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Amaro Carvalho de Siqueira: composer, concertist and precursor of the teaching of guitar in Natal
Abstract: The biography of composer and guitarist Amaro Carvalho de Siqueira (1908-1970), whose musical
work and performance in the dissemination and teaching of the guitar in the capitals of Pernambuco and Rio
Grande do Norte, was presented, but they were almost forgotten. This article is part of a master's dissertation
in progress in the Graduate Program of the Federal University of Rio Grande do Norte. Data collection was
done based on the private collection of his family and through interviews with relatives.
INTRODUÇÃO
Aquele dia era mais um na rotina do professor Amaro Siqueira. Estava ele em
plena viagem, na BR-101, dentro de um ônibus da Viação Bonfim num trajeto rotineiro que
era feito, semana após semana, de Recife para Natal a fim de ensinar violão na recém-criada
Escola de Música da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (EMUFRN). Naquela
manhã de maio de 1966, numa parada na garagem desta empresa que se localizava na cidade
de João Pessoa, foi percebido que o Sr. Siqueira não estava bem e com isso infelizmente, sua
saúde ficaria seriamente abalada. O fato é que ninguém percebeu, mas ocorrera durante a
viagem um acidente vascular cerebral (AVC) que o retiraria definitivamente da cena
musical brasileira. O jornalista potiguar Paulo Macedo escreve a descontraída notícia sobre
o enfermo Siqueira, que havia sido internado no antigo Hospital das Clínicas em Natal.
enfermo nos Hospital das Clínicas e decidia logo fazer-lhe uma visita. Uma visita
diferente a um doente hospitalizado. "Vivi" contratou o sanfoneiro Zé Menininho
e mais dois artistas matutos e largaram-se para lá. O mestre Amaro Siqueira quase
tem outro "insulto" cerebral, mas logo compreendeu e até melhorou. Foi uma festa
no hospital. (MACEDO, 1966)
Amaro Siqueira é uma alta e formosa inteligência, criando pelo seu violão
miraculoso as formas da beleza sonora. Nitidez, fidelidade, graça e ternura são os
elementos reais deste príncipe valorizador do instrumento sentimental e
democrático. (CASCUDO, 1949)
1. DADOS BIOGRÁFICOS
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Embarcações de transporte comercial do início do século XX.
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Foi um jornal de grande circulação no Recife, Pernambuco, nascido no final do século XIX e de grande
circulação durante a primeira metade do século XX. Fundado por Thomé Gibson, em seus últimos números
era dirigido pelo jornalista Ranylson de Sá Barreto, que lhe dava uma linha editorial integralista.
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Órgão policial de investigação e controle social
VIII Simpósio Internacional de Musicologia – Pirenópolis – Goiás – Brasil – 2018
Pouco depois, no ano de 1949, época em que Siqueira já estava bastante engajado
no movimento violonístico e realizado diversos recitais em várias cidades brasileiras,
reencontra seu antigo mestre, Bacelar. Acreditamos que Siqueira foi visitá-lo a serviço da
polícia ou realizar algum recital. A Respeito dele, nessa ocasião, Isidoro Bacelar escreve um
depoimento que guarda suas novas impressões do violonista de Areia Branca.
Sou suspeito para dizer algo sobre meu grande amigo, Prof. Amaro Siqueira, e isso
simplesmente porque pelos desígnios de Deus, me coube a honra de ministrar a
esse gênio musical as primeiras noções da divina arte da música. Morava eu no
meu modesto mocambo no Cordeiro, Recife, há uns vinte anos mais ou menos,
quando Amaro Siqueira se apresentou por si mesmo, sem me haver jamais
conhecido e pediu-me para auxilia-lo nos seus estudos de música e violão, esse tão
belo quanto dificílimo instrumento. Sou e sempre fui um apaixonado pela música,
mas por circunstâncias várias, fui impedido de estuda-la e pratica-la
convenientemente. Não obstante a minha mediocridade, Siqueira, com a sua
grande inteligência e decidida vocação conseguiu progredir, até se tornar o que
hoje é um artista que domina o instrumento e transmite, com fidelidade absoluta,
as emoções provocadas pelas belezas da arte, que o faz feliz nos seus momentos
de nostalgia.(BACELAR,1949)
Philarmonic Society of Guitarrists, a revista inglesa The Guitar Review, a revista norte-
americana Guitar News, o dicionário La Guitarra e los Guitarristas de José de Azpiazu e a
revista SOM: Órgão do Instituto de Música do Rio Grande do Norte e idealizado por Luís da
Câmara Cascudo, Gumercindo Saraiva e Waldemar de Almeida.
Esteve ligado a personalidades como Ronoel Simões, Isaías Sávio, Maria Luiza
Anido, José de Oliveira Queiroz, José do Carmo, Ernesto Jaques, Alfredo Medeiros, Milton
Dantas, José Carrion Dominguez, Arnaldo Pires, Clovis Costa e Hélio Varella. Em 1966
recebeu novo convite do maestro Waldemar de Almeida, desta vez para lecionar violão na
Escola de música da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), fato que tornou
Amaro Siqueira o primeiro professor de violão clássico desta instituição. Devido a
problemas de saúde, exerce essa função por um mês apenas. Quatro anos depois falece, aos
trinta dias do mês de outubro de 1970, na cidade do Recife.
Algumas personalidades deram depoimentos sobre Amaro Siqueira. Dentre elas,
para citar apenas algumas: Luís da Câmara Cascudo, o violonista uruguaio Isaías Sávio, o
maestro e pianista potiguar Waldemar de Almeida, o Bispo da cidade de Natal Dom
Marcolino Dantas. Sobre o violonista de Areia Branca, o famoso historiador e folclorista
Luís da Câmara Cascudo escreveu o seguinte: "Amaro Siqueira revive no dificílimo
instrumento que é o violão, os dias inesquecíveis do grande Barrios". (CASCUDO, 1949).
Dom 4Marcolino Dantas, Bispo de Natal e que era presidente de honra da
Sociedade de Cultura Musical do Rio Grande do Norte disse que
[...] no Brasil, entre os mestres do violão, que não são tantos, deve ser colocado
com ufania Amaro Siqueira, que ilumina o Nordeste com seus concertos
magistrais. Sua música é clássica, romântica e sentimental e seus concertos
alvoroçam as plateias e arrancam os mais estrepitosos aplausos (DANTAS, 1949)
Sobre Amaro Siqueira, o violonista Isaías Sávio disse “Espirito artístico e fina
sensibilidade”. (SÁVIO, 1951)
O renomado professor e pianista Waldemar de Almeida disse “entre os poucos
violonistas brasileiros, é um dos muitos”. (ALMEIDA, 1951)
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Dom Marcolino, foi durante 38 anos Arcebispo de Natal (teve o Governo mais longo desta Arquidiocese.
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3. OBRA
Fig. 5: Entrevista após concerto de violão e orquestra transmitido ao vivo pela TV Jornal do Comércio
em Recife-PE em 1960.
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4. EPÍLOGO
Referências
ANEXOS 1
ANEXOS 2
Fig. 10: Dicionário Ilustrado: Amaro Siqueira ao lado de Grandes nomes do Violão, (no centro acima)
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ANEXOS 3
Fig. 11: Alunos de Fidja Siqueira, filho de Amaro Siqueira, na Escola de Música da UFRN, 1983.
(Da esquerda para a direita; Álvaro Barros, Inês Bigóis, Eugênio Lima, Fidja Siqueira e Danilo Guanais)
ANEXOS 4
Fig. 14: Anotação manuscrita de Luís da Câmara Cascudo sobre Amaro Siqueira, 1949.