Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
O PL
435/2019, de autoria da deputada estadual Janaina Paschoal (PSL-SP), tem dado o que falar.
Depois de a votação ter sido adiada na semana passada, a proposta deve voltar ao plenário da
Assembleia Legislativa para que seja decidido se deve ou não tramitar em regime de urgência. Isto
é, se deve ou não ficar livre da análise das comissões da saúde e da mulher.
ENTENDA A PROPOSTA
PUBLICIDADE
Deputada Janaina Paschoal (Foto: Alesc) A deputada também falou sobre a polêmica que
envolve o projeto e disse, inclusive, que recebeu
pedidos para que a proposta seja retirada. "Muitas pessoas entraram em contato solicitando que eu
retire meu projeto e eu acho muito intrigante esse tipo de solicitação, pois as pessoas que não
concordam podem tentar colaborar — com o intuito de melhorá-lo —, podem votar contra ele,
podem trabalhar e apresentar um projeto que julguem apropriado. O que não me parece
compreensivel é que quem não propõe nada, embora reconheça que como está não pode ficar,
queira convencer uma colega a retirar o seu projeto", declarou. Janaina ainda finaliza o discurso
afirmando: "Eu não tiro o PL, vou lutar por esse PL até o fim. Vou lutar pela aprovação porque ele
vai salvar vidas".
REPERCUSSÃO NA SOCIEDADE
Segundo ela, como está, o projeto é problemático, pois oferece uma "falsa escolha". "O mesmo
sistema violento e negligente que atende a mulher num parto normal cercado de violência é o sistema
que vai atendê-la em uma possível cesárea. Então, esse projeto fala em apenas deslocar a violência.
E a gente sabe que mal atendimento médico, violência e negligência dentro de um processo
cirúrgico são igualmente graves. O projeto não dialoga com nada disso. Infelizmente, ainda não
conseguimos dar início a um debate com a Janaina, e a ALESP tem pouco conhecimento sobre o
tema", lamenta.
Por outro lado, na opinião do obstetra Ricardo Porto Tedesco, membro da Comissão Nacional de
Assistência ao aborto, parto e puerpério, da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e
Obstetrícia (Febrasgo), o projeto é válido no sentido de proporcionar igualdade de oportunidade
para as mulheres da rede pública e privada de saúde. "A mulher tem que ter autonomia para fazer
suas escolhas, mas desde que sejam previamente orientadas, por exemplo, quanto as possibilidade
de alívio da dor no parto normalou riscos de cesárea de repetição", alertou.
"Hoje, na prática, essas mulheres não recebem essa devida atenção. Se no pré-natal você puder
oferecer todas essas informações, certamente ela poderá tomar sua decisão. Portanto, sou a favor,
porém, com a ressalva de oferecer uma clara orientação sobre os dois procedimentos", finalizou.
OS NÚMEROS NO BRASIL
No Brasil, segundo Dados do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc) de 2016,
as cesáreas são realizadas em mais da metade (55,6%) dos partos com nascidos vivos. A nível
mundial, a taxa de cesárea brasileira só perde para a República Dominicana (56%). Lembrando que
a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é que o número de cesarianas não
ultrapasse 15% dos partos.