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O Capital No Seculo 21 - Resumo PDF
O Capital No Seculo 21 - Resumo PDF
21
Thomas Piketty
Resumo
Jandui Tupinambás
Trabalho iniciado em Abril e terminado em outubro de 2016.
i
O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
ii
O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
Dedico o resumo ao nosso amigo de infância Garrolê, uma antítese da meritocracia.
iii
O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
Considerações
Muitos líderes mundiais – tendo em Lula um de seus expoentes – e diversos
intelectuais colocam a questão da distribuição mundial de renda no centro da
solução da crise que vive toda população mundial atualmente. A concentração
de riquezas no século XXI – que já atingiu níveis semelhantes aos do início do
século XX - com tendência a se concentrar ainda mais, poderá levar a
humanidade a uma crise generalizada a ponto de comprometer todo o avanço
da humanidade nos últimos 300 anos. Piketty sinaliza um caminho e dá sugestões
de como poderíamos redistribuir a renda de forma que o retorno do capital não
ultrapassasse a taxa de crescimento da produção – ponto central da discussão
presente neste trabalho – e assim, mais que estancar a concentração de renda,
voltássemos a redistribui-la sem a necessidade de passarmos por um período de
sofrimentos ou guerras como foi o caso do século passado onde a renda foi
redistribuída de forma mais humanitária.
Para tornar a leitura mais fácil, omiti todas as referências e pesquisas que
corroboram as afirmações de Piketty. As referências podem ser acessadas em
português aqui:
http://delubio.com.br/biblioteca/wp-content/uploads/2015/02/O-Capital-no-
Seculo-XXI-Thomas-Piketty-2.pdf
O resumo foi feito de forma livre, mas sempre tentando ser fiel às ideias de cada
tópico. O livro é dividido em Partes, Capítulos e Sessões. São 208 sessões. Cada
uma ganha seu resumo. Caso o texto que você esteja lendo se encontre neste
formato (itálico, fonte menor), significa que você estará lendo uma opinião minha
ou um cenário criado por mim para esclarecer melhor alguns conceitos
importantes apresentados por Piketty.
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O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
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O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
Sumário
Introdução............................................................................................. 1
1 Um Debate Sem Dados? ................................................................ 1
2 Malthus, Young e a Revolução Francesa ........................................ 2
3 Ricardo – Princípio da Escassez ...................................................... 3
4 Karl Marx – Princípio da Acumulação Infinita ................................ 3
5 De Marx para Kuznets ou o Apocalipse dos Contos de Fada ......... 3
6 A Curva de Kuznets: Boas Notícias em Tempos de Guerra Fria ..... 4
7 Colocando a Questão da Distribuição de Volta no Coração da
Análise Econômica ............................................................................ 4
8 As Fontes de Dados Usadas Neste Livro ........................................ 5
9 Os Principais Resultados Deste Estudo .......................................... 6
10 Forças Divergentes e Convergentes ............................................. 6
11 O fator Fundamental da Divergência: r > g .................................. 7
12 Os Limites Históricos e Geográficos Deste Estudo ....................... 7
13 A Estrutura Teórica e Conceitual.................................................. 9
14 Esboço do Livro ............................................................................ 9
Parte 1 - Renda e Capital......................................................................... 13
Capítulo 1 - Renda e Produção............................................................ 14
15 A Divisão Capital-Trabalho no Longo Prazo: Não Tão estável ... 14
16 A Ideia de Renda Nacional ......................................................... 15
17 O Que é Capital? ........................................................................ 16
18 Capital e Riqueza ........................................................................ 16
19 Razão Capital / Renda ................................................................ 17
20 A Primeira Lei Fundamental do Capitalismo: α = r * β............... 17
21 Contas Nacionais: Uma Construção Social em Evolução ........... 18
22 A Distribuição Global da Produção ............................................ 19
23 De Blocos Continentais Para Blocos Regionais .......................... 19
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O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
24 Desigualdade Global: de 150 a 3.000 Euros por Mês ................ 20
25 A Distribuição Global da Renda é Mais Desigual do Que o PIB
Entre os Países ................................................................................ 20
26 Quais Forças Favorecem a Convergência? ................................. 21
Capítulo 2 – Crescimento: Ilusões e Realidades ................................. 21
27 O Crescimento mundial ao longo dos tempos ........................... 22
28 A Lei do Crescimento Cumulativo .............................................. 22
29 Os Estágios do Crescimento Demográfico ................................. 23
30 Crescimento Demográfico Negativo? ........................................ 24
31 Crescimento como um fator de Equalização ............................. 24
32 Os Estágios do Crescimento Econômico .................................... 25
33 O que Significa um Aumento de 10 vezes no Poder de Compra?
......................................................................................................... 25
34 Crescimento: Uma Diversificação do Estilo de Vida .................. 26
35 O Fim do Crescimento? .............................................................. 27
36 Um Crescimento de 1% Implica em Mudanças Sociais
Importantes..................................................................................... 28
37 A Posteridade do Período Pós-Guerra: Entrelaçando Destinos
Além-Mar ........................................................................................ 28
38 As Duas Curvas de Gauss do Crescimento Global ...................... 29
39 A Questão da Inflação ................................................................ 30
40 A Enorme Estabilidade Monetária dos Séculos XVIII e XIX ........ 30
41 O Significado do Dinheiro na Literatura Clássica ....................... 30
42 A Perda das Relações Monetárias no Século XX ........................ 31
Parte 2 – A Dinâmica da Razão Capital/Renda ....................................... 33
Capítulo 3 – A Metamorfose do Capital .............................................. 34
43 A Natureza da Riqueza: da Literatura para a Realidade ............ 34
44 A Metamorfose do Capital na Grã-Bretanha e França ............... 35
45 A Ascensão e Queda do Capital Estrangeiro .............................. 35
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O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
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O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
70 Capital Nacional e Ativo Líquido Estrangeiro nos Países Ricos .. 47
71 Como Ficará a Razão Capital / Renda no Século XXI? ................ 48
72 O Mistério do Valor da Terra ..................................................... 48
Capítulo 6 – A Divisão Capital-Trabalho no Século XXI ....................... 49
73 Da Razão Capital / Renda Para a Divisão Capital-Trabalho ........ 49
74 Fluxos de Renda: Mais Difícil de Estimar do que o Capital ........ 49
75 A Noção do Retorno Puro do Capital ......................................... 49
76 A Participação do Capital na Renda numa Perspectiva Histórica
......................................................................................................... 50
77 O Retorno do Capital no Início do Século XXI ............................ 50
78 Ativos Reais e Nominais ............................................................. 50
79 O Capital é Usado Para Quê? ..................................................... 51
80 A Noção de Produtividade Marginal do Capital ......................... 52
81 Capital em Excesso Mata o Retorno do Capital ......................... 52
82 Além de Cobb-Douglas: a Questão da Estabilidade da Divisão
Capital-Trabalho .............................................................................. 53
83 Substituição do Capital-Trabalho no Século XXI: Elasticidade
Maior do que 1 ................................................................................ 53
84 Sociedades Agrícolas Tradicionais: Uma Elasticidade Menor que
1....................................................................................................... 54
85 O Capital Humano é Ilusório? .................................................... 54
86 Mudanças de Médio Prazo na Divisão Capital-Trabalho ........... 55
87 De Volta para Marx e a Queda do Lucro .................................... 55
88 Além do Debate “Two Cambridges” .......................................... 56
89 A Volta do Capital a um Regime de Baixo Crescimento ............. 56
90 Os Caprichos da Tecnologia ....................................................... 57
Parte 3 – A Estrutura da Desigualdade ................................................... 58
Capítulo 7 – Desigualdade e Concentração: Considerações
Preliminares ........................................................................................ 58
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O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
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O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
114 A Explosão da Desigualdade nos EUA após 1980 .................... 70
115 O Aumento da Desigualdade Causou a Crise Financeira? ....... 70
116 A Ascensão dos Super Salários ................................................. 71
117 Coabitação nos 1% Mais Ricos ................................................. 72
Capítulo 9 – Desigualdade na Renda do Trabalho .............................. 73
118 Desigualdade Salarial: Uma Corrida Entre Educação e
Tecnologia? ..................................................................................... 74
119 Os Limites do Modelo Teórico: O Papel das Instituições ......... 75
120 Escalas Salariais e o Salário Mínimo ......................................... 75
121 Como Explicar a Explosão da Desigualdade nos EUA? ............. 76
122 A Ascensão do Supergestor: Um fenômeno Anglo-Saxão ....... 76
123 Europa: Mais Desigual do que o “Novo Mundo” em 1900-1910
......................................................................................................... 78
124 Desigualdades nas Economias Emergentes: Menor do que nos
EUA? ................................................................................................ 78
