Tabelas 1 a 5 a seguir.

O índice ceráunico (Td) corresponde ao número de dias em que Ndc = Nd. A . B . C . D . E [danos por ano]
ocorrem trovoadas em uma região por ano. O mapa isoceráunico
indicado na Figura 1 apresenta esse índice dividido por regiões do
Tabela 1 – Fator A: Tipo de ocupação da estrutura (fonte: Tabela B.1da NBR 5419)
Brasil em curvas topológicas.
Tipo de ocupação Fator A
Casas e outras estruturas de porte equivalente 0,3
4.1.3 Calcular a densidade de descargas atmosféricas para a Casas e outras estruturas de porte equivalente - com antena externa1 0,7
terra (Ng) Fábricas, oficinas e laboratórios 1,0
Edifícios de escritórios, hóteis e apartamentos, e outros edifícios 1,2
Ng = 0,04 . Td1,25 [por km2/ano] residenciais não incluídos abaixo
Locais de afluência de público (por exemplo: igrejas, pavilhões, teatros, 1,3
4.1.4 Calcular a área de exposição equivalente museus, exposições, lojas de departamento, correios, estações e
aeroportos, estádios de esportes

Este cálculo considera a área exposta da cobertura da estrutura Escolas, hospitais, creches e outras instituições, estruturas 1,7
de múltiplas atividades
projetada no solo e expande a área em função da altura da estrutura.
250
Quanto mais alta for a estrutura, maior será a área de exposição
equivalente no nível do solo. Tabela 2 – Fator B: Tipo de construção da estrutura (fonte: Tabela B.2 da NBR 5419)
Ao considerar-se uma estrutura cilíndrica, por exemplo, uma Tipo de construção Fator B
caixa d’água, deve-se então utilizar a equação: Estrutura de aço revestida, com cobertura não metálica1) 0,2
Estrutura de concreto armado, com cobertura não metálica 0,4
Ae= π (r + H)² [m²] Estrutura de aço revestida, ou de concreto armado, com cobertura metálica 0,8
Estrutura de alvenaria ou concreto simples, com qualquer cobertura, 1,0

A norma equaciona uma estrutura retangular ou que possa ser exceto metálica ou de palha
Estrutura de madeira, ou revestida de madeira, com qualquer cobertura, 1,4
transformada em um retângulo equivalente da seguinte maneira:
exceto metálica ou de palha
Estrutura de madeira, alvenaria ou concreto simples, com cobertura metálica 1,7
Ae = L.W + 2 L.H + 2 W.H + π.H2 [m²]
Qualquer estrutura com teto de palha 2,0
1)Estruturas de metal aparente que sejam contínuas até o nível do solo estão excluídas desta
Em que: tabela, porque requerem apenas um subsistema de aterramento.
L – comprimento
W – largura
Tabela 3 – Fator C: Conteúdo da estrutura e efeitos indiretos das descargas
H – altura atmosféricas (fonte: Tabela B.3 da NBR 5419)

Conteúdo da estrutura ou efeitos indiretos Fator C


Limite da área Ae
Residências comuns, edifícios de escritórios, fábricas e oficinas que não 0,3
contenham objetos de valor ou particularmente suscetíveis a danos 1)
Estruturas industriais e agrícolas contendo objetos 0,8
H

particularmente suscetíveis a danos


Estrutura H Subestações de energia elétrica, usinas de gás, centrais telefônicas, 1,0
W

estações de rádio
Indústrias estratégicas, monumentos antigos e prédios históricos, museus, 1,3
l
NBR 5419

galerias de arte e outras estruturas com objetos de valor especial


Escolas, hospitais, creches e outras instituições, 1,7
locais de afluência de público
Figura 2 – Área de exposição equivalente (Ae) para uma estrutura retangular 1)
Instalação de alto valor ou materiais vulneráveis a incêndios e às suas consequências.
(fonte: Figura B.2 da NBR 5419)
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Tabela 4 – Fator D: Localização da estrutura (fonte: Tabela B.4 da NBR 5419)


Localização Fator D 4.1.8 Avaliação geral do risco.
Estrutura localizada em uma grande área contendo estruturas ou árvores da 0,4
mesma altura ou mais altas (por exemplo: em grandes cidades ou em florestas) • Para Ndc ≥ 10-3 → o risco existente requer a instalação de SPDA;
Estrutura localizada em uma área contendo poucas estruturas 1,0 • Para Ndc → 10-5 → o risco existente não torna a instalação do
ou árvores de altura similar SPDA obrigatória;
Estrutura completamente isolada, ou que ultrapassa, no mínimo, 2,0 • Para Ndc = 10-4 → o risco existente sugere que devem existir razões tecni­
duas vezes a altura de estruturas ou árvores próximas ca­mente fundamentadas e documentadas para a não instalação do SPDA.

4.1.9 Escolha do nível de proteção.


Tabela 5 – Fator E: Topografia da região (fonte: Tabela B.5 da NBR 5419)
Topografia Fator E
O nível de proteção do SPDA é um dos mais importantes
Planície 0,3
parâmetros na confecção de um projeto de SPDA.
Elevações moderadas, colinas 1,0
A partir do nível de proteção, são determinados os seguintes
Montanhas entre 300 m e 900 m 1,3
elementos do projeto de SPDA:
Montanhas acima de 900 m 1,7

• Os parâmetros das descargas atmosféricas considerados;


• O ângulo de proteção;
4.1.7 Considerar a frequência média anual admissível de danos • As dimensões dos módulos das malhas e o raio da esfera rolante;
(Nc). • As distâncias preferenciais típicas para distribuição dos condutores
de descida;
Os parâmetros constam do item B.3 da NBR 5419: • A distância de segurança e o comprimento mínimo dos eletrodos
de aterramento.
• Inaceitável → Risco de dano = 1 em cada 1.000 por ano (10-3) Na NBR 5419, o nível de proteção é definido a partir da Tabela
• Aceitável → Risco de dano = 1 em cada 100.000 por ano (10-5) B.6, anexo B (Tabela 6).

Tabela 6 – Classificação das estruturas e escolha do nível de proteção (fonte: Tabela B.6 da NBR 5419)

Classificação da estrutura Tipo da estrutura Efeitos das descargas atmosféricas Nível de proteção
251
Residências Perfuração da isolação de instalações elétricas, incêndio e danos materiais III
Danos normalmente limitados a objetos no ponto de impacto ou no caminho do raio

Fazendas, estabelecimentos Risco direto de incêndio e tensões de passo perigosas III ou IV 2)


agropecuários Risco indireto devido à interrupção de energia e risco de vida para animais devido
à perda de controles eletrônicos, ventilação, suprimento de alimentação e outros

Teatros, escolas, lojas de departamen- Danos às instalações elétricas (por exemplo: iluminação) e possibilidade de pânico II
tos, áreas esportivas e igrejas Falha do sistema de alarme contra incêndio, causando atraso no socorro

Bancos, companhias de seguro, Como acima, além de efeitos indiretos com a perda de comunicações, II
Estruturas comuns 1) companhias comerciais, e outros falhas dos computadores e perda de dados

Hospitais, casa de repouso e prisões Como para escolas, além de efeitos indiretos para pessoas em tratamento intensivo II
e dificuldade de resgate de pessoas imobilizadas

Indústrias Efeitos indiretos conforme o conteúdo das estruturas, variando de danos III
pequenos a prejuízos inaceitáveis e perda de produção

Museus, locais arqueológicos Perda de patrimônio cultural insubstituível II

Estruturas com risco Estações de telecomunicação, usinas Interrupção inaceitável de serviços públicos por breve ou longo período de tempo I
confinado elétricas, Indústrias Risco indireto para as imediações devido a incêndios e outros com risco de incêndio

Estruturas com risco Refinarias, postos de combustível, Risco de incêndio e explosão para a instalação I
para os arredores fábricas de fogos, fábricas de munição e seus arredores
NBR 5419

Estruturas com risco Indústrias químicas, usinas nucleares, Risco de incêndio e falhas de operação, com consequências perigosas para I
para o meio ambiente laboratórios bioquímicos o local e para o meio ambiente
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Na IEC 62305, o nível de proteção pode ser escolhido a Tabela 4 – Localização da estrutura – Fator D: Estrutura localizada
partir da compreensão dos fatores relacionados à análise de risco em área contendo poucas estruturas ou árvores de alturausimilar
(assunto tratado na parte 2 dessa norma IEC). Dessa forma, para  1,0
que os demais parâmetros que dependem desse valor possam Tabela 5 – Topografia da região – Fator E: Elevações moderadas
ser tratados com relativa independência, a IEC 62305 traz uma  1,0
relação direta de classificação para os SPDAs, em que o Nível I
de proteção fornece os parâmetros para o SPDA Classe I, o Nível Então:
II para o SPDA Classe II, e assim sucessivamente (Tabela 7).
Ndc = Nd. A . B . C . D . E = 0,21 . 1,7 . 0,4 . 1,7 . 1,0 . 1.0 = 0,24
Tabela 7 – Relação entre os níveis de proteção contra descargas atmosféricas
e as classes do SPDA (fonte: IEC 62305) dano por ano
Nível de Proteção Classe do SPDA
I I Este valor é bastante elevado para os padrões nacionais e indica
II II que a estrutura poderá sofrer 0,24 danos causados por impacto
III III
direto de raio por ano.
IV IV

- Avaliação geral do risco (ver 4.1.8 deste guia)


4.2 Exemplo de avaliação da necessidade da proteção contra
descargas atmosféricas diretas Comparando o resultado (Ndc = 0,24) com os valores
admissíveis indicados em 4.1.8 (para Ndc ≥ 10-3  o risco existente
Como aplicação prática do roteiro apresentado, considere- requer a instalação de SPDA), conclui-se que a estrutura em questão
se uma estrutura com as seguintes características (ver 4.1.1 deste NECESSITA da proteção contra descargas atmosféricas.
guia): uma escola, localizada em Paragominas (PA), construída
com estruturas de concreto armado fechadas por alvenaria e coberta - Nível de proteção (ver 4.1.9 deste guia):
por laje, com dimensões (em metros) L = 70, W = 50 e H = 23. A
escola possui infraestrutura completa (telefonia e internet via rádio, O nível de proteção (ou a classe do SPDA, segundo a IEC
antena parabólica para TV) e outras utilidades, sendo que os dutos 62305) para a estrutura em análise é obtido diretamente da Tabela 6:
existentes, exceto a rede de hidrante, são de PVC. Teatros, escolas, lojas de departamentos  Nível de Proteção II
252
- Segundo o mapa da Figura 1, o índice ceráunico (Td) é de 140 dias 5 Sistema de Proteção contra Descargas
de ocorrência de trovoadas/ano (ver 4.1.2 deste guia). A tmosféricas (SPDA)

- Densidade de descargas atmosféricas para a terra (Ng) (ver 4.1.3 O Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas
deste guia): (SPDA) é definido em 3.5 da NBR 5419 como: “Sistema
completo destinado a proteger uma estrutura contra os efeitos das
Ng = 0,04 . Td1,25 = 0.04.1401,25= 19,26 raios por km²/ano descargas atmosféricas. É composto de um sistema externo e de
um sistema interno de proteção. Em casos particulares, o SPDA
- Área de exposição equivalente (ver 4.1.4 deste guia): pode compreender unicamente um sistema externo ou interno.
subdividido objetivamente em duas partes: externo e interno.”
Ae = L.W + 2 L.H + 2 W.H + π.H² = 70 . 50 + 2 . 70. 23 + 2 . 50.
23 + π . 23² = 10.682 m² 5.1 SPDA Externo

- Frequência média anual previsível de descargas atmosféricas (Nd) O SPDA Externo é composto por três subsistemas:
(ver 4.1.5 deste guia):
a) Captores;
Nd = Ng . Ae . 10 = 19,26 . 10.682 . 10 = 0,21 raios incidente por ano
-6 -6 b) Descidas;
c) Aterramento.
- Frequência média anual ponderada previsível de descargas
atmosféricas (Ndc) (ver 4.1.6 deste guia): O SPDA Externo ainda pode ser classificado como isolado ou
não isolado.
Tabela 1 – Tipo de ocupação - Fator A: Escolas, hospitais, creches  1,7 Segundo 3.28 da NBR 5419: “SPDA externo isolado do
Tabela 2 – Tipo de construção - Fator B: Estrutura de concreto com volume a proteger: SPDA no qual os subsistemas de captores e
cobertura não metálica  0,4 os condutores de descida são instalados suficientemente afastados
NBR 5419

Tabela 3 – Conteúdo da estrutura – Fator C: Escolas, hospitais, do volume a proteger, de modo a reduzir a probabilidade de
creches  1,7 centelhamento perigoso”.
A distância relacionada ao termo suficientemente afastado
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

deve ser determinada pelo cálculo da distância de segurança (ver ser utilizado em um SPDA dimensionado por qualquer um dos três
5.2.2 deste guia). Entretanto, em 5.1.1.3.1, a NBR 5419 estipula métodos, sendo que o inverso também é verdadeiro. A existência de
um afastamento mínimo de 2 metros entre o subsistema captor um captor Franklin na instalação não implica automaticamente que
e as instalações metálicas do volume a proteger para que fique ela foi dimensionada pelo método do ângulo de proteção, enquanto
caracterizado o sistema isolado. Como medida de prevenção, deve- um SPDA com captação dimensionada pelo método do ângulo de
se efetuar o cálculo e adotar-se a maior distância. proteção não obrigatoriamente deve possuir captores Franklin.
Em 3.24, a NBR 5419 define centelhamento perigoso como:
“Descarga elétrica inadmissível, no interior ou na proximidade
do volume a proteger, provocada pela corrente de descarga
atmosférica.”
Em 3.29, define-se SPDA externo não isolado do volume a
proteger como “o SPDA no qual os subsistemas de captores e de
descida são instalados de modo que o trajeto da corrente de descarga
atmosférica pode estar em contato com o volume a proteger”.

5.1.1 Cálculo do nível de proteção do SPDA Externo


Figura 3 - Captor Franklin

Independentemente do método escolhido para o cálculo


da proteção, o primeiro parâmetro a ser definido para calcular 5.1.2.1 Método do ângulo de proteção (ou Franklin)
corretamente o SPDA Externo é o nível de proteção definido
anteriormente (ver 4.1.9 deste guia). Segundo 5.1.1.1.2 da NBR 5419, os captores podem ser
constituídos por uma combinação qualquer dos seguintes elementos:
5.1.2 Subsistema de captores ou captação
a) hastes;
Definido em 3.9 da NBR 5419 como a parte do SPDA destinada b) cabos esticados;
a interceptar os raios, o subsistema de captores, ou captação, c) condutores em malha;
reconhece três métodos de dimensionamento possíveis: d) elementos naturais.
253
• Ângulo de proteção, conhecido como “Franklin”; A Figura 4 indica como aplicar o método do ângulo de proteção
• Malhas, conhecido como “Faraday ou Gaiola”; para um mastro ou poste (hastes).
• Modelo eletrogeométrico (EGM) ou da esfera rolante fictícia. A Figura 5 para um condutor horizontal instalado sobre
mastros ou postes (cabo esticado). Neste caso, deve-se considerar
Na prática, como os métodos de cálculo para dimensionamento a diminuição do raio de proteção no solo em função da diminuição
dos subsistemas de descida e aterramento são únicos, o SPDA acaba da altura (f) no condutor [r < R].
herdando o nome do método predominantemente utilizado na sua O método Franklin, devido às limitações impostas pela NBR
captação. No entanto, essa prática muitas vezes induz ao erro de 5419 (Tabela 8), tem sido cada vez menos utilizado, ficando seu
confundirem-se determinadas peças utilizadas no subsistema com o uso restrito, em geral, às edificações de pequeno porte ou aplicações
método de cálculo. Por exemplo: um captor Franklin (Figura 3) pode específicas.

Topo do captor R
tg α =
H
α
Onde:
H
α - Ângulo relacionado ao nível de
proteção (Tabela 1 - NBR 5419)

H - Altura do poste/mastro
R
R - Raio da base do cone de proteção
NBR 5419

Base do captor

Figura 4 - Aplicação do método do ângulo de proteção para um mastro ou poste


GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

α
H

R r

r
R

Figura 5 - Aplicação do método do ângulo de proteção para condutor horizontal sobre mastros ou postes

Tabela 8 – Ângulo de proteção para o método de Franklin Exemplo de aplicação do método do ângulo de proteção (Franklin)
(fonte: Tabela 1 da NBR 5419)
Nível de Proteção Ângulo de proteção (α) - método Franklin, em fundação
da altura do captor (h) (ver nota 1) e o nível de proteção Cálculo da proteção para a estrutura utilizada no exemplo tratado
0 - 20 m 21 - 30 m 31 - 45 m 46-60 m > 60 m
em 4.2 utilizando-se o método do ângulo de proteção (Franklin).
I 25 º 1) 1) 1) 2) Trata-se de uma escola, localizada em Paragominas (PA),
II 35 º 25 º 1) 1) 2) construída com estruturas de concreto armado fechadas por alvenaria
III 45 º 35 º 25 º 1) 2) e coberta por laje, com dimensões (em metros) L = 70, W = 50 e H =
IV 55 º 45 º 35 º 25 º 2) 23. A obra possui infraestrutura completa (telefonia e internet via rádio,
1)
Aplicam-se somente os métodos eletrogeométrcos, malha ou da gaiola de Faraday. antena parabólica para TV) e outras facilidades, sendo que os dutos
254 2)
Aplica-se somente ao método da gaiola de Faraday.
existentes, exceto a rede de hidrante, são de PVC.
Notas:
1 - Para a escolha do nível de proteção, a altura é em relação ao solo e , para verificação da área
Dado que toda a edificação deve ser provida de um anel condutor
protegida, é em relção ao plano horizontal a ser protegido. no perímetro superior, que estará interligado ao aterramento, no
mínimo, pelos condutores de descida, pode-se entender que o plano
No entanto, com as curvas apresentadas na IEC 62305-3, referencial criado pela terra “foi elevado” por esse anel superior.
Ed. 2 (Figura 6), o método Franklin torna-se competitivo em Utilizando esse conceito, chamado de plano de referência, admite-se
um número considerável de situações em comparação com os que o plano a ser protegido é aquele onde está a base do mastro (neste
outros métodos de dimensionamento. caso, a laje) e, assim, pode-se utilizar o ângulo α da primeira coluna na
Tabela 7 – Relação entre os níveis de proteção contra descargas atmosféricas Tabela 8. Caso o plano de referência utilizado fosse o solo, ou seja, não
e as classes do SPDA (fonte: IEC 62305)
houvesse um plano de referência elevado, o ângulo α ficaria restrito à
Classe do SPDA Ângulo de Proteção αº
segunda coluna da Tabela 8 ou, dependendo da situação, a utilização
I
do método poderia ser inviabilizada.
II
III
Veja figura abaixo Nas circunstâncias apresentadas:
IV
Tabela 8  Nível II (ver Exemplo 4.2)  altura do captor (h) = 0 - 20
m  α = 35º  R= h . tg α (Figura 7)  R = h . 0,7.

Nessa situação, ao optar-se, por exemplo, pela utilização de


mastros com h = 6 m, a proteção projetada na sua base (laje) é formada
por um círculo de raio R = 4,2 m.

H α
NBR 5419

Figura 6 - Posicionamento de captores para o método do ângulo de proteção R


conforme a Classe do SPDA (fonte: IEC 62305) Figura 7 – Raio de proteção (R) de um captor pelo método Franklin
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Quando se utiliza este método para proteção de uma área retangular, é diagonal até as laterais (considerando-se o diâmetro de proteção de 8,4
conveniente calcular a quantidade de mastros para proteger a estrutura no m), resultando em 121 mastros (Figura 9). Este procedimento, embora
sentido da diagonal da edificação (no caso do exemplo, para o retângulo pareça superestimado, evita o aparecimento de zonas desprotegidas entre
de 70 x 50 m, a diagonal mede aproximadamente 86 m). Considera-se um as projeções de proteção. A opção para diminuir o número de mastros é
mastro em cada extremidade da diagonal, que protege um raio R = 4,2 m. aumentar as suas alturas.
O restante do comprimento da diagonal (86 m – 2 . 4,2 m = 77,6 m) deve Por meio do exemplo é fácil entender a razão pela qual esse método
ser dividido pelo diâmetro de proteção (2 . R = 2 . 4,2 m = 8,4 m), o que deve ser utilizado apenas em situações específicas como proteção de
resulta em 9 mastros. Portanto, são necessários 11 mastros no sentido pequenas estruturas na cobertura ou ainda estruturas com largura e
da diagonal (Figura 8). A seguir, projeta-se a quantidade de mastros da comprimento reduzidos.

Total de 11 mastros
6m

.............................. Condutor periferia:


Caracteriza o plano
4,2 4,2 4,2 4,2 4,2 4,2 4,2 4,2 4,2 4,2 de referência elevado
23 m

Descida

Referência Inicial (Piso)

Aterramento
d = 86 m
Corte mostrando a diagonal
Figura 8 – Cálculo da quantidade de captores no sentido do comprimento da estrutura 255
Anel de
Condutor aterramento Mastro Anel condutor na
de descida Projeção da H = 6m periferia superior
proteção na laje

maior diagonal na
cobertura (56m)
50 m

NBR 5419

70 m
Figura 9 – Distribuição de captores (mastros) na estrutura pelo método Franklin
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

O texto da IEC 62305 – Ed. 2 traz alterações significativas nas


5.1.2.2 Método das malhas (de Faraday ou Gaiola) dimensões dos módulos das malhas, fixando as laterais dos módulos
e diminuindo a sua extensão para as classes correspondentes do
O método das malhas é composto por módulos fechados de SPDA. Ao invés de deixar o comprimento do módulo variar em
condutores elétricos (conectados de forma a criar múltiplos nós e função da largura (nota 2 da Tabela 9), a IEC 62305 especifica
a dividir a corrente elétrica da descarga atmosférica) dispostos no módulos quadrados, conforme indicado na Tabela 10.
plano horizontal ou inclinados sobre o volume a proteger (Figura 10).
Tabela 10 - Posicionamento de captores para o método das malhas conforme a
As dimensões máximas dos módulos das malhas são classe do SPDA (fonte: IEC 62305)

determinadas conforme a Tabela 9, de acordo com a norma NBR Valores máximos dos módulos da malha captora correspondentes à classe do SPDA

5419 e pela Tabela 10, conforme a norma IEC 62305 – Ed. 2. O Método de proteção
método das malhas usualmente tem maior aplicação em estruturas Classe do SPDA Tamanho do módulo Wm (m)
de grandes dimensões de largura e comprimento. I 5x5
As chamadas “Gaiolas de Faraday” são formadas quando, II 10 x 10

construtivamente, a malha da captação for interligada a outras redes III 15 x 15


IV 20 x 20
de condutores envolvendo todos os lados do volume a proteger e
todo este conjunto estiver aterrado.
Exemplo de aplicação do método das malhas (de Faraday ou
Neste método é comum, mas não obrigatória, a utilização de
Gaiola)
mini-captores conectados aos condutores horizontais. Uma vez que
o conceito de proteção reside na malha captora, os mini-captores
Cálculo da proteção para a estrutura utilizada no exemplo tratado
tornam-se apenas pontos preferenciais de impacto do raio, o que
em 4.2 utilizando-se o método das malhas (de Faraday ou Gaiola).
facilita a manutenção do SPDA. Isso ocorre porque é mais fácil (e
Trata-se de uma escola, localizada em Paragominas (PA),
barato) substituir um mini-captor danificado pelo impacto de um
construída com estruturas de concreto armado fechadas por
raio do que trocar total ou parcialmente os condutores horizontais
alvenaria e coberta por laje, com dimensões (em metros) L = 70,
rompidos durante uma descarga.
W = 50 e H = 23. Para o cálculo do subsistema de captores basta
Malha de condutores horizontais utilizar a fórmula apresentada na Figura 10 e os dados contidos na
Tabela 9, conforme a seguir:
Tabela 9: Nível de proteção II (ver 4.2 deste guia)  Largura do
256
módulo da malha (a) = 10 m;
Figura 10: Divide-se o menor lado da estrutura (W = 50 m) pela largura
do módulo (a = 10 m), resultando em 5 módulos, que são espaçados
de forma equidistante (resultando em 6 condutores). A largura dos
módulos no sentido do maior comprimento da estrutura (b) deve ser
b calculada dentro do limite oferecido pela fórmula indicada na Nota
a a 2 da Tabela 9 (b ≤ 2a  b ≤ 20 m). No caso do exemplo, para L
b ≤ 2a
b
= 70 m, existem quatro opções de larguras “inteiras” dos módulos
que atendem à fórmula: 17,5 m; 14 m; 10 m; 7 m. Evidentemente,
quanto menor a largura “b”, maior o número de módulos e uma
maior quantidade de condutores deverá ser utilizada. Para efeito
a deste exemplo, será adotada a maior largura (inteira) permitida pela
Cobertura Plana
NBR 5419, qual seja b = 17,5 m, resultando em 4 módulos, que são
vista em planta b
Cobertura irregular espaçados de forma equidistante (resultando em 5 condutores). Com
telhado em “4 águas”
vista em planta isso, a dimensão final do módulo da malha é 10 x 17,5 m (Figura 11).

Figura 10 - Aplicação do método das malhas

Tabela 9 - Posicionamento de captores para o método das malhas conforme o nível


de proteção (fonte: Tabela 1 da NBR 5419)

Nível de proteção Largura do módulo da malha


(ver Nota 2) [m]
I 5
II 10
III 10
NBR 5419

IV 20

Nota:
2 - O módulo da malha deverá constituir um anel fechado, com o comprimento não superior ao
dobro da sua largura.
Figura 11 – Exemplo de aplicação do método das malhas em uma estrutura
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Tabela 11 - Posicionamento de captores para do método do modelo


eletrogeométrico conforme o nível de proteção (fonte: Tabela 1 da NBR 5419)
5.1.2.3 Método do Modelo Eletrogeométrico (EGM) (ou da
esfera fictícia)
Nível de proteção R (m)
O método EGM, que é tratado no anexo C da NBR 5419, I 20
estabelece o volume de proteção de elementos captores de um II 30
SPDA em qualquer direção. III 45
A aplicação do método EGM consiste em rolar uma esfera IV 60
imaginária por todas as partes externas da edificação (Figura R = raio da esfera rolante
12). Esta esfera tem em seu raio (R) uma projeção estimada da
distância entre o ponto de partida do líder ascendente (terra - Tabela 12 - Posicionamento de captores para o método do modelo eletrogeométrico
nuvem) e a extremidade do líder descendente (nuvem - terra) conforme a Classe do SPDA (fonte: IEC 62305)
Valores máximos permitidos para o raio da esfera rolante correspondentes à classe do SPDA
que formam a descarga atmosférica.
Método de proteção
Simplificando a questão, a NBR 5419 define o raio da esfera
Classe do SPDA Raio da esfera rolante r (m)
fictícia (R) em função dos quatro níveis de proteção adotados
I 20
(Tabela 11) e fornece a equação no caso de ser necessário um
II 30
estudo mais específico. Da mesma forma, a IEC 62305 apresenta
III 45
os raios da esfera rolante em função da Classe do SPDA (Tabela IV 60
12), que são os mesmos da NBR 5419.
Os locais em que a esfera tangencia a estrutura são
preferenciais (maior probabilidade) para o impacto direto dos Exemplo de aplicação do Método do Modelo Eletrogeométrico
raios. Resumindo, pode-se dizer que “os locais onde a esfera (EGM) (ou da esfera fictícia)
toca, os raios também podem tocar” e, portanto, deve-se protegê-
los. Isto é obtido pela instalação de condutores de tal modo que Cálculo da proteção para a estrutura utilizada no exemplo
eles apóiam a esfera rolante sem permitir que a tangente da tratado em 4.2 utilizando-se o método do Modelo Eletrogeométrico
esfera toque na estrutura a ser protegida, ou, no mínimo, que (EGM) (ou da esfera fictícia).
a esfera toque em um elemento do SPDA posicionado naquele Trata-se de uma escola, localizada em Paragominas (PA),
ponto da estrutura. construída com estruturas de concreto armado fechadas por
257

Detalhe ampliado
NBR 5419

Figura 12 - Aplicação do método do modelo eletrogeométrico (EGM)


GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

alvenaria e coberta por laje, com dimensões (em metros) L = 70, W Neste caso, a maior distância entre os mastros é a diagonal da
= 50 e H = 23. laje, ou seja, d² = 70² + 50²  d = 86 m.
Há duas maneiras de se determinar a captação pelo método Essa situação não atende o acima exposto (d ≤ 30 m) uma vez
do Modelo Eletrogeométrico: gráfica e analítica. Por questões de que a esfera toca a laje;
praticidade o método analítico será utilizado a seguir (Figura 13).
- Mastros instalados nos 4 cantos, na metade do comprimento de
cada lateral e no centro da edificação:

Neste caso, a maior distância entre os mastros é a metade da


diagonal da laje, ou seja, d= 43 m.
Essa situação mais uma vez não atende o exposto acima (d ≤ 30
m) uma vez que a esfera ainda toca a laje;
R
R-H - Mastros instalados nos 4 cantos e mais 2 mastros dispostos de
forma equidistante tanto nas laterais quanto no interior da laje da
R
d edificação – total de 16 mastros (Figura 14):
H H
Neste caso, formam-se retângulos de aproximadamente 23
x 17 m, resultando que a maior distância entre os mastros é a
Solo
diagonal deste retângulo (d = 28,6 m). Essa situação atende o
Onde: exposto acima (d ≤ 30 m), o que significa que a esfera toca os
H – altura do elemento captor (neste caso, maestro ou poste);
mastros sem tocar a laje da cobertura.
R – o raio da esfera rolante fictícia (depende do nível de proteção adotado);
d- distância protegida na base do mastro ou poste O raciocínio acima deve ser matematicamente
desenvolvido pelo conceito exposto na Figura 13,
Figura 13 – Método analítico de aplicação do modelo eletrogeométrico (EGM)
considerando-se que a esfera toca em 2 mastros ao invés
Na Figura 13, identifica-se um triângulo retângulo, onde:
de tocar no mastro e na terra. Na prática, a altura do
mastro influenciará em seu distanciamento e na distância
258 de segurança (H-x) que se deseja projetar entre a tangente
Como:
inferior da esfera e a laje (Figura 14).

5.1.2.4 Comparação entre os resultados obtidos nos exemplos


Então:
Nos itens 5.1.2.1, 5.1.2.2 e 5.1.2.3, foram realizados exemplos
de dimensionamentos dos subsistemas de captação utilizando-
se os diferentes métodos de cálculo. Em todos os exemplos,
Para o exemplo em questão: foi utilizada a mesma edificação: uma escola, localizada em
Tabela 11  Nível de Proteção II (ver 4.2 deste Guia)  Raio da Paragominas (PA), construída com estruturas de concreto armado
esfera (R) = 30 m. fechadas por alvenaria e coberta por laje, com dimensões (em
Utilizando um mastro de, por exemplo, H = 6 m, tem-se: metros) L = 70, W = 50 e H = 23. A obra possui infraestrutura
completa (telefonia e internet via rádio, antena parabólica para
d = √ 2 x 30 x 6 − 62 = 18 m TV) e outras facilidades, sendo que os dutos existentes, exceto a
Nesta condição, a utilização de mastros com H = 6 m implica rede de hidrante, são de PVC.
que a proteção projetada na base do mastro (laje) compreende um Comparando-se as duas alternativas que utilizam mastros
círculo de raio igual a 18 m. para captores de h = 6 m, são necessários 121 mastros no caso
O conceito do modelo eletrogeométrico orienta a rolar a esfera da proteção dimensionada pelo método do ângulo de proteção
fictícia sobre vários pontos de apoio (neste caso, os mastros), os (Franklin) versus 16 mastros no caso da proteção dimensionada
quais devem estar dispostos de tal forma que a tangente inferior da pelo método do Modelo Eletrogeométrico (EGM) (ou da
esfera não toque na laje. Portanto, neste exemplo (raio da esfera R esfera fictícia). É evidente que a escolha, neste caso, deve ser
= 30 m, para o Nível II de proteção), o posicionamento dos mastros pelo dimensionamento realizado pelo segundo método. No
deve ser planejado de tal forma que a maior distância entre eles seja entanto, resta a comparação entre o modelo EGM e o método
menor ou igual a 30 m. Na prática, isso é conseguido ao se apoiar das malhas (de Faraday ou Gaiola). Por se tratarem de soluções
a esfera sempre em grupos de 4 mastros. Assim, desenvolve-se o construtivamente diferentes, a decisão entre uma ou outra
NBR 5419

cálculo por tentativa e erro da seguinte forma: deve levar em consideração os aspectos de custo, estéticos,
de facilidade de instalação, manutenção, etc., o que requer um
- Mastros instalados apenas nos 4 cantos da edificação: estudo específico.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

m
30
=
R R-x

x
H=6 H-x
Anel condutor na
periferia superior

23 m Lateral

Anel de aterramento
d≤
30
m 17
28,6

23
50 m

Laje

70 m
Figura 14 – Distribuição de captores (mastros) na estrutura pelo método EGM

prazo até 1993 para que todos os captores radioativos fossem 259
5.1.2.5 Os captores não normalizados retirados e encaminhados àquela Comissão. Dessa forma, desde
1993 os captores radioativos compondo a captação de um SPDA,
Conforme o item 4.7 da NBR 5419, “Não são admitidos por si só, já constituem uma não conformidade com a NBR 5419 e
quaisquer recursos artificiais destinados a aumentar o raio de uma ilegalidade segundo a resolução da CNEN.
proteção dos captores, tais como captores com formatos especiais,
ou de metais de alta condutividade, ou ainda ionizantes, radioativos
ou não. Os SPDA que tenham sido instalados com tais captores
devem ser redimensionados e substituídos de modo a atender a esta
Norma.”
Dessa forma, até que tenham base científica comprovada para
que possam ser incluídos no texto da norma, os chamados “captores
especiais com emissão antecipada de líder”, têm utilização
permitida como elemento componente do subsistema de captores
desde que o método utilizado no dimensionamento da captação seja Figura 15 - Exemplos de captor radioativo
um dos três descritos (ver 5.1.2.1, 5.1.2.2 e 5.1.2.3 deste guia).
A proibição de utilizar captores radioativos (Figura 15) 5.1.2.6 Os captores naturais
como elementos de captação consta da revisão de 1993 da NBR
5419. A alegação de que existe uma maior eficácia em relação ao Qualquer elemento condutor exposto com possibilidade de
aumento do raio de proteção na captação quando utilizado captor receber o impacto direto de um raio deve ser considerado como parte
radioativo em relação ao captor convencional não foi tecnicamente do SPDA. No entanto, esta afirmação não significa que o elemento
comprovada. Isso contraria o princípio para justificativa de em questão deverá ser tratado sempre como um captor natural.
utilização de materiais radioativos que determina o seguinte: Somente poderão ser utilizados como captores naturais os
"qualquer atividade envolvendo radiação ou exposição deve ser elementos metálicos que atenderem às especificações de espessura
justificada em relação às alternativas para produzir um benefício que constam da Tabela 20, que não sejam revestidos com material
NBR 5419

líquido positivo para a sociedade". Em consequência, a resolução isolante. O item 5.1.1.4.2.c prescreve que camadas de pintura de
CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear) 04/89 de 19/04/89 qualquer espessura, camadas de até 0,5 mm de asfalto ou até 1 mm
– Publicada no Diário Oficial da União, em 09/05/89, estabeleceu de PVC não podem ser considerados isolantes.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Elemento protegido
contra impacto direto

SPDA Externo
SPDA Externo

SPDA Interno
PE Quadro de distribuição
dos circuitos de energia

PE
BEL

Interligação com
armadura do concreto
Vai para o BEP
(SPDA Interno)

Prédio

Figura 16 – SPDA externo e interno: aplicação correta para proteção eficiente.


