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fenômeno religioso1
COSTA, Waldney3
RESUMO
ABSTRAT
The present study deals with the experience of praise in a relationship between the
artistic expression of faith and the religious phenomenon. Through her experiences
as a singer of gospel music, I will present an analysis of the explosion of gospel and
influence in Brazilian society, as well as the evangelical Protestants and the influence
of gospel music in their lives. Brazilian population belongs to a particular religion. It is
in this sense that it manifests itself through spiritual, physical, moral, and ethical
issues, influencing man psychologically and socially. However, man has always
sought something that fills his interior, something that gave meaning to his life and
also spoke his soul, giving answers to his questions, to his existential conflicts,
something that would guide his way. Religion has this path, for it directs man to move
1
Artigo apresentado ao Departamento de Ciências da Religião da Universidade do Estado do Rio
Grande do Norte no Campus Avançado de Natal (UERN/CAN) como requisito parcial para obtenção
do título de Licenciada em Ciências da Religião.
2
Estudante do Curso Ciências da Religião da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte. E mail
<barrosgersonita@hotmail.com>
3
Doutor e Mestre em Ciência da Religião pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF),
professor do Departamento de Ciências da Religião da UERN, CAN.
between the real and the nonreal world, between reason and faith, sadness and joy,
pain and pleasure, the invisible and the visible, from the objective to the subjective,
until he finds his self, finding himself in what he has chosen for himself, in that
relationship that goes against nature and God, from his personal habits to his
relatives, from culture to personal customs and values, from profession to social
services, among others. A quantitative research with analysis of recorded data by
people who have been transformed by listening to the word of God through praise is
essential.
1 INTRODUÇÃO
Dessa forma a música gospel ganha uma proporção para além das
instituições religiosas, ganhando espaço também social, econômico, político e
cultural.
Nesta retrospectiva dos desenvolvimentos apresentados pelos mais variados
autores, ponderamos nossos conhecimentos que a música gospel ganha uma forte
influência na sociedade e na vida de todos aqueles que buscam respostas e alento
para seu viver.
Cunha relata sobre como o termo gospel originou-se nos Estados Unidos,
sendo utilizado normalmente para identificar a música religiosa moderna ou a Música
Contemporânea Cristã.
Contudo em sua origem diz respeito a um tipo nascido nas comunidades
protestantes negras no início do século XX, e não a toda a música religiosa
contemporaneizada.
O âmago deste gênero musical é encontrado no negro spirituals, estando ele
na base de toda música americana.
Música Cristã Contemporânea (MCC), que une estilos musicais seculares com o
conteúdo religioso”. Ao passar dos anos, a música gospel veio crescendo o
ocupando mais espaço no âmbito musical, considerada atualmente como um
fenômeno religioso.
O termo Gospel ou até mesmo palavras que estão associadas a ele podem vir
acompanhadas pela palavra movimento. Essa palavra é justificada em conformidade
com o surgimento de novas práticas que iniciaram com a profissionalização dos
músicos, cantores e grupos musicais evangélicos, aliados também ao
desenvolvimento da mídia evangélica no Brasil, enfatizando assim a valorização do
louvor e da adoração nos cultos.
Como toda ação tem consequências essa não foi diferente, e em decorrência
a essas práticas aliadas com a mídia agora se tem o privilégio ao lugar da música na
prática das igrejas.
A modernização para os cantos congregacionais, a adoção de vários gêneros
musicais, a apresentação de danças ou expressões corporais nos cultos, o
surgimento dos louvores, os artistas gospel passam a serem conhecidos e entre
outras consequências.
No entanto, pesquisar a música gospel como religião é pesquisar a mesma
coisa que pesquisar religião por religião, ou, outras denominações. O fato de uma
música ser composta por um cantor da Igreja Batista, não obriga ela ser cantada
somente em igrejas Batista. (COSTA, 2019).
O movimento gospel ganha espaço mais amplo no Brasil nos anos de 50 e 60
com o crescimento pentecostal, nessa fase o pentecostalismo rompe com a tradição
da hinologia pentecostal e agora ocorre a popularização dos chamados “corinhos”,
que tinham melodias e letras simples. Logo após surgiram grupos de jovens que
tinham o intuito de evangelização, nesse contexto os grupos que iam se forma ndo
interagem com a música, compõem e passam a gravar sua canções com letras mais
detalhadas para serem cantadas nos cultos.