125 A Ilusão da Produtividade Marginal ......................................... 79
126 A Decolagem dos Supergestores: Uma Força Poderosa de
Divergência...................................................................................... 80
Capítulo 10 – Desigualdade da Propriedade do Capital ..................... 80
127 Riqueza Hiperconcentrada: Europa e América ........................ 80
128 França: Um Observatório da Riqueza Privada ......................... 81
129 As Metamorfoses de Uma Sociedade Patrimonial .................. 81
130 Desigualdade do Capital na Europa da “Belle Époque” ........... 82
131 A Emergência da Classe Média Patrimonial ............................. 83
132 Desigualdade de Riqueza na América ...................................... 84
133 Os Mecanismos da Força Divergente: r Versus g na História .. 85
134 Porque o Retorno do Capital é Maior Que a Taxa de
Crescimento? .................................................................................. 86
135 A Questão da Preferência Temporal ........................................ 88
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O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
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O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
158 A Sociedade dos Pequenos Rentistas .................................... 101
159 O Rentista, Inimigo da Democracia ........................................ 102
160 O Retorno da Riqueza Herdada: Um Fenômeno Europeu ou
Global? .......................................................................................... 103
Capítulo 12 – Desigualdade Global da Riqueza no Século XXI .......... 104
161 A Desigualdade do Retorno do Capital .................................. 105
162 A Evolução do Ranking da Riqueza Global ............................. 105
163 Do Ranking dos Milionários Para os “Relatórios da Riqueza
Global” .......................................................................................... 106
164 – Herdeiros e Empreendedores nos Rankings da Riqueza..... 106
165 – A Hierarquia Moral da Riqueza ........................................... 107
166 – O Retorno do Capital nas Dotações Universitárias ............. 108
167 – Qual é o Efeito da Inflação na Desigualdade do Retorno do
Capital? ......................................................................................... 109
168 O Retorno Sobre os Fundos Soberanos: Capital e Política..... 109
169 Os Fundos Soberanos Dominarão o Mundo? ........................ 110
170 A China Irá Dominar o Mundo?.............................................. 110
171 Divergência Internacional, Divergência Oligárquica .............. 111
172 Os Países Ricos na Verdade São Pobres? ............................... 111
Parte 4 – Regulando o Capital no Século XXI ........................................ 112
Capítulo 13 – Um Estado Social Para o Século XXI ............................ 113
173 A Crise de 2008 e o Retorno do Estado ................................. 113
174 O Crescimento do Estado Social no Século XX ....................... 114
175 Redistribuição Moderna: Uma Lógica de Direitos ................. 114
176 Modernizar o Estado Social e não o Desmantelar ................. 115
177 As Instituições Educativas Possibilitam a Mobilidade Social? 116
178 O Futuro das Aposentadorias: as Contribuições Previdenciárias
em Época de Fraco Crescimento ................................................... 117
179 O Estado Social nos Países Pobres e Emergentes .................. 118
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O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
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O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
199 A Crise cipriota: Quando a Tributação do Capital se Junta à
Regulação Bancária ....................................................................... 131
200 Euro: Uma Moeda Sem Estado Para o Século XXI? ................ 133
201 A Questão da Unificação da Europa....................................... 133
202 Poder Público e Acumulação de Capital no Século XXI .......... 134
203 Direito e Política ..................................................................... 135
204 Mudança Climática e Capital Público ..................................... 136
205 Transparência Econômica e Controle Democrático do Capital
....................................................................................................... 136
Conclusão .............................................................................................. 138
206 A Contradição Central do Capitalismo: r > g .......................... 139
207 Por Uma Economia Política e Histórica .................................. 140
208 O Interesse dos Mais Pobres .................................................. 140
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O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
Introdução
“As distinções sociais só podem se fundamentar na utilidade comum”
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O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
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O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
Arthur Young, dois nobres intelectuais assustados com os rumos da
revolução francesa, achavam que o problema da distribuição da riqueza
eram os pobres e à medida que a população crescia, mais catastrófico seria
o cenário. A solução que eles propunham era afastar os plebeus das decisões
políticas e conter radicalmente a expansão demográfica.
Mas Marx dizia que antes do “infinito” haveria a revolução proletária. Difícil de
saber quem teria razão. O passado como laboratório pouco ajuda nesta questão
devido aos tropeços da humanidade com a primeira e segunda guerras mundiais.
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O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
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O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
Hoje, ainda, nem as perguntas certas os economistas não se propuseram a
fazer.
Para trazer a questão de volta é preciso reunir a base de dados histórica mais
completa possível a fim de compreender o passado e refletir sobre as
tendências futuras. Somente assim poderemos ter a esperança de revelar os
mecanismos em operação e proporcionar um maior esclarecimento sobre o
futuro.
WITD se concentra na renda gerada pelo capital. Diversos esforços para obter
informações históricas sobre a renda vinda do trabalho foram feitos com
incursões a diversos autores.
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O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
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O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
divergência do capital mesmo em sociedades consideradas regulamentadas
e mercadologicamente eficientes.
Destaca-se que a diferença descomunal entre os salários dos top decile sobre
os trabalhadores americanos é o principal fator de divergência da
desigualdade.
A França será o país com análises mais detalhadas por dois motivos:
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O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
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O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
13 A Estrutura Teórica e Conceitual
Piketty diz que pertence à geração que assistiu à queda do muro de Berlim.
Não se considera um esquerdista que nega o desastre da URSS nem um
capitalista que acha que as leis de mercado tudo resolve.
Ele pede a paciência dos leitores que não têm muita intimidade com
matemática, mas muita preocupação e interesse pela questão da
desigualdade mundial pois irá usar algumas relações matemática não muito
complexas para analisar a história de uma forma diferente.
14 Esboço do Livro
O Livro é dividido em 4 partes.
Parte I
Traz uma visão geral e conceitos de renda e capital
Parte II
Apresenta historicamente a relação entre Capital e renda.
Parte III
Disseca a estrutura da desigualdade principalmente nos EUA e Europa.
Parte IV
Apresenta sugestões para efetiva regulação do Capital no Século XXI
Parte I
Capítulo I
a) Renda Nacional
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O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
b) Capital
c) Razão Capital / Renda
Capítulo II
Parte II
Capítulo III
Capítulo IV
Capítulo V e VI
Parte III
Capítulo VII
Atenta para a estrutura da desigualdade do ponto de vista do trabalho e do
ponto de vista da renda via capital.
Capítulo VIII
Analisa a dinâmica histórica da desigualdade descrita no capítulo anterior
tomando por base França e EUA.
Capítulo IX e X
Estende a análise para todos demais países com dados presentes no banco
de dados WTID.
Capítulo XI
Estuda a influência da riqueza via herança na estrutura da desigualdade.
Capítulo XII
Comenta sobre as perspectivas da distribuição global da riqueza no século
XXI
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O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
Parte IV
Capítulo XIII
Oferece caminhos para um “estado social” se enquadrar nas condições
atuais e como este estado seria.
Capítulo XIV
Propõe novas formas de taxação progressiva do capital.
Capítulo XV
Descreve mais detalhadamente como seria uma taxação progressiva do
capital e outras formas de impostos.
Capítulo XVI
Destaca as questões prementes relativa aos débitos públicos atuais.
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O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
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O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
13
O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
Será que esses tipos de conflitos serão suavizados ou serão parte importante
da evolução histórica deste século?
Existe hoje uma ideia espalhada e tida como consenso de que o crescimento
econômico depende quase que exclusivamente do “capital humano”. À
14
O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
primeira vista, isto significaria que o trabalho está, então, reivindicando uma
maior participação na produção e riqueza. Mas isto não é bem assim uma vez
que a participação do capital (excluindo o “capital humano”) no século XXI é
muito pouco maior do que a participação do capital no início do século XX.
Mas a questão é que a desigualdade de renda interna nos países é bem mais
séria que a desigualdade entre os fluxos de renda líquida entre os países
(apesar de existir também). Mas é lenda dizer que os EUA pertencem aos
15
O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
17 O Que é Capital?
Produção e renda = Renda de capital + Renda do trabalho.
Numa reflexão preliminar concluiria que capital poderia ser considerado como
sendo trabalho estocado ao longo do tempo e apropriado por quem já possuía o
domínio sobre as pessoas que forneciam sua força de trabalho. E como é
estocado, pode ser transferido e perpetuado via herança, mas sempre manchado
pelo pecado original da usurpação.
Capital seria então: somatório total de ativos não humanos que podem ser
apropriados e negociado no mercado.