260 A nota 2 de 5.1.1.4.1 cita alguns exemplos de elementos de SPDA conferida a ele. Além disso, a recolocação das novas
condutores em questão: chapas pode não atender às exigências da norma, tornando assim a
proteção contra descargas atmosféricas comprometida no local.
• Coberturas metálicas sobre o volume a proteger; Os caixilhos metálicos das janelas localizados em altura
• Mastros ou outros elementos condutores salientes nas coberturas; superior a 60 m são assunto à parte e constam da nota 3 de
• Rufos e/ou calhas periféricas de recolhimento de águas pluviais; 5.1.1.4.1: “Para os caixilhos metálicos das janelas que se encontram
• Estruturas metálicas de suporte de envidraçados, para fachadas, em altura igual ou superior a 60 m e localizados em regiões cujo
acima de 60 m do solo ou de uma superfície horizontal circundante; índice ceráunico Td seja maior que 25, podem ser tomadas medidas
• Guarda-corpos, ou outros elementos condutores expostos, para alternativas para proporcionar caminhos seguros, excluídas as
fachadas, acima de 60 m da superfície horizontal circundante; descidas externas, preferencialmente pelas ferragens estruturais
• Tubos e tanques metálicos construídos em material de espessura eletricamente contínuas das lajes para equalizar os potenciais que
igual ou superior à indicada na Tabela 4 da NBR 5419 (Tabela 20 aparecerem no local devidos a correntes elétricas originadas das
deste guia). descargas atmosféricas laterais”. Nas demais situações, os caixilhos
devem estar afastados em, no mínimo, 0,5 m do SPDA externo.
Há situações em que o elemento condutor não pode receber o
impacto direto do raio e, portanto, deverá ser tratado como integrante 5.1.3 Subsistema de condutores de descida
do SPDA interno. É o caso, por exemplo, de um aparelho com carcaça
metálica que possua placas eletrônicas fixadas na parte interna dessa O subsistema de condutores de descida é a parte do SPDA
estrutura e que esteja no topo de um edifício (Figura 16). destinada a conduzir a corrente elétrica de descargas atmosféricas
Todavia, há casos em que, mesmo atendendo aos requisitos desde o subsistema de captação até o subsistema de aterramento
normativos, a boa prática da engenharia sugere que o elemento da forma mais curta e retilínea possivel. Os componentes deste
condutor faça parte do SPDA, mas que não seja seu elemento subsistema podem ser posicionados de forma externa, embutidos
principal. Por exemplo, rufos ou outras peças metálicas que tenham na parede da edificação, podem ser compostos por pilares metálicos
espessura compatível com o especificado na norma e que sejam ou pelas armaduras da estrutura do concreto dos pilares, desde que
eletricamente contínuos poderiam ser utilizados como captores haja continuidade elétrica garantida.
NBR 5419

naturais. No entanto, em caso de manutenção pode haver retirada Os anexos D e E da NBR 5419 tratam da utilização das
parcial ou total desses elementos com facilidade, inclusive por armaduras e outros elementos metálicos como condutores de
pessoas que não tem conhecimento sobre a atribuição adicional descida. Além disso, conforme 5.1.2.1, perfis metálicos, estruturas
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

de torres, postes e mastros constituem condutores naturais de


descida que dispensam condutores paralelos ao longo de sua
extensão. Essas aplicações apresentam vantagens técnica e de custo
no que diz respeito à instalação e manutenção de um SPDA quando
comparadas à utilização de condutores de descida externos.
Dessa forma, por exemplo, poderiam ser considerados
desnecessários os cabos posicionados paralelamente ao mastro
desde o captor até a sua base, assim como os cabos de descida
utilizados em torres metálicas que servem de sustentação para
antenas de transmissão de sinal (Figura 17). A corrente da descarga
atmosférica tende a buscar o caminho de menor impedância para
a terra o que, certamente, acontece quando se utiliza a grande
quantidade de metal das estruturas mencionadas ao invés dos cabos
ali instalados.
Figura 19 - Exemplo de curvas desnecessárias

São admitidas emendas nas descidas constituídas por perfis


metálicos, desde que os perfis tenham seções tranversais no
minimo iguais às especificadas na Tabela 15 e os preceitos de
direção já mencionados sejam equivalentes (conforme 5.1.2.5.2).
No caso de condutores na forma de barras, as emendas devem
ser executadas com área de superposição mínima de 100 cm² e
devem ser fixadas, no minimo, com dois parafusos M8 (conforme
5.1.4.2).
Captor Franklin sobre mastro. Os cabos de Captor Franklin sobre mastro. Os cabos de De acordo com 5.2.4.1, os laços devem ser evitados em
cobre descendo em paralelo ao amstro e as cobre podem ser distribuídos a partir da base
peças usadas para fixação e encaminhamento
são desnecessários.
do mastro. todas as direções. Na impossibilidade construtiva, e desde que
tecnicamente justificado em projeto, os laços serão permitidos
Figura 17 - Exemplo da utilização desnecessária de cabos como condutores de
descida (esquerda) até a base do mastro versus utilização da estrutura metálica desde que as distâncias de segurança relacionadas com a
como condutor de descida até a base do mastro proximidade do SPDA em relação às pessoas ou outras instalações 261
De um modo geral, devem ser evitadas curvas nos condutores
forem atendidas. É importante ressaltar que, mesmo cumprindo-
de descida, porém, obviamente, são admitidas aquelas necessárias
se as distâncias de segurança e separação, é considerável o risco
durante a instalação para acompanhar o contorno da edificação ou
de centelhamento perigoso, conforme situação ilustrada na Figura
para ultrapassar obstáculos (Figura 18).
20. Neste caso, medidas adicionais, tais como afastamento (na
vertical) e isolamento do condutor (na horizontal), são apropriadas.

5.1.3.1 Posicionamento dos condutores de descida

Os itens 5.1.2.2 e 5.1.2.3 da NBR 5419 prescrevem a forma


de posicionar os condutores de descida em SPDA isolado e não
isolado, respectivamente.
Figura 18 - Exemplo de curvas necessárias

a) SPDA isolado
A Figura 19 mostra um exemplo de curvas desnecessárias,
que poderiam ter sido evitadas com uma disposição diferente do “5.1.2.2.1 Conforme o tipo de subsistema captor deverão ser
condutor de descida. previstas as seguintes quantidades mínimas de condutores de
Segundo 5.1.2.4.2, não são admitidas emendas nos cabos descida:
utilizados como condutores de descida, nem mesmo se a emenda
for executada por meio de solda. Conforme 5.1.2.6, há apenas a a) um ou mais mastros separados – um condutor de descida para
exceção para a conexão no caso do trecho de interligação entre cada mastro (não condutor);
o condutor de descida e o condutor de aterramento (chamado b) um ou mais condutores horizontais separados – um condutor de
rabicho de aterramento), que pode ser realizada pelo conector de descida na extremidade de cada condutor horizontal;
medição (Figura 25). No caso em que o conector de medição for c) rede de condutores – um condutor de descida para cada estrutura
eliminado e, consequentemente, um trecho do condutor de descida de suporte (não condutor).
NBR 5419

fica enterrado até a sua ligação direta ao eletrodo de ateramento, a


seção transversal do condutor de descida deverá ser, no mínimo, 5.1.2.2.2 O espaçamento entre os condutores de descida e as
igual à do eletrodo de aterramento. instalações metálicas do volume a proteger deve ser não inferior a 2 m”.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

l1 Condutor de descida

S l2

l3
Prédio

d l = l1 + l2 + l3

S = distância
de separação
d
l = comprimento
do laço

d = distância
de segurança

Figura 20 - Implicações e riscos causados por laços nos condutores

262 Dessa forma, desde que atendam às especificações Os condutores de descida assim calculados devem ser
normalizadas de espessura e materiais, os postes e mastros distribuídos ao longo do perímetro do volume a proteger
metálicos podem (e devem) ser considerados como condutores obedecendo aos espaçamentos médios (distâncias) indicados
naturais de descida. na Tabela 13. Se o número mínimo de condutores calculado
for inferior a dois, devem ser instaladas, pelo menos, duas
b) SPDA não isolado – condutores de descida não naturais descidas.
Aumentar o espaçamento recomendado pela norma entre os
Para esta condição, a quantidade mínima de condutores condutores de descida implica alterar as distâncias de segurança,
de descida em uma estrutura é função do nível de proteção que estão diretamente relacionadas aos centelhamentos perigosos.
adotado e é obtida dividindo-se o perímetro da edificação Nos locais em que há impedimento físico (construtivo) para que
pelo espaçamento médio entre descidas (distâncias típicas) esse espaçamento seja mantido, é importante a adoção de medidas
que consta da Tabela 13, conforme a NBR 5419 ou Tabela 14 complementares, tais como o impedimento de acesso ao condutor de
conforme a IEC 62305. descida pela colocação de barreiras ou embutindo-o na alvenaria. É
de suma importância que as soluções adotadas que sejam diferentes
Tabela 13- Espaçamento médio dos condutores de descida não naturais conforme o
nível de proteção (Tabela 2 da NBR 5419)
das prescrições da norma sejam tecnicamente justificadas e constem
da documentação pertinente ao SPDA.
Nível de proteção Espaçamento médio (m)
I 10
Ao iniciar a distribuição das descidas, deve-se dar preferência
II 15 de posicionamento para os cantos da edificação, distribuindo as
III 20 demais descidas de forma equidistante. Neste caso, tomando-se a
IV 25 edificação utilizada em exemplos anteriores (escola, localizada em
Paragominas (PA), construída com estruturas de concreto armado
Tabela 14 – Valores típicos para distanciamento entre descidas de acordo com a fechadas por alvenaria e coberta por laje, com dimensões (em
classe do SPDA segundo a IEC 62305
metros) L = 70, W = 50 e H = 23), tem-se:
Classe do SPDA Distâncias típicas (m)
- perímetro p = 70 . 2 + 50 . 2 = 240 m
I 10
NBR 5419

II 10
- Nível de Proteção II  Tabela 13 – Espaçamento médio = 15 m
III 15 - Número de descidas = 240 ÷ 15 = 16 descidas, sendo que as
IV 20 descidas pelos cantos são preferenciais (d1 a d4) – (Figura 21)
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

d5 d6 d7 d8 Em 5.1.2.3.2, a NBR 5419 determina que “os condutores de


d4 d1
descida não naturais devem ser interligados por meio de condutores
70 m
horizontais, formando anéis. O primeiro deve ser o anel de
14 m 14 m 14 m 14 m 14 m
aterramento (ver 5.1.3.5.2) e, na impossibilidade deste, um anel até
17 m 17 m
d16 d9
no máximo 4 m acima do nível do solo e os outros a cada 20 m de
altura. São aceitos como captores de descargas laterais elementos
50 m 17 m 17 m
condutores expostos, naturais ou não, desde que se encontrem
d15 d10
aterrados ou interligados, com espaçamento horizontal não superior
17 m 17 m
a 6 m, mantendo-se o espaçamento máximo vertical de 20 m”.
14 m 14 m 14 m 14 m 14 m
Como visto, para a captação das descargas atmosféricas é
obrigatória a instalação de um anel na periferia superior das
d3 d2
d14 d13 d12 d11 edificações. Dessa forma, fica evidente que as edificações em que
Figura 21 – Distribuição das descidas não naturais há obrigatoriedade da instalação do SPDA externo devem também
Em uma edificação nova, quando for necessário o uso de possuir, no mínimo, dois anéis interligando as descidas: um no
condutores de descida internos, há que se considerar a distância de topo e outro na base. Note-se que a exceção para o deslocamento
separação e tomar medidas preventivas para evitar riscos inerentes até 4 m de altura acima do anel inferior deve ser acompanhada de
à situação. Esse também pode ser o caso de uma reforma, quando justificativa técnica consistente e não desobriga a construção do
uma descida que era externa passa a ser interna por conta de uma subsistema de aterramento (Figura 22).
modificação estrutural. Tal situação pode ocorrer, por exemplo, em Os condutores de descida não naturais devem estar afastados
expansões industriais em que uma rua, que separava dois prédios, de, pelo menos, 0,5 m de portas, janelas e outras aberturas que
recebe uma cobertura e, dessa forma, a antiga descida externa permitam acesso a seres vivos. Sua fixação deve ser feita a cada
torna-se interna à edificação. metro do percurso em questão (Figura 23).

Anel no perímetro
superior da estrutura
Situação Ideal
263

Anel inferior
eletrodo de aterramento

Anel no perímetro
Situação alternativa superior da estrutura

Anel posicionado na
lateral da estrutura
h≤4m
Deve existir justificativa
técnica para esta
configuração

h
NBR 5419

Eletrodo de aterramento
(vertical ou inclinado)

Figura 22 - Interligação dos condutores de descidas não naturais


GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Conector
de descida

d d d d

d Rabicho de
aterramento

Eletrodo
Subsistemas de captores
Subsistemas de descida
Subsistemas de aterramento
d ≥ 0,5 m

Figura 23 – Afastamento dos condutores de descidas não naturais de aberturas

A instalação de um eletroduto rígido de PVC ou metálico a a proteção for executada com eletrodutos metálicos, o cabo de
pelo menos 2,5 m acima do solo aplica-se apenas para as descidas descida deve ser conectado às extremidades superior e inferior
construídas com cabos elétricos e tem finalidade de proteção destes do eletroduto, de forma a minimizar o risco de centelhamentos
cabos contra danos mecânicos, conforme o item 5.1.2.4.3. Quando perigosos (Figura 24).
264

Parafuso fendido

Captação
Detalhe da interligação
cabo de descida ao duto metálico

Descida

Abraçadeira e
parafuso fendido
Estrutura

Duto Metálico

Piso

Aterramento
NBR 5419

Figura 24 - Interligação do condutor de descida ao eletroduto metálico


GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Cada condutor de descida não natural ou que estiver embutido descarga atmosférica resultar ou não em risco para este material.
na alvenaria deve ser provido de uma conexão que separe o Na prática, em função da dificuldade em obter informações
subsistema de aterramento do restante do SPDA. Este conector, relacionadas aos materiais das paredes (densidade, ponto de fulgor,
comumente chamado de conector de medição ou ponto de medição, etc.), além da necessidade de determinar várias influências externas
deve ser instalado próximo ao ponto de interligação entre a descida que podem estar presente, a boa prática da engenharia recomenda
e o eletrodo de aterramento. Quando a descida estiver embutida, simplesmente o afastamento dos condutores de descida dessas
este ponto passa a ser na própria interligação. Em ambos os casos, a paredes potencialmente inflamáveis.
conexão deve ser desmontável por meio de ferramenta apenas para
manutenção ou ensaios e deve permanecer normalmente fechada. c) SPDA não isolado – condutores de descida naturais
Quando a conexão estiver abaixo do nível do solo, ela deve ser
posicionada dentro de uma caixa de inspeção que deve ser mantida A NBR 5419 (item 5.1.2.4) permite a utilização dos seguintes
em boas condições de limpeza e acessibilidade. elementos como descidas naturais:
A NBR 5419 (item 5.1.2.3.3) permite a utilização de dutos
(tubos ou calhas) de água pluvial como caminho de passagem • Pilares metálicos utilizados nas estruturas;
para condutores de descida, desde que os condutores não sejam de • Elementos da fachada (perfis e suportes metálicos), desde que suas
alumínio, evitando, assim, problemas de corrosão. Para minimizar seções sejam no mínimo iguais às especificadas para os condutores
os riscos de centelhamentos perigosos no local, é importante evitar de descida conforme Tabela 15 e com a sua continuidade elétrica no
laços durante o percurso dos dutos metálicos. Para evitar possível sentido vertical no mínimo equivalente;
corrosão causada por efeitos eletroquímicos (par galvânico), devem • Superfícies condutoras de eletricidade superpostas de forma
ser utilizados preferencialmente cabos isolados como condutores consecutiva, desde que o afastamento entre elas não seja superior
de descidas. a 1 mm, com área de trespasse não inferior a 100 cm2 e que sua
Há também que se considerar o material da parede em que os continuidade não possa ser afetada por modificações posteriores ou
condutores de descida serão fixados. Por exemplo, os condutores de por serviços de manutenção;
descida podem ser instalados diretamente sobre a parede ou mesmo • As instalações metálicas da estrutura (inclusive quando revestidas
embutidos desde que o material da parede não seja inflamável. Se a por material isolante), desde que suas seções sejam no mínimo iguais
parede for construída com material inflamável, segundo 5.1.2.3.4.b às especificadas para condutores de descida na Tabela 15 e com
e 5.1.2.3.4.c, a viabilidade da instalação está condicionada se a continuidade elétrica no sentido vertical no mínimo equivalente;
elevação de temperatura causada pela passagem da corrente de • Tubulações metálicas, exceto gás, podem ser admitidas 265

Armadura
Longitudinal ou Pilar
Vergalhão
vezes o diâmetro
Clips Galvanizado
Trepasse 20

Vergalhão
contato com a armadura

Vergalhão
Trepasse 20 vezes

Vergalhão
do bloco,
Trecho do cabo em

deverá ser estanho

laje ou viga
o diâmetro

Solda Solda (elétrica


(elétrica ou ou Exotérmica)
Trepasse 20
Exotérmica)
vezes o diâmetro

Interligação através do conector


Interligação através da solda
Armadura
Longitudinal ou Pilar
Vergalhão
Vergalhão
contato com a armadura

Vergalhão
Trepasse 20 vezes

vezes o diâmetro
Trecho do cabo em

deverá ser estanho

Arame Torcido
Trepasse 20
o diâmetro

Vergalhão
do bloco,
laje ou viga
Clips Galvanizado Clips Galvanizado

Trepasse 20
vezes o diâmetro

Interligação através do conector


Interligação através do arame recozido
Armadura Armadura
Longitudinal ou Pilar Armadura Longitudinal ou Pilar
contato com a armadura

Longitudinal ou Pilar
Trecho do cabo em

Vergalhão Vergalhão
deverá ser estanho

Trepasse 20 vezes

Vergalhão
Arame Torcido
vezes o diâmetro
o diâmetro

Arame Torcido Solda (elétrica ou Exotérmica)


Trepasse 20

Vergalhão
Cabo de cobre # 50 mm2
do bloco,
Cabo de aço # 80 mm2
laje ou viga

Trepasse 20
vezes o diâmetro
NBR 5419

Interligação através do conector

Figura 25 – Interligação das armaduras de aço


GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

como condutores de descida, desde satisfaçam as condições já A continuidade elétrica das armaduras da estrutura deve ser
mencionadas; determinada pela medição da resistência ôhmica entre a parte superior
• Armaduras de concreto pré-moldado devem ter assegurada e a parte inferior da estrutura em vários pontos (Figura 26). Para
a continuidade elétrica de cada elemento, bem como entre os tanto, devem ser escolhidos pontos que proporcionem circuitos com
elementos adjacentes de concreto pré-moldado; comprimentos semelhantes. Em cada ponto, retira-se o concreto a fim
• Estruturas de concreto protendido não podem fazer parte do de deixar a armadura suficientemente aparente para que os terminais de
sistema de escoamento de corrente de descarga atmosférica, ensaio possam ser conectados e então são realizadas diversas medições
inclusive para certas situações específicas devem as distâncias de nas direções horizontal, vertical e inclinada (diagonal).
segurança devem ser consideradas. Basicamente, as medições são realizadas (1) entre o topo e a base
de alguns pilares, (2) entre o topo e a base das armaduras de pilares
Tabela 15 — Seções mínimas dos materiais do SPDA (fonte: Tabela 3 da NBR 5419)
diferentes e (3) entre vigas (baldrame e intermediárias de amarração) e
Material Captor e anéis Descidas (para Descidas (para Eletrodo de
intermediários estruturas estruturas de aterramento
os pilares. Se os valores medidos para esses circuitos forem da mesma
mm2 de altura até altura superior mm2 ordem de grandeza e inferiores a 1 Ω, a continuidade das armaduras é
20m) mm2 a 20m) mm2
considerada aceitável.
Cobre 35 16 35 50
A título de comparação, a IEC 62305:2010, item 4.3, determina
Alumínio 70 25 70 -
que a continuidade elétrica das barras de aço das armaduras do
Aço galvanizado a 50 50 50 80
concreto deve ser determinada por meio de ensaios elétricos entre a
quente ou embutido
em concreto
parte superior do SPDA e o vergalhão no nível do solo. A resistência
elétrica medida não deve ser superior a 0,2 Ω.
O instrumento de medição deve utilizar uma configuração a quatro
Quando são utilizadas estruturas de concreto protendido com pouca fios (dois para corrente elétrica e dois para tensão). Ele deve ser capaz
espessura (telhas), é importante prevenir não somente o impacto direto de injetar corrente elétrica de 1 A ou superior entre os pontos extremos
como também os centelhamentos. Ambos os efeitos podem descascar da armadura sob ensaio e, ao mesmo tempo, medir a queda de
o concreto que recobre o aço tensionado, causando infiltração de água tensão entre esses pontos. A resistência ôhmica do trecho é calculada
e a consequente oxidação desse aço, que pode levar à destruição do dividindo-se a tensão medida pela corrente elétrica injetada, sendo que
conjunto sob protensão. a maioria dos equipamentos possibilita a leitura direta desse valor.
Há condições pré-estabelecidas em 5.1.2.5.4 para que as armaduras O fato de o equipamento ser suficientemente robusto para oferecer
266 de aço interligadas das estruturas de concreto armado possam ser esse nível de corrente ao circuito ensaiado (≥ 1 A) não significa que os
utilizadas como condutores naturais de descida. Para tanto, deve-se resultados não possam ser obtidos com correntes menores, bastando
garantir que cerca de 50% dos cruzamentos entre barras da armadura, para isso que o trecho seja relativamente curto ou que a continuidade
incluindo os estribos, estejam firmemente unidos e que a região de elétrica seja muito boa.
trespasse apresente comprimento de sobreposição de, no mínimo, 20 A configuração de equipamentos a quatro fios evita o erro provocado
diâmetros da barra. As fixações poderão ser feitas com arame de aço pela resistência própria dos cabos utilizados no ensaio e de seus
torcido, solda ou conectores mecânicos (Figura 25). respectivos contatos. Podem ser utilizados mili-ohmímetros ou micro-
Para edificações existentes, em que é muito difícil garantir que ohmímetros de quatro terminais. No entanto, caso o circuito de ensaio
a interligação entre os vergalhões, tenha sido realizada conforme as seja montado com aparelhos independentes, a NBR 5419 não admite a
prescrições da norma, a utilização das armaduras pode ser viabilizada utilização de multímetro convencional na função de ohmímetro, pois a
somente após a execução de um ensaio de continuidade elétrica que corrente de ensaio se mostraria insuficiente na maioria das situações.
consta do Anexo E da NBR 5419.

5.1.3.2 Anexo E da NBR 5419

Há indiscutível vantagem no aproveitamento das armaduras


do concreto como elemento natural do SPDA, especialmente nos
subsistemas de descida e aterramento. Não fossem os fatos da
visível redução do custo na instalação, da manutenção reduzida e
da pouca exposição do sistema ao roubo, existem ainda locais em
que simplesmente não há condição física (espaço) para a fixação de
elementos que formam a proteção. Dentre muitos exemplos, podem ser
citados os prédios geminados ou estruturas em que linhas elétricas de
energia existentes impedem a instalação dos componentes do SPDA.
Principalmente para estruturas existentes ou ainda para assegurar
NBR 5419

a eficiência das interligações nas construções em andamento, a NBR


5419 utiliza o método a seguir para ensaiar a continuidade elétrica das
Figura 26 – Ensaio de continuidade das armaduras conforme anexo E da NBR
armaduras a fim de utilizá-las como componente natural do SPDA. 5419 (fonte: Anexo E da NBR 5419)
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Nos casos em que não é possível assegurar a continuidade conveniente separar os casos, porém, para um efetivo e confiável
elétrica das armaduras da estrutura, a NBR 5419 (em funcionamento das instalações elétricas, sua consequente proteção
5.1.2.5.4.b) permite que condutores específicos para prover a e das pessoas, deve existir um eletrodo de aterramento único para
continuidade sejam embutidos na estrutura. Estes condutores cada edificação ou estrutura.
devem ter continuidade elétrica assegurada por solda ou por
conexão mecânica adequada, além de estarem obrigatoriamente 5.1.4.1 Eletrodo de aterramento
interligados às armaduras de aço existentes. Esse assunto é tratado
com detalhes no Anexo D da norma. A NBR 5419 define, em 3.12, o “eletrodo de aterramento”
Deve-se notar que o título do Anexo D é: “Uso opcional de como: “Elemento ou conjunto de elementos do subsistema de
ferragem específica em estruturas de concreto armado” (grifo aterramento que assegura o contato elétrico com o solo e dispersa
nosso). Portanto, considerando-se que a continuidade elétrica das a corrente de descarga atmosférica na terra”.
armaduras existentes pode ser garantida por meios construtivos Para assegurar as adequadas condições de funcionamento
usualmente utilizados (amarrações, soldas, sobreposições), a do eletrodo de aterramento devem ser levados em consideração
inserção de elementos adicionais é desnecessária e obviamente tanto os componentes metálicos do eletrodo quanto as condições
custosa. intrínsecas do solo em que eles foram instalados.
Há evidentes vantagens técnicas e econômicas em relação Em 5.1.3.1.2 da NBR 5419, é indicado que: “Para assegurar
ao projeto, à instalação e à manutenção com a utilização de a dispersão da corrente de descarga atmosférica na terra sem
elementos estruturais como SPDA. Por exemplo, a instalação dos causar sobretensões perigosas,v o arranjo e as dimensões do
anéis horizontais externos, prescritos em 5.1.2.3.2, deixa de ser subsistema de aterramento são mais importantes que o próprio
necessária, pois eles são substituídos pelas vigas de amarração valor da resistência de aterramento. Entretanto, recomenda-
dos pilares, geralmente dispostas a cada 3 m em uma construção. se, para o caso de eletrodos não naturais, uma resistência de
Entretanto, é necessária uma análise criteriosa em relação à aproximadamente 10 Ω, como forma de reduzir os gradientes de
possibilidade da ocorrência de danos no revestimento da estrutura potencial no solo e a probabilidade de centelhamento perigoso.
no ponto de impacto do raio e suas consequências. No caso de solo rochoso ou de alta resistividade, poderá não ser
Do ponto de vista do SPDA interno, as interligações possível atingir valores próximos dos sugeridos. Nestes casos, a
para redução das diferenças de potencial internas à estrutura solução adotada deverá ser tecnicamente justificada no projeto.”
seguem o mesmo critério do sistema externo. Assim, próximo Portanto, “10 Ω” é um valor estabelecido como valor máximo
ao solo e, no máximo, a cada 20 m de altura, todas as massas desejável, porém, se por impedimento técnico, este valor não 267
metálicas (tubulações, trilhos, etc.) deverão ser ligadas direta ou for atingido, isso absolutamente não implica que o sistema de
indiretamente a uma armadura local, preferencialmente da viga de aterramento está irregular ou inadequado segundo a norma.
amarração ou no centro geométrico da laje. Os sistemas elétricos Sem entrar no mérito de como o eletrodo de aterramento deve
de energia e de sinal deverão ser referenciados ao barramento ser ensaiado (assunto tratado na NBR 15749), deve-se considerar
de equipotencialização mais próximo (BEP ou BEL), que estará o seguinte:
conectado à armadura ou ao eletrodo de aterramento.
• A NBR 5419 traz prescrições sobre o projeto e a instalação de
5.1.4 Subsistema de aterramento eletrodos de aterramento visando à proteção contra descargas
atmosféricas. São medidas para a diminuição das tensões
O sistema de aterramento, que deve estar presente no SPDA superficiais (toque e passo) e dos centelhamentos perigosos,
e nas instalações elétricas de energia e de sinal, tem a principal levando-os a níveis aceitáveis em relação ao risco de danos às
função de escoar para a terra as correntes elétricas indesejáveis pessoas, estruturas e, de forma secundária, às instalações e aos
que surjam nesses locais, de modo a causar a menor perturbação equipamentos.
possível (tensões superficiais – toque e passo) nos arredores. • O eletrodo de aterramento não é o único componente do SPDA
O sistema de aterramento é um componente fundamental e, como já visto, seu funcionamento está vinculado ao meio em
de diversos sistemas de proteção em uma instalação elétrica, que foi inserido (o solo). A resistividade do solo é componente
tais como: proteção contra choques elétricos (NBR 5410:2004, direta na formação do valor que será obtido no ensaio da medição
em 5.1); contra descargas atmosféricas (NBR 5419:2005, em da resistência ôhmica do eletrodo, o que torna inviável a exigência
5.1.3); contra sobretensões, na proteção de instalações elétricas prévia de qualquer valor de resistência ôhmica sem conhecer os
de energia e de sinal (NBR 5410:2004, em 6.3.5); contra parâmetros envolvidos. Valores referenciais (metas preferenciais)
sobretensões na proteção de linhas elétricas de telecomunicações são aceitáveis, mas, caso não sejam atingidos, há inúmeras
(NBR 14306:1999); e na proteção contra descargas eletrostáticas outras formas de redução dos riscos já mencionados (isolação,
(NBR 5410:2004, em 6.4). afastamento, mudança de topologia, configuração, etc.).
Na prática, é comum que seja feito um estudo em separado • O valor da resistência ôhmica obtido no ensaio do eletrodo de
NBR 5419

para cada proteção mencionada, o que pode induzir ao erro de aterramento ajuda a determinar quanto o conjunto (eletrodo +
interpretação de que os eletrodos de aterramento devem ficar solo) é eficaz na dispersão das correntes indesejáveis (raios, curto-
separados. Para efeito de estudo e compreensão dos fenômenos, é circuito, etc.) no solo. No entanto, este valor em si não determina
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

a integridade física do eletrodo de aterramento, sendo que, para armaduras dos pilares (vergalhões com emendas sobrepostas por
esta finalidade, devem ser utilizados outros tipos de ensaio, tais no mínimo 20 vezes o seu diâmetro, firmemente conectados com
como a medição da continuidade elétrica do eletrodo. arame recozido, por meio de solda ou conectores mecânicos em
50% de seus cruzamentos) também se aplicam às armaduras de aço
Para o caso da utilização de condutores específicos na das estacas, dos blocos de fundação e das vigas baldrame. Se, por
composição do subsistema de aterramento do SPDA, a Tabela algum motivo, a continuidade elétrica das armaduras não puder ser
15 especifica as seções mínimas dos condutores em função do garantida, então deve ser realizado o ensaio conforme previsto no
material empregado nessa função. anexo E da NBR 5419 (ver 5.1.3.2 deste guia).
Em 5.1.3.2, é permitida a utilização dos seguintes eletrodos de Uma alternativa para locais onde não existem estruturas
aterramento: contínuas é a utilização de barra de aço ou vergalhão com diâmetro
mínimo de 8 mm, ou ainda fita de aço de 25 mm x 4 mm, disposta
• Armaduras de aço das fundações, comumente conhecidas como com a largura na posição vertical. O elemento deve formar um anel
“ferragens”, consideradas como eletrodo natural de aterramento; no entorno da edificação, conectar todos os elementos individuais
• Condutores horizontais radiais, verticais ou inclinados (arranjo de descida e estar embutido em, no mínimo, 5 cm de concreto.
tipo A); Para o caso da utilização conjunta dos subsistemas naturais de
• Condutores em anel (arranjo tipo B). descida e de aterramento, as interligações entre as armaduras das
fundações e dos pilares devem seguir as mesmas prescrições já
Como regra, em 5.1.3.2.2, não é recomendada a utilização apresentadas (ver 5.1.3.1.c deste guia).
de placas ou grades como eletrodo principal de aterramento por
motivo de corrosão. No entanto, como visto adiante, a utilização b) Eletrodos não naturais de aterramento – Aterramento pontual
desses elementos é indicada como medida complementar para (arranjo tipo “A”)
redução de tensões superficiais e como equipotencialização.
Quando da utilização de eletrodo de aterramento não natural, Com características de utilização bastante limitadas, este
a sua distribuição deve ser feita de forma adequada e seguindo a arranjo é composto de eletrodos (radiais, verticais, horizontais
melhor configuração topológica permitida pelo terreno. ou inclinados), que, segundo o item 5.1.3.3.2 da norma, deve
O gráfico da Figura 27 mostra a relação entre o comprimento ser utilizado em solos com resistividade de até de 100 Ω.m e em
total mínimo do eletrodo de aterramento e a resistividade do solo estruturas com perímetro não superior a 25 m (Figura 28).
268 no local. Nota-se que o comprimento mínimo do eletrodo para os Cada condutor de descida é conectado a um eletrodo distinto e
níveis de proteção II a IV não depende da resistividade do solo, devem ser instalados, no mínimo, dois eletrodos que não devem ter
enquanto apresenta uma grande variação no caso do nível de comprimento inferior ao estabelecido na Figura 27: para eletrodos
proteção I. radiais e horizontais, adota-se o comprimento diretamente obtido
no gráfico da Figura 27 e, para eletrodos inclinados ou verticais, o
comprimento obtido no gráfico, deve ser dividido por 2.
Vejamos um exemplo numérico para o especificado em
5.1.3.3.2:
O eletrodo será instalado em uma guarita, quadrada, com lateral
igual a 6 m. A estratificação do solo resultou em um terreno cuja
primeira camada tem 90 Ω.m a até 4 m de profundidade. Em função
do grande número de pessoas que por ali transitam e pela quantidade
de componentes eletrônicos existentes (controle de CFTV, ramais
telefônicos, controle eletrônico de acesso, computadores em rede,
etc.), o nível de proteção adotado para o SPDA é II. Entrando com
o valor de 90 Ω.m e Nível de Proteção II no gráfico da Figura 27,
obtém-se o valor l = 5 m. Desta forma, o comprimento mínimo do
eletrodo é dado por:
Figura 27 - Comprimento mínimo dos eletrodos de aterramento em função dos
níveis de proteção e da resistividade do solo (fonte: Figura 2 da NBR 5419)
• 5 m (valor direto do gráfico), quando se tratar de componentes
instalados na horizontal ou de forma radial; ou
a) Eletrodos naturais de aterramento • 2,5 m (valor do gráfico dividido por 2), quando se tratar de
componentes instalados na vertical ou inclinados.
As armaduras de aço embutidas nas fundações das estruturas
que satisfaçam os requisitos de continuidade elétrica, esforços Assim, no caso deste exemplo, pode-se concluir que uma haste
NBR 5419

eletrodinâmicos, térmicos e contra corrosão devem ser que tenha comprimento menor do que 2,5 m, quando instalada no
preferencialmente utilizadas como eletrodo natural de aterramento. final do condutor de descida, não tem comprimento suficiente para
As prescrições utilizadas para validar a utilização das ser considerada como eletrodo de aterramento.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

prática, vincula-se o condutor vertical ao local da descida.