Ao passar dos anos a música gospel veio crescendo e ocupando mais espaço
no âmbito musical, e chegamos aos anos 90, que é quando ocorre a explosão do
gospel considerada atualmente como um fenômeno religioso.
Essa explosão na verdade foi a junção de todo o processo desde os anos 50,
que culmina com a sua grande ascensão nos anos 90 e até os dias de hoje, porém
em maiores proporções.
O gospel no Brasil foi introduzido através da igreja Renascer em Cristo com
os bispos Estevan e Sônia Hernandes, sendo a marca patenteada por eles.
Podemos compreender que apesar do gospel ter um forte articulador que é o
movimento musical, ele não está restringido apenas a isso, na verdade esse
movimento alcançou a mídia, o mercado e o entretenimento.
O que se faz notório é que o gospel torna-se um movimento cultural religioso
em que gera um modo de ser evangélico, interferindo na prática religiosa e no
comportamento recorrente.
Originou um novo tipo de festa chamada balada gospel, onde são proibidas
as bebidas alcoólicas, drogas e até mesmo cigarros. O objetivo principal é a
evangelização, ou seja, que as pessoas confraternizem e conheçam a
palavra de Deus. Os eventos se espalham pelo País, com um número cada
vez maior de adeptos que reúnem o prazer de uma bela música, com as
informações e conhecimentos religiosos. O cenário gospel está diversificado
com a formação de bandas de evangelismo a bandas de louvor e adoração,
com os mais variados ritmos desde rock até baião. (SANT'ANA, 2013).
Nos anos de 1990 e nos primeiros anos do século XXI a presença dos
grupos religiosos na mídia possui um perfil diferenciado do que foi
conceituado “Igreja Eletrônica” nas décadas anteriores. Esta mudança
reflete as próprias transformações no contexto sócio-histórico-cultural-
político-econômico.
Com isso, não se poderia dizer que a música desvinculada de uma realidade
vivenciada e praticada trazia uma representação que possibilitasse a reflexão, a
apropriação do que a música (quanto ao seu sentido expresso em melodia) pode
transmitir.
A música sem letra despertava já os mecanismos de encontro às sensações
superiores, ao encontro com a Divindade, mas a ausência de letras que
comunicassem aos fiéis os distanciava da realidade do ouvir (própria da Bíblia),
dentro de uma perspectiva cristã.
Com o tempo, as comunidades que procuravam o sentido da existência na
Palavra, na Igreja, em Deus, passaram a precisar de um ponto em comum com o
seu vetor cultural.
Seria necessária, nessa situação, uma experiência religiosa diferenciada,
calcada em aspectos cotidianos dos membros dessas mesmas comunidades.
É por essa vereda que a divindade realizaria, logo, a experimentação (pela
música) no cerne do interior de cada ser humano. A música envolve não apenas
aspectos religiosos, mas aspectos individuais e culturais.
Com isso, aproximamo-nos do pensamento de Schiavo (2004), segundo o
qual esse recurso de ascensão espiritual:
(...) não é patrimônio exclusivo das igrejas. É fruto da história dos povos e a
eles pertence como um dos elementos mais significativo e importante de
suas culturas; porque ela, antes de ser a estruturação de certa experiência
religiosa é, e representa, o anseio humano de se transcender e de se
encontrar com aquele Ser, no qual a humanidade encontra respostas às
suas perguntas profundas (SCHIAVO, 2004, p. 77).
Dizer que a música serve como ponte para responder às indagações mais
profundas da humanidade choca-se diretamente com questionamentos como: quem
sou eu? De onde vim? Para onde vou? Para que vivo? Porque morremos? Porque
nascemos? Deus existe? Quem é Deus? Quem criou o universo? Qual é a religião
certa?. Proporcionando um enriquecimento para uma construção modelar em função
da conceituação do que é música elencando as suas múltiplas qualidades em
diferentes camadas humanas e sociais, não deixando de mencionar as espirituais.
Eis a importância de se discutir a música frente ao cotidiano, à sociedade e
essa junção entre homem moderno e a produção subjetiva pela musicalidade
religiosa.
