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CAP3 REF 2015 v1 PDF
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Os ciclos analisados até agora são internamente reversíveis. Os ciclos atuais apresentam
várias irreversibilidades, tais como:
i. Perda de pressão no evaporador, condensador e LSHX;
ii. Perda de pressão através das válvulas de sucção e descarga do compressor;
iii. Transferência de calor no compressor (processo não adiabático);
iv. Perda de pressão e transferência de calor nas tubulações.
Processos Estados
Perda de pressão do evaporador 4-1d
Superaquecimento do vapor no evaporador 1d-1c
Superaquecimento inútil na linha de sucção 1c-1b
Perda de pressão na linha de sucção 1b-1a
Perda de pressão na válvula de sucção 1a-1
Compressão não-isoentrópica 1-2
Perda de pressão na válvula de descarga 2-2a
Perda de pressão na tubulação de descarga 2a-2b
Desuperaquecimento do vapor na tubulação de descarga 2b-2c
Perda de pressão no condensador 2c-3
Subresfriamento do refrigerante na saída do condensador 3-3a
Ganho de calor na linha de líquido 3a-3b
TC =const.
TE =const.
Figura 3.3. Diagrama pressão vs. entalpia de um sistema real de simples estágio em relação ao
ciclo padrão operando entre as mesmas duas temperaturas.
Refrigeração Capítulo 3 Pág. 3
dS vc Q& j
=∑ + ∑ m& e s e −∑ m& s s s + σ
{& (3.1)
{dt j Tj
1 14444244443 3
e s
2
Refrigeração Capítulo 3 Pág. 5
Para um processo operando em regime permanente, com uma entrada e uma saída e
considerando que o fluxo de calor aconteça com apenas uma temperatura de referência, TR, a Eq.
(3.1) pode ser simplificada como:
Q&
σ& = m& (s s − s e ) − (3.2)
TR
3.3. Superaquecimento
1’
Aumento do trabalho
de compressão
1’
Aumento do efeito de
refrigeração
Figura 3.7. Esquema de operação de uma válvula de expansão termostática que controla o
superaquecimento na saída do evaporador.
3.4. Subresfriamento
h
Figura 3.8. Processo de subresfriamento representado em um diagrama pxh.
Desta forma, o refrigerante entra no evaporador com uma entalpia menor o que aumenta
levemente o efeito de refrigeração, QE. Esse ganho é resultado da redução das perdas no
estrangulamento do dispositivo de expansão, sem custo adicional de trabalho mecânico. Na Fig.
Refrigeração Capítulo 3 Pág. 8
3.9 pode ser vista a representação desse processo em um diagrama Txs. Como pode ser visto,
sem subresfriamento essas perdas são representadas pela área b-4’-4-c enquanto que com
subsresfriamento são representadas pela área a-4”-4’-b. Assim, o efeito de refrigeração tem um
aumento proporcional a (h4-h4’)=(h3-h3’). O aumento do efeito de refrigeração (h3’-h3) depende
do calor específico do líquido saturado, cp,l. Por exemplo, o R-717 possui o valor cp,l entre os
refrigerante comumente utilizados, apresentando uma diferença de entalpia maior para o mesmo
∆T na saída do condensador.
S
Figura 3.9. Efeito do subresfriamento no aumento do efeito de refrigeração.
Para o caso de uma vazão infinita, Tw2 = Tw1, aumenta a diferença de temperaturas, mas o
custo de bombeamento torna-se elevado. O desuperaquecimento e a condensação não acontecem
em regiões distintas, como mostrado na Fig. 3.x, pois os processos são simultâneos. Com a
utilização da vazão mínima não ocorre condensação na região de superaquecimento e o ∆T entre
o refrigerante e o fluido de resfriamento é pequena. Isso conduz a um aumento da área de troca
térmica e ao aumento do custo. Na prática, utiliza-se uma diferença de temperatura (Tw2 - Tw1)
entre 5 e 10 K e uma diferença entre (Tc – Tw2) entre 2 a 3 K, chamada de aproximação ou
approach. Assim, a temperatura do fluido externo é suficientemente baixa para promover o
subresfriamento.
O subresfriamento é obtido na prática através do super dimensionamento do condensador,
no posicionamento adequado das entradas e saídas do refrigerante e o fluido de troca térmica ou
através de um trocador de calor adicional (sub-resfriador) colocado na saída do condensador,
com fluido de resfriamento independente ou mesmo com a água de condensação antes de ir ao
condensador. Quando o subresfriamento se dá a custa de uma fonte de calor externa:
então
h1 − h4′ h1 − h4
COP = > (3.5)
h2 − h1 h2 − h1
ou seja, há um aumento do efeito de refrigeração sem que haja alteração do trabalho mecânico de
compressão. É benéfico para qualquer refrigerante e conveniente (devido às variações
climáticas).