Caso haja necessidade da distribuição de um número maior de
condutores verticais do que a quantidade de descidas, a distância
entre os condutores não deve ser inferior ao seu comprimento (por
exemplo, para condutores verticais de 3 metros de comprimento,
a distância entre condutores deve ser maior ou igual a 3 metros).
Excetuando-se os eletrodos de aterramento formados por
condutores que interliguem as fundações sem continuidade
elétrica (sapatas, estacas, etc.), os demais devem estar
posicionados a uma distância tipicamente entre 1 m e 1,5 m
da edificação e ser enterrados a uma profundidade mínima
de 0,5 m.
Basicamente, o posicionamento do eletrodo de aterramento
é função das condições do solo (resistividade) e da corrosão,
fatores que, com o passar do tempo, podem provocar variação
relevante em seu desempenho. Em relação à corrosão, vale
Figura 28 – Exemplo de eletrodo de aterramento pontual destacar que o projeto deve sempre considerar que a conexão
de metais diferentes (por exemplo, cobre e aço), sem as devidas
Caso os eletrodos resultem de uma combinação de formas de
precauções, pode causar corrosão eletrolítica. Uma solução
instalação, por exemplo, horizontal e vertical, deve-se considerar o
prática comumente adotada para prevenir problemas com
comprimento total dos elementos enterrados.
resistência mecânica, instabilidade do solo e corrosão é a de
Quando forem instalados eletrodos radiais, o ângulo entre dois
envelopar o eletrodo em uma mistura de cimento com areia
condutores adjacentes deve ser superior a 60° para minimizar os
(concreto magro).
efeitos de correntes elétricas induzidas.
Quando a estrutura não possuir SPDA externo, o eletrodo
Em qualquer caso, cuidados especiais com o aparecimento
de aterramento deverá estar adequado conforme prescrições já
de tensões superficiais perigosas devem ser cuidadosamente
apresentadas para suprir as necessidades do SPDA interno (ver
considerados. Exemplos de cuidados são o aprofundamento do
5.2 deste guia).
eletrodo de aterramento, o recobrimento do eletrodo com brita,
269
asfalto, etc., ou o afastamento físico por meio de barreiras. 5.1.4.2 Resistividade do solo segundo a norma ABNT NBR 7117

c) Eletrodos não naturais de aterramento – Aterramento em anel Antes de tomar qualquer decisão de projeto ou da construção/
(arranjo tipo “B”) instalação de um eletrodo de aterramento, é fundamental
conhecer a resistividade do solo para determinar, por cálculo ou
O aterramento em anel é caracterizado pela instalação de medição, a resistência do eletrodo de aterramento.
condutores horizontais em circuito fechado circundando a Conforme a NBR 7117, para determinação da resistividade
edificação ou embutidos nas fundações (Figura 29). do solo deve ser utilizado o “método de medição por contato
A utilização desta configuração de eletrodo é obrigatória para com o arranjo de Wenner”.
estruturas com perímetro superior a 25 m. A resistividade do solo é definida como a resistência entre as
faces opostas (ambas metálicas) de um cubo de aresta unitária,
preenchido com material retirado do local. Ela depende do tipo,
umidade, temperatura, salinidade, contaminação e compactação
Tabela 16 - Valores típicos de resistividade de alguns tipos de solo
Tipos de solo Faixa de resistividade (Ω.m)
Água do Mar <
10
Alagadiço, limo, humus, lama até 150
Água destilada 300
Argila 300 - 500
Calcário 500 -5.000
Areia 1.000 - 8.000
Figura 29 – Exemplo para eletrodos de aterramento em anel e malha Granito 1.500 - 10.000
Basalto a partir de 10.000
Dependendo da condição do solo (resistividade), podem Concretoa Molhado: 20 - 100
ser acrescidas ao anel outras formas de condutores (verticais,
NBR 5419

Úmido: 300 - 1.000


inclinados ou radiais) para melhorar o escoamento das correntes Seco: 3 kΩ - 2 MΩ.m
elétricas. Nestes casos, os condutores devem ser distribuídos A categoria molhada é típica de aplicação em ambientes externos.
a

Valores inferiores a 50 Ω.m são considerados altamente corrosivos


uniformemente ao longo do perímetro do anel. Como regra
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Tabela 17 - Materiais do SPDA e condições de aplicação (fonte: Tabela 5 da NBR 5419)


Material Aplicação Corrosão

Ao ar livre Enterrado Embutido no concreto Embutido no reboco Resistência Risco Agravado Eletrolítica

Cobre Maciço, encordoado - Maciço ou A mais substâncias Cloretos altamente concentrados; -


ou como revestimento de encordoado compostos sulfúricos; materiais
haste de aço orgânicos
Aço de construção comum Maciço ou Maciço ou Maciço ou - Boa mesmo em - Com o cobre
ou galvanizado a quente encordoado encordoado encordoado solos ácidos

Aço inoxidável Maciço ou Maciço ou - Maciço ou A muitas substâncias Água com cloretos -
encordoado encordoado encordoado dissolvidos

Alumínio Maciço ou - - - - Agentes básicos Com o cobre


encordoado

Chumbo Como revestimento - - Boa mesmo em Solos ácidos -


solos ácidos

do solo, entre outras variáveis. Todos os conceitos e aplicações


relativos à resistividade do solo encontram-se na NBR 7117. 5.1.5.2 Materiais e dimensões
Na Tabela 16, são apresentados valores típicos de
resistividade do solo (ρ) em (Ω. m): Todos os materiais utilizados em um SPDA devem suportar
esforços mecânicos, térmicos e eletrodinâmicos causados
5.1.5 Fixações e conexões do SPDA externo pelas correntes elétricas circulantes da descarga atmosférica,
intempéries ou esforços acidentais previsíveis. Um dos fatores de
As fixações e emendas dos elementos não naturais de maior preocupação na escolha do material que compõe o SPDA
captação e de descida devem ser realizadas de forma a suportar é a corrosão (provocada pelo meio ambiente ou pela junção de
esforços mecânicos (impacto, vibração, etc.), eletrodinâmicos metais diferentes), tanto do material quanto da estrutura em que
causados pelas correntes elétricas circulantes da descarga será instalado.
atmosférica e intempéries. Os componentes do SPDA devem ser construídos com os
materiais que constam da Tabela 17. Caso seja feita opção
270
5.1.5.1 Tipos de conexão por material diferente, ele deve apresentar comprovadamente
características elétricas e químicas, no mínimo, equivalentes às
Os elementos de fixação e conexão indicados no item indicadas na Tabela 17.
5.1.4.2.1 da NBR 5419 são os seguintes: soldagem exotérmica, As dimensões mínimas dos materiais do SPDA constam das
oxiacetilênica ou elétrica; conectores de pressão ou de Tabelas 15, 17 e 18. Há casos em que se devem aumentar esses
compressão; rebites ou parafusos. valores para proteger a instalação contra danos mecânicos ou
Em particular, devem ser observados os seguintes critérios: corrosão.
Condutores e acessórios de aço (exceto inox) devem ser
• Conexões entre condutores chatos devem ser feitas com dois galvanizados a fogo (protegido com camadas de zinco por
parafusos M8 ou um parafuso M10 com porcas; imersão), conforme a norma NBR 6323 ou com uma camada
• Conexões entre condutores chatos e chapas metálicas com de cobre com espessura mínima de 254 μm, conforme a NBR
espessura inferior a 2 mm devem ser feitas com contraplacas 13571.
Tabela 18 - Espessuras mínimas (mm) dos componentes do SPDA
que permitam área de contato mínima de 100 cm² com dois (fonte: Tabela 4 da NBR 5419)
parafusos M8; Captores
Material Descidas Aterramento
• Conexões entre condutores chatos e chapas acessíveis NPQ NPF PPF
apenas por um lado devem ser feitas com quatro arrebites de Aço galvanizado a quente 4 2,5 0,5 0,5 4
5 mm de diâmetro. Com chapas de espessura superior a 2 mm Cobre 5 2,5 0,5 0,5 0,5

também podem ser utilizados parafusos autoatarraxantes de aço Alumínio 7 2,5 0,5 0,5 --
Aço inox 4 2,5 0,5 0,5 5
inoxidável com diâmetro superior a 6 mm.
NPQ - não gera ponto quente;
NPF - não perfura
Exceto no caso de conexões soldadas ou realizadas com PPF - pode perfurar
elementos de compressão, as demais conexões mecânicas
realizadas no eletrodo de aterramento devem ser protegidas Exemplos de conexões e dimensionamento: condutores de descida
contra corrosão e contra eventuais desconexões indesejáveis. e rabicho de aterramento
NBR 5419

Para isso utiliza-se uma caixa de inspeção com diâmetro mínimo


de 250 mm que permita vistoria periódica e utilização de A seguir são indicadas duas situações distintas para as quais são
ferramenta. realizados dimensionamentos e mostrados detalhes de conexões
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

(Figura 30) conforme explicações anteriores.


5.2 SPDA interno
• Situação 1: Estrutura com 15 m de altura
O SPDA interno consiste de um conjunto de medidas
Conforme Tabela 15, para estruturas de altura até 20 m: envolvendo materiais e dispositivos que visam a minimizar
os efeitos elétricos e magnéticos causados pela corrente da
- condutor de descida (desde a captação até o ponto de medição) descarga atmosférica dentro do volume de proteção gerado
composto por cabo de cobre com seção de 16 mm² (Tabela 15); pelo SPDA. Essas medidas são as ligações equipotenciais,
- rabicho de aterramento (desde o ponto de medição até o eletrodo blindagens e outras técnicas equivalentes.
de aterramento) composto por cabo de cobre com seção de
5.2.1 E qualização de potencial ou equipotencialização
50 mm².

As medidas de “equalização de potencial” ou


• Situação 2: Estrutura com 25 m de altura.
“equipotencialização”, quando corretamente utilizadas,
constituem o que de melhor pode-se fazer para reduzir os riscos
Conforme Tabela 15, para estruturas de altura até 20 m:
de incêndio, explosão e choques elétricos dentro do volume a
proteger.
- condutor de descida (desde a captação até o ponto de medição)
Os termos equalização de potencial e equipotencialização
composto por cabo de cobre com seção de 35 mm² (Tabela 15);
têm suas definições, respectivamente, nas normas NBR 5419
- rabicho de aterramento (desde o ponto de medição até o eletrodo
e NBR 5410 e basicamente são um conjunto de medidas
de aterramento) composto por cabo de cobre com seção de
destinadas a minimizar as diferenças de tensão a níveis
50 mm².

Condutor de descida
Cabo de cobre nú 16 ou 35mm2
Detalhe do fixador TP-1

Fixador TP-1

271

Edificação

Conector de medição
(única emenda permitida na descida)

Abraçadeira

PVC

Anel de sterramento passante


Nível do solo

Ver vista lateral


Rabicho de aterramento
Cabo de cobre nú 50 mm2
Conexão em T
Cabo/Cabo
NBR 5419

Figura 30 – Condutor de descida, rabicho de aterramento e eletrodo de aterramento


GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

suportáveis pelas instalações elétricas, equipamentos e pessoas corrosão através de corrente imposta (proteção catódica)
por elas servidas. Dessa forma, seja no interior ou exterior e o SPDA; ou os condutores de energia e/ou de sinal que
da estrutura ou edificação, ou em qualquer subsistema, a adentram uma edificação sujeita a impacto direto de raio e a
equipotencialização deve ser utilizada sempre onde for ligação equipotencial principal. Em ambos os casos, a efetiva
necessário evitar centelhamentos na área de abrangência do interligação deve acontecer somente no momento da passagem
SPDA interno (dentro do volume de proteção contra impacto da corrente elétrica impulsiva (Figura 31).
direto formado pelo SPDA externo). Conforme indicado na IEC 62305, algumas regras
A equipotencialização pode ser feita de duas formas: básicas devem ser consideradas como sendo medidas para
equipotencialização ou de auxílio para atingir este objetivo
• Interligação direta: realizada por meio de condutores (cabos, (Figura 31):
cordoalhas, barras, chapas, etc.), desde que seus componentes
suportem, dependendo da sua localização, a corrente da • As descidas do SPDA devem seguir pelo caminho mais curto e
descarga atmosférica ou uma parte considerável, e as seções retilíneo possível, não devem possuir desvios na forma de laços
mínimas dos condutores respeitem os valores indicados nas e devem estar dispostas ao longo do perímetro da edificação,
Tabelas 19 e 20; de maneira uniforme e equidistante, preferencialmente nos
cantos;
Tabela 19 - Seções mínimas dos condutores de ligação equipotencial
para conduzir parte substancial da corrente de descarga atmosférica
• Todas as partes metálicas existentes na cobertura, inclusive
(fonte: Tabela 6 da NBR 5419) os mastros das antenas de TV, radiocomunicação e transmissão
Nível de proteção Material Seção mm2 de dados devem ser interligadas ao subsistema de captação,
Cobre 13 evitando assim centelhamentos perigosos. Para os casos em
I - IV Alumínio 25 que a realização dessa interligação não seja possível, deve-se
Aço 50
proteger o elemento contra impacto direto dos raios e fazer
Tabela 20 - S eções mínimas dos condutores de ligação equipotencial valer as distâncias de segurança indicadas no item 5.2.2 da
para conduzir uma parte reduzida da corrente de descarga atmosférica NBR 5419 (ver item 5.2.2 deste guia);
( fonte : Tabela 7 da NBR 5419)
• Estruturas devem possuir, no mínimo, dois anéis interligando
Nivel de proteção Material Seção mm2 as descidas. Em geral, esses anéis são configurados pelo anel
Cobre 6 da captação e pelo eletrodo de aterramento;
I - IV Alumínio 10
272 • Prédios com altura superior a 20 m e cujo SPDA externo
Aço 16
seja constituído por elementos não naturais devem possuir
anéis intermediários interligados às descidas e às armações do
• Interligação indireta: realizada por dispositivos que concreto dos pilares ou vigas de amarração (o que estiver mais
garantam que a equipotencialização ocorrerá somente quando próximo) e devem ser dispostos na edificação a cada 20 m de
houver necessidade, como, por exemplo, no escoamento da altura a partir do nível do piso (Figura 33). Além da função
corrente elétrica de uma descarga atmosférica. Exemplos de equipotencialização e redistribuição das correntes elétricas
clássicos para equipotencialização indireta são aqueles dos raios, os anéis intermediários são instalados para captar
realizados entre as tubulações metálicas protegidas contra descargas atmosféricas laterais.

Representação
do centelhador

Condutor
de descida

Equipotencialização Elemento metálico


através do (ex: duto de gás)
centelhamento

Corrente elétrica
do raio
NBR 5419

Figura 31 – Interligação indireta


GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

1 – Cabo com isolação externa adicional 10 – Instalação de tubulações metálicas


2 – Aterramento do condutor PE no esquema TN-S 11 – Condutor de descida natural
3 – Barramento de equipotencialização 12 – Antena de TV, captor aéreo natural
4 – Canalização de água 13 – Ligação a armadura de aço da estrutura
5 – Canalização de gás 14 – Rede de captores aéreos
6 – Centro de medição de gás 15 – Medidor de kWh
7 – Eletrodo de aterramento natural, armadura de aço na fundação 16 – Conexão ao eletrodo de aterramento da fundação
8 – Eletrodo de aterramento da fundação 17 – DPS
9 – Condutores de descida naturais, armadura de aço nas paredes s = distância de segurança
externas e no piso

12
14

9
13 13
11 273
11
3

10 10
17 15
10
10 10 2
3
1
6
3 5

6
16

7 7

8 8
NBR 5419

Figura 32 - Medidas para equipotencialização (Fonte: IEC 62305)


GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

2. As tubulações estão dispostas fora de local em que existe o


SPDA ou interligam duas ou mais estruturas com SPDA com
Anel superior
níveis de proteção diferentes: estudos publicados pelo Instituto
de Eletrotécnica e Energia da USP, pelo Instituto Nacional de
Pesquisas espaciais e pela Universidade Federal de Minas Gerais
10 m

informam que os valores da corrente elétrica média das descargas


atmosféricas no Brasil estão entre 35 kA e 45 kA. Dessa forma,
considerando-se o impacto direto de uma descarga atmosférica
20 m

de 45 kA na tubulação (pior caso) e que a descarga se divide


igualmente (22,5 kA) nos dois sentidos do tubo a fim de encontrar
Anéis
Intermediarios a terra, pode-se então utilizar dispositivo curto-circuitante com
valores encontrados no mercado a partir de 25 kA;
20 m

• O TAP deve ser constituído por uma barra de cobre com dimensões
suficientes para suportar os esforços resultantes das correntes
elétricas das descargas atmosféricas ou de curto-circuito e para
20 m

Solo
acomodar as furações e conectores dos cabos (Figura 34).

As siglas LEP (Ligação Equipotencial Principal) e TAP


Anel inferior
(Terminal de Aterramento Principal) vêm caindo em desuso
Subsistemas de capitores
e estão sendo substituídas pela sigla BEP (Barramento de
Equipotencialização Principal), que define o mesmo componente
Subsistemas de descidas na NBR 5410. Segundo essa mesma tendência, a sigla BEL
(Barramento de Equipotencialização Local) vem substituindo a
Subsistemas de aterramento
sigla TAS – Terminal de Aterramento Secundário, que denomina
Medidas para equipotencialização (SPDA interno) os barramentos dos quadros de distribuição secundários ou de
circuitos terminais. A partir desse ponto, no texto serão utilizadas
Figura 33 – Disposição dos anéis intermediários
274 apenas as siglas BEP e BEL. 

• O aterramento deve ser constituído preferencialmente pelas


armaduras da fundação ou em anel (Arranjo B – ver 5.1.4.1.c deste
guia);
• No caso da utilização das armaduras do componente natural
do SPDA, as interligações devem ser realizadas nas armaduras das
vigas ou das lajes;
• Todas as tubulações metálicas que se originam no exterior e
Figura 34 – Exemplo de BEP (Barramento de Equipotencialização Principal) 
adentrem na edificação devem ser ligadas ao TAP – Terminal de
Aterramento Principal (chamado de BEP na NBR 5410) o mais
próximo possível do ponto em que elas penetram na estrutura. • Quando o BEP for instalado na parede do prédio, é recomendável
Há probabilidade de grande parte da corrente elétrica da descarga (mas não obrigatório) que ele seja afastado da parede por isoladores
atmosférica passar por essa interligação e, nesse caso, as seções (por exemplo, fabricados em porcelana ou resina epóxi). Além
mínimas dos condutores utilizados devem atender à Tabela 19; disso, o BEP deve ser posicionado preferencialmente no ponto em
• Tubulações metálicas acopladas por meio de luvas isolantes devem que os condutores de energia e sinal entram na edificação e deve
ser equipotencializadas de forma indireta por um componente estar localizado o mais próximo possível do solo;
curto-circuitante. • O BEP deve ser ligado ao subsistema de aterramento por uma
ligação mais curta e reta possível. Conforme a Tabela 52 da NBR
Um dimensionamento simplificado desse dispositivo curto- 5410, cabos de cobre que possuam proteção contra corrosão
circuitante pode ser feito para as duas situações a seguir: (isolados) devem ter seção mínima de 16 mm² e cabos de cobre
que não possuam proteção contra corrosão (nus) devem ter seção
1. As tubulações estão ligadas a um SPDA: basta dividir a mínima de 50 mm². Essas seções podem aumentar quando a esses
corrente elétrica impulsiva (determinada pelo nível de proteção condutores for agregada a função de conduzir as correntes de curto-
adotado para o SPDA) por 2 (pior condição de divisão na circuito para o eletrodo de aterramento, determinadas em estudos
NBR 5419

equipotencialização entre descida e o tubo). Escolhe-se então de curto-circuito do sistema elétrico da instalação;
o dispositivo curto-circuitante com valor disponível igual ou • Todas as massas metálicas dos equipamentos e aparelhos
imediatamente acima do resultado encontrado; elétricos que não sejam destinadas especificamente à condução de
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

SPDA

Equipotencialização
principal
L1
L2
PEN DPS
T PE
N PE

TAT

BEP

Aterramento

Figura 35 – Localização e interligação do TAT e BEP

corrente elétrica devem ser ligadas ao BEP pelos condutores de um barramento específico denominado TAT – Terminal de 275
equipotencialização; Aterramento de Telecomunicações.
• Cada edificação deve possuir um único BEP. Segundo a NBR
5410, o limite de influência do BEP é de 10 m em qualquer direção. Ao TAT são ligadas todas as blindagens dos cabos de telefonia
Quando a ligação exceder esse limite por causa das dimensões da e dele se originam os condutores de equipotencialização dos
edificação, deve ser instalado um novo barramento, denominado componentes e equipamentos de telecomunicações. No TAT
BEL (Barramento de Equipotencialização Local). O BEL deve ser devem ser instalados DPS adequados para o tipo de distribuição
interligado ao BEP com condutores corretamente dimensionados de sinal, conforme indicado na NBR 5410. Além disso, o TAT deve
(ver dimensionamento na Parte da NBR 5410 deste guia que trata possuir as mesmas características construtivas do BEP e ambos os
de dimensionamento de condutores PE e de equipotencialização). barramentos devem ser interligados (Figura 35).
O BEL deve ser posicionado de forma a promover uma interligação
de baixa impedância (mudando-se a topologia da instalação e/ou 5.2.2 Proximidade do SPDA com outras instalações

trocando-se o formato dos condutores – passando de cabo redondo ( distância de segurança)


para barra ou fita), além de ser interligado ao ponto de aterramento
mais próximo (armadura das vigas ou condutores enterrados). Há algumas situações em que, por razões funcionais, as ligações
• Todas as instalações elétricas expostas aos efeitos diretos ou equipotenciais não podem ser executadas, tais como em invólucros
indiretos dos raios devem ser protegidas por DPS – Dispositivo de equipamentos que possuem placas eletrônicas diretamente
de Proteção contra Surtos, pelo menos, em seu primeiro nível de fixadas na carcaça. Nestes casos, deve-se estudar a possibilidade
proteção. Este assunto é tratado em 5.4 e 6.3.5 da NBR 5410; de aumentar a distância de separação “s” entre os equipamentos e
• Todos os terminais de aterramento dos equipamentos devem os condutores do SPDA, em relação à distância de segurança “d”,
ser convenientemente ligados ao BEP ou ao BEL. Em relação ao de forma a evitar a ocorrência de centelhamentos perigosos. Esse
aterramento dos DPS, deve ser observada a topologia da instalação conceito é o mesmo já abordado para as distâncias de segurança
para se evitar laços (loops) nos circuitos e manter a interligação e separação quando são criados laços nos condutores de descida
para a terra sempre a mais curta e retilínea possível; (Figura 20).
• Para sistemas elétricos de energia e de sinal, a equipotencialização Dessa forma, deve ser buscada a condição s ≥ d, sendo:
NBR 5419

deve obedecer às prescrições da NBR 5410; Kc


• Conforme a NBR 14306, norma de instalações de teleco­ d = ki • • l (m)
Km
municações, deve existir no DG – Distribuição Geral de telefonia
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Em que: aterramento provê excelente condição para a múltipla divisão da


corrente da descarga atmosférica, diminuindo significativamente a
ki depende do nível de proteção escolhido (Tabela 21); sua intensidade por trecho considerado. Em consequência, o valor
Kc depende da configuração dimensional (Figuras 37, 38 e 39); de “S” para elementos de outras instalações dentro da estrutura
Km depende do material de separação (Tabela 22); se torna bastante reduzido. Isso ocorre porque, na maioria das
l é o comprimento do condutor de descida, em metros, compreendido situações, por ser um valor diretamente proporcional às correntes
entre o ponto em que se considera a proximidade e o ponto mais elétricas impulsivas, a distância de segurança “d” é muito pequena
próximo da ligação equipotencial. (da ordem de unidades de cm).
Tabela 21 - Proximidade do SPDA com as instalações - Valores do coeficiente ki
A equação somente é válida para interferência em trechos de (fonte: Tabela 8 da NBR 5419)

“condutores vítima” (da instalação elétrica) com comprimento Nível de proteção ki

de até 20 m e quando a corrente elétrica no “condutor indutor” I 0,1

(geralmente parte da captação ou, no caso das Figuras 35, 36 e II 0,075


III - IV 0,05
37, o condutor de descida) for de mesma intensidade e puder ser
determinada em função da corrente elétrica do raio. Em geral, Tabela 22 - Proximidade do SPDA com as instalações - Valores do coeficiente
para se determinar essa corrente, costuma-se dividi-la igualmente Km(fonte: Tabela 9 da NBR 5419)

desde o ponto de impacto pelo número de caminhos disponíveis Material km


Ar 1
(por exemplo, se o ponto de impacto estiver entre duas descidas, a
Sólido 0,5
corrente é dividida por dois. Ao chegar na descida em questão, ela
é novamente dividida por dois (Figura 36). Essa forma simplificada
S
de cálculo geralmente resulta em uma condição aceitável de projeto.
Quando as medidas de equipotencialização (SPDA interno) *
prescritas na NBR 5419, especialmente em 5.2.1.2.1 c, forem
atendidas, não haverá trechos de condutor indutor com mais de
20 m conduzindo a mesma quantidade de corrente do raio. Na Condutor
captação, a divisão da corrente é realizada nos diferentes nós das de descida Formação do anel

conexões de equipotencialização e nas descidas, no mínimo, por


276 meio dos anéis intermediários cuja instalação é obrigatória a cada
BEP
20 m de altura.

I (kA)

I Captação
8
I I I
4 2 2 S = distância de separação
Descida
(indutor) = comprimento de “condutor vítima” relacionado ao condutor indutor (condutor de descida).
ESTRUTURA I
4 * = condutor vitima (instalação elétrica, tubulação ou outro elemento metálico).

I
8 Figura 37 - Configuração unidimensional - Kc = 1 (fonte: Figura 4 da NBR 5419)
Condutor da
instalação
elétrica (vitima)
S
*

BEP
Formação
do anel
Infraestrutura de aterramento Condutor
de descida
Figura 36 – Distancia de segurança (d) BEP

Na Figura 36, a distância de segurança (d) deve ser suficiente


para que não haja centelhamento a partir do ponto A quando pelo
condutor de descida (indutor) fluir até 12,5% (Iraio / 8) da corrente
da descarga atmosférica prevista na proteção da estrutura. A S = distância de separação
distância de segurança é inversamente proporcional à quantidade
NBR 5419

= comprimento de “condutor vítima” relacionado ao condutor indutor (condutor de descida).


de condutores de descida instalados. * = condutor vitima (instalação elétrica, tubulação ou outro elemento metálico).
A utilização das armaduras da estrutura ou perfis de aço
Figura 38 - Configuração bidimensional - Kc = 0,66 (fonte: Figura 5
interligados formando subsistemas naturais de descida e da NBR 5419)
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

S = distância de separação

S = comprimento de “condutor vítima” relacionado ao

condutor indutor (condutor de descida).

