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A CONVERSÃO DE PEDRO
João 1.35-43; Marcos 1.13-14; Atos 3.19

Diz o Evangelho que "há júbilo no céu pela conversão de uma alma". Não há crise
mais profunda e de maior alcance numa vida do que a da conversão do pecador a
Deus.

Desde o princípio do mundo decaído, a volta dos filhos revoltados injustamente, contra
o seu Criador e Pai, é a mais bela ação humana. A conversão é o fruto da graça divina
na alma. O Espírito Santo muda o coração do homem, e este, então, deseja estar com
Deus para sempre. Que grandeza!

Pedro, o notável apóstolo de Jesus, é um exemplo magnífico de como os indivíduos se


convertem. Foi um dia máximo na vida desse homem rude, impulsivo, tagarela e, ao
mesmo tempo, frágil de forças espirituais, sim, o dia de sua conversão, de seu
encontro com o Filho de Deus.

Pedro foi pouco a pouco se transfigurando. E morreu como só sabem morrer os


nobres: mártir da verdade, invicto pela verdade e só amando a verdade emanada de
Deus mesmo.

1 - SITUAÇÃO HISTÓRICA
1. Quem foi Pedro?
Foi um galileu, natural de Betsaida (Jo 1.44). Ocupava-se do ofício da pesca, e seu pai
era também pescador, de nome Jonas ou João (Mt 14.17). Era casado (Mt 8.14).
Tinha pelo menos um irmão, chamado André, que foi quem o pôs em contato com o
Senhor (Jo 1.35-41). De Betsaida passou a morar com os seus em Cafarnaum, centro
movimentado e comercial (Lc 4.38).

Era judeu religioso e, parece, tinha-se tornado discípulo de João Batista, a quem
estava seguindo na ocasião de encontrar-se com o seu futuro Senhor (Jo 1.40-42).
Converteu-se logo que Cristo o chamou (Jo 1.40-41).

Foi incluído no grupo apostólico, mais tarde, com os demais colegas (Mc 1.14-18; Mt
10.1-6). Tornou-se cheio de prestígio, teve vitórias e derrotas e, finalmente, viveu uma
vida de verdadeiro "Cefas", "Pedro", isto é, "pedra, pedaço maciço de rocha."

2. Foi real a conversão de Pedro?


Foi. Cerca de um ano depois, na cidade de Cafarnaum, Jesus vocacionou a Pedro,
com alguns outros, à carreira do apostolado. É verdade que chamou também outro,
mais tarde, que não era realmente convertido — Judas.

Mas, Pedro comprovou sua conversão genuína através de sua vida. A prova foram os
"frutos" finais. Judas foi apóstolo, é certo, mas não o foi até ao fim: Os "frutos" de sua
vida, portanto, o denunciaram. Pedro, com todos os defeitos que teve, chegou até ao
porto final, fiel ao seu Chefe e Comandante.

3. A biografia de Pedro é a mais completa entre as de todos os demais


apóstolos, nos Evangelhos e nos Atos.
Aconselhamos o aluno a passar os olhos no artigo sobre Pedro, no "Dicionário
Bíblico", de Davis. É uma resenha completa da vida do herói de nossa presente lição.
Também devem ser lidos, para suplementar, os textos: Mt 4.17-28; Lc 5.1-11.

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2. LUZ SOBRE OS TEXTOS


1. A conversão é o lado humano do ato divino da regeneração.
Assim, Deus sempre usa meios apropriados para orientar a alma re-nascida a buscar
o seu Salvador. Na nossa lição, aparecem claros três elementos ou fatores
importantes que foram os meios por que Deus trouxe Pedro até Cristo:

(1) O testemunho de João Batista;


(2) o testemunho de André, e (3) o encontro direto de Pedro com Jesus.

Note-se que o testemunho de João Batista foi claro. Ele disse quem era Jesus. Todo
bom trabalho missionário tem que ter nota de certeza. Um Cristianismo em que haja
dúvidas ou confusão sobre Jesus não é Cristianismo.