Porque “capital humano” não pode ser tratado como Capital? Pelo fato de
não poder ser apropriado por alguém – a não ser nos regimes escravocratas
do passado – ou mesmo negociado no mercado (não permanentemente,
pelo menos).
18 Capital e Riqueza
Capital representa as riquezas acumuladas por seres humanos ao longo do
tempo. Dependendo do contexto podemos excluir bens naturais do conceito
de capital. A terra, os minerais e outros bens naturais são riquezas que, em
determinado momento podemos considerar parte de um dado capital e em
outros momentos, apenas como riqueza.
16
O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
conclui-se que a riqueza privada é responsável por quase a totalidade da
riqueza Nacional.
17
O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
α=r*β
α = 5% * 600% = 30%.
Isto é, todo ativo da ilha: cestos, cadeiras, etc, contribuem com 30% para
formação de toda a renda produzida em 1 ano.
Isto fica lógico quando nos lembramos do exemplo das sandálias da ilha. Quanto
mais cadeiras, telas, etc, um morador da ilha conseguir guardar, e quanto menor
for o crescimento do total de produção de sandálias na ilha, maior será o capital
em relação à produção de sandálias.
18
O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
vão melhorando com o tempo, principalmente com o advento da
informática. Os dados que são oferecidos pelos governos sempre
apresentam falhas que devem ser percebidas e complementadas com outras
fontes e análises.
Em 2012 a renda per capita mundial girava em torno de 760 euros / mês o
que nos dá 9.120 euros / ano.
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O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
África é a região mais pobre do mundo com uma renda per capta de apenas
2.000 Euros. Na Ásia, apesar do Japão sustentar uma renda per capita
semelhante à dos países ricos, pouco influencia no geral da Ásia pois sua
população é pequena em relação ao total da Ásia.
O continente que mais sofre com este desequilíbrio é a África onde o total
produzido (PIB – 10% de depreciação) é 5% maior do que a renda do
continente.
20
O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
Antes da primeira guerra mundial, a situação era pior: os grandes da Europa
detinham de 1 terço a 1 quarto da produção da África e Ásia e três quartos
de todo capital industrial.
Existe a teoria que diz que o investimento de países ricos nos territórios dos
países pobres, apesar do lucro ser enviado de volta, pode diminuir o gap das
desigualdades pois afinal, o capital investido melhora a produtividade dos
países que recebem o investimento.
Primeiro:
Segundo:
A ascensão dos países asiáticos nos últimos 20 anos não se deveu aos
investimentos dos países ricos e sim, aos investimentos feitos por eles
próprios tanto em capital físico quanto em capital humano. Da mesma forma,
países pobres dominados pelos ricos, tanto na época da colonização quanto
os países da África hoje, não tiveram e não têm atualmente perspectiva de
convergências.
21
O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
a) Crescimento populacional
b) Crescimento puramente econômico
22
O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
Portanto, é importante destacar que crescimento de produção ou de
população de 1% é algo imperceptível em 1 ano, mas é o suficiente para
mudar completamente a estrutura e o perfil de uma nação ou sociedade se
este crescimento de 1% for constante durante 30 anos, por exemplo.
Evidente que são apenas previsões imprecisas pois elas dependem da taxa
de fertilidade, expectativa de vida e evolução das políticas socioeconômicas.
23
O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
A explicação para esta reversão não é simples. Por que a taxa de fertilidade
da Europa é menor? As políticas de proteção social não podem ser a
explicação uma vez que, por lá na América, elas praticamente não existem.
Talvez a explicação seja uma mistura de história e cultura. Talvez resta ainda
na mente dos americanos a imagem da terra prometida onde eles ainda
vislumbram um futuro sempre melhor para seus filhos. De qualquer forma,
mesmo na América do Norte, a taxa de crescimento demográfico também
está caindo. Muitos fenômenos podem ocorrer num futuro próximo como o
aumento de imigração entre os dois continentes, a taxa de fertilidade
aumentar na Europa ou mesmo a expectativa de vida na América não evoluir
na mesma proporção que na Europa. Portanto, estas previsões da ONU são
somente previsões.
Outro país que reverteu a taxa de crescimento populacional foi a China que
a partir de 1970 com a política de filho único conseguiu estabilizar sua taxa
de fertilidade. A previsão da ONU é de que a Índia a ultrapasse já no ano de
2020.
Uma taxa de crescimento alta tende a diminuir as desigualdades uma vez que
diminui o peso da herança sobre o total das riquezas e capital acumulado.
24
O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
Da mesma forma, se a taxa de crescimento populacional é negativa ou
mesmo se a taxa de crescimento econômico também for negativa, a
influência do capital é maior. Neste cenário, caímos no problema já
destacado mais no início onde a taxa de retorno do capital se torna maior
que a taxa de crescimento econômico contribuindo para aumento das
desigualdades.
Medir crescimento per capita é uma tarefa bem mais complexa do que medir
crescimento populacional. O poder de compra passa a ser um indicador
relativo dependente dos costumes e cultura da época. A cesta básica do
século XVIII por exemplo não pode ser comparada com a cesta básica atual
que engloba serviços nem existentes à época e diversos outros produtos
manufaturados que não eram essenciais ou nem mesmo existiam.
Piketty neste tópico apenas chama a atenção para se ter cuidado ao tentar
comparar poder de compra de antigamente com o poder de compra das
sociedades atuais.
25
O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
Os preços do primeiro grupo caíram bem acima da média devido aos avanços
acentuados da tecnologia na área trazendo mais produtividade ao setor.
O segundo grupo – agrícola – caiu no mesmo nível da média geral dos preços.
Apenas no grupo de serviços podemos detectar baixa produtividade em
relação aos tempos mais remotos ou mesmo taxa de crescimento de
produtividade próxima de zero.
As mudanças de hábitos de consumo a partir da revolução industrial foram
tão grandes que tentar medir e comparar o poder de compra entre gerações
desde os meados do século XIX são tentativas fúteis e reducionistas.
De qualquer maneira, os avanços tecnológicos possibilitaram à boa parte da
população mundial acesso a mais alimentos, serviços e produtos industriais
diversos.
26
O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
estado em relação aos países europeus, por exemplo. Estas variações
dificultam ainda mais quando se tenta fazer comparações entre padrão de
vida entre os países.
O livro chama a atenção para o fato de que não existe uma concordância com
relação em sumarizar os serviços públicos de saúde e educação no cômpito
geral do PIB. Na visão de Piketty é claro que este valor deve ser somado. Caso
não fosse, se um país opte em diminuir seus serviços de saúde e educação
privatizando parte desses setores (o Brasil corre este risco com o programa
“Ponte para o Futuro” do governo Michel Temer), ele automaticamente estaria
aumentando artificialmente o PIB do país.
Sem sombras de dúvidas, o crescimento econômico entre 1700 e 2012 trouxe
um grande avanço no padrão de vida das pessoas na ordem de 10 vezes – de
76 euros por mês para 760 euros/mês. Se considerarmos somente os países
ricos, este salto foi mais que 20 vezes.
35 O Fim do Crescimento?
Será que o espetacular aumento da renda per capita entre 1700 e 2012 enfim
chegou ao fim neste século XXI? Será que estamos vivenciando o início de
períodos de crescimento zero por problemas tecnológicos ou ecológicos ou
por ambos os motivos?
27
O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
Mas estas alterações não dizem respeito a uma melhor distribuição das
riquezas. Pelo contrário caso não sejam criadas instituições e políticas para
conter a concentração. As forças invisíveis do mercado ou mesmo as novas
tecnologias não irão de forma alguma fazer este papel distributivo.
28
O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
europeu e no intervalo dos Trente Glourieses, o crescimento não foi tão
espetacular quanto o crescimento da Europa. Após estes anos dourados,
tanto Europa quanto EUA experimentaram uma curva descendente no
crescimento onde Europa partiu de 4% chegando a 1.5% em 2012 e EUA de
2.5% para um pouco menos que 1.5%.
29
O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
39 A Questão da Inflação
A análise do crescimento excepcional a partir da revolução industrial ficaria
comprometido se não falássemos sobre a inflação. Todos os indicadores
econômicos usados para análise de renda per capita ou qualquer outra
analise relacionada à renda sofrem influência da inflação. A inflação a cada
época é expurgada dos índices antes de serem apresentados. Entretanto, ela
gera um certo ruído, uma vez que não é tão simples dimensionarmos valores
reais com moedas pois a todo momento os mesmos estão contaminados pela
inflação que nem sempre pode ser detectada com precisão milimétrica.
30
O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
representada em moedas correntes para situá-los socialmente. Observa-se
que os valores são praticamente os mesmos durante todo o século XIX e
início da primeira guerra mundial. Tais exemplos podem também ser
encontrados nos EUA, Itália e em várias outras nacionalidades de autores
além dos autores da Inglaterra e França já citados.