* = condutor vitima (instalação elétrica, tubulação


Formação
Condutor do anel ou outro elemento metálico).
de descida
BEP

Figura 39 - Configuração tridimensional - Kc = 0,44 (fonte: Figura 6 da NBR 5419)

5.3 Estruturas especiais


6. Inspeção e Documentação

Chaminés de altura elevada, principalmente aquelas construídas com A parte 6 da NBR 5419 prescreve como o SPDA deve
material não metálico (tipicamente alvenaria), tanques e contêineres para ser inspecionado, mantido, qual a periodicidade e que tipo
armazenamento de produtos inflamáveis, antenas externas, guindastes de documentação deve ser disponibilizada para controle e
e gruas são exemplos de estruturas denominadas “especiais” pela NBR fiscalização.
5419 e as prescrições para a proteção contra descargas atmosféricas
6.1 I nspeção
constam do Anexo A da norma. Essas prescrições podem ser adotadas
em estruturas similares dependendo da análise do responsável técnico. As inspeções visam assegurar que: 277
As seguintes características são consideradas pela NBR 5419
(Anexo A) na classificação dessas estruturas especiais: • O SPDA esteja conforme o projeto;
• Todos os componentes do SPDA estejam em bom estado, com
• Para serem consideradas chaminés de grande porte, as estruturas devem suas conexões e fixações firmes e livres de corrosão;
possuir dimensões maiores que 20 m de altura e 0,3 m de diâmetro no anel • O valor da resistência ôhmica de contato (continuidade elétrica
superior. Por similaridade, uma caixa d’água com essas características dos condutores do SPDA) seja compatível com a sua utilização.
pode ter sua proteção baseada também nas recomendações do anexo A; Isso se aplica aos casos de verificação da viabilidade de utilização
• Locais para armazenamento de líquidos inflamáveis, notadamente de elementos naturais e à verificação da integridade física de
tanques de superfície com teto não metálico ou com teto metálico eletrodos não naturais de aterramento.
fixo ou flutuante, instalados ao ar livre. Em estruturas para
armazenamento de líquidos inflamáveis, a preocupação está A NBR 5419 não especifica valores para ensaio de continuidade
focada nas espessuras dos materiais (Tabela 18), nas distâncias de elétrica entre os componentes de um SPDA não natural. Entretanto,
separação e na maneira como os elementos são conectados, a fim de fazendo uma analogia ao prescrito na IEC 62305 para continuidade
evitar centelhamentos perigosos. elétrica das armaduras e outros componentes fixos em uma
• Antenas de transmissão de sinal fixadas em mastros ou torres instalação, pode-se adotar como parâmetro o valor máximo de
metálicas com base no solo ou sobre outras estruturas; resistência elétrica de 0,2 Ω entre trechos do SPDA ensaiados que
• Guindastes e gruas que, normalmente, são estruturas metálicas contenham emendas (Figura 40). Nas situações de subsistemas
móveis e têm componentes expostos a alturas variáveis e naturais de descida e aterramento, a repetição do ensaio de
frequentemente muito acima do nível do solo. continuidade elétrica somente será exigida no caso de alteração
estrutural por reforma ou ampliação.
Exceto quando tratam o caso de estruturas para armazenamento
de inflamáveis, as medidas recomendadas são, geralmente, de • Todas as construções acrescentadas à estrutura posteriormente
ordem construtiva. Essas medidas estabelecem cuidados adicionais à instalação original estão integradas no volume a proteger,
tanto na especificação quanto na instalação dos materiais, a fim de mediante interligação ou ampliação do SPDA.
NBR 5419

evitar corrosão prematura ou mesmo diminuir os intervalos para


manutenção do sistema, que, dependendo do local, constituem A sequência cronológica das inspeções deve ser a seguinte:
sérios problemas para a segurança e logística de sua execução. • Durante a construção da estrutura, para garantir a correta
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Descida
Ponto de
ensaio
(desconectar)
Separação entre
Descida e Eletrodo

Rabicho de
aterramento

Eletrodo de
aterramento Trecho ensaiado

Micro-ohmímetro
Figura 40 – Exemplo de arranjo de ensaio para verificação da integridade dos condutores (não normalizado) (conforme IEC 62305)

278 instalação dos componentes do SPDA, inclusive verificando-se hospitais, escolas, teatros, cinemas, estádios esportivos,
criteriosamente a qualidade do material empregado; shopping centers, pavilhões, e outros, além de outros locais
• Imediatamente após o término da instalação do SPDA, para contendo áreas com risco de explosão (conforme NBR IEC
verificação final das condições gerais da instalação comparadas 60079-14);
ao projeto “as built”; - 1 ano, para estruturas contendo munição ou explosivos ou
• Periodicamente, para que seja mantida a eficiência do SPDA. em locais expostos à corrosão severa, como regiões litorâneas,
Dependendo do tipo de inspeção, os intervalos devem ser os ambientes industriais com atmosfera agressiva, etc.
seguintes:
- Sempre que houver a suspeita de que o SPDA tenha sido 6.2 D ocumentação
atingido por uma descarga atmosférica;
- Em todos os casos, uma inspeção visual do SPDA deve ser Conforme 6.4 da NBR 5419, a seguinte documentação
efetuada anualmente. Essa inspeção deve ser realizada por técnica deve ser mantida em local em que possa ser facilmente
pessoa capacitada que tenha conhecimento para identificar encontrada e disponibilizada em situações de fiscalização ou sob
peças danificadas, soltas ou oxidadas; novas inspeções:
- Inspeções completas devem ser efetuadas periodicamente • Relatório de verificação de necessidade do SPDA e de seleção
com emissão de relatório técnico. Além de verificar se o SPDA do respectivo nível de proteção, elaborado conforme Anexo B
está em condições operacionais, esta medida documenta o da NBR 5419;
fato para eventuais fiscalizações e fornece parâmetros de • Desenhos em escala mostrando as dimensões, os materiais
comparação que facilitam verificações de controle no futuro. e as posições de todos os componentes do SPDA (captores,
Inspeções completas também devem ser realizadas após condutores de descida e os eletrodos de aterramento);
qualquer modificação no sistema original, não importando a • Dados sobre a natureza e a resistividade do solo e os valores
causa. A NBR 5419 determina os seguintes intervalos para da resistência ôhmica do eletrodo de aterramento. Como
realização de inspeção completa após a instalação do SPDA: mencionado, vários fatores externos influenciam esses ensaios,
- 5 anos para estruturas destinadas a fins residenciais, comerciais, muitas vezes impossibilitando a sua execução. Nestes casos, a
administrativos, agrícolas ou industriais, excetuando-se áreas NBR 5419 recomenda que seja descrita a justificativa técnica
NBR 5419

classificadas com risco de incêndio ou explosão; para a não realização dos ensaios. Na maioria dos casos, os
- 3 anos para estruturas destinadas a grandes concentrações valores obtidos nos ensaios de continuidade do eletrodo de
públicas (conforme NBR 13570), tais como áreas comerciais, aterramento associados a uma simples descrição das condições
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Edificação: ____________________________________________________ Referência:_____________________________________Data:___/___/___

1.Existência de documentação:  Esfera fictícia (EGM)


 Projeto Atualizado  Estrutura auto protegida
 ART  Com utilização de massas metálicas
 Laudo Atualizado  Isolada
 ART  Existência de captores radioativos

2. Alterações nas Características da Edificação: 3.5. Verificação de continuidade elétrica das armaduras:

2.1. Dimensões Básicas Aproximadas: Pilares / Colunas:
Comprimento: _______________m  Sim
Largura: ____________________m  Não
Altura do perímetro superior: ____________________m Fundações:
Altura Máx. (incluindo cumeeira): ________________m  Sim
 Não
2.2. Reparos na edificação em função de instalação de SPDA:
3.6. Suficiência do numero de descidas:
 Alvenaria  Sim
 Calçamento  Pelas armaduras dos pilares
 Não se aplica  Não
 Laje de concreto armado  Não instaladas
 Estruturas metálicas
3.7. Aterramento:
2.3. Alterações construtivas na edificação:  Em anel
 Pontual
 Total  Pelas armaduras das fundações
 Parcial  Não há
 Não se aplica  Dados de resistividade do solo. Valores em relatório anexo
 Valores de resistência ôhmica. Ensaio de continuidade dos condu­
2.4. Teto (Telhas / Cobertura): tores do eletrodo de aterramento visando sua integridade. Valores em
 Metálicas relatório anexo 279
 Concreto armado (laje)
 Concreto protendido 3.8. Condição das conexões:
 Concreto pré-moldado  Boas
 Cerâmica  Trocar
 Reapertar
3. SPDA
3.9. Interligações entre estruturas metálicas para equalização dos
3.1. Área classificada: potenciais:
 Sim  Há
 Não  Direta
 Em parte da edificação  Indireta (por de centelhador)
 Não há
3.2. Necessidade de proteção:  Desnecessária
 Sim
 Não
 A analisar 3.10. Recomendações:
 Instalar
3.3. Nível de proteção:  Substituir
I  Completar
 II  Satisfatório
 III  Fazer Manutenção
 IV
3.11. Nova inspeção (período em anos):
3.4. Tipo de captação existente:  01
 Não há proteção instalada  03
 Ângulo de proteção (Franklin)  05
 Malhas (Faraday)

OBS.: _____________________________________________________________________________________________________________________
NBR 5419

____________________________________________________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________________________________________________
Figura 41 – Sugestão de roteiro de inspeção de SPDA
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

no local suprem essa necessidade; situados no interior das zonas protegidas contra os efeitos
• ART – Anotação de Responsabilidade Técnica do profissional indiretos causados pelos raios, tais como: parada cardíaca,
responsável. centelhamento, interferências em equipamentos ou queima de
seus componentes causadas por transferências de potencial
Uma medida não indicada na NBR 5419, mas que segue devidas à indução eletromagnética.”
a boa prática da engenharia, é a elaboração de um roteiro de
inspeção padronizado condizente com as condições locais, em Assim, por similaridade com as prescrições contidas no texto
que é registrada a evolução dos dados do sistema. Este roteiro normativo que se aplicam à proteção das estruturas, pode-se
deve ser atualizado a cada inspeção periódica completa. A Figura tentar proteger seres vivos contra os impactos diretos dos raios
41 ilustra uma sugestão de um roteiro de inspeção. quando expostos em áreas abertas (pastos, estacionamentos,
parques, clubes, campos de futebol, nas ruas, etc.). No entanto,
7. Proteção das pessoas contra descargas esta proteção é geralmente de difícil solução e tem custo muito
atmosféricas em áreas abertas elevado.
Após o impacto direto, acontecem alguns efeitos indiretos
A proteção das pessoas contra descargas atmosféricas causados por uma descarga atmosférica, que são responsáveis
quando circulam em áreas abertas não é tratada pela NBR 5419, pela maioria dos acidentes ocorridos. Geralmente, os efeitos
conforme indicado a seguir: indiretos são proporcionalmente mais numerosos e por isso
produzem consequências mais graves para os seres vivos do que
- Item 1.1: “Esta Norma fixa as condições de projeto, instalação os impactos diretos.
e manutenção de sistemas de proteção contra descargas São considerados efeitos indiretos das descargas
atmosféricas (SPDA), para proteger as edificações e estruturas atmosféricas:
definidas em 1.2 contra a incidência direta dos raios. A proteção
se aplica também contra a incidência direta dos raios sobre os • Descarga lateral
equipamentos e pessoas que se encontrem no interior destas Um tipo de centelhamento perigoso que acontece quando
edificações e estruturas ou no interior da proteção imposta pelo um ser vivo está próximo o suficiente do local onde circula a
SPDA instalado.” (grifo nosso) corrente do raio e a diferença de potencial causada é capaz de
- Item 1.3: “As prescrições desta Norma não garantem a romper a isolação do ar. Um exemplo clássico é o de pessoas que
280 proteção de pessoas e equipamentos elétricos ou eletrônicos se abrigam de tempestades embaixo de árvores (Figura 42).

D
V
NBR 5419

Figura 42 – Exemplo de descarga lateral


GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

• Tensão de passo e tensão de toque


Os projetos de SPDA consideram a questão da limitação Fibrilação cardiorrespiratória provocada
adequada das tensões de passo e de toque, mas, quando uma por ondas eletromagnéticas trafegantes
pessoa está em um pátio ou próximo a qualquer estrutura que
possa conduzir eletricidade, molhada e pisando sobre a terra ou um Diferentemente do que se pensa, não é a tensão de passo que
piso com baixa resistividade, as diferenças de potencial existentes costuma atingir e derrubar jogadores em campos de futebol.
no local podem ser suficientes para a circulação de uma corrente Quando ocorre o raio, a corrente elétrica impulsiva gera um campo
elétrica cujo circuito inclua o corpo do ser vivo. eletromagnético que se propaga pelo ar em forma de ondas. Ao
Em geral, as tensões de toque são mais perigosas para seres encontrar circuitos condutores, o campo eletromagnético induz
bípedes e as tensões de passo são mais perigosas para seres a circulação de corrente elétrica nestes circuitos. Ocorre que o
quadrúpedes (Figuras 43, 44 e 45). corpo humano possui inúmeros circuitos elétricos com fluidos que
garantem excelente condutividade.
Dessa forma, as ondas eletromagnéticas provocadas por um
raio que incide em um campo de futebol (ou próximo dele) podem
gerar uma corrente elétrica no corpo de um atleta ou de alguém no
público com frequência diferente daquela que o coração trabalha.
Entre uma fase de bombeamento do coração e a outra subsequente
(sístole mais diástole) há um intervalo, um momento de “descanso
I V
e preparo para o novo bombeamento”. Caso a corrente impulsiva
seja induzida nesse momento, o coração tende à arritmia com
V possível fibrilação que pode ter sérias consequências, inclusive a
morte (Figura 46).

Figura 43 – Exemplo de tensão de toque provocada por descarga atmosférica

281

Figura 46– Fibrilação cardíaca


V

Em caso de tempestades, a melhor proteção contra


descargas atmosféricas para um ser vivo consiste em se abrigar
numa edificação ou estrutura fechada que tenha SPDA. Na
Figura 44 – Exemplo de tensão de passo provocada por descarga atmosférica. impossibilidade de se cumprir essa recomendação, então devem
Efeitos em seres bípedes.
ser observadas as seguintes providências:

• Permanecer dentro de carros com capotas metálicas é uma boa


prática a ser adotada;
•Manter-se afastado de locais mais altos, como postes, árvores, etc.;
• No caso de estar em campo aberto, ficar agachado, com os pés
I juntos até que cessem os raios.

V 8. Diagrama de blocos para elaboração de


um projeto de SPDA conforme a NBR 5419

A Figura 47 resume, na forma de diagrama de blocos, os vários


NBR 5419

passos necessários para a elaboração de um projeto de SPDA


conforme as prescrições da NBR 5419 e os diversos itens tratados
Figura 45 – Exemplo de tensão de passo provocada por descarga atmosférica.
Efeitos em seres quadrúpedes. neste guia.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Levantamento das características da edificação

Determinação da necessidade da proteção

Determinação do nível de proteção

Optar pelo tipo de proteção

Isolada Agregada

Verificar massas e elementos metálicos

Verificar continuidade das armaduras estruturais

Externa Natural

Definir subsistema de captação Definir subsistema de descidas Definir subsistema de aterramento

Condutores Armaduras das Armadura


Por massas Condutor
Módulos Mastros verticais embutidos ou fundações ou estrutural dos
metálicas nu aparente
fechados ou cabos suspensos expostos (ex: partes metálicas Fazer Estratificação do Solo pilares, postes
aparentes (ex: cabo de
(Faraday) (Franklin ou EGM) barra chata de eletricamente e mastros
cobre)
aço zincada) contínuas enterrados

282 Eletrodos
Eletrodos
verticais ou
horizontal
inclinados
formando
complementando
anel fechado
o anel

Equipotencializar elementos de massas


metálicas para compor o SPDA interno

Elaborar Projeto executivo: Memorial descritivo com lista de material, desenhos e detalhes típicos

Figura 47 – Diagrama de blocos para auxílio na execução do projeto do SPDA

• NBR 14306:1999 – Proteção elétrica e compatibilidade


Referências
eletromagnética em redes internas de telecomunicações em
• IEC 61024-1 – Protection of structures against lightning – General edificações – Projeto
principles (cancelada em 2006, substituída pela IEC 62305) • NBR 15749:2009 – Medição de resistência de aterramento e de
• IEC 61024-2 – General principles – Guide B – Design, potenciais na superfície do solo em sistemas de aterramento
installation, maintenance and inspection of lightning protection • NBR 5410:2004/08 – Instalações elétricas de baixa tensão
systems (cancelada em 2006, substituída pela IEC 62305) • NBR 5419:2005 – Proteção de estruturas contra descargas
• IEC 62305-1:2010 – Protection of Structures Against Lightning: atmosféricas
General Principles • NBR 6323:2007 – Galvanização de produtos de aço ou ferro
• IEC 62305-2: 2010 – Risk Management fundido – Especificação
• IEC 62305-3:2010 – Physical Damage and Life Hazard • NBR 7117:1981 – Medição da resistividade de solo pelo método
• IEC 62305-4:2010 – Electrical and Electronic Systems within dos quatros pontos (Wenner)
Structures • NBR IEC 60079-14:2009 – Atmosferas explosivas – Parte 14:
NBR 5419

• NBR 13570:1996 – Instalações elétricas em locais de afluência de público Projeto, seleção e montagem de instalações elétricas
• NBR 13571:1996 – Haste de aterramento aço-cobreada e • NR-10 (2004) – Segurança em instalações e serviços em
acessórios – Especificação. eletricidade
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

283

NBR 5419
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

284
NR 10
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

285

NR 10
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

286
NR 10
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Norma Regulamentadora No 10
Segurança em instalações e serviços
em eletricidade

Sumário

1 Introdução 288
287
1.1 NR-10 – Força de lei 288
1.2 Aplicação da NR-10 288
1.3 Trabalho em proximidade 289
1.4 Normas regulamentadoras versus NBR 289
2 Medidas de controle dos riscos 290
3 Medidas de segurança elétrica 295
3.1 Medidas de proteção coletiva 295
3.2 Medidas de proteção individual 299
3.3 Segurança na construção, montagem, operação e manutenção das instalações elétricas 302
3.4 Serviços em instalações elétricas desenergizadas 303
3.5 Serviços em instalações elétricas energizadas e trabalhos envolvendo alta tensão 307
4 Áreas classificadas 312
5 Autorização do trabalhador 315
5.1 Formação do trabalhador 315
5.2 Treinamento do trabalhador 316
5.3 Controle médico 319
5.4 Resumo 320
NR 10

6 Responsabilidades 320
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

junto ao Ministério da Justiça, tais como a responsabilização civil


1 Introdução
(indenizações), e criminal (prisões) e ações trabalhistas; o Ministério
Público, tais como a paralisação dos serviços e a imposição de pesadas
A Norma Regulamentadora Nº 10 (NR-10) compõe o
multas; o INSS – Instituto Nacional do Seguro Social com as ações
ordenamento jurídico nacional e, dessa forma, tem força de Lei. Ela
regressivas; além, é claro, das ações fiscalizatórias do Ministério do
trata de “Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade”, e
Trabalho e Emprego, com a imposição de notificações, autuações, os
dispõe sobre as diretrizes básicas para a implementação de medidas
embargos e as interdições (Figura 2).
de controle e sistemas preventivos destinados a garantir a segurança
e a saúde dos trabalhadores que direta ou indiretamente interajam
em instalações elétricas e serviços com eletricidade nos seus mais Constituição Constituição Federal
Art. 7 / Art. 21 / Srt 22
diversos usos e aplicações e quaisquer trabalhos realizados nas
Consolidação das
proximidades das instalações elétricas.
Leis - Decretos leis do Trabalho
Ela é de competência do Ministério do Trabalho e Emprego – CLT
MTE e teve sua revisão dada pela Portaria 598 em 2004. Inicialmente,
Portarias Portarias
foi desenvolvido um texto básico pelos profissionais do MTE, MTE 3.214 / 78
submetido à consulta pública, discutida e finalizada pelo Grupo
Técnico Tripartite da NR-10 – GTT10, organizado de forma tripartite Normas, Instruções
Normas
e Regulamentação
e paritariamente por notáveis profissionais da área de segurança no Regulamentadoras
34 Normas
trabalho com energia elétrica, representantes dos trabalhadores, dos
empresários e do governo, conforme recomenda a OIT (Organização
Internacional do Trabalho). Ao final dos trabalhos, o texto da
Figura 1 – Ordenamento jurídico nacional e as normas regulamentadoras
atualização da NR-10 foi encaminhado ao Ministro do Trabalho e
Emprego que o aprovou, colocando-a em vigor. É muito importante ressaltar que, pelo item 10.13.1 da NR-10,
O conteúdo da NR-10 está composto por 99 itens, três a responsabilidade de seu atendimento é “solidária” a contratantes e
anexos e um glossário, sendo que, em sua Portaria de criação, contratados. Isso significa que a empresa diretamente empregadora,
foi instituída a Comissão Permanente Nacional sobre Segurança empreiteiras, prestadoras de serviços, cooperativas, trabalhos
em Energia Elétrica – CPNSEE, também de formação tripartite e avulsos, em suma, todos os envolvidos, independentemente
paritária ao Governo, Empregados e Empresários, com o objetivo da forma contratual, respondem por eventuais penalizações,
288
de acompanhar a implementação da NR-10, assumir as demandas indenizações, prisões, etc.
da sociedade e propor as adequações necessárias às dinâmicas
alterações de processos, métodos, materiais e equipamentos, nas
AÇÕES PUNITIVAS
relações de trabalho com o caráter de promover o aperfeiçoamento
contínuo da Norma Regulamentadora Nº 10. Ministério do Trabalho e Emprego
- notificações, multas, embargos ou interdições

1.1 NR-10 - Força de lei Ministério da Justiça


- ações trabalhistas, cíveis, criminais

No Brasil, é o Ministério do Trabalho e Emprego o órgão Ministério Público do Trabalho - MPT


federal competente pela regulação das relações entre o capital e o - termos de ajustamento de conduta-TAC, multas vultuosas

trabalho e que, em 1942, instituiu a CLT – Consolidação das Leis do Ministério da Previdência Social
Trabalho, sendo o principal instrumento de regulação das relações - ações regressivas

trabalhistas e de reconhecida importância social. Figura 2 – Algumas consequências do descumprimento da NR-10


Na CLT foi introduzido o Capítulo V, específico sobre a
Segurança e Medicina do Trabalho, acrescentando os artigos
1.2 Aplicação da NR-10
de números 154 a 201. Em 1978, o Ministério do Trabalho, em
complementação ao Capítulo V da CLT, publicou a Portaria 3.214,
Em seu caput introdutório, a NR-10 traz orientações objetivas
contendo 28 NR-10s Regulamentadoras – NR, com o objetivo
quanto às suas finalidades e aplicações, resumindo e condicionando
estabelecer as regulamentações adicionais e específicas em
as disposições regulamentadas. Ela fixa os requisitos e condições
Segurança e Saúde no Trabalho. Posteriormente, foram publicadas
mínimas necessárias ao processo de transformação das condições
mais seis Normas Regulamentadoras, totalizando, em 2011,
e trabalhos com energia elétrica, de forma a torná-las mais seguras
34 Normas Regulamentadoras em vigor, com a força de lei e de
e salubres. Deve-se ter atenção ao termo “condições mínimas” que
cumprimento compulsório.
denota a intenção de regulamentar o menor grau de exigibilidade.
A NR-10 é uma das 34 NRs e se constitui num regulamento
Desta forma, com esse conceito fica claro que há muito mais a ser
que integra o Ordenamento Jurídico Nacional (Figura 1). Portanto,
estudado, desenvolvido e implantado no universo de medidas de
a sua aplicação é passível de auditoria e punibilidade, constituindo-
NR 10

controle e sistemas preventivos possíveis nesse campo de segurança


se em base para as decisões e sentenças que envolvam o assunto
elétrica das pessoas.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

A redação estende o conceito de “garantia em segurança e os trabalhadores não ligados às intervenções ou contatos com
saúde” a todos os trabalhadores envolvidos, assegurando-lhes o os sistemas elétricos, mas que, por força de suas atividades, se
direito quando houver intervenções e ações físicas do trabalhador aproximam de partes, conjuntos ou equipamentos energizados,
com interferência direta ou indireta em serviços ou instalações mediante o conceito de “Trabalho em Proximidade”, definido
elétricas. Ressalte-se que “Instalação Elétrica” está definida no como: “trabalho durante o qual o trabalhador pode entrar na zona
glossário da NR-10 como “conjunto das partes elétricas e não controlada, ainda que seja com uma parte do seu corpo ou com
elétricas associadas e com características coordenadas entre si, extensões condutoras, representadas por materiais, ferramentas ou
que são necessárias ao funcionamento de uma parte determinada equipamentos que manipule”.
de um sistema elétrico”. Dessa forma, a NR-10 atinge, inclusive, os trabalhadores em
A abrangência da NR-10 é para todos os trabalhadores diretos, ambientes circunvizinhos sujeitos às influências das instalações
objetivamente envolvidos na ação, ou seja: eletricistas, montadores, ou sistemas elétricos, tais como: trabalhadores nas instalações
reparadores, instaladores, mantenedores, técnicos, engenheiros, telefônicas, TV a cabo, iluminação pública, podas da arborização,
etc., bem como aos trabalhadores indiretos, sujeitos à reação, em estruturas de distribuição e transmissão de energia elétrica, ou
irregularidades ou ausência de medidas de controle e sistemas de trabalhadores em geral, que, apesar de não realizarem quaisquer
prevenção, usuários de equipamentos e sistemas elétricos e outras atividades com essas estruturas, equipamentos ou partes elétricas,
pessoas não advertidas, tais como operadores de equipamentos realizam suas atividades e serviços na zona controlada definida no
elétricos em condição de perigo, todos os profissionais de anexo II da NR-10. Ainda amparados por esse conceito estão os
manutenção envolvidos com sistemas elétricos, etc. mecânicos, técnicos de manutenção, pessoas de limpeza em áreas
Deve-se ressaltar que a NR-10, item 10.1.1, não trata de ou ambientes elétricos, pessoas de supervisão e de controle, que,
“empregado”, mas de “trabalhador”, conforme segue: por força de suas atividades, se envolvem com instalações elétricas
(Figura 3). Esse assunto será tratado com mais detalhe adiante.
•Empregado: Pessoa física que presta serviços de natureza não
eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário
(CLT);
•Trabalhador: Pessoa que vende a sua força de trabalho.

Isso resulta na aplicação da NR-10 não somente às categorias


organizadas, tais como os metalúrgicos, os eletricitários, os 289
trabalhadores da construção civil, os petroquímicos, os têxteis etc.,
mas também e, sobretudo, aos trabalhadores menos organizados Figura 3 – Trabalho em proximidade
por categorias, como os autônomos, avulsos, eventuais,
chapinhas, safreiros, ambulantes; domésticas, homem do campo, 1.4 Normas regulamentadoras versus NBR
etc., independentemente de seus vínculos empregatícios, pois o
cumprimento da NR-10 implica a proteção à vida do cidadão em A NR-10 impõe às pessoas e organizações que se atendam as
seu trabalho, conforme impõe a Constituição Federal – “Art. 7º normas técnicas oficiais estabelecidas pelos órgãos competentes.
São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros Certamente, a aplicabilidade da NR-10 não seria possível com
que visem à melhoria de sua condição social: XXII – redução dos algumas poucas páginas do texto aprovado, cujo objetivo principal
riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene é estabelecer as diretrizes de gestão e responsabilidade no trato
e segurança”. das questões de medidas de prevenção e controle para garantir a
segurança e a saúde dos trabalhadores que interajam em instalações
1.3 Trabalho em proximidade elétricas e serviços com eletricidade. Dessa forma, a NR-10 se
alicerça nas normas técnicas oficiais estabelecidas pelos órgãos
No segundo item introdutório “10.1.2”, a NR-10 sujeita todas competentes e, na ausência ou omissão destas, nas normas
as atividades desde a produção ou geração até o consumo final da internacionais aplicáveis.
energia elétrica em suas mais diversas aplicações, abrangendo as A Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT é
seguintes etapas: uma entidade privada reconhecida pelo Conselho Nacional de
Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial – CONMETRO e
• Projeto (planejamento, levantamentos, medições, etc.); responsável pela normalização técnica, fornecendo a base necessária
• Construção (preparação, montagens e instalações); para a padronização técnica orientativa no Brasil. A ABNT produz
• Reformas (atualizações, modificações e ampliações); as Normas Brasileiras – NB, desenvolvidas por voluntários.
• Operação (supervisão, controles, ação e acompanhamento); Tais Normas Brasileiras, quando registradas pela ABNT junto
• Manutenção (diagnóstico, reparação, substituição de partes e ao Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade
peças, testes). Industrial – INMETRO, e passam a ser identificadas como Norma
NR 10

Brasileira Registrada – NBR e tornam-se oficiais. No entanto, seu


E, ainda, ela inova no momento em que abrange também uso ou atendimento é de caráter voluntário pela sociedade, salvo
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

quando explicitado em um instrumento do Poder Público (lei, necessidade de medidas de controle e de responsabilidade nos trabalhos
decreto, portaria, normativa, etc.) ou quando citadas em contratos. de gerenciamento dos riscos elétricos.
Então, as instalações elétricas e serviços com eletricidade devem Os riscos potenciais da energia elétrica são (Figura 4):
atender as prescrições fixadas nas normas técnicas aplicáveis ao
perfeito funcionamento das instalações e à segurança das pessoas • Choque elétrico e queimaduras resistivas e internas;
e, logicamente, dos trabalhadores. • Queimaduras provocadas pela energia térmica do arco elétrico;
Assim, citamos algumas NBRs de interesse do assunto: • Quedas;
NBR 5410 – Instalações elétricas de baixa tensão; NBR 14039 • Doenças pelos efeitos eletromagnéticos;
– Instalações elétricas de média tensão de 1,0 kV a 36,2 kV; • Perdas (incêndios, explosões, danos a equipamentos, etc.).
ABNT NBR IEC 60079-14:2006 – Equipamentos elétricos para
atmosferas explosivas; NBR 8674 – Execução de sistemas fixos As medidas de controle determinadas no item 10.2 da NR-10
automáticos de proteção contra incêndio, com água nebulizada são ações estratégicas de prevenção destinadas a eliminar, reduzir
para transformadores e reatores de potência; NBR IEC 60947-1 ou manter sob controle as incertezas e os eventos indesejáveis,
– Dispositivos de manobra e comando de baixa tensão; e outras que possuam a capacidade potencial para causar lesões ou danos
tantas normas que são aplicáveis às instalações e serviços com à integridade física ou à saúde dos trabalhadores e, até mesmo,
eletricidade. produzir perdas materiais. O estudo, desenvolvimento, implantação
Nesse mesmo item 10.1.2, a NR-10 ainda estabelece que, e acompanhamento das medidas de controle geram a necessidade
em situações onde as normas técnicas nacionais forem omissas de planejamento de um programa de “gerenciamento de riscos”,
ou insuficientes, é passível de aplicação as normas técnicas definido como uma ciência que possibilita às pessoas conviver de
internacionais relativas ao assunto. Pode-se destacar alguns códigos maneira segura com os riscos a que estão expostos e controlar os
ou normas internacionais de reconhecido valor e aplicação, tais perigos que deles possam surgir. Tem a função de administrar as
como IEC – Internacional Electrotecnical Commission; Normas medidas de proteção às pessoas, aos recursos materiais e ao meio
ISO, NFPA 70 – National Electrical Code, etc. ambiente.
A leitura do texto da NR-10 conduzirá o leitor a concluir que se Uma empresa que se propõe ao sucesso deve implantar um
trata de uma Norma de Gestão com caráter legal de responsabilidades programa de gerenciamento de riscos orientado por uma política de
civis e criminais. Dessa forma, o alcance da NR-10 associado à valores capaz de planejar, alocar e gerir recursos, ações, iniciativas,
complexidade dos assuntos tratados não são passíveis de execução princípios e estratégias para eliminar ou mitigar os riscos
290 com algumas poucas páginas do texto nela publicado, razão pela ocupacionais, controlar e melhorar continuamente a segurança
qual é fundamental para os responsáveis pelo atendimento à NR-10 e saúde dos trabalhadores e, consequentemente, melhorar o
se servirem das especificações e orientações desenvolvidas pelas desempenho nos negócios e estabelecer uma imagem responsável
NBRs, como extensão da Norma Regulamentadora nº 10. Apesar perante o mercado.
da não compulsoriedade das NBRs, é fundamental dedicar total
atenção a elas, pois tais documentos constituem fontes inequívocas Técnicas de análise de riscos
de especificações e orientações aplicáveis ao pleno atendimento da
NR-10. As técnicas de análise de riscos, determinadas no item 10.2.1
da NR-10, constituem-se num instrumento de grande utilidade no
2 Medidas de controle dos riscos gerenciamento e controle do agente de risco “Energia Elétrica”.
Devem identificar a existência do risco elétrico, dimensionar o grau
Quando se trata de eletricidade, fica intrínseca a potencialidade e de exposição do trabalhador e conduzir à seleção de medidas de
a gravidade dos riscos à integridade física das pessoas que interagem controle adequadas à proteção coletiva, à proteção individual, à
direta ou indiretamente com esse tipo de energia, o que gera a proteção do meio ambiente e aos procedimentos de trabalho seguro.

Riscos potenciais da eletricidade

• diretos
choques elétricos
- parada cardiorrespiratória, fibrilação Riscos ao patrimönio
- queimaduras resistivas e internas
queimaduras por arcos voltaicos (flash) incêndios; explosões; corrosão eletrolítica.
efeitos eletromagnéticos

• indiretos
impactos e quedas
queimaduras por contato
NR 10

Figura 4 – Riscos potenciais da eletricidade


GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Deverá ser aplicada em conformidade com a metodologia de • Controles dos riscos adicionais: trabalho em altura; confinamento,
“análise de riscos” na fase de projeto, planejamento das atividades campos elétricos, etc.;
de construção, ampliação, modificação, manutenção, inspeção e • Aterramento elétrico e equipotencialização;
operação de sistemas, de forma a antecipar todos os possíveis eventos • Equipamentos de Proteção Individual – EPI;
indesejáveis, possibilitando a adoção de medidas preventivas à • Certificações e testes de rigidez dielétrica nos EPI e EPC;
segurança e saúde do trabalhador, do usuário e de terceiros, do meio • Classificação de áreas e certificações de dispositivos e
ambiente e até mesmo evitar danos aos equipamentos e edificações, equipamentos destinados a áreas com atmosferas explosivas;
assim como evitar a interrupção dos processos produtivos. Uma • Controle do trabalho individualizado em serviços com alta tensão
correta aplicação da análise de risco conduzirá ao desenvolvimento e SEP;
de padrões de segurança como os procedimentos de trabalho, check- • Treinamentos de segurança em instalações e serviços com
lists, instruções e treinamentos, etc. eletricidade;
Na prática, as técnicas de análise de riscos devem estar • Controle de qualificação e capacitação dos trabalhadores próprios
baseadas em algumas ferramentas operacionais, tais como: APR e terceirizados;
(Análise Preliminar de Riscos); AMFE (Análise do Modo de Falha • Liberação e administração das autorizações para trabalho com
e Efeitos); HAZOP (Estudo de Operabilidade e Riscos); WIF (What eletricidade;
if/Checklist); ART (Análise de Risco de Tarefa ); APP (Análise • Controles de procedimentos de trabalho e ordens de serviços
Preliminar de Perigo); dentre outras (Figuras 5 e 6). elétricos;
É importante ressaltar que o item 10.2.2 impõe que as medidas • Controles na implementação da NR-10 para prestadores de
adotadas de controle dos riscos elétricos “devem integrar-se” às serviços e empresas contratadas;
demais medidas e iniciativas de preservação da segurança, saúde • Adoção de plano de emergência, métodos e meios de resgate
e do meio ambiente da empresa. Ou seja, as medidas de controle adequados às atividades.
do risco elétrico adotadas pela organização devem integrar um
programa geral de administração dos riscos, o que lhe impõe A seguir são detalhados alguns tópicos mencionados
uma forte característica gerencial e com responsabilidade no anteriormente:
atendimento a alguns tópicos da NR-10, a seguir destacados:
Esquemas elétricos unifilares
• Análise de riscos;
• Esquemas elétricos unifilares; Os esquemas unifilares constituem-se numa exigência bem 291
• Prontuário das instalações elétricas; elementar de documentar as instalações elétricas e são exigidos no
• Responsabilização técnica pelos serviços elétricos; item 10.2.3 para todos os estabelecimentos, independentemente da
• Relatórios de inspeções técnicas; potência instalada, área do prédio, atividade econômica, número de
• Sistemas e controles de desenergização com o bloqueio de fontes trabalhadores, etc.
elétricas; Estes esquemas, além da representação gráfica dos componentes
• Aplicação de medidas de proteção coletiva (tensão de segurança, elétricos e as suas relações funcionais, devem estar acompanhados
DR, invólucros, etc.); de dados e especificações das medidas de proteção utilizadas em
• Controles nos projetos de instalações elétricas; geral e, especialmente, do sistema de aterramento elétrico. Trata-se


ANÁLISE DE RISCOS DE TAREFAS ART
Data
Descrição da atividade / serviço

Área / Local Preparada por:

Sequência das tarefas da atividade Riscos Potenciais Procedimento seguro de EPI - Equipamento de
trabalho recomendado proteção individual

Recomendações de segurança (gerais e específicas)

Equipamentos de proteção coletiva necessários

Responsáveis pela execução da atividade

Departamento Solicitante Nome Assinatura Cargo RE Telefone

Coordenador do Serviço Nome Assinatura Cargo RE Telefone

Observações Finais

Aprovação da equipe

Técnico Segurança EPS Especialista Técnico Executante do Técnico Data Hora


na Atividade Serviço Segurança
NR 10

Figura 5 – Exemplo de ART


GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS


ANALISE PRELIMINAR DE RISCOS 01/04
Data
SITUAÇÃO:
Parada Programada ( ) Parada de Emergência ( ) Atividade Nova ( ) Melhoria ( ) Obra Nova ( ) (RE) Reforma Especial ( ) (GR) Grande Reparação ( )
DEPARTAMENTO: LOCAL DE TRABALHO: EQUIPAMENTO/MÁQUINA/INSTALAÇÃO: DESCRIÇÃO DA ATIVIDADE:

POSSÍVEIS RISCOS DA ATIVIDADE:


( ) Poeira ( ) Queda em mesmo nível ( ) Ação de ser vivo (cobra, etc.) ( ) Ferramenta/Equipamento danificado ( ) Rompimento de corrente
( ) Prensamento entre ( ) Iluminação deficiente ( ) Gases/Vapores ( ) Piso escorregadio/irregular/instável ( ) Rompimento de cabo de aço
( ) Prensamento por ( ) Ruido excessivo ( ) Local úmido ou encharcado ( ) Pressão hiperbárica ( ) Rompimento de corda
( ) Impacto sofrido por ( ) Radiação não ionizante ( ) Movimentação de carga suspensa ( ) Terreno inclinado ( ) Desmoronamento
( ) Impacto contra ( ) Aprisionamento entre ( ) Transitar sob carga suspensa ( ) Produtos inflamáveis ( ) Movimentação ferroviária
( ) Ser atingido por ( ) Atrito, abrasão, perfuração ( ) Projeção de objetos ( ) Produtos tóxicos ( ) Descargas elétricas
( ) Queda de Objeto ( ) Esforço excessivo ( ) Projeção material incandescente ( ) Produtos corrosivos ( ) Trabalho com eletricidade
( ) Queda de escada ( ) Contato com temperatura ( ) Partículas volantes ( ) Presença de água ( ) Patolamento próximo escavações
( ) Queda de altura ( ) Exposição temperatura ( ) Incêndio/Explosão ( ) Trabalho em local confinado ( ) Patolamento parcial
( ) Queda de nível diferente ( ) Radiação ionizante ( ) Ferramenta inadequada ( ) Trabalho em local semi-confinado ( ) Contato com lã de vidro/fibra cerâmica
( ) Contato com óleo/graxa ( ) Escape de barras ( ) Peças em movimento ( ) Projeção de material liquefeito ( ) Trabalho com circuito elétrico energizado
( ) Atropelamento ( ) Lambada por estouro ( ) Peças cortantes/escoriantes ( ) Substância/Material quente ( ) Equipamento/Veículo inadequado

Outros: Especificar no verso se necessário.