João Batista sabia quem era Jesus. Além disso, ele declarou o que sabia sobre o Rei
Messias, com absoluta insistência.

Note-se a frase: "No dia seguinte", em Jo 1.29,35,43. Em cada dia, o precursor


proclamara a sua mensagem. Note-se, também, a frase: "outra vez", em Jo 1.35, que
mostra como João Batista reiterava e repetia a sua doutrina e testemunho. Ele falava
às autoridades (Jo 1.19). Falava às massas (Jo 1.29-30). Falava aos íntimos (Jo 1.35).

O seu testemunho era desinteressado, pois dava a Jesus o lugar de primazia (Jo 1.26-
36). Ele não perdia tempo com teorias e tradições. Para ele, havia um tema
importante: "Eis, senhores, o Rei! Este Jesus, que aí está entre nós, é o Messias, o
Cordeiro, o Redentor, o Salvador!" (Jo 1.29,36).

E qual foi o resultado?

No mínimo, quatro discípulos seus acharam logo o Salvador anunciado: João, filho de
Zebedeu, André, Pedro e Tiago. Provavelmente, João foi "procurar" seu irmão Tiago,
depois de André ter achado "primeiro" a seu irmão Pedro (Jo 1.40-41).

O testemunho de André e João, os ex-discípulos de João Batista (Jo 1.35), foi também
forte elemento para a conversão de Pedro. Eles foram até onde residia o Mestre,
ouviram-no e ficaram cativos para sempre do coração dele (Jo 1.37-41). Anos depois,
o escritor sagrado lembra-se até da "hora" do encontro com Cristo: a "hora décima"
(Jo 1.39).

Seriam ou cerca de 10 horas, segundo contavam os romanos, ou 15 para 16 horas,


segundo o sistema judaico. Parece que este foi o caso aqui. O trabalho pessoal de
André foi magnífico. Logo que ele achou o Messias, tratou de fazer a propaganda de
tão boa notícia, e começou com os de sua casa. André teve uma mensagem curta,
incisiva, in-dubitável, irresistível: "Achamos o Messias!" E não deu a Pedro tempo para
discussão: "E o levou a Jesus." É este o melhor remédio para trazer as almas a Cristo:
é pô-las em contato direto com Ele.

2. A conversão é o ato de ir a Cristo e voltar-se para Ele.


Pedro, logo que teve fixado em si o olhar poderoso do Senhor, não pôde resistir à
graça. Era discípulo de um grande homem, João Batista. Mas, aqui estava Aquele que
era maior do que João. Era o "Cordeiro de Deus".

Era o que "tira o pecado do mundo". Era disto que ele, Pedro, precisava — Jesus.
"Olhou" para Pedro.

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O verbo "olhar", aqui, é o mesmo usado em Jo 1.36, por João Batista. Isto é, "olhar
com atenção, com profundeza, com o desejo de ver". O olhar de Cristo vai até ao
coração.

Pedro experimentou esse olhar mais de um vez, e sempre nele teve salvação! O olhar
de Cristo penetra, examina, queima, redime. A conversão é uma mu-dança radical de
hábitos. Jesus disse a Pedro: "Tu és agora apenas Simão, um homem como qualquer
outro, com os teus defeitos e fraquezas, que vives como vivem os homens,
ordinariamente.

Pois bem, comigo vais ser outra criatura. Serás Cefas, Pedro, 'pedra', no caráter, na
obra, na lealdade, no apostolado (Jo 1.41). Terás uma tarefa a executar por mim, no
mundo." E no meio de suas fragilidades, o ex-Simão se mostrou mesmo
"Pedro","pedra oriunda da Rocha", que é Cristo.

E foi pensando nisto que, mais tarde, o grande Pedro escrevia, inspirado, o famoso
trecho de sua 12 carta (= 2.1-10).

3. As evidências da conversão são sempre claras na vida dos salvos por Cristo.
Pedro deu provas de que seu encontro com Jesus não foi em vão. Cerca de um ano
após ter tido o contato com o Messias das promessas. Pedro, em sua faina de cada
dia, estava firme no seu propósito.