Vejamos o pensamento de Reck:
Nessa linha lógica, Silva (2003) também faz uma referência à secularização
com as necessárias interações entre arte e religião, estabelecendo laços próprios de
um universo que reuni contexto (história, cultura, economia) e inquietações pessoais,
cujos anseios não são resolvidos perante a ciência, à filosofia e a outras formas
sistemáticas de pontuação didática conceitualista.
Nos dias atuais, existe uma básica qualificação para os que levantam os sons
da música na Igreja, por exemplo, “os ministérios de música, onde se consideram
portas - vozes de Cristo, não só no sentido de levar uma mensagem de amor e paz
aos homens, mas também de estabelecer o contato entre Deus e o povo” (SILVA,
2003, p. 03).
Quanto à música em consonância com a religião, temos o pesquisador
Ribeiro Porto (2005), cujos estudos expressam as variedades históricas das
representações desse movimento artístico, presente na religião (especialmente no
culto cristão) desde tempos imemoriais.
Ele faz com que realizemos um passeio pelos diversos períodos cronológicos
para notar as relações que se originaram e se desfizeram para se reestruturarem
dentro de uma nova contextualização situacional eclesiástica ou dogmática ou
compositiva, como possível perceber a seguir:
3. METODOLOGIA
Em lágrimas, ele relata que todo esse sofrimento era fruto do alcoolismo e do
uso de drogas de seu pai, pois, o que ganhavam nas esmolas ele trocava por
drogas.
Com isso, à família passava dias sem se alimentar. O efeito das drogas e do
álcool fez com que o pai agredisse inúmeras vezes sua mãe e em outras tantas,
levou-a prisão o que levou ao desprezo da própria família.
Diante de todas essas dificuldades passavam os anos e crescia dentro do seu
coração o desejo de uma mudança de vida. Desta maneira, eles saem da favela e
vão morar no Bairro das Quintas, onde João começa a trabalhar em uma carroça
para pegar comida de porcos. Sua mãe passou a se prostituir para conseguir
alimentos.
Aos 12 anos de idade ele entra pra o mundo das drogas fica viciado na
maconha depois vai cheirar cocaína e daí segue para o mundo do crime vira um
assaltante.
Anos após, muda de endereço e vai morar na favela do Japão com seus
irmãos, logo vai morar em Nova Natal na zona norte, segue com sua vida de vícios,
crimes e trafico de drogas onde seu ponto de entrega era próximo a uma igreja
evangélica.
João relata que foi cada dia ficando mais violento e revoltado, mas:
Foi neste momento em que estava escondido que Deus começou a fazer a
transformação na vida de João. Segundo ele:
Ouvi uma voz pra abrir a bolsa roubada. Eu disse para o “compassa” que
estava ficando louco, estava ouvindo vozes, e quando abri a bolsa encontrei
a Bíblia Sagrada. Olhei pra o companheiro e disse que tinha roubado um
crente e quem rouba crente fica amaldiçoado.
Comovido pelo Espirito Santo, ele volta pra sua casa, ainda meio atordoado.
Ao chegar a casa encontra seu irmão ouvindo louvores e a música que ouvia tocou
fortemente seu coração. Intitulada “Há uma saída” na voz da cantora Shirley
Carvalhes, composta por Fabiano Barcelos.
Ele relata que nesta noite ele acabou adormecendo e a meia noite aparece
uma viatura com mais duas pessoas que estavam com ele. Os policias colocaram
um saco de estopa na cabeça dele. Levaram pra um local para exterminá-lo e não
conseguiram matá-lo porque os revolveres disparava, mas, não saiam às balas.
Um dos marginais, assustado com o que estava acontecendo perguntou se
ele era crente porque o revolver tinha disparado quatro vezes e as balas não saíram.
Ele volta pra casa muito comovido. Quando chega encontra o seu irmão
cantando e ouvindo a mesma música.
É neste momento que Deus através da música trabalha na vida de João. Ele
relata que teve uma visão de um homem de branco e outro homem de chapéu. Os
dois estavam do lado dele. Um dizia que ele tinha promessa e outro dizia que ia
levar ele para o inferno.