ATIVIDADES RISCOS VERIFICADOS AÇÕES OBRIGATÓRIAS DE SEGURANÇA (Gerais e Específicas)

PESSOAS TREINADAS PARA A ATIVIDADE


NOME RE FUNÇÃO ASSINATURA

RECURSOS MATERIAIS NECESSÁRIOS:


Máquina de Solda ( ) Aparelhos de Oxi-corte ( ) Furadeira ( ) Lixadeira ( ) Talha Catraca ( ) Cabo de Aço ( ) Corda/Corrente ( )
Ferramentas Manuais ( ) Ferramenta Pneumática ( ) Tirfor ( ) Guindaste ( ) Escada ( ) Compressor ( ) Veículo leve/Caminhão ( )
Outros: Especificar no verso se necessário.
RECOMENDAÇÕES DE SEGURANÇA (GERAIS E ESPECÍFICAS):
292
EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAIS E OBRIGATÓRIOS: EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA NECESSÁRIOS:

RESPONSÁVEIS PELA EXECUÇÃO DA ATIVIDADE:


Dept° Solicitante NOME: ASSINATURA: CARGO: RE: TELEFONE:

COORDENADOR DO SERVIÇO NOME: ASSINATURA: CARGO: RE: TELEFONE:

OBSERVAÇÕES FINAIS:
APROVAÇÃO DA EQUIPE:

Técnico Segurança EPS Especialista Técnico na Atividade Executante do Serviço Técnico Segurança DATA HORA
TELEFONES ÚTEIS:
Segurança Brigada Emergência XXXXXX Portaria X Meio Ambiente X

Figura 6 – Exemplo de APP

de um elemento de fundamental importância para a segurança de Prontuário de instalações elétricas


trabalhadores, usuários, e dos demais equipamentos e dispositivos
de proteção que integram a instalação elétrica, tais como, fusíveis, Ao regulamentar a obrigatoriedade de documentar a instalação
disjuntores, chaves e outros componentes associados à proteção. elétrica, os itens 10.2.4 e 10.2.5 da NR-10 promoveram a oportunidade
Os esquemas são imprescindíveis à consulta dos trabalhadores de gestão responsável, permitindo assim a disponibilização de
para estudos, modificações, reparos e atualizações. O esquema informações e a realização de planejamento, estudos e pesquisas
unifilar não é senão a expressão mais simples e objetiva da instalação pelos trabalhadores e demais interessados, contribuindo para a
elétrica, mas para o trabalhador autorizado é o documento que promoção de ações de segurança e de auditoria fiscalizadora.
informa, facilita e permite a realização de realizar um trabalho mais A exigência da NR-10 para os estabelecimentos com carga
seguro. Na inexistência ou na desatualização dessas documentações, instalada superior a 75 kW tem o objetivo de produzir, sob a
poder ser originadas as incertezas e surpresas que, invariavelmente, responsabilidade da empresa, uma memória dinâmica da instalação
conduzem a eventos indesejáveis quando da realização de serviços. elétrica, dos procedimentos de trabalho, dos sistemas e medidas
Finalmente, o item estabelece a obrigatoriedade de atualização de proteção, das realizações de treinamentos, capacitações,
contratações, certificações, especificações, testes de rigidez
NR 10

permanente com as alterações ou modificações implantadas ao


longo do tempo na instalação elétrica. dielétrica, enfim, da organização das instalações e serviços elétricos.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Os documentos relativos às instalações elétricas raramente São documentos das avaliações da infraestrutura de
eram conhecidos pelos trabalhadores ou usuários que interagem aterramento elétrico das instalações e do sistema de proteção contra
com as instalações e serviços elétricos, devendo, doravante, ser descargas atmosféricas, bases das medições, seus resultados e não
organizada em um “Prontuário das Instalações Elétricas”, mantido conformidades. A frequência e a natureza das inspeções e medição
pelo empregador ou por pessoa formalmente designada pela de aterramentos são determinadas por norma técnica específica da
empresa, permanecendo à disposição dos trabalhadores e demais ABNT (NBR 5419) e dependem de vários fatores, como a finalidade
interessados envolvidos com instalações e serviços em eletricidade, de uso da edificação, o grau de proteção e o sistema utilizado. As
incluindo-se as autoridades. O Prontuário deve ser revisado e inspeções devem ser de responsabilidade exclusiva de profissionais
atualizado periodicamente. técnicos legalmente habilitados, de acordo com as suas atribuições
Desta forma, a reunião das informações e documentos sobre a profissionais, conforme determina a legislação específica do
instalação elétrica será feita através de um Prontuário, que poderá CONFEA – Conselho Federal de Engenharia e Arquitetura.
ser uma pasta, um manual, um arquivo, um sistema microfilmado,
ou até mesmo um sistema informatizado, ou a combinação destes, c) especificação dos equipamentos de proteção coletiva e individual
desde que o seu conteúdo seja imediatamente acessível, quando e o ferramental
necessário, respeitadas as limitações de capacidade, autorização e
área de atuação dos envolvidos. Determina-se que sejam incluídos no prontuário: as
Essa exigência destina-se aos estabelecimentos com potência especificações dos equipamentos de proteção coletiva (cestos
instalada superior a 75 kW, que é o limite superior de potência aéreos, varas de manobra, conjuntos de aterramento, sistemas de
determinado para fornecimento pelas concessionárias diretamente em bloqueio, etc.) e de proteção individual (calçado de segurança
baixa tensão, conforme resolução da ANEEL nº 486 de 29/11/2000. elétrica, luvas isolantes, vestimentas de proteção, etc.), assim como
Há exceções à regra (zona rural; distribuição subterrânea), em que o ferramental de uso dos trabalhadores envolvidos com eletricidade.
são adotados outros valores de potência como limites do tipo de Naturalmente, essas especificações devem ser o resultado de
fornecimento. Assim, para efeito da NR-10, foi fixado o valor de 75 um estudo para a correta aplicação e adequação dos equipamentos
kW de potência instalada para o consumidor individual. à realidade da empresa e das instalações, que deverá ser precedido
No caso de fornecimento para prédios e condomínios, que têm pela análise de risco da atividade. Os equipamentos de proteção
como característica a entrada de energia elétrica dita “coletiva”, individual devem possuir o Certificado de Aprovação – CA,
os consumidores deverão ser considerados individualmente. segundo a legislação vigente (NR-6 do MTE).
O consumo das áreas comuns (bombas, elevadores, piscinas, Tratando-se de equipamentos de proteção coletiva, as 293
escadarias, garagem, etc.) tem medição independente, geralmente especificações devem ser claras quanto ao uso, limitações, e
chamada de “administração”. A partir desse valor de 75 kW de características, com ênfase aos aspectos relacionados à segurança
potência instalada, o fornecimento ao consumidor se dará pela com eletricidade. Níveis de isolamento, capacidade de corrente
concessionária de energia elétrica habitualmente em média/ suportável pelos conjuntos de aterramento temporário, fixação
alta tensão, com uma cabine de transformação, posto blindado, de barreiras, sistemas de bloqueio de fontes, etc., assim como as
transformador montado em poste ou de outra forma segundo a medidas administrativas necessárias a suas corretas aplicações.
padronização da concessionária local. Na listagem das ferramentas, devem ser observadas
As documentações necessárias ao prontuário das instalações fundamentalmente a sua finalidade, descrição das características
elétricas são: e seus limites ao uso em instalações elétricas. Especial atenção
deverá ser dada aos sistemas de bloqueio de fontes e aos aparelhos
a) conjunto de procedimentos e instruções técnicas e administrativas de medição (multímetros) que deverão ser adequados à grandeza
de segurança e saúde, implantadas e relacionadas a esta NR, e a se medir e de categoria apropriada ao tipo e local de utilização,
descrição das medidas de controle existentes conforme a IEC 61010-1.

Este item determina que o prontuário integre todos os d) documentação comprobatória da qualificação, habilitação,
procedimentos operacionais, as instruções técnicas e as instruções capacitação, autorização dos trabalhadores e dos treinamentos
administrativas relacionadas aos serviços elétricos, contendo as realizados
medidas implantadas de controle do risco elétrico e que devem ser
de conhecimento e obediência pelos trabalhadores. São as regras Muitas empresas mantêm trabalhadores próprios e também
básicas e fundamentais para a intervenção nas instalações. Os contratam terceirizados que realizam os serviços em eletricidade,
procedimentos mencionados serão objeto de detalhamento no item devendo controlar os certificados das pessoas com qualificação ou
10.11, devendo conter os passos do trabalho, as responsabilidades, produzir os documentos de capacitação formal, conforme prescreve
as observações quanto aos riscos existentes e as medidas de a NR-10.
proteção a serem observadas. Esta alínea “d” estabelece a inclusão no prontuário dos
documentos tratados no tópico 10.8 da NR-10, referente ao processo
NR 10

b) documentação das inspeções e medições do sistema de proteção de autorização, devendo constar os documentos de qualificação (da
contra descargas atmosféricas e aterramentos elétricos instituição oficial de ensino); da habilitação (do conselho de classe);
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

da capacitação (da formação e desenvolvimento do trabalhador trabalhadores autorizados deverão conhecer e estar aptos a adotá-
realizado na própria empresa); dos treinamentos de segurança los nas circunstâncias em que se fizerem necessários. Essa medida
básico, complementar e as reciclagens; e da autorização formal é função do risco e das condições do trabalho em áreas externas,
dada pela empresa ao trabalhador (contrato, carteira profissional, sujeitas a diversas variáveis, cujo controle não está totalmente
etc.). nas mãos dos trabalhadores, como as interferências de veículos
em vias públicas, intempéries, ações de pessoas negligentes,
e) resultados dos testes de isolação elétrica realizados em sabotagens, bem como os reflexos dessas ocorrências nas áreas
equipamentos de proteção individual e coletiva internas, que determinam a necessidade de serem preestabelecidos
procedimentos genéricos emergenciais.
Determina a organização dos resultados de testes dielétricos
realizados, iniciais e periódicos, nos equipamentos de proteção, • certificações dos equipamentos de proteção coletiva e individual
coletivos (cestos, varas de manobra, etc.) e individuais (calçado,
luvas, etc.), e ferramental (alicates, chaves, etc.) dotados de isolação Os certificados de aprovação – CA dos EPIs conforme
elétrica, conforme regulamentações, quando houver, especificações determina a NR-6 e certificados de equipamentos de proteção
e recomendações. Tais testes são objeto de exigência específica coletiva específicos ao SEP, quando representados por uma peça,
do item desta NR-10, que trata de trabalhos com instalações dispositivo, equipamento ou conjunto, deverão ser organizados e
energizadas. mantidos no prontuário.
Também as empresas que realizam serviços nas proximidades
f) certificações dos equipamentos e materiais elétricos em áreas do SEP, assim entendidas as prestadoras de serviços contratadas
classificadas pelas concessionárias de energia elétrica, outras empresas que
compartilham o mesmo posto de trabalho (torres, postes, subestação,
Trata da documentação de certificação dos equipamentos etc.), circunscrito aos limites estabelecidos no anexo II da NR-10,
e dispositivos elétricos utilizados em áreas classificadas, cuja tais como as empresas de telefonia, TV a cabo, iluminação pública,
obrigatoriedade está expressa na Portaria 176 de 17.07.2000, de poda de árvores e suas contratadas, estão obrigadas a constituir
quando o SINMETRO regulamentou a exigência de certificação um prontuário contemplando as alíneas “a”, “c”, “d” e “e”, do item
desses equipamentos e materiais. 10.2.4 e alíneas “a” e “b” do item 10.2.5.
Respeitando-se a regulamentação, os equipamentos e Especial atenção deve ser dada ao fato de que o prontuário é uma
294 dispositivos elétricos destinados às áreas classificadas, adquiridos memória documental da realidade (as built), pressupondo-se que
antes da data da publicação dessa portaria, estão isentos de instalações elétricas, serviços, trabalhadores, etc. são dinâmicos.
certificação nos moldes regulamentados. Contudo, deverão Dessa forma, o item 10.2.6 da NR-10 reafirma a responsabilidade
comprovar que são e estão seguros, mediante a apresentação de do empregador quanto à obrigatoriedade de disponibilizar aos
certificados estrangeiros, laudos, declarações ou catálogos dos trabalhadores e de atualização do prontuário de acordo com o
fabricantes ou declarações de profissionais legalmente habilitados dinamismo das mudanças, podendo, a seu critério, delegar tal
juntos ao prontuário. responsabilidade a pessoas designadas formalmente. Contudo, o
empregador deve eleger (selecionar, designar, contratar) para tal
g) relatório técnico das inspeções atualizadas com recomendações, atribuição pessoas com habilitação e capacidade técnica específicas.
cronogramas de adequações, contemplando as alíneas de “a” até “f” A obrigação de disponibilizar o prontuário aos trabalhadores
legitima o direito de saber dos envolvidos, e promove melhores
Obriga o estabelecimento a realizar uma auditoria periódica da condições de estudo, análise e conhecimento, evitando que o
condição de segurança das instalações elétricas, devendo resultar em trabalho possa ocorrer sem o pleno domínio do conhecimento e das
um documento “relatório técnico” contendo as não conformidades circunstâncias de sua realização.
com as regulamentações de interesse, as recomendações de Impondo o respeito às atribuições e competências profissionais,
regularização, as propostas de adequação e as melhorias cabíveis. As o item 10.2.7 da NR-10 determina que os documentos técnicos
ações de regularização deverão ser devidamente programadas para integrantes do prontuário sejam elaborados por “profissional
períodos aceitáveis, em cronograma executivo de regularizações. legalmente habilitado”.
Independentemente da carga instalada, essa determinação de Assim, se a qualidade e especificidades dos documentos
organização do “Prontuário das Instalações Elétricas” foi também necessários ao prontuário exigirem as atribuições e competências
direcionada às empresas do sistema elétrico de potência – SEP, item do técnico, do engenheiro eletricista, do engenheiro de segurança,
10.2.5, assim denominadas as empresas de geração, transmissão ou do médico, do advogado, de acordo com as suas atribuições
distribuição, devendo essas empresas do setor elétrico, além dos profissionais regulamentadas e controladas por seu conselho de
documentos acima descritos, possuírem também: classe, então a tarefa deverá ser confiada a esse profissional.
Está subentendido que as pessoas não poderão realizar trabalhos
• descrição dos procedimentos para emergências para os quais não estejam habilitadas, competência que é regulada
NR 10

pelos conselhos profissionais de classe, cabendo ao empregador a


São procedimentos para contingências de ordem geral, que os gestão de tais competências e responsabilidades profissionais.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

São vários os exemplos de emprego de EBT nos equipamentos


3 Medidas de Segurança Elétrica
e instalações com que convivemos diariamente. O telefone (48
Vcc), o computador portátil (19,5 Vcc), a iluminação da piscina
Vários itens da NR-10 tratam de medidas de segurança
(12 Vca), instalações hospitalares para controle de pacientes e uma
elétrica para proteção das pessoas, mais especificamente os itens
série de aplicações, priorizando sempre a segurança do homem.
que tratam de medidas de proteção coletiva (10.2.8); medidas de
proteção individual (10.2.9); seguranças na construção, montagem,
3.1.3 Proteção básica e proteção supletiva
operação e manutenção (10.4); segurança em instalações elétricas
desenergizadas (10.5); segurança em instalações elétricas
Há outras medidas de proteção coletiva contra choques elétricos
energizadas (10.6); e trabalhos envolvendo alta tensão (10.7).
chamadas de “básica” e “supletiva”.
A proteção básica (contra contatos diretos) pode compreender:
3.1 Medidas de proteção coletiva
isolação das partes vivas; uso de barreiras ou invólucros de
As medidas de proteção coletivas, na sua grande maioria, proteção; obstáculos; colocação fora do alcance das pessoas; uso de
são inerentes à própria instalação e abrangem o coletivo dos dispositivos de proteção à corrente diferencial–residual; e limitação
trabalhadores, usuários e terceiros expostos à mesma condição, de tensão.
por se servirem da mesma instalação. O objetivo dessas medidas A proteção supletiva (contra contatos indiretos) é prevista por
é eliminar ou reduzir, com controle, eventos indesejáveis, com o meio de medidas que incluem a adoção de equipotencialização e
propósito de preservar a integridade física das pessoas. seccionamento automático da alimentação, o emprego de isolação
O item 10.2.8 da NR-10 estabelece várias formas de proteções suplementar e o uso de separação elétrica individual.
coletivas nas instalações elétricas, não somente regulamentadas Muitas dessas medidas de proteção nos rodeiam e, de tão
para a proteção dos eletricistas, mas sim de todos os trabalhadores familiares, nem as percebemos como tal, já que integram os aparelhos
e pessoas que possam estar, direta ou indiretamente, expostos aos elétricos, as máquinas e as instalações. Estão tão integradas que, às
efeitos da energia elétrica. vezes, a sua função de proteção fica diminuída diante da função
A seguir são indicadas as principais medidas de proteção decorativa que podem representar, tais como as placas (espelhos)
coletiva tratadas na NR-10. comuns dos interruptores e tomadas embutidas nas paredes, assim
como os quadros e painéis elétricos e a isolação dos fios e cabos
3.1.1 Desenergização elétricos que, em conjunto com barreiras, obstáculos e outras
formas de segregar as partes energizadas da instalação elétrica, 295
A forma mais simples de eliminar totalmente os riscos com estão dispostos no item 10.2.8.2.1 da NR-10 e tem a finalidade de
eletricidade é eliminar a presença dessa energia. Dessa forma, a impedir o acesso ou contato da pessoa (trabalhador) com partes
NR-10 tornou prioritária essa medida de segurança, respeitando vivas (energizadas) da instalação elétrica.
seus limites de aplicação. A eliminação da energia elétrica é
denominada na NR-10 como “desenergização” e está imposta pelo 3.1.3.1 Proteção básica
item 10.2.8.2. Por ser de extrema importância, foi pormenorizada
passo a passo no item 10.5 da NR-10, o qual será discutido mais a) Isolação das partes vivas
adiante.
A isolação das partes vivas consiste na separação das partes
3.1.2 Tensão de segurança energizadas mediante a aplicação de materiais eletricamente
isolantes, de forma a impedir a passagem de corrente elétrica
A medida de proteção prioritariamente subsequente à (tratado no Anexo B da NBR 5410).
desenergização é o uso de tensão de segurança, conforme prevê Um exemplo de isolação das partes vivas são os fios e cabos
o mesmo item 10.2.8.2. A tensão de segurança é uma medida de elétricos nos quais se aplica um material isolante (plásticos,
proteção coletiva que emprega a extrabaixa tensão (EBT) como elastômeros, etc.) sobre os condutores metálicos de forma a impedir
tensão máxima, a qual se pode expor o corpo humano sem a todo contato com o metal energizado (Figura 7). Essa isolação
ocorrência de choque elétrico. Sua especificação está estabelecida deverá ser tal que só possa ser removida através de sua destruição.
conforme a natureza da corrente elétrica (corrente contínua ou As tintas, vernizes, lacas e produtos análogos aplicados diretamente
corrente alternada) e as influências externas (ambientais) que
possam promover a variação da resistência elétrica do corpo
humano e contato com potencial de terra.
A tensão de segurança utiliza o conceito da extrabaixa tensão
como medida de proteção das pessoas contra os choques elétricos
e está tratada na NBR 5410:2004 no item 5.1.2.5 sob o título de
SELV (Separated Extra Low Voltage) e PELV (Protected Extra
NR 10

Low Voltage). Sua aplicação correta exige o atendimento de uma Figura 7 – Cabos isolados são exemplos de medida de proteção por isolação das
série de requisitos específicos, conforme indicado na NBR 5410. partes vivas
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

sobre os condutores não são considerados como uma isolação


suficiente no elenco da proteção contra os contatos diretos.

b) Invólucros

Os invólucros são considerados como medida de proteção


coletiva básica, que integra o conceito de isolação das partes
vivas, consistindo em dispositivos ou componentes envoltórios
de segregação das partes energizadas com o ambiente, destinados
a impedir qualquer contato com partes internas energizadas. São
exemplos dessa medida de proteção coletiva os quadros, caixas,
gabinetes, painéis, bastidores, etc., assunto tratado no Anexo B da
NBR 5410 (Figura 8).

Figura 9 – Exemplos de barreiras

As barreiras e os invólucros devem ser capazes de resistir às


solicitações mecânicas, elétricas ou térmicas às quais possam ser
submetidos em uso normal e também devem ser fixados de forma
segura, possuindo uma robustez e durabilidade suficientes para
manter os graus de proteção (IP) com a adequada separação das
partes vivas nas condições normais de serviço, levando-se em conta
296 as condições das influências externas relevantes.

d) Obstáculos

Com algumas restrições, também podem ser consideradas


medidas de proteção coletiva os “obstáculos”. Eles são elementos
que impedem o contato acidental ou a aproximação física não
intencional das partes vivas, porém não impedem o contato por
ação deliberada. São exemplos de obstáculos as correntes, fitas,
cordões, cones, corrimãos, barras, etc.
É importante notar que essa medida de proteção é considerada
parcial, porque não se aplica a toda e qualquer pessoa, mas apenas
a pessoas consideradas advertidas, isto é, pessoas com informações
e conhecimentos suficientes para se prevenirem dos efeitos danosos
da eletricidade, normalmente pessoal de operação, manutenção e
Figura 8 – Invólucros: caixa de passagem, quadro, painel elétrico técnicos de um modo geral, que foram treinados, instruídos e por
isso autorizados (classificados como BA4 e BA5 pela NBR 5410).
c) Barreiras
e) Colocação fora de Alcance
Outra medida de proteção coletiva bastante utilizada são as
barreiras, dispositivos que impedem todo e qualquer contato com as Consiste em manter as partes vivas suficientemente distantes de
partes vivas. As barreiras, para assim se caracterizarem, só podem forma que as pessoas não as alcancem acidentalmente.
ser removíveis com o uso de chaves ou ferramentas (Figura 9). A NBR-5410 determina que a zona de alcance normal
A barreira é associada à “regra do dedo”, que visa impedir que compreende um volume com altura de 2,5 m acima do piso, 1,25 m
as partes energizadas sejam acessadas pelos dedos. Neste sentido, as além do fim do piso, 1,25 m abaixo do piso e 0,75 m por baixo do
barreiras não devem apresentar aberturas que permitam a inserção piso.
NR 10

de um corpo sólido com diâmetro superior a 12 mm (tratado no Da mesma forma como os obstáculos, essa medida só é válida
Anexo B da NBR 5410 – Grau de Proteção IP2X). para os locais onde o acesso é restrito a pessoas BA4 e BA5.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Fusível NH Disjuntor Díspositivo DR Fusível Diazed


Figura 10 – Exemplos de dispositivos para seccionamento automático da alimentação

das massas, ou seja, do esquema de aterramento utilizado, das


3.1.3.2 Proteção supletiva influências externas dominantes (umidade, etc.) e da existência
de proteções adicionais (NBR 5410 – item 5.1.2.2.4), que será
a) Seccionamento automático da alimentação analisado a seguir.

Outra medida de proteção coletiva fartamente empregada nas b) Proteção por separação elétrica
instalações elétricas e determinada no item 10.2.8.2.1 da NR-10 é o
seccionamento automático de alimentação. Considerada pela NBR 5410 como proteção supletiva
Consiste num princípio de proteção contra curtos-circuitos e (contra contatos indiretos), a proteção por separação elétrica é
sobrecargas elétricas e também para proteção contra choques por aquela em que a origem da instalação, a fonte, é representada
contatos indiretos. O seccionamento automático de alimentação por um transformador de separação de classe II, com relação
é utilizado como proteção para impedir que, na ocorrência de de transformação geralmente 1:1 (Figura 11). Neste sistema,
falta (contato) entre parte viva e massa ou parte viva e o condutor existem limitações para a tensão de operação e para o
de proteção, sejam originadas tensões de contato superiores ao comprimento do circuito. É uma medida de proteção útil em
limite denominado por “máxima tensão de contato permissível” processos críticos, tais como os que ocorrem em salas de 297
com duração superior a tempos predeterminados estabelecidos cirurgia, que não podem ser interrompidos por conta de um
na NBR 5410. defeito elétrico na primeira falha, de modo que possam continuar
Essa medida de proteção utiliza dispositivos, tais como a operar com segurança até que se realize a regularização dessa
disjuntores, fusíveis, DR, etc., que fazem a abertura de um primeira falta.
circuito elétrico (seccionamento) de forma automática mediante a Outra maneira de fazer a separação elétrica é utilizar
ocorrência de “falta”, interrompendo assim a alimentação elétrica circuitos separados para cada equipamento. O circuito de
do circuito (Figura 10). separação elétrica deve ser alimentado por intermédio de uma
A aplicação do princípio de proteção por “seccionamento fonte de separação, isto é, um transformador de separação
automático da alimentação” e outras medidas de proteção contra ou uma fonte de corrente que assegure um grau de segurança
os choques elétricos por contatos indiretos, chamada de proteção equivalente ao do transformador de separação. Por exemplo,
supletiva, depende da existência de uma infraestrutura de um grupo motor gerador com enrolamentos que forneçam uma
aterramento elétrico eficiente, da forma de equipotencialização separação equivalente.

NR 10

Figura 11 – Medida de proteção por separação elétrica utilizando transformador de separação


GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

A proteção por separação elétrica deve ser assegurada por meio


da obediência às seguintes prescrições:

a) Quando um circuito separado só alimentar um aparelho, sua


massa não deve ser ligada intencionalmente a condutores de
proteção, massas de outros circuitos ou a elementos condutores
estranhos à instalação;

b) Se forem adotadas proteções para o circuito secundário contra


danos ou falhas de isola¬mento, uma fonte de separação pode
alimentar vários aparelhos, desde que todas as exigências a seguir
sejam atendidas:

• As massas dos circuitos separados devem ser ligadas entre si por


condutores de equipotencialidade não aterrados. Estes condutores
não devem ser ligados aos condutores de proteção, nem a massas de
outros circuitos, nem a elementos condutores estranhos à instalação; Figura 12 – Exemplo de equipamento com isolação dupla e o respectivo símbolo
• Todas as tomadas de corrente devem possuir um contato exclusivo
para ligação aos condutores de equipotencialidade previstos no de aterramento adotado.
item anterior. Em algumas situações de realização de serviços elétricos,
é obrigatória a adoção de um aterramento elétrico temporário,
c) Isolação suplementar (dupla ou reforçada) que consiste na ligação elétrica efetiva, confiável, adequada e
intencional à terra, destinada a garantir a equipotencialidade. Esse
Também é considerada uma medida de proteção coletiva a aterramento temporário deve ser mantido continuamente durante a
utilização de invólucros de isolação dupla ou reforçada existentes intervenção na instalação elétrica (este item será discutido adiante
em alguns modelos de máquinas e equipamentos eletroportáteis. na parte relativa à segurança em instalações desenergizadas).
Os equipamentos com isolação dupla não possuem condutores de O aterramento temporário também tem o objetivo de promover
298 proteção e, consequentemente, não têm contatos de aterramento no proteção aos trabalhadores contra descargas atmosféricas e indução
seu plugue. Equipamentos com isolação dupla são identificados elétrica que possam ocorrer ao longo do circuito em que se realiza
com o símbolo indicado na Figura 12. o serviço elétrico.
Para que se atenda a determinação do item 10.2.8.3 o
d) Aterramento e equipotencialização aterramento elétrico de proteção deve ser executado mediante
esquemas adequados e eficientes TN; TT; IT, assunto tratado na
A medida de segurança de suma importância para a proteção NBR 5410 nos itens 4.2.2, 5.1.2 e 6.4 e na NBR 14039 em 4.2.3,
coletiva é o aterramento elétrico de proteção, tratado no item 5.1.2 e 6.4.
10.2.8.3 da NR-10, que se constitui em um sistema muito utilizado na Acompanhando a regulamentação de aterramento da NR-
proteção das pessoas e também é fundamental para o funcionamento 10 de 2004, a Lei Federal Nº 11.337, de 26 de julho de 2006,
adequado das instalações elétricas. Ele consiste numa ligação determina a obrigatoriedade das edificações possuírem sistema de
elétrica de baixa impedância, intencional, confiável e adequada aterramento e instalações elétricas compatíveis com a utilização
com a terra, sendo “terra” entendida como a massa condutora cujo de “condutor terra de proteção”, bem como tornou obrigatória a
potencial elétrico em qualquer ponto é convencionadamente igual a existência de “condutor terra de proteção” nos aparelhos elétricos
zero (Figura 13). comercializados no país.
Em geral, o aterramento elétrico tem as seguintes finalidades:
3.1.4 Proteção contra os efeitos térmicos
• Proporcionar um caminho de retorno das correntes elétricas nas
faltas entre condutores vivos e a terra; A corrente elétrica está sempre associada ao aquecimento de
• Proporcionar um caminho seguro para as descargas atmosféricas; condutores e, portanto, os equipamentos e dispositivos elétricos
• Proporcionar a equipotencialização do sistema; submetidos à passagem da corrente estarão sujeitos a aquecimento,
• Estabelecer uma referência de potencial; aceitável até determinados valores e indesejáveis quando puderem
• Integrar sistemas de proteção. provocar danos às pessoas e ao patrimônio.
A proteção contra efeitos térmicos é tratada na NBR 5410 e na
O aterramento de proteção deve garantir a atuação dos NBR 14039 em 4.1.2 e 5.2. Em linhas gerais, os componentes de
dispositivos de seccionamento automático e, fundamentalmente, a uma instalação elétrica e os materiais fixos adjacentes a ela devem
NR 10

segurança das pessoas, o que exige coordenação com os dispositivos ser protegidos contra os efeitos prejudiciais do calor ou radiação
de proteção instalados e o funcionamento de acordo com o esquema térmica produzida pelos equipamentos elétricos, particularmente
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Figura 13 – Aterramento elétrico de proteção

quanto há potencialidade a riscos de queimaduras, prejuízos no instalações, conforme prevêem os itens 10.4.1 e 10.4.4 da NR-10.
funcionamento seguro de componentes da instalação e combustão A proteção contra sobrecorrentes é tratada na NBR 5410 e NBR
ou deterioração de materiais. 14039 no item 5.3.
Considerando que incêndios podem ser o resultado de mau Ainda visando a segurança das pessoas e a preservação dos
funcionamento das instalações elétricas, devem ser observadas as bens, as instalações devem ser protegidas contra as sobretensões
recomendações dos fabricantes e adotadas medidas de instalação devidas às descargas atmosféricas, indução, interferências de
de forma que os componentes cujas superfícies externas possam manobras ou de outros circuitos de tensão mais elevada. A proteção
atingir temperaturas perigosas para o ambiente externo deverão contra sobretensões é tratada na NBR 5410 nos itens 4.1.5 e 5.4 e
ser montados com o uso de suportes resistentes à temperatura ou na NBR 14039 nos itens 4.1.4 e 5.4.
separados por materiais resistentes à temperatura ou de forma a No caso de quedas e faltas de tensão, devem também ser
permitir a dissipação do calor. previstos dispositivos que impeçam que aparelhos ou máquinas que
Quando em funcionamento normal os equipamentos gerarem pararam de operar voltem a funcionar automaticamente no instante 299
arcos elétricos, deverão ser envolvidos por material resistente, da regularização da alimentação, podendo assim oferecer riscos
separados por material resistente, ou dispor de dispositivo para elétricos ou mecânicos aos trabalhadores. A proteção contra quedas
contenção e/ou extinção dos arcos. e faltas de tensão é tratada na NBR 5410 e NBR 14039 no item 5.5.
Se houver efeito de focalização da radiação emitida pelo
equipamento deverão ser mantidas distâncias seguras, de forma que 3.2 Medidas de proteção individual
a exposição à radiação térmica não implique em um aumento de
temperatura que possa se tornar perigoso. As medidas de proteção individual determinadas no item 2.9
Ainda como resultado do aquecimento em situações normais da NR-10 são providências estratégicas que dizem respeito ao
que ocorre devido à passagem da corrente elétrica, devem ser indivíduo, ou seja, a um trabalhador exposto à condição de risco
consideradas as queimaduras e, para isso, as partes acessíveis de suscetível de ameaçá-lo, de forma a evitar que eventos indesejáveis
equipamentos elétricos que estejam situadas na zona de alcance ofereçam perigo à integridade física e à saúde do indivíduo
normal não devem atingir temperaturas que possam causar trabalhador.
queimaduras em pessoas e devem atender aos limites de temperatura Nas condições de risco elétrico, objeto da NR-10, quando
estabelecidos pelas normas técnicas correspondentes (Tabela 29 da as medidas de proteção coletiva tiverem se esgotado ou forem
NBR 5410 e Tabela 23 da NBR 14039). inviáveis de adoção ou não forem suficientes para a completa
prevenção do risco elétrico e, ainda, para atender às situações de
3.1.5 Proteção contra as sobrecorrentes, sobretensões e faltas emergência, e mediante fundamentação técnica cabível, a NR-10
de tensão indica o uso de equipamento de proteção individual (EPI) para a
segurança e preservação da saúde do trabalhador.
A proteção contra as sobrecargas e contra os curtos-circuitos
é uma exigência básica das instalações. É fundamental que sejam Equipamentos de proteção individual
preservadas as condições de concepção da instalação (projeto) para
que se mantenha a compatibilidade entre condutores e dispositivos Os equipamentos de proteção individual (EPI) devem atender
de proteção (disjuntores e fusíveis), de tal forma que, ao ocorrerem às disposições legais e regulamentares. O item 10.2.9.1 da NR-10
sobrecorrentes, os dispositivos de proteção sejam operados sem remete a responsabilidade de regulamentação do EPI para a NR-6,
NR 10

que os condutores sejam danificados e não sofram aquecimentos que define: “Equipamento de proteção individual é todo dispositivo
ou esforços mecânicos capazes de comprometer a segurança das ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