Jesus continuava a obra de João Batista, que anunciava o arrependimento (Mt 1.14-
15). Chamou, certo dia, entre outros, a Cefas, amigo ardente e fiel, à obra definida de
propagandista oficial da nova vida e da nova fé.

Pedro não discutiu, embora fosse o homem das discussões. Pedro não perguntou
coisa alguma. Encerrou os seus negócios de pescador, e se reuniu ao seu Mestre. E
ficou junto a Ele até ao fim.

É preciso ter em mente que, humanamente, o passo de Pedro era desaconselhável,


porque Jesus já se achava sob a sindicância policial dos judeus e de seus chefes (Jo
5); porque Jesus era pobre e sem títulos oficiais; porque as doutrinas que Cristo
anunciava eram rígidas e contrárias aos pendores da época; porque era arriscar o
futuro da família; porque já um discípulo de Cristo se achava num cárcere, à mercê do
martírio.

Sob o ponto de vista da "prudência" humana, não havia nada que atraísse Pedro a se
tornar de público o firme propagandista do Nazareno. Ele podia dizer: "Mestre, eu fico
seu amigo, seu discípulo... Mas, não posso agora, com os encargos que tenho, deixar
o ofício para viajar com o Senhor..."

Não!

Pedro, o convertido de verdade, não teve objeções. Ouviu o chamado e se-guiu a seu
chefe, e seguiu-o de fato. A conversão produz frutos claros na vida. Quem se
converte, muda tudo. Transfigura-se. Deixa o mundo. Foge das tentações. E
desinteressado. Segue a Cristo.

3 - DOUTRINAS
1. Doutrina da regeneração.
A presença de Pedro em Betânia do Jordão, a ouvir João Batista, tendo vindo de tão
longe, da Galileia, é obra da graça. Que o trouxe ao Precursor?

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Este era pobre; era homem dos desertos; era rigoroso na sua pregação, exigindo
arrependimento... O interesse que Simão teve no caso só tem uma explicação: O
Espírito Santo já ti-nha agido no seu coração. A regeneração é a base da conversão.

2. Doutrina da Redenção em Cristo e por Cristo só. É claro que João anunciava
isto (Jo 1.23-27,29,36).

3. Doutrina da Trindade. João deu desse fato testemunho (Jo 1.30-34).

4. Doutrina da Divindade de Jesus (Jo 1.34,41).

5. Doutrina da Conversão (Lição toda).

6. Doutrina do evangelismo pessoal. Foi feito pelo trabalho individual de João


Batista, de André e de outros.

7. Doutrina da Inspiração da Escritura. João Batista anunciava o "Cordeiro de


Deus", o "Messias", e tudo com base na Escritura do Velho Testamento (Jo 1.23).

8. Doutrina do Ministério Evangélico. Jesus chamou convertidos para o apostolado


(Mc 1.14-18)

9. Doutrina do arrependimento e fé como condições de entrada no Reino. (Mc


1.14-16)

10. Doutrina do poder irresistível da Graça em Cristo


(Jo 1.40-41)

4 - PRÁTICA
1. E dever de todo crente anunciar aos outros as verdades salvadoras que conhece.
Assim fizeram João Batista, André, João, Jesus. Se João Batista não tivesse insistido
com seus dois discípulos a respeito de Jesus, que seria deles?

2. E um pecado grave recusar o convite, o olhar e a bondade de Cristo (Jo 1.39,42).

3. Há só um Evangelho, o da santidade, que só se alcança em Cristo, através da fé e


da conversão (Mc 1.14-16).

4. Para a obra de Jesus não está em primeiro lugar o talento e a posição; está o
caráter transformado em Cristo. O resto vem depois (Mc 1.17-18).

5. A conversão sincera santifica o lar e leva o convertido a uma vida nobre e digna (Mc
1.16-17).

6. A conversão dinamiza pa-ra o serviço, fazendo-o de bom coração, desde que seja
para Deus (Mc 1.17-18).

7. Pedro, o pescador, veio a ser Pedro, o apóstolo. E você, quem é? E que espera
ser?

AUTOR: REV. GALDINO MOREIRA

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