31
O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
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O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
33
O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
34
O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
44 A Metamorfose do Capital na Grã-Bretanha e França
O valor total do capital tanto na França quanto na Inglaterra nos séculos XVIII
e XIX e até o início da primeira guerra mundial era 6 ou 7 vezes maior que o
total da renda anual desses dois países. Com o início da primeira grande
guerra, a depressão de 1930 e ainda, a segunda guerra mundial, esta relação
caiu fazendo o valor total do capital ser no máximo 3 vezes a renda anual.
Após a segunda guerra mundial o capital inicia novamente sua recuperação
chegando em 2010 com vigor semelhante aos séculos XVIII e XIX.
Reflexão: o que significaria capital de uma nação cair de 6 ou 7 vezes a sua renda
anual para somente 3 vezes? Voltemos ao nosso exemplo do país-ilha (Sessão 19
– Razão Capital / Renda). Para que a quantidade de capital da ilha (cadeira,
suporte metálico para trançar as fibras, tela para bater as folhas, cestos e caixas)
caia para 3 vezes o valor da produção de sandálias de 1 ano, significa que em um
dado período, estes ativos foram usados para produção de sandálias e a
quantidade acrescentada de renda, dado a inclusão desses ativos no processo de
produção, não retornou para o capitalista para acumular mais ativos e sim,
usado e sumarizado na própria renda da ilha trazendo, como consequência,
maior distribuição de riquezas diminuindo as desigualdades entre os nativos.
35
O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
Estes valores, importante dizer, são estimativas pois avaliar ativos públicos
como rodovias, escolas, hospitais não é algo tão simples e corriqueiro. De
qualquer forma, é claro que o Capital Líquido Público é insignificante se
comparado com o Capital Líquido Privado.
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O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
líquida pública sempre é irrisória. Os totais de ativos públicos sempre estão
bem próximos dos débitos: um anulando o outro.
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O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
Com esta nova forma de tratar a dívida pública, a França saiu de uma dívida
de 80% de sua renda nacional em 1914 para apenas 30% em 1950. Observem
que, além de melhorar a vida das pessoas, o estado também diminuía seus
débitos.
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O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
A técnica da inflação para conter a dívida pública não é um mar de rosas. Não
são somente os rentistas milionários que pagam o pato. Longe disto. Muitos
setores sofrem. Com a inflação, setores da sociedade perdem e outros ficam
ricos. Além disto, o processo se torna um ciclo vicioso e depois se torna um
problema difícil de dominar. A inflação juntamente com a recessão –
estagflação – passou a ser um fenômeno comum na década de 70 com
significativos índices de desemprego. Assim, o controle da inflação passou a
ser um consenso entre os economistas já no final da década de 70.
John Maynard Keynes reconhece que não existia outra forma na época de
os estados resolverem o problema da dívida a não ser via a técnica da
inflação.
Estes dados omitem uma realidade: apesar dos ativos estatais crescerem
significativamente, a partir de 1980 seguiu-se uma onda de privatizações nos
setores industriais e de serviços. Este fenômeno pode ser observado não
somente nos países europeus como também em diversos países emergentes.
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O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
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O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
de 20 quando, ao utilizar deste meio para aliviar as dívidas, viu a hiperinflação
sair dos domínios do estado.
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O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
eram baratas. Assim, a relação capital / renda era bem menor que a relação
na Europa. Como consequência, as riquezas eram distribuídas de forma
menos desigual. O fenômeno de pouco capital acumulado talvez seja a razão
do espírito de liberdade e igualdade que dominou os americanos até o final
do século XIX. Mas no início do século XX o capital já tinha se recuperado e a
fama americana de uma sociedade mais igual e justa foi desaparecendo. De
qualquer forma, a curva em U da queda do capital no século XX nos EUA foi
mais suave que na Europa. Talvez por isso, os americanos sempre olharam o
capitalismo com olhos mais otimistas que a Europa durante o século XX –
pelo menos, até a década de 80.
Já o Canadá tem uma história distinta dos EUA. Grande parte de sua riqueza
pertenceu aos estrangeiros, principalmente os Ingleses. Talvez pelo fato da
relação com a Grã-Bretanha ter sido mais subserviente. Apenas nos dias
atuais que a riqueza líquida internacional se estabilizou na mesma ordem de
grandeza dos EUA.
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O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
58 O Novo e o Velho Mundo: A Importância da Escravidão
Em 1800 os escravos representavam 20% da população dos EUA – 1 milhão
num total de 5.
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O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
Por outro lado, no segundo caso, uma taxa de poupança de 12% implica num
crescimento do capital maior que 2% - mais rápido que a renda - e assim, β
crescerá até atingir seu equilíbrio.
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O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
supervalorizados, a evolução da relação Capital / Renda é real. A partir da
segunda lei fundamenta do capitalismo β = s / g, podemos concluir que
algumas das causas desta evolução foram:
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O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
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O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
67 A Questão das Fundações e Outras Organização de Capital
As fundações perfazem um total de 5 a 10% do total das riquezas privadas
atualmente. A rigor, não poderiam ser tratados como riqueza privada e nem
como riqueza pública. Não é uma nem outra. Piketty escolheu considerar os
valores das fundações como sendo riqueza privada. A decisão, na verdade,
não afeta muito as análises, uma vez que os valores não são tão relevantes
como na época da revolução francesa por exemplo onde os bens da Igreja
tinham um impacto significativo na renda nacional.
Esta onda não se restringiu somente entre os países mais ricos. Todo o
sudeste europeu e a Rússia seguiram este caminho após a derrocada do
comunismo e a queda do muro de Berlin.
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O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
grande guerra não contou com estes ativos e sim, com as próprias riquezas
domésticas destas nações.
A questão que fica é: será que alguns países ficarão dominados por outros
financeiramente ou no decorrer deste século os ativos internacionais
tenderão a se equilibrar? Para analisar melhor esta questão temos que
estudar a questão do petróleo e dos países emergentes – China
principalmente. Mas isto será assunto em capítulos posteriores.
Numa tentativa de prever como seria esta curva nas próximas décadas
usamos a segunda lei β = s /g considerando as previsões de crescimento
demográfico e crescimento econômico já apresentados no capítulo 2.
Relembrando as previsões: crescimento econômico caindo de 3.5% para
1.5% na segunda metade deste século com a taxa de poupança estabilizando
em 10% a longo prazo. Aplicando estes indicadores à lógica da segunda lei
capitalista poderemos ter um planeta com a cara da Europa do século XVIII
na época da Belle Époque. Apesar de plausível este cenário não passa de uma
possibilidade dentre várias outras, mas do ponto de vista do autor, talvez seja
o cenário mais provável.
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O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
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O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
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O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
Enfim, Piketty quer deixar claro que o papel da inflação na distribuição ou
concentração da riqueza é bem limitado. No geral, ela apenas faz com que o
capital transite de uma representação monetária para uma outra.
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O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
Mas é importante considerar que no mundo real, nem sempre o retorno real
corresponde à produtividade marginal. Bolhas, especulações, excesso de
capital ou a falta dele podem fazer com que o retorno oscile muita a menor
ou muito a maior. As questões que ficam são muitas: o capitalista merece
receber este adicional mesmo não participando diretamente da produção?
Quais as consequências para a sociedade se os capitalistas recebem bem
mais ou bem menos do que a produtividade marginal? Precisamos refletir
sobre estas questões de difícil respostas.
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O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
Os dois cenários são possíveis. O cenário b) se encaixa no comportamento do
capital e do retorno do capital desde os tempos da revolução industrial.
Importante destacar que ambos cenários são possíveis. Tudo depende das
tecnologias disponíveis à época e a combinação de tecnologia com trabalho.
Deve-se medir o quanto é fácil de substituir capital por trabalho ou trabalho
por capital para se produzir as demandas da sociedade.
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O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
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O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
a tecnologia se baseia principalmente em capital e mais importante do que
isto, na nossa atualidade, o capital assume diversas formas e maneiras de se
inserir nos meios de produção. Segundo ele, dado uma elasticidade > 1, a
participação do capital na renda mundial irá aumentar e sua importância
continuará avançando sobre o trabalho. Muitos da comunidade econômica
consideram que entramos na era do capital humano o qual está fazendo com
que o papel do capital desapareça lentamente. Não é bem assim. Pelo
contrário. A importância do capital está, na verdade aumentando, e esta é a
tendência deste século.