à proteção de riscos susceptíveis de ameaçar a segurança e a saúde classes que identificam o grau de proteção em atendimento à tensão
no trabalho”. máxima do serviço a ser executado pelo trabalhador autorizado,
Estão regulamentados para serviços elétricos os seguintes EPIs: conforme a Tabela 1:
capacete, óculos de segurança, calçado, luvas isolantes e roupas.
Tabela 1 – Classe das luvas isolantes (conforme NBR 10622)
A NR-6 regula a responsabilização, comercialização e
certificação dos EPIs, dentre os quais destacam-se os seguintes Classe Tensão Máxima de Trabalho (volt)

itens: 00 500
0 1000
• A especificação, compra, testes e fiscalização do uso dos EPIs 1 7500
são obrigações do empregador com fornecimento gratuito ao 2 17000
trabalhador autorizado; 3 26500
• A implantação dos EPIs deve ser realizada mediante análise de 4 36000
risco das atividades, orientação e treinamento do trabalhador
autorizado sobre o uso adequado, a guarda e a conservação; Em função das peculiaridades dos serviços, podem também ser
• A higienização e a manutenção dos EPIs deverão ser realizados obrigatórios:
em conformidade com procedimentos específicos;
• O trabalhador deve utilizar o EPI apenas para a finalidade a • Capacete de segurança para proteção contra choques elétricos de
que se destina, responsabilizando-se pela guarda e conservação, até 600 volts;
comunicando ao empregador qualquer alteração que o torne • Óculos de segurança para proteção dos olhos contra radiação
impróprio para uso; ultravioleta por arcos elétricos;
• Somente poderão ser comercializados, selecionados, adquiridos • Vestimentas de segurança que ofereçam proteção ao fogo por
e utilizados os EPIs que possuírem o Certificado de Aprovação arcos elétricos, de condutibilidade para proteger contra os riscos
(CA) de competência do Ministério do Trabalho e Emprego, que de contato e de proteção contra os efeitos provocados por campos
delegou a certificação ao Sistema Nacional de Certificação sob a eletromagnéticos;
responsabilidade do INMETRO; • Cinturão de segurança para proteção do usuário contra riscos de
• Os EPIs devem ser selecionados e implantados após uma análise queda em trabalhos em altura a serem dotados de dispositivo trava-
criteriosa realizada por profissionais legalmente habilitados; queda de segurança para proteção do usuário contra quedas em
300 • O EPI deverá promover a melhor adaptação ao usuário, visando operações com movimentação vertical ou horizontal;
minimizar o desconforto natural pelo seu uso. • Talabarte contra quedas e para liberar os membros superiores do
trabalhador autorizado;
Outro ponto de obrigatoriedade legal que se deve destacar é • Perneiras e mangas isolantes para trabalhos em linha viva;
que os EPIs, como também os equipamentos de proteção coletiva • Creme protetor solar para proteção das partes expostas quando há
(mantas, calhas e lençóis isolantes, cestos aéreos, varas de exposição solar.
manobra, escadas isolantes), ferramentas isolantes ou equipadas
com materiais isolantes, destinados ao trabalho elétrico, devem Para serviços elétricos em ambientes onde houver a presença
ser submetidos a testes elétricos ou ensaios de laboratório, de outros agentes de risco, não elétricos, denominados na NR-10
periodicamente, obedecendo-se as normas técnicas, quando houver, “riscos adicionais”, deverão ser utilizados equipamentos específicos
as especificações e recomendações do fabricante ou, na ausência de proteção individual apropriadas aos agentes envolvidos, tais
desses, aos procedimentos da empresa. Como exemplos há as luvas como:
isolantes que devem ser testadas em conformidade com a NBR
10622 – Ensaios Elétricos em Luvas Isolantes de Borracha. • Máscaras para proteção das vias respiratórias contra poeiras,
Os resultados obtidos, iniciais e periódicos, devem ser névoas, gases, fumos, etc.;
registrados em documento, identificando o EPI ensaiado, de forma • Protetor auricular para proteção do sistema auditivo, quando o
a permitir o seu rastreamento, assinado por profissional legalmente trabalhador estiver exposto a níveis de pressão sonora superiores
habilitado. Devem ser organizados e mantidos no prontuário das ao estabelecido;
instalações elétricas conforme determina o item 10.2.4 – alínea “e” • Vestimenta adequada a riscos químicos, umidade, calor, frio, etc.,
da NR-10. eventualmente presentes no ambiente;
Os EPIs usualmente utilizados em todos os serviços elétricos • Calçado de segurança para proteção contra umidade;
são os seguintes: • Luvas de proteção aos riscos mecânicos, químicos e biológicos;
• Outros em função da especificidade dos riscos adicionais.
• Calçado de segurança para proteção dos pés contra riscos elétricos,
normalmente fabricados para garantir proteção contra diferenças de Compete ao Serviço Especializado em Engenharia de Segurança
potencial de até 1000 volts; e em Medicina do Trabalho (SEESMT), ou à Comissão Interna de
NR 10

• Luva isolante de segurança para proteção das mãos e punhos Prevenção de Acidentes (CIPA), nas empresas desobrigadas de
contra choques elétricos. As luvas isolantes são apresentadas em manter o SEESMT, ou aos profissionais especializados, recomendar
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

ao empregador o EPI adequado ao risco oferecido por determinada e seus flashs, que podem provocar a ignição das roupas normais.
atividade, conforme determina a NR-6. O arco-elétrico ao atingir um trabalhador caracteriza um acidente,
podendo ser definido como um curto-circuito entre duas ou mais
Vestimentas de trabalho partes “vivas” ou entre uma parte “viva“ e a terra (Figura 15). Ele se
movimenta a uma velocidade de aproximadamente 100 m/s e atinge
A NR-10, em seu item 10.2.9.2, determina a obrigatoriedade da uma elevadíssima temperatura (de até 30.000 ºC) com o potencial
“Vestimenta de trabalho” adequada às atividades, que, no caso em de sublimar metais e liberar gases tóxicos.
análise, é entendida como um equipamento de proteção individual Quando o flash do arco elétrico atinge o trabalhador, podem
destinada à proteção do corpo inteiro (tronco, membros superiores ocorrer queimaduras, quando possuem o potencial de irradiar
e inferiores) contra os diversos riscos elétricos (Figura 14). temperaturas que excedam o limite da pele humana de 1,2 cal/cm2
ou pode ocorrer a ignição das vestimentas do trabalhador.

Figura 15 - Arco elétrico

Dessa forma, para a avaliação da energia incidente, os profissionais


de segurança elétrica devem promover o cálculo da energia
potencial gerada no pior caso de atuação do trabalhador e, se houver
a obrigatoriedade de uso, qual categoria deverá ser selecionada, 301
dentre as 5 categorias de risco possíveis, baseando-se na
determinação do valor de resistência ao arco elétrico – ATPV (Arc
Figura 14 - Vestimentas Thermal Perfomance Value), que corresponde ao valor máximo de
Considerada como EPI, a vestimenta deverá ser implantada energia incidente suportável por determinada vestimenta indicado
mediante a realização de análise de risco criteriosa e adequada, na norma NFPA 70E.
respeitando-se a intensidade do risco, as peculiaridades de cada Vários organismos internacionais apresentam normas,
atividade profissional e o conforto. metodologias ou orientações sobre os cálculos necessários (NFPA
A vestimenta deve especialmente proteger o trabalhador dos 70; NFPA 70E – Anexo C; OSHA / CFR 1910; IEEE 1584; Ralph
seguintes efeitos: Lee). Em todos os casos, é fundamental o conhecimento das
variáveis que afetam diretamente a energia incidente, conforme a
• Influências eletromagnéticas: para proteger contra os efeitos seguir:
provocados por campos eletromagnéticos com intensidade que
tenha potencial de risco, em certas circunstancias as roupas deverão • Tensão de trabalho;
ser condutivas; • Corrente de curto-circuito;
• Condutibilidade: para proteger contra os riscos de contato elétrico, • Tempo de duração/interrupção;
as vestimentas não deverão possuir elementos condutivos; • Distância do trabalhador;
• Inflamabilidade: para proteger contra os efeitos térmicos dos arcos • Geometria do local em que pode ocorrer o arco (confinado ou
voltaicos e seus flashs que podem provocar a ignição das roupas, as aberto).
vestimentas devem ser inflamáveis;
As exigências normativas para a obtenção do CA das
Salienta-se que a especificação do grau de proteção requerido vestimentas de proteção e acessórios estão descritas nas Portarias
para as vestimentas de proteção contra os arcos voltaicos deve ser do Ministério do Trabalho e Emprego 121/2009 e 184/2010.
compatível com a atividade e com a potência de curto-circuito É importante destacar que não são todos os serviços ou
característica das instalações elétricas que o profissional está atividades elétricas que demandam a obrigatoriedade do uso das
autorizado a intervir. vestimentas pelo autorizado. A obrigatoriedade dependerá da
NR 10

A vestimenta de proteção resistente à inflamabilidade deve energia térmica capaz de ser gerada pelo arco elétrico ao qual
oferecer proteção contra os efeitos térmicos dos arcos voltaicos poderá estar exposto o autorizado quando da realização dos serviços
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

envolvendo eletricidade e, portanto, dependerá das variáveis O item 10.3.7 determina ainda que o projeto das instalações
indicadas anteriormente. elétricas deve ficar à disposição dos trabalhadores autorizados,
O Certificado de Aprovação (CA) certifica o EPI e, portanto, das autoridades competentes e de outras pessoas autorizadas pela
garante-o como um todo. No caso de vestimentas, o Certificado de empresa e deve ser mantido atualizado. Outro ponto importante
Aprovação deve abranger seus aviamentos (botões, zíperes, fechos, é o item 10.3.8 que impõe que o projetista conheça previamente
etc.), bolsos, adereços de sinalização e identificação do trabalhador, as exigências regulamentares de segurança e saúde para que as
linhas de costura etc. Portanto, não é apenas o tecido que deverá ter aplique, onde couber, nas especificações constantes de seu trabalho
a certificação, mas sim o conjunto da vestimenta integralmente. de elaboração do projeto elétrico.
O uso de roupa comum (interna), ou seja, sob a vestimenta, é Esta exigência presta-se para que o trabalhador, ao fazer
permitida, pois a vestimenta de proteção contra a inflamabilidade alterações, reparos ou ampliações , atue conforme as especificações
(externa) deve ser dimensionada (calculada a espessura e a e limitações determinadas pelas condições iniciais do projeto.
categoria) para proteger, inclusive, a interna. Há interferências de outras normas regulamentadoras, além da
O item 2.9.3 da NR-10 determina, como medida de segurança NR-10, que devem ser consideradas na fase de projeto, tais como
individual, a proibição do uso de adornos pelo trabalhador, aspectos ergonômicos (tratados na NR-17), de sinalização (tratados
assim entendidos os ornamentos ou enfeites. A proibição torna- na NR-26), dentre outras.
se importante, pois impede a exposição do trabalhador aos riscos Em seu item 10.3.9, a NR-10 determina a obrigatoriedade de
característicos e na eventualidade de acidentes com eletricidade, que seja organizado o memorial descritivo do projeto, contendo, no
as lesões poderão ser agravadas pela presença desses objetos, mínimo:
tais como: correntes, cordões, pulseiras, óculos, brincos, relógio,
tiaras, dentre outros. É importante comentar que objetos e • a especificação das características relativas à proteção contra
instrumentos de uso pessoal, tais como relógios, óculos etc., choques elétricos, queimaduras e outros riscos adicionais;
requeridos ou indispensáveis à realização das atividades, não • a indicação de posição dos dispositivos de manobra dos circuitos
podem ser entendidos como adornos, cabendo à organização a elétricos (Verde – “D”, desligado e Vermelho – “L”, ligado);
responsabilidade da análise, adequação e da liberação para uso de • a descrição do sistema de identificação dos circuitos elétricos
tais objetos. e equipamentos; as recomendações de restrições e advertências
quanto ao acesso de pessoas aos componentes das instalações;
Segurança em projetos • as precauções aplicáveis diante das influências externas;
302 • o princípio funcional dos dispositivos de proteção, constantes do
O item 10.3 da NR-10 é especialmente dedicado aos aspectos projeto, destinados à segurança das pessoas;
de segurança nos projetos elétricos e indica o entendimento maior • a descrição da compatibilidade dos dispositivos de proteção com
de que a segurança nas instalações elétricas começa pelos estudos a instalação elétrica.
e levantamentos iniciais e se concretiza na sua concepção: “o
projeto”. 3.3 Segurança na construção, montagem, operação e
É fundamental que o projeto elétrico especifique equipamentos manutenção das instalações elétricas
e dispositivos que já incorporam ou permitam a aplicação dos
recursos determinados na NR-10, tais como: O item 10.4 da NR-10 traz várias determinações sobre a construção,
montagens, reformas, ampliações, reparos, operação e inspeções,
• Prever bloqueios e travamentos em dispositivos que impeçam de forma a garantir o mínimo de segurança a todos os trabalhadores,
manobras não autorizadas; usuários e pessoas envolvidas nas instalações elétricas. Também
• Prever pontos e dispositivos para a fixação de sinalização e torna obrigatória a supervisão nessas atividades, exercida por
advertências; profissional autorizado, nos termos e condições especificadas no
• Prever dispositivo de seccionamento de ação simultânea em todos item 10.8 da NR-10.
os condutores de um circuito;
• Dotar de ambientes, quadros e dispositivos de manobra com 3.3.1 Riscos adicionais
espaço seguro para o serviço;
• Localizar os componentes de forma a adequar às influências A NR-10 entende que os riscos elétricos são intrínsecos aos
ambientais previstas, físicas e químicas (chuva, poeira, materiais serviços e que, além desses, existem outros “riscos adicionais”,
inflamáveis ou explosivos, substâncias corrosivas, etc.); específicos das atividades, dos ambientes ou dos processos de
• Projetar a separação de circuitos com finalidades diferentes trabalho que, direta ou indiretamente, podem expor a integridade
(telefonia, circuitos de BT, circuitos de AT circuitos de TI, etc.); física e a saúde dos trabalhadores autorizados a serviços com
• Determinar o esquema de aterramento definido de acordo com o energia elétrica.
que estabelece as normas técnicas (TN, TT, IT); O item 10.4.2 determina a obrigatoriedade da adoção de
• Prever dispositivos de seccionamento que incorporem recursos medidas preventivas de controle para tais riscos adicionais, com
NR 10

fixos de equipotencialização e aterramento do circuito seccionado; especial atenção aos riscos gerados por trabalho em alturas, em
• Prever pontos para o aterramento temporário. locais sujeitos a fortes campos eletromagnéticos, em ambientes
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

confinados, em ambientes com atmosferas explosivas, e onde á obrigação de garantir uma posição de trabalho segura ao
haja a presença de umidade, poeira, fauna e flora, ruído e outros trabalhador com atividades em instalações elétricas, de acordo
agravantes existentes nos processos ou nos ambientes em que são com os serviços desenvolvidos, devendo, cada empresa, em
desenvolvidos os serviços com energia elétrica. Em todos esses atendimento ao item 17.1.2 da NR-17, realizar a “análise
casos, a NR-10 torna obrigatória a sinalização dirigida aos riscos ergonômica”.
adicionais verificados. Note-se que o item determina que o trabalhador disponha
Conforme o item 10.4.3, os equipamentos, dispositivos e dos membros superiores livres para a realização das tarefas,
ferramentas elétricas devem ser compatíveis com a instalação elétrica impondo que o empregador estude o posto de trabalho (poste,
existente nos locais de trabalho (potência, tensão, aterramento, etc.) escada, torre, plataforma, etc.) e promova a possibilidade de
e devem preservar as características dos elementos de proteção que o trabalhador tenha os braços e mãos liberados e dedicados,
implantados na instalação. de forma segura, única e exclusivamente à tarefa.

3.3.2 Ferramental de trabalho 3.4 S erviços em instalações elétricas desenergizadas

As ferramentas e dispositivos destinados a serviços elétricos A desenergização, tratada na NR-10, item 10.5, é uma
(Figura 16) devem possuir as partes de manejo (cabos, manoplas) medida de proteção coletiva caracterizada como um conjunto
cobertas (isoladas) com materiais isolantes adequados ao potencial de ações coordenadas, sequenciadas e controladas, destinadas
elétrico, devendo ser conservadas em perfeitas condições de uso. a garantir a efetiva ausência de tensão no circuito, trecho ou
Além das ferramentas (alicates, chaves de fendas, de boca, etc.), ponto de trabalho, durante todo o tempo de intervenção e sob
outros equipamentos e dispositivos devem possuir materiais controle dos trabalhadores envolvidos. Destaque-se que a
isolantes quando aplicados a serviços elétricos. São os casos, por desenergização da instalação elétrica é a medida de segurança
exemplo, de corta-cabos, escadas extensíveis e de abrir; andaimes, prioritária dentre todas.
varas e bastões de manobra, conjuntos de aterramento temporário, É importante entender a diferença entre um circuito
cestos de elevação, instrumentos de medições (amperímetros, simplesmente “desligado” e um circuito “desenergizado”. O
voltímetros, etc.) primeiro caso acontece quando o circuito é interrompido ou
não tem continuidade da energia elétrica. No segundo caso, um
circuito é considerado desenergizado quando nele se processa
uma sequência de ações que garante a ausência completa de 303
tensão (alimentação, indução, descargas atmosféricas) durante
o tempo controlado pelo(s) trabalhador(es) envolvido(s). A
condição de desenergização é um procedimento de segurança
que libera a realização de serviços em uma instalação, um
equipamento ou um conjunto de equipamentos mediante ações
preestabelecidas.
A sequência correta para a ação de desenergização de
instalações elétricas é composta pelas seguintes etapas:

Figura 16 – Ferramentas destinadas a serviços devem possuir partes de manejo • Seccionamento;


isoladas
• Impedimento de reenergização;
• Comprovação da ausência de tensão elétrica;
3.3.3 O peração e manutenção • Aterramento do circuito ou conjunto elétrico com equipoten­
cialização dos condutores dos circuitos;
O item 10.4.4 impõe a gestão e responsabilidade com as • Proteção dos elementos energizados existentes na zona
instalações elétricas, de forma a mantê-las em perfeito estado controlada (Anexo II);
de conservação, garantindo, especialmente, condições seguras • Sinalização de impedimento de energização.
de funcionamento e para proteger os trabalhadores, os usuários
e as pessoas dos riscos característicos. 3.4.1 S eccionamento
Os sistemas de proteção que integram as instalações
elétricas devem ser submetidos a inspeções e controles É o ato de promover a descontinuidade elétrica total,
regulares e periódicos, em conformidade e atendimento com interrupção adequada da tensão entre um circuito ou
às regulamentações, quando houver, às recomendações dispositivo e outro. O seccionamento é obtido mediante o
determinadas em projeto ou pelas boas técnicas de segurança, acionamento de dispositivo apropriado (chave seccionadora,
o que inclui a auditoria prevista no prontuário das instalações. interruptor; disjuntor, relé, etc.), acionado por meios manuais
NR 10

As condições ergonômicas para a execução de serviços ou automáticos, ou ainda por meio de ferramental apropriado e
estão previstas no item 10.4.5, em que é dada especial atenção segundo procedimentos específicos.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

3.4.2 I mpedimento de reenergização 3.4.3 Constatação da ausência de tensão

É a aplicação de condições que impedem, de modo É a verificação da efetiva ausência de qualquer tensão no
garantido, a reversão indesejada do seccionamento efetuado, ponto da execução do serviço elétrico. A verificação deve ser feita
assegurando ao trabalhador o controle do seccionamento com instrumentos calibrados e testados, podendo ser realizada
efetuado. Na prática, trata-se da aplicação de travamentos por contato ou por aproximação e de acordo com procedimentos
mecânicos, por meio de fechaduras, cadeados e dispositivos específicos (Figura 18).
auxiliares de travamento nos dispositivos de alimentação
elétrica (chave seccionadora, interruptor, disjuntor, relé, etc.),
ou com sistemas informatizados equivalentes (Figura 17).
Cabe ao trabalhador autorizado a aplicação do sistema
de travamento do dispositivo de seccionamento no quadro,
painel, disjuntor ou caixa de energia elétrica, de modo a
garantir o efetivo impedimento de reenergização involuntário
ou acidental do circuito durante a interrupção de energia até o
encerramento do serviço.
Dessa forma, o circuito somente poderá ser religado
quando o último trabalhador concluir o seu serviço e destravar
a chave, o disjuntor, o quadro, o painel, etc. Após a conclusão
Figura 18 – Constatação da ausência de tensão
dos serviços, deverão ser adotados os procedimentos de
liberação e os circuitos religados depois de haver a certificação
3.4.4 Instalação de aterramento temporário com
de que todos os equipamentos estejam desligados pelos seus
equipotencialização dos condutores dos circuitos
dispositivos de comandos.
Deve ser tomado um cuidado especial para a desenergização
Constatada a inexistência de tensão no circuito, um condutor do
de todos os circuitos, ou até mesmo de apenas um circuito, que
conjunto de aterramento temporário deverá ser ligado ao condutor de
deve ser sempre programada e amplamente divulgada, de modo
proteção mais próximo e ao condutor neutro do sistema, quando houver,
304 que o corte repentino da energia elétrica não cause transtornos
e às demais partes condutoras estruturais acessíveis. Na sequência,
e possibilidade de acidentes. A reenergização deverá ser
deverão ser conectadas as garras de aterramento aos condutores de
autorizada mediante a divulgação aos envolvidos.
fase, já desligados, obtendo-se assim uma equipotencialização entre
todas as partes condutoras no ponto de trabalho (Figura 19)

Figura 19 - Aterramento temporário aplicado em manutenção de cabine primária

3.4.5 Proteção dos elementos energizados existentes na zona


controlada
NR 10

Figura 17 – Exemplos de dispositivos para impedimento de reenergização


Todos os elementos energizados, situados na zona controlada
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

(definida no Anexo II da NR-10), para que não possam ser origem elétrica. A sinalização pode ser fornecida por sistemas
acidentalmente tocados, deverão receber isolação conveniente luminosos, sonoros ou visuais.
(mantas, calhas, capuz de material isolante, etc.). A explicação de Comumente é utilizado o sistema de sinalização visual com
“zona controlada” é dada em 3.5.1 deste guia. a adoção de símbolos, ícones, caracteres, letreiros e cores de
padronização internacional e nacional, aplicados em etiquetas,
3.4.6 Sinalização de impedimento de energização cartões, placas, avisos, cartazes, fitas de identificação, faixas,
cavaletes, cones, etc. É importante ressaltar que, embora não
Deverá ser adotada sinalização adequada de segurança, explícito na NR-10, os dizeres utilizados na sinalização são
destinada à advertência e à identificação da razão de desenergização obrigatórios em língua portuguesa.
e informações do responsável (Figura 20). A sinalização promove informação, instrução, avisos, alertas
Os cartões, avisos ou etiquetas de sinalização do travamento ou ou advertências de pessoas sobre os riscos ou condições de
bloqueio devem ser claros e adequadamente fixados. No caso de perigo existentes no ambiente, no equipamento, no dispositivo,
método alternativo, procedimentos específicos deverão assegurar em proibições de ingresso ou acesso, impedimentos diversos,
a comunicação da condição impeditiva de energização a todos os direções e cuidados, devendo ser adotada a partir da fase de
possíveis usuários do sistema. projeto das instalações elétricas e constarem do memorial
Somente após a conclusão dos serviços e verificação de descritivo.
ausência de anormalidades, o trabalhador providenciará a retirada Quando se trata de risco com energia elétrica é fundamental
de ferramentas, equipamentos, utensílios e, por fim, do dispositivo a existência de procedimentos de sinalização padronizados,
individual de travamento e etiqueta correspondente. O responsável documentados, divulgados, e que sejam conhecidos por todos
pelos serviços, após inspeção geral e certificação da retirada de trabalhadores (próprios e prestadores de serviços) e demais
todos os travamentos, cartões e bloqueios, providenciará a remoção pessoas.
dos conjuntos de aterramento, e adotará os procedimentos de Na NR-10, a sinalização é requerida no item 10.2.8.2.1 e
liberação do sistema elétrico para operação. detalhada em 10.10 (alíneas “a” até “g”), conforme a seguir.
A retirada dos conjuntos de aterramento temporário deverá
ocorrer em ordem inversa à de sua instalação, conforme determina a) Identificação de circuitos elétricos
o item 10.5.2 da NR-10. Consiste em identificar cada circuito elétrico em quadros
e painéis elétricos para indicar os dispositivos de comando
(disjuntores, chaves, interruptores, botões, relés, etc.), podendo 305
ser aplicada em cabeamentos de eletrocalhas, fiações de
painéis, com uso de anilhas, etiquetas ou outros meios seguros
(Figura 21).

Figura 20 – Exemplos de sinalização de impedimento de energização

A sinalização é uma medida complementar de proteção


coletiva e, dessa forma, necessita da adoção de outras medidas
NR 10

de prevenção para ser eficaz. Contudo, ela pode ser considerada


um procedimento simples e eficiente para prevenir acidentes de Figura 21 – Exemplos de identificação de circuitos elétricos
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

b) Travamentos e bloqueios de dispositivos e sistemas de d) Delimitações de áreas


manobra e comando
Trata-se da sinalização dos limites de áreas elétricas (Figura 24).
É a utilização de um sistema que permita de uma forma clara
e objetiva que as pessoas saibam que o dispositivo está bloqueado
(impedido de operação/acionamento), que evite interpretações
dúbias e identifique o autorizado que o travou, o serviço, a hora, a
data e os dados de contato do autorizado (Figura 22).

Figura 24 – Exemplo de delimitação de área

e) Sinalização de áreas de circulação, de vias públicas, de veículos


e de movimentação de cargas

Trata-se da sinalização de impedimento de trânsito, circulação


de pessoas, veículos e movimentação de cargas (Figura 25).

306

Figura 25 – Exemplo de sinalização de área de circulação


Figura 22 – Exemplos de travamentos e bloqueios
f) Sinalização de impedimento de energização
c) Restrições e impedimentos de acesso
Consiste em sinalizar o impedimento de energização no ponto
Trata-se da sinalização que indica os impedimentos e restrições, de operação do equipamento (Figura 25).
a permissão de acesso ou a permanência de pessoas às áreas ou locais
(Figura 23).

Figura 26 – Exemplo de sinalização de impedimento de energização

g) Identificação de equipamento ou circuito impedido


NR 10

Trata-se da colocação de advertências de manobras ou para


Figura 23 – Exemplo de sinalização de restrição de acesso
circuito fora de operação (Figura 27).
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

realizada em função do distanciamento (‘raio de risco’ – Rr e


‘raio controlada’ – Rc) que circunscreve os espaços aéreos radiais
mínimos de risco e de controle, denominados, respectivamente,
“zona de risco”, “zona controlada” e demais espaços externos a
essas zonas, chamados de “zona livre” (Figura 28).
As dimensões variáveis dos raios, constantes da Tabela 2, são
determinadas em função da tensão nominal do circuito ao qual
pertence o ponto energizado, de forma a criar um volume espacial
no entorno desse ponto, estabelecendo-se, dessa forma, condições
restritivas de acesso, somente permitido aos trabalhadores
“autorizados” e mediante a aplicação de procedimentos específicos.
Figura 27 – Exemplo de identificação de equipamento impedido Por exclusão, também delimita as áreas livres da aplicação dessas
regulamentações.
3.5 Serviços em instalações elétricas energizadas e trabalhos Ainda ficou estabelecido, conforme Figura 29 que o espaço
envolvendo alta tensão volumétrico estabelecido nas zonas poderá ser reduzido mediante
a interposição de superfície de separação física adequada, que
As estatísticas mostram a elevadíssima gravidade e a frequência segregue e confine o perigo e assegure zona livre a partir do exterior
de acidentes elétricos e, portanto, sempre antes de se decidir por da superfície. Essa condição pode ser obtida, por exemplo, com
qualquer trabalho em instalações elétricas energizadas, mesmo a instalação de invólucros (quadros, painéis, caixas com acessos
que sejam serviços simples, corriqueiros ou urgentes, devem ser restritos) e barreiras (portas, paredes, telas apropriadas com acessos
esgotadas todas as possibilidades de desenergização do sistema. restritos).
Caso seja necessário realizar serviços em instalações Qualquer trabalho ou atividade realizado nessas zonas e
energizadas, a NR-10 possui dois tópicos específicos para o assunto: condições, mesmo não envolvendo as instalações elétricas,
o item 10.6 – Segurança em Instalações Elétricas Energizadas e o seja de natureza mecânica, pintura, inspeção, instrumentação,
item 10.7 – Trabalhos Envolvendo Alta Tensão (AT). cabeamento, de informática, controle ou outra qualquer, deverá
É importante esclarecer que estão excluídas dessas prescrições ser executado exclusivamente por trabalhador autorizado e
as instalações elétricas energizadas e alimentadas por Extra Baixa mediante procedimentos de trabalho desenvolvidos e definidos
Tensão – EBT (inferior a 50 volts em corrente alternada, entre fases, especificamente para serviços em instalações elétricas energizadas 307
entre fase e terra ou 120 volts em corrente contínua), guardadas as e, portanto, assume especial relevância e responsabilidade.
condições ambientais, conforme estabelece o item 10.14.6 da NR-10. Tabela 2 - Raios de delimitação de zonas de risco, controlada e livre
Isso é devido ao fato de que o uso de EBT, consideradas as condições (baseada na Tabela do Anexo II da NR-10)

locais e características da corrente elétrica, garante a segurança das Faixa de tensão Rr - Raio de Rc - Raio de
nominal da delimitação entre delimitação entre
pessoas contra os efeitos do choque elétrico. Entretanto, especial
instalação zona de risco e zona controlada e
atenção deve ser dada aos trabalhadores que atuam em circuitos elétrica em kV controlada em metros livre em metros
de extra baixa tensão instalados em zonas controladas, e, portanto, <1 0,20 0,70
próximas a outras instalações elétricas de baixa ou média tensão. São ≥1e<3 0,22 1,22
os casos, por exemplo, das instalações de telefonia, sinalização de
≥3e<6 0,25 1,25
trânsito, TV a cabo existentes nas mesmas estruturas utilizadas para
≥ 6 e < 10 0,35 1,35
distribuição de energia elétrica. Também são os casos dos circuitos
≥ 10 e < 15 0,38 1,38
de controle e sinal em tensões de 12 a 48 volts, situados próximos
≥ 15 e < 20 0,40 1,40
de outros circuitos com tensão mais elevada e, ainda, os circuitos
≥ 20 e < 30 0,56 1,56
elétricos em áreas classificadas na presença de atmosferas explosivas,
onde qualquer nível de tensão poderá dar origem a faíscas, criando ≥ 30 e < 36 0,58 1,58

uma grave condição de perigo. ≥ 36 e < 45 0,63 1,63


Considera-se como serviço em instalações elétricas energizadas ≥ 45 e < 60 0,83 1,83
todo aquele em que a intervenção de trabalho necessitar de ingresso ≥ 60 e < 70 0,90 1,90
na “zona de risco” ou na “zona controlada” definidas no Anexo II ≥ 70 e < 110 1,00 2,00
da NR-10. Incluem-se nessa modalidade quaisquer outros serviços ≥ 110 e < 132 1,10 3,10
realizados nas proximidades das instalações elétricas energizadas ≥ 132 e < 150 1,20 3,20
dentro dos limites estabelecidos no Anexo II (ver item 3.5.1 a ≥ 150 e < 220 1,60 3,60
seguir).
≥ 220 e < 275 1,80 3,80
≥ 275 e < 380 2,50 4,50
3.5.1 Zona controlada, zona de risco e zona livre
≥ 380 e < 480 3,20 5,20
NR 10

≥ 480 e < 700 5,20 7,20


Conforme o Anexo II da NR-10, a delimitação das zonas é
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Figura 28 – Distâncias no ar que delimitam radialmente as zonas de risco, Figura 29 – Distâncias no ar que delimitam radialmente as zonas de risco
controlada e livre. (controlada e livre), com interposição de superfície de separação física adequada.