Nas palavras de João entendemos que o que Deus fez foi tremendo, pois, “o
homem de branco se aproximou de mim e jogou uma bola de fogo na minha boca e
comecei a falar em línguas estranhas”.
Daquele dia em diante “me senti outra pessoa” diz João feliz e agradecido a
Deus. O que mais lhe motivou a mudar de vida foi à letra da música que o irmão
ouvia e cantava que decerta maneira, tomava conta dos seus pensamentos. Ele
afirma que foi com a letra dessa música que ele ouviu que Deus mudou
completamente a sua forma de viver.
Neste relato de experiência vivenciado por João, é possível entender
juntamente com Cunha (2008) entender que:
As novas formas de experimentação do sagrado nas favelas do Rio de
Janeiro, com foco nas práticas pentecostais de traficantes de drogas que
incluem o gospel. Assim, entendemos que se esses estudos não fazem um
diagnóstico sobre a música gospel, despontam, apesar disso, como ela
pode ser ponto de partida para uma série de outros temas relevantes nos
estudos contemporâneos sobre religião, como sexualidade, violência,
performance e mediação.
Aquela canção entrou em seu coração, a cantora veio até ela e disse que
Deus estava lhe dando mais uma chance e que naquele dia mudaria sua história, ela
sentiu uma forte emoção e aceitou Jesus através da letra daquela canção e sua vida
foi totalmente mudada, hoje é formada em Serviço Social, presta serviços à
prefeitura da cidade e tem uma vida equilibrada, crer na existência de Deus e tem a
Bíblia como regra de fé para sua vida.
Temos mais um relato de vida da Senhora Rebeca, 28 anos, filha do seu
Francisco e da dona Zélia, natural da Cidade de Açu-RN, passou sua infância no
interior do Estado do Rio grande do Norte na Cidade de Ipanguaçu, morando com os
pais.
Na sua adolescência tornou-se líder de grupos religiosos na igreja católica,
aos 16 anos começou a trabalhar como educadora de jovens e adultos, aos 19 anos
deixou a doutrina católica e passou a frequentar a igreja evangélica onde tomou a
decisão de confessar o nome de Jesus.
Passou o tempo e descobriu que estava acometida de uma enfermidade
incurável, com um câncer e que não poderia engravidar, em meio a essas
impossibilidades e nesse momento de desespero da sua vida conheceu a música
Não ceda do Compositor Ronaldo Malta interpretada pela cantora Rose Nascimento.
A letra da música diz:
Segundo Costa (2019) “a canção tem muito a revelar”. Foi aí que ao ouvir
essa canção começou a ter fé, e a viver livre do medo. Iniciou o tratamento e após
onze meses descobriu que estava gravida e curada, a emoção de saber que estava
grávida e curada foi um extasse para sua vida.
Até então meses antes sua vida era de sofrimento e dor, meses depois
descobriu que estava curada e seu filho hoje já tem quatro anos, foi uma alegria
indescritível em saber que onde a medicina não pode ir Deus pode ir.
Nesse caso a letra da música trouxe um impulso para acreditar em sua cura,
em seu milagre, sem precisar de intervenção médica.
CONCLUSÕES
Como vimos, a música gospel tem uma letra e uma melodia estrutural capaz
de influenciar as pessoas de maneira inexplicável. É certo que a capacidade de
sermos tocados pela vontade de Deus através de um louvor é imensa. Como nos
relatos, as mudanças aconteceram, pois, era a vontade de Deus agir naquele
momento, no entanto, muitos podem ouvir simplesmente para adorar a Deus, ou
fazer do louvor uma oração.
Podemos ainda expressar que a música pentecostal tem grande importância
como forma de expressão religiosa e como meio para se conseguir uma mudança
subjetiva e transformação pessoal. É possível, portanto, conseguir alcançar a
possibilidade de experimentações transcendentes, ou uma aproximação maior com
a divindade, o Deus único e poderoso.
A música gospel, no entanto, é considerada um instrumento importante na
transformação pessoal do ser humano em geral, o que torna lamentável é saber que
não estão conseguindo separar as coisas mundanas com o espiritual e acabam
usando o termo gospel em coisas mundanas como: Festa do Semáforo Gospel, ou
mesmo as Festas Juninas Gospel onde o foco é Jesus.
REFÊRENCIAS