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O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
A maior falha da teoria de Karl Marx foi se basear em dados de apenas alguns
setores da economia Britânica não considerando os indicadores nacionais do
país. Ele usou dados que mostravam o enorme retorno r do capital (próximo
de 10!) a partir de balanços de poucas empresas de tecelagem para embasar
toda sua teoria que levou à conclusão paradoxal da acumulação infinita.
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O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
90 Os Caprichos da Tecnologia
A principal lição que tiramos desta segunda parte do livro: não existe força
natural que reduz a importância e a opressão do capital sobre a renda. Após
a segunda guerra mundial as pessoas pensaram que o capital humano teria
triunfado sobre o próprio capital devido às novas tecnologias acompanhadas
das habilidades humanas para utilizá-las. As evoluções tecnológicas deram
mais poder à força de trabalho vinda do homem, mas, ao mesmo tempo,
aumentou a importância da infraestrutura, das máquinas, prédios,
escritórios e do próprio capital financeiro. O aumento do capital devido às
novas tecnologias foi proporcional ao aumento do valor do trabalho na
renda. Resumindo, o crescimento moderno, o qual é baseado no crescimento
da produtividade juntamente com a tecnologia vez com que se evitasse o
apocalipse previsto por Karl Marx da acumulação infinita e balanceou o
processo de acumulação. Todavia, todo este processo moderno não mudou
a estrutura do capital e sua importância frente ao trabalho. A desigualdade
gerada pela falta de controle do capital sobre o trabalho se mostrou evidente
e será o tema central da próxima parte a seguir.
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O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
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O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
2. A desigualdade de renda vinda dos rendimentos daqueles que se
apropriam do capital
3. E a interação entre os dois termos anteriores.
Vautrin mostra para Restignac que não adiantaria ele estudar direito ou
medicina para tentar chegar ao topo das classes sociais que frequentavam as
noites de Paris. Ele iria se matar de estudar e trabalhar para receber valores
bem aquém dos rentistas da época. Ele, de forma bem nua e crua, mostra o
atalho infalível: casar com filha de um homem rico. Assim, Piketty inicia sua
discussão sobre renda vinda do trabalho e vinda da herança.
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O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
Topo centile: são os 1% mais ricos - Top decile: são os 10% mais ricos
É muito comum se deparar com conceitos onde quase 99% dos top decile (os
10% mais ricos) são jogados na classe média. Muitas vezes esta manipulação
está relacionada com a tentativa de mostrar que este grupo não é
privilegiado e que a pouca participação nas taxas de impostos se justifica
(Bezerra da Silva: “malandro é malandro mané é mané...”).
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O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
divisão bem estatística (10%, 40% e 50%) sem desmerecer os conceitos de
níveis de classes em cada cultura.
Piketty quer deixar bem claro sua opção impessoal de dividir a sociedade nos
10%, 40% e 50%. Seria a forma mais imparcial de tratar a desigualdade. Se
não fosse assim, uma divisão quase que matemática, o autor teria que se
subordinar a visões preconceituosas ou culturais de cada país e assim, suas
análises se perderiam. Destaca que dentro dos 10% mais ricos sempre
existiram a classe dominante representada pelos 1% dos 10% mais ricos.
Desde os tempos de 1789 que os top centiles já dominavam a sociedade e
tinham um controle efetivo de todo o destino de um povo.
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O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
Nos 50% com salários mais baixos em todo o mundo, as mulheres têm uma
representação acima do normal. Somente nos países do norte da Europa que
elas conseguem diminuir esta discrepância.
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O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
os 1% é a curva mais acentuada que existe nas curvas das desigualdades. E
um dos objetivos principais deste trabalho é tentar não só entender essas
desigualdades como também tentar entender como elas emergem,
subsistem, desaparecem ou mesmo, reaparecem.
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O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
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O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
“Aritmética Política” de Diderot. Estes tipos de abordagem dissecam a
realidade da desigualdade de uma sociedade. Formas bem menos parciais do
que os índices unidimensionais e secos inspirados em GINI ou Pareto.
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O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
Mas o que fez com que os rentistas não voltassem com toda força como no
alvorecer da primeira guerra mundial? Os impostos sobre o capital e a
herança com certeza, é uma das razões. Mas não é somente isto. A questão
é mais complexa. Outros fatores que exercera papeis semelhantes aos
impostos devem ser considerados.
- Os tipos de profissionais da faixa dos 9% mais ricos (que antes eram 5,6%
mais ricos) mudaram significativamente. Hoje as profissões são um pouco
mais diversificadas e mais especializadas que antes para se atingir o top 10%.
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O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
conta que boa parte da renda vinda do capital não foi declarada. O mesmo
não se pode dizer em relação à renda vinda do trabalho pois esta fonte é
mais difícil de sonegação. Para tornar os indicadores destas fontes mais reais
é necessário acrescentar em torno de 2% a 3% (no caso da França. No Brasil,
acredito que estes percentuais sejam um pouco maiores ) nas rendas de capital
para não camuflarmos a verdadeira estrutura da desigualdade.
Por estes motivos, as fontes de dados vindas da receita federal são analisadas
neste livro, mas sempre acompanhadas de outras fontes para correção e
complementação.
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O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
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O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
O que torna o caso dos EUA mais complexo é que diferente da Europa que
apenas recuperou os índices de desigualdade do início do século XX, eles
voltaram com uma desigualdade bem maior que tinham nesta mesma época.
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O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
E entre esses 10% dos mais ricos estão boa parte dos economistas que
afirmam que a economia dos Estados Unidos da América vai muito bem,
obrigado. Sem comentários.
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O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
Nota-se ainda que a transferência de renda dos 90% mais pobres para os 10%
mais ricos no período de 1980 até 2010 foi de aproximadamente 15% - 4
vezes maior que o próprio déficit comercial dos EUA. Isto significa que o
desequilíbrio entre EUA e os países com superávit comercial é bem menos
significativo do que o desequilíbrio que a própria economia americana gerou
internamente.
Os economistas que moram nos 10% tentam encontrar culpados fora usando o
desequilíbrio das balanças comerciais enquanto o problema está bem mais perto
deles. Está entre os seus salários e os salários dos porteiros de seus prédios ou do
salário do garçom que os servem diariamente ou do salário de sua própria
secretária que agenda suas palestras sobre crise econômica.
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Piketty cita dois estudos, um feito na França ou nos EUA que comprova a
segunda hipótese e conclui: para diminuir as diferenças salariais, o estado
precisa de investir de forma eficaz na educação.
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119 Os Limites do Modelo Teórico: O Papel das Instituições
O modelo teórico referido é o modelo da produtividade marginal que por sua
vez leva a especialização do trabalhador que levará à questão da tecnologia
e educação. Piketty mostra com exemplos de capítulos anteriores que a
compressão e expansão salarial frequentes ocorridas nos EUA e França não
têm relação com a produtividade marginal e mostra como a evolução do
salário mínimo tanto na Europa quanto nos EUA têm uma influência muito
maior no poder de compra dos salários e na estrutura da desigualdade
salarial do que a teoria da produtividade marginal. O gráfico a seguir mostra
a evolução do salário mínimo na Europa e EUA.
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O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
A variação dos salários na faixa dos 1% e até dos 0.1% dos mais ricos mostra
uma curva bem mais acentuada do que os salários dos demais 9% mais ricos.
Ao mesmo tempo ao se construir um perfil de habilidades desses dois grupos,
percebe-se que eles são, senão idênticos, muitos semelhantes. Logo, apesar
das habilidades serem iguais e, portanto, a produtividade marginal
semelhante, os salários das duas faixas tiveram variações bem diferentes
com o grupo dos 1% mais ricos se tornando ainda mais ricos e distantes dos
9% - o que dirá dos 40 e 50% mais pobres.
Por outro lado, as curvas da Alemanha, Japão, Suécia e França não mostram
esta ascensão dos salários dos 10% mais ricos. A figura 9.3 sugere, pelo
contrário, uma estabilização desde a década de 50 com uma ligeira queda e
recuperação a partir dos anos 80.
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O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
Por tudo isto dito, temos que a evolução da desigualdade salarial mostrou
ser distinta em diferentes partes do mundo mostrando que a teoria da
produtividade marginal e a evolução tecnológica juntamente com a
educação que acompanha esta teoria por ser homogênea em todos os países
analisados, não são suficientes para explicar estas desigualdades.
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O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
A resposta para esta questão está relacionada diretamente com a baixa taxa
de crescimento populacional destas regiões o que resulta automaticamente
em uma maior concentração de riquezas refletindo diretamente na
desigualdade salarial.
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O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
Curiosidade: conseguir recuperar dados tanto em países emergentes quanto
em países ricos não é tarefa fácil. Com o advento da informática na década
de 90 paradoxalmente, a tarefa se tornou ainda mais difícil pois a busca de
dados em sistema legados na maioria dos casos é praticamente impossível.