Legenda para as Figuras 28 e 29:

Rr – Raio circunscrito radialmente de delimitação da zona de risco


Rc – Raio circunscrito radialmente de delimitação da zona controlada
ZL – Zona livre
ZR – Zona de risco, restrita a profissionais autorizados e com a adoção de técnicas e instrumentos apropriados de trabalho
ZC – Zona controlada, restrita a profissionais autorizados
PE – Ponto da instalação energizado
SI – Superfície construída com material resistente e dotada de dispositivos e requisitos de segurança

Dessa forma, a NR-10 se aplica também aos trabalhadores em


3.5.2 Trabalho em proximidade ambientes circunvizinhos sujeitos às influências das instalações
308
ou sistemas elétricos, tais como: trabalhadores nas instalações
O conceito de “trabalho em proximidade” é definido como telefônicas, TV a cabo, iluminação pública, podas da arborização ou
“trabalho durante o qual o trabalhador pode entrar na zona trabalhadores em geral que realizam suas atividades e serviços em
controlada, ainda que seja com uma parte do seu corpo ou com equipamentos alimentados por energia elétrica, tais como técnicos
extensões condutoras, representadas por materiais, ferramentas ou de manutenção (ar-condicionado, eletrodomésticos, máquinas
equipamentos que manipule”. industriais, etc. – Figura 30).
NR 10

Figura 30 – Exemplo de trabalho em proximidade


GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

procedimentos padronizados.
3.5.3 Procedimentos de trabalho
O procedimento de trabalho constitui-se num documento técnico
legal interno, de relevante importância e responsabilidade, que
Serviços em instalações energizadas devem possuir “procedimentos
deve ser organizado e disponibilizado em prontuário (item 10.2)
de trabalho”, conforme determina o item 10.11 da NR-10.
para o trabalhador, auditorias e gestão das instalações elétricas.
A boa prática indica a necessidade de definir procedimento de
Os responsáveis pelos serviços e atividades com eletricidade e o
trabalho com sequência de operações ou atos a serem desenvolvidos
SEESMT, quando existir, devem controlar e auditar a adoção prática
para sua realização, com a inclusão dos meios materiais e humanos,
dos procedimentos padronizados na organização, por parte de todos
instruções e orientações técnicas de segurança, e as possíveis
os trabalhadores envolvidos e seus superiores, lembrando sempre que
circunstâncias que possam potencialmente impedir ou proibir a sua
procedimentos adequados, atualizados, assimilados e praticados são
realização.
uma ótima maneira de garantir o trabalho seguro e saudável.
Esse procedimento “passo a passo com instruções de segurança”
determina uma nova condição para o desenvolvimento dos 3.5.4 Ordem de serviço
procedimentos de trabalho no caso em análise. Nele, toda a sequência
de operações (tarefas), necessárias ao trabalho deve ser descrita com A “ordem de serviço” (OS), tratada nos itens 10.7.4 e 10.11.2 da
detalhamento e descrição das medidas e orientações técnicas de NR-10, é um mandado de responsabilidade da organização e deve
segurança pertinentes. Dessa forma, são atendidos os subitens 10.6.2, preceder a realização do serviço. Trata-se da autorização do trabalhador
10.7.6 e 10.11.3 da NR-10 que tratam especificamente de procedimentos ou da equipe para a execução do serviço e deve conter, no mínimo,
de trabalho, os quais devem ser planejados, programados e realizados a data, o local, o tipo e as referências aos procedimentos de trabalho
considerando-se os seguintes aspectos: a serem adotados. Deve ser aprovada e assinada por um trabalhador
autorizado, que deve ser o superior responsável pela área, conforme
• O procedimento deve conter, no mínimo, título, número de indicado no item 10.8.
controle, departamentos emissor, datas e revisões, objetivo, campo de Em função das distâncias e urgências cotidianas que eventualmente
aplicação, referências normativas, requisitos, base técnica, medidas podem dificultar o trâmite de documentos impressos, a assinatura
de controle, disposições gerais e orientações finais, competências, e da ordem de serviço poderá ser eletrônica dentro dos padrões
responsabilidades; legais instituídos. As organizações poderão ainda adotar soluções
• É importante que o procedimento seja específico e com descrição adequadas à sua realidade desde que atendam o espírito de controle e
detalhada de cada tarefa, incluindo-se as instruções de segurança passo responsabilização do documento. 309
a passo com a sequência lógica de sua execução;
• A elaboração do procedimento deve ter a participação do SEESMT, 3.5.5 Planejamento dos serviços em instalações elétricas
quando existir;
• Os procedimentos devem ser assinados pelos responsáveis e pelo Antes do início do serviço, os trabalhadores autorizados, em
profissional autorizado. conjunto com os superiores e demais envolvidos, devem desenvolver o
planejamento dos serviços nas instalações elétricas (Figura 31).
No entanto, destaque-se a importância de que todos os O planejamento é a ferramenta para prever, pensar, compreender
procedimentos devem ser obrigatoriamente escritos no idioma as certezas e incertezas dos serviços, considerando as emergências e
português, divulgados, conhecidos, entendidos e cumpridos por contingências, entendendo cada uma das possibilidades de realização,
todos os trabalhadores. Durante a capacitação, e no treinamento de de forma a possibilitar a análise de suas respectivas vantagens e
segurança dos trabalhadores, sejam profissionais ou não, deve ser desvantagens. A partir daí, pode-se organizar estratégias, procedimentos
assegurada a divulgação clara e objetiva e o perfeito entendimento dos ou condições que eliminam ou reduzem as incertezas e transponham as
procedimentos. Para tanto, pode-se utilizar ferramentas didáticas que dificuldades possíveis na obtenção de um resultado esperado dentro de
envolvam a prática, quando viável, com aferição da assimilação dos condições satisfatórias.

Planejamento de serviço eletrico


DEFINIÇÕES APLICAÇÃO
PESSOAL RESPONSÁVEL
administradores/mantenedores
Planejamento
projetista/construtores
operadores/auditores Fatores de risco em
Gestão efetiva de segurança
APR Procedimentos segurança com eletricidade
em serviços elétricos
AMBIENTES (Edificações, lay out, espaços, riscos adicionais...)
ORGANIZAÇÃO (procedimentos, métodos e processos, ritmo de trabalho.
OPERAÇÃO (Ferramentas, equipamentos, reações e perda de controle
Trabalhador (Conhecimento treinamento personalidade atitudes
NR 10

EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (calçado, capacete3, luvas...)


Figura 31 – Planejamento do serviço em instalações elétricas
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Nessa fase, pressupõe-se que já tenha sido dado o primeiro


passo, ou seja, a análise de risco padronizada na empresa tenha
sido elaborada. Então, em conformidade com o item 10.11.7,
passa-se à avaliação prévia e ao planejamento de ações para
realizar os serviços em instalações elétricas, considerando-se as
seguintes questões:

• Definição clara dos resultados a que se quer chegar contendo


prazos, qualidade dos serviços e meios disponíveis;
• Inspeção no ambiente, diagnosticando-se a realidade no
local do serviço, identificando-se e analisando-se os riscos
envolvidos:
Figura 32 – Exemplo de falta de planejamento
- edificações (invólucros seguros, aterramento elétrico, secciona­
mento automático, uso do DR, etc.); De fato, a falta de planejamento das ações conduz, invariavelmente,
- layout (disposição dos equipamentos, espaços seguros, etc.); às improvisações sistemáticas e indesejáveis que produzem
- riscos adicionais (altura, confinamento, atmosferas explosivas, precariedade e inconsistências, promovendo dificuldades na obtenção
umidade, fauna, flora, etc.). de resultados satisfatórios (Figura 32).
• Organizar e inspecionar os equipamentos, ferramental, compo­
nentes e materiais: 3.5.6 Ensaios e testes dielétricos
- estado de uso;
- testes de isolamento; Os equipamentos, ferramentas, dispositivos de proteção coletiva
- dispositivos que permitam o travamento dos componentes de e os individuais de uso nos serviços elétricos dotados de materiais
manobra. isolantes, tais como mantas, calhas e lençóis isolantes, bastões e varas
• Verificar, reciclar e relembrar: isolantes de manobras, protetores de isoladores, cestos aéreos, escadas,
- normas; andaimes isolados, ferramentas manuais isoladas, etc., assim como os
- projeto; EPIs com isolação elétrica, luvas isolantes, mangas, perneiras, etc., de
- diagramas unifilares; acordo com o item 10.7.8 e 10.4.3.1 da NR-10, devem ser submetidos
310 - procedimentos e instruções de segurança. a ensaios ou testes dielétricos, destinados à verificação da manutenção
• Conferir nos trabalhadores autorizados: das suas características dielétricas compatíveis com a tensão elétrica da
- conhecimento; instalação objeto do serviço (Figura 33).
- treinamento; Os procedimentos e periodicidade destes ensaios e testes deverão
- personalidade; atender as normas técnicas, quando existirem ou, na falta destas,
- atitudes. às especificações e recomendações dos fabricantes. Na omissão
• Equipamentos de Proteção Coletiva ( EPC) e Equipamentos de de normas técnicas ou instruções dos fabricantes, valerá então o
Proteção Individual (EPI): procedimento elaborado pela empresa usuária. Cabe lembrar que os
- cestos aéreos; ensaios e testes devem ser acompanhados de laudos técnicos com
- varas de manobra; resultados e responsabilização profissional, organizados e mantidos no
- escadas e andaimes isolados; prontuário das instalações elétricas (conforme 10.2.4.e da NR-10).
- calçado de segurança;
- vestimenta de proteção;
- capacete;
- luvas;
- outros equipamentos em função dos riscos adicionais verificados.
• Prever os materiais de sinalização e advertência (cones, cavaletes,
fitas, placas, etiquetas e outros equipamentos de sinalização e de
advertência);
• Prever a necessidade de equipamentos de avaliação (explosímetro,
Figura 33 – Exemplos de materiais que devem ser ensaiados dieletricamente
medidor de umidade, terrômetro e detectores de tensão);
• Coordenar as atividades conjuntas com outras equipes ou
profissionais; 3.5.7 Suspensão do serviço em condição de risco
• Estudar a viabilidade da aplicação das medidas de segurança
recomendadas, quer no procedimento quer na APR; Os serviços em instalações elétricas energizadas devem ser
• Considerar emergências (reações e perda de controle); suspensos sempre que ocorrer situação ou condição de risco não
prevista e cuja eliminação ou neutralização imediata não seja
NR 10

• Analisar o grau de dificuldade para a realização das operações


propostas e sua viabilidade. possível, conforme considerado no item 10.6.3 da NR-10. Esses
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

podem ser os casos de intempéries da natureza (chuvas, ventos, por, no mínimo, duas pessoas. A determinação do Tribunal
inundações, etc.), manifestações sociais ou descontrole de fatores Regional do Trabalho, em sua decisão judicial favorável
ambientais (vazamentos de gases, temperaturas excessivas, etc.) ao trabalho acompanhado em serviços elétricos, conforme
que possam colocar em risco o serviço. “Acórdão TRT nº 1544/2003-PATR”, foi uma confirmação
A suspensão é de responsabilidade do responsável pela execução desta orientação da NBR 14039.
dos serviços. Fica implícito que, sempre que houver um trabalho É de suma importância entender que o trabalho acompanhado
com instalações elétricas, haverá um responsável, o que também impõe que o(s) acompanhante(s) também deva(m) possuir a
determina o item 10.11.6. Presume-se que esses serviços sejam mesma capacidade do(s) acompanhado(s), ou seja, ser BA4 ou
realizados em equipe e, portanto, que a administração indique um BA5, conforme Tabela 18 da norma ABNT NBR 5410, a saber:
superior para a condução dos trabalhos e que exerça a liderança da • BA4 – Pessoas advertidas: Pessoas suficientemente
equipe no local. informadas ou supervisionadas por pessoas qualificadas, de
tal forma que lhes permite evitar os perigos da eletricidade
(pessoal de manutenção e/ou operação);
• BA5 – Pessoas qualificadas: Pessoas com conhecimento
técnico ou experiência tal que lhes permite evitar os perigos da
eletricidade (engenheiros e técnicos).

Os acompanhantes devem ser entendidos como


trabalhadores que devem atender ao item 10.8 da NR-10 quanto
à “autorização” de pessoas à realização de serviços elétricos.
O processo de autorização da NR-10 implica o controle de três
Figura 34 - Trabalho acompanhado instalações energizadas em AT e no SEP condições dos trabalhadores: a formação na área elétrica, o
treinamento de segurança em serviços elétricos e a avaliação
A proibição para o trabalho individual em serviços com alta médica, conforme é tratado adiante neste guia.
tensão e os realizados no sistema elétrico de potência (SEP) O trabalho acompanhado pode ser considerado uma medida
foi um tema relevante durante o desenvolvimento da NR-10 de proteção coletiva, pois a sinergia de segurança emanada de
por envolver questões políticas, econômicas e judiciais, além, outra(s) pessoa(s) com conhecimento similar envolvida(s) nos
obviamente, de questões técnicas. serviços minimiza a probabilidade de erros humanos e melhora 311
Os serviços elétricos que envolvem o sistema elétrico a confiabilidade na segurança dos serviços com energia
de potência (geração, transmissão e distribuição de energia elétrica.
elétrica), abrangendo trabalhos em alta e baixa tensão, são Ainda em serviços com instalações elétricas energizadas em
sempre de elevado risco à vida, requerem alto grau de atenção alta tensão (AT) e aqueles executados no Sistema Elétrico de
e um comportamento diferenciado por parte dos trabalhadores Potência – SEP, o item 10.7.9 obriga que seja disponibilizado o
que os realizam. Outro ponto importante a ser considerado equipamento que permita a comunicação de informações entre
nesse assunto é a elevadíssima gravidade dos acidentes nas equipes de trabalho e/ou o centro de operações responsável pelo
atividades com alta tensão e SEP que, em geral, tem como controle da instalação elétrica energizada em AT ou do SEP,
consequência as lesões graves, seqüelas, incapacidade para o objeto do serviço. O equipamento oferecido aos trabalhadores
trabalho e, não raro, a morte. pode ser de qualquer tipo, porém deve permitir a comunicação
Nota-se que, por si só, o elevado grau de risco e a permanente entre os usuários em qualquer local ou distância,
gravidade quando da ocorrência de acidentes com eletricidade de forma a assegurar-lhes boa qualidade e confiabilidade na
justificam a proibição de trabalho individual nas condições comunicação, com procedimentos de uso, treinamentos e
que o item 10.7.3 determina, tornando obrigatório o trabalho conduta ética operacional de comunicação.
acompanhado (Figura 34). Percebe-se que a intenção do
Ministério do Trabalho e Emprego foi prevenir a ocorrência 3.5.8 E quipamentos de proteção individual
do acidente mediante a minimização de possibilidade de erro
humano. Se considerarmos que um trabalhador pode errar 1 Nas condições de realização de serviço com a instalação
vez a cada 100 tarefas executadas (probabilidade individual P1 elétrica energizada (em que a medida prioritária de proteção por
= 1/100), quando o trabalho envolver dois trabalhadores com desenergização não pode ser aplicada) e quando outras medidas
mesma habilidade, a possibilidade de erro será o produto das coletivas se esgotaram ou são inviáveis, fica liberado e torna-se
probabilidades individuais, (P2 = 1/100 x 1/100 = 1/10.000), obrigatório o uso de equipamento de proteção individual (EPI)
ou seja, a probabilidade de erro nessa condição será de 1 vez a para a segurança dos trabalhadores autorizados a realizarem
cada 10.000 tarefas executadas. serviços com instalações energizadas. O uso desses EPIs deve
Essa orientação já está contida na norma ABNT NBR 14039 ser realizado mediante fundamentação técnica cabível na
NR 10

que trata das instalações elétricas de média tensão. No item circunstância em questão e os equipamentos devem atender às
8.1.6, tal norma impõe que qualquer manobra deve ser efetuada disposições legais e regulamentares (ver 3.2 deste guia).
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Sistema Brasileiro de Certificação exigida pela Portaria 83 de


4 Áreas classificadas
03/04/2006 do INMETRO/MICT.
De acordo com esta portaria, os equipamentos e dispositivos
Conforme glossário da NR-10, área classificada é um “local
elétricos destinados ao uso em áreas classificadas adquiridos
com potencialidade de ocorrência de atmosfera explosiva”. Da
antes da sua publicação estão isentos de certificação, mas deverão
ABNT NBR IEC 60079-14 se extrai que “Atmosfera explosiva:
comprovar que são seguros, mediante a apresentação de certificados
mistura com o ar, sob condições atmosféricas, de substâncias
estrangeiros ou nacionais, declarações, catálogos de fabricantes ou
inflamáveis na forma de gás, vapor, névoa, poeira ou fibras, na
declarações de profissionais legalmente habilitados. A certificação
qual após a ignição, a combustão se propaga através da mistura”
ou os laudos devem se unir ao prontuário mencionado no item
(Figura 35).
10.2.4.f da NR-10.
As áreas classificadas, assim como outras com elevado risco de
incêndio, não suportam a ocorrência de situações que são toleráveis
em outras instalações elétricas e, por isso, necessitam de medidas
adicionais de prevenção contra o sobreaquecimento de superfícies,
o surgimento de arco elétrico devido à sobretensão (que pode
ocorrer inclusive durante a operação normal de dispositivos de
manobra e de proteção).
Dessa forma, o item 10.9.4 da NR-10 exige que sejam instalados
dispositivos de proteção destinados ao alarme e seccionamento
automático da alimentação para prevenir sobretensões,
sobrecorrentes, falhas de isolamento, aquecimentos ou outras
condições anormais de operação, possíveis de ocorrerem nesses
ambientes com potencialidade de atmosferas explosivas ou elevado
risco de incêndio.
A instalação elétrica deve ter, no mínimo, um dispositivo de
seccionamento de emergência, de acordo com 4.5.1 da NBR 5410,
Figura 35 – Área classificada
localizado em uma área não classificada, por meio do qual deverá
312 ser possível desenergizar os equipamentos elétricos de algum lugar
Nesse tipo de área, que é encontrada em inúmeras instalações
apropriado, se a sua energização contínua determinar algum risco,
(Figura 36), devem ser tomadas precauções especiais para a
tal como sobreaquecimento ou sobrecargas.
construção, montagem, instalação e utilização de instalações e
A equalização de potencial (equipotencialização) é sempre
equipamentos elétricos, uma vez que o aquecimento acima de
necessária para instalações elétricas em áreas classificadas.
certos limites e os eventuais centelhamentos podem ser capazes de
Seu objetivo é evitar o centelhamento perigoso entre as partes
inflamar a atmosfera explosiva. Isso resulta na adoção de medidas
metálicas de estruturas. Todas as partes condutoras usualmente
específicas em relação à possibilidade de contatos com partes
não energizadas e expostas devem ser conectadas à ligação
vivas (energizadas), com a presença de eletricidade estática e com
equipotencial. Este sistema de equipotencialização deve incluir os
os aquecimentos inadequados provocados por equipamentos e
condutores de proteção, os eletrodutos e demais condutos metálicos,
serviços elétricos.
proteções metálicas de cabos, armação metálica e partes metálicas
de estruturas, mas não deve incluir os condutores neutros, quando
existirem. A condutância entre partes metálicas de estruturas deve
corresponder a uma seção mínima de 10 mm2 de cobre.
No projeto do sistema de proteção contra descargas atmosféricas,
devem ser previstos meios que evitem arcos ou centelhas passíveis
de causar a ignição da mistura inflamável.
O item 10.9.5 da NR-10 exige que seja implantado um
procedimento de autorização, conhecido como “permissão
para trabalho (PT)”, para a realização de serviços elétricos em
áreas classificadas. A ‘PT’, obrigatória, deve ser documentada
e formalizada mediante aplicação dos conceitos e princípios de
Figura 36 – Exemplos de instalações que possuem áreas classificadas
desenergização (item 10.5 da NR-10 – ver 3.4 deste guia).
O tema de áreas classificadas é abordado na NR-10 em seus Instalações elétricas precisam ser inspecionadas, testadas,
itens 10.9.2, 10.9.4, e 10.9.5, conforme indicado a seguir. mantidas e, com frequência, é necessário pesquisar defeitos durante
O item 10.9.2 determina que os materiais, peças, as atividades de manutenção corretiva, o que implica a presença de
NR 10

equipamentos e dispositivos elétricos utilizados em áreas circuitos energizados, máquinas e ferramentas que geram faíscas
classificadas têm obrigatoriedade de certificação no âmbito do em condições normais de operação (por exemplo, as escovas de
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

um motor). Nessas condições, impossibilitada a aplicação da na frequência e duração da ocorrência de uma atmosfera explosiva
desenergização, devem ser adotados procedimentos de supressão provocada por substâncias inflamáveis na forma de gás, vapor ou
do agente de risco, quer por diluição, quer por eliminação da névoa, ou por atmosfera explosiva na forma de uma nuvem de
presença da substancia inflamável ou explosiva, de modo a garantir poeira ou fibras de combustíveis no ar. O desenvolvimento de um
a segurança da operação. Este procedimento deve ser devidamente trabalho de classificação de áreas de um estabelecimento começa
formalizado por sua respectiva documentação. com a análise da “probabilidade” da existência ou aparição de
É importante destacar que as atividades em áreas classificadas atmosferas explosivas nos diferentes locais da unidade, que serão
exigem treinamento específico (ver item 5 deste guia) e a posteriormente definidas como Zonas 0, 1 ou 2, nos casos de gás,
delimitação da área, conforme tratado no item 16.8 da NR-16. vapor ou névoa ou ainda, zonas 20, 21 e 22 nos casos de poeiras e
fibras combustíveis.
C lassificação da área

• Zona 0: local em que uma atmosfera explosiva consistindo de


A classificação da área é um método de análise e ordenamento uma mistura com o ar de substâncias inflamáveis na forma de gás,
segundo o risco de ambientes onde uma atmosfera explosiva está vapor ou névoa está presente continuamente, por longos períodos
presente ou pode ser prevista para estar presente, em quantidades tais ou frequentemente;
que requeiram precauções especiais para a construção, instalação e • Zona 1: local em que uma atmosfera explosiva consistindo de
utilização de equipamentos e dispositivos de segurança. uma mistura com o ar de substâncias inflamáveis na forma de gás,
A classificação de áreas exige, portanto, que no ambiente vapor ou névoa é provável de ocorrer, ocasionalmente, em operação
existam produtos ou condições que gerem essas atmosferas normal;
explosivas, podendo ser gases inflamáveis, líquidos inflamáveis • Zona 2: local em que uma atmosfera explosiva consistindo de
ou ainda poeiras/fibras combustíveis que possam ser liberados uma mistura com o ar de substâncias inflamáveis na forma de gás,
para o ambiente pelos equipamentos de processo que representam vapor ou névoa não é provável de ocorrer em operação normal e, se
fontes potenciais de áreas classificadas. A delimitação de uma ocorrer, existirá somente por um curto período de tempo;
área classificada se processa mediante “zonas de risco” baseadas • Zona 20: local em que uma atmosfera explosiva na forma de uma

313

NR 10

Figura 37 – Exemplo de classificação de área em um local de abastecimento de combustível


GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

nuvem de poeira combustível no ar está presente continuamente, de uma mistura explosiva e que evita a transmissão da explosão
por longos períodos ou frequentemente; para a atmosfera explosiva ao redor do invólucro;
• Zona 21: local em que uma atmosfera explosiva na forma de • Segurança aumentada ‘e’: tipo de proteção aplicada aos
uma nuvem de poeira combustível no ar é provável de ocorrer, equipamentos elétricos nos quais medidas adicionais são
ocasionalmente, em operação normal; aplicadas, de forma ao oferecer um aumento de segurança contra
• Zona 22: local em que uma atmosfera explosiva na forma de a possibilidade de temperaturas excessivas e da ocorrência de
uma nuvem de poeira combustível no ar não é provável de ocorrer arcos ou centelhas em regime normal ou sob condições anormais
em operação normal e, se ocorrer, existirá somente por um curto especificadas;
período de tempo. • Segurança intrínseca ‘i’: tipo de proteção baseada na restrição de
energia elétrica envolvendo equipamentos e fiação de interconexão
As Figuras 37 e 38 apresentam exemplos de classificação de expostos a uma atmosfera explosiva com um nível abaixo daquele
áreas. capaz de causar ignição, tanto por centelhas como por efeitos de
As áreas classificadas requerem a instalação de equipamentos aquecimento;
e dispositivos elétricos (interruptores, comandos e controles • Tipo de proteção ‘n’: tipo de proteção aplicada a equipamentos
elétricos, disjuntores, aparelhos e sistemas de iluminação, motores, elétricos que, em operação normal e em certas condições anormais
alarmes, etc.) dotados de invólucros especiais para ambientes com especificadas, não sejam capazes de causar a ignição de uma
atmosferas explosivas e selecionados em conformidade com as atmosfera explosiva ambiente;
zonas de classificação adotadas. • Imersão em óleo ‘o’: tipo de proteção em que o equipamento ou
Os tipos de invólucros para equipamentos elétricos para áreas partes elétricas são imersas em um líquido de proteção de tal forma
classificadas são os seguintes: que uma atmosfera explosiva que possa estar acima do líquido ou
• Invólucro a prova de explosão ‘d’: tipo de proteção em que as do lado externo do invólucro não possa ser ignitada;
partes que podem causar a ignição de uma atmosfera explosiva são • Pressurização ‘p’: técnica de prevenção contra o ingresso de
instaladas dentro de um invólucro que não é hermético, mas que atmosfera externa no interior de um invólucro, por meio da
pode suportar a pressão desenvolvida durante uma explosão interna manutenção de um gás de proteção interno, a uma pressão acima da

314
NR 10

Figura 38 – Exemplo de classificação de área em uma planta petroquímica


GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

atmosfera externa diluição contínua (vazão) suprimento contínuo de


5 Autorização do trabalhador
um gás de proteção, após a purga, a uma taxa tal que a concentração
da substância inflamável interna ao invólucro pressurizado seja
O item 10.8 da NR-10 estabelece o conceito de “autorização”
mantida em um valor fora dos limites de explosividade para qualquer
alicerçada em três fundamentos: formação na área elétrica,
fonte de ignição potencial (ou seja, fora da área de diluição);
treinamento em segurança e controle médico (Figura 39).
• Imersão em areia ‘q’: tipo de proteção em que partes capazes de
causar a ignição de uma atmosfera explosiva são fixadas em posições Qualificado
e completamente circundadas por um material de enchimento para
Formação Habilitado
evitar a ignição de uma atmosfera explosiva externa;
• Encapsulamento ‘m’: tipo de proteção onde partes que sejam Capacitado

capazes de causar a ignição de uma atmosfera explosiva, seja por

C O N T R O LE MÉD I C O
AUTORIZAÇÃO

centelhamento ou aquecimento, são encapsuladas em um composto


Básico - Complementar - Reciclagem

T R E I N A ME N TO
de tal forma que a atmosfera explosiva não possa ser ignitada sob Treinamento
condições de operação ou de instalação; Capacitado

• Proteção contra a ignição de poeira ‘tD’: tipo de proteção em que


todos os equipamentos elétricos são protegidos por um invólucro
para evitar a ignição de uma camada ou nuvem de poeira.
Exames médicos
f o rmAÇÃO Controle médico
Os detalhamentos técnicos sobre instalações e serviços Acompanhamento médico

elétricos em áreas classificadas dirigidos à classificação de áreas, Figura 39 – Fundamentos do conceito de “autorização” da NR-10
limites admissíveis de aquecimento, identificações, proteção contra
descargas atmosféricas, equalização de potencial, eletricidade A responsabilização dos contratantes mediante o conceito de
estática, proteção contra centelhamentos, etc. devem ser estudados autorização da NR-10 exige o gerenciamento da mão de obra
na normalização existente no âmbito da Associação Brasileira de contratada (própria ou terceirizada) com a realização de controles na
Normas Técnicas. admissão ou aceitação, e na preparação do trabalhador para realizar
as suas atribuições de natureza elétrica, quer sejam os eletricistas,
E letricidade Estática montadores, instaladores, mantenedores, técnicos, engenheiros, etc.
315
Os processos ou equipamentos susceptíveis de gerar ou A responsabilização vai mais além quando associa o conceito de
acumular eletricidade estática devem dispor de proteção específica “proximidade” (ver 3.5.2 deste guia), o qual estende a necessidade
e dispositivos de descarga elétrica, como determina o item 10.9.3 da autorização para os trabalhadores que realizam suas atividades
da NR-10. em proximidade de instalações elétricas, como são os casos de
A eletricidade estática é o fenômeno de acumulação cabeamento telefônico, TV a cabo, sinalização viária, poda de
de cargas elétricas em um material qualquer, ou partes e árvores, iluminação pública, dentre outros.
substâncias (condutor, semicondutor ou isolante), geradas por
fricção (atrito), por indução ou condução. No material isolante, Dessa forma, a “autorização” é um processo administrativo de
este efeito produz um desequilíbrio (eletrização) entre cargas formalização legal do consentimento expresso pela empresa
positivas e negativas. A natureza tende a restabelecer o equilíbrio tomadora do serviço ao trabalhador para a prática de qualquer
entre as cargas, mas isso pode levar algum tempo e, durante esse atividade que implique, direta ou indiretamente, a interação com
intervalo, o material é capaz de atrair ou repelir outros isolantes instalações ou serviços elétricos. É implícito que a autorização
devido à força columbiana. está acompanhada da responsabilidade em autorizar trabalhadores
Nos materiais condutores, o desequilíbrio de cargas altera próprios, terceirizados, avulsos, etc., razão pela qual é de
o potencial elétrico do material, fazendo surgir uma diferença fundamental importância que as empresas adotem critérios bem
de potencial entre o material condutor eletricamente carregado claros para assumir tais responsabilidades perante os recursos
e a terra ou entre materiais. Em consequência dessa diferença de humanos utilizados para intervenções em instalações e serviços
potencial, podem ocorrer descargas elétricas, com possibilidade de elétricos.
causar choques, faíscas, ruídos e outros fenômenos físicos capazes
de provocar acidentes. 5.1 Formação do trabalhador
Em diversos processos industriais, nas áreas com potencial
de incêndio, tais como aquelas onde há fluxo de substâncias em A NR-10 define os conceitos de qualificação, habilitação,
alta velocidade, descarga de caminhões tanque, dentre outras, o capacitação e treinamento dos trabalhadores.
acúmulo de eletricidade estática pode provocar graves acidentes. Conforme item o 10.8.1, um “trabalhador qualificado” é aquele
Dessa forma, essas áreas ou equipamentos devem dispor de que comprova a conclusão de curso específico na área elétrica
NR 10

proteções para evitar o aparecimento das cargas estáticas, ou então reconhecido pelo Sistema Oficial de Ensino. Isso abrange as
reduzi-las a níveis seguros. pessoas que receberam instrução específica em cursos reconhecidos
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

e autorizados pelo Ministério da Educação e Cultura, foram


aprovadas e, por essa razão, receberam um diploma ou certificado. 5.2 Treinamento do trabalhador

Nesta categoria se encaixam os profissionais de nível superior


(engenheiros eletricistas, etc.), os de nível médio com profissões 5.2.1 G eral
regulamentadas (eletrotécnicos, tecnólogos, etc.) e as pessoas
qualificadas em ocupações profissionais, tais como os eletricistas Adicionalmente ao processo de autorização, está consignado nos
prediais e industriais, eletricistas de manutenção, dentre outros. itens 10.6.1.1, 10.7.2, 10.10.8 e no Anexo III da NR-10 a necessidade
Entre estes trabalhadores qualificados destacam-se os de realização do “treinamento de segurança em instalações e serviços
“profissionais legalmente habilitados”, que são aquelas pessoas com eletricidade”, a ser ministrado em dois módulos.
previamente qualificadas em ensino profissionalizante e que O primeiro módulo, chamado de Treinamento Básico, deve ser
promoveram o registro de seu diploma ou certificado no ministrado para todo e qualquer trabalhador a ser autorizado. O
respectivo conselho de classe, que estabelece as atribuições e segundo módulo, identificado por Treinamento Complementar, tem
responsabilidades de cada qualificação em função dos cursos, o primeiro módulo como pré-requisito e destina-se exclusivamente
cargas horárias e matérias ministradas, conforme definido no item aos trabalhadores envolvidos com o Sistema Elétrico de Potência,
10.8.2 da NR-10. assim entendido a geração, a transmissão e a distribuição de energia
Tendo em vista as limitações e necessidades do país, a NR- elétrica, ou os trabalhadores que atuam nas suas proximidades.
10 em seu item 10.8.3 estabeleceu a definição de “trabalhador O Anexo III da NR-10, “Treinamento”, define o currículo
capacitado”, abrindo para as empresas a oportunidade de do “Curso Básico – Segurança em Instalações e Serviços com
oferecer um caminho positivo para o desenvolvimento dos seus Eletricidade”, cuja carga horária mínima é de 40 horas. O mesmo
recursos humanos. anexo descreve o conteúdo mínimo do “Curso Complementar
Um “trabalhador capacitado” é aquele que, embora não tenha – Segurança no Sistema Elétrico de Potência (SEP) e em suas
frequentado cursos regulares ou reconhecidos pelo sistema oficial proximidades”, com carga horária mínima adicional de 40 horas.
de ensino, tornou-se apto ao exercício de atividades específicas Os treinamentos têm conteúdos de natureza multiprofissional,
mediante a aquisição de conhecimentos e habilidades. Para que podendo ser ministrados por instituição de ensino, outras
um trabalhador seja considerado capacitado, devem ser atendidas organizações ou pela própria empresa, mediante o concurso de
simultaneamente as seguintes condições: profissionais legalmente habilitados por seus conselhos de classe
a prestar ensino. Os profissionais que vão ministrar o treinamento
316 a) o trabalhador tenha recebido capacitação específica às atividades devem ter concluído curso específico nas áreas de saber envolvidas
que irá executar, sob orientação e responsabilidade de profissional nos treinamentos, ou seja, devem ter conhecimento e experiência
habilitado e autorizado; e na área elétrica, em segurança no trabalho e medicina. Cabe ao
b) o trabalhador trabalhe permanentemente sob a responsabilidade Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia
de profissional habilitado e autorizado. (CREA) determinar as atribuições dos profissionais na área de
eletricidade e de segurança no trabalho, ao Conselho Regional
Em ambas os casos, cabe ao profissional legalmente de Medicina (CRM) e ao Conselho Regional de Enfermagem
habilitado e autorizado pela própria empresa a responsabilidade (COREN) as atribuições na área de medicina.
de ministrar conhecimentos para o desenvolvimento das A certificação referente aos treinamentos impõe
capacidades do trabalhador e acompanhá-lo na execução responsabilidades civis e criminais para as entidades emitentes
de tarefas específicas ligadas aos serviços com eletricidade. e para os profissionais que ministram os ensinamentos aos
Compete ainda a esse profissional legalmente habilitado e trabalhadores autorizados. Dessa forma, quando os certificados são
autorizado o estabelecimento das limitações de atividades a emitidos por instituição de ensino reconhecida pelo Ministério da
serem realizadas pelo trabalhador capacitado e fornecer um Educação e Cultura, a responsabilidade está implícita à autorização
documento que ateste a aptidão do capacitado para validação e controlada por aquele Ministério. Para as demais condições, os
responsabilização da capacitação adquirida. certificados deverão ser emitidos sob a responsabilidade das
As atividades de ensino devem constar das atribuições empresas e profissionais habilitados pelos respectivos conselhos de
profissionais do responsável por essa capacitação em seu conselho classe, em obediência ao ordenamento jurídico nacional, o saber e a
de classe. experiência necessária.
O trabalhador capacitado só poderá exercer as atividades Os treinamentos são destinados à promoção e transferência de
sob responsabilidade de um profissional legalmente habilitado conhecimentos em segurança elétrica, segurança do trabalho, de
e autorizado, não sendo necessário que este profissional seja o medicina e resgate (primeiros socorros). Devem considerar a realidade
mesmo que o capacitou. de cada empresa, as situações efetivas de trabalho, de cada ramo de
Fica claro no item 10.8.3.1 da NR-10 que a capacitação não atividade, do padrão de operação, dos procedimentos de trabalho,
confere nenhuma titularidade ao trabalhador válida no território do nível de tensão e de outras peculiaridades. Os treinamentos são
nacional, e somente terá valor para serviços específicos, conferidos específicos para cada empresa e, portanto, somente têm valor para
NR 10

na capacitação. É importante ressaltar que a capacitação é válida aquela determinada empresa que o ministrou, conforme determina o
unicamente para a empresa que o capacitou. item 10.8.8.2.a da NR-10.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Os treinamentos não devem ser oferecidos e vendidos 9. Rotinas de trabalho – Procedimentos.