As propriedades do líquido subresfriado (ou comprimido) geralmente não são fornecidas
nas tabelas de propriedades termodinâmicas. Nesse caso, calcula-se a entalpia do líquido
comprimido como mostrado na Eq. 3.6.
h3 = hl + vl ( p c − p 3l ) (3.6)
h3 = h3,l (3.7)
3’
4’ 1 1’
Figura 3.12. Trocador de calor colocado entre a linha de líquido e a linha de retorno, promovendo
simultaneamente o superaquecimento e o subresfriamento do refrigerante.
Uma solução ainda mais simples e barata é substituir o trocador de calor pelo contato
entre as duas tubulações, formando um trocador de calor tipo contra-corrente.
Como observação final é importante lembrar que a instalação de um trocador de calor,
como o representado na Fig. 3.12, não apresenta necessariamente um ganho no desempenho do
ciclo. Cada refrigerante apresenta comportamento distinto em relação ao superaquecimento e ao
subresfriamento que necessita ser analisado cuidadosamente†.
†
Para maiores informações ler: Domanski, P.A., Theoretical evaluation of the vapor compression cycle with a
liquid-sine/suction-line heat exchanger, economizer, and ejector. NISTI 5606. National Institute of Standards and
Technology, 1995, 31p.
Refrigeração Capítulo 3 Pág. 11
A modificação imposta ao ciclo pela presença desse trocador pode ser vista na Fig. 3.13
(a e b).
2’
3’ 3’
2’
1’
4’ 1 4’ 1’
1
Figura 3.13. Modificação do ciclo padrão pela introdução do trocador de calor na linha de
líquido-sucção do compressor representada em um (a) diagrama Txs e (b) diagrama pxh.
Assumindo-se que não haja transferência de calor entre o meio e o trocador de calor e
desprezando-se variações de energia cinética e potencial através do mesmo, o calor transferido
entre o refrigerante líquido e o vapor no trocador de calor (LSHX) é dado pela Eq. 3.8:
resultando em:
(h3 − h3′ ) = (h ′ − h )
1 1 (3.9)
Tomando-se valores médios dos calores específicos para o vapor e o líquido, a Eq. 3.10
pode ser escrita como:
Como o calor específico do líquido (cp,l) é maior que o do vapor (cp,v), isto é: cp,l> cp,v,
pode-se escrever que:
Isso significa que o grau de subresfriamento (T3-T3’) será sempre menor que o grau de
superaquecimento (T1’- T1). Assumindo que a efetividade do LSHX, εLSHX, é definida como a
relação entre a taxa de transferência de calor real no LSHX e a máxima taxa possível de
transferência de calor, tem-se que:
Refrigeração Capítulo 3 Pág. 12
A taxa de transferência de calor máxima é igual a Q& máx = m& c p, v ((T3 − T1 ) porque o
vapor possui uma capacidade térmica menor e somente ele pode atingir a máxima diferença de
temperatura possível, que é (T3-T1). Para um trocador de calor perfeito com 100% de efetividade
(εLSHX = 1) e a partir das discussões anteriores, a temperatura do refrigerante (vapor) na saída do
trocador seria igual à temperatura de condensação, TC, isto é: (T1` = T3 = TC).
Figura 3.15. Esquema de um sistema de refrigeração com alguns acessórios para controle.
3.8. Exercícios
Ex 3.1 Um sistema de refrigeração por compressão de vapor, resfriado a ar, de simples estágio,
utilizando o refrigerante R-22, opera em regime permanente. Uma representação esquemática
deste ciclo é mostrada abaixo. Perda de pressão e ganhos de calor acontecem em todos os
dispositivos e tubulações, conforme indicado. Os dados de desempenho do ciclo são:
Temperatura do ar ambiente: t0 = 30 °C
Temperatura do espaço refrigerado: tR = -10 °C
Capacidade de refrigeração (ou carga térmica): 7 kW
Potência de entrada do compressor: 2,5 kW
Ex 3.4 Refaça os exercícios 3.2 e 3.3 utilizando como refrigerante o R-134a. Compare os
resultados e analise o efeito das propriedades dos refrigerantes no aumento ou diminuição do
COP.