Esta é uma das razões dos gaps de dados que aparecem na figura 9.9.
Para Piketty, a explicação para a desigualdade salarial dos EUA ser tão maior
do que nos demais países é a que segue. Determinar uma produtividade
marginal para trabalhadores de linha de produção ou de um garçom, por
exemplo, não é tarefa difícil. Mas tentar medir a produtividade marginal de
um gestor sênior de uma grande empresa é uma tarefa impossível. Esta
determinação acaba se confundindo com uma construção ideológica para
justificar o status do gestor que oprime o trabalhador comum. A
determinação de salários dos altos executivos é responsabilidade de quem?
Ora, dos próprios executivos. Quando acusamos que os políticos determinam
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O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
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O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
128 França: Um Observatório da Riqueza Privada
França é o país com o maior registro confiável relacionado com a distribuição
de riqueza em todo o mundo desde o final do século XVIII até os dias de hoje.
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Uma das chaves para entender estas questões é a presença de uma nova
classe detentora de até um terço de toda a riqueza nacional: a classe média
(os 40% da hierarquia da riqueza).
Esta foi a grande mudança estrutural que pode ser observada em toda a
Europa: o nascimento de uma classe que passou a ser proprietária de um
quarto a um terço das riquezas.
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porque a época dourada de 1950-70 se esvaiu e quando chegará o dia que o
gênio do capitalismo voltará para sua garrafa.
Imagine nossa Ilha onde a produção de sandálias praticamente não cresce no ano
e, ao mesmo tempo, o capitalista que emprestou alguns cestos para a produção
das sandálias obtém todo ano algumas sandálias como pagamento.
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O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
A taxa de crescimento no século XX, por outro lado, se mostrou bem maior
que a média de 0.1-0.2% girando em torno de 3.5-4% ao ano. Isto explica
porque, apesar da recuperação do capital no século XX, hoje os índices de
desigualdade aumentaram, mas não chegaram nos patamares da Belle
Époque europeia.
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O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
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O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
Logo, de acordo com esta teoria, a explicação para que r fique sempre em
torno de 4-5% é psicológica uma vez que r refletirá sempre uma média da
impaciência do indivíduo perante o futuro.
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O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
Resumindo, podemos dizer que a taxa de crescimento g tende a ser
estruturalmente baixa (geralmente, no máximo 1% ao ano no caso de
transições demográficas já completas e o país atingindo a fronteira
tecnológica onde o ritmo da inovação é mais lento). Por outro lado, a taxa de
retorno do capital r depende de vários fatores tecnológicos, culturais, sociais
e psicológicos que juntos, resultam mais ou menos nos 4-5%.
O fato concreto é que a revolução francesa não atuou de forma firme para
diminuir a taxa de retorno do capital r em relação à taxa de crescimento g. A
taxação de renda implantada não era progressiva e os percentuais, além de
pífios, eram fixos em 1-2% independentemente da faixa de renda de cada
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O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
indivíduo. Isto conservou o gap r – g alto a longo prazo causando uma maior
desigualdade de renda. O fim da herança baseada somente no filho mais
velho ajudou um pouco, mas foi irrisório levando em consideração que a
diferença r -g se mostrou constante por longos tempos. Por mais incrível que
possa parecer, a desigualdade na França de 1913 era maior que a
desigualdade da Inglaterra da família real e dos aristocratas.
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O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
Enfim, Pareto é uma farsa que o fascismo de Mussolini deu guarida. Nos faz
lembrar das políticas neoliberais que o Brasil sofre desde Sarney até os dias de
hoje (incluindo em certa medida o governo Lula-Dilma com seus juros
elegantemente mantidos no topo do mundo) onde se tenta justificar com
fórmulas de planilhas eletrônicas as políticas econômicas de inspiração rentista.
O período entre guerras deu a ilusão aos mais ricos de um sistema estável e
balanceado. O que ocorria era uma corrida dos milionários aos capitais
acumulados para manter seu estilo de vida. E assim, o capital foi se
deteriorando impactando nas gerações vindouras. Tanto é que a média de
rendimentos dos 1% mais ricos no período da Belle Époque girava em torno
de 80-100% do salário médio da época enquanto o rendimento dos 1% mais
ricos em 1930 girava em torno de 30-40% do salário médio.
Notem que a pergunta é mesmo complexa pois Piketty ainda não a respondeu.
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by = μ × m × β,
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O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
onde by representa o fluxo de herança
m é a taxa de mortalidade.
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148 Os Cinquentões e os Velhos de Oitenta anos: Idade e Fortuna na
Belle Époque
Usando dados da França desde 1820, observa-se que a média da riqueza dos
mais velhos chegou a níveis extremos em 1912 quando a média da riqueza
dos indivíduos acima de 80 anos chegou a 253% maior do que a riqueza da
faixa de 50-59 anos. Sabemos que este fenômeno não pode ser explicado
pelo valor do trabalho mesmo porque, com 80 anos o indivíduo não consegue
mais produzir com tanta eficiência quando era mais jovem. Na verdade, é
consequência direta da desigualdade r > g e a lógica acumulativa e
exponencial que esta diferença acarreta. Sabemos que o indivíduo na faixa
dos 1% mais rico, à medida que envelhece vai virando sua fonte de riqueza
do trabalho para o rendimento do seu próprio capital se tornando um
rentista e, se o crescimento da renda nacional é baixo como era na Belle
Époque e a diferença entre r e g acentuada, a desigualdade aumenta
expressivamente e a lógica das heranças garante sua manutenção.
Mas este foi um cenário breve. A base da sociedade nada tinha mudado. O
status-quo permanecia inalterado. E assim, a faixa de 50-59 que se tornaram
os mais ricos foi envelhecendo e o fator r > g incumbiu de torná-los os mais
ricos quando chegaram na faixa de 60-69 e assim, chegamos em 2010 com
uma realidade semelhante à de 1912. Portanto, o fluxo de herança volta a
ter um papel preponderante como força de divergência.
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O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
“Que tipo de vida alguém pode esperar viver ganhando seu próprio dinheiro
comparado com a vida que podemos ter casando com alguém com uma
grande herança? ”
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Os romances de Balzac ilustram como a herança era realmente algo
determinante na hierarquia da riqueza na época da Belle Époque. Nesta
sessão Piketty apenas reforça a recuperação da força da herança a partir da
década de 80. O poder da herança apenas sofreu uma queda devido aos
choques no capital graças às duas grandes guerras. Considerando os
prováveis valores dos indicadores g, r e a estabilidade da taxa de crescimento
populacional, Piketty reforça que a importância da herança como força
divergente pode voltar aos níveis do início do século XX.
Piketty traça um gráfico mostrando o padrão de vida das pessoas mais ricas
nascidas desde 1790 comparando o padrão de vida dos 1% mais ricos por
herança e os 1% mais ricos por rendimento do trabalho. Observa-se que o
padrão de vida do grupo dos 1% mais ricos por herança só ficou abaixo do
padrão dos 1% mais ricos via rendimento do trabalho somente no período de
1900-1950. Este estudo apenas vem comprovar que a herança perdeu força
devido aos choques do entre guerras e que se recuperou a partir da década
de 70 como mostra a figura a seguir.
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157 Extremismo Meritocrático Nas Sociedades de Ricos
Bem, talvez não era bem assim. Na época de Napoleão, inclusive com
concordância dele próprio, muitos movimentos políticos eram realizados
para fazer com que os altos funcionários públicos recebessem salários que
garantissem um padrão de vida semelhante aos dos rentistas (herdeiros) na
época. O pior na defesa da tal da meritocracia sem evidência alguma de
produtividade marginal é o teor hipócrita dos argumentos. Nos EUA
atualmente é frequente ouvirmos os argumentos justificando os salários
astronômicos dos supergestores: ora, se eles não recebem esses salários
somente os grandes herdeiros teriam o direito de alcançar uma riqueza
verdadeira e isto seria algo injusto. Enfim, justificam uma prática de
desigualdade no campo do trabalho (salários) mirando-se nas desigualdades
ainda mais extremas no campo do capital. Igualando as duas extremas
desigualdades é a forma deles mostrarem que estão combatendo a
iniquidade.
E o pior de tudo é que esta crença da meritocracia vira ladainha não somente
no topo da hierarquia dos 1% ou 0.1% mais ricos. Se torna um discurso
conservador e hipócrita no âmbito da classe média – os 40% abaixo dos
verdadeiramente ricos. Michèle Lamont desenvolveu uma pesquisa entre
diversos indivíduos na França e EUA confirmando este comportamento da
classe média. Além das qualidades de esforço e competência, os indivíduos
pesquisados ainda argumentavam que recebiam mais que a classe baixa por
possuir também qualidades morais superiores.