às empresas de forma simplista, na pretensão apenas de a) instalações desenergizadas;
atendimento formal a uma exigência normativa de instrução b) liberação para serviços;
de trabalhadores, mediante formas, meios e material didático c) sinalização;
genéricos, distantes da realidade de cada situação de trabalho, d) inspeções de áreas, serviços, ferramental e equipamento;
pois, para as empresas e profissionais que autorizam os
trabalhadores, os riscos e as responsabilidades deste assunto 10. Documentação de instalações elétricas.
são sérios.
Os treinamentos devem atender às cargas horárias e aos 11. Riscos adicionais:
conteúdos programáticos mínimos determinados no Anexo III da a) altura;
NR-10, reproduzidos a seguir. b) ambientes confinados;
c) áreas classificadas;
1. CURSO BÁSICO – SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E d) umidade;
SERVIÇOS COM ELETRICIDADE e) condições atmosféricas.

I - Para os trabalhadores autorizados: carga horária 12. Proteção e combate a incêndios:


mínima – 40 h: a) noções básicas;
b) medidas preventivas;
Programação Mínima: c) métodos de extinção;
d) prática.
1. Introdução à segurança com eletricidade.
13. Acidentes de origem elétrica:
2. Riscos em instalações e serviços com eletricidade: a) causas diretas e indiretas;
a) o choque elétrico, mecanismos e efeitos; b) discussão de casos.
b) arcos elétricos, queimaduras e quedas;
c) campos eletromagnéticos. 14. Primeiros socorros:
a) noções sobre lesões;
3. Técnicas de análise de risco. b) priorização do atendimento; 317
c) aplicação de respiração artificial;
4. Medidas de controle do risco elétrico: d) massagem cardíaca;
a) desenergização. e) técnicas para remoção e transporte de acidentados;
b) aterramento funcional (TN / TT / IT), de proteção, temporário; f) práticas.
c) equipotencialização;
d) seccionamento automático da alimentação; 15. Responsabilidades.
e) dispositivos a corrente de fuga;
f) extra baixa tensão; 2. CURSO COMPLEMENTAR – SEGURANÇA NO
g) barreiras e invólucros; SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA (SEP) E EM SUAS
h) bloqueios e impedimentos; PROXIMIDADES.
i) obstáculos e anteparos;
j) isolamento das partes vivas; É pré-requisito para frequentar este curso complementar, ter
k) isolação dupla ou reforçada; participado, com aproveitamento satisfatório, do curso básico
l) colocação fora de alcance; definido anteriormente.
m) separação elétrica.
Carga horária mínima – 40 h
5. Normas Técnicas Brasileiras – NBR da ABNT: NBR-5410, NBR
14039 e outras; (*) Estes tópicos deverão ser desenvolvidos e dirigidos
especificamente para as condições de trabalho características
6) Regulamentações do MTE: de cada ramo, padrão de operação, de nível de tensão e de
a) NRs; outras peculiaridades específicas ao tipo ou condição especial
b) NR-10 (Segurança em Instalações e Serviços com Eletricidade); de atividade, sendo obedecida a hierarquia no aperfeiçoamento
c) qualificação, habilitação, capacitação e autorização. técnico do trabalhador.

7. Equipamentos de proteção coletiva. Programação Mínima:


NR 10

8. Equipamentos de proteção individual. 1. Organização do Sistema Elétrico de Potência – SEP.


GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

2. Organização do trabalho:
a) programação e planejamento dos serviços; 5.2.2 Reciclagem do trabalhador
b) trabalho em equipe;
c) prontuário e cadastro das instalações; O treinamento de reciclagem, conforme 10.8.8.2 da NR-10, prevê
d) métodos de trabalho; e a renovação do treinamento a cada dois anos e, adicionalmente, sempre
e) comunicação. que ocorrerem as seguintes situações:

3. Aspectos comportamentais. a) troca de função ou mudança de empresa;


Situação em que o foco da reciclagem deverá ser direcionado à
4. Condições impeditivas para serviços. mudança de empresa e, consequentemente, à alteração do cenário de
desenvolvimento dos trabalhos, das instalações elétricas, da organização
5. Riscos típicos no SEP e sua prevenção(*): do trabalho, dos procedimentos técnicos, etc. A troca de função é
a) proximidade e contatos com partes energizadas; entendida como a alteração em atribuições ou no local de trabalho, que
b) indução; acarreta alterações na exposição a riscos elétricos.
c) descargas atmosféricas;
d) estática; b) retorno de afastamento ao trabalho ou inatividade por período
e) campos elétricos e magnéticos; superior a três meses;
f) comunicação e identificação; e O foco da reciclagem será atualizar e renovar os conceitos e práticas
g) trabalhos em altura, máquinas e equipamentos especiais. de prevenção nos conteúdos propostos.

6. Técnicas de análise de Risco no S E P.(*) c) modificações significativas nas instalações elétricas ou troca de
métodos, processos e organização do trabalho;
7. Procedimentos de trabalho – análise e discussão.(*) O foco da reciclagem está nas mudanças do projeto das instalações,
na inclusão de novos equipamentos e metodologias, assim como as
8. Técnicas de trabalho sob tensão:(*) alterações na organização do trabalho.
a) em linha viva;
b) ao potencial; Contudo, quando a motivação da reciclagem for bienal, então o
c) em áreas internas; foco deverá ser o aprofundamento e direcionamento de temas de acordo
318
d) trabalho a distância; com as necessidades e a realidade da organização e deverá atender com
e) trabalhos noturnos; e carga horária suficiente para permitir aproveitamento em revisões, nas
f) ambientes subterrâneos. mudanças dos procedimentos, instalações e serviços, de forma a surtir o
efeito desejado na prevenção de acidentes.
9. Equipamentos e ferramentas de trabalho (escolha, uso, Na reciclagem dos trabalhadores, a NR-10 não determina nenhum
conservação, verificação, ensaios).(*) conteúdo programático ou carga horária, e nem mesmo trata dos recursos
a serem utilizados, porém fica evidente que os assuntos a serem abordados
10. Sistemas de proteção coletiva.(*) deverão ser relativos aos temas de segurança em serviços e instalações
elétricas, com o viés de gerenciamento e responsabilidade que norteia a
11. Equipamentos de proteção individual.(*) NR-10. Fica a critério da empresa estabelecer os currículos e cargas horárias
das reciclagens em função das necessidades da empresa e dos profissionais
12. Posturas e vestuários de trabalho.(*) objeto e, por conseguinte, assumir a responsabilidade pela decisão.

13. Segurança com veículos e transporte de pessoas, materiais e 5.2.3 Treinamentos em resgates, primeiros socorros, combate a
incêndios e trabalhos em áreas classificadas
equipamentos.(*)

14. Sinalização e isolamento de áreas de trabalho.(*) O item 10.12.2 da NR-10 determina que os trabalhadores autorizados
possuam o domínio das técnicas de socorro, de resgate, de remoção e de
15. Liberação de instalação para serviço e para operação e uso. transporte de pessoas acidentadas, assim como o item 10.12.3 exige que
(*) a empresa possua e disponibilize os equipamentos e meios de aplicação
destas técnicas.
16. Treinamento em técnicas de remoção, atendimento, transporte Dessa forma, é obrigatório e de extrema importância para a vida que
de acidentados.(*) os trabalhadores autorizados sejam treinados e possuam o conhecimento
quanto aos equipamentos, técnicas de regate e primeiros socorros, pois a
17. Acidentes típicos(*) – análise, discussão, medidas de proteção. probabilidade de reanimação da vítima acidentada cai vertiginosamente
com o passar do tempo após a parada cardiorrespiratória. Muitas vezes, a
NR 10

18. Responsabilidades.(*) desobstrução das vias respiratórias, a aplicação de técnicas de reanimação


GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

cardiorrespiratórias e a aplicação de métodos adequados de resgate podem o profissional não domina eletricidade, será então necessário encaminhá-
significar a diferença entre a vida e a morte de um trabalhador na ocorrência lo para escola técnica. Dessa forma, o objetivo dos treinamentos é
de acidentes com eletricidade. Assim, a NR-10 determina a obrigatoriedade desenvolver os mecanismos, as técnicas e a consciência de segurança
de atribuições e treinamentos aos trabalhadores a serem conferidos e e de proteção específicos para os trabalhos com eletricidade, além da
ministrados sob a responsabilidade e custeio dos tomadores de serviço. análise dos riscos elétricos e dos riscos adicionais existentes em serviços
O item 10.12.4, de forma análoga, exige que os trabalhadores com instalações elétricas.
autorizados a realizar serviços em instalações elétricas, que por sua Cabe ressaltar que o treinamento de segurança é obrigatório
própria natureza poderão gerar o início de incêndios, estejam aptos a a toda e qualquer pessoa para que ela seja autorizada pela empresa a
aplicar equipamentos e metodologia adequada para conter esses sinistros realizar intervenções nas instalações elétricas energizadas ou nas suas
em sua fase inicial. O treinamento deve ser dirigido ao uso e identificação proximidades. Essa obrigatoriedade se aplica aos gerentes, supervisores,
de extintores, de hidrantes e a localização dos focos de incêndio, assim engenheiros ou chefes, bem como aos ajudantes, eletricistas,
como as providências complementares para evitar grandes catástrofes e encarregados ou eletrotécnicos, instaladores telefônicos, pessoal de
perdas significativas. ar condicionado, etc. Independente de escolaridade, habilitação ou
O item 10.8.8.4 prevê que os trabalhos em áreas classificadas capacitação técnica, todos devem receber conhecimentos que permitam
devem ser precedidos de treinamento especifico de acordo com o “risco adotar atitudes no sentido de proteger a si e aos demais contra os efeitos
envolvido”. Os trabalhadores liberados para serviços elétricos em nocivos da eletricidade.
áreas classificadas precisam estar cientes que não devem ser utilizados Não está previsto no Ministério do Trabalho e Emprego qualquer tipo de
equipamentos capazes de gerar faíscas, como é o caso de quase todos registro ou de validação dos treinamentos para atendimento da NR-10. No
os eletroportáteis, ou outros dispositivos com motores de escova ou de entanto, os treinamentos certamente serão fiscalizados pelo órgão quanto
partida por enrolamento auxiliar e automático, ou ainda ferramentas de à forma legal, organização curricular, certificação, equipe multidisciplinar
impacto, uma vez que mesmo as pneumáticas podem produzir faíscas em de profissionais habilitados, materiais educacionais, conteúdos, listas de
pedra, ferro ou outros materiais similares, gerando riscos no ambiente. presença, dentre outras evidências positivas de sua efetiva realização.
Finalizando as prescrições sobre treinamento, o item 10.8.9 Todos os contratantes solidariamente assumem as responsabilidades civis
determina que trabalhadores com atividades não relacionadas às e criminais à realização adequada destes treinamentos.
instalações elétricas desenvolvidas em zona livre, mas na vizinhança da
zona controlada (ver 3.5.1 deste guia) devem ser instruídos formalmente 5.3 Controle médico
com conhecimentos que permitam identificar e avaliar seus possíveis
riscos e adotar as precauções cabíveis. Os trabalhadores autorizados a intervir em instalações elétricas 319
O propósito dos treinamentos não é qualificar ou capacitar os devem ser submetidos a um exame de saúde compatível com as atividades
trabalhadores, não sendo cabível ministrar ensinamentos de técnicas de a serem desenvolvidas, que deve ser realizado em conformidade com a
eletricidade pertinentes à qualificação ou à capacitação do profissional. Se NR-7 e devidamente registrado em seu prontuário médico.

Condições para Autorização de Trabalhadores


NR 10

FORMAÇÃO ( aprendizado técnico)

SISTEMA OFICIAL DE ENSINO NA EMPRESA

QUALIFICADO

PROFISSÃO ocupaçÃO
capacitaçÃO específica sob
responsabilidade de um
profissional habilitado e
autorizado
registro

capacitado
habilitado

treinamento em segurança (mín 40 ou 80 horas)

sob responsabilidade
de habilitado e
*autorizado autorizado
NR 10

* Mediante controle médico


Figura 40 – Condições para autorização de trabalhadores conforme a NR-10
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Conforme o item 10.8.7 da NR-10 é obrigatório a realização de para a realização de um determinado serviço. Ou ainda, fundamenta-se
avaliação da saúde física e mental (conceito da OMS) dos trabalhadores na culpa “in vigilando”, que é aquela ocasionada pela falta de diligência,
a serem autorizados a realizar serviços com eletricidade. Essa avaliação atenção, vigilância, fiscalização ou quaisquer outros atos de supervisão
deve ser realizada por médico do trabalho, obedecendo a preceitos éticos do tomador do serviço, no cumprimento do dever, para evitar prejuízo a
estipulados por protocolo específico. Deve considerar que o autorizado, alguém.
além da presença da eletricidade, irá trabalhar com grandezas de risco Esse conceito consta também da Consolidação das Leis do Trabalho
não palpáveis, tais como campos elétricos e magnéticos, condições (CLT), artigo 157 e na NR-1, item 1.7.a , em que está implícita a
posturais mais diversas, riscos ambientais agravantes, áreas confinadas, responsabilidade solidária: “Cabe ao Empregador cumprir e fazer
trabalhos em altura, radiação solar, ruído, calor, dentre outras. Tais riscos cumprir as disposições legais e regulamentares sobre segurança e
exigem uma consideração especial do profissional médico para avaliar a medicina do trabalho”.
aptidão física e mental dos trabalhadores envolvidos com eletricidade. Mesmo existindo uma relação contratual entre as partes com
cláusulas explícitas de transferência de responsabilidades, o contratante
5.4 Resumo (construtor, incorporador ou empreendedor), idôneo e responsável, que
negligencia a contratação ou a vigilância de prestador de serviços ou
A Figura 40 apresenta um resumo dos assuntos discutidos em 5.1, fornecedor, sempre terá de responder civil e criminalmente, direta ou
5.2 e 5.3 quanto à análise que deve ser realizada em relação às exigências indiretamente, pela má qualidade do produto final, pela ocorrência de
para concessão de autorização aos trabalhadores em instalações e acidentes ou por quaisquer prejuízos a outras pessoas.
serviços elétricos conforme as prescrições da NR-10. Determina a NR-10 no item 10.13.2 que o contratante (tomador de
Concedida a autorização para os trabalhos com eletricidade, a mão de obra) tem o dever de informar e, consequentemente, de garantir
eConcedida a autorização para os trabalhos com eletricidade, a empresa o direito de informação e do saber do trabalhador sobre os riscos e
deverá organizar um sistema de identificação desses trabalhadores, possíveis perigos à segurança e à saúde, elétricos e não elétricos, a
contendo a abrangência e amplitude da autorização, conforme item que serão expostos no desenvolvimento das atividades contratadas ou
10.8.5 da NR-10. A organização de identificação impõe que a empresa designadas. É oportuno lembrar que essa determinação da NR-10 não
mantenha essa condição anotada no registro do trabalhador, conforme está dirigida somente aos trabalhadores que se envolvem diretamente
item 10.8.6. Essa medida possibilita maior controle de acesso às com as instalações e serviços com eletricidade, mas também atinge os
instalações elétricas. trabalhadores em ambientes circunvizinhos sujeitos às influências das
A combinação do processo de autorização com identificação instalações ou execução de serviços elétricos que lhes são próximos,
320 e anotação na ficha de controle da mão de obra torna evidente a conforme prescrito especificamente no item 10.8.9 da NR-10. Dessa
necessidade de uma ação gerencial sobre os empregados, terceirizados, forma, fica assegurado de forma explicita o direito de saber do
cooperativados ou avulsos quanto ao controle documental de formação, trabalhador preconizado na Convenção 161 da OIT e no Decreto 127 de
treinamentos, exames médicos, EPIs, etc. Pode ser terceirizado o 22/05/1991 – Informar e instruir os trabalhadores sobre os riscos a que
serviço, mas não a responsabilidade, que é solidária mesmo se existirem estão expostos.
cláusulas contratuais em contrário, ficando sob a responsabilidade do O item 10.13.4 da NR-10 indica as responsabilidades do trabalhador
contratante cumprir e fazer cumprir as exigências normativas, conforme autorizado, que deve ter atenção em suas ações ou omissões que
estipulado na CLT, artigo 157, inciso I e no item 10.13.1 da NR-10. impliquem negligência, imprudência ou imperícia, zelando tanto pela
Essa documentação deverá ser organizada no prontuário das instalações sua segurança e saúde como pela de outras pessoas que possam ser
elétricas a ser mantido em cada estabelecimento. afetadas. O trabalhador autorizado deve ter ainda o compromisso de
cumprir as normas e regulamentos estabelecidos, elaborar e manter
6 Responsabilidades os procedimentos, planos e demais medidas internas de segurança e
saúde, além de comunicar de imediato ao responsável pela execução
O item 10.13.1 da NR-10 determina que as responsabilidades sejam do serviço as situações que considerar de risco para a sua segurança e
solidárias a contratantes e contratados, quando se tratar do cumprimento saúde e também a de outras pessoas. Deve-se lembrar que este item está
das regulamentações nela prescritas. Dessa forma, para efeito de aplicação intimamente ligado, sendo o fundamento do direito de recusa tratado no
das normas regulamentadoras, sempre que uma ou mais empresas, item 10.14.1 da NR-10, tratado adiante neste guia.
individuais ou coletivas e com personalidades jurídicas próprias, As responsabilidades de contratantes, contratados (prestadores
estiverem sob o comando ou controle ou ainda prestarem serviços de serviços) e trabalhadores que são tratadas na NR-10 integram o
sob administração ou contrato a outra empresa, serão solidariamente ordenamento jurídico nacional e, portanto, são ferramentas básicas para
responsáveis a empresa principal, ou contratante, e as demais empresas as decisões e sentenças que envolvam o assunto “segurança em serviços
subordinadas (contratadas). Para esta aplicação, os profissionais liberais, e instalações elétricas”. São os casos de ações junto ao Ministério da
os trabalhadores autônomos e avulsos são equiparados à uma empresa. Justiça, tais como a responsabilização civil (indenizações) e criminal
O conceito de responsabilidade solidária fundamenta-se na culpa “in (prisões) e ações trabalhistas; junto ao Ministério Público, como a
eligendo”, proveniente da falta de cautela ou previdência na seleção ou paralisação dos serviços, a imposição de pesadas multas; junto ao INSS -
escolha de profissional, pessoa ou empresa a quem confia a execução Instituto Nacional do Seguro Social com ações regressivas; além, é claro,
NR 10

de um ato ou serviço. Por exemplo, designar ou manter um empregado das ações de fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego, com a
não legalmente habilitado ou sem as capacidades ou aptidões requeridas imposição de notificações, autuações, embargos e interdições.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Em relação à responsabilidade civil e criminal, o Código Penal Conforme a NR-10, as seguintes situações são consideradas graves
Brasileiro, que regulamenta os crimes contra a pessoa, contém: e de iminente risco, capazes de promover o embargo ou a interdição:
• Artigo121 – Parágrafo Terceiro: trata do homicídio culposo, com pena
de reclusão de até 30 anos; • Item 10.2.4: os estabelecimentos não constituíram e mantém o
• Artigo 129 – Parágrafo Segundo: trata de lesão corporal de natureza Prontuário de Instalações Elétricas;
grave, com pena de reclusão de até 5 anos; • Item 10.2.8.1: ausência da adoção de medidas de proteção coletiva,
• Artigo 132 – Perigo para a vida ou saúde de outrem, com pena de prioritariamente, a desenergização – invólucro, aterramento, etc.;
reclusão de até um ano. • Item 10.2.9.1: ausência da adoção de EPIs específicos e adequados
às atividades desenvolvidas com instalações elétricas energizadas
No Código Civil Brasileiro, atribui-se a “responsabilidade civil (luvas isolantes, calçados especiais, vestimentas de trabalho adequadas
objetiva” e a “obrigação de indenizar”. Em seu Artigo 927 – Parágrafo à condutibilidade, inflamabilidade e influências eletromagnéticas
Único fica estabelecido que “haverá obrigação de reparar o dano, (10.2.9.2), dentre outros);
independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando • Itens 10.6.1; 10.6.1.1; 10.7.1; 10.7.2; 10.8.8: atividades em instalação
a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por energizada por profissional não autorizado ou não treinado em segurança
sua natureza, risco para os direitos de outrem”. Desta forma, o Código com instalações e serviços elétricos;
Civil adota critérios de responsabilidade objetiva no âmbito do direito • Item 10.7.3: serviços em instalações elétricas energizadas em alta
privado. Com isso, há um significativo aumento na probabilidade de tensão, bem como aqueles executados no Sistema Elétrico de Potência
responsabilização dos culpados, na medida em que, em certas espécies (SEP), realizadas individualmente;
de atividade (que incluem os serviços elétricos), o responsável está • Item 10.7.7: ausência de desativação (bloqueio) dos conjuntos
sujeito a indenizar por dano ainda que se tenha agido sem culpa, o e dispositivos de religamento automático do circuito, sistema ou
que recomendaria a adoção de maior cautela por parte das pessoas ou equipamento;
empresas que atuem em atividade considerada perigosa. Essa teoria da • Item 10.9.5: serviços em instalações elétricas nas áreas classificadas
responsabilidade objetiva adotada em certos casos não mais se baseia na sem a permissão para o trabalho com liberação formalizada ou supressão
culpa, mas, meramente, na demonstração da existência de nexo causal do agente de risco;
entre o dano e o agente que praticou a conduta lesiva. • Item 10.4.1: falta de supervisão por profissional autorizado, na
construção, montagem, operação, reforma, ampliação, reparo e inspeção.
Direito de recusa
Referências 321
O exercício do “direito de recusa” é tratado no item 10.14.1 da NR-
10, que determina que os trabalhadores devam interromper suas tarefas • IEC 61010-1 - Safety requirements for electrical equipment for
sempre que constatarem evidências de riscos graves e iminentes para sua measurement, control, and laboratory use - Part 1: General requirements
segurança e saúde ou a de outras pessoas, comunicando imediatamente • IEEE 1584 - Guide for Performing Arc Flash Hazard
o fato ao seu superior hierárquico, que diligenciará as medidas cabíveis. • NBR 5410 – Instalações elétricas de baixa tensão
Trata-se de uma ratificação do direito de recusa, previsto no Artigo 13 • NBR 5419 - Proteção de estruturas contra descargas atmosféricas
da Convenção 155 da OIT e promulgada pelo Decreto Federal 1.254 • NBR 8674 – Execução de sistemas fixos automáticos de proteção
de 29 de setembro de 1994, com indicações de que essa providência contra incêndio, com água nebulizada para transformadores e reatores
de recusar-se a expor sua saúde e integridade física deva resultar em de potência
medidas corretivas, indicando a responsabilidade dos níveis hierárquicos • NBR 10622 - Luvas isolantes de borracha - Especificação
superiores para as providências necessárias. Ressalte-se que esta atitude • NBR 14039 – Instalações elétricas de média tensão de 1,0 kV a 36,2 kV
está associada à obrigação da comunicação imediata conforme estabelece • NBR IEC 60079-14 – Equipamentos elétricos para atmosferas
a NR-10 no item 10.13.4. explosivas
• NBR IEC 60947-1 – Dispositivos de manobra e comando de baixa
Interdição ou embargo tensão
• NFPA 70 – National Electrical Code
Na ocorrência de condição de trabalho com instalações e serviços • NFPA 70E - Standard for Electrical Safety in the Workplace
elétricos que implique grave e iminente risco, tratado no item 10.14.3 • Norma Regulamentadora Nº 6 (NR-6) – Equipamento de proteção
da NR-10 e na NR-3, o Ministério do Trabalho e Emprego deverá adotar individual - EPI
procedimentos de fiscalização com o embargo ou interdição, mediante laudo • Norma Regulamentadora Nº 10 (NR-10) - Segurança em Instalações e
técnico emitido. As definições de interdição e embargo são as seguintes: Serviços em Eletricidade
• Norma Regulamentadora Nº 17 (NR-17) – Ergonomia
• Interdição: paralisação total ou parcial do estabelecimento, da frente de • Norma Regulamentadora Nº 26 (NR-26) – Sinalização de segurança
trabalho, do setor de serviço, da máquina ou equipamento. • OSHA / CFR 1910 - Occupational Safety and Health Standards
• Embargo: paralisação total ou parcial da obra de instalação elétrica • The other Electrical Hazard: Electrical Arc Blast Burns”. IEEE
NR 10

(construção, montagem, instalação, manutenção e reforma). Transaction on Industrial Applications, Vol. 1A-18, No 3, p. 246 May/
June 1982. Ralph Lee
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Autores

artigos técnicos. Diretor Técnico da Atitude Eventos e Diretor


Cláudio Sérgio Mardegan
Geral da Hilton Moreno Consulting, empresa especializada em
educação tecnológica a distância e presencial.
Engenheiro Eletricista, formado em 1980 pela Escola Federal
de Engenharia de Itajubá (EFEI), hoje UNIFEI. Atua na
área de proteção há 30 anos. É autor do livro de Proteção e
João José Barrico de Souza
Seletividade; escreveu vários artigos e realizou estudos de
Engenheiro eletricista e de segurança do trabalho, Foi diretor
curto-circuito e seletividade em muitas empresas nacionais
da Divisão de Higiene e Segurança do Trabalho da Secretaria
e internacionais de grande porte. Atualmente é Diretor da
do Emprego e Relações do Trabalho, Foi membro do GT-10
EngePower Engenharia e Comércio Ltda, empresa situada
que elaborou a NR-10 e do GTT-10 grupo Técnico Tripartite
entre as líderes de mercado no segmento de estudos elétricos.
que discutiu a norma. É membro convidado , pela bancada
governamental, da Comissão Permanente Nacional de
322 Hélio Eiji Sueta
segurança e energia Elétrica. Co-autor do Manual de Auxilio
na Interpretação e Aplicação da Nova NR-10. É professor
Engenheiro eletricista, formado pela Escola Politécnica da
nos cursos de especialização em Engenharia de Segurança
Universidade de São Paulo em 1981, mestre em Engenharia
do Trabalho da FEI; UNIP; Osvaldo Cruz; Unitau; Unilins e do
Elétrica (EPUSP – 1998), doutor em Engenharia Elétrica
PECE da Poli-USP. Foi conselheiro do CREA-SP, na Camara
(EPUSP, 2005). Nascido em São Paulo, capital, em 03 de
de Engenharia elétrica e é Conselheiro Suplente na Camara
fevereiro de 1958, é atualmente Chefe da Divisão Científica
de Engenharia de Segurança do Trabalho. Sócio da ABEE; e
de Eletrotécnica e Eletrônica de Potência do Instituto de
Vice- Presidente da APAEST; Diretor da Engeletric Serviços
Eletrotécnica e Energia da USP (IEE-USP). Foi chefe da
de Eletricidade, presta consultoria a varias empresas na área
Seção Técnica de Altas Correntes por mais de dez anos onde
de segurança do trabalho com eletricidade e é colaborador
se especializou em ensaios de curto-circuito e interrupção
permanente da Revista O Setor Elétrico, onde mantém uma
de altas correntes de equipamentos elétricos de potência.
coluna relacionada com o treinamento e conhecimento de
Desenvolveu a sua tese de doutorado na área de proteção
segurança com eletricidade.
de estruturas contra descargas atmosféricas. Participa em
comissões de normalização, sendo o secretário da CE 64.10, e
também de certificação de produtos.
Joaquim Pereira

Especialista em Engenharia de Segurança no Trabalho pela


Hilton Moreno
Faculdade de Engenharia Industrial da Fundação de Ciências
Aplicadas em 1976, especialista em Administração de
Engenheiro Eletricista pela Escola Politécnica da Universidade
Recursos Humanos pela Fundação Getúlio Vargas em 1986,
de São Paulo (1980). Atua intensamente em fóruns de
graduado em Engenharia Eletricista, Modalidade Produção,
normalização técnica nacionais e internacionais. Professor
pela Faculdade de Engenharia Industrial da Fundação de
universitário, consultor de importantes empresas e entidades
Ciências Aplicadas em 1975, graduado em Engenharia de
da área elétrica. Palestrante em congressos, seminários,
Produção pela Faculdade de Engenharia Industrial em 1977,
NR 10

workshops e cursos no Brasil e no exterior. Autor e coautor


graduado em Administração de Produção pela Universidade
de várias publicações entre livros, manuais, guias e números
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

de São Paulo em 1980. Docente da Faculdade de Engenharia Juliana Iwashita Kawasaki


Industrial, engenheiro de Segurança do Trabalho do
Ministério do Trabalho e Emprego, auditor fiscal do trabalho Arquiteta pela FAU-USP e mestre em Engenharia Elétrica
do Ministério do Trabalho e Emprego, coordenador do pela POLI-USP. Membro da CIE, ASBAI e ABNT/CB-3 onde
Grupo Técnico Tripartite de Energia do Ministério do atua como coordenadora da revisão da NBR5413. Diretora
Trabalho e Emprego, coordenador técnico da atualização da da Arquilum Arquitetura de Iluminação, consultoria e
Norma Regulamentadora Nº 10 do Ministério do Trabalho projeto de iluminação e eficiência energética. Responsável
e Emprego, docente da Universidade Paulista, docente da por desenvolvimentos de produtos e softwares de cálculo
Unital e docente da Faculdade Moura Lacerda. luminotécnico. Escreve para revistas e sites e ministra
treinamentos e cursos de pós graduação na área de
Jobson Modena iluminação.
323
Engenheiro Eletricista; Diretor da Guismo Eng.ª; Autor;
Instrutor da ABNT; Palestrante; Consultor em Instalações Luiz Fernando Arruda
Elétricas de Baixa Tensão, com ênfase na área de
Aterramento Elétrico, Proteção contra Surtos de Tensão Engenheiro eletricista pela UNIFEI e pós-graduado em
e Descargas Atmosféricas. Membro CB-3 da ABNT onde gestão de negócios pela FGV. Trabalhou na Cemig por
atualmente é o coordenador comissão que revisa a norma 22 anos, Eletrobras e Grupo Rede nas áreas de medição,
NBR 5419 - Proteção de Estruturas contra Descargas automação da medição e proteção da receita. Representa
Atmosféricas. Membro do TC-81 da IEC – International a IURPA (international utilities revenue protection
Electrotechnical Commission, onde participa na confecção e association) e é professor do curso de perdas na Funcoge.
revisão de normas internacionais Atualmente trabalha como consultor

José Starosta Marcus Possi

Sócio - Diretor da “Ação Engenharia e Instalações” com Engenheiro eletricista, com mais de trinta anos na área
experiência acumulada nas atividades relacionadas á de engenharia elétrica de média e alta tensão, sendo:
instalações elétricas comerciais e industriais (com ênfase quinze anos em gerência de contratos e de projeto
às áreas de projetos, eficiência energética e qualidade de de campo e mais de sete anos atuando na área de
energia). Autor de diversos trabalhos publicados, palestras consultoria e treinamento de gerenciamento de projetos
e treinamentos. Graduação: Engenheiro Eletricista-Escola e engenharia elétrica nas empresas e indústria. Membro
de Engenharia Mauá - 1982. Pós-Graduação: Mestre em atuante do CB-3 da ABNT, e secretário da norma
Engenharia Elétrica - Escola Politécnica/ Universidade NBR14039. Perito em diversas varas cíveis, especialista
de São Paulo – 1998; Tese de mestrado: Uso racional de em Gerenciamento de Projetos, autor e coordenador
energia elétrica em instalações comerciais. Atual presidente de 14 livros nas editoras Brasport e na editora Ciência
Autores

da ABESCO (Associação Brasileira das Empresas de Moderna, responsável Técnico e Legal da Ecthos
Conservação de Energia). Consultoria e Desenvolvimento Ltda.

Você também pode gostar