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O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
dos mais “competentes” e abastados. E esta crença meritocrática exerce um
papel fundamental: em uma democracia a igualdade de direito tão
orgulhosamente afirmada se contrasta com a bruta desigualdade social e
para superar tal paradoxo, a meritocracia se encaixa como luva pois a
desigualdade não seria uma realidade imposta e sim uma situação
conquistada pelo próprio indivíduo. Caso ele não queira sofrer nas classes
sociais mais baixas, basta estudar e oferecer suas habilidades.
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O Capital no Século XXI – Thomas Piketty
entre eles pois é onde temos os dados mais incompletos. Chega a ser tão
incertos que na década de 80 surgiram duas teorias de dois economistas
respeitáveis: Modigliani e Summers.
Para isto, Piketty irá analisar a evolução das riquezas dos milionários durante
o século XXI e analisar em seguida as desigualdades entre as nações. Mas
antes irá analisar a força divergente crucial que exerce papel de suma
importância neste contexto: a desigualdade do retorno do capital.
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161 A Desigualdade do Retorno do Capital
Muitos modelos econômicos consideram que o retorno do capital é igual
independentemente do tamanho deste capital que o capitalista detém.
Vamos combinar. O rio corre para o mar. Quanto maior o cacife do capitalista
mais facilidade ele terá para aumentar o retorno do seu capital contra os
investidores menos abastados. Isto se agrava à medida que o mundo
financeiro se torna cada dia mais complexo e cheio de possibilidades. Assim,
os 1% mais ricos tendem a ficar cada dia mais ricos se distanciando dos 10%
mais ricos agravando ainda mais o problema da desigualdade.
Este fenômeno pode levar a uma diferença cada vez maior de r – g e o único
fenômeno natural que pode suavizar esta força divergente como já vimos no
Capítulo I seria o fator g de crescimento. Da mesma forma que analisamos
individualmente as diferenças de retorno do capital, também temos que
analisar as desigualdades entre as nações. Primeiramente será analisado o
retorno do capital relacionado com dotações universitárias e depois o
retorno de fundos soberanos da China de países exportadores de petróleo.
Todos os anos, desde 1987, a revista Forbes publica a lista dos bilionários. De
1987 a 1995 a lista foi liderada por um Japonês. De 1996 a 2009 passou a ser
liderada por um Americano e por último, por um mexicano. Eram 140
bilionários em 1987 e hoje temos 1.400 bilionários (2013). Para uma análise
mais racional sem armadilhas da matemática, vamos analisar uma parte fixa
– vinte milionésimos – dos mais ricos: cerca de 150 pessoas de 3 bilhões no
final da década de 80 para 225 pessoas de 4,5bilhões no final de 2010. Assim
temos que a média da riqueza acumulada deste grupo cresceu de 1,5bilhões
em 1987 para quase 15bilhões em 2013.
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qual força irá superar a outra ou se as duas irão se compensar ou se elas irão
ou não afetar as classes sociais abaixo dos 1% mais ricos.
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1 Havard - US$30milhões
2. Yale - US$ 20milhões
3. Princeton - US$ 15milhões
4. Stanford - US$ 15milhões
5. MIT - US$ 7milhões
6. Columbia - US$ 7milhões
7. Chicago - US$ 7milhões
8. Pennsylvania - US$ 7milhões
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extremamente maior que a taxa g de crescimento nacional da renda à
medida que o agente financiador vai acumulando mais e mais capital.
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Oriente Médio, portanto, continuará sendo um caldeirão que não tem
perspectiva de esfriar. Pelo contrário.
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1930 teve pelo menos o mérito de trazer o estado para o centro do epicentro
exercendo um papel mais regulador. A taxação das grandes fortunas, por
exemplo, chegou a 80% no início do governo Roosevelt enquanto não passou
de 35% no segundo mandando de Barack Obama.
A partir desta última crise, o mundo se dividiu mais ainda entre aqueles que
defendem o fim do estado ou o “estado mínimo” e aqueles que consideram
que o mercado precisa de ser controlado com políticas públicas e maior
participação na economia. De qualquer forma, o mundo precisará dar uma
resposta urgente e desafiadora a um mundo atual bem mais complexo.
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político que se desenvolveu à revelia destas revoluções no século 19 se
preocuparam mais em proteger o direito de propriedade.
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178 O Futuro das Aposentadorias: as Contribuições Previdenciárias
em Época de Fraco Crescimento
Geralmente os planos públicos previdenciários são do tipo pay-as-you-go,
isto é: a parte descontada na folha do trabalhador já é direcionada para pagar
os trabalhadores já aposentados. Diferente dos planos de saúde particulares
onde as contas são personalizadas. Por definição, o tipo PAYGO oferece, por
definição, um retorno igual à taxa de crescimento da economia: a
contribuição disponível para pagar a aposentadoria de amanhã aumenta à
medida que a média salarial aumenta. Este sistema é, na verdade, virtuoso e
promove a harmonia entre as gerações pois é interesse de quem está na ativa
que as crianças tenham uma boa educação para obter um bom emprego para
pagar sua aposentadoria e que a taxa de crescimento esteja sempre a
crescer.
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Uma análise histórica mostra que os países ricos têm um importante papel
neste cenário triste. A forma como se deram as independências de cada país
onde fronteiras artificiais foram impostas, onde muitos dos ativos dos países
continuaram nas mãos dos países imperialistas além de formas de governos
impostas pela guerra fria contribuíram sobremaneira para a criação de
estados fracos e corruptos. De qualquer maneira, as formas como os estados
sociais dos países pobres e emergentes irão evoluir é uma questão
fundamental para o futuro do planeta.
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Distinguimos três tipos de tributação: tributação de renda, de capital e de
consumo. A tributação de consumo é chamada de tributação indireta pois
não incide diretamente na renda ou no capital. Ela é paga indiretamente no
momento da venda/compra de um bem.
A guerra dos tributos entre países na era do capital sem fronteiras está
fazendo com que muitos países passem a isentar o grande capital como uma
forma de fixar o capital no país. Com isto, existe uma tendência forte da
evolução da tributação regressiva tornando a perspectiva futura ainda mais
sombria em relação às desigualdades.
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Logo após a primeira guerra muitos americanos começaram a se preocupar
com o caminho de extrema desigualdade que os EUA estavam se dirigindo.
Os americanos reagiram à esta escolha pela desigualdade logo após a
primeira guerra. Em 1919 os americanos com alta renda já eram taxados em
70% de tributos federais. E, em 1933, Roosevelt também taxa os imobilizados
acima de 70%.
Com a queda das alíquotas sobre os mais ricos, os salários dos grandes
gestores começaram a subir. Até a década de 80 não era de interesse deles
forçar um salário mais alto, pois grande parte iria diretamente para o
governo. Com o leão mais manso sobre os salários astronômicos, estes
gestores conseguiram convencer as partes interessadas das grandes
organizações (conselheiros, acionistas, etc.) de que a produtividade marginal
de seus trabalhos seria diretamente proporcional aos salários reivindicados.
Assim, nascia o fenômeno dos salários astronômicos dos executivos
americanos.
Já foi mostrando em sessões anteriores que este alto salário não é algo
meritocrático. Sabemos que o PIB per capita dos países desenvolvidos não
aumentou em nada com o advento desses super-salários. Piketty, Emmanuel
Saex e Stefanie Stantcheva fizeram pesquisas que foram além de
comparações internacionais para mostrar que a grande ascensão dos salários
dos supergestores é simplesmente uma questão de alíquotas bondosas. A
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única forma de resolver esta questão seria o retorno das alíquotas mais
pesadas como ocorriam antes da década de 80.
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grandes guerras também era algo impensável e totalmente utópica no final
do século XIX e início do século XX. A proposta de Piketty é tributar
globalmente o alto capital de forma progressiva e todos os tipos de capital
incluindo os ativos. Para se ter uma estrutura fiscal de tributação mundial
com o mínimo de distorções possíveis será necessário tirar lições dos
diversos tipos de tributação que falharam ou que são casos de sucesso. Os
países de língua inglesa possuem sistemas distintos dos sistemas da França
que por sua vez são diferentes dos interessantes sistemas de tributação da
China, etc.
A missão não é simples, mas já foram dados os passos iniciais para alcançar
este objetivo. O Foreign Account Tax Compliance Act (FATCA) dos EUA já
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A ideia contributiva é simples: a taxação não pode ser feita somente sobre a
renda, mas necessariamente sobre os rendimentos originados desta renda.
Por exemplo, um bilionário que possui 10 bilhões de euros terá um
rendimento de 500 milhões de euros/ano. Tal indivíduo, por mais bom gosto
possa ter, não conseguirá gastar estes 500 milhões de euros. Este retorno do
capital, portanto, precisa ser tributado de forma progressiva. Os sistemas
atuais esquecem este tipo de tributação e assim, ao invés de fazerem o
importante papel de distribuição de renda, os sistemas estão fortalecendo a
lógica da desigualdade.
Por outro lado, sabemos que o retorno do capital é uma grandeza volátil e
que o próprio empreendedor, por mais competente que seja, não tem total
domínio sobre ele. Por isso, a tributação deve ser feita não somente sobre o
capital. São três os pilares na tributação progressiva que se complementam:
tributação sobre herança, capital e renda.
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190 Um Projeto para Tributação da Riqueza na Europa
Qual seria o plano de implantação para um sistema de implantação global e
o que este sistema poderia nos trazer de ganhos? Primeiramente teríamos
que tributar as grandes heranças uma única vez a cada geração. A tributação
das grandes propriedades poderia gerar em torno de 0.5 a 1% de rendimento
tributário considerando que o valor assumido do retorno do capital dessas
propriedades gira em torno de 3 a 5%.
Até 1 milhão 0%
Até 5 milhões 1%
Acima de 5 milhões 2%
Tanto a FATCA quanto a União Europeia não têm a intenção de trabalhar com
tributação progressiva. O objetivo deles não vai além de informar às
autoridades sobre os ativos dos contribuintes para diligências internas
relativas à sonegação.
A solução apresentada por Karl Marx para este problema foi colocada em
prática na antiga União Soviética. O Capital foi apropriado pelo estado e o
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Por fim, mostra que a tributação global progressiva do capital é uma ideia
nova que precisa ser discutida democraticamente por todos os líderes e
organizações mundiais para a sua implementação.
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são mais progressivas que nos países desenvolvidos e a receita originada são
investidas em educação, saúde e infraestrutura. Sem dúvida, apesar de ser
um sistema pouco, a tributação na China tem mais chances de se tornar um
sistema progressivo como sugerimos do que os sistemas europeus.
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máximo os ativos do estado para liquidar o débito público e levar um por fora, é
claro.
E é evidente que esta não é a solução. Se os ativos são vendidos, toda nação
irá pagar aluguel para usar os ativos que foram vendidos aos compradores
que são, é claro, os 10% dos capitalistas que possuem mais de 60% das
riquezas domésticas dos países. Assim, a dívida pública volta a crescer e a
concentração de renda alcançaria níveis alarmantes que faria inveja aos
indicadores da Belle Époque.
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acertos fiscais. Não foi à toa que Inglaterra ficou estagnada economicamente
todo este período (ocupando-se somente em enriquecer ainda mais os credores
privados da época).
Usar a técnica da inflação para diminuir dívida pública pode ser uma faca de
dois gumes. Depois que a inflação é instalada ela fica difícil de se controlar.
Na França a inflação chegou a 50% entre 1945 e 1948 e na Alemanha em
1923 os preços das mercadorias chegaram a se multiplicar por 100 milhões!
Além disto, a inflação é um fardo para os pequenos poupadores não
empreendedores pois capital parado é o mais penalizado em épocas de
inflação.
Concluindo, a inflação poderia ser usada para reduzir a dívida pública, mas o
desafio dos governantes seria mantê-la sob controle e, para que os pequenos
investidores não sejam tão penalizados, mantê-la alta por pouco tempo e,
após se resolver a dívida, promover políticas distributivas para compensar
possíveis perdas da população. De qualquer forma, sem a taxação
excepcional do capital, qualquer procedimento apenas jogará lenha na
fogueira dos fatores divergentes de desigualdade.
Se o ouro não é base para geração de moedas, o Banco Central passa a ter
um poder imenso sobre a economia e precisa, portanto, ser regulamentado.
Esta é a questão central da discussão sobre a independência ou não do Banco
Central. Deixá-lo solto e autônomo é transferir poder de instituições
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democráticas eleitas diretamente para grupos tecnocratas que não passaram
no crivo de nenhum escrutínio.
Mas hoje afinal, o que os Bancos Centrais fazem? É importante destacar que
eles não produzem riqueza, mas a distribuem. Ao efetuar um empréstimo de
alto valor para uma determinada organização, ocorre uma dança de ativos e
passivos, mas o capital total do país continuará inalterado.
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200 Euro: Uma Moeda Sem Estado Para o Século XXI?
A decisão de criar o Euro surgiu no tratado de Maastricht em 1992 e a ideia
implementada em 2002. Naquela época, quando o neoliberalismo se
fantasiava de salvador da economia mundial, o papel dos bancos centrais era
visto apenas como um regulador da inflação sem atuação de controle maior
e com total independência dos governos democráticos. Talvez por isso, que
o Euro tenha surgido. Mas com a crise de 2008 perceberam que os bancos
centrais e, por conseguinte o Banco Central Europeu foram personagens
importantes para evitar uma crise maior e perceberam que o neoliberalismo
não era solução para nenhuma crise.
Ainda hoje, o estatuto do BCE prioriza a inflação baixa sobre o pleno emprego
e o crescimento refletindo ainda a ideologia neoliberal de 2002.
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Sem uma evolução desta magnitude fica bem difícil imaginar uma saída desta
crise da zona do Euro. As dívidas e déficits devem ser compartilhados.
Tudo isto é utópico? Não, se considerarmos que antes da primeira guerra era
utópico taxar grandes fortunas em até 80% ou mais como foi feito durante o
século passado. Se deixássemos de fazer algo por parecer utópico, hoje nem
existiria uma moeda independente de estados como foi idealizado o Euro em
1992. Assim, questões como taxa de juros da dívida pública, imposto
progressivo sobre capitais e tributação dos lucros das multinacionais
deveriam sair da soberania única de uma nação e se tornar uma questão
fiscal unificada.
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deveria ser acumulada, mas com certeza, valores bem acima de 5, 6 ou 7
vezes o valor do PIB.
Na verdade, a coisa vista desta forma se torna bem abstrata. A regra de outro
r = g não é algo prático. Difícil qualquer sociedade acumular tanta riqueza
para depois, evitar o acúmulo e concentração de renda. Mas existe uma regra
interessante implícita nesta lógica r = g. Podemos concluir após alguma
reflexão (reflexão presente na sessão original de Piketty) que a regra de outro
se assemelha a uma estratégia de saturação do capital. Acumula-se tanto
capital que a sociedade chegará num ponto onde os rentistas não terão mais
o que consumir pois seria necessário usar todo capital para reinvestir para
que o capital cresça no mesmo ritmo da economia e preservar o mesmo
status social da média da sociedade. Isto, se r = g. Mas com r > g será o
suficiente reinvestir a cada ano uma parte do retorno do capital
correspondente à taxa de crescimento e consumir o resto. A desigualdade r
> g é, portanto, o mundo ideal dos rentistas.
Não podemos esquecer que atualmente a Europa nunca esteve tão rica. O
patrimônio púbico líquido é quase zero em todas as nações do Euro, mas o
capital privado nunca esteve tão elevado. O fato é que os países europeus
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Conclusão
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A solução mais clara para esta sinuca de bico é a tributação progressiva sobre
o capital que irá evitar a tenebrosa espiral da desigualdade. A experiência
histórica mostra que as desigualdades de riquezas tão extremas não têm
relação com o espírito empreendedor e nenhuma utilidade para o
crescimento. A desigualdade, enfim, é inimiga da “utilidade comum”;
retornando à expressão que foi utilizada pela declaração de 1789 com a qual
foi aberto este livro.
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a história política e cultural da Revolução Francesa onde é difícil encontrar
algum traço das “rendas das classes da sociedade contemporânea” em que
o grande historiador, preocupado com embate com os marxistas (na época
dogmáticos e dominantes na Sorbonne), parecia mais preocupado em
refutar toda forma de história econômica social. Isto foi uma pena, na
medida em que é possível conciliar as diferentes abordagens.
O fim do uso da história pelos cientistas parece também estar ligado ao fato
de que este programa de pesquisa (história serial) ter morrido antes de
alcançar o século XX. Hoje corremos o risco do simplismo onde os esquemas
abstratos sobre a infraestrutura econômica e a superestrutura política
bastam para compreensão do todo. Mas, uma breve olhada nas curvas de
desigualdade da renda e do patrimônio ou a relação capital / renda bastam
para ver que a política está em toda parte e que as evoluções econômicas e
políticas são indissociáveis, devendo ser estudadas lado a lado.
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